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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 1 MARÇO/ABRIL • 2019 ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981 R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXVi - Nº 362 - MARÇO-ABRIL 2019 • IMPRESSO Leia Nesta Edição A Previdência que o trabalhador deseja, é a que o Governo oferece? A UNIÃO FAZ A FORÇA - pág. 2 Marcio Alemany defende a União de todas as ativiidades representativas dos Advogados Públicos Federais. LESÕES OU PRIVILÉGIOS - pág. 4 Allam Soares efetua a análise preliminar da PEC da Previdência Social. O OVO DA SERPENTE - pág. 16 Rosemiro Robinson sustenta a inconstitucionalidade da MP nº 873/2019 e do Decreto nº 9735, de 21/03/2019 que excluem das consignações facultativas a relativa às contribui- ções “em favor de fundação ou de associação que tenha por objeto social a representação ou a prestação de serviços a seus membros”.

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO ... · 1 JORNAL DA APAFERJ - ARÇO/ARIL • 2019 ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br1 MARÇO/ABRIL • 2019

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXVi - Nº 362 - MARÇO-ABRIL 2019 • IMPRESSO

Leia Nesta Edição

A Previdência que o trabalhador deseja,

é a que o Governo oferece?

A UNIÃO FAZ A FORÇA - pág. 2Marcio Alemany defende a União de todas as ativiidades representativas dos Advogados Públicos Federais.

LESÕES OU PRIVILÉGIOS - pág. 4Allam Soares efetua a análise preliminar da PEC da Previdência Social.

O OVO DA SERPENTE - pág. 16Rosemiro Robinson sustenta a inconstitucionalidade da MP nº 873/2019 e do Decreto nº 9735, de 21/03/2019 que excluem das consignações facultativas a relativa às contribui-ções “em favor de fundação ou de associação que tenha por objeto social a representação ou a prestação de serviços a seus membros”.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 2MARÇO/ABRIL • 2019

Márcio Alemany - Presidente

Tenho nesses últimos meses me dedicado a uma pregação que di-ria quase que didática ou mesmo sócio-polí-tica, com muita certe-

za, segurança e toda boa fé, mas despida de ideologias e de outros propósitos, a não ser aquele que tem me obrigado a levar a todos: a FUSÃO! Passamos longos anos como que postos em estantes parecidas, exage-ros à parte “cada macaco no seu galho”, fazendo as mesmas coisas separada-mente, com propostas e programas iguais e não diria nem semelhantes, tudo na mesmíssima ideia e mesmo alinhamento, mas só que isolados uns dos outros sem muita comunicação e quase nenhum convívio, investi-mos em compra de sedes confortáveis, fizemos refor-mas para que tivéssemos mais espaço, gastamos nosso dinheiro com compra de mobiliário, de equipa-mentos de telefonia e com-putação de ultima geração, melhoramos nossos deslo-camentos, enfim, conquista-mos boa estrutura, mas nossas propostas seguiam iguais e com despesas sem-pre maiores em razão de custos sempre crescentes, que poderiam ter sido evita-dos se já estivéssemos jun-tos. Nessa caminhada, já se

passaram mais de 38 anos, sem contar que já tínhamos recebido os ônus, mas tam-bém as glorias da antiga APAF, que nasceu nas de-pendências da douta Procu-radoria-Geral do antigo IAPC da era Getuliana. Se somar-mos esses tempos a nossa APAFERJ, fundada pelo ines-quecível Dr. Wagner Caval-canti, ao tempo dessa herda-de já estaremos passando dos 70 anos de luta de con-quistas históricas para a for-mação da hoje AGU. Temos muito o que contar! As outras Associações que congregam também os demais Advoga-dos Públicos de hoje vieram algum tempo depois já na nova Capital da Republica, com a transferência havida pra Brasília-DF onde estabe-leceram suas sedes e, assim, seus patrimônios. Temos mui-to orgulho de ostentarmos ser a “Entidade Mater” de nossa Advocacia Pública, título que nos foi honrado em famoso discurso pelo saudoso Dr. Ri-cardo Buarque Franco Neto, dileto amigo e que com sua enorme dedicação soube bem contribuir para a construção de nossa Advocacia Pública e nosso antigo parceiro na fun-dação da saudosa ANPAF. Mas, nesse longo percurso, com todos esses méritos, re-conhecimentos e gratidões, não poderíamos deixar de constatar também que enve-lhecemos e que também veri-ficamos assistindo a todos envelhecer. Temos um ex-pressivo contingente de anti-gos amigos, todos nossos queridos colegas associados das três mais antigas Asso-ciações, que congregam Ad-vogados Públicos, Aposenta-dos e muitos Pensionistas, com idade média alcançada

que ultrapassa os 80 anos de vida! Não é brincadeira nem “Fake News”! Todos nós fica-mos idosos! Mas ninguém deixou de lutar e de ter inte-resse em prosseguir na con-quista de melhores dias. Sempre existiu uma busca in-cessante na manutenção de uma “Unidade Política de Ação”, como propósito dessa luta. O episódio da perda da Paridade da Sucumbência trouxe um reviver ou um acor-dar para muitos de nós que pensávamos que tudo já ha-via sido conquistado e com isso todos se viram motivados a realizar uma nova cobrança do precisamos nos unir de mãos dadas e juntos seremos mais fortes, foi um renascer! A perda dessa Paridade sa-cudiu a todos que ainda hoje permanecem boquiabertos sem saber o que houve exa-tamente! Nunca em nossa ca-minhada permitimos deixar o Aposentado ou o Pensionista de fora, já que sempre luta-mos juntos para que todos fossem alcançados por qual-quer melhoria, qualquer be-nesse. Foi um despropósito, cindindo-se Ativos e Aposen-tados. Os recém-chegados com razoável valor dos Hono-rários e os mais antigos com menos de um terço, de Su-cumbência mais de fato lasti-mável, prejuízo descabido ou falta de respeito e considera-ção com quem soube cons-truir a nossa Advocacia Públi-ca e ainda brindou os novos concursados com a mesa posta e a cama feita, como sempre repetimos. Não se viu essa atitude produzida pelas Associações da Magistratura e do Ministério Público! Mas esse fato acarretou uma certa revolta que trouxe logo como consequência o surgimento

do MAPA e em seguida a criação da AMAPA, que despontaram com diversos processos de judicializa-ção, acarretando grande alarde e susto com incon-formismo, que ainda pode-rá gerar o prejuízo maior com sentenças ou resulta-dos judiciais contrários aos interesses de todos os Ad-vogados Públicos. Quem armou essa cilada para os Aposentados e Pensionis-tas se esqueceu dessa pos-sível drástica reação so-mente comparada a um sui-cídio coletivo tal o prejuízo que não fora calculado. Muita sede ao pote falta de estratégia e de planejamen-to, coisa de gente sem ex-periência que não ouve gente com mais anos nessa estrada e age de forma in-consequente, se esquecen-do que as reações podem ocorrer como estão já al-gum tempo acontecendo. Muita euforia e oba oba que podem entornar o caldo, deixando todos no “ora veja”! Mas têm males que trazem o bem e com isso os mais velhinhos no grande prejuízo foram sacudidos e constataram que era che-gada a hora de parar essa brincadeira. Ou todos se unem ou assistiremos a es-sas ondas voltarem a se re-petir. A melhor estratégia é estarmos todos juntos, uni-dos sob única Bandeira As-sociativa, e é chegada a hora e não adianta ficarmos nos sofismas ou nos não podes. Não adianta termos mais patrimônio ou dinheiro em caixa, todos queremos resultados. Não podemos deixar os mais antigos lon-ge dos mais jovens, é um ato de inabilidade que al-

A União Faz a Força

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br3 MARÇO/ABRIL • 2019

cança a todos! O bastão dessa maratona já foi pas-sado para outras mãos e a corrida prossegue e não poderemos deixar de ser-mos integrados aos mais moços, até para que rece-bam a nossa experiência de vida e dessa luta que tem sido tão importante em nossas vidas e por cer-to na deles também e sem demora já que de há muito vivemos na era supersôni-ca e o tempo não para! Precisamos todos desar-mar esses velhos concei-tos de “caixa e patrimônio”, já que esse binômio só faz1 sentido se realmente trouxer benefícios ao cole-tivo e esses valores não adquirem melhorias remu-neratórias nem acessos funcionais e nem mais ne-nhum outro benefício que o dinheiro pode trazer. Precisamos também pen-sar que cerca de 3.600 as-sociados das mais antigas Associações já estão em grande maioria com idade avançada e que o natural daqui para a frente é que deixem de pagar suas mensalidades contributi-vas. Dirão alguns: como? Viveremos ainda muitos e muitos anos! Tomara! Mas seria verdade? Devaneios à parte é mentira! Não po-deremos mais esperar! A FUSÃO é a única saída in-teligente, prática e objeti-va, pois ela nos unirá e nos dará o conforto do convívio com a juventude que al-guns dizem que não nos quer?! Outra falácia ela precisará sempre de nós como são os nossos filhos e netos. Poderemos ter fi-lhos e netos turrões ou complicados e até mesmo ingratos, mas sabemos que nos amam de verda-

de! Não poderemos perder mais tempo daqui em dian-te, cada segundo é demais precioso, vamos partir com coragem e destemor, ire-mos construir uma Associa-ção forte respeitável e po-derosa que una a todos nós! Vamos retomar nossa antiga animação com eco-nomia de recursos e tam-bém viabilizar um bom pla-no de saúde que possa atender a todos nós nacio-nalmente, com os melhores custos possíveis. Vamos poder contratar bons escri-tórios de advocacia para que possamos defender os nossos interesses. Vamos nos unir e juntos constitu-cionalizar a nossa verba da Sucumbência que de re-pente seguirá para ser pau-tada no STF ainda neste semestre em razão da ADI da PGR. Vamos nos enten-der e encontrar uma saída mais inteligente para corri-gir a grande perda dessa Paridade da Sucumbência nessas reuniões do CAAF, melhorando essa injusta ta-bela que tem tanto punido os Aposentados, até mes-mo porque o Teto Constitu-cional já está estabelecido. A histórica sede da APAFERJ, aqui no Rio de Janeiro, poderá ser o Polo Sudeste da ANAFE para re-ceber todos os Associados! Vamos estudar juntos a montagem de um Conselho de Notáveis para dar maior apoio aos trabalhos asso-ciativos como órgão opina-tivo, repassando experiên-cia e sugestões! Vamos su-perar preconceitos mal es-tares, discussão inútil e se-guirmos todos para a ANAFE que certamente nos aguarda de braços abertos.

Advocacia-Geral obtém bloqueio

de bens de ex-perita do INSS

A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve o bloqueio de bens no valor de R$ 482 mil de uma ex-perita do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, por descumprimento da jornada de trabalho e fraude nos registros de frequência na autarquia.

Os atos foram comprovados por processo administrativo disciplinar que resultou na demissão da ex-perita. Ficou comprovado que entre os anos de 2010 e 2011 a então servidora se ausentava da autarquia no seu horário de trabalho para atender em clínicas particulares, gerando, com isso, prejuízos aos segurados e não realização do número mínimo de perícias estipulados no INSS.

Além disso, a ex-perita também fraudava a folha de ponto na autarquia com o consentimento e auxílio da sua chefe. A ex-servidora simulava que cumpria a jornada de trabalho diária de oito horas, enquanto, na verdade, fazia seis horas. A chefe, então, se encarregava de abonar as faltas e as jornadas descumpridas integralmente.

AGU, por meio da Procuradoria-Seccional Federal em Santa Maria, entrou com ação civil pública por ato de improbidade administrativa solicitando o bloqueio de bens da ré. A AGU argumentou que as faltas da ex-perita caracterizam prejuízo à prestação do serviço e danos aos cofres do INSS. “A ré usou de conduta desleal com a instituição que a empregou, atuando de maneira incompatível com os princípios éticos e morais que gerem a administração pública”, resumiu a procuradoria na ação.

Ainda de acordo com a Advocacia-Geral, a acusada causou um dano de R$ 120 mil (valor já corrigido e atualizado até 2019) aos cofres da autarquia ao fraudar a jornada de trabalho. “O enriquecimento ilícito fica constatado com o recebimento integral dos vencimentos sem a devida contraprestação laboral, em razão das várias horas não trabalhadas”, explicou a procuradoria em trecho da ação.

A Justiça Federal do Rio Grande do Sul acatou os argumentos da AGU e determinou a indisponibilidade dos bens no valor dos danos causados pela ex-perita, além de multa de R$ 361 mil, equivalente à três vezes o valor do dano.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 4MARÇO/ABRIL • 2019

Allam Soares - Procurador Federal

Pensadores reconheci-dos já caracterizaram nossa época. Bauman falou sobre o digital lí-quido, que se esvai por

nossos dedos, fragilizando certezas. Poucos ousam enfrentar a fraqueza des-sas pretensas certezas: as respostas e afirmações es-tão predeterminadas, vistos como sem relevo os ques-tionamentos, independen-temente da argumentação nunca ouvida.

Em Alice no País das Ma-ravilhas, a personagem afir-ma que não é esse o senti-do de certa palavra, ao que Humpry Dumpty diz: “Não importa o sentido que a pa-lavra tem, importa quem é o Senhor”, ou seja, a impor-tância está em quem de fato exerce o poder e define o sentido da palavra.

Bertrand Russel escreveu

que seu irmão deu definições filosóficas por ele aceitas. Em sequência, vieram axiomas que – afirmou o irmão – não po-dem ser provados e têm de ser aceitos, para que o demais seja comprovado. Indignado, Rus-sel olhou para o irmão e afirmou que não poderia aceitar se eles não pudessem ser provados, Seu irmão respondeu, então: “ora, se não admitir, você não poderá seguir adiante.” (grifei)

À época do teatro elizabeta-no, mulheres não assistiam pe-ças ou nelas atuavam. Assim, quaisquer papéis femininos, es-critos por Shakespeare, eram entregues a rapazes e, quando suas vozes perdiam a caracte-rística feminina, perdiam tam-bém suas carreiras artísticas. Conta-se que cliente habitual dessas peças apaixonou-se por protagonista feminino, sa-bedor, entretanto, do costume da época quanto aos papéis femininos serem interpretados por homens. Foi convencido a continuar frequentando o tea-tro, ao ser informado, falsa-mente, por pessoas influentes no meio artístico e profissional de que tal personagem era vivi-do por uma mulher.

A impossibilidade de ter es-paço para apresentar uma con-testação à ideia atual, repetida à exaustão por centenas de “experts” e até por colunistas sociais, é que tem levado à percepção de que a “Nova Pre-vidência” salvará o País, desde que se promova uma estranha igualação. Esta dar-se-á com a retirada sim! de vários direitos de grande número de trabalha-dores públicos e privados, além de lesar todos os novos pensio-nistas.

Não dá, no momento, para

analisar questões relativas à mudança de regime de reparti-ção para capitalização. Assim, limito-me a registrar que o mo-delo pretendido foi aplicado no Chile, com o auxílio do atual Ministro da Economia, assim:

“Guedes também falou de sua passagem pelo Chile onde, na Ditadura de Pinochet, aju-dou a implantar uma economia de mercado. Segundo ele, o país, na época, era mais pobre do que Cuba e Venezuela, mas os ‘Chicagos Boys’ – referência à chamada Escola de Chicago, onde ele estudou – resolveram isso.” (O Globo, Cad. Econômi-co, p.17, 12/02/19)

Essa matéria jornalística foi feita com base na entrevista dada pelo Sr. Ministro da Eco-nomia Paulo Guedes ao jornal inglês Financial Times.

Cabe agora dizer que meu interesse é o Serviço Público e seus servidores, já que, es-tando aposentado e prestes a completar 81 anos, não serei fundamentalmente prejudicado por ela. Mas há questões que desenvolverei num futuro arti-go, pois considero haver sérias lesões aos trabalhadores públi-cos e privados, abaixo descritas:a) fim da multa de 40% sobre o FGTS, quando houver desem-prego do aposentado sem justa causa;b) equiparação da mulher e ho-mem quanto ao tempo de inati-vação, principalmente no caso da trabalhadora rural, já que ela tem, na realidade, o dobro da carga horária masculina;c) igualação do tempo de ser-viço de professoras e professo-res pela mesma razão acima;d) pagar aos idosos de baixa renda um salário mínimo ape-nas após os 70 anos;

e) indefinição de quem pa-gará, e como, o necessário fundo de transição para co-bertura da mudança de sis-tema;f) por que, embora sejam re-gimes diferentes, é prevista uma alíquota de contribui-ção muito menor para os mi-litares e suas pensionistas, para as quais não há perda de pensão? Isso não ocor-re com as pensionistas civis aposentadas, que a partir de 3 salários míni-mos, perdem o direito à pensão. Por que, ainda, a criação de mais um posto para os graduados, com reajuste do soldo, aumen-to de gratificação mensal por curso de formação e a criação de adicional por dedicação exclusiva, com um custo, só no primeiro ano, de 200 milhões? (O Globo. 08/03/19)Bem, Bauman fala na fragi-lidade das certezas, Lewis Carroll na importância ex-clusiva do Senhor e Rus-sel de certezas prévias que não são provadas. Todavia, nos parecemos mais com o cliente teatral que crê em profissionais influentes, os quais asseguram o que não poderiam provar. Sobre a previdência, só vamos des-cobrir tudo quando essas vozes perderem a tonalida-de apocalíptica que, hoje, influencia a opinião pública, cujos integrantes são tão contaminados que canali-zam sua raiva para um bode expiatório: o servidor públi-co, especialmente o do Exe-cutivo, que é o que menos ganha, É a isso que chamam fim dos privilégios!

Lesões ou Privilégios

“Todos se guiam por idéias feitas, receitas de julgamentos e nunca se aventuram a examinar por si qualquer questão, preferindo resolvê-la por generalizações quase sempre recebidas de segunda ou terceira mão.” (Lima Barreto)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br5 MARÇO/ABRIL • 2019

Carmen Lucia Vieira Ramos LimaProcuradora Federal

A visibilidade que a tec-nologia nos permite, com relação às socie-dades e suas varia-ções, no que concerne

ao trato individual e coletivo, estimula-nos em nossos de-sejos, considerações, anali-se de nossas necessidades e escassez/excesso de gas-tos e perdas no âmbito patri-monial. Obvio. Considerar a diversidade de correntes de pensamento e o extravio de verbas orçamentárias para obras/atividades não priori-tárias é indispensável, por-tanto.

Aprimorar as relações en-tre Poderes e as tornar mais patrióticas e menos perso-nalisticas pode rasgar o véu da descrença e melhorar o nível de respeito para com os reais interesses da so-ciedade. É um trabalho de vulto, mas pode estabelecer índices de confiança há mui-to desejados. Valorização da Cidadania.

Sem temor de estar indo muito longe nesta reflexão, é possível dizer que os ní-veis de esperança do cida-dão brasileiro baixam com a tensão gerada pelo espectro da impunidade e elaboração de projetos não prioritários. Situações menores e des-providas da indispensável

cumplicidade de argumentos políticos/jurídicos não susten-tam programas realmente ne-cessários à população e impe-dem o investimento nos proje-tos/atividades que fortalecem as sociedades desenvolvidas social e economicamente.

No Brasil, vivemos momen-tos alternativos de ousadia e cautela. Inútil negar tal fato. Há também a questão – positiva – da sociedade brasileira estar acompanhando as mudanças, face os recentes problemas que têm ocorrido, manchando a nossa integridade nacional. Entretanto, o desconhecimen-to do desproposito institucio-nal, somado à educação insti-tucional defasada, dos últimos tempos, dificulta a obtenção de uma boa analise popular e as

questões ficam mais no âmbito do frenesi emocional. A quem aproveita a duvida?

Em um olhar estratégico, ha’ que se levar em conta que, no mundo globalizado, o Brasil está’ se movimentando, ainda de forma incipiente e os de-sastres ambientais só aumen-tam os temores, quando se tem pela frente expectativas de reformas estruturais.

Manter o clima de espe-rança nas novidades que se apresentam e crer que a todos aproveita o bom uso da verba publica, reforma previdenciá-ria adequada no que tange aos direitos sociais, legisla-ção cuidadosa, com vistas ao aproveitamento do direito de cada um, parceiros internacio-nais motivados e, sobretudo,

empenhados em crescer juntos com o Brasil, pro-piciando melhorias dese-jadas ao desenvolvimento econômico da sociedade, é VITÓRIA computada passo a passo. A cada fase, reco-meço, um novo ganho...

O Brasil está sofrido para ser palco de experiên-cias. A sociedade, cansada para crer sem ver... Muito se espera de cada repre-sentante dos Poderes. No entanto, integridade e ho-nestidade sempre são pre-miadas. Os cidadãos não se esquecem dos bons gestores/administradores. Os brasileiros precisam de demonstrações efetivas de gentileza e caráter. Em Deus.

Arte, Vida, PatrimônioReflexões:• Somos produtos da percepção. Com gentileza somos capazes de reinventar

situações, valorizar indivíduos e coisas depreciadas.

• Somos capazes de mudar a base de nossos sentimentos/pensamentos com a observação do nosso entorno e a transformar em teoria revolucionaria. Vide as grandes descobertas e os inventores sonhadores...

• Um artista tira o máximo proveito de tudo o que a Natureza lhe oferece. Faz parte da Arte abrir-se às novidades, reinventar-se. Fluir com os acontecimentos.

• Conflitos relacionais internos estimulam – ou não – um novo olhar sobre o movimento dos elementos de sobrevivência/ renovação das ideias.

• Vida e movimento. É Arte. É fazer coisas. É o individual e o coletivo no seu agir.

• Convivemos com situações obvias desde o inicio das civilizações. Cada povo lida, a seu modo, segundo a sua cultura e distintas fases de seu desenvolvimento, necessidades e métodos estratégicos, visando atender a economia e subsistência de seus cidadãos.

• Corromper a Vida é atentar contra o sagrado Direito Natural de todos.

• Vida: Patrimônio natural de cada um. Uma vez perdida, a compensação é simbólica.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 6MARÇO/ABRIL • 2019

Ronaldo de Araújo MendesProcurador Federal

Assíria, Dona do Mundo, acaba com as 10 tribos ao se misturar com ou-tros povos. Possuidora de um exército de 185

mil homens, dominou o mun-do.

Almaneser, Rei da Assí-ria, invadiu Israel, razão pela qual Oséias rei de Israel, ficou servo dos assírios e, ipso fac-to, começou a pagar tributos a ele. Porém, foi flagrado pelo Rei Assírio tentando conspi-rar contra ele; pois além de sustar o pagamento dos tri-butos que vinha pagando, de ano em ano, enviara mensa-geiros ao Rei do Egito, por isso o Rei da Assíria encerrou Oséias num cárcere. Face ao ocorrido, Israel foi transporta-do da sua terra para Assíria. O Rei da Assíria trouxe gente de várias cidades ou nações, fazendo-as habitar nas cida-des de Samaria, em lugar dos filhos de Israel.

Isto tudo ocorreu devi-do aos filhos de Israel terem abandonado as leis e os mandamentos prescritos por Deus. Por terem misturado as dez tribos com povos de ori-gem diferente, tais tribos per-

deram a sua identidade, res-tando apenas as duas tribos re-ligiosas de Judá. As duas tribos restantes começara a reinar sobre elas, Ezequias, fez ele o que era reto perante o Senhor, tal qual seu pai, o Rei Davi, o havia ensinado.

Rabsaque, mensageiro do Rei Senaqueribe da Assíria afronta Ezequias dizendo “Não vos engane pois não podereis se livrar das minhas mãos.”

Ezequias apavorado foi ter com o Profeta Isaías. Então Isaías lhe disse: “Não temas por causa das palavras que ouvistes através das quais os servos do Rei da Assíria blas-femaram de mim”. Retrucou Isaías: “Eis que meterei nele um espírito e ele ao ouvir vol-tará para sua terra, e nela eu o farei cair morto à espada”. O rei da Assíria ordena a avisar a Ezequias , Rei de Judá: “Não te enganes.”, então, diante de tais ameaças, orou ao Senhor dizendo: “O Senhor, Deus de Israel, o qual se encontra aci-ma dos querubins, somente tu és o Rei de todos os reinos da terra, tu criastes os céus e a terra. ”Tendo o Rei Ezequias ouvido isto, rasgou as suas vestes, cobriu se de pano de saco e entrou na Casa do Se-nhor.

Então Isaías , filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: “As-sim diz o Senhor o Rei de Is-rael quanto ao que me pedistes acerca de Senaqueribe, Rei da Assíria, eu te ouvi e essa é a palavra que o Senhor falou a respeito dele: Ele procura des-

prezar e zombar de ti e procura arrogantemente erguer os olhos contra o Santo de Israel. Pelo que assim diz o Senhor acerca do Rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma, não virá peran-te ela com escudo e nem há de levantar nada contra ela. Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará diz o Senhor. Por que eu defenderei esta cidade para a livrar por amor de mim e por amor do meu servo Davi.”

Então naquela mesma noi-te saiu o anjo do Senhor e feriu no arraial dos Assírios cento e oitenta e cinco mil e quando se levantaram o restante pela ma-nhã eis que todos estes eram cadáveres.

Senaqueribe, Rei da Assíria se foi; voltou e ficou em Níni-

Domínio da Assíria

ve. Sucedeu que estando ele a adorar na casa de Nis-roque, seu deus, Adramele-que e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; e fugiram para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, rei-nou em seu lugar.

Com respeito aos ensi-nos bíblicos, tenho muita ajuda dos componentes da Igreja Ministério de Adora-ção Jesus Expresso, situado na Real Grandeza 358 casa 30, Igreja está fundada pelo grande Pastor Álvaro e Pas-tora Grace, aos quais tem ao seu lado seu filho Daniel e a nora deles Carol, os quais me ajudaram a enriquecer as fontes consultadas.

Sendo ecumênico possuo os cursos de Teologia Católi-ca e Evangélico.

O homem realmente valente sabe que há coisas que deve temer mais que a própria morte, como a injustiça, a falta de cumprimento do dever e a contradição consigo mesmo. (Sócrates)

O Estudo sem pensar é vão; o pensar sem estudar é perigoso. (Confúcio)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br7 MARÇO/ABRIL • 2019

Ministro afirma que metade do funcionalismo federal vai se aposentar nos próximos anos, mas que a proposta do governo é investir na digitalização. Ele voltou a defender o apoio dos es-tados à reforma da Previdência

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou duran-te evento na Fundação Getúlio Vargas, no Rio, que o governo conta com o apoio dos entes federativos (estados e municí-pios) para aprovar a reforma da Previdência. Guedes disse ain-da que o governo não pretende realizar concursos públicos nos próximos anos, apesar da pre-visão de que muitos servidores vão se aposentar.

- De 40% a 50% do funcio-nalismo federal vão se aposen-tar nos próximos anos, e a ideia é não contratar pessoas para repor. Vamos investir na digita-lização.

Segundo o ministro, a re-cuperação econômica depen-de da aprovação de medidas como a reforma da Previdência e a revisão do pacto federati-

vo com estados e municípios. Sobre a dificuldade financeira enfrentada por governadores e prefeitos, o ministro afirmou que, sem a aprovação da refor-ma, não haverá possibilidade de ajuda da União.

- Me ajuda a fazer a reforma que o dinheiro cai naturalmente – disse.

Guedes destacou ainda a importância de desvincular os orçamentos dos limites míni-mos constitucionais e dar mais autonomia para que estados e municípios organizem os gastos de acordo com suas necessidades.

- Nosso diagnóstico é que o descontrole so-bre gastos públicos corrompeu a política e estagnou a econo-mia. A culpa da de-generação política é da economia – de-clarou o ministro, acrescentando que acredita que esta mesma classe políti-ca está amadurecen-

Guedes: Governo Não Fará Concursos Públicos

do: - Assumam o Orçamento, senhores. É preciso reabilitar a classe política brasileira.

Guedes voltou a afirmar que a reforma da Previdência preci-sa economizar pelo menos R$ 1 trilhão, para que seja viável cria o novo regime de capitali-zação.

- O regi-me de re-

partição já quebrou antes mes-mo de a população envelhecer. Mas preciso de pelo menos R$ 1 trilhão para sangrar o sistema antigo, até que todo o sistema

chegue na capitaliza-ção.

Stephanie Tondo

O Globo

A Advocacia-Geral da União (AGU) modificou as regras que devem ser observadas para a realização de acordos no âmbito de ações regressivas previdenciárias, ajuizadas para cobrar de empresas negligentes o valor gasto pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com benefícios pagos em virtude de acidentes de trabalho. O objetivo é facilitar as soluções conciliatórias e, consequentemente, assegurar um ressarcimento mais célere para os cofres da Previdência Social.

As novas regras para a celebração dos acordos estão previstas na Portaria AGU nº 218/19. Entre as principais mudanças em relação à portaria que regulamentava os procedimentos anteriormente, está a possibilidade de conciliação em ações com valor superior a R$ 1 milhão. A portaria também passa a dispensar a anuência expressa do ministério responsável pela gestão do INSS (atualmente, o Ministério da Economia) nos casos de ressarcimento acima de R$ 500 mil.

Além disso, fica permitido o abatimento do valor a ser pago mesmo em casos de ressarcimento parcelado – anteriormente, o desconto era concedido somente no pagamento à vista. O texto também permite que o acordo possa ser efetivado antes mesmo da propositura de ação regressiva previdenciária, o que assegurará à empresa devedora um desconto maior no valor a ser pago. Agora, o desconto máximo para pagamento à vista em acordo proposto antes do ajuizamento da ação pode chegar até 25%, no caso de parcelas ainda a vencer, e até 20% no caso de parcelas já vencidas.

“O objetivo principal da portaria é incentivar empresas alvo de ações regressivas a sentar à mesa de negociação com a AGU, de forma a trazer um ressarcimento mais célere”, resume o procurador federal Fábio Munhoz, coordenador-geral do Departamento de Cobrança e Recuperação de Créditos da Procuradoria-Geral Federal.

Novas regras facilitam realização de acordos em ações regressivas

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8MARÇO/ABRIL • 2019

No dia 2 de abril do corrente ano, na sede da ANPPREV, em Brasília-DF, foi realizada a solenidade de posse da nova Diretoria da ANPPREV, assumindo a Presidência da referida Entidade a Dra. THELMA GOULART.

A APAFERJ foi representada pelos Drs. ROSEMIRO ROBINSON SILVA JUNIOR, Vice-Presidente e HELIO ARRUDA, Diretor Financeiro, tendo sido fidalgamente acolhidos pelos integrantes da Associação co-irmã.

Após o pronunciamento da Dra. THELMA, que agradeceu o notável apoio recebido, o Dr. Advogado-Geral da União, Dr. ANDRÉ MENDONÇA, se dirigiu aos presentes, enfatizando a atuação dos Procuradores que trabalhavam no INSS e se colocando à disposição para debater e encaminhar os pleitos associativos, bem como ressaltou a importância da APAFERJ, Entidade Mater, que plantou os alicerces para a criação da Carreira de Procurador Federal.

Posse da nova Diretoria da ANPPREV

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br9 MARÇO/ABRIL • 2019

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, dis-se ontem que seu sonho como liberal seria ver o fim das em-presas estatais no Brasil. No comando da maior estatal brasileira, disse que gostaria de ver a Petrobras “privatiza-da” e o BNDES, “extinto”. Mas reconheceu que “nem sempre se pode ter o que se quer”, ao citar uma música da banda britânica The Rolling Stones.

- Como liberal, somos contrários a estatais. Petro-bras também privatizada e o BNDES extinto, esse seria o meu sonho. Mas é como a música dos Rol-ling Stones. “You Cant´t Always Get What You Want”. Já que não podemos privati-zar, nem temos mandato pra isso, vamos transformar a Petrobras no mais próximo possível de uma empresa privada.

O executivo informou que a empresa vai levantar US$ 10 bilhões com venda de ativos até abril. Ele avalia que subsidiárias como a BR, distribuidora de combustíveis da estatal. Podem gerar mais valor para em mãos privadas. Ele participou do even-to “A nova economia liberal”, na FGV:

- Nos primeiros quatro meses (do ano) conseguimos US$ 10 bilhões com a venda de ativos. Em um ano, teremos de três a quatro vezes esse valor. A posição da Pe-

trobras, com 98% do refino, é um absurdo. Vamos vender e tirar qualquer tentação para o monopólio. De saída, ter menos de 50%.

Castello Branco frisou que pretende im-plantar novo sistema de remuneração:

- O objetivo é criar um programa agres-sivo de remuneração variável. Quem tiver boa performance será premiado. Quem não tiver será punido.

Segundo Castello Branco, o pré-sal terá atenção especial:

- Vamos investir US$ 20 bilhões na Ba-cia de Campos.

O presidente da Petrobras informou que a estatal está trabalhando para mudar o arcabouço legal do gás no país e criticou o regime de partilha.

Presidente da PETROBRAS Sonha em Privatizar Estatal e Fechar o BNDES

Castello Branco diz que quer vender US$ 10 bilhões em ativos até abril

‘DESENTUPIR O PRÉ-SAL’ O ministro da Economia,

Paulo Guedes disse, no mes-mo evento, que o acordo de cessão onerosa entre a União e a Petrobras está prestes a ser fechado. A cessão onero-sa foi a parte mais importante do processo de megacapitali-zação da Petrobras, em 2010, para preparar a empresa para os investimentos no pré-sal. A União entregou à empresa o direito de exploração de cinco bilhões de barris de óleo numa área que tem reserva muito su-perior. O governo quer licitar

esse excedente para reforçar os cofres públicos, mas só consegue fazer a lici-tação após a renegociação do contrato com a estatal.

União e Petrobras avaliavam que ti-nham direito a receber US$ 30 bilhões cada com a renegociação, Assim, a di-ferença entre as duas propostas chega-va a US$ 60 bilhões.

- Essa diferença caiu para US$ 2 bi-lhões. O acordo esta quase fechado. E isso vais desentupir o canal do pré-sal e permitir o leilão – disse Guedes.

Bruno Rosa e Ramona OrdoñezO Globo

Seja um colaborador do seu jornal. Envie artigos, monografias, casos pitorescos de sua vida forense,

biografias de juristas famosos e tudo que se relacione com assuntos jurídicos.

Os trabalhos após analisados, poderão ser publicados.Obs: Os textos não deverão ultrapassar duas laudas,

espaço dois.

Prezado Associado,JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br

1

JANEIRO/FEVEREIRO • 2019

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981

R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXVi - Nº 361 - JANEIRO-FEVEREIRO 2019 • IMPRESSO

Reforma da Previdência com ou sem DireitosMarcio AlemanyPág. 2

Reforma Sem RetrocessoRosemiro RobinsonPág.16

‘Nosso Papel é Defender Lei Que Protege as MinoriasFelipe Santa Cruz

Pág.3

Mercado e InjustiçaAllam SoaresPág.4

Repartição ou Capitalização

Qual o sistema previdenciário ideal para o Brasil?

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 10MARÇO/ABRIL • 2019

Os servidores do país que ingressa-ram no setor público até 31 de dezembro de 2003 estão literalmente à deriva no projeto de Reforma da Previdência que o governo Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional. A Proposta de Emenda à cons-tituição (PEC) 6 – que muda as regras das aposentadorias dos trabalhadores da iniciativa privada e do funcionalismo civil – não prevê transição a esse último grupo. A grande questão colocada pelas categorias é que muitos funcionários já estão cumprindo pedágio para consegui-rem se aposentar com o benefício inte-gral e com direito à paridade (mesmos reajustes que o pessoal da ativa).

Algumas emendas (como a 41, de 2003; e a 47, de 2005) que reformaram a Previdência já obrigam esses servidores a passarem por uma transição – no caso

Presente no nascimento, na vida e na morte dos brasileiros, a Previdência Social está para muitos como a Providência. A diferenciar as palavras parônimas está a impossibilidade de a primeira admitir mi-lagres. A Previdên cia é resultado de um acordo racional e civili zado: quem trabalha custeia os que se aposen taram, porque no passado estes bancaram aqueles que os haviam precedido. Essa solida riedade é um dos fundamentos do conceito de na-ção. Dos 208 milhões de brasileiros, 105 milhões estão ativos economicamente, tor nando-se responsáveis, de diferentes modos, para que o sistema da Previdência pague mais de 35 milhões de benefícios.

Formalmente, a Previdência comple-tou 96 anos de existência no final do mês passado. E a primeira comissão legislativa que debateu a necessidade de sua refor-ma nasceu 70 anos atrás, quando o sis-tema de aposentadoria ti nha o vigor dos 26 anos. Rediscutir os funda mentos do pa-gamento de benefícios e pensões é uma agenda contínua porque a mudança da característica etária do país também o é.

Os fatores demográficos são funda-mentais para que o governo analise a ne-cessidade de eventuais reformas. O Brasil

começa a se aproximar do fim do chamado bônus demo gráfico – quando a taxa de na-talidade e a de mortalidade têm queda, a expectativa de vida aumenta e o resultado é o maior número da população na faixa de idade apta ao trabalho. Como o tempo corre, o IBGE calcula que em 2024 esse período se encerrará.

A Previdência Social registrou déficit de R$ 195 bilhões em 2018, um aumento de 7% em re lação ao ano anterior. A despesa com benefícios cresceu 5% e fechou o ano em R$ 586 bilhões. A arrecadação, por sua vez, subiu 4%, somando R$ 391 bilhões. A maior parte dos benefícios (66,5%) tinha valor de até R$ 1.000, reforçando o caráter social do fundo previdenciário.

A necessidade da reforma é consenso. Seus detalhes é que não são. Como prin-cípios gerais, a extinção de privilégios e o financia mento justo devem balizar as dis-cussões – e aí tudo se complica, porque, na prática, co meça a haver ganhadores e per-dedores na distribuição da riqueza nacional.

As distorções aparecem com frequên-cia. Servidores públicos federais ganham 67% a mais do que um empregado do se-tor privado em função semelhante e com a mesma experiên cia profissional. E na hora

A Previdência Não é Divinade se aposentar conseguem benefícios in-tegrais do salário, enquanto os trabalhado-res do setor privado estão limitados ao teto de menos de R$ 6 mil.

A disparidade entre os regimes públi-co e privado é uma das grandes injustiças do siste ma e tem de ser corrigida com a unificação das regras. O sistema precisa diminuir as de sigualdades, em vez de au-mentá-las. Qual quer reforma tem de incluir os militares. As Forças Armadas devem ter tratamento dife renciado, como acontece em todos os países, mas no Brasil a dife-rença virou privilégio. Pode-se discutir um conjunto de medidas volta das para elevar a tributação dos mais privile giados e a re-visão de isenções que causam dis torções em vez de estímulos produtivos.

O governo finaliza seu projeto de reforma da Previdência a ser levado para discussão no Congresso. O debate amplo para além dos gabi netes legislativos é aconselhável na busca de li nhas de congruência na solu-ção dos conflitos. A condução firme do pro-cesso, mas de forma de mocrática e trans-parente, é essencial para que a Previdên-cia deixe de ser um instrumento per verso de transferência de renda, como apontou o ministro da Economia, Paulo Guedes.

daqueles que desejam a integralidade das aposentadorias. Só que a PEC 6, no capítulo III, trata de pedágios, mas não detalha como fica a situação dos trabalhadores que estão no serviço público desde antes de 2004.

Na prática, eles terão que trabalhar muito mais do que o previsto atualmente, sendo que alguns já fazem isso em decorrência de transição que está sendo cumprida.

Essa lacuna na proposta será questiona-da por representantes do funcionalismo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Serão levados ainda outros pontos ao cole-giado: a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) e o Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) elaboraram análise jurídica so-bre alguns pontos considerados inconstitu-cionais, como a progressividade de alíquota previdenciária.

INSEGURANÇA JURÍDICASegundo o presidente do Fonacate,

Rudinei Marques, depois da CCJ, a ideia é propor emendas na Comissão Especial para, por exemplo, prever uma transição a quem já está cumprindo o pedágio.

“A PEC 6 acaba com o pedágio de agora e diz: agora mudou, agora não é mais assim. Então, no primeiro momen-to, estamos demonstrando para a CCJ que há inconstitucionalidade nesse pon-to, pois não se pode passar por cima de uma transição já existente, isso cria in-segurança jurídica”, alegou.

Marques disse ainda que as catego-rias vão negociar que se possa sim es-tabelecer um pedágio, mas sem impor mais sacrifícios. “Por exemplo, trabalhar 55% do tempo a mais do que se traba-lharia”.

Sem Regras de Transição

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br11 MARÇO/ABRIL • 2019

A tão esperada reforma dos militares, condição para que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6, que trata da Refor-ma da Previdência dos demais trabalhado-res e servidores civis, comece a tramitar, foi entregue ao Congresso. E, ao contrário do esperado, vai estagnar as discussões sobre as mudanças no sistema previden-ciário. Isso ocorre porque o texto que trata dos militares trouxe alguns “penduricalhos” que garantem ganhos ao pessoal da caser-na.

Ao passo que a PEC 6, entre tantas mu-danças, reduz valor de benefícios, cria ida-de mínima (penalizando mais as mulheres que ao invés de se aposentar aos 60 anos terão que completar 62 anos), e amplia – muito – o tempo de contribuição para que o trabalhador da iniciativa privada e até ser-vidores consigam se aposentar.

Especialistas em Direito Previdenciário compararam as duas propostas e aponta-ram oito mudanças significativas entre os

projetos para civis e militares.“A reforma dos militares traz regras mais

vantajosas do que aquelas da PEC 6”, aponta Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).

E Guilherme Portanova, advogado da Federação das Associações dos Aposen-tados e Pensionistas do Estado do Rio (Faaperj) emenda: “A proposta dos milita-res realmente pode ser chamada de ‘re-forma’, pois melhora, aprimora os direitos deles fazendo pequenos ajustes”.

O governo se defende afirmando que o projeto de lei não prevê aumento de soldo, como é chamado o salário dos militares. Por outro lado, a proposta permite reajuste de alguns adicionais já existentes, cria adi-cionais e estende aos inativos o pagamen-to de gratificação de quem está na ativa.

“Isso contribui para o incentivo à capaci-tação e serve como fator de valorização da meritocracia, de forma a estimular o aper-

Veja as Propostas para Civis e Militares

Os ministérios e autarquias federais de-vem repassar para estados e municípios a verba destinada por emendas parlamenta-res individuais impositivas mesmo que os entes beneficiados estejam com alguma pendência no Serviço Auxiliar de Infor-mações para Transferências Voluntárias, o CAUC. É o que define parecer elabora-do pela Advocacia-Geral da União (AGU) que ganhou efeito vinculante após ser ra-tificado pelo presidente Jair Bolsonaro, ou seja, terá que ser observado por todos os gestores do Poder Executivo Federal de agora em diante.

Antes do parecer, gestores de alguns ministérios e autarquias entendiam que o repasse não deveria ser feito quando os estados e municípios que receberiam a verba destinada pelas emendas esti-vessem inscritos no CAUC em virtude

feiçoamento, concorrendo para a atração e retenção de profissionais cada vez mais capacitados”, argumenta o governo.

O projeto de lei oque trata da questão dos militares garante também paridade e integralidade com os da ativa. Ou seja, o militar que se aposentar vai para a reserva com o último salário recebido (integralida-de) e quando os militares que continuam em serviço tiverem reajuste salarial, o ina-tivo receberá o mesmo percentual (parida-de).

No INSS os aposentados e pensionistas recebem o salário corrigido pelos índices estipulados pelo governo. Que hoje em dia usa como base o reajuste do salário míni-mo e o Índice Nacional de Preços ao Con-sumidor (INPC).

“A reforma dos militares desiguala ain-da mais quando o objetivo inicial seria con-vergir os sistemas previdenciários”, adver-te Adriane Bramante.

Martha Imenes

Parecer autoriza repasses de recursos a estados

e municípios inadimplentesdo descumprimento de alguma exigência constitucional, como estar em dia com o pagamento de empréstimos e investir de-terminado percentual da receita em edu-cação e saúde.

Mas o entendimento da AGU, elabo-rado justamente para esclarecer dúvidas de ministérios sobre a regularidade dos repasses, é o de que a transferência de recursos oriundos das emendas parla-mentares independe da adimplência dos entes desde 2016, em virtude da Emen-da Constitucional nº 86/2015 – que tornou obrigatória a execução dos valores.

A obrigatoriedade, assinala trecho do parecer, é especialmente evidente no caso das emendas que destinam recur-sos para a saúde, uma vez que “decorre primordialmente do fundamento que veda ao Estado exercer uma proteção ineficien-

te dos direitos fundamentais”, conforme “tendência contemporânea do Supremo Tribunal Federal na interpretação dos di-reitos fundamentais de prestação estatal positiva, sobretudo no campo da saúde”.

O parecer observa, ainda, que as úni-cas hipóteses que autorizam a adminis-tração pública a não executar os recursos das emendas foram previstas pela própria EC nº 86/15, quais sejam: impedimento de ordem técnica ou contingenciamento admitido pela Lei de Diretrizes Orçamen-tárias (LDO). Desta forma, não é possível que norma infraconstitucional ou mesmo norma constitucional anterior à entrada em vigor da emenda impossibilite o repas-se – sobretudo à luz de princípios como o da supremacia da Constituição e o da máxima efetividade das normas constitu-cionais.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 12MARÇO/ABRIL • 2019

Por Cássia Almeida

1. O que acontecerá se não for feita a reforma da Previdência?Com uma dívida pública perto de 80% do PIB, com a Previdência respondendo por metade dos gastos e a tendência de que cresça, o problema é maior. Além disso, a situação fiscal, tanto no governo federal quanto na maioria dos estados, é muito preocupante. Estamos com déficit primário e dívida chegando a 80% do PIB, os esta-dos estão com suas folhas de pagamento estourando todos os limites, e, quando se incorporam os inativos, caminha-se para gastar a receita toda. A saúde financeira recomenda um caráter emergencial e uma reforma impactante. Não é uma reforma qualquer, não. Não dá para ajustar 5 pon-tos do PIB sem os resultados oriundos da reforma da Previdência.

2. Um corte de 5 pontos do PIB (R$ 335 bilhões) nas despesas do governo não é alto demais?Seria para cobrir 2,5% de déficit (rombo atual nas contas públicas). E mais 2,5% do PIB para ter um superávit primá-rio (economia para reduzir a dívida públi-ca). Se, no passado, vivíamos com uma dívida de 50% do PIB e um superávit pri-mário de 3,5%, hoje em dia precisamos de mais primário para reduzir a dívida. Se tudo der certo, se houver um suces-so enorme em outras reformas, a econo-mia começar a crescer mais de 3%, juros reais caírem para 4%, a conta muda um pouco. De qualquer maneira, com a dívi-

da tão grande, é preciso reduzi-la como proporção de PIB, para isso é necessário fazer um ajuste de 5 pontos ou mais. E fazer isso sem uma colaboração relevante da Previdência me parece inviável. Quan-do se agrega a isso uma decisão política aparentemente forte de não aumentar a carga tributária, aí nem se fala.

3. Como vê a condução do tema pelo governo?Esse quadro realmente está me deixando preocupado. Não tanto pela demora, que é natural. Governo chegando, para vá-rios atores, inclusive o presidente, é uma novidade. Mas há uma certa hesitação e certa cacofonia com relação ao tema que me preocupam sim. Até há pouco tem-po, havia grupos dentro do governo se digladiando pela imprensa. O presidente ainda não se posicionou. Ele já sinalizou que a reforma precisa acontecer e tudo

mais, mas vem fazendo comentários que sugerem que a reforma pode não ser tão impactante. A cena para quem está fora é bastante confusa. Será preciso adotar uma linha, definir uma rota e seguir. É isso que falta. É preciso ter o presidente com-prometido. Quando ele der o sinal, o resto tende a acontecer. Na sequência, o plano tem de ser executado em sua dimensão política, mas respeitando as necessida-des prementes, urgentes, da economia e da sociedade. Isso não é uma coisa abs-trata. A reforma é condição para tirar o Brasil desta situação de desemprego, de crescimento baixo. Quem tem capacidade de dizer isso à população? O presidente, pois ele tem peso, tem mandato.

4. O senhor se refere às falas sobre fa-zer a reforma fatiada?Reforma fatiada, transição mais lenta, idade mínima menor, tudo isso dilui o im-pacto. A importância da reforma é imensa. É positivo que ganhe mais e mais peso na lista das prioridades dos governado-res, das pessoas, dos observadores, da imprensa. Essa prioridade é claríssima.

5. Tem falado com o governo?Tive uma excelente conversa com o se-cretário (de Previdência Social do Minis-tério da Economia) Rogério Marinho. De certa forma, o que eu tenho a dizer está lá (na proposta de reforma enviada por Arminio Fraga e outros sete economistas ao governo). Passamos um ano fazendo esse trabalho, fiquei muito próximo da equipe que o redigiu. A proposta tem es-sas características de impacto e justiça. Recomendo fortemente não fatiar o tra-balho, pois temo que as etapas posterio-res não ocorram. Tudo bem essa Medida Provisória à parte, para combater fraudes. Seria um subproduto da reforma que nós desenhamos. Ela vai dar resultado, e isso é bom. O restante, seria melhor fazer de uma vez. É difícil mobilizar os parlamen-tares para abordar esse assunto mais de uma vez. Se não for feita essa reforma e se ela não for impactante, isso atrapalha-rá muito nosso futuro.

Perguntas para Arminio FragaArminio Fraga vê como preocupação a “hesitação e cacofonia” no governo em relação à reforma da Previdência. É fundamental que ela seja “impactante” e que inclua os militares para não “pegar mal”, diz o economista.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br13 MARÇO/ABRIL • 2019

6. De que maneira?Gerando uma perda de confiança gra-ve. Como nossa situação é de fato pre-cária, estaríamos correndo risco gran-de. E isso não faz sentido.

7. Que riscos?Perda de confiança. Perda de confian-ça significa economia menos dinâmica, piora a trajetória da dívida do país. É semente para outra crise.

8. Na proposta que o senhor ajudou a montar, o valor dos benefícios previ-denciários e assistenciais é desvin-culado do salário mínimo. Não é algo difícil de aprovar?Mais difícil é quebrar. No mundo inteiro é assim, na maioria dos países. Não é nenhum crime. É uma questão aritméti-ca, a conta não fecha. A carga tributária brasileira é de 33%, se forem elimina-das as desonerações vai a 35%. É alta de fato. Não defendo nada além disso, não. Defendo que seja mais bem dese-nhada, mais justa.

9. A crise econômica pode voltar?Se não for aprovada a reforma, pode voltar rapidamente, depende do que acontecer no mundo, aqui e em outras áreas do governo, nas outras áreas de nossa vida. Vamos deixar desigualda-de e pobreza no topo da lista das prio-ridades, que é onde merecem ficar, com a saúde financeira do país logo a seguir. Quebrar periodicamente tem um custo social enorme. Em três anos, a renda per capita caiu 10%. Vivemos uma minidepressão.

10. O ministro Paulo Guedes, em seu discurso de posse, falou de um pla-no B, que seria aprovar a desvincu-lação total do Orçamento. É viável?Ele está tecnicamente correto, seria um processo muito mais doloroso, mais difícil, menos racional. A pergunta que fica é se, nessas circunstâncias, o teto sobrevive.

11. O governo consegue passar uma desvinculação total do Orçamento,

se não consegue passar uma refor-ma?Escrevi sobre desvinculação em 2015, Orçamento base zero. Pensei nisso na época não como uma forma de fazer o ajuste fiscal, mas de racionalizar um pouco a atuação do governo. Para fa-zer o ajuste, uma desvinculação des-sas teria de ter o poder de mexer na própria Previdência. Quem não pode menos, não pode mais. Se não con-seguiu fazer a reforma da Previdên-cia, dificilmente o Congresso vai dar autorização, carta branca, para que se faça mais.

12. Os militares têm de entrar na re-forma? Acho que seria muito bom que fosse todo mundo junto.

13. E se não for?Pega mal. Acredito que os próprios mi-litares vão olhar e dar a contribuição deles, proporcional. É uma discussão que tem de acontecer.

A Advocacia-Geral da União (AGU) já disponibilizou o atendimento eletrônico de devedores dos órgãos e entidades federais. A disponibilização da ferramenta para o público era a meta prioritária da AGU para os primeiros cem dias do governo Jair Bolsonaro.

A ferramenta, que pode ser acessada por meio do módulo para usuários externos do sistema Sapiens, permite que os devedores da União, das autarquias e das fundações públicas federais que possuem débitos sob responsabilidade da Procuradoria-Geral da União (PGU) ou da Procuradoria-Geral Federal (PGF) realizem os pagamentos das dívidas de forma online. Por meio do site, também é possível consultar o crédito na dívida ativa, simular e celebrar parcelamentos.

O site foi desenvolvido pela AGU com o objetivo de ampliar os serviços públicos digitais disponibilizados aos cidadãos e facilitar a quitação das dívidas. “Devedores de todas as partes do Brasil e do mundo poderão fazer a solicitação da negociação com mais agilidade, rapidez e segurança”, explica o diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade da PGU, Vanir Fridrickzewski.

A ferramenta também otimizará trabalho dos advogados da União e dos procuradores federais. “É uma evolução muito grande na melhoria do nosso atendimento e também no potencial aumento de arrecadação e recebimento desses créditos, na medida que estamos possibilitando um acesso mais fácil e mais célere que as formas de pagamento hoje existentes”, avalia o coordenador-geral de cobrança e crédito da PGF, o procurador federal Fabio Munhoz.

Para fazer o login no portal, o usuário precisa de um certificado digital que é, na prática, uma espécie de carteira de identidade virtual. Basta escolher uma unidade certificadora e criar esse certificado. A medida de segurança tem como objetivo evitar que uma pessoa se passe por outra e preservar o sigilo fiscal dos cidadãos.

Depois de validar o certificado, é só seguir o passo a passo que está disponível no manual abaixo. Após fazer as solicitações, basta aguardar a análise e a resposta da AGU. Pelo canal, também é possível fazer o acompanhamento das interações.

Caso tenha dúvidas ou problemas para utilizar o Módulo de Atendimento Eletrônico ao Devedor, é possível entrar em contato com a Advocacia-Geral pelo e-mail [email protected].

Devedores já podem regularizar situação com União e entidades

federais pela internet

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 14MARÇO/ABRIL • 2019

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho e nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.

Eduardo Alves da Costa

Nota: Trecho do poema "NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI",

muitas vezes erroneamente atribuído a Vladimir Maiakóvski.

O poeta Eduardo Alves da Costa garantiu que Maiakóvski nada tem a ver com o poema, na Folha de São

Paulo, edição de 20.9.2003.

OS 110 AMIGOS

Amigos cento e dez, ou talvez mais.Vaidades que eu sentia.Julguei que em toda a terra não haviaMortal tão feliz entre os mortais.

Amigos cento e dez tão serviçais,Tão zelosos das leis da cortesia,Que cansado de os ver me escapuliaAs suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.Dos cento e dez houve um somenteQue não desfez os laços quase rotos.- Que vamos, diziam eles, lá fazer?Se ele está cego não nos pode ver.Que cento e nove impávidos Mantos!

Camilo Castelo Branco

Deviríamos ter mais uma alma ou, então, nenhuma (Ibsen)

Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador (Shakespeare)

A ingratidão é uma das mais negras manchas do caráter humano. Qualquer um de nós se sente

ferido com a ingratidão que nos fazem. Que não dizer, então, da ingratidão coletiva de milhões de indivíduos. (Margarida de Souza)

Pense! Não diga que a vitória esta perdida... Se é de batalha que se vive a vida. (Raul Seixas)

Nada mais tolo que o orgulho, nada mais duro e odioso que a intolerância nada mis perigoso ou ridículo do que a vaidade. (Rui Barbosa).

Devemos chorar pelos homens à nascença, e não a morte. (Montesquieu)

Quando um homem começar a lutar consigo mesmo é sinal de que vale alguma coisa (Robert Browning)

A opinião pública é um poder invisível, misterioso, a que nada resiste. (Napoleão)

Quando um homem estúpido faz algo que o envergonha, diz sempre que cumpre seu dever. (Bernard Shaw)

A justiça é a vingança do homem civilizado, como a vingança é a justiça do homem selvagem (Epicuro)

O homem nunca é tão ridículo pelas qualidades que tem, como por aquelas que simula ter. (La Rochefoucald)

Uma nação forte nada tem a temer da antipatia dos estrangeiros; uma nação fraca deve esperar da simpatia deles. (Max Nordau)

Não sacrifiqueis nunca a honra para adquirir “honras” (de Baguy)

É mais fácil não dar o poder a certos homens do que impedir que abusem dele (Madame Roland)

Entre dois homens de igual força, aquele que tem mais razão é o mais forte. (Pitágoras)

Em política, há serviços que só podem ser solicitados aos adversários. (A. Capus)

Há na vida comercial pessoas muito honradas que só julgam fazer bom negócio quando roubam aqueles com quem o fazem. (Anatole France)

Com números se pode demonstrar qualquer coisa. (Carlyle)

Não se castiga um homem por haver roubado cavalos, mas para que os cavalos não sejam roubados. (Lorde Halifax)

Muitas vezes fazemos o bem para mais tarde fazermos o mal impunemente. (La Rochefoucauld)

Quando se lê uma biografia deve-se ter em mente que a verdade é impublicável. (G. Bernard Shaw)

Ninguém deve obedecer a quem não tem o direito de mandar (Cícero)

Não concordo com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo. (Voltaire)

Cedo ou tarde a razão há de vencer. (Voltaire)

O homem acaba por se assemelhar àquilo que gostaria de ser. (Charles Baudelaire)

Numa sociedade de lobo, é preciso aprender a uivar. (Madame du Barry)

Todos amam os bons, mas os exploram. Todos detestam os maus, mas os temem e lhe obedecem. (Vittorio Buttafava)

Um Pouco de Cultura Não Faz Mal No momento em que o pais mergulha numa das maiores recessões de inteligência e cultura, vamos recorrer aos mestres do passado, a começar pelo filósofo LAO-TSE que disse: Quem conhece a sua ignorância revela a sua mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br15 MARÇO/ABRIL • 2019

A P A F E R JR. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected]: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-07472240-2420

D I R E T O R I APRESIDENTE - José Marcio Araujo de AlemanyVICE-PRESIDENTE - Rosemiro Robin-son Silva JuniorDIRETOR ADMINISTRATIVO - Miguel Carlos Melgaço PaschoalDIRETOR ADMINISTRATIVO ADJUNTO - Maria Auxiliadora CalixtoDIRETOR FINANCEIRO - Hélio Arruda DIRETOR FINANCEIRO ADJUNTO - Rosa Maria Rodrigues MottaDIRETOR JURÍDICO - Dudley de Bar-ros Barreto Filho

DIRETOR CULTURAL - Carlos Alberto MambriniDIRETOR DE PATRIMÔNIO - Rosa Ma-ria Rodrigues MottaDIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - Antonio Carlos Calmon N. da Gama

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Natos: Wagner Calvalcanti de Albu-querqueRosemiro Robinson Silva JuniorTitulares:1. Allam Cherém Soares

Editor Responsável: Carlos Alber-to Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambri-ni, Miguel Carlos Paschoal, Rose-miro Robinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanyEditoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Monitor MercantilTiragem: 2.000 exemplares

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C O N S E L H O F I S C A LTitulares:1. José Carlos Damas2. José Carlos de Souza3. Maria Conceição Ferreira de Medei-ros Suplentes:1. Ronaldo Araujo Mendes2. Carlos Cavalcanti de A. Ramos

03 - Neri Moises Francisco - Inss03 - Waldicy Andarilho Pimenta - M. Saúde04 - Carlos Magno B. do Amaral - Mpas04 - Maria Carmen F. de S. Na-zar - Uff04 - Paulo Sergio Vianna - Agu05 - Maria Dulce Marques V. Boas - Agu07 - Tomaz José de Souza Ibge08 - Luzimar Rodrigues C. Gaul-lier - Incra09 - Claudia Regina C. B. Pereira - Agu09 - Fernando Ferreira Rodrigues

02 - Hercy Rodrigues da Silveira - Mpas02 - Levi Santos de Avellar - Mpas06 - Helio de Oliveira - Inss06 - Angela Mª. Aurnheimer Martins - Agu07 - Jairo Fernandes Garcia Filho - Inss07 - Julia Maria de Afonso Ferreira - Inpi07 - Vania Lins de Albuquerque - Agu08 - Adilson Vasconcellos - Uff08 - Adonis Barbosa Escorel - Inss09 - Branca Maria de Mello Franco - Agu

19 - José Rodrigues - Ibge19 - Therezinha Corrêa Kurdian - M. Saúde20 - José Carlos de Souza Agu20 - Licinio Câmara Lomba - Inss21 - Márcia Affonso Moura - Agu22 - Gelson Sêda - M. Saúde22 - Pedro José Guilherme de Aragão - Agu24 - Fernando Veronese Aguiar - Ibge26 - Anthero Gonçalves Filho - Agu26 - Elza Braulia M. de Oliveira M. Saú-de26 - Luiz Gonzaga L. de Vasconcelos - Cefet/Quimica26 - Manoel Luiz Leão de Andrade - In-

- Mpas09 - Lea Barreto e Silva Nassar - Incra09 - Mauro Sodré Maia - Agu10 - Aliete Perdigão de Andrade - Inss10 - Paulo José Candido de Souza - Agu12 - Anita Bernadete Carvalho Feres - Incra13 - Jorge Costa Vieira - Inss14 - Sheila Ribeiro Macedo - Inss15 - Cely Guedes de Oliveira - Inss17 - Ivanda da Porciúncula e Silva - Agu18 - Edna Lyra de Souza - Inss18 - Marcia Vasconcelos Boaventura - Agu19 - Elzalina de Oliveira - Mpas

cra27 - Carlos Eduardo L. de C. Nu-nes - Agu29 - Francisco Fiori Neto - Ufrj29 - Lylia Carmelita C. Q. Lobato - M. Faz.30 - Henrique Belfort V. Filho - Agu30 - Maria Lidia Guedes Montene-gro - Maara30 - Rosemiro Robinson Silva Ju-nior - Inss30 - Solange Lara Siqueira - Inss31 - Luiz Felipe Cunha Ramos - Agu31 - Maria Teresa Wucherer Soa-res - Incra

10 - Herta Curtinhas - Agu11 - José Rubens Rayol Lopes - Ufrj12 - Eunice Alvim Braga - M. Saúde12 - Leila Andrade Ogassavara - Inss13 - José Marcio Araújo de Alemany - Mpas13 - Miguel Jose de Souza Lobato - Funarte14 - Ilma Ribeiro Borré - Inss15 - Ana Maria de Carvalho - Inss15 - Eunice Azevedo - Mpas15 - Gilberto Fernandes Alves - Agu16 - Cyro Marcos Coutinho J. Silva - Agu17 - Luiz Augusto G. de M. Franco - Agu19 - Luiz Fernando de Almeida Lopes - M. Faz.

19 - Lydia Castelo B. M. de S. Barros - Ibge20 - Lucilia Curvello Baptista - Inmetro21 - Decio Mendes dos Santos - Inss21 - Victor Hugo da Silva Pinhão - Inpi22 - Antonio Roberto dos S. Macedo - Ufrrj22 - Manoel Cardoso de A. Neto - Agu24 - Renato José B. Magalhães - Cefet

26 - Maria Rita Bueno Nunes - Inss28 - Gracirene Pessôa Levy - M. Saú-de29 - Fernando Hugo da Cunha - M. Trasnp29 - Tiane Brasil Corrêa da Silva - Agu

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16MARÇO/ABRIL • 2019 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16JANEIRO/FEVEREIRO • 2019

PEÇO A PALAVRA

Rosemiro Robinson S. JuniorVice-Presidente

Meus caros e fiéis lei-tores: é sumamente espantoso e total-mente decepcio-nante que o mesmo

homem que sacrificou a sua carreira militar para defender os direitos e interesses de seus camaradas seja o signa-tário da Medida Provisória nº. 873/2019, complementada pelo Decreto nº. 9.735/2019, de 21/03/2019, excluindo das consignações facultativas a relativa às contribuições “em favor de fundação ou de as-sociação que tenha por ob-jeto social a representação ou a prestação de serviços a seus membros”.

Com efeito, caso prospe-rasse a insidiosa medida, a APAFERJ teria, quando mui-to, mais dois meses de vida, porquanto a consignação em folha das mensalidades dos associados é a garantia fi-nanceira para a continuidade das Associações e a substi-tuição da referida modalida-de por boleto bancário, prin-cipalmente por se tratar in

casu de Entidade com qua-dro social envelhecido, sig-nificaria, na prática, a morte inglória e absurda da mais antiga das Associações que congregam Procuradores Federais.

É de ressaltar que, se não bastasse a ocorrência de flagrante tratamento discri-minatório (as demais con-signações foram mantidas), a perversa medida afronta a liberdade de associação e contraria a Constituição Fe-deral, notadamente quanto ao art. 5º, XVII e XX, dando a impressão que o Governo Federal pretende eliminar qualquer forma de crítica ou resistência aos seus atos, implantando a chamada “paz dos cemitérios”.

De imediato, inobstante não dispormos de largos re-cursos financeiros, contrata-mos um Advogado especia-lista na matéria, o Dr. Pedro Henrique Coelho de Faria Lima, para promover a com-petente ação judicial contra a União Federal e obtivemos, de plano, o almejado êxito, consubstanciado na lapidar sentença, datada de 4 do corrente mês de abril e pro-ferida pela Dra. Ivani Silva da Luz, Juíza Federal Titular da 6ª. Vara DF (ainda há Juízes em Brasília).

Obviamente, ganhamos uma batalha, mas não ven-cemos a guerra. Contudo, temos plena convicção de que o nosso direito é irreto-cável e, certamente, haverá de prevalecer nas instâncias superiores, corrigindo-se,

assim, lamentável e incons-titucional ato praticado pelo Poder Executivo, ensejando mais um triunfo da perene trindade: Lei, Direito e Justi-ça.

Quando tomei conheci-mento dos atos restritivos acima listados, veio à minha mente o filme “O Ovo da Ser-pente”, dirigido por Ingmar Bergman, contando uma es-tória ocorrido na Alemanha, prenunciando a implantação de regime totalitário e cruel (talvez sejam sinônimos), sob o comando de Adolf Hi-tler, e não consegui dormir.

Recordei, também, o fa-moso texto da lavra do poeta Fluminense Eduardo Alves da Costa, trecho do poema “No Caminho com Maiakóvs-ki”, que aborda a conforma-ção com atos abusivos e as-sim conclui:

“Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta e já não pode-mos dizer nada”.Um conceituado Cientista

Político pátrio escreveu que, atualmente, estamos sob a égide de uma Teocracia Mi-litar. De um lado, os Evan-gélicos, aferrados as suas crenças seculares e rejeitan-do quaisquer opiniões a elas contrárias e, de outro, os Mi-litares, cuja formação é las-treada nos princípios da Hie-rarquia e Disciplina e, ipso facto, não estão habituados a aceitar posições e enten-dimentos diversos daqueles

que eles sustentam. Como se vê, é muito tênue a linha que separa Democracia de Regime de Exceção.

Talvez seja extrema ousa-dia da minha parte, mas rogo ao Presidente Jair Bolsonaro, que conheci quando ele era Deputado Federal e sempre nos atendeu com fidalguia, que revogue a Medida Provi-sória nº. 873/2019 e o Decre-to nº. 9.735, de 21/03/2019, o que o engrandecerá como ser humano e dirigente de um País que desejamos próspero e justo, construindo pontes e derrubando muros, mesmo porque as consigna-ções em folha de pagamento são pagas pela APAFERJ e, desse modo, a sua perma-nência não acarretaria ne-nhum ônus ao Erário.

No dia 30 de março pre-térito completei 82 anos de idade e gostaria que a APAFERJ, se vier a morrer, que morra depois de mim; pois seria muito doloroso as-sistir à derrocada de sonhos e ideais que a construíram, projetaram-na e a mantêm há quase quatro décadas de existência profícua, corajosa e incansável, na busca inces-sante de melhores dias para todos aqueles que nos con-fiaram os nossos mandatos.

P.S. O texto em latim que encima este artigo é da

autoria do monumental Cí-cero (In Catilinam “Contra

Catilina”). Substituí Catilina por Brasília, valendo-me da celebre indagação do maior

tribuno da Antiga Roma.

O Ovo da Serpente

Quosque tandem abutere, Brasília, patientia nostra?

Até quando, ó Brasília, abusarás da nossa

paciência?