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Londrina 2015 JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014

CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA … · Dentre os porquês, destaca-se o desconhecimento tanto da existência quanto do uso eficiente de bancos e bases de dados cientificas

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Londrina 2015

JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014

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Londrina 2015

CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Orientadora: Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang.

JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação

Serrano, Justymara Fernanda dos Santos. S498c Capital cultural herdado e sua influência na pesquisa

científica dos usuários da Universidade Norte do Paraná – Unidade Piza, entre os meses de outubro a dezembro de 2014 / Justymara Fernanda dos Santos Serrano. Londrina: [s.n], 2015

136f. Dissertação ( Mestrado Acadêmico em Metodologias

para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias). Univer- sidade Norte do Paraná.

Orientador: Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky Strang 1 - Ensino - dissertação de mestrado - UNOPAR 2-

Biblioteca universitária 3- Mediação 4- Fontes Infor- macionais 5- Capital cultural herdado I- Strang, Bernadete de

Loourdes Streisky; orient. II- Universidade Norte do Paraná. CDU 37.2

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Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagem e suas Tecnologias, área de concentração em Formação de Professores e ação docente em situações de ensino, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang

UNOPAR

______________________________________ Profª Drª Samira Fayez Kfouri

UNOPAR

______________________________________ Prof. Drª Lucia Helena Oliveira Silva

UNESP

Londrina, ___ de ____________ de 2015.

JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO

CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA

UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014

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À matriarca da família, minha avó Maria Joana dos Santos (in memorian), meu exemplo de determinação. À minha mãe Mariáh das Dores dos Santos, meu exemplo de persistência, de coragem, de resiliência. Ao meu pai Bernardo Caetano Serrano, meu exemplo de remissão e deferência. Ao meu tio José Antonio (Juka)-in memorian, meu exemplo de diligência. À minha tia Maria Cândida (Lyah), meu exemplo de sapiência. À minha tia Sonia, meu exemplo de obstinação. À minha tia Maria de Lourdes (Lurdinha), meu exemplo de sistematização. Ao meu tio Sérgio (Ejo), meu exemplo de lisura e compromisso. Ao meu esposo Antonio, meu exemplo de tutela e complacência. Ao meu filho Ícaro, meu exemplo de Amor Maior.

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AGRADECIMENTOS

Ao Criador, que independente do nome que receba, ilumina meu

caminho e meus propósitos.

À minha “amiga siamesa” Cristielle Suzana Rodrigues de Paula

Camilo, pela força, pelos préstimos, pelos “helps” (principalmente nos finais de

semana) realizados de forma presencial ou através de Skype, Talks, WhatsApp e e-

mail. Enfim, por nunca ter colocado obstáculo nenhum, por sempre estar presente

até virtualmente nas horas em que o desespero aflorava a vontade de abandonar a

jornada. Muito obrigada, minha amiga, muito obrigada mesmo. Sem você, Cris, a

labuta seria por demais tortuosa.

Ao Fernando Camilo de Castro, uma pessoa que aprendi entender e

respeitar, pelo seu jeito de ser e pela generosidade de seu coração.

À professora Bernadete de Lourdes Streisky Strang pela

complacência, por ter me proporcionado novos conhecimentos, pela firmeza pontual

e cordial, pelo privilegio em aceitar orientar meu estudo e tê-la como orientadora.

A Sonia Maria Merlo Pósnik e Eliani Fontana Schilieper,

bibliotecárias responsáveis pela minha iniciação ao mundo cientifico ofertado através

dos bancos e bases de dados.

A Rosana Claudia de Assunção pela amizade, pelo carinho, pelo

auxilio no alinhamento do raciocínio.

À professora Maria Inês Tomael pela atenção.

À professora Lucia Helena Oliveira Silva pelos apontamentos, pela

prontidão, pelo entusiasmo, pela ternura.

À professora Samira Fayez Kfouri pelas considerações, pela

atenção, pela didática, pela polidez.

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Á professora Leila Moraes Godoy pelo incentivo, pela confiança,

pelo carinho sempre demonstrado por minha pessoa.

À professora Seila Cibele Sitta Preto por sua gentileza, atenção e

interesse pelo resultado da pesquisa e por oportunizar a ação interdisciplinar através

do projeto UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas.

A Jordan Vicentini, aluno de iniciação científica do projeto UNE

DESIGN-Integração Universidade-Empresas, por aceitar, se empenhar e tornar

físico através do seu trabalho, o produto advindo deste estudo.

Aos participantes da pesquisa, pela confiança, pela disponibilidade e

pelos dados que serviram de base para confirmar minha hipótese.

Aos meus colegas de sala pelo compartilhamento de saberes, pelas

horas que desfrutamos, pelos cafés entre os corredores, onde trocávamos literatura

cinzenta, tão útil e importante para meu desenvolvimento intelectual.

Aos docentes do curso de Mestrado em Metodologias para o Ensino

de Linguagens e suas Tecnologias, pioneiros nessa área, pelos ensinamentos e

informações, novos conhecimentos, aprendizagem e reaprendizagem.

Enfim, a todos que de uma forma ou de outra contribuíram ao longo

da vida para o aprimoramento do meu capital cultural.

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[...] meu “destino” não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade. Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas,

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consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.

(FREIRE, 1996, p. 53-54).

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SERRANO, Justymara Fernanda dos Santos. Capital cultural e sua influência na pesquisa científica nos usuários da biblioteca da Universidade Norte do Paraná – Unidade Piza, entre os meses de outubro a dezembro de 2014. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, UNOPAR, Londrina, 2015.

RESUMO

A qualidade dos produtos científicos está entrelaçada com o uso eficiente dos produtos e serviços ofertados pela biblioteca universitária. A atuação com acadêmicos de graduação, pós-graduação e docentes de diversas áreas, permitiu observar que muitos não encontram ou despendem grande tempo buscando literatura relevante e significativa para seus estudos. Dentre os porquês, destaca-se o desconhecimento tanto da existência quanto do uso eficiente de bancos e bases de dados cientificas. O estudo verificou através de aplicação de questionário em que medida o capital cultural herdado influencia na pesquisa científica em 102 usuários da biblioteca da Universidade Norte do Paraná e percebeu haver influência no uso dessas fontes informacionais .Tendo ciência de que a unidade de informação deva conhecer seu público, suas necessidades e dificuldades informacionais e que deva divulgar sobre seus serviços e importância dentro do contexto acadêmico, buscou-se uma forma de dinamizar e informar aos usuários os seus produtos e serviços, especialmente sobre os bancos e bases de dados por ela assinados. O resultado foi a elaboração de um manual dialógico envolvendo trabalho interdisciplinar através da parceria de um acadêmico do Curso de Desenho Industrial, participante do projeto de extensão UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas, responsável por construir a parte gráfica do material e assim, divulgar os produtos ofertados pela biblioteca, atentando-se às novas características de seus usuários e também aguçar a curiosidade para que o indivíduo conhecesse novas formas e fontes informacionais tendo o bibliotecário como mediador dessa ação.

Palavras-chave: Biblioteca universitária. Mediação. Fontes informacionais. Capital cultural herdado.

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SERRANO, Justymara Fernanda dos Santos. Inherited cultural capital and its influence on scientific research in library users of the Universidade Norte do Paraná - Unidade Piza, between the months October to December 2014. 2015. 136 p. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, UNOPAR, Londrina, 2015.

ABSTRACT

The quality of scientific products is interlaced with the efficient use of products and services offered by the university library. The work with undergraduate students, graduate students, postgraduate students and teachers from different areas allows to observe that many of them can’t find or spend time searching for great relevant and meaningful literature for their studies. Among the reasons, there is ignorance about the existence or the effective use of banks and scientific databases. The study found through a questionnaire to what extent the cultural capital inherited influences in the scientific research of 102 users of the library of Universidade Norte do Paraná and realized there is influence in the use of these informational sources. Aware that the information unit must to know its audience, their needs and informational difficulties, and should disclose its services and importance within the academic context, we sought a way to boost and inform users about its products and services, specially on databanks and databases signed by it. The result was the preparation of a dialogical manual involving interdisciplinary work through a partnership of an Industrial Design Course student that participates in the extension project UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas. He was responsible for doing the graphical part of the material and, so, disclose the products offered by the library, paying attention to the new characteristics of its users and whet the curiosity to the individual knowledge about the new forms and informational sources, with the librarian as a mediator of this action.

Key-words: University library. Mediation. Informational sources. Inherited cultural capital.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados, segundo gênero, faixa etária e

formação, Londrina, 2015 ........................................................................... 76

Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e área do

conhecimento, Londrina, 2015 ................................................................... 77

Tabela 3 – Distribuição dos entrevistados, em relação a frequência de visita à

biblioteca e necessidade de auxílio para pesquisas, Londrina, 2015 ......... 78

Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados, quanto ao conhecimento de banco e

base de dados e utilização de descritores e clusters (filtros), Londrina,

2015............................................................................................................ 80

Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e

de seus pais, Londrina, 2015 ...................................................................... 83

Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados, em relação a área de formação de

seus pais e renda familiar, Londrina, 2015 ................................................. 85

Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e

renda familiar, Londrina, 2015 .................................................................... 87

Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e seu

processo educacional, Londrina, 2015 ....................................................... 90

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12

2 AS BIBLIOTECAS E SUAS ESPECIFICIDADES ...................................... 18

2.1 BIBLIOTECAS NACIONAIS: AS GUARDIÃS DA PRODUÇÃO

INTELECTUAL DE UM PAÍS ...................................................................... 23

2.2 AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS E O LIVRE ACESSO À INFORMAÇÃO ..... 27

2.3 BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E SUA FUNÇÃO PERANTE A

COMUNIDADE ........................................................................................... 31

2.4 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS ....................................................... 33

2.5 AS BIBLIOTECAS ESCOLARES ............................................................... 35

2.6 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS........................................................ 39

2.7 AS ATRIBUIÇÕES INFORMACIONAIS DAS BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS ...................................................................................... 42

2.7.1 O Papel do Bibliotecário no Uso de Ferramentas Informacionais .............. 43

2.7.2 Bancos e Bases de Dados: Diferenças e Pecularidades ............................ 44

3 COMPETÊNCIA E COMPORTAMENTO INFORMACIONAL .................... 55

4 SOBRE O CAPITAL CULTURAL .............................................................. 59

5 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................ 65

5.1 UNIVERSO DA PESQUISA ........................................................................ 65

5.1.1 Universidade Norte do Paraná ................................................................... 65

5.1.2 Unidade Piza .............................................................................................. 66

5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................... 69

5.3 CONHECENDO O FUNCIONAMENTO DO SETOR DE

REFERENCIAS .......................................................................................... 72

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 75

6.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ............................................................... 75

6.2 O CONHECIMENTO DE BANCO E BASES DE DADOS,

DESCRITORES E CLUSTERS .................................................................. 79

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6.3 FORMAÇÃO DOS RESPONDENTES E DE SEUS PAIS .......................... 82

6.4 FORMAÇÃO DOS PAIS DOS RESPONDENTES E RENDA FAMILIAR ... 84

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 94

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 99

APÊNDICES ............................................................................................ 109

Apêndice A – Recursos de refinamento de pesquisa no motor de busca

Google. ................................................................................ 110

Apêndice B – Questionário ....................................................................... 111

Apêndice C – Manual dialógico ................................................................ 119

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1 INTRODUÇÃO

A necessidade de informação varia de indivíduo para indivíduo de

acordo com seu propósito, com a especificidade da tarefa que ele está realizando,

perfil profissional, grupo social, origem demográfica e também de capital cultural,

capital econômico, capital social entre outros.

A práxis de atuação como profissional bibliotecário responsável pelo

serviço de buscas em bases de dados, desde o ano de 2005, em uma instituição

privada de ensino superior e a constante observação de entraves que dificultam a

eficiência no encontro da informação científica, levou à realização de um estudo

direcionado à questão, no intuito de conhecer os diferentes aspectos que envolvem

a busca da informação científica.

A atuação direta com acadêmicos de graduação, pós-graduação e

docentes de diversas áreas permitiu observar que uma expressiva parcela desses

usuários, mesmo conhecendo ferramentas de pesquisa cientifica e tendo razoável

domínio em navegação online em ferramentas como motores de buscas, bibliotecas

de teses e dissertações, diretórios, bases de dados entre outros, não encontra ou

então despende grande tempo buscando documentos relevantes e significativos

para seu estudo.

É possível que essa dificuldade esteja atrelada ao pensamento de

Bianchetti (2011), quando afirma que a realidade atual tende a complicar a

realização do estado da arte sobre um determinado tema, devido ao acesso de

material, pois, diante de tantas fontes o pesquisador é exigido a exercitar o processo

de investigação a fim de que possa apropriar-se do conhecimento que irá contribuir

para elucidar a sua problemática.

Na busca de melhoria do atendimento e mediação da problemática

exposta, o autor deste estudo especializou-se em Metodologia do Ensino Superior

no ano de 2011, com a monografia já voltada a buscar compreender porque os

acadêmicos tinham tanta dificuldade para realizar uma pesquisa corriqueira.

O feedback do estudo, gerado por ocasião da citada especialização,

fomentou o desejo de realizar uma pesquisa de campo. Além disso, trouxe à tona a

necessidade de mediação do profissional bibliotecário e ainda alicerçou o propósito

do estudo, que é o de conhecer as dificuldades que os usuários têm quanto a

pesquisa científica, de modo a sistematizar formas mediadoras de intervenção.

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O resultado foi a criação de um manual dialógico para direcionar o

usuário quanto ao acesso de fontes informacionais e produtos ofertados pela

biblioteca, que foi o universo do mesmo e, provocar a curiosidade do usuário no

tocante ao conhecimento da existência de fontes de informações científicas de modo

a ampliar seu roll de opções para pesquisa e potencializar a utilização das fontes

informacionais online subsidiando assim o desenvolvimento e a construção de

trabalhos em prol da ciência.

Dentre os domínios do profissional bibliotecário destaca-se o de

elevar o nível de competência informacional do seu usuário e do produto final

resultante das informações que ele tenha obtido, levando-se em conta a sua

necessidade informacional. Essa necessidade é peculiar e variável, como já dito,

está também entrelaçada, especialmente o econômico, o social, o simbólico e o

cultural, sendo o capital econômico composto pelo poder aquisitivo e o capital social

pelas relações sociais. (BOURDIEU, 2005).

Bourdieu (2005) reconhece que o capital simbólico é constituído pelo

prestigio que o indivíduo possui, enquanto o cultural se constrói através da

somatória dos saberes, dos conhecimentos acumulados por nossas experiências ao

longo da vida e dos que herdamos de nossas origens, o que Bourdieu (2005)

denomina como capital cultural herdado. (BOURDIEU, 2005).

A soma da vivência social e histórica do indivíduo acaba por renovar

constantemente o capital social e cultural e permite também que o mesmo agregue

competências e habilidades, a exemplo, na escolha dos canais ou fontes

informacionais e ainda na forma de processar, absorver e usar a informação

encontrada. (BOURDIEU, 1998).

Considera-se que a informação seja vital para o ser vivo e cada

espécie possui particularidades e necessidades informacionais específicas. O

homem, nesse caso em função de sua própria sobrevivência, constantemente

aperfeiçoa suas práticas, seus conhecimentos e sua habilidade em obter

informações.

Para Castells (2011) as formas em conseguir a informação desejada

sofreram mudanças consideráveis a partir das primeiras décadas do século XX.

(CASTELLS, 2011). Esse fato produziu, e ainda produz, efeitos no comportamento

humano, no que diz respeito a busca e uso da informação. O reflexo dessas

mudanças é constatado em unidades de informação, as chamadas bibliotecas.

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Em alguns casos, as mudanças mais perceptíveis são nas

bibliotecas pertencentes a instituições de ensino superior e de pesquisas, já que o

espaço dessas unidades passou a ter outras formas de acesso à informação e o

acervo já não mais se compõe quase que exclusivamente de material impresso. A

informação distribui-se em várias formas e tipos de suportes, podendo ser

encontrada tanto na forma impressa quanto na virtual.

O surgimento da internet, juntamente com a necessidade de

promover ao usuário uma informação atualizada e de forma rápida, potencializou a

mudança de posturas e práticas na maioria das bibliotecas universitárias. Essas

bibliotecas têm a incumbência de auxiliar no desenvolvimento das pesquisas

científicas da instituição e, por conseguinte, cada vez mais se exige que as

instituições de ensino envolvam em suas práticas pedagógicas a utilização da

tecnologia da informação como um recurso no processo educativo dos alunos.

Sem dúvida, tal uso, em especial o da Internet, é pertinente

enquanto ferramenta educacional, contudo o desafio está em saber lidar com a

informação por ela disponibilizada. O “saber utilizar” e o “para que utilizar” é crucial

frente “a quantidade e a variedade de informações que são veiculadas em diferentes

suportes e meios e o grande número de usuários que buscam essas informações”.

(TONELLO; LUNARDELLI; ALMEIDA JÚNIOR, 2012, p. 22).

Nesse universo de fontes informacionais das mais variadas espécies

nas bibliotecas universitárias, já não é mais novidade a oferta de serviços online

para atendimento de dúvidas quanto a normalização, confecção de ficha

catalográfica, entre outros processos técnicos, como adoção e uso de recursos

eletrônicos como meio de incrementar seu acervo físico e renovar suas fontes

informacionais.

Segundo Souza e Gamba Junior (2002) a revolução tecnológica nos

desafia a compreender o surgimento de uma nova cultura, que por sua vez

evidencia a necessidade de adaptarmo-nos a novos modos de pensar, ver,

interpretar e também aprender.

A pesquisa científica exige do indivíduo tanto competência

informacional, quanto capital cultural para que possa elaborar de forma lógica um

roteiro ou plano de pesquisa. Seu desenvolvimento sustenta-se através do uso

eficiente dos instrumentos informacionais como os existentes em bibliotecas, centros

de documentação, sistemas de informação entre outros.

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Tem-se observado que os alunos do ensino fundamental e médio,

em muitas instituições de ensino, não tem oportunidade ou não são incentivados ao

uso e frequência da biblioteca, especialmente as escolares, justamente e por conta

dos novos instrumentos como a internet, que por sua vez disponibiliza buscadores

online que fornecem informações das mais variadas espécies e qualidades, o

indivíduo chega ao ensino superior sem o habito de frequentar bibliotecas e, nesse

caso, caberá a universidade capacitá-lo a não apenas frequentar, mas também a

usar seus recursos informacionais e serviços que dispõe a seus usuários.

Uma das principais pontes para que ocorra essa capacitação é o

bibliotecário, um profissional liberal que atua nas mais diversas áreas do

conhecimento e está qualificado para acompanhar e apoiar o desenvolvimento

científico e tecnológico por meio de ações diversas, participando do processo

educacional do indivíduo enquanto cidadão.

No tocante a sua atribuição em bibliotecas universitárias, esse

profissional deve apoiar e dar suporte informacional a pesquisadores, docentes,

estudantes, enfim, ao público em geral, seja exercendo atividades técnicas como

indexação, normatização, catalogação e classificação da informação, seja

atendendo as demandas e solicitações do usuário no tocante à pesquisa. E ao

atendê-lo, o bibliotecário deve considerar três pontos extremamente importantes,

sendo eles:

Cada usuário depende de apoio informacional específico;

As atividades executadas por esse profissional devem ser

iguais para todos, independente da condição de docente ou

de aluno;

É crucial que o bibliotecário esteja atento e perceba o

patamar do conhecimento do usuário que está atendendo.

Infere-se que a habilidade de pesquisa vai se depurando à medida

que reunimos conhecimento, por isso cabe às instituições de ensino e seus

profissionais estimular o aluno, independente do grau do processo de ensino que se

encontra, a realizar e encantar-se pela pesquisa para que sejam potencializados o

desejar saber, o querer descobrir, o aspirar, o investigar e o ambicionar encontrar.

Após o encontrar, seja o aluno instigado a realizar o exercício mental necessário

para que se aproprie da informação encontrada, a fim de que essa apropriação se

transforme em um novo conhecimento.

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Com pesar, o que se tem observado é o inverso. A grande maioria

dos alunos ingressa em cursos superiores sem tal habilidade, justamente quando a

necessidade de produção cientifica, pesquisa, realização de busca bibliográfica em

banco e bases de dados é inerente à sua condição de pesquisador, ou ao menos

deveria ser.

A maioria embasa suas pesquisas em motores de busca, a exemplo

o Google, considerado atualmente como o “oráculo” das indagações, uma vez que

responde a milhões de perguntas diárias realizadas através da internet por usuários

de todas as partes do mundo. Entretanto, em muitas ocasiões a resposta advinda

não possui fidedignidade, uma vez que “tudo pode entrar em relação com tudo: o continuum semiótico [...] o resultado de busca, ou a própria busca, pode aparecer

sob várias linguagens, imagens, textos, músicas [...]” (MONTEIRO, 2006, p. 35, grifo

do autor) e ainda, as informações não passam por um crivo de contextualização que

valide a sua confiabilidade.

Não se deseja desmerecer a utilização desse recurso, ao contrário,

tem-se a consciência de que ele é um instrumento que muito pode auxiliar o

pesquisador por fazer varreduras em infinitas fontes, mas seu uso requer também,

dentro do contexto científico, conhecimento sobre a forma de filtrar a informação e

refinar a pesquisa. Um dos exemplos é a utilização das aspas, dois pontos, sinal de

menos, a utilização de ferramentas proporcionadas pela própria busca avançada

dispostas no Google, entre outras, conforme exemplificado no apêndice A.

Cada qual possui uma finalidade e contribui para que o êxito na

pesquisa seja mais rápido, eficaz e eficiente. Porém, o uso do Google ou qualquer

outro motor de busca, como Yahoo, Cadê, entre outros não dispensa a necessidade

de uso de bancos e bases de dados, uma vez que são apenas instrumentos que

podem auxiliar no tocante a informação desejada.

A falta de conhecimento da forma de realizar uma busca bibliográfica

nos recursos online como meio de subsidiar a pesquisa científica, parece ser mais

intenso em períodos nos quais o currículo exige a produção de trabalho de

conclusão de curso, monografia, dissertação ou tese ou a elaboração de artigo

científico, pois a produção deve contemplar as exigências da banca examinadora ou

então da equipe editorial.

Tendo em vista tal realidade, o presente estudo teve como um dos

objetivos verificar em que medida o capital cultural herdado influencia no sucesso

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em relação a busca de informação em bancos e bases de dados virtuais. Objetivou

também identificar possíveis dificuldades dos usuários em relação a busca online. E

por meio dos resultados apresenta como proposta um mecanismo de mediação

simples, prático e dialógico a ser utilizado como meio de auxilio no encontro de

fontes informacionais ou produtos ofertados pela biblioteca, universo deste estudo, e

ainda servir como um informativo para que o usuário tenha conhecimento de outras

fontes fidedignas, que podem e devem ser utilizadas para obtenção de informação

em suas pesquisas científicas.

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2 AS BIBLIOTECAS E SUAS ESPECIFICIDADES

O termo biblioteca tem suas origens da palavra grega bibliotheke

(junção de biblio - livros e tëke - depósito) ou seja, depósito de livros.

A história da biblioteca é a história do registro da informação, sendo impossível destacá-la de um conjunto mais amplo: a própria história do homem. Na medida da produção do registro informativo, o homem engendrou sistemas- tão rudimentares quanto a informação registrada – para não dispersá-la. Era preciso reter a informação sobre algum suporte concreto: consequentemente, tornou-se imprescindível a preservação desses suportes- os documentos – bem como a organização deles. (MILANESI, 1985, p. 16).

Desde seu surgimento até a Renascença, esse “local sagrado” era

de acesso restrito basicamente ao clero e a alguns privilegiados, pertencentes a uma

ordem religiosa que fosse relevante na época, ou seja, a informação contida nos

manuscritos e livros era restrita apenas a esses grupos. (MARTINS, 2001).

Um exemplo é o romance de Umberto Eco denominado “O nome da

Rosa”, no qual o autor mostra que o caminho até a biblioteca do monastério era

difícil, restrito e secreto. As bibliotecas, até época da Renascença, não se

encontravam abertas aos profanos, apenas aos que faziam parte de ordem ou corpo

religioso sagrado. (ECO, 2011). A biblioteca nesse caso cumpria a origem de sua

palavra, isto é, um depósito de livros. Esse estigma ainda perdura bem mais tênue

que outrora, sem dúvidas, mas não é difícil em nossa realidade atual encontrar

depósito de livros em formato de biblioteca.

Por sua vez, o livro era um mistério, um objeto de poderes maléficos

aos não iniciados e exigia que seu manuseio fosse restrito apenas aos que

possuíam conhecimento exorcismatórios. Martins (2001) considera que as

bibliotecas são anteriores aos livros e também manuscritos, sendo que as bibliotecas

medievais foram prolongamentos das bibliotecas antigas.

A mais famosa biblioteca do mundo foi a de Alexandria. Há indícios

históricos de que ela possuía mais de setecentos mil volumes, muitos deles únicos e

que desapareceram com ela, após vários incêndios ainda na antiguidade. Nela

setenta sábios transcreveram e traduziram os livros sagrados de Hebreus para o

grego, recebendo o nome de “Versão dos Setenta”, também chamado de

Septuaginta (CAMPOS, 2014), considerado um dos maiores acontecimentos

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históricos por permitir a propagação do judaísmo entre os gentios e o

estabelecimento do cristianismo.

Fernández (1998) considera a destruição da biblioteca de Alexandria

uma perda irreparável para toda a humanidade e cita três hipóteses sobre a

genealogia do feitor do crime, ou seja, romana, cristã ou muçulmana. Independente

de quem tenha sido o responsável, o destino da biblioteca de Alexandria é um tema

que fascina investigadores e leitores através dos tempos.

Ao longo da Idade Média ocorreram criações históricas que

influenciaram a história universal, entre elas destacam-se a criação das bibliotecas

monacais, a criação das universidades (século XIII) e com elas as suas bibliotecas, e

a criação de bibliotecas particulares. Nos mosteiros, havia as mais variadas formas

de estantes de leitura que permitiam o manuseio dos in-folios medievais, mesmo

assim poucos eram os privilegiados a ter acesso a esses documentos, levando-nos

a considerar que a informação era vetada nessa época. (MARTINS, 2001).

O aparecimento das universidades é considerado por Le Goff (2012)

o grande acontecimento medieval, uma vez que decidiram o destino de toda uma

civilização e também dos livros. As bibliotecas se laicizaram, marcando então a

evolução da cultura ocidental, sendo a biblioteca da Universidade de Oxford,

chamada “Bodleiana”, um dos exemplos.

No Brasil, segundo Moraes (1979), há escassez documentária sobre

a existência de livros na primeira metade do século XVI. O autor lamenta a falta de

documentos e de pesquisas sobre esse tema e infere que apenas resta por hora

pensar que “os rudes colonos que demandavam ao Brasil estavam mais

preocupados em formar lavouras e cortar pau Brasil do que ler e estudar”.

Entretanto, vários relatos históricos apontam que com a chegada da família real no

Brasil, cujos pertences vieram em inúmeras embarcações, trouxe não apenas

mobília, mas também a biblioteca pessoal de D. João XI, acervo, aliás, em parte

ainda existente na Biblioteca Nacional. (MORAES, 1979, p. 1).

As primeiras bibliotecas que se instalaram foram as escolares, nos

colégios da Companhia de Jesus, no século XVI. Tais bibliotecas eram organizadas

pelos jesuítas. Os sacerdotes em suas missivas demonstravam a necessidade não

só de livros, mas também de bibliotecários. Assim sendo, Fonseca (1979, p. 13)

relata:

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[...] breviários, bíblias, livros litúrgicos, obras teológicas se misturavam com textos didáticos para o ensino do Latim nos acervos dessas primeiras bibliotecas [...] Acervos também enriquecidos com os clássicos latinos e portugueses [...] a necessidade de bibliotecários começou a se fazer sentir [...].

Além dos conhecidos jesuítas, os conventos dos Capuchinhos,

Franciscanos, Oratorianos, Carmelitas, Mercedários e Beneditinos também

possuíam em seus conventos importantes bibliotecas. Esse fato faz lembrar um

provérbio conhecido no Brasil, que diz que convento sem biblioteca é como quartel

sem arma, que em latim lê-se “claustrum sine armanio, quase castrum sine

armamentario”. (MARTINS, 2001, p. 82).

A biblioteca do colégio Santo Alexandre do Pará, no ano de 1760

possuía mais de 2000 volumes e a do Colégio da Vigia, 1010. Em meados do século

XVIII, a biblioteca do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro possuía 5434 volumes.

Entretanto, a que mais se destacava e a mais rica de todas era a de

Salvador. O teto de uma de suas salas é considerado por Moraes (1979) como uma

das mais belas joias da cultura brasileira, por lá encontrar-se a iconografia Sapientia

aedificavit sibi domum, expressão latina que significa “A sabedoria edificou a sua

casa”. Essa é uma obra é iconografia, tida como uma das mais preciosas

representações da pintura barroca brasileira.

O bibliotecário Irmão Antonio da Costa, do Colégio Jesuíta do Rio de

Janeiro, falecido no ano de 1722, catalogou as obras das bibliotecas brasileiras por

autor e assunto, criando o primeiro catálogo brasileiro de obras existentes, sendo

considerado bem mais que um simples guardião de livros. (MORAES, 1979).

Os jesuítas enriqueciam suas bibliotecas tanto para suas

necessidades pessoais quanto pelas responsabilidades que possuíam nos

seminários e colégios, visto que possuíam alunos que se encontravam desde a fase

de alfabetização até os que cursavam Filosofia.

A compra dos livros, em muitas ocasiões era resultado das vendas

dos produtos das fazendas dos próprios jesuítas, como cacau e cravo, e também

dos remédios fabricados em suas boticas, além dos muitos livros que Portugal e

Itália lhes encaminhavam. Os sacerdotes também compravam de pessoas que, por

ocasião do retorno aos seus países de origem, acabavam vendendo seus acervos a

fim de não pagar frete de excesso de bagagem.

A título de exemplo, no ano de 1720, um ouvidor-geral que se

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encontrava no estado do Pará, estando de partida para o reino português, vendeu

aos jesuítas 100 livros por 600 mil réis.

As bibliotecas jesuíticas possuíam acervo de nível universitário,

disponíveis aos alunos e padres, mas também a visitantes que solicitavam conhecê-

las. Os acervos nas áreas de filosofia e religião era de uma riqueza incontestável.

Havia também livros de extrema valia nas áreas de história, geografia, estudos da

língua latina e ainda grandes edições de livros de literatura.

O Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro arrolava 110 tomos de

gramáticas com respectivos dicionários. A medicina também estava bem

representada. Os jesuítas eram os únicos médicos na época da colônia e suas

boticas instaladas nos colégios eram as melhores.

Com a expulsão da Companhia de Jesus em 1759, no contexto das

políticas educativas do Marques de Pombal, as bibliotecas sofreram um golpe

terrível. Os livros retirados dos colégios foram depositados, ou melhor, amontoados

em lugares insalubres por anos, uma ou outra obra foi arrematada pelos bispados,

poucas enviadas para Lisboa e “a quase totalidade foi dilapidada, roubada ou

vendida como papel velho a boticários para embrulhar unguentos”. (MORAES, 1979,

p. 6).

Em virtude do abandono, a sala da livraria dos jesuítas na cidade de

Salvador ficou em estado lastimável, sendo restaurada no ano de 1811 para poder

alojar a Biblioteca Pública da Bahia e, segundo Suaiden (1995), a iniciativa não

partiu do governo e sim dos cidadãos.

Já a livraria do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro ficou abandonada

até o ano de 1775, quando Manoel Francisco da Silva e Veiga, Desembargador da

Relação (posteriormente Desembargador do Porto) e sócio da Academia de

Ciências, encabeçou um movimento para sua restauração. Manoel Francisco da

Silva e Veiga era reconhecido por ser culto e dado às letras, sendo ele que

denunciou ao Vice Rei, Marquês de Lavradio, o péssimo estado de conservação da

livraria.

Tendo em vista a presente situação, o Vice-Rei baixou uma portaria

determinando:

[...] que do Desembargador dos agravos e intendente geral do confisco feito aos denominados jesuítas o Doutor Manoel de Albuquerque e Mello, assessorado por dois mestres livreiros “de

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melhor nota e sciencia” Pedro da Silva Torres e Manoel Francisco Gomes acompanhados do escrivão Antonio Machado Freire, avaliassem os livros que estavam no Colégio “e o que mais existisse por fora”. (MORAES, 1979, p. 7).

Ainda, por determinação do Vice-Rei, foram entregues ao bispo da

diocese do Rio de Janeiro as obras de “Doutrina e disciplina eclesiastica”. O

desembargador João Antonio Salter de Mendonça também recebeu algumas obras

do acervo da livraria do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro. Outras obras foram

entregues a mando do Vice-Rei para pessoas capazes de conservar “em limpeza e

darem conta delles”. (MORAES, 1979, p. 7). Já os livros proibidos foram enviados a

Lisboa aos cuidados do Juiz da Inconfidência. (MORAES, 1979).

A avaliação das obras da livraria do Colégio Jesuíta da cidade do

Rio de Janeiro arrolou 4701 volumes, muitas obras erroneamente julgadas como

sendo de pouco valor, destacando-se os 34 tomos de Lógicas, Coimbrenses, “Plato,

Opera” entre outros.

Dentre as obras proibidas, destaca-se que a maioria delas era de

autoria de padres jesuítas. Esses livros contavam a história dos feitos da Companhia

de Jesus, a exemplo: A vida do Padre Anchieta e Chronica da Companhia de Jesus,

de autoria do padre Simão de Vasconcelos, Gloriosa corôa, de Bartolomeu

Guerreiro, Brasília Pontifícia, de Simão Marques, Imagem da Virtude e Synopsis

annalium S. J. in Lusitânia, cujo autor era Antonio Franco. (MORAES, 1979).

Os livros de teologia e de filosofia também foram classificados como

proibidos, dentre eles as obras de Juan Luis Vives, destacado humanista espanhol,

autor de “Diálogos sobre La Educácion”, “Introduccion a La Sabiduria” entre outros.

Ressalta-se ainda, que a obra “A Vida do Venerável padre Beuchior

de Pontes da Companhia de Jesus”, escrito por Manoel da Fonseca, foi confiscada

por determinação da Mesa Sensória em 10 de junho de 1771 e desapareceu. Ela

não foi remitida a Lisboa, nem constava na lista dos avaliadores. (MORAES, 1979).

Sabe-se que a mitra do Rio de Janeiro ficou com um bom acervo,

todavia o tempo, aliado à falta de zelo e à negligência, aos poucos dizimou a livraria

repassada ao bispo da arquidiocese da época.

Há relatos de que antes do ano de 1945, o padre Serafim Leite ainda

pôde avistar no Palácio São Joaquim, localizado no bairro da Glória, na cidade do

Rio de Janeiro, livros onde se podia ler em nota manuscrita a seguinte frase

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“pertence à Livraria Pública do Collº do Rio de Janeiro”. (MORAES, 1979).

Infelizmente as bibliotecas jesuíticas do Brasil exerceram, de fato e

com pesar, ao pé da letra a frase “Pro captu lectoris habent sua fata libelli”,

literalmente traduzido como “o destino dos livros acontece segundo as capacidades

e possibilidades do leitor”.

2.1 BIBLIOTECAS NACIONAIS: AS GUARDIÃS DA PRODUÇÃO INTELECTUAL

DE UM PAÍS

As Bibliotecas Nacionais são responsáveis pela memória

bibliográfica de um país. Elas possuem a incumbência de guarda e registro de toda

produção intelectual nacional, assim como são responsáveis por disponibilizar seu

acervo aos pesquisadores. Esse tipo de biblioteca tem como foco a defesa do

patrimônio documental do seu país, especialmente porque agrega ao seu acervo

importantes obras e documentos produzidos ao longo da história mundial.

A Biblioteca Nacional do Brasil tem sua sede na cidade do Rio de

Janeiro e é considerada pela UNESCO como uma das dez maiores bibliotecas

nacionais do mundo e a maior da América Latina. Seu acervo está calculado em

cerca de nove milhões de itens. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2014).

A origem desse patrimônio histórico cultural está intrinsecamente

ligado à Biblioteca Real. Em razão da pressão das tropas napoleônicas na Europa,

em 29 de novembro de 1807 a família real portuguesa embarcou com destino ao

Brasil. D. João VI trouxe consigo da Biblioteca Real o primeiro lote (de um total de

três) com aproximadamente sessenta mil peças, entre mapas, livros, moedas,

medalhas, estampas, manuscritos, entre outros. O segundo lote contendo duzentas

e trinta caixas aportou em meados do ano de 1810; já o terceiro lote nunca chegou a

ser encaminhado para cá, possivelmente graças ao fato de que Portugal já não

sofria com ameaças externas. (CUNHA, 1981).

A coleção foi acomodada em uma sala cedida pelo Hospital do

Convento da Ordem Terceira do Carmo, localizado na Rua Direita, hoje Rua

Primeiro de Março, na cidade do Rio de Janeiro. Em 29 de outubro de 1810, um

decreto do Príncipe Regente determinou que o prédio que servia aos religiosos do

Carmo passasse a acomodar também a Real Biblioteca. Assim, essa data ficou

conhecida como a data da fundação da Biblioteca Nacional. Ressalta-se que o

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público só teve acesso à biblioteca a partir do ano de 1814. (FUNDAÇÃO

BIBLIOTECA NACIONAL, 2014).

Dentre as características que diferenciam a Biblioteca Nacional de

uma biblioteca pública, destaca-se que a Nacional é beneficiária do Instituto do

Depósito Legal e tem composição estrutural para realizar compras - tanto em

território nacional quanto no exterior - de material bibliográfico, a fim de alimentar

seu acervo de obras estrangeiras que tenham interesse para o país. Além disso, A

BN é um centro nacional de permuta bibliográfica em níveis nacional e internacional

e como tal, elabora e divulga a bibliografia brasileira corrente, através de catálogos.

Esses catálogos, antes impressos, com o avanço das tecnologias, passaram a ser

disponibilizados online, no Portal Institucional cujo endereço é www.bn.br.

Através da Lei de Depósito Legal, a Biblioteca Nacional assegura

que lhe sejam remetidas todas as publicações realizadas em território nacional. Além

de ser responsável pela guarda e difusão da produção intelectual brasileira, a BN

preserva e reúne as coleções da memória nacional, tanto às produções

bibliográficas quanto as musicais. Alguns tipos de publicações são isentas da

obrigatoriedade de depósito, são elas: trabalhos acadêmicos (monografias,

dissertações e teses), visto que essas são de responsabilidade das instituições de

ensino superior, tanto no que se refere a guarda quanto ao tratamento do acervo;

publicações com fins publicitários e cartazes de propaganda; calendários;

cadernetas escolares; agendas; recortes de jornais; convites; folders; obras não

editadas (prelo), publicações fotocopiadas de originais já publicados. (BRASIL,

2004).

A Biblioteca Nacional já esteve subordinada ao Ministério do Interior

e Justiça, depois ao Ministério da Educação e Saúde. Após o desmembramento dos

Ministérios integrou-se ao Ministério da Educação e Cultura. Em 1981, o órgão

passou fazer parte da Fundação Nacional Pró-Memória. Em 1984, passou a

constituir a Fundação Nacional Pró-Leitura, juntamente com o Instituto Nacional do

Livro.

Uma nova reforma administrativa foi realizada no ano de 1990,

quando a Biblioteca Nacional, a biblioteca Euclides da Cunha, (localizada no do Rio

de Janeiro e subordinada à Biblioteca Nacional), o Instituto Nacional do Livro e sua

Biblioteca Demonstrativa (localizada em Brasília) passaram a constituir a Fundação

Biblioteca Nacional (FBN). Dentre as suas atividades destacam-se

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[...] adquirir, preservar e difundir os registros da memória bibliográfica e documental nacional; promover a difusão do livro e incentivar a criação literária nacional, no País e no exterior, em colaboração com as instituições com esta finalidade; atuar como centro referencial de informações bibliográficas; registrar obras intelectuais e averbar a cessão dos direitos patrimoniais do autor; incentivar a implantação de serviços bibliotecários em todo o território nacional; manter atualizado o cadastro de todas as bibliotecas brasileiras; elaborar e divulgar a bibliografia nacional; subsidiar a formulação de políticas e diretrizes voltadas para a produção e o amplo acesso ao livro; promover a efetivação da democratização do acesso ao livro, a formação leitora, a valorização da leitura e da literatura brasileira e o fomento das cadeias criativa e produtiva do livro; promover e divulgar autores e livros brasileiros no exterior, através de participação em feiras internacionais de livros e concessão de bolsas de apoio à tradução de escritores brasileiros à editoras e tradutores estrangeiros. (BRASIL, 2012).

De acordo com o estatuto da Biblioteca Nacional vigorado por meio

do Decreto nº 7.748, de 6 de junho de 2012, a instituição se constitui de:

I - órgão de direção superior: Diretoria Colegiada; II - órgão de assistência direta e imediata ao Presidente: Gabinete; III - órgãos seccionais: a) Procuradoria Federal; b) Auditoria Interna; e c) Coordenação-Geral de Planejamento e Administração; IV - órgãos específicos singulares: a) Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas; b) Centro Internacional do Livro; c) Centro de Processos Técnicos; d) Centro de Referência e Difusão; e) Centro de Pesquisa e Editoração; f) Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles; e g) Biblioteca Euclides da Cunha. (BRASIL, 2012).

Tendo em vista a necessidade de preservar a memória bibliográfica

e documental do País, a reprodução do acervo da Biblioteca Nacional reserva-se

para fins de pesquisa, cabendo aos usuários acatar as regras a seguir:

- Conduta: são sujeitos a suspensão os leitores cuja conduta

seja imprópria, que representar perigo o acervo ou

desrespeitar os funcionários da instituição;

- Pertences: o usuário deverá deixar na portaria (sem que haja

responsabilidade por valores) durante o período de

permanência bolsas, pastas, volumes, bem como todo tipo

de material que possam serem entendidos como parte o

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acervo da biblioteca a exemplo, livros, periódicos, materiais

iconográficos e/ou materiais similares.

- Permanência: o usuário não poderá exceder a 9 horas

consecutivas de permanência na Biblioteca Nacional, após

esse período o material será recolhido ao Almoxarifado;

- Restrição de uso de material: proibido uso de canetas

esferográficas e à tinta e também lápis de cor independente

do tipo;

- Ausência: o material será recolhido caso o usuário se

ausente durante o horário de consulta na Biblioteca;

- Restrição de circulação: o acesso e circulação dos usuários

restringe-se exclusivamente aos 2oe 3oandares. Sendo

proibida sua permanecia no térreo e 4º e 5º andares do

prédio da instituição;

- Saída de materiais: a saída do acervo da Biblioteca Nacional

de livros, manuscritos, periódicos, material iconográfico e

musical, gravuras, mapas ou qualquer peça patrimonial é

expressamente proibido, exceto em casos de intercâmbio

cultural. Para isso, antecipadamente deverão ser obtidas as

necessárias autorizações em formulário próprio;

- Segurança: caso necessário os vigilantes em serviço

poderão vistoriar pastas, bolsas e volumes de posse de

pessoas que circulem no Edifício. Além disso, cabe a eles a

competência de zelar pelo silencio nas áreas comuns do

prédio;

- Pesquisa: caso necessário após comprovada a pesquisa o

usuário poderá requisitar cópia em microfilme ou

eletrostática, através de requisição e pagamento

antecipados. Tanto a microfilmagem quanto a cópia

eletrostática são autorizadas para todo o acervo, desde que

se respeitem os casos identificados nas Normas Gerais;

- Prevenção e conservação do acervo: quanto ao seu estado

geral do seu estado físico as obras esteja microfilmado, será

permitida a consulta em máquinas leitoras de microfilme ou a

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reprodução do próprio microfilme; Fotografia e filmagem:

somente autorizadas mediante solicitação formal do usuário,

em formulário próprio, com o mínimo de 24 horas de

antecedência;

- Regulamento e normas: os usuários devem conhecer e

cumprir tanto o regulamento quanto as normas disponíveis

no Serviço de Informação e Cadastro e em cada Sala de

Leitura das Coleções Especiais. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA

NACIONAL, 2014).

Essas regras têm a incumbência de auxiliar a Biblioteca Nacional a

preservar seu acervo, pois muitos exemplares são raros e únicos, necessitam de

cuidados especiais, manuseio adequado e guarda com os devidos protocolos de

conservação.

2.2 AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS E O LIVRE ACESSO A INFORMAÇÃO

No ano de 1982, em decorrência da elaboração da Declaração de

Caracas sobre a biblioteca pública, os especialistas que se encontravam reunidos na

capital da Venezuela chegaram à conclusão de que a biblioteca pública deve

assegurar a todos o livre acesso à informação, independente das formas de sua

apresentação. Do mesmo modo, deve ampliar, atualizar e representar o universo do

pensamento humano, assim como suas ideias e suas formas de expressão, para

que se situem em seu meio histórico, político, socioeconômico e cultural. É de seu

trato também estimular a população quanto sua participação na transformação social

e participação da vida democrática. Deve também promover, resgatar, difundir e

compreender as culturas nacionais autóctones e minoritárias, de forma a contribuir

na construção da identidade nacional e no respeito por outras culturas.

Cabe à biblioteca pública a atribuição de formar leitores críticos e

habilidosos, para que esses possam extrair da leitura, experiências gratificantes de

modo que possam desempenhar ativamente seu papel na sociedade. Além disso, as

bibliotecas públicas devem apoiar a educação permanente, independente do nível

de ensino e da estrutura formal ou informal. É também seu papel enfatizar a

erradicação do analfabetismo, prestar assistência para crianças, jovens e leitores

necessitados socialmente e inválidos. Para melhor cumprir seu papel social, as

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bibliotecas públicas precisam se estender para unidades carcerárias.

Vê-se assim que a Declaração de Caracas prezou pela formação

sociocultural do indivíduo, pelo desenvolvimento do hábito de leitura e enfatizou a

relevância da biblioteca pública no que se refere à informação, disseminação e

divulgação da cultura.

Países que já passaram pelo processo de desenvolvimento, os

chamados países desenvolvidos, têm na biblioteca pública uma instituição de

prestação de serviço à comunidade, um ponto de encontro onde se pode debater

sobre a participação econômica, política, cultural, além de possibilitar informações

práticas de que o público necessita. Nos países em desenvolvimento, as bibliotecas

públicas, em sua grande maioria, estão invisíveis aos olhos da comunidade,

principalmente pela falta de aproximação com a população e pela carência de

serviços de extensão. (SUAIDEN, 1995).

As bibliotecas públicas podem estar vinculadas ao governo estadual

ou municipal, sendo por eles mantidas. Independente da questão administrativa, seu

objetivo é servir a comunidade de modo coletivo. Ela é um centro de informações da

comunidade, no qual sua principal função é informar e ser um espaço público aberto

a todos os indivíduos. O trabalho informativo advém de inúmeras fontes, como livros,

revistas, jornais, material multimídia, fotos, gravuras, entre outras. Dentre os autores

que escreveram sobre o surgimento das bibliotecas públicas destaca-se a citação de

Almeida Júnior (2003, p. 66):

A biblioteca pública surge na segunda metade do século XIX, nos Estados Unidos e Inglaterra, tendo o ano de 1850 como marco histórico desse fato. As características dessa biblioteca, que a diferenciavam das anteriores, podem ser divididas em três grandes aspectos: mantida integralmente pelo estado; com funções específicas e com a intenção de atender toda a sociedade.

A primeira biblioteca pública, tanto da América Latina quanto do

Brasil, foi instalada na cidade de Salvador, no estado da Bahia, em 13 de maio de

1811, idealizada por Pedro Gomes Ferrão Castello Branco e Dom Marcos de

Noronha e Britto, este último possuía o título de 8º conde dos Arcos sendo também

governador da Capitania da Bahia.

Pedro Ferrão queria que a biblioteca ocupasse uma casa ampla, de

modo a abrigar confortavelmente os livros e usuários. O local escolhido foi a antiga

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livraria do Colégio dos Jesuítas que ficava acima da sacristia da igreja, atualmente

Catedral Basílica, localizada na Freguesia da Sé, na cidade de Salvador.

Inicialmente dispunha de um acervo de 3000 volumes, grande parte

deles em francês, visto que Pedro Ferrão disponibilizou toda a sua biblioteca

particular, além de receber doações de Alexandre Gomes Castello Branco e Padre

Agostinho Gomes. (SOARES et al., 2011).

Desde sua fundação, a Biblioteca Pública da Bahia buscou cumprir o

seu papel: ser um fio condutor da intelectualidade e do desenvolvimento da

sociedade, tanto que em 1859 a instituição ampliou seu horário de atendimento

abrindo suas portas das 9 as 14 h e das 17 as 21h, por meio da Lei nº 727 de 1858.

(SOARES et al., 2011).

De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (2014) o

Brasil possui 6.062 bibliotecas públicas que se subdividem em municipais, distritais,

estaduais e federais, e se encontram espalhadas nos 26 estados brasileiros e no

Distrito Federal, estando assim subdivididas:

- 5.984 bibliotecas públicas municipais;

- 3 bibliotecas públicas federais;

- 45 bibliotecas públicas estaduais;

- 30 bibliotecas públicas distritais.

No ano de 2004, por meio do Programa Livro Aberto, foi criado um

movimento em prol da ampliação do número e da modernização das bibliotecas

públicas. Entre o ano de 2004 a 2011, o referido programa conseguiu modernizar

682 bibliotecas e criar outras 1.705. Graças ao contrato de comodato firmado entre a

Prefeitura beneficiada e a Fundação Biblioteca Nacional, as bibliotecas foram

agraciadas com acervo, equipamentos tecnológicos e mobiliários adequados

(SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, 2014).

O objetivo da biblioteca pública é melhorar a qualidade de vida de

sua comunidade, despertar no indivíduo o hábito e o prazer da leitura, sendo a base

fundamental do sistema educacional e cultural. Dentre os tipos de bibliotecas, a

pública é a que agrupa características específicas de uma instituição social, dada a

imensidade de sua abrangência, a amplitude de seu campo de ação e a diversidade

de seus clientes e também de seu acervo. (SUAIDEN, 1995).

Para ser útil à sociedade, a biblioteca deve ser de fácil acesso e

aberta sem nenhuma distinção. Sua coleção e serviços ofertados devem estar

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isentos de qualquer tipo de censura, seja ela política, ideológica, religiosa ou

comercial. Segundo a Unesco (1994) a missão da biblioteca pública está

intimamente ligada à informação, à alfabetização, à educação e à cultura, dentre as

quais destacam-se 12 missões. São elas:

- Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a

primeira infância;

- Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como

a educação formal a todos os níveis;

- Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma

criativa;

- Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos

jovens;

- Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço

pelas artes e pelas realizações e inovações científicas;

- Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural

das artes do espetáculo;

- Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural;

- Apoiar a tradição oral;

- Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de

informação da comunidade local;

- Proporcionar serviços de informação adequados às

empresas locais, associações e grupos de interesse;

- Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a

informação e a informática;

- Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e

atividades de alfabetização para os diferentes grupos etários.

Uma biblioteca pública tem muitas funções. Todavia, quatro delas

são as mais relevantes, ou seja, as funções de caráter informacional, recreativo,

educacional e cultural.

Vários são os fatores que dificultam o desenvolvimento,

aperfeiçoamento e serviços das bibliotecas públicas brasileiras, dentre eles Suaiden

(1995) aponta a falta de conscientização dos governos municipais quanto a sua

importância para o desenvolvimento sociocultural da comunidade. Com isso, os

recursos econômicos destinados às bibliotecas são insuficientes ou, como o próprio

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autor afirma, ridículos.

A situação das bibliotecas públicas, na sua maioria, é precária.

Ribeiro (2013) fez sua pesquisa com 271 bibliotecas públicas e concluiu que, além

de mal distribuídas pelo território brasileiro, tanto em nível geográfico quanto

populacional, são estruturalmente inadequadas. As demandas de apoio financeiro,

material e humano dessas bibliotecas são altas e carecem de soluções efetivas para

cumprirem sua função social.

A solução, segundo Ribeiro (2013), num país como o Brasil, onde

não existe uma cultura de valorização da informação, resume-se a duas linhas de

ação: a de natureza política e a de natureza educativa. Não se vislumbra outro modo

de ação para que o papel de fomento ao desenvolvimento intelectual da nação seja

cumprido. E que a biblioteca pública realmente passe a atuar e desenvolver ações

que a elas compete.

2.3 BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E SUA FUNÇÃO PERANTE A COMUNIDADE

As bibliotecas comunitárias visam a promover o acesso ao

conhecimento, ao estímulo da leitura e de atividades recreativas, culturais e

informativas. Geralmente enfatizam questões do cotidiano da comunidade na qual

está inserida (MILANESI, 1985), e “está relacionada à proposta de integração entre

biblioteca pública e biblioteca escolar”. (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 93).

Os objetivos dessas bibliotecas, de um modo geral, é atender a sua

comunidade, desenvolver o hábito da leitura, despertar o entendimento da

importância de preservação do bem público. Para isso devem não apenas estar

inseridas, mas também serem atuantes e presentes no cotidiano comunitário

(SARTI; GUIRALDI; VICENTINI, 1984).

Machado (2009), mesmo reconhecendo semelhanças entre a

biblioteca pública e a comunitária, identifica particularidades que distinguem uma da

outra, sendo elas:

- Quanto à constituição. Essas bibliotecas são criadas pela

comunidade e não para a comunidade e geralmente são

resultados de uma determinada ação cultural;

- Quanto à pretensão. Seu foco maior está em combater a

exclusão informacional e alcançar a igualdade e justiça

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32

social;

- Quanto à referência espacial. Geralmente são instaladas em

regiões periféricas, na maioria das vezes distantes de

grandes centros;

- Quanto ao processo participativo. A maioria das bibliotecas

comunitárias é articulada e possuem um forte vínculo com a

comunidade, estando muito próximas dela, tanto

socialmente, pelas atividades culturais, de lazer,

aprimoramento profissional (ofertando cursos rápidos, que

possam reverter em aumento monetário do participante),

como de articulação de ideias em prol de benefícios para a

própria comunidade, entre outros;

- Quanto à vinculação. Essas instituições não tem vínculo

direto com nenhum órgão governamental, tanto municipal,

estadual ou federal, às vezes são auxiliadas por ONGs ou

empresas que, por meio da Lei Rouanet (Política de

incentivos fiscais), estimulam ou buscam ofertar à

comunidade seu aprimoramento cultural.

Tendo em vista suas peculiaridades, Machado (2009) considera que

a biblioteca comunitária é uma entidade de significação cultural. Seu espaço físico é

aberto ao público local de modo a possibilitar o acesso à informação.

A biblioteca comunitária oferta diversas formas de leitura, fomenta e

potencializa ações culturais, transformando-se assim em um empreendimento social,

nascido da necessidade e da intenção de um grupo de pessoas que se preocupam

quanto ao acesso à informação, do livro, da prática de leitura e do pleno exercício de

cidadania. (MACHADO, 2009).

Essas bibliotecas têm como prioridade atender ao seu público, dividir

os problemas, os interesses e sua própria cultura, independente de sua condição

cultural. Além disso, almejam a formação de agentes coletivos que possam

disseminar, por meio de ações e de práticas sociais, a transformação de uma

realidade para outra. (MACHADO, 2009).

Seu acervo geralmente é constituído através de doações, tanto da

própria comunidade quanto de empresas, livrarias, editoras e outras. Comumente

são autônomas, possuem horário de funcionamento diferenciado (muitas abrem em

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33

finais de semana ou estendem seus horários a fim de contemplar as necessidades

da sua região) e, na maioria dos casos, são gerenciadas por pessoas da própria

comunidade, valendo-se do voluntariado.

Dadas as suas características, adequam-se às necessidades de sua

comunidade, mas não devem ser vistas como um ambiente desorganizado, sem

padronização, sem regulamentos, ao contrário, grande parte delas é regida por leis e

tratados, oriundos de reuniões nas quais a comunidade é quem decide qual a

melhor forma de funcionamento.

2.4 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS

Surgidas no início do século XX em função da necessidade de

acompanhar o processo tecnológico e científico, as bibliotecas especializadas são

unidades de informação nas quais seus objetivos e seu acervo se concentram em

uma determinada área do conhecimento, para atender a um público com perfil

específico.

De acordo com Figueiredo (1978) elas se constituem num sistema

de informação de determinado assunto ou de um grupo de conhecimentos afins,

sendo, portanto, prestadoras de serviço altamente especializadas. Sua estrutura

orienta-se por assunto e seus objetivos são mais específicos que gerais, pois não

apenas ofertam, mas também geram e disseminam informação.

Salasário (2000), afirma que a conceituação da biblioteca

especializada, além de paradoxal, é também paralela e em muitas ocasiões

cruzadas, pois dependem do autor e do contexto teórico do qual está trabalhando.

São processadoras de informação, dão suporte, veiculam, planejam e buscam

soluções literárias, a fim de que o pesquisador possa ampliar seu conhecimento e

atuar em sua pesquisa de modo mais eficiente. Tem como principal objetivo

disseminar informações sobre um determinado campo de estudo e, uma vez que o

seu acervo é técnico, seus usuários têm necessidades cognitivas, culturais e

sociológicas inerentes a sua atuação profissional, sendo sua função satisfazer tais

necessidades. (SALASÁRIO, 2000).

A formação e o desenvolvimento do acervo de uma biblioteca

especializada dependem de um processo adequado de seleção, de modo a

satisfazer as necessidades do público alvo. Nesses casos é preciso considerar a

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34

qualidade da obra, a sua adequação quanto aos objetivos da instituição, autoridade

de autor/e ou editor, condições físicas do material, escassez do assunto na coleção,

número potencial de usuários que poderão utilizar o material, aparecimento do título

ou do assunto em bibliografias e índices especializados, entre outros.

Na cidade de Londrina, situada no norte do estado do Paraná, tem-

se um exemplo desse tipo de biblioteca, instalada na unidade Embrapa Soja que

desde o ano de 1975 conta com uma biblioteca voltada a atender as necessidades

de informação dos que atuam com pesquisas voltadas para soja, dos profissionais

técnicos e da comunidade que tenha interesse sobre o assunto no qual a biblioteca

é especializada.

Essa unidade de informação pertence ao Sistema Embrapa de

Bibliotecas - SEB que consiste em 47 bibliotecas, das quais três são virtuais e,

embora possuam estrutura e forma de compartilhamento de conhecimento

semelhantes, o acervo de cada qual varia de acordo com a temática e especificidade

da pesquisa da sede. (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA,

2014).

Para Miranda (2007) as bibliotecas especializadas facilitam o

processo de recuperação de informações específicas. Através de meios peculiares

encontram todos os caminhos de direção da informação, por isso possuem clientela

especializada e limitada. Dentre as suas funções destaca-se:

- Disseminação seletiva da informação;

- Rapidez e eficácia no tocante ao fornecimento de informação

centrada em determinada área do conhecimento, tendo em

vista as necessidades de seu usuário;

- Tratamento exaustivo de documentos, de modo a ampliar os

recursos de recuperação da informação;

- Acesso a bases de dados especializadas na área de

interesse da coleção;

Esse modelo de biblioteca possui geralmente um acervo de suporte

heterogêneo e prioriza publicações periódicas, valoriza os relatórios, folhetos,

normas, softwares, materiais publicados em separatas, obras de referências

especializadas, croquis, maquetes, slides, enfim, materiais que exigem dos

bibliotecários significativo esforço, tanto para sua localização quanto para a

acomodação dentro do acervo. (MIRANDA, 2007).

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35

Nas bibliotecas especializadas, o bibliotecário exerce papel de

agente mediador entre a informação e o usuário. Suas atividades não se restringem

apenas a disseminar, mas também a buscar e tratar informações que sejam

pertinentes ao seu público-alvo. Exige ainda desse profissional conhecimento

específico na área a que se destina a coleção, habilidade para se trabalhar de modo

cooperativo a fim de que o acervo esteja sempre atualizado em relação a sua

especialidade.

2.5 AS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Esse tipo de unidade de informação tem como principal objetivo

promover e disseminar o conhecimento para a comunidade escolar. Para tal, deve

dispor de condições básicas para que o indivíduo aprenda permanentemente e seja

autônomo quanto a tomada de decisões.

O Manifesto IFLA/UNESCO para Biblioteca Escolar reza que:

A biblioteca escolar propicia informação e ideias que são fundamentais para o sucesso de seu funcionamento na sociedade atual, cada vez mais baseada na informação e no conhecimento. A biblioteca escolar habilita os alunos para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve sua imaginação, preparando-os para viver como cidadãos responsáveis. (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E INSTITUIÇÕES, 2005, p. 4).

Não há dúvidas de que a função primordial da biblioteca escolar é

servir de alicerce aos estudantes no tocante à busca pela aprendizagem, pelo

acesso, avaliação e uso da informação, e também de oportunizar a exposição de

ideias, opiniões e experiências.

Deve ainda estimular a sensibilidade e consciência cultural e social

por meio de ações por ela organizadas, difundir a liberdade de expressão,

responsabilidade social, cidadania e ainda promover intercâmbio cultural, já que o

indivíduo desde a tenra infância carece de hábitos que o façam desenvolver

habilidades, gosto pela leitura, e também de estar informado. (MARTÍNEZ; CALVI,

1998).

A melhoria dos serviços da biblioteca escolar é um excelente

investimento para a qualidade de vida dos povos, das famílias e, consequentemente,

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36

das crianças. (MARTÍNEZ; CALVI, 1998). Por ser primordial ao desenvolvimento

cultural, individual ou coletivo da unidade escolar, não deve ater-se somente em

ofertar um espaço para ações pedagógicas. Devem também ser um local onde o

indivíduo possa construir e/ou potencializar seu conhecimento, servindo como

suporte a pesquisas que este venha a realizar, seja por necessidade educativa ou

não.

Mesmo diante de sua importância, compartilha-se com a ideia de

Martínez e Calvi (1998), quando denunciam que as bibliotecas escolares enfrentam

dificuldades, dada a limitação e a inexistência de políticas que visem o estímulo de

uma sociedade de leitores, ávida em buscar e utilizar a informação.

As bibliotecas escolares carecem de programas que a valorizem.

Todavia, o que se percebe nos corredores escolares é o contrário, a realidade é que

tanto professores quanto bibliotecários não percebem ou então fingem desconhecer

o relevante papel desse tipo de biblioteca para a formação de leitores e de pessoas

autônomas afastando ou dificultando que o aluno a tenha como sua aliada, uma vez

que:

Formar leitores é não só incutir o gosto pela leitura e o amor aos livros. É também ajudar a descobrir mais livros e mais leituras, de diversos contextos socioculturais, de diferentes épocas e variados géneros, de forma a permitir que, uma vez o hábito criado, o leitor possa ser um indivíduo mais crítico, não apenas em relação àquilo que lê no texto impresso mas na própria leitura que faz do mundo e das suas mudanças (PEREIRA; CALIXTO, 2010, p.134).

Campello et al. (2001) pesquisou nos volumes dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, quais

as recomendações no que diz respeito ao uso de recursos bibliográficos, e percebeu

que os documentos reforçam o papel da biblioteca como um espaço coletivo e que

deve proporcionar o compartilhamento de informação. Portanto, a biblioteca escolar

precisa estar próxima dos alunos, estar disponível e não apenas ser mais um local

ou espaço de estudo.

Segundo Cordeiro (2010) as instituições escolares que possuem

uma biblioteca dinâmica, interessante e preocupada em atender o seu público-alvo -

seus alunos - geralmente apresentam desempenho escolar mais acentuado em

relação àquelas que não a possuem. “A fórmula é simples: A escola e a biblioteca

que não se deixam conhecer, que não sabem corresponder às expectativas de sua

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clientela, correm o risco de perder seu lugar na comunidade e serem desvalorizadas,

esquecidas e abandonadas”. (MARTÍNEZ; CALVI, 1998, p. 22).

A respeito da sua coleção, em instituições escolares menores o

acervo deve possuir ao menos 2.500 obras relevantes e atualizadas e contemplar

usuários de todas as faixas etárias. Ressalta-se que ao menos 60% da coleção deva

ser constituída de documentos relacionados ao programa escolar. (FEDERAÇÃO

INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E INSTITUIÇÕES,

2005).

Deve também ofertar romances populares, música, videogames,

gibis, DVDs, revistas e cartazes e ainda contar com sugestões e a cooperação dos

estudantes quanto a seleção desses materiais. Para a Federação Internacional de

Associações de Bibliotecários e Instituições (2005) a parceria biblioteca escolar e

aluno é uma forma de assegurar os interesses e a cultura dos estudantes.

A formação da personalidade dos indivíduos tem a contribuição

direta do ato da leitura. Desta forma, a biblioteca na escola, deve contar com

profissionais mediadores de leitura, a exemplo, bibliotecários e professores, que

proporcionem incentivos de leitura de modo dinâmico, fazendo com que a biblioteca

seja um espaço de formação de leitores. (GOMES; BORTOLIN, 2011).

Para isso, é necessário disponibilizar ao usuário, textos em suportes

diversificados, uma vez que a realidade atual ampliou consideravelmente as formas

de acesso aos textos.

É lamentável que o currículo do ensino fundamental, em especial os

anos finais, e do ensino médio, não se promova o incentivo à leitura, como acontece

na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Percebe-se que os

projetos governamentais ou as próprias escolas preconizam o acesso a livros de

literatura infanto-juvenil, principalmente nas faixas etárias que abarcam o ensino

fundamental, pois muitas vezes as próprias salas de aula possuem um acervo com

esse tipo de literatura. Já nas outras etapas, os textos literários chegam via livro

didático, ou então a leitura é avaliada de forma imposta e autoritária e o aluno se vê

obrigado a ler livros sem ter opção de escolha, desmotivando desse modo a leitura

prazerosa. (ALMEIDA JUNIOR; BORTOLIN, 2009).

Deve-se considerar a biblioteca escolar como um laboratório que

oferece e oportuniza o uso de vários tipos e formas de materiais bibliográficos,

favorecendo o conhecimento e potencializando a alfabetização e a leitura verbal e

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não verbal. (BEZERRA, 2008).

Quanto ao espaço físico, Fernández de Avilés (1998) alerta que

qualquer biblioteca, em especial as destinadas ao público infantil e juvenil, precisam

ser atrativas, agradáveis e confortáveis, para que possam atrair seu público. Suas

janelas devem deixar transparecer o exterior do prédio e as atividades realizadas em

seu interior como forma de incliná-las à participação; enfim, a biblioteca precisa ser

funcional.

Quanto à mobília, esta deve possuir design/visual atrativo e

aconchegante. Sua pintura deve ser com cores alegres e agradáveis, sua iluminação

deve ser funcional e adequada e o piso deve proporcionar segurança. (FERNÁNDEZ

DE AVILÉS, 1998).

Contrariamos a ideia de Fernández de Avilés (1998) pois a realidade

brasileira em relação as bibliotecas escolares é outra. Uma vez que seu devido valor

e importância em nosso contexto educacional está muito aquém do modelo

preconizado pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e

Instituições (2006).

No estudo que retratou fielmente a biblioteca escolar brasileira,

Campello et al. (2012) afirma que a situação é precária e se alastra ao longo dos

anos, sendo motivo de preocupação explicitada já no ano de 1979, quando Cruz e

Welfens (1979), ao avaliarem 20 bibliotecas escolares da rede pública estadual da

cidade de Londrina, situada na região Norte do Paraná, constataram que a maioria

delas funcionava em condições muito precárias e, portanto, não cumpriam seu

objetivo, servindo tão e somente de depósito de livros.

O mesmo perfil foi retratado por Silva (2010), que ao visitar 11

escolas municipais da referida cidade, no ano de 2002, denunciou que:

A biblioteca servia para quase tudo, depósito, almoxarifado, livros acondicionados de todas as maneiras: em pé, deitado, de ponta-cabeça. No entanto, a função principal não era cumprida, a de mediar a leitura, de ser um espaço que instigasse a busca (SILVA, 2010, p. 82-89).

Outro dado significante relatado por Silva (2013) diz que, das 79

escolas de educação infantil e ensino fundamental que pertenciam à Secretaria

Municipal de Educação de Londrina, 1/3 delas encontravam-se fechadas e 30

funcionavam de forma improvisada e caótica.

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39

Essa condição interfere no desempenho escolar das crianças, na

realização de pesquisa bibliográfica, no despertar do gosto pela leitura, pelo

conhecimento, pela pesquisa, pelo uso e busca da informação, e reflete

visivelmente, no desempenho acadêmico universitário e na utilização dos recursos

ofertados pela biblioteca universitária.

Campello (2012) fala sobre o estudo encomendado ao Center for

International Scholarship in School Libraries (CISSL) com o objetivo de levantar

evidências empíricas de como a biblioteca escolar ajudaria na aprendizagem. A

coleta de dados realizou-se entre os meses de outubro de 2002 a dezembro de

2003, em 39 escolas com alunos de 7 a 20 anos.

Assim, segundo Campello (2012), percebeu-se que os entrevistados

em sua grande maioria afirmavam que a biblioteca os auxiliara nas etapas da

pesquisa escolar, proporcionando o acesso a uma variedade de pontos de vista, por

decorrência, colaborava para que os alunos fossem convidados a perceber e refletir

sobre diferentes perspectivas vindo a potencializar a construção de suas próprias

opiniões. (CAMPELLO, 2012). E assim, com base nesse resultado pode-se inferir

que as bibliotecas escolares ajudam no desenvolvimento do intelecto, possibilitam o

exercício do processo cognitivo e ainda contribuem para que a aprendizagem seja

realizada de forma construtiva.

2.6 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

A aprendizagem é fundamental em todas as áreas do conhecimento

humano e envolve variáveis que se combinam de diferentes formas, motivadas por

fatores internos, externos, individuais e sociais. Aprender constitui-se numa

exigência social crescente, ao ponto de romper com os limites da sala de aula. Isso

implica na necessidade de diferentes recursos, especialmente os recursos

tecnológicos informacionais.

A revolução tecnológica foi um dos principais fatores para que as

bibliotecas universitárias remodelassem seus conceitos, passando a agregar em sua

coleção, tanto o material impresso quanto o eletrônico ou digital, como meio de

contemplar as necessidades de seus usuários, buscando ser o elo entre o usuário e

o acesso a informação. (FUJINO, 2007).

Desse modo, as bibliotecas universitárias se veem diante da

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40

necessidade de especialização de acervo para atender a academia de forma

direcionada e específica, a fim de abarcar cada área do conhecimento, em conjunto

com os objetivos da universidade e os currículos dos seus cursos de graduação e

pós-graduação.

Sua essência é dar suporte ao ensino, pesquisa e extensão e

disseminar o conhecimento, o que a torna um importante meio de acesso para o

desenvolvimento de projetos e pesquisa. Cada instituição, à sua maneira, busca

atender a demanda de sua comunidade ao mesmo tempo em que se adequa às

exigências governamentais. A informatização estabeleceu dentro da biblioteca um

novo sentido para a palavra aprendizado, que por sua vez exige a cada dia mais que

os profissionais de modo geral, e particularmente os bibliotecários, estejam atentos

ao processo de atualização. (NUNES; SANTOS, 2007).

Por compreender as necessidades informacionais de suas

instituições, quanto ao ensino superior, pesquisa e extensão, esses profissionais

devem disseminar e oferecer informações em prol da construção do conhecimento.

O papel da biblioteca universitária é determinante no

desenvolvimento, na produção e investigação científica em âmbito acadêmico, assim

como no processo de ensino-aprendizagem, apoiando-se na tríade docência-

educação-investigação, o que a torna relevante na promoção do desenvolvimento do

conhecimento.

A biblioteca universitária deve possuir e disponibilizar as bibliografias

exigidas para os cursos que a instituição oferece. Seu acervo contempla, além de

livros, monografias, teses, dissertações, periódicos, materiais de referência

(bibliografias, índices, guias, entre outros) em diversos tipos e formatos.

Seus serviços devem estar alinhados aos objetivos acadêmicos da

universidade e das atividades de extensão. Deve facilitar, disponibilizar e divulgar

formas de acesso e uso da informação, contribuindo assim com uma parcela

essencial na formação continuada de profissionais em todos os ramos da ciência.

Outra função da biblioteca universitária é a guarda e disseminação

da produção intelectual advinda dos pesquisadores da sua instituição. É sua função

também servir de apoio para a produção de novos trabalhos científicos, oportunizar

redes e formas de acesso a informações e processos científicos produzidos por seus

pares, oportunizar alternativas de acesso à informação produzida mundialmente e

ser o elo entre o usuário, a informação e o conhecimento. Essa talvez seja a mais

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41

nobre missão da biblioteca universitária!

Elas prestam variados serviços à comunidade local e seguem

padrões e normas de acordo com o perfil de cada universidade. O propósito é o

mesmo, ou seja, proporcionar o acesso à informação científica, através de critérios

de seleção, para monitorar a qualidade da informação que oferece e, com o advento

da internet, passou a utilizar também, os recursos que a rede oferece, para ampliar e

complementar seu acervo.

Tais peculiaridades acabam por exigir que a biblioteca universitária

seja analisada de forma dimensional através de indicadores definidos pelo sistema

de avaliação do Ministério da Educação e Cultura.

No ano de 2004, por meio da Lei 10.861 de 14 de abril de 2004, foi

criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que

analisa as instituições de ensino superior, cursos que ofertam, desempenho dos

estudantes, ensino e extensão, corpo docente, responsabilidade social e aind, reúne

dados do Enade-Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, das avaliações

institucionais e dos cursos.

Essas informações auxiliam no embasamento de informações para o

desenvolvimento de políticas públicas, além de servir de referência para a

sociedade, sobretudo aos estudantes, por informá-los sobre a qualidade dos cursos

ofertados pelas instituições de ensino superior.

As bibliotecas universitárias são avaliadas por meio de critério de

análise e qualificadas através de compostos numéricos em ordem crescente de

excelência, na qual as notas variam de um a cinco pontos, sendo que o conceito 5

equivale ao nível de excelência, ou seja, atende a todas as exigências, como acervo

de livros e periódicos relacionados à área do curso, política de atualização e

informatização, formas de acesso e utilização da informação, além da análise da

área física disponível.

Recebem conceito 1 aquelas que não atendem, ou atendem

precariamente, os critérios do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação

Presencial e a Distância. Há também um parâmetro de avaliação cujo objetivo é

mensurar se a coleção e os serviços fornecidos pela biblioteca contemplam os

interesses da comunidade universitária. Para isso, seu acervo deve levar em

consideração não somente as bibliografias básicas e complementares, mas também

bibliografia de áreas correlatas e publicações recentes. (PAIXÃO, 2010).

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42

É notória a importancia dada a coleções de periódicos, tanto

impressos quanto eletrônicos, por ser um item especifico dentro da análise do

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Os periódicos, segundo a

norma 6023 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002), são

publicações (independente do suporte) editadas de forma sucessiva que “possuam

designações numéricas e/ou cronológicas e destinada a ser continuada

indefinidamente” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p.

2). Por vezes, o conceito das revistas e periódicos acaba se mesclando na lógica

mental do usuário, dependendo da área e da circunstância no qual se encontra.

É importante esclarecer que no presente trabalho, entende-se como

revista publicações que divulgam informações gerais, tendo como objetivo difundir

fatos que possam interessar o público de um modo geral, com periodicidade

semanal, quinzenal ou mensal.

Quanto aos periódicos, são tratados como fontes de informação de

cunho científico e destinados à academia, sendo extremamente relevantes para a

disseminação do conteúdo técnico-científico, resultados de pesquisas experimentais,

opiniões, boletins, anuários entre outros. Essa publicação apresenta e legitima

pesquisadores, divulga e torna públicas as descobertas cientificas e seus

respectivos autores. (IBICT, 2014).

2.7 AS ATRIBUIÇÕES INFORMACIONAIS DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

A inovação tecnológica, quando devidamente utilizada, permite que

se saia dos espaços físicos habituais, a utilização de serviços virtuais e móveis,

apropriação de ferramentas da web social, entre elas o skype, facebook, twitter e

outras, atuando como elo entre colaboradores e profissionais de todas as áreas do

conhecimento. (ANGLADA, 2012).

De acordo com Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014), em relação às

ferramentas online, as bibliotecas internacionais as utilizam com maior frequência do

que no Brasil. A hipótese é que a cultura organizacional e a realidade de nossas

bibliotecas, aliadas à falta de fundos, de bibliotecários e de habilidade técnica com

esses aparatos, é a dura realidade.

A competência em informação e o uso de tecnologias nas bibliotecas

brasileiras ainda não estão consolidados. Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014)

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acreditam que a informação científica e tecnológica, encontrada em fontes de

informações, em especial nos bancos e bases de dados, proporcionam ao usuário

um conhecimento teórico de alto nível e atualizado.

Mesmo que sejam instrumentos de excelência e que colaboram

diretamente na produção intelectual das universidades, não basta que as bases ou

os bancos estejam disponíveis, elas exigem conhecimento para uma exploração

rápida e eficiente.

Seu manejo deve ser estimulado desde o início da graduação, e

uma das formas é inserir nas disciplinas dos cursos a capacitação dos alunos e

professores quanto ao uso desses recursos. É importante também verificar se de

fato a academia consegue um feedback positivo para suas necessidades ao utilizá-

las.

2.7.1 O Papel do Bibliotecário no Uso de Ferramentas Informacionais

Por ser um profissional que, entre outras atribuições da função, deve

possuir habilidade suficiente para disseminar, divulgar e capacitar o usuário da

biblioteca, para o uso de banco e base de dados o bibliotecário, especialmente os de

bibliotecas universitárias e em especial os que trabalham com serviços de

referências, devem possuir conhecimento e habilidade para a utilização de

ferramentas informacionais, uma vez que o “saber utilizar” os recursos online, na

conjuntura atual, a fim de guiar e mediar o uso da informação para seus usuários, e

assim contribuir para contínua construção da competência informacional do

indivíduo.

Seu trabalho não se reduz apenas a organização técnica da

informação, embora se tenha consciência de que, para o conhecimento se torne

informação e que essa informação possa ser consumida, é necessário, antes de

tudo, que ela seja organizada e bem tratada. Todavia, entende-se que essa ação é

uma atribuição básica do bibliotecário. (ALMEIDA JUNIOR; SANTOS NETO, 2014).

A Association of College and Research Libraries (2000), considera

que o competente informacional seja capaz de acessar a informação de forma

eficiente e eficaz, possua discernimento quanto à informação encontrada e suas

fontes, saiba utilizar a informação para executar tarefas específicas e a utilizar de

forma ética e legal.

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44

Sendo assim, o bibliotecário que possui competência informacional é

capaz de identificar diferentes recursos potenciais em vários formatos, a exemplo,

multimídia, bancos e bases de dados, áudio, conjunto de dados, livros online, etc,

além de identificar a finalidade e o público ao qual se destinam os recursos

informacionais, distinguir fontes primárias e secundárias e reconhecer de que forma

a utilização dessas fontes pode auxiliar nas diferentes disciplinas e áreas. Por

conseguinte, tem a consciência de que a partir de dados brutos advindos de fontes

primarias é possível a construção de novos conhecimentos. (ASSOCIATION OF

COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000).

Como forma de maior compreensão, esclarece-se que os

documentos ou fontes primárias são aqueles produzidos pelo autor, como teses,

dissertações, artigos, entre outros. Os secundários contemplam as informações

dispostas em fontes primárias, a exemplo dos dicionários, enciclopédias, revisões de

literatura, banco e base de dados, entre outros.

Já os documentos ou fontes terciarias, servem como guia, e tem

objetivo o de remeter o leitor para as fontes primárias e secundárias, como por

exemplo as bibliografias de bibliografias. (CUNHA, 2001).

Portanto, a ideia de Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014) se torna

válida quando consideram ser um desafio para o acadêmico o desenvolvimento da

habilidade de não apenas localizar, mas também de identificar e utilizar

eficientemente fontes de informação apropriadas às suas necessidades

informacionais.

Para o bibliotecário, é também um grande desafio elaborar

mecanismos que possam minorar as dificuldades de manuseio e conhecimento

tácito desses recursos. Isso porque não há como o profissional da informação deixar

de interferir de modo implícito ou explícito nos serviços ofertados pelas bibliotecas.

Mas essa ação é necessária, uma vez que a “interferência” do bibliotecário ocorre no

sentido de colaborar com as necessidades dos usuários e não de manipular seus

pensamentos ou coisas que o valha. (ALMEIDA JUNIOR; SANTOS NETO, 2014).

2.7.2 Bancos e Bases de Dados: Diferenças e Peculiaridades

O conceito de banco de dados e bases de dados muitas vezes não é

claro para leigos e frequentemente entende-se bases de dados como um sinônimo

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de banco de dados, o que efetivamente não é. Esse desencontro de informações, já

observado por Ciancioni (1987), é realidade presente em nossos dias. Os bancos de

dados agrupam bases de dados que podem ou não estar relacionadas entre si.

O surgimento das bases de dados online deu-se graças ao

desenvolvimento das tecnologias, aliado a percepção da possibilidade e vantagens

de se comercializar a informação. Os Estados Unidos, juntamente com a Europa

foram os pioneiros na criação de sistemas automatizados de organização,

armazenagem e recuperação da informação. No entanto, o surgimento tecnológico

das bases de dados, aumentaram as oportunidades de se comercializar a

informação. (CIANCIONI, 1987).

As bases de dados reúnem de forma organizada um conjunto de

informações que de uma forma ou outra estão inter-relacionadas. Cada um tem sua

particularidade e interesse, podendo dispor gratuitamente de material para download

ou através de pagamento de assinatura.

Ambos informam dados bibliográficos essenciais para a recuperação

da informação, como autoria, ano de publicação, editora, instituição ou título do

periódico, números de páginas entre outros.

Cunha (2001) comenta que os principais tipos de bases de dados

são as bibliográficas. Essas bases dispõem de resumos e referências bibliográficas

e textuais, e ainda podem oferecer textos completos de artigos publicados em

periódicos, jornais ou outros documentos. Assim, oportunizam a pesquisa por meio

de palavras-chave que podem estar dispostas em qualquer ponto do registro, até

mesmo no resumo, permitindo maior complexidade na pesquisa.

Permite também que se realize a combinação de uma gama maior

de termos de busca com lógica boleana, uma possibilidade impossível quando se

realizava a busca em índices impressos, economizando tempo para o usuário e

também para o bibliotecário, uma vez que o trabalho antes realizado manualmente,

hoje é executado de forma mais eficaz e rápida. (CAMPELLO; CENDÓN; KREMER,

2003).

Quanto à disponibilidade, há bases de dados que disponibilizam o

documento via acesso regulamentado por assinatura. Outras oferecem o texto

integral gratuitamente, desde que se tenha cadastro prévio. Há ainda aquelas que

disponibilizam seu conteúdo sem nenhuma restrição.

Em relação a área de abrangência, existem as bases de dados que

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atendem a uma determinada área do conhecimento e as multidisciplinares, que

agregam várias fontes informacionais das mais variadas áreas. A exemplo de bases

específicas, temos a base DESASTRES, organizada pelo Centro de Documentação

de Desastres, do Programa de Preparativos para Situações de Emergência e

Coordenação de Socorro para Casos de Desastres da Organização Pan-Americana

da Saúde. Tal base oferta literatura não convencional (informes técnicos, planos de

emergência, artigos científicos de revistas especializadas entre outras).

Outra base de dados é a HISA – História da Saúde, que é

coordenada pela Biblioteca da Casa de Oswaldo Cruz. Essa base fornece temas

relacionados à história da medicina e da saúde pública e disponibiliza narrativas,

memórias, reconstituições, entre outras.

Na área de ensino temos a base de dados ERIC (Educational

Resources Information Center), que é patrocinada pelo Departamento de Educação

dos EUA. É tida como a mais eficiente fonte de informação especializada no campo

da Educação e áreas correlatas, oferta artigos, relatórios, mídias audiovisuais, livros

etc.

A Universidade Estadual de Campinas desenvolveu através da

Biblioteca Professor Joel Martins, da Faculdade de Educação da UNICAMP, a

EDUBASE, uma base de dados que reúne desde referências bibliográficas de

artigos de periódicos nacionais até capítulos de livros e outros documentos

relacionados à educação.

No que tange as bases de dados interdisciplinares, como exemplo

temos a base de dados PERI, desenvolvida pela Biblioteca Profa. Etelvina Lima, da

Escola de Ciência da Informação da Universidade federal de Minas Gerais, que

disponibiliza artigos de periódicos, trabalhos publicados em anais de eventos

técnico-científicos nas áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação, Arquivística

e outras áreas interdisciplinares.

Outra bases de dados interdisciplinar é a ONEFILE, de

responsabilidade da Editora Thomson Gale, que oferta artigos em texto completo

nas mais diversas áreas do conhecimento.

No tocante ao material indexado, as bases de dados também se

diversificam. Há aquelas que indexam apenas artigos. Outras indexam livros,

patentes, séries estatísticas ou numéricas, dados gráficos, entre outras. Existem

ainda bases que indexam o material científico sem fontes de informação.

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Os Bancos de Dados reúnem as bases de dados e, por conseguinte,

a literatura indexada por elas. Desta forma, ao utilizar um banco de dados é possível

já na primeira investigação conhecer a quantidade de publicações científicas sobre

um determinado assunto em várias outras bases de dados. O documento pode ou

não estar disposto para download, mas a base de dados fornece as indicações de

onde encontrá-lo. Um exemplo simples, usado em treinamentos para uso de

recursos online como forma de ajudar na compreensão de banco e base de dados, é

utilizar a universidade e seus cursos para ilustrar as diferenças entre uma coisa e

outra. A universidade por sua natureza é a instituição central, ou seja, o banco de

dados. Já os cursos que ela oferece, por fazerem parte da universidade e por serem

diferentes entre si, são as bases de dados. Conforme esquema abaixo:

Figura 1 – Exemplificação de banco / base de dados

Fonte: Da autora.

As palavras-chave são os recursos que promovem maior eficiência

na pesquisa. Isso porque elas identificam ao leitor de forma sintetizada, sobre qual

assunto o texto discorre. Ou seja, as palavras-chave são importantes para que o

leitor saiba do que trata o documento, apenas pela indicação dessas palavras. Elas

são “mediadoras entre a informação registrada e de quem dela necessita”.

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(TONELLO; LUNARDELLI; ALMEIDA JUNIOR, 2012, p. 21).

Quando se utilizar palavras-chave, no entanto, não se deve fazer

uso daquelas que compõem o título e/ou resumo, mas preferencialmente de

sinônimos para que sejam potencializadas as possibilidades de se encontrar o

documento. Outro ponto a ser observado é a distinção entre palavras-chave e

descritores. As palavras-chave são retiradas do texto original do documento, livre de

qualquer operação documentária, enquanto os descritores passam por critérios

rígidos que envolvem leitura técnica, análise conceitual, entre outras. (LANCASTER,

2004).

O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências

da Saúde, cujo nome original é Biblioteca Regional de Medicina, sendo mais

conhecido como BIREME, conta com o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde),

um vocabulário estruturado e trilíngue (português, inglês e espanhol) que auxilia na

recuperação de informação na pesquisa de literatura cientifica.

O DeCS foi desenvolvido a partir do MeSH - Medical

Subject Headings da U. S. National Library of Medicine (NLM) como meio de

possibilitar que o pesquisador tenha uma padronização da terminologia para a

pesquisa, unificando dessa forma a recuperação da informação.

Em consulta realizada no mês de janeiro de 2015, contava com

31.865 descritores (27.232 do MeSH e 4633 exclusivamente do DeCS), mas por

acompanhar o processo evolutivo da ciência, anualmente registra-se um mínimo de

1000 interações na base de dados, havendo desse modo alterações, substituições

ou criações de novos termos ou áreas. (DECS, 2015).

As informações dispostas no DeCs são organizadas por meio de

estrutura hierárquica, dividindo o conhecimento em classes e subclasses decimais,

respeitando as ligações conceituais e semânticas.

Os termos são apresentados através de estrutura híbrida de pré e

pós-coordenação, permitindo que se utilize na pesquisa termos mais amplos ou bem

específicos e, ainda, com os termos ou todos pertencentes ao mesmo grupo de

estrutura hierárquica. (DECS, 2015).

A título de informação o MeSH:

[...] é um cabeçalho de assunto especializado em ciências da saúde, desenvolvido, publicado e disponível online na internet pela National Library of Medicine (NLM). É atualizado dinamicamente por

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especialistas de várias áreas do conhecimento. No MeSH, um descritor representa uma classe de conceitos, enquanto um conceito representa uma classe de termos sinônimos. (COLEPÍCOLO et al., 2006, p. 1).

É função das instituições de ensino, respaldadas pelas suas

bibliotecas, informar sobre esses recursos informacionais e ainda despertar no aluno

o interesse pela pesquisa, além de construir e adequar metodologias, divulgar as

ferramentas informacionais que possam auxiliar o processo, somado a instruções

dadas para o uso efetivo desses recursos informacionais, na realização da pesquisa

científica.

Não é novidade que uma massiva parte das escolas brasileiras,

independente se pública ou privada, não exigem que os trabalhos produzidos por

seus alunos sigam algum preceito metodológico, tais como citação de fonte,

indicação de autoria no referencial teórico, preocupação com a qualidade e

fidelidade das informações, entre outras. Se antes o indivíduo escrevia o trabalho de

próprio punho, aliás, transcrevia fielmente inclusive os verbetes dispostos

normalmente no rodapé da página do livro ou da enciclopédia, hoje ele copia o texto

online e o cola na tela para que possa imprimir o conteúdo.

Em muitas ocasiões o aluno entrega o texto ao professor sem ao

menos se dar o trabalho de formatá-lo para retirar os hiperlinks. A prática do “Ctrl+c

Ctrl+v” é notória nos bancos universitários e não seria exagero afirmar que muitos

acadêmicos procedem dessa mesma forma durante toda a sua graduação, levando

esse hábito para os cursos de pós-graduação que venham a realizar. Não há

dúvidas de que esse hábito anula a possibilidade de apropriação da informação e da

consequente construção do conhecimento.

Ao ingressar na universidade sem possuir ao menos as habilidades

mínimas, como leitura, pensamento abstrato, compreensão e interpretação de texto,

o indivíduo enfrenta uma série de dificuldades. A falta de tais habilidades interfere

tanto no rendimento individual quanto no crescimento do grupo.

O problema se torna ainda maior quando a própria instituição não

está preparada para auxiliar seus ingressantes a superar carências de formação,

reforçando o que Beserra, Oliveira e Santos (2014) consideram como cultura

paternalista da escola básica. De acordo com os autores, isso ocorre porque há uma

pseudoaceitação do capital cultural desses alunos. O maior problema talvez nem

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seja o indivíduo chegar aos bancos universitários sem o devido capital cultural – sem

os conhecimentos necessários para esta etapa dos estudos - que obrigatoriamente

se exige, mas a universidade não propiciar a aquisição de capital cultural suficiente

para formá-lo de forma adequada.

Certamente, ensinar para quem não tem base de conhecimento

suficiente ou não quer aprender não é tarefa simples, tampouco é o papel da

universidade. No entanto, ignorar essa defasagem e empurrar a situação como uma

verdadeira “bola de neve” não deveria ser a saída, sobretudo quando se trata das

faculdades de educação, que para Beserra, Oliveira e Santos (2014) é justamente a

área mais necessária para o desenvolvimento do país.

De acordo com Bourdieu, o capital cultural envolve conhecimento,

habilidades, educação, apropriação e outras vantagens, que somadas possibilitam

ao indivíduo o status social. Os filhos herdam o capital cultural dos pais por meio da

transmissão de atitudes, conhecimentos, etc, potencializando assim as

possibilidades de sucesso no sistema educacional, o que não significa dizer que o

possuidor deste tenha por isso o sucesso garantido nos seus empreendimentos.

(BOURDIEU, 1986).

Com a finalidade de incrementar boas práticas de pesquisa, a

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) divulgou o

Código de Boas Práticas Científicas para estabelecer e implantar na comunidade

científica uma cultura sólida e arraigada de integridade ética da pesquisa,

formulando o documento sob três pilares interdependentes. São eles: “educação,

prevenção e investigação e sanção justas e rigorosas”. (FUNDAÇÃO DE AMPARO

À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014, p. 10).

Ainda como o intuito de resguardar critérios de excelência e a

integridade na atividade científica, o Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) disponibilizou em seu site as seguintes diretrizes:

1. O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho. 2. Toda citação in verbis de outro autor deve ser colocada entre aspas. 3. Quando se resume um texto alheio, o autor deve procurar reproduzir o significado exato das ideias ou fatos apresentados pelo autor original, que deve ser citado. 4. Quando em dúvida se um conceito ou fato é de conhecimento comum, não se deve deixar de fazer as citações adequadas.

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5. Quando se submete um manuscrito para publicação contendo informações, conclusões ou dados que já foram disseminados de forma significativa (p.ex. apresentado em conferência, divulgado na internet), o autor deve indicar claramente aos editores e leitores a existência da divulgação prévia da informação. 6. Se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos individuais. 7. Para evitar qualquer caracterização de autoplágio, o uso de textos e trabalhos anteriores do próprio autor deve ser assinalado, com as devidas referências e citações. 8. O autor deve assegurar-se da correção de cada citação e que cada citação na bibliografia corresponda a uma citação no texto do manuscrito. O autor deve dar crédito também aos autores que primeiro relataram a observação ou ideia que está sendo apresentada. 9. Quando estiver descrevendo o trabalho de outros, o autor não deve confiar em resumo secundário desse trabalho, o que pode levar a uma descrição falha do trabalho citado. Sempre que possível consultar a literatura original. 10. Se um autor tiver necessidade de citar uma fonte secundária (p.ex. uma revisão) para descrever o conteúdo de uma fonte primária (p. ex. um artigo empírico de um periódico), ele deve certificar-se da sua correção e sempre indicar a fonte original da informação que está sendo relatada. 11. A inclusão intencional de referências de relevância questionável com a finalidade de manipular fatores de impacto ou aumentar a probabilidade de aceitação do manuscrito é prática eticamente inaceitável. 12. Quando for necessário utilizar informações de outra fonte, o autor deve escrever de tal modo que fique claro aos leitores quais ideias são suas e quais são oriundas das fontes consultadas. 13. O autor tem a responsabilidade ética de relatar evidências que contrariem seu ponto de vista, sempre que existirem. Ademais, as evidências usadas em apoio a suas posições devem ser metodologicamente sólidas. Quando for necessário recorrer a estudos que apresentem deficiências metodológicas, estatísticas ou outras, tais defeitos devem ser claramente apontados aos leitores. 14. O autor tem a obrigação ética de relatar todos os aspectos do estudo que possam ser importantes para a reprodutibilidade independente de sua pesquisa. 15. Qualquer alteração dos resultados iniciais obtidos, como a eliminação de discrepâncias ou o uso de métodos estatísticos alternativos, deve ser claramente descrita junto com uma justificativa racional para o emprego de tais procedimentos. 16. A inclusão de autores no manuscrito deve ser discutida antes de começar a colaboração e deve se fundamentar em orientações já estabelecidas, tais como as do International Committee of Medical Journal Editors. 17. Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental, análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não

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justificam a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento. 18. A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável. 19. Todos os autores de um trabalho são responsáveis pela veracidade e idoneidade do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente responsabilidade integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas contribuições individuais. 20. Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua contribuição pessoal ao trabalho. 21. Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos. (CNPq, 2014, p. 1).

Acredita-se então que deve-se dar a devida atenção a tais critérios,

a fim de que a pesquisa científica seja de fato contextualizada de forma eficiente e

eficaz, respeitando os direitos autorais de cada pesquisador.

Na visão de Ferreira, Borges e Jambeiro (2005) os usuários de

bibliotecas se embaraçam mais quando lidam com a informação eletrônica do que

quando lidam com a impressa. Portanto, esses usuários precisam de uma orientação

segura do bibliotecário para utilizarem essas fontes, o que torna equivocada a ideia

de que o emprego das tecnologias, não carece de mediação e organização do

conhecimento.

A mediação depende das ações realizadas pelos bibliotecários e

também da presença do usuário, independentemente se essa presença é física ou

não. A mediação, portanto, ocorre em qualquer espaço informacional, embora sua

manifestação seja mais visível na biblioteca, no setor de referência e é realizada

pelo bibliotecário, o que justifica plenamente o fato do profissional bibliotecário se

autorreconhecer e buscar valorização com seus pares. (ALMEIDA JÚNIOR;

SANTOS NETO, 2014).

Ao atender alunos de diversos cursos, tanto de graduação como de

pós-graduação, um discurso que vez ou outra aparece e incomoda além de

preocupar é o de que o próprio professor tenha orientado o aluno a “utilizar

sinônimos”, ou seja, trocar as palavras das frases ditas pelo autor citado, por

sinônimos, para evitar a utilização do termo apud (citação de citação).

Essa prática desvirtua o significado de pesquisa, de conhecimento e

do aprimoramento sobre o assunto. Além de comprometer a veracidade da

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informação utilizada, essa prática não credita a devida autoria, entre outros

agravantes. Não se está colocando em xeque o profissionalismo, reputação ou

atuação do docente. O que se pretende é levantar fatos que prejudicam não só a

pesquisa científica, mas também a competência informacional do indivíduo.

Johnson (1998) argumenta que a atividade de pesquisa é uma área

importante a ser desenvolvida pelas universidades. Não apenas para melhorar a

qualidade do ensino superior – embora essa tarefa seja bastante nobre - como

também para manter o currículo em sintonia com as práticas correntes, estimulando

o interesse dos estudantes para o conhecimento. É lamentável que a atividade de

pesquisa não esteja totalmente conectada às práticas acadêmicas, visto que são

poucos os estudantes treinados para pesquisa, o que impede que se explore todo o

rico potencial que é o intelecto humano.

Para Tomaél, Alcará e Silva (2008) é necessário que se tome

precauções com a qualidade da informação, principalmente as que subsidiam as

pesquisas e atividades profissionais. Nesse sentido, o acesso à informação de

qualidade dentro dos recursos online é um dos principais desafios, sendo papel do

bibliotecário, reconhecer as necessidades e interesses de seu usuário, analisar a

qualidade das fontes de informação que ele venha a utilizar e indicar as que

possuem credibilidade comprovada.

A qualidade em uma fonte informacional é medida pela capacidade

que ela possui em atender as necessidades de seus usuários. No entanto, pela ótica

de quem a utiliza, a qualidade é avaliada com base na satisfação de suas

necessidades.

Dentre os atributos que constituem a avaliação da qualidade da

informação, Tomaél, Alcará e Silva (2008) destacam a abrangência, confiabilidade e

precisão. Nesse sentido, os atributos da qualidade da informação em relação ao

usuário são: impacto, relevância, valores esperados, valores percebidos e valores de

uso.

As bibliotecas são centros de recursos de aprendizagem, e para

Gasque (2012) indispensáveis para uma pedagogia integradora. Este fato faz com

que os profissionais que nela atuam sejam mediadores para que a informação se

transforme em conhecimento.

A mediação pode ser realizada de várias formas, uma delas é a

escuta ativa com o propósito de atentar-se às necessidades do usuário como meio

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de proporcionar condições para que seus interesses sejam saciados. (ALMEIDA

JÚNIOR, 2009).

Para tal o bibliotecário deve proporcionar meios de comunicação

para que possa informar os produtos e serviços que a biblioteca dispõe

potencializando então a utilização das fontes que ao usuário são ofertadas.

Uma dessas fontes são recursos digitais, como e-books. Tem-se

observado que essa fonte é uma tendência cada vez maior em bibliotecas

universitárias, mas seu uso exige devida licença de utilização. Tais recursos quando

devidamente utilizados e disseminados, refletem no desenvolvimento informacional

do usuário, o que repercute diretamente na produção e desenvolvimento da ciência.

Gravett (2011) considera que a biblioteca tem a função de identificar

o perfil de seus usuários para torná-los multiplicadores através da capacitação de

grupos, encorajando também os recém-integrados à comunidade acadêmica a

participar de treinamentos, como um meio de conhecer e explorar os recursos

tecnológicos que ela oferta.

Tanto a biblioteca quanto o bibliotecário devem se empenhar em

divulgar e informar sobre seus produtos e serviços devendo inverter os papeis, ou

seja, o bibliotecário deve ir ao encontro do usuário e não o contrário, pois conforme

atenta Anglada (2012), inovar é surpreender.

Por isso o pensamento de Almeida Junior e Santos Neto (2014) é

fato quando afirmam que a mediação da informação não é passiva, e sim uma ação

de interferência e, portanto, acompanha todo o fazer do bibliotecário, ainda que

indireta e inconscientemente. Ela nunca é neutra nem pode ser imparcial e exige

que o bibliotecário assuma seu papel enquanto um agente de informação e que não

fique aguardando que o seu cliente, no caso o usuário, busque a informação apenas

quando se depara com uma necessidade informacional no qual sente-se incapaz de

solucionar. (ALMEIDA JÚNIOR; SANTOS NETO, 2014). Esse é o papel do

bibliotecário: antecipar a necessidade através de divulgação de suas habilidades, de

conhecimento específico de fontes informacionais e de préstimos que muitos dos

que usam a biblioteca sequer imaginam que exista.

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3 COMPETÊNCIA E COMPORTAMENTO INFORMACIONAL

A competência em informação, segundo Dudziak (2010), vem sendo

um tema prevalentemente estudado por profissionais de áreas distintas, a exemplo

dos médicos, educadores, engenheiros, professores, pedagogos, jornalistas,

bibliotecários entre outros. Esse é um tema que abarca todo e qualquer processo de

aprendizado, de tomada de decisão, de resolução de problemas, investigação, entre

outros, tendo se tornado um movimento transdisciplinar mundial, uma vez que

avançou e ultrapassou as fronteiras da área da ciência de informação, mais

precisamente, a da biblioteconomia.

De acordo com a American Library Association (1989), quando se é

competente em informação, torna-se capaz de reconhecer necessidades, localizar,

avaliar e usar a informação. Em outras palavras, as pessoas que tem competência

informacional, aprenderam a aprender e sabem como fazer, já que conseguem

organizar o conhecimento. Além de encontrar a informação e utilizá-la com

discernimento, a pessoa que possui competência informacional também é hábil em

transmitir aos outros o conhecimento gerado pela informação recebida.

A competência em informação, para Belluzzo, Santos e Almeida

Júnior (2014), é um processo que objetiva o desenvolvimento da habilidade

informacional, que, por conseguinte, aprimora o pensamento crítico e analítico do ser

humano quanto ao volume de informações. Esse processo pode ser desenvolvido

em unidades de informação, por meio da aplicação de programas com a

colaboração mediadora de bibliotecários e professores.

Há de se esclarecer que competência e habilidade não são

sinônimos. Competência se faz pela somatória de conhecimentos, atitudes,

capacidades e aptidões que habilitam o indivíduo a desempenhar diferentes papeis

na vida.

Ser competente é ser capaz de realizar uma série de operações

mentais, usar as habilidades e praticar ações apropriadas à realização de atividades

e conhecimentos, enquanto a habilidade propriamente dita significa “não apenas o

saber-conhecer, mas o saber-fazer, saber-conviver e o saber-ser”. (BELLUZZO;

SANTOS; ALMEIDA JÚNIOR, 2014, p. 63).

Segundo Tonello, Lunardelli e Almeida Júnior (2012), quando se

reconhece a necessidade e importância de determinada informação, o indivíduo vai

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buscá-la como meio de suprir sua necessidade informacional. Assim, a informação

gera conhecimento e potencializa o processo de aprendizagem (GASQUE, 2012) e a

competência em adquiri-la será o diferencial do sucesso ou insucesso, da satisfação

ou insatisfação dessa necessidade. (BARTALO; DI CHIARA; CONTANI, 2011).

Embora se tenha estudado e discutido a melhor definição para o

conceito de competência informacional, ainda não se tem uma resposta estruturada,

principalmente porque falta um consenso entre os autores que trabalham com essa

temática. (CAMPELLO; ABREU, 2005).

A busca e o processamento da informação são primordiais no

contexto social e nas atividades exercidas pelo ser humano, que ao reconhecer suas

necessidades, inicia uma pesquisa em busca da informação. Nessa primeira etapa,

normalmente há momentos de incerteza, insegurança, frustrações associadas a

pensamentos “vagos, confusos, sobre um determinado tópico ou questão. Quando

um pensamento possui um foco mais claro é percebido o crescimento e a

confiança.” (CHOO, 2006, p. 91.). Paixão (2010) destaca a necessidade de algumas

competências especificas aos profissionais que lidam rotineiramente com a

disseminação da informação, como é o caso dos bibliotecários. São elas:

- Competência técnica – o profissional que atua em

bibliotecas, em especial as universitárias, deve saber fazer

suas atribuições de forma prática, porém competente.

- Competência interpessoal – cabe ao profissional saber lidar

com o público e ter um bom relacionamento com sua equipe

de trabalho, fazendo com que se estabeleça uma relação de

parceria entre seus pares.

- Competência cultural –possuir cultura geral suficiente para

poder compreender o que o cerca bem como prever as

possíveis necessidades informacionais que possam surgir

durante a pesquisa de seu usuário de modo a atendê-lo em

sua plenitude.

Por sua vez, Belluzzo, Santos e Almeida Junior (2014) mostram

outra competência no fazer profissional do bibliotecário, que é a de propiciar ao

usuário uma educação informacional. Esse processo se denomina “educação do

usuário” e ocorre quando ele adota condutas adequadas no que se refere ao uso da

biblioteca e as “habilidades de interação permanente com os sistemas de

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informação”. (BELLUZZO; SANTOS; ALMENIDA JUNIOR, 2014, p. 64).

Essa “educação de usuários” transcorre por meio de ações

peculiares, que Belluzzo (1989) em sua dissertação que objetivou a educação de

usuários em bibliotecas universitárias elencou ações que a biblioteca universitária

pode implementar e desenvolver através de ações mediadoras, sendo elas:

- Formação: o indivíduo adquire conhecimentos e desenvolve

atitudes e habilidades conforme seu padrão de

conhecimento;

- Treinamento: meios estratégicos que visam o

desenvolvimento de habilidades no uso de recursos

informacionais;

- Instrução: procedimentos minuciosamente detalhados que

possibilitam ao usuário o manejo eficiente dos recursos

informacionais da biblioteca;

- Orientação: ação que visa prestar esclarecimentos sobre a

biblioteca, desde seu “layout” até os serviços por ela

oferecidos, de maneira mais abrangente do que a instrução;

- Ensino: processo formal e intencional que tem como objetivo

a oferta de condições para o desempenho efetivo do usuário

no tocante ao uso da biblioteca e dos recursos

informacionais;

- Aprendizagem: aquisição ou modificação de um determinado

comportamento no uso da biblioteca e seus recursos

informacionais. Ocorre diante da assimilação do conteúdo

ensinado através de orientação ou instrução. (BELLUZZO,

1989).

Vê-se que o processo de ensino não pode ser tratado como

atividade restrita ao espaço da sala de aula, visto que ele acontece em diversos

ambientes e a biblioteca está inclusa nesse contexto.

De modo geral, a sociedade devem cuidar da formação dos

indivíduos, do desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, além de

prepará-los para participação nas instâncias da vida social. Não há sociedade sem

prática educativa, nem prática educativa sem sociedade (LIBÂNEO, 2001) e a

mediação é o elo entre as duas. (SAVIANI, 2003).

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58

A palavra “mediador” tem sua origem no latim mediatore, o que

significa “aquele quem media, intervém, auxilia”. Partindo da premissa de que o

ensino é o ato de transformar informação em conhecimento e que a docência é o ato

de materializar o ensino, a atuação do bibliotecário se caracteriza pela mediação

entre os dois polos. Nesse sentido, a mediação da informação está intimamente

ligada à competência em informação. Isso porque a mediação, como foi dito, é um

ato de interferência, sendo também um processo de desenvolvimento e

aprimoramento da busca, recuperação, avaliação e disseminação da informação.

(BELLUZZO; SANTOS; ALMEIDA JÚNIOR, 2014).

Há duas perspectivas de mediação, a implícita e a explícita. A

implícita decorre de ações realizadas pelos equipamentos informacionais, nos quais

se destacam a seleção, armazenamento e processamento da informação, sem a

presença física e imediata do usuário. A mediação explícita, por outro lado, somente

pode ocorrer com a presença do usuário, independentemente de forma física ou

virtual, caso contrário a mediação não se realiza. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009).

Seguindo essa linha de raciocínio, Freire (2013, p. 68), considera

que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam

entre si, mediatizados pelo mundo”.

A transformação da informação em conhecimento exige do ser

humano processos cognitivos complexos. Nesse sentido, o capital intelectual se

constitui por meio de experiências e habilidades do indivíduo no tratamento e

aplicação da informação para criar novos produtos e serviços. Esse é fator

determinante para que a sociedade da informação e do conhecimento se

desenvolva. (REIS; CARVALHO; MUNIZ, 2011).

Para que o indivíduo seja competente no uso e busca da

informação, ele deve ser capaz e hábil para gerir e maximizar as informações

recebidas diariamente, de forma eficaz, precisa e eficiente.

Assim, o competente informacional possui familiaridade com redes

formais e informais de formação, conhece as estruturas de comunicação, entende de

estruturação de canais e deles se utiliza com desenvoltura, independente do seu

formato e suporte, incluindo-se aí as revistas, periódicos, jornais, rádio, televisão,

internet, aplicativos, entre outros. (DUDZIAK, 2010).

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59

4 SOBRE O CAPITAL CULTURAL

Dentre as ciências que compõem o processo educacional está a

sociologia, que muito contribui para que se possa compreender de que forma é

realizada a transmissão de saberes culturais no eixo familiar, e o sociólogo francês

Pierre Bourdieu, é um dos teóricos da sociologia que em muito contribuiu para a

área de educação. Nascido em agosto do ano de 1930 na cidade Béarn, no sudeste

da França, em uma região rural, frequentou a escola fundamental compartilhando o

espaço com filhos de camponeses, operários e pequenos comerciantes, sendo esse

local o que o inspirou a realizar seus primeiros estudos etnológicosFaleceu em

janeiro de 2002.

Segundo Wacquant (2002), a trajetória de Bourdieu desmentiu suas

próprias teorias sociais do ponto de vista social e acadêmico, uma exceção no que

se refere à transmissão do capital cultural que o próprio havia estabelecido em seus

livros iniciais, uma vez que o neto e filho de agricultor originado da periferia

parisiense chegou ao apogeu da cultura francesa tornando-se o cientista social mais

citado no mundo.

Bourdieu cunhou o termo capital cultural e revelou que tanto ele

quanto o capital econômico organizam o espaço social. Além disso, diz ainda que

cada classe tem suas características próprias, determinadas pela trajetória social

dos indivíduos. Sem dúvidas, esses pré-requisitos contribuem para a definição de

gostos e preferências, já que a predileção é um indício do que temos, do que somos

e do que representamos para os nossos semelhantes. Os gestos, gostos, hábitos,

etc são responsáveis pela nossa classificação perante os outros e pela nossa

avaliação dos outros. Assim sendo, “o Capital cultural torna-se, então, um meio de

distinção à medida que, quem tem maior capital cultural poderá conseguir legitimar

sua cultura como melhor”. (MACEDO; SALES; RESENDE, 2014, p. 52).

O capital cultural é transmitido por herança, sendo acumulado

através de investimentos e reproduzido de acordo com a forma que o indivíduo

possui de investir e se posicionar. Para Bourdieu (1979), o capital cultural de maior

valor é mais frequente em famílias de classes mais altas, visto que elas estão mais

bem aparelhadas por ter fácil acesso aos ambientes culturais.

Ele multiplica-se e se transforma em competências que poderão

favorecer o indivíduo a ter sucesso em sua vida profissional, em campo de trabalho,

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em alcançar um nível de escolaridade mais elevado, em ser mais qualificado, entre

outros. Sendo assim, os gostos e preferências fazem parte da herança cultural que o

indivíduo recebe da família e depois da escola. Evidentemente, essas escolhas

definem suas atitudes no que se refere à cultura. O capital cultural está, portanto,

intimamente relacionado a diferentes aspectos de educação formal e não formal.

Nesse sentido, a herança cultural e o êxito escolar estão

intimamente ligados, já que os resultados obtidos na trajetória escolar relacionam-se

às propriedades culturais cultivadas dentro do contexto familiar, e a ausência de

solidez na herança cultural familiar tende a influenciar no desinteresse na busca do

conhecimento, à formação escolar, ao discernimento cultural e ao desinteresse

cultural.

Lipman (1990) considera que a herança cultural humana pode ser

ensinada de forma integral para todas as séries escolares, idades e gêneros. Ela é

uma linguagem aprendida e por isso permite que dela se faça uso em todas as

disciplinas, tanto nas ciências, quanto nas humanas, como nas sociais ou aplicadas,

uma vez que elas permitem a conversação do conhecimento.

De acordo com Bourdieu (2008, p. 67), “as diferenças de capital

cultural marcam as diferenças entre as classes”, ou seja, a questão cultural legitima

a apropriação de bens como gosto, escolhas e necessidades. O indivíduo acaba por

consumir aquilo que habitualmente encontra-se dentro do seu contexto. O capital

cultural envolve habilidades, práticas, gostos refinados, conhecimentos gerados

através do núcleo familiar, entre outros elementos, e pode ser representado de três

formas distintas: capital incorporado, capital objetivado e capital institucionalizado.

O capital incorporado é referente ao capital cultural advindo da

herança familiar, construído no seio da família de forma quase biológica, por

acompanhar a evolução e o crescimento do indivíduo nesse ambiente. Esse capital

exerce bastante influência no futuro escolar, justamente por estar ligado aos

ensinamentos passados, aos gostos adquiridos e também aos conhecimentos de

culturas. Não é um patrimônio adquirido rapidamente, mas sim, aprendido no dia a

dia, ou seja, “o capital cultural é um ter que se tornou ser, uma propriedade que se

fez corpo e tornou-se parte integrante da ‘pessoa’” (BOURDIEU, 1998, p. 75).

O capital cultural objetivado está relacionado ao consumo, no qual o

conhecimento é adquirido através do acesso à compra de bens. Um exemplo desse

capital é a ida a museus, teatros, cinema, exposições de obras de arte, livros.

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Embora o capital cultural objetivado tenha relação estreita com o incorporado,

mantém também uma intima ligação com o capital econômico, visto ser necessário

possuir recursos financeiros para ter acesso ao capital objetivado, o que permite a

inferência de que o indivíduo, cuja condição financeira é desfavorável, sujeita-se a

ser excluído do capital econômico, entre outros.

Por fim, o capital cultural institucionalizado se adquire através de

títulos e diplomas e está ligado de certa maneira ao capital econômico, que facilita o

acesso a esse tipo de capital cultural. De acordo com Bourdieu e Passeron (2013a),

a escolaridade dos pais tem relação direta com o nível cultural da família.

Observa-se que as crianças de origem social privilegiada tendem a

ter gostos comuns à família, além de hábitos de atividades ligadas à cultura, tais

como frequentar teatro, dança, cinema, museus, viagens, entre outros.

Como meio de observar se o consumo da nova classe média está

relacionado ao capital cultural, Macedo, Sales e Resende (2014) entrevistaram 25

pessoas e constataram que o nível de capital cultural influencia sobremaneira nos

hábitos de consumo dessa nova classe média.

Para Macedo, Sales e Resende (2014) isso se deve ao fato de que o

comportamento de consumo de indivíduos com baixo capital cultural difere do

comportamento de consumo daqueles que possuem médio capital cultural.

Por conseguinte, indivíduos de médio capital cultural em relação ao

hábitos de consumo diferem dos que possuem alto capital cultural.

Busetto (2011) entende que Bourdieu considera ser possível a

conversão de um capital para outro, ou seja, um indivíduo que possua um capital

considerável em determinado campo pode migrá-lo a outro campo. Tal conversão é

facilitada quando os campos são próximos, embora não seja regra. E ainda:

Não há qualquer determinância do capital econômico sobre o capital cultural, pois a possibilidade de o agente adquirir um capital cultural por dispor de capital econômico é apenas uma relação entre os dois tipos de capital e depende da especificidade de cada campo em delegar reconhecimento. (BUSETTO, 2011, p. 117).

Já o habitus é conceituado por Busetto (2011, p. 120) como um

“sistema de esquemas de produção de práticas e um sistema de esquemas de

percepção e apreciação das práticas, isto é, estruturas cognitivas e avaliatórias que

os agentes adquirem pela experiência durável numa posição do mundo social”.

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Nesse sentido, Busetto (2011) chama a atenção para o fato de que

não são todas as disposições do mundo social que farão parte dos habitus do

indivíduo, uma vez que suas experiências e práticas acabam por filtrar as ações. E

por assim ser, apenas as mais compatíveis com as experiências de sociabilização,

em especial as que envolvem as famílias e a escola, são as mais assimiladas.

Partindo da ideia de que para Bourdieu (2007) o capital cultural se

explica como um conjunto de bens e saberes dominantes, que pode existir sob três

estados: incorporado, objetivado e institucionalizado, no capital cultural incorporado

temos a soma das habilidades em falar, pensar, agir, vestir-se, reflexionar de cada

indivíduo, sendo esses os atributos que alimentam o capital. No objetivado, temos a

soma das posses de bens culturais materiais, como por exemplo obras de arte,

livros, viagens, e a apropriação material não está implicada necessariamente na

apropriação simbólica, enquanto no institucionalizado, o capital cultural se forma

através de bens e saberes e se consolida sob a forma de títulos e diplomas.

O cultural é o que mais interfere no sistema escolar, especialmente

porque este capital é desigualmente distribuído entre as classes sociais. O capital

cultural prevalece sob duas formas: a primeira está relacionada às informações que

cada classe possui sobre o sistema de ensino, instituição escolar e carreira

profissional. A segunda diz respeito à transmissão de um habitus, que por

consequência, reflete nas atitudes relacionadas à escola e ao saber. Entende-se

então que:

O rendimento escolar da ação escolar depende do capital cultural previamente investido pela família e que o rendimento econômico e social do certificado escolar depende do capital social – também herdado – e que pode ser colocado a seu serviço. (BOURDIEU, 2005, p. 74).

Quando a família se propõe a custear um colégio, cujo status social

e intelectual facilita o ingresso dos seus alunos em instituições universitárias de

maior gabarito, está na realidade buscando converter o capital econômico em capital

cultural. (MEDEIROS, 2007).

Nesses casos, o investimento em educação dos membros da família

(filhos, netos, entre outros) se torna fundamental, visto que necessitam de maior

capital cultural de modo a manter sua posição social.

É o caso de professores universitários ou profissionais que atuam

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em áreas que disseminam comercialmente a cultura (jornalistas, colunistas,

marchand,) ou então os que comercializam estilo de vida (personal training,

profissionais que lidam com tendências de moda, beleza, entre outros).

Para Silva (1995), essa situação integra-se a uma dinâmica social

ligada à mudança nos patrimônios, o que possibilita a conversão de um tipo de

capital para outro. Considera-se que o fato de não se possuir uma família com

histórico de bom desempenho escolar, hábito de leitura e cultura, não impede que o

indivíduo possa ao longo de sua vida mobilizar uma somatória que inclua no

contexto o capital econômico, social, entre outros e totalizar assim o seu próprio

capital cultural.

A herança cultural na opinião de Singly (2009, p. 15) necessita de

mecanismos e baseia-se na teoria de Wittgenstein quando afirma que “não se nasce

herdeiro, torna-se, ou não se quer torna-lo”. A miscigenação de informações aliada à

transformação da herança cultural na estrutura do indivíduo acaba por validar e

também acumular recursos que podem ser reconhecidos por meio de suas ações,

práticas e habilidades. E a apropriação de uma herança não necessariamente ocorre

de forma ativa, uma vez que as maneiras e as formas de transmissão do

conhecimento são absorvidas de acordo com o desempenho cognitivo de cada qual,

uns permitem que mais facilmente o capital cultural se aflore, outros apresentam

dificuldades em externá-lo, e cada um se beneficia desse capital de uma forma,

entretanto, os que possuem um acesso maior à informação, independente do que e

para que seja ela, têm o maior potencial de se beneficiar de seus atributos,

considera-se que os herdeiros podem dar continuidade da sequência cultural de seu

seio familiar, mas também podem inovar e agregá-la a um montante maior advindo

do capital social, do econômico e de toda sua trajetória de vida.

Entretanto, uma pessoa que já traz consigo hábitos aceitos

socialmente pela cultura dominante reproduzidos na escola, potencialmente tem

maior vantagem da que não possua esse capital.

Segundo Bourdieu (2007, p. 46)

[...] a parte mais importante e mais ativa “escolarmente” da herança cultural, quer se trate da cultura livre ou da língua, transmiti-se de maneira osmótica, mesmo na falta de qualquer esforço metódico e de qualquer ação manifesta, o que contribui para reforçar, nos membros da classe culta, a convicção de que eles só devem aos

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seus dons esses conhecimentos, essas aptidões, que, desse modo, não lhes parecem resultar de uma aprendizagem.

Para Bourdieu (2007), a chave para o sucesso ou fracasso de

escolares está no patamar cultural do núcleo familiar. Para ele, quanto mais elevada

a origem social, mais rico e extenso serão seus domínios de cultura e seu

conhecimento. Assim, o êxito no percurso acadêmico em grande parte está

relacionado ao capital cultural herdado de sua família. No dia-a-dia desta

pesquisadora, percebe-se que esse pensamento procede. Ao relacionarmos o

capital cultural com o sucesso na utilização dos serviços ofertados na biblioteca

universitária, confirma-se que geralmente os alunos que mais utilizam os recursos

informacionais são de famílias de capital cultural e nível socioeconômico mais alto

ou são orientados por educadores, tidos como portadores de elevado capital cultural.

Assim, quanto maior o nível de capital cultural maior a probabilidade de elevação do

capital informacional.

Ideia essa contemplada no pensamento de Nogueira e Nogueira

(2004), ao afirmarem que o capital informacional se baseia especialmente no

conhecimento de hierarquias de prestígio, na qualidade e retorno econômico de

ramos de ensino, curso, instituições escolares entre outras.

Assim, é possível considerar que as relações entre o ensino, a

aprendizagem e o capital cultural se dão por intermédio de um mediador. Na escola

o professor é o ator principal, por introduzir conhecimentos e significados a partir de

situações orientadas de forma pedagógica para o ensino. No eixo social, o

conhecimento se realiza através de trocas, tanto em grupo quanto individuais, nas

quais o ator principal é aquele no qual o receptor possui uma empatia e assim sua

resposta quanto às informações são mais efetivas e apropriadas.

Por fim, o capital cultural não ocorre por osmose, mas é gradativo e

somatório, pois a família quando não dispõe de um elevado capital cultural não é a

responsável pelo bom ou mau desempenho, embora tenha um papel relevante na

trajetória do indivíduo. O capital cultural se concretiza quando o indivíduo cria

oportunidades, as suas próprias oportunidades, e se aproveita das que lhe são

ofertadas.

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65

5 ANÁLISE DE DADOS

5.1 UNIVERSO DA PESQUISA

5.1.1 Universidade Norte do Paraná

A Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) foi fundada em 17 de

fevereiro de 1972 por um grupo de empresários, destacando-se entre eles os

professores Marco Antonio Laffranchi e Elisabeth Bueno Laffranchi. Primeiramente,

criou-se o Centro de Estudos de Londrina, que assumiu o funcionamento do Colégio

São Paulo, então mantido por uma congregação religiosa.

Foi o primeiro passo para a criação do Centro de Estudos do Norte

do Paraná, e por decorrência foi implantado e mantido o curso de Educação Física,

abrigado pela Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná - FEFI. Sendo

reconhecido pelo governo federal em fevereiro de 1976.

No ano de 1985 foi implantada a Faculdade de Ciências e Artes

Aplicadas de Londrina com o Curso de Educação Artística - Habilitações em Artes

Plásticas e Desenho. No ano de 1987 foi criou-se a Faculdade de Reabilitação do

Norte do Paraná tendo como precursor o Curso de Fonoaudiologia. No ano seguinte,

foi criado o Curso de Desenho Industrial.

Na sequência, ou seja, em 1989 através das Faculdades de

Odontologia do Norte do Paraná, Faculdade de Dança de Londrina e Faculdade de

Informática do Paraná, foram implantados os Cursos de Odontologia, Dança e

Tecnologia em Processamento de Dados.

Como meio de agilizar a administração dos cursos, em 1990

idealizou-se a unificação dessas faculdades. Recebendo a sigla "FEFI - Faculdades

de Educação e Formação Integradas do Norte do Paraná”, por fim, no dia 2 de junho

de 1992, através do Conselho Federal de Educação houve a aprovação da

unificação passando então a chamar-se "Faculdades Integradas Norte do Paraná -

UNOPAR", tendo a meta de tornar-se Universidade.

Esse objetivo foi concretizado no ano de 1993, quando a UNOPAR

agregou os cursos de duas instituições sediadas no Município de Arapongas: a

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66

Sociedade Educacional Centro e Norte do Paraná - SECENP, com os cursos de

Matemática, Química, Ciências Sociais, Letras e Educação Física ministrados pela

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Arapongas - FAFICLA; e a Fundação

Educacional de Arapongas, com os cursos de Administração e Ciências Contábeis,

que eram ministrados pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de

Arapongas - FAC. E através do Decreto Federal nº 126 publicado no Diário oficial

em 04/09/1997, a UNOPAR foi credenciada como universidade.

A partir disso, a UNOPAR passou a expandir os cursos e ofertar à

comunidade opções em diversas áreas do conhecimento, contando hoje com vários

Cursos de Graduação e Sequenciais de Formação Específica, Cursos no Sistema de

Ensino Presencial Conectado - Modalidade a Distância, Mestrados Acadêmicos e

cursos de Pós-graduação Lato Sensu.

No ano de 2011 houve então a compra da UNOPAR pelo grupo

Kroton, um dos maiores grupos educacionais do Brasil.

5.1.2 Unidade Piza

Esta unidade oferta cursos de Graduação e Pós-graduação, dentre

eles:

- Educação Física

- Enfermagem

- Farmácia

- Fisioterapia

- Fonoaudiologia

- Gastronomia

- Medicina Veterinária

- Nutrição

- Odontologia

- Psicologia

- Agronomia

- Ciências Aeronáuticas

- Desenho Industrial (Projeto de Produto e Programação

Visual)

- Design de Interiores

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- Engenharia de Alimentos

- Química

- Biomedicina

- Doutorado em Odontologia

- Mestrado em Odontologia

- Doutorado em Ciências da Reabilitação

- Mestrado em Ciências da Reabilitação

- Mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde

- Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados

- Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes

- Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e

suas Tecnologias

- Especialização em Acreditação para Estabelecimentos

Assistenciais de Saúde

- Especialização em Endodontia

- Especialização em Implantodontia

- Especialização em Ortodontia

- Especialização em Fotografia e Vídeo

- Especialização em Cosmetologia e Estética Avançada

- Especialização em direção de Arte

- Especialização em Metodologia do Ensino Superior e Novas

Tecnologias

- Especialização em Metodologias para Alfabetização

- Especialização em Oncologia

- Especialização em Farmacoterapia e Farmácia Clínica

- Especialização em Fisiologia e Treinamento Desportivo

- Especialização em Tecnologia e Controle de Qualidade em

Alimentos

- Especialização em Educação para a Cultura de Paz

- Especialização em Educação Física Escolar

- Especialização em Prótese Dentária

- MBA em Gestão de Pessoas

- Especialização em Fisiologia do Exercício e Nutrição

Esportiva

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68

- Especialização em Neuropsicopedagogia

Há também cursos sequenciais ou de formação específica como

Gestão de Gastronomia e Estética e Imagem pessoal e cursos ofertados pelo

Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, entre eles

o curso técnico de enfermagem, técnico em estética, técnico em farmácia,

massoterapia, entre outros.

A unidade também oferta atendimento à comunidade por convênio

com o SUS – Sistema Único de Saúde, ou para quem tenha interesse. São

tratamentos sem quaisquer ônus ao paciente, destacando-se as Clínicas de:

Odontologia, Fisioterapia, Psicologia, Estética, Nutrição, Bebê Clínica e Laboratório

de Análises Clínicas, além de outros projetos de extensão como o Projeto EELO que

aborda e integra a interdisciplinaridade, vindo a beneficiar em especial a população

idosa de Londrina.

A Unidade Piza conta com uma biblioteca, que por sua vez faz parte

do Sistema de Bibliotecas Prof. José Laffranchi, da UNOPAR, composto de cinco

unidades de informação, cada qual possui um acervo que contempla os cursos

oferecidos pela unidade.

Nesse sentido a biblioteca da referida unidade possui área total de

781 m2 onde o espaço destinado ao acervo é de 281,60 m2 e para leitura geral,

200 m2, com 104 assentos, distribuídos em toda a planta. Conta com 5 salas de

estudo em grupo com 8 a 10 lugares cada e cabines individuais.

Assim, o campo dessa pesquisa foi o setor de Serviços de buscas

de informação científica disponível na Biblioteca da Unidade Piza, situada na cidade

de Londrina, no qual destaca-se os seguintes serviços: capacitação no uso de

recursos on-line, recepção aos calouros, orientação nas buscas bibliográficas,

orientação no uso da biblioteca, respostas às questões de referência, normalização

de trabalho segundo a ABNT, APA e VANCOUVER, COMUT/Comutação

Bibliográfica, entre outros.

A população constituiu-se de usuários que durante os meses de

outubro a dezembro do ano de 2014 procuraram o setor para obter informação

científica com a finalidade de desenvolver trabalhos acadêmicos e pesquisas.

Nesse sentido, a presente pesquisa visou colher dados que

possibilitassem conhecer o perfil real dos usuários de modo a potencializar o uso

dos serviços ofertados pelo setor em relação à pesquisa científica.

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69

5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados garante as informações acessadas para validação

do estudo e se utiliza de vários instrumentos de pesquisa, nesse caso, o presente

estudo utilizou como instrumento o questionário de Cervo e Bervian (2002), pois o

modelo permite que se obtenham respostas a dúvidas e hipóteses, suas indagações

podem ser feitas por meio de perguntas fechadas ou abertas, padronizadas,

objetivas e que sejam fáceis de serem codificadas e explicadas.

Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento desenvolvido

através de formulário disponível pelo motor de busca Google, denominado Google

Forms, por ser uma ferramenta que tem como objetivo coletar dados por meio de

questões definidas pelo usuário.

Esse formulário é de propriedade do Google Inc e encontra-se

inserido num pacote de aplicativos disposto no Google Drive, que por sua vez tem

como vantagem o envio automático para uma planilha de excell, caso o pesquisador

assim queira. Permite também a criação de gráficos acusando a porcentagem dos

dados coletados, auxiliando deste modo a visualização dos dados como um todo.

Todavia, tendo em vista a necessidade de outros dados estatísticos que o referido

aplicativo não possibilita, foi solicitado serviços de um profissional da área de

estatística.

O acesso a esse aplicativo se dá mediante a criação de uma conta

de registro nos serviços ofertados pelo Google, o que vai permitir o uso da

ferramenta e a manipulação do questionário. Para sua criação, primeiramente

define-se o título, no caso do formulário desse estudo, intitulou-se “Características

dos usuários atendidos na Biblioteca José Lafranchi-Campus Piza, de 08 de

setembro a 18 de dezembro do ano de 2014” (Apêndice B).

Abaixo do título, foi feita uma breve descrição dos objetivos para que

o respondente pudesse compreender de que se tratava a pesquisa.

O próximo passo foi determinar a forma na qual os conteúdos

ficariam dispostos e também qual foi a fonte utilizada.

O questionário contou com 28 questões, todas deveriam ser

preenchidas, caso faltasse alguma, não seria possível enviar o instrumento para a

nuvem e o respondente automaticamente receberia a informação sobre a questão

não respondida. A média para que o usuário pudesse responder era de dois a três

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70

minutos.

A título de informação, o Google Forms permite uma série de formas

para que as questões sejam inseridas, assim elas podem ser respondidas de modo

subjetivo, objetivo, através de preenchimento de checkbox (caixa de seleção e ou

verificação) entre outros.

As primeiras perguntas eram destinadas a conhecer o perfil do

usuário e incluía o gênero, idade, região geográfica de origem, cidade, estado e

renda familiar. A seguir, era solicitado que informasse o vínculo com a instituição, se

aluno, docente ou outros.

O terceiro tópico refere-se à formação acadêmica, onde o

respondente deveria denominar, na caixa de resposta, sua graduação, caso já

tivesse, denominando também outra graduação, caso possuísse mais de uma.

Nesse tópico também foi incluído o conhecimento de idiomas, priorizando-se inglês e

espanhol, mas com a possibilidade de incluir outra língua, caso tivesse.

Nesse quesito, a pergunta feita ao respondente recaía sobre sua

formação, desde a educação infantil até a superior, assim como o tipo de instituição,

se foi pública ou privada. O questionário contemplou também a formação escolar

dos pais, justamente para saber se o capital cultural herdado influenciava na

utilização de recursos informacionais para pesquisa científica, sendo esse um dado

importante para a pesquisa.

A motivação que levou o acadêmico a procurar a universidade foi a

questão que fechou este tópico.

Em seguida buscou-se dados referentes ao uso da biblioteca e ao

conhecimento de seus recursos, ferramentas informacionais, tais como banco e

base de dados, descritores, clusters/filtros.

Segundo a Bireme (2015), clusters são conjuntos de referências de

documentos recuperados em uma pesquisa, ordenados por ordem de maior

ocorrência e que servem para refinar uma pesquisa. Geralmente são visualizados

nas laterais da página do resultado, no caso da Bireme, sempre ao lado direito.

Também foi perguntado se o usuário em busca da informação

necessitava de auxílio ou não, se teve ajuda e, se tinha algo que pudesse facilitar tal

processo. Por fim, foi pedida sua autoavaliação quanto à sua competência

informacional.

Para que fosse possível a realização da coleta de dados, criou-se

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uma estratégia, ou seja, o instrumento foi aplicado única e exclusivamente ao

usuário em seu primeiro encontro para realização de buscas bibliográficas, haja vista

que a busca científica, na maioria das vezes, necessita de mais de um encontro para

que as informações coletadas sejam de fato úteis ao pesquisador.

Após o devido agendamento, na data do primeiro encontro,

normalmente o usuário preencheu um formulário de solicitação de busca

bibliográfica ou serviços, no qual ele informou seus dados pessoais, bem como

curso / área de atuação e formação, descreve seu objetivo, as palavras-chave, a

finalidade da pesquisa, periodicidade, língua, entre outros, como meio de

potencializar o encontro de informações com o uso dos dados fornecidos.

Também foi realizada uma entrevista informal, que se deu através

de diálogo simples, nos casos em que o usuário estivesse de forma presencial. Caso

não estivesse presente fisicamente, a entrevista ocorreria de forma online e o

pesquisador utilizava de escuta ativa, uma vez que os serviços também são

realizados com utilização de skype.

Nesse caso, a demora em responder, o tom de voz, os ícones e as

expressões utilizadas indicavam dificuldade ou não na busca, pois a escrita não se

realiza unicamente por símbolos fônicos e “os elementos expressivos e emocionais

contidos em cada traço dos caracteres tipográficos e igualmente nas letras

manuscritas, transforma-se em uma linguagem que sobrepõe ao significado do texto,

ambos percebidos concomitantemente pelo leitor”. (MANDEL, 1998, p. 171).

Primeiramente o usuário era informado do objetivo da coleta de

dados, ficando ao seu critério a opção de preenchimento ou não. Caso aceitasse,

optava em responder no próprio setor ou, se preferisse, era encaminhado o link do

instrumento (https://docs.google.com/forms/d/1kG2oAR-

nnatbMU_BJ8oohXKerTH5yrdkvjwAopcgXbM/viewform) ao seu e-mail pessoal.

Os usuários que buscaram o serviço para outras finalidades, como

formatação, normatização, informações sobre estruturação de trabalho, entre outros,

não participaram da coleta de dados por não fazerem parte do público alvo. Desse

modo,102 questionários foram respondidos.

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72

5.3 CONHECENDO O FUNCIONAMENTO DO SETOR DE REFERÊNCIAS

O serviço de referência tem o propósito de servir e auxiliar o usuário

na recuperação da informação independente do formato em que esta se encontre,

Esse setor realiza serviço de normalização de documentos através das normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, assim como orienta as revisões

de trabalhos acadêmicos e o uso de citações e referências bibliográficas.

Através das solicitações por meio de agendamento prévio, são

ministrados treinamentos que visam não somente apresentar o Centro de Recursos

da Internet (CRI) do Sistema de Bibliotecas da Unopar, como também informar a

comunidade interna da instituição sobre os procedimentos quanto as formas de

busca na Web e bases de dados disponíveis.

O serviço ministra treinamento individual ou em grupo, a fim de que

se possa conhecer e utilizar os recursos online disponibilizados pela biblioteca. É

função das bibliotecas, além de mediar a busca de informação técnico/científica,

disseminar a informação. Os usuários que pertencem à comunidade interna têm livre

acesso a todos os recursos disponíveis: bases de dados, periódicos eletrônicos,

entre outros.

A capacitação dos usuários, tanto para uso da coleção quanto para

os serviços online, é ofertada para alunos e docentes de graduação, pós-graduação

e para os funcionários. Quando há entrada de calouros, procede-se orientação dos

mesmos para uso da biblioteca. É necessária a realização de treinamentos para

acesso à base de dados, tendo em vista o grande volume de documentos

eletrônicos que se pode disponibilizar pelo acesso online. A cada dia milhões de

documentos são lançados nas nuvens, muitos deles de grande relevância para o

público científico. No entanto, para que seja possível o acesso e conhecimento da

existência desses materiais, há necessidade de promover a forma de acesso para

que o indivíduo possa aperfeiçoar a sua própria busca.

Cada banco ou base de dados tem suas próprias características e a

qualidade de recuperação da informação é variável. Por isso, quando se tem

domínio e habilidade para pesquisas avançadas nesses recursos, é possível

alcançar melhores resultados e atender de modo peculiar à pesquisa.

Os treinamentos são feitos por meio de aulas expositivas e práticas

dentro do laboratório de informática, uma vez que a biblioteca atende desde a

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graduação até a pós, incluindo alunos de especialização, mestrado e doutorado.

Ora, cada usuário possui necessidades e expectativas diferenciadas, por isso se fez

necessário dividir o treinamento em três categorias: básico, intermediário e

avançado.

O treinamento básico consiste em informar o usuário sobre os

serviços de acesso ao catálogo Pergamum, o uso das interfaces de consulta rápida,

avançada e acervo e-book, informações a respeito do serviço de empréstimo,

período, reserva e renovação online, apresentação da plataforma de trabalho

acadêmico, utilização de recursos online como motores de busca, especificamente o

Google no modo avançado, para que o acadêmico possa efetuar a sua busca de

forma a contemplar documentos fidedignos, excluindo o lixo eletrônico.

O treinamento intermediário é geralmente aplicado à comunidade

que se encontra em nível de especialização, mestrado, doutorado e também para

alunos que estão em fase da elaboração do trabalho de conclusão de curso ou os

que participam de iniciação científica. Nesse caso são dadas noções básicas de

bancos de dados, organização e estrutura, busca com uso de operadores boleanos,

uso de descritores, palavras-chave, entre outros. A forma de busca é avaliada por

meio de exercícios práticos que vão desde acesso a textos completos a

encaminhamento de material encontrado através do uso de email, facebook, twitter,

entre outros.

Quanto ao treinamento avançado, este exige que o participante

tenha conhecimento de bancos e bases de dados, assim como de forma de buscas

e lógica booleana.

Nele, são apresentados repositórios, bancos e bases de dados

específicos de uma determinada área, estrutura e organização de pesquisa, entre

outros.

Em geral esse treinamento é mais requisitado pela área de saúde, já

que nele são apresentados não apenas os descritores, mas também a forma da

organização do MeSH (Medical Subject Headings), ou seja, um sistema de

metadados da área médica em língua inglesa, que fornece a nomenclatura e se

baseia na indexação de documentos na área de ciência e saúde, serviço criado e

mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.

Tanto no treinamento intermediário quanto no avançado, o Portal da

Capes é contemplado. No intermediário é feita uma explanação sobre o portal e a

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utilização de seus recursos, tanto os que exigem assinatura prévia quanto os de

acesso gratuito. Ao longo dos treinamentos observou-se que esse portal de extrema

importância é desconhecido ou subutilizado, existindo inclusive um mito de que seu

acesso é limitado às instituições públicas, o que não é verdadeiro.

Em determinadas ocasiões, mesmo que o curso solicitado seja o

avançado, faz-se necessário primeiro aplicar noções básicas, as mesmas que são

aprendidas por estudantes que se encontram ingressando na universidade, visto que

a escala de formação acadêmica não garante habilidade e afinidade de uso de

recursos tecnológicos.

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75

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa1 e

para verificar a associação entre os dados2 foi empregado o teste de Qui-quadrado3

e o teste de exato de Fisher4 quando cabível.

Em toda analise foi considerado um nível de significância de p<0,05.

Para a análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico SPSS.

6.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

O universo de estudo foi constituído de 102 usuários, atendidos no

Setor de Serviços de Pesquisa Científica e Normatização da Biblioteca José

Lafranchi - Campus Piza, a fim de realizar pesquisa científica entre os meses de

outubro a dezembro do ano de 2014, conforme demonstrado na tabela 1.

1 Contagem de sujeitos. Quando absoluta, é o número de sujeitos (n), quando relativa trata-se da

porcentagem relacionado a algo. 2 Classificação de teste estatístico que indica o quando duas variáveis categorizadas possuem

frequências absolutas com comportamentos semelhantes ao que era esperado para que tivessem. Para tanto, utiliza-se o teste Qui Quadrado.

3 Teste de associação entre duas variáveis categóricas, compara a estimativa de frequência de sujeitos esperada devido ao tamanho amostral pela observada no estudo (a equação é frequência esperada - observada ao quadrado / esperada).

4 Ajuste ou correção do teste de qui-quadrado utilizado quando a estimativa da frequência esperada apresenta mais que 20% das caselas com valor inferior a 5.

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Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados, segundo gênero, faixa etária e formação, Londrina, 2015

Variáveis Número % Gênero

Feminino 66 64,70% Masculino 36 35,30%

Faixa Etária Até 20 anos 12 11,76% 21 - 30 anos 51 50% 31 - 40 anos 22 21,56% 41-50 anos 13 12,74% Maior que 50 anos 4 3,92%

Formação Graduação 58 56,86%

Especialização 7 6,86% Mestrado 26 25,49% Doutorado 8 7,84% Pós-Doutorado 3 2,95%

Total 102 100% Fonte: Da autora.

Ao visualizar os dados contidos na tabela 1, percebe-se que o

gênero prevalente foi o feminino com 66 (64,70%), o que corrobora as observações

de Guedes (2008) quanto ao crescente ingresso feminino em universidades

brasileiras, o que não deixa de ser um marco histórico e social, consolidando uma

nova realidade na qual as mulheres são maioria, aproximadamente 60%, dos

graduados entre a faixa etária mais jovem.

Na faixa etária de pessoas de 21 a 30 anos, a prevalência foi de 51

(50%) e as com 31 a 40 anos, com 22 (21,56%).

Já em relação à formação, os dados indicam que 58 entrevistados

(56,86%) apontaram estar na graduação, 26 respondentes (25,49%) Mestrado, 8

participantes (7,84%) Doutorado e 3 (2,95%) Pós-Doutorado.

Deve-se também ressaltar que no contingente de universitários,

entre os anos de 1970 a 2001, a entrada do gênero feminino em cursos tidos

tradicionalmente como masculino foi significativa. (GUEDES, 2008).

Em relação à renda familiar, houve predominância na categoria de 3-

6 salários com 38 (37,25%) dos respondentes.

Foi percebido o mesmo percentual em duas outras categorias,

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sendo elas a de 1-3 salários e >9 salários, no total de 25 respondentes (24,51%) em

ambas, enquanto a renda familiar de 6-9 salários ficou com 14 indivíduos (13,73%).

No que tange a área de conhecimento dos respondentes, constatou-

se que 65 (63,72%) eram da área de saúde, enquanto 17 entrevistados (16,68%) de

biológicas.

Na área de exatas houve 10 participantes (9,80%). Na área de

ciências sociais foram 9 respondentes (8,82%), havendo também 1 (0,98%) dado

ausente, conforme demonstrado na tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e área do conhecimento, Londrina, 2015

Variáveis Número % Renda Familiar 1-3 salários 25 24,51% 3-6 salários 38 37,25% 6-9 salários 14 13,73% > 9 salários 25 24,51%

Área do conhecimento Biológicas 17 16,68% Exatas 10 9,80% Saúde 65 63,72% Ciências Sociais 9 8,82% Dado ausente 1 0,98%

Total 102 100% Fonte: Da autora.

Os resultados vão de encontro ao estudo realizado por Ristoff

(2013), cujos dados do questionário socioeconômico aplicados no Enade, entre os

anos de 2004 a 2009, apontaram um valor de 11% de estudantes vindos de famílias

de baixa renda, com renda de até três salários mínimos. Esse aumento diminui a

distância entre o campus e a sociedade, entretanto, ainda persiste uma

concentração de renda nas universidades brasileiras quanto à natureza

socioeconômica.

A partir da leitura da tabela 3 disposta na sequência, constatou-se

que em relação à frequência de visita à biblioteca, dos 102 respondentes, 58

(56,86%) responderam que frequentam às vezes, enquanto que 31 (30,40%)

sempre. A opção raramente contou com 9 (8,82%) dos respondentes e três (2,94%)

afirmaram que somente vão a biblioteca quando solicitado pelo docente. Um (0,98%)

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afirmou que nunca à frequenta. Quanto à necessidade de auxílio para pesquisas

científicas, os dados indicaram que 98 (96,08%) de auxílio.

Tabela 3 – Distribuição dos entrevistados, em relação à frequência de visita à biblioteca e necessidade de auxílio para pesquisas, Londrina, 2015

Variáveis Número % Frequência de visita à biblioteca Nunca 1 0,98% Raramente 9 8,82% Às vezes 58 56,86% Sempre 31 30,40% Quando solicitado pelo docente 3 2,94%

Necessidade de auxílio para pesquisa Sim 98 96,08%

Não 4 3,92%

Total 102 100% Fonte: Da autora.

Ao buscarem identificar as dificuldades dos estudantes de

graduação em encontrar informações para elaboração de seus trabalhos de

conclusão de curso, em especial, daqueles que desconhecem o papel e

funcionamento da biblioteca, serviços e produtos, Silva e Gomes (2009) observaram

que a frequência de uso de biblioteca é limitada.

Segundo Silva e Gomes (2009), o processo de compreensão do

potencial informativo da biblioteca deve ser iniciado enquanto o indivíduo frequenta

as bibliotecas escolares, para que posteriormente ele compreenda os produtos

ofertados em outros tipos de biblioteca.

Entende-se que a biblioteca escolar é vital para iniciação de

aprendizagem, no desenvolvimento do processo de leitura e pesquisa, e ainda, tem

a responsabilidade de fomentar a pesquisa no universo escolar.

Desse modo o estudante levará a experiência de pesquisa para toda

sua vida escolar e acadêmica, tendo em vista que muito do seu sucesso profissional

depende de sua autonomia na busca e uso de informações. (SILVA; GOMES, 2009).

Há confluência entre a pesquisa aqui apresentada e o pensamento

presente no estudo de Silva e Gomes (2009) quanto à indissociabilidade entre o

ensino e a pesquisa.

Essas duas categorias são fundamentais para a construção do

conhecimento e, quando integradas, contribuem para o desenvolvimento cientifico e

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para as mudanças em prol do desenvolvimento social e humano do indivíduo.

Tal tarefa não apenas compete às escolas e universidades, mas

também às unidades de informação, em especial as que atuam em instituições de

ensino e pesquisa como as universitárias.

Esse processo exige habilidade tanto dos profissionais que atuam

em sala de aula quanto dos que atuam nos bastidores, como no caso dos

bibliotecários. Esse profissional possui maior habilidade e conhecimento para

identificar a informação quanto à sua qualidade e veracidade, quanto às formas e

estratégias de acesso e quanto às formas eficazes de avaliação e uso da

informação.

6.2 O CONHECIMENTO DE BANCO E BASES DE DADOS, DESCRITORES E

CLUSTERS

Ao analisar a tabela 4, que trata do conhecimento de banco de

dados, verificou-se que 39 respondentes (38,24%) afirmaram conhecer esse

recurso, enquanto que 63 entrevistados (61,76%) afirmaram não conhecer.

Em relação ao conhecimento sobre base de dados foi visto que 57

indivíduos (55,88%) desconhecem esse recurso e 45 pessoas (44,12%) indicaram

que o conhecem.

Quanto a utilização de descritores observa-se que a maioria, ou

seja, 42 entrevistados (41,7%) fazem uso, enquanto 24 indivíduos (23,53%) não

fazem.

Também foi observado que 36 pessoas (35,30%) não sabem o que

é um descritor. Já na utilização de clusters (filtros) 44 respondentes (43,13%) fazem

uso desse recurso, 35 indivíduos (34,32%) não sabem o que é e, 23 pessoas

(22,55%), não usam.

A tabela a seguir demonstra os resultados elencados.

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Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados, quanto ao conhecimento de banco e base de dados e utilização de descritores e clusters (filtros), Londrina, 2015

Variáveis Número % Conhece banco de dados

Sim 39 38,24% Não 63 61,76%

Conhece base de dados Sim 45 44,12% Não 57 55,88%

Utiliza descritores Sim 42 41,17% Não 24 23,53% Não sei o que é 36 35,30%

Utiliza clusters (filtros) Sim 44 43,13% Não 23 22,55% Não sei o que é 35 34,32

Total 102 100,00 Fonte: Da autora.

Ainda sobre os dados informados na tabela acima, no item

“conhecer banco e bases de dados”, se a resposta tivesse sido que sim era então

solicitado que os denominassem.

No entanto, ficou claro que na maioria das vezes, os respondentes

confundiam essas duas fontes informacionais, ou seja, quando se tratava de banco

de dados, indicavam bases de dados e vice versa.

Quanto aos descritores, o fato dos respondentes da área de saúde

não saberem do que se trata é preocupante, especialmente porque nessa área o

conhecimento sobre esse vocábulo é imprescindível.

Os descritores, além de remeter termos para o contexto universal,

também atuam nas sinonímias e potencializam a eficácia da busca cientifica, sem

divagação de informação.

Outro detalhe significativo é o fato de que os respondentes

desconhecem a função de filtros no refinamento de pesquisa, fato esse

constantemente observado ao longo do tempo de atuação no setor pesquisado.

Quanto a realização de pesquisa científica, outro fator que atrapalha

(se não inviabiliza) resultados eficazes nas buscas em bancos e bases de dados é o

não domínio de uma língua estrangeira, em especial o inglês, por ser ele o idioma

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oficial da ciência.

Considera-se um problema a ser atentado na formação básica, pois

o mundo acadêmico e científico fala inglês. Outra constatação interessante é o fato

de serem raros os programas de pós-graduação terem disciplinas de comunicação

científica em inglês. (MARQUES, 2009).

Em geral, costuma-se procurar a informação de modo centralizado

e, ao não encontrar a resposta que coincida com a expectativa, o usuário acaba por

fazer uma nova tentativa, ou então passa para os resultados informados nas páginas

seguintes.

Não há habito de se trabalhar a visão periférica, o que é importante

dentro de bases e bancos de dados, pois a informação em muitas situações é

refinada pelo uso de limitadores e clusters que ficam dispostos nas laterais da tela.

Ao explorar a utilização da técnica de rastreamento do olhar na

avaliação de usabilidade de aplicações de TV interativa (TVi) e estudar como o

rastreamento do olhar pode ser usado para obter dados sobre a integração com tais

aplicações, Giannotto (2009) afirma que as contribuições e limitações quanto ao

rastreamento do olhar podem explicar problemas de usabilidade e também identificar

comportamento dos usuários.

A título de informação, o termo “usabilidade” é, segundo a

Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002), a maneira de como um produto

pode ser usado por um determinado usuário de modo a alcançar objetivos

específicos de forma eficiente e, assim, satisfazer sua necessidade.

Os testes de usabilidade buscam estudar o desempenho do

indivíduo em uma ou mais tarefas reais, como meio de propiciar respostas para

questões de interesse.

Em geral, permitem o fornecimento de dados, tais como o tempo que

o indivíduo leva para realizar as tarefas e chegar a seu objetivo, a quantidade de

erros e a sua satisfação perante o uso do sistema. (RUBIN; CHISNELL, 2008).

Os termos acessibilidade e usabilidade não são similares. A

acessibilidade indica o grau de facilidade para se acessar algo. Já a usabilidade, é

conseguir fazer o que se deseja, sem a interferência da máquina, ou seja, “a arte de

projetar interfaces com facilidade de uso”. (GASPAROTTO, 2007, p. 15).

A área da computação e as correlatas utilizam o termo “estudo de

usabilidade” para conhecer o desempenho do usuário diante da máquina, suas

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dificuldades, necessidades, satisfação entre outros. Desse modo “os Estudos de

Usabilidade se convergem para os estudos de Usuários e ambos têm a preocupação

com uma melhor interação do usuário com o sistema e, principalmente, com a

satisfação do primeiro e adequação do segundo”. (COSTA; RAMALHO, 2010, p.

112).

A experiência remete à necessidade de se observar e buscar formas

para que o indivíduo que precisa acessar bancos e bases de dados seja treinado a

utilizar com maior eficiência seu campo visual periférico.

O treinamento, somado à informação de qual o seu objetivo,

potencializaria uma pesquisa científica sustentada por bancos e bases de dados,

com maior efetividade, economia de tempo e satisfação.

6.3 FORMAÇÃO DOS RESPONDENTES E DE SEUS PAIS

Nessa etapa foi realizado o cruzamento de informações no que se

refere à área de formação dos pais e dos respondentes. Os resultados nos levaram

a divisão de quatro grandes áreas do conhecimento, sendo elas: Ciências

Biológicas, Ciências Exatas, Ciências da Saúde e Ciências Sociais.

Constatou-se que16 entrevistados eram da área de Ciências

Biológicas, sendo que 14 dos seus pais não possuíam curso superior. Dos dois

restantes, um pai um era formado na área de Ciências Sociais e outro, na área de

Ciências Exatas.

Em relação à mãe, constatou-se que 13 mães não possuíam nível

superior. Das três mães restantes, duas tinham formação na área de Ciências da

Saúde e uma na área de Ciências Exatas.

Quanto aos 10 entrevistados da área de Ciências Exatas, 7 de seus

pais não possuíam formação universitária. Dos três restantes, dois pais eram

formados na área de Ciências Sociais e um na de Ciências Exatas.

Quanto às mães, verificou-se que 8 delas não possuem formação

superior, e duas são da área de Ciências Humanas (Ensino).

No tocante aos 65 respondentes da área de Ciências da Saúde, os

dados mostraram que 52 pais não possuíam ensino superior, enquanto 7 pais são

formados na área de Ciências Sociais, 5 na área de Ciências Exatas e um na área

de Saúde.

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Em relação às mães, 47 delas não possuem graduação enquanto 10

são formadas na área de Humanas (Ensino) e quatro na área de Saúde. E ainda, as

áreas de Ciências Sociais e Ciências Exatas tiveram uma representante cada.

Por fim, dos 9 respondentes da área de Ciências Sociais, 6 de seus

pais não possuem nível superior, enquanto dois pais formaram-se na área de

Ciências Exatas e um na de Ciências Sociais.

Quanto ao grau de estudo das mães dos 9 respondentes, 8 delas

não são graduadas e uma tem formação na área de Ciências Humanas (Ensino).

Os dados informados estão dispostos na tabela a seguir

Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e de seus pais, Londrina, 2015

SUPERIOR Área

Biológicas Exatas Saúde Sociais n % n % n % n %

Pai

Não possui 14 13,9% 7 6,9% 52 51,5% 6 5,9%

0,654 Exatas 1 1,0% 1 1,0% 5 5,0% 2 2,0% Saúde 0 0,0% 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0%

Sociais 2 2,0% 2 2,0% 7 6,9% 1 1,0%

Mãe

Não possui 13 12,9% 8 7,9% 47 46,5% 8 7,9%

0,791 Exatas 1 1,0% 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% Saúde 3 3,0% 0 0,0% 4 4,0% 0 0,0%

Sociais 0 0,0% 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% Ensino 0 0,0% 2 2,0% 10 9,9% 1 1,0%

Fonte: Da autora.

No estudo de Ristoff (2013), as mães levaram uma pequena

vantagem, quanto à educação escolar de nível médio e a de nível superior assim

como os resultados desse estudo.

Um dado interessante no estudo de Ristoff (2013) diz respeito aos

estudantes do curso de pedagogia, isso porque os pais com escolaridade superior

apresentaram percentual de 70%.

Os dados aqui apresentados, mostraram que as mães concentram a

formação em nível superior, na área de Ciências Humanas, em especial, em ensino,

e a alta concentração encontra-se nas mães cujos filhos optam pela área de saúde.

Os indicadores socioeconômicos no estudo de Ristoff (2013)

revelaram que dentre os estudantes de medicina, a maioria, ou seja, 67%, possuem

pai com instrução superior, 70% vem de família de renda elevada, representando a

faixa entre 10 salários mínimos chegando até a mais de 30 salários mínimos.

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84

Essa realidade também foi percebida no cruzamento dos dados

obtidos no presente estudo, uma vez que a porcentagem de pais com curso superior

foi mais elevada em alunos da área de saúde.

Infere-se então que o capital cultural herdado potencializa a inserção

do indivíduo na educação superior. Quando o capital escolar dos pais tem um

patamar mais alto, os descendentes são favorecidos, pois quanto maior a

familiaridade e formação educacional, maior a herança cultural e com certeza,

maiores as chances do indivíduo buscar nível mais alto de escolaridade.

Outra hipótese pertinente é que o capital cultural herdado pode

exercer uma influência na utilização da biblioteca para finalidade de pesquisa, sendo

o professor um grande influenciador, uma vez que através de sua didática ele pode

potencializar seu aluno a ser um sujeito dinâmico. O uso da biblioteca passa a ser

então mais que um simples hábito, mas uma forma de agregar conhecimentos e

desenvolver a capacidade intelectual do aluno. Nesse sentido o professor não

apenas ensina como também media o aprendizado, uma vez que através da sua

estimulação ele auxilia o aluno a ter uma formação técnica e profissional mais

adequada, tendo a biblioteca como um instrumento que permite a união do ensino e

da aprendizagem através da mediação e do uso de suportes informacionais que

disponibiliza.

6.4 FORMAÇÃO DOS PAIS DOS RESPONDENTES E RENDA FAMILIAR

Nesse item promoveu-se o cruzamento de dados de formação dos

pais dos respondentes e renda familiar e constatou-se que na faixa cuja renda

familiar é de 1 a 3 salários, 23 das 25 mães não possuem curso superior. Uma tem

formação na área de Ciências da Saúde e a outra na área de Ciências Humanas

(Ensino).

Dos pais, verificou-se que 20 não possuem ensino superior. Três

formaram-se na área de Ciências Sociais e dois na de Ciências Exatas, conforme

aponta a tabela 6.

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Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados, em relação a área de formação de seus pais e renda familiar, Londrina, 2015

Renda Família 1-3

Salários 3-6

Salários 6-8

Salários >9

Salários

n % n % n % n %

Superior Mãe

Não possui 23 22,5% 27 26,5% 10 9,8% 17 16,7%

0,791 Exatas 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% 1 1,0% Saúde 1 1,0% 3 2,9% 2 2,0% 1 1,0%

Sociais 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 1 1,0% Ensino 1 1,0% 5 4,9% 2 2,0% 5 4,9%

Superior pai

Não possui 20 19,6% 31 30,4% 12 11,8% 17 16,7%

0,035 Exatas 2 2,0% 3 2,9% 0 0,0% 4 3,9% Saúde 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 0 0,0%

Sociais 3 2,9% 3 2,9% 2 2,0% 4 3,9% Fonte: Da autora.

Na faixa entre 3 a 6 salários a tabela demonstra que das 38 mães

que representam os respondentes, 27 não possuem curso superior. Cinco tem

formação na área de Ciências Humanas (Ensino), três na área de Ciências da

Saúde, duas na de Ciências Exatas e uma na área de Ciências Sociais.

Percebeu-se ainda que 31 pais não tem formação superior. Três

formaram-se na área de Ciências Exatas, três na de Ciências Sociais e um na área

de Saúde.

A leitura da tabela 6 informa que na faixa de renda familiar entre 6 a

8 salários houve 14 respondentes. Desse total, 10 mães não possuem curso

superior. Duas possuem na área de Ciências da Saúde e duas na área de Ciências

Humanas (Ensino).

Em relação aos pais, 12 não tem formação superior e dois são

formados na área de Ciências Sociais.

A faixa de renda familiar acima de 9 salários contou com 25

respondentes e mostra, segundo os dados, que 17 mães não possuem curso

superior. Cinco são da área de Ciências Humanas (Ensino). Já as áreas de Ciências

da Saúde, Ciências Exatas e Ciências Sociais estão representadas com uma mãe

cada.

Quanto aos pais, 17 deles não são graduados. Quatro são formados

na área de Ciências Sociais e quatro na área de Exatas. Percebeu-se então que

com relação à faixa de renda familiar de 3-6 salários e >9 salários, houve o mesmo

índice percentual no tocante às mães que possuem curso superior na área de

ensino, ambos com 5 cada, o que equivale a 4,9% da população de respondentes.

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O estudo de Ristoff (2014), cuja principal fonte foi o questionário

socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE),

demonstra que houve alteração do perfil socioeconômico do estudante universitário

do campus brasileiro.

Em especial, evidencia a renda familiar dessa população. É bom

lembrar que apenas 7% das famílias brasileiras possuem uma renda mensal

superior a 10 salários mínimos, sendo raro encontrar na graduação brasileira, um

curso/área cuja representação seja igual ou inferior a da sociedade. Deduz-se por

esses indicativos que o campus brasileiro é significativamente mais rico que a

sociedade brasileira.

Há no questionário socioeconômico aplicado por Ristoff (2014) uma

correlação explícita entre renda familiar, escolaridade dos pais, origem escolar, entre

outras. O autor, ao comparar os dados referentes aos três ciclos do Enade, concluiu

que diferente de tempos pretéritos, possuir pais com escolaridade superior já não é

mais um requisito indispensável para o ingresso à universidade.

Tal evidencia é generalizada, independentemente do curso

escolhido ou do número maior ou menor de candidatos em relação à competitividade

de vagas.

Entretanto, tal situação se encontra com maior frequência em filhos

de pais cuja escolaridade não chega ao nível superior, o que para Ristoff (2014) é

um indicador de que as classes que antes eram excluídas do campus brasileiro são

hoje oportunizadas ao seu acesso.

A seguir foram cruzados as informações quanto à área do

respondente e renda familiar.

Dos 102 respondentes, um foi considerado ausente por não ter

informado a sua área. Vemos então que na faixa de renda familiar de 01 a 03

salários, 12 são da área de Ciências da Saúde. Há ainda 7 entrevistados que

representam a área de Ciências Exatas, quatro da área de Ciências Sociais e dois

da área de Ciências Biológicas.

De 03 a 06 salários, 27 são da área de Ciências da Saúde, 7 da área

de Ciências Biológicas, dois da área de Ciências Exatas e dois na área de Ciências

Sociais.

Na faixa de 06 a 08 salários, vê-se que 8 representantes são da área

de Ciências da Saúde, quatro da área de Ciências Biológicas, um da área de

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Ciências Sociais e um da área de Ciências Exatas.

Em relação aos representantes cuja renda familiar é maior que 9

salários, observou-se que 18 entrevistados são da área de Ciências da Saúde,

quatro da área de Ciências Biológicas e dois da área de Ciências Sociais.

Tais dados encontram-se dispostos na tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e renda familiar, Londrina, 2015

Renda Família 1-3

Salários 3-6

Salários 6-8

Salários >9

Salários

n % n % n % n %

Área Biológicas 2 2,0% 7 6,9% 4 4,0% 4 4,0%

0,034 Exatas 7 6,9% 2 2,0% 1 1,0% 0 0,0% Saúde 12 11,9% 27 26,7% 8 7,9% 18 17,8%

Sociais 4 4,0% 2 2,0% 1 1,0% 2 2,0% Fonte: Da autora.

Bourdieu (1989) diz que o indivíduo ao acumular experiências, tanto

de sucesso quanto de fracasso escolar, acaba por construir um cenário de

possibilidades reais.

Na maioria das vezes isso é inconsciente, mas lhe dá certa visão do

que é possível ser alcançado. Para isso, ele traça um nível de investimento que é

necessário para deslanchar a carreira escolar.

Nesse sentido, quando a pessoa decide por maior ou menor

investimento econômico em seu processo escolar, acaba agregando tanto o capital

social, quanto o econômico, aumentando assim o retorno dos recursos financeiros

que depositou.

Em outro estudo de Bourdieu (2002), cujo título é “Esboço de uma

teoria da prática: precedido de três estudos de etinologia Cabila”, o autor afirma que

o ser humano, ao longo da vida, aprende a amar socialmente as coisas e ações que

sejam possíveis ou prováveis, em razão da sua própria condição social, e exclui de

suas aspirações, os feitos e utopias que para ele se tornam impossíveis ou então

improváveis.

A herança familiar, nesse sentido, acaba por influenciar na trajetória

do indivíduo, assim como a herança cultural familiar. Todavia, Bourdieu e Passeron

(2013b), observam que os espaços escolares contribuem para a dificuldade de

ascensão dos indivíduos cuja classe econômica familiar e cultural é baixa.

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Nessa leitura, o sistema educacional legitima as desigualdades

sociais. Ainda há quem acredite que a herança cultural, assim como o dom e a

habilidade, é congênita.

Entretanto, parece que os destinos do indivíduo, em especial o

destino profissional, o social e o escolar, têm sua influência estreitada pelas relações

e também posições ocupadas pelo seu grupo familiar.

Pela leitura de Bourdieu, depreende-se que o capital econômico

auxilia na reversão e se transforma e em outro capital. Um exemplo é o capital

cultural, que tem potencial para modificar as relações sociais, assim como também o

capital simbólico, o que vai permitir ao indivíduo, entre outras coisas, o ingresso em

universidades, haja vista a melhora das suas condições quanto à competição de

uma vaga universitária. (NOGUEIRA, 2006).

Como meio de organizar os dados extraídos do questionário

aplicado, levamos em consideração o seguinte cruzamento: renda familiar, formação

escolar e tipo de instituição, e se essa formação aconteceu em instituição pública ou

privada. Assim, dividiu-se a tabela de acordo com as etapas do ensino: Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Em relação a Educação Infantil, na faixa de renda familiar de 1 a três

salários, verificou-se que 22 respondentes realizaram formação em instituição

pública, duas em instituições privadas e um no público-privado.

Nos que possuem renda familiar de 03 a 06 salários, constatou-se

que 28 entrevistados a realizaram em instituição pública, seis em instituições

privadas e um respondeu não saber.

Na categoria de 06 a 08 salários, oito fizeram em instituições

privadas e seis em instituições públicas. E ainda, dos respondentes cuja renda

familiar ultrapassa a nove salários, em relação a Educação Infantil constatou-se que

14 deles estudaram em instituições privadas, 8 em públicas e ainda, três não

souberam informar.

No Ensino Fundamental, quanto à renda familiar, foi percebido que

na faixa de uma a três salários, 22 respondentes o realizaram em instituições

públicas, dois no público privado e um no privado.

Dos respondentes cuja renda mensal familiar encontra-se entre três

a seis salários, 31 deles realizaram em instituições públicas, cinco em instituições

privadas e dois na pública e privada.

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Em relação aos entrevistados cuja faixa de renda familiar encontra-

se entre 6 a 8 salários, verificou-se que 8 o realizaram em instituições públicas.

Houve 5 respondentes que estudaram em instituições privadas e um no público

privado.

Daqueles que a renda familiar é maior que nove salários, verificou-

se que 12 indivíduos realizaram o Ensino Fundamental em instituições privadas, 10

respondentes em instituição pública e três na pública privada.

No tocante ao Ensino Médio, dos que se encontram na faixa de

renda familiar de um a três salários, 23 respondentes afirmaram ter realizado essa

etapa escolar em instituições públicas e dois em instituições público e privada.

Os respondentes cuja faixa mensal familiar é de três a seis salários,

informaram que grande parte, ou seja, 31 deles realizaram o Ensino Médio em

instituições públicas, quatro em instituições privadas e três em instituições pública e

privada.

Entre a renda familiar de 6 a 8 salários, nota-se que 7 realizaram o

Ensino Médio em instituições privadas, 5 em instituições públicas e dois no público e

privado.

Já dos respondentes cuja renda familiar é maior que 9 salários, 15

deles cursaram o Ensino Médio em instituições privadas, 9 em instituições públicas e

um na pública e privada.

Os dados informados encontram-se inseridos na tabela 8.

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Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e seu processo educacional, Londrina, 2015

Renda Família 1-3

Salários 3-6

Salários 6-8

Salários >9

Salários P n % n % n % n %

Educação Infantil

Privada 2 2,0% 6 5,9% 8 7,8% 14 13,7%

<0,001 Pública 22 21,6% 28 27,5% 6 5,9% 8 7,8%

Publica-Privada

1 1,0% 3 2,9% 0 0,0% 0 0,0%

Não sabe 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 3 2,9%

Ensino Fundamental

Privada 1 1,0% 5 4,9% 5 4,9% 12 11,8%

0,001 Pública 22 21,6% 31 30,4% 8 7,8% 10 9,8%

Publica-Privada

2 2,0% 2 2,0% 1 1,0% 3 2,9%

Ensino médio

Privada 0 0,0% 4 3,9% 7 6,9% 15 14,7%

<0,001 Pública 23 22,5% 31 30,4% 5 4,9% 9 8,8%

Publica-Privada

2 2,0% 3 2,9% 2 2,0% 1 1,0%

Fonte: Da autora.

De acordo com Brandão, Canedo e Xavier (2012) a constituição do

habitus escolares é um aspecto importante a ser analisado em relação a trajetória

escolar, desde a frequência da educação infantil, caracterizada pelos autores como

elemento diferenciador no desempenho dos estudantes.

A permanência do indivíduo em uma mesma escola durante todo o

período do ensino fundamental, tende a ser uma referência na constituição do

habitus, uma vez que indica todo o trabalho realizado pelo ambiente escolar em prol

da construção do perfil do aluno de acordo com aquilo que a instituição deseja,

conforme salientam Brandão, Canedo e Xavier (2012).

Quanto mais o aluno permanece no ambiente escolar, maior seu

tempo e exposição frente às rotinas, valores e regras, vindo a favorecer então o

aprendizado e a aquisição de hábitos, tanto de estudo como também de posturas,

contribuindo desse modo para um maior desempenho escolar, defendem Brandão,

Canedo e Xavier (2012) .

Os citados autores também consideram que a precoce socialização

do indivíduo fora do seio familiar e seu ingresso na educação infantil,

independentemente se foi cursada em uma só escola ou em diferentes escolas,

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facilitam a constituição desse habitus.

Para Brandão, Canedo e Xavier (2012), na escola se desenvolvem

atividades que visam trabalhar não apenas aspetos cognitivos, mas também se

desenvolve, mesmo que de forma inconsciente, a projeção acadêmica. Além disso, a

escola também desenvolve atividades que visam a inculcação de práticas salutares,

como de alimentação, higiene e posturas sociais e comportamentais, que somadas

podem proporcionar uma condição privilegiada para o desempenho escolar durante

toda a vida.

Buscando investigar a relação entre o nível de instrução dos pais e

filhos em países em desenvolvimento e avaliar o contexto, Jakubson e Souza (2006)

perceberam que o nível educacional dos pais tem efeito causal em relação à

escolaridade dos filhos, especialmente quando o nível de escolaridade é inferior,

decrescendo à medida que escolaridade aumenta.

Isso nos permite deduzir que a transmissão de capital humano entre

pais e filhos tende a ocorrer para cima, e ainda, que os pais têm influência maior

sobre os filhos e as mães sobre as filhas.

Observa-se que as escolas da rede privada têm desempenho

superior às públicas na sua grande maioria, ou seja, não são igualmente eficazes em

relação ao desempenho escolar. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).

Talvez um dos motivos para esse insucesso, seja a elevada

variância encontrada no desempenho das escolas brasileiras, em especial as de

ensino fundamental, mesmo que não se leve em conta as características individuais

dos alunos. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).

Geralmente as escolas privadas dispõem de recurso financeiro, o

que amplia as chances de aproveitamento escolar. Há diferenças de desempenho

quando se leva em conta a origem do estudante, pois quanto maior o nível desse

capital, maior o nível de desempenho. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).

Há variações no desempenho geral do sistema educacional entre as

regiões brasileiras, tanto no setor público quanto no privado, e a região Sul aparece

como a que possui melhor sistema educacional e menor diferença entre a rede

pública e privada. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010). Já região Nordeste, possui

menor nível de desempenho escolar e maior diferença entre as duas redes de

ensino.

Em relação ao estudo médio,

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[...] no geral, a maioria dos estudos mostra resultados positivos e significantes sobre a aprendizagem dos estudantes de ensino médio se esses estudassem em escolas católicas, sobretudo para aqueles que apresentam uma menor probabilidade a frequentar tais escolas. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010, p. 375).

Nessa mesma linha de raciocínio, Vargas (2009) diz que a escolha

do estabelecimento escolar no ensino médio pode ampliar as possibilidades de

ingresso em instituições de ensino superior.

As pesquisas realizadas segundo Vargas (2009), em relação ao

efeito do desempenho dos alunos no vestibular do nosso país, tanto em escolas

públicas como nas privadas, demonstram que não se deve apenas considerar o

peso de variáveis como a condição socioeconômica, mas também deve-se levar em

conta a importância desses estabelecimentos quanto ao desempenho escolar

desses estudantes, embora não se possa negar que a origem e classe social sejam

de grande relevância.

Estatísticas demonstram que entre 2002 a 2012 o número de alunos

matriculados no ensino superior duplicou, passando de 3,5 para 7 milhões,

distribuídos entre os 31.866 cursos oferecidos no Brasil, através das 2.416

instituições, sendo 304 públicas e 2.112 privadas.

O nível percentual quanto à opção aponta que 67,1% optaram por

bacharelado, 19,5% licenciatura e 13,5% cursos tecnólogos, deste montante

5.140.312 (73%) encontram-se em universidades privadas e 1.897.413 (27%) em

universidades públicas. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÁGIOS, 2015).

Em relação à distribuição desses universitários por regiões temos

conforme quadro abaixo:

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93

Quadro 1 – Distribuição do total universitários brasileiros de acordo com a região e estado

Região Estados Total de universitários

Norte Acre, Amapá, Amazonas, Pará,

Rondônia, Roraima e Tocantins.

546.503

Sul Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul

1.163.671

Sudeste Espírito Santo, Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo.

3.226.248

Nordeste Alagoas, Bahia, Ceará,

Maranhão, Paraíba,

Pernambuco, Piauí, Rio Grande

do Norte e Sergipe.

1.434.825

Centro-Oeste Goiás, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul e o Distrito

Federal.

666.441

Fonte: Associação Brasileira de Estágios (2015).

Percebe-se que a região Sul, que abarca três estados, em termos

percentuais, se destaca das outras regiões, perdendo apenas para a região

Sudeste, na qual se encontra o estado de São Paulo, cuja capital é a maior

metrópole do país.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biblioteca é uma instituição essencial para o desenvolvimento do

intelecto humano. Dentro de suas atribuições, além de disponibilizar a informação,

cabe a ela desenvolver habilidades diversas entre elas o gosto pela leitura, pela

pesquisa, pelo conhecimento.

Pressupõe-se que a leitura influencia o comportamento e a

aprendizagem do indivíduo, sendo essa uma ação que leva a pessoa a angariar ou

ampliar conhecimentos, descobrir ou ainda atualizar os anteriormente adquiridos.

Por ser o bibliotecário um profissional que tem como uma das

funções a disseminação da informação, é de crucial importância que encoraje seu

usuário à prática da pesquisa independente do perfil da instituição em que esteja

desenvolvendo suas atividades.

Sua tarefa não se resume somente em organizar a informação, mas

sim, mediar a procura pela mesma de modo claro, objetivo e eficaz, tanto ao usuário

real quanto ao usuário potencial.

Infere-se que a mediação pode ocorrer em qualquer espaço

informacional, embora sua manifestação seja mais visível na biblioteca,

especialmente no setor de referência.

Tem-se percebido que a competência em informação é um tema que

atualmente tem despertado interesse por pesquisadores. Sucintamente o indivíduo

denominado com competente informacional é apto no uso e busca da informação,

possui capacidade e habilidade para gerir e transformar em conhecimento a

informação encontrada e ainda possui familiaridade com redes formais e informais

de informação, conhecem e compreendem as estruturas de comunicação e os utiliza

com desenvoltura.

Quanto ao capital cultural considera-se que ele envolva habilidades,

práticas, conceitos e conhecimentos gerados principalmente através do núcleo

familiar, sendo esse capital o que mais interpõe no sistema escolar.

Embora o fato do indivíduo não se originar de um seio familiar com

um capital cultural de qualidade, nada o impede de reverter essa situação com o uso

de outros, como o social, econômico, entre outros.

Em nosso entendimento, a forma de processar a informação e o

fracasso e sucesso escolar estão ligados ao capital cultural herdado e, assim,

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95

indivíduos que dispõem de uma origem social elevada são mais propensos a possuir

um domínio maior de cultura e conhecimento.

A partir da leitura dos estudos dos pesquisadores elencados no

presente trabalho permite-se a alusão de que, ao relacionarmos o capital cultural

com o uso de serviços ofertados na biblioteca universitária onde foi realizada a

coleta de dados para este estudo, é perceptível o fato elencado anteriormente.

Os dados apontam que acadêmicos que mais utilizam os recursos

informacionais nesse universo de pesquisa ou provém de famílias com considerável

capital cultural e nível socioecônomico ou são orientados por profissionais, em

especial docentes com um status acadêmico relevante, o que nos leva a crer que

quanto maior o nível de capital cultural, maior a probabilidade de elevação do capital

informacional.

Percebe-se que os acadêmicos chegam à universidade com um

déficit na habilidade de pesquisa, o que nos leva a considerar que durante sua

vivencia nos estágios escolares anteriores a graduação, a grande maioria não é

informada, e tampouco a eles ensinado, sobre a importância e a forma de pesquisar,

e a importância do uso dos recursos informacionais que podem ser ofertados em

bibliotecas.

A pesquisa científica exige competência informacional e capital

cultural, uma vez que o pesquisador deve ser capaz de elaborar corretamente o

roteiro e o plano de sua pesquisa. Para tal, torna-se necessário o uso eficiente dos

instrumentos informacionais.

Acredita-se que à instituição de ensino superior cabe o papel de

capacitar o acadêmico, tanto para suas atribuições profissionais que lhe são

inerentes, quanto no que tange a busca e uso da informação para sua educação

contínua.

Dessa forma, cabe não apenas “dar o peixe”, mas “ensinar a

pescar”, mesmo que para muitos a tarefa de ensinar a pesquisar não seja

incumbência da universidade. Aqueles que ignoram esse fato, essa dificuldade e

não buscar formas de aniquilá-la promovem consequências não apenas ao indivíduo

enquanto aluno, mas a toda a sociedade, haja vista que futuramente ele estará

atuando e exercendo suas funções profissionais.

Qual o destino do cliente de um advogado que não tem a habilidade

de utilizar fontes informacionais de sua área a fim de atualizar-se? Ou de um

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paciente, cuja saúde esteja na responsabilidade de profissionais de área, que não se

atualizam dentro do seu campo de exercício e tampouco sabem da existência de

fontes informacionais cientificas? Ou de um aluno cujo professor ignora a

necessidade de frequência na biblioteca, que não incentiva a prática de leitura, de

interpretação do texto, de utilização de fontes informacionais fidedignas?

Qual a qualidade de um trabalho acadêmico quando o pesquisador

desconhece ou abre mão de realizar uma boa revisão bibliográfica por meio do uso

de bancos e bases de dados de cunho cientifico?

Infere-se que a qualidade dos produtos científicos elaborados pela

comunidade universitária esteja entrelaçada com o uso eficiente dos produtos e

serviços ofertados pela biblioteca da instituição.

E para que os “frutos sejam de boa qualidade” é necessário que a

unidade de informação se proponha a conhecer seu público, sua necessidade e sua

dificuldade de encontrar a informação que necessita, e ainda divulgue e informe

sobre seus serviços e importância dentro do contexto acadêmico.

As leis de Ranganathan, criadas ainda no século XX,

especificamente no ano de 1931, pelo matemático indiano Shiyali Ranganathan, que

também era um estudioso na área de biblioteconomia, tornaram-se fundamentais

para a área da Ciência da informação. Na atualidade têm grande pertinência, como

meio de trazê-las para a nova realidade das bibliotecas em virtude da inserção de

tecnologia. Numa releitura própria, torna-se possível dizer que:

Os livros são para serem usados - as tecnologias existem

para serem usadas,

Todo livro tem o seu leitor - cada fonte informacional tem o

seu próprio pesquisador potencial;

Todo leitor tem o seu livro - todo pesquisador tem uma

fonte informacional específica para sua necessidade;

Poupe o tempo do leitor - uso adequado das fontes

informacionais poupa o tempo do pesquisador;

Uma biblioteca é um organismo em crescimento - a

utilização das fontes informacionais tecnológicas é

potencializada quando a biblioteca se preocupa em não

permanecer-se estática.

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97

Nesse sentido é notório que a área científica exige constante

atualização de práticas profissionais, técnicas e saberes e apropriação de

conhecimentos e habilidades de pesquisa em fontes informacionais cientificas, e

também necessita de dinaminsmo nas unidades informacionais.

No tocante ao capital cultural herdado e sua relação com o uso dos

serviços prestados pela biblioteca universitária, universo deste estudo e, em especial

no serviço de buscas informacionais para o desenvolvimento de pesquisa científica,

entende-se que os quadros de referência familiar influenciam quanto ao uso.

Há também um fator muito importante e essencial para um real uso

das bibliotecas, o trabalho mediador do docente. É ele em muitos casos o espelho

que o aluno almeja para seu futuro, em muitas ocasiões, mesmo não tendo um

capital cultural herdado da família em relação ao uso da biblioteca, o aluno se torna

o reflexo do docente com quem mais se identifica. Nesse sentido, quando o mesmo

utiliza recursos, media a informação, compartilha os conhecimentos de modo

interdisciplinar, incluindo também o profissional bibliotecário, e agrega a biblioteca na

sua prática cotidiana, ele consegue reverter um déficit percebido em muitos

acadêmicos. Essa inferência deve-se ao fato da percepção e da práxis ao longo de

dez anos atuando no setor de referência da Universidade participante deste estudo.

Parte-se do princípio de que somos o reflexo do que recebemos, ou

seja, se nossa herança cultural abarca princípios de moral, ética, costume,

conhecimento, entre outros, há uma maior probabilidade de nos apropriarmos dessa

herança.

No entanto, há de atentar-se de que o sentido etimológico da palavra

herança vem do termo latino haerentia, do verbo haerere, o qual significa aderir. A

Sociologia entende a palavra herança como a cultura passada pelas gerações

anteriores a uma nova geração.

Desta forma, entende-se que a herança cultural não seja hereditária

do ponto de vista genético, mas sim, é o reflexo dos quadros de referências que

recebemos e que experimentamos, e a partir deles acabamos por criar a nossa

própria cultura. E por assim ser, influencia diretamente nos interesses, meios e

modos de buscar o conhecimento.

Refletindo sobre os resultados deste estudo, buscou-se então uma

forma de dinamizar e informar sobre os produtos ofertados pela biblioteca da

instituição, por ser este um dos objetivos do trabalho. Optou-se então pelo uso de

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um manual dialógico, para disponibilizar a informação de uma forma mais dinâmica e

centralizar os dados mais relevantes de modo a levar o leitor a atentar-se para o

fato. Para tal, buscou-se então auxílio do curso de Desenho Industrial ofertado pela

instituição, e após diálogo com um dos docentes, constatou-se que havia um projeto

em que a ideia do produto se encaixava dentro do objetivo do mesmo.

A partir dos dados repassados pelo pesquisador, o acadêmico do

curso de desenho industrial incluso no projeto UNE DESIGN-Integração

Universidade-Empresas se dispôs a construir a parte gráfica do material. Assim foi

criado o manual sobre a utilização dos recursos ofertados pela biblioteca (Apêndice

C). O objetivo desse documento não foi formalizar a informação, mas sim divulgá-la,

atentando-se às novas características dos usuários da biblioteca. Embora também

informe sobre fontes específicas, não teve o intuito de ensinar o uso, mas sim de

informar a sua existência, e assim aguçar a curiosidade para que o indivíduo

conhecesse outras formas e fontes informacionais.

Parte-se do princípio de que seja função da biblioteca atender aos

grupos distintos de pesquisadores, até mesmo os que ainda não dominam as

técnicas, dos que possuem déficit de conhecimento no tocante à pesquisa e até

mesmo dos que nunca tenham praticado a pesquisa formalmente e por isso a julga

simples e sem necessidade de fidedignidade da informação. Ao mesmo tempo o fato

do indivíduo estar cursando estágios avançados na área acadêmica não significa

que ele tenha conhecimento pleno de todas as formas de buscas e fontes

existentes, de todo material e meios de obter a informação.

É necessário ao ser humano a rotineira reciclagem, atualização e

readequação de seus saberes, conhecimentos e informações. Essas habilidades

são mais percebidas quando o indivíduo consegue unir seu capital informacional ao

seu capital cultural herdado.

Ressalta-se que necessitamos sempre nos atualizar e reaprender a

aprender, desta forma é necessário que a biblioteca perceba que ela é um centro de

divulgação de conhecimento e que o nível do conhecimento de cada um depende do

nível de eficácia que ela possui quanto à oferta de seus produtos.

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REFERÊNCIAS

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SOUZA, Solange Jobim; GAMBA JUNIOR, Nilton. Novos suportes, antigos temores: tecnologia e confronto de gerações nas práticas de leitura e escrita. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 21, p. 104-114, dez. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782002000300009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 9 jan. 2015.

SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação à comunidade. São Paulo: Global, 1995.

TOMAÉL, Maria Inês; ALCARÁ, Adriana Rosecler; SILVA, Terezinha Elisabeth. Fontes de informação na internet: critérios de qualidade. In: TOMAÉL, Maria Inês. (Org.). Fontes de informação na internet. Londrina: EDUEL, 2008. p. 3-30.

TONELLO, Izângela M. S.; LUNARDELLI, Rosane S. Alvares; ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco. Palavras-chave: possibilidades de mediação da informação. Ponto de Acesso, Salvador, v. 6, n. 2, p. 21-34, ago. 2012.

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VARGAS, Michely de Lima Ferreira. Estudos sobre o funcionamento do sistema de ensino: da reprodução das desigualdades sociais ao efeito escola. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 32, p. 105-122, jan./abr. 2009.

WACQUANT, Loïq J. D. O legado sociológico de Pierre Bourdieu: duas dimensões e uma nota pessoal. Revista Sociologia Política, Curitiba, v. 19, p. 95-110, nov. 2002.

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APÊNDICES

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Apêndice A – Recursos de refinamento de pesquisa no motor de busca Google.

Operadores Forma de uso Ação Exemplo “ “ Frases inteiras ou

palavras Restringe e refina a pesquisa

“A influencia capital cultural herdado”

* Frases inteiras ou palavras

Especifica um termo que esteja faltando, servindo como curinga, preenchendo então o espaço vazio

ciência *informação

- Frases inteiras ou palavras

Retira o termo na busca. Precisa ser inserido sem espaço antes da palavra a ser removida do resultado da busca

Unopar -odontologia –agronomia -fisioterapia

.. Intervalos específicos

Especifica um determinado intervalo específico em casos de data, preços, medidas, quilômetros entre outros câmera

Livros de Bourdieu R$65...R$90

: Frases inteiras ou palavras

Determina que os resultados sejam de um site específico ou um domínio. Veja resultados apenas de determinados sites ou domínios.

Mestrado:unopar Capital cultural herdado:pdf

OR Frases inteiras ou palavras

Não filtra a pesquisa. Tem o papel de acrescentar mais de um termo caso o que se procura seja conhecido por sinônimos

Biblioteconomia OR Ciência da Informação

Fonte: Da autora.

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Apêndice B – Questionário

Características dos usuários atendidos na biblioteca José Lafranchi- Campus Piza, entre setembro a dezembro de 2014.

Caro participante,

Você está sendo convidado a responder as perguntas deste

questionário, as quais fazem parte da pesquisa de dissertação da aluna Justymara

Fernanda dos Santos Serrano, orientada pela Profª Drª Bernadete de Lourdes

Streisky Strang, no Curso de Mestrado em Metodologia para o Ensino e suas

Tecnologias.

O objetivo deste instrumento é conhecer o perfil dos usuários

atendidos na biblioteca José Lafranchi- Campus Piza no Setor de serviços de

pesquisa científica e normatização quanto ao nível de conhecimento sobre banco e

bases de dados científicas virtuais, ofertados pelo sistema. O resultado possibilitará

o encontro dados que possam auxiliar na reflexão de possíveis mediações no

tocante a esses serviços.

Desde já, agradecemos a sua colaboração.

Perfil do entrevistado Gênero

o Masculino

o Feminino Idade*

o Até 20 anos

o 21 a 30 anos

o 31 a 40 anos

o 41 a 50 anos

Obrigatório

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o Acima de 50 anos Região geográfica de origem: * Informe a Cidade

Informe o Estado

Renda Familiar*

o De 1 até 3 salários mínimos (R$724,00 a R$2172,00)

o De 3 até 6 salários mínimos (R$2172,00 a R$4.344,00)

o De 6 até 9 salários mínimos (R$4.344,00 a R$6.516,00)

o Acima de 9 salários mínimos (acima de R$6.516,00) Vínculo com a instituição*

o Professor

o Professor e aluno da instituição

o Aluno de graduação

o Aluno de graduação e participante de iniciação científica

o Aluno de graduação e funcionário da instituição

o Aluno de mestrado

o Aluno de mestrado e participante de projeto de pesquisa

o Aluno de mestrado e funcionário da instiuição

o Aluno de doutorado

o Aluno de doutorado e participante de projeto de pesquisa

o Aluno de doutorado e funcionário da instituição

o Aluno Programa de PHD

o Outro:

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Formação acadêmica *

o Graduação

o Graduação em andamento

o Especialização

o Especialização em andamento

o Mestrado

o Mestrado em andamento

o Doutorado

o Doutorado em andamento

o Pós doutorado Por favor, informe o (s) curso (s) de graduação concluído (s) ou em andamento. Caso possua mais de um curso de graduação informe o nome do mesmo. *

Tem outra graduação? *

o Sim

o Não Conhecimento de idiomas * Inglês

Não Pouco Razoavelmente Bem

Fala

Escreve

Compreende Conhecimento de idiomas *

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Espanhol

Não Pouco Razoavelmente Bem

Fala

Escreve

Compreende Caso tenha conhecimento de uma outra língua, por favor especifique.

Dados Escolares - Educação Infantil*

o Pública

o Privada

o Pública e privada

o Não fez

o Não sabe Dados Escolares - Ensino Fundamental *

o Pública

o Privada

o Pública e privada Dados Escolares - Ensino Médio*

o Pública

o Privada

o Pública e Privada Escolaridade dos pais *

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Pai

o Não sei

o Ensino médio incompleto

o Ensino fundamental completo

o Ensino médio completo

o Ensino superior completo

o Ensino superior incompleto

o Ensino fundamental incompleto Mãe

o Ensino médio incompleto

o Ensino fundamental incompleto

o Ensino superior completo

o Não sei

o Ensino médio completo

o Ensino superior incompleto

o Ensino fundamental completo Caso seu pai tenha curso superior completo, por favor, informe o curso.* Caso seu pai não tenha curso superior completo, por favor, digite o número zero.

Caso sua mãe tenha curso superior completo, por favor, informe o curso. * Caso sua mãe não tenha curso superior completo, por favor, digite o número zero

Qual sua motivação para buscar a universidade? *

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Marque quantas achar necessário

o Perspectiva de melhora econômica

o Ascensão social

o Aprimoramento cultural

o Influência dos pais

o Exigência do mercado

o Influência do professor

o Outro: Com que frequência costuma visitar a biblioteca? *

o Sempre

o Às vezes

o Raramente

o Nunca

o Quando há solicitação do professor

o Outro: Sua última busca científica foi realizada para qual finalidade? *

o Atualização na área de atuação

o Elaboração de trabalho acadêmico

o Elaboração de artigo

o Elaboração de trabalho de conclusão de curso

o Elaboração de monografia

o Elaboração de dissertação

o Elaboração de tese

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o Outro: Conhece banco de dados? *

o Sim

o Não Qual(ais)

Conhece base de dados? *

o Sim

o Não Qual(ais)

Utiliza descritores*

o Sim

o Não

o Não sei o que é Utiliza clusters (filtros)*

o Sim

o Não

o Não sei o que é Já necessitou de auxílio para realizar pesquisa científica? *

o Sim

o Não Se sim, quem o auxiliou? * Marque quantas achar necessário.

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o Bibliotecário

o Docente

o Orientador

o Amigo

o Outro: Na sua opinião, o que poderia ter facilitado esse processo? * Marque quantas achar necessário.

o Informação sobre uso de recursos informacionais

o Orientação dos professores

o Conhecimento sobre pesquisa científica

o Incentivo por parte da biblioteca

o Outro: Quanto a habilidade em realizar busca científica, como se autoavalia? *

o Não tenho conhecimento necessário

o Não sei pesquisar procurar ajuda

o Demoro muito para pesquisar

o Nunca encontro exatamente o que eu preciso

o Consigo encontrar informação mas tenho dúvida sobre a fidedignidade

o Não tenho dificuldade

o Outro:

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119Apêndice C – Manual dialógico

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