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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-118, 124 AFONSO CEZAR CORADINE-11 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-35, 37, 45 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-35, 68 ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-97, 99 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-10, 114, 13, 4, 82, 88 ANDRÉ DIAS IRIGON-75 BRUNO MIRANDA COSTA-20, 46, 66, 91 Carolina Augusta da Rocha Rosado-108, 109, 44, 5, 55 CLEBSON DA SILVEIRA-6 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-98 DARIO PEREIRA DE CARVALHO-59 DF025999 - LUCAS MESQUITA DE MOURA-57 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-107, 49, 8 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-109 ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-127, 85 ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA-118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125 ES002814 - JOAQUIM FERREIRA SILVA FILHO-91 ES003301 - AMELIA NIMER-47 ES003418 - LAECIO CARLOS GUIMARAES-62 ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-63 ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-5 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-94 ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-106 ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI-108 ES003985 - URBANO LEAL PEREIRA-96 ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-34 ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-105, 79 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-94 ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-7, 74 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-17, 93 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-48 ES004924 - ALFREDO ERVATI-97 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-103 ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-3 ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-82 ES005342 - APARECIDA LEAL SILVEIRA-42 ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-115, 64 ES005402 - ISABELLE LYSIANE CICATELLI SILVA-91 ES005614 - NILSON DOS SANTOS GAUDIO-116 ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-25 ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-108 ES006121 - DULCE LEA DA SILVA RODRIGUES-83 ES006243 - ANGELO RICARDO LATORRACA-91 ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-76 ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM-26 ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE-13 ES006494 - RENATO MIGUEL-27 ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-101, 18 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-3, 98 ES006709 - ILZA RODRIGUES DE SOUZA-75 ES006751 - CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIOR-7 ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-67, 84, 88

relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-118, 124AFONSO CEZAR CORADINE-11ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-35, 37, 45ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-35, 68ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-97, 99ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-10, 114, 13, 4, 82, 88ANDRÉ DIAS IRIGON-75BRUNO MIRANDA COSTA-20, 46, 66, 91Carolina Augusta da Rocha Rosado-108, 109, 44, 5, 55CLEBSON DA SILVEIRA-6DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-98DARIO PEREIRA DE CARVALHO-59DF025999 - LUCAS MESQUITA DE MOURA-57ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-107, 49, 8ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-109ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-127, 85ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA-118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125ES002814 - JOAQUIM FERREIRA SILVA FILHO-91ES003301 - AMELIA NIMER-47ES003418 - LAECIO CARLOS GUIMARAES-62ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-63ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-5ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-94ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-106ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI-108ES003985 - URBANO LEAL PEREIRA-96ES004367 - JOAO BATISTA DALLAPICCOLA SAMPAIO-34ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-105, 79ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-94ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-7, 74ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-17, 93ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN-48ES004924 - ALFREDO ERVATI-97ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-103ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-3ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-82ES005342 - APARECIDA LEAL SILVEIRA-42ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-115, 64ES005402 - ISABELLE LYSIANE CICATELLI SILVA-91ES005614 - NILSON DOS SANTOS GAUDIO-116ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-25ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-108ES006121 - DULCE LEA DA SILVA RODRIGUES-83ES006243 - ANGELO RICARDO LATORRACA-91ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-76ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM-26ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE-13ES006494 - RENATO MIGUEL-27ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-101, 18ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-3, 98ES006709 - ILZA RODRIGUES DE SOUZA-75ES006751 - CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIOR-7ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-67, 84, 88

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ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-117, 71ES007710 - MARIALZIRA DE ARAUJO COUTINHO-23ES007828 - RONI FURTADO BORGO-71ES007855 - SANDRA CONSUELO GONCALVES-7ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-99ES008128 - JOSE CELSO RAMOS-52ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-24ES008573 - SEDNO ALEXANDRE PELISSARI-34ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-67, 84, 88ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-74ES008887 - FLAVIA AQUINO DOS SANTOS-54ES009143 - BRUNO PERSICI-120, 124, 125ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ-26ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO-73, 78ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-27ES009298 - ROSINETE CAVALCANTE DA COSTA-46ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO-34ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO-34ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO-33ES009916 - EDILAMARA RANGEL GOMES-22ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-28ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-117, 36, 87ES010131 - RENATA SCHIMIDT GASPARINI-91ES010163 - ARETUSA POLLIANNA ARAUJO-9ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO-29ES010383 - JULIANA NIMER-47ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-9ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-67, 84, 88ES010550 - ISAAC PANDOLFI-26ES010710 - ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-77ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-1, 2ES010864 - LEONARDO JUNHO GARCIA-21ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO-29ES011096 - EDUARDO SANTOS SARLO-21ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO-30, 86ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO-118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125ES011394 - GRASIELE MARCHESI BIANCHI-6ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-67, 84, 88ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-94ES011663 - CHRISTINA MAGALHAES DO CARMO-62ES011678 - ADRIANA ALVES DA COSTA-110ES011789 - RONIERY PIGNATON CEOLIN-11ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-1, 2ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-3, 98ES011998 - VANILZA BARCELLOS SOARES-58ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-67, 84, 88ES012030 - ISAAC PAVEZI PUTON-4ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-102ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-67, 84, 88ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO-43ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-17, 48, 93ES012494 - PEDRO AURÉLIO DE MATTOS GONÇALVES-26ES012560 - LEONARDO SPAGNOL-130ES012766 - DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO-119, 120, 124, 125ES012862 - Kenia Pim Silva Bento-131ES012873 - KAMYLO COSTA LOUREIRO-21

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ES012900 - PRISCILLA FERREIRA DA COSTA-54ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-111, 112, 113ES012977 - LEONARDO VIVACQUA AGUIRRE-21ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO-29ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-44ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR-67, 88ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA-115, 64ES013274 - DENILSON LOUBACK DA CONCEIÇÃO-8ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA-115, 64ES013392 - VANESSA SOARES JABUR-40, 69ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-24ES013554 - LEONARDO DUARTE BERTULOSO-27ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA-117ES013887 - ROBERTO COCO DE VARGAS-78ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-38, 55ES014920 - CLÁUDIO HENRIQUE LARANJA NETO-107ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-67, 84, 88ES014959 - LAURITA APARECIDA NOGUEIRA LIMA COUTINHO-104ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS-40, 69ES015086 - NATALIA LORENZONI PEREIRA-74ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-82ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-53ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-10, 72ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA-76ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-19, 49ES015857 - EVANDRO COSTA BOLZANI-68ES015939 - FABIO SOARES BAYERL-20ES016259 - ANA LUISA COLA GUEDES-130ES016398 - Bernard Pereira Almeida-128ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT-84, 88ES016674 - GRACIELLE WALKEES SIMON-67ES016689 - RENAN DA SILVA PEREIRA-131ES016732 - ADRIANA GAMA DE SOUZA-26ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira-70ES016926 - RIANE BARBOSA CORREA-39, 59ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO-67, 84, 88ES017297 - MEIRYELLE RIBEIRO LEITE-56ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO-31ES017441 - GIOVANNA PLESSIS CICATELLI SILVA-91ES017881 - LEONARDO ZACHÉ THOMAZINE-100ES017973 - Caio da Cruz Ferraz-58ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ-65ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ-65ES018212 - CAROLINA QUEVEDO DENADAI-54ES018236 - LORISSE MARCELLE CICATELLI SILVA-91ES018446 - GERALDO BENICIO-31, 55, 61, 66ES018539 - MARCOS ANTONIO DE ABREU DOS SANTOS-95ES019221 - AMAURI BRAS CASER-51ES019430 - PEDRO GERALDO FERREIRA DA COSTA-3ES019510 - GABRIEL ARPINI-58ES019821 - FELIPE CASTRO DE CARVALHO-50ES019846 - Allan Ferreira Bernardo-50ES019862 - CAIO AFONSO CARDOSO-50ES019881 - ANDREZA SUELA DE CAMPOS-100ES019887 - LUIZA HELENA RIBEIRO GOMES-76ES019936 - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA-3

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ES019999 - JOSÉ MOACIR RIBEIRO NETO-32ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-53, 80, 81ES022014 - TADEU TRANCOSO DE SOUZA-98ES103516 - GERALDOI BENICIO-38GERONIMO THEML DE MACEDO-129GISELA PAGUNG TOMAZINI-89GUSTAVO CABRAL VIEIRA-101, 58, 72GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-111, 112, 123Isabela Boechat B. B. de Oliveira-36, 69, 79JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-115JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-25, 80, 85JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-117, 127, 16, 47, 61, 95JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-100, 114, 29, 34, 43, 65, 81, 87JULIANA ALMENARA ANDAKU-121, 122JULIANA BARBOSA ANTUNES-83LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-90LIDIANE DA PENHA SEGAL-126, 14, 15, 16LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-104, 130, 31, 54, 60, 84, 86, 92, 94LUDMYLLA MARIANA ANSELMO-129Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-110MARCELA BRAVIN BASSETTO-12, 14, 28, 30, 32, 53, 76, 93MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-105, 106, 131, 18, 23, 52MARCOS JOSÉ DE JESUS-15, 50, 56MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-120MARCUS VINÍCIUS SARAQUINO VINHOSA-116MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-102, 128, 3, 33, 64MARINA RIBEIRO FLEURY-113, 119MG066533 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-12MG089027 - VINÍCIUS BRAGA HAMACEK-95PEDRO GALLO VIEIRA-39, 41, 57PEDRO INOCENCIO BINDA-103RICARDO FIGUEIREDO GIORI-114, 89, 92RJ104771 - MELAINE CHANTAL MEDEIROS ROUGE-73RJ110336 - RODRIGO FRANCA CALDAS-73RJ113571 - CARLOS RAPOSO-73RJ128387 - LETICIA PELOSI MARTINS-73RODRIGO BARBOSA DE BARROS-125RODRIGO COSTA BUARQUE-37, 51ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-67SC013520 - CARLOS BERKENBROCK-60SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-60, 80, 81SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO-60SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-24SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-126, 17, 19, 40, 45, 77THIAGO COSTA BOLZANI-38, 48, 63, 70, 71VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-1, 2VINICIUS COBUCCI SAMPAIO-41Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-42, 96WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO-22

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Nro. Boletim 2014.000156 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

29/10/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA

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NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

1 - 0007823-29.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007823-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x JUIZ FEDERAL DO 1º JUIZADO ESPECIALFEDERAL x FRANCISCA LOPES JAVARINI (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 -MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº 0007823-29.2011.4.02.5050/01

VOTO-VISTA (VENCEDOR)

I) Pedi vista deste mandado de segurança, da relatoria do Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, para examemais detido do quadro fático-jurídico delineado no voto condutor.

O acórdão tem o seguinte teor:

“1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS contra decisão do 1ºJuizado Especial Federal, proferida nos autos do processo nº 0001374-89.2010.4.02.5050, que, em fase de cumprimentode sentença, determinou a retificação do montante devido anteriormente apresentado, sem fazer distinção entre a espéciede aposentadoria da parte autora, por entender indevida a proporcionalização da gratificação de desempenho GDASS aosaposentados com proventos proporcionais, já que a lei instituidora da referida gratificação não fez distinção entre asespécies de aposentadoria (integral ou proporcional), conferindo a todos a mesma pontuação.

2. O impetrante alega que o termo “proventos proporcionais” constante do art. 40 da Carta Magna engloba todas as rubricasde pagamentos e que a decisão impugnada não observou o disposto na Lei nº 8.112/90 (art. 186, III, “c” e “d”) e naConstituição Federal (art. 40, § 1º, III, b), que tratam de aposentadoria proporcional. Sustenta que a proporcionalidade dovalor pago a título de gratificação não foi e nem deveria ser tratada na lei que a instituiu, visto que a proporcionalidadedecorre da aposentadoria voluntária com proventos proporcionais, e está expressa nos dispositivos legais que a regem. Adecisão de fls. 237/238 deferiu, em parte, a liminar requerida para suspender o pagamento da quantia controversa atédecisão final a ser proferida no presente mandado de segurança.

3. Informações da autoridade impetrada à fl. 242. A União Federal, intimada para os fins do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009(fl. 244), não se manifestou. O Ministério Público Federal, às fls. 247/248, opinou apenas pelo prosseguimento normal dofeito. O litisconsorte passivo necessário apresentou contestação às fls. 251/257, alegando inadequação da via eleita, tendoem vista que a discussão ora travada deveria ter sido feita em momento oportuno, ainda na fase cognitiva do processo,mesmo porque o fato de ser aposentada com proventos proporcionais sempre foi de conhecimento do INSS. Pede aextinção do feito, sem julgamento do mérito. No mérito, sustenta ausência de direito líquido e certo, pois há decisão judicialplenamente vigente que determina o pagamento da gratificação sem qualquer proporcionalização. Afirma que a impetraçãodeste mandado de segurança consubstancia ato protelatório e atentatório à dignidade da justiça, além de litigância demá-fé.

4. Pelo que se depreende da petição inicial, sentença e acórdão, todos do processo de origem, em nenhum momento sediscutiu naqueles autos a proporcionalidade dos proventos da parte autora, mas apenas a equiparação, com os servidoresativos, do percentual e da pontuação considerados na apuração do valor devido aos servidores inativos a título dagratificação de desempenho. Em face disso, a decisão impugnada extrapolou os limites da coisa julgada, que não tratou daquestão trazida a juízo por ocasião do cumprimento da sentença.

5. Ambas as partes concordam ao afirmarem que não houve discussão no processo de origem acerca da proporcionalidadedos proventos. O fato de a autora do processo de origem perceber proventos proporcionais sequer foi mencionado nainicial. Embora tal fato fosse de conhecimento do INSS, não tinha relevância para o processo, eis que os limites da lide sãofixados na petição inicial, que impugnava apenas o fato de a gratificação não ser paga aos inativos com os mesmosparâmetros com que era paga aos ativos.

6. O pagamento da integralidade da gratificação à autora, sem que haja comando judicial específico nesse sentido,resultaria em violação ao princípio da isonomia, pois a autarquia procede ao pagamento proporcional da mesmagratificação os demais servidores inativos que recebem proventos proporcionais.

7. Ressalte-se que o presente voto-ementa não adentra o mérito da questão, se devida gratificação integral ou proporcionalno caso dos servidores inativos com proventos proporcionais, por não consistir objeto do presente mandado de segurançanem do processo de origem.

8. Pelo exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para determinar o pagamento dos valores devidos na mesma proporção dosproventos proporcionais da parte autora, da forma ordinariamente procedida pelo INSS em casos semelhantes.”

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II) Registre-se, tanto a sentença, quanto o acórdão não trataram da proporcionalidade de proventos (itens “4” e “5” do votocondutor).

III) Noutro vértice, não se extrai da legislação própria qualquer intenção de se vincular a Gratificação de Desempenho deAtividade do Seguro Social - GDASS e outras da mesma natureza, à espécie de aposentadoria (integral ou proporcional).

IV) Assim colocado, considerando que a discussão teve início na fase de execução; o desiderato do impetrante, na prática,importa a relativização da coisa julgada. No entanto, sem oferecer os requisitos excepcionais indispensáveis (art. 741,inciso II e parágrafo único, do Código de Processo Civil, conjugado com o art. 52 da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Leinº.10.259/2001).

V) Nessas condições, respeitosamente divirjo do nobre relator, para votar pela denegação da segurança.

Vitória, 22 de outubro de 2014

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º Relator

2 - 0007838-95.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.007838-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal xHARDIL BRAGA DOS SANTOS (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDIALVES.).Processo nº 0007838-95.2011.4.02.5050/02

VOTO-VISTA (VENCEDOR)

I) Pedi vista deste mandado de segurança, da relatoria do Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, para examemais detido do quadro fático-jurídico delineado no voto condutor.

O acórdão tem o seguinte teor:

“1. Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS contra decisão do 1ºJuizado Especial Federal, proferida nos autos do processo nº 0001374-89.2010.4.02.5050, que, em fase de cumprimentode sentença, determinou a retificação do montante devido anteriormente apresentado, sem fazer distinção entre a espéciede aposentadoria da parte autora, por entender indevida a proporcionalização da gratificação de desempenho GDASS aosaposentados com proventos proporcionais, já que a lei instituidora da referida gratificação não fez distinção entre asespécies de aposentadoria (integral ou proporcional), conferindo a todos a mesma pontuação.

2. O impetrante alega que o termo “proventos proporcionais” constante do art. 40 da Carta Magna engloba todas as rubricasde pagamentos e que a decisão impugnada não observou o disposto na Lei nº 8.112/90 (art. 186, III, “c” e “d”) e naConstituição Federal (art. 40, § 1º, III, b), que tratam de aposentadoria proporcional. Sustenta que a proporcionalidade dovalor pago a título de gratificação não foi e nem deveria ser tratada na lei que a instituiu, visto que a proporcionalidadedecorre da aposentadoria voluntária com proventos proporcionais, e está expressa nos dispositivos legais que a regem. Adecisão de fls. 237/238 deferiu, em parte, a liminar requerida para suspender o pagamento da quantia controversa atédecisão final a ser proferida no presente mandado de segurança.

3. Informações da autoridade impetrada às fls. 298/301. A União Federal, intimada para os fins do art. 7º, II, da Lei nº12.016/2009 (fl. 304), não se manifestou. O Ministério Público Federal, à fl. 305, opinou apenas pelo prosseguimento normaldo feito. Citada (fls. 295 e 297), o litisconsorte passivo necessário não se manifestou.

4. Pelo que se depreende da petição inicial, sentença e acórdão, todos do processo de origem, em nenhum momento sediscutiu naqueles autos a proporcionalidade dos proventos da parte autora, mas apenas a equiparação, com os servidoresativos, do percentual e da pontuação considerados na apuração do valor devido aos servidores inativos a título dagratificação de desempenho. Em face disso, a decisão impugnada extrapolou os limites da coisa julgada, que não tratou daquestão trazida a juízo por ocasião do cumprimento da sentença.

5. Ambas as partes concordam ao afirmarem que não houve discussão no processo de origem acerca da proporcionalidadedos proventos. O fato de a autora do processo de origem perceber proventos proporcionais sequer foi mencionado nainicial. Embora tal fato fosse de conhecimento do INSS, não tinha relevância para o processo, eis que os limites da lide sãofixados na petição inicial, que impugnava apenas o fato de a gratificação não ser paga aos inativos com os mesmosparâmetros com que era paga aos ativos.

6. O pagamento da integralidade da gratificação à autora, sem que haja comando judicial específico nesse sentido,resultaria em violação ao princípio da isonomia, pois a autarquia procede ao pagamento proporcional da mesmagratificação os demais servidores inativos que recebem proventos proporcionais.

Page 7: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

7. Ressalte-se que o presente voto-ementa não adentra o mérito da questão, se devida gratificação integral ou proporcionalno caso dos servidores inativos com proventos proporcionais, por não consistir objeto do presente mandado de segurançanem do processo de origem.

8. Pelo exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para determinar o pagamento dos valores devidos na mesma proporção dosproventos proporcionais da parte autora, da forma ordinariamente procedida pelo INSS em casos semelhantes.”

II) Registre-se, tanto a sentença, quanto o acórdão não trataram da proporcionalidade de proventos (itens “4” e “5” do votocondutor).

III) Noutro vértice, não se extrai da legislação própria qualquer intenção de se vincular a Gratificação de Desempenho deAtividade do Seguro Social - GDASS e outras da mesma natureza, à espécie de aposentadoria (integral ou proporcional).

IV) Assim colocado, considerando que a discussão teve início na fase de execução; o desiderato do impetrante, na prática,importa a relativização da coisa julgada. No entanto, sem oferecer os requisitos excepcionais indispensáveis (art. 741,inciso II e parágrafo único, do Código de Processo Civil, conjugado com o art. 52 da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Leinº.10.259/2001).

V) Nessas condições, respeitosamente divirjo do nobre relator, para votar pela denegação da segurança.

Vitória, 22 de outubro de 2014

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

3 - 0003937-82.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003937-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERILDO APARECIDO DASILVA (ADVOGADO: ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA,ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza, ES019936 - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA, ES019430 - PEDRO GERALDOFERREIRA DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHABARBOSA BRITO.).Autos n.º 3937-82.2012.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PREVISTO NO ARTIGO 20 DA LEI Nº8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS).

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão do benefício de prestação continuada previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS).

2. Transcrevo a seguir parte das alegações recursais: “... Cumpre destacar a fragilidade em que o laudo pericial foraconfeccionado, pois num brevíssimo contato entre perito e periciado, o primeiro emite um resultado totalmente emdissonância com toda a documentação apresentada que apresentam inclusive laudos de outros profissionais igualmentehabilitados. Em que pese não reconhecer a deficiência do Recorrente, não se furta em alegar que este marcha comlimitações para o membro inferior esquerdo, possui limitação moderada de movimentos de flexão e rotação para colunalombar, com moderada hipertonia muscular para vertebral lombar, faz constar ainda que o paciente não consegue andar emretropé e antepé, e por fim reconhece o encurtamento aproximado de 4 cm da perna esquerda. Esclarece ainda que oApelante possui atrofia de membro inferior e dor lombar, quando da resposta do quesito de n° 4. Ocorre que em respostaao quesito n° 6, constata que não há incapacidade laborativa para lavrador, indaga-se Excelência, e o reconhecimento dasclaras limitações informadas acima, de nada influem na pratica do labor? (...) Em 17/09/2010, exames apontarammiofasciculações, atrofia muscular, diminuição de força e reflexos profundos em MIE, conforme laudo emitido pelo Dr.Rafael R. Heringer, CRM 49383. Recomenda ainda o afastamento do trabalho devido à incapacidade de exercer suasfunções pela sequela neurológica (fl. 33). Neste liame, para amenizar as dores ocasionadas pelas seqüelas, lhe forarecomendado o uso de medicamentos como Amitripilina 25 mg e Paracetamol 500 mg, o que por sorte conseguegratuitamente no posto de saúde do município. Em face do exposto, é ato de cristalina injustiça acatar um laudoconfeccionado em míseros minutos a fim de atestar a capacidade laborativa do Recorrente, quando existente nos autosvasto campo probatório constituído pelo histórico médico do mesmo. (...)” . Requereu a reforma da sentença.

3. A sentença afirmou que inexiste deficiência que viabilize a concessão do benefício assistencial. Transcrevo aseguir parte de sua fundamentação: “... Requereu administrativamente a concessão do benefício de amparo social àpessoa portadora de deficiência em 21/02/2011, tendo sido o mesmo negado por não enquadrar-se no art. 20, § 2º da Lei8.742/93. A requerente nasceu em 03/07/1976 (fl. 14), estando atualmente com 37 (trinta e sete) anos de idade. Portanto,

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não preenche o requisito etário. Em relação ao requisito incapacidade, a perícia médica realizada constatou que a parteautora é portadora de seqüelas de poliomielite e dor lombar baixa (resposta ao quesito nº 01 INSS - laudo pericial de fls.84/85), que, no entanto, não a torna incapaz para a vida independente e para o trabalho (resposta ao quesito nº 05 doINSS). À luz de tais considerações, tenho que a incapacidade da autora não está comprovada, restando prejudicada aanálise do requisito renda familiar, tendo em vista a necessidade de preenchimento cumulativo dos requisitos previstos noart. 20 da Lei 8.742/93 para o deferimento do benefício. Assim, não merece prosperar o pedido de concessão de amparosocial, salientando que, em se agravamento a situação da parte autora, pode a mesma postular administrativamente novobeneficio. Diante do poder diretivo do Juiz, que pode indeferir diligências que considerar inúteis (artigos 130 do CPC), se jáfirmou sua convicção com as provas constantes nos autos, indefiro o requerimento de realização de nova perícia, tendo emvista que a perícia realizada não apresenta nenhum tipo de vício apto a lhe retirar a validade, sendo o laudo pericial de fls.84/85 suficiente para o exame da causa. Dispositivo. Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzidana inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC, extinguindo o feito com resolução do mérito. ...”.

4. Pelo relato da perícia, depreende-se que a autora já exerceu atividade laborativa, visto que narrou haver “sinaisde atividade braçal recente” (fl. 84, n. 13). No mesmo sentido, a assistente social afirmou ter coligido relato de pessoa queafirmara que o autor exerceria atividade rural, embora “com certa dificuldade” (fl.98). O médico perito não teve acesso aorelatório social, até porque este foi lavrado após a realização da perícia médica. Tais dados são indicativos que inexistedeficiência que configure impedimento de longo prazo.

5. Dentro de tal contexto, não obstante a evidente dificuldade que uma pessoa com seqüela de poliomielite tempara se inserir no mercado de trabalho, o autor não faz jus ao benefício assistencial. Deveria, contudo, dirigir-se ao INSS afim de, após realizar atividade de habilitação profissional (artigo 89 da Lei 8.213/91) tentar colocação profissional no sistemade cotas previsto no artigo 93 da Lei 8.213/91.

6. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

4 - 0004273-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004273-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARMELITA VIEIRA DA SILVA(ADVOGADO: ES012030 - ISAAC PAVEZI PUTON.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0004273-89.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004273-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por CARMELITA VIEIRA DA SILVA em face da sentença de fls. 64/65, quejulgou improcedentes os pedidos de concessão de auxílio-doença com sua conversão em aposentadoria por invalidez.Afirma a recorrente que é “...portadora de doença Reumática/Estenose Mitral com troca Mitral realizada em 06 de agosto de2010, Doença Adquirida após infecção bacteriana (reposta aos quesitos um e dois do laudo de fls. 40)”.(fl. 69). Alega que operito do juízo em resposta aos quesitos 06 e 07 atestou que a mio cardiopatia limita a capacidade do coração em,bombear o sangue e que a recorrente não esta incapacitada para o trabalho desde que não realize atividades com riscoelevado de acidentes, porem já comprovado em documentos de fls.63, a atividade habitual da recorrente antes da cirurgiarealizada era de cozinheira, “o que nos leva a crer ser uma atividade de risco, o que possibilita a concessão do beneficiopleiteado.” (fl.69). Por fim requer que seja acolhido e provido o presente recurso inominado, e reformada a sentençaproferida às fls.64/65, julgando assim procedentes os pedidos constantes da peça de ingresso.2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)

Na presente demanda, a incapacidade ficou afastada pela prova pericial (laudo às folhas 40/44), já que a perícia médicarealizada certificou que apesar da parte autora padecer de “Doença Reumática/Estenose Mitral”, sua condição atual não élimitante para sua capacidade laborativa.

Ademais, segundo o perito, a doença que acomete a parte autora está clinicamente controlada, não havendo, portanto,incapacidade para o trabalho habitual de cozinheira.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos deduzidos na inicial, não havendo condenação da parte autora aopagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos termos do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1ºda Lei n.° 10.259/2001.

Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O perito afirmou que não há incapacidade para o trabalho realizado pela autora (cozinheira) “desde que nãorealize atividades com risco elevado de acidentes (quedas, ferimentos etc), devido ao uso de anticoagulante.” (fl.41).

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Não posso supor que o trabalho como cozinheira produza risco elevado de acidentes tais quais os referidos pelo perito.Dentro do contexto explicitado e considerando que o laudo declina fundamentação razoável, o recurso deve ser improvido.

4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

5 - 0002255-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002255-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x GERALDO NUNES DAS NEVES(ADVOGADO: ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES.).PROCESSO: 0002255-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002255-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): CAROLINA AUGUSTA DA ROCHA ROSADORECORRIDO: GERALDO NUNES DAS NEVESADVOGADO (S): JULIO FERNANDES SOARES

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 107/111, que julgou procedenteo pedido inicial de concessão de aposentadoria por idade rural desde o requerimento administrativo, em 05/03/2009. Orecorrente sustenta que a parte autora não cumpriu o período mínimo de carência exigido em lei e que não há provamaterial da condição de pescador artesanal, e sim de pesca profissional. Alega que há contradição entre as informaçõesconstantes da prova material e da entrevista rural, em especial o tamanho da embarcação e até o tipo de peixe pescado.Alega, ainda, que o labor em barcos com mais de 30 (trinta) toneladas, ou acompanhado de um grupo de 32 (trinta e duas)pessoas não se coaduna com a previsão de “pesca artesanal”, tal qual regulada no Decreto 3.048/99 dentro dos limites daLei nº 8.213/91. Por fim, ressalta que a documentação constante nos autos não é capaz de comprovar que o recorridoexerceu atividade de pescador artesanal durante a carência exigida para a concessão do benefício. Requer o provimento dorecurso para reformar a sentença, julgando-se totalmente improcedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

GERALDO NUNES DAS NEVES ajuizou a presente ação pelo rito sumaríssimo em face do INSS, objetivando a concessãode Aposentadoria por Idade (pescador artesanal), além do pagamento das prestações vencidas.

Dispensado o relatório, conforme o art. 38, da Lei 9.099/95.

(...)

A parte autora nasceu em 15/12/1945, assim, quando requereu administrativamente sua aposentadoria em 05/03/2009, fl.22, contava 63 anos de idade.

(...)

A comprovação da atividade rural em regime de economia familiar através de prova documental mínima foi cumprida com aapresentação de: declaração de exercício de atividade de pescador (fl. 37/38); declaração da associação de pescadores (fl.39); carteira de pescador profissional expedida em 23/05/1982 (fl. 40); certidão de casamento ocorrido em 10/05/1970 emque consta a profissão de pescador do autor (fl. 43); CTPS do autor em que só constam vínculos empregatícios comopescador (fls. 45/48); caderneta de inscrição e registro inscrito como pescador profissional desde 1987 (fl. 52); registros noMinistério da Marinha (fls. 54/62). Passo a analisar a prova oral, baseada nos depoimentos a seguir resumidos.

DEPOIMENTO PESSOALQue quando não estava com a carteira assinada trabalhava embarcado, trabalhando em um barco pequeno, um barco avela; que trabalhava acompanhado; que trabalhava nos barcos de firmas, como também de gente de lá, sendo que àsvezes tinha apenas um barco, os quais eram pequenos e saíam de manhã cedo e voltavam à tarde; que disse ao INSS quejá trabalhou em barcos grandes, com mais de 30 toneladas, e também em barcos pequenos; que trabalhou com barcosgrandes só no período em que era com carteira assinada e, quando desembarcava, trabalhava em barcos pequenos; quenos barcos pequenos ficava cerca de 8 ou 9 dias e nos grandes ficava de 20 a 25 dias no mar.

ZEBINA SOARES DA TRINDADEQue conhece o Sr. Geraldo desde que ela nasceu; que foram criados juntos; que o autor é pescador; que o autor já

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trabalhou fora e agora pesca na região; que o autor não é dono de barco ou alguma embarcação; que o autor faz uso derede ou linha; que o autor pesca pescadinha, baiacu ou peixes que ficam na costa; que não sabe se o autor trabalhou comcarteira assinada para alguma empresa, mesmo na função de pescador; que quando o autor trabalhou fora era no mar, poistem época que ele pesca em barco fora, levando 1 ou 2 meses, e depois fica pescando na beira da costa mesmo, e sempremorando ali; que o autor era casado; que a ex-esposa do autor trabalhava com mariscos eles viviam disso; que nãoconsegue apontar as datas que ele trabalhou.

ALCEU SIMÕES DA TRINDADEQue o autor é do seu lugar, nascido e criado ali; que o autor é cinco anos mais velho que ele; que o conhece de quandoestava trabalhando para fora, e agora o autor está exercendo o trabalho artesanal; que já trabalhou com o autor, há muitosanos, na mesma embarcação por um mês e pouco; que essa embarcação, na qual trabalharam juntos, trabalhava noAbrolhos; que a capacidade do barco era de 4 toneladas; que trabalhavam em 5 ou 6 homens; que, nas viagens em quetraziam 4 toneladas, a quantia em dinheiro ganhado por cada um dos pescadores dependia do preço do peixe e dasdespesas, pois levavam o produto para fora e quando chegavam descontava-se as despesas e o dono do barco tirava umaporcentagem, sendo que na época era pouco; que não se lembra mais quanto recebiam; que o Sr. Geraldo nunca trabalhoupara fora em empresas, somente com a pesca; que as viagens para fora duravam de 10 a 12 dias e nos demais dias domês o autor pescava na região; que o Sr. Geraldo não trabalhou com barcos grandes com mais de 30 toneladas; que naviagem em que trabalhou com o autor não era com carteira assinada; que não tem conhecimento se o autor chegou atrabalhar com carteira assinada; que também é pescador e até hoje pesca; que eram pescadores profissionais, mas hojefazem o trabalho artesanal, trabalhando mais na beira da praia; que antigamente trabalhavam em embarcações fora,levando 10 dias, sendo que hoje trabalham mais na beira da praia com bote a remo e rede; que já tem um bom tempo queo autor trabalha na área artesanal.

SIMÃO BARBOSA PEREIRAQue conhece o Sr. Geraldo há bastante tempo; que não trabalhou com o autor em embarcação; que o autor é pescador;que o autor sempre foi pescador; que o tipo de peixe pescado pelo autor é pescadinha e baiacu, ou seja, a maioria dospeixes que vem para a beira; que algumas espécies são pescadas com rede e outras com anzol; que o autor trabalhavapara outros e a produção era dividida; que acha que agora a lei mudou quanto à carteira assinada, pois antigamentepescador não tinha carteira assinada e sim caderneta de pesca; que tem inscrição como pescador profissional na Marinha;que se inscreveu como pescador profissional na Marinha para ser habilitado como pescador; que quem não tem a inscriçãoprofissional pode pescar, porém se a Marinha fiscalizar pode ocorrer apreensão e o proprietário do barco pagar multa; quese a pessoa pesca só na beira da praia também precisa da carteirinha da Marinha, pois tem fiscalização inclusive do IBAMAe da Secretaria de Aquicultura; que a Secretaria de Aquicultura fornece a carteira e o IBAMA fiscaliza; que o Sr. Geraldo játrabalhou em embarcações grandes, mas agora não; que não sabe o tempo em que o autor trabalhou em embarcaçõesgrandes.

Consoante afirmado pelas testemunhas em audiência, o autor sempre desempenhou a atividade de pescador em regime deeconomia familiar.

Em contestação, o INSS defendeu que a pesca exercida pelo autor era feita de forma profissional e não artesanal.

O ponto controvertido resume-se a saber se é admissível que o decreto 3048/99 estipule que o tamanho do barco (ouarqueação bruta) possa isoladamente determinar a natureza do trabalhador que nele exerça a atividade de pesca. Valeressaltar que não há controvérsia quanto ao exercício da atividade de pesca. Não há dúvida de que ele sempre trabalhoucomo pescador e que não era dono da embarcação. No entendimento do INSS o falecido era pescador profissional comcontrato de parceria com o armador (dono da embarcação) e que por isso deveria recolher contribuições como contribuinteindividual.

No entanto, é preciso esclarecer que, primeiro, o estabelecimento dos parâmetros utilizados pelo INSS foi feito por decreto(art. 9º, parágrafo 14º, inc. III do Decreto 3048/99) e não pela lei 8213/91. Em segundo lugar, é sabido que a TNU possuientendimento consolidado, em situação análoga, no sentido de que a consideração exclusiva do tamanho da terra em que otrabalho é exercido não é motivo suficiente para retirar a qualidade de segurado especial do trabalhador rural. Sendo assim,utilizando o mesmo raciocínio, não é admissível que o tamanho do barco (ou tecnicamente falando a arqueadura bruta) sejaconsiderado como único fator para qualificar o segurado como contribuinte individual e não como segurado especial.

Em seu depoimento pessoal, o autor declarou que sempre viveu da pesca. Disse que trabalhou com barcos grandes,quando estava com carteira assinada, e também com barcos pequenos em outros períodos de sua vida profissional. Astestemunhas esclareceram que o ganho do barco era repartido entre o dono e os pescadores. Deste modo, tal situação émuito semelhante ao contrato de parceria (ou “meia”) travado entre os proprietários rurais e os trabalhadores rurais, sendoque o tamanho da propriedade do dono da terra não é considerado pelo INSS para descaracterizar a qualidade de seguradoespecial do pequeno agricultor que ali trabalha para o dono da terra.

Considerando o disposto na tabela progressiva do art. 142 da Lei 8.213/91, o período de carência exigido, no caso da parteautora, é de 144 meses, a contar de 2005 (ano em que completou seu 60º aniversário). Sendo assim, tal requisito foisatisfeito pela parte autora.

Verifico que a parte autora preenche todas as condições para a concessão do benefício ora pleiteado.

Page 11: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

(...)

(...)

Dispositivo

Do exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, condenando oINSS a conceder à parte autora a aposentadoria por idade (segurado especial) NB 141.788.391-7, com DIB na data dorequerimento administrativo (05/03/2009, fl. 22) e DIP na data da sentença; bem como a pagar o valor das prestaçõesvencidas, não atingidas pela prescrição quinquenal. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correçãomonetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Concedo à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. É A argumentação recursal é no sentido de que o autor não era segurado especial porque não podia serenquadrado como pescador artesanal, mas sim como pescador profissional.

Pelo teor do depoimento pessoal, afere-se que o autor trabalhou em barcos de grande porte somente nos períodos em queteve sua carteira profissional assinada.

Evidentemente, enquanto teve sua CTPS assinada, o autor esteve qualificado como segurado empregado.

O traço marcante do segurado especial, seja trabalhador rural, seja pescador artesanal, é a exploração de atividadeprimária pelo próprio segurado, acompanhado ou não de sua família e sem o auxílio de empregados.

Ora: lendo o voto proferido pelo relator do recurso administrativo que tramitou na 24ª Junta de Recursos do CRPS, afere-seque o autor teve vários vínculos empregatícios em empresas de pesca, mas todos eles foram curtos. Com efeito, refere orelator do recurso administrativo que os vínculos registrados na CTPS abarcaram os seguintes períodos: 01/08/84 a24/11/84, 01/04/85 a 17/03/86, 12/11/90 a 30/11/90, 01/12/90 a 02/01/91 e 18/12/98 a 24/05/99 (fl. 95).

Somando estes períodos, há cerca de 1 ano e 10 meses de trabalho registrados em CTPS. Obviamente, nesse período, oautor foi segurado empregado.

Não obstante, toda a prova coligida, inclusive o relato do servidor do INSS que realizou a entrevista (fl. 69), indicam que oautor de fato foi pescador por toda a sua vida. Ora: uma vez que exerceu por curto período – os 1 ano e 10 mesesregistrados em CTPS – a atividade de pescador profissional, parece-me evidente, à luz dos depoimentos coligidos, quedurante o largo período em que o autor não atuou como pescador profissional, o mesmo desempenhou por conta própriaatividade de pescador artesanal.

Ante a evidente preponderância da atividade de pescador artesanal durante a vida laboral do autor; e considerando que aúltima atividade como pescador profissional ocorreu muitos anos antes do requerimento administrativo (e quando ocorreu,sempre ocorreu em curtos períodos), parece-me evidente que o autor faz jus à aposentadoria por idade assegurada aosegurado especial.

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitroem 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

6 - 0006354-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006354-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x LUCI ARANZEDO TEIXEIRA (ADVOGADO:ES011394 - GRASIELE MARCHESI BIANCHI.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0006354-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006354-0/01)RECORRENTE: LUCI ARANZEDO TEIXEIRA E INSSADVOGADO (S): CLEBSON DA SILVEIRA, GRASIELE MARCHESI BIANCHIRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S): OS MESMOS

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V O T O – E M E N T A

1. Cuida-se de recursos inominados interpostos pelo INSS (fls. 44/55) e pela parte autora (fls. 63/70) em face de sentençaque julgou procedente o pedido, condenando-o a emitir certidão de tempo de contribuição com averbação de tempo deserviço especial no período de 20/05/1976 a 30/09/2000 e com o acréscimo resultante da conversão em tempo comummediante aplicação do fator 1,2.

2. Alega o INSS, em seu recurso, que a pretensão da recorrida esbarra em óbice instransponível, consistente noque determina o art. 201, § 9º, da Carta Magna, dispositivo idêntico ao constante no parágrafo 2º do artigo 202 daConstituição, na redação anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, segundo o qual a contagem recíproca é feitatão-somente em relação às contribuições efetuadas pelo segurado junto aos diversos regimes de que tenha participado.Aduz que não se prevê nem nunca se previu a contagem de tempo fictício, no qual não tenha havido contribuição, comoseria o resultante da aplicação do fator 1,2 ou 1,4, pleiteado pela recorrida. Invoca o art. 96, I, da Lei nº 8.213/91, em razãodo qual a conversão do tempo de serviço exercido em atividade sujeita a condições especiais não pode ser admitida parafins de contagem recíproca do tempo de serviço. Sustenta que, no serviço público, inexiste aposentadoria especial, comredução ou conversão de tempo de serviço. Argumenta, ainda, que a conversão somente poderia ser admitida nos casosde concessão de benefícios, a teor do art. 57, § 5º da Lei nº 8.213/91, pelo que o INSS não tem competência legal paraconversão de eventual tempo de serviço especial em comum, mormente para fazer valer em outro regime previdenciário(estatutário), cujas regras são diversas. Além disso, prossegue, a conversão de tempo de serviço pressupõe o exercícioalternado de atividade comum e especial, pelo que, se houve labor numa única atividade, não há que se falar em conversãode períodos. Por fim, afirma que somente poderia ser convertido o período laborado até 25/08/1998, já que após tal datanão mais é admissível a conversão de período especial em comum.

3. Alega a autora, em seu recurso, que a omissão do INSS lhe acarretou danos, pois se viu privada do gozo dobenefício a que fazia jus, tendo permanecido trabalhando desde dezembro de 2001 sem necessidade. Invoca os artigos186, 927 e 944, todos do Código Civil. Conclui que deve ser indenizada com o valor equivalente a umbenefício/remuneração por mês de trabalho desde a data em que completou 25 anos de labor ou sucessivamente, 30 anos,até a data em que efetivamente se aposentar. Pugna, ainda, pela condenação do INSS em honorários advocatícios de 20%sobre a condenação.

2. Eis o teor da sentença:

A autora foi contratada pelo IESP em 20/05/1976 sob o regime celetista. A relação de trabalho foi transformada em vínculoestatutário a partir de 01/10/2000, passando a autora a se sujeitar ao regime previdenciário próprio dos servidores públicosestaduais. Em relação ao tempo de serviço celetista, com vinculação ao Regime Geral de Previdência Social, a autorapretende o reconhecimento do direito à conversão do tempo de serviço especial em comum com aplicação do fator 1,2 paraefeito de averbação no regime previdenciário ao qual está atualmente vinculada.Entre 20/05/1976 e 31/08/1978 exerceu o cargo de atendente de enfermagem no Hospital Adauto Botelho. Tinha poratribuições dar banhos em pacientes, dar medicamentos, aplicar injeções e coletar material para exames laboratoriais,expondo-se a doença infecto-contagiosas (fls. 15/16). A partir de 01/09/1978, a autora passou a ocupar o cargo de auxiliarde enfermagem, mas continuou trabalhando no mesmo hospital e expondo-se às mesmas condições especiais de trabalho(fls. 17, 18, 22).O trabalho que implica contato com doentes ou materiais infectocontagiantes em estabelecimento de saúde enquadra-se nocódigo 1.3.4 do Anexo I do Decreto nº 83.080/79 (até 05/03/1997) e no código 3.0.1 do Anexo IV do Decreto nº 2.172/97 (apartir de 06/03/1997). O tempo de serviço celetista foi prestado sob condições especiais e pode ser convertido em tempocomum perante o RGPS.O INSS, porém, invoca o art. 96, I, da Lei nº 8.213/91 para resistir ao cômputo do acréscimo de tempo de serviço resultanteda conversão de tempo especial em comum.A jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça sempre foi favorável à pretensão da autora. Entendia-se que oservidor público, durante o período em que esteve vinculado ao RGPS (ou seja, enquanto a relação de trabalho foi reguladapela CLT), teria adquirido o direito a computar o tempo de serviço especial com o respectivo acréscimo, segundo alegislação previdenciária de regência. Assim, quando ocorreu a migração para o Regime Jurídico Único, o direito adquiridonão poderia ser prejudicado.1Esse entendimento não era unânime. Nos anos de 2003 a 2005, a 6ª Turma do próprio STJ decidiu algumas vezes emsentido contrário. Os precedentes divergentes levavam em conta um dado de incisiva relevância, que é totalmente ignoradonas decisões favoráveis aos segurados: a legislação sempre dispôs que, para os fins da contagem recíproca de tempo deserviço (utilização do tempo em regime previdenciário diverso daquele onde foi exercida a atividade), não é admitida acontagem de tempo de serviço em condições especiais. Nesse sentido, vide a Lei nº 6.226/75 (art. 4º, I) e a Lei nº 8.213/91(art. 96, I). Igualmente, o Decreto nº 83.080/79 (artigo 203, inciso I) e o Decreto nº 89.312/64 (artigo 72, inciso I).2Continuo discordando da corrente jurisprudencial majoritária, porque indevidamente ignora a existência de texto expressode lei que veda a contagem recíproca de tempo de serviço em condições especiais. Entendo que, em relação ao períodoem que se submeteu ao regime de trabalho celetista e provou ter ficado exposto a agentes agressivos à saúde previstosnos anexos dos Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79, o recorrente adquiriu, segundo a legislação vigente na época, o direitoà contagem do tempo de serviço especial dentro do RGPS. Isso não significa, porém, a existência de direito a aproveitar otempo especial com acréscimo fora do RGPS, para fins de aposentadoria no regime previdenciário dos servidores públicos,porque a legislação então em vigor (Lei nº 6.226/75, art. 4º, I; Decreto nº 83.080/79, art. 203, inciso I; Decreto nº 89.312/64,

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art. 72, inciso I) vedava – assim como continua vedando até hoje - o cômputo de tempo de serviço em condições especiaispara contagem recíproca.cc vNão obstante, com o passar do tempo, a corrente jurisprudencial minoritária não ganhou espaço, tendo ficado limitada aalguns poucos julgados esparsos do Superior Tribunal de Justiça nos anos de 2003 a 2005. Pesquisando a praticamentepacificado o reconhecimento do direito adquirido do servidor estatutário aproveitar o tempo especial com acréscimo mesmofora do RGPS, para efeito de aposentadoria no regime previdenciário próprio.3O Supremo Tribunal Federal, por meio de suas Turmas, também pacificou o entendimento no sentido de que o servidorpúblico, ex-celetista, tem direito adquirido à contagem especial de tempo de serviço prestado em condições penosas einsalubres em período anterior à vigência da Lei nº 8.112/90.4Por isso, a despeito do meu entendimento pessoal a respeito da matéria, curvo-me à jurisprudência pacífica parareconhecer o direito da autora.DispositivoJulgo procedente o pedido para condenar o réu a emitir certidão de tempo de contribuição com averbação de tempo deserviço especial no período de 20/05/1976 a 30/09/2000 e com o acréscimo resultante da conversão em tempo comummediante aplicação do fator 1,2.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita. P.R.I.

1 Alguns arestos do STJ prolatados ao longo dos anos 2003 a 2004: AGA 538762-RS, DJ 07/06/2004; RESP 616229-RN,DJ 01/07/2004; RESP 552437-SC, DJ:15/12/2003; RESP 441091-SC, DJ:30/06/2003; RESP 448899-RS DJ 17/03/2003;RESP 424864-RS, DJ 01/07/2002; RESP 307670-PB, DJ 18/06/2001; RESP 478957-PB, DJ 28/06/2004; AGA 457854-PR,DJ 04/10/2004; AGRESP 449714-PR, DJ 25/08/2003; RESP 436313-RS, DJ 31/03/2003; RESP 419067-SC, DJ:24/02/2003;RESP 295967-PB, DJ 17/03/2003.

2 REsp 448.302/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJU 10/03/2003; REsp 534.638-PR , Relator Min. Felix Fischer, DJ:25/02/2004; EDcl-REsp 640.322-RN, Relator Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ12.09.2005.

3 É o que mostram os seguintes julgados das turmas que compõem a Terceira Seção do STJ: EARESP 1.005.028, 6ªTurma, DJE 02/03/2009; AÇÃO RESCISÓRIA 3320, 3ª Seção, DJE :04/11/2008; AGRESP 963.475, 6ª Turma, DJE26/05/2008; AGRESP 799771, 5ª Turma, DJE 07/04/2008; AGA 922.319/SC, 5ª Turma, DJE 10/03/2008; AGA 901.106/SC,5ª Turma, DJ 07/02/2008; RESP 626.716/SC, 5ª Turma, DJ 07/05/2007.

4 RE-AgR-AgR 457.144/PB, Rel. Eros Grau, DJe 14-03-2008; RE-AgR 463.299/PB, Rel. Sepúlveda Pertence, DJ17-08-2007; RE-AgR 380.413/PB, Rel. Eros Grau, DJ 29-06-2007; AI-AgR 438.316/SC, Rel. Joaquim Barbosa, DJ30-03-2007; RE-AgR 439.699/DF, Rel. Sepúlveda Pertence, DJ 07-12-2006; AI-AgR 398.502/SC, Rel. Gilmar Mendes, DJ24-11-2006; RE-AgR 474.450/PB, Rel. Carlos Britto, DJ 29-09-2006; RE 255.827/SC, Rel. Eros Grau, DJ 02-12-2005.

3. Sem razão o INSS. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 daLei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgadoestá em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, do STJ e do STF.

4. Quanto ao recurso da autora, entendo que a sentença (integrada pela decisão de fl. 60) também deve sermantida por seus próprios fundamentos no que diz respeito à ausência, na petição inicial, de causa de pedir para aindenização compensatória requerida. Assim dispõe a referida decisão (fl. 60):

Reconheço a omissão da sentença em analisar o pedido de “indenização compensatória pertinente, com o pagamento dasdiferenças financeiras decorrentes do cômputo de tal tempo de contribuição” (fl. 6, item “a”, segunda parte).Entretanto, não há como prover o pedido, porque a petição inicial não declinou causa de pedir correlata. A fundamentaçãoda petição inicial somente dá sustentação ao pedido julgado procedente na sentença.(...)

Na mesma linha do que decidiu o Juízo a quo na decisão que proferiu julgando os embargos de declaração, as razõesapresentadas no recurso da autora, a rigor, devem ser consideradas inovação recursal, pelo que não podem serapreciadas.

De qualquer forma, registro que a indenização pretendida equivaleria a conceder a um futuro benefício de aposentadoriaefeitos retroativos à data em que teria completado 25 anos de serviço, eis que a autora requer, em seu recurso, umaremuneração mensal para cada mês desde então decorrido. Ocorre que sequer há pedido de concessão de aposentadoriana petição inicial e tal benefício só seria devido a partir da data do requerimento administrativo ou judicial.

7. Pelo exposto, conheço dos recursos inominados interpostos pelas partes e NEGO PROVIMENTO a ambos os recursos.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, em face da sucumbência recursal recíproca, tendo em vista o dispostono art. 55 da Lei nº 9.099/95 e no art. 21 do CPC.É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

7 - 0003526-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003526-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IFITON DE SOUZA(ADVOGADO: ES007855 - SANDRA CONSUELO GONCALVES, ES006751 - CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIOR.) xCEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL.).PROCESSO: 0003526-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003526-0/01)RECORRENTE: IFITON DE SOUZAADVOGADO (S): CLOVIS LISBOA DOS SANTOS JUNIOR, SANDRA CONSUELO GONCALVESRECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): SEBASTIAO TRISTAO STHEL

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face de sentença que julgou improcedente o pedido de condenaçãoda Caixa Econômica Federal – CEF ao pagamento de valor pecuniário a título de dano moral, em virtude dos alegadosconstrangimentos sofridos ao tentar adentrar uma de suas agências. Alega o recorrente que o constrangimento excessivopraticado pelo segurança da agência e depois pelo gerente, quando já possuía elementos suficientes para saber que orecorrente não era nenhum criminoso configurou o dano, pois ele (o gerente) não se comportou como qualquer outro secomportaria naquelas condições, com a razoabilidade esperada naquela situação específica, ultrapassando o bom sensoesperado do “homo medius”.Eis o teor da sentença:Pretende-se nesta ação a condenação da demandada ao pagamento de valor pecuniário, a título de dano moral, em virtudedos alegados constrangimentos e humilhações sofridos ao tentar adentrar uma de suas agências.Em síntese, narra o (a) demandante que teria se dirigido a uma agência em Cariacica/ES da instituição bancária ré a fim derealizar pagamento de fatura.Entretanto, aduz ter sido impedido (a) pela porta giratória de entrar na agência mesmo após ter depositado seus objetos demetal no local apropriado, momento em que informou ao vigilante que seu calçado possuía ponteira de aço. Diante daresistência do vigilante, solicitou-se contato com a gerenciada agência, Sr. Eliomar Fragoso, para a resolução do impasse.Na oportunidade, o demandante alega ter explicado ao gerente que sua bota tinha biqueira de aço – com a ponta pintada deamarelo para demonstrar que faz parte do Equipamento de Proteção Individual –, inclusive se identificando como cliente dobanco.Relata que o gerente da CEF afirmou que sua entrada na agência só seria permitida após suas botas serem retiradas,devendo o requerente se submeter novamente ao sistema de detector de metais. De toda sorte, afirma que não aceitouretirar seu calçado, motivo pelo qual não foi permitida sua entrada na agência.Em vista dos constrangimentos sofridos em razão do impedimento, requer a condenação da CEF em danos morais.A CEF, por sua vez, alega a inexistência do dano moral, na medida em que o procedimento adotado encontra-se pautadoem lei, e tem como único objetivo o de zelar pela segurança da coletividade.Adentrando no mérito, cumpre esclarecer que a responsabilidade que ora se questiona é aquela prevista no Código deDefesa do Consumidor, Lei nº.8.078, de 11 de setembro de 1990, qual seja responsabilidade objetiva, fundada no risco doempreendimento.A teoria do risco empresarial é um dos princípios que regem a responsabilidade do fornecedor, e se traduz no dever deresponder por eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos, independente de culpa, por aquele que sedisponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo. O fornecedor passa a ser o garante dos produtos e serviçosque oferece no mercado de consumo, respondendo pela QUALIDADE E SEGURANÇA dos mesmos.Portanto, nítida está a inserção do caso em tela à hipótese disciplinada no Código de Defesa do Consumidor, aplicando,com isso, seus dispositivos legais, inclusive, e principalmente, o que dispõe sobre o ônus da prova.Dito isto, recorremos ao art.6o., inciso VIII do CDC, que elenca dentre os direitos básicos do consumidor, o relativo à“facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, em seu favor, no processo civil, quando,a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência.”.Portanto, passemos a análise da responsabilidade da instituição financeira.De acordo com a Lei nº.8.078, deve-se considerar no caso, a responsabilidade objetiva do banco em virtude do que dispõeo artigo 14, sendo a discussão da culpa inteiramente estranha às relações de consumo.Assim delimitada a responsabilidade da CEF, responde a mesma pelos danos causados a seus clientes, sendo a únicaexceção admitida para fins de exclusão daquela responsabilidade, as hipóteses apresentadas no art.14, parágrafo terceiroda mesma Lei, quais sejam se não existe defeito no serviço prestado ou se a culpa é exclusiva do consumidor ou deterceiro.Sobre o tema, a questão que se apresenta não é de se saber se o dano moral é ou não indenizável, mas sim o queefetivamente vem a ser o próprio dano moral.A maioria dos juristas é unânime em dizer que o dano moral nada mais é que a lesão de bem integrante da personalidade,tal como a honra, a liberdade, saúde, integridade psicológica, privacidade, imagem, bom nome, causando dor, sofrimento,vexame e humilhação à vítima.A partir daí, busca-se uma compensação, algo que recompense o sofrimento causado, bem como, a imposição de umapena ao causador do dano moral. Se a reparação deve ser a mais ampla possível, não pode o dano transformar-se emfonte de lucro.Na definição de dano moral, vale a lição de Sérgio Cavalieri Filho “... não há dano moral em razão de lesão de bem

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patrimonial, nem de mero inadimplemento contratual. Eventual aborrecimento daí resultante já está abrangido pelo danomaterial”. Vem daí a conhecida definição de dano moral ministrada por Savatier: “qualquer sofrimento que não é causadopor uma perda pecuniária.”.Entendo, entretanto, que os documentos colacionados aos autos pela parte autora não serviram como prova dos fatosalegados.Por outro lado, oportunizada a produção de prova testemunhal, não logrou a parte autora êxito em provar a efetivaocorrência do dano moral.Induvidosamente, a situação fática narrada trouxe transtorno ao autor, contudo não em grau apto a ensejar reparação atítulo de dano moral.Cuida-se, nas circunstâncias, de dissabor e até de indignação, mas o quadro não revela situação capaz de consequenciarreparação pecuniária. Dito isto, verifico que os vigilantes da demandada tão somente cumpriram seu ofício.Conforme entendimento pacífico da jurisprudência pátria, a utilização de portas giratórias é medida imperativa, a fim depropiciar a segurança da instituição bancária e o seu patrimônio, além da integridade dos usuários dos aludidosestabelecimentos, sendo que, somente a sua utilização inadequada ou abusiva dá ensejo à indenização por danos morais.O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que "o dano moral poderá advir, não pelo constrangimentoacarretado pelo travamento da porta em si, fato que poderá não causar prejuízo a ser reparado a esse título, mas, dosdesdobramentos que lhe possam suceder, assim consideradas as iniciativas que a instituição bancária ou seus prepostosvenham a tomar no momento, as quais poderão minorar os efeitos da ocorrência, fazendo com que ela assuma contornosde uma mera contrariedade, ou, de outro modo, agravá-los, degenerando o que poderia ser um simples contratempo emfonte de vergonha e humilhação, passíveis, estes sim, de reparação" (STJ, AgRg no Ag 524457, Terceira Turma, RelatorMin. CASTRO FILHO, DJ 09.05.2005).Todavia, no exemplo examinado, não vislumbro qualquer utilização inadequada ou abusiva das portas giratórias que possadar ensejo à indenização por danos morais.Por outro lado, sobreleva ressaltar que o mero travamento da porta giratória por ocasião da sua entrada não se traduz emmotivo hábil a ensejar os danos morais pretendidos, por se tratar de medida de segurança, conforme salientado,característica e necessária às instituições bancárias e ônus a ser suportado por todos os cidadãos em favor da segurançapública.Neste sentido:“DIREITO CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - TRAVAMENTO DE PORTA GIRATÓRIA - BOTA COM BICO DE AÇO -INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA PELA CEF – DANO MORAL INEXISTENTE - APELAÇÃO IMPROVIDA. I - Asportas giratórias de travamento automático são instrumentos de segurança necessários a proteger não só o patrimônio dasinstituições bancárias, mas também a integridade física dos seus colaboradores e clientes. Tais equipamentos sãoacionados quando detectam metal, independentemente da aparência da pessoa. III - Não há nos autos elementos quepermitam concluir atuação inadequada por parte do preposto da apelada. Cabe ao autor alegar e demonstrar que foisubmetido a vexame em virtude do manuseio inepto, discriminatório, abusivo ou excessivo dos aparelhos, capaz deprovocar dano moral passível de indenização, pois o mero incômodo decorrente da necessidade de superar o obstáculo éônus a que todos devem se submeter em favor da segurança pública. IV - Acusando referido aparelho que o Apelanteportava metal, a Apelada e seus prepostos não tinham outra conduta a adotar a não ser obstar o ingresso do Autor naagência. V - No caso em tela, se realmente eram as botas que provocavam o travamento, bastava ao usuário que asretirasse ao passar pelo detector de metais. Agindo desta forma, seria garantida a segurança, pois ficaria comprovado quenão portava objetos atentatórios à segurança do estabelecimento e dos usuários dos serviços bancários. VI - Circunstânciaque configura mero aborrecimento, não tendo o alcance do dano moral. É pacifico na jurisprudência que o meroaborrecimento não gera o pagamento de indenização por dano moral. VII - Recurso improvido.(Processo AC200461000352610 AC - APELAÇÃO CÍVEL -1233347Relator(a)DESEMBARGADOR FEDERAL COTRIM GUIMARÃESSigla do órgão TRF3 Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJF3 CJ1 DATA:29/04/2010 PÁGINA: 119 Data da Decisão20/04/2010 Data da Publicação 29/04/2010)

Isso posto, julgo improcedente o pedido.Descabe condenação em custas e honorários de advogado (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).P.R.Intimem-se.Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se, com as precauções de praxe.

3) A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), por estar de acordocom o entendimento desta Turma Recursal.4) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.5) Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à recorrida honorários advocatícios de R$ 200,00.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

8 - 0005117-26.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005117-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x NELY ADRIANO TELES EOUTRO (ADVOGADO: ES013274 - DENILSON LOUBACK DA CONCEIÇÃO.).PROCESSO: 0005117-26.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005117-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Page 16: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

ADVOGADO (S): ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRARECORRIDO: NELY ADRIANO TELESADVOGADO (S): DENILSON LOUBACK DA CONCEIÇÃO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que deu provimento ao recurso inominado porele interposto para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido de concessão de benefício previdenciário,determinando, ainda, que não sejam devolvidos os valores recebidos a título de antecipação da tutela, diante de seu caráteralimentar. Alega o embargante que o acórdão contém omissão e contradição quanto ao entendimento da 1ª Seção do STJno sentido de admitir a restituição de valores pagos ao segurado por força de decisão judicial de caráter provisório,revogada ou cassada.Esta 1ª TR-ES aderia ao entendimento consolidado na súmula 51 da TNU, segundo a qual “os valores recebidos por forçade antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão danatureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.” Contudo, o STJ, em julgamento ocorrido em 12/02/2014, fixou a tesede que é dever do titular de direito patrimonial devolver valores recebidos por força de tutela antecipada posteriormenterevogada (Recurso Especial nº 1.401.560/MT, submetido à sistemática do artigo 543-C do CPC). Em face disso, o INSSpoderá cobrar os valores que adimpliu em cumprimento à decisão que antecipou os efeitos da tutela.Embargos conhecidos e providos. Contradição reconhecida e sanada nos termos do item 2 acima.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

9 - 0004264-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004264-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZINHA MARIA DE JESUSARAUJO E OUTRO (ADVOGADO: ES010163 - ARETUSA POLLIANNA ARAUJO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES010404 - ALEX WERNER ROLKE.).PROCESSO: 0004264-98.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004264-1/01)RECORRENTE: TEREZINHA MARIA DE JESUS ARAUJOADVOGADO (S): ARETUSA POLLIANNA ARAUJORECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): ALEX WERNER ROLKE

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso interposto pelas autoras em face da sentença que julgou improcedente o pedido de liberação do saldode conta vinculada de FGTS do de cujus, respectivamente, marido e pai das autoras. Alegam as recorrentes que a LeiComplementar nº 110/2001 autorizou a Caixa Econômica Federal – CEF a realizar créditos nas contas vinculadas de FGTSreferentes ao complemento de atualização monetária da aplicação dos percentuais de 16,64% do Plano Verão (janeiro de1989) e 44,80% do Plano Collor I (abril de 1990), sobre os saldos das contas mantidos em 01/12/1988 e 01/04/1990, tendoa CEF criado um termo de adesão que os trabalhadores foram coagidos a assinar, pois os créditos complementares nãoseriam depositados sem aquele termo. Conclui que não é razoável que a parte tenha que propor uma ação declaratóriapara liberar um direito líquido e certo que são os expurgos em discussão, de forma que o alvará judicial é a maneira maislídima de recebimento dos valores.

Eis o teor da sentença:Pretendem as autoras seja determinada a liberação do saldo de FGTS depositado na conta vinculada do “de cujus”, Sr.José Matildes Araújo, respectivamente, marido e pai das mesmas.Decido.Analisando o documento de fl.06, verifico que a quantia constante do extrato de conta vinculada refere-se, na verdade, aosexpurgos relativos aos planos econômicos, e se encontra “aprovisionada”.Tal aprovisionamento de valores em conta do FGTS ocorria ante a possibilidade de adesão ao acordo previsto na LC110/2001.Deste modo, a existência de valores indicados nos extratos analíticos cuidava-se de praxe amplamente utilizada pelainstituição bancária, com finalidade meramente informativa, justamente com o intuito de viabilizar a concretização doacordo, nos moldes em que estabelecido no mencionado diploma legal. Para o saque do referido montante, fazia-seimprescindível, deste modo, a realização do acordo, conforme se infere da leitura do art.2º da Lei nº 10.555/2002, com aredação que lhe conferiu a Lei nº 10.936/2004:“Art.2o-A. O beneficiário de titular de conta vinculada do FGTS, falecido, terá direito ao crédito do complemento deatualização monetária de que trata a Lei Complementar no 110, de 2001, com a redução nela prevista, em parcela única,desde que tenha sido firmado pelo beneficiário ou pelo próprio titular o termo de adesão de que trata o art. 6o damencionada Lei Complementar. (Incluído pela Lei nº 10.936, de 2004)”.Da análise das alegações e documentos anexados, verifico, todavia, inexistirem provas de eventual reconhecimento judicial

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ou administrativo de tal direito por parte das autoras, qual seja, a aplicação dos expurgos referentes aos planos econômicosno saldo existente na conta de FGTS em determinado período, ou mesmo algum documento comprobatório de que ofundista, na qualidade de titular de uma conta vinculada de FGTS, obteve o reconhecimento de incidência dos expurgosinflacionários sobre o saldo de sua conta fundiária. Esta verificação do direito somente poderia ocorrer mediante açãoajuizada neste intuito específico, ou através da adesão aos termos da Lei Complementar nº 110/2001, que tem exatamenteo objetivo do reconhecimento explícito dos fundistas à recomposição do saldo de suas contas de FGTS. Assim, descabe apretensão de saque dos valores existentes na conta vinculada de FGTS decorrentes da incidência de expurgosinflacionários, já que se trata de pretensão que depende do reconhecimento antecipado de aplicação dos referidosexpurgos na referida conta a ser sacada, o que não ocorreu no caso examinado.Neste sentido, trago à colação os seguintes arestos:Ementa PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. FGTS. INSTALAÇÃO DA LIDE COM A APRESENTAÇÃO DACONTESTAÇÃO. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA ADMITIDA. LEVANTAMENTO DE DEPÓSITOS. VALORESAPROVISIONADOS. ACORDO PREVISTO NA LC 110/2001. ADESÃO NÃO DEMONSTRADA. DESCABIMENTO DESAQUE. 1. Tendo o Autor requerido alvará judicial, procedimento de jurisdição voluntária por natureza, a resistência da CEFao apresentar contestação é bastante à instalação da lide. 2. Admitida a jurisdição contenciosa, aproveitam-se todos osatos processuais praticados, sendo possível, inclusive, dispensar a intimação do Ministério Público nesta instância (art.1.105 do CPC). 3. Reformada a sentença que extingue o processo sem resolução de mérito, estando a causa devidamenteinstruída e sendo a matéria debatida eminentemente de direito, cabe o julgamento imediato da lide pelo tribunal nos termosdo art. 515, § 3º, do CPC. 4. O aprovisionamento de valores em conta do FGTS para o caso de possível adesão ao acordoda LC 110/2001 não permite ao titular da conta sacá-los, visto que realizado com intuito meramente informativo, sobretudoquando não se adere à proposta. 5. Nesse sentido julgou esta Corte: "O artigo 2º da Lei n. 10.555/2002, com a redação quelhe deu a Lei 10.936/2004, é expresso ao exigir a celebração de acordo para levantamento de valores aprovisionados emconta vinculada ao FGTS, nos termos previstos pela Lei Complementar 110/2001" (AC 2004.33.00.020961-1/BA, Rel.Desembargadora Maria Isabel Gallotti Rodrigues, Sexta Turma, DJ de 27/08/2007). 6. Apelação a que dá provimento.Pedido julgado improcedente (CPC, art. 515, § 3º). (Referência Legislativa LEG_FED LEI_00005869 Processo AC200540000013053 AC - APELAÇÃO CIVEL – 200540000013053 Relator(a) JUIZ FEDERAL EVALDO DE OLIVEIRAFERNANDES, filho (CONV.) Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador QUINTA TURMA Fonte e-DJF1 DATA:05/11/2010PAGINA:87 Data da Decisão 25/10/2010 Data da Publicação 05/11/2010).“Ementa PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONTA VINCULADA DE FGTS. AUSÊNCIA DERECONHECUIMENTO JUDICIAL OU ADMINISTRATIVO SOBRE A INCIDÊNCIA DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.NÃO PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL PARA REVISÃO DA CONTA. INEXISTENTE ADESÃO AOS TERMOS DA LEICOMPLEMENTAR Nº 110/2001. IMPOSSIBILIDADE DE SAQUE DE VALOR APENAS APROVISIONADO. AUSÊNCIA DEINTERESSE DE AGIR. 1.Hipótese de alvará judicial para levantamento de valores de conta de FGTS concernentes àincidência de expurgos inflacionários sobre o respectivo saldo, em decorrência dos índices dos Planos Econômicos.2.Inexiste qualquer comprovação de que houve o reconhecimento judicial ou administrativo adesão nos termos da LeiComplementar nº 110/2001) à aplicação dos índices inflacionários sobre o saldo existente no período determinado nascontas fundiárias. Ademais, o fato de haver valores indicados em extratos analíticos como sendo aprovisionados não induznecessariamente ao reconhecimento do direito, já que como acentua a apelada, trata-se apenas de prática meramentecontábil de previsão de valor futuro. 3. Inviável a determinação para expedição de alvará judicial, ante a ausência depressuposto imprescindível para sacar os créditos decorrentes da aplicação dos expurgos inflacionários. Precedente destaE. Tribunal. 4. Impossibilidade de conversão em rito ordinário, já que não consta o pedido de revisão dos saldos fundiáriosna peça exordial, devendo esta pretensão ser objeto de demanda própria. 5. Apelação conhecida e não provida.(ProcessoAC 200583000164328 AC - Apelação Civel – 381515 Relator(a) Desembargador Federal Francisco Barros Dias Sigla doórgão TRF5 Órgão julgador Segunda Turma Fonte DJ - Data::09/03/2009 - Página::167 - Nº::45 Decisão UNÂNIME Data daDecisão 03/02/2009 Data da Publicação 09/03/2009)”Ante o exposto, julgo improcedente o pedido, e extingo o processo, com resolução de mérito, com fulcro no art.269, I doCPC.Sem custas, nem honorários.P.R.I. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos, com as anotações de praxe.

Conforme narrado na inicial e comprovado às fls. 23/32, as autoras, juntamente com os demais herdeiros, ajuizaram açãode liquidação da sentença proferida na ação civil pública nº 95.0001119-0, tendo sido extinto o processo sem resolução domérito em face da ilegitimidade dos autores, tendo em vista que a conta fundiária de titularidade do de cujus, quepretendiam recompor, localiza-se fora do Estado do Espírito Santo. Ingressaram, então, com a presente ação, objetivando osaque do valor provisionado pela CEF.

A despeito de ter sido o pedido formulado de forma equivocada, a leitura da petição inicial conduz à inequívoca conclusãode que as autoras pretendem, com a presente ação, obter título judicial que lhes permita sacar os valores referentes aosíndices de janeiro/1989 e abril/1990 na correção monetária do saldo da conta fundiária do de cujus.

Não há impedimento para se considerar o pedido como sendo de condenação da CEF à correção do saldo da contafundiária, tendo em vista os critérios norteadores do juizado especial – oralidade, simplicidade, informalidade, economiaprocessual e celeridade (art. 2º da Lei nº 9.099/95). Ora, podendo-se depreender o real pedido - manifestamenteprocedente, por sinal - a manutenção da sentença revelar-se-ia atentatória aos referidos critérios, pois ensejaria odesnecessário ajuizamento de nova ação para tal fim.

6. A matéria encontra-se há muito pacificada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça,

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que editou a Súmula 252, verbis: "Os saldos das contas do FGTS, pela legislação infraconstitucional, são corrigidos em42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC) quanto às de abril de 1990, acolhidos pelo STJ osíndices de 18,02% (LBC) quanto às perdas de junho de 1987, 5,38% (BTN) para maio de 1990 e 7,00% (TR) para fevereirode 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-7/RS)."

7. O valor provisionado pela CEF corresponde exatamente à diferença de atualização do saldo da conta pelosíndices de janeiro de 1989 e abril de 1990, apurada na forma do acordo previsto na LC 110/2001, valor esse nãocontrovertido pelas autoras.

8. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e condenando a CEF a atualizar o saldoda conta fundiária de titularidade de JOSÉ MATILDES ARAÚJO pelos índices de janeiro de 1989 e abril de 1990, pagandoàs autoras as diferenças daí decorrentes, no valor já apurado e provisionado pela própria CEF, correspondente a R$15.699,51 em junho de 2010 (fl. 6), devidamente atualizado até o efetivo pagamento.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

10 - 0004782-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004782-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRINEU SCALZER(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0004782-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004782-2/01)RECORRENTE: IRINEU SCALZERADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – PROPRIEDADE CUJA ÁREASUPERA O PATAMAR DE 4 MÓDULOS FISCAIS EM QUANTIDADE INSIGNIFICANTE – FATO QUE, POR SI SÓ, NÃODESCARACTERIZA A CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL – RECURSO DO AUTOR PROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o autor alegou que a sentença reconheceu a existência de provas documentais e testemunhais,porem negou a concessão do beneficio por possuir o recorrente propriedade rural com área pouco superior a quatromódulos fiscais; argumentou que somente parte das áreas da propriedade é aproveitada para a agricultura e tais áreas sãoinferiores a quatro módulos fiscais, conforme farta documentação juntada aos autos. Também aduziu que há jurisprudênciafavorável à pretensão, no sentido de que o domínio de área superior a 4 módulos fiscais não descaracteriza a condição desegurado especial.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

IRINEU SCALZER pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhador rural.

O INSS indeferiu o requerimento administrativo porque o CNIS registrou que o autor possui propriedade rural com 5,7hectares (fl. 250) e porque a documentação qualificou o autor como “empregador rural II-C” (fls. 251, 252, 293).

Documentos emitidos pelo INCRA realmente qualificaram o autor como “Empregador rural II-B” ou “Empregador rural II-C”.Essa classificação não descaracteriza o regime de economia familiar, porquanto utilizada apenas para fins deenquadramento sindical. De acordo com o art. 1º, II, b, do Decreto-lei nº 1.166/71, “para efeito de enquadramento sindical,considera-se empresário ou empregador rural quem, proprietário ou não, e mesmo sem empregado, em regime deeconomia familiar, explore imóvel que lhe absorva toda a força de trabalho e lhe garanta subsistência e progresso social eeconômico em área igual ou superior à dimensão do módulo rural da respectiva região”. Logo, mesmo quem não contratavaempregados era enquadrado como empregador rural para fins sindicais. Aliás, os mesmos documentos do INCRAregistram valor nulo no campo destinado à quantificação de trabalhadores assalariados (fls. 89 e 92, por exemplo).

Em Santa Teresa, o módulo fiscal equivale a 18 hectares. O limite de quatro módulos fiscais equivale a 72 hectares. O autorafirmou que adquiriu propriedades em Nova Valsugana, município de Santa Teresa, com as seguintes extensões e datas,

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totalizando 85 hectares (fl. 4):

18,5 hectares em 5/11/1984;16 hectares em 31/1/1984;16 hectares em 15/12/1986;5 hectares em 17/1/2000;29,5 hectares em 26/3/2003.

A Lei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualifica como seguradoespecial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim, se a áreaexplorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado como segurado especial.

Essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa lei entrou em vigor em 23/6/2008.Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade rural explorada tivesse mais de quatromódulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial, se não tiver contratadoempregados permanentes.

Em relação ao período anterior a 23/6/2008, cabe reconhecer exercício de atividade rural na qualidade de seguradoespecial, porque as testemunhas asseguraram que o imóvel rural era explorado apenas pela família, sem concurso deempregados permanentes. Foi deferida a utilização dos depoimentos colhidos no Processo nº 0004776-76.2013.4.02.5050como prova emprestada, já que a autora daquele processo é esposa do autor, e o INSS participou da produção da prova.Eis o teor dos depoimentos colhidos naquele processo:

1ª testemunha: Maria Inez Feller Zamprogno

Mora na mesma comunidade rural que a parte autora, em Santa Teresa; a distância entre a propriedade da parte autora e ada depoente é de aproximadamente mil metros; vê a autora trabalhando na lavoura; cultiva-se café, milho e feijão; napropriedade tem aproximadamente 10 bois; onde a parte autora e a depoente moram não existem grandes propriedades; apropriedade é composta por uma área de pedreira, de córrego e de mata; a renda da família da parte autora é provenienteda produção de café e banana; o autor vende a produção de banana na CEASA; o café é vendido para compradores daregião; a parte autora tem quatro filhos; os filhos trabalham na propriedade da parte autora; a família vive da rendaproveniente dos produtos produzidos em sua propriedade; quando se compra uma propriedade com reserva e pedreira, elanão serve para nada, somente para reserva mesmo.

2ª testemunha: Claudete Maria Gasperazzo Zottele

Conhece a autora desde sempre; mora na mesma comunidade rural que a autora; não é vizinha da autora, mas apropriedade dela é no caminho para Santa Teresa; vê a autora trabalhando na lavoura; os pais da autora trabalhavam nalavoura; os pais da autora eram aposentados rurais; a propriedade da autora não é toda explorada; a propriedade da autoraé composta por estrada, rio, pedreira e mata; a autora mora com o marido e um filho; os filhos da autora moram napropriedade dela; trabalham na propriedade da autora somente ela, o marido e os quatro filhos; acredita que hoje o preçoda terra está mais barato que antigamente; a autora e os membros de sua família sempre trabalharam na lavoura, nuncasaíram da área rural para trabalhar na cidade.

3ª testemunha: José Roque Zottele

Mora na mesma comunidade rural que a autora; não é vizinho da autora, mas mora próximo; a distância de sua propriedadeaté a da autora é de dois quilômetros; passa com freqüência pela propriedade da autora; vê a autora trabalhando comfreqüência; a autora cultiva café, banana e milho; a propriedade rural da autora é dividida; trabalham na propriedade rural aautora com o esposo e os filhos com suas famílias; a autora tem algumas vacas que produzem leite; a propriedade daautora tem um pedaço que não é cultivado porque tem pedras, rios e matas; o esposo da autora doou uma parte dapropriedade para a igreja.

Ocorre que o autor também precisa comprovar exercício de atividade rural na qualidade de segurado especial também noperíodo de 24/6/2008 (quando a Lei nº 11.718 já estava em vigor) até 8/8/2011 (data em que completou 60 anos de idade eem que requereu a aposentadoria). O segurado especial só tem direito à aposentadoria por idade sem recolhercontribuições se comprovar o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício.

O autor alegou que não explora área superior a quatro módulos fiscais, por conta das áreas de mata. Afirmou que naspropriedades há quatro nascentes e respectivos cursos d’água, pedreiras, estradas, matas e capoeiras, além do relevoacidentado característico da região. A Lei nº 11.718/2008 fala em exploração de área superior a quatro módulos fiscais, enão em domínio ou propriedade de área superior a quatro módulos fiscais. Para descaracterizar a qualidade de seguradoespecial, não importa a área total do imóvel rural, mas apenas a área explorada. Se o produtor rural possui área superior aquatro módulos fiscais, presume-se que toda ela seja explorada, mas essa presunção é relativa, admite prova em contrário,a cargo do autor.

A primeira testemunha ouvida em juízo declarou que o imóvel rural é composto por uma área de pedreira, de córrego e de

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mata. No Sítio Scalzer, com área total de 18,5 hectares, uma parcela correspondente a 3,7 hectares ficou gravada como deutilização limitada, não podendo ser explorada (fls. 265 e 300). No Sítio Nova Valsugana, com área total de 29,5 hectares,uma parcela correspondente a 6,0 hectares ficou gravada como de utilização limitada, não podendo ser explorada (fls. 261e 302). Laudo pericial subscrito por um técnico agrícola contratado pelo autor constatou que a área total dos imóveis ruraiscorresponde a 89,5 ha, dos quais 17,07 ha corresponderiam a áreas improdutivas, constituídas por matas, pedreira,reservatórios de água, brejos, benfeitorias e estradas (fl. 481). Ainda assim, a área explorada corresponderia a 72,43hectares, ultrapassando o limite de 72 hectares.

O autor alegou ter doado uma área de terras para a Prefeitura Municipal de Santa Teresa (fl. 495). A área doada teria1.151,92 m2 (fl. 496). Considerando que 1 hectare equivale a 10.000 m2, a área doada corresponde a apenas 0,15 hectare.Ainda assim, área total explorada dos imóveis supera o limite de 72 ha. Ademais, a doação só foi comprovada a partir deagosto/2011, em momento posterior ao requerimento administrativo de aposentadoria.

A parte autora requereu, em audiência, a realização de pesquisa in loco pelo INSS para averiguação do tamanho dapropriedade que é efetivamente explorada. Indefiro o requerimento por considerar que a prova documental produzida foisuficiente para esclarecer a dimensão da área explorada.

Sendo a área do imóvel rural superior a quatro módulos fiscais, a descaracterização da qualidade de segurado especialindepende da contratação de empregados para auxiliar na exploração da propriedade. A Lei nº 11.718/2008, ao modificar aredação do inciso VII do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que somente se qualifica como segurado especial o produtor ruralque explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Consequentemente, o produtor rural que,mesmo sem concurso de empregados permanentes, explora atividade agropecuária em área superior a quatro módulosfiscais não pode ser qualificado como segurado especial. Ainda que comprove exercício de atividade rural, só terá direito acobertura previdenciária se contribuir para a previdência social na qualidade de segurado contribuinte individual.

Se, no futuro, o autor passar a ter área explorada inferior a quatro módulos fiscais, poderá formular novo requerimento deaposentadoria, aproveitando o tempo rural de segurado especial anterior a 23/6/2008 e posterior à nova situação de fatoque vier a se instaurar.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

4. Início de prova material. Há farta documentação a indicar que o autor sempre laborou em trabalho agrícola. Suacertidão de casamento, seu certificado de dispensa de incorporação e seu título eleitoral afirmam que o mesmo é lavrador(fls. 36 e 40). As certidões de nascimento de 3 filhos também afirmam que o autor exerce a profissão de lavrador (fls.45/47). Há outros documentos, mas os referidos são mais do que suficientes a prover o início de prova material a que referea lei.

5. Como muito bem anotou a sentença, o enquadramento sindical como empregador rural ou empresário, à luz dodisposto no Decreto-lei nº 1.166/71, não descaracteriza a condição de segurado especial. Assim ocorre porque o referidoDecreto-lei explicitamente admite seja enquadrado como empregador rural alguém que não possua empregados. Emboraseja evidente que a existência de uma referência desta em um documento do INCRA pode atuar como dado indiciário deque havia empregados na propriedade rural. Não obstante, nada mais há nos autos a indicar que o autor tenha laboradocom o auxílio de empregados. Ao revés, à luz da prova testemunhal, o que há é indicação em sentido oposto, qual seja, deque o autor laborou apenas com sua família (esposa e quatro filhos) em sua propriedade.

6. A sentença anotou que “Sendo a área do imóvel rural superior a quatro módulos fiscais, a descaracterização daqualidade de segurado especial independe da contratação de empregados para auxiliar na exploração da propriedade.”

6.1. Nesse ponto, divirjo do entendimento sufragado na sentença.

6.2. O critério estampado na Lei 11.718/08 (4 módulos fiscais) não pode ser encarado de forma absoluta, como apto,por si só, a excluir a caracterização de alguém como segurado especial; e, por conseguinte, viabilizar sua inclusão no grupodos segurados contribuintes individuais. Excetuando-se os casos de propriedades cuja área explorada supererazoavelmente, ou em muito, o critério fixado na Lei 11.718/08 – em que o mero tamanho da propriedade já é umaevidência de que não pode ser explorado somente pelo segurado e sua respectiva família –, nos casos em que a área forpouco superior a 4 módulos fiscais, o critério legal pode ser tido como relativo, ou seja, como mero indicativo de que não háregime de economia familiar.

6.3. A sentença evidenciou que: (i) no município onde reside o autor a área de 4 módulos fiscais equivale a 72hectares; (ii) a área explorada pelo autor e sua família é de 72,43 hectares.

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6.4. Embora a área explorada seja superior a 4 módulos fiscais, ela é minimamente superior a tal patamar. Comefeito, trata-se de área equivalente a 4,023 módulos fiscais. Noutras palavras: o limite previsto na lei foi excedido empatamar que se pode considerar insignificante.

6.5. A prova testemunhal coligida na sentença retratou suficientemente que a área é explorada apenas pelo autor eseus familiares diretos.

6.6. Dentro do contexto exposto, considero caracterizado o regime de economia familiar e demonstrado o fatoconstitutivo do direito que o autor afirma possuir.

7. DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO. Por conseqüência, CONDENO oINSS a pagar-lhe aposentadoria por idade com DIB fixada na data da entrada do requerimento, ou seja, em 08/08/2011 (NB153.733.596-8).

7.1. ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL, para determinar ao INSS que IMPLEMENTE o benefíciode aposentadoria por idade no prazo de trinta (30) dias; a contar da intimação deste acórdão.

7.2. Os valores atrasados deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV.Correção monetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conformeentendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014). Sem condenaçãoem verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

11 - 0012082-88.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.012082-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: AFONSO CEZAR CORADINE.) x ELMO PINTO VIEIRA (ADVOGADO: ES011789 -RONIERY PIGNATON CEOLIN.).PROCESSO: 0012082-88.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.012082-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): AFONSO CEZAR CORADINERECORRIDO: ELMO PINTO VIEIRAADVOGADO (S): RONIERY PIGNATON CEOLIN

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdão quenegou provimento ao recurso inominado por ele interposto, mantendo a sentença que o condenou a pagar à parte autora ovalor de R$2.500,00 a título de danos morais decorrentes do atraso no reconhecimento da incapacidade e concessão doauxílio-doença, que ensejou o não recebimento dos salários no mês de junho de 2007 e do benefício que teria direitoreferente àquele mês (que só foi pago tempos depois), acarretando a inclusão de seu nome no Serviço de Proteção aoCrédito – SPC e SERASA. Alega o embargante que o acórdão contém contradição, pois fundamentou-se no fato de que oautor teria sido incluído nos órgãos de restrição ao crédito no mês de julho de 2007, considerando comprovado o fato pelosdocumentos de fls. 33 e 34, sendo que, na verdade, tais documentos não indicam a inclusão do nome do autor no cadastrode proteção ao crédito, mas apenas afirmam que poderia ser incluído caso não providenciasse a regularização de seudébito junto ao Bradesco dentro de 10 dias. Diz tratar-se da comunicação prévia exigida pelo art. 43, § 2º da Lei nº8.078/90. Narra que no dia 07/08/2007 o autor teve o benefício previdenciário depositado em sua conta, relativo aosperíodos de 23/04/2007 a 30/06/2007 e 01/07/2007 a 37/07/2007, tempo suficiente para que viesse a quitar o débitobancário sem que seu nome fosse negativado.A sentença restou mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), tendo o acórdão destacado comofato determinante para a condenação a inclusão do nome do autor nos órgãos de restrição ao crédito. É certo, contudo, queesse não foi o único fundamento da sentença – e, portanto, mantido no acórdão – para tal condenação. Considerou-setambém que o autor teve que trabalhar durante três meses, mesmo existindo incapacidade laborativa de sua parte, devido ànegativa do INSS em reconhecê-la, o que teria ocasionado ao autor transtornos com as diversas tentativas de obter obenefício, além do constrangimento de se encontrar sem condições de laborar, mas sendo obrigado a fazê-lo, pois a réafirmava sua aptidão, somado ao fato de que correu o risco de ter sua enfermidade agravada por realizar atividade nãocondizente com sua real situação de saúde.Ademais, os documentos de fls. 33 e 34 estão datados de 26/07/2007 e mencionam o prazo de dez dias para regularizaçãoda dívida, o que não ocorrendo, resultaria na inclusão definitiva e automática do nome do autor no cadastro de restrição aocrédito. Conclui-se, pois, que a inclusão em 05/08/2007 não poderia ter sido impedida pelo pagamento do benefício em07/08/2007, ao contrário do que afirma o embargante.Assim é que não se configura a contradição apontada.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Page 22: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

12 - 0002468-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002468-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERINO BISPO DOSSANTOS (ADVOGADO: MG066533 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0002468-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002468-8/01)RECORRENTE: GERINO BISPO DOS SANTOSADVOGADO (S): EFIGENIA CAMILO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado por ela interposto contra sentença que pronunciou a decadência do direito à revisão do ato concessório dobenefício previdenciário. Alega o embargante que não há como fazer incidir prazo decadencial sobre questão jurídicaatualmente controvertida no Judiciário e não analisada quando do ato de concessão, devendo ser modulado o início doprazo decadencial, não tomando como marco inicial a data da concessão dos benefícios, mas sim a data da aquisição dodireito que se postula na ação judicial. Pede que, considerando a posição hodierna do STJ no que tange a questões nãoanalisadas no ato de concessão, bem como no que tange a modulação dos efeitos do prazo decadencial, sejam providos osembargos, com efeitos infringentes para afastar a decadência.

2. O embargante não aponta nenhum vício no acórdão embargado. Os embargos de declaração têm como requisitode admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do CPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantesdo decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos, tampouco ao meroprequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário, porquanto visam,unicamente, completar a decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre a fundamentação e aconclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.

3. Não restou, assim, caracterizada – e nem mesmo apontada - nenhuma das hipóteses legais previstas paraoposição de embargos declaratórios, descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade,busca o embargante rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, NÃO CONHEÇO DOS EMBARGOS.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

13 - 0002773-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002773-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NAIDE CARVALHORODRIGUES (ADVOGADO: ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0002773-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002773-1/01)RECORRENTE: NAIDE CARVALHO RODRIGUESADVOGADO (S): JOANA D'ARC BASTOS LEITERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 32/33, que julgouimprocedente o pedido autoral de concessão do benefício de pensão por morte, tendo em vista que o segurado instituidorda pensão não era mais considerado segurado da Previdência Social no momento da ocorrência do óbito. Alega arecorrente que a sentença deve ser reformada, uma vez que o benefício pretendido não exige carência e nem há que sefalar em perda da qualidade de segurado. Ademais, afirma que não pode ser privada de um direito que lhe é garantido,ainda que na data do falecimento seu esposo não estivesse contribuindo. Requer a reforma da sentença.

2. A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado àPrevidência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.

Page 23: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

3. No caso específico da pensão por morte, deve-se considerar que os dependentes não possuem um direitopróprio ou pessoal em face da Previdência Social, já que a concessão do benefício está adstrita ao reconhecimento dodireito do respectivo titular, razão pela qual é indispensável a qualidade de segurado no momento do óbito, requisito cujaanálise é o cerne da presente demanda.

4. O segurado que deixa de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social mantém essaqualidade até 12 meses depois da cessação das contribuições. A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte aodo término do prazo fixado para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazoestipulado pelo inciso II, do art. 15, da Lei nº 8.213/91.

5. Além disso, conforme o § 1º, do art. 15, da Lei nº 8.213/91, o período de graça pode ser prorrogado por mais 12meses, se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perdada qualidade de segurado. Ademais, há a possibilidade de acrescer mais 12 (doze) meses para o segurado desempregado,desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (§ 2º,do art. 15, da Lei nº 8.213/91).

6. In casu, a morte do segurado deu-se em 01/08/2009 (fl. 19), quando este contava com 64 anos de idade. A últimacontribuição foi efetivada em julho de 2004. Após essa data não há registro do recolhimento de contribuições.

7. Verifica-se que entre o último recolhimento e a data do óbito há um intervalo de aproximadamente 05 (cinco)anos em que não ocorreram quaisquer contribuições, o que fulmina, realmente, o direito ao benefício pretendido, tendo emvista que um dos requisitos necessários à concessão da pensão por morte é a qualidade de segurado do de cujus na datado seu falecimento.

8. A alegação de que o falecido, à data do óbito, já teria preenchido os requisitos para a aposentação também nãomerece prosperar, uma vez que tinha 64 anos de idade. Embora cumprida a carência, como se vê na tabela seguinte, nãocumpriu o requisito idade, pelo que o entendimento firmado pelo Juízo a quo não merece reforma.

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

126/7/197710/8/197715--15

18/4/197826/8/1978129-49

26/6/198115/12/1981170-520

26/1/198229/3/1984784

Page 24: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

224

1/2/198531/3/1986421121

1/2/198728/2/198728--28

1/6/198730/6/198730-1-

9/3/19886/9/19942.3386528

6/7/199631/8/199656-126

1/7/199931/7/20041.831511

Total5.80216112

9. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação do recorrente vencido ao pagamentode honorários advocatícios diante do deferimento da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

14 - 0003095-76.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003095-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR DE OLIVEIRA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELABRAVIN BASSETTO.).

Page 25: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

PROCESSO: 0003095-76.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003095-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 158/161, que julgouparcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a reconhecer condição especial de trabalho nos seguintesperíodos: 15/10/1979 a 09/01/1981 e 01/05/1991 a 05/03/1997. Ademais, condenou a autarquia previdenciária a concederaposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais e com DIB em 03/03/2009. Quanto aos períodos de28/02/1979 a 30/05/1979, 28/01/1983 a 24/08/1988 e 01/01/1989 a 30/04/1991, nos quais o autor exercia a função devigilante, entendeu o Juízo a quo que nenhum documento juntado aos autos indicava que o recorrente trabalhava portandoarma de fogo.

2. Alega o recorrente: (1) quanto aos períodos de 28/02/1979 a 30/05/1979 e 01/01/1989 a 30/04/1991: que aatividade de vigia/guarda já foi considerada perigosa, quando da promulgação do Decreto nº 53.831/64, independentementede ressalvas referentes ao uso ou não de arma de fogo. Por outro lado, afirma que inexiste previsão legal exigindo, para aconfiguração de atividade especial, a utilização de referida arma. Assim, qualquer exigência nesse sentido passa a serilegal. (2) Quanto ao período de 28/01/1983 a 24/08/1988, aduziu o autor que a sentença “... o desenquadrou como especialpor meio da afirmativa: ‘O formulário DSS-8030 expressamente atestou ausência de exposição a agentes nocivos (fl.57).’...”. Argumentou que quanto a tal período “ ... estava vigente o Decreto 53.831/64, que só veio a ser alterado com oadvento do Decreto 2.172/97. Como o período em discussão não está enquadrado a partir do ano de 1997, mas simanteriormente a este, tem-se que a aplicação do princípio tempus regit actum... uma vez estando inserida a atividade nodecreto mencionado, configurada estará a presunção de desempenho de atividades sob condições especiais,...”. Aduziuque a atividade de vigia é equiparada à de guarda, conforme o teor da súmula n. 26 da TNU (“A atividade de vigilanteenquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7 do Anexo III do Decreto n. 53.831/64.”).Requereu, por fim, a reforma parcial da sentença para que sejam reconhecidos os períodos não considerados em sentençacomo sendo de atividade especial.

3. Períodos de 28/02/1979 a 30/05/1979 e 01/01/1989 a 30/04/1991: ausência de uso de arma de fogo.

In casu, a controvérsia recursal cinge-se à caracterização ou não de atividade perigosa, uma vez que a parte autora exerciaa função de vigilante sem o uso de arma de fogo. O enquadramento da atividade de vigilante como atividade especial,equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7 do Anexo III do Decreto nº 53.831/64, é plenamente cabível e aceitapela jurisprudência atual e doutrina majoritária, haja vista, inclusive, a edição do Enunciado nº 26 da TNU (Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais) que dispôs nesse sentido.

Entretanto, no caso in concreto, revelou-se que o recorrente exercia a atividade mencionada sem uso da arma de fogo, aqual, para fins de equiparação da atividade de vigilante à de guarda e consequente enquadramento no Código 2.5.7 doquadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, se faz extremamente necessária. Sem uso de arma de fogo não há que se falar empericulosidade tal que enseje a equiparação da atividade de vigilante à atividade de guarda, de modo que, sempericulosidade, não resta enquadrado o exercício de atividade especial. Nesse sentido, é a jurisprudência majoritária dostribunais brasileiros e da TNU, que assim tem julgado (PEDILEF 05018057720114058500, JUÍZA FEDERAL VANESSAVIEIRA DE MELLO, DJ 06/09/2012). Destaca-se do precedente citado: “8. Existência, na Turma Nacional de Uniformização,de posição majoritária e consolidada a respeito da essencialidade do porte de arma de fogo para configurar apericulosidade da atividade de vigia.”

Desta feita, como não restou comprovado nos autos o uso de arma de fogo pelo autor durante sua atividade laboral, tomopor base a jurisprudência atualmente dominante, concluindo que a sentença deve ser mantida.

4. Período de 28/01/1983 a 24/08/1988: enunciado n. 26 da TNU e uso de arma de fogo.

Para reconhecer que o segurado exerceu atividade de vigia sob condições especiais, a aplicação do enunciado 26 da TNUnão exclui a necessidade de se provar periculosidade, por exemplo, mediante uso de arma de fogo. Vale dizer: se não háprova da periculosidade, o vigia não faz jus a que tal atividade seja reconhecida como especial, seja no período anterior àLei 9.032/95, seja no período que medeia entre esta lei e o decreto que a regulamentou (Decreto nº 2.172/97).

Nesse sentido, transcrevo aqui os dois julgados da TNU que foram referidos na sentença (fl.159)

PREVIDENCIÁRIO. VIGILANTE. PERÍODO ANTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 9.032, DE 1995. ATIVIDADE SEM USODE ARMA DE FOGO. IMPROVIMENTO. I. Ainda que se trate de período anterior à Lei nº 9.032/1995 (período este no qualvigorava a sistemática de enquadramento por atividade, para fins de identificação de tempo de serviço especial), eranecessário o uso de arma de fogo para configuração da especialidade da função de vigilante. II. Pedido de uniformizaçãoimprovido. (PEDIDO 2005.70.51.0009130, Relator Juiz Federal Ronivon de Aragão, DJ 24/06/2010)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. ENQUADRAMENTO DAATIVIDADE COMO ESPECIAL. EQUIPARAÇÃO DA ATIVIDADE DE VIGIA À DE GUARDA. NECESSIDADE DEUTILIZAÇÃO DE ARMA DE FOGO. SÚMULA Nº 26. PEDIDO NÃO CONHECIDO. 1. De acordo com a Súmula nº 26, ofator de enquadramento da atividade de guarda como atividade perigosa no código 2.5.7 do Anexo ao Decreto nº 53.831/64é a utilização de arma de fogo, motivo pelo qual para que a atividade de vigia possa ser equiparada à atividade de guarda

Page 26: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

para fins de enquadramento como atividade especial afigura-se necessária a comprovação da utilização de arma de fogo.2. Acórdão recorrido em conformidade com a Súmula nº 26, não tendo sido comprovada a existência de divergênciajurisprudencial como exigido pelo art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. 3. Pedido não conhecido. (PEDILEF2007.70.95.0156690 – Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva - DJ 13/10/2009)

5. Conclusão: a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dosbenefícios da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

15 - 0004745-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004745-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO DE SOUZA NEVES(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOSJOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0004745-22.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.004745-0/01)RECORRENTE: ANTONIO DE SOUZA NEVESADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUS

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado por ela interposto, mantendo a sentença que pronunciou a decadência do direito à revisão do ato concessório dobenefício previdenciário iniciado antes de 28/06/1997. Alega o embargante a interrupção do prazo decadencial diante dorequerimento administrativo formulado em 13/11/2003 até a decisão final administrativa, o que ocorreu em 27/07/2012. Dizque o acórdão é obscuro ao dispor que o pedido não trata de revisão de ato concessório mas de revisão dos índices dereajustamento pelo Governo Federal. Afirma que não há diferença sobre a interrupção do prazo decadencial quando setrata de ato de concessão ou ato de revisão do benefício previdenciário. Diz que há obscuridade também ao se considerar,no acórdão, que pela ausência do requerimento administrativo nos autos não resta comprovada a interrupção do prazodecadencial, pois o art. 2º da Lei nº 9.099/95 estabelece o princípio da informalidade. Argumenta que, como o indeferimentomenciona que o pedido foi solicitado em 13/11/2003, não era imprescindível a juntada do requerimento para comprovar ainterrupção do prazo de decadência.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.No presente caso, o embargante intitula de obscuridade a adoção de entendimento diverso do por ele defendido.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca a embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

16 - 0005030-83.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005030-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAQUE BRAGA RIBEIRO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉGUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0005030-83.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005030-0/01)RECORRENTE: IZAQUE BRAGA RIBEIROADVOGADO (S): LIDIANE DA PENHA SEGALRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o autor alegou que: (1) não há dúvida na prova testemunhal de que houve o trabalho rural nosanos de 1982 a 1987, como ressaltou o juízo de piso, tanto na sentença, quanto na decisão referente aos embargos.Entretanto afirmou o magistrado que referidos documentos não configuram material de prova, visto que não estão em nomedo mesmo ou de algum dos seus familiares. Os documentos em questão estão em perfeita consonância com o que foidemonstrada por meio de prova testemunhal, uma complementando a outra no que pertine ao vínculo do autor ao campono período questionado. (2) Ainda que o posicionamento do magistrado seja no sentido de que apenas os documentos emnome de parentes podem ser aproveitados, o que se tem demonstrado nos julgados, que os que estejam em nome delesservem como início de prova, o que não exclui a existência de outros que façam essa comprovação. (3) O fato dosdocumentos estarem em nome de terceiro, já é entendimento preponderante da TNU que os documentos referentes àpropriedade rural, ainda que em nome de outra pessoa, servem como início material de prova.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

IZAQUE BRAGA RIBEIRO pediu a condenação do INSS a averbar tempo de atividade rural referente ao período de 1961 a1975 para efeito de, somado ao tempo de contribuição em atividade urbana, obter aposentadoria por tempo de contribuição,NB 154.665.708-5, com proventos integrais. Em audiência, o autor aditou o pedido, requerendo o reconhecimento de tempode serviço rural também no período de 1982 a 1987 (fl. 270), sem objeção expressa do INSS.

Averbação de tempo de serviço rural

O reconhecimento de tempo de serviço depende de início de prova material, sendo vedada a prova exclusivamentetestemunhal (art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91).

Os termos de declaração de proprietários rurais (fls. 30 e 31) não fazem prova em face de terceiros, porque o art. 368 doCPC prescreve que “as declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, presumem-se verdadeiras emrelação ao signatário”, e o parágrafo único ressalva que “quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa adeterminado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em suaveracidade o ônus de provar o fato”. Ademais, os termos de declaração equiparam-se à prova testemunhal, com oagravante de os declarantes não prestarem compromisso formal com a verdade perante autoridade administrativa oujudicial. “A declaração do empregador de que a autora laborou em sua propriedade agrícola é documento que não pode serconsiderado como prova material, pois resume-se numa mera declaração, equivalente às demais provas testemunhais”(EREsp nº 278.995/SP, Rel. Ministro Vicente Leal, DJU 16/9/2002). Outro obstáculo à aceitação dos termos de declaraçãoé a falta de contemporaneidade com os fatos a provar: foram formados em 2010, muitos anos após o autor ter abandonadoo trabalho no campo. O início de prova material precisa ser contemporâneo, conforme prevê a Súmula nº 34 da TurmaNacional de Uniformização.

O único documento aceitável como início de prova material é a certidão de casamento lavrada em 27/7/1974, na qual estáqualificado com a profissão de lavrador (fls. 10 e 135).

O início de prova material não passa de prova indiciária. Não precisa provar o efetivo exercício da atividade rural, masapenas fatos secundários dos quais se possa inferi-la. É a prova testemunhal que, em complementação ao início de provamaterial, deve aprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao trabalho do autor na roça.

A certidão de casamento é suficiente para formar início de prova material, nos termos da Súmula nº 6 da Turma Nacionalde Uniformização. E de acordo com a Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização, “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. O documento formado em 1974 pode ter a eficácia de início de prova material estendidaprospectivamente (para o futuro) e retroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar.Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. JuizFederal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva,DJ 04.09.2009.

Quanto ao período de 1982 a 1987, a certidão de casamento não pode ser aproveitada como início de prova material,porque o autor exerceu atividade urbana entre 1976 e 1981 (fl. 50). O exercício de atividade urbana posterior ao casamentoafasta a admissibilidade da certidão de casamento como início de prova material do exercício de atividade rural no períodoposterior à atividade urbana. O Superior Tribunal de Justiça decidiu, em acórdão submetido ao regime do art. 543-C doCPC, que “a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquelepassa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana” (RESP 1.304.479, Relator Min.Herman Benjamin, Primeira Seção, DJE 19/12/2012). Igual raciocínio deve ser aplicado quando o lavrador identificado nacertidão de casamento é o próprio requerente da averbação de tempo de serviço rural.

Passo a analisar a prova testemunhal quanto à alegação de trabalho rural no período de 1961 a 1975. Segue o teor dos

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depoimentos:

Depoimento pessoal

Que o autor nasceu em Santa Rita, Afonso Claudio; que o pai do autor tinha propriedade rural; que o autor foi morar com otio depois do falecimento do pai; que o autor tinha 8 anos de idade quando seu pai morreu; que depois que o pai morreu oautor continuou trabalhando na propriedade do tio; que ficou trabalhando na propriedade do tio até os 22 anos de idade; quedepois que o tio morreu, o autor continuou trabalhando no local; que depois se casou; que depois de casado ficou mais umano trabalhando no local; que depois de um ano de casado saiu do terreno; que foi para o Rio de Janeiro trabalhar decarteira assinada; que ficou no Rio de Janeiro no período de 1975 e 1976; que depois voltou para a roça; que a propriedadeera em Afonso Cláudio; que depois foi para Alto Piracema; que de Piracema foi para Guarapari; que só foi para Guarapariem 1988; que até hoje mora em Guarapari; que na década de 80 trabalhou na Viação Alvorada; que morou em Vila Velhaem um período de 10 a 11 meses; que em 1975 o autor voltou do Rio de Janeiro para Vila Velha; que depois de Vila Velhafoi para Afonso Cláudio; que trabalhou somente 1 ano em Afonso Claudio; que foi trabalhar para Anquilo Carolino; quetrabalhou 1 ano para Anquilo Carolino; que depois foi trabalhar em uma outra propriedade em Brejetuba; que nessapropriedade de Brejetuba trabalhou 4 anos; que depois foi para Alto Piracema; que em Alto Piracema a propriedade era deAlcino Gomes; que o autor ficou trabalhando 7 anos para Alcino Gomes.

Nilda Ribet da Silva AscacibaQue conhece o autor desde criança; que sempre trabalharam juntos, em grupo ou em família; que depois que o autor secasou, continuou trabalhando no terreno; que até na época que o autor se mudou do lugar, continuou trabalhando no local,que depois que se casou o autor ficou morando no local mais um ano; que depois de um ano morando no local, o autor foiembora; que o autor cultivava milho, feijão e colhia café; que desde os 8 anos de idade, o autor e a testemunhatrabalhavam; que os pais precisavam da ajuda dos filhos, pois tinham muito serviço; que a roça fica em Santa Rita,Brejetuba; que antigamente Brejetuba não era município, mas que hoje é município; que quando o autor se casou, eleestava trabalhando em grupo familiar; que depois de casado o autor ficou um ano trabalhando no mesmo terreno; que semudou primeiramente para o Rio de Janeiro; que depois voltou e veio para a roça; que ficou trabalhando na roça até ele semudar para Guarapari; que quando o autor voltou foi trabalhar no terreno de Sebastião Brum; que depois foi trabalhar noterreno dos Vicente; que depois foi trabalhar em Vargem Grande para a Família Coco; que o nome do dono é Nico Coco;que não sabe se esse realmente era o nome do dono, já que na roça tem a prática de conhecer as pessoas pelo apelido;que o autor também trabalhou para Alcino em Boa Vista, Afonso Claudio; que o autor trabalhou para Alcino quando ele erabem mais novo; que depois voltou para a casa da autora trabalhar; que depois voltou de novo para Alcino; que depois decasado, trabalhou 1 ano no terreno da testemunha; que antes de casar o autor trabalhava em grupo familiar; que depois detrabalhar para Alcino, o autor foi para a colônia de uma pessoa que não lembra o nome; que depois foi para Guarapari,onde está até hoje.

Alcino Gomes de SouzaQue conhece o autor desde 1970, época em que o autor trabalhou para a testemunha; que depois o autor voltou, casou-see trabalhou até 1987/1986; que depois de casado o autor trabalhou bastante; que de 1980 a 1986 o autor trabalhoubastante com a testemunha; que o autor colhia café para a testemunha; que depois que o autor parou de trabalhar para atestemunha, o autor foi para Santa Rita; que depois de Santa Rita o autor foi para Guarapari.

José Maria DelgadoQue conhece o autor desde 1963; que o autor colhia café, capinava o terreno, entre outras funções; que o autor desdecriança trabalhava na roça; que a testemunha mora em Kubitschek, Guarapari; que na época a testemunha morava emBrejetuba; que a testemunha morou em Brejetuba até 1980.

As testemunhas confirmaram que o autor exerceu atividade rural na companhia dos pais desde a infância até cerca de umano após se casar.

Quanto ao termo inicial do trabalho rural, fixo-o em 3/5/1965, data em que o autor completou 12 anos. Nos termos daSúmula 5 da TNU: “A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários”.

Considerando que o autor se casou em 27/7/1974, fixo o termo final do trabalho rural em 1º/7/1975, por arbitramento.

Considero provado que o autor exerceu atividade rural, em regime de economia familiar, no período de 3/5/1965 a1º/7/1975.

O autor tem direito à averbação do tempo de serviço rural para efeito de contagem de tempo de contribuição,independentemente do recolhimento de contribuições. Ressalvo que esse tempo não pode ser considerado para efeito decarência. Aplica-se o art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91: “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data deinício de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes,exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento”.

Conclusão

A averbação do período de 3/5/1965 a 1º/7/1975 representa um acréscimo de 10 anos, 1 mês e 29 dias. Somados aos 24

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anos, 3 meses e 15 dias computados administrativamente pelo réu (fl. 4), o autor completou, até a data do requerimentoadministrativo, 34 anos, 5 meses e 14 dias de tempo de contribuição.

Como não completou 35 anos de tempo de contribuição na data do requerimento administrativo, o autor não tem direito àaposentadoria com proventos integrais. O autor não pediu a concessão de aposentadoria com proventos proporcionais,razão pela qual deixo de analisar se há direito ao benefício nessas condições.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a averbar o tempo de atividade rural referente ao período de3/5/1965 a 1º/7/1975, para todos os fins previdenciários, exceto carência.

Julgo improcedente o pedido de reconhecimento de tempo de serviço rural no período de 1982 a 1987.

Julgo improcedente o pedido de condenação do réu a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição NB154.665.708-5.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

4. Posteriormente foi proferida a seguinte decisão em face de embargos de declaração interpostos pelo autor:

D E C I S Ã O

A sentença considerou que a certidão de casamento lavrada em 27/7/1974 era o único documento aceitável como início deprova material do exercício de atividade rural. Porém, em relação ao período de 1982 a 1987, considerou que o documentonão poderia ser aproveitado como início de prova material, porque o autor exerceu atividade urbana entre 1976 e 1981.

O autor interpôs embargos de declaração arguindo omissão da sentença em se manifestar sobre os documentos referentesà propriedade rural em que teria exercido o labor rural naquele interstício (fls. 34/35, 244/247 e 262). Reconheço a omissão.

Os documentos citados pelo embargante são: Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (fl. 34 e 244/247); Certidão de RGI(fl. 35); recibo de pagamento de imposto de transmissão (fl. 262). Os documentos estão em nome de Alcino Gomes deSouza, pessoa com quem o autor não tem vínculo de parentesco. É pacífico o entendimento da Terceira Seção do SuperiorTribunal no sentido da admissibilidade de documentos em nome de terceiros como início de prova material paracomprovação da atividade rural. Entretanto, analisando o inteiro teor dos julgados, depreende-se que só foram analisadosdocumentos em nome de terceiros que compõem o mesmo grupo familiar do requerente (RESP 501.009; RESP 447655;RESP 509.176; RESP 542.422; AGRESP 522240). Assim, os filhos podem ser beneficiados com documentos em nome dospais, e a esposa pode aproveitar documentos em nome do cônjuge. Entretanto, documentos em nome de fazendeiros semrelação de parentesco com o requerente não podem ser admitidos, porque, isoladamente considerados, não têm nenhumacorrelação lógica, nem mesmo indiciária, com a suposta atividade rural da família da autora.

O embargante ainda alegou que o extrato do CNIS, no qual não consta registro de nenhum vínculo urbano no período de1982 a 1987 (fl. 50), e o termo de declaração subscrito por Alcino Gomes de Souza, proprietário da terra, serviriam comoindício do labor rural. O simples fato de inexistir registro de vínculo de emprego urbano no CNIS não é suficiente paracaracterizar início de prova material de exercício de atividade rural. De igual modo, o termo de declaração subscrito peloproprietário da terra equipara-se à prova testemunhal, não servindo como início de prova material. Aliás, Alcino Gomes deSouza foi ouvido em audiência na condição de testemunha arrolada pelo autor. Porém, o depoimento desacompanhado deinício de prova documental válido é insuficiente para comprovar o tempo de serviço rural.

Isto posto, dou parcial provimento aos embargos de declaração para suprir a omissão, mas sem modificar o resultado dojulgamento.

Intime-se.

5. O recurso restringe-se à questão da averbação de trabalho rural que o autor teria exercido entre 1982 e 1987.Não há início de prova material relativa a tal período em nome do autor. A Defensoria Pública alegou que há julgados queadmitem a formação de início de prova material com documentos em nome de outra pessoa.

5.1. Não obstante, analisando o julgado citado, oriundo das Turmas Recursais de São Paulo, afere-se que consta daementa o seguinte: “... ainda que em nome de outra pessoa, servem como início material de prova Eventuais documentosapresentados em nome de terceiros, sobretudo quando dos pais ou cônjuge, consubstanciam início de prova material dolabor rural...” (fl.291, PROCESSO Nr: 0016055-28.2005.4.03.6306). Repare-se que o julgado, quando refere a documentosem nome de outrem que não o autor do processo, estariam em nome dos pais do autor ou de seu cônjuge. O julgadoretrata situação distinta da que ocorre nos autos. A decisão proferida em face dos embargos de declaração esclareceu tal

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dado, ao afirmar que “...Os documentos estão em nome de Alcino Gomes de Souza, pessoa com quem o autor não temvínculo de parentesco.”.

5.2. Em suma: como bem anotou o Juízo a quo, não há início de prova material relativo ao período entre 1982 a1987.

6. Fato superveniente: alegação de que o autor teria realizado novas contribuições como segurado urbano que,somadas ao tempo averbado na sentença e aos períodos já reconhecidos pelo INSS, ultrapassariam o patamar de 35 anosde contribuição.

6.1. Como bem observou o INSS nas contrarrazões, o fato alegado configura inovação recursal. Com efeito, o objetoda demanda era a averbação de períodos laborados como segurado especial, e não houve oportunização, em 1º instância,para manifestação do réu a respeito de contribuições vertidas após o ajuizamento da ação.

6.2. Conclusão: o fato novo alegado não pode ser considerado como “superveniente” para os fins do art. 462 do CPC,haja vista que é desconexo do fundamento (causa de pedir) sobre qual se embasa a pretensão lançada na inicial. Destemodo, o autor deve submeter tal fato ao INSS, por meio de novo requerimento administrativo.

7. Conclusão: a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

8. RECURSO NÃO CONHECIDO no que refere ao fato superveniente alegado. RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO no que refere ao pedido de averbação de labor rural supostamente exercido entre 1982 e 1987. Semcondenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da assistência judiciáriagratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

17 - 0005364-20.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005364-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARIA APARECIDAZORZANELELLI (ADVOGADO: ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN, ES012411 - MARCELO CARVALHINHOVIEIRA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0005364-20.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005364-7/01)RECORRENTE: MARIA APARECIDA ZORZANELELLIADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI, MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, MARIA DACONCEICAO CHAMUNRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora (fls. 168/172) e pelo INSS (fls. 174/177) em face do acórdão quenegou provimento aos recursos inominados interpostos por ambas as partes, mantendo a sentença que julgou procedenteapenas o pedido de declaração de tempo de serviço especial nos períodos ali especificados e julgou improcedente o pedidode conversão de aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial. Alega a autora, em seus embargos,que o acórdão contém omissão sobre o direito constitucional previsto no art. 201, § 1º da CF/88 e quanto ao princípio daisonomia (art. 5º caput e inciso I da CF/88). Diz que a decisão do STJ no sentido de que o nível de ruído exigido deve seraquele previsto nos decretos não pode vingar. Argumenta que o princípio tempus regit actum não deve ser aplicado aopresente caso, pois não se trata de matéria legal, mas sim de questão médico-biológica, não podendo ser fixadadiferentemente no tempo e espaço. O INSS, por sua vez, alega que o acórdão é omisso quanto à incidência dos artigos195, § 5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionais referentes ao tema dautilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa em majoração de benefícioprevidenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos e critérios diferenciados para aconcessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada pela parte autora, tendo em vista que o acórdão adotou o entendimento da1ª Seção do STJ, proferido em incidente de uniformização, pelo que não faria sentido discorrer sobre todos os dispositivosconstitucionais que envolvem a questão.

3. Também não se configura a omissão apontada pelo INSS, pois a sentença, cujos fundamentos restarammantidos, tratou expressamente da questão, baseando-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado), bem como em acórdão da mesmaTNU, de 20/04/2012, no qual esta decide por manter aquele entendimento, em julgamento de pedido de uniformização dejurisprudência em que se discutia a utilização de EPI eficaz.4. Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

18 - 0002237-40.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002237-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x ILSON SPERÂNDIO (ADVOGADO:ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE.).PROCESSO: 0002237-40.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002237-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇALRECORRIDO: ILSON SPERÂNDIOADVOGADO (S): VALTER JOSÉ COVRE*

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – EXERCÍCIO DE MANDATO DEVEREADOR NO MESMO MUNICÍPIO ONDE O AUTOR POSSUI PROPRIEDADE RURAL, EM LEGISLATURAENCERRADA ANTES DA LEI 11.718/08 – CARÁTER INTERPRETATIVO DA NORMA INSERIDA NO INCISO V DO § 9ºDO ART. 11 DA LEI 8.213/91 POR MEIO DAQUELA LEI (LEI 11.718/08) - RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso o INSS alegou: 1) que o fato do recorrido ter exercido o cargo de vereador entre os anos de 2001e 2004 e de ter recolhido contribuições na qualidade de contribuinte individual no período de 1999 a 2010 já odescaracterizava da condição de segurado especial; 2) que não condiz a afirmação de que o recorrido continuou a retirarseu sustento do campo, pois se considerar que o salário mínimo no ano de 2001 (a partir do mês de março) era de R$180,00 (cento e oitenta reais), em que recebia o autor R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta reais) por mês, sua rendaequivalia mais de 4 salários mínimos, em que se considerar o valor do salário mínimo atual, e como se a renda do autorsuperasse os R$3.000,00 (três mil reais); 3) que apesar da valoração do material probatório realizado pelo juízo de primeirograu, o recorrido retirou seu sustento não apenas da atividade campesina, e esse fato é bastante para a descaracterizaçãode sua condição de segurado especial; 4) que conforme depoimento da 3ª testemunha o autor exerce a atividade demotorista, no qual trabalha transportando alunos no turno matutino para escola, tendo a ajuda de seus filhos, que após otransporte vai para a lavoura, que mesmo que se considere que a atividade de motorista era exercida exclusivamente pelosfilhos do recorrido, é evidente que o proveito econômico dessa atividade lhe beneficiava, já que o recorrido era o proprietáriodo veículo.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

O autor pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhador rural.

O trabalhador rural tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde que complete a idademínima de 60 anos e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 143 da Lei nº 8.213/91).

O autor já havia completado a idade mínima na data de entrada do requerimento administrativo, preenchendo o primeirorequisito do benefício.

A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material: certidão de casamentoem 15/4/1972 em que consta a profissão de lavrador do autor (fl. 18); carteira do sindicato dos trabalhadores rurais deItarana com admissão do autor em 4/9/1972 (fl. 21); declaração do sindicato rural de Santa Tereza de que o autor trabalhoucomo meeiro de 15/4/1972 a 13/7/1988 na propriedade de Eduardo Degasperi (fls. 44/45); ficha de matrícula escolar de filhoem 5/3/1996 em que consta a profissão de lavrador do autor (fl. 51); ficha médica da Secretaria Municipal de Saúde doautor com atendimentos durante toda década de 90 em que consta a profissão de lavrador (fls. 53/54); notas fiscais deprodutor com emissões em 2010 e 2011 (fls. 56/58); carteira do sindicato de Itarana com nova filiação em 3/1/2011 (fl. 59);escritura pública de compra e venda em que o autor adquire propriedade rural em 14/7/1988 (fls. 60/61); documentos dapropriedade rural (fls. 62/74); declaração do sindicato dos trabalhadores rurais de Itarana (fls. 75/76).

O início de prova material não passa de prova indiciária. Não precisa provar diretamente o efetivo exercício da atividaderural, mas apenas fatos secundários dos quais se possa inferi-la. Por isso, a prova documental frágil é suficiente paraformar início de prova material. É a prova testemunhal que, em complementação ao início de prova material, deveaprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao efetivo trabalho na lavoura ou na pecuária.

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A prova testemunhal produzida complementa satisfatoriamente o início de prova material. Seguem os depoimentos a seguirresumidos.

Depoimento PessoalQue reside em Pedra Alegre há 64 anos; que sempre residiu e trabalhou em Pedra Alegre; que nunca trabalhou fora dazona rural; que é trabalhador rural; que o primeiro local onde o depoente trabalhou é de propriedade de Eduardo Degasperi;que trabalhou no terreno do Sr. Eduardo por 35 anos, como meeiro; que deixou de trabalhar para o Sr. Eduardo, poiscomprou uma pequena propriedade; que após comprar a sua pequena propriedade, o depoente passou a não trabalharpara outros agricultores da região; que cultiva café, feijão e milho; que o depoente não tem funcionários que trabalham emsua propriedade; que somente o depoente e sua família trabalham na propriedade; que a esposa do depoente sempretrabalhou na zona rural; que a esposa do depoente sempre o ajudou com o trabalho rural; que o depoente já foi vereador;que exerceu apenas um mandato de 2001 a 2004; que pagou a contribuição previdenciária ao INSS por 11 anos; que odepoente pagou, pois achava que poderia se aposentar como autônomo, mas lhe falaram que isso não seria possível; quena época em que o depoente exerceu o mandato, ele continuou residindo na zona rural de Pedra Alegre; que não foinecessário o depoente se mudar para o centro de Itarana, em decorrência do cargo político; que só comparecia na Câmarados Vereadores para sessão semanal; que as sessões ocorriam sempre à noite e isso não o impossibilitava de exercer olabor rural durante o dia; que conciliou o mandato de vereador com o labor rural; que o depoente está separado de suaesposa há vinte anos; que tem uma van; que a van do autor transporta alunos na região rural; que comprou a van em 2001;que era o filho do depoente quem trabalhava com o transporte de alunos; o responsável pelo transporte dos alunos daregião; que o filho do autor tem 40 anos; que o depoente não ajudava os filhos com o transporte de alunos; que o depoentejá dirigiu algumas vezes a van, mas isso não é comum; que o autor tem quatro filhos e eram eles os responsáveis porrealizar o transporte dos alunos; que o transporte de alunos era feito das 6 às 7 horas da manhã e das 11 às 12 horas damanhã; que o único veiculo do depoente é a van, utilizada pelos filhos do autor; que só comprou a van, pois o filho dodepoente não conseguiu financiá-la em seu nome.

1ª Testemunha – Vergílio Nepomuceno de PaulaQue conhece o autor desde a infância; que o autor sempre residiu em Pedra Alegre, Santa Tereza; que o autor já foivereador; que o autor foi vereador por um mandato; que o autor tem um terreno rural; que é o autor quem trabalha na suapropriedade rural; que o autor tem esse terreno rural há mais de 25 anos; que são os filhos do autor os responsáveis pelotransporte de alunos; que já viu o autor dirigindo a van algumas vezes; que não é constante ver o autor transportandoalunos; que o horário de transporte de alunos é às 6 horas e 40 minutos e depois às 11 horas e 40 minutos; que entre esteshorários os motoristas não transportam alunos; que não há transporte de alunos no turno vespertino; que o autor cultivamilho, café e feijão; que o autor não tem funcionários; que o autor nunca teve funcionários para trabalharem em suapropriedade; que somente a família do autor trabalha na propriedade dele; que Pedra Alegre fica na divisa com Itarana; queantes do autor comprar a propriedade onde ele mora atualmente, ele era meeiro; que o autor já foi meeiro na propriedadede Eduardo de Degasperi; que o autor se casou quando trabalhava na propriedade do Sr. Eduardo; que após o autor seseparar de sua esposa, ele continuou morando e trabalhando em sua propriedade; que a esposa do autor é aposentadarural; que vê constantemente o autor trabalhando na lavoura.

2ª Testemunha – Hilton Walcyr BridiQue conhece o autor há quarenta anos; que o autor tem um terreno em Pedra Alegre; que o autor cultiva café, milho efeijão; que a propriedade do autor é pequena; que a colheita de café do autor é em média 30 sacas de café; que o autor foivereador por um mandato; que o autor continuou residindo em Pedra Alegre no período em que foi vereador; que noperíodo em que o autor exerceu o mandato político, ele continuou trabalhando na área rural; que o autor tem uma van; quenão sabe há quanto tempo o autor tem esse veiculo; que é o filho do autor quem trabalha transportando alunos; que nãosabe o período em que os alunos são transportados; que o autor não tem funcionários que trabalham em sua propriedade;que o autor nunca trabalhou fora de Pedra Alegre; que o depoente é vizinho do autor.

3ª Testemunha – Wilton PostinchelQue conheceu o autor quando era criança; que o autor foi vereador por um mandato; que o autor possui um veiculo detransporte; que é o autor que trabalha transportando alunos; que os filhos do autor o ajudam com o transporte de alunos;que o transporte de alunos ocorre somente no turno matutino; que depois que o autor transporta os alunos à escola, ele vaitrabalhar na lavoura; que o horário que o transporte funciona é às 7 horas da manhã e às 11 horas da manhã; que nointervalo entre esses horários o autor trabalha na lavoura; que o veículo do autor é uma van; que atualmente quem trabalhana propriedade do autor é somente ele e o filho; que o autor não possui funcionários para ajudar com o labor rural; que apropriedade do autor é muito pequena; que a produção de café do autor é de aproximadamente 40 sacas; que o autor játrabalhou de meeiro para o Eduardo de Degasperi e para o filho do Sr. Eduardo; que acredita que o autor receba umaquantia pelo serviço de transporte da Prefeitura de Itarana.

O INSS argumentou que, apesar de o autor ter comprovado ser lavrador nos termos da entrevista administrativa de fl.77/78, ele possui vínculos urbanos e recolhimento como autônomo até 2010, motivo pelo qual não pode ser enquadradocomo segurado especial.

O CNIS (fls. 81/84) registrou o mandato do autor como vereador de 1º/1/2001 a 12/2004, além de recolhimentos naqualidade de contribuinte individual de 1999 a 2010 com alguns intervalos. Em relação ao tempo em que foi vereador, talperíodo não foi suficiente para descaracterizá-lo como trabalhador rural. Ademais, a prova testemunhal demonstrou que oautor continuou morando na propriedade e trabalhando na roça, já que as reuniões na Câmara de Vereadores lhe permitiamcontinuar trabalhando na lavoura.

Page 33: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Em relação aos recolhimentos como autônomo, o autor esclareceu que efetuou recolhimento com objetivo de obterbenefício com valor superior ao mínimo. Ainda que se admitisse que o autor trabalhou um tempo como motorista, aindaassim ele não perdeu a qualidade de segurado especial porque continuou trabalhando na roça e dela extraindo seusustento. Ademais, ficou esclarecido que a atividade de transporte escolar é exercida principalmente pelos filhos do autor.

O art. 48, § 2º, da Lei nº 8.213/91 admite que a atividade rural seja descontínua para fins de concessão de aposentadoriapor idade de trabalhador rural. O exercício de atividade urbana intercalada não constitui motivo suficiente para tornarineficaz todo o tempo de serviço rural. A TNU já uniformizou o entendimento de que o tempo de serviço rural não ficadescaracterizado pelo exercício de atividade urbana durante curtos períodos de forma intercalada com atividade rural dentrodo período de carência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. Juiz Manoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ 19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza JoanaCarolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF 0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013). Oque importa é que, descontados os períodos de atividade urbana, a soma dos períodos de atividade rural cubra tempoequivalente à carência demandada para a concessão do benefício.

Para ter direito à aposentadoria por idade, é preciso também comprovar a duração do exercício da atividade rural, aindaque descontínua, pelo tempo mínimo correspondente à carência do benefício. Normalmente, a carência da aposentadoriapor idade corresponde a 180 meses (art. 25, II, da Lei nº 8.213/91). Entretanto, para quem começou a exercer atividaderural antes de 24/07/1991, aplica-se a tabela gradativa prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91, segundo a qual o período decarência aumenta gradativamente conforme o ano de implementação das condições para o deferimento do benefício.

O autor implementou as condições para a aposentadoria por idade no ano em que completou 60 anos de idade, ou seja, em2009. Segundo o art. 142 da Lei nº 8.213/91, para quem implementou todas as condições naquele ano, a carência exigidaera de 168 meses. E a prova testemunhal demonstrou que o autor exerceu atividade rural por mais de trinta anos.

Enfim, todos os requisitos para a concessão da aposentadoria rural por idade foram preenchidos. Por isso, o autor temdireito ao benefício a que se refere o art. 143 da Lei nº 8.213/91 com efeitos retroativos à data de entrada do requerimentoadministrativo.

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento do autor depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o réu a conceder à parte autora a aposentadoria por idade NB 153.733.998-0 comefeitos retroativos à data de entrada do requerimento administrativo.

...Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. A Lei 11.718/08 alterou o § 9º do artigo 11 da Lei 8.213/91, que passou a ter um inciso V com a seguinte dicção:“§ 9º 9o Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrentede: ... V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente decooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº8.212, de 24 de julho de 1991;”.

5. Sob meu ponto de vista, tal dispositivo tem caráter interpretativo. Vale dizer: algum segurado especial que, antesda vigência da Lei 11.718/08 exerceu mandato de vereador no mesmo município onde se situa a sua propriedade, não podedeixar de ser considerado segurado especial sob o argumento de que a referida norma não poderia retroagir. Sendo normainterpretativa, a mesma se aplica para suportes fáticos a ela anteriores e posteriores.

6. O transporte escolar feito no turno matutino não descaracteriza a condição de segurado especial, visto querestou evidenciado pelo depoimento da 3ª testemunha que, após a realização desse trabalho, o autor labora na lavoura noperíodo vespertino.

7. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

8. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

19 - 0006248-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006248-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELO FONTES DAPENHA (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0006248-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006248-2/01)

Page 34: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

RECORRENTE: MARCELO FONTES DA PENHAADVOGADO (S): JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

20 - 0003086-12.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003086-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLYDES VON RONDOMMARIANELLI (ADVOGADO: ES015939 - FABIO SOARES BAYERL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0003086-12.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003086-0/01)RECORRENTE: MARLYDES VON RONDOM MARIANELLIADVOGADO (S): FABIO SOARES BAYERLRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

Autos n.º 0003086-12.2013.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, a autora alegou: 1) que embora tenha se mudado da zona rural, ainda possui propriedade nolocal e o principal sustento da família vem de tal propriedade; 2) que conforme relatado pelas testemunhas mudou-se para acidade após o ano de 1996, não sabendo ao certo o ano que tal mudança ocorrerá, mas não 1993, conforme erroneamentefoi interpretada/ouvida a gravação do depoimento; 3) que conforme demonstrado por documentos juntados aos autos etestemunhas, desde ano de 1975 em que se casou, até o ano de 1996 era trabalhadora rural; 4) que o Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Colatina, emitiu Declaração de Exercício de Atividade Rural da recorrente demonstrando o períodocompreendido de setembro de 1976 até agosto de 2007, em que restou comprovado que exerceu mais de 21 anos deatividade rural, ultrapassando o limite necessário para a concessão da aposentadoria por idade.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

MARLYDES VON RONDOM MARIANELLI pediu a condenação do INSS a conceder aposentadoria por idade de trabalhadorrural.

O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde quecomplete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

A autora completou 55 anos de idade em 7/12/2006. Requereu a aposentadoria em 26/10/2010. De acordo com o art. 142

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da Lei nº 8.213/91, a autora precisa comprovar pelo menos 150 meses de atividade rural até a data em que completou 55anos de idade. Ocorre que esse tempo de serviço rural precisa ser provado no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício. E a autora parou de trabalhar na roça muito antes de completar o 55º aniversário. Emdepoimento pessoal, a autora confessou ter se mudado para Vitória em 1993, quando passou a exercer a profissão decostureira. A primeira testemunha declarou que a autora se mudou para a Grande Vitória em 1997 e 1998 e passou atrabalhar como costureira. Eis o teor dos depoimentos:

Depoimento Pessoal

Que trabalhou por muitos anos como lavradora; que a depoente se mudou para a Grande Vitória quando o seu filho tinhadezoito anos; que a depoente e seu marido trabalharam por muitos anos como lavradores; que parou de trabalhar comoprofessora em 1980; que a partir de 1980 passou a ajudar o seu marido na lavoura; que parou de trabalhar comoprofessora por complicações na gravidez e posteriormente houve problemas de enchente na região que não a deixavamsair de casa para trabalhar; que por esses problemas não conseguiu mais emprego como professora e teve que trabalharna lavoura; que o terreno onde a autora trabalhava com o marido era do sogro da depoente; que trabalhava na propriedadedo Sr. Ângelo Marianelli; que não lembra quando se mudou para Vitória, mas acha que foi 1993; que a depoente se casouem 1975; que foi em 1975 que começou a trabalhar na lavoura com o seu marido; que nasceu em 07 de dezembro de1951; que se mudou da área rural por brigas familiares; que quando se mudou para Vitória começou a trabalhar decostureira para a sua irmã.

1ª Testemunha – Jose Gonçalves da Silva

Que conhece a autora há muitos anos; que quando conheceu a autora ela era lavradora; que morou no Rio de Janeiro entreos anos de 1989 e 1996, no entanto fazia visitas constantes à autora; que nessas visitas constantes sempre via a autoratrabalhando na lavoura; que a autora se mudou para Vitória pouco tempo depois que o depoente se mudou; que o depoentese mudou para Vitória em novembro de 1996; que reside em Guarapari; que em 1996 o depoente residia em Vila Velha, e,posteriormente a autora se mudou para o mesmo bairro; que não sabe ao certo quando a autora se mudou para Vila Velha,mas acha que foi entre 1997 e 1998; que depois que a autora e o seu marido vieram morar em Vitória eles continuaram a irà área rural da família; que o ex-marido da autora é pedreiro e a autora é costureira.

2ª Testemunha – Alverino Tessaro

Que conhece a autora há 45 anos; que na época que conheceu a autora ela trabalhava de professora durante a manhã e atarde ela trabalhava na lavoura; que o ex-marido da autora era lavrador; que no período que a autora trabalhou comoprofessora ela continuou trabalhando na lavoura; que após a autora se mudar para Vitória ela continuou trabalhando nalavoura, ela ia para a propriedade trabalhava e depois voltava para Vitória; que a autora ia para a zona rural trabalharporque ela não conseguia trabalho; que não lembra quando a autora se mudou para Vitória, mas acha que tem uns dezanos.

A autora completou essa idade mínima em 2006. Quando completou a idade mínima, com certeza já havia muitos que nãotrabalhava na roça. Nesse caso, por não ter exercido atividade rural “no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício” (ou, não havendo requerimento administrativo, no período imediatamente anterior àquele em que completou 55anos de idade), a autora não tem direito ao benefício previsto no art. 39, I, da Lei nº 8.213/91. O STJ já pacificou oentendimento de que o trabalhador rural que abandona o campo antes de completar a idade mínima não tem direito àaposentadoria por idade de segurado especial:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS: IDADE E COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADEAGRÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. ARTS. 26, I, 39, I, E 143, TODOS DA LEIN. 8.213/1991. DISSOCIAÇÃO PREVISTA NO § 1º DO ART. 3º DA LEI N. 10.666/2003 DIRIGIDA AOS TRABALHADORESURBANOS. PRECEDENTE DA TERCEIRA SEÇÃO.1. A Lei n. 8.213/1991, ao regulamentar o disposto no inc. I do art. 202 da redação original de nossa Carta Política,assegurou ao trabalhador rural denominado segurado especial o direito à aposentadoria quando atingida a idade de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, § 1º).2. Os rurícolas em atividade por ocasião da Lei de Benefícios, em 24 de julho de 1991, foram dispensados do recolhimentodas contribuições relativas ao exercício do trabalho no campo, substituindo a carência pela comprovação do efetivodesempenho do labor agrícola (arts. 26, I e 39, I).3. Se ao alcançar a faixa etária exigida no art. 48, § 1º, da Lei n. 8.213/91, o segurado especial deixar de exercer atividadecomo rurícola sem ter atendido a regra de carência, não fará jus à aposentação rural pelo descumprimento de um dos doisúnicos critérios legalmente previstos para a aquisição do direito.4. Caso os trabalhadores rurais não atendam à carência na forma especificada pelo art. 143, mas satisfaçam essa condiçãomediante o cômputo de períodos de contribuição em outras categorias, farão jus ao benefício ao completarem 65 anos deidade, se homem, e 60 anos, se mulher, conforme preceitua o § 3º do art. 48 da Lei de Benefícios, incluído pela Lei nº11.718, de 2008.5. Não se mostra possível conjugar de modo favorável ao trabalhador rural a norma do § 1º do art. 3º da Lei n. 10.666/2003,que permitiu a dissociação da comprovação dos requisitos para os benefícios que especificou: aposentadoria porcontribuição, especial e por idade urbana, os quais pressupõem contribuição.6. Incidente de uniformização desprovido.(Pet 7476/PR, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, rel. p/ acórdão Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em

Page 36: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

13/12/2010, DJe 25/04/2011)

No mesmo sentido, considerando a impossibilidade de concessão do benefício quando o segurado deixou de exerceratividade rural antes de completar a idade mínima para a aposentadoria, posiciona-se a Turma Nacional de Uniformização:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. SEGURADO ESPECIAL. INDISPENSABILIDADE DO EXERCÍCIODE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO OU AOIMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO. ENTENDIMENTO UNIFORMIZADO PELO STJ. PET 7476/PR. 1. A requerentealegou no incidente de uniformização ter completado a idade mínima para aposentadoria de trabalhador rural em 2003.Confessou que abandonou a atividade rural em 1993, mas sustentou ter direito à aposentadoria por idade ao completar 55anos, por ter exercido atividade rural em tempo equivalente à carência do benefício. 2. No julgamento da PET 7.476/PR, oSuperior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que é necessária a comprovação da atividade agrícola noperíodo imediatamente anterior ao requerimento de aposentadoria. Também negou a possibilidade de cumprimento nãosimultâneo dos requisitos da aposentadoria por idade de trabalhador rural, ao pontuar que “Não se mostra possível conjugarde modo favorável ao trabalhador rural a norma do § 1º do art. 3º da Lei n. 10.666/2003, que permitiu a dissociação dacomprovação dos requisitos para os benefícios que especificou: aposentadoria por contribuição, especial e por idadeurbana, os quais pressupõem contribuição”. 3. Se o segurado especial deixa de exercer atividade rural antes dorequerimento administrativo ou antes de completar o requisito etário, não tem direito à aposentadoria por idade,independentemente de ter anteriormente completado tempo de serviço rural equivalente ao período de carência. 4. Oincidente de uniformização de jurisprudência pressupõe demonstração de contrariedade a súmula ou jurisprudênciadominante do Superior Tribunal de Justiça (art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001). Se os julgados indicados como paradigmasnão representam a jurisprudência dominante da Corte, não cabe incidente de uniformização. 5. Incidente não conhecido.(Processo 0002909-56.2006.4.03.6314, Relator Juiz Rogério Moreira Alves, DOU 30/03/2012)

PREVIDENCIÁRIO. RURÍCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR À SAÍDA DO CAMPO. APOSENTADORIA.EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO.NÃO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE. 1. Os precedentes da TerceiraSeção do Superior Tribunal de Justiça relativos à desnecessidade de implemento simultâneo dos requisitos para concessãode uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de trabalhador urbano, e não de trabalhadorrural, como se infere da análise do EREsp. nº 502420/SC (rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, julg. 11.05.2005, DJ23.05.2005), bem assim do EREsp. nº 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ 10.04.2006) e doEREsp. nº 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005). 2. Como se extrai dos artigos 39, inciso I; 48,§ 2º; e 143, todos da Lei nº 8.213, de 1991, preocupou-se o legislador (prova disto é a reiteração da exigência em trêsartigos distintos) em condicionar a outorga de aposentadoria àqueles que comprovem exercício de atividade rurícola noperíodo imediatamente anterior ao requerimento. Teve por escopo, destarte, amparar aqueles trabalhadores que estejamde fato à margem do mercado formal de trabalho e, mais especificamente, do mercado urbano. Destinam-se as normas,portanto, àqueles que labutam sem perspectiva de lograr uma aposentadoria do regime contributivo. 3. O artigo 3º, § 1º, daLei nº 10.666, de 2003 (“Na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será consideradapara a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondenteao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício”), como se infere de seu próprio teor “há expressareferência ao tempo de contribuição” está a tratar das aposentadorias por idade urbanas, eis que, nas rurais, inexistemcontribuições por parte do segurado especial. 4. Pedido de uniformização improvido. (PEDILEF 2007.72.95.004435-1, Rel.Juíza Joana Carolina Pereira, DOU 04/09/2009)

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

4. A tese recursal é de que a autora, mesmo tendo se mudado “para a cidade após o ano de 1996...” (fl.187), teriacontinuado a extrair seu sustento a partir do trabalho rural.

5. A teor dos depoimentos, a mudança ocorreu para a cidade de Vitória-ES. Parece-me inviável que a autora, apósmudar-se para Vitória-ES, tenha continuado a retirar o seu sustento de uma propriedade rural situada em Colatina-ES,município que dista cerca de 130 km de Vitória-ES. Com efeito, o valor gasto com tal deslocamento contínuo (ao menossemanal) iria elevar em muito o custo de alguém que afirma ser segurado especial. É plenamente possível que alguém quevive de renda oriunda de atividade agrícola também mantenha residência em cidade a 130 km de distância da propriedadeagrícola; contudo, tal pessoa com certeza será um empresário (contribuinte individual), e não um segurado especial.

6. Logo, não importa se a mudança ocorreu em 1993 ou em 1996, o fato é que, mesmo se considerarmos essa última data,a mesma se deu 10 anos antes de a autora implementar o requisito etário.

7. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

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8. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

21 - 0006388-88.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006388-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTO CARLOSRODRIGUES COSTA (ADVOGADO: ES011096 - EDUARDO SANTOS SARLO, ES012977 - LEONARDO VIVACQUAAGUIRRE, ES012873 - KAMYLO COSTA LOUREIRO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES010864 -LEONARDO JUNHO GARCIA.).PROCESSO: 0006388-88.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006388-5/01)RECORRENTE: ROBERTO CARLOS RODRIGUES COSTAADVOGADO (S): EDUARDO SANTOS SARLO, KAMYLO COSTA LOUREIRO, LEONARDO VIVACQUA AGUIRRERECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): LEONARDO JUNHO GARCIA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou extinto o processo, semapreciação do mérito, no que tange ao pedido de dano material, em razão da perda do objeto, com base no art. 267, VI, doCódigo de Processo Civil c/c art. 1º da Lei nº 10.259/2001, bem como julgou improcedente o pedido de condenação daCaixa Econômica Federal – CEF ao pagamento de indenização por danos morais decorrentes do não processamento dopagamento de DUA realizado através da internet em 09/09/2009, dia seguinte ao feriado na Cidade de Vitória. Alega orecorrente que em virtude de comportamento negligente e desrespeitoso da recorrida, enfrentou profundo desgastepsicológico, mental e físico, pois gastou horas e horas entre visitas ao DETRAN/ES e CEF para resolver quitação de multaque se encontrava já paga. Diz que é idoso e que depende de seu veículo para se locomover, tendo sido obrigado atransitar irregularmente entre as datas de 09/09/2009 (data em que pagou pela 1ª vez a multa de trânsito) e 25/09/2009(data em que pagou pela 2ª vez a multa de trânsito), sujeitando-se permanentemente ao perigo de ser multado por infraçãogravíssima e ter seu veículo apreendido, passando assim por grave constrangimento moral.

2. Eis o teor da sentença:

Vistos, etc. Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei n.º: 9.099/95. Passo a decidir:O autor postula obter indenização por danos materiais e morais, decorrentes da má prestação de serviço pela CEF, que,através de seu sistema informatizado, não processou o pagamento de DUA realizado através da “internet” em 09/09/2009,dia seguinte ao feriado na Cidade de Vitória.Preliminarmente, afasto o dano material, pois a própria Ré demonstra que dois meses após o ocorrido ressarciu o valor naconta do Autor (em 12/11/2009), havendo perda do objeto da ação nesse sentido, a despeito de após o Autor ter darentrada com o protocolo da ação (em 22/10/2009), a lide somente se formou em22/02/2010, com a citação da Ré,subsistindo apenas a discussão do dano moral.Em sua contestação, a CEF, fls. 30/46, admite que através de seu sistema somente poderia processar o pagamento dotributo com juros, efetuado logo no dia útil imediatamente posterior ao vencimento, devido se tratar de arrecadação estadualvencida em 08/09/2009 e paga fora da data de vencimento.Ora, toda a lide se restringe em saber se a CEF está obrigada a processar o pagamento da conta no dia seguinte ao seuvencimento quando for feriado, momento em que o Autor fez o pagamento, ou por ser feriado, poderia processar apenas nodia anterior à cobrança, conforme fls. 15 dos autos e cópia do extrato da conta do Autor de fls. 51/52.O Autor traz a lume a Lei Federal nº 7.089, de 23 de março de 1983, que veda a cobrança de juros de mora sobre título cujovencimento se dê em feriado, sábado ou domingo. Alega o Autor que a lei faculta seja o pagamento realizado no primeirodia subseqüente do vencimento, em caso de feriado, e que não consta na referida lei se se trata de feriado municipal,estadual ou federal.De fato, a lei está em vigor e não se encontra expressamente revogada, contudo, após a Constituição de 1988, os entesfederativos se tornaram muito mais autônomos em relação à sua competência, estando repartida a competência emrelação aos seus tributos, no art. 146 da Constituição. Somente lei complementar poderá disciplinar qualquer questãorelacionada à cobrança de tributos ou penalidades decorrentes dos mesmos, na forma do Código Tributário Nacional. É oart. 155, em seu inciso III, da Constituição que dá a competência aos Estados para instituir impostos sobre a propriedade deveículos automotores.Assim, a despeito da lei federal poder disciplinar o pagamento de títulos e processamento dos mesmos pelas instituiçõesbancárias, não tem o condão de determinar que, quando se trata de tributo ou penalidade decorrente de licenciamentoestadual ou municipal, o vencimento das dívidas possam ser postergados para o dia posterior da cobrança. A uma porque oAutor, como dito pela Ré, poderia ter mesmo realizado o pagamento pela internet no próprio dia do vencimento e preferiuquitar no dia útil posterior ao vencimento, ainda que o documento tenha expressamente a informação de que não poderáser pago posteriormente ao vencimento, devendo a pessoa se dirigir novamente ao CIRETRANS ou “internet” para requereruma segunda via. A duas porque a questão se refere ao próprio Estado Federativo, que pode regular suas normastributárias de acordo com a repartição definida na própria Constituição.NA audiência de conciliação, instrução e julgamento, a Ré ofereceu proposta de acordo ao Autor, por ser o mesmo clienteda instituição bancária, mas o valor de R$1.000,00 (hum mil reais) foi recusado pelo Autor. Na audiência já houve adiscussão se na verdade a lide não deveria ser contra o DETRAN que expediu uma multa de trânsito com vencimento até

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um dia que é feriado estadual e posteriormente não aceitar o pagamento realizado em dia posterior.A CEF não se recusou a processar o título sem juros, tanto que o fez e encaminhou ao órgão estadual, que o recusou.Ainda administrativamente a Ré propôs o pagamento da dívida junto ao DETRAN para o Autor e o ressarcimento do valoranteriormente pago, que também à época não foi aceito pelo Autor, pois ele já havia quitado a multa em 25/09/2009,conforme comprova à fl.16 dos autos.No entanto, assiste razão a Ré quando alega que não há obrigação de indenizar ao Autor por dano moral, por se tratar demero aborrecimento.Deste modo, há necessidade de que fique evidenciado o nexo de causalidade entre a ação do prestador de serviço e odano, a fim de que haja responsabilidade do primeiro. No caso dos autos, não ficou demonstrado o dano suportado peloautor, pois a CEF não está obrigada a pagar os juros de mora do Autor quando se tratar de feriado, e o órgão estadual nãoacatar o pagamento em dia posterior ao vencimento, posto que a Constituição Federal autoriza que o próprio Estado regulea questão.Ademais, o dano sofrido pelo Autor se deu em decorrência do próprio DETRAN e não da Caixa, mera repassadora docrédito, podendo o Autor buscar ressarcimento pelo ocorrido em ação própria dirigida àquele órgão.O fato de que o Autor fiou-se na regra de pagamento posterior ao dia do vencimento por se tratar de feriado, traduz-se emmero aborrecimento, na medida em que o próprio Autor contribuiu para que o dano ocorresse e também porquecorriqueiramente vivemos situações propiciadas pelas benesses do sistema de informática, mas que, reversamente, podeapresentar problemas posteriores e não há como automaticamente, por este fato, decorrer o dano moral.Neste sentido, tem entendido a jurisprudência, conforme a seguinte decisão que cito, in verbis:“Responsabilidade civil – Dano moral – Configuração – Princípio da lógica do razoável – Na tormentosa questão de saber oque configura o dano moral, cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da sensibilidade ético-socialnormal. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível, e o homem deextremada sensibilidade. Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ouhumilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lheaflição, angústia e desequilíbrio em seu bemestar, não bastando mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ousensibilidade exarcebada.” (TJRJ, Apelação Civil, número do processo: 8.218/95, Órgão Julgador: Segunda Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Des. Sergio Cavalieri Filho).Cumpre ressaltar, por fim, que incumbe à parte autora provar, durante a fase cognitiva, os danos morais experimentados, afim de justificar o pedido de reparação, por ser fato constitutivo do direito que alega (artigo 333, I, do Código de ProcessoCivil). Pelas informações constantes dos autos a CEF tentou resolver a questão com o Autor, tanto administrativa comojudicialmente, e mais não foi quem deu causa ao dano sofrido pelo Autor, razão pela qual afasto sua responsabilidade pelosdanos alegados pelo Autor.Isto posto,a)JULGO EXTINTO O PROCESSO, sem apreciação do mérito, no que tange ao pedido de dano material, em razão daperda do objeto, com base no art. 267, VI, do Código de Processo Civil c/c art.1º da Lei n.10.259/01;b) JULGO IMPROCEDENTE o pedido de dano moral do Autor.Sem condenação em custas e verba honorária, nos termos do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1.º da Lei n.º10.259/2001.

3. A Lei nº 7.089/1983 tem a seguinte dicção:

Art 1º - Fica proibida a cobrança de juros de mora, por estabelecimentos bancários e instituições financeiras, sobre títulosde qualquer natureza, cujo vencimento se dê em sábado, domingo ou feriado, desde que seja quitado no primeiro diasubsequente.Art 2º - (VETADO).Art 3º - A inobservância do disposto nos artigos anteriores sujeitará os infratores à aplicação das penalidades previstas noart. 44 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.Art 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.Art 5º - Revogam-se as disposições em contrário.Brasília, em 23 de março de 1983; 162º da Independência e 95º da República.

4. Referido diploma normativo, embora não o diga explicitamente, refere-se apenas a dívidas resultantes derelações jurídico-obrigacionais de direito privado.

5. Essa afirmação fica evidenciada caso leiamos o teor do artigo 2º da referida lei, que foi vetado pelo entãoPresidente da República sob a justificativa de que poderia acarretar “...sérios transtornos operacionais aos bancos,prejudicando o bom andamento dos serviços e elevando sensivelmente os seus custos.” (trecho que consta na mensagemde veto enviada pelo presidente ao Congresso). Eis o teor do referido artigo 2º: "Art. 2º. Quando houver resgate antecipadoda dívida, serão deduzidos os juros vincendos e proibida a cobrança de qualquer importância por motivo de antecipação. Ascomissões cobradas serão reduzidas proporcionalmente ao tempo decorrido."

6. Perceba-se que um estabelecimento bancário não poderia cobrar uma “importância por motivo de antecipação”(tal qual consta no artigo vetado) em face de um pagamento antecipado de tributo, uma vez que o produto da arrecadaçãotributária é destinado ao ente federativo que impôs a sua cobrança.

7. Noutras palavras: tal lei não se aplica a hipóteses em que tributos ou multas (refiro a multas cobradas por entespúblicos, e não a multas contratuais) tenham vencimento em dia de sábado, domingo ou feriado.

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8. Como o autor pagou a multa de trânsito devida ao Estado do Espírito Santo no dia seguinte ao do vencimento,que ocorreu num feriado municipal, o autor de fato encontrava-se em mora. Com efeito, o teor da Lei nº 7.089/83 nãoestendeu o vencimento ao dia posterior ao feriado.

9. Dentro de tal contexto, inviável fixar compensação por dano moral.

10. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária gratuita, que ora defiro.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

22 - 0002647-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002647-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZENI ROSA DOS SANTOS(ADVOGADO: ES009916 - EDILAMARA RANGEL GOMES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO.).PROCESSO: 0002647-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002647-5/01)RECORRENTE: IZENI ROSA DOS SANTOSADVOGADO (S): EDILAMARA RANGEL GOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): WALDIR MIRANDA RAMOS FILHO

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido decondenação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ao pagamento de indenização por danos morais, no valorequivalente a sessenta salários mínimos, por ter efetuado descontos mensais de cerca de 50% do valor bruto do seubenefício de pensão por morte, sem aviso prévio, ou seja, sem observância do devido processo legal, obrigando-a a contrairempréstimos a fim de saldar suas dívidas básicas, que restaram todas atrasadas ante o erro praticado pelo réu, bem comoa depender da ajuda de familiares e amigos. Alega a recorrente que houve cerceamento de defesa, pois não foi designadaaudiência na qual pudesse produzir prova testemunhal e depoimento pessoal das partes. Diz que o fato de o INSS fazer oressarcimento de imediato não foi mais do que sua obrigação e que se o erro aconteceu a autora deve ser reparada pelosprejuízos sofridos durantes todos esses anos. Sustenta que o INSS não agiu com o dever de cuidado e diligêncianecessária no fornecimento de bens e serviços, já que o próprio chefe da agência reconheceu o equívoco no momento docadastramento, que perdurou por vários anos. Conclui que o fato ofendeu sua honra objetiva, atingindo sua própriavaloração no meio social em que vive e atua, além de sua honra subjetiva, repercutindo nos aspectos mais íntimos dapersonalidade humana – o da intimidade e da consideração pessoal. Pede a anulação da sentença para que seja realizadaaudiência de instrução e julgamento ou, caso não se acolha a preliminar, que seja julgado procedente o pedido.Eis o teor da sentença:Relatório dispensado.Preliminar de mérito: prescrição. A matéria é de trato sucessivo. A cada mês que o desconto indevido ocorria, o prazoprescricional se renovava. Indefiro a preliminar.Passo ao mérito. O INSS confessou o erro. Ao invés de descontar cerca de R$ 850,00 efetivou desconto de R$ 85.000,00.Assim, o autor foi onerado indevidamente a cada mês. Houve, portanto, ato Ilícito por parte da Autarquia Previdenciária.Assim, o autor deve ser indenizado por todo e qualquer prejuízo material que tenha experimentado, desde que provado.Não obstante, no que tange ao dano moral, acredito que, por mais desagradável que tenha sido, o fato dos descontosindevidos terem permanecido no patamar legal de 30% retira a presunção de dano moral. O legislador entendeu que épossível perceber até 70% do benefício previdenciário. Logo, o caso não atingiu o patamar de dano moral, permanecendona seara do aborrecimento.Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO DE DANO MORAL. Sem custas nem honorários. Defiro gratuidade aoautor. Com o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se. P. R. I.Conforme se depreende da contestação e dos documentos que a instruem, os descontos perduraram desde a data deinício do benefício (DIB), em 14/04/2002, até julho de 2007 e correspondiam a 30% da renda mensal. Tal se deu porequívoco do INSS, que, por ocasião da concessão do benefício cadastrou complemento negativo de R$ 85.327,00, quandoo correto seria R$ 853,27. Após a autora comparecer à agência do INSS para solicitar providências em 31/07/2007, em10/09/2007 os valores foram depositados em sua conta corrente.O único documento juntado pela autora para comprovar os empréstimos que foi obrigada a contrair é o de fl. 17, quemenciona “Data Venc. Prox. Extrato: 07/05/2009”, não tendo relação, portanto, com o período no qual ocorreram osdescontos. Registre-se que o valor da pensão recebida pela autora, mesmo com o desconto indevido, correspondia a maisde quatro salários mínimos. Note-se, ainda, que os descontos foram efetuados desde o pagamento da primeira prestaçãodo benefício e só foram percebidos pela autora em 2007, quando procurou informações junto à agência do INSS.Não há que se falar em cerceamento de defesa pela não realização de audiência de instrução e julgamento, eis que oselementos constantes dos autos foram considerados suficientes para o deslinde da questão. Ressalte-se que o juiz podelimitar ou excluir as provas que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias (art. 33 da Lei nº 9.099/95). Comefeito, diante dos fatos narrados pelas partes e dos documentos já juntados, a prova testemunhal e o depoimento pessoalda autora não poderiam respaldar entendimento diverso do adotado na sentença e no presente voto.Ainda que a autora tenha recebido “ajuda” de familiares e amigos, tal não se deu para suprir necessidades básicas ou para

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pagar dívidas decorrentes de repentina redução de renda, ao contrário do que se afirma na inicial e no recurso,considerando o que já exposto no item 2 acima. Desnecessária, portanto, a prova testemunhal.Assim é que, embora inequívoco e até incontroverso o lamentável erro do INSS, a autora não logrou demonstrar aexistência do dano moral, pois, ao contrário do que afirma, a conduta do INSS não atingiu a sua valoração no meio socialem que vive e atua.Segundo Sergio Cavalieri, o dano é a ofensa à dignidade e se dano moral é agressão à dignidade humana, não basta paraconfigurá-lo qualquer contrariedade. Prossegue a lição nos seguintes termos: “Nessa linha de princípio, só deve serreputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente nocomportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor,aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além defazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, taissituações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não seentender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviaisaborrecimentos.”9) Por fim, cumpre ressaltar que indenização sem dano implicaria enriquecimento sem causa.10) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

11) Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício de assistênciajudiciária gratuita, deferido à fl. 131. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

23 - 0004274-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004274-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x SIGFRIDO BARNABE (ADVOGADO:ES007710 - MARIALZIRA DE ARAUJO COUTINHO.).PROCESSO: 0004274-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004274-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇALRECORRIDO: SIGFRIDO BARNABEADVOGADO (S): MARIALZIRA DE ARAUJO COUTINHO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdão quenegou provimento ao recurso inominado por ele interposto e o condenou ao pagamento de honorários advocatíciosarbitrados em 10% das parcelas vencidas. Alega o embargante que o acórdão contém omissão/contradição quanto à basede cálculo dos honorários advocatícios, pois não foi observada a súmula 111 do STJ, segundo a qual os honoráriosadvocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre prestações vencidas após a sentença.O acórdão arbitrou os honorários em 10% das parcelas vencidas, devendo-se entender como tais aquelas vencidas desde aDIB – fixada em 12/08/2010, data da propositura da ação - até o momento em que efetivamente implementado o benefício(pensão por morte) concedido na sentença. Configura-se, pois, a omissão quanto ao disposto na súmula 111 do STJ, cujaaplicabilidade é indiscutível em se tratando de ação previdenciária.Pelo exposto, DOU PROVIMENTO aos embargos de declaração para, sanando a omissão reconhecida, determinar aobservância dos termos da súmula 111 do STJ na apuração da verba honorária.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

24 - 0007174-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007174-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) KAMILLA GUIMARÃESCOSTA (ADVOGADO: ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOSPEREIRA.) x INEP- INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS.).PROCESSO: 0007174-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007174-8/01)RECORRENTE: KAMILLA GUIMARÃES COSTAADVOGADO (S): DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA, LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRARECORRIDO: INEP- INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRAADVOGADO (S): SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS

VOTO-EMENTA

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Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido decondenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira - INEP ao pagamento de indenização por danosmorais, por ter tido seus dados divulgados no sítio eletrônico do réu, por três horas, após efetuar a inscrição para o ENEM.Alega a recorrente que foi colocada em risco, tendo seus dados pessoais disponibilizados em toda a rede, podendo servítima de estelionatários, seqüestradores, entre outros, e que o perigo suportado causou-lhe um sentimento de totalimpotência e medo. Sustenta que, uma vez atingido o bem extrapatrimonial, consumado estará o dano, independentementede qualquer impressão psíquica ou dor espiritual.Eis o teor da sentença:(...)Cuida-se de ação proposta em face do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, naqual a parte autora requer o pagamento de indenização a título de danos morais, alegando, em síntese, que ao efetuar ainscrição para o ENEM, teve seus dados pessoais divulgados no sítio eletrônico da entidade autárquica, durante três horas,sem qualquer autorização que permitisse tal conduta. ssim, sustenta que o referido comportamento possibilitou que seusdados fossem captados e utilizados para falsificar documentos, abrir créditos, seqüestros, entre outras condutascriminosas.Para que ocorra a caracterização de dano moral a doutrina e jurisprudência pátria exigem que a ofensa gere um reflexointerno, com dimensões individualizadas de tal ordem que representem abalo diferenciado daquele que os cidadãosvivenciam no cotidiano. Inexistindo tal plus, a ofensa, embora existente, é caracterizada como mero aborrecimento, nãoindenizável.No caso em apreço, deve ser verificado se o prejuízo decorrente da publicidade dos dados da parte autora ao longo de trêshoras classifica-se como aborrecimento ou dano moral. Trata-se de mero aborrecimento. Não restou comprovado pelaparte autora a ocorrência real e significativa de abalo emocional frente a conduta da ré. Reconheço que existiu um risco empotencial para todos aqueles que tenham eventualmente tido seus dados pessoais publicados sem sua respectivaautorização e anuência. Todavia não restou comprovado a configuração de qualquer prejuízo efetivo, inexistindo fato quetenha afetado o sentimento de honra da parte autora sob a ótica protetiva da dignidade humana. Portanto, o prejuízoexperimentado pela parte autora justificaria, apenas, a indenização material, se fosse o caso, mas, sob a ótica moral,caracteriza-se como aborrecimento, não devendo ser indenizado.Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO DE DANO MORAL. Sem custas nem honorários. Após o trânsito emjulgado, dê-se baixa e arquive-se. P.R.I.3) Registre-se que, conforme a inicial, não somente os dados cadastrais da autora, como também os dadoscadastrais de 12 milhões de participantes do ENEM foram disponibilizados indevidamente. E, como relatou a sentença, talfato ocorreu por curto espaço de tempo. Tratou-se de um risco de dano potencial – não efetivo – a que estive submetido umenorme número de pessoas. Tal conceito afasta a possibilidade de fixação de compensação por dano moral.4) A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), por estar de acordocom o entendimento desta Turma Recursal.5) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios,tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita, que ora defiro.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

25 - 0004028-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004028-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO ZANCA (ADVOGADO:ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0004028-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004028-1/01)RECORRENTE: JOAO ZANCAADVOGADO (S): EDUARDO THIEBAUT PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.

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46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

26 - 0007056-59.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007056-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES012494 - PEDRO AURÉLIO DE MATTOS GONÇALVES, ES010550 - ISAAC PANDOLFI,ES009173 - ITALO SCARAMUSSA LUZ.) x RICARDO PAIVA LYRIO (ADVOGADO: ES016732 - ADRIANA GAMA DESOUZA, ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM.).PROCESSO: 0007056-59.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007056-7/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): PEDRO AURÉLIO DE MATTOS GONÇALVES, ITALO SCARAMUSSA LUZ, ISAAC PANDOLFIRECORRIDO: RICARDO PAIVA LYRIOADVOGADO (S): LUIZ TELVIO VALIM, ADRIANA GAMA DE SOUZA

VOTO-EMENTATrata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal – CEF em face de sentença que julgouparcialmente procedente o pedido e a condenou a pagar ao autor o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título deindenização por danos morais pelo constrangimento sofrido por ter a CEF permitido que terceiro, mediante fraude,efetuasse abertura de conta em seu nome. Condenou-a, ainda, a proceder ao cancelamento da conta, por sua nulidadecontratual. Alega a recorrente a culpa exclusiva de terceiro e que o valor arbitrado na sentença representa fonte deenriquecimento da vítima, não tendo sido analisado o caso com equidade e proporcionalidade. Pede a reforma da sentençapara que seja julgado improcedente o pedido ou, sucessivamente, seja reduzido o valor da condenação imposta.Eis o teor da sentença:Vistos, etc.Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei n.º 9.099/95. Passo a decidir:O autor postula o encerramento da conta-corrente n. 5383, Agência n. 0187 da CEF, bem como indenização no valor de 40salários mínimos por danos morais por todo o constrangimento sofrido tendo em vista que a CEF permitiu que terceiro,mediante fraude, efetuasse a abertura de conta em seu nome (nº. 5383-0 e Agência 0187-2). Alega que a referida conta foiutilizada por estelionatários para transferência e saque de valores oriundos de empréstimo bancário consignado aobenefício previdenciário da parte autora, realizado por terceiro desconhecido, mediante meios ardilosos, e celebrado eminstituição financeira diversa da CEF (Banco Votorantim). Em sede de antecipação de tutela, requer o autor o encerramentoda conta impugnada, bem como a declaração da inexistência de relação jurídica entre o Autor e a CEF. Junta documentosde fls. 29/54.A CEF contesta o pedido às fls. 64/75, alegando, em síntese, que não há responsabilidade da CEF, já que não agiu comculpa na prestação do serviço, tratando-se o presente caso de culpa exclusiva de terceiro, uma vez que o estelionatário seutilizou de documentos formalmente corretos ao criar a conta, tornando irrecusável a abertura da mesma por parte da ré. ACEF sustenta, ainda, a culpa exclusiva do consumidor, que foi negligente com relação à tomada de medidas para tornarpública a clonagem de seus documentos, assim que soube do ocorrido, não tendo feito o registro policial. Por fim, requer aimprocedência do pedido por não restar comprovado o dano moral. Junta documentos de fls. 79/81.Na audiência de conciliação, instrução e julgamento (CD-Rom em anexo) foi verificado que os documentos do autor foramfurtados de sua residência em Niterói/Rj. O Autor esclarece que, por ter sofrido um AVC, ficou impossibilitado de à época sedirigir a qualquer local e sequer andava. Além disso, foi apresentada a Carteira de Habilitação do Autor, restandodemonstrado que a assinatura é totalmente diversa do documento juntado pela CEF e a despeito do mesmo número deCPF, o sobrenome e os dados referentes à filiação são um pouco diversos. Caracterizada, portanto, a fraude.No que diz respeito ao dano moral, ocorreu a abertura de conta por terceiro estelionatário na CEF, que deveria ter tomadoas medidas de segurança adequadas para que o autor não passasse pelos transtornos que terminou por experimentar. Talcontrole é de responsabilidade da ré e a comprovação em contrário das alegações autorais também é ônus processual da

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ré.No mérito, trata-se de relação de consumo, conforme o disposto no art. 3º, § 2º, da Lei n.º: 8.078/90 (Código de Defesa doConsumidor). A pretensão tem supedâneo em nosso ordenamento jurídico.Proclama o § 1º do artigo 14 do diploma supramencionado que “o serviço é defeituoso quando não fornece a segurançaque o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – o modode seu fornecimento; II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi fornecido.”(grifo nosso). Ademais, o caput do artigo supracitado dispõe que “o fornecedor de serviços responde, independentementeda existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dosserviços”, impondo a responsabilidade objetiva no âmbito das relações de consumo.As provas aludidas nos autos fazem concluir pela ausência de culpa autoral, e o fato ocorrido terminou por gerar transtornosao Autor passíveis de indenização. Ao contrário do que alega a CEF, o autor não foi negligente, uma vez que além demanter seus documentos pessoais sob sua guarda, ocorreu o furto em sua residência, também não sabia do uso indevidode suas informações pessoais por parte de terceiros.A CEF, a despeito de ter não ter culpa pelo sinistro ocorrido, fato de terceiro, deve responder pelo dano, afinal é assente najurisprudência que quando nem o banco nem o cliente têm culpa, a responsabilidade é do primeiro. De fato, aresponsabilidade da instituição bancária está atrelada ao risco da própria atividade econômica que exerce, devendo, porisso, assumir todo o risco de sujeitar-se a fraudes.A ré deve responder pelo risco do negócio, pois permitiu a ocorrência da fraude, que, por sua vez, gerou danos ao autor.Fraude esta, aliás, que o autor não teve sequer conhecimento, mas que sofreu suas conseqüências, uma vez a contacriada por estelionatário usando documentos falsos do autor contribuiu de maneira essencial para o êxito de esquemafraudulento praticado em prejuízo do demandante.Logo, tendo em vista que a instituição bancária não conseguiu ilidir as alegações do autor, há de concluir pela indenizaçãoao autor.Independente da apuração de culpa individualizada a responsabilidade é deslocada para o terreno do risco profissional,ensejadora da responsabilidade de indenizar, aplicando-se ao caso em tela o art. 14 do CODECON.O dano moral decorre da angústia pela qual a parte autora certamente passou, por ver-se indefesa e sem meios de fazerreconstituir seu patrimônio moral aviltado. Assim, é indenizável o dano moral, consoante as lições do ilustre DesembargadorSérgio Cavalieri Filho:“Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre dagravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma satisfação deordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio atoofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural,uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras de experiência comum, assim, por exemplo... provado que a vítimateve o seu nome aviltado, ou a sua imagem vilipendiada, nada mais ser-lhe-á exigido provar ... provado o fato, provadoestará o danomoral.”(in PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL, Ed. Malheiros, 2 ed., 1998. p. 79/80).Aliás, o cabimento da reparação do dano moral já é matéria razoavelmente superada, assumindo duplo caráter,compensatório e punitivo. Sob o primeiro aspecto, tem o condão de, ainda que não seja possível o restabelecimento dostatus quo ante, permitir um certo reconforto à vítima, enquanto, no segundo caso, serve para penalizar o causador do danocomo medida para se evitar reincidência.A maior dificuldade tem sido a mensuração do dano moral e quantificação da reparação, já que não dependem de dadosobjetivos, sendo certo que a indenização a esse título deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que venha ase constituir em enriquecimento ilícito.Nesse tocante, cumpre balizar a situação da vítima, se, eventualmente, concorreu para o dano; a repercussão do ato sobresua situação financeira, se, por exemplo, ficou impossibilitado de honrar outros compromissos (portanto, a angústia queisso possa ter-lhe causado) ou de praticar atos como a realização de contratos; o desgaste eventualmente provocado pordiversas idas-e-vindas na busca da composição amigável; os valores do contrato envolvido; etc. Quanto ao causador dodano, importa destacar se procurou, efetivamente, solucionar a questão; se houve uma postura respeitosa no trato paracom a vítima; qual a prática, em geral, adotada em casos semelhantes; e, sobretudo, o tempo por que perdurou a situação,dentre outros.Com base em tais parâmetros, considerando-se que o autor sofreu o dano, o qual foi ocasionado pela abertura de conta emseu nome, sem seu consentimento, conta esta que teve participação em esquema de fraude cuja vítima foi o demandante,tendo sofrido um AVC, estando aposentado e vivendo de seus recursos de aposentadoria, que sofreram vários descontos,tudo conforme documentos juntados datados de março de 2007, às fls. 32/34 dos autos, fixo o valor do dano moral em R$5.000,00 (cinco mil reais).Dessa forma, JULGO PROCEDENTE EM PARTE O PEDIDO, condenando a Caixa Econômica Federal - CEF a pagar aoAutor a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a título de danos morais, aplicando sobre estes valores a correçãomonetária e juros de mora de 1% ao mês a contar da data desta decisão. Condeno, ainda, a CEF a cancelar a conta nº.5383-0 da Agência 0187-2, por sua nulidade contratual, pois criada mediante meios ardilosos, por pessoa diversa do autor,restabelecendo-se o status quo ante, como se ela nunca tivesse existido.Mantenho os efeitos da tutela concedida em audiência, no sentido de que a Ré encerre a conta nº. 5383-0 da Agência0187-2, bem como cancele toda e qualquer movimentação da mesma até o trânsito em julgado da presente demanda.Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº. 10.259/2001. P.R.I.

Sem razão a recorrente. A sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95),tendo em vista que está em consonância com o entendimento desta Turma Recursal.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

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Custas ex lege. Condeno a recorrente a pagar ao autor honorários advocatícios de 10% do valor da condenação. É comovoto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

27 - 0004281-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004281-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS, ES006494 - RENATO MIGUEL.) x ISRAELRIBEIRO DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES013554 - LEONARDO DUARTE BERTULOSO.).PROCESSO: 0004281-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004281-0/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): RENATO MIGUEL, RODRIGO SALES DOS SANTOSRECORRIDO: ISRAEL RIBEIRO DE OLIVEIRAADVOGADO (S): LEONARDO DUARTE BERTULOSO

VOTO-EMENTATrata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face de sentença que condenou solidariamenteas rés (Caixa Econômica Federal – CEF e SKY Brasil Serviços Ltda.) a devolverem em dobro o valor indevidamentedebitado da conta do autor, corrigido monetariamente pelo INPC e, após, acrescido de juros de mora de 1% a contar dadata do primeiro débito indevido, abatido o valor já restituído em sede de antecipação de tutela, também corrigidomonetariamente pelo INPC, mas sem acréscimo de juros de mora. Condenou, ainda, as rés ao pagamento de R$ 12.000,00(doze mil reais), a título de dano moral, valor que deverá ser corrigido monetariamente pelo INPC a contar data dainterposição da inicial e, após, acrescido de juros de mora a contar da data do primeiro desconto indevido. Declarou, porfim, a litigância de má-fé por parte das rés, condenando-as a multa pecuniária de 1% sobre o valor da condenação e aindenizarem o autor no valor de 20% do valor da condenação, e ainda, em honorários advocatícios de 20% sobre o valor dacondenação e custas de primeira instância. Alega a recorrente que a inclusão do débito automático foi realizadadiretamente pela SKY, em consonância com o a letra “b” da cláusula terceira do Contrato de Prestação de Serviços –Débito em conta – empresas, firmado entre a CEF e a SKY. Pede a reforma da sentença para afastar a responsabilidade daCEF ou, caso não seja esse o entendimento da Turma, que a condenação seja minorada na proporção da culpa darecorrente.Eis o teor da sentença:Relatório dispensado.Preliminares de ilegitimidade passiva da rés. A CEF e a SKY pactuaram entre si contrato para que a primeira (CEF)debitasse da conta corrente de seus clientes e creditasse a segunda (SKY), o valor do pagamento de mensalidade deserviços de televisão via satélite. Tal pacto não é regido pela legislação de consumo quando analisado em face da CEF eda SKY. Entretanto, fatos oriundos desse contrato, que afetem o cliente da CEF e/ou o cliente da SKY, passam a serregidos pelas normas do CDC. Isso porque o cliente da CEF e/ou o cliente da SKY são consumidores finais do produtoenvolvido. Da mesma forma, clientes da CEF, que não sejam clientes da SKY, também são considerados consumidores, nocaso por equiparação, em relação a fatos oriundos do contrato mencionado (art. 17 do CDC). Neste caso, o autor é clienteda CEF e alega não ser cliente da SKY. Logo, CEF e SKY devem responder solidariamente perante o autor pelos fatosoriundo do contrato mencionado (parágrafo único do art. 7º c/c art. 25, §1º do CDC). Indefiro, portanto, as preliminares daCEF e da SKY tendentes a afastar a legitimidade passiva de ambas.Passo ao mérito.Nominarei os contratos similares àquele pactuado entre a CEF e a SKY como “contratos de débito automático”. Nesta e eminúmeras outras ações oriundas de “contratos de débito automático”, a instituição bancária, ou a administradora de cartõesde crédito, afirmam que a responsabilidade pelo débito na conta, ou no cartão, do cliente foi da empresa a qual foi creditadoo numerário. Não raramente essa última, por sua vez, afirma o contrário.Acredito que a grande maioria dos brasileiros já passou por tal problema. Este Magistrado já vivenciou tal situação. Já tiveum débito efetivado em meu cartão de crédito referente a assinatura de uma revista que nunca solicitei. Entrei em contatocom a administradora do cartão e a mesma afirmou que eu deveria procurar a editora. Ligando para a editora, fui informadoque deveria procurar o cartão.Enfim, com base nas regras de experiência pessoal, meio de prova plenamente cabível no rito especial dos JuizadosFederais (art. 5º da lei nº 9.099/95), não tenho receio ao afirmar que, quando ocorre alguma falha nos “contratos de débitoautomático”, existe probabilidade elevada de que “o cliente se transforme em uma bolinha de ping-pong” entre ospactuantes do contrato. Isso já aconteceu com este Magistrado, muito provavelmente já aconteceu com o leitor ou comalguém de seu círculo familiar ou de amizades e, neste caso, aconteceu com o autor. Demonstro.Observem-se as contestações da CEF e da SKY. Ambas afirmam que não conseguiram provar que o autor tenha efetivadoqualquer contrato com a SKY e não sabiam explicar o motivo do débito. Por sua vez, a SKY não impugnou a afirmação deque recebeu os valores debitados do autor, mas nada mencionou sobre a restituição dos mesmos. E o que as empresasfizeram? Nada! Houve, portanto, cobrança indevida, que deve ser ressarcida em dobro nos termos do parágrafo único doart. 42 do CDC. O valor principal já foi devolvido em sede de antecipação de tutela. Igual valor, portanto, deve serindenizado ao autor a título de dano material, em face da previsão legal na legislação de consumo.Quanto ao dano moral, entendo que a retirada de numerário da conta de qualquer cidadão é danoso, uma vez que afeta oequilíbrio orçamentário da família, sempre lembrando que os valores retirados detém natureza alimentar. Não faz parte dodia-a-dia do cidadão ter reduzida indevidamente suas reservas financeiras. Quem vivencia essa situação enfrenta umproblema que não pode ser considerado normal na sociedade em que vivemos. Acredito, assim, que quem se vê

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expropriado de numerário que afete a capacidade de sustento do lar vivencia dano moral.“A existência de saques indevidos em conta mantida junto à instituição financeira, acarreta dano moral. Precedentes”(STJ: REsp 1.137.577/RS, 3ª Turma, em 02.02.2010)Agora, há de se quantificar tal dano. O que ocorreu? Nem a CEF nem a SKY souberam responder. E a SKY nãocompareceu ao mutirão de conciliação nem para tentar reparar o dano. Se as empresas de grande porte, que se utilizam dosistema de débito em conta, adotassem procedimentos para evitar erros, casos como este poderiam ser evitados. E quandotais erros ocorressem, que se buscasse a solução dos mesmos.Neste caso, nem a CEF nem a SKY adotaram qualquer providência, apesar das inúmeras diligências alegadas pelo autor(alegações essas não impugnadas). Parece, assim, que da mesma forma que já aconteceu com este Magistrado e muitoprovavelmente com alguém conhecido do leitor, o autor também foi mais uma estatística de erro não corrigido. E assimcontinuará, a não ser que o dano moral seja arbitrado em patamar elevado, para punir a inércia na correção das falhasapontadas pelos consumidores, como a identificada nestes autos (“ping-pong”).O dano, portanto, foi médio, já que houve restrição de acesso a verba alimentar. A falha, como até o momento não foiesclarecida, classifica-se como grave. Na verdade, a gravidade da falha está no fato de que poderia ter sido corrigidafacilmente, mas não o foi por opção administrativa da CEF e da SKY. Pagar parcas indenizações morais é mais vantajosoque corrigir falhas. Por isso as indenizações não podem ser baixas. Assim, adotando os parâmetros do Enunciado nº 08 daTR/RJ, arbitro o valor máximo para o dano médio: aproximadamente 40 (quarenta) salários mínimos. Reduzo tal valor aolimite atualizado de R$ 12.000,00 (doze mil reais) em função do pedido do autor.Por fim, analiso a ocorrência de litigância de má-fé processual. Explico. A CEF alegou não ter culpa no evento em tela. ASKY idem. Ocorre que, como já dito, por força do art. 7º, §1º c/c art. 25, §1º do CDC, ambas empresas eram solidárias. Etal responsabilidade, além de solidária, era objetiva, ou seja, independente de culpa, nos termos do art. 14 do CDC. Emoutras palavras: mesmo que houvesse culpa apenas de uma das empresas, a outra permaneceria responsável perante oautor.Assim, estou convencido que a tanto a CEF quanto a SKY agiram em litigância processual de má-fé, uma vez queapresentaram defesa frontalmente contrária aos dispositivos legais acima explicitados. E tais defesas não argüiramqualquer motivo para afastar os dispositivos legais mencionados. Tal realidade tipifica-se como litigância de má-fé a teor doart. 17, I do CPC, pois apresentou-se defesa contra texto expresso de lei. É claro que a norma do art. 17, I do CPC não éabsoluta. Admitem-se teses contra texto expresso de lei sempre que tais teses forem fundamentadas nainconstitucionalidade ou na injustiça da lei em tela, como previsto no at. 34, VI da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB).Entretanto, não foi isso que ocorreu neste caso. A resistência à previsão legal de responsabilidade solidária não foifundamentada.Ratifico que os réus são livres para defenderem teses contrárias a dispositivo legal. Tal linha de defesa, por si só, nãocaracteriza litigância de má-fé. Muito ao revés, a quantidade de leis existentes em nosso ordenamento jurídico justifica queas mesmas sejam constantemente questionadas pelos Advogados, em especial como meio de viabilizar a interpretaçãoevolutiva. Entretanto, por força do próprio Estatuto da Advocacia (at. 34, VI da Lei nº 8.906/94), sempre que se manejarlinha de defesa contrária a texto legal, tal defesa deve estar fundamentada na inconstitucionalidade ou na injustiça da lei.Não se basta afirmar uma tese contrária à lei e ignorar a existência do diploma legal do qual se discorda. Deve-sefundamentar o porquê da lei existente, e em vigor, não ser aplicável ao caso, prevalecendo-se a tese contrária à mesma.Tal fundamentação não ocorreu neste caso. Basta analisar as defesas da CEF e da SKY para se constatar que nenhumalinha de defesa contrária aos artigos do CDC apresentados foi manejada. Na verdade cada réu limitou-se a alegar que ocaso seria de responsabilidade do outro réu. Houve, portanto, litigância de má-fé em função do art. 17, I do CPC.DISPOSITIVOIsto posto, JULGO PROCEDENTES O PEDIDO DE DANO MATERIAL E O PEDIDO DE DANO MORAL. Condeno as rés adevolverem em dobro o valor indevidamente debitado da conta do autor. Tal valor deverá ser corrigido monetariamente peloINPC e, após, acrescido de juros de mora de 1% a contar da data do primeiro débito indevido, nos termos do art. 398 doCC. A seguir, deverá ser abatido o valor já restituído em sede de antecipação de tutela, também devidamente corrigidomonetariamente pelo INPC, mas sem acréscimo de juros de mora. Quanto ao dano moral, condeno as rés ao pagamentode R$ 12.000,00 (doze mil reais), valor que deverá ser corrigido monetariamente pelo INPC a contar da data da interposiçãoda inicial e, após, acrescido de juros de mora a contar da data do primeiro desconto indevido, nos termos do art. 398 do CC.Ratifico a antecipação de tutela deferida e já cumprida.Dando seguimento, declaro a ocorrência de LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ, por parte das rés, nos termos do art. 17, I do CPC, pordeduzirem pretensão de defesa contra texto expresso de lei (art. 7º, §1º c/c art. 25, §1º do CDC, na forma do art. 14 doCDC), sem fundamentarem tal tese na inconstitucionalidade ou injustiça da lei mencionada, como previsto no art. 34, VI doEstatuto da OAB. Como conseqüência, condeno as rés a multa pecuniária de 1%, em favor do autor, sobre o valor final dacondenação (art. 18 caput do CPC). Condeno, ainda, as rés a indenizarem o autor no valor de 20 % sobre o valor final dacondenação, em face da demora indevida que a defesa contra texto expresso de lei, sem fundamentação, gerou no trâmitedesta demanda (art. 18, §2º do CPC). Tais valores deverão ser corrigidos monetariamente e, após a correção, seremacrescidos de juros de mora de 1% ao mês a contar do trânsito em julgado.Tendo em vista a ocorrência de litigância de má-fé, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95, condeno as rés emHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS no valor de 20 % sobre o valor final da condenação. Tal valor deverá ser corrigidomonetariamente e, após a correção, ser acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contar do trânsito em julgado.Tendo em vista a ocorrência de litigância de má-fé, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95, condeno as rés em CUSTASex lege de 1ª instância.Antes do trânsito em julgado deste feito, expeçam-se ofícios com característica de REPRESENTAÇÃO aos órgãos eentidades abaixo nominadas, acompanhados do inteiro teor deste processo em mídia eletrônica. Tal providência visa proporque os representados estudem a possibilidade de adorem medidas dentro de suas esferas de competência, para definirperante as administradoras de cartões de crédito e/ou instituições bancárias que pactuem “contratos de débito automático”com prestadoras de serviços (luz, água, telefone, televisão a cabo, internet, editoras, ...), que, por força do CDC, as

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mesmas são solidárias. Assim o fazendo, poder-se-ia impor que tais empresas apurassem as falhas apontadas pelosclientes, se necessário através de diligências com as empresas solidárias. E tão importante quanto, seria coibir que aempresa solidária que fosse procurada pelo consumidor, “empurasse o problema” para a outra empresa solidária,cessando-se aquilo que denominei de “ping pong com o consumidor”. Por fim, registro acreditar que a Autoridade quedecidirá sobre a adoção de medidas em face desta Representação deve conhecer alguém que já tenha experimentado asituação aqui narrada, ou seja, o problema é materialmente relevante em sede de consumo.• MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NO ESTADO DO ES• MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL DO ES• PROCON NO ESTADO DO ES• ANATEL• ANEELApós o trânsito em julgado, com o cumprimento, dê-se baixa e arquive-se.P. R. I.

3) A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), exceto no que dizrespeito à declaração de ocorrência de litigância de má-fé, como adiante se verá.4) Registre-se, desde logo, que a cláusula 3ª do Contrato de Prestação de Serviços – Débito em conta – empresas,firmado entre a CEF e a SKY, mencionada pela CEF em seu recurso, prevê que a inclusão do CLIENTE no Cadastro deOptantes, para débito automático em conta, será feito exclusivamente pela CAIXA, através dos seguintes meios: a)manifestação pelo próprio optante junto a CAIXA, nas agências por meio de autorização expressa em formulário específico,salas de auto-atendimento e internet; b) manifestação pelo próprio optante junto à contratante/concessionária, que enviaarquivo para CAIXA, conforme padrão FEBRABAN, neste caso é exigido a assinatura do anexo I deste contrato (fl. 43). Nãoconsta dos autos o anexo I do contrato assinado pelo autor. Assim é que não haveria mesmo como excluir aresponsabilidade da recorrente pela inclusão do autor no cadastro de optantes, ainda que a sentença não tivesseconsiderado a responsabilidade solidária das rés, em face da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor.5) O dano moral deve ser apto a compensar o autor e a punir o réu, sem, contudo, significar enriquecimento semcausa do autor e prejuízo desproporcional ao réu. O dano moral, no caso, pode ser considerado médio, como feito nasentença, e não leve, tendo em vista que é o fato de que os débitos, realizados nos meses de julho (R$ 185,80 - fl. 17) ,agosto (R$ 198,80 – fl. 18) e setembro (R$ 314,60 – fl. 19) de 2008, totalizam o valor de R$ 698,90, o que equivalia quase àrenda líquida mensal do autor, como se constata à fls. 22/25. Ademais, a indisponibilidade desse valor perdurou até odeferimento da medida antecipatória de tutela, cumprida em junho de 2010 (fls. 101/102), portanto, por aproximadamentedois anos.4) Nesse sentido, o valor fixado a título de danos morais (R$ 12.000,00), inferior a vinte salários mínimos, não meparece exorbitante, mas suficiente para punir a conduta das rés sem significar enriquecimento sem causa do autor.5) A apresentação de defesa frontalmente contrária aos dispositivos legais não configura litigância de má-fé. No quese refere à SKY, contudo, a condenação dela decorrente transitou em julgado. No que se refere à CEF, não podeprevalecer tal condenação.6) Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença e excluir da condenação daCaixa Econômica Federal – CEF os valores decorrentes da litigância de má-fé (multa pecuniária, indenização, honoráriosadvocatícios e custas de primeira instância), mantida, no mais, a sentença.7) Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95.É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

28 - 0003595-79.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003595-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EURIDES DE LIMA (ADVOGADO: ES009921 -ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.).PROCESSO: 0003595-79.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003595-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: EURIDES DE LIMAADVOGADO (S): ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que deu parcial provimento ao recursoinominado por ele interposto, mantendo a condenação à concessão de aposentadoria integral por tempo de contribuiçãocom DIB em 08/10/2008 e pagamento das parcelas atrasadas corrigidas monetariamente pelo INPC desde que devidas eacrescidas de juros de mora de 1% ao mês, contados a partir do indeferimento do pedido administrativo. Alega oembargante que o acórdão é omisso quantos aos juros e correção monetária ante a ausência de declaração deinconstitucionalidade da sistemática de juros legais determinados pelo artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dadapelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, na ADI 4357, e a pendência de modulação dos efeitos da decisão quanto à correçãomonetária.

Page 47: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Configura-se a omissão apontada, eis que o recurso tratou das referidas questões e o acórdão nada aduziu a respeito.A Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis àscondenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997(exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros demora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E comocritério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral deprevidência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC paraas condenações referentes questões tributárias.Quanto aos juros de mora, incidem a partir da citação, tendo em vista o disposto no art. 405 do Código Civil e 219 doCódigo de Processo Civil.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles DOU PARCIAL PROVIMENTO para alterar o acórdãoembargado apenas quanto aos juros de mora, os quais são fixados na forma do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e incidirão apartir da citação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

29 - 0006731-79.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006731-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIR DIAS JARDIM(ADVOGADO: ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO, ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO,ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0006731-79.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006731-2/01)RECORRENTE: EDIR DIAS JARDIMADVOGADO (S): PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO, JEANINE NUNES ROMANO, ROGÉRIO NUNESROMANORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado por ela interposto contra sentença que julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença comconversão em aposentadoria por invalidez. Alega a embargante, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contémomissão sobre as fortes dores e as graves enfermidades que impossibilitam sua atividade laborativa, bem como sobre odisposto no art. 59 da Lei nº 8.213/91 e em diversos dispositivos constitucionais, e ainda, sobre o fato de que não tem oprimeiro grau completo.Não se configuram as omissões apontads. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicaçãode algum dos vícios previstos no art. 535 do CPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, nãose prestando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento dedispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completara decisão quando presente omissão de ponto fundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ouobscuridade nas razões desenvolvidas.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca a embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

30 - 0005085-68.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005085-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CHARLES LANGA(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x OS MESMOS.Autos n.º 5085-68.2011.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PREVISTO NO ARTIGO 20 DA LEI Nº

Page 48: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS).

1. O autor, CHARLES LANGA, e o INSS, interpuseram RECURSOS INOMINADOS contra a sentença que julgouprocedente o pedido de concessão do benefício de prestação continuada previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS).

2. Alegou o autor o que segue:

deve ser realizada retroação da DIB a 1/1/07. Afirmou que o benefício foi suspenso, após 11 anos sendo pago, em1/1/2007. Alega que “... em tal data o requerente já fora comprovado que residia com a sua genitora, fazendo assim jus aodireito do recebimento dos benefícios atrasados desde a suspensão imotivada.” (fl.235).Estão presentes os requisitos que ensejam a antecipação da tutela.Não foram fixados honorários advocatícios. Defende que o réu deveria ser condenado a pagar honorários.

3. O INSS, por sua vez, aduziu o que segue:

(a) “... a decisão ora recorrida não pode prevalecer, haja vista que o Acórdão articulado nas ADIs 4.357/DF e 4.425/DFainda não foi publicado, razão pela qual o exato alcance do julgamento ainda não pode ser avaliado com segurança.”Argumentou que “...o STF não decidiu quanto à modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs emepígrafe, e portanto, não restou deliberado se o julgado operará efeitos ex tunc ou se haverá a definição de algum outromarco para iniciar a eficácia da decisão, como previsto pelo art. 27 da Lei nº 9.868/99. Assim, é possível que o julgamentodas referidas Ações Diretas passe por alguma modulação temporal, podendo inclusive não ser aplicado aos precatórios jáinscritos, ou mesmo aos processos que já estejam em curso. É que, conforme assinala do pelo Ministro Luiz Fux, Relatorpara Acórdão na ADI 4.357, devem os Tribunais dar imediato cumprimento aos pagamentos em curso, segundo sistemáticavigente à época, haja vista a possibilidade de haver a modulação temporal no julgamento, verbis:...” (fl.241).

(b) Questionou o INSS a incidência de juros de mora após a conta de liquidação, aduzindo o que segue: “.... os juros demora devem incidir somente até a conta de liquidação homologada. Com efeito, a partir do momento em que transita emjulgado a conta de liquidação não há mais ato a ser praticado que seja de responsabilidade da Autarquia, o que desautorizafalar em mora a partir de então. É que, uma vez fixada a conta de liquidação, compete ao Juiz expedir o ofício requisitório,ato sobre o qual o INSS não tem qualquer autonomia...”

(c) Eis os pedidos recursais formulados pelo INSS: “... aplicar integralmente o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação dadapela Lei nº 11.960/09.”; e “b) Em relação ao termo final de incidência dos juros de mora, o INSS requer que seja fixado nadata de apresentação do cálculo dos atrasados pelo INSS.”

4. RECURSO DO AUTOR.

4.1. 1º pedido recursal: fixação de DIB em 1/1/2007. Sobre o tema, a sentença assim dispôs: “...Sendo assim, emque pese os argumentos da peça defensiva, constata-se que os requisitos legais, no que concerne ao benefícioassistencial, restaram atendidos pela parte autora, devendo o benefício ser restabelecido. No que tange a data de início dopagamento do referido benefício, fixo em 01/03/2014 (data da visita domiciliar realizada pela assistente social), tendo emvista que somente nesta data foi possível confirmar as condições sócioeconômicas do grupo familiar do autor.” (fl.227).Reputo acertada a decisão do Juízo a quo. É inviável fixar-se DIB em 1/1/2007 na hipótese, visto que a ação somente foiajuizada em 11/7/2011, mais de três anos após a cessação.

4.2. 2º pedido recursal. O autor não tem interesse recursal em requerer antecipação de tutela, visto que a sentençadeferiu-lhe provimento antecipatório (fl.228).

4.3. 3º pedido recursal: honorários. Nada há a reparar na sentença também nesse ponto, uma vez que não há fixaçãode honorários advocatícios em se tratando de julgamento efetivado em 1ª instância nos juizados especiais, conforme oartigo 55 da Lei 9.099/95.

5. RECURSO DO INSS.

5.1. Na sessão ocorrida em 06/08/2014, a TNU determinou a incidência de correção monetária e juros de mora nosmoldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF. Tal deliberação ocorreu no julgamento do PEDILEF nº0501880-08.2009.4.05.8300.

5.2. A sentença fixou tal critério. Deve ser mantida.

5.3. A jurisprudência firmada e consolidada a respeito da inexistência de fluência de juros de mora após a conta deliquidação tinha por (óbvio) suposto a formação de coisa julgada na ação de conhecimento. É inviável “transportar” taljurisprudência para o sistema dos Juizados Especiais Federais, designando por “conta de liquidação” uma conta que aContadoria (ou o autor, ou o réu) traz aos autos antes da sentença. Em suma, como não houve trânsito em julgado dasentença (ou acórdão) proferida(o), é inviável querer aplicar aqui (ou seja: no âmbito dos Juizados Especiais) ajurisprudência que se formou a respeito do tema em ações que tramitam no juízo comum.6. Conclusão: NEGO PROVIMENTO aos recursos. Sem custas e sem condenação em honorários. É como voto.

Page 49: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

31 - 0004020-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004020-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x ELIZABETH MARIA LAURETT(ADVOGADO: ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES018446 - GERALDO BENICIO.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0004020-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004020-3/01)RECORRENTE: ELIZABETH MARIA LAURETT E INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO, GERALDO BENICIO, RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por ELIZABETH MARIA LAURETT e pelo INSS, em face dasentença de fls. 37/40, que julgou parcialmente procedente os pedidos, julgando procedentes os pedidos de declaração detempo de serviço especial nos períodos de 17/09/1986 a 05/03/1997 e 19/11/2003 a 28/12/2011, e improcedentes ospedidos de declaração de tempo especial de 06/03/1997 a 18/11/2003 e a concessão de aposentadoria especial.

Alega a autora que em sua ação pediu o reconhecimento do tempo de serviço especial trabalhando em meio à exposiçãode ruído em intensidade de 87,82 decibéis (PPP e laudo técnico às fls. 14/16 e 18/19, respectivamente). Informa que asentença reconheceu em parte os períodos pleiteados, com exceção do que se refere ao período que compreende entre06/03/1997 a 18/11/2003. Aduz que após 05/03/97, onde vigorava o limite de 80 decibéis, deve-se levar em conta o limite de85 decibéis, aplicando-se de forma retroativa o Decreto 4.882/03. Requer o provimento do recurso, reformando a sentençapara declarar como especial o período entre 05/03/1997 a 18/11/2003 e a procedência do pedido de concessão deaposentadoria especial.

O INSS alega que o laudo técnico (fl. 17) demonstra a utilização de EPI eficaz, atestando a redução de ruído em 24 dB.Afirma que no presente caso restou demonstrado que a comprovação da eficácia do uso de EPI deve ensejar o nãoenquadramento como tempo especial. Traz em sua peça recursal ainda argumentos de estudioso de Engenharia Mecânicaacerca do tema da eficácia do EPI. Requer o provimento do recurso para que sejam julgados totalmente improcedentes ospedidos formulados pela parte autora.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação visando à concessão da aposentadoria especial, NB 100.376.068-3, requerida em 2/3/2012.

O autor pediu o reconhecimento de tempo de serviço especial no período de 17/9/1986 a 2/3/2012 (fl. 7, item “d”). Paracomprovar condição especial de trabalho, o autor apresentou PPP e laudos técnicos emitidos pela empresa ChocolatesGaroto S.A. (fls. 14/20). Os documentos atestam exposição a ruído nos seguintes níveis médios:

Período Leq17/09/1986 a 30/11/1991 85,94 dB(A)01/12/1991 a 30/04/1999 87,82 dB(A)01/05/1999 a 31/12/2007 87,82 dB(A)01/01/2008 a 28/12/2011 88,10 dB(A)

O ruído só se caracteriza como agente agressivo à saúde quando ultrapassa determinado limite de tolerância. A definiçãodesse limite variou ao longo do tempo. Conforme a legislação previdenciária vigente na época da prestação do serviço,considera-se tempo de serviço especial aquele durante o qual for comprovada a exposição do segurado a ruído em nívelequivalente de pressão sonora igual ou superior a:

80 dB(A) até 5.03.1997, de acordo com o Decreto nº 53.831/6490 dB(A) entre 6.03.1997 e 18.11.2003, de acordo com os Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/9985 dB(A) a partir de 19.11.2003, de acordo com o Decreto nº 4.882/2003, que alterou o Decreto nº 3.048/99

Não há controvérsia sobre a aplicabilidade do Decreto nº 4.882/2003 (limite de 85 db) para trabalho prestado após19/11/2003. Entretanto, ainda é polêmica a possibilidade de o Decreto nº 4.882/2003 ser aplicado retroativamente.

A TNU adotou o entendimento de que o Decreto nº 4.882/2003 aplica-se retroativamente, para fixar o limite de tolerância aoruído em 85 dB(A) no período de 6/3/1997 a 18/11/2003, afastando a aplicação do Decreto nº 2.172/97. Por isso, revisousua Súmula nº 32 com a seguinte redação: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial,para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, acontar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003,quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído” (DOU 14/12/2011).

Essa orientação, porém, diverge da jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça. A Quinta e a Sexta Turmasdaquela Corte têm negado retroatividade à norma regulamentadora, adotando entendimento favorável ao INSS:

Page 50: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

“PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL. TEMPUS REGIT ACTUM. DECRETON. 3.048/1999. ALTERAÇÃO PELO DECRETO N. 4.882/2003. NÍVEL MÍNIMO DE RUÍDO. LEGISLAÇÃO VIGENTEAOTEMPO EM QUE O LABOR FOI EXERCIDO. RETROATIVIDADE DE LEI MAIS BENÉFICA. IMPOSSIBILIDADE.AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. AGRAVO DESPROVIDO.I - Para fins de reconhecimento de tempo de serviço prestado sob condições especiais, a legislação aplicável, emobservância ao princípio do tempus regit actum, deve ser aquela vigente no momento em que o labor foi exercido, nãohavendo como se atribuir, sem que haja expressa previsão legal, retroatividade à norma regulamentadora.II - Este Superior Tribunal de Justiça possui pacífica jurisprudência no sentido de não admitir a incidência retroativa doDecreto 4.882/2003, razão pela qual, no período compreendido entre 05/03/1997 a 18/11/03, somente deve serconsiderado, para fins de reconhecimento de atividade especial, o labor submetido à pressão sonora superior a 90 decibéis,nos termos dos Decretos n.º 2.172/97 e 3.048/99, vigentes à época. Precedentes.IV – Agravo interno desprovido.” (AGRESP 1.263.023, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma , DJe 24/05/2012)

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. CÔMPUTO.LEI EM VIGOR AO TEMPO DO EFETIVO EXERCÍCIO. DECRETO 3.048/1999 ALTERADO PELO 4.882/2003.RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O entendimento pacificado pelas Turmas componentes da Terceira Seção destaCorte Superior é no sentido que o tempo de serviço é regido pela legislação em vigor ao tempo em que efetivamenteexercido, o qual é incorporado ao patrimônio jurídico do segurado, que não pode sofrer prejuízo em virtude de inovaçãolegal. 2. É certo que o Decreto n. 4.882/2003, ao alterar o item 2.0.1 de seu anexo IV do Decreto n. 3.048/1999, reduziu olimite de tolerância do agente físico ruído para 85 decibéis. No entanto, sua observância se dará somente a partir de suaentrada em vigor, em 18/11/2003. Desta forma, não há como atribuir retroatividade à norma regulamentadora sem expressaprevisão legal, sob pena de ofensa ao disposto no artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. 3. Agravo regimental a quese nega provimento.” (AGRESP 1127088, Rel. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (Desembargador convocado doTJ/AP), QUINTA TURMA, DJE 06/12/2010.)

(...)

Contra as decisões da TNU, o INSS tem interposto novo incidente de uniformização de jurisprudência com base no art. 14,§ 4º, da Lei nº 10.259/01 arguindo, com razão, contrariedade à jurisprudência dominante do STJ. Havendo divergência entrea jurisprudência da TNU e a jurisprudência do STJ, prevalece esta última.

Por isso, considero que o limite de tolerância ao ruído no período de 6/3/1997 a 18/11/2003 era de 90db(A). O Decreto nº4.882/2003, que reduziu o limite para 85 db(A), não pode ser aplicado retroativamente.

Consequentemente, só cabe reconhecer condição especial de trabalho por exposição a ruído nos seguintes períodos(porque durante eles houve exposição ao agente nocivo em intensidade superior ao limite de tolerância): 17/9/1986 a5/3/1997 e 19/11/2003 a 28/12/2011.

O INSS, porém, alegou que os documentos atestam uso de EPI eficaz, o que afastaria o direito ao reconhecimento detempo especial.

Tenho entendimento pessoal de que a partir de 3/12/1998, quando entrou em vigor a MP 1.729, posteriormente convertidana Lei nº 9.732/98, tornou-se exigível constar do laudo técnico informação sobre a existência de tecnologia de proteçãocoletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo (nova redação dada ao art. 58, § 2º, da Lei nº8.213/91). Dessa forma, a indicação de EPI eficaz permitiria presumir que os efeitos do agente nocivo tenham sidoneutralizados, afastando a caracterização da condição especial de trabalho. Exegese em sentido contrário esvazia osignificado prático da norma legal acima indicada.

Não obstante, a Turma Nacional de Uniformização uniformizou entendimento em sentido contrário. Decidiu que o Decretonº 4.882/2003 “em nada elide o seu entendimento consolidado na referida Súmula 09. Ou seja, ainda que o EPI neutralizepor completo o agente nocivo, é de se considerar a especialidade, vez que, para o fim previdenciário, o que se releva é asubmissão do trabalhador a um risco potencial – e não efetivo – de laborar sob condições agressivas à sua saúde,independentemente do período pleiteado, seja anterior ou posterior ao Decreto 4882/03” (Processo nº2007.83.00.504986-1, Rel. Paulo Arena, DOU 29.06.2012). Também decidiu que “o fato da Súmula 09 da TNU ter sidoeditada em 10/03 e ter sido publicada em 05/11/03, antes da edição do Decreto nº 4.882, de 18/11/03, a superveniênciadeste texto não alterou o entendimento exarado” (Processo nº 2008.50.50.002583-1, Rel. Paulo Arena, DOU 20.04.2012).

Curvo-me à orientação jurisprudencial da TNU, admitindo que o uso de EPI eficaz, mesmo durante a vigência da Lei nº9.732/98 ou do Decreto nº 4.882/03, não pode descaracterizar a condição especial de trabalho.

Ressalto que o autor pediu o reconhecimento de tempo de serviço especial até 2/3/2012. Não obstante, o laudo técnico foiemitido em 28/12/2011 (fl. 20). Logo, não é possível reconhecer condição especial de trabalho após essa data, porque nãohá prova documental da exposição ao agente nocivo.

Conclusão

Enfim, o autor tem direito ao enquadramento de atividade especial apenas nos períodos de 17/9/1986 a 5/3/1997 e

Page 51: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

19/11/2003 a 28/12/2011. O somatório desse tempo de serviço equivale a 18 anos, 6 meses e 29 dias.

Como não completou 25 anos de tempo de serviço especial, o autor não tem direito à aposentadoria especial.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial nos períodos de 17/9/1986 a 5/3/1997 e 19/11/2003a 28/12/2011.

Julgo improcedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial no período de 6/3/1997 a 18/11/2003.

Julgo improcedente o pedido de concessão da aposentadoria especial, NB 100.376.068-3.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

3. Recurso do INSS: alegação de uso de EPI eficaz. A tese recursal é a de que o Decreto n.º 4.882/2003 teriatornado superado o entendimento consolidado na súmula 9 da TNU. Contudo, como bem observou a sentença recorrida, aTNU, em 2012, fixou sua jurisprudência no sentido de que o advento do Decreto nº 4.882 de 18/11/2003 não alterou ousuperou o entendimento que a referida Turma consolidou em sua súmula nº 09 (TNU, Processo nº 2007.83.00.504986-1,Rel. Paulo Arena, DOU 29.06.2012).

4. Recurso da autora: A autora pretende a retroação do nível de ruído estipulado no Decreto nº 4882/2003 (85decibéis), nos termos do enunciado 32 da TNU.

A TNU assumia entendimento diferente do adotado pelo STJ no que refere ao nível de ruído para configuração daespecialidade do período de trabalho. Contudo, a TNU recentemente alterou seu entendimento, cancelando, em09/10/2013, o enunciado 32 da súmula de sua jurisprudência dominante. Tal cancelamento com certeza ocorreu por forçado provimento de incidente de uniformização, pelo STJ, no qual a referida Corte reafirmou sua jurisprudência em face doteor do enunciado 32 da TNU (STJ, 1ª Seção, Petição nº 9059 / RS, Julgado em 28/08/2013).

Prevaleceu, destarte, o entendimento consolidado no STJ a respeito do tema. Deste modo, para que surja o direito àcontagem de tempo de trabalho como “especial”, o nível de ruído a que deve estar submetido o segurado deverá ser: (i)superior a 80 decibéis até 04/03/1997; (ii) superior a 90 decibéis entre 05/03/1997 até 17/11/2003 (vigência do Decreto nº2.172/97); (iii) superior a 85 decibéis após 18/11/2003 (vigência do Decreto nº 4.882/03).

A sentença adotou a posição assumida pelo STJ; que, atualmente, passou a ser a posição da TNU. Logo, há de sermantida nesse pormenor.

5. RECURSOS IMPROVIDOS. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios diante dasucumbência recíproca. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

32 - 0005177-12.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005177-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANDERSON MAICON CRUZBELO (ADVOGADO: ES019999 - JOSÉ MOACIR RIBEIRO NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0005177-12.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005177-8/01)RECORRENTE: ANDERSON MAICON CRUZ BELOADVOGADO (S): JOSÉ MOACIR RIBEIRO NETORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento ao recursoinominado por ela interposto contra sentença que julgou improcedente o pedido de concessão de benefício de prestaçãocontinuada. Alega o embargante que o acórdão é omisso quanto ao cerceamento de defesa alegado no recurso inominado.O acórdão, de fato, nada aduziu acerca da alegação, constante de fl. 163, de que houve cerceamento de defesa por não tersido realizada audiência de instrução de julgamento para oitiva do autor e testemunhas. Reconheço a omissão alegada e

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passo a saná-la.Uma vez que se entendeu pela inexistência de incapacidade do autor, pela análise da prova pericial produzida em juízo,mostra-se totalmente desnecessária a oitiva de testemunhas, eis que a prova testemunhal não poderia ter o condão demodificar a conclusão das DUAS perícias técnicas. Primeiro porque, conquanto a perícia não vincule o juiz, muito menosainda eventuais depoimentos em sentido contrário o vinculariam. Segundo porque a incapacidade deve necessariamenteser aferida a partir de informações médicas. Não há, pois, nenhum cerceamento de defesa no presente processo.Embargos conhecidos e parcialmente providos para sanar a omissão reconhecida na forma do disposto no item 3, semalteração do resultado do julgamento.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

33 - 0003082-06.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003082-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AGOSTINHO DE SOUZA ESILVA (ADVOGADO: ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).Autos n.º 3082-06.2012.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUTOR APOSENTADO – PEDIDOS DE AVERBAÇÃO DE PERÍODO LABORADO COMOSEGURADO ESPECIAL (RURAL) E CONSEQUENTE REVISÃO DA RENDA MENSAL DA APOSENTADORIA JÁCONCEDIDA – RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deaverbação de nove anos de labor rural, que teriam sido trabalhados antes de 1978.

2. Em seu recurso, a autora alegou que: (a) houve revelia; (b) há início de prova material, que consistiria em: “...Título Eleitoral do Recorrente com a profissão rural (fl. 21); da Homologação do Recorrido (fl.22) e da Certidão de Óbito doPai lavrador (fl. 23).” (fl. 91); (c) a Lei 8.213/91 isentou os segurados especiais que já se encontravam no sistemaprevidenciário da obrigação de recolher contribuições para se aposentar (§ 2º do artigo 55); (d) Conforme a súmula 14 daTNU, “Para a concessão de aposentadoria rural por idade não se exige que o início de prova material corresponda a todo operíodo equivalente à carência do benefício.”; (e) os depoimentos foram congruentes no sentido de que o autor eratrabalhador rural (antes de 1978).

3. Segue abaixo o teor da sentença:

AGOSTINHO DE SOUZA E SILVA ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS,objetivando a concessão de Aposentadoria por Tempo de contribuição, somado ao tempo de trabalho rural, além dopagamento das prestações vencidas desde o requerimento administrativo em 28/10/2010 (DER) – fl. 14.

Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei 9.099/95.

DECIDO.

Fundamentação

Mérito

A parte autora nasceu em 12/08/1956 (fl. 13), contando atualmente com 56 (cinqüenta e seis) anos de idade, e requereu obenefício de aposentadoria por idade em 28/10/2010 (fl. 14), tendo sido o mesmo indeferido, sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural, a parte autora juntou aos autos os documentos de fls. 13/38, constando, dentreeles: declarações.Além disso, na tentativa de corroborar o início de prova material acima especificada, foi colhido depoimento pessoal e deduas testemunhas na audiência, conforme CD-R de áudio.Em seu depoimento pessoal, o autor afirmou que atualmente o é aposentado como taxista; que está aposentado há 05meses; antes disso era autônomo desde 1987; que antes disso foi trabalhador rural; que de 1978 para cá o autor nãoexerceu mais atividade rural; que antes de parar de trabalhar na roça o autor era meeiro; ficou na última propriedade por 06anos; que essa propriedade era do Sr. Cleto Pedro Goltara e ficava localizada em Bela Aurora; que cultivava cerca de 3 milpés de café; que no início o autor colhia umas 40 sacas de café; que quando não estava no período da safra o autortrabalhava a dia para outros proprietários ou trocava dia de serviço; que o primeiro lugar onde o autor trabalhou foi napropriedade do Sr. Eli Machado; que nesta época o autor tinha 12/13 anos; que ele semeava, levava água; que ficou nessapropriedade até completar 15 anos de idade; que após foi para a propriedade do Sr. Arlene Saloto onde trabalhou por

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aproximadamente 2 anos; que após essa data o autor foi trabalhar na propriedade do Sr. Cleto; que na propriedade do Sr.Arlene o autor roçava pasto; que o autor tem irmãos que eram lavradores, mas hoje não exercem mais essa profissão; queo pai do autor era lavrador; que o autor tem 3 filhos, sendo 1 professor e os outros estudantes; que plantava café conilon;que na terra também tinha plantado o café arábica; que não sabe informar a autora das terras; que saiu da roça pois nãogostava do trabalho rural.A primeira testemunha, Sr. Cleto Pedro Goltara, disse que conhece o autor desde que se mudou para Bela Aurora, sítioBela Vista; que isso ocorreu em 1970; que quando se mudou para esse local o autor já estava lá; que o autor trabalhava naroça plantando milho, café, feijão, banana; que o autor trabalhava na propriedade do Sr. “Tonico Cano”; que o autor ficou naroça até 1977/1988, sendo que depois dessa data o depoente perdeu contato com o autor; que o autor trabalhou napropriedade do depoente por aproximadamente 04 anos; que o autor apenas trabalhava com café conilon em suapropriedade; que o atual dono da propriedade do Sr. Tonico Cano é filho do Sr. Arlene; que conhece o Sr. Erli Machado,mas não tem conhecimento se o autor já trabalhou nessa propriedade; que na época que o autor trabalhava para odepoente este recebia a ajuda de sua mãe; que o autor era meeiro do depoente, mas na época nem se falava em contrato.A segunda testemunha, Sr. Francisco Camilo Tomaz, disse que já trabalhou com o autor na propriedade do Sr. Cleto; complantações de arroz e café; que trabalharam juntos até o momento em que o autor se mudou da roça; que quando o autorpassou a trabalhar para o Sr. Cleto o depoente já trabalhava lá; que o depoente trabalhou para o Sr. Cleto até se casar em1983; que pouco tempo depois que foi trabalhar para o Sr. Cleto o autor começou a trabalhar no mesmo lugar; quetrabalhava com café conillon; que antes de trabalhar para o Sr. Cleto o depoente morava em São lourenço e trabalhavapara o Sr. Nem.Aponto inicialmente que o autor ainda não tem 60 anos de idade completos, requisito necessário para a obtenção dobenefício de aposentadoria especial por idade.Com relação ao pedido de contagem de tempo do trabalho rural para fins de aposentadoria por tempo de contribuição,aponto que o autor não efetuou as contribuições pertinentes para fins de contagem recíproca, nos termos do art. 96, IV daLei nº 8.213/91.Ademais, não é possível deferir o pedido com base exclusivamente em prova testemunhal. No caso dos autos, não há iníciode prova material apto a embasar o pedido autoral.Ressalto, por fim, que as testemunhas mencionam apenas o exercício de atividade rural durante quatro anos, e não nove,como se pretende demonstrar.Como se não bastasse, não somente o autor, mas também seus filhos e irmãos se mostram totalmente integrados à vidaurbana, não exercendo atualmente atividade rural.A condição do trabalhador rural é uma exceção no sistema previdenciário, por autorizar a concessão de um benefício sem asua contraprestação.Como exceção que é, deve ser interpretada de forma restritiva, de modo a beneficiar aqueles que efetivamente necessitemde um tratamento favorecido.Verifico que o autor não se enquadra nesses casos.Nesse sentido, e pela análise em conjunto de todo o acervo probatório, percebo que o autor não efetuou as contribuiçõesnecessárias para o reconhecimento de seu direito e que o acervo probatório não se reveste da robustez necessária paradeferimento do pedido.Dessa forma, entendo que a parte autora não conseguiu comprovar os requisitos para a concessão da aposentadoria.

Dispositivo

Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC,extinguindo o feito com resolução do mérito.Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o artigo1º da Lei nº 10.259/01.Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria asua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, certifique-se o trânsito emjulgado, e em seguida, arquivem-se os autos, dando baixa.

P.R.I.

Cachoeiro de Itapemirim, 22 de janeiro de 2013.

4. Em primeiro lugar, registro que o INSS homologou o ano de 1975 como tendo sido trabalhado como seguradoespecial na condição de meeiro, cf. termo de homologação de fl. 22.

5. O INSS está vinculado a normas regulamentares que restringem a extensão do início de prova material. Comcerteza a homologação se deu porque o título eleitoral do autor, emitido em 13/08/1975, consta que o mesmo era“trabalhador rural” (fl. 21). Repare-se que não se trata de uma declaração emitida pelo sistema do Tribunal RegionalEleitoral (cuja declaração de profissão pode ser ulteriormente alterada pelo segurado, a seu pedido), mas do próprio títuloeleitoral que, em sua versão antiga (distinta da atual), fazia constar a profissão do eleitor.

6. A certidão de óbito do pai do autor – fato ocorrido em 1978 – noticia que o mesmo era lavrador (fl. 23).

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7. Há prova material suficiente, que pode ser estendida a período maior, em vista da Súmula 14 da TNU.

8. O depoimento pessoal e as testemunhas, tal qual consta o resumo dos depoimentos na sentença, foramsuficientes a comprovar que o autor exerceu atividade rural até 1978, quando passou a exercer atividade urbana.

9. O autor faz jus à averbação pretendida.

10. DOU PROVIMENTO ao recurso. JULGO PROCEDENTE o pedido, para CONDENAR o INSS a averbar comotempo laborado na condição de segurado especial rural os seguintes períodos: (i) de 12/08/1968 até 31/12/1974 (o ano de1975 foi reconhecido administrativamente); e (ii) de 01/01/1976 até 03/10/1978 (em 4/10/78 iniciou atividade urbana, cf.CTPS à fl. 24). Também CONDENO o INSS a, após proceder à averbação dos dois referidos períodos, proceder à revisãoda RMI do benefício concedido ao autor (NB 159.328.160-6).

Os valores atrasados deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correçãomonetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF, conformeentendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014). Sem condenaçãoem verbas de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

34 - 0004755-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004755-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x IVANETE MARIA DE JESUS(ADVOGADO: ES004367 - JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO, ES008573 - SEDNO ALEXANDRE PELISSARI,ES009624 - JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO, ES009588 - ANTONIO AUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO.)x OS MESMOS.PROCESSO: 0004755-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004755-9/01)RECORRENTE: IVANETE MARIA DE JESUSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA, JOÃO BATISTA DALLAPÍCCOLA SAMPAIO, ANTONIOAUGUSTO DALAPÍCOLA SAMPAIO, JOAQUIM AUGUSTO DE AZEVEDO SAMPAIO, SEDNO ALEXANDRE PELISSARIRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdão quenegou provimento aos recursos inominados interpostos por ambas as partes. Alega o embargante que o acórdão incorreuem contradição, pois reconheceu a inexistência de requerimento administrativo e fixou a DIB na data da sentença, quandodeveria ter fixado na data do ajuizamento da ação, conforme entendimento da TNU.O recurso não merece conhecimento, uma vez que apresenta redação confusa, defendendo, ademais, tese prejudicial aoINSS.Embargos não conhecidos.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

35 - 0002286-86.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002286-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IAÇANÂ CARVALHOSANTOS VIEIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZLINS BARBOSA.).PROCESSO: 0002286-86.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002286-1/01)RECORRENTE: IAÇANÂ CARVALHO SANTOS VIEIRAADVOGADO (S): ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): ANA BEATRIZ LINS BARBOSA

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Defensoria Pública da União – DPU em face do acórdão que negouprovimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, condenando-a em honorários advocatícios. Alega aembargante que o acórdão incorreu em contradição ao condenar a parte autora na verba honorária, pois é beneficiária daassistência judiciária gratuita.De fato, o despacho de fl. 29 deferiu à parte autora o benefício da assistência judiciária gratuita. Ademais, a autora estárepresentada pela DPU. Configura-se, pois, a contradição apontada.

Page 55: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Pelo exposto, DOU PROVIMENTO aos embargos para, sanando a contradição reconhecida, excluir do acórdão embargadoa condenação da autora/recorrente em honorários advocatícios.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

36 - 0101029-29.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101029-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDMUNDO FAUSTINO DASILVA (ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0101029-29.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101029-6/01)RECORRENTE: EDMUNDO FAUSTINO DA SILVAADVOGADO (S): JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAYRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de Oliveira

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS em face do acórdão que deuprovimento ao recurso inominado do autor para julgar procedente o pedido e condenar o INSS a proceder à revisão docálculo do salário de benefício, considerando os salários de contribuição constantes da CTPS do autor, bem como a pagaras parcelas vencidas até cinco anos antes do ajuizamento da ação. Alega o embargante que o acórdão contém omissãoquanto à decadência do direito de revisão da aposentadoria por invalidez, já que a data de início do benefício previdenciáriooriginário (auxílio-doença) deu-se em 31/12/2000. Diz que não importa o fato de se tratar de benefício diverso, pois o únicoelemento de cálculo que se altera coma conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez é o coeficiente,mediante a integralização de 91% para 100%. Alega necessidade de manifestação quanto à incidência da norma do art. 5º,XXXVI, da CF/88.O acórdão foi bastante claro nos itens 3 e 4 ao fundamentar e concluir pela contagem do prazo decadencial a partir do atoconcessório da aposentadoria por invalidez. O embargante intitula de omissão o entendimento contrário ao por eledefendido.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

37 - 0003829-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003829-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RUBENS GOMES DEARAÚJO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).PROCESSO: 0003829-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003829-7/01)RECORRENTE: RUBENS GOMES DE ARAÚJOADVOGADO (S): ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUE

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que o condenou a conceder benefícioprevidenciário a partir de 16/10/2012. Alega o embargante que, até a decisão definitiva de modulação de efeitos temporaisda decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento das ADI 4425 e 4357 quanto à inconstitucionalidade da TR, não háuma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto à correção monetária. Diz que adotarposicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STF implicará violação do art. 102, § 2º, daCF/88.No que se refere à correção monetária, o acórdão não fixou o índice a ser aplicado, assim como não fixou os juros de mora.Não obstante a incidência de ambos independa de condenação expressa no dispositivo, reconheço de ofício a omissãopara determinar que a correção monetária e os juros de mora incidam nos moldes previstos no Manual de Cálculospublicado pelo CJF. Ressalto que a Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, ao efetuar as alterações noManual, utilizou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária, posição

Page 56: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

referendada pela Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº0501880- 08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.Não se configura a omissão/contradição apontada pelo embargante quanto à pendência da modulação dos efeitos dadecisão do STF na ADI 4425 e na ADI 4357. A expectativa de manifestação do STF em momento superveniente não tem ocondão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existe nenhumcomando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também não fariasentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO. Nada obstante, reconheço de ofícioomissão quanto aos índices de correção monetária e de juros de mora, passando o dispositivo do voto/ementa de fls.120/122 (item 13) a ter o seguinte teor:

“Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença e julgar procedente emparte o pedido e condenar o INSS a conceder ao autor aposentadoria por idade a partir de 16/10/2012 (data dorecolhimento da contribuição relativa ao mês 10/2012), bem como a pagar as parcelas vencidas desde então, acrescidas decorreção monetária e os juros de mora calculados nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.”

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

38 - 0003395-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003395-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOACIR MOURA FALQUETI(ADVOGADO: ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, ES103516 - GERALDOI BENICIO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0003395-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003395-9/01)RECORRENTE: JOACIR MOURA FALQUETIADVOGADO (S): GERALDOI BENICIO, PHILIPI CARLOS TESCH BUZANRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANI

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que o condenou ao recálculo da renda mensalinicial do benefício do autor desde a data do requerimento administrativo. Alega o embargante que, até a decisão definitivade modulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento das ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.No que se refere à correção monetária, o acórdão não fixou o índice a ser aplicado, assim como não fixou os juros de mora.Não obstante a incidência de ambos independa de condenação expressa no dispositivo, reconheço de ofício a omissãopara determinar que a correção monetária e os juros de mora incidam nos moldes previstos no Manual de Cálculospublicado pelo CJF. Ressalto que a Comissão de Cálculos do Conselho da Justiça Federal, ao efetuar as alterações noManual, utilizou o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que tange à aplicação da correção monetária, posiçãoreferendada pela Turma Nacional de Uniformização no julgamento do Incidente de Uniformização de Jurisprudência nº0501880- 08.2009.4.05.8300 em 06/08/2014.Não se configura a omissão/contradição apontada pelo embargante quanto à pendência da modulação dos efeitos dadecisão do STF na ADI 4425 e na ADI 4357. A expectativa de manifestação do STF em momento superveniente não tem ocondão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existe nenhumcomando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também não fariasentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO. Nada obstante, reconheço de ofícioomissão quanto aos índices de correção monetária e de juros de mora, passando o dispositivo do voto/ementa de fls. 83/85(item 8) a ter o seguinte teor:

“Posto isso, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO, para julgar procedente o pedido,condenando o INSS a averbar o período de trabalho rural como segurado especial, exercido no período entre 03/02/1970 a20/12/1975, recalculando a renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuição (NB. 141.849.420-5) com baseno período de contribuição total de 41 anos, desde 14/03/2007, data do pedido administrativo, bem como a pagar asparcelas vencidas desde então, acrescidas de correção monetária e os juros de mora calculados nos moldes previstos noManual de Cálculos publicado pelo CJF.Uma vez que o autor encontra-se aposentado, não há risco da demora que justifique a concessão de medida liminar. Porconseguinte, as medidas executivas ocorrerão apenas após o trânsito em julgado deste acórdão.Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma

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do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.”

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

39 - 0004361-30.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004361-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x ROBERTO GIL LEAL FARIA (ADVOGADO: ES016926 - RIANE BARBOSACORREA.).Autos n.º 4361-30.2012.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL - JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO – PAGAMENTO DE VALORREFERENTE A APENAS MEIA DIÁRIA EM FUNÇÃO DE DESIGNAÇÃO PARA ATUAR EM VARA SITUADA NOINTERIOR – RECURSO DA UNIÃO IMPROVIDO.

1. A UNIÃO interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar ao autor, juiz federalsubstituto, o valor correspondente a oito (8) diárias, em razão do mesmo haver sido designado para atuar, em período deoito dias, em vara federal situada no interior (distinta da qual é lotado, situada nesta capital).

2. Alegou o recorrente que: (a) está configurada a competência do STF, visto que há precedentes do STF sobrepagamento de ajuda de custo a magistrados federais em caso de remoção; (b) incide o prazo de prescrição trienal (artigo206, § 3º, V, do Código Civil); (c) há necessidade de se comprovar o efetivo deslocamento para a vara do interior, sendoque no caso concreto o autor não formulou prévio requerimento à autoridade administrativa competente; aduziu que ‘... paraatender à finalidade da vantagem (indenização pelo deslocamento efetivamente realizado), a comunicação formal dos diasde efetivo deslocamento ao Diretor do Foro da respectiva Seção Judiciária é, na forma da referida resolução, condiçãoessencial para a percepção das diárias. Assim, pelo princípio da estrita legalidade, do qual não pode distanciar oadministrador, necessário o pedido de solicitação de diárias no período questionado.”. Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

“Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei nº. 9.099/95.Decido como segue.Nestes autos, o Autor, Juiz Federal Substituto desde Seção Judiciária do Espírito Santo, postula o pagamento integral dediárias relativas ao período de 29/11/2007 a 07/12/2007, no qual, lotado no 2º JEF de Vitória- ES, assumiu a titularidade da1ª Vara Federal de Cachoeiro de Itapemirim, e que até a presente data o TRF 2ª Região não efetivou o pagamento dasrespectivas diárias, uma vez que tal pagamento é de natureza vinculada e que a Administração está em mora desde então.Pois bem.Inicialmente, verifico que o requerimento de reconhecimento da prescrição com base na lei civil é descabido, uma vez que alei civil deve ser aplicada subsidiariamente, ou seja, a míngua de legislação específica ou no âmbito Administrativo quandohouver regramento especial, o que não é o caso dos autos. Assim sendo, o prazo prescricional é de 5 anos previsto noDecreto 20.910/32, motivo pelo qual rejeito a prescrição.No mérito, verifico, também, descabido o parecer da coordenadoria jurídica desta sede, pois, se diante de requerimentoexpresso judicial, porque não promoveu de imediato o procedimento administrativo de modo a consolidar o direito do autor.Com certeza, o tempo gasto com o extenso parecer querendo remeter o autor a via administrativa seria melhor aproveitadose diante da alegação do magistrado e dos documentos que constam nos autor procedesse de imediato ao pagamentoadministrativo. Contudo, a resistência fundamentada, supre a necessidade de requerimento administrativo.Por outro lado, está comprovado que o autor nada recebeu a título de diárias no período questionado, bem como não háprovas de que não houve o efetivo deslocamento conforme requerido pelo autor, totalizando 8 diárias, logo, suprido nessepormenor as questões administrativas.Concluindo, verifico que questão discutida nos autos diz respeito às diárias, as quais são vantagens pecuniárias pagas amagistrados e servidores, quando estes são ordenados a se deslocar da sede de sua lotação originária, no interesse doserviço. Logo, o objetivo das diárias é indenizar o magistrado/servidor pelos gastos que o deslocamento traz no que dizrespeito a estada, alimentação e transporte durante o período de trabalho em outra localidade.À época do deslocamento do Autor (2007), ainda não estava em vigor a Resolução nº. 04/2008 do CJF, a qual, em seusartigos 103 a 105, previa o seguinte:

Art. 103. O magistrado ou o servidor que, a serviço, se deslocar da sede, em caráter eventual ou transitório para outro pontodo território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias, na forma prevista nesta Resolução.

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Art. 104. Ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo, o magistrado ou o servidor não fará jus a diárias quando:I – o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo;II – se deslocar dentro da mesma região metropolitana, assim como aglomeração urbana ou microrregião, constituída pormunicípios limítrofes e regularmente instituídas; eIII – se deslocar em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,entidades e servidores brasileiros consideram-se estendidas.Parágrafo único. Nas hipóteses previstas nos incisos II e III desde artigo, se houver pernoite fora da sede, serão pagasdiárias, sempre fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.

Art. 105. As diárias serão concedidas por dia de afastamento da sede do serviço, incluindo-se o de partida e o de chegada,destinando-se a indenizar o magistrado ou o servidor das despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoçãourbana.Parágrafo único. O magistrado ou o servidor fará jus somente à metade do valor das diárias nos seguintes casos:I – quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede;II – na data do retorno à sede; eIII – quando a União custear por meio diverso as despesas extraordinárias cobertas por diárias. (destaquei)

Destarte, tendo em conta as previsões contidas na Resolução nº. 04/2008 do CJF, parece-me superada a questão relativa àestipulação de ½ (meia) diária por dia de deslocamento, com impedimento para a percepção de mais de 2 (duas) diáriaspor semana, conforme anteriormente previam as Resoluções nº. 22/1999 e nº. 21/2004, ambas do TRF2.Com efeito, há de se reconhecer que não há lógica em se limitar os pagamentos das diárias a duas por semana, muitomenos em se pagar a metade de seu valor pelo dia de afastamento. Ora, como o próprio nome do instituto deixa claro,trata-se de montante que é devido por cada dia em que o magistrado ou servidor se afasta de sua sede originária, sendoque, atendidas as condições para recebimento da benesse, a percepção do valor “cheio” é medida de rigor.Não é por outra razão que a Resolução nº. 04/2008 prevê hipóteses excepcionais em que o valor das diárias será pago pelametade, situações em que o gasto pelo deslocamento é reduzido por circunstâncias diversas (art. 105, § único). De fato, seo pagamento de metade do valor do dia fosse a regra geral do benefício, por certo que seu nomen juris deveria ser qualquerum menos “diária”.Desta forma, verifico que as Resoluções do TRF2 não poderiam limitar o direito às diárias sem justificar esta redução nadiminuição circunstancial dos custos suportados pelo magistrado, uma vez que a LOMAN não permite esta diferenciação.Na verdade, o que as Resoluções do TRF2 faziam era repassar ao Juiz Federal as despesas pelo trabalho exercido nointeresse da Justiça, obrigando que este suportasse metade (pelo menos) dos gastos advindos de seu deslocamento.Neste sentido, vejamos o seguinte julgado:

ADMINISTRATIVO. PAGAMENTO DE DIÁRIAS A JUIZ FEDERAL. ARTIGO 65, INCISO IV, DA LOMAN. RESOLUÇÃO Nº69/92, DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL. I - O pagamento de diárias, no caso de magistrado, tem previsão legal,constante do disposto no artigo 65, inciso IV, da LOMAN, sem ressalvas, de modo que não caberia à Administração, noexercício do poder regulamentar, restringir onde o legislador não o fez, senão que lhe compete tão-somente especificar oconteúdo da norma para permitir-lhe a execução, sob pena de ofensa aos limites da legalidade. II– Nesse passo, oConselho da Justiça Federal editou a Resolução de nº 69, de 15.12.92, em estrita observância ao referido diploma legal,prevendo o pagamento de diárias (artigo 9º) por cada dia de “afastamento da sede do serviço” (artigo 10), causa estaperfeitamente justificável e coerente com a natureza indenizatória desta verba, de modo a suprir as despesas dehospedagem, alimentação e transporte em razão de deslocamentos por motivo do serviço. III - Equivocada a interpretaçãodada pela Administração, no sentido de que o conceito de “sede do serviço” confundir-se-ia com os limites da SeçãoJudiciária, não podendo prevalecer na espécie, havendo que se guardar maior coerência, inclusive, com o processo deinteriorização da Justiça Federal na 2ªRegião. IV - A apelante faz jus às diferenças pleiteadas referentes às diárias que lhesão devidas por cada dia de afastamento da sede, entendida esta como a capital do Estado do Rio de Janeiro, emdecorrência das designações para assumir a titularidade de Vara Federal no interior do Estado. Não há como reconhecer odireito à percepção de diária nos períodos em que a apelante foi designada e exerceu suas atividades judicantes nas VarasFederais localizadas na capital do Estado do Rio de Janeiro. V – Sentença reformada, para julgar procedente, em parte, opedido, condenando a União Federal ao pagamento das diferenças de diárias devidas à apelante em decorrência dasdesignações para assumir a titularidade das Varas Federais de Angra dos Reis, Itaperuna, Três Rios e Campos dosGoytacazes, nos períodos constantes dos respectivos Atos de designação, na proporção de 1 (uma) diária por cada dia deafastamento da capital do Estado, com base na Tabela de Diárias da Resolução nº 69/92, valor referente a Juiz FederalSubstituto, acrescido de juros de mora de 6% (seis por cento) ao ano, a contar da citação, nos termos do artigo 1º-F da Leinº 9.494/97, acrescentado pela MP nº 2.180-35/2001, e correção monetária na forma legal, desde quando devidas asparcelas, tudo a ser devidamente apurado em liquidação. Honorários advocatícios fixados em 5% (cinco por cento) sobre ovalor da condenação, tendo em vista que a autora decaiu de parte mínima do pedido, nos termos do artigo 21 do CPC. VI –Apelação conhecida e parcialmente provida. (AC 200351010258941, Desembargador Federal GUILHERME CALMON/noafast. Relator, TRF2 - OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::01/12/2006 - Página::280.) (destaquei)Fixada a pertinência do pagamento “cheio” da diária, parte-se para a questão envolvendo a definição da quantidade de diasque devem ser entendidos como “dias de afastamento”, isto é, se a expressão engloba todos os dias do período deafastamento (dias corridos) ou apenas os dias em que havia expediente na Vara para a qual o magistrado foi designado(dias úteis).Parece-me que o padrão para definição deste assunto deve levar em conta os dias efetivamente trabalhados pelomagistrado, isto é, os dias úteis em que sua presença é exigida no recinto de trabalho temporário. Com efeito, durante ofinal de semana, o magistrado, a princípio, não exerce atividade judicante, porém, dependendo do horário em que sedesloca, existe a necessidade de mais um pernoite no local para onde se deslocou, como no caso dos autos em que não se

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justifica o deslocamento a noite na BR- 101.Desta maneira, tratando-se de período de afastamento em que foram necessários deslocamentos posteriores a efetivaatividade judicante, entendo que o valor correto a ser pago é de 8 diárias, uma vez que nas duas vezes em que sedeslocou, precisou retornar ao sábado para evitar a BR-101 a noite.Considerando que o valor da diária de um Juiz Federal Substituto foi fixado em R$ 551,00 (quinhentos e cinquenta e umreais) no Anexo IV da Resolução nº. 04/2008 do CJF, o montante devido pela União atinge o 8 vezes o valor da diária, alémdos acréscimos legais incidentes na hipótese.Por fim, mister consignar que verba pleiteada é de caráter claramente indenizatório – conforme prevêem a Lei nº. 8.112/90(arts. 51 e 58) e a própria Resolução nº. 04/2008 do CJF (art. 105) –, razão pela qual não há se falar em incidência deimposto de renda e contribuição previdenciária sobre o montante.Dispositivo:Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos autorais e extingo o processo com resolução demérito (art. 269, I, CPC), para condenar a União a pagar ao Autor o valor de 08 diárias, verba que não deverá sofrerdescontos a título de imposto de renda e contribuição previdenciária.O valor devido deverá sofrer a incidência de correção monetária e juros de mora nos moldes do art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97(com redação dada pela Lei nº. 11.960/2009), desde a citação, momento em que a União ofereceu resistência a pretensãolegítima do autor.Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº.10.259/01).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões. Vindasestas, ou certificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado e dê-se início à fase de cumprimento da sentença.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Vitória/ES, 24 de abril de 2013.”

3. Alegação de incompetência dos JEFs. Em recente precedente, o Ministro Marco Aurélio afirmaram acompetência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar demandas análogas a que ora examino. Trata-se daReclamação nº 15941/DF, ocasião em que S. Exa. explicitou, didaticamente, que quando o direito material pleiteado naação for exclusivo da magistratura, haverá configuração da competência do STF; e que, por outro lado, quando se cuidar dedireito que se refere a todo servidor (tal qual ocorre com o direito à percepção de diárias em virtude de designaçãotemporária para responder por outra vara, situada em município distinto do qual se é lotado), não se teria a configuração dacompetência da Suprema Corte (Rcl 15941/DF, julgada em 14/09/2013). Por conseguinte, afasto a alegação no sentido deque estaria configurada a competência do STF para julgar esta demanda.

4. Prescrição. O STJ firmou orientação no sentido de que o prazo prescricional das pretensões contra aAdministração Pública é de cinco anos, regido pela norma específica do Decreto 20.910/1932, sendo inaplicável o art. 206,§ 3º, do CC (REsp 1.251.993), entendimento também adotado pela TNU (PEDILEF 200834007004255), razão pela qual,consignando a orientação pessoal em sentido contrário, a Primeira Turma Recursal do Espírito Santo adota o prazoprescricional qüinqüenal. O ajuizamento da ação deu-se após o decurso de mais de três anos do ato questionado, masantes de completados cinco anos, motivo pelo qual não houve a consumação da prescrição.

5. Como bem observou a sentença, ante a existência de atos normativos do âmbito do TRF da 2ª Região quelimitavam o pagamento do ½ (meia) diária por dia de deslocamento, com impedimento para a percepção de mais de 2(duas) diárias por semana, a pretensão aqui veiculada (recebimento de uma diária para cada dia de deslocamento) serianecessariamente indeferida na instância administrativa. Dentro de tal contexto, quanto ao mérito, adoto o teor da própriasentença como razões de decidir.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. Écomo voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

40 - 0006348-20.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.006348-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUIZ ORECHIO(ADVOGADO: ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0006348-20.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.006348-3/01)RECORRENTE: JOSE LUIZ ORECHIOADVOGADO (S): VANESSA SOARES JABUR, JOYCE DA SILVA PASSOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

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1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

41 - 0003230-25.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003230-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMIRO JOSE NETO EOUTRO (DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.).PROCESSO: 0003230-25.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003230-0/01)RECORRENTE: ALMIRO JOSE NETO E APARECIDA BATISTA JOSÉADVOGADO (S): VINICIUS COBUCCI SAMPAIORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): PEDRO GALLO VIEIRA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ALMIRO JOSÉ NETO E APARECIDA BATISTA JOSÉ, contra asentença de fls. 54-56, que julgou improcedente o pedido veiculado na inicial, que objetivava o recebimento das parcelas deseguro-desemprego relativo ao período de defeso de dezembro de 2008 a maio de 2009. Os recorrentes alegam que, aocontrário do entendimento firmado na sentença, seus registros de pescadores profissionais (emitidos pela SecretariaEspecial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República) não se encontram desatualizados. Afirmam que, nos termosda Instrução Normativa MPA nº 07, de 24/12/2009, as Carteiras de Pescador ficaram com seus prazos de validadesprorrogados até a data de sua revalidação ou substituição, independentemente do prazo de vencimento de sua validadeatual. No que tange aos comprovantes de inscrição no INSS e de pagamento de contribuição previdenciária, apontam quetais documentos instruem a presente petição de recurso. Em relação ao terceiro requisito exigido para o recebimento doseguro-desemprego relativo ao período de defeso da lagosta, qual seja, a comprovação de que não recebiam nenhumbenefício de prestação continuada da Previdência ou da Assistência Social, apenas não foi possível comprová-lo porquehouve negativa do Ministério do Trabalho e Emprego em protocolizar o atendimento. Requer a anulação ou a reforma dasentença.

2. Seguem os principais fundamentos da sentença:

Trata-se de ação de conhecimento, com pedido de tutela antecipada, proposta por ALMIRO JOSÉ NETO e APARECIDABATISTA JOSÉ em face da UNIÃO FEDERAL e da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF objetivando a título deantecipação, o recebimento das parcelas relativas ao seguro-desemprego independentemente da apresentação dosdocumentos necessários e, no mérito: 1) a condenação da União Federal, através do Ministério do Trabalho, a efetivar oprocessamento do pedido de seguro-desemprego dos autores, independentemente da data de apresentação dosdocumentos necessários; 2) a condenação da CEF a efetuar o pagamento do valor integral das parcelas doseguro-desemprego devido aos autores, independentemente da data do recebimento dos dados de outros Órgãos e demaisdocumentos dos autores.

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(...)

No mérito, sustentam os autores haverem comparecido a Agência do Ministério do Trabalho em Cariacica/ES, para fins derequerimento do seguro-desemprego, por se tratarem de pescadores artesanais do crustáceo “lagosta”, em virtude doperíodo de defeso, entre dezembro de 2009 a maio de 2009.

Sustentam lhe terem sido negado o atendimento na referida agência (compareceram no último dia de prazo, qual seja,29/05/2009 às 16h:30min, em razão de só terem recebido a licença do barco de pesca que utilizam para o labor naquelamesma data), tendo sido posteriormente encaminhados para a Agência do Ministério do Trabalho do seu domicílio, ondenão foram atendidos em virtude do horário, na qual voltaram a comparecer no dia 01/06/2009, tendo porém seu pedidoindeferido por já ter se esgotado o prazo para requerimento, qual seja, 29/05/2009 (uma vez que o dia 31 se deu nofim-de-semana).

O seguro-desemprego é benefício de natureza assistencial que visa a prover assistência temporária ao trabalhador, nocaso, pescador profissional, durante o período de defeso, atendidos os requisitos legais elencados no art. 2º, devendo sercancelado nas hipóteses previstas no art.4º, ambos da Lei 10.779/2003.

O art.2º do diploma legal supra assim dispõe:

“Art. 2o Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao órgão competente do Ministério do Trabalho eEmprego os seguintes documentos:

I - registro de pescador profissional devidamente atualizado, emitido pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República, com antecedência mínima de um ano da data do início do defeso;

II - comprovante de inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social - INSS como pescador, e do pagamento dacontribuição previdenciária;

III - comprovante de que não está em gozo de nenhum benefício de prestação continuada da Previdência ou da AssistênciaSocial, exceto auxílio acidente e pensão por morte”

Desta forma, para fins de percepção do benefício em voga, deverá o pescador artesanal apresentar ao Ministério doTrabalho e Emprego os documentos supra delineados, para fins de habilitação. Além disso, não pode ter exercido, noperíodo, atividade remunerada ou percebido qualquer tipo de renda.

Na hipótese em análise, contudo, verifico que o autor não cumpriu os requisitos previstos na lei. Tal exigência se faznecessária como forma de proteção da previdência contra fraudes na concessão do seguro-desemprego. (...)

Verifico, em primeiro lugar, que os registros de pescadores profissionais dos autores emitidos Secretaria Especial deAqüicultura e Pesca da Presidência da República constantes às fls.05/06 não se encontram atualizados, tendo como datasde validade 07/09/2008, com relação ao autor, e 03/05/2008, no que diz respeito à autora, expirando, portanto, antes doperíodo questionado nesta ação, encontrando-se desatualizado.

Ressalte-se que os requisitos legais devem ser cumpridos cumulativamente, donde se infere que, o simplesdescumprimento do primeiro deles já afasta o direito pleiteado pelos autores nesta demanda. Não obstante, observo nãoterem sido anexados aos autos os demais documentos descritos nos itens II e III do dispositivo legal em epígrafe.

Pelo exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, e extingo o feito, com resolução de mérito com relação à UniãoFederal, à luz do disposto no art.269, I do CPC.

(...)

3. A causa de pedir indicada pelos autores reside no fato de a Agência do Ministério do Trabalho e Emprego emCariacica, no dia 29/05/2009 (último dia do prazo para o requerimento do seguro-desemprego), ter se recusado aatendê-los. O servidor que atendeu os autores declarou, por escrito, que não foi possível o atendimento porque, naquelaAgência, não há ordens para esse tipo de serviço, sendo que, por lá, não se permite o acesso ao sistema (fl. 11).

O ponto fulcral da demanda, portanto, não reside em saber se os documentos são aptos ou não ao deferimento dobenefício, mas sim em saber se, na semana seguinte, os autores ainda poderiam dar entrada no requerimento, visto que,conforme alegam na inicial, após ter extrapolado o prazo, a Agência responsável recusou-se a receber o pedido.

Em sua contestação, a União reconheceu que os autores não requereram o benefício no momento oportuno, qual seja,entre o 30º dia que antecede o início do defeso até a data de seu encerramento, não podendo ultrapassar 180 dias(Resolução nº 468/2005). Afirmou que não podem, agora, valer-se do Judiciário para suprir sua própria inércia.

Refuto as alegações da União. Há prova nos autos de que os autores compareceram à Agência Regional do Trabalho emCariacica no dia 29 de maio de 2009 (fl. 11 – declaração firmada pelo Chefe da Agência comprovando o comparecimento).Não houve, portanto, inércia por parte dos autores. Além disso, o fato de os recorrentes terem se dirigido a uma Agência

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que não tem autonomia para protocolar o pedido de seguro-defeso é plenamente compreensível, considerando acomplexidade de divisão de tarefas dos órgãos públicos. O que realmente deve ser verificado é que houve boa-fé por partedos autores, tanto que compareceram à Agência de Cariacica para protocolar o pedido ainda no prazo.

Não é razoável admitir a perda do direito de pleitear benefício que substitui a renda pelo simples fato de o requerentecomparecer no departamento errado, no último dia do prazo. Aceitar tal situação, conforme pretende a União, significariaestabelecer um prazo decadencial através de ato infralegal (Resolução), fulminando o direito ao benefício.

Considerando a boa-fé dos recorrentes (que compareceram na Agência do Ministério do Trabalho no último dia do prazo), ocaráter previdenciário do benefício pretendido e a condição de pescadores artesanais que fazem da pesca o principal meiode vida, merece provimento o recurso dos autores.

Ressalto que a análise dos documentos, tal como feito na sentença, foge dos pedidos elaborados na petição inicial emrelação à União. O provimento requerido é mandamental e consubstancia-se na determinação para que o Ministério doTrabalho e Emprego receba o pedido de seguro-defeso e dê o andamento e o processamento devidos.

4. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para determinar que a UNIÃO, através do Ministério doTrabalho e Emprego (Agência de Vitória), protocole o requerimento de seguro-defeso dos autores e receba os documentospróprios, dando o devido andamento e processamento ao pedido. Para tanto, a Agência já designada deve ser comunicadapela recorrida para que, no prazo de 30 (trinta) dias – a contar do trânsito em julgado desta decisão – protocole orequerimento de seguro-defeso e o aprecie, dando a decisão final, no prazo estipulado de 30 (trinta) dias.

Ficam, desde já, os recorrentes intimados de que devem comparecer à Agência da Serra no prazo acima estipulado paraentregar os documentos pertinentes e que deveriam ter sido entregues no ano de 2009.

Fixo multa diária de R$ 100,00 (cem reais) em caso de descumprimento da medida, que deverá se iniciar findo o segundoprazo acima estipulado.

Sem custas. Sem condenação em honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

42 - 0002261-70.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002261-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA CORREIA MARVILA(ADVOGADO: ES005342 - APARECIDA LEAL SILVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).PROCESSO: 0002261-70.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002261-4/01)RECORRENTE: MARIA CORREIA MARVILAADVOGADO (S): APARECIDA LEAL SILVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Vinícius de Lacerda Aleodim Campos

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARIA CORREIA MARVILA, em face da sentença de fls. 217/218,que julgou improcedente o pedido inicial de aposentadoria rural por idade. Alega a recorrente: 1) que não consta nasentença a relação dos documentos juntados com a inicial; 2) que os recibos de contribuição para a Colônia de Pescadorescomprovam a atividade de marisqueira no período de jan/1991 a fev/2007; 3) que o documento contendo o número damatrícula na Capitania dos Portos e a atividade de pesca artesanal se mostra contemporâneo aos fatos, bastando ver afotografia mostrando sua fisionomia ainda jovem; 4) que as testemunhas afirmam ter conhecido a autora efetuando serviçosde marisqueira; 5) que não há coerência lógico-jurídica entre a motivação e o dispositivo; 6) que, na audiência, foram feitasperguntas com intuito capcioso de confundi-la quanto às datas e épocas em que retirava mariscos nas pedras; 7) quemesmo após ter parado de retirar mariscos nas pedras, continuou descascando os mariscos e vendendo-os, fatocomprovado pela prova testemunhal. Requer a anulação da sentença ou, alternativamente, a sua reforma.2. A autora juntou aos autos os seguintes documentos: registro na Colônia de Pescadores Z-10 (fl. 11), feito em25/04/2004; contribuições à Colônia de Pescadores (fls. 12/16), datados entre 1991 e 2007; declarações diversas.

3. Quanto ao depoimento pessoal e as provas testemunhais passo a transcrever o resumo feito pelo Juízo a quo:

Relatou que, embora realize tal atividade desde 1991, há oito meses não se dirige mais às pedras por problemas de saúdee que só retira tais mariscos em pedras que viabilizem sua ida sem barco, já que não se utiliza de tal forma de transportepara trabalhar.

Outrossim, relatou que com tal atividade, retira R$ 60,00 (sessenta reais) por semana.

Eis os termos de seu depoimento:

- Informou que trabalha como marisqueira desde 1991. Disse que há aproximadamente 8 meses não vai retirar mariscos

Page 63: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

porque está com labirintite. Informou que há uma época certa para retirar os mariscos e o período bom é o da lua cheia.Relatou que transportava o marisco com a ajuda de amigos e do irmão. Informou que vende o marisco por R$ 6,00 o quilo erecebe algo em torno de R$ 60,00. Relatou que o marido era pescador e está aposentado, recebendo um salário por mês.Além da atividade de marisqueira, não faz outra coisa.

Em seu depoimento, instada a se manifestar sobre as fases da lua que retirava marisco, bem como os melhores meses,esta se mostrou extremamente insegura nas respostas, bem como não sou precisar as circunstâncias ideais da atividade.

Além disso, o depoimento das testemunhas mostrou-se pouco coeso com as informações até então prestadas.

A testemunha Sr. Alzito depôs que já viu a Autora colhendo marisco de barco mais de uma vez, o que é totalmenteincompatível do declarado pela Autora,que afirmou que não sai de barco.

A testemunha Nelci soube dizer com certeza que a Autora ainda trabalhava, sendo certo que a teria visto colhendo mariscosemana passada ou retrasada, quando a própria Autora afirma que não trabalha há oito meses.

A testemunha Sr. Silvino esclareceu que, na verdade, a Autora não trabalha há cinco anos.

4. O pedido administrativo da autora foi realizado em 08/05/2008 (fl. 22). Para tanto, precisaria comprovar 162meses de atividade rural (13 anos e meio). Ou seja, precisaria comprovar que trabalhou desde 1994/1995. O primeirodocumento constante nos autos que serve para comprovar tempo de atividade pesqueira é de 2004. Os recibos dospagamentos feitos à Colônia de Pescadores – e que se iniciam em 1991 – claramente foram produzidosextemporaneamente. Percebe-se tal fato pelas rasuras contidas nos recibos, em que foram riscados os números “20_ _”para apor anos do século anterior, tais como 1991, 1993 etc. Por óbvio, recibos ou documentos produzidos ainda nos anos90 não continham referência ao século XXI.

Como se não bastasse a evidente rasura, é gritante que tais documentos foram forjados por duas outras razões: (i) acontribuição paga pela suposta pescadora em favor da colônia de pescadores era sempre de R$24,00 ao longo de mais dedez anos, não havendo alteração do valor (cf. fls. 12/15); (ii) lançou-se esse valor inclusive em anos nos quais a moedaatual brasileira (real) era inexistente.

Com efeito, é fato notório que o real foi instituído como moeda brasileira em meados de 1994. Não obstante isso, a autoraanexou recibos de pagamento supostamente feitos nos anos de 1991 (fl. 12), 1992 e 1993 (fl.13) em favor da colônia depescadores.

É evidente que tais documentos (fls. 12/15) foram forjados para o efeito de fazer prova para fins previdenciários.

Quanto às declarações constantes nos autos, estas equivalem a mero depoimento testemunhal, não servindo como provadocumental. Ademais, as testemunhas contrariaram o alegado pela recorrente, não havendo, assim, prova documental outestemunhal que ampare a pretensão inicial.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que arecorrente é beneficiária da assistência judiciária gratuita.

6. O MPF deverá ser INTIMADO deste acórdão, em função de haver nos autos fotocópias de documentosevidentemente forjados, conforme exposto no item 4 supra.

7. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

43 - 0004743-57.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004743-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RAIMUNDO FAUSTINOVITOR (ADVOGADO: ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0004743-57.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004743-6/01)RECORRENTE: RAIMUNDO FAUSTINO VITORADVOGADO (S): FREDERICO AUGUSTO MACHADORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

VOTO-EMENTA

Page 64: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

44 - 0006455-53.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006455-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x GERSON PATRICIO DA CONCEIÇÃO(ADVOGADO: ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).PROCESSO: 0006455-53.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006455-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha RosadoRECORRIDO: GERSON PATRICIO DA CONCEIÇÃOADVOGADO (S): RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, contra a sentença de fls. 64-67, que julgou procedente opedido inicial de aposentadoria por idade na qualidade de segurado especial. Alega o recorrente: i) que, na data dorequerimento administrativo (03/01/2008), o autor não havia cumprido o requisito da carência para a aposentadoria ruralcomo segurado especial; ii) que, em razão disso, o magistrado concedeu aposentadoria na forma híbrida (art. 48, § 3º daLei nº 8.213/91); iii) que a redação do art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91 apenas foi inserido em 2008, com a Lei nº 11.718/08,não podendo ser aplicada retroativamente. Requer a reforma da sentença, para que o pedido autoral seja julgadoimprocedente.

2. Eis o teor da sentença:

(...)

De plano, observa-se que a parte autora preenche o requisito etário necessário, pois tendo nascido em 18/11/1942, já haviacompletado os 60 anos exigidos para a obtenção do benefício quando deu entrada no requerimento administrativo em03/01/2008, contando 65 anos nessa data.

Quanto à carência, os trabalhadores rurais devem cumpri-la conforme previsto no artigo 143, da Lei nº 8.213/1991, queconsidera preenchido tal requisito desde que o trabalhador comprove o exercício da atividade rural em número de mesesidênticos ao previsto para carência do benefício, que no caso dos autos são 126 meses ou 10 anos e meio para 2002.

A apresentação de prova documental mínima, necessária ao seguimento do feito, foi cumprida com a apresentação dosseguintes documentos: Registro de pequena propriedade rural em seu nome feito em 22/06/1988 (fl. 16), bem como outros

Page 65: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

documentos relativos à propriedade (fls. 17-23), carteira de filiação ao Sindicato Rural (fl. 13) e, por fim, Certidão da JustiçaEleitoral (fl. 27).

Em depoimento pessoal, prestado em audiência, o autor informou que desde muito jovem começou seu labor rural, empropriedade de sua família, mas que trabalhou por alguns períodos no meio urbano, entre 1977 e 1988, quando entãoretornou à propriedade deixada como herança por seu pai, na qual, desde então, permanece na lida rural.

Suas testemunhas afirmaram que há aproximadamente 15 anos o autor retornou ao meio rural, em razão da morte de seupai que lhe deixou uma pequena propriedade, na qual trabalha desde então.

O INSS em contestação, impugna o fato do autor ter retornado para o meio rural em 1988, para trabalhar em regime deeconomia familiar ou para sustento próprio. Isso porque pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais do autor, verifica-seque seu ultimo emprego urbano foi em 31/03/1997 (fls. 35-38).

Pelo que colhido em audiência, assim como pelas cópias do CNIS do autor, razão assiste ao réu, pois sua condição desegurado especial só pode ser afirmada a partir de meados de 1997. Tanto é assim que suas testemunhas afirmam que eleretornou ao meio rural havia, aproximadamente, 15 anos, que, se considerado a realização da audiência neste ano de 2011,se aproxima do tempo indicado por elas.

Assim, quando o autor atingiu 65 anos e requereu o benefício, no ano de 2008, havia completado apenas 10 anos queretornou ao labor rural, não suprindo a carência para o benefício.

Porém, com a nova redação do art. 48, §3º da Lei de Benefícios, o §2º do mesmo artigo, restou relativizado, na hipótese dosegurado ter exercido atividade laborativa em outra categoria que não especial, como no caso, em que o autor trabalhou nomeio urbano em diversos vínculos, nos quais atingiu 12 anos, 04 meses e 10 dias de tempo de contribuição/serviço.

(...)

Como o autor trabalhou mais de 12 anos no meio urbano até 1997, e que de lá para cá vem exercendo a função detrabalhador rural, bem como atingiu a idade mínima de 65 anos, já alcançou tempo suficiente para a carência do benefício.Registro que o tempo trabalhado após a entrada em vigor da Lei de Benefícios, 1991, também supre a carência, logo, talcontagem é permitida.

Do exposto, julgo procedente o pedido e condeno o INSS a conceder ao Autor o benefício previdenciário de Aposentadoriapor Idade com DIB em 03/01/2008, bem como para que pague os valores das parcelas vencidas;

(...)

3. O ponto fulcral do recurso cinge-se à possibilidade de se conceder aposentadoria por idade híbrida (soma decarência urbana e rural) a segurados que cumpriram a carência antes da Lei 11.718/2008, que inseriu o § 3º no art. 48 daLei nº 8.213/91. O INSS requer a aplicação do princípio tempus regit actum.

Nesse pormenor, assiste razão ao INSS.

Se na data do requerimento administrativo (03/01/2008), o autor não havia cumprido o requisito da carência para aaposentadoria rural como segurado especial, é certo que nessa data ainda não vigia a lei que instituiu a chamadaaposentadoria na forma híbrida, qual seja, a Lei nº 11.718/08 (que alterou o disposto no art. 48, § 3º da Lei nº 8.213/91).

A referida Lei nº 11.718 teve vigência a partir de 23/06/2008, data em que foi publicada no Diário Oficial.

Não há como retroceder os efeitos da nova modalidade de aposentadoria nela instituída para um requerimento que foraformulado seis meses antes de sua vigência, em janeiro de 2008.

Também não há que se falar em conceder o benefício com DIB na data de início da vigência da nova lei. Com efeito, se aAdministração Pública indeferiu de forma correta o requerimento administrativo formulado em janeiro de 2008 (porque à luzda legislação então vigente inexistia o direito), faz-se necessário provocar a Administração novamente a fim de que, combase no novo substrato fático consubstanciado na nova lei, externe posição a respeito do pleito.

Como não houve novo requerimento administrativo após a lei nova, o INSS somente foi constituído em mora com a citação,cujos efeitos retroagem à data do ajuizamento da ação. Por conseguinte, a DIB deve ser fixada na data do ajuizamento daação.

4. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para fixar a DIB em 26/10/2009 (data do ajuizamento da ação),restando mantidas as demais disposições da sentença.

Custas ex lege. Sem honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes

Page 66: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

45 - 0002852-98.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002852-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILDA CARLOS FERREIRA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0002852-98.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002852-1/01)RECORRENTE: GILDA CARLOS FERREIRAADVOGADO (S): ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela Defensoria Pública da União em face do acórdão que negouprovimento ao recurso inominado da autora, mantendo a sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício de prestação continuada. A embargante opôs dois recursos, às fls. 135/141 – protocolado em 03/10/2014, às14:05h – e fls. 142/145 – protocolado na mesma data, às 14:06h. Alega a embargante, no primeiro recurso, que o acórdãodeixou de se pronunciar expressamente sobre questões constitucionais intrínsecas à sua conclusão de isentar o INSS dopagamento de honorários devidos à DPU. Já no segundo recurso, alega contradição na condenação ao pagamento decustas processuais, pois a autora é beneficiária da assistência judiciária gratuita, conforme decisão de fl. 42.2. Considerando que os recursos foram protocolizados praticamente ao mesmo tempo – com apenas um minuto dediferença - deixo de aplicar a preclusão consumativa e passo à análise de ambos, registrando desde a absolutadesnecessidade de qualquer deles.3. Não se configura a omissão apontada no primeiro recurso, pois o recurso inominado ao qual se deu provimentono acórdão embargado foi interposto pela parte autora, representada pela DPU, e não pelo INSS, pelo que não seriamesmo possível a condenação deste último em honorários advocatícios, considerando o teor do art. 55 da Lei nº 9.099/95,segundo o qual tal condenação é cabível apenas quando vencido o recorrente.4. Também não se configura a contradição apontada no segundo recurso, eis que não houve condenação aopagamento das custas processuais. A expressão “custas ex lege” apenas remete às disposições legais pertinentes. Ora,uma vez deferido o benefício de assistência judiciária, por expressa disposição legal, não há obrigação da parte vencida aorecolhimento das custas.5. Embargos de declaração conhecidos e improvidos.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

46 - 0005915-05.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005915-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANADIR BASÍLIO DA COSTA(ADVOGADO: ES009298 - ROSINETE CAVALCANTE DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0005915-05.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005915-8/01)RECORRENTE: ANADIR BASÍLIO DA COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

V O T O - E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – TEMPO LABORADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS – OBRIGATORIEDADE DE LAUDO TÉCNICOAPENAS QUANDO A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO OCORREU APÓS O INÍCIO DA VIGÊNCIA DO DECRETO nº2.172/1997 – ENTENDIMENTO SUFRAGADO PELA TNU – RECURSO PARCIALMENTE PROVDIO.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO, interposto por ANADIR BASÍLIO DA COSTA, em face da sentença de fls.351/354, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a reconhecer o tempo especial de serviço doperíodo de 1º/1/1982 a 30/11/1982, convertendo-o em comum.

1.1. A demanda tem conteúdo revisional. Quando ajuizou a ação, o autor já se encontrava aposentado por tempo decontribuição. O autor alegou que o INSS deixou de reconhecer o desempenho de atividade especial nos períodosde 1º/1/1982 a 30/11/1982, 29/4/1995 a 13/5/1997, 26/5/1997 a 23/8/1997, 10/5/2001 a 1º/9/2003.

1.2. Alega o recorrente que apresentou documentos que demonstram a sucessão de empresas, entre a empresaSistema de Tecnologia Ambiental – STA para a Eng Urb, e a continuidade laborativa, afirmando que neste caso seriapossível o empréstimo de provas a partir de sentença trabalhista, no que se refere à comprovação do período quecompreende de 29/04/1995 a 13/05/1997. Aduz que no mesmo sentido abre-se também a possibilidade de empréstimo deprova a partir de sentença trabalhista para o reconhecimento de tempo especial no período de 10/05/2001 a 01/09/2003, porconta de decisões da Justiça do Trabalho da Segunda Região (São Paulo) que atestou o exercício de atividade insalubre

Page 67: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

para a Construtora Queiroz Galvão, de forma que seja utilizada como prova emprestada para início de prova material a fimde fazer a conversão do tempo trabalhado. Argumenta que não deve prevalecer o entendimento exposto pelo juiz a quo nasentença de que o laudo (fl. 325) é referente a período diverso, aduzindo que devem ser consideradas as conclusõesreferentes ao teor do laudo, de forma que o perito refere-se a todo o período laborado pelo recorrente. Quanto à restituiçãodas contribuições recolhidas após o início da data de concessão de aposentadoria, alega que a Lei 11.247/07 é posterior adata dos recolhimentos questionados, tornando legítima a pessoa do INSS a responder pelo fato. Por fim, argumenta quefaz jus à exclusão do fator previdenciário, visto que ficou comprovado nos autos que praticamente em todos os períodoslaborados houve conversão de tempo, sendo devida a aposentadoria especial e, portanto, não devendo recair o referidofator. Requer seja dado provimento ao recurso a fim de revisar o benefício previdenciário, conceder a conversão, “... comacréscimo de ¼ ao tempo trabalhado...” (fl.377), tanto no período de 29/04/1995 a 13/05/1997, quanto no período de10/05/2001 a 01/09/2003. Além disso, requer a concessão da exclusão da incidência do fator previdenciário sobre osalário-de-benefício.

1.3. É o relatório.

2. Pedido recursal: considerar o período de 29/4/1995 a 13/5/1997 como tendo sido laborado em condiçõesespeciais.

2.1. Sobre o período em enfoque, a sentença dispôs da seguinte forma:

“... 29/4/1995 a 13/5/1997

Nesse período, o autor trabalhava na empresa STA Sistemas e Tecnologias Ambientais Ltda., exercendo a função desoldador, conforme formulário DSS-8030 (fl. 54) O enquadramento por categoria profissional ficou vedado a partir de29/04/95, quando entrou em vigor a Lei nº 9.032/95. Esta lei passou a condicionar a contagem do tempo de serviço especialà comprovação da efetiva exposição a agentes nocivos prejudiciais à saúde ou à integridade física, de modo habitual epermanente (vide nova redação atribuída ao art. 57, § 4o, da Lei nº 8.213/91). E a exigência de comprovação da efetivaexposição é incompatível com a presunção de insalubridade que até então se admitia em razão do mero exercício dedeterminada profissão.

O formulário apresentado pelo autor certifica exposição a “ruído ocasionado por máquinas existentes na oficina”. O ruído éagente nocivo quantitativo (e não qualitativo), ou seja, só configura condição especial de trabalho quando ultrapassa o limitede tolerância. Somente um perito pode, para tanto, medir tecnicamente o nível de ruído. Por isso é que os laudos técnicossempre foram necessários para permitir o enquadramento por exposição ao ruído, mesmo antes da MP 1.523/96 (DOU14.10.96; depois convertida na Lei 9.528/97), que instituiu a exigência de laudo técnico. Ocorre que o formulário DSS-8030atesta que a empresa não tem laudo técnico. Logo, o enquadramento no Código 1.1.6 do quadro anexo ao Decreto nº53.831/64 é inviável.

O autor requereu que fosse considerado o LTCAT emitido pela empresa Enge Urb, que sucedeu a empresa STA. Ocorreque o período referenciado no LTCAT é outro. Não há provas de que as condições ambientais retratadas no documentofossem equivalentes àquelas referentes ao interstício de 29/4/1995 a 13/5/1997. Por isso, não cabe o enquadramento deatividade especial. (...)”

2.2. Parece-me que a resolução da questão passa ao largo da temática da extemporaneidade do laudo pericial. Comefeito, no caso concreto é viável a caracterização da especialidade da atividade laboral em função do agente nocivo a queestava submetido o autor.

2.3. O enquadramento por categoria profissional foi vedado pela Lei nº 9.032/95. Não obstante, o Código 1.0.0 doAnexo ao Decreto nºº 53.831/64 e o Anexo I do Decreto nº 83.080/79 continuaram a viger até 5/3/1997, dia anterior ao inícioda vigência do Decreto n.º 2.172/1997. Dentro de tal contexto, as atividades exercidas devem ser classificadas de acordocom a legislação vigente na época em que o trabalho foi prestado, conforme quadro abaixo:

Até 28/04/1995O enquadramento segue: (i) o Quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64 e (ii) os Anexos I e II do Decreto nº 83.080/79

De 29/04/1995 a 5/3/1997

O enquadramento segue: (i) o Código 1.0.0 do Anexo ao Decreto nºº 53.831/64 e (ii) o Anexo I do Decreto nº 83.080/79.

De 6/3/1997 a 6/5/99O enquadramento segue apenas o Anexo IV do Decreto nº 2.172/97

A partir de 7/5/1999O enquadramento segue apenas o Anexo IV do Decreto nº 3.048/99

2.4. Laudo Técnico: obrigatoriedade apenas a partir de 6/3/1997, início da vigência do Decreto n.º 2.172/1997,conforme entendimento da TNU.

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2.4.1. Conforme recente pronunciamento da TNU, a exigibilidade de laudo técnico somente ocorre após a vigência doDecreto n.º 2.172/97. É o que se decidiu no julgamento do Pedido de Uniformização De Interpretação de Lei Federalnº50095223720124047003, cuja ementa transcrevo parcialmente abaixo:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO FORMULADO PELO INSS. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DECONTRIBUIÇÃO. TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL. FRENTISTA. PERÍODO ANTERIOR AO DECRETO Nº 2.172/97.POSSIBILIDADE DESDE QUE COMPROVADO O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE E CONTATO COM OS AGENTESNOCIVOS POR FORMULÁRIO OU LAUDO. INEXISTÊNCIA DE PRESUNÇÃO LEGAL DE PERICULOSIDADE.ATIVIDADE NÃO CONSTANTE NO ROL DO DECRETO Nº 53.831/64 E DO DECRETO Nº 83.080/79. INCIDENTEPROVIDO.1. (...)9. Para a comprovação da exposição ao agente insalubre, tratando-se de período anterior à vigência da Lei n. 9.032/95, de28/04/95, que deu nova redação ao art. 57 da Lei nº 8.213/91, basta que a atividade seja enquadrada nas relações dosDecretos 53.831/64 ou 83.080/79 (presunção legal).10. Desde a Lei nº 9.032/95, a comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes nocivos passou a ser realizadapor intermédio dos formulários SB-40 e DSS-8030, expedidos pelo INSS e preenchidos pelo empregador. Acrescenta-seque “a comprovação do exercício permanente (não ocasional, nem intermitente) somente passou a ser exigida a partir daLei n 9.032/95, que deu nova redação ao § 3º do art. 57 da Lei n. 8.213/91” (AgRg no AgREsp nº 295.495/AL, Min.HUMBERTO MANTINS, DJe 15/04/2013). A TNU igualmente se manifestou no sentido de que há a necessidade dedemonstração de habitualidade e permanência para as atividades exercidas somente depois do advento da Lei citada(PEDILEF 5002734-80.2012.4.04.7011, Representativo de Controvérsia, Rel. Juíza Federal KYU SOON LEE, DOU23/04/2013).11. Excetuados os agentes nocivos ruído e calor, cuja comprovação de sua exposição, sempre se exigiu laudo técnico, estepassou a ser necessário para essa finalidade somente após a edição do Decreto nº 2.172/97, que entrou em vigor em05/03/97, regulamentando o disposto na Medida Provisória nº 1.523/96, convertida na Lei nº 9.528/97 (AREsp 437140-PR,Rel. Min. Humberto Martins, D.O.E. 02/05/2014; Resp 1407890-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, D.O.E. 19/02/2014). A Leinº 9.728/98, dando nova redação aos §§ 1º e 2º, do artigo 58, da Lei nº 8.213/91, apenas convalidou os atos praticados combase na medida provisória antecedente, mas a exigência de apresentação do laudo já havia sido regulamentada peloDecreto nº 2.172/97.12. Em que pese o posicionamento desta Turma no PEDILEF nº 2007.50.52.000560-2, Ministro João Otávio Noronha, DOU22/03/13, no sentido de que “A partir da edição da Lei nº 9.032/95, isto é, 29/4/1995, passou a ser exigida comprovação daefetiva exposição a agentes nocivos mediante formulários SB-40 e DSS-80, o que perdurou até a MP n. 1.523/96, de14/10/1996, quando se estipulou a necessidade de laudo técnico com o intuito de comprovar a exposição a agentesnocivos. Posteriormente, sobredita medida provisória foi convertida na Lei n. 9.528, de 10/12/1997.”, a Turma Nacional deUniformização no julgamento do PEDILEF nº 0024288-60.2004.4.03.6302, Rel. Juiz Gláucio Maciel, julgado em 14/02/2014,DOU 14/03/2014, voltou a reconhecer que somente a partir da regulamentação da medida provisória pelo Decreto nº2.172/97, de 05/03/97, os laudos técnicos passaram a ser exigidos para a comprovação à exposição ao agente nocivo.(...)17. Diante do quanto exposto, vislumbrada divergência jurisprudencial, dou provimento ao Incidente para (i) firmar a tese deque não há presunção legal de periculosidade da atividade do frentista e possível o reconhecimento da especialidade econsequente conversão para tempo comum, desde que comprovado por formulários próprios (SB-40 ou DSS 8030) oulaudo técnico (a partir do Decreto nº 2.172/97, de 05/03/97); (ii) julgar improcedente o pedido formulado pelo Autor, nostermos do artigo 269, inciso I, do CPC. 18. Julgamento nos termos do artigo 7º, inciso VII, alínea “a”, do RITNU, servindocomo representativo de controvérsia.(TNU – PEDILEF - Pedido de Uniformização De Interpretação de Lei Federal nº 50095223720124047003. Relatora JuízaFederal Kyu Soon Lee. Data da Decisão 10/09/2014. Fonte DOU de 26/09/2014).

2.4.2. O Decreto nº 2.172, de 05/03/1997 foi publicado no Diário Oficial de 06/03/1997 e entrou em vigor nessa data,conforme disposto em seu artigo 2º. Por conseguinte, nos termos do que decidiu a TNU, à exceção dos agentesquantitativos ruído e calor (para os quais sempre se exigiu laudo para fins de comprovação), o laudo técnico destinado acomprovar as condições especiais de trabalho a que estava sujeito o segurado somente é exigível a partir do início davigência do referido decreto.

2.4.3. O formulário DSS-8030 de fl. 54 refere que o autor, no período de 7/3/94 a 13/5/97, como soldador, utilizavamáquinas de “solda elétrica, a diesel, metileno e maçarico, soldagem de caminhões.”

2.4.4. O item 1.2.11 do Anexo I do Decreto nº 83.080/1979 (em vigor até 5/3/97, como antes expus) estipulaaposentadoria de 25 anos (especial) para o segurado exposto a “Solda elétrica e a oxiacetileno (fumos metálicos).”

2.4.5. O pedido recursal abrange o interregno entre 29/4/1995 a 13/5/1997. Contudo, o período de 6/3/97 a 13/5/97 nãopode ser considerado especial, visto que não há laudo (sendo aplicável o entendimento fixado na sentença de que o laudoda empresa Enge Urb, que sucedeu a empresa STA, não tem validade para o fim pretendido porque o período referenciadono LTCAT é outro).

2.4.6. Conclusão: o autor faz jus a que seja considerado como laborado em condições especiais o período entre29/4/1995 a 5/3/1997 (com direito a conversão para “tempo comum” pelo fator 1,4).

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3. Pedido recursal: considerar o período de 10/5/2001 a 1º/9/2003 como tendo sido laborado em condiçõesespeciais.

3.1. Sobre o período em enfoque, a sentença dispôs da seguinte forma:

“... 10/5/2001 a 1º/9/2003

O autor apresentou formulário DIRBEN-8030 e LTCAT emitidos pela empresa Queiroz Galvão, certificando exposição aruído contínuo em nível médio superior a 90 dB(A) (fls. 63/64). Nos termos da Súmula 32 da TNU, revisada em 14/12/2011,“o tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nosseguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Públicareconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”.

Por outro lado, o art. 58, § 1º, da Lei nº 8.213/91 prescreve que “a comprovação da efetiva exposição do segurado aosagentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS,emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido pormédico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista”. Esse dispositivo legal foiregulamentado pelo Decreto nº 3.048/99 (DOU 7/5/99), cujo art. 68, § 7º, estatuiu, em sua redação original, que cabia aoMinistério da Previdência e Assistência Social baixar instruções definindo parâmetros (com base na NormaRegulamentadora nº 15, aprovada pela Portaria/MTb nº 3.214) para fins de aceitação do laudo técnico de que tratam os §§2º e 3º. Então, as instruções normativas podem tecer regulamentação acerca do laudo técnico de condições ambientais dotrabalho para fins de enquadramento em atividade especial.

Não obstante, a exigibilidade de memória escrita das medições de ruído só começou em 11/10/2001, por força do art. 173da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001._ Antes disso não vigorava nenhum ato normativo queautorizasse a exigência de histograma ou de gráfico de medição de ruído. Os efeitos da IN INSS/DC nº 57 e posteriores nãopodem retroagir no tempo, só podem ser aplicados aos laudos confeccionados a partir da sua vigência.

Considerando que o laudo técnico exibido pelo autor foi elaborado em 26/5/2003, precisava estar baseados em histogramaou memória de cálculos. Por isso, não é possível o enquadramento de atividade especial por exposição a ruído.

Em relação à exposição a calor, o autor requereu a consideração do laudo pericial elaborado na reclamação trabalhistapara fins de concessão de adicional de insalubridade. Ocorre que o referido laudo pericial refere-se a período diverso(10/5/2004 a 12/7/2004 – fl. 325). Não é possível utiliza-lo para comprovar tempo especial no período de 10/5/2001 a1º/9/2003.(...)”

3.2. Como bem observou a sentença, o laudo pericial elaborado no bojo de reclamação trabalhista referia a períododiverso do ora enfocado e que durou pouco mais de dois meses (10/5/04 a 12/7/04). Aliás, ali se detectou que o ruído a queestava submetido o segurado era inferior a 85 decibéis. Detectou-se no referido laudo caracterizada insalubridade em graumédio em face de calor (item 2, fl. 328).

3.3. Já no formulário DIRBEN-8030 apresentado relativamente ao período posterior a 10/5/2001 (fl.63), referiu-seexposição a ruído de 91 decibéis e fez-se menção genérica à exposição a “sol, calor, chuva e lama...”. Ou seja: não senomeou o calor como um agente físico que por si mesmo tornasse a função insalubre, mas se fez mera menção ao fato deo autor laborar sujeito à intempérie. Tanto assim o é que o laudo que acompanha tal formulário não se refere ao calor, massomente ao ruído (fl.64).

3.4. Como tal laudo técnico (refiro-me ao de fl.64 e não ao elaborado em meio à reclamação trabalhista) foi elaboradoem 2003 e não veio acompanhado de histograma, acertada a conclusão da sentença no sentido de que não se lhe podeatribuir valor para fins de comprovação de que a atividade foi desenvolvida sob condições especiais.

3.5. Conclusão: no que refere ao período em enfoque, nada há a reparar na sentença.

4. Pedido recursal: exclusão do fator previdenciário.

4.1. Assiste razão ao autor quando argumenta que a aposentadoria especial é concedida sem incidência do fatorprevidenciário. Contudo, quando o autor pretende converter “tempo especial” em “tempo comum”, o benefício a serconcedido não é o de aposentadoria especial, mas sim o de aposentadoria por tempo de contribuição. Logo, não há comoexcluir a incidência do fator previdenciário, tal qual pleiteia a autora-recorrente.

4.2. Com efeito, tal matéria foi adequadamente analisada pelo Juízo a quo na decisão que negou provimento aosembargos de declaração, com base na seguinte fundamentação: “... Ocorre que o embargante equivocadamente alega serbeneficiário de aposentadoria especial, quando na realidade é beneficiário de aposentadoria por tempo de contribuição (fl.179). Como a sentença não reconheceu tempo de serviço especial suficiente para a concessão de aposentadoria especial,não há fundamento legal para excluir o fator previdenciário do cálculo do benefício do autor...” (fl.363).

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5. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para condenar o réu a reconhecer que o período de 29/4/1995 a5/3/1997 foi exercido em condições especiais, sendo passível de conversão para “tempo comum” mediante o fator 1,4.

5.1. Sem condenação em custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9.099/95). É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

47 - 0003207-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003207-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SOLENY DIAS DE ALMEIDA(ADVOGADO: ES010383 - JULIANA NIMER, ES003301 - AMELIA NIMER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0003207-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003207-0/01)RECORRENTE: SOLENY DIAS DE ALMEIDAADVOGADO (S): AMELIA NIMER, JULIANA NIMERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por SOLENY DIAS DE ALMEIDA, contra a sentença de fls. 89-91, quejulgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente: i) que o perito judicial desconsiderou todos os laudos juntados nos autos; ii) que possui doenças nacoluna, ombros e joelhos, não tendo condições de trabalhar; iii) que a perícia deveria ter sido realizada por médicoreumatologista; iv) que o juiz indeferiu o pedido de nova perícia, cerceando o direito de ampla defesa; v) que, se não hámédico especialista em reumatologia credenciado para a realização de perícia, o Judiciário deve prover meios para que aprova seja produzida, contratando um especialista e custeando o valor dos honorários; vi) que o magistrado sentenciantenão possui conhecimentos médicos para avaliar se o caso em tela se trata de doença ou quadro médico simples.Requer seja declarada a nulidade da sentença com o retorno dos autos ao Juízo de origem para a reabertura da instruçãoprocessual.

2. A autora nasceu em 14/07/1958. Na petição inicial afirmou ser “salgadeira”. Recebeu auxílio-doença entre31/01/2008 e 23/04/2009. O seu pedido de prorrogação do benefício, apresentado em 16/04/2009, foi indeferido porinexistência de incapacidade laborativa. Requereu auxílio-doença novamente em 28/05/2009 e em 18/10/2010 (ambosindeferidos).

3. Seguem os principais fundamentos da sentença prolatada nos autos:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento do auxílio-doença NB 528.037.643-0 desde a cessação, em24/4/2009, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

(...)

O perito nomeado pelo juízo diagnosticou queixa de poliartralgia com tendinopatia dos ombros sem rotura (fl. 78). Afirmouque a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de salgadeira (quesitos 8/9). Concluiu que não háincapacidade para o trabalho (quesito 14).

A autora impugnou o laudo pericial (fls.83/85). Alegou que possui problemas sérios na coluna, mãos, ombros, joelhos e nãotem condições de trabalhar. Ocorre que o perito examinou a autora e avaliou que apresentou exame físico com marchanormal, sem auxílio, joelhos sem derrame articular e sem limitação e punhos e ombros normais (quesito 2).

A autora alegou que o laudo pericial foi superficial. O laudo pericial, embora lacônico, não é nulo, porque esclareceusatisfatoriamente a matéria fática. Nos juizados especiais, os atos processuais são regidos pela simplicidade e pelainformalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisa conter fundamentação detalhada.

A autora relatou os problemas que possui no joelho esquerdo e nas mãos. O fato de o perito não relatar, no quesito 1, todasas doenças das quais a autora se queixa não significa que o perito tenha se omitido em analisar as queixas da autora:significa apenas que o perito não confirmou o diagnóstico proposto pelos médicos assistentes da autora.

Ademais, para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estardoente: é preciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam odesempenho das funções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente no caso de constatada a incapacidade parao trabalho seria relevante esclarecer a data do início da incapacidade; não da doença.

A autora alegou que sua profissão requer a realização de movimentos repetitivos. O perito foi conclusivo em descartar a

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existência de limitações funcionais (quesito 11).

A autora alegou que suas lesões causam dores crônicas e tem indicação cirúrgica. O encaminhamento para a autorarealizar cirurgia no ombro data de 7/10/2008 (fl. 33). A autora não comprovou nenhuma indicação cirúrgica recente. O queimporta é que o laudo pericial está bem fundamentado, revelando que o perito detém conhecimento técnico pertinente àdoença da qual o autor se queixa. Não há necessidade de nova perícia, porque a questão de fato já está esclarecida.

A autora alegou que os exames e atestados acostados aos autos comprovam sua incapacidade para o trabalho. Odiagnóstico constante de atestado de médico assistente ou sugerido em exame complementar não vincula a perícia judicial.O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo,“o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, masacreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho. O perito tem liberdade para formular sua conclusão conjugando as impressões do exame de imagem com aavaliação no exame clínico.

A autora requereu a designação de perícia com médico reumatologista. Não há, porém, nenhum médico especialista emreumatologia credenciado a atuar no regime de assistência judiciária gratuita. De qualquer forma, conforme jurisprudênciada Turma Nacional de Uniformização, a perícia não precisa ser realizada por médico especialista se se trata de doença ouquadro médico simples (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado16.11.2009; PEDILEF nº 2008.72.51.004841-3/SC, Rel. Juiz Fed. Derivaldo de F. B. Filho, julgado 10.05.2010).

No mesmo sentido, já decidiu o Tribunal Regional Federal da 2ª Região: Não é indispensável a perícia por médico comespecialização em Ortopedia, uma vez que o médico, por sua formação, é detentor de conhecimentos necessários a efetuarperícias médicas judiciais, não sendo requisito sine qua non a qualificação em uma dada especialidade da Medicina,especialmente quando o laudo apresentado forneceu elementos suficientes à formação de convicção por parte domagistrado. (AC 483188. Rel. Des. Fed. Marcello Ferreira de Souza Granado. 1ª Turma Especializada. TRF2. DJe:15//12.2010.) O artigo 145, §2º, do CPC leva à conclusão de que a especialidade na matéria pode ser vista de formaampla, quando o próprio dispositivo aduz a necessidade de registro no órgão profissional competente, no caso, o CRM, nãohavendo necessidade de o médico comprovar uma especialidade dentro da medicina supostamente compatível com asenfermidades apresentadas pelo paciente para que a perícia tenha validade.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

(...)

4. No despacho de fl. 110, a autora foi intimada para trazer cópias integrais dos laudos médicos juntados à petiçãoinicial, que se encontravam incompletos. A determinação foi atendida. O INSS impugnou a juntada dos laudos, aduzindoque o comportamento de juntar novos documentos após a interposição de recurso constitui flagrante violação ao devidoprocesso legal. Afasto a alegação do INSS. Não foram juntados aos autos novos laudos, mas apenas novas cópiascompletas daqueles que já tinham sido anexados.

5. O indeferimento de perícia com médico reumatologista não ofende a ampla defesa da recorrente. A necessidadede produção de provas encontra-se submetida ao princípio do livre convencimento do juiz. Se o magistrado a quo entendeuque a perícia realizada por médico ortopedista era suficiente para esclarecer os pontos relevantes da matéria posta emanálise, pode indeferir provas que entenda desnecessárias.

Ademais, não há qualquer razão para que o Poder Judiciário seja compelido a custear perícia com médico reumatologista.A uma, porque o profissional da medicina está apto para emitir laudos em qualquer especialidade; a duas, porque aespecialidade “ortopedia” talvez seja a mais próxima da “reumatologia”, considerando o diagnóstico clínico da autora; a três,porque a própria autora deveria ter encartado os laudos emitidos por sua médica reumatologista na íntegra (datados e comas conclusões da médica), o que só ocorreu após intimação, em via recursal, para que os laudos completos fossemcolacionados.

6. O laudo médico pericial foi realizado em 28/10/2011 (fls. 78-79). O perito atestou que a paciente apresenta queixade poliartralgia com tendinopatia dos ombros sem rutura. Relatou que a autora apresentou exame físico com marchanormal, joelhos sem derrame articular e sem limitação, punhos e ombros normais. Declarou que os dados foram obtidosatravés de anamnese e de exame clínico, além de exame de ressonância magnética do joelho esquerdo, exame de raios-Xde coluna lombar, joelhos, ombros, punhos e cotovelos e ultrassonografia dos ombros. Concluiu que a autora não

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apresenta incapacidade ortopédica para a atividade de salgadeira, precisando apenas de realizar intervalos regularesdurante a atividade laborativa. Ademais, afirmou que a paciente pode ser beneficiada com atividade física regular.

Os laudos particulares juntados aos autos, e que se encontram fora do período da concessão administrativa, são osseguintes: fl. 37 (17/05/2009): paciente em acompanhamento devido a tendinite (...) muito sintomática; fl. 44 (07/12/2010):paciente em acompanhamento com quadro de dores articulares e musculares, (...) coluna lombar, mãos, joelhos, ombros –osteoartrose generalizada, bursite, cisto (...) joelho direito, tendinite supraespinhal. Não deve fazer esforço, por piora dossintomas, nem movimentos repetitivos (é salgadeira); fl. 116 (11/08/2009): paciente com quadro de dores em coluna lombarcom irradiação para membros. Aguarda RNM. Raiox-X com osteoartrose. Muita dor, com limitação de ombros, comtendinite supraespinhal. Também osteoartrose de mãos, joelhos. Em tratamento, ainda com dores. Não pode realizarnenhum esforço físico, por piora dos sintomas. Sem condições de exercer no momento sua função de salgadeira; fl. 117(21/05/2009): teor do laudo similar ao de fl. 116; fl. 118 (25/01/2010): paciente em acompanhamento com quadro de doresarticulares – coluna, mãos, ombros, joelhos e cotovelo esquerdo – osteoartrose generalizada, dores musculares,epicondilite lateral cotovelo esquerdo. Não deve realizar esforço físico por piora dos sintomas; fl. 119 (27/05/2010): teor dolaudo similar ao de fl. 118; fl. 120 (14/10/2010): teor do laudo similar ao de fl. 118.

O benefício de auxílio-doença da autora findou-se em 23/04/2009. A perícia judicial foi realizada em outubro de 2011 eatestou a capacidade para o trabalho. Os laudos particulares, por sua vez, demonstram que a recorrente não podia realizarnenhum esforço físico, por piora dos sintomas e que estava sem condições de exercer a função de salgadeira. Contudo, oúltimo laudo particular é de dezembro de 2010. Por estas provas, é possível concluir que a autora, com grandeprobabilidade, realmente esteve incapaz no decorrer do ano de 2009 e no ano de 2010. O fato de ter retornado ao labor poralguns meses (dentro desse período) não implica na capacidade para o trabalho, mas apenas que precisava prover o seusustento.

Pelas provas encartadas aos autos, o último médico que avaliou a autora foi o perito oficial, que concluiu pela capacidadepara o trabalho. Vale lembrar que, mesmo sendo ortopedista, o médico teve acesso aos autos e aos exames realizados poroutros especialistas, como os da reumatologista, motivo pelo qual suas conclusões não podem ser infirmadas comopretende a autora.

Ante o exposto, entendo pertinente a concessão do auxílio-doença apenas entre a sua cessação administrativa(23/04/2009) e o dia anterior à realização da perícia médica judicial (28/10/2011). Após 28/10/2011 não há qualquer provade que a autora continue incapacitada, pelo contrário, há provas no sentido da sua capacidade.

7. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

CONDENO O INSS a restabelecer o benefício nº 528.037.643-0 desde a cessação indevida (23/04/2009) e a pagá-lo até odia imediatamente anterior à realização da perícia médica judicial (28/10/2011).

Os valores deverão ser apurados quando os autos retornarem à 1ª instância, e pagos mediante RPV. Correção monetária ejuros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF.

Sem custas. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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Inscrição Principal: 1.052.719.903-3 Inscrição Informada: 1.052.719.903-3

Nome: SOLENY DIAS DE ALMEIDA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 536.854.837-7 1.052.719.903-3 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 553.256.940-8 1.052.719.903-3 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 BEN 541.149.315-0 1.052.719.903-3 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

004 BEN 100.367.112-5 1.052.719.903-3 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

005 BEN 543.133.277-1 1.052.719.903-3 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

006 CNPJ 04.551.970/0001-36 1.052.719.903-3 02/06/1997 01/2004 CLT 8414

»(EXT-NT) MERCANTIL DE ALIMENTOS PRAIA S/A

007 CNPJ 27.056.159/0002-65 1.052.719.903-3 01/11/2005 31/12/2006 CLT 8414

JOSE NEFFA HOTEIS E TURISMO S/A

008 CNPJ 08.173.919/0001-99 1.052.719.903-3 01/11/2005 05/2010 CLT 8414

»(EXT-NT) NEFFA GESTAO DE NEGOCIOS S/A

009 CNPJ 08.173.919/0001-99 1.052.719.903-3 01/01/2007 CLT 8414

»(EXT-NT) NEFFA GESTAO DE NEGOCIOS S/A

010 BEN 528.037.643-0 1.052.719.903-3 31/01/2008

Page 74: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 23/04/2009

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

Inscrição Principal: 1.210.464.912-0 Inscrição Informada: 1.210.464.912-0

Nome: SOLENY DIAS DE ALMEIDA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 100.367.112-5 1.210.464.912-0 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 CNPJ 28.139.525/0001-21 1.210.464.912-0 01/06/1982 31/10/1982 CLT 99999

HOSPITAL SAO JOSE S A

003 BEN 528.037.643-0 1.210.464.912-0 31/01/2008

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 23/04/2009

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

48 - 0004512-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004512-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x ERNANDE ALMEIDA CRUZ FILHO (ADVOGADO:ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN.).PROCESSO: 0004512-30.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004512-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANIRECORRIDO: ERNANDE ALMEIDA CRUZ FILHOADVOGADO (S): MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI CHAMOUN, MARCELO CARVALHINHO VIEIRA

VOTO-EMENTA

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – EFICÁCIA PROBATÓRIA DO PPP –RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por ERNANDE ALMEIDA CRUZ FILHO e pelo INSS, em face dasentença de fls. 178/181, que julgou parcialmente procedente os pedidos para condenar a autarquia-ré a reconhecer otempo de serviço especial nos períodos de 04/01/1995 a 05/03/1997 e 18/11/2003 a 05/07/2010, convertendo-o em tempocomum. Além disso, condenou a mesma a conceder a aposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais eretroativos à data do requerimento administrativo.

1.1. Em sua peça recursal, informa o autor que apesar de a sentença ter julgado procedente em maior parte dospedidos, equivocou-se ao não ter reconhecido o período entre 13/03/1989 e 03/01/1995, laborado na empresa AracruzCelulose s/a, como tempo especial. Alega o autor que a exigência de histograma de níveis variados de ruído é ilegal, vistoque nem a Lei 8.213/91 e nem o Decreto 89.312/84, que estavam vigentes à época de 1989 a 1995, exigiam a

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apresentação deste documento. Neste sentido, aduz que o INSS só começou a pedir os documentos exigidos pela IN57/2001, no inciso III do artigo 173 a partir de 10 de outubro de 2001. Por tal motivo, aduz que devem ser considerados osdocumentos de fls. 23/26. Requer o provimento do recurso, reformando parcialmente a sentença para condenar o INSS acomputar como tempo especial o período entre 13/03/1989 a 03/01/1995.

1.3. A autarquia-ré, por sua vez, alega que o perfil profissiográfico previdenciário (PPP) demonstra a utilização de EPI(fl. 174) eficaz. Questiona por qual finalidade a legislação previdenciária (§2º do art. 58 da Lei 8.213/91) exige informaçõesacerca do uso e da efetividade do EPI, que não seja a de atestar se há ou não ocorrência de efetivos danos à saúde doautor. Dessa forma, o uso de EPI eficaz tem o condão de afastar o reconhecimento de tempo especial por reduzir o ruído aníveis abaixo dos limites de tolerância estabelecidos em lei. Requer o provimento do recurso para que sejam julgadostotalmente improcedentes os pedidos formulados pela parte autora.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação visando à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição NB 154.727.749-9, requerida em22/11/2010.

O INSS apurou, até a data do requerimento administrativo, 32 anos, 11 meses e 17 dias de tempo de contribuição. O autor,porém, alegou que o réu deixou de reconhecer o desempenho de atividade especial nos períodos de 13/3/1989 a 3/1/1995,4/1/1995 a 5/3/1997 e 18/11/2003 a 5/7/2010. Passo a analisar o direito ao enquadramento de atividade especial em cadaum dos períodos controversos.

13/3/1989 a 3/1/1995

O autor apresentou formulários DSS-8030 e LTCAT’s, indicando exposição habitual e permanente a ruído em nível médiosuperior a 80 dB(A) (fls. 23/26). Nos termos da Súmula 32 da TNU, revisada em 14/12/2011, “o tempo de trabalho laboradocom exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força daedição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou anocividade à saúde de tal índice de ruído”.

Não obstante, o INSS alegou que o LTCAT não contém histograma ou memória de cálculo indicando os níveis de mediçãode ruído. O art. 58, § 1º, da Lei nº 8.213/91 prescreve que “a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentesnocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, emitido pelaempresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico dotrabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista”. Esse dispositivo legal foiregulamentado pelo Decreto nº 3.048/99 (DOU 7/5/99), cujo art. 68, § 7º, estatuiu, em sua redação original, que cabia aoMinistério da Previdência e Assistência Social baixar instruções definindo parâmetros (com base na NormaRegulamentadora nº 15, aprovada pela Portaria/MTb nº 3.214) para fins de aceitação do laudo técnico de que tratam os §§2º e 3º. Então, as instruções normativas podem tecer regulamentação acerca do laudo técnico de condições ambientais dotrabalho para fins de enquadramento em atividade especial.

A exigibilidade de memória escrita das medições de ruído só começou em 11/10/2001, por força do art. 173 da InstruçãoNormativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001:

Art. 173. III - na citação do grau de ruído, quando indicados níveis variados de decibéis, somente caberá o enquadramentocomo especial quando a dosimetria corresponder a, no mínimo, setenta e cinco por cento da jornada de trabalho, em cadavínculo trabalhista, e for superior a oitenta dB(A) ou a noventa dB(A), conforme o caso, devendo ser anexada a memóriados valores em tabelas ou em gráficos, constando o tempo de permanência do trabalho em cada nível de mediçãoefetuada.

Considerando que os laudos técnicos exibidos pelo autor foram elaborados em 31/12/2003, precisavam estar baseados emhistograma ou memória de cálculos. Como esses documentos não foram apresentados, não é possível o enquadramentode atividade especial.

4/1/1995 a 5/3/1997 e 18/11/2003 a 5/7/2010

O autor apresentou PPP certificando exposição a ruído em nível médio equivalente de 87,39 dB(A) (fls. 27/30).Considerando o disposto na Súmula 32 da TNU, esse nível médio de pressão sonora a que o autor estava expostocaracteriza atividade especial.

O INSS, porém, alegou que o PPP não certifica que a exposição ao nível de ruído se dava de forma habitual e permanente,sendo necessária a apresentação de LTCAT com histograma ou memória de cálculo. Não assiste razão ao réu. O art. 161da Instrução Normativa INSS/PRES nº 20/2007 dispõe que o LTCAT (laudo técnico de condições ambientais do trabalho) éexigível para comprovar atividade especial até 31/12/2003 e, para períodos laborados a partir de 1º/1/2004, o únicodocumento exigido do segurado é o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. Não obstante, o § 1º do mesmo art. 161 -com a redação atribuída pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 27/2008 – ressalva que, quando o Perfil ProfissiográficoPrevidenciário contemplar também os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Assim, o PPP é

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documento suficiente para comprovar a exposição a agente nocivo à saúde. Como não houve impugnação especifica aesse documento, seu conteúdo presume-se verdadeiro, inclusive no que se refere à indicação de nível equivalente de ruído.

Para caracterizar atividade especial, o ruído não precisa estar acima do limite de tolerância durante toda a jornada detrabalho. O item 6 do Anexo nº 1 da NR 15 dispõe:

“Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem serconsiderados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações:C1 + C2 + C3 ____________________ + CnT1 T2 T3 Tnexceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico, e Tn indica amáxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo.”

Assim, se durante determinados momentos não houver barulho no ambiente de trabalho acima do limite de tolerância, nempor isso a atividade deixa de ser prestada em condições especiais, desde que o nível equivalente de pressão sonora seiguale ou supere o limite de tolerância.

Na prática, não existem tarefas nas quais o trabalhador fique exposto a um único nível de ruído durante toda a jornada,ocorrendo exposições por tempos variados a níveis de ruído variados. O chamado nível equivalente (LEq) representa umruído equivalente à exposição do empregado numa jornada de oito horas. É como se o empregado estivesse exposto a estenível ruído por toda a jornada. O nível equivalente de ruído funciona como um valor médio representativo da exposiçãoocupacional, tendo em conta os diversos níveis instantâneos de pressão sonora ocorridos ao longo do período de medição.É esse nível equivalente de ruído que, na forma da legislação previdenciária, deve ser superior a 85 dB(A) para efeito decaracterizar o tempo de atividade especial por exposição a agente agressivo à saúde.

Ressalto que o fato de o PPP indicar o fornecimento de EPI eficaz é irrelevante, porque “ainda que o EPI elimine ainsalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”. Esse é oentendimento pacífico da jurisprudência, enunciado na Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais.

Conclusão

Assim, o autor tem direito ao enquadramento de atividade especial nos períodos de 4/1/1995 a 5/3/1997 e 18/11/2003 a5/7/2010. O acréscimo decorrente da conversão desse tempo especial em comum equivale a 3 anos, 6 meses e 7 dias:

Período: Modo: Total normal: Acréscimo:04/01/1995 a 05/03/1997 especial (40% ) 2 a 2 m 2 d 0 a 10 m 12 d18/11/2003 a 05/07/2010 especial (40%) 6 a 7 m 18 d 2 a 7 m 25 d

Total 3 a 6 m 7 d

Somados aos 32 anos, 11 meses e 17 dias apurados administrativamente pelo réu, o autor completou, até a data dorequerimento administrativo, 36 anos, 5 meses e 24 dias de tempo de contribuição. Logo, faz jus à aposentadoria comproventos integrais.

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento do autor depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a:

reconhecer o tempo de serviço especial nos períodos de 4/1/1995 a 5/3/1997 e 18/11/2003 a 5/7/2010, convertendo-o emtempo comum.

conceder a aposentadoria por tempo de contribuição NB 154.727.749-9, com proventos integrais e efeitos retroativos à datado requerimento administrativo. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de jurosde mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº11.960/2009). O somatório das prestações vencidas até a data do ajuizamento da ação fica limitado a 60 salários mínimos.

Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao INSS que implante imediatamente o benefício, com base nos seguintesparâmetros:NB = 154.727.749-9;Tempo de contribuição = 36 anos, 5 meses e 24 dias;DIB = 22/11/2010;DIP = data da sentença.

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Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. RECURSO DO AUTOR.

3.1. O recurso do autor tem por único objeto seja o período de 13/03/1989 e 03/01/1995 considerando como sidolaborado em condições especiais em face do agente ruído. A sentença afirmou que (i) a exigibilidade de memória escritadas medições de ruído somente passou a existir em 11/10/2001 (art. 173 da IN-INSS/DC nº 57, de 10/10/2001); masconsignou que (ii) como os laudos técnicos exibidos pelo autor foram elaborados em 31/12/2003, precisavam estarbaseados em histograma ou memória de cálculos. E como não houve apresentação de histograma, a sentença concluiuque não é possível o enquadramento de atividade especial. Contra tal parcela da sentença, o recorrente argumentou que “...a Lei 8213/91 e o Dec. 89312/84 nunca exigiram apresentação de Histograma de níveis de ruído... Nunca a lei autorizou oINSS a criar outros documentos ou requisitos para comprovação de tempo especial. Esses requisitos e documentos sópodem ser especificados pelo legislador. Assim, a exigência de apresentação de HISTOGRAMA é ilegal, pois não háprevisão legal que obrigue o segurado a apresentar tal documento.” (fl. 210).

3.2. Exigibilidade de histograma. De fato, a exigibilidade de memória escrita das medições de ruído só começou em11/10/2001, por força do art. 173, III, da Instrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001. Antes dissonenhum ato normativo previa exigência de histograma ou de gráfico de medição de ruído. Os efeitos da IN INSS/DC nº 57 eposteriores não podem retroagir no tempo.

3.3. O autor-recorrente questionou a legalidade da exigência do histograma. Ocorre, não obstante, que oreconhecimento do período de trabalho enfocado como sendo laborado em condições especiais é inviável por razão outra.É o que se expõe a seguir.

3.4. A própria sentença, quando analisou o período posterior ao ora enfocado, elucidou – acertadamente – quequando houver apresentação do PPP relativo a períodos de trabalho anteriores a 31/12/2003, é dispensável a apresentaçãoconjunta de laudo pericial, a teor do disposto no § 1º do artigo 161 da IN-INSS nº 20/2007. Eis a dicção do referidodispositivo regulamentar: “§ 1º Quando for apresentado o documento de que trata o § 14 do art. 178 desta InstruçãoNormativa (Perfil Profissiográfico Previdenciário), contemplando também os períodos laborados até 31 de dezembro de2003, serão dispensados os demais documentos referidos neste artigo.”

3.5. Em suma, em linha de princípio, uma vez que a parte apresentou 2 PPP’s relativos ao período em enfoque (estãona fl. 24 e na fl. 26), não era necessário carrear nem laudo nem histograma.

3.6. Ocorre, não obstante, que a validade do PPP não é absoluta. Há de haver coerência intrínseca no referidodocumento para que se lhe atribua o valor probante referido em lei.

3.7. O PPP de fl. 24, relativo a parte do período enfocado (de 13/3/89 a 1/9/93) traz informações contraditórias e, porisso, não deve ser aceito. Ali se afirma que o autor trabalhava na função de técnico de segurança do trabalho, estavaexposto a ruído habitual e permanente de concentração equivalente a 83,8 dB(A) e exercia a atividade em “áreas deflorestas de eucaliptos, áreas de oficinas e escritórios (salas em alvenaria) localizados nos centros administrativosoperacionais” (fl. 24). À luz dos locais de trabalho ali referidos, não posso presumir que tal exposição a ruído chegava a serprejudicial à saúde, até mesmo porque, como bem menciona o laudo, a normatização trabalhista que então vigia (Portaria3214 do MTB, que menciona os critérios da NR-15) dispensava uso de EPI para exposição a ruídos inferiores a 85 decibéis.

3.8. Já o 2º PPP relativo à parte final do período enfocado (fl. 26: de 2/9/93 a 3/1/95) refere exposição a 85 decibéisem locais de trabalho distintos dos referidos na fl. 24. Com efeito, na fl. 26, indicam-se vários locais da empresa onde oautor atuaria e que sugerem que, não obstante estar exercendo a mesma função, passou a exercê-la com muito maiorintensidade em setores operacionais: há ali menção a diversos setores da fábrica de celulose e não há menção a exercíciodo trabalho em prédios onde funcionam setores administrativos. Esse PPP (fl.26) possui informações coerentes entre si(presumo que aquele que trabalha continuamente em setores operacionais de uma empresa que atua no ramo detransformação de celulose está exposto a ruídos elevados; o que é compatível com a afirmação de que o ruído a queestava exposto era de 85 decibéis), donde decorre que tal período deve ser reconhecido como especial.

3.9. Conclusão: não deve haver a conversão do período referido no PPP de fl. 24; contudo, o período referido no PPPde fl. 26 (2/9/93 a 3/1/95) deve ser reconhecido como laborado em condições especiais e sujeito à conversão pelo fator 1,4.

4. RECURSO DO INSS. Os novos argumentos trazidos pelo INSS no recurso em exame não fazem com que opresente caso seja distinto dos precedentes formados na TNU a respeito do tema. A não aplicação de um precedentedecorre de haver distinção entre os fatos objeto da ação onde se firmou o precedente e os fatos objeto da outra (futura)ação. No caso em enfoque, o que há é argumentação diversa a respeito de um mesmo suporte fático. Por conseguinte, nãohá razão para não aplicar o precedente firmado pela TNU.

5. Conclusão.

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5.1. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

5.2. DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do autor, para reconhecer que o período de 2/9/93 a 3/1/95 foilaborado em condições especiais e sujeito à conversão (para “tempo comum”) pelo fator 1,4.

5.2.1. Em função da referida conversão, ao tempo de contribuição reconhecido na sentença (36 anos, 5 meses e 24dias) devem ser somados 193 dias, ou 6 meses e 13 dias. Por conseguinte, o autor conta com 37 anos e 7 dias de tempode contribuição.

5.2.2. Após o trânsito em julgado, caberá ao réu recalcular a RMI do benefício de aposentadoria tendo por base otempo de contribuição referido acima (37 anos e 7 dias).

6. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, devendo ser aplicado oentendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

49 - 0010951-96.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.010951-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x SILAS CESARIO (ADVOGADO:ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.).PROCESSO: 0010951-96.2007.4.02.5050/02 (2007.50.50.010951-7/02)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRARECORRIDO: SILAS CESARIOADVOGADO (S): JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

50 - 0004193-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004193-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x CARLOS ALBERTO GABRIEL DE PAIVA(ADVOGADO: ES019821 - FELIPE CASTRO DE CARVALHO, ES019846 - Allan Ferreira Bernardo, ES019862 - CAIOAFONSO CARDOSO.).PROCESSO: 0004193-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004193-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: CARLOS ALBERTO GABRIEL DE PAIVAADVOGADO (S): FELIPE CASTRO DE CARVALHO, CAIO AFONSO CARDOSO, Allan Ferreira Bernardo

VOTO-EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

51 - 0108133-60.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.108133-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x ANTONIO PAULO GUMIERO (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).PROCESSO: 0108133-60.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.108133-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO COSTA BUARQUERECORRIDO: ANTONIO PAULO GUMIEROADVOGADO (S): AMAURI BRAS CASER

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normas

Page 80: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

que visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

52 - 0005862-87.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005862-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DERMARTINI BADA(ADVOGADO: ES008128 - JOSE CELSO RAMOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).PROCESSO: 0005862-87.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005862-4/01)RECORRENTE: MARIA DERMARTINI BADAADVOGADO (S): JOSE CELSO RAMOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇAL

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO, interposto por MARIA DEMARTINI BADA, em face da sentença de fls.188/189, que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Alega a recorrente que o conjunto dosdocumentos juntados aos autos comprova o exercício de atividade rurícula em regime de economia familiar. Argumenta quepreenche os requisitos básicos para a concessão da aposentadoria rural tais como o da idade e a comprovação daatividade rural. Aduz que faz jus ao enquadramento em atividade especial, afirmando estar classificada, de acordo com aantiga redação do Anexo V do Decreto 3.048/1999, que estabelece relação de atividades preponderantes ecorrespondentes graus de risco, especificamente em seu item I, em “transporte rodoviário de cargas em geral” (60.26.7).Alega periculum in mora em razão da inerente função de subsistência do benefício previdenciário e fumus boni iuris dianteda verossimilhança das alegações. Requer seja dado provimento ao recurso a fim de reformar a sentença, julgando-setotalmente precedente os pedidos iniciais.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de pedido de aposentadoria por idade trabalhador rural ajuizado pela parte autora. São requisitos para concessãodo benefício ter o autor completado 60 anos, se homem, e 55, se mulher. Além disso, necessário o cumprimento do períodode carência exigido por lei. Para concessão do benefício, a lei exige início de prova material, requisito que foi, em tese,cumprido pela autora mediante a juntada da segunda via da certidão de casamento, contraído em 1957, em que o maridoda autora aparece qualificado como lavrador. No entanto, é de se registrar que o marido da autora aposentou-se em 1993por tempo de serviço/contribuição em decorrência de sua atividade como industriário, após trabalhar por mais de 3 décadasem atividades urbanas. Além disso, em seu depoimento pessoal, a autora afirmou que trabalhou na roça desde criança atévir para Vitória. Disse que, em razão de sua idade avançada, já não se lembra mais da data em que deixou a roça, maspode dizer com segurança que sua filha mais nova, que conta hoje com 37 anos, nasceu em Vitória, época em que a autorae seu marido já residiam nesta capital. Considerando que a autora nasceu em 1938, o tempo rural de possível averbação,em tese, vai de 1952 (época em que a autora completou 14 anos) até 1975, ano de nascimento de seu filho mais novo. Porfim, constato, ao analisar a tela do CNIS de fls. 77, que a autora não completou o tempo de carência mínimo para fruição daaposentadoria por idade (180 contribuições mensais em atividade urbana), sendo que, mesmo em tese, o período rural aser averbado não pode ser utilizado como carência, por expressa vedação legal (art. 55, parágrafo 2º, da lei 8213/91). Astestemunhas ratificaram que a autora trabalhou na roça em regime de economia familiar desde criança até a década de1970. Deste modo, tenho como comprovado que a autora trabalhou na roça de 1952 a 1971 (depoimento da testemunhaAugusto) em regime de economia familiar, mas JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, já que “o tempo de serviço dosegurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência da lei 8.213/91, será computado independentemente dorecolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento”(art. 55, parágrafo 2º, da lei 8213/91). Sem custas e honorários. Ficam todos intimados em audiência. Havendo recursodê-se vistas a parte contrária.”

3. Em que pese as alegações da autora acerca do trabalho rural exercido desde a tenra idade, é nítido que amesma não cumpre os requisitos para a concessão de aposentadoria rural por idade. A parte autora perdeu a qualidade desegurada rural, visto que no mínimo já em 1975 a mesma já residia em Vitória. O trabalhador rural, para fins deaposentadoria, não necessita de comprovar a contribuição, como bem asseverou a recorrente, no entanto, tal hipótese dizrespeito a aposentadoria por idade (rural).

O período trabalhado frente às lides rurais poderá ser averbado para fins de concessão de aposentadoria por tempo de

Page 81: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

contribuição, no entanto, conforme assevera o art. 55, parágrafo 2º, da lei 8213/91, tal período, muito embora não demanderecolhimento das contribuições, não pode ser utilizado para efeitos de carência (180 meses de contribuição).

4. Também não assiste razão à recorrente quanto às alegações de que a mesma estaria enquadrada em hipótesede atividade especial, eis que a referida caracterização, apontada pela recorrente às fls. 195, se trata de atividade detransporte rodoviário de cargas em geral, disposto no item I, número 60.26.7 do Decreto 3.048/99. Embora a recorrenteargumente que deve ser o pedido acolhido já que antes da edição da lei 9.032/95 os decretos que tratavam deaposentadoria especial presumiam que o exercício de determinadas profissões sujeitavam os trabalhadores a agentesagressivos, não há que se falar em tal situação no caso em tela, já que o devido reconhecimento do exercício de atividaderural não presume o exercício da referida atividade (transporte rodoviário de cargas) alegada pela parte.

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

53 - 0107615-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107615-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ANA CLAUDIA DOS SANTOS ARAÚJO EOUTROS (ADVOGADO: ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).PROCESSO: 0107615-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107615-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: ANA CLAUDIA DOS SANTOS ARAÚJOADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

54 - 0003634-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003634-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JOSEMAR QUEIROZ CONCEIÇAO(ADVOGADO: ES008887 - FLAVIA AQUINO DOS SANTOS, ES018212 - CAROLINA QUEVEDO DENADAI, ES012900 -PRISCILLA FERREIRA DA COSTA.).PROCESSO: 0003634-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003634-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: JOSEMAR QUEIROZ CONCEIÇAOADVOGADO (S): FLAVIA AQUINO DOS SANTOS, PRISCILLA FERREIRA DA COSTA, CAROLINA QUEVEDO DENADAI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, contra a sentença de fls. 116-119, que julgou procedente opedido para condenar o réu a conceder auxílio-acidente em favor do autor, com DIB em 01/04/2005. Sustenta o recorrente

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que, na perícia realizada em Juízo, restou demonstrado que o autor não sofreu limitação capaz de reduzir sua atividade devigilante. Alega que o autor não sofreu limitação em sua capacidade laborativa, não fazendo jus ao benefício pleiteado.Requer a reforma da sentença. Subsidiariamente, requer a alteração da data de início do benefício para 14/06/2010 (datado requerimento administrativo) e não em 01/04/2005 (dia posterior à cessação do benefício de auxílio-doença).

2. Seguem os principais fundamentos da sentença prolatada nos autos:

(...)Trata-se de ação previdenciária proposta por JOCEMAR QUEIROZ CONCEIÇÃO em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, através da qual almeja a concessão do benefício auxílio-acidente.Na inicial, o autor, vigilante, alega que sofreu um acidente automobilístico no dia 15/08/2004, tendo sido submetido atratamento cirúrgico e sessões de fisioterapia, permanecendo, entretanto com seqüelas junto ao membro superior direito,acarretando redução da capacidade funcional em grau máximo. Para comprovar suas alegações, juntou aos autos oboletim de ocorrência referente ao acidente (fls. 22/23) e laudo particular datado de 23/02/2005 (fls. 25).(...)Com relação ao requisito da redução da capacidade laborativa, tal verificação ficou a cargo do perito judicial da área deortopedia, cujo laudo se encontra ofertado às fls. 72/78 dos autos. Em resposta aos quesitos formulados, o perito afirmouque o autor é “portador de seqüela de fratura do cotovelo direito” e que tal doença é de origem degenerativa (quesitos 01 e02). Em resposta ao quesito 03, o perito disse que o início da limitação remete ao acidente relatado pelo autor ocorrido emagosto de 2004, ressalvando que “não há documentação comprovando o fato”. Em resposta ao quesito 04, o perito disseque “o autor apresenta limitação para extensão e flexão do cotovelo direito”. Ressalta o perito que o autor não estáincapacitado, contudo apresenta “limitação para o final da extensão e flexão do cotovelo com limitação para algumasatividades” (quesito 06).Tal conclusão é corroborada pela resposta aos demais quesitos, concluindo o autor, em resposta ao quesito 7.1, que “hálimitação de mobilidade desde o acidente com bloqueio de extensão e flexão completas”. As respostas aos quesitos doautor seguem o mesmo raciocínio e corroboram a conclusão apresentado em resposta aos quesitos do INSS, ressaltando,em resposta ao item 10, que “não há como recuperar a mobilidade normal do cotovelo do requerente”, sendo esta limitaçãode caráter permanente.Em resposta aos quesitos complementares, o perito respondeu, às fls. 106/107, que o autor não possui incapacidade,existindo, contudo, “restrição da extensão e últimos graus de flexão do cotovelo direito”.De acordo com as manifestações do referido perito, conclui-se que o autor, em razão das seqüelas do acidenteautomobilístico, não irá desempenhar suas funções no ambiente de trabalho como anteriormente, restando assim umaredução em sua capacidade laboral, fazendo jus ao beneficio previdenciário de auxilío-acidente, sendo recebido como umaindenização por sua redução nas atividades laborais.Destaco, ainda, que as alegações apresentadas pelo INSS de que o autor não teria sofrido redução em sua capacidadelaborativa, uma vez que renovou sua Carteira Nacional de Habilitação e ainda que foi considerado apto em exameadmissional não merecem prosperar, uma vez que o perito judicial foi claro ao pontuar que as lesões sofridas pelo autoracarretaram reduções de sua capacidade laborativa. Além disso, o fato do autor estar hoje desempenhando as mesmasfunções que exercia antes do acidente não afasta o fato do mesmo ter que empenhar um esforço muito maior na realizaçãode tais atividades.É certo que o benefício de auxílio-acidente, ao contrário do benefício de auxílio-doença, não pressupõe uma incapacidadetotal do beneficiário, mas sim uma redução da sua capacidade laborativa habitual. Isso quer dizer que o beneficiário poderácontinuar exercendo as atividades que exercia anteriormente ao evento danoso que lhe perpetrou seqüelas, com aressalva, porém, de que tais atividades terão a sua efetividade reduzida ou serão realizadas exigindo um esforço maior.Assim também vem se posicionando a jurisprudência:EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL DADO O NÍTIDO CARÁTERINFRINGENTE. [...] PREVIDENCIÁRIO. INDENIZAÇÃO ACIDENTÁRIA. PERDA AUDITIVA. REDUÇÃO DA CAPACIDADEE NEXO CAUSAL. AUSÊNCIA. INVERSÃO DOS PRESSUPOSTOS AFERIDOS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. ÓBICEDA SÚMULA N. 7/STJ. 1. A norma legal estabelece que o auxílio-acidente será devido como indenização ao seguradoquando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquemredução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (art. 86 da Lei n. 8.213, de 1991, com a redação dadapela Lei n. 9.528, de 1997). 2. A mens legis é indenizar aquele que passar a empreender maior esforço em face da reduçãode sua capacidade para a mesma atividade, além de prestar reabilitação para o beneficiário parcialmente incapacitado a fimde inseri-lo novamente no mercado de trabalho (art. 89 da Lei n. 8.213/91). Não objetiva ressarcir qualquer redução ouperda, mas tão-somente a que dificultar o exercício do trabalho habitual do segurado. 3. Uma vez negados o nexo causal ea redução da capacidade, forçoso manter o julgado proferido pelo Tribunal de Justiça paulista. Sem contar que rever amatéria altercada importaria reexame de prova, incabível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula n. 7 desteTribunal Superior. 4. Agravo regimental improvido. (AGEDAG 200801921157, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA,12/04/2010). [Grifo nosso].Pelas conclusões apresentadas nos laudos periciais, percebe-se que as seqüelas advindas da lesão que o autor sofreu emacidente automobilístico em agosto de 2004 acarretou em uma limitação de movimentos do membro superior direito, nãohavendo dúvidas de que, apesar de o autor continuar exercendo sua atividade laborativa habitual, este a exerce com umesforço maior ao que empregava em data anterior ao acidente, fazendo, assim, jus à concessão do benefício deauxílio-acidente.A data de início do benefício (DIB) será o dia seguinte à cessação do benefício de auxílio-doença NB 506.310.962-0, ouseja, 01/04/2005, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada suaacumulação com qualquer aposentadoria a teor do contido no § 2º, do artigo 86, da Lei nº. 8.213/91. O § 1º, do artigo 86, daLei nº 8.213/91, determina que o auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% (cinqüenta por cento) do

Page 83: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até adata do óbito do segurado.Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para o fim de conceder o benefício de auxílio-acidente em favor deJOCEMAR QUEIROZ CONCEIÇÃO (CPF nº. 008.095.767-67), com DIB em 01/04/2005. Ressalta-se, ainda, que deverãoser deduzidas parcelas eventualmente já pagas administrativamente à parte autora sob o mesmo título.Analiso, agora, a antecipação dos efeitos da tutela. O direito restou comprovado em sede de cognição exauriente, o quecaracteriza o fumus boni iuris. A seguir, observo a existência de periculum in mora pelo fato do beneficio previdenciário ternatureza jurídica de verba alimentar. (...)

3. A alegação do INSS de que o autor não sofreu limitação capaz de reduzir sua atividade de vigilante não prospera.Pelo contrário, tal tese defensiva foi amplamente debatida na sentença impugnada. Não há qualquer fato novo que sejacapaz de infirmar a conclusão a que chegou o Juízo a quo.

No que tange à data de início do benefício, verifico acertada a conclusão posta na sentença, que fixou a data de início dobenefício no dia posterior à cessação do auxílio-doença, nos termos do disposto no art. 86, § 2º da Lei nº 8.213/91. Caberiaao perito médico que avaliou o segurado, na última perícia realizada no âmbito administrativo, indicar a limitação causadapelo acidente. Se o perito oficial, em 09/12/2010, conseguiu concluir que as lesões sofridas pelo autor resultaram nalimitação da mobilidade, ainda com mais razão o perito administrativo poderia ter chegado a tal conclusão em 2005, quandoas lesões ainda eram recentes.

Ademais, a fixação em data posterior (data da citação) – na esteira do entendimento do Superior Tribunal de Justiça –apenas deve se dar quando não há concessão de auxílio-doença, o que não é o caso dos autos.4. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na Súmula 111 do STJ. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 CNPJ 28.152.049/0001-89 1.239.657.523-8 11/06/1990 31/10/1992 CLT 99999

INDUSTRIA DE MOVEIS MOVELAR LTDA - EPP

002 CNPJ 31.475.908/0001-85 1.239.657.523-8 04/07/1995 20/11/1995 CLT 95932

ANTONIO PIRES DE MOURA

003 CNPJ 36.367.787/0001-71 1.239.657.523-8 09/11/1995 05/08/1996 CLT 99930

SIA TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA

004 CNPJ 27.550.359/0001-99 1.239.657.523-8 01/03/1997 17/02/1998 CLT 99999

Page 84: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

SENTINELA SERVICOS DE GUARDA E VIGILANCIA LTDA - ME

005 CNPJ 32.403.032/0001-24 1.239.657.523-8 01/12/1997 14/01/1998 CLT 58390

PATRIMONIAL SEGURANCA LTDA - ME

006 CNPJ 00.058.177/0002-20 1.239.657.523-8 27/02/1998 22/12/1998 CLT 58320

SERVIBEL-SERVICOS DE VIGILANCIA BELVEDERE LTDA

007 CNPJ 00.058.177/0002-20 1.239.657.523-8 17/07/1999 08/2004 CLT 5173

SERVIBEL-SERVICOS DE VIGILANCIA BELVEDERE LTDA

008 BEN 512.004.368-9 2.030.951.369-8 20/06/2003

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 15/09/2003

009 BEN 506.310.962-0 2.030.951.369-8 15/08/2004

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 30/03/2005

010 BEN 155.739.158-8 2.030.951.369-8 01/04/2005 03/2014

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

011 CNPJ 36.040.947/0001-73 2.030.951.369-8 21/04/2005 CLT 5174

VIGSERV SERVICOS DE VIGILANCIA E SEGURANCA EIRELI

012 CNPJ 36.040.111/0001-79 2.030.951.369-8 12/02/2006 09/2007 CLT 5173

CENTURIA SISTEMAS DE SEGURANCA LTDA

013 CNPJ 28.053.619/0001-83 2.030.951.369-8 17/12/2007 04/02/2008 CLT 7842

CHOCOLATES GAROTO SA

014 CNPJ 31.276.470/0001-06 2.030.951.369-8 09/04/2008 02/2014 CLT 5173

VSG - VIGILANCIA E SEGURANCA EM GERAL LTDA S

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

55 - 0005203-49.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.005203-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIO JOSE COSTA

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PEREIRA (ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO, ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x OS MESMOS.Autos n.º 5203-49.2008.4.02.5050/02

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de RECURSOS INOMINADOS, interpostos por LUCIO JOSE COSTA PEREIRA e pelo INSS, em face dasentença de fls. 301/305, que julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar o réu a enquadrar como especiaisos períodos de 13/1/1978 a 1/8/1980, 11/8/1980 a 6/2/1992 5/3/1992 a 7/2/1994, 4/7/1994 a 10/8/1995, 1/9/1995 a15/5/1996 1/10/1996 a 5/2/1997, convertendo–os em tempo comum, além de conceder o benefício de aposentadoriaproporcional por tempo de contribuição com DIB em 13/12/2010, pagando os valores atrasados.

1.1. Em seu recurso, o INSS alegou, em síntese, que:

o autor não requereu o enquadramento como tempo especial do período de 04/07/1994 a 10/08/1995 (fl. 14, letra “e”);o autor não pediu aposentadoria por tempo de contribuição proporcional (somente a integral), incorrendo a sentença emjulgamento ultra petita.Aduz que o juízo a quo concedeu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição ao autor com DIB posterior aorequerimento administrativo. Justifica que no momento deste, o indeferimento administrativo estava correto, devendo ademanda se estabilizar no momento da citação, permanecendo o julgado cingido à análise dos requisitos na data dorequerimento.Alega, ainda, por não haver direito adquirido a regime jurídico, a impossibilidade, quanto ao termo inicial, de seremreconhecidos como tempo especial períodos anteriores a 12/1980.Quanto ao termo final, propugna pela impossibilidade de conversão do tempo especial em comum após a data de28/04/1998.Afirma que a conversão do tempo de atividade especial em comum, em período anterior a 21 de julho de 1992 deve serfeita pelo multiplicador 1,2 no que se refere a atividade que exige, para homens, o período de 25 anos para a aposentadoriaespecial. Somente a partir da referida data, com a entrada em vigor do Decreto 611, é que passaria o fator multiplicador aovalor de 1,4.Argumenta que pela leitura dos documentos/PPP’s não se obtém nenhuma informação de que o trabalho ocorreu de formapermanente, não ocasional nem intermitente, além de não trazer aos autos histograma ou gráfico de ruídos, com descriçãoprecisa dos níveis de ruído durante a jornada de trabalho.Propugna, ainda, pela descaracterização da atividade especial por conta do uso de EPI eficaz, aduzindo que eventualincidência da Súmula 09 da TNU somente poderá ser aplicada até 18/11/2003, data da edição do Decreto 4.882/2003, ondese passou a aplicar a legislação trabalhista à área previdenciária, importando reconhecer que o uso de EPI eficaz elimina aespecialidade do obreiro.Finalmente, ataca o comando da sentença que ordenou juros moratórios de 1% (um por cento ao mês), desde a data dacitação. Defende que não restou observado o disposto no artigo 1-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei11.960/09. Requer, por fim, a reforma da sentença a fim de que sejam os pedidos iniciais do autor julgados improcedentes.

1.2. Alega o autor, por sua vez, que faz jus ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição integral, devendoser averbado o tempo de serviço rural exercido no período de 02/06/71 a 05/06/77, julgado improcedente pela sentença.Aduz que o conjunto dos documentos juntados aos autos comprova o exercício de atividade rurícola em regime deeconomia familiar, afirmando que os documentos acostados às fls. 54/57 constituem razoável início de prova material.Quanto ao trabalho exercido entre 12/05/97 a 31/12/98, que não foi acolhido como tempo especial, alega o autor queembora não conste o referido período no rol de pedidos da peça exordial, este não deixou de apresentar o PPP e laudotécnico referente ao período (fls. 241/244), que afirma comprovar a especialidade do trabalho, em virtude exposição a ruído(85dB), devendo ser considerada a aplicação retroativa do Decreto 4.882/2003, que estabeleceu o nível máximo em 85dB.Requer a reforma da sentença para a averbação do tempo de serviço rural (02/06/71 a 05/06/77), o enquadramento dotrabalho como atividade especial (12/05/97 a 31/12/98) e a concessão do benefício de aposentadoria por tempo decontribuição integral com DIB na data de entrada do requerimento (14/01/08).

2. Eis o teor da sentença:

Relatório dispensado. O autor postulou a condenação do réu a lhe conceder o benefício de aposentadoria integral portempo de contribuição. Para tanto, requereu o reconhecimento de determinados períodos como atividade especial, bemcomo sua conversão em comum. Além disso, também postulou a averbação de determinado período em teria exercidoatividade rural em regime de economia familiar.

PERIODO RURAL

Destaco, inicialmente, que a prova utilizada pelo autor para demonstrar o início de prova material foi desconstituída atravésda decisão de fls. 234/235, tanto que este Juízo intimou o autor para apresentar outro começo de prova material (item 6.1 –fl. 235). Contudo, tal documento não foi apresentado. Além disso, esclareço que as testemunhas ouvidas por este Juízo nãoforam contundentes em afirmar se o autor exercia ou não atividade rural em regime de economia familiar. Com isso,entendo que o autor não logrou êxito em comprovar ter exercido atividade rural em regime de economia familiar.

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DOS PERÍODOS ESPECIAIS

Além disso, verifico que nos períodos de 13/1/1978 a 1/8/1980 (84 a 97 dB), 11/8/1980 a 6/2/1992 (acima de 84 dB),5/3/1992 a 7/2/1994 (83,2 dB), 4/7/1994 a 10/8/1995 (87 dB), 1/10/1996 a 5/2/1997(91 dB) e 12/5/1997 a 31/8/1998 (85 dB),o autor esteve exposto a ruído nas intensidades acima mencionadas, conforme comprovam os laudos de fls. 58/59, 61/62,69/70, 75/77, 80 e 89/91.

Desde a vigência do Decreto 53.831/64 havia a necessidade de comprovação da efetiva exposição através de LaudoTécnico. A pressão sonora inicialmente foi fixada no nível mínimo de 80 dB (Anexo do Decreto 53.831/64). Tal norma foirevogada pelo Quadro I do Anexo do Decreto nº. 72.771/73, que elevou o nível para 90 dB, índice mantido pelo Anexo I doDecreto nº. 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Com o advento dos Decretos 357/91 e nº. 611/92, estabeleceu-secaracterística antinômica, eis que incorporaram, a um só tempo, o Anexo I do Decreto n.º 83.080/79(que fixou o nívelmínimo de ruído em 90 dB) e o Anexo do Decreto n.º 53.831/64 (que estipulou o nível mínimo de ruído em 80 dB). Issoimpôs o afastamento da incidência de um dos Decretos à luz da natureza previdenciária da norma, adotando-se solução promisero para fixar o nível mínimo de ruído em 80 dB até 04/03/1997 (Precedentes Resp. 502.697/SC, Relatora MinistraLaurita Vaz, in DJ 10/11/2003 e AgRgAg 624.730/MG, Relator Ministro Paulo Medina, in DJ 18/4/2005).

Com a edição do Decreto 2.172/97, elevou-se o nível mínimo de ruído para 90 dB (A). Porém, o Decreto 4.882/2003,fixou-se finalmente o índice ao nível de 85 dB. Resumindo: o nível mínimo de ruído equivalia a 80 dB, até 04/03/1997, foielevado para 90 dB, no período de 05/03/1997 a 17/11/2003, e por fim, reduzido para 85 dB, a partir de 18/11/2003.

Ademais, aproveito para destacar que a utilização de equipamento de proteção individual (EPI) tem a finalidade deresguardar a saúde do trabalhador para que não sofra lesões. Contudo, não serve para descaracterizar a situação deinsalubridade (Neste sentido o AMS 2001.38.00.017669-3/MG, Rel. Desembargador Federal Tourinho Neto, SegundaTurma, publicado no DJ em 24/10/2002). Ressalto, ainda, que o Enunciado nº. 13 da Turma Recursal da Seção Judiciáriado Estado do Espírito Santo, dispõe que “Para que o uso de equipamento de proteção individual possa afastar a condiçãode insalubridade, computando-se o tempo de serviço como comum, é necessário que a redução ou eliminação de risco àsaúde seja comprovada de forma cabal. (DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59)”.

No que tange ao entendimento de que é cabível a aplicação retroativa da disposição regulamentar mais benéfica,considerando-se especial a atividade quando sujeita a ruídos superiores a 85 decibéis desde 06.03.97, data da vigência doDecreto nº. 2.172/97, exposto na decisão de tutela de fls. 214/218, destaco que tal entendimento contraria o Enunciado 32da Turma Nacional de Uniformização. Sendo assim, este Juízo entendeu que, neste caso, deve ser aplicado o Enunciado32 da TNU.

Diante disso, concluo que o autor esteve exposto a “ruído” acima do permitido durante os períodos de 13/1/1978 a 1/8/1980,11/8/1980 a 6/2/1992 5/3/1992 a 7/2/1994, 4/7/1994 a 10/8/1995, 1/10/1996 a 5/2/1997. Sendo assim, ele tem direito aoreconhecimento de tal período como especial e sua conversão em comum.

Ademais, constato que no período de 1/9/1995 a 15/5/1996 o autor exerceu sua função em terminal de engarrafamento earmazenamento de gás liquefeito de petróleo (gás de cozinha), dotado de tanges superpostos, onde era armazenado oproduto, vindo das refinarias e processado o enchimento em botijões com diversas capacidades de acondicionamento (fl.78). Sendo assim, essa atividade desenvolvida pelo autor se enquadra no item 1.2.11 do quadro a que se refere o art. 2º dodecreto nº. 53.831, de 25 de março de 1964. Portanto, entendo que o autor tem direito também ao enquadramento doperíodo de 1/9/1995 a 15/5/1996 como especial e sua conversão em comum.

Esclareço ainda que o INSS têm razão quando afirma que o autor não pediu o reconhecimento como especial do períodode 12.05.1997 a 31.08.1998 (fls. 223). O autor especificou bem os períodos que queria que fossem reconhecidos comoespeciais. Para se comprovar tal fato, basta observar o §1º de fls. 05, bem como o item 2.2.2 de fls. 07/08, item 2.4 de fls.11 e letra “e” do item 4 de fls. 13. Por isso, deixo de analisar tal período.

DOS PERIODOS COMUNSAdemais, verifico que o autor possui os seguintes períodos comuns: 21.01.1977 a 14.02.1977, 06.06.1977 a 03.01.1978,10.03.1997 a 08.04.1997, 10.04.1997 a 30.04.1997, 12.05.1997 a 31.08.1998, 20.07.1999 a 20.09.1999, 02.11.1999 a31.05.2000, 19.10.2000 a 22.05.2001, 20.07.2001 a 03.12.2001, 25.03.2002 a 02.09.2002, 10.09.2002 a 20.05.2003,27.05.2003 a 04.08.2003, 01.08.2003 a 01.11.2003, 01.08.2003 a 01.11.2004, 01.02.2005 a 05.12.2007.No que tange ao período de 18.02.2008 a 01.04.2008, destaco que o autor não juntou aos autos certidão de tempo decontribuição junto ao Estado do Espírito Santo e apresentá-la ao INSS para efeito de compensação financeira (§9º do art.201 da CF). Diante disso, deixo de analisá-lo e de considerá-lo.

TEMPO TOTAL DE CONTRIBUIÇÃO DO AUTORDiante disso, somando-se os períodos especiais convertidos em comum e os períodos comuns propriamente ditos,conclui-se que o autor possui o tempo total de 34 anos, 07 meses e 24 dias de contribuição até 05.12.2007, conformedemonstra a tabela de fls. 260.

Logo, o autor não tem direito a aposentadoria por tempo de contribuição integral. Todavia, resta ainda analisar se o autortem direito a aposentadoria proporcional por tempo de contribuição. Para fazer jus a esse benefício, o autor deve preencheros seguintes requisitos: 1) ter se filiado ao RGPS antes de 16.12.98; 2) contar com, no mínimo, 53 anos de idade; 3) ter, no

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mínimo, 30 anos de contribuição e um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento dotempo que em 16.12.98 faltava para atingir 30 anos de contribuição, denominado de pedágio (art. 188 do Decreto nº.3.048/99).

Assim, verifico que o autor filiou-se ao RGPS em 21.01.1977 (conforme tabela de fls. 260). Além disso, observo que odemandante completou 53 anos de idade em 13.12.2010 (já que nasceu em 13.12.1957 – fls. 18). Constato, também, que oautor tem 34 anos, 07 meses e 24 dias de tempo de contribuição até 05.12.2007, sendo que, para fazer jus a aposentadoriaproporcional por tempo de contribuição teria que ter 31 anos de contribuição, conforme demonstra a tabela de fls. 260.Portanto, o autor tem direito a aposentadoria proporcional por tempo de contribuição, cuja DIB deve ser fixada na data em13.12.2010 (data em que completou a idade de 53 anos).

Esclareço, ainda, que o inciso II do art. 9º da EC nº. 20/98 dispõe que a renda mensal da aposentadoria proporcional portempo de contribuição será composta de 70% (setenta por cento) do valor da aposentadoria integral por tempo decontribuição, mais 5% (cinco por cento) para cada ano de contribuição que supere 30 anos até o limite de 100%(cem porcento). Logo, neste caso, a renda mensal do autor deve ser fixada em 90% (70% + 4 x 5% = 90 %) do salário de benefício.

DISPOSITIVO

Posto isso, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos. Por consequencia, condeno o réu a fazer o seguinte: 1)Enquadrar como especiais os períodos 13/1/1978 a 1/8/1980, 11/8/1980 a 6/2/1992 5/3/1992 a 7/2/1994, 4/7/1994 a10/8/1995, 1/9/1995 a 15/5/1996 1/10/1996 a 5/2/1997 e os converta em comum, aplicando o coeficiente 1, 40; 2) Concederao autor o benefício de aposentadoria proporcional por tempo de contribuição com DIB em 13.12.2010; 3) a pagar ao autoros valores atrasados entre a data de início do benefício – DIB e a data de início do pagamento do benefício – DIP,corrigidos monetariamente e o valor corrigido deverá ser acrescido de juros de 1% ao mês desde a DIB, já que na data dorequerimento administrativa ainda não havia completado a idade para fazer jus a aposentadoria concedida. Os valoresatrasados deverão ser pagos por meio do requisitório adequado. Os valores já pagos ao autor em virtude da decisão detutela de fls. 214/218 devem ser abatidos dos valores atrasados.

Analiso, agora, a antecipação dos efeitos da tutela. O direito restou comprovado em sede de cognição exauriente, o quecaracteriza o fumus boni iuris. A seguir, observo a existência de periculum in mora pelo fato do beneficio previdenciário ternatureza jurídica de verba alimentar. Desta forma, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA. Por conseqüência, determinoque o INSS implemente o beneficio em tela, no prazo de 30(trinta) dias. Esclareço, também, que o INSS deverá comprovaro cumprimento da tutela no mesmo prazo. Fixo, desde já, multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais) para o caso dedescumprimento. O INSS somente deverá cancelar o benefício concedido em virtude da decisão de fls. 214/128 depois quea aposentadoria proporcional por tempo de contribuição aqui concedida seja implementada.

Após, o trânsito em julgado, intime-se o INSS para apresentar os cálculos dos atrasados. Feito isso, expeça-se o RPV.Decorridos 15(quinze) dias da intimação do depósito, remetam-se os autos ao arquivo. Sem custas e honoráriosadvocatícios. Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. RECURSO DO INSS.

3.1. Alegação: o autor não requereu o enquadramento como tempo especial do período de 04/07/1994 a 10/08/1995(fl. 14, letra “e”). No quadro de fl.12, no item 2.4, consta a indicação do referido período. Dentro de tal contexto, nãoobstante a falha técnica que consiste em tal período não haver sido mencionado explicitamente no tópico relativo ao pedido,em face dos critérios da simplicidade e economia processual, reputo que a falha técnica deve ser superada.

3.2. Alegação: o autor não pediu aposentadoria por tempo de contribuição proporcional (somente a integral),incorrendo a sentença em julgamento ultra petita. Não há vício na sentença a respeito desse ponto. O pedido deaposentadoria proporcional pode ser considerado contido no de aposentadoria integral, de modo que o juiz não julgou foraou além do que se pleiteou.

3.3. Alegação: o juízo a quo concedeu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição ao autor com DIBposterior ao requerimento administrativo. A relação jurídica entre INSS e segurado é continuativa (de trato sucessivo); se oautor continuou a trabalhar após a propositura da ação, em não havendo tempo de contribuição suficiente para aaposentação até a data do requerimento, o juiz pode considerar na sentença o fato superveniente ocorrido (qual seja: acontinuidade da atividade laborativa) e fixar DIB do benefício em data posterior à data da entrada do requerimento.

3.4. Alegação: não há direito adquirido a regime jurídico; não é viável, quanto ao termo inicial, de serem reconhecidoscomo tempo especial períodos anteriores a 12/1980.

3.4.1. O recurso defende, em suma, que a conversão somente seria viável após 12/1980, em face da alteração que aLei 6.887/1980 promoveu no artigo 9º, § 4º, da Lei 5.890/1973.

3.4.2. Com efeito, a Lei 6.887 de 10/12/1980 acrescentou o § 4º ao artigo 9º da Lei 5.890/73, que passou a ter aseguinte redação:

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Art 9º A aposentadoria especial será concedida ao segurado que, contando no mínimo 5 (cinco) anos de contribuição, tenhatrabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos pelo menos, conforme a atividade profissional, emserviços que, para esse efeito, forem considerados penosos, insalubres ou perigosos, por decreto do Poder Executivo.(Vide Lei nº 7.850, de 1989)

§ 1º A aposentadoria especial consistirá numa renda mensal calculada na forma do 1º do artigo 6º, desta lei,aplicando-se-lhe ainda o disposto no § 3º, do artigo 10.

§ 2º Reger-se-á pela respectiva legislação especial a aposentadoria dos aeronautas e a dos jornalistas profissionais.

§ 3º - Os períodos em que os trabalhadores integrantes das categorias profissionais, enquadradas neste artigo,permanecerem licenciados do emprego ou atividade, desde que para exercer cargos de Administração ou deRepresentação Sindical, serão computados, para efeito de tempo de serviço, pelo regime de Aposentadoria Especial, naforma da regulamentação expedida pelo Poder Executivo.(Incluído pela Lei nº 6.643, de 1979)

§ 4º - O tempo de serviço exercido alternadamente em atividades comuns e em atividades que, na vigência desta Lei,sejam ou venham a ser consideradas penosas, insalubres ou perigosas, será somado, após a respectiva conversão,segundo critérios de equivalência a serem fixados pelo Ministério da Previdência Social, para efeito de aposentadoria dequalquer espécie. (Incluído pela Lei nº 6.887, de 1980)

3.4.3. A matéria em enfoque foi decidida em 2012 pela 1ª Seção do STJ, em julgamento submetido ao sistema doartigo 543-C do CPC. Eis o teor da ementa lavrada:

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DOCPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. PREVIDENCIÁRIO. TEMPOESPECIAL E COMUM. CONVERSÃO. POSSIBILIDADE. ART. 9º, § 4º, DA LEI 5.890/1973, INTRODUZIDO PELA LEI6.887/1980. CRITÉRIO. LEI APLICÁVEL. LEGISLAÇÃO VIGENTE QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DAAPOSENTADORIA. 1. Trata-se de Recurso Especial interposto pela autarquia previdenciária com intuito de desconsiderar,para fins de conversão entre tempo especial e comum, o período trabalhado antes da Lei 6.887/1980, que introduziu ocitado instituto da conversão no cômputo do tempo de serviço. 2. Como pressupostos para a solução da matéria de fundo,destaca-se que o STJ sedimentou o entendimento de que, em regra; a) a configuração do tempo especial é de acordo coma lei vigente no momento do labor, e b) a lei em vigor quando preenchidas as exigências da aposentadoria é a que define ofator de conversão entre as espécies de tempo de serviço. Nesse sentido: REsp 1.151.363/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi,Terceira Seção, DJe 5.4.2011, julgado sob o rito do art. 543-C do CPC. 3. A lei vigente por ocasião da aposentadoria é aaplicável ao direito à conversão entre tempos de serviço especial e comum, independentemente do regime jurídico à épocada prestação do serviço. Na mesma linha: REsp 1.151.652/MG, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 9.11.2009;REsp 270.551/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 18.03.2002; Resp 28.876/SP, Rel. Ministro Assis Toledo,Quinta Turma, DJ 11.09.1995; AgRg nos EDcl no Ag 1.354.799/PR, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, SextaTurma, DJe 5.10.2011. 4. No caso concreto, o benefício foi requerido em 24.1.2002, quando vigente a redação original doart. 57, § 3º, da Lei 8.213/1991, que previa a possibilidade de conversão de tempo comum em especial. 5. Recurso Especialnão provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(STJ – 1ª Seção. RESP 201200356068 - RECURSO ESPECIAL – 1310034. Relator Min. Herman Benjamin. Fonte DJE de19/12/2012).

3.4.4. Em suma: é possível a conversão de tempo comum em especial, mesmo antes da vigência da Lei nº 6.887/1980(ou seja: antes de dezembro de 1980), desde que o regime jurídico vigente, ao qual estava submetido o segurado, contenhaprevisão quanto a essa possibilidade e desde que preenchidos os requisitos para a aposentadoria. Por conseguinte,improcede a alegação recursal do INSS no sentido de que tal conversão seria inviável.

3.5. Alegação recursal: seria inviável a conversão de períodos após a data de 28/04/1998, em face da MedidaProvisória nº 1.663/14, reeditada até sua conversão na Lei nº 9.711/1998. Também improcede a alegação recursal nosentido de que seria inviável a conversão de tempo comum em tempo exercido em condições especiais após 28/04/1998.Nesse sentido, cito o seguinte julgado do STJ:

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇOESPECIAL EM COMUM. AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO AO PERÍODO TRABALHADO. DECISÃO MANTIDA PELOS SEUSPRÓPRIOS FUNDAMENTOS. 1. É possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho prestado emqualquer período, inclusive após 28 de maio de 1998. Precedentes desta 5.ª Turma. 2. Inexistindo qualquer fundamentoapto a afastar as razões consideradas no julgado ora agravado, deve ser a decisão mantida por seus próprios fundamentos.3. Agravo desprovido. ..EMEN:(STJ – 5ª Turma. AGRESP 200802045746. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1087805. Rel. Min.Laurita Vaz. Fonte DJE de 23/03/2009).

3.6. Alegação recursal: a conversão do tempo de atividade especial em comum, em período anterior a 21 de julho de1992 deve ser feita pelo multiplicador 1,2 no que se refere a atividade que exige, para homens, o período de 25 anos para aaposentadoria especial. Somente a partir da referida data, com a entrada em vigor do Decreto 611, é que passaria o fatormultiplicador ao valor de 1,4.

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3.6.1. A alegação do INSS encontra amparo no que decidiu a TNU quando julgou o PEDILEF nº 200672950185409(DJU de 5/3/2008). Ocorre que a TNU realinhou sua jurisprudência a entendimento diverso, como se infere do teor daementa abaixo:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. FATORES DE CONVERSÃO(MULTIPLICADORES) A SEREM APLICADOS NA CONVERSÃO, PARA TEMPO DE SERVIÇO COMUM, DO TEMPO DESERVIÇO ESPECIAL (INSALUBRE, PENOSO OU PERIGOSO) REALIZADO ANTES DO INÍCIO DE VIGÊNCIA DA LEI N.º8.213/91. NECESSIDADE DE QUE SEJAM OBSERVADAS AS DISPOSIÇÕES REGULAMENTARES, QUEESTABELECEM CRITÉRIOS UNIFORMES PARA ESSA CONVERSÃO, INDEPENDENTEMENTE DA ÉPOCA DEPRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONSIDERADO ESPECIAL. REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA DESTA TURMA, ACERCA DAMATÉRIA.A Lei n.º 8.213/91 delegou ao Poder Executivo a tarefa de fixar critérios para a conversão do tempo de serviço especial emtempo de serviço comum.Os vários regulamentos editados para esse fim (aprovados pelos Decretos n.ºs 357/91, 611/92, 2.172/97 e 3.048/99)estabeleceram os fatores de conversão (multiplicadores) a serem utilizados nessa conversão.Tais regulamentos não distinguem entre o tempo de serviço especial realizado antes do início de vigência da Lei n.º8.213/91 e o tempo de serviço especial realizado na sua vigência, para fins de aplicação desses fatores de conversão(multiplicadores).Ademais, o artigo 70 e seus parágrafos do Regulamento aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99, na redação dada pelo Decreton.º 4.827/03, expressamente prevê que os fatores de conversão (multiplicadores) nele especificados aplicam-se naconversão, para tempo de serviço comum, do tempo de serviço especial realizado em qualquer época, o que inclui o tempode serviço especial anterior à Lei n.º 8.213/91.O INSS está vinculado ao cumprimento das disposições estabelecidas na regulamentação da Lei n.º 8.213/91, inclusive noque tange ao alcance temporal dos aludidos fatores de conversão (multiplicadores).Portanto, em se tratando de benefícios concedidos sob a égide da Lei n.º 8.213/91, os fatores de conversão(multiplicadores) estabelecidos em sua regulamentação aplicam-se, também, na conversão, para tempo de serviço comum,do tempo de serviço especial prestado antes do início de sua vigência.Revisão da jurisprudência desta Turma Nacional, acerca do tema."(Incidente de Uniformização de Jurisprudência nos autos do Processo: 200763060089258, Relator Juiz Federal ÉlioWanderley de Siqueira Filho, Relator para o acórdão Juiz Federal Sebastião Ogê Muniz, DJU de 15-10-2008).

3.6.2. A matéria há de ser corretamente entendida caso detalhemos a sistemática da aposentadoria por tempo deserviço antes da Lei 8.213/91. Vejamos.

3.6.3. Sob a égide da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei 3.807/1960), a aposentadoria por tempo de serviçopoderia ser concedida mediante o cômputo de 30 anos de tempo de serviço. Com efeito, o artigo 51 do Decreto nº83.080/1979, que regulamentava aquela lei, dispunha o que segue: “Art. 51. A aposentadoria por tempo de serviço é devida,após 60 (sessenta) contribuições mensais, ao segurado que conta no mínimo 30 (trinta) anos de serviço.”

3.6.4. A Lei 5.890/1973, que alterou nesse pormenor a Lei 3.807/60 (LOPS), dispunha em seu artigo 10 que aaposentadoria por tempo de serviço será concedida aos trinta anos de serviço: I - até importância correspondente a 10(dez) vezes o maior salário mínimo vigente no País, em valor igual a : a) 80% (oitenta por cento) do salário de benefício, aosegurado do sexo masculino; b) 100% (cem por cento) do salário de benefício, ao segurado do sexo feminino.” O seguradodo sexo masculino poderia alcançar benefício de aposentadoria com renda igual a 100% do salário de benefício casocontinuasse a trabalhar até obter 35 anos de serviço (4% para cada ano após o 30º); trata-se da regra do § 1º do artigo 10da referida Lei 5.890/73.

3.6.5. Na linha do exposto – ou seja, sob um sistema que admitia a aposentação quando se alcançasse 30 anos deserviço –, o Decreto nº 87.374/1982 alterou o § 2º do artigo 60 do Decreto nº 83.080/1979, que passou a ter a seguinteredação:

§ 2º Quando o segurado tiver trabalhado em duas ou mais atividades penosas, insalubres ou perigosas, sem completar emqualquer delas o prazo mínimo que lhe corresponda para fazer jus à aposentadoria especial, ou quando tiver exercidoalternadamente essas atividades e atividades comuns, os respectivos períodos serão somados, aplicada a Tabela deConversão seguinte :

ATIVIDADES A CONVERTERMULTIPLICADORES

PARA 15PARA 20PARA 25PARA 30

DE 15 ANOS11,33

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1,672

DE 20 ANOS0,7511,251,5

DE 25 ANOS0,60,811,2

DE 30 ANOS0,50,670,831

3.6.6. Perceba-se que o quadro nem prevê a possibilidade de conversão para “tempo comum” de 35 anos.

3.6.7. A partir de tudo o que se expôs, se um segurado pretendia converter tempo de serviço exercido em condiçõesespeciais, que viabilizem aposentadoria especial com 25 anos, para “tempo comum”, e obter aposentadoria com 30 anos detempo de serviço com data de início (DIB) anterior à Lei nº 8.213/91, é evidente que o fator a ser utilizado é 1,2. O critérioadotado pelo sistema é estritamente proporcional: 25 anos x 1,2 = 30 anos. Do mesmo modo, caso algum seguradopretendesse obter a mesma conversão, relativamente a um período laborado antes da Lei nº 8.213/91, mas com DIBposterior à referida lei e tendo por parâmetro a consecução de uma aposentadoria por tempo de serviço integral (ou seja,com 35 anos de serviço), também é evidente que o fator a ser utilizado é 1,4, pelo mesmo critério proporcional, qual seja:25 anos x 1,4 = 35 anos.

3.6.8. Os julgados abaixo, oriundos do TRF da 4ª Região, elucidam bem a matéria:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TEMPO ESPECIAL. FATOR DECONVERSÃO. APOSENTADORIA REQUERIDA SOB A ÉGIDE DE LEGISLAÇÃO ANTERIOR À LEI 8.213/91.SEGURADO HOMEM. FATOR DE CONVERSÃO 1,2. 1. A retificação de acórdão só tem cabimento nas hipóteses deinexatidões materiais, erros de cálculo, omissão, contradição ou obscuridade. 2. O multiplicador para a conversão aplicáveldeve obedecer aos procedimentos oriundos da legislação vigente à data do requerimento administrativo. 3. Tratando-se deaposentadoria cuja implementação dos requisitos e a retroação da sua concessão seja em data anterior à vigência da Lei nº8.213/91 e da égide do Decreto nº 2.172/97, ou seja, ainda quando vigente a Tabela de Conversão do Decreto nº 83.080/79,deve-se aplicar o fator de conversão que mantenha a proporcionalidade de acordo com o tempo de serviço necessário paraa aposentadoria por tempo comum, no caso, 1,2. (TRF da 4ª Região. APELREEX 200671990032882. TURMASUPLEMENTAR. Fonte D.E. 28/09/2009)

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM. FATOR DECONVERSÃO 1,2. SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO CONSIDERADOS NO SALÁRIO DE BENEFÍCIO - LIMITAÇÃO AOTETO. 1. Os fatores de conversão são proporcionalmente fixados conforme o tempo de serviço exigido para aaposentadoria, tanto especial como comum, não sendo possível a utilização de um multiplicador que se refere àaposentadoria comum aos trinta e cinco anos, qual seja, 1,4, para fins de concessão de aposentadoria comum aos trintaanos, para a qual deve ser aplicado o conversor 1,2. 2. Ainda que os valores efetivamente auferidos pela requerente sejamsuperiores ao teto máximo, os salários-de-contribuição considerados no cálculo do salário de benefício não podemsuperá-lo. Aplicação do art. 28, § 5º, da Lei 8.212/91. (TRF da 4ª Região. AC 200871000317709. SEXTA TURMA. FonteD.E. 08/01/2010)

3.6.9. Registre-se que o mesmo tribunal, ao julgar a Apelação Cível nº 200204010248635, aplicou o fator de conversão1,4 para períodos laborados em condição especial anteriormente e posteriormente ao advento da Lei nº 8.213/91 (TRF da4ª Região, AC nº 200204010248635, 5ª Turma, Rel. Celso Kipper, D.E. 29/06/2007). Ou seja: o critério de conversãoprevisto no Decreto que regulamenta referida lei (Decreto nº 611/1992) pode ser aplicado a períodos de trabalho anterioresa sua vigência, desde que o seu sistema seja integralmente aplicado.

3.6.10. Pelo exposto, rejeito a alegação em enfoque.

3.7. Alegação recursal: da leitura dos documentos/PPP’s não se obtém nenhuma informação de que o trabalhoocorreu de forma permanente, não ocasional nem intermitente, além de não trazer aos autos histograma ou gráfico deruídos, com descrição precisa dos níveis de ruído durante a jornada de trabalho.

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3.7.1. Exposição habitual e permanente ao agente nocivo.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que, antes da Lei nº 9.032/95, não havia norma legal prevendo que a exposição aoagente nocivo deveria ser permanente. E, como a alteração introduzida pela Lei nº 9.032/95 tem caráter restritivo, tornandomais difícil a caracterização da atividade especial, a jurisprudência entende que a lei nova não pode ser aplicadaretroativamente. Nessa linha, cito o teor da súmula 49 da TNU: “Para reconhecimento de condição especial de trabalhoantes de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de formapermanente.” (DOU de 15/03/2012).

A sentença reconheceu como especiais, por exposição ao agente ruído, os seguintes períodos: 13/1/1978 a 1/8/1980,11/8/1980 a 6/2/1992 5/3/1992 a 7/2/1994, 4/7/1994 a 10/8/1995, 1/10/1996 a 5/2/1997.

Logo, a teor da súmula 49 da TNU, quanto ao último período e quanto a parte do penúltimo (após 29/4/95), deve haverevidência de que a exposição se deu de forma permanente. Por outro lado, tal informação é dispensável no que refere aosperíodos anteriores ao penúltimo.

O formulário DSS-8030 de fl. 84 é relativo ao penúltimo período (4/7/1994 a 10/8/1995) e afirma que a exposição erahabitual e permanente. O formulário de fl. 98 é relativo ao último período e afirma que o empregado (ora autor) “executasuas funções de modo habitual e permanente no local acima descrito”.

Conclusão: a alegação recursal não deve ser acolhida.

3.7.2. Histograma, gráfico de ruídos (ou memória de cálculos).

A exigibilidade de memória escrita das medições de ruído só começou em 11/10/2001, por força do art. 173, III, daInstrução Normativa INSS/DC nº 57, de 10 de outubro de 2001, que assim dispõe: “na citação do grau de ruído, quandoindicados níveis variados de decibéis, somente caberá o enquadramento como especial quando a dosimetria correspondera, no mínimo, setenta e cinco por cento da jornada de trabalho, em cada vínculo trabalhista, e for superior a oitenta dB(A)ou a noventa dB(A), conforme o caso, devendo ser anexada a memória dos valores em tabelas ou em gráficos, constandoo tempo de permanência do trabalho em cada nível de medição efetuada”. Antes disso nenhum ato normativo previaexigência de histograma ou de gráfico de medição de ruído. Os efeitos da IN INSS/DC nº 57 e posteriores não podemretroagir no tempo. Em conclusão: o histograma somente pode ser exigido no que refere a períodos posteriores a11/10/2001.

Como os períodos que a sentença considerou “especiais” são anteriores a 2001, não há que se falar na exigência dehistograma.

3.8. Alegação recursal: houve uso de EPI eficaz; eventual incidência da Súmula 09 da TNU somente poderá seraplicada até 18/11/2003, data da edição do Decreto 4.882/2003, onde se passou a aplicar a legislação trabalhista à áreaprevidenciária, importando reconhecer que o uso de EPI eficaz elimina a especialidade do obreiro.

A TNU, em 2012, fixou sua jurisprudência no sentido de que o advento do Decreto nº 4.882 de 18/11/2003 não alterou ousuperou o entendimento que a referida Turma consolidou em sua súmula nº 09 (TNU, Processo nº 2008.50.50.002583-1).Por conseguinte, a alegação não deve ser acolhida.

3.9. Alegação recursal: é incabível a incidência de juros moratórios de 1% (um por cento ao mês), desde a data dacitação. Deve ser aplicado o disposto no artigo 1-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09.

A 1ª TR-ES, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis às condenações daFazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nascondenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii)por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geralde correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral de previdência (art.41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC para ascondenações referentes questões tributárias.

A sentença discrepou desta orientação.

Logo, no que refere aos juros de mora, o recurso do INSS deve ser provido.

4. RECURSO DO AUTOR.

4.1. Alegação recursal: deve ser averbado o tempo de serviço rural exercido no período de 02/06/71 a 05/06/77.

O pai do autor (Sr. Ary Bartholomeu Pereira) era funcionário público estadual, tendo exercido o cargo de Exator B. GF. A-4,com exercício iniciado em 01/09/1977 e aposentadoria em 14/05/1981 (fls. 285/287).

Em princípio, se o pai do autor houvesse ingressado no serviço público apenas em 01/09/1977, a averbação aqui

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pretendida seria viável. Contudo, a escritura pública do imóvel afirma que o pai do autor era servidor público estadual e foilavrada em 02/06/1970 (fl. 55). Há evidente indício de que o pai do autor exercia outro cargo público antes de assumir o deexator no ano de 1977. Logo, é inviável acolher a alegação de que o autor teria laborado em atividade rural como seguradoespecial uma vez que, havendo indicativo de que seu pai era servidor público, a atividade rural por ele eventualmentedesempenhada não era indispensável à subsistência da família.

4.2. Alegação: período laborado entre 12/05/97 a 31/12/98 deve ser considerado especial. Afirma o autor-recorrenteque, embora não conste o referido período no rol de pedidos da peça inicial exordial, este não deixou de apresentar o PPPe laudo técnico referente ao período (fls. 241/244).

4.2.1. No item 3.1 supra, considerou-se aceitável a análise do período laborado entre 04/07/1994 a 10/08/1995 comoum dos objetos da ação, não obstante não constar explicitamente do pedido, uma vez que tal período fora explicitamentereferido no quadro referido no item 2.4 da inicial (fl.12). O mesmo ocorre com o período de 12/05/97 a 31/12/98, quetambém foi inserido no quadro que há na fl.12. Pelas mesmas razões que mencionei no item 3.1 supra, a cognição arespeito de tal período ter sido laborado em condições especiais deve ser aqui procedida. É o que se fará a seguir.

4.2.2. O período de 12/05/97 a 31/12/98 foi laborado na empresa KNM Metalmec Industrial Ltda., exercendo a funçãode técnico de segurança do trabalho, conforme o PPP que há nas fls. 242/243 e no laudo pericial que lhe segue (fls.244). Oitem 11 do laudo pericial afirma que a exposição era habitual e permanente. O nível médio equivalente de ruído ao qualestava exposto era 85 dB (item 7 do laudo, fl.244; item 15.4 do PPP, fl. 242).

4.2.3. Contudo, a submissão a um nível de ruído inferior a 90 decibéis no período posterior a 05/03/1997 e anterior a17/11/2003 não caracteriza trabalho submetido a condições especiais, conforme entendimento sufragado pelo STJ e agoraadotado também pela TNU.

4.2.3. Com efeito, a TNU assumia entendimento diferente do adotado pelo STJ no que refere ao nível de ruído paraconfiguração da especialidade do período de trabalho. Contudo, a TNU recentemente alterou seu entendimento,cancelando, em 09/10/2013, o enunciado 32 da súmula de sua jurisprudência dominante. Tal cancelamento com certezaocorreu por força do provimento de incidente de uniformização, pelo STJ, no qual a referida Corte reafirmou suajurisprudência em face do teor do enunciado 32 da TNU (STJ, 1ª Seção, Petição nº 9059 / RS, Julgado em 28/08/2013).Prevaleceu, destarte, o entendimento consolidado no STJ a respeito do tema. Deste modo, para que surja o direito àcontagem de tempo de trabalho como “especial”, o nível de ruído a que deve estar submetido o segurado deverá ser: (i)superior a 80 decibéis até 04/03/1997; (ii) superior a 90 decibéis entre 05/03/1997 até 17/11/2003 (vigência do Decreto nº2.172/97); (iii) superior a 85 decibéis após 18/11/2003 (vigência do Decreto nº 4.882/03).

4.2.4. Conclusão: o autor não faz jus a que o período de trabalho ora enfocado (12/05/97 a 31/12/98) seja consideradocomo laborado em condições especiais.

5. Conclusão.

5.1. RECURSO do INSS PARCIALMENTE PROVIDO, apenas para se alterar a sentença no que refere ao critério deincidência de juros de mora, nos termos explicitados no item 3.9 supra.

5.2. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO.

5.3. Sem custas e sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

56 - 0105133-64.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105133-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x HELOISIO VICTORIANO TEIXEIRA (ADVOGADO:ES017297 - MEIRYELLE RIBEIRO LEITE.).PROCESSO: 0105133-64.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105133-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS JOSÉ DE JESUSRECORRIDO: HELOISIO VICTORIANO TEIXEIRAADVOGADO (S): MEIRYELLE RIBEIRO LEITE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

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1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

57 - 0002303-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002303-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x IRANI REGINA BORTOLINI BARRETO x MARIA DE FATIMA TELLESHERKENHOFF x ALUYSIO GOMES SIMOES x MARA SUELY FERNANDES CASARIN x ANIELO SESSA NETO(ADVOGADO: DF025999 - LUCAS MESQUITA DE MOURA.).PROCESSO: 0002303-25.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002303-8/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): PEDRO GALLO VIEIRARECORRIDO: IRANI REGINA BORTOLINI BARRETOADVOGADO (S): LUCAS MESQUITA DE MOURA

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso interposto pela União Federal contra sentença que julgou procedente o pedido, condenando-a a pagaraos autores, servidores públicos federais, o valor referente à correção monetária e aos juros de mora incidentes no passivoreconhecido administrativamente, acrescido de juros de mora a partir do ato ilícito (art. 398 do CC), ou seja, de quando oprincipal deveria ter sido pago administrativamente. Alega a recorrente que o direito foi atingido pela prescrição qüinqüenal,bem como ausência de interesse de agir, pois inexiste negativa da Administração em atender ao pedido. Sustenta anecessidade de previsão orçamentária para pagamento e invoca os princípios da independência e harmonia entre ospoderes. Impugna, ainda, o termo inicial dos juros de mora fixado na sentença. Os autores Maria de Fátima TellesHerkenhoff (fl. 141) e Anielo Sessa Neto (fl. 145) requerem desistência da execução dos valores, tendo em vista opagamento administrativo dos mesmos.

Eis o teor da sentença:

Relatório dispensado.Preliminar processual de prescrição. A actio nata para a pretensão de manifestação do Poder Judiciário, sobre a nãoincidência de juros e correção monetária em face de passivos reconhecidos administrativamente, não é a data do fatogerador do passivo, mas a data na qual o passivo foi pago administrativamente sem os juros e a correção aqui perquiridos.Como o efetivo pagamento do passivo (sem os juros e sem a correção monetária) ocorreu há menos de 05 (cinco) anos,não houve prescrição. Indefiro a preliminar.Passo ao mérito.A existência de passivo administrativo está incontroversa. O pagamento do mesmo sem os juros e sem a correção,também. Resta, portanto, saber se a correção e os juros de mora deveriam ter sido pagos administrativamente. Senãovejamos.A correção monetária visa recompor o valor da moeda (art. 404 do CC) e sua não aplicação de ofício pela Administração

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representa enriquecimento sem causa. Isso porque se a dívida não for atualizada monetariamente, a mesma seria quitadapor valor economicamente menor. Nesse sentido, Enunciado Administrativo nº 38 da AGU:"Incide a correção monetária sobre as parcelas em atraso não prescritas, relativas aos débitos de natureza alimentar, assimcomo aos benefícios previdenciários, desde o momento em que passaram a ser devidos, mesmo que em período anteriorao ajuizamento de ação judicial."Por sua vez, os juros de mora visam compensar a mora, ou seja, o atraso entre o implemento das condições preexistentessobre a vantagem pecuniária pleiteada e a data do efetivo pagamento. Como a Administração se rege pelo princípio dalegalidade, ocorrendo o implemento das condições preexistentes, a vantagem deveria ter sido concedida de ofício, a contarda data do mencionado implemento. A concessão de direito regularmente previsto é atividade vinculante, semdiscricionariedade. O não pagamento caracteriza-se, portanto, como mora ex re (art. 397 caput do CC). Deixar de se exigiros juros de mora seria incentivar a postergação do pagamento de direitos legítimos.Eventual não existência de verba orçamentário-financeira para arcar com os custos referentes à correção monetária e aosjuros de mora em face de passivos reconhecidos administrativamente caracteriza falta de observância do princípioconstitucional do planejamento (art. 174 da CR/88) e não pode ser justificativa para o não pagamento. Trata-se de invocar oprincípio geral de direito segundo o qual “ninguém pode se beneficiar da própria torpeza”. Uma falha (não inclusão do gastoreferente a direitos legítimos de servidores no orçamento, por falta de planejamento) não pode servir de justificativa paraoutra falha (não pagamento dos juros e da correção monetária sobre tais direitos legítimos). Admitir tal tese seria incentivara desídia no planejamento de gastos previsíveis. Na mesma linha, segue o Enunciado nº 82 da TR/RJ:“A falta de pagamento de verbas reconhecidas administrativamente, por ausência de previsão orçamentária, caracteriza aexistência de lide, sendo devido o pagamento judicial, até mesmo em função do art. 100 da Constituição Federal.”Por fim, destaco que a correção e os juros não pagos administrativamente, em face de passivos reconhecidos, são verbasassessorias referentes a tal passivo, mas assumem feição de verba principal nesta lide, em função do não pagamentoadministrativo das mesmas. Analogia com o §3º do art. 113 do CTN. Logo, em face de tais verbas principais neste lide,também incidem juros, agora judiciais, em função do ajuizamento desta demanda. Se assim não for, estar-se-iaincentivando o não reconhecimento de correção e juros em passivos administrativos, e ncentivando a Administração a nãopaga-los, para que o servidor “busque seus dreitos no Judiciário”.Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO. Condeno a UNIÃO a pagar o autor o valor referente à correção monetária eaos juros de mora incidentes no passivo reconhecido administrativamente. Tal valor deverá ser calculado da data oimplemento da condição que gerou o benefício referente ao passivo, até a data os cálculos para expedição do requisitórioadequado. Esse será o valor do pedido principal desta lide. Em face de tal valor principal deverão incidir juros de morajudiciais a partir do ato ilícito (art. 398 do CC), ou seja, a data a partir da qual o principal deveria ter sido pagoadministrativamente, que é a data do implemento das condições do benefício do servidor. A correção e os juros deverão sercalculados com base no Enunciado nº 54 da TR/ES. A UNIÃO deverá efetivar os cálculos. Após a oitiva do autor sobre oscálculos, expeça-se o requisitório adequado ao caso. Sem custas nem honorários. Tendo em vista a qualificação do autorcomo funcionário público, associado ao valor das custas na Justiça Federal, indefiro a gratuidade de justiça. Após o trânsitoem julgado, dê-se baixa e arquivese. P.R.I.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), por estar de acordo com oentendimento desta Turma Recursal, exceto quanto ao termo inicial dos juros de mora.

Os juros de mora são devidos a partir da citação válida, a teor do art. 405 do Código Civil e do art. 219 do Código deProcesso Civil. A sentença, contudo, determinou a incidência dos juros de mora a partir do ato ilícito, ou seja, da data emque o principal deveria ter sido pago administrativamente. A citação ocorreu apenas em 27/08/2010 (fl. 72).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele DOU PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença apenas quanto ao termoinicial dos juros de mora judiciais, fixando como tal a data da citação. Com relação aos autores Maria de Fátima TellesHerkenhoff (fl. 141) e Anielo Sessa Neto (fl. 145), contudo, JULGO EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DOMÉRITO, nos termos do art. 267, VI, do CPC, por ausência superveniente de interesse de agir.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

58 - 0004516-33.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004516-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DELÇO ALVES MACEDO(ADVOGADO: ES017973 - Caio da Cruz Ferraz, ES019510 - GABRIEL ARPINI, ES011998 - VANILZA BARCELLOSSOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0004516-33.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004516-0/01)RECORRENTE: DELÇO ALVES MACEDOADVOGADO (S): Caio da Cruz Ferraz, VANILZA BARCELLOS SOARES, GABRIEL ARPINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA

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VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor (fls. 155/156) e pelo INSS (fls. 158/164) em face do acórdão quedeu provimento ao recurso inominado do autor para restabelecer o auxílio-doença desde a sua cessação, com correçãomonetária e juros de mora na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Alega o autor, em seus embargos, que oacórdão restou silente quanto aos valores atrasados. O INSS, por sua vez, alega que, até a decisão definitiva de modulaçãode efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.O pagamento dos valores atrasados integra a condenação por efeito lógico e inevitável do restabelecimento do benefíciodesde a cessação. Tanto que o acórdão tratou explicitamente da correção monetária e dos juros de mora, que só seaplicam, por óbvio, aos valores atrasados.Também não se configura a omissão/contradição apontada pelo INSS, pois a expectativa de manifestação do STF emmomento superveniente não tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país atéque tal ocorra. Não existe nenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquerrecurso ou ação. Também não faria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelasvencidas por não ter ainda se manifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposiçãodos presentes embargos.Pelo exposto, conheço de ambos os embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

59 - 0002987-13.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002987-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: DARIO PEREIRA DE CARVALHO.) x VIVIANY DE PAULA ARRUDA (ADVOGADO: ES016926 - RIANEBARBOSA CORREA.).Autos nº 0002987-13.2011.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

1. A UNIÃO interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,determinando-lhe pagar à autora de ajuda de custo correspondente a 1 (um) subsídio de Juiz Federal Substituto, com jurosde mora e correção monetária a contar do evento danoso.

1.1. Sintetiza-se a seguir os fatos que ensejaram a pretensão. A autora acabara de ingressar na Magistratura Federalquando foi “designada” para atuar no 1º JEF do Rio de Janeiro em 19/08/05; no dia seguinte foi redesignada para exercerjurisdição no 1º JEF de Niterói-RJ; e, a seguir, veio a ser “designada” para exercer a titularidade das Varas Federais deLinhares-ES e Colatina-ES; posteriormente, em 10/04/2006, foi novamente “designada para prestar auxílio” à 7ª VF deVitória-ES. Causa de pedir: houve transferência ex-officio de Linhares-ES para Vitória-ES; contudo, o TRF da 2ª Região nãoconcedeu à autora o pagamento da ajuda de custo correlata à referida remoção. Eis as alegações da recorrente:

incompetência absoluta dos JEF’s em face do que decidiu o STJ na Reclamação nº 1526-DF;incidência da prescrição trienal;mérito: conforme informação prestada pelo TRF da 2ª Região, segundo a orientação administrativa da mencionada Corte,Juízes Substitutos eram designados e se deslocavam por designação; não havia direito ao pagamento de ajuda de custoem favor dos juízes substitutos; o artigo 65 da Lei Complementar 35/1979 utiliza o termo “poderão”, de modo que aAdministração não está obrigada a pagar essa verba ao magistrado; por fim, o artigo 6º da Res. Nº 04/2008-CJF veda opagamento desta ajuda de custo antes de transcorridos 12 meses do último deslocamento; a autora também formularapedido de concessão de ajuda de custo no Processo nº 2010.50.50.004701-8, “... destacando-se que o interstício parapleito de beneficio idêntico foi majorado para 24 meses, de acordo com a citada Decisão no Pedido de Providências nº0000700-54.2010.2.00.0000 (DJ Eletrônico de 06/05/2010), que ratificou o entendimento firmado no acórdão prolatado naConsulta nº 0005708-46.2009.2.00.0000 (DJ Eletrônico de 21/12/2009), do Conselho Nacional de Justiça(...)” (fl. 137/138).não há previsão orçamentária;há afronta à separação de poderes;a Administração está subordinada ao princípio da legalidade;

1.2. Em petição posterior (fls. 160/165), a UNIÃO aduziu tratar-se de hipótese de competência do STF, por haverinteresse de todos os membros da magistratura (art. 102, I, n, da Constituição).

1.3. Em síntese, é o relatório.

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2. Incompetência do STF (petição de fl. 160/165).

2.1. Em recente precedente, o Ministro Marco Aurélio afirmaram a competência dos Juizados Especiais Federais paraprocessar e julgar demandas análogas a que ora examino. Trata-se da Reclamação nº 15941/DF, ocasião em que S. Exa.explicitou, didaticamente, que quando o direito material pleiteado na ação for exclusivo da magistratura, haveráconfiguração da competência do STF; e que, por outro lado, quando se cuidar de direito que se refere a todo servidor (talqual ocorre com o direito a afastamento em virtude de remoção, não se teria a configuração da competência da SupremaCorte.

2.2. Eis o teor do voto proferido pelo Min. Marco Aurélio no dia 14/09/2013 na referida Reclamação:

Rcl 15941 / DF - DISTRITO FEDERALRECLAMAÇÃORelator(a): Min. MARCO AURÉLIOJulgamento: 14/09/2013Publicação PROCESSO ELETRÔNICO DJe-185 DIVULG 19/09/2013 PUBLIC 20/09/2013PartesRECLTE.(S) : UNIÃOPROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃORECLDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOSINTDO.(A/S) : PATRÍCIA PEREIRA DE SANT'ANNAADV.(A/S) : ANTONIO CARLOS FACIOLI CHEDID JUNIOR E OUTRO(A/S)ADV.(A/S) : ANTONIO CARLOS FACIOLI CHEDIDDecisão

DECISÃOCOMPETÊNCIA – ALÍNEA “N” DO INCISO I DO ARTIGO 102 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE –RECLAMAÇÃO – NEGATIVA DE SEGUIMENTO.1. A União aponta como ato reclamado o acórdão, proferido no Agravo em Recurso Especial nº 163.298/RS, em que aSegunda Turma do Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito de integrante do Tribunal Regional Federal da 4ªRegião de receber a ajuda de custo prevista no artigo 65, inciso I, da Lei Complementar nº 35/79.Segundo alega, magistrada federal vinculada ao Regional ajuizou ação de cobrança visando o recebimento de ajuda decusto referente à promoção em 16 de agosto de 2007, no valor de dois subsídios, e à remoção, em 31 de março de 2009,correspondente a três subsídios. O pedido foi julgado procedente em primeira instância, havendo o Regional confirmado asentença e aplicado multa à reclamante. Desprovidos os declaratórios, foram interpostos recursos especial e extraordinário– este último, conforme verificado, veio a ser inadmitido na origem, não tendo sido distribuído o agravo protocolado visandoa respectiva sequência. No Superior Tribunal de Justiça, o relator do Agravo em Recurso Especial nº 163.298/RS negouseguimento ao recurso. Apresentado agravo regimental, foi parcialmente provido apenas para afastar a imposição, nainstância ordinária, da multa estabelecida no artigo 557, § 2º, do Código de Processo Civil. Protocolados declaratórios,acabaram desprovidos.Argui a usurpação da competência originária do Supremo prevista no artigo 102, inciso I, alínea “n”, da Constituição Federalante a circunstância de o processo versar interesse de todos os membros da magistratura. Alude ao pronunciamentoformalizado na Questão de Ordem na Ação Originária nº 1.569/DF, de minha relatoria, referente ao pagamento de ajuda decusto a magistrados.Cita as decisões prolatadas nas Reclamações nº 14.697 e nº 15.440, da relatoria dos ministros Dias Toffoli e TeoriZavascki, respectivamente, e nas Reclamações nº 15.371 e nº 15.417, da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski.Nesses processos,teria sido assentada a competência originária do Supremo para apreciar casos relativos ao pagamento de ajuda de custo amembro da magistratura.Sob o ângulo do risco, aduz estar a Fazenda Pública na iminência de ser compelida ao pagamento de valores indevidos, dedifícil repetição ante o caráter alimentar.Requer, em sede liminar, a suspensão do ato atacado e, alfim, pretende a anulação do pronunciamento impugnado,determinando-se a vinda do processo ao Supremo.2. Atentem para as balizas da espécie. Magistrada federal ajuizou ação, na origem, visando o recebimento de ajuda decusto por motivo de promoção e, posteriormente, remoção a pedido. A reclamante busca o reconhecimento da competênciado Supremomediante a formalização desta reclamação.Nota-se a inexistência de interesse peculiar à magistratura, considerada a possibilidade de qualquer servidor pleitear opagamento de ajuda de custo em razão de promoção funcional e/ou remoção. Nesse sentido, em 7 de abril de 2013, aoapreciar casoanálogo – Reclamação nº 15.370 –, fiz ver:RECLAMAÇÃO – IMPROPRIEDADE – NEGATIVA DE SEGUIMENTO AO PEDIDO.1. O Gabinete prestou as seguintes informações:A União argui usurpação da competência do Supremo pelo Juízo da 3ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal daCircunscrição Judiciária de Santa Catarina, em razão do acórdão concernente ao julgamento do Recurso Inominado nº5016172-28.2011.404.7200.Consoante assevera, figura como ré em demanda formalizada por juiz do trabalho objetivando o recebimento de ajuda decusto decorrente de remoção da Corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região para a Vara do Trabalho de

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Bagé. Assinalater sido assentado procedente o pedido, em primeira instância. Anota a interposição de recurso inominado, apontando-se aincompetência absoluta do Juízo, com base no artigo 3º, § 1º, inciso III, da Lei nº 10.259/2001, desprovido pelo Colegiado.Articula com a usurpação da competência originária do Supremo prevista no artigo 102, inciso I, alínea n, do Diploma Maior,presente o interesse de toda a magistratura na matéria de fundo. Diz da incompetência absoluta do Colegiado local, dada anatureza funcional de que se reveste. Evoca entendimento adotado na Questão de Ordem na Ação Originária nº 1.569/DF,da relatoria de Vossa Excelência, e na Reclamação nº 14.697/AC, da relatoria do ministro Dias Toffoli.Sob o ângulo do risco, alude ao iminente pagamento indevido resultante do cumprimento do ato reclamado, que dificilmentereverterá ao erário, ante os obstáculos próprios à repetição de verbas alimentares. Postula a suspensão liminar dopronunciamento. No mérito, requer a anulação das decisões proferidas no referido processo, determinando-se sejaremetido a este Tribunal para julgamento.O processo encontra-se concluso, visando a apreciação do pedido de medida acauteladora.2. Os pronunciamentos do Supremo, presente o alcance da alínea n do inciso I do artigo 102 da Constituição Federal, sãoreiterados no sentido de apenas lhe caber o julgamento de conflito de interesses quando se tratar de direito substancialexclusivo da magistratura. Está em jogo ajuda de custo em caso de remoção, instituto que, de início, pode beneficiar todo equalquer servidor. Precedentes:COMPETÊNCIA. CAUSA DE INTERESSE DA MAGISTRATURA. A letra n do inciso I do art. 102 da Constituição Federal,ao firmar a competência originária do STF para a causa, só se aplica quando a matéria versada na demanda diz respeito aprivativo interesse da magistratura enquanto tal e não também quando interessa a outros servidores. Precedentes. Agravoimprovido.(Agravo Regimental na Reclamação nº 1.952, relatora ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 19 de fevereiro de2004, Diário da Justiça de 12 de março de 2004)Ação originária. Reclamação trabalhista. Questão de ordem sobre competência. - Não sendo a vantagem financeirapleiteada na presente reclamação vantagem privativa da magistratura, uma vez que ela interessa também aos servidores eempregados em geral, é pertinente a jurisprudência desta Corte no sentido de que a letra "n" do inciso I do artigo 102 daConstituição Federal só se aplica quando a matéria versada na causa diz respeito a privativo interesse da magistraturacomo tal, e não quando também interessa a outros servidores (assim, a título exemplificativo, decidiu-se na AO 33).Questão de ordem que se resolve no sentido de que esta Corte é incompetente para julgar em instância única a presentereclamação, sendo competente para julgá-la no primeiro grau de jurisdição a Junta de origem, à qual devem ser restituídosos autos.(Questão de Ordem na Ação Originária nº 230, relator ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em 17 de março de1999, Diário da Justiça de 14 de maio de 1999)3. Ante o quadro, nego seguimento ao pedido.4. Publiquem.3. Em razão do exposto, nego seguimento ao pleito veiculado.4. Publiquem.Brasília – residência –, 14 de setembro de 2013, às 11h30.Ministro MARCO AURÉLIORelator

2.3. Volto ao caso concreto.

2.4. A autora afirma que foi transferida ex-officio de uma Vara Federal para outra situada noutro município; e que fariajus a uma ajuda de custo para fins de mudança de residência. Trata-se de direito reconhecido a todo servidor públicofederal civil, como se depreende do disposto no artigo 53 da Lei 8.112/91:

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento deindenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier ater exercício na mesma sede.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

2.5. Percebe-se que não faz qualquer sentido enviar a presente demanda ao STF em razão do direito discutido. Comefeito, parece evidente que, numa eventual remoção de qualquer servidor público federal para nova sede, caso não seconceda o pagamento da referida ajuda de custo, a competência para processar e julgar a ação visando indenização pelofato ilícito será da Justiça Federal. Não obstante, a prevalecer a tese da União, a competência para julgar a referida açãoseria do STF.

2.6. Parece-me que o precedente acima transcrito, mais recente do que os apresentados pela União e consentâneocom a jurisprudência anteriormente consolidada no próprio STF é a que retrata fielmente que situações afiguram-se aptas aconfigurar a competência daquela Corte em vista do disposto no artigo 102, I, n, da Constituição.

2.7. À luz do que se decidiu na Reclamação nº 15.941/DF, inexiste configuração da competência do STF paraprocessar a presente ação, razão pela qual indefiro o requerimento coligido pela União, no sentido de declinar dacompetência em favor daquela Corte.

3. Incompetência do STJ.

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3.1. A UNIÃO aduziu que a competência seria do STJ. No que refere a essa argüição, reporto-me aos fundamentosutilizados na sentença para repeli-la. Eis seu teor:

“... Indefiro a preliminar de incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais, sob o argumento de se tratar dediscussão acerca de ato emanado pelo CJF, tendo em vista que a competência para processar e julgar a presente açãoordinária proposta em face da União Federal é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, I da Constituição Federal. Adespeito da presente demanda tratar de ato normativo do CJF, não se enquadra na competência originária do SuperiorTribunal de Justiça, uma vez que tal competência limita-se ao julgamento de mandados de segurança contra atos do CJF(artigo 105, I, b c/c parágrafo único, inciso II da Constituição Federal), o que não é o caso dos autos.”(sentença, fl. 130/131)

3.2. Conclusão: rejeito a preliminar.

4. Prescrição.

4.1. A União argumentou que incidiria o prazo trienal, conforme entendera o STJ quando do julgamento do RecursoEspecial nº 1.238.260-PB. Referido recurso foi julgado em 2011.

4.2. Ocorre que em 2012 o STJ pacificou a matéria, definindo que incide o prazo qüinqüenal e sujeitando o tema àsistemática do artigo 543-C do CPC. Tal definição da jurisprudência do STJ no sentido de que incide o prazo qüinqüenalocorreu no julgamento do Recurso Especial nº 1.251.993-PR, cuja ementa transcrevo abaixo:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.251.993 - PR (2011/0100887-0) RELATOR:MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

RECORRENTE:MUNICIPIO DE LONDRINA

PROCURADORA:RENATA KAWASSAKI SIQUEIRA E OUTRO(S)

RECORRIDO:FRANCISCO CARLOS DE MELO FILHO

ADVOGADO:WILSON LOPES DA CONCEICAO

INTERES. :ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - "AMICUS CURIAE"

PROCURADOR:GUILHERME VALLE BRUM E OUTRO(S)

INTERES. :UNIÃO - "AMICUS CURIAE"

EMENTAADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (ARTIGO 543-C DO CPC).RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1º DODECRETO 20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, § 3º, V, DO CC). PREVALÊNCIA DA LEI ESPECIAL. ORIENTAÇÃOPACIFICADA NO ÂMBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.1. A controvérsia do presente recurso especial, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, estálimitada ao prazo prescricional em ação indenizatória ajuizada contra a Fazenda Pública, em face da aparente antinomia doprazo trienal (art. 206, § 3º, V, do Código Civil) e o prazo quinquenal (art. 1º do Decreto 20.910/32).2. O tema analisado no presente caso não estava pacificado, visto que o prazo prescricional nas ações indenizatóriascontra a Fazenda Pública era defendido de maneira antagônica nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial. Efetivamente, asTurmas de Direito Público desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois existem julgados de ambos os órgãosjulgadores no sentido da aplicação do prazo prescricional trienal previsto no Código Civil de 2002 nas ações indenizatórias

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ajuizadas contra a Fazenda Pública. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp 1.238.260/PB, 2ª Turma, Rel. Min.Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011; REsp 1.217.933/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011;REsp 1.182.973/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011; REsp 1.066.063/RS, 1ª Turma, Rel. Min.Francisco Falcão, DJe de 17.11.2008; EREspsim 1.066.063/RS, 1ª Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de22/10/2009). A tese do prazo prescricional trienal também é defendida no âmbito doutrinário, dentre outros renomadosdoutrinadores: José dos Santos Carvalho Filho ("Manual de Direito Administrativo", 24ª Ed., Rio de Janeiro: Editora LumenJúris, 2011, págs. 529/530) e Leonardo José Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pública em Juízo", 8ª ed, São Paulo:Dialética, 2010, págs. 88/90).3. Entretanto, não obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e consolidado entendimento deste TribunalSuperior sobre o tema é no sentido da aplicação do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nasações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública, em detrimento do prazo trienal contido do Código Civil de 2002.4. O principal fundamento que autoriza tal afirmação decorre da natureza especial do Decreto 20.910/32, que regula aprescrição, seja qual for a sua natureza, das pretensões formuladas contra a Fazenda Pública, ao contrário da disposiçãoprevista no Código Civil, norma geral que regula o tema de maneira genérica, a qual não altera o caráter especial dalegislação, muito menos é capaz de determinar a sua revogação. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de ResponsabilidadeCivil". Editora Revista dos Tribunais, 7ª Ed. – São Paulo, 2007; págs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de DireitoAdministrativo". Editora Fórum, 2ª Ed. – Belo Horizonte, 2010; pág. 1042).5. A previsão contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si só, não autoriza a afirmação de que o prazo prescricional nasações indenizatórias contra a Fazenda Pública foi reduzido pelo Código Civil de 2002, a qual deve ser interpretada peloscritérios histórico e hermenêutico. Nesse sentido: Marçal Justen Filho ("Curso de Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5ªEd. – São Paulo, 2010; págs. 1.296/1.299).6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp 69.696/SE, 1ª Turma, Rel. Min. BeneditoGonçalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos EREsp 1.200.764/AC, 1ª Seção, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012;AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.5.2012; REsp 1.236.599/RR, 2ª Turma,Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg noAREsp 36.517/RJ, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1ª Seção, Rel. Min.Hamilton Carvalhido, DJe de 1º.2.2011.7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentença que reconheceu prazo trienal em ação indenizatóriaajuizada por particular em face do Município, corretamente reformou a sentença para aplicar a prescrição quinquenalprevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o entendimento desta Corte Superior sobre o tema. 8. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRASEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado dejulgamento:"A Seção, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Diva Malerbi (Desembargadora convocada TRF 3ª Região), Ari Pargendler, ArnaldoEsteves Lima, Humberto Martins, Herman Benjamin e Napoleão Nunes Maia Filho votaram com o Sr. Ministro Relator.Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira. Brasília (DF), 12 de dezembro de 2012.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES , Relator

4.3. Uma vez que o STJ sujeitou o tema ao disposto no artigo 543-C do CPC, esta Turma Recursal está vinculada aoentendimento acima declinado.

4.4. Em conclusão, inexiste prescrição.

5. Do cabimento da indenização por ajuda de custo no caso concreto.

5.1. Registro, em primeiro lugar, que a TNU já decidiu que o juiz federal substituto “designado para prestar auxílio” emdeterminada vara faz jus a uma ajuda de custo em caso de alteração desta “designação” para outra vara situada noutraSeção Judiciária. Trata-se da ação nº 2008.50.50.001527-8. No referido feito, o autor pleiteava o pagamento da verba deajuda de custo, prevista no art. 65, I da Lei Complementar nº 35/79 e no art. 53 da Lei nº 8.112/90. O processo em questãofoi julgado pela TNU, que entendeu que a partir do momento em que se atribui a um juiz recém-ingressado na Magistratura,o efetivo exercício da função jurisdicional em determinada unidade judiciária, mediante ato formal, confere-se a ele umalotação, ainda que provisória, mesmo quando se utilize, para esse efeito, outra nomenclatura, como, no caso, designação.Tal precedente foi anexado à inicial (fls. 60/79). Não obstante, naquele ensejo a TNU não decidiu a respeito da ocorrênciade duas alterações na lotação em período inferior a um ano. Isso ocorreu no caso da autora desta demanda.

5.3. Com efeito, há outra ação proposta pela autora, que foi mencionada pela União em seu recurso (Processo nº0004701-42.2010.4.02.5050, fls. 137/138). Na referida ação a autora pleiteia pagamento de ajuda de custo em decorrênciade uma transferência “ex-officio” ocorrida em 08/09/2005, do Estado do RJ para o estado do ES (Vara Federal deLinhares-ES). Por outro lado, na presente ação (nº 0002987-13.2011.4.02.5050) questiona-se também uma transferênciade ofício, mas ocorrida em 10/04/2006, ou seja, cerca de sete meses depois (da Vara Federal de Linhares-ES para a 7ªVara Federal de Vitória-ES).

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5.4. O fato é que havia, ao tempo em que ocorreram as remoções, ato normativo que vedava o pagamento de maisde uma ajuda de custo em hipóteses de remoções ocorridas em prazo inferior a 12 meses.

5.5. A sentença abordou tal questionamento. Eis a sua fundamentação:

“... Em sua contestação, a União afirma que não reconhece ter havido remoção, mas mera designação da autora paraprestação de auxílio. Outro ponto defendido pela ré é que a ajuda de custo pleiteada pelo autor não deveria ser concedidatendo em vista que o pleito de duas ajudas de custo em período menor que doze meses deslocamentos é vedado pelo art.6º da Resolução nº 22/1999-TRF, art. 7º, III da Resolução nº 461/2005/CJF e art. 101, III, da Resolução nº 4/2008-CJF.No caso de magistrados federais, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN – Lei Complementar nº 35/79, traz aprevisão da concessão de ajuda de custo em seu artigo 65, I:Art. 65 – Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei, as seguintes vantagens:I – ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança.Por força do art. 52 da Lei nº 5.010/66 – Lei Orgânica da Justiça Federal, que determina que “aos juízes e servidores daJustiça Federal aplicam-se, no que couber, as disposições do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União”,dever-se-á aplicar, para o caso concreto, o estabelecido no art. 53 da Lei 8.112/90:Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento deindenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier ater exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)Pela leitura dos dispositivos acima transcritos, constata-se que a ajuda de custo tem por requisitos a necessidade datransferência do magistrado, por interesse da Administração, com mudança de domicílio. Cumprido esses requisitos, faz juso magistrado ao pagamento da referida vantagem, que tem por finalidade suprir as despesas decorrentes do deslocamentosolicitado pela Administração.Ora, se a Administração remove o magistrado ou servidor em período inferior a um ano, a bem do serviço público,acarretando a mudança de domicílio, tem, por conseqüência, o dever de pagar a ajuda de custo a fim de compensar osgastos decorrentes do deslocamento, não devendo, portanto, prosperar os impedimentos previstos nas citadas resoluções.Se assim não fosse, estar-se-ia penalizando o magistrado ou servidor que teria de arcar com os custos do deslocamentorealizado por interesse da Administração, o que inclusive não encontra fundamento na LOMAN ou na Lei 8.112/1990.Desta forma, resta claro que as resoluções mencionadas pelo réu não são instrumentos hábeis a restringir o direito aorecebimento de ajuda de custo expressamente estabelecido em lei.De fato, a autora foi removida por interesse da Administração da cidade de Linhares, onde havia fixado domicílio, para acidade de Vitória, o que, por si só, obriga ao pagamento da ajuda de custo.As restrições previstas no art. 6º da Resolução nº 22/1999-TRF, no art. 7º, III da Resolução nº 461/2005/CJF e no art. 101,III, da Resolução nº 4/2008-CJF não podem impedir a fruição da vantagem a que a autora tem direito, por ausência derespaldo legal.Cabe ressaltar que não merece prosperar a alegação da ré de que a mudança de domicílio da autora decorreu de meradesignação para prestação de auxílio e não de remoção. Isso porque tal fato não foi comprovado nos autos, devendo serconsiderado, ainda, que até o presente momento a autora encontra-se desempenhando suas atividades judicantes nomunicípio de Vitória/ES, o que afasta a idéia de transitoriedade da referida designação. Além disso, se de fato tivesseocorrido mera designação para prestação de auxílio, como alegado na contestação, caberia o pagamento de diárias àautora desde o ato designatório.Desta forma, diante da comprovação de que efetivamente houve transferência ex officio da Magistrada do município deLinhares/ES para o município de Vitória/ES (Ato 231/2006), restou evidenciada a constituição de seu direito ao recebimentoda vantagem pleiteada.Pelo exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, condenando a ré no pagamento à parte autora de ajuda de custocorrespondente a 1 (um) subsídio de Juiz Federal Substituto, com juros de mora e correção monetária a contar do eventodanoso. Ressalta-se, ainda, que deverão ser deduzidas parcelas eventualmente já pagas administrativamente à parteautora sob o mesmo título. ...”(sentença, fl. 130/132).

5.6. Passo a analisar o que dispõe a legislação a respeito da ajuda de custo.

5.6.1. A Lei Complementar nº 35/1979 dispõe o seguinte:

Art. 65 - Além dos vencimentos, poderão ser outorgadas aos magistrados, nos termos da lei, as seguintes vantagens:

I - ajuda de custo, para despesas de transporte e mudança;

5.6.2. Ante a ausência de lei regulamentadora específica, cabe aplicar o disposto na Lei nº 8.112/91 que, a respeito dotema, dispõe o que segue:

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço,passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento deindenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier ater exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

§ 1º Correm por conta da administração as despesas de transporte do servidor e de sua família, compreendendo

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passagem, bagagem e bens pessoais.

§ 2º À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade deorigem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.

§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)

5.6.3. O critério previsto no caput está preenchido, visto que a autora teve de se reinstalar em Vitória-ES, após serremovida, por ato do TRF da 2ª Região, de Linhares-ES para Vitória-ES.

5.6.4. A regra do § 3º foi inserida por meio de medida provisória em 2013, convertida na Lei 12.998/14. Os incisos II e IIIdo parágrafo único do art. 36 da Lei 8.112/91 refere-se aos casos de remoção a pedido. Ou seja: quando o servidor pedir aremoção para outra cidade, não se lhe concederá ajuda de custo. Trata-se de nova norma que restringiu a concessão daajuda de custo às hipóteses de remoção ex officio, que é a hipótese prevista no inciso I do parágrafo único do art. 36 da Lei8.112/91.

5.6.5. Mesmo se aplicarmos à autora à nova norma de conteúdo restritivo, chegaremos à conclusão de que lheassistiria o direito à ajuda de custo, visto que sua remoção ocorreu ex officio. Com efeito, houve remoção, conforme decidiua TNU em caso idêntico no processo antes referido, em decisão que consta nestes autos por cópia às fls.60/79. E talremoção foi ex officio, bastando para tal conclusão ler o teor do Ato nº 231, de 10/04/2006, que consta na fl. 18 e no qualnão há qualquer menção ou referência a pedido formulado pela autora desta ação.

5.6.6. A limitação existente nos atos administrativos normativos expedidos pelo TRF da 2ª Região e pelo CJF, nosentido de que não seria cabível o pagamento de ajuda de custo àquele que já tenha recebido vantagem idêntica a essetítulo, no período de 12 meses imediatamente anterior (Resolução nº 22/1999-TRF; e art. 7º, III da Resolução nº461/2005/CJF) afigura-se-me plenamente cabível na hipótese do magistrado requerer a remoção a pedido. Não obstante,não se me afigura legítima tal limitação na hipótese de o magistrado ter sido removido de ofício, tal qual ocorreu no casodos autos.

5.7. Registro, por fim, que a matéria em enfoque já foi objeto de julgamento no TRF da 3ª Região e na TurmaRecursal da Seção Judiciária de Pernambuco. Transcrevo abaixo a ementas:

ADMINISTRATIVO. PROMOÇÃO DE MAGISTRADO FEDERAL. REMOÇÃO ANTERIOR, HÁ MENOS DE UM ANO.AJUDA DE CUSTO. LEI ORGÂNICA DA MAGISTRATURA NACIONAL. RESOLUÇÃO N. 256/2002, DO CJF. PEDIDOPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. 1. A Resolução n. 256/2002, do Conselho da Justiça Federal, ao disciplinar opagamento de ajudas de custo a magistrados federais e servidores, proíbe a concessão 'àquele que já tenha recebidovantagem idêntica a esse título, no período de 12 (doze) meses imediatamente anterior'. 2. Essa proibição, todavia, não seaplica ao juiz federal que, menos de doze meses depois de ter sido removido, vem a ser promovido pelo Tribunal, pois nãose trata, aí, de situações idênticas. 3. Ainda que assim não fosse, a Resolução n. 256/2002, do Conselho da Justiça Federal- ato administrativo que é - não poderia restringir o direito à ajuda de custo, assegurado pela Lei Orgânica da MagistraturaNacional e pela Lei n. 8.112/90. 4. Aberto concurso de promoção de juiz federal, evidencia-se o interesse da Administraçãoe do serviço em prover o respectivo cargo. 5. Sentença de procedência do pedido. Apelação da União e remessa oficialimprovidas.(TRF da 3ª Região. 2ª Turma. AC 00070892920024036000. APELAÇÃO CÍVEL – 888291. Fonte DJU de 18/03/2005)

ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. JUIZ FEDERAL. AJUDA DE CUSTO. PROMOÇÃO OU REMOÇÃO. ART.65 DA LOMAN. ART. 52 DA LEI N. 5010/66. RESOLUÇÕES N. 256/2002 E N. 04/2008 DO CJF EORIENTAÇÃO DECORRENTE DE CONSULTA AO CNJ. EXORBITÂNCIA DO PODER REGULAMENTAR.AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. RECURSO IMPROVIDO.- O direito à ajuda de custo do juiz federal em caso de remoção, inclusive mediante permuta e promoção é previsto edisciplinado na LOMAN e,subsidiariamente, na Lei no 8.112/90, por força do disposto no art. 52 da Lei nº5.010/66.- Na legislação de regência (LOMAN, Lei 5.010/66 e Lei 8.112/90), não há nenhuma vedação ao pagamento deajuda de custo pelo fato de o juiz ou servidor haver percebido vantagem idêntica nos últimos 12 (doze) ou 24 (vinte equatro) meses.- A restrição temporal de 12 meses não tem base legal, sendo nítida a ofensa ao princípio da legalidade. Os arts.7º, III, das Resoluções n. 256/2002 e 461/2005 do CJF, bem como o art. 101, III, da Resolução n. 04/2008do CJFinovaram na ordem jurídica à maneira da lei em sentido estrito, atuando, no ponto, como regulamentosautônomos. É nítida a invasão da faixa de competência reservada pela Constituição à lei em sentido estrito.- No mesmo sentido, violaram o princípio da legalidade a Consulta n.º 0005708-46.2009.2.00.0000, o Pedido deProvidências n.º0000700-54.2010.2.00.0000 e o PCA n.º 0005914-26.2010.2.00.0000 do CNJ ao restringirtemporalmente o direito à percepção da ajuda de custo pelo magistrado quando a remoção anterior se der emperíodo inferior a 24 meses.- Destarte, com base em tudo que foi afirmado, verifica-se que a sentença recorrida analisou perfeitamente a lide, sendodesnecessárias novas considerações além das já lançadas no bojo do ato monocrático recorrido, devendo ser mantidapelos seus próprios fundamentos, por força do art. 46, da Lei nº 9.099/95 (aplicável ao JEF por força do art. 1º, da Lei nº10.259/01), norma de acordo com os princípios que regem os juizados especiais federais.

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- Recurso inominado improvido.- Honorários à razão de 10% sobre o valor da condenação, nos termos da Lei nº 9.099/95, aplicável ao JEF por força do art.1º, da Lei nº 10.259/01.(Ementa de Recurso Inominado lavrada por uma das Turmas Recursais da Seção Judiciária de Pernambuco. Seu teor foitranscrito na decisão monocrática proferida pelo Min. Ricardo Lewandowski, em 07/06/2013, no Recurso Extraordinário nº738.992-PE).

5.8. Alegações de ausência de previsão orçamentária, de violação ao princípio da separação de poderes e de que aAdministração se encontra adstrita ao princípio da legalidade.

5.8.1. Argumentar que o pagamento de uma verba indenizatória se condiciona à existência de uma prévia dotaçãoorçamentária e que a pretensão veiculada não pode ser deferida sob pena de violar-se a separação de poderes prevista noartigo 2º da Constituição da República equivale a defender que os atos da Administração Pública não estão sujeitos acontrole jurisdicional. Do mesmo modo, afirmar que o deferimento da pretensão é inviável em face de estar o administradorsubordinado à lei e com base nesse suposto defender a improcedência da pretensão, equivale a afirmar que qualquerindeferimento de pretensão formulada por servidor na seara administrativa e ali indeferida não pode ser questionadajudicialmente. Dentro do contexto exposto, não há como deferir-se a pretensão recursal com base nos questionamentos oraabordados.

Conclusão: a sentença deve ser mantida.

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Condeno a União em honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre ovalor atualizado da condenação. Sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

60 - 0101950-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101950-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x OSWALDO CARLOS MARTINS(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).PROCESSO: 0101950-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101950-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: OSWALDO CARLOS MARTINSADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ, RODRIGO FIGUEIREDO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

61 - 0006429-50.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006429-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x CARLOS APARECIDO BORGES(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO.).PROCESSO: 0006429-50.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006429-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: CARLOS APARECIDO BORGESADVOGADO (S): GERALDO BENICIO

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ. OMISSÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto e manteve sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder o benefício deaposentadoria especial à parte autora. O embargante alega que o acórdão é omisso quanto à incidência dos artigos 195, §5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionais referentes ao tema dautilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa em majoração de benefícioprevidenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos e critérios diferenciados para aconcessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada, eis que o acórdão baseou-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado), bem como em acórdão da mesmaTNU, de 20/04/2012, no qual esta decide por manter aquele entendimento, em julgamento de pedido de uniformização dejurisprudência em que se discutia a utilização de EPI eficaz.

3. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

62 - 0004929-51.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004929-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CONSELHO REGIONAL DEENFERMAGEM DO E.S. - COREN (ADVOGADO: ES003418 - LAECIO CARLOS GUIMARAES.) x RITA DE CASSIACARDOSO TAVARES (ADVOGADO: ES011663 - CHRISTINA MAGALHAES DO CARMO.).PROCESSO: 0004929-51.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004929-3/01)RECORRENTE: CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO E.S. - CORENADVOGADO (S): LAECIO CARLOS GUIMARAESRECORRIDO: RITA DE CASSIA CARDOSO TAVARESADVOGADO (S): CHRISTINA MAGALHAES DO CARMO

VOTO-EMENTA1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo –COREN-ES em face da sentença que a condenou em danos morais no valor equivalente a 60 (sessenta) salários mínimosna data da sentença, corrigido monetariamente a partir daquela data e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contardo ato ilícito. Alega o recorrente que o recorrido não é enfermeiro da Polícia Militar, como consta da sentença, e sim exerceduas funções distintas: uma de auxiliar de enfermagem e outra de cabo da Polícia Militar. Sustenta que, se a lei do exercícioda profissão determina que o pagamento em dia das anuidades é uma condição para que o profissional exerça a profissãoem não estando em dia para com os pagamentos das anuidades está exercendo a profissão de modo ilegal e por isso podeser punido a qualquer momento. Diz que foi cerceado o direito de ampla defesa e o devido processo legal pois não foideferido seu pedido de depoimento pessoal do recorrido e oitiva de três testemunhas. Alega nulidade processual por não tero magistrado aberto sessão, com esclarecimento das vantagens da conciliação, mostrando os riscos e as conseqüênciasdo litígio, conforme determina o art. 21 da Lei nº 9.099/95. Diz que a decisão saneadora de fls. 145/147 e a de fls. 141/156demonstram o prejulgamento e a parcialidade do magistrado em favor do recorrido, pois (a) prejulgou a decisão final queprolataria, impondo condições ao recorrente de apresentação de novas provas desnecessárias já que se encontravam nosautos e, impôs a inversão do ônus da prova implícita no CDC, após reconhecer que o recorrente não está a elesubordinado; (b) decidiu sobre as preliminares sem fundamentar nem motivar por que as negou; (c) equivocou-se ao tentarimpor ao recorrente penalidade com base no art. 11 da Lei nº 10.259/2001 c/c art. 359 do CPC, tendo em vista aobrigatoriedade, nele prevista, de apresentação de documentos até a instalação da audiência de conciliação, que não foidesignada. Argumenta que há prova de que os fatos somente aconteceram porque a recorrida estava em débito para comos pagamentos de suas anuidades. Informa que o código de ética da profissão de enfermagem é a Resolução COFEN

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311/2007 e não a Resolução COFEN 212/92, como considerou a sentença. Narra fatos ocorridos em outro processo,mencionado na sentença, que teriam levado o magistrado de primeiro grau a odiar o recorrente, seus dirigentes, seuadvogado e a proferir decisões pesadas, equivocadas e absurdas que podem destruir um órgão público que presta serviçosde fiscalização, disciplina e orientação aos profissionais de enfermagem, de relevante valor na sociedade. Pede a reformada sentença e que seja julgado improcedente o pedido, com a condenação da parte autora em honorários de 20% do valorda causa, ou a reforma da sentença, com fixação da indenização no valor mínimo de R$ 1.000,00, com isenção dopagamento de custas e honorários advocatícios e preparo, de modo a não trazer vantagem inadequada e enriquecimentoilícito à recorrente.2. Eis o teor da sentença:O autor, enfermeiro da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (PMES), lotado no Hospital do Polícia Militar (HPM),requereu a condenação do Conselho Regional de Enfermagem do ES (COREN-ES) em danos morais. Alegou que oCOREN-ES comunicou à PMES que o mesmo se encontrava inadimplente em face de anuidades com a Autarquia deFiscalização Profissional em tela. Alegou, ainda, que a comunicação do COREN-ES à Corporação gerou a instauração deProcesso Administrativo Disciplinar, no âmbito militar, em face do autor, pelo fato de estar, segundo o COREN-ES,exercendo sua profissão de forma ilegal, o que o obrigou a efetivar um termo de reconhecimento de dívida.Em sua contestação, o COREN apresentou três preliminares processuais, alegou a ocorrência de litigância de má-fé porparte do autor (pelo fato do mesmo não ter apresentado explicitamente sua qualificação profissional de enfermeiro nocomeço da inicial) e defendeu que a inversão do ônus da prova à Entidade seria indevida, pois o CDC não se aplicaria acaso. Quanto ao mérito, alegou que o COREN-ES teria obrigação de comunicar as inadimplências aos empregadores. Porfim, requereu a oitiva de três testemunhas: dois fiscais da própria Autarquia Fiscalizacional e um Militar do HPM.Após a contestação, com base no art. 21 da Lei nº 9.099/95, foi consignado questionamento sobre a intenção do CORENem apresentar proposta de acordo, uma vez que a TR/ES já havia proferido Acórdão em situação idêntica a esta, na qual aAutarquia Fiscalizacional foi condenada (fls. 145/147). Foi também informado que o COREN-ES deveria apresentar toda adocumentação sobre o feito, uma vez que poderia não ser determinada Audiência de Instrução e Julgamento (fls. 147). OCOREN-ES, entretanto, não apresentou proposta de acordo nem juntou nova documentação (fls. 149/150).Em função das questões prévias (preliminares e prejudiciais) suscitadas pelo COREN-ES, proferi Decisão Saneadora (fls.151/156) na qual indeferi as preliminares, analisei a prejudicial de mérito sobre o ônus probatório e decidi sobre aimpugnação ao valor da causa. A seguir, antes de decidir sobre a oitiva de testemunhas, fixei como ponto controvertidoconstatar se o COREN-ES cumpriu a Resolução COFEN nº 212/98, que prevê a instauração de processo administrativoantes de considerar um enfermeiro inadimplente, antes de efetivar a comunicação ao HPM. Segue a transcrição sobre afixação do ponto controvertido (fls. 156):Não obstante, identifiquei ponto controvertido, que não foi abordado nem pelo autor nem pelo réu. Demonstro. O CORENESafirmou com veemência em sua contestação estar adstrito às normas legais e regimentais que normatizam o sistema dosConselhos de Enfermagem. Apesar desse posicionamento apresentado pela Autarquia, parece-me que o CORENcomunicou a inadimplência do autor a seu empregador sem que antes tivesse sido instaurado Processo Administrativo paraconsiderar o enfermeiros em situação irregular. Em princípio, essa me parece ser a previsão Resolução COFEN nº 212/98:“Art.1-A partir da vigência desta Resolução, os CORENs deverão efetuar o cancelamento da inscrição, dos profissionaisque estiverem com 3 (três) ou mais anuidades em atraso, consecutivas ou intercaladas.Art. 2º- Que para o cancelamento da inscrição, deverá o Conselho Regional efetuar um procedimento administrativo.”Não há controvérsia de que o autor atrasou sua anuidade. Também não há controvérsia de que o COREN-ES comunicoutal inadimplência ao HPMES. Entretanto, o COREN-ES não trouxe aos autos prova de ter sido instaurado processoadministrativo interno, no qual tivesse sido oferecido contraditório e ampla defesa prévios ao enfermeiro, antes de cancelarsua inscrição como previsto na Resolução COFEN nº 212/98.Por outro lado, a se admitir que a inscrição do enfermeiro não tenha sido cancelada nos termos da Resolução COFEN nº212/98, não foi mencionada a existência de regulamentação que autorizasse o COREN-ES a comunicar aos empregadoresdos enfermeiros sobre a existência de inadimplências que ainda não tenham gerado o cancelamento da inscrição.Esse, portanto, é o ponto controverso dessa lide. Saber se o COREN cumpriu ou não a Resolução COFEN nº 212/98 antesde comunicar a inadimplência ao empregador do enfermeiro e, caso não a tenha cumprido, se poderia comunicar amencionada inadimplência como fez.Apesar de devidamente intimado a prestar os esclarecimentos oriundos da Decisão Saneadora acima transcrita, com vistasa esclarecer o ponto controvertido fixado, e apesar do alerta sobre a aplicabilidade do art. 359 do CPC caso não houvessemanifestação, o COREN-ES quedou-se inerte (fls. 158). Por oportuno, registro que desconsiderarei a petição de fls. 159,uma vez que extemporânea.É o relatório.QUANTO À PRODUÇÃO DE PROVA ORAL E REALIZAÇÃO DE AIJInicialmente, destaco que, por ocasião da Decisão Saneadora, o COREN foi explicitamente questionado para informar emque a oitiva das testemunhas poderia ser relevante ao caso (itens 07 e 08 de fls. 157). Entretanto, a Autarquia nãoapresentou tal resposta ao Juízo (fls. 158).A seguir, tanto o autor quanto o COREN deverão informar se desejam produzir alguma prova, explicitando qual einformando a pertinência temática das mesmas, de acordo com os pontos controvertidos acima fixados.No caso específico do COREN, o mesmo deverá ratificar ou não a oitiva do autor e das testemunhas indicadas nacontestação, esclarecendo em que os mesmos poderiam contribuir para comprovar o ponto controvertido fixado nestadecisão. Registro que as testemunhas devem se ater a informar fatos específicos deste processo, que tenha tidoconhecimento visual. Não serão admitidas provas testemunhais tendentes a narrar procedimentos internos gerais daAutarquia. Tais questões procedimentais gerais, se essenciais à defesa, deverão ser apresentadas por escrito através daDefesa Técnica, acompanhadas de lastro documental correlato, em função do princípio da legalidade. Registro também queo autor afirmou na inicial que estava em débito com o COREN.Analiso, então, o pedido do COREN de produzir o depoimento pessoal do autor com vistas a eventual confissão

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espontânea. Não creio que, neste caso, o depoimento pessoal do autor possa trazer informações relevantes ao processo,que não tenham sido apresentadas na inicial. O que o autor poderia confessar espontaneamente? Desde a inicial o autorafirmou que estava em atraso com o COREN-ES. Logo, o que o depoimento pessoal do autor poderia auxiliar na defesa doréu já se encontra nos autos, que é a afirmação de que o enfermeiro efetivamente se encontrava em débito com aAutarquia Fiscalizacional.Por sua vez, constato que duas das três testemunhas arroladas pelo COREN-ES não são propriamente testemunhas defatos, mas sim testemunhas do que poderíamos denominar de “conduta procedimental” do próprio réu. Tratam-se deservidores da Autarquia, fiscais, que certamente apresentarão a posição institucional do COREN-ES sobre procedimentosgenéricos a serem seguidos em casos como o deste feito. Nada, entretanto, poderão testemunhar sobre o pontocontrovertido, que se refere a questão documental. Entendo não haver necessidade de se arrolar tais servidores paratrazerem aos autos, via oral, a posição institucional do COREN-ES, que, se não foi apresentada na contestação, poderia tersido apresentada após a Decisão Saneadora (item 08 de fls. 163), mas não o foi.Por fim, a terceira testemunha arrolada pelo COREN é o Tenente PM Comandante da Cia. de Comando e Serviços (CCS)do HPM. Dentro de qualquer Organização Militar, a CCS não detém função decisória, mas apenas executiva. A CCScoordena a realização de tarefas ordinárias acessórias da Unidade Militar: escala de serviço, limpeza, publicações internas,trâmites burocráticos. Sob essa ótica, questiono o que tal testemunha poderia trazer ao Juízo? Apenas que a CCS do HPMcumpriu as ordens que lhe foram determinadas pelo Comando da Corporação. E tais ordens estão incontroversas emfunção da declaração apresentada pela própria testemunha (fls. 13): afastamento temporário do autor de suas funçõescomo enfermeiro na área de saúde. Não identifico, assim, nenhum fato que o Comandante da CCS possa narrar ao Juízoque venha a ser útil à defesa do COREN, que já não esteja comprovado documentalmente (fls. 13).A prova é direcionada ao Magistrado, que deve avaliar se a mesma é ou não necessária. Sob essa ótica, registro que nãohá direito líquido e certo à produção de prova oral pelo simples fato da mesma ter sido requerida. Há de se apurar o que,em tese, tal prova oral contribuiria com a defesa do caso. Assim, desde que devidamente fundamentado, é possívelindeferir oitivas desnecessárias, sem que tal procedimento signifique cerceamento de defesa ou ofensa ao princípio dodevido processo legal.“A jurisprudência desta Corte está alinhada no sentido de que “não constitui cerceamento de defesa o indeferimento dediligências requeridas pela defesa, se foram elas consideradas desnecessárias pelo órgão julgador a quem compete aavaliação da necessidade ou conveniência do procedimento então proposto””(...)STF: HC 94.542“(...) não se vislumbra, no caso, cerceamento de defesa, posto que o juiz tem o poder-dever de julgar a lideantecipadamente, desprezando a realização de audiência para a produção de provas ao constatar que o acervo documentalé suficiente para nortear e instruir seu entendimento. Na verdade, é de seu livre convencimento o deferimento de pedidopara a produção de quaisquer provas que entender pertinentes ao julgamento da lide.”(...)TR/ES: Processo nº 2008.50.50.001483-3/01. Rel. Juiz Federal Fernando Mattos. Sessão de 23.11.2010. Acompanharam oRelator os Juízes Federais Osair Victor e José Eduardo.“O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza comocerceamento de defesa, principalmente quando se mostra desnecessária à elucidação do caso concreto.”(...)TR/ES: Processo nº 2006.50.50.000524-0/01. Rel. Juiz Federal Fernando Mattos. Sessão de 24.03.2011. Acompanharam oRelator os Juízes Federais Osair Victor e Américo Bedê.Indefiro, dessa forma, a produção de provas testemunhais e do depoimento pessoal do autor, com base nos fundamentosacima. Não havendo necessidade de produção de prova oral, sendo irrelevante o depoimento pessoal do autor, não tendo oCOREN-ES se manifestado sobre a possibilidade de acordo ou sobre a produção de novas provas documentais, apesar deespecificamente instado para tanto, entendo necessária a realização de AIJ. Nesse sentido, segue o Enunciado nº 12 daTR/RJ: “Embora seja regra geral a realização de audiência no âmbito do JEF, a não realização da mesma, a critério do Juiz,não induz em princípio à nulidade.”QUANTO À OCORRÊNCIA OU NÃO DE ATO ILÍCITO PELO COREN-ESAnaliso se o COREN-ES poderia enviar qualquer espécie de listagem de inadimplência de seus membros a qualquercontratante dos serviços de enfermagem. Nos termos do art. 18 da Lei nº 5.905/73 c/c Código de Ética da Enfermagem(Resolução COFEN nº 160/93) c/c Resolução COFEN nº 212/98 (cancelamento do registro por inadimplência), ainadimplência do enfermeiro pode gerar a suspensão ou a cassação do exercício profissional. Sob essa ótica, estouconvencido de que, sempre que um enfermeiro tiver seu registro suspenso ou cassado, o COREN-ES pode (e deve!)comunicar tal fato ao ente empregador para que não se permita que um profissional não habilitado exerça a enfermagem.Entretanto, registro que, enquanto não for proferida decisão administrativa pelo COREN-ES, aplicando suspensão oucassação do registro, a existência de eventual inadimplência com anuidades é irrelevante sob o ponto de vista daregularidade da habilitação profissional. A inadimplência, por si só, não gera qualquer efeito na regularidade da inscriçãoprofissional. Para tanto, há de se instaurar processo administrativo para aplicação da suspensão ou da cassação, conformeo caso. Assim concluo pela aplicação das normas do próprio Sistema dos Conselhos de Enfermagem, a saber, a ResoluçãoCOFEN nº 212/98:“Art.1-A partir da vigência desta Resolução, os CORENs deverão efetuar o cancelamento da inscrição, dos profissionaisque estiverem com 3 (três) ou mais anuidades em atraso, consecutivas ou intercaladas.Art. 2º-Que para o cancelamento da inscrição, deverá o Conselho Regional efetuar um procedimento administrativo.”Dentro dessa ótica, ao proferir a Decisão Saneadora, requisitei explicitamente que o COREN-ES apresentasse prova dainstauração do processo administrativo previsto na Resolução COFEN nº 212/98. Também fui explícito no sentido de que anão apresentação do processo em tela geraria a presunção processual prevista no art. 359 do CPC no sentido de que oCOREN-ES não teria instaurado tal processo (itens 05 e 06 de fls. 154/155). Entretanto, a Autarquia não apresentou

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resposta ao Juízo (fls. 157).Converto esse feito em diligência e, termos do art. 11 da Lei no 10.259/01, determino que o COREN-ES apresente cópia dointeiro teor do Processo Administrativo previsto na Resolução COFEN nº 212/98 ou informe que tal processo não foiinstaurado. Nos termos do art. 359 do CPC, o silêncio na resposta a essa diligência ou a não a apresentação do processogerará a presunção de que o mencionado processo Administrativo não foi instaurado. Tal diligência não poderáser cumprida apenas através de prova testemunhal, eis que essencial a apresentação física do Processo Administrativo,caso tenha sido instaurado. Afirmação no sentido de que o processo administrativo será apresentado por ocasião da AIJserá considerada como não instauração do mesmo.Caso não tenha sido instaurado o Processo Administrativo previsto na Resolução COFEN nº 212/98, o COREN deveráinformar se existe, e apresentar em caso positivo, autorização legal ou regulamentar expressa e positivada para que sejaefetivada comunicação de inadimplências aos empregadores, nos casos em que os enfermeiros ainda não tenham tidosuas inscrições canceladas.Considero, portanto, que COREN-ES não cumpriu a previsão da Resolução COFEN nº 212/98, não instaurado processoadministrativo interno, no qual tivesse sido oferecido contraditório e ampla defesa prévios ao enfermeiro, antes deconsiderá-lo inabilitado para o exercício profissional, pelo não pagamento das anuidades correspondentes. O autorenfermeiro não teve seu registro nem suspenso nem cassado pelo COREN-ES. Comunicou-se ao empregador umainadimplência que ainda não tinha gerado nenhuma penalidade profissional. Houve conduta dolosa do COREN-ES naquebra de sigilo dos registros financeiro-profissionais do autor, expondo ao seu empregador a existência de pendênciafinanceira que ainda não representava irregularidade no exercício profissional. Tal conduta caracteriza-se como ato ilícitocivil (art. 186 do CC) por parte do CORENES. A Turma Recursal deste Estado também já considerou a conduta em telacomo ilícita:RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. NOTIFICAÇÃO DOEMPREGADOR PARA AFASTAR DA ATIVIDADE PROFISSIONAL FISCALIZADA. MAJORAÇÃO DO VALOR DAINDENIZAÇÃO.(...)O exercício da atividade de enfermagem só seria ilegal após o cancelamento da inscrição no órgão de fiscalizaçãoprofissional. E o cancelamento por inadimplência só é legítimo após encerramento de processo administrativo que apurefalta de pagamento de três ou mais anuidades, conforme prevê a Resolução COFEN nº 212/98. A conduta do primeirorecorrente em instar o empregador (serviço público municipal) a afastar a segunda recorrente do trabalho não tem respaldolegal e infringiu até os atos normativos internos que regulam sua atuação. O primeiro recorrente negou que o ofícioencaminhado para o empregador exigia diretamente o afastamento da segunda recorrente de suas funções. A alegaçãocontraria a clara literalidade do documento de fl. 13.(...)TR/ES. Processo nº 2006.50.50.006145-0/01. Rel Juiz Federal Rogério Moreira Alves. Sessão de 06.04.2011.Acompanharam o Relator os Juízes Federais Osair Victor e Américo Bedê.QUANTO À OCORRÊNCIA OU NÃO DE DANO MORALIdentificada a ocorrência de ato ilícito, passo à análise da ocorrência de dano moral. No que tange ao dano moral, adoto oentendimento de que o mesmo não necessita ser provado. O que deve ser provado é o fato que teria gerado o dano moral.A seguir, analisando o fato provado sob a ótica da dedução e com base nas regras gerais de experiência, fundamentar-se-áa ocorrência ou não de constrangimento acima de um conceito subjetivo do que seria considerado normal na sociedade emque vivemos. Portanto, a caracterização do dano moral exige que a ofensa gere um reflexo interno, com dimensõesindividualizadas de tal ordem, que representem abalo diferenciado daquele que os cidadãos vivenciam no cotidiano.Inexistindo tal plus, a ofensa, embora existente, é caracterizada como aborrecimento. Entendo que o aborrecimento nãodeva ser indenizado. O dano moral, que é o aborrecimento com o plus, sim.Questiono, então, se a comunicação indevida ao empregador, sobre atrasos no pagamento de anuidade do ConselhoProfissional, caracteriza aborrecimento ou dano moral. Senão vejamos. A Constituição garante o sigilo de dados econômicodos cidadãos. E assim o fez, pois considerou a intimidade financeira como bem jurídico a ser tutelado. Não tenho receio aoafirmar, que qualquer cidadão que tenha seus problemas financeiros divulgados, se sente, no mínimo, envergonhado.Quando tal divulgação atinge seu ambiente de trabalho, a vergonha atinge níveis muito levados. Os cidadãos passamgrande parte do dia no ambiente de trabalho. Todo e qualquer fato desabonador que atinge divulgação interna, como adeste caso atingiu, gera conversas entre os demais empregados. É a conhecida “fofoca”. Mesmo que não tenha ocorridodivulgação em quadro de avisos, muitos enfermeiros devem ter comentado entre si que o autor não pagou as anuidades doCOREN-ES. Não tenho dúvidas que os problemas financeiros do autor foram difundidos em seu ambiente profissional. Emadendo, o autor foi alvo de Processo Administrativo Disciplinar, de âmbito militar, por parte da PMES, chegando inclusive aser afastado de suas funções de enfermeiro (fls. 13). Tal conjunto de conseqüências detém peculiaridades que afetam oautor de modo específico, em especial por significar rompimento de uma garantia constitucional: o sigilo de seus dados.Assim, não tenho receio em afirmar que houve dano moral no caso em tela.QUANTO À QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORALCaracterizada a ocorrência de dano moral indenizável, devo passar à tormentosa tarefa de fixar o quantum indenizatório. ADoutrina fixou entendimento, com o qual concordo, no sentido de que tal fixação deverá ser balizada por dois critériosbásicos: a compensação ao autor e a punição ao réu. Mas como efetivar a fixação, na prática? Creio que uma soluçãorazoável foi desenvolvida pela Turma Recursal do Rio de Janeiro, criando um critério objetivo. Refiro-me ao Enunciado nº08 da Súmula de Jurisprudência daquele órgão: “A quantificação da indenização por dano moral levará em consideração,ainda que em decisão concisa, os critérios a seguir, observadas a conduta do ofensor e as peculiaridades relevantes docaso concreto:I) dano moral leve – até 20 SM; II) dano moral médio – até 40 SM; III) dano moral grave – até 60 SM”.No que tange ao dano, acredito estar diante de um efeito mais grave que aqueles vivenciados por quem tem o nome inscritoindevidamente no SPC/SERASA. Neste caso houve uma comunicação de inadimplência financeira e profissional que sedifundiu no ambiente de trabalho. O ato ilícito do COREN-ES atingiu a esfera profissional do autor, junto a sua chefia e em

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face dos demais enfermeiros lotados na HPM. Dessa forma, como a jurisprudência da Turma Recursal tem considerado odano moral, fruto de inscrição indevida no SPC e no SERASA, como dano leve, não posso deixar de considerar que o casoem tela caracteriza-se como dano médio, já que mais gravoso que a inscrição indevida no SPC. Assim, fixo inicialmente odano moral entre os limites de 20 (vinte) a 40 (quarenta) salários mínimos.A seguir, passo a analisar o valor do dano sob a ótica da penalização, dentro do parâmetro acima fixado. Para tanto, devoanalisar o grau de culpa do COREN-ES. Na verdade, houve dolo. O COREN efetivamente, de livre e espontânea vontade,sem embasamento legal, inobservando os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, bem como do sigilodos dados financeiros, além de descumprir suas próprias normas internas (Resolução COFEN nº 212/98), encaminhoucomunicação ao HPM informando que o autor não poderia exercer a profissão de enfermeiro, apesar do mesmo ainda nãoter sido punido nem com a suspensão nem com a cassação de seu registro. A atitude do COREN-ES, portanto, foi grave.Por esse motivo, fixo o dano moral no patamar máximo da parametrização associada ao dano médio: 40 (quarenta) saláriosmínimos.QUANTO AO MÉRITO: CAUSA DE AUMENTO DA INDENIZAÇÃO MORALVia de regra, a análise do quantum indenizatório do dano moral encerrar-se- ia na fase anterior. Não obstante, este caso ésui generis. Em última instância, o que está em jogo é a defesa de princípios constitucionais que foram burladosintencionalmente, como meio de se efetivar uma fraude institucional por parte do COREN-ES. Explico.Como não foi instaurado processo administrativo visando aplicação da pena de suspensão ou cassação do registro, estouplenamente convencido de que a comunicação expedida pelo COREN-ES não visava evitar o exercício da profissão deenfermeiro por profissionais com vícios cadastrais. O real objetivo do COREMES era, de forma indireta, cobrar anuidadesatrasadas. Para tanto, ameaçou o autor através de solicitação de afastamento de suas atividades profissionais junto a seusempregadores. E tal procedimento foi exitoso. O autor foi afastado de suas funções e se viu obrigado a repactuar sua dívidacom a Entidade Fiscalizacional.Tal conduta do COREN-ES é grave e caracteriza abuso de direito (art. 187 do CC) no exercício da atividade fiscalizacional.Como as anuidades têm natureza jurídica de tributo (STF: RE 138.284/CE), devem ser cobradas através dos meioslegalmente previstos (executivo fiscal), com as prerrogativas inerentes ao crédito tributário. Notificar os empregadores sobrea existência de débitos caracteriza-se como meio odioso de se efetivar cobrança através de ameaça à um dos institutos queo ser humano mas preza na vida, e que é constitucionalmente tutelado: seu emprego.Além do mais, o procedimento adotado pelo COREN-ES induz em erro os empregadores, já que afirma que os enfermeirosinadimplentes não podem trabalhar. Tal afirmação é indevida. O impedimento para o exercício da profissão só ocorreriaapós o devido processo legal administrativo, no qual o enfermeiro restasse punido com suspensão ou com cassação doregistro profissional. Essa é a previsão da Resolução nº 212/98 do COFEN. E assim aconteceu com o HPM, que,acreditando nas informações do COREN-ES, afastou o autor de suas funções.Não tenho receio, portanto, ao afirmar que denunciar atrasos no pagamento de anuidades aos empregadores doenfermeiros, sem que tenha ocorrido aplicação prévia de pena de suspensão ou cassação profissional, caracterizairregularidade que atenta contra a própria estrutura do Estado Democrático de Direito. Eis, então, a fraude institucional doCOREN-ES: expedindo notificações sobre débitos aos empregadores dos enfermeiros, a Autarquia busca uma formatransversa de cobrar crédito tributário.Nos termos do Ofício encaminhado ao HPM (fls. 11), foram comunicadas ilegalmente 11 (onze) inadimplências. Se for feitauma projeção em face dos demais empregadores de enfermeiros no Estado do ES, que provavelmente estão recebendocomunicações ilegais de inadimplências, pode-se afirmar que o problema assume feição coletiva. O COREN-ES já foicondenado definitivamente pela TR/ES em processo idêntico a este, no valor de R$ 6,5 mil (2006.50.50.006145-0/01).Mesmo assim, não reconheceu a falha. Assim, se o valor da condenação não se elevar, o COREN-ES continuará acomunicar ilegalmente aos empregadores dos enfermeiros capixabas os atrasos nas anuidades dos mesmos como meioindireto de cobrança do crédito tributário.A condenação em dano moral elevado, portanto, é meio de evitar novas ilegalidades! Com base nos princípios darazoabilidade e da proporcionalidade, afirmo que é justificável elevar o dano moral no caso concreto para evitar futurosdanos a outros enfermeiros. O autor não irá se enriquecer ilegitimamente com o quantum em tela, uma vez que o montanteenvolvido é proporcional ao bem jurídico que se busca tutelar. Majoro, então, o valor da indenização anteriormente paraatingir o patamar máximo previsto para o rito processual especial dos Juizados Federais: 60 (sessenta) salário mínimos.Encerrando o tópico, analiso a incidência dos juros de mora. Como o dano moral foi originário de ilegalidade no que serefere à comunicação da inadimplência ao HPM, trata-se de responsabilidade civil extracontratual por ato ilícito. Logo, osjuros de mora devem correr a partir do ato ilícito e não a partir da citação, nos termos do art. 398 do CC. Nesse sentidotambém é o Enunciado Sumular nº 54 do STJ, bem como a decisão da TR/ES proferida nos autos do processo2005.50.50.010043-8/02, Sessão de 07.10.2010. Como a instauração do Processo Administrativo Disciplinar, fruto dacomunicação indevida do COREN-ES ao HPM, ocorreu em 29.09.2008 (fls. 12), fixarei tal data como a data do ato ilícito.Por sua vez, a correção monetária da indenização moral deverá correr a partir da data de sua fixação, consoante Enunciadonº 362 do STJ, ou seja, a data da Sentença.DO DISPOSITIVOIndefiro todas as preliminares processuais, a impugnação ao valor da causa, o depoimento pessoal do autor, a oitiva dastestemunhas arroladas pelo réu e a realização de AIJ, tudo nos termos da fundamentação.A seguir, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO. Como conseqüência, condeno o COREN-ES em danos morais no valorequivalente a 60 (sessenta) salários mínimos na data de hoje, ou seja, R$ 37.320,00 (trinta e sete mil, trezentos e vintereais). Tal valor deverá ser corrigido monetariamente a partir da data da prolação desta Sentença. Após, por se tratar deresponsabilidade extracontratual, deverão incidir juros de mora no percentual de 1% ao mês a contar do ato ilícito, ou seja,29.09.2008. Se o dano moral em tela não for elevado, o COREN-ES não sustará as comunicações ilegais aosempregadores dos enfermeiros.Sem custas nem honorários. Não foi requerida gratuidade de justiça. O valor da causa foi alterado. Após o trânsito emjulgado e o cumprimento das obrigações, dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos. P.R.I.

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3. Posicionamento da 1ª TR-ES na análise de casos similares.3.1. No julgamento do Recurso nº 0001317-76.2007.4.02.5050/01, relatado pelo eminente Juiz Federal Iorio S. D.Forti, esta 1ª TR-ES analisou caso similar. Consta da ementa lavrada naquele julgamento o que segue: “... 2. Emcumprimento à determinação, a UNIMED encaminhou à parte autora ofício, instruindo-a a regularizar imediatamente seuregistro profissional, sob pena de suspensão do contrato de trabalho por exercício ilegal da profissão, ou mesmo demissãopor justa causa (fl. 104). (...) 10. O encaminhamento ao empregador de ofício informando que determinado profissionalencontra-se em débito de valores para com o Conselho caracteriza cobrança abusiva, ensejando a ocorrência de danomoral indenizável. Por outro lado, o encaminhamento ao empregador de ofício com lista de todos os profissionais compendências ou em situação irregular em relação ao Conselho (e, portanto, em situação irregular quanto ao exercício daprofissão) é exercício regular de direito, sem expor a situação individual de cada um dos profissionais. (...).”(1ª TR-ES,Recurso nº 0001317-76.2007.4.02.5050/01, Rel. Juiz Iorio S. D. Forti). Tendo por base essas e outras premissas, a 1ªTR-ES proveu o recurso para julgar improcedente o pedido.3.2. Não obstante, houve outro julgamento de recurso pela antiga composição da TR-ES, cujo quadro fático mais seassemelhava ao presente, por haver ocorrido – como neste processo – instauração de processo administrativo disciplinarcontra o autor da ação. Trata-se do julgamento do Recurso nº 0006145-52.2006.4.02.5050/01, que foi referido na sentença.Naquele ensejo, a TR-ES constou o seguinte na ementa: “... 8. Em hipótese na qual um enfermeiro foi notificado peloCOREN para pagar uma anuidade que já estava quitada, esta Turma Recursal arbitrou a indenização por dano moral emR$5.000,00 (Processo 2006.50.50.000524-0/01, sessão de 24/3/2011). O presente caso foi bem mais grave, pois nãohouve notificação dirigida ao profissional fiscalizado, mas a seu chefe. A notificação exigia afastamento imediato daatividade profissional. Por conta dessa notificação, o Município de Vitória instaurou processo administrativo contra asegunda recorrente. O processo administrativo, aberto em 2006, somente se encerrou em 2008. O abalo da imagem dasegunda recorrente no seu ambiente de serviço foi considerável. A indenização, arbitrada em R$4.000,00, deve sermajorada. 9. ... Recurso da segunda recorrente provido para elevar a indenização por dano moral para R$6.500,00 (seis mile quinhentos reais)...”. (TR-ES, Recurso nº 0006145-52.2006.4.02.5050/01, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, sessão de08/04/2011).

4. Analisando os referidos precedentes desta Turma Recursal a respeito da matéria e figurando pela primeira vezcomo relator da matéria, o que viabiliza a reflexão mais detida e acurada, realinho meu entendimento àquele fixado nojulgamento do Recurso nº 0006145-52.2006.4.02.5050/01. A conduta do COREN, ao encaminhar notificação aoempregador do autor da ação comunicando a existência de débito de anuidades, além de claramente ter o escopo deviabilizar o pagamento de tributo por meio diverso do previsto em lei (qual seja: processo de execução fiscal), tem conteúdovexatório, por expor o autor a risco de sofrer sanção disciplinar, ou, quiçá, de perder o cargo público. Registre-se que oautor, era servidor público militar à época dos fatos (policial militar vinculado aos quadros da PM-ES).5. Dentro do contexto exposto, concluo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 daLei nº 9.099/95), exceto no que diz respeito à quantificação do dano moral e ao reconhecimento de causa de aumento daindenização.6. O dano moral deve ser apto a compensar o autor e a punir o réu, sem, contudo, significar enriquecimento semcausa do autor e prejuízo desproporcional ao réu. O dano moral, no caso, pode ser considerado médio, como feito nasentença, mas deve ser fixado em 20 salários mínimos (e não 40), quantia suficiente para compensar o autor e punir o réu.A razão pela qual considero médio o dano, e não leve, é o fato de que, como ressaltado na sentença, o autor sofreuProcesso Administrativo Disciplinar, de âmbito militar, por parte da PMES, chegando inclusive a ser afastado de suasfunções de enfermeiro (fls. 13), além do dolo do COREN, cujo real objetivo, como também ressaltado na sentença, era, deforma indireta, cobrar anuidades atrasadas do autor. A intenção do COREN, a meu ver, serve para caracterizar o dolo noevento danoso, mas não como causa de aumento da indenização, sob pena de dupla incidência na quantificação do dano.7. Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença, em parte, e limitar acondenação em danos morais ao valor equivalente a vinte salários mínimos atuais, ou seja, R$ 14.480,00 (quatorze mil,quatrocentos e oitenta centavos), acrescidos de juros de mora de 1% ao mês, incidentes desde a data do evento danoso(Súmula 54 do STJ) até a data de julgamento do presente recurso; a partir daí, deve incidir a taxa SELIC (que englobacorreção monetária e juros), conforme artigo 406 do Código Civil e tendo em vista a Sumula 362 do STJ.8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

63 - 0005271-57.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005271-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x CELSO VIEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO:ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA.).PROCESSO: 0005271-57.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005271-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANIRECORRIDO: CELSO VIEIRA DOS SANTOSADVOGADO (S): DIMAS PINTO VIEIRA

VOTO-EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ. OMISSÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto e manteve sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder o benefício deaposentadoria especial à parte autora. O embargante alega que o acórdão é omisso quanto à incidência dos artigos 195, §5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionais referentes ao tema dautilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa em majoração de benefícioprevidenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos e critérios diferenciados para aconcessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada, eis que o acórdão baseou-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado), bem como em acórdão da mesmaTNU, de 20/04/2012, no qual esta decide por manter aquele entendimento, em julgamento de pedido de uniformização dejurisprudência em que se discutia a utilização de EPI eficaz.

3. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

64 - 0002078-65.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002078-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSE MARA DA SILVAFLORINDO (ADVOGADO: ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA,ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DAPENHA BARBOSA BRITO.).PROCESSO: 0002078-65.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002078-6/01)RECORRENTE: ROSE MARA DA SILVA FLORINDOADVOGADO (S): ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ROSE MARA DA SILVA FLORINDO, contra a sentença de fls.87-89, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento do auxílio-doença e/ou concessão de aposentadoriapor invalidez. Sustenta a recorrente que: 1) na data do requerimento administrativo (DER = 29/09/2010) encontrava-seempregada, conforme comprova sua CTPS; 2) o perito afirmou que teve lesão cardíaca grave, compensada commarca-passo definitivo e medicação; 3) a doença da qual é portadora (cardiopatia) isenta de carência; 4) é portadora deobesidade severa, contribuindo tal fato para o quadro de apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono, necessitando fazer uso deaparelho para minorar seu sofrimento; 5) não é capaz de ser reabilitada para outras atividades em razão de suascaracterísticas pessoais e sociais (idade avançada, baixo grau de instrução, experiência profissional em atividades braçais).Requer a reforma da sentença.2. A autora nasceu em 20/12/1966. Na petição inicial afirmou ser “auxiliar de serviços gerais”.3. Seguem os principais fundamentos da sentença:(...)O laudo pericial de fls. 82/84 elaborado pelo perito do juízo consta ter, o autor, incapacidade parcial e definitiva para exercersua atividade habitual de auxiliar de serviços gerais. O perito afirmou, expressamente, que a data de início da incapacidadese deu em 07/08/2010, bem como a data de inicio da doença em 01/05/2010.Analisando os autos, verifico que a autora trabalhou com contrato de trabalho, na função de auxiliar de produção, de04/03/1986 à 13/04/1987, somando mais de 12 contribuições, obtendo assim carência e qualidade de segurado.Entretanto, a autora reingressou ao sistema previdenciário somente em 01/06/2010, exercendo a função de auxiliar deserviço, e requereu em 29/09/2010 o auxílio-doença, porém à época do requerimento e também à época da incapacidadenão havia readquirido a carência necessária para a concessão de tal benefício.A perícia médica constatou que o início da incapacidade se deu em 07/08/2010, data anterior ao requerimentoadministrativo. Assim, não pode ser concedido o benefício pleiteado, diante da expressa proibição legal para tanto.Neste sentido, a autora não faz jus à concessão do benefício auxílio-doença ou aposentadoria invalidez, pois não completouo prazo necessário para recuperar a carência exigida, seja até a data do requerimento administrativo, seja até a data da

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incapacidade.DispositivoDo exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC, extinguindo ofeito com resolução do mérito.(...)

4. A autora reingressou no RGPS em 01/06/2010 como segurada empregada (fl. 18). No extrato do CNIS hárecolhimentos referentes aos meses de agosto de 2010 a fevereiro de 2011.

Fez o requerimento administrativo em 29/09/2010 (fl. 57). O pedido foi indeferido pelo fato de a data de início daincapacidade ser anterior ao reingresso ao RGPS. O laudo médico-pericial do INSS fixou a data de início da incapacidadeem 08/06/2010. Conforme o laudo administrativo de fl. 67, a autora foi atendida e internada no Hospital Evangélico deCachoeiro de Itapemirim em 04/06/2010 e foi submetida à colocação de marcapasso em 07/06/2010. No laudo de fl. 69, arecorrente refere (para o perito do INSS) que, desde maio de 2010, iniciou quadro de falta de ar, cansaço e taquicardia. Hárelato de exame de raios-X e eletrocardiograma de 23/05/2010 demonstrando aumento da área cardíaca, assim comorelato de miocardiopatia dilatada no ventrículo esquerdo, confirmado por ecocardiograma de 04/06/2010.

No relatório de evolução médica (fl. 40), elaborado no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, consta o seguinterelato: previamente hipertensa, alega que há cerca de 30 dias vem apresentando tonteiras, episódios de mal estar e atéalguns desmaios; relatos de atendimentos médicos, porém sem o diagnóstico.

No comprovante de requerimento de benefício de auxílio-doença (fl. 62), a empregadora “Puríssima Comércio de Água eGás Ltda”, através do responsável pela empresa, declarou que o último dia de trabalho da autora foi 07/06/2010 (háexpressamente a informação de confirmação do último dia de trabalho e o preposto responsabilizou-se, sob as penas da lei,pela veracidade das informações prestadas). Contudo, tal informação é totalmente incompatível com as demais provas dosautos. Ora: no dia 07/06/2010, a autora foi submetida à cirurgia, estando internada desde 04/06/2010 (cf. fl. 67). Sendoassim, carece de qualquer veracidade a informação prestada pela empregadora, assim como a anotação de vínculo deemprego na CTPS. A presunção de veracidade das informações apostas na Carteira de Trabalho é relativa e pode serafastada por provas em sentido contrário. É exatamente este o caso dos autos.

Ao contrário do que quer fazer crer a autora, sua incapacidade já existia antes de seu reingresso ao RGPS (desde maio de2010 há informações nesse sentido), motivo pelo qual não faz jus ao benefício vindicado.

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 78).É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

65 - 0005537-44.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005537-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x DALVA LUZIA DE FREITAS(ADVOGADO: ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ, ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0005537-44.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005537-1/01)RECORRENTE: DALVA LUZIA DE FREITASADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA, RAUL ANTONIO SCHMITZ, MARÍLIA SCHMITZRECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ. OMISSÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto e manteve sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder o benefício deaposentadoria especial à parte autora. O embargante alega que o acórdão é omisso quanto à incidência dos artigos 195, §5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionais referentes ao tema dautilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa em majoração de benefícioprevidenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos e critérios diferenciados para aconcessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada, eis que o acórdão baseou-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado), bem como em acórdão da mesmaTNU, de 20/04/2012, no qual esta decide por manter aquele entendimento, em julgamento de pedido de uniformização dejurisprudência em que se discutia a utilização de EPI eficaz.

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3. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

66 - 0004862-81.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004862-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x RONALDO CAMPOREZ SOUZA (ADVOGADO:ES018446 - GERALDO BENICIO.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0004862-81.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004862-7/01)RECORRENTE: RONALDO CAMPOREZ SOUZAADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA, GERALDO BENICIORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ. OMISSÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto e manteve sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder o benefício deaposentadoria especial à parte autora. O embargante alega que o acórdão é omisso quanto à incidência dos artigos 195, §5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionais referentes ao tema dautilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa em majoração de benefícioprevidenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos e critérios diferenciados para aconcessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada, eis que o acórdão baseou-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado), bem como em acórdão da mesmaTNU, de 20/04/2012, no qual esta decide por manter aquele entendimento, em julgamento de pedido de uniformização dejurisprudência em que se discutia a utilização de EPI eficaz.

3. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

67 - 0105109-02.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105109-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARIA GLORIA DE ANDRADE(ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES016674 - GRACIELLE WALKEES SIMON, ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES007019 - VERA LÚCIAFÁVARES, ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, ES014935 -RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA, ES017151 - KARIME SILVASIVIERO.).Autos n.º 105109-02.2014.4.02.5050/01

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VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PREVISTO NO ARTIGO 20 DA LEI Nº8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS) – AUTORA QUE RECEBE PENSÃO ALIMENTÍCIA DER$289,00 DE SEU EX-MARIDO – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar à parte autora o benefíciode prestação continuada previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS).

2. Alegou o recorrente o que segue:

“... No que concerne à situação econômica da parte autora, verifica-se que a família é composta apenas por ela própria.A renda familiar corresponde ao valor recebido pela autora a título depensão alimentícia de seu ex-cônjuge (R$ 289,00).A família da autora é composta apenas por ela própria e a situação relatada no relatório social não comprova que vive emsituação de miserabilidade.A renda familiar é suficiente para cobrir as despesas relatadas. Além disso, as fotos dos autos demonstram que aresidência da autora possui as condições necessárias para a sobrevivência e as infiltrações identificadas no imóvel não sãosuficientes para comprovar a situação de miserabilidade.A concessão do benefício assistencial não pode ser aplicada no caso em análise, cuja situação de miserabilidade sequer foiidentificada. Todas as despesas relatadas pela parte autora podem ser pagas com a renda auferida por ela própria. (...)”(fl.113).

3. A autora é idosa (71 anos), separada judicialmente e recebe alimentos no montante de R$289,00 de seuex-marido. Tal pensão lhe creditada pelo INSS, uma vez que seu ex-marido encontra-se aposentado por invalidez emdecorrência de acidente de trabalho, com DIB em 20/05/1989 (extrato de fl.37); segundo a inicial, o benefício foi fixado em40% do salário mínimo.

4. Provavelmente o benefício recebido pelo ex-marido da autora (Sr. Oscar Vidigal Filho) é de um salário mínimo.Não há tal informação nos autos. Não obstante, se o benefício fosse de valor maior, parece-me que a sentença que fixou aseparação judicial fixaria um percentual sobre o valor do benefício, e não um percentual sobre o salário mínimo, tal qualrestou consignado no próprio extrato do MPAS denominado “PA – Informações de pensão alimentícia” (fl. 38).

5. De qualquer forma, a própria autora afirmou para a assistente social que abriria mão da pensão alimentícia casoisso se fizesse necessário para obter o benefício de amparo social (fl. 54). Em face de tal informação, parece-me de todoinadequado negar-lhe o direito ao benefício assistencial mesmo porque, se a autora e seu marido não fossem separados, aautora faria jus ao referido benefício. É o que se demonstra a seguir.

6. O ex-marido da autora também é idoso (nasceu em 1937, cf. certidão de casamento, fl. 29). Por tudo quantoexpus antes, tudo indica que recebe benefício de valor mínimo, do qual 40% é destinado à autora a título de pensãoalimentícia. Ora, uma vez que ambos são idosos, se casados estivessem, aplicar-se-ia ao caso a interpretação extensivaque se tem dado ao artigo 34 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso. Tal dispositivo, em seu parágrafo único, determinou queo benefício assistencial concedido a qualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da rendafamiliar per capita. Deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto doIdoso possibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidospor outros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, deprevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode ser excluído para fins depercepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que aquele quenunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de percepçãodo mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo que aquele que contribuiu para o INSS e percebe, na velhice,aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio constitucional daigualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 daTurma Recursal do Espírito Santo, verbis: “A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimoconcedida a pessoa com mais de 65 anos de idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar percapita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34,parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003.” (DIO - Boletim da Justiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo).

7. Em face de tal perspectiva, a sentença deve ser mantida. Não obstante, em face do deferimento do benefícioassistencial à autora, cujo valor devo reputar suficiente para reduzir o risco social a que estava exposta, o ex-marido daautora deverá ser cientificado deste julgado, a fim de que, se entender cabível, requeira ao Juízo competente que sejaliberado de prestar alimentos à sua ex-esposa, autora desta ação (aqui registro, novamente, que a autora afirmou para aassistente social que estava disposta a abrir mão do recebimento da pensão se isso fosse necessário a que ela pudessereceber o benefício assistencial, conforme consta na fl. 54).

8. NEGO PROVIMENTO ao recurso.

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8.1. Conforme expus no item 7, o Sr. Oscar Vidigal Filho deverá ser cientificado deste acórdão. Tal comunicaçãodeverá ser efetivada após o trânsito em julgado, por ocasião da execução. A autora deverá ser intimada a informar nosautos o endereço e/ou telefone do Sr. Oscar Vidigal Filho, que poderá ser cientificado por qualquer meio (telefone,telegrama etc.).

8.2. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS a pagar honorários advocatícios quearbitro em 10% do valor atualizado da condenação, aplicando-se o critério previsto na súmula 111 do STJ.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

68 - 0006128-74.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006128-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x THIAGO COSTA BOLZANI (ADVOGADO: ES015857 - EVANDRO COSTABOLZANI.).PROCESSO: 0006128-74.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006128-3/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): ANA BEATRIZ LINS BARBOSARECORRIDO: THIAGO COSTA BOLZANIADVOGADO (S): EVANDRO COSTA BOLZANI

VOTO-EMENTATrata-se de recurso inominado interposto pela União em face de sentença que extinguiu o feito sem resolução do mérito,com fulcro o art. 267, VI, do CPC, no que se refere ao pedido de confirmação do autor no estágio probatório, diante da faltade interesse superveniente, e julgou procedente o pedido para condenar a União a indenizar o autor, a título de danosmorais, no montante de R$ 1.500,00, corrigido monetariamente a partir da data da sentença até o efetivo pagamento eacrescidos de juros legais a partir da citação. O evento danoso consistiu na inclusão equivocada do nome do autor noAnexo IV da Portaria/AGU nº 1641 de 17/11/2010, que listava os procuradores com estágio probatório suspenso em virtudede falta por motivo de greve, não compensada. Alega a recorrente a nulidade da sentença, por ausência de citação, eis quea intimação de fl. 56 é específica para manifestação acerca do pedido de antecipação dos efeitos da tutela. No mérito,alega inexistência de dano moral indenizável, pois a Administração demorou exatos 13 dias para corrigir o erro materialverificado e, retificado o erro em curto espaço de tempo, não se vislumbra ofensa à imagem, à vida privada ou à honra.De fato, a intimação da União (fls. 57/58) se deu apenas para os fins determinados no despacho de fl. 56, ou seja, paraque, no prazo de cinco dias, se manifestasse acercado do pedido de antecipação dos efeitos da tutela e informasse sobre ovalor constante do documento de fl. 22. Contudo, o argumento de mérito aduzido no presente recurso correspondeexatamente àquele disposto na manifestação de fls. 59/61 para fundamentar a ausência de interesse de agir do autor eafastar a verossimilhança das suas alegações, qual seja, que a Administração havia corrigido o equívoco verificado.Depreende-se, pois, que não houve nenhum prejuízo para a defesa da recorrente por não ter tido oportunidade deapresentar contestação ao pedido.A sentença assim consignou:(...)O dano psicológico sofrido se afigura como evidente e até mesmo inerente ao evento ocorrido, dado o manifestoconstrangimento que necessariamente afeta quem seja envolvido em episódio como o narrado. A inclusão do seu nome norol de pessoas com estágio probatório suspenso por não cumprimento de determinação legalmente imposta (Portaria AGUnº 1.308/2009), sob o risco de perda do seu cargo público, é motivo suficiente para abalar a vida cotidiana do autor, quecomo sabido, muito se dedicou para galgar tal condição, dado o grau de dificuldade do certame para preenchimento devagas para cargo de Procurador da Fazenda, concurso de âmbito nacional.(...)Diante de tudo que já foi relatado tem-se que a conduta da União, diante do que preconiza a responsabilidade objetiva,deverá ser analisada apenas para fixação do montante a ser indenizado. Neste sentido deve-se levar em conta o fato deque, após notificada do seu erro, procurou corrigi-lo em menos de 15 (quinze) dias, consoante documento de fl.65.Há de se ressaltar ainda que, na fixação do quantum debeatur, devem ser obedecidos determinados critérios, elencadospela doutrina e jurisprudência, tais como (i) a gravidade da lesão, (ii) capacidade econômica do causador do dano, (iii) acondição social do ofendido, (iv) a repercussão do dano, (v) a intensidade e duração do sofrimento experimentado pelavitima e (vi) as eventuais medidas adotadas pelo ofensor para minorar o sofrimento da vítima, além de outras circunstânciasmais que se fizerem necessárias para estimar uma quantia a titulo de reparação pelo dano moral sofrido. Desta forma,considerando reprovabilidade da conduta, o valor arbitrado deverá ser fixado entre os limites máximo e mínimo do patamarestabelecido anteriormente, qual seja, R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais).Isto posto, EXTINGO O FEITO, sem resolução de mérito, com fulcro no art.267, VI do CPC, no que se refere ao pedido dedeclaração de confirmação do autor no estágio probatório, diante da falta de interesse superveniente e, no mérito, JULGOPROCEDENTE O PEDIDO, para extinguir o feito, com resolução de mérito, nos termos do art.269, I do CPC, condenando aUnião Federal a indenizar o autor, a titulo de danos morais, no montante de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais),devendo tal valor ser corrigido monetariamente a partir desta data até o efetivo pagamento (Súmula 54 do STJ), acrescidosde juros legais a partir da citação.Indefiro o pedido de antecipação de tutela por não restar mais configurado o perigo de dano irreparável ou de difícilreparação, tendo em vista que a União Federal já inseriu o nome do autor no anexo II da Portaria AGU nº 1.641/2010.Sem custas nem honorários advocatícios. P.R.I. Transitada em julgado, intime-se a Ré para cumprimento. Após, dê-se

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baixa e arquivem-se, com as anotações de praxe.

4) A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95).5) Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.6) Custas ex lege. Condeno a recorrente a pagar ao autor honorários advocatícios arbitrados em 10% do valor dacondenação. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

69 - 0005789-63.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.005789-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x PAULO SANT'ANA LEITE (ADVOGADO:ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.).PROCESSO: 0005789-63.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.005789-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de OliveiraRECORRIDO: PAULO SANT'ANA LEITEADVOGADO (S): VANESSA SOARES JABUR, JOYCE DA SILVA PASSOS

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

70 - 0006811-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006811-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x DIOMAR PILON PIMENTA (ADVOGADO:ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira.).PROCESSO: 0006811-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006811-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANIRECORRIDO: DIOMAR PILON PIMENTAADVOGADO (S): EVERALDO MARTINUZZO DE OLIVEIRA

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V O T O / E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL (BPC-LOAS). AUTOR MENOR IMPÚBERE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – PAI DO AUTOR JÁRECEBE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.

Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 138/141 que julgouprocedente o pedido inicial para condenar a autarquia previdenciária a conceder o benefício de amparo social ao autor(deficiente), no valor de um salário mínimo mensal, com data de início a contar da data de entrada do requerimentoadministrativo, em 23/01/2008. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que o autor não preencheu os requisitosobjetivos para aferição do benefício assistencial, dentre eles a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Argumentaque cabe ao legislador a tarefa de definir os critérios objetivos de concessão do benefício, pois é ele que está afeto aoexercício do juízo de seletividade e distributividade traçado pelo sistema de seguridade. O Ministério Público, em parecer,pugna pela reforma da sentença no tocante ao deferimento do benefício de amparo social ao autor.

2. Alegou o recorrente que: (1) o pai do autor (que com ele reside) recebe benefício assistencial de amparo aodeficiente; por conseguinte, o autor não preencheu os requisitos objetivos para aferição do benefício assistencial, dentreeles a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Argumenta que cabe ao legislador a tarefa de definir os critériosobjetivos de concessão do benefício, pois é ele que está afeto ao exercício do juízo de seletividade e distributividadetraçado pelo sistema de seguridade. Também alegou que (2) não é viável aplicar analogicamente o artigo 34, parágrafoúnico, da Lei nº 10.741/03, que se refere apenas à percepção de outro benefício de prestação continuada, mas nãocontemplou casos em que há idoso na família recebendo benefício de natureza previdenciária. Requereu a reforma dasentença.

3. Transcrevo abaixo parte da fundamentação da sentença:

“... Na presente demanda, a incapacidade restou comprovada através da prova pericial (laudo às folhas 122/124), visto queo r. perito foi taxativo ao constatar que a parte autora apresenta incapacidade total e definitiva para qualquer atividadelaborativa, em virtude de ser portador de “Doença mental psicótica (CID-10-F06.8- Psicose Epiléptica e Retardo MentalLeve – CID- 10-F70)”. Assim, o ponto controvertido dos autos refere-se ao requisito da renda mensal inferior a ¼ do saláriomínimo por pessoa da família.O laudo socioeconômico de fls. 39/44 relata que o autor reside com o seu pai (53 anos) e sua mãe (50 anos) de favor emuma casa localizada na zona rural de Brejetuba/ES, onde trabalhavam como meeiros, porém devido ao agravamento doestado de saúde tanto do autor como de seu genitor, a família deixou de laborar, mas continua morando na mesmapropriedade rural. Relata ainda que a localidade não dispõe de equipamentos coletivos tais como: Unidade de Saúde,Escolas, Transporte, Igrejas, Faculdades, comercio local. As ruas não possuem pavimentação, asfalto, rede de esgoto enem abastecimento de água, existindo apenas rede elétrica. No que tange as condições da residência, descreve daseguinte forma: “de alvenaria, a cobertura é de telha e o piso impermeabilizado. A casa pertence a outros proprietários, nãofoi construída pela família Pilon. Atualmente a casa apresenta-se em estado precário, comprometida com rachaduras,buracos nas paredes e telhado, aparentemente apresenta-se em estado de deteriorização, sendo que grande parte,causada pelo próprio requerente quando estava em estado de “surto”, pois apresenta episódios de agressividade”. A famíliapossui despesas com alimentação (R$ 400,00), conta de luz (R$ 50,00), empréstimos (R$ 130,00) e despesas com taxi(R$50,00), devido ao local que é de difícil acesso ao transporte coletivo da região.Quanto à renda familiar do demandante, provém do Beneficio de Prestação Continuada recebida pelo seu pai, no valor deum salário mínimo, e do auxilio assistencial do Governo Federal Bolsa Família, no valor de R$ 70,00 (setenta reais). Assim,a princípio, poder-se-ia concluir que a família possui uma renda per capita superior a ¼ do salário-mínimo, no entanto, épreciso observar as condições de precariedade e vulnerabilidade social em que se encontram.Nota-se, pelo relatório socioeconômico (fls. 39/44), que a realidade fática do autor é de extrema miserabilidade, haja vista arenda obtida pelo seu pai apresentar-se insuficiente para manter condições satisfatórias de sobrevivência. As despesasbásicas com água, energia, alimentação, empréstimos consignados ultrapassam o montante recebido. Em que pese os paisdo autor possuírem outros filhos, consoante relatório social, a maioria apresenta problemas de saúde de ordem mental,necessitando também de assistência contínua, não podendo, portanto, a família do demandante contar com a ajudafinanceira dos mesmos.Frisa-se que tanto o autor como seu pai possuem saúde frágil e vivem em condições de habitabilidade que oferecem riscos,com privação dos recursos necessários ao tratamento da saúde, necessitando de cuidados contínuos e melhorias nacondição de vida (fotos às folhas 45). Diante disso, trago à colação a previsão contida no artigo 5º da Lei de Introdução aoCódigo Civil (Decreto-Lei 4.657/1942) que afirma que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirigee às exigências do bem comum”. Assim, resta indiscutível a miserabilidade da parte autora e de sua família. (...)”

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido aqualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita. Deve ser adotadauma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso possibilitando adesconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por outros membrosda família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, de prevalecer a interpretaçãoliteral no sentido de que somente o benefício assistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto naLOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca contribuiu para a PrevidênciaSocial e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idosoda família, ao passo que aquele que contribuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, nãoteria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da

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razoabilidade. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, verbis:“A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos deidade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da LeiOrgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003.” (DIO -Boletim da Justiça Federal, 06/04/2009, pág 03 - anexo).

5. O mesmo entendimento acima deve ser aplicado quando o requerente do benefício de prestação continuada édeficiente. Neste sentido é o entendimento da Turma Nacional de Uniformização (TNU), como se afere do julgado abaixo:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 34 DO ESTATUTODO IDOSO (LEI Nº 10.741/2003). APLICAÇÃO ANALÓGICA A BENEFÍCIO DE DEFICIENTE. BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO RECEBIDO POR IDOSO DO GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA DOGRUPO FAMILIAR. 1. Para fins de concessão de benefício assistencial a pessoa deficiente, o disposto no parágrafo únicodo art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) aplica-se por analogia para a exclusão de um benefício previdenciáriode valor mínimo recebido por membro idoso do grupo familiar, o qual também fica excluído do grupo para fins de cálculo darenda familiar per capita. 2. Pedido de uniformização improvido. (TNU - Turma Nacional de Uniformização. PEDILEF200870950034436. Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Relator Juiz Federal Otávio Henrique MartinsPort. Fonte DJ 13/11/2009).

6. Não vejo razão para atribuir tratamento distinto a caso em que, sendo o autor deficiente, há em seu grupo familiar(no caso, trata-se do pai do autor), outra pessoa deficiente que recebe, por esse motivo, o benefício de amparo social.

7. Fixação da DIB. A sentença fixou a DIB do benefício na data de entrada do requerimento administrativo, ou seja,em 23/01/2008. Contudo, a ação somente foi proposta quase quatro anos depois do referido requerimento, em 12/09/2011.A perícia social somente foi realizada em 04/02/2012, ou seja, mais de quatro anos depois do requerimento administrativo.Ante o grande lapso temporal decorrido, é inviável transpor para o ano de 2008 as conclusões de um relatório social que foirealizado apenas 4 anos depois, em 2012. Por tal motivo, o recurso deve ser provido apenas para o fim de se transpor aDIB para a data da perícia social, ou seja, 04/02/12

8. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, apenas para fixar a DIB do benefício na data da perícia social, ou seja,em 04/02/2012.

8.1. Custas ex lege. Sem honorários. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

71 - 0104796-28.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.104796-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA MARGARETBELMIRO LIMA (ADVOGADO: ES007828 - RONI FURTADO BORGO, ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0104796-28.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.104796-5/01)RECORRENTE: MARIA MARGARET BELMIRO LIMAADVOGADO (S): CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, RONI FURTADO BORGORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): THIAGO COSTA BOLZANI

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.

1. A exigência do chamado “prequestionamento” como requisito para viabilizar a interposição de Recursos Extraordináriosencontra-se no art. 102, III, da CRFB/1988: ao STF só é dado conhecer de recursos contra “causas decididas”.

Assim, se o acórdão objeto do recurso não houve enfrentado determinada questão ou argumento, não haverá “causadecidida”; o sucumbente tem o ônus de opor Embargos de Declaração com vistas a suprir a omissão, sob pena deposteriormente não obter êxito no Recurso Extraordinário.

2. O sistema dos Juizados Especiais é caracterizado pela celeridade e pela informalidade, de modo que, por exemplo, o art.46 da Lei 9.099/1995 admite a confirmação da sentença pelos seus próprios fundamentos.

Mesmo para os processos submetidos ao rito ordinário, os arts. 543-A, 543-B, 543-C do CPC – a exemplo do que jáencontrava previsão nos arts. 14, § 9º, e 15 da Lei 10.259/2001 – a lei permite a prolação de acórdão ou retratação deacórdãos por simples remissão à orientação firmada pela TNU, pelo STJ ou pelo STF, dispensando ampla fundamentação.

O acórdão embargado aderiu à orientação firmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, por remissão ao paradigmafirmado pelo Tribunal Superior.

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3. A exigência, pelas Cortes Superiores, do prequestionamento em sua concepção tradicional acaba por frustrar as normasque visam a acelerar os julgamentos nas Turmas Recursais e nas demandas repetitivas.

A lei dispensa fundamentação mais extensa, mas o STJ e o STF a exigem de quem posteriormente pretende interporrecurso. Aos advogados, não resta alternativa senão a oposição de Embargos de Declaração.

4. Do exposto, dá-se provimento aos Embargos de Declaração para esclarecer que, em consonância com a orientaçãofirmada pelo STJ no julgamento do REsp 1.334.488, o reconhecimento do direito à desaposentação não encontra óbice noato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988), na falta de previsão legal expressa (arts. 37, caput, e 201, caput e § 11,da CRFB/1988), nem no princípio da solidariedade, e que o fato de incidir contribuição sobre o salário de um seguradoobrigatório que se encontra aposentado impõe que alguma vantagem individual lhe seja devida (arts. 195, § 5º, e 201, § 11º,da CRFB/1988).

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

72 - 0101776-76.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101776-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITAL SCHROEDER(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0101776-76.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101776-0/01)RECORRENTE: VITAL SCHROEDERADVOGADO (S): CLAUDIA IVONE KURTHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VITAL SCHROEDER, contra a sentença de fls. 89-91, que julgouimprocedentes os pedidos iniciais de restabelecimento do auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega o recorrente que está totalmente incapacitado para o desenvolvimento das suas atividades laborais, conforme laudosparticulares juntados aos autos. Afirma que o trabalho que exercia antes da incapacidade era árduo e pesado. Sustenta queo juiz não está adstrito ao laudo pericial, devendo analisar o processo como um todo e dele extrair o seu convencimento.Aponta que deve, ainda, ser considerada sua situação socioeconômica. Requer a reforma da sentença.2. O autor nasceu em 06/02/1976. Na petição inicial informou ser “lavrador”. O pedido administrativo foi realizadoem 28/02/2013 (fl. 15) e não foi reconhecido o direito ao benefício, tendo em vista que não foi constatada a incapacidadelaborativa.3. Seguem os principais fundamentos da sentença:(...)No caso dos autos, quanto à qualidade de segurado do autor, além do INSS não alegar, em sua contestação, e nemrequerer, nenhuma controvérsia em relação a mesma, consta dos autos um contrato de parceria agrícola (fls. 24-25), bemcomo um termo de aditivo (fl. 23), cujo prazo de validade para o mesmo passou a constar para 26-04-2021, em que o autore sua esposa são outorgados, constituindo-se início de prova material quanto ao exercício de trabalho rural em regime deeconomia familiar pelo autor. Logo, no meu sentir, a qualidade de segurado do Autor está devidamente comprovada, nãosendo necessária a realização de provas em audiência. A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autoraincapacitada para o trabalho, o que corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Exerce, ou exercia, a parte autora a função de lavrador, contando atualmente 37 anos de idade, referindo problemasortopédicos, principalmente em sua coluna lombar.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls. 31-34) foi constatado que aparte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar-se sua doença. O perito afirma que a doençaque acomete o autor possui caráter degenerativo (de evolução lenta e normal a todos os seres humanos), mas que odemandante não apresenta alterações ou limitações funcionais, estando apto a exercer suas atividades laborais.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.(...)4. Há início de prova material (fls. 20/22; 23/25; 49/50); a primeira deles refere ao ano 2000. O autor reside em zonarural de Santa Maria de Jetibá (comprovante de requerimento de fl.16). Houve entrevista rural efetivada pelo INSS (fl.57); há

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contratos de parceria agrícola com firma reconhecida em 2004 e 2010. O benefício foi indeferido apenas por ausência deincapacidade (não se mencionou que o autor não seria segurado especial, cf. fl. 15). Dentro de tal contexto, há evidentecomprovação da situação de segurado especial, sendo desnecessário, para tanto, produzir prova testemunhal emaudiência.5. O laudo particular encartado aos autos, emitido em 25/01/2013 (fl. 52), informa que o autor apresentalombociatalgia bilateral, encontrando-se em tratamento fisioterápico e sem condições para o trabalho. Há laudo emitido em28/04/2013 (fl. 58) com o mesmo teor do anterior.5.1. A perícia judicial foi realizada em 03/07/2013 (fls. 69-72). Conforme explicitado pelo perito, o autor respondeubem às solicitações, tendo boa mobilidade dos membros, andando bem e sem auxílio. Atestou o perito que o autorapresentava calosidades nas mãos, o que seria incompatível com a alegada incapacidade de dezoito meses. Apontou,ainda, que o recorrente tinha boa mobilidade nos quatro membros, sem hipotrofias musculares e sem perda de força.Concluiu declarando que o recorrente é portador de processo degenerativo da coluna lombar, sem sinais de compressõesnervosas nos membros inferiores.5.2. À luz do teor dos dois laudos particulares apresentados, ambos subscritos por médico neurologista que afirmouhaver compressão radicular nas vértebras L4/L5; que o autor encontrava-se em tratamento fisioterápico e não tinhacondições para o trabalho (fls.52/58), parece-me restar suficientemente caracterizado o estado de incapacidade ao tempoem que esses laudos foram lavrados. Com efeito, a mera submissão de lavrador a tratamento fisioterápico de colunavertebral já é um fato que, geralmente, em muito dificultará o exercício de sua profissão, até mesmo pelo deslocamento quetem de fazer da área rural onde reside (e o autor reside em distrito do município de Santa Maria de Jetibá) até local ondehaja clínica fisioterápica.5.3. Contudo, a firme conclusão do laudo pericial exclui a possibilidade de afirmar-se haver estado de incapacidadena data em que a perícia foi realizada (3/7/13). Por tais razões, reputo ter sido configurada a situação incapacitante desde adata do 1º atestado (DIB em 25/1/13) até a data da perícia judicial (DCB em 3/7/13)6. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO; pedido julgado parcialmente procedente, condenando-se o réu a pagarao autor AUXÍLIO-DOENÇA com DIB em 25/1/13 e DCB em 3/7/13.6.1. Correção monetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF,conforme entendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014).

6.2. Custas ex lege. Sem condenação em honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

73 - 0003508-55.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003508-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSANGELA CHIESAMARCONI (ADVOGADO: RJ110336 - RODRIGO FRANCA CALDAS, RJ113571 - CARLOS RAPOSO, RJ128387 - LETICIAPELOSI MARTINS, RJ104771 - MELAINE CHANTAL MEDEIROS ROUGE.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.).PROCESSO: 0003508-55.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003508-2/01)RECORRENTE: ROSANGELA CHIESA MARCONIADVOGADO (S): RODRIGO FRANCA CALDAS, MELAINE CHANTAL MEDEIROS ROUGE, LETICIA PELOSI MARTINS,CARLOS RAPOSORECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): ERIKA SEIBEL PINTO

VOTO-EMENTA

Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedidode condenação da Caixa Econômica Federal – CEF a autorizar o levantamento do saldo de sua conta fundiária. Alega arecorrente que foi reintegrada ao SERPRO, por decisão judicial, em 13/03/96, tendo sido novamente dispensada em26/11/2001, por conta de reforma da decisão judicial que a havia reintegrado anteriormente, em sede de ação rescisória.Diz que, por conta da dispensa em 2001 ter advindo de decisão judicial, não levantou os valores de FGTS referentes aoperíodo trabalhado de 1996 a 2001. Narra que retornou ao emprego no SERPRO em 04/09/2008 e que sustenta que, porter ficado de 2001 a 2008 fora do regime do FGTS, tem direito a movimentar a conta fundiária pertinente a esse período,nos termos do art. 20, VIII, da Lei nº 8.036/90. Alega que o retorno à empresa em 2008, por decisão da Comissão EspecialInterministerial instituída pelo Decreto 5115/04, tem natureza jurídica de readmissão e ressalta que tem processo na Justiçado Trabalho no qual se discute tal natureza e que o TRT da 17ª Região assim entendeu, por conta da aplicação da Lei8878/94. Conclui que seu vínculo com o SERPRO restou rompido em 2001 e em 2008 houve novo vínculo, ficando aautora, durante mais de 3 anos fora do sistema do FGTS. Por fim, afirma que a alegação da CEF de que o valor constantedo extrato de fl. 10 refere-se a período posterior a 2008 é completamente inverídica (fl.43).

Eis o teor da sentença:

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei nº 9.099/95.Passo a decidir:Postula a parte autora seja a CEF condenada a autorizar o levantamento do saldo de sua conta fundiária.A Lei nº 8.036/90, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, enumera, nos incisos de seu artigo 20, as

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hipóteses diante das quais as contas vinculadas do trabalhador no FGTS poderão ser movimentadas.Ocorre que a parte autora não comprova o seu enquadramento em nenhuma das situações listadas no mencionado artigo.Conforme é possível observar das informações trazidas aos autos, a parte autora foi dispensada do Serviço Federal deProcessamento de Dados – SERPRO em 1996, sendo reintegrada por decisão judicial em 2001. Ocorre que, em26/11/2001, a autora foi novamente dispensada em face da reforma da decisão judicial que a havia reintegradoanteriormente. Afirma que por ter sido a dispensa em 2001 advinda de decisão judicial, não conseguiu levantar os valoresde FGTS referentes ao período de trabalho de 1996 a 2001.Destaca, ainda, que por decisão da Comissão Especial Interministerial (CEI), retornou ao emprego no SERPRO em04/09/2008, razão pela qual entende ter direito ao levantamento dos valores depositados na sua conta vinculada de FGTS,uma vez que permaneceu por mais de 3 (três) anos fora do regime do FGTS.Todavia não merece prosperar o pleito autoral. Os fatos narrados nos autos deixam claro que a parte autora foi reintegradaao SERPRO considerando o primeiro vínculo empregatício existente, uma vez que a decisão judicial que resultou em suareintegração determinou a nulidade ex tunc da dispensa dos servidores, situação em que se enquadrava a parte autora.Assim, assiste razão à parte ré ao afirmar que a declaração da nulidade do ato de dispensa dos servidores tem efeitos extunc, configurando, assim, a ininterrupção do vínculo empregatício da parte autora com o SERPRO.Desta forma, tendo em vista o fato da parte autora não ter comprovado enquadrar-se em uma das hipóteses elencadas noartigo 20 da Lei 8.036/90, não há como acolher o pedido referente ao levantamento dos valores ora pleiteados.Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO, com base no artigo 269, inciso I do CPC.Sem custas e honorários, conforme os artigos 55 da Lei 9099/95 e 1º da Lei 10.259/2001.Publique-se. Registre-se esta sentença no livro próprio. Intimem-se as partes.Transitada em julgado esta sentença ou mantido o seu teor pela Turma Recursal da Seção Judiciária do Espírito Santo,dê-se baixa na distribuição e arquivem-se os autos.

O cerne da questão consiste em saber se o retorno da autora ao SEPRO, em 2008, tem natureza de reintegração, comefeitos ex tunc, como sustenta a CEF, ou de readmissão, com efeitos ex nunc, como sustenta a autora/recorrente, de formaa configurar ou não a hipótese prevista no art. 20, VIII, da Lei nº 8.036/90, possibilitando a movimentação de sua contavinculada.

O acórdão transcrito no presente recurso, proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, em julgamento aoRecurso Ordinário interposto pelo SERPRO e que tem como recorridos a autora da presente ação e outros, deixa claro queno período anterior à readmissão (e não reintegração como considerou a sentença) não havia qualquer relação de empregoentre as partes. É o que se constata da redação da ementa:

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMDO (SERPRO). ANISTIA. LEI 8.874/94. EFEITOS FINANCEIROS. CÔMPUTO DOTEMPO DE AFASTAMENTO PARA TODOS OS EFEITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE.A Lei n.º 8.874/94 (Lei da Anistia) assegura ao empregado readmitido somente o retorno ao cargo ou empregoanteriormente ocupado, ou, quando for o caso, àquele resultante da respectiva transformação. Sendo-lhes garantidas asrepercussões financeiras apenas posteriores à readmissão, é indevida a contagem do tempo do afastamento para fins depromoção por antiguidade, adicional por tempo de serviço, licença prêmio, manutenção do plano de cargos e saláriosanterior e integração de adicional noturno, uma vez que representam repercussão financeira referentes a período anterior àreadmissão, no qual não havia qualquer relação de emprego entre as partes.(Recurso Ordinário 005370091.2011.5.17.0005, rel. Desembargador José Carlos Rizk, 1ª Turma)

5. O referido acórdão não transitou em julgado, estando pendente de julgamento no Tribunal Superior do Trabalho –TST o agravo de instrumento interposto contra decisão do TRT da 1ª Região que negou seguimento ao recurso de revista.A despeito disso, constata-se que, como ressaltado no voto do relator do recurso ordinário e na decisão que negouseguimento ao recurso de revista, a jurisprudência pátria tem entendido configurada hipótese de readmissão e não dereintegração, tendo em vista, inclusive, a Orientação Jurisprudencial Transitória n.º 56 da SBDI-1, do Tribunal Superior doTrabalho, que assim dispõe:

ANISTIA. LEI N.º 8.878/94. EFEITOS FINANCEIROS DEVIDOS A PARTIR DO EFETIVO RETORNO À ATIVIDADE.Os efeitos financeiros da anistia concedida pela Lei n.º 8.878/94 somente serão devidos a partir do efetivo retorno àatividade, vedada a remuneração em caráter retroativo.

6. Conquanto não se tenha produzido prova nestes autos da situação prevista no inciso VIII (quando o trabalhadorpermanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste caso,ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta) do art. 20 da Lei nº 8.036/90, ou seja, de que a autora nãomanteve nenhum outro vínculo empregatício no período entre 2001 e 2008, trata-se de fato incontroverso, não contestadopela CEF, que, na qualidade de gestora do FGTS, dispõe de todas as informações fundiárias da autora.

7. O valor de R$ 4.064,43, constante do extrato de fl. 10, refere-se a vínculo com o SERPRO iniciado em29/08/1997. Segundo a autora, tal saldo se refere ao período anterior à dispensa ocorrida em 2001. Já a CEF afirma que serefere aos depósitos posteriores à última reintegração da autora (em 2008), não se confundindo como objeto da presenteação. O referido extrato contém, ainda, saldo relativo ao vínculo com o SERPRO iniciado em 13/03/1996, no valor de R$974,21. O primeiro informa “MAIOR COMP 02/2001” e o segundo, “MAIOR COMP 11/2001”, do que se conclui que ambosse referem ao período anterior à dispensa ocorrida em 26/11/2001, sendo o primeiro referente aos depósitos efetuadosentre 1996 e fevereiro de 2001 e o segundo, referente aos depósitos efetuados entre março e novembro de 2001.Ressalte-se que a data de 29/08/1997 corresponde ao efetivo retorno da autora ao trabalho, em decorrência de decisão

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judicial que determinou o primeiro retorno com efeito retroativo a 13/03/1996.

8. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar procedente o pedido paracondenar a CEF à liberação para saque dos saldos constantes do extrato de fl. 10, com a atualização legal do FGTS,acrescidos, ainda, de juros de mora, contados a partir da citação e calculados na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

74 - 0004263-16.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004263-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL, ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO.) xWESMAN BERMOND PEREIRA (ADVOGADO: ES015086 - NATALIA LORENZONI PEREIRA.).PROCESSO: 0004263-16.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004263-0/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, SEBASTIAO TRISTAO STHELRECORRIDO: WESMAN BERMOND PEREIRAADVOGADO (S): NATALIA LORENZONI PEREIRA

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal em face de sentença que a condenou a estornaros quatro débitos verificados na conta corrente do autor e por ele impugnados, bem como todos os juros correlatos, e ainda,a pagar dano moral de R$ 15.000,00. Alega a recorrente que, conforme confessado pelo autor na inicial, as partes foramvítimas de criminosos que efetuaram os saques em sua conta e a CEF, após iniciar imediato procedimento apuratório noqual constatou a ação de falsários, solicitou ao cliente que comparecesse à agência e assinasse o termo através do qual lheseria devolvido o numerário, mas o autor se recusou a assinar o documento, pelo que não lhe foi devolvido imediatamente onumerário. Conclui que a culpa foi exclusiva do autor, que se recusou a dar quitação do valor que seria creditado em suaconta. Diz que o entendimento adotado na sentença afronta os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, merecendoreforma e que não há nenhum dano moral a indenizar. Pede seja julgado improcedente o pedido de indenização por danosmorais ou, sucessivamente, seja reduzido o valor da condenação imposta.Eis o teor da sentença:Sentença proferida durante o mutirão de conciliação.Relatório dispensado. Não há preliminares processuais. Não houve acordo.O autor impugnou 04 (quatro) débitos em sua conta corrente, que totalizaram R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). Emsua contestação, a CEF não apresentou qualquer documento que comprovasse a regularidade dos débitos impugnados. Naverdade, a CEF não adotou nenhuma diligência para apurar as alegações do autor, seja antes da propositura desta ação,seja após a distribuição da mesma. Assim, não observou o ônus probatório em matéria de Consumo. Logo, nos termos doart. 359 do CPC, considero verossímeis as alegações do autor no sentido de que houve fraude em sua conta corrente.Dessa forma, o valor impugnado e seus acessórios (juros até a data do crédito) devem ser repostos.Por sua vez, como os débitos impugnados ocorreram em 05.04.2010, o autor permaneceu por aproximadamente 1,5 anossem ter acesso ao numerário correspondente. Considero que o período da indisponibilidade do valor em tela é relevante osuficiente para gerar angústia diferenciada em relação àquela experimentada por clientes que passam por situaçõessimilares. Dezoito meses sem ter acesso a R$ 3.500,00 é muito tempo. Houve, portanto, dano moral. E considero tal danocomo médio em função do montante indisponibilizado (R$ 3.500,00) e pelo tempo decorrido (18 meses). Por sua vez, afalha da CEF também é de cunho médio, uma vez que não houve nenhuma apuração sobre o ocorrido. Assim, nos termosdo Enunciado nº 08 da Súmula da TR/RJ, para casos de dano médio, fruto de falhas médias, arbitro o dano moral em,aproximadamente, 30 (trinta) salários mínimos.Isto posto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS DE DANO MATERIAL E DANO MORAL. Quanto ao dano material, aCEF deverá estornar os 04 (quatro) débitos aqui impugnados, bem como todos os juros correlatos. Quanto ao dano moral,condeno a CEF em 15.000,00 (quinze mil reais). Em face de tal valor, deverá incidir correção monetária e juros de mora de1% ao mês a contar da data desta Sentença.DEFIRO ANTECIPAÇÃO DE TUTELA no sentido de determinar que a condenação em dano material seja efetivada em 10(dez) dias, ou seja, no prazo de 10 (dez) dias a CEF deverá estornar os 04 (quatro) débito impugnados e os acessórios(juros). A seguir, CONCEDO DE OFÍCIO MEDIDA CAUTELAR proibindo que a CEF inscreva o autor em qualquer cadastrode negativação de crédito em função do débito aqui analisado, a contar de 10 (dez) dias, sob pena de multa diária de R$200,00 (duzentos reais) por evento, se houver.Sem custas nem honorários. Após o trânsito em julgado, e o cumprimento da obrigação, dê-se baixa e arquive-se. Aspartes foram intimadas em audiência, devendo a CEF cumprir a antecipação de tutela e a medida cautelar no prazo de 10(dez) dias a contar da data de amanhã. Publique-se. Registre-se.

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3) Ressalte-se, desde logo, que o recurso trata apenas da condenação em danos morais, não havendo nenhumimpugnação da condenação em danos materiais, não havendo, por isso, que se analisar a responsabilidade do banco pelosdébitos ocorridos na conta do autor.4) O autor narra, na inicial, o seguinte: Muito solícita, a Gerente de Atendimento que atendeu o autor protocolizousua reclamação que foi devidamente recebida e preencheu imediatamente um acordo entre o mesmo e a Caixa, pedindopara que o assinasse para ser encaminhada imediatamente a Agência da conta, sendo que não foi aceito, pois seriaassinado em branco, tendo sido recusado tal procedimento a fim de se estudar melhor o teor do documento, de forma que,naquele momento, apenas foi encaminhada a reclamação (cópias anexadas) e uma Contestação de Movimentação emConta de Depósito/Esclarecimentos do Contestante (cópias anexadas). Posteriormente, recebeu documentos para quefossem assinados para que seu dinheiro fosse devolvido, dentre eles um termo de acordo, o qual não assinou por nãoconcordar com a cláusula 3ª, que, ao final, mencionava a irrevogável quitação, dada pelo correntista dos valorescontestados e adiantados para mais nada reclamar, seja a que título for, com fundamento na contestação de movimentaçãodos valores e/ou nos fatos a ela relacionados.5) O termo de acordo se encontra às fls. 11/13. Não procede a afirmação da CEF de que o autor se recusou a darquitação do valor que seria creditado em sua conta. O que o autor deixou de assinar foi o acordo com a CEF segundo oqual nada mais poderia reclamar com fundamento naquela contestação de movimento dos valores e/ou nos fatos a elarelacionados. Em face dessa recusa, a CEF não creditou o valor até a prolação da sentença e deferimento da medidaantecipatória da tutela para que o fizesse.6) A indisponibilidade de R$ 3.500,00 por aproximadamente dezoito meses (tempo transcorrido até a sentença) é relevanteo suficiente para gerar angústia, conforme concluiu a sentença, não se tratando aqui de um mero dissabor a que qualquercidadão está propenso a vivenciar nas relações sociais modernas.7) O valor fixado a título de danos morais (R$ 15.000,00), contudo, me parece exorbitante, considerando os valoresdos débitos, que totalizam R$ 3.500,00. Entendo razoável a fixação de valor igual ao total dos débitos, devidamenteatualizado, para indenizar o autor pela angústia ocasionada pela sua indisponibilidade.8) Pelo exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso para reformar a sentença, em parte, e limitar acondenação em danos morais ao valor de R$ 3.500,00, acrescido de correção monetária desde a data dos débitos, e dataxa SELIC (que engloba juros e correção monetária) a partir da citação.9) Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº9.099/95. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

75 - 0002684-30.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002684-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WILSON PIRES(ADVOGADO: ES006709 - ILZA RODRIGUES DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PROCESSO: 0002684-30.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002684-0/01)RECORRENTE: WILSON PIRESADVOGADO (S): ILZA RODRIGUES DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGON

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

76 - 0003487-11.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003487-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ANA KAROLINE NALDINO ALVES(ADVOGADO: ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA, ES019887 - LUIZA HELENA RIBEIRO GOMES, ES006249 -SERGIO RIBEIRO PASSOS.).PROCESSO: 0003487-11.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003487-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTORECORRIDO: ANA KAROLINE NALDINO ALVESADVOGADO (S): LARISSA FURTADO BAPTISTA, SERGIO RIBEIRO PASSOS, LUIZA HELENA RIBEIRO GOMES

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

77 - 0102125-45.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102125-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x RODRIGO ROSA DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES010710 - ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA.).Autos n.º 0102125-45.2014.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC) PREVISTO NO ARTIGO 20 DA LEI Nº8.742/93 (LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS).

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar à parte autora o benefíciode prestação continuada previsto no artigo 20 da Lei n.º 8.742/93 (LOAS).

2. Alegou o recorrente o que segue:

(1) o processo deve ser suspenso, em face da repercussão geral reconhecida pelo STF no Recurso Extraordinário nº580963.(2) “... no caso concreto restou demonstrado nos autos que o grupo familiar da Autora é composto por ela, sua mãe, donade casa, seu pai o qual percebe Benefício Assistencial, no valor de um salário mínimo e sua irmã, maior de idade, querecebe salário mensal. Logo, é fato incontroverso que a renda per capita do grupo familiar é superior a ¼ do salário mínimo.Ocorre que o magistrado que julgou a demanda entendeu que tal fato não impedia a percepção do Benefício de PrestaçãoContinuada pela parte Autora, fazendo uma interpretação extensiva do parágrafo único, do art. 34 da Lei 10.741/2003(Estatuto do Idoso), além de excluir a irmã, maior de idade, que recebe salário mensal. Mas tal entendimento não merecese manter, data venia, cabendo a reforma da r. Sentença para julgar totalmente improcedente o pedido.” (fl. 269).(3) “... Referido limite de ¼ do salário mínimo, previsto no art. 20, §3º da Lei, ao contrário do que se tem afirmado, não setrata de mero parâmetro para se aferir o estado de miserabilidade da família do necessitado, que poderia ser desprezadona hipótese de o conjunto probatório apontar para outra situação, mas, sim, de requisito legal objetivo que devenecessariamente ser observado para fins da concessão do benefício.” (fl.271/272).(4) Não é viável aplicar analógica ou extensivamente o artigo 34 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso) ao caso.(5) Quanto aos juros e correção monetária, alegou o que segue: “ Em relação à decisão do STF no julgamento das ADIs4357 e 4425, a qual, dentre outros pontos, declarou a inconstitucionalidade da expressão "índice oficial de remuneraçãobásica da caderneta de poupança" e "independentemente de sua natureza", constantes do § 12 do art. 100 da CRFB/88,tecemos as seguinte consideração. O STF expressamente advertiu que oportunamente seria dada modulação dos efeitosda decisão das ADI´s em epígrafe. Logo, por ora, ainda não foi deliberado se julgamento se operará ex tunc ou se haveráalgum outro momento para a eficácia da decisão, como previsto pelo art. 27 da Lei nº 9.868, de 10 de Novembro de 1999.

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(...)Portanto, data vênia máxima, afigura-se equivocada a decisão judicial que fixou a correção monetária com base noINPC, olvidando que, neste particular, permanece incólume a Lei 11.960/09 que determina a aplicação dos mesmos índicesde juros e correção da caderneta de poupança, dai merecendo pronta reforma.” (fl. 282/283 e 284).

3. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação ajuizada por Rodrigo Rosa de Oliveira objetivando a concessão de benefício assistencial de prestaçãocontinuada, NB 87/547.178.513-0.

O requerimento administrativo formulado em 7/6/2011 foi indeferido porque a renda per capita familiar é superior a ¼ dosalário mínimo (fl. 20).

...

O autor tem 23 anos (fl. 11). O relatório da assistente social confirmou que junto com ele moram as seguintes pessoas (fl.229):

- Teresinha Rosa de Oliveira, 52 anos, desempregado, mãe- José Raposo de Oliveira, 54 anos, aposentado, pai

O grupo familiar é composto por três pessoas. O genitor do autor é beneficiário de aposentadoria por tempo de contribuição(fl. 30) no valor mensal de um salário mínimo. Assim, a renda per capita normalmente ultrapassaria o limite imposto no art.20, § 3º, da Lei nº 8.742/93.

Não cabe, no presente caso, a aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).O referido dispositivo legal prevê que o benefício assistencial de prestação continuada já concedido a qualquer membro dafamília, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade, não deve ser computado para os fins do cálculo da rendafamiliar per capita a que se refere a LOAS. O genitor do autor recebe benefício previdenciário com renda equivalente aosalário mínimo, mas tem menos de 65 anos de idade. Por isso, a situação dos autos não se assemelha àquela prevista noEstatuto do Idoso, inviabilizando a aplicação do dispositivo legal por analogia. Assim, a renda per capita normalmentecorresponderia a ½ salário mínimo, ultrapassando o limite imposto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93. Sob o critério objetivodefinido em lei, a família tem condições de sustentar o autor.

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.112.557/MG pelo rito dos recursos repetitivos,pacificou o entendimento de que o critério de aferição da renda mensal previsto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 deve serconsiderado apenas como um limite mínimo de renda, abaixo do qual a miserabilidade fica objetivamente configurada, semdescartar, porém, a possibilidade de o juiz levar em consideração outros fatores referentes à situação econômico-financeirado beneficiário e que tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade da parte e de sua família. Assim, aindaque a renda familiar mensal per capita seja superior a ¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição dehipossuficiência econômica do idoso ou do portador de deficiência por outros meios.

O relatório social, ilustrado por fotografias, informou que o autor reside em casa própria de alvenaria, composta por seiscômodos, além de um banheiro, uma área de serviço e uma garagem. A residência é simples e apresenta condiçõesprecárias de habitabilidade, com paredes e teto com infiltrações, danificados por ação de chuvas, mofos e alagamentos emperíodos de chuvas. Não obstante não se possa computar todas as despesas apresentadas pelo autor, tais como consultasmédicas e medicamentos, ainda assim considero que a renda auferida pelo pai do autor fica bastante reduzida para amanutenção da família.

Além disso, as fotos que ilustram o relatório social confirmam a situação de miserabilidade autorizadora da concessão dobenefício assistencial (fls. 240/242). Acolho o parecer do Ministério Público Federal que opina pela procedência do pedido.

Cabe, portanto, antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar dasprestações previdenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficial aplicável à caderneta de poupança, nostermos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação do art. 5º da Lei 11.960/09 (atualmente, 0,5% ao mês).

Quanto à correção monetária, o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação do art. 5º da Lei 11.960/09, estipulava o índice deremuneração da caderneta de poupança, ou seja, a TR. Não obstante, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do art.5º da Lei 11.960/09 ao julgar a ADIn 4.357/DF. Portanto, a TR não pode mais ser aplicada. Ocorre que a declaração deinconstitucionalidade só é eficaz a partir de 14/3/2013, tendo em vista a modulação dos efeitos da decisão do SupremoTribunal Federal. A suprema corte já começou a analisar a modulação dos efeitos. Em outubro de 2013, o ministro relator

�Luiz Fux votou por declarar nulas retroativamente as regras relativas à correção monetária . O julgamento foi retomado em19/3/2014. O ministro Luís Roberto Barroso divergiu do relator, entendendo que a declaração de inconstitucionalidade doíndice de correção monetária deve ter efeito ex nunc, ou seja, produzir efeitos a partir de 14 de março de 2013, data em queo Plenário concluiu o julgamento de mérito das ADIs. O ministro Teori Zavascki acompanhou a divergência. E o ministroFux, que havia originalmente entendido que a invalidação da aplicação da TR teria eficácia retroativa, reajustou seu voto

�para acompanhar o ministro Barroso nesse ponto. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Dias Toffoli .

Page 124: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

É, portanto, muito provável que o STF decida que a correção monetária até 14/3/2013 continue seguindo a TR. A partir de14/3/2013, aplica-se o INPC-IBGE, conforme decisão tomada pela Primeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 em acórdãosujeito à sistemática do art. 543-C do CPC.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o INSS a conceder ao autor o benefício assistencial de prestação continuada,com efeitos retroativos à data do requerimento administrativo.

Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficialaplicável à caderneta de poupança (atualmente 6% ao ano). A correção monetária deve ser calculada com base na TR até14/3/2013 e com base no INPC-IBGE a partir de 14/3/2013.

Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao réu que implante o benefício, com base nos seguintes parâmetros:

Beneficiário = Rodrigo Rosa de OliveiraBenefício = 87 - amparo social à pessoa com deficiênciaRMI/RMA = salário mínimoDIB = 7/6/2011DIP = data da sentença

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 4 de agosto de 2014.

4. A preliminar não procede, visto que o Recurso Extraordinário nº 580963 foi julgado pelo STF em 18/04/2013.

5. A alegação recursal relativa ao artigo 34 do Estatuto do Idoso também é equivocada. A sentença explicitamenteafirmou que não era o caso de aplicar-se tal dispositivo, visto que não há idoso no grupo familiar.

6. A renda mensal per capta equivale a 1/3 do salário mínimo (o pai do autor recebe benefício de aposentadoria novalor de 1 salário mínimo; há 3 pessoas no grupo familiar). A sentença referiu-se explicitamente ao entendimento da 3ªTurma do STJ no sentido de que “... o critério de aferição da renda mensal previsto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93 deveser considerado apenas como um limite mínimo de renda, abaixo do qual a miserabilidade fica objetivamente configurada,sem descartar, porém, a possibilidade de o juiz levar em consideração outros fatores referentes à situaçãoeconômico-financeira do beneficiário e que tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade da parte e de suafamília.” Nessa linha, a sentença explicitou os elementos exteriores (inclusive fotografias contidas no relatório social)indicativas da configuração de uma situação de miserabilidade, encampando o entendimento adotado pelo MPF em seuparecer. Dentro de tal contexto, quanto ao mérito, nada há a reparar na sentença.

7. Juros e correção monetária. Esta 1ª Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp1.270.439, considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidosno art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator decorreção monetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F daLei 9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias. O entendimento fixado na sentença édiverso. Não obstante, é mais benéfico ao INSS. Inviabilidade de se alterar a sentença nesse pormenor, em face doprincípio que veda a reformatio in pejus.

8. Conclusão: quanto ao mérito, a sentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei n.º9.099/95); quanto ao critério de juros e correção monetária, a sentença deve ser mantida por força do princípio que veda areformatio in pejus.

9. NEGO PROVIMENTO ao recurso. Sem custas, em face da isenção legal de que goza o réu. Condeno o INSS apagar honorários advocatícios que arbitro em 10% do valor atualizado da condenação, aplicando-se o critério previsto nasúmula 111 do STJ.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SJ-ES

78 - 0006111-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006111-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICA

Page 125: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

FEDERAL (ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.) x BANCO DO BRASIL S/A (ADVOGADO: ES013887 -ROBERTO COCO DE VARGAS.) x SONIA MARIA DO NASCIMENTO.PROCESSO: 0006111-72.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006111-6/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALADVOGADO (S): ERIKA SEIBEL PINTO, ROBERTO COCO DE VARGASRECORRIDO: SONIA MARIA DO NASCIMENTO

VOTO (VENCEDOR)

Adiro ao voto do Relator, Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes, apenas quanto à exclusão da multa por litigância demá-fé.

De resto, quanto à indenização por danos imateriais, entendo que o comparecimento da parte autora a uma agência daCEF e a uma agência do BB sem êxito no saque da quantia que lhe era devida, sem que os funcionários de uma e de outratenham se desincumbido do dever de providenciar a regularização do erro administrativo justifica a imposição depagamento de indenização, razoavelmente arbitrada na sentença.

Recurso da CEF provido em parte mínima para excluir a multa por litigância de má-fé.

IORIO SIQUEIRA D’ALESSANDRI FORTIJuiz Federal

79 - 0104789-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104789-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ADRIANO FRANCO AMERICANO DEANDRADE (ADVOGADO: ES004497 - DICK CASTELO LUCAS.).PROCESSO: 0104789-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104789-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Isabela Boechat B. B. de OliveiraRECORRIDO: ADRIANO FRANCO AMERICANO DE ANDRADEADVOGADO (S): DICK CASTELO LUCAS

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

80 - 0105990-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105990-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL PINTO DOSSANTOS (ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0105990-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105990-0/01)RECORRENTE: MANOEL PINTO DOS SANTOSADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de revisão do

Page 126: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

valor da renda mensal de seu benefício previdenciário considerando, no primeiro reajuste posterior à concessão, o valor dosalário-de-benefício sem a limitação do teto, na forma do art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94. Alega o recorrente que a aplicaçãodo referido dispositivo legal deverá ocorrer sobre a média dos 80% maiores salários de contribuição e não sobre o saláriode benefício como entende o juiz de primeiro grau. Diz que o pedido é de revisão com incorporação, por ocasião doprimeiro reajuste após a concessão, da diferença percentual entre a média dos salários de contribuição e o limite máximoentão vigente, aplicando ainda como limitador máximo da renda mensal reajustada, a partir de janeiro de 2004, o valorfixado pela Emenda Constitucional nº 41/2003.

Eis o teor da sentença:(...)Esta ação visa, pelo que visto, o recálculo da renda mensal da aposentadoria considerando, no primeiro reajuste posterior àconcessão do benefício, o valor do salário-debenefício sem a limitação do teto. O artigo 21, § 3º, da Lei 8.880/94 prescreve,com relação aos benefícios com data de início a partir de 1º/3/1994 que tiveram salário-de-benefício limitado ao teto dosalário-de-contribuição, que a diferença percentual entre a média dos salários-de-contribuição e o referido teto seriaincorporada ao valor do benefício juntamente com o primeiro reajustamento posterior à concessão.E para se apurar a média que trata o §3º em questão, faz-se necessário observar o art. 29 da Lei de Benefícios:Art. 21. Os benefícios concedidos com base na Lei nº 8.213/91, com data de início a partir de 1º de março de 1994, osalário-de-benefício será calculado nos termos do artigo 29 da referida lei, tomando-se os salários-de-contribuiçãoexpressos em URV.(...)§ 3º Na hipótese de a média apurada nos termos deste artigo resultar superior ao limite máximo do salário-de-contribuiçãovigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média a o referido limite será incorporada ao valordo benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão, observado que nenhum benefício assimreajustado poderá superar o limite máximo do salário-de-contribuição vigente na competência em que ocorrer o reajuste.(destaquei)Portanto, a média apurada corresponde aos 80% maiores salários de contribuição de todo o período contributivomultiplicada pelo fator previdenciário, ou seja, para se fazer jus à revisão pretendida, tal deve importar numa renda superiorao salário de contribuição definido para época.Consoante se infere dos dados constantes da inicial, a data de início da aposentadoria da parte autora (DIB em 01/08/1990)é anterior a vigência da própria lei em questão (8.880/94), logo, carece de amparo legal a revisão pleiteada, eis que seubenefício é anterior a norma legal que pretende ver observada e seu primeiro reajuste ocorreu muito antes dela.De qualquer forma, ainda que devesse ser observada, o cerne da demanda, pelo que visto, é justamente a interpretação doque seria tal média, ou seja, a exegese sistemática do art. 21, §3º da Lei 8.880/94 e sua remissão ao art. 29 da Lei deBenefícios que, em conjunto, definem a média discutida (média apurada do salário de benefício), ou seja, diferentemente doque defendido pelo autor (média cheia dos salários de contribuição).Por outro lado, o reajuste da renda mensal de aposentadoria com base nos novos limites máximos para o valor dosbenefícios do Regime Geral da Previdência Social – RGPS, instituídos pelas Emendas Constitucionais nºs 20/1998 e41/2003, guardaria pertinência lógica com os benefícios previdenciários cujo salário de contribuição tenha ficado limitado aoteto vigente na data da concessão do benefício.(...)Assim, a adequação da renda mensal do benefício ao novo teto instituído pelas Emendas Constitucionais nºs 20/1998 e41/2003 não implica paridade entre a renda mensal do benefício e o novo teto dos benefícios. Apenas permite que oresíduo da média dos salários de contribuição que havia sido desconsiderado por força da limitação do teto vigente naépoca da concessão do benefício possa ser aproveitado, caso não ultrapasse os novos tetos instituídos pelas EmendasConstitucionais nºs 20/1998 e 41/2003.Tal reajuste, portanto, só possui eficácia para os benefícios previdenciários cujo salário-de-contribuição tenha ficadolimitado ao teto vigente na data da concessão do benefício, bem como a partir da correção/atualização anual dos valorestenha gerado resíduos suficientes aptos a ultrapassar os novos tetos estabelecidos, o que não é o caso dos autos, pois, obenefício do autor (fl.15) não está limitado ao teto.No entanto, ainda que o benefício da parte autora tenha sido limitado ao teto quando da concessão, não possui direito, jáque os índices de correção utilizados pelo INSS ano a ano foram corretos, o que deixou seu benefício inferior às limitações(teto) impostas pelas EC nºs 20/1998 e 41/2003 quando de suas vigências.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.Descabe condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 daLei nº 9.099/1995.Com o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se, com as precauções de praxe.P. R. Intimem-se.

Embora não haja nos autos informação sobre a limitação do salário de benefício ao teto vigente à época da concessão, asentença deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que a data deinício da aposentadoria da parte autora (DIB em 01/08/1990) é anterior a vigência da própria lei em questão (8.880/94),logo, carece de amparo legal a revisão pleiteada, eis que seu benefício é anterior a norma legal que pretende ver observadae seu primeiro reajuste ocorreu muito antes dela.

4. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso e mantenho a sentença.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária gratuita deferido à fl. 18.

Page 127: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

81 - 0105672-30.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105672-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROGERIO FREITAS(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0105672-30.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105672-7/01)RECORRENTE: ROGERIO FREITASADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

VOTO-EMENTA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de revisão dovalor da renda mensal de seu benefício previdenciário considerando, no primeiro reajuste posterior à concessão, o valor dosalário-de-benefício sem a limitação do teto, na forma do art. 21, § 3º da Lei nº 8.880/94. Alega o recorrente que a aplicaçãodo referido dispositivo legal deverá ocorrer sobre a média dos 80% maiores salários de contribuição e não sobre o saláriode benefício como entende o juiz de primeiro grau. Diz que o pedido é de revisão com incorporação, por ocasião doprimeiro reajuste após a concessão, da diferença percentual entre a média dos salários de contribuição e o limite máximoentão vigente, aplicando ainda como limitador máximo da renda mensal reajustada, a partir de janeiro de 2004, o valorfixado pela Emenda Constitucional nº 41/2003.

Eis o teor da sentença:(...)Conforme se infere da inicial, o objetivo da parte autora é que seja aplicado ao seu benefício o disposto no art. 21, § 3º, daLei nº. 8.880/94, in verbis:

Art. 21. Os benefícios concedidos com base na Lei nº 8.213/91, com data de início a partir de 1º de março de 1994, osalário-de-benefício será calculado nos termos do artigo 29 da referida lei, tomando-se os salários-de-contribuiçãoexpressos em URV.(...)§ 3º Na hipótese de a média apurada nos termos deste artigo resultar superior ao limite máximo do salário-de-contribuiçãovigente no mês de início do benefício, a diferença percentual entre esta média a o referido limite será incorporada ao valordo benefício juntamente com o primeiro reajuste do mesmo após a concessão, observado que nenhum benefício assimreajustado poderá superar o limite máximo do salário-de-contribuição vigente na competência em que ocorrer o reajuste.(destaquei)Em verdade, sua pretensão parte da premissa de que a “média” referenciada no dispositivo acima diz respeito ao resultadoobtido dos 80% maiores salários-decontribuição. Tal entendimento, contudo, é flagrantemente equivocado.Para se resolver a questão, imperioso que se faça uma análise histórica da legislação envolvida na discussão.Como se sabe, quando promulgada a Lei nº. 8.880 (maio de 1994), o teor do art. 29 da Lei nº. 8.213/91 era o seguinte:Art. 29. O salário-de-benefício consiste na média aritmética simples de todos os últimos salários-de-contribuição dos mesesimediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou da data da entrada do requerimento, até o máximo de 36(trinta e seis), apurados em período não superior a 48 (quarenta e oito) meses.Disto se extrai que, naquela época, o salário-de-benefício era obtido por meio de uma simples média aritmética – apenascom a incidência da Lei nº. 9.876/99 é que o método foi alterado, passando a prever a apuração pela média aritméticasimples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo,multiplicada pelo fator previdenciário.Ademais, em análise do art. 21 da Lei nº. 8.880/94, vê-se que seu caput trata de uma nova forma de calcular osalário-de-benefício, estipulando parâmetros para correção dos salários-de-contribuição anteriores à competência de marçode 1994 (data de início da URV).Em vista destas circunstâncias, parece-me óbvio que, ao fazer menção à “média apurada”, o supracitado § 3º está sereferindo ao montante do salário-de- benefício – e não à média dos 80% maiores salários-de-contribuição, fator de cálculocriado posteriormente à Lei nº. 8.880/94. Ou seja, apenas quando este instituto (salário-de-benefício) for maior do que o tetodo salário-de-contribuição é que se poderá falar em aplicação do chamado “incremento”. Não havendo limitação dosalário-de-benefício – qualquer que seja sua forma de apuração, antes ou depois da alteração promovida pela Lei nº.9.876/99 –, indevida a incidência do art. 21, § 3º, da Lei nº. 8.880/94.Feita esta explicação, verifico que, in casu, o salário-de-benefício da aposentadoria recebida pela parte autora não estevelimitado ao teto do salário-de-contribuição da época, razão pela qual é descabida a pretensão autoralRegistro, por fim, que o conhecimento do pedido em relação à eventual correção da tabela de cálculo utilizado pela JustiçaFederal só teria lugar em caso de procedência desta ação.Dispositivo:

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Ante todo o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido autoral, extinguindo o processo com resolução de mérito, nosmoldes do art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil.Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº.10.259/01).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões. Vindasestas, ou certificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

A sentença considerou que o salário-de-benefício da aposentadoria recebida pela parte autora não esteve limitado ao tetodo salário-de-contribuição da época, razão pela qual é descabida a pretensão autoral. Ocorre que o salário de benefício foisim limitado ao teto, conforme explicitado na carta de concessão de fls. 13/15, da qual consta a seguinte anotação:“(LIMITADO NO TETO)” (fl. 15; a anotação vem aposta logo após o valor do salário de benefício, apurado no montante de1.561,56).

A Contadoria, à fl. 55, informa que o autor está recebendo renda mensal de R$3.247,10, conforme demonstrativo de fl. 16(competência 06/2013), superior à que faria jus com o reajuste na forma do art. 21, § 3º da Lei nº 8.213/91 (R$ 3.239,43),pelo que concluiu que o INSS já efetuou o referido reajuste. Verifica-se, contudo, que o valor que o autor recebia emjunho/2013 corresponde à renda mensal já revista administrativamente em decorrência do novo teto estabelecido pela EC41/2003, conforme se vê às fls. 45/46.

A revisão administrativa ocorreu na competência 08/2011 (para R$ 2.882,30 – fl. 45), com pagamento das diferenças (fl.46). A revisão prevista no art. 21, § 3º da Lei nº 8.213/91, por sua vez, era devida desde o primeiro reajuste dobenefício concedido em agosto de 2002, ou seja, desde junho de 2003, conforme Portaria MPS nº 727, de 30/05/2003(DOU de 02/06/2003). Portanto, independentemente do valor recebido pelo autor após a “Revisão Teto (Emenda)”, poderiahaver valores a receber, relativos ao período compreendido entre o primeiro reajuste do benefício (junho de 2003) e areferida revisão administrativa (agosto de 2011). Ressalte-se que, como a ação foi ajuizada em 10/10/2013, estariamprescritas apenas as parcelas anteriores a 10/10/2008.

Ocorre que, conforme demonstrativo de cálculo da Contadoria, de fl. 55, o índice de reajuste aplicado em junho de 2003(1,0231) já contemplava a reposição do parágrafo 3º do artigo 21 da Lei nº 8.880/94. A renda mensal reajustada peloreferido índice (R$ 1.869,34) corresponde exatamente à recebida pelo autor, conforme se verifica nos cálculos por eleapresentados, à fl. 65.

7. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso e mantenho a sentença por fundamento diverso.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício deassistência judiciária gratuita deferido à fl. 18. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

82 - 0004085-62.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004085-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x IRENE DOS SANTOS DONASCIMENTO (ADVOGADO: ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN, ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA.).PROCESSO: 0004085-62.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004085-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHENRECORRIDO: IRENE DOS SANTOS DO NASCIMENTOADVOGADO (S): JOSE CARLOS BENINCA, JOANA FRANCISCO CLEN

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que determinou a incidência do INPC nacorreção monetária das parcelas vencidas de benefício previdenciário. Alega o embargante que, até a decisão definitiva demodulação de efeitos temporais da decisão proferida pelo Pleno do STF no julgamento da ADI 4425 e 4357 quanto àinconstitucionalidade da TR, não há uma definição de qual será o índice a ser adotado pela Suprema Corte quanto àcorreção monetária. Diz que adotar posicionamento quanto à matéria que se encontra pendente de resolução no STFimplicará violação do art. 102, § 2º, da CF/88.Não se configura a omissão/contradição apontada, pois a expectativa de manifestação do STF em momento supervenientenão tem o condão de paralisar o julgamento de todas as ações e recursos em curso no país até que tal ocorra. Não existenenhum comando nas decisões do STF no sentido de suspender o julgamento de qualquer recurso ou ação. Também nãofaria sentido deixar de aplicar qualquer índice de correção monetária ao valor das parcelas vencidas por não ter ainda semanifestado o STF sobre o índice aplicável. Assim é que não vejo pertinência na oposição dos presentes embargos.Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles NEGO PROVIMENTO.

Page 129: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

83 - 0002106-67.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002106-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR ALVES DASILVA (ADVOGADO: ES006121 - DULCE LEA DA SILVA RODRIGUES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).PROCESSO: 0002106-67.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002106-3/01)RECORRENTE: PAULO CESAR ALVES DA SILVAADVOGADO (S): DULCE LEA DA SILVA RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNES

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por PAULO CESAR ALVES DA SILVA, contra a sentença de fls. 60-61,que julgou improcedente o pedido inicial de concessão do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez.Alega o recorrente que a médica perita atestou, categoricamente, sua invalidez permanente para exercer a profissão queexercia antes da concessão do benefício de auxílio-doença. Requer, assim, a reforma da sentença.

2. Segue a sentença prolatada nos autos:

PAULO CESAR ALVES DA SILVA moveu ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, objetivando a concessão do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria porinvalidez, com pedido de antecipação de tutela.

(...)

Segundo se verifica no documento de fl. 54, o Autor já esteve em gozo do beneficio de auxílio-doença no período de19/09/2009 à 07/06/2010 (fl. 54)

Quanto à incapacidade, a perícia médica realizada (fls. 25/35) constatou que a parte autora padece de doença degenerativada coluna lombar e cicatriz de cirurgia para hérnia de disco a nível de L5-S1 (resposta ao quesito 1 do INSS), que, noentanto, não a incapacitam para exercer a atividade laborativa habitual.

Ademais, a parte autora foi reabilitada para exercer a função de auxiliar de escritório ou inspetor de trafego com restrição aoesforço físico, conforme informa na contestação (fls. 37/40). Sendo assim, está apta a exercer a função pela qual já foireabilitada, tendo em vista a conclusão da perícia (resposta ao quesito 6 do INSS).

Dispositivo

Do exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC, extinguindo ofeito com resolução do mérito.

(...)

3. Alega o recorrente é a de que a perita médica o considerou incapaz para a atividade que exercia antes dereceber auxílio-doença.

Ocorre que, conforme o teor do laudo, o autor foi reabilitado para a função de auxiliar de escritório; e no laudo afirma-se que“não existe incapacidade para trabalhos que não exijam força física muscular direcionada à coluna lombar do periciando...”(fl.30/31).

Dentro de tal contexto, concluo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95).

4. RECURSO IMPROVIDO. Sem custas e sem honorários advocatícios em face do deferimento da assistênciajudiciária gratuita. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

Page 130: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

84 - 0002847-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002847-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDEMIR CARLOS ZANI(ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES,ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANAMARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0002847-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002847-1/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ALDEMIR CARLOS ZANI, em face da sentença de fls. 106/107,que julgou improcedente o pedido inicial de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez desde 25/06/2008. O recorrentesustenta, preliminarmente, o cerceamento do direito de defesa, tendo em vista a ausência de realização de outra perícia naárea de oncologia. Requer, assim, a nulidade da sentença e o retorno dos autos ao juízo de origem para realização de novaperícia médica. No mérito, o recorrente alega ser portador de neoplasia maligna em diversas partes do corpo desde 1995 eque, apesar do procedimento cirúrgico para retirada de parte dos tumores em 2010, ainda sofre com as consequencias dadoença em diversas partes do corpo. Aduz que se encontra desempregado desde 2009 por não ser aprovado nos examesadmissionais e que a verificação da incapacidade laborativa não deve ser repassada ao perito do juízo, cabendoexclusivamente ao órgão julgador. Aduz, ainda, que os laudos particulares não poderiam ter sido afastados em face de umúnico relatório pericial demasiadamente incompleto e contraditório. Por fim, destaca as suas condições pessoais e sociaiscomo fator determinante da inaptidão laboral definitiva. Requer o provimento do recurso e a reforma da sentença, julgandoprocedente o pedido inicial.

2. O autor tem 63 anos (nasceu em 3/2/1951). Trabalhou como auxiliar de obras, auxiliar de serviços gerais,encarregado e zelador (CTPS, fls.13/15). Apresentou diagnóstico de carcinoma em 1995 (cf. exame de fl.56).Posteriormente, já em 2010, apresentou diagnóstico de neoplasia de glândula sub mandibular, conforme reconheceu operito judicial (fl.78). O autor recebeu auxílio-doença de 20/07/08 a 05/01/2009 e de 09/12/2010 a 26/01/2012.

3. Há nos autos documentos expedidos por médico vinculado ao Hospital Santa Rita (situado nesta capital),emitidos em datas diversas, sendo que o último deles foi posterior à cessação do 2º auxílio-doença (trata-se do atestado defl.30, emitido em 28/02/2012) que noticia o seguinte: “... foi submetido a tratamento cirúrgico neoplasia maligna de glândulasalivar e partes moles da face... e que ... encontra-se em tratamento oncológico nessa instituição e aguardando tratamentode outros tumores da face e braço.”

4. Não obstante tal informação, a perícia judicial, realizada poucos meses depois (setembro de 2012), apenasreferiu à neoplasia de glândula sub mandibular.

5. Há, destarte, dúvida relevante a respeito da existência de outras neoplasias malignas. Tal dado foi questionadopelo autor após o laudo e antes da sentença (fl.100). Não obstante, não foi efetivada quesitação complementar, nemdeterminada nova prova pericial. Dentro de tal contexto, reputo ter havido cerceamento de defesa.

6. DOU PROVIMENTO ao recurso do autor para ANULAR a sentença. Deverá haver reabertura da fase probatória,com realização de nova perícia e/ou formulação de quesitos suplementares, a respeito dos tumores de face e braçoreferidos no atestado de fl. 30 e mencionados na petição inicial (fl.2).

7. Sem honorários e sem custas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

85 - 0005307-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005307-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x NOEMIA AFONSO DE PAULA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).PROCESSO: 0005307-36.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005307-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: NOEMIA AFONSO DE PAULAADVOGADO (S): CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, contra asentença de fls. 140-144, que julgou parcialmente procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré aconceder o benefício de auxílio-doença no período de 23/05/2011 a 17/12/2012 (data do óbito). Alega o recorrente que aparte autora não estava incapacitada para o exercício das atividades laborativas, conforme resultados da perícia judicial e

Page 131: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

da perícia administrativa. Afirma que não há limitação para as atividades habituais do autor que enseje concessão debenefício por incapacidade. Ademais, o fato de o autor ter falecido três meses após a realização da perícia judicial éirrelevante, pois doença não é sinônimo de incapacidade. Sustenta que a parte autora não tem direito ao benefício, pois hápresunção de legitimidade e veracidade do ato administrativo atestando a capacidade laboral. Requer a reforma dasentença.2. A ação foi proposta por NILTON DA SILVA DE PAULA contra o INSS. O autor faleceu em 17/12/2012 (certidão deóbito de fls. 98-100), e teve por causa mortis: edema agudo pulmonar, provável arritmia cardíaca, cardiomiopatiahipertensiva, hipertensão arterial sistêmica. Faleceu aos 61 (sessenta e um) anos de idade. A última atividade exercida foide “motorista autônomo”. Esteve em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos de27/05/2008 a 15/09/2008 e 25/06/2009 a 25/08/2009.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Esclareço que o autor percebeu o benefício de auxílio-doença nos períodos de 27/05/2008 a 15/09/2008 e de 25/06/2009 a25/08/2009 (fl. 59).Registro que o autor da presente demanda faleceu em 17/12/2012, como consta na certidão de óbito à fl. 98. Instamencionar que a esposa do de cujus, Sra. Noêmia Afonso de Paula, requereu a habilitação nos autos com documentoacostado à fl. 117.(...)Exercia o autor a função de motorista de caminhão/ônibus como autônomo (fls. 01, 42 e 82), contando, à data do óbito em17/12/2012 (fl. 98), 61 anos de idade, referia possuir problemas ortopédicos e cardíacos.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada por médico ortopedista em23/12/2011 (fls. 42-44), foi constatado que o periciado apresentava capacidade laborativa, apesar de ser portador de artrosee discopatia da coluna lombar, afirmando apenas que a doença que o acometera possuía caráter degenerativo, de evoluçãolenta e normal a todos os seres humanos.Posteriormente, realizada a segunda perícia médica judicial, por médico cardiologista, em 21/09/2012 (fls. 81-85),constatou-se que o periciado apresentava quadro de hipertensão arterial sistêmica, no entanto, afirmou que tal enfermidadenão o incapacitava para o labor.Ainda na ocasião, informou o perito que o autor apresentava exame físico normal, compressão arterial controlada, semsinais de cardiopatia grave. No mais, afirmou que ele deveria evitar esforço físico intenso e sugeriu que mantivesse otratamento medicamentoso.No entanto, entendo que, no caso, a conclusão do expert não deve prosperar. Isso porque, três meses após a realização doexame pericial o autor veio a óbito, sendo a causa da morte a cardiomiopatia hipertensiva e a hipertensão arterial sistêmica,além de provável arritmia cardíaca (fl. 98).De fato, pela análise dos exames médicos acostados aos autos (fls. 19-27 e 128-131), principalmente, do laudo à fl. 21,datado de 01/08/2008, é possível verificar que o autor apresentava cardiopatia hipertensiva e que estava incapaz para olabor, de sorte que esta persistiu após a cessação do primeiro auxílio-doença em 15/09/2008 (fl. 59), conforme demonstraos demais laudos datados de 2009 a 2012.Saliento, por oportuno, que a perícia médica judicial tem o condão de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojulgador, o qual se utiliza de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade), bemcomo o próprio laudo pericial.Por outro lado, registro que o autor contribuiu como individual nos períodos: de fevereiro de 2007 a janeiro de 2010; dejunho de 2010 a agosto de 2010; e na competência de novembro de 2010 (fl. 59-65).Assim, fixo o termo inicial do benefício em 23/05/2011, data do requerimento administrativo de fl. 12, vez o demandanteapresentava a enfermidade incapacitante para o labor, de sorte que deveria ter gozado do benefício de auxílio-doençaquando em vida.Dessa forma, a dependente do de cujus faz jus ao recebimento das parcelas do benefício de auxílio-doença no períodoentre o requerimento administrativo e o falecimento (23/05/2011 a 17/12/2012).Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, condenando o Réu ao pagamento das parcelas dobenefício de auxílio-doença no período de 23/05/2011 (DER – fl. 12) a 17/12/2012 (data do óbito – fl.98).(...)4. A alegação de que a conclusão da sentença vai de encontro ao laudo do perito judicial não prospera. Conformeexplicitado pelo Juízo a quo, ainda que o perito tenha concluído pela inexistência de incapacidade, as demais provas dosautos avançam em outro sentido. Ou seja, a apreciação judicial não precisa (e nem deve) apoiar-se em apenas uma dasprovas produzidas nos autos. O laudo elaborado pelo perito judicial, por mais que seja imparcial, deve ser contrastado comas demais provas. Se assim não fosse, chegar-se-ia ao absurdo de entender que a conclusão da perícia médica vinculariao juiz. Ao que parece, esta é a pretensão do INSS, que não pode, sob pena de afronta à motivada decisão judicial, seradmitida.Por sua vez, o falecimento do autor originário em razão das enfermidades que apresentava não é irrelevante, como querfazer parecer o INSS. Realmente, o óbito ocorreu por complicações inerentes ao sistema cardiológico; com efeito, acertidão de óbito afirma que a causa da morte foi “edema agudo pulmonar, provável arritmia cardíaca, cardio miopatiahipertensiva, hipertensão arterial sistêmica” (fl.98).Para além disso, há laudos, contemporâneos ao requerimento administrativo (23/05/2011 – fl. 12), que indicam aincapacidade do autor, tais como: laudo de médico angiologista (fl. 28 – 10/05/2011) declarando que o paciente é portadorde insuficiência venosa, com dor, edema e necessita de repouso domiciliar; laudo de médico cardiologista (fl. 20 –16/06/2010) atestando que o autor é portador de cardiopatia hipertensiva severa, estando definitivamente incapacitado parao trabalho.A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas

Page 132: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal.5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor das parcelas vencidas. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].Inscrição Principal: 1.056.071.954-7 Inscrição Informada: 1.056.071.954-7

Nome: NILTON DA SILVA DE PAULA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 540.124.626-5 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 546.263.004-9 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 BEN 541.256.835-8 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

004 BEN 538.001.420-4 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

005 BEN 538.407.801-0 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

006 BEN 538.848.668-7 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

007 BEN 537.309.992-5 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

008 BEN 529.872.204-7 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

Page 133: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

009 BEN 528.858.969-7 1.056.071.954-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

010 CNPJ 27.056.175/0001-77 1.056.071.954-7 11/05/1976 23/09/1977 CLT 99999

DIRECAO EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS LTDA - ME

011 CNPJ 33.551.847/0007-09 1.056.071.954-7 07/11/1977 31/05/1978 CLT 99999

NAO CADASTRADO

012 CNPJ 28.055.226/0001-09 1.056.071.954-7 14/07/1978 20/01/1979 CLT 99999

VIACAO ALVORADA LTDA

013 CNPJ 27.165.554/0003-67 1.056.071.954-7 16/10/1984 30/06/1989 CLT 99999

»(EXT-NT) MUNICIPIO DE VILA VELHA

014 CI 1.113.821.851-5 05/1995 05/1995

015 CI 1.113.821.851-5 06/1995 04/1996

016 CI 1.113.821.851-5 06/1996 08/1996

017 CI 1.113.821.851-5 02/2007 07/2009

018 BEN 530.592.825-3 1.056.071.954-7 27/05/2008

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 15/09/2008

019 BEN 536.207.490-0 1.056.071.954-7 25/06/2009

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 25/08/2009

020 CI 1.113.821.851-5 09/2009 01/2010

Page 134: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

021 CI 1.113.821.851-5 06/2010 08/2010

022 CI 1.113.821.851-5 11/2010 11/2010

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

86 - 0002808-45.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002808-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JURACI ASTORI EFFGEN(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).PROCESSO: 0002808-45.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002808-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: JURACI ASTORI EFFGENADVOGADO (S): FELIPE SILVA LOUREIRO

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, contra asentença de fls. 104/107, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a conceder obenefício de aposentadoria por invalidez com DIB na data da sentença (16/08/2013). Alega o recorrente: 1) que foi violado odireito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal, tendo em vista que, após formulação de quesitocomplementar pelo Juízo, não se abriu vista dos autos, partindo-se para o julgamento de procedência do pedido; 2) que nãofoi restituído o prazo para apresentação de eventual proposta de acordo; 3) que a autora foi reabilitada para merendeiraescolar, podendo exercer sua atividade sem esforço, pois o perito judicial não constatou incapacidade total, apenaslimitações socioeconômicas; 4) que a conclusão da sentença vai de encontro à prova técnica produzida nos autos, pois oque restou efetivamente comprovado foi que a autora não está incapaz (nesse sentido opinou o perito em seu laudo originale na complementação). Requer a nulidade ou a reforma da sentença.2. A autora (JURACI ASTORI EFFGEN) nasceu em 01/05/1958. Na petição inicial informou ser “servente”. A autorarecebeu benefício de auxílio-doença entre 07/10/2005 e 20/01/2006 e entre 11/12/2006 e 15/08/2013.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)A autora, conta atualmente com 55 anos, alega apresentar diagnóstico de “escoliose com convexidade à direita, gás nointerior da articulação interapofisária esquerda aos Níveis L3-L4 e L4-L5; abaulamento discal difuso, tipo assimétrico, comestenose do forame intervertebral à direita L2-L3; abaulamento discal difuso em L3-L4; alterações degenerativasosteodiscais em L4-L5, associado a importante abaulamento discal difuso, com compressão da face anterior do saco durale redução da amplitude dos forames intervertebrais”.A autora recebe o benefício de auxílio-doença NB 518.856.780-2 desde 11/12/2006, com situação ainda ativa, conformeCNIS.(...)Cabe destacar que inexiste discussão nos autos em relação ao fato da parte autora ostentar a qualidade de segurada daPrevidência Social, bem como preencher a carência mínima exigida em lei para os benefícios em tela. Com relação aorequisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial, cujo laudo encontra-se às fls. 39/42 e laudocomplementar à fl. 103.O perito averiguou que a autora é portadora de artrose da coluna lombar com hérnias discais, sem alterações neurológicasnos membros inferiores, além de apresentar doença de Dupuytren. Verificou-se, assim, que a autora possui incapacidadepara o exercício de atividades que exijam esforço, motivo pelo qual foi reabilitada para a função de Merendeira Escolar.Ainda que o perito tenha concluído pela inexistência de incapacidade em razão da reabilitação, constato que a autorarecebe o benefício de auxílio-doença até a presente data, como forma de reconhecimento da existência de lesões que amantém incapaz para suas atividades.Ademais, a função de merendeira mostra-se incompatível com as limitações da autora, que necessita de fazer esforçosintensos para segurar panelas pesadas, por exemplo, bem como posturas inadequadas e prejudiciais a sua coluna.Desse modo, não obstante a perícia afirme pela inexistência de incapacidade total na autora, entendo que há incapacidadepara o exercício de qualquer função laborativa. Isso porque, embora esteja apta a atividades sem esforço, somam-se a tallimitação as circunstâncias socioeconômicas que a afastam de possível retorno ao mercado de trabalho, como a idade jáavançada (55 anos), o baixo grau de escolaridade (até a 2ª série) e o expressivo espaço de tempo (aproximadamente 07anos) em que a autora mantém as debilidades que a tornam incapaz total e definitivamente para o trabalho.

Page 135: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

(...)Com relação à data de início da concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, ora deferida, considerando que aautora recebe o benefício de auxílio-doença desde 11/12/2006, entendo cabível fixá-la a partir da data desta sentença,tendo em vista que ao perito judicial não foi possível precisar uma data de início da incapacidade total e definitiva da autora.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para condenar o INSS a conceder à autora JURACI ASTORI EFFGENo benefício de aposentadoria por invalidez com DIB na data desta sentença. Ressalto que deverão ser deduzidas eventuaisparcelas já pagas administrativamente à parte autora a título de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez no mesmoperíodo.Incidentalmente, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, nos termos do art. 4º da Lei n.º 10.259/01,tendo em vista o caráter alimentar, para que seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, devendo o INSS serintimado para proceder ao cumprimento, devendo comprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial nomesmo prazo.(...)4. Da nulidade da sentença.O INSS alega que a sentença é nula pelo fato de não ter sido intimado novamente para se manifestar após acomplementação do laudo médico pelo perito. O quesito complementar elaborado pelo Juízo foi o seguinte: intime-se operito para, no prazo de dez dias, esclarecer se a doença que acomete a autora é incapacitante para o exercício daatividade de merendeira de escola para a qual fora reabilitada, conforme informou o INSS à fl. 90. Em seu laudocomplementar, o perito informou que a autora foi reabilitada para merendeira escolar e esta declarou que pode exercer suaatividade sem esforço. Relatou, ainda, que foi apresentado exame de ressonância magnética com compressão radicularsem correspondência clínica. Concluiu que não há incapacidade para a atividade de merendeira, podendo exercer aprofissão sem restrição.Afasto a alegação de nulidade apontada pelo INSS.Ainda que tivesse sido concedido novo prazo para a autarquia, pelo teor do laudo complementar (favorável ao INSS)infere-se que a possibilidade de acordo seria a mesma que houve após a juntada do laudo principal. Não há como supor aexistência de interesse do INSS em transacionar se a conclusão do perito lhe era favorável. Caso fosse assim, o acordo játeria sido oferecido.5. Do mérito recursal: alegação de que a conclusão da sentença vai de encontro à prova técnica produzida nosautos.O argumento recursal foi abordado na sentença impugnada. Conforme explicitado pelo Juízo a quo, ainda que o peritotenha concluído pela inexistência de incapacidade em razão da reabilitação, o fato de a autora receber auxílio-doença (pagoadministrativamente pela autarquia) pressupõe que há incapacidade e que o INSS reconhece a existência de lesões. Ouseja, a apreciação judicial não precisa (e nem deve) apoiar-se em apenas uma das provas produzidas nos autos. O laudoelaborado pelo perito judicial, por mais que seja imparcial, deve ser contrastado com as demais provas (laudos particularesencartados pela parte autora, perícias administrativas realizadas pelo réu, concessões administrativas de auxílio-doença).Se assim não fosse, chegar-se-ia ao absurdo de entender que a conclusão da perícia médica vincularia o juiz. Ao queparece, esta é a pretensão do INSS, que não pode, sob pena de afronta à motivada decisão judicial, ser admitida.A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provasforam analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal.5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor das parcelas vencidas. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

87 - 0005743-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005743-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x VILMA APARECIDA EMILIO(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).PROCESSO: 0005743-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005743-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRARECORRIDO: VILMA APARECIDA EMILIOADVOGADO (S): JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença de fls. 75/81, que julgou procedente o pedido veiculado na inicial para condenar a autarquia-ré a conceder obenefício de aposentadoria por invalidez com DIB em 23/07/2009, data da primeira cirurgia feita no joelho.Alega o recorrente: 1) que a perícia médica judicial, realizada em 28/02/2013, não atestou incapacidade laboral; 2) que ofundamento para a concessão do benefício reside no fato de que a perícia administrativa (feita há mais de dois anos atrás)concluiu que a autora, naquela ocasião, estava incapacitada; 3) que o Juízo a quo está dando prevalência a um laudopericial produzido há mais de dois anos, em detrimento do recente laudo judicial que concluiu pela ausência deincapacidade laboral; 4) que os laudos periciais administrativos demonstram a evolução positiva do tratamento da autora,resultando na sua melhora e aptidão laboral; 5) não há laudos particulares que atestem a existência da incapacidade.Requer a reforma da sentença.2. A autora (VILMA APARECIDA EMILIO) nasceu em 09/12/1968. Na petição inicial afirmou ser “doméstica”.3. Destaco, a seguir, alguns pontos relevantes da sentença prolatada nos autos:

Page 136: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

(...)A parte-Autora justifica seu pedido inicial com o argumento de que padece de problemas ortopédicos nos joelhos,enfermidades que teriam retirado a sua capacidade laboral.O INSS, por meio de contestação tempestiva (fls. 34/40), alega que as perícias realizadas pelos médicos da Autarquia nãoconstataram a continuidade da incapacidade da requerente (mesmo após longo período de inatividade), cessando seubenefício.Em uma análise crítica aos elementos constantes nos autos, percebe-se que a parte-Autora realmente possui quadro deenfermidades incapacitantes. Senão vejamos.O Laudo produzido por perito nomeado pelo juízo (fls. 66/67) afirmou que a requerente apresentou exame de ressonânciamagnética do joelho esquerdo, datado de 2012, constatando rotura complexa de menisco no corno posterior e no corpo demenisco medial, com pequeno derrame articular. Porém, em sua opinião, não apresenta incapacidade laborativa.(...)Desta forma, considerando todo o conjunto probatório dos autos, discordo da conclusão do perito acerca da capacidade darequerente.Observa-se que o próprio laudo pericial aponta a existência do problema ortopédico (rotura complexa de menisco), já tendosido a demandante se submetido a cirurgia.Observa-se que os próprios laudos das perícias realizadas no âmbito do INSS (fls. 41/54) apontaram que o caso da Autoranecessitava de tratamento cirúgico, como, por exemplo, o laudo de fl. 48, que teceu a seguinte consideração: indicaçãocirúgica imediata em ambos os joelhos.Ocorre que tal tratamento é de natureza facultativa, nos termos do artigo 101 da Lei 8.213/91, não podendo ser a pessoaobrigada a se sujeitar a procedimento que envolve um grau de risco considerável, inclusive com possibilidade de sequelas.Contudo, a Autora submeteu-se a cirurgias em 23/07/2009 (fl. 49), 04/01/2010 (fl. 50) e 14/02/2010 (fls. 50/51), estando emgozo de benefício de auxílio-doença desde 27/05/2006.Em verdade, uma vez constatada que a afecção que estava a incapacitar a segurada dependia de procedimento cirúrgicopara solução, deveria ter sido concedido na esfera administrativa o benefício de Aposentadoria por Invalidez (ou, nomínimo, ter sido tentada a reabilitação para outra função sem a necessidade da operação, nos termos do artigo 62 da lei8.213/91), pois fazer de modo contrário, diga-se, conceder apenas o benefício temporário do auxílio-doença, é o mesmoque compelir o beneficiário, ainda que indiretamente, a submeter-se a tratamento que, por lei, é facultativo (artigo 101 dacitada Lei de Benefícios).Além disso, vale ressaltar que a requerente ficou afastada de suas atividades laborativas por mais de 4 (quatro) anos (NB516.983.268-7, concedido de 27/05/2006 a 17/02/2011), percebendo o benefício de auxílio-doença em virtude dosproblemas ortopédicos apontados.Nesse caso, entendo que em virtude do longo prazo de inatividade da parte-Autora poderia, ainda, ser aplicado, poranalogia, o disposto no artigo 188, §§ 1° e 2º da Lei 8.112/90, que dispõe no sentido de que as enfermidades nãosuscetíveis de tratamento no prazo máximo de 24 meses ensejam a aposentadoria por invalidez.Dispositivo.Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, EXTINGUINDO O PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nostermos do artigo 269, I do CPC, e condeno o Réu a:a) CONCEDER o benefício previdenciário de Aposentadoria por Invalidez à parte-Autora, Sra. VILMA APARECIDA EMILIO,CPF 083.565.957-70, nos termos da fundamentação acima exposta, com RMI a calcular pelo INSS, o qual terá comoDIB/DIP a data da primeira cirurgia feita no joelho (23/07/2009); com base em uma cognição exauriente, tendo em conta averossimilhança da alegação e o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação em relação à parte-Autora,confirmo a antecipação dos efeitos da tutela para determinar o cumprimento em caráter de urgência da obrigação de fazerdeterminada acima, devendo o requerido implantar o benefício de Aposentadoria à parte-Autora no prazo máximo de 30(trinta) dias a contar da intimação desta decisão, bem como comprovar, nos autos, o efetivo cumprimento nos 10 (dez) diassubsequentes à implantação, sob pena de desobediência;(...)4. Constam nos autos os seguintes laudos médicos particulares: 1) fl. 12 – laudo de médico ortopedista(24/01/2011) declarando que a autora encontra-se em fisioterapia por fascite plantar e bursite; 2) fl. 13 – exame deressonância magnética do joelho esquerdo, realizado em 20/06/2008, com hipótese diagnóstica de condropatia patelar grauIV, menisco medial subluxado internamente, notando-se degeneração mucinosa em seu corpo e corno anterior, sinaisantigos de estiramento/rotura parcial do ligamento colateral medial; 3) fl. 14 – laudo de ressonância magnética do joelhoesquerdo, realizado em 16/03/2009, com impressão diagnóstica de condropatia patelar grau IV, ruptura vertical no bordolivre do corno posterior do menisco medial, estiramento do ligamento colateral medial.A autora, intimada para juntar laudos médicos mais recentes (fl. 23), colacionou laudo de médico ortopedista, emitido em07/12/2011, demonstrando que possui fascite plantar bilateral e quadro de lesão meniscal em joelho esquerdo há mais deum ano (fl. 27).Por sua vez, o INSS encartou aos autos os laudos médicos periciais elaborados em sede administrativa, que ora resumo: 1)fl. 41 (19/06/2006): gonartrose do joelho / existe incapacidade; 2) fl. 42 (28/12/2006): gonartrose do joelho / existeincapacidade; 3) fl. 43 (20/03/2007): gonartrose do joelho / existe incapacidade; 4) fl. 44 (21/08/2007): gonartrose do joelho /existe incapacidade; 5) fl. 45 (13/02/2008): gonartrose do joelho / existe incapacidade; 6) fl. 46 (20/08/2008): gonartrose dojoelho / existe incapacidade / indicação de procedimento cirúrgico; 7) fl. 47 (02/03/2009): gonartrose do joelho / existeincapacidade / aguardando cirurgia; 8) fl. 48 (23/06/2009): gonartrose do joelho / existe incapacidade / indicação cirúrgicaimediata em ambos os joelhos; 9) fl. 49 (01/12/2009): gonartrose do joelho / existe incapacidade / aguarda cirurgia; 10) fl. 50(24/03/2010): gonartrose do joelho / existe incapacidade / cirurgia realizada em julho de 2009 (joelho direito) e em janeiro de2010 (joelho esquerdo) / cirurgias recentes em recuperação; 11) fl. 51 (08/06/2010): ainda com incapacidade temporária /operada novamente em fevereiro de 2010 por lesão meniscal; 12) fl. 52 (29/09/2010): discreta redução da extensão /

Page 137: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

cicatrizes nos joelhos; 13) fl. 53 (09/12/2010): tendinopatia aguda no pé direito / incapacitante; 14) fl. 54 (17/02/2011): dorinespecífica / exame físico e anamnese não confirmam o diagnóstico / incapacidade não caracterizada.O laudo do perito judicial (perícia realizada em 28/02/2013) concluiu pela capacidade da autora para o trabalho. Relatou operito que apesar de existir uma doença, ela não causa incapacidade para a atividade habitual. O perito analisou exame deressonância magnética de joelho esquerdo (2012) e apontou a seguinte conclusão: rotura complexa de menisco no cornoposterior e no corpo do menisco medial, sem rupturas do LCA, com pequeno derrame articular. Por fim, afirmou que aautora não apresenta déficits neurológicos aparentes ou atrofias musculares.A fundamentação da sentença pautou-se no longo prazo de recebimento do auxílio-doença (mais de 04 anos), assim comona necessidade de a autora ter de se submeter a procedimento cirúrgico, o que é vedado pelo art. 101 da Lei nº 8.213/91.Entendo que os argumentos utilizados para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez não se amoldam aocaso ora em análise. Realmente, a autora recebeu o benefício de auxílio-doença por mais de 04 anos, porém, nesteperíodo estava aguardando o procedimento cirúrgico. Não consta dos autos que a segurada foi obrigada a submeter-se àcirurgia. Não foi esse o motivo da suspensão do benefício. Conforme relatado nos laudos periciais administrativos, a autorapassou por três cirurgias nos joelhos, recuperando sua capacidade após o período pós-operatório. O fato de o segurado terpassado por procedimento cirúrgico (quando podia se recusar a fazê-lo) não lhe garante o recebimento de benefício naausência de incapacidade. Sendo assim, o fundamento de que a autora não é obrigada a submeter-se à cirurgia nãoprospera, visto que realizou a cirurgia porque sua própria vontade e, depois dela, recuperou-se, como bem demonstradonos laudos subsequentes.Por sua vez, o longo tempo transcorrido no recebimento do auxílio-doença, neste caso, não aponta no sentido de umaaposentadoria por invalidez. O período superior a 04 anos de recebimento de auxílio-doença foi necessário para que aautora pudesse fazer o tratamento, que optou por ser o cirúrgico, não sendo justificativa para que o benefício seja definitivo.Reforça a percepção de que a autora encontra-se capaz para o trabalho o fato de não constar nos autos qualquer examemédico ou laudo particular que declare a incapacidade para o trabalho habitual. Os dois laudos particulares do ano de 2011não apontam incapacidade, apenas atestam o seguinte teor: fl. 12 – laudo de médico ortopedista (24/01/2011) declarandoque a autora encontra-se em fisioterapia por fascite plantar e bursite; laudo de médico ortopedista, emitido em 07/12/2011,demonstrando que possui fascite plantar bilateral e quadro de lesão meniscal em joelho esquerdo há mais de um ano (fl.27).Ressalto que a autora ainda tem 45 anos de idade, sendo prematuro afastá-la do mercado de trabalho.Sendo assim, acolho as argumentações do INSS no sentido de que a autora não está incapaz para o trabalho, sendoindevido o benefício de aposentadoria por invalidez.5. RECURSO PROVIDO. Sentença reformada para julgar improcedente o pedido veiculado na inicial.REVOGO a antecipação dos efeitos da tutela.

Esta 1ª TR-ES aderia ao entendimento consolidado na súmula 51 da TNU, segundo a qual “os valores recebidos por forçade antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão danatureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.” Contudo, o STJ, em julgamento ocorrido em 12/02/2014, fixou a tesede que é dever do titular de direito patrimonial devolver valores recebidos por força de tutela antecipada posteriormenterevogada (Recurso Especial nº 1.401.560/MT, submetido à sistemática do artigo 543-C do CPC). Em vista do exposto, oINSS poderá cobrar os valores que adimpliu em cumprimento à decisão que antecipou os efeitos da tutela.Sem condenação em custas e honorários advocatícios. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

88 - 0101085-96.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.101085-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEBORAH CRISTINABARROS DA SILVA (ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIASCALZI PIVATO, ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIAFÁVARES, ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, ES014935 -RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DERPUT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIROROTHEN.).PROCESSO: 0101085-96.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.101085-1/01)RECORRENTE: DEBORAH CRISTINA BARROS DA SILVAADVOGADO (S): ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, FLAVIA SCALZI PIVATO, JOCIANI PEREIRA NEVES,KARIME SILVA SIVIERO, LARA CHAGAS VAN DER PUT, MAURA RUBERTH GOBBI, RENATA MILHOLO CARREIROAVELLAR, RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, TATIANA MARQUES FRANÇA, VERA LÚCIA FÁVARESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto por DEBORAH CRISTINA BARROS DA SILVA, contra a sentença defls. 73/75, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.Afirma a recorrente que não tem como retornar à sua atividade laboral, uma vez que sua doença causa dores insuportáveis,impedindo-a de ficar sentada por muito tempo ou em pé (fl. 02). Alega a recorrente que não consegue se inserir no mercadode trabalho atual diante de suas limitações (fl. 03). Requer realização de nova perícia médica na área de ortopedia e areforma da sentença para concessão do auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.2. A autora nasceu em 05/04/1976. Na petição inicial informou ser “representante de atendimento (desempregada)”.O pedido administrativo foi realizado em 22/08/2012 (fl. 30) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa. Apresente ação foi ajuizada em 21/12/2012.

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3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Exerce a demandante a função de vigilante/fiscal de loja (fls. 46-47), contando atualmente 37 anos de idade, referindopossuir problemas ortopédicos, a saber, bursite trocantérica.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia judicial realizada por médico ortopedista em 06/03/2013 (fls.45-48), foi constatado que a periciada apresentava capacidade laborativa, apesar de ser portadora de bursite do quadrilesquerdo, afirmando que ela não apresenta nenhuma alteração relacionada à sua patologia.Em impugnação ao laudo judicial (fls. 59-70), a autora pleiteia a designação de uma nova perícia com médico ortopedista,sob o argumento de que o laudo da perícia realizada fora incompleto e contraditório. Aduzi que não foi esclarecedor quantoàs limitações causadas pela patologia (bursite). No entanto, em resposta ao quesito 12 (doze), o perito, afirmou que ademandante não apresenta limitações funcionais.Ademais, o quadro clínico da requerente foi globalmente analisado pelo perito que, considerando a profissão da autora(vigilante de loja), atestou que este está apta ao trabalho, diagnóstico que condiz com a informação de que a demandanteencontra-se atualmente trabalhando, conforme demonstra o documento acostado à fl. 72. Posto isto, indefiro o pedido, pois,julgo suficientes as respostas aos quesitos judiciais às fls. 45-48, para o convencimento deste juízo.Desse modo, o argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicosparticulares que a confirma não pode prosperar a fim de invalidar a conclusão apresentada a partir da perícia judicial. Issoporque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deve ser constatada por períciamédica, pois o atestado médico particular equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventualdivergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.(...)A autora esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos de 19/06/2013 e04/07/2013 (previdenciário), de 30/09/2013 a 10/10/2013 (previdenciário) e 28/03/2014 a 07/04/2014 (por acidente detrabalho). Todos os períodos foram posteriores ao primeiro pedido administrativo. Atualmente está recebendoauxílio-doença por acidente de trabalho (DIB em 14/07/2014 e DCB prevista para 15/10/2014). As patologias quedemandaram a concessão do auxílio-doença foram, respectivamente: luxação, entorse e distensão das articulações e dosligamentos ao nível do punho e da mão (S63); nódulo mamário (N63); transtornos internos dos joelhos (M23); idem.A perícia judicial foi realizada em 06/03/2013. O perito judicial atestou a patologia da autora, mas não soube precisar a datade início, apenas relatou que consiste em um processo inflamatório que pode ser causado por postura, esforço ou tensãomuscular local (fl. 47), o que não dificulta a capacidade de exercer as atividades da vida diária e laborativas. Ao contrário doalegado pela recorrente, o laudo pericial (fls. 45-48) não foi sucinto. O perito descreveu a anamnese (histórico desde ossintomas iniciais até o momento da observação clínica), indicou a história profissional, fez exame físico, analisou examecomplementar e respondeu aos quesitos do INSS e do Juízo. Não há motivos para desconstituir as conclusões do peritojudicial.Em relação às condições pessoais da autora, verifico que esta tem apenas 38 anos de idade e encontra-se em plena idadelaboral, não havendo falar que a sua incapacidade deve ser analisada de acordo com os aspectos sociais e educacionais.Por fim, verifico que os períodos de concessão do benefício de auxílio-doença foram extremamente curtos, além de sereferiremm a patologias diversas da apresentada na inicial.A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provasforam analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal.5. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 36).É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]Inscrição Principal: 1.275.016.729-0Inscrição Informada: 1.275.016.729-0

Nome: DEBORAH CRISTINA BARROS DA SILVA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da Obra

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Pendente Trab

001 BEN 552.893.060-6 1.275.016.729-0 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 CNPJ 35.964.931/0001-94 1.275.016.729-0 04/01/1999 30/11/1999 CLT 39310

LIMA CAPACHOS E COMERCIO LTDA - ME

003 CNPJ 39.396.114/0001-38 1.275.016.729-0 01/08/2000 08/01/2002 CLT 39390

FIBRASISAL INDUSTRIA COMERCIO IMPORTACAO E EXPORTACAO

004 CNPJ 00.776.218/0001-32 1.275.016.729-0 20/01/2003 19/04/2003 CLT 39310

AJP DESINSETIZADORA LTDA - ME

005 CNPJ 05.301.913/0001-61 1.275.016.729-0 06/10/2005 07/11/2005 CLT 7243 CEI/Obra32.540.03811.7-0

M I SERVICE - SERVICOS DE INSTRUMENTACAO INDUSTRIAL EI

006 CNPJ 02.946.819/0001-71 1.275.016.729-0 09/11/2010 29/01/2011 CLT 5211

W.A. SERVICE EIRELI

007 CNPJ 02.917.443/0004-10 1.275.016.729-0 04/02/2011 08/11/2011 CLT 4223

BRASILCENTER COMUNICACOES LTDA

008 CNPJ 00.078.599/0001-86 1.275.016.729-0 04/12/2012 07/01/2013 CLT 5211

GERENCIAL BRASIL PARTICIPACOES E EMPREENDIMENTOS LTDA

009 CNPJ 30.094.114/0097-50 1.275.016.729-0 22/01/2013 27/03/2014 CLT 5173

UNIAO DE LOJAS LEADER S.A

010 BEN 602.220.624-7 1.275.016.729-0 19/06/2013

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 04/07/2013

011 BEN 603.505.888-8 1.275.016.729-0 30/09/2013

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 10/10/2013

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012 BEN 605.730.572-1 1.275.016.729-0 28/03/2014

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 07/04/2014

013 CI 1.275.016.729-0 04/2014 08/2014

014 BEN 606.928.987-4 1.275.016.729-0 14/07/2014

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 15/10/2014

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

89 - 0004610-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004610-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANES MARCIA FAZOLOGERALDINO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.).PROCESSO: 0004610-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004610-6/01)RECORRENTE: JANES MARCIA FAZOLO GERALDINOADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): GISELA PAGUNG TOMAZINI

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JANES MARCIA FAZOLO GERALDINO, contra a sentença de fls.58/61, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial de restabelecimento do auxílio-doença desde a data da cessaçãoadministrativa (30/07/2013) até 30/11/2013. Alega a recorrente que não houve a condenação em danos morais, pela injustacessação do benefício de ordem alimentar. Sustenta que a injusta privação de alimentos, provocada pela forma equivocadada decisão administrativa, gerou perturbação de ordem psicológica e evidentes danos morais. Requer a reforma dasentença para pugnar pela condenação do INSS ao pagamento do benefício de auxílio-doença até a data do efetivo retornoao trabalho, em março de 2014, bem como pagamento de indenização a título de danos morais.2. A autora nasceu em 01/02/1982. Na petição inicial afirmou ser “vigilante”. O pedido administrativo foi realizadoem 11/09/2013 (fl. 10) e não foi reconhecido o direito ao benefício, tendo em vista que não foi constatada a incapacidadelaborativa. Esteve em gozo de benefício previdenciário, conforme consulta ao CNIS, entre os períodos de 02/04/2013 a30/07/2013.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Nestes autos, a parte autora pede a condenação do INSS ao restabelecimento de auxílio-doença nº 601.258.100-2, desde asua cessação ocorrida em 30/07/2013 até que a autora possua condições de voltar plenamente à suas atividades laborais;bem assim, a condenação da Ré ao pagamento de indenização à título de danos morais.Em contestação, o INSS apresenta proposta de acordo (fls. 44/47).Intimada sobre a proposta de acordo, a autora quedou-se inerte, consoante se infere da certidão às fls. 57.(...)Oportuno salientar que a questão controvertida diz respeito a constatação ou não de incapacidade para o trabalho, eis quenão se questiona acerca da qualidade segurado e ao período de carência.In casu, a concessão do benefício fica adstrita ao resultado da perícia médica, a qual afirmou que a autora à época dacessação do benefício em 30/07/2013 (fl. 48), ainda estava incapacitada para exercer suas atividades laborais. Afirmando,contudo, que em novembro de 2013, restou comprovado, por exames apresentados pela parte autora que a fraturaencontrava-se no final da consolidação, estando em condições de alta (quesito 9 – fl. 35).Assim, considerando o parecer emitido pelo perito do Juízo (fl. 33/35), afirmando o início da incapacidade em 17/03/2013 etérmino em novembro de 2013, entendo que o pleito da autora é procedente, neste ponto, devendo seu benefício deauxílio-doença ser restabelecido em 31/07/2013 e cessado em 30/11/2013.Por fim, não assiste razão à parte autora no que concerne ao dano moral, eis que, o indeferimento, cessação, suspensãoadministrativo de qualquer benefício previdenciário, desde que pautados na norma e em pareceres técnicos dosservidores/peritos do órgão, ainda que posteriormente seja confirmado o equivoco não resulta necessariamente no direito àcompensação, até porque, apenas em razão disso, não há que se falar em dano à imagem. Isso porque, para qualquerrequerimento/pretensão há uma resposta do órgão; sendo negativa, ou seja, em conflito com o interesse do interessadoforma-se uma lide, para a qual o Estado-juiz, em caso de provocação, prestará a jurisdição.Dispositivo:Ante todo o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos autorais, extinguindo o processo comresolução de mérito, nos termos do art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para o fim de, nos termos da

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fundamentação, condenar a autarquia previdenciária a restabelecer o auxílio-doença nº 601.258.100-2 desde a data dacessação administrativa em 30/07/2013, determinando, desde já, sua cessação em 30/11/2013.(...)Em suma, os pedidos recursais referem-se à indenização por danos morais e ao pagamento de auxílio-doença entre30/11/2013 e março de 2014.5. No que se refere à prorrogação do período de recebimento do auxílio-doença, não merece prosperar o pleito darecorrente. Não há laudos particulares encartados aos autos que demonstrem a incapacidade em momento posterior a30/11/2013. Pelo contrário, há atestado médico de 17/11/2013 indicando a necessidade de afastamento por apenas setedias (fl. 18). A corroborar tal entendimento, ainda há nos autos laudo médico de 30/09/2013 solicitando prorrogação doafastamento laborativo por 45 (quarenta e cinco) dias (fl. 20). Ou seja, os laudos particulares e o laudo do perito do Juízoconvergem, aproximadamente, para um mesmo termo final de incapacidade – que seria o final de novembro de 2013.6. Em relação à indenização por danos morais, refuto as alegações recursais, visto que a autora não demonstrou oefetivo prejuízo extrapatrimonial que sofreu com a cessação do benefício.7. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Inscrição Principal: 2.017.490.221-7 Inscrição Informada: 2.017.490.221-7

Nome: JANES MARCIA FAZOLO GERALDINO -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 603.263.057-2 2.017.490.221-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 604.679.712-1 2.017.490.221-7 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 CNPJ 32.401.341/0001-65 2.017.490.221-7 19/04/2011 29/05/2014 CLT 5173

VISEL VIGILANCIA E SEGURANCA LTDA

004 BEN 601.258.100-2 2.017.490.221-7 02/04/2013

Page 142: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 30/07/2013

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

90 - 0006064-64.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006064-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.) x LISBERT THOM FERREIRA.PROCESSO: 0006064-64.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006064-3/01)RECORRENTE: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDEADVOGADO (S): LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTIRECORRIDO: LISBERT THOM FERREIRAADVOGADO (S):

VOTO-EMENTA

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO CONTRA DECISÃO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – ART. 5º DA LEI Nº 10.259/01 -AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO GRAVE E DE DIFÍCIL REPARAÇÃO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 527, II DOCPC.

Trata-se de recurso interposto pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA contra decisão proferida pelo juízo do 1ºJuizado Especial Federal, que concedeu antecipação de tutela para determinar que a ré suspendesse imediatamente odesconto nos proventos da autora referentes à devolução das parcelas supostamente percebidas pela mesma de formairregular após a vigência da Lei nº 10.887/04, no total de R$ 1.669,86, até julgamento final da demanda.

Alega a autarquia a incompetência absoluta do Juizado Especial Federal, pois a pretensão deduzida na demanda importaem anulação de ato administrativo que reviu os valores pagos a título de pensão e determinou a reposição ao erário dosvalores pagos indevidamente. Sustenta que a pretensão da parte autora encontra óbice na Lei nº 9.494/97, na Lei nº8.437/92 e na Lei nº 10.016/09. Alega que a Administração agiu albergada pelo seu legítimo poder-dever de autotutela, bemcomo que o caso não se enquadra na Súmula 34 da AGU, ante a ausência de errônea ou inadequada interpretação de lei,mesmo porque nunca houve ato formal expresso da Administração entendendo que as pensões não seriam corrigidas naforma da Lei nº 11.784/2008. Invoca, por fim, o princípio da legalidade e a vedação ao enriquecimento sem causa.

A admissibilidade do recurso interposto contra decisão que defere, ou indefere, antecipação dos efeitos da tutela (medidascautelares no curso do processo, na dicção do art. 4º da Lei 10.259/01) em ação que tramita em Juizado Especial Federal,há de ser aferida utilizando-se, por analogia, o sistema de recurso de agravo de instrumento, tal qual previsto no caput doartigo 522 do Código de Processo Civil.

A integração da lacuna existente na Lei n.º 10.259/01 não deve ser feita tal qual ocorre, por meio de norma infralegal (artigo59 da Resolução nº 01/2007 do TRF da 2ª Região), havendo disposição legal expressa para caso análogo.

O regime instituído pela Lei n.º 11.187/05 restringiu o manejo do agravo de instrumento, de modo que o agravo retido nosautos se tornou a regra geral. Não faria sentido admitir-se o recurso previsto na primeira parte do art. 5º da Lei n.º 10.259/01quando, em situação análoga, não se poderia admitir o agravo de instrumento, que seria faltamente convertido em retido,tendo por suposto a inexistência de risco de a decisão atacada causar lesão grave e de difícil reparação (artigo 527, II,CPC). Tal posicionamento iria de encontro aos critérios que orientam o processo no âmbito dos Juizados Especiais,notadamente os critérios da economia processual e celeridade.

No caso, a suspensão do desconto nos proventos da autora, por óbvio, não acarreta lesão grave ou de difícil reparação ajustificar o prosseguimento do recurso.

RECURSO NÃO CONHECIDO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

91 - 0004714-70.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004714-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEIDE MARA BARBOSAOLIVEIRA BARCELOS (ADVOGADO: ES002814 - JOAQUIM FERREIRA SILVA FILHO, ES005402 - ISABELLE LYSIANECICATELLI SILVA, ES018236 - LORISSE MARCELLE CICATELLI SILVA, ES010131 - RENATA SCHIMIDT GASPARINI,ES017441 - GIOVANNA PLESSIS CICATELLI SILVA, ES006243 - ANGELO RICARDO LATORRACA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0004714-70.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004714-3/01)RECORRENTE: CLEIDE MARA BARBOSA OLIVEIRA BARCELOSADVOGADO (S): JOAQUIM FERREIRA SILVA FILHO, ISABELLE LYSIANE CICATELLI SILVA, ANGELO RICARDOLATORRACA, RENATA SCHIMIDT GASPARINI, GIOVANNA PLESSIS CICATELLI SILVA, LORISSE MARCELLECICATELLI SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CLEIDE MARA BARBOSA OLIVEIRA BARCELOS, contra asentença de fls. 64-66, integrada pela sentença de fls. 84-86, que julgou improcedente o pedido de restabelecimento dobenefício de auxílio-doença, assim como o pedido de concessão das parcelas atrasadas referentes ao período denovembro de 2011 a fevereiro de 2012. Alegou a recorrente que, no dia da perícia médica, levou os laudos e examesmédicos para o perito, porém, este não ficou com nenhum dos documentos citados, o que prejudicou as respostas arespeito de sua incapacidade no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012. Argumentou que, se o perito realmentetivesse visto os laudos juntados na peça exordial, teria entendido que estava inapta no período em questão. Requereu adesignação de nova perícia para averiguar sua incapacidade no período acima indicado ou a reforma da sentença para queseja concedido o benefício.

2. A autora nasceu em 06/09/1975. Na petição inicial afirmou ser “operadora de caixa”. Recebeu benefício deauxílio-doença entre 04/12/2008 a 31/01/2009, 20/08/2011 a 03/11/2011 e 09/10/2012 e 01/11/2012.

3. Seguem os principais pontos abordados nas sentenças prolatadas nos autos:

Sentença de fls. 64-66

Trata-se de ação proposta por CLEIDE MARA BARBOSA OLIVEIRA BARCELOS em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, através da qual almeja a parte autora a condenação da referida autarquia ao restabelecimentodo benefício auxílio-doença e o pagamento de retroativos.

Alega ser portador de síndrome de dor miofacial, fato que a impede de exercer sua atividade profissional habitual deoperador de caixa de supermercado (fls. 1-36).

Contestação às fls. 59-60 em que a autarquia ré pugna pela improcedência dos pedidos ante a não constatação daincapacidade.

Laudo pericial ofertado às fls. 48-52 atesta não haver incapacidade para o trabalho habitual da autora.

(...)

Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo do r. perito judicial, com laudo ofertado às fls. 48-52,no qual restou atestado que a parte autora não atende aos requisitos médicos para recebimento de auxílio-doença.

Entendo ser salutar, a transcrição dos quesitos e respectivas respostas que autorizam a conclusão acima apontada:

“Resposta aos quesitos:1. A pessoa submetida ao exame pericial é portadora de alguma doença, lesão, seqüela, deficiência física ou mental?Qual?R: A autora é portadora de artrose da coluna cervical e lombar sem alterações neurológicas.2. Quais os principais sintomas que a pessoa examinada apresenta?R: Queixa dor na coluna.(...)10. A pessoa examinada tem, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer essa atividade habitual?Por quê?R: Sim, não tem alterações funcionais.(...)24. Discorrer sobre possíveis adaptações no posto de trabalho que permitiriam à pessoa examinada retomar a atividadelaborativa.

Page 144: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

R: Não necessita adaptações.”

Dessa forma, pelas conclusões apresentadas no r. laudo pericial não resta dúvida quanto à inexistência de incapacidade daautora para o exercício de suas atividades habituais, não tendo sido verificada tanto incapacidade temporária quantopermanente, parcial ou total, requisitos esses que são indispensáveis para a concessão do benefício pleiteado.

(...)

Assim sendo, conclui-se que a demandante não preenche os requisitos legais necessários para o restabelecimento dobenefício auxílio-doença por estar capacitado para o seu trabalho habitual.

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS AUTORAIS, extinguindo o processo com resolução de mérito,nos moldes do art. 269, I, do Código de Processo Civil.

(...)

Sentença de fls. 84-86

Após prolação da sentença de improcedência do pedido autoral, a autora opôs Embargos de Declaração, aduzindo que opronunciamento incorreu em erro material por contradição e omissão (art. 535, II do Código de Processo Civil), ao nãoconceder o benefício previdenciário atualmente ao invés de verificar se a autora teria direito a receber os valores referentesaos meses em que ficou sem receber o auxílio-doença (de novembro/2011 a fevereiro/2012). Para tanto, a demandantealega que comprovou a incapacidade laboral no período controvertido.(...)Compulsando os autos, verifico que, realmente, o dispositivo e a fundamentação da sentença supracitada estão eivados deerro material por omissão, porquanto o pedido principal da parte autora consistia especificamente em receber asimportâncias do benefício previdenciário supostamente devido de novembro/2011 a fevereiro/2012.Diante de tal omissão, ordenou-se o esclarecimento por parte do perito responsável para que a questão controvertida fosseesclarecida. Em resposta a essa decisão, o perito ratificou sua conclusão pericial, com base nos exames apresentados e naavaliação clínica, e afirmou que no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012 não havia incapacidade laboral.Vale ressaltar que o perito tem acesso aos laudos médicos anexados aos autos e realiza anotações sobre a o que foiconstatado na perícia judicial sobre todos os laudos e exames apresentados na data da perícia. Isso porque o perito devemanter tais informações com anotações para apresentar o laudo pericial em juízo.Além disso, o especialista possui conhecimento técnico e prático necessário para verificar a condição clínica ao autordevidamente. Portanto, não cabe a alegação autoral de que o perito não analisou os laudos apresentados, haja vista que opróprio perito citou os laudos analisados na data da perícia.Ademais, em resposta aos quesitos do autor (fls. 50-51), o médico informou que era possível a autora manter o tratamentofisioterapêutico enquanto trabalhava sem necessidade de manter o afastamento (quesitos 1 e 4) e também que a pequenaenfermidade alegada pela autora, de qualquer forma, não impedia seu labor (quesito 6).Por fim, não assiste razão às alegações da autora no sentido de que o perito não tem as informações necessárias paraesclarecer o ponto controvertido questionado nos embargos declaratórios. A conclusão do perito (fl. 75), por conseguinte, ésuficiente e implica na negativa do direito requerido pela autora.Assim, a omissão foi reconhecida para que a perícia fosse esclarecida, mas deverão ser mantidas as conclusões dasentença de fls. 64-66.Por último, é imprescindível apontar que a requerente não faz jus ao recebimento das parcelas atrasadas referentes aoperíodo de novembro/2011 a fevereiro/2012, conforme justificado alhures.Dispositivo:Ante o exposto, conheço dos Embargos de Declaração de fls. 69/71 e DOU-LHES PROVIMENTO, apenas para acrescer asrazões acima ao julgado objurgado, mantendo inalteradas, contudo, as conclusões do pronunciamento e julgarIMPROCEDENTE o pedido de concessão das parcelas atrasadas referentes ao período de novembro/2011 afevereiro/2012.

4. O ponto fulcral do presente recurso é a discussão a respeito da incapacidade da autora no período compreendidoentre novembro de 2011 e fevereiro de 2012, interregno temporal no qual não recebeu o auxílio-doença, nem exerceuatividade remunerada.

A conversão do presente julgamento em diligência para realização de nova perícia médica com intuito de averiguar aalegada incapacidade entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012 não é pertinente. Passados mais de dois anos doperíodo em questão, torna-se praticamente impossível para o médico atestar incapacidade pretérita.

O médico perito afirmou que não havia incapacidade neste período (fl. 75). A autora impugna tal declaração, afirmando queo perito não ficou com nenhum dos exames e que a resposta não se apóia em nenhum subsídio concreto.

Há nos autos os seguintes laudos particulares encartados (entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012):

(1) fl. 10 (24/01/2012): paciente encontra-se em tratamento de síndrome da dor miofacial; apresenta hérnia discalC6-C7 e protusão discal C4-C5; queixa de dor importante tipo queimação, espasmo muscular paravertebral cervical elimitação da mobilidade articular do ombro esquerdo e coluna cervical ; medicada, encaminhada à acupuntura e orientada a

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manter-se afastada de suas atividades laborativas por mais 90 dias.(2) fl. 12 (11/11/2011): paciente evoluindo com melhora lenta, porém progressiva com o tratamento empregado.Apresenta dor residual, espasmo muscular paravertebral cervical e limitação da mobilidade articular do ombro esquerdo.Medicada e encaminhada à acupuntura e orientada a manter-se afastada de suas atividades laborativas por mais 90 dias.(3) fl. 13 (14/02/2012): idêntico ao laudo emitido em 24/01/2012.(4) fl. 13 (14/02/2012): encaminhamento de neurocirurgião para o INSS – deve evitar pegar peso, ficar muito temposentado, em pé ou em posição viciosa, sob risco de agravamento do quadro clínico. À perícia médica para avaliação decapacidade laborativa.(5) fl. 14 (28/02/2012) - laudo médico do cirurgião de ombro e joelho (o mesmo que emitiu os laudos citados nosnúmeros 1, 2 e 3), declarando que a paciente encontrava-se em condições de retorno às suas atividades laborais.(6) fl. 14 (04/11/2011) - idêntico ao laudo emitido em 11/11/2011.(7) fl. 15 (12/12/2011 e 24/01/2012): laudos emitidos pelo neurocirurgião com teor idêntico ao laudo emitido em14/02/2012.

A perícia médica judicial foi elaborada em 10/10/2012 (laudo nas fls. 48-51). O perito fez menção expressa ao exame deressonância magnética da coluna vertebral, realizado em 05/12/2011, com hipótese diagnóstica de herniação discalcomprimindo o saco dural. Afirmou, ainda, o perito, que a autora trabalhava como caixa de supermercado, não havendonecessidade de esforço físico acentuado, além de trabalhar sentada.

Ao analisar os documentos particulares encartados aos autos pela autora, verifico que, entre eles, há contradição: em24/01/2012, o médico afirmou que sua paciente necessitava de 90 dias de afastamento, mas, praticamente um mês depois(28/02/2012), afirmou que a autora encontrava-se em condições de retorno às suas atividades laborais. Ademais, oneurocirurgião encaminhou a paciente para avaliação da capacidade laborativa, mas não declarou a sua incapacidade.

Diante de tais argumentos, e daqueles lançados pelo Juízo a quo em suas fundamentações, reputo que a incapacidade darecorrente perdurou apenas até 03/11/2011. Os laudos particulares não representam elementos suficientes para afastar aconclusão da perícia administrativa e a conclusão do laudo pericial.

5. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

92 - 0002908-97.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002908-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIVALDO PEREIRA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIANBERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0002908-97.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002908-6/01)RECORRENTE: EDIVALDO PEREIRAADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado, interposto por EDIVALDO PEREIRA, em face da sentença de fls. 74/76, quejulgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente que, emrazão dos problemas nas articulações, sente muita dor remitente, com irradiação para os membros inferiores e superiores,como também limitação dos movimentos e impotência funcional, além de dificuldade para deambular e edema. Argumentaque em sua atividade laborativa precisa andar muito, ficar muito tempo de pé e carregar peso, exigências que não podemser realizadas frente suas diversas moléstias. Diz que a artrose que o acomete é espondilodiscouncoartrse cervical,caracterizada por causar muita dor no pescoço. Ademais, prossegue, possui gastrite crônica e úlcera duodenal, moléstiasque se caracterizam por dores estomacais e na região do abdômen, pelo que seriam necessárias perícias em outrasespecialidades para que seu estado de saúde seja mais bem avaliado. Sustenta que o magistrado deve também vislumbrarem sua decisão as condições pessoais e a realidade social em que a parte autora se encontra. Invoca o princípio dadignidade da pessoa humana. Pede a reforma da sentença e a concessão do benefício de auxílio-doença.2. O autor nasceu em 30/09/1955. Na petição inicial afirmou ser “vendedor ambulante”. O pedido administrativo foirealizado em 20/08/2010 (fl. 20) e indeferido pela não constatação de incapacidade laborativa.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)O autor, através da Defensoria Pública da União, requereu (60-66) a designação de nova perícia médica, devido a váriasoutras doenças que o incapacitariam. Intimado para informar qual a especialidade a ser designada a referida perícia, e paraapresentar laudos e exames que corroborassem a doença incapacitante, o autor manteve-se inerte. Logo, indefiro orequerimento, e passo a decidir com os elementos constantes dos autos.Exerce a parte autora a função de vendedor ambulante, contando atualmente 57 anos de idade, referindo problemasortopédicos, principalmente em sua coluna lombar e em seu ombro direito.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls. 40-43) foi constatada que aparte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar sua doença, afirmando-se apenas que a

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doença que a acomete possui caráter degenerativo (de evolução lenta e normal a todos os seres humanos), apresentandoo autor mobilidade normal das articulações, sem nenhum sinal clínico de compressão nervosa e/ou de alteraçõesfuncionais, ratificando os exames complementares.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosocio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.Intimem-se.5. O perito judicial afirmou que o autor apresenta “queixa dor no ombro direito sem alterações funcionais” (quesito1), “não apresenta alterações clínicas” (quesito 4), possui “boa flexão lombar sem alterações neurológicas de membrosinferiores e sem perda de força nas pernas e pés”, bem como “boa mobilidade dos dois ombros sem hipotrofiasmusculares” (exame físico) e conclui que “o autor tem mobilidade normal das articulações, sem nenhum sinal clínico decompressão nervosa, ratificando os exames complementares” (conclusão). Não se detectou, portanto, nenhum sinalevidente nos exames complementares e no exame clínico de que a dor da qual o autor se queixa seja incapacitante.Também não se verificou limitação nos movimentos.6. O laudo encontra-se suficientemente motivado. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não vejo como, à luz do teor dos laudos particulares que há nos autos, excluir a conclusão a que chegou o perito do Juízo.7. O autor requereu, na inicial, a designação de perícia médica na especialidade de ortopedia e, conformeressaltado na sentença, após intimado, no curso do processo, para indicar a especialidade da nova perícia médicarequerida, quedou-se inerte. De qualquer forma, não há nos autos nenhum documento médico que ateste incapacidadedecorrente de gastrite crônica ou úlcera duodenal.8. Ressalte-se, por fim, que o julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando nãoreconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual, conforme Súmula 77 da TNU.9. RECURSO IMPROVDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita (fl. 30). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

93 - 0006203-45.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006203-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ALCINEIA BARCELLOS (ADVOGADO:ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0006203-45.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006203-0/01)RECORRENTE: ALCINEIA BARCELLOSADVOGADO (S): MARCELA BRAVIN BASSETTO, MARIA DA CONCEICAO CHAMUN, MARCELO CARVALHINHOVIEIRARECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S):

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por ALCINEIA BARCELLOS e pelo INSS, em face da sentença defls. 129/132, que julgou parcialmente procedente os pedidos de averbação de tempo de atividade especial, reconheceuparte do período requerido pela autora e condenou a autarquia-ré a revisar a renda mensal inicial do benefício deaposentadoria por contribuição.

1.1. Alega a autora que em sua ação pediu o reconhecimento do tempo de serviço especial trabalhando em meio àexposição de ruído acima de 85 dB. Informa que a sentença reconheceu em parte os períodos pleiteados, com exceção doque se refere ao período que compreende entre 06/03/1997 a 18/11/2003. Argumenta que o princípio tempus regit actumnão deve ser aplicado ao caso em tela, visto que posteriores estudos médicos levaram ao reconhecimento que a exposiçãoacima de 85 dB é prejudicial à saúde. Neste sentido, aponta afronta ao caput artigo 57 da Lei de Benefício, já que sob talcondição já havia condições prejudiciais à saúde mesmo quando ainda não reconhecido, e que o posterior reconhecimento

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da condição ofensiva à saúde, sem aplicação do decreto com efeito ex tunc representa situação paradoxal. Requer oprovimento do recurso, reformando a sentença para declarar como especial o período entre 05/03/1997 a 18/11/2003 e aprocedência do pedido de concessão de aposentadoria especial.

1.2. A autarquia-ré, por sua vez, alega que o perfil profissiográfico previdenciário (PPP) demonstra a utilização de EPI(fl. 61) eficaz. Questiona por qual finalidade a legislação previdenciária (§2º do art. 58 da Lei 8.213/91) exige informaçõesacerca do uso e da efetividade do EPI, que não seja a de atestar se há ou não ocorrência de efetivos danos à saúde doautor. Aduz, ainda, que a sentença que reconheceu o trabalho especial do autor, sem considerar as informações do PPPacerca do uso eficaz de EPI, acabou por violar o princípio da preservação do equilíbrio financeiro e atuarial (art. 195, § 5º eart. 201, § 1º da Constituição Federal). Nesta esteira, aponta que a decisão, ao atribuir o tempo de aposentadoria especialsem que tenha havido contribuição especial do empregador, afronta à reserva legal, pois concede benefício outro, já que anorma possui clareza e deveria, portanto, o juiz ser o autômato da lei. Requer o provimento do recurso para que sejamjulgados totalmente improcedentes os pedidos formulados pela parte autora.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação visando ao reconhecimento de tempo de serviço especial para fins de concessão de aposentadoriaespecial ou, subsidiariamente, de revisão da renda mensal inicial de aposentadoria por tempo de contribuição.

A autora pediu a declaração de tempo de serviço especial no período de 8/10/1981 a 16/10/2008. Verifico, porém, que oINSS já efetuou administrativamente o enquadramento de atividade especial no período de 8/10/1981 a 5/3/1997 (fl. 117).Assim, a controvérsia restringe-se ao interstício de 6/3/1997 a 16/10/2008.

Para comprovar condição especial de trabalho nesse período, a autora apresentou PPP e laudos técnicos emitidos pelaempresa Chocolates Garoto S.A. (fls. 24/32). Os documentos atestam exposição a ruído nos seguintes níveis médios:

Período: Leq:06/03/1997 a 30/04/1999 88,11 dB(A)01/05/1999 a 16/10/2008 88,11 dB(A)

O ruído só se caracteriza como agente agressivo à saúde quando ultrapassa determinado limite de tolerância. A definiçãodesse limite variou ao longo do tempo. Conforme a legislação previdenciária vigente na época da prestação do serviço,considera-se tempo de serviço especial aquele durante o qual for comprovada a exposição do segurado a ruído em nívelequivalente de pressão sonora igual ou superior a:

80 dB(A) até 5.03.1997, de acordo com o Decreto nº 53.831/6490 dB(A) entre 6.03.1997 e 18.11.2003, de acordo com os Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/9985 dB(A) a partir de 19.11.2003, de acordo com o Decreto nº 4.882/2003, que alterou o Decreto nº 3.048/99

Não há controvérsia sobre a aplicabilidade do Decreto nº 4.882/2003 (limite de 85 db) para trabalho prestado após19/11/2003. Entretanto, ainda é polêmica a possibilidade de o Decreto nº 4.882/2003 ser aplicado retroativamente.

A TNU adotou o entendimento de que o Decreto nº 4.882/2003 aplica-se retroativamente, para fixar o limite de tolerância aoruído em 85 dB(A) no período de 6/3/1997 a 18/11/2003, afastando a aplicação do Decreto nº 2.172/97. Por isso, revisousua Súmula nº 32 com a seguinte redação: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial,para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, acontar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003,quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído” (DOU 14/12/2011).

Essa orientação, porém, diverge da jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça. A Quinta e a Sexta Turmasdaquela Corte têm negado retroatividade à norma regulamentadora, adotando entendimento favorável ao INSS:

“PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. EXPOSIÇÃO A RUÍDOS.DECRETO 4.882/2003. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE.1. É considerada especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 decibéis até a edição do Decreto2.171/97. Após essa data, o nível de ruído tido como prejudicial é o superior a 90 decibéis. A partir do Decreto 4.882, de18.11.2003, o limite de tolerância ao agente físico ruído foi reduzido para 85 decibéis, não havendo falar em aplicaçãoretroativa dele, uma vez que o tempo de serviço é regido pela legislação vigente à época em que efetivamente prestado olabor. 2. Recurso Especial provido para determinar que o reconhecimento e a conversão de tempo de serviço especial, nocaso de exposição a ruído, observem a legislação vigente na época da prestação dos serviços.” (REsp 1.355.702-RS, Rel.Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 19/12/2012)

“PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO. CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL. TEMPUS REGIT ACTUM. DECRETON. 3.048/1999. ALTERAÇÃO PELO DECRETO N. 4.882/2003. NÍVEL MÍNIMO DE RUÍDO. LEGISLAÇÃO VIGENTEAOTEMPO EM QUE O LABOR FOI EXERCIDO. RETROATIVIDADE DE LEI MAIS BENÉFICA. IMPOSSIBILIDADE.AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. AGRAVO DESPROVIDO. I - Para fins de reconhecimento de tempo deserviço prestado sob condições especiais, a legislação aplicável, em observância ao princípio do tempus regit actum, deveser aquela vigente no momento em que o labor foi exercido, não havendo como se atribuir, sem que haja expressa previsão

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legal, retroatividade à norma regulamentadora. II - Este Superior Tribunal de Justiça possui pacífica jurisprudência nosentido de não admitir a incidência retroativa do Decreto 4.882/2003, razão pela qual, no período compreendido entre05/03/1997 a 18/11/03, somente deve ser considerado, para fins de reconhecimento de atividade especial, o laborsubmetido à pressão sonora superior a 90 decibéis, nos termos dos Decretos n.º 2.172/97 e 3.048/99, vigentes à época.Precedentes. IV – Agravo interno desprovido.” (AGRESP 1.263.023, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma , DJe 24/05/2012)

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. CÔMPUTO.LEI EM VIGOR AO TEMPO DO EFETIVO EXERCÍCIO. DECRETO 3.048/1999 ALTERADO PELO 4.882/2003.RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O entendimento pacificado pelas Turmas componentes da Terceira Seção destaCorte Superior é no sentido que o tempo de serviço é regido pela legislação em vigor ao tempo em que efetivamenteexercido, o qual é incorporado ao patrimônio jurídico do segurado, que não pode sofrer prejuízo em virtude de inovaçãolegal. 2. É certo que o Decreto n. 4.882/2003, ao alterar o item 2.0.1 de seu anexo IV do Decreto n. 3.048/1999, reduziu olimite de tolerância do agente físico ruído para 85 decibéis. No entanto, sua observância se dará somente a partir de suaentrada em vigor, em 18/11/2003. Desta forma, não há como atribuir retroatividade à norma regulamentadora sem expressaprevisão legal, sob pena de ofensa ao disposto no artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil. 3. Agravo regimental a quese nega provimento.” (AGRESP 1.127.088, Rel. Honildo Amaral Castro (Desembargador convocado do TJ/AP), QuintaTurma, DJE 06/12/2010.)

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇOESPECIAL EM COMUM. ATIVIDADE INSALUBRE. NÍVEL MÍNIMO DE RUÍDO. IRRETROATIVIDADE DO DECRETO4.882/03. 1. No período de 06/03/1997 até 18/11/2003 o índice de ruído a ser considerado, para fins de conversão de tempode serviço especial em comum, é de 90 dB, não sendo possível a incidência retroativa do Decreto 4.882/2003. 2. Agravointerno ao qual se nega provimento.” (AGRESP 1060781, Rel. CELSO LIMONGI (Desembargador convocado do TJ/SP),Sexta Turma, DJE 18/10/2010)

No mesmo sentido: AGRESP 1206376, Rel. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO, QUINTA TURMA, DJE 16/11/2010;RESP 1105630, Rel. JORGE MUSSI, Quinta Turma, DJE 03/08/2009.

Contra as decisões da TNU, o INSS tem interposto novo incidente de uniformização de jurisprudência com base no art. 14,§ 4º, da Lei nº 10.259/01 arguindo, com razão, contrariedade à jurisprudência dominante do STJ. Havendo divergência entrea jurisprudência da TNU e a jurisprudência do STJ, prevalece esta última.

Considero que o limite de tolerância ao ruído no período de 6/3/1997 a 18/11/2003 era de 90 dB(A), porque o Decreto nº4.882/2003, que reduziu o limite para 85 dB(A), não pode ser aplicado retroativamente.

Consequentemente, cabe reconhecer condição especial de trabalho apenas no período de 19/11/2003 a 16/10/2008.

O INSS, porém, defendeu que o PPP atesta o uso de EPI eficaz, o que afastaria o direito ao reconhecimento de tempoespecial. Não obstante, a Turma Nacional de Uniformização uniformizou entendimento em sentido contrário. Decidiu que oDecreto nº 4.882/2003 “em nada elide o seu entendimento consolidado na referida Súmula 09. Ou seja, ainda que o EPIneutralize por completo o agente nocivo, é de se considerar a especialidade, vez que, para o fim previdenciário, o que sereleva é a submissão do trabalhador a um risco potencial – e não efetivo – de laborar sob condições agressivas à suasaúde, independentemente do período pleiteado, seja anterior ou posterior ao Decreto 4882/03” (Processo nº2007.83.00.504986-1, Rel. Paulo Arena, DOU 29.06.2012). Também decidiu que “o fato da Súmula 09 da TNU ter sidoeditada em 10/03 e ter sido publicada em 05/11/03, antes da edição do Decreto nº 4.882, de 18/11/03, a superveniênciadeste texto não alterou o entendimento exarado” (Processo nº 2008.50.50.002583-1, Rel. Paulo Arena, DOU 20.04.2012).

Com base na orientação jurisprudencial da TNU, admito que o uso de EPI eficaz, mesmo durante a vigência da Lei nº9.732/98 ou do Decreto nº 4.882/03, não pode descaracterizar a condição especial de trabalho.

Conclusão

Enfim, além do período já reconhecido administrativamente (8/10/1981 a 5/3/1997), a autora tem direito ao enquadramentode atividade especial apenas no interstício de 19/11/2003 a 16/10/2008. O somatório dos períodos de atividade especialequivale a 20 anos, 3 meses e 26 dias. Como não completou 25 anos de tempo de serviço especial, a autora não temdireito à aposentadoria especial.

Porém, faz jus à revisão da renda mensal inicial de sua aposentadoria por tempo de contribuição. A conversão do tempo deserviço especial referente ao período de 19/11/2003 a 16/10/2008 em tempo de serviço comum, mediante aplicação dofator de conversão 1,2, representa um acréscimo de 11 meses e 23 dias. Somados aos 30 anos, 11 meses e 27 diascomputados administrativamente pelo réu (fl. 117), a autora completou, até a data do requerimento administrativo, 31 anos,11 meses e 20 dias de tempo de contribuição.

Considerando que o tempo de contribuição é uma das variáveis que influenciam o cálculo do fator previdenciário (art. 29, §7º, da Lei nº 8.213/91), a renda mensal inicial da aposentadoria deve ser revisada.

Dispositivo

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Extingo o processo sem resolução de mérito (art. 267, VI, CPC) em relação ao pedido de declaração de tempo de serviçoespecial no período de 8/10/1981 a 5/3/1997.

Julgo improcedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial no período de 6/3/1997 a 18/11/2003.

Julgo procedente o pedido de declaração de tempo de serviço especial no período de 19/11/2003 a 16/10/2008.

Julgo improcedente o pedido de conversão da aposentadoria por tempo de contribuição em aposentadoria especial.

Julgo procedente o pedido para condenar o réu a revisar a renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuição,com base no tempo de contribuição de 31 anos, 11 meses e 20 dias, com efeitos financeiros retroativos à data de início dobenefício.

Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009). O somatório dasprestações vencidas até a data do ajuizamento da ação fica limitado a 60 salários mínimos.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Recurso do INSS.

3.1. Uso de EPI eficaz. Como bem observou a sentença recorrida, a TNU, em 2012, fixou sua jurisprudência nosentido de que o advento do Decreto nº 4.882 de 18/11/2003 não alterou ou superou o entendimento que a referida Turmaconsolidou em sua súmula nº 09 (TNU, Processo nº 2008.50.50.002583-1).

3.2. Alegação de violação aos princípios do equilíbrio atuarial e financeiro e da prévia fonte de custeio.

O INSS aduziu que “... buscando preservar o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário, onerado com opagamento de benefício com tempo de serviço inferior ao ordinário, o § 6º do artigo 57, da LBPS estipula que: “o benefícioprevisto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Leinº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme aatividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinteou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.” (fl. 146).

O artigo 22 da Lei 8.212/91 instituiu uma contribuição previdenciária a cargo da empresa. Não a cargo do empregado.Desde que comprovado o exercício de um período de trabalho no qual o trabalhador esteve sujeito a condições

especiais, que prejudicaram a sua saúde ou integridade física, parece-me inviável deixar de reconhecer em favor doreferido trabalhador à aposentadoria especial (ou à conversão desse período em “tempo comum” de forma qualificada, pelouso do coeficiente previsto em lei) apenas pelo fato de seu empregador não ter recolhido a contribuição em tela. Noutraspalavras, o trabalhador não pode ser penalizado pelo fato de seu empregador não ter recolhido a contribuição com amajoração de alíquota previsto na lei de regência (§ 6º do artigo 57 da Lei 8.213/91 combinado com o artigo 22, II, da Lei8.212/91).

4. Recurso da autora: nível de ruído.

4.1. A TNU assumia entendimento diferente do adotado pelo STJ no que refere ao nível de ruído para configuraçãoda especialidade do período de trabalho. Contudo, a TNU recentemente alterou seu entendimento, cancelando, em09/10/2013, o enunciado 32 da súmula de sua jurisprudência dominante. Tal cancelamento com certeza ocorreu por forçado provimento de incidente de uniformização, pelo STJ, no qual a referida Corte reafirmou sua jurisprudência em face doteor do enunciado 32 da TNU (STJ, 1ª Seção, Petição nº 9059 / RS, Julgado em 28/08/2013). Prevaleceu, destarte, oentendimento consolidado no STJ a respeito do tema. Deste modo, para que surja o direito à contagem de tempo detrabalho como “especial”, o nível de ruído a que deve estar submetido o segurado deverá ser:

superior a 80 decibéis até 04/03/1997;superior a 90 decibéis entre 05/03/1997 até 17/11/2003 (vigência do Decreto nº 2.172/97);superior a 85 decibéis após 18/11/2003 (vigência do Decreto nº 4.882/03).

4.2. A sentença adotou o referido posicionamento. Logo, o recurso da autora deve ser improvido.

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO.

Sem custas e sem honorários advocatícios. É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

94 - 0003608-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003608-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x WASHINGTON JOAORODRIGUES (ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ,ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0003608-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003608-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: WASHINGTON JOAO RODRIGUESADVOGADO (S): IZAEL DE MELLO REZENDE, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ANA MERCEDESMILANEZ

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 98/99, que julgou parcialmenteprocedente o pedido para condenar a autarquia-ré a reconhecer o tempo de serviço especial nos períodos de 22/10/1990 a30/9/1991, 1º/10/1991 a 31/8/1992, 1º/9/1992 a 30/6/1994, 1º/7/1994 a 6/5/1996, convertendo-o em tempo comum. Alega orecorrente que o laudo técnico, quando não é contemporâneo aos períodos que se pretende comprovar, importa que omesmo informe as condições de trabalho do período em análise. Assim, de acordo com as informações trazidas às fls.92/93 acerca do trabalho realizado pela parte autora (mecânico de manutenção e inspetor eletricista), torna-se possívelafirmar que a mesma não passava todo o tempo sob a influência do ruído. Aduz, portanto, que a inexistência de histogramaou memória do cálculo das medições realizadas inviabiliza a caracterização da atividade como especial. Requer, por fim, areforma da sentença a fim de que sejam os pedidos iniciais do autor julgados totalmente improcedentes.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação visando a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição NB 100.340.606-5, requerida em4/11/2009.

O INSS computou, até a data do requerimento administrativo, 27 anos, 2 meses e 3 dias de tempo de contribuição (fl. 72).Não obstante, o autor alegou que o réu deixou de considerar o desempenho de atividade especial nos períodos de22/10/1990 a 30/9/1991, 1º/10/1991 a 31/8/1992, 1º/9/1992 a 30/6/1994, 1º/7/1994 a 6/5/1996, 26/4/1999 a 29/10/1999,2/1/2002 a 2/4/2006 e 2/10/2006 a 4/11/2009. Passo a analisar o direito ao enquadramento de atividade especial em cadaum dos períodos controversos.

22/10/1990 a 30/9/1991, 1º/10/1991 a 31/8/1992, 1º/9/1992 a 30/6/1994, 1º/7/1994 a 6/5/1996

Para esses períodos, o autor apresentou PPP emitido em 26/2/2009 pela Arcelor Mittal Brasil S.A. (fls. 91/93). O documentorevela que, em todos os interstícios, o autor esteve exposto a ruído em nível médio superior a 80 dB(A). Nos termos daSúmula 32 da TNU, revisada em 14/12/2011, “o tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial,para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, acontar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003,quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”. Logo, o nível médioequivalente de pressão sonora a que ficou exposto o autor caracterizava tempo de serviço especial.

O réu alegou que o PPP não foi acompanhado de LTCAT contendo histograma ou memória de cálculo dos níveis de ruídoaos quais se expunha o ator, não permitindo verificar a veracidade dos Leq informados. O art. 161 da Instrução NormativaINSS/PRES nº 20/2007 dispõe que o LTCAT (laudo técnico de condições ambientais do trabalho) é exigível para comprovaratividade especial até 31/12/2003 e, para períodos laborados a partir de 1º/1/2004, o único documento exigido do seguradoé o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. Não obstante, o § 1º do mesmo art. 161 - com a redação atribuída pelaInstrução Normativa INSS/PRES nº 27/2008 – ressalva que, quando o Perfil Profissiográfico Previdenciário contemplartambém os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Assim, o PPP é documento suficiente paracomprovar a exposição a agente nocivo à saúde. Como não houve impugnação especifica a esse documento, seu conteúdopresume-se verdadeiro, inclusive no que se refere à indicação de nível equivalente de ruído.

O INSS ainda arguiu que o documento indica a utilização de EPI eficaz, o que descaracterizaria a atividade especial. Nãoassiste razão ao réu. O fato de o PPP indicar o fornecimento de EPI eficaz é irrelevante, porque “ainda que o EPI elimine ainsalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”. Esse é oentendimento pacífico da jurisprudência, enunciado na Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais.

26/4/1999 a 29/10/1999, 2/1/2002 a 2/4/2006 e 2/10/2006 a 4/11/2009

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Para esses períodos, o autor apresentou PPP’s emitidos pela empresa CEP Serviços e Projetos Ltda. (fls. 57/62). Ocorreque os documentos atestam apenas exposição ao agente nocivo ruído, sem, contudo, indicar os níveis de pressão sonora.O ruído é agente nocivo quantitativo (e não qualitativo), ou seja, só configura condição especial de trabalho quando foremultrapassados os limites de tolerância prescritos. Sem a indicação dos níveis de ruído, não é possível o enquadramento deatividade especial.

Conclusão

Enfim, o autor tem direito apenas ao reconhecimento de atividade especial nos períodos de 22/10/1990 a 30/9/1991,1º/10/1991 a 31/8/1992, 1º/9/1992 a 30/6/1994, 1º/7/1994 a 6/5/1996. A conversão desse tempo especial em comumrepresenta um acréscimo de 2 anos, 2 meses e 17 dias:

Período: Modo: Total normal: Acréscimo:22/10/1990 a 30/09/1991 especial (40%) 0 a 11 m 9 d 0 a 4 m 15 d01/10/1991 a 31/08/1992 especial (40%) 0 a 11 m 0 d 0 a 4 m 12 d01/09/1992 a 30/06/1994 especial (40%) 1 a 10 m 0 d 0 a 8 m 24 d01/07/1994 a 06/05/1996 especial (40%) 1 a 10 m 6 d 0 a 8 m 26 d

Total 2 a 2 m 17 d

Somados aos 27 anos, 2 meses e 3 dias apurados administrativamente pelo réu, o autor completou, até a data dorequerimento administrativo, 29 anos, 4 meses e 20 dias de tempo de serviço. Logo, não tem direito à aposentadoria portempo de contribuição.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição NB 100.340.606-5.

Julgo parcialmente procedente o pedido para reconhecer o tempo de serviço especial nos períodos de 22/10/1990 a30/9/1991, 1º/10/1991 a 31/8/1992, 1º/9/1992 a 30/6/1994, 1º/7/1994 a 6/5/1996, convertendo-o em tempo comum.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Perfil profissiográfico profissional (PPP) relativo a períodos anteriores a 1º/01/2004 e Laudo técnico de condiçõesambientais do trabalho (LTCAT). PPP e histograma (ou memória de cálculo).

Ao julgar o PEDILEF nº 200971620018387, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU)deliberou o seguinte: “... Em regra, o PPP dispensa a apresentação de laudo técnico ambiental para fins de comprovaçãode condição especial de trabalho. Precedentes: PEDILEF 2006.51.63.000174-1, Juiz Federal Otávio Port, DJ 15/09/2009;PEDIDO 2007.72.59.003689-1, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DOU 13/05/2011; PEDILEF 2009.72.64.000900-0,Rel. Rogerio Moreira Alves, DJ 06/07/2012. 3. O art. 161, IV, da revogada IN INSS/PRES nº 20/2007 previa que paraperíodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, o único documento exigido do segurado seria o PPP. E o § 1º domesmo artigo ressalvava que, quando o PPP contempla os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Amesma previsão consta do art. 272, § 2º, da IN INSS/PRES nº 45/2010, atualmente em vigor. ...” (TNU, PEDILEF nº200971620018387, DOU de 22/03/2013).

Evidencia-se que: (i) o PPP pode referir a períodos anteriores a 1º/01/2004; (ii) mesmo em tais casos, a apresentação doLTCAT é dispensada.

Por outro lado, o histograma (ou a memória de cálculo) é um elemento do laudo técnico. Por conseguinte, se o PPP podeser apresentado sem laudo técnico, também não precisa vir acompanhado do histograma, que faz parte do referido laudo.

A sentença adotou o posicionamento da TNU acima transcrito, não havendo razão para acolher a pretensão recursal.

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação,devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Page 152: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

95 - 0100554-60.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.100554-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ANTONIO FERNANDORODRIGUES AMORIM (ADVOGADO: MG089027 - VINÍCIUS BRAGA HAMACEK, ES018539 - MARCOS ANTONIO DEABREU DOS SANTOS.).PROCESSO: 0100554-60.2012.4.02.5001/01 (2012.50.01.100554-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: ANTONIO FERNANDO RODRIGUES AMORIMADVOGADO (S): MARCOS ANTONIO DE ABREU DOS SANTOS, VINÍCIUS BRAGA HAMACEK

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 88/89, que julgou procedente opedido para condenar a autarquia-ré a revisar o cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição, a partir doenquadramento de atividade especial no período de 1º/12/1976 a 26/5/1980. Alega o recorrente que o perfil profissiográficoprevidenciário (PPP) de fls. 68/69 não traz de maneira clara se a exposição ao ruído ocorreu de forma habitual epermanente, além disso, afirma que o autor não trouxe aos autos documento contendo as medições de ruído ao longo dajornada de trabalho. Aduz, ainda, que o período controverso a ser averbado é anterior à da legislação previdenciária vigenteno que se refere à emissão de PPP. Com efeito, alega que atualmente o PPP engloba todos os elementos expostos nosantigos formulários DIRBEN 8030 e laudo técnico, no entanto, tal eficácia restringe-se para os fatos posteriores à edição dalei. Desta forma, afirma que é obrigação do recorrido apresentar a documentação vigente à época da prestação do serviço,qual seja: formulários SB-40, DIRBEN 8030 e laudo técnico. Por fim, argumenta que para fins de comprovação de atividadeespecial, deve haver prova de que existe um vínculo de indissociabilidade ou inseparabilidade entre a atividadedesenvolvida pelo autor e a exposição a agentes nocivos à saúde, de forma que, estando afastada a intermitência, não faza parte autora jus à revisão do cálculo da aposentadoria. Requer, por fim, a reforma da sentença a fim de que sejam ospedidos iniciais do autor julgados totalmente improcedentes.

2. Eis o teor da sentença:

O autor é beneficiário de aposentadoria por tempo de contribuição, NB 100.367.228-8, com DIB em 20/12/2010. O benefíciofoi concedido com base na averbação de 33 anos, 8 meses e 11 dias de tempo de contribuição (fls. 21/22).

O autor ajuizou a presente ação visando ao reconhecimento de tempo de serviço especial no período de 1º/12/1976 a26/5/1980 para fins de revisão do cálculo do seu benefício previdenciário.

Para comprovar condição especial de trabalho, o autor apresentou PPP emitido pela Cia. Vale do Rio Doce (fls. 68/69). Odocumento atesta exposição a ruído em nível médio equivalente de 88,00 dB(A).

O ruído só se caracteriza como agente agressivo à saúde quando ultrapassa determinado limite de tolerância. A definiçãodesse limite variou ao longo do tempo. Conforme a legislação previdenciária vigente na época da prestação do serviço,considera-se tempo de serviço especial aquele durante o qual for comprovada a exposição do segurado a ruído em nívelequivalente de pressão sonora igual ou superior a:

80 dB(A) até 5.03.1997, de acordo com o Decreto nº 53.831/6490 dB(A) entre 6.03.1997 e 18.11.2003, de acordo com os Decretos nºs 2.172/97 e 3.048/9985 dB(A) a partir de 19.11.2003, de acordo com o Decreto nº 4.882/2003, que alterou o Decreto nº 3.048/99

No período descrito no PPP, o nível médio de pressão sonora extrapolava o limite de tolerância estipulado pela legislaçãovigente.

O art. 161 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 20/2007 dispõe que o LTCAT (laudo técnico de condições ambientais dotrabalho) é exigível para comprovar atividade especial até 31/12/2003 e, para períodos laborados a partir de 1º/1/2004, oúnico documento exigido do segurado é o Perfil Profissiográfico Previdenciário-PPP. Não obstante, o § 1º do mesmo art.161 - com a redação atribuída pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 27/2008 – ressalva que, quando o PerfilProfissiográfico Previdenciário contemplar também os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Assim, oPPP é documento suficiente para comprovar a exposição a agente nocivo à saúde. Como não houve impugnaçãoespecifica a esse documento, seu conteúdo presume-se verdadeiro, inclusive no que se refere à indicação de nívelequivalente de ruído.

Assim, o autor tem direito ao enquadramento de atividade especial no período de 1º/12/1976 a 26/5/1980. A conversãodesse tempo especial em comum mediante aplicação do fator de conversão 1,4 representa um acréscimo de 1 ano, 4meses e 22 dias. Somados aos 33 anos, 8 meses e 11 dias computados administrativamente pelo réu, o autor completou,até a data do requerimento administrativo, 35 anos, 1 mês e 3 dias de tempo de contribuição. Logo, tem direito àaposentadoria com proventos integrais.

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A verossimilhança do direito já está justificada na motivação da sentença. Não obstante, não está caracterizado o risco dedano de difícil reparação, tendo em vista que o autor já se encontra recebendo aposentadoria por tempo de contribuição.Por isso, indefiro o requerimento de antecipação dos efeitos da tutela.

Dispositivo

Julgo procedente o pedido para condenar o réu a revisar o cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição, NB100.367.228-8, com base na averbação de 35 anos, 1 mês e 3 dias de tempo de contribuição, bem como a pagar asdiferenças devidas desde a data do requerimento administrativo. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeitode correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009). O somatório das prestações vencidas até a data do ajuizamento daação fica limitado a 60 salários mínimos.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

P.R.I.

3. Perfil profissiográfico profissional (PPP) relativo a períodos anteriores a 1º/01/2004 e Laudo técnico de condiçõesambientais do trabalho (LTCAT).

Ao julgar o PEDILEF nº 200971620018387, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU)deliberou o seguinte: “... Em regra, o PPP dispensa a apresentação de laudo técnico ambiental para fins de comprovaçãode condição especial de trabalho. Precedentes: PEDILEF 2006.51.63.000174-1, Juiz Federal Otávio Port, DJ 15/09/2009;PEDIDO 2007.72.59.003689-1, Rel. Juiz Federal Ronivon de Aragão, DOU 13/05/2011; PEDILEF 2009.72.64.000900-0,Rel. Rogerio Moreira Alves, DJ 06/07/2012. 3. O art. 161, IV, da revogada IN INSS/PRES nº 20/2007 previa que paraperíodos laborados a partir de 1º de janeiro de 2004, o único documento exigido do segurado seria o PPP. E o § 1º domesmo artigo ressalvava que, quando o PPP contempla os períodos laborados até 31/12/2003, o LTCAT é dispensado. Amesma previsão consta do art. 272, § 2º, da IN INSS/PRES nº 45/2010, atualmente em vigor. ...” (TNU, PEDILEF nº200971620018387, DOU de 22/03/2013).

Evidencia-se que: (i) o PPP pode referir a períodos anteriores a 1º/01/2004; (ii) mesmo em tais casos, a apresentação doLTCAT é dispensada.

A sentença adotou o posicionamento da TNU acima transcrito, não havendo razão para acolher a pretensão recursal.

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação,devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

96 - 0002981-37.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002981-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ALMERINDA ALVES DE ANDRADE(ADVOGADO: ES003985 - URBANO LEAL PEREIRA.).Autos n.º 2981-37.2010.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o INSS alegou o que segue: “... Na hipótese dos autos, entretanto, não houve prova nem iníciode prova material suficiente da atividade rural, especialmente porque NÃO HÁ QUALQUER DOCUMENTO QUE INDIQUEA PROFISSÃO DA AUTORA OU DE ALGUMA PESSOA DE SEU GRUPO FAMILIAR COMO TRABALHADOR RURALCONTEMPORÂNEO AOS PERÍODOS DE 28/10/1946 A 19/10/1974 (QUASE 28 ANOS) E DE 12/09/1982 A 28/09/1995(MAIS DE 13 ANOS), ENTRE AS DATAS DOS CASAMENTOS DE FOLHAS 9 E 11 E AS DA CERTIDÃO DE ÓBITO DE

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FOLHA 10 E DA CARTEIRA DE FOLHA 13, BEM COMO INEXISTE QUALQUER OUTRO DOCUMENTO VÁLIDOPOSTERIOR A 28/09/1995 (MAIS DE 16 ANOS).ALÉM DISSO, COMO A AUTORA RECEBE PENSÃO POR MORTE DESDE 1982 (FLS. 33 E 53), QUANDO JÁ ESTAVACOM 53 ANOS, NÃO É PROVÁVEL QUE TENHA CONTINUADO A EXERCER ATIVIDADE RURAL, AINDA QUE ALGUMDIA O TENHA FEITO, O QUE NÃO SE ADMITE COMO VERDADEIRO...” (fl.69/70)

3. Segue abaixo o teor da sentença:

ALMERINDA ALVES DE ANDRADE ajuizou a presente demanda pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face doINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a concessão de aposentadoria por idade (rural), além dopagamento das prestações vencidas.

Dispensado o relatório, conforme o artigo 38, da lei 9099/95.

DECIDO.

A Parte Autora nasceu em 13/02/1929, fls. 08. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 02/08/2008 (fls. 25),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.

A prova material trazida aos autos foi farta e constou às fls. 03/13 dos autos.

Além disso, o início de prova material foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R deáudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a Parte Autora declarou que trabalha no Sítio do Manoel Osório; que atualmente trabalha emcasa; que saiu do Sítio do Manoel Osório; que depois foi para Rua; que tem oitenta e três anos de idade; que há dez anos,parou de trabalhar na roça.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Jesus declarou que conhece a autora há muito tempo e ela é trabalhadora rural; que elatrabalhou por muito tempo para o Sr. Mário Osório, cerca de 30 anos; que o depoente se mudou há uns cinco anos; que hácinco anos a autora já não mais trabalhava na lavoura; que há cerca de quatro anos ela havia parado de trabalhar; que omarido da autora ajudava na lavoura; que depois que ele morreu eu continuou trabalhando na lavoura; que a autora morana rua há mais de cinco anos; que quando veio para a rua, hoje mora perto dela, não sabe se ela continuava a trabalhar;que sempre a conheceu com o braço amputado; que ela sempre trabalhou com essa dificuldade toda.

A segunda testemunha ouvida, Sr.Antônio: declarou que conhece a autora de Iúna, do Sr. Mário Osório; que a autora nãomais trabalha; que não sabe dizer há quanto tempo a autora não mais trabalha; que não conheceu o marido da autora; quenão sabe informar há quanto tempo ela mora na rua; que mora no mesmo local há doze anos; que hoje mora na rua; quequando chegou na rua a autora já morava lá; que é perto da roça, o local em que ela mora; que ela trabalhou napropriedade do Sr. Mario Osório há muito tempo, mas não sabe precisar quanto tempo; que mesmo morando na cidade elacontinuou ajudando na lavoura; que acredita que ela recebe um pouco de pensão; que ela trabalhava na roça; que elamesma faz o serviço na roça.

Não obstante não trabalhar mais na roça, quando completou a idade necessária restou claro que a Autora ainda laboravana roça.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorrural ostentada pelo Autor.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a Parte Autorareúne os requisitos para ser beneficiária de aposentadoria por idade (rural) nos termos da Lei 8213/91. Em razão do Juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da Parte Autora, é necessário a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto asprestações vencidas , não há a mesma urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes parasatisfação da necessidade básica e premente do Segurado.

Do exposto, concedo a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, com resolução demérito, nos termos do artigo 269, I, CPC, condenando o INSS a :

A – conceder a parte Autora aposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo –02/08/2008,devendo o benefício ser implementado em 30 dias ;

Page 155: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

B – pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal ;

Sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, segundo osíndices da Tabela de atualização da Justiça federal, bem como, juros moratórios, à razão de 1% ao mês, desde a data dacitação, até 30/06/2009.A partir da entrada em vigor da lei 11.960/09, em 01/07/2009, os valores deverão ser calculados naforma do art. 5º , que alterou o art. 1F da lei 9494/97.

O Artigo 1F da lei 9494/97 deverá ser lido de forma a suprimir a expressão “haverá incidência uma única vez” , tendo emvista a Súmula 56 do Egrégio TRF2 que consolidou a declaração de inconstitucionalidade da expressão pelo Plenário.

Sem custas ou honorários advocatícios. ( art.55 da Lei 9099/95)

Não sendo apresentado recurso ou após o trânsito em julgado da sentença, remetam-se os autos ao INSS para efetuar ocálculo das prestações vencidas. Em seguida, expeça-se RPV, na forma do art. 17 , da Lei 10259/01, dando-se vista àspartes após a conferência da mesma.

Após o depósito dos valores, intime-se a Parte Autora para o seu levantamento, em seguida, dê-se baixa e arquivem-se osautos.

P.R.I.

4. De fato, as provas materiais carreadas são bem antigas. Isso, por si só, não é óbice à pretensão, à luz doenunciado 14 da TNU. Ocorre que a autora nasceu em 1929 e recebe pensão por morte desde 1982 (fl.53). Se houvesseprova material recente a respeito do exercício de atividade rural, seria viável presumir que a autora continuou laborando nocampo como segurada especial. Não obstante, sendo a prova material bem antiga (há uma carteira de sindicatorural datada de 1995; trata-se do documento mais recente).

Considerando (i) que a autora é pensionista desde 1982 e que (ii) a prova material mais recente do trabalho rural é de 1995(13 anos antes do requerimento), não posso presumir que a autora continuou laborando como segurada especial por todoesse período. Poderia, sim, laborar no campo, mas o próprio fato de receber pensão torna tal labor dispensável àsubsistência, o que descaracteriza a condição de segurado especial.

Em conclusão, o recurso deve ser provido.

5. RECURSO PROVIDO. Sentença reformada. Pedido julgado improcedente.

REVOGO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.

Sem custas e sem honorários advocatícios. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

97 - 0002889-59.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002889-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA.) x BENEDITO ZANETTI(ADVOGADO: ES004924 - ALFREDO ERVATI.).Autos n.º 2889-59.2010.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o INSS alegou que há notas fiscais cujos valores “...estão muito acima dos valoreshabitualmente pagos ou recebidos por Segurados especiais.” (fl.66). Aduziu o recorrente o que segue: “... às fls. 16 há notafiscal de venda de café tipo arábica, onde se verifica que o Autor produziu 200 sacas de café no ano de 1999, cujo valor derecebimento era de R$ 25.400,00... Outrossim, às fls. 52/53, consta que a parte autora possui duas propriedades rurais(Sítio Limeira e Sitio São João). Ora, a aposentadoria entregue ao Segurado especial é uma exceção já que exige apenastrabalho e não contribuição, diante de um sistema absolutamente contributivo. Não obstante os fundamentos lançados nasentença, a prova dos autos demonstra que a parte autora sempre teve condições de contribuir para o RGPS, e acasorealmente quisesse se aposentar, deveria tê-lo feito, eis que a regra do regime pelo desenho constitucional é por essênciacontributivo. Certamente este não é o segurado especial, haja vista a patente capacidade contributiva. ” (fl.67)

3. Segue abaixo o teor da sentença:

Page 156: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

BENEDITO ZANETTI ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS, objetivando aconcessão de Aposentadoria por Idade (rural), além do pagamento das prestações vencidas desde o requerimentoadministrativo em 14/08/2002 (DER) – fl. 09.

Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei 9.099/95.

DECIDO.

Fundamentação

Mérito

A parte autora nasceu em 21/03/1942 (fl. 08), contando atualmente com 70 (setenta) anos de idade, e requereu o benefíciode aposentadoria por idade em 14/08/2002 (fl. 09), tendo sido o mesmo indeferido, sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural, a parte autora juntou aos autos os documentos de fls. 07/37, constando dentre elescertidão de casamento, documentos relacionados à propriedade de imóvel rural, notas de venda de produtos rurais, ficha deinscrição no Sindicato dos Trabalhadores Rurais.Além disso, na tentativa de corroborar o início de prova material acima especificada, foi colhido depoimento pessoal, deduas testemunhas e um informante na audiência, conforme CD-R de áudio.Em seu depoimento pessoal, o autor disse que ainda trabalha na roça, mas pouco; há oito anos não trabalha mais namesma intensidade de antes; que tem uma lavoura de café que cuida com a ajuda dos filhos; que tem duas propriedades,sitio São João e Limeira; que há banana e café nessas terras; que na soma das duas propriedades, há 4 mil pés de caféplantados e na parte onde o autor mora, o filho o ajuda a tocar a lavoura; que na propriedade onde a filha mora e trabalha,ela faz todo o trabalho; que tem a propriedade de Limeira há mais de 40 anos; que sua esposa se aposentou comtrabalhadora rural; que tem três filhos e está casado há mais de 40 anos; que o filho mais novo trabalha em JerônimoMonteiro; que já recebeu beneficio do INSS; que seu café é arábica; que sempre trabalhou para si mesmo, nunca tendoatividade em outro lugar; que não conta com a ajuda de empregados, somente com sua família.A primeira testemunha, Sra. Maria Gaspar, disse que conhece o autor desde quando tinha 7 anos de idade; que o autor jáera casado e morava em Limeira; que nesta época o autor já trabalhava na roça de café; que o autor já teve um colono,mas que no resto do tempo todo trabalhava com a família; que o autor trabalha com a família e depois que ficou doente, afilha passou a cuidar de uma parte da propriedade e o filho da outra, com a ajuda do autor; que não sabe precisar quantospés de café existe nas terras do autor, afirmando apenas que não são muitos.A segunda testemunha, Sr. Clemente de Martin, disse que conhece o autor há mais de 30 anos; que quando o conheceu,este já era casado e tinha filhos; que à época, o autor morava em Limeira; que hoje o autor mora num pequeno sitio em SãoJoão, onde trabalha com a esposa; que a filha toca uma propriedade, que acredita ser dela.A terceira testemunha, Sr. Florentino de Martin, disse que conhece o autor há 40 anos e acredita que tinha pouco tempo decasado; que o autor morava em Limeira e trabalhava na roça; que o autor ficou em Limeira por uns 40 anos, quando passoua morar em São João; que o genro presta ajuda a autor, assim como o filho; que o autor trabalha apenas com sua família,não contando com a ajuda de terceiros; que nas terras do autor há cerca de 3 mil pés de café.Pelos depoimentos prestados, é possível afirmar que a prova colhida foi convergente no sentido de demonstrar o efetivoexercício de atividade rural por parte do demandante por tempo superior ao exigido para a obtenção do benefício,comprovando assim sua condição de segurado especial.Os depoimentos das testemunhas e do autor corroboram o início de prova material e são coesos, não havendo que se falarem divergência que impeça o reconhecimento do trabalho rural.Dessa forma, não encontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição detrabalhador rural ostentada pelo autor.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.

Dispositivo

Do exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, com resoluçãode mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC, condenando o INSS a:a) Conceder à parte autora Aposentadoria por Idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (14/08/2002 -fl. 09), devendo o benefício ser implantado em 30 (trinta) dias;b) Pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.Sobre os valores atrasados deverá incidir a correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, bem como,

Page 157: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

juros moratórios, desde a data da citação, na forma do art. 1°-F, da Lei n° 9.494/1997, com a redação dada pela Lei n°11.960/ 2009.Segundo a Súmula nº 56 - TRF-2ª Região é inconstitucional a expressão “haverá a incidência uma única vez”, constante doart. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº 11.960/2009.Sem custas e honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95 c/c artigo 1°, da Lei 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria asua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Não sendo apresentado recurso ou após o trânsito em julgado da sentença, remetam-se os autos ao INSS para efetuar ocálculo das prestações vencidas. Em seguida, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor, na forma do artigo 17, da Lei10.259/2001, dando-se vista às partes após a conferência da mesma.Após o depósito dos valores, intime-se a parte autora para o seu levantamento. Em seguida, dê-se baixa e arquivem-se ospresentes autos.

4. Comercialização agrícola do segurado especial.

Na fl. 67, o INSS argumentou o que segue: “ Nunca podemos perder de vista que segurado especial é a exceção, onde otrabalhador fica dispensado de contribuir porque mal consegue retirar da terra o mínimo para sobreviver.”

Percebe-se que a argumentação recursal é no sentido de que a produção do segurado especial seria uma espécie deagricultura não apenas de subsistência, mas que se colocava na linha da sobrevivência.

O INSS equivocou-se.

É verdade que a atividade do segurado especial tem que ser indispensável para sua subsistência. Se for atividadedispensável para a subsistência, o segurado não pode ser qualificado como especial. Contudo, se a pessoa exerce umaatividade agrícola ou pesqueira com o exclusivo escopo de subsistência, sem a comercialização de excedentes, elatambém não é segurada especial. Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado:

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. ELEMENTOS DE PROVA. 1.Nãohavendo prova real do fato que se deseja comprovar (atividade rural em regime de economia familiar) nega-se segurançaque visa obter certidão de tempo de serviço. 2. Certidão do INCRA comprova a propriedade de terreno rural mas não ascondições, humanas e materiais, em que se dá sua exploração. 3. Para que se caracterize a atividade rural em regime deeconomia familiar é necessária a comprovação de produção agrícola para fins de comercialização, não adquirindo aqualidade de segurado aquele que planta unicamente para subsistência uma vez que a contribuição previdenciária dosegurado especial, em casos que tais, decorre da comercialização do excedente (art. 25, lei 8212/91). 4. Apelaçãodesprovida. (TRF da 1ª Região. 1ª turma suplementar. AMS 9601414738. AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DESEGURANÇA – 9601414738. Relator JUIZ JOSÉ HENRIQUE GUARACY REBÊLO – convocado. Fonte DJDATA:11/03/2002 PAGINA:127).

Enfim: uma pessoa que é pequeno proprietário rural e que ao final de uma safra aliena café no valor de R$ 25.000,00 podeser segurado especial. É evidente que uma venda desse porte não ocorre todo mês; talvez represente todo o valor recebidono ano. Com certeza, muitos segurados especiais auferem, anualmente, renda superior a essa.

Em suma, a venda apontada não é razão suficiente para que se conclua que o autor deva ser qualificado como contribuinteindividual, e não como segurada especial.

5. O INSS questionou o fato de o autor ser proprietário de dois imóveis rurais.

Em vista do reduzido tamanho dessas propriedades, tal fato também não altera a sua qualificação como segurado especial.Com efeito, uma propriedade tem 2,1 módulos fiscais, ao passo que a outra tem 1,2 módulos fiscais, totalizando 3,2módulos fiscais.

Ora: a Lei 8.213/91 afirma que o segurado especial pode ser proprietário de imóvel de até 4 módulos fiscais.

Registro que os dois imóveis situam-se no mesmo município (Vargem Alta-ES), o que evidencia a possibilidade de seremconjuntamente explorados pela mesma família.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

98 - 0002483-38.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002483-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.) x ONICE MARIA DE CARVALHO

Page 158: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

(ADVOGADO: ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ES022014 - TADEU TRANCOSO DE SOUZA, ES006639 -ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).Autos n.º 2483-38.2010.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o INSS alegou que o início de prova material é recente e que a prova testemunhal é frágil;aduziu que “a primeira testemunha, Sr. Antônio Florindo, filho do Sr. Abrahão Florindo Freitas, proprietário do imóvel ruralonde a recorrida supostamente trabalhou boa parte de sua vida, disse que o café produzido nas terras de seu pai é do tipoArábica, ao passo que a demandante afirmou em seu depoimento pessoal que o café produzido no mesmo local é do tipoConilon.” Também afirmou o que segue: “Já a segunda testemunha ouvida, Sr. Brasilino de Freitas, não merece a menorcredibilidade. Note-se que ele revelou possuir uma memória prodigiosa ao afirmar, como a maior segurança, que arecorrida morou na propriedade do Sr. Abrahão de 1983 a 1989, não sabendo dizer, por outro lado, em que período elemesmo trabalhou no mesmo local.” (fl.69/70).

3. Segue abaixo o teor da sentença:

ONICE MARIA DE CARVALHO ajuizou a presente demanda pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face doINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a concessão de aposentadoria por idade (rural), além dopagamento das prestações vencidas.

Dispensado o relatório, conforme o artigo 38, da lei 9099/95.

DECIDO.

A Parte Autora nasceu em 15.03.1954, fls. 13. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 31/03/2009 (fls. 18),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.

A prova material trazida aos autos foi farta e constou às fls. 10/55 dos autos.

Além disso, o início de prova material foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R deáudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a Parte Autora declarou que o pai já teve terra, que não trabalha na terra que ficou para mãe,que trabalha para Abraão, que lá tem café, que morou na terra onde trabalha, mas hoje mora na cidade, desde 1989trabalha na cidade, que recebe pensão do marido aposentado, que o marido ficou muito tempo doente, que a casa da rua éda Autora, que tem uma carro chevette, que na casa da Autora mora ela e um filho, que o filho que mora com a Autorarecebe auxílio doença do INSS, que ele era empregado de carteira assinada, que ele trabalhava em lan house, que ele eraatendente, que hoje ele recebe do INSS o valor de R$622,00, que semana passada foi para roça, que sai 07:00h para aroça, que vai para o trabalho com o filho mais velho , que ele tem companheira, que ele tem um filho, que o café plantado láé o conilon.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Antonio Florindo declarou que conhece a Autora, que ela trabalha na roça, que depoisque o marido morreu ela continuou trabalhando, que ela trabalha na Santa Maria, para Abrãao, que o patrão é pai doDepoente, que o Depoente mora lá, que não mora na propriedade do pai, que faz contrato, que não sabe o que o marido daAutora fazia quando trabalhava de carteira assinada, que ela mora a 6 km da propriedade, que ela vai de carro, que o filhoda Autora trabalha com ela ,que o filho dela trabalha com ela, que o outro não trabalha, que o café plantado lá é o arábica,que eles têm cinco mil pés de café,

A segunda testemunha ouvida, Sr. Brasilino de Freitas declarou que conhece a Autora quando ela foi sua vizinha, quequando foi vizinho da Autora ela morava no seu Abraão, que ela entrou lá em 1983 e saiu 1989, que já trabalhou para o Sr.Abrahão mas não sabe quando ele mesmo trabalhou lá no Sr. Abraão.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorrural ostentada pelo Autor.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a Parte Autorareúne os requisitos para ser beneficiária de aposentadoria por idade (rural) nos termos da Lei 8213/91. Em razão do Juízo

Page 159: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

de certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da Parte Autora, é necessário a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto asprestações vencidas , não há a mesma urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes parasatisfação da necessidade básica e premente do Segurado.

Do exposto, concedo a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, com resolução demérito, nos termos do artigo 269, I, CPC, condenando o INSS a :

A – conceder a parte Autora aposentadoria por idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo –31/03/2009,devendo o benefício ser implementado em 30 dias ;B – pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal ;

Sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, segundo osíndices da Tabela de atualização da Justiça federal, bem como, juros moratórios, à razão de 1% ao mês, desde a data dacitação, até 30/06/2009.A partir da entrada em vigor da lei 11.960/09, em 01/07/2009, os valores deverão ser calculados naforma do art. 5º , que alterou o art. 1F da lei 9494/97.

O Artigo 1F da lei 9494/97 deverá ser lido de forma a suprimir a expressão “haverá incidência uma única vez” , tendo emvista a Súmula 56 do Egrégio TRF2 que consolidou a declaração de inconstitucionalidade da expressão pelo Plenário.

Sem custas ou honorários advocatícios. ( art.55 da Lei 9099/95)

Não sendo apresentado recurso ou após o trânsito em julgado da sentença, remetam-se os autos ao INSS para efetuar ocálculo das prestações vencidas. Em seguida, expeça-se RPV, na forma do art. 17 , da Lei 10259/01, dando-se vista àspartes após a conferência da mesma.

Após o depósito dos valores, intime-se a Parte Autora para o seu levantamento, em seguida, dê-se baixa e arquivem-se osautos.

4. A objeção lançada pelo INSS improcede. O falecido marido da autora era aposentado na condição de seguradoespecial (cf. extrato de fl.31), o que representa forte indicativo de que ambos realmente exerciam atividade rural. Quanto aomais, adiro às considerações externadas na sentença.

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

6. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

99 - 0003024-37.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.003024-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA.) x CONCEIÇÃO DE SOUZASILVA (ADVOGADO: ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).Autos n.º 3024-37.2011.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. O INSS interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que o condenou a pagar aposentadoria por idade àparte autora, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o INSS alegou o que segue: “Tendo a apelada nascido em 07/06/1956, aludida demonstraçãodeveria abranger o período aproximado de 1996 a 2011 consoante a tabela progressiva do art. 142 do citado Diploma.Ocorre que, da análise dos autos, verifica-se que inexiste prova material contemporânea do exercício da atividade rural peloPERÍODO DE CARÊNCIA. Com efeito, compulsando os documentos juntados com a inicial, infere-se que ela escora suasalegações em documentos em nome do marido. Ocorre que o esposo da mesma alternou vínculos como empregadourbano, conforme dados do CNIS que apontam (fls. 55/58): ... Por fim, o marido da autora passou a receber benefício porincapacidade de 11/06/2007 a 31/01/2009 e de 17/01/2011 até os dias atuais (fls. 61/62), o que só reforça que há algumtempo já se afastou do trabalho do campo, fato inclusive afirmada pela autora em seu depoimento pessoal. ...” (fl.75).

Requereu a reforma da sentença.

Page 160: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

3. Segue abaixo o teor da sentença:

CONCEIÇÃO DE SOUZA SILVA ajuizou a presente demanda pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face doINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, objetivando a concessão de aposentadoria por idade (rural), além dopagamento das prestações vencidas.

Dispensado o relatório, conforme o artigo 38, da lei 9099/95.

DECIDO.

A Parte Autora nasceu em 07/06/1956, fls. 18. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 02/09/2011 (fls. 41),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.

A prova material trazida aos autos foi farta e constou às fls. 09/49 dos autos.

Além disso, o início de prova material foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência, conforme CD-R deáudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a Parte Autora declarou que trabalha na roça, que trabalha apenas com lavoura branca, quenada é vendido, planta para uso próprio, que planta milho, feijão, frutas, que usa caroços para plantar, que o marido nãotrabalha, que o marido está doente, recebendo benefício, que o marido é doente porque teve uma fratura na coluna, que omarido não trabalha há seis anos, que a Autora nunca vendeu nada do que plantou, que não vende criação embora possua,que a dona da propriedade paga a Autora R$200,00 por mês, que esse dinheiro lhe é dado porque a atividade está fora doseu contrato, como limpar o terreno todo, que mora na propriedade da D. Elizabeth, que antes trabalhava para Cláudio, queficou no S.Claudio por três anos, que não tem terra, que antes trabalhou para Antonio por cinco anos, que o marido nuncafoi pedreiro, que o marido nunca foi gari, que o marido trabalhava para Paulo Teixeira.

A primeira testemunha ouvida declarou que conhece D.Conceição desde 1994, que o marido da Autora trabalhou para oDepoente, que o marido não era inválido e nem estava em benefício pelo INSS, que a Autora permaneceu para o depoenteentre 2004 e 2007, que a Autora ajudava na roça, que ela ajudava com café, que tinha lavoura branca, que não sabe dizeronde a Autora trabalha hoje.

A segunda testemunha ouvida declarou que conhece a Autora há muitos anos, quando ela morou na propriedade do avô dodepoente, que ela já trabalhou para Toninho e depois mudou-se para Celina e perdeu o contato, que o marido delatrabalhava na propriedade de seu Toninho, que o marido da Autora trabalhou em lavoura, que não lembra dele ser ajudantede pedreiro.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorrural ostentada pelo Autor.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA...

Do exposto, concedo a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, com resolução demérito, nos termos do artigo 269, I, CPC, condenando o INSS a :

A – conceder a parte Autora – CONCEIÇÃO DE SOUZA SILVA - aposentadoria por idade (rural), no valor de um saláriomínimo - com DIB na data do requerimento administrativo –02/09/2011, devendo o benefício ser implementado em 30 diase com DIP na data da sentença ;

B – pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição qüinqüenal ;

...

P.R.I.

4. O INSS argumentou que o marido da autora possuiu diversos vínculos urbanos; demonstrou tais vínculos paraconcluir o seguinte: “o marido da autora passou a receber benefício por incapacidade de 11/06/2007 a 31/01/2009 e de17/01/2011 até os dias atuais (fls. 61/62), o que só reforça que há algum tempo já se afastou do trabalho do campo”.(recurso, fl. 75).

Contudo, analisando os extratos INFBEN de fls. 61 e 62 – referidos pelo próprio INSS – afere-se que o marido da autora,Sr. HELENO, recebeu auxílio-doença na qualidade de segurado especial. Não se nega que o mesmo tenha tido vínculosurbanos. Ocorre que, ao menos nos últimos sete anos (a DIB do auxílio-doença de fl.61 é 2007) o marido da autoraretornou ao trabalho rural. O próprio INSS reconheceu tal dado ao conceder o benefício ao Sr. Heleno classificando-o comosegurado especial.

Page 161: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

De qualquer forma, há documento em nome da autora. A ficha de matrícula da filha da autora de fl. 30, lavrada em31/01/2000, afirma que a Sra. Conceição de Souza Silva é trabalhadora rural.

5. A tal dado probatório deve-se agregar o entendimento consolidado na súmula 14 da TNU, “Para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício.”

6. Em suma: há prova material e a prova testemunhal foi coerente. Por conseguinte, a sentença deve ser mantidapor seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

100 - 0003119-02.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003119-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ ANTONIO DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES019881 - ANDREZA SUELA DE CAMPOS, ES017881 - LEONARDO ZACHÉ THOMAZINE.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Autos n.º 3119-02.2013.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL – AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO – RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que extinguiu a ação sem julgamento domérito.

2. O objeto da ação é a averbação de tempo laborado como segurado especial entre 1980 a 1998. Como nãohouve prévio requerimento administrativo, o Juízo a quo entendeu que não havia interesse de agir. Em seu recurso, o autoralegou em seu favor a garantia prevista no artigo 5º, XXXV da Constituição; que o acesso ao Judiciário deve ser facilitado;que o prévio requerimento administrativo não é condição para o exercício do direito de ação. Requereu a reforma dasentença.

3. A jurisprudência majoritária posicionava-se no sentido de que, em caso que não houvesse requerimentoadministrativo prévio, havendo contestação quanto ao mérito da demanda, estava configurada a pretensão resistida; e, porconseqüência, também configurado o interesse de agir. Nesse sentido era o posicionamento da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito e a apenas a título de exemplo, refiroo julgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal nº 200772510073830, cuja ementa refere o quesegue: “(...) 1. Esta Turma Nacional perfilhou o entendimento no sentido de que, não obstante a ausência de préviorequerimento administrativo, caso o INSS, em sua contestação, enfrente o mérito do pedido inicial, resta configurada apretensão resistida. (...)” (TNU - PEDIDO 200772510073830. Rel. Juiz Federal Otavio Henrique Martins Port. Fonte DJ25/03/2010).

4. Não obstante, no julgamento do Recurso Especial nº ocorrido em 15/05/2012, a 2ª Turma do STJ posicionou-sede forma diametralmente oposta; eis o teor da ementa lavrada no referido julgamento:

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO CONCESSÓRIA DE BENEFÍCIO. PROCESSO CIVIL. CONDIÇÕES DA AÇÃO. INTERESSE DEAGIR (ARTS. 3º E 267, VI, DO CPC). PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE, EM REGRA.1. Trata-se, na origem, de ação, cujo objetivo é a concessão de benefício previdenciário, na qual o segurado postulou suapretensão diretamente no Poder Judiciário, sem requerer administrativamente o objeto da ação.2. A presente controvérsia soluciona-se na via infraconstitucional, pois não se trata de análise do princípio dainafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). Precedentes do STF.3. O interesse de agir ou processual configura-se com a existência do binômio necessidade-utilidade da pretensãosubmetida ao Juiz. A necessidade da prestação jurisdicional exige a demonstração de resistência por parte do devedor daobrigação, já que o Poder Judiciário é via destinada à resolução de conflitos.4. Em regra, não se materializa a resistência do INSS à pretensão de concessão de benefício previdenciário nãorequerido previamente na esfera administrativa.5. O interesse processual do segurado e a utilidade da prestação jurisdicional concretizam-se nas hipóteses de a) recusa derecebimento do requerimento ou b) negativa de concessão do benefício previdenciário, seja pelo concreto indeferimento dopedido, seja pela notória resistência da autarquia à tese jurídica esposada.6. A aplicação dos critérios acima deve observar a prescindibilidade do exaurimento da via administrativa para ingresso comação previdenciária, conforme Súmulas 89/STJ e 213/ex-TFR.7. Recurso Especial não provido.

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(STJ – 2ª Turma. RECURSO ESPECIAL Nº 1.310.042 - PR – n. 2012/0035619-4. Rel. MINISTRO HERMAN BENJAMIN.Julgado em 15/05/2012).

5. Entendo que o novo precedente do STJ deve ser afastado naqueles casos em que as sentenças foramproferidas em momento no qual prevalecia o entendimento jurisprudencial que afirmava estar configurado o interesse deagir em hipóteses similares (em que se havia controvertido o mérito da ação na contestação). Com efeito, à luz do princípioda segurança jurídica e também do critério estatuído no artigo 6º da Lei 9.099/95, a solução mais justa e equânime, seria,em casos tais, considerar configurado o interesse de agir.

6. Não obstante, no caso concreto a ação foi proposta em 2013, ao passo que o precedente do STJ acimamencionado foi julgado em 15/05/12; vale dizer: tal entendimento já era de conhecimento amplo. Por tais razões, oprecedente do STJ deve ser aplicado ao caso concreto.

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

101 - 0006876-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006876-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELESBÃO SIMÃO DELAI(ADVOGADO: ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Autos n.º 6876-72.2011.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Transcrevo a seguir parte das alegações veiculadas no recurso: “... embora possua poucos elementos materiaisrecentes, possui vários documentos que confirmam a origem rural e manutenção até 1995. Depois, de forma concreta,possui contrato de parceria agrícola firmado em 08/12/2010. Pelos depoimentos testemunhais – de que não admite odesprestígio, complementa que o Autor/Recorrente não se afastou das lidas rurais, mesmo no período em que teve suaCTPS assinada como doméstico (caseiro) zelando pelo sítio do empregador. Esteve em Itaguaçu/ES (município limítrofe deItarana/ES), propriedade de família Delboni e retornou a Itarana, também família Delboni (Francisco em 2010). Não é ocaso portanto de tentativa de prova testemunhal exclusiva, mas plenamente amparada na prova material inicial – cujoconceito serve aos autos na forma específica em que se encontram instruídos. O único período em que não foi trabalhadorrural (comodatário ou parceiro agrícola) foi o que manteve vínculo na CTPS (conforme se infere do CNIS), mas que nãopode ser óbice ao reconhecimento do direito, frente aos demais elementos dos autos. Ainda assim, este pequeno períodorefere-se à função de doméstico – braçal no sítio do empregador, refletindo a falta de condições para p desempenho deoutra atividade típica urbana. Daí, o afastamento do meio rural, nestas condições específicas dos autos – não autorizaaplicar entendimento que desprestigie as demais provas de que não se afastou das lidas rurais e a elas retornou.Somando-se todo o período declarado pelo Sindicato e corroborado (em plenitude) pelas provas e depoimentostestemunhais (contra os quais não se levantou dúvida ou impedimento algum) – conta o Recorrente com tempo de atividaderural em condição de segurado especial maior do que a carência exigida. Inobstante, vale frisar que o contrato de parceria –fls. 40 é prova material do novo período e, embora não declarado, o intervalo pelos anos de 1990 – 1995, possui mesmoassim, provas de que era agricultor ou lavrador, com endereço em Limoeiro de Santo Antonio, Itarana/ES. Confiando nasprovas apresentadas e na prova oral unânime a confirmar as condições para habilitar-se à aposentadoria, não se conformacom o denegamento – face aos elementos dos autos, nesta forma evidenciada – o que fundamenta o pedido de reforma.(...)” (fls. 94/95). Requereu a reforma da sentença e a concessão da aposentadoria por idade como segurado especial.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

Nestes autos, a parte autora busca a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, ao argumento de quetrabalhou e ainda trabalha na roça em regime de economia familiar, perfazendo o tempo de atividade necessário para fazerjus ao benefício.Decido como segue.Em sua exordial, a Autora alega que iniciou seu trabalho rural desde adolescente.Pois bem.Como se sabe, a comprovação da atividade rural demanda a existência de início de prova material, não podendo serapenas realizada por oitiva de testemunhas. Neste sentido, vejamos o art. 55, § 3º, da Lei nº. 8.213/91:§ 3º A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova

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exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto noRegulamento.A Súmula nº. 149 do STJ também é expressa sobre a questão:Súmula 149. A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtençãode benefício previdenciário.Analisando os documentos que instruíram a peça de ingresso, constato que não há nos autos nenhum documento que sirvade início de prova material acerca do NOVO labor rural DO AUTOR A PARTIR DE 1994 quando se encerrou o vínculourbano conforme documentos constantes no processo administrativo.Por outro lado, nos períodos anteriores ao requerimento de aposentadoria o autor contribuiu como trabalhador urbano,CNIS fls. 60, período de 2005 a 2010. A esse respeito assim vem decidindo a TNU:

1ª SEÇÃO RECURSO ESPECIAL nº 1.302.997/SP Decisão monocrática. Relator Ministro Mauro Campbell Marques.Publicado em 15/03/2012. “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA.COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE AGRÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO.NECESSIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. RECURSO ESPECIAL AQUE SE NEGA SEGUIMENTO.(...) A jurisprudência do STJ não é favorável ao pleito, na medida que firmou entendimento no sentido de que paracaracterizar o devido atendimento à condição de implementação da carência, deve o autor demonstrar o retorno àsatividades campesinas, bem como a permanência no meio rural pelo prazo exigido, imediatamente anterior ao requerimentodo benefício, nos termos do art. 48, § 2º, da Lei n. 8.213/1991. (...)”

3ª SEÇÃO AgRg no RECURSO ESPECIAL nº 1.244.872/MG Acórdão. 5ª Turma. Relator Min. Jorge Mussi. Publicada em08/03/2012. “PREVIDENCIÁRIO. RURAL. CARÊNCIA. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL DURANTE TODO ESSEPERÍODO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. 1. A concessão da aposentadoria rural por idade exige a comprovação do exercício deatividade campesina no período imediatamente anterior ao requerimento, pelo número de meses idêntico à carênciaprevista no art. 142 da Lei n. 8.213/91, conforme regra estabelecida no art. 143 da citada norma.2. Demonstrado nos autos que, no período imediatamente anterior ao requerimento, houve o exercício de atividade urbana,revela-se descabida a concessão do benefício de aposentadoria rural.3. Agravo regimental improvido.”

Dispositivo:Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da parte Autora, extinguindo o processo com resolução de mérito, nostermos do art. 269, I, do Código de Processo Civil.Sem condenação ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c o art. 1º daLei nº. 10.259/01).Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria asua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente sentença, certifique-se o trânsito emjulgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Vitória-ES, 05 de agosto de 2013

4. Em face da contribuição vertida como segurado urbano mencionado na sentença entre 2005 e 2010 (ver fl. 60),resta inviável deferir ao autor a aposentadoria como segurado especial. A sentença está correta.

5. Inviabilidade de conceder nesta ação aposentadoria híbrida. Não se pode deferir ao autor a aposentadoria híbridaprevista no § 3º do artigo 48 da Lei 8.213/91 (com a redação dada pela Lei 11.718/08). Com efeito, quando o autor formulouo requerimento em 06/07/2011, ainda não completara 65 anos (nasceu em 29/10/1947). Logo, cabe ao autor requereradministrativamente – se entender cabível – a referida aposentadoria, uma vez que já ultrapassou a idade de 65 anos. Nãoobstante, em sendo a DER anterior à data em que o autor atingiu 65 anos de idade, não cabe a este Juízo apreciar de ofícioa possibilidade de concessão do mencionado benefício.

6. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

102 - 0002122-84.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002122-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CORONA EMILIA ZAQUIPAIER (ADVOGADO: ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).Autos n.º 0002122-84.2011.4.02.5051/01

VOTO-EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – RENDA RURAL DISPENSÁVEL ÀSUBSISTÊNCIA – TRABALHADORA QUE RECEBE PENSÃO POR MORTE, EM DECORRÊNCIA DE FALECIMENTO DOMARIDO, NO VALOR DE CERCA DE 1,7 SALÁRIOS MÍNIMOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, a autora alegou que a existência de fonte de renda diversa da agricultura não descaracteriza,por si só, a condição de segurado especial; que atualmente enfrenta problemas de saúde e que a renda que recebe éinsuficiente para a sobrevivência. Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

CORONA EMILIA ZAQUI PAIER ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS,objetivando a concessão de Aposentadoria por Idade (rural), além do pagamento das prestações vencidas desde orequerimento administrativo em 18/01/2011 (DER) – fl. 67.Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei 9.099/95.DECIDO.FundamentaçãoMéritoA parte autora nasceu em 02/09/1949 (fl. 17), contando atualmente com 63 (sessenta e três) anos de idade, e requereu obenefício de aposentadoria por idade em 18/01/2011 (fl. 67), tendo sido o mesmo indeferido, sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural, a parte autora juntou aos autos os documentos de fls. 19/67, constando, dentreeles: carteirinha do sindicato, certidão de casamento, certidão de óbito do marido, contrato de parceria e declaração dosindicato.Além disso, na tentativa de corroborar o início de prova material acima especificada, foi colhido depoimento pessoal e detrês testemunhas na audiência, conforme CD-R de áudio.Em seu depoimento pessoal, a autora afirmou que atualmente trabalha na medida do possível; que hoje a autora mexe caféno terreiro, leva comida na roça, abre saco; que até pouco tempo atrás a autora conseguia trabalhar pesado; que há 02anos a autora não consegue mais; que a autora trabalhava na lavoura de café, plantio de feijão, milho; que o esposo daautora, José Amilton Payer, já faleceu; que quando o esposo da autora faleceu ele não tinha condições de trabalhar eestava aposentado por invalidez; que não se recorda quanto tempo ele ficou aposentado por invalidez; que antes de seaposentar, o esposo da autora trabalhava em um comércio que eles tinham; que ele trabalhou nesse comércio por 08/09anos; que nessa época a autora só cuidava da casa; que a autora residia em Monte Belo, onde reside hoje; que a autora foimorar em Vitória em busca de uma vida melhor; que ficaram por 8 anos lá e tiveram 2 filhos; que o esposo da autorcomeçou a passar mal e a autora voltou para roça para morar próximo à sua família; que a autora tinha filhos pequenos eela teve que voltar a morar na roça para criar os filhos; que a autora voltou para a roça em 1984 e nessa época o seuesposo estava aposentado; que a autora casou-se em 1972; que o esposo da autora não chegou a trabalhar na roça; queos filhos da autora também não ajudava na época; que quando o filho mais velho da autora começou ajudá-la; que aaposentadoria do esposo da autora não dava quase para nada, pois ele tomava muitos remédios, ficava muito tempointernado; que eles viviam da aposentadoria do esposo da autora e o dinheiro da roça; que no início acredita que recebiamais ou menos o mesmo com a roça e a aposentadoria ou até menos com a aposentadoria; que fazia mais falta para aautora ficar sem o dinheiro da roça; que um filho da autora é casado e vive desse pedaço de terra para se manter e umafilha da autora trabalha e estuda na cidade; que, às vezes, a autora ajuda a filha que reside na cidade.A primeira testemunha, Sr. Altamiro Bueno, disse que conhece a autora há mais de 30 anos; que conheceu a autora poucoantes de se casar; que a autora sempre residiu em Montevideo; que a autora nunca saiu dessa propriedade; que a autorasempre morou em Montevideo; que a autora morou por um tempo em Vitória, mas depois voltou para Montevideo; quequando ela se mudou para Vitória os filhos da autora já haviam nascido, mas há muito tempo; que a autora voltou de Vitóriamais ou menos em 1980; que depois que voltou a autora passou a trabalhar na roça; que a autora mexia com café e tinhauns 2 mil pés; que o marido da autora já faleceu e antes disso ele trabalhava na roça, mas ficou doente; que já viu a autoratrabalhando na roça; que o que a autora plantava ela usava para o consumo de casa e se sobrava alguma coisa a autoravendia; que os pais da autora trabalhavam na roça; que o depoente mora próximo à casa da autora; que a autora tinhanecessidade de trabalhar na roça.A segunda testemunha, Sr. Aelson Bento Candido, afirmou que conhece a autora há mais de 20 anos; que quandoconheceu a autora ela ainda era solteira; que tem mais tempo que conhece a autora; que à época a autora era lavradora emorava em Montevideo; que a autora casou e depois de um tempo foi para Vitória; que a autora ficou em Vitória por 07/08anos; que a autora voltou para morar na roça e voltou a fazer a mesma coisa que fazia antes; que a autora voltou a morarno mesmo lugar; que, às vezes, a autora fica na casa da filha em Castelo; que atualmente a autora não trabalha pois nãoagüenta, mas sempre faz alguma coisa; que o outro filho da autora mora e trabalha na roça; que já viu a autora trabalhandona roça; que a propriedade do depoente é próxima à do depoente; que quando a autora era solteira ela laborava na roçacom o esposo dela; que a autora tinha necessidade de trabalhar na roça, pois seu marido era doente e seus filhos erampequenos.A terceira testemunha, Sr. Rogério do Carmo Ambrosim, afirmou que conhece a autora desde 1984; que foi na época que aautora veio de Vitória; que depois dessa data a autora ficou morando na roça; que há cerca de 4 anos a autora mora naroça, mas às vezes fica em Castelo; que a autora trabalhava na roça frequentemente e ajudava no serviço da casa; que o

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marido da autora tinha problema de saúde e ela tinha filhos pequenos; que depois que o esposo da autora faleceu elacontinuou trabalhando na roça com o filho; até parar, data em que começou a ir para Castelo; que já viu a autora capinando,plantando, colhendo café; que o esposo da autora ficava internado e voltava para roça; que o depoente tem 44 anos; que aautora ia para roça pois tinha necessidade.Verifico que os depoimentos prestados são contundentes no sentido de afirmar o exercício da atividade rural por longoperíodo de tempo por parte da autora.Todavia, a concessão do benefício pleiteado esbarra na vedação do art. 11, §9º, I da Lei nº 8.213/91.De acordo com o dispositivo citado, o recebimento de prestação continuada da Previdência Social em valor maior que osalário mínimo desconfigura a qualidade de segurado especial do membro de grupo familiar.Conforme se verifica pelo documento juntado à fl. 77, a parte autora recebe R$1.153,00 reais por mês a título de pensãopor morte de seu falecido esposo.Dessa forma, entendo que não é possível deferir o benefício à parte autora, em face do óbice contido no art. 11, §9º, I daLei nº 8.213/91.DispositivoDiante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão deduzida na inicial, nos termos do art. 269, I, do CPC,extinguindo o feito com resolução do mérito.Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o artigo1º da Lei nº 10.259/01.Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarrazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria asua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, certifique-se o trânsito emjulgado, e em seguida, arquivem-se os autos, dando baixa.P.R.I.Cachoeiro de Itapemirim, 28 de janeiro de 2013.

4. O documento de fl. 77 comprova que a autora recebia, em 01/2013, R$1.153,00 a título de pensão por morte. Osalário mínimo em 2013 era R$678,00, de modo que aquele valor equivalia a cerca de 1,7 salários mínimos.

5. Depreende-se, pelo montante do benefício mensal recebido pela autora, que a atividade rural por eladesempenhada NÃO era exercida com a nota da indispensabilidade. Ou seja: excluindo-se a receita oriunda do trabalhorural, a subsistência da família não seria colocada em risco.

6. Só há regime de economia familiar se a atividade especial for indispensável à subsistência do grupo familiar. É oque decorre do disposto no § 1º do inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91: “§ 1º Entende-se como regime de economiafamiliar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimentosocioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes.”

7. Logo, é inviável qualificar a autora como segurada especial. Por tal motivo, a sentença deve ser mantida por seuspróprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

8. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

103 - 0102875-69.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.102875-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANSELMO FIENI(ADVOGADO: ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Autos n.º 0102875-69.2013.4.02.5054/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE DO SEGURADO ESPECIAL – RENDA RURAL DISPENSÁVEL ÀSUBSISTÊNCIA – TRABALHADOR QUE RECEBE PENSÃO DO ESTADO, EM DECORRÊNCIA DE FALECIMENTO DAESPOSA, NO VALOR DE CERCA DE DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado especial (rural).

2. Em seu recurso, o autor alegou que houve cerceamento de defesa, visto que deveria ter sido designadaaudiência de instrução e julgamento com o escopo de comprovar-se a condição de segurado especial; e que o trabalhourbano que sua esposa desempenhou não descaracteriza o regime de economia familiar.

Page 166: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

3. Segue abaixo o teor da sentença:

ANSELMO FIENI ajuizou ação previdenciária de rito sumaríssimo em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL – INSS, objetivando a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei nº 9.099/95.Inexistindo questões processuais a analisar, passo ao exame do mérito.O pleito da parte autora encontra fundamento jurídico no art. 48, § 1º, da Lei nº 8.213/91.Para a concessão do benefício da aposentadoria por idade rural, a parte autora precisa demonstrar o efetivo exercício deatividade rurícola, individualmente ou em regime de economia familiar, pelo período de carência estatuído no art. 142 da Leinº 8.213/91.Ressalte-se que a comprovação do exercício de atividade rural não pode ser realizada com base apenas em provatestemunhal, conforme disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91, confirmado na súmula nº 149 do Superior Tribunal deJustiça:A prova exclusivamente testemunhal não basta a comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de beneficioprevidenciário.Assim, a demonstração do desempenho de atividade rurícola deve ser fundada em prova documental, a qual, neste casoem particular, é denominada início de prova material.Aponta-se, todavia, ser desnecessário que essa prova material abranja todo o período de carência da aposentadoria poridade, conforme entendimento exposto no enunciado nº 14 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais.A título de início de prova material, a parte autora colacionou aos autos os seguintes documentos, dentre outros: a) Filiaçãosindical rural em 1974 (fl. 11); b) Escritura Pública de Compra e Venda de um terreno rural (fls. 38-39); c) Certificados deCadastro de Imóvel Rural – CCIR (fls. 40-42); d) Declarações de Imposto sobre Propriedade Territorial Rural - ITR (fls.43-48).O INSS afirmou, em contestação (fls. 66-71), que os documentos apresentados pelo autor não são suficientes paracomprovar o efetivo exercício de atividade rural em regime de economia familiar durante o período de carência necessário.Ademais, ressaltou que tanto o demandante como sua esposa tiveram vínculos urbanos, descaracterizando, assim, acondição de segurado especial.Nesse sentido, constato que a esposa do autor, Sra Wanda Maria Nippes Fieni, era professora e faleceu em 25/03/1990,conforme certidão de óbito de fl. 15. A partir de então, o demandante passou a ser pensionista, auferindo benefícioprevidenciário superior a um salário-mínimo, de acordo com o contracheque de fl. 58.A aposentadoria por idade rural é um benefício de índole assistencial, que objetiva resguardar uma renda mensal mínimapara os indivíduos que, por toda a vida, exerceram atividade rural em regime de economia familiar, sendo este entendidocomo “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimentosocioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes” (art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91, modificado pela Lei nº 11.718/08).Logo, a renda familiar do autor sempre adveio da atividade urbana exercida por sua mulher e, posteriormente, da pensãopor morte derivada do falecimento dela. Constata-se, portanto, que mesmo se a parte autora houvesse exercido de fato aatividade agrícola, restaria descaracterizado o regime de economia familiar.Ressalto que nesta sentença não se nega em momento algum que o autor tenha laborado no campo. Porém, asparticularidades do exercício desse trabalho obstam seu enquadramento como regime de economia familiar, tornandoinsubsistente seu pleito inicial.ISTO POSTO, com fulcro no art. 11, inc. VII, a, 1, c/c art. 48, § 1º, ambos da Lei nº 8.213/91, JULGO IMPROCEDENTE opedido de concessão da aposentadoria por idade. JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nostermos do art. 269, inc. I, do CPC.Sem custas nem honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei nº 9.099/95.Após o trânsito em julgado desta sentença, e observadas as cautelas legais, arquivem-se os autos.P.R.I.

4. Não se nega que o autor exerça atividade rural. Contudo, recebe pensão por morte (falecimento da esposa, queera servidora do Estado) que, em 2010, era superior a 2 salários mínimos do valor então vigente (R$1.231,06, cf. fl.59).Depreende-se, pelo montante do benefício mensal recebido pelo autor, que a atividade rural por ele desempenhada NÃOera exercida com a nota da indispensabilidade. Ou seja: excluindo-se a receita oriunda do trabalho rural, a subsistência dafamília não seria colocada em risco.

5. Só há regime de economia familiar se a atividade especial for indispensável à subsistência do grupo familiar. É oque decorre do disposto no § 1º do inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91: “§ 1º Entende-se como regime de economiafamiliar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimentosocioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes.”

6. Logo, é inviável qualificar o autor como segurado especial. Por tal motivo, a sentença deve ser mantida por seuspróprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

7. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

104 - 0004433-17.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004433-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO JOSÉ ALTOÉ(ADVOGADO: ES014959 - LAURITA APARECIDA NOGUEIRA LIMA COUTINHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).Autos n.º 4433-17.2012.4.02.5050/01

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AVERBAÇÃO DE PERÍDOS LABORADOS COMO SEGURADO ESPECIAL.

1. A parte autora interpôs RECURSO INOMINADO contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,determinando a averbação do tempo rural entre 4/2/1980 a 31/1/1981; e de 1/1/19/89 a 30/1/1990.

2. Em seu recurso, o autor alegou o que segue: “... No entanto, desconsiderou 80% (oitenta por cento) do pedidoda inicial, que representa a maior parte do tempo em que o Autor esteve estudando e, continuou a trabalhar junto com afamília nos finais de semana, feriados e férias. Essa conclusão nos leva a crer que o segurado Especial que labora comdificuldade na pequena propriedade em regime de economia familiar, é punido com a exclusão do tempo de serviço, noperíodo que esta estudando, mesmo dando continuidade no trabalho rural. Significa que adquirir conhecimentos paraserem aplicados na própria terra de onde se tira o sustento, acarreta punição através da perda do tempo de trabalho comosegurado especial. E um despropósito, um desestímulo para o lavrador e o pequeno proprietário rural que deveria receberincentivo para permanecer no campo, produzindo. A cultura e o estudo estão sendo rebaixados. Estudar significa noentender do Ilustre Juiz a quo quando reproduziu em sentença, a perda do tempo para a futura aposentadoria. (...)”. O autoralegou, em seu favor, o teor do art. 113 da Instrução Normativa nº 27 do INSS, que admite o cômputo, como tempo deserviço/contribuição, do tempo exercido como aluno aprendiz até a EC nº 20/1988. Requereu a reforma da sentença.

3. Segue abaixo o teor da sentença:

PAULO JOSÉ ALTOÉ pretende o reconhecimento de tempo de atividade rural referente ao período de 4/2/1980 a30/1/1990.

Como início de prova material, a autora apresentou os seguintes documentos: escritura pública da propriedade rural de seupai registrada em 30/9/1975 (fls. 35/39); documentos da propriedade (fls. 40/55);

Os documentos apresentados em nome de terceiro, no caso, o pai do autor, são hábeis à comprovação do trabalho ruralexercido pelos outros membros do grupo familiar. É pacífico o entendimento da Terceira Seção do Superior Tribunal nosentido da admissibilidade de documentos em nome de terceiros, integrantes do mesmo grupo familiar, como início deprova material para comprovação da atividade rural (precedente: EREsp 155.300-SP, DJU 21/9/1998, p. 52). No mesmosentido é a orientação da Turma Nacional de Uniformização: “Certidão de registro de imóvel rural em nome do pai do autor,onde este alega haver trabalhado, serve como início de prova material do labor rural” (TNU, PEDILEF 2006.72.95.0180588,Relatora Juíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, DOU 22/07/2011)

Comprovado o requisito do início de prova material, o exercício da atividade rural necessita ser corroborado por provatestemunhal. Sendo o pai do autor proprietário rural, infere-se, pela lógica, que a parte autora, na época em que era menorde idade, como era costume na época, ajudasse o pai na exploração da propriedade. É a prova testemunhal que, emcomplementação ao início de prova material, deve aprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao trabalho daautora na roça.

Passo a analisar a prova testemunhal, produzida em audiência. Seguem os depoimentos resumidos:

Depoimento pessoalQue exercia o trabalho rural em Venda Nova do Imigrante; que a propriedade era de seu pai; que até 1990 o autor morouna propriedade; que depois de fevereiro de 1990 o autor se mudou para Vitória; que o autor fez curso técnico emagropecuária, voltado para o campo, em Alegre, no período de 1981 a 1983; que fez Administração na UFES de agosto de1985 a novembro de 1988; que fez o curso superior em três anos e meio, sempre voltado para o campo; que, inclusive nosfinais de semana e férias, sempre voltava para trabalhar com os pais na roça; que, em 1º/2/1990, decidiu sair de VendaNova e vir para Vitória; que o curso que estudou em Alegre era de agropecuária; que abrangia tanto a agricultura comotambém a pecuária; que o curso era em regime de internato; que o internato era de segunda a sexta; que chegava segundaàs oito horas da manhã e saía sexta às 16 horas; que, nas férias escolares, era negociado um período de trabalho prestadopara a escola agrícola; que no terreno do pai dele se planta café; que a área de cultivo é de dez hectares ou dois alqueires;que, atualmente, o pai do autor tem um meeiro, que ele saiba, pois saiu do local há muito tempo; que na propriedade temoutras culturas, mas são voltadas para a subsistência, como feijão e milho; que, no início chegou a plantar arroz, mas nãocompensou; que sempre trabalhou no regime de economia familiar com meeiros.

Albino Francisco ViçosiQue conhece o autor desde 1971; que a testemunha é vizinha do autor; que o autor planta mais lavoura de café; que acha

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que eles têm meeiro; que o nome do pai do autor é Pedro Altoé; que eles não têm funcionários; que o autor trabalhou naroça também; que o autor nasceu e foi criado na propriedade; que o autor veio para Vitória em 1990; que, quando o autorestudava aqui, ele voltava para casa para trabalhar nos finais de semana.

Agostinho ViçosiQue conhece o autor desde 1978; que o pai do autor tem uma propriedade em Venda Nova; que a testemunha era meeirado autor; que o autor sempre ajudou na roça; que, quando estava estudando, o autor voltava todo final de semana para apropriedade; que o tamanho da propriedade de cultivo era de um alqueire; que não se lembra o tamanho total dapropriedade.

As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido de que o autor trabalhou na lide rural emregime de economia de subsistência na companhia dos pais desde criança até se mudar da roça para estudar e trabalharcom registro urbano.

Conforme defendeu o INSS, o período que o autor estudou fora é incompatível com o trabalho na roça, pois estava fora dapropriedade durante toda a semana só retornando para casa nos finais de semana. Considerando que o autor fez cursotécnico entre 1981 e 1983 e curso superior entre 1985 e 1988, somente pode ser reconhecido o período anterior ao iníciodo curso técnico e o período posterior ao fim do curso superior.

Estabeleço o termo inicial do trabalho rural em 4/2/1980, data em que o autor completou 14 anos, nos termos do pedidoformulado na inicial. Estimo, por arbitramento, que o autor trabalhou na roça até 31/1/1981, já que em 1981 iniciou cursotécnico em Alegre (fl. 26). Após, o autor fez curso superior até o final de 1988 (fl. 22). Assim, estabeleço que o autor voltoua trabalhar no meio rural de 1º/1/1989 a 30/1/1990, quando veio para Vitória trabalhar em atividade urbana (CTPS – fl. 13).

Considero provado que o autor exerceu atividade rural, em regime de economia familiar, no período de 4/2/1980 a31/1/1981 e de 1º/1/1989 a 30/1/1990.

O autor tem direito à averbação do tempo de serviço rural para efeito de contagem de tempo de contribuição,independentemente do recolhimento de contribuições. Ressalvo que esse tempo não pode ser considerado para efeito decarência. Aplica-se o art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91: “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data deinício de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes,exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento”.

Dispositivo

Isto posto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com resolução de mérito, nos termos doart. 269, I, do CPC, a fim de determinar que o INSS averbe como tempo de serviço rural o período de 4/2/1980 a 31/1/1981e de 1º/1/1989 a 30/1/1990 para todos os fins legais, exceto como carência.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Concedo à parteautora o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 16 de julho de 2013.

4. Aluno-aprendiz.

4.1. Nos termos da súmula 18 da TNU, “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebiaremuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computadopara fins de aposentadoria previdenciária.”

4.2. Em sentido similar, a súmula 96 do TCU dispõe o que segue: “Conta-se para todos os efeitos, como tempo deserviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade de aluno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde quecomprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento, admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação,fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com a execução de encomendas para terceiros.”

4.3. O autor estudou em escola agrotécnica entre 1981 e 1983; posteriormente, cursou Administração na UFES.

4.4. É evidente que o curso superior em Administração realizado em universidade federal nenhuma relação guardacom o tema do aluno-aprendiz.

4.5. Quanto ao período cursado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre, nada há nos documentos relativos ao cursorealizado em tal escola (fls. 26/31) que diga respeito ao pagamento de remuneração (direta ou indireta) à conta doorçamento da União.

Page 169: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

5. No mais, inviável acolher a tese de que o autor poderia ser qualificado como segurado especial no período emque estudou curso técnico em Alegre ou curso superior em Vitória. Com efeito, uma vez que a propriedade da família doautor situa-se em Venda Nova do Imigrante, a distância que há entre este e aqueles municípios evidencia que, ao menosdurante a semana, o autor não desempenhava atividade rural alguma.

6. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

105 - 0101895-37.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101895-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VERA LÚCIA SILVA ALVES(ADVOGADO: ES004497 - DICK CASTELO LUCAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).PROCESSO: 0101895-37.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101895-7/01)RECORRENTE: VERA LÚCIA SILVA ALVESADVOGADO (S): DICK CASTELO LUCASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Marcos Figueredo Marçal

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VERA LUCIA SILVA ALVES, em face da sentença de fls. 62/65, quejulgou improcedentes os pedidos iniciais de restabelecimento de auxílio-doença e conversão em aposentadoria porinvalidez. Alega a recorrente que era ajudante de cozinha e desde 19/04/2012 se afastou do exercício, quando foidiagnosticada com síndrome do manguito rotador. Sustenta a recorrente que o perito judicial confirmou o diagnóstico domédico que a acompanha, porém de forma equivocada, ao concluir que não está incapacitada para exercer a função deempregada doméstica. Diz que está em tratamento ortopédico, com acompanhamento regular, desde abril de 2012, e osmédicos que a acompanham no tratamento afirmam que a mesma não possui condições de retornar ao trabalho, pois afunção de empregada doméstica demanda esforço físico intenso. Requer a antecipação dos efeitos da tutela e a reforma dadecisão e o restabelecimento do auxílio-doença, desde a data da cessação, com a transformação em aposentadoria porinvalidez, e o pagamento das parcelas devidas, legalmente corrigidas.2. A autora nasceu em 28/08/1961. Na petição inicial afirmou ser empregada doméstica. Esteve em gozo debenefício previdenciário nos períodos de 19/04/2012 a 10/05/2012 e de 17/12/2012 a 30/04/2013 (fls. 22 e 24). O pedidoadministrativo de reconsideração foi realizado em 11/06/2012 (fl. 11) e indeferido pela não constatação de incapacidadelaborativa, assim como o requerimento de concessão de novo benefício formulado em 18/06/2012 (fl. 23). Pretende queseja restabelecido o beneficio de auxilio doença desde a primeira cessação, em 10/05/2012.Conforme relatório de contribuição do CNIS, a autora contribuiu para a previdência social nos períodos de 11/2005 a10/2011, de 01/03/2012 a 02/2013 e 10/2013 a 06/2014.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Exerce a parte autora a função de doméstica, contando atualmente 52 anos de idade, referindo problemas ortopédicos,principalmente nos ombros.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls.38-40) foi constatada que a parteautora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar sua doença, afirmando não ter a parte autoraalterações que ensejariam a incapacidade, uma vez que função e mobilidade foram preservadas.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar a fim de invalidar a conclusão apresentada a partir da perícia judicial. Isso porque tal fato –diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deve ser constatada por perícia médica, pois o atestadomédico particular equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.Intimem-se.4. A autora foi submetida a cirurgia no ombro direito para correção de lesão do manguito rotador em dezembro de

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2012, conforme laudos de fls. 12/14 e anamnese realizada na perícia judicial (fl. 38). O perito judicial – perícia realizada em07/08/2013 - constatou o ombro direito “com cicatrizes de cirurgia artroscópica, com mobilidade normal de flexão, abduçãoe rotação”, referindo apenas queixa de dor nos dois ombros. Diagnosticou “lesão não especificada no ombro” (CID M75.9).Afirma que a autora não apresenta nenhuma alteração relacionada a sua patologia.5. No período entre a cessação do primeiro benefício (10/05/2012) e a cirurgia (17/12/2012, conforme laudo de fl.13), a autora teria permanecido sofrendo os efeitos da lesão do manguito rotador direito. Não há nos autos documento queateste a data da lesão, mas apenas o encaminhamento da autora ao cirurgião de ombro (fl. 12), datado de 21/08/2012. Oprimeiro benefício foi concedido em razão de incapacidade reconhecida por perícia administrativa em razão de “lesões doombro” (CID M75), conforme verificado em consulta ao sistema PLENUS (HISMED). Note-se, ainda, que o laudo pericialmenciona ultrassonografia do ombro direito, realizada em 14/03/2012, que demonstra “Tenossinovite bicipital” e “Rupturaparcial do tendão subscapular”. Como se vê, as informações constantes dos autos apontam para o fato de que a lesão eramesmo anterior ao primeiro benefício, concedido em razão dela mesma. Ora, parece-me bastante improvável que aincapacidade decorrente da lesão que só foi corrigida em dezembro de 2012 tenha cessado em maio de 2012.6. No período posterior à cessação do segundo benefício, depreende-se do laudo pericial que houve recuperaçãodo ombro direito. A queixa de dor no ombro esquerdo não está respaldada por nenhum documento médico. Assim, não épossível reconhecer incapacidade nesse período no presente processo.7. Pelo exposto, dou PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar parcialmenteprocedente o pedido e condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença NB 551.042.989-1 desde a cessaçãoocorrida em 10/05/2012, com cessação em 16/12/2012 (data imediatamente anterior à concessão do segundo benefício),bem como a pagar à parte autora as parcelas referentes ao período, corrigidas monetariamente desde que devidas, peloINPC, e acrescidas de juros de mora, desde a citação, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. Custas ex lege. Semcondenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95. É como voto.Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

106 - 0003603-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003603-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x SIDINEIA DAS GRAÇAS BELLON JUBINI(ADVOGADO: ES003844 - ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).PROCESSO: 0003603-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003603-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇALRECORRIDO: SIDINEIA DAS GRAÇAS BELLON JUBINIADVOGADO (S): ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, quejulgou procedente o pedido inicial de concessão do salário-maternidade, para condenar o ora recorrente a conceder referidobenefício com DIB em 17/01/2005 e a pagar, após o trânsito em julgado, as parcelas devidas. O recorrente alega que odocumento mais antigo, dentre os apresentados, é a certidão de casamento de 04/06/2004, enquanto o filho da autoranasceu em 13/11/2004, o que denota que a carência não foi cumprida (cumprimento de apenas cinco meses e nove dias).Requer, assim, a reforma da sentença.

2. Segue trechos da sentença prolatada nos autos:

Trata-se de ação de conhecimento proposta por SIDINEIA DAS GRAÇAS BELLON JUBINI, em face do INSS objetivando acondenação do réu à obrigação de pagar à autora os valores referentes ao salário maternidade requerido e indeferido peloINSS.

(...)

Pretende a autora, na qualidade de segurada especial, a condenação do INSS a conceder-lhe o benefício de saláriomaternidade pelo nascimento de seu filho em 13/11/2004, cujo requerimento administrativo foi em 17/01/2005.

A Autarquia-ré sustenta que a autora não faz jus ao benefício por falta de cumprimento do período de carência.

(...)

Para tanto, juntou aos autos cópia da certidão de nascimento de seu filho, ocorrido em 13/11/2004, na qual sua qualificaçãoaparece como lavradora; cópia de sua certidão de casamento ocorrido em 04/06/2004, na qual também está qualificadacomo lavradora, assim como seu marido e contrato de comodato de dezembro de 2004.

Em audiência, a autora afirmou que desde os 16 anos trabalha na roça, em regime de comodato, que tal contrato iniciou-sede forma verbal, sendo formalizado apenas em 2004. Suas testemunhas confirmaram que a autora exerce atividades rurais,inclusive a testemunha Marcos afirmou que a autora trabalha no mesmo terreno que ele, sendo que ela trabalhou até onascimento de seu filho.

Considerando o início de prova material juntado pela parte autora, principalmente sua certidão de casamento, bem como

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pelo que informado por suas testemunhas, tenho como atendidos os requisitos legais à concessão do benefício. Registroque a lei exige apenas início de prova material do período que pretende comprovar, não sendo prescindível comprovaçãode todo o período.

Assim sendo, impõe-se no presente caso a procedência do pedido autoral.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, condenando o réu conceder o benefício previdenciário desalário-maternidade, o qual terá como DIB 17/01/2005, e a pagar, após o trânsito em julgado, as parcelas devidas, no valorde R$1.054,90 (mil e cinqüenta e quatro reais e noventa centavos), atualizados até 03/05/2010, conforme cálculos daContadoria de fl. 63.

(...)

3. A discussão suscitada pelo recorrente foi pacificada pela Turma Nacional de Uniformização, pelo que colacionotrechos do voto prolatado no Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal nº 05069897820104058102.

VOTO-EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. SALÁRIO-MATERNIDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.DOCUMENTOS EXTEMPORÂNEOS SITUADOS ANTES E DEPOIS DO PARTO. PROXIMIDADE. PERÍODO DECARÊNCIA DIMINUTO. FLEXIBILIZAÇÃO. PRESUNÇÃO RELATIVA E INICIAL DE ATIVIDADE RURAL. ATENDIMENTOEXIGÊNCIA LEGAL. PEDIDO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Sentença julgou procedente pedido de concessão deSalário-Maternidade com base em prova documental acostada aos autos, corroborada por prova testemunhal coerente eharmônica. Acórdão da Turma Recursal do Ceará manteve a sentença pelos seus próprios fundamentos. 2. Pedido deUniformização interposto pelo INSS, tempestivamente, sustenta que os documentos trazidos a título de início de provamaterial são extemporâneos ao período de carência, a contrariar o entendimento do STJ (AgRg no Resp 945.696/SP) e daTNU (PEDILEF nº 2002.50.010.001736-0 e a sua Súmula 34). (...) 5. No mérito, não é de se prover o Pedido deUniformização. Isto porque, dado o exíguo período de carência do Salário-Maternidade – que entendo ser de 12 (doze)meses em face de interpretação sistemática do art. 25, inc. III c.c. art. 39, Parágrafo Único, ambos da Lei 8.213/91 – é dadoao magistrado, em face da documentação acostada e do seu respectivo valor probante, estender ou não a sua validade oueficácia para o período carencial – mesmo porque se está em sede de início de prova material, ou seja, provamarcadamente indiciária do alegado, sem foros de prova plena. 6. No caso, antes do parto (26/07/07), há Nota Fiscal deCompra de Insumos Agrícolas em nome da autora, datada de 25/04/2006, e, também, após o parto, outros documentosimportantes: Declaração de ITR do Sítio Catolé onde a autora trabalha(va), de 25/07/2007 e a Certidão de Casamento daautora, datada de 08/08/08. De notar que as documentações referidas possuem datas relativamente próximas às da datado parto – a permitir, pois, o seu aproveitamento. Além do que, por se posicionarem tanto no período anterior comoposterior ao parto, acabam por criar ou estabelecer uma presunção, ainda que meramente indicativa, de que durante aqueleperíodo a parte-autora detinha a condição de trabalhadora rural. Isto, a meu ver, satisfação a exigência legal. 7. Entendoque a existência de importantes e confiáveis documentos, assim entendidos aqueles já consagrados na jurisprudênciadesta Corte e do STJ, com datações próximas à data do parto, seja no período anterior, seja no período posterior,possibilita a ilação de que durante tal período, no “iter” que se estabelece, resta caracterizado o início de prova material daparte-autora. É evidente que a prova plena e cabal virá somente com a completa análise do contexto probatório,notadamente com a oitiva das testemunhas. 8. Esta Turma Nacional tem convolado atualmente tal interpretação, na qual seflexibiliza o entendimento de que os documentos aptos a caracterizarem o início de prova material devem estarnecessariamente dentro do (exíguo) período de carência exigido pelo benefício de Salário-Maternidade. (...) (PEDILEF05069897820104058102, JUIZ FEDERAL PAULO RICARDO ARENA FILHO, TNU, DOU 11/05/2012.)

Os argumentos trazidos pelo recorrente em sua peça recursal apenas revolvem a matéria já tratada na sentença. Não háqualquer argumento novo que possa alterar o resultado do julgamento realizado. A decisão impugnada está exatamentenos moldes do entendimento da Turma Nacional de Uniformização.

Diante de tais fatos, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

4. RECURSO IMPROVIDO. Isento de custas na forma do art. 4º, inciso I da Lei nº 9.289/1996.

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valoratualizado da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

107 - 0005902-06.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.005902-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILDA SOARES DEPIANTTIx INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PROCESSO: 0005902-06.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.005902-0/02)RECORRENTE: ZILDA SOARES DEPIANTTIADVOGADO (S): CLÁUDIO HENRIQUE LARANJA NETO

Page 172: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO, interposto por ZILDA SOARES DEPIANTTI, contra a sentença de fls.59-60, que julgou improcedente o pedido inicial de revisão do valor da renda mensal atual da pensão por morte. Arecorrente alegou que o valor real do benefício não pode ser verificado de maneira abstrata, eis que representa a garantiamínima de que os proventos dos segurados não serão corroídos pela inflação. Apontou que, sempre que for acumuladauma inflação significativa em um determinado período, os proventos previdenciários deverão ser reajustados pelospercentuais inflacionários, de forma a preservar-lhes o valor real do benefício. Requereu a reforma da sentença.

2. Eis o teor da sentença:

A autora quer a revisão do valor da renda mensal atual da pensão por morte com a finalidade de recuperar o valor real dobenefício. Alegou que os índices de reajustamento aplicados pelo INSS são diversos daqueles determinados pela lei.

Não assiste razão à autora. A Contadoria do Juízo esclareceu que não há nenhum erro nos sucessivos reajustes da rendamensal. O contador refez toda a evolução de reajustes da renda mensal inicial do benefício da parte autora e concluiu que oINSS aplicou a legislação de regência. Concordo com o parecer contábil. Não há evidência de que haja erro na concessãodo benefício e nem de que, depois da concessão, o réu tenha aplicado índice de reajuste da renda mensal inferior aosparâmetros legais.

Ademais, não existem parâmetros objetivos para aferir se os índices estipulados por lei para o reajuste dos benefíciosprevidenciários deixam de atender à manutenção do valor real. O salário mínimo não serve de parâmetro, por expressavedação do art. 7º, IV, da Constituição Federal. E a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido deque “o índice a ser utilizado é aquele previsto na lei, não cabendo ao segurado o direito à escolha do percentual que,segundo seu entendimento, melhor refletiria a reposição do valor real do benefício” (STJ - AgRg no REsp 447138-RS -Relator Felix Fischer - Quinta Turma - Data do Julgamento: 12/08/2003 - DJ 29.09.2003 p. 310).

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça confirma que a Carta Magna delega ao legislador infraconstitucionalliberdade para determinar os índices de reajuste.

“Entende esta Corte que os critérios de concessão e revisão dos benefícios previdenciários previstos na Lei 8.213/91 sãosuficientes à manutenção do seu valor real.” (AGRESP 785821 - Data da decisão: 20/06/2006 - DJ 01/08/2006 p.572)

“De acordo com inúmeros julgados deste Tribunal Superior, assentou-se o entendimento de que o reajuste dos benefíciosprevidenciários deve obedecer aos critérios definidos na Lei 8.213/91, com as alterações introduzidas pelas Leis 8.542/92,8.700/93, 8.880/94 e 9.711/98, sem que isso resulte qualquer afronta ao disposto no artigo 201, §4º da ConstituiçãoFederal, que assegura a manutenção do valor real dos benefícios.” (AGRESP 542202 - Data da decisão: 28/09/2005 – DJ07/11/2005 PÁGINA:334)

“A adoção dos índices legais pelo INSS assegura a irredutibilidade do valor dos benefícios e preserva seu valor real.”(RESP 513337 - Data da decisão: 04/08/2005 – DJ 05/09/2005 p. 455)

“A fixação, a partir do ano de 1997, de reajustes não atrelados a qualquer indexador oficial, por si só, não pode ser tidacomo violadora da garantia de preservação do valor real do benefício.” (RESP 505597 - Data da decisão: 04/08/2005 - DJ05/09/2005 p.455)

“O texto constitucional garante a manutenção, em caráter permanente, do valor real do benefício. Entretanto, delega aolegislador o estabelecimento dos índices a serem aplicados.” (RESP 508741 - Data da decisão: 02/09/2003 – DJ29/09/2003 p.334)

Por isso, descarto a pertinência de discutir a constitucionalidade das leis que fixaram os índices de reajuste dos benefíciosprevidenciários, bem como de avaliar se tais índices estão corretos.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

(...)

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Page 173: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

108 - 0002629-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002629-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EURIPEDES NEVES DASILVA (ADVOGADO: ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI, ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0002629-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002629-3/01)RECORRENTE: EURIPEDES NEVES DA SILVAADVOGADO (S): LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE, NEUSA MARIA MARCHETTIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha Rosado

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por EURIPEDES NEVES DA SILVA, em face da sentença de fl. 41, queextinguiu o feito sem julgamento de mérito, por entender que a petição inicial é inepta. Em seu recurso, o recorrente alegaque possui tempo de serviço que não foi computado pelo INSS e que faz jus ao regime especial (sic), o que se comprovacom o Perfil Profissiográfico Previdenciário dos anos de 2004, 2003, 2000, 1997, tendo acréscimo de 30% em cadaperíodo. Requer a reforma da sentença.

2. Seguem os principais segmentos da sentença prolatada nos autos:

(...)

Acolho a preliminar de inépcia da inicial nos exatos termos apresentados pelo INSS, que abaixo seguem transcritos,passando a fazer parte das razões de decidir desta Sentença:

Verifica-se que o Autor não especificou devidamente a causa de pedir, se restringindo em sua exordial a aduzir que possuialgum tempo de serviço não computado pelo INSS, sem especificar qual ou quais, sendo alguns “insalubres”.Ora, conforme é sabido o art. 295, parágrafo único, I, do CPC de forma expressa menciona a causa de pedir como um dosrequisitos da petição inicial pena de inépcia. Portanto, a petição inicial deve ser julgada inepta e extinta sem apreço domérito.Com efeito, o autor limitou-se a alegar que o INSS não computou algum período sem dizer onde e quando trabalhou.Entretanto, requereu a condenação do INSS a pagar-lhe em aposentadoria por tempo de contribuição bem como eventuaisatrasados.Assim, considerando que o benefício pleiteado depende da comprovação de que o requerente preenche os requisitos legaispara sua concessão, há que se concluir que a causa de pedir constante da petição inicial por si só não demonstra possuirdireito ao pedido final, devendo o presente feito ser extinto, sem julgamento do mérito.

Isto posto, EXTINGO O FEITO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. Sem custas nem honorários. Defiro gratuidade. Após otrânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se. PRI

3. As alegações dispostas no recurso de fls. 43-45 não impugnam os termos da sentença recorrida. Pelo contrário,o autor repete as argumentações expostas na peça inicial e não ataca especificamente os fundamentos da decisãoagravada. Deixo de conhecer do recurso do autor por ofensa ao princípio da dialeticidade, pelo qual cabe ao recorrentedemonstrar não apenas as razões de seu inconformismo, mas também apontar o prejuízo que lhe trouxe a decisãoimpugnada, assim como os motivos pelos quais a sentença deve ser anulada ou reformada. Ou seja, o recorrente deveindicar o error in judicando que lhe ocasiona o gravame. Pelo teor da peça recursal apresentada pelo autor, nota-se queeste quer a averbação de alguns períodos como sendo de atividade especial, mas não indica quais são esses períodos equal seria o agente nocivo ao qual estaria submetido. Ademais, a sentença extinguiu o processo sem resolução do méritopor inépcia da inicial e o recorrente não fez qualquer alegação que pudesse desconstituir os fundamentos da decisão.

4. RECURSO NÃO CONHECIDO. Custas na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c art. 4º, inciso II da Lei nº9.289/1996.

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em R$ 500,00 (quinhentosreais), ficando a execução condicionada à prova da superação do estado de necessidade que ensejou o deferimento daassistência judiciária gratuita e ao prazo previsto no art. 12 da Lei nº 1.060/50. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

109 - 0002039-42.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002039-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x MARIANGELA DOELLINGER VIEIRA

Page 174: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

(ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.).PROCESSO: 0002039-42.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002039-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha RosadoRECORRIDO: MARIANGELA DOELLINGER VIEIRAADVOGADO (S): MARIA DE FATIMA MONTEIRO

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – PROCESSO CIVIL – SENTENÇA QUE CONHECE DE MATÉRIA NOVA, DISSOCIADA DA CAUSADE PEDIR – RECURSO QUE SE INSURGE CONTRA ESSA PARCELA DA SENTENÇA – INCIDÊNCIA DO EFEITOTRANSLATIVO DOS RECURSOS – RECURSO PROVIDO.

1. Trata-se de RECURSO INOMINADO interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fls.106/121 ) emface da sentença de fls. 101/104, que julgou procedente o pedido de inclusão dos valores das horas extras reconhecidasem reclamação trabalhista no salário de contribuição do segurado instituidor da pensão por morte; e improcedente o pedidode revisão genérica da renda mensal da pensão por morte; declarando, ainda, ser inexigível eventual valor apurado emvirtude de equívoco no cálculo da RMI do segurado falecido, tendo em vista o caráter alimentar da verba.

2. A referida declaração de inexigibilidade contida na parte dispositiva decorreu do fato de que o INSS informou, nocurso do processo, ao impugnar os cálculos da Contadoria, que todo o cálculo do benefício da autora foi refeito, tendo sidoapurado erro administrativo quando da concessão (quanto a tal pormenor, elucidativo o parecer da Contadoria que seguena fl. 99, onde se registra a ocorrência de tal equívoco e também que, mesmo com a consideração do valor dashoras-extras reconhecidas pelo Judiciário trabalhista, a RMI do autor ficará menor). Alega o recorrente a possibilidade decobrança de valores recebidos em função de erro administrativo, considerando os princípios constitucionais que regem aAdministração Pública, sustentando a prevalência de outros princípios em face da boa-fé, bem como a prevalência do deverjurídico-moral de restituição de valores recebidos indevidamente em face da irrepetibilidade de verbas em caráteralimentício; argumentou que é vedado o enriquecimento sem causa. Requereu o INSS a reforma da sentença. É o relatório.

3. A causa de pedir veiculada na ação refere-se: (i) à incorporação do valor de horas-extras reconhecidas na Justiçado Trabalho no cálculo da pensão por morte recebida pela autora; e (ii) ao recálculo das pensões por morte tendo em vistao disposto na Lei 9.032/95.

4. Contudo, após a contestação, foram realizados cálculos pelos quais a Contadoria do Juízo apurou equívoco nocálculo da RMI do benefício de aposentadoria que originou a pensão recebida pela autora. Por conta de tal equívoco,constou da parte dispositiva da sentença uma declaração de inexigibilidade; ou seja: a sentença afirmou a irrepetibilidadedos valores eventualmente recebidos a maior pela autora em função do mencionado erro de cálculo da RMI.

5. Tal situação (a apuração de erro de cálculo após a propositura da ação) configura um fato superveniente.

6. Decerto que os fatos supervenientes à lide deverão ser conhecidos pelo juiz, quando da prolação da sentença(art. 462 do CPC). Mas os fatos que devem ser conhecidos supervenientemente são aqueles que constituem (oudesconstituem), modificam ou extinguem o direito do autor, consoante resulta da expressa dicção do art. 462 do CPC. Ora:o fato novo alegado pela Contadoria na fl. 99 não pode ser considerado como “superveniente” para os fins do art. 462 doCPC, haja vista que é totalmente desconexo do fundamento (causa de pedir) sobre qual se embasa a pretensão lançada nainicial. Não se trata de mero formalismo. A regra processual há de ser observada, sob pena de se admitir imenso tumulto noprocesso. Ademais, tanto o juízo quanto as partes têm interesse no sentido de que a relação processual se desenlace deforma válida. Neste sentido, precisa é a lição de ARRUDA ALVIM: “(...) O juiz não pode conhecer de fato novo ocorridoposteriormente à propositura da ação, caso este venha a alterar a causa petendi e/ou o pedido, pois por fato novo deve-seentender aquele que, rigorosamente, se ajusta à causa petendi e ao pedido. É fato novo só quanto à circunstância de suaulterior ocorrência, relativamente à época da postulação inicial, e não no sentido de inovar o petitum e sua(s) causa (ae)petendi, pois já daí deve constar. (...)” (Manual de Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: RT, 2010, p. 1.110).

7. Em suma: a parcela final da parte dispositiva (a declaração de inexigibilidade) dissocia-se das causas de pedir epedidos lançados na inicial. Por conseqüência, o recurso do INSS – que se insurgiu exatamente contra tal declaração deinexigibilidade – também se encontra dissociado das causas de pedir veiculadas na petição inicial.

8. Tal como a sentença conheceu de matéria substancialmente nova e dissociada dos pedidos, o mesmo se deucom o recurso, que se insurgiu contra o mérito dessa (nova) matéria. Não obstante, o recurso pode ser conhecido – eprovido – por força do efeito translativo, que remete à segunda instância o conhecimento de toda a matéria que pode serconhecida de ofício (as questões de ordem pública).

9. Por incidência do efeito translativo, CONHEÇO E DOU PROVIMENTO ao recurso do INSS, apenas para,reconhecendo a ocorrência de erro de procedimento, suprimir da parte dispositiva da sentença a declaração deinexigibilidade nela contida (fl. 103: “... declarar se inexigível eventual valor apurado em virtude de equívoco no cálculo daRMI do segurado falecido, tendo em vista o caráter alimentar da verba.”). No mais, resta mantida a sentença.

Page 175: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

10. Sem custas e sem honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

110 - 0002440-38.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002440-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x DORIAN RODRIGUES PEÇANHA(ADVOGADO: ES011678 - ADRIANA ALVES DA COSTA.).PROCESSO: 0002440-38.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002440-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Luis Guilherme Nogueira Freire CarneiroRECORRIDO: DORIAN RODRIGUES PEÇANHAADVOGADO (S): ADRIANA ALVES DA COSTA

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 170/173, que julgou procedenteo pedido inicial de aposentadoria rural por idade, com DIB a partir do requerimento administrativo (08/10/2009). Alega orecorrente que a Administração Pública deve se ater ao princípio da legalidade, indicando que os documentos colacionadospela autora não correspondem aos indicados na lei, mais especificamente, nos incisos do artigo 106 da lei 8.213/1991.Dessa forma, aduz que falta à parte autora início de prova material e, conforme a Súmula 149 do STJ, para a comprovaçãoda atividade rurícula não basta a prova exclusivamente testemunhal. Requer, por fim, a reforma da sentença.

2. Eis o teor da sentença:

DORIAN RODRIGUES PEÇANHA ajuizou a presente ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSS,objetivando a concessão de Aposentadoria por Idade (Pescador artesanal), além do pagamento das prestações vencidas.

Dispensado o relatório, conforme o art. 38, da Lei 9.099/95.

DECIDO.

Fundamentação

Mérito

A parte autora nasceu em 09/08/1945 (fl. 13), estando atualmente com 66 (sessenta e seis) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/10/2009 (fl. 139), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Ficha de Embarque, realizada em 26/12/85, constando a função do autor como pescador profissional (fl.16);b) Carteira de Pescador Profissional, com registro em 06/10/1982 (fl.18);c) Declaração de exercício de atividade rural, emitida em 27/08/2009, pela Colônia de Pescadores Z-10 ´´Dom Pedro I``,constando a prática de atividades pesqueiras no período de 1989 a 2009 (fls.19/20);d) Contrato de parceria, com período de duração entre 05/09/2005 a 22/08/2009, constando a parte autora como tripulanteda embarcação ´´Samyra`` (fl.22);e) Carteira da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca – SUDEPE -, constando a profissão da parte autora comopescador profissional (fl.23);f) Cartão de Identidade do Ministério da Agricultura (fl.24);g) Ficha da Colônia dos Pescadores Z-09 e Z-10 (fls.25/27);h) Rol de Equipagem, com data de embarque em 05/09/2005 (fl.29);i) Declaração de que o filho da parte autora estudou em Itaóca. Consta nessa declaração que o autor é pescador e suaesposa é marisqueira (fl.78);j) Fichas de Embarque, relativas aos anos de 1989,1993,

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte autora afirma que há dois anos não trabalha, época em que sua esposa adoeceu.Afirma que pesca somente 2 dias no mês. Afirma que, em 1965, chegou a trabalhar como motorista. Relata que há trintaanos trabalha com a pesca. Não possui barco. Não pescava em alto mar, utilizava para pesca o anzol. Pescava de 10 a 30

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quilos de peixe por dia. Antes de a esposa adoecer, ia pescar todos os dias. Afirma que auferia cerca de R$ 300 a 400 coma pesca, hoje sobrevive com a ajuda de parentes. Afirma que está na colônia Z-10 há menos de 10 anos. Afirma quetrabalhou cerca de 8 anos como motorista autônomo. Relata que familiares auxiliam nos custeios das despesas da casa.

A primeira testemunha ouvida, Sr. João Batista Demétrio, afirma que conhece o autor há cerca de 20 anos, quando odepoente se mudou para o Espírito Santo. Afirma que alugavam o barco pagando 1/5 do lucro para o proprietário do barco.Relata que os peixes eram vendidos na praia mesmo, não eram vendidos em peixarias. Afirma que a esposa do autor estáadoentada há cerca de 2 anos, mas não sabe informar de qual mal ela padece. Relata que recebe cerca de R$ 300 reaispor mês, indo trabalhar todos os dias. Relata ainda que o autor não pode trabalhar todos os dias, pois necessita cuidar daesposa adoentada, que não pode ficar sozinha em casa. O depoente afirma que o autor pesca de 15 em 15 dias, nos diasem que alguém da família pode cuidar da esposa. Afirma que conhece o autor pescando há 20 anos. Questionado, odepoente afirma que, quando o autor não está na pesca, está nos cuidados com a esposa.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Osneves Marvila, afirma que conhece o autor há 3 anos. Relata que há 2 anos, a esposado autor adoeceu. Afirma que quando há pessoas para cuidarem da esposa, o autor vai pescar. O autor não realiza outrasatividades remuneradas, trabalha somente na pesca quando pode ir devido a pouca saúde da esposa.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que o autor efetivamente laborou em atividadepesqueira em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurado especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhador rural ostentado peloautor, por período superior à carência necessária. O trabalho de motorista do autor se deu através da atividade pesqueira,não descaracterizando sua condição de segurado especial.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.

Dispositivo

Do exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida, e JULGO PROCEDENTE o pedido, com resoluçãode mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC, condenando o INSS a:

a) Conceder à parte autora Aposentadoria por Idade (rural), com DIB na data do requerimento administrativo (08/10/2009 –fl. 139), devendo o benefício ser implantado em 30 (trinta) dias;

b) Pagar o valor das prestações vencidas, observada a prescrição quinquenal.

Sobre os valores atrasados deverá incidir a correção monetária, desde a data de vencimento de cada parcela, bem como,juros moratórios, desde a data da citação, na forma do art. 1° F, da Lei n° 9.494/1997, com a redação dada pela Lei n°11.960/ 2009.

Sem custas e honorários advocatícios (art. 55, da Lei 9.099/95 c/c artigo 1°, da Lei 10.259/2001).

Em sendo apresentado recurso inominado no prazo de 10 (dez) dias a contar da intimação da presente Sentença, intime-sea parte recorrida para, querendo, apresentar contrarazões, no prazo legal. Vindas estas, ou certificada pela Secretaria a suaausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.

Não sendo apresentado recurso ou após o trânsito em julgado da sentença, remetam-se os autos ao INSS para efetuar ocálculo das prestações vencidas. Em seguida, expeça-se a Requisição de Pequeno Valor, na forma do artigo 17, da Lei10.259/2001, dando-se vista às partes após a conferência da mesma.

Após o depósito dos valores, intime-se a parte autora para o seu levantamento. Em seguida, dê-se baixa e arquivem-se ospresentes autos.

P.R.I.

3. Em que pese as alegações do recorrente, o julgador não fica vinculado, para fins de comprovação do temporural, às hipóteses previstas no artigo 106 da lei 8.213/1991. O conjunto probatório presente aos autos é sólido para averificação do início de prova material, sendo esta corroborada por prova testemunhal.

Page 177: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação,devendo ser aplicado o entendimento consolidado na súmula 111 do STJ. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

111 - 0005721-39.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.005721-2/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) SAMUEL LUIZ ROSAVASSALLO (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PFN) (PROCDOR:GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0005721-39.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.005721-2/02)RECORRENTE: SAMUEL LUIZ ROSA VASSALLOADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIÃO FEDERAL (PFN)ADVOGADO (S): GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processosem julgamento do mérito, com fulcro no art. 98, I da CF c/c art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95, vez que a causa – que versasobre dupla incidência de imposto de renda sobre os valores percebidos em razão de complementação de aposentadoria -não se enquadra no conceito constitucional de menor complexidade. O recorrente requer, preliminarmente, a concessão dobenefício de gratuidade de justiça. Alega que, ainda que se tenha a complexidade da causa como parâmetro paraobservância de competência – o que não acredita correto, por ter o legislador ordinário definido o valor da causa comoabsoluto -, esta não está vinculada ao direito material, mas sim à complexidade probatória, conforme Enunciado nº 54 doFONAJEF. Sustenta que, mesmo que se considere a necessidade de perícia contábil, não há incompatibilidade com ojuizado especial, conforme já pacificado pelo STJ.

2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da competência do JuizadoEspecial Federal para causas como a presente. Posteriormente, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região adotou o mesmoentendimento. É o que se vê nos acórdãos a seguir transcritos:PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIALFEDERAL. CAUSAS CÍVEIS DE MENOR COMPLEXIDADE. POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.COMPETÊNCIA DEFINIDA PELO VALOR DA CAUSA. CONHECIMENTO DO CONFLITO, NO CASO, PARA DECLARARA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.1. De acordo com o disposto no art. 105, I, d, da Constituição Federal, cabe ao Superior Tribunal de Justiça o exame deconflito de competência existente entre Juízo de Juizado Especial Federal e de Vara da Justiça Federal, na medida em queos Juizados Especiais Federais vinculam-se apenas administrativamente ao respectivo Tribunal Regional Federal, enquantoque os seus provimentos jurisdicionais estão sujeitos à revisão da Turma Recursal.2. No caso, trata-se de conflito negativo de competência suscitado nos autos da ação declaratória cumulada com repetiçãodo indébito tributário referente ao Imposto de Renda sobre benefício de complementação de aposentadoria. O valor dado àcausa é inferior a sessenta salários mínimos. O Juízo Federal do Juizado Especial, ora suscitado, onde inicialmente foiajuizada a ação, declarou-se incompetente para processar e julgar o feito, e o fez com base na motivação reproduzida aseguir: "(...) em função das peculiaridades referentes à forma de cálculo da complementação recebida pela autora,mostra-se impossível, diante da celeridade e simplicidade que devem reger os Juizados, a obtenção dos valores quedeveriam ser devolvidos com base nos recolhimentos efetivados na complementação recebida de 1997 até a presentedata.". Por sua vez, o Juízo Federal comum, ora suscitante, declarou-se incompetente para a causa nos seguintes termos:"Em que pese os bem lançados argumentos embasadores da decisão declinatória, o C. STJ já firmou o entendimento deque a necessidade de perícia não exclui a competência dos Juizados Especiais Federais. (...) No específico caso dos autosnão há qualquer complexidade a afastar a competência dos JEFs, uma vez que se trata de vetusta tese jurídica acolhidapelo C. STJ em favor dos contribuintes, cujas demandas tramitam pela Justiça Federal há mais de uma década, incluídos aíos JEFs desde sua criação, sendo certo que nossas contadorias corriqueiramente formulam os cálculos necessários para aapuração do devido."3. Quanto à possibilidade de realização de prova pericial no âmbito dos Juizados EspeciaisFederais, a Segunda Seção desta Corte, ao julgar o CC 83.130/ES (Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 4.10.2007, p. 165),proclamou que "a Lei 10.259/2001 não exclui de sua competência as disputas que envolvam exame pericial. Em se tratandode cobrança inferior a 60 salários mínimos deve-se reconhecer a competência absoluta dos Juizados Federais" . No mesmosentido, a Primeira Seção, ao apreciar o CC 92.612/SC (Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 12.5.2008), fez consignar naementa do respectivo acórdão: "Diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, admite-se, emsede de Juizado Especial Federal, a produção de prova pericial, fato que demonstra a viabilidade de que questões de maiorcomplexidade sejam discutidas nos feitos de que trata a Lei 10.259/01."4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal do Juizado Especial.(CC 96.254-RJ, rel. Ministra Denise Arruda, DJe 29/09/2008)

PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E VARA CÍVEL. IMPOSTO DERENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. VALOR DA CAUSA. ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.259/2001.PRECEDENTES DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO PELO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.

Page 178: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

1. O presente Conflito de Competência deve ser conhecido por esse Eg. Tribunal Regional Federal, visto que, considerandoo entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Regional Federal cabe julgar os conflitos decompetências existentes entre os Juízos Federais e os Juizados Especiais Federais vinculados à mesma seção judiciária,conforme decidido no julgamento do RE 590.409/RJ (26.08.2009), ao argumento de que tanto os juízes que integram osJuizados Federais, quanto aqueles que funcionam nas varas comuns da mesma Seção Judiciária estão vinculados aorespectivo Tribunal Regional Federal.2. Os Juizados Especiais Federais, por força do artigo 3º da Lei 10.259/2001, são absolutamente competentes para ojulgamento das causas de valor inferior a sessenta salários mínimos (Art. 3º. Compete ao Juizado Especial Federal Cívelprocessar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem comoexecutar as suas sentenças).3. O Superior Tribunal de Justiça, através de sua 1ª Seção, já firmou orientação no sentido de que as demandas acerca danão incidência de Imposto de Renda em complementação de aposentadoria podem ser julgadas pelos Juizados EspeciaisFederais, não sendo consideradas causas complexas pelo simples fato de demandarem prova pericial para fins de liquidezda sentença (CC 96.254/RJ).4. A Turma, por unanimidade, julgou procedente o Conflito de Competência, declarando competente o MM. Juízo Suscitado.(CC 201002010046101, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA, TRF2 - QUARTA TURMA ESPECIALIZADA,E-DJF2R - Data::29/03/2011 - Página::116.)

3. Considerando que o processo se encontra pronto para julgamento, passo a fazê-lo.4. No julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatoraa Ministra Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébitotributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos.5. Posteriormente, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU,no julgamento do PEDILEF 200683005146716, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto doRelator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC (STJ – 2ª Turma; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em05-02-2013).6. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se aessa conclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldesmencionados no voto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conformedeterminado no dispositivo a seguir.

7. Quanto ao mérito propriamente dito, a matéria está pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçae da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de renda sobre osbenefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelosbeneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, RelatoraJuíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parteautora no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos, o documento defls. 44/45 demonstra as contribuições efetuadas no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995. O documento de fl. 17demonstra que o autor está aposentado. Conforme consulta ao sistema PLENUS, o autor encontra-se aposentado desde24/09/2002 (NB 42/100.309.745-3).9. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença eJULGAR PROCEDENTE O PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelopagamento do imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite doque foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995,bem como para CONDENAR A UNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, observada aprescrição qüinqüenal, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e as instruções que se seguem:7.1. As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).7.2. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).7.3. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz FederalMARCOS ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em ReexameNecessário do processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi

Page 179: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”7.4. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente,até o esgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução dosaldo credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

7.5. Deverá ser observado o prazo prescricional de cinco anos, considerando cada exercício em que for constatadovalor a ser restituído, de forma que a prescrição alcançará todos os créditos referentes aos exercícios anteriores a cincoanos contados da propositura da ação.

8. A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

112 - 0004587-40.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004587-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ENEDINA MARIA PEREIRALOPES DE SÁ (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR:GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0004587-40.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004587-1/02)RECORRENTE: ENEDINA MARIA PEREIRA LOPES DE SÁADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processosem julgamento do mérito, com fulcro no art. 98, I da CF c/c art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95, vez que a causa – que versasobre dupla incidência de imposto de renda sobre os valores percebidos em razão de complementação de aposentadoria -não se enquadra no conceito constitucional de menor complexidade. O recorrente requer, preliminarmente, a concessão dobenefício de gratuidade de justiça. Alega que, ainda que se tenha a complexidade da causa como parâmetro paraobservância de competência – o que não acredita correto, por ter o legislador ordinário definido o valor da causa comoabsoluto -, esta não está vinculada ao direito material, mas sim à complexidade probatória, conforme Enunciado nº 54 doFONAJEF. Sustenta que, mesmo que se considere a necessidade de perícia contábil, não há incompatibilidade com ojuizado especial, conforme já pacificado pelo STJ.

2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da competência do JuizadoEspecial Federal para causas como a presente. Posteriormente, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região adotou o mesmoentendimento. É o que se vê nos acórdãos a seguir transcritos:PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIALFEDERAL. CAUSAS CÍVEIS DE MENOR COMPLEXIDADE. POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.COMPETÊNCIA DEFINIDA PELO VALOR DA CAUSA. CONHECIMENTO DO CONFLITO, NO CASO, PARA DECLARARA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.1. De acordo com o disposto no art. 105, I, d, da Constituição Federal, cabe ao Superior Tribunal de Justiça o exame deconflito de competência existente entre Juízo de Juizado Especial Federal e de Vara da Justiça Federal, na medida em queos Juizados Especiais Federais vinculam-se apenas administrativamente ao respectivo Tribunal Regional Federal, enquantoque os seus provimentos jurisdicionais estão sujeitos à revisão da Turma Recursal.2. No caso, trata-se de conflito negativo de competência suscitado nos autos da ação declaratória cumulada com repetiçãodo indébito tributário referente ao Imposto de Renda sobre benefício de complementação de aposentadoria. O valor dado àcausa é inferior a sessenta salários mínimos. O Juízo Federal do Juizado Especial, ora suscitado, onde inicialmente foiajuizada a ação, declarou-se incompetente para processar e julgar o feito, e o fez com base na motivação reproduzida aseguir: "(...) em função das peculiaridades referentes à forma de cálculo da complementação recebida pela autora,mostra-se impossível, diante da celeridade e simplicidade que devem reger os Juizados, a obtenção dos valores quedeveriam ser devolvidos com base nos recolhimentos efetivados na complementação recebida de 1997 até a presentedata.". Por sua vez, o Juízo Federal comum, ora suscitante, declarou-se incompetente para a causa nos seguintes termos:

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"Em que pese os bem lançados argumentos embasadores da decisão declinatória, o C. STJ já firmou o entendimento deque a necessidade de perícia não exclui a competência dos Juizados Especiais Federais. (...) No específico caso dos autosnão há qualquer complexidade a afastar a competência dos JEFs, uma vez que se trata de vetusta tese jurídica acolhidapelo C. STJ em favor dos contribuintes, cujas demandas tramitam pela Justiça Federal há mais de uma década, incluídos aíos JEFs desde sua criação, sendo certo que nossas contadorias corriqueiramente formulam os cálculos necessários para aapuração do devido."3. Quanto à possibilidade de realização de prova pericial no âmbito dos Juizados EspeciaisFederais, a Segunda Seção desta Corte, ao julgar o CC 83.130/ES (Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 4.10.2007, p. 165),proclamou que "a Lei 10.259/2001 não exclui de sua competência as disputas que envolvam exame pericial. Em se tratandode cobrança inferior a 60 salários mínimos deve-se reconhecer a competência absoluta dos Juizados Federais" . No mesmosentido, a Primeira Seção, ao apreciar o CC 92.612/SC (Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 12.5.2008), fez consignar naementa do respectivo acórdão: "Diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, admite-se, emsede de Juizado Especial Federal, a produção de prova pericial, fato que demonstra a viabilidade de que questões de maiorcomplexidade sejam discutidas nos feitos de que trata a Lei 10.259/01."4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal do Juizado Especial.(CC 96.254-RJ, rel. Ministra Denise Arruda, DJe 29/09/2008)

PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E VARA CÍVEL. IMPOSTO DERENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. VALOR DA CAUSA. ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.259/2001.PRECEDENTES DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO PELO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.1. O presente Conflito de Competência deve ser conhecido por esse Eg. Tribunal Regional Federal, visto que, considerandoo entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Regional Federal cabe julgar os conflitos decompetências existentes entre os Juízos Federais e os Juizados Especiais Federais vinculados à mesma seção judiciária,conforme decidido no julgamento do RE 590.409/RJ (26.08.2009), ao argumento de que tanto os juízes que integram osJuizados Federais, quanto aqueles que funcionam nas varas comuns da mesma Seção Judiciária estão vinculados aorespectivo Tribunal Regional Federal.2. Os Juizados Especiais Federais, por força do artigo 3º da Lei 10.259/2001, são absolutamente competentes para ojulgamento das causas de valor inferior a sessenta salários mínimos (Art. 3º. Compete ao Juizado Especial Federal Cívelprocessar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem comoexecutar as suas sentenças).3. O Superior Tribunal de Justiça, através de sua 1ª Seção, já firmou orientação no sentido de que as demandas acerca danão incidência de Imposto de Renda em complementação de aposentadoria podem ser julgadas pelos Juizados EspeciaisFederais, não sendo consideradas causas complexas pelo simples fato de demandarem prova pericial para fins de liquidezda sentença (CC 96.254/RJ).4. A Turma, por unanimidade, julgou procedente o Conflito de Competência, declarando competente o MM. Juízo Suscitado.(CC 201002010046101, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA, TRF2 - QUARTA TURMA ESPECIALIZADA,E-DJF2R - Data::29/03/2011 - Página::116.)

3. Considerando que o processo se encontra pronto para julgamento, passo a fazê-lo.4. No julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatoraa Ministra Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébitotributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos.5. Posteriormente, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU,no julgamento do PEDILEF 200683005146716, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto doRelator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC (STJ – 2ª Turma; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em05-02-2013).6. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se aessa conclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldesmencionados no voto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conformedeterminado no dispositivo a seguir.

7. Quanto ao mérito propriamente dito, a matéria está pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçae da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de renda sobre osbenefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelosbeneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, RelatoraJuíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parteautora no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos, o documento defl. 17 demonstra as contribuições efetuadas no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995. O documento de fl. 18demonstra que o autor está aposentado. Conforme consulta ao sistema PLENUS, o autor encontra-se aposentado desde16/06/2008 (NB 42/100.334.069-2).9. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença eJULGAR PROCEDENTE O PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelopagamento do imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do

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que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995,bem como para CONDENAR A UNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, observada aprescrição qüinqüenal, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e as instruções que se seguem:7.1. As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).7.2. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).7.3. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz FederalMARCOS ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em ReexameNecessário do processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”7.4. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente,até o esgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução dosaldo credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

7.5. Deverá ser observado o prazo prescricional de cinco anos, considerando cada exercício em que for constatadovalor a ser restituído, de forma que a prescrição alcançará todos os créditos referentes aos exercícios anteriores a cincoanos contados da propositura da ação.

8. A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

113 - 0007461-32.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.007461-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILBERTO OLIVEIRA DECARVALHO (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINARIBEIRO FLEURY.).PROCESSO: 0007461-32.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.007461-1/02)RECORRENTE: GILBERTO OLIVEIRA DE CARVALHOADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): MARINA RIBEIRO FLEURY

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora (fls. 196/206) em face da sentença de fls. 173/175,que julgou extinto o processo sem julgamento do mérito, com fulcro no art. 98, I da CF c/c art. 51, caput, da Lei nº 9.099/95,vez que a causa – que versa sobre dupla incidência de imposto de renda sobre os valores percebidos em razão decomplementação de aposentadoria - não se enquadra no conceito constitucional de menor complexidade. A recorrentealega que, ainda que se tenha a complexidade da causa como parâmetro para observância de competência – o que nãoacredita correto, por ter o legislador ordinário definido o valor da causa como absoluto -, esta não está vinculada ao direitomaterial, mas sim à complexidade probatória, conforme Enunciado nº 54 do FONAJEF. Sustenta que, mesmo que seconsidere a necessidade de perícia contábil, não há incompatibilidade com o juizado especial, conforme já pacificado peloSTJ.

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2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da competência do JuizadoEspecial Federal para causas como a presente. Posteriormente, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região adotou o mesmoentendimento. É o que se vê nos acórdãos a seguir transcritos:PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIALFEDERAL. CAUSAS CÍVEIS DE MENOR COMPLEXIDADE. POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA.COMPETÊNCIA DEFINIDA PELO VALOR DA CAUSA. CONHECIMENTO DO CONFLITO, NO CASO, PARA DECLARARA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.1. De acordo com o disposto no art. 105, I, d, da Constituição Federal, cabe ao Superior Tribunal de Justiça o exame deconflito de competência existente entre Juízo de Juizado Especial Federal e de Vara da Justiça Federal, na medida em queos Juizados Especiais Federais vinculam-se apenas administrativamente ao respectivo Tribunal Regional Federal, enquantoque os seus provimentos jurisdicionais estão sujeitos à revisão da Turma Recursal.2. No caso, trata-se de conflito negativo de competência suscitado nos autos da ação declaratória cumulada com repetiçãodo indébito tributário referente ao Imposto de Renda sobre benefício de complementação de aposentadoria. O valor dado àcausa é inferior a sessenta salários mínimos. O Juízo Federal do Juizado Especial, ora suscitado, onde inicialmente foiajuizada a ação, declarou-se incompetente para processar e julgar o feito, e o fez com base na motivação reproduzida aseguir: "(...) em função das peculiaridades referentes à forma de cálculo da complementação recebida pela autora,mostra-se impossível, diante da celeridade e simplicidade que devem reger os Juizados, a obtenção dos valores quedeveriam ser devolvidos com base nos recolhimentos efetivados na complementação recebida de 1997 até a presentedata.". Por sua vez, o Juízo Federal comum, ora suscitante, declarou-se incompetente para a causa nos seguintes termos:"Em que pese os bem lançados argumentos embasadores da decisão declinatória, o C. STJ já firmou o entendimento deque a necessidade de perícia não exclui a competência dos Juizados Especiais Federais. (...) No específico caso dos autosnão há qualquer complexidade a afastar a competência dos JEFs, uma vez que se trata de vetusta tese jurídica acolhidapelo C. STJ em favor dos contribuintes, cujas demandas tramitam pela Justiça Federal há mais de uma década, incluídos aíos JEFs desde sua criação, sendo certo que nossas contadorias corriqueiramente formulam os cálculos necessários para aapuração do devido."3. Quanto à possibilidade de realização de prova pericial no âmbito dos Juizados EspeciaisFederais, a Segunda Seção desta Corte, ao julgar o CC 83.130/ES (Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ de 4.10.2007, p. 165),proclamou que "a Lei 10.259/2001 não exclui de sua competência as disputas que envolvam exame pericial. Em se tratandode cobrança inferior a 60 salários mínimos deve-se reconhecer a competência absoluta dos Juizados Federais" . No mesmosentido, a Primeira Seção, ao apreciar o CC 92.612/SC (Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 12.5.2008), fez consignar naementa do respectivo acórdão: "Diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, admite-se, emsede de Juizado Especial Federal, a produção de prova pericial, fato que demonstra a viabilidade de que questões de maiorcomplexidade sejam discutidas nos feitos de que trata a Lei 10.259/01."4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal do Juizado Especial.(CC 96.254-RJ, rel. Ministra Denise Arruda, DJe 29/09/2008)

PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E VARA CÍVEL. IMPOSTO DERENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. VALOR DA CAUSA. ARTIGO 3º DA LEI Nº 10.259/2001.PRECEDENTES DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. JULGAMENTO PELO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.1. O presente Conflito de Competência deve ser conhecido por esse Eg. Tribunal Regional Federal, visto que, considerandoo entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal, ao Tribunal Regional Federal cabe julgar os conflitos decompetências existentes entre os Juízos Federais e os Juizados Especiais Federais vinculados à mesma seção judiciária,conforme decidido no julgamento do RE 590.409/RJ (26.08.2009), ao argumento de que tanto os juízes que integram osJuizados Federais, quanto aqueles que funcionam nas varas comuns da mesma Seção Judiciária estão vinculados aorespectivo Tribunal Regional Federal.2. Os Juizados Especiais Federais, por força do artigo 3º da Lei 10.259/2001, são absolutamente competentes para ojulgamento das causas de valor inferior a sessenta salários mínimos (Art. 3º. Compete ao Juizado Especial Federal Cívelprocessar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem comoexecutar as suas sentenças).3. O Superior Tribunal de Justiça, através de sua 1ª Seção, já firmou orientação no sentido de que as demandas acerca danão incidência de Imposto de Renda em complementação de aposentadoria podem ser julgadas pelos Juizados EspeciaisFederais, não sendo consideradas causas complexas pelo simples fato de demandarem prova pericial para fins de liquidezda sentença (CC 96.254/RJ).4. A Turma, por unanimidade, julgou procedente o Conflito de Competência, declarando competente o MM. Juízo Suscitado.(CC 201002010046101, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA, TRF2 - QUARTA TURMA ESPECIALIZADA,E-DJF2R - Data::29/03/2011 - Página::116.)

3. Considerando que o processo se encontra pronto para julgamento, passo a fazê-lo.4. No julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal Federal, por maioria, tendo como relatoraa Ministra Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébitotributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo prescricional é de 05 (cinco) anos.5. Posteriormente, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU,no julgamento do PEDILEF 200683005146716, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”. O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto doRelator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC (STJ – 2ª Turma; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em05-02-2013).

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6. Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se aessa conclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldesmencionados no voto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conformedeterminado no dispositivo a seguir.

7. Quanto ao mérito propriamente dito, a matéria está pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçae da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais no sentido de que “não incide imposto de renda sobre osbenefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelosbeneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01.01.89 e 31.12.95ou entre 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, RelatoraJuíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009.

8. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parteautora no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos, o documento defls. 46/47 demonstra as contribuições efetuadas no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995. O documento de fl. 18demonstra que o autor está aposentado.9. Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença eJULGAR PROCEDENTE O PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelopagamento do imposto de renda sobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite doque foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995,bem como para CONDENAR A UNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, observada aprescrição qüinqüenal, de acordo com a sistemática estabelecida nesta ementa e as instruções que se seguem:9.1. As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de1995, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos paraos Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal,referente às ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).9.2. O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).9.3. Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz FederalMARCOS ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento em ReexameNecessário do processo nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):“Suponha-se que o crédito relativo às contribuições vertidas entre 1989 e 1995 corresponda a R$ 150.000,00, e que obeneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, esteúltimo valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foiefetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente restituído. Resta, ainda,um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997correspondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por consequência, oIR efetivamente descontado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente restituído. Resta,ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”9.4. Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente,até o esgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução dosaldo credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.

9.5. Deverá ser observado o prazo prescricional de cinco anos, considerando cada exercício em que for constatadovalor a ser restituído, de forma que a prescrição alcançará todos os créditos referentes aos exercícios anteriores a cincoanos contados da propositura da ação.

10. A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisãoadministrativa das declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculodo imposto devido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituiçãoadministrativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberáao autor o ônus de apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

114 - 0006314-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006314-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIANE ROGERIA COSTA

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(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA, ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0006314-29.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006314-8/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ELIANE ROGÉRIA COSTA, em face da sentença de fls. 63/64, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença. Sustenta a recorrente que ainda apresenta vínculoempregatício com a empresa “UTIM – UTI Infantil Metropolitano”, na qual foi convocada para realização de perícia médica econsiderada incapaz para o retorno ao trabalho, motivo pelo qual cabe à empregadora recolher as contribuiçõesprevidenciárias devidas. Afirma que o ônus referente ao pagamento das contribuições do período compreendido entre acessação do benefício por incapacidade e os dias atuais (em que a empresa não autorizou o retorno ao trabalho e manteveseu vínculo ativo) não lhe pode ser imputado. Argumenta, assim, que não teria perdido a qualidade de segurada nesseínterim. Requer seja anulada a sentença de piso para a realização de perícia médica.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença NB 551.904.919-6 desde a data do requerimentoadministrativo, em 18/6/2012, bem como o pagamento do auxílio-doença NB 535.881.243-8. O INSS alegou que a autoraperdeu a qualidade de segurado (fl. 59).

A autora manteve vínculo empregatício até novembro/2007 (fl. 61). Recebeu auxílio-doença no período de 12/1/2005 a22/4/2009 (fl. 62).

O art. 13 do regulamento aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 prevê que o segurado que deixar de exercer atividaderemunerada abrangida pela previdência social mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, atédoze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou após a cessação das contribuições. Enquanto estiver emgozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, o segurado não perde essa qualidade, mesmo sem recolhercontribuições. E, uma vez cessado o pagamento do benefício por incapacidade, o segurado é tratado da mesma formacomo se houvesse ficado desempregado.

A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término do prazo fixado para recolhimento da contribuiçãoreferente ao mês imediatamente posterior ao do final do prazo estipulado pelo inciso II (art. 15, § 4º, Lei nº 8.213/91), ouseja, no dia 16 do segundo mês seguinte ao do término do prazo (art. 14 do Decreto nº 3.048/99). A autora perdeu aqualidade de segurado em 16/6/2010.

A autora alegou que não obteve renda para recolher as contribuições a fim de manter a qualidade de segurada (fl. 2).Ocorre que a previdência social tem natureza contributiva, e não assistencialista. Só tem direito à cobertura previdenciáriaquem arca com o custeio do seguro social. A falta de recursos não serve de escusa.

A autora alegou também que a doença da qual é portadora é a mesma que deu causa à incapacidade que motivou aconcessão de auxílio-doença em 2009. Se ficasse provado que o estado de incapacidade para o trabalho persistiuininterruptamente desde 2009, não teria mesmo ocorrido a perda da qualidade de segurado. Esse fato, porém, não ficouprovado. Após a cessação do primeiro auxílio-doença, a autora tornou a requerer novo benefício em 3/6/2009. A períciamédica do INSS opinou pela ausência de incapacidade para o trabalho. A autora propôs demanda pedindo orestabelecimento do auxílio-doença cessado em 22/4/2009 (fl. 50). E o pedido foi julgado improcedente (fl. 52),confirmando, assim, que a incapacidade para o trabalho não persistia no momento da cessação do benefício.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Os argumentos da recorrente merecem ser acolhidos. A situação demonstrada nos autos corresponde ao que adoutrina denomina de “limbo jurídico trabalhista-previdenciário”, no qual a empresa não aceita a alta médica da PrevidênciaSocial e, no retorno do trabalhador, simplesmente determina que este tente novamente se afastar sem permitir o retorno àatividade. A suspensão do contrato de trabalho ocorre apenas no tempo em que perdurar o auxílio-doença, sendo certo queeste volta a produzir os seus efeitos regulares – dentre os quais a obrigação de recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias – assim que cessado o benefício. Se a empresa considera o trabalhador inapto para o retorno ao trabalhoem razão da doença apresentada deve, inclusive, interpor recurso administrativo junto ao INSS, a fim de não se criarsituação insustentável onde o trabalhador é considerado apto pela autarquia previdenciária, deixando de receber benefício,e inapto pelo empregador, deixando de receber salário.

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4. Como a autora demonstrou nos autos que continuou sendo convocada pela empresa até o ano de 2013 pararealização de exame médico, sem que lhe fosse permitido voltar ao trabalho (conforme documento de fl.73, anexado com orecurso), entendo que não perdeu a qualidade de segurada. Nesse sentido, segue trecho de recente voto do TribunalRegional do Trabalho da 2ª Região:

(...) Diante desse quadro, a melhor interpretação é no sentido de que uma vez cessado o afastamento previdenciário nãopode o empregador simplesmente se recusar a receber o trabalhador de volta ao posto. Deve, isto sim, providenciaratividade que seja compatível com as limitações apontadas até que ocorra novo afastamento, caso devido. Poderia aempresa, ainda, recorrer da decisão do INSS e comprovar que o trabalhador realmente não possui condições para o labor.O que não se admite é que o contrato de trabalho continue vigente e, concomitantemente, o obreiro seja privado do salário.FONTE: (TRT 02ª R. – RO 20120075401 – (20130023269) – 4ª T. – Rel. Juiz Paulo Sérgio Jakutis – DOE/SP 01.02.2013).

5. Posto isso, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da autora e ANULO A SENTENÇA DE FLS. 63/64, a fim deque os autos retornem ao Juízo de origem para prosseguimento da fase instrutória e prolação de nova sentença,considerando que o requisito “qualidade de segurado” foi preenchido.

Registro que o critério a respeito da prova pericial que será produzida será definido livremente pelo Juízo a quo, nãoestando o mesmo vinculado às modalidades de prova periciais requeridas no recurso.

6. Sem custas; sem condenação em honorários. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

115 - 0002728-86.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002728-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIVALDO NASCIMENTOROSA (ADVOGADO: ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA, ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 -EMILENE ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PROCESSO: 0002728-86.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002728-5/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIVALDO NASCIMENTO ROSA, em face da sentença de fls.78/80, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoriapor invalidez, com efeitos retroativos a 07/06/2008. O recorrente alega, preliminarmente, o cerceamento de defesa, tendoem vista que o juiz a quo absteve-se de remeter os autos ao perito para que respondesse os seus quesitos. Requer, assim,a nulidade da sentença e o retorno dos autos ao juízo de origem para complementação do laudo pericial. No mérito, alegaser portador de sequela e limitação funcional que o incapacita para o labor. Aduz que a perícia judicial foi contraditória aoslaudos médicos particulares, os quais atestam a incapacidade laboral. Por fim, destaca as suas condições pessoais comofator determinante da inaptidão laboral total e definitiva. Requer o provimento do recurso para que seja reformada asentença, julgando-se totalmente procedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

Nesta ação objetiva-se o restabelecimento do benefício de auxílio-doença a título de antecipação de tutela e, no mérito, asua conversão em aposentadoria por invalidez, com efeitos retroativos a 07/06/2008, data em que o pedido de reaberturado benefício foi negado.

Como causa de pedir sustenta estar incapacitado para o exercício de sua atividade laborativa, em decorrência de “sequelasde lesão neurológica em XII nervo craniano, com imobilidade e fortes dores no pescoço, tórax e braço esquerdo, decorrentede intervenção cirúrgica a que foi submetido para extração de um tumor maligno na glândula parodiana, e, submetido àquimioterapia.”

Alega ter passado por reabilitação de 31/07/2007 a 04/06/2008, referente à atividade de eletricista, mas afirma que, “estáincapacitado para qualquer atividade laborativa, tendo passado por tratamento em São Paulo, [...] e que trata-se de umaatividade que exige do trabalhador condições de boa saúde para que possa carregar (sic) com sigo os pesos deferramentas, assim como em condições de subir em escadas para proceder a reparos de linhas elétricas” (fl. 6);

O INSS, em contestação, (fls. 71-74), pugnou, em síntese, não ser o autor incapaz, visto que tanto os laudosadministrativos, quanto os laudos do perito do juízo, atestam a sua capacidade.

Laudo médico pericial às fls. 53-60.

Em impugnação (fl. 77), o autor requer a devolução dos autos ao perito, por não ter o mesmo respondido os quesitosapresentados às fls. 11-12.

Page 186: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

Decido.

(...)

Nessa perspectiva, a questão controvertida diz com a constatação ou não de incapacidade para o trabalho, eis que não sequestiona acerca da qualidade segurado e ao período de carência, já que o autor recebeu auxílio-doença até 04/06/2008 (fl.44), não havendo inclusive resistência administrativa da autarquia nesse sentido.

Entretanto, perante análise de laudo pericial, não foi verificada incapacidade no autor. Nesse sentido, afirma o perito doJuízo, in verbis (fl. 53-60):

9) A pessoa examinada tem, no momento do exame pericial, aptidão física e mental para exercer essa atividade habitual?Por quê?

Sim.

Por conseguinte, em conclusão do no mesmo laudo afirma o perito que: “em face ao exposto, somos de opinião que o autorno momento está apto ao trabalho, do ponto de vista neurológico.”

A análise dos 12 (doze) quesitos apresentados nas fls. 11-12 pelo autor, considero respondidos pelo perito no laudo às fls.57-60, diante da amplitude e também da coincidência, até mesmo especifica (por exemplo, quesito nº 1,3 e 11 do juízo)com os quesitos do Juízo, o que torna desnecessários esclarecimentos adicionais do citado profissional, sobretudo emvirtude da clareza da resposta ao quesito nº 9 e da conclusão no sentido da aptidão para o trabalho (fl. 59).

Portanto, de acordo com o parecer do perito, pode-se verificar que o autor foi portador de tumor maligno, mas que apóspassar por tratamento está recuperado e capaz para exercer sua atividade laboral (eletricista, conquanto tenha sidoreabilitado).

Oportuno consignar que o simples fato de se estar acometido de doença não implica em incapacidade. Assim, ausenteincapacidade para o trabalho, os pedidos não têm como ser acolhidos.

Isso posto, julgo improcedentes os pedidos.

P.R.I.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se, feitas as anotações de praxe.

3. No item exame físico, o perito consignou que o autor apresenta marcha normal, tônus normal, trofismo normal,amplitude de movimentos normal e que não apresentava anormalidades ao exame dos nervos cranianos (fl. 56). Embora aresposta a respeito do item incapacidade tenha sido sucinta, há fundamentação na fl. 56 (itens histórico e exame físico)suficientes para que se compreenda a razão pela qual o perito chegou à sua conclusão a respeito da existência decapacidade laborativa.

Há um atestado que afirma haver incapacidade (fl. 19). Não obstante, ante o teor do laudo pericial, no caso concreto deveincidir o teor do Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

116 - 0003063-42.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003063-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZINHA BARBOZAVIEIRA (ADVOGADO: ES005614 - NILSON DOS SANTOS GAUDIO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUSVINÍCIUS SARAQUINO VINHOSA.).PROCESSO: 0003063-42.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003063-2/01)RECORRENTE: TEREZINHA BARBOZA VIEIRAADVOGADO (S): NILSON DOS SANTOS GAUDIORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): MARCUS VINÍCIUS SARAQUINO VINHOSA

V O T O / E M E N T A

Page 187: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por TEREZINHA BARBOZA VIEIRA, em face da sentença de fls.186-188, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de pensão vitalícia em razão de invalidezpermanente. A recorrente alega: i) que há nos autos comprovação de que está inapta ao exercício da vida civil, por ter sidoacometida de doença crônico-degenerativa (neoplasia); ii) que, atualmente, exerce a função “do lar”, não tendo condiçõesde voltar a exercer sua profissão de professora. Requer a reforma da sentença.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Busca-se nesta demanda o restabelecimento de Pensão Vitalícia em razão de invalidez permanente.

(...)

Pugna a União pela incompetência dos Juizados Especiais Federais em razão do valor da causa, por ser superior ao tetodefinido em lei (sessenta salários mínimos). Porém, as partes não trouxeram informações sobre o valor da pensão a que,em tese, ela teria direito, tampouco sobre o valor que o de cujus auferia, logo, não há como precisar se de fato o teto dosJuizados seria ultrapassado, pelo que, tal preliminar não merece guarida.

(...)

No caso dos autos, tem-se por incontroverso a satisfação do primeiro requisito, consistente na existência de relação jurídicavinculante entre o falecido segurado e o órgão pagador (TCU), o qual resta obrigado ao pagamento do benefício da pensão,acaso existentes beneficiários que implementem os requisitos previstos em lei.

O cerne da controvérsia, portanto, reside em apreciar a configuração da segunda relação jurídica necessária, ou seja, aincapacidade da Autora e, conseqüentemente, sua dependência.

O benefício de pensão foi concedido à autora em 2006, após o falecimento de seu pai, sendo cancelado em 2007, por altamédica.

A autora traz aos autos diversos laudos e exames médicos que dão conta de seu estado incapacitante (fls. 22-28), mesmoque o câncer, que lhe acomete, esteja em estado remissivo.

A perícia médica judicial (fls. 144-146), assim como aquela feita administrativamente (fl. 132), constatou que a Autoraencontra-se capaz para os atos da vida civil. Relatou o perito judicial que seu estado geral é bom, encontra-se lúcida,deambulando normalmente e com movimentos preservados, com remissão da lesão há oito anos (câncer de mama direitaoperada). Não obstante tenha o perito relatado que a autora encontrava-se capaz para sua função atual de “do lar” (referidopela autora), os demais elementos constantes nas respostas a todos os outros quesitos levam a conclusão da capacidadeda autora de uma forma geral.

Tanto é assim, que a pensão só foi deferida em 2006, porque a junta médica oficial precisava ter certeza da remissão desua doença e, para tanto, seriam necessários cinco anos a partir da recidiva ocorrida em 2002 (fl. 132). Logo, feita novaperícia em 2007 (com esta finalidade), e confirmando-se a remissão, o benefício foi suspenso.

Do exposto, julgo improcedentes os pedidos.

(...)

3. Pelos dados extraídos da petição inicial, a autora era professora da rede estadual até o ano de 2000, quandoalega ter descoberto ser portadora de neoplasia maligna e abandonou a profissão. Desde então, afirma ser dependenteeconômica de seu pai. Seu genitor faleceu em 2006. Afirma a recorrente que não é capaz de retornar ao trabalho em razãodas sequelas deixadas pela doença da qual foi acometida.

Em 2006, passou a receber pensão por morte, na qualidade de filha inválida, entretanto, foi imposta a necessidade de novoexame médico para averiguar a continuidade da incapacidade no ano de 2007. Desde 01/10/2007, a União passou aconsiderá-la apta ao trabalho e cessou a pensão por morte.

Os laudos acostados aos autos indicam: i) fl. 28 (30/08/2007): incapacidade laborativa de causa ortopédica vertebral; ii) fl.35 (04/09/2007): paciente submetida a quadrantectomia e esvaziamento axilar em 26/01/2000, recebeu tratamentoadjuvante com ciclos de Taxol, radioterapia e tamoxifeno. Em janeiro de 2002, apresentou recidiva óssea em T2. Ficou comsequela de fratura de T2 e impossibilitada de exercer suas funções laborativas definitivamente; iii) fl. 59 (04/10/2007):sequela do câncer, fratura em D¹², que se encontra reduzida de altura e sequela de radioterapia da coluna, patologiavertebral degenerativa, desidratação dos discos intervertebrais e protusão discal em vários níveis, inclusive comcompressão radicular, que lhe causa dor radicular incapacitante; fl. 60 (06/12/2007): atualmente com incapacidadelaborativa de causa ortopédica vertebral.A União, em sua defesa, argumenta que a atuação do Tribunal de Contas (órgão ao qual era vinculado o de cujus) não sedeu baseada em pronunciamentos médicos superficiais, mas, ao contrário, adotou-se toda a cautela necessária a fim denão se cometer injustiça. Afirma, ainda, que após análises dos exames e avaliação da interessada, concluiu que a doençaque originou a invalidez temporária da periciada foi tratada e não restaram sequelas que a tornassem incapaz para todo e

Page 188: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

qualquer tipo de atividade laboral.A perícia médica judicial foi realizada em 22/06/2010. O perito judicial apontou as seguintes considerações: a autora éportadora de câncer de mama direita operada; a operação foi realizada em 26/01/2000; em 2002, a autora apresentoumetástase óssea, com remissão da doença; a recorrente apresentou-se ao exame em bom estado geral, lúcida, orientada,deambulando normalmente e com seus movimentos preservados; encontra-se apta ao desempenho da função atual, qualseja, “do lar”; a doença não interfere na vida civil independente da parte autora.Ao se analisar as respostas dadas aos quesitos pelo perito do Juízo, verifico que estas foram insuficientes para a análise dademanda posta para apreciação do Judiciário. Não se trata, aqui, de demanda em que se reclama auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez. Os quesitos foram elaborados e respondidos como se assim fosse. O que se pretendeaveriguar é se a autora é portadora de doença que a torna inválida. Quando o perito do Juízo expõe que a autora pode sededicar às atividade do lar, em verdade, não esclarece nenhum critério técnico. Por óbvio, se a autora abandonou aprofissão de professora quando foi diagnosticada com neoplasia, o que se deve aferir para chegar-se à conclusão de queainda persiste invalidez, é exatamente se a autora pode retornar ao trabalho que tinha antes de contrair a doença ou algumtrabalho similar.Com efeito, uma pessoa pode – em tese – estar apta para exercer atividades em seu lar (como cozinhar e fazer pequenasfaxinas) e, simultaneamente, encontrar-se inapta para exercer qualquer atividade laborativa.A Lei 8.112/91 não define o que seria a invalidez de um dependente do segurado.Cabe então recorrer ao conceito da Lei 8.213/91, aplicável por analogia. Por conseguinte, o conceito de invalidez guardarelação com a impossibilidade de o segurado, ou o seu dependente, exercer atividade que garanta a subsistência (artigo42). Ou seja: não haverá invalidez se houver capacidade para desempenhar alguma atividade econômica; e haveráinvalidez se houver incapacidade de desempenhar qualquer atividade econômica. Usa-se aqui o conceito de forma ampla,incluindo-se a atividade doméstica que se exerce como empregado de outrem; mas não aquela atividade domésticaexercida em sua própria residência.Em síntese: poder exercer atividade do lar não é requisito que afasta a invalidez. Só naqueles casos nos quais a pessoaestá totalmente prostrada em um leito (hospitalar ou domiciliar) é que se cogita a impossibilidade de exercer até asatividades mais básicas, com as do lar. Mas, se assim fosse, a União não teria cessado a pensão da autora.Por considerar que a instrução processual tangenciou a questão central debatida, anulo a sentença, para que nova períciaseja realizada. Nesta perícia, deverá o perito ser informado de que se trata de processo de pensão por morte, no qualdeverá atestar se a autora está capaz ou não para retornar ao mercado de trabalho (e não para realizar atividadesdomésticas). Ademais, deve o perito considerar que a autora passou por tratamento neoplásico e, em virtude desta doençae daquelas diretamente decorrentes desta, é que deverá ser aferida a invalidez ou a capacidade da autora.4. Diante o exposto, ANULO A SENTENÇA de fls. 186-188, para determinar que nova perícia seja realizada nosmoldes indicados nos parágrafos anteriores. As partes deverão ser intimadas para elaborarem quesitos pertinentes ao casoconcreto.Sem custas. Sem condenação em honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

117 - 0002670-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002670-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x SIRLEY CREZENILI DIAS(ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA, ES010117 -JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).PROCESSO: 0002670-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002670-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRARECORRIDO: SIRLEY CREZENILI DIASADVOGADO (S): CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY, DANIEL DIAS DESOUZA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, em faceda sentença de fls. 25-26, que julgou procedentes os pedidos iniciais para condenar o recorrente a: i) converter tempoespecial em comum referente ao período de 01/11/1977 a 28/04/1995; ii) revisar a renda mensal inicial da aposentadoriaNB 42/150.615.163-6, levando em consideração o tempo de contribuição de 44 anos e 12 dias para cálculo do fatorprevidenciário; iii) pagar as diferenças decorrentes da revisão, retroativas à data de início do benefício.

O recorrente apresenta os seguintes argumentos:

i) a atividade exercida pelo autor na TELEST não pode ser equiparada à de telefonista;ii) a norma previdenciária relativa à matéria em exame não permite uma interpretação extensiva, não podendo o juiz atuarcomo legislador positivo sob pena de violar o princípio fundamental da separação de poderes;iii) a função do autor em nada se compara com a função de telefonista, eis que, apesar de usar audiofone, tal equipamentoera usado apenas para que outros setores da empresa pudessem solicitar serviços, sendo que o autor não fazia operaçõesde telefonia de forma permanente;

Page 189: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

iv) requer o provimento do recurso para reformar a sentença, de modo que o período de 01/11/1977 a 28/04/1995 sejareconhecido como tempo de serviço comum, julgando-se improcedente o pleito de aposentadoria por tempo de contribuiçãointegral.

2. Segue a sentença prolatada nos autos:

O autor é beneficiário de aposentadoria por tempo de contribuição com DIB em 1º/2/2011. O benefício foi baseado naaverbação de 37 anos e 13 dias de tempo de contribuição (fl. 24). O autor pediu o reconhecimento de condição especial detrabalho, com conversão em tempo comum, para efeito de aumentar o tempo de contribuição e, consequentemente, revisaro fator previdenciário aplicado no cálculo da renda mensal inicial.

Segundo o formulário DIRBEN-8030, o autor, no período de 1º/11/1977 a 28/4/1995, trabalhou na Telemar Norte-Leste S/A,no Setor de Atendimento a Clientes, ocupando cargo denominado de “auxiliar técnico de telecomunicações” e“desempenhava atividades similares às de TELEFONISTA, utilizando head-fone (fone de ouvido) e demais equipamentosinerentes ao cargo, de forma habitual e permanente, em ambiente fechado, com iluminação e ventilação artificial” (fl. 11).

O INSS se recusa a efetuar o enquadramento de atividade especial no período sob a justificativa de que não é possívelfazer uma interpretação extensiva do código 2.4.5 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, que elenca tão somente asfunções de “telegrafistas, telefonistas e rádio-operadores de telecomunicações”. Não assiste razão ao réu. A atividadeprofissional que diretamente implica manutenção habitual e permanente de comunicação via aparelho de escutaassemelha-se, sim, à de telefonista e pode ser a ela equiparada para efeito de enquadramento como atividade especial.Nesse sentido, a jurisprudência é majoritária.

Assim, no período de 1º/11/1977 a 28/4/1995, o autor tem direito ao enquadramento no código 2.4.5 do quadro anexo aoDecreto nº 53.831/64. A conversão desse tempo especial em comum representa um acréscimo de 6 anos, 11 meses e 29dias. Somados aos 37 anos e 13 dias apurados administrativamente pelo réu, o autor completou, até a data dorequerimento administrativo, 44 anos e 12 dias de tempo de contribuição.

Considerando que o tempo de contribuição é uma das variáveis que influenciam o cálculo do fator previdenciário (art. 29, §7º, da Lei nº 8.213/91), a renda mensal inicial da aposentadoria deve ser revisada.

Dispositivo

Julgo procedentes os pedidos para condenar o INSS a:

a) converter tempo especial em comum referente ao período de 1º/11/1977 a 28/4/1995;

b) revisar a renda mensal inicial da aposentadoria NB 42/150.615.163-6, levando em consideração o tempo de contribuiçãode 44 anos e 12 dias para cálculo do fator previdenciário;

c) pagar as diferenças decorrentes da revisão, retroativas à data de início do benefício, respeitado o limite de 60 saláriosmínimos até a data do ajuizamento da ação. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correçãomonetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

(...)

3. O cerne do presente recurso materializa-se na possibilidade de o julgador aumentar o alcance da norma atravésde interpretação extensiva para abarcar como atividade especial aquela que não se encontra listada no Quadro-anexo doDecreto nº 53.831/64. Referido entendimento já foi apreciado pelo magistrado a quo em sua sentença, o qual considerou oentendimento jurisprudencial dominante para estender a especialidade da atividade de telefonista para o auxiliar técnico detelecomunicações.

Os argumentos trazidos pelo recorrente em sua peça recursal apenas revolvem a matéria já tratada na sentença. Não háqualquer argumento novo que possa alterar o resultado do julgamento realizado. A decisão impugnada está exatamentenos moldes do entendimento jurisprudencial dominante. Ademais, a equiparação a categoria profissional para oenquadramento de atividade especial está calcada no postulado da igualdade e se faz possível se a descrição dasatividades no formulário de informações permite concluir que a atividade, faticamente, era realizada sob condiçõesespeciais.

Diante de tais fatos, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

4. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

Page 190: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

certificação digital consta na parte inferior da página].

118 - 0005594-49.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005594-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GUILHERME JOÃO LUIZACCO (ADVOGADO: ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA, ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO.) x UNIAOFEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).PROCESSO: 0005594-49.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005594-5/01)RECORRENTE: GUILHERME JOÃO LUIZ ACCOADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANARECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): ADRIANA ZANDONADE

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente opedido de declaração de inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS. O recorrente sustenta a natureza indenizatória da verba em questão.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF

Page 191: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita,deferido à fl. 35.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

119 - 0010133-58.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.010133-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NILSON NERY DOROSARIO (ADVOGADO: ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO, ES012766 - DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO,ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.).PROCESSO: 0010133-58.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.010133-5/01)RECORRENTE: NILSON NERY DO ROSARIOADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA, DANIELLE FERNANDES NASCIMENTORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): MARINA RIBEIRO FLEURY

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente opedido de declaração de inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS. O recorrente sustenta a natureza indenizatória da verba em questão.

2. Ressalto, de início, que o deferimento da gratuidade de justiça “exceto em caso de recurso” não faz sentido emse tratando de juizado especial, uma vez que, a teor do art. 54 da Lei nº 9.099/95, o acesso ao juizado independe, emprimeiro grau, do pagamento de custas, taxas ou despesas, assim como a condenação em honorários advocatícios só écabível se houver recurso e for vencido o recorrente, como se depreende do art. 55 da Lei nº 9.099/95. Ora, em primeirograu a gratuidade de justiça ocorre por imposição legal e o deferimento do benefício só pode gerar efeitos exatamente emcaso de recurso. Assim é que em razão do benefício já concedido às fls. 36/37, não é deserto o recurso, pelo que deleconheço.

3. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 4. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aos

Page 192: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

inativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

5. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

6. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

120 - 0007934-63.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.007934-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARIZIO GONÇALVES(ADVOGADO: ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO, ES012766 - DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO, ES009143- BRUNO PERSICI, ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUSCHAGAS SARAIVA.).PROCESSO: 0007934-63.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.007934-2/01)RECORRENTE: ARIZIO GONÇALVESADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA, BRUNO PERSICI, DANIELLE FERNANDESNASCIMENTORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente opedido de declaração de inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS. O recorrente sustenta a natureza indenizatória da verba em questão.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

Page 193: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o benefício de assistência judiciária gratuita,deferido à fl. 64.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

121 - 0010684-38.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.010684-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x REGINALDO DE ASSIS (ADVOGADO: ES002603 - ADEIR RODRIGUESVIANA, ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO.).PROCESSO: 0010684-38.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.010684-9/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): JULIANA ALMENARA ANDAKURECORRIDO: REGINALDO DE ASSISADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA

VOTO-EMENTA

Page 194: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que julgou procedente em parte opedido inicial para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS, condenando, ainda, a União a restituir à parte autora, os valores indevidamentedescontados a título de imposto de renda incidente sobre as referidas verbas, atualizadas pela taxa SELIC desde aretenção indevida. Alega a recorrente que as verbas recebidas pela parte autora a título de repactuação representamacréscimo patrimonial, não havendo que se falar em indenização já que inexiste qualquer dano, lesão, prejuízo, ou mesmodesfalque patrimonial que justifique reparação, mas, evidentemente, acréscimo patrimonial a ensejar a hipótese deincidência do Imposto de Renda Pessoa Física. Conclui que caracteriza-se, assim, a aquisição de disponibilidadeeconômica de “proventos de qualquer natureza” (CF art.153, III), enquadrando-se, perfeitamente no tipo legal do artigo 43do CTN, que define o fato gerador do Imposto de Renda.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

Page 195: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

5. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/91.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

122 - 0011203-13.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.011203-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x EZEQUIAS LINO MUNIZ (ADVOGADO: ES002603 - ADEIR RODRIGUESVIANA, ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO.).PROCESSO: 0011203-13.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.011203-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): JULIANA ALMENARA ANDAKURECORRIDO: EZEQUIAS LINO MUNIZADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que julgou procedente em parte opedido inicial para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS, condenando, ainda, a União a restituir à parte autora, os valores indevidamentedescontados a título de imposto de renda incidente sobre as referidas verbas, atualizadas pela taxa SELIC desde aretenção indevida. Alega a recorrente que as verbas recebidas pela parte autora a título de repactuação representamacréscimo patrimonial, não havendo que se falar em indenização já que inexiste qualquer dano, lesão, prejuízo, ou mesmodesfalque patrimonial que justifique reparação, mas, evidentemente, acréscimo patrimonial a ensejar a hipótese deincidência do Imposto de Renda Pessoa Física. Conclui que caracteriza-se, assim, a aquisição de disponibilidadeeconômica de “proventos de qualquer natureza” (CF art.153, III), enquadrando-se, perfeitamente no tipo legal do artigo 43do CTN, que define o fato gerador do Imposto de Renda.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DE

Page 196: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

REPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/91.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

123 - 0012106-48.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012106-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x SERGIO BITTENCOURT DE OLIVEIRA (ADVOGADO:ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA, ES011118 - DIOGO MORAES DE MELLO.).PROCESSO: 0012106-48.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.012106-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRARECORRIDO: SERGIO BITTENCOURT DE OLIVEIRAADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que julgou procedente em parte opedido inicial para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS, condenando, ainda, a União a restituir à parte autora, os valores indevidamentedescontados a título de imposto de renda incidente sobre as referidas verbas, atualizadas pela taxa SELIC desde aretenção indevida. Alega a recorrente que as verbas recebidas pela parte autora a título de repactuação representamacréscimo patrimonial, não havendo que se falar em indenização já que inexiste qualquer dano, lesão, prejuízo, ou mesmodesfalque patrimonial que justifique reparação, mas, evidentemente, acréscimo patrimonial a ensejar a hipótese deincidência do Imposto de Renda Pessoa Física. Conclui que caracteriza-se, assim, a aquisição de disponibilidadeeconômica de “proventos de qualquer natureza” (CF art.153, III), enquadrando-se, perfeitamente no tipo legal do artigo 43do CTN, que define o fato gerador do Imposto de Renda.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE

Page 197: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

SEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/91.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

124 - 0007807-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007807-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x EDSON FRANCO DE ABREU (ADVOGADO: ES011118 - DIOGO MORAES DEMELLO, ES009143 - BRUNO PERSICI, ES012766 - DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO, ES002603 - ADEIRRODRIGUES VIANA.).PROCESSO: 0007807-75.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007807-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): ADRIANA ZANDONADERECORRIDO: EDSON FRANCO DE ABREUADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA, DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO,BRUNO PERSICI

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que julgou procedente em parte o

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pedido inicial para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS, condenando, ainda, a União a restituir à parte autora, os valores indevidamentedescontados a título de imposto de renda incidente sobre as referidas verbas, atualizadas pela taxa SELIC desde aretenção indevida. Alega a recorrente que as verbas recebidas pela parte autora a título de repactuação representamacréscimo patrimonial, não havendo que se falar em indenização já que inexiste qualquer dano, lesão, prejuízo, ou mesmodesfalque patrimonial que justifique reparação, mas, evidentemente, acréscimo patrimonial a ensejar a hipótese deincidência do Imposto de Renda Pessoa Física. Conclui que caracteriza-se, assim, a aquisição de disponibilidadeeconômica de “proventos de qualquer natureza” (CF art.153, III), enquadrando-se, perfeitamente no tipo legal do artigo 43do CTN, que define o fato gerador do Imposto de Renda.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DEREPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

Page 199: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/91.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

125 - 0005857-81.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005857-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x RAMIRO TELES DO NASCIMENTO (ADVOGADO: ES011118 -DIOGO MORAES DE MELLO, ES012766 - DANIELLE FERNANDES NASCIMENTO, ES009143 - BRUNO PERSICI,ES002603 - ADEIR RODRIGUES VIANA.).PROCESSO: 0005857-81.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.005857-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): RODRIGO BARBOSA DE BARROSRECORRIDO: RAMIRO TELES DO NASCIMENTOADVOGADO (S): DIOGO MORAES DE MELLO, ADEIR RODRIGUES VIANA, BRUNO PERSICI, DANIELLE FERNANDESNASCIMENTO

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença que julgou procedente em parte opedido inicial para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas em razão da repactuação/migração do plano de previdência complementar da FundaçãoPetrobrás de Seguridade Social – PETROS, condenando, ainda, a União a restituir à parte autora, os valores indevidamentedescontados a título de imposto de renda incidente sobre as referidas verbas, atualizadas pela taxa SELIC desde aretenção indevida. Alega a recorrente que as verbas recebidas pela parte autora a título de repactuação representamacréscimo patrimonial, não havendo que se falar em indenização já que inexiste qualquer dano, lesão, prejuízo, ou mesmodesfalque patrimonial que justifique reparação, mas, evidentemente, acréscimo patrimonial a ensejar a hipótese deincidência do Imposto de Renda Pessoa Física. Conclui que caracteriza-se, assim, a aquisição de disponibilidadeeconômica de “proventos de qualquer natureza” (CF art.153, III), enquadrando-se, perfeitamente no tipo legal do artigo 43do CTN, que define o fato gerador do Imposto de Renda.

2. Cumpre ressaltar que as indenizações não são rendimentos, nem proventos de qualquer natureza. Escapam,pois, da tributação por via de Imposto de Renda. Contudo, não é a rubrica que se atribui a uma verba que define aincidência do Imposto de Renda, mas sim a análise da sua natureza jurídica é que será determinante para a verificação deter ocorrido ou não o acréscimo patrimonial tributável. 3. Tanto o Superior Tribunal de Justiça – STJ quanto a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais – TNU possuem entendimento firmado no sentido de que a verba em questão não possuinatureza indenizatória e implica em acréscimo patrimonial, razão pela qual se sujeita à incidência do IRPF, como se vê nosseguintes acórdãos:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA. SÚMULA N. 98/STJ.IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE AS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS PORPARTICIPANTES E ASSISTIDOS DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA DA FUNDAÇÃO PETROBRÁS DESEGURIDADE SOCIAL (PETROS) COMO INCENTIVO A ADESÃO AO PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DOREGULAMENTO DO PLANO DE BENEFÍCIOS. 1. Afasta-se a alegada violação dos arts. 458 e 535, II, do CPC, pois oacórdão recorrido está suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de modocontrário aos interesses da embargante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos ospontos necessários para a integral resolução da controvérsia. 2. Consoante enuncia a Súmula 98/STJ, embargos dedeclaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. 3. Constatada amudança no regulamento do plano previdenciário, se a verba "valor monetário - repactuação", paga como incentivo àmigração para o novo regime, tem por objetivo compensar uma eventual paridade com os ativos que foi perdida pelosinativos com a adesão às mudanças do regulamento do Fundo, bem como compensar uma eventual paridade com osinativos que permaneceram no regime original, à toda evidência que se submete ao mesmo regime das verbas a que visasubstituir. 4. Nessa linha, se as verbas pagas aos inativos que não migraram de plano submetem-se ao imposto de renda eas verbas pagas aos ativos também sofrem a mesma incidência, não há motivos para crer que as verbas pagas aosinativos que migraram de plano devam escapar da incidência do tributo. Tais novas verbas herdam a mesma naturezadaquelas que foram suprimidas sendo assim remuneratórias e sujeitas ao imposto de renda. Precedentes: REsp1.060.923/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 18.9.2008; REsp 960.029/SC, 2ª Turma, Rel. Min. HumbertoMartins, DJ de 19.11.2007, p. 224; REsp 908.914/MG, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 6.9.2007, p. 215; REsp. Nº1.111.177 - MG, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 23.9.2009; REsp. n. 957.350, Primeira Turma,

�Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 18.12.2007. 5. Recurso especial parcialmente provido. ..EMEN: (RESP200902461141, MAURO CAMPBELL MARQUES - SEGUNDA TURMA, DJE DATA:23/05/2012 ..DTPB:.)

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCENTIVO À ADESÃO AO PROCESSO DE

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REPACTUAÇÃO DO REGULAMENTO DE PLANO DE BENEFÍCIOS DE FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. VALORMONETÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPF. INCIDENTE PROVIDO. 1. A União Federal interpôs pedido de uniformização dejurisprudência em face de acórdão proferido pela Turma Recursal da Seção Judiciária de São Paulo, sob o fundamento deque a decisão impugnada está em desacordo com entendimento da Turma Recursal de Sergipe (Relator Juiz FederalArthur Napoleão Teixeira Filho, Processo nº 0504139-26.2007.4.05.8500 - número antigo: 2007.85.00.504139-8, julgado em07/05/2007) ao reconhecer a não incidência do Imposto de Renda sobre os valores recebidos em virtude da adesão àrepactuação do plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social - PETROS. 2. O STJ jáfirmou entendimento reconhecendo o caráter remuneratório da verba “valor monetário – repactuação” (REsp 1173279/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2012, DJe 23/05/2012). 3. O tema emquestão já foi pacificado por esta Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF 05036615120124058400, Relator JuizFederal Adel Américo de Oliveira, DOU 20/09/2013), quando se reafirmou o entendimento do Superior Tribunal de Justiçade que incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de “valor monetário” como incentivo à migração paranovo plano de benefícios de previdência privada. 4. Incidente de Uniformização conhecido e provido para reformar o v.acórdão, reconhecendo a incidência de IRPF sobre o valor recebido a título de “valor monetário” referente à repactuação do

�plano de previdência complementar da Fundação Petrobras de Seguridade Social – PETROS. (PEDILEF00164001520094013200, JUIZ FEDERAL ANDRÉ CARVALHO MONTEIRO, TNU, DOU 17/01/2014 SEÇÃO 1, PÁGS.119/160.)

4. Adoto, como razões de decidir, as declinadas nos acórdãos supra.

5. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/91. Écomo voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

126 - 0003689-22.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003689-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELA GOMES DACONCEIÇÃO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0003689-22.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003689-3/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado interposto por MARCELA GOMES DA CONCEIÇÃO em face da sentença de fls.88/89, que julgou improcedente, o pedido de restabelecimento do beneficio de auxilio doença e posterior conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que a sentença merece ser reformada no todo, do qual a análise deausência de incapacidade, baseada exclusivamente no laudo médico-pericial, não deve subsistir, pois não reflete a realsituação vivida pela recorrente. Alegou que, apesar de haver sido reconhecida a existência da enfermidade, o perito judicialsubestimou o quadro clínico da requerente, caracterizando como “discreta” as alterações degenerativas no joelho, tendoconcluído, portanto, pela ausência de incapacidade. Argumenta que tal conclusão vai de encontro aos elementos de provajuntados pela demandante, do qual toda a documentação médica indica a existência de um conjunto de alteraçõesdegenerativas articulares que comprometem sua mobilidade, conferindo-lhe incapacidade. Por fim requer o provimento dorecurso com o julgamento de total procedência dos pedidos veiculados na exordial.

2. A autora possui 32 anos (nasceu em 19/09/83). Trabalha como auxiliar de produção. Segue a sentença prolatadapelo Juízo a quo:

(...)Na presente demanda, a incapacidade ficou afastada pela prova pericial (laudo às folhas 54/57), já que a perícia médicarealizada certificou que apesar da parte autora padecer de “alterações degenerativas discretas do joelho”, sua condiçãoatual não é limitante para sua capacidade laborativa.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos deduzidos na inicial, não havendo condenação da parte autora aopagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos termos do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1°da Lei n.° 10.259/2001.Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

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4. O perito lançou as seguintes considerações no laudo: “Periciada lúcida e orientada no tempo e espaço,respondendo bem às solicitações com boa mobilidade dos membros, andando com claudicação à esquerda, com um parde muletas. Durante o exame sentou-se e levantou-se sem apoio nos móveis. Usando joelheira de neoprene à esquerda.Não apresenta hipotrofias musculares na coxa esquerda e tem joelho estável, sem derrame ou crepitação.” Após, lançou aseguinte conclusão: “A autora sofreu fratura do colo da fíbula, segundo laudo médico, mas não apresentou exames dalesão. Evoluiu com queixa de dor no joelho com incapacidade para andar. A fratura do colo da fíbula, sem desvio não geralesão intra-articular e não justifica a alegada incapacidade. O exame clínico da autora não apresenta qualquer alteração.”(fl.55).

A perícia foi realizada em 16/08/2012. O atestado de saúde ocupacional emitido em 19/04/2012 com a finalidade de aferir aaptidão da autora para retornar ao trabalho, qualificou-a como inapta, em razão de ter sido encaminhada para cirurgiaortopédica (condropatia grau IV). Ocorre que não há prova de que a autora foi submetida a cirurgia.

O teor dos documentos trazidos não se afigura suficiente para excluir a conclusão do laudo pericial, que se encontrarazoavelmente fundamentado.

O atestado de fl. 99, carreado com o recurso e lavrado em 04/12/12, afirma que a autora apresenta restrição a apoio, comhipotrofia em quadríceps; está sendo submetida a tratamento fisioterápico e hidroginástica; afirma que precisa de quatromeses para reabilitação. Ocorre que tal documento não afirma que a autora se encontra inapta para o trabalho. Vale dizer,ali não se afirma que, para que ocorra a reabilitação ali referida, haveria necessidade de afastamento funcional.

Dentro do contexto exposto, concluo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº9.099/95).

5. RECURSO IMPROVIDO. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentodo benefício da assistência judiciária gratuita. É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

127 - 0004978-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004978-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA CONCEIÇÃOCARLOS (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0004978-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004978-4/01)RECORRENTE: LUZIA CONCEIÇÃO CARLOSADVOGADO (S): CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVILRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA

V O T O / E M E N T A1. Trata-se de recurso inominado interposto por LUZIA CONCEIÇÃO CARLOS, em face da sentença de fls. 66/67,que julgou improcedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença. Sustenta a recorrente: 1) que asentença não levou em consideração a farta documentação médica juntada aos autos que comprovam a veracidade dosfatos, baseando-se tão somente na conclusão do laudo judicial, que desconsiderou, por completo, todos os exames elaudos médicos juntados, do qual não levou em consideração à doença portada pela recorrente e sua profissão; 2) que ojuiz não fica adstrito ao laudo pericial, não se admitindo como prova absoluta, do qual o laudo pericial, norteia somente olivre convencimento do juiz quanto aos fatos alegados pelas partes, requerendo assim a reforma da sentença, a fim deconceder o beneficio de auxilio doença ou aposentadoria por invalidez, vez que a recorrente continua incapacitada para otrabalho, sendo a sua incapacidade irreversível e de insuscetível de reabilitação2. Autora com 56 anos de idade e atividade laborativa de auxiliar de serviços gerais.3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:(...)Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial realizada na área de Ortopedia,cujo laudo encontra-se às fls. 45/48.O perito diagnosticou que a autora é portadora de “artrose discreta da coluna cervical, dorsal e lombar e não apresentacompressões nervosas”, doença de origem degenerativa. Ainda assim, não foi constatada incapacidade para o trabalho.Portanto, o laudo pericial concluiu pela inexistência de incapacidade (parcial ou total) para o exercício de atividadesprofissionais que garantam subsistência à parte autora.Os documentos médicos particulares juntados pelo autor não são suficientes para afastar as conclusões da perícia médicajudicial, nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo: O laudo médico particular é prova uni lateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular.Deixo de determinar perícia na área de neurocirurgia, tendo em vista que a parte autora não mencionou na inicial qualquerdoença tratada por tal especial idade médica, tampouco juntou laudos e/ou exames médicos particulares que justifiquem tal

Page 202: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

designação.Não havendo incapacidade temporária ou permanente, parcial ou total, não há como prosperar o pleito autoral.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido, extinguindo o feito com julgamento de mérito, nos termos do inciso I doart. 269 do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, conforme artigos 55 da Lei n.°9.099/95 c/c art.1º da Lei n.° 10.259/2001. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.4. O perito concluiu o exame consignando o seguinte: “A autora é portadora de artrose discreta da coluna cervical,dorsal e lombar. Não apresenta compressões nervosas na coluna nem alteração de força. Não há incapacidade laboral.”(fl.46). O perito analisou os exames complementares trazidos pela autora, visto que ambos foram mencionados no laudo(fl.46). O laudo apresenta-se razoavelmente fundamentado. Não vejo como excluir o resultado nele lançado.

5. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95). RECURSOIMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistênciajudiciária gratuita (fl.27). É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

Inscrição Principal: 1.084.728.263-2 Inscrição Informada: 1.084.728.263-2

Nome: LUZIA CONCEICAO CARLOS -Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 BEN 549.328.852-0 1.084.728.263-2 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

002 BEN 532.210.462-0 1.084.728.263-2 00/00/0000

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL

003 CNPJ 27.229.830/0001-41 1.084.728.263-2 16/08/1978 CLT 99999

CONVITEC CONCESSIONARIOS DE VIATURAS TECNICAS LTDA

004 CNPJ 33.247.966/0001-87 1.084.728.263-2 19/04/1979 17/07/1979 CLT 99999

BRASPEROLA INDUSTRIA E COMERCIO S A

Page 203: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

005 CI 1.141.602.724-0 02/1997 04/1997

006 CI 1.141.602.724-0 11/2001 11/2001

007 CI 1.141.602.724-0 09/2004 10/2004

008 CI 1.141.602.724-0 12/2004 12/2004

009 CI 1.141.602.724-0 07/2006 11/2006

010 CI 1.141.602.724-0 06/2008 07/2008

011 CNPJ 03.107.020/0001-54 1.084.728.263-2 01/06/2009 30/06/2011 CLT 4110

PRESTO CLEAN PRESTACAO DE SERVICOS LTDA - ME

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

128 - 0002195-56.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002195-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x GUILHERME ALTOÉ (ADVOGADO:ES016398 - Bernard Pereira Almeida.).PROCESSO: 0002195-56.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002195-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARIA DA PENHA BARBOSA BRITORECORRIDO: GUILHERME ALTOÉADVOGADO (S): Bernard Pereira Almeida

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido e ocondenou a revisar os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez recebidos pela parte autora, na forma doart. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar as diferenças devidas, observada a prescrição das parcelas anteriores a15/04/2005, acrescidas de correção monetária pelo INPC e de juros de mora no mesmo percentual incidente sobre acaderneta de poupança. Alega o recorrente ausência do interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos daAção Civil Pública nº 0002305920124036183. Quanto à correção monetária, defende a aplicabilidade da Lei nº 11.960/2009,

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haja vista que o STF não decidiu quanto à modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento das ADIs 4357/DF e4425/DF.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, explicitamente referido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou oacordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisãoadministrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja,a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Anteesse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar opagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

3. Com relação à prescrição, com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, foideterminada a revisão administrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto,interrompe-se o prazo prescricional, por força do disposto no artigo 202, VI, do Código Civil. Esta Turma Recursal vinhaentendendo aplicável ao caso o Decreto-Lei nº 20.910/1932, considerando interrompida a prescrição e reiniciada acontagem do prazo pela metade, com fulcro no disposto em seu artigo 9º, em face do Memorando-Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

4. Ocorre que no julgamento do PEDILEF nº 0012958-85.2008.4.03.6315, ocorrido em 14/02/2014 (publicação em14/03/2014), a Turma Nacional de Unificação de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais fixou a tese de que: (i) apublicação do Memorando 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15-04-2010, ato administrativo que reconheceu o direito dossegurados à revisão pelo art. 29, II, da Lei 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionaisem curso, que voltaram a correr integralmente a partir de sua publicação; e (ii) para pedidos administrativos ou judiciaisformulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação do ato normativo referenciado não incide a prescrição,retroagindo os efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando. Considerou-se que o referido atode reconhecimento do direito interrompeu o prazo prescricional eventualmente em curso (art. 202, IV, do Código Civil),importando sua renúncia quando já consumado (art. 191 do Código Civil), e que ele somente voltaria a fluir, pela metade doprazo (art. 9º do Decreto 20.910/32), quando a Administração viesse a praticar algum ato incompatível com o interesse desaldar a dívida, o que definitivamente não ocorreu.

5. Registro que a prescrição constitui matéria de ordem pública, podendo ser conhecida de ofício em qualquertempo e grau de jurisdição, e como tal, resta devolvida ao órgão julgador do recurso, em vista do seu necessário efeitotranslativo, não havendo que se falar em reformatio in pejus.

6. A Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, consideraaplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária ede juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, oIPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regimegeral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e aSELIC para as condenações referentes questões tributárias.

7. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS. Não obstante, REFORMO EM PARTE A SENTENÇAapenas para afastar a prescrição das parcelas anteriores a 15/04/2005.

8. Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

129 - 0004276-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004276-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE NUNES (DEF.PUB:LUDMYLLA MARIANA ANSELMO.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.).PROCESSO: 0004276-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004276-2/01)RECORRENTE: JOSE NUNESADVOGADO (S): LUDMYLLA MARIANA ANSELMORECORRIDO: UNIAO FEDERALADVOGADO (S): GERONIMO THEML DE MACEDO

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JOSÉ NUNES, em face da sentença de fls. 64-67, que julgou

Page 205: relação de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta

improcedentes os pedidos sucessivos feitos em relação à União e julgou extinta a demanda, sem resolução do mérito, emrelação à Caixa Econômica Federal, por ilegitimidade passiva. Alega o recorrente que, em razão de um vínculo com aempresa “Seld Equipamentos Elétricos Ltda”, constante do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Empregadores)desde o ano de 1994, está impossibilitado de receber o seguro-desemprego no período de defeso. Afirma nunca tertrabalhado em tal empresa, pelo que necessita de declaração de inexistência de relação jurídica trabalhista. Requer oreconhecimento da inexistência de relação jurídica com a referida empresa e a percepção de seguro-desemprego.

2. Seguem trechos extraídos da sentença prolatada pelo Juízo a quo, os quais são imprescindíveis para oentendimento do caso que reclama por tutela jurisdicional.

Trata-se de ação de conhecimento proposta por JOSÉ NUNES em face da UNIÃO FEDERAL e da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL – CEF objetivando: 1) a condenação da União Federal em retirar do CAGED o vínculo com a Empresa SeldEquipamentos Elétricos Ltda.; 2) a condenação das rés, de acordo com a responsabilidade de cada uma, a processar osdocumentos próprios do autor junto ao Ministério do Trabalho e demais órgãos competentes; 3) o pagamento doseguro-desemprego ao autor.

(...)

Preliminarmente, rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela União Federal, tendo em vista que afiscalização e o gerenciamento do seguro-desemprego cabe ao Ministério do Trabalho, nos termos do art. 23 da Lei7.998/90:

(...).

Portanto, controvérsias acerca do direito à percepção do benefício deverão ser dirimidas entre o trabalhador e a UniãoFederal, ente federativo ao qual está atrelado o Ministério do Trabalho e Emprego.

Acolho a preliminar de ilegitimidade passiva alegada pela CEF, tendo em vista que a referida instituição bancária consisteapenas em agente pagador do benefício de seguro-desemprego, nos termos do art. 15 da Lei 7.998/90:

(...)

No mérito, sustenta o autor ter comparecido ao Ministério do Trabalho e Emprego para providenciar documentos atinentesao seguro-desemprego relativo ao período de defeso do ano de 2008, o qual lhe teria sido negado, segundo informa, emrazão de vínculo com a empresa Seld Equipamentos Elétricos Ltda. constante do CAGED desde o ano de 1994.

Argumenta, ainda, que interpôs perante a Justiça do Trabalho ação em face da aludida empresa, tendo aquele juízoentendido, na oportunidade, inexistir lide entre o autor e aquela, conquanto o erro haja sido provocado pelo Ministério doTrabalho.

O seguro-desemprego é benefício de natureza assistencial que visa a prover assistência temporária ao trabalhador, nocaso, pescador profissional, durante o período de defeso, atendidos os requisitos legais elencados no art. 2º, devendo sercancelado nas hipóteses previstas no art.4º, ambos da Lei 10.779/2003.

O art.2º do diploma legal supra assim dispõe:

“Art. 2o Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao órgão competente do Ministério do Trabalho eEmprego os seguintes documentos:

I - registro de pescador profissional devidamente atualizado, emitido pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca daPresidência da República, com antecedência mínima de um ano da data do início do defeso;

II - comprovante de inscrição no Instituto Nacional do Seguro Social - INSS como pescador, e do pagamento dacontribuição previdenciária;

III - comprovante de que não está em gozo de nenhum benefício de prestação continuada da Previdência ou da AssistênciaSocial, exceto auxílio acidente e pensão por morte”

Desta forma, para fins de percepção do benefício em voga, deverá o pescador artesanal apresentar ao Ministério doTrabalho e Emprego os documentos supra delineados, para fins de habilitação. Além disso, não pode ter exercido, noperíodo, atividade remunerada ou percebido qualquer tipo de renda.

Na hipótese em análise, contudo, verifico que o autor não cumpriu os requisitos previstos na lei.

(...)

Cumpre-me salientar, a princípio, não ter o autor informado a que tipo de pesca se dedica, pelo que, não há como seprecisar o período de defeso respectivo, uma vez que não menciona também este dado. No entanto, considerando a

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afirmação do mesmo no sentido de que houvesse solicitado o benefício em questão relativo ao período de defeso do anode 2008, deverá ser este ano tomado como referência para a análise do pedido do autor.

Postas estas premissas, verifico, em primeiro lugar, que o registro de pescador profissional emitido Secretaria Especial deAqüicultura e Pesca da Presidência da República constante à fl.11 não se encontra atualizado, uma vez que teve como datade validade 18/11/2007, expirando, portanto, antes do período questionado nesta ação, encontrando-se desatualizado.

Ressalte-se que os requisitos legais devem ser cumpridos cumulativamente, donde se infere que, o simplesdescumprimento do primeiro deles já afasta o direito pleiteado pela parte autora nesta demanda. Não obstante, observo nãoterem sido anexados aos autos os demais documentos descritos nos itens II e III do dispositivo legal em epígrafe.

Some-se a isso o fato de que, ainda que houvesse qualquer prova conclusiva acerca da inexistência de vínculo laboral coma empresa Seld Equipamentos Elétricos Ltda., a qual não foi sequer inserida no pólo passivo da presente, estacircunstância não garantiria ao autor o direito ora examinado, não só pelo descumprimento da norma legal já mencionada,como também pela prova feita pelo próprio autor de que no ano de 2008 houvesse exercido atividade remunerada,conforme demonstra o documento de fl.08. Nos termos do art.4º da Lei nº 10.779/2003, o benefício deve ser cancelado nocaso de início de outra atividade remunerada.

Pelo exposto, e, por se cuidarem de pedidos sucessivos, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS, e extingo o feito, comresolução de mérito com relação à União Federal, à luz do disposto no art.269, I do CPC.

JULGO EXTINTA a presente demanda sem resolução do mérito no que diz respeito à CEF, nos termos do art.267, VI doCPC.

A Sedijef para excluir a CEF do pólo passivo da presente.

(...)

3. A impossibilidade de percepção do seguro-desemprego pleiteado pelo autor restou fundamentadamenteesclarecida na sentença acima colacionada. Não é apenas o fato de existir vínculo empregatício com a empresa “SeldEquipamentos Elétricos Ltda” que impede o recebimento do valor vindicado. O recorrente teve vínculo de emprego em 2008– entre 12 de maio e 25 de julho – como pintor pleno, o que indica que exercia atividade urbana, sendo a pesca, ao menosnesse período, uma atividade dispensável à subsistência. Como bem pontuado pelo Juízo a quo, ainda que inexistissevínculo laboral com a empresa Seld, o autor não teria direito ao recebimento do seguro-desemprego, uma vez quedescumpriu outros requisitos indispensáveis para a percepção deste.

O autor afirma que desconhece qualquer vínculo com a referida empresa e que a ação trabalhista ajuizada junto à JustiçaEspecializada do Trabalho concluiu que não havia lide entre o ora recorrente e a desconhecida empregadora, motivo peloqual a demanda deveria ser ajuizada em desfavor da União. Na sentença trabalhista (colacionada aos autos nas fls. 15-17),o magistrado afirma que o órgão local do Ministério do Trabalho tem encaminhado os beneficiários do “Seguro Defeso dePesca” à Justiça Trabalhista para que, através de sentença judicial, sejam regularizados erros nos dados constantes noCAGED. Fundamenta que a Justiça do Trabalho não pode ser instrumentalizada de tal modo, cabendo ao Ministério doTrabalho providenciar a correção dos lançamentos constantes do Cadastro, tomando as providências que entender cabíveisem relação ao empregador que deixou de fornecer informações ou que apresentou informações inverídicas à base dedados governamental. Ao fim, extinguiu o processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI do Código deProcesso Civil.

Em pesquisa ao sítio eletrônico da Receita Federal do Brasil, verifico que a empresa “Seld Equipamentos Elétricos Ltda”está com situação cadastral “baixada” por inaptidão (art. 54 da Lei nº 11.941/2009). Resposta ao ofício encaminhado àDelegacia Regional do Trabalho (DRT/ES) demonstra que o vínculo do trabalhador ainda está sem data de desligamento (fl.128) e os dados constantes do cadastro junto ao Ministério do Trabalho e Emprego correspondem aos dados do recorrente,o que afasta a possibilidade de homonímia.

Pesquisa no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS demonstra que há recolhimento de contribuiçãoprevidenciária para o segurado, no mês de dezembro de 1994, no valor de R$ 195,61, feito pela empresa Seld.

O recorrente expressamente requer, em seus pedidos, a condenação da União em retirar do CAGED – Cadastro Geral deEmpregados e Desempregados, o vínculo com a empresa Seld, visto que alega nunca ter trabalhado na empresa e queessa informação foi equivocadamente repassada para o Cadastro.

Ao contrário do que afirma o autor, reputo verossímil a existência de prestação de serviço por parte deste na empresa“Seld”. Ao se analisar o extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais, noto que o ex-segurado, desde 1976, sempreteve vínculos curtos, de quinze dias a sete meses, o que faz presumir que o autor não se lembraria de todas as empresaspara as quais prestou serviço. Reforça essa presunção o fato de a “Seld” ter recolhido a contribuição previdenciária do mêsde dezembro de 1994, referente aos quinze dias de trabalho do autor.

Contudo, por mais que reconheça a existência do vínculo empregatício entre o autor e a “Seld”, verifico que a empresa nãose desincumbiu de anotar a data de saída e providenciar a “baixa” do vínculo empregatício, o que vem causando

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transtornos ao autor. Como a empresa já está “baixada por inaptidão”, considero que tal providência deverá ser realizadapelo Ministério do Trabalho e Emprego, utilizando como data de saída os dados indiciários do CNIS. Ou seja, se não houverecolhimento previdenciário no mês de janeiro de 1995, o vínculo, na realidade, findou-se no mês de dezembro de 1994.

Sendo assim, reconheço o vínculo empregatício do autor com a empresa “Seld” apenas no período compreendido entre15/12/1994 e 31/12/1994, devendo o Ministério do Trabalho e Emprego anotar o final do vínculo no CAGED - CadastroGeral de Empregados e Empregadores.

Mantenho a sentença no que se refere ao pedido de condenação ao pagamento de seguro-desemprego.

4. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, para o fim de DETERMINAR À UNIÃO que, através do Ministério doTrabalho e Emprego, registre o dia 31 de dezembro de 1994 como data de saída do autor da empresa “Seld EquipamentosElétricos Ltda” no Cadastro Geral de Empregados e Empregadores, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da intimação dopresente julgado.

Custas ex lege. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

130 - 0007572-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007572-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WILMAR SCHOENROCK(ADVOGADO: ES016259 - ANA LUISA COLA GUEDES, ES012560 - LEONARDO SPAGNOL.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO: 0007572-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007572-9/01)RECORRENTE: WILMAR SCHOENROCKADVOGADO (S): LEONARDO SPAGNOL, ANA LUISA COLA GUEDESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por WILMAR SCHOENROCK, em face da sentença de fl. 78, quejulgou parcialmente procedente o pedido inicial para determinar com que o INSS averbe como tempo de serviço o períodode 19/06/1972 e 15/04/1975. O recorrente alega: a) erro material na ata de audiência, na qual constou o dia 16/01/2012como sendo o da ocorrência deste ato processual, o que é um equívoco, visto que este ocorreu em 31/01/2012; b) atestemunha que prestou o depoimento declarou que trabalhou com ele a partir de 1968; c) que a indicação da testemunhafoi para complementar a prova documental, sendo que esta refere-se apenas ao ano de 1972 e seguintes, mas que a provatestemunhal é capaz de ampliar o período, retrocedendo ao ano de 1968; d) não é necessária a comprovação, ano a ano,do período que se pretende averbar ao Regime Geral de Previdência Social, pelo que, se há indícios documentais daexistência do vínculo empregatício entre o autor e a empresa “Helal” entre 1972 e 1975 e, tendo a testemunha afirmado quetrabalhava com o recorrente desde 1968, deve ser reformada a sentença para também abarcar o período de 20/11/1968 a19/06/1972 (período excluído na sentença). Requer a reforma da sentença.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)“Trata-se de pedido de averbação de tempo de serviço apresentado pela parte autora para cômputo de aposentadoriapor tempo de serviço/contribuição no período de 20/11/1968 a 15/04/1975. Como início de prova material, o autorapresentou carteirinha do INSS emitida em 19/06/1972 bem como extrato do PASEP em que constam depósitos desde oano de 1972. A testemunha afirmou que trabalhou com o autor na empresa HELAL S/A e que o autor trabalhava na parte deescritório, e a testemunha começou trabalhando como auxiliar de serviços gerais e depois como vendedor. Desta forma,impossível o reconhecimento do período trabalhado entre 1968 e 1972, em razão da ausência de início de prova material doperíodo. Reconheço, no entanto, como efetivamente trabalhado na empresa HELAL S/A, a partir das provas documentaisaliadas ao depoimento testemunhal, o período de 19/06/1972 a 15/04/1975, limite do pedido apresentado pelo autor napetição inicial. Em virtude do exposto, julgo parcialmente procedente o pedido e determino que o INSS averbe como tempode serviço comprovado o período de 19/06/1972 a 15/04/1975. Ficam todos intimados em audiência, ficando registrado quefoi fornecida cópia material desta sentença aos advogados das partes, na própria audiência. Havendo recurso dê-se vistasà parte contrária.” Retifico erro material contido na Assentada, de forma que, onde está escrito 16 de janeiro de 2012,conste 30 de janeiro de 2012.

3. Preliminarmente, afasto o erro material apontado pelo recorrente. O próprio magistrado a quo já retificou o errocontido na assentada, determinando que onde está escrito “16 de janeiro de 2012”, deve-se constar “30 de janeiro de 2012”.

4. Quanto às questões de mérito apontadas pelo recorrente, reputo que o entendimento do Juízo a quo merece sermantido. Como dito em sentença, “impossível o reconhecimento do período trabalhado entre 1968 e 1972, em razão daausência de início de prova material do período.”O fato de o recorrente não trazer aos autos qualquer prova documental de

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que realmente trabalhou na empresa “Helal” entre os anos de 1968 e 1972, significa que não possui nenhum documentoque possa comprovar este vínculo. Nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91, a comprovação do tempo de serviço sóproduzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvona ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, o que não é o caso ora discutido.

Deveria o autor ter colacionado provas materiais do período vindicado, pelo que se me afigura inevitável a improcedência dopedido. A Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização, que dispõe que, para a concessão de aposentadoria rural poridade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício, deveser aplicada apenas para os trabalhadores rurais, que são aqueles inseridos em meio familiar que dificulta a guarda e oarmazenamento de documentos, isto quando eles realmente são fornecidos pelos empregadores. Já os trabalhadoresurbanos, mesmo que considerarmos os anos de 1960/1970, não há essa presunção de quase-impossibilidade de exigir doseu empregador qualquer documento que se preste a comprovar vínculo empregatício. Com certeza, o autor teriatrabalhado com um crachá, com um uniforme, recebia seus salários mensalmente, e tudo isso deveria ter sido guardadopara que, no futuro, pudesse utilizar para fins de comprovação do tempo trabalhado.

Não se trata aqui de aplicar dispositivo legal de forma anti-isonômica, mas sim, resguardar a igualdade material que deveser considerada ao se comparar trabalhadores urbanos e trabalhadores rurais.

4. Posto isso, afasto o erro material que o autor aponta existir na sentença, conheço do recurso interposto e a eleNEGO PROVIMENTO.

Defiro os benefícios da assistência judiciária gratuita. Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento dehonorários advocatícios, que ora arbitro em R$ 500,00 (quinhentos reais), ficando a execução condicionada à prova dasuperação do estado de necessidade alegado e ao prazo previsto no art. 12 da Lei nº 1.060/50. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

131 - 0006349-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006349-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALCINO CHAGASSOBRINHO (ADVOGADO: ES016689 - RENAN DA SILVA PEREIRA, ES012862 - Kenia Pim Silva Bento.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).PROCESSO: 0006349-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006349-8/01)RECORRENTE: ALCINO CHAGAS SOBRINHOADVOGADO (S): Kenia Pim Silva Bento, RENAN DA SILVA PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCOS FIGUEREDO MARÇAL

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ALCINO CHAGAS SOBRINHO, em face da sentença de fls.147/149, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a averbar o tempo de trabalho rural de23/06/1977 a 31/12/1990, e julgou improcedente o pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição. Alegao recorrente que o conjunto dos documentos juntados aos autos comprova o exercício de atividade rurícula em regime deeconomia familiar durante o período requerido na inicial. Aduz que desde a tenra infância já exercia atividade comotrabalhador rural e que tal fato restou evidenciado nos depoimentos das testemunhas, inclusive ratificado pela sentença deque todos estes foram seguros e convincentes. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença, julgando-setotalmente procedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de ação visando à concessão da aposentadoria por tempo de contribuição NB 153.910.178-6, requerida em22/9/2010.

O INSS apurou, até a data do requerimento administrativo, 17 anos, 10 meses e 9 dias de tempo de contribuição (fl. 70).Não obstante, o autor alegou que o réu deixou de computar o tempo de atividade rural referente ao período de 2/1/1972 a9/3/1991.

Como início de prova material, o autor apresentou título eleitoral emitido em 28/4/1980 em que consta sua profissão delavrador (fl. 24); certificado de dispensa de incorporação emitido em 23/6/1977 em que consta que o autor foi dispensadopor residir em zona rural (fl. 23); registro de imóveis e ITR de imóvel rural de terceiros (fls. 30/36); declaração do sindicato(fls. 43/44); contrato de parceria agrícola assinado em 4/7/1988 e com firma reconhecida em 18/4/1989 (fls. 46/47);declaração do sindicato (fl. 50).

Comprovado o requisito do início de prova material, o exercício da atividade rural necessita ser corroborado por provatestemunhal. É a prova testemunhal que, em complementação ao início de prova material, deve aprofundar a cognição emtorno dos fatos pertinentes ao trabalho do autor na roça.

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Passo a analisar a prova testemunhal, produzida em audiência. Seguem os depoimentos resumidos:

Depoimento pessoalQue nasceu e se criou na fazenda Boa Sorte, em Córrego do Limoeiro em Marilândia; que seu patrão antigo era seu Vitório;que sua família inteira trabalhava para ele; que seu pai na época pagava o sindicato para eles, eram nove irmãos, que o paisó não colocou os dois mais novos no sindicato; que ele trabalhou lá até os 27anos de idade; que nasceu em 24/12/1958;que saiu de lá em 1986; que de lá foi para Jaguaré, onde também exerceu atividade rural na propriedade do Senhor Calistodo Agostinho; que ficou quase três anos trabalhando com ele, mais ou menos de 86 a 89; que depois de lá ele veio paraVitória e trabalha numa firma, na fábrica de Fortleve; que na fazenda do pai dele ele plantava milho, mas cuidava mais decafé, o tipo era café Conilon; que a produção na época tinha uma base de 600 a 700 sacas de café; que ele e a família, paie irmãos ficavam responsáveis pela produção de café, mas que também existiam outras famílias, pois eles trabalhavam nosistema de meia; que eles pilavam o café e vendiam em Colatina; que as máquinas que eles usavam para isso era dosenhor Vitório; que de lá ele foi para Jaguaré e que a produção era a mesma coisa; que sua família toda foi para Jaguaré,inclusive moram lá até hoje; que quando ele veio para Vitória ele ficou quase um ano trabalhando como servente depedreiro e depois foi para essa firma; que veio para Vitória porque o trabalho da roça já não compensava mais, que o caféera vendido muito barato; que na época em que ele trabalhou em Jaguaré tinham outras famílias além da dele; que essasfamílias nem moram mais em Jaguaré, elas voltaram para a região de Marilândia.

Valdir GomesQue trabalhou com o senhor Alcino na fazenda de seu Calisto no período de 1987 a 1991; que Alcino saiu e elepermaneceu nessa fazenda; que eles trabalhavam juntos na fazenda; que eles colhiam café; que ambos tinham contrato deparceria com seu Calisto e Rômulo, seu filho; que ele permaneceu 6 anos nessa fazenda e por isso acompanhou atrajetória de seu Alcino; que Alcino saiu e ele continuou mais um tempo nessa fazenda.

Jadir Dias CordeiroQue começou a trabalhar com Seu Alcino na fazenda de Seu Vitório em 1978; que Seu Alcino saiu da fazenda antes dele;que quando ele chegou para trabalhar nessa fazenda Seu Alcino já estava lá; que seu Alcino nasceu nessa fazenda; queeles trabalhavam na lavoura de café; que ele era vizinho de Seu Alcino e acompanhou todo esse período de atividade dele;que ele sempre laborou com o pai dele; que em 1978 ele e Seu Alcino tinham 19 anos; que nesse lugar que elestrabalhavam tinham outras famílias, era uma comunidade; que todos cuidavam do café, inclusive, ele é mineiro e que umadas primeiras famílias que ele conheceu foi a de Seu Alcino; que nesse terreno que eles trabalhavam tinha uma pequenacultura de arroz e milho, mas o que predominava era o café; que a maioria das famílias trabalhavam de meia; que ele ficouem Limoeiro até 1993; que Seu Alcino saiu antes disso; que Seu Alcino saiu de Limoeiro e foi para Jaguaré; que elemanteve contato com o autor, e que seu irmão mora em Marilândia até hoje; que o autor visitava ele em Marilândia; que atévir para Vitória ele ficou só com a atividade rural; que depois que veio para Vitória o autor de vez em quando freqüentaMarilândia.

Geraldo Edson MacielQue quando conheceu seu Alcino ele já trabalhava na fazenda do senhor Vitório; que o autor começou a trabalhar lá antesdele; que ele conheceu o autor em 1972; que ele sempre trabalhou com o pai dele na fazenda; que Alcino saiu da fazendado senhor Vitório antes dele, mas que ele ficou alguns anos trabalhando lá ainda; que ele saiu de lá em 2004, depois deAlcino; que o autor mudou para Jaguaré com a família; que na fazenda de Seu Vitório eles trabalhavam colhendo café comoprincipal atividade; que lá haviam outras famílias trabalhando com eles, todas colhendo café; que eles trabalhavam comomeeiros; que a fazenda não era nem muito grande nem muito pequena, mas era toda ocupada por trabalhadores quetrabalhavam pelo sistema de meia; que cada um tinha a sua casa e uma área de terra demarcada para colher o café e cadaum pagava e cada um pagava os 50% do defensivo que era necessário; que quando eles colhiam metade era entregue aopatrão e a outra metade eles vendiam para sobreviver; que ele via o autor trabalhando, inclusive trabalharam muito juntos;que Alcino trabalhava com a família, pai e irmãos, ele tinha seis irmãos, na fazenda de Seu Vitório; que conhece todos osirmãos do autor.

As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido de que o autor trabalhou na lide rural emregime de economia de subsistência na companhia dos parentes desde criança até se mudar para Vitória para trabalharcomo urbano com registro em CTPS. Estabeleço o termo inicial do trabalho rural em 23/6/1977, data de expedição dodocumento mais antigo apto a valer como início de prova material (fl. 23). Como termo final, estimo, por arbitramento, que oautor trabalhou no meio rural até o final do ano de 1990, em 31/12/1990, em razão dos depoimentos das testemunhas etambém porque seu primeiro vínculo na CTPS se iniciou em 10/3/1991 em Cariacica (fl. 51).

Considero provado que o autor exerceu atividade rural, em regime de economia familiar, somente no período de 23/6/1977a 31/12/1990.

O autor tem direito à averbação do tempo de serviço rural para efeito de contagem de tempo de contribuição,independentemente do recolhimento de contribuições. Ressalvo que esse tempo não pode ser considerado para efeito decarência. Aplica-se o art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91: “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data deinício de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes,exceto para efeito de carência, conforme dispuser o Regulamento”.

A averbação do período de 23/6/1977 a 31/12/1990 representa um acréscimo de 13 anos, 6 meses e 8 dias. Somados aos

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17 anos, 10 meses e 9 dias apurados administrativamente pelo réu, o autor completou, até a data do requerimentoadministrativo, 31 anos, 4 meses e 17 dias de tempo de contribuição, tempo insuficiente para a concessão daaposentadoria pleiteada.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o réu a averbar o tempo de trabalho rural referente ao período de23/6/1977 a 31/12/1990.

Julgo improcedente o pedido de concessão da aposentadoria por tempo de contribuição NB 153.910.178-6.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. A sentença analisou com precisão os elementos fáticos que circundam o processo. Com efeito, são irretocáveisas conclusões alcançadas quanto à convicção do efetivo trabalho rural exercido em regime de economia familiar realizadopelo recorrente. No entanto, assiste razão ao recorrente quanto às suas alegações referentes à data inicial fixada para finsde averbação de tempo rural. Assim, incide no presente caso a hipótese da súmula 14 do TNU, não necessitando a parteproduzir prova plena de seu direito. Além disso, é pacífico o entendimento da TNU no sentido de que a eficácia do início daprova material pode ser estendida, retroativamente, se conjugada com prova testemunhal complementar convincente eharmônica.

4. Nesse sentido, o marco inicial compreendido pelo início de prova material pode ser estendido por meio da provatestemunhal e da solidez da documentação trazida aos autos

5. Posto isso, DOU PROVIMENTO ao recurso, para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a conceder aaverbar o tempo de trabalho rural de 24/12/1972 (data que o recorrente fez 14 anos) a 31/12/1990.

5.1. A averbação do período de 24/12/1972 a 31/12/1990 representa um acréscimo de 18 anos e 7 dias. Somadosaos 17 anos, 10 meses e 9 dias apurados administrativamente pelo réu, o autor completou, até a data do requerimentoadministrativo, 35 anos, 10 meses e 16 dias de tempo de contribuição, tempo suficiente para a concessão da aposentadoriapleiteada.

5.2. CONDENO o INSS a conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (NB 153.910.178-6), comDIB em 22/09/2010

5.3. Incidentalmente, ANTECIPO OS EFEITOS DA TUTELA, tendo em vista o caráter alimentar das prestações, paraque seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias da intimação do presente acórdão, devendo o INSScomprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial no mesmo prazo.

5.4. CONDENO o INSS, também, ao pagamento das parcelas vencidas, corrigidas monetariamente, respeitada aprescrição quinquenal e o teto fixado para este Juizado.

5.5. Correção monetária e juros de mora incidirão nos moldes previstos no Manual de Cálculos publicado pelo CJF,conforme entendimento sufragado pela TNU no PEDILEF nº 0501880-08.2009.4.05.8300 (julgado em 06/08/2014).

5.6. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido,na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

Acolher os embargosTotal 3 : Anular a sentença e julgar prejudicado o recursoTotal 1 : Dar parcial provimentoTotal 16 : Dar provimentoTotal 18 : Denegar o mandado de segurançaTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Não conhecer os embargos de declaraçãoTotal 2 : Negar provimentoTotal 60 : Rejeitar os embargosTotal 27 :