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25/03/2020 1 PROCESSO CIVIL Parte Geral prof.anasantanna E-mail: [email protected] DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 1 Lei 13 . 105 / 2015 e suas alterações (Código de Processo Civil) . 2 Normas processuais civis . 3 A jurisdição . 4 A Ação . 4 . 1 Conceito, natureza, elementos e características . 4 . 2 Condições da ação . 4 . 3 Classificação . 5 Da Cooperação Internacional . 5 . 1 Disposições gerais . 5 . 2 Do auxílio direto . 5 . 3 Da carta rogatória . 6 Da Competência . 6 . 1 Disposições gerais . 6 . 2 Da modificação da competência . 6 . 3 Da incompetência . 7 Pressupostos processuais . 8 Preclusão . 9 Sujeitos do processo . 9 . 1 Capacidade processual e postulatória . 9 . 2 Deveres das partes e procuradores . 9 . 3 Procuradores . 9 . 4 Sucessão das partes e dos procuradores . 9 . 5 Litisconsórcio . 10 Intervenção de terceiros. 11 Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça. 11.1 Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do Juiz. 11.2 Dos Impedimentos e da Suspeição. 11.3 Dos Auxiliares da Justiça. 12 Ministério Público. 13 Advocacia Pública. 14 Defensoria Pública. 15 Atos processuais. 15.1 Forma dos atos. 15.2 Tempo e lugar. 15.3 Prazos. 15.4 Comunicação dos atos processuais. 15.5 Nulidades. 15.6 Distribuição e registro. 15.7 Valor da causa. 16 Tutela provisória. 16.1 Tutela de urgência. 16.2 Disposições gerais. 17 Formação, suspensão e extinção do processo. 18 Processo de conhecimento e do cumprimento de sentença. 18.1 Procedimento comum. 18.2 Disposições Gerais. 18.3 Petição inicial. 18.3.1 Dos requisitos da petição inicial. 18.3.2 Do pedido. 18.3.3 Do indeferimento da petição inicial. 18.4 Improcedência liminar do pedido. 18.5 Da conversão da ação individual em ação coletiva. 18.6 Da audiência de conciliação ou de mediação. 18.7 Contestação, reconvenção e revelia. 18.8 Providências preliminares e de saneamento. 18.9 Julgamento conforme o estado do processo. 18.10 Da audiência de instrução e julgamento. 18.11 Provas. 18.12 Sentença e coisa julgada. 18.13 Cumprimento da sentença e sua impugnação. 19 Teoria Geral dos Recursos. 19.1 Dos recursos. 19.2 Disposições gerais. 19.3 Da apelação. 19.4 Do agravo de instrumento. 19.5 Do agravo interno. 19.6 Dos Embargos de Declaração. 19.7 Dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça. 20 Do Processo de execução. 21 Processos nos tribunais e meios de impugnação das decisões judiciais. 22 Mandado de segurança. 23 Ação popular. 24 Ação civil pública. 25 Ação de improbidade administrativa. 26 Lei nº 11.419/2006 (Processo Judicial Eletrônico).

PROCESSO CIVIL Parte Geral...9 Sujeitos do processo. 9.1 Capacidade processual e postulatória. 9.2 Deveres das partes e procuradores. 9.3 Procuradores. 9.4 Sucessão das partes e

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  • 25/03/2020

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    PROCESSO CIVIL

    Parte Geral

    prof.anasantanna

    E-mail: [email protected]

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL: 1 Lei nº 13.105/2015 e suas alterações (Código de Processo Civil). 2 Normas processuais civis. 3 A jurisdição. 4 A Ação. 4.1 Conceito, natureza, elementos e características. 4.2 Condições da ação. 4.3 Classificação. 5 Da Cooperação Internacional. 5.1 Disposições gerais. 5.2 Do auxílio direto. 5.3 Da carta rogatória. 6 Da Competência. 6.1 Disposições gerais. 6.2 Da modificação da competência. 6.3 Da incompetência. 7 Pressupostos processuais. 8 Preclusão. 9 Sujeitos do processo. 9.1 Capacidade processual e postulatória. 9.2 Deveres das partes e procuradores. 9.3 Procuradores. 9.4 Sucessão das partes e dos procuradores. 9.5 Litisconsórcio. 10 Intervenção de terceiros. 11 Do Juiz e dos Auxiliares da Justiça. 11.1 Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do Juiz. 11.2 Dos Impedimentos e da Suspeição. 11.3 Dos Auxiliares da Justiça. 12 Ministério Público. 13 Advocacia Pública. 14 Defensoria Pública. 15 Atos processuais. 15.1 Forma dos atos. 15.2 Tempo e lugar. 15.3 Prazos. 15.4 Comunicação dos atos processuais. 15.5 Nulidades. 15.6 Distribuição e registro. 15.7 Valor da causa. 16 Tutela provisória. 16.1 Tutela de urgência. 16.2 Disposições gerais. 17 Formação, suspensão e extinção do processo. 18 Processo de conhecimento e do cumprimento de sentença. 18.1 Procedimento comum. 18.2 Disposições Gerais. 18.3 Petição inicial. 18.3.1 Dos requisitos da petição inicial. 18.3.2 Do pedido. 18.3.3 Do indeferimento da petição inicial. 18.4 Improcedência liminar do pedido. 18.5 Da conversão da ação individual em ação coletiva. 18.6 Da audiência de conciliação ou de mediação. 18.7 Contestação, reconvenção e revelia. 18.8 Providências preliminares e de saneamento. 18.9 Julgamento conforme o estado do processo. 18.10 Da audiência de instrução e julgamento. 18.11 Provas. 18.12 Sentença e coisa julgada. 18.13 Cumprimento da sentença e sua impugnação. 19 Teoria Geral dos Recursos. 19.1 Dos recursos. 19.2 Disposições gerais. 19.3 Da apelação. 19.4 Do agravo de instrumento. 19.5 Do agravo interno. 19.6 Dos Embargos de Declaração. 19.7 Dos recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça. 20 Do Processo de execução. 21 Processos nos tribunais e meios de impugnação das decisões judiciais. 22 Mandado de segurança. 23 Ação popular. 24 Ação civil pública. 25 Ação de improbidade administrativa. 26 Lei nº 11.419/2006 (Processo Judicial Eletrônico).

    mailto:[email protected]

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    PONTO 10

    Intervenção de terceiros

    • Podemos afirmar se enquadrar no conceito de terceiro todo aquele que não é parte. Assim, são terceiros todas as pessoas que não sejam partes no processo. Observa-se que o fenômeno processual da intervenção de terceiros ocorre, sempre que alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes.

    • Cinco institutos sob o rótulo “intervenção de terceiros”, bastante diversos entre si, já que em duas dessas situações, o terceiro interveniente continuará a sê-lo para todos os fins do processo (assistência e amicus curiae), enquanto nas demais, o terceiro passará a ser parte (denunciação da lide, chamamento ao processo e desconsideração da personalidade jurídica).

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    Vedações à intervenção de terceiros

    • Fácil é afirmar que admitir a possibilidade de terceiros integrarem o processo alheio proporciona vantagens próprias de cada uma de suas modalidades, mas também confere maior lentidão ao procedimento, principalmente quando pela intervenção surge outra relação jurídica processual, tal qual ocorre na denunciação da lide.

    • Por tal razão, em determinadas situações, o legislador vedou o acesso de terceiros ao processo, tendo em vista os princípios informadores de determinados procedimentos, tais como no rito dos Juizados (Art.10 da Lei n.9.099/95), bem como no Código de Defesa do Consumidor (Arts.13 e 88 do CDC).

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    Assistência

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    Disposições comuns

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    Quando o assistente intervém tão somente para coadjuvar uma das partes a obter sentença favorável, sem defender direito próprio, o caso é de assistência adesiva ou simples (ad adiuvandum tantum).

    O interesse que justifica essa intervenção decorre de uma relação jurídica entre o terceiro e uma das partes do processo pendente. Não há relação material alguma entre o interveniente e o adversário da parte a que se deseja prestar assistência. Mas, mesmo não estando sendo discutida no processo, a relação do terceiro com uma das partes pode ficar prejudicada em seus efeitos práticos e jurídicos, caso o assistido saia vencido na causa pendente. Os efeitos da decisão do processo, para autorizar a assistência simples, são apenas indiretos ou reflexos, visto que a relação material invocada pelo interveniente não será objeto de julgamento, por não integrar o objeto litigioso.

    Assistência litisconsorcial – art. 124 CPC. Quando, porém, o terceiro assume a posição de assistente na defesa direta de direito próprio contra uma das partes o que se dá é a assistência litisconsorcial. A posição do interveniente, então, passará a ser a de litisconsorte (parte) e não mais de mero assistente. Esse assistente entra num processo em que a relação material que o envolve já se acha disputada em juízo, embora a propositura da demanda tenha ocorrido sem sua participação.

    O assistente não figurou como litisconsorte na origem do processo, mas poderia ter figurado como tal. É o que se passa, por exemplo, com o herdeiro que intervém na ação em que o espólio é parte representada pelo inventariante.

    Os efeitos da sentença, diversamente do que se passa na hipótese de assistência simples, não são apenas reflexos, pois incidem diretamente sobre a situação jurídica do substituído, tenha ele participado ou não do processo.

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    Nesse ponto reside a grande diferença entre o assistente coadjuvante [art. 119, NCPC] e o considerado litisconsorte [art. 124, NCPC]: aquele não pode assumir, em face do pedido, posição diversa da do assistido; esse, o assistente litisconsorcial, de que trata este artigo, pode fazê-lo.

    A assistência simples cessa nos casos em que o processo termina por vontade do assistido [art. 122, NCPC]; a litisconsorcial permite que o interveniente prossiga para defender o seu direito, ainda que a parte originária haja desistido da ação, haja reconhecido a procedência do pedido ou haja transacionado com a outra parte.

    OBS: Segundo observa Leonardo Carneiro da Cunha, essa norma dá claras indicações de que o assistente litisconsorcial é, de fato, um litisconsorte, não havendo razão para insistir na tese defendida por parte de velha doutrina, que entendia o assistente litisconsorcial como um terceiro, cuja função era apenas a de coadjuvar a parte principal.

    DENUNCIAÇÃO DA LIDE

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    • No Código de Processo Civil atual, a denunciação da lide presta-se à dupla função de, cumulativamente, (a) notificar a existência do litígio a terceiro; e (b) propor antecipadamente a ação de regresso contra quem deva reparar os prejuízos do denunciante, na eventualidade de sair vencido na ação originária.

    • A denunciação da lide consiste em chamar o terceiro (denunciado), que mantém um vínculo de direito com a parte (denunciante), para vir responder pela garantia do negócio jurídico, caso o denunciante saia vencido no processo.

    • Os casos em que têm cabimento a denunciação da lide, segundo o art. 125 do NCPC, são:

    (a) o de garantia da evicção (inciso I);

    (b) o do direito regressivo de indenização (inciso II).

    A evicção ocorre quando o adquirente de um bem perde a propriedade, a posse ou o uso em razão de uma decisão judicial ou de um ato administrativo, que reconheça tal direito à terceiro, por uma situação preexistente (anterior) à compra. Terá então o adquirente o direito de recobrar de quem lhe transferiu esse domínio, ou que pagou pela coisa. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

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    • O Código de Defesa do Consumidor não a admite nas ações de reparação de dano oriundas de relação de consumo (Lei 8.078/1990, art. 88). Outra hipótese em que a doutrina e a jurisprudência repelem a denunciação da lide é a dos embargos à execução, por seu âmbito restrito e específico.

    • Intervenção típica do processo de conhecimento com o objetivo de ampliar o objeto a ser enfrentado na sentença. Por isso não há lugar para denunciação da lide no processo de execução, nem mesmo na fase de cumprimento da sentença.

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    Efeitos da denunciação da lide

    • A denunciação provoca uma verdadeira cumulação de ações, de sorte que o denunciante, perdendo a causa originária, já obterá sentença também sobre sua relação jurídica perante o denunciado, e estará, por isso, dispensado de propor nova demanda para reclamar a garantia da evicção ou a indenização de perdas e danos devida pelo denunciado.

    • Haja ou não aceitação da denunciação, o resultado do incidente é sujeitar o denunciado aos efeitos da sentença da causa. Este decisório, por sua vez, não apenas solucionará a lide entre autor e réu, mas também, julgando a ação procedente, declarará, conforme o caso, o direito do evicto ou a responsabilidade pela indenização regressiva, valendo como título executivo, para o denunciante.

    • Portanto, numa só sentença, duas demandas serão julgadas. “Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide” (NCPC, art. 129, caput); se vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, mas ficará sujeito aos encargos da sucumbência (art. 129, parágrafo único).

    CHAMAMENTO AO PROCESSO

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    Com essa providência, o réu obtém sentença que pode ser executada contra o devedor principal ou os codevedores, se tiver de pagar o débito.

    • na ação em que o fiador for réu

    • na ação proposta contra um ou alguns deles

    • O chamamento ao processo é uma faculdade e não uma obrigação do devedor demandado. Segundo a própria finalidade do incidente, só o réu pode promover o chamamento ao processo.

    • Haja ou não aceitação do chamamento, pelo terceiro (chamado), ficará este vinculado ao processo, de modo que a sentença que condenar o réu terá, também, força de coisa julgada contra o chamado.

    • De tal sorte, havendo sucumbência dos devedores em conjunto, “valerá como título executivo, em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar” (art. 132).

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    • O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990, art. 88) veda a denunciação da lide nas demandas derivadas das relações por ele disciplinadas, para simplificar o atendimento das pretensões do consumidor. No entanto, o seu art. 101, II, autoriza, expressamente, o chamamento ao processo da seguradora, quando o fornecedor tiver contrato que acoberte o dano discutido na demanda.

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    INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

    • O Código Civil de 2002 (art. 50) normatizou conduta que já vinha sendo adotada pela jurisprudência, de desconsiderar a personalidade jurídica, a fim de imputar aos sócios ou administradores a responsabilidade pelo ato ilícito praticado pela empresa. De tal sorte, os bens particulares dos sócios que concorreram para a prática do ato respondem pela reparação dos danos provocados pela sociedade.

    • Assim dispõe o art. 50 da lei substantiva: “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.

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    • O novo Código cuidou da matéria nos arts. 133 a 137, traçando o procedimento a ser adotado na sua aplicação, de maneira a submetê-lo, adequadamente, à garantia do contraditório e ampla defesa.

    • A desconsideração inversa da personalidade jurídica, não prevista no Código Civil, foi admitida pelo STJ. Caracteriza-se ela “pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para, contrariamente ao que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador.”

    • Essa modalidade particular de desconsideração atualmente encontra previsão no novo Código de Processo Civil, no art. 133, § 2º, restando, assim, suprida a lacuna do direito material e chancelada a jurisprudência a respeito.

    • Um exemplo de disregard doctrine inversa, a que se reporta a jurisprudência do STJ, se dá no caso em que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza, por inteiro, na pessoa jurídica, deixando intencionalmente os credores sem acesso à garantia patrimonial.

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    • O principal efeito da desconsideração da personalidade jurídica é imputar aos sócios ou administradores da empresa a responsabilidade pelos atos fraudulentos praticados em prejuízo de terceiros. Desta forma, a indenização será assegurada não apenas pelos bens da pessoa jurídica, mas, também, pelo patrimônio pessoal dos sócios ou administradores envolvidos.

    • De igual sorte, ocorrendo a desconsideração inversa, a pessoa jurídica será responsabilizada por obrigações contraídas por seu sócio, de modo que o patrimônio daquela será utilizado para a reparação dos danos provocados.

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    Amicus Curiae

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    • O amicus curiae, ou amigo do tribunal, previsto pelo NCPC entre as hipóteses de intervenção de terceiro (art. 138), mostra-se – segundo larga posição doutrinária –, preponderantemente, como um auxiliar do juízo em causas de relevância social, repercussão geral ou cujo objeto seja bastante específico, de modo que o magistrado necessite de apoio técnico.

    • Para Cassio Scarpinella Bueno, “o amicus curiae não atua, assim, em defesa de um indivíduo ou de uma pessoa, como faz o assistente, em prol de um direito de alguém. Ele atua em prol de um interesse, que pode, até mesmo, não ser titularizado por ninguém, embora seja partilhado difusa ou coletivamente por um grupo de pessoas e que tende a ser afetado pelo que vier a ser decidido no processo”. Desempenha, nessa ordem de ideias, uma função importantíssima, de “melhorar o debate processual e contribuir a uma decisão mais justa e fundamentada”.

    • A natureza jurídica do amicus curiae é bastante controvertida na doutrina pátria. Alguns autores o qualificam como uma modalidade interventiva sui generis ou atípica. Isso porque sua intervenção estaria vinculada à demonstração de um interesse jurídico legítimo. Outros o entendem como um terceiro que intervém no processo a título de auxiliar do juízo, cujo objetivo é aprimorar as decisões, dar suporte técnico ao magistrado.

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    • O magistrado é livre para decidir acerca da conveniência ou não da intervenção do amicus curiae, sendo o

    • Quem pode atuar como amicus curiae: O amicus curiae pode ser pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada (art. 138). É fundamental, contudo, que tenha conhecimento específico sobre a matéria objeto da lide, de modo a propiciar ao juiz elementos e informações relevantes para bem solucionar a causa.

    • O texto legal não define o que seja a representatividade como requisito da intervenção do amicus curiae. Deixa certo, porém, que não são apenas órgãos ou entidades de representação coletiva que se legitimam à referida intervenção. Acolheu, portanto, a doutrina que defende seja essa legitimação entendida de modo amplo, compreendendo tanto entidades coletivas como pessoas físicas, desde que, umas e outras envolvam as noções de autoridade, respeitabilidade, reconhecimento científico e perícia acerca da matéria sobre a qual irão se manifestar.

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    Prazo e oportunidade para a manifestação:

    • Uma vez convocado a se manifestar, o amigo do tribunal deve fazê-lo no prazo de quinze dias, a contar de sua intimação (art. 138, in fine). Sua intervenção é meramente colaborativa, não tem por função comprovar fatos, mas, sim, opinar sobre eles, interpretá-los segundo seus conhecimentos técnicos específicos, a fim de auxiliar o juiz no julgamento do feito. Pela especialidade da intervenção colaborativa, não se há de cogitar de preclusão a seu respeito.

    • O Código nada dispôs acerca da oportunidade em que a intervenção deva ocorrer. Assim, entende a doutrina que a participação do amicus curiae pode dar-se a qualquer momento, desde que seja assegurado o contraditório para as partes com ele dialogarem.

    • Além disso, é intuitivo que sua manifestação somente é cabível no processo de conhecimento, mesmo porque, a atuação do amicus curiae, como intervenção de terceiro, é voltada, naturalmente, para contribuir para o proferimento de melhor julgamento da causa. Assim, não há lugar para sua participação nos processos executivos, que não se destinam a julgar a lide.

    • Representação por meio de advogado: A intervenção do terceiro, como amicus curiae, quando realizada espontaneamente, só pode dar-se por meio de representação por advogado, por ser esta a forma legal obrigatória de pleitear em juízo. Quando, porém, a iniciativa é do próprio órgão judicial, que procura obter contribuição técnica para melhor avaliação da causa, não há como sujeitar o interveniente a se fazer representar por advogado para apresentar a manifestação requisitada pelo juízo.

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    • Segundo jurisprudência do STF, fazer sustentação oral e apresentar informações e memoriais nos autos: na dicção do Ministro Celso de Mello, ocorre “a necessidade de assegurar, ao amicus curiae, mais do que o simples ingresso formal no processo de fiscalização abstrata de constitucionalidade, a possibilidade de exercer a prerrogativa da sustentação oral perante esta Suprema Corte.”

    • A legislação atual foi expressa em determinar que a intervenção do amicus curiae “não implica alteração de competência”, razão pela qual, ainda que o terceiro seja ente da administração pública federal, não haverá, nos processos afetos a outras justiças, o deslocamento de competência para a justiça federal (NCPC, art. 138, § 1º, primeira parte).

    • O amicus curiae é um colaborador do juízo, razão pela qual se encontra dispensado do pagamento de custas, despesas e honorários processuais. Entretanto, ressalta-se que ele poderá ser condenado como litigante de má-fé (NCPC, art. 79), se incidir numa das hipóteses do art. 80.

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    PONTO 11

    Juiz e dos Auxiliares

    da Justiça

    11.1 Dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do Juiz

    • Juízes (arts. 139 a 143)

    Há, no sistema judiciário brasileiro, órgãos judicantes singulares e coletivos. Mas, em todos eles, as pessoas que, em nome do Estado, exercem o poder jurisdicional são, genericamente, denominadas juízes.

    No primeiro grau de jurisdição, os órgãos judiciários civis são monocráticos ou singulares, isto é, formados apenas por um juiz. Nos graus superiores (instâncias recursais), os juízos são coletivos ou colegiados, formando tribunais, compostos de vários juízes, que, às vezes, recebem denominações especiais como as de desembargador ou ministro.

    A Constituição de 1988 criou, outrossim, a figura do Juiz de Paz, que deve ser eleito pelo voto popular, com competência definida por lei ordinária, para o procedimento de habilitação e celebração do casamento, e para exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional (CF, art. 98, II).

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    Nos termos do art. 139 do novo Código de Processo Civil, o juiz dirigirá o processo conforme as disposições daquele estatuto legal, incumbindo-lhe do disposto nos incisos seguintes.

    A um só tempo, portanto, o legislador processual põe nas mãos do juiz poderes para bem dirigir o processo e deveres de observar o conteúdo das normas respectivas. Assim, o juiz tem poderes para assegurar tratamento igualitário das partes, para dar andamento célere ao processo e para reprimir os atos contrários à dignidade da Justiça, mas às partes assiste, também, o direito de exigir que o magistrado use desses mesmos poderes sempre que a causa tomar rumo contrário aos desígnios do direito processual. Figura, ainda, entre os deveres do juiz despachar e sentenciar nas causas que lhe são propostas, mesmo que haja lacuna ou obscuridade da lei (NCPC, art. 140). É que, estando privada a parte de fazer justiça pelas próprias mãos, em nenhuma hipótese é lícito ao juiz abster-se de prestar-lhe a tutela jurisdicional, desde que pleiteada dentro dos cânones processuais adequados.

    • Em suma: cabe ao juiz o dever de gerenciar o processo, adotando medidas para a boa condução da causa, visando a concretização de um processo justo, célere e efetivo. Referido gerenciamento impõe atribuir maiores poderes ao magistrado, que deverá exercê-los com a finalidade de prestar a tutela jurisdicional da melhor forma possível,26 sempre com fiel observância das normas fundamentais do processo justo (arts. 1º a 12).

    • Responsabilidade do juiz

    Além das sanções disciplinares, o juiz responde civilmente pela indenização dos prejuízos acarretados à parte nos seguintes casos (NCPC, art. 143):

    (a) quando proceder com dolo ou fraude no exercício de suas funções (inciso I);

    (b) quando recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte (inciso II).

    A segunda hipótese acima só se reputará verificada depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 dias (art. 143, parágrafo único).

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    11.2 Dos Impedimentos e da Suspeição

    • É imprescindível à lisura e ao prestígio das decisões judiciais a inexistência da menor dúvida sobre motivos de ordem pessoal que possam influir no ânimo do julgador.37 Não basta, outrossim, que o juiz, na sua consciência, sinta-se capaz de exercitar o seu ofício com a habitual imparcialidade. Faz-se necessário que não suscite em ninguém a dúvida de que motivos pessoais possam influir sobre seu ânimo.

    • Daí a fixação pelo Código de causas que tornam o juiz impedido ou suspeito, vedando-lhe a participação em determinadas causas. Os casos de impedimento são mais graves e, uma vez desobedecidos, tornam vulnerável a coisa julgada, pois ensejam ação rescisória da sentença (NCPC, art. 966, II). Já os de suspeição permitem o afastamento do juiz do processo, mas não afetam a coisa julgada, se não houver a oportuna recusa do julgador pela parte.

    • Casos de impedimento do juiz:

    Segundo o art. 144 do NCPC, é impedido o juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo.

    • Casos de suspeição do juiz:

    Ocorre suspeição de parcialidade do juiz, nos termos do art. 145 do NCPC.

    Dica hot: memorize os casos de suspeição que são menores e aplique a exclusão.

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    Procedimento para alegação:

    • Há um dever para o juiz de reconhecer e declarar, ex officio, seu próprio impedimento ou suspeição. E há, também, para a parte, o remédio processual adequado para afastar da causa o juiz suspeito ou impedido, quando este viola o dever de abstenção. Em outras palavras: à obrigação do juiz de abster-se corresponde o direito processual da parte de recusá-lo.

    • Essa recusa da parte processa-se por meio de um incidente de impedimento ou suspeição (NCPC, art. 146).

    • OBS: Embora preveja o Código prazo de quinze dias para essas alegações, a contar do conhecimento do fato (art. 146, caput, do NCPC), no caso de impedimento, pelo menos, é de admitir-se que não ocorre preclusão da faculdade de arguir a incapacidade do juiz. Isso porque, até depois da res iudicata, o Código permite a invocação desse vício para rescindir a sentença (art. 966, II).

    • A arguição de impedimento ou suspeição é feita nos próprios autos. Deve a parte requerente formulá-la em petição específica dirigida ao juiz da causa, indicando o motivo da recusa, que há de ser um dos previstos nos arts. 144 e 145 do NCPC, pois a enumeração legal é taxativa. Pode, ainda, instruir a petição com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas (art. 146, caput). Suscitado o incidente, o processo será suspenso, nos termos do art. 313, III, ficando impedida a prática de atos processuais, enquanto não julgada a arguição (art. 314). Em se tratando de atos urgentes e inadiáveis, cujo protelamento possa causar dano irreparável, a solução da emergência dar-se-á por meio de sua submissão ao juiz substituto do impugnado (art. 146, § 3º).

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    Impedimento ou suspeição de outros sujeitos processuais

    • Dispõe o novo Código que se aplicam os motivos de impedimento ou de suspeição:

    (i) ao membro do Ministério Público;

    (ii) aos auxiliares da justiça; e

    (iii) aos demais sujeitos imparciais do processo – perito, intérprete ou serventuário de justiça (NCPC, art. 148).

    O pedido de suspeição ou impedimento deverá ser feito em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos (art. 148, § 1º, 1ª parte). O incidente será processado em separado e não importará a suspensão do processo. O arguido terá o prazo de quinze dias para apresentar sua manifestação e requerer a produção de prova, quando necessária (art. 148, § 1º, 2ª parte). No tribunal, o incidente observará o rito preconizado por seu regimento interno (art. 148, § 2º).

    O procedimento de arguição do impedimento ou suspeição de testemunha segue rito próprio previsto na regulamentação da prova oral, e não aquele estabelecido pelos §§ 1º e 2º, do art. 148, conforme dispõe o § 3º do mesmo artigo.

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    11.3 Dos Auxiliares da Justiça

    O juiz – detentor do poder jurisdicional –, para consecução de suas tarefas, necessita da colaboração de órgãos auxiliares, que, em seu conjunto e sob a direção do magistrado, formam o juízo.

    Não é possível a realização da prestação jurisdicional sem a formação e o desenvolvimento do processo. E isso não ocorre sem a participação de funcionários encarregados da documentação dos atos processuais praticados; sem o concurso de serventuários que se incumbam de diligências fora da sede do juízo; sem alguém que guarde ou administre os bens litigiosos apreendidos etc.

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    De acordo com o art. 149 do Código de Processo Civil,75 “são auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias”.

    Os serventuários do juízo costumam ser divididos em duas categorias: os permanentes e os eventuais.

    • Permanentes são os que atuam continuamente, prestando colaboração em todo e qualquer processo que tramite pelo juízo, como o escrivão, o oficial de justiça e o distribuidor. Sem esses auxiliares, nenhum processo pode ter andamento.

    • Há, porém, auxiliares que não integram habitualmente os quadros do juízo e só em alguns processos são convocados para tarefas especiais, como o que se passa com o intérprete e o perito. Esses são os auxiliares eventuais.

    Escrivão ou chefe de secretaria

    É o mais importante auxiliar do juízo, pois é o encarregado de dar andamento ao processo e de documentar os atos que se praticam em seu curso.

    • Atribuições do escrivão ou chefe de secretaria estão no art. 152.

    *(f) praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios (inciso VI).

    * Nesse último caso, o juiz titular editará ato a fim de regulamentar a prática dos atos meramente ordinatórios (art. 152, § 1º). Dentre os atos dessa natureza, o § 4º do art. 203 prevê que atos como a juntada e a vista obrigatória independem de despacho e devem ser praticados de ofício pelo servidor, sujeitando-se à revisão do juiz quando necessário.

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    • Cronologia das publicações e pronunciamentos judiciais:

    O escrivão ou chefe de secretaria deverá obedecer à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais (art. 153). Para conhecimento e controle das partes, deverá ser disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública, uma lista de processos recebidos (art. 153, § 1º).

    * Não prevalece a ordem cronológica nos seguintes casos: (i) atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado; e (ii) preferências legais (art. 153, § 2º).

    • Todavia, essas exceções deverão constar de lista própria a ser elaborada pelo escrivão, respeitando-se, dentro dela, a ordem cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as preferências legais (art. 153, § 3º).

    Forma e conteúdo dos atos processuais:

    • A forma e o conteúdo dos atos processuais, de documentação e guarda,

    que tocam ao escrivão, acham-se regulados pelos arts. 206 a 211.

    • O escrivão tem fé pública e sua função recebe do Código o nome de ofício de justiça (art. 150). Cartório é a repartição dirigida pelo escrivão onde podem servir outros funcionários subalternos, como os escreventes, cuja função se regula pelas normas de organização judiciária.

    • Num mesmo juízo pode haver um ou mais ofícios de justiça, como prevê o art. 150. No caso de pluralidade de ofícios, os processos são distribuídos entre eles por natureza ou por sorteio.

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    Oficial de justiça

    • É o antigo meirinho, o funcionário do juízo que se encarrega de cumprir os mandados relativos a diligências fora de cartório, como citações, intimações, notificações, penhoras, sequestros, busca e apreensão, imissão de posse, condução de testemunhas etc.

    • Sua função é subalterna e consiste apenas em cumprir ordens dos juízes, as quais, ordinariamente, se expressam em documentos escritos que recebem a denominação de mandados.

    • São os oficiais de justiça, em síntese, os “mensageiros e executores de ordens judiciais”.

    As tarefas que lhes cabem podem ser classificadas em duas espécies distintas: • (a) atos de intercâmbio processual (citações, intimações etc.); • (b) atos de execução ou de coação (penhora, arresto, condução, remoção

    etc.).

    Enumera o art. 154 tais tarefas. Os oficiais de justiça gozam, como os escrivães, de fé pública, que dá cunho de veracidade, até prova em contrário, aos atos que subscrevem no exercício de seu ofício. Prevê o novo Código que em cada comarca, seção ou subseção judiciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de justiça quantos sejam os juízos (art. 151). Quer isso dizer que cada vara deverá contar com, pelo menos, um oficial de justiça.

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    Responsabilidade civil do escrivão e do chefe de secretaria e Oficial de Justiça:

    • O escrivão e o chefe de secretaria, nos termos do art. 155, são responsáveis civil e regressivamente pelos prejuízos que acarretarem às partes quando:

    (a) sem justo motivo, se recusarem a cumprir, no prazo, os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados;

    (b) praticarem ato nulo, com dolo ou culpa.

    Outros auxiliares eventuais

    • Prevê o novo Código o concurso de vários outros auxiliares da Justiça

    que são chamados a atuar em circunstâncias especiais do procedimento, como, por exemplo: o serviço postal (arts. 246, I, e 248, § 1º); o serviço telegráfico ou de e-mail (arts. 263, 263 e 413); a imprensa oficial ou particular (arts. 257, II, 272, 887, § 3º); o administrador da massa do insolvente (art. 761, I, do CPC/1973); a força policial (arts. 360, III, e 846, § 2º); o comando militar (art. 455, § 4º, II); a repartição pública (art. 455, § 4º, II); o leiloeiro (arts. 888, parágrafo único, 903, 883 e 884); o corretor da Bolsa de Valores (art. 881, § 2º); o Banco do Brasil e outros estabelecimentos de crédito (art. 840, I); o terceiro detentor de documentos (art. 401); os assistentes técnicos (art. 465, § 1º, II), o curador especial (arts. 72 e 671), o síndico nas falências, o comissário nas concordatas etc.

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    PONTO 12

    Ministério Público

    O Ministério Público pode ser conceituado como “o órgão através do qual o Estado procura tutelar, com atuação militante, o interesse público e a ordem jurídica, na relação processual e nos procedimentos de jurisdição voluntária. Enquanto o juiz aplica imparcialmente o direito objetivo, para compor litígios e dar a cada um o que é seu, o Ministério Público procura defender o interesse público na composição da lide, a fim de que o Judiciário solucione esta secundum ius, ou administre interesses privados, nos procedimentos de jurisdição voluntária, com observância efetiva e real da ordem jurídica”.

    O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis (NCPC, art. 176; e CF, art. 127). No exercício das múltiplas tarefas que lhe confere a ordem jurídica, o Ministério Público ora age como parte (NCPC, art. 177),4 ora como fiscal da ordem jurídica (art. 178).

  • 25/03/2020

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    • No processo civil, mesmo quando se comete ao Ministério Público a tutela de interesses particulares de outras pessoas, como os interditos, a Fazenda Pública, a vítima pobre do delito etc., a sua função processual nunca é a de um representante da parte material. Sua posição jurídica é a de substituto processual (art. 18), em razão da própria natureza e fins da instituição do Ministério Público ou em decorrência da vontade da lei. Age, assim, em nome próprio, embora defendendo interesse alheio. Dessa forma, “quer atue como parte principal, quer como substituto processual, o Ministério Público é parte quando está em juízo”, e nunca procurador ou mandatário de terceiros.

    • Outorgado o direito de ação ao Ministério Público, obviamente atribui-lhe o Código os mesmos poderes e ônus que tocam às partes, ainda que isso não seja declarado textualmente no art. 177 do NCPC.

    • Como fiscal da lei, não tem compromisso nem com a parte ativa nem com a passiva da relação processual, e só defende a prevalência da ordem jurídica e do bem comum. No sistema do Código, a distinção entre função do Ministério Público como parte e como custos legis é meramente nominal, pois, na prática, os poderes que lhe são atribuídos, na última hipótese, são tão vastos como os dos próprios litigantes.

    • Assim é que, intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público, segundo o art. 179, “terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo” (nº I); e “poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer” (nº II).

  • 25/03/2020

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    • O art. 996 do NCPC deixa claro que, nos processos em que atua, o Ministério Público se legitima a recorrer tanto como parte, como fiscal da ordem jurídica.

    • Dispõe, porém, o novo Código que o Ministério Público gozará de prazo em dobro para “manifestar-se nos autos”, o que inclui sua atuação tanto como parte quanto como custos legis (art. 180). Sua intimação será pessoal, por carga, remessa ou meio eletrônico (art. 183, § 1º). Só não haverá a contagem em dobro “quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público” (art. 180, § 2º).

    • Caso o Ministério Público tenha de emitir parecer e não o faça no prazo devido, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo, com ou sem sua manifestação (art. 180, § 1º).

    • A intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica se dá, no processo civil, conforme incisos do art. 178.

    • Ausência do Ministério Público no processo:

    Em todos os casos em que a lei considera obrigatória a intervenção do Ministério Público, a falta de sua intimação para acompanhar o feito é causa de nulidade do processo, que afetará todos os atos a partir da intimação omitida (NCPC, art. 279). Por isso mesmo, é conferida, ainda, legitimação ao Ministério Público para propor ação rescisória de sentença, pela razão de não ter sido ouvido no processo em que se fazia obrigatória sua intervenção de custos legis (art. 967, III, a).

  • 25/03/2020

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    • O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável pelos danos que provocar, quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções (NCPC, art. 181).

    PONTO 13

    Advocacia Pública

  • 25/03/2020

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    • A Advocacia Pública é a instituição que, na forma da lei, defende e promove os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

    • Cada ente federativo constituirá sua Advocacia-Geral, que será a responsável pela representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta (NCPC, art. 182). No caso da União, exerce essa função a Advocacia-Geral da União (art. 131 da Constituição Federal).

    • A intimação dos advogados públicos deverá ser pessoal e será feita por carga, remessa ou meio eletrônico (art. 183, § 1º). Além disso, terão eles prazo em dobro para todas as manifestações processuais (art. 183, caput). Todavia, não haverá a contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público (art. 183, § 2º).

    • A Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) é o órgão responsável pela representação judicial e consultoria jurídica do Estado do Rio de Janeiro. Supervisiona os serviços jurídicos das administrações direta e indireta, atua no controle interno da legalidade dos atos da Administração Pública e defende judicial e extrajudicialmente os interesses legítimos do Estado.

    • Suas principais atribuições estão previstas no artigo 132 da Constituição Federal e no artigo 176 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se aquela em que se estabelece, entre suas funções, a de órgão central do Sistema Jurídico Estadual.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(estado)https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1988https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1988https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira_de_1988https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeirohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_do_Estado_do_Rio_de_Janeiro

  • 25/03/2020

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    PONTO 14

    Defensoria Pública

    • A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, a quem a Constituição Federal incumbiu a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados (CF, art. 134). O Código atual atribuiu um título próprio à Defensoria Pública, tratando de suas funções, prerrogativas e responsabilidade nos arts. 185 a 187 do NCPC.

    • Nos termos da legislação nova, a Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita (art. 185).

  • 25/03/2020

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    • Os seus membros também gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem se iniciará de sua intimação pessoal, feita por carga, remessa ou meio eletrônico (arts. 186, caput e § 1º, e 183, § 1º).

    • Essa prerrogativa aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública (art. 186, §3º).

    • Entretanto, ressalva a lei que não haverá contagem em dobro do prazo da Defensoria Pública quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio à instituição (art. 186, § 4º).

    • Se o ato processual depender de providência ou informação que somente a parte patrocinada pela Defensoria Pública possa realizar ou prestar, o defensor poderá requerer ao juiz a intimação pessoal direta do interessado (art. 186, § 2º).

    • Os membros da Defensoria Pública serão civil e regressivamente responsáveis pelos prejuízos causados, quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções (NCPC, art. 187).