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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO
CAPACIDADE POSTULATÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL
TRABALHISTA
JAN MARCELL LACERDA (11017274)
JOÃO PESSOA
2013
JAN MARCELL LACERDA (11017274)
CAPACIDADE POSTULATÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL
TRABALHISTA
JOÃO PESSOA
2013
O presente trabalho visa à obtenção de nota
referente ao 1º estágio da Disciplina de Direito
Civil V.
Profª Dr. Delosmar Domingos Mendonça Jr.
INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva trazer um panorama sobre a capacidade postulatória no
Direito Processual Trabalhista, trazendo reflexões teóricas e bases normativas para
embasar as discussões sobre a temática em tela. Para tanto, serão realizadas revisões
literárias sobre a capacidade postulatória nessa área jurídica e de conhecimento,
principalmente através da obras de Renato Saraiva, intitulada “Curso de direito
processual do trabalho” (2013).
CAPACIDADE POSTULATÓRIA NO DIREITO PROCESSUAL TRABALHISTA
No âmbito do processo do trabalho, a capacidade postulatória nas demandas
envolvendo relação de emprego, é conferida também às próprias partes. Assim sendo, o
princípio do jus postulandi da parte está consubstanciado no artigo 791 da CLT, o qual
estabelece que os empregados e os empregadores possam reclamar pessoalmente
perante a justiça do trabalho e acompanhar as suas reclamações.
Nesse ínterim, o artigo 839, alínea a, da CLT, também salienta que a reclamação
trabalhista poderá ser apresentada pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou
por seus representantes, bem como pelos sindicatos de classe. Desse modo, em função
do jus postulandi, reclamante e reclamado poderão atuar sem a presença de advogados,
perante os juízos de primeiro grau e Tribunais Regionais. A atuação perante o TST, não
segue essa regra.
Após a Constituição Federal de 1988, uma corrente minoritária defendia que, em
função de o art. 133 estabelecer que o advogado é indispensável à administração
pública, o artigo 791 da CLT não mais estaria em vigor, em face da incompatibilidade
com o texto constitucional mencionado. Essa corrente ganhou mais força com a edição
da Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB) que, em seu artigo 1º, inciso I, considerava
atividade privativa da advocacia a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos
juizados especiais.
Entretanto, os tribunais trabalhistas, em sua maioria, firmaram jurisprudência no
sentido de que o artigo 791 da CLT está em vigor, permanecendo o jus postulandi da
parte na Justiça do Trabalho, mesmo após a promulgação da constituição Federal de
1988. Tal jurisprudência restou confirmada com o julgamento da ADI 1.127, proposta
pela Associação dos Magistrados do Brasil – AMB, na qual o Supremo Tribunal
Federal declarou inconstitucional a expressão “qualquer”, constante no artigo 1º., I da
Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), prevalecendo o entendimento de que é possível a
parte postular sem a presença do advogado, em algumas hipóteses.
Observa-se, contudo, que o Pleno do TST decidiu que não se admite a pratica do
jus postulandi perante esta Corte, exceto para a impetração de Habeas Corpus.
Outrossim, foi publicada a súmula 425 do TST, que dispõe:
O jus postulandi das partes, estabelecido no artigo 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Conforme o exposto acima, o jus postulandida parte somente prevalece nas
instancias ordinárias, significando dizer que, em caso de recurso dirigido ao TST, ele
deverá ser subscrito por advogado, sob pena de não ser conhecido.
Em caso de eventual recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, ou
mesmo o recurso encaminhado ao Supremo Tribunal de Justiça (para examinar, por
exemplo, conflito de competência), também deve ele ser subscrito por advogado, sob
pena de o apelo não ser reconhecido.
Por fim, frise-se que, após a EC 45/2004, que ampliou a competência material da
Justiça do trabalho para processar e julgar qualquer lide envolvendo relação de trabalho
(artigo 114 da CF/1988), entende-se que o jus postulandi da parte é restrito às ações que
envolvam relação de emprego, não se aplicando às demandas referentes à relação de
trabalho distintas da relação empregatícia.
CONCLUSÃO
Portanto, em caso de ação trabalhista ligada à relação de trabalho não
subordinado, as partes deverão estar representadas por advogados, a elas não se
aplicando o artigo 791 da CLT, restrito a empregados e empregadores.
REFERÊNCIAS
BEZERRA LEITE, Carlos Henrique. Curso de direito processual do trabalho. 8ª ed. São Paulo: Editora LTr, 2010.
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense. São Paulo: MÉTODO, 2013.
SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 2ª ed. São Paulo: Editora LTr, 2009.