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LIGNINA DE PLÂNTULAS DE Lophantera lactescens DUCKE Jairo de Oliveira Tenorio Rio de Janeiro Janeiro de 2010

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LIGNINA DE PLÂNTULAS DE Lophantera lactescens

DUCKE

Jairo de Oliveira Tenorio

Rio de Janeiro

Janeiro de 2010

ii

JAIRO DE OLIVEIRA TENORIO

Aluno do Curso de Biotecnologia

Matrícula 0623800230

LIGNINA DE PLÂNTULAS DE Lophantera lactescens

DUCKE

Trabalho de Conclusão de Curso,

TCC, apresentado ao Curso de

Graduação em Biotecnologia da

UEZO como parte dos requisitos

para a obtenção de grau de

Tecnólogo em Biotecnologia, sob a

orientação do Profº. Heber dos

Santos Abreu.

Rio de Janeiro

Janeiro de 2010

Tenorio, Jairo de Oliveira.

Lignina de Plântulas de Lophantera lactescens DUCKE/ Jairo de Oliveira Tenorio. – Rio de Janeiro, 2010.

Monografia (Graduação em Biotecnologia) – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO).

Orientador: Heber dos Santos Abreu

iii

LIGNINA DE PLÂNTULAS DE Lophantera lactescens

DUCKE

Elaborado por Jairo de Oliveira Tenorio

Aluno do curso de Biotecnologia da UEZO

Este trabalho foi analisado e aprovado com

Grau:____________

Rio de Janeiro, ____ de janeiro de 2010.

______________________________

Max Valério Dória Barbosa, Drº.

______________________________

Tereza Cristina Jesus Rocha, Drª.

______________________________

Heber dos Santos Abreu, Drº, Presidente.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL JANEIRO DE 2010

iv

Dedico este trabalho a todos que desejam minha vitória.

v

Inicialmente agradeço aos meus pais, pelo apoio incondicional que me deram desde o início desta jornada, dos risos pelas notas boas, dos abraços e conselhos de momentos que precisei de um colo, e principalmente por estas duas pessoas terem feito de tudo para que pudesse alcançar meus objetivos.

A minha namorada, por ter aguentado meu mau humor, como também pelo apoio, e companheirismo incondicional durante todo o tempo de graduação.

Agradeço também minha madrinha pelo que por mais que pra ela tenha sido pouco, para mim foi de extrema importância nos momentos difíceis, assim como minha tia Cláudia.

Aos eternos e sinceros amigos que fiz ao longo da graduação, estes foram de extrema importância não só para meu aprendizado, como também para que eu crescesse como ser humano.

A minha co-orientadora, pelo total apoio e por ter assumido esta grande responsabilidade num dos momentos mais ocupados de sua vida.

A meu orientador pelo apoio, e pelo fornecimento de ferramentas que me levaram a acreditar que na ciência encontra-se meu futuro.

vi

Resumo

Este trabalho teve o objetivo de estudar o processo de lignificação da

plântula de uma árvore da espécie Lophantera lactescens Ducke, da família

Malpighiaceae endêmica da Amazônia Brasileira, desenvolvida em meio de

cultura sólido (MS). O material caule e raiz de partes diferentes foram estudados

sob o aspecto anatômicos e bioquímicos para observação da lignificação, usando

material pré-tratado e in loco. Foram realizadas análises no infravermelho com

material pré-extraído e sem extração e através de microscopia no infravermelho

IFTR usando, respectivamente o modo de transmitância e reflectância. Os

espectros foram registrados em pastilha de KBr e através de cortes da seção

transversal do tecido sem pré-tratamento com aproximadamente 18 micra de

espessura sob lâmina de KBr. Foram realizados testes de cor usando safrabalu,

teste de Wiesner, observados em microscópio de campo claro e fluorescência

com a aplicação de auramina. As observações permitiram concluir que tanto nas

raízes e no caule, e principalmente no segundo a lignificação é abrangente e

dominante no xilema primário, sem comparação com outras espécies no estado

semelhante de desenvolvimento.

Palavras-chave : Lophantera lactescens Ducke, lignina, lignificação.

vii

Abstract

This study aimed to explore the process of lignification of the seedling of a

tree species Lophantera lactescens Ducke, Malpighiaceae family endemic from

Brazilian Amazon, developed in solid medium (MS). The stem and root material of

different parts were studied under anatomical and biochemical aspect with

observation of lignification, using pre-treated material and in situ. Analyses were

carried out in the infrared from pre and not extracted material using infrared

spectrometry and microscopy FTIR by of method of transmittance and reflectance,

respectively. The spectra were recorded in KBr pellets and by cutting the cross

section of tissue without pretreatment, approximately with 18 micra of thickness on

KBr laminates. Tests were performed using stain technique with safrablau and

Wiesner reagent. It was observed a brightfield and fluorescence with the

application of auramine stain. The observations showed that both the roots and

stem, and especially in the second one the lignification is dominant in the primary

xylem, without comparison with other species in similar state of development.

Keywords: Lophantera lactescens Ducke, lignin, lignification.

viii

Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem

medo e nunca se arrepende. Leonardo da Vinci

ix

SUMÁRIO

Páginas

Resumo...............................................................................................................vi

Abstract..............................................................................................................vii

1. Introdução........................................................................................................1

1.2 Revisão de Literatura................................................................................2

1.3 Lignina.......................................................................................................2

2. Justificativa......................................................................................................7

3. Objetivos..........................................................................................................9

3.1. Objetivos específicos................................................................................9

4. Material e Métodos........................................................................................10

4.1. Coleta e armazenagem das sementes................................................13

4.2. Desinfestação das sementes e condições de germinação ..................13

4.3. Preparo de material livre de extratos solúveis......................................14

4.4. Infravermelho........................................................................................15

4.5. Preparo do material para microscopia..................................................15

4.6. Reagente de Wiesner...........................................................................15

4.7. Microscopia com fluorescência.............................................................16

5. Resultados e Discussão.................................................................................17

5.1. Microscopia no infravermelho...............................................................20

5.2. Análise anatômica com enfoque a lignificação.....................................23

6. Conclusão.......................................................................................................35

7. Referências Bibliográficas..............................................................................36

1

1 – INTRODUÇÃO

Lignina é um termo que se aplica as macromoléculas que apresentam

composição básica formada por unidades cumarílica, guaiacílica e sinapílica de

origem fenilpropanoídica com estrutura molecular tridimensional. Lignina vem do

latim, da palavra “lignun” que significa madeira, entretanto nem todo material

vegetal que contém lignina é considerado madeira. Mas, as madeiras por outro

lado apresentam essa substância como sendo importante para sua estrutura

física. A maioria das plantas superiores possuem lignina.

O interesse despertado pela espécie Lophantera lactescens Ducke,

decorre por alguns aspectos. Primeiro por ser uma espécie endêmica da

Amazônia, com importância na medicina popular local (Amazônia) para baixar a

febre da malária. Dela foi isolado um nor-triterpeno com atividades de interesse

farmacológico notável (ABREU et al., 1990). Por outro lado a árvore apresenta um

fuste ereto cilíndrico, resistente a broca e com madeira de densidade de média

para alta, podendo ser usada na indústria de madeira. O conhecimento de sua

biologia, no que diz respeito a métodos biotecnológicos e de lignificação tem sido

realizado pelo grupo do Laboratório de Biotecnologia da Madeira.

Outros estudos tem sido realizados como a descrição anatômica, estudos

de cristais, formação de calos e desenvolvimento de células em suspensão.

Visando o aproveitamento da biodiversidade florestal brasileira, a madeira

se destaca para indústria de base florestal e, portanto o estudo sobre sua

composição química, sobretudo a lignina mostra-se de imensa importância,

tendo em vista, insuficiente informações descrita na literatura (ABREU et al.

1990).entretanto o conhecimento mais amplo sobre o crescimento das plântulas,

os parâmetros de desenvolvimento celular e o estudo químico e bioquímico em

todas as fases de crescimento da Lophantera lactescens, tornam-se necessários.

A madeira da Lophantera lactescens é moderadamente pesada, compacta,

medianamente dura, e resistente ao ataque de organismos xilófagos (LORENZI,

2008). TREVISAN (2003) ao estudar a durabilidade natural e a ocorrência de

térmitas em madeiras de cinco espécies em contato com o solo por um período

2

de dois anos constataram que a madeira desta espécie foi a mais durável, em

termos de resistência, dureza e ataque de térmitas. Pesquisadores também

atestaram a resistência da madeira de Lophantera, ao expor toras de madeira

desta espécie ao ataque de C. gestroi, e verificaram a notável resistência da

madeira de L. lactescens ao ataque de escolitídios.

1.2 – REVISÃO DE LITERATURA

1.3 – Lignina

A lignina é considerada um poderoso agente cimentante da parede celular,

característico de tecidos de plantas lenhosas, funciona como barreira química e

física, responsável pela condução de água nos tubos condutores, se

apresentando com alto peso molecular (LATORRACA & ABREU, 1997) e é

proveniente da oxidação desidrogenerativa de três monolignóis álcoois

precursores: p-cumarílico, trans-coniferílico e trans-sinapílico (Figura 1). Quando

estes monolignóis são incorporados à lignina, são chamados trivialmente de p-

hidroxifenil, guaiacil e siringilpropano, respectivamente (RAES et al., 2003).

Figura 1 – Precursores da lignina e respectivos sítios ativos

3

Durante o desenvolvimento celular, a lignina é incorporada como último

componente da parede celular, interpenetrando as fibrilas e fortalecendo a parede

(FENGEL & WEGENER, 1984), ocorrendo assim a lignificação. A deposição de

lignina proporciona à parede celular considerável resistência e rigidez. Essa

lignificação também pode ser induzida por uma infecção ou ferida, para proteger

os tecidos contra o ataque de patógenos (RAES et al., 2003). A lignina também é

indispensável em diversos processos biológicos dos quais os mais importantes

são, assegurar a existência de vias rápidas de circulação de água, minerais e

conferir rigidez necessária à manutenção da verticalidade do caule principal a

vários metros de altura, não apresentando mobilidade entre paredes celulares, o

que torna compreensível à preservação desse material ao longo de milhares de

anos sob a face da terra, em condições rigorosas de alteração ambiental (ABREU

et al., 1999).

A lignificação é um processo bioquímico altamente regulado, que começa

na parede primária das células e na lamela média, se estendendo sobre a parede

secundária em direção ao lúmen (DONALDSON, 2001). Segundo ABREU et. al

(1999), é um processo bioquímico que abrange a formação de monolignóis, seu

transporte e a polimerização na parede celular, que em primeiro estádio é

altamente mediado por enzimas intrínsecas à formação dos precursores nos

compartimentos citoplasmáticos. O segundo estádio de formação da lignina

ocorre na parede celular e caracteriza-se pela reação de oxidação

desidrogenativa dos monolignóis disponíveis. As enzimas oxi-redutoras tais como

peroxidases, e isoenzimas correspondentes, atuam na polimerização da lignina,

dentro da parede celular, formando um complexo coordenado com peróxido de

hidrogênio. A lacase entre outras oxidases também promovem oxidação

desidrogenativa dos monolignóis na parede celular (WHETTEN et al., 1998;

RANOCHA et al., 2002). Além disso, desempenham um importante papel no

crescimento e desenvolvimento da planta (ROGERS & CAMPBELL, 2004), que

provavelmente permitiu a adaptação das plantas aquáticas à vida terrestre

(MONTIES, 1989, BARCELO, 1997; INOUE et al., 1998, NORTHCOTE, 1989).

4

Durante a formação dos precursores da lignina algumas dessas enzimas

atuam sobre o núcleo aromático dos fenilpropanóides, introduzindo hidroxilas em

C-3 e C-5 e as metilando em seguida enquanto outras desempenham importante

papel na redução da cadeia lateral. A biossíntese da lignina envolve uma série de

enzimas desde a Fenilalanina Amônia-liase (PAL), Cinamato-4-Hidroxilase (C4H),

Hidroxicinamoil-COA-Ligase (4CL), 4-Hidroxicinamato 3-Hidroxilase (C3H), 5-

Adenosil-Metionine:Cafeato/5-Hidroxi (OMT), Ferulato-5-Hidroxilase (F5H),

Hidroxicinamoil COA Redutase (CCR) até a Cinamil Álcool Desidrogenase (CAD).

A estrutura da lignina tem sido também objeto de estudo em inúmeros trabalhos

científicos, aos quais estabelecem propostas estruturais e formação biossíntética

(BOERJAN, 2003). Considera-se para os mesmos a existência de um provável

controle biológico diferenciado segundo os aspectos inerentes a classe botânica a

que o vegetal pertence, a influência genética, aos aspectos espaciais da

subestrutura da parede celular, entre outros aspectos. Dois estádios de formação

da lignina são preconizados, a formação enzimática e a formação semi-

enzimática. Sendo a primeira considerada como oxidação horizontal ocorrendo no

citoplasma e a segunda oxidação vertical que acontece na parede celular

(ABREU et al., 1999). Para formar os precursores terminais (ésteres de ácidos

fenilpropanóides) sucessivas oxidações e metilações são descritas

(CHOINOWSKI et al., 1999). O éster p-cumarato, por exemplo, é hidroxilado na

posição meta a cadeia lateral, formando o éster cafeato. Este precursor

intermediário é determinante na síntese dos demais precursores monolignóis.

Três reações mediadas por cinamil redutase levam aos aldeídos correspondentes

(cumaraldeído, coniferaldeído e sinapaldeído), os quais são reduzidos a álcoois

através da enzima cinamil álcool desidrogenase (CAD). Todo este processo

enzimático ocorre no compartimento citoplasmático. Oxidação dos três

monolignóis na condição de precursores terminais. Esses precursores terminais

(álcoois p-cumarílico, coniferílico e sinapílico) apresentam vários sítios reativos

capazes de constituírem ligações cruzadas entre si, preferencialmente sobre a

cadeia lateral (HIGUCHI, 1997). O aumento do grau de metoxilação a partir dos

precursores: ácido cumárico, ácido coniferílico e ácido sinápico correspondem à

diminuição do número de ligações intermoleculares, possibilitando a formação de

5

uma rede de ligações intermonoméricas na maioria envolvendo ligações C-C.

Isso, portanto constitui, base na composição química e conseqüentemente nas

formas estruturais adquiridas após a polimerização na parede celular.

A composição da lignina varia significativamente entre as espécies, dentro

da espécie e também na mesma planta, pois há variações de célula para célula

de acordo com a localização da parede celular, conforme o estágio de

desenvolvimento da célula e do tecido, e ainda com a influência de estresses

ambientais (CAMPBELL E SEDEROFF, 1996, apud STUDART-GUIMARÃES et

al., 2003). Sua arquitetura molecular difere segundo a origem botânica dos

táxons, entre células e até mesmo dentro da parede celular, respondendo aos

efeitos abióticos e bióticos do ambiente (LARROQUE & PLANCHON, 1990;

KITAYAMA et al., 2004).

Em madeiras de coníferas por exemplos, predominam, basicamente,

subestruturas do tipo guaiacila, provenientes do álcool trans-coniferílico; em

madeiras de folhosas, existe uma mistura de quantidades significativas de

subestruturas guaiacila e siringila resultantes da polimerização dos precursores

trans-coniferílico e trans-sinapílico, respectivamente. Já em palhas e gramíneas,

além de unidades guaiacílicas e siringílicas, encontram-se subestruturas do tipo

cumaríla proveniente da polimerização do álcool p-cumarílico, todas em

quantidades relevantes. A proporção molar dessas subestruturas na planta

depende, principalmente, da espécie (CHEN, 1991). Ligninas de plantas

herbáceas são do tipo H-S-G, sendo mais parecidas com as ligninas de

angiospermas do que de gimnospermas. Portanto, em uma conceituação mais

precisa, as ligninas são classificadas nos seguintes grupos: Tipo G; Tipo G-S; e

Tipo H-G-S (CHEN, 1991; PILÓ-VELOSO et al., 1993).

Um das dificuldades para se estudar lignina é distância existente entre a

protologina e a lignina isolada. Distância essa caracterizada que dificulta uma

diagnose precisa sobre a estrutura da lignina. Existem diferentes tipos de

extração de ligninas, e nenhum deles permite obtê-la como ela se encontra

6

estruturalmente no vegetal, pois haverá sempre interferência entre os

procedimentos de extração química e a estrutura da lignina in situ.

7

2 – JUSTIFICATIVA

Desde 1990 o estudo com a espécie Lophantera lactescens tem sido

desafiante. O interesse a princípio deve-se ao isolamento do nor-triterpeno

(Figura 2) com atividades já descrita na literatura (ABREU et al., 1990).

Recentemente teste in vitro mostrou atividade contra Leishmania amazonensis

(DANELLI, et al., 2009). Também seu interesse aumentou pela possibilidade

dessa substância se apresentar como cristais rombóides nos tecidos do

parênquima radial. Além disso, há interesse muito grande de empresas

multinacionais como a Merck por exemplo, que publicou e registrou patente tendo

como referência o trabalho de Abreu (1990). No Laboratório de Biotecnologia da

Madeira do Departamento de produtos florestais tem-se desenvolvido a formação

de calos, células em suspensão e análise de plântulas. A exploração e o uso mais

adequado, a produção in vitro, e o desenvolvimento de plantas dando enfoque

florestal, tem sido meta do laboratório.

Figura 2 – Estrutura do Nor-triterpeno isolado da madeira de Lophantera lactescens [6α,7α,15β,16β,24-pentacetoxi-22α-carbometoxi-21β,22β-epoxi-18β-hidroxi-27,30-bisnor-3,4-

secofriedela-1,20(29)-dien-3,4R-lideo]

No sentido de apoiar a indústria de base florestal o processo de

lignificação da Lophantera tem uma vertente interessante que é o estudo de

plantas brasileiras para sua utilização na indústria de base florestal. Atualmente

no setor florestal a caracterização de madeiras segundo sua composição físico,

química e anatômica é de extrema importância para se utilizá-las nos setores

23

14

13

1211

10

4

3

29

28

2625

24

22

212019

1817

16

15

98

76

5

2 1

o

CH2OAc

OAc

OAcOAc

OAc

O

COOMeOH

o= A B

C D

E

8

tecnológico e industrial. Pois, a composição e o teor de lignina em madeiras têm

conseqüências de natureza técnica e econômica (industriais, ambientais, e

agrícolas profundas). Atualmente há uma grande porcentagem de espécies não

nativas sendo utilizadas no setor tecnológico, o estudo do processo de lignificação

de Lophantera se torna importante, pois comprovando-se que esta tem uma

madeira de alta qualidade, tal espécie pode então substituir outras como as do

gênero Eucalyptus, utilizadas no setor de base florestal.

9

3 – OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência de lignina em segmentos

caulinares e radiculares e sua caracterização química em plântulas de Lophantera

lactescens cultivadas in vitro.

3.1 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Cultivo de plântulas de Lophantera lactescens em meio nutritivo artificial em

ambiente controlado de temperatura, luminosidade e humidade;

• Verificar a presença de lignina em plântulas de Lophantera lactescens;

• Evidenciar a lignina por uso de corante específico em cortes transversais de

segmentos caulinares e radiculares, por meio de microscopia de campo claro e

fluorescência;

• Evidenciar o processo de lignificação em plântula de Lophantera lactescens

que ainda não foi realizado.

10

4 – MATERIAL E MÉTODOS

A espécie Lophantera lactescens pertence a família Malpighiaceae. Esta

família é de distribuição tropical e subtropical (LORENZI & SOUZA, 2008),

apresentando sua maior diversidade na América do Sul (Judd et al., 1999 apud

SILVA, S. L., 2007). Apresenta cerca de 1.300 espécies, organizadas em 75

gêneros (LORENZI et al., 2008), sendo referida como uma das dez mais bem

representadas no bioma cerrado (MENDONÇA et al., 1998 apud SILVA, S. L.,

2007).

Dentre os gêneros desta família, Lophantera lactescens Ducke (Figura 3),

conhecida vulgarmente, como Lofantera-da-amazônia, Chuva-de-ouro e

Lanterneira, é uma espécie arbórea de 10-20m de altura, com tronco colunar ou

bifurcada próximo à base, de 30-40cm de diâmetro, revestido por casca

pardacenta fina com ritidoma lenticelado (Figura 4).

Figura 3 - Lanterneira (Lophantera lactescens) no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, com aproximadamente 10m de altura

11

Figura 4 – Tronco colunar

As folhas (Figura 5) são opostas cruzadas, dotadas de estípulas

intrapeciolares, simples, elípticas a frequentemente obovais, de base aguda a

atenuada e ápice arredondado a retuso, cartáceas, glabras, com nervuras

primárias e secundárias imersas na face superior e proeminentes na inferior,

lactescentes quando jovens, de 16-22cm de comprimento por 8-11cm de largura.

Figura 5 – Folhas de Lophantera lactescens

As flores são dispostas em racemos terminais pendentes (Figura 6), são

amarelas, vistosas, bissexuadas e pentâmeras; com disco nectarífero ausente.

Floresce durante os meses de fevereiro-maio.

12

Figura 6 – Inflorescência em detalhe

Os frutos são esquizocárpicos, secos (Figura 7). A maturação dos frutos

verifica-se em setembro-outubro (LORENZI et al., 2008).

Figura 7 – Frutos ainda presos aos racemos nas árvores

13

É uma espécie de ocorrência da região Amazônica, na mata de várzea alta,

principalmente na parte central (LORENZI, 2008). Planta semidecídua, heliófita ou

esciófita, seletiva higrófita, característica da floresta pluvial da região amazônica.

Apresenta dispersão bastante restrita, tendo sido encontrada, até o momento,

apenas no baixo Tapajós, em mata de várzea alta. Ocorre tanto no interior da

mata primária densa como em formações secundárias (LORENZI, 2008).

O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Biotecnologia da Madeira

(LBM) do Departamento de Produtos Florestais do Instituto de Florestas da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DPF/IF/UFRRJ).

4.1 – COLETA E ARMAZENAGEM DAS SEMENTES

As sementes para a produção dos explantes foram coletadas de uma única

matriz do próprio campus da UFRRJ, sendo posteriormente armazenadas à

temperatura de aproximadamente 25°C e umidade relat iva do ar 62%.

4.2 – DESINFESTAÇÃO DAS SEMENTES E CONDIÇÕES DE GERMINAÇÃO

As sementes de Lophantera lactescens foram submetidas à seguinte condição

de desinfestação: 20 minutos em presença de hipoclorito de sódio 2,5% contendo

0,2 mL/L de detergente tween 20. Em seguida as sementes foram escorridas em

peneira inox forradas com papel filtro e lavadas 5 vezes em água bidesionizada

estéril. Após a última lavagem as sementes foram imersas em peróxido de

hidrogênio 1% por 30 minutos. Decorrido esse período as sementes foram

novamente escorridas e em capela de fluxo laminar, foram inoculadas no meio de

cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), contendo a seguinte formulação:

1,65g de (NH4)NO3, 1,9g de KNO3, 0,44g de CaCl2, 0,17g de KH2PO4, 0,37g

MgSO4, 0,002g de glicina, 30g de sacarose, 7g de Agar-Agar, 0,1g de Benlate,

1mL de solução de ferro + EDTA, 5mL de solução de micronutriente, 1mL de

solução de vitaminas. O meio de cultura MS foi produzido com 24 horas de

antecedência à desinfestação. Os procedimentos seguidos para produzir o meio

de cultura foram: Colocar 300mL de água bidesionizada (DDH2O) em um Becker

14

de 1L, manter sob agitação e acrescentar cada componente do meio MS

excluindo o Agar-Agar. Completar o volume do Becker até 1000mL e manter sob

agitação até que todos os componentes estejam dissolvidos. Aferir o pH, e, se

necessário, corrigir para 5.7 utilizando solução de KOH ou HCl, então acrescentar

o Agar-Agar e ligar a placa de aquecimento em aproximadamente 200ºC,

mantendo o meio em constante agitação. Cobrir o becker com papel alumínio e

aguardar a fervura do meio. Distribuir o meio nos recipientes colocando-se

aproximadamente 50mL de meio de cultura MS por recipiente, posteriormente o

meio de cultura foi esterilizado em autoclave a 120°C e 1,0 atm por 20 minutos.

Para otimizar as atividades, alguns componentes do meio de cultura foram

otimizados em soluções estoque. Em capela de Fluxo laminar as sementes foram

acondicionadas em recipientes próprios para germinação contendo meio de

cultura, 5 sementes por recipiente, sendo mantidas em sala de germinação com

fotoperíodo de 16 horas, temperatura de 25°C +/- 1º C, e umidade relativa do ar

62%.

O cultivo de plântulas de Lophantera lactescens in vitro foi alcançado (Figura 8).

Figura 8 – Plântulas germinadas no LBM

4.3 – PREPARO DE MATERIAL LIVRE DE EXTRATOS SOLÚVEIS

O material foi pré-extraído com etanol 95%. Em seguida, após seco, foi

efetuado a maceração dos tecidos de caule e raiz (separadamente) em moinho de

facas do tipo Wiley, após extração o tecido foi seco. Em seguida o material sólido

15

foi colocado no Moinho de Bolas, para que este reduzisse a granulométrica das

partículas.

4.4 – INFRAVERMELHO

Os espectros no infravermelho foram registrados dos materiais

lignocelulósicos, (plântulas) dos caules e das raízes. Material pré-extraído e não

pré-extraído foram moídos em moinho de bolas e em seguida foram preparados

pastilhas de KBr com 1 mg de lignina e 100mg de KBr. Os espectros foram

registrados em um espctrômetro VARIAN 640-IRFT-IR no modo transmitância.

A microscopia no infravermelho foi feita no equipamento VARIAN 610-IRFT-IR

no modo reflectância. Os cortes foram liofilizados durante 12 horas e colocados

no equipamento para a obtenção de imagens e os respectivos espectros.

4.5 – PREPARO DO MATERIAL PARA MICROSCOPIA

Cortes transversais foram feitos a mão livre em micrótomo de Ranvier e

corados com Safranina e Azul de Astra (Safrablau), e observados em microscópio

modelo Olympus trinocular com software cell*.

4.6 – REAGENTE DE WIESNER

O reagente foi preparado por uma combinação de 50 mL de uma solução de

floroglucinol 2% em etanol 95% e 25 mL de ácido clorídrico (HCl) concentrado

(LIN & DENCE, 1992).

Como este reagente não é muito estável, a solução de floroglucinol foi

armazenada em vidro âmbar (com rolha de vidro), sendo misturado ao HCl

somente na hora de usar.

16

4.7 – MICROSCOPIA COM FLUORESCÊNCIA

As análises foram realizadas em um microscópio Olympus trinocular com

software cell*, provido de fluorescência. As ligninas que são auto fluorescentes

foram observadas no caule e raiz. Os cortes foram imersos em auramina (1%) em

solução aquosa para aumentar a intensidade da fluorescência.

17

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme descrito anteriormente as análises no infravermelho ocorreram

em KBr com material ultrafino. A espectrometria no infravermelho é um dos

métodos mais utilizados em análise de lignina. Existem uma série de artigos que

mostram e também atribuem valores de número de onda, onde são relevantes os

dados a serem analisados (LIN & DANCE, 1992). As análises foram realizadas

em amostras pré-extraídas com etanol, para liberação dos extrativos, entendendo

que nesses espectros são observados sinais, da celulose, hemicelulose e lignina.

As atribuições para comparação dos sinais estão na tabela abaixo (Tabela 1).

cm-¹ Atribuições

1593-1605 Vibração do esqueleto aromático com estiramento de C=O

1505-1515 Vibração do esqueleto aromático

1325-1330 Respiração do anel siringílico com contribuição do

estiramento de C=O e de estruturas condensadas

1266-1270 Respiração do anel guaiacílico com contribuição do

estiramento de C=O

Tabela 1 – Atribuição dos sinais no infravermelho

Os espectros obtidos seguem abaixo (Figuras 9, 10, 11 e 12):

3753 24

3676 9

3422 -0

2931 190

2368 491738 19

1654 21 1510 19

1460 14

1423 22

1327 13

1260 78

1048 53

802 33

607 237

Caule de Lophantera 1

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

28

26

24

22

20

18

16

Wavenumber

%T

rans

mitt

ance

Figura 9 – Espectro no infravermelho obtido do caule da plântula de Lophantera lactescens, pré extraído com etanol 95%

18

cm-¹ Atribuições

1600 Vibração de ligações duplas do anel aromático

1510 Vibração do esqueleto aromático

1327 Respiração do anel siringílico com contribuição de C=O e de

estruturas condensadas

1260 Respiração do anel guaiacílico com contribuição de C=O

Tabela 2 - Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho do tecido caulinar de plântulas de Lophantera lactescens, pré-extraído em etanol 95%

Os dados apesar de serem extremamente complexos permitiram avaliar a

presença de lignina, além disso os sinais em 1327 cm-1 e 1260 cm-1

apresentaram-se claramente e com intensidades diferentes, revelando se tratar

de uma lignina guaiacílica/siringílica com alta proporção de unidade guaiacíla,

entretanto, a presença de lignina também foi confirmada por outro método.

3754 13

3677 8

3404 84

2932 73

2369 40

2341 17

1721 -0

1637 0

1511 0

1423 -0

1378 10

1071 1283

800 35

672 8621 15

476 62

Raiz de Lophantera 1

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

Wavenumber

%T

rans

mitt

ance

Figura 10 – Espectro no infravermelho obtido da raiz da plântula de Lophantera lactescens, extraído em etanol 95%

19

cm-¹ Atribuições

1511 Vibração do esqueleto aromático

Tabela 3 - Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho do tecido radicular de plântulas crescidas em meio de cultura extraídas em etanol 95%

Neste caso a observação dos sinais foi prejudicada, talvez pela insuficiente

extração com ou pré-extração com etanol, mascarando os sinais.

3753 6

3427 0

2928 121

2370 31

2339 122222 1

2152 3

2025 1

1655 42

1516 5

1456 15

1424 211372 1

1326 0

1253 67

1025 545

895 9

572 131

427 18

Caule lophantera

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

Wavenumber

%Trans

mittan

ce

Figura 11 - Espectro no infravermelho obtido do caule da plântula de Lophantera lactescens extraído em Ciclohexano, Acetato de etila e Metanol

cm-¹ Atribuições

1516 Vibração do esqueleto aromático

1326 Respiração do anel siringílico com contribuição de C=O e de

estruturas condensadas

1253 Respiração do anel guaiacílico com contribuição de C=O

Tabela 4 - Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho do tecido caulinar de plântulas crescidas em meio de cultura extraídas em Soxhlet em Ciclohexano, Acetato de etila e Metanol

20

3753 6

3399 3179

2928 144

2367 35

2108 0

1621 364

1516 -2

1443 6

1371 13

1269 90

1104 151056 273

891 8

763 7

567 125

442 11

Raiz lophantera

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200

28

26

24

22

20

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

Wavenumber

%Trans

mittan

ce

Figura 12 - Espectro no infravermelho do tecido radicular de plântulas crescidas em meio de cultura extraídas com Ciclohexano, Acetato de etila e Metanol

cm-¹ Atribuições

1516 Vibração do esqueleto aromático

1269 Respiração do anel guaiacílico com contribuição do

estiramento de C=O

Tabela 5 - Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho do tecido radicular de plântulas crescidas em meio de cultura extraídas em Ciclohexano, Acetato de etila e Metanol

5.1 – Microscopia no Infravermelho

Os espectros registrados com auxílio de um microscópio acoplado ao

espectrômetro possibilitou confirmar in loco a existência de lignina nas regiões

observadas, com os sinais se coadunando com as absorções anteriormente

registradas e descritas acima.

21

Figura 13 – Diagrama espectral e de imagem destacando o espectro no infravermelho da região da periderme lignificada/suberizada do caule de Lophantera lactescens na região basal

cm-¹ Atribuições

1511 Vibração do esqueleto aromático

1326 Respiração do anel siringílico com contribuição do estiramento

de C=O e de estruturas condensadas

1256 Respiração do anel guaiacílico com contribuição do

estiramento de C=O

Tabela 6 – Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho da região da periderme lignificada

2922.992 0.280

1706.688 0.000

1661.702 0.351

1621.038 0.248

1561.663 0.000

1511.706 0.269

1460.446 0.232

1422.915 0.168 1326.981 0.246

1256.107 0.016

Região da periderme do caule de Lophantera Smooth (11)

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800

0.22

0.21

0.20

0.19

0.18

0.17

0.16

0.15

0.14

0.13

0.12

0.11

0.10

0.09

0.08

0.07

0.06

0.05

0.04

Wavenumber

%Tra

nsm

ittan

ce

Região da periderme

22

Figura 14 – Organograma interativo constando do espectro no infravermelho, com reação positiva para o teste de Wiesner a esquerda e a mesma região com fluorescência a direita caracterizando

a região lignificada

2931.458 1.109

1735.216 4.006

1635.571 0.407

1507.734 -0.003

1455.543 0.921

1336.958 0.768

1246.377 5.2431069.109 0.179

Região lignificada do caule de Lophantera Smooth (5)

3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800

1.05

1.00

0.95

0.90

0.85

0.80

0.75

0.70

0.65

0.60

0.55

0.50

0.45

0.40

0.35

0.30

0.25

0.20

0.15

Wavenumber

%Trans

mittan

ce

XILEMA

23

cm-¹ Atribuições

1507 Vibração do esqueleto aromático

1336 Respiração do anel siringílico com contribuição do

estiramento de C=O e de estruturas condensadas

1246 Respiração do anel guaiacílico com contribuição do

estiramento de C=O

Tabela 7 - Atribuição dos sinais do espectro no infravermelho da região lignificada do caule da plântula de Lophantera lactesces da região basal

5.2 – Análise anatômica com enfoque a lignificação

Os materiais de caule e raízes foram preparados manualmente e os cortes

transversais foram feitos em micrótomo manual, com auxílio de lâmina de vidro.

Os tecidos foram coloridos com safrablau e as fotomicrografias mostraram que o

tecido do caule apresenta regiões primárias do floema (B) e do xilema com tecido

lignificado (A) e região de câmbio indicado pela letra (C) (Figura 15, 16 e 17),

mostrando que a medida que os entre nós diminuem em distância da base do

colo da plântula, onde neste entre nó pode ser observado alto processo de

lignificação. A lignificação do tecido radicular fica evidenciado pela coloração

avermelhada, devido a assimilação da safranina à esclereides fibrosos. No caso

do tecido radicular, a lignificação foi detectada na periderme do tecido (A) (Figura

18), como também no tecido xilemático deste (X) (Figura 19 e 20).

24

Figura 15 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal do 1º entrenó da plântula corado com Safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina) (porção vermelha)

Figura 16 - Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal evidenciando outra região do corte do 1º entrenó da plântula corado com safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina)

(porção vermelha)

25

Figura 17 - Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal do 1º entrenó da plântula corado com Safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina) (porção vermelha)

Figura 18 - Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da raiz da plântula corado com safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina/suberina) (porção vermelha), região

peridérmica do tecido

26

Figura 19 - Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da raiz da plântula corado com safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina) (porção vermelha)

Figura 20 - Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal da raiz da plântula corado com safrablau evidenciando a presença de fenóis (lignina) (porção vermelha)

27

Os estudos realizados para identificação com tecidos em várias partes do

caule das plântulas de Lophantera lactescens foram realizados com teste de

Wiesner e mostrou que a região visualizada apresenta-se altamente lignificada, e

que no xilema há células fibrosas, células de parênquima radial lignificados,

evidenciando que neste caso o tecido jovem mostrou-se peculiar em relação a

outros tecidos de plantas herbáceas (Figura 21, 22, 23 e 24). No tecido radicular,

o teste de Wiesner evidenciou a porção lignificada (Figura 25 e 26).

Figura 21 - Micrografia em objetiva de 10x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro)

28

Figura 22 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro)

Figura 23 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro) em outra região do corte

29

Figura 24 – Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro)

Figura 25 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da raiz da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro)

30

Figura 26 – Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal da raiz da plântula, evidenciando a presença de lignina (campo claro)

O teste com fluorescência confirmou a existência de processo de alta

lignificação no tecido caulinar (Figura 27, 28, 29 e 30), como também evidenciou a

lignificação do tecido radicular (Figura 31, 32 e 33).

31

Figura 27 – Micrografia em objetiva de 10x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

Figura 28 – Micrografia em objetiva de 10x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina mostrando outra

região do corte

32

Figura 29 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

Figura 30– Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal da porção basal do caule da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

33

Figura 31 – Micrografia em objetiva de 10x, em corte transversal da raiz da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

Figura 32 – Micrografia em objetiva de 20x, em corte transversal da raiz da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

34

Figura 33 – Micrografia em objetiva de 40x, em corte transversal da raiz da plântula, evidenciando a presença de lignina por fluorescência com auramina

35

6 – CONCLUSÃO

Sob diagnóstico do processo de lignificação dos tecidos do caule e da raiz

de plântulas de Lophantera lactescens, com base nas análises por infravermelho,

microscopia de campo claro e de fluorescência ficou evidenciado que o processo

de lignificação em Lophantera lactescens tem início nos primórdios caulinares, e

que o sistema de crescimento apresenta xilema primário totalmente lignificado,

condizente com um sistema adulto. O teste de Wiesner, fluorescência e

infravermelho, serviram como ferramentas indispensáveis à caracterização da

lignina existente, com ênfase a microscopia no infravermelho permitindo a priori

evidenciar uma composição guaiacila/siringila e que nestes termos são tão

evidentes que não deixam dúvidas sobre a sua ocorrência em plântula de

Lophantera lactescens. Os espectros não foram tão claros, devido se tratarem de

material lignocelulósico sem procedimento de isolamento, entretanto os materiais

pré-extraidos com ciclohexano, acetato de etila e metanol, foram considerados

espectros mais típicos de lignina em um sistema multimolecular da parede celular.

Os tecidos xilemáticos conforme fotomicrografia em fluorescência evidenciado

pela auramina mostra que estes tecidos são altamente lignificados. O que permite

torná-la objeto vivo de modelos para novos estudos sobre lignificação.

36

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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