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PARTES E PROCURADORES.

PARTES E PROCURADORES.. Capacidade de ser parte – Todas as pessoas, sem exceção, têm capacidade de ser parte, porque são titulares de direitos e obrigações

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PARTES E PROCURADORES.

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• Capacidade de ser parte– Todas as pessoas, sem exceção, têm capacidade de ser parte,

porque são titulares de direitos e obrigações na ordem civil. A regra abrange as pessoas naturais ou físicas, e as jurídicas, de direito público ou privado. O art. 12, do CPC trata da representação das pessoas jurídicas e dos entes despersonalizados, que têm capacidade de ser parte. A União será representada pela Advocacia Geral da União, na forma do art. 21, da Lei n. 9.028/95. Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores, e o Município, pelo Prefeito ou por seu procurador. As pessoas jurídicas de direito privado são representadas por quem os seus estatutos designarem, e, em caso de omissão, pelos seus diretores. As pessoas jurídicas estrangeiras serão representadas, na forma do inc. VIII do art. 12, do CPC, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil. Presume-se que ele esteja autorizado a receber citação inicial em todos os tipos de processo (CPC, art. 12, § 3º).

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– Entes despersonalizados– a) Massa falida: que consiste na universalidade de bens e

interesses deixados pela empresa que teve a falência decretada, será representada em juízo pelo administrador judicial.

– b) Espólio: que consiste na universalidade de bens, direitos e obrigações deixada por aquele que faleceu, com herdeiros necessários ou testamentários conhecidos.

– c) herança jacente e vacante: é o conjunto de bens, direitos e obrigações, deixado por aquele que faleceu sem herdeiros conhecidos. Se ninguém aparecer no prazo de um ano, a herança até então jacente será declarada vacante. E, se após cinco anos da abertura da sucessão, nenhum herdeiro se apresentar, os bens passarão ao Município.

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• d) Condomínio: apenas o condomínio em edifícios tem capacidade processual, não o tradicional. A diferença entre eles é que apenas o primeiro tem áreas comuns e exclusivas; no segundo, o bem pertence a todos os coproprietários. O condomínio em edifícios é representado em juízo pelo síndico ou pelo administrador (art. 22, § 1º, da Lei n. 4.591/64). A personalidade processual do condomínio se restringe àquelas demandas que versem sobre os interesses da coletividade, como, por exemplo, as relacionadas às áreas comuns; as áreas privativas devem ser defendidos pelos respectivos titulares, e não pelo condomínio.

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• e) Sociedade sem personalidade jurídica: para que possa adquirir personalidade jurídica, é preciso que a sociedade seja constituída na forma da lei, e que sejam respeitadas todas as formalidades impostas. Mas o CPC atribui personalidade processual até mesmo àquelas sociedades que não chegaram a adquirir personalidade jurídica, desde que exista um começo de prova da sua existência. A lei processual entendeu conveniente atribuir personalidade processual, para a postulação ou defesa de interesses relativos ao patrimônio de tal sociedade. Em juízo, ela será representadas pela pessoa a quem caiba a administração de seus bens.

• f) Nascituro: é aquele que, conquanto já concebido, ainda não nasceu

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• Capacidade processual – Dentre as pessoas físicas, nem todas terão capacidade

processual, a aptidão para estar em juízo pessoalmente. O art. 7º do CPC a atribui apenas àquelas pessoas que se acham no exercício dos seus direitos, que, de acordo com a lei civil, têm a chamada capacidade de fato ou exercício. Em outras palavras, às pessoas capazes. Os incapazes civis serão também incapazes de, por si só, estar em juízo, havendo a necessidade de que sejam representados ou assistidos, na forma da lei civil.

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• Representação e assistência – O art. 8º do CPC determina que os incapazes, no processo, serão

representados ou assistidos por pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Se a incapacidade é absoluta, há necessidade de representação; se relativa, de assistência. Para saber quem é o representante ou assistente, é preciso identificar o tipo de incapacidade: se proveniente da menoridade, os incapazes serão representados pelos pais. Se casados, por qualquer um deles; se não, por aquele que detenha a guarda; se ela for compartilhada, por qualquer um. Se o incapaz não está sob poder familiar, porque os pais faleceram ou deles foram destituídos, haverá nomeação de um tutor, que passará a representá-lo ou assisti-lo. O tutor serve apenas ao incapaz por menoridade.

– Se a incapacidade provém de outras causas, como de enfermidade ou doença mental, desenvolvimento mental incompleto, uso de tóxicos ou prodigalidade, haverá interdição e nomeação de um curador, que passará a representar ou assistir o incapaz.

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• Curador Especial – O curador especial é figura que pode ter várias funções no

processo, todas elas relacionadas, em maior ou menor grau, à necessidade de reequilibrá-lo, assegurando o respeito ao princípio constitucional da isonomia; ou de garantir o direito de defesa àqueles que, por qualquer razão, possam ter dificuldade em exercê-lo, fazendo valer o princípio do contraditório.

– O art. 9º, do CPC enumera quais são essas funções, que têm diferentes naturezas. Algumas vezes o curador especial atuará como representante legal do incapaz que esteja provisoriamente privado de um representante definitivo. Outras, a sua função não será propriamente a de representar ou assistir o incapaz, mas assegurar o direito de defesa ao réu preso ou àquele que foi citado fictamente.

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• Curador especial dos incapazes – Às vezes, durante algum tempo, o incapaz fica privado de representante

legal, porque o anterior faleceu e não houve tempo hábil para a nomeação de outro, ou por qualquer outra razão. Se houver necessidade de ele participar de um processo, a ele será dado curador especial. Se a incapacidade for absoluta, o curador especial o representará; se for relativa, o assistirá.

– Ele não se tornará o representante definitivo do incapaz, uma vez que sua atuação se restringirá ao processo em que foi nomeado, até que haja a definitiva nomeação do novo representante. Por exemplo, se falecerem os pais, tutor ou curador do incapaz, a ele será dado curador especial, que o representará no processo até que haja a nomeação do tutor ou curador. Então, o curador especial deixará de atuar, já que a sua participação só é necessária enquanto o incapaz não tem representante.

– Também haverá necessidade de nomeação quando o incapaz tiver representante legal, mas houver de figurar em processo em que os seus interesses coincidam com os daquele. O incapaz será representado pelo curador especial no processo, embora nos demais atos da vida civil e em outros processos, continue sendo pelo representante originário.

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• Curador especial do réu preso – Ele atuará inexoravelmente no polo passivo, em favor do réu preso,

mas não como seu representante legal. O réu preso é, em regra, pessoa capaz, que não precisa de alguém que o represente ou assista. A preocupação do legislador é de que ele, em razão da prisão, não tenha condições de se defender adequadamente pois, privado de liberdade, talvez não possa contratar advogado, nem diligenciar para colher os elementos necessários para a defesa de seus interesses.

– Por isso, como forma de assegurar a plenitude do contraditório, a lei determina que lhe seja dado curador especial, cuja não é de representar, mas de defender o réu. Uma interpretação teleológica faz concluir que não haverá necessidade se o réu cumprir pena em regime de prisão que não traga empecilho ao direito de defesa, como o aberto em prisão domiciliar. Mas, se ficar evidenciado que, mesmo nesse regime, haverá prejuízo, a nomeação do curador far-se-á indispensável.

– Se o réu constituiu advogado e defendeu-se adequadamente, desnecessária a nomeação.

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• Curador especial do réu citado fictamente – A mais comum das hipóteses de nomeação de curador especial é em favor do

réu revel citado fictamente, por edital ou com hora certa. – Sua função não é a de representar o réu, que pode ser pessoa maior e capaz,

mas assegurar-lhe o direito de defesa, uma vez que, sendo ficta a citação, não se tem certeza se a revelia do réu decorre de ele não querer se defender, ou de não ter tomado conhecimento do processo.

– Sua função será defender o réu, apresentando contestação. Esta é oferecida, portanto, depois de já ter se encerrado o prazo originário de contestação. O curador especial é obrigado a apresentá-la, mesmo que não tenha elementos para o fazer. Seu prazo é impróprio: se não cumprir a tarefa, será substituído e sofrerá sanções administrativas, mas não haverá preclusão. Cumpre-lhe alegar o que for possível em favor do réu. Como, em regra, ele não tem contato com o réu, pode não ter elementos para defendê-lo. Por isso, a lei inclui esse como um dos casos em que pode haver contestação por negativa geral (CPC, art. 302, parágrafo único). Em regra, cumpre ao réu apresentar impugnação específica dos fatos narrados na inicial, sob pena de presumirem-se verdadeiros os não contrariados. Mas a contestação por negativa geral obriga o autor a provar os fatos alegados, mesmo não havendo impugnação específica. Ela afasta a presunção de veracidade, decorrente da revelia.

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• Curador especial em favor do idoso – Além das hipóteses do CPC, é possível que leis

especiais determinem a nomea- ção de curador especial, em outros casos. Um exemplo é dado pela Lei n. 8.842/94: quando a parte ou interveniente for um idoso (maior de sessenta anos) e, em virtude disso, não possua mais condições de conduzir adequadamente seus negócios, nem de gerir os seus interesses, ser-lhe-á nomeado curador especial, cuja função não é representá-lo, uma vez que ele pode não ter sido interditado e, mesmo que o tenha sido, poderá ter curador que o represente. Mas a de fiscalizar se os interesses do idoso estão sendo adequadamente protegidos e defendidos. Só haverá a necessidade de nomeação se o idoso estiver em situação de risco.

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• Poderes do curador especial – É preciso distinguir quando o curador especial funciona como representante

legal da parte ou interveniente, como no caso dos incapazes sem representante legal, de quando ele atua como defensor do réu, que está preso ou foi citado fictamente.

– No primeiro caso, ele terá os poderes inerentes ao representante legal, restritos ao processo em que foi nomeado.

– No segundo, terá de apresentar contestação em favor do réu. E poderá valer-se de outras formas de resposta como as exceções rituais — de incompetência relativa, impedimento ou suspeição — ou impugnação ao valor da causa.

– Não será possível ao curador especial ajuizar reconvenção, porque a sua função é de garantir ao réu o direito de defesa, o contraditório, e a reconvenção não é mecanismo de defesa, mas de contra-ataque, de que ele se vale para formular pedidos contra o autor. Pela mesma razão, o curador especial não poderá valer-se da ação declaratória incidental ou provocar intervenção de terceiros, como a denunciação da lide e o chamamento ao processo.

– Em compensação, poderá requerer todas as provas que entenda necessárias à defesa do réu e apresentar os recursos cabíveis, razão pela qual deverá ser intimado de todos as decisões proferidas.

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• Curador especial em execução – Há controvérsia a respeito, mas dada a natureza de

ação autônoma dos embargos, não se há de admitir que possam estar fundamentados em negativa geral. Por isso, a posição do curador especial é: se tiver elementos, deverá apresentar os embargos; mas se não os tiver, não deve apresentá-los, por negativa geral, mas apenas acompanhar o processo, postulando e defendendo os interesses do executado, depois de informar ao juízo da falta de elementos.

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• Curador especial na ação monitória – Também na ação monitória, ao réu revel citado

fictamente deverá ser nomeado curador especial. Mas ele é obrigado a apresentar embargos em favor do réu, ainda que não tenha elementos para tanto? Toda a dificuldade está em decidir se a defesa nas ações monitórias tem natureza de contestação — caso em que haverá tal obrigatoriedade; ou se tem natureza de ação autônoma — verdadeiros embargos — hipótese em que o seu oferecimento pelo curador especial só caberá se ele tiver algo a alegar.

– Tal defesa tem natureza de contestação, razão pela qual deverá ser apresentada pelo curador especial, ainda que por negativa geral.

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• Exercício da função de curador especial – A curadoria especial é função institucional da

Defensoria Pública, nos termos da Lei Complementar n. 80/94, art. 4º, IV.

– Onde a defensoria não tiver sido instituída, a função caberá à Procuradoria Geral do Estado e entidades a ela conveniadas.

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• O curador especial e a nulidade – Se ele for representante legal da parte ou do

interveniente, como no caso dos incapazes, a falta de nomeação implicará a ausência de um dos pressupostos processuais de validade do processo, a capacidade processual. Disso advirá a nulidade do processo, que autoriza o ajuizamento de ação rescisória.

– Se ele for nomeado para defender o réu preso ou citado fictamente, haverá nulidade desde que haja prejuízo ao réu. Não se decretará a nulidade se ele não sofrer prejuízo, isto é, se o resultado lhe for favorável.

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POLO ATIVO POLO PASSIVO

Ações que versem sobre direitos reais em bens imóveis

Para propor ações reais imobiliárias, as pessoas casadas precisam trazer outorga uxória ou marital. Se a ação versar sobre imóvel que pertence a apenas um, só esse será autor, trazendo a outorga do outro cônjuge, salvo regime da separação absoluta de bens ou de participação nos aquestos, com pacto de livre disposição dos imóveis particulares. Se o imóvel pertencer a ambos, em princípio haverá litisconsórcio necessário. Mas, se a ação for possessória ou reivindicatória, haverá duas opções: que seja proposta por ambos, em litisconsórcio facultativo, ou só por um deles, com a outorga do outro

No polo passivo das ações reais imobiliárias, se o réu for casado, haverá necessidade de citação de ambos os cônjuges em litisconsórcio necessário, sendo irrelevante que só um deles seja responsável pelo ato que ensejou a propositura da demanda, salvo se o regime for o da separação absoluta de bens ou de participação nos aquestos, com pacto de livre disposição dos bens imóveis particulares. Se houver dúvida se o réu é ou não casado, e em qual regime de bens, o autor incluirá o cônjuge no polo passivo, cabendo a este requerer a exclusão, provando que o regime é o da separação absoluta ou de participação nos aquestos, com pacto de livre disposição

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• Regularização da capacidade processual e da representação processual – Se o juiz verificar que há irregularidade na capacidade

processual ou na representação processual, deve fixar prazo razoável para que o vício seja sanado (CPC, art. 13). Se o vício dizia respeito ao autor, e não foi sanado, o processo será julgado extinto, sem resolução de mérito; se ao réu, o juiz o reputará revel; e se ao terceiro, determinará a sua exclusão. Discute-se se a pessoa jurídica necessita juntar com a procuração, os seus atos constitutivos, para demonstrar que a pessoa que a assinou teria poderes para fazê-lo. A jurisprudência orienta-se pela desnecessidade, salvo se a parte contrária apresentar impugnação fundada, que traga dúvidas ao juiz sobre a validade da representação.

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SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL (LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA) – CPC, ART. 6ºGeneralidadesOcorre substituição processual quando a lei autoriza que uma pessoa vá a juízo, em nome próprio, para postular ou defender direito alheio. Exemplo: “A” propõe uma ação contra “B”, para defender direito de “C”.Trata-se da legitimidade extraordinária. Sobre o assunto, é importante lembrar que quando o direito material defendido na ação é exercitado pelo próprio titular, estamos diante da “legitimação ordinária”. E quando o direito material defendido na ação é exercitado por outra pessoa autorizada por lei, estamos diante da “legitimação extraordinária”

Em regra, a titularidade da ação vincula-se à titularidade do pretendido direito material subjetivo, envolvido na lide (CPC, art. 6º). Mas mesmo nos casos de substituição processual, existe um interesse conexo entre a parte processual e a parte material

Legitimaçãoordinária O autor da ação é o titular do direito material violado

Legitimaçãoextraordinária(ou anômala)

Quando a lei permite que terceiro venha a juízo tutelar direito de outrem. Legitimação extraordinária = substituição processual (o substituto age na defesa de interesse que não lhe pertence

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Exemplos de cabimento da substituição processual

01 Ministério Público quando propõe ações coletivas (ação civil pública e mandado de segurança coletivo), para defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.

02 Associação ou sindicato pode demandar em defesa do direito de seus membros

03 Mandado de segurança coletivo proposto pela OAB com o objetivo de garantir direito líquido e certo dos advogados. A parte material são os associados da entidade, e a parte processual é a OAB

04 Ministério Público nas ações civis de reparação de dano ex delicto quanto o titular do direito à indenização for pobre (CPP, art. 68)

05Ministério Público e outras pessoas elencadas no art. 5º da Lei n. 7.347/85 têm legitimidade para propor, em nome próprio, ação visando a tutela de direitos relativos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico

06 Ministério Público é legitimado a propor ação de investigação de paternidade regulada pela Lei n. 8.560/92

07

Quando a parte, na pendência do processo, aliena a coisa litigiosa ou cede o direito pleiteado em juízo. Embora o alienante deixe de ser o sujeito material da lide, continua a figurar na relação processual como parte (sujeito do processo), agindo em nome próprio, mas na defesa do direito material de terceiro (o adquirente). Neste caso, passa a ser substituto processual. CPC, art. 42. Atenção: se o adquirente substituir o alienante ou cedente com consentimento da outra parte, ocorrerá substituição de parte (ou sucessão processual), e não substituição processual

08 Por força do Código Civil, art. 1.314, caput, cada condômino pode ir a juízo sozinho para defender a coisa toda (a sua parte por legitimação ordinária, e a parte do outro por legitimação extraordinária)

09 A parte que aliena, durante o processo, o bem litigioso, e continua a defendê-lo em juízo, no interesse do novo proprietário

10 Ministério Público que ajuíza ação para a defesa dos interesses de menor contra os próprios pais (caso de violência doméstica)

  

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 Substituição

De parte(ou sucessão processual) 

Ocorre alteração nos polos subjetivos do processo, ou seja, o autor ou réu, que era “A”, passa a ser “B”

ProcessualNão existe alteração quanto aos sujeitos do processo, mas simplesmente uma parte vai a juízo (como autora ou ré) defendendo interesse de terceiro

Diferença entre “substituição processual” e “substituição da parte”

É importante destacar que substituição processual não pode ser confundida com substituição de parte (ou sucessão processual).Substituição da parte, ou sucessão processual, ocorre quando alguém passa a ocupar, sucessivamente no tempo, o lugar de outra pessoa. Ou seja, substituição da parte = sucessão processual. O sucessor atua em nome próprio por um direito que lhe é próprio. Na sucessão, o sucessor ingressa na relação processual como sujeito de relação jurídica de que se tornou titular, ao passo que, na substituição processual, o substituto sempre atua na defesa de direito alheio, embora em nome próprio.

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SUBSTITUIÇÃO DA PARTE (OU SUCESSÃO PROCESSUAL)IntroduçãoOcorre substituição da parte, também chamada de sucessão processual, quando um dos litigantes sai do processo, e outro entra em seu lugar, o que pode ocorrer tanto no polo ativo quanto no passivo. A substituição voluntária das partes só pode ocorrer nos casos expressos em lei (CPC, art. 41).A propósito, “com o processo já em curso, não é mais possível alterar os polos da relação processual, senão em circunstâncias excepcionais, com expressa autorização legal. Um processo está em curso desde o momento em que há litispendência. Nos termos do CPC, art. 219, é a citação válida que induz litispendência. Desde então até a final satisfação do direito, o que engloba todo o processo de conhecimento e eventual processo de execução subsequente, não poderá haver substituição da parte, senão em circunstâncias excepcionais”

Exemplos de cabimento da substituição da parte (ou sucessão processual)

01 Herdeiro que passa a ser o novo autor ou o novo réu, na ação em que ocorreu o falecimento do litigante originário

02Ações de DPVAT, quando determinada seguradora é ré (Sul América Seguros, Itaú Seguros, MAPFRE seguros etc.) é substituída no processo pela “Seguradora Líder”

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Alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos (CPC, art. 42)

Antes de ser realizada a citação do réu, o autor pode requerer a substituição da parte sem qualquer complicação. Depois da citação, só com autorização legal, como ocorre na hipótese do art. 42, § 1º, do CPC, onde a alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes, onde o adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária. Portanto são necessários 3 (três) consentimentos: do alienante, do adquirente e da parte contrária.Esta foi uma forma do legislador conciliar a possibilidade de alienação da coisa com a necessidade de estabilização da demanda, e “com isso, passou a existir um descompasso entre o aspecto material e o processual: as alienações da coisa litigiosa são válidas, mas não alteram a legitimidade entre as partes originárias. Imagine-se, por exemplo, uma ação reivindicatória em que o autor busca reaver um bem que entende ser de sua propriedade, mas que está em mãos do réu. Assim que ele for citado, a coisa torna-se litigiosa, mas o réu poderá vendê-la a terceiros, caso em que a ação continuará correndo entre as partes originárias, salvo se o alienante, o adquirente e a parte contrária concordarem em que haja alteração do polo passivo. Do contrário, o processo continuará a correr contra o réu originário, que já se desfez do bem. Vê-se aqui o descompasso: o alienante continua réu, embora já não lhe pertença o bem ou direito. Estará em juízo em nome próprio, mas defendendo direito alheio, em legitimação extraordinária”

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Nesta hipótese, quando foi proposta ação, o réu era legitimado ordinário, porque era proprietário do bem, mas uma vez que o vendeu a terceiro, passou a ser substituto processual, uma vez que passará a defender o bem em juízo (que já é de terceiro) em nome próprio. Independente disso, o adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo como assistente litisconsorcial, assistindo o alienante ou o cedente (CPC, art. 42, § 2º). Além disso, a sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário (CPC, art. 42, § 3º).“Em síntese: a alienação de coisa litigiosa é permitida. Se houver concordância de todos os envolvidos, far-se-á a substituição voluntária do alienante pelo adquirente. Para tanto, é preciso a anuência de ambos e da parte contrária. Se não houver consenso, permanecerão as partes originárias. O alienante, que já transferiu o bem, será legitimado extraordinário para defendê-lo em juízo, podendo o adquirente auxiliá-lo na condição de assistente litisconsorcial. Entretanto, intervindo ou não, ele será atingido pela coisa julgada e pelos efeitos da sentença, por ter adquirido coisa litigiosa. Além disso, o CPC, art. 593, I, considera em fraude de execução a alienação ou oneração de bens quando sobre eles pender ação fundada em direito real, o que mostra que a alienação será ineficaz perante a parte contrária, caso contrarie os seus direitos. Não será nula, nem anulável, mas ineficaz perante o adversário, se a ele for reconhecido o direito sobre a coisa. Se tal direito for reconhecido ao próprio alienante, ela valerá e será eficaz”.Cabe também salientar que a alienação da coisa a que faz alusão o art. 42 do CPC é aquela realizada por instrumento particular, por ato entre vivos.

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Morte de qualquer das partes (CPC, art. 43)Ocorrendo a morte de qualquer das partes, que deve ser comprovada mediante a juntada da certidão de óbito aos autos, ocorrerá a substituição da parte falecida (de cujus) pelo seu espólio ou pelos seus sucessores (CPC, art. 43), com suspensão do processo na forma do art. 265, I, do CPC.Quando a pessoa morre, é substituída no processo (daí falar-se em substituição da parte, ou sucessão processual) pelo espólio, e se este se extinguir antes do final da lide, os herdeiros é que irão integrar a relação processual.Importante salientar que nas ações que não possuem caráter patrimonial, como as ações de investigação de paternidade, o falecido (de cujus) será sucedido diretamente pelos herdeiros, ainda que não se tenha ultimado a partilha de bens.Porém, nas ações de natureza personalíssima, o falecimento da parte implica a extinção do processo sem resolução do mérito. Exemplo: ação de divórcio, com o falecimento de um dos cônjuges.Ocorrendo dúvidas sobre quem serão os herdeiros, deverá haver processo de habilitação na forma dos arts. 1.055 a 1.062 do CPC.

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DOS DEVERES DAS PARTES E SEUS PROCURADORESDeveres

Compete às partes e a todos aqueles que de qualquer forma participam do processo:I – expor os fatos em juízo conforme a verdade;II – proceder com lealdade e boa-fé;III – não formular pretensões nem alegar defesa, ciente de que são destituídas de fundamento;IV – não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito;V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.Dentro da sistemática do processo civil moderno, as partes são livres para escolher os meios mais idôneos à consecução de seus objetivos.Mas essa liberdade há de ser disciplinada pelo respeito aos fins superiores que inspiram o processo, como método oficial de procura da justa e célere composição do litígio.Daí a exigência legal de que as partes se conduzam segundo os princípios da lealdade e probidade, figuras que resumem os itens do art. 14, em sua acepção mais larga.

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Como ensina Andrioli, as noções de lealdade e probidade não são jurídicas, mas sim da experiência social. “A lealdade é o hábito de quem é sincero e, naturalmente, abomina a má-fé e a traição; enquanto a probidade é própria de quem atua com retidão, segundo os ditames da consciência”.Exemplo de improbidade encontramos nas expressões injuriosas, cujo emprego nos escritos do processo é expressamente vedado às partes e seus advogados, cabendo ao juiz mandar riscá-las, de ofício ou a requerimento do ofendido (art. 15). Quando a injúria é feita verbalmente, em audiência, o juiz deverá advertir o advogado para não mais cometê-la, sob pena de lhe ser cassada a palavra (art. 15, parágrafo único).Ocorre, outrossim, violação do dever de lealdade em todo e qualquer ato inspirado na malícia ou má-fé e principalmente naqueles que procuram desviar o processo da observância do contraditório. Isto se dá quando a parte desvia, astuciosamente, o processo do objetivo principal e procura agir de modo a transformá-lo numa relação apenas bilateral, onde só os seus interesses devam prevalecer perante o juiz.

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Entre os casos de abuso processual ofensivos do dever de boa-fé e lealdade, deve-se incluir a conduta maliciosa da parte que retarda a execução da sentença ou da medida antecipatória para se beneficiar com o exorbitante avolumar da multa judicial (astreintes), que às vezes se transforma em ruína do devedor e em verdadeiro enriquecimento indevido do credor. Quanto à não execução imediata da condenação, a jurisprudência evita os efeitos do abuso processual, estatuindo que a multa diária não é exigível senão depois de intimado pessoalmente o devedor a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer (Súmula no 410 /STJ). Mesmo, porém, quando o devedor tenha sido intimado, a demora exagerada na execução da multa pode ser tratada como ato de má-fé ou deslealdade processual, se dela adveio um crescimento da medida coercitiva que ultrapasse o valor da obrigação principal e possa acarretar a insolvência do devedor, ou que se torne medida incompatível com a equidade reclamada pelo dever de boa-fé no comportamento processual.Registre-se, finalmente, que os deveres de lealdade e probidade, a que aludem os arts. 14 e 15, tocam a ambas as partes (autor e réu), bem como aos terceiros intervenientes, e ainda aos advogados que os representem no processo.

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Responsabilidade das partes por dano processualDa má-fé do litigante resulta o dever legal de indenizar as perdas e danos causados à parte prejudicada (art. 16).Esse dever alcança tanto o autor e o réu como os intervenientes.A responsabilidade, in casu, pressupõe o elemento objetivo dano e o subjetivo culpa, mas esta não se confunde necessariamente com o dolo e, pelo casuísmo legal, pode às vezes limitar-se à culpa em sentido estrito, mas de natureza grave (art. 17, n I e VI).Assim, o art. 17, com as alterações das Leis n 6.711, de 27.03.1980, e 9.668, de 23.06.98, considera litigante de má-fé aquele que:I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;II – alterar a verdade dos fatos;III – usar o processo para conseguir objetivo ilegal;IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;VI – provocar incidentes manifestamente infundados;VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório

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O conteúdo da indenização compreenderá, segundo o art. 18:a) os prejuízos da parte;b) os honorários advocatícios;c) as despesas efetuadas pelo lesado.Essa reparação, que decorre de ato ilícito processual, será devida, qualquer que seja o resultado da causa, ainda mesmo que o litigante de má-fé consiga, ao final, sentença favorável.Além do ressarcimento dos prejuízos, o litigante de má-fé sujeita-se a pagar multa de até um por cento sobre o valor da causa (art. 18, com a redação da Lei 9.668, de 23.06.98), verba essa que, também, reverterá em benefício da parte prejudicada (art. 35).No caso de pluralidade de litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa. Mas se a má-fé foi praticada em comum, a condenação atingirá os partícipes solidariamente (art. 18, § 1o).Não há necessidade de ação própria para reclamar a indenização. O prejudicado, demonstrando a má-fé do outro litigante, poderá pedir sua condenação, incidentemente, nos próprios autos do processo em que o ilícito foi cometido. Apenas o valor da indenização é que poderá ser relegado para o procedimento separado da liquidação por arbitramento, segundo o rito próprio previsto no art. 475-D (com a redação da Lei 11.232/2005), quando o juiz não dispuser de elementos para fixá-lo de plano.

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Uma das dificuldades de punir-se a litigância de má-fé residia na necessidade de a vítima quantificar comprovadamente o dano que lhe havia sido acarretado pelo litigante temerário. Com a Lei 8.952, de 13.12.1994, que deu nova redação ao caput e ao § 2o do art. 18, o embaraço foi eliminado, já que: a) ficou explícito que a condenação do litigante de má-fé a indenizar a parte prejudicada nem mesmo depende, necessariamente, de pedido do ofendido. Caberá ao juiz decretá-la “de ofício ou a requerimento” (caput); b) conferiu-se, outrossim, ao juiz a faculdade de fixar objetivamente a indenização, tomando como base o valor da causa (hipótese em que não deverá ultrapassar o limite de 20% sobre aquele valor), ou de determinar que se proceda à liquidação por arbitramento. Na maioria das vezes, portanto, o juiz mesmo arbitrará a sanção, tornando-a de aplicação imediata ao infrator. O arbitramento, a meu ver, será recomendável apenas quando houver indícios de danos efetivos de grande monta, que possivelmente ultrapassem a margem tarifada da lei (20% do valor da causa). Aí, sim, haveria necessidade de uma perícia para determinar o prejuízo real sofrido pela parte que suportou as consequências da litigância temerária.

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A aplicação do § 2o do art. 18 facilita a condenação do litigante de má-fé, independentemente de prova quantitativa do dano suportado pelo adversário. Não quer isto dizer, todavia, que a sanção será aplicada mesmo sem ter havido dano algum. A litigância de má-fé pressupõe sempre dano sério ao processo e aos interesses da contraparte. Esse dano tem de ser demonstrado, ainda que nem sempre se exija prova exata de seu montante. Dentro dos parâmetros do § 2o do art. 18, o juiz pode arbitrar imediatamente a indenização, sem exigir prova exata de seu quantum. Sua existência, contudo, terá de ser inequivocamente provada ou, pelo menos, deduzida, de forma necessária, dos fatos e elementos concretos dos autos. Em nenhuma hipótese, portanto, se admitirá a imposição do dever de indenizar, na ausência de dano efetivo derivado da conduta censurada do litigante.A multa criada pela Lei 9.668, de 23.06.98, que se acresce às perdas e aos danos, também é aplicável de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de demonstração de efetivo prejuízo.Às sanções dos arts. 16 e 18 pode ser cumulada a multa de até 20% do valor da causa, por ato atentatório ao exercício da jurisdição (art. 14, parágrafo único, acrescido pela Lei 10.358, de 27.12.2001), que, entretanto, reverterá em favor da Fazenda Pública, e não da parte prejudicada.

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Direitos

A jurisdição importa exercício de atos soberanos pelo órgão judicial. Ao mesmo tempo, porém, que o Estado impõe sua justiça aos indivíduos, privando-os da autotutela, contrai perante eles o compromisso de tutelá-los, sempre que ocorrer lesão ou ameaça a seus direitos subjetivos (CF, art. 5o, XXXV). Nasce, assim, para os litigantes, não só a sujeição à justiça oficial, mas também o direito subjetivo público de exigir do Poder Judiciário a prestação jurisdicional, a ser realizada dentro dos parâmetros legais e constitucionais do devido processo legal.Assim, o direito básico de toda pessoa que se sinta envolvida em litígio é o direito de ação como forma de obter o provimento judicial capaz de solucionar o conflito, mediante concretização da vontade da lei. Esse é o denominado direito de acesso à Justiça, que deve se dar segundo a garantia do devido processo legal e seus consectários enunciados na lei magna e nas leis processuais que a complementam.Por outro lado, o Código de Processo Civil elenca uma série de poderes e deveres do juiz, como o de assegurar o tratamento igualitário das partes, velar pela rápida solução do litígio, prevenir ou reprimir atos contrários à dignidade da justiça etc. Mas, como a jurisdição é função, e não simples poder, pois engloba poderes e deveres, a todo poder que lhe atribui a lei corresponde o direito da parte de exigir que a função seja regular e adequadamente exercida. Assim, por exemplo, a repressão ao ato contrário à dignidade da Justiça, que se insere nos poderes do juiz, é também um direito subjetivo processual do litigante prejudicado pela conduta abusiva do adversário. Da mesma forma se passa com o cumprimento do contraditório e o tratamento isonômico dos contendores, que o juiz, de ofício, tem de promover, e que à parte cabe o direito de exigir.

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Direito especial dos litigantes idosos e portadores de doenças gravesO Código de Processo Civil, com a reforma da Lei 10.173/2001, emendada pela Lei no 12.008/2009, instituiu, por meio dos arts. 1.211-A, 1.211-B e 1.211-C, o direito dos litigantes idosos a uma preferência de tramitação, a ser observada nos procedimentos em que figure pessoa de idade igual ou superior a sessenta anos, regalia que consta, também, do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 71). Essa regra beneficia, pois, tanto o autor como o réu e, ainda, o terceiro interessado. Uma vez requerido o favor legal do idoso, mediante petição acompanhada da prova de sua condição, caberá ao juiz ordenar ao cartório as providências tendentes a fazer com que o andamento do feito tenha preferência sobre os demais (art. 1.211-B). Mesmo que o idoso venha a falecer antes do julgamento da causa, a tramitação preferencial continuará prevalecendo em benefício do cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, em união estável (art. 1.211-C).A razão do tratamento especial é intuitiva: o litigante idoso não tem perspectiva de vida para aguardar a lenta e demorada resposta judicial e, por isso, merece um tratamento processual mais célere, a fim de poder, com efetividade, se prevalecer da tutela jurisdicional.A Lei no 12.008, de 29.07.2009 equiparou ao idoso o portador de doença grave, no novo texto atribuído aos arts. 1.211-A e 1.211-C do Código, de modo que o benefício da tramitação preferencial se aplica indistintamente a ambos. A mesma lei substituiu a expressão “interveniente”, constante do art. 1.211-A por “interessado” o que certamente teve o propósito de assegurar a tramitação privilegiada tanto nos processos contenciosos como nos procedimentos de jurisdição voluntária.Concedida a prioridade pelo juiz da causa, os autos deverão receber identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária (art. 1.211-B, § 1o).

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DOS DEVERES DAS PARTES QUANTO ÀS DESPESAS E MULTAS

Entre os ônus que têm as partes no processo está o de prover as despesas dos atos que realizam ou requerem, antecipando-lhes o pagamento (CPC, art. 19), o que vale para os processos de conhecimento, cautelar e de execução.Aquele que requerer a prática de um determinado ato processual que demande despesas deve antecipar-lhe o pagamento. A parte que tiver requerido perícia, por exemplo, deve adiantar o pagamento das despesas com a prova.A única ressalva é a dos beneficiários da justiça gratuita, que ficam isentos do pagamento das custas e despesas processuais. O descumprimento do ônus pela parte implica a não realização do ato processual cujas despesas deveriam ter sido antecipadas.

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Caso o ato processual tenha sido determinado pelo juiz de ofício, a requerimento do Ministério Público ou de ambas as partes, a antecipação ficará a cargo do autor.Incumbirá ao vencido, ao final, responder pelas custas e despesas do processo e honorários advocatícios. Caso elas tenham sido antecipadas pela parte contrária, caberá ao vencido reembolsá-las. Se houver vários vencidos, eles responderão proporcionalmente pela verba de sucumbência. No processo de jurisdição voluntária, em que não há propriamente vencedores e vencidos, as despesas, embora adiantadas pelo requerente, serão rateadas entre os interessados, como acontece nas ações de alienação judicial de coisa comum. Como o bem pertence a todos, as despesas com perícia para avaliação e alienação judicial serão partilhadas entre eles, na proporção de suas frações ideais.O autor que desiste da ação deve arcar com as despesas feitas pela parte contrária, pagando os honorários de seu advogado; o réu que reconhece o pedido arca com a verba de sucumbência.Em caso de sucumbência recíproca, as despesas e honorários advocatícios serão distribuídos e compensados proporcionalmente.

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Em diversos dispositivos, a lei processual sanciona a conduta daqueles que criam incidentes processuais protelatórios ou que, por sua conduta, retardam o julgamento do processo. O CPC, art. 22, pune o réu que retarda o julgamento da lide deixando de, em sua resposta, arguir fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, com a condenação nas custas a partir do saneamento do processo e a perda do direito a honorários advocatícios, ainda que vencedor. Esse dispositivo se refere a fatos que, embora não mencionados na resposta, possam ser alegados mais tarde, por não estarem sujeitos a preclusão. Por exemplo, o CC permite que a prescrição seja alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição nas instâncias ordinárias. Também determina que a prescrição pode ser pronunciada de ofício pelo juiz, conforme dispõe o art. 219, § 5º, do CPC, com a redação dada pela Lei n. 11.280/2006, que ainda revogou o art. 194 do Código Civil.Os arts. 29, 30 e 31 do CPC também contêm disposições de caráter punitivo, sancionando as condutas daqueles que prejudicaram o bom andamento do processo.

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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOSIncumbe ao vencido pagar ao vencedor honorários advocatícios, que pertencem ao advogado e são devidos ainda que ele tenha postulado em causa própria.Diante dos termos peremptórios da Lei n. 8.906/94, não pode haver mais discussão quanto à possibilidade de o advogado executar, em nome próprio, a verba de sucumbência imposta na sentença. Dispõe o art. 23 daquela lei que “os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor”.Por isso, eles não podem ser compensados com a condenação imposta às partes, nem podem ser objeto de transação, senão com o seu consentimento.Nada impede que o advogado prefira executar os honorários em nome da parte, somando-os ao valor do principal. É o que ficou decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça: “Os honorários do advogado, embora pertençam ao advogado e constituam direito autônomo para a sua execução, podem ser incluídos na execução promovida pela parte que venceu a ação de indenização, especialmente quando o profissional da ação de conhecimento é o mesmo que patrocina a execução” (STJ, 4ª Turma, REsp 163.893-RS, rel. Min. Ruy Rosado, j. 21-5-1998, dando provimento parcial, v.u., DJU, 19-10-1998, p. 108).

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Como os honorários pertencem ao advogado, que tem a faculdade de executá-los, surge a dúvida se ele pode recorrer, em nome próprio, para elevar o seu valor. A questão é controvertida, e há numerosos acórdãos não admitindo essa possibilidade, como os publicados na JTJ, 170/180 e 204/11.Parece-nos, no entanto, que não há como negar ao advogado a possibilidade de interpor esse recurso, sob pena de contrariar direito que lhe é garantido pela Lei n. 8.906/94. Como ensina Flávio Cheim Jorge, “se o advogado não puder, pela ausência de legitimidade, recorrer da parte da sentença onde são fixados os honorários da condenação, em nenhum momento poderá mais fazê-lo. Nem mesmo por meio de ação própria poderá o advogado insurgir-se contra o percentual fixado pela sentença. Não atribuir legitimidade ao advogado numa situação como esta significa negar-lhe a prestação jurisdicional, pois se está decidindo em juízo um direito seu, próprio, sem que ele nada possa fazer. Nem naquele momento nem em qualquer outro”. Essa também é a opinião de Sérgio Shimura, para quem “negar-lhe a legitimidade recursal é reconhecer que o sistema jurídico confere um direito sem a respectiva proteção. Seria o mesmo que lhe dar um direito com uma mão e retirar-lho com a outra. Impedir o mesmo de recorrer equivale a desarmá-lo para futura execução, impedindo-o de obter uma decisão justa quanto ao valor de seu crédito, que será objeto da futura execução”.

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Nada impede, porém, que o recurso para elevação dos honorá rios advocatícios seja interposto pela parte, representada pelo advogado, caso em que ela estará postulando em nome próprio interesse que não é seu, mas do advogado, em legitimação extraordinária, que decorre do sistema.O art. 20 e seus parágrafos estabelecem vários critérios para a fixação dos honorários do advogado. O juiz deve sempre observar o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço e a natureza e importância da causa, bem como o tempo exigido para o seu serviço.

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• DOS PROCURADORESPara postular em juízo é preciso possuir capacidade postulatória. Quem a tem, em regra, são os advogados e o Ministério Público. Se a parte tiver habilitação legal para advogar, poderá fazê-lo em nome próprio. Do contrário, deverá outorgar procuração a um advogado.Há casos, porém, em que se atribui capacidade postulatória à própria parte sem que haja necessidade de advogado, o que exige expressa autorização legal, como, por exemplo, no juizado especial cível, para ações com valor de até 20 salários-mínimos, na Justiça do Trabalho ou na impetração de habeas corpus.A falta de capacidade postulatória não sanada implicará a inexis tência do ato processual.A procuração pode ser geral ou específica. No primeiro caso, atribui ao mandatário poderes genéricos para postular em juízo, em nome da parte; no segundo, impede que o advogado postule algo diverso daquilo para o qual foi constituído.Sem o instrumento do mandato, o advogado não poderá postular em juízo, salvo para evitar a decadência ou prescrição, bem como para praticar atos urgentes, caso em que exibirá, dentro em quinze dias, prorrogáveis por igual tempo, o instrumento de mandato. Os atos não ratificados com a juntada da procuração serão reputados inexistentes (CPC, art. 37).

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Ao advogado do réu será possível, sem procuração, apresentar contestação em seu nome, em situações de urgência, caso não seja materialmente possível conseguir a tempo o respectivo instrumento.A procuração geral para o foro, chamada ad judicia, pode ser outorgada por instrumento público ou particular (CPC, art. 38). Não prevalece, portanto, a regra do CC, art. 654, que só atribui às pessoas capazes aptidão para dar procuração por instrumento particular, e que, interpretada a contrario sensu, determina que os incapazes outorguem procuração por instrumento público. O novo Código Civil deixa claro que o mandato judicial fica subordinado às normas constantes da legislação processual, sendo as do Código Civil aplicáveis apenas supletivamente (CC, art. 692).Ora, o CPC estabelece que a procuração ad judicia pode ser outorgada por instrumento público ou particular, sem fazer qualquer ressalva. Por isso, entende-se que os incapazes podem outorgar procuração particular. Nesse sentido, quanto ao menor impúbere, o acórdão proferido pelo STF, 1ª Turma, RE 86.168-8-SP, e, quanto ao púbere, o aresto inserto na RT, 698/225.A procuração não precisa mais trazer o reconhecimento de firma do outorgante. A redação originária do art. 38 o exigia, mas ele passou a ser dispensado desde a entrada em vigor da Lei n. 8.952/94, seja nas procurações para o foro em geral, seja naquelas que contenham poderes especiais (RT, 757/151)A profissão de advogado é regida pela Lei n. 8.906/94, que enumera suas prerrogativas e deveres. As primeiras estão enumeradas no art. 7º, enquanto as proibições, no art. 34.A advocacia é considerada uma das funções essenciais à justiça pela Constituição Federal.

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A procuração não precisa mais trazer o reconhecimento de firma do outorgante. A redação originária do art. 38 o exigia, mas ele passou a ser dispensado desde a entrada em vigor da Lei n. 8.952/94, seja nas procurações para o foro em geral, seja naquelas que contenham poderes especiais (RT, 757/151).Atualmente, nem mesmo o Código Civil exige reconhecimento de firma nos mandatos em geral. Ele somente se fará necessário quando o terceiro com quem o mandatário tratar o exigir (CC, art. 654, § 2º).A procuração ad judicia habilita o advogado a praticar todos os atos do processo. Todavia, há alguns que dependem de poderes especiais. O CPC, art. 38, enumera quais são: receber petição inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Arruda Alvim ensina que não se pode exigir poderes especiais do advogado para praticar um ato em relação ao qual a lei não o exija: “Mas, se inexistir ressalva, não se pode pretender, ‘v.g.’, houvessem de ser outorgados para a prática de determinado ato não definido como exigente de poder especial. É o caso do requerimento de prisão de depositário. Da mesma forma, são inexigíveis poderes especiais para requerer falência. Assim também não há que se exigir poderes especiais para que o advogado do arrematante possa, em nome deste, arrematar. Igualmente, no caso de o advogado vir a deduzir suspeição. Nessa mesma linha, se o advogado tem poderes, exclusivamente, ad judicia, não se poderá entender que o comparecimento, para a defesa do seu cliente-réu, valha como comparecimento espontâneo, justamente porque o advogado não tem poderes para receber citação”