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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF RAPHAEL JORGE OLIVEIRA DA SILVA
ANALISAR A IMPORTÂNCIA DAS LINHAS DE ACIONAMENTO PARA AS OPERAÇÕES DEFENSIVAS, PROPONDO FORMA DE APLICAÇÃO PRÁTICAS NO PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS DE
UM BATALHÃO DE INFANTARIA
Rio de Janeiro
2018
2
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF RAPHAEL JORGE OLIVEIRA DA SILVA
ANALISAR A IMPORTÂNCIA DAS LINHAS DE ACIONAMENTO PARA AS OPERAÇÕES DEFENSIVAS, PROPONDO FORMA DE APLICAÇÃO
PRÁTICAS NO PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS DE UM BATALHÃO DE INFANTARIA
Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para especialização em Ciências Militares com ênfase em Doutrina Militar Terrestre.
ORIENTADOR: Cap Inf Roderik Yamashita
Rio de Janeiro
2018
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMil
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO/SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
Cap Inf RAPHAEL JORGE OLIVEIRA DA SILVA
ANALISAR A IMPORTÂNCIA DAS LINHAS DE ACIONAMENTO PARA AS OPERAÇÕES DEFENSIVAS, PROPONDO FORMA DE APLICAÇÃO PRÁTICAS NO PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES DEFENSIVAS DE UM BATALHÃO DE INFANTARIA.
Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Doutrina Militar Terrestre, pós-graduação universitária lato sensu.
APROVADO EM oZ (; I ,~ / /8' CONCEITO: --------~ -------- -----
SILVA - Ten Cel
Men ão Atribuída
RNANDES FLOR- Cap 2° Membro
3
4
RESUMO
o presente artigo científico tem como objetivo analisar a importância das linhas de acionamento para as operações defensivas, além de propor formas de aplicação práticas no planejamento das operações defensivas de um batalhão de infantaria. As operações defensivas possuem algumas finalidades, dentro das quais destacam-se: reduzir a capacidade de combate do inimigo, impedir o acesso do inimigo a uma determinada região e destruir as forças inimigas. Logo, para o êxito de uma operação defensiva, é necessário planejar o desencadeamento dos fogos de forma eficiente, utilizando medidas que favoreçam essa eficiência, e uma medida simples e eficaz de ser adotada é o estabelecimento de linhas de acionamento. Como forma de alcançar os objetivos propostos, foi enviado a militares especialistas um questionário onde foi verificado o grau de importância que as linhas de acionamento possuem para o planejamento das operações defensivas de um batalhão de infantaria, além de alguns deles proporem aplicações práticas para o planejamento das mesmas. Além do questionário, foi realizado uma pesquisa bibliográfica que permitiu ao autor o arcabouço teórico necessário para explanar ao leitor o entendimento sobre as linhas de acionamento, em um contexto de operações defensivas de um batalhão de infantaria.
Palavras-chave: Linhas de acionamento. Operações defensivas. Área de engajamento. Medidas defensivas. Batalhão de infantaria.
- 5
ABSTRACT
The objective of this paper is to analyze the importance of driving lines for
defensive operations and to propose practical forms of application in the planning
of the defensive operations of an infantry battalion. The defensive operations
have some purposes, in which they stand out: to reduce the capacity of combat
of the enemy, to prevent the access of the enemy to a certain region and to
destroy the enemy forces. Therefore, for the success of a defensive operation, it
is necessary to plan firefights efficiently using measures that favor this efficiency,
and a sim pie and effective measure to be adopted is the establishment of drive
lines. As a way of achieving the proposed objectives, a questionnaire was sent
to the military specialists, which verified the importance of the lines of action for
planning the defensive operations of an infantry battalion, and some of them
propose practical applications for planning the same. In addition to the
questionnaire, a bibliographical research was carried out that allowed the author
the theoretical framework necessary to explain to the reader the understanding
of the driving lines in a context of defensive operations of an infantry battalion.
Key words: Maximum Engagement Une. Defensive Operations. Engagement
Area. Infantry Batlalion.
6
1. INTRODUÇÃO
Dentro das operações militares, ocupa uma posição de destaque, em um
contexto de guerra regular, as operações defensivas. Elas possuem um grau de
complexidade considerável, devido a quantidade de meios, detalhamentos e
medidas de coordenação e controle que este tipo de operação possui.
A defensiva, segundo o manual de Doutrina Militar Terrestre - EB20-MF-
10.102 (2014, p. 5-20), é uma estratégia de emprego que "caracteriza-se por
uma atitude temporária adotada deliberadamente ou imposta ante uma ameaça
ou agressão, até que se possa retomar a ofensiva". Na defensiva, o defensor aproveita toda oportunidade para conquistar e manter a iniciativa, e destruir o inimigo. A iniciativa é obtida: 1) selecionando a área de combate; 2) forçando o inimigo a reagir de acordo com o plano defensivo; 3) explorando as vulnerabilidades e os erros do inimigo por meio de operações ofensivas; e 4) contra-atacando as forças inimigas que tenham obtido sucesso (C 7-20 - BATALHÕES DE INFANTARIA, 2007, p. 5-1).
Neste tipo de operação existem diversas medidas defensivas que auxiliam
no sucesso da operação, dentre elas a área de engajamento (AE). Chama-se área de engajamento a região selecionada pelo defensor, onde a tropa inimiga, com seu movimento canalizado e sua mobilidade restringida por um eficiente sistema de barreiras (com obstáculos naturais e artificiais), é engajada pelo fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as armas de defesa. Tem a finalidade de causar o máximo de destruição, especialmente nos blindados inimigos, e de provocar o choque mental e físico pela violência, surpresa e letalidade dos fogos aplicados. A AE pode ser empregada à frente do LAADA, ou admitindo-se uma penetração no dispositivo defensivo, caracterizando a técnica da defesa elástica - que será vista em 5-12 -. Áreas de engajamento podem ser planejadas e empregadas em um contexto de defesa móvel e nas ações retardadoras. No último caso, empregar-se-
Cabe salientar também que conforme o manual C 7-20 - Batalhões de
Infantaria (2007, p. 5-2), as operações defensivas se apoiam em diversos
fundamentos, como: apropriada utilização do terreno, segurança, apoio mútuo,
defesa em todas as direções, defesa em profundidade, flexibilidade, máximo
emprego de ações ofensivas, dispersão, utilização do tempo disponível e
integração e coordenação das medidas de defesa.
As operações defensivas são divididas em dois tipos: defesa em posição e
movimentos retrógrados. A defesa em posição é dividida em duas formas de
manobra: defesa de área e defesa móvel. Já a os movimentos retrógrados são
divididas em três formas de manobra: ação retardadora, retraimento e retirada.
7
á as AE à frente das posições de retardamento (C 7-20 - BATALHÕES üE iNFANTARiA, 200i, p. ::>-1l:J).
Ao analisar o conceito de área de engajamento, nota-se que esta medida
defensiva possibilita agregar poder de combate as operações defensivas e induz
a raciocinar que, além de contribuir com a busca da iniciativa na defesa, ao
selecionar a área desejada para a destruição do inimigo, ela também se apoia
em alguns fundamentos como apropriada utilização do terreno e integração e
coordenação das medidas de defesa. No interior de uma área de engajamento,
são estabelecidas linhas de acionamento, que são: Linhas que são estabelecidas, no terreno, para controlar o desencadeamento dos fogos na AE. São marcadas tomando-se por base o alcance de utilização das diversas armas empregadas e a influência do terreno e dos obstáculos existentes nos fogos dessas armas (C 7-20 - BATALHÕES DE INFANTARIA, 2007, p. 5-24).
Após essa breve explanação referente as operações defensivas e algumas
de suas medidas, em especial a área de engajamento e as linhas de
acionamento, será dado continuidade ao objetivo deste artigo científico que é
analisar a importância das linhas de acionamento para as operações ofensivas,
propondo formas de aplicação prática no planejamento das operações
defensivas de um batalhão de infantaria.
1.1 PROBLEMA
Diante do que já foi exposto, visando verificar a relevância do objeto deste
artigo, é fundamental fazer o seguinte questionamento:
a. As linhas de acionamento são importantes para as operações defensivas
de um batalhão de infantaria?; e
b. É possível propor novas formas de aplicações práticas para o
planejamento das linhas de acionamento dentro de um batalhão de
infantaria?
No decorrer deste trabalho, será buscado solucionar os problemas
colocados em questão, e dentro das possibilidades, contribuir com o preparo
e emprego das frações de infantaria do nível tático.
1.2 OBJETIVOS
- 8
OBJETIVO GERAL
- Analisar a importância das linhas de acionamento para as operações
defensivas, propondo formas de aplicação práticas no planejamento das
operações defensivas de um batalhão de infantaria.
OBJETIVO ESPECiFICO
- Analisar a importância das linhas de acionamento nas operações
defensivas de um batalhão de infantaria;
- Analisar as táticas, técnicas e procedimentos utilizados nas linhas de
acionamento em operações defensivas de um batalhão de infantaria;
- Analisar a aplicabilidade das linhas de acionamento nas operações
defensivas de um batalhões de infantaria; e
- Propor táticas, técnicas e procedimentos exequíveis no planejamento
das operações defensivas de um batalhão de infantaria.
1.3JUSTIFICATIVAS
As operações defensivas, conforme o Segundo o manual C7 -20 - Batalhões
de Infantaria (2007, p, 5-1), possuem algumas finalidades, dentro das quais
destacam-se: reduzir a capacidade de combate do inimigo, impedir o acesso do
inimigo a uma determinada região e destruir as forças inimigas. Logo, para o
êxito de uma operação defensiva, é necessário planejar o desencadeamento dos
fogos de forma eficiente, utilizando medidas que favoreçam essa eficiência, e
uma medida simples e eficaz de ser adotada é o estabelecimento de linhas de
acionamento.
O entendimento de linha de acionamento, segundo o manual de campanha
do Exército Americano 3-21.8 (2007, p. 2-15): Leaders assign sectors of tire to Soldiers manning weapons or to a unit to cover a specitic area of responsibility with observation and direct tire. In assigning sectors of tire, leaders consider the number and type of weapons available. The width of a sector of tire is detined by a right and left limit. Leaders may limit the assigned sector of tire to prevent accidental engagement of an adjacent friendly unit. The depth of a sector is usually the maximum range of the weapon system unless constrained by intervening terrain or by the leader (using a maximum engagement line [MEL]). At the platoon levei, sectors of tire are assigned to
9
each subordinate by the leader to ensure that the unit's area is completely covered by fire', (3-21.8 - THE INFANTRY RIFLE PLATOON ANO SQUAO, 2007, p. 2-151.)
Ao estabelecer linhas de acionamento à frente das posições defensivas,
os militares que estão nessas posições sabem a partir de que momento o seu
armamento de dotação passa a oferecer letalidade ao inimigo, tendo em vista
que as linhas de acionamento são selecionadas tendo como referência o alcance
de utilização de seu armamento, o que fará com que seu tiro seja efetuado em
momento oportuno e com precisão adequada, oferecendo uma maior segurança
para a tropa defensora.
Sendo assim, propor formas de aplicação práticas no planejamento das
linhas de acionamento é uma medida que poderá auxiliar na realização de fogos
eficazes nas operações defensivas, o que contribuirá para que as frações, nos
diversos níveis de um batalhão de infantaria, possam cumprir a sua missão
utilizando os seus meios, em especial sua munição, de maneira econômica, com
o máximo de segurança e aproveitamento possível.
2. METODOLOGIA
Como forma de alcançar os objetivos propostos, será realizada uma pesquisa
bibliográfica com os materiais disponíveis no Centro de Doutrina do Exército
relacionados às operações defensivas. Será também pesquisado em sites de
busca, utilizando a palavra-chave "maximum engagement line US Army",
materiais do Exército Americano referentes às linhas de acionamento, tendo em
vista o constante emprego em combates que este exército vem travando em um
passado recente, além de possuir uma doutrina similar a do Exército Brasileiro.
1 Comandantes designam setores de tiro a soldados individualmemnte ou a uma unidade para cobrir um setor de tiro espeomoo, com responsabilidade com a observação e fogo direto. Ao atribuir setores de tiro, os comandantes consideram o número e tipo de armas disponfveis. A largura de um setor de tiro é definida por um limite direito e esquerdo. Comandantes podem limitar o setor de tiro designado para evitar o engajamento acidental de uma unidade amiga adjacente. A profundidade de um setor é geralmente o alcance máximo do sistema de armas, a menos que seja restringido por terreno intermediário ou pelo comandante (usando uma linha de engajamento máxima [MEL]). No nfvel pelotão, os setores de tiro são designados para cada subordinado pelo comandante, a fim de garantir que a área da unidade esteja completamente coberta pelo fogo (tradução nossa)
10
Quanto a forma da abordagem, esta pesquisa será qualitativa, utilizando
o questionário como meio auxiliar para a obtenção de dados que possam
contribuir para o alcance dos objetivos.
Os questionários serão entregues aos oficiais e sargentos de 03 (três)
subunidades operacionais de um batalhão de infantaria paraquedista, pois a
tropa paraquedista é uma tropa integrante da Força de Ação Estratégica (FAE)
do Exército Brasileiro, cuja qual realiza uma gama de exercícios de adestramento
voltados para a defesa externa, em especial as operações aeroterrestres, onde
são utilizadas linhas de acionamento durante seu planejamento e execução.
O questionário proposto foi basicamente confeccionado visando analisar
qual o grau de importância das linhas de acionamento nas operações defensivas
para um batalhão de infantaria, além de solicitar sugestões para a soluções
práticas para o estabelecimento das mesmas, tudo com a finalidade de se atingir
os objetivos propostos.
Quanto ao objetivo geral, esta pesquisa será exploratória, tendo em vista
que os manuais brasileiros possuem um conteúdo escasso sobre as linhas de
acionamento, sendo então pertinente explorar mais afundo sobre o objeto deste
artigo, a fim de propor formas de aplicação práticas no planejamento das
operações defensivas de um batalhão de infantaria.
2.1 REVISÃO DA LITERATURA
Revisando a literatura, verifica-se que as linhas de acionamento são
estabelecidas no interior da área de engajamento, o que leva a concluir que não
se pode falar de linhas de acionamento sem entender o funcionamento de uma
área de engajamento.
A área de engajamento é um local escolhido pelo defensor onde, com o
auxílio de obstáculos, o inimigo é canalizado para esse local, sendo alvejado
pelos fogos do defensor. Segundo o manual C7 -20 - Batalhões de Infantaria
(2007, p. 5-19), a área de engajamento deve ser localizada, preferencialmente,
em uma área de topografia plana e ela pode ser empregada na defesa de área,
defesa móvel, defesa elástica e na ação retardadora. o defensor esforça-se para diminuir as vantagens pertinentes ao atacante, escolhendo uma área de engajamento, forçando o inimigo a reagir de conformidade com o plano defensivo e explorando suas vulnerabilidades e insucessos. Deve utilizar todas as vantagens que possua ou que possa criar, assumindo riscos calculados,
11
economizando forças para utilizá-Ias decisivamente e sem hesitação no momento e no local oportunos (EB-20-MF-1 0.1 03 - MANUAL DE OPERAÇÕES, 2014, p. 4-10).
A figura 1 abaixo ilustra uma área de engajamento e as figuras 2 e 3 uma
área de engajamento com as suas linhas de acionamento posicionadas:
.. _. ,--, ~r·-';
''' ..
Figura 1: área de engajamento Fonte: BRASIL. Exército. Estado-Maior do Exército. C 7-20: Batalhões de Infantaria.4. ed.
Brasília, DF, 2007.
LEGENDA Efeito dos obstáculos: A -Canalização; B - Dissociação; C - Fixação; D- Bloqueio E - Emprego de munição lançadora de minas para interdição da área de engajamento e bloqueio do movimento do inimigo F - Barragens de morteiro e artilharia visando a interdição da área de engajamento; G - Posição de ataque pelo fogo, ocupada pelas frações de carro.
12
Figura 2: linhas de acionamento em uma área de enga]amento Fonte: BRASIL. Exército. Estado-Maior do Exército. C 7-20: Batalhões de Infantaria.4. ed.
Brasília, DF, 2007.
_EGENDA A - Simbologia de posição de ataque pelo fogo; B - Simbologia de ponto de referência de alvos; C - Linhas de acionamento; D - Determinação de setores de tiro primário e secundário, utilizando-se os pontos de referência de alvos; E - Eixo de progressão de deslocamento da reserva.
•
13
FT SUB'C IDADE EM POSIÇÃO DEFEKSIVA <> • CAMO DE COMBATE
O aWCF:o
Figura 3: linhas de acionamento em uma área de engajamento Fonte: BRASIL. Exército. EsAO. Pub 30-101-1: Forças Armadas dos Países do Continente
Austral- País Vermelho.1. ed. Rio de Janeiro, RJ, 2010.
Fazendo uma análise primária, percebe-se que as linhas de acionamento
podem ser medidas de coordenação e controle relevantes em uma área de
engajamento, caso elas sejam corretamente posicionadas e orientadas em
relação à progressão inimiga, pois com o seu auxílio, os fogos só são iniciados
quando o inimigo atingir o alcance útil do armamento da tropa defensora, fazendo
com que estes fogos sejam ajustados com o máximo de eficácia, proporcionando
o máximo de letalidade.
As linhas de acionamento são localizadas no interior da área de
engajamento e selecionadas em pontos nítidos no terreno, no sentido
perpendicular à progressão do inimigo, tendo como referência o alcance de
utilização de cada armamento utilizado pelo batalhão, incluindo armas de tiro
curvo, armas anti-carro ou até mesmo armamentos de carros de combate caso
estes estejam enquadrados dentro de um batalhão de infantaria compondo uma
força-tarefa. O que se conclui é que dentro de uma área de engajamento de
batalhão podem existir várias linhas de acionamento, variando de acordo com
os tipos armamentos que a fração possui.
Para a correta utilização das linhas de acionamento, as posições
defensivas devem ter visada direta sobre elas, possibilitando que os militares
possam ter condições de iniciar os seus fogos ao observar o inimigo ultrapassar
as mesmas. Quando se tratar de armas de tiro curvo, o militar mais apropriado
14
para observar o inimigo ultrapassar sua referida linha de acionamento é o
observador avançado de cada fração de armas de tiro curvo.
O manual C 7-20 - Batalhões de Infantaria (2007, p. 5-22) também
preconiza que deve-se planejar regiões de interesse para inteligência, para
monitorar o avanço inimigo, permitindo verificar o seu dispositivo e valor, para
que se preciso for, sejam realizados ajustes no planejamento inicial.
A próxima etapa é realizar uma análise mais profunda sobre importância
das linhas de acionamento para um batalhão de infantaria nas operações
defensivas, e tentar propor novas práticas no planejamento das mesmas, sendo
auxiliado pela amostra selecionada para realizar o questionário proposto.
A presente pesquisa segue os seguintes critérios:
a. Critérios de Inclusão:
- Estudos publicados em português e em inglês relacionados às linhas de
acionamento nas operações defensivas; e
- Estudos qualitativos sobre as operações defensivas e as linhas de
acionamento.
b. Critérios de Exclusão:
- Estudos publicados em português e em inglês, relacionados às linhas de
acionamento nas operações ofensivas.
De forma a complementar o conhecimento adquirido através das fontes
escritas, foi realizada uma coleta de dados por meio do instrumento abaixo:
2.2 COLETA DE DADOS
2.2.1 QUESTIONÁRIO
A aplicação dos questionários teve por finalidade mensurar o quão
importantes são as linhas de acionamento nas operações defensivas de um
batalhão de infantaria, bem como a possibilidade de se propor novas formas
práticas no seu planejamento por parte da amostra.
Os questionários foram entregues aos oficiais e sargentos de 03 (três)
subunidades operacionais de um batalhão de infantaria paraquedista, pois a
tropa paraquedista é uma tropa integrante da Força de Ação Estratégica (FAE)
do Exército Brasileiro, cuja qual realiza uma gama de exercícios de adestramento
- 15
voltados para a defesa externa, em especial a cabeça de ponte aérea, na qual
são estabelecidas linhas de acionamento como medida de coordenação e
controle.
Foi realizado ainda um pré-teste com capitães alunos da EsAO, que
atendiam aos pré-requisitos para integrar as amostras, com a finalidade de
levantar possíveis falhas no instrumento de coleta de dados. Ao final do pré teste, como não foram observados erros que comprometessem este trabalho
científico, o questionário utilizado no pré-teste foi utilizado na íntegra à amostra
previamente selecionada.
• Sim • Não
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme a gráfico 1 abaixo, foram respondidos um total de 84
questionários por militares da arma de infantaria, da graduação de 3° sargento
ao posto de capitão.
Destes 84 militares, 87,8 % afirmam já ter participado de algum exercício
de adestramento voltado para operações defensivas, o que, em princípio, os
capacitam para contribuir com este artigo satisfatoriamente.
MILITARES QUE JÁ PARTICIPARAM DE EXERClclOS DE
ADESTRAMENTO DE OPERAÇÕES DEFENSIVAS
Gráfico 1: parcela da amostra que já participou de exercícios de adestramento voltado para operações defensivas. Fonte: o autor.
16
Conforme a gráfico 2 abaixo, do efetivo total da amostra, 78,5% dela
respondeu que participou de exercícios relativos às operações defensivas como
comandante de fração operacional, desde o nível GC até o nível SU; 19%
respondeu que participaram como integrante de fração logísticalapoio; 12,7%
respondeu que participaram como chefe de seção/adjunto/auxiliar de estado
maior; 1,3% respondeu que participou como observador/controlador/avaliador de
um exercício de adestramento; 1,3% respondeu que participou como integrante
de fração de fuzileiros; 1,3% respondeu que nunca participou de exercícios
dessa natureza; e 1,3% respondeu que não se recordava qual função exerceu.
Como grande percentual da amostra participou de exercícios de
adestramento voltados para as operações defensivas como comandante de
fração operacional, nota-se que grande parte dela possui conhecimento tático e
técnico adequado para responder todas as perguntas do questionário, e se for o
caso, propor táticas, técnicas e procedimentos para o estabelecimento de linhas
de acionamento em operações defensivas de um batalhão de infantaria.
o 20 40 60 80
FUNÇÕES EXERCIDAS EM EXERCfclOS DE OPERAÇÕES DEFENSIVAS
(78,5%)
10 (12,7%)
1 (1,3%)
Gráfico 2: funções exercidas em um exerclcio de operações defensivas. Fonte: o autor.
Conforme gráfico 3 abaixo, está representada uma escala crescente de 1
a 5, onde o número 1 indica a opção "irrelevante" e o número 5 indica a opção
"extremamente relevante", foi verificada a opinião da amostra referente ao grau
de importância que as linhas de acionamento possuem para as operações
17
defensivas de um batalhão de infantaria, no qual 63% da amostra consideram
as linhas de acionamento extremamente relevantes nas operações defensivas
de um batalhão de infantaria; 14,7% as consideram muito relevantes; 11,1 % as
consideram relevantes; e 1,2% as consideram irrelevantes.
Analisando o gráfico 3, fica evidente o alto grau de relevância que as
linhas de acionamento possuem no contexto das operações defensivas de um
batalhão de infantaria, já que 98,8% da amostra as consideram como
extremamente relevantes, muito relevantes ou relevantes.
2 3 4 5
GRAU DE IMPORTÂNCIA DAS LINHAS DE ACIONAMENTO NAS
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
ao
40
1 (1,2%) 0(0%)
20
Gráfico 3: grau de importância das linhas de acionamento para as operações defensivas de um batalhão de infantaria. Fonte: o autor.
Conforme gráfico 4 abaixo, 97,6% da amostra considera o uso de
obstáculos nítidos no próprio terreno um método eficaz de se planejar as linhas
de acionamento, em um contexto de operações defensivas de um batalhão de
infantaria.
18
EFICAclA DOS PONTOS NITIDOS NO TERRENO UTILIZADOS COMO
LINHAS DE ACIONAMENTO
Gráfico 4: eficácia do estabelecimento das linhas de acionamento utilizando pontos nítidos do próprio terreno. Fonte: o autor.
Além do estabelecimento de linhas no próprio terreno, conforme o gráfico
5 abaixo, 90,2% da amostra considerou viável estabelecer linhas de
acionamento utilizando outras táticas, técnicas e procedimentos.
OUTROS MÉTODOS DE ESTABELECIMENTO DE L1NNAS DE
ACIONAMENTO NAS OPERA ÕES DEFENSIVAS
Gráfico 5: viabilidade de outras táticas, técnicas e pro edimentos, além da utilização de pontos nítidos no terreno. Fonte: o autor.
• Sim • Não
• Sim • Não
19
Foram propostas, parte pelo autor deste artigo, parte por militares da
amostra, 8 formas de aplicação práticas, além de se estabelecer linhas no
próprio terreno, que podem ser utilizados por um batalhão de infantaria em
operações defensivas.
Conforme o gráfico 6 abaixo, 40,5% da amostra considera a utilização de
militares ocupando postos de observação para dar o alerta oportuno quando o
inimigo alcançar o alcance de utilização dos diversos armamentos, uma forma
de aplicação prática para o referenciamento das linhas de acionamento de um
batalhão de infantaria em operações defensivas; 64,6% considera a utilização
de telêmetro laser, para medir a distância em que o inimigo chega no alcance de
utilização dos armamentos da fração; 32,9% considera a utilização de binóculos,
para medir a distância em que o inimigo chega no alcance de utilização dos
armamentos da fração; 51,9% considera a utilização de meios de balizamento
artificiais como bandeirolas ou painéis, colocados na distância em que o inimigo
atinja o alcance útil dos armamentos; 1,3% considera para ter como referência
obstáculos de engenharia, já que segundo a doutrina, os obstáculos de
engenharia sempre devem estar batidos por fogos, logo quando o inimigo se
aproximar de determinado obstáculo que estará balizado tendo como referência
o alcance útil de algum armamento, este armamento estará apto a realizar os
seus disparos; 1,3 % considera a instalação de algum dispositivo de presença
(anti-pessoal), com as distâncias pré-estabelecidas dentro do alcance útil dos
armamentos por fogos, com dispositivo que dificulte o desarme pelo inimigo;
1,3% considera a utilização de ponto de referência de alvos, que de acordo com
o manual C 7-20 - Batalhões de Infantaria (2007, p. 5-24) são pontos no terreno,
naturais ou artificiais, preparados ou não pela tropa, designado pelo defensor
para definir alvos; e 1,3% considera a colocação da turma de caçadores em
pontos de observação, de forma a dar o alerta oportuno quando o inimigo
alcançar o alcance de utilização dos diversos armamentos.
ft
:0
PROPOSTAS DE FORMAS DE APLICAÇÃO PRÁTICAS PARA AS LINHAS
DE ACIONAMENTO
•• r51 (64,6%)
1 (51,9%)
1 (1,3%)
o 20 60 40
Gráfico 6: propostas de formas de aplicação práticas para o estabelecimento de linhas de acionamento nas operações defensivas de um batalhão de infantaria. Fonte: o autor.
4. CONSIDERAÇOES FINAIS.
No tocante à proposta deste trabalho, pode-se concluir que os objetivos
propostos para este trabalho foram atingidos, pois foi possível analisar a
importância das importância das linhas de acionamento para as operações
defensivas de um batalhão de infantaria e ainda propor formas de aplicação
práticas para o estabelecimento das mesmas.
A revisão da literatura proporcionou subsídios para entender o que é uma
linha de acionamento, verificar a sua importância nas operações defensivas e
propor formas práticas para o seu estabelecimento.
Quase que de forma unânime por parte da amostra, as linhas de
acionamento foram consideradas relevantes para as operações defensivas de
um batalhão de infantaria, caracterizando dessa maneira a sua importância para
o sucesso da referida operação.
Foram propostas, parte pelo autor deste artigo, parte por militares da
amostra, 8 formas de aplicação práticas, além de se estabelecer linhas no
próprio terreno, que podem ser utilizados por um batalhão de infantaria em
operações defensivas, conforme gráfico 6 já anteriormente apresentado.
As formas propostas são medidas práticas que auxiliam no
estabelecimento das linhas de acionamento no terreno. Porém, no planejamento
das linhas de acionamento, convém ser levado em consideração qual a
característica do alvo a ser engajado, quando esse alvo deve ser engajado e
qual a quantidade de disparos que deve ser realizado numa referência de tempo
e/ou espaço, tudo isso visando o máximo de destruição do inimigo, e
consequentemente, uma maior efetividade das linhas de acionamento.
Finalizando este artigo científico, espera-se que as formas de aplicação
práticas apresentadas possam auxiliar os comandantes de fração de um
batalhão de infantaria a estabelecerem linhas de acionamento em suas
operações defensivas, sejam elas em um contexto de preparo ou de emprego
da tropa.
Referências
BRASIL. Exército. Estado-Maior do Exército. C 7-20: Batalhões de tnfantaria.c.
ed. Brasília, DF, 2007.
. Exército. Estado-Maior do Exército. EB20-MF-10.102: Doutrina Militar --- Terrestre. 1. Ed. Brasília, DF, 2007.
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (Brasil): Forças Armadas
dos Países do Continente Austral - País Vermelho.1. ed. Rio de Janeiro, RJ,
2010.
ESTADOS UNIDOS DA AMÊRICA, Department of the US Army. FM 3-21.8: THE
INFANTRY RIFLE PLATOON ANO SQUAD. 1, ed. Washington: Headquarters,
2007.