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21 CAPÍTULO 1 Considerações sobre o “Livro dos Médiuns” PERGUNTA: — De início, gostaríamos que nos indicás- seis qual o método mais eficiente para o êxito do desenvolvi- mento mediúnico ou qual o processo mais aconselhável para educar o candidato a médium. RAMATÍS: — Assim como ao futuro acadêmico compe- te primeiramente estudar a cartilha primária, a fim de apren- der o alfabeto que o credenciará para tentar no futuro os estu- dos mais complexos da cátedra universitária, o médium tam- bém precisa começar o seu desenvolvimento mediúnico orien- tado pelas lições básicas da doutrina espírita. O homem pode tornar-se engenheiro, advogado, médico ou magistrado, mas ele sempre terá de começar pela alfabetização. Atualmente, à medida que o mundo terreno progride, a sua humanidade também freqüenta cursos para poder exer- cer as suas profissões as mais singelas e, devido a isso, mul- tiplicam-se e popularizam-se os tratados científicos e os compêndios técnicos, a fim de serem orientadas as experi- mentações ou as especulações mais comuns. Hoje estudam- se e consolidam-se regras e leis que, baseadas nas longas experimentações do passado, graduam disciplinadamente os estudos mais variados e facilitam muitíssimo o roteiro edu- cativo dos estudiosos. Pouco a pouco eliminam-se as indeci- sões, os equívocos, os transtornos e as surpresas tão comuns às tentativas empíricas e próprias das experimentações sem

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CAPÍTULO 1

Considerações sobre o“Livro dos Médiuns”

PERGUNTA: — De início, gostaríamos que nos indicás-seis qual o método mais eficiente para o êxito do desenvolvi-mento mediúnico ou qual o processo mais aconselhável paraeducar o candidato a médium.

RAMATÍS: — Assim como ao futuro acadêmico compe-te primeiramente estudar a cartilha primária, a fim de apren-der o alfabeto que o credenciará para tentar no futuro os estu-dos mais complexos da cátedra universitária, o médium tam-bém precisa começar o seu desenvolvimento mediúnico orien-tado pelas lições básicas da doutrina espírita. O homem podetornar-se engenheiro, advogado, médico ou magistrado, masele sempre terá de começar pela alfabetização.

Atualmente, à medida que o mundo terreno progride, asua humanidade também freqüenta cursos para poder exer-cer as suas profissões as mais singelas e, devido a isso, mul-tiplicam-se e popularizam-se os tratados científicos e oscompêndios técnicos, a fim de serem orientadas as experi-mentações ou as especulações mais comuns. Hoje estudam-se e consolidam-se regras e leis que, baseadas nas longasexperimentações do passado, graduam disciplinadamente osestudos mais variados e facilitam muitíssimo o roteiro edu-cativo dos estudiosos. Pouco a pouco eliminam-se as indeci-sões, os equívocos, os transtornos e as surpresas tão comunsàs tentativas empíricas e próprias das experimentações sem

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métodos seguros.Em conseqüência disso, os empreendimentos culturais,

os cursos científicos e os conhecimentos técnicos modernossão tratados em linguagem acessível a todas as mentes estu-diosas e aceleram o progresso da humanidade terrena, por-quanto reduzem a perda de tempo comumente empregadono empirismo desordenado. Proliferam, então, as academiasdestinadas a oficializar todos os labores humanos, poisdiplomam costureiras, floristas, oradores, barbeiros, moto-ristas, fabricantes de doces, especialistas em extração decalos ou técnicos das mais variadas profissões. É evidenteque, se a faculdade mediúnica é destinada a objetivos maissublimes, e bem mais complexa e importante do que as pro-fissões comuns do mundo, ela também exige um roteiro inte-ligente, sensato e criterioso, sob o mais devotado carinho edesprendimento de seus cultores.

Nesse aprimoramento mediúnico estão em jogo os ele-vados ensinamentos da vida evangélica, e a sua finalidade éa de proporcionar ao homem a sua mais breve libertaçãoespiritual. Entretanto, o êxito depende muitíssimo das con-dições morais e dos conhecimentos do médium, o qual devese afastar de tudo aquilo que possa despertar o ridículo, acensura ou o sarcasmo sobre a doutrina espírita. O médiumdesenvolvido, na acepção da palavra, é fruto de longas expe-rimentações em favor do próximo; só o serviço desinteressa-do, a imaginação disciplinada e o equilíbrio moral-emotivoé que poderão garantir-lhe o sucesso nas suas comunicaçõescom o Alto.

Só o desenvolvimento mediúnico correto, supervisiona-do por outras criaturas sensatas e experimentadas, é querealmente poderá garantir os resultados proveitosos e evitaros espinhos das decepções prematuras ou o desencanto dastarefas fracassadas. Embora algumas criaturas se deixematrair pelas manifestações e encenações exóticas, queimpressionam os leigos nos fenômenos mediúnicos, o inter-câmbio satisfatório e profícuo com o Além também requerdisciplina semelhante à que se exige nos cursos acadêmicos

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do mundo profano.Assim como seria absurdo pretender alguém candida-

tar-se a um curso acadêmico, mas negando-se a alfabetizar-se em primeiro lugar e tentando alcançar o seu objetivosuperior por meio de tentativas empíricas e experimentaçõesconfusas, também é absurdidade que o candidato necessita-do do desenvolvimento mediúnico espiritista, despreze asregras e as normas fundamentais do “Livro dos Médiuns”,nas quais Allan Kardec cimentou definitivamente a práticasensata da mediunidade.

Assim como não confiais na criatura que se afirma por-tadora de um diploma acadêmico, mas sem nunca ter feitoos estudos primários, é claro que também não podeis confiarna capacidade, na segurança e no entendimento de qualquermédium que ignore os princípios mais rudimentares sobre amediunidade, expostos no “Livro dos Médiuns”. Muito maisimportante e perigosa do que as relações e as profissões nomundo material são ainda as relações entre os vivos e osmortos, por cujo motivo o médium não pode prescindir deum roteiro certo e seguro em seu desenvolvimento, tal comoAllan Kardec o estabeleceu em suas obras fundamentais.

PERGUNTA: — No entanto, conhecemos alguns confra-des que se consideram “bons médiuns” e são bastante segu-ros em suas tarefas mediúnicas, mas que afirmam nuncahaver lido uma página do “Livro dos Médiuns”, nem mesmoconsultado qualquer outra obra de Allan Kardec. Quedizeis disso?

RAMATÍS: — Quanto a haver médium bom e seguro,mesmo ignorando as obras de Allan Kardec, não opomosdúvida alguma, pois o Catolicismo, o Protestantismo, a Teo-sofia, o Esoterismo, o Budismo, o Islamismo, o Induísmo e oJudaísmo, as instituições Rosa-Cruz e outras associações ini-ciáticas contaram em seu seio com magníficos médiuns dealto critério espiritual, mas alheios aos postulados espíritas.O Espiritismo é o conjunto de leis morais que disciplinam asrelações desse “mediunismo” entre o plano visível e o invisí-

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CAPÍTULO 2

A mediunidade e o“Consolador” prometido

PERGUNTA: — Que relação há entre a mediunidade eo “Consolador” prometido por Jesus? Que é, propriamente, amediunidade?

RAMATÍS: — A mediunidade é um patrimônio do espíri-to; é faculdade que se engrandece em sua percepção psíquica,tanto quanto evolui e se moraliza o espírito do homem. A suaorigem é essencialmente espiritual e não material. Ela não pro-vém do metabolismo do sistema nervoso, como alegam algunscientistas terrenos, mas enraíza-se na própria alma, onde amente, à semelhança de eficiente usina, organiza e se respon-sabiliza por todos os fenômenos da vida orgânica, que se ini-ciam no berço físico e terminam no túmulo.

A mediunidade é faculdade extra-terrena e intrinseca-mente espiritual; em sua manifestação no campo de forças davida material, ela pode se tornar o elemento receptivo dasenergias sublimes e construtivas provindas das altas esferasda vida angélica. Quando é bem aplicada, transforma-se noserviço legítimo da angelitude, operando em favor do progres-so humano. No entanto, como recurso que faculta o intercâm-bio entre os “vivos” da Terra e os “mortos” do Além, tambémpode servir como ponte de ligação para os espíritos das som-bras atuarem com mais êxito sobre o mundo material. Muitosmédiuns que abusam de sua faculdade mediúnica e se entre-gam a um serviço mercenário, em favor exclusivo dos seus

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interesses particulares, não demoram em se ligar imprudente-mente às entidades malfeitores dos planos inferiores, de cujacompanhia dificilmente depois eles conseguem se libertar.

PERGUNTA: — Dizem certos médicos, estudiosos doassunto, que a mediunidade é apenas um “fenômeno orgâ-nico”. Que dizeis sobre isso?

RAMATÍS: — A mediunidade não é fruto da carne tran-sitória, nem provém de qualquer sensibilidade ou anomaliado sistema nervoso. Repetimos: é manifestação característicado espírito imortal. É percepção espiritual ou sensibilidadepsíquica, cuja totalidade varia de indivíduo para indivíduo,pois, em essência, ela depende também do tipo psíquico ou dograu espiritual do ser. Embora os homens se originem damesma fonte criadora, que é Deus, eles se diferenciam entre si,porque são consciências individualizadas no Cosmo, mas con-servando as características particulares, que variam conformea sua maior ou menor idade sideral. Há um tom espiritualpróprio e específico em cada alma, e que se manifesta poruma tonalidade particular durante a manifestação mediúnica.É como a flor, que revela o seu perfume característico, ouentão a lâmpada, que expõe a sua luz particular.

PERGUNTA: — Conforme temos observado, a mediuni-dade, atualmente, generaliza-se e recrudesce entre oshomens de modo ostensivo. Por que ocorre tal fenômeno emnossos dias?

RAMATÍS: — É fenômeno resultante da hipersensibili-dade psíquica que presentemente sobressai entre os homens,em concomitância com o “fim dos tempos” ou “juízo final”,tantas vezes já profetizado. O século em que viveis é o rema-te final da “Era da Matéria”, que até o momento tem sidoregida pela belicosidade, cobiça, astúcia, cólera, egoísmo ecrueldade, paixões mais próprias do instinto animal predo-minando sobre a centelha espiritual. Encontrai-vos nolimiar da “Era do Espírito”, em que a humanidade sentir-se-á impulsionada para o estudo e o cultivo dos bens da vida

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CAPÍTULO 3

Todas as criaturas são médiuns?

PERGUNTA: — Qual a espécie de mediunidade maisavançada?

RAMATÍS: — Sem dúvida, é a Intuição Pura. Embo-ra não seja fenômeno atestável espetacularmente nomundo exterior da matéria, é a mais sublime faculdadeoriunda de elevada sensibilidade espiritual. É natural edefinitiva, espécie de percepção panorâmica que se afinatanto quanto o espírito mais se ajusta nas suas relaçõese inspirações das esferas mais altas para a carne. É o“elan” que une a alma encarnada diretamente à MenteDivina que a criou, facultando-lhe transferir para amatéria o verdadeiro sentido e entendimento da vidaespiritual superior.

Uma vez que a mediunidade não é, propriamente,uma faculdade característica do organismo carnal, mas orecurso sublime para fluir e difundir-se o esclarecimentoespiritual entre os homens, ela mais se refina e se exaltatanto mais o seu portador também se devote ao inter-câmbio superior do espírito imortal. É o próprio dicioná-rio terreno que vos explica o fenômeno. Intuição — dizele, é o ato de ver, percepção clara, reta, imediata, dasverdades, sem necessidade de raciocínio; pressentimento,visão beatífica.

A intuição é, pois, o estágio mais elevado do espírito; é

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o corolário de sua escalonada desde o curso primitivo doinstinto até à razão angélica. Evidentemente, enquanto ohomem for mais dominado pela razão humana, tambémserá mais governado pelas forças rígidas do intelecto, escra-vo do mundo de formas e submetido às leis coercivas da vidafísica. Só a intuição pura dá-lhe a percepção interior da rea-lidade cósmica, ou então permite-lhe a concepção panorâ-mica do Universo. É, na verdade, a faculdade inconfundívelque “religa” a criatura ao seu Criador. É a divina lenteampliando a visão humana para descortinar a sublimidadeda vida imortal.

A pureza cristalina da Intuição Pura foi o apanágiodos seres de alta estirpe espiritual e que delinearamroteiros de luzes para o vosso orbe, qual o fizeram Cris-na, Confúcio, Pitágoras, Buda, Jesus, Francisco de Assise outros que, em peregrinação pela vida física, conserva-ram-se permanentemente ligados às esferas sublimes doespírito superior, qual ponte viva a unir o mundo exte-rior da matéria à intimidade do Espírito Cósmico. AIntuição Pura é a “voz sem som”, a “voz interior”, a “vozdo som espiritual”, que fala na intimidade da alma; é alinguagem misteriosa, mas verdadeira e exata, do pró-prio Eu Superior guiando o ego lançado na corrente evo-lutiva das massas planetárias.

Assim como a razão auxilia o homem a compreendere avaliar a expressão fenomênica das formas do mundomaterial, a Intuição lhe permite “sentir” todas as leisocultas e “saber” qual a natureza original do EspíritoCriador do Cosmo. Referindo-nos à Intuição, como oensejo divino de elevação à Consciência Cósmica do SeuAutor Eterno, diz a linguagem poética dos yogas: “Antesque a Alma possa ver, deve ser conseguida a harmoniainterior e os olhos da carne tornados cegos a toda ilusão.Antes que a Alma possa ouvir, a imagem (o homem) temde se tornar surda aos rugidos como aos segredos, aosgritos dos elefantes em fúria, como ao sussurro prateadodo pirilampo de ouro. Antes que a Alma possa com-

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preender e recordar, deve ela primeiro unir-se ao FaladorSilencioso, como a forma que é dada ao barro se uniuprimeiro ao espírito do escultor. Porque então a Almaouvirá e poderá recordar-se. E então ao ouvido interiorfalará a Voz do Silêncio”1.

PERGUNTA: — Em face de a mediunidade ser manifes-tação natural do próprio espírito do homem, deveremosconsiderar que, sem qualquer exceção, todas as criaturassão médiuns?

RAMATÍS: — Sim, porque todos nós transmitimos parao ambiente da matéria os mais variados tons do nosso espí-rito, assim como sempre influenciamos os demais compa-nheiros pelos nossos pensamentos, atos e sentimentos. Háhomens que, devido ao seu espírito prenhe de otimismo eincessantemente afeito ao bem, são médiuns da alegria, daesperança, do ânimo e da confiança, sempre convictos doselevados objetivos espirituais da vida humana. Outros, pes-simistas inveterados, vertem constantemente de sua intimi-dade psíquica o mau humor que tolda o azul do céu maispuro da jovialidade alheia e se transformam indesejavelmen-te nos médiuns da melancolia, da tristeza, da descrença, daaflição e do desânimo. A mente do homem encarnado é ocampo que reflete a sua vida interior, assim como transferepara o mundo exterior tanto o seu comportamento anímicoquanto os pensamentos dos espíritos encarnados ou desen-carnados dos mais variados matizes, que o influenciam emsuas relações cotidianas.

Não há dúvida, pois, de que todas as criaturas sãomédiuns. A mediunidade não é faculdade adstrita somente aalguns seres, ou exclusivamente aos espíritas, mas todos oshomens, como espíritos encarnados na matéria, são interme-diários das boas ou más inspirações do Além-Túmulo. É evi-dente, entretanto, que a faculdade mediúnica se manifestade conformidade com o entendimento e o progresso espiri-

1 — Nota do médium: Ramatís solicitou-nos que transcrevêssemos o trecho acimada obra “A Voz do Silêncio”, edição da Livraria Clássica Editora — Porto, Portugal.

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CAPÍTULO 4

A “prova” da obsessão

PERGUNTA: — Podeis nos explicar melhor o caso deespíritos que devem reencarnar com o destino fatalista deser obsidiados, a fim de despertarem os membros de suafamília para os postulados da vida imortal, e que depois sãocurados pelo Espiritismo? Estranhamos essa condição de acriatura ser fatalmente vítima da obsessão, quando temosaprendido que ninguém renasce na Terra com a determi-nação de sofrer qualquer castigo ou penalidade proposita-damente, sob a imposição dos espíritos superiores.

RAMATÍS: — Os Mentores Espirituais nunca determi-nam que certos espíritos devam reencarnar-se sob o estigmaimplacável de serem obsidiados, vítimas de homicídios ou deacidentes fatais, o que seria uma punição deliberada e incom-patível com a Bondade do Criador. Os espíritos faltosos sãoencaminhados para a vida física sob o comando de suas pró-prias faltas e dos efeitos do desregramento cometido nas exis-tências passadas; eles são situados carmicamente no seio dasinfluências mórbidas ou maléficas semelhantes às que tam-bém alimentaram ou produziram no pretérito.

A nova existência física transforma-se-lhes numa “pro-babilidade” favorável ou desfavorável, dependendo funda-mentalmente do modo como eles passam a agir na matériaentre os seus velhos comparsas, vítimas ou algozes pregres-sos, pois ficam na dependência de suas próprias paixões,

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vícios ou virtudes. Desde que se mantenham de modo digno,vivendo amorosamente em favor do próximo, também pode-rão sobreviver sem conflitos ou tragédias, fazendo jus aosocorro espiritual dos seus mentores, que de modo algumdesejam castigá-los, mas apenas recuperá-los espiritualmen-te. Sem dúvida, o espírito que, embora renascendo no meiode malfeitores, ou mesmo sendo alvo de qualquer obsessorcruel, se devote heroicamente ao bem alheio, exercite a suaternura, o seu amor e magnanimidade para com todas ascriaturas, sem distinção de crença, raça ou casta, tambémlogra maiores probabilidades de sobreviver na matéria à dis-tância de qualquer violência ou fim trágico.

PERGUNTA: — Como poderíamos avaliar a naturezados delitos desses espíritos que renascem na Terra com essa“probabilidade” de sofrer a prova da obsessão, porque nopassado semearam a perturbação mental, praticaram osuicídio ou se entregaram à prática do mal?

RAMATÍS: — É evidente que a revolta, o ateísmo, asensualidade ou o pessimismo são bastante estimulados nascriaturas pelos maus escritores, oradores subversivos e líde-res intelectuais maquiavélicos que, influenciados pelo exis-tencialismo apocalíptico da época, usam de sua inteligênciae agudeza mental para cavar fundo na alma dos seus leito-res e admiradores invigilantes. Certas filosofias crônicas edoutrinações modernas induzem o homem a confundir etomar os raciocínios e os malabarismos brilhantes da menteterrena como se fossem bens supremos do espírito imortal.

Elas aconselham aos seus discípulos o epicurismo da“fuga interior”, liberando-os de quaisquer obrigações paracom alguma autoridade espiritual ou ente supremo, e ten-tam convencê-los de que serão humilhados pelo fato de con-cordarem ou se curvarem à idéia de um Deus, que reinaacima dos valores do intelecto humano. Esses espíritosdemasiadamente intelectivos, que empregam o seu talentopara semear a descrença, a inconformação, a rebeldia e aociosidade espiritual, que vivem preocupados excessivamen-

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CAPÍTULO 5

Os trabalhadores ativosno serviço mediúnico

PERGUNTA: — Ainda poderíeis nos explicar com melhorclareza qual a distinção existente entre os homens que sãomédiuns necessitados do desenvolvimento mediúnico junto àmesa espírita e aqueles que, embora médiuns, como são todosos homens, podem dispensar tal desenvolvimento?

RAMATÍS: — Podem ser considerados “médiuns ofi-ciais”, na Terra, justamente aqueles que se reencarnam com-prometidos com serviços obrigatórios na seara espírita.Estes requerem um desempenho incessante de sua atividadeincomum, porquanto necessitam com maior urgência, com-pensar os prejuízos causados a outrem e também acelerar asua própria recuperação espiritual. Destacando-se dosdemais homens, pois gozam de faculdade mediúnica maisacentuada, relacionam-se mais direta e rapidamente com osdesencarnados. Conforme seus pensamentos, sua conduta eobjetivos na vida, sem dúvida atraem os espíritos da fre-qüência vibratória sideral que, de conformidade com suacontextura espiritual, passam a influenciar para o bem oupara o mal as pessoas com as quais entram em contato.

Mas justamente porque são raros os médiuns missionáriosou de Intuição Pura, também são poucos aqueles que alcan-çam o “clímax” abençoado do serviço mediúnico sem a preli-minar do desenvolvimento torturado. Médiuns há nos quaiseclodem ainda os resíduos das velhas paixões que já os contur-

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baram no passado; os seus pensamentos, palavras e sentimen-tos são alvo de ataque dos desencarnados, que tudo fazempara impedir-lhes o êxito do serviço mediúnico na seara espí-rita. Eles tentam fazê-los buscar o desenvolvimento de suamediunidade à parte de qualquer disciplina ou proteção dou-trinária; exploram-lhes o amor-próprio e a vaidade, afastando-os dos ambientes onde criaturas experimentadas poderiamajudá-los na imunização contra o astral inferior.

É a fase torturada e contraditória, eivada de dúvidas e deesperanças, quando o homem sente o despertar de sua facul-dade mediúnica mas, infelizmente, ainda não possui a forçamoral, a mente desenvolvida e os sentimentos equilibrados,que o deveriam sintonizar imediatamente com as almas ben-feitoras, à medida que se abrem as portas de acesso ao mundoinvisível. Às vezes, muito tarde é que o médium compreende anatureza e os objetivos do seu exercício mediúnico obrigatório,pois, malgrado ter enfrentado sacrifícios severos, só então com-prova que tudo era feito exclusivamente em seu próprio bem!Então, como um semeador incondicional dos ensinamentoselevados do Alto, tanto precisa imunizar-se contra as críticasalheias, como impermeabilizar-se às lisonjas ou evidênciasperigosas à vaidade personalística da vida humana. As suasdores, ingratidões e injustiças são menos importantes do queas desventuras do próximo; as suas próprias opiniões nãopodem provocar qualquer conflito ou hostilidade alheia contraa doutrina espírita, que o acolhe e beneficia para usufruir oensejo de renovação espiritual.

Os demais homens — embora sejam outros médiuns empotencial — serão unicamente responsáveis pelos seus atose por aquilo que possa influir nos seus familiares. Mas osmédiuns já consagrados ou admitidos como trabalhadoresativos no serviço mediúnico organizado, da seara espírita,representam no mundo profano uma idéia espiritual eleva-da, que não pode nem deve ser tisnada pelos seus interessespessoais ou caprichos vaidosos.

PERGUNTA: — Já tivemos oportunidade de conhecer

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CAPÍTULO 6

O médium de “mesa” e o de “terreiro”

PERGUNTA: — Em face de vossas considerações nocapítulo anterior, concluímos que o único desenvolvimentomediúnico sensato e aconselhado ainda é o que se processano ambiente espírita da codificação de Allan Kardec; não éassim?

RAMATÍS: — Não vos apresseis em consideraçõesextremistas, pois é bem fácil distinguir o médium de “mesa”,que se desenvolve sob a égide da doutrina espírita, e omédium de “terreiro”, que prefere o seu desenvolvimentopela técnica de Umbanda. No primeiro caso, trata-se deEspiritismo, e no segundo apenas de Mediunismo. Não noscabe julgar esta ou aquela predileção mediúnica, nem temoso direito de carrear com exclusividade para a esfera espíritaos acontecimentos e os fenômenos que ocorrem desde o iní-cio da humanidade, sob a égide da manifestação mediúnica.O que mais importa na efetivação do serviço mediúnico, sejana seara espírita ou no ambiente umbandista, é saber se elese efetua pelo amor ao Cristo e inspirado pelo seu divinoEvangelho. Sob qualquer hipótese, sempre apreciamos maiso médium de terreiro que se integra completamente num tra-balho guiado pelos preceitos evangélicos, do que o médiumde “mesa” que se torna mercenário e corrompido.

Em ambos os casos, a distinção que nos parece maisplausível ainda é quanto à natureza interpretativa na mani-

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festação mediúnica, pois, enquanto o médium de mesa sepreocupa mais propriamente com a espécie de idéias dosseus comunicantes, num intercâmbio acentuadamente deordem mental, o médium de terreiro cuida principalmentede reconhecer a identidade do espírito que o incorpora. Nadisciplina de Umbanda existem códigos, pontos cantados eriscados, cruzamentos de linhas e demanda de falanges queoperam sob a base da magia prática, caracterizando cadagrupo ou individualidade que dela participe. Assim, confor-me sejam determinados pontos, sinais, toques ou códigos, omédium e os freqüentadores de Umbanda deduzem dasintenções, da capacidade ou da natureza e especialidade deserviço que podem ser tratados com os comunicantes.

Junto à mesa espírita, em que ainda se nota um certoindividualismo de trabalho nas relações com os encarnados,uma preleção de natureza elevada e de conteúdo sensato dis-pensa mesmo a assinatura ou a identidade do comunicante,que tanto pode ser um apóstolo, como um “joão-ninguém”.No entanto, a Umbanda, que ainda não cimentou sua unida-de doutrinária definitiva nem firmou o seu sistema único detrabalho em todas as latitudes do orbe, através do seu sin-cretismo afro-católico transforma-se num trampolim favorá-vel aos católicos, protestantes e outros religiosos dogmáticospara se familiarizarem com os ensinamentos da Reencarna-ção e a disciplina da Lei do Carma. As imagens, os cânticos,o incenso, as velas e as oferendas dos rituais de Umbanda,algo parecidos aos usos da Igreja Católica, atenuam o medoprovinciano dos católicos pelas manifestações mediúnicas, epouco a pouco incutem-lhes o gosto pelo conhecimento daimortalidade do espírito pregada por todas as filosofiasreencarnacionistas.

Os chefes, as falanges e as linhas de Umbanda, com seuscaboclos e pretos-velhos, apesar da multiplicidade de costu-mes, temperamentos e propósitos diferentes do serviço queexecutam junto à matéria, entrelaçam-se por severos com-promissos, deveres hierárquicos e obrigações espirituais, queainda não puderam ser compreendidos satisfatoriamente

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CAPÍTULO 7

Considerações sobrea mediunidade natural e de prova

PERGUNTA: — Gostaríamos que nos dissésseis algosobre os médiuns que já gozam de sensibilidade psíquicaavançada, cuja mediunidade, como nos tendes dito, é frutoexclusivo do seu aprimoramento espiritual.

RAMATÍS: — Os espíritos que já atingiram um altonível moral e que, portanto, integraram-se à vida psíquicasuperior, quando encarnados são mais sensíveis aos fenôme-nos do mundo oculto, embora isto não aconteça de modoostensivo, mas apenas através da intuição pura. A sua facul-dade mediúnica, então, é o sagrado corolário do seu próprioaprimoramento espiritual, em vez de uma “concessão”extemporânea. Eles transformam-se em centros receptivosdas manifestações incomuns que transcendem os sentidosfísicos. Sua alta sensibilidade, fruto de avançado grau espi-ritual, afina-se incessantemente com os valores psíquicos domelhor quilate, facultando-lhes não só o conhecimento ins-tantâneo dos acontecimentos presentes, como ainda as reve-lações mais importantes do futuro. O abençoado dom daIntuição Pura, e que em alto grau o possuíam Antúlio, Her-mes, Rama, Crisna, Pitágoras, Buda, Ramacrisna e Jesus,além de outros seres que passaram anonimamente pelomundo terreno, foi a faculdade iniciática que serviu paraesses grandes espíritos liderarem as transformações admirá-veis do espírito do homem. Eles tanto aferiram os fenôme-

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nos imediatos do mundo invisível, como ainda descortina-vam amplamente a síntese dos acontecimentos futuros maisimportantes, da Terra.

Há grande diferença entre o médium cuja faculdade éaquisição natural, decorrente de sua maturidade espiritual,e o médium de “prova”, que é agraciado imaturamente coma faculdade mediúnica destinada a proporcionar-lhe o resga-te de suas próprias dívidas cármicas. Através de processosmagnéticos, que ainda vos são desconhecidos, os técnicos doAstral hipersensibilizam o perispírito daqueles que precisamencarnar-se com a obrigação de trabalhar, pelo serviço damediunidade, a favor do próximo, e também empreender asua própria recuperação espiritual.

No Além existem departamentos técnicos especializa-dos, que ajudam os espíritos a acelerar determinados cen-tros energéticos e vitais do seu perispírito, despertando-lhesprovisoriamente a sensibilidade psíquica para a maiorreceptividade dos fenômenos do mundo oculto, enquanto seencontram encarnados. Esse é o mandato mediúnico ou atransitória faculdade concedida a título de “empréstimo”pelo Banco Divino. Mas é também a arma de dois gumes,que exige severa postura moral no mundo, pois ela tantositua o seu portador em contato com os espíritos benfeitorescomo também o coloca facilmente na faixa vibratória som-bria das entidades do astral inferior.

Embora a faculdade mediúnica pareça a alguns um pri-vilégio extemporâneo, contrariando o conceito de Justiça eSabedoria de Deus, essa “concessão” prematura ao espíritofaltoso implica justamente em sua maior responsabilidade etrabalho laborioso espiritual. Não é, pois, a graça “fora detempo”, que exime a alma de preocupações e dos obstáculosfuturos na sua evolução espiritual; é somente o “emprésti-mo” que lhe permite ressarcir-se de suas tolices e insâniascometidas no passado, compensando o tempo perdido comum serviço extraordinário. Os Mentores Siderais, apiedadosdos espíritos demasiadamente onerados em seu fardo cármi-co para o futuro, lhes oferecem assim a oportunidade do rea-

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CAPÍTULO 8

As dificuldades nas comunicaçõesmediúnicas com o alto

PERGUNTA: — Há fundamento na afirmação de que osespíritos elevados defrontam sérias dificuldades para entrarem contato com os médiuns, ou com o Plano material?

RAMATÍS: — Em face da vibração sutilíssima dos espíritossuperiores, que já se distanciam bastante do padrão espiritualcomum de vossa humanidade, eles se vêem obrigados a mobili-zar todos os seus esforços e energias para serem percebidos pelosencarnados. Somente através dos médiuns sublimados no servi-ço do Cristo é que as entidades angélicas conseguem se manifes-tar mais a contento, por encontrarem fluidos sutilizados e balsâ-micos, com que podem revestir os seus perispíritos para o conta-to com a matéria. Em geral, esses espíritos necessitam extrairgrande quantidade de fluidos dos médiuns, mas só aproveitamuma pequena parte, isto é, a que for menos animalizada e maissusceptível de “eterização”angélica.

Embora se trate de seres sublimes, cuja presença é agra-dabilíssima e balsâmica às percepções das criaturas bastan-te sensíveis, eles não podem prescindir das energias grossei-ras do plano carnal, quando desejam sintonizar-se com operispírito dos médiuns. Daí o maior sucesso dos médiunsnesse elevado intercâmbio, quando se devotam incessante-mente ao Bem e vivem à distância dos vícios e das paixõesdegradantes, pois isso também sublima-lhes os fluidos ani-malizados, devido à constante conexão com a freqüência

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vibratória das regiões edênicas.

PERGUNTA: — Poderíeis nos explicar qual o tipo desofrimento que então afeta esses espíritos elevados duranteo seu contato terreno?

RAMATÍS: — Não se trata propriamente de qualquersofrimento à semelhança do que acontece convosco nomundo físico, pois as vibrações espirituais dessas entidadessublimes superam a mediocridade de freqüência vibratóriada matéria, tal como o raio do Sol não sofre perturbaçãoquando incide sobre o vaso de barro.

Os espíritos sábios e angélicos só podem afligir-se quan-do necessitam manter um contato mais direto convosco eatuar mais positivamente na matéria. Quando eles se servemdos médiuns para as comunicações com os encarnados,ingressam no seio de energias primárias da vida animal, epor isso sofrem a fadiga produzida pelo magnetismo opres-sivo do meio, o qual atua-lhes no perispírito e oprime-lhes adelicada composição fluídica. Envidam hercúleos esforçospara baixar a sua dinâmica angélica natural e assim sinto-nizarem-se com os fluidos mais inferiores, a fim de poderemse fazer perceptíveis no cenário material.

Embora não possamos descrever com os vocábulos da lin-guagem humana o estado fluídico incômodo, angustioso eopressivo que ataca os seres angélicos quando se ajustam aosfluidos coercivos do mundo físico, lembramo-vos o caso de umhomem sadio e jovial que, depois de habituado ao oxigêniopuro e ao perfume inebriante das flores, se visse quase tolhidona sua respiração natural, e ainda obrigado a absorver as ema-nações sulfídricas de algum pântano. Essa dificuldade no con-tato mais direto das entidades angélicas com os fluidos áspe-ros e animalizados do mundo terreno lembra também o casoda criatura que, vestindo alvíssimo traje de linho, necessitassepenetrar com urgência no meio da lama gélida e repugnante,para socorrer alguém em perigo.

PERGUNTA: — Porventura as altas vibrações próprias dos

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CAPÍTULO 8

As dificuldades nas comunicaçõesmediúnicas com o alto

PERGUNTA: — Há fundamento na afirmação de que osespíritos elevados defrontam sérias dificuldades para entrarem contato com os médiuns, ou com o Plano material?

RAMATÍS: — Em face da vibração sutilíssima dos espíritossuperiores, que já se distanciam bastante do padrão espiritualcomum de vossa humanidade, eles se vêem obrigados a mobili-zar todos os seus esforços e energias para serem percebidos pelosencarnados. Somente através dos médiuns sublimados no servi-ço do Cristo é que as entidades angélicas conseguem se manifes-tar mais a contento, por encontrarem fluidos sutilizados e balsâ-micos, com que podem revestir os seus perispíritos para o conta-to com a matéria. Em geral, esses espíritos necessitam extrairgrande quantidade de fluidos dos médiuns, mas só aproveitamuma pequena parte, isto é, a que for menos animalizada e maissusceptível de “eterização”angélica.

Embora se trate de seres sublimes, cuja presença é agra-dabilíssima e balsâmica às percepções das criaturas bastan-te sensíveis, eles não podem prescindir das energias grossei-ras do plano carnal, quando desejam sintonizar-se com operispírito dos médiuns. Daí o maior sucesso dos médiunsnesse elevado intercâmbio, quando se devotam incessante-mente ao Bem e vivem à distância dos vícios e das paixõesdegradantes, pois isso também sublima-lhes os fluidos ani-malizados, devido à constante conexão com a freqüência

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vibratória das regiões edênicas.

PERGUNTA: — Poderíeis nos explicar qual o tipo desofrimento que então afeta esses espíritos elevados duranteo seu contato terreno?

RAMATÍS: — Não se trata propriamente de qualquersofrimento à semelhança do que acontece convosco nomundo físico, pois as vibrações espirituais dessas entidadessublimes superam a mediocridade de freqüência vibratóriada matéria, tal como o raio do Sol não sofre perturbaçãoquando incide sobre o vaso de barro.

Os espíritos sábios e angélicos só podem afligir-se quan-do necessitam manter um contato mais direto convosco eatuar mais positivamente na matéria. Quando eles se servemdos médiuns para as comunicações com os encarnados,ingressam no seio de energias primárias da vida animal, epor isso sofrem a fadiga produzida pelo magnetismo opres-sivo do meio, o qual atua-lhes no perispírito e oprime-lhes adelicada composição fluídica. Envidam hercúleos esforçospara baixar a sua dinâmica angélica natural e assim sinto-nizarem-se com os fluidos mais inferiores, a fim de poderemse fazer perceptíveis no cenário material.

Embora não possamos descrever com os vocábulos da lin-guagem humana o estado fluídico incômodo, angustioso eopressivo que ataca os seres angélicos quando se ajustam aosfluidos coercivos do mundo físico, lembramo-vos o caso de umhomem sadio e jovial que, depois de habituado ao oxigêniopuro e ao perfume inebriante das flores, se visse quase tolhidona sua respiração natural, e ainda obrigado a absorver as ema-nações sulfídricas de algum pântano. Essa dificuldade no con-tato mais direto das entidades angélicas com os fluidos áspe-ros e animalizados do mundo terreno lembra também o casoda criatura que, vestindo alvíssimo traje de linho, necessitassepenetrar com urgência no meio da lama gélida e repugnante,para socorrer alguém em perigo.

PERGUNTA: — Porventura as altas vibrações próprias dos

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CAPÍTULO 9

A extensão e profundidade dascomunicações mediúnicas

PERGUNTA: — Por que motivo é impossível aos desen-carnados descreverem pelos médiuns, com toda exatidão, arealidade do Além? Isso nos ajudaria muitíssimo a eliminardefinitivamente as dúvidas bastante comuns que aindaexistem em todos os gêneros de trabalhos mediúnicos e ter-minaria por nos dar uma só concepção coletiva da vidaimortal. Que dizeis?

RAMATÍS: — É muito difícil para os encarnados queainda vivem no mundo da terceira dimensão, compreendercom absoluta clareza os fenômenos e as manifestações quese processam do “lado de cá”, cujo plano é regido por dimen-sões sem apoio entendível na física humana. Acresce, ainda,que os estados vibratórios vividos pelos desencarnadossuperam qualquer concepção dinâmica de velocidade conce-bida pelos terrícolas.

As nossas comunicações para o mundo físico, como ofazemos neste momento, são transmitidas através do cérebroperispiritual do médium em que atuamos, e não diretamen-te sobre o seu cérebro físico. O nosso médium, por exemplo,a fim de tornar coerentes os nossos relatos do Além, mobili-za todos os seus esforços de memorização espiritual, na ten-tativa de evocar as lembranças dos seus estágios já vividosno mundo astral, durante os períodos em que se mantevedesencarnado nos intervalos de suas anteriores encarnações.

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Ele materializa-nos os pensamentos por meio dos sinaisgráficos da escrita à medida que o inspiramos, e procura rela-cioná-los com as imagens e conhecimentos já armazenados noseu subconsciente durante as vezes em que se manteve fora docorpo físico. O que lhe ditamos mentalmente, ele escreve comose viesse buscar o assunto no limiar dos dois mundos, paradepois dar-lhe o retoque e o ajuste necessários à compreensãona linguagem humana. Como não desfrutamos presentementedo cérebro físico que nos serviu na última existência física quetivemos na Indo-China, só podemos atuar no perispírito domédium, porém sem intervir diretamente no seu cérebro mate-rial. Isso só o poderíamos fazer se ele fosse um médium com-pletamente sonambúlico, porque, então, a sua faculdade nospermitiria agir diretamente sobre seu sistema cérebro-espinhalem combinação com o conjunto de gânglios nervosos.

Em conseqüência, ele se vê obrigado a recepcionar apenas“metade” da realidade espiritual do nosso mundo. Cabe-lhe,depois, compensar a outra metade com as sugestões e as ima-gens terrenas que lhe são conhecidas, ajustando-as de modocomparativo ao que pressupõe ser a fenomenologia astral.

Esse é um dos motivos por que a maioria dos médiunsnão consegue fazer uma descrição exata do Além, na confor-midade do que lhes é ditado pelos espíritos desencarnados.Durante a comunicação mediúnica ocorre forte abaixamen-to vibratório das entidades comunicantes, devido ao seugrande esforço em direção à matéria, e a fim de exporemcom o melhor êxito possível os fenômenos do mundo ocul-to. É óbvio que essa redução vibratória só pode ocorrer comos espíritos superiores, pois os desencarnados imperfeitos,ou malévolos, por vezes ainda vibram em freqüência maisinferior do que os próprios médiuns.

PERGUNTA: — Porventura não poderíeis contornaressa dificuldade no intercâmbio mediúnico, deslocando ovosso médium mais para o interior do mundo astral, isto é,atraindo-o para mais próximo da realidade em que viveis?

RAMATÍS: — Algumas vezes o atraímos para o “lado de

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CAPÍTULO 10

O médium anímico-mediúnico e o intuitivo

PERGUNTA: — Qual o tipo de médium cujo espírito seafasta do corpo físico e o deixa em completo transe mediúni-co? É o sonambúlico?

RAMATÍS: — Conforme já vos temos esclarecido, difi-cilmente existe absoluta similaridade de técnica ou a mesmaexatidão no exercício da mediunidade, entre um médium eoutro, quer seja ele intuitivo, incorporativo ou de efeitos físi-cos. O fato de o espírito abandonar o corpo carnal domédium não implica em classificá-lo, de imediato, como umsonâmbulo, na acepção da palavra com que se costumadenominar o intermediário inconsciente entre os desencar-nados e os encarnados. Assim, existe o médium de incorpo-ração, sonâmbulo e inconsciente, cujo espírito se afasta doseu organismo físico, enquanto outro desencarnado fala ouescreve diretamente por ele, senhor absoluto da casa alheia.Há, também, o medianeiro que abandona o seu corpo e nãoo cede a ninguém. Ele mesmo é quem toma conhecimentodos fenômenos do mundo astral e depois os relata convictode que esteve sob a incorporação ou influências de umdesencarnado.

Daí existir o médium que ao mesmo tempo é anímico emediúnico, cujo espírito se afasta do seu organismo materiale, em liberdade, participa dos fenômenos do mundo oculto,entrando em relação com os espíritos desencarnados e

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mesmo os encarnados.Trata-se de faculdade facilmente con-fundível com a do médium sonâmbulo ou de incorporaçãototal, em que o espírito e o perispírito também deixam o seucorpo físico durante o transe mediúnico, enquanto os desen-carnados podem se manifestar por ele revelando todas assuas características pessoais e cuja comunicação se processasem o conhecimento do seu intermediário.

PERGUNTA: — Poderíeis nos esclarecer melhor sobreesse tipo de médium, que ao mesmo tempo é anímico emediúnico, conforme no-lo dissestes?

RAMATÍS: — Trata-se de um médium cujo espírito eperispírito, tal como no caso do incorporativo, também seafastam do corpo carnal durante o sono hipnótico ou porqualquer acontecimento emocional incomum, ficando presounicamente pelo cordão fluídico ou ectoplásmico da termi-nologia espírita, mais conhecido como o “cordão prateado”dos esoteristas, rosa-cruzes e yogas.

Embora sem as características do incorporativo, essetipo de médium, enquanto dorme, pode ausentar-se facil-mente do seu organismo físico e até manifestar-se a longadistância, em cuja liberdade astral às vezes emerge a suamemória etérica do passado, e ele passa a descrever cenas efatos de suas vidas precedentes, embora os confunda porvezes com acontecimentos próprios de sua atual existência.Atuado pela influência regressiva da memória sideral, omédium anímico-mediúnico pode reassumir nas sessõesespíritas a sua própria personalidade vivida na existênciaanterior, crente de que é agora um espírito desencarnado emcomunicação.

Em geral, é criatura facilmente hipnotizável; cede tam-bém às sugestões alheias e às vontades mais fortes, entrandorapidamente no transe sonambúlico natural. Durante otranse revela sonhos premonitórios, descreve paisagens dis-tantes e reflete com clareza os acontecimentos submersos ouestratificados na sua memória sideral-etérica. Quando hip-notizado, divulga os mínimos detalhes de suas existências

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CAPÍTULO 12

A mediunidade mecânica

PERGUNTA: — Como é que se processa a mediunidademecânica?

RAMATÍS: — Na classificação feita por Allan Kardec no“Livro dos Médiuns”, o médium mecânico é “aquele em queo espírito desencarnado poderá atuar diretamente sobre oscentros nervosos e nervos motores, sem necessidade de agirpelo seu perispírito”. Isso facilita-os agirem tão livremente esem obstáculos anímicos, que então escrevem, pintam ou atécompõem música sem a interferência mental do médium.Nesse caso o médium não toma conhecimento direto do fatoque ocorre consigo, e o espírito comunicante, atuando comfidelidade, tanto consegue escrever na forma que lhe erapeculiar na vida física, como também pode tratar de assun-tos desconhecidos do seu próprio intermediário, que apenasassiste em vigília ao trabalho automático de sua mão, poden-do mesmo ocupar-se mental ou verbalmente de outras coisas.O espírito desencarnado liga-se ao médium mecânico atravésdos gânglios nervosos à altura da omoplata: ali ele dispõe deum segundo cérebro e pode atuar facilmente nos nervosmotores dos braços e das mãos do médium, podendo escre-ver diretamente, tal como o fazia em vida física.

Certos médiuns mecânicos chegam a trabalhar comambas as mãos ao mesmo tempo e sob a ação simultânea deduas entidades; alguns tanto escrevem mecanicamente em sua

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Ramatís

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linguagem comum, como também o fazem em idioma desco-nhecido e até em dialetos já extintos, do mundo. Os seus escri-tos também apresentam caracteres gráficos exatamente comoos escreviam os seus comunicantes quando encarnados. Emtais condições excepcionais, o médium mecânico ainda podepalestrar com os circunstantes sobre assunto completamentediferente daquele que psicografa automaticamente.

PERGUNTA: — Que poderíeis nos dizer sobre a mediu-nidade “semimecânica”, que também é faculdade do vossoatual médium?

RAMATÍS: — Conforme explica Allan Kardec no “Livrodos Médiuns”, o médium semimecânico participa tanto damediunidade mecânica como da intuitiva, pois escreve rece-bendo parte do pensamento dos espíritos pela comunicaçãoe contato perispiritual, ao mesmo tempo que outra parte éarticulada pelos comunicantes, independentemente de suavontade. No médium absolutamente mecânico, o movimen-to de sua mão é dirigido pelo espírito comunicante, e o pen-samento, portanto, vem depois da escrita; no caso domédium intuitivo, a sua escrita é espontânea e voluntária,pois o pensamento do desencarnado precede-lhe o ato deescrever. O médium semimecânico, que atua entre essas duasfaculdades, tanto escreve intuitiva e voluntariamente, comoàs vezes o faz através dos impulsos diretos dos desencarna-dos, cujos pensamentos então acompanham a escrita.

O médium semimecânico tem conhecimento parcialdaquilo que escreve, pois a maior porcentagem do assuntotransmitido do Além atravessa-lhe o cérebro perispiritual. Noentanto, passa a ignorar os trechos que são escritos mecanica-mente pelo seu braço através do plexo braquial e sem fluir-lhepelo cérebro físico. Em vez de “ouvir”ou “captar”o pensamen-to do espírito comunicante, na recepção intuitiva, quando eleescreve mecanicamente só pode limitar-se a “ler” o que inde-pendentemente de sua vontade vai sendo escrito no papel.

No entanto, ele conhece antecipadamente e fiscaliza umagrande parte daquilo que deverá escrever e que lhe passa pelo

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CAPÍTULO 13

A mediunidade intuitivae a de incorporação

PERGUNTA: — A mediunidade mecânica é a própriamediunidade de incorporação?

RAMATÍS: — Há que distinguir o seguinte: o médiummecânico e o semimecânico não abandonam o seu corpofísico no momento em que escrevem as mensagens dos espí-ritos desencarnados, enquanto que, no caso da incorporaçãocompleta, o espírito e o perispírito do médium podem afas-tar-se até longa distância, deixando o corpo físico sob ocomando dos desencarnados comunicantes. Conforme jáexpusemos anteriormente, o médium de incorporação com-pleta quando abandona o seu corpo físico fica ligado a ele sópelo cordão fluídico e, enquanto permanece ausente, outroespírito se manifesta, assim como na ausência do dono dacasa algum amigo ou estranho passasse a habitá-la. Embo-ra ele continue preso ao corpo carnal, pelo cordão fluídico,em virtude do seu desligamento dos centros energéticos doduplo-etérico, cai-lhe a temperatura e o transe mediúnicoaprofunda-se para o estado de catalepsia.

Assim, o êxito da comunicação mediúnica de incorpora-ção, em transe completo, depende muito do conhecimento eda possibilidade de o próprio espírito desencarnado coman-dar o organismo físico do médium, que é o seu verdadeirodono, mas ausente. A mediunidade de incorporação tal comoa mecânica, também se presta melhor para as identificações

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corretas dos desencarnados que, podendo atuar sem interfe-rência do médium, podem revelar com êxito as suas caracte-rísticas psicológicas, e outras particularidades íntimas de suavida na Terra.

Embora os espíritos comunicantes tenham de se subme-ter às exigências instintivas do corpo físico do médium deincorporação, o qual conserva os ascendentes biológicos e oshábitos particulares estigmatizados na sua vida em comum,eles assim mesmo conseguem manifestar-se de modo a com-provarem sua identidade. Embora em casa alheia ou dispon-do de outro instrumento vivo de manifestação no cenário domundo material, através da face do sensitivo e de sua voznão deixam de estampar as suas principais qualidades oudefeitos conhecidos pelos vivos. A severidade, a malícia, ohumorismo, a capciosidade, a ternura, a sisudez ou a humil-dade retratam-se perfeitamente através do médium de incor-poração, porque ele goza da faculdade de poder plastificarem suas faces as expressões pessoais dos seus comunicantes.Lembra o caso do inquilino que, embora mudando-se parauma residência já mobiliada pelo seu antigo proprietário,modifica de tal modo a disposição comum dos móveis aliencontrados, que revela nessa arrumação o seu própriogosto artístico e a sua preferência emotiva.

Servindo-se do médium de incorporação, o espíritocomunicante já encontra nele certos hábitos biológicos e con-dicionamentos psicológicos que foram “arrumados” a seugosto; mas durante a comunicação consegue interferir no seuintermediário e deixa transparecer algo de sua própria índo-le e temperamento espiritual. Em virtude de o espírito domédium afastar-se completamente do seu organismo físico,juntamente com o seu perispírito, a comunicação mediúnicaflui-lhe de modo inconsciente e ele desperta do transe mediú-nico sem nada recordar-se daquilo que foi transmitido peloseu cérebro físico durante a sua ausência espiritual. Maistarde, surpreende-se quando alguém descreve-lhe certosassuntos, conceitos filosóficos ou argumentação científica,que ele proferiu mas de que não teve conhecimento pessoal.

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CAPÍTULO 14

Mediunidade sonambúlica

PERGUNTA: — Podemos considerar que a mediunida-de sonambúlica é mais favorável do que a intuitiva?

RAMATÍS: — A faculdade mediúnica, embora sendo de“prova”, deve ser como a flor que se entreabre espontaneamen-te, sem o calor artificial da estufa. É tarefa ou responsabilida-de espiritual determinada para o espírito endividado ressarcir-se dos seus débitos cármicos, e eclode no momento certo e pre-visto pelos mentores siderais que beneficiaram o médium antesde ele renascer na Terra. No entanto, achamos que é de poucaimportância saber-se qual a mediunidade mais favorável, e simqual delas permite ao médium redimir-se mais cedo do seupretérito delituoso. O médium sonâmbulo não é mais agracia-do espiritualmente do que o médium intuitivo, pois ambosenfrentam a responsabilidade mediúnica de conformidadecom sua necessidade cármica e entendimento psíquico.

A administração sideral oferece-lhes o ensejo mediúnicode acordo com sua contextura espiritual e a possibilidade demelhor aproveitamento no serviço redentor. Aliás, o médiumnão deve preferir a condição passiva de simples “muleta”dosespíritos desencarnados, mas convém-lhe participar tantoquanto possível da comunicação mediúnica, a fim de incor-porar à sua mente a bagagem superior que os guias movi-mentarem através de sua faculdade mediúnica. Depois decerto tempo de contato superior, o cérebro perispiritual do

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médium habitua-se às advertências e aos ensinamentos ele-vados, que os espíritos benfeitores transmitem para os encar-nados, e assim fica mais treinado para orientar a sua própriaexistência física. Mesmo as comunicações tormentosas dosespíritos sofredores ou rebeldes, de que o médium participapor força do seu desenvolvimento mediúnico, servem deexemplos vivos para ajudá-lo a modificar a sua condutamoral e livrar-se de muitos padecimentos no Além-Túmulo.

Embora o desempenho da mediunidade semeie certasdesilusões e dúvidas no médium ainda incipiente, pouco apouco ela se transforma num dos melhores ensejos de refle-xões para o melhoramento espiritual do seu portador. Deacordo com o conceito de que “a função faz o órgão”, àmedida que o médium se renova em espírito e afeiçoa-se aoestudo superior, ele também se torna o medianeiro das enti-dades cada vez mais elevadas, de cujo intercâmbio lhe resul-ta desde a preferência pelos pensamentos construtivos e ati-tudes benfeitoras, até à modificação louvável de sua lingua-gem grosseira para um nível respeitoso e sadio.

O serviço mediúnico sob o comando superior converte oseu medianeiro no instrumento útil, dócil e valioso, que porlei de assimilação o torna o arauto das idéias sublimes.Enquanto o médium sonambúlico se entrega ao sono pesa-do, em que mergulha a consciência para ceder o corpo físi-co ao espírito comunicante, o intuitivo não só transmiteconscientemente as mensagens que os desencarnados lhecomunicam pelo perispírito, como ainda imprime na própriamente a essência educativa daquilo de que é portador.

PERGUNTA: — Os médiuns intuitivos comumente alegamque prefeririam a mediunidade sonambúlica, porque assimeles se livrariam do animismo improdutivo, que os leva acometer certas incongruências mediúnicas. Que dizeis?

RAMATÍS: — O sonâmbulo absoluto é raríssimo, embo-ra ocorra a inconsciência transitória no médium incorpora-tivo, pois só os infelizes inquilinos dos asilos de psicopatas,destituídos completamente da razão, é que, realmente,

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CAPÍTULO 15

Trabalhos de tiptologia

PERGUNTA: — Como se processa o trabalho das cha-madas “mesas dançantes”, conhecido por Tiptologia?

RAMATÍS: — As comunicações mediúnicas pelo pro-cesso de tiptologia, ou seja através das mesas dançantes, sãomais favoráveis quando entre os seus componentes se encon-tra algum médium de fenômenos físicos. Ele então auxilia otrabalho fornecendo os fluidos necessários para interpene-trarem os interstícios dos átomos etéricos do duplo invisívelda mesinha, que se ajustam em perfeita conexão com os áto-mos e sistemas eletrônicos da sua estrutura material. Nafalta de um médium adequado a esse gênero de trabalho, oseu maior sucesso e exatidão ficará dependendo da melhorharmonia dos fluidos de todas as pessoas participantes dotrabalho, pois é a sintonia fluídica na mesma faixa vibrató-ria que neutraliza a força gravitacional para os espíritosoperarem livremente.

Então a mesa poderá mover-se em várias direções oulevantar-se, obedecendo ao comando mental e à vontade dosdesencarnados, e os seus movimentos serão tão certos e positi-vos quanto o sejam também a qualidade e a natureza da massaectoplásmica que for arregimentada pela afinidade entre ospresentes. Só depois de decorrido o tempo necessário para aadaptação preliminar entre todos os componentes do trabalho,é que se efetua o intercâmbio satisfatório e compreensível com

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os desencarnados, por meio das batidas convencionadas emalfabeto, através dos toques da mesinha em movimento.

PERGUNTA: — É possível tratar-se de assuntos impor-tantes e educativos através da tiptologia? Explicam-nosalguns confrades que a tiptologia é um trabalho mediúnicode baixa qualidade espiritual, em que só operam espíritosinferiores. Isso é verdade?

RAMATÍS: — O que determina a qualidade superior ouinferior de qualquer trabalho mediúnico não é o seu gênerode expressão, mas, acima de tudo, as condições morais e anatureza dos objetivos dos seus componentes. Não há dúvi-da de que a sintonia com os espíritos desencarnados tam-bém dependerá das intenções boas ou más dos encarnados.Assim como o vício do jogo não está nas cartas de jogar, masnaqueles que jogam com intenções subvertidas, a qualidadedo trabalho tiptológico não reside particularmente no fatode se utilizar a mesinha, mas sim no conteúdo espiritual dosque a utilizam. Ela é apenas um meio, um instrumento con-vencional para ajustar os interesses e facultar as relações,como ponto de apoio, entre os vivos e os mortos. Em conse-qüência, é um gênero mediúnico que também permite cui-dar-se com ele de assuntos elevados, desde que seja pratica-do por criaturas mais interessadas na sua ascensão espiri-tual do que mesmo na solução dos problemas da vida mate-rial transitória. O que atrai os espíritos inferiores são osobjetivos ou as intenções condenáveis, e não o tipo de comu-nicação mediúnica.

Quanto ao sucesso técnico da tiptologia, conforme jávos explicamos, depende mais propriamente da quantidadeou qualidade do amálgama de fluidos que se puder combi-nar entre os presentes. No entanto, o nível intelectual do tra-balho, principalmente em seu início, fica adstrito à média damentalidade de todos os seus componentes, pois suas idéiasinfluem consciente ou inconscientemente na manifestaçãotiptológica. Essa fusão mental impede então a ação absolu-tamente independente dos espíritos desencarnados que ope-

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CAPÍTULO 16

As comunicações perversivas pela tiptologia

PERGUNTA: — Qual a manifestação mais característicados espíritos perversos, quando se comunicam pela tiptologia?

RAMATÍS: — Os espíritos perversos, levianos e escarne-cedores enleiam os encarnados com respostas incompletas editam frases tolas à conta de assuntos importantes. Algumasvezes obrigam os componentes do trabalho tiptológico a lon-gas esperas e imobilizam a mesinha enquanto se riem à soca-pa da perplexidade e indecisão incomodativa que causa. Elesfazem escrever as mesmas palavras inúmeras vezes; produzemditados paradoxais, compõem farsas históricas, revelaçõesexóticas e predizem acontecimentos contraditórios. Um dosseus habituais prazeres é o de atiçarem a curiosidade dosassistentes, para depois deixá-los a meio caminho.

Os mais pervertidos aproveitam-se da incipiência, daleviandade ou do interesse vulgar dos presentes e, através damesinha, compõem palavras e frases obscenas. Os maiscruéis transmitem falsos avisos de morte e semeiam a afliçãoentre os que os recepcionam, prevendo enfermidades atro-zes; para os doentes eles receitam remédios extravagantes ebeberagens nocivas, à conta de sábias prescrições médicas.

Certas vezes induzem os seus admiradores às adoraçõesidólatras e os incentivam na crença de parvoíces religiosas;doutra feita, recomendam o uso de talismãs ridículos, deinsígnias tolas ou de orações misteriosas. Despreocupados

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de qualquer conseqüência futura, eles fazem profecias levia-nas; asseguram excelentes promoções para os militares, pre-dizem extraordinários sucessos políticos ou excelentes tran-sações no comércio. Nenhum escrúpulo os detém, pois, con-forme já vos explicamos nesta obra, quando lhes aparece oensejo oportuno, indicam tesouros enterrados e traçamroteiros confusos para mortificarem aqueles que tolamentese lançam à aventura infrutífera.

PERGUNTA: — Em alguns trabalhos tiptológicos, conhe-cemos espíritos solícitos que atendiam aos interesses pessoaise solucionavam problemas que beneficiavam grandementeos seus consulentes. Qual o interesse deles nesse caso?

RAMATÍS: — Como não há regra sem exceção, mesmono Além, às vezes existe o merecimento cármico da criaturapara ser atendida diretamente nas suas solicitações triviaisou mesmo de interesse material. No entanto, afora essescasos acidentais, há que vigiar a intromissão de espíritosirresponsáveis, galhofeiros ou imprudentes que, completa-mente equivocados naquilo que ensinam, dispõem-se aorientar os seus consulentes levianos.

Não há dúvida de que a continuidade do intercâmbiomediúnico, para fins de proveito material, há de atrair parao ambiente os espíritos ociosos, petulantes e interesseiros,que ainda se apegam fanaticamente às tradições personalis-tas e às formas do mundo físico. Eles são solícitos, mas semescrúpulos; cuidam de todas as tricas e quizilas da parente-la consulente, enquanto também aceitam e sugerem qual-quer incumbência que possa amolecer as fibras dos seussimpatizantes incautos. Não se recusam a atender às evoca-ções assíduas que lhes fazem os interessados; colocam-se ser-viçalmente à disposição da família e dos seus amigos, opi-nando quanto ao dia favorável para se fazer a viagem deturismo, ou sobre a vizinha com quem convém interrompera amizade.

Habilmente evitam perder a simpatia daqueles que osconsultam, e para isso só lhes ministram orientações agradá-

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CAPÍTULO 17

Considerações sobre a vidência

1 — NOTA DO MÉDIUM: - Cap. XIV - “Livro dos Médiuns”: Tópico 167.

PERGUNTA: — Entre um médium vidente intuitivo, quenão “vê” propriamente os espíritos, mas apenas lhes recebeas impressões através da mente ou do perispírito, pressentin-do-lhes os contornos, as vestes e a fisionomia, e outro cujafaculdade mediúnica permite-lhe ver diretamente nomundo astral, qual dos dois medianeiros é o mais eficiente,exato e seguro?

RAMATÍS: — Desnecessário é dizer-vos que não são osolhos carnais que vêem os fenômenos da vida do “lado decá”, mas na realidade é o espírito que vê por dupla-vista, porcujo motivo os médiuns videntes tanto vêem com os olhosabertos como fechados, donde se conclui, conforme explicaAllan Kardec, que o cego pode ver os espíritos1.

Como o corpo físico e o sistema nervoso são o prolonga-mento vivo, enfim, o revelador de suas idéias e concepções parao mundo material, o êxito técnico da vidência indireta mental,ou astralina direta, depende principalmente da maior oumenor sensibilidade psíquica da criatura. No entanto, a suasegurança, exatidão e proveito, apesar disso, subordinam-semuitíssimo à graduação moral e espiritual do ser.

Muitos videntes famosos e dotados da dupla-vista focalizá-vel diretamente no mundo astral não foram espíritos benfeitores,e o seu desenvolvimento mental, invulgar, não se harmonizava

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com os seus sentimentos inferiores a serviço do mal.Em qualquer manifestação mediúnica, é mais importan-

te verificar-se a índole e a moral do médium, pois se ele écriatura viciada ou inescrupulosa, também vive ligado aosespíritos desencarnados da mesma estirpe espiritual inferior,por cujo motivo as suas revelações não possuem o mérito eas revelações espirituais proveitosas. Os espíritos das som-bras vivem à espreita daqueles que podem oferecer-lhes aoportunidade da “ponte viva” mediúnica, ligando-os nova-mente com o mundo físico para desfrutarem as sensações tor-pes de que foram tolhidos pela perda do corpo carnal.

PERGUNTA: — Podeis nos dar algum exemplo de ummédium de vidência astral incomum, mas subvertidoquanto aos seus objetivos pessoais?

RAMATÍS: — Um dos exemplos mais convincentes é ocaso de Rasputin, que, além de possuir outros poderes ocul-tos extraordinários, visualizava diretamente o mundo astrale entendia-se com os gênios das sombras. No entanto, eleaplicava para fins criminosos e inconfessáveis toda a feno-menologia mediúnica de que dispunha, sob o concurso dainspiração do Mal.

Assim, é bem mais útil e seguro o médium de vidênciaintuitiva que, por sua moral superior e os propósitos benfei-tores que assumiu, permanece incessantemente ligado àsentidades sublimes, pois, embora o seja indiretamente, ele vêsomente aquilo que é sensato e proveitoso. É de pouca valiao médium de visão astralina avançada que, por viver nacompanhia dos espíritos diabólicos, faz relatos funestos, pre-diz perturbações e deforma a realidade espiritual, transfor-mando sua faculdade em banca de negócio ou motivo desensações inferiores.

Os espíritos delinqüentes e malfeitores procuram ligar-se aos videntes excepcionais mas de moral duvidosa, a fimde interferirem em suas faculdades e levá-los ao ridículo, àssandices ou atiçar a intriga e a desconfiança entre os seuscompanheiros. O seu intuito é o de afastá-los o mais cedo

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CAPÍTULO 18

Vidência ideoplástica

PERGUNTA: — Por que motivo entre os vários retratosque foram pintados mediunicamente sobre a vossa figuraperispiritual, nenhum deles se parece estritamente convosco?O vosso sensitivo explica-nos que sois amorenado, olhos oblí-quos e que não tendes o aspecto adolescente de um jovem dequinze anos, como vos pintaram. Também apresentais umafisionomia expressivamente ocidentalizada, quando, na rea-lidade, sois um tipo oriental descendente de indu e chinesa.Diz o médium que a maior semelhança entre vós e os retra-tos mediúnicos pintados reside somente no tipo das vestes, doturbante e das cores de vossa aura. Que dizeis?

RAMATÍS: — As diferenças comumente existentes entre averdadeira configuração perispiritual dos desencarnados e aspinturas mediúnicas resultam mais propriamente dos efeitosimprecisos e muito comuns dos fenômenos de ideoplastia. Asidéias e os pensamentos produzem ondas e radiações que, porsua vez, devem formar imagens daquilo em que se pensa. Noentanto, como as nossas são configuradas no plano da 4.ªdimensão, nem sempre se ajustam com exatidão às formas tri-dimensionais da visão carnal.

Assim, é muito difícil para os encarnados obter umafotografia perfeita e exata das idéias ou das imagens queprojetamos do Além sobre a mente dos médiuns intuitivos,videntes ou desenhistas. Mesmo quanto à exatidão das

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comunicações faladas ou psicografadas dos nossos pensa-mentos, ainda são raros os médiuns intuitivos que apanhama realidade intrínseca do assunto que desejaríamos transfe-rir para o conhecimento do mundo material.

Em comparação com a freqüência retardada dos acon-tecimentos do mundo material, ainda é muito grande o ace-leramento ou a fuga vibratória dos fenômenos que se suce-dem no mundo astral, do que resulta considerável desajusteno mesmo tempo da ocorrência. Como ilustração concretados nossos dizeres, basta dizer que o nosso médium, nestemomento, mobiliza toda a sua capacidade psíquica paracaptar com êxito as idéias que formulamos do “lado de cá”e, no entanto, não consegue transferir fielmente para a maté-ria o assunto que sente na intimidade de sua alma. Servin-do-nos de rude exemplo, diríamos que, enquanto emitimosum “tonel” de pensamentos, o nosso médium só conseguecaptar em seu equipo físico a quantidade pensada que sim-bolicamente só caberia num “copo”.

PERGUNTA: — Poderíeis esclarecer-nos melhor o moti-vo dessa contradição entre o original-espírito e a cópiaretratada mediunicamente?’

RAMATÍS: — Os retratos pintados mediunicamente, quenão reproduzem fielmente a configuração perispiritual ou afisionomia dos desencarnados, ressentem-se geralmente detrês dificuldades características. Às vezes, o médium desenhis-ta, quando retrata o espírito desencarnado, apenas sente-lhe avibração à distância e o confunde com a imagem que ele “vê”mentalmente no momento em que desenha. Noutros casos, aspessoas presentes ao trabalho mediúnico pensam fortementeem determinado espírito de sua simpatia, e o médium dese-nhista, então, confecciona o retrato conforme a figura que elesente projetada na cortina astral, ignorando que se trata uni-camente de imagem que foi pensada por um encarnadonaquele instante. Sem dúvida, a pintura então será tão perfei-ta ou imperfeita quanto for a capacidade e a fidelidade dequem a pensar. Finalmente, a maioria dos casos de imperfei-

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CAPÍTULO 19

Algumas observações sobre animismo

PERGUNTA: — Que devemos entender por animismo,no tocante às comunicações mediúnicas da seara espírita?

RAMATÍS: — Animismo, conforme explica o dicionário dovosso mundo, é o “sistema fisiológico que considera a alma comoa causa primária de todos os fatos intelectivos e vitais”.

O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividadesespíritas, significa a intervenção da própria personalidadedo médium nas comunicações dos espíritos desencarnados,quando ele impõe nelas algo de si mesmo à conta de mensa-gens transmitidas do Além-Túmulo. Assim, quando os afi-cionados do Espiritismo afirmam que determinada comuni-cação mediúnica foi “puro-animismo”querem explicar que aalma do médium ali interveio com exclusividade, tendo elemanifestado apenas os seus próprios conhecimentos e con-ceitos pessoais, embora depois os rotulasse com o nome dealgum espírito desencarnado.

Essa interferência anímica inconsciente, por vezes, é tãosutil, que o médium é incapaz de perceber quando o seupensamento intervém ou quando é o espírito comunicanteque transmite suas idéias pelo contato perispiritual.

PERGUNTA: — Porventura não considerais o animismoum percalço indesejável nas comunicações espíritas?

RAMATÍS: — Servindo-nos dos médiuns da Terra, cur-

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vamo-nos imensamente gratos ao Pai pelo ensejo de poder-mos inspirá-los em favor da ventura, do bem e da alegria dosseres humanos. Por isso não desprezamos a oportunidadedos médiuns anímicos quando eles nos interpretam a seumodo pessoal, desde que conservem a idéia central e autên-tica daquilo que lhes incutimos na alma.

PERGUNTA: — Então a comunicação do médium com-pletamente anímico não passa de mistificação inconscien-te; não é assim?

RAMATÍS: — Quando o médium não tem o intuito deenganar os que o ouvem, não podeis admitir a mistificaçãoinconsciente. A comunicação anímica é decorrente da falsasuposição íntima de a criatura julgar-se atuada por espíritos,por cujo motivo transmite equivocadamente suas própriasidéias. A mistificação, no entanto, é fruto da má intenção.

PERGUNTA: — No conceito da mediunidade, omédium anímico tem algum valor positivo?

RAMATÍS: — A criatura anímica, quando em transe,pode revelar também o seu temperamento psicológico, assuas alegrias ou aflições, suas manhas ou venturas, seussonhos ou derrotas. Desde que essa manifestação anímica, àguisa de mediunidade, se manifeste pelo transe conturbadoe assinalada por cenas dolorosas, fatos trágicos ou detestá-veis, então trata-se de médium desajustado ou doente, quenecessita mais de amparo e orientação espiritual, para domi-nar as impressões mórbidas do subconsciente, do quemesmo de desenvolvimento mediúnico. Algumas vezes eletransmite animicamente os fatos mórbidos que o impressio-naram na infância ou mesmo as cenas trágicas vividas naexistência pregressa, como se fossem a história de espíritosinfelizes desencarnados. As emersões freudianas da termino-logia psicanalítica também são responsáveis por algumasdessas supostas manifestações intempestivas e conturbadas,em que os médiuns excessivamente anímicos e sugestioná-veis pressupõem manifestações do Além-Túmulo.

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CAPÍTULO 20

O aproveitamento anímiconas comunicações mediúnicas

PERGUNTA: — Sob vossa opinião, como encarais oproblema angustioso de todo médium em desenvolvimen-to, qual seja o animismo?

RAMATÍS: — Naturalmente não pretendemos endossaros abusos de imaginação, os exotismos e as excentricidadesdos médiuns avessos ao estudo, presunçosos, interesseiros ouexibicionistas. Reconhecemos, no entanto, a interferência ouassociação de idéias no médium consciente, porque no seuesforço para lograr a passividade no transe, ele toma o con-teúdo de sua alma como sendo manifestação alheia. Nemtodos abusam do animismo sob propósitos condenáveis oupara fins vaidosos, por cujo motivo não aconselhamos a desis-tência do desenvolvimento mediúnico, só porque a interferên-cia do médium perturba a transparência cristalina das comu-nicações dos espíritos desencarnados.

Se o virtuosismo do músico tem início no solfejo dasingela escala musical “dó-ré-mi”, a eloqüência do oradorrequer fundamento do “a b c” e o estro do poeta firma suaprincipal base no balbuciar da palavra infantil, certamen-te que o êxito mediúnico também se apóia inicialmente nospercalços do animismo.

PERGUNTA: — Alguns médiuns experientes e comvários anos de serviço junto à seara espírita ainda alimen-

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tam duas vidas a respeito de suas comunicações mediúni-cas, certos de que tudo aquilo que transmitem é apenas desua própria alma. Os mais escrupulosos alimentam desejosde abandonar a tarefa mediúnica, a fim de não iludiremo público com pseudas comunicações que nada têm a vercom espíritos desencarnados. Que nos dizeis?

RAMATIS: — O médium não é boneco vivo, insensível ede manejo mecânico,mas sim uma organização ativa com voca-bulário próprio e conhecimentos pessoais adquiridos pela suaexperiência e cultura humana. Além de tudo, é alma guardan-do em sua memória forjada nas existências pregressas a síntesedos seus esforços para a ascese espiritual. E quando se trata demédiuns conscientes ou semiconscientes, só lhes resta a tarefade vestir e ajustar honesta e sinceramente as idéias e as frasesque melhor correspondem ao pensamento que lhes é manifestopelos espíritos desencarnados através do seu contato perispiri-tual. Deste modo, os comunicantes ficam circunscritos quaseque totalmente à vontade e às diretrizes intelectuais e emotivasdo seu intérprete encarnado, o qual fiscaliza, observa e atémodifica conscientemente aquilo que foi incumbido de dizer.Lembra o mensageiro terrestre que ouve o recado para trans-mitir verbalmente a outrem, mas na hora de cumprir sua tare-fa tem de usar de suas próprias palavras para comunicá-lo. Nocaso, tanto o mensageiro como o médium são intérpretes dopensamento alheio e por isso influem com o seu temperamen-to, engenho e cultura nas mensagens que traduzem, resultandodisso os textos lacônicos ou prolixos, precisos ou truncados.

Só o médium com propósitos condenáveis é que poderiater remorsos de sua interferência anímica, pois nesse casotratar-se-ia realmente de uma burla à conta de mediunismo.Não é passível de censura aquele que impregna as mensa-gens dos espíritos com forte dose de sua personalidade, maso faz sem poder dominar o fenômeno ou mesmo distingui-loda realidade mediúnica. É tão sutil a linha divisória entre omundo espiritual e a matéria, que a maioria dos médiunsconscientes e bisonhos dificilmente logra perceber quandopredomina o pensamento do desencarnado ou quando se

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CAPÍTULO 21

A influência anímica na aberturados trabalhos mediúinicos

PERGUNTA: — Que dizeis dos médiuns que sempre ini-ciam os seus trabalhos mediúnicos usando fórmulas oupalavreado particular, espécie de prefixos sem qualquersentido doutrinário e vazios de significação, tais como estasfrases: “fiquem convosco as bênçãos das infinitas alturas”,“baixem as luzes dos pés de Deus sobre vós”, “que a bandei-ra branca coroe vossas cabeças” ou “o manto da humilda-de se desfolhe sobre vossos ombros”? Trata-se de convençõesparticulares dos espíritos comunicantes, ou apenas de frutodo animismo dos médiuns?

RAMATÍS: — Isso é mais comum entre os candidatos amédiuns, em desenvolvimento mediúnico, ou próprio daque-les que se cristalizaram num mediunismo improdutivo. Cer-tos vícios anímicos propagam-se por vários médiuns, que nafase do seu desenvolvimento os copiaram do médium prin-cipal da instituição espírita onde iniciaram seus primeirospassos para o despertamento de sua faculdade. Trata-se,neste caso, de um animismo coletivo, próprio de determina-dos trabalhos espíritas doutrinários ou mediúnicos aindaincipientes.

Quando os candidatos a médiuns têm a sorte de se colo-car sob a direção de outros médiuns estudiosos, sensatos eavessos às fórmulas, aos símbolos, às chaves ou ao fraseadopomposo, eles também desenvolvem sua faculdade sem as

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excrescências anímicas que tanto obscurecem ou ridiculari-zam a prática mediúnica. Há médiuns que, devido ao estu-do incessante das obras espíritas e indagações esclarecedo-ras, progridem tão rapidamente no primeiro ano do seuexercício mediúnico, que ultrapassam em conhecimentos eexperiências aquilo que os seus companheiros comodistas,preguiçosos, displicentes ou sectaristas não conseguem em20 anos de trabalho. Estes últimos vivem repetindo ascomunicações fastidiosas tantas vezes repisadas, usando dosvelhos chavões e da eloqüência sentenciosa de sempre,enquanto permanece vazio de qualquer proveito espiritual oconteúdo do que transmitem.

Pensando que o desenvolvimento mediúnico se resumena exclusiva operação de “receber” espíritos desencarnados,eles se habituam à mesma chapa mediúnica usada há váriosanos, enquanto se cristalizam num animismo improdutivo,que impede os guias de expor qualquer assunto novo aosencarnados, pela impossibilidade de atravessarem o paredãogranítico de um condicionamento tão pobre de recursosintelectivos e de conhecimentos espirituais.

Daí o caso desses longos fraseados sem sentido lógico,que os médiuns repetem de modo lacrimoso ou sob afetadaeloqüência quando abrem os trabalhos espíritas. Tal comoacontece nos demais setores da vida humana, os “calouros”sempre imitam os veteranos, coisa que também é justificávelno ambiente espirítico. Os candidatos a médium e os neófi-tos do ambiente espírita raramente conhecem as obras deAllan Kardec, Leon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozza-no, Paulo Gibier, Dale Owen, William Crookes, César Lom-broso, Albert de Rochas, Aksakoff e outros aos quais seriaextenso reportarmo-nos, mas suficientes para os esclarece-rem de modo a se extirparem os ridículos, as trivialidades eas manifestações mediúnicas que contrariam o bom senso.Em conseqüência, aos displicentes só lhes resta seguir ao péda letra tudo aquilo que observam no médium desenvolvidoe instrumento do guia diretor dos trabalhos do Centro Espí-rita. Em face do “tabu” inescrutável, espécie de dogma espí-

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CAPÍTULO 22

A sugestão e a imaginação nascomunicações mediúnicas

PERGUNTA: — Gostaríamos que nos explicásseis o casode certas comunicações transmitidas até por médiuns bemdesembaraçados, de espíritos desencarnados em homicí-dios, acidentes trágicos ou suicídios, cujas mortes maistarde são desmentidas. Certo amigo nosso foi dado pormorto em acidente rodoviário ocorrido num Estado vizinhoe, na mesma noite, no centro espírita de nossa freqüência,ele comunicou-se aflito e perturbado, queixando-se de mui-tas dores. Entretanto, para decepção e espanto geral, diasdepois ele retornou ao lar, pois a vítima do acidente foraum seu homônimo. Que dizeis sobre isso?

RAMATÍS: — O animismo explica-vos muito bem essescasos contraditórios e decepcionantes, principalmente se omédium é muito sugestionável em sua vida profana, a pontode estigmatizar com facilidade, na sua mente indisciplinada, anotícia trágica do jornal do dia sem cogitar se ela pode serverídica ou duvidosa. Quando não se trata de algum diverti-mento de espíritos levianos ou maquiavélicos, que tudo fazempara ridicularizar o trabalho mediúnico, é a imaginação exal-tada do médium, que trabalha completamente desgovernadoe tece os quadros dramáticos do que ele supõe tenha ocorridoà vítima. Então, à noite, na sessão mediúnica, as imagensnutridas pela sugestão dominam a mente do médium, fazen-do-o descrevê-las à guisa de acontecimentos verídicos.

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PERGUNTA: — Deveríamos censurar ou afastar omédium que se deixa sugestionar tão facilmente, de modoa causar prejuízos à contextura doutrinária do Espiritismo?

RAMATÍS: — Em qualquer situação da vida, ainda é arecomendação de Jesus,“Não julgueis para não serdes julga-dos”, que deve orientar nossas apreciações sobre os atos dopróximo. É evidente que, se o médium demasiadamentesugestionável tivesse certeza do fato desastroso que ocorreconsigo, não o contaria, semeando o seu próprio ridículo. Nãoexistindo dolo, por não haver propósitos censuráveis, o deverdos espíritas esclarecidos é nortear o médium desgovernadopara exercer o serviço mediúnico com o máximo de critério,evitando causar o desânimo e a decepção aos que o ouvem.

O êxito das comunicações intuitivas mediúnicas depen-de principalmente da maior passividade do médium intuiti-vo. No entanto, nesse estado neutro o seu psiquismo tendemuitíssimo ao estado de auto-hipnose, em cuja fase é bemfácil a sugestão e o domínio das idéias que foram alimenta-das durante o dia. Há casos em que sensitivos de pouco con-trole mental chegam a transmitir, à conta de mensagens deespíritos desencarnados, as idéias e os pensamentos de algumfreqüentador do trabalho mentalmente desenvolvido. Outrossão facilmente dominados pela “empatia”, ou seja a capaci-dade da criatura em colocar-se no lugar de outrem e viver-lheas dores ou vicissitudes. E os mais sugestionáveis passamentão a materializar, à noite, no centro espírita, aquilo quedurante o dia mais os impressionou.

Raros médiuns sabem controlar os avançados recursos desua imaginação, de modo a aproveitá-los para dinamizar asidéias que os espíritos lhes transmitem, pois, em geral, confun-dem as imagens virtuais do seu pensamento, supondo-ascomo de entidades concretas e fora do corpo físico. A ausên-cia de estudo e a falta de autocrítica leva grande número demedianeiros a confundir a realidade com a fantasia.

PERGUNTA: — Quais são os recursos ou as providên-cias mais aconselháveis para ajudar esses tipos de médiuns

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CAPÍTULO 23

O espírita e o bom humor

PERGUNTA: — Que dizeis dessas comunicações sotur-nas, algo fúnebres, de espíritos guias ou benfeitores, quedeixam o público espírita algo constrangido pelo aspectolúgubre com que se manifestam? Dever-se-ia atribuir talcomportamento habitual aos próprios comunicantes que,depois de desencarnados, modificam completamente o seutemperamento psicológico devido à responsabilidade davida espiritual? Alguns espíritos chegam a pronunciar suaspalavras de modo quase espasmódico, entre frases que maisparecem soluços e gemidos.

RAMATÍS: — Em geral, os médiuns novatos e aindaignorantes da realidade da vida do espírito pressupõem quea morte é um ato de magia ou passe miraculoso, que modifi-ca instantaneamente o conteúdo psicológico e o estado moraldos desencarnados. Embora comprovem que por eles secomunicam almas felizes e libertas de preconceitos terrenos,ainda nos configuram de modo lúgubre, pois acima de tudosomos almas dos “mortos”! Em face da idéia fúnebre queainda se tem na Terra, com relação à vida além da sepultura,os desencarnados são transformados em figuras empertiga-das e sentenciosas, que se movem num céu dominado porprofundo silêncio sepulcral. Os “vivos” julgam-nos situadosem dois extremos opostos; somos anjos estáticos em eternacontemplação da obra do Senhor, ou então fantasmas melo-

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dramáticos, gélidos e tétricos. Depois da morte do corpo físi-co, dizem eles, os espíritos devem ser sisudos, graves e com-pungidos, cujos lábios só se entreabrem para censurar asvolubilidades e os pecados dos homens.

Dificilmente os encarnados podem imaginar que, alémdo túmulo e nas regiões felizes, ainda permanecem o risofarto, a jovialidade e a despreocupação das almas angélicaslibertas dos complexos e recalques humanos, cujo sentimen-to puro e inocência de intenções justificam a divina máximade Jesus, quando exclamava: “Vinde a mim as criancinhas,porque delas é o reino dos céus”.

Os pessimistas da moradia terrena não podem admitirque os “mortos” possam desempenhar atividades laboriosase a tudo contagiar com sua alegria, seu trabalho e otimismo.Mas a verdade é que as colônias espirituais venturosas quecircundam o orbe terráqueo, conforme já vos tem sido noti-ficado, são colméias de almas afeitas ao humorismo sadio, àgraça e à jovialidade dos intercâmbios afetivos ligados aobem e à utilidade espiritual. Se a morte não transforma asalmas em arcanjos liriais purificados à última hora, ela tam-bém não extingue as preferências boas ou más que tenhamsido esposadas na Terra.

É certo que nas camadas densas do astral inferior verifi-ca-se situação oposta. Ali, os calcetas das sombras transitamululando seus remorsos ou enlouquecidos pelos sofrimentosatrozes, enquanto os mais revoltados ainda estrugem ameaçascontra os seus comparsas do passado. O gemido lúgubre, ador insana, a gargalhada sinistra e os brados de desespero eterror são a antítese da alegria e da ventura que domina asalmas habitantes das esferas superiores. Mas essas almas infe-lizes, quando se comunicam com a Terra, nada podem fazeralém dos apelos angustiosos ou das revoltas indomáveis, por-que assim elas são no submundo onde habitam.

Mas os guias que vos visitam das regiões de paz e de luznão devem ser levados à conta de fantasmas suspirosos oualmas carrancudas, tristes e severas, cuja presença nas ses-sões espíritas, em vez de desanuviar o ambiente, torna-o

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CAPÍTULO 24

A telepatia e as comunicações mediúnicas

PERGUNTA: — Certos críticos afirmam que os médiunssão apenas telepatas passivos, pois as comunicações de espí-ritos desencarnados não passam de transmissão de pensa-mentos dos próprios vivos que freqüentam as sessões mediú-nicas. A seu ver, os médiuns são criaturas muito sensíveis àrecepção das ondas “ultra-microcurtas” emitidas peloscérebros dos encarnados, o que os leva a crerem-se interme-diários das almas do Além-Túmulo. Há fundamento nessaexplicação?

RAMATÍS: — Não discordamos quanto à possibilidadede os fenômenos telepáticos intervirem na prática mediúni-ca, mas isso não prova que os médiuns sejam unicamentetransmissores de pensamentos dos freqüentadores de sessõesespíritas. A mediunidade exclusivamente inspirativa é, emverdade, efetuada pelo processo de comunicação telepática.E por isso, é necessário distinguir se são dois espíritos encar-nados a se comunicarem entre si, pela transmissão do seupensamento, ou se se trata de espíritos desencarnados queprojetam o seu pensamento sobre o médium.

Na telepatia processada exclusivamente entre os encar-nados, uma vontade ativa transmite os seus pensamentos aoutra vontade deliberadamente passiva, o que se constituinum processo de transmissão mental diretamente de encar-nado para encarnado. Mas, no caso da comunicação mediú-

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nica telepática, além de o médium deixar-se “inspirar” poroutro espírito desencarnado, ele também assenhoreia-se dosseus problemas venturosos ou aflitivos, assim como, àsvezes, recepciona mensagem espiritual educativa que ultra-passa o seu entendimento ou concepção comum que tem davida.

Na telepatia, um cérebro ativo envia ondas concêntricasque são captadas por outro cérebro receptor passivo, porqueambos sintonizam-se à mesma faixa vibratória de transmis-são mental. No entanto, a comunicação mediúnica efetua-sepelo “ajuste perispiritual” entre o espírito do médium e odesencarnado, em que o primeiro recebe diretamente a men-sagem que deve transferir para o mundo material.

PERGUNTA: — Então há possibilidade de o médiumrecepcionar telepaticamente o pensamento do público, paradepois reproduzi-lo verbalmente, certo de ser comunicaçãode espíritos desencarnados?

RAMATÍS: — A transmissão telepática pode ocorrer emqualquer lugar, bastando que para isso existam circunstânciasfavoráveis e dois cérebros apropriados ao fenômeno, em queum transmite e outro recepciona os pensamentos. Aliás, desdeque o médium precisa entregar-se a um estado de passividadepara receber os pensamentos dos desencarnados, não é difícilque ele também capte alguns pensamentos dos encarnadosque fazem parte do seu ambiente de trabalho. É o caso da tele-patia acidental, com a recepção de idéias soltas e sem concate-nação, que interferem na comunicação mediúnica, embora semmodificá-la, pois não se produzem pela vontade deliberada dequem as emite.

No caso de pura telepatia entre os encarnados, o fenôme-no é subordinado exclusivamente aos acontecimentos domundo físico, enquanto que, no intercâmbio telepático inspi-rativo com os espíritos desencarnados, os médiuns captamnotícias inéditas do Além, fazem previsões acertadas e mui-tas vezes expõem assuntos que, além de transcender aos seuspróprios conhecimentos, ainda ultrapassam a concepção

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CAPÍTULO 25

O problema da mistificação

PERGUNTA: — Todos os médiuns podem ser mistificados?RAMATÍS: — A mistificação mediúnica ainda é proble-

ma que requer minucioso estudo e análise isentos de qual-quer premeditação pessoal, porquanto nela intervém inúme-ros fatores desconhecidos aos próprios médiuns que são víti-mas desse fenômeno. A Terra ainda é um planeta em fase deajuste geológico e de consolidação física; a sua instabilidadematerial é profundamente correlata à própria instabilidadeespiritual de sua humanidade. Em conseqüência, ainda nãopodeis exigir o êxito absoluto no intercâmbio mediúnicoentre os “vivos” e os “mortos”, pois que depende muitíssimodo melhor entendimento evangélico que se puder manternessas relações espirituais. Só os médiuns absolutamentecredenciados no serviço do Bem, e assim garantidos pela suasintonia à faixa vibratória espiritual de Jesus, é que real-mente poderão superar qualquer tentativa de mistificaçãopartida do Além-Túmulo. Na verdade, os agentes das som-bras não conseguem interferir entre aqueles que não se des-cuidam de sua conduta espiritual e se ligam às tarefas desocorro e libertação dos seus irmãos encarnados.

PERGUNTA: — A mistificação que pode dar-se com omédium significa porventura descuido ou indiferença dosseus guias espirituais?

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RAMATÍS: — Ela é fruto de circunstâncias naturais cria-das pelo medianeiro, ou do descuido daqueles que ainda ima-ginam a sessão espírita como um espetáculo para impressionaro público. O Espírito mistificador sempre aproveita o estado dealma, a ingenuidade ou a vaidade do médium para então mis-tificar. No entanto, podemos vos assegurar que a mistificaçãonão acontece à revelia dos mentores do médium, embora elesnão possam ou não devam intervir, tudo fazendo para que osseus intérpretes redobrem a vigilância e acuidade psíquica, afim de se fortalecerem para o futuro.

Na verdade, a maioria das mistificações deve-se mais aoamor próprio exagerado, à preguiça mental, e também aoexcesso de confiança dos médiuns no intercâmbio tão com-plexo e manhoso com o plano invisível, em que se abando-nam displicentemente à prática de sua faculdade mediúnica.

PERGUNTA: — Baseando-nos em vossas palavras, pres-supomos que a maioria dos médiuns pode ser mistificada;não é assim? Alguns confrades espíritas explicam-nos que amistificação, em certos casos, tem por objetivo principalextinguir a vaidade do próprio médium. Há fundamentoem tal afirmação?

RAMATÍS: — Os mentores de alta estirpe espiritualnunca promovem qualquer acontecimento deliberado de mis-tificação mediúnica; e não o fariam mesmo que pudesse servirde advertência educativa para o médium vaidoso. O própriomédium é que oferece ensejo para a perturbação ou a presen-ça indesejável no seu trabalho. Algumas vezes a base da misti-ficação é cármica, e por isso o médium não consegue livrar-sedos adversários pregressos, que o importunam a todo momen-to, procurando mistificá-lo de qualquer modo e dificultar-lhe arecuperação espiritual na tarefa árdua da mediunidade.

Não cremos que a vaidade dos médiuns desapareça sóporque sejam vítimas da mistificação corretiva. Em geral,quando eles comprovam que foram iludidos pelos desencarna-dos, sentem-se profundamente feridos no seu amor-próprio eentão se revoltam contra a sua própria faculdade mediúnica. E

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CAPÍTULO 26

As comunicações dos espíritossobre tesouros enterrados

PERGUNTA: — Que dizeis de certos espíritos que, tantonas sessões de mesas como em terreiros de Umbanda, costu-mam indicar locais onde foram enterrados tesouros por pira-tas, jesuítas ou aventureiros? Em geral, eles explicam que certaparte do que for descoberto pode ser empregada em obras debeneficência, aliviando-se assim os infelizes que estão presosmagneticamente ao local onde enterraram os tesouros.

RAMATÍS: — Às criaturas que freneticamente se põema procurar tesouros indicados por alguns espíritos desencar-nados, recomendamos de princípio a advertência de Jesus,quando assim se exprimia:“Não acumuleis tesouros na Terraonde a ferrugem e os vermes os consomem e onde os ladrõesos desenterram e roubam; acumulai tesouros no céu, ondenem a ferrugem nem os vermes os consomem, porquantoonde está o vosso tesouro, aí também está o vosso coração.(Mateus, 6: 19)”.

Quanto às entidades que nas sessões mediúnicas indi-cam tesouros enterrados, na maioria das vezes trata-se deespíritos brincalhões, zombeteiros e irresponsáveis, que abu-sam da ingenuidade humana propondo empreitadas queexcitam a cobiça. Eles não guardam escrúpulos e, por isso,causam as maiores decepções, induzindo os encarnados aempreenderem os mais exaustivos esforços físicos na abertu-ra de túneis, em escavações em terrenos pedregosos e difí-

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ceis, para encontrarem os supostos tesouros, enquanto rieme gozam desbragadamente dos que se deixam fascinar pelaavidez da fortuna fácil.

No entanto, as almas que realmente enterraram jóias,moedas ou demais valores, e que por isso sofrem aprisionadasà lembrança das coisas em que imprudentemente fixaram oseu ideal, raramente estão em condições de poder elucidar osencarnados quanto ao local em que elas se encontram, pois,além de angustiadas pelas vibrações de cupidez e avareza quemovimentaram no mundo físico, encontram-se desorientadassob o guante dos fluidos mórbidos do astral inferior.

PERGUNTA: — Mas não seria um empreendimentocaridoso desenterrarem-se os tesouros que ainda aprisio-nam as almas imprudentes sob atroz sofrimento? Desde queos valores ocultos fossem aplicados em obras filantrópicas,porventura isso não poderia melhorar a situação espiritualdos espíritos infelizes que tolamente os esconderam?

RAMATÍS: — Mesmo que os ex-donos desses tesourospudessem indicar os locais em que foram ocultos, nem porisso se poderia extrair deles a avareza, a rapacidade ou acupidez ainda existentes no seu coração, fruto do profundoegoísmo de haverem pensado exclusivamente em si. Querestejam ligadas aos seus tesouros enterrados, ou deles sejamafastadas, essas almas continuarão a sofrer em si mesmas osefeitos da causa mórbida que as levou a ocultar valores decirculação no mundo material. Sob a lei benfeitora e justado Carma, aqueles que movimentam forças magnéticas,tocados pela cupidez e avareza, no enterramento egoísta debens, deverão sofrer-lhes o efeito coercivo até à sua comple-ta dissolvência.

PERGUNTA: — Poderíamos supor que esse aprisiona-mento do espírito junto aos valores enterrados é imantaçãomagnética fruto de um ato de magia; não é assim?

RAMATÍS: — Esses espíritos não ficam imantadosmagneticamente aos objetos ou tesouros enterrados devido

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CAPÍTULO 27

Considerações sobre a castidadepor parte dos médiuns

PERGUNTA: — A continência sexual, por parte domédium que presta serviço aos espíritos superiores, ajuda-oa melhorar o seu desempenho mediúnico? Isso apura-lhe opsiquismo e o favorece para o melhor intercâmbio vibrató-rio com os seus comunicantes?

RAMATÍS: — É de senso comum que Deus não estatuiuo ato sexual como uma prática deprimente e capaz de rebai-xar o ser humano quando precisa cumprir os seus deveresprocriativos. É função técnica importantíssima para a conti-nuidade da vida física nos orbes planetários, ensejando o aca-salamento das forças criadoras do mundo espiritual com asenergias instintivas do mundo da carne. Não é função impu-ra ou censurável, quando desempenhada com esse objetivonobre. Constitui-se, pois, no processo prodigioso que mate-rializa e plasma na face do planeta a vida em todas as suasmanifestações animais, ensejando a instrumentação de que oespírito necessita para apurar o seu raciocínio e entendimen-to espiritual. Não há dúvida de que o mais certo, perante asleis de alta espiritualidade, seria a relação sexual exercidasomente em função procriadora, nas épocas devidamenteapropriadas para o êxito da nova vida.

No entanto, o temperamento instintivo dos homens terre-nos, ainda instável no limiar da vida animal e do mundoangélico, acicata-os à procura de gozos às vezes insaciáveis e

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os escraviza às paixões violentas, transformando o ato sexualnuma fonte contínua de prazeres que retarda a ventura espi-ritual. O comportamento sexual do homem terreno ainda émuito aberrativo e desatinado, em face de sua incapacidadepara governar o seu instinto animal inferior, mormente se selevar em conta que o animal, entidade primitiva, é um fielseguidor das leis da procriação. Narra-vos a história o para-doxo de espíritos lúcidos, geniais e boníssimos, que desceramao nível mais degradante da escala sexual, sem poder domi-nar a força primitiva do instinto animal desgovernado.

Mas não se pode condená-los por isso, pois mesmo asalmas com certa prevalência espiritual sobre o físico, na suaatividade incomum na propagação dos valores superiores,por vezes são apanhadas de surpresa pela força inflamanteda carne, que já supunham superada. Mesmo para o santodescido das alturas do Paraíso, Jesus lançou a sua imorre-doura recomendação:“Orai e Vigiai”. Embora os vícios ou aspaixões residam na própria alma e se projetem no cenáriofísico através da carne, a vida exige que o espírito comandea matéria, em cujo trabalho nem sempre consegue lograr oêxito espiritual desejado. Algumas almas de grau superiorperturbam-se no trato com o potencial vigoroso das forçassexuais, embora depois sofram terrivelmente em sua cons-ciência já desperta e se mostrem desapontadas para consigomesmas. Lembram a hipótese de um homem que, vestindoum traje branco e precisando descer à mina de carvão, con-tamina-se pelo pó de carvão toda vez que se descuida.

Alguns espíritos benfeitores e regrados, quando do seuretorno às esferas paradisíacas, curtem a dor veemente doseu comportamento sexual contraditório no mundo físico.Embora se tenham devotado a todas as formas do Bem, nãopuderam controlar os ascendentes biológicos que os impe-liam à satisfação sexual desatinada. Em face do seu grausideral, e devido ao sincero exame crítico de suas própriasconsciências, tiveram de reconhecer a sua debilidade notrato aberrativo da prática sexual no mundo físico.

No entanto, ser-lhes-ia ainda mais prejudicial o falso

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CAPÍTULO 28

Aspectos psicológicos das encarnaçõesde apóstolos e líderes do cristianismo

PERGUNTA: — Que dizeis sobre certos médiuns ou con-frades espíritas que se acreditam a reencarnação de após-tolos ou destacados líderes do Cristianismo?

RAMATÍS: — Não é impossível a hipótese de algunsapóstolos ou discípulos de Jesus encontrarem-se encarnadosno Brasil. Não há dúvida de que muitos seguidores e con-temporâneos de Jesus regressam mais tarde à carne, a fim defazerem brotar as sementes cristãs lançadas há dois milanos. Alguns deles assim o fizeram para conseguir melhorgraduação espiritual, pois não houve o milagre de se veremtransformados instantaneamente em seres angélicos, apenasporque conviveram à sombra do Sublime Rabi. Freqüentan-do novamente a escola terrena, é evidente que eles tambémassumiram outras configurações humanas e viveram perso-nalidades e raças diferentes daquelas com que a históriasagrada os consagrou no advento do Cristianismo.

Malgrado tivessem sido outrora os apóstolos Thiago,Bartolomeu, Simão, Felipe, João ou André, mais tarde tive-ram de retornar à Terra assumindo posições de realce ou deserviço humilde e anônimo no vosso mundo. Sob outrosnomes, algumas vezes destacaram-se no cenário material emserviço redentor, tal como lhes aconteceu na Judéia sob aorientação do Divino Amigo. Mas muitas vezes só o mundoespiritual chegou a conhecer-lhes a obra meritória e louvou-

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lhes o devotamento ao Bem. Alguns em novas encarnaçõestalvez se chamaram José, Giácomo, Estanislau, Hanz, JackAhmed ou Jean, vivendo personalidades humanas de some-nos importância para o mundo, mas de profunda influênciana transformação dos seus próprios espíritos. Que importa aconfiguração provisória da personalidade terrena no mundofísico, quando só o conteúdo espiritual definitivo é que diplo-ma o ser para as glórias da vida angélica?

PERGUNTA: — No entanto, conhecemos bons trabalha-dores espíritas que intimamente acreditam ter sido algumadessas personalidades históricas do Cristianismo, mas queestão certos de não terem habitado a Terra depois de suaúltima existência apostolar. Que dizeis?

RAMATÍS: — É certo que na área da experimentaçãoespírita ainda enxameam as reencarnações de Marcos, João,Mateus, Felipe, Thiago, Lucas, João Batista ou Paulo deTarso, assim como as de Verônica, Martha, Maria Magdale-na etc., que se sentem investidos de novas tarefas messiâni-cas na revivescência do Cristianismo. Muitos deles viveminquietos e ansiosos, aguardando o momento sublime emque a “luz súbita” deverá eclodir-lhes no espírito e lançá-lospelo mundo em defesa dos postulados de Jesus. Pedro, oapóstolo, Paulo de Tarso ou João Batista, que se supõemreencarnados na atualidade, também se esforçam para nãotrair a mesma índole, o mesmo temperamento e a contextu-ra psicológica com que a história sagrada os pôs em evidên-cia no passado.

Assim, embora vivendo outras personalidades emoldu-radas no século atômico, os novos Pedros reencarnados tam-bém são sizudos, os Paulo de Tarso são dinâmicos e amigosdas “epístolas”, tentando as peregrinações exaustivas parasustentar o alicerce do novo movimento salvacionista. Asnovas cópias de João Batista, o precursor do Mestre, guar-dam a mesma severidade de outrora e anatematizam ospecados do mundo moderno, tal como o fazia esse grande eaustero espírito.

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CAPÍTULO 29

A função dos guias e as obrigações dos médiuns

PERGUNTA: — Alguns médiuns com os quais temos tidocontato em vários Estados do país deixaram transparecer-nosque são missionários em tarefa sacrificial a favor do progres-so da humanidade. Alguns deles queixaram-se do mundoadverso da Terra, onde se sentem desajustados, mas precisamdesempenhar o seu serviço messiânico. Que dizeis disso?

RAMATÍS: — Os médiuns, em sua generalidade, são cria-turas portadoras de grandes débitos do passado. Em vidaspregressas abusaram do poder e da influência magnética so-bre os encarnados, servindo-se de sua inteligência avançadapara concretizar empreendimentos mercenários e quase sem-pre de absoluto interesse pessoal. Muitos fugiram aos compro-missos assumidos para com o povo ou despenharam-se nosabismos da vaidade, do orgulho ou da vingança impiedosa.

Mas, apesar da correção com que se distinguem no de-sempenho de sua tarefa mediúnica, não é difícil identificar-lhes os resquícios prejudiciais do pretérito e a exagerada sus-ceptibilidade que ainda manifestam no trato com o próximo.Há médiuns que se irritam facilmente quando são contraria-dos; buscam as primeiras posições, exigem o comando dostrabalhos espíritas e estimam profundamente o prestígio pes-soal no ambiente de que participam. Sentem-se humilhadosquando devem se submeter a outros confrades de menor en-vergadura cultural, e tudo fazem para fugir das situações que

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os conservem no anonimato. Raros submetem-se à disciplinasensata dos postulados codificados por Allan Kardec, e algunsdeles alegam que os seus princípios já passaram do tempo.

Mesmo quando se trata de espíritos inteligentes e cultos,o amor próprio ainda lhes grita profundamente no âmagoda alma quando recebem qualquer advertência alheia. Algu-mas vezes reproduzem na seara espírita os atos insensatosdo passado em novas cópias-carbono, e os mais exaltados einconformados afastam-se imediatamente dos labores espi-ríticos onde predomina a disciplina doutrinária cardeciana.Mais tarde, por espírito de desforra ou de rebelde persona-lismo, eles preferem cultivar exotismos mediúnicos à distân-cia dos postulados espíritas já consagrados por um século deexperimentação. Os mais abespinhados e soberbos rompemas algemas disciplinadoras de sua vaidade e orgulho, e des-forram-se protestando que não foram suficientemente com-preendidos nas suas “boas intenções”.

No passado, eles pontificavam das altas posições políti-cas ou sociais, impondo sua vontade aos menos aquinhoadosde inteligência e deixavam de cumprir as promessas demagó-gicas que arrebatavam multidões. Então a Lei Justiceira osobriga hoje a servir às massas que subestimaram e aguilhoa-os com insistência, a fim de saldarem suas dívidas pregressaspara com a contabilidade divina. Poucos médiuns reconhe-cem-se em prova e reparação cármica, pois a maioria consi-dera a obrigação mediúnica como sendo fruto de sua eleva-da graduação espiritual ou eleição missionária, esquecendo-se de que missionários, na realidade, foram Antúlio, Hermes,Buda, Crisna, João Batista, Francisco de Assis, Allan Kardec,Ghandi e, acima de todos, o inconfundível Jesus.

PERGUNTA: — Mas o fato de os médiuns se convenceremde que são missionários a serviço do Alto não os ajuda asubstituírem suas inclinações inferiores pelo serviço benfeitorao próximo? Convictos disso eles se devotam à aplicação depasses, aos receituários, à doutrinação de sofredores e multi-plicam esforços para “fazer a caridade”. Estamos certos?

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CAPÍTULO 30

O peditório aos amigos do espaço

PERGUNTA: — Haverá algum perigo em nos entregar-mos à orientação de qualquer desencarnado serviçal parasolução de nossos problemas particulares, uma vez queconfiemos em suas boas intenções?

RAMATÍS: — Em singelo exemplo, lembramo-vos queseria bastante insensato e imprudente o santo amoroso, masinábil que, movido por um sentimento generoso, resolvesseconduzir a fogosa parelha de cavalos atrelada a pesada car-ruagem repleta de crianças, com o risco de causar trágicoacidente pela sua absoluta ignorância no comando do veícu-lo. Da mesma forma, certos espíritos bons e serviçais, masinexperientes, transformam-se em procuradores incondicio-nais dos encarnados, atendendo-lhes toda sorte de impru-dências e resolvendo-lhes todos os problemas materiais.

Os homens que se entregam facilmente à orientação dequalquer desencarnado serviçal, sem identificar-lhe a gra-duação espiritual e conhecer-lhe a competência, podem atéperder a dose de bom senso que é peculiar ao ser humanoem comum. Muitos seres surpreendem-se quando, apósa sua desencarnação, certificam-se da graduação medíocrede alguns dos seus pseudos guias, que estavam sempre pron-tos para atender aos pedidos mais absurdos da Terra.

PERGUNTA: — Devemos supor, então, que só os espíritos

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de graduação elevada podem orientar-nos satisfatoriamente?RAMATÍS: — Alguns espíritos desencarnados e de

pouca graduação espiritual ainda permanecem muito liga-dos às atividades terrenas. Assim, podem servir-vos comcerto êxito nas soluções de alguns problemas adstritos aomundo carnal, pois infiltram-se com mais facilidade nosambientes físicos e apercebem-se das intenções dos encarna-dos. Deste modo, prevêem alguns acontecimentos e orientamseus inquietos consulentes para realizarem o melhor negóciomaterial; opinam quanto ao noivado da moça casadoira,advertem sobre as amizades inconvenientes à família, indi-cam o emprego para o rapaz negligente ou aconselham amudança dos seus pupilos para bairro mais favorável.

No entanto, não resta dúvida de que, neste caso, trata-se de almas bem intencionadas e carinhosas, que tudo fazempor servir e também por melhorar o seu padrão espiritual.Mas, evidentemente, a sua bondade e a sua ternura se tor-nam até prejudiciais, porque alimentam a preguiça, o inte-resse e a cobiça dos terrícolas. Mas são os próprios encarna-dos os principais culpados por essa situação em que algunsespíritos bondosos, pacíficos e serviçais ficam presos afetivae ingenuamente à teia sedutora que lhes estendem da Terrasob o interesse oculto. Através de rogativas descabidas, amente encarnada e subvertida pelo interesse enlaça o espíri-to desencarnado bom e invigilante, transformando-o em umcorretor em atividade no mundo astral, convocado a todoinstante para suprir a inexaurível mendicância espiritualexercida na matéria.

É acontecimento muito comum nos terreiros de Umban-da, onde muitos freqüentadores buscam apenas solucionaras suas tricas particulares, transformando os pretos-velhos ehumildes, os caboclos prestativos e os silvícolas ingênuos emseus “escravos psíquicos”. O verbo “pedir”passa a ser empre-gado sem qualquer cerimônia, disfarçado pelas mais afeta-das demonstrações de carinho e gratidão dos encarnados,constituindo verdadeiro suborno espiritual destinado acomover os corações generosos do Além.

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CAPÍTULO 31

As influências obsessivas sobreos médiuns e suas conseqüências

PERGUNTA: — Certos candidatos a médium e adeptosdo Espiritismo queixam-se de que não podem dominar oseu torpor visual assim que procuram estudar ou ler asobras espíritas. Acreditam mesmo que são espíritos atrasa-dos ou malévolos que procuram impedi-los no seu desenvol-vimento mediúnico e no seu progresso espiritual. Há funda-mento em tais alegações?

RAMATÍS: — Achamos algo estranho que essas criatu-ras sintam as pálpebras pesadas quando lêem obras espíri-tas e, em geral, nada lhes suceda de incômodo ou inoportu-no assim que se devotam à leitura de novelas fúteis, roman-ces quilométricos, revistas tolas ou dramalhões lamuriosos.Se elas manifestassem o mesmo interesse, prazer e devota-mento para com as obras de esclarecimento espiritual, cre-mos que nenhuma força oculta ou sugestão inferior seriacapaz de cansar-lhes os olhos ou entorpecer-lhes o cérebro.Supondo-se, no entanto, que elas não possam realmente ven-cer de qualquer modo essa má influência que as perturbadurante a leitura espiritual construtiva, é aconselhável quese submetam a um tratamento urgente psíquico, porquantose trata então de criaturas obsidiadas e que abdicaram desua vontade.

Em muitos casos elas não têm interesse pela valiosidadedos ensinamentos da vida imortal, principalmente quando

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são criaturas que já se condicionaram às leituras fúteis, àshistórias de quadrinhos e às novelas melodramáticas, quesão verdadeiros desestímulos para a leitura de obras de pro-fundidade espiritual. São devotos das verborragias senti-mentalistas que lhes dispensam o esforço do raciocíno e ser-vem de “mata-tempo”. Assim, evitam o livro sério, útil e sen-sato, em que a pessoa quando lê também deve pensar. Dis-plicentes para consigo mesmas, algumas delas lançam aculpa de sua preguiça mental sobre espíritos desencarnadosque, sem dúvida, devem perturbá-las mesmo, assim que sedevotam à leitura superior.

Deste modo, o médium fica aguardando o dia miraculo-so em que provavelmente há de eclodir a jato a sua mediu-nidade, enquanto o adepto espírita aguarda a sua angeliza-ção instantânea, sem necessidade de manusear qualquerobra espiritualista ou devotar-se a leituras mais edificantes.

PERGUNTA: — Algumas pessoas que costumam dormirnas sessões espíritas, por não resistirem em vigília ao temponormal do trabalho mediúnico ou da oratória, alegam quepor mais que se esforcem não conseguem manter-se despertas.Que dizeis sobre isso?

RAMATÍS: — Embora reconheçamos que no transesonambúlico o corpo físico adormece profundamente,enquanto o espírito do médium pode distanciar-se bastantepara exercer algum serviço espiritual, isso não é tão comumnaqueles que ressonam à larga durante os trabalhos espíritas.Em verdade, o que mantém a criatura desperta durante con-ferências, leituras, trabalhos mediúnicos ou doutrinários noscentros espíritas é sempre o interesse espontâneo causadopelo desejo sincero de aperfeiçoamento espiritual. Em geral,os que dormem facilmente nas sessões mediúnicas e se can-sam nas reuniões evangélicas muito raramente adormecemdurante o futebol, o turfe, a irradiação da novela xaroposa emesmo no cinema, malgrado projetar-se péssimo filme.

Há criaturas que dormem nas igrejas católicas, no tem-plo protestante e nas instituições culturais, assim que o

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CAPÍTULO 32

Considerações sobre o desenvolvimento mediúnico

PERGUNTA: — Alguns médiuns queixam-se do seu insu-cesso quando desenvolviam a mediunidade nas mesas car-decistas, alegando que se desenvolveram rapidamente assimque passaram a freqüentar os terreiros. Que dizeis a isso?

RAMATÍS: — Embora respeitando o método de desen-volvimento mediúnico nos terreiros, que é bastante diferentee até oposto ao que se processa na área do Espiritismo codifi-cado por Allan Kardec, devemos dizer que em ambos os casoso êxito não depende de maior ou menor desembaraço ou agi-tação física, mas sim é dependente do conteúdo espiritualsuperior que o médium cardecista ou o “cavalo”de Umbandatenham podido acumular e consolidar no seu espírito.

A mediunidade, e principalmente a de prova, não é umdom concedido pelo Alto para ser aproveitado de qualquermodo e a qualquer preço, com o fito de “salvação”urgente dahumanidade terrena. Ela é um recurso, ou seja, um acréscimodivino concedido prematuramente para a melhoria espiritualdo próprio candidato a médium, geralmente bastante endivi-dado pelas suas imprudências do pretérito. Em conseqüência,o que importa não é a quantidade do tempo que ele precisadespender para o seu desenvolvimento, mas é a qualidadeespiritual aprimorada, conseguida durante o exercício ou ocomparecimento à sessão mediúnica.

Que vale um desenvolvimento mediúnico rápido e fenomê-

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Mediunismo

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nico, se o médium ainda nada possui de útil e bom para ofertarao próximo? Porventura, não seria insensatez oferecer-se umataça vazia àquele que agoniza de sede? Desde que a faculdademediúnica não é banho miraculoso capaz de transformar instan-taneamente o seu portador num sábio ou num santo, mas simuma hipersensibilidade perispiritual prematura nos médiuns emprova, ela deve ser desenvolvida em perfeita concomitância coma recuperação espiritual do seu próprio agente, pois ele é o maisnecessitado e também é aquele que pode ser o mais beneficiado.

Como o desenvolvimento mediúnico não consiste numasérie de movimentos rítmicos, algo parecidos à ginástica físi-ca muscular, o candidato a médium encontra no ambientede trabalho espirítico a oportunidade valiosa de apurar osseus atributos angélicos, muito antes de tornar-se um inter-mediário fenomênico dos espíritos desencarnados.

Na sua freqüência assídua à sessão mediúnica e ante ainfluência benfeitora da oração e dos ensinamentos evangé-licos, ele terá ensejo de dominar muitos impulsos viciosos emoderar os sentimentos irascíveis e indisciplinados. Com-provando a imortalidade da alma, através dos espíritoscomunicantes, também elevará o seu tom psíquico, dinami-zando sua fé nos propósitos da vida espiritual. No serviço deirradiação aos enfermos o médium ativa as próprias célulascerebrais, enquanto desenvolve melhor o senso crítico e ajui-zamento no julgar as coisas ao defrontar-se com os motivosde angústia e de perturbação dos espíritos sofredores, quesão alvo dos esclarecimentos benfeitores do doutrinador.

PERGUNTA: — Mas não é louvável a ansiedade de todomédium em comunicar o mais breve possível o pensamentodos espíritos desencarnados, a fim de cumprir o seu deverespiritual e fortalecer-se sob a proteção do guia paraenfrentar os óbices da vida humana?

RAMATÍS: — Embora sem comunicar diretamente o pen-samento dos espíritos dos falecidos, ele há de incorporar inúme-ros valores no seu acanhado patrimônio espiritual, muito antesda aflitiva idéia fixa de ser médium para receber o guia ou “fazer