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Londrina 2015
JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO EM METODOLOGIAS PARA O ENSINO DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014
Londrina 2015
CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias. Orientadora: Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang.
JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação
Serrano, Justymara Fernanda dos Santos. S498c Capital cultural herdado e sua influência na pesquisa
científica dos usuários da Universidade Norte do Paraná – Unidade Piza, entre os meses de outubro a dezembro de 2014 / Justymara Fernanda dos Santos Serrano. Londrina: [s.n], 2015
136f. Dissertação ( Mestrado Acadêmico em Metodologias
para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias). Univer- sidade Norte do Paraná.
Orientador: Profª. Drª. Bernadete de Lourdes Streisky Strang 1 - Ensino - dissertação de mestrado - UNOPAR 2-
Biblioteca universitária 3- Mediação 4- Fontes Infor- macionais 5- Capital cultural herdado I- Strang, Bernadete de
Loourdes Streisky; orient. II- Universidade Norte do Paraná. CDU 37.2
Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagem e suas Tecnologias, área de concentração em Formação de Professores e ação docente em situações de ensino, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________ Profª Drª Bernadete de Lourdes Streisky Strang
UNOPAR
______________________________________ Profª Drª Samira Fayez Kfouri
UNOPAR
______________________________________ Prof. Drª Lucia Helena Oliveira Silva
UNESP
Londrina, ___ de ____________ de 2015.
JUSTYMARA FERNANDA DOS SANTOS SERRANO
CAPITAL CULTURAL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA CIENTÍFICA DOS USUÁRIOS DA BIBLIOTECA DA
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ – UNIDADE PIZA, ENTRE OS MESES DE OUTUBRO A DEZEMBRO DE 2014
À matriarca da família, minha avó Maria Joana dos Santos (in memorian), meu exemplo de determinação. À minha mãe Mariáh das Dores dos Santos, meu exemplo de persistência, de coragem, de resiliência. Ao meu pai Bernardo Caetano Serrano, meu exemplo de remissão e deferência. Ao meu tio José Antonio (Juka)-in memorian, meu exemplo de diligência. À minha tia Maria Cândida (Lyah), meu exemplo de sapiência. À minha tia Sonia, meu exemplo de obstinação. À minha tia Maria de Lourdes (Lurdinha), meu exemplo de sistematização. Ao meu tio Sérgio (Ejo), meu exemplo de lisura e compromisso. Ao meu esposo Antonio, meu exemplo de tutela e complacência. Ao meu filho Ícaro, meu exemplo de Amor Maior.
AGRADECIMENTOS
Ao Criador, que independente do nome que receba, ilumina meu
caminho e meus propósitos.
À minha “amiga siamesa” Cristielle Suzana Rodrigues de Paula
Camilo, pela força, pelos préstimos, pelos “helps” (principalmente nos finais de
semana) realizados de forma presencial ou através de Skype, Talks, WhatsApp e e-
mail. Enfim, por nunca ter colocado obstáculo nenhum, por sempre estar presente
até virtualmente nas horas em que o desespero aflorava a vontade de abandonar a
jornada. Muito obrigada, minha amiga, muito obrigada mesmo. Sem você, Cris, a
labuta seria por demais tortuosa.
Ao Fernando Camilo de Castro, uma pessoa que aprendi entender e
respeitar, pelo seu jeito de ser e pela generosidade de seu coração.
À professora Bernadete de Lourdes Streisky Strang pela
complacência, por ter me proporcionado novos conhecimentos, pela firmeza pontual
e cordial, pelo privilegio em aceitar orientar meu estudo e tê-la como orientadora.
A Sonia Maria Merlo Pósnik e Eliani Fontana Schilieper,
bibliotecárias responsáveis pela minha iniciação ao mundo cientifico ofertado através
dos bancos e bases de dados.
A Rosana Claudia de Assunção pela amizade, pelo carinho, pelo
auxilio no alinhamento do raciocínio.
À professora Maria Inês Tomael pela atenção.
À professora Lucia Helena Oliveira Silva pelos apontamentos, pela
prontidão, pelo entusiasmo, pela ternura.
À professora Samira Fayez Kfouri pelas considerações, pela
atenção, pela didática, pela polidez.
Á professora Leila Moraes Godoy pelo incentivo, pela confiança,
pelo carinho sempre demonstrado por minha pessoa.
À professora Seila Cibele Sitta Preto por sua gentileza, atenção e
interesse pelo resultado da pesquisa e por oportunizar a ação interdisciplinar através
do projeto UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas.
A Jordan Vicentini, aluno de iniciação científica do projeto UNE
DESIGN-Integração Universidade-Empresas, por aceitar, se empenhar e tornar
físico através do seu trabalho, o produto advindo deste estudo.
Aos participantes da pesquisa, pela confiança, pela disponibilidade e
pelos dados que serviram de base para confirmar minha hipótese.
Aos meus colegas de sala pelo compartilhamento de saberes, pelas
horas que desfrutamos, pelos cafés entre os corredores, onde trocávamos literatura
cinzenta, tão útil e importante para meu desenvolvimento intelectual.
Aos docentes do curso de Mestrado em Metodologias para o Ensino
de Linguagens e suas Tecnologias, pioneiros nessa área, pelos ensinamentos e
informações, novos conhecimentos, aprendizagem e reaprendizagem.
Enfim, a todos que de uma forma ou de outra contribuíram ao longo
da vida para o aprimoramento do meu capital cultural.
[...] meu “destino” não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade. Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas,
consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.
(FREIRE, 1996, p. 53-54).
SERRANO, Justymara Fernanda dos Santos. Capital cultural e sua influência na pesquisa científica nos usuários da biblioteca da Universidade Norte do Paraná – Unidade Piza, entre os meses de outubro a dezembro de 2014. 2015. 136 f. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, UNOPAR, Londrina, 2015.
RESUMO
A qualidade dos produtos científicos está entrelaçada com o uso eficiente dos produtos e serviços ofertados pela biblioteca universitária. A atuação com acadêmicos de graduação, pós-graduação e docentes de diversas áreas, permitiu observar que muitos não encontram ou despendem grande tempo buscando literatura relevante e significativa para seus estudos. Dentre os porquês, destaca-se o desconhecimento tanto da existência quanto do uso eficiente de bancos e bases de dados cientificas. O estudo verificou através de aplicação de questionário em que medida o capital cultural herdado influencia na pesquisa científica em 102 usuários da biblioteca da Universidade Norte do Paraná e percebeu haver influência no uso dessas fontes informacionais .Tendo ciência de que a unidade de informação deva conhecer seu público, suas necessidades e dificuldades informacionais e que deva divulgar sobre seus serviços e importância dentro do contexto acadêmico, buscou-se uma forma de dinamizar e informar aos usuários os seus produtos e serviços, especialmente sobre os bancos e bases de dados por ela assinados. O resultado foi a elaboração de um manual dialógico envolvendo trabalho interdisciplinar através da parceria de um acadêmico do Curso de Desenho Industrial, participante do projeto de extensão UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas, responsável por construir a parte gráfica do material e assim, divulgar os produtos ofertados pela biblioteca, atentando-se às novas características de seus usuários e também aguçar a curiosidade para que o indivíduo conhecesse novas formas e fontes informacionais tendo o bibliotecário como mediador dessa ação.
Palavras-chave: Biblioteca universitária. Mediação. Fontes informacionais. Capital cultural herdado.
SERRANO, Justymara Fernanda dos Santos. Inherited cultural capital and its influence on scientific research in library users of the Universidade Norte do Paraná - Unidade Piza, between the months October to December 2014. 2015. 136 p. Dissertação (Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, UNOPAR, Londrina, 2015.
ABSTRACT
The quality of scientific products is interlaced with the efficient use of products and services offered by the university library. The work with undergraduate students, graduate students, postgraduate students and teachers from different areas allows to observe that many of them can’t find or spend time searching for great relevant and meaningful literature for their studies. Among the reasons, there is ignorance about the existence or the effective use of banks and scientific databases. The study found through a questionnaire to what extent the cultural capital inherited influences in the scientific research of 102 users of the library of Universidade Norte do Paraná and realized there is influence in the use of these informational sources. Aware that the information unit must to know its audience, their needs and informational difficulties, and should disclose its services and importance within the academic context, we sought a way to boost and inform users about its products and services, specially on databanks and databases signed by it. The result was the preparation of a dialogical manual involving interdisciplinary work through a partnership of an Industrial Design Course student that participates in the extension project UNE DESIGN-Integração Universidade-Empresas. He was responsible for doing the graphical part of the material and, so, disclose the products offered by the library, paying attention to the new characteristics of its users and whet the curiosity to the individual knowledge about the new forms and informational sources, with the librarian as a mediator of this action.
Key-words: University library. Mediation. Informational sources. Inherited cultural capital.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados, segundo gênero, faixa etária e
formação, Londrina, 2015 ........................................................................... 76
Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e área do
conhecimento, Londrina, 2015 ................................................................... 77
Tabela 3 – Distribuição dos entrevistados, em relação a frequência de visita à
biblioteca e necessidade de auxílio para pesquisas, Londrina, 2015 ......... 78
Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados, quanto ao conhecimento de banco e
base de dados e utilização de descritores e clusters (filtros), Londrina,
2015............................................................................................................ 80
Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e
de seus pais, Londrina, 2015 ...................................................................... 83
Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados, em relação a área de formação de
seus pais e renda familiar, Londrina, 2015 ................................................. 85
Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e
renda familiar, Londrina, 2015 .................................................................... 87
Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e seu
processo educacional, Londrina, 2015 ....................................................... 90
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12
2 AS BIBLIOTECAS E SUAS ESPECIFICIDADES ...................................... 18
2.1 BIBLIOTECAS NACIONAIS: AS GUARDIÃS DA PRODUÇÃO
INTELECTUAL DE UM PAÍS ...................................................................... 23
2.2 AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS E O LIVRE ACESSO À INFORMAÇÃO ..... 27
2.3 BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E SUA FUNÇÃO PERANTE A
COMUNIDADE ........................................................................................... 31
2.4 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS ....................................................... 33
2.5 AS BIBLIOTECAS ESCOLARES ............................................................... 35
2.6 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS........................................................ 39
2.7 AS ATRIBUIÇÕES INFORMACIONAIS DAS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS ...................................................................................... 42
2.7.1 O Papel do Bibliotecário no Uso de Ferramentas Informacionais .............. 43
2.7.2 Bancos e Bases de Dados: Diferenças e Pecularidades ............................ 44
3 COMPETÊNCIA E COMPORTAMENTO INFORMACIONAL .................... 55
4 SOBRE O CAPITAL CULTURAL .............................................................. 59
5 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................ 65
5.1 UNIVERSO DA PESQUISA ........................................................................ 65
5.1.1 Universidade Norte do Paraná ................................................................... 65
5.1.2 Unidade Piza .............................................................................................. 66
5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................... 69
5.3 CONHECENDO O FUNCIONAMENTO DO SETOR DE
REFERENCIAS .......................................................................................... 72
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 75
6.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ............................................................... 75
6.2 O CONHECIMENTO DE BANCO E BASES DE DADOS,
DESCRITORES E CLUSTERS .................................................................. 79
6.3 FORMAÇÃO DOS RESPONDENTES E DE SEUS PAIS .......................... 82
6.4 FORMAÇÃO DOS PAIS DOS RESPONDENTES E RENDA FAMILIAR ... 84
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 94
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 99
APÊNDICES ............................................................................................ 109
Apêndice A – Recursos de refinamento de pesquisa no motor de busca
Google. ................................................................................ 110
Apêndice B – Questionário ....................................................................... 111
Apêndice C – Manual dialógico ................................................................ 119
12
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de informação varia de indivíduo para indivíduo de
acordo com seu propósito, com a especificidade da tarefa que ele está realizando,
perfil profissional, grupo social, origem demográfica e também de capital cultural,
capital econômico, capital social entre outros.
A práxis de atuação como profissional bibliotecário responsável pelo
serviço de buscas em bases de dados, desde o ano de 2005, em uma instituição
privada de ensino superior e a constante observação de entraves que dificultam a
eficiência no encontro da informação científica, levou à realização de um estudo
direcionado à questão, no intuito de conhecer os diferentes aspectos que envolvem
a busca da informação científica.
A atuação direta com acadêmicos de graduação, pós-graduação e
docentes de diversas áreas permitiu observar que uma expressiva parcela desses
usuários, mesmo conhecendo ferramentas de pesquisa cientifica e tendo razoável
domínio em navegação online em ferramentas como motores de buscas, bibliotecas
de teses e dissertações, diretórios, bases de dados entre outros, não encontra ou
então despende grande tempo buscando documentos relevantes e significativos
para seu estudo.
É possível que essa dificuldade esteja atrelada ao pensamento de
Bianchetti (2011), quando afirma que a realidade atual tende a complicar a
realização do estado da arte sobre um determinado tema, devido ao acesso de
material, pois, diante de tantas fontes o pesquisador é exigido a exercitar o processo
de investigação a fim de que possa apropriar-se do conhecimento que irá contribuir
para elucidar a sua problemática.
Na busca de melhoria do atendimento e mediação da problemática
exposta, o autor deste estudo especializou-se em Metodologia do Ensino Superior
no ano de 2011, com a monografia já voltada a buscar compreender porque os
acadêmicos tinham tanta dificuldade para realizar uma pesquisa corriqueira.
O feedback do estudo, gerado por ocasião da citada especialização,
fomentou o desejo de realizar uma pesquisa de campo. Além disso, trouxe à tona a
necessidade de mediação do profissional bibliotecário e ainda alicerçou o propósito
do estudo, que é o de conhecer as dificuldades que os usuários têm quanto a
pesquisa científica, de modo a sistematizar formas mediadoras de intervenção.
13
O resultado foi a criação de um manual dialógico para direcionar o
usuário quanto ao acesso de fontes informacionais e produtos ofertados pela
biblioteca, que foi o universo do mesmo e, provocar a curiosidade do usuário no
tocante ao conhecimento da existência de fontes de informações científicas de modo
a ampliar seu roll de opções para pesquisa e potencializar a utilização das fontes
informacionais online subsidiando assim o desenvolvimento e a construção de
trabalhos em prol da ciência.
Dentre os domínios do profissional bibliotecário destaca-se o de
elevar o nível de competência informacional do seu usuário e do produto final
resultante das informações que ele tenha obtido, levando-se em conta a sua
necessidade informacional. Essa necessidade é peculiar e variável, como já dito,
está também entrelaçada, especialmente o econômico, o social, o simbólico e o
cultural, sendo o capital econômico composto pelo poder aquisitivo e o capital social
pelas relações sociais. (BOURDIEU, 2005).
Bourdieu (2005) reconhece que o capital simbólico é constituído pelo
prestigio que o indivíduo possui, enquanto o cultural se constrói através da
somatória dos saberes, dos conhecimentos acumulados por nossas experiências ao
longo da vida e dos que herdamos de nossas origens, o que Bourdieu (2005)
denomina como capital cultural herdado. (BOURDIEU, 2005).
A soma da vivência social e histórica do indivíduo acaba por renovar
constantemente o capital social e cultural e permite também que o mesmo agregue
competências e habilidades, a exemplo, na escolha dos canais ou fontes
informacionais e ainda na forma de processar, absorver e usar a informação
encontrada. (BOURDIEU, 1998).
Considera-se que a informação seja vital para o ser vivo e cada
espécie possui particularidades e necessidades informacionais específicas. O
homem, nesse caso em função de sua própria sobrevivência, constantemente
aperfeiçoa suas práticas, seus conhecimentos e sua habilidade em obter
informações.
Para Castells (2011) as formas em conseguir a informação desejada
sofreram mudanças consideráveis a partir das primeiras décadas do século XX.
(CASTELLS, 2011). Esse fato produziu, e ainda produz, efeitos no comportamento
humano, no que diz respeito a busca e uso da informação. O reflexo dessas
mudanças é constatado em unidades de informação, as chamadas bibliotecas.
14
Em alguns casos, as mudanças mais perceptíveis são nas
bibliotecas pertencentes a instituições de ensino superior e de pesquisas, já que o
espaço dessas unidades passou a ter outras formas de acesso à informação e o
acervo já não mais se compõe quase que exclusivamente de material impresso. A
informação distribui-se em várias formas e tipos de suportes, podendo ser
encontrada tanto na forma impressa quanto na virtual.
O surgimento da internet, juntamente com a necessidade de
promover ao usuário uma informação atualizada e de forma rápida, potencializou a
mudança de posturas e práticas na maioria das bibliotecas universitárias. Essas
bibliotecas têm a incumbência de auxiliar no desenvolvimento das pesquisas
científicas da instituição e, por conseguinte, cada vez mais se exige que as
instituições de ensino envolvam em suas práticas pedagógicas a utilização da
tecnologia da informação como um recurso no processo educativo dos alunos.
Sem dúvida, tal uso, em especial o da Internet, é pertinente
enquanto ferramenta educacional, contudo o desafio está em saber lidar com a
informação por ela disponibilizada. O “saber utilizar” e o “para que utilizar” é crucial
frente “a quantidade e a variedade de informações que são veiculadas em diferentes
suportes e meios e o grande número de usuários que buscam essas informações”.
(TONELLO; LUNARDELLI; ALMEIDA JÚNIOR, 2012, p. 22).
Nesse universo de fontes informacionais das mais variadas espécies
nas bibliotecas universitárias, já não é mais novidade a oferta de serviços online
para atendimento de dúvidas quanto a normalização, confecção de ficha
catalográfica, entre outros processos técnicos, como adoção e uso de recursos
eletrônicos como meio de incrementar seu acervo físico e renovar suas fontes
informacionais.
Segundo Souza e Gamba Junior (2002) a revolução tecnológica nos
desafia a compreender o surgimento de uma nova cultura, que por sua vez
evidencia a necessidade de adaptarmo-nos a novos modos de pensar, ver,
interpretar e também aprender.
A pesquisa científica exige do indivíduo tanto competência
informacional, quanto capital cultural para que possa elaborar de forma lógica um
roteiro ou plano de pesquisa. Seu desenvolvimento sustenta-se através do uso
eficiente dos instrumentos informacionais como os existentes em bibliotecas, centros
de documentação, sistemas de informação entre outros.
15
Tem-se observado que os alunos do ensino fundamental e médio,
em muitas instituições de ensino, não tem oportunidade ou não são incentivados ao
uso e frequência da biblioteca, especialmente as escolares, justamente e por conta
dos novos instrumentos como a internet, que por sua vez disponibiliza buscadores
online que fornecem informações das mais variadas espécies e qualidades, o
indivíduo chega ao ensino superior sem o habito de frequentar bibliotecas e, nesse
caso, caberá a universidade capacitá-lo a não apenas frequentar, mas também a
usar seus recursos informacionais e serviços que dispõe a seus usuários.
Uma das principais pontes para que ocorra essa capacitação é o
bibliotecário, um profissional liberal que atua nas mais diversas áreas do
conhecimento e está qualificado para acompanhar e apoiar o desenvolvimento
científico e tecnológico por meio de ações diversas, participando do processo
educacional do indivíduo enquanto cidadão.
No tocante a sua atribuição em bibliotecas universitárias, esse
profissional deve apoiar e dar suporte informacional a pesquisadores, docentes,
estudantes, enfim, ao público em geral, seja exercendo atividades técnicas como
indexação, normatização, catalogação e classificação da informação, seja
atendendo as demandas e solicitações do usuário no tocante à pesquisa. E ao
atendê-lo, o bibliotecário deve considerar três pontos extremamente importantes,
sendo eles:
Cada usuário depende de apoio informacional específico;
As atividades executadas por esse profissional devem ser
iguais para todos, independente da condição de docente ou
de aluno;
É crucial que o bibliotecário esteja atento e perceba o
patamar do conhecimento do usuário que está atendendo.
Infere-se que a habilidade de pesquisa vai se depurando à medida
que reunimos conhecimento, por isso cabe às instituições de ensino e seus
profissionais estimular o aluno, independente do grau do processo de ensino que se
encontra, a realizar e encantar-se pela pesquisa para que sejam potencializados o
desejar saber, o querer descobrir, o aspirar, o investigar e o ambicionar encontrar.
Após o encontrar, seja o aluno instigado a realizar o exercício mental necessário
para que se aproprie da informação encontrada, a fim de que essa apropriação se
transforme em um novo conhecimento.
16
Com pesar, o que se tem observado é o inverso. A grande maioria
dos alunos ingressa em cursos superiores sem tal habilidade, justamente quando a
necessidade de produção cientifica, pesquisa, realização de busca bibliográfica em
banco e bases de dados é inerente à sua condição de pesquisador, ou ao menos
deveria ser.
A maioria embasa suas pesquisas em motores de busca, a exemplo
o Google, considerado atualmente como o “oráculo” das indagações, uma vez que
responde a milhões de perguntas diárias realizadas através da internet por usuários
de todas as partes do mundo. Entretanto, em muitas ocasiões a resposta advinda
não possui fidedignidade, uma vez que “tudo pode entrar em relação com tudo: o continuum semiótico [...] o resultado de busca, ou a própria busca, pode aparecer
sob várias linguagens, imagens, textos, músicas [...]” (MONTEIRO, 2006, p. 35, grifo
do autor) e ainda, as informações não passam por um crivo de contextualização que
valide a sua confiabilidade.
Não se deseja desmerecer a utilização desse recurso, ao contrário,
tem-se a consciência de que ele é um instrumento que muito pode auxiliar o
pesquisador por fazer varreduras em infinitas fontes, mas seu uso requer também,
dentro do contexto científico, conhecimento sobre a forma de filtrar a informação e
refinar a pesquisa. Um dos exemplos é a utilização das aspas, dois pontos, sinal de
menos, a utilização de ferramentas proporcionadas pela própria busca avançada
dispostas no Google, entre outras, conforme exemplificado no apêndice A.
Cada qual possui uma finalidade e contribui para que o êxito na
pesquisa seja mais rápido, eficaz e eficiente. Porém, o uso do Google ou qualquer
outro motor de busca, como Yahoo, Cadê, entre outros não dispensa a necessidade
de uso de bancos e bases de dados, uma vez que são apenas instrumentos que
podem auxiliar no tocante a informação desejada.
A falta de conhecimento da forma de realizar uma busca bibliográfica
nos recursos online como meio de subsidiar a pesquisa científica, parece ser mais
intenso em períodos nos quais o currículo exige a produção de trabalho de
conclusão de curso, monografia, dissertação ou tese ou a elaboração de artigo
científico, pois a produção deve contemplar as exigências da banca examinadora ou
então da equipe editorial.
Tendo em vista tal realidade, o presente estudo teve como um dos
objetivos verificar em que medida o capital cultural herdado influencia no sucesso
17
em relação a busca de informação em bancos e bases de dados virtuais. Objetivou
também identificar possíveis dificuldades dos usuários em relação a busca online. E
por meio dos resultados apresenta como proposta um mecanismo de mediação
simples, prático e dialógico a ser utilizado como meio de auxilio no encontro de
fontes informacionais ou produtos ofertados pela biblioteca, universo deste estudo, e
ainda servir como um informativo para que o usuário tenha conhecimento de outras
fontes fidedignas, que podem e devem ser utilizadas para obtenção de informação
em suas pesquisas científicas.
18
2 AS BIBLIOTECAS E SUAS ESPECIFICIDADES
O termo biblioteca tem suas origens da palavra grega bibliotheke
(junção de biblio - livros e tëke - depósito) ou seja, depósito de livros.
A história da biblioteca é a história do registro da informação, sendo impossível destacá-la de um conjunto mais amplo: a própria história do homem. Na medida da produção do registro informativo, o homem engendrou sistemas- tão rudimentares quanto a informação registrada – para não dispersá-la. Era preciso reter a informação sobre algum suporte concreto: consequentemente, tornou-se imprescindível a preservação desses suportes- os documentos – bem como a organização deles. (MILANESI, 1985, p. 16).
Desde seu surgimento até a Renascença, esse “local sagrado” era
de acesso restrito basicamente ao clero e a alguns privilegiados, pertencentes a uma
ordem religiosa que fosse relevante na época, ou seja, a informação contida nos
manuscritos e livros era restrita apenas a esses grupos. (MARTINS, 2001).
Um exemplo é o romance de Umberto Eco denominado “O nome da
Rosa”, no qual o autor mostra que o caminho até a biblioteca do monastério era
difícil, restrito e secreto. As bibliotecas, até época da Renascença, não se
encontravam abertas aos profanos, apenas aos que faziam parte de ordem ou corpo
religioso sagrado. (ECO, 2011). A biblioteca nesse caso cumpria a origem de sua
palavra, isto é, um depósito de livros. Esse estigma ainda perdura bem mais tênue
que outrora, sem dúvidas, mas não é difícil em nossa realidade atual encontrar
depósito de livros em formato de biblioteca.
Por sua vez, o livro era um mistério, um objeto de poderes maléficos
aos não iniciados e exigia que seu manuseio fosse restrito apenas aos que
possuíam conhecimento exorcismatórios. Martins (2001) considera que as
bibliotecas são anteriores aos livros e também manuscritos, sendo que as bibliotecas
medievais foram prolongamentos das bibliotecas antigas.
A mais famosa biblioteca do mundo foi a de Alexandria. Há indícios
históricos de que ela possuía mais de setecentos mil volumes, muitos deles únicos e
que desapareceram com ela, após vários incêndios ainda na antiguidade. Nela
setenta sábios transcreveram e traduziram os livros sagrados de Hebreus para o
grego, recebendo o nome de “Versão dos Setenta”, também chamado de
Septuaginta (CAMPOS, 2014), considerado um dos maiores acontecimentos
19
históricos por permitir a propagação do judaísmo entre os gentios e o
estabelecimento do cristianismo.
Fernández (1998) considera a destruição da biblioteca de Alexandria
uma perda irreparável para toda a humanidade e cita três hipóteses sobre a
genealogia do feitor do crime, ou seja, romana, cristã ou muçulmana. Independente
de quem tenha sido o responsável, o destino da biblioteca de Alexandria é um tema
que fascina investigadores e leitores através dos tempos.
Ao longo da Idade Média ocorreram criações históricas que
influenciaram a história universal, entre elas destacam-se a criação das bibliotecas
monacais, a criação das universidades (século XIII) e com elas as suas bibliotecas, e
a criação de bibliotecas particulares. Nos mosteiros, havia as mais variadas formas
de estantes de leitura que permitiam o manuseio dos in-folios medievais, mesmo
assim poucos eram os privilegiados a ter acesso a esses documentos, levando-nos
a considerar que a informação era vetada nessa época. (MARTINS, 2001).
O aparecimento das universidades é considerado por Le Goff (2012)
o grande acontecimento medieval, uma vez que decidiram o destino de toda uma
civilização e também dos livros. As bibliotecas se laicizaram, marcando então a
evolução da cultura ocidental, sendo a biblioteca da Universidade de Oxford,
chamada “Bodleiana”, um dos exemplos.
No Brasil, segundo Moraes (1979), há escassez documentária sobre
a existência de livros na primeira metade do século XVI. O autor lamenta a falta de
documentos e de pesquisas sobre esse tema e infere que apenas resta por hora
pensar que “os rudes colonos que demandavam ao Brasil estavam mais
preocupados em formar lavouras e cortar pau Brasil do que ler e estudar”.
Entretanto, vários relatos históricos apontam que com a chegada da família real no
Brasil, cujos pertences vieram em inúmeras embarcações, trouxe não apenas
mobília, mas também a biblioteca pessoal de D. João XI, acervo, aliás, em parte
ainda existente na Biblioteca Nacional. (MORAES, 1979, p. 1).
As primeiras bibliotecas que se instalaram foram as escolares, nos
colégios da Companhia de Jesus, no século XVI. Tais bibliotecas eram organizadas
pelos jesuítas. Os sacerdotes em suas missivas demonstravam a necessidade não
só de livros, mas também de bibliotecários. Assim sendo, Fonseca (1979, p. 13)
relata:
20
[...] breviários, bíblias, livros litúrgicos, obras teológicas se misturavam com textos didáticos para o ensino do Latim nos acervos dessas primeiras bibliotecas [...] Acervos também enriquecidos com os clássicos latinos e portugueses [...] a necessidade de bibliotecários começou a se fazer sentir [...].
Além dos conhecidos jesuítas, os conventos dos Capuchinhos,
Franciscanos, Oratorianos, Carmelitas, Mercedários e Beneditinos também
possuíam em seus conventos importantes bibliotecas. Esse fato faz lembrar um
provérbio conhecido no Brasil, que diz que convento sem biblioteca é como quartel
sem arma, que em latim lê-se “claustrum sine armanio, quase castrum sine
armamentario”. (MARTINS, 2001, p. 82).
A biblioteca do colégio Santo Alexandre do Pará, no ano de 1760
possuía mais de 2000 volumes e a do Colégio da Vigia, 1010. Em meados do século
XVIII, a biblioteca do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro possuía 5434 volumes.
Entretanto, a que mais se destacava e a mais rica de todas era a de
Salvador. O teto de uma de suas salas é considerado por Moraes (1979) como uma
das mais belas joias da cultura brasileira, por lá encontrar-se a iconografia Sapientia
aedificavit sibi domum, expressão latina que significa “A sabedoria edificou a sua
casa”. Essa é uma obra é iconografia, tida como uma das mais preciosas
representações da pintura barroca brasileira.
O bibliotecário Irmão Antonio da Costa, do Colégio Jesuíta do Rio de
Janeiro, falecido no ano de 1722, catalogou as obras das bibliotecas brasileiras por
autor e assunto, criando o primeiro catálogo brasileiro de obras existentes, sendo
considerado bem mais que um simples guardião de livros. (MORAES, 1979).
Os jesuítas enriqueciam suas bibliotecas tanto para suas
necessidades pessoais quanto pelas responsabilidades que possuíam nos
seminários e colégios, visto que possuíam alunos que se encontravam desde a fase
de alfabetização até os que cursavam Filosofia.
A compra dos livros, em muitas ocasiões era resultado das vendas
dos produtos das fazendas dos próprios jesuítas, como cacau e cravo, e também
dos remédios fabricados em suas boticas, além dos muitos livros que Portugal e
Itália lhes encaminhavam. Os sacerdotes também compravam de pessoas que, por
ocasião do retorno aos seus países de origem, acabavam vendendo seus acervos a
fim de não pagar frete de excesso de bagagem.
A título de exemplo, no ano de 1720, um ouvidor-geral que se
21
encontrava no estado do Pará, estando de partida para o reino português, vendeu
aos jesuítas 100 livros por 600 mil réis.
As bibliotecas jesuíticas possuíam acervo de nível universitário,
disponíveis aos alunos e padres, mas também a visitantes que solicitavam conhecê-
las. Os acervos nas áreas de filosofia e religião era de uma riqueza incontestável.
Havia também livros de extrema valia nas áreas de história, geografia, estudos da
língua latina e ainda grandes edições de livros de literatura.
O Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro arrolava 110 tomos de
gramáticas com respectivos dicionários. A medicina também estava bem
representada. Os jesuítas eram os únicos médicos na época da colônia e suas
boticas instaladas nos colégios eram as melhores.
Com a expulsão da Companhia de Jesus em 1759, no contexto das
políticas educativas do Marques de Pombal, as bibliotecas sofreram um golpe
terrível. Os livros retirados dos colégios foram depositados, ou melhor, amontoados
em lugares insalubres por anos, uma ou outra obra foi arrematada pelos bispados,
poucas enviadas para Lisboa e “a quase totalidade foi dilapidada, roubada ou
vendida como papel velho a boticários para embrulhar unguentos”. (MORAES, 1979,
p. 6).
Em virtude do abandono, a sala da livraria dos jesuítas na cidade de
Salvador ficou em estado lastimável, sendo restaurada no ano de 1811 para poder
alojar a Biblioteca Pública da Bahia e, segundo Suaiden (1995), a iniciativa não
partiu do governo e sim dos cidadãos.
Já a livraria do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro ficou abandonada
até o ano de 1775, quando Manoel Francisco da Silva e Veiga, Desembargador da
Relação (posteriormente Desembargador do Porto) e sócio da Academia de
Ciências, encabeçou um movimento para sua restauração. Manoel Francisco da
Silva e Veiga era reconhecido por ser culto e dado às letras, sendo ele que
denunciou ao Vice Rei, Marquês de Lavradio, o péssimo estado de conservação da
livraria.
Tendo em vista a presente situação, o Vice-Rei baixou uma portaria
determinando:
[...] que do Desembargador dos agravos e intendente geral do confisco feito aos denominados jesuítas o Doutor Manoel de Albuquerque e Mello, assessorado por dois mestres livreiros “de
22
melhor nota e sciencia” Pedro da Silva Torres e Manoel Francisco Gomes acompanhados do escrivão Antonio Machado Freire, avaliassem os livros que estavam no Colégio “e o que mais existisse por fora”. (MORAES, 1979, p. 7).
Ainda, por determinação do Vice-Rei, foram entregues ao bispo da
diocese do Rio de Janeiro as obras de “Doutrina e disciplina eclesiastica”. O
desembargador João Antonio Salter de Mendonça também recebeu algumas obras
do acervo da livraria do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro. Outras obras foram
entregues a mando do Vice-Rei para pessoas capazes de conservar “em limpeza e
darem conta delles”. (MORAES, 1979, p. 7). Já os livros proibidos foram enviados a
Lisboa aos cuidados do Juiz da Inconfidência. (MORAES, 1979).
A avaliação das obras da livraria do Colégio Jesuíta da cidade do
Rio de Janeiro arrolou 4701 volumes, muitas obras erroneamente julgadas como
sendo de pouco valor, destacando-se os 34 tomos de Lógicas, Coimbrenses, “Plato,
Opera” entre outros.
Dentre as obras proibidas, destaca-se que a maioria delas era de
autoria de padres jesuítas. Esses livros contavam a história dos feitos da Companhia
de Jesus, a exemplo: A vida do Padre Anchieta e Chronica da Companhia de Jesus,
de autoria do padre Simão de Vasconcelos, Gloriosa corôa, de Bartolomeu
Guerreiro, Brasília Pontifícia, de Simão Marques, Imagem da Virtude e Synopsis
annalium S. J. in Lusitânia, cujo autor era Antonio Franco. (MORAES, 1979).
Os livros de teologia e de filosofia também foram classificados como
proibidos, dentre eles as obras de Juan Luis Vives, destacado humanista espanhol,
autor de “Diálogos sobre La Educácion”, “Introduccion a La Sabiduria” entre outros.
Ressalta-se ainda, que a obra “A Vida do Venerável padre Beuchior
de Pontes da Companhia de Jesus”, escrito por Manoel da Fonseca, foi confiscada
por determinação da Mesa Sensória em 10 de junho de 1771 e desapareceu. Ela
não foi remitida a Lisboa, nem constava na lista dos avaliadores. (MORAES, 1979).
Sabe-se que a mitra do Rio de Janeiro ficou com um bom acervo,
todavia o tempo, aliado à falta de zelo e à negligência, aos poucos dizimou a livraria
repassada ao bispo da arquidiocese da época.
Há relatos de que antes do ano de 1945, o padre Serafim Leite ainda
pôde avistar no Palácio São Joaquim, localizado no bairro da Glória, na cidade do
Rio de Janeiro, livros onde se podia ler em nota manuscrita a seguinte frase
23
“pertence à Livraria Pública do Collº do Rio de Janeiro”. (MORAES, 1979).
Infelizmente as bibliotecas jesuíticas do Brasil exerceram, de fato e
com pesar, ao pé da letra a frase “Pro captu lectoris habent sua fata libelli”,
literalmente traduzido como “o destino dos livros acontece segundo as capacidades
e possibilidades do leitor”.
2.1 BIBLIOTECAS NACIONAIS: AS GUARDIÃS DA PRODUÇÃO INTELECTUAL
DE UM PAÍS
As Bibliotecas Nacionais são responsáveis pela memória
bibliográfica de um país. Elas possuem a incumbência de guarda e registro de toda
produção intelectual nacional, assim como são responsáveis por disponibilizar seu
acervo aos pesquisadores. Esse tipo de biblioteca tem como foco a defesa do
patrimônio documental do seu país, especialmente porque agrega ao seu acervo
importantes obras e documentos produzidos ao longo da história mundial.
A Biblioteca Nacional do Brasil tem sua sede na cidade do Rio de
Janeiro e é considerada pela UNESCO como uma das dez maiores bibliotecas
nacionais do mundo e a maior da América Latina. Seu acervo está calculado em
cerca de nove milhões de itens. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2014).
A origem desse patrimônio histórico cultural está intrinsecamente
ligado à Biblioteca Real. Em razão da pressão das tropas napoleônicas na Europa,
em 29 de novembro de 1807 a família real portuguesa embarcou com destino ao
Brasil. D. João VI trouxe consigo da Biblioteca Real o primeiro lote (de um total de
três) com aproximadamente sessenta mil peças, entre mapas, livros, moedas,
medalhas, estampas, manuscritos, entre outros. O segundo lote contendo duzentas
e trinta caixas aportou em meados do ano de 1810; já o terceiro lote nunca chegou a
ser encaminhado para cá, possivelmente graças ao fato de que Portugal já não
sofria com ameaças externas. (CUNHA, 1981).
A coleção foi acomodada em uma sala cedida pelo Hospital do
Convento da Ordem Terceira do Carmo, localizado na Rua Direita, hoje Rua
Primeiro de Março, na cidade do Rio de Janeiro. Em 29 de outubro de 1810, um
decreto do Príncipe Regente determinou que o prédio que servia aos religiosos do
Carmo passasse a acomodar também a Real Biblioteca. Assim, essa data ficou
conhecida como a data da fundação da Biblioteca Nacional. Ressalta-se que o
24
público só teve acesso à biblioteca a partir do ano de 1814. (FUNDAÇÃO
BIBLIOTECA NACIONAL, 2014).
Dentre as características que diferenciam a Biblioteca Nacional de
uma biblioteca pública, destaca-se que a Nacional é beneficiária do Instituto do
Depósito Legal e tem composição estrutural para realizar compras - tanto em
território nacional quanto no exterior - de material bibliográfico, a fim de alimentar
seu acervo de obras estrangeiras que tenham interesse para o país. Além disso, A
BN é um centro nacional de permuta bibliográfica em níveis nacional e internacional
e como tal, elabora e divulga a bibliografia brasileira corrente, através de catálogos.
Esses catálogos, antes impressos, com o avanço das tecnologias, passaram a ser
disponibilizados online, no Portal Institucional cujo endereço é www.bn.br.
Através da Lei de Depósito Legal, a Biblioteca Nacional assegura
que lhe sejam remetidas todas as publicações realizadas em território nacional. Além
de ser responsável pela guarda e difusão da produção intelectual brasileira, a BN
preserva e reúne as coleções da memória nacional, tanto às produções
bibliográficas quanto as musicais. Alguns tipos de publicações são isentas da
obrigatoriedade de depósito, são elas: trabalhos acadêmicos (monografias,
dissertações e teses), visto que essas são de responsabilidade das instituições de
ensino superior, tanto no que se refere a guarda quanto ao tratamento do acervo;
publicações com fins publicitários e cartazes de propaganda; calendários;
cadernetas escolares; agendas; recortes de jornais; convites; folders; obras não
editadas (prelo), publicações fotocopiadas de originais já publicados. (BRASIL,
2004).
A Biblioteca Nacional já esteve subordinada ao Ministério do Interior
e Justiça, depois ao Ministério da Educação e Saúde. Após o desmembramento dos
Ministérios integrou-se ao Ministério da Educação e Cultura. Em 1981, o órgão
passou fazer parte da Fundação Nacional Pró-Memória. Em 1984, passou a
constituir a Fundação Nacional Pró-Leitura, juntamente com o Instituto Nacional do
Livro.
Uma nova reforma administrativa foi realizada no ano de 1990,
quando a Biblioteca Nacional, a biblioteca Euclides da Cunha, (localizada no do Rio
de Janeiro e subordinada à Biblioteca Nacional), o Instituto Nacional do Livro e sua
Biblioteca Demonstrativa (localizada em Brasília) passaram a constituir a Fundação
Biblioteca Nacional (FBN). Dentre as suas atividades destacam-se
25
[...] adquirir, preservar e difundir os registros da memória bibliográfica e documental nacional; promover a difusão do livro e incentivar a criação literária nacional, no País e no exterior, em colaboração com as instituições com esta finalidade; atuar como centro referencial de informações bibliográficas; registrar obras intelectuais e averbar a cessão dos direitos patrimoniais do autor; incentivar a implantação de serviços bibliotecários em todo o território nacional; manter atualizado o cadastro de todas as bibliotecas brasileiras; elaborar e divulgar a bibliografia nacional; subsidiar a formulação de políticas e diretrizes voltadas para a produção e o amplo acesso ao livro; promover a efetivação da democratização do acesso ao livro, a formação leitora, a valorização da leitura e da literatura brasileira e o fomento das cadeias criativa e produtiva do livro; promover e divulgar autores e livros brasileiros no exterior, através de participação em feiras internacionais de livros e concessão de bolsas de apoio à tradução de escritores brasileiros à editoras e tradutores estrangeiros. (BRASIL, 2012).
De acordo com o estatuto da Biblioteca Nacional vigorado por meio
do Decreto nº 7.748, de 6 de junho de 2012, a instituição se constitui de:
I - órgão de direção superior: Diretoria Colegiada; II - órgão de assistência direta e imediata ao Presidente: Gabinete; III - órgãos seccionais: a) Procuradoria Federal; b) Auditoria Interna; e c) Coordenação-Geral de Planejamento e Administração; IV - órgãos específicos singulares: a) Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas; b) Centro Internacional do Livro; c) Centro de Processos Técnicos; d) Centro de Referência e Difusão; e) Centro de Pesquisa e Editoração; f) Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles; e g) Biblioteca Euclides da Cunha. (BRASIL, 2012).
Tendo em vista a necessidade de preservar a memória bibliográfica
e documental do País, a reprodução do acervo da Biblioteca Nacional reserva-se
para fins de pesquisa, cabendo aos usuários acatar as regras a seguir:
- Conduta: são sujeitos a suspensão os leitores cuja conduta
seja imprópria, que representar perigo o acervo ou
desrespeitar os funcionários da instituição;
- Pertences: o usuário deverá deixar na portaria (sem que haja
responsabilidade por valores) durante o período de
permanência bolsas, pastas, volumes, bem como todo tipo
de material que possam serem entendidos como parte o
26
acervo da biblioteca a exemplo, livros, periódicos, materiais
iconográficos e/ou materiais similares.
- Permanência: o usuário não poderá exceder a 9 horas
consecutivas de permanência na Biblioteca Nacional, após
esse período o material será recolhido ao Almoxarifado;
- Restrição de uso de material: proibido uso de canetas
esferográficas e à tinta e também lápis de cor independente
do tipo;
- Ausência: o material será recolhido caso o usuário se
ausente durante o horário de consulta na Biblioteca;
- Restrição de circulação: o acesso e circulação dos usuários
restringe-se exclusivamente aos 2oe 3oandares. Sendo
proibida sua permanecia no térreo e 4º e 5º andares do
prédio da instituição;
- Saída de materiais: a saída do acervo da Biblioteca Nacional
de livros, manuscritos, periódicos, material iconográfico e
musical, gravuras, mapas ou qualquer peça patrimonial é
expressamente proibido, exceto em casos de intercâmbio
cultural. Para isso, antecipadamente deverão ser obtidas as
necessárias autorizações em formulário próprio;
- Segurança: caso necessário os vigilantes em serviço
poderão vistoriar pastas, bolsas e volumes de posse de
pessoas que circulem no Edifício. Além disso, cabe a eles a
competência de zelar pelo silencio nas áreas comuns do
prédio;
- Pesquisa: caso necessário após comprovada a pesquisa o
usuário poderá requisitar cópia em microfilme ou
eletrostática, através de requisição e pagamento
antecipados. Tanto a microfilmagem quanto a cópia
eletrostática são autorizadas para todo o acervo, desde que
se respeitem os casos identificados nas Normas Gerais;
- Prevenção e conservação do acervo: quanto ao seu estado
geral do seu estado físico as obras esteja microfilmado, será
permitida a consulta em máquinas leitoras de microfilme ou a
27
reprodução do próprio microfilme; Fotografia e filmagem:
somente autorizadas mediante solicitação formal do usuário,
em formulário próprio, com o mínimo de 24 horas de
antecedência;
- Regulamento e normas: os usuários devem conhecer e
cumprir tanto o regulamento quanto as normas disponíveis
no Serviço de Informação e Cadastro e em cada Sala de
Leitura das Coleções Especiais. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA
NACIONAL, 2014).
Essas regras têm a incumbência de auxiliar a Biblioteca Nacional a
preservar seu acervo, pois muitos exemplares são raros e únicos, necessitam de
cuidados especiais, manuseio adequado e guarda com os devidos protocolos de
conservação.
2.2 AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS E O LIVRE ACESSO A INFORMAÇÃO
No ano de 1982, em decorrência da elaboração da Declaração de
Caracas sobre a biblioteca pública, os especialistas que se encontravam reunidos na
capital da Venezuela chegaram à conclusão de que a biblioteca pública deve
assegurar a todos o livre acesso à informação, independente das formas de sua
apresentação. Do mesmo modo, deve ampliar, atualizar e representar o universo do
pensamento humano, assim como suas ideias e suas formas de expressão, para
que se situem em seu meio histórico, político, socioeconômico e cultural. É de seu
trato também estimular a população quanto sua participação na transformação social
e participação da vida democrática. Deve também promover, resgatar, difundir e
compreender as culturas nacionais autóctones e minoritárias, de forma a contribuir
na construção da identidade nacional e no respeito por outras culturas.
Cabe à biblioteca pública a atribuição de formar leitores críticos e
habilidosos, para que esses possam extrair da leitura, experiências gratificantes de
modo que possam desempenhar ativamente seu papel na sociedade. Além disso, as
bibliotecas públicas devem apoiar a educação permanente, independente do nível
de ensino e da estrutura formal ou informal. É também seu papel enfatizar a
erradicação do analfabetismo, prestar assistência para crianças, jovens e leitores
necessitados socialmente e inválidos. Para melhor cumprir seu papel social, as
28
bibliotecas públicas precisam se estender para unidades carcerárias.
Vê-se assim que a Declaração de Caracas prezou pela formação
sociocultural do indivíduo, pelo desenvolvimento do hábito de leitura e enfatizou a
relevância da biblioteca pública no que se refere à informação, disseminação e
divulgação da cultura.
Países que já passaram pelo processo de desenvolvimento, os
chamados países desenvolvidos, têm na biblioteca pública uma instituição de
prestação de serviço à comunidade, um ponto de encontro onde se pode debater
sobre a participação econômica, política, cultural, além de possibilitar informações
práticas de que o público necessita. Nos países em desenvolvimento, as bibliotecas
públicas, em sua grande maioria, estão invisíveis aos olhos da comunidade,
principalmente pela falta de aproximação com a população e pela carência de
serviços de extensão. (SUAIDEN, 1995).
As bibliotecas públicas podem estar vinculadas ao governo estadual
ou municipal, sendo por eles mantidas. Independente da questão administrativa, seu
objetivo é servir a comunidade de modo coletivo. Ela é um centro de informações da
comunidade, no qual sua principal função é informar e ser um espaço público aberto
a todos os indivíduos. O trabalho informativo advém de inúmeras fontes, como livros,
revistas, jornais, material multimídia, fotos, gravuras, entre outras. Dentre os autores
que escreveram sobre o surgimento das bibliotecas públicas destaca-se a citação de
Almeida Júnior (2003, p. 66):
A biblioteca pública surge na segunda metade do século XIX, nos Estados Unidos e Inglaterra, tendo o ano de 1850 como marco histórico desse fato. As características dessa biblioteca, que a diferenciavam das anteriores, podem ser divididas em três grandes aspectos: mantida integralmente pelo estado; com funções específicas e com a intenção de atender toda a sociedade.
A primeira biblioteca pública, tanto da América Latina quanto do
Brasil, foi instalada na cidade de Salvador, no estado da Bahia, em 13 de maio de
1811, idealizada por Pedro Gomes Ferrão Castello Branco e Dom Marcos de
Noronha e Britto, este último possuía o título de 8º conde dos Arcos sendo também
governador da Capitania da Bahia.
Pedro Ferrão queria que a biblioteca ocupasse uma casa ampla, de
modo a abrigar confortavelmente os livros e usuários. O local escolhido foi a antiga
29
livraria do Colégio dos Jesuítas que ficava acima da sacristia da igreja, atualmente
Catedral Basílica, localizada na Freguesia da Sé, na cidade de Salvador.
Inicialmente dispunha de um acervo de 3000 volumes, grande parte
deles em francês, visto que Pedro Ferrão disponibilizou toda a sua biblioteca
particular, além de receber doações de Alexandre Gomes Castello Branco e Padre
Agostinho Gomes. (SOARES et al., 2011).
Desde sua fundação, a Biblioteca Pública da Bahia buscou cumprir o
seu papel: ser um fio condutor da intelectualidade e do desenvolvimento da
sociedade, tanto que em 1859 a instituição ampliou seu horário de atendimento
abrindo suas portas das 9 as 14 h e das 17 as 21h, por meio da Lei nº 727 de 1858.
(SOARES et al., 2011).
De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (2014) o
Brasil possui 6.062 bibliotecas públicas que se subdividem em municipais, distritais,
estaduais e federais, e se encontram espalhadas nos 26 estados brasileiros e no
Distrito Federal, estando assim subdivididas:
- 5.984 bibliotecas públicas municipais;
- 3 bibliotecas públicas federais;
- 45 bibliotecas públicas estaduais;
- 30 bibliotecas públicas distritais.
No ano de 2004, por meio do Programa Livro Aberto, foi criado um
movimento em prol da ampliação do número e da modernização das bibliotecas
públicas. Entre o ano de 2004 a 2011, o referido programa conseguiu modernizar
682 bibliotecas e criar outras 1.705. Graças ao contrato de comodato firmado entre a
Prefeitura beneficiada e a Fundação Biblioteca Nacional, as bibliotecas foram
agraciadas com acervo, equipamentos tecnológicos e mobiliários adequados
(SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS, 2014).
O objetivo da biblioteca pública é melhorar a qualidade de vida de
sua comunidade, despertar no indivíduo o hábito e o prazer da leitura, sendo a base
fundamental do sistema educacional e cultural. Dentre os tipos de bibliotecas, a
pública é a que agrupa características específicas de uma instituição social, dada a
imensidade de sua abrangência, a amplitude de seu campo de ação e a diversidade
de seus clientes e também de seu acervo. (SUAIDEN, 1995).
Para ser útil à sociedade, a biblioteca deve ser de fácil acesso e
aberta sem nenhuma distinção. Sua coleção e serviços ofertados devem estar
30
isentos de qualquer tipo de censura, seja ela política, ideológica, religiosa ou
comercial. Segundo a Unesco (1994) a missão da biblioteca pública está
intimamente ligada à informação, à alfabetização, à educação e à cultura, dentre as
quais destacam-se 12 missões. São elas:
- Criar e fortalecer os hábitos de leitura nas crianças, desde a
primeira infância;
- Apoiar a educação individual e a autoformação, assim como
a educação formal a todos os níveis;
- Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma
criativa;
- Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos
jovens;
- Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço
pelas artes e pelas realizações e inovações científicas;
- Possibilitar o acesso a todas as formas de expressão cultural
das artes do espetáculo;
- Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural;
- Apoiar a tradição oral;
- Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de
informação da comunidade local;
- Proporcionar serviços de informação adequados às
empresas locais, associações e grupos de interesse;
- Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a
informação e a informática;
- Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e
atividades de alfabetização para os diferentes grupos etários.
Uma biblioteca pública tem muitas funções. Todavia, quatro delas
são as mais relevantes, ou seja, as funções de caráter informacional, recreativo,
educacional e cultural.
Vários são os fatores que dificultam o desenvolvimento,
aperfeiçoamento e serviços das bibliotecas públicas brasileiras, dentre eles Suaiden
(1995) aponta a falta de conscientização dos governos municipais quanto a sua
importância para o desenvolvimento sociocultural da comunidade. Com isso, os
recursos econômicos destinados às bibliotecas são insuficientes ou, como o próprio
31
autor afirma, ridículos.
A situação das bibliotecas públicas, na sua maioria, é precária.
Ribeiro (2013) fez sua pesquisa com 271 bibliotecas públicas e concluiu que, além
de mal distribuídas pelo território brasileiro, tanto em nível geográfico quanto
populacional, são estruturalmente inadequadas. As demandas de apoio financeiro,
material e humano dessas bibliotecas são altas e carecem de soluções efetivas para
cumprirem sua função social.
A solução, segundo Ribeiro (2013), num país como o Brasil, onde
não existe uma cultura de valorização da informação, resume-se a duas linhas de
ação: a de natureza política e a de natureza educativa. Não se vislumbra outro modo
de ação para que o papel de fomento ao desenvolvimento intelectual da nação seja
cumprido. E que a biblioteca pública realmente passe a atuar e desenvolver ações
que a elas compete.
2.3 BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E SUA FUNÇÃO PERANTE A COMUNIDADE
As bibliotecas comunitárias visam a promover o acesso ao
conhecimento, ao estímulo da leitura e de atividades recreativas, culturais e
informativas. Geralmente enfatizam questões do cotidiano da comunidade na qual
está inserida (MILANESI, 1985), e “está relacionada à proposta de integração entre
biblioteca pública e biblioteca escolar”. (ALMEIDA JÚNIOR, 1997, p. 93).
Os objetivos dessas bibliotecas, de um modo geral, é atender a sua
comunidade, desenvolver o hábito da leitura, despertar o entendimento da
importância de preservação do bem público. Para isso devem não apenas estar
inseridas, mas também serem atuantes e presentes no cotidiano comunitário
(SARTI; GUIRALDI; VICENTINI, 1984).
Machado (2009), mesmo reconhecendo semelhanças entre a
biblioteca pública e a comunitária, identifica particularidades que distinguem uma da
outra, sendo elas:
- Quanto à constituição. Essas bibliotecas são criadas pela
comunidade e não para a comunidade e geralmente são
resultados de uma determinada ação cultural;
- Quanto à pretensão. Seu foco maior está em combater a
exclusão informacional e alcançar a igualdade e justiça
32
social;
- Quanto à referência espacial. Geralmente são instaladas em
regiões periféricas, na maioria das vezes distantes de
grandes centros;
- Quanto ao processo participativo. A maioria das bibliotecas
comunitárias é articulada e possuem um forte vínculo com a
comunidade, estando muito próximas dela, tanto
socialmente, pelas atividades culturais, de lazer,
aprimoramento profissional (ofertando cursos rápidos, que
possam reverter em aumento monetário do participante),
como de articulação de ideias em prol de benefícios para a
própria comunidade, entre outros;
- Quanto à vinculação. Essas instituições não tem vínculo
direto com nenhum órgão governamental, tanto municipal,
estadual ou federal, às vezes são auxiliadas por ONGs ou
empresas que, por meio da Lei Rouanet (Política de
incentivos fiscais), estimulam ou buscam ofertar à
comunidade seu aprimoramento cultural.
Tendo em vista suas peculiaridades, Machado (2009) considera que
a biblioteca comunitária é uma entidade de significação cultural. Seu espaço físico é
aberto ao público local de modo a possibilitar o acesso à informação.
A biblioteca comunitária oferta diversas formas de leitura, fomenta e
potencializa ações culturais, transformando-se assim em um empreendimento social,
nascido da necessidade e da intenção de um grupo de pessoas que se preocupam
quanto ao acesso à informação, do livro, da prática de leitura e do pleno exercício de
cidadania. (MACHADO, 2009).
Essas bibliotecas têm como prioridade atender ao seu público, dividir
os problemas, os interesses e sua própria cultura, independente de sua condição
cultural. Além disso, almejam a formação de agentes coletivos que possam
disseminar, por meio de ações e de práticas sociais, a transformação de uma
realidade para outra. (MACHADO, 2009).
Seu acervo geralmente é constituído através de doações, tanto da
própria comunidade quanto de empresas, livrarias, editoras e outras. Comumente
são autônomas, possuem horário de funcionamento diferenciado (muitas abrem em
33
finais de semana ou estendem seus horários a fim de contemplar as necessidades
da sua região) e, na maioria dos casos, são gerenciadas por pessoas da própria
comunidade, valendo-se do voluntariado.
Dadas as suas características, adequam-se às necessidades de sua
comunidade, mas não devem ser vistas como um ambiente desorganizado, sem
padronização, sem regulamentos, ao contrário, grande parte delas é regida por leis e
tratados, oriundos de reuniões nas quais a comunidade é quem decide qual a
melhor forma de funcionamento.
2.4 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS
Surgidas no início do século XX em função da necessidade de
acompanhar o processo tecnológico e científico, as bibliotecas especializadas são
unidades de informação nas quais seus objetivos e seu acervo se concentram em
uma determinada área do conhecimento, para atender a um público com perfil
específico.
De acordo com Figueiredo (1978) elas se constituem num sistema
de informação de determinado assunto ou de um grupo de conhecimentos afins,
sendo, portanto, prestadoras de serviço altamente especializadas. Sua estrutura
orienta-se por assunto e seus objetivos são mais específicos que gerais, pois não
apenas ofertam, mas também geram e disseminam informação.
Salasário (2000), afirma que a conceituação da biblioteca
especializada, além de paradoxal, é também paralela e em muitas ocasiões
cruzadas, pois dependem do autor e do contexto teórico do qual está trabalhando.
São processadoras de informação, dão suporte, veiculam, planejam e buscam
soluções literárias, a fim de que o pesquisador possa ampliar seu conhecimento e
atuar em sua pesquisa de modo mais eficiente. Tem como principal objetivo
disseminar informações sobre um determinado campo de estudo e, uma vez que o
seu acervo é técnico, seus usuários têm necessidades cognitivas, culturais e
sociológicas inerentes a sua atuação profissional, sendo sua função satisfazer tais
necessidades. (SALASÁRIO, 2000).
A formação e o desenvolvimento do acervo de uma biblioteca
especializada dependem de um processo adequado de seleção, de modo a
satisfazer as necessidades do público alvo. Nesses casos é preciso considerar a
34
qualidade da obra, a sua adequação quanto aos objetivos da instituição, autoridade
de autor/e ou editor, condições físicas do material, escassez do assunto na coleção,
número potencial de usuários que poderão utilizar o material, aparecimento do título
ou do assunto em bibliografias e índices especializados, entre outros.
Na cidade de Londrina, situada no norte do estado do Paraná, tem-
se um exemplo desse tipo de biblioteca, instalada na unidade Embrapa Soja que
desde o ano de 1975 conta com uma biblioteca voltada a atender as necessidades
de informação dos que atuam com pesquisas voltadas para soja, dos profissionais
técnicos e da comunidade que tenha interesse sobre o assunto no qual a biblioteca
é especializada.
Essa unidade de informação pertence ao Sistema Embrapa de
Bibliotecas - SEB que consiste em 47 bibliotecas, das quais três são virtuais e,
embora possuam estrutura e forma de compartilhamento de conhecimento
semelhantes, o acervo de cada qual varia de acordo com a temática e especificidade
da pesquisa da sede. (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA,
2014).
Para Miranda (2007) as bibliotecas especializadas facilitam o
processo de recuperação de informações específicas. Através de meios peculiares
encontram todos os caminhos de direção da informação, por isso possuem clientela
especializada e limitada. Dentre as suas funções destaca-se:
- Disseminação seletiva da informação;
- Rapidez e eficácia no tocante ao fornecimento de informação
centrada em determinada área do conhecimento, tendo em
vista as necessidades de seu usuário;
- Tratamento exaustivo de documentos, de modo a ampliar os
recursos de recuperação da informação;
- Acesso a bases de dados especializadas na área de
interesse da coleção;
Esse modelo de biblioteca possui geralmente um acervo de suporte
heterogêneo e prioriza publicações periódicas, valoriza os relatórios, folhetos,
normas, softwares, materiais publicados em separatas, obras de referências
especializadas, croquis, maquetes, slides, enfim, materiais que exigem dos
bibliotecários significativo esforço, tanto para sua localização quanto para a
acomodação dentro do acervo. (MIRANDA, 2007).
35
Nas bibliotecas especializadas, o bibliotecário exerce papel de
agente mediador entre a informação e o usuário. Suas atividades não se restringem
apenas a disseminar, mas também a buscar e tratar informações que sejam
pertinentes ao seu público-alvo. Exige ainda desse profissional conhecimento
específico na área a que se destina a coleção, habilidade para se trabalhar de modo
cooperativo a fim de que o acervo esteja sempre atualizado em relação a sua
especialidade.
2.5 AS BIBLIOTECAS ESCOLARES
Esse tipo de unidade de informação tem como principal objetivo
promover e disseminar o conhecimento para a comunidade escolar. Para tal, deve
dispor de condições básicas para que o indivíduo aprenda permanentemente e seja
autônomo quanto a tomada de decisões.
O Manifesto IFLA/UNESCO para Biblioteca Escolar reza que:
A biblioteca escolar propicia informação e ideias que são fundamentais para o sucesso de seu funcionamento na sociedade atual, cada vez mais baseada na informação e no conhecimento. A biblioteca escolar habilita os alunos para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve sua imaginação, preparando-os para viver como cidadãos responsáveis. (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E INSTITUIÇÕES, 2005, p. 4).
Não há dúvidas de que a função primordial da biblioteca escolar é
servir de alicerce aos estudantes no tocante à busca pela aprendizagem, pelo
acesso, avaliação e uso da informação, e também de oportunizar a exposição de
ideias, opiniões e experiências.
Deve ainda estimular a sensibilidade e consciência cultural e social
por meio de ações por ela organizadas, difundir a liberdade de expressão,
responsabilidade social, cidadania e ainda promover intercâmbio cultural, já que o
indivíduo desde a tenra infância carece de hábitos que o façam desenvolver
habilidades, gosto pela leitura, e também de estar informado. (MARTÍNEZ; CALVI,
1998).
A melhoria dos serviços da biblioteca escolar é um excelente
investimento para a qualidade de vida dos povos, das famílias e, consequentemente,
36
das crianças. (MARTÍNEZ; CALVI, 1998). Por ser primordial ao desenvolvimento
cultural, individual ou coletivo da unidade escolar, não deve ater-se somente em
ofertar um espaço para ações pedagógicas. Devem também ser um local onde o
indivíduo possa construir e/ou potencializar seu conhecimento, servindo como
suporte a pesquisas que este venha a realizar, seja por necessidade educativa ou
não.
Mesmo diante de sua importância, compartilha-se com a ideia de
Martínez e Calvi (1998), quando denunciam que as bibliotecas escolares enfrentam
dificuldades, dada a limitação e a inexistência de políticas que visem o estímulo de
uma sociedade de leitores, ávida em buscar e utilizar a informação.
As bibliotecas escolares carecem de programas que a valorizem.
Todavia, o que se percebe nos corredores escolares é o contrário, a realidade é que
tanto professores quanto bibliotecários não percebem ou então fingem desconhecer
o relevante papel desse tipo de biblioteca para a formação de leitores e de pessoas
autônomas afastando ou dificultando que o aluno a tenha como sua aliada, uma vez
que:
Formar leitores é não só incutir o gosto pela leitura e o amor aos livros. É também ajudar a descobrir mais livros e mais leituras, de diversos contextos socioculturais, de diferentes épocas e variados géneros, de forma a permitir que, uma vez o hábito criado, o leitor possa ser um indivíduo mais crítico, não apenas em relação àquilo que lê no texto impresso mas na própria leitura que faz do mundo e das suas mudanças (PEREIRA; CALIXTO, 2010, p.134).
Campello et al. (2001) pesquisou nos volumes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, quais
as recomendações no que diz respeito ao uso de recursos bibliográficos, e percebeu
que os documentos reforçam o papel da biblioteca como um espaço coletivo e que
deve proporcionar o compartilhamento de informação. Portanto, a biblioteca escolar
precisa estar próxima dos alunos, estar disponível e não apenas ser mais um local
ou espaço de estudo.
Segundo Cordeiro (2010) as instituições escolares que possuem
uma biblioteca dinâmica, interessante e preocupada em atender o seu público-alvo -
seus alunos - geralmente apresentam desempenho escolar mais acentuado em
relação àquelas que não a possuem. “A fórmula é simples: A escola e a biblioteca
que não se deixam conhecer, que não sabem corresponder às expectativas de sua
37
clientela, correm o risco de perder seu lugar na comunidade e serem desvalorizadas,
esquecidas e abandonadas”. (MARTÍNEZ; CALVI, 1998, p. 22).
A respeito da sua coleção, em instituições escolares menores o
acervo deve possuir ao menos 2.500 obras relevantes e atualizadas e contemplar
usuários de todas as faixas etárias. Ressalta-se que ao menos 60% da coleção deva
ser constituída de documentos relacionados ao programa escolar. (FEDERAÇÃO
INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E INSTITUIÇÕES,
2005).
Deve também ofertar romances populares, música, videogames,
gibis, DVDs, revistas e cartazes e ainda contar com sugestões e a cooperação dos
estudantes quanto a seleção desses materiais. Para a Federação Internacional de
Associações de Bibliotecários e Instituições (2005) a parceria biblioteca escolar e
aluno é uma forma de assegurar os interesses e a cultura dos estudantes.
A formação da personalidade dos indivíduos tem a contribuição
direta do ato da leitura. Desta forma, a biblioteca na escola, deve contar com
profissionais mediadores de leitura, a exemplo, bibliotecários e professores, que
proporcionem incentivos de leitura de modo dinâmico, fazendo com que a biblioteca
seja um espaço de formação de leitores. (GOMES; BORTOLIN, 2011).
Para isso, é necessário disponibilizar ao usuário, textos em suportes
diversificados, uma vez que a realidade atual ampliou consideravelmente as formas
de acesso aos textos.
É lamentável que o currículo do ensino fundamental, em especial os
anos finais, e do ensino médio, não se promova o incentivo à leitura, como acontece
na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Percebe-se que os
projetos governamentais ou as próprias escolas preconizam o acesso a livros de
literatura infanto-juvenil, principalmente nas faixas etárias que abarcam o ensino
fundamental, pois muitas vezes as próprias salas de aula possuem um acervo com
esse tipo de literatura. Já nas outras etapas, os textos literários chegam via livro
didático, ou então a leitura é avaliada de forma imposta e autoritária e o aluno se vê
obrigado a ler livros sem ter opção de escolha, desmotivando desse modo a leitura
prazerosa. (ALMEIDA JUNIOR; BORTOLIN, 2009).
Deve-se considerar a biblioteca escolar como um laboratório que
oferece e oportuniza o uso de vários tipos e formas de materiais bibliográficos,
favorecendo o conhecimento e potencializando a alfabetização e a leitura verbal e
38
não verbal. (BEZERRA, 2008).
Quanto ao espaço físico, Fernández de Avilés (1998) alerta que
qualquer biblioteca, em especial as destinadas ao público infantil e juvenil, precisam
ser atrativas, agradáveis e confortáveis, para que possam atrair seu público. Suas
janelas devem deixar transparecer o exterior do prédio e as atividades realizadas em
seu interior como forma de incliná-las à participação; enfim, a biblioteca precisa ser
funcional.
Quanto à mobília, esta deve possuir design/visual atrativo e
aconchegante. Sua pintura deve ser com cores alegres e agradáveis, sua iluminação
deve ser funcional e adequada e o piso deve proporcionar segurança. (FERNÁNDEZ
DE AVILÉS, 1998).
Contrariamos a ideia de Fernández de Avilés (1998) pois a realidade
brasileira em relação as bibliotecas escolares é outra. Uma vez que seu devido valor
e importância em nosso contexto educacional está muito aquém do modelo
preconizado pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e
Instituições (2006).
No estudo que retratou fielmente a biblioteca escolar brasileira,
Campello et al. (2012) afirma que a situação é precária e se alastra ao longo dos
anos, sendo motivo de preocupação explicitada já no ano de 1979, quando Cruz e
Welfens (1979), ao avaliarem 20 bibliotecas escolares da rede pública estadual da
cidade de Londrina, situada na região Norte do Paraná, constataram que a maioria
delas funcionava em condições muito precárias e, portanto, não cumpriam seu
objetivo, servindo tão e somente de depósito de livros.
O mesmo perfil foi retratado por Silva (2010), que ao visitar 11
escolas municipais da referida cidade, no ano de 2002, denunciou que:
A biblioteca servia para quase tudo, depósito, almoxarifado, livros acondicionados de todas as maneiras: em pé, deitado, de ponta-cabeça. No entanto, a função principal não era cumprida, a de mediar a leitura, de ser um espaço que instigasse a busca (SILVA, 2010, p. 82-89).
Outro dado significante relatado por Silva (2013) diz que, das 79
escolas de educação infantil e ensino fundamental que pertenciam à Secretaria
Municipal de Educação de Londrina, 1/3 delas encontravam-se fechadas e 30
funcionavam de forma improvisada e caótica.
39
Essa condição interfere no desempenho escolar das crianças, na
realização de pesquisa bibliográfica, no despertar do gosto pela leitura, pelo
conhecimento, pela pesquisa, pelo uso e busca da informação, e reflete
visivelmente, no desempenho acadêmico universitário e na utilização dos recursos
ofertados pela biblioteca universitária.
Campello (2012) fala sobre o estudo encomendado ao Center for
International Scholarship in School Libraries (CISSL) com o objetivo de levantar
evidências empíricas de como a biblioteca escolar ajudaria na aprendizagem. A
coleta de dados realizou-se entre os meses de outubro de 2002 a dezembro de
2003, em 39 escolas com alunos de 7 a 20 anos.
Assim, segundo Campello (2012), percebeu-se que os entrevistados
em sua grande maioria afirmavam que a biblioteca os auxiliara nas etapas da
pesquisa escolar, proporcionando o acesso a uma variedade de pontos de vista, por
decorrência, colaborava para que os alunos fossem convidados a perceber e refletir
sobre diferentes perspectivas vindo a potencializar a construção de suas próprias
opiniões. (CAMPELLO, 2012). E assim, com base nesse resultado pode-se inferir
que as bibliotecas escolares ajudam no desenvolvimento do intelecto, possibilitam o
exercício do processo cognitivo e ainda contribuem para que a aprendizagem seja
realizada de forma construtiva.
2.6 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
A aprendizagem é fundamental em todas as áreas do conhecimento
humano e envolve variáveis que se combinam de diferentes formas, motivadas por
fatores internos, externos, individuais e sociais. Aprender constitui-se numa
exigência social crescente, ao ponto de romper com os limites da sala de aula. Isso
implica na necessidade de diferentes recursos, especialmente os recursos
tecnológicos informacionais.
A revolução tecnológica foi um dos principais fatores para que as
bibliotecas universitárias remodelassem seus conceitos, passando a agregar em sua
coleção, tanto o material impresso quanto o eletrônico ou digital, como meio de
contemplar as necessidades de seus usuários, buscando ser o elo entre o usuário e
o acesso a informação. (FUJINO, 2007).
Desse modo, as bibliotecas universitárias se veem diante da
40
necessidade de especialização de acervo para atender a academia de forma
direcionada e específica, a fim de abarcar cada área do conhecimento, em conjunto
com os objetivos da universidade e os currículos dos seus cursos de graduação e
pós-graduação.
Sua essência é dar suporte ao ensino, pesquisa e extensão e
disseminar o conhecimento, o que a torna um importante meio de acesso para o
desenvolvimento de projetos e pesquisa. Cada instituição, à sua maneira, busca
atender a demanda de sua comunidade ao mesmo tempo em que se adequa às
exigências governamentais. A informatização estabeleceu dentro da biblioteca um
novo sentido para a palavra aprendizado, que por sua vez exige a cada dia mais que
os profissionais de modo geral, e particularmente os bibliotecários, estejam atentos
ao processo de atualização. (NUNES; SANTOS, 2007).
Por compreender as necessidades informacionais de suas
instituições, quanto ao ensino superior, pesquisa e extensão, esses profissionais
devem disseminar e oferecer informações em prol da construção do conhecimento.
O papel da biblioteca universitária é determinante no
desenvolvimento, na produção e investigação científica em âmbito acadêmico, assim
como no processo de ensino-aprendizagem, apoiando-se na tríade docência-
educação-investigação, o que a torna relevante na promoção do desenvolvimento do
conhecimento.
A biblioteca universitária deve possuir e disponibilizar as bibliografias
exigidas para os cursos que a instituição oferece. Seu acervo contempla, além de
livros, monografias, teses, dissertações, periódicos, materiais de referência
(bibliografias, índices, guias, entre outros) em diversos tipos e formatos.
Seus serviços devem estar alinhados aos objetivos acadêmicos da
universidade e das atividades de extensão. Deve facilitar, disponibilizar e divulgar
formas de acesso e uso da informação, contribuindo assim com uma parcela
essencial na formação continuada de profissionais em todos os ramos da ciência.
Outra função da biblioteca universitária é a guarda e disseminação
da produção intelectual advinda dos pesquisadores da sua instituição. É sua função
também servir de apoio para a produção de novos trabalhos científicos, oportunizar
redes e formas de acesso a informações e processos científicos produzidos por seus
pares, oportunizar alternativas de acesso à informação produzida mundialmente e
ser o elo entre o usuário, a informação e o conhecimento. Essa talvez seja a mais
41
nobre missão da biblioteca universitária!
Elas prestam variados serviços à comunidade local e seguem
padrões e normas de acordo com o perfil de cada universidade. O propósito é o
mesmo, ou seja, proporcionar o acesso à informação científica, através de critérios
de seleção, para monitorar a qualidade da informação que oferece e, com o advento
da internet, passou a utilizar também, os recursos que a rede oferece, para ampliar e
complementar seu acervo.
Tais peculiaridades acabam por exigir que a biblioteca universitária
seja analisada de forma dimensional através de indicadores definidos pelo sistema
de avaliação do Ministério da Educação e Cultura.
No ano de 2004, por meio da Lei 10.861 de 14 de abril de 2004, foi
criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que
analisa as instituições de ensino superior, cursos que ofertam, desempenho dos
estudantes, ensino e extensão, corpo docente, responsabilidade social e aind, reúne
dados do Enade-Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, das avaliações
institucionais e dos cursos.
Essas informações auxiliam no embasamento de informações para o
desenvolvimento de políticas públicas, além de servir de referência para a
sociedade, sobretudo aos estudantes, por informá-los sobre a qualidade dos cursos
ofertados pelas instituições de ensino superior.
As bibliotecas universitárias são avaliadas por meio de critério de
análise e qualificadas através de compostos numéricos em ordem crescente de
excelência, na qual as notas variam de um a cinco pontos, sendo que o conceito 5
equivale ao nível de excelência, ou seja, atende a todas as exigências, como acervo
de livros e periódicos relacionados à área do curso, política de atualização e
informatização, formas de acesso e utilização da informação, além da análise da
área física disponível.
Recebem conceito 1 aquelas que não atendem, ou atendem
precariamente, os critérios do Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação
Presencial e a Distância. Há também um parâmetro de avaliação cujo objetivo é
mensurar se a coleção e os serviços fornecidos pela biblioteca contemplam os
interesses da comunidade universitária. Para isso, seu acervo deve levar em
consideração não somente as bibliografias básicas e complementares, mas também
bibliografia de áreas correlatas e publicações recentes. (PAIXÃO, 2010).
42
É notória a importancia dada a coleções de periódicos, tanto
impressos quanto eletrônicos, por ser um item especifico dentro da análise do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Os periódicos, segundo a
norma 6023 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002), são
publicações (independente do suporte) editadas de forma sucessiva que “possuam
designações numéricas e/ou cronológicas e destinada a ser continuada
indefinidamente” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002, p.
2). Por vezes, o conceito das revistas e periódicos acaba se mesclando na lógica
mental do usuário, dependendo da área e da circunstância no qual se encontra.
É importante esclarecer que no presente trabalho, entende-se como
revista publicações que divulgam informações gerais, tendo como objetivo difundir
fatos que possam interessar o público de um modo geral, com periodicidade
semanal, quinzenal ou mensal.
Quanto aos periódicos, são tratados como fontes de informação de
cunho científico e destinados à academia, sendo extremamente relevantes para a
disseminação do conteúdo técnico-científico, resultados de pesquisas experimentais,
opiniões, boletins, anuários entre outros. Essa publicação apresenta e legitima
pesquisadores, divulga e torna públicas as descobertas cientificas e seus
respectivos autores. (IBICT, 2014).
2.7 AS ATRIBUIÇÕES INFORMACIONAIS DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
A inovação tecnológica, quando devidamente utilizada, permite que
se saia dos espaços físicos habituais, a utilização de serviços virtuais e móveis,
apropriação de ferramentas da web social, entre elas o skype, facebook, twitter e
outras, atuando como elo entre colaboradores e profissionais de todas as áreas do
conhecimento. (ANGLADA, 2012).
De acordo com Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014), em relação às
ferramentas online, as bibliotecas internacionais as utilizam com maior frequência do
que no Brasil. A hipótese é que a cultura organizacional e a realidade de nossas
bibliotecas, aliadas à falta de fundos, de bibliotecários e de habilidade técnica com
esses aparatos, é a dura realidade.
A competência em informação e o uso de tecnologias nas bibliotecas
brasileiras ainda não estão consolidados. Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014)
43
acreditam que a informação científica e tecnológica, encontrada em fontes de
informações, em especial nos bancos e bases de dados, proporcionam ao usuário
um conhecimento teórico de alto nível e atualizado.
Mesmo que sejam instrumentos de excelência e que colaboram
diretamente na produção intelectual das universidades, não basta que as bases ou
os bancos estejam disponíveis, elas exigem conhecimento para uma exploração
rápida e eficiente.
Seu manejo deve ser estimulado desde o início da graduação, e
uma das formas é inserir nas disciplinas dos cursos a capacitação dos alunos e
professores quanto ao uso desses recursos. É importante também verificar se de
fato a academia consegue um feedback positivo para suas necessidades ao utilizá-
las.
2.7.1 O Papel do Bibliotecário no Uso de Ferramentas Informacionais
Por ser um profissional que, entre outras atribuições da função, deve
possuir habilidade suficiente para disseminar, divulgar e capacitar o usuário da
biblioteca, para o uso de banco e base de dados o bibliotecário, especialmente os de
bibliotecas universitárias e em especial os que trabalham com serviços de
referências, devem possuir conhecimento e habilidade para a utilização de
ferramentas informacionais, uma vez que o “saber utilizar” os recursos online, na
conjuntura atual, a fim de guiar e mediar o uso da informação para seus usuários, e
assim contribuir para contínua construção da competência informacional do
indivíduo.
Seu trabalho não se reduz apenas a organização técnica da
informação, embora se tenha consciência de que, para o conhecimento se torne
informação e que essa informação possa ser consumida, é necessário, antes de
tudo, que ela seja organizada e bem tratada. Todavia, entende-se que essa ação é
uma atribuição básica do bibliotecário. (ALMEIDA JUNIOR; SANTOS NETO, 2014).
A Association of College and Research Libraries (2000), considera
que o competente informacional seja capaz de acessar a informação de forma
eficiente e eficaz, possua discernimento quanto à informação encontrada e suas
fontes, saiba utilizar a informação para executar tarefas específicas e a utilizar de
forma ética e legal.
44
Sendo assim, o bibliotecário que possui competência informacional é
capaz de identificar diferentes recursos potenciais em vários formatos, a exemplo,
multimídia, bancos e bases de dados, áudio, conjunto de dados, livros online, etc,
além de identificar a finalidade e o público ao qual se destinam os recursos
informacionais, distinguir fontes primárias e secundárias e reconhecer de que forma
a utilização dessas fontes pode auxiliar nas diferentes disciplinas e áreas. Por
conseguinte, tem a consciência de que a partir de dados brutos advindos de fontes
primarias é possível a construção de novos conhecimentos. (ASSOCIATION OF
COLLEGE AND RESEARCH LIBRARIES, 2000).
Como forma de maior compreensão, esclarece-se que os
documentos ou fontes primárias são aqueles produzidos pelo autor, como teses,
dissertações, artigos, entre outros. Os secundários contemplam as informações
dispostas em fontes primárias, a exemplo dos dicionários, enciclopédias, revisões de
literatura, banco e base de dados, entre outros.
Já os documentos ou fontes terciarias, servem como guia, e tem
objetivo o de remeter o leitor para as fontes primárias e secundárias, como por
exemplo as bibliografias de bibliografias. (CUNHA, 2001).
Portanto, a ideia de Novelli, Hoffmann e Gracioso (2014) se torna
válida quando consideram ser um desafio para o acadêmico o desenvolvimento da
habilidade de não apenas localizar, mas também de identificar e utilizar
eficientemente fontes de informação apropriadas às suas necessidades
informacionais.
Para o bibliotecário, é também um grande desafio elaborar
mecanismos que possam minorar as dificuldades de manuseio e conhecimento
tácito desses recursos. Isso porque não há como o profissional da informação deixar
de interferir de modo implícito ou explícito nos serviços ofertados pelas bibliotecas.
Mas essa ação é necessária, uma vez que a “interferência” do bibliotecário ocorre no
sentido de colaborar com as necessidades dos usuários e não de manipular seus
pensamentos ou coisas que o valha. (ALMEIDA JUNIOR; SANTOS NETO, 2014).
2.7.2 Bancos e Bases de Dados: Diferenças e Peculiaridades
O conceito de banco de dados e bases de dados muitas vezes não é
claro para leigos e frequentemente entende-se bases de dados como um sinônimo
45
de banco de dados, o que efetivamente não é. Esse desencontro de informações, já
observado por Ciancioni (1987), é realidade presente em nossos dias. Os bancos de
dados agrupam bases de dados que podem ou não estar relacionadas entre si.
O surgimento das bases de dados online deu-se graças ao
desenvolvimento das tecnologias, aliado a percepção da possibilidade e vantagens
de se comercializar a informação. Os Estados Unidos, juntamente com a Europa
foram os pioneiros na criação de sistemas automatizados de organização,
armazenagem e recuperação da informação. No entanto, o surgimento tecnológico
das bases de dados, aumentaram as oportunidades de se comercializar a
informação. (CIANCIONI, 1987).
As bases de dados reúnem de forma organizada um conjunto de
informações que de uma forma ou outra estão inter-relacionadas. Cada um tem sua
particularidade e interesse, podendo dispor gratuitamente de material para download
ou através de pagamento de assinatura.
Ambos informam dados bibliográficos essenciais para a recuperação
da informação, como autoria, ano de publicação, editora, instituição ou título do
periódico, números de páginas entre outros.
Cunha (2001) comenta que os principais tipos de bases de dados
são as bibliográficas. Essas bases dispõem de resumos e referências bibliográficas
e textuais, e ainda podem oferecer textos completos de artigos publicados em
periódicos, jornais ou outros documentos. Assim, oportunizam a pesquisa por meio
de palavras-chave que podem estar dispostas em qualquer ponto do registro, até
mesmo no resumo, permitindo maior complexidade na pesquisa.
Permite também que se realize a combinação de uma gama maior
de termos de busca com lógica boleana, uma possibilidade impossível quando se
realizava a busca em índices impressos, economizando tempo para o usuário e
também para o bibliotecário, uma vez que o trabalho antes realizado manualmente,
hoje é executado de forma mais eficaz e rápida. (CAMPELLO; CENDÓN; KREMER,
2003).
Quanto à disponibilidade, há bases de dados que disponibilizam o
documento via acesso regulamentado por assinatura. Outras oferecem o texto
integral gratuitamente, desde que se tenha cadastro prévio. Há ainda aquelas que
disponibilizam seu conteúdo sem nenhuma restrição.
Em relação a área de abrangência, existem as bases de dados que
46
atendem a uma determinada área do conhecimento e as multidisciplinares, que
agregam várias fontes informacionais das mais variadas áreas. A exemplo de bases
específicas, temos a base DESASTRES, organizada pelo Centro de Documentação
de Desastres, do Programa de Preparativos para Situações de Emergência e
Coordenação de Socorro para Casos de Desastres da Organização Pan-Americana
da Saúde. Tal base oferta literatura não convencional (informes técnicos, planos de
emergência, artigos científicos de revistas especializadas entre outras).
Outra base de dados é a HISA – História da Saúde, que é
coordenada pela Biblioteca da Casa de Oswaldo Cruz. Essa base fornece temas
relacionados à história da medicina e da saúde pública e disponibiliza narrativas,
memórias, reconstituições, entre outras.
Na área de ensino temos a base de dados ERIC (Educational
Resources Information Center), que é patrocinada pelo Departamento de Educação
dos EUA. É tida como a mais eficiente fonte de informação especializada no campo
da Educação e áreas correlatas, oferta artigos, relatórios, mídias audiovisuais, livros
etc.
A Universidade Estadual de Campinas desenvolveu através da
Biblioteca Professor Joel Martins, da Faculdade de Educação da UNICAMP, a
EDUBASE, uma base de dados que reúne desde referências bibliográficas de
artigos de periódicos nacionais até capítulos de livros e outros documentos
relacionados à educação.
No que tange as bases de dados interdisciplinares, como exemplo
temos a base de dados PERI, desenvolvida pela Biblioteca Profa. Etelvina Lima, da
Escola de Ciência da Informação da Universidade federal de Minas Gerais, que
disponibiliza artigos de periódicos, trabalhos publicados em anais de eventos
técnico-científicos nas áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação, Arquivística
e outras áreas interdisciplinares.
Outra bases de dados interdisciplinar é a ONEFILE, de
responsabilidade da Editora Thomson Gale, que oferta artigos em texto completo
nas mais diversas áreas do conhecimento.
No tocante ao material indexado, as bases de dados também se
diversificam. Há aquelas que indexam apenas artigos. Outras indexam livros,
patentes, séries estatísticas ou numéricas, dados gráficos, entre outras. Existem
ainda bases que indexam o material científico sem fontes de informação.
47
Os Bancos de Dados reúnem as bases de dados e, por conseguinte,
a literatura indexada por elas. Desta forma, ao utilizar um banco de dados é possível
já na primeira investigação conhecer a quantidade de publicações científicas sobre
um determinado assunto em várias outras bases de dados. O documento pode ou
não estar disposto para download, mas a base de dados fornece as indicações de
onde encontrá-lo. Um exemplo simples, usado em treinamentos para uso de
recursos online como forma de ajudar na compreensão de banco e base de dados, é
utilizar a universidade e seus cursos para ilustrar as diferenças entre uma coisa e
outra. A universidade por sua natureza é a instituição central, ou seja, o banco de
dados. Já os cursos que ela oferece, por fazerem parte da universidade e por serem
diferentes entre si, são as bases de dados. Conforme esquema abaixo:
Figura 1 – Exemplificação de banco / base de dados
Fonte: Da autora.
As palavras-chave são os recursos que promovem maior eficiência
na pesquisa. Isso porque elas identificam ao leitor de forma sintetizada, sobre qual
assunto o texto discorre. Ou seja, as palavras-chave são importantes para que o
leitor saiba do que trata o documento, apenas pela indicação dessas palavras. Elas
são “mediadoras entre a informação registrada e de quem dela necessita”.
48
(TONELLO; LUNARDELLI; ALMEIDA JUNIOR, 2012, p. 21).
Quando se utilizar palavras-chave, no entanto, não se deve fazer
uso daquelas que compõem o título e/ou resumo, mas preferencialmente de
sinônimos para que sejam potencializadas as possibilidades de se encontrar o
documento. Outro ponto a ser observado é a distinção entre palavras-chave e
descritores. As palavras-chave são retiradas do texto original do documento, livre de
qualquer operação documentária, enquanto os descritores passam por critérios
rígidos que envolvem leitura técnica, análise conceitual, entre outras. (LANCASTER,
2004).
O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências
da Saúde, cujo nome original é Biblioteca Regional de Medicina, sendo mais
conhecido como BIREME, conta com o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde),
um vocabulário estruturado e trilíngue (português, inglês e espanhol) que auxilia na
recuperação de informação na pesquisa de literatura cientifica.
O DeCS foi desenvolvido a partir do MeSH - Medical
Subject Headings da U. S. National Library of Medicine (NLM) como meio de
possibilitar que o pesquisador tenha uma padronização da terminologia para a
pesquisa, unificando dessa forma a recuperação da informação.
Em consulta realizada no mês de janeiro de 2015, contava com
31.865 descritores (27.232 do MeSH e 4633 exclusivamente do DeCS), mas por
acompanhar o processo evolutivo da ciência, anualmente registra-se um mínimo de
1000 interações na base de dados, havendo desse modo alterações, substituições
ou criações de novos termos ou áreas. (DECS, 2015).
As informações dispostas no DeCs são organizadas por meio de
estrutura hierárquica, dividindo o conhecimento em classes e subclasses decimais,
respeitando as ligações conceituais e semânticas.
Os termos são apresentados através de estrutura híbrida de pré e
pós-coordenação, permitindo que se utilize na pesquisa termos mais amplos ou bem
específicos e, ainda, com os termos ou todos pertencentes ao mesmo grupo de
estrutura hierárquica. (DECS, 2015).
A título de informação o MeSH:
[...] é um cabeçalho de assunto especializado em ciências da saúde, desenvolvido, publicado e disponível online na internet pela National Library of Medicine (NLM). É atualizado dinamicamente por
49
especialistas de várias áreas do conhecimento. No MeSH, um descritor representa uma classe de conceitos, enquanto um conceito representa uma classe de termos sinônimos. (COLEPÍCOLO et al., 2006, p. 1).
É função das instituições de ensino, respaldadas pelas suas
bibliotecas, informar sobre esses recursos informacionais e ainda despertar no aluno
o interesse pela pesquisa, além de construir e adequar metodologias, divulgar as
ferramentas informacionais que possam auxiliar o processo, somado a instruções
dadas para o uso efetivo desses recursos informacionais, na realização da pesquisa
científica.
Não é novidade que uma massiva parte das escolas brasileiras,
independente se pública ou privada, não exigem que os trabalhos produzidos por
seus alunos sigam algum preceito metodológico, tais como citação de fonte,
indicação de autoria no referencial teórico, preocupação com a qualidade e
fidelidade das informações, entre outras. Se antes o indivíduo escrevia o trabalho de
próprio punho, aliás, transcrevia fielmente inclusive os verbetes dispostos
normalmente no rodapé da página do livro ou da enciclopédia, hoje ele copia o texto
online e o cola na tela para que possa imprimir o conteúdo.
Em muitas ocasiões o aluno entrega o texto ao professor sem ao
menos se dar o trabalho de formatá-lo para retirar os hiperlinks. A prática do “Ctrl+c
Ctrl+v” é notória nos bancos universitários e não seria exagero afirmar que muitos
acadêmicos procedem dessa mesma forma durante toda a sua graduação, levando
esse hábito para os cursos de pós-graduação que venham a realizar. Não há
dúvidas de que esse hábito anula a possibilidade de apropriação da informação e da
consequente construção do conhecimento.
Ao ingressar na universidade sem possuir ao menos as habilidades
mínimas, como leitura, pensamento abstrato, compreensão e interpretação de texto,
o indivíduo enfrenta uma série de dificuldades. A falta de tais habilidades interfere
tanto no rendimento individual quanto no crescimento do grupo.
O problema se torna ainda maior quando a própria instituição não
está preparada para auxiliar seus ingressantes a superar carências de formação,
reforçando o que Beserra, Oliveira e Santos (2014) consideram como cultura
paternalista da escola básica. De acordo com os autores, isso ocorre porque há uma
pseudoaceitação do capital cultural desses alunos. O maior problema talvez nem
50
seja o indivíduo chegar aos bancos universitários sem o devido capital cultural – sem
os conhecimentos necessários para esta etapa dos estudos - que obrigatoriamente
se exige, mas a universidade não propiciar a aquisição de capital cultural suficiente
para formá-lo de forma adequada.
Certamente, ensinar para quem não tem base de conhecimento
suficiente ou não quer aprender não é tarefa simples, tampouco é o papel da
universidade. No entanto, ignorar essa defasagem e empurrar a situação como uma
verdadeira “bola de neve” não deveria ser a saída, sobretudo quando se trata das
faculdades de educação, que para Beserra, Oliveira e Santos (2014) é justamente a
área mais necessária para o desenvolvimento do país.
De acordo com Bourdieu, o capital cultural envolve conhecimento,
habilidades, educação, apropriação e outras vantagens, que somadas possibilitam
ao indivíduo o status social. Os filhos herdam o capital cultural dos pais por meio da
transmissão de atitudes, conhecimentos, etc, potencializando assim as
possibilidades de sucesso no sistema educacional, o que não significa dizer que o
possuidor deste tenha por isso o sucesso garantido nos seus empreendimentos.
(BOURDIEU, 1986).
Com a finalidade de incrementar boas práticas de pesquisa, a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) divulgou o
Código de Boas Práticas Científicas para estabelecer e implantar na comunidade
científica uma cultura sólida e arraigada de integridade ética da pesquisa,
formulando o documento sob três pilares interdependentes. São eles: “educação,
prevenção e investigação e sanção justas e rigorosas”. (FUNDAÇÃO DE AMPARO
À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014, p. 10).
Ainda como o intuito de resguardar critérios de excelência e a
integridade na atividade científica, o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) disponibilizou em seu site as seguintes diretrizes:
1. O autor deve sempre dar crédito a todas as fontes que fundamentam diretamente seu trabalho. 2. Toda citação in verbis de outro autor deve ser colocada entre aspas. 3. Quando se resume um texto alheio, o autor deve procurar reproduzir o significado exato das ideias ou fatos apresentados pelo autor original, que deve ser citado. 4. Quando em dúvida se um conceito ou fato é de conhecimento comum, não se deve deixar de fazer as citações adequadas.
51
5. Quando se submete um manuscrito para publicação contendo informações, conclusões ou dados que já foram disseminados de forma significativa (p.ex. apresentado em conferência, divulgado na internet), o autor deve indicar claramente aos editores e leitores a existência da divulgação prévia da informação. 6. Se os resultados de um estudo único complexo podem ser apresentados como um todo coesivo, não é considerado ético que eles sejam fragmentados em manuscritos individuais. 7. Para evitar qualquer caracterização de autoplágio, o uso de textos e trabalhos anteriores do próprio autor deve ser assinalado, com as devidas referências e citações. 8. O autor deve assegurar-se da correção de cada citação e que cada citação na bibliografia corresponda a uma citação no texto do manuscrito. O autor deve dar crédito também aos autores que primeiro relataram a observação ou ideia que está sendo apresentada. 9. Quando estiver descrevendo o trabalho de outros, o autor não deve confiar em resumo secundário desse trabalho, o que pode levar a uma descrição falha do trabalho citado. Sempre que possível consultar a literatura original. 10. Se um autor tiver necessidade de citar uma fonte secundária (p.ex. uma revisão) para descrever o conteúdo de uma fonte primária (p. ex. um artigo empírico de um periódico), ele deve certificar-se da sua correção e sempre indicar a fonte original da informação que está sendo relatada. 11. A inclusão intencional de referências de relevância questionável com a finalidade de manipular fatores de impacto ou aumentar a probabilidade de aceitação do manuscrito é prática eticamente inaceitável. 12. Quando for necessário utilizar informações de outra fonte, o autor deve escrever de tal modo que fique claro aos leitores quais ideias são suas e quais são oriundas das fontes consultadas. 13. O autor tem a responsabilidade ética de relatar evidências que contrariem seu ponto de vista, sempre que existirem. Ademais, as evidências usadas em apoio a suas posições devem ser metodologicamente sólidas. Quando for necessário recorrer a estudos que apresentem deficiências metodológicas, estatísticas ou outras, tais defeitos devem ser claramente apontados aos leitores. 14. O autor tem a obrigação ética de relatar todos os aspectos do estudo que possam ser importantes para a reprodutibilidade independente de sua pesquisa. 15. Qualquer alteração dos resultados iniciais obtidos, como a eliminação de discrepâncias ou o uso de métodos estatísticos alternativos, deve ser claramente descrita junto com uma justificativa racional para o emprego de tais procedimentos. 16. A inclusão de autores no manuscrito deve ser discutida antes de começar a colaboração e deve se fundamentar em orientações já estabelecidas, tais como as do International Committee of Medical Journal Editors. 17. Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental, análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não
52
justificam a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento. 18. A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável. 19. Todos os autores de um trabalho são responsáveis pela veracidade e idoneidade do trabalho, cabendo ao primeiro autor e ao autor correspondente responsabilidade integral, e aos demais autores responsabilidade pelas suas contribuições individuais. 20. Os autores devem ser capazes de descrever, quando solicitados, a sua contribuição pessoal ao trabalho. 21. Todo trabalho de pesquisa deve ser conduzido dentro de padrões éticos na sua execução, seja com animais ou com seres humanos. (CNPq, 2014, p. 1).
Acredita-se então que deve-se dar a devida atenção a tais critérios,
a fim de que a pesquisa científica seja de fato contextualizada de forma eficiente e
eficaz, respeitando os direitos autorais de cada pesquisador.
Na visão de Ferreira, Borges e Jambeiro (2005) os usuários de
bibliotecas se embaraçam mais quando lidam com a informação eletrônica do que
quando lidam com a impressa. Portanto, esses usuários precisam de uma orientação
segura do bibliotecário para utilizarem essas fontes, o que torna equivocada a ideia
de que o emprego das tecnologias, não carece de mediação e organização do
conhecimento.
A mediação depende das ações realizadas pelos bibliotecários e
também da presença do usuário, independentemente se essa presença é física ou
não. A mediação, portanto, ocorre em qualquer espaço informacional, embora sua
manifestação seja mais visível na biblioteca, no setor de referência e é realizada
pelo bibliotecário, o que justifica plenamente o fato do profissional bibliotecário se
autorreconhecer e buscar valorização com seus pares. (ALMEIDA JÚNIOR;
SANTOS NETO, 2014).
Ao atender alunos de diversos cursos, tanto de graduação como de
pós-graduação, um discurso que vez ou outra aparece e incomoda além de
preocupar é o de que o próprio professor tenha orientado o aluno a “utilizar
sinônimos”, ou seja, trocar as palavras das frases ditas pelo autor citado, por
sinônimos, para evitar a utilização do termo apud (citação de citação).
Essa prática desvirtua o significado de pesquisa, de conhecimento e
do aprimoramento sobre o assunto. Além de comprometer a veracidade da
53
informação utilizada, essa prática não credita a devida autoria, entre outros
agravantes. Não se está colocando em xeque o profissionalismo, reputação ou
atuação do docente. O que se pretende é levantar fatos que prejudicam não só a
pesquisa científica, mas também a competência informacional do indivíduo.
Johnson (1998) argumenta que a atividade de pesquisa é uma área
importante a ser desenvolvida pelas universidades. Não apenas para melhorar a
qualidade do ensino superior – embora essa tarefa seja bastante nobre - como
também para manter o currículo em sintonia com as práticas correntes, estimulando
o interesse dos estudantes para o conhecimento. É lamentável que a atividade de
pesquisa não esteja totalmente conectada às práticas acadêmicas, visto que são
poucos os estudantes treinados para pesquisa, o que impede que se explore todo o
rico potencial que é o intelecto humano.
Para Tomaél, Alcará e Silva (2008) é necessário que se tome
precauções com a qualidade da informação, principalmente as que subsidiam as
pesquisas e atividades profissionais. Nesse sentido, o acesso à informação de
qualidade dentro dos recursos online é um dos principais desafios, sendo papel do
bibliotecário, reconhecer as necessidades e interesses de seu usuário, analisar a
qualidade das fontes de informação que ele venha a utilizar e indicar as que
possuem credibilidade comprovada.
A qualidade em uma fonte informacional é medida pela capacidade
que ela possui em atender as necessidades de seus usuários. No entanto, pela ótica
de quem a utiliza, a qualidade é avaliada com base na satisfação de suas
necessidades.
Dentre os atributos que constituem a avaliação da qualidade da
informação, Tomaél, Alcará e Silva (2008) destacam a abrangência, confiabilidade e
precisão. Nesse sentido, os atributos da qualidade da informação em relação ao
usuário são: impacto, relevância, valores esperados, valores percebidos e valores de
uso.
As bibliotecas são centros de recursos de aprendizagem, e para
Gasque (2012) indispensáveis para uma pedagogia integradora. Este fato faz com
que os profissionais que nela atuam sejam mediadores para que a informação se
transforme em conhecimento.
A mediação pode ser realizada de várias formas, uma delas é a
escuta ativa com o propósito de atentar-se às necessidades do usuário como meio
54
de proporcionar condições para que seus interesses sejam saciados. (ALMEIDA
JÚNIOR, 2009).
Para tal o bibliotecário deve proporcionar meios de comunicação
para que possa informar os produtos e serviços que a biblioteca dispõe
potencializando então a utilização das fontes que ao usuário são ofertadas.
Uma dessas fontes são recursos digitais, como e-books. Tem-se
observado que essa fonte é uma tendência cada vez maior em bibliotecas
universitárias, mas seu uso exige devida licença de utilização. Tais recursos quando
devidamente utilizados e disseminados, refletem no desenvolvimento informacional
do usuário, o que repercute diretamente na produção e desenvolvimento da ciência.
Gravett (2011) considera que a biblioteca tem a função de identificar
o perfil de seus usuários para torná-los multiplicadores através da capacitação de
grupos, encorajando também os recém-integrados à comunidade acadêmica a
participar de treinamentos, como um meio de conhecer e explorar os recursos
tecnológicos que ela oferta.
Tanto a biblioteca quanto o bibliotecário devem se empenhar em
divulgar e informar sobre seus produtos e serviços devendo inverter os papeis, ou
seja, o bibliotecário deve ir ao encontro do usuário e não o contrário, pois conforme
atenta Anglada (2012), inovar é surpreender.
Por isso o pensamento de Almeida Junior e Santos Neto (2014) é
fato quando afirmam que a mediação da informação não é passiva, e sim uma ação
de interferência e, portanto, acompanha todo o fazer do bibliotecário, ainda que
indireta e inconscientemente. Ela nunca é neutra nem pode ser imparcial e exige
que o bibliotecário assuma seu papel enquanto um agente de informação e que não
fique aguardando que o seu cliente, no caso o usuário, busque a informação apenas
quando se depara com uma necessidade informacional no qual sente-se incapaz de
solucionar. (ALMEIDA JÚNIOR; SANTOS NETO, 2014). Esse é o papel do
bibliotecário: antecipar a necessidade através de divulgação de suas habilidades, de
conhecimento específico de fontes informacionais e de préstimos que muitos dos
que usam a biblioteca sequer imaginam que exista.
55
3 COMPETÊNCIA E COMPORTAMENTO INFORMACIONAL
A competência em informação, segundo Dudziak (2010), vem sendo
um tema prevalentemente estudado por profissionais de áreas distintas, a exemplo
dos médicos, educadores, engenheiros, professores, pedagogos, jornalistas,
bibliotecários entre outros. Esse é um tema que abarca todo e qualquer processo de
aprendizado, de tomada de decisão, de resolução de problemas, investigação, entre
outros, tendo se tornado um movimento transdisciplinar mundial, uma vez que
avançou e ultrapassou as fronteiras da área da ciência de informação, mais
precisamente, a da biblioteconomia.
De acordo com a American Library Association (1989), quando se é
competente em informação, torna-se capaz de reconhecer necessidades, localizar,
avaliar e usar a informação. Em outras palavras, as pessoas que tem competência
informacional, aprenderam a aprender e sabem como fazer, já que conseguem
organizar o conhecimento. Além de encontrar a informação e utilizá-la com
discernimento, a pessoa que possui competência informacional também é hábil em
transmitir aos outros o conhecimento gerado pela informação recebida.
A competência em informação, para Belluzzo, Santos e Almeida
Júnior (2014), é um processo que objetiva o desenvolvimento da habilidade
informacional, que, por conseguinte, aprimora o pensamento crítico e analítico do ser
humano quanto ao volume de informações. Esse processo pode ser desenvolvido
em unidades de informação, por meio da aplicação de programas com a
colaboração mediadora de bibliotecários e professores.
Há de se esclarecer que competência e habilidade não são
sinônimos. Competência se faz pela somatória de conhecimentos, atitudes,
capacidades e aptidões que habilitam o indivíduo a desempenhar diferentes papeis
na vida.
Ser competente é ser capaz de realizar uma série de operações
mentais, usar as habilidades e praticar ações apropriadas à realização de atividades
e conhecimentos, enquanto a habilidade propriamente dita significa “não apenas o
saber-conhecer, mas o saber-fazer, saber-conviver e o saber-ser”. (BELLUZZO;
SANTOS; ALMEIDA JÚNIOR, 2014, p. 63).
Segundo Tonello, Lunardelli e Almeida Júnior (2012), quando se
reconhece a necessidade e importância de determinada informação, o indivíduo vai
56
buscá-la como meio de suprir sua necessidade informacional. Assim, a informação
gera conhecimento e potencializa o processo de aprendizagem (GASQUE, 2012) e a
competência em adquiri-la será o diferencial do sucesso ou insucesso, da satisfação
ou insatisfação dessa necessidade. (BARTALO; DI CHIARA; CONTANI, 2011).
Embora se tenha estudado e discutido a melhor definição para o
conceito de competência informacional, ainda não se tem uma resposta estruturada,
principalmente porque falta um consenso entre os autores que trabalham com essa
temática. (CAMPELLO; ABREU, 2005).
A busca e o processamento da informação são primordiais no
contexto social e nas atividades exercidas pelo ser humano, que ao reconhecer suas
necessidades, inicia uma pesquisa em busca da informação. Nessa primeira etapa,
normalmente há momentos de incerteza, insegurança, frustrações associadas a
pensamentos “vagos, confusos, sobre um determinado tópico ou questão. Quando
um pensamento possui um foco mais claro é percebido o crescimento e a
confiança.” (CHOO, 2006, p. 91.). Paixão (2010) destaca a necessidade de algumas
competências especificas aos profissionais que lidam rotineiramente com a
disseminação da informação, como é o caso dos bibliotecários. São elas:
- Competência técnica – o profissional que atua em
bibliotecas, em especial as universitárias, deve saber fazer
suas atribuições de forma prática, porém competente.
- Competência interpessoal – cabe ao profissional saber lidar
com o público e ter um bom relacionamento com sua equipe
de trabalho, fazendo com que se estabeleça uma relação de
parceria entre seus pares.
- Competência cultural –possuir cultura geral suficiente para
poder compreender o que o cerca bem como prever as
possíveis necessidades informacionais que possam surgir
durante a pesquisa de seu usuário de modo a atendê-lo em
sua plenitude.
Por sua vez, Belluzzo, Santos e Almeida Junior (2014) mostram
outra competência no fazer profissional do bibliotecário, que é a de propiciar ao
usuário uma educação informacional. Esse processo se denomina “educação do
usuário” e ocorre quando ele adota condutas adequadas no que se refere ao uso da
biblioteca e as “habilidades de interação permanente com os sistemas de
57
informação”. (BELLUZZO; SANTOS; ALMENIDA JUNIOR, 2014, p. 64).
Essa “educação de usuários” transcorre por meio de ações
peculiares, que Belluzzo (1989) em sua dissertação que objetivou a educação de
usuários em bibliotecas universitárias elencou ações que a biblioteca universitária
pode implementar e desenvolver através de ações mediadoras, sendo elas:
- Formação: o indivíduo adquire conhecimentos e desenvolve
atitudes e habilidades conforme seu padrão de
conhecimento;
- Treinamento: meios estratégicos que visam o
desenvolvimento de habilidades no uso de recursos
informacionais;
- Instrução: procedimentos minuciosamente detalhados que
possibilitam ao usuário o manejo eficiente dos recursos
informacionais da biblioteca;
- Orientação: ação que visa prestar esclarecimentos sobre a
biblioteca, desde seu “layout” até os serviços por ela
oferecidos, de maneira mais abrangente do que a instrução;
- Ensino: processo formal e intencional que tem como objetivo
a oferta de condições para o desempenho efetivo do usuário
no tocante ao uso da biblioteca e dos recursos
informacionais;
- Aprendizagem: aquisição ou modificação de um determinado
comportamento no uso da biblioteca e seus recursos
informacionais. Ocorre diante da assimilação do conteúdo
ensinado através de orientação ou instrução. (BELLUZZO,
1989).
Vê-se que o processo de ensino não pode ser tratado como
atividade restrita ao espaço da sala de aula, visto que ele acontece em diversos
ambientes e a biblioteca está inclusa nesse contexto.
De modo geral, a sociedade devem cuidar da formação dos
indivíduos, do desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, além de
prepará-los para participação nas instâncias da vida social. Não há sociedade sem
prática educativa, nem prática educativa sem sociedade (LIBÂNEO, 2001) e a
mediação é o elo entre as duas. (SAVIANI, 2003).
58
A palavra “mediador” tem sua origem no latim mediatore, o que
significa “aquele quem media, intervém, auxilia”. Partindo da premissa de que o
ensino é o ato de transformar informação em conhecimento e que a docência é o ato
de materializar o ensino, a atuação do bibliotecário se caracteriza pela mediação
entre os dois polos. Nesse sentido, a mediação da informação está intimamente
ligada à competência em informação. Isso porque a mediação, como foi dito, é um
ato de interferência, sendo também um processo de desenvolvimento e
aprimoramento da busca, recuperação, avaliação e disseminação da informação.
(BELLUZZO; SANTOS; ALMEIDA JÚNIOR, 2014).
Há duas perspectivas de mediação, a implícita e a explícita. A
implícita decorre de ações realizadas pelos equipamentos informacionais, nos quais
se destacam a seleção, armazenamento e processamento da informação, sem a
presença física e imediata do usuário. A mediação explícita, por outro lado, somente
pode ocorrer com a presença do usuário, independentemente de forma física ou
virtual, caso contrário a mediação não se realiza. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009).
Seguindo essa linha de raciocínio, Freire (2013, p. 68), considera
que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediatizados pelo mundo”.
A transformação da informação em conhecimento exige do ser
humano processos cognitivos complexos. Nesse sentido, o capital intelectual se
constitui por meio de experiências e habilidades do indivíduo no tratamento e
aplicação da informação para criar novos produtos e serviços. Esse é fator
determinante para que a sociedade da informação e do conhecimento se
desenvolva. (REIS; CARVALHO; MUNIZ, 2011).
Para que o indivíduo seja competente no uso e busca da
informação, ele deve ser capaz e hábil para gerir e maximizar as informações
recebidas diariamente, de forma eficaz, precisa e eficiente.
Assim, o competente informacional possui familiaridade com redes
formais e informais de formação, conhece as estruturas de comunicação, entende de
estruturação de canais e deles se utiliza com desenvoltura, independente do seu
formato e suporte, incluindo-se aí as revistas, periódicos, jornais, rádio, televisão,
internet, aplicativos, entre outros. (DUDZIAK, 2010).
59
4 SOBRE O CAPITAL CULTURAL
Dentre as ciências que compõem o processo educacional está a
sociologia, que muito contribui para que se possa compreender de que forma é
realizada a transmissão de saberes culturais no eixo familiar, e o sociólogo francês
Pierre Bourdieu, é um dos teóricos da sociologia que em muito contribuiu para a
área de educação. Nascido em agosto do ano de 1930 na cidade Béarn, no sudeste
da França, em uma região rural, frequentou a escola fundamental compartilhando o
espaço com filhos de camponeses, operários e pequenos comerciantes, sendo esse
local o que o inspirou a realizar seus primeiros estudos etnológicosFaleceu em
janeiro de 2002.
Segundo Wacquant (2002), a trajetória de Bourdieu desmentiu suas
próprias teorias sociais do ponto de vista social e acadêmico, uma exceção no que
se refere à transmissão do capital cultural que o próprio havia estabelecido em seus
livros iniciais, uma vez que o neto e filho de agricultor originado da periferia
parisiense chegou ao apogeu da cultura francesa tornando-se o cientista social mais
citado no mundo.
Bourdieu cunhou o termo capital cultural e revelou que tanto ele
quanto o capital econômico organizam o espaço social. Além disso, diz ainda que
cada classe tem suas características próprias, determinadas pela trajetória social
dos indivíduos. Sem dúvidas, esses pré-requisitos contribuem para a definição de
gostos e preferências, já que a predileção é um indício do que temos, do que somos
e do que representamos para os nossos semelhantes. Os gestos, gostos, hábitos,
etc são responsáveis pela nossa classificação perante os outros e pela nossa
avaliação dos outros. Assim sendo, “o Capital cultural torna-se, então, um meio de
distinção à medida que, quem tem maior capital cultural poderá conseguir legitimar
sua cultura como melhor”. (MACEDO; SALES; RESENDE, 2014, p. 52).
O capital cultural é transmitido por herança, sendo acumulado
através de investimentos e reproduzido de acordo com a forma que o indivíduo
possui de investir e se posicionar. Para Bourdieu (1979), o capital cultural de maior
valor é mais frequente em famílias de classes mais altas, visto que elas estão mais
bem aparelhadas por ter fácil acesso aos ambientes culturais.
Ele multiplica-se e se transforma em competências que poderão
favorecer o indivíduo a ter sucesso em sua vida profissional, em campo de trabalho,
60
em alcançar um nível de escolaridade mais elevado, em ser mais qualificado, entre
outros. Sendo assim, os gostos e preferências fazem parte da herança cultural que o
indivíduo recebe da família e depois da escola. Evidentemente, essas escolhas
definem suas atitudes no que se refere à cultura. O capital cultural está, portanto,
intimamente relacionado a diferentes aspectos de educação formal e não formal.
Nesse sentido, a herança cultural e o êxito escolar estão
intimamente ligados, já que os resultados obtidos na trajetória escolar relacionam-se
às propriedades culturais cultivadas dentro do contexto familiar, e a ausência de
solidez na herança cultural familiar tende a influenciar no desinteresse na busca do
conhecimento, à formação escolar, ao discernimento cultural e ao desinteresse
cultural.
Lipman (1990) considera que a herança cultural humana pode ser
ensinada de forma integral para todas as séries escolares, idades e gêneros. Ela é
uma linguagem aprendida e por isso permite que dela se faça uso em todas as
disciplinas, tanto nas ciências, quanto nas humanas, como nas sociais ou aplicadas,
uma vez que elas permitem a conversação do conhecimento.
De acordo com Bourdieu (2008, p. 67), “as diferenças de capital
cultural marcam as diferenças entre as classes”, ou seja, a questão cultural legitima
a apropriação de bens como gosto, escolhas e necessidades. O indivíduo acaba por
consumir aquilo que habitualmente encontra-se dentro do seu contexto. O capital
cultural envolve habilidades, práticas, gostos refinados, conhecimentos gerados
através do núcleo familiar, entre outros elementos, e pode ser representado de três
formas distintas: capital incorporado, capital objetivado e capital institucionalizado.
O capital incorporado é referente ao capital cultural advindo da
herança familiar, construído no seio da família de forma quase biológica, por
acompanhar a evolução e o crescimento do indivíduo nesse ambiente. Esse capital
exerce bastante influência no futuro escolar, justamente por estar ligado aos
ensinamentos passados, aos gostos adquiridos e também aos conhecimentos de
culturas. Não é um patrimônio adquirido rapidamente, mas sim, aprendido no dia a
dia, ou seja, “o capital cultural é um ter que se tornou ser, uma propriedade que se
fez corpo e tornou-se parte integrante da ‘pessoa’” (BOURDIEU, 1998, p. 75).
O capital cultural objetivado está relacionado ao consumo, no qual o
conhecimento é adquirido através do acesso à compra de bens. Um exemplo desse
capital é a ida a museus, teatros, cinema, exposições de obras de arte, livros.
61
Embora o capital cultural objetivado tenha relação estreita com o incorporado,
mantém também uma intima ligação com o capital econômico, visto ser necessário
possuir recursos financeiros para ter acesso ao capital objetivado, o que permite a
inferência de que o indivíduo, cuja condição financeira é desfavorável, sujeita-se a
ser excluído do capital econômico, entre outros.
Por fim, o capital cultural institucionalizado se adquire através de
títulos e diplomas e está ligado de certa maneira ao capital econômico, que facilita o
acesso a esse tipo de capital cultural. De acordo com Bourdieu e Passeron (2013a),
a escolaridade dos pais tem relação direta com o nível cultural da família.
Observa-se que as crianças de origem social privilegiada tendem a
ter gostos comuns à família, além de hábitos de atividades ligadas à cultura, tais
como frequentar teatro, dança, cinema, museus, viagens, entre outros.
Como meio de observar se o consumo da nova classe média está
relacionado ao capital cultural, Macedo, Sales e Resende (2014) entrevistaram 25
pessoas e constataram que o nível de capital cultural influencia sobremaneira nos
hábitos de consumo dessa nova classe média.
Para Macedo, Sales e Resende (2014) isso se deve ao fato de que o
comportamento de consumo de indivíduos com baixo capital cultural difere do
comportamento de consumo daqueles que possuem médio capital cultural.
Por conseguinte, indivíduos de médio capital cultural em relação ao
hábitos de consumo diferem dos que possuem alto capital cultural.
Busetto (2011) entende que Bourdieu considera ser possível a
conversão de um capital para outro, ou seja, um indivíduo que possua um capital
considerável em determinado campo pode migrá-lo a outro campo. Tal conversão é
facilitada quando os campos são próximos, embora não seja regra. E ainda:
Não há qualquer determinância do capital econômico sobre o capital cultural, pois a possibilidade de o agente adquirir um capital cultural por dispor de capital econômico é apenas uma relação entre os dois tipos de capital e depende da especificidade de cada campo em delegar reconhecimento. (BUSETTO, 2011, p. 117).
Já o habitus é conceituado por Busetto (2011, p. 120) como um
“sistema de esquemas de produção de práticas e um sistema de esquemas de
percepção e apreciação das práticas, isto é, estruturas cognitivas e avaliatórias que
os agentes adquirem pela experiência durável numa posição do mundo social”.
62
Nesse sentido, Busetto (2011) chama a atenção para o fato de que
não são todas as disposições do mundo social que farão parte dos habitus do
indivíduo, uma vez que suas experiências e práticas acabam por filtrar as ações. E
por assim ser, apenas as mais compatíveis com as experiências de sociabilização,
em especial as que envolvem as famílias e a escola, são as mais assimiladas.
Partindo da ideia de que para Bourdieu (2007) o capital cultural se
explica como um conjunto de bens e saberes dominantes, que pode existir sob três
estados: incorporado, objetivado e institucionalizado, no capital cultural incorporado
temos a soma das habilidades em falar, pensar, agir, vestir-se, reflexionar de cada
indivíduo, sendo esses os atributos que alimentam o capital. No objetivado, temos a
soma das posses de bens culturais materiais, como por exemplo obras de arte,
livros, viagens, e a apropriação material não está implicada necessariamente na
apropriação simbólica, enquanto no institucionalizado, o capital cultural se forma
através de bens e saberes e se consolida sob a forma de títulos e diplomas.
O cultural é o que mais interfere no sistema escolar, especialmente
porque este capital é desigualmente distribuído entre as classes sociais. O capital
cultural prevalece sob duas formas: a primeira está relacionada às informações que
cada classe possui sobre o sistema de ensino, instituição escolar e carreira
profissional. A segunda diz respeito à transmissão de um habitus, que por
consequência, reflete nas atitudes relacionadas à escola e ao saber. Entende-se
então que:
O rendimento escolar da ação escolar depende do capital cultural previamente investido pela família e que o rendimento econômico e social do certificado escolar depende do capital social – também herdado – e que pode ser colocado a seu serviço. (BOURDIEU, 2005, p. 74).
Quando a família se propõe a custear um colégio, cujo status social
e intelectual facilita o ingresso dos seus alunos em instituições universitárias de
maior gabarito, está na realidade buscando converter o capital econômico em capital
cultural. (MEDEIROS, 2007).
Nesses casos, o investimento em educação dos membros da família
(filhos, netos, entre outros) se torna fundamental, visto que necessitam de maior
capital cultural de modo a manter sua posição social.
É o caso de professores universitários ou profissionais que atuam
63
em áreas que disseminam comercialmente a cultura (jornalistas, colunistas,
marchand,) ou então os que comercializam estilo de vida (personal training,
profissionais que lidam com tendências de moda, beleza, entre outros).
Para Silva (1995), essa situação integra-se a uma dinâmica social
ligada à mudança nos patrimônios, o que possibilita a conversão de um tipo de
capital para outro. Considera-se que o fato de não se possuir uma família com
histórico de bom desempenho escolar, hábito de leitura e cultura, não impede que o
indivíduo possa ao longo de sua vida mobilizar uma somatória que inclua no
contexto o capital econômico, social, entre outros e totalizar assim o seu próprio
capital cultural.
A herança cultural na opinião de Singly (2009, p. 15) necessita de
mecanismos e baseia-se na teoria de Wittgenstein quando afirma que “não se nasce
herdeiro, torna-se, ou não se quer torna-lo”. A miscigenação de informações aliada à
transformação da herança cultural na estrutura do indivíduo acaba por validar e
também acumular recursos que podem ser reconhecidos por meio de suas ações,
práticas e habilidades. E a apropriação de uma herança não necessariamente ocorre
de forma ativa, uma vez que as maneiras e as formas de transmissão do
conhecimento são absorvidas de acordo com o desempenho cognitivo de cada qual,
uns permitem que mais facilmente o capital cultural se aflore, outros apresentam
dificuldades em externá-lo, e cada um se beneficia desse capital de uma forma,
entretanto, os que possuem um acesso maior à informação, independente do que e
para que seja ela, têm o maior potencial de se beneficiar de seus atributos,
considera-se que os herdeiros podem dar continuidade da sequência cultural de seu
seio familiar, mas também podem inovar e agregá-la a um montante maior advindo
do capital social, do econômico e de toda sua trajetória de vida.
Entretanto, uma pessoa que já traz consigo hábitos aceitos
socialmente pela cultura dominante reproduzidos na escola, potencialmente tem
maior vantagem da que não possua esse capital.
Segundo Bourdieu (2007, p. 46)
[...] a parte mais importante e mais ativa “escolarmente” da herança cultural, quer se trate da cultura livre ou da língua, transmiti-se de maneira osmótica, mesmo na falta de qualquer esforço metódico e de qualquer ação manifesta, o que contribui para reforçar, nos membros da classe culta, a convicção de que eles só devem aos
64
seus dons esses conhecimentos, essas aptidões, que, desse modo, não lhes parecem resultar de uma aprendizagem.
Para Bourdieu (2007), a chave para o sucesso ou fracasso de
escolares está no patamar cultural do núcleo familiar. Para ele, quanto mais elevada
a origem social, mais rico e extenso serão seus domínios de cultura e seu
conhecimento. Assim, o êxito no percurso acadêmico em grande parte está
relacionado ao capital cultural herdado de sua família. No dia-a-dia desta
pesquisadora, percebe-se que esse pensamento procede. Ao relacionarmos o
capital cultural com o sucesso na utilização dos serviços ofertados na biblioteca
universitária, confirma-se que geralmente os alunos que mais utilizam os recursos
informacionais são de famílias de capital cultural e nível socioeconômico mais alto
ou são orientados por educadores, tidos como portadores de elevado capital cultural.
Assim, quanto maior o nível de capital cultural maior a probabilidade de elevação do
capital informacional.
Ideia essa contemplada no pensamento de Nogueira e Nogueira
(2004), ao afirmarem que o capital informacional se baseia especialmente no
conhecimento de hierarquias de prestígio, na qualidade e retorno econômico de
ramos de ensino, curso, instituições escolares entre outras.
Assim, é possível considerar que as relações entre o ensino, a
aprendizagem e o capital cultural se dão por intermédio de um mediador. Na escola
o professor é o ator principal, por introduzir conhecimentos e significados a partir de
situações orientadas de forma pedagógica para o ensino. No eixo social, o
conhecimento se realiza através de trocas, tanto em grupo quanto individuais, nas
quais o ator principal é aquele no qual o receptor possui uma empatia e assim sua
resposta quanto às informações são mais efetivas e apropriadas.
Por fim, o capital cultural não ocorre por osmose, mas é gradativo e
somatório, pois a família quando não dispõe de um elevado capital cultural não é a
responsável pelo bom ou mau desempenho, embora tenha um papel relevante na
trajetória do indivíduo. O capital cultural se concretiza quando o indivíduo cria
oportunidades, as suas próprias oportunidades, e se aproveita das que lhe são
ofertadas.
65
5 ANÁLISE DE DADOS
5.1 UNIVERSO DA PESQUISA
5.1.1 Universidade Norte do Paraná
A Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) foi fundada em 17 de
fevereiro de 1972 por um grupo de empresários, destacando-se entre eles os
professores Marco Antonio Laffranchi e Elisabeth Bueno Laffranchi. Primeiramente,
criou-se o Centro de Estudos de Londrina, que assumiu o funcionamento do Colégio
São Paulo, então mantido por uma congregação religiosa.
Foi o primeiro passo para a criação do Centro de Estudos do Norte
do Paraná, e por decorrência foi implantado e mantido o curso de Educação Física,
abrigado pela Faculdade de Educação Física do Norte do Paraná - FEFI. Sendo
reconhecido pelo governo federal em fevereiro de 1976.
No ano de 1985 foi implantada a Faculdade de Ciências e Artes
Aplicadas de Londrina com o Curso de Educação Artística - Habilitações em Artes
Plásticas e Desenho. No ano de 1987 foi criou-se a Faculdade de Reabilitação do
Norte do Paraná tendo como precursor o Curso de Fonoaudiologia. No ano seguinte,
foi criado o Curso de Desenho Industrial.
Na sequência, ou seja, em 1989 através das Faculdades de
Odontologia do Norte do Paraná, Faculdade de Dança de Londrina e Faculdade de
Informática do Paraná, foram implantados os Cursos de Odontologia, Dança e
Tecnologia em Processamento de Dados.
Como meio de agilizar a administração dos cursos, em 1990
idealizou-se a unificação dessas faculdades. Recebendo a sigla "FEFI - Faculdades
de Educação e Formação Integradas do Norte do Paraná”, por fim, no dia 2 de junho
de 1992, através do Conselho Federal de Educação houve a aprovação da
unificação passando então a chamar-se "Faculdades Integradas Norte do Paraná -
UNOPAR", tendo a meta de tornar-se Universidade.
Esse objetivo foi concretizado no ano de 1993, quando a UNOPAR
agregou os cursos de duas instituições sediadas no Município de Arapongas: a
66
Sociedade Educacional Centro e Norte do Paraná - SECENP, com os cursos de
Matemática, Química, Ciências Sociais, Letras e Educação Física ministrados pela
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Arapongas - FAFICLA; e a Fundação
Educacional de Arapongas, com os cursos de Administração e Ciências Contábeis,
que eram ministrados pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de
Arapongas - FAC. E através do Decreto Federal nº 126 publicado no Diário oficial
em 04/09/1997, a UNOPAR foi credenciada como universidade.
A partir disso, a UNOPAR passou a expandir os cursos e ofertar à
comunidade opções em diversas áreas do conhecimento, contando hoje com vários
Cursos de Graduação e Sequenciais de Formação Específica, Cursos no Sistema de
Ensino Presencial Conectado - Modalidade a Distância, Mestrados Acadêmicos e
cursos de Pós-graduação Lato Sensu.
No ano de 2011 houve então a compra da UNOPAR pelo grupo
Kroton, um dos maiores grupos educacionais do Brasil.
5.1.2 Unidade Piza
Esta unidade oferta cursos de Graduação e Pós-graduação, dentre
eles:
- Educação Física
- Enfermagem
- Farmácia
- Fisioterapia
- Fonoaudiologia
- Gastronomia
- Medicina Veterinária
- Nutrição
- Odontologia
- Psicologia
- Agronomia
- Ciências Aeronáuticas
- Desenho Industrial (Projeto de Produto e Programação
Visual)
- Design de Interiores
67
- Engenharia de Alimentos
- Química
- Biomedicina
- Doutorado em Odontologia
- Mestrado em Odontologia
- Doutorado em Ciências da Reabilitação
- Mestrado em Ciências da Reabilitação
- Mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde
- Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados
- Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes
- Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e
suas Tecnologias
- Especialização em Acreditação para Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde
- Especialização em Endodontia
- Especialização em Implantodontia
- Especialização em Ortodontia
- Especialização em Fotografia e Vídeo
- Especialização em Cosmetologia e Estética Avançada
- Especialização em direção de Arte
- Especialização em Metodologia do Ensino Superior e Novas
Tecnologias
- Especialização em Metodologias para Alfabetização
- Especialização em Oncologia
- Especialização em Farmacoterapia e Farmácia Clínica
- Especialização em Fisiologia e Treinamento Desportivo
- Especialização em Tecnologia e Controle de Qualidade em
Alimentos
- Especialização em Educação para a Cultura de Paz
- Especialização em Educação Física Escolar
- Especialização em Prótese Dentária
- MBA em Gestão de Pessoas
- Especialização em Fisiologia do Exercício e Nutrição
Esportiva
68
- Especialização em Neuropsicopedagogia
Há também cursos sequenciais ou de formação específica como
Gestão de Gastronomia e Estética e Imagem pessoal e cursos ofertados pelo
Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, entre eles
o curso técnico de enfermagem, técnico em estética, técnico em farmácia,
massoterapia, entre outros.
A unidade também oferta atendimento à comunidade por convênio
com o SUS – Sistema Único de Saúde, ou para quem tenha interesse. São
tratamentos sem quaisquer ônus ao paciente, destacando-se as Clínicas de:
Odontologia, Fisioterapia, Psicologia, Estética, Nutrição, Bebê Clínica e Laboratório
de Análises Clínicas, além de outros projetos de extensão como o Projeto EELO que
aborda e integra a interdisciplinaridade, vindo a beneficiar em especial a população
idosa de Londrina.
A Unidade Piza conta com uma biblioteca, que por sua vez faz parte
do Sistema de Bibliotecas Prof. José Laffranchi, da UNOPAR, composto de cinco
unidades de informação, cada qual possui um acervo que contempla os cursos
oferecidos pela unidade.
Nesse sentido a biblioteca da referida unidade possui área total de
781 m2 onde o espaço destinado ao acervo é de 281,60 m2 e para leitura geral,
200 m2, com 104 assentos, distribuídos em toda a planta. Conta com 5 salas de
estudo em grupo com 8 a 10 lugares cada e cabines individuais.
Assim, o campo dessa pesquisa foi o setor de Serviços de buscas
de informação científica disponível na Biblioteca da Unidade Piza, situada na cidade
de Londrina, no qual destaca-se os seguintes serviços: capacitação no uso de
recursos on-line, recepção aos calouros, orientação nas buscas bibliográficas,
orientação no uso da biblioteca, respostas às questões de referência, normalização
de trabalho segundo a ABNT, APA e VANCOUVER, COMUT/Comutação
Bibliográfica, entre outros.
A população constituiu-se de usuários que durante os meses de
outubro a dezembro do ano de 2014 procuraram o setor para obter informação
científica com a finalidade de desenvolver trabalhos acadêmicos e pesquisas.
Nesse sentido, a presente pesquisa visou colher dados que
possibilitassem conhecer o perfil real dos usuários de modo a potencializar o uso
dos serviços ofertados pelo setor em relação à pesquisa científica.
69
5.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
A coleta de dados garante as informações acessadas para validação
do estudo e se utiliza de vários instrumentos de pesquisa, nesse caso, o presente
estudo utilizou como instrumento o questionário de Cervo e Bervian (2002), pois o
modelo permite que se obtenham respostas a dúvidas e hipóteses, suas indagações
podem ser feitas por meio de perguntas fechadas ou abertas, padronizadas,
objetivas e que sejam fáceis de serem codificadas e explicadas.
Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento desenvolvido
através de formulário disponível pelo motor de busca Google, denominado Google
Forms, por ser uma ferramenta que tem como objetivo coletar dados por meio de
questões definidas pelo usuário.
Esse formulário é de propriedade do Google Inc e encontra-se
inserido num pacote de aplicativos disposto no Google Drive, que por sua vez tem
como vantagem o envio automático para uma planilha de excell, caso o pesquisador
assim queira. Permite também a criação de gráficos acusando a porcentagem dos
dados coletados, auxiliando deste modo a visualização dos dados como um todo.
Todavia, tendo em vista a necessidade de outros dados estatísticos que o referido
aplicativo não possibilita, foi solicitado serviços de um profissional da área de
estatística.
O acesso a esse aplicativo se dá mediante a criação de uma conta
de registro nos serviços ofertados pelo Google, o que vai permitir o uso da
ferramenta e a manipulação do questionário. Para sua criação, primeiramente
define-se o título, no caso do formulário desse estudo, intitulou-se “Características
dos usuários atendidos na Biblioteca José Lafranchi-Campus Piza, de 08 de
setembro a 18 de dezembro do ano de 2014” (Apêndice B).
Abaixo do título, foi feita uma breve descrição dos objetivos para que
o respondente pudesse compreender de que se tratava a pesquisa.
O próximo passo foi determinar a forma na qual os conteúdos
ficariam dispostos e também qual foi a fonte utilizada.
O questionário contou com 28 questões, todas deveriam ser
preenchidas, caso faltasse alguma, não seria possível enviar o instrumento para a
nuvem e o respondente automaticamente receberia a informação sobre a questão
não respondida. A média para que o usuário pudesse responder era de dois a três
70
minutos.
A título de informação, o Google Forms permite uma série de formas
para que as questões sejam inseridas, assim elas podem ser respondidas de modo
subjetivo, objetivo, através de preenchimento de checkbox (caixa de seleção e ou
verificação) entre outros.
As primeiras perguntas eram destinadas a conhecer o perfil do
usuário e incluía o gênero, idade, região geográfica de origem, cidade, estado e
renda familiar. A seguir, era solicitado que informasse o vínculo com a instituição, se
aluno, docente ou outros.
O terceiro tópico refere-se à formação acadêmica, onde o
respondente deveria denominar, na caixa de resposta, sua graduação, caso já
tivesse, denominando também outra graduação, caso possuísse mais de uma.
Nesse tópico também foi incluído o conhecimento de idiomas, priorizando-se inglês e
espanhol, mas com a possibilidade de incluir outra língua, caso tivesse.
Nesse quesito, a pergunta feita ao respondente recaía sobre sua
formação, desde a educação infantil até a superior, assim como o tipo de instituição,
se foi pública ou privada. O questionário contemplou também a formação escolar
dos pais, justamente para saber se o capital cultural herdado influenciava na
utilização de recursos informacionais para pesquisa científica, sendo esse um dado
importante para a pesquisa.
A motivação que levou o acadêmico a procurar a universidade foi a
questão que fechou este tópico.
Em seguida buscou-se dados referentes ao uso da biblioteca e ao
conhecimento de seus recursos, ferramentas informacionais, tais como banco e
base de dados, descritores, clusters/filtros.
Segundo a Bireme (2015), clusters são conjuntos de referências de
documentos recuperados em uma pesquisa, ordenados por ordem de maior
ocorrência e que servem para refinar uma pesquisa. Geralmente são visualizados
nas laterais da página do resultado, no caso da Bireme, sempre ao lado direito.
Também foi perguntado se o usuário em busca da informação
necessitava de auxílio ou não, se teve ajuda e, se tinha algo que pudesse facilitar tal
processo. Por fim, foi pedida sua autoavaliação quanto à sua competência
informacional.
Para que fosse possível a realização da coleta de dados, criou-se
71
uma estratégia, ou seja, o instrumento foi aplicado única e exclusivamente ao
usuário em seu primeiro encontro para realização de buscas bibliográficas, haja vista
que a busca científica, na maioria das vezes, necessita de mais de um encontro para
que as informações coletadas sejam de fato úteis ao pesquisador.
Após o devido agendamento, na data do primeiro encontro,
normalmente o usuário preencheu um formulário de solicitação de busca
bibliográfica ou serviços, no qual ele informou seus dados pessoais, bem como
curso / área de atuação e formação, descreve seu objetivo, as palavras-chave, a
finalidade da pesquisa, periodicidade, língua, entre outros, como meio de
potencializar o encontro de informações com o uso dos dados fornecidos.
Também foi realizada uma entrevista informal, que se deu através
de diálogo simples, nos casos em que o usuário estivesse de forma presencial. Caso
não estivesse presente fisicamente, a entrevista ocorreria de forma online e o
pesquisador utilizava de escuta ativa, uma vez que os serviços também são
realizados com utilização de skype.
Nesse caso, a demora em responder, o tom de voz, os ícones e as
expressões utilizadas indicavam dificuldade ou não na busca, pois a escrita não se
realiza unicamente por símbolos fônicos e “os elementos expressivos e emocionais
contidos em cada traço dos caracteres tipográficos e igualmente nas letras
manuscritas, transforma-se em uma linguagem que sobrepõe ao significado do texto,
ambos percebidos concomitantemente pelo leitor”. (MANDEL, 1998, p. 171).
Primeiramente o usuário era informado do objetivo da coleta de
dados, ficando ao seu critério a opção de preenchimento ou não. Caso aceitasse,
optava em responder no próprio setor ou, se preferisse, era encaminhado o link do
instrumento (https://docs.google.com/forms/d/1kG2oAR-
nnatbMU_BJ8oohXKerTH5yrdkvjwAopcgXbM/viewform) ao seu e-mail pessoal.
Os usuários que buscaram o serviço para outras finalidades, como
formatação, normatização, informações sobre estruturação de trabalho, entre outros,
não participaram da coleta de dados por não fazerem parte do público alvo. Desse
modo,102 questionários foram respondidos.
72
5.3 CONHECENDO O FUNCIONAMENTO DO SETOR DE REFERÊNCIAS
O serviço de referência tem o propósito de servir e auxiliar o usuário
na recuperação da informação independente do formato em que esta se encontre,
Esse setor realiza serviço de normalização de documentos através das normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, assim como orienta as revisões
de trabalhos acadêmicos e o uso de citações e referências bibliográficas.
Através das solicitações por meio de agendamento prévio, são
ministrados treinamentos que visam não somente apresentar o Centro de Recursos
da Internet (CRI) do Sistema de Bibliotecas da Unopar, como também informar a
comunidade interna da instituição sobre os procedimentos quanto as formas de
busca na Web e bases de dados disponíveis.
O serviço ministra treinamento individual ou em grupo, a fim de que
se possa conhecer e utilizar os recursos online disponibilizados pela biblioteca. É
função das bibliotecas, além de mediar a busca de informação técnico/científica,
disseminar a informação. Os usuários que pertencem à comunidade interna têm livre
acesso a todos os recursos disponíveis: bases de dados, periódicos eletrônicos,
entre outros.
A capacitação dos usuários, tanto para uso da coleção quanto para
os serviços online, é ofertada para alunos e docentes de graduação, pós-graduação
e para os funcionários. Quando há entrada de calouros, procede-se orientação dos
mesmos para uso da biblioteca. É necessária a realização de treinamentos para
acesso à base de dados, tendo em vista o grande volume de documentos
eletrônicos que se pode disponibilizar pelo acesso online. A cada dia milhões de
documentos são lançados nas nuvens, muitos deles de grande relevância para o
público científico. No entanto, para que seja possível o acesso e conhecimento da
existência desses materiais, há necessidade de promover a forma de acesso para
que o indivíduo possa aperfeiçoar a sua própria busca.
Cada banco ou base de dados tem suas próprias características e a
qualidade de recuperação da informação é variável. Por isso, quando se tem
domínio e habilidade para pesquisas avançadas nesses recursos, é possível
alcançar melhores resultados e atender de modo peculiar à pesquisa.
Os treinamentos são feitos por meio de aulas expositivas e práticas
dentro do laboratório de informática, uma vez que a biblioteca atende desde a
73
graduação até a pós, incluindo alunos de especialização, mestrado e doutorado.
Ora, cada usuário possui necessidades e expectativas diferenciadas, por isso se fez
necessário dividir o treinamento em três categorias: básico, intermediário e
avançado.
O treinamento básico consiste em informar o usuário sobre os
serviços de acesso ao catálogo Pergamum, o uso das interfaces de consulta rápida,
avançada e acervo e-book, informações a respeito do serviço de empréstimo,
período, reserva e renovação online, apresentação da plataforma de trabalho
acadêmico, utilização de recursos online como motores de busca, especificamente o
Google no modo avançado, para que o acadêmico possa efetuar a sua busca de
forma a contemplar documentos fidedignos, excluindo o lixo eletrônico.
O treinamento intermediário é geralmente aplicado à comunidade
que se encontra em nível de especialização, mestrado, doutorado e também para
alunos que estão em fase da elaboração do trabalho de conclusão de curso ou os
que participam de iniciação científica. Nesse caso são dadas noções básicas de
bancos de dados, organização e estrutura, busca com uso de operadores boleanos,
uso de descritores, palavras-chave, entre outros. A forma de busca é avaliada por
meio de exercícios práticos que vão desde acesso a textos completos a
encaminhamento de material encontrado através do uso de email, facebook, twitter,
entre outros.
Quanto ao treinamento avançado, este exige que o participante
tenha conhecimento de bancos e bases de dados, assim como de forma de buscas
e lógica booleana.
Nele, são apresentados repositórios, bancos e bases de dados
específicos de uma determinada área, estrutura e organização de pesquisa, entre
outros.
Em geral esse treinamento é mais requisitado pela área de saúde, já
que nele são apresentados não apenas os descritores, mas também a forma da
organização do MeSH (Medical Subject Headings), ou seja, um sistema de
metadados da área médica em língua inglesa, que fornece a nomenclatura e se
baseia na indexação de documentos na área de ciência e saúde, serviço criado e
mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.
Tanto no treinamento intermediário quanto no avançado, o Portal da
Capes é contemplado. No intermediário é feita uma explanação sobre o portal e a
74
utilização de seus recursos, tanto os que exigem assinatura prévia quanto os de
acesso gratuito. Ao longo dos treinamentos observou-se que esse portal de extrema
importância é desconhecido ou subutilizado, existindo inclusive um mito de que seu
acesso é limitado às instituições públicas, o que não é verdadeiro.
Em determinadas ocasiões, mesmo que o curso solicitado seja o
avançado, faz-se necessário primeiro aplicar noções básicas, as mesmas que são
aprendidas por estudantes que se encontram ingressando na universidade, visto que
a escala de formação acadêmica não garante habilidade e afinidade de uso de
recursos tecnológicos.
75
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados foram apresentados em frequência absoluta e relativa1 e
para verificar a associação entre os dados2 foi empregado o teste de Qui-quadrado3
e o teste de exato de Fisher4 quando cabível.
Em toda analise foi considerado um nível de significância de p<0,05.
Para a análise dos dados, foi utilizado o pacote estatístico SPSS.
6.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
O universo de estudo foi constituído de 102 usuários, atendidos no
Setor de Serviços de Pesquisa Científica e Normatização da Biblioteca José
Lafranchi - Campus Piza, a fim de realizar pesquisa científica entre os meses de
outubro a dezembro do ano de 2014, conforme demonstrado na tabela 1.
1 Contagem de sujeitos. Quando absoluta, é o número de sujeitos (n), quando relativa trata-se da
porcentagem relacionado a algo. 2 Classificação de teste estatístico que indica o quando duas variáveis categorizadas possuem
frequências absolutas com comportamentos semelhantes ao que era esperado para que tivessem. Para tanto, utiliza-se o teste Qui Quadrado.
3 Teste de associação entre duas variáveis categóricas, compara a estimativa de frequência de sujeitos esperada devido ao tamanho amostral pela observada no estudo (a equação é frequência esperada - observada ao quadrado / esperada).
4 Ajuste ou correção do teste de qui-quadrado utilizado quando a estimativa da frequência esperada apresenta mais que 20% das caselas com valor inferior a 5.
76
Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados, segundo gênero, faixa etária e formação, Londrina, 2015
Variáveis Número % Gênero
Feminino 66 64,70% Masculino 36 35,30%
Faixa Etária Até 20 anos 12 11,76% 21 - 30 anos 51 50% 31 - 40 anos 22 21,56% 41-50 anos 13 12,74% Maior que 50 anos 4 3,92%
Formação Graduação 58 56,86%
Especialização 7 6,86% Mestrado 26 25,49% Doutorado 8 7,84% Pós-Doutorado 3 2,95%
Total 102 100% Fonte: Da autora.
Ao visualizar os dados contidos na tabela 1, percebe-se que o
gênero prevalente foi o feminino com 66 (64,70%), o que corrobora as observações
de Guedes (2008) quanto ao crescente ingresso feminino em universidades
brasileiras, o que não deixa de ser um marco histórico e social, consolidando uma
nova realidade na qual as mulheres são maioria, aproximadamente 60%, dos
graduados entre a faixa etária mais jovem.
Na faixa etária de pessoas de 21 a 30 anos, a prevalência foi de 51
(50%) e as com 31 a 40 anos, com 22 (21,56%).
Já em relação à formação, os dados indicam que 58 entrevistados
(56,86%) apontaram estar na graduação, 26 respondentes (25,49%) Mestrado, 8
participantes (7,84%) Doutorado e 3 (2,95%) Pós-Doutorado.
Deve-se também ressaltar que no contingente de universitários,
entre os anos de 1970 a 2001, a entrada do gênero feminino em cursos tidos
tradicionalmente como masculino foi significativa. (GUEDES, 2008).
Em relação à renda familiar, houve predominância na categoria de 3-
6 salários com 38 (37,25%) dos respondentes.
Foi percebido o mesmo percentual em duas outras categorias,
77
sendo elas a de 1-3 salários e >9 salários, no total de 25 respondentes (24,51%) em
ambas, enquanto a renda familiar de 6-9 salários ficou com 14 indivíduos (13,73%).
No que tange a área de conhecimento dos respondentes, constatou-
se que 65 (63,72%) eram da área de saúde, enquanto 17 entrevistados (16,68%) de
biológicas.
Na área de exatas houve 10 participantes (9,80%). Na área de
ciências sociais foram 9 respondentes (8,82%), havendo também 1 (0,98%) dado
ausente, conforme demonstrado na tabela 2.
Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e área do conhecimento, Londrina, 2015
Variáveis Número % Renda Familiar 1-3 salários 25 24,51% 3-6 salários 38 37,25% 6-9 salários 14 13,73% > 9 salários 25 24,51%
Área do conhecimento Biológicas 17 16,68% Exatas 10 9,80% Saúde 65 63,72% Ciências Sociais 9 8,82% Dado ausente 1 0,98%
Total 102 100% Fonte: Da autora.
Os resultados vão de encontro ao estudo realizado por Ristoff
(2013), cujos dados do questionário socioeconômico aplicados no Enade, entre os
anos de 2004 a 2009, apontaram um valor de 11% de estudantes vindos de famílias
de baixa renda, com renda de até três salários mínimos. Esse aumento diminui a
distância entre o campus e a sociedade, entretanto, ainda persiste uma
concentração de renda nas universidades brasileiras quanto à natureza
socioeconômica.
A partir da leitura da tabela 3 disposta na sequência, constatou-se
que em relação à frequência de visita à biblioteca, dos 102 respondentes, 58
(56,86%) responderam que frequentam às vezes, enquanto que 31 (30,40%)
sempre. A opção raramente contou com 9 (8,82%) dos respondentes e três (2,94%)
afirmaram que somente vão a biblioteca quando solicitado pelo docente. Um (0,98%)
78
afirmou que nunca à frequenta. Quanto à necessidade de auxílio para pesquisas
científicas, os dados indicaram que 98 (96,08%) de auxílio.
Tabela 3 – Distribuição dos entrevistados, em relação à frequência de visita à biblioteca e necessidade de auxílio para pesquisas, Londrina, 2015
Variáveis Número % Frequência de visita à biblioteca Nunca 1 0,98% Raramente 9 8,82% Às vezes 58 56,86% Sempre 31 30,40% Quando solicitado pelo docente 3 2,94%
Necessidade de auxílio para pesquisa Sim 98 96,08%
Não 4 3,92%
Total 102 100% Fonte: Da autora.
Ao buscarem identificar as dificuldades dos estudantes de
graduação em encontrar informações para elaboração de seus trabalhos de
conclusão de curso, em especial, daqueles que desconhecem o papel e
funcionamento da biblioteca, serviços e produtos, Silva e Gomes (2009) observaram
que a frequência de uso de biblioteca é limitada.
Segundo Silva e Gomes (2009), o processo de compreensão do
potencial informativo da biblioteca deve ser iniciado enquanto o indivíduo frequenta
as bibliotecas escolares, para que posteriormente ele compreenda os produtos
ofertados em outros tipos de biblioteca.
Entende-se que a biblioteca escolar é vital para iniciação de
aprendizagem, no desenvolvimento do processo de leitura e pesquisa, e ainda, tem
a responsabilidade de fomentar a pesquisa no universo escolar.
Desse modo o estudante levará a experiência de pesquisa para toda
sua vida escolar e acadêmica, tendo em vista que muito do seu sucesso profissional
depende de sua autonomia na busca e uso de informações. (SILVA; GOMES, 2009).
Há confluência entre a pesquisa aqui apresentada e o pensamento
presente no estudo de Silva e Gomes (2009) quanto à indissociabilidade entre o
ensino e a pesquisa.
Essas duas categorias são fundamentais para a construção do
conhecimento e, quando integradas, contribuem para o desenvolvimento cientifico e
79
para as mudanças em prol do desenvolvimento social e humano do indivíduo.
Tal tarefa não apenas compete às escolas e universidades, mas
também às unidades de informação, em especial as que atuam em instituições de
ensino e pesquisa como as universitárias.
Esse processo exige habilidade tanto dos profissionais que atuam
em sala de aula quanto dos que atuam nos bastidores, como no caso dos
bibliotecários. Esse profissional possui maior habilidade e conhecimento para
identificar a informação quanto à sua qualidade e veracidade, quanto às formas e
estratégias de acesso e quanto às formas eficazes de avaliação e uso da
informação.
6.2 O CONHECIMENTO DE BANCO E BASES DE DADOS, DESCRITORES E
CLUSTERS
Ao analisar a tabela 4, que trata do conhecimento de banco de
dados, verificou-se que 39 respondentes (38,24%) afirmaram conhecer esse
recurso, enquanto que 63 entrevistados (61,76%) afirmaram não conhecer.
Em relação ao conhecimento sobre base de dados foi visto que 57
indivíduos (55,88%) desconhecem esse recurso e 45 pessoas (44,12%) indicaram
que o conhecem.
Quanto a utilização de descritores observa-se que a maioria, ou
seja, 42 entrevistados (41,7%) fazem uso, enquanto 24 indivíduos (23,53%) não
fazem.
Também foi observado que 36 pessoas (35,30%) não sabem o que
é um descritor. Já na utilização de clusters (filtros) 44 respondentes (43,13%) fazem
uso desse recurso, 35 indivíduos (34,32%) não sabem o que é e, 23 pessoas
(22,55%), não usam.
A tabela a seguir demonstra os resultados elencados.
80
Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados, quanto ao conhecimento de banco e base de dados e utilização de descritores e clusters (filtros), Londrina, 2015
Variáveis Número % Conhece banco de dados
Sim 39 38,24% Não 63 61,76%
Conhece base de dados Sim 45 44,12% Não 57 55,88%
Utiliza descritores Sim 42 41,17% Não 24 23,53% Não sei o que é 36 35,30%
Utiliza clusters (filtros) Sim 44 43,13% Não 23 22,55% Não sei o que é 35 34,32
Total 102 100,00 Fonte: Da autora.
Ainda sobre os dados informados na tabela acima, no item
“conhecer banco e bases de dados”, se a resposta tivesse sido que sim era então
solicitado que os denominassem.
No entanto, ficou claro que na maioria das vezes, os respondentes
confundiam essas duas fontes informacionais, ou seja, quando se tratava de banco
de dados, indicavam bases de dados e vice versa.
Quanto aos descritores, o fato dos respondentes da área de saúde
não saberem do que se trata é preocupante, especialmente porque nessa área o
conhecimento sobre esse vocábulo é imprescindível.
Os descritores, além de remeter termos para o contexto universal,
também atuam nas sinonímias e potencializam a eficácia da busca cientifica, sem
divagação de informação.
Outro detalhe significativo é o fato de que os respondentes
desconhecem a função de filtros no refinamento de pesquisa, fato esse
constantemente observado ao longo do tempo de atuação no setor pesquisado.
Quanto a realização de pesquisa científica, outro fator que atrapalha
(se não inviabiliza) resultados eficazes nas buscas em bancos e bases de dados é o
não domínio de uma língua estrangeira, em especial o inglês, por ser ele o idioma
81
oficial da ciência.
Considera-se um problema a ser atentado na formação básica, pois
o mundo acadêmico e científico fala inglês. Outra constatação interessante é o fato
de serem raros os programas de pós-graduação terem disciplinas de comunicação
científica em inglês. (MARQUES, 2009).
Em geral, costuma-se procurar a informação de modo centralizado
e, ao não encontrar a resposta que coincida com a expectativa, o usuário acaba por
fazer uma nova tentativa, ou então passa para os resultados informados nas páginas
seguintes.
Não há habito de se trabalhar a visão periférica, o que é importante
dentro de bases e bancos de dados, pois a informação em muitas situações é
refinada pelo uso de limitadores e clusters que ficam dispostos nas laterais da tela.
Ao explorar a utilização da técnica de rastreamento do olhar na
avaliação de usabilidade de aplicações de TV interativa (TVi) e estudar como o
rastreamento do olhar pode ser usado para obter dados sobre a integração com tais
aplicações, Giannotto (2009) afirma que as contribuições e limitações quanto ao
rastreamento do olhar podem explicar problemas de usabilidade e também identificar
comportamento dos usuários.
A título de informação, o termo “usabilidade” é, segundo a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002), a maneira de como um produto
pode ser usado por um determinado usuário de modo a alcançar objetivos
específicos de forma eficiente e, assim, satisfazer sua necessidade.
Os testes de usabilidade buscam estudar o desempenho do
indivíduo em uma ou mais tarefas reais, como meio de propiciar respostas para
questões de interesse.
Em geral, permitem o fornecimento de dados, tais como o tempo que
o indivíduo leva para realizar as tarefas e chegar a seu objetivo, a quantidade de
erros e a sua satisfação perante o uso do sistema. (RUBIN; CHISNELL, 2008).
Os termos acessibilidade e usabilidade não são similares. A
acessibilidade indica o grau de facilidade para se acessar algo. Já a usabilidade, é
conseguir fazer o que se deseja, sem a interferência da máquina, ou seja, “a arte de
projetar interfaces com facilidade de uso”. (GASPAROTTO, 2007, p. 15).
A área da computação e as correlatas utilizam o termo “estudo de
usabilidade” para conhecer o desempenho do usuário diante da máquina, suas
82
dificuldades, necessidades, satisfação entre outros. Desse modo “os Estudos de
Usabilidade se convergem para os estudos de Usuários e ambos têm a preocupação
com uma melhor interação do usuário com o sistema e, principalmente, com a
satisfação do primeiro e adequação do segundo”. (COSTA; RAMALHO, 2010, p.
112).
A experiência remete à necessidade de se observar e buscar formas
para que o indivíduo que precisa acessar bancos e bases de dados seja treinado a
utilizar com maior eficiência seu campo visual periférico.
O treinamento, somado à informação de qual o seu objetivo,
potencializaria uma pesquisa científica sustentada por bancos e bases de dados,
com maior efetividade, economia de tempo e satisfação.
6.3 FORMAÇÃO DOS RESPONDENTES E DE SEUS PAIS
Nessa etapa foi realizado o cruzamento de informações no que se
refere à área de formação dos pais e dos respondentes. Os resultados nos levaram
a divisão de quatro grandes áreas do conhecimento, sendo elas: Ciências
Biológicas, Ciências Exatas, Ciências da Saúde e Ciências Sociais.
Constatou-se que16 entrevistados eram da área de Ciências
Biológicas, sendo que 14 dos seus pais não possuíam curso superior. Dos dois
restantes, um pai um era formado na área de Ciências Sociais e outro, na área de
Ciências Exatas.
Em relação à mãe, constatou-se que 13 mães não possuíam nível
superior. Das três mães restantes, duas tinham formação na área de Ciências da
Saúde e uma na área de Ciências Exatas.
Quanto aos 10 entrevistados da área de Ciências Exatas, 7 de seus
pais não possuíam formação universitária. Dos três restantes, dois pais eram
formados na área de Ciências Sociais e um na de Ciências Exatas.
Quanto às mães, verificou-se que 8 delas não possuem formação
superior, e duas são da área de Ciências Humanas (Ensino).
No tocante aos 65 respondentes da área de Ciências da Saúde, os
dados mostraram que 52 pais não possuíam ensino superior, enquanto 7 pais são
formados na área de Ciências Sociais, 5 na área de Ciências Exatas e um na área
de Saúde.
83
Em relação às mães, 47 delas não possuem graduação enquanto 10
são formadas na área de Humanas (Ensino) e quatro na área de Saúde. E ainda, as
áreas de Ciências Sociais e Ciências Exatas tiveram uma representante cada.
Por fim, dos 9 respondentes da área de Ciências Sociais, 6 de seus
pais não possuem nível superior, enquanto dois pais formaram-se na área de
Ciências Exatas e um na de Ciências Sociais.
Quanto ao grau de estudo das mães dos 9 respondentes, 8 delas
não são graduadas e uma tem formação na área de Ciências Humanas (Ensino).
Os dados informados estão dispostos na tabela a seguir
Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e de seus pais, Londrina, 2015
SUPERIOR Área
Biológicas Exatas Saúde Sociais n % n % n % n %
Pai
Não possui 14 13,9% 7 6,9% 52 51,5% 6 5,9%
0,654 Exatas 1 1,0% 1 1,0% 5 5,0% 2 2,0% Saúde 0 0,0% 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0%
Sociais 2 2,0% 2 2,0% 7 6,9% 1 1,0%
Mãe
Não possui 13 12,9% 8 7,9% 47 46,5% 8 7,9%
0,791 Exatas 1 1,0% 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% Saúde 3 3,0% 0 0,0% 4 4,0% 0 0,0%
Sociais 0 0,0% 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% Ensino 0 0,0% 2 2,0% 10 9,9% 1 1,0%
Fonte: Da autora.
No estudo de Ristoff (2013), as mães levaram uma pequena
vantagem, quanto à educação escolar de nível médio e a de nível superior assim
como os resultados desse estudo.
Um dado interessante no estudo de Ristoff (2013) diz respeito aos
estudantes do curso de pedagogia, isso porque os pais com escolaridade superior
apresentaram percentual de 70%.
Os dados aqui apresentados, mostraram que as mães concentram a
formação em nível superior, na área de Ciências Humanas, em especial, em ensino,
e a alta concentração encontra-se nas mães cujos filhos optam pela área de saúde.
Os indicadores socioeconômicos no estudo de Ristoff (2013)
revelaram que dentre os estudantes de medicina, a maioria, ou seja, 67%, possuem
pai com instrução superior, 70% vem de família de renda elevada, representando a
faixa entre 10 salários mínimos chegando até a mais de 30 salários mínimos.
84
Essa realidade também foi percebida no cruzamento dos dados
obtidos no presente estudo, uma vez que a porcentagem de pais com curso superior
foi mais elevada em alunos da área de saúde.
Infere-se então que o capital cultural herdado potencializa a inserção
do indivíduo na educação superior. Quando o capital escolar dos pais tem um
patamar mais alto, os descendentes são favorecidos, pois quanto maior a
familiaridade e formação educacional, maior a herança cultural e com certeza,
maiores as chances do indivíduo buscar nível mais alto de escolaridade.
Outra hipótese pertinente é que o capital cultural herdado pode
exercer uma influência na utilização da biblioteca para finalidade de pesquisa, sendo
o professor um grande influenciador, uma vez que através de sua didática ele pode
potencializar seu aluno a ser um sujeito dinâmico. O uso da biblioteca passa a ser
então mais que um simples hábito, mas uma forma de agregar conhecimentos e
desenvolver a capacidade intelectual do aluno. Nesse sentido o professor não
apenas ensina como também media o aprendizado, uma vez que através da sua
estimulação ele auxilia o aluno a ter uma formação técnica e profissional mais
adequada, tendo a biblioteca como um instrumento que permite a união do ensino e
da aprendizagem através da mediação e do uso de suportes informacionais que
disponibiliza.
6.4 FORMAÇÃO DOS PAIS DOS RESPONDENTES E RENDA FAMILIAR
Nesse item promoveu-se o cruzamento de dados de formação dos
pais dos respondentes e renda familiar e constatou-se que na faixa cuja renda
familiar é de 1 a 3 salários, 23 das 25 mães não possuem curso superior. Uma tem
formação na área de Ciências da Saúde e a outra na área de Ciências Humanas
(Ensino).
Dos pais, verificou-se que 20 não possuem ensino superior. Três
formaram-se na área de Ciências Sociais e dois na de Ciências Exatas, conforme
aponta a tabela 6.
85
Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados, em relação a área de formação de seus pais e renda familiar, Londrina, 2015
Renda Família 1-3
Salários 3-6
Salários 6-8
Salários >9
Salários
n % n % n % n %
Superior Mãe
Não possui 23 22,5% 27 26,5% 10 9,8% 17 16,7%
0,791 Exatas 0 0,0% 2 2,0% 0 0,0% 1 1,0% Saúde 1 1,0% 3 2,9% 2 2,0% 1 1,0%
Sociais 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 1 1,0% Ensino 1 1,0% 5 4,9% 2 2,0% 5 4,9%
Superior pai
Não possui 20 19,6% 31 30,4% 12 11,8% 17 16,7%
0,035 Exatas 2 2,0% 3 2,9% 0 0,0% 4 3,9% Saúde 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 0 0,0%
Sociais 3 2,9% 3 2,9% 2 2,0% 4 3,9% Fonte: Da autora.
Na faixa entre 3 a 6 salários a tabela demonstra que das 38 mães
que representam os respondentes, 27 não possuem curso superior. Cinco tem
formação na área de Ciências Humanas (Ensino), três na área de Ciências da
Saúde, duas na de Ciências Exatas e uma na área de Ciências Sociais.
Percebeu-se ainda que 31 pais não tem formação superior. Três
formaram-se na área de Ciências Exatas, três na de Ciências Sociais e um na área
de Saúde.
A leitura da tabela 6 informa que na faixa de renda familiar entre 6 a
8 salários houve 14 respondentes. Desse total, 10 mães não possuem curso
superior. Duas possuem na área de Ciências da Saúde e duas na área de Ciências
Humanas (Ensino).
Em relação aos pais, 12 não tem formação superior e dois são
formados na área de Ciências Sociais.
A faixa de renda familiar acima de 9 salários contou com 25
respondentes e mostra, segundo os dados, que 17 mães não possuem curso
superior. Cinco são da área de Ciências Humanas (Ensino). Já as áreas de Ciências
da Saúde, Ciências Exatas e Ciências Sociais estão representadas com uma mãe
cada.
Quanto aos pais, 17 deles não são graduados. Quatro são formados
na área de Ciências Sociais e quatro na área de Exatas. Percebeu-se então que
com relação à faixa de renda familiar de 3-6 salários e >9 salários, houve o mesmo
índice percentual no tocante às mães que possuem curso superior na área de
ensino, ambos com 5 cada, o que equivale a 4,9% da população de respondentes.
86
O estudo de Ristoff (2014), cuja principal fonte foi o questionário
socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho do Estudante (ENADE),
demonstra que houve alteração do perfil socioeconômico do estudante universitário
do campus brasileiro.
Em especial, evidencia a renda familiar dessa população. É bom
lembrar que apenas 7% das famílias brasileiras possuem uma renda mensal
superior a 10 salários mínimos, sendo raro encontrar na graduação brasileira, um
curso/área cuja representação seja igual ou inferior a da sociedade. Deduz-se por
esses indicativos que o campus brasileiro é significativamente mais rico que a
sociedade brasileira.
Há no questionário socioeconômico aplicado por Ristoff (2014) uma
correlação explícita entre renda familiar, escolaridade dos pais, origem escolar, entre
outras. O autor, ao comparar os dados referentes aos três ciclos do Enade, concluiu
que diferente de tempos pretéritos, possuir pais com escolaridade superior já não é
mais um requisito indispensável para o ingresso à universidade.
Tal evidencia é generalizada, independentemente do curso
escolhido ou do número maior ou menor de candidatos em relação à competitividade
de vagas.
Entretanto, tal situação se encontra com maior frequência em filhos
de pais cuja escolaridade não chega ao nível superior, o que para Ristoff (2014) é
um indicador de que as classes que antes eram excluídas do campus brasileiro são
hoje oportunizadas ao seu acesso.
A seguir foram cruzados as informações quanto à área do
respondente e renda familiar.
Dos 102 respondentes, um foi considerado ausente por não ter
informado a sua área. Vemos então que na faixa de renda familiar de 01 a 03
salários, 12 são da área de Ciências da Saúde. Há ainda 7 entrevistados que
representam a área de Ciências Exatas, quatro da área de Ciências Sociais e dois
da área de Ciências Biológicas.
De 03 a 06 salários, 27 são da área de Ciências da Saúde, 7 da área
de Ciências Biológicas, dois da área de Ciências Exatas e dois na área de Ciências
Sociais.
Na faixa de 06 a 08 salários, vê-se que 8 representantes são da área
de Ciências da Saúde, quatro da área de Ciências Biológicas, um da área de
87
Ciências Sociais e um da área de Ciências Exatas.
Em relação aos representantes cuja renda familiar é maior que 9
salários, observou-se que 18 entrevistados são da área de Ciências da Saúde,
quatro da área de Ciências Biológicas e dois da área de Ciências Sociais.
Tais dados encontram-se dispostos na tabela 7.
Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados, em relação a sua área de formação e renda familiar, Londrina, 2015
Renda Família 1-3
Salários 3-6
Salários 6-8
Salários >9
Salários
n % n % n % n %
Área Biológicas 2 2,0% 7 6,9% 4 4,0% 4 4,0%
0,034 Exatas 7 6,9% 2 2,0% 1 1,0% 0 0,0% Saúde 12 11,9% 27 26,7% 8 7,9% 18 17,8%
Sociais 4 4,0% 2 2,0% 1 1,0% 2 2,0% Fonte: Da autora.
Bourdieu (1989) diz que o indivíduo ao acumular experiências, tanto
de sucesso quanto de fracasso escolar, acaba por construir um cenário de
possibilidades reais.
Na maioria das vezes isso é inconsciente, mas lhe dá certa visão do
que é possível ser alcançado. Para isso, ele traça um nível de investimento que é
necessário para deslanchar a carreira escolar.
Nesse sentido, quando a pessoa decide por maior ou menor
investimento econômico em seu processo escolar, acaba agregando tanto o capital
social, quanto o econômico, aumentando assim o retorno dos recursos financeiros
que depositou.
Em outro estudo de Bourdieu (2002), cujo título é “Esboço de uma
teoria da prática: precedido de três estudos de etinologia Cabila”, o autor afirma que
o ser humano, ao longo da vida, aprende a amar socialmente as coisas e ações que
sejam possíveis ou prováveis, em razão da sua própria condição social, e exclui de
suas aspirações, os feitos e utopias que para ele se tornam impossíveis ou então
improváveis.
A herança familiar, nesse sentido, acaba por influenciar na trajetória
do indivíduo, assim como a herança cultural familiar. Todavia, Bourdieu e Passeron
(2013b), observam que os espaços escolares contribuem para a dificuldade de
ascensão dos indivíduos cuja classe econômica familiar e cultural é baixa.
88
Nessa leitura, o sistema educacional legitima as desigualdades
sociais. Ainda há quem acredite que a herança cultural, assim como o dom e a
habilidade, é congênita.
Entretanto, parece que os destinos do indivíduo, em especial o
destino profissional, o social e o escolar, têm sua influência estreitada pelas relações
e também posições ocupadas pelo seu grupo familiar.
Pela leitura de Bourdieu, depreende-se que o capital econômico
auxilia na reversão e se transforma e em outro capital. Um exemplo é o capital
cultural, que tem potencial para modificar as relações sociais, assim como também o
capital simbólico, o que vai permitir ao indivíduo, entre outras coisas, o ingresso em
universidades, haja vista a melhora das suas condições quanto à competição de
uma vaga universitária. (NOGUEIRA, 2006).
Como meio de organizar os dados extraídos do questionário
aplicado, levamos em consideração o seguinte cruzamento: renda familiar, formação
escolar e tipo de instituição, e se essa formação aconteceu em instituição pública ou
privada. Assim, dividiu-se a tabela de acordo com as etapas do ensino: Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Em relação a Educação Infantil, na faixa de renda familiar de 1 a três
salários, verificou-se que 22 respondentes realizaram formação em instituição
pública, duas em instituições privadas e um no público-privado.
Nos que possuem renda familiar de 03 a 06 salários, constatou-se
que 28 entrevistados a realizaram em instituição pública, seis em instituições
privadas e um respondeu não saber.
Na categoria de 06 a 08 salários, oito fizeram em instituições
privadas e seis em instituições públicas. E ainda, dos respondentes cuja renda
familiar ultrapassa a nove salários, em relação a Educação Infantil constatou-se que
14 deles estudaram em instituições privadas, 8 em públicas e ainda, três não
souberam informar.
No Ensino Fundamental, quanto à renda familiar, foi percebido que
na faixa de uma a três salários, 22 respondentes o realizaram em instituições
públicas, dois no público privado e um no privado.
Dos respondentes cuja renda mensal familiar encontra-se entre três
a seis salários, 31 deles realizaram em instituições públicas, cinco em instituições
privadas e dois na pública e privada.
89
Em relação aos entrevistados cuja faixa de renda familiar encontra-
se entre 6 a 8 salários, verificou-se que 8 o realizaram em instituições públicas.
Houve 5 respondentes que estudaram em instituições privadas e um no público
privado.
Daqueles que a renda familiar é maior que nove salários, verificou-
se que 12 indivíduos realizaram o Ensino Fundamental em instituições privadas, 10
respondentes em instituição pública e três na pública privada.
No tocante ao Ensino Médio, dos que se encontram na faixa de
renda familiar de um a três salários, 23 respondentes afirmaram ter realizado essa
etapa escolar em instituições públicas e dois em instituições público e privada.
Os respondentes cuja faixa mensal familiar é de três a seis salários,
informaram que grande parte, ou seja, 31 deles realizaram o Ensino Médio em
instituições públicas, quatro em instituições privadas e três em instituições pública e
privada.
Entre a renda familiar de 6 a 8 salários, nota-se que 7 realizaram o
Ensino Médio em instituições privadas, 5 em instituições públicas e dois no público e
privado.
Já dos respondentes cuja renda familiar é maior que 9 salários, 15
deles cursaram o Ensino Médio em instituições privadas, 9 em instituições públicas e
um na pública e privada.
Os dados informados encontram-se inseridos na tabela 8.
90
Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados, em relação a renda familiar e seu processo educacional, Londrina, 2015
Renda Família 1-3
Salários 3-6
Salários 6-8
Salários >9
Salários P n % n % n % n %
Educação Infantil
Privada 2 2,0% 6 5,9% 8 7,8% 14 13,7%
<0,001 Pública 22 21,6% 28 27,5% 6 5,9% 8 7,8%
Publica-Privada
1 1,0% 3 2,9% 0 0,0% 0 0,0%
Não sabe 0 0,0% 1 1,0% 0 0,0% 3 2,9%
Ensino Fundamental
Privada 1 1,0% 5 4,9% 5 4,9% 12 11,8%
0,001 Pública 22 21,6% 31 30,4% 8 7,8% 10 9,8%
Publica-Privada
2 2,0% 2 2,0% 1 1,0% 3 2,9%
Ensino médio
Privada 0 0,0% 4 3,9% 7 6,9% 15 14,7%
<0,001 Pública 23 22,5% 31 30,4% 5 4,9% 9 8,8%
Publica-Privada
2 2,0% 3 2,9% 2 2,0% 1 1,0%
Fonte: Da autora.
De acordo com Brandão, Canedo e Xavier (2012) a constituição do
habitus escolares é um aspecto importante a ser analisado em relação a trajetória
escolar, desde a frequência da educação infantil, caracterizada pelos autores como
elemento diferenciador no desempenho dos estudantes.
A permanência do indivíduo em uma mesma escola durante todo o
período do ensino fundamental, tende a ser uma referência na constituição do
habitus, uma vez que indica todo o trabalho realizado pelo ambiente escolar em prol
da construção do perfil do aluno de acordo com aquilo que a instituição deseja,
conforme salientam Brandão, Canedo e Xavier (2012).
Quanto mais o aluno permanece no ambiente escolar, maior seu
tempo e exposição frente às rotinas, valores e regras, vindo a favorecer então o
aprendizado e a aquisição de hábitos, tanto de estudo como também de posturas,
contribuindo desse modo para um maior desempenho escolar, defendem Brandão,
Canedo e Xavier (2012) .
Os citados autores também consideram que a precoce socialização
do indivíduo fora do seio familiar e seu ingresso na educação infantil,
independentemente se foi cursada em uma só escola ou em diferentes escolas,
91
facilitam a constituição desse habitus.
Para Brandão, Canedo e Xavier (2012), na escola se desenvolvem
atividades que visam trabalhar não apenas aspetos cognitivos, mas também se
desenvolve, mesmo que de forma inconsciente, a projeção acadêmica. Além disso, a
escola também desenvolve atividades que visam a inculcação de práticas salutares,
como de alimentação, higiene e posturas sociais e comportamentais, que somadas
podem proporcionar uma condição privilegiada para o desempenho escolar durante
toda a vida.
Buscando investigar a relação entre o nível de instrução dos pais e
filhos em países em desenvolvimento e avaliar o contexto, Jakubson e Souza (2006)
perceberam que o nível educacional dos pais tem efeito causal em relação à
escolaridade dos filhos, especialmente quando o nível de escolaridade é inferior,
decrescendo à medida que escolaridade aumenta.
Isso nos permite deduzir que a transmissão de capital humano entre
pais e filhos tende a ocorrer para cima, e ainda, que os pais têm influência maior
sobre os filhos e as mães sobre as filhas.
Observa-se que as escolas da rede privada têm desempenho
superior às públicas na sua grande maioria, ou seja, não são igualmente eficazes em
relação ao desempenho escolar. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).
Talvez um dos motivos para esse insucesso, seja a elevada
variância encontrada no desempenho das escolas brasileiras, em especial as de
ensino fundamental, mesmo que não se leve em conta as características individuais
dos alunos. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).
Geralmente as escolas privadas dispõem de recurso financeiro, o
que amplia as chances de aproveitamento escolar. Há diferenças de desempenho
quando se leva em conta a origem do estudante, pois quanto maior o nível desse
capital, maior o nível de desempenho. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010).
Há variações no desempenho geral do sistema educacional entre as
regiões brasileiras, tanto no setor público quanto no privado, e a região Sul aparece
como a que possui melhor sistema educacional e menor diferença entre a rede
pública e privada. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010). Já região Nordeste, possui
menor nível de desempenho escolar e maior diferença entre as duas redes de
ensino.
Em relação ao estudo médio,
92
[...] no geral, a maioria dos estudos mostra resultados positivos e significantes sobre a aprendizagem dos estudantes de ensino médio se esses estudassem em escolas católicas, sobretudo para aqueles que apresentam uma menor probabilidade a frequentar tais escolas. (FRANÇA; GONÇALVES, 2010, p. 375).
Nessa mesma linha de raciocínio, Vargas (2009) diz que a escolha
do estabelecimento escolar no ensino médio pode ampliar as possibilidades de
ingresso em instituições de ensino superior.
As pesquisas realizadas segundo Vargas (2009), em relação ao
efeito do desempenho dos alunos no vestibular do nosso país, tanto em escolas
públicas como nas privadas, demonstram que não se deve apenas considerar o
peso de variáveis como a condição socioeconômica, mas também deve-se levar em
conta a importância desses estabelecimentos quanto ao desempenho escolar
desses estudantes, embora não se possa negar que a origem e classe social sejam
de grande relevância.
Estatísticas demonstram que entre 2002 a 2012 o número de alunos
matriculados no ensino superior duplicou, passando de 3,5 para 7 milhões,
distribuídos entre os 31.866 cursos oferecidos no Brasil, através das 2.416
instituições, sendo 304 públicas e 2.112 privadas.
O nível percentual quanto à opção aponta que 67,1% optaram por
bacharelado, 19,5% licenciatura e 13,5% cursos tecnólogos, deste montante
5.140.312 (73%) encontram-se em universidades privadas e 1.897.413 (27%) em
universidades públicas. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÁGIOS, 2015).
Em relação à distribuição desses universitários por regiões temos
conforme quadro abaixo:
93
Quadro 1 – Distribuição do total universitários brasileiros de acordo com a região e estado
Região Estados Total de universitários
Norte Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins.
546.503
Sul Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul
1.163.671
Sudeste Espírito Santo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo.
3.226.248
Nordeste Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande
do Norte e Sergipe.
1.434.825
Centro-Oeste Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e o Distrito
Federal.
666.441
Fonte: Associação Brasileira de Estágios (2015).
Percebe-se que a região Sul, que abarca três estados, em termos
percentuais, se destaca das outras regiões, perdendo apenas para a região
Sudeste, na qual se encontra o estado de São Paulo, cuja capital é a maior
metrópole do país.
94
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biblioteca é uma instituição essencial para o desenvolvimento do
intelecto humano. Dentro de suas atribuições, além de disponibilizar a informação,
cabe a ela desenvolver habilidades diversas entre elas o gosto pela leitura, pela
pesquisa, pelo conhecimento.
Pressupõe-se que a leitura influencia o comportamento e a
aprendizagem do indivíduo, sendo essa uma ação que leva a pessoa a angariar ou
ampliar conhecimentos, descobrir ou ainda atualizar os anteriormente adquiridos.
Por ser o bibliotecário um profissional que tem como uma das
funções a disseminação da informação, é de crucial importância que encoraje seu
usuário à prática da pesquisa independente do perfil da instituição em que esteja
desenvolvendo suas atividades.
Sua tarefa não se resume somente em organizar a informação, mas
sim, mediar a procura pela mesma de modo claro, objetivo e eficaz, tanto ao usuário
real quanto ao usuário potencial.
Infere-se que a mediação pode ocorrer em qualquer espaço
informacional, embora sua manifestação seja mais visível na biblioteca,
especialmente no setor de referência.
Tem-se percebido que a competência em informação é um tema que
atualmente tem despertado interesse por pesquisadores. Sucintamente o indivíduo
denominado com competente informacional é apto no uso e busca da informação,
possui capacidade e habilidade para gerir e transformar em conhecimento a
informação encontrada e ainda possui familiaridade com redes formais e informais
de informação, conhecem e compreendem as estruturas de comunicação e os utiliza
com desenvoltura.
Quanto ao capital cultural considera-se que ele envolva habilidades,
práticas, conceitos e conhecimentos gerados principalmente através do núcleo
familiar, sendo esse capital o que mais interpõe no sistema escolar.
Embora o fato do indivíduo não se originar de um seio familiar com
um capital cultural de qualidade, nada o impede de reverter essa situação com o uso
de outros, como o social, econômico, entre outros.
Em nosso entendimento, a forma de processar a informação e o
fracasso e sucesso escolar estão ligados ao capital cultural herdado e, assim,
95
indivíduos que dispõem de uma origem social elevada são mais propensos a possuir
um domínio maior de cultura e conhecimento.
A partir da leitura dos estudos dos pesquisadores elencados no
presente trabalho permite-se a alusão de que, ao relacionarmos o capital cultural
com o uso de serviços ofertados na biblioteca universitária onde foi realizada a
coleta de dados para este estudo, é perceptível o fato elencado anteriormente.
Os dados apontam que acadêmicos que mais utilizam os recursos
informacionais nesse universo de pesquisa ou provém de famílias com considerável
capital cultural e nível socioecônomico ou são orientados por profissionais, em
especial docentes com um status acadêmico relevante, o que nos leva a crer que
quanto maior o nível de capital cultural, maior a probabilidade de elevação do capital
informacional.
Percebe-se que os acadêmicos chegam à universidade com um
déficit na habilidade de pesquisa, o que nos leva a considerar que durante sua
vivencia nos estágios escolares anteriores a graduação, a grande maioria não é
informada, e tampouco a eles ensinado, sobre a importância e a forma de pesquisar,
e a importância do uso dos recursos informacionais que podem ser ofertados em
bibliotecas.
A pesquisa científica exige competência informacional e capital
cultural, uma vez que o pesquisador deve ser capaz de elaborar corretamente o
roteiro e o plano de sua pesquisa. Para tal, torna-se necessário o uso eficiente dos
instrumentos informacionais.
Acredita-se que à instituição de ensino superior cabe o papel de
capacitar o acadêmico, tanto para suas atribuições profissionais que lhe são
inerentes, quanto no que tange a busca e uso da informação para sua educação
contínua.
Dessa forma, cabe não apenas “dar o peixe”, mas “ensinar a
pescar”, mesmo que para muitos a tarefa de ensinar a pesquisar não seja
incumbência da universidade. Aqueles que ignoram esse fato, essa dificuldade e
não buscar formas de aniquilá-la promovem consequências não apenas ao indivíduo
enquanto aluno, mas a toda a sociedade, haja vista que futuramente ele estará
atuando e exercendo suas funções profissionais.
Qual o destino do cliente de um advogado que não tem a habilidade
de utilizar fontes informacionais de sua área a fim de atualizar-se? Ou de um
96
paciente, cuja saúde esteja na responsabilidade de profissionais de área, que não se
atualizam dentro do seu campo de exercício e tampouco sabem da existência de
fontes informacionais cientificas? Ou de um aluno cujo professor ignora a
necessidade de frequência na biblioteca, que não incentiva a prática de leitura, de
interpretação do texto, de utilização de fontes informacionais fidedignas?
Qual a qualidade de um trabalho acadêmico quando o pesquisador
desconhece ou abre mão de realizar uma boa revisão bibliográfica por meio do uso
de bancos e bases de dados de cunho cientifico?
Infere-se que a qualidade dos produtos científicos elaborados pela
comunidade universitária esteja entrelaçada com o uso eficiente dos produtos e
serviços ofertados pela biblioteca da instituição.
E para que os “frutos sejam de boa qualidade” é necessário que a
unidade de informação se proponha a conhecer seu público, sua necessidade e sua
dificuldade de encontrar a informação que necessita, e ainda divulgue e informe
sobre seus serviços e importância dentro do contexto acadêmico.
As leis de Ranganathan, criadas ainda no século XX,
especificamente no ano de 1931, pelo matemático indiano Shiyali Ranganathan, que
também era um estudioso na área de biblioteconomia, tornaram-se fundamentais
para a área da Ciência da informação. Na atualidade têm grande pertinência, como
meio de trazê-las para a nova realidade das bibliotecas em virtude da inserção de
tecnologia. Numa releitura própria, torna-se possível dizer que:
Os livros são para serem usados - as tecnologias existem
para serem usadas,
Todo livro tem o seu leitor - cada fonte informacional tem o
seu próprio pesquisador potencial;
Todo leitor tem o seu livro - todo pesquisador tem uma
fonte informacional específica para sua necessidade;
Poupe o tempo do leitor - uso adequado das fontes
informacionais poupa o tempo do pesquisador;
Uma biblioteca é um organismo em crescimento - a
utilização das fontes informacionais tecnológicas é
potencializada quando a biblioteca se preocupa em não
permanecer-se estática.
97
Nesse sentido é notório que a área científica exige constante
atualização de práticas profissionais, técnicas e saberes e apropriação de
conhecimentos e habilidades de pesquisa em fontes informacionais cientificas, e
também necessita de dinaminsmo nas unidades informacionais.
No tocante ao capital cultural herdado e sua relação com o uso dos
serviços prestados pela biblioteca universitária, universo deste estudo e, em especial
no serviço de buscas informacionais para o desenvolvimento de pesquisa científica,
entende-se que os quadros de referência familiar influenciam quanto ao uso.
Há também um fator muito importante e essencial para um real uso
das bibliotecas, o trabalho mediador do docente. É ele em muitos casos o espelho
que o aluno almeja para seu futuro, em muitas ocasiões, mesmo não tendo um
capital cultural herdado da família em relação ao uso da biblioteca, o aluno se torna
o reflexo do docente com quem mais se identifica. Nesse sentido, quando o mesmo
utiliza recursos, media a informação, compartilha os conhecimentos de modo
interdisciplinar, incluindo também o profissional bibliotecário, e agrega a biblioteca na
sua prática cotidiana, ele consegue reverter um déficit percebido em muitos
acadêmicos. Essa inferência deve-se ao fato da percepção e da práxis ao longo de
dez anos atuando no setor de referência da Universidade participante deste estudo.
Parte-se do princípio de que somos o reflexo do que recebemos, ou
seja, se nossa herança cultural abarca princípios de moral, ética, costume,
conhecimento, entre outros, há uma maior probabilidade de nos apropriarmos dessa
herança.
No entanto, há de atentar-se de que o sentido etimológico da palavra
herança vem do termo latino haerentia, do verbo haerere, o qual significa aderir. A
Sociologia entende a palavra herança como a cultura passada pelas gerações
anteriores a uma nova geração.
Desta forma, entende-se que a herança cultural não seja hereditária
do ponto de vista genético, mas sim, é o reflexo dos quadros de referências que
recebemos e que experimentamos, e a partir deles acabamos por criar a nossa
própria cultura. E por assim ser, influencia diretamente nos interesses, meios e
modos de buscar o conhecimento.
Refletindo sobre os resultados deste estudo, buscou-se então uma
forma de dinamizar e informar sobre os produtos ofertados pela biblioteca da
instituição, por ser este um dos objetivos do trabalho. Optou-se então pelo uso de
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um manual dialógico, para disponibilizar a informação de uma forma mais dinâmica e
centralizar os dados mais relevantes de modo a levar o leitor a atentar-se para o
fato. Para tal, buscou-se então auxílio do curso de Desenho Industrial ofertado pela
instituição, e após diálogo com um dos docentes, constatou-se que havia um projeto
em que a ideia do produto se encaixava dentro do objetivo do mesmo.
A partir dos dados repassados pelo pesquisador, o acadêmico do
curso de desenho industrial incluso no projeto UNE DESIGN-Integração
Universidade-Empresas se dispôs a construir a parte gráfica do material. Assim foi
criado o manual sobre a utilização dos recursos ofertados pela biblioteca (Apêndice
C). O objetivo desse documento não foi formalizar a informação, mas sim divulgá-la,
atentando-se às novas características dos usuários da biblioteca. Embora também
informe sobre fontes específicas, não teve o intuito de ensinar o uso, mas sim de
informar a sua existência, e assim aguçar a curiosidade para que o indivíduo
conhecesse outras formas e fontes informacionais.
Parte-se do princípio de que seja função da biblioteca atender aos
grupos distintos de pesquisadores, até mesmo os que ainda não dominam as
técnicas, dos que possuem déficit de conhecimento no tocante à pesquisa e até
mesmo dos que nunca tenham praticado a pesquisa formalmente e por isso a julga
simples e sem necessidade de fidedignidade da informação. Ao mesmo tempo o fato
do indivíduo estar cursando estágios avançados na área acadêmica não significa
que ele tenha conhecimento pleno de todas as formas de buscas e fontes
existentes, de todo material e meios de obter a informação.
É necessário ao ser humano a rotineira reciclagem, atualização e
readequação de seus saberes, conhecimentos e informações. Essas habilidades
são mais percebidas quando o indivíduo consegue unir seu capital informacional ao
seu capital cultural herdado.
Ressalta-se que necessitamos sempre nos atualizar e reaprender a
aprender, desta forma é necessário que a biblioteca perceba que ela é um centro de
divulgação de conhecimento e que o nível do conhecimento de cada um depende do
nível de eficácia que ela possui quanto à oferta de seus produtos.
99
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109
APÊNDICES
110
Apêndice A – Recursos de refinamento de pesquisa no motor de busca Google.
Operadores Forma de uso Ação Exemplo “ “ Frases inteiras ou
palavras Restringe e refina a pesquisa
“A influencia capital cultural herdado”
* Frases inteiras ou palavras
Especifica um termo que esteja faltando, servindo como curinga, preenchendo então o espaço vazio
ciência *informação
- Frases inteiras ou palavras
Retira o termo na busca. Precisa ser inserido sem espaço antes da palavra a ser removida do resultado da busca
Unopar -odontologia –agronomia -fisioterapia
.. Intervalos específicos
Especifica um determinado intervalo específico em casos de data, preços, medidas, quilômetros entre outros câmera
Livros de Bourdieu R$65...R$90
: Frases inteiras ou palavras
Determina que os resultados sejam de um site específico ou um domínio. Veja resultados apenas de determinados sites ou domínios.
Mestrado:unopar Capital cultural herdado:pdf
OR Frases inteiras ou palavras
Não filtra a pesquisa. Tem o papel de acrescentar mais de um termo caso o que se procura seja conhecido por sinônimos
Biblioteconomia OR Ciência da Informação
Fonte: Da autora.
111
Apêndice B – Questionário
Características dos usuários atendidos na biblioteca José Lafranchi- Campus Piza, entre setembro a dezembro de 2014.
Caro participante,
Você está sendo convidado a responder as perguntas deste
questionário, as quais fazem parte da pesquisa de dissertação da aluna Justymara
Fernanda dos Santos Serrano, orientada pela Profª Drª Bernadete de Lourdes
Streisky Strang, no Curso de Mestrado em Metodologia para o Ensino e suas
Tecnologias.
O objetivo deste instrumento é conhecer o perfil dos usuários
atendidos na biblioteca José Lafranchi- Campus Piza no Setor de serviços de
pesquisa científica e normatização quanto ao nível de conhecimento sobre banco e
bases de dados científicas virtuais, ofertados pelo sistema. O resultado possibilitará
o encontro dados que possam auxiliar na reflexão de possíveis mediações no
tocante a esses serviços.
Desde já, agradecemos a sua colaboração.
Perfil do entrevistado Gênero
o Masculino
o Feminino Idade*
o Até 20 anos
o 21 a 30 anos
o 31 a 40 anos
o 41 a 50 anos
Obrigatório
112
o Acima de 50 anos Região geográfica de origem: * Informe a Cidade
Informe o Estado
Renda Familiar*
o De 1 até 3 salários mínimos (R$724,00 a R$2172,00)
o De 3 até 6 salários mínimos (R$2172,00 a R$4.344,00)
o De 6 até 9 salários mínimos (R$4.344,00 a R$6.516,00)
o Acima de 9 salários mínimos (acima de R$6.516,00) Vínculo com a instituição*
o Professor
o Professor e aluno da instituição
o Aluno de graduação
o Aluno de graduação e participante de iniciação científica
o Aluno de graduação e funcionário da instituição
o Aluno de mestrado
o Aluno de mestrado e participante de projeto de pesquisa
o Aluno de mestrado e funcionário da instiuição
o Aluno de doutorado
o Aluno de doutorado e participante de projeto de pesquisa
o Aluno de doutorado e funcionário da instituição
o Aluno Programa de PHD
o Outro:
113
Formação acadêmica *
o Graduação
o Graduação em andamento
o Especialização
o Especialização em andamento
o Mestrado
o Mestrado em andamento
o Doutorado
o Doutorado em andamento
o Pós doutorado Por favor, informe o (s) curso (s) de graduação concluído (s) ou em andamento. Caso possua mais de um curso de graduação informe o nome do mesmo. *
Tem outra graduação? *
o Sim
o Não Conhecimento de idiomas * Inglês
Não Pouco Razoavelmente Bem
Lê
Fala
Escreve
Compreende Conhecimento de idiomas *
114
Espanhol
Não Pouco Razoavelmente Bem
Lê
Fala
Escreve
Compreende Caso tenha conhecimento de uma outra língua, por favor especifique.
Dados Escolares - Educação Infantil*
o Pública
o Privada
o Pública e privada
o Não fez
o Não sabe Dados Escolares - Ensino Fundamental *
o Pública
o Privada
o Pública e privada Dados Escolares - Ensino Médio*
o Pública
o Privada
o Pública e Privada Escolaridade dos pais *
115
Pai
o Não sei
o Ensino médio incompleto
o Ensino fundamental completo
o Ensino médio completo
o Ensino superior completo
o Ensino superior incompleto
o Ensino fundamental incompleto Mãe
o Ensino médio incompleto
o Ensino fundamental incompleto
o Ensino superior completo
o Não sei
o Ensino médio completo
o Ensino superior incompleto
o Ensino fundamental completo Caso seu pai tenha curso superior completo, por favor, informe o curso.* Caso seu pai não tenha curso superior completo, por favor, digite o número zero.
Caso sua mãe tenha curso superior completo, por favor, informe o curso. * Caso sua mãe não tenha curso superior completo, por favor, digite o número zero
Qual sua motivação para buscar a universidade? *
116
Marque quantas achar necessário
o Perspectiva de melhora econômica
o Ascensão social
o Aprimoramento cultural
o Influência dos pais
o Exigência do mercado
o Influência do professor
o Outro: Com que frequência costuma visitar a biblioteca? *
o Sempre
o Às vezes
o Raramente
o Nunca
o Quando há solicitação do professor
o Outro: Sua última busca científica foi realizada para qual finalidade? *
o Atualização na área de atuação
o Elaboração de trabalho acadêmico
o Elaboração de artigo
o Elaboração de trabalho de conclusão de curso
o Elaboração de monografia
o Elaboração de dissertação
o Elaboração de tese
117
o Outro: Conhece banco de dados? *
o Sim
o Não Qual(ais)
Conhece base de dados? *
o Sim
o Não Qual(ais)
Utiliza descritores*
o Sim
o Não
o Não sei o que é Utiliza clusters (filtros)*
o Sim
o Não
o Não sei o que é Já necessitou de auxílio para realizar pesquisa científica? *
o Sim
o Não Se sim, quem o auxiliou? * Marque quantas achar necessário.
118
o Bibliotecário
o Docente
o Orientador
o Amigo
o Outro: Na sua opinião, o que poderia ter facilitado esse processo? * Marque quantas achar necessário.
o Informação sobre uso de recursos informacionais
o Orientação dos professores
o Conhecimento sobre pesquisa científica
o Incentivo por parte da biblioteca
o Outro: Quanto a habilidade em realizar busca científica, como se autoavalia? *
o Não tenho conhecimento necessário
o Não sei pesquisar procurar ajuda
o Demoro muito para pesquisar
o Nunca encontro exatamente o que eu preciso
o Consigo encontrar informação mas tenho dúvida sobre a fidedignidade
o Não tenho dificuldade
o Outro:
119Apêndice C – Manual dialógico
120
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