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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 1 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018 ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981 R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXV - Nº 359 - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 • IMPRESSO Apaziguação já – pág. 2 Análise – O que esperar do amanhã - pág. 3 O Cidadão e suas necessidades / escolhas - pág 5 Para onde vai o Brasil? - pág 6 O que esperar do Brasil do futuro? - pág 7 51% dos brasileiros esperam se aposentar antes dos 65 anos - pág 12 Réquiem – pág. 16 Dias Toffoli toma posse como Presidente do STF Dois Presidentes: Dias Toffoli do STF e Marcio Alemany da APAFERJ Leia nesta edição

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS … · assim como o ministro Luiz Fux, magistrado de carreira que também serviu ao Minis-tério Público, e tem grande ex-periência

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br1 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXV - Nº 359 - SETEMBRO/OUTUBRO 2018 • IMPRESSO

Apaziguação já – pág. 2Análise – O que esperar do amanhã - pág. 3O Cidadão e suas necessidades / escolhas - pág 5Para onde vai o Brasil? - pág 6

O que esperar do Brasil do futuro? - pág 7

51% dos brasileiros esperam se aposentar antes dos 65 anos - pág 12

Réquiem – pág. 16

Dias Toffoli toma posse como Presidente do STF

Dois Presidentes: Dias Toffoli do STF e Marcio Alemany da APAFERJ

Leia nesta edição

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 2SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Márcio Alemany - Presidente

Um belo dia todos seremos aposen-tados e é o que se deseja! Ficar sepa-

rando interesses e direitos de ativos e de aposentados sem duvida é uma atitude senão descabida pelo menos impru-dente que somente serve a quem quer estar sempre su-primindo direitos e conquis-tas dos que têm com denodo e exclusividade servido ao Estado e em última análise à Nação. Gente invejosa ou desprovida de sentimento de civismo e seriedade com os interesses de nosso Povo! Os avanços obtidos na constru-ção da Causa Pública somen-te foram estabelecidos com o concurso de seus servidores, quer técnicos ou administrati-vos, em todos os seus níveis e nas mais variadas compe-tências. Quase todo Governo que chega eleito ou não, an-tes de assumir, alardeia em sua propaganda via de regra criticando o anterior e ainda informando o que pretende fa-zer e o que entende ser mais acertado em sua proposta de realização na condução do Estado se esquecendo, mui-tas da vezes, que as Leis já existem e que bastariam ser devidamente cumpridas! E essas propostas sempre di-zem da redução do tamanho

do Estado e até mesmo da Representação no Congres-so Nacional que não é nada fácil pois dependeria de uma nova constituição ou pelo me-nos de uma Emenda Constitu-cional com quórum qualificado de dois terços da duas Casas Congressuais. Muitos sonhos e devaneios onde o Servidor Público sempre é posto na ber-linda também se esquecendo que a Legislação disposta ao Serviço Público e a seus Servi-dores é por demais severa cul-minando para com os casos de maior gravidade com a demis-são, além com a possível perda por confisco de seus bens nos casos de recebimentos indevi-dos ou apropriações indébitas. Também ficam esquecidos de que o Servidor Público é admi-tido com o rigor dos concursos públicos de provas e títulos em disputa relida, vigiada e patru-lhada por todos os interessados inscritos também sujeitos às penas da Lei em casos de frau-des ou descumprimento do que reza em seus editais de cha-mamento. E, não seria demais sublinhar, que o Servidor Públi-co tem sido o guardião perpétuo da coisa pública, muitos erraram e pagaram por isso e certamen-te perderam seus empregos e ainda também seus bens. Mas não poderemos jamais esque-cer a “Operação Lava a Jato” que bem emblematiza o êxito, a seriedade e a importância de nosso Serviço Público! Realiza-da pela Policia Federal em par-ceria com o Ministério Público Federal e pelo Poder Judiciário sob a liderança do Juiz Sergio Moro e participação do Juiz Marcelo Bretas e outros Magis-trados com a contribuição de

grande equipe de diversos Pe-ritos e demais Técnicos igual-mente de grande competência que, como sempre, contou com um sem número de Servido-res Administrativos de diversas áreas e, bem assim, de Pessoal de Apoio, todos com demons-trada dedicação e eficiência na defesa e na busca de nosso Patrimônio Público, subtraído por criminosos, muitos já con-denados e cumprindo pena na cadeia. A Operação Lava a Jato deu relevante destaque em sua formidável contribuição para exibir a importância fundamen-tal do nosso Serviço Público e de seus abnegados Servidores, muitos até mesmo mais humil-des percebendo remunerações de pouca expressão, mas que operaram esse trabalho de cunho cívico e de significância exemplar para a nossa historia. Mas tudo isso para lembrar que estamos às vésperas de elei-ções gerais quando voltamos a assistir as velhas ameaças ao nosso Serviço Publico e a nós Servidores com discursos in-flamados de nossos políticos, uns já muito conhecidos com ataques do que querem fazer propondo redução de nossos quadros e de nossos salários e conquistas nesses longos anos de trabalho sempre em sua grande maioria se esquecendo que todos, sem distinção, fica-mos sem aumentos de nossas remunerações, com perda de poder aquisitivo e com corte de vantagens por muitos anos estabelecidas. Perda da Pa-ridade e da Estabilidade para uns e perda de atualização dos valores sem que fosse corrigida nem mesmo a inflação no pe-ríodo para outros, pelo menos

para trazer mínima correção remuneratória, além do des-caso e assim, falta de reco-nhecimento e estímulo com o trabalho de todos. Para com os aposentados da nos-sa Advocacia Pública, numa atitude absurdamente sur-preendente deu-se um ver-dadeiro divorcio entre Ativos e Aposentados em face do não pagamento da Paridade no recebimento da Sucum-bência única vantagem exis-tente para as suas Carreiras, deixando os inativos descon-siderados a perceberem va-lores reduzidos a percentual de baixa equivalência acar-retando desunião e descon-forto aos mais velhos que com muito esforço se dedica-ram a construção da defesa dos Interesses Jurídicos do Estado, de seu Patrimônio Público e de sua Cidadania por todos esses anos, como repetimos volta e meia di-zendo que foi feita a cama e deixamos a mesa posta para o atendimento das novas gerações que chegavam e que com essa atitude de in-sensibilidade nos desconsi-deraram se esquecendo que um dia também deverão se aposentar. Sem outras van-tagens os Advogados Públi-cos, por todo o mérito passa-ram, por força do novo CPC a fazerem jus à percepção dos honorários advocatícios e, mesmo assim, ao limite do teto constitucional já es-tabelecido pelo STF! Além de certos políticos que nos desfavorecem com seus per-niciosos discursos de cam-panha pregando a prática

APAZIGUAÇÃO JÁ

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br3 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Seja um colaborador do seu jornal. Envie artigos, monografias, casos pitorescos de sua vida forense, biografias de juristas famosos e tudo que se relacione com assuntos jurídicos. Os trabalhos após analisados, poderão ser publicados.Obs: Os textos não deverão ultrapassar duas laudas, espaço dois.

Prezado Associado,

da desconsideração e do desapreço ao trabalho que é realizado pelos Servido-res Públicos os próprios co-legas também Servidores, por vezes, se esquecem que as carreiras de todo o Serviço Público somente serão fortalecidas se estive-rem unidas como as demais corporações da chamada iniciativa privada. Não se sabe de banqueiro, de in-dustrial, de agroindustrial ou de comerciante desunido, e o lema também para eles continua sendo o mesmo “unidos seremos mais for-tes”! Os Aposentados das Carreiras Jurídicas, muito embora estejam sofrendo prejuízos percebendo re-duzido percentual dos Ho-norários, não gostariam de permanecer judicializando em diversos processos para a conquista dessa Paridade que entendem ter direito por amparo constitucional mas, de forma harmônica e irmanados em único propó-sito: recuperarem a unidade politica de ação de toda a corporação da nossa Ad-vocacia Pública, buscando não somente a percepção da Paridade no pagamento dos honorários sucumben-ciais, mas também lutando para a Unificação de todas as Carreiras Jurídicas em disposição na letra de nos-sa Nova Lei Orgânica que precisa ser logo aprovada e entrementes a isso reali-zar a FUSÃO de todas as nossas Associações para que todos, sem mais adia-mentos, fiquem sob uma única Bandeira Associativa e, assim, tenhamos a nossa Apaziguação Já!

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Murilo Gaspardo*Nestes tempos sombrios, é

imperativo refletirmos sobre o 'amanhã'. O que teremos quan-do a crise passar? 'O amanhã' da Independência foi a entrega do comando do Brasil ao filho do monarca da metrópole, o Poder Moderador, a perma-nência do escândalo da escra-vidão. Com a proclamação da República, não foi diferente: seguiram-se o coronelismo, a ditadura do Estado Novo, um breve período democrático e o golpe civil-militar de 1964. A redemocratização ocorreu sem um completo acerto de contas com o passado autoritário.

Houve avanços? Obvia-mente, e não foram poucos: garantia das liberdades pú-blicas e dos direitos sociais, estabilização econômica, re-dução da desigualdade social. Entretanto, tudo foi construído em bases frágeis e as con-quistas encontram-se amea-çadas. Especificamente no campo político, a Constituição

de 1988 nos legou eleições di-retas, instrumentos para puni-ção dos corruptos etc., mas o patrimonialismo continua a ser um componente estrutural do Estado brasileiro e a soberania popular permanece bloqueada por interesses privados nacio-nais e internacionais. Além dis-so, a sociedade segue infanti-lizada: personalizamos o bem e o mal, simplificamos o que é complexo, esperamos por um salvador da pátria, seja um lí-der político carismático ou um juiz redentor da corrupção.

Será que a tendência do 'amanhã' da crise atual será repetir o 'ontem' da história brasileira? Passada a turbu-lência, as estruturas de domi-nação, desigualdade social e limitação da soberania popu-lar permanecerão íntegras, ou mesmo reforçadas? Parece ser esse o cenário mais prová-vel se o debate seguir concen-trado na troca do comando do Poder Executivo e a mobiliza-ção social restrita às passea-

tas, sem que sejam atacadas as raízes desta crise e ocor-ra o envolvimento de todo o povo em uma prática política diuturna.

Entretanto, é preciso con-servar a esperança. Boaven-tura de Sousa Santos escreve que devemos realizar uma aná-lise 'radical da política do pos-sível, sem ceder a uma política do impossível', de maneira que a 'ação conformista' seja subs-tituída por uma 'ação-com-cli-nâmen', criando-se 'condições que maximizam a probabilida-de' de ocorrer o inesperado. E o que mais precisamos hoje é que o inesperado aconteça. Porém, para tanto, é neces-sária muita disposição para o diálogo, para a construção coletiva e para o aprendizado com processos sociais contra--hegemônicos, como a recente ocupação das escolas paulis-tas pelos estudantes.

* Murilo Gaspardo é pro-fessor de Teoria do Estado

da Unesp de Franca

Análise - O que esperar do 'amanhã'?

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 4SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Allam Soares - Procurador Federal

Há na 5ª Sinfonia de Beethoven uma inesperada quietude, como

se houvesse um bloqueio da natureza. As cordas mantêm um singular acor-de. De repente, escuta-se um discreto batimento de tambores, que se transfor-ma em uma vibração con-tínua. O bloqueio inicial diminui, cresce a orques-tração, ouvindo-se trompas e trumpetes: é como se o fim daquele bloqueio cul-minasse na total libertação da orquestra, com um som arrebatador.

Tolices e CrençasEm 1978, nos EUA, houve

uma nevasca que levou o Pre-sidente Carter a declarar essa área de calamidade federal. Em certo momento a neve congelou: pane na rede elé-trica, prejudicando hospitais e residências. Em 3 dias, a neve cessa, as crianças esquiam e, com cautela, o povo volta às ruas. De repente, alguém abre uma janela e o som de poderosos alto-falantes ecoa o glorioso “finale” da 5ª Sinfo-nia, com a fanfarra tocada por vigorosos tambores: é a vida que retorna. Mas não é que se chegou a dizer que essa sin-fonia era obscena e implicava o fim da música!

O escritor Gustave Flau-bert, num insólito deslize, dis-se de Balzac: “Que homem te-ria sido se soubesse escrever”!

Na Itália, havia um progra-ma que propunha aos ouvin-tes falarem a um público en-furecido, o que os levava a ouvir todo tipo de impropérios. Apesar disso, o programa era consideradíssimo, pois ofen-sas para eles não eram nada porque tinham a possibilidade de serem vistos por milhares de pessoas.

Após derrubarem Hípias, em 510 AC, para evitar o des-potismo, os atenienses vota-vam no nome de um político com grande notoriedade e que quisessem exilar. Achavam, assim, que a Democracia es-taria garantida. Já os esparta-nos, caso não se tivessem ca-sado até os 30 anos, perdiam o direito ao voto, não podendo mais participar de reuniões, nas quais homens e mulheres

se divertiam.Na Antiguidade, a influen-

za (gripe) teve seu nome ori-ginário da má influência dos astros.

Pesquisando catálogos de bibliotecas, foi encontrado um livro cujo título era “Da in-fluência do velocípede sobre os bons costumes”.

Chateaubriand, a respeito de Bonaparte, dizia que ele era, de fato, um grande ven-cedor de batalhas, mas, ape-sar disso, o pior general era mais esperto que ele.

No púlpito da Notre Dame de Paris, presente a aristo-cracia francesa, Monsenhor Quélen declarou que” Não apenas Jesus era Filho de Deus, como era de excelente família pelo lado da mãe”.

Antissemitas, para justifi-car a alegada paixão judaica pelo dinheiro, espalharam a lenda de que, quando uma mãe judia tem um parto difícil, basta agitar moedas de prata perto de sua barriga, que o bebê aparece de mãos esten-didas.

Em Wycombe (Inglaterra), mantém-se o antigo costume da “Wheighing Ceremony” (Cerimônia de Ver-o-Peso), através da qual Prefeito, Vi-ce-Prefeito e representantes de Sub-Distritos são pesados para ver se engordaram às custas do povo.

Por fim, há uma afirmação, largamente divulgada, incor-reta e inverídica, que, se não é sobre temas culturalmente relevantes, é de extrema im-portância, além de estigmati-zante, e que irá afetar milhões

de brasileiros. Nossa Pre-vidência não estaria defi-citária por alta corrupção, falta de contribuição dos empregadores, desvios de verbas, isenções desca-bidas ou cobranças insu-ficientes de seus grandes devedores, mas por culpa exclusiva de milhões de brasileiros que recebem dos setores públicos ou privados, à exceção – é claro – dos integrantes do Legislativo, Judiciário, Po-lícias e Forças Armadas.

Note-se, por fim, o que Hannah Arendt disse: “Há 3 tipos de verdade: a factual, cujo contrário é a mentira; a científica, cujo contrário é o erro e a filosófica, cujo contrário é a ilusão”. Des-te modo, desconhecer que estes cálculos estatísticos estão equivocados, é inci-dir num dos 3 tipos descri-tos pela filósofa alemã.

P.S.: A propósito da refor-ma previdenciária, os no-vos e velhos candidatos à Presidência nada falam ou balbuciam inanidades com receio de desagradar os eleitores. Há, porém, um aspecto em que todos deveriam concordar. É ne-cessário, na inativação, um limite razoável de idade e tempo de serviço para to-dos. Esta que foi apresen-tada só serve para maltra-tar muitos ativos, sufocar os aposentados e as futu-ras pensionistas. Todos, evidentemente, civis!

Allam

“Podemos conceituar “crença” como uma firme convicção em algo de que não se tem nenhuma prova. Onde há prova, não se fala de crença, por exemplo, o fato de que dois mais dois são quatro, (..).Só falamos de crença quando queremos substituir a prova por um tipo de fé”.

(Bertrand Russel’s best, UHL, 1958)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br5 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Carmen Lucia Vieira Ramos LimaProcuradora Federal

Um fato destruidor para qualquer País é ser ferido nos seus princí-

pios constitucionais. O Bra-sil, s.m.j., vem sofrendo nos seus fundamentos, devido à corrosão de nobres prin-cípios formadores: a deca-dência educacional, inibido-ra de melhores empregos e salários e consumidora voraz da autoestima de um Povo; a diminuição de poder aquisitivo dos cidadãos gera emigração, desemprego, ca-rência de toda sorte física, mental, emocional. Razão e emoção entram em colapso. Valores quase inexistentes não sobrevivem à insegu-rança e medo. Instituições e organizações derivam quan-do há insegurança jurídica. Nada se sustenta e tudo se torna um convite ao retorno de organizações internacio-nais emprestadoras compul-sórias, que se apossam da vontade do Estado, ditando suas regras impositivas. Na América do Sul, a Argentina é o exemplo do momento, ao se socorrer novamente com o Fundo Monetário Interna-cional (FMI), sempre pron-to a prestar financiamento.

O Cidadão e suas Necessidades / Escolhas

Reflexão:

• Política e relacionamentos.• Instituições e Organizações.• A cultura como base das civilizações. Povo sem

história é povo sem alicerce. Subsiste?• Tragédias anunciadas. Povos e culturas.• Um País não se sustenta quando não honra o seu

passado. Sem essência, não se mantém somente de circunstâncias.

• O Brasil para crescer deve mudar. Quem e o que pode mudar o Brasil? Por que as conhecidas ne-cessidades esbarram sempre na mesmice das posições articuladas?

• As criações / escolhas humanas e a sua inserção social, tempo de duração, circunstâncias de ori-gem. Relações e comando.

• Sistemas, engrenagens administrativas, civiliza-ções têm fim. Podem ser mais ou menos rápidos, mais ou menos indolor.

Governos com dificuldade de gerenciamento são presas rá-pidas. E são necessários anos para sair desse jugo...

O Brasil precisa restaurar a soberania interna e demons-trar aos organismos internacio-nais que a soberania externa se mantém. O incêndio que acometeu o Museu Nacional/RJ, com acervo de 20.000 mi-lhões de peças concernentes a inúmeras áreas culturais, es-crevendo a trajetória do País desde 200 anos, guardando no seu bojo aspectos de arqueo-logia, astronomia, história, a construção de um Brasil monu-mental ainda, na data em que

se comemora a Independência do Brasil, reflete o quanto a corrupção e desvios de verbas importantes para a manuten-ção da sobrevivência cultural – no passado histórico, no pre-sente vivencial e na perspecti-va futura da nação – foram pre-judiciais e podem deixar vazios não mais preenchíveis no con-texto da cultura local, continen-tal, quiçá mundial, interferindo nas civilizações e sua continui-dade.

Que os candidatos a cargos eletivos se renovem. Povo can-sado deixa de lado os aspectos racionais e se torna emocional ao votar. Decisões tomadas

ao sabor da descrença não costumam frutificar nem mesmo remendadas.

Continuar acreditando. Não perder a Fé. Crer que há água no deserto de su-posições e de carência de alicerces para montar a en-grenagem sócio – político – administrativa necessária ao alavancamento de novas bases estruturais ao desen-volvimento do nosso Brasil. Buscar essa concretude em novos relacionamentos, é necessário. Direitos ema-nam de novas circunstân-cias e serão reconhecidos sempre que tiverem funda-mento na real necessidade de sua criação. Os fatores geradores de obrigações que estão pesando sobre todos, dificultando a expres-são da coletividade na sua ânsia de crescimento, em sendo imediatista e cobrin-do emergências, só acres-cem custos, sofrimento e desprestígio à população nacional. O Brasil vem se repetindo nas esferas mu-nicipal/estadual/união, com prejuízo para a sua restau-ração, amargando proces-sos grandiosos de desvios de recursos indispensáveis ao seu desenvolvimento. Sem Cultura / Educação, que história será continua-da pelas futuras gerações? Culturas vivas têm como cartão de visitas Adminis-trações Engajadas. Gover-nos autenticados pelos Ci-dadãos.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 6SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

*Dom Odilo P. SchererHá meses os noticiários dos meios de

informação estão focados num mesmo as-sunto: os escândalos de corrupção no Bra-sil. E não é para menos! O que tem apare-cido nas denúncias e investigações é muito grave, corroborando a suspeita de que o desvio de bens públicos explica a carência de recursos para atender às necessidades prioritárias da população, como saúde, edu-cação, saneamento básico, moradia, segu-rança, proteção social dos mais vulneráveis e infraestrutura em geral.

É muito dinheiro público desviado para benefícios privados ilícitos! Isso também ex-plica por que a atividade econômica é one-rada com uma carga tributária sufocante. Pior de tudo: a corrupção nas altas esferas da vida pública e da atividade econômica acaba funcionando como um vírus conta-gioso, que se difunde facilmente e pode in-fectar as fibras morais das pessoas. Diante do mau exemplo que vem de cima, como os cidadãos comuns ainda se podem sentir motivados a ser honestos e a cumprir bem os seus deveres? Por que não embarcariam também na onda das vantagens fáceis e ilí-citas? Chegou a hora de nos perguntarmos: para onde queremos que o Brasil vá?

No final da sua recente assembleia-ge-ral, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma declaração forte “sobre o grave momento nacional”. Nela se listam vários motivos de apreensão para a população brasileira, perplexa diante da de-licada conjuntura política, econômica, social e moral por que o Brasil vem passando. Não dá para negar que o momento é muito de-licado.

Diante da série de mazelas ligadas à cor-rupção, à violência contra a pessoa e a vida, ao degrado ambiental, à perda de qualidade

da educação e do atendimento à saúde, ao desmantelamento da família, à desagrega-ção do tecido social e ao crescimento do cri-me organizado, os bispos apontam um fator comum e constante: a perda ou o desprezo dos referenciais éticos e dos princípios mo-rais nas relações pessoais e sociais e nas instituições públicas. Se cada indivíduo ou organização pautar a sua conduta por inte-resses subjetivos, não os relacionando com o que é bom, digno, justo e honesto tam-bém em relação aos outros, só pode apa-recer o caos no convívio social. A retomada urgente dos caminhos da ética e da moral é condição indispensável para que a socieda-de consiga lutar contra os males mais evi-dentes que a afligem.

Essa retomada passa também pelo res-peito efetivo a questões essenciais à vida social, econômica e política, como a prima-zia da pessoa e de sua inalienável dignida-de sobre o mercado e do trabalho sobre o capital. A isso se acrescente ainda a prima-zia do Estado sobre o mercado: não deve o Estado ser governado pelo mercado, mas o contrário. A inversão desses referenciais da ordem social, econômica e política tem consequências altamente danosas, sobre-tudo para os mais desprotegidos e vulne-ráveis da população. Bem lembrou o papa Francisco: “O dinheiro deve servir, e não governar”.

Os bispos referem-se ao desencanto e descrédito de políticos e da política e até mesmo dos poderes públicos. Esse esta-do de coisas revela certa desconexão en-tre política e sociedade: esta não se sente respeitada e representada pelos ocupantes dos Poderes, nem atendida na promoção do bem comum. “É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa”, superando vícios antigos e resistentes da política brasileira, como o clientelismo e o fisiologismo partidário, “que leva a barga-nhas sem escrúpulos”, na busca de van-tagens privadas e pouco transparentes no exercício da função pública.

O mal-estar com os políticos tende a le-var à rejeição da representação partidária e até do exercício da política. Mas isso seria

um grave equívoco, pois criaria um clima favorável ao surgimento de propostas po-pulistas, autoritárias e intolerantes de exer-cício do poder. A História adverte contra os riscos de semelhantes escolhas. Antes que tal aconteça, seria necessário avançar numa verdadeira reforma política, com um controle mais eficaz da sociedade sobre o exercício dos poderes conferidos democra-ticamente.

Cresce a agressividade no meio da po-pulação. As mídias sociais, muitas vezes levadas por informações parciais, desem-penham um papel relevante na difusão de ideias e na agregação de tendências. Nis-so pode haver um lado positivo, por revelar que há muita gente atenta, querendo ver as coisas mudarem para melhor. Mais que à agressividade, porém, essa crescente pola-rização de posições deveria levar ao diálo-go e a uma dialética propositiva na busca de caminhos em benefício do bem comum. A polarização fechada é estéril, pode apro-fundar feridas e levar à convulsão social.

A declaração da CNBB faz referência a uma série de fatores que dão origem à in-segurança e à violência, como a exclusão social persistente de amplos setores da po-pulação, os conflitos fundiários no campo e na cidade, a desatenção aos direitos dos indígenas, a situação deplorável do siste-ma carcerário, o tráfico de drogas e outros negócios ilícitos. O Brasil tem um número elevadíssimo de assassinatos a cada ano! É provável que a violência continue a au-mentar e a se alastrar sempre mais.

Não basta denunciar os males, é preciso indicar caminhos para a solução dos proble-mas e colaborar efetivamente para mudar essa situação. É desnecessário dizer que se espera dos legítimos representantes dos poderes públicos o exercício fiel e hones-to de suas atribuições em favor do País e do povo. Mas à própria população também cabe fazer bem a sua parte, vigiando aten-tamente o desempenho dos detentores de poder. A declaração da CNBB conclui com um apelo a todo o povo brasileiro: estão em suas mãos a missão e o poder das esco-lhas para um Brasil melhor.

Para onde vai o Brasil?A polarização fechada é estéril, pode aprofundar feridas e levar à convulsão social

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br7 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Hoje, a maioria dos brasileiros não es-pera mais um futuro promissor para o nos-so País.

A crise de corrupção que se instalou em diversos setores públicos parece não ter data para acabar. O que vem acabando todos os dias são os nossos sonhos e a nossa esperança.

Em 2017 chegamos ao ápice da crise política brasileira, acreditar que essa crise vai piorar é impossível, mas acreditar que os seus efeitos serão facilmente reorgani-zados também não será tarefa tão simples.

Recente pesquisa realizada pelo Institu-to Datafolha revelou que 34% dos entrevis-tados sentem vergonha de serem brasilei-ros, esse número corresponde a um terço da população brasileira.

“Diariamente o povo vem sendo submetido a esque-mas de corrupção intermi-náveis em todos os níveis. Não parece haver nenhu-ma proposta para mudar isso”, afirmou a socióloga e professora da UERJ, Alba Zaluar.

O povo brasileiro vive hoje cercado de seus pró-prios medos, medo da cor-rupção sistêmica, medo da violência que culmina, medo do sistema de saúde pública falido, medo da bon-dade alheia, medo do medo e o mais provável, medo do

futuro do nosso País.A polÍtica virou uma verdadeira poli-

ticagem, promessas infinitas que não se cumprem, descaso, roubalheira, desvios de milhões dos cofres públicos, desvio de conduta daqueles que estão com uma pro-curação assinada pelo povo brasileiro.

Quando votamos em um determinado candidato, estamos entregando ao mesmo uma procuração assinada para que o mes-mo nos represente de forma digna e justa diante das diversas esferas governamen-tais.

O Brasil hoje tem uma péssima ima-gem, adquirida com a avalanche de cor-rupção impregnada em todos os setores públicos e privados do nosso País.

As eleições de 2018 marcarão, o inicio

O que esperar do Brasil do futuro?de um novo tempo para o povo brasileiro, que mesmo diante de tanto desamor ainda sonha com um País melhor para se viver.

É hora de fortalecer os sentimentos bons que existem em nós, para conquis-tarmos um País onde todos viverão com dignidade e cabeça erguida em busca dos nossos sonhos e nossos objetivos.

O Brasil do futuro será reconstruído a partir de políticos honestos e éticos, com-prometidos em diminuir as desigualdades sociais.

A dignidade humana e os direitos fun-damentais, direitos adquiridos para o povo brasileiros desde a Constituição de 1988, é tudo o que o povo brasileiro sonha para o futuro do Brasil.

Saúde, educação, moradia, seguran-ça, emprego, e justiça social são conquistas simples que beneficiarão o nosso povo. E isso só será possível se as verbas públicas forem in-vestidas de maneira correta, sem desvios, sem pagamen-to de propinas.

O Brasil que o povo brasi-leiro quer para o futuro é um Brasil sem corrupção

Carla de Almeida Gonçal-ves é graduada em Direito, pós-graduada em Direito Pú-blico, doutora em Ciências Ju-rídicas e Sociais pela UMSA ( Universidade Del Museo So-cial Argentino) e professora de Direito Administrativo

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Mais jovem ministro a assumir a presidência do STF, Toffoli coman-dará Judiciário pelos próximos dois anos. Ele tem perfil conciliador, avaliam colegas. Novo vice é Luiz Fux.

No cargo de presi-dente do STF, caberá a Dias Toffoli, prin-cipalmente, definir a pauta de julgamentos da Corte. O ministro já escolheu os pro-cessos das próximas quatro sessões, com destaque para ações sociais, trabalhistas e ambientais.

Toffoli também pre-sidirá o Conselho Na-cional de Justiça (CNJ), órgão responsável pela administração da Justi-ça no país.

O ministro foi eleito para a presidência do STF em agosto, pelos ministros do tribunal. Por tradição, o STF adota um siste-ma de rodízio baseado no cri-tério de antiguidade. É eleito o ministro mais antigo que ainda não presidiu o STF.

Nesta quinta, deixou a pre-sidência da Corte a ministra Cármen Lúcia, que herdará cerca de 2 mil processos até então sob relatoria Dias Toffoli – o menor estoque do STF.

A ministra também passa a ocupar o lugar de Toffoli na Se-gunda Turma do STF, que jul-ga a maior parte dos casos da Operação Lava Jato.

Toffoli continuará partici-

Dias Toffoli toma posse como presidente do

Supremo Tribunal Federal

pando dos julgamentos mais importantes, no plenário da Corte, com os outros 10 minis-tros – caberá a ele sempre o úl-timo voto nas decisões.

CerimôniaEntre os presentes à sole-

nidade estavam o presidente da República, Michel Temer, o presidente do Congresso Na-cional, senador Eunício Olivei-ra, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, mi-nistros do STF, ministros apo-sentados da Corte e ministros de tribunais superiores.

A procuradora-geral da Re-pública, Raquel Dodge, gover-nadores e a família de Dias Toffoli também acompanharam a posse do novo presidente do STF.

Antes de Toffoli prestar o compromisso de posse, o Hino Na-cional foi cantado por crianças de um coral.

PerfilToffoli é considerado

um ministro conciliador e profundo conhecedor do funcionamento da administração federal, uma vez que já esteve em diferentes cargos nos três poderes da Re-pública.

Os colegas do STF esperam um período marcado pelo diálogo e pelo apaziguamento institucional, além de gestão eficiente nos as-suntos do STF.

Entre advogados, a expectativa é de com-partilhar com os pares

a definição da pauta de julga-mentos – a maior expectativa é em relação à rediscussão da atual permissão para a prisão após condenação em segunda instância.

Toffoli defende a prisão após a condenação em terceira instância – no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – e há expec-tativa que ele paute a questão no primeiro semestre do ano que vem.

TrajetóriaNascido em Marília (SP),

Dias Toffoli está com 50 anos e chegou ao STF em 2009 por indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde então, presidiu a Pri-meira e a Segunda turmas da

Corte e, por quatro anos, atuou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comandando a Corte de 2014 a 2016.

Dias Toffoli é formado em direito (1990) pela Faculdade do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP).

Advogou em São Paulo, foi professor em Brasília, assesso-rou o PT na Câmara e chefiou a área de assuntos jurídicos da Casa Civil. Ainda no governo Lula, exerceu o cargo de advo-gado-geral da União (AGU).

Conhecido por estudos e experiência no campo do di-reito eleitoral, propôs ao STF limites para o uso das delações premiadas. Em 2015, fixou a tese de que o acordo e as de-clarações não bastam para condenar alguém, pois preci-sam de provas para confirmar a veracidade do que foi dito pelo colaborador.

No ano seguinte, Toffo-li defendeu a possibilidade de a Receita obter diretamente dos bancos dados financeiros de correntistas, para facilitar o combate à lavagem de dinheiro e evasão de divisas; por outro lado, disse que vazamento dos dados seriam duramente puni-dos.

No campo administrativo, Toffoli defendeu a possibilidade de órgãos públicos desconta-rem do salário os dias parados de servidores em greve. Na saúde, proibiu que pacientes sejam internados em condições melhores em hospitais públicos se pagarem pelos serviços.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br9 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

A solenidade de posse do ministro Dias Toffoli na Presi-dência do Supremo Tribunal Federal reuniu diversas autori-dades dos Três Poderes, além de amigos e familiares. O pre-sidente da República, Michel Temer, destacou a trajetória admirável do ministro, “não só por cultuar a aplicação rigoro-sa do Direito como também por ser alguém que se preocupa com a pacificação social, com a harmonia entre as pessoas e com a harmonia entre os Pode-res da República”. Acompanhe a declaração de ministros do STF e outras autoridades con-vidadas para a cerimônia.Gilmar Mendes, ministro do STF - “Nós todos estamos com boas expectativas em relação à gestão do ministro Toffoli. Foi bom gestor na AGU e no TSE e tem atuado bem na gestão do seu próprio gabinete. Por-tanto, será um bom gestor, certamente, do Supremo e do CNJ. Eu tenho ressaltado que, para o Judiciário, na parte ad-ministrativa, o CNJ talvez seja até mais importante do que o próprio STF. Ali se traçam as políticas públicas e certamente as qualidades de gestor do mi-nistro Toffoli e também do mi-nistro Fux vão se projetar e vão nos ajudar a superar todo esse quadro desafiador”.Ricardo Lewandowski, mi-nistro do STF - “Desejo mui-to sucesso aos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, que coman-darão o STF pelo próximo biênio. Ambos têm uma vasta experiência profissional. O mi-nistro Dias Toffoli vem de uma carreira muito bem-sucedida na advocacia, onde galgou pra-ticamente todos os postos rele-vantes, até a Advocacia-Geral da União. E o ministro Luiz Fux

Posse do ministro Dias Toffoli reúne autoridades dos Três Poderes

é um juiz de carreira, percorreu também todos os estágios da magistratura, passando pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, pelo STJ e pelo TSE. E ademais é um grande aca-dêmico. Tenho certeza de que terão muito sucesso na tarefa importante que os aguarda”.Luís Roberto Barroso, minis-tro do STF - O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que tem a melhor expectativa com a gestão dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux. “O ministro Dias Toffoli vem de experiên-cias bem-sucedidas de gestão tanto na Advocacia-Geral da União quanto no Tribunal Su-perior Eleitoral e tem um gabi-nete muito bem administrado. O STF precisa de uma revolu-ção no modo como trabalha e o ministro Dias Toffoli é a pessoa preparada para conduzi-la de forma harmoniosa e baseada em diálogo”, disse.Alexandre de Moraes, minis-tro do STF - "É uma enorme honra poder estar no Supre-mo Tribunal Federal na pos-se dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux. Eu conheço o minis-tro Toffoli há mais de 30 anos, fomos colegas de Turma na fa-culdade do Largo de São Fran-cisco, em São Paulo. Ele é uma pessoa competente, dedicada, inteligente e, mais do que tudo isso, um grande amigo e uma pessoa que agrega as demais, assim como o ministro Luiz Fux, magistrado de carreira que também serviu ao Minis-tério Público, e tem grande ex-periência. Tenho absoluta cer-teza de que os dois farão uma grande condução do Poder Ju-diciário nesses próximos dois anos, sob a direção do ministro Dias Toffoli".João Otávio de Noronha, pre-

sidente do STJ - O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, declarou que o mi-nistro Dias Toffoli é um grande gestor, um homem íntegro e portador de grande inteligên-cia jurídica. “O ministro Dias Toffoli é meu fraternal amigo, com quem trabalhei no TSE, quando ele era presidente e eu era corregedor. O Brasil, o Supremo Tribunal Federal e o jurisdicionado ganham muito”, salientou.

Nomeado em 2009 pelo ex--presidente Lula, ministro ficará à frente do Supremo até 2020, com o ministro Luiz Fux como vice-presidente da Corte.

Seguindo a tradição da Casa, o plenário do STF elegeu Toffoli por ser o atual vice-pre-sidente e ministro mais antigo que ainda não exerceu a pre-sidência. Como vice, o ministro que será o presidente no man-dato seguinte. Toffoli ingres-sou na Suprema Corte em 23 de outubro de 2009 (governo Lula), e Luiz Fux em 3 de março de 2011 (governo Dilma).

De acordo com o regimento interno do STF, a eleição deve ocorrer sempre na segunda sessão ordinária do mês ante-

rior ao do final do mandato do atual presidente. O ministro Dias Toffoli será o 58º presi-dente do Supremo desde o Im-pério e o 47º desde a proclama-ção da República.

José Antonio Dias Toffo-li (Marília, 15 de novembro de 1967) é um jurista e magistra-do brasileiro, atual ministro e presidentedo Supremo Tribu-nal Federal, tendo sido advo-gado-geral da União durante o Governo Lula e ministro e pre-sidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Bacharel em direito pela Fa-culdade de Direito da Universi-dade de São Paulo (1990), foi professor colaborador no curso de pós-graduação desta insti-tuição, além de lecionar direito constitucional e direito de famí-lia no Centro de Ensino Unifica-do de Brasília.

Ingressou na advocacia em 1991, tendo sido consul-tor jurídico na Central Única dos Trabalhadores de 1993 a 1994, assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Es-tado de São Paulo em 1994 e assessor jurídico da liderança do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados de

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 10SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

1995 a 2000. Atuou como ad-vogado de três campanhas presidenciais de Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 1998, 2002 e 2006. Foi subche-fe para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República de 2003 a 2005.

Em 2007, foi indicado por Lula para o cargo de advoga-do-geral da União, permane-cendo neste até 2009, quando foi indicado pelo mesmo pre-sidente ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. Exerceu também a função de ministro do Tribunal Superior Eleitoral, tendo presidindo-o de 2014 a 2016, além de presidir a comissão de juristas respon-sável pela elaboração do ante-projeto do novo Código Eleito-ral brasileiro.

Trajetória profissional e polí-tica

Filho do cafeicultor e mar-ceneiro Luiz Toffoli e da profes-sora e catequista Sebastiana Seixas Dias Toffoli, graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (1986 - 1990). Durante o período de faculdade, foi dire-tor do Centro Acadêmico XI de Agosto.

Trabalhou como advogado em São Paulo, de março de 1991 a julho de 1995. Nesse período, foi consultor jurídico do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da Cen-tral Única dos Trabalhadores (1993-1994) e foi assessor par-lamentar na Assembleia Legis-lativa do Estado de São Paulo (1994).

Entre 1995 e 2000 foi as-sessor jurídico da liderança do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Toffoli em 2008.Foi advogado do PT nas

campanhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 1998,

2002 e 2006. De 1996 a 2002, foi profes-

sor de Direito Constitucional e Direito de Família na Faculda-de de Direito do Centro de En-sino Unificado de Brasília (UNI-CEUB).

Foi chefe de gabinete da Secretaria de Implementação das Subprefeituras do Municí-pio de São Paulo em 2001, du-rante a gestão da prefeita Mar-ta Suplicy. De março de 2001 a dezembro de 2002, atuou na advocacia privada como sócio do Escritório Toffoli & Telesca Advogados Associados S/C.

De janeiro de 2003 a julho de 2005, exerceu o cargo de subchefe da área de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Pre-sidência da República, durante a gestão do ministro da Casa Civil José Dirceu. Após a saída de Dirceu do ministério, Toffoli foi exonerado, a pedido, pela ministra Dilma Rousseff.

De agosto de 2005 a feve-reiro de 2007, foi sócio do Es-critório Toffoli & Rangel Advo-gados.

Em março de 2007, foi no-meado por Lula para o cargo de advogado-geral da União, fun-ção que exerceu até outubro de 2009.

Tornou-se ministro do Su-premo Tribunal Federal em 23 de outubro de 2009.

Advocacia-Geral da UniãoEm 12 de março de 2007,

a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem Toffoli fora advogado de cam-panha, assumiu a Advocacia--Geral da União.

A solenidade de posse foi fechada e Toffoli substituiu Ál-varo Augusto Ribeiro Costa, que deixou o cargo para tratar de projetos pessoais.

À cerimônia de posse com-pareceram os então ministros Márcio Thomaz Bastos (Justi-ça), Guido Mantega (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da

Presidência), Tarso Genro(Re-lações Institucionais), Waldir Pires (Defesa) e Jorge Hage (CGU), entre outros.

Supremo Tribunal FederalDias Toffoli foi indicado pelo

Presidente Lula para assumir a vaga decorrente do falecimen-to do ministro Carlos Alberto Menezes Direito no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes, Toffoli já havia sido considera-do para assumir a vaga aberta pela aposentadoria do ministro Sepúlveda Pertence, ocasião em que o indicado fora Mene-zes Direito.

No dia 08 de agosto de 2018, em votação na Corte do STF e com placar legal de 10 votos a 1, foi eleito presidente do Supremo Tribunal Federal. Começará a executar o cargo que atualmente é ocupado pela Ministra Cármen Lúcia após sua cerimônia de posse, mar-cada para o dia 13 de setembro de 2018.

De fato, em 30 de setem-bro de 2009, sua nomeação foi aprovada pela CCJ. A votação, que durou cerca de sete horas, foi de 20 votos a favor e 3 con-tra. A sabatina seguiu então ao Plenário do Senado, que tam-bém aprovou a nomeação por 58 votos a favor, 9 contra e 3 abstenções. Para ocupar a po-sição de Ministro no STF, Toffo-li contou com o apoio da CNBB, declarado antes da realização da sabatina. E, ao ser subme-tido a tal sabatina, declarou-se contra o aborto, demonstrando, pelo menos nesse ponto, afina-ção com as ideias da CNBB, o que lhe rendeu críticas por par-te daqueles que defendem o laicismo estatal.

Foi empossado no Supre-mo Tribunal Federal em 23 de outubro de 2009, em solenida-de presidida pelo então presi-dente do STF, Gilmar Mendes, com cerca de mil convidados presentes, entre eles, o pre-

sidente Lula, o vice-presiden-te José Alencar, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, vá-rios governadores, entre eles José Serra (São Paulo), os presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara dos De-putados, Michel Temer.

Atuação no julgamento da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa

O ministro Dias Toffoli, no primeiro julgamento acerca da constitucionalidade da chama-da Lei da Ficha Limpa, que teve como recorrente o candidato a Governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, fez extenso voto no sentido de que a Lei Com-plementar n° 135 de 2010, não afetava o direito adquirido ou a presunção de inocência quanto aos que renunciam ao manda-to para não sofrer os efeitos de processo disciplinar ou políti-co. Ele entendeu, porém, que aquela lei não poderia ser apli-cada ao processo eleitoral em curso, sob pena de violação do princípio da anualidade das leis que o modificam. O mesmo entendimento foi mantido por Toffoli no julgamento da ação que garantiu a posse de Jader Barbalho no Senado Federal.

Em razão do novo impasse surgido na votação do Pleno do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli sugeriu a aplicação do art. 13, inciso IX do Regi-mento Interno do STF, no qual está previsto o voto de qualida-de do Presidente do STF para desempate da questão em jul-gamento, posicionamento que ficou vencido, tendo a maioria dos ministros seguido o posi-cionamento do ministro Cel-so de Mello, que defendia, no caso de empate nos votos, a manutenção do acórdão recor-rido, ou seja, a manutenção do acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, regra contida no art. 205, Parágrafo Único, inciso II do Regimento Interno do STF.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br11 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

José Salvador IorioProcurador Federal

Vou iniciar o tex-to lembrando as palavras, deixa-das há dois mil

anos pelo maior pastor de almas, que ao ver as multi-dões sofridas, abandonadas ou desorientadas - assim como ovelhas sem pastor -, sempre lhes tinha uma pala-vra de acalanto ou apoio: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, portanto, ao dono da messe que mande traba-lhadores para a sua messe” (Luc. 10, 2).

Assim é hoje. A tarefa de sustentar uma família se tor-na diariamente mais laborio-sa. A pessoa que é o esteio de família se reinventa dia-riamente na busca de meios para cumprir com sua obri-gação, entretanto, o que se vê, é uma turba de pessoas batendo às portas fechadas das empresas, resultado da crise atual que é diária e amplamente noticiada na imprensa. Mas quem é por estes?

Todo esse drama econô-mico tem reflexos visíveis na saúde, educação e seguran-ça. Impotentes vemos o au-

Por um Futuro Promissormento da miséria e do deses-pero, inerentes à incerteza de um futuro digno. O exemplo do passado, na busca de solução, esmaeceu com o passar dos anos. Tornou-se rotina nossas cobranças de mudanças para que tenhamos de volta o direi-to a uma vida mais digna. O que assistimos, entretanto, é ao aumento da desesperança; em contraponto vemos ainda, injustificadamente, aumentar o poder e a riqueza nas mãos da minoria dominante que se perpetua no poder.

A forma como trataram os problemas e suas soluções deixaram muito a desejar. Te-mos direito inalienável a uma vida digna, o que é factível em face da riqueza que pos-suímos. A prova vivenciamos recentemente pois, mesmo após os últimos desmandos, ainda temos poder e força de recuperação. Isto nos permi-te pensar e imaginar que, em numa gestão honesta e com-promissada, todos os nossos anseios em prol da melhoria do bem comum poderiam ser concretizados.

Até o presente as mudan-ças positivas, se é que houve, não satisfizeram as esperan-ças e as soluções há tan-to tempo desejadas. O que vemos é a repetição do que ocorre a cada eleição: não se concretizam nossos anseios e as mudanças que desejá-vamos que acontecessem, embora prometidas, não se efetivam.

O poder e a riqueza deve-riam de ser compartilhados e não se manterem restritos a um pequeno grupo, como vem

sistematicamente acontecen-do. O povo está cansado de ser esquecido. Percebe-se a desigualdade, inclusive, na forma de conceder benefício previdenciário, na saúde, na educação e diversos outros direitos pessoais inalienáveis. Deveria ser dado um trata-mento igualitário a todos os cidadãos. Deveria inclusive ser pauta permanente, nas re-uniões e decisões do Gover-no, a luta pela igualdade com acesso paritário, por todos ci-dadãos, às riquezas geradas pelo trabalho. De que valem os esforços de movimentos de luta que resultam em ine-gáveis benefícios às popula-ções, se não os praticamos no decorrer do tempo?

A possibilidade de mudan-ça e de reacendimento de nossas esperanças, felizmen-te, poderão ocorrer se souber-mos indicar aqueles que te-rão em suas mãos o poder de conduzir a Nação a partir de 2019. Entretanto há de se ter em mente que nossas respon-sabilidades não se restringem a só os indicar. Temos, sim, de acompanhar, fiscalizar e cobrar para que não vejamos novamente o esquecimento ser praticado, ficando as pro-messas apenas no papel.

Por sua vez, caberá aos eleitos lembrarem-se de que o exercício de um cargo po-lítico não é apenas um mero trabalho; é um compromisso com a sociedade, com toda uma Nação! Temos de cobrar patriotismo e dedicação no desempenho desta atividade para, então, termos atenção e os recursos necessários des-

tinados às áreas da saúde, educação e segurança tão carentes de solução e mu-danças.

Ratifico: não é só os in-dicar, os eleger e virar as costas, deixando-os por sua própria conta. Temos de ser gestores daqueles que ele-gemos. Temos também de ser solidários e nos fazer presentes no dia a dia: co-brar mas também apoiar.

Oportuno lembrar que temos culpa nos desman-dos quando cometidos, se não pela ação, por nossa omissão. Portanto não po-demos, nem devemos re-petir, ou deixar que sejam repetidos, os mesmos er-ros. Se estivermos unidos, firmes no propósito de aju-dar e fiscalizar, poderemos conduzir os políticos a cum-prirem, se não no seu todo, ao menos o essencial ne-cessário ao bem comum.

Enfim, estamos próxi-mos do momento mais im-portante para que viabilize-mos a concretização do que almejamos, já que as elei-ções serão realizadas em outubro próximo. É hora de nos fazermos perguntas es-senciais: Estamos, ou não, conscientes desse momen-to e de sua importância? Estamos preparados para esse exercício democrático de eleger aqueles que em realidade vestirão a cami-sa na busca dessas melho-rias?

QUE DEUS SE FAÇA PRESENTE E NOS ORIEN-TE É O QUE POSSO DE-SEJAR.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 12SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Entre os brasileiros entrevistados pela pesquisa FenaPrevi-Ipsos 51% esperam se aposentar antes dos 65 anos. Deste grupo, 9% gostariam de se aposentar com 50 anos ou menos, 11% têm a expectativa de se aposentar entre os 51 e 59 anos e 28% esperam se aposentar aos 60 anos.

Apenas 3% dos entrevistados preten-dem se aposentar entre 61 e 64 anos e 15% esperam se aposentar aos 65 anos. O grupo que pensa em se aposentar aos 66 anos ou mais perfaz 5% dos entrevistados no levan-tamento e 2% não pretendem se aposentar. 17% não souberam responder ou admitem não ter pensado ainda sobre o assunto.

O levantamento mostra que quanto maior o grau de instrução dos entrevista-dos, maior a resistência em se aposentar aos 65 anos. Segundo o levantamento, 19% dos indivíduos com apenas o Funda-mental I dizem que pretendem se aposen-tar aos 65 anos. O índice cai 15% entre os indivíduos com instrução até o Funda-mental II, 13% para os que completaram o ensino médio e chega aos 9% entre os entrevistados com ensino superior.

Examinando a amostra por regiões, o Sul do país e a área geográfica mais pro-pensa a aceitar a aposentadoria aos 65 anos, com 20% dos entrevistados aderen-tes a esta faixa etária. No Sudeste, 16%

dos respondentes pensam em se aposen-tar nesta faixa etária e o índice é de 15% no Centro-Oeste. Norte (12%) e Nordeste (10%) são os menos aderentes à aposen-tadoria aos 65 anos.

Idade IdealOs entrevistados foram questionados

sobre qual seria a idade ideal para aqui-sição de direito de aposentadoria. Para as mulheres, 31% apontaram os 60 anos como idade ideal para adquirir a aposenta-doria. 29% indicaram 55 anos. E 21% afir-maram ser os 50 anos.

Já os homens deveriam se aposentar aos 60 anos, segundo 47% dos entrevista-dos. Para 24% da amostra, a aposentado-

51% dos brasileiros esperam se aposentar antes dos 65 anos e 48% não

sabem que valor receberão no futuroResistência à aposentadoria aos 65 anos é maior entre mais ricos. Sul é o Estado mais aderente à aposentadoria mais tardia

ria masculina deveria ocorrer aos 65 anos, 10% apontaram os 55 anos, 7% disseram 50 anos e 5% não souberam responder.

Valor de aposentadoriaA pesquisa FenaPrevi-Ipsos também

verificou a expectativa de renda dos brasi-leiros na fase de aposentadoria. O resulta-do revela que grande parte dos brasileiros não faz ideia de quanto receberá na apo-sentadoria. O levantamento mostra que 48% dos entrevistados não sabem ou não responderam ao questionamento.

De acordo com a pesquisa, 13% da população brasileira alimenta a expectati-va de chegar à aposentadoria com renda superior à verificada na fase laboral. Para

22% dos entrevistados, a expectativa é se aposentar com rendimentos en-tre 100% e 80% do obtido na ativa, 10% imaginam que receberão entre 79% e 60% dos rendimentos e 7% esperam receber menos de 60% dos rendimentos alcançados antes da aposentadoria.

As mulheres são as que apre-sentam mais dúvidas sobre os rendi-mentos na aposentadoria. 55% delas declararam não saber. No caso dos homens que não souberam dizer, o índice foi de 40%.

Já na avaliação por regiões a dúvi-da sobre quanto receberá na fase de aposentadoria é homogênea no país. 49% dos respondentes das regiões Nordeste, Sudeste e Sul declaram não ter a resposta para esta questão. No Norte do Brasil o índice é de 51%, e no Centro-oeste, 36%.

A incerteza sobre os rendimentos a serem recebidos na aposentadoria

aumenta entre as classes mais bai-xas. Entre os indivíduos das clas-ses DE, 58% declaram não saber quanto receberão na fase de apo-sentadoria. Na classe C, o índice é de 47% e no AB, cai para 45%.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br13 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

Jorge Luís Borges “Se eu pudesse viver novamente a mi-

nha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiê-nico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais proble-mas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de sua vida. Claro que tive momentos de ale-gria. Mas, se pudesse voltar a viver, tra-taria de ter somente bons momentos. Por-que, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percam o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára--quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua, con-templaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo”.

Rubem Alves - Escritor e JornalistaEssa crônica é uma despedida. Resolvi,

por decisão própria, parar de escrever em Jornal.

Devo ter perdido o juízo. Minha decisão contraria um dos dois maiores sonhos de cada escritor. Primeiro, o sonho de ser um best-seller. Encontrar algum livro seu nas prateleiras das livrarias nos aeroportos. Confesso: sou vítima dessa vaidade. Mas não aprendo a lição. Nos aeroportos, vou sempre visitar livrarias na esperança de lá encontrar um dos meus livros. Saio sempre desapontado.

O outro sonho dos escritores é ter seus textos publicados num jornal importante: ser lido por milhares de leitores. O que signifi-ca reconhecimento duplo: do jornal que os publica e dos leitores. Isso faz muito bem para o ego. Todo escritor tem uma pitada de narcisismo.

Fernando Pessoa tem um poema que diz assim: "Tenho dó das estrelas luzindo há tan-to tempo, tenho dó delas..." E ele se pergunta se "não haverá um cansaço das coisas, de todas as coisas..." Respondo: Sim. Há um cansaço. A velhice é o tempo do cansaço de todas as coisas. Estou velho. Estou cansado. Já escrevi muito. Mas, agora, meus 78 anos estão pesando. E como acontece com as estrelas, há sempre a obrigação de brilhar.

A obrigação: é isso o que pesa. Quereria ser capaz de viver um poeminha do Fernan-do Pessoa: "Ah, a frescura na face de não cumprir um dever... Que refúgio o não se poder ter confiança em nós..." Perco o sono atormentado por deveres, pensando no que tenho de escrever. Sinto - pode ser que não seja assim, mas é assim que eu sinto - que já disse tudo. Não tenho novidades a escrever. Mas tenho a obrigação de escrever quando minha vontade é não escrever.

Não é qualquer coisa que se pode publi-car num jornal. O próprio nome está dizendo: "jornal", do latim "diurnalis"; de "dies", dia, diurno; o que acontece no dia; diário.

O tempo dos jornais é o hoje, as pre-senças. Mas minha alma é movida pelas ausências: nos jornais, não há lugar para ressurreições.

Acho que aconteceu comigo coisa pa-recida com o que aconteceu com a Cecília Meireles. Escrevendo sobre ela, Drummond falou o seguinte: "Não me parecia criatura in-

questionavelmente real; por mais que aferis-se os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e so-ciabilidade, restava-me sempre a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa ausência do mundo'"?

Deve ser alguma doença que ataca pre-ferencialmente os velhos e os poetas. A Cecília descrevia o tempo da sua avó com "uma ausência que se demorava". E Rilke se perguntava: "Quem assim nos fascinou para que tivéssemos um olhar de despedida em tudo o que fazemos?" O sintoma dessa doença é aquilo que a Cecília disse: uma certa ausência do mundo.

O místico Ângelus Silésius já havia notado que temos dois olhos, cada um deles vendo mundos diferentes: "Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem". Jornais são seres do tempo. Notícias: coisas do dia, que amanhã estarão mortas.

E é por isso vou parar de escrever: por-que estou velho, porque estou cansado, porque minha alma anda pelos caminhos, porque quero me livrar dos malditos deveres que me dão ordens desde que me conheço por gente...

Despedida Instantes

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 14SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

A PEC Nº. 443, da autoria do eminente De-putado Federal JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA, tem, guardadas as devidas proporções, a mag-nitude e o alcance da Lei nº. 2.123/53 e da MP nº. 2.048/2000, a primeira, criando a carreira de Procurador Federal Autárquico e a segunda, transformando-a na carreira de Procurador Fe-deral.

É de notar que a APAFERJ, pioneiramente, vem, de há muito, defendendo a tese de trata-mento isonômico para todas as Carreiras cujos integrantes exercem Funções Essenciais à Jus-tiça, relacionadas no capítulo IV do Título IV da Constituição Federal, o que, agora, encontra eco na justa e meritória PEC liminarmente referida.

No intuito de aditas subsídios às relevantes razões insertas na justificativa da PEC ora focali-zada, decidimos lançar esta Edição Extraordiná-ria do Jornal da APAFERJ, contendo a condensa-ção de recentes estudos sobre o tema, da lavra do Vice-Presidente da APAFERJ, Dr. Rosemiro Robinson Silva Junior, e publicados nas edições de Janeiro de 2008, Fevereiro de 2008, Julho de 2008 e Setembro de 2009 do referido Jornal.

Assim, sem mais delongas, listamos, a seguir, os principais argumentos que sedimentam a pro-cedência da tese de tratamento remuneratório isonômico dos Procuradores Federais em rela-ção aos membros do Ministério Público Federal, o que será concretizado através da aprovação da PEC nº. 443 que significará o reconhecimento da importância daqueles Procuradores no qua-dro Jurídico Nacional, bem como representará o triunfo, ainda que tardio, da perene trindade: Lei, Direito e Justiça.

José Marcio Araújo de AlemanyPresidente da APAFERJ

ELENCO DE ARGUMENTOSa) A Lei nº. 2.123/53, que criou a Carreira de Pro-curador Autárquico, estabeleceu para os seus integrantes a mesma remuneração paga aos membros do Ministério Público Federal, bem como as mesmas prerrogativas funcionais.b) A Lei nº. 4.439/64, complementada pela Lei nº. 4.531/64, fixou remunerações idênticas para Procuradores da República, Procuradores Autár-quicos e Procuradores da Fazenda Nacional.c) O artigo 29 do Ato das Disposições Constitu-cionais Transitórias da Constituição Federal de 1988 outorgou aos membros do Ministério Pú-blico Federal o direito de optarem pelas Carrei-ras da Advocacia-Geral da União.d) O aludido direito de opção foi repetido, ipsis litteris, na Medida Provisória nº. 2048/2000, que

criou a Carreira de Procurador Federal e resta-beleceu as três Categorias anteriormente exis-tentes.e) O artigo 131 da Constituição Federal, que criou a Advocacia-Geral da União, deslocou para esta o Contencioso, que antes era da competência do Ministério Público Federal.f) Conforme dispõe o Capítulo IV do Título IV da Constituição Federal, os membros do Ministério Público, os integrantes da Advocacia-Geral da União e os componentes da Defensoria Pública exercem Funções Essenciais à Justiça.g) O artigo 135 da Constituição Federal estabele-ce que os Advogados Públicos Federais e os De-fensores Públicos da União serão remunerados por Subsídio, previsto no § 4º do artigo 39 da Carta Magna, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº. 19/98.h) O inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal fixa o mesmo teto remuneratório para o Ministé-rio Público, Procuradores e Defensores Públicos.i) A implantação do Subsídio, em relação aos Advogados Públicos Federais, ocorreu median-te a edição da Medida Provisória nº. 305/2006, transformada na Lei nº. 11358/2006.j) É princípio universalmente consagrado que a Lei não contém palavras inúteis. Assim, o direito de opção assinalado nas letras c e d não teria sido concedido se os prováveis optantes viessem a re-ceber remuneração inferior aquela que vinham percebendo, ou seja, a nova remuneração se-ria, no mínimo, idêntica àquela que vinha sendo paga aos prováveis optantes.k) A transferência do Contencioso do Ministério Público Federal, ex vi do artigo 131 da Constitui-ção Federal (v. letra e), para a Advocacia-Geral da União, além de pôr um fim a injustificável di-cotomia, aliviou a carga de trabalho do primeiro e, obviamente, veio a pesar nos ombros da se-gunda.l) Decreto-Lei nº 1.045/69 (assegura aos mem-bros do Serviço Jurídico da União e das suas au-tarquias, e os do Ministério Público do Distrito Federal, que exerçam cargo de Procurador da República, o direito de opção pela permanência definitiva no referido corpo ou o aproveitamen-to, no Ministério Público Federal, a juízo exclu-sivo do Presidente da República, daqueles que não estejam exercendo o cargo de Procurador da República. m) Manifestação do Ministro Francisco Rezek e do Dr. Ives Gandra da Silva Martins, datada de 25 de fevereiro de 2008, prestando informações ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, na Suspensão da Tutela Antecipada número 207, cabendo a

transcrição do item 10 da Petição: “10. Quanto ao mérito da greve, tanto a Senhora Ministra Presidente do Supremo quanto alguns outros ilustres membros do pretório maior, e ainda o eminente Procurador-Geral da Repúbli-ca, e ainda o primeiro signatário destas linhas, recordamos todos aquilo que foi, nas décadas de 70 e 80, o demorado debate que precedeu a bi-furcação do que havia sido outrora nossa carrei-ra única. Todos nós, procuradores da República das primeiras gerações concursivas, lembramo--nos do momento em que, contra a opinião de parte de nossa comunidade, dividimo-nos, e o que era tradicionalmente uma só instituição, vo-tada à fiscalização da lei sob a toga do Ministério Público e, ao mesmo tempo, à defesa, em juízo, do Estado brasileiro, transformou-se em duas instituições diversas, a exemplo do que já ocorria nos estados federados. O que nenhum de nós imaginava é que, com o passar do tempo, fosse alcançada esta situação iníqua e mal explicada em que em uma das duas unidades resultantes do desdobramento desceria a um patamar retri-butivo correspondente, grosso modo, à metade do padrão da outra unidade.”n) Trecho da Exposição de Motivos nº 11/2006-AGU, de 15 de dezembro de 2006, endereçada pelo Dr. Álvaro Augusto Ribeiro Costa, então Advogado-Geral da União, ao Excelentíssimo Sr. Presidente da República:“4. Reconhecimento do valor do trabalho de nos-sos profissionais jurídicos: subsídios.4.1. Apesar da expressa determinação de Vossa Excelência, não foi possível, em 2006, que o Mi-nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão implementasse, tal como previamente acertado comigo, a isonomia entre membros da AGU, do MP e do Poder Judiciário. Isso pôs em risco a qualidade da representação judicial e extraju-dicial da União, responsabilidade da AGU: em primeiro lugar, pela carga psicológica negativa sentida por advogados da União e Procurado-res Federais, ante o fato evidente de serem os profissionais que tipicamente defendem a União menos valorizados por esta, do que aqueles que podem propor ações contra ela; em segundo lugar, pela motivação que nossos profissionais jurídicos sentem para ingressar nos quadros do Ministério Público, do Poder Judiciário e até mesmo de ministérios públicos estaduais, o que gera indesejável perda de talentos para a AGU.”

Campanha para Aprovação da PEC nº. 443

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br15 SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

A P A F E R JR. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected]: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-07472240-2420

D I R E T O R I APRESIDENTE - José Marcio Araujo de AlemanyVICE-PRESIDENTE - Rosemiro Robin-son Silva JuniorDIRETOR ADMINISTRATIVO - Miguel Carlos Melgaço PaschoalDIRETOR ADMINISTRATIVO ADJUNTO - Maria Auxiliadora CalixtoDIRETOR FINANCEIRO - Hélio Arruda DIRETOR FINANCEIRO ADJUNTO - Rosa Maria Rodrigues MottaDIRETOR JURÍDICO - Dudley de Bar-ros Barreto Filho

DIRETOR CULTURAL - Carlos Alberto MambriniDIRETOR DE PATRIMÔNIO - Rosa Ma-ria Rodrigues MottaDIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - Antonio Carlos Calmon N. da Gama

C O N S E L H O R E V I S O R

Natos: Wagner Calvalcanti de Albu-querqueRosemiro Robinson Silva JuniorTitulares:1. Allam Cherém Soares

Editor Responsável: Carlos Alber-to Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambri-ni, Miguel Carlos Paschoal, Rose-miro Robinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanyEditoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Monitor MercantilTiragem: 2.000 exemplares

Diretoria e Conselhos da APAFERJ • TRIÊNIO 2017 / 2020

ANIVERSARIANTES DE OUTUBRO

ANIVERSARIANTES DE SETEMBRO

Distribuição bimestral gratuita. Os artigos assinados são de exclusiva

responsabilidade dos autoresAs matérias contidas neste

jornal poderão ser publicadas, desde que citadas as fontes.

Jornal da APAFERJ2. Doris Amorim Dias3. Edson de Paula e Silva4. Fernando Carneiro5. Francisco Pedalino Costa6. Luiz Carlos de Araujo7. Maria de Lourdes Caldeira8. Newton Janote Filho9. Sylvio Mauricio Fernandes10. Tomaz José de SouzaSuplentes:1. Alzira Matos Oliveira da Silva2. Petrónio Lima Cordeiro3. Sylvio Tavares Ferreira

C O N S E L H O F I S C A LTitulares:1. José Carlos Damas2. José Carlos de Souza3. Maria Conceição Ferreira de Medei-ros Suplentes:1. Ronaldo Araujo Mendes2. Carlos Cavalcanti de A. Ramos

01 Alba Regina de Jesus - M. saúde01 Lucia Maria da Silva Brito - Incra03 Carlos Eduardo C. Machado - Inpi03 Luiz Augusto Paiva da Silva - M. faz05 Marlene Ferreira Barbosa - C.p.ii06 Luiz Antonio Cavaleiro - M. faz06 Moysés Lopes Maciel - Ibama07 Maria Denise de Góes Fischer

01 Francisca Silva Rosas Gomes - Ufrj02 Antonio Trajano L. R. da Silva - M. faz03 Herval da Silva França - Inss03 Valério Nunes Vieira Agu04 Doris Amorim Dias Inss04 Onilo da Silva Inss05 Joana D'arc Tenório Inss06 José Carlos Machado Inss09 Ivone David Mizrahi Agu11 Otacio Bispo F. de Andrade Ufrrj13 Frederico Teixeira Barbosa Agu15 Reynaldo Francisco Môra Agu

16 Júlio César da Motta Buys - M. transp16 Zuréa de Sousa Martins - Incra17 Almir Rodrigues Carreira - Ufrj19 Carlos Edgar G. Moritz - Fns20 Gladstone dos Santos - Incra20 Sérgio Luiz P. Sant'anna - Agu21 Carlos Roberto Barciela - Incra21 Seir Soares da Silva - Ufrj22 Orlando Gonzalez Fernandez - M. saúde24 Amaury de Souza - Inss24 Edibaldo Homobono S. Brígida -

- Cnen08 Antonio Pereira de Souza - Inss08 Nelson Fagundes de Mello - Inpi09 Ana Maria Vieira - Mpog10 Jairo Jacintho Vieira Inss11 Heloisa Lucciola L. Gonçalves Inss11 Renato Rabe Agu13 Cedenir da Costa Issa - M.Agric13 Herbert Gomes - Inss13 Milton Pinheiro de Barros - Mpas14 Antonio Lages Cavalcanti - Incra15 Fernando Carneiro - M. tranp15 Sebastião Wagner Sab - Incra

Agu25 Sonia Maria de Jesus Carmelo - Mpas26 Napoleão Pereira Guimarães - M. faz28 Maria Helena Dock de Aquino - Inss28 Nina Maria Hauer - Unirio28 Romeu Guilherme Tragante - Inpi29 Maria Tereza de Oliveira - C.p.ii30 Marlene Bides Alves - Cju

16 Jonathas Jesuino da Silva Ufrj16 Marly De Figueiredo T. Paranhos - Inss17 Teresa Angélica Follador - Incra20 Manoel Fortunato R.de Azevedo - Incra21 Vicente Sergio Mannarino - M. faz22 Dalmo Cruz Silva - Inss22 Gerson Paulo Sammartino - Fns23 Luci Romano Villela Teixeira - Mpas24 Francisco Pedalino Costa - M. faz24 Lilian de Paula da Silva - Agu24 Manuel de Jesus Soares - Cbia25 Ana Lucia da Rocha - Agu26 Leila Rocancourt B. Martins - Inss

26 Roberto Osman Gomes Aguiar - Agu27 Léa Pontes Castello Branco - Agu27 Luiz Carlos de Araujo - Dep. p. fed.28 Walkiria Cordeiro Gerk - Mpas29 Heloisa Fernandes London - Inss

29 João Rodrigues Itaboray - M.

justiça

30 Maria Auxiliadora Calixto -

Mpas

30 Vilma Freitas de M. Marcon-

des - Agu

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16SETEMBRO/OUTUBRO • 2018 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16SETEMBRO/OUTUBRO • 2018

PEÇO A PALAVRA

Rosemiro Robinson S. JuniorVice-Presidente

Meus caros e fieis leitores: na edi-ção de março/abril do corrente ano foi publica-

do texto da minha autoria, in-titulado: “Ascensão e Queda do Serviço Público”, em que descrevi a trajetória do Serviço Público Brasileiro, inicialmente comandado pelo Departamen-to Administrativo do Serviço Público – DASP e, atualmen-te, chefiado por um segmento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, demonstrando a irrecusável de-cadência sofrida pela Adminis-tração Pública do Brasil, antes motivo de orgulho por parte dos seus integrantes e hoje enxova-lhada pelo empresariado, pela mídia e até mesmo pelo próprio patrão, o Governo Federal.

É de notar que, em razão de profunda e triste ironia, sou assi-nante e atento leitor do jornal “O

Réquiem

Nam cum canes funguntur officiis luporum, cuinam praesidio pecuaria credemus? (Retórica a Herênio, 4,34,46). – “Se os cães fazem o ofício dos lobos, a que guarda confiaremos os rebanhos?”

GLOBO” e, ainda, a exemplo de milhões de brasileiros, assisto à Globo News e ao Jornal Nacio-nal, e fim de me manter atua-lizado no mundo em que vivo, mesmo porque, apesar de me encontrar no inverno da vida e não mais exercer as minhas ati-vidades na Administração Públi-ca, costumo dizer que me apo-sentei do Serviço Público, mas não me aposentei da Vida.

A ironia acima consignada se refere ao fato de que, inobs-tante a minha antiga e regular contribuição financeira para o sucesso do Sistema Globo, sou cotidianamente agredido pelo jornal e pela televisão, em que os servidores públicos, princi-palmente os aposentados, são fortemente execrados, bem como tachados de privilegiados etc., como se fossem os únicos culpados pela caótica situação em que se encontra a economia brasileira. Às vezes, mercê do escandaloso noticiário, temo até sair à rua e sendo identificado como servidor aposentado ser linchado em praça pública.

Após acordar, sorvi um ca-fezinho e, como habitualmente faço, fui ler o jornal “O GLO-BO” (edição de quarta-feira 26.09.2018) e, no caderno Eco-nomia, vi a terrível manchete: “FUNCIONALISMO BOMBA--RELÓGIO Governo propõe re-duzir as 309 carreiras de servi-dores e a remuneração inicial”, seguida de entrevista concedida pelo Ministério do Planejamen-to, Sr. Esteves Colnago, o qual, entre outras manifestações, diz textualmente: “Nossa idéia é buscar um número menor de carreiras, que sejam mais ge-

néricas e tenham maior ampli-tude salarial (ou seja, em que os servidores levem mais tempo para se aposentar)” – explicou o ministro, acrescentando – As pessoas chegam (ao topo da carreira) muito rápido. Indepen-dentemente de mérito, o salário é destoante da iniciativa priva-da na grande maioria dos casos, especialmente alguns salários de entrada são muito altos”.

O meu dileto amigo, Dr. Marcio Alemany, Presidente da APAFERJ, afirma, há longo tem-po, que o empresariado quer o rebaixamento dos salários dos servidores, o nivelamento por baixo, a fim de não serem obri-gados a pagar mais aos seus empregados, afirmativa que en-contra inteiro respaldo na decla-ração do Sr. Esteves Colnago; Ministro do Planejamento, ou seja, apesar das inúmeras dife-renças entre servidor público e empregado de empresa privada, algumas delas incontornáveis, o padrão salarial para o Serviço Público passará a ser o que se paga na empresa privada.

Creio que até a torcida do Flamengo sabe que as Carrei-ras Típicas de Estado não têm correlação na área privada. As-sim, como será estabelecido o esdrúxulo tratamento preconi-zado pelo ilustre Ministro, Sr. Esteves Colnago, que repete, mutatis mutandis, proposta do seu antecessor, no ano passa-do, Sr. Dyogo Figueiredo, pro-posta que não teve seguimento.

Li o jornal e agora vou as-sistir à Globo News e ao Jornal Nacional. Os homens têm boa aparência, bem vestidos, bem nutridos e bem articulados e

as mulheres são lindas, bem produzidas e igualmente se ex-pressam escorreitamente. Não sei quanto ganham, nem me interessa saber. Tenho plena convicção, no entanto, de que apesar de alguns terem na fa-mília servidores públicos, ativos ou aposentados, e pensionistas, são unânimes nas agressões e críticas a tais servidores, obriga-dos a isso, muitas vezes, pela política adotada pelo sistema de comunicação em que atuam e de que dependem para conti-nuar suas brilhantes e bem re-muneradas carreiras.

Evidencie-se, por derradei-ro, que a matéria ora enfocada aborda também o tema da Ter-ceirização, ficando certo que será ab ovo usque ad mala, ou seja, além das atividades – meio, serão admitidas as ativi-dades – fim, o que significará a morte inglória e injustificável do Serviço Público Brasileiro. Contudo, não basta lamentar o que está sendo feito contra o servidor público, o que come-çou no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que suprimiu direitos seculares (EC nº.19, de 1998), foi repetido no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, (EC nº. 41, de 2003), e agora encontra o apogeu no atual Governo, que passará à História como o exterminador do Serviço Público Brasileiro, é fundamental que as Entidades representativas de tais servido-res reajam e lutem no Congres-so Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmara Municipais e, parafraseando o monumental Winston Churchill: “Jamais nos renderemos”.