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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-27, 28, 30, 92 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-17, 21, 86 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-43 ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-81 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-103, 139, 16, 54 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-6 ANDRÉ DIAS IRIGON-109, 111, 112, 123, 134, 35, 5, 50, 63, 71, 75 BRUNO MIRANDA COSTA-15, 56 Carolina Augusta da Rocha Rosado-40, 84 Dalton Santos Morais-26 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-119 DIANNY SILVEIRA GOMES BARBOSA-21 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-44 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-33, 59 ES000253B - MILTON MORAES-41 ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-72 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-15 ES003882E - JARDEL SABINO DE DEUS-38 ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI-70 ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-33 ES004392 - DEIJAYME TEIXEIRA VIANA-131 ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-34 ES004514E - JUCÉLIA CÔGO-38 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-15 ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-19, 22 ES004772 - ASTROGILDO ROSA OLIVEIRA-133 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-100, 122, 124, 135, 39 ES005044 - ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-34 ES005080 - ALCIDIA PEREIRA DE PAULA SOUZA-24 ES005098 - SIRO DA COSTA-107 ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-5 ES005632 - LUIZ MARIA BORGES DOS REIS-123 ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-70 ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM-23 ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-137 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-35 ES006739 - JERIZE TERCIANO ALMEIDA-97 ES006861 - EDGAR RIBEIRO DA FONSECA-105 ES006916 - GILMAR CARLETI-112 ES006962 - PAULO ROBERTO BUSSULAR-3 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-102, 106, 116, 118, 12, 57, 6, 64, 66, 68, 69, 74, 79, 82 ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-2, 81 ES007204 - ELINARA FERNANDES SOARES-111 ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL-128 ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-44 ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO-38 ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-108, 109, 125 ES008304 - WANESSA MARIA BARROS GURGEL-67 ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-18 ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-85 ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-19, 22 ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA-119, 71 ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-120, 36

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-27, 28, 30, 92ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-17, 21, 86ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-43ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA-81ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-103, 139, 16, 54ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-6ANDRÉ DIAS IRIGON-109, 111, 112, 123, 134, 35, 5, 50, 63, 71, 75BRUNO MIRANDA COSTA-15, 56Carolina Augusta da Rocha Rosado-40, 84Dalton Santos Morais-26DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-119DIANNY SILVEIRA GOMES BARBOSA-21ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-44ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-33, 59ES000253B - MILTON MORAES-41ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA-72ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-15ES003882E - JARDEL SABINO DE DEUS-38ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI-70ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-33ES004392 - DEIJAYME TEIXEIRA VIANA-131ES004497 - DICK CASTELO LUCAS-34ES004514E - JUCÉLIA CÔGO-38ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-15ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-19, 22ES004772 - ASTROGILDO ROSA OLIVEIRA-133ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-100, 122, 124, 135, 39ES005044 - ANTONIO SERGIO BROSEGUINI-34ES005080 - ALCIDIA PEREIRA DE PAULA SOUZA-24ES005098 - SIRO DA COSTA-107ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-5ES005632 - LUIZ MARIA BORGES DOS REIS-123ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-70ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM-23ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE-137ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-35ES006739 - JERIZE TERCIANO ALMEIDA-97ES006861 - EDGAR RIBEIRO DA FONSECA-105ES006916 - GILMAR CARLETI-112ES006962 - PAULO ROBERTO BUSSULAR-3ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-102, 106, 116, 118, 12, 57, 6, 64, 66, 68, 69, 74, 79, 82ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-2, 81ES007204 - ELINARA FERNANDES SOARES-111ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL-128ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-44ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO-38ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-108, 109, 125ES008304 - WANESSA MARIA BARROS GURGEL-67ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-18ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos-85ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-19, 22ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA-119, 71ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-120, 36

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ES008827 - JANDERSON VAZZOLER-104ES008958 - LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-134ES009217 - EWERTON MIRANDA TREGGIA-136ES009448 - ANGELA NUNES LAGE-136ES009460 - JULIANA PAES ANDRADE-38ES009637 - FERNANDO CARLOS FERNANDES-2ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-26ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-12ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-99ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI-12ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA-56ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-30ES010856 - BRUNO BORNACKI SALIM MURTA-78ES010908 - MARGARETI MENELLI SAMPAIO-24ES011011 - WILER COELHO DIAS-78ES011016 - GETULIO GUSMÃO ROCHA-78ES011101 - NICOLI PORCARO BRASIL-128ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO-53, 54ES011179 - JOÃO PAULO DA MATTA AMBRÓSIO-27ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-100, 122, 124, 135, 39ES011324 - ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI-1, 67ES011373 - DIOGO ASSAD BOECHAT-20ES011504 - MARGARET BICALHO MACHADO-114ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-15ES011719 - EDUARDO TRINDADE DA SILVA-23ES011757 - DARILDO BISSI JÚNIOR-65ES011804 - PAULO SÉRGIO COCO ASCACIBAS-32ES011829 - HERON LOPES FERREIRA-25, 27ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-30ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-35ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-7ES011992 - CARLOS ROBERTO MARTINS-14, 37ES012030 - ISAAC PAVEZI PUTON-110ES012150 - BRENDA OLIVEIRA DAMASCENO-60ES012566 - CHRISTINNE ABOUMRAD RIBEIRO AGUIAR LEITE-87ES012578 - ADRIANO DE QUEIROZ MORAES-41, 94, 95, 96ES012630 - SIMONE CRISTINA TOMÁS PIMENTA-103ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO-56ES012784 - THIAGO SOARES CALHAU-94, 95, 96ES012846 - IVAN LINS STEIN-103ES012907 - MARCIO SANTOLIN BORGES-123ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-140, 31, 8ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-59ES013069 - RODOLFO FERNANDES DO CARMO-78ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-76ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA-5ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI-2, 81ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-15ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA-5ES013392 - VANESSA SOARES JABUR-126ES013525 - JEFFERSON R. MOURA-61ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-18ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-77, 84ES013806 - SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-113ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-40ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-130

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ES014183 - MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD-20ES014259 - JULIANE BORLINI COUTINHO-130ES014568 - ANDRESSA MEIRA-78ES014651 - MARIZA GIACOMIN LOZER-51ES014744 - ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-58ES014951 - LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA-20ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS-126ES015006 - ISABELA ALMEIDA CHAVES-78ES015316 - Vanessa Côgo de Castro-114ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS-127, 20ES015429 - ANA ELISA MOSCHEN-39ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-98ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI-87ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-115ES015708 - JORGE MUNHOS DE SOUZA-87ES015729 - RODRIGO LORENCINI TIUSSI-43ES015744 - CATARINE MULINARI NICO-129, 39, 4ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES-55ES015798 - GABRIEL PORCARO BRASIL-128ES015868 - LAURA MELO CHEHAYEB-78ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-73ES016172 - HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA-58ES016306 - EVERTON ALVES DO ESPIRITO SANTO-103ES016544 - DANIEL BORGES MONTEIRO-117ES016706 - JAMILI ABIB LIMA-23ES016732 - ADRIANA GAMA DE SOUZA-23ES016751 - Valber Cruz Cereza-75ES016789 - RODOLPHO PANDOLFI DAMICO-48ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-66, 82ES016849 - DANIEL ASSAD GALVÊAS-20ES017058 - GUILHERME FONSECA ALMEIDA-48ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-101, 82ES017157 - PEDRO HENRIQUE DA COSTA DIAS-48ES017197 - ANDERSON MACOHIN-54ES017514 - AUGUSTO CARLOS LAMÊGO JÚNIOR-48ES017818 - FABRIZIO DE OLIVEIRA LEAO-60ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR-52ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-50ES018036 - KAMILA DEORCE DE LIMA-76ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ-139ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ-139ES018716 - Edson Roberto Siqueira Junior-83ES019221 - AMAURI BRAS CASER-62ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA-56ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-49ES020833 - GABRIELA TORRES MAPA-48ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-47ES021118 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA-45EUGENIO CANTARINO NICOLAU-51, 79, 85GERONIMO THEML DE MACEDO-11, 136, 38GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-140, 8, 94GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-32HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-118, 57Isabela Boechat B. B. de Oliveira-10, 130, 37, 87JAILTON AUGUSTO FERNANDES-64, 66, 68JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-39, 86

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JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-55, 76, 77JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-48JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-117, 132, 3, 45, 53, 9JULIANA ALMENARA ANDAKU-90Juliana Almenara Andaku-31JULIANA BARBOSA ANTUNES-114, 121, 125Karina Rocha Mitleg Bayerl-43KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO-88LIDIANE DA PENHA SEGAL-10, 29, 43, 80, 9LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-29, 47, 98Luciano Martins De Oliveira-24Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-113LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES-62MARCELA BRAVIN BASSETTO-126, 17, 80MARCELA REIS SILVA-7MARCIA RIBEIRO PAIVA-14, 4MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-138, 23, 70, 73, 78MARCOS JOSÉ DE JESUS-122, 128, 13, 52MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-18, 95, 96MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-107, 108, 2, 42, 5, 83MARINA RIBEIRO FLEURY-93MG024447E - Aleksandro Honrado Vieira-63MG066533 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-46MG088808 - EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-121MG103516 - GERALDO BENICIO-130MG123884 - CAUÃ PEREIRA DE RESENDE-28NICOLAS BORTOLOTTI BORTOLON-13, 132OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-131Paulo Henrique Vaz Fidalgo-65PEDRO INOCENCIO BINDA-100, 116, 135, 99RAQUEL MAMEDE DE LIMA-41RICARDO FIGUEIREDO GIORI-138RODRIGO BARBOSA DE BARROS-89, 91, 97RODRIGO COSTA BUARQUE-127, 25, 34, 46RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-101ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-49SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-47SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL-52, 53SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-105, 110, 124, 133, 72TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-137THIAGO COSTA BOLZANI-120, 129, 20, 60THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-102, 104, 106, 115, 36, 69, 74, 82UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-1, 58, 61, 67

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000034 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

15/04/2015Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000470-60.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000470-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ARTUR MANSUR (ADVOGADO: ES011324 -

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ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI.).RECURSO Nº 0000470-60.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000470-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARTUR MANSURRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 75/83, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Linhares, que julgou procedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença a contarda data da cessação administrativa, ocorrida em 10/02/2011. A autarquia sustenta que o laudo emitido por perito nomeadopelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do demandante. Pugna, na hipótese de manutenção da sentença, pela fixaçãoda data de início do benefício em momento posterior à cessação do labor da parte autora.

2. A parte autora não ofereceu contrarrazões, apesar de intimada (fl. 89).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 28/31)indicam que ela é acometida de lombalgia funcional, associada à escoliose moderada e protusão discal. De igual modo, nosatestados de fls. 28/31, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho de formatemporária (fl. 31). Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portadorde artrose e hérnia de disco em coluna lombar, apresentando dor e limitação para esforços em coluna devido à artrose.Conclui que não há incapacidade laborativa, mas há uma limitação para atividades com esforço físico intenso em colunalombar.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Embora o douto magistrado sentenciante tenha concluído que o demandante faria jus à percepçãodo benefício de auxílio-doença por considerar existente a incapacidade laborativa para a atividade de motorista decaminhão, verifico, em consulta ao banco de dados do CNIS, que o recorrente teve vínculos empregatícios após oencerramento do seu benefício anterior em 18/02/2011 (Expresso Nepomuceno S/A – 21/07/2011 a 04/09/2013; JSL S/A –26/06/2014 a 15/01/2015), o que infirma a alegada incapacidade laboral.

9. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

10. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeitosuspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostresuficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esseposicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal de Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatadono julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefício

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previdenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

11. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida nasentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitosda tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

2 - 0001331-23.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001331-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENATO OLIVEIRA SILVA(ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE, ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI, ES009637 -

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FERNANDO CARLOS FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DAPENHA BARBOSA BRITO.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001331-23.2008.4.02.5051/01EMBARGANTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E OUTRORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. MANIFESTAÇÃO EXPRESSA ACERCA DAUTILIZAÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NO ÂMBITO TRABALHISTA. O PPP REVESTE-SE DAS CARACTERÍSTICASDE LAUDO. NOCIVIDADE COMPROVADA. HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA. A EXPOSIÇÃO A UMA OU OITOHORAS DIÁRIAS AOS AGENTES NOCIVOS NÃO SE MOSTRAM RELEVANTES SE A NOCIVIDADE É INDISSOCIÁVELDAS ATRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. AUSÊNCIA DE OMISSÕES OU CONTRADIÇÕES. EMBARGOS DE AMBAS ASPARTES REJEITADOS.

1. A parte autora opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando contrariedade ao art. 55, § 3º dalei 8.213/1991 e ao disposto na súmula 31 da TNU ao não conferir eficácia à decisão proferida na esfera trabalhista, bemassim omissão quanto à conversão do período especial em comum, conforme art. 57, § 5º da Lei 8.213/1991. O INSS, porsua vez, também opôs embargos ao acórdão (fls. 473/483), argumentando omissões e contradições quanto ao PPP(inidoneidade), uma vez que não acompanhados dos respectivos laudos e desprovidos de todas as informaçõesnecessárias (ausência dos nomes dos profissionais que fizeram o levantamento técnico ambiental no período; que ainformação do profissional não abarca os diversos períodos laborados), ausência de labor insalubre (hidrocarbonetos) e, porfim, ausência de comprovação de habitualidade e permanência antes da Lei 9.032/1995.

2. No que se referem às alegações da parte autora, quanto à utilização do período de trabalho reconhecido pela justiçalaboral, o acórdão é bastante claro ao afirmar que “14. No entanto, o aproveitamento de decisão proferida na justiça dotrabalho nesta sede, segundo entendimento adotado pela jurisprudência pátria, em especial, pelo STJ, depende do fato dea sentença trabalhista ter se baseado em prova material (da efetiva prestação de serviços e do período trabalhado),podendo, assim, servir como documento hábil a influenciar a relação previdenciária. A mera homologação de acordo, ou,como ocorre na hipótese, decisão consubstanciada apenas em provas testemunhais (fls. 379/380), não tem eficácia plenapara comprovar o vínculo laboral, porque marcada pela abstenção do Juízo da análise de provas materiais (art. 866,parágrafo único, do CPC) – disto decorrendo a necessidade de ser corroborada por outros elementos probatórios para quepossa justificar a condenação do INSS, o que não foi feito nesta ação. Incabível a conversão dos períodos de especial paracomum, conquanto a pretensão autoral encontra-se adstrita à aposentadoria especial, não havendo também, nestepormenor, que se falar em omissão ou contrariedade no acórdão.

3. Quanto aos argumentos do INSS, no acórdão embargado consta manifestação expressa acerca da idoneidade dosPPP’s apresentados, a insalubridade representada pelos hidrocarbonetos aos quais se encontram expostos os frentistasdiariamente, bem como a habitualidade e permanência, in verbis: “5. Quanto aos conceitos de habitualidade e permanência,surgiram com o advento da Lei 9.032/1995 e regulamento posterior (Decreto 2.172/1997). A edição do Decreto 4.882, de19/11/2003 acabou de vez com quaisquer dúvidas a respeito dos conceitos de habitualidade e permanência contidos notexto da lei previdenciária ao dispor, de modo bastante abrangente, que se refere ao trabalho “no qual a exposição doempregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou daprestação de serviço”. Com isso, ficou claro que a simples existência de agente nocivo no local de trabalho ao qual otrabalhador esteja exposto como dever inerente à sua função de tal forma que faça parte de sua rotina, é o suficiente paracaracterizar atividade com risco permanente. Dessa forma, a exposição a uma ou oito horas diárias aos agentes nocivos,pode se tornar irrelevante quando, pela natureza do risco e da atividade, tem o trabalhador que suportar a nocividade que éindissociável de suas atribuições”. 8. Deste modo, como até a véspera da entrada em vigor da Lei 9.032/1995, ou seja, até28/04/1995, bastava o enquadramento da atividade ou do agente nocivo nos Decretos 53.831/1964 e 83.080/1979, a parteautora faz jus ao reconhecimento do período de 01/08/1977 a 28/04/1994 como tempo especial, por enquadramento noitem 1.2.11 do Decreto 53.831/1964 (operações executadas com derivados tóxicos de carbono I. Hidrocarbonetos - gasolinae óleo diesel; e III. Álcoois – álcool etílico ou etanol). O INSS, inclusive, por ocasião da análise administrativa do benefício,esboçou parecer favorável a parte autora neste pormenor, consoante se infere da cópia anexada à fl. 342, muito emboratenha emitido, ao final, entendimento contrário. 9. Quanto aos interstícios posteriores, quais sejam, de 29/04/1995 a19/09/1996, 01/08/1997 a 30/06/1998 e 03/08/1998 a 22/01/2008, também devem ser caracterizados como tempo especial,na medida em que demonstrado documentalmente (PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário – fl. 38) que a parte autoralaborou em posto de gasolina como frentista/chefe de pista, no manuseio de específicos químicos (gasolina, óleo diesel eálcool), de modo habitual e permanente. 10. Observa-se que o Perfil Profissiográfico Previdenciário apresentado pela parteautora se reveste das características que o assemelham a laudo técnico, vez que consta o registro no conselho de classe enome do profissional que teria efetuado a avaliação ambiental e demais informações relativas ao período da atividade eagentes nocivos passíveis de caracterização de atividade nociva ou insalubre para fins previdenciários (no caso, sujeição aespecíficos químicos). 11. A circunstância de o laudo/PPP não ser contemporâneo à atividade avaliada não lhe retiraabsolutamente a força probatória, em face de inexistência de previsão legal para tanto, desde que subscrito por médico ouengenheiro de segurança do trabalho e não comprovadas mudanças significativas no cenário laboral, hipótese dos autos.”

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, as petições de fls.459/471 e 473/483, não apresentam ou apontam de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de

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declaração.

5. Observa-se que a questão foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estando em perfeitaconsonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema.

6. Inexiste omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe a utilização de embargos.Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilização de embargosdeclaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

7. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

3 - 0009207-32.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009207-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO JOSE (ADVOGADO:ES006962 - PAULO ROBERTO BUSSULAR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0009207-32.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: ROMILDO JOSERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. GUARDA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIADE DO INSS. OBRIGAÇÃO DEFAZER. IMPOSIÇÃO DE MULTA. POSSIBILIDADE. JUÍZO DA EXECUÇÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de condenação doINSS em apresentar cópia do processo administrativo de nº 0100503675, o qual deu origem ao seu benefício deaposentadoria, ocorrida em 01/04/1975. Argui, em síntese, ter direito às informações constantes do referido processo; que oobjeto da demanda limita-se à apresentação do documento e, por fim; destaca a responsabilidade do INSS no tocante àguarda dos documentos dos seus segurados, requerendo a imposição de multa diária em caso de descumprimento daobrigação. Contrarrazões às fls. 41/45.

2. A guarda do processo administrativo é de responsabilidade exclusiva da autarquia previdenciária, não se exigindo daparte autora que mantenha cópia de todos os documentos. A perda ou extravio desses documentos pode acarretar napresunção de que os fatos narrados pela parte autora em eventual ação de revisão ou correlata, os quais dependam dasprovas existentes no aludido processo, sejam verdadeiros. Neste sentido: (Processo: PEDILEF 200772950077733 SCRelator(a): JUIZ FEDERAL PAULO PAIM DA SILVA Julgamento: 08/02/2010 Publicação: DJ 05/05/2010 Parte(s):Requerente: VITOR LISBOA Requerido(a): INSS).

3. Indiscutível a importância das cópias do processo administrativo para o segurado, conquanto sirvam de embasamentopara verificação de dados concernentes à concessão de benefício e auxílio na sua defesa.

4. Em se tratando de obrigação de fazer, é permitido ao Juízo da execução, de ofício ou a requerimento da parte, impormulta ao devedor, no caso do seu descumprimento no prazo fixado, devendo o magistrado observar, na oportunidade,critérios de razoabilidade, prudência e o contexto fático.

5. Recurso conhecido e provido para, modificando a sentença, condenar o INSS a entregar a parte autora cópias doprocesso administrativo de nº 0100503675, sob pena de eventual cominação de multa diária. Sem condenação em custas,nem em honorários advocatícios, diante da literalidade do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

4 - 0000919-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000919-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DORIO BERNARDINAPAGOTO (ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000919-27.2010.4.02.5050/01

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EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. DIVERGÊNCIA ENTRE DECISÕES PROFERIDAS PORÓRGÃOS DISTINTOS. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO NESTA VIA. MANIFESTAÇÃO EXPRESSA ACERCA DANECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EXPOSIÇÃO A TENSÃO ELÉTRICA SUPERIOR A 250 VOLTS. AUSÊNCIA DEOMISSÃO OU CONTRADIÇÃO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão e contradição com recenteposicionamento adotado pelo STJ, segundo o qual, para o reconhecimento da nocividade nos casos do agente eletricidade,necessário se faz a comprovação efetiva de exposição à tensão elétrica superior a 250 volts.

2. Quanto à divergência com as decisões proferidas pelo STJ, é sabido que a contradição que autoriza o manejo dosembargos de declaração deve ser a contradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisãojudicial e não entre duas decisões distintas, proferidas por Órgãos também distintos, como aduz o embargante.

3. Ademais, no acórdão embargado consta manifestação expressa acerca da necessidade de efetiva comprovação daexposição ao agente nocivo em discussão (eletricidade superior a 250 volts), conforme se infere dos trechos que passo areproduzir, in verbis: “9. Em suma, concluo que a situação aqui analisada se subsume ao paradigma constitucional, peloque é devida a declaração da especialidade das tarefas exercidas pelos trabalhadores eletricistas/eletricitários, mesmo emrelação ao labor desempenhado após 05/03/1997, desde que demonstrada, através de meios probatórios idôneos (laudostécnicos, perfil profissiográfico previdenciário, etc), a execução de serviços expostos à tensão superior a 250 volts, de formaconstante.” (...) “11.Resta comprovado por meio do PPP de fl. 30, devidamente subscrito por profissional habilitado(engenheiro de segurança do trabalho), e, consubstanciado em laudo técnico pericial, bem como em acórdão do TRT da17ª Região (proc. 02049.2003.006.17.00.3), que a parte autora, no interstício de 22/05/1979 a 13/04/2005, estevesubmetida ao agente nocivo eletricidade superior a 250 volts durante a sua jornada de trabalho, de forma habitual epermanente, caracterizando a atividade no período como especial. Nota-se, também, do aludido documento, que “apesar deestar classificado como Auxiliar Técnico em Telecomunicações exerce a atividade de Cabista/auxiliar de rede/técnico derede”.

4. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.110/116 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaração.

5. Observa-se que a questão foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estando em perfeitaconsonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema.

6. Inexiste omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe a utilização de embargos.Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilização de embargosdeclaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

7. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

5 - 0001453-36.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001453-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FATIMARODRIGUES DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 - EMILENEROVETTA DA SILVA, ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO, ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO N. 0001453-36.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: MARIA DE FÁTIMA RODRIGUES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. DECLARAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. CAUSA DE PEDIR CONSUBSTANCIADA NA ANÁLISE DOVÍNCULO DE EMPREGO ENTRE A AUTORA E A EMPRESA BICAS DESPACHANTE ENTRE OS ANOS DE 1978 A 1988.PEDIDO QUE DECORRE DO RECONHECIMENTO DAQUELA RELAÇÃO. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.RECURSO IMPROVIDO.

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1. A parte autora recorreu da sentença que julgou extinto o feito, sem resolução do mérito, seja pela incompetência absolutada Justiça Federal, seja pela falta de interesse processual, seja pela ilegitimidade da parte. Argumenta, em síntese,nulidade da sentença, pelo cerceamento de defesa, na medida em que não foi realizada a prova testemunhal pretendida,cuja finalidade era a de comprovar o exercício de atividade remunerada pela parte autora no período de 01/02/1978 a01/02/1988; e que o objeto da ação não é o reconhecimento da relação de trabalho/emprego com a empresa BiccasDespachante, mas apenas o reconhecimento do exercício de atividade remunerada para fins de possibilitar a indenizaçãode período contributivo em favor do INSS. Contrarrazões às fls. 52/56.

2. A parte autora teve o seu requerimento administrativo de indenização do período laborado sem contribuição entre osanos de 1978 e 1988, na forma do art. 96, inciso IV, da Lei 8.213/1991, negado, diante da não comprovação da atividaderemunerada como empregado, conforme se depreende do documento de fls. 19/20.

3. É que, segundo narra na inicial, “esse período foi laborado sem o devido reconhecimento do vínculo empregatício,através da anotação da CTPS, deixando, por isso, de ser feito o recolhimento das contribuições previdenciárias no período”.

4. Requer, desta forma, in verbis “seja por este douto Juízo DECLARADO O TEMPO DE SERVIÇO exercido pela autora naempresa BICCAS DESPACHANTE, na função de Auxiliar de Despachante, no período compreendido entre 01/02/1978 a01/02/1988”.

5. Hipótese em que a causa de pedir consubstancia-se na comprovação da relação de trabalho com a empresa BiccasDespachante no período de 01/02/1978 a 01/02/1988, decorrendo, daí, a declaração do tempo de serviço requerida. Destemodo, a declaração do tempo de serviço, no caso, pressupõe a análise da existência de vínculo de emprego com aempresa supracitada no interstício mencionado, o que foge à competência dessa Justiça Federal, na forma do art. 114, I, daConstituição da República, uma vez que, qualquer litígio afeto à comprovação de prestação pessoal e onerosa de serviços éalcançado e alcançável pela órbita competencial trabalhista.

6. De acordo com o entendimento jurisprudencial da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (Corte competentepara decidir os conflitos de competência suscitados entre “juízes vinculados a tribunais diversos”, nos termos da alínea “d”do inciso I do art. 105 da CF/1988), a competência material da Justiça do Trabalho é fixada pelo pedido e pela causa depedir de natureza trabalhista.

7. Acerca da competência da Justiça do Trabalho para fins de reconhecimento de vínculo empregatício e do tempo deserviço dele resultante, trago à colação o seguinte julgado o qual narra que, apenas no caso de recusa do INSS emreconhecer o tempo de serviço já declarado na justiça laboral é que se terá objeto para ação previdenciária no âmbito daJustiça Federal:

“EMENTA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS DE APOSENTADORIA - RECONHECIMENTODO VÍNCULO.É meramente declaratória a decisão que reconhece o vínculo empregatício, e o tempo de serviço dele resultante, nãocomportando, por si só, processo de execução. Eventual recusa do INSS em reconhecer o tempo de serviço declarado pelaJustiça do Trabalho para fins de concessão de aposentadoria terá que ser objeto de ação em que a AutarquiaPrevidenciária seja parte passiva, alheia à competência desta Justiça Especializada. Remessa oficial não conhecida.Recursos ordinários do reclamado e do reclamante conhecidos e não providos. Vistos, relatados e discutidos estes autos deremessa oficial e recursos voluntários, oriundos da Vara do Trabalho de Santa Inês, em que figuram como recorrentes ereciprocamente recorridos RAIMUNDA NONATA VIANA e MUNICÍPIO DE BOM JARDIM, acordam os Desembargadoresdo Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, por maioria, não conhecer da remessa, conhecer dos recursos voluntáriose, no mérito, negar-lhes provimento, nos termos deste voto. (Processo: 377200600716000 MA 00377-2006-007-16-00-0Relator(a): JOSÉ EVANDRO DE SOUZA Julgamento: 24/07/2007 Publicação: 21/08/2007).”(sem grifos no original)

8. Recurso conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, em razão da gratuidadede justiça deferida.

É como voto.

Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

6 - 0000661-45.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000661-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO SANTANA DANIEL(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x OS MESMOS.PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

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RECURSO Nº 0000661-45.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: ANTÔNIO SANTANA DANIELRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO ADESIVO NO JUIZADO ESPECIAL. DESCABIMENTO.PRECEDENTES. INCAPACIDADE DEFINITIVA E PARCIAL CONSTATADA NO LAUDO PERICIAL COM FIXAÇÃO DADIB. REABILITAÇÃO ESPONTÂNEA REALIZADA PELA EMPRESA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO APENAS NOPERÍODO EM QUE O AUTOR ESTEVE AFASTADO DO TRABALHO. POSSIBILIDADE. RECURSO ADESIVO NÃOCONHECIDO. RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado e apelação adesiva interpostos em face da sentença de fls. 76/79 que julgou parcialmenteprocedente o pedido, concedendo o benefício de auxílio doença a partir do efetivo afastamento do autor de suas atividades,bem como o pagamento das parcelas vencidas. Após iniciar os procedimentos de cumprimento de sentença, o INSScomunicou ao juízo sua impossibilidade diante da percepção pelo autor de aposentadoria por tempo de contribuição aos09/04/2011, cerca de oito dias após a intimação da autarquia da sentença (fls. 81/82).2. Recorre a parte autora alegando, em síntese, que não obstante a comprovação através da perícia médica que aincapacidade para o trabalho existe desde 08/2008, teve seu benefício de auxílio doença cessado administrativamente em31/01/2009, motivo pelo qual requer a concessão do benefício previdenciário desde esta data, ou alternativamente, de31/01/2009 a agosto de 2009, referente ao período em que ficou sem trabalhar e também sem receber benefícioprevidenciário. Já o INSS, em sede de apelação adesiva, alega que o autor encontrava-se trabalhando e que não houveafastamento das atividades laborais, motivo pelo qual alega perda de objeto e inexigibilidade do julgado.3. Preliminarmente, não conheço do recurso adesivo interposto pelo INSS, tendo em vista falta de previsão legal, uma vezque as ações submetidas ao rito especialíssimo dos Juizados Especiais Federais somente admitem a interposição deRecurso Inominado e Embargos de Declaração. Com efeito, a faculdade de se demandar sob o rito da LJE implicarestrições processuais, haja vista a concentração dos atos judiciais, não havendo que se falar em cabimento de recursoadesivo, sendo que na hipótese nos autos, também resta inaplicável o princípio da fungibilidade recursal, diante da falta depreenchimento dos requisitos de admissibilidade do recurso inominado, em especial a tempestividade. Neste sentido, tragoa colação os seguintes julgados:EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. RECURSO ADESIVO NO JUIZADO ESPECIAL. JUROS DE MORA NÃOPREVISTOS NA SENTENÇA.1.Ante a presença de uma das hipóteses do artigo 535 do CPC, são cabíveis os embargos de declaração. Omissãoreconhecida, com a exclusão dacondenação relativa aos juros de mora.2. Não é admissível recuso adesivo no Juizado Especial, conforme artigos41 e 48 da Lei n. 9.099/95.(TNU - RECURSO ADESIVO: 200241007001852, Relator: SELMAR SARAIVA DA SILVA FILHO, Data de Julgamento:18/09/2002, Turma Nacional de Uniformização, Data de Publicação: DJRO 08/10/2002).4. Desta forma, não conheço do recurso interposto. Quanto ao mérito da ação, observo que a concessão de auxílio-doença,de acordo com o art. 25, I e 59 da Lei 8.213/91, é vinculada aos seguintes requisitos: verificação de incapacidade dotrabalhador para o desempenho da atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, manutenção da qualidadede segurado da previdência social ao tempo do surgimento da enfermidade, e cumprimento da carência de doze meses. Jáa aposentadoria por invalidez será devida quando demonstrada incapacidade permanente para atividades laborativas eimpossibilidade de adaptação para outra (art. 42 da Lei 8.213/91).5. Em consulta ao sistema PLENNUS, verifica-se que o autor esteve em gozo do benefício de auxílio doença no período de14/12/2006 a 31/01/2009 e que, de 01/2009 a 08/2009 não manteve vínculo empregatício, retornando ao trabalho em08/2009. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de obrigação de concessão do benefício no período em queo autor encontrava-se incapacitado, porém, trabalhando. Compulsados os autos, observo que o autor exercia a atividadehabitual de operador de caldeira e que na perícia de fls. 57/61 ficou constatado que é definitivamente incapacitado para oexercício da atividade habitual de caldeireiro, com início da incapacidade fixada em 08/2008, tendo o perito avaliado, porém,que o autor não se encontra incapacitado para o exercício de qualquer atividade profissional, e nem para os atos da vidacivil. Aduz o recorrente que, após a cessação administrativa do benefício previdenciário, em 31/01/2009, ficou sem trabalhare sem receber benefício até 08/2009 mas que, por motivo de necessidade de subsistência, retornou ao labor em funçãodiversa da anteriormente ocupada, ou seja, recomeçou a trabalhar na função de varrer, alegando por fim que, em virtude doentendimento sedimentado pela TNU nos autos do processo 2008.72.52.004136-1, faz jus ao pagamento de benefíciodesde a data de início de incapacidade fixada no laudo pericial, inclusive no período em que esteve trabalhando em funçãodiversa, sob o fundamento de que “não se presta à desoneração da seguridade social quando o segurado retorna aotrabalho para manter seu sustento enquanto aguarda a concessão do benefício, desde que não haja dúvida quanto a datade início da incapacidade”. Requer, alternativamente, o pagamento do benefício no período em que não trabalhou (01/09 a08/09).

6. O pedido de pagamento do benefício no período em que o autor esteve trabalhando não merece prosperar. Com efeito,conforme estabelecido no laudo pericial, o autor não se encontrava incapacitado para qualquer atividade laboral, masapenas para a sua atividade habitual de caldeireiro e, tendo retornado ao trabalho na função de varrer, houve de formaespontânea uma readaptação do trabalhador dentro da empresa, convindo anotar que o exercício da nova funçãoencontrava-se em consonância com as limitações estabelecidas no laudo e, por estes motivos, o julgado da TNUmencionado nas razões recursais não se aplica ao caso dos autos. Entretanto, no período em que não esteve trabalhandoem qualquer função, o autor faz jus ao pagamento do auxílio doença, pois restou comprovado na perícia médica que

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quando o auxílio doença foi cessado o autor encontrava incapacitado para a atividade habitual de caldeireiro, neste pontodever ser acolhido o recurso do autor.

7. Por fim, nada a prover acerca do noticiado as fls. 81/82, diante da fundamentação adotada no presente voto.

8. Por estes fundamentos, NÃO CONHEÇO do recurso adesivo interposto pelo INSS e CONHEÇO e DOU PARCIALPROVIMENTO ao recurso do autor para condenar o INSS a implantar o benefício de auxílio doença com DIB a ser fixadadesde a data do cancelamento do benefício anterior (31/01/2009) e com cessação na data do retorno ao trabalho emfunção diversa (15/08/2009), condenando o INSS, após o trânsito em julgado deste decisum e observada a prescriçãoqüinqüenal das parcelas, a pagar os atrasados devidos com correção monetária e juros de mora, em conformidade com oManual de Cálculos da Justiça Federal.

9. Aplica-se o entendimento adotado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1.270.439) quanto àatualização das parcelas devidas. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qualdeclarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TRcomo critério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo emvista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC. O STF reafirmaque a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, para a continuidade de utilização dos dispositivosdeclarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos da decisão dirige-se apenas aos presidentesdos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos deconhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valoresdos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e naredação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de sua vigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, CorteEspecial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade do dispositivo nesta parte.

10. Sem custas e condenação em verba honorária, tendo em vista a literalidade do art. 55, “caput” da Lei 9.099/95.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

7 - 0002008-53.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002008-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x SEBASTIÃO MAZZA (ADVOGADO: ES011936 -LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002008-53.2008.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. A PRETENSÃO DE REAVER VALORESPAGOS EM SEDE DE DECISÃO JUDICIAL PROVISÓRIA DEVE SER VEICULADA POR MEIO DE AÇÃO PRÓPRIA.EMBARGOS REJEITADOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão e contradição em seu bojo, aoargumento de que não houve manifestação expressa acerca da possibilidade de restituição de valores pagos a título debenefício previdenciário concedido com base em decisão judicial provisória.

2. A demanda tem por objeto a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural a parte autora, a qual, emboratenha sido julgada procedente por sentença (determinando, inclusive, a imediata implantação do benefício em favor dosegurado), foi posteriormente revista por força do acórdão de fls. 166/169.

3. O Juiz deve decidir dentro dos contornos da lide, limitando-se à análise do pedido e às questões fáticas suscitadas. Apretensão de reaver os valores pagos em razão da tutela deferida cuida-se de circunstância distinta, devendo ser veiculadaem ação própria.

4. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 172/176, o embargante/INSS,não aponta, a rigor, nenhuma das hipóteses passíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismo com oprovimento jurisdicional, o que deve ser manuseado pela via recursal própria.

5. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

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__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

8 - 0000859-88.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.000859-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROLAN MACHADO(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DERESENDE RAPOSO.).RECURSO Nº 0000859-88.2009.4.02.5050/02RECORRENTE: ROLAN MACHADORECORRIDA: UNIÃO FEDERALRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA –PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS DO DÉBITO ANTERIORES A CINCO ANOS DO AJUIZAMENTO DA DEMANDA –OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO - BIS IN IDEM - MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU – NÃOINCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE A PARCELA VERTIDA PELO PARTICIPANTE DE PLANO DEPREVIDÊNCIA DURANTE O PERÍODO DE VIGENCIA DA LEI No. 7.713/1988. RECURSO PROVIDO.

1. A parte autora ajuizou ação em 22/01/2009, objetivando a declaração de não incidência de imposto de renda sobre acomplementação de sua aposentadoria, bem como a repetição do indébito das parcelas pagas a esse título. A sentença defls. 49/51, julgou extinto o feito, sem resolução de mérito, ao argumento de que, diante da complexidade da causa, osJuizados Especiais não teriam competência sobre a matéria. Interposto recurso inominado pela parte autora, a sentença foireformada, ocasião em que a turma fixou a competência dos juizados para a apreciação da matéria, porém, julgouimprocedente o pedido, baseada na prescrição (fls. 102/107). Interposto incidente de uniformização pela parte autora (fls.109/140), foi o mesmo inadmitido pelo Juiz Federal Presidente das Turmas Recursais, oportunidade em que determinou oencaminhamento dos autos ao Juiz Federal Relator para fins de apreciação da adequação do julgado (fl. 148/149).

2. Esta Turma Recursal deve, então, em acatamento ao determinado pelo Presidente da Turma Recursal, limitar-se aadequar a ementa do seu acórdão à orientação firmada na decisão de fl. 148, a qual se baseou no julgamento do PEDILEF200683005146716, cujo trecho destaco: “(...) renova-se a pretensão de repetição do indébito – e, portanto, o início do prazoprescricional– a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida pelo autor (...)”

3. No aludido julgado, a TNU adotou o entendimento de que a prescrição atinge somente as parcelas de restituiçãovencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação, posicionamento oposto, portanto, àquele adotado pela TurmaRecursal no acórdão de fls. 102/107, segundo o qual entre a data deste primeiro pagamento e o ajuizamento da ação játeriam transcorrido mais de 05 (cinco) anos (demanda ajuizada após a edição da LC 118/2005), restando a pretensãoautoral atingida pela prescrição. Desta forma, de acordo com o PEDILEF mencionado, apenas as parcelas devidas relativasao período anterior aos cinco anos do ajuizamento da demanda é que se encontrariam prescritas.

4. No caso, cumpre ressaltar que o imposto de renda incidente sobre as contribuições efetuadas pela parte autora ainda naatividade era devido, uma vez que o seu valor não podia ser deduzido da base de cálculo do tributo, de modo que não secogita de sua restituição. Indevida é a nova incidência do tributo, no momento em que essas contribuições retornam aocontribuinte, em forma de complementação de aposentadoria.

5. Desta sorte, cuida-se de hipótese de não incidência do Imposto de Renda sobre o benefício, pago a partir dainativação do beneficiário, conforme os termos da jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça sobre o tema.Desse modo, o indébito resta configurado tão somente a partir do momento em que, aposentado o contribuinte, passa aincidir o Imposto de Renda na fonte sobre a sua aposentadoria. Portanto, o termo inicial do prazo para postular a repetiçãodo indébito é a data em que foi feito cada desconto do IR sobre as prestações do benefício complementar, que, por se tratarde prestação de trata sucessivo, renova-se a cada mês.

6. Assim sendo, segundo essa nova orientação, considerando que a aposentadoria da parte autora se deu em01/04/1997 (fls.17) e, ajuizada a demanda em 22/01/2009, estão prescritos os recolhimentos tributários efetuadosanteriormente a 22/01/2004.

7. No mérito, a matéria encontra-se pacificada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (RESP1200363/RJ, Rel. Min. Castro Meira, DJE 21.09.2010), e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais nosentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aportes das patrocinadoras) sob aégide da Lei 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria,se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de09.02.2009.

8. Registre-se que o Procurador-Geral da Fazenda Nacional, através do Ato Declaratório PGFN 04/06, dispensou a

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apresentação de contestação e a interposição de recursos, autorizando, ainda, a desistência dos já interpostos, quando setratar de ação judicial pretendendo a declaração da não-incidência do imposto de renda sobre a complementação deaposentadoria, correspondente às contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário, no período de 1º de janeiro de1989 a 31 de dezembro de 1995, até o limite do imposto pago sobre as contribuições deste período, por força da isenção doart. 6º, VII, da Lei 7.713/1988.

9. Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições por parte da parteautora no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 e (2) que esteja aposentado. No caso dos autos os documentoscolacionados pela parte autora demonstram o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls. 25/24) e aposentadoria em 01/04/1997 (fl. 17).

FORMA DE APURAÇÃO DO INDÉBITO PARA A LIQUIDAÇÃO DO JULGADO10. Inicialmente, as contribuições efetuadas pela parte autora no período compreendido entre janeiro de 1989 atédezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices da Tabela de Precatórios da Justiça Federal atéo mês em que o beneficiário passou a receber, efetivamente, a complementação do fundo de previdência.

11. Conforme entendimento do Eg. TRF da 4.ª Região (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.72.00.003804-4/SC – SEGUNDATURMA - RELATOR: Juiz Federal MARCOS ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS –D.E. Publicado em 28/06/2007) o valorapurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de complementação deaposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios imediatamente seguintes àaposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a fixar o valor aser restituído, quantia esta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC.

12. Acaso o montante da soma anual das contribuições mensais a ser deduzido seja superior ao valor da base decálculo do IRRF do benefício de aposentadoria complementar no primeiro ano-base a ser considerado, o Imposto de Rendadevido neste ano é igual a zero e o valor recolhido deve ser atualizado e restituído ao beneficiário.

13. Após a realização do referido cálculo, havendo saldo (relativo ao crédito da parte autora), o mesmoprocedimento será realizado nos exercícios seguintes, até o exaurimento do crédito, sendo que o saldo (de crédito) e omontante recebido a título de complementação de aposentadoria dos anos-base subseqüentes deverão ser novamenteatualizados pelos índices da Tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do novo acerto (anual). Na hipótese de,após restituídos todos os valores pretéritos, ainda restar crédito, a dedução do saldo pode ser efetuada diretamente nasprestações mensais do benefício. Logo, a) o beneficiário não pagará IR, até o esgotamento do saldo a ser deduzido; e b) oque tiver sido pago será objeto de repetição.

14. Caso haja parcelas cujo direito à restituição tenha sido alcançado pela prescrição, o valor que seria deduzidonaquelas competências deve ser abatido do crédito ao qual o autor faria jus, de acordo com a forma de cálculo acimadescrita, entretanto, nada lhe será devolvido.

15. O imposto de renda excedente a ser devolvido é apurado ano a ano e não há restituição dos da retenção na fontedos anos alcançados pela prescrição.

16. No mesmo sentido, o voto proferido pelo excelentíssimo Juiz Federal Convocado José Antonio Lisboa Neiva, nos autosda Apelação Cível nº 390677/RJ, nos autos do processo nº 2004.51.01.025226-8, in verbis:“Assim, a fim de que seja afastada a dupla tributação, conforme explicitado, a melhor solução seria - a partir da Lei 9.250/95- declarar a não-incidência do I.R. sobre os aportes efetuados ao fundo de previdência, e que já tenham sofrido tributaçãona vigência da Lei 7.713/88.Para tal, devem ser deduzidas da base de cálculo do imposto de renda que incida sobre os benefícios da aposentadoriacomplementar os valores correspondentes às contribuições já tributadas anteriormente, eis que não beneficiadas pelaisenção.A restituição deve ser calculada nos termos abaixo.Da base de cálculo do imposto, deverá ser deduzido o valor da contribuição vertido ao plano de previdência, sob a égide daLei 7.713/88.Devem ser considerados os valores das contribuições feitas entre janeiro/89 e dezembro/1995, atualizados a partir da datade cada aporte efetivado pelo autor ao fundo de previdência.Considerando-se, então, a incidência da Lei 9.250/95, o valor resultante deste somatório deverá ser gradativamentededuzido da base de cálculo do imposto de renda incidente sobre aposentadoria complementar, até que se alcance a totalrestituição.O termo inicial a se aplicar tal isenção é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, ou a data da efetiva cobrança do imposto, caso a complementação tenhase iniciado anteriormente à vigência da Lei 9.250/95.A comprovação dos valores efetivamente recolhidos ao fundo de previdência, atualizados a partir da data de cadarecolhimento (Súmula 162, STJ), deverá ocorrer na fase de execução, mediante documentação idônea.”

17. Observe-se, conforme já delineado no texto em epígrafe que, por ocasião da quantificação do indébito, serãodeduzidos valores eventualmente já percebidos a título de restituição de imposto de renda decorrente do mesmo motivo(complementação de aposentadoria).

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18. Em face do exposto, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls.102/107 encontra-seem descompasso com o que decidiu a TNU no PEDILEF 200683005146716, com base no art. 543-B, § 3º do Código deProcesso Civil c/c art. 15, §§ 1º e 3º, RI/TNU, voto pela parcial procedência da pretensão autoral, razão pela qual douparcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora para declarar a inexigibilidade do imposto de rendaretido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade de previdência privada, a partir da data deefetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, no período de vigência da Lei 7.713/88, atítulo de contribuições vertidas para o fundo, e, de conseqüência, condenar a União Federal a restituir os valores recolhidosindevidamente, observada a prescrição qüinqüenal.

19. Os valores de Imposto de Renda indevidamente recolhidos a cada ano, nos termos da fundamentação supra eespecialmente dos exemplos dados nos acórdãos do TRF da 4ª Região e do TRF da 2ª Região, deverão ser restituídos àparte autora mediante requisitório de pequeno valor (RPV). Na hipótese admitida nos acórdãos já referidos de, depois derestituídos todos os valores pretéritos, ainda restar crédito em favor da parte autora, a dedução do saldo pode ser efetuadadiretamente nas prestações mensais do benefício. Nesse caso, o beneficiário não pagará IR, até o esgotamento do saldo aser deduzido.

19. Ressalto que a correção monetária se dará, para a primeira fase de apuração do crédito, utilizando-seunicamente os índices previstos na tabela de cálculos da Justiça Federal para ações gerais, desde a data de cada retençãode imposto de renda sobre as contribuições vertidas pela parte autora no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. Para asegunda fase de liquidação, no que se refere ao imposto de renda excedente os valores deverão ser corrigidos, desde adata do pagamento, aplicando-se a ORTN, OTN, BTN, INPC, UFIR e, a partir de 01/01/96, somente a taxa SELIC,excluindo-se qualquer índice de correção monetária ou juros de mora.

20. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, na forma do artigo 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relator da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

9 - 0001167-56.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001167-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIDIO PEREIRA PEIXOTO(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0001167-56.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÕES ECONTRADIÇÕES APONTADAS NO ACÓRDÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS ÀFAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART.41-A DA LEI Nº 8.213/91.

1. O INSS interpôs embargos de declaração em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominado e manteve asentença de procedência do pedido, alegando omissão quanto à incidência dos artigos 5º, XXXVI, 40, 194, 195 e 201, todosda CRFB/1988, bem como omissão e contradição quanto ao índice de correção monetária, a ser definido pelo STF,argumentando que a definição do índice implicará em violação ao art. 102, § 2º da CRFB/1988.

2. Compulsados os autos, observo que o acórdão embargado analisou e fundamentou toda a pretensão acerca dadesaposentação de forma clara, objetiva e completa, sendo o recurso julgado na linha de fundamentos que presidem asquestões, convindo anotar que, a motivação das decisões efetiva-se com a exposição dos argumentos que o juiz consideradecisivos para suas conclusões de acolhimento ou não das teses formuladas pelas partes, não havendo de se cogitar delacunas na motivação pela falta de exaustiva apreciação, ponto por ponto, de tudo quanto suscetível de questionamentos. Apropósito, já decidiu o C. STJ: "Esta Egrégia Corte não responde a questionário e não é obrigada a examinar todas asnormas legais citadas e todos os argumentos utilizados pelas partes e sim somente aqueles que julgar pertinentes paralastrear sua decisão". (STJ, EDRESP nº 92.0027261, 1ª Turma, rel. Min. Garcia Vieira, DJ 22.03.93, p. 4515).

3. A declaração do julgado pelo motivo de contradição apenas se justifica se há discrepância nas operações lógicasdesenvolvidas na decisão, vale dizer, se há dissonância interna e não suposta antinomia entre Acórdão e dispositivos legaisou constitucionais ou precedentes jurisprudenciais que a parte invoca em seu favor.

4. Quanto aos critérios de correção monetária, apenas para dar esclarecimento ao acórdão embargado, assevero que oSTJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração de inconstitucionalidade do STFna ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária, determinando que ascondenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo a existência de leisespecíficas.

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5. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios. É entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santode inconstitucionalidade da TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quantoaos juros, hipótese em que é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

6. Assim, Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos queimportem condenação pecuniária ao INSS, convindo anotar que o artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistemarecursal dos Juizados Especiais Federais.

7. No mais, manifestamente não padece o v. Acórdão de quaisquer irregularidades que ensejassem válidosquestionamentos em sede de embargos declaratórios, convindo anotar que "mesmo nos embargos de declaração com fimde prequestionamento, devem-se observar os lindes traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição,omissão e, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame dacausa". (STJ - 1ª Turma, REsp 13.843-0-SP-Edcl, rel. Min. Demócrito Reinaldo, j. 6.4.92, rejeitaram os embs., v.u., DJU24.8.92, p. 12980).

8. Por estes fundamentos, acolho aos embargos de declaração apenas para acrescentar as considerações acerca dacorreção monetária ao acórdão embargado, a título de esclarecimento de dúvida (art. 48 da Lei 9.099/1995), mantidos ostermos do acórdão embargado. .

É como voto.________________________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

10 - 0005293-86.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005293-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x LAUDELINA BENÍCIO MORATTI (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0005293-86.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. A PRETENSÃO DE REAVER VALORES PAGOS EM SEDE DEDECISÃO JUDICIAL PROVISÓRIA DEVE SER VEICULADA POR MEIO DE AÇÃO PRÓPRIA. EMBARGOS REJEITADOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão e contradição em seu bojo, aoargumento de que não houve manifestação expressa acerca da possibilidade de restituição de valores pagos a título debenefício previdenciário concedido com base em decisão judicial provisória.

2. A demanda tem por objeto a concessão do benefício de pensão por morte a parte autora, a qual, embora tenha sidojulgada procedente por sentença (determinando, inclusive, a imediata implantação do benefício em favor do segurado), foiposteriormente revista por força do acórdão de fls. 214/216.

3. O Juiz deve decidir dentro dos contornos da lide, limitando-se à análise do pedido e às questões fáticas suscitadas. Apretensão de reaver os valores pagos em razão da tutela deferida cuida-se de circunstância distinta, devendo ser veiculadaem ação própria.

4. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 220/225, o embargante/INSS,não aponta, a rigor, nenhuma das hipóteses passíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismo com oprovimento jurisdicional, o que deve ser manuseado pela via recursal própria.

5. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

11 - 0007353-03.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007353-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x BENTO ADEODATO PORTO.

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VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. GREVE DE SERVIDOR PÚBLICO. DIAS DESCONTADOS PELA ADMINISTRAÇÃO. GREVEDECLARADA ILEGAL PELO E. STF. EXIGIBILIDADE DA DECISÃO A PARTIR DA CIÊNCIA PELO ÓRGÃO DE CLASSE.DEVOLUÇÃO SIMPLES DOS VALORES. JUROS DE MORA NOS TERMOS DA LEI 11.960/2009 E CORREÇÃOMONETÁRIA NOS TERMOS DO MANUAL DE CÁLCULOS DA JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO.

1. Trata-se de ação proposta por procurador federal visando a condenação da UNIÃO ao pagamento em dobro de valoresdescontados do salário por dias não trabalhados em virtude de greve. Alega o autor, em síntese, que participou da grevedos advogados públicos federais deflagrada a partir de 17/01/2008 e que a administração, em ato que consideraenriquecimento ilícito, procedeu ao desconto de dois dias nos seus vencimentos, aduzindo, ainda, que acredita que osdescontos foram realizados em represália pelo fato de não ter retornado ao trabalho em 09/04/2008, data em que foraprolatada decisão judicial que julgou a legalidade do movimento, informando, por fim, que referida decisão somente foipublicada dias depois, quando o autor já havia retornado ao trabalho. Por sua vez, a UNIÃO afirma que em decisãoprolatada no dia 09/04/2008 o E. STF considerou ilegal a greve das carreiras jurídicas da União e que, embora a grevetenha durado 85 dias, o corte de ponto somente foi implementado a partir desta data. O MPF opinou pela restituição dosvalores descontados na folha de pagamento do servidor. Da sentença que julgou procedente a ação e condenou a UNIÃO adevolução em dobro dos valores descontados do autor, com correção monetária pelo INPC e juros de mora de 1% a.m. dadata do desconto, recorreu a UNIÃO requerendo a reforma da sentença com julgamento de improcedência do pedido e,eventualmente, que a restituição se dê de forma simples face à ausência de má-fé e com juros e correção monetária nostermos da Lei 11.960/2009, a contar da citação.

2. Ao início, acerca do direito de greve dos servidores públicos, assevero que embora não exista norma específicaregulamentando tal direito, a jurisprudência do E. STF entende ser assegurada aos servidores a paralisação, pois, diante daomissão legislativa, aplica-se a norma prevista para os trabalhadores em geral (MI 774 AgR/DF) . Entretanto, consoanteentendimento jurisprudencial do E. STJ, diante da constitucionalidade do movimento paredista, se afigura contrário àgarantia constitucional o desconto referente aos dias parados por realização de greve de servidores públicos.

3. No caso específico dos autos, observo que em um primeiro momento a greve dos procuradores federais foi consideradalegal através de uma decisão liminar concedida pelo E. TRF 4ª Região e que, após análise da questão pelo E. STF, a grevedas carreiras jurídicas da União foi declarada ilegal, por meio de decisão do Min. Gilmar Mendes prolatada em 09/04/2008 epublicada em 29/04/2008. Compulsados os autos, observo também que o órgão de classe ao qual o autor está vinculadotomou ciência da declaração de ilegalidade da greve e da possibilidade de desconto dos dias parados em 10/04/2008,através do Aviso Circular 53/2008/MP, enviado pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão.

4. Desta feita, observo que os descontos realizados no vencimento do autor, antes da ciência da decisão pelo órgãoconstituem ato abusivo. Assim, tendo sido regularmente comunicado da ilegalidade da greve em 10/04, o autor estavainvestido de boa-fé até esta data, portanto cabíveis os descontos relativos a faltas ocorridas a partir de 11/04, motivo peloqual deve ser mantida a sentença de procedência do pedido do autor de devolução dos valores descontados.

5. Quanto ao pedido da UNIÃO de devolução simples dos valores descontados, o recurso deve prosperar. Com efeito, nocaso dos autos não há que se aplicar o art. 42 do CDC, pois não se trata de uma relação de consumo e sim de uma relaçãoadministrativa-estatutária da UNIÃO com seus servidores, convindo anotar, ainda, que não há elementos dos autos capazesde indicar má-fé na conduta da administração, ao contrário, os descontos se deram com fundamento em decisão do E.STF, convindo anotar que, o que se discute nos presentes autos é a partir de que data a decisão proferida torna-se exigívelpara a administração.

6. Também com relação aos juros e correção monetária o recurso da UNIÃO merece prosperar, em parte. Aplica-se oentendimento adotado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1.270.439) quanto à correção monetária, eentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-Ada Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC. O STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nosautos da ADI 4.425, para a continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina amodulação dos efeitos da decisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa depagamento de precatórios, e não a magistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valores dos presentes autos.

7. Juros conforme o artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e na redação dadapela Lei nº 11.960/2009 a partir de sua vigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe2.2.12), mantida a constitucionalidade do dispositivo nesta parte. Com efeito, aplica-se norma especial prevista no art. 1º-Fda Lei 9.494/97, devendo incidir juros a partir da citação válida, conforme orientação do art. 405 do Código Civil. No casodos autos, considerando-se que a ação foi proposta em 25/11/2008, aplica-se juros de mora de 0,5 ao mês 29/06/2009,data que entrou em vigor a Lei 11.960/09 e, após esta data, os índices da caderneta de poupança, isto porque, segundo

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entendimento do E. STF, adotado no julgamento do RE 559445/PR, as normas que disciplinam os juros moratóriospossuem natureza processual (instrumental) e devem ser aplicadas aos processos em curso seguindo a incidência dospercentuais previstos na lei específica vigente à época do período a ser corrigido.

8. Por todo o exposto, CONHEÇO E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, para determinar a devolução simplesdos valores descontados da remuneração do autor, bem como correção monetária nos termos do Manual de Cálculos daJustiça Federal e juros de mora a partir da citação, conforma acima exposto.

Sem condenação em custas e verba honorária, nos termos do Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

12 - 0000974-11.2006.4.02.5052/01 (2006.50.52.000974-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIAS ALVES (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES010404 - ALEXWERNER ROLKE, ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI.).VOTO/EMENTA

DIREITO PRIVADO. CEF. ALEGAÇÃO DE APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE VALORES QUE NÃO SE SUSTENTA.COMPROVAÇÃO DE FALHA OPERACIONAL DO BANCO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de ação visando o pagamento de valores referentes a diferença no saldo do FGTS, aduzindo o autor, emsíntese, que em 02/08/2005 obteve extrato da conta do FGTS no qual constava o valor de R$ 11.666,45, mas que quandofoi efetuar o saque em 14/08/2006 recebeu apenas o valor de R$ 9.137,00. A CEF, por sua vez, alega que o autor firmouacordo para recebimento de valores nos termos da LC 110/01 e que, excepcionalmente por uma falha operacional dainstituição financeira, ocorreram alguns créditos judiciais indevidos na conta do autor, entretanto, que foram devidamenteestornados pela CEF. Da sentença que julgou extinto o processo sem resolução do mérito por falta de interesse processualdo autor, tendo em vista o acordo firmado entre as partes e homologado pelo juízo, recorreu o autor afirmando que osvalores que pretende receber são posteriores à celebração do acordo, que se deu em 19/06/2002, requerendo o recorrente,em síntese, a reforma da sentença com o pagamento da diferença requerida.

2. A ação não merece prosperar. Com efeito, a CEF trouxe aos autos uma gama de documentos e extratos que comprovama alegada falha operacional no lançamento de valores na conta do autor, que foram posteriormente estornados e,compulsados os autos, observa-se que a instituição financeira fez suficiente prova contrária à hipótese alegada na inicial, oque por si só basta para o indeferimento da pretensão, mas, ao se analisar as alegações autorais, observa-se a ausênciade fundamentação quanto a suposta apropriação indevida de valores, sendo alegações de teor confuso e duvidoso quemais inconsistentes ainda se tornam em razão da sustentação de fatos com eficácia contestados pela CEF.

3. Desta forma, ressalto a eficácia probatória desfavorável ao autor nos documentos apresentados, não havendo nos autosfundamentos capazes de infirmar a tese ventilada pela instituição financeira, confirmando-se, portanto, os elementos deprova invocados pela CEF, os quais dão suficiente sustentação à tese de inexistência apropriação indevida de valores doautor.

4. Por estes fundamentos, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa,cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nos termos doartigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuiz Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

13 - 0001298-31.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001298-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAQUIM HONORATOCHAGA (DEF.PUB: NICOLAS BORTOLOTTI BORTOLON.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0001298-31.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: JOAQUIM HONORATO CHAGARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO ASISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. INOBSERVÂNCIA AODISPOSTO NO PARÁGRAFO 3º DO ART. 20 DA LEI 8.742/1993 DIANTE DA DECISÃO PROFERIDA PELO STF NO RE567.985. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INCONFORMISMO COM O PROVIMENTO JURISDICIONAL EXARADO NOACÓRDÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.

1. A parte autora opôs embargos de declaração contra o acórdão de fls. 123/124, alegando omissão no que se refere àanálise das condições sociais e culturais do núcleo familiar, aliada ao novo critério econômico de ½ do salário mínimo, hajavista a confirmação da inconstitucionalidade do parágrafo 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 (RE 576.985/MT, RE 580.963/PRE RECL 4.374/PE).

2. O acórdão embargado expressamente consignou que “o STF, no julgamento do RE 567.985, sem negar valor aoparâmetro legal objetivo de um quarto do salário mínimo, declarou a inconstitucionalidade do § 3º, do artigo 20, da Lei8.742/93, sem nulidade da norma, no sentido de permitir que, por outros critérios, seja aferida a imperiosa necessidade daparte quanto ao benefício de amparo social.” Registrou, ainda, que, “O neto do autor não pode ser considerado comointegrante do grupo familiar para fins de aferição da condição de miserabilidade (...)” e que “ficou comprovado que a esposado autor aufere renda no valor de um salário mínimo e realiza contribuições previdenciárias, conforme extrato do CNIS defls. 75/76, na qualidade de babá. Dessa forma, a renda mensal per capita é superior a ¼ do salário mínimo”, concluindo, aofinal, que “Muito embora se saiba que a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo é requisito objetivo que pode serflexibilizado quando efetivamente demonstrada situação de miserabilidade familiar, não vislumbro esta hipótese no caso emquestão.”

3. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 128/132, a embargante/parteautora, não aponta, a rigor, nenhuma das hipóteses passíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismocom o provimento jurisdicional, o que deve ser manuseado pela via recursal própria.

4. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

14 - 0005309-40.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005309-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ EUGENIO MARTINELLI(ADVOGADO: ES011992 - CARLOS ROBERTO MARTINS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOESPÍRITO SANTO - IFES.RECURSO Nº 0005309-40.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: LUIZ EUGENIO MARTINELLIRECORRIDOS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E OUTRORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. ALUNO-APRENDIZ. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO IFES.JUNTADA DE DOCUMENTOS COM AS RAZÕES RECURSAIS. POSSIBILIDADE, DESDE QUE AUSENTE A MÁ-FÉ EOBSERVADO O CONTRADITÓRIO, NÃO CULMINE EM TUMULTUAMENTO AO PROCESSO E PREJUÍZOIRREPARÁVEL À AMPLA DEFESA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ART. 397 DO CPC. PRECEDENTE DO STJ(REsp 780396/PB). RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o seu pedidode averbação de tempo de serviço prestado na condição de aluno-aprendiz. Alega, em síntese, a necessidade demanifestação do litisconsorte IFES, uma vez que não forneceu ao recorrente o atestado complementar à certidão de tempoescolar, no qual consta a retribuição pecuniária a conta da União recebida enquanto estudante daquela instituição federal.Sem contrarrazões.

2. Em se tratando de pretensão que consiste unicamente em averbação previdenciária, desnecessária a participação doIFES no processo, não havendo que se falar em litisconsórcio passivo na hipótese, devendo a autarquia ser excluída dopólo passivo da presente demanda.

3. Fls. 52/53: O STJ possui entendimento de que a interpretação do art. 397 do CPC não deve ser feita restritivamente.Todavia, a juntada de documentos que não os produzidos após a inicial e a contestação, em outras fases do processo, atémesmo na via recursal, deve observância ao contraditório e a ausência de má-fé.

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5. É ônus da parte autora juntar aos autos toda a documentação necessária à demonstração do seu direito. No caso, nãofoi questionado, na inicial, qualquer empecilho porventura praticado pelo IFES, no sentido de fornecer o documentoanexado à fl. 53 (atestado complementar à certidão de tempo de serviço), tanto é assim, que ela própria providenciou a suajuntada dois anos após propor a ação, sem fazer qualquer tipo de ressalva para justificar essa apresentação extemporâneado documento, o que demonstra que o mesmo sempre esteve disponível a ela.

6. Todavia, a restrição quanto à produção de provas em qualquer momento da marcha processual visa evitarprocrastinações e o estado permanente de insegurança, além de viabilizar a defesa da parte adversa. Contudo, apenasdeve ser inadmitida quando comprovado que a parte tinha fácil acesso a documentos e que sem motivo coerente os deixoude apresentar em momento oportuno, de maneira a prejudicar uma série de atos processuais perfeitos. Desta forma, tallimitação deve ser restrita, aplicável somente diante de um evidente abuso de direito que cominaria em tumulto processual eirreparável prejuízo à ampla defesa, o que não ocorreu na hipótese, razão pela qual passo a considerar o documento de fl.53 para efeito de prova dos fatos alegados pelo autor.

7. A este ensejo, cumpre-me salientar que a jurisprudência do STJ é no sentido de que o artigo 462 do CPC não se aplicaapenas a juiz de primeira instância, mas também aos tribunais de segundo grau e aos tribunais superiores. Deste modo,aquela Corte entende que o julgamento deve refletir o estado de fato da lide no momento da entrega da prestaçãojurisdicional e, em sendo assim, levar em consideração um fato superveniente que afete o direito em discussão é“providência salutar e recomendável, a ser tomada até mesmo de ofício pelo magistrado, a fim de evitar decisõescontraditórias e prestigiar os princípios da economia processual e da segurança jurídica” (ERESP 911932 - Min. RICARDOVILLAS BÔAS CUEVA - TERCEIRA TURMA – STJ).

8. Diferentemente dos regulamentos anteriores, que limitavam o aproveitamento do tempo de serviço de aluno-aprendiz emescola técnica ao período de vigência do Decreto-Lei 4.073/1942, o art. 60, XXII, do Decreto 3.048/1999 permite aaverbação de qualquer período, desde que comprovados o vínculo contratual de aprendizado profissionalizante e aremuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público.

9. “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta doorçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária.”(Súmula 18/TNU).

10. “Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade dealuno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento,admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com aexecução de encomendas para terceiros.” (Súmula 96/TCU). No mesmo sentido, a admitir como remuneração indireta aprestação de vestuário, alimentação, material escolar, pousada e assistência médico-odontológica, a jurisprudência da TNU(PEDIDO 200650500062454) e do STJ (AGRESP 1.147.229).

11. No caso concreto, a parte autora comprovou haver preenchido os requisitos referidos pela Súmula 96/TCU e art. 60,XXII, do Decreto 3.048/1999. Entretanto, a sua certidão de tempo de contribuição de fl. 53 diz respeito a apenas parte doperíodo questionado, qual seja, 01/03/1975 a 30/12/1975, servindo, portanto, para demonstrar que o autor recebeu, naqueleinterstício, à Conta da Dotação Global da União, alimentação, calçados, vestuário, material didático, atendimentomédico-odontológico, pousada, entre outros tipos de serviços.

12. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido, para modificar a sentença, concedendo ao autor aaverbação do tempo de serviço relativo tão-somente ao período de 01/03/1975 a 30/12/1975. Extingo o feito, sem resoluçãode mérito, na forma do art. 267, VI, do CPC, com relação ao segundo réu, IFES, por ilegitimidade passiva ad causam,devendo os autos ser remetidos a SEDIJEF para fins de exclusão da referida autarquia do pólo passivo desta ação. Semcondenação em custas, nem em honorários advocatícios, na forma do Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

15 - 0006202-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006202-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVETE MAROTO GUIZARDI(ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES004538 -ANA MERCEDES MILANEZ, ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0006202-31.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: IVETE MAROTO GUIZARDIRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.DESNECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA DIANTE DE MINUNCIOSA DESCRIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO DAPARTE AUTORA. NEGADA A INCAPACIDADE PARA O LABOR NÃO SE JUSTIFICA A ANÁLISE DAS CONDIÇÕESPESSOAIS E SOCIAIS DO SEGURADO. INCIDÊNCIA DOS ARTS. 1º, III; 5º; 194, III e 201, I, § 1º TODOS DA CRFB/1988.O JULGADOR NÃO ESTÁ OBRIGADO A EXAURIR EM RESPOSTAS JURÍDICAS TODOS OS ARGUMENTOSADUZIDOS PELA PARTE, SENDO SUFICIENTE FUNDAMENTAÇÃO QUE DEMONSTRE O SEU CONVENCIMENTO.OMISSÃO E CONTRADIÇÃO INEXISTENTES. EMBARGOS REJEITADOS.

1. A parte autora interpôs embargos de declaração em face do acórdão que negou provimento ao seu recurso inominado,alegando omissão e contradição quanto à incidência dos artigos 422 e 423 do CPC (necessidade de ser avaliada porespecialista na área de neurocirurgia), bem como ao disposto na Lei 8.213/1991 e à CRFB/1988 (arts. 1º, III; 5º; 194, III e201, I, § 1º), em virtude do entendimento de que, diante da conclusão de inexistência de incapacidade, não fica o Juízoobrigado a examinar as condições pessoais e sociais do segurado.

2. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535do CPC e art. 48 da Lei 9.099/1995, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.

3. O acórdão embargado estabeleceu não haver nulidade na sentença por inabilitação do perito, “uma vez que não houvedemonstração de insegurança ou sugestão de encaminhamento da periciada a outro especialista. Não houve dúvida ousinal de hesitação por parte do perito, o qual se baseou em atestados, em relatórios de exames apresentados pela autora,bem como no próprio relato desta. Aliás, o expert é especialista em ortopedia e traumatologia, sendo plenamente capaz dediagnosticar incapacidade, quando existente, decorrente das enfermidades alegadas no 2º parágrafo, da fl. 02, da petiçãoinicial, quais sejam, lombociatalgia esquerda, cervicalgia esquerda e dores generalizadas, afirmando, ainda, inexistircircunstância especial capaz de justificar dilação probatória, uma vez que o laudo pericial trouxe minuciosa descrição doquadro clínico da parte autora.” Quanto ao mais (exame das condições pessoais e sociais do segurado), o julgado destacouser desnecessário, na medida em que, de acordo com precedente da TNU (processo nº 0507072-34.2009.4.05.8101, derelatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves) “quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso admitir oexame das condições pessoais e sociais, já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboralcalcada na valoração de prova pericial”, dispondo, ainda, que, “No caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho.Não há, portanto, obrigatoriedade de analisar as condições pessoais da autora, muito embora não fique o juiz impedido defazer tal análise, se entender cabível.”

4. O julgador não está obrigado a exaurir em respostas jurídicas todos os argumentos aduzidos pela parte, sendo suficientea fundamentação que demonstre cabalmente o seu convencimento.

5. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa a norma legal, não havendonecessidade, portanto, de expressa alusão aos dispositivos legais questionados.

6. Ademais, observa-se que a questão foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão.

7. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

16 - 0002498-39.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002498-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x LUCAS BRASIL PIRES.RECURSO N. 0002498-39.2012.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO CONDENAÇÃO DORECORRENTE, VENCIDO, AO PAGAMENTO DAS VERBAS SUCUMBENCIAIS DIANTE DA AUSÊNCIA DE ADVOGADOCONSTITUÍDO NOS AUTOS PELA PARTE AUTORA. EMBARGOS ACOLHIDOS.

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1. O INSS opôs embargos de declaração alegando que o acórdão embargado estaria eivado contradição/omissão, aoargumento de que, por não ter sido constituído advogado para representar os interesses da parte autora, não pode amesma ser beneficiada com o recebimento de verba honorária.

2. O acórdão embargado determinou expressamente o pagamento de honorários advocatícios em favor da parte autora,sendo que, de fato, a mesma não constituiu advogado nos autos.

3. De rigor é a condenação do recorrente, vencido, ao pagamento integral de honorários advocatícios, conforme disposiçãoexpressa do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

4. Entretanto, a verba de patrocínio pressupõe a prática de atos judiciais pelo advogado da parte ex adversa, o que não severificou no caso dos autos, conquanto a mesma não tenha sequer constituído causídico para a defesa dos seusinteresses.

5. Embargos de declaração acolhidos tão-somente para afastar a condenação do INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

17 - 0000109-18.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000109-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FLORDALIRA ALVES DELIMA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000109-18.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: FLORDALIRA ALVES DE LIMARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. QUESTÕES APRECIADAS DE FORMA CLARA EOBJETIVA. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ ENFRENTADA. PREQUESTIONAMENTO IMPLICITO. AUSÊNCIA DEOMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. A parte autora opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão quanto à análise dassuas condições pessoais e sociais, as quais deveriam ter sido levadas em consideração em conjunto com a conclusãopericial de que esteja parcial e temporariamente incapaz para o exercício de suas atividades laborativas, conforme firmeposicionamento da TNU. Prequestionamento aos arts. 5º, XXXV e 93, IX, ambos da CRFB/1988.

2. O acórdão embargado expôs de maneira expressa que, não obstante a parte autora possua 62 anos de idade e sejaauxiliar de serviços gerais, a sua incapacidade é temporária, afirmando, ainda, que os atestados médicos particularesjuntados aos autos apenas confirmam a existência de enfermidades as quais, por outro lado, não acarretam a suaincapacidade total e permanente.

3. Os embargos de declaração visam, tão somente, suprir a decisão judicial de qualquer eventual tipo de contradição,omissão ou obscuridade passível de correção, e não, analisar novos fatos e argumentos legais. No caso, a petição de fls.152/159 não apresenta ou aponta de forma conclusiva quaisquer das hipóteses passíveis de embargos de declaraçãoafirmando a existência de omissão/contradição de forma genérica.

4. Sobre prequestionamento, requisito indispensável à admissão do recurso extraordinário, cumpre considerar, conformeentendimento firmado pela Corte Superior de Justiça, a possibilidade de prequestionamento implícito, ou seja, a matérialitigiosa pode ser apreciada de maneira clara e objetiva ainda que sem menção expressa a norma legal, não havendonecessidade, portanto, de expressa alusão a dispositivos legais e constitucionais.

5. Ademais, observa-se que a questão foi devidamente apreciada com o enfrentamento das questões suscitadas estandoem perfeita consonância com a legislação e jurisprudência consolidada sobre o tema, não havendo que se falar emomissão ou contradição.

6. Cumpre ressaltar que inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe autilização de embargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilizaçãode embargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

7. Embargos de declaração rejeitados.

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É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

18 - 0002236-60.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002236-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO BOSCO LIMA GALAMA(ADVOGADO: ES013542 - LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, ES008453 - DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) xUNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).RECURSO Nº 0002236-60.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: UNIÃO FEDERALRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. TRABALHADOR PORTUÁRIO AVULSO.ALEGAÇÃO DE FÉRIAS NÃO GOZADAS. COMPROVAÇÃO, EM SEDE DE EXECUÇÃO, DE QUE NÃO TENHAEFETIVAMENTE GOZADO FÉRIAS DURANTE A VIGÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO (UM ANO DE TRABALHO).EMBARGOS ACOLHIDOS PARA ESCLARECIMENTO.1. A União Federal opôs embargos de declaração contra o acórdão de fls. 154/155 que rejeitou os embargos de declaraçãoanteriormente interpostos (fls. 142/145), mantendo o acórdão que julgou procedente a pretensão autoral. Alega erromaterial, sob o argumento de que, não consta da DIRF em que dias de férias o autor tenha efetivamente trabalhado,enquanto deveria estar gozando de férias. Questiona, também, o fato de que “a obrigação de apresentar o demonstrativo dodébito atualizado não pode ser transferida ao devedor”. O embargado não se manifestou acerca destes embargos.2. O acórdão embargado expressamente consigna que “(...) fora as exceções mencionadas (arts. 136 e 137 da CLT), ogozo de férias pelo portuário permanece em sua integralidade, valendo-se de sua natureza de direito fundamental. Caso asparcelas recebidas pela parte autora referentes às férias não sejam gozadas no período concessivo ou durante a vigênciado contrato de trabalho, modifica-se sua natureza salarial para indenizatória. Aplica-se, por analogia, o entendimento dasúmula nº 125 do STJ, restando cabível a restituição do indébito”.3. O Juízo, ao apreciar o mérito da demanda, entendeu que o trabalhador avulso portuário possui direito a férias, ainda quepelas peculiaridades do próprio trabalho, seja ele próprio a avaliar a oportunidade e a conveniência de exercer o benefício,diante da ausência de tomador de serviços fixo.4. Afirmou, ainda, que não incide Imposto de Renda sobre férias não gozadas de trabalhador avulso e respectivo terçoconstitucional, condicionando, entretanto, o pagamento da rubrica à demonstração, pela parte autora, de que não tenhaefetivamente gozado férias durante a vigência do contrato de trabalho.5. Com o advento das Leis de Modernização dos Portos - Lei 8.630/1993, e, da Lei 9.719/1998 – os OGMO’s (entidadessem fins lucrativos que atuam no setor portuário) se tornaram responsáveis pela administração da escala de trabalho dosportuários, pelo seu cadastramento e registro, cabendo-lhe, igualmente, o pagamento dos encargos sociais eprevidenciários, de acordo com os recursos repassados pelas empresas tomadoras dos serviços prestados, sendo,portanto, quem detém as informações necessárias para a execução do julgado (ausência de gozo de férias durante avigência do contrato de trabalho).6. Embargos de declaração acolhidos apenas para esclarecer que o pagamento da rubrica em discussão ficarácondicionado à demonstração, pela parte autora, em fase de execução do julgado, de que não tenha efetivamente gozadoférias durante a vigência do contrato de trabalho (demonstrativo atualizado do débito, juntamente com declaração doOGMO que informe em que dias, nas férias, trabalhou e a remuneração correspondente).É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

19 - 0003037-68.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003037-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL.) xDIELSON MEIRELES DE SOUZA.RECURSO Nº 0003037-68.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRECORRIDO: DIELSON MEIRELES DE SOUZARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO / EMENTA

DIREITO PRIVADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. FILA EM AGÊNCIA BANCÁRIA. TEMPO DE ESPERA POR

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ATENDIMENTO DE MAIS DE CINCO HORAS. DANOS MORAIS. CABIMENTO. SITUAÇÃO QUE NÃO SE CONFIGURAEM MERO ABORRECIMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de ação visando o pagamento de indenização por danos morais decorrentes de espera em fila de bancosuperior a cinco horas. Da sentença de procedência do pedido que condenou a CEF ao pagamento de R$ 2.000,00 ao autora título de indenização, recorreu a empresa pública requerendo, em síntese, a reforma da sentença com julgamento deimprocedência do pedido ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado.

2. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal que positivenormas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC), em face do art. 24, V da Constituiçãoda República. O Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, e o Município de Vitória (local da agênciabancária), a Lei nº 6.080/2003, no âmbito da competência legislativa concorrente.

3. “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não ésuficiente para desejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelousuário.” (STJ, REsp 1.340.394). “A espera por atendimento em fila de banco quando excessiva ou associada a outrosconstrangimentos, e reconhecida faticamente como provocadora de sofrimento moral, enseja condenação por dano moral.”(STJ, REsp 1.218.497).

4. No caso em exame, o autor se dirigiu a agência da CEF para efetuar o saque do FGTS E permaneceu poraproximadamente cinco horas esperando na fila por atendimento, alegando a CEF que tal situação se deu em virtude deproblema causado pelo sistema operacional. Assevero que o tempo de espera em fila por 5 horas é acima da razoabilidadee do bom senso, representando quase a totalidade do expediente bancário de um dia e superando, em muito, superior aotempo máximo estipulado pela Lei Estadual nº 6.226/2000, de 10 (dez) minutos. Assim, há que se aplicar o disposto no art.3º, II do referido diploma, para reconhecer como razoável a indenização fixada no patamar mínimo de R$ 2.000,00 (dois milreais), eis que comprovada a longa espera. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 14, §1º da Lei nº8.078/90).

5. Por estes fundamentos, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso, nos termos supra.

Sem custas. Condeno o recorrente ao pagamento de verba honorária no montante de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

20 - 0006595-19.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006595-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x ELIAS SANTUZZI (ADVOGADO: ES011373 -DIOGO ASSAD BOECHAT, ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS, ES016849 - DANIEL ASSAD GALVÊAS,ES014183 - MARCELO DUARTE FREITAS ASSAD, ES014951 - LUIZA MARTINS DE ASSIS SILVA.).RECURSO Nº 0006595-19.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ELIAS SANTUZZIRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. NOVO TETO INSTITUÍDO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL41/2003. BENEFÍCIO LIMITADO AO TETO DO RGPS. CÁLCULOS DA CONTADORIA. APLICAÇÃO DOS ÍNDICESLEGAIS DE REAJUSTES AO BENEFÍCIO DA PARTE AUTORA. RECOMPOSIÇÃO DAS PERDAS OCORRIDAS COM ALIMITAÇÃO. RECURSO PROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora de revisão de benefício,tendo em vista o limite estabelecido pela EC 41/2003. Alega, em síntese, que “o prejuízo causado pela defasagem do tetoaplicado na concessão do benefício da autora foi completamente recompensado com o PRIMEIRO REAJUSTE, pois aRMA obtida com a diferença percentual entre a média dos salários-de-contribuição e o teto vigente na data da concessão,após ser incorporada, foi inferior ao teto do salário-de-contribuição vigente na data do primeiro reajuste”. Semcontrarrazões.

2. “É cabível a revisão de benefício previdenciário para resgatar eventual diferença entre a média do salário-de-contribuiçãoe o valor do salário-de-benefício que, porventura, não tenha sido recuperada no primeiro reajustamento do benefícioprevidenciário, na forma das Leis 8870/94 e 8880/94, até o limite do novo teto (EC 20/98 e 41/03), sendo indispensável aelaboração de cálculos para a solução da lide” (Enunciado 67 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro); “Para o cálculo darenda mensal inicial dos benefícios previdenciários cuja renda mensal inicial tenha sido limitada ao teto, em havendoalteração desse limite, tal como foi feito pelas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003, cumpre ter presente o novo

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parâmetro fixado, observados os cálculos primitivos. Assim, a limitação do benefício ao teto será feita somente para fins depagamento, mantendo-se o valor histórico para fins de incidência dos reajustes” (Súmula 17 das Turmas Recursais do RioGrande do Sul).

3. O STF decidiu pela plena aplicabilidade dos novos limites estabelecidos pela ECs 20/1998 e 41/2003 aos benefíciosprevidenciários concedidos anteriormente ao advento das alterações constitucionais, sem que isto implique violação algumaao ato jurídico perfeito: trata-se de mera majoração do teto, e não de alteração da RMI (RE 564.354).

4. Através do documento de fl. 16, restou demonstrado que a RMI do benefício da parte autora sofreu, de fato, limitaçãopelo teto vigente no momento da concessão, uma vez que o limite máximo do salário de benefício na data da suaaposentadoria (13.10.2000) era de R$ 1.328,25, sendo que o seu salário de benefício foi calculado em Cr$ 1.409,70, tendosido reduzido em virtude da limitação ao teto.

5. Todavia, a Contadoria do Juízo informa às fls. 69/70 que já foram aplicados os índices legais de reajustes ao benefício daparte autora quando do primeiro reajuste, o que recompôs as perdas ocorridas com a limitação. Esta, por sua vez, nãoobstante intimada para manifestação acerca das alegações feitas pelo INSS no recurso, quedou-se silente, conforme seinfere da certidão de fl.63.

6. Recurso do INSS conhecido e provido para, modificando a sentença, julgar improcedente o pedido da parte autora,extinguindo o feito, com resolução de mérito, na forma do art. 269, I, do CPC. Réu isento de custas. Sem condenação emhonorários advocatícios, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

21 - 0006494-50.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006494-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DIANNY SILVEIRA GOMES BARBOSA.) x ANTONIO PADUA DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0006494-50.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ANTONIO PADUA DA SILVARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RETORNO AO TRABALHO. ART. 46DA LEI 8.213/1991. MÁ-FÉ. RESTITUIÇÃO DE VALORES RECEBIDOS INDEVIDAMENTE. RECURSO CONHECIDO EPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso objetivando a reforma da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,condenando-o a se abster de cobrar os valores indevidamente pagos a esta última a título de aposentadoria por invalidez.Argumenta, em síntese, nulidade da sentença, diante do não enfrentamento de pontos jurídicos levantados na contestação(princípio da moralidade, conflitos entre os princípios da boa-fé de um lado e, do outro, legalidade, moralidade e orepublicano e que a superação da regra do art. 115, II, da Lei 8.213/1991 implicaria em insegurança jurídica); violação aodisposto no art. 37, VII da CRFB/1988; que a inexistência de procedimento malicioso, por si só, não justifica oenriquecimento sem causa e a prevalência do dever jurídico moral de restituição. Contrarrazões às fls. 173/185.

2. Será devida a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez apenas quando o segurado estiver incapacitadototal e permanentemente para qualquer atividade laboral, merecendo atenção ao fato de que o pagamento do benefícioserá devido apenas enquanto estiver nessa situação. Por tal razão, periodicamente, os titulares de benefícios porincapacidade são chamados pela autarquia previdenciária para realizar exames médicos e verificar se a incapacidade parao trabalho permanece, na forma do art. 70 da Lei 8.212/1991.

3. Contudo, não são raros os casos, como ocorre na hipótese, em que os segurados aposentados por invalidez reiniciamsuas atividades laborais sem comunicar o INSS. Em situações como essa, em que o próprio segurado entende terrecuperado sua capacidade laborativa a ponto de retornar ao trabalho, deverá dirigir-se ao INSS para comunicar esse fato erequerer a sua alta. Se houve retorno voluntário ao trabalho, não mais subsistem as causas que embasaram a concessãodo benefício, já que o recorrente possui condições de manter sua subsistência por meio da nova atividade remunerada.

4. De acordo com o art. 46 da Lei 8.213/1991, "o aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá suaaposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno". Objetivamente, se trabalha não tem direito àaposentadoria por invalidez.

5. Os benefícios previdenciários têm caráter de substituição da remuneração e não de complemento, sendo falho oargumento de que o fez para fins de aquisição de medicamentos, gastos estes, inclusive, não demonstrados nos autos,

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mormente quando se sabe que a maior parte dos fármacos são fornecidos aos idosos com baixa renda pela rede pública desaúde.

6. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente recebidos é a boa-fé do seguradoque, ao recebê-los na aparência de serem corretos, firma compromissos com respaldo na pecúnia, sendo que aescusabilidade do erro cometido autoriza a atribuição de legitimidade ao recebimento da vantagem.

7. Hipótese, entretanto, em que não se vislumbra boa-fé da parte autora, diante da omissão consciente de informar aautarquia o exercício de outra atividade laboral, vindo a perceber concomitantemente o benefício de aposentadoria porinvalidez e aquela outra remuneração. Descabido argüir desconhecimento, conquanto o pressuposto lógico daaposentadoria seja a invalidez do segurado que, inclusive, é chamado periodicamente ao INSS para fins de verificação daincapacidade. Da mesma forma, ao se apresentar a autarquia como pessoa inválida acaba por induzir em erro aadministração pública.

8. A constatação, em perícia médica do INSS, da continuidade da incapacidade do autor não lhe retira o direito de cancelaro referido benefício, pois o objetivo do mesmo é prover as necessidades vitais básicas do aposentado. Se houve retornovoluntário ao trabalho, não mais subsistem as causas que embasaram a concessão do benefício, já que o segurado possuicondições de manter sua subsistência por meio da nova atividade remunerada.

9. Ante ao exposto, comprovado nos autos que o segurado aposentado por invalidez voltou a exercer atividade laborativa,correta a atitude do INSS em determinar a devolução dos valores pagos nos períodos concomitantes, diante da ausência deboa-fé. Neste sentido: (TRF4, AC 0019726-30.2013.404.9999, Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira,D.E. 18/03/2014), (Processo: APELREEX 4897 SP 0004897-76.2010.4.03.9999 Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERALSOUZA RIBEIRO Julgamento: 13/10/2014 Órgão Julgador:NONA TURMA), (AG 08005047420124050000 AG - Agravo deInstrumento -Relator(a) Desembargador Federal Francisco Cavalcanti Sigla do órgão TRF5 Órgão julgador Primeira TurmaDecisão UNÂNIME Descrição Data da Decisão 23/05/2013).

10. Recurso conhecido e provido, para, alterando a sentença, julgar improcedente o pedido da autora, condenando-a adevolver ao INSS a quantia de R$ 24.592,42 (vinte e quatro mil, quinhentos e noventa e dois reais e quarenta e doiscentavos), corrigidos monetariamente desde quando devida cada parcela, mais juros de mora a contar da citação, emconformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal. Recorrente isento de custas. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

22 - 0002184-64.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002184-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL.) xCARLOS HENRIQUE PEREIRA LOPES.VOTO / EMENTA

DIREITO PRIVADO. CONTRATO BANCÁRIO. BLOQUEIO DE VALORES DECORRENTES DO PAGAMENTO DEINDENIZAÇÃO DO SEGURO DPVAT. ALEGAÇÃO DA CEF DE INADIMPLENCIA DO CORRENTISTA EM CONTRATOFIRMADO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ATO ARBITRÁRIO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de ação visando o desbloqueio de valores depositados a título de seguro DPVAT, alegando o autor na inicial queem virtude do falecimento de sua esposa por acidente automobilístico, ocorrido em 20/08/2009, teria direito ao recebimentodo seguro DPVAT, mas que tal montante foi bloqueado pela CAIXA. A CEF, por sua vez, alega que o bloqueio realizado naconta do autor se deu em virtude de inadimplência em contratos de CDC (Crédito direto ao cliente) na agência deEunápolis-BA, ressaltando, ainda, que o valor da inadimplência é superior ao bloqueado. Da sentença que julgouprocedente a ação e determinou a liberação dos valores em favor do autor, recorreu a empresa pública federal aduzindoque o bloqueio dos valores do seguro DPVAT foi realizado em virtude do contrato de crédito rotativo firmado entre as partes,que prevê que “os creditados, desde logo, em caráter irrevogável e para todos os efeitos legais e contratuais, autorizam aCAIXA a bloquear e ou utilizar o saldo de qualquer outra conta, aplicações financeiras e/ou qualquer crédito de suastitularidades, em qualquer Unidade da CAIXA, para liquidação ou amortização das obrigações assumidas no presentecontrato.”, aduzindo, ainda, que o contrato firmado é válido e que, ainda que prejudicial a um dos contratantes, deve serrespeitado, em cumprimento ao princípio do pacta sunt servanda.

2. Ao início, observo que as regras que regem as indenizações relativas ao seguro obrigatório de danos pessoais causadospor veículos automotores (seguro DPVAT) encontram-se insculpidas na Lei nº 6.194/74, com as alterações impostas pelaLei nº 8.441/92 e pela lei 11.482/07 e que, no caso de morte por sinistro, o cônjuge ou companheiro tem o direito de receber50% do valor da indenização do seguro DPVAT, e outra metade deve ser paga aos herdeiros da vítima, de acordo com avocação hereditária. Deve-se ressaltar, ainda, que não há previsão legal para bloqueio no pagamento deste prêmio, que

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tem natureza indenizatória, mesmo que em decorrência de inadimplência do credor em outras relações jurídicascontratuais.

3. Ainda ao início, acerca da alegação da instituição financeira de bloqueio dos valores em virtude de inadimplência emcontrato anteriormente firmado, assevero que o princípio da pacta sunt servanda, segundo o qual o acordo particular entreas partes deve ser respeitado, também deve se curvar ao princípio da boa fé objetiva, que impõe dever de conduta regularpelos contratantes, sob os padrões socialmente esperados e segundo as normas morais e éticas socialmente vigentes, comcooperação mútua entre os contratantes. Assim, esperam-se das partes condutas permeadas por lealdade, probidade ehonestidade, repelindo-se o abuso diante de eventual ausência de igualdade real entre os contratantes, não sendopermitido desvantagens evitáveis.

4. Diante dos elementos dos autos, observo que a obrigação de pagamento da indenização do seguro DPVAT decorre dalei e que o bloqueio desse valor em virtude de outro contrato firmado com o banco mostra-se arbitrário, uma vez que nãocabe à instituição financeira, que atua como intermediária no pagamento da indenização, reter os valores depositados semqualquer respaldo legal, ainda que o correntista encontre-se inadimplente em relação a algum produto ou serviço.

5. Ademais, a previsão contratual que priva o correntista de receber créditos legais de natureza indenizatória mostra-se, nomínimo, questionável, uma vez que aparentemente fere o dever de boa fé objetiva da instituição financeira nas relaçõescontratuais, utilizando-se o banco de sua superioridade em relação ao correntista para se apropriar indevidamente de seusbens.

6. Desta forma, nada a objetar à sentença ao aduzir: “Ocorre que em momento algum a ré demonstrou qual o amparo legalem que se baseou para a efetivação de tal medida, demonstrando evidente afronta, aos princípios da legalidade, dasegurança jurídica e do devido processo legal, tendo em vista que se efetivamente existir algum débito nos autos para coma instituição financeira, esta deverá utilizar-se dos meios legais existentes para a efetivação de tal cobrança.”

7. Por fim, observo que segundo orientação jurisprudencial, os valores decorrentes de indenização do seguro DPVAT nãopodem sequer serem penhorados judicialmente, tese que reforça a fundamentação adotada na sentença de que o bloqueiorealizado pela CAIXA, feito sem previsão legal, constitui ato arbitrário e abusivo. Neste sentido, confira-se:

EXECUÇÃO FISCAL Benefício da assistência judiciária gratuita mantido - Penhora "on line" Caderneta de poupança Valordepositado proveniente do seguro DPVAT e que não excede 40 salários mínimos Bem absolutamente impenhorável, nostermos do art. 649, X, do CPC - Ressalva contida no art. 30, da lei nº 6.830/80 - RECURSO PROVIDO.(TJ-SP - AI: 21773773620148260000 SP 2177377-36.2014.8.26.0000, Relator: Rezende Silveira, Data de Julgamento:12/02/2015, 15ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 23/02/2015)

AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. CUMPRIMENTO DESENTENÇA. BLOQUEIO DE VALORES. DPVAT. VERBA INDENIZATÓRIA (DPVAT). IMPENHORABILIDADE.PRECEDENTES DA CORTE. INDENIZAÇÃO QUE A PARTE RECEBEU POR TER SIDO VÍTIMA EM ACIDENTE E EMDECORRÊNCIA DA COMPROVADA INVALIDEZ. DEVIDAMENTE COMPROVADA A ORIGEM DO MONTANTEBLOQUEADO (INDENIZAÇÃO DE SEGURO DPVAT), E A ATUALIDADE DO APORTE NA CONTA CORRENTE DOBENEFICIÁRIO. Ausência de elementos aptos a ensejar a alteração da decisão monocrática hostilizada, que deuprovimento ao agravo de instrumento. AGRAVO INTERNO...(TJ-RS - AGV: 70047535406 RS , Relator: Mylene Maria Michel, Data de Julgamento: 13/03/2012, Décima Nona CâmaraCível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 16/03/2012)

8. Por todo o exposto, reafirmo que a atuação no banco na retenção de valores decorrentes de indenização legal, além denão tem previsão em lei, mostra-se absolutamente abusiva devendo, portanto, ser mantida a sentença que determinou aliberação dos valores em favor do autor.

9. Nestes termos, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo a sentença por seus própriosfundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente, vencida, ao pagamento de verba honorária no montante de 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 20, §3º do CPC c/c 55 da Lei 9.099/95.

__________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

23 - 0002003-50.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.002003-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x ROGERIO DE OLIVEIRA RIBEIRO(ADVOGADO: ES006315 - LUIZ TELVIO VALIM, ES016706 - JAMILI ABIB LIMA, ES016732 - ADRIANA GAMA DESOUZA, ES011719 - EDUARDO TRINDADE DA SILVA.).RECURSO N. 000002003-50.2009.4.02.5001/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

AÇÃO DECLARATÓRIA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. MÉDICO. MUDANÇA DO REGIME CELETISTA PARA OESTATUTÁRIO. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO CELETISTA. TEMPO DETRABALHO SOB CONDIÇÕES INSALUBRES. CONTAGEM RECÍPROCA. DIREITO ADQUIRIDO. SÚMULA 66 DA TNU.TEMPO NÃO CONSIDERADO FICTO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DESNECESSIDADE DEEXPOSIÇÃO DIUTURNA AOS AGENTES INFECCIOSOS. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora, condenando aautarquia previdenciária a expedir certidão de tempo de serviço referente ao trabalho do autor no Instituto Estadual deSaúde Pública no período de 06.07.1981 a 20.09.2000, com o acréscimo de 40% referente ao exercício de atividadeinsalubre. Argumenta, em síntese, a impossibilidade da contagem de tempo fictício, no qual não tenha havido contribuição,como seria o resultante da aplicação do fator 1,4; que o art. 96, II da Lei 8.213/1991 veda expressamente que a conversãodo tempo de serviço exercido sob condições especiais seja admitido para fins de contagem de tempo de serviço em outroregime; que à época em que exerceu as atividades insalubres o recorrido ainda não havia adquirido o direito à aposentaçãono regime celetista, razão pela qual não poderia contar o referido período com o acréscimo previsto na legislação anterior afim de obter aposentadoria estatutária; a necessidade de compensação entre os regimes e, por fim; a inexistência deinformação de que as atividades exercidas pelo recorrido o expunham de forma habitual e permanente aos agentesinsalubres. Contrarrazões às fls. 110/119.

2. Trata-se de servidor público estadual (médico) que ingressou no serviço público sob a égide do regime trabalhistaceletista em 06/07/1981, recolhendo contribuições previdenciárias ao Instituto Nacional de Previdência Social, mas que,com o advento da Lei Complementar Estadual nº 187/2000, foi posteriormente transposto para o regime estatutário(30/09/2000).

3. No período anterior à edição da lei que estabeleceu regime previdenciário próprio para o recorrido, a conversão do tempode serviço especial para comum era plenamente admitida pela legislação previdenciária. O fato de não haver previsão nonovo regime para a conversão pretendida pelo requerente não impede que o tempo especial trabalhado sob a regência doregime celetista seja convertido para comum. Trata-se de direito já incorporado ao patrimônio do titular. Ao exerceratividades insalubres e/ou perigosas, adquiriu o demandante o direito de ver o tempo de serviço respectivo convertido nostermos em que dispunha a legislação de regência. É o que aconteceria, de rigor, se a relação empregatícia que mantinhacom o Instituto Estadual de Saúde Pública regida pela CLT, não tivesse se interrompido com a mudança de regime.

4. A conversão de tempo especial para comum tem por escopo compensar o trabalhador pelo exercício de atividade laboralprejudicial a sua saúde (insalubre) ou a sua integridade física (perigosa). Não é por outra razão que o tempo de serviçoprestado em atividade especial tem, no momento da concessão da aposentadoria, maior peso do que aquele desenvolvidoem atividade comum. A superveniência de mudança de regime empregatício, portanto, não descaracteriza a atividadedesenvolvida pelo requerente no passado, que era de natureza especial e sujeita, assim, ao regramento próprio que lhedispensava a legislação de regência. Neste sentido:

“MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PROFESSOR. EXPEDIÇÃO DECERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO CELETISTA. SERVIÇOS INSALUBRES. CONTAGEM NOS MOLDES DOSDECRETOS 53.831/64, 83.080/79 E LEI Nº 8.213/91. AVERBAÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. LEGITIMIDADE PASSIVA DOINSS. 1. Prestado o tempo de serviço público federal sob vigência da legislação celetista, e, pois, com vínculo ao RGPS,consoante disposto no inciso II do art. 203 do Decreto 611/92, cabe ao INSS expedir certidão aquele tempo referido, o quejustifica a sua legitimidade passiva no presente feito. 2. Foi o tempo de serviço exercido pelos impetrantes prestado emcondições insalubres, sob regime celetista, não havendo como a mudança de regime desrespeitar tal direito adquirido. 3.Em face da omissão da Lei nº 8.112/90 de como proceder na averbação de tempos de serviços de naturezas diversasquanto às condições especiais de insalubridade, há de aplicar-se por analogia o disposto no parágrafo 2º, art. 35, da CLPS,e o art. 64 do Decreto 611/92, que conferem peso diferenciado a tempo de serviços de natureza mista, permitindo, assim,cumprir o verdadeiro espírito do constituinte, que é o de privilegiar com menor tempo de serviço aquele que exerceatividades em condições penosas em determinado período de sua atividade laboral” (TRF da 5ª Região, AMS nº 5185689,Rel. Araken Mariz, 15.01.99). (sem grifos no original)

5. Caso não se permitisse a aplicação do fator de conversão, o tempo de serviço exercido em condições insalubres, quandoinsuficiente para a aposentadoria especial, seria contado apenas como tempo comum e nenhum benefício traria àquele quepor determinado tempo tenha laborado sob regime especial. Não foi esse o objetivo do legislador. Quando o legisladorregula como especial algum tipo de atividade profissional, o faz porque ela revela-se prejudicial à saúde (insalubre), àintegridade física (perigosa) ou simplesmente danosa, ao trabalhador. Os efeitos de tal atividade não se desfazem apenaspela circunstância de o trabalhador ter desenvolvido atividades mistas durante a sua vida laboral. Essa simples contingêncianão retira do trabalho desenvolvido sob regime especial a sua característica peculiar, que o distingue da atividade comumpor ser mais prejudicial ao trabalhador.

6. Assim, o tempo trabalhado em atividade especial é tempo definitivamente incorporado ao patrimônio do trabalhador coma sua característica principal: diminuir o impacto da agressão física ou psicológica que o empregado sofre por meio daconseqüente diminuição do tempo de serviço.

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7. Ademais, não se trata de tempo ficto, pois houve efetivamente o recolhimento das respectivas contribuiçõesprevidenciárias, em consonância com o disposto no art. 202, § 2º, da CRFB/1988, uma vez que os adicionais deinsalubridade integram a remuneração do empregado, incidindo sobre eles a respectiva contribuição previdenciária.Portanto, não há falar em ausência de contribuição previdenciária, porquanto tenha incidido sobre o percentual do adicionalde insalubridade.

8. O art. 96, inciso I, da Lei 8.213/1991 veda a contagem recíproca do mesmo período de labor já computado em umRegime para fins de percepção de benefício em outro, e não a contagem de "tempos de serviço" diversos, apenasprestados de forma concomitante. Já o inciso II do mesmo dispositivo legal veda a contagem do mesmo tempo exercidosimultaneamente no serviço público e o de atividade privada, quando se tratar de contagem recíproca. Dessa forma, otempo será contado uma única vez. No caso em tela, a parte autora não exercia as atividades concomitantes, ou seja,simultaneamente. (Processo APELRE 201050010031900 APELRE - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO – 578441Relator(a) Desembargador Federal MESSOD AZULAY NETO Sigla do órgão TRF 2 Órgão julgador SEGUNDA TURMAESPECIALIZADA Fonte E-DJF2R - Data:03/05/2013 Data da Decisão 18/04/2013 Data da Publicação 03/05/2013). Houveapenas uma mudança do regime celetista para o estatutário, não ocorrendo concomitância de atividades.

9. Cumpre esclarecer que o § 4º do art. 40 da CRFB/1988, com redação dada pela Emenda Constitucional 20/1998, aovedar a adoção de critérios diferenciados para a concessão de benefícios previdenciários exclui desta proibição asatividades especiais, indicando que o labor em condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador émerecedor de tutela especial do Estado.

10. Sobre a matéria, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais – TNU editou a Súmula 66 quediz: "O servidor público ex-celetista que trabalhava sob condições especiais antes de migrar para o regime estatutário temdireito adquirido à conversão do tempo de atividade especial em tempo comum com o devido acréscimo legal, para efeitode contagem recíproca no regime previdenciário próprio dos servidores públicos."

11. Neste mesmo sentido vem se posicionando pacificamente a jurisprudência pátria, conforme se infere das ementasabaixo transcritas, in verbis:

“EMENTA ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. ATIVIDADE INSALUBRE.REGIME CELETISTA. CONVERSÃO EM TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. POSSIBILIDADE. EXPEDIÇÃO DECERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO PELA AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA.1. O servido público, ex-celetista, tem direito à contagem de tempo de serviço exercido em condições especiais na forma dalegislação anterior, ou seja, com o acréscimo previsto na legislação previdenciária de regência. 2. A matéria está pacificadaaté mesmo na Advocacia-Geral da União, já que editada Instrução Normativa AGU nº 1, de 19 de julho de 2004,autorizando a não-interposição de recurso voluntário de decisões que reconhecem o direito à averbação de tempo deserviço prestado, em condições perigosas ou insalubres, pelo servidor que se encontrava sob a égide do regime celetistaquando da implantação do Regime Jurídico Único.( APELAÇÃO CÍVEL Nº 5066765-70.2011.404.7100/RS RELATOR LUÍSALBERTO D AZEVEDO AURVALLE APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS APELADO: EDNAMARIA DE OLIVEIRA FERRONATO ADVOGADO FRANCIS CAMPOS BORDAS INTERESSADO UNIÃO – ADVOCACIAGERAL DA UNIÃO)”

“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CELETISTA. ATIVIDADE INSALUBRE.CONVERSÃO DE REGIME. TEMPO DE SERVIÇO. CONTAGEM RECÍPROCA. POSSIBILIDADE. 1. Os servidorespúblicos federais que trabalhavam em condições consideradas insalubres antes da edição da Lei 8.112/90 têm direito àcontagem especial de tempo de serviço prestado nessa situação, nos termos da legislação vigente à época. Precedentes.2. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 963.475/PB, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTATURMA, julgado em 06/05/2008, DJe 26/05/2008)”

“SERVIDOR PÚBLICO. PROFESSOR. ATIVIDADE PENOSA E INSALUBRE. CONTAGEM ESPECIAL DE TEMPO DESERVIÇO. DIREITO ADQUIRIDO. MUDANÇA DE REGIME. O direito à contagem especial do tempo de serviço prestadosob condições insalubres pelo servidor público celetista, à época em que a legislação então vigente permitia tal benesse,incorporou-se ao seu patrimônio jurídico. Precedentes. Recurso extraordinário conhecido e improvido” (RE nº258.327/PB-AgR, Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJ de 6/2/04).“EMENTA INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERALEX-CELETISTA. CONVERSÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL NA INICIATIVA PRIVADA EM COMUM. CONTAGEMRECÍPROCA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DA TNU E DO STJ. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA QUESTÃO DEORDEM N.º 13 DESTA TNU. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA NÃO CONHECIDO. 1. Pedido decondenação da União a computar no tempo de contribuição do autor o tempo de serviço especial convertido em comumprestado na iniciativa privada, nos termos da certidão fornecida pelo INSS. 2. Sentença de procedência do pedido, mantidapela Turma Recursal da Bahia. 3. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela União, com fundamento noart. 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001. 4. Sustenta a recorrente que o acórdão vergastado diverge da jurisprudênciadominante do e. Superior Tribunal de Justiça, que entende pela impossibilidade de conversão do tempo especial em tempocomum para fins de aposentadoria em caso de contagem recíproca de tempo de serviço prestado anteriormente nainiciativa privada. 5. Incidente admitido pela Presidência da Turma Recursal da Bahia. 6. Com a devida vênia, entendo queo presente caso não pode ser admitido em razão de a questão controversa já ter sido uniformizada por este colegiado nosentido do acórdão proferido pela Turma Recursal da Bahia, in verbis: "INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO

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PELA PARTE AUTORA. PEDIDO DE CONTAGEM RECÍPROCA DE SERVIDOR PÚBLICO EX-CELETISTA. CONVERSÃODE ATIVIDADE ESPECIAL EM COMUM. ACRÉSCIMO DECORRENTE DA AVERBAÇÃO. INCIDÊNCIA DA QUESTÃO DEORDEM Nº 20, DA TNU. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDO. I. Pedido da parte autora deconversão de atividade insalubre, laborada durante regime celetista, para concessão de regime de aposentadoria própriodos servidores públicos. II. Sentença de procedência do pedido. III. Recurso de sentença, ofertado pela União Federal,provido pela Turma Recursal do Espírito Santo, lastreado o enunciado nº 17, do estado citado: "Para fins de contagemrecíproca, o tempo de serviço laborado em atividade especial sob o RGPS não pode ser convertido em comum para efeitodo regime estatutário". IV. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pela parte autora, com esteio no art. 14,da Lei nº 10.259/2.001. V. Alegação de que há direito à conversão do tempo especial laborado quando celetista antes doingresso no regime previdenciário de servidores públicos. VI. Indicação, pela parte recorrente, de precedentes da lavra doSTJ - Superior Tribunal de Justiça: Agravo Regimental no Recurso Especial nº 963.475/PB; e Agravo Regimental no Agravonº 901.106/SC. VII. Admissibilidade do incidente junto à Presidência da Turma Recursal do Espírito Santo. VIII.Plausibilidade jurídica entre o precedente apresentado e o caso dos autos - Agravo Regimental no Recurso Especial nº963.475/PB: "RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CELETISTA. ATIVIDADEINSALUBRE. CONVERSÃO DE REGIME. TEMPO DE SERVIÇO. CONTAGEM RECÍPROCA. POSSIBILIDADE. 1. Osservidores públicos federais que trabalhavam em condições consideradas insalubres antes da edição da Lei 8.112/90 têmdireito à contagem especial de tempo de serviço prestado nessa situação, nos termos da legislação vigente à época.Precedentes. 2. Agravo regimental improvido", (AGRESP 200701441067, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ -SEXTA TURMA, 26/05/2008)"; e Agravo Regimental no Agravo nº 901.106/SC: "DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVOREGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ATIVIDADE INSALUBRE. REGIMECELETISTA. CONVERSÃO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. POSSIBILIDADE. AVERBAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO.1. O servidor público que tenha laborado em condições especiais sob regime celetista tem direito à contagem diferenciadadesse período, mesmo que posteriormente tenha adquirido a condição de estatutário. Precedentes do STJ. 2. O art. 130 doDecreto 3.078/99 apenas assegura ao servidor a possibilidade de utilizar certidões emitidas pelo Instituto Nacional doSeguro Social - INSS para comprovar tempo de serviço prestado pelo Regime Geral de Previdência Social, não impondoque tal tempo de serviço seja comprovado única e exclusivamente com base nelas. 3. Agravo regimental improvido", (AGA200701101931, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - QUINTA TURMA, 07/02/2008). IX. Incidência da questão de ordem nº20, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: "Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva serconhecido e provido no que toca a matéria de direito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobrematéria de fato, que foram requeridas e não produzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, asentença ou acórdão da Turma Recursal deverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficandoo juiz de 1º grau e a respectiva Turma Recursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito".X. Parcial provimento do incidente de uniformização de jurisprudência, ofertado pela parte autora. Determinação deremessa dos autos à Turma Recursal de origem para readequação do caso à jurisprudência fixada pela TNU - TurmaNacional de Uniformização. XI. Incidente de uniformização parcialmente provido. Determinação de devolução dos recursoscom mesmo objeto às Turmas de origem para que, nos termos do art. 15, §§ 1º e 3º, do Regimento Interno da TNU,mantenham ou promovam a adequação da decisão recorrida." (PEDILEF 200650500062065, JUÍZA FEDERAL VANESSAVIEIRA DE MELLO, DOU 28/10/2011.)" Ainda, "PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. TEMPO DESERVIÇO. CONTAGEM RECÍPROCA. ATIVIDADE ESPECIAL NO REGIME GERAL. UTILIZAÇÃO DO TEMPO NOREGIME PROPRIO. POSSIBILIDADE LIMITADA NO TEMPO E PELA DISCIPLINA LEGAL. ACÓRDÃO MANTIDO.RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. No caso em concreto, é devida a contagem recíproca do tempo de serviçoprestado em atividade tida como especial pelo Regime Geral da Previdência, limitada pela disciplina legal própria doservidor e assim até o início de sua submissão ao regime estatutário próprio. Acórdão mantido. 2. Incidente conhecido enão provido. (PEDILEF 200450500029971, JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA WEIBEL KAUFMANN, DJ 01/03/2010.)", e"PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. EX-CELETISTA. TEMPO DESERVIÇO ESPECIAL. CONVERSÃO. PEDIDO PROVIDO. 1. Conforme já uniformizado pela Turma Nacional, emconformidade com a jurisprudência dominante do STJ, o servidor público, exceletista, que exerceu atividade perigosa,insalubre ou penosa, assim considerada em lei vigente à época, tem direito adquirido à contagem de tempo de serviço como devido acréscimo legal (TNU, PEDILEF nº 2006.71.95.000743-8, Rel. Juiz Federal Otávio Henrique Martins Port, unânime,julg. 16.02.2009). 2. Pedido parcialmente provido com o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para adequação.(PEDILEF 200450500092565, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJ 13/10/2009.)" 7. Aplicação da Questão de Ordem n.º 13/TNU - "Não cabe Pedido de Uniformização,quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmouno mesmo sentido do acórdão recorrido". 8. Nesse sentido, entendimento do Superior Tribunal de Justiça: "RECURSOESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CELETISTA. ATIVIDADE INSALUBRE. CONVERSÃODE REGIME. TEMPO DE SERVIÇO. CONTAGEM RECÍ- PROCA. POSSIBILIDADE. 1. Os servidores públicos federais quetrabalhavam em condições consideradas insalubres antes da edição da Lei 8.112/90 têm direito à contagem especial detempo de serviço prestado nessa situação, nos termos da legislação vigente à época. Precedentes. 2. Agravo regimentalimprovido. (AgRg no REsp 963.475/PB, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em06/05/2008, DJe 26/05/2008)". 9. Considerando que, no caso em testilha, a especialidade dos períodos pleiteados já foireconhecida pelo INSS e a controvérsia cingese à possibilidade de cômputo, por regime próprio de aposentadoria, destesperíodos com o acréscimo decorrente da conversão de especial em comum, o acórdão recorrido alinha-se ao entendimentodesta TNU e do e. STJ. 12. Incidente de uniformização de jurisprudência não conhecido, nos termos acima. (ProcessoPEDILEF 200833007023647 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL Relator(a) JUIZFEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA Sigla do órgão TNU Fonte DOU 27/04/2012 Data da Decisão 29/03/2012 Datada Publicação 27/04/2012)”

12. Portanto, não há óbice legal para a emissão de certidão de tempo de serviço especial, devidamente convertido pelo

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fator 1,4, em favor do autor, relativa ao período compreendido entre 06/07/1981 a 30/09/2000.

13. Os conceitos de habitualidade e permanência surgiram com o advento da Lei 9.032/1995 e regulamento posterior(Decreto 2.172/1997). A edição do Decreto 4.882, de 19/11/2003 acabou de vez com quaisquer dúvidas a respeito dosconceitos de habitualidade e permanência contidos no texto da lei previdenciária ao dispor, de modo bastante abrangente,que se refere ao trabalho “no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivoseja indissociável da produção do bem ou da prestação de serviço”. Com isso, ficou claro que a simples existência deagente nocivo no local de trabalho ao qual o trabalhador esteja exposto como dever inerente à sua função de tal forma quefaça parte de sua rotina, é o suficiente para caracterizar atividade com risco permanente. Dessa forma, a exposição a umaou oito horas diárias aos agentes nocivos, pode se tornar irrelevante quando, pela natureza do risco e da atividade, tem otrabalhador que suportar a nocividade que é indissociável de suas atribuições

14. A exposição a vírus e bactérias enseja o reconhecimento do tempo de serviço como especial. A habitualidade epermanência do tempo de trabalho em condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física referidas no artigo57 , § 3º , da Lei 8.213 /1991 não pressupõem a submissão contínua ao agente nocivo durante toda a jornada de trabalho.Não se interpreta como ocasional, eventual ou intermitente a exposição ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidasao trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho. Hipótese em que o segurado se expunha de forma habitual e diária aosagentes nocivos surpracitados. Comprovada a exposição do segurado a agente nocivo (fls. 36/38), na forma exigida pelalegislação previdenciária aplicável à espécie, possível reconhecer-se a especialidade do tempo de labor correspondente.

“[...] conforme o tipo de atividade, a exposição ao respectivo agente nocivo, ainda que não diuturna, configura atividade aptaà concessão de aposentadoria especial, tendo em vista que a intermitência na exposição não reduz os danos ou riscosinerentes à atividade, não sendo razoável que se retire do trabalhador o direito à redução do tempo de serviço para aaposentadoria, deixando-lhe apenas os ônus da atividade perigosa ou insalubre (TRF4, EINF 2005.72.10.000389-1,Terceira Seção, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 18/05/2011; TRF4, EINF 2008.71.99.002246-0, Terceira Seção,Relator Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle, D.E. 08/01/2010).”

“EMENTA PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. AGENTES BIOLÓGICOS. EXPOSIÇÃO. PROVA.APOSENTADORIA ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CONVERSÃO DA ESPÉCIE DOBENEFÍCIO OU REVISÃO. 1 - A 3ª Seção desta Corte fixou o entendimento de que não há necessidade de exposição aagentes infecto-contagiosos, em toda a jornada, para a configuração do direito à aposentadoria especial (TRF4, EINF2007.71.00.046688-7, Terceira Seção, Relator Celso Kipper, D.E. 07/11/2011).(APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº5035989-87.2011.404.7100/RS, Relatora Luciane Merlin Clève Kravetz, TRF4, Data da Publicação 25 de setembro de2013)”

15. Recurso conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o recorrente, vencido, em honoráriosadvocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

24 - 0000157-36.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000157-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luciano Martins De Oliveira.) x MARICÉIA BIANCARDI RANGEL (ADVOGADO:ES010908 - MARGARETI MENELLI SAMPAIO, ES005080 - ALCIDIA PEREIRA DE PAULA SOUZA.).RECURSO Nº 0000157-36.2009.4.02.5053/01RECORRENTE: INSTITUTO SOCIAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDA: MARICÉIA BIANCARDI RANGELRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO / EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. ALEGAÇÃO DE AGRESSÃO E IMPRUDÊNCIA DO PERITO DO INSS NAREALIZAÇÃO DA PERÍCIA MÉDICA. REALIZAÇÃO DE LAUDO DE EXAME DE LESÕES CORPORAIS ECOMPROVAÇÃO DE HEMATOMAS. VIOLAÇÃO DO DEVER DE URBANIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO.INDENIZAÇÃO DEVIDA. VALOR MANTIDO. RECURSO DO INSS DESPROVIDO.

1. Trata-se de ação visando a condenação da autarquia federal ao pagamento de danos morais decorrentes de alegadaconduta violenta do médico perito ao realizar a perícia médica regular administrativa. Alega a parte autora, em síntese, queno intuito de manter seu benefício previdenciário, em 07/03/2008 se submeteu a perícia do INSS para averiguação deincapacidade, mas que durante a perícia o médico, mesmo sabendo de suas limitações físicas, realizou movimentosbruscos e fortes com seus braços, pernas e pescoço, que continuaram mesmo após a autora informar que estava sentindomuita dor. Aduz que após informar que estava sentindo dores foi tratada com ironia pelo médico, e que logo após sair doprédio do INSS se dirigiu ao pronto atendimento do hospital UNIMED, afirmando que no dia seguinte à perícia notoumanchas roxas por seu corpo, decorrentes das agressões sofridas, e que se dirigiu a Delegacia e registrou os fatos emLaudo de Exame de Lesões Corporais. Já a autarquia federal alega que a autora foi atendida corretamente e que os fatos

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narrados na inicial não são verdadeiros, afirmando que segundo informações do perito, a autora não reclamou de dor emnenhum momento e só se indignou após receber o resultado da perícia, que concluiu pela capacidade laboral, afirmandopor fim que o Laudo de Exame de Lesões Corporais só foi realizado 3 dias após a suposta agressão. Da sentença quejulgou procedente o pedido e condenou o INSS ao pagamento de indenização no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais),recorreu o INSS alegando ausência de comprovação dos alegados danos morais.

2. Ao início, observo que o dano moral é o dano que atinge o ofendido como pessoa, lesando seus direitos dapersonalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, imagem, bom nome, etc. acarretando ao lesado dor, sofrimento,tristeza e humilhação. Assim, o dano moral não lesa o patrimônio da pessoa, mas sim, os direitos imateriais. Para suaconcessão, é imprescindível que a situação fática causadora do dano esteja detalhadamente descrita na inicial ecomprovada no curso do processo, tendo em vista que a só alegação de violação de direitos da personalidade não ésuficiente para desejar o direito à indenização.

3. Compulsados os autos, depreende-se que a autora possui 50 anos, recomeçou a receber benefício de aposentadoria porinvalidez em 25/06/2008 e é portadora de doença degenerativa grave de coluna cervical com compressão e lesão medularassociada, hérnias discais cervicais, Síndrome do desfiladeiro torácico (já operada) e síndrome do Túnel do carpo bilateral(operada várias vezes), sendo que no depoimento pessoal alegou ter sido submetida a movimentos bruscos na realizaçãoda perícia médica, circunstância que causou dor e hematomas no pescoço e braços.

4. O médico perito do INSS, Sr. Rômulo Lopes Diniz, a seu turno, nega ter agido com violência ao examinar a autora,aduzindo que vinha passando por um período de estresse no trabalho devido a carga horária desumana na realização dasperícias (24 perícias médicas por dia, 5 dias da semana), que as perícias médicas duram entre 10 e 12 minutos e queeventualmente realiza exames específicos para apurar se o periciando simula incapacidade, aduzindo ainda que já seindispôs com segurados do INSS por outras vezes. Na sentença, fundamenta o juiz a quo “deixou claro que já se indispôsoutras vezes com os segurados do INSS, denotando possuir personalidade “explosiva”, como ficou evidente por seucomportamento durante a audiência”.

5. A testemunha arrolada pela autora, médico ortopedista que a examinou no dia em que se submeteu à perícia naDelegacia, afirma recordar que a autora possuía dois pequenos hematomas no braço, que teriam sido provocados pelomédico perito. Já no laudo de exame de lesões corporais consta “duas lesões equimóticas e formatos arredondados,tonalidade arroxeada, medindo um centímetro de diâmetro. Nestas condições respondemos aos quesitos: 1º) sim; 2º)instrumento contudente.”

6. Restaram, portanto, comprovadas lesões na autora, as quais, embora sem maior gravidade, pelo tamanho(arredondadas e pequenas) e localização (terço médio do braço), guardam uma compatibilidade com as alegações de quehouve um manuseio brusco pelo médico ao movê-la na sala de exames. O juiz sentenciante observou característicaspessoais do médico, diante da oralidade própria dos juizados especiais, consistente no contato visual com as provas e,ainda, utilizou-se de regras de experiência na forma do artigo 5º da Lei nº 9.099/95, conjugando outro fator, o estresse doprofissional.7. Nestes termos, a narração autoral restou comprovada e que há evidências nos autos de que a conduta do médico peritodo INSS ultrapassou o “comum” ou o admissível para uma perícia médica, violando o dever de urbanidade e de cuidado domédico, tendo em vista que a autora possui limitações de movimentos e, apenas 3 dias após a perícia, foi submetida alaudo criminal onde ficou comprovado que possuía hematomas pelo corpo. Também as informações de que o médico omédico por vezes realiza exames específicos para averiguar simulação, de que já se indispôs com segurados e que possuitemperamento “explosivo” corroboram as conclusões acima, no sentido de falta de cuidado na realização da perícia médica.

8. Quanto à fixação do valor devido a título de dano moral, que tem natureza reparatória e punitiva, deve-se levar em contaa situação específica dos autos observando-se os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, convindo anotarentendimento adotado pela jurisprudência do E. STJ no julgamento do RESP 418.502/SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJ30/09/2002 "o quantum a ser fixado na ação por indenização por danos morais deve assegurar a justa reparação doprejuízo calcado nos cânones da exemplariedade e solidariedade sem proporcionar enriquecimento sem causa do autor,devendo, por isso, levar em consideração a capacidade econômica do réu, tornando a condenação exemplar e suportável".Isto estabelecido, atenta ao bom senso e à razoabilidade e considerando que a indenização se por um lado deve servir apropósitos preventivos e de desincentivo à reincidência por outro não pode dar causa a enriquecimento ilícito da vítima,convindo mencionar que no caso dos autos ficou evidenciado que a autora foi destratada durante a perícia médica,circunstância inaceitável por este juízo, mantenho o valor arbitrado na sentença tendo em vista restarem atendidos osobjetivos acima delineados.

9. Por estes fundamentos, conheço e nego provimento ao recurso, nos termos supra.

10. Sem custas. Condeno a parte recorrente, vencida, ao pagamento de verba honorária no montante de 10% sobre o valorda condenação, nos termos do art. 20, §3º do CPC c/c 55 da Lei 9.099/95.

É como voto.

__________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

25 - 0001049-67.2010.4.02.5001/01 (2010.50.01.001049-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA JOSÉ AZEVEDOFORTUNATO (ADVOGADO: ES011829 - HERON LOPES FERREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0001049-67.2010.4.02.5001/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA.ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART.5º DA LEI 11.960/2009.

1. Trata-se de embargos declaratórios opostos em face do acórdão que o condenou a pagar atrasados, especificamentequanto aos critérios de correção monetária (INPC) e juros de mora na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal.

2. O STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração de inconstitucionalidade doSTF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária, determinando que ascondenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo a existência de leisespecíficas.

3. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

4. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

5. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

6. Embargos de declaração providos apenas para acrescentar as considerações acima ao acórdão embargado, a título deesclarecimento de dúvida (art. 48 da Lei 9.099/1995), mantidos os termos do acórdão embargado.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

26 - 0000220-36.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000220-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DE SOUZA DUARTE(ADVOGADO: ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Dalton Santos Morais.).RECURSO N. 0000220-36.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: JOSÉ DE SOUZA DUARTERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. AVERBAÇÃO DE TEMPO RURAL.RECONHECIMENTO DO TEMPO DE SERVIÇO DO TRABALHADOR RURAL MENOR DE 14 ANOS DE IDADE. STF (AI529694/RS). APOSENTADORIA PROPORCIONAL. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CUMPRIMENTO DO PEDÁGIOESTABELECIDO PELA EC 20/1998. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o seu pedidode aposentadoria por tempo de contribuição, mediante o reconhecimento do exercício de labor rural no período anterior aoinício do desempenho de atividades urbanas (anterior a 30.08.1989). Aduz, em síntese, a possibilidade de reconhecimentodo exercício de atividade rural desempenhada pelo menor de 14 anos de idade, na forma do art. 11, VII, “c” da Lei8.213/1991, em sua redação original, o que confere ao autor o direito a aposentadoria com proventos proporcionais.

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Contrarrazões às fls. 70/72.

2. A vedação ao trabalho do menor, de 14 anos, constante do inciso XXXIII do art. 7º da CRFB/1988, visa à sua proteção,não podendo prejudicá-lo quanto à contagem de tempo de serviço para fins previdenciários se, de fato, ocorreu o exercícioda atividade laborativa, circunstância efetivamente reconhecida na sentença.

3. Na hipótese dos autos, nascido o autor em 30.06.1956 (fl. 08), é possível reconhecer a contagem de tempo a partir de30.06.1970, quando já contava com 14 anos de idade completos, máxime considerando a comprovação de labor rural noperíodo, conforme expresso na sentença, que apenas desconsiderou o interstício anterior a 1972 em virtude da idade doautor (menos de 16 anos de idade).

4. Com efeito, a questão já foi dirimida pelo STF, no julgamento do AI 529694/RS, no qual a Turma manteve decisão doSTJ que reconhecera o cômputo do tempo de serviço prestado por trabalhador rural menor de quatorze anos para finsprevidenciários, independentemente do recolhimento das contribuições correspondentes a esse período:

“EMENTA: Agravo de instrumento. 2. Trabalhador rural ou rurícola menor de quatorze anos. Contagem de tempo deserviço. Art. 11, VII, da Lei nº 8213. Possibilidade. Precedentes. 3. Alegação de violação aos arts. 5°, XXXVI; e 97, daCF/88. Improcedente. Impossibilidade de declaração de efeitos retroativos para o caso de declaração de nulidade decontratos trabalhistas. Tratamento similar na doutrina do direito comparado: México, Alemanha, França e Itália. Norma degarantia do trabalhador que não se interpreta em seu detrimento. Acórdão do STJ em conformidade com a jurisprudênciadesta Corte. 4. Precedentes citados: AgRAI 105.794, 2ª T., Rel. Aldir Passarinho, DJ 02.05.86; e RE 104.654, 2ª T., Rel.Francisco Rezek, DJ 25.04.86 5. Agravo de instrumento a que se nega provimento. 15/02/2005 (SEGUNDA TURMAAGRAVO DE INSTRUMENTO 529.694-1 RIO GRANDE DO SUL RELATOR - MIN. GILMAR MENDES AGRAVANTE(S) -INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS ADVOGADO(A/S) - PATRÍCIA LIMA BATISTA RODRIGUESAGRAVADO(A/S) - ELISEU VALDIR GROHE ADVOGADO(A/S) - SANDRA ERNESTINA RÜBENICH).”

5. Deste modo, somado o período de 30.06.1970 a 13.06.1972, desconsiderado na sentença por não ter o autor 16 anos deidade completos, com aqueles já reconhecidos tanto pelo INSS, quanto pelo Juízo sentenciante, verifica-se que a parteautora, na data do requerimento administrativo, contava com 32 anos, 07 meses e 13 dias de tempo de serviço, insuficientepara o recebimento de aposentadoria por tempo de contribuição integral. Por outro lado, também não fará jus ao benefíciode aposentadoria por tempo de contribuição proporcional, na medida em que, não obstante atendido o requisito etário, qualseja, 53 anos de idade na data do requerimento administrativo (03.11.2009), não havia cumprido o pedágio estabelecidopela EC 20 de 16/12/1998, conforme se infere do quadro abaixo:

Nome:

José de Souza Duarte

Data EntradaData SaídaDias trabalhadosBissextoCoeficienteDias Equivalentesamd

30/08/198907/03/1990190 1,00190 -68

16/07/199031/01/1993931

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1,00931 2619

04/04/199425/07/19971.209 1,001.209 3323

30/06/197031/12/19866.029 1,006.029 1667

Total:8.359 221025

Favor assinalar com um XO segurado é do sexo masculino:X

ou do sexo feminino:

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Emenda 20Dias equivalentes trabalhados até 16/12/98:8.359 221025

AposentadoriaPEDÁGIO da Emenda 20:883 251

Integral Tempo TOTAL, para o benefício:13.658 3751

Tempo que FALTA ser trabalhado:5.299 1467

AposentadoriaPEDÁGIO da Emenda 20:

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1.036 2102

Proporcional Tempo TOTAL, para o benefício:11.986 32102

Tempo que FALTA ser trabalhado:3.627 9118

Proporcionalidade - Matemática:

Proporcionalidade - Emenda 20, art. 9º, §1º, II:

6. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido, apenas para, reformando a sentença, reconhecer o tempo deserviço rural desempenhado pelo autor a partir dos 14 anos de idade completos (desde 30.06.1970 a 31/12/1986). Semcondenação em custas, nem em honorários advocatícios, na forma do Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

27 - 0003660-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003660-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x LUIZ PAULO DA ROCHA (ADVOGADO: ES011179 - JOÃO PAULO DA MATTAAMBRÓSIO, ES011829 - HERON LOPES FERREIRA.).PROCESSO N.º 0003660-74.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: LUIZ PAULO DA ROCHARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. CONTRIBUIÇAO PARA O FUNSA. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO AOLANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO ART. 168, INCISO I, DO CTN.PRECEDENTES.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIÃO FEDERAL visando a reforma da sentença que julgou procedente opedido de restituição de valores recolhidos a título de contribuição ao FUNSA no período anterior a abril de 2001,considerando a prescrição decenal. Alega a UNIÃO, em síntese, que em se tratando de tributo com lançamento de ofício,

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deve-se reconhecer a prescrição qüinqüenal das parcelas pretendidas, com aplicação do art. 168, I, do CTN.

2. Acerca da matéria, observo que a contribuição paga pelos militares e destinada à assistência médico-hospitalar constituiprestação pecuniária compulsória, instituída por lei, cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, pagaem moeda e não constituindo sanção por ato ilícito, enquadra-se, portanto, no conceito de tributo (art. 3º, do CódigoTributário Nacional). Os militares não podem optar por aderir ou não ao fundo, pois o desconto para a manutenção éobrigatório (arts. 81 da Lei nº 5.787/72, Decreto nº 92.512/86 e 75 da Lei nº 8.237/91) e feito na folha de pagamento domilitar pelo órgão pagador.

3. Assim, observo que não se trata de lançamento por homologação, pois a União, que é o próprio sujeito ativo da relaçãojurídico-tributária, é quem pratica todos os atos relativos ao lançamento e, no caso, tratando-se tributo de lançamento deofício, assevero que o prazo prescrional relativo às ações de repetição de indébito é o qüinqüenal, previsto ns art. 168, I doCTN, pelo qual a contribuinte tem o prazo de 5 (cinco) anos, contados da extinção do crédito tributário, para pleitear arepetição do indébito.

4. Neste sentido, trago à colação julgado do E. STJ proferido nos autos do Resp 1.086.382/RS (DJ 14/04/2010), sob asistemática dos recursos repetitivos, no qual se discutiu sobre a natureza do FUSEX e sua restituição, tributo que tem amesma sistemática do FUNSA:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. REPETIÇÃO DEINDÉBITO. CONTRIBUIÇÃO AO FUSEX. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRESCRIÇÃO. TERMOINICIAL.1. O Fundo de Saúde do Exército (FUSEX) é custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seusdependentes, de assistência médico-hospitalar, cuja contribuição é cobrada compulsoriamente dos servidores. Acontribuição de custeio, por inserir-se no conceito de tributo previsto no art. 3º, do CTN, ostenta natureza jurídica tributária,sujeitando-se ao princípio da legalidade. (Precedentes: REsp 764.526/PR, DJ 07.05.2008; REsp 761.421/PR, DJ01.03.2007; REsp 692.277/SC, DJ 27.06.2007 ; REsp 789260/PR, DJ 19.06.2006).2. Consoante doutrina abalizada definindo o critério diferenciador das modalidades de lançamento, in verbis:"Ao estudar as modalidades de lançamento (...), a doutrina antecedente ou a superveniente ao Código Tributário Nacionalas classificam adotando como critério de classificação o maior ou menor concurso dos obrigados na atividade dolançamento, ou seja, o grau de colaboração entre Fisco e sujeito passivo. O critério tricotômico consagrado no CódigoTributário Nacional decorreria do grau de colaboração do sujeito passivo na preparação do lançamento. No lançamentodireto ou de ofício (CTN, art. 149) não haveria participação do sujeito passivo. No lançamento por declaração ou misto(CTN, art. 147) ocorreria uma colaboração entre Fisco e sujeito passivo. No lançamento por homologação (CTN, art. 150)maior seria a intensidade da colaboração, vale dizer, da participação do sujeito passivo, porquanto o Fisco se limitaria ahomologar os atos por ele praticados." (José Souto Maior Borges, in Lançamento Tributário, Editora Malheiros, 2ª edição, p.325/326)"A fonte inspiradora da tricotomia reside no índice de colaboração do administrado, com vistas à celebração do ato. Naprimeira hipótese (lançamento de ofício), a participação seria inexistente, uma vez que todas as providências preparatóriassão feitas nos cancelos da Administração. Na segunda (lançamento por declaração), colaboram ambas as partes, visandoos resultados finais do lançamento. Na última (lançamento por homologação), quase todo o trabalho é cometido pelo súdito,limitando-se o fisco a homologar os atos por ele praticados." (Paulo de Barros Carvalho, in Curso de Direito Tributário, Ed.saraiva, 20ª edição, p. 460)3. A contribuição social ao FUSEX configura tributo sujeito ao lançamento de ofício, que se processa mediante o descontoem folha do servidor militar pelo órgão pagador, o qual é mero retentor do tributo, não havendo qualquer participação dosujeito passivo da relação jurídico-tributária na constituição do crédito fiscal. (Precedentes: AgRg no AgRg no REsp1091390/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/02/2010, DJe 24/02/2010; EDcl noAgRg no Ag 1071228/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/11/2009, DJe 27/11/2009;AgRg no AgRg no REsp 1092064/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/10/2009,DJe 21/10/2009; REsp 1094735/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/02/2009, DJe11/03/2009)4. Destarte, o prazo prescricional a ser aplicado às ações de repetição de indébito relativas à contribuição ao FUSEX, queconsubstancia tributo sujeito ao lançamento de ofício, é o quinquenal, nos termos do art. 168, I, do CTN.5. In casu, as parcelas pleiteadas referem-se a recolhimentos indevidos efetuados de 30/9/1991 a 29/03/2001, tendo sido aação ajuizada em 04/06/2007, por isso que ressoa inequívoca a ocorrência da prescrição.6. Recurso especial desprovido.

5. Também neste sentido, trago à colação julgado da TNU em PEDILEF 200671950224425, DJ 11/03/2011, com a seguinteementa:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. CONTRIBUIÇÕES AO FUNSA E FUSEX.NATUREZA TRIBUTÁRIA DA EXAÇÃO. DIREITO À RESTITUIÇÃO. INCIDÊNCIA DO PRAZO PRESCRICIONALDESCRITO NA LEI COMPLEMENTAR N. 118/2005. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE LEI FEDERAL CONHECIDO EPROVIDO PARA DECLARAR A PRESCRIÇÃO DO DIREITO À RESTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. 1. Pedido de uniformizaçãoapresentado pela União Federal, referente à incidência da Lei Complementar nº 118/2005, à contribuição para o Fusex. 2.Existência de tempestividade no protocolo do presente incidente. 3. Temática das contribuições para o FUNSA e FUSEXdecidida pelo STJ - Superior Tribunal de Justiça, nos autos do Recurso Especial nº 2008.01.84005-6, de relatoria doMinistro LUIZ FUX, da Primeira Seção, em 26-04-2010. Conclusão de que Fundo de Saúde do Exército (FUSEX) é

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custeado pelos próprios militares que gozam, juntamente com seus dependentes, de assistência médico-hospitalar, cujacontribuição é cobrada compulsoriamente dos servidores, com natureza tributária, cujo lançamento é de ofício, processadomediante o desconto em folha do servidor militar pelo órgão pagador, o qual é mero retentor do tributo, não havendoqualquer participação do sujeito passivo da relação jurídico-tributária na constituição do crédito fiscal, com prazoprescricional quinquenal, nos termos do art. 168, I, do CTN. 4. Consequentemente, há direito à devolução às contribuiçõescujos recolhimentos estejam no interregno de 30/9/1991 a 29/03/2001. 5. Ação fora ajuizada em 19-04-2006. 6. Nítido odecurso do prazo prescricional, conforme sustentado pela União Federal. 7. Conhecimento e provimento do pedido deuniformização de interpretação de lei federal da União Federal, com esteio no art. 14, da Lei nº 10.259/2.001. 8. Declaraçãode prescrição do direito à restituição das parcelas indevidamente recolhidas a título de FUSEX, no interregno compreendidoentre 30-09-1991 e 29-03-2001, com fundamento no art. 269, inciso IV, do Código de Processo Civil.

6. No caso dos autos, adotando a orientação acima exposta, as parcelas pleiteadas referem-se a recolhimentos efetuadosantes de março de 2001 e, tendo sido a ação ajuizada em 26/05/2009, resta inequívoca a ocorrência da prescrição.

7. Em face do exposto, conheço do Recurso e DOU-LHE PROVIMENTO, para JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO, nostermos supra.

Sem condenação em custas, nem em honorários, em vista do disposto no art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuiz Federal – 2ª Relator da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

28 - 0002050-71.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002050-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO (ADVOGADO: MG123884 - CAUÃ PEREIRADE RESENDE.).RECURSO Nº 0002050-71.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSORELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE FÉRIAS NÃO GOZADAS. APLICAÇÃO DA SELIC A PARTIR DE 01.01.1996COMO CRITÉRIO DE ATUALIZAÇÃO PARA OS CASOS DE REPETIÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS (STJ, RESP1.111.189). RECURSO PROVIDO.

1. A União interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido de repetição de quantiarecolhida a título de imposto de renda incidente sobre o pagamento de férias não gozadas. Aduz, em síntese, a aplicaçãoda Taxa Selic como critério de correção do indébito. Contrarrazões às fls. 54/55.

2. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC éo critério de atualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido(STJ, RESP 1.111.189).

3. A SELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque jáabrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real.

4. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público.

5. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009 não se aplica aos casos de repetiçãode indébito porque foi reputada inconstitucional (STF, ADI 4.357).

6. Recurso da União conhecido e provido, para determinar que, a partir de 01.01.1996, se aplique a SELIC como critério deatualização (juros e correção monetária) para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data dorecolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). Sem condenação em custas, nem em honorários, haja vista o disposto noart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

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29 - 0002605-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002605-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO RANGEL DA COSTA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIANBERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).PROCESSO N. 0002605-54.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: PEDRO RANGEL DA COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO.SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de aposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência de constatação de incapacidade. Requer orecorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de total procedência do pedido.2. A aposentadoria por invalidez é benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social devido aos seguradosque ficam incapacitados para o trabalho, sendo exigido para sua concessão, além da qualidade de segurado, a carência e aincapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postos do INSS para arealização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento ou cessação dobenefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade total e permanente para o trabalho. Compulsadosos autos, observa-se que a parte possui 53 anos de idade, é motorista e que através do laudo pericial de fls. 75/76,elaborado por médico ortopedista, ficou constatado que apresenta queixa de dor na região lombar e cervical, comespondilodiscopatia cervical, apresentando exame físico com marcha normal sem auxílio, teste de lasegue negativo comquadris livres e sem limitação funcional, tendo o perito concluído pela ausência de incapacidade laborativa ortopédica nomomento do exame. Consta, ainda, informação de que a parte esta apta para andar, subir e descer escadas, podendotrabalhar sentado e ficar em pé.

5. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral, nessepasso, convindo destacar que apesar das queixas de dores, não foi comprovada a existência de enfermidade incapacitantee nem de limitações para o exercício da atividade habitual de caminhoneiro. Assim, diante dos elementos constantes nosautos, observo que não obstante a concessão administrativa da aposentadoria até a data de 01/10/2009, restoucomprovado através da revisão do INSS e da perícia judicial que houve melhora do quadro de saúde, motivos pelo qualreputo correto o cancelamento do benefício, não fazendo jus o autor ao restabelecimento do mesmo.

6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte em razões recursais, observo que referidos documentosde fls. 114/122 atestam a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessão dobenefício, por não constituírem prova robusta de incapacidade, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguidapelas Turmas Recursais do Espírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médicopericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidadelaborativa, há de prevalecer sobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiroconsagraram orientação no sentido de que “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefíciosprevidenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e daampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digamrespeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merecereforma a sentença que acolhe os fundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciárioou assistencial quando o recurso não trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para o restabelecimento do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo doperito e documentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade total e definitiva para o trabalho.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, em razão da gratuidade dejustiça deferida.É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

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30 - 0000643-59.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000643-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x JULIA NOJOSA LESSA DE FREITAS (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDOPIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.).PROCESSO Nº 0000643-59.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: JULIA NOJOSA LESSA DE FREITASRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ABONO DE PERMANÊNCIA. NATUREZA REMUNERATÓRIA.PRECEDENTE DO E. STJ. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

1. A UNIÃO interpôs recurso inominado visando a reforma da sentença que julgou procedente o pedido declaração deinexistência de relação jurídica entre as partes, referente a incidência de Imposto de Renda sobre o abono de permanência,condenando ainda a União a restituir ao autor os valores indevidamente recolhidos, observada a prescrição qüinqüenal. Emsuas razões recursais, a recorrente sustenta que o abono de permanência é adicional de natureza remuneratória, tendo-seem vista que a postergação da aposentadoria não configura perda patrimonial.2. Acerca da matéria, observo que o art. 153, III, da Constituição da República de 1988, estabelece a competência da Uniãopara instituir imposto sobre “renda e proventos de qualquer natureza”, sendo que o legislador infraconstitucional definiu noart. 43, caput, do Código Tributário Nacional, que a hipótese de incidência da norma jurídica tributária estaria relacionada à“aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, “assim entendido o produto do capital, do trabalho ou dacombinação de ambos” (inciso I), ou de proventos de qualquer natureza, “assim entendidos os acréscimos patrimoniais”não subsumidos no conceito de renda.3. Por sua vez, o art. 3º, §1º, da Emenda Constitucional n. 41/03, dispõe que o servidor público que tenha preenchido ascondições para aposentar-se com trinta anos de contribuição, se homem, e vinte e cinco anos de contribuição, se mulher, eopte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência, equivalente ao valor de sua contribuiçãoprevidenciária até completar as exigências para sua aposentadoria compulsória. O pagamento do referido abono visa àmanutenção da remuneração recebida pelo servidor, sem que sobre ela haja o desconto indevido de contribuiçãoprevidenciária, uma vez que o sujeito passivo já teria preenchido os requisitos exigidos para concessão de aposentadoriavoluntária. Portanto, o pagamento do abono de permanência não tem natureza indenizatória, valendo destacar que osvencimentos totais do servidor são acrescidos mediante a compensação operada entre a verba e o desconto que seja feitoda contribuição previdenciária.4. A propósito, assevero que a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp. 1.192.556/PE,submetido ao regime de julgamento previsto no art. 543-C do CPC, firmou entendimento de que os valores recebidos atítulo de abono permanência sujeitam-se à incidência de Imposto de Renda, em julgado cuja ementa trago à colação:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ABONO DE PERMANÊNCIA. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA.1. Sujeitam-se incidência do Imposto de Renda os rendimentos recebidos a título de abono de permanência a que sereferem o § 19 do art. 40 da Constituição Federal, o § 5º do art. 2º e o § 1º do art. 3º da Emenda Constitucional 41/2003, e oart. 7º da Lei 10.887/2004. Não há lei que autorize considerar o abono de permanência como rendimento isento.

5. Ante o exposto, CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para julgar improcedente a ação. Sem condenaçãoao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

31 - 0007377-31.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007377-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDSON BRAVIN(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: Juliana AlmenaraAndaku.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0007377-31.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: EDSON BRAVINRECORRIDO (A): UNIÃO FEDERALRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO INOMINADO. PRETENSÃO NÃO DEDUZIDA NA PETIÇÃO INICIAL.INOVAÇÃO EM SEDE RECURSAL. PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO.

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1. Trata-se ação visando a restituição do imposto de renda incidente sobre valores recebidos a título de verbas trabalhistas,quando da homologação da rescisão do contrato de trabalho. Da sentença que reconheceu a prescrição da pretensão,recorreu o autor pleiteando a restituição do imposto de renda sobre a aposentadoria complementar, recolhidas sob a égideda Lei 7.713/88.

2. Compulsados os autos, observa-se que embora o autor não tenha especificado na inicial sob quais verbas trabalhistashaveria incidência indevida de IR, trouxe as fls.11 o termo de rescisão do contrato de trabalho onde consta a incidência doimposto sob algumas verbas trabalhista, entretanto, já em sede razões recursais, às fls. 128, pede expressamente “Assim,cumpre ao(a) recorrente informar a esta Egrégia Turma julgadora de que se pretende através da presente demanda é arestituição do imposto de renda pago incidente sobre a complementação de aposentadoria no período de 01/01/89 a31/12/1995.”

3. Assim, percebe-se que a pretensão veiculada no recurso inominado versa sobre matéria diversa da inicial e estranha aosautos, articulada de forma descompassada com a causa de pedir e do pedido da demanda, avultando, na espécie, inovaçãoem sede recursal. Nesse sentido: (STJ, ROMS - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA nº 24234,Proc. nº 2007.01.17100-9/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 05/05/2009, DJ. 21/05/2009), (STJ, ROMS - RECURSOORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA nº 27291, Proc. 2008.01.49249-4/PB, Rel. Min. Felix Fischer, j: 10/03/2009,DJ 30/03/2009), (STJ - AgRg no REsp: 1422014 SP 2013/0391430-2, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data deJulgamento: 11/03/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/03/2014) e (TRF-3 - AC: 7667 MS1999.60.00.007667-9, Relator: JUIZ CONVOCADO ROBERTO JEUKEN, Data de Julgamento: 29/09/2009, SEGUNDATURMA)

5. Por estes fundamentos, não conheço do recurso interposto.

Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, uma vez que a literalidade do art. 55, caput, da Lei9.099/1995, exige que haja recorrente vencido, sendo que, na hipótese, o recurso sequer foi conhecido (Processo: ACJ18977820118070011 DF 0001897-78.2011.807.0011 Relator WILDE MARIA SILVA JUSTINIANO RIBEIROJulgamento:31/01/2012 órgão Julgador 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal Publicação:13/03/2012, DJ-e Pág. 222).

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

32 - 0006032-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006032-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x JOAQUIM VENTURA FILHO (ADVOGADO: ES011804 -PAULO SÉRGIO COCO ASCACIBAS.).RECURSO Nº 0006032-93.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: JOAQUIM VENTURA FILHORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. TERMO A QUO DOS JUROS DE MORA. DATA DO RECOLHIMENTOINDEVIDO. PRECEDENTE DO STJ. RECURSO DA UNIÃO. SENTENÇA MANTIDA. REFORMA DE OFÍCIO QUANTO ÀTAXA SELIC.

1. Trata-se de recurso visando a reforma da sentença que julgou parcialmente procedente a ação e condenou a UNIÃO àrestituição de valores referentes a devolução do IR dos períodos de 2004 a 2008, com juros de mora de 0,5% ao mês acontar da citação. Requer o recorrente, em síntese, a modificação do termo a quo dos juros fixados na sentença, com aaplicação da taxa de juros somente após o transito em julgado da sentença, nos termos do art. 167, §ú. do CTN e Súmula188 do STJ, e não da citação, conforme decidido pelo juízo a quo.

2. Acerca da aplicação dos juros de mora em matéria tributária, assevero que por força do art. 39 da Lei 9.250/1995 e semafronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996 o critério de atualização que vem sendo utilizado para oscasos de repetição dos tributos federais é a SELIC, que deve incidir desde a data do recolhimento indevido. Neste sentido,trago à colação julgado da 1ª Seção do E. STJ (Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 25/05/2009):

TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO DE TRIBUTO ESTADUAL. JUROS DE MORA. DEFINIÇÃO DATAXA APLICÁVEL.1. Relativamente a tributos federais, a jurisprudência da 1ª Seção está assentada no seguinte entendimento: na restituiçãode tributos, seja por repetição em pecúnia, seja por compensação, (a) são devidos juros de mora a partir do trânsito emjulgado, nos termos do art. 167, parágrafo único, do CTN e da Súmula 188/STJ, sendo que (b) os juros de 1% ao mês

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incidem sobre os valores reconhecidos em sentenças cujo trânsito em julgado ocorreu em data anterior a1º.01.1996, porque, a partir de então, passou a ser aplicável apenas a taxa SELIC, instituída pela Lei 9.250/95, desde cadarecolhimento indevido (EResp 399.497, ERESP 225.300, ERESP 291.257, EResp 436.167, EResp 610.351).2. Relativamente a tributos estaduais ou municipais, a matéria continua submetida ao princípio geral, adotado pelo STF epelo STJ, segundo o qual, em face da lacuna do art. 167, § único do CTN, a taxa dos juros de mora na repetição de indébitodeve, por analogia e isonomia, ser igual à que incide sobre os correspondentes débitos tributários estaduais ou municipaispagos com atraso; e a taxa de juros incidente sobre esses débitos deve ser de 1% ao mês, a não ser que o legislador,utilizando a reserva de competência prevista no § 1º do art. 161 do CTN, disponha de modo diverso.3. Nessa linha de entendimento, a jurisprudência do STJ considera incidente a taxa SELIC na repetição de indébito detributos estaduais a partir da data de vigência da lei estadual que prevê a incidência de tal encargo sobre o pagamentoatrasado de seus tributos. Precedentes de ambas as Turmas da 1ª Seção.4. No Estado de São Paulo, o art. 1º da Lei Estadual 10.175/98 prevê a aplicação da taxa SELIC sobre impostos estaduaispagos com atraso, o que impõe a adoção da mesma taxa na repetição do indébito.5. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08.

3. Assim, a SELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porquejá abrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real, devendo ter como termo a quo a data dorecolhimento indevido das parcelas.

4. No que se refere aos critérios de correção dos valores, a sentença deve se adequar ao entendimento expresso doSupremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (naredação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09,que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97.Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo ser utilizada a SELIC.

5. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério de atualização para os casos de repetição dos tributosfederais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189), não podendo ser cumulada com qualqueroutro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real. Por ser normaespecífica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmoque o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009,ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito, devendo ser reformada a sentença de ofício quanto aeste ponto.

6. Por estes fundamentos, conheço e nego provimento ao recurso nos termos supra, reformada de ofício a metodologia deatualização, para determinar a incidência tão-somente da SELIC que abrange correção monetária e juros.

Sem custas. Condeno o recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor dacondenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relator da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

33 - 0000083-16.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000083-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA BORGESRODRIGUES (ADVOGADO: ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).RECURSO N. 0000083-16.2008.4.02.5053/01RECORRENTE: MARIA DA PENHA BORGES RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SATISFATÓRIO, PORÉM NÃOCORROBORADO PELA PROVA TESTEMUNHAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO DO DECUJUS À ÉPOCA DO ÓBITO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de pensão por morte (rural), por faltade qualidade de segurado do de cujus, Sr. Jacy Rodrigues. Alega, em síntese, ausência de impugnação, por parte do INSS,quanto ao exercício de atividades agrícolas pelo falecido marido da autora no último ano antes do seu falecimento; falta demotivação da sentença; que o câncer independe de carência, a teor do disposto no art. 151 da Lei 8.213/1991; a existênciade provas materiais da condição de rurícula do de cujus; e que o fato de as testemunhas da parte autora não saberem dasatividades exercidas por ela e seu falecido marido nos últimos três anos não implica em desconhecimento de suasatividades agrícolas. Contrarrazões à fl. 134.

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2. Para o reconhecimento do direito à pensão por morte, a legislação previdenciária de regência exige não somente acomprovação da dependência econômica, que, no caso de cônjuge é presumida, mas também a comprovação daqualidade de segurado do falecido, na data do óbito.

3. A comprovação do exercício de atividade rural pelo de cujus, Sr. Jacy Rodrigues, tem suporte em suficiente início deprova material: na certidão de casamento ocorrido em 03/07/1972 consta a profissão de lavrador do de cujus (fl. 11);carteira do sindicato rural com filiação em 20/07/1973 (fl. 08); ficha de atualização cadastral agropecuária de maio de 1990(fls. 15/16); contratos de parceria agrícola entre os anos de 1988 e 1996 (fls. 17/20) e certidão de óbito de fl. 09, na qualconsta a profissão do de cujus como agricultor.

3. O de cujus possui um vínculo urbano no período de 17/03/1998 a 2001 com a Prefeitura de Linhares/ES na condição debraçal (fl. 25). A Turma Nacional de Uniformização já uniformizou o entendimento de que o tempo de serviço rural não ficadescaracterizado pelo exercício de atividade urbana durante curtos períodos de forma intercalada com atividade rural dentrodo período de carência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. Juiz Manoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ 19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza JoanaCarolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF 0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013).

5. Com efeito, a improcedência do pedido da autora deveu-se ao fato de que, após o vínculo urbano mencionado,encerrado em 2001 e, considerando o óbito ocorrido em 2004, não ter havido indícios de labor rural por parte do de cujus,uma vez que os depoimentos da própria autora e suas testemunhas foram evasivos e não trouxeram elementos “quepudessem corroborar a prova material apresentada”.

6. Em que pese constar nos autos início de prova material quanto ao exercício de atividade rural pelo de cujus, para ocumprimento dos requisitos concessivos do benefício de pensão por morte, tal prova deve estar corroborada com a provatestemunhal idônea.

7. No caso, apesar de constar da certidão de óbito que o falecido marido da autora laborava como lavrador (fl. 09), aprimeira testemunha não soube informar se o de cujus exerceu atividade rural após o vínculo urbano, mesmo porqueconviveu com aquele por curto período, e as demais testemunhas afirmaram terem perdido contato com a parte autora esua família, mostrando-se contraditórios quando perguntados acerca do exercício de atividade rural após vínculo urbano,nada sabendo, inclusive, acerca do seu vínculo urbano. Também a autora em seu depoimento não trouxe elementosconvincentes acerca do labor rural de seu falecido marido.

8. Quanto à alegação de que o câncer independe de carência, importante dizer que a Lei 8.213/1991 informa em seu artigo26, inciso II, que o segurado portador de neoplasia maligna (câncer) poderá se aposentar por invalidez ou receberauxílio-doença, independentemente de haver recolhido o número mínimo de contribuições mensais necessárias para apercepção destes benefícios. No caso, inexiste qualquer prova de que o de cujus tenha, em algum momento, se filiado aoregime geral de previdência. Quanto ao mais, conforme já mencionado, não logrou comprovar que no período após aruptura do seu vínculo laboral com a Prefeitura de Linhares/ES tenha retomado as suas atividades como agricultor.

9. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Condeno a recorrente vencida ao pagamento das custas processuais edos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficarásuspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei1060/1950, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

34 - 0001022-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001022-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MARIA ELIZA CALAZANS DE SOUZA(ADVOGADO: ES004497 - DICK CASTELO LUCAS, ES005044 - ANTONIO SERGIO BROSEGUINI.).PROCESSO Nº 0001022-34.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRECORRIDO(A): MARIA ELIZA CALAZANS DE SOUZARELATOR: JUIZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO / EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA. DANOS MORAIS. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DECOMPROVAÇÃO DE ATO ILÍCITO. RECURSO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido condenando a autarquiafederal ao pagamento auxílio-doença com efeitos retroativos à data da cessação do pagamento, convertendo-o emaposentadoria por invalidez com DIB em 11/5/2010, bem como ao pagamento de indenização por dano moral arbitrada emR$ 2.500,00. Recorreu o INSS requerendo, em síntese, a exclusão do pagamento de indenização por danos morais.

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2. Ao início, indefiro o pedido de fls. 93, tendo em vista que a Lei n o. 10.259/2001, no artigo 17, ao tratar sobre opagamento de quantia certa e a expedição de requisição de pequeno valor, em seu § 3º, veda o fracionamento, repartiçãoou quebra do valor da execução especificamente para fins de expedição de requisição de pequeno valor e precatóriocomplementar ou suplementar do valor pago, sendo que a expedição de duas requisições no mesmo processo terminariapor tumultuar o pagamento, representando medida que prejudica, assim como a grande quantidade de recursos, a própriaprestação jurisdicional.

3. Quanto ao pedido de exclusão da condenação em danos morais, o recurso merece provimento. Com efeito, a parteautora não logrou comprovar efetivo dano aos direitos da personalidade decorrente do indeferimento do pedido, convindoanotar que, a priori, a negativa na concessão do benefício pela autarquia previdenciária não constitui ato ilícito, tendo emvista que as conclusões da perícia administrativa são decorrentes de analises e exames clínicos inerentes ao exercício damedicina, que não constitui uma ciência exata. Ademais, consoante entendimento sedimentado nas Turmas Especializadasem Direito Previdenciário do TRF2ª Região, cabe ao INSS no exercício de suas atribuições verificar a regularidade daconcessão dos benefícios previdenciários, não havendo que se falar em ilicitude na prática de prerrogativa legal que visa aocumprimento de gestão administrativa. A propósito:

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA COM POSTERIOR CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL E TEMPORÁRIA A ENSEJAR, APENAS,O RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO. TERMO INICIAL A PARTIR DA INDEVIDA CESSAÇÃO. DANO MORAL NÃOCARACTERIZADO. INCIDÊNCIA DA LEI 11.960/2009. PRECEDENTES. DESPROVIMENTO DO RECURSO DO AUTOR EPROVIMENTO PARCIAL DA APELAÇÃO DO INSS E DA REMESSA NECESSÁRIA.(...)4. Da análise dos autos afigura-se essencialmente correta a sentença pela qual o MM. Juízo a quo julgou procedente, emparte, o pedido, ao reconhecer o direito da parte autora somente ao restabelecimento do benefício de auxílio-doença desdea data da cessação, em vista das informações contidas no laudo pericial de fls. 189/197 que dão conta de que o autor éportador de sequela de artrose de coluna vertebral e discopatia degenerativa lombar, inerentes a sua faixa etária, bursite deombro direito e epicondilite de cotovelo direito, fatores que o impedem de exercer as funções laborativas de mecânico por180 dias, aduzindo que o próprio INSS reconheceu a existência de incapacidade de o autor de janeiro de 2008 a 2010,tendo, inclusive, após a cessação do benefício e já no curso da presente demanda, constatado a incapacidade laborativa doautor, pelo que prorrogou o benefício até março de 2010, não havendo que falar, contudo, em aposentadoria por invalidez,vez que ficou patente a possibilidade de recuperação.5. Não se justifica, no caso, a condenação da autarquia ao pagamento de indenização a título de dano moral, pois comobem afirmou o magistrado a quo, o fato de o pedido administrativo de restabelecimento ter sido indeferido não é motivosuficiente para caracterizar o dano moral, até porque cabe ao INSS no exercício de suas atribuições verificar a regularidadede manutenção dos benefícios previdenciários, vez que sempre é possível, em tese, a recuperação de um segurado que seencontra em gozo de benefício por incapacidade laboral, pois ainda que tal avaliação da autarquia tenha se reveladoequivocada, seria ainda necessário a devida comprovação do dano moral por parte do órgão previdenciário, o qual comodito, se encontrava no exercício de sua atribuição institucional.6. Tampouco há que falar em cerceamento de defesa, pois a prova testemunhal além de não se prestar à comprovação deincapacidade laboral, não pode ser utilizada isoladamente para demonstração de dano moral, servindo, quando muito, paracorroborar prova material previamente produzida a esse respeito, o que não ocorreu no caso, não restando assimcaracterizado o alegado dano.(...)(TRF-2 - REEX: 200851040038576, Relator: Desembargador Federal ABEL GOMES, Data de Julgamento: 25/02/2014,PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 18/03/2014);

PREVIDENCIÁRIO. DIREITO CIVIL. REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO. AUXÍLIO-DOENCA. CANCELAMENTO.DECADÊNCIA DO DIREITO SUBSTANTIVO OU DE FUNDO. PRINCIPIO DA ACTIO NATA. SUMULA 85 DO STJ.PRINCIPIO DA SOLIDARIEDADE. NATUREZA ALIMENTAR DO BENEFICIO. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. 1.Cancelado o beneficio previdenciário, a existência ou não do direito a que se refere deve ser reclamada no quinquênio legaldo Decreto nº 20.910/32, sob pena de decadência. Aplicação do principio da actio nata, a prol da segurança e estabilidadedas relações jurídicas. 2. Ante a fragilidade da perícia oficial, denegatória do auxílio-doença, afora o principio dasolidariedade e a natureza alimentar do beneficio, impende adotar-se a orientação da Súmula 85 do STJ, na exegese usualde que somente prescrevem as prestações debitórias e não o direito substantivo ou de fundo. 3. O dano moral indenizável éaquele resultante de atos infamantes ou arbitrários da autarquia previdenciária, que afligem aos direitos da personalidade, enão a mera denegação de benefício no exercício de prerrogativa legal visando ao cumprimento de gestão administrativa,ainda nos casos de decisão judicial favorável ao segurado. 4. O eventual direito à paga do dano moral deve apoiar-se emprova convincente de padecimento, abuso, trato humilhante, em suma, na prática de atos atentatórios da dignidade humanacomo centro vital dos direitos de toda pessoa. 5. Remessa parcialmente provida. Apelação desprovida.(TRF-2 - REEX: 200851018031118, Relator: Desembargadora Federal NIZETE LOBATO CARMO, Data de Julgamento:15/12/2011, SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: 11/01/2012)

4. Por estes fundamentos, CONHEÇO E DOU PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, para excluir a condenação aopagamento de indenização por danos morais, nos termos supra.

Sem custas e condenação em verba honorária, em virtude do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.

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É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

35 - 0001080-68.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001080-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALVINA CELIA MARQUES DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA, ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DESOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO N. 0001080-68.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: ALVINA CELIA MARQUES DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE RURAL. INDISPENSABILIDADE DE INÍCIO DE PROVA MATERIALCONTEMPORÂNEO AO PERÍODO QUE PRETENDE COMPROVAR. SÚMULA 34 DA TNU. AUSÊNCIA. VEDAÇÃO DACOMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL COM BASE EM PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. FALTA DEQUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS À ÉPOCA DO ÓBITO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de pensão por morte, por falta de qualidadede segurado do de cujus. Sustentou, em síntese, a existência de documentos que demonstram o exercício do labor ruralpor parte do seu falecido cônjuge, devidamente corroborado pelos depoimentos das testemunhas trazidas em juízo.Contrarrazões às fls. 83/85.

2. Para o reconhecimento do direito à pensão por morte, a legislação previdenciária de regência exige não somente acomprovação da dependência econômica, que, no caso de cônjuge é presumida, mas também a comprovação daqualidade de segurado do falecido, na data do óbito.

3. A controvérsia cinge-se, assim, à demonstração da qualidade de segurado na condição de trabalhador rural do de cujus,na medida em que, quando do requerimento administrativo do benefício, em 21/03/2006 (fl.33), apurou-se que ele já haviaperdido a sua qualidade de segurado (vínculos urbanos) há tempos por ter deixado de contribuir para o RGPS desde12/1990, conforme se infere das cópias da sua CTPS às fls. 28/29 e extrato de CNIS de fl. 44.

4. Para a comprovação da atividade laborativa exercida como rurícula no período de 01/1992 a 03/2003, sem o devidoregistro em carteira, torna-se necessária a apresentação de um início razoável de prova material, corroborada pela provatestemunhal. A declaração do proprietário rural anexada à fl. 30 é extemporânea ao período a que pretende servir comoprova (04/05/2009) e, por esse motivo, não pode ser aceito como início de prova material. De acordo com o a Súmula 34 daTNU, o início de prova material precisa ser contemporâneo ao período em que a atividade rural deve ser provada. Nestemesmo sentido, o STJ firmou entendimento de que a declaração de ex-empregador só vale como início de prova materialse contemporânea aos fatos alegados (STJ, AGRESP 200700691340/SP, Min. Rel. Paulo Gallotti, Sexta Turma, DJ20/10/2007, p. 00336). Pela mesma razão, não pode ser aproveitado como início de prova material o documento de fl. 51(certificado de dispensa de serviço militar), por ser datado de 28/06/1972.

4. Na certidão de casamento ocorrido em 07/05/1977 consta profissão do falecido marido da autora como pedreiro (fl. 21),assim como na certidão de óbito de fl. 22, datada de 18/03/2003. Também as fichas de matrícula dos filhos do de cujus, nasquais constam a sua profissão como sendo lavrador, também não podem ser consideradas, na medida em que datadas de21/09/2009 (fls. 52/57).

5. Enfim, não há nos autos nenhum documento apto a servir como início de prova material contemporâneo ao períodoalegado (entre os anos de 01/1992 a 03/2003 – data do óbito). Por outro lado, o ordenamento jurídico pátrio veda,expressamente, a prova exclusivamente testemunhal, conforme disposto no art. 55, § 3º, da Lei 8.213/1991. Deste modo,reputo ausente a qualidade de segurado do de cujus à época do óbito.

6. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, em razãoda gratuidade de justiça deferida.

É como voto._______________________________________________ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

36 - 0000840-42.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000840-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIOMAR ELIASBARBOSA (ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

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- INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).PROCESSO Nº 0000840-42.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: CLAUDIOMAR ELIAS BARBOSARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

ASSISTENCIA SOCIAL. LOAS. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. CRITÉRIO LEGAL.PROIBIÇÃO DE PROTEÇÃO INSUFICIENTE AOS DESTINATÁRIOS DA NORMA CONSTITUCIONAL (ART. 203, INCISOV, DA CF/88). SITUAÇÕES PARTICULARES AFERIDAS PELO MAGISTRADO PODEM DEMONSTRAR AINCAPACIDADE LABORAL OU A HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. GENITOR PERCEBE DOIS BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS. RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. AUSÊNCIA DO REQUISITO DEMISERABILIDADE. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO.

1. Recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício assistencial de prestação continuada (LOAS). Alega, em sintese, nte a comprovação do estado demiserabilidade, tendo em vista o fato de morar com seu pai (já idoso) e a única renda per capita do grupo familiar serproveniente de benefício previdenciário percebido pelo genitor.

2. O benefício assistencial previsto 203, inciso no artigo V, da Constituição Federal de 1988, tem por objetivo garantir asubsistência e a dignidade da pessoa humana ao individuo que, em razão de uma deficiência incapacitante para o trabalho,ou em razão da idade, não podem, por si próprios, ou por meio de recursos familiares, manter o seu sustento.

3. Por sua vez, a Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, ao regulamentar o dispositivo constitucional, emseu artigo 20, exige dois requisitos para a concessão do benefício assistencial de prestação continuada, quais sejam: acomprovação da idade avançada ou da condição de pessoa com deficiência e, cumulativamente, o estado demiserabilidade familiar.

4. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a matéria decidiu pela Declaração de Inconstitucionalidade, sem nulidade, paraas regras que estabelecem os requisitos para a concessão do benefício de prestação continuada, em razão de proibição daproteção insuficiente a destinatários da norma do artigo 203, inciso V, da CRFB/1998, reconhecendo a possibilidade deautorização para que os magistrados, atentos a situações particulares, aferidas caso a caso, distanciem-se do critério legal.

5. Quanto ao requisito da miserabilidade da parte requerente e de sua família, o STF, no julgamento do RE 567.985, semnegar valor ao parâmetro legal objetivo de um quarto do salário mínimo, declarou a inconstitucionalidade do § 3º, do artigo20, da Lei 8.742/93, sem nulidade da norma, no sentido de permitir que, por outros critérios, seja aferida a imperiosanecessidade da parte quanto ao benefício de amparo social.

6. Por outro tanto, ao julgar o RE 580.963, o STF, com base no mesmo fundamento, ou seja, proteção insuficiente, declaroua inconstitucionalidade do parágrafo único, do artigo 34, do Estatuto do Idoso, sem nulidade da norma, admitindo ainterpretação extensiva para abranger também os idosos que recebam aposentadoria ou pensão por morte, reservando-lheum salário mínimo. Ademais, apesar do texto do artigo 34, parágrafo único, da Lei n o. 10.741/2003, determinar quesomente o benefício de natureza assistencial, seria excluído do cálculo de renda per capita, não seria plausível que essainterpretação não se estendesse àqueles cujo benefício previdenciário no valor de um salário mínimo seja oriundo deaposentadoria por idade ou qualquer outro benefício previdenciário de igual valor, sob pena de violação aos princípios darazoabilidade e da igualdade.

7. A questão relativa ao requisito da incapacidade para atividades laborativas restou incontroversa nos autos, pois,conforme os termos da perícia médica de fls. 110/112, o autor é portador de Síndrome de Down, doença congênita, que,por suas características, resulta na incapacidade autor.

8. Não obstante, quanto ao requisito da hipossuficiência financeira, observo no relato social de fls. 91/93 que o autor residecom seu pai, pessoa idosa, e que a renda per capita auferida pela família é proveniente de dois benefícios previdenciáriosque o genitor percebe, sendo eles, um de aposentadoria, e o outro, referente à pensão por morte (de sua ex-esposa). Muitoembora se saiba que os benefícios previdenciários percebidos por pessoas idosas não será computado para fim da rendaper capita familiar, no presente caso o genitor recebe dois benefícios, que quando somados perfazem o valor de doissalários mínimos.

9. Dessa forma, o que é permitido é que se exclua do cômputo da renda familiar apenas um benefício previdenciáriopercebido por idoso no valor de um salário mínimo. No caso, por mais que se exclua um benefício recebido pelo genitor,ainda sim, se verifica a existência de um outro benefício no valor de um salário mínimo, o que demonstra que a renda dafamília é superior a ¼ do salário mínimo. Portanto, presente o requisito da incapacidade laborativa, no entanto, ausente o dahipossuficiência financeira, a concessão do benefício de amparo social não é medida que se impõem.

10. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, emrazão da gratuidade de justiça deferida.

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È como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relator da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

37 - 0003630-05.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003630-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL ROBERTO ALVESRODRIGUES (ADVOGADO: ES011992 - CARLOS ROBERTO MARTINS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA ETECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO - IFES.RECURSO Nº 0003630-05.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: MIGUEL ROBERTO ALVES RODRIGUESRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E OUTRORELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. ALUNO-APRENDIZ. TEMPO DE SERVIÇO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO IFES. É ÔNUS DA PARTEJUNTAR AOS AUTOS OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS À DEMONSTRAÇÃO DO SEU DIREITO. AUSÊNCIA DECOMPROVAÇÃO DE REMUNERAÇÃO À CONTA DA UNIÃO, MESMO QUE INDIRETA. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o seu pedidode averbação de tempo de serviço prestado na condição de aluno-aprendiz. Alega, em síntese, a necessidade demanifestação do litisconsorte IFES, uma vez que não forneceu ao recorrente o atestado complementar à certidão de tempoescolar, no qual consta a retribuição pecuniária a conta da União recebida enquanto estudante daquela instituição federal.Contrarrazões às fls. 51/55.

2. Em se tratando de pretensão que consiste unicamente em averbação previdenciária, desnecessária a participação doIFES no processo, não havendo que se falar em litisconsórcio passivo na hipótese.

3. É ônus da parte autora juntar aos autos toda a documentação necessária à demonstração do seu direito. No caso, nãofoi sequer questionado, na inicial, qualquer empecilho porventura praticado pelo IFES, no sentido de fornecer o documentopleiteado (atestado complementar à certidão de tempo de serviço). Não pode o juiz, advirta-se, substituir-se à atuação daspartes na produção probatória.

4. Diferentemente dos regulamentos anteriores, que limitavam o aproveitamento do tempo de serviço de aluno-aprendiz emescola técnica ao período de vigência do Decreto-Lei 4.073/1942, o art. 60, XXII, do Decreto 3.048/1999 permite aaverbação de qualquer período, desde que comprovados o vínculo contratual de aprendizado profissionalizante e aremuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público.

5. “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta doorçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária.”(Súmula 18/TNU).

6. “Conta-se para todos os efeitos, como tempo de serviço público, o período de trabalho prestado, na qualidade dealuno-aprendiz, em Escola Pública Profissional, desde que comprovada a retribuição pecuniária à conta do Orçamento,admitindo-se, como tal, o recebimento de alimentação, fardamento, material escolar e parcela de renda auferida com aexecução de encomendas para terceiros.” (Súmula 96/TCU). No mesmo sentido, a admitir como remuneração indireta aprestação de vestuário, alimentação, material escolar, pousada e assistência médico-odontológica, a jurisprudência da TNU(PEDIDO 200650500062454) e do STJ (AGRESP 1.147.229).

7. No caso concreto, a parte autora não comprovou haver preenchido os requisitos referidos pela Súmula 96/TCU e art. 60,XXII, do Decreto 3.048/1999, tendo juntado aos autos apenas a sua certidão de tempo escolar (fl. 19), na qual apenasconsta a sua freqüência escolar no período de 1977 a 1979, não servindo, portanto, para demonstrar que ela recebeu, àConta da Dotação Global da União, alimentação, calçados, vestuário, material didático, atendimento médico-odontológico,pousada, entre outros tipos de serviços.

8. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Extingo o feito, sem resolução de mérito, na forma do art. 267, VI, doCPC, com relação ao segundo réu, IFES, por ilegitimidade passiva ad causam, devendo os autos ser remetidos a SEDIJEFpara fins de exclusão da referida autarquia do pólo passivo desta ação. Condeno o recorrente em custas e honoráriosadvocatícios de 10% do valor atualizado da causa, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal

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(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

38 - 0002271-25.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002271-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LILA CARDOSO(ADVOGADO: ES009460 - JULIANA PAES ANDRADE, ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO, ES004514E -JUCÉLIA CÔGO, ES003882E - JARDEL SABINO DE DEUS.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GERONIMO THEML DEMACEDO.).RECURSO Nº 0002271-25.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: LILA CARDOSORECORRIDOS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E OUTRARELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO POR MORTE. ALEGAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PROVATESTEMUNHAL CONSTITUÍDA NA JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL. AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL NOS AUTOS. UNIÃOESTÁVEL NÃO COMPROVADA. PRECEDENTES DO E. TRF2. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora de sentença que julgou improcedente a ação de concessãode pensão por morte sob o fundamento de que, embora a união estável tenha sido comprovada pelo depoimento detestemunhas, mesmo tendo sido intimada por diversas vezes a autora não juntou aos autos qualquer prova material daalegada convivência em comum (fotos do casal, contas pagas, etc.). Alega a recorrente, em síntese, que não manteve osdocumentos solicitados tendo em vista que já se passaram mais de 10 anos do falecimento do companheiro, e que aausência de prova documental não pode ser suficiente para afastar o direito, comprovado pelas testemunhas.

2. Ao início, assevero que pensão por morte, segundo dispõe o art. 74 da Lei 8.213/1991, será devida ao conjunto dosdependentes do segurado que falecer, aposentado ou não. Da leitura do dispositivo legal mencionado depreende-se quesão requisitos para a concessão da pensão por morte: a) a prova da qualidade de dependente do segurado que falecer; e,b) que o falecido seja, à época do óbito, segurado da Previdência Social, ou tenha preenchido todos os requisitos paraobtenção de aposentadoria, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.

3. Os dependentes do segurado estão elencados no art. 16 da Lei de Benefícios da Previdência Social, que assim dispõe, inverbis:“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)anos ou inválido;II – os pais;III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;IV – (Revogado pela Lei nº 9.032/95).”

4. Comprovada a existência de união estável à época do óbito do segurado, a dependência econômica do (a) companheiro(a) é presumida, considerando-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável como segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. (art. 16, §§ 3º e 4º, da Lei8.213/1991). Importa registrar que o de cujus era solteiro e não deixou filhos.

5. No caso dos autos, consta as fls.114/124 que em processo de justificação judicial o depoimento de 3 testemunhas foihomologado pelo juízo no sentido de comprovarem a alegada união estável que, segundo as testemunhas ouvidas, se deupor mais de 30 anos. Entretanto, na presente demanda visando a pensão por morte, intimada por diversas vezes a juntaraos autos prova documental da alegada convivência em comum, a autora quedou-se inerte, alegando em razões recursaisque após a morte do marido, que se deu há mais de 10 anos, não manteve nenhuma documentação. Ora, se a convivênciado casal se deu por tantas décadas, como não haveria qualquer resquício documental da alegada união estável? Sequeruma foto ou comprovante em nome do de cujus? Neste ponto, convém destacar que a prova produzida em processo dejustificação é frágil para comprovar a união estável, tendo em vista que não foi produzida sob o manto do contraditório e daampla defesa e por isso não constitui meio suficiente para, por si só, comprovar o alegado direito da autora, sendo queneste contexto, a existência da prova material constitui condição que, além de comprovar e conferir segurança ao juízoacerca do direito pleiteado, constitui requisito da jurisprudência pátria para concessão do benefício, conforme julgados cujasementas trago a colação:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL - PENSÃO CIVIL - CONCESSÃO - COMPANHEIRA - UNIÃO ESTÁVEL COMOENTIDADE FAMILIAR - NÃO COMPROVAÇÃO - PROVA TESTEMUNHAL CONSTITUÍDA NA JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL -PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA” DESPROVIDO DE LITIGIOSIDADE - VALIDADE E EFICÁCIA DASENTENÇA (ART. 866, DO CPC)- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - REDUÇÃO - ABSOLUTAMENTE INCAPAZ.I - Como um dos procedimentos de jurisdição voluntária” (rectius: administração pública de interesses privados), ajustificação judicial evidencia-se desprovida de qualquer caráter contencioso, razão por que a sentença nela proferida (art.866, do CPC) ostenta eficácia limitada e diferenciada da de sentença por meio da qual se solva, regular e definitivamente,uma lide.II - A prova constituída (ou evidenciada) em procedimento de justificação judicial ostenta validade e eficácia próprias,autônomas e independentes de qualquer processo futuro, mas, de outro giro, não tem o condão ilimitado de assegurar oreconhecimento, consecução ou constituição de direito, pretensão ou vantagem se, apresentada em processo contencioso,

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resta definitivamente ilidida ou não confirmada por outros meios de prova neste coligidos, segundo regular juízo de valoremitido pelo Magistrado da causa litigiosa.III - Ademais destas considerações, é de se sublinhar, no âmbito do direito de companheira à pensão por morte, que asprovas constituídas em procedimento de justificação judicial e trazidas aos autos principais, a título de provas emprestadas,não se revelam elemento bastante e suficiente à comprovação da união estável para obtenção do referido benefício, para oqual devem concorrer também outras provas, no processo contencioso, a lastrear aquelas.IV - Assim, a par da referida inidoneidade de prova constituída em justificação funcionar, por si só, como prova daexistência de convivência duradoura, pública e contínua, estabelecida com objetivo de constituição de família, é de seconstatar, in casu, a fragilidade do suporte probatório, porquanto a autora alega ter vivido por 15 (quinze) anos com oex-servidor e não juntou aos autos nenhum documento capaz de corroborar as frágeis provas produzidas na justificação, oque desautoriza o reconhecimento do direito da autora à pensão.V - Em razão de ser a autora absolutamente incapaz, dou parcial provimento à apelação para reduzir as verbas honoráriasde 5% (cinco por cento) para 1% (um por cento) sobre o valor da causa.(TRF-2, Relator: Desembargador Federal SERGIO SCHWAITZER, Data de Julgamento: 02/05/2012, OITAVA TURMAESPECIALIZADA)

ADMINISTRATIVO. CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRA DE SERVIDOR FALECIDO.DESIGNAÇÃO EXPRESSA. DESNECESSIDADE. PROVA TESTEMUNHAL COLHIDA EM AÇÃO DE JUSTIFICAÇÃO.AUSÊNCIA DE PROVA DOCUMENTAL. UNIÃO ESTÁVEL COMO ENTIDADE FAMILIAR NÃO COMPROVADA.IMPOSSIBILIDADE. ART. 217, I, “C”, DA LEI Nº 8.112/90.I. Conforme preconizado no art. 217, I, “c”, da Lei nº 8.112/90, a companheira designada que comprovar a união estávelcomo entidade familiar faz jus à pensão por morte de servidor público.II. Como cediço, a ausência de designação expressa nos assentamentos funcionais do de cujus não constitui óbice àconcessão da pensão estatutária prevista no art. 217, I, c, da Lei 8.112/90, desde que fique comprovada a união estávelcomo entidade familiar (RESP 196711/ RJ, in DJ de 10/05/1999; e RESP 177441/ PE, in DJ de 26/04/1999).III. Contudo, a prova exclusivamente testemunhal somente é válida quando apoiada em início razoável de prova material.Precedentes do STJ.IV. Assim, uma vez não comprovada a união estável a que alude o § 3º do artigo 226 da Constituição, não é de seconsiderar a autora companheira do de cujus, sendo, portanto, impossível instituí-la na condição de beneficiária doex-servidor, à míngua de amparo legal.(TRF-2 - AC: 313398 RJ 2001.51.10.003482-4, Relator: Desembargador Federal SERGIO SCHWAITZER, Data deJulgamento: 28/09/2005, SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data::09/11/2005 - Página::47)

6. Por fim, apenas para esclarecer, assevero que no caso dos autos não há de se aplicar o teor da Súmula n. 63 da TNU(“A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material”)tendo em vista que, conforme explicitado acima, a homologação do depoimento das testemunhas se deu sem a contraditada prova pelo INSS e em procedimento que não obedece aos princípios do contraditório e ampla defesa, portanto, in casu,não constitui a prova testemunhal meio suficiente para, por si só, comprovar a alegada união estável.

7. Por estes fundamentos, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA, mantendo-se asentença por seus próprios fundamentos. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relator da 2ª Turma(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

39 - 0002208-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002208-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LÚCIA FONSECA(ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO, ES015429 - ANA ELISA MOSCHEN.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x NILZA MARIAEGGERT BORCHARDT (ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARESMACEDO.).RECURSO Nº 0002208-29.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA LÚCIA FONSECARECORRIDOS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E OUTRARELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE FILHO. COMPROVAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL ENTRE O FILHO E ACO-RÉ NÃO AFASTADA PELA MÃE DO DE CUJUS. EXISTÊNCIA DE DEPENDENTE DA PRIMEIRA CLASSE EXCLUI ODIREITO ÀS PRESTAÇÕES AOS DAS CLASSES SEGUINTES. ART. 16, § 1º, DA LEI 8.213/1991. RECURSO DAAUTORA IMPROVIDO.

1. A autora recorreu da sentença que julgou improcedente o seu pedido de pensão por morte, diante do reconhecimento de

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união estável entre o de cujus, filho da autora, e a segunda ré, companheira do mesmo, beneficiária de primeira classe,haja vista o disposto no art. 16, § 1º, da Lei 8.213/1991. Alega, em síntese, a ausência de comprovação de união estávelentre o de cujus e a segunda ré, Sra. Nilza Maria Eggerth Borchardt. Contrarrazões do INSS às fls. 290/294 e da co-ré àsfls. 298/303.

2. A pensão por morte, segundo dispõe o art. 74 da Lei 8.213/1991, será devida ao conjunto dos dependentes do seguradoque falecer, aposentado ou não. Da leitura do dispositivo legal mencionado depreende-se que são requisitos para aconcessão da pensão por morte: a) a prova da qualidade de dependente do segurado que falecer; e, b) que o falecido seja,à época do óbito, segurado da Previdência Social, ou tenha preenchido todos os requisitos para obtenção de aposentadoria,segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.

3. Os dependentes do segurado estão elencados no art. 16 da Lei de Benefícios da Previdência Social, que assim dispõe, inverbis:“Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)anos ou inválido;II – os pais;III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido;IV – (Revogado pela Lei nº 9.032/95).”

4. Comprovada a existência de união estável à época do óbito do segurado, a dependência econômica do (a) companheiro(a) é presumida, considerando-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável como segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. (art. 16, §§ 3º e 4º, da Lei8.213/1991). Importa registrar que o de cujus era solteiro e não deixou filhos.

5. No caso dos autos, ficou demonstrada a relação de união estável entre a co-ré, Nilza Maria Eggerth Borchardt e osegurado falecido Aurelino Lucio Fonseca, consoante se infere dos seguintes documentos: declaração da Clínica MédicaSão Lucas (fl. 80); cópias de documentos pessoais do de cujus de posse da co-ré, tais como certidão de nascimento (fl 81),certificado de reservista (fls. 83/84), Carteira de Identidade, CPF e Título de Eleitor (fl.91); comprovantes de residência emnome do de cujus e da co-ré demonstrando residirem no mesmo imóvel (fls. 89/90, 95/97, 99/100, 152, 154, 263/265);declaração do Hospital São Lucas informando que a co-ré compareceu diariamente ao hospital para acompanhamento doquadro clínico e visitas regulares ao de cujus durante o tempo em que permaneceu internado na unidade semi-intensiva (fl.98); contrato de locação de imóvel situado no município de Santa Maria de Jetibá/ES, em que o de cujus e a co-réaparecem como locatários datado de 2007 (fls. 101/102); depoimentos prestados em justificação administrativa perante oINSS (fls. 106/110), uníssonos em confirmar a união estável entre ambos.

6. Nos termos do § 1º do artigo 16 da Lei 8.213/1991, a existência de dependente de qualquer das classes enumeradasexclui do direito às prestações os das classes seguintes. Nesse contexto, a companheira aparece na primeira classe,consoante inciso I, do mencionado diploma legal.

7. Assim, para fazer jus ao benefício ora pleiteado, caberia à autora comprovar não só que dependesse economicamentedo seu filho falecido, mas também que a atual beneficiária não era companheira do mesmo. Na hipótese, se por um lado aautora colacionou início de prova material demonstrando a sua relação de dependência econômica para com o de cujus,por outro, não conseguiu descaracterizar a existência de união estável entre este último e a co-ré Nilza Maria EggerthBorchardt.

8. A concessão de pensão à esposa ou companheira, na forma da lei, exclui a possibilidade de concessão do mesmobenefício às demais pessoas mencionadas nos incisos II e III da Lei 8.213/1991, entre eles a mãe e o pai do instituidor dapensão, ainda que comprovem dependência econômica do segurado falecido (§ 1º do artigo 16 da Lei 8.213/1991).

9. Recurso conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, em razão da gratuidadede justiça deferida.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

40 - 0001609-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001609-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALDECY DOS SANTOS(ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO Nº 0001609-56.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: ALDECY DOS SANTOSRECORRIDO(A): INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO / EMENTA

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PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RAZÕES RECURSAISVERSANDO SOBRE PERÍODO DIVERSO DA INICIAL. INOVAÇÃO RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.RECURSO NÃO CONHECIDO.

1. Trata-se de ação visando a concessão do auxílio doença com conversão em aposentadoria por invalidez desde20/04/2009. A sentença de fls. 104/105 julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o INSS a converter obenefício de nº 31/545.971.287-0 em aposentadoria por invalidez com DIB em 20/4/2009. Apresentou a parte autora recursoinominado requerendo, em síntese, a condenação da autarquia previdenciária “a converter o benefício NB 31/521.105.892-1em aposentadoria por invalidez com DIB em 04/07/2007”2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso dos autos, a perícia médica de fls. 91 atestou que o autor possui neuritte óptica desmielinizante em ambos osolhos, doença que causa baixa visual importante e o incapacita de forma definitiva para o exercício de qualquer atividadelaboral, informando ainda que segundo informação colhida na anamnse e em outros laudos médicos trazidos pelo paciente,o início da incapacidade se deu em maio de 2007.

5. Através de consulta ao sistema PLENNUS, observa-se que o autor esteve em gozo dos seguintes benefícios:- auxílio doença nº 5211058921 no período de 04/07/2007 a 31/10/2007,- auxílio doença nº 5459712870, com DIB em 20/04/2009 e DCB em 19/04/2009, ou seja, acompanhando o sistemaPLENNUS observa-se que referido NB foi cancelado em 29/08/2013, circunstância que coincide com o noticiado às fls.136/137, para dar origem a outro benefício e desta forma implementar o comando da sentença proferida nos autos,concedendo ao autor a aposentadoria por invalidez desde 20/04/2009.- aposentadoria por invalidez nº 6031015874, com DIB em 20/04/2009, ainda ativo.

6. Acerca das considerações acima, observa-se que, embora a perícia médica judicial tenha precisado o início daincapacidade do autor em maio de 2007, na inicial consta pedido de concessão de benefício previdenciário com DIB em20/04/2009 e, compulsados os autos, observa-se que em virtude da conclusão da perícia que fixou a data de início daincapacidade em momento anterior, o autor inovou em sede recursal requerendo a concessão de aposentadoria desde04/07/2007, ou seja, ultrapassou os limites da lide fixados na petição inicial, circunstância vedada pelo sistema processualbrasileiro, conforme exegese dos artigos 128, 300 e 302, do CPC.

7. Desta forma, percebe-se que a pretensão veiculada no recurso inominado versa sobre concessão de benefício diverso eem período diverso da inicial, articulado de forma descompassada com a causa de pedir e do pedido da demanda,avultando, na espécie, inovação em sede recursal. Nesse sentido, por oportuno, trago à colação ementas de julgados sobreo tema:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - AGRAVO INTERNO -INOVAÇÃO RECURSAL - VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS128 E 517 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE MATÉRIAS NÃO COGITADAS NAINICIAL CERCEAMENTO DE DEFESA INOCORRÊNCIA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PROCESSUAL SISTEMAFINANCEIRO DE HABITAÇÃO APLICAÇÃO DA TABELA PRICE LEGALIDADE DESPROVIMENTO DO RECURSO. - Nãomerece ser acolhido recurso de agravo interno onde o recorrente não apresenta qualquer subsídio capaz de viabilizar aalteração dos fundamentos da decisão hostilizada, persistindo, destarte, imaculados e impassíveis os argumentos nos quaiso entendimento foi firmado. - É defeso ao Magistrado conhecer, em sede de apelação, de temas que não foram cogitadosna inicial. - A teor do previsto no parágrafo único do artigo 250 do Código de Processo Civil, devem ser aproveitados os atosprocessuais que não causem prejuízos às partes. - Não ocorre anatocismo decorrente da utilização da Tabela Price, vezque os alegados juros capitalizados decorrem de qualquer sistema de pagamento antecipado ou periódico dos juros, e nãopropriamente do Sistema de Amortização Francês. - Agravo interno improvido.(TRF-2 - AC: 199451010131512 RJ 1994.51.01.013151-2, Relator: Juiz Federal Convocado JULIO MANSUR, Data deJulgamento: 01/06/2011, QUINTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: - Data::21/06/2011)

PROCESSUAL CIVIL - INOVAÇÃO RECURSAL - PRINCÍPIO DO TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM APPELLATUM -RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA - IMPOSIÇÃO DE MULTA - REVISÃO DO QUANTUM:IMPROPRIEDADE.1. Tendo em vista a vedada inovação recursal, não se pode apreciar, em sede de recurso ordinário, a exemplo da apelação,questões não articuladas na inicial do mandado de segurança e não discutidas pela instância de origem, sob pena deviolação do princípio tantum devolutum quantum appellatum.2. Em sede de mandado de segurança não é possível verificar a razoabilidade ou não da multa aplicada em face dagravidade da infração cometida. Precedentes desta Corte.

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3. Recurso ordinário conhecido em parte e, nessa parte, não provido." (STJ, ROMS - RECURSO ORDINÁRIO EMMANDADO DE SEGURANÇA nº 24234, Proc. nº 2007.01.17100-9/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 05/05/2009, DJ.21/05/2009)

"RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. (...)INOVAÇÃO RECURSAL. NÃO CABIMENTO.PRECEDENTES.(...)V - Não se pode apreciar, em sede de recurso ordinário, questões não articuladas na inicial do mandado de segurança eque não foram objeto de discussão na instância originária, sendo vedada a inovação recursal. Precedentes. Recursodesprovido." (STJ, ROMS - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA nº 27291, Proc.2008.01.49249-4/PB, Rel. Min. Felix Fischer, j.: 10/03/2009, DJ 30/03/2009).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INOVAÇÃO RECURSAL. TESE NÃO TRATADA NA INICIAL. Os requisitos recursais deadequação, pertinência, e fundamentação, entre tantos outros, convergentemente destinados a conferir objetividade elógica ao julgamento, não permitem o processamento de recurso que, na sua íntegra ou em relação a qualquer tópicoespecífico, contenha razões remissivas, dissociadas ou inovadoras da lide. Apelo da autoria que não se conhece.(TRF-3 - AC: 7667 MS 1999.60.00.007667-9, Relator: JUIZ CONVOCADO ROBERTO JEUKEN, Data de Julgamento:29/09/2009, SEGUNDA TURMA)

8. Por estes fundamentos, não conheço do recurso interposto, nos termos supra.

Sem condenação em custas, nem em honorários advocatícios, uma vez que a literalidade do art. 55, caput, da Lei9.099/1995, exige que haja recorrente vencido, sendo que, na hipótese, o recurso sequer foi conhecido (Processo: ACJ18977820118070011 DF 0001897-78.2011.807.0011 Relator WILDE MARIA SILVA JUSTINIANO RIBEIROJulgamento:31/01/2012 órgão Julgador 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal Publicação:13/03/2012, DJ-e Pág. 222).

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

41 - 0003512-29.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003512-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SARA RAMOS DA SILVA(ADVOGADO: ES000253B - MILTON MORAES, ES012578 - ADRIANO DE QUEIROZ MORAES.) x INSTITUTO FEDERALDE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO - IFES (PROCDOR: RAQUEL MAMEDE DE LIMA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0003512-29.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: SARA RAMOS DA SILVARECORRIDO(A): INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO - IFESRELATOR: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

SERVIDOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE EXECUTIVA – GAE. CARGOS DE MAGISTÉRIO DO ENSINOBÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO. LEI 11.784/2008. INCORPORAÇÃO DA GAE AO VENCIMENTO BÁSICO.IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado visando a reforma da sentença de improcedência do pedido e a condenação do IFES aopagamento da Gratificação de Atividade Executiva - GAE, nos termos do parágrafo único do art.118 da Lei nº 11.784/2008,bem como o pagamento dos valores atrasados desde julho de 2008.

Conforme disposto na sentença recorrida, com o advento da Lei 11.784/2008 a GAE restou incorporada aos vencimentosdos servidores dos Cargos de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico que optassem pelo novo Plano deCarreiras, passando a gratificação a fazer parte do valor do vencimento básico estipulado pelo referido diploma.

Compulsados os autos, observa-se que, ao contrário do alegado pela recorrente, ainda que aos servidores optantes pelonovo Plano de Carreiras tenha sido, realmente, assegurado o direito de receberem a GAE incorporada ao vencimentobásico, o fato de ser garantida a incorporação não significa que o novo vencimento básico deva corresponder à soma dovencimento básico com o valor da GAE recebidos anteriormente. Isso porque, tal Lei assegurou, tão-somente, aincorporação da GAE e não a manutenção do vencimento básico antigo somado à GAE, ou seja, a GAE já está incorporadana tabela do novo vencimento básico estipulada no Anexo LXXI da Lei nº 11.784 /08 e, enquanto o vencimento básico

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sofreria redução, o montante global foi majorado, porquanto foram introduzidas novas parcelas remuneratórias.

Assim, não há que se falar em condenação da ao pagamento da gratificação, tendo em vista que referida parcela já foiincorporada ao vencimento dos servidores, convindo anotar ainda que a Lei 11.784/2008 deixou à livre escolha dosservidores o direito de receberem conforme o antigo Plano de Cargos e Empregos ou perceberem de acordo com o novoregramento.À propósito, acerca da matéria, verifica-se que a jurisprudência dos TRFs é pacífica no sentido de ser indevida aincorporação pleiteada nos autos, de que são exemplos os seguintes julgados:ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - LEI Nº 11.784/08 - ESTRUTURAÇÃO DE PLANO DE CARREIRA E CARGOSDE MAGISTÉRIO DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO - DIREITO DE OPÇÃO PELA NOVA CARREIRA -INCORPORAÇÃO DA GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE EXECUTIVA (GAE) AO VENCIMENTO BÁSICO - DIREITO ARECEBER DIFERENÇAS NÃO CONFIGURADO - APELAÇÃO DESPROVIDA 1. Consoante entendimento pacífico naCorte Suprema, não há direito adquirido a regime jurídico, sendo possível, portanto, a redução ou mesmo a supressão degratificações ou outras parcelas remuneratórias, desde que preservado o valor nominal da remuneração– (RE 593711) 2. Ocerne da questão debatida no presente feito reside em saber se o disposto no parágrafo único do art. 118 da Lei nº11.784/08 está incongruente com o art. 115 da mesma norma. 3. Os impetrantes afirmam que a extinta GAE deve sersomada ao antigo vencimento básico, uma vez que o art. 118, parágrafo único, lhes garantiria que terão, a partir de 1o dejulho de 2008, os valores referentes à GAE incorporados ao vencimento básico–. 4. Não me parece, no entanto, que estaseja a exegese correta do comando normativo, pois, ainda que aos servidores optantes pelo novo Plano de Carreiras eCargos de Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico tenha sido, realmente, assegurado o direito de receberem aGratificação de Atividade Executiva - GAE incorporada ao vencimento básico, o fato de ser garantida a incorporação nãosignifica que o novo vencimento básico deva corresponder à soma do vencimento básico e da GAE recebidosanteriormente. 5. Tal Lei assegurou, tão-somente, a incorporação da GAE e não a manutenção do vencimento básicoantigo somado à GAE, ou seja, a GAE já está incorporada na tabela do novo vencimento básico estipulada no Anexo LXXIda Lei nº 11.784/08. 6. Ao passo que o vencimento básico sofreria redução, o montante global foi majorado, porquantoforam introduzidas novas parcelas remuneratórias (GEDBT e RT). 7. A lei deixou à livre escolha dos servidores em questãoo direito de receberem conforme o antigo Plano de Cargos e Empregos ou perceberem de acordo com o novo regramento.Logo, aqueles que optaram pelo novo regime renunciaram tacitamente a quaisquer valores atinentes ao regime antigo. 8.Percebe-se, pelos contracheques juntados aos autos, que não houve prejuízo aos servidores, pois, sem exceção, tiveram omontante da remuneração majorado após a introdução do novo Plano de Carreiras e Cargos. 9. Recurso de apelaçãodesprovido. Sentença mantida.(TRF-2 - AC: 200950010095067 RJ 2009.50.01.009506-7, Relator: Juíza Federal Convocada MARIA ALICE PAIM LYARD,Data de Julgamento: 23/08/2011, SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::30/08/2011 -Página::345/346)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. PROFESSORESTRANSPOSTOS PARA A CARREIRA DO MAGISTÉRIO DO ENSINO BÁSICO DOS EX-TERRITÓRIOS. LEI 11.794/2008.GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE EXECUTIVA - GAE. INCORPORAÇÃO AO VENCIMENTO BÁSICO. POSSIBILIDADE.AUSÊNCIA DE IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS. 1. A Lei 11.784/2008 suprimiu a Gratificação de AtividadeExecutiva dos vencimentos dos servidores integrantes da Carreira de Magistério de Ensino Básico dos Ex-territórios deforma destacada, passando a ser incorporada ao seu vencimento básico. 2. A nova estrutura de remuneração suplanta ovalor da estrutura anterior, não havendo que falar em violação ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. Não houveperda remuneratória. Ao contrário, houve um significativo aumento salarial. 3. É pacífico o entendimento segundo o qualnão há direito adquirido a regime jurídico, que pode ser alterado unilateralmente pela Administração, desde que nãoimplique redução dos vencimentos. 4. Apelação não provida.(TRF-1 - AMS: 200930000004486 AC 2009.30.00.000448-6, Relator: JUIZ FEDERAL RENATO MARTINS PRATES(CONV.), Data de Julgamento: 09/10/2013, SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.170 de 23/10/2013)

Por estes fundamentos, nego provimento ao recurso e mantenho integralmente a sentença recorrida por seus própriosfundamentos.

Sem custas. Condeno o recorrente ao pagamento da verba honorária no montante de 10% sobre o valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei 9.099/55.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relator da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

42 - 0002300-72.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002300-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x ESMAEL GUIMARAES DOS SANTOS.PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

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RECURSO Nº 0002300-72.2007.4.02.5051/01RECORRENTE: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARECORRIDO(A): ESMAEL GUIMARAES DOS SANTOSRELATOR: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

INDENIZAÇÃO DE CAMPO. GUARDA DE ENDEMIAS. REAJUSTE COM BASE NO DECRETO Nº 5.554/2005. 50% DEACRÉSCIMO PAGO NOS DEMAIS DESLOCAMENTOS. PRECEDENTES DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃOE DO C. STJ. REAJUSTE NÃO DEVIDO. RECURSO PROVIDO.

Trata-se de recurso interposto pela FUNASA, pretendendo a reforma de sentença que julgou procedente o pedido depagamento de diferenças devidas a servidor, a título de indenização de campo, desde a edição do Decreto 5.554/2005.Acerca da matéria, verifico tratar-se de situação já enfrentada inúmeras vezes nas Turmas Recursais desta SeçãoJudiciária, bem como na Turma Nacional de Uniformização.A parte autora é agente de saúde, conforme comprovante de pagamento anexado aos autos, razão pela qual faz jus aopagamento da chamada indenização de campo, instituída pela Lei nº 8.216/91, art. 16.No que se refere ao reajuste da indenização de campo, verifica-se que a Lei nº 8.270/91, em seu art. 15, previu o seguinte:“Art. 15. A indenização criada pelo art. 16 da Lei nº 8.216, de 1991, é fixada em nove mil cruzeiros e será reajustada peloPoder Executivo na mesma data e percentual de revisão dos valores de diárias.”Até o advento do Decreto nº 5.554/05, o menor percentual de acréscimo para as diárias, de 50%, só era devido nos“deslocamento para as cidades (zonas urbanas) enumeradas na Instrução Normativa MARE nº 9, de 30 de dezembro de1990, publicada no Diário Oficial da União de 31 de dezembro de 1990 (com mais de 200.000 habitantes)”.Entretanto, a partir do Decreto nº 5.554/05, o seu Anexo passou a prever o acréscimo de, no mínimo, 50% sobre as diáriaspara todos os demais deslocamentos que não aqueles retribuídos com percentual maior.Cabe ressaltar, ainda, que acréscimo semelhante se repetiu nos Decretos que o sucedeu, a saber, o de nº 5.992/06,alterado pelo Decreto de nº 6.258/07.A alegação é de que a partir da redação do Anexo do Decreto nº 5.554/05 tal acréscimo passou a ser indiscriminado, poucoimportando as características da localidade de deslocamento.A questão já foi decidida pela Turma Nacional de Uniformização, que vem mantendo seu entendimento em decisões maisrecentes, como se vê pela redação do Acórdão abaixo transcrito:EMENTA PROCESSUAL. FUNASA. INDENIZAÇÃO DE CAMPO. DECRETO 5.554/2005. AUMENTO DE VALOR DEDIÁRIA DEVIDA A SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 1. “Os acréscimos previstosno Decreto n.º 5.554/2005 não resultaram em reajustamento dos valores das diárias pagas aos servidores que aspercebem na hipótese de deslocamento para determinadas cidades, não implicando, por conseguinte, em reajuste daindenização de campo pagas aos mesmos. Com o advento do referido Decreto, o acréscimo de 50% passou a seraplicável, também, a cidades com população inferior a duzentos mil habitantes, o que não ocorria em situação pretérita.”(Cf. Pedilef 2007.30.09.907017-0, Relatora Vanessa Vieira de Mello, segundo voto-desempate prolatado pelo em. MinistroJoão Otávio de Noronha). 2. Pedido de Uniformização de Jurisprudência provido. Pedido julgado improcedente.(PEDIDO 00286487920064013600, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU 11/05/2012.)

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VERBASREMUNERATÓRIAS. INDENIZAÇÃO DE CAMPO. REAJUSTE. DECRETO Nº 5.554/2005. NÃO OCORRÊNCIA.RECURSO PROVIDO. I. As alterações promovidas no valor das diárias pelo Decreto nº 5.554/2005 não implicaram em seudisfarçado reajustamento, uma vez que a distinção dos percentuais de acréscimo ali constantes guarda correlação com amaior ou menor dificuldade de acesso às localidades e/ou ao seu maior ou menor custo de vida ou, ainda, ao tamanho da

�população. II. Incidente conhecido e provido. Pleito autoral que se indefere. (PEDIDO 200780135056548, JUIZ FEDERALRONIVON DE ARAGÃO, DOU 18/11/2011.)

A propósito, verifica-se que também o C. STJ, em decisão recente, ratificou o entendimento acima esposado, segundo oqual os acréscimos previstos no Decreto n.º 5.554/2005 não resultaram em reajustamento linear dos valores das diáriaspagas aos servidores. Nesse sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. SERVIDORES DA FUNASA. INDENIZAÇÃO DE CAMPO. REAJUSTAMENTO DE46,87%. ART. 15 DA LEI 8.270/1991. REAJUSTE DAS DIÁRIAS PELO DECRETO 5.554/2005. NATUREZA DISTINTA.INEXISTÊNCIA DE AUMENTO LINEAR. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃOPROVIDO. 1. A Segunda Turma do STJ no julgamento do AgRg no REsp 1.283.707/PB, da relatoria do Min. HumbertoMartins, decidiu que "a fixação de percentual variável, de adicional ao pagamento de diária, para adequação à realidadeeconômica da localidade visitada não tem a faculdade de reajustar a referida indenização e, por conseguinte, não viola oart. 15 da Lei n. 8.270/91. Aliás, a controvérsia fica claramente diferenciada quando se visualiza que a Terceira Seção jádemarcou a natureza jurídica distinta entre" diária "e" adicional de localidade". Precedente: AgRg na Pet 7.148/GO, Rel. Min.Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJe 2.9.2009" (julgado em 18/12/2012, DJe 08/02/2013). 2. No mesmo sentido:REsp 1.264.429/PB, Rel. Ministra Eliana Calmon, Rel. p/ Acórdão Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em05/11/2013, DJe 20/02/2014. 3. Agravo regimental não provido.(STJ - AgRg no AREsp: 498017 PB 2014/0077411-0, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data deJulgamento: 10/06/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/06/2014)

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Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da FUNASA para, reformando a sentença proferida, julgarimprocedente o pedido, nos termos supra.Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista tratar-se de recorrente vencedor.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2º Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

43 - 0011224-75.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011224-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (ADVOGADO: ES015729 - RODRIGOLORENCINI TIUSSI.) x ROGERIO DE SOUZA PORFIRO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL, Karina Rocha MitlegBayerl.).RECURSO Nº 0011224-75.2007.4.02.5050/01RECORRENTES: UNIÃO FEDERAL E OUTROSRECORRIDO: ROGERIO DE SOUZA PORFIRORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO

A parte autora ajuizou ação em 19.10.2007, objetivando o recebimento do fármaco Cymbalta 60 mg (60 comprimidos),mensalmente, para fins de controle de transtornos mentais (depressão, esquizofrenia, pânico e fobia social).

A sentença (fls. 74/76) julgou procedente o pedido, condenando os três entes federais (União, Estado e Município) a,solidariamente, adquirirem e fornecerem continuamente à parte autora (conforme prescrição médica), o medicamentolistado na inicial.

A parte autora interpôs recurso extraordinário (fls. 199/206) contra o acórdão que, modificando a sentença, considerou aUnião Federal parte ilegítima para figurar no pólo passivo desta demanda, que tem por objeto o fornecimento demedicamentos, declarando, por conseguinte, a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o presente feito,declinando a competência para a Justiça Estadual (fls. 175/180).

O Presidente das Turmas Recursais, através da decisão de fls. 231/232, inadmitiu o recurso extraordinário em virtude dojulgamento do RE 808.059, e determinou a redistribuição do recurso para esta Relatoria, para os fins do art. 543-B, do CPC,c/c o art. 5º § 3º, parágrafo único, inciso III, do Regimento Interno das TRs-ES.

É o relatório. Decido.

Esta Turma Recursal deve, então, limitar-se a adequar a ementa do seu acórdão à orientação firmada pelo STF que, emrecurso submetido à sistemática da repercussão geral, decidiu no sentido de que “a obrigação dos entes da federação noque tange ao dever fundamental de prestação de saúde é solidária” (RE 808.059) e de que “o recebimento demedicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos,desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios” (RE 607.381).

Considerando as interposições de recursos inominados pela União Federal e pelo Estado do Espírito Santo, no bojo dosquais foi ultrapassada a questão afeta a ilegitimidade passiva, tornou necessário o exame do mérito da demanda, já quenão foi apreciado anteriormente pela Turma Recursal, diante do reconhecimento da sua incompetência para julgamento dofeito (fls. 175/180).

A União alega, preliminarmente, nulidade da sentença “a quo” por ausência de manifestação acerca da possibilidade desubstituição do medicamento requerido, por outros similares adquiridos pelos órgãos públicos; ilegitimidade passiva adcausam e que a aplicação do disposto nos arts. 194, 196, 5º, § 1º, todos da CRFB/1988 e das Leis 8.080/1990 e8.142/1990, não possuem aplicação irrestrita, devendo ser estabelecido um equilíbrio entre o que é necessário e o que épossível (princípio da reserva do possível).

O Estado do Espírito Santo, por sua vez, alega que a aplicação da norma insculpida no art.196 da CRFB/1988 deve serfeita mediante análise do caso concreto, de modo a não comprometer as finanças estaduais, beneficiando alguns emdetrimento da coletividade, mormente diante do alto custo de alguns fármacos. Desta forma, não se escusa do seu dever deproporcionar a saúde dos cidadãos, desde que tal se dê de forma que garanta a viabilidade do funcionamento do sistema.

Inicialmente, importa ressaltar que, no que se refere à legitimidade dos três entes da Federação (União, Estado eMunicípio), a questão encontra-se pacificada através dos RE’s 808.059 e 607.381, conforme já mencionado.

Afasto, também, a nulidade levantada pela União em sede de preliminar, diante da manifestação inequívoca do Juízo a quoacerca da impossibilidade de substituição do fármaco requerido por outro já fornecido pela rede pública de saúde, conformese infere do trecho que passo a transcrever in verbis: “Além disso, foi trazida pela parte autora, por meio dos laudosmédicos de fls. 16/21, a necessidade do tratamento com o medicamento Cloridrato de Duloxetina 60 mg, uma vez que o

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autor não obteve melhora após inúmeras tentativas de tratamento com os medicamentos habituais” (fl. 76).

O direito à saúde consiste em direito fundamental social, consagrado no art. 6º, caput, da Constituição Federal, inserido noCapítulo II (Dos Direitos Sociais) do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais) da Carta:

“Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, aproteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Trata-se, pois, de norma de aplicação imediata, nos termos do §1º do art. 5º da Constituição:

“§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.”

Mais adiante, o art. 196 da Constituição impõe ao Estado o dever de prover a saúde dos indivíduos:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem àredução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,proteção e recuperação.”

O dispositivo acima consiste em norma programática, na medida em que estabelece que o direito à saúde deverá serpromovido mediante políticas públicas voltadas à prevenção e ao tratamento de doenças; cabendo ao Poder Executivo aelaboração das mencionadas políticas públicas, e ao legislador infraconstitucional a regulamentação do direito aliconsagrado.

Contudo, não se pode olvidar que a norma programática do art. 196 da CF apenas confirma o direito fundamentalconsagrado no art. 6º, caput, da Carta, de aplicação imediata.

Assim, o que a Constituição atribuiu ao legislador infraconstitucional, mediante regulamentação da norma-princípio contidano art. 196, foi apenas a tarefa de elaboração das políticas públicas voltadas à saúde, bem como programar a suaimplantação, de forma a atingir os objetivos traçados no dispositivo (“redução do risco de doença e de outros agravos e aoacesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”).

São diferentes, pois, as normas em comento: enquanto o comando do art. 6º, caput, consagra o direito à saúde (norma deaplicação imediata); o dispositivo do art. 196 estabelece que o direito à saúde seja garantido por meio de políticas públicasque persigam os objetivos ali traçados (norma programática).

Dessa forma, não pode o Estado (em sentido amplo) negar ao cidadão o direito constitucional fundamental à saúde, sob oargumento de tratar-se de norma-princípio, pendente de regulamentação.

Por outro lado, a fundamentação acima exposta torna-se desnecessária se observarmos que o direito à saúde estádevidamente regulamentado pela Lei 8.080/1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção erecuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências”.

Dispõe o art. 6º, I, d, da mencionada lei:

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):I - a execução de ações:VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúdee a participação na sua produção;

Verifica-se, portanto, que a pretensão aduzida pela parte autora (medicamentos para melhor controle de transtornosmentais) consiste em uma das atribuições do Sistema Único de Saúde – SUS, sistema integrado de saúde pública quecongrega esforços de todos os entes federativos, nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal. A necessidadedo medicamento, por sua vez, resta demonstrada através dos documentos de fls. 16/21.

É sabido que, num país com carência de recursos e problemas sociais significativos, o poder público não é capaz deatender a toda a demanda da população, deixando de atender as necessidades básicas de uma grande parcela dos seushabitantes.

Sendo assim, sempre que não houver recursos disponíveis para o atendimento satisfatório de todas as necessidades dapopulação, o administrador público deve levar em conta a reserva do possível, no sentido de atender o máximo dedemandas possível em sua área de atuação, utilizando os recursos disponíveis.

Para tanto, será necessário restringir o atendimento de determinadas demandas, segundo critérios razoáveis (raridade daocorrência, custo elevado do tratamento, etc), direcionando suas ações ao atendimento das necessidades mais comuns, deforma a abranger o maior número de pessoas. Assim, impede-se o sacrifício de toda a coletividade em prol de algunsindivíduos com necessidades especiais.

No caso dos autos, entretanto, não há que se invocar o princípio da reserva do possível. Isso porque, apesar de a reserva

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do possível se cuidar de limitação à possibilidade de efetivação judicial dos direitos sociais, o poder público a tem utilizadode forma indiscriminada, sem, contudo, apresentar elementos concretos no sentido de demonstrar a sua realimpossibilidade material de cumprir decisão judicial que determine a prestação de determinado medicamento. A simplesalegação não basta, devendo trazer aos autos elementos suficientemente hábeis a demonstrar que o cumprimento dadecisão causará mais transtornos e prejuízos à coletividade do que vantagens à efetivação dos direitos fundamentais, o quenão logrou fazer.

Deste modo, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls. 175/180 encontra-se em descompassocom o que decidiu o STF no RE 808.059, com base no art. 543-B, § 3º do Código de Processo Civil c/c art. 15, §§ 1º e 3º,RI/TNU, voto por negar provimento aos recursos inominados interpostos pela União Federal e pelo Estado do Espírito Santopara, confirmando a sentença, julgar procedente a pretensão autoral de recebimento do fármaco Cymbalta 60 mg (cloridratode duloxetina 60 mg), condenando os três entes federais a, solidariamente, adquirirem e fornecerem continuamente a parteautora (de acordo com a prescrição do médico que a acompanha) o aludido medicamento.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

EMENTA

MEDICAMENTOS. SOLIDARIEDADE ENTRE OS ENTES DA FEDERAÇÃO NO QUE TANGE AO DEVER FUNDAMENTALDE PRESTAÇÃO DA SAÚDE. (RE 808.059). AUSÊNCIA DE NULIDADE. NORMA PROGRAMÁTICA DO ART. 196 DACRFB/1988 APENAS CONFIRMA O DIREITO FUNDAMENTAL CONSAGRADO NO ART. 6º, CAPUT, DO MESMODIPLOMA LEGAL, DE APLICAÇÃO IMEDIATA. RESERVA DO POSSÍVEL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO, PELOPODER PÚBLICO, DE QUE O FORNECIMENTO DA MEDICAÇÃO IMPLICARÁ EM MAIS TRANSTORNOS E PREJUÍZOSÀ COLETIVIDADE DO QUE A EFETIVAÇÃO DE UM DIREITO FUNDAMENTAL. RECURSOS DESPROVIDOS.

1. O STF, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, decidiu no sentido de que “a obrigação dos entes dafederação no que tange ao dever fundamental de prestação de saúde é solidária” (RE 808.059) e de que “o recebimento demedicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos,desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios” (RE 607.381).

2. Argüição de nulidade afastada, diante da manifestação do Juízo a quo, no que diz respeito à impossibilidade desubstituição do fármaco requerido por outro já fornecido pela rede pública de saúde, in verbis: “Além disso, foi trazida pelaparte autora, por meio dos laudos médicos de fls. 16/21, a necessidade do tratamento com o medicamento Cloridrato deDuloxetina 60 mg, uma vez que o autor não obteve melhora após inúmeras tentativas de tratamento com os medicamentoshabituais” (fl. 76).

3. A norma programática do art. 196 da CRFB/1988 apenas confirma o direito fundamental consagrado no art. 6º, caput, daCarta, de aplicação imediata. O comando do art. 6º, caput, consagra o direito à saúde (norma de aplicação imediata); odispositivo do art. 196 estabelece que o direito à saúde seja garantido por meio de políticas públicas que persigam osobjetivos ali traçados (norma programática). Dessa forma, não pode o Estado (em sentido amplo) negar ao cidadão o direitoconstitucional fundamental à saúde, sob o argumento de tratar-se de norma-princípio, pendente de regulamentação. Detoda sorte, o direito à saúde está devidamente regulamentado pela Lei 8.080/1990.

4. A pretensão aduzida pela parte autora (medicamentos para melhor controle de transtornos mentais) consiste em umadas atribuições do Sistema Único de Saúde – SUS, sistema integrado de saúde pública que congrega esforços de todos osentes federativos, nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal.

5. Apesar de a reserva do possível se cuidar de limitação à possibilidade de efetivação judicial dos direitos sociais, o poderpúblico a tem utilizado de forma indiscriminada, sem, contudo, apresentar elementos concretos no sentido de demonstrar asua real impossibilidade material de cumprir decisão judicial que determine a prestação de determinado medicamento.

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6. Recursos conhecidos e desprovidos. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenaçãoem honorários, na forma da Súmula 421 do STJ.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatoria da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

44 - 0002122-92.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002122-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x ARCILIO CEZAR (ADVOGADO:ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002011-92.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARCILIO CEZARRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO ESPECIAL. ELETRICISTA. EXPOSIÇÃO A TENSÃO ELÉTRICA ACIMA DE 250 VOLTS.DISPENSABILIDADE DO REQUISITO PERMANÊNCIA PARA O CASO DE EXPOSIÇÃO A ALTAS TENSÕESELÉTRICAS, INDEPENDENTE DO CARGO, CATEGORIA OU RAMO DA EMPRESA. PRESENÇA CONSTANTE DERISCO POTENCIAL. PPP. POSSIBILIDADE DE SUA UTILIZAÇÃO PARA FINS DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DEATIVIDADES ESPECIAIS POR REVESTIR-SE DE CARACTERÍSTICAS DE LAUDO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido da parte autora,reconhecendo como tempo especial o período de 07/10/1976 a 05/03/1997, e concedendo a mesma o benefício deaposentadoria por tempo de contribuição com proventos integrais. Alega, em síntese, que a atividade profissional sujeita aoagente eletricidade, mesmo anteriormente à Lei 9.032/1995, para ser considerada especial, deve expor a vida do seguradode forma habitual e permanente a potencia superior a 250W, bem assim a exigência de laudo técnico a partir da edição daLei 9.032/1995. Contrarrazões às fls. 198/206.

2. Revela-se clarividente a periculosidade da atividade executada por eletricistas/eletricitários, em razão do perigo constantede ocorrência de choque elétrico de alta tensão, gerador de sequelas das mais variadas naturezas, desde paradascardíacas, mutilações e até mesmo morte. A periculosidade do ofício é acentuada em vista da ausência de medidaspreventivas absolutamente eficazes, eis que os programas de segurança, os procedimentos operacionais e ostreinamentos, conquanto em consonância com as normas técnicas e regulamentares, não são aptos a reduzirem o risco deacidente de trabalho, sempre iminente. Além disso, a invisibilidade da eletricidade, por si só, agrava sobremaneira o riscoacidentário, vez que impossível de ser detectada sem o auxílio dos instrumentos de trabalho.

3. Em se tratando de periculosidade por sujeição a altas tensões elétricas, hipótese dos autos, o requisito da permanêncianão é imprescindível, já que o tempo de exposição não é um fator condicionante para que ocorra um acidente ou choqueelétrico, tendo em vista a presença constante do risco potencial.

4. Importa registrar que a Lei 7.369/1985 reconheceu a condição de periculosidade ao trabalhador do setor de energiaelétrica, independentemente do cargo, categoria ou ramo da empresa. O Decreto 93.412/1986 regulamentou-a paraassegurar o direito à remuneração adicional ao empregado que permanecesse habitualmente na área de risco e emsituação de exposição contínua, ou nela ingressasse de modo intermitente e habitual. (Precedentes: STJ, 5ª Turma, RESPnº 386717, Rel. Min. Jorge Scartezzini, j. 08/10/2002, DJU 02/12/2002, p. 337; TRF3, 8ª Turma, AC nº2003.61.83.003814-2, Rel. Des. Fed. Marianina Galante, j. 11/05/2009, DJF3 09/06/2009, p. 642; TRF3, 9ª Turma, AC nº2001.61.08.007354-7, Rel. Juiz. Fed. Conv. Hong Kou Hen, j. 30/06/2008, DJF3 20/08/2008, TRF-3. APELREEX1163484,e-DJF3: 01/03/2012).

5. Resta comprovado por meio do PPP de fls. 172/173, devidamente subscrito por profissional habilitado (engenheiro desegurança do trabalho), que a parte autora, no interstício de 07/10/1976 a 05/03/1997 (ora objeto de recurso), estevesubmetida ao agente nocivo eletricidade superior a 250 volts durante a sua jornada de trabalho, caracterizando a atividade,no período, como especial.

6. Cumpre-me ressalvar, que uma vez identificado no aludido documento o engenheiro, médico ou perito responsável pelaavaliação das condições de trabalho, é possível a sua utilização para a comprovação da atividade especial, fazendo asvezes de laudo pericial, máxime considerando retratar as características do emprego e as condições ambientais em que omesmo se desenvolve (no caso, o PPP foi elaborado com base nos dados constantes de registros administrativos,demonstrações ambientais, programas médicos de responsabilidade da empresa e no laudo técnico pericial constante doprocesso nº 41/95 da 4ª JCJ de Vitória-ES). Neste sentido: (Processo: APELREEX 201050010004556 RJ2010.50.01.000455-6 Relator(a): Desembargador Federal ABEL GOMES Julgamento: 30/05/2012 Órgão Julgador:PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA Publicação: E-DJF2R - Data::18/06/2012 - Página::48/49). Some-se a isso, o fato deinexistir qualquer tipo comprovação ou mesmo alegação por parte do INSS hábil a afastar a idoneidade das informaçõesnele contidas.

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7. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o recorrente, vencido, ao pagamento dehonorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

45 - 0101968-38.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.101968-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO CARLOS DESOUZA (ADVOGADO: ES021118 - JOSE CARLOS VIEIRA LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0101968-38.2015.4.02.5050/01RECORRENTE: ROMILDO CARLOS DE SOUZARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. INSTITUIÇÃO DE PRAZO DE DECADÊNCIA PARA PLEITEAR A REVISÃO DARMI. INCIDÊNCIA SOBRE OS BENEFÍCIOS JÁ EXISTENTES. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DIREITO ADQUIRIDO OU AATO JURÍDICO PERFEITO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora opôs recurso inominado em face da sentença que julgou extinto o processo, com resolução de mérito, naforma do art. 269, IV, do CPC (decadência). Alega que o prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991,introduzido pela MP 1.523-9/1997 (convertida na Lei 9.528/1997), não surte efeitos sobre relações jurídicas constituídasantes da sua entrada em vigor. Sem contrarrazões.

2. Na redação original da Lei 8.213/1991, o art. 103 enunciava que “Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em 5(cinco) anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas na época própria, resguardados os direitos dos menoresdependentes, dos incapazes ou dos ausentes”, de modo que a lei não contemplava, para os benefícios do regime geral, afigura da “prescrição de fundo de direito”.

3. A Medida Provisória 1.523-9, de 27.06.1997, alterou o art. 103 da Lei 8.213/1991 para instituir o prazo decadencial de dezanos para a revisão do ato de concessão de benefício previdenciário, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão de indeferimento.Para os benefícios já existentes, considera-se a data do primeiro pagamento posterior à publicação da MP (14.07.1997, cf.art. 41, § 4º, da Lei 8.213/1991), de modo que o prazo decadencial começou a fluir em 01.08.1997.

4. A garantia do art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988 não veda a incidência de novos prazos de prescrição ou decadência àsrelações já em curso, desde que sua fluência comece da lei que os instituiu, não se computando o período pretérito (STF,ADI-MC 1.715 e RE 21.341). O segurado tem direito a que seu benefício, quanto aos seus elementos essenciais, observe alei em vigor no momento em que preencheu todos os requisitos para a sua aquisição (STF, RE 415454), mas não temdireito à imutabilidade de todo o regime jurídico atinente ao benefício (STF, 1ª Turma, RE 278.718), especialmente prazosprescricionais e decadenciais, que não integram o conteúdo do direito à prestação previdenciária.

5. A Medida Provisória 1.663-15, de 22.10.1998, convertida na Lei 9.711/1998, reduziu o prazo decadencial de dez paracinco anos. Segundo a clássica lição de ANTÔNIO LUIZ DA CÂMARA LEAL, “Estabelecendo a nova lei um prazo maiscurto de prescrição, essa começará a correr da data da nova lei, salvo se a prescrição iniciada na vigência da lei antigaviesse a completar-se em menos tempo, segundo essa lei, que, nesse caso continuaria a regê-la, relativamente ao prazo”.O primeiro pagamento posterior à MP deu-ocorreu em 13.11.1998, de modo que o prazo decadencial começou a fluir em01.12.1998, a consumar-se em 01.12.2003.

6. Antes da consumação do prazo de cinco anos, a Medida Provisória 138, de 19.11.2003, convertida na Lei 10.839/2004,restabeleceu o prazo de dez anos previsto na redação imediatamente anterior do art. 103 da Lei 8.213/1991.

7. Restabelecido o prazo de decadência de dez anos, o termo inicial de sua fluência não continua sendo 01.12.1998,voltando a ser 01.08.1997, pois a norma prevê como termo inicial o primeiro dia do mês seguinte ao primeiro pagamentofeito após a concessão do benefício, sendo vedado apenas o aproveitamento do tempo em que a lei não previa prazodecadencial algum (TNU, PEDILEF 200871610029645). Logo, para todos os benefícios concedidos até junho de 1997, odireto de instar o INSS, seja pela via administrativa, seja pela via judicial, a revisar ou recalcular o valor da Renda MensalInicial (RMI) está extinto desde 01.08.2007.

8. É fato que, com a edição da Medida Provisória 1.663-15, o prazo decadencial transcorrido antes de 01.12.1998 haviasido descartado, mas apenas para prestigiar o princípio da não-surpresa, em situação específica na qual o prazodecadencial foi reduzido de dez para cinco anos. A partir do momento em que o prazo de dez anos foi retomado, admite-seo aproveitamento do primeiro termo inicial sem ferir, no caso, o ideal da segurança jurídica (porque dessa interpretação,extrai-se a conclusão de que, quando publicada a Medida Provisória 138/2003, os aposentados e pensionistas tinham um

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prazo residual de três anos e nove meses antes da decadência do direito de provocar a revisão da RMI de seus benefícios).

9. Neste sentido, a jurisprudência do STJ (RESP 1.309.529), da TNU (Súmula 64: “O direito à revisão do ato deindeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazo decadencial de dez anos.”), e da TRU da 2ªRegião (Súmula 8: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefícioprevidenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 daLei nº 8.213/91.”).

10. O prazo decadencial se restringe, nos termos da lei, aos casos em que o benefício foi concedido, não incidindo noscasos de indeferimento do requerimento de benefício ou em que o segurado/pensionista se insurge contra os critérios deatualização do valor da prestação.

11. No caso concreto, a parte autora, que não é menor, incapaz nem ausente (art. 79 da Lei 8.213/1991), pretendiacompelir o INSS a rever a RMI de seu benefício, concedido há mais de dez anos, razão pela qual, diante da incidência daregra do art. 103 da Lei 8.213/1991, o processo deve ser extinto com julgamento do mérito, mediante pronúncia dadecadência do direito à revisão (art. 269, IV, do CPC).

12. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, tendo em vista odeferimento da gratuidade de justiça.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

46 - 0000135-30.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000135-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FÁTIMA DA RE DIMANSKY(ADVOGADO: MG066533 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).RECURSO Nº 0000135-30.2013.4.02.5055/01RECORRENTE: FÁTIMA DA RE DIMANSKYRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. INSTITUIÇÃO DE PRAZO DE DECADÊNCIA PARA PLEITEAR A REVISÃO DARMI. INCIDÊNCIA SOBRE OS BENEFÍCIOS JÁ EXISTENTES. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO A DIREITO ADQUIRIDO OU AATO JURÍDICO PERFEITO. RECURSO IMPROVIDO.

1. A parte autora opôs recurso inominado em face da sentença que julgou extinto o processo, com resolução de mérito, naforma do art. 269, IV, do CPC (decadência). Alega que o prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991,introduzido pela MP 1.523-9/1997 (convertida na Lei 9.528/1997), não surte efeitos sobre relações jurídicas constituídasantes da sua entrada em vigor. Contrarrazões às 79/80.

2. Na redação original da Lei 8.213/1991, o art. 103 enunciava que “Sem prejuízo do direito ao benefício, prescreve em 5(cinco) anos o direito às prestações não pagas nem reclamadas na época própria, resguardados os direitos dos menoresdependentes, dos incapazes ou dos ausentes”, de modo que a lei não contemplava, para os benefícios do regime geral, afigura da “prescrição de fundo de direito”.

3. A Medida Provisória 1.523-9, de 27.06.1997, alterou o art. 103 da Lei 8.213/1991 para instituir o prazo decadencial de dezanos para a revisão do ato de concessão de benefício previdenciário, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão de indeferimento.Para os benefícios já existentes, considera-se a data do primeiro pagamento posterior à publicação da MP (14.07.1997, cf.art. 41, § 4º, da Lei 8.213/1991), de modo que o prazo decadencial começou a fluir em 01.08.1997.

4. A garantia do art. 5º, XXXVI, da CRFB/1988 não veda a incidência de novos prazos de prescrição ou decadência àsrelações já em curso, desde que sua fluência comece da lei que os instituiu, não se computando o período pretérito (STF,ADI-MC 1.715 e RE 21.341). O segurado tem direito a que seu benefício, quanto aos seus elementos essenciais, observe alei em vigor no momento em que preencheu todos os requisitos para a sua aquisição (STF, RE 415454), mas não temdireito à imutabilidade de todo o regime jurídico atinente ao benefício (STF, 1ª Turma, RE 278.718), especialmente prazosprescricionais e decadenciais, que não integram o conteúdo do direito à prestação previdenciária.

5. A Medida Provisória 1.663-15, de 22.10.1998, convertida na Lei 9.711/1998, reduziu o prazo decadencial de dez paracinco anos. Segundo a clássica lição de ANTÔNIO LUIZ DA CÂMARA LEAL, “Estabelecendo a nova lei um prazo mais

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curto de prescrição, essa começará a correr da data da nova lei, salvo se a prescrição iniciada na vigência da lei antigaviesse a completar-se em menos tempo, segundo essa lei, que, nesse caso continuaria a regê-la, relativamente ao prazo”.O primeiro pagamento posterior à MP deu-ocorreu em 13.11.1998, de modo que o prazo decadencial começou a fluir em01.12.1998, a consumar-se em 01.12.2003.

6. Antes da consumação do prazo de cinco anos, a Medida Provisória 138, de 19.11.2003, convertida na Lei 10.839/2004,restabeleceu o prazo de dez anos previsto na redação imediatamente anterior do art. 103 da Lei 8.213/1991.

7. Restabelecido o prazo de decadência de dez anos, o termo inicial de sua fluência não continua sendo 01.12.1998,voltando a ser 01.08.1997, pois a norma prevê como termo inicial o primeiro dia do mês seguinte ao primeiro pagamentofeito após a concessão do benefício, sendo vedado apenas o aproveitamento do tempo em que a lei não previa prazodecadencial algum (TNU, PEDILEF 200871610029645). Logo, para todos os benefícios concedidos até junho de 1997, odireto de instar o INSS, seja pela via administrativa, seja pela via judicial, a revisar ou recalcular o valor da Renda MensalInicial (RMI) está extinto desde 01.08.2007.

8. É fato que, com a edição da Medida Provisória 1.663-15, o prazo decadencial transcorrido antes de 01.12.1998 haviasido descartado, mas apenas para prestigiar o princípio da não-surpresa, em situação específica na qual o prazodecadencial foi reduzido de dez para cinco anos. A partir do momento em que o prazo de dez anos foi retomado, admite-seo aproveitamento do primeiro termo inicial sem ferir, no caso, o ideal da segurança jurídica (porque dessa interpretação,extrai-se a conclusão de que, quando publicada a Medida Provisória 138/2003, os aposentados e pensionistas tinham umprazo residual de três anos e nove meses antes da decadência do direito de provocar a revisão da RMI de seus benefícios).

9. Neste sentido, a jurisprudência do STJ (RESP 1.309.529), da TNU (Súmula 64: “O direito à revisão do ato deindeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazo decadencial de dez anos.”), e da TRU da 2ªRegião (Súmula 8: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefícioprevidenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 daLei nº 8.213/91.”).

10. O prazo decadencial se restringe, nos termos da lei, aos casos em que o benefício foi concedido, não incidindo noscasos de indeferimento do requerimento de benefício ou em que o segurado/pensionista se insurge contra os critérios deatualização do valor da prestação.

11. No caso concreto, a parte autora, que não é menor, incapaz nem ausente (art. 79 da Lei 8.213/1991), pretendiacompelir o INSS a rever a RMI de benefício que originou a sua pensão por morte, concedido há mais de dez anos (em26/05/1999 – fl. 21), razão pela qual, diante da incidência da regra do art. 103 da Lei 8.213/1991, o processo deve serextinto com julgamento do mérito, mediante pronúncia da decadência do direito à revisão (art. 269, IV, do CPC).

12. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, tendo em vista odeferimento da gratuidade de justiça.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

47 - 0109792-82.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109792-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x ARLINDO COUTINHO FILHO(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0109792-82.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARLINDO COUTINHO FILHORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. SENTENÇA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. INTERESSE DE AGIR. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NOSENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR AS ADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADEDA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP1.270.439). RECURSO IMPROVIDO.O INSS interpôs recurso inominado em face de sentença que julgou procedente o pedido de revisão de benefício, na formado art. 29, II, do CPC. Em suas razões, sustenta falta de interesse de agir; que o acordo em ação civil pública faz coisajulgada erga omnes; razoabilidade do cronograma de pagamento estabelecido na ACP 0002320-59.2012.4.03.6183 e, porfim; que a correção monetária pelo INPC viola a decisão cautelar do STF nas ADIs 4357 e 4425. Contrarrazões às fls.67/79.

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A exigência de prévio requerimento administrativo liga-se diretamente às condições da ação. Inexistindo prova da negativado INSS em conceder o benefício, torna-se impossível aferir o interesse processual da parte, isto é, a necessidade deajuizamento da demanda e a utilidade da tutela jurisdicional pleiteada (STJ – REsp 201200356194 – Relator MinistroHerman Benjamin – Segunda Turma – DJE 28/05/2012; STJ - AgREsp 201202306619 – Relator Ministro Humberto Martins– Segunda Turma - DJE 28/06/2013; e Enunciado nº 70 do Fonajef).3. Todavia, na hipótese específica dos autos (revisão de benefício com base no art. 29, II, da Lei 8.213/1991), éabsolutamente dispensável o prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS indeferirá o pleito de revisão epagamento imediatos ou, pelo menos, o pagamento imediato.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, apontavam em direção à pronta satisfação da pretensão dos segurados e pensionistas referente ao art. 29, II,da Lei 8.213/1991 na via administrativa, de modo que lhes faltava interesse processual para agir em juízo. A diretriz contidanos dois Memorandos foi superada pela homologação judicial de acordo na Ação Civil Pública 2320-59.2012.403.6183,instituindo escalonamento de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados. Conseqüentemente,se alguém pleitear a revisão referente ao art. 29, II, da Lei 8.213/1991 na via administrativa, o INSS necessariamenteresponderá que o pleito será atendido conforme o cronograma homologado: a depender da idade do requerente, domontante a receber, e da (in)existência de urgência, o pagamento poderá ocorrer apenas em 2022.5. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja de improcedência, faz coisa julgada ergaomnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei 7.347/1985). Entretanto, em se tratando dedireitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo em matéria não relativa a Direito do Consumidor)apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido (art. 103, III, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei7.347/1985), excluída, portanto, a transação. Por mais razoável que seja o cronograma de pagamento estabelecido emacordo firmado entre o MPF e o INSS, aqueles que se sentirem prejudicados não estão a ele vinculados.6. Evidente o interesse de agir em juízo para obter a revisão do benefício e o imediato pagamento das diferenças semsujeição ao cronograma estabelecido em Ação Civil Pública.7. Quanto aos encargos moratórios, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que adeclaração de inconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério decorreção monetária, determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, peloIPCA-E, salvo a existência de leis específicas.8. O STF, por seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.9. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).10. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.11. Não há ofensa aos dispositivos legais invocados, sendo desnecessária a sua análise individual com o único objetivo deprequestionamento, ainda mais quando as razões de decidir já exauriram a questão debatida.12. Recurso do INSS conhecido e improvido. Réu isento de custas. Condeno o recorrente vencido ao pagamento dehonorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

48 - 0006390-82.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006390-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JANILDA FERREIRA GOMES(ADVOGADO: ES016789 - RODOLPHO PANDOLFI DAMICO, ES017058 - GUILHERME FONSECA ALMEIDA, ES020833 -GABRIELA TORRES MAPA, ES017514 - AUGUSTO CARLOS LAMÊGO JÚNIOR, ES017157 - PEDRO HENRIQUE DACOSTA DIAS.).RECURSO Nº 0006390-82.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JANILDA FERREIRA GOMESRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. SENTENÇA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. INTERESSE DE AGIR. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL. RENUNCIA AO PRAZOCONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOS FINANCEIROS DA REVISAORETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTO DA TNU. RECURSO

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IMPROVIDO.

O INSS interpôs recurso inominado em face de sentença que julgou procedente o pedido de revisão de benefício, na formado art. 29, II, do CPC. Em suas razões, sustenta falta de interesse de agir; que o acordo em ação civil pública faz coisajulgada erga omnes; razoabilidade do cronograma de pagamento estabelecido na ACP 0002320-59.2012.4.03.6183 e, porfim; a inocorrência da interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do memorando circular21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010. Prequestionamento ao art. 5º, XXXV, da CRFB/1988 e aos arts. 3º e 267, VI, ambosdo CPC. Sem contrarrazões.

A exigência de prévio requerimento administrativo liga-se diretamente às condições da ação. Inexistindo prova da negativado INSS em conceder o benefício, torna-se impossível aferir o interesse processual da parte, isto é, a necessidade deajuizamento da demanda e a utilidade da tutela jurisdicional pleiteada (STJ – REsp 201200356194 – Relator MinistroHerman Benjamin – Segunda Turma – DJE 28/05/2012; STJ - AgREsp 201202306619 – Relator Ministro Humberto Martins– Segunda Turma - DJE 28/06/2013; e Enunciado nº 70 do Fonajef).

3. Todavia, na hipótese específica dos autos (revisão de benefício com base no art. 29, II, da Lei 8.213/1991), éabsolutamente dispensável o prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS indeferirá o pleito de revisão epagamento imediatos ou, pelo menos, o pagamento imediato.

4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, apontavam em direção à pronta satisfação da pretensão dos segurados e pensionistas referente ao art. 29, II,da Lei 8.213/1991 na via administrativa, de modo que lhes faltava interesse processual para agir em juízo. A diretriz contidanos dois Memorandos foi superada pela homologação judicial de acordo na Ação Civil Pública 2320-59.2012.403.6183,instituindo escalonamento de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados. Conseqüentemente,se alguém pleitear a revisão referente ao art. 29, II, da Lei 8.213/1991 na via administrativa, o INSS necessariamenteresponderá que o pleito será atendido conforme o cronograma homologado: a depender da idade do requerente, domontante a receber, e da (in)existência de urgência, o pagamento poderá ocorrer apenas em 2022.

5. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja de improcedência, faz coisa julgada ergaomnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei 7.347/1985). Entretanto, em se tratando dedireitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo em matéria não relativa a Direito do Consumidor)apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido (art. 103, III, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei7.347/1985), excluída, portanto, a transação. Por mais razoável que seja o cronograma de pagamento estabelecido emacordo firmado entre o MPF e o INSS, aqueles que se sentirem prejudicados não estão a ele vinculados.

6. Evidente o interesse de agir em juízo para obter a revisão do benefício e o imediato pagamento das diferenças semsujeição ao cronograma estabelecido em Ação Civil Pública.

7. No que se refere à prescrição, conforme julgamento realizado pela Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) o prazo prescricional do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefíciosprevidenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por termo inicial o Memorando-Circular Conjunto no.21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade docálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazosprescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pelametade.

8. No mais, também restou decidido pelos membros da TNU - Turma Nacional de Unifornização, no julgamento doIncidente de Uniformização de Jurisprudência, que em se tratando de ação proposta dentro do prazo prescricional, ou seja,quando transcorridos menos de cinco anos entre a data da publicação do Memorando-Circular Conjunto n o.21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, e o ajuizamento da demanda, não incide a prescrição qüiqüenal, e, nestahipótese, os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício revisando.

9. No caso, o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em 21.04.2009 (fl. 18) com cessação em 06.12.2014(NB 5352307227), e considerando que a presente demanda foi ajuizada em 01.10.2014 (fl. 01), antes do decurso do prazoprescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular, não há que se falar em prescrição dasparcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão dos benefícios revisandos.

10. Não há ofensa aos dispositivos legais invocados, sendo desnecessária a sua análise individual com o único objetivo deprequestionamento, ainda mais quando as razões de decidir já exauriram a questão debatida.

11. Recurso conhecido e improvido. Réu isento de custas. Condeno o recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

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49 - 0108181-94.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108181-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARCOS ANTONIO SCHAFASCHECK(ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0108181-94.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARCOS ANTONIO SCHAFASCHECKRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. SENTENÇA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. INTERESSE DE AGIR. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL. RENUNCIA AO PRAZOCONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOS FINANCEIROS DA REVISAORETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTO DA TNU. ORIENTAÇÃOFIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR AS ADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU AINCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROSLEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). RECURSO IMPROVIDO.

O INSS interpôs recurso inominado em face de sentença que julgou procedente o pedido de revisão de benefício, na formado art. 29, II, do CPC. Em suas razões, sustenta falta de interesse de agir; que o acordo em ação civil pública faz coisajulgada erga omnes; razoabilidade do cronograma de pagamento estabelecido na ACP 0002320-59.2012.4.03.6183,inocorrência da interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do memorando circular 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15/04/2010, ou que, em caso contrário, que a prescrição interrompida voltou a correr pela metade e, por fim; que acorreção monetária pelo INPC viola a decisão cautelar do STF nas ADIs 4357 e 4425. Requer manifestação expressa aosseguintes dispositivos legais: arts. 5º, XXXV e 250 da CRFB/1988, arts. 103 e 104 da Lei 8.078/1990 c/c art. 543-C doCódigo de Processo Civil, art. 127 da CRFB/1988 c/c art. 21 da Lei 7.347/85 e arts. 81, III e 82 da Lei 8.078/1990 e arts. 3º e267, VI, ambos do CPC. Esclarecimento da parte autora às fls. 115/116 que as peças de fls. 97/107 cuidam-se decontrarrazões, e não de recurso inominado.

A exigência de prévio requerimento administrativo liga-se diretamente às condições da ação. Inexistindo prova da negativado INSS em conceder o benefício, torna-se impossível aferir o interesse processual da parte, isto é, a necessidade deajuizamento da demanda e a utilidade da tutela jurisdicional pleiteada (STJ – REsp 201200356194 – Relator MinistroHerman Benjamin – Segunda Turma – DJE 28/05/2012; STJ - AgREsp 201202306619 – Relator Ministro Humberto Martins– Segunda Turma - DJE 28/06/2013; e Enunciado nº 70 do Fonajef).

3. Todavia, na hipótese específica dos autos (revisão de benefício com base no art. 29, II, da Lei 8.213/1991), éabsolutamente dispensável o prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS indeferirá o pleito de revisão epagamento imediatos ou, pelo menos, o pagamento imediato.

4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, apontavam em direção à pronta satisfação da pretensão dos segurados e pensionistas referente ao art. 29, II,da Lei 8.213/1991 na via administrativa, de modo que lhes faltava interesse processual para agir em juízo. A diretriz contidanos dois Memorandos foi superada pela homologação judicial de acordo na Ação Civil Pública 2320-59.2012.403.6183,instituindo escalonamento de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados. Conseqüentemente,se alguém pleitear a revisão referente ao art. 29, II, da Lei 8.213/1991 na via administrativa, o INSS necessariamenteresponderá que o pleito será atendido conforme o cronograma homologado: a depender da idade do requerente, domontante a receber, e da (in)existência de urgência, o pagamento poderá ocorrer apenas em 2022.

5. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja de improcedência, faz coisa julgada ergaomnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei 7.347/1985). Entretanto, em se tratando dedireitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo em matéria não relativa a Direito do Consumidor)apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido (art. 103, III, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei7.347/1985), excluída, portanto, a transação. Por mais razoável que seja o cronograma de pagamento estabelecido emacordo firmado entre o MPF e o INSS, aqueles que se sentirem prejudicados não estão a ele vinculados.

6. Evidente o interesse de agir em juízo para obter a revisão do benefício e o imediato pagamento das diferenças semsujeição ao cronograma estabelecido em Ação Civil Pública.

7. No que se refere à prescrição, conforme julgamento realizado pela Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) o prazo prescricional do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefíciosprevidenciários pelo artigo 29, inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por termo inicial o Memorando-Circular Conjunto no.21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade docálculo efetivado pela Administração e, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazosprescricionais em curso, que voltaram a fluir integralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pelametade.

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8. No mais, também restou decidido pelos membros da TNU - Turma Nacional de Unifornização, no julgamento doIncidente de Uniformização de Jurisprudência, que em se tratando de ação proposta dentro do prazo prescricional, ou seja,quando transcorridos menos de cinco anos entre a data da publicação do Memorando-Circular Conjunto n o.21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, e o ajuizamento da demanda, não incide a prescrição qüiqüenal, e, nestahipótese, os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão do benefício revisando.

9. No caso, o pedido de revisão relaciona-se a benefícios concedidos entre os anos de 2009 e 2010, e considerando que apresente demanda foi ajuizada em 13.08.2014 (fl. 01), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados dapublicação do referido Memorando-Circular, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitosfinanceiros da revisão retroagem à data de concessão dos benefícios revisandos.

10. Quanto aos encargos moratórios, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que adeclaração de inconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério decorreção monetária, determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, peloIPCA-E, salvo a existência de leis específicas.

11. O STF, por seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

12. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

13. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

14. Não há ofensa aos dispositivos legais invocados, sendo desnecessária a sua análise individual com o único objetivo deprequestionamento, ainda mais quando as razões de decidir já exauriram a questão debatida

15. Recurso conhecido e improvido. Réu isento de custas. Condeno o recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995. Remetam-se os autos aSEDIJEF a fim de que sejam retificados os pólos ativo e passivo desta ação, devendo constar como recorrente, apenas oINSS e, como recorrido, apenas o autor (Marcos Antônio Schafascheck). Cumpra-se.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

50 - 0001606-64.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001606-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ERLAN MARIA DIAS (ADVOGADO: ES018035 -MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.).RECURSO Nº 0001606-64.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ERLAN MARIA DIASRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. SENTENÇA DAAÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. INTERESSE DE AGIR. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NOSENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR AS ADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADEDA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP1.270.439). RECURSO IMPROVIDO.

O INSS interpôs recurso inominado em face de sentença que julgou procedente o pedido de revisão de benefício, na formado art. 29, II, do CPC. Em suas razões, sustenta falta de interesse de agir; que o acordo em ação civil pública faz coisajulgada erga omnes; razoabilidade do cronograma de pagamento estabelecido na ACP 0002320-59.2012.4.03.6183 e, porfim; que a correção monetária pelo INPC viola a decisão cautelar do STF nas ADIs 4357 e 4425. Requer manifestaçãoexpressa aos seguintes dispositivos legais: arts. 5º, XXXV e 250 da CRFB/1988, arts. 103 e 104 da Lei 8.078/1990 c/c art.543-C do Código de Processo Civil, art. 127 da CRFB/1988 c/c art. 21 da Lei 7.347/85 e arts. 81, III e 82 da Lei 8.078/1990e arts. 3º e 267, VI, ambos do CPC. Contrarrazões às fls. 79/82.

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A exigência de prévio requerimento administrativo liga-se diretamente às condições da ação. Inexistindo prova da negativado INSS em conceder o benefício, torna-se impossível aferir o interesse processual da parte, isto é, a necessidade deajuizamento da demanda e a utilidade da tutela jurisdicional pleiteada (STJ – REsp 201200356194 – Relator MinistroHerman Benjamin – Segunda Turma – DJE 28/05/2012; STJ - AgREsp 201202306619 – Relator Ministro Humberto Martins– Segunda Turma - DJE 28/06/2013; e Enunciado nº 70 do Fonajef).

3. Todavia, na hipótese específica dos autos (revisão de benefício com base no art. 29, II, da Lei 8.213/1991), éabsolutamente dispensável o prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS indeferirá o pleito de revisão epagamento imediatos ou, pelo menos, o pagamento imediato.

4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, apontavam em direção à pronta satisfação da pretensão dos segurados e pensionistas referente ao art. 29, II,da Lei 8.213/1991 na via administrativa, de modo que lhes faltava interesse processual para agir em juízo. A diretriz contidanos dois Memorandos foi superada pela homologação judicial de acordo na Ação Civil Pública 2320-59.2012.403.6183,instituindo escalonamento de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados. Conseqüentemente,se alguém pleitear a revisão referente ao art. 29, II, da Lei 8.213/1991 na via administrativa, o INSS necessariamenteresponderá que o pleito será atendido conforme o cronograma homologado: a depender da idade do requerente, domontante a receber, e da (in)existência de urgência, o pagamento poderá ocorrer apenas em 2022.

5. Em regra, a sentença proferida em Ação Civil Pública, seja de procedência, seja de improcedência, faz coisa julgada ergaomnes, exceto se a improcedência decorrer de falta de provas (art. 16 da Lei 7.347/1985). Entretanto, em se tratando dedireitos individuais homogêneos, a sentença em ação coletiva (mesmo em matéria não relativa a Direito do Consumidor)apenas fará coisa julgada erga omnes no caso de procedência do pedido (art. 103, III, da Lei 8.078/1990 c/c art. 21 da Lei7.347/1985), excluída, portanto, a transação. Por mais razoável que seja o cronograma de pagamento estabelecido emacordo firmado entre o MPF e o INSS, aqueles que se sentirem prejudicados não estão a ele vinculados.

6. Evidente o interesse de agir em juízo para obter a revisão do benefício e o imediato pagamento das diferenças semsujeição ao cronograma estabelecido em Ação Civil Pública.

7. Quanto aos encargos moratórios, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que adeclaração de inconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério decorreção monetária, determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, peloIPCA-E, salvo a existência de leis específicas.

8. O STF, por seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

9. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

10. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

11. Não há ofensa aos dispositivos legais invocados, sendo desnecessária a sua análise individual com o único objetivo deprequestionamento, ainda mais quando as razões de decidir já exauriram a questão debatida

12. Recurso conhecido e improvido. Réu isento de custas. Condeno o recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

51 - 0000778-91.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000778-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x MURILO NUNES CAMPOS (ADVOGADO:ES014651 - MARIZA GIACOMIN LOZER.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000778-91.2013.4.02.5053/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E OUTRORECORRIDOS: OS MESMOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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VOTO

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. MEMORANDO21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL.RENUNCIA AO PRAZO CONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOSFINANCEIROS DA REVISAO RETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTODA TNU.

1. A parte autora ajuizou ação em 02.08.2013, objetivando a revisão dos seus benefícios de auxílio-doença, na forma do art.29, II, da Lei 8.213/1991, com o pagamento das diferenças devidas.

2. A sentença de fls. 75/78 julgou procedente o pedido para “a) revisar o salário-de-benefício do(a) auxílio-doença da parteautora com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% menores, nos termos do art.29, II da Lei nº8.213/91, implantando nova renda mensal inicial; (b)pagar à parte autora as diferenças devidas, observada a prescrição qüinqüenal”.

3. Interpostos recursos inominados pelo INSS e pela parte autora, foi negado provimento a ambos, mantendo-se a sentençano sentido de reconhecer a prescrição qüinqüenal, a contar da data do ajuizamento da demanda, ou seja, considerarprescritas as parcelas do débito anteriores a 02/08/2008.

4. Desse acórdão, a parte autora apresentou Recurso Extraordinário (fls. 133/148), o qual foi inadmitido, conforme se infereda decisão de fls. 194/196, e Incidente de Uniformização de Jurisprudência (fls.149/166), o qual foi admitido, ocasião emque se determinou o encaminhamento do feito para este Juízo para fins de adequação ao entendimento sufragado peloColegiado Nacional no PEDILEF nº 50000472320134047100, a teor do disposto no art. 7º, inciso VII, letra “a”, conjugadocom o art. 15, § 1º, do Regimento Interno, todos da TNU e com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001,bem como com o art.42 do Regimento Interno desta Turma Recursal.

É o relatório. Decido.

Esta Turma Recursal deve, então, em acatamento ao determinado pelo Juiz Federal Coordenador das Turmas Recursaisdesta Seção Judiciária, limitar-se a adequar a ementa do seu acórdão à orientação firmada no PEDILEF nº50000472320134047100, cujo entendimento se coaduna com a tese do recorrente desta ação, nos seguintes termos, inverbis:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. ART. 29, II, DA LEI Nº8.213/91.INÍCIO DA PRESCRIÇÃO NA DATA DAEDIÇÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21 DIRBEN/PFE/INSS, EM 15.04.2010. PRECEDENTES DESTATURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. (omissis).2.(omissis) 3. O Incidente sub judice não merece provimento. Esta Turma Nacional consolidou o entendimento segundo oqual o dies a quo da prescrição do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dosbenefícios previdenciários, na formado art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, é a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010.Até cinco anos após a publicação desse instrumento normativo, é possível requerer a revisão da RMI, administrativa oujudicialmente, retroagindo os efeitos financeiros daí resultantes à data da concessão do benefício. (Confira-se: PEDILEF5001752-48.2012.4.04.721 Rel. JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, julgado em 13.03.2014). 4. Segundo a Juíza FederalKyu Soon Lee, “... uniformizou-se a tese de que tal ato administrativo, o qual reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação, e não pela metade, como pretende o recorrente. Porconseguinte, para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação doreferido Memorando-Circular, como é o caso dos autos, firmou-se entendimento de que não incide prescrição, retroagindoos efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando”.5.(omissis) 6. Pedido de Uniformização dejurisprudência conhecido e improvido. Acordam os membros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais negar provimento ao Incidente de Uniformização, nos termos do voto-ementa do relator.(grifei)”

Aplicando-se tal entendimento ao caso concreto tem-se que o pedido de revisão relaciona-se a benefícios concedidos em14.06.2005 (NB 514.331.472-7) e 09.08.2008 (NB 531.571.758-1) e, tendo em vista que a presente demanda foi ajuizadaem 02.08.2013 (fl. 01), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referidoMemorando-Circular, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisãoretroagem à data de concessão dos benefícios revisandos.

Deste modo, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls. 127/129 encontra-se em descompassocom o que decidiu a TNU no PEDILEF nº 50000472320134047100, com base no art. 543-B, § 3º do Código de ProcessoCivil c/c art. 15, §§ 1º e 3º, RI/TNU, voto por conhecer do recurso inominado interposto pela parte autora e a ele dar parcialprovimento, devendo ser parcialmente modificada a sentença de fls. 75/78, para condenar o INSS a revisar ossalários-de-benefício de auxílio-doença da parte autora, na forma do art. 29, II da Lei 8.213/1991, quais sejam, 14.06.2005(NB 514.331.472-7) e 09.08.2008 (NB 531.571.758-1), diante do novo entendimento adotado acerca da matéria relativa àprescrição, no sentido de que os efeitos financeiros da revisão retroagem à data da concessão dos benefícios revisandos,não havendo que se falar em prescrição das parcelas vencidas. Julgo improcedente o recurso inominado do INSS. Deixo decondenar a parte autora em custas e honorários, haja vista o disposto no Enunciado 97 do FONAJEF. Réu isento de custas.Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei

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9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

52 - 0101699-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101699-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x LUIZ ANTONIO DE SOUZA (ADVOGADO:ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL.).RECURSO Nº 0101699-67.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZ ANTONIO DE SOUZARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. MEMORANDO21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL.RENUNCIA AO PRAZO CONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOSFINANCEIROS DA REVISAO RETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTODA TNU.

1. A parte autora ajuizou ação em 25.04.2013, objetivando a revisão do seu benefício de auxílio-doença, na forma do art.29, II, da Lei 8.213/1991, com o pagamento das diferenças devidas.

2. A sentença de fls. 49/51 julgou parcialmente procedente o pedido para “a) revisar o salário-de-benefício da aposentadoriapor invalidez NB 32/600.665.286-6 com base no mesmo salário-de-benefício já revisado no auxílio-doença NB31/519.413.740-7; b) proceder ao pagamento das diferenças incidentes sobre as prestações devidas após 15/4/2005, tendoem vista a revisão da RMI do auxílio-doença NB 31/519.413.740-7 de R$ 2.176,19 para R$ 2.343,03, bem como a revisãoda RMI da aposentadoria por invalidez NB 32/600.665.286-6.”

3. O INSS interpôs recurso inominado, o qual foi conhecido e parcialmente provido, para reformar em parte a sentença epronunciar a prescrição de todas as parcelas devidas antes do qüinqüênio que antecedeu ao ajuizamento da demanda, ouseja, anteriores a 25/04/2008.

4. Desse acórdão, a parte autora apresentou Recurso Extraordinário (fls. 103/119), o qual foi inadmitido, conforme se infereda decisão de fls. 172/174, e Incidente de Uniformização de Jurisprudência (fls.120/137), o qual foi admitido, ocasião emque se determinou o encaminhamento do feito para este Juízo para fins de adequação ao entendimento sufragado peloColegiado Nacional no PEDILEF nº 50000472320134047100, a teor do disposto no art. 7º, inciso VII, letra “a”, conjugadocom o art. 15, § 1º, do Regimento Interno, todos da TNU e com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001, bem como com o art.42 do Regimento Interno desta Turma Recursal.

É o relatório. Decido.

Esta Turma Recursal deve, então, em acatamento ao determinado pelo Juiz Federal Coordenador das Turmas Recursaisdesta Seção Judiciária, limitar-se a adequar a ementa do seu acórdão à orientação firmada no PEDILEF nº50000472320134047100, cujo entendimento se coaduna com a tese do recorrente desta ação, nos seguintes termos, inverbis:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. ART. 29, II, DA LEI Nº8.213/91.INÍCIO DA PRESCRIÇÃO NA DATA DAEDIÇÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21 DIRBEN/PFE/INSS, EM 15.04.2010. PRECEDENTES DESTATURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. (omissis).2.(omissis) 3. O Incidente sub judice não merece provimento. Esta Turma Nacional consolidou o entendimento segundo oqual o dies a quo da prescrição do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dosbenefícios previdenciários, na formado art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, é a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010.Até cinco anos após a publicação desse instrumento normativo, é possível requerer a revisão da RMI, administrativa oujudicialmente, retroagindo os efeitos financeiros daí resultantes à data da concessão do benefício. (Confira-se: PEDILEF5001752-48.2012.4.04.721 Rel. JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, julgado em 13.03.2014). 4. Segundo a Juíza FederalKyu Soon Lee, “... uniformizou-se a tese de que tal ato administrativo, o qual reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação, e não pela metade, como pretende o recorrente. Porconseguinte, para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação doreferido Memorando-Circular, como é o caso dos autos, firmou-se entendimento de que não incide prescrição, retroagindoos efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando”.5.(omissis) 6. Pedido de Uniformização de

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jurisprudência conhecido e improvido. Acordam os membros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais negar provimento ao Incidente de Uniformização, nos termos do voto-ementa do relator.(grifei)”

Aplicando-se tal entendimento ao caso concreto tem-se que o pedido de revisão relaciona-se a benefícios concedidos em31/01/2007 (NB 519.413.740-7) e em 17/01/2013 (NB 600.665.286-6) e, tendo em vista que a presente demanda foiajuizada em 25.04.2013 (fl. 01), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referidoMemorando-Circular, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisãoretroagem à data de concessão dos benefícios revisandos.

Deste modo, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls. 95/97 encontra-se em descompassocom o que decidiu a TNU no PEDILEF nº 50000472320134047100, com base no art. 543-B, § 3º do Código de ProcessoCivil c/c art. 15, §§ 1º e 3º, RI/TNU, voto por conhecer do recurso inominado interposto pelo INSS e a ele negar provimento,devendo ser mantida a sentença de fls. 49/51, conquanto, não obstante o mencionado PEDILEF a tenha modificado no quese refere ao novo entendimento adotado acerca da matéria relativa à prescrição, não acarretará, na prática, em mudançaquanto ao que foi efetivamente concedido a parte autora à título de atrasados decorrentes da revisão do benefício, na formado art. 29, II, da Lei 8.213/1991 (o benefício revisando mais antigo data de 2007 e a sentença concedeu o pagamento dasdiferenças incidentes sobre as prestações devidas após 15.04.2005). Réu isento de custas. Condeno o recorrente, vencido,em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

53 - 0101031-96.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101031-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x CLOVIS INACIO FARIA(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO, SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0101031-96.2013.4.02.5050/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E OUTRORECORRIDOS: OS MESMOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. BENEFÍCIO NB124.267.686-1, CONCEDIDO EM 04.09.2002. DECADÊNCIA. PRECEDENTES. STJ – RESP 1.309.529, SÚMULA 64 DATNU E SÚMULA 8 DA TRU DA 2ª REGIÃO. NB’s 137.622.265-2, 519.476.019-8 E 532.978.763-3. MEMORANDO21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL.RENUNCIA AO PRAZO CONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOSFINANCEIROS DA REVISAO RETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTODA TNU.

1. A parte autora ajuizou ação em 12.03.2013, objetivando a revisão dos seus benefícios de auxílio-doença, na forma do art.29, II, da Lei 8.213/1991, com o pagamento das diferenças devidas.

2. A sentença de fl. 71/74, julgou procedente o pedido para “condenar o réu a: a) revisar o salário-de-benefício do(a)auxílio-doença da parte autora com base na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo operíodo contributivo, desprezando-se os 20% menores, nos termos do art.29, II da Lei nº8.213/91, implantando nova rendamensal inicial; (b) pagar à parte autora as diferenças devidas, observada a prescrição qüinqüenal, no valor de R$367,20(trezentos e sessenta e sete reais e vinte centavos), referente ao benefício nº 532.978.763.3 e R$1.260,59 (hum mil,duzentos e sessenta reais e cinqüenta e nove centavos), referente ao benefício nº 519.476.019.8, atualizados até janeiro de2013.”

3. Interpostos recursos inominados pelo INSS e pela parte autora, foi dado parcial provimento ao recurso da autarquia, paramodificar a parte dispositiva da sentença no sentido de reconhecer a prescrição qüinqüenal, a contar da data doajuizamento da demanda, ou seja, considerar prescritas as parcelas do débito anteriores a 12/03/2008.

4. Desse acórdão, a parte autora apresentou Recurso Extraordinário (fls. 134/149), o qual foi inadmitido, conforme se infereda decisão de fls. 201/203, e Incidente de Uniformização de Jurisprudência (fls.150/167), o qual foi admitido, ocasião emque se determinou o encaminhamento do feito para este Juízo para fins de adequação ao entendimento sufragado peloColegiado Nacional no PEDILEF nº 50000472320134047100, a teor do disposto no art. 7º, inciso VII, letra “a”, conjugadocom o art. 15, § 1º, do Regimento Interno, todos da TNU e com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001,bem como com o art.42 do Regimento Interno desta Turma Recursal.

É o relatório. Decido.

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Inicialmente, cumpre-me ressaltar que a demanda versa sobre revisão de benefícios de auxílio-doença concedidos emmomentos distintos, quais sejam, 04.09.2002 (NB 124.267.686-1), 22.07.2005 (NB 137.622.265-2), 07.02.2007 (NB519.476.019-8) e 06.11.2008 (NB 532.978.763-3), conforme se depreende dos documentos anexados às fls. 13/31.

Com efeito, a jurisprudência pátria (STJ – RESP 1.309.529, Súmula 64 da TNU e Súmula 8 da TRU da 2ª Região) vem seposicionando no sentido de que o prazo decadencial para fins de revisão de benefício previdenciário ou assistencialsujeita-se ao prazo decadencial de 10 anos:

TNU (Súmula 64: “O direito à revisão do ato de indeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazodecadencial de dez anos.”).

TRU da 2ª Região (Súmula 8: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessóriode benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redaçãoao art. 103 da Lei nº 8.213/91.”).

O prazo decadencial se restringe, nos termos da lei, aos casos em que o benefício foi concedido, não incidindo nos casosde indeferimento do requerimento de benefício ou em que o segurado/pensionista se insurge contra os critérios deatualização do valor da prestação.

No caso concreto, a parte autora, que não é menor, incapaz nem ausente (art. 79 da Lei 8.213/1991), pretendia compelir oINSS a rever a RMI de um de seus benefícios, concedido há mais de dez anos, em 04.09.2002 (NB 124.267.686-1), razãopela qual, diante da incidência da regra do art. 103 da Lei 8.213/1991, o processo deve ser extinto com julgamento domérito, mediante pronúncia da decadência do direito à revisão (art. 269, IV, do CPC), no que diz respeito ao mesmo.

Nada obsta ao exame da decadência, máxime considerando o efeito translativo dos recursos e por se cuidar de matéria deordem pública.

Quanto aos demais benefícios, esta Turma Recursal deve, então, em acatamento ao determinado pelo Juiz FederalCoordenador das Turmas Recursais desta Seção Judiciária, limitar-se a adequar a ementa do seu acórdão à orientaçãofirmada no PEDILEF nº 50000472320134047100, cujo entendimento se coaduna com a tese do recorrente desta ação, nosseguintes termos, in verbis:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. ART. 29, II, DA LEI Nº8.213/91.INÍCIO DA PRESCRIÇÃO NA DATA DAEDIÇÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21 DIRBEN/PFE/INSS, EM 15.04.2010. PRECEDENTES DESTATURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. (omissis).2.(omissis) 3. O Incidente sub judice não merece provimento. Esta Turma Nacional consolidou o entendimento segundo oqual o dies a quo da prescrição do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dosbenefícios previdenciários, na formado art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, é a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010.Até cinco anos após a publicação desse instrumento normativo, é possível requerer a revisão da RMI, administrativa oujudicialmente, retroagindo os efeitos financeiros daí resultantes à data da concessão do benefício. (Confira-se: PEDILEF5001752-48.2012.4.04.721 Rel. JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, julgado em 13.03.2014). 4. Segundo a Juíza FederalKyu Soon Lee, “... uniformizou-se a tese de que tal ato administrativo, o qual reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação, e não pela metade, como pretende o recorrente. Porconseguinte, para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação doreferido Memorando-Circular, como é o caso dos autos, firmou-se entendimento de que não incide prescrição, retroagindoos efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando”.5.(omissis) 6. Pedido de Uniformização dejurisprudência conhecido e improvido. Acordam os membros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais negar provimento ao Incidente de Uniformização, nos termos do voto-ementa do relator.(grifei)”

Aplicando-se tal entendimento ao caso concreto tem-se que o pedido de revisão relaciona-se a benefícios concedidos em22.07.2005 (NB 137.622.265-2), 07.02.2007 (NB 519.476.019-8) e 06.11.2008 (NB 532.978.763-3) e, tendo em vista que apresente demanda foi ajuizada em 12.03.2013 (fl. 01), antes do decurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados dapublicação do referido Memorando-Circular, não há que se falar em prescrição das parcelas vencidas e os efeitosfinanceiros da revisão retroagem à data de concessão dos benefícios revisandos (a exceção daquele sobre o qual seoperou a decadência).

Deste modo, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls. 128/130 encontra-se em descompassocom o que decidiu a TNU no PEDILEF nº 50000472320134047100, com base no art. 543-B, § 3º do Código de ProcessoCivil c/c art. 15, §§ 1º e 3º, RI/TNU, voto por conhecer do recurso inominado interposto pela parte autora e a ele dar parcialprovimento, devendo ser parcialmente modificada a sentença de fls. 71/74, para condenar o INSS a revisar ossalários-de-benefício de auxílio-doença da parte autora, na forma do art. 29, II da Lei 8.213/1991, quais sejam, 22.07.2005(NB 137.622.265-2), 07.02.2007 (NB 519.476.019-8) e 06.11.2008 (NB 532.978.763-3), diante do novo entendimentoadotado acerca da matéria relativa à prescrição, no sentido de que os efeitos financeiros da revisão retroagem à data daconcessão dos benefícios revisandos, não havendo que se falar em prescrição das parcelas vencidas. Julgo improcedenteo recurso inominado do INSS. Com relação ao benefício de nº NB 124.267.686-1, concedido em 04.09.2002, extingo o feito,de ofício, mediante pronúncia da decadência do direito à revisão (art. 269, IV, do CPC). Sem condenação da autora em

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custas, nem em honorários, tendo em vista o disposto no Enunciado 97 do FONAJEF. Réu isento de custas. Condeno oINSS em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

54 - 0100756-50.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100756-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x EVANILSON MADEIRA GARCIA(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO, ES017197 - ANDERSON MACOHIN.).RECURSO Nº 00020100756-50.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EVANILSON MADEIRA GARCIARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. MEMORANDO21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010 IMPORTOU INTERRUPÇÃO DO CURSO DO PRAZO PRESCRICIONAL.RENUNCIA AO PRAZO CONSUMADO. AÇÃO AJUIZADA DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL. EFEITOSFINANCEIROS DA REVISAO RETROAGEM À DATA DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO REVISANDO. ENTENDIMENTODA TNU.

1. A parte autora ajuizou ação em 25.02.2013, objetivando a revisão do seu benefício de auxílio-doença, na forma do art.29, II, da Lei 8.213/1991, com o pagamento das diferenças devidas.

2. A sentença de fl. 70, alterada por meio de embargos de declaração às fls. 76/78, julgou procedente o pedido para“condenar o réu a pagar as diferenças decorrentes da revisão do salário-de-benefício do auxíliodoença NB31/520.803.171-6 (baseada na média dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o períodocontributivo, com desprezo dos 20% menores) incidente sobre os proventos devidos no período de 8/6/2007 a 20/7/2007.Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).”

3. O INSS interpôs recurso inominado, o qual foi conhecido e provido, para reformar a sentença e pronunciar a prescriçãode todas as parcelas devidas, julgando extinto o feito, na forma do art. 269, IV, do CPC.

4. Desse acórdão, a parte autora apresentou Recurso Extraordinário (fls. 126/143), o qual foi inadmitido, conforme se infereda decisão de fls. 200/203, e Incidente de Uniformização de Jurisprudência (fls.144/164), o qual foi admitido, ocasião emque se determinou o encaminhamento do feito para este Juízo para fins de adequação ao entendimento sufragado peloColegiado Nacional no PEDILEF nº 50000472320134047100, a teor do disposto no art. 7º, inciso VII, letra “a”, conjugadocom o art. 15, § 1º, do Regimento Interno, todos da TNU e com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001,bem como com o art.42 do Regimento Interno desta Turma Recursal.

É o relatório. Decido.

Esta Turma Recursal deve, então, em acatamento ao determinado pelo Juiz Federal Coordenador das Turmas Recursaisdesta Seção Judiciária, limitar-se a adequar a ementa do seu acórdão à orientação firmada no PEDILEF nº50000472320134047100, cujo entendimento se coaduna com a tese do recorrente desta ação, nos seguintes termos, inverbis:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. ART. 29, II, DA LEI Nº8.213/91.INÍCIO DA PRESCRIÇÃO NA DATA DAEDIÇÃO DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21 DIRBEN/PFE/INSS, EM 15.04.2010. PRECEDENTES DESTATURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. (omissis).2.(omissis) 3. O Incidente sub judice não merece provimento. Esta Turma Nacional consolidou o entendimento segundo oqual o dies a quo da prescrição do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dosbenefícios previdenciários, na formado art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, é a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010.Até cinco anos após a publicação desse instrumento normativo, é possível requerer a revisão da RMI, administrativa oujudicialmente, retroagindo os efeitos financeiros daí resultantes à data da concessão do benefício. (Confira-se: PEDILEF5001752-48.2012.4.04.721 Rel. JUÍZA FEDERAL KYU SOON LEE, julgado em 13.03.2014). 4. Segundo a Juíza FederalKyu Soon Lee, “... uniformizou-se a tese de que tal ato administrativo, o qual reconheceu o direito dos segurados à revisãopelo art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, importou a renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, quevoltaram a correr integralmente a partir de sua publicação, e não pela metade, como pretende o recorrente. Porconseguinte, para pedidos administrativos ou judiciais formulados dentro do período de 5 (cinco) anos da publicação doreferido Memorando-Circular, como é o caso dos autos, firmou-se entendimento de que não incide prescrição, retroagindoos efeitos financeiros da revisão à data de concessão do benefício revisando”.5.(omissis) 6. Pedido de Uniformização de

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jurisprudência conhecido e improvido. Acordam os membros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados EspeciaisFederais negar provimento ao Incidente de Uniformização, nos termos do voto-ementa do relator.(grifei)”

Aplicando-se tal entendimento ao caso concreto tem-se que o pedido de revisão relaciona-se a benefício concedido em08.06.2007 (NB 520.803.171-6) e, tendo em vista que a presente demanda foi ajuizada em 25.02.2013 (fl. 01), antes dodecurso do prazo prescricional de 5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular, não há que se falar emprescrição das parcelas vencidas e os efeitos financeiros da revisão retroagem à data de concessão dos benefíciosrevisandos.

Deste modo, considerando que o acórdão proferido por esta Turma Recursal às fls. 121/123 encontra-se em descompassocom o que decidiu a TNU no PEDILEF nº 50000472320134047100, com base no art. 543-B, § 3º do Código de ProcessoCivil c/c art. 15, §§ 1º e 3º, RI/TNU, voto por conhecer do recurso inominado interposto pelo INSS e a ele negar provimento,devendo ser mantida a sentença de fls. 76/78, conquanto, não obstante o mencionado PEDILEF a tenha modificado no quese refere ao novo entendimento adotado acerca da matéria relativa à prescrição, não acarretará, na prática, em mudançaquanto ao que foi efetivamente concedido a parte autora à título de atrasados decorrentes da revisão do benefício, na formado art. 29, II, da Lei 8.213/1991. Réu isento de custas. Condeno o INSS em honorários de 10% do valor da condenação.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

55 - 0003230-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003230-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OTÁVIO GOMES CARDOSO(ADVOGADO: ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0003230-83.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: OTÁVIO GOMES CARDOSORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. FALTA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PARA O TRABALHO NO LAUDO PERICIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDENCIA MANTIDA. RECURSODESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência de constataçãode incapacidade. Requer o recorrente, em síntese, a nulidade da sentença com a realização de nova perícia e,alternativamente, a reforma da sentença com julgamento de total procedência dos pedidos.2. Primeiramente, rejeito a alegação de necessidade de realização de nova perícia, uma vez que o laudo pericial foielaborado por perito especialista em ortopedia apresentando esclarecimentos satisfatórios sobre o quadro clinico dosegurado. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação, deve-se questionar acerca da essencialidade danova perícia para apreciação da questão da incapacidade, em observância ao princípio da celeridade processual, o que nãoé o caso dos autos, tendo em vista que a prova produzida por médico especialista encontra-se suficientementefundamentada para convencimento do juízo, convindo anotar que eventuais esclarecimentos prestados em resposta a novaperícia em nada alterariam objetivamente a conclusão do laudo, não havendo que se confundir o inconformismo da partequanto ao resultado da prova com nulidade por ausência de nova perícia. No mais, observo que as conclusões do perito sederam com base em exame físico realizado e na análise do exame complementar, no caso, ultrassonografia do ombrodireito, constituindo, certamente, documento hábil e válido para verificação da incapacidade laborativa da parte.

3. Ainda ao início, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do RegimeGeral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

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4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação5. No presente recurso questiona-se acerca da existência ou não de incapacidade total e permanente para o trabalho.Compulsados os autos, observa-se que a parte autora conta com 67 anos de idade e exerce a atividade habitual de pintorautônomo. Através da perícia médica de fls. 41/43, ficou constatado que possui alteração degenerativa leve do ombrodireito com relatos de dor, hipertensão em tratamento e relato da ocorrência de AVC há dois anos com queixa de perda dememória. Esclareceu o perito que o autor apresentou boa mobilidade e força no ombro direito, não havendo incapacidadepara o exercício da atividade habitual.

6. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral, nessepasso, convindo anotar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doença emsi, e sim de incapacidade da recorrente para sua atividade habitual, situação que não foi constatada em laudo pericial, aocontrário, tendo sido constatada as limitações que, contudo, não levam a incapacidade para o trabalho. No caso dos autos,futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade e conseqüente direito a benefício previdenciário, mas nãopor enquanto.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixandoestes em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições demiserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade dejustiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

56 - 0001602-59.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001602-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SERGIO FERNANDES DASILVA (ADVOGADO: ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA, ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA, ES012739- JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNOMIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0001602-59.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: SERGIO FERNANDES DA SILVARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERÍCIA JUDICIAL. CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADEPARCIAL PARA ATIVIDADE HABITUAL. POSSIBILIDADE DE READAPTAÇÃO EM ATIVIDADE DIVERSA. BENEFÍCIOINDEVIDO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO.

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1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou parcialmente procedente opedido, concedendo o benefício de auxílio-doença e julgando improcedente o pleito de conversão em aposentadoria porinvalidez. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença para concessão da aposentadoria por invalidez.2. Ao início, observo que a aposentadoria por invalidez será devida quando demonstrada incapacidade permanente paraatividades laborativas e impossibilidade de adaptação para outra (art. 42 da Lei 8.213/91).3. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não da incapacidade total para o trabalho. Compulsados os autos,observo que o autor possui 44 anos, exerce a atividade e pinto, constando no laudo pericial de fls.39/41, elaborado porespecialista em ortopedia, que é portador de espondilodiscoartrose da coluna lombar, já submetido a artrodese da regiãolombar, tratando-se de doença degenerativa que causa limitação para carregar peso em excesso (acima de 20kg) e realizaratividade de sobrecarga para a região lombar, podendo, no entanto, andar, trabalhar em pé e sentado. Concluiu o perito quea limitação é definitiva e que o paciente pode ser reabilitado para atividades que respeitem as limitações descritas acima.

4. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou constatada a incapacidade parcial e a possibilidade dereadaptação do autor, que pode exercer atividades que não requeiram sobrecarga de peso e que não causem risco a suasaúde, como atividades em ambiente administrativo e sentado, convindo anotar, ainda, que compulsados os autosobserva-se que o autor possui 44 anos de idade e que não há qualquer indício de que os problemas de saúde acarretemincapacidade total para qualquer trabalho, ao contrário, restando comprovada na perícia a possibilidade de exercício deoutra atividade profissional, motivos pelo qual entendo que o autor não preenche o requisito legal para concessão daaposentadoria por invalidez, devendo ser mantida a sentença proferida. Por fim, assevero que diante da impossibilidade deretorno ao exercício da atividade habitual, deve a parte autora ser inserida no programa de reabilitação para o exercício deatividade compatível com suas limitações, consoante entendimento do E. STJ de que é exemplo o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.AUXÍLIO-DOENÇA. REQUISITOS NECESSÁRIOS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGAPROVIMENTO.1. É devido o auxílio-doença ao segurado considerado parcialmente incapaz para o trabalho, mas suscetível de reabilitaçãoprofissional para o exercício de outras atividades laborais. Assentando o Tribunal a quo estarem demonstrados osrequisitos necessários à concessão do benefício previdenciário, a alegação em sentido contrário, em sede de recursoespecial, exige o exame do acervo fático-probatório, procedimento vedado a teor da Súmula 7/STJ.2. Agravo regimental a que se nega provimento.(STJ, AgRg no AREsp 220768/PB, Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe12/11/2012);

5. Por estes fundamentos, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso da parte autora, mantendo-se integralmente asentença recorrida por seus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento)sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco)anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

57 - 0001037-60.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001037-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CRISTINA ANGELICA DACONCEICAO CHAVES (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0001037-60.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: CRISTINA ANGELICA DA CONCEIÇÃO CHAVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE NULIDADE PORAUSENCIA DE NOVA PERÍCIA QUE NÃO SE SUSTENTA. FALTA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PARA OTRABALHO NO LAUDO PERICIAL. SENTENÇA DE IMPROCEDENCIA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência de constatação

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de incapacidade. Requer o recorrente, em síntese, a nulidade da sentença com a realização de nova perícia ou, diante dasprovas já produzidas nos autos, o julgamento de procedência do pedido.2. Primeiramente, rejeito a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa tendo em vista que os fatosrelevantes foram suficientemente comprovados pelo arcabouço documental carreado aos autos, sendo desnecessária arealização de nova perícia para o deslinde do feito. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação, deve-sequestionar acerca da essencialidade da nova perícia para apreciação da questão da incapacidade, em observância aoprincípio da celeridade processual, o que não é o caso dos autos, tendo em vista que a prova produzida por médicoespecialista encontra-se completa e suficientemente fundamentada para convencimento do juízo, convindo anotar queeventuais esclarecimentos prestados em resposta a nova perícia em nada alterariam objetivamente a conclusão do laudo,não havendo que se confundir o inconformismo da parte quanto ao resultado da prova com nulidade por ausência de novaperícia. No mais, a alegação de que a nova perícia esclareceria situações de omissão no laudo não prospera, tendo emvista que as questões acerca da existência da alegada incapacidade foram dirimidas e consta nos autos que o laudo de fls.30/32 foi elaborado por médico especialista em ortopedia e traumatologia e se deu com fundamento em anamnese, examefísico e exames complementares, ou seja, constitui documento hábil e válido para verificação da incapacidade.3. Quanto ao mérito, observo que a concessão de auxílio-doença, de acordo com o art. 25, I e 59 da Lei 8.213/91, évinculada aos seguintes requisitos: verificação de incapacidade do trabalhador para o desempenho da atividade habitual pormais de 15 (quinze) dias consecutivos, manutenção da qualidade de segurado da previdência social ao tempo dosurgimento da enfermidade, e cumprimento da carência de doze meses. Já a aposentadoria por invalidez será devidaquando demonstrada incapacidade permanente para atividades laborativas e impossibilidade de adaptação para outra (art.42 da Lei 8.213/91).4. Compulsados os autos, observo às fls. 30/32, que consta no laudo pericial elaborado por médico especialista emortopedia e traumatologia designado pelo juízo, que a parte autora é portadora de artrose da coluna lombar, sendo esta denatureza degenerativa, que não a impede, contudo, de realizar suas atividades laborais. Concluiu o perito que não haviaincapacidade para o trabalho.5. Acerca das considerações da perícia médica, observo que a autora possui 48 anos, estudou até a 5ª série, sua últimaprofissão foi de gari, e que pelo seu histórico profissional só prestou serviços braçais, tendo o perito expressamenteconstatado a capacidade para a atividade laboral, nesse passo, convindo anotar que a situação que dá ensejo a concessãodo benefício pleiteado não é a ocorrência de doença em si, e sim de incapacidade para sua atividade habitual, situação quenão foi constatada em laudo pericial. No caso dos autos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade econseqüente direito a benefício previdenciário, mas não por enquanto.

6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela autora, o que por si só não justifica aconcessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do EspíritoSanto é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido deque “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dez porcento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5(cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

58 - 0000022-53.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000022-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x TELMA DE AGUILAR CALISTO (ADVOGADO:ES016172 - HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA, ES014744 - ANA PAULA DOS SANTOS GAMA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0000022-53.2011.4.02.5053/01

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RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDA: TELMA DE AGUILAR CALISTORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA CONSTATADA NO LAUDOPERICIAL. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO. BAIXA ESCOLARIDADE. SEGURADO PORTADORDE HIV. LIVRE CONVICÇÃO DO MAGISTRADO. ALEGAÇÃO DE PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO QUE NÃO SESUSTENTA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DO INSS DESPROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que o condenou ao restabelecimento doauxílio-doença e implantação da aposentadoria por invalidez, requerendo o recorrente, em síntese, a reforma da sentençano tocante à concessão da aposentadoria por invalidez.2. Ao início assevero que a aposentadoria por invalidez será devida quando demonstrada incapacidade permanente paraatividades laborativas e impossibilidade de adaptação para outra (art. 42 da Lei 8.213/91).3. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade definitiva para atividade habitual. Compulsados osautos, observa-se que a autora se submeteu a perícia com médico do trabalho (fls.31/34) que o diagnosticou com síndromeda imunodeficiência adquirida, distrofia e anemia, e afirmou que a autora não possui aptidão para exercer a atividadehabitual de trabalhadora rural, tendo concluído pela incapacidade temporária para o trabalho. Consta da perícia, ainda, quea autora apresenta-se com tensão arterial 120/100 mmHg, olhos encovados, pele com turgor e elasticidade diminuída,abdômen globoso e doloroso e mucosas descoradas.

4. Acerca das considerações da perícia médica, não obstante a constatação de incapacidade temporária, observo que aspatologias que acometem a autora são incompatíveis com o exercício da atividade rural, tendo em vista que o usoconstante de fortes medicações e a anemia certamente prejudicam o rendimento e a produção na lavoura, que requer vigore força física. Ademais, verifico que apesar da autora ser portadora do vírus do HIV e este encontrar-se medicado eparcialmente controlado, o fato de estar constantemente recebendo auxílio doença desde 2007 demonstra ausência demelhora de seu quadro de saúde, tais circunstâncias, somada à baixa escolaridade (4ª série do ensino fundamental) e aidade (50 anos), certamente comprometem sua reinserção no mercado de trabalho, motivos pelos quais reconheço aimpossibilidade para atividade laboral habitual e para a readaptação, devendo, portanto, ser mantida a sentença deprocedência do pedido com a concessão da aposentadoria por invalidez.

5. Por oportuno, trago à colação recente julgado da TNU acerca da matéria:

VOTO- -DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. (IN) CAPACIDADE PARAO TRABALHO. SEGURADO PORTADOR DE VÍRUSHIV (AIDS) ASSINTOMÁTICO. CONSIDERAÇÃO DE CONDIÇÕESSÓCIO-CULTURAISESTIGMATIZANTES. NECESSIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COMAJURISPRUDÊNCIA ATUAL DESTE COLEGIADO. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM Nº. 13, TNU. INCIDENTENÃO CONHECIDO. ARTS. 7º VII, “A” E 15, §§ 1º E 3º, DA RESOLUÇÃO CJF Nº. 22 DE 4 DE SETEMBRO DE 2008(RI/TNU). 1 - Pedido de Uniformização manejado em face de acórdão que deu provimento ao recurso inominado da parteautora, para reformar a sentença, julgando procedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, com fundamentonas condições sócio-culturais estigmatizantes da patologia. Segurado portador de vírus HIV (AIDS) assintomáticosemi-alfabetizado que refere discriminação social. 2 - É devido, independentemente de carência,auxílio-doença/aposentadoria por invalidez ao segurado acometido de doença e afecção que por critério de estigma ououtro fator materialize especificidade ou gravidade a merecer tratamento particularizado, entre elas a síndrome dadeficiência imunológica adquirida - AIDS (cf. art. 26, II, c/c art. 151 da Lei nº. 8.213/91). 3 - A ausência de sintomas, por sisó, não implica capacidade efetiva para o trabalho, se a doença se caracteriza por específico estigma social. Há que seaferir se as condições sociais a que submetido o segurado permitem o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência. 4 - Jurisprudência dominante desta Turma Nacional: “1. A interpretação sistemática da legislação permite aconcessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez se, diante do caso concreto, os fatores pessoais e sociaisimpossibilitarem a reinserção do segurado no mercado de trabalho, conforme livre convencimento do juiz que, conforme obrocardo judex peritus peritorum, é o perito dos peritos, ainda que não exista incapacidade total para o trabalho do ponto devista médico. 1.1. Na concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a incapacidade para o trabalho deve seravaliada do ponto de vista médico e social. (...) 3. A intolerância e o preconceito contra os portadores do HIV, que aindapersistem no seio da sociedade brasileira, impossibilitam sua inclusão no mercado de trabalho e, em conseqüência, aobtenção dos meios para a sua subsistência. 4. O princípio da dignidade humana é fundamento do Estado Democrático deDireito (art. 1º, III, CF). 4.1. O Poder Judiciário tem coibido a discriminação contra o portador do HIV, nos casos concretos eespecíficos que lhe são submetidos. 4.1.1. Quando o preconceito se manifesta de forma difusa, velada, disfarçada, oEstado-Juiz deve intervir, reconhecendo as diferenças, sob pena de, na sua omissão, compactuar com a intolerância comos portadores dessas mesmas diferenças” (PEDILEF Nº 2007.83.00.50.5258-6, Relª. Juíza Federal Maria Divina Vitória, DJ2.2.2009); “Não há controvérsias que para a concessão de benefício de incapacidade para portador de HIV deve-se apurara incapacidade social, a saber, o preconceito, a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho e as condições pessoais dosoropositivo”(PEDILEF nº 0510549-05.2008.4.05.8100, Rel. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, DOU 8.6.2012); “Nãoexaminada na sentença ou no acórdão a existência de incapacidade social em relação ao autor, exigível nos termos dajurisprudência da Turma (...) deve o processo, fixada a tese da exigibilidade de o juiz analisar as condições pessoais esociais do segurado portador de HIV, inclusive sinais exteriores da doença, para concessão de aposentadoria por invalidez,retornar ao Juízo de primeira instância para produção e análise da prova (TNU - Questão de Ordem n.º 20)”(PEDILEF nº

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0521906-61.2008.4.05.8300, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerrade Siqueira, DOU 13.7.2012). 5 - Incidência da Questão deordem nº. 13 desta Turma Nacional: “Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudência da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido”. 6 -Incidente de uniformização não conhecido. 7 - O julgamento deste incidente de uniformização, que reflete o entendimentoconsolidado da Turma Nacional de Uniformização, resultará na devolução à Turma de origem de todos os outros recursosque versem sobre o mesmo objeto afim de que mantenham ou promovam a adequação do acórdão recorrido à tese jurídicafirmada, em cumprimento ao disposto nos arts. 7º VII, “a” e 15,§§ 1º e 3º, da Resolução CJF nº. 22 de 4 de setembro de2008 (RI/TNU).(TNU - PEDILEF: 5071068220094058400 , Relator: JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, Data de Julgamento:16/08/2012, Data de Publicação: DOU 31/08/2012)

6. A afirmação do INSS sobre a perda de qualidade de segurada da autora na data da perícia judicial não deve prosperar.Com efeito, reconhecida na sentença a ilegalidade da cessação do benefício anterior com fundamento dos documentostrazidos pela parte (fls. 10/11), e, considerando o disposto no art. 15 da Lei 8.213/91, segundo o qual o segurado mantémsua qualidade, independentemente de contribuições sem limite de prazo, quando estiver em gozo do benefício, concluo quea parte autora manteve sua qualidade de segurada. Ademais, é conhecido que, determinadas doenças, consideradasgraves e listadas pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social, não necessitam de carência paraconcessão do benefício de auxílio doença, sendo que entre elas está a síndrome da deficiência imunológica adquirida –AIDS, conforme disposto no art. 1° da Portaria Interministral MPAS/MS N° 2.998, de 23 de Agosto de 2001. Neste sentido:PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE GENITOR. QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS.COMPROVAÇÃO. PORTADOR DE HIV. 1. A infecção com vírus HIV traz consigo o estigma social, representado pelaresistência de grande parte da sociedade em aceitar, com normalidade, o portador da doença. 2. Em respeito aofundamento da República Federativa do Brasil, representado pela dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. III, CF),representa gravame exacerbado exigir que portador do vírus HIV retorne ao trabalho, em face dos transtornos físicos epsicológicos trazidos pela doença, aliado às suas condições pessoais, máxime em época quando ainda precárias asinformações sobre a doença e acentuado o preconceito. 3. Demonstrado, pela análise do conjunto probatório, que ofalecido era portador do vírus da AIDS a tempo da sua última atividade laborativa, é de ser mantida a qualidade desegurado até a data do óbito, uma vez que ele deveria estar em gozo de auxílio-doença. 4. Restando comprovado nosautos a condição de segurado do de cujus à época do óbito, é de ser concedido o benefício de pensão por morte ao seufilho, desde a data do óbito até quando atingida a maioridade. 5. Apelação do INSS e remessa oficial improvidas. (TRF-4 -AC: 27025 PR 2001.04.01.027025-9, Relator: LUIZ ANTONIO BONAT, Data de Julgamento: 06/11/2007, QUINTA TURMA,Data de Publicação: D.E. 13/11/2007)

7. Observo, por oportuno, que o juiz não está vinculado às conclusões do laudo pericial podendo formar sua convicção comoutros elementos de prova, consoante art. 436 do CPC. Neste sentido:DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO ACIDENTE - INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE - LAUDO PERICIAL -LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ.1. O magistrado não está adstrito às conclusões da perícia técnica para a formação do seu convencimento acerca daexistência ou não da moléstia incapacitante, podendo, por outros meios de prova, fundamentar o seu entendimento.Princípio do livre convencimento. Precedentes.2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou a conclusão pela existência de incapacidade parcial e permanente doautor.3. Agravo regimental não provido.(STJ, AgRg no AREsp 301837/SP, Relator(a) Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 24/09/2013)

8. Assevero, por fim, que ao contrário do alegado pelo INSS nas razões recursais, a incapacidade temporária pode darensejo à concessão de aposentadoria por invalidez, consoante entendimento do E. STJ cuja ementa trago à colação:AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. A ALEGADA CONTRARIEDADE A DISPOSITIVOSINFRACONSTITUCIONAIS NÃO RESTOU CONFIGURADA. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO NOS MOLDESREGIMENTAIS. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.3. Com relação à concessão de aposentadoria por invalidez, este Superior Tribunal de Justiça possui entendimento nosentido da desnecessidade da vinculação do magistrado à prova pericial, se existentes outros elementos nos autos aptos àformação do seu convencimento, podendo, inclusive, concluir pela incapacidade permanente do segurado em exercerqualquer atividade laborativa, não obstante a perícia conclua pela incapacidade parcial. (Precedente: AgRg no Ag1102739/GO, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe 09/11/2009)(STJ, AgRg no Ag 1420849/PB, Relator(a) Ministro VASCO DELLA GIUSTINA, SEXTA TURMA, DJe 28/11/2011)

9. Por estes fundamentos, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS, devendo ser mantida integralmente asentença recorrida.

Sem custas. Condeno o recorrente ao pagamento da verba honorária no montante de 10% sobre o valor da condenação,nos termos do art. 55 da Lei 9.099/55.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

59 - 0001001-49.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001001-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CREUSA NASCIMENTODUARTE (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).PROCESSO Nº 0001001-49.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: CREUSA NASCIMENTO DUARTERECORRIDO(A): INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO / EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA. PERÍCIA JUDICIAL. DATA DE INÍCIO DAINCAPACIDADE. ANÁLISE DOS DOCUMENTOS TRAZIDOS PELA PARTE PARA FIXAÇÃO DA DIB. POSSIBILIDADE.RECURSO PROVIDO.Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão deauxílio doença no período de 31/08/2010 a 12/04/2011, sob o fundamento de ausência de comprovação de incapacidade.Requer o recorrente, com fundamento em documentos particulares trazidos aos autos, a concessão do benefício noperíodo acima especificado.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade total e temporária para o trabalho durante osmeses seguintes a cirurgia realizada em 03/2011. Compulsados os autos, observa-se que a parte autora possui 58 anos,trabalha como costureira e se submeteu à perícia médica (fls. 70/73) com médico especialista em ortopedia etraumatologia, tendo sido detectado seqüela de artrose em tornozelo e pé esquerdo, tratando-se de doença degenerativa.Concluiu o perito pela incapacidade laboral temporária, tento em vista a impossibilidade de realização de atividades comintenso esforço físico e sobrecarga no tornozelo direito, ressaltando, ainda, que a incapacidade teve início logo após acirurgia e permaneceu até o momento da perícia médica, constando que a autora deve passar por nova perícia após arecuperação de cirurgia.

5. No caso, embora o perito judicial tenha afirmado que a incapacidade teve início, pelo menos, em março de 2011,ressaltou que a lesão já existia antes dessa data, constando ainda às fls. 73 que “A lesão com certeza já existia antes dadata da cirurgia, 29/03/2011. A autora apresenta laudo médico com data de 20/08/2010 que relata lesão”. Compulsados osautos, observa-se às fls. 7/9 e 42/41 que os documentos trazidos pela parte autora atestam a existência da enfermidadeincapacitante e a contínua insistência do médico na necessidade de cirurgia, sendo que às fls. 41, (20/08/2010), há umlaudo médico afirmando a necessidade de tratamento cirúrgico do pé esquerdo, às fls. 9, (07/10/2010), consta atestadomédico para afastamento do trabalho por 180 dias e às fls. 42, (01/02/2011), outro atestado também solicitando oafastamento do trabalho, afirmando a necessidade de cirurgia (artrodese). Convém mencionar que os atestados juntadosaos autos são da rede pública de saúde e emitidos por médico especialista devidamente subscrito na área de ortopedia,que acompanham a autora em todo seu processo de tratamento da doença, documentos os quais reputo mostrarem-seconclusivos a respeito da incapacidade a partir de 31/08/2010, época em que foi verificada a real necessidade de cirurgia eafastamento do trabalho. Deste modo, deve ser dado provimento ao recurso para concessão do benefício no períodopleiteado.

6. Por estes fundamentos, CONHEÇO E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO da autora para conceder obenefício de auxílio doença, com DIB a partir de 31/08/2010 e DCB em 12/04/2011 (data da concessão do benefício por viaadministrativa), condenando o INSS, após o trânsito em julgado deste decisum e observada a prescrição qüinqüenal dasparcelas, a pagar os valores devidos, corrigidos monetariamente, com juros de mora a contar da citação, em conformidadecom o manual de cálculos da Justiça Federal.

Sem condenação em custas ou honorários de sucumbência, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95.

É como voto.

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Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

60 - 0002343-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002343-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANETE BRUM DE OLIVEIRASILVA (ADVOGADO: ES017818 - FABRIZIO DE OLIVEIRA LEAO, ES012150 - BRENDA OLIVEIRA DAMASCENO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0002343-70.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: JANETE BRUM DE OLIVEIRA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DEMELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONTRADITÓRIO E OMISSO. AUSÊNCIA DE AVALIÇÃO DEPATOLOGIAS ALEGADAS NA INICIAL. RECONHECIMENTO DA NULIDADE DA PROVA. SENTENÇA ANULADA.RECURSO PROVIDO.

1. A autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento doauxílio doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez, alegando que o médico perito não analisou todas asdoenças alegadas na inicial, tendo sido omisso, contraditório e inconcluso, devendo portanto a sentença deve serconsiderada nula, com o retorno dos autos à vara de origem para a reabertura da instrução processual e realização de novaperícia.

2. Feita a análise do processo, observa-se que os documentos anexados aos autos demonstram que a autora sofre deosteofitose (fls. 34/35; 41; 38; 44); fibromialgia (fls. 45) e ponte miocárdica (fls. 24/33; 50). Consta, ainda que, desde 2006, aautora fez inúmeras sessões de fisioterapia, com a última sessão realizada em 2009 (fls.17/23).

4. O laudo pericial de fls. 73/75 concluiu pela capacidade laboral da autora, afirmando ser a artrose uma doença deevolução lenta e normal a todos os seres humanos, porém, nada disse sobre as outras doenças alegadas na inicial(fibromialgia e ponte miocárdica).

5. O laudo foi confeccionado por médico com especialidade nas áreas de ortopedia e traumatologia (fl. 60 e 73/75).

6. O laudo não foi explícito quanto às reais limitações da parte autora, considerando que o médico perito somente avaliouno tocante a parte ortopédica, sequer mencionou as outras duas doenças que a autora diz possuir, objeto do recurso, semostrando ineficiente para atestar a existência da capacidade ou da incapacidade, e gerando dúvidas em torno de questõescruciais para o correto deslinde da controvérsia, p. ex., na questão n°4 o perito diz que sua conclusão baseou-se emexames clínicos e complementares, e logo abaixo, no quesito n° 5, ao ser perguntado se realizou algum examecomplementar, o perito responde que não, como também não respondeu na integralidade o quesito nº9.

7. Desta sorte, o único laudo pericial constante dos autos deixa clara a necessidade de uma reavaliação do quadro clínicoda parte autora por outro médico perito, tanto por omissões quanto por contrariedades, de modo que não constituidocumento satisfatório para avaliação das condições laborais.

8. Como é sabido, “a garantia constitucional da ação não assegura o mero direito ao processo, mas o direito ao processojusto, dentro do qual está compreendido o direito à prova, com o reconhecimento da possibilidade de fazer admitir eexperimentar todos os meios probatórios permitidos (...) pelo sistema, desde que relevantes para a demonstração dos fatosque servem de fundamento para a pretensão” (CAMBI, Eduardo. Direito Constitucional à Prova no Processo Civil. SãoPaulo: RT, 2001, p. 118). Por isso, é recomendável que, para que haja a plena observância do direito constitucional darecorrente a um devido processo legal, os autos devam ser instruídos com nova prova técnica, a ser realizada por novomédico perito que possa avaliar todas as doenças elencadas pela parte autora, no intuito de averiguar se há incapacidade apartir da cardiologia, ortopedia e reumatologia.

9. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E ANULO A SENTENÇA, para determinar a reabertura da instruçãoprocessual e realização de novas perícias com médicos especialistas, a fim de se averiguar as limitações funcionais que aparte autora alega na inicial.

Sem condenação em custas nem em honorários, tendo em vista o disposto no Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

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61 - 0001037-91.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001037-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TATIANA DOS SANTOSMEREL (ADVOGADO: ES013525 - JEFFERSON R. MOURA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0001037-91.2010.4.02.5053/01RECORRENTE: TATIANA DOS SANTOS MERELRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ E AUXÍLIO DOENÇA. PERÍCIA JUDICIAL. CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE TEMPORÁRIA PARA ATIVIDADE HABITUAL. SENTENÇA DE TOTAL IMPROCEDÊNCIA REFORMADA.RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença, ou caso ficasse constatado a incapacidade laboral definitiva, concessãode aposentadoria por invalidez. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença com a concessão do auxíliodoença nos períodos de 20 de maio de 2010 à 19 de maio de 2011.2. Ao início, observo que a concessão de auxílio-doença, de acordo com o art. 25, I e 59 da Lei 8.213/91, é vinculada aosseguintes requisitos: verificação de incapacidade do trabalhador para o desempenho da atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos, manutenção da qualidade de segurado da previdência social ao tempo do surgimento daenfermidade, e cumprimento da carência de doze meses.3. No caso, a controvérsia cinge-se sobre a existência ou não da indevida cassação do auxílio doença antes da cirurgiarealizada pela autora. Compulsados os autos, observo às fls. 47, que consta no laudo pericial elaborado por médicoortopedista designado pelo juízo, que a parte autora é portadora de lesão meniscal do joelho direito, sendo esta de naturezadegenerativa, que impedia a autora a realizar qualquer atividade laboral. Concluiu o perito que havia incapacidade totaltemporária para o trabalho, no momento da perícia.

4. Acerca das considerações da perícia médica, foi concluído que não havia como afirmar a incapacidade da autora antesda cirurgia, somente era possível precisar que a incapacidade existia deste a data da cirurgia. Porém, nos diversosdocumentos particulares trazidos aos autos, às fls.15/19, datado entre os meses de agosto e outubro de 2010, é possívelconstatar a existência da doença. Mais precisamente, às fls. 15 (18/10/2010) é aconselhado, através de laudo médico, quea autora evitasse fazer step e agachamento; outro laudo médico, às fls. 16 (de 30/08/2010), relata que a autora reclama dedor ao se agachar; às fls. 17 (18/10/2010) o médico afirma que a autora está sem condições de exercer funções comsobrecarga no joelho; já às fls. 18 (18/05/2010) outro laudo afirma que a autora está em tratamento fisioterápico, e se nãohouvesse melhora seria necessário a cirurgia; e por fim, às fls. 19 (25/10/2010) o médico afirma que a autora estáimpossibilitada de exercer esforço físico. Diante de tais documentos e constando nos autos que a autora exerce atividadehabitual de auxiliar de serviços gerais que, dentre outras atribuições, tem que se abaixar com freqüência para coletarmateriais no chão, carregar materiais pesados, fazer limpeza, ou seja, atividade em que é necessário esforço físico, concluoque restou comprovada a incompatibilidade entre as restrições médicas da autora e sua atividade habitual, restandoconfigurada a incapacidade temporária para o trabalho, portanto, devendo ser reformada a sentença para conceder obenefício de auxílio doença no período de maio de 2010 a maio de 2011.5. Observo, por oportuno, que após a cirurgia para correção da lesão restou constatada a incapacidade temporária e que,em consulta ao sistema CNIS pode ser observado que aproximadamente 90 dias após a cirurgia a autora já tinha voltado àssuas atividades laborais, motivo pelo qual não é devido aposentadoria por invalidez ou restabelecimento do auxílio doença.

6. Por estes fundamentos, CONHEÇO E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA paraconceder o benefício de auxílio doença durante o período de 20 de maio de 2010 (20/05/2010) à 19 de maio de 2011(19/05/2011), excluindo os períodos de 01 de fevereiro de 2011 (01/02/2011) à 17 de março de 2011 (17/03/2011), os quaisjá foram percebidos, condenando o INSS, após o trânsito em julgado deste decisum e observada a prescrição qüinqüenaldas parcelas, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente e com juros de mora a contar da citação, tudo emconformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista as disposições do art. 55 da Lei 9.099/95.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

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62 - 0108038-93.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.108038-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUIZ CLÁUDIO SALDANHA SALES.) x LINDOMAR ROSA (ADVOGADO:ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0108038-93.2014.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): LINDOMAR ROSARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. IMPOSSIBILIDADE. CONTRARIEDADE ÀLEI EM VIGOR. CONSTITUCIONALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDAPÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DALEI Nº 8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009.

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente, inicialmente, o sobrestamento do feito em razão da repercussão geral e, ainda: a)constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores à aposentadoria; b) ocontribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio do sistema, não para aobtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção por uma renda menor, mas recebida por maistempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação da Lei 11.960/2009 no que diz respeito àcorreção monetária. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido.Prequestionamento aos arts. 5º, II e XXXVI, 201, caput e § 2º, 194 e 195, § 5º, todos da CRFB/1988. Contrarrazões às fls.116/136.

2. A pretensão à desaposentação implica a renúncia ao benefício vigente em prol da concessão de uma novaaposentadoria, de modo que não há que se falar em prazo decadencial de revisão de RMI na matéria.

3. O artigo 201, § 11º da Constituição Federal dispõe que “Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serãoincorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos ena forma da lei”.

4. O direito previdenciário é exaustivamente disciplinado por leis e regulamentos. A “desaposentação”, além de não contarcom norma expressa a instituí-la, tem como pressuposto a desconstituição do benefício antecedente, o que é vedado peloDecreto nº 3.048/99 o qual prevê, em seu artigo 181-B, que as aposentadorias por idade, por tempo de contribuição eespecial são irreversíveis e irrenunciáveis. Merecendo destaque o teor do § 3º do artigo 11 da Lei 8.213/91 (na redaçãodada pela Lei nº 9.032/95), que trata do aposentado que retorna ao trabalho, sem contemplar a renúncia à aposentadoria.Ademais, a Lei nº 8.213/91 proíbe a utilização das novas contribuições em prol de nova aposentadoria em seu artigo 18,§2º, o qual determina que “o aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS que permanecer em atividadesujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus à prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercíciodessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado”.

5. Inexiste, no caso em exame, omissão legislativa, mas situação não albergada pelo sistema jurídico brasileiro. Impenderessaltar que desde que exigida a contribuição previdenciária dos aposentados o princípio da capacidade contributiva cedeulugar ao princípio da solidariedade. Os artigos 194 e 195 da Constituição da República “comprovam a opção constitucionalpor um regime de previdência baseado na solidariedade, onde contribuições são destinadas à composição de fundo decusteio geral do sistema, e não a compor fundo privado com contas individuais” (TRF3, 9ª Turma, Rel. Des. Fed. MarisaSantos, 04/04/2011, Apelree 1273 SP 2009.61.14.001273-8).

6. Por outro lado, no entender desta Relatora, a eventual desconstituição da aposentadoria do autor implicaria nadevolução aos cofres públicos dos proventos eventualmente percebidos pelo demandante.

7. Inexistência de ofensa a princípios constitucionais, mas opção legislativa e política, sobre os quais é defeso ao PoderJudiciário examinar. O Pretório Excelso examina a questão nos autos Recursos Extraordinários (RE) 381367 e 661256,encontrando-se em vigor os dispositivos em comento.

8. No que se refere à correção monetária, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que adeclaração de inconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério decorreção monetária, determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, peloIPCA-E, salvo a existência de leis específicas.

9. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em

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atividade administrativa de pagamento de precatórios.

10. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

11. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

12. Neste diapasão, divirjo da respeitável jurisprudência que vem arregimentando adeptos, para dar provimento ao recursodo INSS, reformando a sentença, para julgar improcedente a pretensão autoral. Isenção de custas. Sem condenação emhonorários, ante o provimento do recurso.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

63 - 0000801-14.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000801-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ISMAEL DOMICIO DA FONSECA (ADVOGADO:MG024447E - Aleksandro Honrado Vieira.).RECURSO N. 0000801-14.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ISMAEL DOMICIO DA FONSECARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEAAO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU.POSSIBILIDADE DA ATIVIDADE DE DIARISTA SER COMPUTADA PARA EFEITOS DE CARÊNCIA ATÉ 31/12/2010.ART. 142 DA LEI N° 8.213/91 É NORMA TRANSITÓRIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a parte autora nãoapresentou prova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial correspondente a todo período decarência. Sustentou que a autora é, na verdade, diarista, como declarado por ela mesma. Sem contrarrazões.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme transcrito nasentença à fl. 125. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para ofuturo) e retroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

3. Nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

4. A prova testemunhal demonstrou que a parte autora desempenhou atividade rural por toda vida desempenhando afunção de diarista e a atividade de meeiro.

5. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 contempla tanto o segurado especial (inciso VII do art. 11) quanto o empregado rural (incisoI do art. 11) e o contribuinte individual (o inciso IV do art. 11 referia-se ao trabalhador autônomo e desde a Lei nº 9.876/99foi consolidado no inciso V do art. 11, que se refere genericamente ao contribuinte individual, onde está incluído, na alíneag, o trabalhador eventual, o diarista). Assim, o direito à aposentadoria por idade sem recolhimento de contribuições não eraexclusivo do segurado especial.

6. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 é uma norma transitória, cuja vigência foi prorrogada apenas até 31/12/2010 para otrabalhador rural empregado e para o trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual que

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comprovar a prestação de serviço de natureza rural, em caráter eventual, conforme art. 2º da Lei nº 11.718/2008. O art. 3º,inciso I e parágrafo único, da Lei nº 11.718/2008 prevê que até 31 de dezembro de 2010, a atividade comprovada na formado art. 143 da Lei nº 8.213/91 é contada para efeito de carência na concessão de aposentadoria por idade ao empregadorural e ao de segurado contribuinte individual que comprovar a prestação de serviço de natureza rural.

7. No caso dos autos, o autor completou 60 anos em 27/1/2010 e requereu o benefício em 29/10/2010. Assim, o períodoque a parte autora trabalhou como diarista pode ser considerado para efeitos de carência.

8. Considero provado, então, que a parte autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superiorao período de carência exigido, qualificando-se como segurada especial.

9. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

64 - 0000459-68.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000459-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA SANTOS PAIM(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO N. 0000459-68.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: NEUZA SANTOS PAIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL.ALEGAÇÃO DE NULIDADE POR INDEFERIMENTO DE NOVA PERÍCIA QUE NÃO SE SUSTENTA. DESNECESSIDADEDE NOVA PERÍCIA. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DEIMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença sob o fundamento de inexistência de incapacidade. Requer o recorrente, em síntese, areforma da sentença com julgamento de procedência do pedido com base nos documentos e atestados médicos juntadosaos autos, alternativamente, requerendo a nulidade da sentença alegando cerceamento da defesa por indeferimento denova perícia, requerendo ainda a realização de nova perícia e a juntada de documentos do INSS aos autos.2. Primeiramente, rejeito a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa tendo em vista que os fatosrelevantes foram suficientemente comprovados pelo arcabouço documental carreado aos autos, sendo desnecessária arealização de nova perícia para o deslinde do feito. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação, deve-sequestionar acerca da essencialidade da nova perícia para apreciação da questão da incapacidade, em observância aoprincípio da celeridade processual, o que não é o caso dos autos, tendo em vista que a prova produzida por médicoespecialista encontra-se suficientemente fundamentada para convencimento do juízo, convindo anotar que eventuaisesclarecimentos prestados em resposta a nova perícia em nada alterariam objetivamente a conclusão do laudo, nãohavendo que se confundir o inconformismo da parte quanto ao resultado da prova com nulidade por ausência de novaperícia ou de audiência de instrução. Ademais, compulsados os autos observo que foram solicitados esclarecimentos aoperito judicial pela parte autora, respondidos às fls. 42, através do qual o perito afirma que “não constam laudos ou examesno processo que necessitem de nova análise, ao exame físico não há edema, rubor, ou atrofia muscular em membrossuperiores e inferiores, portanto não há incapacidade”

3. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para atividade habitual. Compulsados os autos,observa-se que a parte autora possui 61 anos de idade, é trabalhadora rural e que, através do laudo médico fls. 34/36, ficouconstatado que é portadora de lombalgia e artrose dos dedos da mão direita e esquerda que, no entanto, não a incapacita

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para atividade laboral habitual.

6. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral. Segundoo laudo da perícia judicial de fls. 34/36 em resposta aos quesitos do INSS, as patologias diagnosticadas na requerente,quais sejam, Lombalgia e Artrose dos dedos da mão direita e esquerda, não possuem nexo de causalidade com o local detrabalho e a atividade desenvolvida, não havendo também incapacidade profissional. Nesse passo, convém destacar que asituação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doença em si, e sim de incapacidade darecorrente para sua atividade habitual, situação que não foi constatada em laudo pericial, ao contrário, tendo sidoconstatada a capacidade para o trabalho.7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade total epermanente para atividade laboral, referidos documentos de fls. 8/9 e 19 atestando a existência de enfermidades sofridaspela parte autora, o que por si só não justifica a concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria aorientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as TurmasRecursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentos técnicos do laudo pericial paraconceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxer razões que possam afastar ahigidez do laudo” (Enunciado 72).

8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho e para a vida independente, aocontrário, restou suficientemente comprovada à capacidade para o trabalho, restando desnecessária a realização de novasperícias para o deslinde do feito.9. Dessa forma, entendo que não merece reforma a sentença combatida.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valorda causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nostermos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

65 - 0000713-35.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000713-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIDIA TEREZA SIMOURA(ADVOGADO: ES011757 - DARILDO BISSI JÚNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).PROCESSO Nº 0000713-35.2009.4.02.5054/01RECORRENTE: ELIDIA TEREZA SIMOURARECORRIDO: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ. PEDIDO DE ALTERAÇÃO DA DIB FIXADA NA SENTENÇA. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS NOSAUTOS QUE COMPROVEM A CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMASRECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedidocondenando o réu a conceder à autora o benefício de auxílio doença, julgando improcedente o pedido de aposentadoria porinvalidez. Tendo a perícia fixado a DII em agosto de 2010 e a autora recebido auxilio doença até o dia 28/06/2011, asentença fixou a DIB na data de 29/06/2011. A recorrente requer, em síntese, o restabelecimento do auxílio-doença em2004, data que alega ter sido acometida pala enfermidade, bem como a concessão da aposentadoria por invalidez.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoria

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por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. Ao início, sobre a concessão da aposentadoria por invalidez não tem direito a recorrente, visto que o laudo pericial atestasua incapacidade parcial definitiva passível de reabilitação. Logo, não faz jus ao referido benefício que exige como requisitoà sua concessão incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

5. No presente recurso questiona-se a necessidade de restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde a data emque a recorrente alega ter sido acometida pela enfermidade, em 2004. Compulsando-se os autos verifica-se que a parteautora, ora recorrente, possui 56 anos, está desempregada e, conforme os termos do laudo pericial fls. 84/89, é portadorade Fibrilação Atrial Crônica (CID10 I48), Cardiopatia Isquêmica Incipiente (CID10 I25.5) e Hipertensão Arterial SistêmicaGrave Grau III (CID10 I10), tendo concluído o perito por sua incapacidade parcial e definitiva e determinado a data de inicioda incapacidade em agosto de 2010.

6. Acerca do tema, observo que a TNU já firmou entendimento no sentido de que "o termo inicial dos benefícios, seja porincapacidade, seja no de prestação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se omédico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir outros elementos nos autos para sua fixação (Precedente:PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento administrativo, se a perícia constatar a existência daincapacidade em momento anterior a este pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data doajuizamento do feito, se não houver requerimento administrativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momentoanterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia oprincípio do livre convencimento motivado que permite ao magistrado a fixação da data de início do benefício mediante aanálise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)" (Cf. PEDILEF n.º0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012).

7. Ora, não obstante as conclusões do laudo pericial acerca da incapacidade parcial e definitiva, com possibilidade dereabilitação, e de ter fixado a DII em agosto de 2010, compulsados os autos observa-se que os documentos anexados àinicial atestam pela existência de enfermidade incapacitante anterior a data fixada pelo perito, que, contudo, foramdevidamente cobertos pela concessão administrativa do benefício. Observo, assim, que o INSS concedeuadministrativamente o benefício de auxílio doença em momento anterior a data fixada pelo perito (no período de 13/06/2006a 12/02/2009) e que foi constatado que a autora recebeu o benefício até a data de 28/06/2011, tendo a sentençaestabelecido a DIB em 29/06/2011.

8. Desta forma, diante das considerações acima, se faz necessária a análise dos documentos juntados ao processo e dosdados disponibilizados no Sistema Plenus. Compulsados os autos, observo que a parte autora recebeu o benefício NB5169859755 no período de 13/06/2006 (DIB) até 12/02/2009 (DCB) e que sua solicitação de restabelecimento de benefícioNB 5355663024 de 13/05/2009 foi negada com fundamento em aptidão ao exercício das atividades laborais, verificando-seainda que o benefício foi reativado em 23/08/2010, data mencionada pela sentença, estando ativo atualmente. Quanto aosdocumentos juntados aos autos, observo que a parte autora trouxe uma gama de exames e atestados juntados às fls. 35/42e 48/49 que, contudo, não comprovam a continuidade do estado incapacitante desde o ano de 2004, nem tão pouco noperíodo compreendido entre 12/02/2009 e 23/08/2010, tendo em vista possuírem datas compreendidas no período deconcessão administrativa do benefício. Os documentos juntados as fls. 43/47 e 50 datados respectivamente em 19/05/2009,29/06/09, 11/05/2009, 16/03/2009 e 13/04/2009, estando no período que a autora alega ter feito jus ao recebimento,atestam a enfermidade da autora, entretanto, não constituem prova de incapacidade laboral. Neste passo, convém destacarque a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a comprovação da doença em si, e sim deincapacidade para a atividade habitual, situação que não foi constatada nos autos no período alegado pela autora, convindoanotar, ainda, que o benefício de auxílio-doença foi cancelado ou cessado administrativamente com fundamento em examerealizado por médico do INSS, que não verificou a existência da incapacidade necessária para a permanência doauxílio-doença, fato esse que gera presunção relativa de veracidade, e que, no caso dos autos, não foi devidamente elididapor prova em contrário.

9. Por estes fundamentos, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO da parte autora, nos termos supra.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valorda causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nostermos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

66 - 0000598-20.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000598-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALVARO CERILLO GOMES(ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000598-20.2009.4.02.5052/01

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RECORRENTE: ALVARO CERILLO GOMES e INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDOS: OS MESMOSRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ART. 20, § 3º, DA LEI 8.742/1993.COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO (INCAPACIDADE EMISERABILIDADE). TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO – INCAPACIDADE RECONHECIDA EM LAUDO MÉDICO. DIB –DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. RECURSO DO AUTOR PROVIDOEM PARTE.

1. A sentença julgou procedente em parte o pedido e condenou o INSS a conceder ao autora o Benefício de Amparo Socialao Idoso – LOAS com efeitos financeiros retroativos à 15/2/2012.

2. O autor interpôs recurso e requereu a reforma da sentença para que seja fixada a DIB do benefício assistencial em17/2/2009, data do requerimento administrativo, ou na data do último vínculo registrado no CNIS, em 5/6/2009, ou na datada realização da perícia social, em 27/7/2009. Contrarrazões do INSS (fls. 71/72).

3. O INSS, em recurso, requereu a reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido, afirmando que oautor não preencheu o requisito de impedimento de longo prazo exigido pela Lei. Requereu seja dado efeito suspensivo aorecurso, no sentido de cassar a decisão antecipatória de tutela. Afirmou que o perito do juízo concluiu que o autor nãoapresenta incapacidade laborativa, apesar dos seus problemas de saúde, e que os atestados médicos juntados nãoafastam a conclusão exposta no laudo pericial.

4. O benefício assistencial previsto 203, inciso no artigo V, da Constituição Federal de 1988, tem por objetivo garantir asubsistência e a dignidade da pessoa humana ao individuo que, em razão de uma deficiência incapacitante para o trabalho,ou em razão da idade, não podem, por si próprios, ou por meio de recursos familiares, manter o seu sustento.

5. Por sua vez, a Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, ao regulamentar o dispositivo constitucional, emseu artigo 20, exige dois requisitos para a concessão do benefício assistencial de prestação continuada, quais sejam: acomprovação da idade avançada ou da condição de pessoa com deficiência e, cumulativamente, o estado demiserabilidade familiar.

6. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar a matéria decidiu pela Declaração de Inconstitucionalidade, sem nulidade, paraas regras que estabelecem os requisitos para a concessão do benefício de prestação continuada, em razão de proibição daproteção insuficiente a destinatários da norma do artigo 203, inciso V, da CRFB/1998, reconhecendo a possibilidade deautorização para que os magistrados, atentos a situações particulares, aferidas caso a caso, distanciem-se do critério legal.

7. Quanto ao requisito da miserabilidade da parte requerente e de sua família, o STF, no julgamento do RE 567.985, semnegar valor ao parâmetro legal objetivo de um quarto do salário mínimo, declarou a inconstitucionalidade do § 3º, do artigo20, da Lei 8.742/93, sem nulidade da norma, no sentido de permitir que, por outros critérios, seja aferida a imperiosanecessidade da parte quanto ao benefício de amparo social.

8. Por outro tanto, ao julgar o RE 580.963, o STF, com base no mesmo fundamento, ou seja, proteção insuficiente, declaroua inconstitucionalidade do parágrafo único, do artigo 34, do Estatuto do Idoso, sem nulidade da norma, admitindo ainterpretação extensiva para abranger também os idosos que recebam aposentadoria ou pensão por morte, reservando-lheum salário mínimo. Ademais, apesar do texto do artigo 34, parágrafo único, da Lei nº. 10.741/2003, determinar que somenteo benefício de natureza assistencial, seria excluído do cálculo de renda per capita, não seria plausível que essainterpretação não se estendesse àqueles cujo benefício previdenciário no valor de um salário mínimo seja oriundo deaposentadoria por idade ou qualquer outro benefício previdenciário de igual valor, sob pena de violação aos princípios darazoabilidade e da igualdade.

9. No caso, a questão relativa ao requisito da hipossuficiência financeira restou incontroversa. O autor reside com suaesposa e sobrevive do valor recebido do Programa Bolsa Família, o qual não é considerado como renda para efeitos deaferição da miserabilidade.

10. Quanto ao requisito da incapacidade laborativa, a perícia médica realizada em 30/11/2011, confirmou que o autor éportador de glaucoma e de sequela de cirurgia abdominal, devido a ferimento por arma branca, concluindo pela ausência deincapacidade. Não obstante, o perito do juízo tenha afirmado que há laudo médico nos autos que afirma que o glaucomaque existe pode ser corrigido com uso de óculos, este mesmo laudo, datado de 23/2/2011 (fl. 37) confirma que o autorapresenta visão subnormal em ambos os olhos, de forma irreversível, estando incapacitado para o trabalho. Tal comoafirma o juízo de primeiro grau, tal patologia, em conjunto com as condições pessoais do autor, atestam sua incapacidade.Não há outro documento que confirme a incapacidade em data anterior. O laudo de fl. 8, datado de 11/12/2007, afirma

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sensibilidade acentuada em cicatriz no abdômen sem, no entanto, atestar incapacidade laborativa. Portanto, considero estarcomprovada a incapacidade do autor em data anterior à realização da perícia, ou seja, em 23/2/2011.

11. A TNU já firmou entendimento no sentido de que "o termo inicial dos benefícios, seja por incapacidade, seja no deprestação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o médico não precisar o inícioda incapacidade e o juiz não possuir outros elementos nos autos para sua fixação (Precedente: PEDILEF n.º200936007023962); b) na data do requerimento administrativo, se a perícia constatar a existência da incapacidade emmomento anterior a este pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do ajuizamento do feito,se não houver requerimento administrativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento anterior àpropositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o princípio dolivre convencimento motivado que permite ao magistrado a fixação da data de início do benefício mediante a análise doconjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)" (Cf. PEDILEF n.º 0501152-47.2007.4.05.8102,Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012).Deste modo, altero a DIB fixada na sentença para o dia 23/2/2011, data em que foi confirmada a incapacidade do autorpara o trabalho, conforme laudo médico juntado à fl. 37.

12. Recurso do INSS conhecido e improvido. Recurso do autor conhecido e parcialmente provido, exclusivamente paraalterar a DIB do benefício para 23/2/2011. Sem condenação da parte autora em custas, nem em honorários advocatícios,na forma do Enunciado 97 do FONAJEF. Réu isento de custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% dovalor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

67 - 0001127-65.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001127-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINALDO AMORIM DOSSANTOS (ADVOGADO: ES011324 - ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI, ES008304 - WANESSA MARIA BARROS GURGEL.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO N. 0001127-65.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: REGINALDO AMORIM DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE DEFINITIVA PELA PERÍCIA JUDICIAL. DOCUMENTOS TRAZIDOS PELA PARTE QUE NÃOCOMPROVAM INCAPACIDADE. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇADE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido de concessão deaposentadoria por invalidez, sob o fundamento de ausência de constatação de incapacidade total e definitiva. Requer orecorrente, em síntese, a anulação da sentença e a realização de nova perícia alegando que o perito do juízo não eracompetente por não ser especialista para a doença que o acomete, e ainda, no mérito, a concessão da aposentadoria porinvalidez e estabelecimento em sede de liminar do benefício pretendido, sob a alegação de que os laudos particularesacostados aos autos são suficientes para comprovar a incapacidade total e definitiva da parte autora.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. Ao início, rejeito a alegação de nulidade da sentença por incompetência do perito alegando o recorrente não ser esteespecialista para a doença que o acomete, tendo em vista que a perícia judicial foi realizada por médico Ortopedista,especialidade médica que cuida das doenças e deformidades dos ossos, músculos, ligamentos, articulações, enfim,elementos relacionados ao aparelho locomotor, e estando constatado nos autos atravéz de exames juntados pela parte epelo próprio laudo pericial que o autor é portador de Hérnia de Disco Lombar (Osteodiscopatia Degenerativa da ColunaLombo-sacra), o especialista nomeado pelo Juízo é sim competente para realização da perícia judicial, sendodesnecessária a realização de novas provas para o deslinde do feito. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta

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alegação, deve-se questionar acerca da essencialidade da realização de nova perícia para apreciação da questão daincapacidade, em observância ao princípio da celeridade processual, o que não é o caso dos autos, tendo em vista que aprova produzida por médico especialista encontra-se suficientemente fundamentada para convencimento do juízo, convindoanotar que não há que se confundir o inconformismo da parte quanto ao resultado da prova com nulidade por ausência denovas provas.

5. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade total e permanente para o trabalho. Compulsadosos autos, observa-se que a parte autora possui 40 anos de idade, é auxiliar de serviços gerais constando ainda, no laudopericial de fls. 117/118, elaborado por especialista em ortopedia, que a parte autora possui hérnia de disco lombar e dorcrônica na coluna lombar que irradia para o membro inferior aliada a dormência e diminuição da força muscular. Concluiu operito pela incapacidade parcial e definitiva do autor para o exercício da atividade habitual auxiliar de serviços gerais.6. Acerca das constatações do laudo pericial e da análise dos exames trazidos pela parte, assevero que a situação que dáensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doença em si, e sim de incapacidade total e definitiva paraqualquer função profissional, situação que não foi constatada no laudo pericial, ao contrário, consta no laudo pericial que aparte autora poderá sim desenvolver outra atividade (fls. 117 laudo pericial, resposta ao quesito 6 do juízo). No caso dosautos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade total e permanente e conseqüente direito a benefícioprevidenciário de aposentadoria por invalidez, mas não por enquanto. O recorrente alega ainda que sua atividade habitual éa de operador de máquina o que lhe exigiria muito esforço físico, no entanto não consta em sua Carteira de Trabalhonenhum registro profissional com essa função, sendo a última função registrada a de auxiliar de serviços gerais, anterior aisso a profissão de trabalhador rural.7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade total epermanente para atividade laboral, referidos documentos de fls. 15/16 e 24/43 atestando a existência de enfermidadessofridas pela parte autora, o que por si só não justifica a concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria aorientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as TurmasRecursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentos técnicos do laudo pericial paraconceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxer razões que possam afastar ahigidez do laudo” (Enunciado 72). 6. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade total e permanente para o trabalho.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valorda causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nostermos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

68 - 0000065-61.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000065-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE PAULO PASSARELLI(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).PROCESSO N. 0000065-61.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: JOSÉ PAULO PASSARELLIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA POR FALTA DE COMPLEMENTAÇÃO DA PERÍCIA MÉDICAQUE NÃO SE SUSTENTA. FATOS RELEVANTES SUFICIENTEMENTE COMPROVADOS. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

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1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que, revogando tutela antecipadaanteriormente concedida (fls. 36/37), julgou improcedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença e concessão deaposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência de constatação de incapacidade. Requer o recorrente, emsíntese, a anulação da sentença por indeferimento do pedido de complementação da perícia médica e, no mérito, reformacom julgamento de total procedência dos pedidos, sob o fundamento de existência de incapacidade comprovada nosdocumentos particulares trazidos pelo autor.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. Ao início, rejeito a alegação de nulidade da sentença por ausência de complementação da perícia tendo em vista que osfatos relevantes foram suficientemente comprovados pelo arcabouço documental carreado aos autos, sendo desnecessáriaa realização de novas provas para o deslinde do feito. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação,deve-se questionar acerca da essencialidade da complementação da perícia para apreciação da questão da incapacidade,em observância ao princípio da celeridade processual, o que não é o caso dos autos, tendo em vista que a prova produzidapor médico especialista encontra-se suficientemente fundamentada para convencimento do juízo, convindo anotar que nãohá que se confundir o inconformismo da parte quanto ao resultado da prova com nulidade por ausência de novas provas.No mais, a alegação de que a complementação da perícia proporcionaria a parte esclarecer situações de omissão no laudonão prospera, tendo em vista que consta nos autos que o laudo pericial de fls. 65/67 se deu com fundamento em examefísico e exames de tomografia computadorizada e radiografia da coluna lombo-sacra, ou seja, constitui documento hábil eválido para verificação da incapacidade.

5. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade total e permanente para o trabalho. Compulsadosos autos, observa-se que o autor possui 41 anos, exerce atividade de lavrador, e através do laudo pericial de fls. 65/67,elaborado por médico ortopedista, ficou constatado que possui Espondilolistese Lombar e que foi operado há 6 anos, paroude trabalhar desde a cirurgia e recebeu auxílio doença por 3 anos. Esclareceu o perito que se trata de doença degenerativaque causa enfraquecimento da vértebra com pequena fratura ou escorregamento de uma vértebra sobre a inferior, e quesomente causa a incapacidade quando há desvio acentuado, pois haverá compressão nervosa. Afirmou, ainda, que nocaso, o autor não apresenta a compressão nervosa nos exames apresentados e que sua vértebra foi fixada ainda em umgrau inicial, não apresentando perda de força ou sinais de compressão nervosa. Concluiu que a parte autora possui aptidãopara exercer a atividade laboral, não havendo incapacidade.

6. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral, nessepasso, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doençaem si, e sim de incapacidade para a função da parte recorrente em sua atividade habitual, situação que não foi constatadaem laudo pericial. Assim, o autor não faz jus à concessão do benefício, por ausência de preenchimento dos requisitoslegais. No caso dos autos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade e conseqüente direito abenefício previdenciário, mas não por enquanto.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos de fls. 10/16 atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justificaa concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do EspíritoSanto é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido deque “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valorda causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nostermos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

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__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

69 - 0000952-11.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000952-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ILDA DOS SANTOSCARREIRO (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).PROCESSO N. 0000952-11.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: ILDA DOS SANTOS CARREIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ALEGAÇÃO DENULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE COMPLEMENTAÇÃO DA PERÍCIA QUE NÃO SE SUSTENTA. PERÍCIAJUDICIAL. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE LABORAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMASRECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência de constataçãode incapacidade. Requer o recorrente, em síntese, a nulidade da sentença sob a alegação de ausência de resposta integraldos quesitos formulados pelo juízo e dos quesitos complementares, bem como, no mérito, a reforma da sentença comjulgamento de total procedência dos pedidos.2. Primeiramente, rejeito a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa tendo em vista que os fatosrelevantes foram suficientemente comprovados pelo arcabouço documental carreado aos autos, sendo desnecessária arealização de novas provas para o deslinde do feito. Ademais, para que a sentença seja anulada sob esta alegação,deve-se questionar acerca da essencialidade da nova perícia ou da audiência para apreciação da questão da incapacidade,em observância ao princípio da celeridade processual, o que não é o caso dos autos, tendo em vista que a prova produzidapor médico especialista encontra-se suficientemente fundamentada para convencimento do juízo, convindo anotar que nãohá que se confundir o inconformismo da parte quanto ao resultado da prova com nulidade por ausência de novas provas.No mais, a alegação de que a resposta aos quesitos complementares proporcionaria a parte esclarecer situações deomissão no laudo não prospera, tendo em vista que o laudo pericial produzido em juízo foi categórico acerca da capacidadelaboral e foi elaborado com base em exame físico, anamnese e ultrassonografia do ombro direito, ou seja, constituidocumento hábil e válido para verificação da incapacidade. Ademais, nada a objetar à sentença ao aduzir “Osquestionamentos formulados às fls. 32/33 já se encontram superados pela firme conclusão pericial, no sentido de queinexiste limitação”.

3. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. No caso, acerca da alegada incapacidade laboral, compulsados os autos, observa-se que a parte autora possui 61 anose se submeteu à perícia médica (fls. 28/31) com especialista em ortopedia, constando do laudo que é portadora detendinopatia do supra-espinhoso no ombro direito, entretanto, em relação à existência ou não da incapacidade, a períciamédica constatou que somente há incapacidade para atividades que necessitem manter os braços elevados, sendo capaz,portando de exercer sua atividade laboral habitual. O perito concluiu que a autora não apresenta deficiência física oumental, estando apta para a atividade habitual de pescadora artesanal.

6. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral, nessepasso, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doençaem si, e sim de incapacidade para a função da parte recorrente em sua atividade habitual, situação que não foi constatadaem laudo pericial.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é de

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que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dez porcento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5(cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

70 - 0004582-18.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004582-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDENICE SANTOS DASILVA (ADVOGADO: ES003976 - NEUSA MARIA MARCHETTI, ES006070 - LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).PROCESSO N. 0004582-18.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: VALDENICE SANTOS DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE FALTA DE EXAME MÉDICO COMPLEMENTAR QUE NÃO SE SUSTENTA. PERÍCIAMÉDICA FUNDAMENTADA. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMASRECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença e concessão de aposentadoria por invalidez sob o fundamento de ausência deconstatação de incapacidade. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de total procedênciados pedidos, sob alegação de incapacidade profissional, que teria sido comprovada através do exame de tomografiacomputadorizada, mas que não foi realizado por ausência de recursos financeiros.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade total e permanente para o trabalho. Compulsadosos autos, observa-se que a parte autora possui 45 anos de idade, exerce atividade de auxiliar de serviços gerais e sesubmeteu a duas perícias: a primeira com médico Neurologista (fls. 35) através da qual foi afirmado que é portadora de“doença psiquiátrica caracterizada por medo”; enquanto a segunda perícia, realizada com médico Psiquiatra, (fls. 51),concluiu que a autora possui Transtorno Depressivo Orgânico (CID 10 F06.32) que, contudo, não à incapacita para asatividades habituais de Auxiliar de Serviços Gerais. Tendo surgido questionamentos quanto aos efeitos colaterais do TDO,principalmente no que tange a perda da audição, esquecimentos e falta de atenção, foram solicitados esclarecimentos aoDouto Psiquiatra que assim fez as fls. 62. Neste, o expert afirma que o tratamento da doença que acomete a autora podeprovocar efeitos colaterais como todo tratamento que faz uso de medicamentos psicotrópicos ou não. Contudo, tendo arequerente apresentado prescrições de medicamentos psiquiátricos de que faz uso no tratamento, não foi constatadanenhuma alteração, apresentando-se a pericianda “lúcida, orientada, coerente, cooperativa, juízo crítico e consciência

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preservados”, “sem prejuízo de memória imediata, recente ou remota”, “não apresentou alteração da atenção” e “semdificuldade de comunicação em relação a sua audição’. Concluiu o perito psiquiatra a ausência de constatação de efeitocolateral que a impeça de exercer sua atividade habitual de auxiliar de serviços gerais.

5. A parte autora alega em suas razões recursais ter sido prejudicada na perícia médica pela ausência do exame deTomografia Computadorizada do Crânio, que não teria sido realizado por falta de condições financeiras. Acerca destaquestão, observo que referido exame é oferecido regularmente pelo SUS e, em tese, poderia ter sido realizado pela autora,convindo anotar que a perícia médica realizada teve como fundamento dados técnicos de exame clinico, anamnesepsiquiátrica e análise de documentos médicos apresentados pela parte, constituindo documento hábil, válido e completopara comprovação da existência ou não de incapacidade laboral, ademais, tendo sido apresentados documentos médicossuficientes que bastaram para realização da avaliação do perito, não havendo registro de necessidade de examesadicionais. Por fim, não se deve confundir a alegação de insuficiência da perícia com o inconformismo da parte com oresultado do laudo.

6. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral, nessepasso, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência de doençaem si, e sim de incapacidade para a função da parte recorrente em sua atividade habitual, situação que não foi constatadaem laudo pericial, ao contrário, tendo sido constatada as limitações que, contudo, não levam a incapacidade para otrabalho. No caso dos autos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade e conseqüente direito abenefício previdenciário, mas não por enquanto.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos de fls. 10/21 atestando a existência de enfermidades sofridas pela parte autora, o que por si só nãojustifica a concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais doEspírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízoé, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecersobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação nosentido de que “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciaisé o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, apósesse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade,seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento da verba honorária, fixada em 10% (dez por cento) sobre o valorda causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nostermos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

71 - 0001106-95.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001106-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ CARLOS LOVATO(ADVOGADO: ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0001106-95.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: LUIZ CARLOS LOVATORECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA. PERÍCIA JUDICIAL. CONSTATAÇÃO DECAPACIDADE PARA ATIVIDADE HABITUAL. BENEFÍCIO INDEVIDO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.

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RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de auxílio doença desde a sua cessação, em 07/12/2010. O recorrente requer, em síntese, a procedênciado pedido com fundamento em alegada incapacidade para o exercício da atividade habitual de pedreiro.2. O auxílio-doença é benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social devido aos segurados que ficamincapacitados para o trabalho. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o seguradoda Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença, quais sejam: a carência e a incapacidade para otrabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença são obrigados a comparecer em postos do INSS para a realização deperícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento ou cessação do benefício se houverrecuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não da incapacidade para o trabalho. A parte autora, ora recorrente,possui 55 anos de idade, exercia a atividade de pedreiro, e, conforme os termos do laudo pericial elaborado por especialistaem ortopedia (fls. 53/55), é portadora de osteoartrose cervical e lombar com dor lombar crônica e piora após queda, háaproximadamente 04 anos, relatando tratamento com fisioterapia e medicação. Concluiu o perito pela incapacidade parciale total, com inaptidão para a atividade habitual de pedreiro, ressalvando a possibilidade de readaptação profissional.As fls. 57/64 dos autos consta informação de que o autor foi submetido ao programa de reabilitação profissional no âmbitoda autarquia previdenciária, estando reabilitado para o exercício das funções de pintor, vigia, almoxarife e armador,convindo anotar que não consta nos autos informação de incapacidade para o desempenho destas atividades.

5. Acerca das considerações acima, observo que restou claramente constatada que a incapacidade laboral é apenas para aatividade de pedreiro, que requer extrema força física, destreza dos membros e suporte de peso na coluna, circunstânciasque não permanecem após a reabilitação profissional para as atividades acima descritas, que não requerem tanto esforçofísico, não tendo sido constatada incapacidade profissional para o desempenho das novas funções e por isso não havendoque se falar em concessão de auxílio doença. Ademais, observo que a alegação autoral de que o curso de reabilitação nãoé suficiente para a reinserção no mercado de trabalho não prospera, tendo em vista que a capacitação profissional do INSSé padronizada e efetiva, estando o autor habilitado, de acordo com sua aptidão física, para o exercício das novas atividadesprofissionais e não havendo nos autos prova de impossibilidade de cumprimento das mesmas.7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho. Dessa forma, entendo que nãomerece reforma a sentença combatida.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando em 10% (dez por cento)sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco)anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

72 - 0002495-50.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002495-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO SÉRGIO DEMORAES (ADVOGADO: ES003433 - DIMAS PINTO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO N. 0002495-50.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: PAULO SÉRGIO DE MORAESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE NA PERÍCIA JUDICIAL. VERIFICAÇÃO DE DOENÇA MALIGNA SUBMETIDA ATRATAMENTO CIRURGICO COM MELHORA DO QUADRO DE SAÚDE DO AUTOR. ENUNCIADOS 72 E 84 DASTURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de inexistência deincapacidade profissional. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de procedência dos

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pedidos com base na alegada incapacidade para a atividade habitual de supervisor administrativo.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho. Sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para o trabalho. Compulsados os autos,observa-se que o autor possui 57 anos de idade e na perícia médica de fls.152, realizada por médico oncologista, constaque o autor é portador de Neoplasia de reto operada, por Adenocarcinoma de reto, tendo se submetido a cirurgia,quimioterapia e radioterapia. Consta em exames do autor margens cirúrgicas livres, sem comprometimento ganglionar edez linfonódos examinados e livres de neoplasia. Concluiu o perito judicial que o autor está apto para a atividade laboral,tendo em vista que a doença encontra-se controlada, constando no laudo “O autor, devido a terapêutica instituída, teve umaincapacidade total temporária, mas ao exame pericial, apresentou-se recuperado, e apto ao exercício de suas funções de:Supervisor administrativo. Não mais apresentando incapacidade à ocasião do exame pericial”.

5. Acerca das considerações da pericia médica, não obstante ter sido o autor acometido de doença muito grave, observoque após o tratamento cirúrgico restou claramente constatada a recuperação da saúde e a conseqüente capacidadeprofissional para a atividade habitual, nesse passo, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão dobenefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, e sim de incapacidade para a função da parte recorrente em suaatividade habitual, situação que não foi constatada em laudo pericial, ao contrário, tendo sido constatada plena capacidadepara o trabalho. No caso dos autos, novo surgimento da doença maligna poderá resultar em incapacidade e conseqüentedireito a benefício previdenciário, mas não por enquanto.

6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova conclusiva de incapacidadelaboral após o tratamento cirúrgico, referidos documentos atestando o histórico médico hospitalar do autor, a existência deenfermidades sofridas pela e a indicação do tratamento, circunstâncias que não justificam a concessão do benefício,convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é de que “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular” (Enunciado8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “O momentoprocessual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudopericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novosdocumentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesmaafecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentos técnicos dolaudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxer razões quepossam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta dos laudos dosperitos e documentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho. Dessa forma, entendo quenão merece reforma a sentença combatida.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando em 10% (dez por cento)sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco)anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

73 - 0004022-08.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004022-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AILTON LEANDRO(ADVOGADO: ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO N. 0004022-08.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: AILTON LEANDRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDRAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE NA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de inexistência deincapacidade profissional. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de procedência dospedidos com base na alegada incapacidade para a atividade habitual de pedreiro.2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho. Sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para o trabalho. Compulsados os autos,observa-se na perícia médica de fls.40/41, realizada por médico cardiologista, que o autor é portador de hipertensão arterialmoderada e diabetes mellitus, podendo, no entanto, exercer atividades físicas e laborais, com indicação para otimizar amedicação e realizar acompanhamento ambulatorial periódico. Concluiu o perito que não há incapacidade para o exercícioda atividade habitual de pedreiro.

5. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade profissional para aatividade habitual, nesse passo, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não éa constatação da doença em si, e sim de incapacidade para a função da recorrente em sua atividade habitual, situação quenão foi constatada em laudo pericial, ao contrário, tendo sido constatada plena capacidade para o trabalho. No caso dosautos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade e conseqüente direito a benefício previdenciário,mas não por enquanto.

6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova conclusiva de incapacidadelaboral, referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela parte autora, o que por si só nãojustifica a concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais doEspírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízoé, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecersobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação nosentido de que “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciaisé o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, apósesse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade,seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta dos laudos dosperitos e documentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho. Dessa forma, entendo quenão merece reforma a sentença combatida.Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando em 10% (dez por cento)sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco)anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

74 - 0000392-35.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000392-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANAIUDO FARIAS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO N. 0000392-35.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: ANAIUDO FARIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão deauxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, e, de conseqüência, também improcedente o pedido depagamento de atrasados devidamente corrigidos, bem como de indenização por danos morais, tendo o juízo monocráticofundamentado o decisum na ausência de constatação de incapacidade. Irresignado, o recorrente requer a reforma dasentença, alegando que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com as demais provasconstantes dos autos. A autarquia previdenciária federal apresentou contrarrazões, à fl. 63.

2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 15/03/2012, através da qual o expertafirmou que o periciado estava com 39 anos, que tinha 1,70 m, 73 Kg, 120/90 mmHg, que estudou até a 7ª série e quetrabalhava como agricultor. Asseverou que não foi detectada nenhuma patologia ortopédica digna de nota. Concluiu que,após exame físico rigoroso e análise de exames radiológicos, verificou-se que a parte autora está apta para realizar suasatividades habituais sem restrições (laudo de fl. 44).

5. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade laboral. Instadestacar que o perito judicial foi categórico ao afirmar que não foi constatada incapacidade para o trabalho habitual dorecorrente. O laudo médico judicial foi claro, preciso e contundente, não restando dúvida acerca da efetiva capacidadelaboral do autor para a atividade de agricultor – ocupação informada na petição inicial (à fl. 01) e no laudo (à fl. 44).

6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

7. Vale ressaltar, ainda, que, embora o juiz não esteja adstrito ao resultado da perícia médica judicial, podendo formarlivremente o seu convencimento, não há falar em concessão do benefício pleiteado, in casu, pois, diante do conjuntoprobatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitos necessários para a concessão dobenefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito e documentos médicos anexadospela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

8. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

75 - 0000264-18.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000264-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SELMA AZEVEDO

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ESTEFANATO (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO N. 0000264-18.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: SELMA AZEVEDO ESTEFANATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DEINCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. NÃO VERIFICADA A INCAPACIDADE, NÃO FICA O JUIZ OBRIGADO AANALISAR AS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DA AUTORA. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAISDO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento de ausência de constataçãode incapacidade. Irresignada, a recorrente pleiteia que seja anulada a sentença por cerceamento de defesa, para que sejadeterminada a realização de nova perícia por especialista em cada patologia indicada nos autos (ortopedia e traumatologia),pois afirma que o laudo médico do juízo foi lacônico, apenas respondendo “sim” e “não”. Pleiteia, caso assim não seentenda, a reforma da sentença, julgando procedentes os pedidos contidos na petição inicial, bem como a concessão datutela antecipada. No mais, requer que, no julgamento, sejam consideradas suas condições pessoais, pois afirma estar com42 anos de idade, ser pessoa rude, com conhecimentos e experiência limitados, e ter problemas ortopédicos, o que,segundo a recorrente, inviabiliza o exercício de trabalho. A autarquia previdenciária federal não apresentou contrarrazões.2. Primeiramente, rejeito a preliminar de nulidade de sentença por cerceamento de defesa, uma vez que foramoportunizadas à recorrente as condições de trazer para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade,bem como foi oportunizado à parte recorrida trazer a defesa que melhor lhe apresentou.

Entendo que, no caso dos autos, para que o perito judicial avalie o estado clínico da recorrente, para fins de verificação daexistência de incapacidade laboral, não é necessário que seja especialista na área da patologia a ser examinada. O fato deo perito indicado atuar ou não na área na qual foi realizada a perícia não é suficiente para afastar a credibilidade de seutrabalho, sobretudo em face do disposto no art. 145, § 1º, do CPC. No caso, o trabalho técnico apresentado demonstracoerência em suas conclusões, não padecendo de qualquer falha a incidir nas hipóteses previstas nos arts. 424 e 437,ambos do CPC, evidenciando que o perito, graduado em medicina legal, é detentor de conhecimento científico suficiente aodeslinde da causa.

Merece destacar, contudo, que essa inexistência de obrigatoriedade não afasta a conveniência de que seja observada anomeação de perito especialista na área específica da enfermidade alegada, nas hipóteses em que isso se apresentarviável no caso concreto.

Pois bem.

In casu, se o laudo pericial mostra-se devidamente fundamentado e o magistrado se dá por munido de bastantes elementosde convicção, tem ele o poder de, como o destinatário da prova e, considerando a matéria suficientemente esclarecida nosautos, proferir sentença, uma vez que o laudo pericial do juízo trouxe minuciosa descrição do quadro clínico da parte autora.

Além disso, não houve demonstração de insegurança ou sugestão de encaminhamento do periciado a outro médico. Nãohouve hesitação por parte do perito, o qual se baseou em atestados, em relatórios de exames apresentados pela autora,bem como no próprio relato desta.

Vale salientar que o art. 437 do Código de Processo Civil estatui que “O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimentoda parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. A regra parte doprincípio do livre convencimento: somente determinará a realização de segunda perícia o juiz que não se consideraresclarecido, de maneira segura, pelo primeiro laudo oferecido. A insegurança pode se manifestar até em grau de recurso, oque demandará a anulação da sentença, para a realização de um segundo exame pericial. É inegável que, emdeterminadas situações, faz-se mesmo necessário um segundo exame, o que ocorre quando o primeiro é insuficiente oulacônico. A realização de um segundo exame por outro médico, por seu turno, pode se afigurar recomendável quando opróprio perito, em seu laudo, demonstrar insegurança ou sugerir o encaminhamento do periciado a outro especialista. Incasu, não houve hesitação ou sinal de insegurança por parte do perito.

Ademais, se o perito não declinou da nomeação, é de se presumi-lo capaz de emitir avaliação suficientemente segura econsistente, prestigiando a confiança nele depositada pelo juízo de primeiro grau, que mais próximo se encontra darealidade fática. É prerrogativa do juiz a nomeação, dentre diversos peritos, daquele em quem deposita confiança para aresolução de cada processo específico.

Cabe destacar que, consoante os princípios da instrumentalidade das formas e da “pas de nullité sans grief”, os atosprocessuais somente serão considerados nulos se houver prova do efetivo prejuízo à parte. Com efeito, o simples fato de operito não possuir a especialização desejada pela recorrente, não implica nulidade no laudo pericial ou imprestabilidade dotrabalho realizado.

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Aliás, consta do despacho de fl. 51 que o médico do juízo monocrático é especialista em perícia médica, sendo plenamentecapaz de diagnosticar incapacidade laboral decorrente de seqüelas de poliomielite, quando realmente existente aincapacidade.

Dessa forma, no caso dos autos, considero desnecessária a determinação de nova perícia, com médico especialista emortopedia ou neurologia, sendo suficiente aquela realizada anteriormente, seja porque o juiz é o destinatário da prova, sejaporque a matéria está bastante esclarecida nos autos, não merecendo acatamento as alegações de que houvecerceamento de defesa e de que o laudo médico do juízo foi lacônico, inexistindo circunstância especial capaz de justificar adilação probatória, uma vez que o laudo pericial trouxe minuciosa descrição do quadro clínico da parte autora.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 28/08/12, através da qual o perito afirmouque a periciada afirmou ter 42 anos de idade, que é cobradora de ônibus e que estudou até a 4ª série primária. A parteautora disse que tem paralisia infantil desde 24 horas do nascimento, atingindo o membro inferior esquerdo e o membrosuperior esquerdo. Queixou de artrose no joelho esquerdo desde 2008, que, de acordo com a autora, atrapalha no trabalho.Disse que passou por cirurgia no tornozelo em 2004, sem melhoras das dores no joelho. Apresentou relatório médico, quefoi copiado e anexado aos autos. Ao exame clínico, apresentou-se calma, lúcida e orientada. Marcha escarvante àesquerda. Hipotrofia de todo o membro inferior esquerdo. Membro superior esquerdo sem anormalidades. Regiõespalmares lisas. O perito laudou que a paciente é portadora de seqüela de poliomielite (CID 10 : B 91), com hipotrofia daperna esquerda, enfermidade adquirida. Concluiu que, no caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho (laudo defls. 53-54).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função da recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades habituais. Dessaforma, não resta dúvida acerca da efetiva capacidade para o trabalho da autora, que, conforme consta da petição inicial (àfl. 01) e do laudo (à fl. 53), é cobradora de ônibus.

7. Quanto às condições pessoais da recorrente, vale destacar que a Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) entende que quando o juiz concluir que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado aexaminar as condições pessoais e sociais do segurado.

Na TNU, o juiz federal Rogério Moreira Alves, no processo 0507072-34.2009.4.05.8101, de sua relatoria, corroborando talentendimento, citou o juiz André Carvalho Monteiro que, ao relatar o processo 00207413920094036301, considerou que“quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso admitir o exame das condições pessoais e sociais, já queo mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial”, explicou.

No caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho. Não há, portanto, obrigatoriedade de analisar as condiçõespessoais da autora, muito embora não fique o juiz impedido de fazer tal análise, se entender cabível.

8. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela autora, o que por si só não justifica aconcessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do EspíritoSanto é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido deque “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

9. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

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10. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

76 - 0002306-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002306-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLENE MENDESCORREIA (ADVOGADO: ES018036 - KAMILA DEORCE DE LIMA, ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHOPETRONETTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DEOLIVEIRA.).RECURSO N. 0002306-72.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: MARLENE MENDES CORREIARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE NA PERÍCIA JUDICIAL. BENEFÍCIOS INDEVIDOS.ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de inexistência deincapacidade profissional. Requer a parte recorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de procedênciados pedidos com base na alegada incapacidade para a atividade de lavradora (lavoura de café como meeira).2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefíciodo outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No presente recurso questiona-se acerca da existência ou não de incapacidade para o trabalho. Compulsados os autos,observa-se que a parte autora possui 42 anos e, conforme consulta ao sistema CNIS, esteve em gozo de auxílio doençarural no período de 14/09/2007 a 14/10/2007, de 28/08/2009 a 11/08/2010 e 01/08/2010 a 31/12/2010. Através da períciamédica de fls.75/79, realizada por médico ortopedista, ficou constatado que a parte autora é portadora de dor nos cotovelose joelho esquerdo, apresenta dor a palpação dos epicôndilos e dor a extensão completa dos cotovelos, sem alteração demarcha e limitação do joelho. Concluiu o perito que a autora tem capacidade de realizar a atividade habitual de produtorarural, especificamente na lavoura de café em regime de meia, porém com algumas restrições que diminuem suacapacidade produtiva, não podendo realizar atividade de esforço com os membros superiores (puxar e carregar). Consta,ainda, em resposta ao quesito 17, que a autora não possui incapacidade para o trabalho, apenas limitação produtiva,todavia, em resposta ao quesito 15 o perito afirmou que a autora possui incapacidade uniprofissional (impossibilidade dedesempenho apenas da atividade habitual).5. Acerca das considerações acima, observo que as conclusões da perícia restaram contraditórias acerca da existência daincapacidade laboral, devendo-se, nesse passo, analisar os documentos trazidos aos autos. As fls. 11 consta “Declaraçãode exercício de atividade Rural” pela qual pode-se aferir que a autora exerce atividade junto com o esposo cultivandolavouras temporárias e permanentes de café (70 sacas – comercializada), milho, feijão (38 quilos – despesa) e hortaliças,na condição de meeira e depois de parceira; as fls. 15/19 consta contrato de parceria agrícola; e quando aos documentosmédicos, as fls. 36 consta laudo médico particular datado de 28/08/2009 atestando a lombalgia crônica com limitações demovimentos, as fls. 39 consta resultado de exame datado de 30/08/2010 atestando que a autora possui lombalgia crônicarelacionada a extremo esforço físico, dor no MSE intensa e rebelde a tratamento clínico, estando impossibilitada dedesenvolver suas tarefas habituais, e as fls. 40 consta laudo datado de 28/04/2010 relatando dores e problemas no cotoveloresistentes ao tratamento clínico.Diante de todos os documentos trazidos aos autos, não obstante a constatação do perito judicial de ausência de

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incapacidade profissional com apenas restrição da capacidade produtiva, assevero que os sintomas de dores e limitação demovimentos nos braços são incompatíveis com a atividade braçal de lavradora, que requer vigor físico e muita força edestreza nos membros, tal conclusão encontrando-se em consonância com a ressalva feita pelo próprio perito do juízo deque a autora “não pode realizar atividade de esforço com os membros superiores (puxar e carregar)”, convindo anotar,ainda, que o expresso reconhecimento de diminuição da capacidade produtiva já coloca em risco o desenvolvimento daatividade laboral e em conseqüência a subsistência da autora. Por esses motivos, entendo que preenchidos os requisitoslegais para concessão do auxílio doença, devendo ser reformada a sentença para concessão do benefício previdenciário.Por outro lado, observo tratar-se de autora relativamente jovem (42 anos) e que não há nos autos indicação deimpossibilidade de melhora e nem indícios de que os problemas de saúde acarretem incapacidade definitiva para qualquertido de trabalho, motivos pelos quais a autora não faz jus a aposentadoria por invalidez, pelo menos por enquanto.6. Observo, por oportuno, que o juiz não está vinculado às conclusões do laudo pericial podendo formar sua convicção comoutros elementos de prova, consoante art. 436 do CPC. Neste sentido:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO - INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE - LAUDO PERICIAL - LIVRECONVENCIMENTO DO JUIZ.1. O magistrado não está adstrito às conclusões da perícia técnica para a formação do seu convencimento acerca daexistência ou não da moléstia incapacitante, podendo, por outros meios de prova, fundamentar o seu entendimento.Princípio do livre convencimento. Precedentes.2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou a conclusão pela existência de incapacidade parcial e permanente doautor.3. Agravo regimental não provido.(STJ, AgRg no AREsp 301837/SP, Relator(a) Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 24/09/2013)

7. Por estes fundamentos, CONHEÇO E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO PARA JULGAR PARCIALMENTEPROCEDENTE a ação e conceder a benefício de auxilio doença, com DIB a partir da data da perícia (25/09/20123),condenando o INSS, após o trânsito em julgado deste decisum, ao pagamento dos valores atrasados, com correçãomonetária e juros de mora em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

Sem custas e condenação em verba honorária, tendo em vista a literalidade do art. 55, “caput” da Lei 9.099/95.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

77 - 0001025-43.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001025-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDINO FELIZARDO(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO N. 0001025-43.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: CLAUDINO FELIZARDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO MÉDICO OMISSO. NÃO OCORRÊNCIA.DESNECESSIDADE DE NOVA PERÍCIA COM ESPECIALISTA EM OUTRA ÁREA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL.AUSENTE A INCAPACIDADE, NÃO FICA O JUIZ OBRIGADO A ANALISAR AS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DOAUTOR. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIAMANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento deausência de constatação de incapacidade. Irresignado, o recorrente pleiteia a reforma da sentença, com a concessão dospedidos constantes da exordial, ou, alternativamente, a conversão do feito em diligência, para submeter o recorrente à novaperícia, com médico especialista em angiologia, a fim de corrigir a alegada omissão na perícia determinada pelo juízo aquo. No mais, requer que, no julgamento, sejam consideradas suas condições pessoais, pois afirma ter 54 anos, comqualificação educacional primária, lesões ortopédicas em sua coluna e também varizes venosas com úlcera, o que,segundo o recorrente, inviabiliza o exercício da função de motorista. A autarquia previdenciária federal não apresentoucontrarrazões.2. Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade de sentença por ter sido o decisum, supostamente, baseado em laudoomisso, uma vez que o laudo médico do juízo foi devidamente fundamentado, preciso e contundente, não existindoinsegurança por parte do perito, sendo o laudo suficiente para prestar as informações necessárias acerca do estado desaúde da parte autora.

Insta salientar que o juiz é o destinatário das provas e ele prolatou sentença considerando a matéria limpidamenteesclarecida, pois o laudo trouxe descrição minuciosa do quadro clínico da parte autora, sendo o diagnóstico do expert

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bastante para a compreensão da demanda e das condições de saúde do recorrente.

Quanto ao pedido de realização de nova perícia médica com especialista em angiologia, algumas considerações merecemser feitas.

Primeiramente, vale destacar que o art. 437 do Código de Processo Civil estatui que “O juiz poderá determinar, de ofício oua requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. Aregra parte do princípio do livre convencimento: somente determinará a realização de segunda perícia o juiz que não seconsiderar esclarecido, de maneira segura, pelo primeiro laudo oferecido. A insegurança pode se manifestar até em grau derecurso, o que demandará a anulação da sentença, para a realização de um segundo exame pericial. É inegável que, emdeterminadas situações, faz-se mesmo necessário um segundo exame, o que ocorre quando o primeiro é insuficiente oulacônico. A realização de um segundo exame por outro médico, por seu turno, pode se afigurar recomendável quando opróprio perito, em seu laudo, demonstrar insegurança ou sugerir o encaminhamento do periciado a outro especialista. Incasu, não houve hesitação ou sinal de insegurança por parte do perito, o qual se baseou em atestados, em relatórios deexames apresentados pelo autor, bem como no próprio relato deste.

Ademais, se o perito não declinou da nomeação, é de se presumi-lo capaz de emitir avaliação suficientemente segura econsistente, prestigiando a confiança nele depositada pelo juízo de primeiro grau, que mais próximo se encontra darealidade fática. É prerrogativa do juiz a nomeação, dentre diversos peritos, daquele em quem deposita confiança para aresolução de cada processo específico.

Merece realçar, ainda, que, após a realização da perícia médica com especialista em ortopedia, as partes foram intimadaspara se manifestarem acerca do laudo (fl. 71). Ocorre que o autor poderia ter solicitado nova perícia, com angiologista.Entretanto, quedou-se inerte, limitando-se a apresentar exames médicos (fls. 74-80). Agora, em grau recursal, alega haveromissão na perícia determinada pelo juízo monocrático. Ora, foi dada oportunidade, no momento devido, para a parterequerer o que entender de direito, podendo ter requerido nova perícia, mas assim não o fez e o juiz, como destinatário dasprovas, considerando a matéria bastante esclarecida, após minuciosa perícia, proferiu sentença.

Dessa forma, não há falar em omissões no laudo médico judicial, restando a questão esclarecida para o deslinde do feito.Dispensável, assim, a realização de segunda perícia.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 23/03/2012 (laudo de fls. 54-56 ecomplemento de fl. 70), através da qual o expert afirmou que o periciado apresentou quadro de espondiloartrose da colunalombar, com estenose foraminal L5-S1 e hérnia discal L3-L4, enfermidade degenerativa. O paciente apresentou exame quecomprova a existência de lesão em 29/05/2008. Consta do laudo que o autor apresentou exame físico com marcha normaldesacompanhado com teste de lasegue negativo e com ferida em face medial da perna direita. Laudou que o pacienteapresentou exame físico com boas condições, porém com exame complementar alterado. Sugeriu, então, o perito arealização de novo exame de ressonância da coluna lombar, para comparação com o anterior. Após avaliação do examesolicitado, e, somando-se a isso, o quadro clínico e exame físico apresentado pelo paciente na perícia médica, o peritodisse que é possível confirmar a presença de espondiloartrose lombar degenerativa da coluna lombar, com diminuição doespaço foraminal, porém sem compressões de raízes e, dessa forma, concluiu não haver, no momento, incapacidadeortopédica para a atividade exercida pelo paciente.

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função do recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades habituais. Dessaforma, da análise dos autos, não resta dúvida acerca da efetiva capacidade para o trabalho do autor, que, conforme constada petição inicial (à fl. 01), é motorista.

Vale ressaltar, ainda, que, quanto aos períodos posteriores, não abrangidos por esta decisão, poderão ser discutidos emnova demanda, pois não se elimina a possibilidade de questionar a instauração de estado de incapacidade para o trabalhono período ulterior ao exame pericial.

7. Quanto às condições pessoais do recorrente, vale destacar que a Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) entende que quando o juiz concluir que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a

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examinar as condições pessoais e sociais do segurado.

Na TNU, o juiz federal Rogério Moreira Alves, no processo 0507072-34.2009.4.05.8101, de sua relatoria, corroborando talentendimento, citou o juiz André Carvalho Monteiro que, ao relatar o processo 00207413920094036301, considerou que“quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso admitir o exame das condições pessoais e sociais, já queo mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial”, explicou.

No caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho. Não há, portanto, obrigatoriedade de analisar as condiçõespessoais do autor, muito embora não fique o juiz impedido de fazer tal análise, se entender cabível.

8. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

9. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

10. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

78 - 0003585-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003585-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR LAMAS(ADVOGADO: ES010856 - BRUNO BORNACKI SALIM MURTA, ES011011 - WILER COELHO DIAS, ES015868 - LAURAMELO CHEHAYEB, ES014568 - ANDRESSA MEIRA, ES011016 - GETULIO GUSMÃO ROCHA, ES013069 - RODOLFOFERNANDES DO CARMO, ES015006 - ISABELA ALMEIDA CHAVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO N. 0003585-64.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: PAULO CESAR LAMASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE NA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido deconcessão de auxílio-doença com conversão em aposentadoria por invalidez sob o fundamento de inexistência deincapacidade profissional. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da sentença com julgamento de procedência dospedidos com base na alegada incapacidade para a atividade habitual de metalúrgico, afirmando ainda que o curso dereabilitação do INSS foi insuficiente para habilitá-lo a voltar ao mercado de trabalho e a produzir renda para sustentar suafamília.

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2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho. Sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefícioado outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para o trabalho. Compulsados os autos,observa-se que o autor foi reabilitado para o exercício da atividade de montagem de computadores e manutenção de rede ena perícia médica de fls.44/47 consta que é portador de asma e bronquectasias, doenças inflamatórias crônicas, mas quenão causam incapacidade para a atividade profissional a qual foi reabilitado.

5. Acerca das considerações da pericia médica, observo que restou claramente constatada a capacidade profissional para aatividade habitual, nesse passo, convindo destacar que a situação que dá ensejo a concessão do benefício pleiteado não éa constatação da doença em si, e sim de incapacidade para a função da recorrente em sua atividade habitual, situação quenão foi constatada em laudo pericial, ao contrário, tendo sido constatada plena capacidade para o trabalho. No caso dosautos, futuro agravamento da doença poderá resultar em incapacidade e conseqüente direito a benefício previdenciário,mas não por enquanto. Também não prospera a alegação de que insuficiência da reabilitação como fundamento para aconcessão do benefício previdenciário, tendo em vista que o autor participou de curso regular profissionalizante,disponibilizado pelo INSS para exercício em atividade compatível com suas enfermidades, não tendo comprovado aalegada insuficiência do curso e impossibilidade de retorno ao mercado de trabalho.6. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova conclusiva de incapacidadelaboral, referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela parte autora, o que por si só nãojustifica a concessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais doEspírito Santo é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízoé, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecersobre o particular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação nosentido de que “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciaisé o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, apósesse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade,seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72). 7. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada pela análise conjunta dos laudos dosperitos e documentos médicos anexados pela parte recorrente a incapacidade para o trabalho. Dessa forma, entendo quenão merece reforma a sentença combatida.

Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorrida porseus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando em 10% (dez por cento)sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco)anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

79 - 0106307-02.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.106307-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA GUIZANICARVALHO (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO N. 0106307-02.2013.4.02.5053/01RECORRENTE: MARIA DA PENHA GUIZANI CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. LAUDO LACÔNICO. NÃO OCORRÊNCIA. PERÍCIACOM DESCRIÇÃO SATISFATÓRIA DO QUADRO CLÍNICO DA AUTORA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL.

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NÃO VERIFICADA A INCAPACIDADE. NÃO FICA O JUIZ OBRIGADO A ANALISAR AS CONDIÇÕES PESSOAIS ESOCIAIS DA AUTORA. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DEIMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, e, de conseqüência, também improcedente opedido de indenização por danos morais, tendo o juízo monocrático fundamentado o decisum na ausência de constataçãode incapacidade. Irresignada, a recorrente requer a reforma da sentença, alegando que o laudo médico do juízo foi lacônicoe não responde ao quesito apresentado na inicial e que diverge de todas as demais provas produzidas, ou, caso sejaacolhido o laudo pericial, pleiteia que lhe seja concedido o benefício até a data da perícia médica. No mais, requer que, nojulgamento, sejam consideradas suas condições pessoais e sociais, pois afirma que não tem com disputar e conseguir umavaga no mercado de trabalho cada vez mais exigente, fazendo jus ao benefício. No mais, afirma que o juiz não está adstritoao laudo pericial, podendo formar sua convicção com base nas demais provas constantes dos autos. A autarquiaprevidenciária federal não apresentou contrarrazões.

2. Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade da sentença por ter sido lacônico o laudo em que se baseou o magistrado,ao sentenciar, e pelo fato de o laudo não responder ao quesito apresentado na inicial, porquanto, analisando os autos,verifico que o laudo médico do juízo foi devidamente fundamentado, preciso e contundente, não existindo insegurança porparte do perito, sendo o laudo suficiente para prestar as informações necessárias acerca do estado de saúde da parteautora.

Insta salientar que o juiz é o destinatário das provas e ele prolatou sentença considerando a matéria suficiente esclarecida,pois o laudo trouxe descrição minuciosa do quadro clínico da parte autora, sendo o diagnóstico do expert bastante para acompreensão da demanda e das condições de saúde da recorrente.

Não bastasse isso, cumpre ressaltar que consta da inicial um quesito formulado de forma genérica no seguinte sentido: “a)Quais as características das doenças que acometem o Requerente, e se o trabalho é fator agravante;”, quesito esse que,de certa forma, foi respondido implicitamente pela perícia judicial.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 20/01/14, através da qual o expert afirmouque a periciada, nascida em 14/05/56 (consoante documento de fl. 03), é portadora de insuficiência venosa crônica demembros inferiores. Explicou que o quadro de insuficiência venosa se relaciona com predisposição congênita e fatoresexternos desencadeantes, como excesso ponderal e atividades em ortostase prolongada. Consta do laudo que a parteautora apresenta registro em sua história clínica do surgimento de varizes de membros inferiores há, pelo menos, 10 anos.Asseverou que a paciente apresenta quadro de insuficiência venosa crônica de membros inferiores, associado à obesidadee sem tratamento regular. Concluiu que, in casu, para atividade de costureira, na vigência de tratamento adequado parainsuficiência venosa, com uso de medicação flebotônica, meia de compressão elástica, perda de peso e acompanhamentoregular com angiologista, não haveria incapacidade para sua atividade habitual. O não seguimento das medidas detratamento e a permanência com excesso ponderal poderá levar à piora do quadro atual e a complicações relacionadas,como flebite, úlcera de perna, varicorragia, entre outros. O perito asseverou que, no momento pericial, não foi identificadainapacidade relacionada ao quadro de insuficiência venosa, desde que sejam seguidas, de maneira rigorosa, as orientaçõesde tratamento médico. O perito constatou que o quadro apresentado pela autora é passível de controle satisfatório, sendonecessário tratamento regular que inclui mudanças de hábitos de vida, principalmente relacionado ao ganho ponderal (laudode fls. 19-21).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função da recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades hodiernas. A períciadeterminada pelo Juízo a quo foi conclusiva, restando constatada a capacidade da autora para a atividade de costureira –ocupação informada na exordial, à fl. 01, e no laudo (à fl. 32).

Vale ressaltar que, quanto aos períodos posteriores, não abrangidos por esta decisão, poderão ser discutidos em novademanda, pois não se elimina a possibilidade de questionar a instauração de estado de incapacidade para o trabalho noperíodo ulterior ao exame pericial.

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7. Quanto às condições pessoais da recorrente, vale destacar que a Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) entende que quando o juiz concluir que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado aexaminar as condições pessoais e sociais do segurado.

Na TNU, o juiz federal Rogério Moreira Alves, no processo 0507072-34.2009.4.05.8101, de sua relatoria, corroborando talentendimento, citou o juiz André Carvalho Monteiro que, ao relatar o processo 00207413920094036301, considerou que“quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso admitir o exame das condições pessoais e sociais, já queo mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial”, explicou.

No caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho. Não há, portanto, obrigatoriedade de analisar as condiçõespessoais da autora, muito embora não fique o juiz impedido de fazer tal análise, se entender cabível.

8. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela autora, o que por si só não justifica aconcessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do EspíritoSanto é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido deque “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

9. Vale ressaltar que, embora o juiz não esteja adstrito ao resultado da perícia médica judicial, podendo formar livremente oseu convencimento, não há falar em concessão do benefício pleiteado, nesse caso, pois, diante do conjunto probatórioapresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitos necessários para a concessão do benefício,porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito e documentos médicos anexados pela parterecorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

10. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

80 - 0000482-78.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000482-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALEXANDRE COSTA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELABRAVIN BASSETTO.).RECURSO N. 0000482-78.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: ALEXANDRE COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. NULIDADE DO LAUDO MÉDICO. NÃOOCORRÊNCIA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento de ausência de constataçãode incapacidade. Irresignado, o recorrente requer a reforma da sentença, alegando ser portador de muitas limitações que oimpedem de exercer seu labor habitual. Argumenta, outrossim, que não houve análise e manifestação expressa referentesaos laudos costados por ele aos autos, tanto por parte do perito como por parte do juízo monocrático, eivando de nulidade oexame pericial e conseqüentemente a sentença. Pleiteia que o novo seja baseado não somente na análise de umaenfermidade, mas de todo o conjunto de enfermidades citadas, propugnando que sejam levados em consideração todos oselementos probatórios, pois afirma ter sido o laudo pericial absolutamente omisso, contraditório e confeccionado emdiscordância com a jurisprudência da TNU – eivado de nulidade. A autarquia previdenciária federal apresentou

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contrarrazões, às fls. 88-91.

2. Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade da sentença que alega o recorrente, por ter sido o decisum, supostamente,baseado em laudo omisso, contraditório e confeccionado em discordância com a jurisprudência da TNU, uma vez que olaudo médico do juízo foi devidamente fundamentado, preciso e contundente, não existindo insegurança por parte do perito,sendo o laudo suficiente para prestar as informações necessárias acerca do estado de saúde da parte autora.

Insta salientar que o juiz é o destinatário das provas e ele prolatou sentença considerando a matéria suficiente esclarecida,pois o laudo trouxe descrição minuciosa do quadro clínico da parte autora, sendo o diagnóstico do expert bastante para acompreensão da demanda e das condições de saúde do recorrente.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 05/06/13, através da qual o perito afirmouque o periciado informou que nasceu em 02/10/73, que estudou até o ensino médio completo e que trabalhava comovigilante. O autor relatou ter iniciado dor na coluna lombar em 2011. Disse que foi ao médico, que lhe prescreveu atividadefísica e o encaminhou ao especialista. Afirmou que foi ao especialista, que lhe indicou Rizotomia para melhora da dor.Disse, ainda, que foi ao INSS e que recebeu por 30 dias. Sente dor lombar à noite, com perda de forças nas pernas. Éhipertenso em tratamento. Consta do laudo que o periciado sempre trabalhou como vigilante. Último registro na carteirainiciou em 24/11/09 e não tem data de saída. Parou de trabalhar em 2012. Ao exame físico, o periciado se apresentoulúcido e orientado no tempo e no espaço, respondendo bem às solicitações, com boa mobilidade dos membros, andandobem, sem muleta ou auxílio de terceiros. Durante o exame, sentou-se e levantou-se sem apoio nos móveis. Ficou em pé,relatando maior conforto, fazendo rotação do tronco para os laudos, sem a menor queixa de dor. Ao ser solicitado quesentasse, abaixou-se para segurar a cadeira, sem queixas de dor. Força preservada nas pernas e pés com mobilidadenormal e sem sinais de compressão nervosa nos membros inferiores. Mobilidade normal dos joelhos e tornozelos, semedema das pernas. O perito laudou que o periciado é portador de artrose da coluna lombar, sem compressões nervosasnos membros inferiores. Classificou a enfermidade como artrose primária generalizada (CID 10: M15.0). Trabalha comovigilante em automóvel, como motorista, acompanhando caminhões com carga valiosa, não fazendo esforço. Concluiu que,no caso dos autos, não há incapacidade (laudo de fls. 31-33).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para trabalhar. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função do recorrente em sua atividade habitual, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades hodiernas. O laudomédico judicial foi claro, preciso e contundente, não havendo dúvida acerca da efetiva capacidade laboral do recorrente.

Vale ressaltar que, quanto aos períodos posteriores, não abrangidos por esta decisão, poderão ser discutidos em novademanda, pois não se elimina a possibilidade de questionar a instauração de estado de incapacidade para o trabalho noperíodo ulterior ao exame pericial.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

8. Vale ressaltar, ainda, que, embora o juiz não esteja adstrito ao resultado da perícia médica judicial, podendo formarlivremente o seu convencimento, não há falar em concessão do benefício pleiteado, nesse caso, pois, diante do conjuntoprobatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitos necessários para a concessão dobenefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito e documentos médicos anexadospela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

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9. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas e sem honorários, considerando que a parte vencida foi representada pela Defensoria Pública da União.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

81 - 0002523-20.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002523-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZ GONZAGA DA SILVA(ADVOGADO: ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI, ES007070 - WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA CAROLINE SOUZA DE ALMEIDA ROCHA.).RECURSO N. 0002523-20.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: LUIZ GONZAGA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE POR SER O LAUDO PERICIAL CONTRADITÓRIO EPOR SER O PERITO INABILITADO. NÃO OCORRÊNCIA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. NÃO VERIFICADA AINCAPACIDADE, NÃO FICA O JUIZ OBRIGADO A ANALISAR AS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS DO AUTOR.ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.RECURSO DESPROVIDO.1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, sob o fundamento deausência de constatação de incapacidade. Irresignado, o recorrente pleiteia a reforma da sentença, para condenar orecorrido a lhe conceder o benefício de aposentadoria por invalidez. Requer, caso assim não se entenda, a declaração danulidade do processo, desde a prova pericial, com a conseqüente baixa dos autos ao juízo monocrático, para determinar arealização de nova perícia com médico especialista em ortopedia/neurologia, pois afirma que o laudo médico do juízo foicontraditório e que a perícia foi realizada por médico que não tem especialidade em ortopedia e nem em neurologia, e queestaria, por isso, inabilitado para o diagnóstico do caso. Propugna, se a Colenda Turma não estiver convencida do direito dorecorrente à aposentadoria por invalidez, que ao menos restabeleça o auxílio-doença cortado pelo INSS, até suareabilitação para outra atividade. Afirma que o julgamento do caso não está adstrito ao laudo pericial, podendo ser formadaa convicção com os demais elementos constantes dos autos. Postula, por isso, que sejam consideradas suas condiçõespessoais, pois alega estar com 58 anos de idade, ser portador de problemas na coluna lombar e que trabalha comosapateiro, o que, segundo o recorrente, inviabiliza o exercício de trabalho. A autarquia previdenciária federal não apresentoucontrarrazões.2. Primeiramente, rejeito a preliminar de nulidade de sentença alegada pelo recorrente, por ter sido contraditório o laudo emque se baseou o magistrado, ao sentenciar, bem como por ter sido a perícia realizada por médico que não possuiespecialidade em ortopedia e nem em neurologia, tendo o recorrente requerido, por isso, dilação probatória, com realizaçãode nova perícia.

Explico.Entendo que, no caso dos autos, para que o perito judicial avalie o estado clínico do recorrente, para fins de verificação daexistência de incapacidade laboral, não é necessário que seja especialista na área da patologia a ser examinada. O fato deo perito indicado atuar ou não na área na qual foi realizada a perícia, possuindo ou não especialidade, não é suficiente paraafastar a credibilidade de seu trabalho, sobretudo em face do disposto no art. 145, § 1º, do CPC. No caso, o trabalhotécnico apresentado demonstra coerência em suas conclusões, não padecendo de qualquer falha a incidir nas hipótesesprevistas nos arts. 424 e 437, ambos do CPC, evidenciando que o perito, graduado em medicina legal, é detentor deconhecimento científico suficiente ao deslinde da causa.

Merece destacar, contudo, que essa inexistência de obrigatoriedade não afasta a conveniência de que seja observada anomeação de perito especialista nas hipóteses em que isso se apresentar viável no caso concreto.

Pois bem. In casu, se o laudo pericial mostra-se devidamente fundamentado e o magistrado se dá por munido de bastanteselementos de convicção, tem ele o poder de, como o destinatário da prova e, considerando a matéria suficientementeesclarecida nos autos, proferir sentença, uma vez que o laudo pericial do juízo trouxe minuciosa descrição do quadro clínicoda parte autora.

Além disso, não houve demonstração de insegurança ou sugestão de encaminhamento do periciado a outro especialista.Não houve hesitação por parte do perito, o qual se baseou em atestados, em relatórios de exames apresentados pelo autor,bem como no próprio relato deste.

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Vale salientar que o art. 437 do Código de Processo Civil estatui que “O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimentoda parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida”. A regra parte doprincípio do livre convencimento: somente determinará a realização de segunda perícia o juiz que não se consideraresclarecido, de maneira segura, pelo primeiro laudo oferecido. A insegurança pode se manifestar até em grau de recurso, oque demandará a anulação da sentença, para a realização de um segundo exame pericial. É inegável que, emdeterminadas situações, faz-se mesmo necessário um segundo exame, o que ocorre quando o primeiro é insuficiente oulacônico. A realização de um segundo exame por outro médico, por seu turno, pode se afigurar recomendável quando opróprio perito, em seu laudo, demonstrar insegurança ou sugerir o encaminhamento do periciado a outro especialista. Incasu, não houve hesitação ou sinal de insegurança por parte do perito, o qual se baseou em atestados, em relatórios deexames apresentados pelo autor, bem como no próprio relato deste.

Ademais, se o perito não declinou da nomeação, é de se presumi-lo capaz de emitir avaliação suficientemente segura econsistente, prestigiando a confiança nele depositada pelo juízo de primeiro grau, que mais próximo se encontra darealidade fática. É prerrogativa do juiz a nomeação, dentre diversos peritos, daquele em quem deposita confiança para aresolução de cada processo específico.

Cabe destacar que, consoante os princípios da instrumentalidade das formas e da “pas de nullité sans grief”, os atosprocessuais somente serão considerados nulos se houver prova do efetivo prejuízo à parte. Com efeito, o simples fato de operito não possuir a especialização desejada pelo recorrente, não implica nulidade no laudo pericial ou imprestabilidade dotrabalho realizado.

Dessa forma, no caso dos autos, considero desnecessária a determinação de nova perícia, com médico especialista emortopedia ou neurologia, sendo suficiente aquela realizada anteriormente, seja porque o juiz é o destinatário da prova, sejaporque a matéria está bastante esclarecida nos autos, não merecendo acatamento as alegações de que o laudo médico dojuízo foi contraditório e de que a perícia foi realizada por médico inabilitado.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 17/05/12 (fl. 52) e complementada em17/01/13 (fls. 65-66), através da qual o médico afirmou que o periciado afirmou ter 58 anos de idade, que trabalha comosapateiro e que estudou até o primeiro ano do segundo grau. Queixou-se de dores na coluna lombar e que não conseguesentado ou de pé por muito tempo, desde 2010, quando fez exame e acusou. Não apresentou laudo, receitas ou exames.Disse que toma comprimidos de Voltaren, nas crises. Ao exame clínico, apresentou-se calmo, lúcido e orientado. Marchanormal. Sem limitação para sentar, levantar, subir à mesa de exames e descer, assim como de despir e vestir suas roupas.Coluna lombar sem hipertonia muscular paravertebral, sem limitação de movimentos de rotação e flexão. Incapaz demarchar em antepé e retropé. Sinal de lasègue negativo, bilateral. Reflexos patelares normais. Sem atrofia muscular emmembros inferiores. Regiões palmares lisas. O perito laudou que o periciado é portador de dor lombar baixa (CID 10: M54.5) e de outros transtornos dos discos invertebrais (CID 10: M51). Concluiu, contudo, que, no caso dos autos, não háincapacidade para o trabalho de sapateiro (laudo de fl. 52, complementado às fls. 65-66).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função do recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades habituais. Dessaforma, não resta dúvida acerca da efetiva capacidade para o trabalho do autor, que, conforme consta do laudo (à fl. 65), ésapateiro.

Vale ressaltar, ainda, que, quanto aos períodos posteriores, não abrangidos por esta decisão, poderão ser discutidos emnova demanda, pois não se elimina a possibilidade de questionar a instauração de estado de incapacidade para o trabalhono período ulterior ao exame pericial.

7. Quanto às condições pessoais do recorrente, vale destacar que a Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais (TNU) entende que quando o juiz concluir que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado aexaminar as condições pessoais e sociais do segurado.

Na TNU, o juiz federal Rogério Moreira Alves, no processo 0507072-34.2009.4.05.8101, de sua relatoria, corroborando talentendimento, citou o juiz André Carvalho Monteiro que, ao relatar o processo 00207413920094036301, considerou que“quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso admitir o exame das condições pessoais e sociais, já que

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o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial”, explicou.

No caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho. Não há, portanto, obrigatoriedade de analisar as condiçõespessoais do autor, muito embora não fique o juiz impedido de fazer tal análise, se entender cabível.

8. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

9. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

10. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

82 - 0000522-54.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000522-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA ADELIA RIBONDI DEAGUIAR (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 -PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DEALMEIDA RAUPP.).RECURSO N. 0000522-54.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: ANA ADELIA RIBONDI DE AGUIARRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA,DO CONTRADITÓRIO E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. NÃO OCORRÊNCIA. PERÍCIA COM DESCRIÇÃOSATISFATÓRIA DO QUADRO CLÍNICO DA AUTORA. AUXÍLIO-DOENÇA. CONVERSÃO EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ. AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DASTURMAS RECURSAIS DO RIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de concessão dobenefício de auxílio-doença, com conversão em aposentadoria por invalidez, e, de conseqüência, também improcedente opedido de pagamento de atrasados devidamente corrigidos, bem como de indenização por danos morais, tendo o juízomonocrático fundamentado o decisum na ausência de constatação de incapacidade. Inicialmente, alega a recorrente anulidade da sentença por violação aos princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processolegal, afirmando que o quesito formulado na inicial não foi respondido e que os quesitos do juízo foram respondidos deforma incompleta. No mais, afirma que o juiz não está adstrito ao laudo pericial e requer a procedência do pedido com basenas demais provas constantes dos autos. A autarquia previdenciária federal não apresentou contrarrazões.

2. Inicialmente, rejeito a preliminar de nulidade da sentença por ofensa aos princípios do contraditório, da ampla defesa e dodevido processo legal, em razão da suposta ausência de resposta ao quesito formulado na inicial e por estarem,hipoteticamente, incompletas as respostas aos quesitos do juízo, porquanto, analisando os autos, observo que resultadesnecessária a complementação do laudo, seja porque o juiz é o destinatário da prova, seja porque a matéria estásuficientemente esclarecida nos autos, inexistindo circunstância especial capaz de justificar a complementação da períciarealizada, uma vez que o laudo pericial trouxe minuciosa descrição do quadro clínico da parte autora.

Não bastasse isso, cumpre ressaltar que consta da inicial um quesito formulado de forma genérica no seguinte sentido: “a)

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Quais as características das doenças que acometem o Requerente;”, quesito esse que, de certa forma, foi respondidoimplicitamente pela perícia judicial.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 06/09/13, através da qual o expert afirmouque a periciada informou que nasceu em 09/04/53, que era do lar e que estudou até a 6ª série. A parte autora afirmou quesente dor na coluna cervical há muitos anos e que fez tratamento com fisioterapia e uso de antiinflamatórios. Disse quepassou a sentir dor nos dois ombros e que fez infiltração o ombro direito. Afirmou que foi ao INSS, mas não recebeu obenefício. Queixou-se de dor na Cox esquerda e aparecimetno de nódulo na perna esquerda. É hipertensa em tratamento etem apnéia do sono. Consta do laudo que ela nunca trabalhou fora de casa, fazendo a opção de ficar em casa e cuidar doscinco filhos. Ao exame físico, a periciada se apresentou lúcida e orientada no tempo e no espaço, respondendo bem àssolicitações, com boa mobilidade dos membros, andando bem, sem muleta ou auxílio de terceiros. Durante o exame,sentou-se e levantou-se sem apoio nos móveis. Sobrepeso com IMC de 26,2. Boa mobilidade da coluna cervical, semqueixa de dor e sem sinais de compressões no membros superiores. Queixou-se de dor no ombro direito, mas mantémmobilidade completa nos dois ombros e não apresenta hipotrofias musculares. Coluna lombar com mobilidade preservada,sem sinais de compressão nervosa nos membros inferiores. O perito laudou que a parte autora é portadora de artrose dacoluna cervical e lombar, com mobilidade preservada e sem sinais de compressão nervosa. Apresentou tendinopatia doombro direito, com melhora após infiltração. Explicou que se trata de doença degenerativa, não sendo possível precisar adata de início. Asseverou que a periciada tem boa mobilidade e não tem alterações neurológicas. Concluiu que, in casu, nãohá incapacidade (laudo de fls. 19-21).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função da recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na períciajudicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades hodiernas. A períciadeterminada pelo Juízo a quo foi conclusiva, restando claramente constatada a capacidade laboral da autora para asatividades do lar – ocupação informada na exordial, à fl. 01, e no laudo (à fl. 19).

Vale ressaltar que, quanto aos períodos posteriores, não abrangidos por esta decisão, poderão ser discutidos em novademanda, pois não se elimina a possibilidade de questionar a instauração de estado de incapacidade para o trabalho noperíodo ulterior ao exame pericial.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pela autora, o que por si só não justifica aconcessão do benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do EspíritoSanto é de que “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular” (Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido deque “O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe osfundamentos técnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recursonão trouxer razões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

9. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

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__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

83 - 0000364-02.2013.4.02.5051/01 (2013.50.51.000364-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROZIMAR ANTONIOGONÇALVES (ADVOGADO: ES018716 - Edson Roberto Siqueira Junior.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO N. 0000364-02.2013.4.02.5051/01RECORRENTE: ROZIMAR ANTONIO GONÇALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA SENTENÇA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO EAO DIREITO DE AÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DECONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. ENUNCIADOS 72 E 84 DAS TURMAS RECURSAIS DORIO DE JANEIRO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.1. Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido alternativo deconcessão do benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, sob o fundamento de ausência de constataçãode incapacidade. Irresignado, o recorrente requer a reforma da sentença, para que lhe seja concedido o benefícioprevidenciário por incapacidade laboral. Propugna, com vistas no princípio da informalidade e da celeridade,alternativamente, para evitar a anulação da sentença, a determinação de diligência para que a parte tenha possibilidade deproduzir prova, através de audiência de instrução e julgamento, tornando a causa madura. Pleiteia, ainda, para a hipótesede não ser isso possível, a anulação da sentença, por ofensa ao contraditório e ao direito de ação, pois alega que houvecerceamento de defesa, uma vez que o magistrado indeferiu o pedido de realização de audiência de instrução e julgamentopara investigar e esclarecer os pontos controvertidos. A autarquia previdenciária federal não apresentou contrarrazões.2. Primeiramente, rejeito a preliminar de nulidade de sentença por violação ao princípio do contraditório e do direito de ação,por ter sido indeferido o pedido de realização de audiência, uma vez que constatada a capacidade para o trabalho, restadesnecessária a realização de audiência para a comprovação dos demais requisitos necessários à concessão do benefícioprevidenciário pleiteado, sendo escusável tal medida para o deslinde do feito.

Ademais, compulsando os autos, verifico que foi oportunizado ao recorrente as condições de trazer para o processo todosos elementos tendentes a esclarecer a verdade, bem como foi oportunizado à parte recorrida trazer a defesa que melhor lheapresentou. O juiz, por sua vez, como o destinatário da prova, considerando a matéria suficientemente esclarecida nosautos, prolatou sentença.

Dessa forma, in casu, considero desnecessária a dilação probatória, seja porque o juiz é o destinatário da prova, sejaporque a matéria está bastante esclarecida nos autos, inexistindo circunstância especial capaz de justificar a realização deaudiência.

3. Quanto ao mérito, observo que o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários doRegime Geral de Previdência Social devidos aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo deincapacidade diferencia um benefício do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidospara que o segurado da Previdência Social tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoriapor invalidez, quais sejam: a carência e a incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e pormais de quinze dias e na aposentadoria por invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para oexercício de atividades laborativas.

4. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

5. A sentença foi baseada na conclusão da perícia médica judicial, realizada em 28/11/13, através da qual o perito afirmouque o periciado afirmou ter 40 anos, ser analfabeto e trabalhador rural. Informou ter sofrido acidente de carro, com lesão dededos da mão direita. Sem uso de medicamentos ou tratamentos. Ao exame físico, apresentou-se calmo, lúcido eorientado. Marcha normal. Mão direita com limitação total de extensão do quarto e quinto quirodáctilos, com flexão totaldesses dedos e com redução da força de apreensão nesses locais – os dedos primeiro, segundo e terceiro não apresentamanormalidades ou limitações. Calosidades muito acentuadas na região palmar esquerda e moderadas à direita. O peritolaudo que a parte é portadora de seqüelas de fraturas ao nível do punho e da mão (CID 10: T 92.2), decorrente de acidente,não sendo possível precisar a data de ocorrência. Asseverou que há lesão parcial da mão direita, permitindo o labor rural.Concluiu, contudo, que, no caso dos autos, não há incapacidade para o trabalho (laudo de fl. 104).

6. Acerca das considerações da perícia médica, observo que restou constatada a capacidade para o labor. Nesse ponto,convém ressaltar que a situação que dá ensejo à concessão do benefício pleiteado não é a ocorrência da doença em si, esim de incapacidade para a função do recorrente em sua atividade costumeira, situação que não foi constatada na perícia

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judicial. Ao contrário, foram constatadas limitações que não levam à incapacidade para suas atividades rurais, não restandodúvida acerca da efetiva capacidade para o trabalho do autor, que, conforme consta da petição inicial (à fl. 01) e do laudo (àfl. 104), é lavrador.

7. Quanto aos atestados médicos particulares juntados pela parte, observo não haver prova de incapacidade laboral,referidos documentos atestando a existência de enfermidades sofridas pelo autor, o que por si só não justifica a concessãodo benefício, convindo anotar que acerca da matéria a orientação seguida pelas Turmas Recursais do Espírito Santo é deque “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”(Enunciado 8). Na mesma linha, as Turmas Recursais do Rio de Janeiro consagraram orientação no sentido de que “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84) e de que “Não merece reforma a sentença que acolhe os fundamentostécnicos do laudo pericial para conceder ou negar benefício previdenciário ou assistencial quando o recurso não trouxerrazões que possam afastar a higidez do laudo” (Enunciado 72).

8. Destarte, diante do conjunto probatório apresentado, constata-se que não houve o preenchimento dos requisitosnecessários para a concessão do benefício, porquanto não restou demonstrada, pela análise conjunta do laudo do perito edocumentos médicos anexados pela parte recorrente, a incapacidade para o trabalho e para a vida independente.

9. Diante do exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, mantendo integralmente a sentença recorridapor seus próprios fundamentos.

Sem custas. Condeno a parte recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios, fixando estes em 10% (dezpor cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições de miserabilidade, pelo prazode 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei nº 1060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

84 - 0000074-49.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000074-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ILMA MARIA PERESSOPRANI (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0000074-49.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: ILMA MARIA PERES SOPRANIRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RURAL. PROVADOCUMENTAL SÓLIDA DISPENSA OITIVA DE TESTEMUNHAS PARA FINS DE COMPROVAÇÃO DE QUALIDADE DESEGURADA ESPECIAL. INCAPACIDADE PARA O DESEMPENHO DA ATIVIDADE HABITUAL E DE READAPTAÇÃO EMOUTRA ATIVIDADE. IDADE AVANÇADA, BAIXO GRAU DE INSTRUÇÃO E ÚNICO TRABALHO DESEMPENHADO PELOSEGURADO AO LONGO DE SUA VIDA. DIB NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO, COM TÉRMINO NADATA DA CONCESSÃO ADMINISTRATIVA DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. SENTENÇAREFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou totalmente improcedente ospedidos de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Argumenta, em síntese, terqualidade de segurada especial (rural); que, por ser portadora de artrose na coluna lombar e cervical não possui condiçõesde exercer o labor rural, diante da impossibilidade de realização de esforço físico, conforme comprovam os laudosparticulares anexados e conforme, inclusive, atesta o perito judicial; que o perito não levou em consideração a sua condiçãode braçal ao aferir a capacidade da parte autora; além de possuir baixa instrução e já contar com a idade de 52 anos deidade. Requer a reforma da sentença para concessão do benefício de auxílio doença com o pagamento dos atrasados.

2. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez são benefícios previdenciários do Regime Geral de Previdência Socialdevido aos segurados que ficam incapacitados para o trabalho, sendo que o tipo de incapacidade diferencia um benefício

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do outro. No caso, além da qualidade de segurado são dois os requisitos exigidos para que o segurado da PrevidênciaSocial tenha direito ao benefício de auxílio doença ou ao benefício de aposentadoria por invalidez, quais sejam: a carência ea incapacidade para o trabalho; no auxílio doença - incapacidade provisória e por mais de quinze dias e na aposentadoriapor invalidez - incapacidade para o trabalho insuscetível de reabilitação para o exercício de atividades laborativas.

3. Os segurados beneficiários do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez são obrigados a comparecer em postosdo INSS para a realização de perícias periódicas de reavaliação da situação clínica, sendo possível o cancelamento oucessação do benefício se houver recuperação.

4. Resta comprovada, a este ensejo, a condição de segurada especial da parte autora, à luz dos documentos anexados àsfls. 45/70, quais sejam: certidão de casamento atestando a profissão do seu marido como lavrador em 1976 (fl. 46); notasfiscais referindo compras de insumos agrícolas entre os anos de 2008 e 2009, em nome da autora e do seu marido (fls.47/50), certificado de cadastro de imóvel rural relativos aos anos de 2006 a 2009 (fls. 51/52); declaração de ITR referenteao imóvel da autora do exercício de 2010 (fls. 53/56); escritura pública de aquisição do imóvel rural datada de 1979 (fls.64/70). Por outro lado, em análise ao CNIS da autora e seu marido, verifico a inexistência de vínculos empregatíciosurbanos. Verifico, também, que a parte autora passou a gozar de aposentadoria por idade rural a partir de 26/03/2014,conforme consta no sistema PLENUS, e que seu marido, Djalma Soprani, figura como segurado especial desde31/12/2007, não restando, portanto, dúvidas quanto a sua qualidade de segurada especial, ou quanto ao regime deeconomia de subsistência familiar em que a autora está inserida.

5. O início de prova material não passa de prova indiciária e, sendo frágil, torna imprescindível a oitiva de testemunhas a fimde aprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao efetivo trabalho rural na lavoura ou na pecuária.

6. Hipótese, contudo, em que a prova documental mostra-se sólida, correspondendo a todo o período anterior ao dorequerimento administrativo, sendo suficiente para a comprovação do tempo de serviço rural, razão pela qual se tornadesnecessária a produção de prova testemunhal. (AC 1998.01.00.047796-9 /MG, 1ª Turma, Relator Juiz Luciano Tolentinode Amaral).

7. No mérito, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para atividade habitual. De acordo com odocumento carreado aos autos, datado de fevereiro de 2010 (fls. 07), originário da rede pública de saúde, a autora éportadora de espondiloartrose em L2-L3-L4 + artrose lombar e lordose acentuada. Em perícia médica realizada (fls. 23/26)ficou confirmada a enfermidade, afirmando o expert do Juízo que a autora possui Artrose da Coluna Lombar e Cervical,doença degenerativa, tendo concluído pela capacidade para sua atividade habitual, porém advertindo que a autora deveriaevitar “atividades com sobrecarga de peso e esforço intenso em região lombar e cervical”.

8. Acerca das considerações da perícia médica, observo que as limitações que a autora possui são incompatíveis com aatividade habitual de agricultora (comprovada com a juntada de vários documentos que se encontram às fls. 45/70), tendoem vista que o mesmo médico perito que a considerou apta para voltar ao seu labor de costume recomendou que nãofossem feitas atividades com sobrecarga de peso e esforço intenso na região lombar e cervical, recomendações que, se aautora voltar para a sua atividade habitual, não poderão ser seguidas, haja vista a incompatibilidade da recomendação comas atividades que decorrem da agricultura em geral. Convém anotar também que possui idade avançada, baixo grau deinstrução e sempre trabalhou na roça, circunstâncias que, somada às limitações físicas e presença de doença nasarticulações, em que a tendência é piorar com o avanço da idade (degenerativa), praticamente a impossibilitam de retornarao mercado de trabalho, ainda mais na atividade de agricultora, que requer força física e destreza dos membros.

9. Quanto à readaptação, tendo em vista que a autora sempre exerceu atividade braçal, possui baixo grau de instrução, ehoje conta com 56 anos de idade, tenho como improvável sua readaptação em outra atividade laboral e reinserção nomercado de trabalho em um novo ofício, já que, conforme mencionado, sempre laborou na roça (reside até os dias atuaisno mesmo local – sítio Boa Esperança), motivos determinantes para a reforma da sentença, no sentido de concessão dobenefício de aposentadoria por invalidez nos períodos em que esteve incapacitada.

10. Ressalvo, por oportuno, que o juiz não está vinculado às conclusões do laudo pericial podendo formar sua convicçãocom outros elementos de prova, consoante art. 436 do CPC. Neste sentido:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO ACIDENTE - INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE - LAUDO PERICIAL -LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ.1. O magistrado não está adstrito às conclusões da perícia técnica para a formação do seu convencimento acerca daexistência ou não da moléstia incapacitante, podendo, por outros meios de prova, fundamentar o seu entendimento.Princípio do livre convencimento. Precedentes.2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou a conclusão pela existência de incapacidade parcial e permanente doautor.3. Agravo regimental não provido.(STJ, AgRg no AREsp 301837/SP, Relator(a) Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 24/09/2013)”

11. Quanto à DIB, observo que a TNU já firmou entendimento no sentido de que "o termo inicial dos benefícios, seja porincapacidade, seja no de prestação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se omédico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir outros elementos nos autos para sua fixação (Precedente:PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento administrativo, se a perícia constatar a existência da

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incapacidade em momento anterior a este pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data doajuizamento do feito, se não houver requerimento administrativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momentoanterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia oprincípio do livre convencimento motivado que permite ao magistrado a fixação da data de início do benefício mediante aanálise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)" (Cf. PEDILEF n.º0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012).

12. No caso, apesar de o perito do Juízo não ter podido precisar a data do início da incapacidade, por se tratar de doençadegenerativa e, considerando a existência laudo particular, ora utilizado como prova material da enfermidade incapacitante,com data anterior a do requerimento administrativo, o que demonstra a existência da incapacidade desde então, fixo a DIBdo benefício de aposentadoria por invalidez da autora em 28/10/2010 (data do requerimento administrativo), o qual deveráser cessado em 26/03/2014, em virtude do deferimento administrativo da aposentadoria por idade rural. Registre-se nadaimpede a que o segurado, não obstante incapaz, se veja obrigado a trabalhar, uma vez surpreendido com o indeferimentode seu requerimento administrativo perante o INSS, tendo direito até mesmo à percepção do benefício relativo aos mesesem que continuou trabalhando (exceção jurisprudencial à regra geral do art. 46 da Lei 8.213/1991).

13. Por estes fundamentos, CONHEÇO E DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA para julgarprocedente o pedido e condenar o INSS à concessão do benefício de aposentadoria por invalidez desde a data dorequerimento administrativo (28/10/2010), até a concessão da aposentadoria por idade rural (26/03/2014). Condeno o INSS,ainda, após o trânsito em julgado deste decisum, a proceder ao pagamento dos valores atrasados, compensando eventuaisquantias já pagas a parte autora a título de auxílio-doença, corrigidos monetariamente e juros de mora a contar da citação,tudo em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal. Sem custas e condenação em verba honorária, tendoem vista o Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

85 - 0000315-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000315-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO CARVALHO DASILVA E OUTROS (ADVOGADO: ES008642 - Valdoreti Fernandes Mattos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).PROCESSO Nº 0000315-23.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: ESPÓLIO DE ADELSON JOSÉ ALMEIDA TRESPADINI, representado por MIRIAM DE OLIVEIRATRESPADINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA COM CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RURAL. MARIDORECEBE RENDIMENTOS EM VALOR CORRESPONDENTE A DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO COMPROVAÇÃO DOCONCURSO DE RENDIMENTOS ENTRE A ATIVIDADE URBANA E ATIVIDADE RURAL. AUTORA NÃO COMPROVAQUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. RECURSOIMPROVIDO.

A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-doença, comDIB fixada em 31/08/2005, com pagamento das parcelas em atraso, acrescida dos encargos legais devidos, e suaconversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta que a cessação do benefício ocorreu enquanto sua condiçãoincapacitante permanecia, mesmo tendo seu companheiro trabalho urbano, percebendo mais de 2 salários mínimosvigentes à época, sua família era numerosa (4 filhos) e que estes dependiam de seu trabalho rural para subsistência. Alegaainda que, tendo a mesma percebido auxílio maternidade entre os períodos de 10/10/1997 à 07/02/1998 e de 23/03/2001 à20/07/2001, e auxílio doença de 27/01/2005 à 31/08/2005, a sua qualidade de segurada especial já teria sido aferida econhecida.

2. A incapacidade da de cujus é fato incontroverso, considerando que era portadora de uma doença crônica degenerativa(câncer do colo uterino), já reconhecida tanto administrativamente, desde 27/01/2005 (fls. 60), quanto no laudo pericial defls. 83/86. Contudo, o indeferimento do pedido de auxílio-doença perante o INSS deveu-se ao não reconhecimento da suaqualidade de segurada.

3. O trabalho rural da autora também não restou controvertido nos autos. Na realidade ele apenas perdeu o “critério deindispensabilidade para fins de subsistência” em razão de o seu companheiro exercer trabalho urbano com percepção derendimentos de 02 (dois) salários-mínimos durante o ano de 2010, quando requereu administrativamente o benefício deauxílio-doença, nos termos da sentença de fls. 137/138.

4. É verdade que o fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com a

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autora, por si só, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionaro disposto na súmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleofamiliar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como seguradoespecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Entretanto, no caso dos autos não restou comprovado oconcurso do rendimento proveniente da roça para manutenção da família, na medida em que o companheiro da autoraauferia renda de 02 (dois) salários-mínimos.

5. Está claro que a entidade familiar de que a autora é integrante não vive exclusivamente do trabalho rural, razão pela qualnão se pode afirmar que a autora vivia em regime de economia familiar.

6. O segurado especial deve ser o indivíduo que retira seu sustento, principalmente, do campo, podendo, eventualmente,complementar a renda com pequenos vínculos urbanos. O que se verifica dos autos é exatamente o contrário.

7. Desta maneira, entendo estar descaracterizada a condição de segurada especial da parte autora, sem a qual éimpossível conceder o benefício de auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, diante da perda da sua qualidade desegurada especial.

8. Importa registrar, por oportuno, que, desde o ano de 2000, conforme bem lançado na sentença, o companheiro da parteautora já possuía vínculo urbano, com rendimentos superiores ao salário mínimo.

9. Recurso conhecido e improvido. Sem custas. Condeno a recorrente vencida ao pagamento dos honorários advocatícios,fixando estes em 10% (dez por cento) sobre o valor da causa, cuja exigibilidade ficará suspensa, mantidas as condições demiserabilidade, pelo prazo de 5 (cinco) anos, nos termos do artigo 12, da Lei n o. 1060/50, em razão da gratuidade dejustiça deferida.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

86 - 0002688-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002688-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS x MARIA ELVIRA DA FONSECA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO Nº 0002688-70.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRECORRIDO(A): MARIA ELVIRA DA FONSECARELATOR: JUIZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

EMENTA/VOTO

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO DOENÇA. COMPROVAÇÃO DO ESTADOINCAPACITANTE NO PERÍODO DE 02/2010 A 07/2010. EXCLUSÃO DE VALORES JÁ PAGOS À PARTE AUTORA NOSINTERSTÍCIOS DE FEVEREIRO, MARÇO E JULHO DE 2010. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido deconcessão de auxílio doença, pleiteando o recorrente, em síntese, a não concessão do auxílio doença durante os períodosconcedidos na sentença (de 02/2010 a 07/2010), máxime considerando que a mesma apenas ficou internada por cinco diasem 02/2010 e dois dias, em março de 2010, o que não demonstra a sua incapacidade por todo o período; além do fato deter recebido salário da empresa nos meses 02, 03 e 07 de 2010. Contrarrazões às fls. 131/135.

2. Compulsados os autos, observo que a autora possui 33 anos, trabalha como faturista, recebeu benefício deauxílio-doença no período de 07/11/2007 a 30/03/2008 devido à constatação de transtorno ansioso não especificado(CID-10 F43).

3. Do laudo pericial consta que a autora é portadora de transtorno dissociativo (conversivos) codificado pela CID X F 44,doença esta que, atualmente, não a incapacita para o trabalho, tanto que a própria autora declara estar trabalhando na datada perícia.

4. No caso, a controvérsia cinge-se à existência ou não de incapacidade para o trabalho no período entre 01/02/2010 a04/07/2010. De acordo com o INSS, tendo em vista os curtos intervalos de internação da autora e, considerando que amesma recebeu salários nos meses de 02, 03 e 07 de 2010, não haveria que se falar em incapacidade durante o interstícioconcedido na sentença.

5. Examinando o extrato do CNIS juntado pela parte recorrente às fls. 122, observa-se que o salário da autora gira emtorno de R$ 1.166,00; que no mês de fevereiro recebeu R$ 1.102,98; em março R$ 287,73; bem assim que, durante osmeses de abril, maio e junho não recebeu quantia nenhuma, tendo voltado a receber somente em julho o montante de R$971,10 (inferior a sua renda mensal), situação que somente se regularizou a partir de agosto, quando voltou a receber ovalor de R$ 1.166,00.

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6. Observa-se, ainda, que, ao contrário do que afirma a autarquia, a autora esteve efetivamente afastada de suas atividadeslaborais durante o período de 02/2010 a 06/2010, conforme se verifica dos cartões de ponto anexados às fls. 109/113, oque justifica as ausências de salário mencionadas no parágrafo anterior.

7. O fato de a autora ter sido internada apenas por curto espaço de tempo, não implica na sua imediata recuperação eretorno ao trabalho, já que, mesmo em casa, pode dar continuidade ao seu tratamento, mediante uso contínuo de remédiose consultas ao profissional que acompanha a sua enfermidade (fls. 28/30 e 47/56). No caso, as provas dos autos são clarase demonstram que o período de afastamento da empresa coincide com o período em que esteve internada e, também, comos períodos em que requereu os dois benefícios negados (fevereiro e abril de 2010).

8. Deste modo, considerando que a sentença concedeu o benefício pelo período de 02/2010 a 07/2010, mas, tendo emvista que a autora recebeu remuneração proporcional da empresa nos meses de fevereiro, março e julho de 2010, nãotendo, contudo, recebido qualquer remuneração entre os meses de abril a junho de 2010, devem ser excluídos dacondenação apenas os valores já pagos.

9. Recurso conhecido e parcialmente provido, apenas para determinar que seja excluído da condenação o montanterecebido pela autora nos meses de fevereiro, março e julho de 2010. Réu isento de custas. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, na forma do Enunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

87 - 0006390-58.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006390-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALTER NETO MILAGRES(ADVOGADO: ES012566 - CHRISTINNE ABOUMRAD RIBEIRO AGUIAR LEITE, ES015708 - JORGE MUNHOS DESOUZA, ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x OS MESMOS.PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – 2ª RELATORIA

RECURSO Nº 0006390-58.2009.4.02.5050/01RECORRENTE: VALTER NETO MILAGRESRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA. LAUDO PERICIAL. LIVRECONVENCIMENTO DO MAGISTRADO. IMPOSSIBILIDADE DE READAPTAÇÃO. POSSIBILIDADE DE CONCEDERAUXÍLIO DOENÇA AO INVÉS DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS SATISFEITOS PARA OBTENÇÃODO BENEFÍCIO. RECURSOS DA PARTE AUTORA E DO INSS PROVIDOS.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou parcialmente procedente a ação, condenandoo INSS a restabelecer o auxílio doença desde a sua cessação em 30/10/2009, bem como a pagar o valor retroativoreferente ao interstício de 01/02/2009 a 17/07/2009, negando, no entanto, a aposentadoria por invalidez. Aduz a parteautora estar incapacitada definitivamente de exercer sua atividade laborativa, tendo em vista o longo período que estevelutando contra a doença, ficando por diversas vezes afastada do seu trabalho (em torno de seis anos), recebendo benefícioprevidenciário. O INSS, por sua vez, também recorreu da sentença, ao argumento de que a parte autora limita-se a pedir aconcessão do benefício de aposentadoria por invalidez, uma vez que estava recebendo auxílio doença, tendo o magistrado,dessa forma realizado julgamento extra petita. Contrarrazões do INSS às fls. 108/111 e da parte autora às fls. 116/123.2. Inicialmente, a aposentadoria por invalidez será devida quando demonstrada incapacidade permanente para atividadeslaborativas e impossibilidade de adaptação para outra (art. 42 da Lei 8.213/91). No caso, quanto à controvérsia acerca daincapacidade definitiva para o labor, conforme a perícia médica de fls. 63/65, realizada em 04/12/2009, a parte autorapossui transtorno mental. O expert informou no quesito de nº 9 que devido às alterações apresentadas no exame psíquico,o periciado apresenta redução da capacidade laboral. Já em resposta ao quesito nº 11 foi constatado que o periciado“apresenta a capacidade motora preservada. Porém, devido ao quadro psíquico que foi descrito não é capaz de ter umentendimento correto da realidade, devido ao quadro deliróide”. Ao estimar a data de início da incapacidade o peritoinformou que a mesma existe há pelo menos doze meses, concluindo o perito que a incapacidade é temporária, sugerindoum período de seis meses de tratamento psiquiátrico com abordagem medicamentosa e tratamento psicoterápico.3. Acerca das considerações da perícia médica, não obstante a constatação de que o autor esteja incapacitadotemporariamente para a atividade habitual, observo que o mesmo possui idade avançada (62 anos), baixa escolaridade esempre trabalhou em atividades sem qualificação específica. Tais circunstâncias, acrescidas ao longo período em que oautor possui a patologia (o INSS vem concedendo o benefício administrativamente pelos períodos de 11/09/2003 a

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31/08/2008 e 10/10/2008 a 31/01/2009) e não conseguiu melhoras (tendo em vista que, ao longo desses seis anos, ficoupor apenas um mês sem receber o benefício previdenciário), tornam extremamente improvável sua reinserção no mercadode trabalho.

4. Em que pese o perito do juízo tenha sugerido afastamento do trabalho por apenas seis meses, ao argumento de que adoença possa ser controlada pela via medicamentosa e tratamento psiquiátrico, conforme se infere das respostas aosquesitos 14 e 16, observa-se, não obstante, que o autor veio recebendo acompanhamento médico (terapêutico emedicamentoso) ao longo desses anos em que esteve em gozo de auxílio-doença, sem, no entanto, apresentar qualquermelhora em seu quadro clínico (já que permaneceu recebendo o benefício por constatação da própria autarquia).

5. Observo, por oportuno, que o juiz não está vinculado às conclusões do laudo pericial podendo formar sua convicção comoutros elementos de prova, consoante art. 436 do CPC. A perícia é uma das provas do conjunto probatório, e é consideradapara se caracterizar situações jurídicas em exame, matéria que é mister do juiz de direito. Neste sentido:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO ACIDENTE - INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE - LAUDO PERICIAL -LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ.1. O magistrado não está adstrito às conclusões da perícia técnica para a formação do seu convencimento acerca daexistência ou não da moléstia incapacitante, podendo, por outros meios de prova, fundamentar o seu entendimento.Princípio do livre convencimento. Precedentes.2. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou a conclusão pela existência de incapacidade parcial e permanente doautor.3. Agravo regimental não provido.(STJ, AgRg no AREsp 301837/SP, Relator(a) Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 24/09/2013)”

6. Neste diapasão, considerando as provas dos autos pertinentes aos longos períodos de percepção do benefício, a idadeavançada, a baixa escolaridade, bem como o insucesso do tratamento eventualmente aplicado ao autor, há que sereconhecer sua incapacidade total e permanente, para todo e qualquer trabalho, a ensejar a conversão do benefício deauxílio doença em aposentadoria por invalidez.

7. Com relação ao recurso do INSS, de fato, observo que a pretensão autoral limitou-se ao pedido de conversão dobenefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, sem qualquer alegação de incapacidade no período entre01/02/2009 a 17/07/2009 e, não integrando a causa de pedir dos presentes autos, não há como ser reconhecida.

8. Recurso da parte autora conhecido e provido para, modificando a sentença, julgar procedente a ação e converter obenefício de auxilio doença em aposentadoria por invalidez, desde a data da cessação do benefício de auxílio-doença, em30/10/2009. Recurso do INSS conhecido e provido, para, reformando a sentença, abster a autarquia de pagar quaisquervalores no interstício de 01/02/2009 a 17/07/2009.

9. Aplica-se o entendimento adotado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1.270.439) quanto àatualização das parcelas devidas. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qualdeclarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TRcomo critério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo emvista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC. O STF reafirmaque a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, para a continuidade de utilização dos dispositivosdeclarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos da decisão dirige-se apenas aos presidentesdos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos deconhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valoresdos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e naredação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de sua vigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, CorteEspecial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade do dispositivo nesta parte. Sem condenação das partes em custas,nem em honorários advocatícios.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

88 - 0001345-97.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.001345-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: KARLA EUGENIA PITTOL DE CARVALHO.) x FABIO SANTOS TREVISAN.RECURSO Nº 0001345-97.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: FABIO SANTOS TREVISANRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

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TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EMSENTIDO ESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento. Sustenta, em síntese, litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical econfederação respectiva; e que o STJ já consolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança dacontribuição sindical em face do servidor público.

2. A relação jurídica tributária questionada diz respeito apenas à União Federal como sujeito ativo e aos servidores públicoscomo sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical, federação e sindicato),como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com a União, sem integrar arelação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. As entidades sindicais teriaminteresse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudo tal intervenção éexpressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, a União Federal é aúnica legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. Recurso da União Federal conhecido e improvido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação darecorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiu advogado (Súmula14 das Turmas Recursais da 3ª Região).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

89 - 0002527-21.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002527-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x ANA PAULA LUBE PESTANA.RECURSO Nº 0002527-21.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDA: ANA PAULA LUBE PESTANARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação em

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comento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; e aimpossibilidade de condenar a União a apurar os valores eventualmente devidos ao autor.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. Recurso da União Federal conhecido e improvido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação darecorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiu advogado (Súmula14 das Turmas Recursais da 3ª Região).

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

90 - 0100315-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100315-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x COSME LUIS DOS SANTOS.RECURSO Nº 0100315-69.2013.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: COSME LUIS DOS SANTOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC. RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; impossibilidade de

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condenar a União a apurar os valores eventualmente devidos aos autores e o reconhecimento de que a taxa Selic não deveser cumulado com qualquer outro índice de correção ou juros.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito,devendo ser reformada a sentença.

8. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar que os valores a serem restituídossejam corrigidos pela SELIC, somente, desde a data de cada recolhimento indevido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Sem condenação em honorários, em razão do provimento, ainda que parcial, do recurso (Enunciado 97 doFONAJEF).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

91 - 0101673-63.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.101673-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x BENTO VILELA.RECURSO Nº 0101673-63.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: BENTO VILELA

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RELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; e a limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido. Semcontrarrazões.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. Recurso da União Federal conhecido e improvido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação darecorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiu advogado (Súmula14 das Turmas Recursais da 3ª Região).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

92 - 0101680-55.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.101680-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x JOSE LUIZ SANTOS LINS.RECURSO Nº 0101680-55.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: JOSE LUIZ SANTOS LINSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

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TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC SOMENTE. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; impossibilidade decondenar a União a apurar os valores eventualmente devidos aos autores e o reconhecimento de que a taxa Selic não deveser cumulado com qualquer outro índice de correção ou juros.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe. No sistema dos Juizados EspeciaisFederais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidos envolve obrigações de trato sucessivo,justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anterior ao do pagamento, considerando aindaque somente após a cessação dos descontos se terá o termo final do período dos cálculos. Outrossim, a União Federaldetém todos os elementos necessários aos cálculos, bem como se utilizará do setor de cálculos para análise de toda contarealizada em juízo, consistindo tais argumentações em mero propósito procrastinatório incompatível com a celeridadeprocessual. Sentença mantida neste ponto.

8. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP

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1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito,devendo ser reformada a sentença.

9. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar que os valores a serem restituídossejam corrigidos pela SELIC, desde a data de cada recolhimento indevido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Sem condenação em honorários, em razão do provimento, ainda que parcial, do recurso (Enunciado 97 doFONAJEF).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

93 - 0000093-47.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.000093-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x SANDRA HELENA CAON DE BARROS CARNEIRO.RECURSO Nº 00000093-47.2014.4.02.5054/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDA: SANDRA HELENA CAON DE BARROS CARNEIRORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC SOMENTE. RECURSOIMPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; iliquidez da sentença; impossibilidade de condenar a União a apurar os valores eventualmente devidos aos autorese, por fim; o reconhecimento de que a taxa Selic não deve ser cumulado com qualquer outro índice de correção ou juros.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

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6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe. No sistema dos Juizados EspeciaisFederais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidos envolve obrigações de trato sucessivo,justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anterior ao do pagamento, considerando aindaque somente após a cessação dos descontos se terá o termo final do período dos cálculos. Outrossim, a União Federaldetém todos os elementos necessários aos cálculos, bem como se utilizará do setor de cálculos para análise de toda contarealizada em juízo, consistindo tais argumentações em mero propósito procrastinatório incompatível com a celeridadeprocessual. Sentença mantida neste ponto.

8. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito.

9. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar a correção dos valores pela SELIC,desde a data de cada desconto indevido, nos termos da fundamentação. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996).Sem condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiuadvogado (Súmula 14 das Turmas Recursais da 3ª Região).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

94 - 0101480-20.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101480-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x PAULO ROBERTO DE MORAES E OUTROS (ADVOGADO:ES012784 - THIAGO SOARES CALHAU, ES012578 - ADRIANO DE QUEIROZ MORAES.).RECURSO Nº 0101480-20.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDOS: PAULO ROBERTO DE MORAES E OUTROSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC SOMENTE. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,preliminarmente, a nulidade da sentença, em razão da negativa de prestação jurisdicional e, no mérito; o litisconsórciopassivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ já consolidouentendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidor público; limitaçãoda condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; impossibilidade de condenar aUnião a apurar os valores eventualmente devidos aos autores, o reconhecimento de que a taxa Selic não deve sercumulado com qualquer outro índice de correção ou juros e, por fim; a suspensão da tramitação do feito até o deslinde do

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incidente de uniformização relativo ao processo nº 0005985-17.2012.4.02.5050/01. Contrarrazões às fls. 173/177.

2. Inicialmente, afasto a preliminar de nulidade da sentença conquanto confunda-se, na realidade, com o mérito dademanda (adequação do índice de atualização fixado na sentença, através da supressão da referência à correçãomonetária pela taxa Selic cumulada com os juros de 0,5%), devendo ser apreciada naquela oportunidade.

3. A relação jurídica tributária questionada diz respeito apenas à União Federal como sujeito ativo e aos servidores públicoscomo sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical, federação e sindicato),como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com a União, sem integrar arelação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. As entidades sindicais teriaminteresse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudo tal intervenção éexpressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, a União Federal é aúnica legitimada a responder ao pleito autoral.

4. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

5. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

6. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

7. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

8. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe. No sistema dos Juizados EspeciaisFederais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidos envolve obrigações de trato sucessivo,justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anterior ao do pagamento, considerando aindaque somente após a cessação dos descontos se terá o termo final do período dos cálculos. Outrossim, a União Federaldetém todos os elementos necessários aos cálculos, bem como se utilizará do setor de cálculos para análise de toda contarealizada em juízo, consistindo tais argumentações em mero propósito procrastinatório incompatível com a celeridadeprocessual.

9. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito,devendo ser reformada a sentença.

10. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar que os valores a serem restituídossejam corrigidos pela SELIC, desde a data de cada recolhimento indevido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Sem condenação em honorários, em razão do provimento, ainda que parcial, do recurso (Enunciado 97 doFONAJEF).

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É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

95 - 0101459-44.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101459-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x ADRIANA MARLEN RESENDE VASCONCELOS VIEIRA EOUTROS (ADVOGADO: ES012578 - ADRIANO DE QUEIROZ MORAES, ES012784 - THIAGO SOARES CALHAU.).RECURSO Nº 0101459-44.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDOS: ADRIANA MARLEN RESENDE VASCONCELOS VIEIRA E OUTROSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC. RECURSO PARCIALMENTEPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; impossibilidade decondenar a União a apurar os valores eventualmente devidos aos autores, o reconhecimento de que a taxa Selic não deveser cumulado com qualquer outro índice de correção ou juros e, por fim; a suspensão da tramitação do feito até o deslindedo incidente de uniformização relativo ao processo nº 0005985-17.2012.4.02.5050/01. Contrarrazões às fls. 222/226.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido ao autor (p. ex., restituiçãodos “valores descontados nos contracheques de período determinado”) atende de forma suficiente a regra dos art. 38,parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual se chegará mediante meros cálculos apartir da documentação de que a parte ré dispõe.

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8. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe. No sistema dos Juizados EspeciaisFederais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidos envolve obrigações de trato sucessivo,justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anterior ao do pagamento, considerando aindaque somente após a cessação dos descontos se terá o termo final do período dos cálculos. Outrossim, a União Federaldetém todos os elementos necessários aos cálculos, bem como se utilizará do setor de cálculos para análise de toda contarealizada em juízo, consistindo tais argumentações em mero propósito procrastinatório incompatível com a celeridadeprocessual. Sentença mantida neste ponto.

9. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito.

10. Por fim, Indefiro do pedido de suspensão, na medida em que os precedentes oriundos dos incidentes de uniformizaçãode jurisprudência não têm efeito vinculante (salvo as Súmulas Vinculantes – art. 103 – A da CRFB/1988), nem têm força delei.

11. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar a correção dos valores pelaSELIC, desde a data de cada desconto indevido, nos termos da fundamentação. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Sem condenação em honorários, em razão do provimento, ainda que parcial, do recurso (Enunciado 97 doFONAJEF).

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

96 - 0101467-21.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101467-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x ANIBAL FERREIRA DE PAIVA JUNIOR E OUTROS(ADVOGADO: ES012784 - THIAGO SOARES CALHAU, ES012578 - ADRIANO DE QUEIROZ MORAES.).RECURSO Nº 0101467-21.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDOS: ANIBAL FERREIRA DE PAIVA JUNIOR E OUTROSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. INOCORRÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO (ARTS. 47 DO CPC E 119 DO CTN). LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELATOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES. NATUREZA TRIBUTÁRIA. AUSÊNCIA DE SUPORTE EM LEI EM SENTIDOESTRITO PARA A SUA COBRANÇA. CORREÇÃO DO INDÉBITO PELA TAXA SELIC SOMENTE. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento e, ainda, a restituir o montante já descontado, respeitada a prescrição qüinqüenal. Sustenta, em síntese,litisconsórcio passivo necessário com o sindicato, federação, central sindical e confederação respectiva; que o STJ jáconsolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança da contribuição sindical em face do servidorpúblico; limitação da condenação da União a repetir 10% do montante reputado retido de modo indevido; impossibilidade decondenar a União a apurar os valores eventualmente devidos aos autores, o reconhecimento de que a taxa Selic não deveser cumulado com qualquer outro índice de correção ou juros e, por fim; a suspensão da tramitação do feito até o deslinde

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do incidente de uniformização relativo ao processo nº 0005985-17.2012.4.02.5050/01. Contrarrazões às fls. 192/196.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. A sentença/acórdão que contenha os parâmetros de elaboração dos cálculos do valor devido à parte autora atende deforma suficiente a regra dos art. 38, parágrafo único, e 52, I, da Lei 9.099/1995, ainda que não aponte valor certo, ao qual sechegará mediante meros cálculos a partir da documentação de que a parte ré dispõe. No sistema dos Juizados EspeciaisFederais, ao contrário do que ocorre nos Juizados Estaduais, a maioria dos pedidos envolve obrigações de trato sucessivo,justificando-se a postergação dos cálculos para o momento imediatamente anterior ao do pagamento, considerando aindaque somente após a cessação dos descontos se terá o termo final do período dos cálculos. Outrossim, a União Federaldetém todos os elementos necessários aos cálculos, bem como se utilizará do setor de cálculos para análise de toda contarealizada em juízo, consistindo tais argumentações em mero propósito procrastinatório incompatível com a celeridadeprocessual. Sentença mantida neste ponto.

8. No que se refere à impugnação dos critérios de correção dos valores, a correção monetária deve se dar conformeentendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, doartigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR como critério de correção monetária ao modificar o artigo1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista a especificidade da matéria tributária, devendo serutilizada a SELIC. Ademais, o STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, paraa continuidade de utilização dos dispositivos declarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos dadecisão dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não amagistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, taisíndices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Por força do art. 39 da Lei 9.250/1995, a SELIC é o critério deatualização para os casos de repetição dos tributos federais, a incidir desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP1.111.189), não podendo ser cumulada com qualquer outro índice porque já abrange, a um só tempo, o índice de inflaçãodo período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei 9.250/1995 se sobrepõe àredação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, mesmo que o contribuinte seja servidor público. A redação atribuída ao art.1º-F da Lei 9.494/1997 pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, ante ao exposto, não se aplica aos casos de repetição de indébito.

9. Por fim, indefiro do pedido de suspensão, na medida em que os precedentes oriundos dos incidentes de uniformizaçãode jurisprudência não têm efeito vinculante (salvo as Súmulas Vinculantes – art. 103 – A da CRFB/1988), nem têm força delei.

10. Recurso da União Federal conhecido e parcialmente provido apenas para determinar a correção dos valores pelaSELIC, desde a data de cada desconto indevido, nos termos da fundamentação. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Sem condenação em honorários, em razão do provimento, ainda que parcial, do recurso (Enunciado 97 doFONAJEF).

É como voto.

Page 130: BOLETIM 2ªTR/ES 2015.034 - SESSÃO DIA 24-03 … · relaÇÃo de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta: Índice de pesquisa da 2ª turma recursal adriana zandonade-27,

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

97 - 0006387-30.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006387-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x SINDICATO DOS SERVIDORES DO PODER JUDICIARIO FEDERALNO ESTADO DO ESPIRITO SANTO - SINPOJUFES (ADVOGADO: ES006739 - JERIZE TERCIANO ALMEIDA.) xJOAQUIM FRANCISCO ALVES JUNIOR.RECURSO Nº 0006387-30.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): JOAQUIM FRANCISCO ALVES JUNIORRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. SERVIDOR PÚBLICO. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DOSINDICATO DOS TRABALHADORES NO PODER JUDICIÁRIO FEDERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTODECLARADA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DE LEI ORDINÁRIA A AUTORIZAR A COBRANÇA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A União Federal interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora,declarando a inexistência de relação jurídico-tributária com a União, no que diz respeito à cobrança de contribuição sindical,condenando esta última a se abster de efetuar os descontos sobre os vencimentos da primeira relativos à exação emcomento. Alega, em síntese, que o STJ já consolidou entendimento no sentido da constitucionalidade da cobrança dacontribuição sindical em face do servidor público. Sem contrarrazões.

2. A relação jurídica tributária estabelece-se entre o ente federativo, no caso, a União Federal como sujeito ativo; e osservidores públicos como sujeitos passivos. As pessoas jurídicas de direito privado (confederação, central sindical,federação e sindicato), como destinatárias de 90% do produto da arrecadação, mantêm uma relação acessória com aUnião, sem integrar a relação tributária, razão pela qual não se configura hipótese de litisconsórcio necessário. Asentidades sindicais teriam interesse jurídico necessário a qualificá-las como possíveis assistentes (art. 50 do CPC), contudotal intervenção é expressamente vedada pelo artigo 10 da Lei 9.099/1995 c/c art. 1º da Lei 10.259/2001. Nestes termos, aUnião Federal é a única legitimada a responder ao pleito autoral.

3. O ente público arrecadou a totalidade da contribuição sindical, sendo indiferente que tenha repassado 90% do produtopara a confederação, a central sindical, a federação e o sindicato, retendo apenas 10% na Conta Especial Emprego eSalário: caso a relação tributária de que trata o art. 119 do CTN seja invalidada, a União Federal deverá ressarcirintegralmente o servidor público – sem prejuízo de, em ação autônoma, buscar reaver o que repassou às entidadesprivadas.

4. A contribuição confederativa decorre de decisão tomada em Assembléia Geral, não de lei, e só é devida(compulsoriamente, independentemente de autorização) por aqueles que, voluntariamente, filiarem-se ao sindicato,inclusive servidores públicos (art. 240, “c”, da Lei 8.112/1990) (STF, ADIn 962 e RE 199019).

5. A contribuição sindical ostenta natureza tributária, porque compulsória mesmo para os não-filiados ao sindicato,dependendo de lei em sentido formal para a sua instituição (STF, RE 198092). O disposto nos artigos 578 a 591 da CLTforam recepcionados como suporte válido para a cobrança da contribuição sindical compulsória quanto aos empregadosceletistas, todavia o artigo 7º, “c”, da CLT expressamente diz que, salvo determinação expressa, seus preceitos não seaplicam aos servidores públicos. Desta forma, ausente qualquer determinação legal, a cobrança da contribuição sindical éilegal, vício que não é sanado pela Instrução Normativa 01/2008 do Ministério do Trabalho ou por uso de analogia, vedadapara imposição de tributo (art. 108, § 1º, do CTN).

6. Correto o Parecer PGFN/CAT 1069/2009, aprovado pelo Procurador-Geral da Fazenda Nacional, no sentido daimpossibilidade de cobrar contribuição sindical – espécie do gênero “tributo” – de servidores públicos estatutários, por faltade suporte em lei em sentido estrito (art. 150, I, da CRFB/1988).

7. Recurso da União Federal conhecido e improvido. Ré isenta de custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenaçãoda recorrente vencida ao pagamento de honorários de sucumbência, pois a parte recorrida não constituiu advogado(Súmula 14 das Turmas Recursais da 3ª Região).

Remetam-se os autos a SEDIJEF, a fim de que seja excluído do pólo passivo da presente demanda o Sindicato dosTrabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado do ES – SINPOJUFES.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

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Juíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

98 - 0003216-70.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003216-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x MARIA ARNDT ROSA(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.).RECURSO N. 0003216-70.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA ARNDT ROSARELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIALCONTEMPORÂNEA AO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULANº 14 DA TNU. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU. COMPROVAÇÃO DA INDISPENSABILIDADE DO TRABALHORURAL PARA MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODODE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental sobre período total afirmado. Sustentou que o esposo exerceu atividade urbana de 1996 a 2001.Contrarrazões às fls. 145/151.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme consta nasentença à fl. 129. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade,não se exige que o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

3. A Súmula nº 54 da TNU enuncia: “Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo deexercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimentoadministrativo ou à data do implemento da idade mínima”. A autora implementou as condições para a aposentadoria poridade no ano em que completou 55 anos de idade, ou seja, em 2/6/2000.

4. O marido da autora só começou a trabalhar em vínculo urbano em 1º/4/1995. O fato de o marido não trabalhar emregime de economia familiar por todo período de carência junto com a autora, por si só, não gera a presunção de que aautora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionar o disposto na súmula nº 41, da TNU - TurmaNacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana nãoimplica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada nocaso concreto”.

5. No caso dos autos, o esposo já trabalhou como lavrador e depois passou a desempenhar atividade urbana. Ademais, astestemunhas declararam que a autora sempre trabalhou na lavoura. Tal circunstância aliada ao concurso do rendimentopara manutenção da família, que restou esclarecido em audiência, lhe confere a qualidade de segurada especial. Assimdecidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

6. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 129/130, a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido deque a autora trabalhou como rurícola, em regime de economia familiar.

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7. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, qualificando-se como segurado especial.

8. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

99 - 0000644-32.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000644-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZA BRAGA DA SILVA(ADVOGADO: ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO N. 0000644-32.2011.4.02.5054/01RECORRENTE: TEREZA BRAGA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INADMISSIBILIDADE CERTIDÃO DE CASAMENTO COMOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA E ABANDONO DO CAMPO POR MUITOS ANOS.FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL DURANTE O PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Alegou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência apto a servirem como início de provamaterial, os quais confirmam o exercício de atividade rural. Sustentou que o exercício de atividade urbana não inviabiliza apercepção de aposentadoria por idade como segurado especial. Sem apresentação de contrarrazões.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. Embora seja admissível a comprovação de atividade rural mediante a qualificação de lavrador na certidão de casamento,é inaceitável a utilização desse documento como início de prova material quando se constata que o autor vem a exercerposteriormente atividade urbana. O Superior Tribunal de Justiça decidiu, em acórdão submetido ao regime do art. 543-C doCPC, que “a extensão de prova material em nome de um integrante do núcleo familiar a outro não é possível quando aquelepassa a exercer trabalho incompatível com o labor rurícola, como o de natureza urbana” (RESP 1.304.479, Relator Min.Herman Benjamin, Primeira Seção, DJE 19/12/2012).

4. No caso dos autos, o início de prova material é anterior às atividades urbanas exercidas. A autora e o esposo exerceramatividade urbana por longos anos. A autora possui registros urbanos no período de 1995 a 2006 (CNIS – fl. 65). Já o esposopossui vínculos urbanos registrados no CNIS a começar pelo ano de 1979, sendo que o último vínculo perdurou de 1995 a2009 (fls. 66/67).

5. Não basta provar tempo de atividade rural, é necessário que seja provado durante o período imediatamente anterior aorequerimento do benefício. A lei admite a soma de períodos descontínuos, desde, porém, que a descontinuidade não sejaintercalada com completa ruptura do trabalhador em relação à roça. No presente caso, houve longo afastamento dasatividades rurais.

6. O trabalhador rural tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desde que complete aidade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior aorequerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício. O conjunto probatório nãodemonstra que a autora tenha exercido atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício emnúmero de meses idênticos à carência do referido benefício.

7. Desta maneira, a autora não conseguiu comprovar o cumprimento do período de carência, sem a qual é impossívelconceder o benefício da aposentadoria por idade almejada na inicial.

8. Recurso da autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão da gratuidade dejustiça deferida.

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É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

100 - 0000597-58.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000597-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA GALÃO MARGON(ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO N. 0000597-58.2011.4.02.5054/01RECORRENTE: ANA GALÃO MARGONRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 34 DA TNU. MARIDOEXERCE ATIVIDADE URBANA E RECEBE VALOR INCOMPATÍVEL COM O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. NÃOCOMPROVAÇÃO DO CONCURSO DE RENDIMENTOS ENTRE A ATIVIDADE URBANA E ATIVIDADE RURAL. AUTORANÃO COMPROVA QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIAFAMILIAR. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,preliminarmente, cerceamento de defesa diante da não designação de audiência. Alegou, em síntese, que os requisitos decarência e idade foram cumpridos e que, independente de o marido desempenhar atividade urbana, a autora comprovousua condição de segurada especial. Contrarrazões às fls. 188/189.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. Apesar de a autora ter colacionado aos autos contratos de parceria agrícola e documentos comprovando que seu maridoé proprietário rural, o marido da autora efetuou recolhimentos na qualidade de contribuinte individual por longo período(CNIS – fls. 149/150) com salário de contribuição de valor muito elevado, incompatível com o regime de economia familiar(fls. 151/169).

4. É verdade que o fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com aautora, por si só, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionaro disposto na súmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleofamiliar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como seguradoespecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Entretanto, no caso dos autos não restou comprovado oconcurso do rendimento proveniente da roça para manutenção da família.

5. De acordo com o art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91, “entende-se como regime de economia familiar a atividade em que otrabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleofamiliar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”.Só se qualifica, portanto, como segurado especial, integrado ao regime de economia familiar, o membro do grupo familiarcujo trabalho é comprovadamente indispensável para a subsistência do grupo. No caso da autora, restou comprovado que asua atuação para a subsistência do grupo sempre foi irrelevante. Ressalto ser desnecessária a realização de audiência nocaso dos autos.

6. Desta maneira, entendo estar descaracterizada a condição de segurada especial da parte autora, sem a qual éimpossível conceder o benefício da aposentadoria por idade almejada na inicial.

7. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

101 - 0000097-95.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000097-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GENILDA DOS SANTOS

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TEZOLINI (ADVOGADO: ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO N. 0000097-95.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: GENILDA DOS SANTOS TEZOLINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INDISPENSABILIDADE DE INÍCIO DE PROVA MATERIALCONTEMPORÂNEO AO PERÍODO DE CARÊNCIA. NENHUM DOCUMENTO APTO A SERVIR COMO INÍCIO DE PROVAMATERIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 34 DA TNU. VEDAÇÃO DA COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL COMBASE EM PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural. Nãohouve apresentação de contrarrazões.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A autora não juntou aos autos nenhum documento indicativo de que tenha trabalhado na roça, na condição de seguradaespecial. Somente o registro de dois vínculos de natureza rural em 1976 e em 1985 é insuficiente para caracterização daautora como trabalhadora rural em regime de economia familiar (CNIS – fl. 41).

4. Em contrapartida, o esposo da autora possui diversos vínculos de natureza urbana cadastrados no sistema CNIS comremuneração superior ao salário mínimo (fls. 42/53).

5. Enfim, não há nos autos nenhum documento apto a servir como início de prova material contemporâneo ao período decarência necessário. O início de prova material precisa ser contemporâneo ao período em que a atividade rural deve serprovada (Súmula nº 34 da Turma Nacional de Uniformização).

6. Ademais, a comprovação da atividade rural deve fundamentar-se em início de prova material contemporâneo à épocados fatos, sendo proibida a prova exclusivamente testemunhal, conforme disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91.

7. O início de prova material é indispensável para efeito de reconhecer tempo de serviço rural. A autora não apresentouinício de prova material contemporâneo ao período de carência. O conjunto probatório não demonstra que a autora tenhaexercido atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício em número de meses idênticos àcarência do referido benefício.

8. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

102 - 0000274-59.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000274-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAUDIR CORTES TOMAZ(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO N. 0000274-59.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: IZAUDIR CORTES TOMAZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INDISPENSABILIDADE DE INÍCIO DE PROVA MATERIALCONTEMPORÂNEO AO PERÍODO DE CARÊNCIA. NENHUM DOCUMENTO APTO A SERVIR COMO INÍCIO DE PROVAMATERIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 34 DA TNU. VEDAÇÃO DA COMPROVAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL COM

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BASE EM PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural.Contrarrazões (fls. 105/106).

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. O termo de declaração constante de instrumento particular (fls. 11, 14, 17, 19, 32, 35) não faz prova em face de terceiros,porque o art. 368 do CPC prescreve que “as declarações constantes do documento particular, escrito e assinado,presumem-se verdadeiras em relação ao signatário”, e o parágrafo único ressalva que “quando, todavia, contiverdeclaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado,competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato”. Ademais, os termos de declaração equiparam-se àprova testemunhal, com o agravante de os declarantes não prestarem compromisso formal com a verdade peranteautoridade administrativa ou judicial. “A declaração do empregador de que a autora laborou em sua propriedade agrícola édocumento que não pode ser considerado como prova material, pois resume-se numa mera declaração, equivalente àsdemais provas testemunhais” (EREsp nº 278.995/SP, Rel. Ministro Vicente Leal, DJU 16/9/2002).

4. O contrato de parceria agrícola possui firma reconhecida em data muito próxima a do requerimento administrativo (fls.26/27). Ademais, o esposo da autora possui diversos vínculos de natureza urbana cadastrados no sistema CNIS (fls.38/39).

5. Enfim, não há nos autos nenhum documento apto a servir como início de prova material contemporâneo ao período decarência necessário. O início de prova material precisa ser contemporâneo ao período em que a atividade rural deve serprovada (Súmula nº 34 da Turma Nacional de Uniformização).

6. A comprovação da atividade rural deve fundamentar-se em início de prova material contemporâneo à época dos fatos,sendo proibida a prova exclusivamente testemunhal, conforme disposto no art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91.

7. O início de prova material é indispensável para efeito de reconhecer tempo de serviço rural. A autora não apresentouinício de prova material contemporâneo ao período de carência. O conjunto probatório não demonstra que a autora tenhaexercido atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício em número de meses idênticos àcarência do referido benefício.

8. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

103 - 0005427-79.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005427-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAIDES BASSETTOERLACHER (ADVOGADO: ES012846 - IVAN LINS STEIN, ES016306 - EVERTON ALVES DO ESPIRITO SANTO,ES012630 - SIMONE CRISTINA TOMÁS PIMENTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO N. 0005427-79.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: ALAIDES BASSETTO ERLACHERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 34 DA TNU. MARIDO RECEBEAPOSENTADORIA URBANA EM VALOR CORRESPONDENTE A DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO COMPROVAÇÃO DOCONCURSO DE RENDIMENTOS ENTRE A ATIVIDADE URBANA E ATIVIDADE RURAL. AUTORA NÃO COMPROVAQUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. RECURSOIMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, que os requisitos de carência e idade foram cumpridos e que, independente de o marido estar aposentado

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como trabalhador urbano, a autora comprovou sua condição de segurada especial. Contrarrazões às fls. 99/101.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. Apesar de a autora ter comprovado ser proprietária rural, o marido da autora trabalhou em vínculos urbanos entre 1978 e1995 (fl. 66). Aliás, o marido da autora se aposentou em atividade urbana em 1995 e sua renda mensal corresponde a R$1.380,14 (Plenus – fl. 67).

4. É verdade que o fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com aautora, por si só, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionaro disposto na súmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleofamiliar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como seguradoespecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Entretanto, no caso dos autos não restou comprovado oconcurso do rendimento proveniente da roça para manutenção da família.

5. De acordo com o art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91, “entende-se como regime de economia familiar a atividade em que otrabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleofamiliar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”.Só se qualifica, portanto, como segurado especial, integrado ao regime de economia familiar, o membro do grupo familiarcujo trabalho é comprovadamente indispensável para a subsistência do grupo. No caso da autora, restou comprovado que asua atuação para a subsistência do grupo sempre foi irrelevante.

6. Desta maneira, entendo estar descaracterizada a condição de segurada especial da parte autora, sem a qual éimpossível conceder o benefício da aposentadoria por idade almejada na inicial.

7. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

104 - 0001234-15.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001234-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALENY SANTANA DOSSANTOS (ADVOGADO: ES008827 - JANDERSON VAZZOLER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO N. 0001234-15.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: ALENY SANTANA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PROPRIEDADE RURAL SUPERIOR A 4 MÓDULOSFISCAIS. DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 30 DA TNU.COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS PERMANENTES. NÃO QUALIFICAÇÃO DA AUTORA COMOSEGURADA ESPECIAL. RECURSO IMPROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, que laborou como lavradora, em regime de economia familiar, por período superior à carência. Contrarrazões(fls. 203/205).

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A Lei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualifica como seguradoespecial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim, se apropriedade rural explorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado como seguradoespecial. Ocorre que essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa lei entrou emvigor em 23/6/2008. Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade rural explorada

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tivesse mais de quatro módulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial, se nãotiver contratado empregados permanentes.

4. O tamanho da propriedade rural explorada não serve, por si só, para motivar a descaracterização da qualificação dosegurado especial. O que importa é, independentemente do tamanho do terreno, se o produtor rural consegue explorá-losem contratar empregados. Quando o terreno é grande, é lícito suspeitar do concurso de mão-de-obra de terceiros.Aplica-se a Súmula nº 30 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais:“Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar”. A contratação de mão-de-obra de empregados permanentes não pode ser presumida apenas combase no tamanho da propriedade. Em audiência, a autora admitiu que possuiu empregados, citando o nome de três deles.

5. Dessa forma, mesmo provando o exercício de atividade rural, a autora não pode ser qualificada como segurada especial.Logo, só teria direito à aposentadoria se houvesse contribuído para a previdência social na qualidade de contribuinteindividual.

6. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sem condenação em custas, nem em honorários, em razão dagratuidade de justiça deferida.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

105 - 0000400-12.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000400-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSÉ RAMIRO VIEIRA DEOLIVEIRA E OUTROS (ADVOGADO: ES006861 - EDGAR RIBEIRO DA FONSECA.).RECURSO N. 0000400-12.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ RAMIRO VIEIRA DE OLIVEIRA E OUTROSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU. COMPROVAÇÃO DAINDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL PARA MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIODE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial, considerando que o marido da autora possuivínculo urbano. Contrarrazões às fls. 175/182.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme transcrito nasentença à fl. 140.

3. O fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com a autora, por sisó, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionar o disposto nasúmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condição que deve ser analisada no caso concreto”.

4. No caso dos autos, o esposo já trabalhou como lavrador e depois passou a desempenhar atividade urbana concomitantecom a atividade rural. Ademais, as testemunhas declararam que a autora sempre trabalhou na lavoura. Tal circunstânciaaliada ao concurso do rendimento para manutenção da família, que restou esclarecido em audiência, lhe confere aqualidade de segurada especial. Assim decidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e do

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concurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

5. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que residiu na zona rural por tempo superiorà carência exigida, trabalhando em regime de economia familiar.

6. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido qualificando-se como segurada especial.

7. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

106 - 0000668-66.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000668-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOANA COSTA AMORIM(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO N. 0000668-66.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: JOANA COSTA AMORIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL.POSSIBILIDADE DA ATIVIDADE DE DIARISTA SER COMPUTADA PARA EFEITOS DE CARÊNCIA ATÉ 31/12/2010.ART. 142 DA LEI N° 8.213/91 É NORMA TRANSITÓRIA. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA.COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural.Contrarrazões (fls. 56/57).

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. Para comprovar exercício de atividade rural, a parte autora juntou aos autos documentos, dentre os quais podem seraceitos como início de prova material os seguintes: certidão de casamento em que consta a profissão de lavrador doesposo (fl. 8) e CTPS do marido da autora com vínculo de natureza rural anotado desde 1º/6/1987 (fl. 10); fichas dematrícula escolar dos filhos com profissão de tratorista e lavrador do esposo da autora (fls. 11/20).

4. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

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5. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

6. No caso dos autos, o esposo não desempenha atividade urbana, mas sim atividade de empregado rural. O único vínculoempregatício anotado na CTPS do esposo da autora é de natureza rural, no cargo de braçal em estabelecimento agrícolacom início em 1º/6/1987, data de saída em 31/1/2006, início em 10/8/2006 sem data de saída (fl. 10). O vínculo comotrabalhador rural, longe de prejudicar, na verdade confirma o vínculo da família da autora à lide rural. Demonstra que aautora estava voltada à lide rural.

7. A autora implementou as condições para a aposentadoria por idade no ano em que completou 55 anos de idade, ou seja,em 26/7/2007. Segundo o art. 142 da Lei nº 8.213/91, para quem implementou todas as condições naquele ano, a carênciaexigida era de 156 meses.

8. A prova testemunhal demonstrou que a autora desempenhava atividade de diarista na mesma propriedade rural em queo marido trabalhava como empregado rural. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 contempla tanto o segurado especial (inciso VIIdo art. 11) quanto o empregado rural (inciso I do art. 11) e o contribuinte individual (o inciso IV do art. 11 referia-se aotrabalhador autônomo e desde a Lei nº 9.876/99 foi consolidado no inciso V do art. 11, que se refere genericamente aocontribuinte individual, onde está incluído, na alínea g, o trabalhador eventual, o diarista). Assim, o direito à aposentadoriapor idade sem recolhimento de contribuições não era exclusivo do segurado especial.

9. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 é uma norma transitória, cuja vigência foi prorrogada apenas até 31/12/2010 para otrabalhador rural empregado e para o trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual quecomprovar a prestação de serviço de natureza rural, em caráter eventual, conforme art. 2º da Lei nº 11.718/2008. A partir de1º/1/2011, empregados rurais e trabalhadores rurais eventuais não mais podem requerer aposentadoria por idade com baseno art. 143 da Lei nº 8.213/91, ou seja, a aposentadoria por idade não mais lhes pode ser deferida apenas com base nacomprovação de exercício de atividade rural sem recolhimento de contribuições. A carência passa a ser um dos requisitosexigíveis para a aposentadoria por idade desses trabalhadores rurais. Não obstante, o art. 3º, inciso I e parágrafo único, daLei nº 11.718/2008 prevê que até 31 de dezembro de 2010, a atividade comprovada na forma do art. 143 da Lei nº 8.213/91é contada para efeito de carência na concessão de aposentadoria por idade ao empregado rural e ao de seguradocontribuinte individual que comprovar a prestação de serviço de natureza rural. No caso dos autos, o tempo de exercício deatividade rural na categoria de segurado contribuinte individual pode ser computado sem recolhimento de contribuições.

10. A autora implementou as condições para a aposentadoria por idade no ano em que completou 55 anos de idade, ouseja, em 26/7/2007. Segundo o art. 142 da Lei nº 8.213/91, para quem implementou todas as condições naquele ano, acarência exigida era de 156 meses.

11. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural por tempo superior ao período de carência exigido,qualificando-se como segurada especial. Faz jus, assim, à aposentadoria por idade de segurada especial.

12. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

13. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a concederaposentadoria por idade (NB 41/152.924.732-0) desde 14/2/2011 (data do requerimento administrativo), e, após o trânsitoem julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quando devida cada parcela, mais juros demora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

107 - 0002051-82.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002051-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL GUEDESPOLASTRELI (ADVOGADO: ES005098 - SIRO DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO N. 0002051-82.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: MIGUEL GUEDES POLASTRELIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA

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SÚMULA 41 DA TNU. COMPROVAÇÃO DA INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL PARA MANUTENÇÃO DAFAMÍLIA. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADERURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DOREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.

1. A parte autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural.Sustentou, em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como iníciode prova material, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural,bem como que a família dependia da renda auferida na atividade rural. Sem apresentação de contrarrazões.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material: certidão de casamentoocorrido em 28/10/1965 em que consta a profissão de lavrador do autor (fl. 13); escritura de compra e venda de terrenorural em que o autor figura como adquirente (fls. 18/19); fichas de matrícula escolar de filhos em que consta a qualificaçãodo autor como proprietário (fls. 28/30).

4. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

5. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

6. É verdade que a esposa do autor trabalhava como autônoma exercendo a função de costureira e recebe aposentadoriadesde 19/12/2008 no valor de um salário mínimo (fl. 46). O fato de a esposa não trabalhar em regime de economia familiarpor todo período de carência junto com o autor, por si só, não gera a presunção de que o autor não detenha a qualidade desegurado especial. Cumpre mencionar o disposto na súmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “Acircunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

7. No caso dos autos, o autor possui início de prova material próprio: certidão de casamento com profissão de lavrador edocumentos comprovando a propriedade de imóvel rural. Ademais, as testemunhas declararam que o autor sempretrabalhou na lavoura. Tal circunstância aliada ao concurso do rendimento para manutenção da família, que restouesclarecido pela prova testemunhal, lhe confere a qualidade de segurado especial. Assim decidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

8. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 51/52, a prova testemunhal produzida complementou satisfatoriamenteo início de prova material. O autor conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que sempre trabalhouna zona rural no cultivo de café em tempo suficiente ao período de carência necessário. Entendo que, no caso concreto, arenda auferida na venda de mantimentos do autor é insuficiente para subsistência e não descaracteriza a condição desegurado especial do autor.

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9. O autor cumpriu tempo superior ao da carência da aposentadoria. Enfim, todos os requisitos para a concessão daaposentadoria rural por idade foram preenchidos. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regimede economia familiar qualificando-se como segurado especial. Faz jus, assim, à aposentadoria por idade de seguradoespecial.

10. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a concederaposentadoria por idade (NB 41/153.784.621-0) desde 29/7/2011 (data do requerimento administrativo), e, após o trânsitoem julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quando devida cada parcela, mais juros demora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

108 - 0002041-38.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002041-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ENY BARBOSA DE LIMA(ADVOGADO: ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO N. 0002041-38.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: ENY BARBOSA DE LIMARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. QUALIDADEDE SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODODE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural. Semapresentação de contrarrazões.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. Para comprovar exercício de atividade rural, a parte autora juntou aos autos documentos, dentre os quais podem seraceitos como início de prova material os seguintes: certidão de casamento ocorrido em 7/10/1978 em que consta aprofissão de trabalhador rural do esposo (fl. 20) e contrato de parceria em que a autora figura como parceira outorgada,com firma reconhecida em 11/7/2000 (fls. 30/31).

4. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

5. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

6. A autora recebe pensão por morte deixada pelo marido como segurado especial rural desde 1º/4/2003 (Plenus – fl. 58). Omembro de grupo familiar que exercer atividade rural, mas possuir outra fonte de rendimento, não pode ser qualificadosegurado especial (art. 11, § 9º, da Lei nº 8.213/91, incluído pela Lei nº 11.718/2008). Os oito incisos do § 9º do art. 11contemplam várias exceções a essa regra. Uma delas, constante do inciso I, prevê que a fonte de renda decorrente de“benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício deprestação continuada da Previdência Social”, não repele a qualificação do trabalhador rural como segurado especial. É esse

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o caso da autora. Ela recebe pensão por morte com renda mensal equivalente ao salário mínimo (fl. 58). Logo, essa rendanão basta para desqualificá-la como segurada especial.

7. Apesar das contradições existentes entre o depoimento pessoal da autora e o depoimento da terceira testemunha, háque se ponderar o fato de se tratarem de pessoas humildes, de baixa escolaridade e idosas. É comum haver algumaconfusão entre datas e proprietários rurais quando se trata de meeiros que trabalham em mais de uma propriedade aolongo da vida. Além disso, ainda que a autora tenha passado a residir na área urbana do município em que trabalha comolavradora tal fato é insuficiente para descaracterizar sua qualidade de segurada especial.

8. De acordo com os depoimentos transcritos à fl. 63, a prova testemunhal produzida complementou o início de provamaterial. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que sempre trabalhou na zona rural nocultivo de café em tempo suficiente ao período de carência necessário.

9. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, qualificando-se como segurada especial. Faz jus, assim, à aposentadoria por idade desegurada especial.

10. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

11. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a concederaposentadoria por idade (NB 41/153.784.552-4) desde 22/7/2011 (data do requerimento administrativo), e, após o trânsitoem julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quando devida cada parcela, mais juros demora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

109 - 0000118-74.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000118-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ELZA FLOR DO NASCIMENTO PEDROTI (ADVOGADO:ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).RECURSO N. 0000118-74.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELZA FLOR DO NASCIMENTO PEDROTIRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU. COMPROVAÇÃO DAINDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL PARA MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIODE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial, considerando que o marido da autora possuivínculo urbano. Contrarrazões às fls. 149/157.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme transcrito nasentença à fl. 134. Ademais, a autora contrato de parceria agrícola em que ela consta como comodatária com firmareconhecida em 30/12/2003 (fls. 39/40).

3. O fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com a autora, por sisó, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionar o disposto nasúmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condição que deve ser analisada no caso concreto”.

4. No caso dos autos, o esposo já trabalhou como lavrador e depois passou a desempenhar atividade urbana. Ademais, astestemunhas declararam que a autora sempre trabalhou na lavoura. Tal circunstância aliada ao concurso do rendimentopara manutenção da família, que restou esclarecido em audiência, lhe confere a qualidade de segurada especial. Assimdecidiu a TNU:

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EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

5. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que residiu na zona rural por tempo superiorà carência exigida, trabalhando no cultivo de café, milho, feijão e banana em regime de economia familiar.

6. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido qualificando-se como segurada especial.

7. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

110 - 0008060-63.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008060-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARIA DAS GRAÇAS PEREIRADE SOUZA SANTOS (ADVOGADO: ES012030 - ISAAC PAVEZI PUTON.).RECURSO N. 0008060-63.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DAS GRAÇAS PEREIRA DE SOUZA SANTOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEAAO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU.POSSIBILIDADE DA ATIVIDADE DE DIARISTA SER COMPUTADA PARA EFEITOS DE CARÊNCIA ATÉ 31/12/2010.ART. 142 DA LEI N° 8.213/91 É NORMA TRANSITÓRIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a parte autora nãoapresentou prova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial correspondente a todo período decarência. Sustentou que a autora é, na verdade, diarista, como declarado por ela mesma. Contrarrazões às fls. 148/162.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme transcrito nasentença à fl. 124. Na certidão de casamento ocorrido em 6/11/1976 consta a profissão de lavrador do esposo da autora.

3. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização uniformizou o entendimento de que documentos pessoais dotados defé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito, não precisam ostentar contemporaneidade com o períodode carência para serem aceitos como início de prova material. A conjugação com o restante do conjunto probatório podepermitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à sua confecção. Precedentes:PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF 2005.81.10.001065-3, rel.Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel,DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 18/05/2012.

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4. Ademais, os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

5. Nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

6. A prova testemunhal demonstrou que a autora desempenhou atividade rural por toda vida tanto desempenhando afunção de diarista, quanto produzindo produtos em seu pedaço de terra.

7. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 contempla tanto o segurado especial (inciso VII do art. 11) quanto o empregado rural (incisoI do art. 11) e o contribuinte individual (o inciso IV do art. 11 referia-se ao trabalhador autônomo e desde a Lei nº 9.876/99foi consolidado no inciso V do art. 11, que se refere genericamente ao contribuinte individual, onde está incluído, na alíneag, o trabalhador eventual, o diarista). Assim, o direito à aposentadoria por idade sem recolhimento de contribuições não eraexclusivo do segurado especial.

8. O art. 143 da Lei nº 8.213/91 é uma norma transitória, cuja vigência foi prorrogada apenas até 31/12/2010 para otrabalhador rural empregado e para o trabalhador rural enquadrado na categoria de segurado contribuinte individual quecomprovar a prestação de serviço de natureza rural, em caráter eventual, conforme art. 2º da Lei nº 11.718/2008. O art. 3º,inciso I e parágrafo único, da Lei nº 11.718/2008 prevê que até 31 de dezembro de 2010, a atividade comprovada na formado art. 143 da Lei nº 8.213/91 é contada para efeito de carência na concessão de aposentadoria por idade ao empregadorural e ao de segurado contribuinte individual que comprovar a prestação de serviço de natureza rural.

9. No caso dos autos, a autora completou 55 anos em 3/2/2010 e requereu o benefício em 21/6/2010. Assim, o período quea autora trabalhou como diarista pode ser considerado para efeitos de carência.

10 Considero provado, então, que a parte autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por temposuperior ao período de carência exigido, qualificando-se como segurada especial.

11. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

111 - 0002129-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002129-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x CARMELINDA FAZOLO FURLAN (ADVOGADO:ES007204 - ELINARA FERNANDES SOARES.).RECURSO N. 0002129-13.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CARMELINDA FAZOLO FURLANRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVATESTEMUNHAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE RENDA CAPAZ DE DESCARACTERIZAR A QUALIDADE DE SEGURADOESPECIAL DA AUTORA. EXERÍCIO DE ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO.AUTORA TRABALHA COM SEUS TRÊS FILHOS, COM OS QUAIS DIVIDE A PRODUÇÃO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Sustentou, em síntese, que a autora não detinhaqualidade de segurado especial considerando a renda obtida na venda do café e o valor de insumos agrícolas adquirido noano 2000. Alegou que a autora possui automóvel e plano de saúde particular. Contrarrazões às fls. 149/154.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

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3. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme documentosarrolados às fls. 138/139 da sentença. Pelos documentos colacionados aos autos, restou comprovado que a autora élavradora de longa data.

4. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 139/140, a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido deque a autora trabalhou como lavradora durante toda sua vida, na qualidade de proprietária rural em regime de economiafamiliar.

5. De acordo com o art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91, “entende-se como regime de economia familiar a atividade em que otrabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleofamiliar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”.Só se qualifica, portanto, como segurado especial, integrado ao regime de economia familiar, o membro do grupo familiarcujo trabalho é comprovadamente indispensável para a subsistência do grupo.

6. As argumentações do INSS de que a renda do autor proveniente da venda do café e o valor adquirido em insumosagrícolas descaracterizam a qualidade de segurada especial não merecem prosperar. Isto porque a renda declarada é ovalor bruto de uma safra, da qual são descontadas outras despesas. Ademais, trabalham junto com a autora e o espososeus três filhos, de modo que renda em questão é dividida para as famílias dos filhos também.

7. O mesmo raciocínio se aplica para a compra de insumos agrícolas. Ademais, a autora esclareceu que naquela época apropriedade ainda não tinha sido dividida, de forma que os insumos também se destinavam às produções de seus irmãos.Por fim, no caso dos autos, ressalto que o fato de a autora possuir automóvel antigo e de baixo valor e plano de saúdeparticular são insuficientes para lhe retirar a qualidade de segurada especial.

8. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido qualificando-se como segurada especial.

9. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

112 - 0002005-30.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002005-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x LUIZA GAZOLA REBONATO (ADVOGADO: ES006916 -GILMAR CARLETI.).RECURSO N. 0002005-30.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUIZA GAZOLA REBONATORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EFICÁCIA RETROATIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO PORPROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.COMPROVAÇÃO DA INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL PARA MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA. AUTORAAUFERE RENDA DE UM SALÁRIO MÍNIMO A TÍTULO DE PENSÃO POR MORTE. RENDA INSUFICIENTE PARADESCARACTERIZAR QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADERURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não comprovouqualidade de segurada especial. Afirmou que o fato de o marido ter trabalhado em vínculo urbano demonstra a inexistênciade regime de economia familiar, além de a autora receber pensão por morte em virtude do falecimento dele. Semapresentação de contrarrazões.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material. Os documentos podemter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) e retroativamente (para o passado) combase em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal RogerioMoreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011;

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PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. JuízaFederal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de FigueiredoBezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

3. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

4. O fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com a autora, por sisó, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionar o disposto nasúmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condição que deve ser analisada no caso concreto”.

5. No caso dos autos, as testemunhas declararam que a autora sempre trabalhou na lavoura. Tal circunstância aliada aoconcurso do rendimento para manutenção da família, que restou esclarecido em audiência, lhe confere a qualidade desegurada especial. Assim decidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

6. A autora é beneficiária da pensão por morte deixada pelo marido (Plenus – fl. 71). O membro de grupo familiar queexercer atividade rural, mas possuir outra fonte de rendimento, não pode ser qualificado segurado especial (art. 11, § 9º, daLei nº 8.213/91, incluído pela Lei nº 11.718/2008). Os oito incisos do § 9º do art. 11 contemplam várias exceções a essaregra. Uma delas, constante do inciso I, prevê que a fonte de renda decorrente de “benefício de pensão por morte,auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da PrevidênciaSocial”, não repele a qualificação do trabalhador rural como segurado especial. É esse o caso da autora. Ela recebe pensãopor morte com renda mensal equivalente ao salário mínimo (fl. 71). Logo, essa renda não basta para desqualificá-la comosegurada especial.

7. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que residiu na zona rural por tempo superiorà carência exigida, trabalhando no cultivo de café, milho e feijão, em regime de economia familiar.

8. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido qualificando-se como segurada especial.

9. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

113 - 0002237-42.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002237-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x NILZA GARCIA MARQUES(ADVOGADO: ES013806 - SANDRA VILASTRE DE ARAUJO.).RECURSO N. 0002237-42.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NILZA GARCIA MARQUES

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RELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL.APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. POSSIBILIDADE DE ATIVIDADE URBANA EXERCIDA EM CURTO PERÍODODE FORMA INTERCALADA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SATISFATÓRIO. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DEATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental contemporânea sobre período total afirmado. Sustentou que a autora é costureira e aufere rendadecorrente de aluguel de imóvel, o que descaracteriza a condição de segurada especial. Contrarrazões às fls. 156/163.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em farto início de prova material, conforme consta nasentença às fls. 138/139. A autora apresentou certidão de casamento ocorrido em 10/11/1973 constando a profissão delavrador do esposo (fl. 13), além dos contratos de parceria. Ademais, há nos autos documentos contemporâneos ao períodode trabalho rural, tais como: fichas de matrícula escolar dos filhos, ficha de cadastro da família, ficha de atendimentomédico da autora, os quais qualificam a autora e/ou seu esposo como lavradores (fls. 19/24 e 98/99).

3. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização uniformizou o entendimento de que documentos pessoais dotados defé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito, não precisam ostentar contemporaneidade com o períodode carência para serem aceitos como início de prova material. A conjugação com o restante do conjunto probatório podepermitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à sua confecção. Precedentes:PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF 2005.81.10.001065-3, rel.Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel,DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 18/05/2012.

4. Nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início deprova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

5. A autora trabalhou como costureira por um curto período. A Turma Nacional de Uniformização já uniformizou oentendimento de que o tempo de serviço rural não fica descaracterizado pelo exercício de atividade urbana durante curtosperíodos de forma intercalada com atividade rural dentro do período de carência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. JuizManoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF 2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza Joana Carolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013).

6. Desconsiderados os períodos de atividade urbana, períodos de atividade rural descontínuos podem ser somados paraefeito de apurar o tempo equivalente à carência da aposentadoria por idade rural, desde que o intervalo entre os períodosnão seja grande. O que se exige é que a soma dos períodos de atividade rurícola corresponda à carência demandada paraa concessão do benefício.

7. Em relação à renda do aluguel, verifico tratar-se de uma renda incerta e insuficiente para manutenção da autora. Deacordo com o art. 11, § 1º, da Lei nº 8.213/91, “entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalhodos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e éexercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes”. Só sequalifica, portanto, como segurado especial, integrado ao regime de economia familiar, o membro do grupo familiar cujotrabalho é comprovadamente indispensável para a subsistência do grupo. No caso da autora, a sua atuação para asubsistência do grupo sempre foi relevante.

8. De acordo com os depoimentos transcritos à fl. 139, a prova testemunhal produzida complementou satisfatoriamente oinício de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido de que a autoratrabalhou como rurícola, em regime de economia familiar, por quase toda vida.

9. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, qualificando-se como segurada especial.

10. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma Recursal

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ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

114 - 0001417-86.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001417-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ MACHADOSOBRINHO (ADVOGADO: ES015316 - Vanessa Côgo de Castro, ES011504 - MARGARET BICALHO MACHADO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO N. 0001417-86.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: JOSÉ MACHADO SOBRINHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. CURTOS PERÍODOS DE ATIVIDADE URBANA NÃO DESCARACTERIZAM ATIVIDADEDE SEGURADO ESPECIAL. QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. CONCESSÃO DOBENEFÍCIO DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.

1. O autor interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural durante operíodo de carência. Contrarrazões às fls. 137/140.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material: contrato de parceriaagrícola com firma reconhecida em 10/2/2009 (fls. 14/16); contrato de parceria agrícola com firma reconhecida em 8/2/2011(fls. 20/22); certidão de casamento ocorrido em 30/6/1970 em que consta a profissão de lavrador do autor (fl. 27); escriturade compra e venda lavrada em 14/1/1976 em que o autor, qualificado como lavrador, figura como comprador de terrenorural (fls. 32/35); contrato de parceria agrícola com firma reconhecida em 23/5/2006 (fls. 42/44).

4. O autor possui vínculos urbanos registrados no CNIS (fl. 56). Entretanto, os vínculos foram curtos e insuficientes paradescaracterizar a qualidade de segurado especial do autor. Ademais, após o encerramento do último vínculo urbano, hánovo início de prova material comprovando que o autor voltou a viver do trabalho rural.

5. A Turma Nacional de Uniformização já uniformizou o entendimento de que o tempo de serviço rural não ficadescaracterizado pelo exercício de atividade urbana durante curtos períodos de forma intercalada com atividade rural dentrodo período de carência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. Juiz Manoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ 19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza JoanaCarolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF 0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013).

6. Desconsiderados os períodos de atividade urbana, períodos de atividade de pesca descontínuos podem ser somadospara efeito de apurar o tempo equivalente à carência da aposentadoria por idade rural, desde que o intervalo entre osperíodos não seja grande. O que se exige é que a soma dos períodos de atividade pesqueira corresponda à carênciademandada para a concessão do benefício.

7. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

8. Ademais, os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

9. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, descontando os períodos que desempenhou atividade urbana, qualificando-se como seguradoespecial. Faz jus, assim, à aposentadoria por idade de segurado especial.

10. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações

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previdenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

11. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, com antecipação dos efeitos da tutela,condenando o INSS a conceder aposentadoria por idade (NB 41/147.962.072-3) desde 14/10/2009 (data do requerimentoadministrativo), e, após o trânsito em julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quandodevida cada parcela, mais juros de mora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da JustiçaFederal.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

115 - 0000902-48.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000902-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x MATEUS JOSÉ BARCELOS (ADVOGADO:ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.).RECURSO N. 0000902-48.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MATEUS JOSÉ BARCELOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVE SER CALCULADA COM BASE NA TR ATÉ14/3/2013. A PARTIR DE 14/3/2013 APLICA-SE O INPC-IBGE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO PARA ALTERAROS JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Pugnou, em síntese, pela aplicação, de modointegral, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, eis que plenamente vigente até a data atual, em razão de estar pendente a definiçãoacerca da modulação dos efeitos temporais das ADIs 4425 e 4357. Sem apresentação de contrarrazões.

2. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficial aplicável à caderneta de poupança, nostermos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação do art. 5º da Lei 11.960/09.

3. Quanto à correção monetária, o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação do art. 5º da Lei 11.960/09, estipulava o índice deremuneração da caderneta de poupança, ou seja, a TR. Não obstante, o STF declarou a inconstitucionalidade parcial do art.5º da Lei 11.960/09 ao julgar a ADIn 4.357/DF. Portanto, a TR não pode mais ser aplicada.

4. Ocorre que a declaração de inconstitucionalidade só é eficaz a partir de 14/3/2013, tendo em vista a modulação dosefeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal. A suprema corte já começou a analisar a modulação dos efeitos. Emoutubro de 2013, o ministro relator Luiz Fux votou por declarar nulas retroativamente as regras relativas à correção

�monetária . O julgamento foi retomado em 19/3/2014. O ministro Luís Roberto Barroso divergiu do relator, entendendo quea declaração de inconstitucionalidade do índice de correção monetária deve ter efeito ex nunc, ou seja, produzir efeitos apartir de 14 de março de 2013, data em que o Plenário concluiu o julgamento de mérito das ADIs. O ministro Teori Zavasckiacompanhou a divergência. E o ministro Fux, que havia originalmente entendido que a invalidação da aplicação da TR teriaeficácia retroativa, reajustou seu voto para acompanhar o ministro Barroso nesse ponto. O julgamento foi suspenso por

�pedido de vista do ministro Dias Toffoli .

5. É, portanto, muito provável que o STF decida que a correção monetária até 14/3/2013 continue seguindo a TR. A partirde 14/3/2013, aplica-se o INPC-IBGE, conforme decisão tomada pela Primeira Seção do STJ no REsp 1.270.439 emacórdão sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC.

6. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido para alterar os juros de mora e correção monetária. Aplicam-se jurosde mora a partir da citação. Os juros moratórios devem ser calculados com base no mesmo índice oficial aplicável àcaderneta de poupança. A correção monetária deve ser calculada com base na TR até 14/3/2013 e com base noINPC-IBGE a partir de 14/3/2013. Sem condenação em custas. Deixo de condenar em honorários.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

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116 - 0000297-96.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000297-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA BRUNI VIANA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO N. 0000297-96.2011.4.02.5054/01RECORRENTE: NEUZA BRUNI VIANARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DASÚMULA 41 DA TNU. COMPROVAÇÃO DA INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL PARA MANUTENÇÃO DAFAMÍLIA. QUALIDADE DE SEGURADA ESPECIAL COMPROVADA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADERURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DOREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, a existência de documentos contemporâneos ao período de carência aptos a servirem como início de provamaterial, os quais conjugados com a prova testemunhal colhida em juízo confirmam o exercício de atividade rural, bemcomo que a família dependia da renda auferida na atividade rural. Pugnou pela aplicação da Súmula 41 da TNU.Contrarrazões às fls. 65/66.

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material: documentos dapropriedade rural do pai da autora (fls. 11/15, 21/22); ficha da Secretaria Municipal de Saúde com primeiro atendimento em9/10/1998 e profissão de lavradora da autora (fl. 20); ficha de matrícula escolar de filha em 28/12/1992 e profissão delavradora da autora (fls. 23/24); contrato de parceria agrícola celebrado com a autora com firma reconhecida em 21/8/2003(fls. 27/28); contrato de parceira agrícola firmado em 1/9/2010 (fls. 29/30).

4. O INSS homologou a declaração do sindicato de trabalhadores rurais quanto ao exercício de atividade rural no períodode 20/8/2003 a 19/8/2006 e de 4/9/2010 a 12/9/2010 (fl. 19).

5. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

6. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

7. É verdade que o marido da autora desempenha atividade urbana para a Prefeitura de Águia Branca e recebe um saláriomínimo (fls. 38/42). O fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência juntocom a autora, por si só, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpremencionar o disposto na súmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantesdo núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

8. No caso dos autos, a autora possui início de prova material próprio. Ademais, as testemunhas declararam que a autorasempre trabalhou na lavoura mesmo depois que o marido deixou o trabalho rural para trabalhar na Prefeitura. Talcircunstância aliada ao concurso do rendimento para manutenção da família, que restou esclarecido pela provatestemunhal, lhe confere a qualidade de segurada especial. Assim decidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.

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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

9. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 51/53, a prova testemunhal produzida complementou satisfatoriamenteo início de prova material. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que sempre trabalhouna zona rural no cultivo de café, milho e feijão em tempo suficiente ao período de carência necessário.

10. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, qualificando-se como segurada especial. Faz jus, assim, à aposentadoria por idade desegurada especial.

11. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

12. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a concederaposentadoria por idade (NB 41/152.647.076-1) desde 13/9/2010 (data do requerimento administrativo), e, após o trânsitoem julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quando devida cada parcela, mais juros demora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da Justiça Federal.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

117 - 0001712-92.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001712-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO DEOLVEIRA (ADVOGADO: ES016544 - DANIEL BORGES MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO N. 0001712-92.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: MARIA DO CARMO DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. POSSIBILIDADE DEATIVIDADE URBANA EXERCIDA EM CURTO PERÍODO DE FORMA INTERCALADA. EFICÁCIA RETROATIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO PORPROVA TESTEMUNHAL. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA.NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NA DER. COMPLETOU PERÍODO DE CARÊNCIA NA DATA DE 01.04.2011.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, que apresentou prova documental suficiente para demonstrar o exercício de atividade rural durante o períodode carência. Contrarrazões (fls. 125/128).

2. O INSS homologou o período de atividade rural de 3/2/2005 a 4/3/2011, conforme decisão administrativa de fl. 85.Verifico que o INSS não considerou a certidão de casamento como início de prova material em virtude da existência devínculo urbano no CNIS.

3. No entanto, a autora possui um único vínculo urbano registrado no CNIS pelo período de um mês (fl. 76). A TurmaNacional de Uniformização já uniformizou o entendimento de que o tempo de serviço rural não fica descaracterizado peloexercício de atividade urbana durante curtos períodos de forma intercalada com atividade rural dentro do período decarência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. Juiz Manoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ 19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza Joana

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Carolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF 0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013).Em relação aos vínculos urbanos do esposo, vige o mesmo entendimento, já que ele possui curtos vínculos registrados(CNIS – fl. 77).

4. Desconsiderados os períodos de atividade urbana, períodos de atividade rural descontínuos podem ser somados paraefeito de apurar o tempo equivalente à carência da aposentadoria por idade rural, desde que o intervalo entre os períodosnão seja grande. O que se exige é que a soma dos períodos de atividade rurícola corresponda à carência demandada paraa concessão do benefício.

5. O principal início de prova material da autora é o contrato de parceria agrícola firmado em 3/2/2005 (fls. 63/64). Odocumento formado em 2005 pode ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para o futuro) eretroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

6. O fato de o marido não trabalhar em regime de economia familiar por todo período de carência junto com a autora, por sisó, não gera a presunção de que a autora não detenha a qualidade de segurada especial. Cumpre mencionar o disposto nasúmula nº 41, da TNU - Turma Nacional de Uniformização: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,condição que deve ser analisada no caso concreto”.

7. No caso dos autos, o ex-esposo já trabalhou como lavrador e também desempenhou atividade urbana. O ex-marido daautora recebe um salário mínimo a título de aposentadoria. No entanto, eles já estavam separados quando ele seaposentou. Ademais, as testemunhas declararam que a autora sempre trabalhou na lavoura. Tal circunstância aliada aoconcurso do rendimento para manutenção da família, que restou esclarecido em audiência, lhe confere a qualidade desegurada especial. Assim decidiu a TNU:

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. EXCLUSIVIDADE AFASTADA DESDE A LEICOMPLEMENTAR N. 11/1971. EXCLUSÃO DO MEMBRO QUE POSSUI RENDIMENTO DIVERSO. COMPROVAÇÃO DOEXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL DA AUTORA COM PROVA PRÓPRIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DESUFICIÊNCIA DA RENDA OBTIDA NA ATIVIDADE URBANA PELO MARIDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 41 DA TNU.PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. O exercício de atividade urbana por parte do cônjuge varãonão descaracteriza a qualidade de segurada especial da mulher, pela existência de prova própria deste exercício e doconcurso do respectivo rendimento à manutenção da família. 2. A partir da Lei Complementar n. 11/1971, o legislador nãomais exigiu a exclusividade da atividade agrícola para fins de comprovar o regime de economia familiar. 3. O acórdãorecorrido entendeu restar descaracterizado o regime de economia familiar, com fundamento exclusivo no exercício daatividade urbana do marido sem considerar o concurso de rendimentos, priorizando, de outro lado, predominância hipotéticada atividade do cônjuge varão que não mostrou suficiência à dispensa do labor da requerente. 4. Dessa forma, apenas oparâmetro estabelecido de interpretação legal, não implica em revisão do conteúdo, propriamente dito, da valoração dasprovas carreadas no processo, situação, portanto, que é admitida nesta Turma Nacional de Uniformização. Não há falar-se,assim, em reexame do conjunto fático-probatório dos autos. 5. Pedido de uniformização conhecido e provido em parte como retorno à origem para, a partir da interpretação firmada nesta Turma Nacional, adequar o julgado. (TNU, PEDIDO200872550045769, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Relator: JUÍZA FEDERALROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN, DOU: 25/11/2011)

8. A autora conseguiu comprovar, mediante prova documental e testemunhal, que residiu na zona rural por tempo superiorà carência exigida, trabalhando no cultivo de verduras, em regime de economia familiar. Ressalto, ainda, que a autora teveum único vínculo urbano de um mês registrado no sistema CNIS, o que reforça o entendimento de tratar-se umatrabalhadora rural.

9. Após analisar a prova testemunhal, por meio dos depoimentos transcritos na sentença, em conjugação com a provadocumental carreada aos autos, concluo que na data do requerimento administrativo a autora ainda não tinha completado operíodo de carência necessário à concessão do benefício. Entretanto, tendo a autora completado os requisitos para seaposentar no curso do processo judicial, cabe reconhecer o direito superveniente ao benefício. Afinal, até mesmo na esferaadministrativa isso é possível mediante reafirmação da data do requerimento administrativo, conforme prevê o art. 623 daIN nº 45/2010:

“Art. 623. Se por ocasião do despacho, for verificado que na DER o segurado não satisfazia as condições mínimas exigidaspara a concessão do benefício pleiteado, mas que os completou em momento posterior ao pedido inicial, será dispensadanova habilitação, admitindo-se, apenas, a reafirmação da DER.”

10. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige

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que o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”. O contrato de parceria defls. 63/65 comprova que a autora continuou trabalhando na roça mesmo após o requerimento administrativo.

11. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar, qualificando-se comosegurada especial, tendo completado o período de carência no mês seguinte ao do requerimento administrativo, na medidaem que, se descontados 1 ano e 1 mês de trabalho urbano, considerando como início de labor rural o ano de 1995 (provatestemunhal), na data do requerimento ainda faltava um mês para o cumprimento da carência exigida, qual seja, 15 anos detrabalho rural, razão pela qual fixo a DIB em 01.04.2011.

12. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

13. Recurso da autora conhecido e parcialmente provido para julgar parcialmente procedente o pedido, condenando o INSSa conceder aposentadoria por idade (NB 41/150.050.236-4) a partir desta data (DIB em 01.04.2011). Aplica-se oentendimento adotado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1.270.439) quanto à atualização dasparcelas devidas. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) aoexaminar a constitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou ainconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR comocritério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo em vista aespecificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC. O STF reafirma que adeterminação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, para a continuidade de utilização dos dispositivosdeclarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos da decisão dirige-se apenas aos presidentesdos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos deconhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valoresdos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e naredação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de sua vigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, CorteEspecial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade do dispositivo nesta parte.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

118 - 0000577-73.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000577-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.) x VALMIR FARIAS ATAIDES(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO N. 0000577-73.2011.4.02.5052/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALMIR FARIAS ATAIDESRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PROPRIEDADE SUPERIOR A QUATRO MÓDULOSFISCAIS. LEI N° 8.213/1991 NÃO PODE RETROAGIR PARA REGULAR FATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA. NÃOCOMPROVAÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS PERMANENTES. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DEATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. CORREÇÃOMONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DOEMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº 8.213/91. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou que o autor não se enquadra como seguradoespecial. Pugnou, em síntese, pela aplicação, de modo integral, do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, eis que plenamente vigenteaté a data atual, em razão de estar pendente a definição acerca da modulação dos efeitos temporais das ADIs 4425 e 4357.Contrarrazões (fls. 298/300).2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme documentostranscritos na sentença às fls. 276/277. A condição de proprietário rural (fato secundário) serve de indício de que, comoacontece na maioria das vezes, o imóvel tenha sido pessoalmente explorado pelo dono, caracterizando o exercício daatividade rural (fato principal).3. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização uniformizou o entendimento de que documentos pessoais dotados defé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito, não precisam ostentar contemporaneidade com o períodode carência para serem aceitos como início de prova material. A conjugação com o restante do conjunto probatório podepermitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à sua confecção. Precedentes:PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF 2005.81.10.001065-3, rel.Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel,DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 18/05/2012.

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4. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.5. Passo à análise da alegação do INSS de que as propriedades do autor ultrapassam o limite de quatro módulos ficais. ALei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualifica como seguradoespecial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim, se apropriedade rural explorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado como seguradoespecial. Ocorre que essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa lei entrou emvigor em 23/6/2008. No caso dos autos, o autor preencheu os requisitos para aposentadoria em data anterior, em28/7/2004. Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade rural explorada tivesse maisde quatro módulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial, se não tiver contratadoempregados permanentes.6. Desta forma, o tamanho da propriedade rural explorada não serve, por si só, para motivar a descaracterização daqualificação do segurado especial. O que importa é, independentemente do tamanho do terreno, se o produtor ruralconsegue explorá-lo sem contratar empregados. Quando o terreno é grande, é lícito suspeitar do concurso de mão-de-obrade terceiros. Aplica-se a Súmula nº 30 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais: “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar”. Não houve comprovação da contratação de mão-de-obra de empregados permanentes.7. A prova testemunhal produzida complementou satisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaramdepoimentos seguros e convincentes no sentido de que o autor trabalhou como lavrador durante toda sua vida, em regimede economia familiar, sem concurso de empregados8. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se comosegurado especial.9. Aplica-se o entendimento adotado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp 1.270.439) quanto àatualização das parcelas devidas. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI4.357) ao examinar a constitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qualdeclarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TRcomo critério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97. Descabida a aplicação do IPCA, tendo emvista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC. O STF reafirmaque a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, para a continuidade de utilização dos dispositivosdeclarados inconstitucionais enquanto se examina a modulação dos efeitos da decisão dirige-se apenas aos presidentesdos Tribunais em atividade administrativa de pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos deconhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valoresdos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e naredação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de sua vigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, CorteEspecial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade do dispositivo nesta parte.10. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Réu isento de custas. Condeno o INSS ao pagamento de honoráriosadvocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

119 - 0002239-75.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.002239-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.) x DILCEA BRANDAO BENEVIDESCARVALHO (ADVOGADO: ES008741 - SALERMO SALES DE OLIVEIRA.).RECURSO N. 0002239-75.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DILCEA BRANDÃO BENEVIDES CARVALHORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EFICÁCIA RETROATIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AO PERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO PORPROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADERURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial, bem como a fragilidade da prova oral colhida emaudiência. Contrarrazões às fls. 103/105.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme transcrito nasentença à fl. 90. Os documentos podem ter a eficácia de início de prova material estendida prospectivamente (para ofuturo) e retroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar. Precedentes da TNU: PU

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2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel. JuízaFederal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris, DOU31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

3. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

4. De acordo com os depoimentos transcritos na assentada (fls. 88/89), a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. . As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentidode que a autora trabalhou como lavradora durante toda sua vida, em regime de economia familiar, junto com seu pai antesde se casar e na lavoura de mandioca após o casamento. Não vislumbro a contradição apontada pelo recorrente entre osdepoimentos.

5. O INSS homologou a declaração do sindicato de trabalhadores rurais quanto ao exercício de atividade rural no períodode 19/2/2000 a 7/7/2010 (fl. 22).

6. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar por tempo superior aoperíodo de carência exigido, qualificando-se como segurada especial.

7. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

120 - 0000586-69.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000586-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VERA MARIA RODRIGUESMACEDO (ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO N. 0000586-69.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: VERA MARIA RODRIGUES MACEDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. ADMISSIBILIDADE DEDOCUMENTOS DE INTEGRANTES DO MESMO NÚCLEO FAMILIAR. PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA AOPERÍODO DE CARÊNCIA, AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU.COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO.CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, que apresentou prova documental suficiente para demonstrar o exercício de atividade rural durante o períodode carência. Contrarrazões (fls. 179/180).

2. Há que se considerar que no caso dos autos a autora é solteira, nunca se casou. Trabalhou na propriedade que era deseu pai de 1990 a 2009. Juntou aos autos documentos da propriedade de seu pai (fls. 47/50). Após o falecimento do pai, aautora herdou parte da propriedade rural (fls. 23/29). A condição de proprietário rural (fato secundário) serve de indício deque, como acontece na maioria das vezes, o imóvel tenha sido pessoalmente explorado pelo dono, caracterizando oexercício da atividade rural pela filha (fato principal).

3. Os documentos apresentados em nome de terceiro são hábeis à comprovação do trabalho rural exercido pelos outrosmembros do grupo familiar. É pacífico o entendimento da Terceira Seção do Superior Tribunal no sentido daadmissibilidade de documentos em nome de terceiros, integrantes do mesmo grupo familiar, como início de prova materialpara comprovação da atividade rural (precedente: EREsp 155.300-SP, DJU 21/9/1998, p. 52). No mesmo sentido é aorientação da Turma Nacional de Uniformização: “Certidão de registro de imóvel rural em nome do pai do autor, onde estealega haver trabalhado, serve como início de prova material do labor rural” (TNU, PEDILEF 2006.72.95.0180588, RelatoraJuíza Federal Simone dos Santos Lemos Fernandes, DOU 22/07/2011).

4. A autora ainda apresentou outros documentos pessoais indicando sua atividade de trabalhadora rural. Destaco que, nostermos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de provamaterial corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

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5. A autora só possui dois curtos vínculos urbanos registrados no CNIS (fl. 58). O último vínculo foi encerrado em 6/2/1999.A Turma Nacional de Uniformização já uniformizou o entendimento de que o tempo de serviço rural não ficadescaracterizado pelo exercício de atividade urbana durante curtos períodos de forma intercalada com atividade rural dentrodo período de carência (PEDILEF 2007.70.95.014574-6, Rel. Juiz Manoel Rolim Campbell Penna, DJ 09.02.2009; PEDILEF2004.81.10.013382-5, Rel. Juíza Rosana Noya Kaufmann, DJ 19.08.2009; PEDILEF 2006.81.10.000480-3, Rel. Juíza JoanaCarolina Pereira, DJ 25/03/2010; PEDILEF 0039391-58.2005.4.01.3900, Rel. Juiz Rogerio Moreira Alves, DJ 08/03/2013).

6. Desconsiderados os períodos de atividade urbana, períodos de atividade rural descontínuos podem ser somados paraefeito de apurar o tempo equivalente à carência da aposentadoria por idade rural, desde que o intervalo entre os períodosnão seja grande. O que se exige é que a soma dos períodos de atividade rurícola corresponda à carência demandada paraa concessão do benefício.

7. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 159/161, a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido deque a autora trabalhou como rurícola, em regime de economia familiar, por período superior à carência necessária.

8. Para ter direito à aposentadoria por idade, é preciso também comprovar a duração do exercício da atividade rural, aindaque descontínua, pelo tempo mínimo correspondente à carência do benefício. Normalmente, a carência da aposentadoriapor idade corresponde a 180 meses (art. 25, II, da Lei nº 8.213/91). Para quem começou a exercer atividade rural antes de24/07/1991, aplica-se a tabela gradativa prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91, segundo a qual o período de carênciaaumenta gradativamente conforme o ano de implementação das condições para o deferimento do benefício.

9. No caso dos autos, como a autora só começou a trabalhar em 1999, não se aplica a tabela gradativa, de forma que elaprecisa cumprir a carência de 180 meses. A autora cumpriu tempo superior ao da carência da aposentadoria. Enfim, todosos requisitos para a concessão da aposentadoria rural por idade foram preenchidos. Por isso, a autora tem direito aobenefício com efeitos retroativos à data de entrada do requerimento administrativo.

10. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se comosegurada especial.

11. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

12. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, com antecipação dos efeitos da tutela,condenando o INSS a conceder aposentadoria por idade (NB 41/134.346.972-1) desde 7/5/2010 (data do requerimentoadministrativo), e, após o trânsito em julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quandodevida cada parcela, mais juros de mora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da JustiçaFederal.

13. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar aconstitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou ainconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR comocritério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97 (REsp 1.270.439). Descabida a aplicação do IPCA,tendo em vista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC paracorreção monetária dos atrasados. O STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI4.425, para a continuidade de utilização de índices da caderneta de poupança enquanto se examina a modulação dosefeitos da declaração de inconstitucionalidade dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativade pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F daLei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e na redação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de suavigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade dodispositivo nesta parte.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

121 - 0002837-63.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002837-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA LUCAS ANTONIO(ADVOGADO: MG088808 - EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO N. 0002837-63.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: LUZIA LUCAS ANTONIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

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VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO AOPERÍODO DE CARÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 14 DA TNU. EFICÁCIA RETROATIVA E PROSPECTIVA DOINÍCIO DE PROVA MATERIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. QUALIDADEDE SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODODE CARÊNCIA. RECURSO PROVIDO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DESDE A DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO.

1. A autora interpôs recurso contra sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural. Sustentou,em síntese, que apresentou prova documental suficiente para demonstrar o exercício de atividade rural durante o períodode carência. Contrarrazões (fls. 108/111).

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. A autora juntou aos autos carteira do INAMPS de trabalhador rural com validade até 1987 (fl. 12); carteira do sindicatorural com filiação em 1984 (fl. 12); declaração do sindicato rural de exercício de atividade rural no período de 1/3/1995 a30/9/1999 (fls. 16/17); declaração do sindicato rural de exercício de atividade rural no período de 30/10/1999 a 27/12/2005 ede 19/3/2006 a 13/12/2007 (fls. 23/24); contrato de comodato com cláusula de contrato verbal desde 30/10/1999 com firmareconhecida em 18/3/2003 (fls. 27/28); termo de rescisão de contrato verbal em 31/3/2008 (fl. 29); contrato de parceriaagrícola firmado em 29/2/2008 (fls. 40/42).

4. O início de prova material não passa de prova indiciária. Não precisa provar diretamente o efetivo exercício da atividaderural, mas apenas fatos secundários dos quais se possa inferi-la. Por isso, a prova documental frágil é suficiente paraformar início de prova material. É a prova testemunhal que, em complementação ao início de prova material, deveaprofundar a cognição em torno dos fatos pertinentes ao efetivo trabalho rural na lavoura ou na pecuária. A provatestemunhal produzida complementou satisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentosseguros e convincentes no sentido de que a autora desempenhou atividade rural na qualidade de meeira em temposuficiente ao período de carência necessário.

5. Os contratos firmados em 1984, 2003 e 2008 podem ter a eficácia de início de prova material estendidaprospectivamente (para o futuro) e retroativamente (para o passado) com base em prova testemunhal complementar.Precedentes da TNU: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. JuizFederal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva,DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

6. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

7. É verdade que a autora efetuou recolhimentos na qualidade de contribuinte individual cadastrado (CNIS - fl. 67).Entretanto, verifico que foram poucos recolhimentos, somente no período de agosto/1988 a julho/1989, insuficientes paradescaracterizar a qualidade de segurada especial da autora.

8. O fato de contribuir para a previdência social não é incompatível com a qualificação do trabalhador rural como seguradoespecial. A lei admite que o segurado especial recolha facultativamente contribuições para a previdência social (art. 39, II,Lei nº 8.213/91) sob as mesmas condições previstas para o contribuinte individual. O trabalhador rural que exerce essafaculdade prevista em lei não pode ficar prejudicado nem prejudicar a própria família com a descaracterização do regime deeconomia familiar. O que descaracteriza o regime de economia familiar, segundo a lei, é a utilização de empregadospermanentes ou a existência de fonte de renda diferente do trabalho rural. Nenhum desses fatores ficou comprovado nocaso da autora.

9. Destaco que a autora é solteira e os benefícios de auxílio-doença que a autora já recebeu se deram na qualidade desegurada especial rural (fls. 69).

10. Para ter direito à aposentadoria por idade, é preciso também comprovar a duração do exercício da atividade rural, aindaque descontínua, pelo tempo mínimo correspondente à carência do benefício. Normalmente, a carência da aposentadoriapor idade corresponde a 180 meses (art. 25, II, da Lei nº 8.213/91). Entretanto, para quem começou a exercer atividaderural antes de 24/07/1991, aplica-se a tabela gradativa prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91, segundo a qual o período decarência aumenta gradativamente conforme o ano de implementação das condições para o deferimento do benefício.

11. A autora implementou as condições para a aposentadoria por idade no ano em que completou 55 anos de idade, ouseja, em 4/3/2010. Segundo o art. 142 da Lei nº 8.213/91, para quem implementou todas as condições naquele ano, a

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carência exigida era de 174 meses. A autora cumpriu tempo superior ao da carência da aposentadoria. Enfim, todos osrequisitos para a concessão da aposentadoria rural por idade foram preenchidos. Considero provado, então, que a autoraexerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se como segurada especial. Faz jus, assim, àaposentadoria por idade de segurado especial.

12. Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

13. Recurso da parte autora conhecido e provido para julgar procedente o pedido, com antecipação dos efeitos da tutela,condenando o INSS a conceder aposentadoria por idade (NB 41/149.296.973-4) desde 16/6/2010 (data do requerimentoadministrativo), e, após o trânsito em julgado, a pagar os atrasados devidos, corrigidos monetariamente desde quandodevida cada parcela, mais juros de mora a contar da citação, em conformidade com o manual de cálculos da JustiçaFederal.

14. Correção monetária conforme entendimento expresso do Supremo Tribunal Federal (ADI 4.357) ao examinar aconstitucionalidade do §12 do artigo 100 da Carta da República (na redação da EC 62/2009), o qual declarou ainconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do artigo 5º da Lei 11.960/09, que determinava a utilização da TR comocritério de correção monetária ao modificar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97 (REsp 1.270.439). Descabida a aplicação do IPCA,tendo em vista a especificidade da matéria previdenciária (art. 41-A da Lei 8.213/1991) devendo ser utilizado o INPC paracorreção monetária dos atrasados. O STF reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI4.425, para a continuidade de utilização de índices da caderneta de poupança enquanto se examina a modulação dosefeitos da declaração de inconstitucionalidade dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais em atividade administrativade pagamento de precatórios, e não a magistrados em processos de conhecimento (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl17.200) e, por conseguinte, tais índices não se aplicam aos valores dos presentes autos. Juros conforme o artigo 1º-F daLei 9.494/1997 inserido pela Medida Provisória nº 2.180-35/2001, e na redação dada pela Lei nº 11.960/2009 a partir de suavigência (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 2.2.12), mantida a constitucionalidade dodispositivo nesta parte.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

122 - 0002692-10.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002692-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MARLENE SILVESTRE BRUNOW (ADVOGADO:ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.).RECURSO N. 0002692-10.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE SILVESTRE BRUNOWRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. PROPRIEDADE SUPERIOR A QUATROMÓDULOS FISCAIS. LEI N° 8.213/1991 NÃO PODE RETROAGIR PARA REGULAR FATOS ANTERIORES À SUAVIGÊNCIA. NÃO COMPROVAÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS PERMANENTES. ARRENDAMENTO DEPARTE DA PROPRIEDADE RURAL POR CERTO PERÍODO NÃO AFASTA O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR.COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que somadas as propriedadesdo esposo da autora ultrapassam o limite legal de módulos fiscais e que foram firmados contratos de parceria agrícola, oque descaracteriza o regime de economia familiar. Contrarrazões às fls. 263/267.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme documentostranscritos na sentença às fls. 237/241. A condição de proprietário rural (fato secundário) serve de indício de que, comoacontece na maioria das vezes, o imóvel tenha sido pessoalmente explorado pelo dono, caracterizando o exercício daatividade rural pela esposa (fato principal).

3. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização uniformizou o entendimento de que documentos pessoais dotados defé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito, não precisam ostentar contemporaneidade com o períodode carência para serem aceitos como início de prova material. A conjugação com o restante do conjunto probatório podepermitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à sua confecção. Precedentes:PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF 2005.81.10.001065-3, rel.

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Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel,DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 18/05/2012.

4. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

5. Passo à análise da alegação do INSS de que as propriedades do esposo da autora ultrapassam o limite de quatromódulos ficais. A Lei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualificacomo segurado especial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim,se a propriedade rural explorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado comosegurado especial. Ocorre que essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa leientrou em vigor em 23/6/2008. Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade ruralexplorada tivesse mais de quatro módulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial,se não tiver contratado empregados permanentes.

6. No caso dos autos, restou comprovado que as propriedades rurais pertencem a cinco proprietários irmãos, emcondomínio. Pelos documentos de fls. 18/19, 32/36, 46/48, 39/44 e 130/132 é possível concluir que a parte daspropriedades rurais pertencentes ao esposo da autora não ultrapassam o limite de 4 módulos fiscais.

7. Desta forma, o tamanho da propriedade rural explorada não serve, por si só, para motivar a descaracterização daqualificação do segurado especial. O que importa é, independentemente do tamanho do terreno, se o produtor ruralconsegue explorá-lo sem contratar empregados. Quando o terreno é grande, é lícito suspeitar do concurso de mão-de-obrade terceiros. Aplica-se a Súmula nº 30 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais: “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar”. Não houve comprovação da contratação de mão-de-obra de empregados permanentes.

8. O fato de existir meeiro na propriedade rural, não é suficiente para descaracterizar a qualidade de segurada especial daparte autora. Assim decidiu a TNU recentemente:

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. USO DE MÁQUINAS(TRATOR) E ARRENDAMENTO DE TERRAS. PLANTIO DE SOJA.1. Por decisão do colegiado o pedido é conhecido, conforme decisão proferida por maioria na Sessão da TNU em29/02/2012. 2. Não é incompatível com o regime de economia familiar a utilização de máquinas (trator) para plantar e paracolher, mormente em se tratando de lavoura de soja. 3. O arrendamento de parte das terras, durante certo período, tambémnão afasta a possibilidade de ser reconhecido o regime de economia familiar. 4. Incidente provido para determinar aimplantação do benefício de pensão por morte, a contar da DER. Liquidação a cargo do JEF de origem.(TNU, PEDILEF 200970570007609, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA, DOU17/08/2012)

9. De acordo com os depoimentos transcritos às fls. 248/252, a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido deque a autora trabalhou como lavrador durante toda sua vida, em regime de economia familiar.

10. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se comosegurada especial.

11. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

123 - 0001362-38.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001362-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ALZIRA GUARNIER VENTURIM (ADVOGADO:ES012907 - MARCIO SANTOLIN BORGES, ES005632 - LUIZ MARIA BORGES DOS REIS.).RECURSO N. 0001362-38.2011.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RECORRIDO: ALZIRA GUARNIER VENTURIMRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

Page 160: BOLETIM 2ªTR/ES 2015.034 - SESSÃO DIA 24-03 … · relaÇÃo de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta: Índice de pesquisa da 2ª turma recursal adriana zandonade-27,

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PROPRIEDADE RURAL SUPERIOR A 4 MÓDULOSFISCAIS. DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 30 DA TNU.COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS PERMANENTES. AUTORA ADMITE EM DEPOIMENTOPESSOAL QUE HAVIA DOIS EMPREGADOS. ESPOSO APOSENTADO COMO EMPREGADOR RURAL. NÃOQUALIFICAÇÃO DA AUTORA COMO SEGURADA ESPECIAL. RECURSO PROVIDO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DEAPOSENTADORIA POR IDADE RURAL.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural comantecipação dos efeitos da tutela. Sustentou, em síntese, que o esposo da autora tinha propriedade rural com 18 módulosfiscais. Afirmou que o esposo se aposentou como empresário rural, contribuinte individual. Contrarrazões (fls. 154/163).

2. O trabalhador rural segurado especial tem direito à aposentadoria por idade mesmo sem recolher contribuições, desdeque complete a idade mínima e comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamenteanterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referido benefício (art. 39, I, da Lei nº8.213/91).

3. O INSS não questiona o exercício de atividade rural pela autora, mas a sua qualificação como segurada especial emrazão da descaracterização do regime de economia familiar porque o tamanho da propriedade rural da autora é superior aolimite legal de 4 módulos fiscais.

4. A Lei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualifica como seguradoespecial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim, se apropriedade rural explorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado como seguradoespecial. Ocorre que essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa lei entrou emvigor em 23/6/2008. Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade rural exploradativesse mais de quatro módulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial, se nãotiver contratado empregados permanentes.

5. O tamanho da propriedade rural explorada não serve, por si só, para motivar a descaracterização da qualificação dosegurado especial. O que importa é, independentemente do tamanho do terreno, se o produtor rural consegue explorá-losem contratar empregados. Quando o terreno é grande, é lícito suspeitar do concurso de mão-de-obra de terceiros.Aplica-se a Súmula nº 30 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais:“Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar”.

6. A contratação de mão-de-obra de empregados permanentes não pode ser presumida apenas com base no tamanho dapropriedade. Ocorre que, a autora declarou em depoimento pessoal, cuja transcrição consta à fl. 144, que eles tinham doisempregados (cada um em uma propriedade); eles recebiam um valor por mês, ajudavam no curral, tiravam leite.

7. Dessa forma, mesmo provando o exercício de atividade rural, a autora não pode ser qualificada como segurada especial.Logo, só teria direito à aposentadoria se houvesse contribuído para a previdência social na qualidade de contribuinteindividual, assim como fez seu marido para se aposentar.

8. Recurso do INSS conhecido e provido para julgar improcedente o pedido de aposentadoria por idade rural.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

124 - 0004939-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004939-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x DANILO JOSE FRIZZERABRUNOW (ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.).RECURSO N. 0004939-61.2010.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: DANILO JOSE FRIZZERA BRUNOWRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. PROPRIEDADE SUPERIOR A QUATROMÓDULOS FISCAIS. LEI N° 8.213/1991 NÃO PODE RETROAGIR PARA REGULAR FATOS ANTERIORES À SUA

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VIGÊNCIA. NÃO COMPROVAÇÃO DE CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS PERMANENTES. ARRENDAMENTO DEPARTE DA PROPRIEDADE RURAL POR CERTO PERÍODO NÃO AFASTA O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR.COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que somadas as propriedadesdo autor ultrapassam o limite legal de módulos fiscais e que foram firmados contratos de parceria agrícola, o quedescaracteriza o regime de economia familiar. Contrarrazões às fls. 224/228.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, conforme documentostranscritos na sentença às fls. 193/196. A condição de proprietário rural (fato secundário) serve de indício de que, comoacontece na maioria das vezes, o imóvel tenha sido pessoalmente explorado pelo dono, caracterizando o exercício daatividade rural (fato principal).

3. Destaco que a Turma Nacional de Uniformização uniformizou o entendimento de que documentos pessoais dotados defé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito, não precisam ostentar contemporaneidade com o períodode carência para serem aceitos como início de prova material. A conjugação com o restante do conjunto probatório podepermitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à sua confecção. Precedentes:PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF 2005.81.10.001065-3, rel.Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel,DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 18/05/2012.

4. Destaco que, nos termos da Súmula nº 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exigeque o início de prova material corresponda a todo período equivalente à carência do benefício”.

5. Passo à análise da alegação do INSS de que as propriedades do autor ultrapassam o limite de quatro módulos ficais. ALei nº 11.718/2008, ao inserir o inciso VII no § 1º do art. 11 da Lei nº 8.213/91, dispôs que se qualifica como seguradoespecial o produtor rural que explore atividade agropecuária em área de até quatro módulos fiscais. Assim, se apropriedade rural explorada tiver mais de quatro módulos fiscais, o produtor rural não pode ser qualificado como seguradoespecial. Ocorre que essa lei não pode retroagir para regular fatos anteriores ao início da sua vigência. Essa lei entrou emvigor em 23/6/2008. Em relação ao tempo de serviço rural anterior a essa data, ainda que a propriedade rural exploradativesse mais de quatro módulos fiscais, o respectivo produtor rural pode ser qualificado como segurado especial, se nãotiver contratado empregados permanentes.

6. No caso dos autos, restou comprovado que as propriedades rurais pertencem a cinco proprietários irmãos, emcondomínio. Pelos documentos de fls. 24/25, 30/34, 438/42, 49/51, 104/106 é possível concluir que a parte daspropriedades rurais pertencentes ao autor não ultrapassam o limite de 4 módulos fiscais.

7. Desta forma, o tamanho da propriedade rural explorada não serve, por si só, para motivar a descaracterização daqualificação do segurado especial. O que importa é, independentemente do tamanho do terreno, se o produtor ruralconsegue explorá-lo sem contratar empregados. Quando o terreno é grande, é lícito suspeitar do concurso de mão-de-obrade terceiros. Aplica-se a Súmula nº 30 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais: “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, aqualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regimede economia familiar”. Não houve comprovação da contratação de mão-de-obra de empregados permanentes.

8. O fato de existir meeiro na propriedade rural, não é suficiente para descaracterizar a qualidade de segurada especial daparte autora. Assim decidiu a TNU recentemente:

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO ESPECIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. USO DE MÁQUINAS(TRATOR) E ARRENDAMENTO DE TERRAS. PLANTIO DE SOJA.1. Por decisão do colegiado o pedido é conhecido, conforme decisão proferida por maioria na Sessão da TNU em29/02/2012. 2. Não é incompatível com o regime de economia familiar a utilização de máquinas (trator) para plantar e paracolher, mormente em se tratando de lavoura de soja. 3. O arrendamento de parte das terras, durante certo período, tambémnão afasta a possibilidade de ser reconhecido o regime de economia familiar. 4. Incidente provido para determinar aimplantação do benefício de pensão por morte, a contar da DER. Liquidação a cargo do JEF de origem.(TNU, PEDILEF 200970570007609, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA, DOU17/08/2012)

9. Conforme se depreende dos termos de depoimentos de fls. 203/207, a prova testemunhal produzida complementousatisfatoriamente o início de prova material. As testemunhas prestaram depoimentos seguros e convincentes no sentido deque o autor trabalhou como lavrador durante toda sua vida, em regime de economia familiar.

10. Considero provado, então, que o autor exerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se comosegurado especial.

11. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de

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10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

125 - 0002467-84.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.002467-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x ROSANIR ALVES DE SOUZA (ADVOGADO:ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).RECURSO N. 0002467-84.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ROSANIR ALVES DE SOUZARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. DESNECESSIDADE DECONTEMPORANEIDADE DE DOCUMENTOS PESSOAIS DOTADOS DE FÉ PÚBLICA COM O PERÍODO DE CARÊNCIA.INÍCIO DE PROVA MATERIAL AMPLIADO POR PROVA TESTEMUNHAL. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DEATIVIDADE RURAL E DO PERÍODO DE CARÊNCIA. DIB NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSOIMPROVIDO.

1. O INSS interpôs recurso contra sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria por idade rural desde a datado requerimento administrativo com antecipação dos efeitos da tutela. Alegou, em síntese, que a autora não apresentouprova documental sobre o efetivo labor na condição de segurada especial. Requereu, em caso de procedência da ação,seja modificada a data de início do benefício para a data da sentença.

2. A comprovação do exercício de atividade rural tem suporte em suficiente início de prova material, consistente na certidãode casamento qualificando o marido como lavrador e no certificado de dispensa do serviço militar do filho do casal porportar a mesma característica, entre outros (conf. sentença às fls. 96/99). A Turma Nacional de Uniformização uniformizouo entendimento de que documentos pessoais dotados de fé pública, como as certidões de nascimento, casamento e óbito,não precisam ostentar contemporaneidade com o período de carência para serem aceitos como início de prova material. Oconjunto probatório pode permitir estender a eficácia probatória do documento para período anterior ou posterior à suaconfecção. Precedentes: PEDILEF 2009.32.00.704410-0, rel. Juíza Federal Simone Lemos, DOU 22/07/2011; PEDILEF2005.81.10.001065-3, rel. Juiz Federal Paulo Arena, DOU 04/10/2011; PEDILEF 2007.71.64.000394-0, rel. Juiz FederalAntonio Fernando Schenkel, DOU 27/01/2012; PEDILEF 2006.33.00.723518-3, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves,DOU 18/05/2012.

3. Depreende-se dos depoimentos transcritos à fl. 97 que a prova testemunhal produzida complementou satisfatoriamente oinício de prova material. Fundamenta a sentença recorrida terem as testemunhas prestado coerentes e coesos com asalegações da parte autora, aduzindo ser a autora meeira e lavradora de roça de café e lavoura branca (fls. 97). O esposoda autora recebe aposentadoria por invalidez sendo segurado especial na qualidade de trabalhador rural (fl. 75). A autoradeclarou em depoimento pessoal que a aposentadoria do marido é insuficiente para prover as despesas da casa, o queressalta a importância da continuidade da atividade em regime de economia familiar para a manutenção de seusintegrantes. Demonstrou, ainda, ter conhecimento de técnicas de plantio, restando cabalmente provada sua qualificaçãocomo segurada especial.

4. Para ter direito à aposentadoria por idade, é preciso também comprovar a duração do exercício da atividade rural, aindaque descontínua, pelo tempo mínimo correspondente à carência do benefício. Normalmente, a carência da aposentadoriapor idade corresponde a 180 meses (art. 25, II, da Lei nº 8.213/91). Entretanto, para quem começou a exercer atividaderural antes de 24/07/1991, aplica-se a tabela gradativa prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91. A autora implementou ascondições para a aposentadoria por idade no ano em que completou 55 anos de idade, ou seja, em 14/11/2009, ano emque, segundo o art. 142 da Lei nº 8.213/91, exige-se carência de 168 meses, ou seja, de 14 anos.

5. Diante dos documentos colacionados aos autos, restou comprovado que o autor e sua esposa são lavradores de longadata, em tempo muito superior ao exigido pela tabela progressiva de progressão. A autora cumpriu tempo superior ao dacarência da aposentadoria. Enfim, todos os requisitos para a concessão da aposentadoria rural por idade forampreenchidos. Considero Por isso, a autora tem direito ao benefício com efeitos retroativos à data de entrada dorequerimento administrativo. Assim, indefiro o requerimento do INSS de modificação da data de início do benefício para adata da audiência. A resistência do INSS à pretensão da autora já ficou configurada na esfera administrativa. Ademais,compulsando a cópia do processo administrativo colacionado aos autos, verifico que a autora juntou naquela ocasiãodocumentação suficiente para deferimento do benefício.

7. Considero provado, então, que a autora exerceu atividade rural em regime de economia familiar qualificando-se comosegurada especial.

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9. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sem condenação em custas. Condeno o INSS em honorários advocatícios de10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

__________________________________________Juíza Federal – 2º Relatoria da 2ª Turma RecursalALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAUJO(Conf. Ato Conjunto N° TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de Janeiro de 2015)

126 - 0004627-96.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.004627-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x NELSON MACHADO (ADVOGADO: ES015004- JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.).RECURSO Nº 0004627-96.2014.4.02.5001/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ARGUIÇÃO DE OMISSÕES E CONTRADIÇÕES NO JULGADOQUE NÃO SE JUSTIFICAM, TENDO EM VISTA EXEGESE CLARA E INTELIGÍVEL DA MATÉRIA ADUZIDA NOACÓRDÃO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. O INSS interpôs embargos de declaração em face do acórdão que deu provimento ao recurso inominado da parte autora,alegando omissão quanto à incidência dos artigos 5º, XXXVI, 40, 194, 195 e 201, todos da CRFB/1988, bem comocontradição no acórdão.

2. Compulsados os autos, observo que o acórdão embargado analisou e fundamentou toda a pretensão acerca dadesaposentação de forma clara, objetiva e completa, sendo o recurso julgado na linha de fundamentos que presidem asquestões, convindo anotar que, a motivação das decisões efetiva-se com a exposição dos argumentos que o juiz consideradecisivos para suas conclusões de acolhimento ou não das teses formuladas pelas partes, não havendo de se cogitar delacunas na motivação pela falta de exaustiva apreciação, ponto por ponto, de tudo quanto suscetível de questionamentos. Apropósito, já decidiu o C. STJ: "Esta Egrégia Corte não responde a questionário e não é obrigada a examinar todas asnormas legais citadas e todos os argumentos utilizados pelas partes e sim somente aqueles que julgar pertinentes paralastrear sua decisão". (STJ, EDRESP nº 92.0027261, 1ª Turma, rel. Min. Garcia Vieira, DJ 22.03.93, p. 4515).

3. A declaração do julgado pelo motivo de contradição apenas se justifica se há discrepância nas operações lógicasdesenvolvidas na decisão, vale dizer, se há dissonância interna e não suposta antinomia entre Acórdão e dispositivos legaisou constitucionais ou precedentes jurisprudenciais que a parte invoca em seu favor.

4. No caso dos autos, manifestamente não padece o v. Acórdão de quaisquer irregularidades que ensejassem válidosquestionamentos em sede de embargos declaratórios, convindo anotar que "mesmo nos embargos de declaração com fimde prequestionamento, devem-se observar os lindes traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição,omissão e, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame dacausa". (STJ - 1ª Turma, REsp 13.843-0-SP-Edcl, rel. Min. Demócrito Reinaldo, j. 6.4.92, rejeitaram os embs., v.u., DJU24.8.92, p. 12980).

5. Assim, assevero que consta do acórdão suficiente e inequívoca motivação das conclusões alcançadas, não se devendoconfundir omissão, contradição ou obscuridade com inconformismo diante do resultado ou fundamentação do julgamento,não sendo os embargos declaratórios meio de impugnação destinado a obter a reforma do julgado ou rediscussão dequestões já decididas.

6. Por estes fundamentos, rejeito os embargos de declaração, nos termos supra.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

127 - 0005811-37.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.005811-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x GUANAHYRA GOMES MACHADO(ADVOGADO: ES015331 - RAFAEL GONÇALVES VASCONCELOS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0005811-37.2014.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DESAPOSENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE OMISSÕES ECONTRADIÇÕES APONTADAS NO ACÓRDÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS ÀFAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART.41-A DA LEI Nº 8.213/91.

1. O INSS interpôs embargos de declaração em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominado e manteve asentença de procedência do pedido, alegando omissão quanto à incidência dos artigos 5º, XXXVI, 40, 194, 195 e 201, todosda CRFB/1988, bem como omissão e contradição quanto ao índice de correção monetária, a ser definido pelo STF,argumentando que a definição do índice implicará em violação ao art. 102, § 2º da CRFB/1988.

2. Compulsados os autos, observo que o acórdão embargado analisou e fundamentou toda a pretensão acerca dadesaposentação de forma clara, objetiva e completa, sendo o recurso julgado na linha de fundamentos que presidem asquestões, convindo anotar que, a motivação das decisões efetiva-se com a exposição dos argumentos que o juiz consideradecisivos para suas conclusões de acolhimento ou não das teses formuladas pelas partes, não havendo de se cogitar delacunas na motivação pela falta de exaustiva apreciação, ponto por ponto, de tudo quanto suscetível de questionamentos. Apropósito, já decidiu o C. STJ: "Esta Egrégia Corte não responde a questionário e não é obrigada a examinar todas asnormas legais citadas e todos os argumentos utilizados pelas partes e sim somente aqueles que julgar pertinentes paralastrear sua decisão". (STJ, EDRESP nº 92.0027261, 1ª Turma, rel. Min. Garcia Vieira, DJ 22.03.93, p. 4515).

3. A declaração do julgado pelo motivo de contradição apenas se justifica se há discrepância nas operações lógicasdesenvolvidas na decisão, vale dizer, se há dissonância interna e não suposta antinomia entre Acórdão e dispositivos legaisou constitucionais ou precedentes jurisprudenciais que a parte invoca em seu favor.

4. Quanto aos critérios de correção monetária, apenas para dar esclarecimento ao acórdão embargado, assevero que oSTJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração de inconstitucionalidade do STFna ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária, determinando que ascondenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo a existência de leisespecíficas.

5. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios. É entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santode inconstitucionalidade da TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quantoaos juros, hipótese em que é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

6. Assim, Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos queimportem condenação pecuniária ao INSS, convindo anotar que o artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistemarecursal dos Juizados Especiais Federais.

7. De outra sorte, não padece o v. Acórdão de quaisquer irregularidades que ensejassem válidos questionamentos em sedede embargos declaratórios, convindo anotar que "mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento,devem-se observar os lindes traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construçãopretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa". (STJ - 1ª Turma,REsp 13.843-0-SP-Edcl, rel. Min. Demócrito Reinaldo, j. 6.4.92, rejeitaram os embs., v.u., DJU 24.8.92, p. 12980).

8. Por estes fundamentos, acolho aos embargos de declaração apenas para acrescentar as considerações acerca dacorreção monetária ao acórdão embargado, a título de esclarecimento de dúvida (art. 48 da Lei 9.099/1995), mantidos ostermos do acórdão embargado.

É como voto.ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

128 - 0003033-31.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003033-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FLORENTINA BLANKFLORES (ADVOGADO: ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL, ES015798 - GABRIEL PORCARO BRASIL, ES011101 -NICOLI PORCARO BRASIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DEJESUS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003033-31.2013.4.02.5050/01EMBARGANTE: FLORENTINA BLANK FLORESRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. DIB DO BENEFÍCIO. DATA DA PERÍCIA SOCIAL. QUESTÃOAPRECIADA DE FORMA CLARA E OBJETIVA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INCONFORMISMO COM O PROVIMENTOJURISDICIONAL. EMBARGOS REJEITADOS.

1. A parte autora opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão em seu bojo,requerendo “manifestação quanto ao que ficou comprovado pelo estudo social da data de outubro de 2012, por qualfundamento não foi considerada aquela data”.

2. O acórdão embargado expressamente consigna que “9. O documento de fls. 24/25 mencionado pela parte autora norecurso, diz respeito ao requerimento do benefício assistencial feito administrativamente pela mesma perante o INSS. Naparte onde se lê “SEM RENDA” se refere apenas à informação prestada por ela à autarquia de que a família não auferia, àépoca, rendimento algum, e não, como pretende fazer crer, à manifestação efetiva do INSS quanto à comprovação da suacondição econômica.10. É sabido, conforme já mencionado, que o deferimento do benefício ora pleiteado depende documprimento de dois requisitos, quais sejam: renda per capita familiar inferior a ¼ do salário-mínimo ou, no caso dos autos,incapacidade para atividades laborais. Deste modo, diante da ausência de demonstração dos motivos que levaram o INSSa negar o benefício em sede administrativa (se por conta da averiguação da capacidade da autora, ou da renda per capitafamiliar), a constatação da miserabilidade, na hipótese, somente foi feita através da perícia social, em 18/09/2013, nãosendo suficiente, portanto, apenas o reconhecimento da incapacidade em data anterior, diante da exigência legal documprimento dos dois requisitos simultaneamente.”

3. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 160/161, o embargante nãoaponta, a rigor, nenhuma das hipóteses passíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismo com oprovimento jurisdicional, o que deve ser manuseado pela via recursal própria.

4. Embargos de declaração rejeitados.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

129 - 0002425-77.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002425-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x AILDISNEY MARIA ROSA (ADVOGADO: ES015744- CATARINE MULINARI NICO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002425-77.2006.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando contradição em seu bojo, ao argumentode que a DIB deve ser fixada na data da perícia (nos casos em que o perito não sabe precisar a data do início daincapacidade); que o acórdão privilegiou um receituário médico, contrariando a Súmula 08 desse Colegiado, e que o fato devivermos em um país com alto grau de desemprego “é fator obstativo à reinserção da Embargada no mercado de trabalho,demonstrando, data vênia, completa dissociação com a realidade do mercado de trabalho”. Aduz, ainda, omissão econtradição quanto à incidência da Súmula 111, do STJ.

2. O acórdão embargado, analisando as questões levantadas, assim consignou: “5. Acerca do tema, observo que a TNU jáfirmou entendimento no sentido de que "o termo inicial dos benefícios, seja por incapacidade, seja no de prestaçãocontinuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o médico não precisar o início daincapacidade e o juiz não possuir outros elementos nos autos para sua fixação (Precedente: PEDILEF n.º200936007023962); b) na data do requerimento administrativo, se a perícia constatar a existência da incapacidade emmomento anterior a este pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do ajuizamento do feito,se não houver requerimento administrativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento anterior àpropositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o princípio dolivre convencimento motivado que permite ao magistrado a fixação da data de início do benefício mediante a análise doconjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)" (Cf. PEDILEF n.º 0501152-47.2007.4.05.8102,Rel. Juiz Federal Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012).”(sem grifos no original). Deste modo, diante do receituáriomédico conclusivo, subscrito por especialista da rede pública de saúde pouco antes do requerimento administrativo, eainda, em face da afirmação do próprio perito do Juízo no sentido de que o paciente seja portador de epilepsia há cerca de22 anos, foi a DIB fixada na data do requerimento administrativo. De outra sorte, a circunstância de vivermos em país comalto grau de desemprego foi apenas um dos critérios utilizados para análise da definitividade da incapacidade, não o único,

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conforme subscrito no terceiro parágrafo do acórdão impugnado.

3. O entendimento expresso na Súmula 111 do STJ, a qual dispõe que “Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”, se coaduna com o posicionamentoconsolidado na jurisprudência pátria (TNU, PEDILEF 200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. Juiz Federal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012). desta feita, háque se afastar a obscuridade evitando-se futuras discussões a este respeito em liquidação, e imprimir maior celeridade aocurso da presente demanda, acolho os embargos de declaração no pormenor, para fazer constar no acórdão recorrido quea base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquia federal, deverá ser formada pelas prestaçõesvencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

4. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente acolhidos, apenas para acrescentar ao acórdão recorrido o seguintetrecho: “(...) Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art.55, caput, da Lei 9.099/1995, observando-se, todavia, o disposto na Súmula 111 do STJ.”

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

130 - 0004520-75.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004520-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO CARLOS NEGRINI(ADVOGADO: MG103516 - GERALDO BENICIO, ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, ES014259 - JULIANEBORLINI COUTINHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0004520-75.2009.4.02.5050/01EMBARGANTE: JOÃO CARLOS NEGRINIRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. DEFERIMENTO NOSEMBARGOS. POSSIBILIDADE. PERIGO DA DEMORA (CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO) E FUMAÇA DO BOMDIREITO (FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO LANÇADOS NO ACÓRDÃO). CORREÇÃO MONETÁRIA DASCONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR.MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº 8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-FDA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. EMBARGOS DA PARTE AUTORAREJEITADOS. EMBARGOS DO INSS ACOLHIDOS.

1. A parte autora opôs embargos de declaração em face do acórdão da Turma Recursal, alegando omissão quanto aopedido de antecipação de tutela. O INSS, por sua vez, questiona omissão quanto ao índice de correção monetária a serdefinido pelo STF.

2. Analisando o recurso inominado interposto, verifico não ter havido pedido de antecipação de tutela pela parte autora, oraembargante, o que justifica o fato de não ter sido a mesma analisada por esta Turma por ocasião do acórdão. Comosabido, os recursos são dotados do efeito devolutivo, por meio do qual a matéria é transferida ao conhecimento de órgãohierarquicamente superior ou, dependendo do caso, é renovado o julgamento perante o mesmo órgão que proferiu adecisão recorrida, devendo o órgão ad quem se ater aos argumentos e pedidos contidos nas razões da peça recursal.Importa registrar, ainda, que a antecipação de tutela deve ser sempre requerida pela parte, não se tratando de matériacognocível de ofício pelo Juízo.

3. De toda sorte, considerando que o art. 273 do CPC pretendeu deixar a matéria sob um regime procedimental mais livree flexível, não há um momento certo e preclusivo para postulação e deferimento da antecipação da tutela, podendo serrequerida, inclusive, em grau recursal e sem a oitiva da parte contrária, desde que presentes as condições que justifiquem aconcessão da medida.

4. Deste modo, defiro a antecipação dos efeitos da tutela com base em toda a fundamentação de fato e de direito lançadano acórdão de fls. 182/186 e do caráter alimentar do benefício pleiteado, devendo o INSS ser intimado para que, em 05dias, proceda a implantação do benefício assistencial a parte autora.

5. Inexistente omissão, contradição ou obscuridade que objetivamente resulte do julgado não cabe a utilização deembargos. Divergência subjetiva da parte ou resultante de interpretação jurídica diversa não enseja a utilização deembargos declaratórios, devendo a parte, se assim entender, manejar o recurso próprio.

6. No que diz respeito à correção monetária, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, quea declaração de inconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério decorreção monetária, determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, peloIPCA-E, salvo a existência de leis específicas.

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7. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

8. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

9. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

10. Embargos de declaração da parte autora rejeitados. Defiro, outrossim, a antecipação dos efeitos da tutela paracondenar o INSS a implantar o benefício de assistencial em favor da parte autora, no prazo de 05 dias. Embargos dedeclaração do INSS providos apenas para acrescentar as considerações acima ao acórdão embargado, a título deesclarecimento de dúvida (art. 48 da Lei 9.099/1995), mantidos os termos do acórdão embargado.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

131 - 0000576-96.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000576-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x DEUSDEDITE BRAVIM (ADVOGADO:ES004392 - DEIJAYME TEIXEIRA VIANA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000576-96.2008.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANIFESTAÇÃO EXPRESSA ACERCA DO ENQUADRAMENTO DO AGENTE NOCIVO(HIDROCARBONETOS – ÓLEO DIESEL E GASOLINA) AOS DECRETOS. EXPOSIÇÃO A UMA OU OITO HORASDIÁRIAS AO AGENTE NOCIVO SE TORNA IRRELEVANTE NO CASO EM QUE A INSALUBRIDADE É INDISSOCIÁVELDAS ATRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. FRENTISTA. SUJEIÇÃO A RISCOS NATURAIS DE ESTOCAGEM DECOMBUSTÍVEIS. REGISTRO DA HABITUALIDADE/PERMANÊNCIA NOS PPP’s SE MOSTRA PRESCINDÍVEL.AUSÊNCIA DE OMISSÕES OU CONTRADIÇÕES. EMBARGOS REJEITADOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal alegando omissões e contradições em seu bojo,ao argumento de que, não obstante enquadramento da atividade no Decreto 53.831/1964, há necessidade de laudo pericialpara a comprovação do tempo especial, além da inexistência, no PPP, de qualquer informação acerca da habitualidade epermanência quanto à exposição do segurado aos agentes nocivos.

2. O acórdão embargado expressamente consigna que: “8. Deste modo, como até a véspera da entrada em vigor da Lei9.032/1995, ou seja, até 28/04/1995, bastava o enquadramento da atividade ou do agente nocivo nos Decretos 53.831/1964e 83.080/1979, a parte autora faz jus ao reconhecimento do período de 01/08/1977 a 28/04/1994 como tempo especial, porenquadramento no item 1.2.11 do Decreto 53.831/1964 (operações executadas com derivados tóxicos de carbono I.Hidrocarbonetos - gasolina e óleo diesel; e III. Álcoois – álcool etílico ou etanol).” Infere-se, a partir daí, que, no períodomencionado, o enquadramento nos decretos eram suficientes para comprovação da atividade insalubre, sendodesnecessária a sua comprovação mediante laudo pericial.

3. No que diz respeito ao PPP, o acórdão dispôs que: “9. Quanto ao interstício posterior, qual seja, de 29/04/1995 a19/06/2006, também deve ser caracterizado como tempo especial, na medida em que demonstrado documentalmente(PPP’s – Perfis Profissiográficos Previdenciários) que a parte autora laborou em posto de gasolina como frentista, nomanuseio de hidrocarbonetos aromáticos (gasolina, óleo diesel e álcool). 10. Observa-se que o Perfil ProfissiográficoPrevidenciário apresentado pela parte autora se reveste das características que o assemelham a laudo técnico, vez queconsta o registro no conselho de classe e nome do profissional que teria efetuado a avaliação ambiental e demaisinformações relativas ao período da atividade e agentes nocivos passíveis de caracterização de atividade nociva ouinsalubre para fins previdenciários (no caso, sujeição a hidrocarbonetos aromáticos) – faz referência, inclusive, à percepçãode adicional de 30% referente à periculosidade - razão pela qual devem ser tidos como tempo especial” e que a atividade defrentista deve ser considerada especial também em face de posicionamento uniformemente adotado pela jurisprudência nosentido de que “o serviço exercido na condição de frentista em posto de abastecimento de combustíveis deve sercomputado como especial, em face da sujeição aos riscos naturais da estocagem de combustível no local, o que representaindubitáveis situações de insalubridade e/ou periculosidade”. Além disso, no que se refere à habitualidade e permanência,

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consta do acórdão que: “(...) a simples existência de agente nocivo no local de trabalho ao qual o trabalhador esteja expostocomo dever inerente à sua função de tal forma que faça parte de sua rotina, é o suficiente para caracterizar atividade comrisco permanente. Dessa forma, a exposição a uma ou oito horas diárias aos agentes nocivos, pode se tornar irrelevantequando, pela natureza do risco e da atividade, tem o trabalhador que suportar a nocividade que é indissociável de suasatribuições”, hipótese dos autos.

4. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 258/267, a embargante/parteautora, não aponta, a rigor, nenhuma das hipóteses passíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismocom o provimento jurisdicional, o que deve ser manuseado pela via recursal própria.

5. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 de janeiro de 2015)

132 - 0000337-56.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000337-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x MARIZA MESSORES ANDRADE(DEF.PUB: NICOLAS BORTOLOTTI BORTOLON.) x OS MESMOS.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000337-56.2012.4.02.5050/01EMBARGANTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL E OUTRORELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. QUESTÕES APRECIADAS DE FORMA CLARA E OBJETIVA. A PARTE DISPOSITIVADO ACÓRDÃO É O DESFECHO DA DEMANDA, DEVENDO REFERIR APENAS O QUE FOR EVENTUALMENTEALTERADO NA SENTENÇA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. EMBARGOSREJEITADOS.

1. A parte autora opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão e obscuridade em seubojo, ao argumento de que a filha tenha ido residir provisoriamente com a mãe, não havendo, portanto, animus definitivo, e,ainda, em razão do fato de que a data do requerimento administrativo tenha sido anterior à alteração da Lei 12.435/2011. OINSS, por sua vez, aduz omissão e contradição no acórdão, diante da ausência de fixação da data da cessação dobenefício em sua parte dispositiva.

2. No acórdão embargado consta manifestação expressa acerca das questões ventiladas pela parte autora, in verbis: “13. Aparte autora alega em seu recurso, que a renda da filha não deverá ser computada, pois a mesma abandonoutemporariamente sua casa para morar provisoriamente com sua mãe. No entanto, após a Lei nº 12.435, de 6 de julho de2011, o conceito de família sofreu modificação. Nesse sentido, estipulou-se que ‘a família é composta pelo requerente, oscônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos eenteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto’. (grifos nossos) 14. Dessa forma,compulsando os autos, observo que, quando a filha passou a residir com a autora (novembro de 2011), a nova lei quealterou o conceito de família para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada já estava em vigor.Deste modo, a partir do momento em que a filha foi morar com a genitora passou também a fazer parte de seu grupofamiliar, devendo, portanto, sua renda ser computada. 15. De acordo com o relato social, a filha possui renda no montantede R$ 2.400,00, valor este que ultrapassa em muito o requisito legal.”

3. Em seus embargos declaratórios, o INSS aduz omissão e contradição no acórdão, conquanto não fixada a data dacessação do benefício em sua parte dispositiva.

4. A parte dispositiva do acórdão é o desfecho da demanda, nele se informando o que foi acolhido ou rejeitado no recursodas partes, e, por conseguinte, em que consistirá eventual alteração da sentença.

5. No caso examinado, a sentença estabeleceu, no que se referem às datas de início e cessação do benefício assistencialdevido a parte autora, o seguinte: “Posto isso, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO para fim de condenar oINSS à concessão do benefício assistencial em favor da parte autora no período de 11/05/2011 a 31/10/2011.” (sem grifosno original). No acórdão embargado, todavia, essa Turma Recursal, mantendo a data da cessação do benefício, qual seja,31/10/2011, conforme se infere do parágrafo 16, alterou a sentença quanto à data do início do benefício para 22/06/2011,dando, portanto, parcial provimento ao recurso da autarquia. Deste modo, descabida a repetição do termo final do benefícioconcedido na parte dispositiva do acórdão, conquanto nele já conste o que foi efetivamente modificado na sentença, ouseja, a data do início do benefício.

6. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontar

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clareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 63/83, a embargante/parteautora, além de ventilar questão diversa daquela narrada em sua peça inicial (revisão de RMI com aplicação do IRSM defevereiro de 1994, enquanto nos embargos defende a tese da desaposentação) não aponta, a rigor, nenhuma das hipótesespassíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismo com o provimento jurisdicional, o que deve sermanuseado pela via recursal própria.

7. Embargos de declaração da parte autora e do INSS rejeitados.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

133 - 0003642-19.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003642-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x VITALINO JUNIOR FILHO(ADVOGADO: ES004772 - ASTROGILDO ROSA OLIVEIRA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0003642-19.2010.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO DO ERRO MATERIAL EXISTENTE NA PARTE DISPOSITIVA DOJULGADO. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração em face do acórdão da Turma Recursal, requerendo seja sanado erro materialem sua parte dispositiva, no que se refere à DIB do benefício, equivocadamente fixada em 22.01.2010, em descompassocom a fundamentação do julgado.

2. De fato, no texto do acórdão embargado resta consignado que: “Considerando que o benefício de pensão da filha doautor não foi cessado indevidamente, mas sim, em virtude do fato de haver completado 21 (vinte e um) anos de idade (fls.12/13); considerando o entendimento ora adotado no sentido de que, na ausência do requerimento administrativo, e tendo aparte autora implementado todos os requisitos necessários à obtenção do benefício antes do ajuizamento da demanda,hipótese dos autos, a DIB deve ser fixada na data do ajuizamento da ação (art. 74, II, da Lei 8.213/1991) e; considerando,por fim, a observância ao princípio da “non reformatio in pejus”, fixo a DIB do benefício na data de 22/07/2010 (data doajuizamento da ação – fl. 01)” (grifo nosso). Não obstante, observo que em sua parte dispositiva foi fixada a DIB em22/01/2010, incorrendo essa Turma em flagrante erro material.

3. Embargos de declaração conhecidos e providos para corrigir o erro material apontado, e fazer constar na partedispositiva do acórdão de fls. 84/87, como DIB do benefício, a data de 22/07/2010 (data do ajuizamento da ação – fl. 01).

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

134 - 0000885-83.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000885-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x TARCILIA MARIA GARCIA (ADVOGADO: ES008958 -LILIAN BELISARIO DOS SANTOS.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000885-83.2009.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃODA SÚMULA 111 DO STJ. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissões e contradições em seu bojo,no que se refere à ausência de pronunciamento sobre a incidência, ou não, da Súmula 111 do STJ.

2. O entendimento expresso na Súmula 111 do STJ, a qual dispõe que “Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”, se coaduna com o posicionamentoconsolidado na jurisprudência pátria (TNU, PEDILEF 200871950056264, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, DOU

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01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. Juiz Federal Janílson Bezerra de Siqueira, DOU 13.07.2012), razão pela qualnão haveria necessidade de manifestação expressa no acórdão. De toda sorte, nada obstaria a que a autarquiaquestionasse o fato em sede de liquidação do julgado, caso incluídos nos cálculos dos honorários advocatícios verbasrelativas às prestações vencidas após a sentença. Todavia, a fim de evitar futuras discussões a este respeito em liquidação,e imprimir maior celeridade ao curso da presente demanda, acolho os embargos de declaração, para fazer constar noacórdão recorrido que a base de cálculo dos honorários advocatícios, a serem pagos pela autarquia federal, deverá serformada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentença proferida pelo Juízo a quo.

3. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos para acrescentar ao acórdão recorrido o seguinte trecho: “(...) Condenoo INSS em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995,observando-se, todavia, o disposto na Súmula 111 do STJ.”

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

135 - 0000580-85.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000580-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MALPHADA DE LAZARIGIACOMIN (ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Nº 0000580-85.2012.4.02.5054/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA.ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR. MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART.5º DA LEI 11.960/2009.

1. Trata-se de embargos declaratórios opostos em face do acórdão que o condenou a pagar atrasados, especificamentequanto aos critérios de correção monetária (INPC) e juros de mora na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal.

2. O STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração de inconstitucionalidade doSTF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária, determinando que ascondenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo a existência de leisespecíficas.

3. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

4. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

5. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

6. Embargos de declaração providos apenas para acrescentar as considerações acima ao acórdão embargado, a título deesclarecimento de dúvida (art. 48 da Lei 9.099/1995), mantidos os termos do acórdão embargado.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

136 - 0000700-11.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000700-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x IOLANDA NUNES LAGE (ADVOGADO: ES009217 - EWERTONMIRANDA TREGGIA, ES009448 - ANGELA NUNES LAGE.).RECURSO N. 0000700-11.2010.4.02.5051/01

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RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDA: IOLANDA NUNES LAGERELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. SENTENÇA QUE EXCLUIU A APLICAÇÃO DOREFERIDO DISPOSITIVO LEGAL NO PERÍODO ENTRE A CITAÇÃO E 30/06/2009. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.APLICAÇÃO DO ENUNCIADO 97 DO FONAJEF. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. A União opôs embargos de declaração (fls. 97/98), alegando que o acórdão embargado estaria eivado de contradição,uma vez que, ao adotar o entendimento de que os juros de mora serão aplicados a partir da citação no percentual previstono art. 1º F da Lei 9.494/1997, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009, acabou por afastar a imposição dejuros de mora de 1% a.m contido na sentença, não justificando, portanto, a sua condenação em honorários advocatícios,eis que foi provido.

2. A sentença de fls. 77/79 dispôs da seguinte forma: “(...) sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária,desde a data do vencimento de cada parcela, cujo indexador deverá ser o IPCA-E, bem como juros moratórios, à razão de1º ao mês, desde a data da citação, até 30/06/2009 e, a partir de 1º/07/2009, no mesmo percentual de juros incidentessobre a caderneta de poupança”. O recurso inominado ajuizado pela União Federal pleiteou a aplicação do Manual deCálculos da Justiça Federal, o qual fixa os juros em 0,5% ao mês desde agosto de 2001 até junho de 2009.3. O acórdão embargado expressamente consignou que “8. Considerando que os juros serão aplicados a partir da citação,e que a citação somente ocorreu em maio de 2010 (fl. 52), por certo que os juros aplicados à hipótese serão os do art. 1º-F, da Lei 9.494/1994, com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009”.4. Deste modo, verifica-se que, de fato, há que ser aplicado o disposto no art. 1º F da Lei 9.494/1997, com as alteraçõespromovidas pela Lei 11.960/2009, conforme consta da peça contestatória às fls. 65 e dos cálculos que a acompanham (fls.69/74), não havendo fundamento a peça recursal no que se refere a juros de 0,5% ao mês.

5. Em vista do exposto, acolho os presentes embargos de declaração, devendo o acórdão de fls. 92/94, em seu item 9, serintegrado com o seguinte trecho: “Recurso conhecido e parcialmente provido. Sem condenação em custas. Semcondenação em honorários advocatícios, ante o provimento parcial do recurso, na forma do Enunciado 97 do FONAJEF.”

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

137 - 0003463-51.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003463-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x ILDA MARIA ARAUJO (ADVOGADO:ES006550 - VALTER JOSÉ COVRE.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0003463-51.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO EM CONSONÂNCIA COM ODISPOSTO NO ART. 55 DA LEI 9.099/1995. APLICAÇÃO DA SÚMULA 111 DO STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA DASCONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR.MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº 8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-FDA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. EMBARGOS ACOLHIDOSPARCIALMENTE.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissões e contradições em seu bojo,no que se refere à base de cálculo adotada para fins de cálculos de honorários advocatícios, os quais não poderiam incidirsobre o valor total da condenação, mas sim um valor fixado conforme parâmetros dos §§ 3º e 4º do CPC; bem assimacerca da ausência de pronunciamento sobre a incidência, ou não, da Súmula 111 do STJ e que os critérios de juros ecorreção utilizados, ao determinar que a aplicação do INPC a título de correção monetária, teria ido de encontro à posiçãodo STF no julgamento das ADIs 4357 e 4425, que dispõem que o índice de correção monetária seria fixado pelo PretórioExcelso em momento superveniente, quando da análise da modulação dos efeitos. Sem contrarrazões.

2. A condenação em honorários advocatícios tal qual fixado no acórdão embargado encontra-se em consonância com opercentual estabelecido no art. 55 da lei 9.099/1995, não havendo que se falar em omissão ou contradição.

3. No que tange à aplicação da Súmula 111 do STJ, a qual dispõe que “Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”, importa registrar que o referido enunciado se

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coaduna com o entendimento consolidado na jurisprudência pátria (TNU, PEDILEF 200871950056264, Rel. Juiz FederalAdel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. Juiz Federal Janílson Bezerra de Siqueira,DOU 13.07.2012), razão pela qual não haveria necessidade de manifestação expressa no acórdão. De toda sorte, nadaobstaria a que a autarquia questionasse o fato em sede de liquidação do julgado, caso incluídos nos cálculos doshonorários advocatícios verbas relativas às prestações vencidas após a sentença. Todavia, a fim de evitar futurasdiscussões a este respeito em liquidação, e imprimir maior celeridade ao curso da presente demanda, acolho os embargosde declaração neste pormenor, para fazer constar no acórdão recorrido que a base de cálculo dos honorários advocatícios,a serem pagos pela autarquia federal, deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentençaproferida pelo Juízo a quo.

4. No mais, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração deinconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária,determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas.

5. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

6. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

7. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

8. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente acolhidos tão-somente para acrescentar ao acórdão recorrido oseguinte trecho: “(...) Condeno a parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% do valor dacondenação (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995), observando-se, todavia, o disposto na Súmula 111 do STJ.”

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

138 - 0006123-18.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006123-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NILTON LIMA DONASCIMENTO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0006123-18.2011.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS DE AUXÍLIO-DOENÇA. MESMO FATO GERADOR:INCAPACITAÇÃO PARA O TRABALHO. IMPOSSIBILIDADE. OMISSÃO EVIDENCIADA. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissão em seu bojo, no que se refereà compensação dos valores recebidos pela parte autora, a título de auxílio-doença, no ano de 2013 (18/07 a 18/08/2013).Em contrarrazões aos embargos (fls. 134/137), a parte autora sustenta que a percepção do auxílio-doença no ano de 2013disse respeito à enfermidade diversa (nestes autos, o auxílio-doença relaciona-se à esquizofrenia e problemas ortopédicos,conquanto o benefício recebido em 2013 é decorrente de apendicite aguda – K35.9).

2. Embora não haja proibição de acumulação expressamente no artigo 124 da lei 8213, de 24 de julho de 1991, o artigo 59caput da mesma lei é claro quanto ao fato gerador do direito ao benefício: a incapacitação para o trabalho, ainda quecausada por múltiplas doenças e agravos. O direito não é obtido pela ocorrência de uma doença, mas de incapacidade parao trabalho gerada por uma ou mais doenças ou agravos à saúde, inclusive acidentes. Só ocorre no tempo uma únicaincapacidade para o trabalho. Ninguém fica incapaz mais de uma vez para o trabalho num mesmo período de tempo, aindaque a incapacidade única tenha diversas causas.

3. Hipótese em que, de fato, o acórdão embargado não excluiu do cômputo dos valores devidos a parte autora o montantepor ela já recebido a título de auxílio-doença no interstício de 18/07 a 18/08/2013, o que evidencia omissão, passível de sersanada por meio dos presentes embargos, na forma do art. 535 do CPC.

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4. Embargos de declaração conhecidos e acolhidos, devendo o acórdão de fls. 113/115 ser integrado com o seguintetrecho: “(...), conheço e dou provimento ao recurso do autor para, modificando a sentença, julgar procedente o pedido erestabelecer o benefício de auxilio doença, com DIB em 13/08/2011 (data posterior à cessação do último benefício deauxílio-doença recebido por motivo de doença mental), devendo ser excluído do cômputo das parcelas atrasadas osperíodos de 30/09/2011 a 30/03/2012 (período em que a parte autora gozou do benefício de auxílio-doença em razão decirurgia), e de 18/07 a 18/08/2013 (interstício em que recebeu auxílio-doença em virtude de apendicite aguda – K 35.9),(...)”.

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

139 - 0000249-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000249-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ANTÔNIO MARCOS ALVES(ADVOGADO: ES018088 - MARÍLIA SCHMITZ, ES018087 - RAUL ANTONIO SCHMITZ.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 00000249-81.2013.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE CÁLCULO EM CONSONÂNCIA COM ODISPOSTO NO ART. 55 DA LEI 9.099/1995. APLICAÇÃO DA SÚMULA 111 DO STJ. CORREÇÃO MONETÁRIA DASCONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA. ADI 4.357. INCONSTITUCIONALIDADE DO EMPREGO DA TR.MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA. ART. 41-A DA LEI Nº 8.213/91. JUROS DE MORA FIXADOS NA FORMA DO ART. 1º-FDA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. EMBARGOS ACOLHIDOSPARCIALMENTE.

1. O INSS opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando omissões e contradições em seu bojo,no que se refere à base de cálculo adotada para fins de cálculos de honorários advocatícios, os quais não poderiam incidirsobre o valor total da condenação, mas sim um valor fixado conforme parâmetros dos §§ 3º e 4º do CPC; bem assimacerca da ausência de pronunciamento sobre a incidência, ou não, da Súmula 111 do STJ e que os critérios de juros ecorreção utilizados, ao determinar que a aplicação do INPC a título de correção monetária, teria ido de encontro à posiçãodo STF no julgamento das ADIs 4357 e 4425, que dispõem que o índice de correção monetária seria fixado pelo PretórioExcelso em momento superveniente, quando da análise da modulação dos efeitos. Sem contrarrazões.

2. A condenação em honorários advocatícios tal qual fixado no acórdão embargado encontra-se em consonância com opercentual estabelecido no art. 55 da lei 9.099/1995, não havendo que se falar em omissão ou contradição.

3. No que tange à aplicação da Súmula 111 do STJ, a qual dispõe que “Os honorários advocatícios, nas açõesprevidenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”, importa registrar que o referido enunciado secoaduna com o entendimento consolidado na jurisprudência pátria (TNU, PEDILEF 200871950056264, Rel. Juiz FederalAdel Américo de Oliveira, DOU 01.03.2013; PEDILEF 200563010231617, Rel. Juiz Federal Janílson Bezerra de Siqueira,DOU 13.07.2012), razão pela qual não haveria necessidade de manifestação expressa no acórdão. De toda sorte, nadaobstaria a que a autarquia questionasse o fato em sede de liquidação do julgado, caso incluídos nos cálculos doshonorários advocatícios verbas relativas às prestações vencidas após a sentença. Todavia, a fim de evitar futurasdiscussões a este respeito em liquidação, e imprimir maior celeridade ao curso da presente demanda, acolho os embargosde declaração neste pormenor, para fazer constar no acórdão recorrido que a base de cálculo dos honorários advocatícios,a serem pagos pela autarquia federal, deverá ser formada pelas prestações vencidas até a data da prolação da sentençaproferida pelo Juízo a quo.

4. No mais, o STJ decidiu, no REsp 1.270.439, sob o regime do artigo 543-C do CPC, que a declaração deinconstitucionalidade do STF na ADI 4.357 se referiu tão-somente à utilização da TR como critério de correção monetária,determinando que as condenações da Fazenda Pública passassem a ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas.

5. O STF, a seu turno, reafirma que a determinação do Exmo. Rel. Min. Luiz Fux nos autos da ADI 4.425, quanto àcontinuidade de pagamento de precatórios pelos critérios do § 12º do artigo 100 da Carta da República, na redação dadapela EC 62/2009 (Reclamações 17.012, Rcl 16.982 e Rcl 17.200), dirige-se apenas aos presidentes dos Tribunais ematividade administrativa de pagamento de precatórios.

6. Quanto aos juros de mora, reconhece-se a constitucionalidade do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, na redação dada pelaLei nº 11.960/2009. Entendimento firme da 1ª e 2ª Turmas Recursais do Espírito Santo no sentido da inconstitucionalidadeda TR para atualização monetária e aplicação do Manual de Cálculos da Justiça Federal quanto aos juros. Hipótese emque é cabível a correção pelo INPC (art. 41-A da Lei 8.213/1991).

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7. Inexistente hipótese de controvérsia ou determinação a justificar a suspensão de quaisquer processos que importemcondenação pecuniária ao INSS. O artigo 97 da CF/1988 não se coaduna com o sistema recursal dos Juizados EspeciaisFederais.

8. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente acolhidos tão-somente para acrescentar ao acórdão recorrido oseguinte trecho: “(...) Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995, observando-se, todavia, o disposto na Súmula 111 do STJ.”

É como voto.

ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

140 - 0007385-08.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007385-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE EDSON AYRES DEALMEIDA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVODE RESENDE RAPOSO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0007385-08.2008.4.02.5050/01EMBARGANTE: JOSE EDSON AYRES DE ALMEIDARELATORA: JUÍZA FEDERAL ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. VEICULAÇÃO DE MATÉRIA DIVERSA DO OBJETO DA AÇÃO.QUESTÃO APRECIADA DE FORMA CLARA E OBJETIVA. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. A parte autora opôs Embargos de Declaração ao acórdão da Turma Recursal, alegando contradição em seu bojo, aoargumento de que a manifestação tenha se dado sob objeto distinto do da demanda principal (aduz que o que se pretendiaera a repetição de indébito de valor pago a título de imposto de renda incidente sobre a sua complementação deaposentadoria por plano de previdência privada, correspondente às contribuições pagas no período de 01/01/1989 a31/12/1995).

2. Ao contrário do que alega a parte embargante, o pedido veiculado nesta demanda diz respeito à incidência de imposto derenda sobre verbas recebidas a título de rescisão de contrato de trabalho, conforme se infere da petição de fls. 05/09, o quefoi efetivamente analisado por esta Turma Recursal no acórdão embargado (fls. 71/72).

3. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, obscuridades (apontarclareza) ou retificar eventuais contradições existentes na decisão recorrida. Na petição de fls. 75/77, a embargante/parteautora, além de ventilar questão diversa daquela narrada em sua peça inicial, não aponta, a rigor, nenhuma das hipótesespassíveis de embargos de declaração, tratando-se de inconformismo com o provimento jurisdicional, o que deve sermanuseado pela via recursal própria.

4. Embargos de declaração rejeitados.

É como voto.ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal(Conf. Ato Conjunto nº TRF2-ATC-2015/00026 de 23 janeiro de 2015)

Acolher os embargosTotal 8 : Dar parcial provimentoTotal 23 : Dar provimentoTotal 19 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Negar provimentoTotal 72 : Rejeitar os embargosTotal 13 :