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6365-EIA-G90-001b Leme Engenharia Ltda. i SUMÁRIO 5 INSTRUMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS A OBEDECER ............................. 4 5.1 Planejamento do Setor Hidrelétrico no Brasil ............................................................ 5 5.1.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 5 5.1.2 Plano Nacional de Energia 2030 ................................................................................ 6 5.1.3 Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015...................................... 7 5.2 Programa de Aceleração do Crescimento - 2007-2010 .............................................. 8 5.3 Autorização do Congresso Nacional .......................................................................... 9 5.4 Licenciamento Ambiental ........................................................................................ 10 5.4.1 Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental ........................... 10 5.4.2 Da Instauração do Processo ...................................................................................... 19 5.4.3 Do Licenciamento Prévio ......................................................................................... 20 5.4.4 Do Licenciamento de Instalação............................................................................... 23 5.4.5 Do Licenciamento de Operação ............................................................................... 24 5.4.6 Estudo de Impacto de Vizinhança ............................................................................ 26 5.4.7 Política Ambiental do Estado do Pará ...................................................................... 27 5.4.8 Audiência Pública e Participação Popular ................................................................ 30 5.5 Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal e do Estado do Pará ........ 32 5.6. Saúde Pública ........................................................................................................... 36 5.7 Fauna e Flora ............................................................................................................ 43 5.7.1 Fauna ........................................................................................................................ 43 5.7.2 Flora .......................................................................................................................... 57 5.7.3 Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção – Programa Extinção Zero ... 62 5.8 Florestas, Reflorestamento e Reposição Florestal .................................................... 63 5.9 Área de Preservação Permanente ............................................................................. 67 5.10 Reserva Legal ........................................................................................................... 77 5.11 Legislação Aplicável à Exploração de Recursos Minerais ....................................... 80 5.12 Recursos Hídricos ..................................................................................................... 81 5.13 Compensação Financeira .......................................................................................... 94 5.14 Plano Estratégico Nacional de Área Protegidas ....................................................... 97 5.15 Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu ................................... 100 5.16 Compensação Ambiental e Medidas Compensatórias............................................ 104 5.17 Emissão de Ruídos ................................................................................................. 114 5.18 Resíduos e Efluentes............................................................................................... 115 5.19 Educação Ambiental ............................................................................................... 121 5.20 Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Arqueológico...................................... 122 5.21 Patrimônio Espeleológico ....................................................................................... 129 5.22 Monitoramento Ambiental ..................................................................................... 135 5.23 Das Ilhas, Áreas de Várzea, Terrenos da Marinha e Terrenos Marginais .............. 136 5.24 Declaração de Utilidade Pública, Desapropriação, Indenização e Reassentamento138 5.24.1 Declaração de Utilidade Pública e Desapropriação................................................ 138 5.24.2 Indenização ............................................................................................................. 143 5.24.3 Reassentamento ...................................................................................................... 145 5.24.4 Reassentamento de População Ribeirinha .............................................................. 148 5.25 Áreas sob Regime Especial de Proteção................................................................. 151 5.25.1 Unidades de Conservação....................................................................................... 151 5.25.2 Áreas Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira ................................................................ 161 5.25.3 Programa Áreas Protegidas da Amazônia .............................................................. 165

CAPÍTULO 5 - Aspectos Jurídicoslicenciamento.ibama.gov.br/Processo PNMA/EIA's CGENE/COHID/UHE/Belo... · ... (Resolução COEMA nº 54/07).52 QUADRO 5.7-2 Espécies da Flora Ameaçada

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SUMÁRIO 5 INSTRUMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS A OBEDECER............................. 4 5.1 Planejamento do Setor Hidrelétrico no Brasil ............................................................ 5 5.1.1 Considerações Gerais ................................................................................................. 5 5.1.2 Plano Nacional de Energia 2030 ................................................................................ 6 5.1.3 Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015...................................... 7 5.2 Programa de Aceleração do Crescimento - 2007-2010.............................................. 8 5.3 Autorização do Congresso Nacional .......................................................................... 9 5.4 Licenciamento Ambiental ........................................................................................ 10 5.4.1 Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental........................... 10 5.4.2 Da Instauração do Processo...................................................................................... 19 5.4.3 Do Licenciamento Prévio ......................................................................................... 20 5.4.4 Do Licenciamento de Instalação............................................................................... 23 5.4.5 Do Licenciamento de Operação ............................................................................... 24 5.4.6 Estudo de Impacto de Vizinhança ............................................................................ 26 5.4.7 Política Ambiental do Estado do Pará ...................................................................... 27 5.4.8 Audiência Pública e Participação Popular................................................................ 30 5.5 Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal e do Estado do Pará ........ 32 5.6. Saúde Pública ........................................................................................................... 36 5.7 Fauna e Flora ............................................................................................................ 43 5.7.1 Fauna ........................................................................................................................ 43 5.7.2 Flora.......................................................................................................................... 57 5.7.3 Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção – Programa Extinção Zero... 62 5.8 Florestas, Reflorestamento e Reposição Florestal.................................................... 63 5.9 Área de Preservação Permanente ............................................................................. 67 5.10 Reserva Legal ........................................................................................................... 77 5.11 Legislação Aplicável à Exploração de Recursos Minerais....................................... 80 5.12 Recursos Hídricos..................................................................................................... 81 5.13 Compensação Financeira.......................................................................................... 94 5.14 Plano Estratégico Nacional de Área Protegidas ....................................................... 97 5.15 Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu................................... 100 5.16 Compensação Ambiental e Medidas Compensatórias............................................ 104 5.17 Emissão de Ruídos ................................................................................................. 114 5.18 Resíduos e Efluentes............................................................................................... 115 5.19 Educação Ambiental............................................................................................... 121 5.20 Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Arqueológico...................................... 122 5.21 Patrimônio Espeleológico....................................................................................... 129 5.22 Monitoramento Ambiental ..................................................................................... 135 5.23 Das Ilhas, Áreas de Várzea, Terrenos da Marinha e Terrenos Marginais .............. 136 5.24 Declaração de Utilidade Pública, Desapropriação, Indenização e Reassentamento138 5.24.1 Declaração de Utilidade Pública e Desapropriação................................................ 138 5.24.2 Indenização............................................................................................................. 143 5.24.3 Reassentamento ...................................................................................................... 145 5.24.4 Reassentamento de População Ribeirinha.............................................................. 148 5.25 Áreas sob Regime Especial de Proteção................................................................. 151 5.25.1 Unidades de Conservação....................................................................................... 151 5.25.2 Áreas Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de

Benefícios da Biodiversidade Brasileira ................................................................ 161 5.25.3 Programa Áreas Protegidas da Amazônia .............................................................. 165

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5.25.4 Comunidades Quilombolas..................................................................................... 166 5.25.5 Questões Indígenas................................................................................................. 170 5.26 Plano Plurianual e Planejamento Territorial Participativo ..................................... 190 5.27 Plano De Desenvolvimento Sustentável Da Região Do Xingu.............................. 193 5.28 Programa Territórios da Cidadania......................................................................... 194 5.29 Planos, Programas e Projetos ................................................................................. 196 5.29.1 Programas Estaduais............................................................................................... 196 5.29.1.1 Programa Ações de Sensibilização e Projetos de Educação Ambiental................. 196 5.29.1.2 Programa Pará Urbe................................................................................................ 197 5.29.1.3 Programa Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância:........................ 197 5.29.1.4 Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno Exclusivo:.................................. 197 5.29.1.5 Programa Segurança para todas e todos: ................................................................ 197 5.29.1.6 Programa de Segurança Comunitária e Controle Social: ....................................... 197 5.29.1.7 Programa de Gestão Inteligente e Integrada:.......................................................... 197 5.29.1.8 Programa de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos: ................................... 198 5.29.1.9 Programa Água para Todos: ................................................................................... 198 5.29.1.10 Programa Caminhos da Parceria: ........................................................................... 198 5.29.1.11 Programa Habitar Melhor:...................................................................................... 198 5.29.1.12 Programa Energia e Desenvolvimento: .................................................................. 198 5.29.1.13 Programa Pará Obras:............................................................................................. 198 5.29.1.14 Projetos de Economia da Cultura: .......................................................................... 199 5.29.1.15 Política para o Livro e Leitura:............................................................................... 199 5.29.1.16 Programa Pará Integrado: ....................................................................................... 199 5.29.1.17 Programa Inovar Fiscal:.......................................................................................... 199 5.29.1.18 Programa Saúde para Todos e Todas: .................................................................... 200 5.29.2 Programas Federais ................................................................................................ 200 5.29.2.1 Programa Luz para Todos: ..................................................................................... 200 5.29.3 Programa Amazônia Sustentável............................................................................ 201 5.30 Desenvolvimento Urbano e Plano Diretor Municipal ............................................ 204 5.31 Quadro de Legislação Aplicável ao Empreendimento ........................................... 210 5.32 Referência Bibliográfica......................................................................................... 237

LISTA DOS QUADROS

QUADRO 5.4-1 Documentos Necessários para o Licenciamento do AHE Belo Monte ........15 QUADRO 5.5-1 Categoria de uso de Área de Influencia do AHE Belo Monte ......................34 QUADRO 5.5-2 Categoria de usos Especiais do Macro ZEE Amazônia Legal......................34 QUADRO 5.6-1 Impactos Serem Observados pelo Empreendedor Segundo a Secretaria de

Vigilância e Saúde........................................................................................38 QUADRO 5.7-1 Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07) .52 QUADRO 5.7-2 Espécies da Flora Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)...60

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LISTA DAS FIGURAS FIGURA 5.25-1 - Unidade de Conservação, Terras Indígenas, Drenagem Principal e Acesso

Terrestre do AHE Belo Monte..................................................................157

FIGURA 5.25-2 - Mapa do Macro Zoneamento Ecológico – Econômico do Pará (Modificado) com Delimitações da AII e AID e Indicação Ucs.....................................160

FIGURA 5.25-3 - Mapa das Áreas de Prioritárias para Conservação - AID.......................... 163

FIGURA 5.25-4 - Mapa das Áreas Prioritárias para Conservação – AII................................164

FIGURA 5.25-5 - Localização dos Quilombos...................................................................... 169

LISTA DE ANEXOS ANEXO 5-1 - DECRETO DE CRIAÇÃO DO SÍTIO PESQUEIRO DO XINGU ............... 240 ANEXO 5-2 - DECRETOS DE CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NOS

MUNICÍPIOS INTEGRANTES DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA DO AHE BELO MONTE............................................................................... 242

ANEXO 5-3 - TÍTULO DE RECONHECIMENTO DE DOMÍNIO COLETIVO EM FAVOR DA ARQMG – ASSOCIAÇÃO DOS REMANESCENTES DE QUILOMBOS DE GURUPÁ.................................................................................................. 256

ANEXO 5-4 - TÍTULO DE RECONHECIMENTO DE DOMÍNIO COLETIVO EM FAVOR DA ARQMR – ASSOCIAÇÃO DOS REMANESCENTES DE QUILOMBOS MARIA RIBEIRA .......................................................................................... 259

ANEXO 5-5 - DECRETOS DE CRIAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS NA BACIA DO RIO XINGU .................................................................................................... 262

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5 INSTRUMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS A OBEDECER Este capítulo vem atender o item 3.2 do Termo de Referência (TR) emitido pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em dezembro de 2007 para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte, no rio Xingu, Estado do Pará (PA). O item 3.2 “Instrumentos Legais e Normativos a Obedecer” tem a seguinte redação, conforme transcrição do TR supracitado: “45 O EIA deve conter uma listagem completa dos Instrumentos Legais e Normativos que

incidem sobre o empreendimento proposto, em todas as suas fases, e sobre a realização dos estudos e levantamentos necessários ao processo de licenciamento ambiental.

46 A listagem a ser apresentada no EIA deve abranger as três esferas de governo e todos os aspectos das áreas temáticas estudadas. São imprescindíveis as análises e as considerações sobre a incidência desses instrumentos no empreendimento e nas demais ações realizadas pelo empreendedor e seus prepostos.”

Com base no acima exposto, apresenta-se o resultado do exame da legislação relacionada à implementação do AHE Belo Monte, com ênfase nas questões relativas ao controle e proteção ambientais e nos aspectos institucionais de maior relevância para o licenciamento ambiental. Importa observar que o Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo nº 788, de 14 de julho de 2005, autorizou o Poder Executivo a implantar o AHE Belo Monte, desenvolvido após estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e outros que julgar necessários, com destaque para o presente EIA e respectivo RIMA. Recentemente, a Resolução do Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) nº 6, de 3 de julho de 2008, reiterou o interesse estratégico do aproveitamento do potencial hidráulico para fins energéticos do rio Xingu, bem como a importância estratégica de parcelas do território banhadas pelo rio Xingu para a conservação da biodiversidade biológica e da proteção da cultura indígena1. Estabeleceu, ainda, em seu artigo 2º, que o único potencial hidroenergético a ser explorado situado no rio Xingu será o do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, entre a sede urbana do Município de Altamira e a sua foz, devendo ser operacionalizada nos Estudos de Planejamento Energético Nacional, coordenados e aprovados pelo Ministério de Minas e Energia (MME)2. Neste sentido, referida Resolução CNPE determinou que as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás) conduza as ações necessárias à continuidade dos estudos para o desenvolvimento e a conclusão da viabilidade do AHE Belo Monte, bem como realize estudo de natureza antropológica, atinente às comunidades indígenas localizadas na área sob influência do aproveitamento hidrelétrico, devendo, ainda, ser ouvidas as comunidades afetadas3.

1 Artigo 1º da Resolução CNPE nº 6/08. 2 §1º do artigo 2º da Resolução CNPE nº 6/08. 3 §2º do artigo 2º da resolução CNPE nº 6/08.

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Ressalte-se que, ao final deste capítulo, foi inserido quadro de legislação aplicável que contempla todas as normas que, de alguma maneira, possuem interface com o empreendimento em tela. 5.1 Planejamento do Setor Hidrelétrico no Brasil 5.1.1 Considerações Gerais O Governo Federal Brasileiro, por intermédio do MME, órgão responsável pela concepção e implementação de políticas para o setor energético, em consonância com as diretrizes do CNPE, realiza planejamento do setor, com visão de longo prazo, ao priorizar a realização de estudos do setor elétrico, com destaque para o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE-2030) e o Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE). Importa mencionar que a Política Energética Nacional, cuja responsabilidade de implementação é do Ministério de Minas e Energia, é regulamentada pela Lei Federal nº 9.478, de 06 de agosto de 1997, que tem por objetivo: • Preservar o interesse nacional; • Promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos

energéticos; • Proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos; • Proteger o meio ambiente e promover a conservação de energia; • Identificar as soluções mais adequadas para o suprimento de energia elétrica nas diversas

regiões do País. O CNPE, criado pela Lei Federal nº 9.478/97, é órgão vinculado à Presidência da República e presidido pelo MME, com atribuição de propor e assessorar o Presidente da República na formulação de políticas e diretrizes de energia. De acordo com o artigo 2º, inciso VI da Política Energética Nacional, compete ao CNPE “sugerir a adoção de medidas necessárias para garantir o atendimento à demanda nacional de energia elétrica, considerando o planejamento de longo, médio e curto prazos, podendo indicar empreendimentos que devam ter prioridade de licitação e implantação, tendo em vista seu caráter estratégico e de interesse público, de forma que tais projetos venham assegurar a otimização do binômio modicidade tarifária e confiabilidade do Sistema Elétrico.” Nesse sentido, o CNPE, por meio da Resolução CNPE nº 02, de 17 de setembro de 2001, reconheceu o interesse estratégico do AHE Belo Monte, prevista para ser construída em trecho do rio Xingu, no Estado do Pará, no planejamento de expansão da hidroeletricidade do Brasil até o ano de 2010, e propôs a autorização da continuidade dos estudos de viabilidade econômico-financeira, Projeto Básico, licenciamento ambiental e a realização de estudos referentes a: “I - participação de capital privado na modelagem financeira do empreendimento, preferencialmente na condição de controlador;

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II - forma de integração da usina ao sistema interligado, considerando os aspectos energéticos, comerciais e do sistema elétrico; III - impactos de sua operação no parque gerador nacional; IV - confiabilidade da rede básica face ao sistema de transmissão associado; e V - impactos financeiros da execução da obra no Orçamento da União.”4 Conforme antes abordado, a Resolução do CNPE nº 6, de 3 de julho de 2008, reiterou o interesse estratégico do aproveitamento do potencial hidráulico para fins energéticos do rio Xingu, bem como a importância estratégica de parcelas do território banhadas pelo rio Xingu para a conservação da biodiversidade biológica e da proteção da cultura indígena5. Em consonância com a Política Energética Nacional e os contornos técnicos do planejamento do setor elétrico brasileiro, o PNE-2030 e o PDEE 2006-2015 orientam ações e decisões relacionadas ao equacionamento do equilíbrio entre as projeções de crescimento econômico e a expansão da hidroeletricidade em bases técnica, econômica e ambientalmente sustentáveis, especialmente ao preverem o AHE Belo Monte nesse planejamento. 5.1.2 Plano Nacional de Energia 2030 O PNE-2030 é instrumento fundamental para o planejamento de longo prazo do setor elétrico brasileiro, orientando tendências estratégicas e balizando as alternativas de expansão do sistema para as próximas décadas. Nesse sentido, o PNE considera a energia hidráulica extremamente importante para atendimento da demanda energética do Brasil, que correspondia, no ano de 2005, a 77,1% (setenta e sete por cento) da oferta interna de eletricidade, com a produção aproximada de 340,5 TWh. Segundo consta no PNE, o potencial hidroelétrico do país é de 261 GW, sendo que 43% desse total, o equivalente a 112 GW, encontra-se na região norte. Ressalta-se que dos mencionados 112 GW o potencial ainda a ser aproveitado é de 64% (sessenta e quatro por cento) 6. Assim pode-se concluir que existe expressivo potencial hidroelétrico a ser explorado no norte do país. O PNE-2030 apresenta reflexões para expansão hidroelétrica no Brasil, dentre as quais destaca-se o mencionado potencial hidroelétrico a aproveitar, que se encontra em grande parte localizado no bioma Amazônia7. Vale acrescentar ainda que, considerando as reflexões do Plano, especialmente no que se refere à viabilização de empreendimentos hidrelétricos, os empreendedores do AHE Belo Monte deverão atentar para as seguintes ações: • Integração efetiva dos aspectos socioambientais da bacia hidrográfica, visando

minimizá-los e preservar o potencial hidroelétrico que o Brasil dispõe;

4 Artigo 1º da Resolução CNPE nº 02/01. 5 Artigo 1º da Resolução CNPE nº 6/08. 6 Artigo 1º da Resolução CNPE nº 6/08. 7 De acordo com o PNE-2030, os biomas Amazônia e Cerrado cobrem 64% (sessenta e quatro por cento) do território nacional, e neles se localizam 70% (setenta por cento) do potencial hidrelétrico a aproveitar.

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• Elaboração de estudos socioambientais com qualidade necessária e articuladamente com as demais áreas de planejamento;

• Consideração das especificidades dos ecossistemas e das comunidades locais, de

forma articulada com as diretrizes e estratégias da área ambiental e com as demais políticas públicas para o desenvolvimento regional;

• Promoção ampla e constante articulação com organismos ambientais, instituições,

órgão ministerial e sociedade em geral; e • Identificação de soluções de engenharia para eventuais áreas sensíveis. Por fim, ressalta-se que o PNE 2030 conclui que “a expansão da oferta de energia elétrica no Brasil pode e deve seguir com predominância da hidroeletricidade; o aproveitamento do potencial hidráulico deve ser feito de forma social e ambientalmente sustentável; e o aproveitamento do potencial hidráulico da Amazônia é fundamental para expansão da oferta de energia elétrica a longo prazo;” 5.1.3 Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015 Outro instrumento de planejamento do setor elétrico, conforme já mencionado, é o PDEE 2006-2015, que, em consonância com as definições do vigente modelo institucional do setor e os contornos técnicos do planejamento setorial, orienta as ações e decisões relacionadas ao equacionamento do equilíbrio entre as projeções de crescimento econômico do Brasil e seus reflexos na energia elétrica, no tocante à necessidade de expansão da oferta em bases técnica, econômica e ambientalmente sustentáveis. Destaca-se que a projeção de cenários macroeconômicos é comum ao PNE 2030 e ao PDEE 2006-2015, e, neste último, o horizonte restringe-se aos próximos 10 (dez) anos. Cumpre observar que o PDEE subsidia a elaboração de vários produtos, principalmente de Programas de licitações de usinas e de linhas de transmissão, fornecendo ao mercado referência para a expansão do setor. Possui também o objetivo de minimizar as incertezas na elaboração do planejamento estratégico pelos agentes do Governo, bem como apresentar indicadores, tais como a evolução das tarifas, custos marginais, demandas para a indústria, entre outros. De acordo com o modelo vigente, que associa a participação de agentes públicos e privados com papéis delimitados por conjunto de normas, instrumentos governamentais e regulamentados por contratos junto ao órgão regulador, as diretrizes e indicações para o horizonte decenal (2006-2015) se afiguram, também, como instrumentos estratégicos para garantia do atendimento do mercado de energia elétrica com qualidade e confiabilidade. Importante registrar que o PDEE relaciona alguns empreendimentos hidrelétricos, dentre os quais o AHE Belo Monte (MME, 2006). De acordo com o Plano Decenal, a fonte hidroelétrica constitui uma das maiores vantagens competitivas do Brasil, por se tratar de recurso renovável e com possibilidade de se implementar pelo parque industrial brasileiro com mais de 90% (noventa por cento) de bens e serviços nacionais.

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Vale trazer ao presente trabalho trecho contido no PDEE que menciona o licenciamento ambiental de referidos empreendimentos, a saber: “Além do mais, ao possuir uma das mais exigentes legislações ambientais do mundo, é possível ao Brasil garantir que as hidrelétricas sejam construídas atendendo aos ditames do desenvolvimento sustentável.” 5.2 Programa de Aceleração do Crescimento - 2007-2010 O PAC é um programa de desenvolvimento do Governo Federal brasileiro elaborado para promover a aceleração do crescimento econômico, o aumento do emprego e a melhoria das condições de vida da população brasileira. O Programa consiste em um conjunto de medidas destinadas a incentivar o investimento privado, aumentar o investimento público em infra-estrutura e remover obstáculos (burocráticos, administrativos, normativos, jurídicos e legislativos) ao crescimento do país. Esse Programa depende da participação do Poder Executivo, do Poder Legislativo, dos trabalhadores e dos empresários. Com efeito, o PAC foi instituído pelo Decreto Federal nº 6.025, de 22 de janeiro de 2007, o qual prevê, em seu artigo 1º, “medidas de estímulo ao investimento privado, ampliação dos investimentos públicos em infra-estrutura e voltadas à melhoria da qualidade do gasto público e ao controle da expansão dos gastos correntes no âmbito da Administração Pública Federal.” As medidas integrantes do PAC são discriminadas pelo Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (CGPAC), cujo objetivo é coordenar as ações necessárias à implementação e execução do Programa. De acordo com o artigo 3º do Decreto Federal nº 6.025/07, o CGPAC é integrado pelos titulares da Casa Civil da Presidência da República, que o coordenará; do Ministério da Fazenda; e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Importante ressaltar que o aumento de investimentos em infra-estrutura previsto no PAC, objetiva: • eliminar os principais gargalos que podem restringir o crescimento da economia; • reduzir custos e aumentar a produtividade das empresas; • estimular o aumento do investimento privado; e • reduzir as desigualdades regionais. Nos termos do PAC, os gargalos na infra-estrutura do país, para serem superados, necessitam de: • planejamento estratégico de médio e longo prazos; • fortalecimento da regulação e da competitividade; • instrumentos financeiros adequados ao investimento de longo prazo;

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• parcerias entre o setor público e o investidor privado; e • articulação entre os entes federativos. Um dos eixos dos projetos de infra-estrutura é o Energético, que prevê instrumentos públicos de incentivo ao investimento privado, quais sejam (QUADRO 5.2 1):

QUADRO 5.2 1 Programas e Instrumentos de Geração e Transmissão de Energia Elétrica

PROGRAMAS

INSTRUMENTOS

Geração de Energia Elétrica Transmissão de Energia Elétrica

Financiamento – Banco Nacional de Deesenvolvimento Econômico e Social (BNDES);

Aumento do limite de prazo: 14 (quatorze) para 20 (vinte) anos;

Até 80% (oitenta por cento) do investimento será financiado;

Redução do índice de cobertura da dívida de 1,3 para 1,2;

Aumento da carência de 06 (seis) para 12 (doze) meses;

Isonomia entre auto-produtores e Produtores Independentes de Energia;

Fundos de Investimentos em Participações – Infra-estrutura.

Insta ressaltar que o PAC anuncia investimentos em projetos destinados à geração de energia elétrica na região norte do Brasil, dentre os quais o AHE Belo Monte. Considerando que o eixo energético do PAC visa garantir a segurança do suprimento e a modicidade tarifária da energia elétrica, o AHE Belo Monte torna-se importante empreendimento para atendimento das necessidades do país. Tanto que o 2º Balanço do PAC, disponibilizado pelo Governo Federal em 31 de agosto de 2007, demonstra a evolução do monitoramento do AHE Belo Monte, mencionando alguns resultados e desafios já alcançados pelo projeto. 5.3 Autorização do Congresso Nacional O Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo nº 788, de 14 de julho de 2005, autorizou o Poder Executivo a implantar o AHE Belo Monte, localizado em trecho do rio Xingu, denominado “Volta Grande do Xingu”, no Estado do Pará, a ser desenvolvido após estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e outros que julgar necessários. De acordo com o artigo 2º, caput, do Decreto Legislativo nº 788/05, os estudos referidos deverão abranger, dentre outros, os seguintes: “I - Estudo de Impacto Ambiental – EIA; II- Relatório de Impacto Ambiental – RIMA; III - Avaliação Ambiental Integrada – AAI da bacia do Rio Xingu; e

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IV - Estudo de natureza antropológica, atinente às comunidades indígenas localizadas na área sob influência do empreendimento, devendo, nos termos do §3º do art. 231 da Constituição Federal, ser ouvidas as comunidades afetadas.”. Os mencionados estudos, com a participação do Estado do Pará (por ser o Estado onde se localiza o aproveitamento hidrelétrico), deverão ser elaborados na forma da legislação aplicável à matéria e serão determinantes para viabilizar o empreendimento e, sendo aprovados pelos órgãos competentes, permitirão que o Poder Executivo adote as medidas previstas na legislação objetivando a implantação do AHE Belo Monte8. Assim, em atendimento ao Decreto Legislativo nº 788/05, elaborou-se o presente EIA e respectivo RIMA. 5.4 Licenciamento Ambiental 5.4.1 Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental A Constituição Federal de 1988 assegura a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (artigo 225, caput). Entre os meios pelos quais se vale o Poder Público para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, está a exigência de estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, a que se dará publicidade, nos termos do artigo 225, §1º, do inciso IV da Constituição Federal. Com efeito, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana9. O artigo 6º da PNMA estabelece que os órgãos e entidades da União, dos Estados e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que está estruturado da seguinte forma: • Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com

a finalidade de assessorar, estudar e propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;

• Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a finalidade de planejar,

coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a Política Nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente;

8 Artigo 2º, parágrafo único e artigo 3º do Decreto Legislativo nº 788/05. 9 Artigo 2º, caput, da Lei Federal nº 6.938/81.

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• Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), este criado pela Medida Provisória nº 366, de 26 de abril de 2007, convertida na Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 para subsidiar as propostas de criação e administrar as Unidades de Conservação federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação;

• Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de

programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;

• Órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e

fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. A PNMA, conforme dispõe o artigo 9º da Lei Federal nº 6.938/81, é implementada por instrumentos, dentre os quais merecem destaque o licenciamento ambiental e a avaliação de impactos ambientais. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependem de prévio licenciamento ambiental do órgão competente, integrante do SISNAMA10, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. No caso do procedimento de licenciamento do AHE Belo Monte, o órgão competente é o IBAMA, conforme disposto no §4º do artigo 10 da PNMA, a saber:

“Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional.”

O IBAMA, criado pela Lei Federal nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, é autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao MMA. O IBAMA tem a finalidade de exercer o poder de polícia ambiental e executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do MMA 11. O Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta a Política Nacional do Meio Ambiente, dispõe, no artigo 19, que o Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças no trâmite do procedimento de licenciamento:

10 Artigo 10, caput, da Lei Federal nº 6.938/81. 11 Artigo 2º, incisos I e II da Lei Federal nº 7.735/89.

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“I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo; II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado; e III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.”

O §5º do artigo 19 do Decreto Federal nº 99.274/90 menciona que, nos casos de competência federal, o IBAMA expedirá as respectivas licenças após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos estaduais e municipais de controle da poluição. A Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, é referência em matéria de avaliação de impacto ambiental, por dispor sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o EIA e para o RIMA. A referida Resolução, em seu artigo 1º, caput, define impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetam: (i) a saúde, segurança e o bem estar da população; (ii) atividades sociais e econômicas; (iii) a biota; (iv) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e (v) a qualidade dos recursos ambientais. O artigo 2º da Resolução nº 01/86 determina que dependerá de elaboração de EIA e RIMA, a ser submetido à aprovação do órgão competente, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

“VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW;”

Outrossim, depende de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei, sejam de competência federal12, como é o caso do AHE Belo Monte. Insta ressaltar que, de acordo com o artigo 5º da Resolução CONAMA nº01/86, o EIA deverá obedecer às seguintes diretrizes gerais:

“I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

12 Artigo 3º, caput, da Resolução CONAMA nº01/86.

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II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade; III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; lV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.”

Relevante abordar, em breve consideração, que alternativas tecnológicas de empreendimentos hidrelétricos consistem em equipamentos, ações, providências, obras ou projetos que envolvam tecnologias contemporâneas confiáveis relacionadas à geração de hidroenergia e à minimização de potenciais efeitos do aproveitamento de fontes hídricas. O EIA do AHE Belo Monte deve desenvolver, nos termos do artigo 6º da referida Resolução CONAMA, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: • Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com a completa descrição e

análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando os meios físico, biótico e socioeconômico;

• Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de

identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;

• Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas equipamentos de

controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas; e • Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (dos impactos positivos e

negativos), indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. No que tange ao RIMA, de acordo com o artigo 9º da Resolução CONAMA nº 01/86, este deverá refletir as conclusões do EIA e ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão, onde as informações deverão ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, proporcionando o entendimento das vantagens e desvantagens do AHE Belo Monte. Assim, o RIMA conterá, no mínimo, o seguinte:

“I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto;

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IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). ” 13

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará (SEMA) ou, quando couber, os Municípios da área de influência do AHE Belo Monte, terão prazo, estabelecido pelo IBAMA, para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA apresentado. O referido prazo terá o seu termo inicial na data do recebimento dos estudos ambientais (artigo 10, caput). Ademais, os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação direta com o projeto, devem receber cópia do RIMA, para conhecimento e manifestação14. Diante da necessidade de regras gerais para o licenciamento ambiental de obras de grande porte, especialmente aquelas nas quais a União tem interesse relevante, como a geração de energia elétrica, o CONAMA editou a Resolução CONAMA nº 06, de 16 de setembro de 1987. Nos termos da referida Resolução CONAMA, na hipótese de aproveitamento hidroelétrico, respeitadas as peculiaridades de cada caso, a Licença Prévia (LP) deverá ser requerida no início do estudo de viabilidade da Usina; a Licença de Instalação (LI) deverá ser obtida antes da realização da Licitação para construção do empreendimento e a Licença de Operação (LO) deverá ser obtida antes do fechamento da barragem (artigo 4º, caput). Os documentos15 necessários para o licenciamento de AHE, conforme se refere o artigo 4º da Resolução CONAMA nº06/87, estão a seguir discriminados (QUADRO 5.4-1):

13 Artigo 9º, caput, da Resolução CONAMA nº01/86. 14 Artigo 11, §1º da Resolução CONAMA nº01/86. 15 Artigo 7º e Anexo da Resolução CONAMA nº 06/87.

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QUADRO 5.4-1 Documentos Necessários para o Licenciamento do AHE Belo Monte

TIPOS DE LICENÇA USINAS HIDRELÉTRICAS

Licença Prévia (LP)

− Requerimento de Licença Prévia

− Portaria MME autorizando o Estudo da Viabilidade

− Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) sintético e integral, quando necessário.

− Cópia da publicação de pedido na LP

Licença de Instalação (LI)

− Relatório do Estudo de Viabilidade.

− Requerimento de licença de Instalação.

− Cópia da publicação da concessão da LP

− Cópia da Publicação de pedido de LI

− Cópia do Decreto de outorga de concessão do aproveitamento hidrelétrico

− Projeto Básico Ambiental

Licença de Operação (LO)

− Requerimento de Licença de Operação

− Cópia da Publicação da Concessão da LI

− Cópia da Publicação de pedido de LO.

Como o empreendimento está enquadrado entre as atividades exemplificadas no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 01/86, o EIA deve ser encetado de forma que, quando da solicitação da LP, a concessionária tenha condições de apresentar relatório sobre o planejamento dos estudos a serem executados, inclusive cronograma tentativo, de maneira a possibilitar que sejam fixadas instruções adicionais (artigo 8º, caput). O §2º do artigo 8º da Resolução CONAMA nº 06/87 determina que a emissão da LP somente será feita após a análise e aprovação do Relatório de Impacto Ambiental. Importa destacar que outros aspectos relacionados ao procedimento de licenciamento ambiental, estabelecidos na PNMA, são regulamentados pela Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997, que, em seu artigo 1º, adota as seguintes definições:

“I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle

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ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

Reiterando o disposto na Lei Federal nº 6.938/81, a Resolução CONAMA nº 237/97 dispõe que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis16. A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA e RIMA) (Artigo 3º, caput, da Resolução CONAMA nº 237/97) O artigo 4º da Resolução CONAMA nº 237 corrobora o entendimento que compete ao IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei Federal nº 6.938/81, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, como, reitera-se, é o caso do AHE Belo Monte. Ressalta-se que o IBAMA fará o licenciamento após considerar exame técnico procedido pelos órgãos ambientais do Estado do Pará e Municípios em que se localiza o empreendimento, bem como, quando couber, parecer dos demais órgãos competentes da União, do Estado e dos Municípios envolvidos no procedimento de licenciamento17. De acordo com o artigo 7º da Resolução CONAMA nº 237/97, os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência. E mais, o procedimento de licenciamento ambiental deverá obedecer às seguintes etapas (artigo 10, caput):

“I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver

16 Artigo 2º, caput, da Resolução CONAMA nº 237/97. 17 Artigo 4º §1º da Resolução CONAMA nº 237/97.

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reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.”

Ainda, a referida Resolução CONAMA estabelece que no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão das Prefeituras Municipais, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e outorga para uso da água, emitidas pelos órgãos competentes18. Nos termos do artigo 12 da Resolução CONAMA nº 237/97, o órgão ambiental competente - nesse caso o IBAMA - definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. O IBAMA, outrossim, estabelecerá os prazos19 de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos: • O prazo de validade da LP deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de

elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 05 (cinco) anos;

• O prazo de validade da LI deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de

instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 06 (seis) anos. • O prazo de validade da LO deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no

mínimo, 04 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. O órgão ambiental federal poderá estabelecer prazos de análise diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 12 (doze) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu deferimento ou indeferimento (artigo 14, caput, da Resolução CONAMA nº 237/97). A contagem do mencionado prazo de 12 (doze) meses será suspensa durante a elaboração dos estudos ambientais complementares ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor, e poderão ser alterados, desde que justificados e com a concordância do empreendedor e IBAMA 20. Nos termos do artigo 15 da Resolução CONAMA nº 237/97, o empreendedor deverá atender à solicitação de esclarecimentos e complementações dentro do prazo máximo de 04 (quatro) meses, a contar do recebimento da respectiva notificação, sendo que este prazo poderá ser prorrogado, desde que justificado e com a concordância das partes.

18 Artigo 10, §1º da Resolução CONAMA nº 237/97. 19 Artigo 18 da Resolução CONAMA nº 237/97. 20 Artigo 14, §1º e §2º, da Resolução CONAMA nº 237/97.

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Cumpre ressaltar que o procedimento para o licenciamento ambiental de Usinas Hidrelétricas consideradas de significativo impacto ambiental, no âmbito do IBAMA, é regulamentado de forma detalhada pela Instrução Normativa (IN) IBAMA nº 65, de 13 de abril de 2005, que também cria o Sistema Informatizado de Licenciamento Ambiental Federal (SISLIC)21, Módulo UHE/PCH22. O licenciamento de Usinas Hidrelétricas deverá obedecer as seguintes etapas23: • Instauração do processo; • Licenciamento prévio; • Licenciamento de instalação; e • Licenciamento de operação. Outrossim, destaca-se que o presente procedimento será realizado no âmbito do IBAMA24, utilizando o SISLIC/Módulo UHE/PCH como ferramenta operacional, cujo objetivo é gerenciar e disponibilizar informações relativas ao licenciamento ambiental federal. O parágrafo único do artigo 3º da IN IBAMA nº 65/05 estabelece os seguintes elementos constitutivos do SISLIC, quais sejam: • O Termo de Referência padrão para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e respectivo

Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA para empreendimentos hidrelétricos; • A Ficha de Solicitação de Abertura de Processo (FAP); • Acesso público a informações entre elas: FAP, TR’s aprovados, RIMA’s, Pareceres Técnicos

Conclusivos; • Agenda de Audiências Públicas e respectivos editais de convocação, entre outros; • Interconexão com as informações georreferenciadas disponibilizadas através do Sistema

Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA/MMA) e com outros sistemas corporativos do IBAMA, em particular o Cadastro Técnico Federal (CTF);

• Conjunto de formulários padronizados a serem utilizados pelo empreendedor nas diversas

etapas do processo de licenciamento, que farão parte do banco de dados do SISLIC; • Conjunto de formulários padronizados de documentos (ofícios, licenças, atas de reunião,

relatórios, memorandos) que farão parte do banco de dados do SISLIC; • Monitoramento dos prazos utilizados pelo empreendedor e pelo IBAMA; • Atualização automática no banco de dados do SISLIC sempre que gerado um documento pelo

sistema.”

21 Cumpre destacar que o SisLic também foi regulamentado, posteriormente, pela Instrução Normativa do IBAMA nº 183, de 17 de julho de 2008, que estendeu referido sistema para todos os tipos de empreendimentos. 22 Usina Hidrelétrica (UHE) e Pequena Central Hidrelétrica (PCH). 23 Artigo 2º, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 24 Sítio http://www.ibama.gov.br/licenciamento/ .Acesso em 04/04/2008, às 10hs21min.

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A Instrução Normativa do IBAMA nº 184, de 17 de julho de 2008, estabeleceu os procedimentos para o licenciamento ambiental federal. Dentre as novas medidas lançadas no âmbito do licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA, destaca-se a criação dos Núcleos de Licenciamento Ambiental, regulamentados pela Portaria IBAMA nº 21, de 17 de julho de 2008. Os Núcleos de Licenciamento Ambiental (NLAs), vinculados tecnicamente à Diretoria de Licenciamento Ambiental e instalados nas Superintendências Estaduais do IBAMA25, terão por atribuição o apoio técnico, administrativo e logístico aos procedimentos de licenciamento ambiental executados em nível federal26. Os empreendimentos de impacto pouco significativo, poderão ser integralmente licenciados pelos NLAs, se assim determinado pela Diretoria de Licenciamento Ambiental27. 5.4.2 Da Instauração do Processo A instauração do processo de licenciamento do AHE Belo Monte deve obedecer as seguintes etapas28: • Inscrição do empreendedor no CTF29 do IBAMA; • Acesso ao SISLIC, utilizando número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e

senha emitida pelo CTF; • Preenchimento da Ficha de Solicitação de Abertura de Processo (FAP) e envio ao SISLIC

de propostas de Termo de Referência 30 para elaboração de EIA e RIMA; • Apresentação do empreendimento;

25 Artigo 1º da Portaria IBAMA nº 21/08. 26 Artigo 2º da Portaria IBAMA nº 21/08. 27 Artigo 4º da Portaria IBAMA n° 21/08. 28 Artigo 4º, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 29 O artigo 17, inciso II da Lei Federal nº 6.938/81, dispõe que está sob a administração do IBAMA, o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, “para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora.” . Nesse sentido, o IBAMA criou a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do poder de polícia a ele conferido para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais29. Ocorre que, de acordo com o artigo 17-F da PNMA, são isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, estaduais e municipais. 30 Cumpre informar que o IBAMA disponibilizou o TR Definitivo para o EIA e o RIMA do AHE Belo Monte na data de 05 de dezembro de 2007. Foram realizadas oficinas temáticas prévias para embasamento desse TR, a saber: (i) 18/09/2007 - apresentação do empreendimento, das áreas de influência e dos trabalhos de geoprocessamento; (ii) 19/09/2007 – aspectos ambientais relevantes para o meio físico; (iii) 27/09/2007 – aspectos ambientais relevantes para o meio socioeconômico e cultural e para a questão indígena; (iv) 02/10/2007 – aspectos ambientais relevantes associados à limnologia e qualidade das águas; (v) 03/10 – aspectos ambientais relevantes associados à ictiofauna e ictioplâncton; (vi) reunião com o Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância da Saúde para discussão de TR específico de avaliação do potencial malarígeno; (vii) aspectos ambientais relevantes associados à vegetação e fauna de vertebrados terrestres; (viii) 06/11/2007 - reunião para consolidação das discussões afetas ao TR.

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• Discussão do TR proposto e a realização de vistoria técnica pelo IBAMA31; • Análise e aprovação, pelo IBAMA, do TR Definitivo32; e Atendidas as exigências e definida a competência do órgão licenciador, o IBAMA promoverá a instauração de processo. Outrossim, de acordo com o disposto pela Instrução Normativa IBAMA nº 184/08, para instauração do processo de licenciamento será necessária a verificação da competência federal para o licenciamento, bem como a definição dos estudos ambientais e instância para o licenciamento (Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) ou NLA) 33. A Instrução Normativa IBAMA nº 65/05 prevê, no §1º do artigo 4º, que o órgão ambiental federal formalizará o processo de licenciamento, encaminhando ofício ao empreendedor, informando o número deste e enviando o Termo de Referência. O prazo da fase de instauração de processo dever ser de 30 (trinta) dias, contados a partir do recebimento da proposta de TR. Ademais, a partir da instauração do processo, é iniciada a contagem do tempo de elaboração do EIA e do RIMA (§3º do artigo 4º). 5.4.3 Do Licenciamento Prévio Instaurado o processo de licenciamento, será providenciada a publicação correspondente, informando a elaboração do EIA e do RIMA do empreendimento. A coordenação Geral de Licenciamento temática responsável pelo processo definirá a instância de tramitação (Sede ou Núcleo de Licenciamento) do processo, os estudos a serem solicitados, o técnico responsável pelo processo (TRP) e a equipe de análise34. Nos termos do §4º do artigo 9º da IN IBAMA nº 184/08, o Técnico Responsável pelo Processo – TRP tem por responsabilidade acompanhar e manter o coordenador informado sobre o andamento do processo, inclusive prazos, articular com os técnicos de outras diretorias partícipes do processo, bem como providenciar a alimentação e atualização do processo no SisLic, sua organização e elaboração de documentos referentes ao andamento. De acordo com o artigo 6º da IN IBAMA nº 65/05, a fase de Licenciamento Prévio obedecerá as seguintes etapas: • Elaboração de EIA e RIMA; • Envio de EIA e RIMA e do requerimento de licença ao IBAMA; • Publicação do requerimento de LP;

31 O IBAMA realizou vistoria técnica voltada ao estabelecimento do TR Definitivo para o EIA e o RIMA no período de 27 a 30 de agosto de 2007 e promoveu reuniões públicas com as comunidades nos dias 28 e 29 de agosto de 2007, acerca dos aspectos ambientais importantes que deveriam constar do EIA e RIMA do AHE Belo Monte. A reunião do dia 28/08/07 ocorreu às 19hs, no Centro Comunitário do Município de Altamira/PA, e a do dia 29/08/07, que também iniciou às 19hs, foi realizada no Ginásio Poliesportivo Evandro Alvarez, no Município de Vitória do Xingu/PA. 32 O TR Definitivo foi emitido e disponibilizado pelo IBAMA em 5 de dezembro de 2007. 33 Artigo 7º da IN IBAMA nº 184/08. 34 Artigo 9º da IN IBAMA nº 184/08.

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• Verificação pelo IBAMA da abrangência do EIA e RIMA em relação ao TR definitivo; • Distribuição pelo empreendedor, do EIA e RIMA aos órgãos envolvidos; • IBAMA e órgãos envolvidos realizam análise de mérito do EIA e RIMA; • Realização de vistoria técnica pelo IBAMA; • Solicitação de complementações, caso necessário; • Aceite do EIA e RIMA pelo IBAMA; • Empreendedor dará publicidade ao EIA e ao RIMA, disponibilizando cópias nos locais

indicados pelo IBAMA; • IBAMA dará publicidade ao RIMA, disponibilizando-o em seu sítio e divulgando locais

de disponibilização do EIA; • Realização de Audiências Públicas; • Solicitação de novas complementações, caso necessário; • Definição pelo IBAMA do grau de impacto do empreendimento com vistas à

compensação ambiental; • Deferimento ou não da solicitação de LP pelo IBAMA; • Pagamento de taxas referentes ao licenciamento pelo empreendedor; • IBAMA emite a LP e a envia ao empreendedor. O EIA e o RIMA devem ser elaborados em conformidade com critérios, metodologias, normas e padrões estabelecidos pelo Termo de Referência definitivo, aprovado pela Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental, hoje substituída pela DILIC35,órgão integrante da estrutura regimental do IBAMA (artigo 7º, caput, da IN IBAMA nº 65/05). Conforme determina o §2º do artigo 7º da IN nº 65/05, o EIA deverá conter a composição florística e o levantamento fitossociológico completo da área do empreendimento em escala a ser estabelecida pelo IBAMA. A DILIC verificará o EIA e o RIMA apresentados quanto à sua conformidade com o TR, em relação à abrangência e ao mérito. Ressalta-se que o prazo para a verificação da abrangência será de 60 (sessenta) dias e, em caso de aprovação, esta será comunicada ao empreendedor, sendo o EIA e o RIMA encaminhados para a análise de mérito, de acordo com o artigo 9º e §1º e artigo 10º da IN IBAMA nº 65/05.

35 Com o advento do Decreto Federal nº 6.099/2007, a antiga Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental (DILIQ) foi reestrutura e dividida em dois órgãos: i) Diretoria de Qualidade Ambiental (DIQUA) e ii) Diretoria de licenciamento Ambiental (DILIC), conforme disposto no artigo 3º, inciso IV, “a” e “b”, do referido Decreto.

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A IN IBAMA nº 65/05 determina ainda, no artigo 11, caput, que o prazo para a análise de mérito do EIA e do RIMA será de 120 (cento e vinte dias)36. O empreendedor deverá distribuir os documentos aos seguintes destinatários envolvidos diretamente no licenciamento do empreendimento: Prefeituras Municipais da Área de Influência Direta (AID), bem como da Área de Influência Indireta (AII); Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Ministério Público do Estado do Pará; Superintendência do IBAMA no Estado do Pará; IBAMA; Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA); Fundação Nacional do Índio (FUNAI); Instituto do Ptrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); e Ministério Público Federal (MPF), de acordo com o disposto no §2o do artigo 10 da IN IBAMA n o 65/05.37 Outrossim, o empreendedor deverá providenciar o envio à DILIC de comprovante de entrega do EIA e do RIMA aos seus destinatários38. Aos órgãos envolvidos no licenciamento, será solicitado posicionamento sobre o EIA e o RIMA no prazo de 90 (noventa) dias, contados a partir de seu recebimento39. Aos órgãos envolvidos no licenciamento será solicitado posicionamento sobre o estudo ambiental em 60 dias. Nessse sentido, os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) envolvidos deverão avaliar o projeto, seus impactos e medidas de controle e mitigadoras, em consonância com planos, programas e leis estaduais. Os órgãos responsáveis pelas Unidades de Conservação (UCs) afetadas deverão identificar e informar se existem restrições para implantação e operação do empreendimento, de acordo com o Decreto de criação, do plano de manejo ou zoneamento40. Neste mesmo lapso temporal, a FUNAI e a Fundação Palmares deverão identificar e informar possíveis impactos sobre comunidades indígenas e quilombolas e, se as medidas para mitigar os impactos são eficientes. Por fim, para o IPHAN, caberá informar se na área pretendida já existem sítios arqueológicos identificados e, se as propostas apresentadas para resgate são adequadas41. Após a data de aceite do EIA e do RIMA, o IBAMA providenciará a publicação de edital informando sobre os locais onde estes estarão disponíveis, abrindo prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para o requerimento de realização de Audiência Pública (artigo 13, caput, da IN IBAMA 65/05 ). Após as Audiências Públicas, a “DILIC emitirá Parecer Técnico Conclusivo sobre a viabilidade ambiental do empreendimento, e o encaminhará à Presidência do IBAMA para subsidiar o deferimento ou não do pedido de licença” 42. Para emissão da LP, o empreendedor deverá apresentar à Diretoria de Licenciamento e Ambiental, Certidões Municipais declarando que o local de instalação do aproveitamento

36 Cumpre exclarecer que, conforme o artigo 20 da Instrução Normativa IBAMA nº 184/08, o prazo para análise técnica do EIA/RIMA será de 180 dias. 37 Dados obtidos junto à Diretoria de Licenciamento Ambiental do IBAMA – DILIC. 38 Artigos 10, §2º e §3º, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 39 Artigo 11, §2º, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 40 Artigo 21 da Instrução Normativa IBAMA nº 184/08. 41 Artigo 21 da Instrução Normativa IBAMA nº 184/08. 42 Artigo 15 da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05.

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hidrelétrico está em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo (artigo 16, §1º, da IN IBAMA nº 65/05). Por fim, emitida a LP, a DILIC determinará, mediante metodologia regulamentada, o grau de impacto do empreendimento e seu percentual para fins de compensação ambiental, conforme o disposto no §2º do artigo 26 da IN IBAMA nº 184/08. Insta ressaltar que o prazo total da fase de LP será de 270 (duzentos e setenta) dias, a partir do recebimento do EIA e do RIMA43. 5.4.4 Do Licenciamento de Instalação A Instrução Normativa IBAMA nº 65/05 estabelece, no artigo 18, caput, que a fase de Licenciamento de Instalação obedecerá as seguintes etapas: • Elaboração pelo empreendedor do Projeto Básico Ambiental (PBA), Plano de

Compensação Ambiental e Inventário Florestal; • Envio de requerimento da LI e da Autorização de Supressão de Vegetação (ASV) da área

de infra-estrutura do empreendimento ao IBAMA; • Publicação do requerimento de LI; • IBAMA realiza verificação de abrangência do PBA e do Inventário Florestal; • Realização de vistoria técnica; • Realização de análise do mérito do PBA e do Inventário Florestal; • IBAMA solicita complementações, caso necessário; • Aceite do PBA e do Inventário Florestal; • IBAMA recebe pareceres de órgãos envolvidos diretamente no licenciamento; • Deferimento ou não da solicitação de LI e de ASV da área de formação do reservatório e

da área de infra-estrutura do empreendimento; • Pagamento das taxas do licenciamento; • Emissão da LI e da ASV para a área de infra-estrutura da obra. A concessão da LI é subsidiada pelo PBA, pelo Plano de Compensação Ambiental e pelo Inventário Florestal, que deverão ser elaborados em conformidade com os impactos identificados no EIA e com os critérios, metodologias, normas e padrões estabelecidos pelo IBAMA, bem como os fixados nas condicionantes da LP44.

43 Artigo 17, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 44 Artigo 19, caput e §1º, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05.

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O IBAMA avaliará a documentação entregue quanto à abrangência e ao mérito. O prazo para verificação de abrangência será de 15 (quinze) dias e para análise de mérito relativa à qualidade dos documentos será de 75 (setenta e cinco) dias, após a verificação de abrangência (artigos 20, 21 e 22, da IN IBAMA nº 65/05). De acordo com o artigo 24 da IN IBAMA nº 65/05, a DILIC emitirá Parecer Técnico Conclusivo sobre a instalação do empreendimento e sobre a supressão de vegetação, e o encaminhará à Presidência do IBAMA para subsidiar o deferimento ou não do pedido de licença e da respectiva ASV. Com efeito, de acordo com o disposto no parágrafo único do art. 24 da IN IBAMA 65/05, para a concessão da LI o empreendedor deverá ter assinado perante o órgão ambiental federal o Termo de Compromisso para a implantação do Plano de Compensação Ambiental. Importa observar que o prazo total da fase de LI será de 150 (cento e cinqüenta) dias, contados a partir do recebimento dos documentos45. 5.4.5 Do Licenciamento de Operação A fase de Licenciamento de Operação, nos termos do artigo 27 da IN IBAMA nº 65/05, obedecerá as seguintes etapas: • Empreendedor elabora Relatório Final de Implantação dos Programas Ambientais,

Relatório de Execução do Plano de Compensação Ambiental, Relatório Final das Atividades de Supressão da área de infra-estrutura do empreendimento, além do Plano de Uso do Entorno do Reservatório, ora denominado Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial (PACUERA) 46;

• Solicitação de ASV da área de formação do reservatório 01 (um) ano antes da conclusão

da obra de engenharia, de acordo com o cronograma de execução da obra entregue na LI • Apresentação da atualização do Inventário Florestal da área de formação do reservatório,

procedido nas amostras georreferenciadas constantes no documento técnico entregue na LI;

• Publicação do requerimento de LO; • IBAMA realiza verificação de abrangência dos relatórios em relação ao PBA e ao Plano

de Compensação Ambiental e da ASV e a verificação de qualidade do PACUERA; • Realização de vistoria técnica; • Realização de análise dos resultados dos programas ambientais, das atividades de

supressão de vegetação e da execução do Plano de Compensação Ambiental; • IBAMA solicita complementação, caso necessário;

45 Artigo 26, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 46 A Resolução CONAMA no 302, de 20 de março de 2002, alterou a denominação do Plano de Uso do Entorno do Reservatório para Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial.

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• Aceite dos relatórios e PACUERA; • IBAMA defere ou não a solicitação de LO e a autorização de supressão de vegetação; • Pagamento das taxas do licenciamento; • Emissão de LO. Para subsidiar a concessão da LO, o empreendedor deverá elaborar os seguintes documentos técnicos: • Relatório Final de Implantação dos Programas Ambientais; • Relatório de Execução do Plano de Compensação Ambiental; • Relatório Final das Atividades de Supressão de Vegetação; e • PACUERA47. A DILIC avaliará o relatório final de implantação dos programas ambientais quanto à abrangência e aos resultados. O prazo para a verificação de abrangência será de 15 (quinze) dias e a avaliação de mérito relativa à qualidade dos documentos será de 45 (quarenta e cinco) dias, após a verificação de abrangência (artigos 30, 31 e 32, caput, da IN IBAMA nº 65/05). O artigo 33 da IN IBAMA nº 65/05 dispõe que a DILIC emitirá Parecer Técnico Conclusivo sobre a operação do empreendimento e o encaminhará à Presidência do IBAMA para subsidiar o deferimento ou não do pedido de licença. Ressalta-se que o prazo total para concessão da LO será de 90 (noventa) dias, contados a partir do recebimento dos relatórios finais48. Ademais, a IN IBAMA nº 65/05 dispõe, no artigo 38, que a consultoria ambiental e/ou equipe técnica responsável pela elaboração dos estudos ambientais, relatórios e inventários deverá ser identificada no estudo com os seguintes dados: • Consultoria: Razão social, CNPJ e nº de inscrição no CTF; • Equipe Técnica: Nome, formação, nº de registro em órgão de classe profissional e nº de

inscrição no CTF; • Pelo menos uma das cópias dos estudos, dos relatórios e dos inventários deverá estar

assinada por toda a equipe. Os estudos ambientais deverão ser entregues em formato impresso e digital em quantidade estabelecida pelo IBAMA, sendo que pelo menos 01 (uma) das cópias em meio magnético deverá ser elaborada nos padrões de interoperabilidade49 do governo eletrônico50.

47 Artigo 28, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 48 Artigo 35, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 49 Maiores informações acessar o sítio: https://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-ping-padroes-de-interoperabilidade. Acesso em 04/04/2008, às 10hs27min. Interoperabilidade é definido pela ISO (Organização Internacional para Padronização) como “Habilidade de dois ou mais sistemas (computadores,

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Importa observar que todas as vistorias técnicas deverão ser executadas com recursos próprios do IBAMA e, em casos excepcionais, poderão acontecer à custa do empreendedor, mediante autorização do diretor da DILIC (artigo 41, §1º, da IN IBAMA nº 65/05). Outro ponto que merece atenção está no artigo 42, caput, da IN IBAMA nº 65/05, pois prevê que “todas as reuniões ocorridas com o empreendedor e outros interessados do processo deverão ser necessariamente registradas no sistema por meio de atas assinadas por todos os participantes da reunião.” Por fim, ressalta-se que a inobservância dos prazos fixados na IN IBAMA nº 65/05, para decisão do IBAMA, não torna nula a decisão da autoridade administrativa competente e nem o processo de licenciamento, além de não autorizar o empreendedor a iniciar qualquer atividade licenciável (artigo 46, caput, da IN IBAMA nº 65/05). 5.4.6 Estudo de Impacto de Vizinhança A Avaliação de Impacto Ambiental é instrumento da PNMA (Lei Federal n° 6.938/81) com a finalidade de embasar as decisões do órgão licenciador referentes às atividades de potencial impacto ao meio ambiente. O gênero Avaliação de Impacto Ambiental compreende diversas espécies, entre elas Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). O EIV está previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal n° 10.257/01), que estabelece diretrizes gerais da política urbana, assuntos de interesse social que dizem respeito ao uso da propriedade em defesa do interesses coletivos, o equilíbrio ambiental e a promoção do pleno desenvolvimento das funções sociais das cidades. Dentro deste contexto, inegável a sua relevância, visando regulamentar o artigo 182 da Constituição Federal de 1988, a saber: “A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.” O EIV consiste em ferramenta de gestão territorial do Município. Trata-se de espécie de avaliação de impacto ambiental e urbanístico que serve de base para obtenção das licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento de empreendimentos definidos em lei municipal, junto ao Poder Público Municipal, conforme artigo 36, caput, do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01). Sendo o EIV suporte para a tomada de decisão no âmbito do Município, aqueles empreendimentos de significativo impacto ambiental que extrapolam o interesse local não são submetidos ao EIV, mas sim à espécie de avaliação de impacto ambiental que embase seu licenciamento, qual seja, EIA e respectivo RIMA, nos termos das Resoluções CONAMA n° 01/86 e n° 237/97.

meios de comunicação, redes, software e outros componentes de tecnologia da informação) de interagir e de intercambiar dados de acordo com um método definido, de forma a obter os resultados esperados.” 50 Artigo 39, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05.

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Conquanto, valendo-se de uma atuação preventiva, os presentes EIA e RIMA para o AHE Belo Monte contemplarão todas as matérias previstas no EIV, listadas no artigo 37 do Estatuto da Cidade, transcrito abaixo: “Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no mínimo, das seguintes questões: I – adensamento populacional; II – equipamentos urbanos e comunitários; III – uso e ocupação do solo; IV – valorização imobiliária; V – geração de tráfego e demanda por transporte público; VI – ventilação e iluminação; VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do Poder Público municipal, por qualquer interessado”. Importa mencionar que dentre os Municípios inseridos na área de influência do AHE Belo Monte, apenas Senador José Porfírio possui o respectivo Plano Diretor Urbanístico, instituído pela Lei Complementar Municipal nº 141, de 27 de outubro de 2006. O artigo 51, caput, do Plano Diretor prevê o EIV como instrumento jurídico e político para desenvolvimento da Política Urbana Municipal, porém o Poder Público Municipal não o regulamentou conforme determina o artigo 36, caput, do Estatuto da Cidade. Sendo assim, considerando o EIA mais amplo e complexo, englobando áreas urbanas de Municípios da área de influência do empreendimento, a sua elaboração supre integralmente a necessidade de apresentação de EIV no procedimento de licenciamento ambiental do AHE Belo Monte. 5.4.7 Política Ambiental do Estado do Pará A Constituição Paraense dispõe no artigo 230, inciso IV, que o Estado e os Municípios, na promoção do desenvolvimento, adotarão os princípios estabelecidos pela Constituição Federal e priorizarão a desconcentração espacial das atividades econômicas e o melhor aproveitamento de suas potencialidades locais e regionais, elevando os níveis de qualidade de vida e possibilitando o acesso da população ao conjunto de bens socialmente prioritários, dando tratamento preferencial ao setor energético, industrial, entre outros. Segundo o artigo 255, inciso VI, da Constituição do Estado do Pará, compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe “estabelecer obrigatoriedades aos que explorem os recursos naturais, renováveis ou não, para, por seus próprios meios, procederem à recuperação do meio ambiente alterado, de acordo com a solução técnica aprovada pelos órgãos públicos competentes, envolvendo, na fiscalização, as entidades ligadas à questão ambiental ou representativas da sociedade civil, na forma da lei”.

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Ainda nos termos da Constituição Estadual, a proteção e melhoria do meio ambiente serão prioritariamente consideradas na definição de qualquer política, programa ou projeto, público ou privado, nas áreas do Estado do Pará51. A Política do Meio Ambiente do Pará é regulamentada pela Lei Estadual no 5.887, de 09 de maio de 1995, e consiste no conjunto de princípios, objetivos, instrumentos de ação, medidas e diretrizes fixadas nesta Lei para o fim de preservar, conservar, proteger, defender o meio ambiente natural e recuperar e melhorar o meio ambiente antrópico, artificial e do trabalho, atendidas as peculiaridades regionais e locais, em harmonia com o desenvolvimento econômico-social, visando assegurar a qualidade ambiental propícia à vida. O parágrafo único do artigo 1º da Lei Estadual nº 5.887/95 estabelece que as normas da Política Ambiental Estadual serão obrigatoriamente observadas na definição de qualquer política, programa ou projeto, público ou privado, no território do Pará, como garantia do direito da coletividade ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Conforme estabelece o inciso II do artigo 7º e artigo 10º, ambos da Lei Estadual nº 5.887/95, nos limites do território do Estado o controle ambiental será exercido pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará52, que tem por finalidade planejar, coordenar, supervisionar, executar e controlar as atividades setoriais que visem à proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, por meio da execução das políticas estaduais do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. Dentre os objetivos da Política Estadual do Meio Ambiente, destaca-se a promoção e alcance do desenvolvimento econômico-social, compatibilizando-o, respeitadas as peculiaridades, limitações e carências locais, com a conservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, com vistas ao efetivo alcance de condições de vida satisfatórias e o bem-estar da coletividade (inciso I, artigo 3º da Lei Estadual nº 5.887/95). Outrossim, o artigo 45 da Política Ambiental Paraense determina que a execução de qualquer obra de infra-estrutura energética está sujeita, dentre outros, aos seguintes princípios: “I - os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar o uso múltiplo da água, em especial a necessária ao abastecimento público, à irrigação e ao lazer, bem como a reprodução das espécies da fauna aquática e terrestre; II - as barragens dos aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar a navegabilidade dos cursos d’água potencialmente navegáveis; (...) IV - os concessionários do aproveitamento hidrelétrico ficam obrigados a fomentar o manejo integrado de solos e águas nas áreas de contribuição direta dos reservatórios das usinas hidrelétricas, sob orientação do órgão ambiental; V - no planejamento e na execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos, deverão ser privilegiadas alternativas que minimizem a remoção e inundação de núcleos populacionais, reservas indígenas, remanescente florestais nativos e associações vegetais relevantes; VI - a execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos deverá ser precedida e acompanhada de medidas que assegurem a proteção de espécies raras, vulneráveis ou em

51 Artigo 252, caput, da Constituição do Estado do Pará. 52 A Lei Estadual nº 7.026, de 30 de julho de 2007, alterou a denominação da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM, criada pela Lei no 5.457, de 11 de maio de 1988 e reorganizada pela Lei nº 5.752, de 26 de julho de 1993, que passou a denominar-se Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA.

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perigo de extinção, da fauna e flora, bem como das áreas representativas dos ecossistemas a serem afetados; VII - os reservatórios das usinas hidrelétricas deverão ser dotadas de faixa marginal de proteção, constante de floresta, plantada com essências nativas; VIII - nas áreas a serem inundadas pelos projetos de aproveitamento hidrelétricos, deverão ser tomadas medidas que evitem ou atenuem alterações negativas na qualidade da água e propiciem o pleno, aproveitamento da biomassa vegetal afetada; IX - os padrões operacionais das usinas hidrelétricas deverão ser fixados de forma a evitar ou minimizar os impactos ambientais negativos;” Cumpre observar que o inciso I do artigo 46 da Lei Estadual no 5.887/95 dispõe que é vedada a instalação de unidades geradoras de energia de qualquer natureza em locais de ocorrência de falhas geológicas que possam colocar em risco a estabilidade dessas unidades. Outrossim, as obras e atividades sujeitas ao licenciamento ambiental ficam obrigadas ao automonitoramento, sem prejuízo do monitoramento realizado pelo Poder Público. O automonitoramento consistirá no acompanhamento da qualidade dos recursos ambientais, com o objetivo de: “I - aferir o atendimento aos padrões de qualidade ambiental; II - controlar o uso dos recursos ambientais; III - avaliar o efeito de políticas, planos e programas de gestão ambiental e de desenvolvimento econômico e social; IV - acompanhar o estágio populacional de espécies da flora e fauna, especialmente as ameaçadas de extinção; V - subsidiar medidas preventivas e ações emergenciais em casos de acidentes ou episódios críticos de poluição”53 A Política Estadual do Meio Ambiente ressalta a promoção e o alcance do desenvolvimento econômico-social compatibilizados com as peculiaridades locais e conservação da qualidade ambiental, visando alcançar condições de vida satisfatórias e o bem-estar da coletividade. Corroborando a organização e funcionamento da Política Estadual de Meio Ambiente do estado do Pará, o Decreto Estadual nº 746, de 27 de dezembro de 2007 aprovou o Regimento Interno da SEMA. Conforme o artigo 20 do Anexo Único da mencionada norma estadual, compete à Coordenadoria de Licenciamento Ambiental, diretamente subordinada à Diretoria de Controle e Qualidade Ambiental: • supervisionar, coordenar e propor os trabalhos relativos ao licenciamento ambiental dos

empreendimentos e atividades utilizadores e exploradores de recursos naturais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores e degradadores do meio ambiente;

• coordenar, controlar e supervisionar as equipes técnicas quando das análises dos EIAs e

respectivos RIMAs e realização de audiências Públicas;

53 Artigos 85 e 86, caput, da Lei Estadual no 5.887/95.

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• estabelecer o grau de impacto a partir do EIA e do RIMA quando do processo de licenciamento ambiental, considerando os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais, para fins de compensação ambiental;

• subsidiar a Câmara de Compensação Ambiental com informações técnicas sobre as

atividades que provocam impactos ambientais negativos e não mitigáveis, a fim de orientar a devida destinação dos recursos da Compensação Ambiental.

Outrossim, competirá à Gerência de Projetos de Obras Civis e de Infra-estrutura, diretamente subordinada à Coordenadoria de Licenciamento Ambiental54: “I - analisar e emitir parecer técnico dos projetos e estudos ambientais com vistas ao licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de obras civis e de infra-estrutura, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso; II - analisar os planos de recuperação de áreas degradadas exigidos no processo de Licenciamento Ambiental; III - exercer outras atividades que lhe forem cometidas”. Com relação à Coordenadoria de Fiscalização e Proteção Ambiental, diretamente subordinada à Diretoria de Controle e Qualidade Ambiental, competirá55: • planejar, coordenar, acompanhar, avaliar e supervisionar as ações de fiscalização

sistemática e induzida de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidoras e do uso ou exploração dos recursos naturais, de forma articulada com organizações públicas integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Sociedade Civil Organizada, em conformidade com a legislação ambiental em vigor;

• acompanhar o cumprimento das condicionantes, exigências e restrições estabelecidas no

licenciamento ambiental, bem como das obrigações ambientais impostas através de Termos de Ajustamento de Condutas (TACs), Planos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRADs), dentre outros.

5.4.8 Audiência Pública e Participação Popular A Constituição Federal Brasileira de 1988 dispõe, no inciso IV do §1º do artigo 225, que para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o Poder Público está incumbido de exigir Estudo de Impacto Ambiental para instalação de obra potencialmente causadora de degradação do meio ambiente, ao qual se dará publicidade. Nesse sentido, a Resolução CONAMA nº 01/86, que trata de critérios básicos e diretrizes gerais para os estudos ambientais (EIA e RIMA), estabelece que o RIMA será acessível ao público, bem como que o órgão ambiental promoverá realização de Audiência Pública para informar á população acerca do projeto, seus impactos ambientais e discussão do RIMA56. Com objetivo de esclarecer a população interessada sobre as vantagens e conseqüências ambientais de empreendimentos do setor elétrico, a Resolução CONAMA nº 06 de 16 de

54 Artigo 23 do anexo da Lei Estadual nº746/07. 55 Artigo 26 do anexo da Lei Estadual nº746/07. 56 Artigo 11, §2º da Resolução CONAMA nº 01/86.

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setembro de 1987, que trata de licenciamento ambiental de obras de geração de energia elétrica, também prevê que o RIMA deverá ser acessível ao público. A Audiência Pública, prevista na Resolução CONAMA nº 01/86, é disciplinada pela Resolução CONAMA nº 09 de 03 de dezembro de 1987, e “tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito”57. O artigo 2º da Resolução nº 09/87 estabelece que o órgão ambiental promoverá a realização de Audiência Pública sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos. A partir da data do recebimento do RIMA, o IBAMA fixará em edital e anunciará pela imprensa a abertura do prazo que será no mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias para solicitação de Audiência Pública, que deverá ocorrer em local acessível aos interessados58. Insta observar que em função da localização geográfica dos solicitantes, bem como da complexidade do tema, poderá haver mais de uma Audiência Pública sobre o mesmo empreendimento (artigo 2º, §5º da Resolução CONAMA nº 09/87). De acordo com o artigo 3º da Resolução CONAMA nº 09/87, a Audiência Pública será dirigida pelo representante do IBAMA que, após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA pelo empreendedor, abrirá as discussões com os interessados presentes. Ao final de cada Audiência será lavrara ata sucinta e serão anexados todos os documentos escritos e assinados que forem entregues ao presidente dos trabalhos durante a seção59. Ressalta-se que “a ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus anexos, servirão de base, juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do licenciador quanto à aprovação ou não do projeto.60” A Resolução CONAMA nº 237/97, que regulamenta aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na PNMA, dispõe no artigo 3º, caput, que a licença ambiental para empreendimentos considerados efetiva ou potencialmente causadores de degradação do meio dependerá de EIA e RIMA, ao qual se dará publicidade, garantida a realização de Audiências Públicas. Tendo em vista que a IN IBAMA nº 65, de 13 de abril de 2005, aplica-se ao AHE Belo Monte por estabelecer procedimentos para licenciamento de Usinas Hidrelétricas consideradas de significativo impacto ambiental, relevante destacar o momento previsto no procedimento para convocação das audiências públicas: “Art. 13 Após a data de aceite do EIA e do RIMA, o IBAMA providenciará a publicação de edital informando sobre os locais onde estes estarão disponíveis, abrindo prazo de quarenta e cinco dias para o requerimento de realização de Audiência Pública. §1º O IBAMA convocará a Audiência Pública para discussão do EIA e do RIMA, preferencialmente com antecedência mínima de quinze dias.

57 Artigo 1º, caput, da Resolução CONAMA nº 09/87. 58 Artigo 2º, §1º e § 4º da Resolução CONAMA nº 09/87. 59 Artigo 4º, parágrafo único da Resolução CONAMA nº 09/87. 60 Artigo 5º, caput, da Resolução CONAMA nº 09/87.

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§2º O RIMA ficará disponível no sítio do IBAMA na Rede Mundial de Computadores e o EIA e o RIMA nos locais indicados na publicação. §3º Para a realização de Audiência Pública, o IBAMA providenciará a publicação de Edital de Convocação, informando data, horário e local.” Com efeito, segundo o artigo 14, caput, da IN IBAMA nº 65/05, a Audiência Pública deverá ser registrada e transcrita pelo empreendedor, devendo os respectivos registros e transcrição ser enviados ao IBAMA no prazo de 15 (quinze) dias após sua realização. Ademais, a superveniência de questões relevantes que possam influenciar na decisão sobre a viabilidade ambiental do empreendimento durante Audiência Pública, poderá determinar a realização de nova audiência ou de novas complementações do EIA e/ou do RIMA61. No âmbito do Estado, por sua vez, a Constituição Paraense assegura no artigo 253, caput, a participação popular em todas as decisões relacionadas ao meio ambiente e o direito à informação sobre essa matéria. Compete ao Estado do Pará, nos termos do artigo 255, §3º, a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe assegurar que a implantação de projeto ou atividade, pública ou privada, que possa colocar em risco o equilíbrio ecológico ou provocar significativa degradação do meio ambiente, seja autorizada após consulta à população interessada. A Lei Estadual nº 5.877, de 21 de dezembro de 1994, dispõe sobre participação popular em todas as decisões relacionadas ao meio ambiente e direito à informação sobre esta matéria, conforme estabelece o artigo 253, caput, da Constituição Estadual, assegurada por meio de Audiências Públicas, da livre manifestação da população e o acesso às informações sobre o assunto, objeto da Audiência. De acordo com o artigo 2º, caput, da Lei Estadual nº 5.877/94, as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado que detenham informações relacionadas ao meio ambiente, deverão, obrigatoriamente, promover as condições necessárias para que o público tenha acesso às mesmas. A Política de Meio Ambiente do Estado do Pará, instituída pela Lei nº 5.887, de 09 de maio de 1995, prevê como princípio, consideradas as peculiaridades locais, geográficas, econômicas e sociais, a garantia de participação popular nas decisões relacionadas ao meio ambiente62. Importante observar que o procedimento de licenciamento ambiental do AHE Belo Monte deve ser devidamente balizado pela publicidade e transparência, com a finalidade de garantir a participação pública e o acesso às informações ambientais. 5.5 Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal e do Estado do Pará A PNMA (Lei Federal nº 6.938/81) prevê, como um de seus instrumentos de implementação, o zoneamento ambiental63. O Decreto Federal nº 4.297, de 10 de julho de 2002, regulamenta esse instrumento e estabelece critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil (ZEE).

61 Artigo 14, parágrafo único da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 62 Artigo 2°, inciso VI da Lei Estadual nº 5.887/95. 63 Artigo 9º, inciso II da Lei Federal nº 6.938/81.

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De acordo com o artigo 2º do Decreto Federal nº 4.297/02, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), instrumento de organização do território a ser seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Nos termos do artigo 3º, caput, do referido Decreto Federal: “O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.” O processo de elaboração e implementação do ZEE deve buscar a sustentabilidade ecológica, econômica e social, com vistas a compatibilizar o crescimento econômico e a proteção dos recursos naturais (artigo 4o, inciso I do Decreto Federal nº 4.297/02). Importa mencionar que compete ao Poder Público Federal elaborar e executar o ZEE nacional ou regional, em especial quando tiver por objeto bioma considerado patrimônio nacional ou que não deva ser tratado de forma fragmentária64. O artigo 20 do Decreto Federal nº 4.297/02 determina que para planejamento e implementação de políticas públicas, bem como para licenciamento ou para assistência técnica de qualquer natureza, as instituições públicas ou privadas observarão os critérios, padrões e obrigações estabelecidos no ZEE, quando existir, sem prejuízo dos previstos na legislação ambiental. Cumpre observar que o Poder Público Federal, a partir do Plano Plurianual (PPA) 2000-2003, passou a denominar o ZEE nacional como Programa Zoneamento Ecológico Econômico, que coordenou e implementou o MacroZEE da Amazônia Legal, propiciando avanço para consolidação de uma base de informações integrada, articulando perspectiva macrorregional para orientar as políticas públicas e criar condições de efetiva implementação do ZEE na região. Segundo o MacroZEE Amazônia Legal, é possível identificar que expressiva parte do território da área de influência do AHE Belo Monte encontra-se na seguinte categoria de uso QUADRO 5.5-1.

64 Artigo 6o, caput, do Decreto Federal nº 4.297/02.

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QUADRO 5.5-1 Categoria de uso de Área de Influencia do AHE Belo Monte

CATEGORIA SUBCATEGORIA CONCEITOS CARACTERÍSTICAS

(1) Usos Consolidados / A Consolidar

1.1) Áreas com Estrutura Produtiva

Definida / A Definir

Áreas consolidadas ou em processo de consolidação das atividades produtivas mais dinâmicas, que requerem ações de manutenção e/ou intensificação das atividades existentes, objetivando a sustentabilidade ecológica, social e econômica

Áreas com potencialidade para exploração intensiva; estrutura econômica e produtiva definida; capacidade para expansão das atividades produtivas. Áreas sob comando de pólos urbano-regionais bem estruturados, com infra-estrutura e serviços de apoio à produção relativamente eficientes e setor terciário desenvolvido; com elevada especialização produtiva, com predominância do cultivo de grãos nos chapadões e pecuária extensiva nas planícies.

Fonte: Proposta de Legenda para Integração dos ZEEs Estaduais da Amazônia Legal. A categoria de uso denominada “Usos Consolidados / A Consolidar” consiste em áreas com potencialidade para exploração intensiva e com capacidade para expansão de atividades produtivas. São áreas sob comando de pólos urbano-regionais bem estruturados, com infra-estrutura e serviços de apoio à produção relativamente eficiente e setor terciário desenvolvido. Outrossim, é oportuno observar que estão inseridas na área de influência do AHE Belo Monte algumas áreas de usos especiais, assim consideradas por serem legalmente protegidas e pertencerem ao Sistema Nacional ou do Estado do Pará de Unidades de Conservação, ou, ainda, estarem sob controle da FUNAI. De acordo com o MacroZEE Amazônia Legal, a categoria de usos especiais é assim definida (QUADRO 5.5-2):

QUADRO 5.5-2 Categoria de usos Especiais do Macro ZEE Amazônia Legal

CATEGORIA SUBCATEGORIA CONCEITOS CARACTERÍSTICAS

3.1) Áreas Protegidas Propostas

(3) Usos Especiais

3.2) Áreas

Protegidas Criadas

Áreas legalmente protegidas, relativas às Terras Indígenas, de quilombo, de domínio das Forças Armadas e Unidades de Conservação existentes e propostas.

Áreas pertencentes ao Sistema de Unidades de Conservação (SNUC). Áreas sob o controle das Forças Armadas. Áreas propostas pelos Estados para Unidades de Conservação.

Fonte: Proposta de Legenda para Integração dos ZEEs Estaduais da Amazônia Legal.

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No âmbito estadual, a Constituição Paraense prevê que o Poder Público realiza o ZEE do Estado, de modo a compatibilizar o desenvolvimento com a preservação e a conservação do meio ambiente, bem como promoverá o levantamento e o monitoramente periódico da área geográfica estadual, de acordo com as tendências e desenvolvimento científico e tecnológico, de modo que o zoneamento ecológico-econômico esteja sempre atualizado (artigo 254). A Lei Estadual nº 6.745, de 06 de maio de 2005, institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará (ZEE/PA), elaborado com base em dados e mapas de geologia, geomorfologia, solos, hidrologia, climatologia, vulnerabilidade natural, potencialidade socioeconômica, ecossistemas vegetais, ecorregiões, corredores ecológicos, antropização e definição de áreas prioritárias para a preservação da biodiversidade e de uso sustentável dos recursos naturais (artigo 1º, caput). Nos termos do artigo 15 da referida Lei Estadual, compete à SEMA administrar a execução do Macrozoenamento, sob a coordenação da Secretaria Especial de Estado de Produção. Com efeito, o uso de terras, águas, ecossistemas, biodiversidade, sítios arqueológicos, cavidades naturais e estruturas geológicas que constituem o território paraense ficará sujeito às disposições estabelecidas na Lei Estadual nº 6.745/05 na legislação em vigor (artigo 3º, §2º da Lei Estadual nº 6.745/05). Segundo o artigo 48 do anexo do Decreto Estadual nº 746, de 27 de dezembro de 2007, que aprova o Regimento Interno da SEMA, a esta compete, por meio de sua Gerência de Zoneamento Ambiental, subordinada à Coordenadoria de Ordenamento Ambiental:

“I – contribuir no projeto de execução de zoneamento ecológico-econômico do Estado nas áreas de consolidação, expansão e recuperação; II – subsidiar as ações governamentais e comunitárias para o desenvolvimento sustentável; III – implantar e coordenar a Política Estadual de Gerenciamento Costeiro e Marítimo segundo o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro; IV – executar o estudo de prospecção pesqueira, objetivando a criação de Sítios Pesqueiros Turísticos; V – promover o ordenamento pesqueiro, através do manejo comunitário da atividade de pesca, visando sua regularização; VI – estudar e propor indicadores ambientais que promovam a ocupação ordenada do território; VII – exercer as demais competências que lhe forem conferidas.”

A área territorial do Pará está distribuída em quatro grandes zonas, definidas a partir de dados atuais relativos ao grau de degradação ou preservação da qualidade ambiental e à intensidade do uso e exploração de recursos naturais, sendo:

“I - 65% (sessenta e cinco por cento), no mínimo, destinados a áreas especialmente protegidas, assim distribuídas: a) 28% (vinte e oito por cento), no mínimo, para terras indígenas e terras de quilombos; b) 27% (vinte e sete por cento), no mínimo, destinados a unidades de conservação de uso sustentável; e

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c) 10% (dez por cento), no mínimo, destinados a unidades de conservação de proteção integral; II - 35% (trinta e cinco por cento), no máximo, para consolidação e expansão de atividades produtivas, áreas de recuperação e áreas alteradas.”65

De acordo com o Mapa de Gestão Territorial, constante do Anexo I da Lei do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Pará, a área de influência do AHE Belo Monte encontra-se predominantemente localizada em zona para consolidação e expansão de atividades produtivas (áreas antropizadas), ressalvadas potenciais interferências, embora não de cunho territorial direto, nas zonas destinadas às áreas especialmente protegidas, como Terras Indígenas. No entanto, importa mencionar que o MacroZEE do Pará propõe a criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral, e, consoante o Anexo III da Lei Estadual nº 6.745/05, é relevante atentar para existência de estudos nesse sentido – de criação de Unidades – na área de influência do AHE Belo Monte. Essas áreas em estudo constam com as seguintes indicações do ZEE/PA: 12PI - Municípios: Senador José Porfírio e Vitória do Xingu (referência: Rio Xingu) e 14PI - Município Vitória do Xingu (referência: Gruta Leonardo da Vinci). Este assunto é objeto de abordagem mais detalhada no capítulo referente a “Unidades de Conservação” 5.6. Saúde Pública A Constituição Federal de 1988 previu capítulo específico para Saúde, estabelecendo, em seu artigo 196, que a saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de sua promoção, proteção e recuperação. As ações e serviços de saúde são considerados de relevância pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente, por meio de terceiros ou pessoa física ou jurídica de direito privado66. Entre outras atribuições, compete ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a lei, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador. Em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado, são reguladas pela Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. O artigo 2º, caput, da Lei Federal nº 8.080/90, dispõe que a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no

65 Artigo 4º da Lei Estadual nº 6.745/05.

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estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a educação, o acesso aos bens e serviços essenciais, dentre outros fatores que se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. Ademais, importa mencionar que os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do Brasil (artigo 3º, caput e parágrafo único, da Lei Federal nº 8.080/90). Cumpre observar que a Lei Federal nº 8.080/90 estabelece ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações indígenas em todo o território nacional, coletiva ou individualmente, por meio da elaboração de um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, integrante do SUS67. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado. De acordo com os artigos 19-C e 19-D da Lei Federal nº 8.080/90, caberá à União, com recursos próprios, financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, e ao SUS promover a articulação desse Subsistema com os órgãos responsáveis pela Política Indígena do País. Ademais, os Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não-governamentais, que poderão atuar complementarmente no custeio e execução das ações (artigo 19-E). A realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas, bem como o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, devem se pautar por abordagem diferenciada e global, contemplando aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional68. A Resolução CONAMA nº 286, de 30 de agosto de 2001, dispõe sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos nas regiões endêmicas de malária, em virtude da necessidade de se evitar a potencialização dos fatores de risco para ocorrência de casos de malária nas regiões endêmicas decorrentes de ações e obras de projetos. Nesse sentido, os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, previstos nas Resoluções CONAMA nº 01/86 e nº 237/97, cujas atividades potencializem os fatores de risco para a ocorrência de casos de malária nas regiões endêmicas, deverão desenvolver, de acordo com orientação da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), estudos epidemiológicos e conduzir programas voltados para o controle da doença e de seus vetores, a serem implementados nas diversas fases do empreendimento (artigo 1º, caput, da Resolução CONAMA nº 286/01). De acordo com o artigo 2º da Resolução CONAMA nº 286/01, o licenciamento ambiental, quando relativo a empreendimentos localizados em áreas endêmicas de malária, deve considerar a prévia avaliação e recomendação da FUNASA acerca do impacto sobre fatores de risco para ocorrência dos casos de malária. Assim, caberá a FUNASA69 identificar os municípios localizados nas áreas endêmicas de malária; participar no processo de licenciamento ambiental no que se refere a fatores de risco

67 Artigos 19-A e 19-B da Lei Federal nº 8.080/90. 68 Artigo 19-F da Lei Federal nº 8.080/90. 69 Artigo 3º, caput, da Resolução CONAMA nº 286.

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relacionados à transmissão da malária e acompanhar a implementação das recomendações e medidas de prevenção e controle da malária. Face ao previsto na referida Resolução CONAMA, algumas ações já foram implementadas pelo Ministério da Saúde, a exemplo da reunião realizada no Centro Nacional de Desenvolvimento e Capacitação de Recursos Humanos (CENTRE) IBAMA/Brasília, em 04 de outubro de 2007, com representantes do empreendedor e de alguns órgãos públicos, para tratar do tema “Malária” e do Termo de Referência visando subsidiar o EIA e o RIMA do AHE Belo Monte. A referida reunião levantou apontamentos relevantes das obrigações do empreendedor e procedimentos administrativos a serem seguidos nas interações entre órgão ambiental, empreendedor e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Ademais, a SVS prevê determinados impactos a serem observados pelo empreendedor nas diferentes fases do licenciamento ambiental, de acordo com o QUADRO 5.6-1.

QUADRO 5.6-1 Impactos Serem Observados pelo Empreendedor Segundo a Secretaria de Vigilância e Saúde

Cenário Pré Instalação

Instalação Construção Operação

Migração

X X X

Aumento da demanda atual do serviço de saúde

X X X X

Insuficiência da estrutura do serviço de saúde

X X X X

Possível aparecimento de focos de malária em áreas de transmissão em função da migração

X X

Aumento dos trabalhadores portadores de infecção malárica

X X

Deslocamento de população para áreas respectivas de malária

X X

Possibilidade de invasão da atividade garimpeira

X

Alteração dinâmica de criadouros com o represamento

X X

Surgimento de aglomerados populacionais

X

Aumento do risco de contrair malária devido ao fluxo de ir e vir

X X X X

Redução da preocupação com medidas de controle da malária por parte do empreendedor

X

Deste modo, tendo em vista os impactos acima mencionados, há previsão de diversas recomendações a serem implementadas, como elaboração do plano de controle, estruturação da rede de diagnóstico e tratamento, realização de exame e diagnóstico de malária para admissão e demissão dos empregados e assentamentos das famílias remanejadas em locais com menor risco70. 70 Vide página 03 da referida Ata da reunião com IBAMA.

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Por outro lado, em 25 de outubro de 2007, a Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Malária da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde expediu a Nota Técnica nº 30 – CGPNCM/DIGES/SVS/MS71, que prevê subsídios da SVS para elaboração do Termo de Referência que norteará o EIA e o RIMA do AHE Belo Monte. A referida Nota Técnica aponta uma série de recomendações, conforme apresentado a seguir: • “Os Estudos de Impacto Ambiental e o seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental

(EIA/RIMA) do aproveitamento hidroelétrico de Belo Monte contenham estudos epidemiológicos e entomológicos de malária de modo a subsidiar a Avaliação do Potencial Malarígeno do Empreendimento, conforme descrito no presente documento;

• Os estudos epidemiológicos contemplem séries históricas de, no mínimo, três anos, além dos dados atuais das localidades contidas nas Áreas de Influência Direta e Indireta (AID e AII) do empreendimento. Os dados referentes ao Estado e aos municípios das AI também devem ser incluídos no estudo. Dever-se-ão analisar e representar, por meio de gráficos, mapas e/ou tabelas, pelo menos, os seguintes indicadores epidemiológicos: • Incidência Parasitária Anual (IPA); • Percentagem de falciparum (IFA); • Percentagem de lâminas colhidas por Busca Ativa (BA) e Busca Passiva (BP) de casos; • Índice de Lâminas Positivas (ILP); • Prazo para o inicio do tratamento dos pacientes após a data dos primeiros sintomas.

• Os estudos entomológicos devem ser realizados por meio de captura de alados e coleta das formas imaturas dos mosquitos do gênero Anopheles Meigen, 1818 (vetores potenciais de malária);

• A seleção dos pontos de captura e pesquisa larvária deve obedecer aos critérios

epidemiológicos e de representatividade espacial descritos na referida Nota Técnica, a exemplo da Representatividade espacial, de forma que todos os municípios da AID deverão ser amostrados em três pontos diferentes.

• Inicialmente, os responsáveis pela pesquisa devem identificar e georreferenciar os

criadouros potenciais dentro das áreas habitadas escolhidas (localidades) e em um raio de dois quilômetros ao redor da área;

• A metodologia de pesquisa larvária, a ser aplicada em cada ponto de coleta, está descrita

na Nota Técnica nº 012 – da Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Malária/DIGES/SVS/MS, de 04 de junho de 2007 (anexa);

• Deve-se realizar uma captura de doze e duas de quatro horas em cada município da AID

simultaneamente no intra e peridomicilios; 71 Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Malária (CGPNCM); Diretoria de Gestão (DIGES); Ministério da Saúde (MS).

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• Os dados referentes às capturas de alados, imaturos e cadastro de criadouros devem ser passado às Secretarias Estaduias de Saúde (SES) para serem passados ao sistema de informação de vetores de malária: o Vetores _ Malária. Para tal, deve-se utilizar as fichas de notificação de cadastro de criadouros, captura de alados de formas imaturas disponibilizadas pela Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Malária;

• As atividades de captura devem ser realizadas nos períodos do ano correspondentes à

maior densidade anofélica: normalmente, no inicio e final dos períodos chuvosos. Deve-se realizar, também, uma captura na época de menor pluviosidade”.

Insta ressaltar que os indicadores epidemiológicos citados na Nota Técnica nº 30 – CGPNCM/DIGES/SVS/MS encontram-se disponíveis no endereço eletrônico do Sistema de Informações Gerenciais e Divulgação de Malária – SIG-Malária, qual seja: <http://dw.saude.gov.br/portal/page/portal/sivep_malária> Ainda, destaca-se a relação de documentos que o empreendedor deverá providenciar durante o processo de licenciamento ambiental da AHE Belo Monte, estabelecidos no capítulo sobre “Aspectos Específicos dos Serviços de Saúde Pública” do Termo de Referência elaborado pelo IBAMA: • “Apresentar a análise de dados nosológicos que possam auxiliar na caracterização e

compreensão dos aspectos referentes à saúde pública na região, bem como na avaliação dos planos e programas propostos para este componente.

• Identificar e caracterizar as áreas que oferecem risco à saúde, principalmente quando

relacionadas a endemismos ainda que preliminarmente essas áreas integrem a AII. Apresentar estudos detalhados do componente Saúde - endemismos, com base em dados primários que incorporem a análise de risco e os possíveis impactos dos movimentos migratórios.

• A elaboração dos estudos de Avaliação do Potencial Malarígeno (APM) deve obedecer à

Portaria MS No. 47/2007, do Ministério da Saúde. Esses estudos devem ter a abrangência e a profundidade necessárias para subsidiar a análise e emissão do Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno (LAPM) pela Secretaria de Vigilância em Saúde, essencial à obtenção da Licença Prévia. Cabe ao empreendedor solicitar à SVS/MS, a quem compete a emissão do LAPM, a elaboração e emissão do Termo de Referência específico, de acordo com seus procedimentos próprios.

• Para a AID deverão ser realizadas avaliações entomológicas, conforme metodologia

descrita no TR emitido pelo órgão competente pela emissão do LAPM, observando a periodicidade, sazonalidade e a determinação dos pontos de coleta e alvos do estudo descritas no documento. Quaisquer problemas e dúvidas existentes devem ser dirimidas junto ao órgão competente, responsável pela emissão do LAPM.

• Apresentar os dados dos principais indicadores que influem no perfil nosológico da

população, como por exemplo: endemias, doenças de veiculação hídrica, doenças transmissíveis (especialmente Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)), imunopreveníveis e demais agravos de notificação compulsória; perfil de morbi-mortalidade e fluxo de remoções, entre outros.

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• Apresentar e caracterizar a infra-estrutura de saúde identificando o porte e a localização das unidades de saúde, especificando as vinculadas ao SUS e as Unidades de Saúde da Família.

• Levantar os dados referentes: aos médicos e outros profissionais de saúde que atuam na

área de estudo (qualificar e quantificar), às equipes de saúde, aos agentes comunitários, e à área de cobertura da atuação desses profissionais. Avaliar a sua suficiência em relação ao aumento da demanda.

• Discorrer sobre os programas de saúde pública implantados ou previstos; atenção

primária e secundária; envolvendo os diferentes órgãos públicos e demais atores interessados que atuam na região.

• Os estudos realizados para a componente saúde pública para AID e ADA devem

explorar; analiticamente, apontando e relacionando sinergias e conflitos; os dados compilados para a AIR e AII, principalmente nos diagnósticos de infra-estrutura e serviços públicos de saúde, dinâmica populacional e atividades econômicas”.

Cabe ainda acrescentar no presente capítulo a Portaria SVS nº 47, de 29 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a Avaliação do Potencial Malarígeno e o Atestado de Condição Sanitária (ATCS), específicos para os projetos de assentamento de reforma agrária e para outros empreendimentos, nas regiões endêmicas de malária. De acordo com artigo 2º da referida Portaria, a APM deve ser composta de elaboração de estudos, vistoria técnica, elaboração e emissão de Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno e aprovação do Plano de Ação para Controle da Malária (PACM), para posterior emissão do Atestado de Condição Sanitária. A Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS, ou outra instituição por ela delegada, dará orientação quanto à elaboração de estudos, do LAPM e do ATCS.72 O artigo 3º prevê os anexos constantes da Portaria SVS nº 47/06, quais sejam:

“Anexo I - Protocolo de Requerimento para Avaliação do Potencial Malarígeno e Solicitação do Atestado de Condição Sanitária;

Anexo II - Roteiro de Vistoria para Avaliação do Potencial Malarígeno; Anexo III - Roteiro de Vistoria Simplificado para Avaliação do Potencial

Malarígeno Anexo IV - Relatório de Avaliação do Potencial Malarígeno - RAPM Anexo V - Laudo de Avaliação do Potencial Malarígeno - LAPM Anexo VI - Plano de Ação para o Controle da Malária - PACM Anexo VII - Relatório de Acompanhamento do Plano de Ação para o Controle

da Malária Anexo VIII - Atestado de Condição Sanitária – ATCS”.

A definição de cada instrumento acima citado encontra previsão no artigo 4º da mesma Portaria. Neste sentido, entende-se por APM o procedimento necessário para verificar a ocorrência ou não de casos de malária e seus fatores determinantes e condicionantes, na área

72 Artigo 2º, parágrafo único da Portaria nº 47/06.

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proposta para implantação de projetos de assentamentos de reforma agrária, de outros empreendimentos e suas áreas de influência, sujeitos ao licenciamento ambiental, conforme estabelecido nas resoluções CONAMA nº 01/86 e nº 237/97, com objetivo de prevenir e mitigar os fatores determinantes e condicionantes da transmissão da malária73. Já o LAPM define se a área para implantação de assentamento de reforma agrária e outros empreendimentos apresenta ou não potencial malarígeno e se a implantação, operação e/ou ampliação do empreendimento potencializa os fatores determinantes e condicionantes da transmissão da malária, na área pretendida e áreas de influência, com base em: a) Estudos protocolados; b) Roteiro de Vistoria para Avaliação do Potencial Malarígeno; e c) Relatório de Avaliação do Potencial Malarígeno que deve ser acompanhado de um Plano de Ação para o Controle da Malária.74 Tratando-se de Atestado de Condição Sanitária, este assegura que o órgão executor do projeto de assentamento de reforma agrária ou outro empreendedor desenvolveu estudos e está executando atividades voltadas para o controle da malária e de seus vetores nas diversas fases dos assentamentos e outros empreendimentos, de modo a prevenir, eliminar ou controlar os fatores potencializadores da transmissão da malária, surgidos e/ou potencializados. Essas atividades estão consubstanciadas no PACM.75 Ademais, a Portaria SVS 47/06 determina, em seu artigo 5º, que os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental localizados em zonas endêmicas de malária da Amazônia legal sejam submetidos à Avaliação do Potencial Malarígeno e recebam Atestado de Condição Sanitária. Para obtenção do referido Atestado de Condição Sanitária76, antes de solicitar licenciamento ambiental ao órgão competente, o empreendedor deve buscar, junto à SMS, orientações para elaboração dos estudos para a APM e o PACM, documentos que serão protocolados junto à SVS. Após aprovação dos estudos, será emitido o LAPM, constando adequações da proposta do PACM. Posteriormente, o empreendedor deverá protocolizar requerimento do ATCS, acompanhado da seguinte documentação: • PACM detalhado, a ser executado nas fases de implantação e operação do

empreendimento; • Planos e programas solicitados pelo órgão ambiental competente, previsto para a fase de

LI no processo de licenciamento ambiental do empreendimento; e • Cópia da LP. Aprovado o requerimento, a SVS emite o ATCS, submetendo o empreendedor às condições e restrições que entender necessárias. Cumpre ressaltar que o ATCS deve ser obtido antes da emissão da LI, conforme determina o parágrafo único do artigo 5º da Portaria 47/06.

73 Artigo 4º, inciso I, da Portaria nº 47/06. 74 Artigo 4º, inciso II, da Portaria nº 47/06. 75 Artigo 4º, inciso III, da Portaria nº 47/06. 76 Procedimento previsto no inciso II do artigo 5º da Portaria 47/06.

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Quanto ao LAPM, cabe também à SVS sua emissão, após analise dos estudos apresentados pelo empreendedor77. 5.7 Fauna e Flora 5.7.1 Fauna A Lei Federal nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967, dispõe que os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha. O IBAMA, por meio da Portaria IBAMA nº 1.522, de 19 de dezembro de 1989, tornou pública a lista oficial de espécies de fauna brasileira ameaçada de extinção. Posteriormente, o Ministério do Meio Ambiente editou a Instrução Normativa MMA nº 3, de 27 de maio de 2003, que atualizou a da fauna brasileira ameaçada de extinção, ficando essas protegidas de modo integral, de acordo com o estabelecido na legislação ambiental vigente. Em 05 de novembro de 2008 o Ministério do Meio Ambiente lançou o Livro Vermelho da Fauna Brasileria Ameaçada de Extinção, uma publicação que em suas mais de 1.400 páginas distribuídas em 02 volumes, apresenta dados sobre a biologia, distribuição geográfica, presença em Unidades de Conservação, principais ameaças, estratégias de conservação, bem como indicaçãoes de especialistas e de núcleos de pesquisa e conservação. A elaboração do referido livro é decorrente das Listas Nacionais Oficias de Espécies da Fauna Ameaçadas de extinção (Instruções Normativas 03/2003 e 05/2004) e no qual estão relacionadas somente as espécies que o governo brasileiro reconhece como ameaçadas de extinção. Ainda, no âmbito do Estado do Pará, foi publicada em 2007, através da Resolução COEMA n. 054 de 24 de outubro de 2007, a lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará, bem como foi lançado, através do Decreto n. 802 de 20 de fevereiro de 2008, o Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção _ Programa Extinção Zero. A Instrução Normativa IBAMA nº 146, de 10 de janeiro de 2007, estabelece os critérios para procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre (levantamento, monitoramento, salvamento, resgate e destinação) em áreas de influência de empreendimentos potencialmente causadores de impactos à fauna sujeitas ao licenciamento ambiental, como definido pela Lei Federal n° 6.938/81 e pelas Resoluções CONAMA n° 01/86 e n° 237/97. As solicitações para concessão de autorização de captura, coleta ou transporte de fauna silvestre em áreas de empreendimento e atividades deverão ser formalizadas e protocoladas junto a Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros (DIFAP/IBAMA), ou na Superintendência

77 Artigo 6º da Portaria 47/06.

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do Estado onde se localizará o empreendimento, para avaliação no prazo máximo de 60 (sessenta) dias78. O artigo 3º da IN IBAMA nº 146/07 estabelece que serão concedidas autorizações de captura, coleta e transporte de fauna silvestre específicas para cada uma das seguintes Etapas de Manejo: Levantamento de Fauna; Monitoramento de Fauna; e Salvamento, Resgate e Destinação de Fauna. O Levantamento de Fauna na área de influência do empreendimento precede qualquer outra atividade relacionada à fauna silvestre, e deverá conter:

“I - lista de espécies da fauna descritas para a localidade ou região, baseada em dados secundários, inclusive com indicação de espécies constantes em listas oficiais de fauna ameaçada com distribuição potencial na área do empreendimento, independentemente do grupo animal a que pertencem. Na ausência desses dados para a região, deverão ser consideradas as espécies descritas para o ecossistema ou macro região; II - descrição detalhada da metodologia a ser utilizada no registro de dados primários, que deverá contemplar os grupos de importância para a saúde pública regional, cada uma das Classes de vertebrados, e Classes de invertebrados pertinentes. Em caso de ocorrência, no local do empreendimento, de focos epidemiológicos, fauna potencialmente invasora, inclusive doméstica, ou outras espécies oficialmente reconhecidas como ameaçadas de extinção, o IBAMA poderá ampliar as exigências de forma a contemplá-las. III - a metodologia deverá incluir o esforço amostral para cada grupo em cada fitofisionomia, contemplando a sazonalidade para cada área amostrada; IV - mapas, imagens de satélite ou foto aérea, inclusive com avaliação batimétrica e altimétrica, contemplando a área afetada pelo empreendimento com indicação das fitofisionomias, localização e tamanho das áreas a serem amostradas; V - identificação da bacia e microbacias hidrográficas e área afetada pelo empreendimento. Deverão ser apresentados mapas com a localização do empreendimento e vias de acesso pré-existentes; VI - informação referente ao destino pretendido para o material biológico a ser coletado, com anuência da instituição onde o material será depositado; (anexo formulário de destinação/recebimento, assinado pelas partes); VII - currículo do coordenador e dos responsáveis técnicos, que deverão demonstrar experiência comprovada no estudo do táxon a ser inventariado. Parágrafo único - O Levantamento de Fauna deve ser apresentado pelo empreendedor e será avaliado para emissão do TR definitivo.” 79

Como resultados do Levantamento de Fauna em áreas do empreendimento, deverão ser apresentados (artigo 5º da IN IBAMA nº 146/07):

“I - lista das espécies encontradas, indicando a forma de registro e habitat, destacando as espécies ameaçadas de extinção, as endêmicas, as consideradas

78 Artigo 2º, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07. De acordo com o parágrafo único do artigo 2º, o pedido de renovação da autorização deverá ser protocolado 30 (trinta) dias antes de expirar o prazo da autorização anterior. 79 Artigo 4º da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07.

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raras, as não descritas previamente para a área estudada ou pela ciência, as passíveis de serem utilizadas como indicadoras de qualidade ambiental, as de importância econômica e cinegética, as potencialmente invasoras ou de risco epidemiológico, inclusive domésticas, e as migratórias e suas rotas; II - caracterização do ambiente encontrado na área de influência do empreendimento, com descrição dos tipos de habitats encontrados (incluindo áreas antropizadas como pastagens, plantações e outras áreas manejadas). Os tipos de habitats deverão ser mapeados, com indicação dos seus tamanhos em termos percentuais e absolutos, além de indicar os pontos amostrados para cada grupo taxonômico; III - esforço e eficiência amostral, parâmetros de riqueza e abundância das espécies, índice de diversidade e demais análises estatística pertinentes, por fitofisionomia e grupo inventariado, contemplando a sazonalidade em cada área amostrada; IV - anexo digital com lista dos dados brutos dos registros de todos os espécimes - forma de registro, local georreferenciado, habitat e data; V - estabilização da curva do coletor; VI - detalhamento da captura, tipo de marcação, triagem e dos demais procedimentos a serem adotados para os exemplares capturados ou coletados (vivos ou mortos), informando o tipo de identificação individual, registro e biometria.”

O artigo 6º, caput, da IN IBAMA nº 146/07 dispõe que os impactos sobre a fauna silvestre na área de influência do empreendimento, durante e após sua implantação, serão avaliados mediante realização de monitoramento, tendo como base o Levantamento de Fauna. Outrossim, em caso de empreendimentos que contenham estruturas e equipamentos que minimizem o impacto sobre a fauna, deverá estar previsto o monitoramento desses para avaliar o seu funcionamento e eficiência. (artigo 9º, caput da IN IBAMA nº 146/07) A necessidade de elaboração do Programa de Resgate ou Salvamento de Fauna será definida pelo IBAMA. A concessão de autorização para realização de resgate ou salvamento de fauna na área do empreendimento e sua respectiva área de influência far-se-á mediante a apresentação dos resultados obtidos no Programa de Monitoramento de Fauna e apresentação do Programa de Resgate ou Salvamento de Fauna80. Insta mencionar que o Programa de Resgate ou Salvamento de Fauna deverá ser apresentado no âmbito do PBA ou do Plano de Controle Ambiental (PCA), devendo conter o seguinte:

“I - descrição da estrutura física, incluindo croqui das instalações relacionadas ao Programa de Resgate, suas localizações e vias de acesso. Quando necessária, deverá estar prevista a instalação de centro de triagem, onde os animais ficarão temporariamente alojados; II - descrição e quantificação dos equipamentos utilizados; III - composição das equipes de resgate, incluindo currículo dos responsáveis técnicos. Para a definição do número de equipes (incluindo equipe de apoio), deverão ser considerados os dados referentes à velocidade do desmatamento ou regime de enchimento do reservatório e acessos existentes. O número de

80 Artigos10, caput, e 11, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07.

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equipes de resgate deverá ser compatível com a área total do ambiente a ser suprimido; IV - programa do curso de capacitação pessoal para a equipe de resgate; V - plano específico de desmatamento que deverá direcionar o deslocamento da fauna e auxiliar na execução do resgate, utilizando dispositivos que limitem a velocidade de desmatamento e favoreçam a fuga espontânea da fauna. VI - destinação pretendida para cada grupo taxonômico da fauna resgatada, prevendo a remoção dos animais que poderão ser relocados para áreas de soltura previamente estabelecidas de acordo com o art. 9º, inciso V ou encaminhados para centros de triagem, zoológicos, mantenedouros, criadouros ou ainda destinados ao aproveitamento do material biológico em pesquisas, coleções científicas ou didáticas; VII - detalhamento da captura, triagem e dos demais procedimentos a serem adotados para os exemplares coletados, vivos ou mortos, informando o tipo de identificação individual (marcação duradoura consagrada na literatura científica), registro e biometria.”81

No que tange ao Programa de Levantamento de Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos, deverão ser incluídos, além do disposto no artigo 5º anteriormente mencionado, os seguintes itens (artigo 16 da IN IBAMA nº 146/07):

“I. lista de espécies da Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos descritos para curso d'água e seus afluentes, baseada em dados secundários, indicando as espécies nativas, exóticas, reofílicas, de importância comercial, ameaçadas de extinção, sobreexplotadas, ameaçadas de sobreexplotação, endêmicas e raras. Na ausência de bibliografia específica, deverão ser consideradas as espécies descritas para a região hidrográfica; II. descrição detalhada da metodologia a ser utilizada para inventário de peixes, ictioplâncton, fitoplâncton, invertebrados aquáticos (zooplâncton e grandes grupos de zoobentos), além dos bioindicadores de saúde pública e qualidade ambiental. As amostragens devem contemplar pelo menos a área de influência direta do empreendimento e a micro bacia relacionada.”

Juntamente com os resultados do Levantamento de Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos, deverão ser apresentados pelo empreendedor:

“I - determinação dos parâmetros físico-químicos dos cursos d'água, conforme disposto na Resolução CONAMA nº 357, de 2005; II - parâmetros ecológicos de riqueza e abundância de espécies, bem como índice de diversidade para as comunidades de peixes, ictioplâncton, fitoplâncton e zooplâncton que deverão ser inventariadas sazonalmente, em todos os ambientes aquáticos.”

Insta ressaltar que a concessão de autorização para o Monitoramento de Ictiofauna e dos Invertebrados Aquáticos na área de influência do empreendimento far-se-á mediante a apresentação dos resultados do Programa de Levantamento de Ictiofauna e Invertebrados Aquáticos e do Programa de Monitoramento (artigo 18, caput da IN IBAMA nº 146/07).

81 Artigo 13 da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07.

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A IN IBAMA nº 146/07 estabelece, em seu artigo 19, que o Programa de Monitoramento terá cronograma e prazo de execução definidos de acordo com análise do IBAMA, e deverá conter: • Planos e Programas previstos nessa IN, as particularidades definidas no TR definitivo e os

protocolos específicos aprovados pelo IBAMA, incluindo o tipo de marcação a ser utilizado (material constituinte e local de fixação);

• Seleção e justificativa de áreas controle para monitoramento intensivo de ictiofauna,

fitoplâncton, zooplâncton, as espécies ameaçadas de extinção, as endêmicas da bacia e as consideradas raras. O tamanho total de áreas controle a serem monitoradas deverá ser representativo, contemplando todos os habitats distribuídos ao longo de, no mínimo, toda área de influência direta;

• Seleção de áreas de soltura de animais, considerando-se a distribuição natural das

populações e a ocorrência de acidentes geográficos que constituam barreiras naturais à dispersão das espécies;

• Mapas das áreas controle e das áreas de soltura em escala compatível com o nível de

detalhamento para análise, contemplando, inclusive, os acidentes geográficos; • Cronograma detalhado das campanhas de monitoramento a serem realizadas, tanto nas

áreas de soltura, quanto nas áreas controle; • Programas específicos de conservação e monitoramento para as espécies ameaçadas de

extinção, endêmicas e raras presentes em lista oficial, e espécies endêmicas ou recém descritas.

A concessão de Autorização de Manejo (resgate e repovoamento) de Ictiofauna na área de influência do empreendimento far-se-á mediante apresentação dos resultados obtidos no Monitoramento prévio e apresentação do Programa de Resgate e Programa de Repovoamento (artigo 18 da IN IBAMA nº 146/07). Relevante atentar que o Programa de Resgate de Ictiofauna deverá ser apresentado anteriormente à solicitação da LO do empreendimento e o Programa de Repovoamento de acordo com análise do IBAMA (artigo 20, §1º e §2º da IN IBAMA nº 146/07). Conforme o artigo 21, da IN IBAMA nº 146/07, os Programas de Resgate de Ictiofauna e espécies de invertebrados ameaçados de extinção ou endêmicos deverão conter:

“I - composição das equipes de resgate incluindo currículo dos responsáveis técnicos; II - programa de capacitação do pessoal que atuará no resgate; III - detalhamento dos procedimentos a serem adotados para os exemplares coletados, vivos ou mortos, informando o tipo de marcação, registro e biometria; IV - estimativa da distância de segurança em relação ao repuxo para a soltura dos peixes quando na realização do resgate; V - destinação prevista para os espécimes coletados, considerando a variabilidade genética;

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VI - projeto para implantação de meios de transposição de peixes, quando for indicado pelo Ibama; VII - descrição detalhada dos petrechos de coleta utilizados durante o resgate; VIII - é vedada a devolução ao corpo hídrico das espécies exóticas à bacia.”

Conforme o artigo 21, §1º da IN IBAMA nº 146/07, o Programa de Resgate consistirá de 02 (duas) etapas: • Resgate no período de desvio do curso d'água; e • Resgate no período de Piracema. O Programa deverá constar os seguintes itens, a serem definidos de acordo com análise do IBAMA 82: • Área de resgate; • Procedimentos de translocação; • Pontos de soltura: • Destino dos exemplares capturados; • Identificação do lote, pontos georreferenciados de destino e composição quali-quantitativa

de espécies. O resgate no período da Piracema dos cardumes reofílicos, concentrados no trecho a jusante do desvio do rio, deverá ocorrer enquanto não estiver comprovada a eficácia de outra via de transposição que garanta a viabilidade da população (artigo 21, §2º da IN IBAMA nº 146/07). Quanto ao Programa de Repovoamento de Ictiofauna, este deverá conter:

“I - os Programa de Postos ou Estações de Piscicultura, II - espécies cultivadas; III - o Programa de Capacitação; IV - detalhamento dos procedimentos de reprodução e triagem; V - definição dos procedimentos e pontos de soltura georreferenciadas: a) deverá ser considerada a distribuição natural das populações e a ocorrência de acidentes geográficos que constituam barreiras naturais à dispersão das espécies.”83

Para cada etapa do manejo de fauna deverão ser enviados ao IBAMA relatórios técnico-científicos, com descrição e resultados de todas as atividades realizadas na área de influência do empreendimento (artigo 23 da IN IBAMA nº 146/07). • Como resultado do Monitoramento deverão ser apresentados:

“I - lista de espécies, os parâmetros de riqueza e abundância das espécies; 82 Artigo 21, §1º da IN IBAMA nº 146/07. 83 Artigo 22 da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07.

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II - índices de eficiência amostral e de diversidade, por fitofisionomia e grupo inventariado, contemplando a sazonalidade em cada unidade amostral; III - demais parâmetros estatísticos pertinentes, do mesmo modo que os relatórios dos programas específicos descritos no art. 9º inciso VII. IV - discussões e conclusões acerca dos impactos gerados pelo empreendimento na fauna, observando a comparação entre áreas interferidas e áreas controles; V - proposição de medidas mitigadoras para os impactos detectados pelo monitoramento.”84

• Como resultado do Resgate:

“I - deverão ser informados a identificação utilizada para cada animal translocado e pontos georreferenciados de destino, exceto nos casos comprovadamente inviáveis.”85

Importante observar, nos termos do artigo 24 da IN IBAMA nº 146/07, que todos animais capturados durante o Levantamento e Monitoramento deverão ser identificados até o menor nível taxonômico possível. Nos programas, deverão ser apresentadas as listagens das instituições interessadas em receber material zoológico (criadouros, zoológicos, museus e instituições de ensino e pesquisa), anexando manifestação oficial de cada uma delas, e, nos resultados dos estudos, deverão ser apresentadas manifestações oficiais das instituições que receberam material zoológico, incluindo o número de tombamento86. Os documentos, programas e relatórios protocolados no IBAMA deverão: • Estar rubricados por página e assinados pelos responsáveis técnicos de cada grupo

taxonômico; • Serem entregues pelo menos 02 (duas) cópias dos documentos, apresentados em meio

impresso e digital87; • Apresentar Cadastro Técnico Federal dos profissionais e o registro nos Conselhos de

Classe88.

Outrossim, cumpre informar que, conforme prevê o artigo 30 da IN IBAMA nº 146/07, o IBAMA, por decisão justificada tecnicamente, poderá modificar os procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre de acordo com as características do empreendimento. O IBAMA, por intermédio da IN nº 154, de 1º de março de 2007, instituiu o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) e seu respectivo Comitê de Assessoramento Técnico (CAT-SISBIO), de caráter consultivo, que terá como atribuição auxiliar o IBAMA na avaliação e aprimoramento do Sistema.

84 Artigo 23, §1º da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07. 85 Artigo 23, §2º da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07. 86 Artigos 26, caput e 27, caput, da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07. 87 Artigo 28 da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07. 88 Artigo 29 da Instrução Normativa IBAMA nº 146/07.

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O SISBIO, de acordo com o artigo 3º da IN IBAMA nº 154/07, fixa normas sobre a realização de atividades com finalidade científica ou didática no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva, quais sejam:

“I - coleta de material biológico; II - captura ou marcação de animais silvestres in situ; III - manutenção temporária de espécimes de fauna silvestre em cativeiro; IV - transporte de material biológico; V - recebimento e envio de material biológico ao exterior; e, VI - realização de pesquisa em unidade de conservação federal ou em cavidade natural subterrânea.”89

Para os fins previstos na IN IBAMA nº 154/07, considera-se: • Autorização: ato administrativo discricionário pelo qual o IBAMA autoriza o interessado

a realizar as atividades previstas no artigo 3º acima transcrito, mediante apresentação de projeto específico;

• Licença Permanente: ato administrativo vinculado pelo qual o IBAMA faculta ao

pesquisador o direito de realizar a captura, a coleta e o transporte de material biológico de espécies da fauna silvestre, por período indeterminado, desde que atendidos os requisitos previstos nesta instrução normativa.90

De acordo com o artigo 15 da referida IN que institui o SISBIO, “a licença permanente e as autorizações não poderão ser utilizadas para fins comerciais, industriais, esportivos ou para realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos”, pois a realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos está sujeita à autorização específica91. No âmbito estadual, a Política de Meio Ambiente do Pará (Lei nº 5.887/95) estabelece, no artigo 45, incisos I e VI, que os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar a reprodução das espécies da fauna aquática e terrestre e serem precedidos e acompanhados de medidas que assegurem a proteção de espécies raras, vulneráveis ou em perigo de extinção da fauna, bem como das áreas representativas dos ecossistemas a serem afetados. Ressalta-se que o estado do Pará possui norma própria que dispõe sobre a proteção à fauna em seu território. Trata-se da Lei Estadual n° 5.977, de 10 de julho de 1996. O artigo 11 dessa Lei estabelece que os empreendimentos implantados no território paraense devem levar em consideração a preservação de áreas ou zonas endêmicas de animais silvestres. De acordo com a Lei Estadual nº 5.977/96, o concessionário de represa, além do estabelecido em outras disposições legais, é obrigado a tomar medidas de proteção à fauna silvestre, bem como o órgão estadual ambiental (SEMA) fica obrigado a acompanhar as operações de resgate da fauna em área de implantação de projetos com alterações significativas no habitat das espécies existentes92.

89 Artigo 3º da Instrução Normativa nº 154/07. 90 Artigo 6º, incisos I e X da Instrução Normativa nº 154/07. 91 Artigo 15, §2º da Instrução Normativa nº 154/07. 92 Artigo 11, §1º e §2º da Lei Estadual n° 5.977/96.

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O artigo 12 da Lei de proteção à fauna do Pará dispõe que o Poder Público estadual garantirá a preservação de tabuleiros de reprodução de quelônios e qualquer área ou zona de ocorrência de espécies endêmicas no território. Com efeito, o Estado organizou banco de dados das espécies da fauna consideradas sob ameaça de extinção, denominado Projeto Biota Pará, resultado da parceria científica entre o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a Conservação Internacional (CI - Brasil) e a Secretaria de Meio Ambiente, que culminou na formulação da primeira Lista de Espécies Ameaçadas do Pará. A referida Lista é resultado do Seminário acontecido em 28 e 29 de junho de 2006, pelo MPEG, e serve de instrumento de definição das prioridades estaduais de conservação da fauna, bem como dos diferentes tipos de ambientes e regiões do Pará e foi homologada pela Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA) nº 54, de 24 de outubro de 2007. A Resolução do COEMA nº 54/07 classifica as espécies da fauna em 03 (três) categorias de ameaça decrescentes: criticamente em perigo, em perigo e vulneráveis, de acordo com as determinações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)93. De acordo com o artigo 2º da Resolução COEMA nº 54/07, a lista é reconhecida como instrumento de política e gestão ambiental, e para sua instrumentalização recomenda-se, no âmbito da SEMA, a criação de Programa de Proteção e Conservação da Biodiversidade, com a finalidade de monitorar, proteger e conservar as espécies ameaçadas94. A seguir, apresenta-se a Lista de espécies da fauna ameaçada de extinção (QUADRO 5.7-1), que se encontra anexa à Resolução COEMA nº 54/07 e que, portanto, deverá ser considerada nos estudos de diagnóstico dos diferentes grupos faunísticos no âmbito do EIA do AHE Belo Monte, qual seja:

93 Artigo 3º da Resolução COEMA nº 54/07. 94 Artigo 2º, §1º da Resolução COEMA nº 54/07.

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QUADRO 5.7-1

Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Continua Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN Grupo Taxonômico: Inseto coleóptero Insecta Coleoptera Scarabaeidae Agacephala margaridae Besouro Vulnerável Grupo Taxonômico: Inseto lepidóptero Insecta Lepidoptera Papilionidae Heraclides chiansiades maroni Borboleta Vulnerável Insecta Lepidoptera Papilionidae Heraclides chiansiades mossi Borboleta Vulnerável Insecta Lepidoptera Papilionidae Pterourus xanthopleura Borboleta Vulnerável Insecta Lepidoptera Papilionidae Parides panthonus aglaope Borboleta Vulnerável Insecta Lepidoptera Papilionidae Parides hahneli Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Nymphalidae Hypoleria lavinia mulviana Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Papilionidae Heraclides chiansiades Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Papilionidae Heraclides garleppi lecerfi Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Papilionidae Parides klagesi Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Papilionidae Parides panthonus Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Nymphalidae Agrias amydon Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Nymphalidae Agrias hewitsonius Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Nymphalidae Agrias claudina Borboleta Em perigo Insecta Lepidoptera Nymphalidae Agrias narcissus Borboleta Em perigo Grupo Taxonômico: Peixe Chondrichthyes Myliobatiformes Potamotrygonidae Paratrygon aiereba Arraia Vulnerável Chondrichthyes Myliobatiformes Dasyatidae Dasyatis colarensis Raia de colares Vulnerável Chondrichthyes Myliobatiformes Myliobatidae Manta birostris Diabo-do-mar Vulnerável Chondrichthyes Pritiformes Pristidae Prisits perotteti Araguaguá Criticamente em perigo Chondrichthyes Pritiformes Pristidae Pristis pectinata Cação serra Criticamente em perigo Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna media Cação- martelo Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna mokarran Cornuda-gigante Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna lewini Peixe-martelo Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna zygaena Chapéu-armado Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna tiburo Cação Vulnerável

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QUADRO 5.7-1 Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Continuação Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN Chondrichthyes Carcharhiniformes Sphyrnidae Sphyrna tudes Marteleiro Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Prionace glauca Guelha Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Isogomphodon oxyrhynchus Cação-quati Criticamente em perigo Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Negaprion brevirostris Cação-limão Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Carcharhinus longimanus Galha-branca Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Carcharhinus porosus Cação-azeiteiro Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Carcharhinidae Carcharinus signatus Tubarão-da-noite Vulnerável Chondrichthyes Carcharhiniformes Scyliorhinidae Ginglymostoma cirratum Tubarão lagartixa do

norte Vulnerável

Chondrichthyes Orectolo biformes Ginglymostomatidae Rhincodon typus Tubarão-baleia Em perigo Chondrichthyes Orectolo biformes Rhincodontidae Schroederichthys tenuis Tubarão-baleia Vulnerável Actinopterygii Characiformes Anostomidae Sartor tucuruiense Aracu Criticamente em perigo Actinopterygii Characiformes Characidae Mylesinus paucisquamatus Curupeté Vulnerável Actinopterygii Characiformes Characidae Ossubtus xinguense Pacu Vulnerável Actinopterygii Siluriformes Loricariidae Hypancistrus zebra Cascudo-zebra Vulnerável Actinopterygii Siluriformes Pimelodidae Aguarunichthys tocantinsensis Vulnerável Actinopterygii Batrachoidiformes Batrachoididae Potamobatrachus trispinosus Mangagá Vulnerável Actinopterygii Perciformes Cichlidae Crenicichla cyclostoma Jacundá Criticamente em perigo Actinopterygii Perciformes Cichlidae Crenicichla jegui Jacundá Criticamente em perigo Actinopterygii Perciformes Cichlidae Teleocichla cinderella Jacundá Criticamente em perigo Grupo Taxonômico: Anfíbio Amphibia Caudata Plethodontidae Bolitoglossa paraensis Salamandra Vulnerável Amphibia Anura Bufonidae Bufo ocellatus Sapo Vulnerável Amphibia Anura Leptodactylidae Pseudopaludicola canga Rãzinha Em perigo Grupo Taxonômico: Réptil - lagarto Reptilia Squamata Polychrtidae Anolis nitens brasiliensis Lagarto papa-vento Vulnerável Reptilia Squamata Tropiduridae Stenocercus dumerilii Lagarto Em perigo Reptilia Squamata Tropiduridae Tropidurus insulanus Lagarto Vulnerável

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QUADRO 5.7-1 Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Continuação Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN Reptilia Squamata Gymnophthalmidae Colobosaura modesta Lagarto Vulnerável Reptilia Squamata Teiidae Tupinambis merianae Jacuraru, Teiu Vulnerável Reptilia Squamata Scincidae Mabuya guaporicola Calango liso Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Uromacerina ricardinii Cobra-cipó Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Phimophis guianensis Cobra Em perigo Reptilia Squamata Colubridae Chironius flavolineatus Cobra-cipó Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Liophis meridionalis Cobra de capim Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Apostolepis flavotorquata Cobra da terra Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Pseudoboa nigra Cobra-coral (falsa) Vulnerável Reptilia Squamata Colubridae Liophis maryellenae Cobra de capim Vulnerável Grupo Taxonômico: Ave Aves Passeriformes Emberezidae Oryzoborus maximiliani Bicudo-verdadeiro Criticamente em perigo Aves Piciformes Picidae Celeus torquatus pieteroyensi Pica-pau-de-coleira Em perigo Aves Galliformes Cracidae Crax fasciolata pinima Mutum-de-penacho Em perigo Aves Anseriformes Anatidae Phlegopsis nigromaculata

paraensis Mãe-de-taoca-pintada Em perigo

Aves Gruiformes Psophiidae Psophia viridis obscura Jacamim-de-costas-verdes

Em perigo

Aves Psittaciformes Psitacidae Pyrrhura perlata lepida Tiriba-pérola Em perigo Aves Passeriformes Furnaridae Synallaxis rutilans omissa João-teneném-

castanho Em perigo

Aves Passeriformes Thraupidae Tangara velia signata Saíra-diamante Em perigo Aves Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrexetastes rufigula paraensis Arapaçu-canela-de-

Belém Em perigo

Aves Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrocincla merula badia Arapaçu-da-taoca-maranhense

Em perigo

Aves Passeriformes Dendrocolaptidae Dendrocolaptes certhia medius Arapaçu-barrado- do-nordeste

Em perigo

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QUADRO 5.7-1 Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Continuação Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN Aves Psitaciformes Psitacidae Amazona ochrocephala

xantholaema Papagaio-campeiro Vulnerável

Aves Psitaciformes Psitacidae Anodorhynchus hyacinthinus Arara-azul-grande Vulnerável Aves Psitaciformes Psitacidae Aratinga pintoi Cacaué Vulnerável Aves Passeriformes Thamnophilidae Cercomacra ferdinandi Chororó-tocantinense Vulnerável Aves Passeriformes Emberezidae Charitospiza eucosma Mineirinho Vulnerável Aves Passeriformes Emberezidae Coryphaspiza melanotis

marajoara Tico-tico-do-campo Vulnerável

Aves Passeriformes Dendrocolaptidae Deconychura longicauda zimmeri Arapaçu-rabudo Vulnerável Aves Passeriformes Tyranidae Euscarthmus rufomarginatus Maria-corruíra Vulnerável Aves Psitaciformes Psitacidae Guaruba guarouba Ararajuba Vulnerável Aves Falconiformes Accipitridae Harpyhaliaetus coronatus Águia-cinzenta Vulnerável Aves Passeriformes Thamnophilidae Myrmotherula klagesi Choquinha-do-

Tapajós Vulnerável

Aves Piciformes Picidae Piculus chrysochloros paraensis Pica-pau-dourado-escuro

Vulnerável

Aves Passeriformes Pipridae Piprites chloris griseicens Papinho-amarelo Vulnerável Aves Psitaciformes Psitacidae Propyrrhura maracana Maracanã Vulnerável Aves Piciformes Ramphastidae Pteroglossus bitorquatus

bitorquatus Araçari-de-pescoço-vermelho

Vulnerável

Aves Passeriformes Thamnophilidae Sakesphorus luctuosus araguayae Choca d´água do Araguaia

Vulnerável

Aves Charadriformes Sternidae Thalasseus maximus Trinta-réis real Vulnerável Aves Passeriformes Thamnophilidae Thamnophilus aethiops incertus Choca lisa Em perigo

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QUADRO 5.7-1 Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Conclusão Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN Aves Apodiformes Trochilidae Threnetes lucurus Balança-rabo-de-

garganta-preta Em perigo

Aves Passeriformes Tyrannidae Tolmomyias assimilis paraensis Bico-chato-da-copa-Paraense

Em perigo

Grupo Taxonômico: Mamífero Mammalia Primates Cebidae Cebus kaapori Macaco caiarara Criticamente em perigo Mammalia Primates Cebidae Chiropotes satanas Cuxiú preto Criticamente em perigo Mammalia Sirenia Trichechidae Trichechus manatus Peixe boi marinho Criticamente em perigo Mammalia Cetácea Balaenidae Balaenoptera physalus Baleia fin Em perigo Mammalia Sirenia Trichechidae Trichechus inunguis Peixe boi amazônico Em perigo Mammalia Microchiroptera Natalidae Natalus stramineus Morcego Vulnerável Mammalia Primates Atelidae Ateles marginatus Coatá da testa branca Vulnerável Mammalia Primates Cebidae Chiropotes utahickae Cuxiú preto Vulnerável Mammalia Xenarthra Mymercophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira Vulnerável Mammalia Carnívora Felidae Panthera onca Onça pintada Vulnerável Mammalia Cetácea Physeteridae Physeter macrocephalus Cachalote Vulnerável Mammalia Xenarthra Dasypodidae Priodontes maximus Tatu canastra Vulnerável Mammalia Carnívora Mustelidae Pteronura brasiliensis Lontra Vulnerável Mammalia Carnívora Felidae Puma concolor Sussuarana Vulnerável Mammalia Xenarthra Dasypodidae Tolypeutes tricinctus Tatu Vulnerável

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5.7.2 Flora A Portaria IBAMA nº 37-N, de 03 de abril de 1992, traz Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, incluindo todas suas subespécies, se existirem. O IBAMA, por intermédio da IN nº 154, de 01º de março de 2007, instituiu o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO, com objetivo de fixar normas sobre a realização de atividades com finalidade científica ou didática no território nacional, na plataforma continental e na zona econômica exclusiva. De acordo com o artigo 3º da IN IBAMA nº 154/07, as atividades são as seguintes:

“I - coleta de material biológico; II - captura ou marcação de animais silvestres in situ; III - manutenção temporária de espécimes de fauna silvestre em cativeiro; IV - transporte de material biológico; V - recebimento e envio de material biológico ao exterior; e, VI - realização de pesquisa em unidade de conservação federal ou em cavidade natural subterrânea.”95

Ressalta-se que o artigo 15 da IN IBAMA do SISBIO estabelece que “a licença permanente e as autorizações não poderão ser utilizadas para fins comerciais, industriais, esportivos ou para realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos”, pois a realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos está sujeita à autorização específica96. A Instrução Normativa nº 06 de 23 de setembro de 2008, publicada no Diário Oficial da União em 24 de setembro de 2008 venho reconhecer: (i) como espécies da flora brasileria ameaçadas de extinção as constantes do Anexo I a referida instrução; (ii) como espécies da flora com deficiência de dados aquelas constantes no Anexo II da IN 06/2008. Além do reconhecimento citado acima a IN 06/2008 apresenta o entendimento por espécies ameaçadas de extinção (“I – (...) aquelas com alto risco de desparecimento na anatureza em futuro próximo, assim reconhecidas pelo Ministério do Meio Ambiente, com base em documentação científica disponível”) e com deficiência de dados (aquelas cujas informações são ainda deficientes, o que não permite um enquadramento seguro na condição de ameaçadas). O Art. 4º da IN especifica que as espécies relacionadas no Anexo I da IN 06/2008 ficam sujeitas às restrições previstas em lei e sua coleta para quaisquer fins somente poderão ser realizada após autorização do órgão ambiental competente. Ainda, para as espécies constantes do Anexo I, deverão ser desenvolvidos planos de ação que visem a retirada de espécies da lista, planos esses que serão elaborados e implementados sob a coordenação do ICMBio e do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) com a particiapação de órgãos governamentais, da comunidade científica e da sociedade civil organizada em um prazo máximo de 05 (cinco) anos contados a partir da publicação da referida Instrução Normativa. (Art. 5º). 95 Artigo 3º da Instrução Normativa nº 154/07. 96 Artigo 15, §2º da Instrução Normativa nº 154/07.

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Na esfera Estadual, a Política de Meio Ambiente do Pará (Lei nº 5.887/95) estabelece no artigo 45, inciso VI, que a execução de projetos de aproveitamento hidrelétricos deverá ser precedida e acompanhada de medidas que assegurem a proteção de espécies raras, vulneráveis ou em perigo de extinção da flora, bem como das áreas representativas dos ecossistemas a serem afetados. A Política de Florestas e demais formas de vegetação é regulada pela Lei Estadual nº 6.462, de 04 de julho de 2002, e tem por objetivo preservar, conservar e recuperar o patrimônio da flora natural e, principalmente, contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do Pará, em consonância com a Política Estadual de Meio Ambiente. A Lei Estadual nº 6.462/02 prevê que, no processo de gestão dos recursos da flora natural, será utilizado o zoneamento ecológico-econômico (Lei Estadual nº 6.745/05) para ordenar e racionalizar a ocupação e o uso dos espaços territoriais, de acordo com suas potencialidades. As atividades que provoquem alteração da cobertura vegetal natural estão sujeitas ao prévio licenciamento do órgão competente, que deve considerar, nos termos do artigo 21 da Política de Florestas do Pará, o seguinte:

“I - o potencial de recursos naturais da flora; II - a fragilidade do solo; III - as diversidades biológicas; IV - os sítios arqueológicos; V - as populações tradicionais; VI - os recursos hídricos; VII - a topografia; VIII - a reserva legal, em percentual previsto em Lei Federal.”

Ademais, o Decreto Estadual nº 2.141, de 31 de março de 2006, que regulamenta dispositivos da Política de Florestas (Lei Estadual nº 6.462/02), tem por objetivo incentivar a recuperação de áreas alteradas para fins energéticos, madeireiros, frutíferos, industriais ou outros, mediante o repovoamento florestal e agroflorestal com espécies nativas e exóticas. Insta mencionar que o Pará organizou banco de dados das espécies da flora consideradas sob a ameaça de extinção, denominado Projeto Biota Pará, resultado da parceria científica entre o MPEG, a CI - Brasil e a SEMA, que culminou na formulação da primeira Lista de Espécies Ameaçadas do Pará. A referida Lista é resultado do Seminário acontecido em 28 e 29 de junho de 2006, pelo MPEG, e serve de instrumento de definição das prioridades estaduais de conservação da fauna, bem como dos diferentes tipos de ambientes e regiões do Pará e foi homologada pela Resolução do COEMA nº 54, de 24 de outubro de 2007. A Resolução do COEMA nº 54/07 classifica as espécies da flora em 03 (três) categorias de ameaça decrescentes: criticamente em perigo, em perigo e vulneráveis, de acordo com as determinações da IUCN97.

97 Artigo 3º da Resolução COEMA nº 54/04.

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De acordo com o artigo 2º da Resolução COEMA nº 54/07, a lista é reconhecida como instrumento de política e gestão ambiental, e para sua instrumentalização recomenda-se, no âmbito da SEMA, a criação de Programa de Proteção e Conservação da Biodiversidade, com a finalidade de monitorar, proteger e conservar as espécies ameaçadas98. A seguir, apresenta-se a Lista de espécies da flora ameaçada de extinção (QUADRO 5.7-2), que se encontra anexa à Resolução COEMA nº 54/07 e que, portanto, deverá ser considerada nos estudos de diagnóstico da flora no âmbito do EIA do AHE Belo Monte,, qual seja:

98 Artigo 2º, §1º da Resolução COEMA nº 54/04.

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QUADRO 5.7-2 Espécies da Flora Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Continua Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN

Magnoliopsida Laurales Lauracea Aniba rosaeodora Pau rosa Em perigo Magnoliopsida Gentianales Apocynaceae Aspidosperma album Vulnerável Magnoliopsida Gentianales Apocynaceae Aspidosperma desmanthum Araracanga Vulnerável Magnoliopsida Gentianales Apocynaceae Aspidosperma sandwithianum Araracanga Vulnerável Magnoliopsida Gentianales Compositae Aspilia paraensis Vulnerável Liliopsida Cyperales Poaceae Axonopus carajasensis Vulnerável Magnoliopsida Ericales Lecythidaceae Bertholletia excelsa Castanheira Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Meliaceae Cedrela odorata Cedro Vulnerável Magnoliopsida Fabales Fabaceae Centrolobium paraensis Pau rainha Em perigo Magnoliopsida Fabales Fabaceae Centrosema carajasense Vulnerável Magnoliopsida Laurales Lauraceae Dicypellium caryophyllaceum Pau cravo Vulnerável Magnoliopsida Malpighiales Erythroxylaceae Erythroxylum Nelson-rosae Em perigo Magnoliopsida Lecythidales Eschweilera piresii ssp. piresii Mata-matá Vulnerável Magnoliopsida Lecythidales Lecythidaceae Eschweilera subcordata Mata-matá Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Rutaceae Euxylophora paraensis Pau amarelo Vulnerável Magnoliopsida Lecythidales Lecythidaceae Gustavia erythrocarpa Vulnerável Magnoliopsida Fabales Fabaceae Hymenolobium excelsum Angelim pedra Vulnerável Magnoliopsida Solanales Convolvulaceae Ipomoea carajaensis Em perigo Magnoliopsida Solanales Convolvulaceae Ipomoea cavalcantei Em perigo Magnoliopsida Lamiales Bignoniaceae Jacaranda carajasensis Em perigo Magnoliopsida Lamiales Bignoniaceae Jacaranda egleri Vulnerável Magnoliopsida Rosales Chrysobalanaceae Licania anneae Vulnerável Magnoliopsida Ebenales Sapotaceae Manilkara excelsa Maçaranduba do Tapajós Vulnerável Magnoliopsida Ebenales Sapotaceae Manilkara huberi Maçaranduba Vulnerável Magnoliopsida Laurales Lauraceae Mezilaurus itauba Itaúba Vulnerável Magnoliopsida Fabales Fabaceae Mimosa acutistipula Bth var. ferrea Vulnerável Magnoliopsida Fabales Fabaceae Mimosa skinneri Benth. var. carajarum Vulnerável Magnoliopsida Fabales Fabaceae Peltogyne maranhensis Pau roxo Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Rutaceae Pilocarpus microphyllus Jaborandi Em perigo Magnoliopsida Ebenales Sapotaceae Pouteria brevensis Vulnerável Magnoliopsida Ebenales Sapotaceae Pouteria decussata

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QUADRO 5.7-2 Espécies da Flora Ameaçada de Extinção (Resolução COEMA nº 54/07)

Conclusão Classe Ordem Família Nome Científico Nome Popular Critério IUCN

Magnoliopsida Myrtales Vochysiaceae Qualea coerulea Vulnerável Liliopsida Asparagales Orchidaceae Selenipedium isabelianum Vulnerável Liliopsida Asparagales Orchidaceae Selenipedium palmifolium Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Meliaceae Swietenia macrophylla Mogno Vulnerável Magnoliopsida Lamiales Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa Ipê roxo Vulnerável Liliopsida Poales Bromeliaceae Aechmea eurycorymbus Criticamente em perigo Magnoliopsida Malpighiales Malpighiaceae Banisteriopsis cachimbensis Em perigo Magnoliopsida Vitales Vitaceae Cissus apendiculata Vulnerável Liliopsida Asparagales Orchidaceae Galeandra curvifolia Vulnerável Liliopsida Alismatales Araceae Heteropsis flexuosa Cipó-titica Vulnerável Liliopsida Alismatales Araceae Heteropsis spruceana Cipó-titica Vulnerável Liliopsida Cyperales Cyperaceae Hypolytrum paraense Vulnerável Magnoliopsida Lamiales Bignoniaceae Jacaranda morii Vulnerável Magnoliopsida Asterales Asteraceae Monogereion carajensis Criticamente em perigo Magnoliopsida Myrtales Lythraceae Physocalymma scaberrimum Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Rutaceae Pilocarpus alatus Em perigo Magnoliopsida Lamiales Bignoniaceae Pleonotoma bracteata Em perigo Magnoliopsida Sapindales Burseraceae Protium giganteum var. crassifolium Vulnerável Magnoliopsida Sapindales Burseraceae Protium heptaphyllum SSP. Cordatum Vulnerável Magnoliopsida Apiales Smilacaceae Smilax longifolia Salsa-do-Pará Vulnerável Filicopsida Polypodiales Hymenophyllaceae Trichomanes macilentum Vulnerável Magnoliopsida Santalales Olacaceae Ptychopetalum olacoides Muirapuama Vulnerável

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Em 16 de abril de 2007, o estado paraense criou pela Lei Estadual nº 6.963, o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDEFLOR), entidade direito público, constituída sob a forma de autarquia, com autonomia técnica, administrativa e financeira, com sede em Belém, “tendo por finalidade exercer a gestão de florestas públicas para produção sustentável e a gestão da política estadual para produção e desenvolvimento da cadeia florestal no Estado, ressalvadas as competências do órgão estadual de meio ambiental, em relação ao Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza.”99 Compete ao IDEFLOR, excluídas as funções dos órgãos de competência ambiental no licenciamento, nos termos do artigo 2º, inciso II e XIV da Lei Estadual 6.963/07, exercer a função de órgão gestor de florestas públicas estaduais para produção sustentável, em conformidade com a legislação federal e em articulação com os demais órgãos estaduais de desenvolvimento, e apoiar a SEMA e demais órgãos envolvidos nas ações de mapeamento, monitoramento e controle da cobertura florestal no Estado do Pará. 5.7.3 Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção – Programa Extinção

Zero A Resolução COEMA no 54, de 24 de outubro de 2007, homologou a lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no estado do Pará. A referida lista foi elaborada pela comunidade científica sob coordenação do museu paraense Emílio Goeldi, Conservação Internacional do Brasil e SEMA, cujo procedimento foi acompanhado e verificado por uma Câmara Técnica do COEMA especialmente designada para esse fim100. Com escopo de alcançar e instrumentalizar a lista de espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção como um instrumento de Política e Gestão Ambiental, foi criado, no âmbito da SEMA, o Programa Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção – Programa Extinção Zero. O mencionado programa estadual foi criado pelo Decreto Estadual nº 802, de 20 de fevereiro de 2008, objetivando assegurar que nenhuma espécie da fauna e flora nativa do estado do Pará seja extinta. Reza o artigo 2º do Decreto Estadual nº 802/08 que o Programa Extinção Zero tem os seguintes instrumentos de gestão, a saber: • Comitê Gestor; • Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção; • Câmara Técnica Permanente de Espécies Ameaçadas de Extinção; • Planos de Proteção e Recuperação de Espécies da Fauna; • Planos de Gestão das Espécies da Flora. Nos termos do artigo 3º da norma estadual em comento, o Programa Extinção Zero deverá ser coordenado e regulamentado pela SEMA e deverá contar com Comitê Gestor composto por 99 Artigo 1º, caput da Lei Estadual nº 6.963/07. 100 Artigo 1º da Resolução COEMA nº 54/07.

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oito membros, dentre titulares e suplentes, indicados pela SEMA, Secretaria de Estado de Agricultura, Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia e Secretaria de Estado e Pesca e Aquicultura (SEPAq). Outrossim, para as espécies da fauna e flora consideradas ameaçadas de extinção deverão ser desenvolvidos Planos de Gestão, visando conciliar a conservação e uso sustentável das populações silvestres, sob coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, com participação dos órgãos estaduais, da comunidade científica e da sociedade civil organizada101. Ademais, todas as espécies ameaçadas de extinção devem ter suas distribuições geográficas no estado mapeadas para identificar e delimitar áreas críticas para a biodiversidade, sendo essas consideradas como regiões prioritárias para ações e investimentos de conservação, restauração e monitoração ambiental102. Insta ressaltar que o órgão ambiental licenciador, mediante decisão fundamentada, poderá condicionar o licenciamento de atividades à prévia avaliação de impactos ambientais que comprove que as mesmas não redundarão em ameaça adicional às espécies constantes da lista de espécies ameaçadas do estado do Pará103. 5.8 Florestas, Reflorestamento e Reposição Florestal Inicialmente, vale ressaltar que a Lei Federal nº 3.824, de 23 de novembro de 1960, determina que é obrigatório o destocamento e a conseqüente limpeza das bacias hidráulicas, dos açudes, represas ou lagos artificiais construídos pela União, Estados e Municípios ou por empresas privadas concessionárias. Ainda, de acordo com o artigo 2º da Lei Federal nº 3.824/60, serão reservadas áreas com a vegetação que, a critérios de técnicos, for considerada necessária à proteção da ictiofauna e das reservas indispensáveis à garantia da piscicultura. As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação estabelece, em especial o Código Florestal, instituído pela Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. O artigo 19, caput, da Lei nº 4.771/65 dispõe que a exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá de prévia aprovação pelo órgão estadual competente do SISNAMA, bem como da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme. Ao IBAMA, nos termos do artigo 19, §1º do Código Florestal, competirá a aprovação de que trata o caput do artigo 19:

“I - nas florestas públicas de domínio da União; II - nas unidades de conservação criadas pela União;

101 Artigo 7º do Decreto Estadual nº 802/08. 102 Artigos 9º e 10 do Decreto Estadual nº 802/08. 103 Artigo 13 do Decreto Estadual nº 802/08.

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III - nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional, definidos em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.”104

Importante observar, ainda, que o Código Florestal prevê que, no caso de reposição florestal, há necessidade de serem priorizados projetos que contemplem utilização de espécies nativas105. O CONAMA, em consonância com o artigo 19, §1º, inciso III da Lei nº 4.771/65, aprovou a Resolução nº 378, de 19 de outubro de 2006, para definir os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional. Conforme o artigo 1º da Resolução CONAMA nº 378/06, compete ao IBAMA a aprovação dos seguintes empreendimentos, dentre outros:

“IV - supressão de florestas e formações sucessoras em obras ou atividades potencialmente poluidoras licenciadas pelo IBAMA;”

Insta ressaltar que a autorização para supressão de florestas e formações sucessoras em imóveis rurais, numa faixa de 10 (dez) quilômetros no entorno de terra indígena demarcada, deverá ser precedida de informação georreferenciada à FUNAI, exceto no caso da pequena propriedade rural ou posse rural familiar106, definidas no artigo 1º, § 2º, inciso I do Código Florestal (artigo 4º, caput, da Resolução CONAMA nº 378/06). A exploração de florestas e formações sucessoras prevista no artigo 19 do Código Florestal foi regulamentada pelo Decreto Federal nº 5.975, de 30 de novembro de 2006, que dispõe no artigo 10, caput, que a supressão e o corte raso de vegetação arbórea natural somente será permitida mediante autorização de supressão para o uso alternativo do solo expedida pelo órgão competente do SISNAMA. Ainda, de acordo com o artigo 10, §1º do Decreto Federal nº 5.975/06, “entende-se por uso alternativo do solo a substituição de florestas e formações sucessoras por outras coberturas do solo, tais como projetos de assentamento para reforma agrária, agropecuários, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte”. Assim, atenta-se para o fato de haver previsão legal específica que autoriza supressão de vegetação para assentamentos decorrentes de projetos de geração de energia.

104 Artigo 19, §1º, da Lei Federal nº 4.771/65. Redação dada pela Lei Federal n° 11.284, de 02 de março de 2006, dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. 105 Artigo 19, §3º, da Lei Federal nº 4.771/65. 106 Pequena propriedade rural ou posse rural familiar é aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em 80% (oitenta por cento), de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não supere 150 ha (cento e cinqüenta hectares), se localizada no Estado do Pará e outros.

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Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão da vegetação que abrigue espécie ameaçada de extinção dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie107. O requerimento de autorização de supressão será disciplinado em norma específica pelo órgão ambiental competente, devendo indicar, no mínimo, as seguintes informações108: • localização georreferenciada do imóvel, das áreas de preservação permanente e de reserva

legal; • cumprimento da reposição florestal; • efetiva utilização das áreas já convertidas; e • uso alternativo a que será destinado o solo a ser desmatado. O MMA, por meio da IN nº 03, de 10 de maio de 2001, define procedimentos de conversão de uso do solo por intermédio de autorizações de desmatamento nos imóveis e propriedades rurais na Amazônia Legal. A IN MMA nº 03/01 estabelece procedimentos distintos para propriedades com até 150 ha (cento e cinqüenta hectares), para projetos de assentamento público e privado e propriedades rurais com área superior a 150 ha (cento e cinqüenta hectares). No caso de autorização de desmatamento para propriedades rurais com área superior a 150 ha, o interessado deverá protocolizar requerimento, apresentando todas as exigências constantes da IN MMA nº 03/01, bem como laudo técnico de vistoria elaborado por Engenheiros Florestais ou Agrônomos e croqui da propriedade indicando Reserva Legal, Áreas de Preservação Permanente, áreas encapoeiradas, áreas com pastagem, áreas objeto da solicitação de desmatamento, áreas disponível para uso futuro, áreas com benfeitorias, tipologias vegetais, hidrografia, sistema viário e confrontantes109. Para concessão da autorização de desmatamento é indispensável a realização de vistoria técnica nas respectivas áreas110. O artigo 12, caput da IN nº 03/01 do Ministério do Meio Ambiente, dispõe que a autorização de desmatamento terá validade de um (01) ano, contados a partir da data de sua emissão, podendo ser revalidada por igual período. Caso a autorização de desmatamento tenha seu prazo de validade vencido e ainda exista matéria-prima florestal remanescente na área autorizada, o interessado deverá protocolizar, junto ao IBAMA ou órgão conveniado no Estado, pedido para a utilização da matéria-prima residual, mediante comprovação do recolhimento do valor correspondente a uma vistoria técnica111.

107 Artigo 37-A, §4º da Lei Federal nº 4.771/65. 108 Artigo 10, §2º do Decreto Federal nº 5.975/06. 109 Artigo 9º da Instrução Normativa nº 03, de 10 de maio de 2001, Anexo IB e Anexo V. 110 Artigo 10, caput da Instrução Normativa MMA nº 03/01. 111 Artigo 12, parágrafo único da Instrução Normativa nº 03, de 10 de maio de 2001, Anexo IB e Anexo V.

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Cumpre mencionar que o aproveitamento da matéria-prima nas áreas onde houver a supressão para o uso alternativo do solo será precedido de levantamento dos volumes existentes, conforme ato normativo específico do IBAMA112. Assim, o artigo 13, caput, do Decreto Federal nº 5.975/06, dispõe que a reposição florestal é a compensação do volume de matéria-prima extraído de vegetação natural pelo volume de matéria-prima resultante de plantio florestal para geração de estoque ou recuperação de cobertura florestal. É obrigada à reposição florestal a pessoa física ou jurídica que:

“I-utiliza matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação natural; II-detenha a autorização de supressão de vegetação natural.”113

Insta ressaltar que não haverá duplicidade na exigência de reposição florestal, em caso de supressão de vegetação, para empreendimentos submetidos ao licenciamento ambiental previsto no artigo 10 da Lei Federal nº 6.938/81114, como é o caso do AHE Belo Monte. Ainda no tema de florestas, ressalte-se publicação do Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007, que dispõe sobre as ações relativas à prevenção, monitoramento e controle de desmatamento no Bioma Amazônia. O referido Decreto estabelece ações relativas à proteção de áreas ameaçadas de degradação e à racionalização do uso do solo, de forma a prevenir, monitorar e controlar o desmatamento ilegal (art. 1º). Para tanto, o MMA editará anualmente portaria com lista de Municípios situados no Bioma Amazônia, cuja identificação das áreas será realizada a partir da dinâmica histórica de desmatamento verificada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com base nos seguintes critérios (art. 2º): • área total de floresta desmatada; • área total de floresta desmatada nos últimos três anos; e • aumento da taxa de desmatamento em pelo menos três, dos últimos cinco anos.

As autorizações para novos desmatamentos em extensão superior a 5 (cinco) hectares por ano nos imóveis com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais, situados nos Municípios listados pelo MMA, conforme art. 2º do Decreto Federal, somente serão emitidas para os imóveis que possuam a certificação do georreferenciamento expedida pelo INCRA (art. 6º). No entanto, segundo o disposto no art. 8º, III, às obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia, hipótese em que se enquadra o AHE Belo Monte, não se aplica mencionada restrição para a emissão de autorização para novos desmatamentos. No âmbito estadual, a Constituição Paraense prevê no artigo 255, inciso I, que compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe zelar

112 Artigo 10, §4º do Decreto Federal nº 5.975/06. 113 Artigo 14 do Decreto Federal nº 5.975/06. 114 Artigo 16, caput, do Decreto Federal nº 5.975/06.

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pela conservação das florestas e reservas extrativistas, fomentando a restauração das áreas já degradadas ou exauridas, de acordo com as técnicas adequadas, bem como elaborar política específica para o setor. Nesse sentido, o Pará instituiu a Política Estadual de Florestas e demais formas de vegetação pela Lei nº 6.462, de 04 de julho de 2002, com a finalidade de preservar, conservar e recuperar o patrimônio de flora natural e contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico do Estado, em consonância com a Política Estadual do Meio Ambiente e na forma da Legislação Federal aplicável. Conforme o artigo 9º, caput, da Política Florestal do Pará, a pessoa jurídica deverá promover o reflorestamento de áreas alteradas, prioritariamente por meio de espécies nativas, em número sempre superior a uma única espécie visando à restauração da área, sendo que o bioma original seja utilizado como referência. A reposição florestal será efetuada exclusivamente no Estado, preferencialmente no município de origem da matéria-prima explorada (artigo 11, caput). Ademais, vale acrescentar que a Política Estadual de Florestas dispõe no artigo 33, caput, que ficam proibidos o corte e a comercialização, sob qualquer hipótese, da castanheira (bertholetia excelsa) e da seringueira (havea spp) em florestas nativas, primitivas ou regeneradas. 5.9 Área de Preservação Permanente A Lei Federal nº 4.771/65, que institui o Código Florestal, define Área de Preservação Permanente (APP) como área protegida nos termos dos artigos 2º e 3º dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. O artigo 2° do Código Florestal estabelece que são consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

“a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

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e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.”

Desta forma, importante destacar que, nos termos da alínea “a” do artigo 2º acima mencionado, a demarcação de APP deve sempre considerar o nível mais elevado do leito do corpo d’água. Portanto, para o rio Xingu, e na região onde está prevista a implantação do AHE Belo Monte, a largura da APP para o corpo hídrico em sua condição atual, isto é, sem a implementação do empreendimento hidrelétrico, é de 500 (quinhentos) metros, dado que a largura do rio é superior a 600 (seiscentos) metros, considerando-se o seu nível mais elevado. No caso de áreas urbanas, conforme o disposto no parágrafo único do artigo 2° da Lei Federal nº 4.771/65, as APPs estão compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observando-se o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites mencionados anteriormente. O artigo 3º do Código Florestal estabelece, ainda, que as florestas e demais formas de vegetação natural podem ser declaradas como área de preservação permanente, por ato do Poder Público, desde que destinadas:

“a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público.”

Outrossim, conforme dispõe o §2º do artigo 3º do Código Florestal, as florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente. O §1º do artigo 3º da Lei Federal nº 4.771/65 determina que somente será admitida supressão total ou parcial de florestas de APPs com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. Nesse sentido, é importante ressaltar que o inciso IV do §2º do artigo 1º do mesmo diploma legal, define, como de utilidade pública, as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de energia, como o AHE Belo Monte. Assim, a supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em casos de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e

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motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. Outrossim, a referida supressão de APP em caso de utilidade pública dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente. Quando tratar-se de APP situada em área urbana, a supressão dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o Município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente e fundamentada em parecer técnico (§2°, artigo 4° Lei Federal nº 4.771/65). De acordo com o Código Florestal, “o órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.” Outrossim, oportuno observar que a supressão de vegetação nativa protetora de nascentes também é possível quando se tratar de utilidade pública. Ressalta-se que o artigo 4º, §6° do Código Florestal, preceitua que na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso foram definidos pela Resolução CONAMA nº 302/02, que será abordada adiante. A Lei Federal nº 7.754, de 14 de abril de 1989, estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e considera de preservação permanente, na forma do Código Florestal, as florestas e demais formas de vegetação natural existentes nas nascentes dos rios (artigo 1º, caput). De acordo com o artigo 2º, caput, da Lei nº 7.754/89, será constituída, nas nascentes dos rios, área em forma de paralelograma, denominada Paralelograma de Cobertura Florestal, na qual são vedadas a derrubada de árvores e qualquer forma de desmatamento. As dimensões dos Paralelogramas de Cobertura Florestal serão fixadas em regulamento, levando-se em consideração a extensão e a largura dos rios cujas nascentes serão protegidas. Importante observar que o mencionado regulamento não foi publicado, portanto, inexistem medidas para o Paralelograma. Os parâmetros, definições e limites para as áreas de preservação permanente de reservatório artificial e a instituição da elaboração obrigatória de Plano Ambiental de Conservação e Uso do seu Entorno são estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002, que adota as seguintes definições:

“I - Reservatório artificial: acumulação não natural de água destinada a quaisquer de seus múltiplos usos; II - Área de Preservação Permanente: a área marginal ao redor do reservatório artificial e suas ilhas, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas;

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III - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial: conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a conservação, recuperação, o uso e ocupação do entorno do reservatório artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis; IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima normal de operação do reservatório; V - Área Urbana Consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais; 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2.”

A APP constitui área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal, sendo essa largura mínima igual a 30 (trinta) metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e 100 (cem) metros para áreas rurais (artigo 3º, inciso I da Resolução nº CONAMA 302/02). Esses limites poderão ser ampliados ou reduzidos, observando-se o patamar mínimo de 30 (trinta) metros, conforme estabelecido no licenciamento ambiental e no plano de recursos hídricos da bacia onde o reservatório se insere. No entanto, a redução do limite da APP não se aplica às áreas de ocorrência original da floresta ombrófila densa - porção amazônica, inclusive os cerradões e aos reservatórios artificiais utilizados para fins de abastecimento público, conforme prevê o artigo 3º, §3º da Resolução nº CONAMA 302/02. O §4º do artigo 3º da Resolução CONAMA nº 302/02 determina que a eventual ampliação ou redução do limite das áreas de preservação permanente deverá ser estabelecida considerando, no mínimo, os seguintes critérios:

“I - características ambientais da bacia hidrográfica; II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrográfica; III - tipologia vegetal; IV - representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da bacia hidrográfica em que está inserido, notadamente a existência de espécie ameaçada de extinção e a importância da área como corredor de biodiversidade; V - finalidade do uso da água; VI - uso e ocupação do solo no entorno; VII - o impacto ambiental causado pela implantação do reservatório e no entorno da Área de Preservação Permanente até a faixa de cem metros.”

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Assim, a variação da extensão da APP no entorno do reservatório será demarcada segundo os critérios acima mencionados. Ressalta-se que a Resolução CONAMA nº 302/02 e demais normas que tratam de limites das áreas de preservação permanente não vedam a demarcação de APP com larguras variáveis, caso esteja de acordo com critérios previstos no artigo 3º, §4º da Resolução CONAMA nº 302/02. Na hipótese de redução de APP, a ocupação urbana, mesmo com parcelamento do solo por meio de loteamento ou subdivisão em partes ideais, dentre outros mecanismos, não poderá exceder a 10% (dez por cento) dessa área, ressalvadas as benfeitorias existentes na área urbana consolidada, à época da solicitação da licença prévia ambiental. Assim, uma vez que não existe possibilidade de enquadramento do entorno em área urbana consolidada, o AHE Belo Monte não poderá criar áreas excedentes. Com base no exposto acima, verifica-se que a determinação estabelecida no TR Definitivo emitido pelo IBAMA em dezembro de 2007 para a elaboração do EIA e do RIMA para o AHE Belo Monte, no tocante ao estabelecimento da APP para o futuro empreendimento (pág. 16), está em pleno acordo com a Resolução CONAMA no 302/02, pois:

� demanda que, para o estirão do reservatório do rio Xingu, seja elaborado estudo e a conseqüente proposição, a partir de uma análise de impactos socioeconômicos e ambientais, do estabelecimento de uma APP com largura variável, com largura média de 500 (quinhentos) metros em projeção horizontal e mínima de 100 (cem) metros, excluindo-se a área urbana da cidade de Altamira, que constitui área urbana consolidada;

� para o estudo supracitado elenca uma série de diretrizes que estão em acordo com o

definido no §4º do artigo 3º da Resolução CONAMA nº 302/02, antes aqui citado; e � demanda que, para a área urbana de Altamira, sejam definidos critérios técnicos,

inclusive hidrológicos, bem como normas pertinentes, para definir a largura da APP, considerando a possibilidade de a mesma estar contida na área delimitada pela isolinha de cota altimétrica 100 (cem) metros. Isto porque os estudos de remanso realizados para a hipótese de formação do reservatório do rio Xingu a partir da implementação do AHE Belo Monte indicam que, embora esta cota, na cidade de Altamira, não seja correspondente ao Nível d´Água Máximo Normal (a partir do qual, segundo a Resolução CONAMA no 302/02 deve ser definida a largura da APP), é aquela a partir da qual, em episódios de cheias com tempos de recorrência superiores a 100 (cem) anos, não mais será percebido qualquer efeito adicional de inundação de áreas decorrente da formação do reservatório em relação à situação hoje vigente no perímetro urbano.

Importante ressaltar que, para fins de estabelecimento da Área de Preservação Permanente no entorno do reservatório do rio Xingu, deverá ser considerado a ocupação de comunidades tradicionais já existentes, bem como aquelas atingidas pelo barramento e reassentadas às margens do corpo hídrico, conforme se verá no Capítulo referente à “Reassentamento de População Ribeirinha” adiante.

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Desse modo, dever-se-á excluir da faixa de preservação permanente objeto de controle do empreendedor, aquelas áreas a serem antropizadas, tuteladas pela “Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais”, instituído pelo Decreto Federal n◦ 6.040/07, resultando uma área variável quanto a metragem a ser estabelecida, tendo por base o TR expedido pelo IBAMA (a APP, excluídas as áreas a serem ocupadas, é que constituirá faixa cuja propriedade será vinculada ao empreendedor). Há que se observar ainda, em acordo com os ditames da Resolução CONAMA no 302/02, que o empreendedor, no âmbito do procedimento de licenciamento ambiental, deve elaborar o PACUERA de reservatório artificial em conformidade com o TR expedido pelo IBAMA, para os reservatórios artificiais destinados à geração de energia. Nesses termos, compete ao IBAMA aprovar o PACUERA do reservatório artificial do AHE Belo Monte, considerando o plano de recursos hídricos, que no caso do rio Xingu não existe, sem prejuízo do procedimento de licenciamento ambiental (artigo 4º, §1º da Resolução CONAMA nº 302/02). Quanto ao momento de apresentação do PACUERA do AHE Belo Monte, a IN IBAMA nº65/05, que trata dos procedimentos para o licenciamento ambiental de Usinas Hidrelétricas, determina em seus artigos 27 e 28 que mencionado Plano deve subsidiar o requerimento da LO do empreendimento. No entanto, há que se ressaltar que, em acordo com o TR Definitivo emitido pelo órgão ambiental competente para o licenciamento ambiental do empreendimento em questão, o EIA deve apresentar uma proposta para a área de entorno dos futuros reservatórios. Ressalte-se que a aprovação do PACUERA deve ser precedida da realização de consulta pública, sob pena de nulidade do ato administrativo, na forma da Resolução CONAMA nº 09/87, naquilo que for aplicável, informando-se ao Ministério Público com antecedência de 30 (trinta) dias da respectiva data. A Resolução CONAMA nº 302/02 dispõe, ainda, que na análise do PACUERA, é ouvido o respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando houver. O Plano poderá indicar áreas para implantação de pólos turísticos e lazer no entorno do reservatório artificial, que não poderão exceder a 10% (dez por cento) da área total do seu entorno. Essas áreas somente poderão ser ocupadas se respeitadas a legislação municipal, estadual e federal, e desde que a ocupação esteja devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente (artigo 4º, §3º, § 4º e § 5º da Resolução CONAMA nº 302/02). O CONAMA, pela Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, dispõe sobre parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente e apresenta definições para sua aplicação, quais sejam:

”I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d`água perene ou intermitente; II - nascente ou olho d’água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea; III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica;

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IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade; V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol ‘`água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas; (...) X - duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta, ou não, por vegetação; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos metros de altitude; XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que localizam-se próximo ao sopé da escarpa; XIII - área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais, 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública ; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km².”

Vale atentar para o fato que o artigo 2º, inciso I da Resolução CONAMA nº 303/02, é específico ao definir “nível mais alto” para efeito de demarcação de área de preservação permanente de forma variável, relacionada à sazonalidade. De acordo com o artigo 3º da Resolução nº 303/02 constitui APP a área situada:

“I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima, de: a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura; b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de largura; c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de largura;

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d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de largura; e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de largura; II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte; III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de: a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas; b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros; IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado; V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base; VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros; VII - em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive; VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa; IX - nas restingas: a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar máxima; b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues; X - em manguezal, em toda a sua extensão; XI - em duna; XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não tenham tais elevações, à critério do órgão ambiental competente; XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias; XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal; XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre. Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos cumes estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a Área de Preservação Permanente abrangerá o conjunto de morros ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor altura do conjunto, aplicando-se o que segue: I - agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até quinhentos metros entre seus topos; II - identifica-se o menor morro ou montanha;

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III - traça-se uma linha na curva de nível correspondente a dois terços deste; e IV - considera-se de preservação permanente toda a área acima deste nível.”

Os casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APP, são regulamentados pela Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006. A norma mencionada trata dos casos excepcionais em que o órgão ambiental competente poderá autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, como é o caso do AHE Belo Monte, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental. O artigo 1º, §3º da Resolução nº 369/06 estabelece que a autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascente, assim definida no artigo 3º, inciso II da Resolução CONAMA nº 303/02, fica condicionada à outorga do direito de uso de recurso hídrico, conforme o disposto no artigo 12 da Lei Federal nº 9.433/97. Relevante destacar o disposto no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 369/06, a saber:

“Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes casos: I - utilidade pública: (...) b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia;”

A mencionada intervenção ou supressão de vegetação em área de preservação permanente, para projetos de utilidade pública, somente poderá ser autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:

“I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos propostos; II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água; III - averbação da Área de Reserva Legal; e IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou movimentos acidentais de massa rochosa.”

A Resolução CONAMA nº 369/06 dispõe, ainda, em seu artigo 4º, caput, em conformidade com o já previsto pelo Código Florestal, que toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo administrativo próprio, nos termos previstos nesta resolução, no âmbito do processo de licenciamento ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis.

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Da mesma forma, a intervenção ou supressão de vegetação em APP de que trata o caput do artigo 4º dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal (IBAMA) ou municipal de meio ambiente (artigo 4º, §1º da Resolução CONAMA nº 369/06). Ademais, a intervenção ou supressão de vegetação em APP situada em área urbana dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o Município possua Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas. Para os Municípios com menos de 20.000 (vinte mil) habitantes. Nestes casos, deverá haver anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada em parecer técnico. Conforme o artigo 5º, caput, da Resolução CONAMA nº 369/06, o órgão ambiental competente estabelecerá, previamente à emissão da autorização para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, que deverão ser adotadas pelo requerente. Para empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental, as medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, serão definidas no âmbito do referido processo de licenciamento, sem prejuízo, quando for o caso, do cumprimento das disposições do artigo 36, da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (SNUC), que trata de compensação ambiental. Com efeito, nos termos do artigo 5º, §2º da Resolução CONAMA nº 369/06, as medidas de caráter compensatório consistem na efetiva recuperação ou recomposição de APP e deverão ocorrer na mesma sub-bacia hidrográfica, e prioritariamente na área de influência do empreendimento ou nas cabeceiras dos rios. Ademais, independe de autorização do Poder Público o plantio de espécies nativas com a finalidade de recuperação de APP, respeitadas as obrigações acordadas, se existentes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis Em virtude de o AHE Belo Monte estar sujeito à elaboração de EIA e RIMA, o empreendedor deverá apresentar, até o dia 31 de março de cada ano, relatório anual detalhado, com a delimitação georreferenciada das APP’s, com comprovação do cumprimento das obrigações estabelecidas em cada licença ou autorização expedida. Importante ressaltar que de acordo o artigo 16, caput, da Resolução CONAMA nº 369/06, as exigências e deveres previstos nessa Resolução são caracterizados como obrigações de relevante interesse ambiental. A Constituição paraense prevê que compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe zelar pelas áreas de preservação dos corpos aquáticos, principalmente, as nascentes, inclusive os olhos d’água, cuja ocupação só se fará na forma da lei, mediante estudos de impactos ambientais. Nesse sentido, a Lei Estadual nº 5.630, de 20 de dezembro de 1990 estabelece normas para a preservação de áreas dos corpos aquáticos, principalmente as nascentes, inclusive os "olhos d’água", que deverão ser asseguradas por meio do plantio ou manutenção de mata ciliar, cuja largura mínima será estabelecida na legislação florestal brasileira, podendo o órgão de controle ambiental do Pará (SEMA) fixar larguras maiores, se o exame do caso assim o recomendar.

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Consoante o artigo 7º, caput, da Lei Estadual nº 5.630/90, não será permitido o exercício de atividades causadoras de sensível degradação de qualidade ambiental, nas áreas de preservação dos corpos aquáticos, em especial as atividades garimpeiras e a extração vegetal. A Lei Estadual nº 5.864, de 21 de novembro de 1994, que também dispõe sobre APP, assim consideradas as florestas e demais formas de vegetação natural situadas nas nascentes e ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água" qualquer que seja a sua situação topográfica no raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de largura, estabelece no artigo 2º, caput, que “a execução de obras, planos, atividades ou projetos de interesses público ou privado nessas áreas de preservação só serão permitidos mediante prévio estudo de impacto ambiental do órgão público estadual competente.” Apesar de esse dispositivo propiciar interpretação dúbia, é evidente que se trata de equívoco textual, vez que compete ao empreendedor realizar referido estudo de impacto ambiental para execução de obras de interesse público ou privado em APP. A Política de Meio Ambiente do Pará (Lei Estadual nº 5.887/95) estabelece no artigo 45, inciso II, que a faixa marginal de proteção de reservatórios de Usinas Hidrelétricas deve ser dotada de floresta plantada com essências nativas. Ademais, a Política Ambiental do Estado define como espaços territoriais especialmente protegidos aqueles necessários à preservação ou conservação dos ecossistemas representativos do Pará, dentre os quais estão previstas as áreas de preservação permanente previstas na legislação federal. A Lei Estadual nº 6.462, de 04 de julho de 2002, dispõe acerca da Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação, e define, no artigo 13, como espaços territoriais especialmente protegidos, florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente previstas no Código Florestal. De acordo com o artigo 14, caput, da Lei Estadual nº 6.462/02, o órgão competente pode licenciar o uso das florestas e demais formas de vegetação natural de preservação previsto no Código Florestal, quando comprovado o interesse público ou social. Outrossim, a Lei Estadual nº 6.381, de 25 de julho de 2001, que trata da Política paraense de Recursos Hídricos, prevê no artigo 3º, §2º, inciso II, que o Estado realizará programas integrados com os Municípios, mediante convênios de mútua cooperação, assistência técnica e econômico-financeira, com vistas à proteção e conservação das áreas de preservação permanente obrigatórias, além daquelas consideradas de risco aos múltiplos usos dos recursos hídricos. 5.10 Reserva Legal A reserva legal é definida pelo Código Florestal como área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. O artigo 16 da Lei Federal nº 4.771/65 dispõe que florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em APP, assim como aquelas não sujeitas ao regime de

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utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

• 80% (oitenta por cento) na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal;

• 35% (trinta e cinco por cento) na propriedade rural situada em área de cerrado

localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo 20% (vinte por cento) na propriedade e 15% (quinze por cento) na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia hidrográfica.

A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos, sem prejuízo das demais legislações específicas (§2º do artigo 16 do Código Florestal). A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:

“I - o plano de bacia hidrográfica; II - o plano diretor municipal; III - o zoneamento ecológico-econômico; IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida.”

A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. O artigo 16, §10 da Lei Federal nº 4.771/65, determina que na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada, ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior às anteriormente mencionadas e estabelecidas no artigo 16, deverá adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:

“I-recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; II-conduzir a regeneração natural da reserva legal; e III-compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja

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localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento.”

Importa mencionar que o proprietário rural poderá ser desonerado dessas obrigações mediante doação ao órgão ambiental competente de área localizada no interior de unidade de conservação de domínio público, pendente de regularização fundiária, respeitados os critérios previstos no inciso III acima transcrito. O Decreto Federal nº 5.975, de 30 de novembro de 2006, que regulamenta dispositivos do Código Florestal, dispõe no artigo 10, caput, que a exploração de florestas e formações sucessoras que implique supressão a corte raso de vegetação arbórea natural somente será permitida mediante autorização de supressão para o uso alternativo do solo expedida pelo órgão competente do SISNAMA. O uso alternativo do solo, nos termos desse Decreto, é entendido como a substituição de florestas e formações sucessoras por outras coberturas do solo, tais como projetos de geração e transmissão de energia, como é o caso do AHE Belo Monte. O artigo 10, §2º do Decreto Federal nº 5.975/06, determina que o requerimento de autorização de supressão será disciplinado em norma específica pelo órgão ambiental competente, devendo indicar, no mínimo, informações quanto à localização georreferenciada do imóvel, das áreas de preservação permanente e de reserva legal, informações estas dispensáveis para pequenos proprietários rurais. A Resolução CONAMA nº 369/06, que trata dos casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em APP, dispõe no artigo 3º, inciso III, que a supressão de vegetação em área de preservação permanente para projetos de utilidade pública somente será autorizada quando o requerente, entre outras exigências, comprovar a averbação da reserva legal. Em nível estadual, a Política de Florestas do Pará (Lei Estadual nº 6.462/02) define que espaços territoriais especialmente protegidos são as florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente previstas no Código Florestal e as unidades de conservação da natureza (artigo 13, caput). No entanto, o artigo 16, inciso II, letra “d”, classifica as reservas legais como unidades de conservação da natureza da categoria de desenvolvimento sustentável, “definidas na Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000” (sic). Importante observar que, nos termos do artigo 14 da Lei Federal nº 9.985/00, a reserva legal não se enquadra em nenhuma das categorias de Unidades de Conservação, não estando sujeita, portanto, ao regime legal disposto na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. O artigo 17, caput, da Lei Estadual nº 6.462/02, menciona que as florestas de domínio privado não sujeitas à preservação permanente são suscetíveis de utilização, obedecidas às restrições previstas em lei. Os proprietários manterão as reservas legais em conformidade com a Lei Federal e/ou a critério do zoneamento ecológico-econômico definido pelo Estado do Pará. A referida Lei Estadual prevê que no cômputo da reserva legal estarão inseridas áreas de preservação permanente e cobertura florestal com vegetação nativa, quando estas áreas

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representarem percentual significativo em relação à área total da propriedade (§1º e §4º do artigo 17). Ademais, a Política Estadual de Florestas estabelece que o processo de licenciamento ambiental de atividades que provoquem alteração da cobertura vegetal natural, considerará, nos termos do artigo 21, inciso VIII, a reserva legal em percentual previsto em Lei Federal. É relevante observar que as propriedades rurais localizadas na Amazônia Legal, região prevista para ser instalado o AHE Belo Monte, devem manter, já no cenário atual, a título de Reserva Legal, o mínimo de 80% (oitenta por cento) da área destinada ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas, excetuadas as áreas de preservação permanente. 5.11 Legislação Aplicável à Exploração de Recursos Minerais A Constituição Federal dispõe em seu artigo 20, incisos VIII e IX, que os potenciais de energia hidráulica e os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são de domínio da União. Outrossim, segundo disposto no artigo 21, inciso XII, alínea “b”, compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos, não estabelecendo entre os bens prioridade de exploração. O Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) é a autarquia encarregada de gerir e fiscalizar as atividades de mineração em todo o território nacional, objetivando aproveitamento racional do solo e dos recursos minerais, de forma ordenada e sustentável. A atividade mineraria está regulamentada pelo Decreto-Lei nº 227, de 27 de fevereiro de 1967, que institui o Código de Mineração. Referido decreto considera jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil que tenha valor econômico, e mina, por sua vez, a jazida em lavra, ainda que suspensa (artigo 4º). O aproveitamento dessas jazidas, conforme o artigo 7º do Decreto-Lei nº 227/67, depende de alvará de autorização de pesquisa, emitido pelo Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo MME. Nesse sentido, a habilitação ao aproveitamento de substâncias minerais pelo regime de licenciamento depende da obtenção, pelo interessado, de licença específica, expedida pela autoridade administrativa local, no município de situação da jazida, e da efetivação do respectivo registro no DNPM, mediante requerimento que será instruído e processado na forma estabelecida em portaria de Diretor-Geral do mesmo órgão.115 Deste modo, conforme já colocado, a autorização de pesquisa é obtida mediante requerimento do interessado ao Diretor-Geral do DNPM com a respectiva justificativa de intenções, previsão orçamentária e disponibilidade estimada de recursos, desconsiderando aí o valor a

115 Parágrafo 1º do artigo 8º do Decreto-Lei nº 227/67.

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ser pago como indenização ao proprietário ou posseiro pela área a ser explorada e pelos danos que nela ocorrerão116[2]. Cumpre ressaltar que a área pretendida para a exploração mineraria não será considerada livre quando a mesma for objeto de pedido anterior de registro de licença, ou estiver vinculada a licença, cujo registro venha a ser requerido dentro do prazo de trinta dias de sua expedição117. Assim, estando o AHE Belo Monte sob licenciamento junto ao IBAMA, órgão federal, e não havendo prioridade para exploração entre recursos hídricos e minerários na Constituição Federal, conforme já mencionado, não há possibilidade de se reivindicar registro de licença para exploração mineraria na Área Diretamente Afetada do empreendimento. 5.12 Recursos Hídricos A Constituição Federal Brasileira de 1988 determina que são bens da União os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, bem como os potenciais de energia hidráulica118. De acordo com o artigo 21 da Constituição Federal, compete à União explorar diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos119. Os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União. O aproveitamento dos potenciais somente poderá ser efetuado mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis pátrias e que tenha sua sede e administração no Brasil120. O Código de Águas, instituído pelo Decreto Federal n° 24.643, de 10 de julho de 1934, considera de utilidade pública, e dependente de concessão, os aproveitamentos de quedas d’água e outras fontes de energia hidráulica de potência superior a 150 kWs e os aproveitamentos que se destinam a serviços de utilidade pública federal, estadual ou municipal ao comércio de energia, seja qual for a potência (artigo 140, “a” e “b”). Em todos os aproveitamentos de energia hidráulica serão satisfeitas exigências acautelatórias para os seguintes interesses gerais: • alimentação e das necessidades das populações ribeirinhas; • salubridade pública; • navegação; • irrigação;

116[2] Artigos 15 e 16 do Decreto-Lei nº 227/67. 117 Artigo 18, III do Decreto-Lei nº 227/67. 118 Artigo 20, incisos III e VIII da Constituição Federal. 119 Artigo 21, inciso XII, “b”, da Constituição Federal. 120 Artigo 176, caput e §1º da Constituição Federal.

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• proteção contra as inundações;

• conservação e livre circulação do peixe; • escoamento e rejeição das águas.121 Ainda nos termos do Código de Águas, para explorar a concessão o concessionário terá os seguintes direitos:

“a) utilizar os terrenos de domínio público e estabelecer as servidões nos mesmos e através das estradas, caminhos e vias públicas, com sujeição aos regulamentos administrativos; b) desapropriar nos prédios particulares e nas autorizações preexistentes os bens, inclusive as águas particulares sobre que verse a concessão e os direitos que forem necessários, de acordo com a lei que regula a desapropriação por utilidade pública, ficando a seu cargo a liquidação e pagamento das indenizações; c) estabelecer as servidões permanentes ou temporárias exigidas para as obras hidráulicas e para o transporte em distribuição da energia elétrica; d) construir estradas de ferro, rodovias, linhas telefônicas ou telegráficas, sem prejuízo de terceiros, para uso exclusivo da exploração; e) estabelecer linhas de transmissão e de distribuição”122.

O artigo 157 do Código de Águas preceitua que as concessões para produção, transmissão e distribuição da energia hidrelétrica, para quaisquer fins, serão dadas pelo prazo normal de 30 (trinta) anos. Excepcionalmente, se as obras e instalações, pelo seu vulto, não comportarem amortização do capital nesse prazo, com o fornecimento de energia por preço razoável, a juízo do Governo, ouvidos os órgãos técnicos e administrativos competentes, a concessão poderá ser outorgada por prazo superior, não excedente, porém, a 50 (cinqüenta) anos. A Lei das Águas, como é conhecida a Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), importante marco na gestão dos recursos hídricos no Brasil, que estabelece como instrumentos (artigo 5º):

“I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios;”

Os Planos de Recursos Hídricos são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a implementação da Política de Recursos Hídricos e o gerenciamento das águas123. Os Planos serão elaborados por bacia hidrográfica, por Estado e para o país124.

121 Artigo 143 do Decreto Federal n° 24.643/34. 122 Artigo 151 do Decreto Federal n° 24.643/34. 123 Artigo 6º, caput, da Lei Federal nº 9.433/97. 124 Artigo 8º, caput, da Lei Federal nº 9.433/97.

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O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, visa assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes125. A PNRH estabelece o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, com objetivos de assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água126. Importante mencionar que o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos está sujeito a outorga pelo Poder Público, nos termos do artigo 12, inciso IV, da Lei Federal nº 9.433/97. A outorga e a utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica estará subordinada ao PNRH, aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), obedecida a disciplina da legislação setorial específica127. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, bem como deverá preservar o uso múltiplo dos recursos hídricos128. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a 35 (trinta e cinco) anos, renovável129. Por sua vez, a cobrança pelo uso de recursos hídricos, outro instrumento da PNRH, objetiva reconhecer a água como bem econômico, incentivar a racionalização de seu uso e obter recursos financeiros para financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos130. De acordo com o artigo 20, caput, da PNRH, serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga, dentre os quais está previsto o aproveitamento dos potenciais hidrelétricos. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), criado pela Lei Federal nº 9.433/97, tem por desígnio coordenar a gestão integrada das águas, arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos, implementar a PNRH, planejar, regular, controlar o uso, preservação, recuperação dos recursos hídricos e promover a cobrança por estes. O mencionado Sistema é composto pelos seguintes órgãos:

“I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; I-A – a Agência Nacional de Águas; II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;

125 Artigo 9º, incisos I e II da Lei Federal nº 9.433/97. 126 Artigo 11, caput, da Lei Federal nº 9.433/97. 127 Artigo 11, §2º, da Lei Federal nº 9.433/97. 128 Artigo 13 da Lei Federal nº 9.433/97. 129 Artigo 16, caput da Lei Federal nº 9.433/97. 130 Artigo 19 da Lei Federal nº 9.433/97.

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IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V – as Agências de Água”131.

O CNRH é a instância superior do SNGRH, Presidido pelo MMA e composto por representantes de Ministérios e Secretarias Especiais da Presidência da República, Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos - inclusive do Pará -, usuários de recursos hídricos (irrigantes; indústrias; concessionárias e autorizadas de geração de energia hidrelétrica; pescadores e usuários da água para lazer e turismo; prestadoras de serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário; e hidroviários); e por representantes de organizações civis de recursos hídricos (consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa, com interesse na área de recursos hídricos; e organizações não-governamentais), no total de 57 (cinqüenta e sete) conselheiros. De acordo com a Lei das Águas, o Conselho é competente para: • deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões

extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados; • aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios

gerais para a elaboração de seus regimentos; • acompanhar a execução e aprovar o PNRH e determinar as providências necessárias ao

cumprimento de suas metas; • estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para a

cobrança por seu uso.”132 Vale acrescentar, ainda, que o CNRH, órgão consultivo e deliberativo, é regulamentado pelo Decreto Federal nº 4.613, de 11 de março de 2003. De acordo com artigo 1º, inciso III desse Decreto, o CNRH tem por competência deliberar sobre projetos de aproveitamento de recursos hídricos, cujas repercussões extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados. O CNRH, pela Resolução nº 32, de 15 de outubro de 2003, instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional com a finalidade de orientar, fundamentar e implantar o PNRH. De acordo com anexo II dessa Resolução, o rio Xingu encontra-se localizado na Região Hidrográfica Amazônica133. Os Comitês de Bacia Hidrográfica constituem-se na base do Sistema de Gerenciamento, e sua criação formal depende de autorização do CNRH. Conforme o artigo 38 da PNRH compete aos Comitês:

131 Artigo 33 da Lei Federal nº 9.433/97. 132 Artigo 35, incisos III, VII, IX e X da Lei Federal nº 9.433/97. 133 A Região Hidrográfica Amazônica é constituída pela bacia hidrográfica do rio Amazonas situada no território nacional e também pelas bacias hidrográficas dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias hidrográficas dos rios situados no Estado do Amapá que deságuam no Atlântico Norte.

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“I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes; II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos; III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia; VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados;”

Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação a totalidade de uma bacia hidrográfica, a sub-bacia hidrográfica de tributário do curso d’água principal ou grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas134. Importa ressaltar que a instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União é efetivada por ato do Presidente da República, após aprovação do CNRH. Os Comitês são órgãos colegiados que, contando com a participação dos usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos municipais, estaduais e federal, são destinados a atuar como “parlamentos das águas”, posto que são os fóruns de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica. De acordo com o artigo 39, §3º da Lei Federal nº 9.433/97, nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam Terras Indígenas devem ser incluídos representantes da FUNAI como parte da representação da União e das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia. Conforme informação disponibilizada no SNRH, o rio Xingu, rio federal, não conta com Comitê de Bacia Hidrográfica instituído135. As Agências de Água, que também constituem órgão do SNGRH, exercem função de secretaria executiva do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica, estando sua criação condicionada à prévia existência do Comitê e assegurada sua viabilidade financeira pela cobrança do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação136. De acordo com o artigo 44 da PNRH, compete às Agências de Água:

“(...) III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos hídricos; (...) V - acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação; (...) X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica:

134 Artigo 37, parágrafo único da Lei Federal nº 9.433/97. 135 Ministério de Meio Ambiente. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Comitês de Bacias Hidrográficas – Rios Federais. Disponível: http://www.mma.gov.br/port/srh/sistema/comitfed.html. Acesso em 04/04/2008, às 10hs34min. 136 Artigos 41, caput e 43, caput da Lei Federal nº 9.433/97.

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a) o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio destes; b) os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos; c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos;”

Ademais, as Agências de Água em rios de domínio da União deverão ser estabelecidas por Lei específica. A Agência Nacional de Águas (ANA), criada pela Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000, é autarquia sob regime especial, com autonomia administrativa e financeira, vinculada ao MMA, com a finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a PNRH, integrando o SNGRH. A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da PNRH e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do SGNRH, cabendo-lhe137: • outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos

de água de domínio da União; • estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica; • implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo uso

de recursos hídricos de domínio da União; • arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança pelo uso de

recursos hídricos de domínio da União; • definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios por agentes públicos e

privados, visando a garantir o uso múltiplo dos recursos hídricos, conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos das respectivas bacias hidrográficas;

Nas outorgas de direito de uso de recursos hídricos de domínio da União para concessionárias e autorizadas de serviços públicos e geração de energia hidrelétrica, os prazos serão coincidentes com os dos correspondentes contratos de concessão ou atos administrativos de autorização138. De acordo com o artigo 6º da Lei Federal nº 9.984/00, a ANA poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos, com finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos. Insta observar que a outorga preventiva não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando aos investidores o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. O prazo de validade dessa outorga será fixado levando-se em conta a complexidade do planejamento do empreendimento, limitando-se ao máximo de 03 (três) anos. 137 Artigo 4º da Lei Federal nº 9.984/00. 138 Artigo 5º, §2 º da Lei Federal nº 9.984/00.

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Para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica em corpo de água de domínio da União, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deverá promover, junto à ANA, prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade hídrica. A declaração de reserva de disponibilidade hídrica será transformada automaticamente, pelo respectivo poder outorgante, em outorga de direito de uso de recursos hídricos à instituição ou empresa que receber da ANEEL a concessão ou a autorização de uso do potencial de energia hidráulica (artigo 7o, caput e §2o da Lei Federal nº 9.984/00). O CNRH, por meio da Resolução CNRH n° 16, de 08 de maio de 2001, define outorga de direito de uso de recursos hídricos como “ato administrativo mediante o qual a autoridade outorgante faculta ao outorgado previamente ou mediante o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato, consideradas as legislações específicas vigentes”139. O artigo 4º, inciso IV da Resolução CNRH n° 16/01, reitera que o uso para fins de aproveitamento de potenciais hidrelétricos estará sujeito à outorga, que, por sua vez, vigorará por prazo coincidente com o do correspondente contrato de concessão de geração de energia elétrica140. A autoridade outorgante poderá emitir outorgas preventivas de uso de recursos hídricos mediante requerimento, com finalidade de declarar a disponibilidade de água para os usos requeridos, destinando a reservar a vazão passível de outorga, possibilitando, aos investidores, o planejamento de empreendimentos que necessitem desses recursos. Ainda, estabelece a Resolução CNRH, que outorga preventiva deverá observar as prioridades estabelecidas nos PNRHs e os prazos requeridos no procedimento de licenciamento ambiental141. O artigo 11, caput, da Resolução CNRH n° 16/01, dispõe que “para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deverá promover, junto à autoridade outorgante competente, a prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade hídrica”. A emissão da outorga obedecerá, no mínimo, às seguintes prioridades (artigo 13):

“I - o interesse público; II - a data da protocolização do requerimento, ressalvada a complexidade de análise do uso ou interferência pleiteados e a necessidade de complementação de informações.”

Conforme o artigo 20 da Resolução n° 16/01 do CNRH, o ato administrativo da outorga deverá constar, no mínimo, as seguintes informações: • identificação do outorgado; • localização geográfica e hidrográfica, quantidade, e finalidade a que se destinem as águas; • prazo de vigência;

139 Artigo 1° da Resolução CNRH n° 16/01. 140 Artigo 6º, §4º da Resolução CNRH n ° 16/01. 141 Artigo 7º, § 3º da Resolução CNRH n ° 16/01.

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• obrigação, nos termos da legislação, de recolher os valores da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, quando exigível, que será definida mediante regulamento específico;

• condição em que a outorga poderá cessar seus efeitos legais, observada a legislação

pertinente, e situações ou circunstâncias em que poderá ocorrer a suspensão da outorga. As outorgas expedidas serão publicadas no Diário Oficial da União ou do Estado, conforme o caso, na forma de extrato, no qual deverão constar, no mínimo, as informações acima transcritas. Insta ressaltar que o ato administrativo de outorga não exime o outorgado do cumprimento da legislação ambiental pertinente ou das exigências que venham a ser feitas por outros órgãos e entidades competentes142. O CNRH, pela Resolução nº65, de 07 de dezembro de 2006, estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental. Essa articulação visa o compartilhamento de informações e compatibilização de procedimentos de análise e decisão, em suas esferas de competência. O artigo 4º da Resolução CNRH nº65/06 dispõe que a manifestação prévia, assim definida como todo ato administrativo emitido pela autoridade outorgante competente, inserido no procedimento de obtenção da outorga de direito de uso dos recursos hídricos143, que corresponda à outorga preventiva ou à declaração de disponibilidade hídrica, deve ser apresentada ao órgão ambiental licenciador para obtenção da LP. Nesse sentido, a IN IBAMA nº 65/05, que estabelece, no âmbito do Instituto, os procedimentos para o licenciamento de Usinas Hidrelétricas consideradas de significativo impacto ambiental, alude em artigo 37, caput, que deverá ser apresentada pelo empreendedor, durante a análise de viabilidade ambiental do empreendimento, fase que antecede a concessão de LP, a declaração de disponibilidade de água para a utilização dos recursos hídricos. Importa ressaltar que a outorga definitiva de direito de uso de recursos hídricos deverá ser apresentada no momento do envio do Projeto Básico Ambiental, que, conforme artigos 18 e 19 da IN IBAMA nº 65/05, deverá subsidiar a concessão da LI do AHE Belo Monte. Os procedimentos referentes à emissão de declaração de reserva de disponibilidade hídrica e de outorga de direito de uso de recursos hídricos, para uso de potencial de energia hidráulica superior a 1 MW em corpo de água de domínio da União, são tratados pela Resolução ANA nº 131, de 11 de março de 2003. Para licitar a concessão ou autorizar o uso do potencial de energia hidráulica em corpo d’água de domínio da União, a ANEEL deverá promover, junto à ANA, prévia obtenção de declaração de reserva de disponibilidade hídrica144. A ANA considerará em sua avaliação (artigo 4º):

142 Artigo 30, caput da Resolução CNRH n° 16/01. 143 Artigo3º, inciso I da Resolução CNRH nº 65/06. 144 Artigo 1º, caput da Resolução ANA nº 131/03.

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“I - os usos atual e planejado dos recursos hídricos na bacia hidrográfica, cujo impacto se dá predominantemente na escala da bacia; e II - o potencial benefício do empreendimento hidrelétrico, cujo impacto se dá preponderantemente na escala nacional.”

Importa observar que, também nos termos da Resolução ANA nº 131/03, a declaração de reserva de disponibilidade hídrica não confere direito de uso de recursos hídricos e se destina, unicamente, a reservar a quantidade de água necessária à viabilidade do empreendimento hidrelétrico. Ademais, a declaração será concedida pelo prazo de até 03 (três) anos, podendo ser renovada por igual período, a critério da ANA, mediante solicitação da ANEEL145. O artigo 6º da Resolução ANA nº 131/03 estabelece que a ANA transformará automaticamente a declaração de reserva de disponibilidade hídrica em outorga de direito de uso de recurso hídrico tão logo receba da ANEEL a cópia do contrato de concessão ou do ato administrativo de autorização para exploração de potencial de energia hidráulica localizado em rios de domínio da União. Portanto, tem-se que a ANEEL deve apresentar à ANA outorga preventiva ou declaração de disponibilidade hídrica do rio Xingu, para o AHE Belo Monte, com a finalidade de subsidiar a concessão da LP do empreendimento. As diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos de água de domínio dos Estados ou da União são formuladas pela Resolução CNRH nº 37, de 26 de março de 2004, que traz as seguintes definições:

“I - barragem: estrutura construída transversalmente em um corpo de água, dotada de mecanismos de controle com a finalidade de obter a elevação do seu nível de água ou de criar um reservatório de acumulação de água ou de regularização de vazões; II - reservatório: acumulação não natural de água destinada a quaisquer de seus usos múltiplos; III - vazão de restrição: vazão que expressa os limites estabelecidos para que haja o atendimento satisfatório aos múltiplos usos dos recursos hídricos e que orienta a operação do reservatório; IV - plano de contingência: conjunto de ações e procedimentos que define as medidas que visam a continuidade do atendimento aos usos múltiplos outorgados, observando as vazões de restrição; V - plano de ação de emergência: documento que contém os procedimentos para atuação em situações de emergência, bem como os mapas de inundação com indicação do alcance de ondas de cheia e respectivos tempos de chegada, resultantes da ruptura da barragem; VI - manifestação setorial: ato administrativo emitido pelo setor governamental competente; e VII - declaração de reserva de disponibilidade hídrica: ato administrativo a ser requerido para licitar a concessão ou autorizar o uso de potencial de energia hidráulica, nos termos previstos no art. 7º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000.”146

145 Artigo 15 da Resolução ANA nº 131/03. 146 Artigo 2º da pela Resolução CNRH nº 37/04.

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O empreendedor, na fase inicial de planejamento do empreendimento, deverá solicitar à ANA a relação de documentos e o conteúdo dos estudos técnicos exigíveis para análise do requerimento de outorga de recursos hídricos (artigo 3º, caput da Resolução CNRH nº 37/04). A ANA definirá o conteúdo dos estudos técnicos, considerando as fases de planejamento, projeto, construção e operação do empreendimento, formulando termo de referência que considere as características hidrológicas da bacia hidrográfica, porte da barragem, a finalidade da obra e do uso do recurso hídrico. O artigo 3º, §4º da Resolução CNRH nº 37/04, dispõe que a ANA indicará ao interessado a necessidade e o momento da apresentação dos documentos no procedimento de outorga, entre os quais, quando for o caso: • das licenças ambientais; • das manifestações setoriais; e • dos planos de ação de emergência do empreendimento. A ANA, ao avaliar os estudos técnicos, observará, no âmbito da bacia hidrográfica, entre outros:

“I - se os estudos foram elaborados segundo o conteúdo estabelecido no termo de referência e se estão adequados ao porte do empreendimento; II - a disponibilidade hídrica para atendimento aos usos previstos para o empreendimento, considerando-se as demandas hídricas atuais e futuras, observados os planos de recursos hídricos e as legislações pertinentes; III - as possíveis alterações nos regimes hidrológico e hidrogeológico e nos parâmetros de qualidade e quantidade dos corpos de água decorrentes da operação das estruturas hidráulicas; e IV - as alternativas a serem implementadas para que os demais usos ou interferências, outorgados ou cadastrados como acumulações, captações, derivações ou lançamentos considerados insignificantes, na área de inundação do reservatório, não sejam prejudicados pela implantação da barragem.”147

As regras de operação dos reservatórios, o plano de ação de emergência e o plano de contingência poderão ser reavaliados pela ANA, considerando-se os usos múltiplos, os riscos decorrentes de acidentes e os eventos hidrológicos críticos (artigo 6º, caput da Resolução CNRH nº 37/04). O empreendedor deverá implantar e manter monitoramento do reservatório (montante e jusante), encaminhando à ANA os dados observados ou medidos, na forma definida no ato de outorga148, além de ser responsável pelos aspectos relacionados à segurança da barragem. Com efeito, o PNRH, aprovado pela Resolução CNRH nº 58, de 30 de janeiro de 2006, menciona, no Caderno Setorial de Recursos Hídricos – Geração de Energia Hidrelétrica, que a Região Hidrográfica Amazônica tem inventariados grandes aproveitamentos hidráulicos para geração de energia. 147 Artigo 5º da Resolução CNRH nº 37/04. 148 Artigo 7º da Resolução CNRH nº 37/04.

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Dentre os aproveitamentos merece destaque o AHE Belo Monte, considerada obra estratégica149 pelo Setor Elétrico brasileiro, por proporcionar a integração entre bacias hidrográficas com diferentes regimes hidrológicos, resultando em ganho de energia garantida no Sistema Interligado Nacional (SIN)150. No que tange à gestão ambiental de empreendimentos hidrelétricos, o PNRH identifica significativa evolução nessa matéria, pois os empreendimentos implantados na última década incorporaram a mitigação dos impactos e a compensação dos danos provocados no processo de construção, levando a previsões mais adequadas dos impactos e à viabilização de ações que, em tempo hábil, trouxeram o equacionamento dos efeitos previstos. Outrossim, considerando a necessidade de serem criados instrumentos para avaliar a evolução da qualidade das águas em relação aos níveis estabelecidos para a balneabilidade, de forma a assegurar as condições necessárias à recreação de contato primário, o CONAMA aprovou a Resolução nº 274, de 29 de novembro de 2000, com objetivo de revisar os critérios de balneabilidade em águas brasileiras. De acordo com o artigo 12, caput, da Resolução CONAMA nº 274/00, a União, Estados e Municípios articular-se-ão entre si e com a sociedade para definir e implementar ações decorrentes dessa Resolução, prevendo que compete aos órgãos de controle ambiental manterem o IBAMA informado sobre as condições de balneabilidade dos corpos de água. A classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como o estabelecimento de condições e padrões de lançamento de efluentes, são regulamentados pela Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos definidos pelo CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e será definido pelos usos preponderantes mais restritivos da água, atuais ou pretendidos151. Conforme informações do CNHR e da ANA152 o rio Xingu não possui enquadramento definido, portanto, é classificado como classe 02, de acordo com o artigo 42 da Resolução CONAMA nº357/05, a saber: “enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2” De acordo com o artigo 4º, inciso III da Resolução CONAMA nº357/05, as águas doces de classe 2 podem ser destinadas:

“a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas;

149 Caderno Setorial de recursos hídricos: geração de energia hidrelétrica / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília: MMA, 2006. 150 Sistema Interligado Nacional (SIN): com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O SIN é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontram-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica. 151 Artigo 38, §1º da Resolução CONAMA nº 357/05. 152 Informação obtida junto à Dra. Eldes Camargo, da Procuradoria da ANA, em 17.10.07, às 11hs35min.

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c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000153; d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e e) à aqüicultura e à atividade de pesca.”154

Insta mencionar que o Poder Público poderá, a qualquer momento, acrescentar outras condições e padrões de qualidade, além dos previstos na Resolução CONAMA nº 357/05, para um determinado corpo de água, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica. O Poder Público poderá estabelecer restrições e medidas adicionais, de caráter excepcional e temporário, quando a vazão do corpo de água estiver abaixo da vazão de referência155. As águas doces classe 2 observarão as seguintes condições de qualidade, que também são previstas para águas classe 1 (artigo 14, inciso I da Resolução CONAMA nº 357/05):

“a) não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela realização de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro método cientificamente reconhecido. b) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes; c) óleos e graxas: virtualmente ausentes; d) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes; e) corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes; f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes; g) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. Coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; h) DBO156 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2; i) OD157, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2; j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez (UNT); l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em mg Pt/L; e m) pH: 6,0 a 9,0.”158

Os padrões de qualidade de água de rio classe 1 e 2 estão discriminados no artigo 14, inciso II da Resolução CONAMA nº 357/05. Conforme o inciso III desse artigo, nas águas doces onde ocorrer pesca, além dos padrões estabelecidos no inciso II anteriormente transcrito, aplicam-se outros padrões em substituição ou adicionalmente.

153 A Resolução CONAMA nº 274/00 revisa os critérios de Balneabilidade em Águas Brasileiras. 154 Artigo 4º, inciso III da Resolução CONAMA nº 357/05. 155 Artigos 11 e 12 da Resolução CONAMA nº 357/05. 156 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). 157 Oxigênio Dissolvido (OD). 158 Artigo 14, inciso I da Resolução CONAMA nº 357/05.

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Excepcionalmente para águas doces classe 2 aplica-se o seguinte:

“I - não será permitida a presença de corantes provenientes de fontes antrópicas que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais; II - coliformes termotolerantes: para uso de recreação de contato primário deverá ser obedecida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) amostras coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente; III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; IV - turbidez: até 100 UNT; V - DBO 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2; VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/L O2; VII - clorofila a: até 30 µg/L; VIII - densidade de cianobactérias: até 50000 cel/mL ou 5 mm3/L; e, IX - fósforo total: a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e, b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico.”159

O artigo 38, §3º da Resolução CONAMA nº 357/05, determina que as ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, tais como a outorga e cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental, como o licenciamento, termos de ajustamento de conduta e o controle da poluição, deverão basear-se nas metas progressivas intermediárias e final aprovadas pelo órgão competente para a respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico específico. No âmbito estadual, a Constituição paraense prevê que o Estado definirá, por meio de Lei, a política hídrica, defendendo seus interesses e resguardando a soberania nacional sobre a pesquisa, exploração, lavra e uso dos recursos naturais renováveis e não renováveis, disciplinando a conservação e o aproveitamento racional das águas, em respeito à internalização dos efeitos positivos gerados pela exploração dos recursos hídricos do Estado160. De acordo com a Política de Meio Ambiente do Pará (Lei Estadual nº 5.887/95), os aproveitamentos hidrelétricos deverão assegurar o uso múltiplo da água, observando-se o abastecimento público, irrigação, lazer, bem como a reprodução das espécies da fauna aquática e terrestre. A Política Ambiental ainda prevê que as respectivas barragens de aproveitamento hidrelétrico devem assegurar a navegabilidade dos cursos d’água potencialmente navegáveis. A Lei Estadual nº 6.381, de 25 de julho de 2001, que dispõe sobre a Política paraense de Recursos Hídricos, prevê como diretrizes:

159 Artigo 15 da Resolução CONAMA nº 357/05. 160 Artigo 245 da Constituição do Estado do Pará.

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• a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos quantitativos e qualitativos;

• a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas,

demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do Estado; • a integração da gestão de recursos hídricos com a ambiental; • a articulação dos planejamentos dos recursos hídricos com os dos setores usuários e com

os planejamentos regional e federal; • a compatibilização da gestão dos recursos hídricos com a do uso do solo; • a criação e operação de um sistema integrado de monitoramento permanente de recursos

hídricos; O Estado do Pará, observados os dispositivos constitucionais relativos à matéria, articular-se-á com a União, Estados vizinhos e Municípios, visando a atuação conjunta para o aproveitamento e controle dos recursos hídricos e respectivos impactos em seu território161. De acordo com o Decreto Estadual nº 5.565, de 11 de outubro de 2002, o órgão gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos é a SEMA, órgão integrante da estrutura organizacional do Poder Executivo Estadual. 5.13 Compensação Financeira A Constituição Federal Brasileira de 1988 estabelece que os potenciais de energia hidráulica são bens da União e assegura, nos termos do artigo 20, §1º, aos Estados e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica ou compensação financeira por essa exploração. O aproveitamento de recursos hídricos, para fins de geração de energia elétrica, enseja compensação financeira aos Estados e Municípios, e deve ser calculada, distribuída e aplicada na forma estabelecida na Lei Federal nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. O valor da compensação financeira corresponde a um fator percentual do valor da energia constante da fatura, excluídos os tributos e empréstimos compulsórios (artigo 3º, caput da Lei Federal nº 7.990/89). Quando o aproveitamento do potencial hidráulico atingir mais de um (01) município, como é o caso do AHE Belo Monte, a distribuição dos percentuais da compensação financeira será feita proporcionalmente, levando-se em consideração as áreas inundadas e outros parâmetros de interesse público regional ou local162. O pagamento das compensações financeiras será efetuado mensalmente, diretamente aos beneficiários, mediante depósito em contas específicas de titularidade dos mesmos no Banco

161 Artigo 3º, § 3º da Lei Estadual nº 6.381/01. 162 Artigo 5º, caput da Lei Federal nº 7.990/89.

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do Brasil S.A., até o último dia útil do segundo mês subseqüente ao do fato gerador163. Ressalta-se, oportunamente, que “é vedado, aos beneficiários das compensações financeiras de que trata este decreto, a aplicação das mesmas em pagamento de dívidas e no quadro permanente de pessoal”164. A compensação financeira pela utilização de recursos hídricos de que trata a Lei nº 7.990/89 será de 6,75% (seis inteiros e setenta e cinco centésimos por cento) sobre o valor da energia elétrica produzida, a ser paga por titular de concessão ou autorização para exploração de potencial hidráulico aos Estados e aos Municípios em cujos territórios se localizarem instalações destinadas à produção de energia elétrica, ou que tenham áreas invadidas por águas dos respectivos reservatórios, e a órgãos da administração direta da União165. Quanto ao percentual da compensação financeira, o artigo 17, §1º da Lei Federal nº 9.648/98, dispõe o seguinte: • 6,0% (seis por cento) do valor da energia produzida serão distribuídos entre os Estados,

Municípios e órgãos da administração direta da União; • 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento) do valor da energia produzida serão

destinados ao MMA, para aplicação na implementação da PNRH e do SNRH. Importante destacar que a parcela de 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento) constitui pagamento pelo uso de recursos hídricos e será aplicada nos termos do artigo 22 da Lei Federal nº 9.433/97 (PNHR), ou seja, os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados (no caso do AHE Belo Monte, na bacia hidrográfica do rio Xingu) e serão utilizados no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos PNHR e no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do SNGRH. A Lei Federal nº 8.001, de 13 de março de 1990, define os percentuais da distribuição dos 6,0% (seis por cento) da compensação financeira de que trata a Lei Federal nº 7.990/89 e a Lei Federal nº 9.648/98, que se dará da seguinte forma:

“I - quarenta e cinco por cento aos Estados; II - quarenta e cinco por cento aos Municípios; III - quatro inteiros e quatro décimos por cento ao Ministério do Meio Ambiente IV - três inteiros e seis décimos por cento ao Ministério de Minas e Energia V - dois por cento ao Ministério da Ciência e Tecnologia”166.

163 Artigo 26 do Decreto Federal nº1, de 07 de fevereiro de 1991, que regulamenta o pagamento da compensação financeira instituída pela Lei Federal nº 7.990/89. 164 Artigo 26, parágrafo único do Decreto Federal nº 1/91. 165 Artigo 17, caput da Lei Federal nº 9.648, de 27 de maio de 1998, altera dispositivos das Leis Federais nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 07 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação das Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências. 166 Redação dada pela Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000.

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O artigo 1º, §4º da Lei Federal nº 8.001/90 estabelece que a cota destinada ao MMA correspondente a 4,4% (quatro inteiro e quatro décimos por cento) será empregada na implementação da PNHR e do SNGRH e na gestão da rede hidrometeorológica nacional. O valor total da energia produzida, para fins da compensação financeira de que trata o artigo 1º da Lei 8.001/90, será obtido pelo produto da energia de origem hidráulica efetivamente verificada, medida em megawatt-hora (MWh), multiplicado pela Tarifa Atualizada de Referência (TAR), fixada pela ANEEL167. A Resolução ANEEL nº 88, de 22 de março de 2001, estabelece a metodologia para rateio da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos para Fins de Geração de Energia Elétrica, devida pelas centrais hidrelétricas aos Estados e aos Municípios beneficiários. O artigo 4º, caput, dessa Resolução da ANEEL prevê que “o rateio da Compensação Financeira associada a cada reservatório, incluindo os repasses por regularização de montante, quando for o caso, será feito na proporção das áreas inundadas de cada município, considerando os casos específicos de instalações associadas a casas de máquinas dissociadas dos respectivos reservatórios e de bombeamentos de água para fins energéticos.” A ANEEL publicará os coeficientes de repasse por regularização a montante por central hidrelétrica, para fins do cálculo do rateio da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos, providenciando os respectivos ajustes sempre que houver a implantação de novas centrais ou reservatórios ou, ainda, mudança de outros parâmetros que sejam significativos (artigo 6º, caput da Resolução ANEEL nº 88/01). Nesse sentido, a Resolução Homologatória ANEEL nº 404, de 12 de dezembro de 2006, fixa o valor da TAR em R$ 57,63/MWh (cinqüenta e sete reais e sessenta e três centavos por megawatt-hora), a ser considerada para o cálculo da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2007. No âmbito estadual, a Constituição paraense menciona que o Estado e os Municípios, na promoção do desenvolvimento e da justiça social, aplicarão preferencialmente os recursos oriundos da compensação financeira no desenvolvimento dos setores mineral, energético e social, devendo Lei Estadual instituir mecanismos institucionais e operacionais para tanto (artigo 230, inciso VII). O Estado participará do resultado da exploração dos recursos naturais em seu território e fiscalizará a compensação financeira decorrente dessa exploração, devendo estabelecer, em Lei Complementar, normas para a utilização dos recursos assim auferidos, resguardando o princípio da compensação social168. O artigo 259 da Constituição paraense prevê que as empresas públicas ou privadas que realizarem obras de usinas hidrelétricas, de formação de barragens, ou outras quaisquer que determinem a submersão, exploração, consumo ou extinção de recursos naturais localizados

167 Artigo 1º do Decreto Federal n° 3.739, de 31 de janeiro de 2001, dispõe sobre o cálculo da TAR para compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, de que trata a Lei Federal nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e da contribuição de reservatórios de montante para a geração de energia hidrelétrica, de que trata a Lei Federal nº 8.001 de 13 de março de 1990, e dá outras providências. 168 Artigo 247, caput da Constituição do Estado do Pará.

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em terras públicas ou devolutas, ainda que aforadas ou concedidas, ficarão obrigadas a indenizar o Estado, na forma que a Lei definir. Compete ao Estado do Pará, por meio da Secretaria Executiva de Estado da Fazenda (SEFA), acompanhar e fiscalizar a exploração de recursos hídricos e as receitas não-tributárias geradas pela respectiva exploração, relativamente à parcela que lhe é devida, nos termos da Constituição Federal e de norma geral editada pela União169. Em atendimento ao disposto na Constituição paraense, a Lei Complementar nº 16, de 24 de janeiro de 1994, que institui o Programa Especial de Energia do Pará, estabelece normas para a utilização da participação no resultado da exploração dos recursos hídricos do Estado. Ao Programa Especial de Energia do Estado do Pará serão destinados os recursos provenientes de toda a participação no resultado da exploração dos recursos hídricos do Estado, observado o disposto na Lei Federal n.º 8001/90. Conforme o artigo 2º, caput, da Lei Estadual nº 6.710/05, “o pagamento das compensações financeiras ou participação no resultado, ou participações governamentais, deverá ser efetuado, mensalmente, pelas empresas concessionárias exploradoras de recursos hídricos e minerais, diretamente ao Estado do Pará, até o último dia útil do segundo mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador, nos moldes da legislação federal”. Tendo em vista o disposto na Lei Estadual Complementar nº 16/94 e na Lei Estadual nº 6.710/05, a SEFA deve repassar os recursos da compensação financeira à Centrais Elétricas do Pará S/A (CELPA), responsável pelo Programa Especial de Energia do Estado do Pará. 5.14 Plano Estratégico Nacional de Área Protegidas O Decreto Federal nº 5.758, de 13 de abril de 2006, institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias. A implementação do PNAP será coordenada por Comissão instituída no âmbito do MMA e contará com participação e colaboração de representantes dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, de povos indígenas, de comunidades quilombolas e de comunidades extrativistas, do setor empresarial e da sociedade civil170. O PNAP deve ser avaliado a cada cinco (05) anos a partir da publicação do Decreto Federal nº 5.758/06, ouvidos o CONAMA, a FUNAI e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República171. O Decreto Federal nº 5.758/06 dispõe que os princípios e diretrizes são os pilares do PNAP e devem orientar, até 2015, as ações que se desenvolverão para o estabelecimento de sistema abrangente e efetivamente manejado de áreas protegidas ecologicamente representativas. Dentre seus princípios, destacam-se:

169 Artigo 1º, caput da Lei Estadual nº 6.710, de 14 de janeiro de 2005, dispõe sobre a competência do Estado do Pará para acompanhar e fiscalizar a exploração de recursos hídricos e as receitas não-tributárias geradas pelas respectivas explorações, relativamente à parcela que lhe é devida. 170 Artigo 2º do Decreto Federal nº 5.758/06. 171 Artigo 3º do Decreto Federal nº 5.758/06.

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• soberania nacional sobre as áreas protegidas; • valorização dos aspectos éticos, étnicos, culturais, estéticos e simbólicos da conservação

da natureza;

• valorização do patrimônio natural e do bem difuso, garantindo os direitos das gerações presentes e futuras;

• a defesa do interesse nacional; • a defesa do interesse público; • reconhecimento das áreas protegidas como um dos instrumentos eficazes para a

conservação da diversidade biológica e sociocultural; • valorização da importância e da complementariedade de todas as categorias de unidades

de conservação e demais áreas protegidas na conservação da diversidade biológica e sociocultural;

• respeito às especificidades e restrições das categorias de unidades de conservação do

SNUC, das terras indígenas e das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos;

• adoção da abordagem ecossistêmica na gestão das áreas protegidas; • reconhecimento dos elementos integradores da paisagem, em especial as áreas de

preservação permanente e as reservas legais, como fundamentais na conservação da biodiversidade;

• repartição justa e eqüitativa dos custos e benefícios advindos da conservação da natureza,

contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, erradicação da pobreza e redução das desigualdades regionais;

• desenvolvimento das potencialidades de uso sustentável das áreas protegidas; • reconhecimento e fomento às diferentes formas de conhecimento e práticas de manejo

sustentável dos recursos naturais; • sustentabilidade ambiental como premissa do desenvolvimento nacional; • cooperação entre União e os Estados, Distrito Federal e os Municípios para o

estabelecimento e gestão de unidades de conservação; • harmonização com as políticas públicas de ordenamento territorial e desenvolvimento

regional sustentável; • pactuação e articulação das ações de estabelecimento e gestão das áreas protegidas com os

diferentes segmentos da sociedade;

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• articulação das ações de gestão das áreas protegidas, das terras indígenas e terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos com as políticas públicas dos três níveis de governo e com os segmentos da sociedade;

• promoção da participação, da inclusão social e do exercício da cidadania na gestão das

áreas protegidas, buscando permanentemente o desenvolvimento social, especialmente para as populações do interior e do entorno das áreas protegidas;

• consideração do equilíbrio de gênero, geração, cultura e etnia na gestão das áreas

protegidas; • sustentabilidade técnica e financeira, assegurando continuidade administrativa e gerencial

na gestão das áreas protegidas; • reconhecimento da importância da consolidação territorial das unidades de conservação e

demais áreas protegidas; • garantia de ampla divulgação e acesso público às informações relacionadas às áreas

protegidas; • fortalecimento do SISNAMA e dos órgãos e entidades gestores de áreas protegidas; e • aplicação do princípio da precaução. Outrossim, o PNAP prevê como diretrizes: assegurar a representatividade dos diversos ecossistemas no SNUC; as áreas protegidas devem ser apoiadas por um sistema de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, integrado com a gestão das bacias hidrográficas; facilitar o fluxo gênico entre as unidades de conservação, outras áreas protegidas e suas áreas de interstício; o planejamento para o estabelecimento de novas unidades de conservação, bem como para a sua gestão específica e colaborativa com as demais áreas protegidas, deve considerar as interfaces da diversidade biológica com a diversidade sociocultural, os aspectos econômicos, de infra-estrutura necessária ao desenvolvimento do País, de integração sul-americana, de segurança e de defesa nacional; etc. O PNAP prevê o detalhamento de ações para o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e Terras Indígenas por meio de 04 (quatro) eixos temáticos interligados e inter-relacionados, quais sejam: • Planejamento, Fortalecimento e Gestão: propõe ações relacionadas à implementação e ao

fortalecimento do SNUC e à gestão da biodiversidade nas terras indígenas e nas terras quilombolas. Formulado no âmbito da abordagem ecossistêmica, busca a efetividade do conjunto de áreas protegidas e sua contribuição para a redução da perda de diversidade biológica;

• Governança, Participação, Eqüidade e Repartição de Custos e Benefícios: prevê ações

relacionadas:

“I-à participação dos povos indígenas, comunidades quilombolas e locais na gestão das unidades de conservação e outras áreas protegidas; II-ao estabelecimento de sistemas de governança;

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III-à repartição eqüitativa dos custos e benefícios; e IV-à integração entre unidades de conservação e entre outras áreas protegidas.”

• Capacidade Institucional: ações relacionadas ao desenvolvimento e ao fortalecimento da

capacidade institucional para gestão do SNUC e para conservação e uso sustentável da biodiversidade nas terras indígenas e nas terras quilombolas. Prevê, ainda, o estabelecimento de normas, bem como de estratégia nacional de educação e de comunicação para as áreas protegidas;

• Avaliação e Monitoramento: ações relacionadas à avaliação e monitoramento das áreas

protegidas, bem como à gestão, monitoramento e avaliação do PNAP. Assim, o PNAP é o instrumento norteador de planejamento e gestão, dinâmico e flexível para o estabelecimento, até 2015, de sistema abrangente de áreas protegidas, ecologicamente representativo e efetivamente manejado, para promoção de acesso e repartição justa e eqüitativa dos custos e benefícios advindos da conservação da natureza. A instância colegiada consultiva para orientar, acompanhar e apoiar o processo de implementação do PNAP é a Comissão Coordenadora do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas, instituída por meio das Portarias MMA nº 63/06, MMA nº 257/06 e MMA nº 312/06. A Comissão do PNAP conta com a participação e colaboração de representantes dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, de povos indígenas, de comunidades quilombolas e de comunidades extrativistas, do setor empresarial e da sociedade civil. 5.15 Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu A Constituição Federal Brasileira dispõe que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e, para assegurar esse direito, incumbe ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (inciso III, §1º, do artigo 225). A Constituição paraense estabelece, no inciso III do artigo 255, que compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe assegurar a diversidade das espécies e dos ecossistemas, de modo a preservar o patrimônio genético, biológico, ecológico e paisagístico e definir espaços territoriais a serem especialmente protegidos. A Política Estadual do Meio Ambiente (PEMA), instituída pela Lei Estadual nº 5.887/95, dispõe que para assegurar a proteção do patrimônio natural e do potencial genético, compete ao Poder Público garantir os espaços territoriais especialmente protegidos previstos na legislação em vigor, bem como os que vierem a ser assim declarados por ato do Poder Público172.

172 Artigo 6º, inciso I da Lei Estadual nº 5.887/95.

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A Política Ambiental Estadual estabelece que os espaços territoriais especialmente protegidos, para efeitos ambientais, serão classificados sob regimes jurídicos específicos, no presente caso, de domínio público do Estado (artigos 73 e 75). O artigo 76 da Lei Estadual nº 5.887/95 define que os espaços territoriais especialmente protegidos podem ser classificados para fins de desenvolvimento de atividades de lazer, cultura e turismo ecológico e o Poder Público fixará os critérios de uso, ocupação e manejo dessas áreas, sendo vedadas quaisquer ações ou atividades que comprometam ou possam vir a comprometer, direta ou indiretamente, seus atributos e características. O plano de manejo das áreas de domínio público poderá contemplar atividades privadas, somente mediante autorização ou permissão, onerosa ou não, desde que estritamente indispensáveis aos objetivos dessas áreas173. A declaração dos espaços territoriais especialmente protegidos implicará, conforme o caso:

“I - na disciplina especial para as atividades de utilização e exploração racional de recursos naturais; II - na fixação de critérios destinados a identificá-los como necessários para a proteção de entornos das áreas públicas de conservação ambiental, bem como das que mereçam proteção especial; V - na declaração de regimes especiais para definição de índices ambientais, de qualquer natureza, a serem observados pelo Poder Público e pelos particulares; VI - no estabelecimento de normas, critérios, parâmetros e padrões conforme planejamento e zoneamento ambientais; VII - na declaração automática da desconformidade de todas as atividades, empreendimentos, processos e obras que forem incompatíveis com os objetivos ambientais inerentes ao espaço territorial protegido em que se incluam.”174

O Conselho de Meio Ambiente do Estado do Pará (COEMA), por meio da Resolução nº 30, de 14 de junho de 2005, criou área especial para pesca esportiva denominada “Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu”, no Município de Altamira (vide Resolução no Anexo 5-2) O Sítio Pesqueiro está classificado, de acordo com o seu objetivo, como espaço territorial especialmente protegido, com manejo sustentável para o desenvolvimento de atividade de lazer, cultura e turismo ecológico, previsto na Política Estadual de Meio Ambiente175. Importa mencionar que o Sítio Pesqueiro, com extensão de 278,64 Km² (duzentos e setenta e oito quilômetros quadrados), encontra-se localizado na AID do AHE Belo Monte e visa o manejo sustentável para o desenvolvimento de atividade de lazer, cultura e turismo ecológico (FIGURA 5.15 1).

173 Artigo 76, §2° da Lei Estadual nº 5.887/95. 174 Artigo 80, parágrafo único da Lei Estadual nº 5.887/95. 175 Artigo 2º da Resolução COEMA nº 30/05.

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FIGURA 5.15 1 - Sítio Pesqueiro turístico Estadual Volta Grande do Xingu Localização em Relação às AII e AID do AHE Belo Monte.

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A atividade de pesca esportiva no Estado do Pará é regulada pela Lei Estadual nº 6.167, de 07 de dezembro de 1998, que determina, em seu artigo 3º, inciso III, competir ao órgão colegiado de meio ambiente (COEMA) criar sítios pesqueiros para a prática da pesca esportiva. De acordo com essa Lei, “considera-se sítio pesqueiro a porção do elemento do sistema hídrico, caracterizados por expressiva piscosidade, com ecossistemas reservados, capazes de assegurar a manutenção dos espécimes, não caracterizados como reserva de pesca esportiva.”176 O artigo 6º da Lei Estadual nº 6.167/98 dispõe que nos sítios pesqueiros somente será permitida a instalação de empreendimentos hoteleiros, previamente licenciados ambientalmente pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O Decreto Estadual nº 3.551, de 06 de julho de 1999, que regulamenta a Lei nº 6.167/98, dispõe que compete à SEMA exercer a gestão ambiental da atividade de pesca esportiva no território paraense, podendo fazê-la mediante a criação de reservas de pesca esportiva e de sítios pesqueiros. Nos termos do §2º, do artigo 2º, do Decreto Estadual nº 3.551/99, integra o sítio pesqueiro:

“I - o elemento do sistema hídrico de expressiva piscosidade individualmente considerado, no todo ou em parte; II - a área de preservação permanente do seu entorno; e III - o espaço territorial equivalente ao limite máximo de dois quilômetros além da área de preservação permanente.”

De acordo com o artigo 2º, parágrafo único da Resolução COEMA nº 30/05, o Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu “tem como característica básica a proteção parcial dos atributos naturais e o uso direto dos recursos disponíveis em regime de manejo sustentável e não se constitui como categoria de unidade de conservação.”177 O Sítio Pesqueiro Volta Grande do Xingu está classificado sob regime jurídico específico de domínio público do Estado, como espaço territorial especialmente protegido, respeitando os princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, não sendo permitidas atividades que degradem o meio ambiente ou que, por qualquer forma, possam comprometer a integridade das condições ambientais na área e prejudiquem o desenvolvimento do turismo de pesca esportiva ambientalmente sustentável178. Outrossim, a Resolução COEMA nº 30/05 prevê que o órgão ambiental, no caso a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, deverá elaborar o plano de gestão da área e estabelecer os critérios, no sentido de estabelecer compromissos para manutenção do equilíbrio do estoque pesqueiro e de sua biodiversidade. O plano de gestão, conforme dispõe o artigo 5º da a Resolução COEMA nº 30/05, também deverá indicar as áreas particulares para desapropriação visando à construção de postos de fiscalização, pórtico de entrada, trapiches, rampas, torre de observação, centro receptivo de turistas e outra infra-estrutura pública necessária.

176 Artigo 3º, §2° Lei Estadual nº 6.167/98. 177 Artigo 2º, parágrafo único da Resolução COEMA nº 30/05. 178 Artigo 3º da Resolução COEMA nº 30/05.

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Importante ressaltar que o AHE Belo Monte não irá sobrepor os limites territoriais do Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu, porém, em virtude de menores valores de vazão do corpo hídrico durante a operação do empreendimento, é certa a ocorrência de impactos ambientais diretos sobre os recursos pesqueiros do Sítio, cumprindo ao empreendedor proceder com a correta identificação e avaliação da magnitude e abrangência dos mesmos. Diante dos potenciais impactos do AHE Belo Monte junto ao Sítio Pesqueiro deve propor-se a definição de medidas mitigadoras, nos termos inciso III, do artigo 6º, da Resolução CONAMA nº 01/86, com ações para manutenção de sua expressiva piscosidade, capazes de assegurar a manutenção de espécimes existentes e fomentar o turismo de pesca esportiva ambientalmente sustentável. Nesse sentido, o Decreto-Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca, estabelece no artigo 36, que o concessionário de represas em cursos d’água será obrigado a tomar medidas de proteção à fauna, bem como serão determinadas pelo órgão competente, medidas de proteção à fauna em quaisquer obras que importem na alteração do regime dos cursos d’água, mesmo quando ordenadas pelo Poder Público. Em que pese a previsão de medidas mitigadoras por parte do AHE Belo Monte, importante observar que, apesar de a competência para legislar sobre a pesca, conservação da natureza e dos recursos naturais ser concorrente entre União e Estado do Pará, conforme artigo 24, inciso VI da Constituição Federal, entende-se que o Estado não é competente para criar espaço territorial especialmente protegido de domínio público estadual em bem de domínio da União179, como de fato é o rio Xingu. Compete sim, ao Poder Público Estadual do Pará, apenas legislar sobre a criação de Sítios Pesqueiros em bens de seu domínio, a exemplo de rios estaduais, conforme preceitua o artigo 26, inciso I da Constituição Federal. Em consonância com esse entendimento, é oportuno mencionar que os potenciais de energia hidráulica, como os do rio Xingu, também são bens da União, reafirmando-se a prevalência federal. Assim, resta evidente a superveniência de interesse público relevante do AHE Belo Monte sobre o Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu, tanto pelo apresentado como pelo fato de o Conselho Nacional de Política Energética180 reconhecer AHE Belo Monte como de interesse estratégico no planejamento de expansão da hidroeletricidade no Brasil. 5.16 Compensação Ambiental e Medidas Compensatórias O Decreto Federal nº 95.733, de 12 de fevereiro de 1988, dispõe sobre a inclusão no orçamento dos projetos e obras federais, de recursos destinados a prevenir ou corrigir os prejuízos de natureza ambiental, cultural e social decorrentes da execução desses projetos e obras.

179 Artigo 20, inciso III da Constituição Federal. 180 Resolução nº02, de 17 de setembro de 2001, do Conselho Nacional de Política Energética.

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No planejamento de projetos e obras de grande porte, executados total ou parcialmente com recursos federais, o artigo 1º, caput do Decreto Federal nº 95.733/88 determina que serão considerados os efeitos de caráter ambiental, cultural e social, que esses empreendimentos possam causar. O artigo 1º, parágrafo único do Decreto nº 95.733/88 estabelece que, identificados efeitos negativos de natureza ambiental, cultural e social, os órgãos e entidades federais deverão incluir no orçamento do projeto ou obra no mínimo 1% (um por cento), destinado à prevenção ou à correção desses efeitos. Os recursos, destinados à prevenção ou correção do impacto negativo causado pela execução dos referidos projetos e obras, serão repassados aos órgãos ou entidades públicas responsáveis pela execução das medidas preventivas ou corretivas, quando não afeta ao responsável pelo projeto ou obra (artigo 3º do Decreto Federal nº 95.733/88). A Lei Federal nº 9.985/00, que institui o SNUC, estabelece que, nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório (EIA e RIMA), o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral181. Segundo disposto no art. 36 de referida Lei, o montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a 0,5% (meio por cento) dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento182. Atente-se para julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3378, em 09 de abril de 2008, no qual o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de previsão de percentual mínimo para a compensação ambiental. Neste sentido, o percentual devido para a compensação ambiental não mais incide sobre o valor total dos custos para implantação do empreendimento, e sim sobre o grau de impacto do empreendimento sobre os meio bióticos, físicos e socioeconômicos da região, apurado de acordo com o estudo de impacto ambiental e seu relatório. Assim, o órgão ambiental deverá definir, caso a caso, o valor da compensação ambiental a ser paga pelo empreendedor no procedimento de licenciamento ambiental, segundo parâmetros a serem ainda delineados, sem partir-se de um piso obrigatório. Ao órgão ambiental licenciador - IBAMA também compete definir as UCs a serem beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA e no RIMA e ouvido o empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas Unidades183. O artigo 36, §3º da Lei do SNUC prevê que quando o empreendimento afetar UC específica ou sua zona de amortecimento o licenciamento somente poderá ser concedido mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a Unidade afetada, mesmo que não

181 Artigo 36 da Lei Federal nº 9.985/00. 182 Artigo 36, §1º da Lei Federal nº 9.985/00. 183 Artigo 36, §2º da Lei Federal nº 9.985/00.

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pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação ambiental. O Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamenta a Lei Federal nº 9.985/00, determina que, para os fins de fixação da compensação ambiental, o órgão ambiental licenciador estabelecerá o grau de impacto a partir do EIA e do RIMA realizados quando do processo de licenciamento ambiental, sendo considerados os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais184. O artigo 32 do Decreto Federal nº 4.340/02 estabelece que será instituída, no âmbito dos órgãos licenciadores, câmaras de compensação ambiental, compostas por representantes do órgão, com finalidade de analisar e propor a aplicação da compensação ambiental, para aprovação da autoridade competente, de acordo com os estudos ambientais realizados e percentuais definidos. Nesse sentido, o IBAMA, por meio da Portaria nº 07, de 19 de janeiro de 2004, criou, no âmbito dessa entidade autárquica, a Câmara de Compensação Ambiental, de caráter deliberativo, integrada pelos titulares das seguintes unidades centrais: Diretoria de Gestão estratégica, Diretoria de Ecossistemas, Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental, Diretoria de Florestas, Diretoria de Administração e Finanças, Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros, Diretoria de Proteção Ambiental, Procuradoria-Geral, Auditoria e Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais (CNPT). A Portaria Conjunta nº 205, de 17 de julho de 2008, do MMA, IBAMA e ICMBio criou, por sua vez, no âmbito desses órgãos federais, a Câmara Federal de Compensação Ambiental (CFCA), com caráter deliberativo, integrada pelos titulares das seguintes unidades do MMA, IBAMA, ICMBio e representantes das seguintes entidades, a saber:

I – Diretoria de Licenciamento Ambiental – IBAMA; II – Diretoria de Planejamento, Logística e Administração – ICMBio; III – Diretoria de Unidade de Conservação de Proteção Integral – ICMBio; IV – Diretoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Populações Tradicionais – ICMBio; V – Diretoria de Conservação da Biodiversidade – ICMBio; VI – Secretaria da Biodiversidade e Florestas – MMA; VII – Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente – ABEMA, representando os órgãos ambientais estaduais; VIII – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente – ANAMMA, representando os órgãos ambientais municipais; IX – Confederação Nacional da Indústria (CNI), representando o setor empresarial; X – representante do setor acadên=mico indicado pelo Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB); e XI – representante das organizações não-governamentais ambientalistas, indicado pelo Fórum Brasileiro de ONGs185 e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS)186.

184 Artigo 31 do Decreto Federal nº 4.340/02. 185 Organizações Não Governamentais (ONGs). 186 Artigo 1º da Portaria Conjunta nº 205/08.

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Referida CFCA será presidida pelo titular da Secretaria de Biodiversidade e Florestar (SBF), do MMA e, em seus impedimentos legais, temporários ou eventuais, pelo Diretor de Áreas Protegidas desta Secretaria187. A partir da vigência de referida Portaria Conjunta, fica delegada a competência ao Diretor de Licenciamento Ambiental do IBAMA para decidir sobre a destinação dos recursos oriundos da compensação ambiental, no que tange as unidades de conservação a serem beneficiadas, observadas as deliberações da CFCA, que, por sua vez, deverá considerar as propostas apresentadas no EIA/RIMA, ouvido o empreendedor, podendo, para tanto, firmar os instrumentos jurídicos necessários a esse fim. No tocante às atribuições da CFCA, a Portaria Conjunta nº 205/08 estabeleceu ser de sua alçada:

I – propor critérios de graduação de impactos ambientais para fim de cálculo do valor devido a titulo de compensação ambiental, bem como os procedimentos administrativos e financeiros para execução dos recursos advindos da compensação, e propor ao Conselho Gestor das autarquias, no âmbito de suas respectivas atribuições e competências, atos normativos necessários para esse fim; II – propor critérios, examinar e decidir sobre a aplicação dos recursos e medidads destinadas à compensação ambiental, a serem utilizadas nas unidades de conservação existentes, ou a serem criadas, apresentados pelo ICMBio e pelos demais órgãos ambientais; III – examinar e decidir sobre os recursos administrativos em que se requer a revisão do grau de impactos ambientais calculado para o empreendimento; IV – analisar e aprovar o plano de aplicação anual dos recursos da compensação ambiental proposto pelo ICMBio e pelos órgãos ambientais estaduais e municipais; V – solicitar informações aos órgãos envolvidos sobre a aplicação dos recursos da compensação ambiental, elaborar relatórios periódicos e disponibilizar as informações sempre que solicitada; VI - informar aos órgãos responsáveis sobre as decisões da Câmara quanto à destinação e aplicação dos recursos da compensação a fim de que estes firmem os instrumentos necessários para sua execução; VII – propor, analisar e aprovar as normas que regulem o seu funcionamento188.

Como atribuições da Presidência da CFCA, destaca-se a necessidade de informar ao IBAMA, ao ICMBio e aos órgãos gestores das unidades de conservação estaduais ou municipais, diretamente ou por intermédio de representantes institucionais, sobre a destinação de recursos da compensação ambiental, a fim de que estes firmem os instrumentos necessários à sua aplicação189. Consoante ao disposto no parágrafo único do artigo 5º da norma federal em comento, a Secretaria Executiva será responsável pela articulação necessária junto ao ICMBio e órgãos ambientais dos Estados e Municípios para que os mesmos executem os recursos de

187 Artigo 2º da Portaria Conjunta nº 205/08. 188 Artigo 3º da Portaria Conjunta nº 205/08. 189 Artigo 4º, inciso VI da Portaria Conjunta nº 205/08.

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compensação ambiental conforme a destinação e as normas de execução aprovadas pela CFCA. De acordo com o artigo 33 do Decreto Federal nº 4.340/02, a aplicação dos recursos da compensação ambiental nas UCs, existentes ou a serem criadas, deve obedecer à seguinte ordem de prioridade:

“I - regularização fundiária e demarcação das terras; II - elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo; III - aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento; IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; e V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e área de amortecimento.”

O CONAMA estabeleceu diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental por meio da Resolução CONAMA n° 371, de 05 de abril de 2006. De acordo com o artigo 2º dessa Resolução, o órgão ambiental licenciador, no caso o IBAMA, estabelecerá o grau de impacto ambiental causado pela implantação do AHE Belo Monte, fundamentado em base técnica específica que possa avaliar os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais identificados no processo de licenciamento, de acordo com o EIA e o RIMA. Cumpre mencionar que a SEMA do Pará, por meio da Instrução Normativa SEMA nº 06, de 30 de novembro de 2007, estabeleceu os procedimentos para a gradação de impacto ambiental, nos casos de licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Contudo, mencionada IN não se aplica para o AHE Belo Monte, visto ser do IBAMA a competência para licenciar o empreendimento em questão. Para estabelecimento do grau de impacto ambiental serão considerados somente os impactos ambientais causados aos recursos ambientais190, excluindo-se os riscos da operação do empreendimento, não podendo haver redundância de critérios. Para o cálculo da compensação ambiental, serão considerados os custos totais previstos para implantação do empreendimento e a metodologia de gradação de impacto ambiental definida pelo órgão ambiental competente (artigo 3º, caput da Resolução CONAMA n° 371/06). Conforme informações disponíveis pelo IBAMA, “a metodologia de cálculo para o grau de impacto ambiental se encontra em atualização”. O artigo 3º, §1º da Resolução CONAMA nº 371/06, estabelece que os investimentos destinados à melhoria da qualidade ambiental e à mitigação dos impactos causados pelo empreendimento, exigidos pela legislação ambiental, integrarão os seus custos totais para efeito do cálculo da compensação ambiental.

190 Artigo 2º, inciso IV da Lei Federal nº 9.985/00, define “recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;”

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Já os investimentos destinados à elaboração e implementação dos planos, programas e ações, não exigidos pela legislação ambiental, mas estabelecidos no processo de licenciamento ambiental para mitigação e melhoria da qualidade ambiental, não integrarão os custos totais para efeito do cálculo da compensação ambiental. Para efeito do cálculo da compensação ambiental, o empreendedor deve apresentar a previsão do custo total de implantação do empreendimento antes da emissão da LI191. O percentual estabelecido para a compensação ambiental deverá ser definido quando da emissão da Licença Prévia LP, não sendo exigível o desembolso da compensação ambiental antes da emissão da LI192. Oportuno mencionar que a IN IBAMA nº 65/05, que estabelece os procedimentos para o licenciamento de Usinas Hidrelétricas, determina que a concessão da LI é subsidiada pelo Plano de Compensação Ambiental, que deverá ser elaborado em conformidade com os impactos identificados no EIA e com os critérios, metodologias, normas e padrões estabelecidos pelo IBAMA, bem como aos fixados nas condicionantes da LP193. A Câmara de Compensação Ambiental criada pelo IBAMA, por meio da Portaria IBAMA nº07/04, tem por finalidade analisar e propor a aplicação da compensação ambiental em UCs federais, estaduais e municipais, visando ao fortalecimento do SNUC e envolvendo os sistemas estaduais e municipais de unidades de conservação, se existentes (Artigo 8º). Conforme o artigo 3º da Portaria IBAMA nº07/04, são atribuições da Câmara de Compensação Ambiental:

“I – decidir sobre critérios de gradação de impactos ambientais, bem como os procedimentos administrativos e financeiros para execução da compensação ambiental, e propor ao Conselho Gestor normatização necessária a esse fim; II – examinar e decidir sobre a distribuição das medidas compensatórias para aplicação nas unidades de conservação, existentes ou a serem criadas; III – examinar e decidir sobre os recursos administrativos de revisão de gradação de impactos ambientais; IV – analisar e propor ao Conselho Gestor da Autarquia plano de aplicação dos recursos de compensação ambiental.”

A Câmara de Compensação Ambiental deve ouvir os representantes dos demais entes federados, os Sistemas de Unidades de Conservação, os Conselhos de Mosaico das Unidades de Conservação e os Conselhos das Unidades de Conservação afetadas pelo empreendimento, se existentes. O Plano de Compensação Ambiental do AHE Belo Monte deve ser aprovado pela Câmara de Compensação Ambiental do IBAMA, conforme estabelece o artigo 19, §2º da IN IBAMA nº 65/05. O IBAMA, ao definir as UCs a serem beneficiadas pelos recursos oriundos da compensação ambiental e a ordem de prioridades estabelecida pelo Decreto Federal nº 4.340/02, deverá observar:

191 Artigo 4º da Resolução CONAMA nº 371/06. 192 Artigo 5º e §1º da Resolução CONAMA nº 371/06. 193 Artigo 19 da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05.

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“I - existindo uma ou mais unidades de conservação ou zonas de amortecimento afetadas diretamente pelo empreendimento ou atividade a ser licenciada, independentemente do grupo a que pertençam, deverão estas ser beneficiárias com recursos da compensação ambiental, considerando, entre outros, os critérios de proximidade, dimensão, vulnerabilidade e infra-estrutura existente; e II - inexistindo unidade de conservação ou zona de amortecimento afetada, parte dos recursos oriundos da compensação ambiental deverá ser destinada à criação, implantação ou manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral localizada preferencialmente no mesmo bioma e na mesma bacia hidrográfica do empreendimento ou atividade licenciada, considerando as Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade, identificadas conforme o disposto no Decreto nº 5.092, de 21 de maio de 2004, bem como as propostas apresentadas no EIA/RIMA.” 194

O artigo 10 da Resolução CONAMA nº 371/06 determina que o empreendedor, observados os critérios supra transcritos, deverá apresentar no EIA e no RIMA sugestões de UCs a serem beneficiadas ou criadas. Importa mencionar que as sugestões apresentadas pelo empreendedor ou por qualquer interessado não vinculam o IBAMA, devendo este justificar as razões de escolha da(s) Unidade(s) de Conservação a serem beneficiadas e atender o disposto na Resolução CONAMA nº 371/06195. Os órgãos ambientais responsáveis pela gestão dos recursos de compensação ambiental deverão dar publicidade, bem como informar anualmente aos conselhos de meio ambiente respectivos, a aplicação dos recursos oriundos da compensação ambiental apresentando, no mínimo, o empreendimento licenciado, o percentual, o valor, o prazo de aplicação da compensação, as unidades de conservação beneficiadas, e as ações nelas desenvolvidas (artigo 12 da Resolução CONAMA nº 371/06). Ainda, o artigo 14 da Resolução nº 371/06 estabelece que não serão reavaliados os valores combinados ou pagos, nem haverá obrigatoriedade de destinação de recursos complementares constantes em acordos, Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), contratos, convênios, atas ou qualquer outro documento formal firmados pelos órgãos ambientais, a título de compensação ambiental. Conforme disposto no artigo 15 de mencionada Resolução, o valor da compensação ambiental fica fixado em 0,5% (meio por cento) dos custos previstos para a implantação do empreendimento até que o órgão ambiental estabeleça e publique metodologia para definição do grau de impacto ambiental.196 Reitere-se que, com a declaração de inconstitucionalidade da fixação de percentual mínimo para compensação ambiental197, o IBAMA deverá definir o valor devido pelo AHE Belo

194 Artigo 9º da Resolução CONAMA nº 371/06. 195 Artigo 10, §2º da Resolução CONAMA nº 371/06. 196 Artigo 15 da Resolução CONAMA nº 371/06. 197 Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3378, julgada pelo Supremo tribunal Federal em 09 de abril de 2008.

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Monte, durante o procedimento de licenciamento ambiental, segundo parâmetros a serem ainda estabelecidos. Com efeito, se emitida pelo IBAMA a LP para o AHE Belo Monte, para a concessão de sua LI o empreendedor deverá ter assinado, junto ao IBAMA, Termo de Compromisso para a implantação do Plano de Compensação Ambiental, aprovado pela Câmara de Compensação Ambiental dessa autarquia198. Outrossim, o artigo 28 da IN IBAMA nº 65/05 estabelece que o empreendedor deverá elaborar Relatório de Execução do Plano de Compensação Ambiental para subsidiar a concessão da LO. Em seguida, o IBAMA, por meio da Diretoria de Licenciamento Ambiental, encaminhará o Relatório de Execução do Plano de Compensação Ambiental para aprovação da Câmara de Compensação Ambiental199. Em complementação, apresentam-se os procedimentos para a gestão da compensação ambiental no âmbito do IBAMA, conforme determina a IN IBAMA nº47/04-N, de 31 de agosto de 2004, quais sejam (QUADRO 5.16- 1):

198 Artigo 24, parágrafo único da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05. 199 Artigo 29 da Instrução Normativa IBAMA nº 65/05.

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QUADRO 5.16- 1 Procedimentos para a Gestão da Compensação Ambiental (IN IBAMA Nº47/04-N/2004)

Continua SEGMENTO ENVOLVIDO

PASSOS Nº

DESCRIÇÃO DA AÇÃO

Diretoria de Licenciamento e

Qualidade Ambiental (DILIC)

1

Após o processo de análise e avaliação, para efeito da emissão da Licença Prévia (LP), a equipe elabora parecer técnico relativo ao cálculo da compensação ambiental baseado na metodologia de gradação definida pela Câmara de Compensação Ambiental (CCA) e as sugestões de UCs a serem beneficiadas, oriundas do processo de licenciamento, informando ainda o valor do empreendimento e encaminha resultado a Secretaria Executiva da Câmara de Compensação Ambiental (SECEX/CCA).

Secretaria Executiva SECEX/CCA

2 Recebe parecer de gradação e o encaminha ao empreendedor, para sua manifestação. Encaminha à SECEX sua concordância sobre o percentual a ser aplicado. Não havendo concordância, o pedido de revisão, devidamente justificado, deverá ser apresentado a SECEX/CCA no prazo de 10 (dez) dias, contados do recebimento da comunicação do percentual, que o encaminhará à DILIC para análise. Após a análise do pedido de revisão, o qual deverá conter a manifestação técnica da DILIC sobre o deferimento ou indeferimento do pedido, os autos serão remetidos à CCA para deliberação

Empreendedor 3

No caso de indeferimento do pedido de revisão caberá recurso, no prazo de 10 (dez) dias, ao Presidente do IBAMA, que, após decisão, remeterá os autos à SECEX/CCA para comunicação ao empreendedor. Da decisão do Presidente caberá, em última instância e no prazo de 10 (dez) dias, recurso administrativo hierárquico ao Ministro de Estado do Meio Ambiente.

4

Após a concordância e/ou exauridas as vias recursais administrativas, a SECEX encaminha às diretorias, as quais as UCs estão vinculadas, os valores da compensação ambiental para que sejam propostos os indicativos de aplicação.

SECEX

5

Recebe e submete os indicativos de aplicação à CCA, contendo dados sobre a característica do empreendimento (local, valor, Grau de Impacto (GI) e valor a ser compensado) das Unidades a serem afetadas (Esfera Administrativa (EA), Unidade da Federação (UF), bioma, região, categoria da Unidade); e Unidades beneficiadas com recursos de compensação; e as prioridades de aplicação.

CCA 6

Define a destinação de recursos da compensação ambiental, conforme plano de aplicação, efetuando a distribuição percentual para projetos estruturantes e atendimento direto às UCs.

Diretoria de Ecossistemas

(DIREC) / Diretoria de Florestas (DIREF)/ Diretoria de Gestão e

Planejamento Estratégico (DIGET)

7

Elaboram Plano de Trabalho contendo as Unidades a serem atendidas, detalhando as ações a serem implementadas, o cronograma e o encaminham à DIRAF, com base nas demandas apresentadas pelas Unidades, seus respectivos conselhos e as gerências envolvidas.

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QUADRO 5.16-1 Procedimentos para a Gestão da Compensação Ambiental (IN IBAMA Nº47/04-N/2004)

Conclusão SEGMENTO ENVOLVIDO

PASSOS Nº

DESCRIÇÃO DA AÇÃO

Diretoria de Administração e

Finanças (DIRAF) 8

Elabora a minuta do Termo de Compromisso contendo as unidades a serem atendidas, as ações a serem implementadas, o cronograma, bem como as condições para prestação de contas e encerramento e o encaminha, juntamente com o Plano de Trabalho, ao empreendedor para concordância.

Empreendedor 9 Manifesta sua concordância, com a minuta do Termo de Compromisso e do Plano de Trabalho.

DIRAF/Execução 10 Encaminha o Termo de Compromisso com o Plano de Trabalho à PROGE para analise jurídico formal.

Procuradoria Geral do IBAMA - PROGE 11 Realiza analise jurídico formal do Termo de Compromisso

com o Plano de Trabalho e os restitui a DIRAF.

12 Encaminha Termo de Compromisso e Plano de Trabalho à Presidência do IBAMA para assinatura.

13 Elabora extrato do Termo de Compromisso e encaminha ao Protocolo para publicação. DIRAF

14

Encaminha o Termo de Compromisso assinado à DILIC para juntada ao processo de licenciamento; e ao empreendedor. Observação: às diretorias afins deverá ser encaminhada cópia do Termo de Compromisso.

DIREC / DIREF / DIGET

15

Recebido cópia do Termo de Compromisso, especifica tecnicamente os termos de referência, projetos arquitetônicos com planilhas de custos e encaminha à DIRAF.

DIRAF 16

Recebe os Termos de Referência e encaminha ao empreendedor para aquisição de bens ou prestação de serviços, pagamento de terras e/ou outras providências necessárias.

17 Recebe as especificações técnicas e dá início as providências operacionais, na forma estabelecida no Termo de Compromisso. Empreendedor

18 Encaminha à DIRAF as propostas.

DIRAF 19

Recebe as propostas, analisa o atendimento das especificações técnicas e homologa a aquisição. Observação: Quando da necessidade de análise técnica, as propostas serão encaminhadas às Diretorias responsáveis para a referida análise e elaboração de parecer.

Empreendedor 20

Efetua a aquisição e entrega o bem ou serviço na UC, com a supervisão da Gerência Executiva (GEREX), firmando o Termo de Recebimento, encaminhando-o à SECEX/DIRAF juntamente com a nota fiscal e o Termo de Doação, para providências de registro patrimonial.

SECEX/CCA-DIRAF 21 Viabiliza o registro junto aos órgãos competentes e a inscrição do patrimônio dos bens adquiridos com recursos da Compensação Ambiental.

Conforme se nota, o IBAMA estruturou todo o procedimento para a gestão da compensação ambiental no âmbito dessa autarquia, porém, em virtude da criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Lei Federal nº 11.516/07), responsável pela execução de ações da política nacional de UCs, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União, é relevante atentar para eventual alteração desse procedimento, especialmente em razão das várias diretorias envolvidas nesse trâmite, como a Diretoria de

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Ecossistemas, Diretoria de Florestas, Diretoria de Gestão e Planejamento Estratégico, Diretoria de Administração e Finanças, entre outras. No âmbito estadual, a Constituição do Pará prevê que os grandes projetos localizados em território paraense sejam responsáveis pelo financiamento de ações e serviços que visem compensar e atender aumento significativo da demanda de infra-estrutura social, sanitária, urbana e educacional decorrentes de sua implantação, a ser considerado como custo social consectário, assim como sejam eles responsáveis por ações voltadas para evitar a solução de continuidade de auto-sustentação econômica dos núcleos populacionais criados ou ampliados no interesse desses projetos200. 5.17 Emissão de Ruídos A Resolução CONAMA nº 01, de 08 de março de 1990, dispõe sobre critérios de padrões de emissão de ruídos decorrentes de quaisquer atividades industriais. A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse da saúde e do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos na Resolução CONAMA nº 01/90. As entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) competentes, no uso do respectivo poder de polícia, disporão, de acordo com o estabelecido na mencionada Resolução CONAMA, sobre a emissão ou proibição da emissão de ruídos produzidos por quaisquer meios ou de qualquer espécie, considerando sempre o local, os horários e a natureza das atividades emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a preservação da saúde e do sossego público. A referida Resolução CONAMA nº 01/90 estabelece que as emissões de ruídos decorrentes de empreendimentos e atividades devem obedecer aos níveis previstos na Norma Brasileira (NBR) 10.151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa Resolução prevê que, na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações, o nível de som produzido não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR 10.152 – Níveis de Ruído para Conforto Acústico, da ABNT. Nesses termos, a implantação do AHE Belo Monte deverá atentar aos seguintes padrões de emissão (decibéis) de ruídos estabelecidos pela ABNT (QUADRO 5.17- 1):

200 Artigo 245, inciso IX, “c” da Constituição do Estado do Pará.

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QUADRO 5.17- 1 Padrões de Emissões de Ruídos

ÁREA DIURNO NOTURNO

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45

Área mista predominantemente residencial 55 50

Área mista com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Fonte: Níveis de ruídos máximos permitidos para cada ambiente (NRB 10.151, ABNT,2000)

Quando da implantação do AHE Belo Monte, também se deverá atentar para o disposto no artigo 26 da Lei Estadual nº 5.887, de 09 de maio de 1995, que exige a obediência aos níveis máximos permitidos dos sons, ruídos e vibrações, bem como às diretrizes, critérios e padrões para o controle da poluição sonora interna e externa, decorrentes de atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas. 5.18 Resíduos e Efluentes A Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho 2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais, e adota as seguintes definições:

“I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta Resolução; III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação; IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infra-estrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia; V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

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VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo; VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação; VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto; IX - Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente; X - Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.”201

Os resíduos da construção civil deverão ser classificados da seguinte forma202: • Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como de

construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; e de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

• Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,

papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; • Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

• Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,

solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde203.

O gerador deverá ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Importa mencionar que os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d’água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei204. O artigo 10 da Resolução CONAMA nº 307/02 prevê que os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:

201 Artigo 2º, incisos I, II V, IX e X da Resolução CONAMA nº 307/02. 202 Artigo 3º da Resolução CONAMA nº 307/02. 203 O artigo 3º, inciso IV da Resolução CONAMA nº 307/02 foi alterado pela Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004. 204 Artigo 4º, § 1º da Resolução CONAMA nº 307/02.

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• Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura;

• Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento

temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; • Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as

normas técnicas especificas; • Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em

conformidade com as normas técnicas especificas. Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil serão elaborados e implementados pelo gerador e terão como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos205. Insta observar que o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil do AHE Belo Monte deverá ser analisado dentro do processo de licenciamento junto ao órgão ambiental competente, IBAMA (artigo 8º, §2º da Resolução CONAMA nº 307/02). A Resolução CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002, dispõe que os resíduos existentes ou gerados pelas atividades industriais serão objeto de controle específico, como parte integrante do processo de licenciamento ambiental. Conforme o artigo 2º, inciso I da Resolução CONAMA nº 313/02, resíduo sólido industrial é todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sólido, semi-sólido, gasoso - quando contido, e líquido - cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição. O artigo 2º, inciso II da Resolução nº 313/02, define Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais como o conjunto de informações sobre a geração, características, armazenamento, transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país. Importante ressaltar que as concessionárias de energia elétrica e empresas que possuam materiais e equipamentos contendo Bifenilas Policloradas (PCBs) deverão apresentar ao órgão estadual de meio ambiente o inventário desses estoques, na forma e prazo a serem definidos pelo IBAMA (artigo 3º da Resolução CONAMA nº 313/02). Conforme dispõe o artigo 8º da Resolução CONAMA nº 313/02, deverão ser registrados mensalmente, e mantidos na unidade industrial, os dados de geração e destinação dos resíduos, para efeito de inserção no Inventário Nacional dos Resíduos Industriais.

205 Artigo 8º da Resolução CONAMA nº 307/02.

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Quanto à eventual disposição de todo óleo lubrificante eventualmente utilizado pelo empreendimento, a Resolução CONAMA nº362, de 23 de junho de 2005, dispõe que esse óleo deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos (artigo 1º). Todo o óleo lubrificante usado ou contaminado coletado deverá ser destinado à reciclagem por meio do processo de rerrefino. De acordo com o artigo 12 da Resolução nº 362/05, ficam proibidos quaisquer descartes de óleos usados ou contaminados em solos, subsolos, nas águas interiores, no mar territorial, na zona econômica exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais. Com efeito, os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos na Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos d´água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece condições e padrões de lançamento de efluentes. De acordo com artigo 24, parágrafo único da Resolução CONAMA nº 357/05, o órgão ambiental competente poderá, a qualquer momento: • Exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes, compatível com as

condições do respectivo curso de água superficial, mediante fundamentação técnica; • Acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista as

condições locais, mediante fundamentação técnica. O artigo 25 da Resolução CONAMA nº 357/05 prevê que é vedado o lançamento de efluentes em desacordo com as condições e padrões estabelecidos pela própria Resolução. O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente, autorizar o lançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos nessa norma, desde que observados os seguintes requisitos:

“I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado; II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais, progressivas e obrigatórias; III - realização de Estudo de Impacto Ambiental - EIA, às expensas do empreendedor responsável pelo lançamento; IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional.”206

Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de sua competência, deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento de empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes, de modo a não comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, estabelecidas pelo enquadramento para o corpo de água207.

206 Artigo 25 e respectivo parágrafo único da Resolução CONAMA nº 357/05. 207 Artigo 26 da Resolução CONAMA nº 357/05.

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No caso de empreendimento de significativo impacto, o órgão ambiental competente exigirá, nos processos de licenciamento ou de sua renovação, a apresentação de estudo de capacidade de suporte de carga do corpo de água receptor (artigo 26, §1º da Resolução CONAMA nº 357/05). Outrossim, sob pena de nulidade da licença expedida, o empreendedor, no processo de licenciamento, informará ao órgão ambiental as substâncias, entre as previstas na Resolução CONAMA nº 357/05 para padrões de qualidade de água, que poderão estar contidas no seus efluentes. Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento. A disposição de efluentes no solo, mesmo tratados, não poderá causar poluição ou contaminação das águas (artigos 28 e 29 da Resolução CONAMA nº 357/05). Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos d´água desde que obedeçam as seguintes condições, resguardadas outras exigências cabíveis208: • O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos

organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios de toxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente;

• Os critérios de toxicidade devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos

padronizados, utilizando organismos aquáticos e realizados no efluente. O lançamento de esgotos e demais resíduos líquidos e gasosos em corpos d´água deverá ser objeto de outorga de uso de recursos hídricos, conforme estabelece o artigo 4º, inciso III, da Resolução do CNRH nº 16/01, a saber:

“Art. 4º Estão sujeitos à outorga: (...) III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;”

Entre as prioridades para emissão desse tipo de outorga está prevista a de interesse público, da qual se reveste o AHE Belo Monte209. A outorga de direito de uso da água para o lançamento de efluentes será dada em quantidade de água necessária para a diluição da carga poluente, que pode variar ao longo do prazo de validade da outorga, com base nos padrões de qualidade da água correspondentes à classe de enquadramento do respectivo corpo receptor e/ou em critérios específicos definidos no correspondente plano de recursos hídricos ou pelos órgãos competentes210.

208 Artigo 34, §1º e §2º da Resolução CONAMA nº 357/05. 209 Artigo 13, inciso I da Resolução CNRH nº 16/01. 210 Artigo 15 da Resolução CNRH nº 16/01.

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O ato administrativo de outorga não eximirá o empreendimento-outorgado do cumprimento da legislação ambiental pertinente ou das exigências que venham a ser feitas por outros órgãos e entidades competentes211. Na esfera estadual, a Constituição do Pará dispõe, no artigo 256, que as pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que exercem atividades consideradas poluidoras ou potencialmente poluidoras serão obrigadas a promover a conservação ambiental, pela coleta, tratamento e disposição final dos resíduos por elas produzidos, cessando com a entrega dos resíduos a eventuais adquirentes, quando tal for devidamente autorizado pelo órgão de controle ambiental competente, a responsabilidade daquelas e iniciando-se, imediatamente, a destes. Em atendimento aos dispositivos da Política Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual nº 5.887/95) a disposição final de resíduos sólidos provenientes da implantação e operação do AHE Belo Monte deverá observar as cautelas necessárias para minimização dos efeitos ao meio ambiente, em respeito às normas e padrões estabelecidos por essa Política e com aquiescência do órgão ambiental licenciador. A Política Estadual do Meio Ambiente prevê, em seu artigo 11, que “os resíduos líquidos, sólidos, gasosos ou em qualquer estado de agregação da matéria, provenientes de fontes poluidoras, somente poderão ser lançados ou liberados, direta ou indiretamente, nos recursos ambientais situados no território do Estado, desde que obedecidas as normas e padrões estabelecidos nesta Lei e em legislação complementar.” O Poder Público do Pará manterá, sob sua responsabilidade, áreas especificamente destinadas para disposição final de resíduos de qualquer natureza, cabendo-lhe a elaboração e aprovação dos projetos necessários e específicos relativos a essa utilização do solo212. A Política Ambiental paraense veda expressamente o transporte e a disposição final no solo do território estadual, de quaisquer resíduos tóxicos, radioativos e nucleares, quando provenientes de outros Estados ou Países (artigo 14 da Lei Estadual nº 5.887/95). O transporte, a disposição e o tratamento de resíduos de qualquer natureza, incluindo-se lodos, digeridos ou não, do sistema de tratamento de resíduos ou de outros materiais, deverão ser feitos pelos responsáveis da fonte geradora213. Ademais, os efluentes de qualquer atividade somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente nas águas interiores, superficiais ou subterrâneas e nos coletores de água desde que obedeçam aos padrões de emissão estabelecidos em legislação específica, federal e estadual. Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características em desacordo com os critérios e padrões de qualidade das águas, definidas pelo órgão competente em consonância com a legislação federal em vigor (artigo 22 da Lei Estadual nº 5.887/95). O estado do Pará prevê, por meio da Lei Estadual nº 6.381, de 25 de julho de 2001, que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos do Pará, o fomento e a coordenação de ações integradas visando garantir o tratamento de efluentes e esgotos urbanos e industriais antes do lançamento nos corpos d’água. 211 Artigo 30 da Resolução CNRH nº 16/01. 212 Artigo 13 da Lei Estadual nº 5.887/95. 213 Artigo 16 da Lei Estadual nº 5.887/95.

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5.19 Educação Ambiental A Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, define educação ambiental como processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade214. Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: • ao Poder Público, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental,

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

• aos órgãos integrantes do SNMA, promover ações de educação ambiental integradas aos

programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; • às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas

destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;

• à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e

habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais 215.

O artigo 7º da Lei Federal nº 9.795/99 prevê que a Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental. Assim, a Política Nacional de Educação Ambiental prevê que todos têm direito à educação ambiental, competindo às empresas, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação de trabalhadores, visando à melhoria e o controle efetivo sobre o ambiente de trabalho. No âmbito estadual, a Constituição paraense estabelece que compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe promover a educação ambiental em todos os níveis e proporcionar, na forma da lei, informação ambiental (artigo 255, inciso IV). A promoção da educação ambiental no Estado do Pará é regulamentada pela Lei Estadual nº 26.752, de 29 de junho de 1990, que prevê que todas as instituições e empresas de natureza pública ou privada deverão promover, sistematicamente, no âmbito interno, programas de educação ambiental. 214 Artigo 1º da Lei Federal nº 9.795/99. 215 Artigo 3º, incisos I, III e V da Lei Federal nº 9.795/99.

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O artigo 3º, parágrafo único da Lei Estadual nº 26.752/90, determina que todas as empresas de natureza pública ou privada que exerçam, por Lei, atividades consideradas poluidoras ou potencialmente poluidoras ou que tenham condutas lesivas meio ambiente, deverão implantar programas de proteção ambiental nas comunidades da área atingida. Com efeito, a Lei Estadual nº 5.977, de 10 de julho de 1996, que dispõe sobre a proteção à fauna silvestre no Pará, prevê que o órgão ambiental estadual, no caso a SEMA, promoverá campanhas educativas e elaborará programas ou projetos de educação ambiental, visando à conscientização da população a respeito da preservação dos animais silvestres216. Para execução do Programa de Educação Ambiental, o Estado do Pará conta com a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (CIEA), criada pelo Decreto Estadual nº 1.638, de 08 de junho de 2005. A CIEA é integrada por representantes de órgãos públicos, dos setores produtivos e dos diversos segmentos da sociedade civil organizada com atuação nas áreas de meio ambiente e de educação, e tem por finalidade: • Definir diretrizes para implementação da educação ambiental em âmbito estadual; • Articular, acompanhar e supervisionar os planos, programas e projetos na área de

educação ambiental, em âmbito estadual; • Participar na avaliação e negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na

área de educação ambiental. Assim, compete à Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado do Pará implementar o Programa de Educação Ambiental, podendo, para tanto, articular-se com os municípios e instituições públicas e privadas. 5.20 Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Arqueológico A Constituição Federal brasileira declara que os sítios arqueológicos e pré-históricos são bens da União217 e que constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem (artigo 216):

“I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico;”

Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos 216 Artigo 13 da Lei Estadual nº 5.977/96. 217 Artigo 20, inciso X da Constituição Federal de 1988.

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memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. O Decreto-Lei Federal nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, dispõe que os bens mencionados só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico e artístico nacional depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo218. As coisas tombadas não poderão, em nenhum caso, ser destruídas, demolidas ou mutiladas, sem prévia autorização especial do IPHAN219. O Decreto-Lei Federal nº 3.866, de 29 de novembro de 1941, estabelece, em seu artigo único, que o Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto por qualquer legítimo interessado, seja cancelado o tombamento de bens pertencentes à União, aos Estados, aos municípios ou a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, realizados pelo IPHAN, de acordo com o Decreto Lei nº 25/37. Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza, existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram, ficam sob a guarda e proteção do Poder Público, de acordo com o artigo 1º da Lei Federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961. Referida norma também prevê que a propriedade da superfície, regida pelo direito comum, não inclui a das jazidas arqueológicas ou pré-históricas, nem a dos objetos nelas incorporados. Consideram-se monumentos arqueológicos ou pré-históricos:

“a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos de cultura dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais ou tesos, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer outras não especificadas aqui, mas de significado idêntico a juízo da autoridade competente. b) os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos paleoameríndios tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha; c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeiamento, "estações" e "cerâmios", nos quais se encontram vestígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico; d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de paleoameríndios.”220

O artigo 3º da Lei Federal nº 3.924/61 dispõe que são proibidos, em todo o território nacional, o aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros, birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios, inscrições e objetos acima enumerados, antes de serem devidamente pesquisados, respeitadas as concessões anteriores e não caducas. Insta mencionar que a Lei Federal nº 6.513, de 20 de dezembro de 1977, considera de interesse turístico as áreas especiais os bens de valor cultural e natural, protegidos por

218 Artigo 1º, §1º do Decreto-Lei Federal nº 25/37. 219 Artigo 17 do Decreto-Lei Federal nº 25/37. 220 Artigo 2º da Lei Federal nº 3.924/61.

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legislação específica, especialmente os bens de valor histórico, artístico, arqueológico ou pré-histórico e as manifestações culturais ou etnológicas e os locais onde ocorram221. Os procedimentos necessários à comunicação prévia, às permissões e autorizações para pesquisa e escavações arqueológicas em sítios arqueológicos previstos na Lei Federal nº 3.924/61, são estabelecidos pela Portaria IPHAN nº07, de 01º de dezembro de 1988. O pedido de permissão deverá ser realizado por meio de requerimento de pessoa jurídica que tenha interesse em promover essas atividades. Os pedidos de permissão e autorização, assim como a comunicação prévia, devem ser dirigidos ao (IPHAN, acompanhados das seguintes informações:

“I – indicação do nome, endereço, nacionalidade e currículo com cópia das publicações científicas que comprove a idoneidade técnica-científica do arqueólogo responsável e da equipe técnica; II – delimitação da área abrangida pelo projeto; III – relação, quando for o caso, dos sítios a serem pesquisados com indicação exata de sua localização; IV – plano de trabalho científico que contenha: 1. definição dos objetivos; 2. conceituação e metodologia; 3. seqüência das operações a serem realizadas no sítio; 4. cronograma da execução; 5. proposta preliminar de utilização futura do material produzido para fins científicos, culturais e educacionais; 6. meios de divulgação das informações científicas obtidas; V – prova de idoneidade financeira do projeto; VI – cópia dos atos constitutivos ou lei instituidora, se pessoa jurídica; VII – indicação, se o for o caso, da instituição científica que apoiará o projeto com respectiva declaração de endosso institucional. ”222

O IPHAN responderá aos pedidos referentes à pesquisa de campo e escavações em 90 (noventa) dias, salvo se insatisfatoriamente instruídos, reiniciando-se a contagem do prazo a partir do cumprimento da exigência (artigo 6º). O artigo 11 da Portaria IPHAN nº07/88 estabelece que os relatórios técnicos deverão ser redigidos em língua portuguesa e entregues ao Instituto acompanhados das seguintes informações:

“I – cadastro, segundo formulário próprio, dos sítios arqueológicos encontrados durante os trabalhos de campo; II – meios utilizados durante os trabalhos, medidas adotadas para a proteção e conservação e descrição do material arqueológico, indicando a instituição responsável pela guarda e como será assegurado o desenvolvimento da proposta de valorização do potencial cientifico cultural e educacional; III – planta(s) e fotos pormenorizadas do sítio arqueológico com indicação dos locais afetados pelas pesquisas e dos testemunhos deixados no local; IV – foto do material arqueológico relevante;

221 Artigo 1º, incisos I e IV da Lei Federal nº 6.513/77. 222 Artigo 5º da Portaria IPHAN nº07/88.

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V – planta(s), desenhos e fotos das estruturas descobertas e das estratigráficas reconhecidas; VI – planta(s) com indicação dos locais onde se pretende o prosseguimento das pesquisas em novas etapas; VII – indicação dos meios de divulgação dos resultados.”

Ao final da pesquisa deverá ser encaminhado ao IPHAN o relatório final dos trabalhos, que deverá conter as informações acima relacionadas e a listagem dos sítios arqueológicos cadastrados durante o desenvolvimento do projeto. O mencionado relatório ainda deverá relacionar material arqueológico recolhido em campo, informar sua forma de acondicionamento e estocagem e indicar o responsável pela guarda e manutenção desse material. O registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro é regulamentado pelo Decreto Federal nº 3.551, de 04 agosto de 2000. A inscrição num dos livros de registro terá sempre como referência a continuidade histórica do bem e sua relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira223. Cumpre mencionar que as propostas para registro desses bens, acompanhadas de respectiva documentação técnica, serão dirigidas ao Presidente do IPHAN. Ademais, instituiu-se no âmbito do Ministério da Cultura, por meio do Decreto Federal nº 3.551/00, o "Programa Nacional do Patrimônio Imaterial", visando à implementação de política específica de inventário, referenciamento e valorização desse patrimônio224. Ressalta-se que o IPHAN, por meio da Portaria nº 230, de 17 de dezembro de 2002, dispõe acerca de estudos arqueológicos na elaboração de estudo e relatório de impacto ambiental (EIA e RIMA), prevendo que, na fase de obtenção da LP, deverá ser identificada a contextualização arqueológica e etnohistórica da área de influência do empreendimento, por meio de levantamento exaustivo de dados secundários e levantamento arqueológico de campo. No caso do projeto de o AHE Belo Monte afetar áreas arqueologicamente desconhecidas, pouco ou mal conhecidas que não permitam inferências sobre a área de intervenção do empreendimento, deverá ter sido providenciado levantamento arqueológico de campo pelo menos em sua AID. Este levantamento deverá contemplar todos os compartimentos ambientais significativos no contexto geral da área a ser implantada e deverá prever levantamento prospectivo de sub-superfície (artigo 2º). O resultado final esperado do levantamento é um relatório de caracterização e avaliação da situação atual do patrimônio arqueológico da área de estudo, sob a rubrica Diagnóstico. A avaliação dos impactos do AHE Belo Monte junto ao patrimônio arqueológico regional deverá ter sido realizada com base no diagnóstico elaborado, na análise das cartas ambientais temáticas (geologia, geomorfologia, hidrografia, declividade e vegetação) e nas particularidades técnicas das obras (artigo 3º). De acordo com artigo 4º da Portaria IPHAN nº 230/02, a partir do diagnóstico e avaliação de impactos, deverão ser elaborados os Programas de Prospecção e Resgate compatíveis com o 223 Artigo 1º, §2º do Decreto federal nº 3.551/00. 224 Artigos 3º e 8º do Decreto Federal nº 3.551/00.

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cronograma das obras e com as fases de licenciamento ambiental do empreendimento de forma a garantir a integridade do patrimônio cultural da área. Na fase de obtenção de LI, deverá ser implantado o Programa de Prospecção proposto na fase de Licenciamento Prévio, o qual deverá prever prospecções intensivas nos compartimentos ambientais de maior potencial arqueológico da AID do Aproveitamento Hidrelétrico e nos locais que sofrerão impactos indiretos potencialmente lesivos ao patrimônio arqueológico, tais como áreas de reassentamento de população, expansão urbana ou agrícola, serviços e obras de infra-estrutura225. Os objetivos, nesta fase, são estimar a quantidade de sítios arqueológicos existentes nas áreas a serem afetadas direta ou indiretamente pelo empreendimento e a extensão, profundidade, diversidade cultural e grau de preservação nos depósitos arqueológicos para fins de detalhamento do Programa de Resgate Arqueológico proposto pelo EIA, o qual deverá ser implantado na fase de Licenciamento de Operação 226. O resultado final esperado é um Programa de Resgate Arqueológico fundamentado em critérios precisos de significância científica dos sítios arqueológicos ameaçados que justifique a seleção dos sítios a serem objeto de estudo em detalhe, em detrimento de outros, e a metodologia ser empregada nos estudos. Na fase de obtenção da LO, o artigo 6º, caput da Portaria IPHAN nº 230/02, determina que será executado o Programa de Resgate Arqueológico proposto no EIA e detalhado na fase de Licenciamento de Instalação. O artigo 6º, §1º da mencionada Portaria prevê o seguinte para a fase de Licenciamento de Operação: “É nesta fase que deverão ser realizados os trabalhos de salvamento arqueológicos nos sítios selecionados na fase anterior, por meio de escavações exaustivas, registro detalhado de cada sítio e de seu entorno e coleta de exemplares estatisticamente significativos da cultura material contida em cada sítio arqueológico.” O resultado esperado é um relatório detalhado que especifique as atividades desenvolvidas em campo e em laboratório e apresente os resultados científicos dos esforços dispendidos em termos de produção de conhecimento sobre arqueologia da área de estudo. Assim, a perda física dos sítios arqueológicos poderá ser efetivamente compensada pela incorporação dos conhecimentos produzidos à Memória Nacional227. A Portaria IPHAN nº 230/02 estabelece que o desenvolvimento dos estudos arqueológicos mencionados, em todas as suas fases, implica trabalhos de laboratório e gabinete (limpeza, triagem, registro, análise, interpretação, acondicionamento adequado do material coletado em campo, bem como programa de Educação Patrimonial), os quais deverão estar previstos nos contratos entre os empreendedores e os arqueólogos responsáveis pelos estudos, tanto em termos de orçamento quanto de cronograma (artigo 6º, §7º)

225 Artigo 5º, caput da Portaria IPHAN nº 230/02. 226 Artigo 5º, §1º da Portaria IPHAN nº 230/02. 227 Artigo 6º, §2º da Portaria IPHAN nº 230/02.

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No caso da destinação da guarda do material arqueológico retirado nas áreas, regiões ou municípios onde foram realizadas pesquisas arqueológicas, a guarda desses vestígios arqueológicos deverá ser garantida pelo empreendedor, seja na modernização, na ampliação, no fortalecimento de unidades existentes, ou mesmo na construção de unidades museológicas específicas228. Especificamente quanto aos empreendimentos do setor elétrico, a Portaria IPHAN nº 28, de 31 de janeiro de 2003, dispõe que os reservatórios de empreendimentos hidrelétricos em operação, devem, na solicitação da renovação da LO, prever a execução de projetos de levantamento, prospecção, regate e salvamento arqueológico da faixa de depleção. Os estudos arqueológicos para esses empreendimentos serão exigidos na faixa de depleção ao menos entre os níveis médio e máximo de enchimento dos reservatórios. Os projetos formulados para os estudos arqueológicos na faixa de depleção dos reservatórios devem estar formatados em conformidade com a Lei Federal nº 3.924/61 e das Portarias IPHAN nº 07/88 e IPHAN nº 230/2003, já abordadas nesse capítulo229. O IPHAN poderá, a seu critério, opinar favoravelmente à concessão da renovação da LO do empreendimento, que será noticiada ao IBAMA, desde que o projeto de estudos arqueológicos tenha sido aprovado pelo Instituto com garantias da execução (artigo 4º). O cronograma dos trabalhos arqueológicos deverá estar compatibilizado com período de esvaziamento do reservatório entre os níveis médio e máximo230. Insta ressaltar que o artigo 6º da Portaria IPHAN nº 28/03 estabelece que os reservatórios a fio d’água, como o AHE Belo Monte, serão excluídos para efeitos dessa Portaria. De acordo com a Constituição Estadual do Pará, constituem patrimônio cultural paraense os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade paraense, nos quais se incluem (artigo 286):

“I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;; V - as cidades, os edifícios, os conjuntos urbanos e sítios de valor arquitetônico, histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico, científicos e inerentes a relevantes narrativas da nossa história cultural;”

A Constituição do Pará estabelece que o Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural paraense, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento, desapropriação e outras formas de acautelamento e preservação, e as manifestações culturais e populares, indígenas e afro-brasileiras e de outros grupos participantes do processo civilizatório231.

228 Artigo 6º, §8º da Portaria IPHAN nº 230/02. 229 Artigo 2º e 3º da Portaria IPHAN nº 28/03. 230 Artigo 5º da Portaria IPHAN nº 28/03. 231 Artigo 286, §1°, “a” e “b” da Constituição do Estado do Pará.

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Ademais, o Estado tombou, pela Constituição, os sítios dos antigos quilombos paraenses, dos sambaquis, das áreas delimitadas pela arquitetura de habitação indígena e áreas inerentes a relevante narrativas de nossa história cultural232. A preservação e proteção do patrimônio histórico, artístico, natural e cultural do Pará são reguladas pela Lei Estadual nº 5.629, de 20 de dezembro de 1990, que considera patrimônio cultural do Estado os bens de natureza material ou imaterial, quer tomados individualmente ou em conjunto, que sejam relacionados à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos que formam a sociedade paraense, dentre os quais se incluem233: • as formas de expressão; • os modos de criar, fazer e viver; • as criações científicas, artísticas e tecnológicas; • as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços às manifestações artístico-

culturais; • as cidades, os edifícios, os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, arquitetônico,

paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico, científico e inerentes e relevantes de nossa história cultural;

• a cultura indígena tomada isoladamente e em conjunto. Para efeitos de aplicação dessa Lei, o Pará conta com Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Secretaria de Estado de Cultura (DPHAC) e com os Agentes Municipais de Preservação e Proteção do Patrimônio Cultural (AMPPPC)234. Segundo o artigo 11 da Lei Estadual nº 5.629/90, o processo de tombamento será iniciado a pedido de qualquer pessoa, ou grupo de pessoas, incluindo-se associações, instituições e quaisquer outras organizações interessadas na preservação e proteção da memória cultural paraense ou por iniciativa do DPHAC e AMPPPC. Importa destacar que o pedido deverá ser feito por carta ou ofício ao Secretário de Estado de Cultura, constando dados relativos ao bem cultural, como localização e justificativa, podendo, quando for o caso, ser anexado qualquer documento, foto, desenho, referências como fatos, valores inerentes e outros, do que se pretenda tombar. A partir da data de recebimento da solicitação de tombamento o bem terá garantido sua preservação e proteção, até decisão final235. Outrossim, a referida norma estadual estabeleceu que os municípios obrigatoriamente considerarão, em sua legislação de política urbana e cultural, a preservação de sítios históricos e naturais, como edifícios, conjuntos, logradouros e demais espaços com interesse à preservação e valorização de memória cultural paraense (artigo 46).

232 Artigo 286, §2°da Constituição do Estado do Pará. 233 Artigo 1º da Lei Estadual nº 5.629/90. 234 Artigo 3º da Lei Estadual nº 5.629/90. 235 Artigo 11, §1º e §2º da Lei Estadual nº 5.629/90.

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5.21 Patrimônio Espeleológico A Constituição Federal Brasileira classifica as cavidades naturais subterrâneas como bens da União (artigo 20, inciso X). A proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional, e que constituem patrimônio cultural brasileiro, é tratada pelo Decreto Federal nº 99.556, de 1º de outubro de 1990, alterado pelo Decreto Federal nº 6.640, de 7 de novembro de 2008. Esta alteração prevê que tais cavidades deverão ser protegidas de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, turístico, recreativo e educativo. Nos termos do parágrafo único, do art. 1º, do Decreto nº 99.556/90, com redação alterada pelo Decreto Federal nº 6.640/08, cavidade natural subterrânea é “todo e qualquer espaço subterrâneo acessível pelo ser humano, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, gruta, toca, abismo, furna ou buraco, incluindo seu ambiente, conteúdo mineral e hídrico, a fauna e a flora ali encontrados e o corpo rochoso onde os mesmos se inserem, desde que tenham sido formados por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou tipo de rocha encaixante”236. Nos termos do artigo 2º do Decreto Federal em comento, com redação alterada pelo Decreto Federal nº 6.640/08, a cavidade natural subterrânea será classificada de acordo com seu grau de relevância em máximo, alto, médio ou baixo, determinado pela análise de atributos ecológicos, biológicos, geológicos, hidrológicos, paleontológicos, cênicos, histórico-culturais e socioeconômicos, avaliados sob enfoque regional e local237. Ademais, os atributos das cavidades naturais subterrâneas listados acima serão classificados, em termos de sua importância, em acentuados, significativos ou baixos238. O §4º do artigo 2º do Decreto Federal nº 99.556/90, conforme alterações trazidas pelo Decreto Federal nº 6.640/08, definiu cavidade natural subterrânea com grau de relevância máximo aquela que possui pelo menos um dos atributos listados abaixo, a saber:

“I-gênese única ou rara; II-morfologia única; III-dimensões notáveis em extensão, área ou volume; IV-espeleotemas únicos; V-isolamento geográfico; VI-abrigo essencial para a preservação de populações geneticamente viáveis de espécies animais em risco de extinção, constantes de listas oficiais; VII-hábitat essencial para preservação de populações geneticamente viáveis de espécies de troglóbios endêmicos ou relíctos; VIII-hábitat de troglóbio raro; IX-interações ecológicas únicas; X-cavidade testemunho; ou XI-destacada relevância histórico-cultural ou religiosa”.

236 Parágrafo único do artigo 1º do Decreto Federal nº 99.556/90. 237 O §2º do artigo em tela define “enfoque local” como a unidade espacial que engloba a cavidade e sua área de influência e, por “enfoque regional”, a unidade espacial que engloba, no mínimo, um grupo ou formação geológica e suas relações com o ambiente no qual se insere. 238 §3º do artigo 2º do Decreto Federal nº 99.556/90.

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Com relação à cavidade natural subterrânea com grau de relevância alto, a norma federal em tela a define como aquela cuja importância de seus atributos seja considerada acentuada sob enfoque local e regional, ou acentuada sob enfoque local e significativa sob enfoque regional239. Por cavidade natural subterrânea com grau de relevância médio entende-se como aquela cuja importância de seus atributos seja considerada acentuada sob enfoque local e baixa sob enfoque regional, ou significativa sob enfoque local e regional, conforme disposto no §7º, incisos I e II do artigo 2º do Decreto Federal nº 99.556/90. Por fim, entende-se por cavidade natural subterrânea com grau de relevância baixo aquela cuja importância de seus atributos seja considerada significativa sob enfoque local e baixa sob enfoque regional; ou baixa sob enfoque local e regional240. Consoante ao disposto no artigo 3º da norma federal em tela, com redação alterada pelo Decreto Federal nº 6.640/08, a cavidade natural subterrânea com grau de relevância máximo e sua área de influência não podem ser objeto de impactos negativos irreversíveis, sendo que sua utilização deve fazer-se somente dentro de condições que assegurem sua integridade física e a manutenção do seu equilíbrio ecológico. Por outro lado, a cavidade natural subterrânea classificada com grau de relevância alto, médio ou baixo poderá ser objeto de impactos negativos irreversíveis, mediante licenciamento ambiental241. Cumpre ressaltar que no caso de empreendimento que ocasione impacto negativo irreversível em cavidade natural subterrânea com grau de relevância alto, o empreendedor deverá adotar, como condição para o licenciamento ambiental, medidas e ações para assegurar a preservação, em caráter permanente, de duas cavidades naturais subterrâneas com o mesmo grau de relevância, de mesma litologia e com atributos similares à que sofreu o impacto, que serão consideradas cavidades testemunho242. A proteção das mencionadas cavidades naturais subterrâneas deverá, sempre que possível, ser efetivada em área contínua e no mesmo grupo geológico da cavidade que sofreu o impacto243. Contudo, não havendo, na área do empreendimento, outras cavidades representativas que possam ser preservadas sob a forma de cavidades testemunho, o Instituto Chico Mendes poderá definir, de comum acordo com o empreendedor, outras formas de compensação244. No caso de empreendimento que ocasione impacto negativo irreversível em cavidade natural subterrânea com grau de relevância médio, o empreendedor deverá adotar medidas e financiar ações, nos termos definidos pelo órgão ambiental competente, que contribuam para a conservação e o uso adequado do patrimônio espeleológico brasileiro, especialmente das cavidades naturais subterrâneas com grau de relevância máximo e alto245.

239 §6º, incisos I e II do artigo 2º do Decreto Federal nº 99.556/90. 240 §8º, incisos I e II do artigo 2º do Decreto Federal nº 99.556/90. 241 Artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90. 242 §1º do artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90. 243 §2º do artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90. 244 §3º do artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90. 245 §4º do artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90.

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O empreendedor, outrossim, não estará obrigado a adotar medidas e ações para assegurar a preservação de outras cavidades naturais subterrâneas caso seu empreendimento ocasione impactos negativos irreversíveis em cavidade subterrânea com grau de relevância baixo246. Ressalte-se que a metodologia para classificação do grau de relevância das cavidades naturais subterrâneas será estabelecida em ato normativo do Ministro de Estado do Meio Ambiente, ouvidos o ICMBio, o IBAMA e demais setores governamentais afetos ao tema, no prazo de sessenta dias contados da data de publicação do Decreto Federal nº 6.640/08, que alterou o Decreto Federal nº 99.556/90247. Conforme estabelecido no artigo 5o-A do Decreto Federal nº 99.556/90, a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores de cavidades naturais subterrâneas, bem como de sua área de influência, dependerão de prévio licenciamento pelo órgão ambiental competente. Neste sentido, o órgão ambiental competente, no âmbito do processo de licenciamento ambiental, deverá classificar o grau de relevância da cavidade natural subterrânea, observando os critérios estabelecidos pelo MMA, sendo que os estudos para esta definição deverão ocorrer às expensas do responsável pelo empreendimento ou atividade248. Outrossim, em havendo impactos negativos irreversíveis em cavidades naturais subterrâneas pelo empreendimento, a compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, já descrito no presente Capítulo, deverá ser prioritariamente destinada à criação e implementação de unidade de conservação em área de interesse espeleológico, sempre que possível na região do empreendimento249. Compete à União, por intermédio do IBAMA e do ICMBio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, no exercício da competência comum a que se refere o artigo 23 da Constituição, preservar, conservar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio espeleológico brasileiro, bem como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o conhecimento sobre as cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional250. Para efetivar este dispositivo, os referidos órgãos ambientais podem firmar acordos, convênios, ajustes e contratos com entidades públicas ou privadas, nacionais, internacionais ou estrangeiras, para auxiliá-los nas ações de preservação e conservação, bem como de fomento aos levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o conhecimento sobre as cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional251. A realização de diagnóstico da situação do patrimônio espeleológico nacional, por meio de levantamento e análise de dados, identificando áreas críticas e definindo ações e instrumentos necessários para a sua devida proteção e uso adequado, está prevista na Portaria IBAMA nº 887, de 15 de junho de 1990.

246 §5º do artigo 4º do Decreto Federal nº 99.556/90. 247 Artigo 5º do Decreto Federal nº 99.556/90. 248 §1º e 2º do artigo 5º-A do Decreto Federal nº 99.556/90. 249 §4º do artigo 5º-A do Decreto Federal nº 99.556/90. 250 Artigo 5º-B do Decreto Federal nº 99.556/90. 251 Parágrafo único do artigo 5º-B do Decreto Federal nº 99.556/90.

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O artigo 4º da mencionada Portaria declara a obrigatoriedade de elaborar EIA para ações ou empreendimentos de quaisquer naturezas, ativos ou não, temporários ou permanentes, previstos ou existentes em áreas de ocorrência de cavidades naturais subterrâneas ou de potencial espeleológico, que direta ou indiretamente possam ser lesivos a essas cavidades. São proibidos o desmatamento, queimadas, uso de solo e subsolo ou ações de quaisquer natureza que coloquem em risco as cavidades naturais subterrâneas e sua área de influência, a qual compreenda os recursos ambientais, superficiais e subterrâneos, dos quais dependam sua integridade física ou seu equilíbrio ecológico (artigo 5º). A Portaria IBAMA nº 887/90 estabelece que a área de influência de uma cavidade natural subterrânea será definida por estudos técnicos específicos, obedecendo às peculiaridades e características de cada caso. Ademais, até a definição dessa área, a mesma deverá ser identificada a partir da projeção em superfície do desenvolvimento linear da cavidade considerada, ao qual será somado um entorno adicional de proteção de, no mínimo, 250 (duzentos e cinqüenta) metros252. O IBAMA, por meio da Portaria nº 57, de 05 de junho de 1997, instituiu o Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas (CECAV) com a finalidade de propor, normatizar, fiscalizar e controlar o uso do patrimônio espeleológico brasileiro, bem como fomentar levantamentos, estudos e pesquisas que possibilitem ampliar o conhecimento sobre as cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional. Compete ao CECAV recomendar modelos de manejo, bem como instrumentos legais e técnicos de proteção às cavidades naturais subterrâneas.

Por sua vez, o CONAMA, pela Resolução nº 347 de 10 de setembro de 2004, institui o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE) e estabelece, para fins de proteção ambiental das cavidades naturais subterrâneas, os procedimentos de uso e exploração do patrimônio espeleológico nacional. Para efeito dessa Resolução CONAMA ficam estabelecidas as seguintes definições:

“I - cavidade natural subterrânea é todo e qualquer espaço subterrâneo penetrável pelo ser humano, com ou sem abertura identificada, popularmente conhecido como caverna, gruta, lapa, toca, abismo, furna e buraco, incluindo seu ambiente, seu conteúdo mineral e hídrico, as comunidades bióticas ali encontradas e o corpo rochoso onde as mesmas se inserem, desde que a sua formação tenha sido por processos naturais, independentemente de suas dimensões ou do tipo de rocha encaixante. II - cavidade natural subterrânea relevante para fins de anuência pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA no processo de licenciamento - aquela que apresente significativos atributos ecológicos, ambientais, cênicos, científicos, culturais ou socioeconômicos, no contexto local ou regional em razão, entre outras, das seguintes características: a) dimensão, morfologia ou valores paisagísticos;

252 Artigo 6º, parágrafo único da Portaria IBAMA nº 887/90.

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b) peculiaridades geológicas, geomorfológicas ou mineralógicas; c) vestígios arqueológicos ou paleontológicos; d) recursos hídricos significativos; e) ecossistemas frágeis; espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção; f) diversidade biológica; ou g) relevância histórico-cultural ou socioeconômica na região. III - patrimônio espeleológico: o conjunto de elementos bióticos e abióticos, socioeconômicos e históricos-culturais, subterrâneos ou superficiais, representados pelas cavidades naturais subterrâneas ou a estas associadas; IV - área de influência sobre o patrimônio espeleológico: área que compreende os elementos bióticos e abióticos, superficiais e subterrâneos, necessários à manutenção do equilíbrio ecológico e da integridade física do ambiente cavernícola; V - plano de manejo espeleológico: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais da área, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da cavidade natural subterrânea; e VI - zoneamento espeleológico: definição de setores ou zonas em uma cavidade natural subterrânea, com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos do manejo sejam atingidos.”253

Incumbe ao IBAMA realizar a gestão do CANIE, criando os meios necessários para sua execução. O empreendedor que vier a requerer licenciamento ambiental deverá realizar o cadastramento prévio no CANIE dos dados do patrimônio espeleológico mencionados no processo de licenciamento independentemente do cadastro ou registro existentes em outros órgãos254. Importa mencionar que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou degradadores do patrimônio espeleológico ou de sua área de influência, dependerão de prévio licenciamento pelo órgão ambiental competente, nos termos da legislação vigente (artigo 4º, caput). As autorizações ou licenças ambientais, na hipótese de cavidade natural subterrânea relevante ou de sua área de influência, dependerão, no processo de licenciamento, de anuência prévia do IBAMA, que deverá se manifestar no prazo máximo de 90 (noventa) dias, sem prejuízo de outras manifestações exigíveis255. A área de influência sobre o patrimônio espeleológico será definida pelo órgão ambiental competente que poderá, para tanto, exigir estudos específicos, às expensas do empreendedor e, conforme já mencionado, até que se efetive essa definição a área de influência das

253 Artigo 2º da Resolução CONAMA nº 347/04. 254 Artigo 3º, §1º e §4º da Resolução CONAMA nº 347/04. 255 Artigo 4º, §1º da Resolução CONAMA nº 347/04.

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cavidades naturais subterrâneas será a projeção horizontal da caverna acrescida de um entorno de 250 (duzentos e cinqüenta) metros, em forma de poligonal convexa256. O artigo 5º da Resolução CONAMA nº 347/04 estabelece que na análise do grau de impacto ao patrimônio espeleológico afetado, o órgão licenciador deve considerar, entre outros aspectos: • suas dimensões, morfologia e valores paisagísticos; • suas peculiaridades geológicas, geomorfológicas e mineralógicas; • a ocorrência de vestígios arqueológicos e paleontológicos; • recursos hídricos; • ecossistemas frágeis ou espécies endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção; • a diversidade biológica; e • sua relevância histórico-cultural ou sócio-econômica na região. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente causadores de significativa alteração e degradação do patrimônio espeleológico, para os quais se exija EIA e RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de UC, de acordo com o previsto no artigo 36 da Lei Federal nº 9.985/00 (compensação ambiental disposta na Lei do SNUC)257. O apoio mencionado poderá constituir-se em estudos e pesquisas desenvolvidas, preferencialmente na região do empreendimento, que permitam identificar áreas para a implantação de UCs de interesse espeleológico258. Com efeito, o órgão ambiental competente fará articulação junto aos órgãos de patrimônio histórico-cultural e mineral para, por meio de termo de cooperação, proteger os patrimônios espeleológico, arqueológico e paleontológico e alimentar o banco de dados do CANIE259. Cumpre observar que na ocorrência de sítios arqueológicos e paleontológicos junto à cavidade natural subterrânea, o IBAMA comunicará aos órgãos competentes responsáveis pela gestão e proteção desses componentes (artigo 12). Ademais, o IBAMA instituiu o SISBIO, pela IN IBAMA nº 154, de 01º de março de 2007, com objetivo de fixar norma sobre autorizações e licenças para a realização de atividades com finalidade científica ou didática no território nacional, dentre as quais está prevista a pesquisa em cavidade natural subterrânea. Ocorre que, de acordo com o artigo 15, §2º dessa IN IBAMA, a realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental estará sujeita à autorização específica para tal finalidade.

256 Artigo 4º, §2º e §3º da Resolução CONAMA nº 347/04. 257 Artigo 8º da Resolução CONAMA nº 347/04. 258 Artigo 8º, §1º da Resolução CONAMA nº 347/04. 259 Artigo 11 da Resolução CONAMA nº 347/04.

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Sendo assim, as pesquisas em cavidades naturais subterrâneas na área de influência do AHE Belo Monte deverão ser precedidas de autorização específica do IBAMA. No tocante ao diagnóstico ambiental de cavidades naturais subterrâneas existentes nas Áreas de Influência Direta e Diretamente Afetada (ADA) pelo AHE Belo Monte, cabe salientar que o mesmo deverá propiciar a classificação das mesmas em acordo com seu grau de relevância (máximo, alto, médio ou baixo), em acordo com as alterações feitas no Decreto Federal nº 99.556, de 1º de outubro de 1990, pelo Decreto Federal nº 6.640, de 7 de novembro de 2008. Há que se observar, no entanto, que a metodologia para classificação do grau de relevância das cavidades naturais subterrâneas ainda não se acha pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, dado que, em acordo com o Decreto Federal no 6.640 supracitado, o mesmo dispõe de um prazo de sessenta dias contados da data de publicação do referido Decreto, devendo ser ouvidos, para o estabelecimento dessa metodologia, o Instituto Chico Mendes, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e demais setores governamentais afetos ao tema. No entanto, já se deve ressaltar que tais cavidades, se classificadas como de grau de relevância alto, médio ou baixo, poderão ser objeto de intervenções em função do empreendimento hidrelétrico em pauta, ainda que estas venham a desencadear impactos irreversíveis sobre as cavidades, guardando-se as devidas compensações estabelecidas no Decreto Federal no 6.640, de 7 de novembro de 2008. Desta forma, cavidades classificadas como de relevância alta, média ou baixa deixam de representar, pelo referido Decreto, elementos impeditivos à implementação do empreendimento em tela. 5.22 Monitoramento Ambiental A PNMA (Lei Federal nº 6.938/81) tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendendo princípios como o acompanhamento do estado da qualidade ambiental (artigo 2º, inciso VII). A Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, que dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para EIA e RIMA, prevê que o estudo de impacto ambiental deve desenvolver atividades técnicas como elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos do empreendimento, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados nesses trabalhos260. O artigo 8º da Resolução CONAMA nº 01/86 estabelece que correrão por conta do empreendedor dos empreendimentos em licenciamento todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, compreendendo os estudos técnicos e científicos, acompanhamento e monitoramento dos impactos. O RIMA deverá refletir as conclusões do EIA e conterá, no mínimo, o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos261. A Resolução CONAMA nº 06, de 16 de setembro de 1987, que dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica, prevê, no artigo 9º, que o 260 Artigo 6º, inciso IV da Resolução CONAMA nº 01/86. 261 Artigo 9º, inciso VII da Resolução CONAMA nº 01/86.

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detalhamento dos aspectos ambientais julgados relevantes a serem desenvolvidos nas várias fases do licenciamento, inclusive o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos, será acompanhado por técnicos designados para este fim. A ANEEL, por meio da Resolução ANEEL n° 396, de 04 de dezembro de 1998, estabelece as condições para implantação, manutenção e operação de estações fluviométricas e pluviométricas associadas a empreendimentos hidrelétricos. De acordo com o artigo 1º da Resolução ANEEL n° 396/98, em todos os aproveitamentos hidrelétricos os concessionários ficam obrigados a instalar, manter e operar estações fluviométricas e pluviométricas na região do empreendimento, nas condições previstas nessa Resolução. Insta mencionar que a estação fluviométrica visa o monitoramento limnimétrico contínuo em determinado local do curso d’água, apoiado por medições regulares de vazão, que permitam a manutenção atualizada de curva de descarga para o local, e a estação pluviométrica consiste no monitoramento contínuo da precipitação num determinado local. No âmbito estadual, a Política Ambiental paraense (Lei Estadual nº 5.887/95) prevê que os empreendimentos a se instalarem no território do Pará ficam sujeitos ao monitoramento do Poder Público e, especialmente os aproveitamentos hidrelétricos devem, obrigatoriamente, realizar o automonitoramento da qualidade d’água do reservatório (artigos 57 e 45, inciso X). De acordo com o artigo 85 dessa Política, o monitoramento ambiental consiste no acompanhamento da qualidade dos recursos ambientais, com o objetivo de:

“I - aferir o atendimento aos padrões de qualidade ambiental; II - controlar o uso dos recursos ambientais; III - avaliar o efeito de políticas, planos e programas de gestão ambiental e de desenvolvimento econômico e social; IV - acompanhar o estágio populacional de espécies da flora e fauna, especialmente as ameaçadas de extinção; V - subsidiar medidas preventivas e ações emergenciais em casos de acidentes ou episódios críticos de poluição.”

O artigo 86 da Lei Estadual nº 5.887/95 estabelece que as obras e atividades sujeitas ao licenciamento ambiental devem proceder ao automonitoramento, sem prejuízo do monitoramento procedido pelo Poder Público. Nesse sentido, para o AHE Belo Monte dever-se-á realizar o monitoramento dos impactos ambientais identificados no EIA e RIMA, a exemplo do monitoramento do uso do solo, da qualidade dos recursos hídricos, da cobertura vegetal, monitoramento climatológico, da erosão, do transporte e da deposição dos sedimentos, da fauna, de resíduos e efluentes, de emissões, das atividades socioeconômicas e culturais, dentre outros impactos a serem monitorados. 5.23 Das Ilhas, Áreas de Várzea, Terrenos da Marinha e Terrenos Marginais A Constituição Federal de 1988 dispõe, em seu artigo 20, sobre os bens imóveis da União, dos quais fazem parte as ilhas fluviais nas zonas limítrofes com outros países.

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Residualmente, a titularidade das ilhas interiores, não situadas em zona de fronteira, pertence ao Estado em que se encontram tais territórios. No caso do AHE Belo Monte, portanto, a propriedade das ilhas fluviais do rio Xingu é do Estado do Pará, conforme, inclusive, dispõe sua Constituição: “Incluem-se entre os bens do Estado do Pará: as ilhas fluviais ou lacustres não pertencentes à União.”262 Importante atentar para a diferença da titularidade do território da ilha propriamente dita de suas áreas de várzea, terrenos da marinha e terrenos marginais. Áreas de várzea são áreas localizadas ao longo de rios, com ciclos anuais marcados por períodos de cheias e vazantes e que, por isso, ficam alagados durante a cheia e descobertos no outro período. Não existe conceito legal que as defina, mas a Resolução CONAMA nº 04, de 18 de setembro de 1985, trata área de várzea como “calha alagada ou maior de um rio, ocupada nos períodos anuais de cheia”. Essas áreas pertencem ao mesmo ente que tenha titularidade sobre a água que a ocupa. Em outras palavras, a área de várzea pertence à União se o rio que a ocupa for federal, ou do estado se o rio for estadual. Dessa forma, considerando que o rio Xingu pertence à União, as áreas de várzea das ilhas fluviais desse rio também são patrimônio Federal. Segundo o Manual de Regularização Fundiária em Terras da União da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), “de maneira geral, os terrenos de marinha e os terrenos marginais não estão em área periodicamente inundável da várzea, por isso não se confundem.” Os terrenos de marinha compreendem uma faixa que foi reservada à União por motivos de aproveitamento econômico e defesa da nação. Sua definição legal encontra-se no artigo 2º do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, que dispõe sobre os bens imóveis da União:

“São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha de preamar médio de 1831: (...) b) Os que contornam as ilhas situadas em zonas onde se faça sentir a influência das marés.”

Como a demarcação é feita com base no preamar do ano de 1831, mudanças na configuração da calha do rio podem determinar, atualmente, coincidência entre área de várzea e terreno de marinha. Terreno marginal é a porção de terra banhada pelas correntes navegáveis, fora do alcance da influência das marés, que se estende até 15 (quinze) metros contados horizontalmente para a parte de terra, a partir Linha Média das Enchentes Ordinárias (LMEO)263.

262 Artigo 13, inciso III, da Constituição do Estado do Pará. 263 Linha Média das Enchentes Ordinárias é uma linha fictícia determinada pela média das enchentes do rio.

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Da mesma forma que as áreas de várzea, os terrenos marginais pertencem ao mesmo ente que tem titularidade sobre as águas da enchente. Sendo assim, os terrenos marginais das ilhas interiores do rio Xingu são de propriedade da União. 5.24 Declaração de Utilidade Pública, Desapropriação, Indenização e Reassentamento 5.24.1 Declaração de Utilidade Pública e Desapropriação

A Constituição Federal Brasileira, nos termos do artigo 5º, inciso XXIV, prevê que Lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Ainda de acordo com o artigo 5º, incisos XII e XIII, é garantido a todos o direito de propriedade e essa deve atender a sua função social.

As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro (artigo 182, §3º da Constituição Federal). A desapropriação por utilidade pública é regulada pelo Decreto-Lei Federal nº 3.365, de 21 de junho de 1941, que dispõe no artigo 2º, que mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, Estados e Municípios. Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa do órgão competente264. O artigo 4º do Decreto Lei nº 3.365/41 estabelece que a desapropriação pode abranger área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em conseqüência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando quais as indispensáveis à continuação da obra. Cumpre ressaltar que a desapropriação atinge bens e direitos, móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, desde que passíveis de apossamento e valorização econômica e patrimonial. Assim, embora a legislação silencie sobre o assunto, a jurisprudência reconhece que não apenas o titular do domínio do bem expropriado tem direito à indenização, como também aquele que detenha sobre ele direito real limitado ou direito de posse265. Nesse sentido, é passível de indenização a desapropriação dos direitos constituídos sobre bens públicos, tais como ocupação e posse, mesmo que não sejam passíveis de apropriação por particulares266.

264 Artigo 3º do Decreto-Lei Federal nº 3.365/41. 265 vide REsp 769731/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08.05.2007, DJ 31.05.2007 p. 343; AC 200204010542380/SC, TRF-4ª Região, Terceira Turma, Relatora VÂNIA HACK DE ALMEIDA, publicado DJU de 01/06/2005, página 392; e A C 200284000085892/RN, TRF-5ª Região, Terceira Turma, Relator Desembargador Federal Ridalvo Costa, publicado DJ de 10/09/2007, página 502 266 "Terreno de Marinha - Ocupação desde longos anos por particular - Valor indenizável". Embora o domínio do terreno de marinha seja inalienável, o direito de ocupação, por particular, é indenizável." "Terrenos de Marinha. Somente pela via da desapropriação podem os ocupantes de terrenos de marinha ser despojados de seus direitos, inclusive benfeitorias".(nota 17: TASP, 1ª Câmara Cível, AP. nº 178.222, 27.06.1972, Rel. Assis Moura, RT, Vol. 443, p. 230; e TFR Seção Plena Ac. 9724.27.07.1963. Rel: Cândido Lobo. RDA, nº 79, p. 212, citado

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Ressalte-se que são classificados como bens públicos a várzea, os terrenos de marinha, os terrenos marginais e as ilhas fluviais. O aproveitamento das águas e da energia hidráulica, bem como a exploração dos serviços públicos, são considerados de utilidade pública, conforme preceitua o artigo 5º, “f” e “h” do Decreto Lei nº 3.365/41. Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial267. A desapropriação, de acordo com o artigo 10 do Decreto Lei nº 3.365/41, deve efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de 05 (cinco) anos, contados da data da expedição do respectivo ato de desapropriação268, e o pagamento do preço será prévio e em dinheiro269. O regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos encontra-se disposto na Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, que apresenta as seguintes definições:

“I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão; II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.”270

De acordo com o artigo 29, inciso VIII da Lei Federal nº 8.987/95, incumbe ao poder concedente declarar de utilidade pública os bens necessários à execução do serviço ou obra pública, promovendo as desapropriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à concessionária, caso em que será desta a responsabilidade pelas indenizações cabíveis. À concessionária compete promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder concedente (artigo 31, inciso VI da Lei Federal nº 8.987/95). De acordo com a Lei Federal nº 9.074, de 07 de julho de 1995, sujeitam-se ao regime de concessão, nos termos da Lei Federal nº 8.987/95, serviços e obras públicas de competência

respectivamente por MENDES, Vicente de Paula. A indenização na desapropriação, Del Rey Editora, Belo Horizonte, 1993, p. 612 e p. 558). 267 Artigo 7º do Decreto-Lei Federal nº 3.365/41. 268 Artigo 10 do Decreto-Lei Federal nº 3.365/41. 269 Artigo 32 do Decreto-Lei Federal nº 3.365/41. 270 Artigo 2º da Lei Federal nº 8.987/95.

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da União, como a exploração de obras ou serviços federais de barragens, contenções, eclusas, diques e irrigações, precedidas ou não da execução de obras públicas (artigo 1º, inciso V). Importante mencionar que compete à ANEEL declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de energia elétrica271. Ressalta-se que a ANEEL foi instituída pela Lei Federal nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que também disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica. Importa mencionar que a ANEEL tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, e é competente para implementar as políticas e diretrizes do Governo Federal para a exploração da energia elétrica e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos, e promover a contratação de concessionárias de serviço público para produção de energia elétrica e para a outorga de concessão para aproveitamento de potenciais hidráulicos. Os proprietários ou possuidores de terrenos marginais a potenciais de energia hidráulica e das rotas dos correspondentes sistemas de transmissão somente estão obrigados a permitir a realização de levantamentos de campo quando o interessado dispuser de autorização específica da ANEEL272. A autorização mencionada não confere exclusividade ao interessado, podendo a ANEEL estipular a prestação de caução em dinheiro para eventuais indenizações de danos causados à propriedade onde se localize o sítio objeto dos levantamentos273. Vale mencionar que os levantamentos de campo em sítios localizados em áreas indígenas somente poderão ser realizados com autorização específica do Poder Executivo, que estabelecerá as condições em cada caso (Artigo 28, §3º da Lei Federal nº 9.427/96). O Código Civil Brasileiro, instituído pela Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, dispõe que o proprietário, que tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa pode ser privado dessa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública (artigo 1.228, §3º). Os procedimentos gerais para requerimento de declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, de áreas de terras necessárias à implantação de instalações de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica, por concessionários, permissionários ou autorizados são regulamentados pela Resolução Normativa ANEEL nº 279, de 11 de setembro de 2007. O artigo 2º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07 determina que, para obtenção da declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação, o concessionário, permissionário ou autorizado deve enviar à ANEEL, requerimento acompanhado dos seguintes documentos e informações:

271 Artigo 10 da Lei Federal nº 9.074/95. 272 Artigo 28, §1º da Lei Federal nº 9.427/96 273 Artigo 28, §2º da Lei Federal nº 9.427/96

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• Especificação da dimensão, em hectares, e destinação das áreas de terras necessárias à implantação do empreendimento, discriminadas por Estado e Município;

• Mapa planialtimétrico, com representação cartográfica das curvas de níveis, apresentando

a projeção Universal Transversa de Mercator - UTM, o nome e a assinatura do responsável técnico, que possibilite a visualização:

a) da poligonal envolvendo a área objeto do requerimento, com todos os vértices numerados em concordância com o memorial descritivo; b) da representação dos limites dos imóveis atingidos; e c) no caso de centrais hidrelétricas, do arranjo geral do empreendimento, com as indicações dos níveis de água máximo normal e máximo maximorum do reservatório, da Área de Preservação Permanente, para realocação de pessoas, para canteiro de obras e demais estruturas, tais como áreas de empréstimo, bota-fora e vias de acesso, bem como das áreas indispensáveis à continuação da obra.

• Memorial descritivo dos polígonos das áreas necessárias, delimitadas, com os valores das

coordenadas plano-retangulares E (Este) e N (Norte) dos vértices dos polígonos na projeção Universal Transverse Mercator (UTM), em relação ao Meridiano de Referência (MR) adotado, azimutes e distâncias entre vértices;

• Desenhos, mapas, plantas e gráficos deverão estar numerados e apresentados obedecendo

às correspondentes normas da ABNT, em escala gráfica, de tal forma que permitam visualizar claramente os seus elementos, em todas as folhas, abrangendo a identificação, área de influência e outros detalhes imprescindíveis à localização e inserção regional do empreendimento;

• Metodologia empregada para as avaliações das áreas de terras, benfeitorias e indenizações

segundo os critérios preconizados pela ABNT; • Licença Prévia, quando exigido pela legislação ambiental, ou manifestação favorável do

órgão responsável pelo licenciamento liberando a execução do empreendimento ou, ainda, excepcionalmente, posição atualizada sobre o processo de licenciamento ambiental, que demonstre o adimplemento do interessado.

A documentação técnica a ser apresentada deve ser redigida no idioma Português e conter assinatura do responsável técnico. O concessionário, permissionário ou autorizado será responsável pelas anotações de responsabilidade técnica do empreendimento perante o competente Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), observado que, para cada responsável técnico, deverá ser indicada a região e o número do registro no respectivo Conselho274. Os documentos mencionados deverão ser apresentados em original e, em igual teor, por meio digital em CD-ROM, neste caso com informação do programa computacional utilizado e, especificamente aqueles em padrões de edição, deverão necessariamente ser compatíveis com o editor de texto (arquivos com a extensão DOC) e o desenho do polígono compatível com o formato CAD (arquivos com a extensão SHP ou DXF)275.

274 Artigo 5º parágrafo único da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07. 275 Artigo 6º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07

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Cumpre observar que a ANEEL pode solicitar outros dados e informações correlatas, necessárias à complementação daquelas já exigidas ou, ainda, realizar inspeção técnica para adequada análise e instrução do requerimento de declaração de utilidade pública276. O artigo 8º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07 estabelece que a instauração do processo de declaração de utilidade pública para desapropriação ocorre somente quando o requerimento estiver acompanhado de todos os documentos e dados exigidos pela ANEEL. Atendidos os requisitos estabelecidos na Resolução Normativa ANEEL nº 279/07, a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação será expedida pela ANEEL a partir da data em que, tecnicamente, face ao estágio de desenvolvimento do projeto básico ou executivo do empreendimento, for possível a identificação e delimitação das áreas de terras destinadas à implantação, pelo concessionário, permissionário ou autorizado, das instalações necessárias à exploração dos serviços de energia elétrica277. O artigo 10 da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07, prevê como obrigações do concessionário, permissionário ou autorizado em favor do qual seja expedida Declaração de Utilidade Pública (DUP), para fins de desapropriação ou de instituição de servidão administrativa, sem, contudo ser requisito para a sua obtenção: “I - comunicar aos proprietários ou possuidores, na fase de levantamento cadastral ou topográfico, a destinação das áreas de terras onde serão implantadas as instalações necessárias à exploração dos serviços de energia elétrica; II - promover ampla divulgação e esclarecimentos acerca da implantação do empreendimento, junto à comunidade e aos proprietários ou possuidores das áreas a serem atingidas, mediante reunião pública ou outras ações específicas de comunicação, tratando inclusive de aspectos relacionados à delimitação das áreas afetadas e aos critérios para indenização; III - desenvolver máximos esforços de negociação junto aos proprietários ou possuidores, objetivando promover, de forma amigável, a liberação das áreas de terras destinadas à implantação das instalações necessárias à exploração dos serviços de energia elétrica; IV - encaminhar, trimestralmente, à Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração - SFG ou à Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade - SFE, conforme se trate de empreendimento de geração ou de transmissão/distribuição de energia elétrica, o quadro resumo das negociações entabuladas com os proprietários ou possuidores dos imóveis por ele afetados (...), até a conclusão do processo negocial referido no inciso anterior.” Importa mencionar que a comprovação da realização de Audiência(s) Pública(s) no âmbito do processo de licenciamento prévio do empreendimento supre a obrigação de que trata o inciso II acima mencionado278. Os autos dos processos de negociação, incluindo os acordos estabelecidos com os proprietários das áreas de terra objeto do requerimento de declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, deverão ser preservados pela requerente e mantidos à disposição da ANEEL pelo prazo de 05 (cinco) anos279.

276 Artigo 7º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07. 277 Artigo 9º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07. 278 Artigo 10, §1º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07. 279 Artigo 10, §2º da Resolução Normativa ANEEL nº 279/07.

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No âmbito do estado, a Constituição do Pará somente determina que o valor da indenização, no caso de desapropriação para obras de usinas hidrelétricas, deve ser pago pelas empresas interessadas nas obras280. 5.24.2 Indenização A Constituição Federal de 1988 estabeleceu, no art. 37, § 6º, a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos causados por seus agentes a terceiros, a saber: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Segundo Hely Lopes Meirelles, “o dano causado por obra pública gera para a Administração a mesma responsabilidade objetiva estabelecida para os serviços públicos, porque embora a obra seja um fato administrativo, deriva sempre de um ato administrativo de quem ordena a execução”. Acrescenta Meirelles que “mesmo que a obra pública seja confiada a empreiteiros particulares, a responsabilidade pelos danos oriundos do só fato da obra é sempre do Poder Público que determinou sua realização. O construtor particular da obra só responde por atos lesivos resultantes de sua imperícia, imprudência ou negligência na condução dos trabalhos que lhe são confiados. Quanto às lesões a terceiros ocasionadas pela obra em si mesma, ou seja, por sua natureza, localização, extensão ou duração prejudicial ao particular, a Administração Pública que a planejou responde objetivamente, sem indagação pela culpa ou dolo”. Da adoção da teoria do risco administrativo pela legislação brasileira decorre que a indenização devida aos proprietários e posseiros atingidos pelo AHE Belo Monte não encerra a obrigação do empreendedor de indenizar todos aqueles que forem prejudicados pela formação do reservatório (no caso do AHE Belo Monte, do reservatório do rio Xingu e do denominado “reservatório dos canais”) e implantação das demais estruturas do empreendimento, aqui se entendendo, também, a infra-estrutura logística necessária à construção. Nesse escopo, com vista a orientar processo de desapropriação e reassentamento que promova condições sociais dignas aos atingidos pela construção de reservatórios públicos, o Ministério da Integração Nacional publicou, em outubro de 2006, “Manual Operativo para Reassentamento em decorrência de Processos de Desapropriação para construção de Reservatórios Públicos”. O referido Manual considera beneficiário dos procedimentos de desapropriação e reassentamento todos aqueles atingidos diretamente pela construção das obras de açudagem e

280 Artigo 259, parágrafo único da Constituição do Estado do Pará.

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infra-estrutura associada à barragem (sangradouro, estradas, áreas de empréstimo, área do acampamento da construtora, adutoras, etc.), independente da condição legal da propriedade. O Manual considera atingidos aqueles que se enquadre em, pelo menos, um dos requisitos abaixo: • Proprietário ou posseiro – residente em área a ser desapropriada; • Proprietário ou posseiro – não residente; • Morador, parceleiro ou meeiro, arrendatário, rendeiro, herdeiro, autonomia e trabalhador

rural – não detentor da posse ou do domínio da terra, que mora e/ou produz no imóvel, ou possui benfeitorias que nele permanecem;

• Benfeitor – morador que possui benfeitorias que permanecem no imóvel; • Transitório – ocupantes de imóveis situados próximos às barragens, sangradouros ou áreas

de jazidas, que se tornam insalubres devido ao excesso de poeira, explosões e/ou tráfico intenso de máquinas, atingidos somente durante o período de construção da obra, mas que após a sua conclusão retornarão às antigas moradias.

O valor da indenização a ser oferecida a cada atingido deverá variar em função do percentual da área do imóvel comprometido pelo empreendimento e da existência de benfeitorias atingidas. Com o intuito de padronizar a forma de reparação dos atingidos, o Manual propõe opções a serem apresentadas aos atingidos, para que esses optem por àquela que melhor lhes convier, dentre as quais:

• Indenização total em dinheiro - calculada sobre o valor da totalidade das terras e das

benfeitorias, de acordo com os valores das tabelas de preço estabelecidas; • Indenização parcial em dinheiro - calculada sobre o valor da porção de terras, com ou sem

o das benfeitorias, atingidas pela formação do lago. O restante da propriedade (terras remanescentes) permanecerá com o mesmo proprietário/posseiro;

• Permuta por lote – opção pela troca do valor da indenização em dinheiro por um lote

agrícola com direito a título de propriedade, em agrovila perto de reservatório; • Auto-reassentamento - opção em que o atingido busca a solução própria através da

compensação financeira, mas se fixa em área rural. Por este modelo todo o proprietário/posseiro, sem área remanescente, cujo imóvel obteve avaliação inferior à média local correspondente a 10 ha, terá sua indenização acrescida do valor de reposição, até atingir aquela importância. Esta opção só será oferecida aos proprietários/posseiros residentes, proprietários de um só imóvel que, comprovadamente, irão substituí-lo por outro em local de livre escolha, no meio rural;

• Permuta de casa - sempre que o valor calculado da indenização da casa de moradia for

inferior ao correspondente a um imóvel com 60 m2, o beneficiário poderá optar por outra casa em local de sua escolha. Se receber lote agrícola, a casa poderá ser localizada na

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agrovila. Se desejar, a casa poderá ser construída em zona urbana próxima do local do reservatório. Outra opção é receber a indenização devida pela casa, acrescida com o valor de reposição, até atingir o valor acima citado, e reconstruí-la em local de livre escolha.

Embora o Manual elaborado pelo Ministério da Integração não tenha caráter normativo e, portanto, não vincule a conduta do empreendedor, o documento traz orientações úteis que poderão guiar o Plano de Atendimento à População Atingida do AHE Belo Monte, promovendo processo transparente e participação da comunidade afetada. 5.24.3 Reassentamento Não há instrumento legal específico que determine a forma como se dará o reassentamento de população atingida por barragem, sendo que este procedimento é norteado pela legislação de uso e ocupação do solo, afeta à área em que deve se dar o reassentamento e norma de regularização fundiária, adotada pelo órgão de reforma agrária, abaixo relacionada. Importante ressaltar que a questão é de ordem técnica, prevalecendo a razoabilidade na solução a ser adotada de modo que o reassentamento se dê de acordo com a natureza da população a ser reassentada, se rural ou urbana. Além das formas de reparação aos atingidos propostas no item anterior, o empreendedor deverá elaborar Plano de Reassentamento da população que deverá ser removida das áreas destinadas à formação dos reservatórios, implantação da infra-estrutura logística e construção das estruturas componentes do arranjo geral do empreendimento. Embora todos os atingidos devam ter assegurado o direito ao reassentamento os beneficiários dessa forma de indenização, por optarem por ela, tendem a ser os pequenos proprietários e posseiros, os minifundiários, os demais atingidos que não possuem direitos sobre a propriedade e aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Nesse caso, importante observar as restrições de ordem ambiental a seguir relacionadas no Capítulo atinente à “Reassentamento de População Ribeirinha” quanto à ocupação, para fins de reassentamento, de Áreas de Preservação Permanente, atendidos os marcos legais atinentes aos programas de proteção de populações tradicionais e Plano Diretor, bem como Lei de Zoneamento dos municípios, quando houver. Com escopo de determinar a inclusão dos agricultores familiares atingidos com a construção de barragens para aproveitamento hidrelétrico, com área remanescente de até três módulos rurais, no Programa Nacional de Reforma Agrária, o INCRA editou a Portaria INCRA nº 687, de 27 de setembro de 2004. A referida Portaria Federal objetiva cadastrar e selecionar atingidos por empreendimentos hidroelétricos para que usufruam dos créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar “A” (PRONAF-A), dos Serviços de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES) e do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) 281.

281 Artigo 1º da Portaria INCRA nº 687/04.

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A Portaria INCRA nº 687/04 delegou competência aos Superintendentes Regionais para, em suas respectivas áreas de atuação, por meio da Resolução do Comitê de Decisão Regional, aprovarem os projetos de reassentamento implantados pelos empreendedores de Aproveitamentos Hidroelétricos, que construíram ou vão construí-las e reconhecer esses reassentamentos como clientes da reforma agrária, para fins específicos de serem beneficiários dos créditos do PRONAF “A”, dos serviços de ATES e do PRONERA282. Ademais, os Superintendentes Regionais deverão utilizar o Termo de Cooperação Técnica, que será firmado entre o INCRA e o MME, com as empresas encarregadas da construção de barragens, como instrumento orientador de suas ações, quando da atuação do INCRA junto a essas populações de atingidos por barragens283. Outrossim, reza o artigo 4º de referida portaria federal que os Superintendentes Regionais do INCRA deverão participar, em concordância com o MME, junto à empresa responsável pela construção da barragem, de todas as fases do processo que afetam os agricultores que tiveram ou terão suas terras atingidas pela construção de hidroelétricas. Ressalte-se que, para efeito de transação imobiliária, quando da titulação das áreas do Projeto de reassentamento aos seus ocupantes, a Portaria de Aprovação do Projeto pelo Superintendente Regional deverá ser o ato para inscrição do Projeto no Cartório de Registro de Imóveis correspondente, na forma e para os efeitos do Decreto-lei nº 58/37284. Por fim, a Portaria INCRA nº 687/04 autorizou a Superintendência Nacional do Desenvolvimento Agrário (SD) a expedir atos normativos e proceder a modificações e alterações naqueles em que, no curso da execução, se fizerem necessárias à consecução do enquadramento dos agricultores familiares atingidos com a construção de barragens de AHE, no Programa Nacional de Reforma Agrária285. Com efeito, a Instrução Normativa INCRA nº 42, de 18 de setembro de 2007, em consonância ao disposto na Portaria INCRA nº 687/04, estabeleceu procedimentos administrativos e operacionais para reconhecimento de Projeto de Reassentamento de Barragem – PRB e a inclusão dos agricultores reassentados em função da construção de empreendimentos hidroelétricos de utilidade pública no Programa Nacional de Reforma Agrária e acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF – Grupo A. Conforme parágrafo único da mencionada Instrução Normativa, o INCRA reconhecerá os assentamentos que estejam em consonância com os objetivos da Reforma Agrária, a fim de promover melhor distribuição da terra e atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. Outrossim, consideram-se agricultores familiares reassentados dos Projetos de Reassentamento de Barragem – PRB aqueles atingidos pela construção de empreendimentos hidroelétricos e que foram remanejados para projetos de assentamento rurais coletivos

282 Artigo 2º da Portaria INCRA nº 687/04. 283 Artigo 3º da Portaria INCRA nº 687/04. 284 Dispõe sobre loteamento e venda de terrenos para pagamento em prestações, regulamentado pelo Decreto Federal nº 3.079, de 15 de setembro de 1938. 285 Artigo 6º Portaria INCRA nº 687/04.

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promovidos por empresas detentoras de concessão pública para a implantação desses empreendimentos. O procedimento para reconhecimento do Projeto de Reassentamento de Barragem (PRB) terá início mediante requerimento do empreendedor ou da entidade representativa dos reassentados atingidos por barragens e deverá conter os seguintes documentos, a saber: • contrato de concessão pública emitida pela ANEEL; • cópia da Licença de Instalação – LI; • certidão do cartório de registro de imóveis de inteiro teor; • atualização cadastral do(s) imóvel(is) no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR); • planta e memorial descritivo do(s) imóvel(is) de acordo com normativo técnico de

certificação de imóveis rurais; • declaração formal de cumprimento das etapas de implantação dos projetos de

reassentamento a ser emitida pelo MME; • formulário de “Informações do Projeto de Reassentamento de Barragem”, devidamente

preenchido, conforme anexo I da presente Instrução Normativa; • cadastro dos agricultores reassentados, utilizando o formulário de “Inscrição de

Candidatas e Candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária”, anexo II da mencionada Instrução Normativa286.

Ressalte-se que para cada PRB será constituído um processo administrativo pela Superintendência Regional do INCRA287. Nos termos do artigo 5º da mencionada norma federal, formalizado o processo administrativo, as Divisões de Ordenamento da Estrutura Fundiária e de Obtenção de Terras da Superintendência Regional do estado deverão emitir parecer conclusivo acerca da regularidade e instrução processual do ato. Além disso, a Procuradoria Regional deverá emitir parecer conclusivo sobre os aspectos da legalidade e da regularidade do procedimento288. Finda instrução, o processo administrativo será submetido ao Conselho de Decisão Regional – CDR, que, mediante resolução, autorizará o Superintendente Regional a reconhecer o Projeto de Reassentamento, competindo à Divisão de Obtenção de Terras a apresentação do processo ao CDR e a elaboração da minuta de Resolução (artigo 7º e parágrafo único da Instrução Normativa nº 42/07). Conforme o disposto no artigo 8º da norma em comento, se autorizado pelo Comitê de Decisão Regional, o Superintendente Regional editará portaria de reconhecimento do Projeto

286 Artigo 4º da Instrução Normativa INCRA nº 42/07. 287 Parágrafo Único do artigo 4º da Instrução Normativa nº 42/07. 288 Artigo 6º da Instrução Normativa INCRA nº 42/07.

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de Reassentamento de Barragem, a qual deverá ser remetida à publicação no Diário Oficial da União com o devido arquivamento de cópia no processo administrativo. Após o reconhecimento do Projeto de Reassentamento de Barragem, o INCRA dará inicio ao processo de seleção das Famílias, conforme legislação vigente, com respectiva emissão de Relação de Beneficiários (RB), que deverá ser juntada ao processo administrativo de reconhecimento289. Posto isto, a Divisão de Desenvolvimento da Superintendência Regional do INCRA, por meio do Sistema de informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA), emitirá a Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), bem como acompanhará a aplicação no PRONAF Grupo “A”, observados os atos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Conselho Monetário Nacional. Cumpre ressaltar a edição da Medida Provisória nº 422, de 25 de março de 2008, que incide sobre a regularização fundiária em áreas pertencentes à União. A MP confere nova redação ao inciso II do §2º-B do art. 17 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição, e institui normas para licitações e contratos da administração pública. A análise da mencionada norma federal será aprofundada no capítulo referente ao meio socioeconômico, mais especificamente na parte que trata do Projeto de Regularização Fundiária Rural. Posteriormente, o Conselho Diretor do INCRA editou a Resolução nº 12, de 26 de maio de 2008, que aprova a Instrução Normativa INCRA nº 46, de 26 de maio de 2008, a qual fixa os procedimentos para regularização fundiária de posses em áreas rurais de propriedade da União superiores a 100 hectares e até o limite de 15 módulos fiscais, localizadas na Amazônia Legal. 5.24.4 Reassentamento de População Ribeirinha O reassentamento da população ribeirinha merece atenção especial neste item devido ao conflito aparente existente entre a tutela jurídica dos Povos e Comunidades Tradicionais e a proteção de Áreas de Preservação Permanente às margens dos corpos hídricos. O Decreto Federal n° 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, buscando preservar os direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a memória cultural e a identidade racial e étnica. Entre os objetivos elencados no art. 3º de referida Política, estão: • promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com

ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições;

289 Artigo 9º da Instrução Normativa INCRA nº 42/07.

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• garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica;

• garantir os direitos dos povos e das comunidades tradicionais afetados direta ou

indiretamente por projetos, obras e empreendimentos; • reconhecer, proteger e promover os direitos dos povos e comunidades tradicionais sobre

os seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais. O Decreto Federal conceitua o termo “Povos e Comunidades Tradicionais” como “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição” (art. 3º, I). Os “Territórios Tradicionais” são, por sua vez, definidos por referido Decreto Federal como “os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da CF e 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações” (art. 3º, II). As populações ribeirinhas atingidas pela implantação do AHE Belo Monte podem ser consideradas na categoria de “Povos e Comunidades Tradicionais”, caso se verifique que a reprodução cultural, social, religiosa, ancestral ou econômica das mesmas dependam de sua fixação ao longo de corpos d´água. Nesse sentido, o reassentamento de populações ribeirinhas diretamente afetadas pelo empreendimento em áreas contíguas ao reservatório do AHE Belo Monte pode ser concebido como forma de proteção à identidade cultural e garantia de acesso aos recursos que tradicionalmente utilizam. De outro lado, a Lei Federal nº 4.771/65, que instituiu o Código Florestal, define área de preservação permanente como área protegida nos termos dos artigos 2º e 3º dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas290. O artigo 2°, “b”, do Código Florestal estabelece que são consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais. Ressalta-se que o artigo 4º, §6° do Código Florestal, preceitua que na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso foram definidos pela Resolução CONAMA nº 302/02, que será abordada adiante.

290 Artigo 1º, §2º, inciso II da Lei Federal nº7 4.771/65.

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Os parâmetros, definições e limites para as áreas de preservação permanente de reservatório artificial e a instituição da elaboração obrigatória do PACUERA são estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002. Segundo disposto no artigo 3º, inciso I, da Resolução nº CONAMA 302/02, a APP constitui área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal, sendo essa largura mínima igual a 30 (trinta) metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e 100 (cem) metros para áreas rurais. A Resolução CONAMA n°369/06 trata dos casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente Dentre as hipóteses de intervenção em APP de baixo impacto ambiental contempladas na Resolução está a “construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais da região amazônica ou do Pantanal, onde o abastecimento de água se de pelo esforço próprio dos moradores” (art. 11, inciso VI). Diante da combinação da legislação afeta aos povos tradicionais e a legislação ambiental aplicável às áreas de preservação permanente, conclui-se que somente está autorizada a promoção do reassentamento de população ribeirinha às margens do denominado “reservatório do Xingu” do AHE Belo Monte, caso constatado que a população afetada possui as características que permitam seu enquadramento como comunidade tradicional, dependentes da água para uso doméstico e alimentação. As áreas de várzea, por sua vez, não são passíveis de apropriação pela população, por serem de titularidade pública. No entanto, programas governamentais têm promovido a regularização fundiária de populações ribeirinhas que vivem em palafitas ao longo de rios de domínio federal. Destaque-se o projeto “Nossa Várzea”, coordenado pela SPU e operacionalizado pelas Gerências Regionais do Patrimônio da União, que objetiva a regularização fundiária em favor das populações tradicionais que ocupam as várzeas de rios federais, inicialmente implantado no Estado do Pará. O projeto “Nossa Várzea” é descrito no Manual de Regularização Fundiária em Terras da União”, publicado pela Secretária de Patrimônio da União: “Regularização Fundiária em Áreas de Várzea: A Experiência Piloto do Pará Diversas são as ações possíveis para a promoção da regularização fundiária em áreas de várzea. É importante lembrar que só serão objeto de regularização fundiária as áreas de várzea ocupadas pelos ribeirinhos que a utilizam de forma sustentável. A Gerência Regional do Patrimônio da União no Pará (GRPU/PA) realizou vários seminários a fim de debater este tema, em parceria com diversos atores, tais como o Ibama, o Incra, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal, as prefeituras e os representantes das comunidades. A partir deste debate,

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foram definidos os procedimentos para titulação da posse nas várzeas e definido um calendário de eventos entre todos os parceiros. Foi criado o Comitê Gestor Estadual Nossa Várzea, com representantes do governo e sociedade civil. O Incra capacitou os técnicos da SPU e Municípios para fazerem o levantamento das áreas e realização do cadastramento das comunidades. Para isto, o convênio entre SPU e Incra propiciou que esse fornecesse alguns técnicos e kits de equipamento contendo um computador, GPS, máquina fotográfica digital e lancha. A primeira parte deste calendário resultou na edição da Portaria n° 284/ 2005 da SPU que representa uma solução intermediária para a regularização fundiária nas áreas de várzea da região amazônica, possibilitando a concessão de “autorização de uso para o desbaste de açaizais, colheita de frutos ou manejo de outras espécies extrativistas”, em favor da população ribeirinha e outras populações tradicionais locais. Além disso, determina que esta autorização, de caráter discricionário e precário, deverá ser considerada como a primeira etapa do processo de Concessão de Direito Real de Uso (vide na pág.F:89 desse manual sobre instrumentos de regularização). Com isto, a SPU busca contribuir com a melhoria das condições de vida das populações tradicionais e o melhor aproveitamento dos recursos naturais das áreas de várzea”. Em sentido oposto, atente-se para o programa federal “Palafita Zero”, que conta com recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social destinados à construção de moradias para a população que mora em palafitas, empreendido, inclusive, no Estado do Pará. Diante da aparente incongruência das políticas governamentais que incidem sobre a população que mora em palafitas, importante diferenciar as palafitas ocupadas por população tradicional ribeirinha daquelas ocupadas por população de baixa renda, fruto de processo excludente de urbanização. Enquanto as palafitas habitadas por população tradicional dependente do meio em que vivem para sua sobrevivência encontram respaldo na legislação e programas de regularização fundiária, as palafitas originadas da marginalização social representam formas precárias de habitação, cujos moradores atingidos, caso identificados, devem ser realocados para as outras áreas previstas no Plano de Reassentamento a ser elaborado pelo empreendedor. 5.25 Áreas sob Regime Especial de Proteção 5.25.1 Unidades de Conservação A Constituição Federal Brasileira dispõe que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, e, para assegurar esse direito, incumbe ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (inciso III, §1º, do artigo 225). A Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, regulamentou mencionado dispositivo constitucional e instituiu o SNUC, estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação.

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A Lei do SNUC define Unidade de Conservação como “espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, aos quais se aplicam garantias adequadas de proteção” 291. O SNUC é constituído pelo conjunto das UCs federais, estaduais e municipais e tem os seguintes objetivos: “I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.”292 Conforme o artigo 6º da Lei Federal n° 9.985/00, o SNUC é gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições: • Órgão consultivo e deliberativo: o CONAMA, com as atribuições de acompanhar a

implementação do Sistema; • Órgão central: o MMA, com a finalidade de coordenar o Sistema; e • Órgãos executores: o ICMBio293, o IBAMA, em caráter supletivo, os órgãos e municipais,

com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar as UCs federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.

O Instituto Chico Mendes foi criado pela Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, e trata-se de autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, vinculada ao MMA, que tem por finalidade:

291 Artigo 2º, inciso I da Lei Federal n° 9.985/00. 292 Artigo 4º da Lei Federal n° 9.985/00. 293 O Instituto Chico Mendes foi criado pela Medida Provisória nº 366, de 26 de abril de 2007, que foi convertida na Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007.

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“I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza, referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas pela União; II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis, apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União; III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade; e IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União.” (Artigo 1º) Importa mencionar que toda regulamentação e aplicação de legislação relacionada às UCs, no Brasil, estão sujeitas ao novo ICMBio. Com efeito, as UCs integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, e das de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais294. O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de UC: “I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.”295 Outrossim, constituem o grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de Unidade: “I - Área de Proteção Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.”296 O artigo 25 da Lei do SNUC dispõe que todas as Unidades, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, deverão possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores ecológicos. Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos poderão ser definidos no ato de criação da Unidade ou posteriormente.

294 Artigo 7º, §1º e §2º da Lei Federal n° 9.985/00. 295 Artigo 8º da Lei Federal n° 9.985/00. 296 Artigo 14 da Lei Federal n° 9.985/00.

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O órgão responsável pela administração da UC também poderá estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos. O artigo 27 da Lei Federal n° 9.985/00 estabelece que as UCs devem dispor de Plano de Manejo, que contemple a área da Unidade, a zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. Nesse sentido, insta ressaltar que o Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta a Lei Federal nº 6.902/81 e a Lei Federal nº 6.938/81, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, determina o seguinte: “Art. 27. Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficará subordinada às normas editadas pelo Conama.” Considerando a necessidade de estabelecerem-se normas referentes ao entorno das UCs e visando a proteção dos ecossistemas existentes, o CONAMA, por meio da Resolução CONAMA nº13, de 06 de dezembro de 1990, prevê:

“Art. 2º - Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente. Parágrafo Único - O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do responsável pela administração da Unidade de Conservação. ”297

A FIGURA 5.25- 1 visualiza as Áreas de Influência Indireta (AII) e a Área de Influência Direta (AID) delimitadas neste EIA para o AHE Belo Monte, no que tange aos Meios Físico e Biótico, bem como as UCs identificadas nos municípios que integram a AII do empreendimento sob o ponto de vista socioeconômico e cultural (Decretos de Criação apresentados nos Anexos 5-1 e 5-2). O Desenho permite concluir que não há UCs instituídas na AID do empreendimento, e apenas uma UC de Uso Sustentável (Reserva Extrativista (RESEX) Verde para Sempre) localizada na AII. Portanto, para o AHE Belo Monte não são previstas interferências diretas, em termos de impactos sobre a biota, com UCs ou com raios de 10 (dez) quilômetros em seu entorno, não havendo necessidade de se solicitar autorização do órgão responsável pela administração de UCs. À luz do desenho, observa-se ainda que a Zona de Amortecimento da Floresta Nacional (FLONA) Caxiuanã está inclusa na AII, sob os pontos de vista físico e biótico. No tocante a potenciais impactos sobre a mesma decorrentes do AHE Belo Monte, os mesmos não são, a priori , antevistos, dado que, mesmo pressões sobre os recursos naturais da FLONA não devem ser verificados como decorrência da mão-de-obra a ser indiretamente atraída pelo empreendimento. Tal hipótese justifica-se em função da distância da FLONA em relação a centros/localidades de concentração populacional já no cenário atual.

297 Artigo 2º da Resolução CONAMA 13/90.

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A seguir, cumpre apenas destacar que as UCs inseridas na Área de Abrangência Regional (AAR) do empreendimento (QUADRO 5.25- 1) serão abordadas no capítulo concernente ao diagnóstico da AAR deste EIA, visto que o presente capítulo jurídico de áreas protegidas apenas contemplou as UCs que apresentem potenciais implicações jurídicas ao AHE Belo Monte, sendo, portanto, aquelas inseridas na AID e AII.

QUADRO 5.25- 1 Unidades de Conservação Existentes na AAR do AHE Belo Monte

Continua Denominação Esfera

Governamental

Ato Legal de Criação

Data de Criação

Dimensão (área total em ha)*

Plano de Manejo

** Categoria da Unidade de Conservação: Proteção Integral Reserva Biológica

REBIO298 do Tapirapé *** Federal Decreto nº 97.719 de 05/05/89

05/05/1989 103.000 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Proteção Integral Estação Ecológica

ESEC299 Rio Ronuro Estadual

(MT)

Decreto nº 2.207 de 23/04/98

23/04/1998 102.000 Não possui

ESEC da Terra do Meio Federal Decreto s/n de 17/02/05

18/02/2005 3.373.111 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Proteção Integral Parque Nacional

PARNA300 da Serra do Pardo Federal Decreto s/n de 17/02/05

18/02/2005 445.392 Não possui

PARNA do Jamanxim *** Federal Decreto s/n de 13/02/06

13/02/2006 859.722 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Uso Sustentável Floresta Nacional

FLONA Tapirapé-Aquiri

Federal Decreto nº 97.720 de 05/05/89

08/05/1989 190.000 Não possui

FLONA do Itacaiúnas *** Federal Decreto nº 2.480 de 02/02/98

03/02/1998 141.400 Não possui

FLONA Caxiuanã *** Federal Decreto nº

239 de 28/11/61

31/11/1961 200.000 Não possui

FLONA Altamira Federal Decreto nº 2.483 de 02/02/98

03/02/1998 689.012 Não possui

* Cálculo efetuado pelo Sistema de Informações Geográficas do ISA <<http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 13h43 e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/08, às 14h20. **Existência ou não de Plano de Manejo segundo dados oficiais do Instituto Chico Mendes <<http://www.icmbio.gov.br/>>, acessado em 02/06/2008, às 15h35, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/08, às 14h20. *** A REBIO Tapirapé, as FLONAS Itacaiúnas e Caixiuanã, bem como o PARNA do Jamanxim não estão inseridos dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram considerados uma vez que são limítrofes à mesma. 298 Reserva Biológica (REBIO). 299 Estação Ecológica (ESEC). 300 Parque Nacional (PARNA).

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QUADRO 5.25-1 Unidades de Conservação Existentes na AAR do AHE Belo Monte

Conclusão Denominação Esfera

Governamental

Ato Legal de Criação

Data de Criação

Dimensão (área total em ha)*

Plano de Manejo

** Categoria da Unidade de Conservação: Uso Sustentável Floresta Estadual

FES301 do Iriri Estadual

(PA)

Decreto nº 2.606 de 04/12/06

07/12/2006 440.493 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Uso Sustentável Reserva Extrativista

RESEX Verde para Sempre Federal Decreto s/n de 08/11/04

19/11/2004 1.288.717 Não possui

RESEX Riozinho do Anfrisio Federal Decreto s/n de 08/11/04

19/11/2004 739.340 Não possui

RESEX Rio Iriri Federal Decreto s/n de 05/06/06

06/06/06 383.938 Não possui

RESEX Xingu Federal Decreto s/n de 05/06/08

05/06/2008 303.841 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Proteção Integral

RESEC do Coluene Estadual

(MT)

Decreto n° 1.387 de 10/01/89

10/01/1989 3.900 Não possui

Categoria da Unidade de Conservação: Uso Sustentável Área de Proteção Ambiental

APA302 Triunfo do Xingu Estadual

(PA)

Decreto nº 2.612 de 04/12/06

04/12/2006 1.679.280 Não possui

* Cálculo efetuado pelo Sistema de Informações Geográficas do ISA <<http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 13h43 e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/08, às 14h20. **Existência ou não de Plano de Manejo segundo dados oficiais do Instituto Chico Mendes <<http://www.icmbio.gov.br/>>, acessado em 02/06/2008, às 15h35, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/08, às 14h20. *** A REBIO Tapirapé, as FLONAS Itacaiúnas e Caixiuanã, bem como o PARNA do Jamanxim não estão inseridos dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram considerados uma vez que são limítrofes à mesma.

301 Floresta Estadual (FES). 302 Área de Proteção Ambiental (APA).

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FIGURA 5.25- 1 - Unidade de Conservação, Terras Indígenas, Drenagem Principal e Acesso Terrestre do AHE Belo Monte.

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A Constituição do Pará determina que compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-lhe criar unidades de conservação da natureza, de acordo com as diversas categorias de manejo, implantando-as e mantendo-as com os serviços indispensáveis às suas finalidades303. A Política Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual nº 5.887/95) prevê que compõem o patrimônio natural os ecossistemas existentes no Estado, com seus elementos, leis, condições, processos, funções, estruturas, influências, inter-relações, intra-relações, de ordem física, química, biológica e social, que contém, possibilitam, e selecionam todas as formas de vida304. Para assegurar a proteção do patrimônio natural e do potencial genético, compete ao Poder Público garantir os espaços territoriais especialmente protegidos previstos na legislação em vigor, bem como os que vierem a ser assim declarados por ato do Poder Público305. O artigo 73 da Política Ambiental paraense estabelece que os espaços territoriais especialmente protegidos, aqueles necessários à preservação ou conservação dos ecossistemas representativos do Estado, são áreas criadas por ato do Poder Público. Assim, o Estado do Pará criou o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), constituído pelas UCs já existentes e as que vierem a ser criadas, e será administrado pelo órgão ambiental paraense306(SEMA). O manejo das unidades de conservação e o uso das áreas adjacentes às unidades de conservação da natureza serão disciplinados pelo Poder Público, respeitadas as características regionais (artigo 84 da Lei Estadual nº 5.887/95). A Lei Estadual nº 6.462, de 04 de julho de 2002, que dispõe sobre a Política paraense de Florestas e demais formas de vegetação, define como espaços territoriais especialmente protegidos as florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente, previstas no Código Florestal e as unidades de conservação da natureza307. O artigo 16 da Política Florestal do Pará estabelece que as UCs encontram-se definidas na Lei Federal nº 9.985/00 (SNUC) e são classificadas da seguinte forma: “I - unidades de conservação integral(sic): a) parques estaduais; b) reservas biológicas; c) estações ecológicas; d) reservas de recursos (sic); e) reservas particulares do patrimônio natural (sic); II - unidades de desenvolvimento sustentável (sic): a) florestas estaduais; b) Áreas de Proteção Ambiental - APA; c) reservas extrativistas; d) reservas legais, em percentuais previstos em Lei Federal (sic).”

303 Artigo 255, inciso V da Constituição do Estado do Pará. 304 Artigo 4°da Lei Estadual nº 5.887/95. 305 Artigo 6°, inciso I da Lei Estadual nº 5.887/95. 306Artigo 82 da Lei Estadual nº 5.887/95. 307 Artigo 13 da Lei Estadual nº 6.462/02.

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Ocorre que, de acordo com o disposto nos artigo 8º e 14 da Lei do SNUC308, a Lei Estadual apresenta incongruências que comprometem sua legalidade, quais sejam: • A Lei Federal nº 9.985/00 cria o grupo de Unidades de Proteção Integral e não de

Conservação Integral; • A Lei do SNUC cria o grupo de Unidades de Conservação de Uso Sustentável e não de

Desenvolvimento Sustentável; • Reserva de Recursos não é classificada como UC nos termos da Lei Federal nº 9.985/00; • Reserva Particular do Patrimônio Natural é Unidade de Conservação de Uso Sustentável e

não de Proteção Integral; • Reserva Legal não é UC e é regulamentada pelo Código Florestal. De toda forma, a Lei Estadual nº 6.462/02 dispõe que o uso das Unidades de Proteção Integral far-se-á em conformidade com os planos de manejo elaborados pelo órgão competente e o uso das Unidades de Desenvolvimento Sustentável de domínio público far-se-á também em conformidade com os respectivos planos de manejo florestal e de uso múltiplo, elaborado com base nas diretrizes estabelecidas pelo órgão competente e por ele aprovado e autorizado. Insta mencionar que o Poder Executivo fixará, no orçamento anual, o montante de recursos financeiros para atender ao programa de desapropriação de áreas destinadas à implantação de UCs309. O artigo 19 da Política paraense de Florestas prevê que o Poder Executivo procederá ao inventário dos recursos da flora natural do Estado, situadas nas UCs, visando à adoção de medidas especiais de proteção, controle, fiscalização e monitoramento. Outrossim, a Lei Estadual nº 6.745/05 prevê, em seu anexo III, a criação de duas unidades de conservação do grupo de proteção integral no município de Senador José Porfirio e Vitória do Xingu, ambos inseridos na área de influência do empreendimento. Para Senador José Porfírio prevê-se a implementação da UC denominada “10PI” e referência “Rio Xingu”, e para o município de Vitória do Xingu a criação de UC denominada “12PI” e referência “Gruta Leonardo da Vinci”. Atenta-se para o fato de que, conforme mapa constante da FIGURA 5.25- 2, as UCs estão inseridas próximas ao AHE Belo Monte. Contudo, conforme informações obtidas junto à SEMA do Pará, as mencionadas UCs ainda não foram e não estão em vias de serem implementadas.

308 O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de Unidade de Conservação: “I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica;III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.” Outrossim, constituem o grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de Unidade: “I - Área de Proteção Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional; IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.” 309 Artigo 16, § 5º a Lei Estadual nº 6.462/02.

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FIGURA 5.25- 2 - Mapa do Macro Zoneamento Ecológico – Econômico do Pará (Modificado) com Delimitações da AII e AID e Indicação Ucs.

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5.25.2 Áreas Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira

O Decreto Federal nº 5.092, de 21 de maio de 2004, define regras para identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente. As áreas prioritárias serão instituídas por portaria ministerial, com fundamento nas áreas identificadas no "Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO" e serão discriminadas em mapa das áreas prioritárias para conservação e utilização sustentável da diversidade biológica brasileira, considerando o conjunto de biomas, Amazônia, Cerrado e Pantanal, Caatinga; Mata Atlântica e Campos Sulinos, e Zona Costeira e Marinha.310 As áreas a serem instituídas pela portaria ministerial serão consideradas para fins de criação de UCs, no âmbito do SNUC, pesquisa e inventário da biodiversidade, utilização, recuperação de áreas degradadas e de espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de extinção e repartição de benefícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado (artigo 4º do Decreto Federal nº 5.092/04). Nesse sentido, a Portaria do MMA n° 09, de 23 de janeiro de 2007, reconhece as Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira ou Áreas Prioritárias para a Biodiversidade para efeito da formulação e implementação de políticas públicas, programas, projetos e atividades sob a responsabilidade do Governo Federal. As ações referentes às Áreas Prioritárias para Conservação consistem em: “I - conservação in situ da biodiversidade; II - utilização sustentável de componentes da biodiversidade; III - repartição de benefícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado; IV - pesquisa e inventários sobre a biodiversidade; V - recuperação de áreas degradadas e de espécies sobreexploradas ou ameaçadas de extinção; e VI - valorização econômica da biodiversidade.311” A lista de áreas prioritárias deve ser revista periodicamente, em prazo não superior a 05 (cinco) anos, à luz do avanço do conhecimento e das condições ambientais, pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO), mediante Portaria do Ministro de Estado do Meio Ambiente. As ações anteriormente transcritas devem ser implementadas considerando-se as seguintes classes de importância biológica e de priorização de ação: “I - Classes de importância biológica: a) extremamente alta; b) muito alta; 310 Artigo 1° do Decreto Federal nº 5.092/04. 311 Artigo 1º da Portaria MMA nº 09/07.

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c) alta; e d) insuficientemente conhecida. II - Classes de Prioridade de Ação: a) extremamente alta; b) muito alta; e c) alta” Conforme artigo 3º da Portaria MMA nº09/07, o MMA é responsável pela criação e gestão de banco de dados virtual e integrado sobre a biodiversidade brasileira, incorporando as bases de dados utilizadas no processo de atualização de áreas prioritárias, bem como pela alimentação contínua do mapa de importância biológica e inclusão de novas informações sobre biodiversidade. De acordo com o banco de dados do MMA, foi possível identificar as seguintes áreas prioritárias para conservação (QUADRO 5.25- 2), de acordo com o critério de inserção na área de influência do AHE Belo Monte. Essas áreas podem ser visualizadas nas FIGURA 5.25- 3 e FIGURA 5.25- 4

QUADRO 5.25- 2 Áreas Prioritárias para Conservação

Áreas Prioritárias Importância Biológica Prioridade de Ação

PA – 04 (AmZc 249) Extremamente alta Extremamente alta

Gurupa – Porto de Moz (AmZc228) Extremamente alta Muito alta

Anapu (Am 173) G6 – 054 Muito alta Extremamente alta

Volta Grande do Xingu (Am 179) G5 – 042

Extremamente alta Extremamente alta

Arara Maia (Am 170) Muito alta Extremamente alta

Cavernas da Volta Grande (Am 183) Extremamente alta Extremamente alta

Tabuleiro do Xingu (Am 193) Extremamente alta Extremamente alta

FONTE: Portal Brasileiro sobre Biodiversidade – PORTALBio. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Disponível: <www.mma.gov.br/portalbio>, Acesso em 04/04/2008, 10hs40min.

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FIGURA 5.25- 3 - Mapa das Áreas de Prioritárias para Conservação - AID.

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FIGURA 5.25- 4 - MAPA DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO – AII

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Há que se destacar que o disposto na Portaria do MMA não enseja restrição adicional à legislação vigente312 e, portanto, cumpre esclarecer que as Áreas Prioritárias para a Biodiversidade não podem ser confundidas com Áreas Protegidas ou com UCs, vez que visam orientar propostas de criação de novas UCs pelo Governo Federal e pelos Governos Estaduais e elaboração de novos projetos para a conservação, uso sustentável e recuperação da biodiversidade brasileira. Outrossim, conforme informa o MMA, o mapa das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade tem sido instrumento importante nas discussões com os setores econômicos para minimizar os impactos de projetos de infra-estrutura e de energia sobre a biodiversidade, e, portanto, é objeto de análise no presente EIA. 5.25.3 Programa Áreas Protegidas da Amazônia O Decreto Federal nº 4.326, de 08 de agosto de 2002, institui, no âmbito do Ministério MMA, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), que tem por finalidade expandir e consolidar a totalidade de áreas protegidas no bioma Amazônia, de modo a assegurar a conservação da biodiversidade na região e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável de forma descentralizada e participativa313. O ARPA terá caráter estratégico e será executado em articulação com o Programa Piloto para a Proteção de Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) 314. Conforme o artigo 3º do Decreto nº 4.326/02, são objetivos específicos do ARPA: ”I - a criação de unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável na região amazônica; II - a consolidação das unidades de conservação de proteção integral; III - a manutenção das unidades de conservação de proteção integral e dos serviços de vigilância das unidades de conservação do uso sustentável (reservas extrativistas e reservas de uso sustentável); e IV - a criação de mecanismos que garantam a sustentação financeira das unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável em longo prazo.” O ARPA deve ser dirigido pelo Comitê do Programa e tem como membros necessários o Secretário-Executivo do MMA, que o presidirá; os Secretários de Coordenação da Amazônia e de Biodiversidade e Florestas do MMA; o Presidente do IBAMA; um representante do Fórum Estadual de Secretários de Meio Ambiente da Amazônia; um representante da região amazônica, designado pela Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (ANAMMA); um representante dos doadores de recursos privados; e um representante do Fundo Nacional de Biodiversidade (FUNBIO) 315. O MMA, por intermédio da Portaria MMA nº 408, de 16 de agosto de 2002, instituiu o Comitê do ARPA, para agilizar o processo de implementação e execução do Programa Áreas Protegidas da Amazônia. O artigo 5º do Decreto nº 4.362/02 determina que compete ao Comitê do ARPA:

312 Artigo 4º da Portaria MMA nº09/07. 313 Artigo 2º, caput, do Decreto Federal nº 4.326/02. 314 Artigo 2º, parágrafo único do Decreto nº 4.326/02. 315 Artigo 4º do Decreto Federal nº 4.326/02.

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“I - deliberar sobre o planejamento estratégico do ARPA, estabelecendo procedimentos, Diretrizes e critérios para a formalização de convênios e contratos nele previstos; II - acompanhar e avaliar as atividades do ARPA; III - articular a participação dos órgãos governamentais e dos governos estaduais da Amazônia no ARPA; IV - analisar e emitir pareceres sobre os relatórios de desempenho técnico-financeiro; V - analisar e aprovar o Plano Operativo Anual do ARPA.” O Decreto Federal nº 4.326/02 prevê que o MMA baixará normas complementares para a implementação do Programa ARPA, contudo, não fora expedida norma regulamentadora a esse respeito. Segundo informações disponibilizadas pelo MMA, a meta do ARPA é estabelecer regime de proteção ambiental para conservação de 50 (cinqüenta) milhões de hectares no bioma Amazônia no prazo de 10 (dez) anos, ou seja, até 2012. O resultado atualizado do Programa registra área de 20 (vinte) milhões de hectares em novas UCs (PROGRAMA ARPA, 2003). Importa mencionar que o Programa ARPA é responsável pelo processo de Atualização das Áreas Prioritárias para Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade no Bioma Amazônia (MMA, 2006), tema este tratado no item subsequente. 5.25.4 Comunidades Quilombolas Comunidades quilombolas são áreas habitadas por remanescentes dos quilombos ou com características particulares que indiquem a existência de uma dessas comunidades no passado. A Constituição Federal aborda o tema, garantindo em seu artigo 215 o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso à cultura nacional. Seu parágrafo 1º garante expressamente a proteção do Poder Público às manifestações culturais afro-brasileiras. O artigo 216 da Constituição Federal determina que o patrimônio cultural brasileiro é formado por diversos bens dos mais diversos grupos étnicos formadores do país, destacando-se: “I. As formas de expressão; II. Os modos de criar, fazer e viver; III. As criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV. As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V. Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.” Ainda, o parágrafo 5º do mesmo artigo determina que todos os sítios históricos e documentos que remetam aos antigos quilombos devem ser tombados. A propriedade das terras quilombolas foi tratada apenas no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que reconhece às atuais comunidades o direito de domínio definitivo sobre a terra em que vivem: “Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.”

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O órgão responsável pelo procedimento de identificação dos remanescentes das comunidades quilombolas e seu reconhecimento, delimitação, demarcação de terras e titulação é a Fundação Cultural Palmares (FCP), criada pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988, auxiliada pelo INCRA. Referido procedimento encontra-se regulamentado pelo Decreto Federal nº 4.487, de 20 de novembro de 2003, que estabelece ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras.316 O mesmo Decreto, em seu artigo 2º, considera remanescente de comunidade quilombola os grupos étnico-raciais que, por auto-atribuição, sejam dotados de relação territorial específica e ancestralidade negra relacionada à opressão histórica. Após início do procedimento administrativo, o INCRA fica responsável pelos trabalhos de campo, publicação dos dados da terra a ser titulada à comunidade quilombola e comunicação a órgãos e entidades interessados para manifestação, no âmbito de suas respectivas competências (artigos 7º e 8º). Atenta-se para a obrigatoriedade de manifestação dos seguintes órgãos: • Secretaria do Patrimônio da União, quando as terras incidirem sobre terreno da marinha,

marginais de rios, ilhas e lagos (artigo 10º); • IBAMA, Fundação Cultural Palmares e Secretaria-Executiva do Conselho de Defesa

Nacional, quando os quilombos estiverem sobrepostos a unidades de conservação constituídas, áreas de segurança nacional, faixa de fronteira e terras indígenas (artigo 11).

Caso o terreno seja público, o INCRA encaminha os autos para que ente responsável proceda a titulação; havendo título de propriedade particular ou ocupação, são adotados todos os atos necessários para que ocorra a desapropriação.317 Expedido o título judicial em favor da associação responsável pela comunidade quilombola, este é registrado com cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade e impenhorabilidade (artigo 17). Posteriormente, o INCRA expediu a Instrução Normativa nº 20, de 19 de setembro de 2005, que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, desintrusão, titulação e registro das terras ocupadas por remanescentes dos quilombos. A referida Instrução Normativa, em seu artigo 4º, considera terra ocupada por remanescente das comunidades de quilombos aquela utilizada para reprodução física, social, econômica e cultural, além das áreas detentoras de recursos ambientais necessários à preservação de seus costumes, tradições, cultura e lazer. A auto-definição da comunidade na qualidade de remanescente de quilombos será apresentada por escrito e certificada pela Fundação Cultural Palmares mediante Certidão de Registro no 316 Artigo 3º do Decreto Federal nº 4.487/03. 317 Respectivamente, artigos 12 e 13 do Decreto Federal nº 4.487/03.

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Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos318, nos termos do artigo 7º da mesma norma. Ao INCRA compete todo o andamento do procedimento administrativo, previsto a partir do artigo 8º. Aos interessados, resta o direito de reclamar a titulação das terras por meio de contestação após a publicação dos estudos técnicos (artigo 13). Ademais, o Decreto Federal nº 5.758, de 13 de abril de 2006, que institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), em seu anexo, determina que a gestão das áreas quilombolas será feita em articulação com os três níveis de governo e os segmentos sociais. Quanto à legislação estadual, a Constituição Estadual do Pará dispõe sobre seu patrimônio cultural no artigo 286, determinando, no parágrafo 2º, o tombamento dos sítios dos antigos quilombos paraenses. Ainda, reconhece a propriedade definitiva das terras ocupadas por comunidades quilombolas, ficando o Poder Público incumbida de proceder o devido registro e titulação (artigo 322). Observando-se a Área de Influência Direta e a Área Diretamente Afetada da AHE Belo Monte, em comparação às áreas das comunidades quilombolas do Estado do Pará obtidas mediante consulta ao INCRA (Brasília e Belém) e à Fundação Cultural Palmares, constata-se que não há comunidades inseridas nesses espaços de análise ambiental do empreendimento. Já no tocante aos municípios que integram a Área de Influência Indireta, sob o ponto de vista socioeconômico e cultural, foi detectado um conjunto de comunidades quilombolas com registro oficial de identificação, reconhecimento ou titulação coletiva de terras. Estas se localizam nos municípios de Gurupá e Porto de Moz, em áreas situadas em direção à foz do rio Xingu, na confluência com o rio Amazonas, sendo algumas com localização ribeirinha, algumas situadas em ilhas e outras no interior. Para o município de Gurupá, tem-se a identificação oficial de doze (12) comunidades quilombolas, sendo que dessas, dez (10) foram reconhecidas em 2000 e tituladas entre 2004 e 2006 pela FCP e INCRA (vide Anexos 5-3 e 5-4). Para o município de Porto de Moz, tem-se a identificação de nove (9) comunidades quilombolas, contudo, nenhuma dessas comunidades foi reconhecida com titulação de terras, não estando disponibilizada informação sobre o estágio de andamento do processo de reconhecimentos das mesmas. A FIGURA 5.25-5 ilustra essas comunidades para a AII do AHE Belo Monte.

318 Referido Cadastro foi instituído pela Fundação Cultural Palmares por meio da Portaria nº 98, de 26 de novembro de 2007, que exige, em seu artigo 3º, que a comunidade que requer a certidão de registro tenha associação representativa constituída ou, no mínimo, em fase de elaboração, apresentando ata de reunião de constituição.

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FIGURA 5.25-5 - Localização dos Quilombos.

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O QUADRO 5.25-3 apresenta a relação das certidões atualizadas comunidades quilombolas presentes no Município de Gurupá. Já o QUADRO 5.25-4 apresenta a relação das comunidades quilombolas no Município de Porto de Moz.

QUADRO 5.25-3 Certidões Atualizadas Comunidades Quilombolas – Município de Gurupá - Fundação

Cultural Palmares e ITERPA

Número de Ordem Comunidades Data titulação Data - Publicação Diário

Oficial da União

01 Alto Ipixuna 28/07/2000 10/12/2004 02 Alto Pucuruí 28/07/2000 10/12/2004 03 Arinhoá s/inf. 10/12/2004 04 Bacá do Ipixuna 28/07/2000 10/12/2004 05 Camutá do Ipixuna 28/07/2000 25/04/2006 06 Carrazedo 28/07/2000 10/12/2004 07 Flexinha 28/07/2000 10/12/2004 08 Gurupá Mirim 28/07/2000 10/12/2004 09 Jocojó 28/07/2000 10/12/2004 10 Maria Ribeira 20/11/2000 10/12/2004 11 São Francisco Médio do

Ipixuna s/inf. 10/12/2004

Fonte: Fundação Cultural Palmares – 2007.

QUADRO 5.25-4 Comunidades Quilombolas do Município de Porto de Moz

Município Comunidades Quilombolas Situação Fundiária e Jurídica

Porto de Moz

Buiaçú São Francisco Maripi Taperu São Raimundo Tauerá São Brás Turu Sagrado Coração de Jesus

Identificadas 9 (nove) comunidades quilombolas. Terras não tituladas.

Fonte: Mapeamento Quilombolas do Pará – NAEA/UFPA319, 2006. FCP – 2007. 5.25.5 Questões Indígenas As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da União320. A Constituição Federal, no inciso XVI do artigo 49, determina que é competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos, que, nos termos do artigo 176, constituem propriedade distinta da do solo e podem ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional.

319 Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e Universidade Federal do Pará (UFPA). 320 Artigo 20, inciso XI da Constituição Federal.

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A Constituição reconhece aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens321. A Carta Magna considera terras tradicionais as ocupadas pelos índios e por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições322. Ademais, as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes323. Importante ressaltar, conforme prevê o artigo 231 §3º da Constituição Federal, que o aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas. Nesse sentido, o Congresso Nacional autorizou por meio do Decreto Legislativo nº 788/05, o Poder Executivo a implantar o AHE Belo Monte no trecho denominado “Volta Grande do Xingu”, a ser desenvolvido após estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e outros necessários, dentre esses, estudo de natureza antropológica, atinente às comunidades indígenas localizadas na área de influência do empreendimento, devendo, nos termos do §3º do art. 231 da Constituição Federal, serem ouvidas as comunidades afetadas. De acordo com os estudos ambientais e antropológicos do AHE Belo Monte, foram identificadas as seguintes terras indígenas na área de influência do empreendimento, cujos diplomas de criação são apresentados no Anexo 5-5 e cuja localização pode ser observada na Figura apresentada no item 14 deste Capítulo: a) Terra Indígena Paquiçamba Diploma legal: Decreto Federal nº 388, de 26 de dezembro de 1991, homologa a demarcação administrativa da Área Indígena Paquiçamba; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) – 24 de dezembro de 1991; Municípios: Altamira, Uruará e Placas no Estado do Pará; Extensão da área: 4.348ha (quatro mil trezentos e quarenta e oito hectares); População: 35 (Instituto Socioamabiental (ISA) 1998); b) Terra Indígena Arara da Volta Grande324 ou Terra Indígena Maia Diploma legal: Despacho nº 28, de 03 de abril de 2006;

321 Artigo 231, caput da Constituição Federal. 322 Artigo 231, §1º da Constituição Federal. 323 Artigo 231, §2º da Constituição Federal. 324 Existe divergência quanto à denominação dessa Terra Indígena, entre TI Arara da Volta Grande e TI Maia.

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Situação jurídica: identificada e aprovada pela Fundação Nacional do Índio e sujeita à contestação – 31 de março de 2006; Município: Senador José Porfírio, Estado do Pará; Extensão da área: 25.500ha (vinte e cinco mil e quinhentos hectares). População: 80 (ISA 2004); c) Terra Indígena Koatinemo Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 08 de janeiro de 1996; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao CRI e SPU – 05 de janeiro de 1996; Municípios: Altamira, Senador José Porfírio, no Estado do Pará; Extensão da área: 387.834ha (trezentos e oitenta e sete mil oitocentos e trinta e quatro hectares); População: 124 (ISA 2006); d) Terra Indígena Trincheira Bacajá Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 04 de outubro de 1996; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao CRI e SPU – 02 de outubro de 1996; Municípios: Altamira, Senador José Porfírio, São Félix do Xingu, Pacajá e Anapu, no estado do Pará; Extensão da área: 1.650.939ha (um milhão, seiscentos e cinqüenta mil, novecentos e trinta e nove hectares); População: 382 (ISA 1999); e) Terra Indígena Kararaô Diploma legal: Decreto Federal s/n, de 15 de abril de 1998; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao CRI e SPU - 14 de abril de 1998; Município: Altamira/PA; Extensão da área: 330.838ha (trezentos e trinta mil oitocentos e trinta e oito hectares); População: 28 (ISA 1998);

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f) Terra Indígena Arara I Diploma legal: Decreto Federal nº 399, de 24 de dezembro de 1991, homologa a demarcação administrativa da Área Indígena Arara, no estado do Pará; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis e Secretaria do Patrimônio da União - 24 de dezembro de 1991; Municípios: Altamira, Medicilândia, Brasil Novo e Uruará, no estado do Pará; Extensão da área: 274.010ha (duzentos e setenta e quatro mil e dez hectares); População: 199 (ISA 2006); g) Terra Indígena Juruna KM 17 Segundo informações transmitidas por funcionário da Administração Executiva Regional da FUNAI, em Altamira/PA, a TI Juruna km 17 ainda não está oficialmente em processo de demarcação naquela Regional, inexistindo Portaria da FUNAI, autorizando os estudos antropológicos de identificação325. As Terras Indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande ou Maia estão situadas na AID do AHE Belo Monte, não havendo alagamento dessas terras. As demais terras indígenas, Koatinemo, Trincheira Bacajá, Kararaô e Arara I encontram-se na AII do empreendimento e os efeitos sobre elas devem ser analisados, no âmbito dos estudos etnoecológicos para o empreendimento em tela. Quanto a TI Juruna KM17, também localizada na AII, esta não se encontra em procedimento formal e oficial de demarcação junto à FUNAI. Cumpre mencionar também as TIs inseridas na AAR do AHE Belo Monte (QUADRO 5.25-5), cuja abordagem se dará no item referente ao diagnóstico da AAR. Ressalte-se que referidas TIs não apresentam implicações jurídicas ao empreendimento.

325 Informação obtida junto a funcionário da Administração Executiva Regional da FUNAI, em Altamira/PA, na data de 25.10.07,pelo telefone (93) 3515-1829 / 4026.

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QUADRO 5.25-5

Terras Indígenas Existentes na AAR do AHE Belo Monte Continua

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Paquiçamba

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto Federal nº 388, de 26 de dezembro de 1991

4.348 / PA 35 (1998) Yudjá

Arara da Volta Grande do Xingu

Identificada e aprovada pela Fundação Nacional do Índio

Despacho nº 28, de 03 de abril de 2006

25.500 / PA 80 (2004) Arara (Maia)

Arara

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto Federal nº 399, de 24 de dezembro de 1991

274.010 / PA 199 (2006) Arara do Pará

Kararaô

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto Federal s/n, de 15 de abril de 1998

330.838 / PA 28 (1998) Kayapó Kararaô

Koatinemo

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto Federal s/n, de 08 de janeiro de 1996

387.834 / PA 124 (2006) Asurini do Xingu

Trincheira / Bacajá

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto Federal s/nº, de 04 de outubro de 1996

1.650.939 / PA 382 (1999)

Araweté; Asurini do Xingu; Kayapô; Kayapô Kararaô; Kayapô Xikrin do Bacajá;

Parakanã

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma.

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QUADRO 5.25-5 Terras Indígenas Existentes na AAR do AHE Belo Monte

Continuação

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Araweté / Igarapé Ipixuna

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 05 de janeiro de 1996

940.901 / PA 320 (2005) Araweté

Apyterewa

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

Decreto s/n de 19 de abril de 2007

773.470 / PA 248 (1999) Parakanã

Xikrin do Catete **

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

------------ 439.151 / PA 720 (2001) Kayapó Xikrin do Caeté

Kayapó

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto nº 316 de 29 de outubro de 1991

3.284.005 / PA 3.096 (2006) Kayapó: A’Ukre, Gorotira,

Kikretum, Kokraimoro, Kuben Kran Ken

Cachoeira Seca

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto nº 389 de 25 de dezembro de 1991

734.027 72 (2004) Arara do Pará

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma

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Continuação

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Xipaya Declarada pela FUNAI Portaria FUNAI nº 2.362

de 15 de dezembro de 2006

178.624 / PA 48 (2004) Xipáya

Kuruáya

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 18 de abril de 2006

166.784 / PA 129 (2006) Kuruaia

Baú

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 19 de junho de 2008

1.543.460 / PA 165 (2006) Kayapó Mekragnoti

Menkragnoti

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 19 de agosto de 1993

4.914.255 / PA-MT 1.208 (2006) Kayapó: Mekragnoti Me Ngra

Mrari

Badjônkore

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 23 de junho de 2003

221.981 / PA 230 (2006) Kayapó Kuben Kran Ken

Panará

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 30 de abril de 2001

494.017 / PA-MT 306 (2006) Panará

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma

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Continuação

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Capoto/Jarina

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 25 de janeiro de 1991

634.915 / MT 1.068 (2006) Kayapó, Kayapó Mekragnoti,

Tapayúna

Rio Arraias / BR 080

Em identificação – 05 de junho de 2007 ISA

Em identificação * ------- -------- Kaiabi, Yudjá

Urubu Branco **

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 08 de maio de 1998

167.533 / MT 484 (2006) Tapirapé

Parque Indígena do Xingu / Natuwoto

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto nº 50.455 de 14 de abril de 1961

2.642.004 / MT 5.020 (2006)

Aweti, Ikpeng (Txikão), Kaiabi, Kalapalo, Kamayurá,

Kisêjê (Suyá), Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukwá, Trumai, Waurá, Yawalapiti,

Yudjá

Wawi

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 08 de setembro de 1998

150.328 / MT 240 (2005) Kisejê (Suyá)

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma.

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QUADRO 5.25-5 Terras Indígenas Existentes na AAR do AHE Belo Monte

Continuação

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Maralwatsede

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 11 de dezembro de 1998

165.241/ MT 700 (2005) Xavante

Batovi

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n 08 de setembro de 1998

5.159/ MT 236 (2005) Waurá

Pimentel Barbosa

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

----------- 328.966/ MT 1.667 (2004) Xavante

Marechal Rondon

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 02 de outubro de 1996

98.500/ MT 500 (2005) Xavante

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma.

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Conclusão

Nome Situação Jurídica Ato Legal de Criação Dimensão (área total em ha)* /

Estado População* Etnia

Bakairi **

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto nº 293 de 29 de outubro de 1991

65.405/ MT 415 (1989) Bakairi

Parabubure

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto nº 306 de 29 de outubro de 1991

224.447/ MT 3.162 (1996) Xavante

Chão Preto

Homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e

Secretaria do Patrimônio da União (SPU)

Decreto s/n de 30 de abril de 2001

11.740/ MT 56 (2002) Xavante

* Fontes: Instituto Socioambiental (ISA) << http://www.isa.org.br >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20 e Fundação Nacional do Índio (FUNAI) <<www.funai.org.br>>, acessado em 04/07/2008, às 14h5, e Instituto de Terras do Pará <<http://www.iterpa.pa.gov.br/ >>, acessado em 03/07/2008, às 14h20. ** As Terras Indígenas Xikrin do Cateté, Urubu Branco e Baikairi não estão inseridas dentro da bacia hidrográfica do rio Xingu, mas foram consideradas uma vez que são limítrofes à mesma.

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A Constituição Federal determina que não produzem efeitos jurídicos atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse de terras indígenas, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, gerando a nulidade e a extinção do direito à indenização quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé. A FUNAI, instituída pela Lei Federal nº 5.371, de 05 de dezembro de 1967, é o órgão federal com patrimônio próprio e personalidade jurídica de direito privado, com a finalidade de estabelecer diretrizes e garantir o cumprimento da política indigenista, baseada na garantia à posse permanente das terras que habitam e ao usufruto exclusivo dos recursos naturais e de todas as utilidades nela existentes, exercitando o poder de polícia nas áreas reservadas e nas matérias atinentes à proteção do índio326. A situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional é regulamentada pelo Estatuto do Índio, instituído pela Lei Federal nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Para efeitos do Estatuto do Índio ficam estabelecidas as seguintes definições: “I - Índio ou Silvícola - É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional; II - Comunidade Indígena ou Grupo Tribal - É um conjunto de famílias ou comunidades índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem, contudo estarem neles integrados.”327 O artigo 4º da Lei Federal nº 6.001/73 considera índios: • Isolados: quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos

informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; • Em vias de integração: quando, em contato intermitente ou permanente com grupos

estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento;

• Integrados: quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício

dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura.

O Estatuto do Índio determina que as terras indígenas, por iniciativa e sob orientação da FUNAI, serão administrativamente demarcadas de acordo com o processo estabelecido em decreto do Poder Executivo328. A demarcação será registrada em livro próprio do Serviço do

326 Artigo 1º, incisos I e VII da Lei Federal nº 5.371/67. 327 Artigo 3º da pela Lei Federal nº 6.001/73. 328 Artigo 19 da Lei Federal nº 6.001/73 - Decreto Federal nº 1.775/96.

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Patrimônio da União e junto ao Cartório de Registro de Imóveis da comarca da situação das terras. Importa citar que as terras indígenas não poderão ser objeto de arrendamento ou de qualquer ato ou negócio jurídico que restrinja o pleno exercício da posse direta pela comunidade indígena ou pelos silvícolas329. Muito relevante ressaltar que, em caráter excepcional, a União poderá intervir em área indígena, se não houver solução alternativa, para a realização de obras públicas que interessem ao desenvolvimento nacional330. O ato de intervenção terá a assistência direta da FUNAI e a comunidade indígena removida será integralmente ressarcida dos prejuízos decorrentes da remoção, conforme preceitua o artigo 20, §4º da Lei Federal nº 6.001/73. Cabe aos índios ou silvícolas a posse permanente das terras que habitam e o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes331. O usufruto compreende o direito à posse, uso e percepção das riquezas naturais e de todas as utilidades existentes nas terras ocupadas, bem assim ao produto da exploração econômica de tais riquezas naturais e utilidades332. Nos termos do artigo 24, §1º do Estatuto do Índio, o usufruto assegurado aos índios também compreende o uso dos mananciais e das águas dos trechos das vias fluviais nas terras ocupadas, que se estendem aos acessórios e seus acrescidos. Vale mencionar que o reconhecimento do direito dos índios e grupos tribais à posse permanente das terras por eles habitadas independe de sua demarcação, e será assegurado pelo órgão federal de assistência aos silvícolas, atendendo à situação atual e ao consenso histórico sobre a antigüidade da ocupação, sem prejuízo das medidas cabíveis a serem tomadas pelos Poderes da República, nos casos em que houver omissão ou erro do referido órgão (artigo 25 da Lei Federal nº 6.001/73). As terras indígenas, de que tratam a Lei Federal n° 6.001/73 e a Constituição Federal, serão administrativamente demarcadas por iniciativa e sob a orientação da FUNAI, conforme dispõe o Decreto Federal nº 1.775, de 08 de janeiro de 1996. A demarcação das terras ocupadas pelos índios será fundamentada em trabalhos desenvolvidos por antropólogo de qualificação reconhecida, que os elaborará em prazo fixado na portaria de nomeação baixada pelo titular da FUNAI.333 A FUNAI designará grupo técnico especializado, coordenado por antropólogo, com a finalidade de realizar estudos complementares de natureza etno-histórica, sociológica, jurídica, cartográfica, ambiental e o levantamento fundiário necessário à delimitação da terra indígena334. Após a conclusão dos trabalhos de identificação e delimitação, o grupo técnico

329 Artigo 18 da Lei Federal nº 6.001/73. 330 Artigo 20, §1º, “d” da Lei Federal nº 6.001/73. 331 Artigo 22, caput da Lei Federal nº 6.001/73. 332 Artigo 24 da Lei Federal nº 6.001/73. 333 Artigo 2° do Decreto Federal nº 1.775/96. 334 Artigo 2º, §1º do Decreto Federal nº 1.775/96.

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apresentará relatório circunstanciado à FUNAI, caracterizando a terra indígena a ser demarcada335. As regras para elaboração do relatório circunstanciado de identificação e delimitação de Terras Indígenas foram estabelecidas pela Portaria do Ministério da Justiça/FUNAI nº 14, de 09 de janeiro de 1996, que prevê que o relatório deve ser fundamentado em elementos objetivos e abranger temas considerados relevantes, como habitação permanente, atividades produtivas, meio ambiente, reprodução física e cultural, levantamento fundiário e outros. O referido relatório, para propiciar adequado processo demarcatório, deve especificar com clareza as já mencionadas quatro situações previstas no artigo 231, §1º da Constituição Federal, que conceituam as terras tradicionalmente habitadas pelos índios. De acordo com o artigo 2º, §7° do Decreto Federal nº 1.775/96, aprovado o relatório pela FUNAI, esta fará publicar, no prazo de 15 (quinze) dias, resumo no Diário Oficial da União e no Diário Oficial da unidade federada onde se localizar a área sob demarcação, acompanhado de memorial descritivo e mapa da área, devendo a publicação ser fixada na sede da Prefeitura Municipal da situação do imóvel. Do início do procedimento demarcatório, até 90 (noventa) dias após a publicação do respectivo relatório, poderão o Estado e Municípios em que se localizar a área sob demarcação e demais interessados manifestar-se, apresentando à FUNAI razões instruídas com todas as provas pertinentes, tais como títulos dominiais, laudos periciais, pareceres, declarações de testemunhas, fotografias e mapas, para o fim de pleitear indenização ou para demonstrar vícios, totais ou parciais, do relatório de que trata o parágrafo anterior (artigo 2º, §8° do Decreto Federal nº 1.775/96). Nos 60 (sessenta) dias subseqüentes ao encerramento dos referidos 90 (noventa) dias, a FUNAI encaminhará o respectivo procedimento ao Ministro da Justiça, juntamente com pareceres relativos às razões e provas apresentadas336. Em até 30 (trinta) dias após o recebimento do procedimento, o Ministro deve decidir337: • Declarando, mediante portaria, os limites da terra indígena e determinando a sua

demarcação; • Prescrevendo todas as diligências que julgar necessárias, as quais deverão ser cumpridas

no prazo de 90 (noventa) dias; • Desaprovando a identificação e retornando os autos à FUNAI, mediante decisão

fundamentada, circunscrita ao não atendimento do disposto no artigo 231, §1º da Constituição e demais disposições pertinentes.

A demarcação das terras indígenas, obedecido ao procedimento administrativo e nos termos do artigo 5º do Decreto Federal nº 1.775/96, deve ser homologada mediante Decreto do Poder Executivo. A terra demarcada e homologada deve ser registrada, em até 30 (trinta) dias após a homologação, no CRI da comarca correspondente e no Serviço de Patrimônio da União 338.

335 Artigo 2º, §6º do Decreto Federal nº 1.775/96. 336 Artigo 2º, §9° do Decreto Federal nº 1.775/96. 337 Artigo 2º, §10 do Decreto Federal nº 1.775/96. 338 Artigos 5º e 6º do Decreto Federal nº 1.775/96.

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Em caso de haver ocupantes não índios na área sob demarcação, o órgão fundiário federal dará prioridade ao respectivo reassentamento, segundo o levantamento efetuado pelo grupo técnico (artigo 4° do Decreto Federal nº 1.775/96). Assim, por meio da Portaria Conjunta nº09, de 27 de outubro de 2004, do MDA/INCRA, foi instituído o Programa Nacional de Reassentamento de Ocupantes Não Indígenas em Terras Indígenas, com objetivo de atender à demanda desse reassentamento, de acordo com critérios de seleção estabelecidos em programas do INCRA. Em decorrência dessa Portaria nº 09/04, foi firmado convênio de cooperação técnica339 entre o Ministério da Justiça/FUNAI e o Ministério de Desenvolvimento Agrário/INCRA, para definição de ações cooperadas para o levantamento e cadastramento de ocupantes, avaliação de benfeitorias e reassentamento de não índios. Outrossim, as ações de proteção ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas estão dispostas no Decreto Federal nº 1.141, de 05 de maio de 1994. As mencionadas ações devem ser efetivadas mediante programas nacionais e projetos específicos, de forma integrada entre si e em relação às demais ações desenvolvidas em terras indígenas, elaborados e executados pelos Ministérios da Justiça, da Agricultura, do Meio Ambiente, da Cultura e do Desenvolvimento Agrário, ou por seus órgãos vinculados e entidades supervisionadas, em suas respectivas áreas de competência legal340. O artigo 9° do Decreto Federal nº 1.141/94 estabelece que as ações voltadas à proteção ambiental das terras indígenas e seu entorno destinam-se a garantir a manutenção do equilíbrio necessário à sobrevivência física e cultural das comunidades indígenas, contemplando: “I - diagnóstico ambiental, para conhecimento da situação, como base para as intervenções necessárias; II - acompanhamento e controle da recuperação das áreas que tenham sofrido processo de degradação de seus recursos naturais; III - controle ambiental das atividades potencial ou efetivamente modificadoras do meio ambiente, mesmo aquelas desenvolvidas fora dos limites das terras indígenas que afetam; IV - educação ambiental, dirigida às comunidades indígenas e à sociedade envolvente, visando à participação na proteção do meio ambiente nas terras indígenas e seu entorno; V - identificação e difusão de tecnologias indígenas e não-indígenas, consideradas apropriadas do ponto de vista ambiental e antropológico.” Os órgãos envolvidos na execução das ações acima mencionadas promoverão programas permanentes de capacitação de recursos humanos para atuação junto às comunidades indígenas (artigo 21 do Decreto Federal nº 1.141/94). O Decreto Federal nº 2.119, de 13 de janeiro de 1997, dispõe sobre o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, que consiste em um conjunto de projetos de execução integrada pelos governos federal, estaduais e municipais e a sociedade civil organizada, com apoio técnico e financeiro das comunidades internacionais, com objetivo de implementar modelo de desenvolvimento sustentável em florestas tropicais brasileiras.

339 Programa Nacional de Reassentamento de ocupantes não indígenas em terras indígenas. Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). 340 Artigo 2º do Decreto Federal nº 1.141/94.

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Como parte desse Programa criou-se o Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL), com objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações indígenas, promovendo a conservação dos seus recursos naturais por meio da demarcação participativa das terras indígenas da Amazônia Legal, executada pelo órgão indigenista, e a aplicação de projetos de proteção a essas áreas, desenvolvidas com organizações indígenas, ONG’s e FUNAI. O PPTAL está organizado em torno dos seguintes componentes: • Regularização Fundiária (identificação, delimitação, demarcação, homologação), com

incentivo à participação indígena no processo de garantia de seus direitos territoriais; • Implementação de Projetos de Vigilância, junto com as comunidades indígenas; • Elaboração de levantamentos etnoecológicos voltados para a formulação de futuros planos

de manejo; • Garantia de cooperação intra e interinstitucional no âmbito do Programa Piloto para

Proteção das Florestas Tropicais do Brasil. As terras indígenas incluídas no PPTAL estão localizadas nos seguintes Estados: Amazonas, Acre, Roraima, Tocantins, Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso e Rondônia. O PPTAL incentiva a participação das comunidades e organizações indígenas no processo de garantia de seus direitos territoriais, e prevê a realização de ações de capacitação indígena ligadas à proteção territorial e à administração de projetos. Na mesma linha, o PPTAL promove estudos etnoecológicos em diversas terras indígenas da Amazônia, levantando dados que sirvam de base para futuras ações de defesa e gestão sustentável das mesmas por parte das próprias comunidades (FUNAI,2008). A prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, pelo Ministério da Saúde, segundo o Decreto Federal nº 3.156, de 27 de agosto de 1999, é dever da União e será prestada de acordo com a Constituição Federal e com a Lei Federal nº 8.080/90, objetivando universalidade, integralidade e equanimidade dos serviços de saúde. Para cumprimento desse dever, a União deverá observar diretrizes destinadas à promoção, proteção e recuperação da saúde do índio, objetivando o alcance do equilíbrio bio-psico-social, com o reconhecimento do valor e da complementariedade das práticas da medicina indígena, segundo as peculiaridades de cada comunidade, o perfil epidemiológico e a condição sanitária, quais sejam: “I - o desenvolvimento de esforços que contribuam para o equilíbrio da vida econômica, política e social das comunidades indígenas; II - a redução da mortalidade, em especial a materna e a infantil; III - a interrupção do ciclo de doenças transmissíveis; IV - o controle da desnutrição, da cárie dental e da doença periodental; V - a restauração das condições ambientais, cuja violação se relacione diretamente com o surgimento de doenças e de outros agravos da saúde;

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VI - a assistência médica e odontológica integral, prestada por instituições públicas em parceria com organizações indígenas e outras da sociedade civil; VII - a garantia aos índios e às comunidades indígenas de acesso às ações de nível primário, secundário e terciário do Sistema Único de Saúde - SUS; VIII - a participação das comunidades indígenas envolvidas na elaboração da política de saúde indígena, de seus programas e projetos de implementação; e IX - o reconhecimento da organização social e política, dos costumes, das línguas, das crenças e das tradições dos índios.”341 Ressalta-se que o artigo 2º, parágrafo único do Decreto Federal nº 3.156/99, prevê que a organização das atividades de atenção à saúde das populações indígenas deve efetivar-se no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e efetivar-se-á, progressivamente, por intermédio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, ficando assegurados os serviços de atendimento básico no âmbito das terras indígenas. O Decreto Federal nº 5.051, de 19 de abril de 2004, promulga a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, adotada em Genebra, em 27 de junho de 1989. De acordo com o artigo 7º, item “1” da Convenção, os povos interessados deverão ter o direito de escolher suas próprias prioridades no que diz respeito ao processo de desenvolvimento, na medida em que ele afete as suas vidas, crenças, instituições e bem-estar espiritual, bem como as terras que ocupam ou utilizam de alguma forma, e de controlar, na medida do possível, o seu próprio desenvolvimento econômico, social e cultural. Além disso, esses povos deverão participar da formulação, aplicação e avaliação dos planos e programas de desenvolvimento nacional e regional suscetíveis de afetá-los diretamente. A melhoria das condições de vida e de trabalho e do nível de saúde e educação dos povos indígenas, com a sua participação e cooperação, deverá ser prioritária nos planos de desenvolvimento econômico das regiões onde moram. Os projetos especiais de desenvolvimento para essas regiões também deverão ser elaborados de forma a promoverem essa melhoria342. A Convenção da OIT prevê que os governos devem zelar para que, sempre que for possível, sejam efetuados estudos junto aos povos indígenas e tribais com o objetivo de se avaliar a incidência social, espiritual e cultural e sobre o meio ambiente que as atividades de desenvolvimento previstas possam ter sobre esses povos. Os resultados desses estudos deverão ser considerados como critérios fundamentais para a execução das atividades mencionadas. Ademais, os governos deverão adotar medidas em cooperação com os povos interessados para proteger e preservar o meio ambiente dos territórios que eles habitam. Os direitos dos povos aos recursos naturais existentes nas suas terras devem ser especialmente protegidos e devem abranger o direito a participarem da utilização, administração e conservação desses recursos343. Quanto ao reassentamento dos povos indígenas, esse somente poderá ser efetuado com o consentimento dos mesmos, concedido livremente e com pleno conhecimento de causa. Quando não for possível obter o seu consentimento, o reassentamento poderá ser

341 Artigo 2º do Decreto Federal nº 3.156/99. 342 Artigo 7º, item “2” do Decreto Federal nº 5.051/04. 343 Artigo 15, item “1” do Decreto Federal nº 5.051/04.

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realizado após a conclusão de procedimentos adequados estabelecidos pela legislação nacional344. Outrossim, deverão ser indenizadas plenamente as pessoas reassentadas por qualquer perda ou dano que tenham sofrido, como conseqüência do seu deslocamento345. De acordo com artigo 33, item “1” da Convenção da Organização Internacional do Trabalho sobre Povos Indígenas e Tribais, a autoridade governamental responsável pelas questões indigenistas deve se assegurar de que existem instituições ou outros mecanismos apropriados para administrar os programas que afetam os povos interessados, e de que tais instituições ou mecanismos dispõem dos meios necessários para o pleno desempenho de suas funções. Esses programas deverão incluir planejamento, coordenação, execução e avaliação de medidas previstas na Convenção da OIT sobre Povos Indígenas, e deverão ser determinadas com flexibilidade, levando em conta as condições próprias de cada país (artigo 34). Recentemente, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), instituída pelo Decreto Federal nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, trouxe as seguintes definições346: • Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se

reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição;

• Territórios Tradicionais: os espaços necessários à reprodução cultural, social e econômica

dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas; e

• Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a

melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras.

As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da PNPCT devem ocorrer de forma intersetorial, integrada, coordenada, sistemática e observar o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta, dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais, entre outros, bem como a relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não desrespeitar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade347.

A PNPCT também prevê que devem ser observadas a pluralidade socioambiental, econômica e cultural das comunidades e dos povos tradicionais que interagem nos diferentes biomas e ecossistemas, seja em áreas rurais ou urbanas (artigo 1º, incisos I do Anexo do Decreto Federal nº 6.040/07).

344 Artigo 16, item “2” do Decreto Federal nº 5.051/04. 345 Artigo 16, item “5” do Decreto Federal nº 5.051/04. 346 Artigo 3º do Decreto Federal nº 6.040/07. 347 Artigo 1º, incisos I do Anexo do Decreto Federal nº 6.040/07.

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O principal objetivo dessa Política é promover o desenvolvimento sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, formas de organização e instituições348.

Ademais, o artigo 3º da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais prevê, como objetivos específicos, a garantia aos povos e comunidades tradicionais, de seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica. Ainda, a PNPCT deve assegurar os direitos dos povos afetados direta ou indiretamente por projetos, obras e empreendimentos, bem como a garantia ao acesso aos serviços de saúde de qualidade e adequados às suas características sócio-culturais, suas necessidades e demandas, com ênfase nas concepções e práticas da medicina tradicional.

O Conselho de Direito Humanos da ONU, em 13 de setembro de 2007, proclamou a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que deve ser interpretada como arranjo aos princípios de justiça, democracia, respeito aos direitos humanos, igualdade, boa administração pública e boa fé, sujeita, no entanto, às limitações da legislação brasileira. De acordo com artigo 10 da Declaração, os povos indígenas não serão retirados pela força de suas terras ou territórios, e não se procederá a nenhuma remoção sem o consentimento livre, prévio e informado, dos povos indígenas interessados, nem sem acordo prévio sobre indenização justa e eqüitativa. Os povos indígenas despojados de seus meios de subsistência e desenvolvimento têm direito a justa reparação349. A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas estabelece que os povos indígenas têm direitos a determinar e elaborar as prioridades e estratégias para o desenvolvimento ou utilização de suas terras ou territórios e outros recursos. Os Estados celebrarão consultas e cooperarão de boa fé com os povos indígenas na condução de suas próprias instituições representativas, a fim de obter seu consentimento livre e informado, antes de aprovar qualquer projeto que afete as suas terras ou territórios e outros recursos, particularmente em relação ao desenvolvimento, utilização ou exploração de recursos minerais, hídricos ou de outro tipo. Ademais, os Estados deverão desenvolver mecanismos eficazes para reparação justa e eqüitativa por essas atividades, e adotarão medidas adequadas para mitigar suas conseqüências nocivas de ordem ambiental, econômica, social, cultural ou espiritual (artigo 32, itens 1, 2 e 3). No âmbito estadual, a Constituição do Pará dispõe que constituem patrimônio cultural paraense os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade paraense, nos quais se incluem a cultura indígena, tomada isoladamente e em seu conjunto350.

348 Artigo 2º do Decreto Federal nº 6.040/07. 349 Artigo 20, item 2 da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 350 Artigo 286, inciso VI da Constituição do Estado do Pará.

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O Estado e os Municípios são responsáveis pelo incentivo à proteção aos índios e sua cultura, organização social, costumes, línguas, crenças, tradições, assim como reconhecerão seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam351. O artigo 300, §3º da Constituição Estadual, dispõe que o Estado do Pará e os Municípios devem garantir a posse dos índios sobre as terras que, tradicionalmente, ocupam e o usufruto exclusivo deles sobre as riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. Ressalta-se que a participação da população indígena é essencial na tomada de decisões sobre assuntos que lhe digam respeito, sendo instrumento básico desta participação o conselho indigenista, composto majoritariamente por representantes originários da população indígena352. A Lei Estadual nº 5.629, de 20 de dezembro de 1990, considera patrimônio cultural do estado do Pará os bens de natureza material ou imaterial, quer tomados individualmente ou em conjunto, que sejam relacionados à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos que formam a sociedade paraense, dentre os quais se incluem a cultura indígena. A Política de Meio Ambiente do Pará, instituída pela Lei Estadual nº 5.887/95, prevê, dentre seus princípios básicos e consideradas as peculiaridades locais, geográficas, econômicas e sociais, o respeito aos povos indígenas, às formas tradicionais de organização social e às suas necessidades de reprodução física e cultural, além da melhoria de condição de vida, nos termos da Constituição Federal e da legislação aplicável (artigo 2º, inciso VIII). Importa salientar que o inciso IV do artigo 45 da Política Ambiental do Pará, prevê que a execução de projetos de aproveitamentos hidrelétricos deve privilegiar alternativas que minimizem a remoção e a inundação de núcleos populacionais, reservas indígenas, remanescentes florestais nativos e associações vegetais relevantes, como é o caso do AHE Belo Monte. Ainda no âmbito estadual, existe o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Regional Norte II, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) O referido Conselho fundamenta suas ações sob os seguintes princípios: o respeito à alteridade indígena em sua pluralidade étnico-cultural e histórica e a valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas; o protagonismo dos povos indígenas, sendo o CIMI um aliado nas lutas pela garantia dos direitos históricos; e a opção e compromisso com a causa indígena, dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural (CIMI, 2008). Foi identificada também, como organização indígena da região Amazônica, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), de direito privado, sem fins lucrativos, fundada, juridicamente, no dia 19 de abril de 1989, por iniciativa de lideranças de organizações indígenas existentes à época. A COIAB, como instância máxima de articulação dos povos e organizações indígenas da Amazônia Brasileira, reúne em sua base política 75 (setenta e cinco) organizações e 165 (cento e sessenta e cinco) povos indígenas, estimula e acompanha a criação de outras organizações, visando à expansão e o fortalecimento do movimento indígena (COIAB, 2008). 351 Artigo 300, caput da Constituição do Estado do Pará. 352 Artigo 300, §4º da Constituição do Estado do Pará.

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Em novembro de 2006, o Conselho Deliberativo e Fiscal (CONDF) da COIAB, por meio da Resolução CONDEF/COIAB – XIX, preocupado com estado atual dos direitos indígenas e ciente de suas responsabilidades no direcionamento das ações da organização, deliberou acerca da política indigenista, programas e ações prioritárias para os próximos três anos, dentre as quais se destacam: “VI. Hidroelétricas 1. Apoiamos decididamente as ações de nossos parentes contra a hidroelétrica do Belo Monte, no Pará, e condenamos os atos de desrespeito aos direitos indígenas através das campanhas difamatórias e da incitação à violência contra nossos parentes. VII. Ameaças 5. A Coiab vai montar dossiê-denúncia para deflagrar campanha a nível nacional e internacional em defesa dos povos indígenas do Vale do Javari, regularização da exploração de recursos naturais na área dos Cinta Larga, Terra Indígena Suiá Miçu do povo Xavante, Hidroelétricas de Paranatinga II, Belo Monte e Hidrovia do Rio Madeira e a calamidade da saúde dos Povos Indígenas do Estado do Maranhão.”353 Os povos indígenas Xikrin; Pykajakà, Potikro, Bacajá, Mrotidjam; Kayapó: Kikretum, Kokraimoro, Pukararankre, Kendjam, Moikarakô, Aukre, Kôkôkuedjà, Kararaô; Araweté do Igarapé Ipixuna; Parakanã – Apyterewa; Asurini do Xingu; Juruna (Pakisamba e Km 17); Xipaya; Kuruaya; Arara do Pará (do Maia, Laranjal e Cachoeira Seca); índios da cidade de Altamira; Apinajé do Estado de Tocantins; Tembé; Gavião de Rondônia; e Karitiana; junto com os movimentos sociais e ONGs, institutos de pesquisa e Universidade Federal do Pará a convite do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Prelazia do Xingu, MDTX (Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu) e IIEB- Instituto Internacional de Educação do Brasil, se reuniram na cidade de Altamira no estado do Pará, no mês de junho de 2007, para um movimento denominado “Em Defesa da Vida e do Rio Xingu”, Os povos externaram preocupação quanto à construção do Complexo Hidrelétrico do Xingu, que anuncia a construção de barragens na Volta Grande do Xingu, que, caso sejam construídas, irão atingir os povos indígenas, as comunidades de agricultores, a floresta e afetar a biodiversidade prejudicando a vida na Bacia Rio Xingu. Neste sentido, há que se ressaltar que, após a data da reunião ora citada, a Eletrobrás protocolou, junto à ANEEL, a revisão dos Estudos de Inventário do rio Xingu, concluindo pela implantação única, nesse corpo hídrico, do AHE Belo Monte. Por essa razão, consoante o manifesto, eles são contra o projeto do AHE Belo Monte, sob alegação de que o rio Xingu representa a vida deles e sua morte pode ameaçar suas vidas, o futuro, os parentes e, ainda, que qualquer intervenção no Xingu provocará a extinção da caça, do peixe e afetará profundamente suas terras e a saúde. Os povos indígenas finalizam: “Nós, povos indígenas, queremos viver e respirar no Xingu, suas águas são fonte de vida e nós não queremos morrer, não vamos desistir da vida, não abandonaremos a luta, nosso canto de guerra está na garganta para nos contrapor ao inimigo.”

353 Fonte: Resolução CONDEF/COIAB – XIX - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB Disponível: http://www.coiab.com.br/index.php. Acesso em 04/04/2008, às 11hs11min.

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5.26 Plano Plurianual e Planejamento Territorial Participativo O Plano Plurianual (PPA) é o instrumento de planejamento estratégico das ações de Governo para um período de quatro anos. O PPA tem fundamento no artigo 165 da Constituição Federal, e seu objetivo é promover a integração das ações governamentais, fortalecendo mecanismos de intervenção e transformação da realidade socioeconômica. O PPA expressa as diretrizes de Governo, configurando-se como a base do sistema de planejamento do Estado do Pará, reforçado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, e destaca a ação planejada de governo e a compatibilização dos Orçamentos Anuais à Lei de Diretrizes Orçamentárias e ao Plano Plurianual. A construção do PPA 2008-2011 do Pará apresenta, como elemento inovador, a visão territorial no processo de elaboração e execução das políticas públicas de longo prazo e, em conseqüência, na construção dos Programas de Governo para o período de quatro anos. A elaboração do PPA segue um conjunto de etapas e procedimentos estabelecidos pela Constituição Estadual, artigo 204, §1º, que dispõe que “a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma setorizada e regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estadual para as despesas de capital, inclusive para as relativas aos programas de duração continuada”. No §2º do mesmo artigo, define-se também que o PPA deve ser elaborado com a “participação de entidades representativas da sociedade civil e dos Municípios”. Portanto, o papel do Plano é estabelecer intrínseca relação entre o planejamento de longo prazo com os orçamentos anuais. Dentre as propostas do PPA está a materialização do Planejamento Territorial Participativo (PTP) do Estado do Pará, formatado em longo prazo e em base territorial, devidamente elaborado a partir da participação popular. Ressalta-se que a proposta governamental visa a convergência territorial, isto é, a compatibilização de diferentes visões dos órgãos estaduais, de como sua problemática específica reflete sobre o território. Por sua vez, a referida busca pela convergência territorial poderá contribuir, inclusive, para articulação das diversas políticas públicas. Nesse sentido, o Estado do Pará realizou várias reuniões, visando a formatação do PTP, a partir dos objetivos de Governo por região e temática. A região que interessa ao presente estudo é a do Xingu, formada pelos Municípios de Altamira, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Anapu, Placas, Pacaja, Uruara, Gurupá, Porto de Moz e Medicilândia (SEIR-PA, 2008). As temáticas e os objetivos de Governo, segundo o Planejamento Territorial Participativo, são os seguintes: a) Defesa Social e Direitos Humanos • Aprimorar a fiscalização na prestação de serviços públicos, sob a responsabilidade do

estado;

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• Combater as desigualdades sociais e promover garantia dos direitos humanos com atendimento especial aos grupos vulneráveis (jovens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos);

• Promover a igualdade étnica e racial e as culturas das populações tradicionais; • Ampliar e qualificar a capacidade operacional dos Órgãos do Sistema Estadual de

Segurança Pública; • Qualificar e humanizar o atendimento ao cidadão pelos Órgãos do Sistema de Segurança

Pública; • Fortalecer o controle interno e externo das atividades policiais; • Potencializar a prevenção e a resolução dos crimes agro-ambientais; • Combater o tráfico de seres humanos e trabalho escravo. b) Desenvolvimento Socioeconômico • Fortalecer a produção familiar rural; • Modernizar o setor agropecuário; • Fortalecer a Pesca e Aqüicultura Sustentáveis; • Estabelecer parâmetros de política industrial sustentável; • Implementar e fortalecer o desenvolvimento de ciência e tecnologia e Inovação; • Apoiar e fortalecer micros, pequenas e médias empresas urbanas; • Desenvolver o potencial turístico da região; • Promover o ordenamento territorial (regularização fundiária e gestão ambiental e das

florestas); • Incentivar a produção de biocombustíveis; • Combater as desigualdades sociais e promover a garantia dos direitos humanos com

atendimento especial aos grupos vulneráveis (jovens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos).

c) Gestão • Estabelecer uma relação de respeito e diálogo permanente com os servidores públicos

estaduais; • Descentralizar a gestão pública estadual, facilitando o acesso dos serviços à população;

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• Estabelecer uma política de comunicação social democrática capaz de levar informação de qualidade e respeito aos cidadãos e cidadãs paraenses e apoiar a democratização dos meios de comunicação;

• Aprimorar a fiscalização na prestação de serviços públicos, sob a responsabilidade do

Estado; • Comprometer-se com a transparência da gestão pública e o combate permanente à

corrupção, garantindo o controle social para o cidadão. d) Infra-estrutura e Transporte • Melhorar as condições de tráfego nas estradas; • Reduzir o déficit habitacional e promover a regularização fundiária de terras urbanas; • Melhorar o acesso da população ao saneamento (água potável, esgotamento sanitário e

correto destino de lixo); • Melhorar as condições de mobilidade entre municípios (serviços de transporte rodoviário,

hidroviário e aeroviário). e) Integração Regional • Garantir a responsabilidade fiscal ampliando a eficiência tributária e o controle sobre os

gastos públicos; • Fortalecer a integração regional através do fortalecimento e harmonização das políticas

públicas a serem implementadas em cada território, valorizando a identidade social existente nas regiões;

• Garantir a participação popular no planejamento, execução e avaliação das políticas

públicas implementadas no Estado do Pará; • Descentralizar a gestão pública estadual, facilitando o acesso dos serviços à população; • Aprimorar a fiscalização na prestação de serviços públicos, sob a responsabilidade do

Estado; • Fortalecer a produção familiar rural; • Modernizar o setor agropecuário; • Implementar e fortalecer o desenvolvimento de ciência e tecnologia e Inovação; • Desenvolver o potencial turístico da região; • Promover o ordenamento territorial (regularização e gestão ambiental e das florestas);

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• Promover o desenvolvimento social, combater a fome e a miséria (assistência social e a segurança alimentar e nutricional);

• Melhorar a qualidade do ensino público, e valorizar os profissionais da educação; • Combater as desigualdades sociais e promover a garantia dos direitos humanos com

atendimento especial aos grupos vulneráveis (jovens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos).

f) Políticas Sociais • Comprometer-se com a transparência da gestão pública e o combate permanente à

corrupção, garantindo o controle social para o cidadão; • Promover o desenvolvimento social, combater a fome e a miséria (assistência social e a

segurança alimentar e nutricional); • Promover o acesso universal e de qualidade aos serviços de saúde pública, fortalecendo o

Sistema Único de Saúde; • Combater as desigualdades sociais e promover a garantia dos direitos humanos com

atendimento especial aos grupos vulneráveis (jovens, mulheres, crianças, adolescentes e idosos);

• Promover a igualdade étnica e racial, e as culturas das populações tradicionais; • Ampliar o acesso dos cidadãos à Internet (inclusão digital). g) Políticas Sócio-Culturais (Educação, Cultura, Esporte e Lazer) • Melhorar a qualidade do ensino público e valorizar os profissionais da educação; • Promover a igualdade étnica e racial, e as culturas das populações tradicionais; • Valorizar o esporte e o lazer; • Ampliar o acesso dos cidadãos à Internet (inclusão digital). Tendo em vista as demandas da região do Xingu previstas no PTP, bem como a proposta do Estado do Pará em articulá-las com diversas políticas públicas, é relevante ao AHE Belo Monte observar eventual contribuição para convergência territorial do empreendimento com o PTP, integrante do Plano Plurianual 2008-2011. 5.27 Plano De Desenvolvimento Sustentável Da Região Do Xingu A Secretaria de Integração Regional (SEIR) do estado do Pará iniciou trabalhos para elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDRS) para a região do Xingu. Nesse sentido, criou-se um grupo de trabalho composto por representantes dos governos federal, estadual, Eletrobrás e Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletroborte) com

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escopo de discutir questões envolvendo o AHE Belo Monte, assim como ações e investimentos para a região do Xingu. A região do Xingu é composta por 11 municípios, os quais estão inseridos na AII do empreendimento sob o ponto de vista socioeconômico e cultural, quais sejam, Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu, Placas, Pacaja, Uruara, Medicilândia, Gurupá e Porto de Moz. O mencionado plano paraense têm o objetivo de subsidiar órgãos públicos e demais iniciativas de gestão mediante uso de planos territoriais, orientados segundo especificidades regionais e demandas da população, inclusive o que resultou no Planejamento Territorial Participativo e projetos aprovados pelo legislativo por meio do PPA Regionalizado. Ademais, o PDRS visa planejar e potencializar investimentos trazidos com a implantação do AHE Belo Monte para que haja real integração de desenvolvimento e aproveitamento dos benefícios trazidos pelo empreendimento, assegurando participação da população afetada. Ressalte-se que o grupo de trabalho criado no âmbito do PDRS Xingu está em fase preliminar de levantamento de informações sobre a região. Após a devida análise do material de referência, o grupo deverá iniciar construção de diagnósticos, identificando os fatores externos que possam vir a se constituir em oportunidades ou ameaças ao desenvolvimento da região, além dos internos que definam pontos fortes e estrangulamentos característicos do Xingu. Após analisar todos os fatores externos e internos, o grupo de trabalho iniciará fase das consultas públicas, a fim de listar as demandas da população de cada um dos municípios que compõem a região, procedimento esse que orientará definição de objetivos, metas e indicadores a serem alcançados com o PDRS Xingu (ISTO É AMAZÔNIA, 2008). 5.28 Programa Territórios da Cidadania O programa visa beneficiar com ações de desenvolvimento regional os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu, bem como garantir os direitos sociais voltados às regiões rurais. Com 226.370 habitantes, dos quais 119.839 (52,94%) vivem na área rural, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio do território é 0,70. O Território da Transamazônica tem 13.267 agricultores familiares, 22.554 famílias assentadas, 831 pescadores e 15 terras indígenas, segundo dados divulgados no Portal da Cidadania, mantido pelo Governo Federal (Territórios da cidadania, 2008). Foram destinados ao programa R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1.226 bilhões serão usados até o final de 2008. Serão 135 ações organizadas em três eixos estratégicos estruturantes, quais sejam, apoio a atividades produtivas, cidadania e direitos e infra-estrutura, levando os municípios à inclusão produtiva das populações pobres e a universalização de programas básicos de cidadania. Os mencionados eixos estratégicos consistem em (QUADRO 5.28-1):

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QUADRO 5.28-1 Eixos Estratégicos Estruturantes

Continua DETALHAMENTO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS

EIXO ESTRATÉGICO DETALHAMENTO

Cumprimento e adequação da legislação ambiental

Estudos e diagnósticos ambientais

Fiscalização do uso dos recursos naturais

Fortalecimento do turismo ecológico

Implantação de planos de manejo

Implementação de ZEE nos municípios

Incentivo ao reflorestamento

Potencialização do Programa PROAMBIENTE

Preservação do patrimônio ambiental

Promoção da conscientização ambiental

Promoção de geração de renda com enfoque ambiental.

Recuperação dos recursos hídricos

Serviços ecológicos e ambientais

Redução da poluição ambiental

Adaptar o modelo de ATER à realidade local

Ampliar o número de profissionais

Fortalecer articulação institucional

Garantir infra-estrutura necessária

Assistência técnica

Promover a qualificação técnica dos extensionistas

Consolidação dos PA´s e PDS´s

Criação de reservas ecológicas.

Criar condições para o INCRA realizar a reforma agrária.

Diagnóstico e identificação de áreas para assentamento.

Ordenamento fundiário

Promover a demarcação e documentação de terras públicas.

FONTE: MMA, Programa Territórios d Cidadania, Caderno do Terrritório – Transamazônica – PA – Volume I <http://sit.mda.gov.br/caderno.php?ac=buscar&territorio=95>

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QUADRO 5.28.1 Eixos Estratégicos Estruturantes

Conclusão DETALHAMENTO DOS EIXOS ESTRATÉGICOS

EIXO ESTRATÉGICO DETALHAMENTO

Ampliar acesso às linhas de financiamento.

Criar estratégias para melhorar acesso ao mercado.

Fortalecer associações e cooperativas.

Fortalecer órgãos de fiscalização.

Implantar estruturas de beneficiamento e comercialização.

Incentivar a produção pesqueira.

Melhorar a infra-estrutura para escoamento da produção.

Produtiva

Melhorar a produtividade do setor agropecuário.

Ampliar o acesso à escola;

Implantar programa de educação profissionalizante. Educação

Melhorar a qualidade da educação.

Abertura, manutenção de estradas e outras opções de transporte. Infra-estrutura Ampliar acesso ao serviço público. Ampliar os serviços de saúde. Melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Saúde Ampliação do sistema judiciário no município. Ampliação e qualificação das polícias civil, militar e rodoviária. Fiscalização sobre a venda de bebidas alcoólicas. Implantação de sistema judiciário no município. Segurança e justiça Implementação de políticas de proteção à mulheres, crianças e idosos.

FONTE: MMA, Programa Territórios d Cidadania, Caderno do Terrritório – Transamazônica – PA – Volume I <http://sit.mda.gov.br/caderno.php?ac=buscar&territorio=95>

5.29 Planos, Programas e Projetos Além dos planos, programas e projetos já descritos ao longo deste estudo, insta mencionar demais ações socioeconômicas que vêm sendo implementadas no âmbito do estado do Pará, quais sejam: 5.29.1 Programas Estaduais 5.29.1.1 Programa Ações de Sensibilização e Projetos de Educação Ambiental O programa visa levantar as ações de sensibilização e/ou projetos de educação ambiental desenvolvidos por empresas, secretarias municipais, fundações, etc. Objetiva constituir um banco de dados sobre ações de sensibilização e projetos de educação ambiental, bem como suas conseqüências para o desenvolvimento sustentável do estado. Visa, ainda, contribuir para o intercâmbio de experiências e geração de novos projetos de educação ambiental, a partir da análise das experiências já efetuadas e em realização.

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5.29.1.2 Programa Pará Urbe O Programa Pará Urbe busca o desenvolvimento Urbano e Regional com obras para infra-estrutura dos municípios do estado do Pará. As mencionadas obras consistem em construções de feiras, mercados, orlas, praças, escolas, conjuntos habitacionais, estradas, ginásios, dentre outras. Além disso, o projeto tem função institucional, requisito básico para a assinatura dos convênios que prevêem a execução de obras. O projeto conta com investimentos na ordem de 166 milhões de dólares, sendo que 66% desse valor são financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), 30% financiado pelo estado e 10% pelos municípios. 5.29.1.3 Programa Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância: O mencionado programa objetiva reduzir a mortalidade e morbidade associada às principais causas de doenças na criança; manter o crescimento e desenvolvimento normal da criança e melhorar a qualidade da atenção à criança, nos serviços de saúde e na comunidade. 5.29.1.4 Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno Exclusivo: O Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno Exclusivo (PROAME) tem como objetivo o de sensibilizar as mães quanto à importância do aleitamento materno e garantir aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida e continuado até 2 anos ou mais. 5.29.1.5 Programa Segurança para todas e todos: Objetiva o reequipamento e modernização dos órgãos da segurança pública, aumentar os efetivos e a presença policial no Estado e melhorar significativamente o atendimento e a celeridade da resposta do Centro de Integração de Operações (CIOP)/190. 5.29.1.6 Programa de Segurança Comunitária e Controle Social: Visa implementar modelo da segurança comunitária na Região Metropolitana de Belém (RMB) e no interior; políticas de controles internos e políticas de parcerias e integração da segurança com outros setores de atuação governamental 5.29.1.7 Programa de Gestão Inteligente e Integrada: Tem como objetivo o reordenamento organizacional do Sistema Estadual de Segurança Pública (SESP); aprimoramento das atividades de inteligência policial; construir um sistema de informação e de produção estatística integrado na área da segurança pública; consolidar a integração administrativo-operacional dos órgãos da segurança pública e fortalecimento e interiorização do policiamento especializado.

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5.29.1.8 Programa de Proteção e Promoção dos Direitos Humanos: Implementar o Plano de Combate à Exploração Sexual Infanto-juvenil; Plano Estadual de Combate ao Trabalho Escravo; implantar centros de atendimento integral às mulheres vitimizadas - Centros “Maria do Pará” e Plano Estadual de Combate ao Sub-registro. 5.29.1.9 Programa Água para Todos: Conclusão das obras de saneamento do projeto Alvorada; implantação, ampliação e melhoria de sistemas de abastecimento de água e execução das obras do PAC Urbanização e Saneamento. 5.29.1.10 Programa Caminhos da Parceria: Normatização dos serviços regulados de transporte públicos; elaboração do Plano de Logística de Transporte do Estado do Pará; operacionalização das ações do Projeto Asfalto Participativo (PAP); implantação, pavimentação, restauração e conservação de rodovias estaduais; construção e melhoramento de infra-estrutura aeroviária; construção infra-estrutura hidroviária; perenização de estradas vicinais e manutenção, recuperação e abertura de vicinais. 5.29.1.11 Programa Habitar Melhor: Construção de habitação de interesse social; ação do Finhis; cheque Moradia; execução das obras do PAC Urbanização e Saneamento. 5.29.1.12 Programa Energia e Desenvolvimento: Coordenação das ações do Programa de Universalização da Oferta de Energia Elétrica e universalização do acesso a energia elétrica, em parceria entre Estado/União/iniciativa privada. 5.29.1.13 Programa Pará Obras: Instituído pelo Decreto Estadual nº 470 de 26 de setembro de 2007, que altera o Decreto nº 4.457, de 21 de dezembro de 2000. Tem por objetivos principais um maior controle político-administrativo, a utilização de processos de produção adequados, o cumprimento da responsabilidade democrática e participação e integração entre os grupos afetados. Busca, ainda, a melhoria da qualidade e produtividade na realização dessas obras públicas . É fundamentado numa parceria entre o Governo do Estado e a iniciativa privada. Tem como foco as obras públicas (obras civis, obras rodoviárias, obras de saneamento, obras de transmissão e distribuição de energia elétrica). Envolve toda a cadeia produtiva da construção de obras públicas (contratantes públicos, projetistas, construtoras e fornecedores de materiais, componentes e sistemas de construção). Visa reestruturar o modelo gerencial da administração pública em termos de procedimentos relacionados aos macroprocessos de contratação e gestão de projetos e obras, a fim de

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promover o aumento da competitividade no setor, a melhoria da qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos públicos, bem como criar um ambiente de isonomia competitiva que propicie soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no Estado, atendendo, em especial, a produção habitacional de interesse social. 5.29.1.14 Projetos de Economia da Cultura: • Projeto Arte Integrada – Desenho e criação de jóias • Projeto Arte Integrada – Introdução à produção audiovisual • Campo Aberto/ Circulação Cultural • Projeto Arte Integrada/ Processos Criativos • Projeto de interiorização • Projeto Música e Cidadania (Escola Comunidade) • Cursos de capacitação • Cursos e oficinas de iniciação

5.29.1.15 Política para o Livro e Leitura: • Projeto Caravana da Leitura • Projeto Grãos de Leitura • Projeto Folhas Soltas • Projeto Redescobrir: revitalização da biblioteca Arthur Viana 5.29.1.16 Programa Pará Integrado: • Implementação de espaços de integração regional; • Implementação de agências de desenvolvimento regional; • Implementação da sala das prefeituras; • Implementação de políticas de desenvolvimento territorial. 5.29.1.17 Programa Inovar Fiscal: • Modernizar o modelo de fiscalização de estabelecimentos e em trânsito; • Realizar campanhas educativas sobre a temática fazendária; • Implementar a atualização do sistema de fluxos de caixa;

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• Fortalecer a capacidade de cobrança do crédito tributário; • Implantar novo modelo de regionalização da Sefa; • Nota fiscal eletrônica e sped fiscalização. 5.29.1.18 Programa Saúde para Todos e Todas: Principais objetivos: • Implementação dos hospitais regionais e metropolitano • Reformular a assistência farmacêutica do estado e ampliar a farmácia popular • Concluir o Plano Estadual de Saúde

• Reestruturação organizacional da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA) • Implantar o repasse fundo a fundo para a atenção básica dos municípios • Reestruturação física das unidades da SESPA • Priorizar obras e ações do Planejamento Territorial Participativo (PTP) • Reestruturar a urgência e emergência no Estado • Intensificar o controle e combate às endemias, especialmente dengue e hanseníase • Implantar o hospital regional de Breves • Adequar o pagamento dos hospitais privados ao teto financeiro dos municípios aprovado

na Programação Pactuada Integrada (PPI) • Habilitar os hospitais do estado como hospitais de ensino e pesquisa • Elaborar estudos sobre fundação estatal

5.29.2 Programas Federais 5.29.2.1 Programa Luz para Todos: O Programa Luz para Todos tem como objetivo levar energia elétrica para mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até 2008. O programa, coordenado pelo MME com participação da Eletrobrás e de suas empresas controladas, atenderá uma população equivalente aos estados de Piauí, Mato Grosso do Sul, Amazonas e do Distrito Federal. A ligação da energia elétrica até os domicílios será gratuita. O programa está orçado em R$ 12,7 bilhões. O Governo Federal destinará R$ 9,1 bilhões e o restante será partilhado entre governos estaduais e concessionária de energia elétrica e

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cooperativas de eletrificação rural. Os recursos federais virão de fundos setoriais de energia - a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Reserva Global de Reversão (RGR). Comitê Gestor Estadual: Os comitês Gestores Estaduais são integrados pelo MME, agências reguladoras estaduais, distribuidoras de energia elétrica, governo estaduais, prefeituras e representantes da sociedade civil. Estes comitês priorizaram as demandas e acompanham de perto o andamento do Programa e o cumprimento das metas estaduais de universalização. 5.29.3 Programa Amazônia Sustentável Parte integrante da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, o Plano Amazônia Sustentável (PAS) destaca-se como iniciativa voltada a propor estratégias e linhas de ação que unem a busca de desenvolvimento econômico e social com respeito ao meio ambiente. Outrossim, do ponto de vista temático, referido programa federal orienta suas ações em torno de cinco grandes eixos, quais sejam (MMA, 2008):

� Produção sustentável com inovação e competitividade; � Gestão ambiental e ordenamento territorial; � Inclusão social e cidadania; � Infra-estrutura para o desenvolvimento; � Novo padrão de financiamento.

No tocante aos seus objetivos gerais, o PAS busca implementar um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia Legal354, pautado na valorização da potencialidade de seu enorme patrimônio natural e sócio-cultural. Suas estratégias estão voltadas para a geração de emprego e renda, a redução das desigualdades sociais, a viabilização das atividades econômicas dinâmicas e inovadoras, com inserção em mercados regionais, nacionais e internacionais, bem como para o uso sustentável dos recursos naturais com manutenção do equilíbrio ecológico. O programa em tela envolve ação conjunta entre Governo Federal, Estados da região amazônica, coordenada pelo Ministério da Integração em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Casa Civil e Secretaria Geral da Presidência da República. No que tange à hidroeletricidade na região amazônica, o PAS enfatiza sua grande potencialidade inexplorada ao contrário das outras regiões do país. Enquanto que nas outras regiões a capacidade instalada supera os 50% do potencial hidrelétrico de 140 milhões de MW, na Amazônia, cujo potencial de 120 milhões de MW corresponde a quase 50% do

354 Cumpre esclarecer que a Amazônia Legal constitui os Estados da Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantis), além de Mato Grosso e boa parte do Maranhão.

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potencial nacional, a capacidade instalada é de apenas 12,23 milhões de MW, representando 10% do potencial regional. Ademais, a produção de energia elétrica na Amazônia somou, em 2004, 51,60 milhões de GWh, com destaque para o Estado do Pará (31,39 milhões de GWh), seguido dos Estados do Amazonas, Mato Grosso e Tocantins, todos com produção entre 4,6 e 5,5 milhões de GWh. Cumpre destacar, outrossim, que o Plano Amazônia Sustentável (PAS), estabeleceu, em seu âmbinto de atuação, orientações estratégicas para o setor de infra-estrutura energética, dentre as quais se destacam:

� o aprimoramento de mecanismos de transparência e participação social no planejamento e implementação de políticas de energia, de forma articulada a iniciativas de desenvolviemtno local e regional em bases sustentáveis;

� viabilizar parcerias institucionais para o desenvolvimento tecnológico e

implementar projetos privilegiando o aproveitamento e o fortalecimento das capacidades das comunidades locais;

� incentivar estudos e pesquisas sobre fontes de energia alternativas, priorizando as renováveis, como biomassa, biocombustíveis, Mara motriz e solar;

� avançar no atendimento das metas de universalização do acesso à energia

elétrica das populações locais na Amazônia (Programa Luz para Todos); � aprimorar os instrumentos econômicos direcionados ao setor energético

visando maximizar a eficiência econômica, os benefícios sociais e a conservação dos recursos naturais entre produtores, distribuidores e consumidores de energia.

O PAS abrange ainda, as tratativas de implementação e proteção das áreas protegidas amazônicas, destacando que 42% de toda Amazônia brasileira encontra-se enquadrada como algum tipo de área protegida, quer seja de proteção integral ou uso sustentável, terras indígenas, áreas quilombolas ou áreas militares. Devido à maior proteção e fiscalização nestas áreas protegidas, até mesmo pelas próprias comunidades residentes, mencionadas áreas apresentam taxas reduzidas de desmatamento. Contudo, vale destacar a forte preção que algumas áreas sofrem em detrimento dos madereiros e grileiros destas regiões. Neste sentido, o PAS estabeleceu diretrizes estratégicas, no que tange às UCs, para a região amazônica, quais sejam:

� promover a consolidação e a expansão do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), na Amazônia, garantindo a representatividade e integridade dos ecossistemas, a oferta dos serviços ambientais e a qualidade de vida das populações tradicionais da região;

� assegurar os recursos necessários às ações de regularização fundiária,

demarcação, sinalização, elaboração e implementação de planos de manejo,

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aquisição de equipamentos, contratação de pessoal, e vigilância das unidades de conservação da Amazônia brasileira;

� priorizar, nas áreas ocupadas por populações extrativistas e ribeirinhas, a

criação e implantação de Reservas Extrativistas (RESEX) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de forma articulada à implantação de modalidades alternativas de assentamento rural, como os Projetos de Assentamento Extrativista (PAE);

� incluir, na implantação das Reservas Extrativistas, a efetivação de Conselhos

Deliberativos, a implementação de Planos de Manejo, o fortalecimento da vigilância contra a exploração ilegal da madeira e demais recursos naturais, além do fortalecimento do apoio à estruturação de cadeias produtivas sustentáveis;

� implantar mosaicos de áreas protegidas na Amazônia. Com relação às Terras Indígenas, considerando os direitos cosntitucionais dos povos indígenas e as funções essenciais de seus territórios para a conservação ambiental, essas cosntituem parte integrante da estratégia de ordenamento territorial e gestão ambiental do PAS, destacando-se como principais diretrizes:

� a regularização das Terras Indígenas, com atenção especial para aquelas localizadas em áreas sob pressões de obras de infra-estrutura, de movimentos demográficos e da expansão de atividades econômicas na fronteira amazônica;

� promover a elaboração dos planos de gestão territorial das Terras Indigenas,

com forte protagonismo das populações indígenas, visando a valorização cultural, a conservação dos recursos naturais e a melhoria na qualidade de vida das mesmas;

� fortalecer a capacidade institucional da FUNAI e de organizações comunitárias

indígenas para o exercício de suas respectivas funções na gestão das Terras Indígenas.

O PAS priorizou, para o desenvolvimento regional sustentável da Amazônia, a consolidação e integração de políticas públicas referentes à destinação de espaços territoriais, especialmente nas terras públicas. Nesse sentido, visando o fortalecimento dessas bases, o plano federal em tela estabeleceu as seguintes orientações estratégicas, quais sejam:

� prevenir e mediar conflitos socioambientais, assegurando aos povos e comunidades tradicionais amazônicos, os direitos territoriais e de acesso a recursos naturais;

� implementar ações de ordenamento fundiário e territorial, prioritariamente nas

áreas identificadas como críticas ao surgimento ou agravamento de conflitos sociais e de degradação ambiental;

� integrar os diferentes instrumentos de ordenamento territorial e gestão

ambiental, tais como zoneamento ecológico-econômico, criação de unidades

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de conservação, regularização fundiária, planos de gestão de recursos hídricos e concessão de direitos para atividades de mineração;

Por fim, concernente à regularização fundiária das terras públicas da Amazônia e da consolidação dos assentamentos rurais de reforma agrária, o PAS possui as seguintes estratégias, a saber:

� implantar assentamentos rurais em bases sustentáveis, tais como os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), Projetos de Assentamento Agroextrativista (PAE) e Projetos de Assentamento Florestal (PAF), e consolidar os instrumentos de planejamento, criação, seleção de beneficiários e implantação dessa novas modalidades de assentamento rural;

� priorizar, para a criação de novos projetos de assentamento rural, as áreas com

solos adequados, com disponibilidade de recursos hídricos e com boas condições de acessibilidade aos mercados consumidores;

� aprimorar os procedimentos de licenciamento ambiental dos assentamentos

rurais, de elaboração de Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA) e dos planos comunitários de manejo em áreas de reserva florestal coletiva;

� melhorar a infra-estrutura dos projetos de assentamentos já existentes na região

e promover a sua adequação à legislação ambiental; � promover o processo de regularização fundiária na Amazônia, prioritariamente,

em posses localizadas em terras públicas, de até 4 (quatro) módulos fiscais (Ca. 500 hectares), e nas áreas contíguas às unidades de conservação, às terras indígenas e de quilombolas, e às propriedades tituladas de agricultores familiares, em situação de risco.

5.30 Desenvolvimento Urbano e Plano Diretor Municipal A Constituição Federal determina em seu artigo 182, caput, que a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal conforme diretrizes previstas em Lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes. O Plano Diretor, instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana do Município, é obrigatório para cidades com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor (artigo 182, §1º e §2º da Constituição Federal). O parcelamento do solo urbano encontra-se arregimentado pela Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que considera lote o terreno servido de infra-estrutura básica, cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo Plano Diretor ou lei municipal para a zona em que se situe355.

355 Artigo 2º, §4º da Lei Federal nº 6.766/79.

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O artigo 2º, §5º da Lei Federal nº 6.766/79 dispõe que a infra-estrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação. Insta mencionar que não será permitido o parcelamento do solo: “I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III - em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.”356 A Lei de parcelamento do solo urbano estabelece que as alterações de uso do solo rural para fins urbanos dependem de prévia audiência do INCRA e da aprovação da Prefeitura Municipal (artigo 53 da Lei Federal nº 6.766/79). O artigo 53-A da Lei Federal nº 6.766/79 considera de interesse público os parcelamentos vinculados a planos ou programas habitacionais de iniciativa de Prefeituras Municipais ou entidades autorizadas por Lei, em especial as regularizações de parcelamentos e de assentamentos. A política urbana de que trata a Constituição Federal é regulamentada pela Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade, em que se encontram estabelecidas normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. O artigo 2º do Estatuto da Cidade prevê que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais357: • Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à

moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

• Cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no

processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; • Planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e

das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;

356 Artigo 3º, parágrafo único Lei Federal nº 6.766/79. 357 Incisos I, III, IV, VIII, IX, X, XII, XIII e XIV da Lei Federal nº 10.257/01.

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• Integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência;

• Adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana

compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência;

• Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; • Adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos

públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais;

• Proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico;

• Audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de

implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

• Regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda

mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais;

Nos mesmos termos da Constituição Federal, o Estatuto da Cidade prevê que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes anteriormente transcritas (artigo 39 da Lei Federal nº 10.257/01). Importa mencionar que o Plano Diretor, para ser válido, deve ser aprovado por Lei Municipal e consiste em instrumento básico da política de desenvolvimento, expansão urbana e planejamento municipal358. O artigo 41 do Estatuto da Cidade determina que o Plano Diretor é obrigatório para cidades: • Com mais de 20.000 (vinte mil) habitantes; • Integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas; • Integrantes de áreas de especial interesse turístico; • Inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo

impacto ambiental de âmbito regional ou nacional. Ressalta-se que no caso da realização de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional, a exemplo do AHE Belo Monte, os recursos técnicos e financeiros para a elaboração de Planos Diretores estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas (artigo 41, §1º da Lei Federal nº 10.257/01).

358 Artigo 40, §1º da Lei Federal nº 10.257/01.

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Outrossim, o Plano Diretor deve conter, no mínimo, a delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda para utilização, sistema de acompanhamento e controle, dentre outros instrumentos previstos no Estatuto da Cidade359. Na esfera estadual, a Constituição do Estado do Pará estabelece que a política urbana, a ser formulada e executada pelo Estado, no que couber, e pelos Municípios, terá como objetivo, no processo de definição de estratégias e diretrizes gerais, o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e a garantia do bem estar de sua população, respeitados os princípios constitucionais. Ademais, a Constituição paraense prevê que a propriedade cumpre sua função social, quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade, expressas no Plano Diretor, bem como sua utilização, respeitará a legislação urbanística e não provocará danos ao patrimônio ambiental e cultural (artigo 236, §8). Os Municípios de Anapu, Brasil Novo e Vitória do Xingu, localizados na AID do AHE Belo Monte, possuem poucas normas municipais, especialmente relacionadas ao meio ambiente, valendo-se, para tanto, das respectivas Leis Orgânicas Municipais, com exceção de Senador José Porfírio, que possui Plano Diretor. A Lei Orgânica é genérica, de caráter constitucional, elaborada no âmbito municipal, e que, por óbvio, atende aos princípios da Constituição Federal de independência dos poderes, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, processo legislativo, prestação de contas da administração pública e muitos outros. Em regra, as Leis Orgânicas dispõem, em consonância com a Constituição Federal e Constituição do Estado do Pará, que todos têm direito ao meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, bem como uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à comunidade o dever de defendê-lo, conservá-lo para presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe aos Municípios: • Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das

espécies e ecossistemas; • Definir espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; • Exigir, na forma da lei, para a instalação, localização, operação e ampliação de obra,

atividade de significativa degradação do meio ambiente, Estudo Prévio de Impacto Ambiental, a que se dará publicidade;

• Promover a educação ambiental na rede de ensino e a sensibilização da comunidade para a

preservação do meio ambiente, orientado o produtor rural no uso racional dos recursos naturais;

• Proteger a flora e a fauna; • Assegurar a participação da sociedade civil nos processos de planejamento e na decisão e

implantação da política ambiental;

359 Artigo 42 da Lei Federal nº 10.257/01.

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• Promover o gerenciamento integrado dos recursos hídricos; • Proteger bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais

notáveis e os sítios arqueológicos; • Exigir a realização periódica de auditoria nos sistemas de controle e de prevenção de

riscos de acidentes, nas instalações e nas atividades de significativo potencial poluidor, incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua operação sobre os recursos ambientais, bem como, à saúde dos trabalhadores e da população diretamente exposta ao risco;

• Garantir o monitoramento ambiental com a finalidade de acompanhar a situação e

tendência dos recursos naturais e de qualidade ambiental, física e social; • Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de

recursos hídricos; O Município de Senador José Porfírio instituiu, por meio da Lei Municipal nº 142, de 27 de outubro de 2006, o Plano Diretor Participativo e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Urbano Municipal, constituindo-se no referencial de orientação para os agentes públicos e privados na produção e na gestão territorial do Município. Os princípios gerais360 do Plano Diretor Participativo do Município são: promover o crescimento sustentável, equilibrado e ordenado do Município; aumentar a eficácia da ação governamental no processo de planejamento e gestão das questões de interesse comum com os governos Federal, Estadual e dos Municípios da região; proteger, preservar e recuperar os recursos naturais, entre outros. O artigo 5º do Plano Diretor de Senador José Porfírio estabelece que a política de desenvolvimento municipal tem, como objetivos gerais, desenvolver atividades econômicas voltadas para o desenvolvimento sustentável do Município, reduzir o alto índice de desemprego, violência e insegurança da população, melhorar a qualidade de vida da população, etc. Para atingir esses objetivos, o Plano Diretor propõe, como ação estratégica, incentivar a instalação de novas empresas e indústrias no Município361. Ressalta-se que o Macrozoneamento do Município de Senador José Porfírio visa definição de áreas diferentes que irão prevenir o aumento da degradação ambiental causada pela expansão e ocupação desordenada (artigo 30 do Plano Diretor). Nesse sentido, o território municipal é divido nas seguintes Macrozonas: Urbana; Rural de Consolidação e Expansão Agrícola, Pecuária e Extrativista; e Proteção Integral362. De acordo com o artigo 34 do Plano Diretor Participativo e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Urbano Municipal, a Macrozona de Proteção Integral corresponde a 68% (sessenta e oito por cento) da área territorial do município de Senador José Porfírio. Importa mencionar que, nos termos do artigo 34 do Plano Diretor, a subdivisão das macrozonas deve ser objeto de estudo, parte integrante da Lei de Zoneamento Ambiental,

360 Artigo 4º da Lei Municipal nº 142/06. 361 Artigo 7º da Lei Municipal nº 142/06. 362 Artigo 31 da Lei Municipal nº 142/06.

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Zoneamento Urbano, Uso e Ocupação do Solo, Perímetro Urbano, Código de Posturas e Código de Obras363. A Gestão do Plano Diretor Municipal de Senador José Porfírio tem como diretrizes fortalecer o relacionamento intersetoriais do município, intra-governamental e com os municípios vizinhos; formalizar a parceria com entidades e associações públicas e privadas, em programas e projetos de interesse da política urbana; sistematizar a informação de modo a favorecer o planejamento e a gestão do desenvolvimento urbano e ambiental, entre outras (artigo 55). Ademais, o Município de Altamira elaborou Projeto de Lei Complementar do Plano Diretor de Desenvolvimento e Expansão Urbana, com a finalidade de atender ao objetivo central e às linhas estratégicas definidas em função da cidade desejada, de forma a assegurar o bem estar de seus habitantes. Ocorre que referido Projeto de Lei Complementar do Plano Diretor não foi votado pela Câmara Municipal de Altamira, portanto, embora relevante para as interfaces com o empreendimento, ainda não está vigente. Por fim, cumpre ressaltar que o município de Altamira é regido por Lei Orgânica Municipal.

363 Artigo 34, parágrafo único do Plano Diretor.

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5.31 Quadro de Legislação Aplicável ao Empreendimento

LEIS FEDERAIS

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Artigo 4º, artigo, 5º, inciso XXIV; artigo 20, incisos III, VIII, X e XI, §1º; artigo 21, inciso XII, “b”; artigo 26, inciso I; artigo 30, inciso I; artigo 37, §6º; artigo 49, inciso XVI; artigo 129, inciso III e V; artigo 170, incisos II, III e VI; artigo 176, §1º; artigo 182, §1º, §2º e §3º; artigo 215, §1º; artigo 216, incisos I, II, III, IV e V; artigo 225, §1º, incisos I, III e IV, §4º; artigo 231, §1º, §2º, §3º, §4º, §5º, §6º e §7º; e artigos 232.

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Dispõe sobre o direito à terra. (Artigo 68)

Lei Federal nº 3.824, de 23 de novembro de 1960

Torna obrigatória a destoca e conseqüente limpeza das bacias hidráulicas de açudes, represas ou lagos artificiais.

Lei Federal nº 3.924, de 26 de julho de 1961

Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos de qualquer natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram, de acordo com o que estabelece o artigo 175 da Constituição Federal.

Lei Federal nº 4.132, de 10 de setembro de 1962

Define os casos de desapropriação por interesse social e dispõe sobre sua aplicação.

Lei Federal nº 4.504, de 30 de novembro de 1964

Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências.

Lei Federal nº 4.717, de 26 de julho de 1965 Regula a Ação Popular.

Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965

Institui o Código Florestal.

Lei Federal nº 5.197, de 03 de janeiro de 1967 Dispõe sobre a proteção à fauna.

Lei Federal nº 5.371, de 05 de dezembro de 1967

Institui a Fundação Nacional do Índio – FUNAI.

Lei Federal nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973

Dispõe sobre o Estatuto do Índio.

Lei Federal nº 6.513, de 20 de dezembro de 1977

Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de locais de Interesse Turístico, e dá outras providências.

Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979

Dispõe sobre parcelamento do solo urbano e dá outras providências.

Lei Federal nº 6.803, de 02 de julho de 1980 Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e da outras providências.

Lei Federal nº 6.902, de 27 de abril de 1981 Dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras providências.

Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

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Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e dá outras providências.

Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988 Autoriza o Poder Executivo a constituir a Fundação Cultural Palmares - FCP e dá outras providências.

Lei Federal nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989

Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências.

Lei Federal nº 7.754, de 14 de abril de 1989

Estabelece medidas para a proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e dá outras providências.

Lei Federal nº 7.797, de 10 de julho de 1989 Cria o Findo Nacional de Meio Ambiente e dá outras providências.

Lei Federal nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989

Institui, para os Estados, Distrito Federal e Municípios, compensação financeira pelo resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, de recursos minerais em seus respectivos territórios, plataformas continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, e dá outras providências.

Lei Federal nº 8.001, de 13 de março de 1990

Define os percentuais da distribuição da compensação financeira de que trata a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e dá outras providências.

Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências

Lei Federal nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991 Dispõe sobre a política agrícola.

Lei Federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992

Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências.

Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993 Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública.Artigo 17, inciso I, alínea “f”.

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Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995

Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no artigo 175 da Constituição Federal, e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.074, de 07 de julho de 1995

Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996

Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica, disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997 Dispõe sobre a Política Nacional dos Recursos Hídricos.

Lei Federal nº 9.478, de 06 de agosto de 1997

Dispõe sobre a Política Energética Nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo.

Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências (Lei de Crimes Ambientais).

Lei Federal nº 9.636, de 15 de maio de 1998 Dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União – Artigo 23, § 1º.

Lei Federal nº 9.648, de 27 de maio de 1998

Altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação das Centrais Elétricas Brasileiras – ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e da outras providências.

Lei Federal nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.960, de 28 de janeiro de 2000

Institui a Taxa de Serviços Administrativos – TSA, em favor da Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa, estabelece preços a serem cobrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, cria a Taxa de Fiscalização Ambiental – TFA e dá outras providências.

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Lei Federal nº 9.966, de 28 de abril de 2000

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000 Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras providências.

Lei Federal n 9.991, de 24 de julho de 2000

Dispõe sobre a realização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, e dá outras providências.

Lei Federal nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000

Altera a 6.938/81, institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA.

Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001 Estatuto da Cidade.

Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Institui o Código Civil Brasileiro – Artigo 99, inciso I.

Lei Federal nº 10.438, de 26 de abril de 2002

Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial, recomposição tarifária extraordinária e universalização do Serviço Público de Energia Elétrica, cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE.

Lei Federal nº 10.650, de 16 de abril de 2003

Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.

Lei Federal nº 10.847, de 15 de março de 2004 Autoriza a criação da Empresa de Pesquisa Energética – EPE e dá outras providências.

Lei Federal nº 10.848, de 15 de março de 2004

Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica e trata do novo modelo do setor elétrico e dá outras providências.

Lei Federal nº 10.881, de 09 de junho de 2004

Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatórias das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências.

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Lei Federal nº 11.284, de 02 de março de 2006

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – FNDF; altera as Leis nº 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981 e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências.

Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006

Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.

Medida Provisória nº 366, de 26 de abril de 2007

Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, e dá outras providências.

Medida Provisória nº 2.220, de 04 de setembro de 2001

Dispõe sobre a concessão de uso especial de que trata o § 1º do art. 183 da Constituição, cria o Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano – CNDU. Art. 1º,§1º a 8º, 70, §10 e art. 15.

Lei Federal nº 11. 465, de 28 de março de 2007

Altera os incisos I e III do caput do art. 1o da Lei no 9.991, de 24 de julho de 2000, prorrogando, até 31 de dezembro de 2010, a obrigação de as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica aplicarem, no mínimo, 0,50% (cinqüenta centésimos por cento) de sua receita operacional líquida em programas de eficiência energética no uso final.

Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes.

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DECRETOS FEDERAIS Decreto Federal nº 24.643, de 10 de julho de 1934

Código de Águas.

Decreto Lei Federal nº 25, de 30 de novembro de 1937

Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

Decreto Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941

Dispõe sobre desapropriações por utilidade pública.

Decreto Lei Federal nº 3.866, de 29 de novembro de 1941

Dispõe sobre o tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Decreto Lei Federal nº 227, de 28 de fevereiro de 1967

Dá nova redação ao Decreto-Lei nº 1.985, de 29 de janeiro de 1940 (Código de Minas).

Decreto Lei nº 221, de 28 de fevereiro de 1967 Dispõe sobre a proteção e estímulo à pesca e dá outras providências.

Decreto nº 62.934, de 2 de julho de 1968

Aprova o Regulamento do Código de Mineração.

Decreto Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967 Dispõe sobre loteamento urbano, responsabilidade do Ioteador concessão de uso e espaço aéreo.

Decreto Lei Federal nº 1.110, de 09 de julho de 1970

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Decreto-Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975 Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades.

Decreto Federal nº 79.367, de 09 de março de 1977

Dispõe sobre normas e o padrão de potabilidade de água.

Decreto Federal nº 84.017, de 21 de setembro de 1979

Aprova o regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

Decreto Federal nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984

Dispõe sobre as Reservas Ecológicas e Áreas de Relevante Interesse Ecológico, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 95.733, de12 de fevereiro de 1988

Dispõe sobre a inclusão no orçamento dos projetos e obras e obras federais, de recursos destinados a prevenir ou corrigir os prejuízos de natureza ambiental, cultural e social decorrentes da execução desses projetos e obras.

Decreto Federal nº 99.274, de 6 de junho de 1990

Aprova o regulamento para o transporte rodoviário de produtos perigosos, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990

Dispõe sobre Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

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Decreto Federal nº 99.556, de 01º de outubro de 1990

Dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 01, de 07 de fevereiro de 1991

Regulamenta o pagamento da compensação financeira instituída pela Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 563, de 5 de junho de 1992

Institui o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e cria a Comissão de Coordenação.

Decreto Federal nº 750, de 10 de fevereiro de 1993

Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica e dá outras providências.

Decreto Federal nº 1.141, de 19 de maio de 1994

Dispõe sobre as ações de proteção ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas.

Decreto Federal nº 1.298, de 27 de outubro de 1994

Aprova o Regulamento das Florestas Nacionais, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996

Dispõe sobre o Procedimento Administrativo de Demarcação das Terras Indígenas e dá outras providências.

Decreto Federal nº 1.922, de 05 de junho de 1996

Dispõe sobre o reconhecimento de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Decreto Federal nº 2.119, de 13 de janeiro de 1997

Dispõe sobre o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e sobre a sua Comissão de Coordenação, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 2.335, de 06 de outubro 1997

Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, autarquia sob regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e Funções de Confiança e dá outras providências.

Decreto Federal nº 2.519, de 16 de março de 1998.

Promulga convenção sobre diversidade biológica, assinada no Rio de Janeiro em 05 de junho de 1992.

Decreto Federal nº 3.156, de 27 de agosto de 1999

Dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do Sistema Único de Saúde, pelo Ministério da Saúde, altera dispositivos dosa Decretos nº 564, de 8 de junho de 1992, e 1.141, de 19 de maio de 1994, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 3.179, de 21 de setembro de 1999

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (infração administrativa ambiental) e dá outras providências.

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Decreto Federal nº 3.520, de 21 de junho de 2000

Dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE e dá outras providências.

Decreto Federal nº 3.524, de 26 de junho de 2000

Regulamenta a Lei Federal nº 7.797, de 10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências.

Decreto Federal nº 3.551, de 04 de agosto de 2000

Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras providências.

Decreto Federal nº 3.739, de 31 de janeiro de 2001

Dispõe sobre o cálculo da tarifa atualizada de referência para compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, de que trata a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, e da contribuição de reservatórios de montante para a geração de energia hidrelétrica, de que trata a Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 3.874, de 19 de julho de 2001

Regulamenta o inciso V do art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, e a Lei nº 9.993, de 24 de julho de 2000, no que destinam ao setor de ciência e tecnologia recursos da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica.

Decreto Federal nº 4.024, de 21 de novembro de 2001

Estabelece critérios e procedimentos para implantação ou financiamento de obras de infra-estrutura hídrica com recursos financeiros da União e dá outras providências.

Decreto Federal nº 4.136, de 20 de fevereiro de 2002

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle, e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.

Decreto Federal nº 4.297, de 10 de julho de 2002

Regulamenta o artigo 9º, inciso II, da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 4.326, de 08 de agosto de 2002

Institui no âmbito do Ministério do Meio ambiente, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 4.339, de 22 de agosto de 2002

Institui princípios e diretrizes para a implantação da Política Nacional da Biodiversidade.

Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002

Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 4.613, de 11 de março de 2003

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

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Decreto Federal nº 4.871, de 06 de novembro de 2003

Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

Decreto Federal nº 4.887, de 2003 Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por comunidades quilombolas.

Decreto Federal nº 4.895, de 25 de novembro de 2003

Dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aqüicultura, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.051, de 19 de abril de 2004

Promulga a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais.

Decreto Federal nº 5.069, de 05 de maio de 2004

Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca (CONAP), e dá outras providências.

Decreto Federal nº 855, de 30 de janeiro de 2004

Altera os Decretos nºs 5.741 e 5.742, datados de 19 de dezembro de 2002, que regulamentam, respectivamente, o Cadastro Técnico de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e o Cadastro Técnico de Atividades de Defesa Ambiental.

Decreto Federal nº 5.092, de 21 de maio de 2004

Define regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente.

Decreto Federal nº 5.163, de 30 de julho de 2004

Regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de concessões de autorizações de geração de energia elétrica, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.184, 16 de agosto de 2004

Cria a Empresa de Pesquisa Energética – EPE, aprova seu Estatuto Social e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.175, de 09 de agosto de 2004

Constitui o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE, sob a coordenação direta do Ministério de Minas e Energia – MME, com a função precípua de acompanhar e avaliar a continuidade e a segurança do suprimento eletroenergético, em todo o território nacional.

Decreto Federal nº 5.445, de 12 de maio de 2005

Promulga o Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, aberto a assinaturas na cidade de Quioto, Japão, em 11 de dezembro de 1997, por ocasião da Terceira Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidades sobre Mudança de Clima.

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Decreto Federal nº 5.472, de 20 de junho de 2005

Promulga o texto da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, adotada, naquela cidade, em 22 de maio de 2001.

Decreto Federal nº 5.746, de 05 de abril de 2006

Regulamenta o art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

Decreto Federal nº 5.758, de 13 de abril de 2006

Institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas - PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.790, de 25 de maio de 2006

Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho das Cidades – ConCidades, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.877, de 17 de agosto de 2006

Dá nova redação ao art. 4o do Decreto no 3.524, de 26 de junho de 2000, que regulamenta a Lei no 7.797, de 10 de julho de 1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Decreto Federal nº 5.940, de 25 de outubro de 2006

Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 5.975, de 30 de novembro de 2006

Regulamenta os artigos 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1956, o art. 4º, inciso III, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2º da Lei nº 10.605, de 16 de abril de 2003, altera e acrescenta dispositivos aos Decretos nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, e 3.420, de 20 de abril de 2000, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 6.025, de 22 de janeiro de 2007

Institui o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, o seu Comitê Gestor, e dá outras providências.

Decreto Federal nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007

Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

Decreto Federal nº 6.063, de 20 de março de 2007

Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, e dá outras providências.

Decreto Federal n° 6.321, de 21 de dezembro de 2007

Dispõe sobre ações relativas à prevenção, monitoramento e controle do desmatamento no Bioma Amazônia, bem como altera e acresce dispositivos ao Decreto n°3.179, de 21 de setembro de 1999, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

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DECRETO LEGISLATIVO FEDERAL

Decreto Legislativo nº 788, de 14 de julho de 2005

Autoriza o Poder Executivo a implantar o Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte, localizado em trecho do rio Xingu, no estado do Pará, a ser desenvolvido após estudos de viabilidade pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRAS.

Decreto Legislativo nº 143, de 2002 Aprova o texto da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho sobre os povos indígenas e tribais em países independentes.

RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (C ONAMA)

Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986

Estabelece definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação do Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Resolução CONAMA nº 06, de 24 de janeiro de 1986

Dispõe sobre a aprovação de modelos para publicação de pedidos de licenciamento.

Resolução CONAMA nº 06, de 16 de setembro de 1987

Dispõe sobre as regras gerais para o licenciamento ambiental de obras de grande porte, especialmente aquelas nas quais a União tenha interesse relevante como a geração de energia elétrica.

Resolução CONAMA n° 09, de 03 de dezembro de 1987

Dispõe sobre a Audiência Pública.

Resolução CONAMA nº 05, de 15 de junho de 1989

Dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR .

Resolução CONAMA nº 12, de 14 de setembro de 1989

Dispõe sobre a proibição de atividades em Área de Relevante Interesse Ecológico que afete o ecossistema.

Resolução CONAMA nº 16, de 07 de dezembro de 1989

Dispõe sobre o Programa de Avaliação e Controle da Amazônia Legal.

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Resolução CONAMA nº 01, de 08 de março de 1990

Dispõe sobre critérios e padrões de emissão de ruídos, das atividades industriais.

Resolução CONAMA nº 03, de 28 de junho de 1990

Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR.

Resolução CONAMA nº 08, de 06 de dezembro de 1990

Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR.

Resolução CONAMA nº 13, de 06 de dezembro de 1990

Estabelece normas quanto ao entorno das Unidades de Conservação visando a proteção dos ecossistemas existentes.

Resolução CONAMA nº 014, de 06 de dezembro de 1990

Dispõe sobre a criação da Câmara Técnica de proteção ao patrimônio dos povos da floresta.

Resolução CONAMA nº 5, de 05 de agosto de 1993

Estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.

Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997

Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente.

Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000

Revisa os critérios de Balneabilidade em Águas Brasileiras.

Resolução CONAMA nº 267, de 14 de setembro de 2000

Prorroga duração das atividades de Câmaras Técnicas Temporárias.

Resolução CONAMA nº 279, de 27 de junho de 2001

Dispõe sobre o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental.

Resolução CONAMA nº 281, de 12 de julho de 2001

Dispõe sobre modelos de publicação de pedidos de licenciamentos.

Resolução CONAMA nº 286, de 30 de agosto de 2001

Dispõe sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos nas regiões endêmicas de malária.

Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

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Resolução CONAMA nº 336, de 25 de abril de 2003.

Dispõe sobre a revogação das Resoluções CONAMA nºs 005, de 9 de outubro de 1995 e 288, de 12 de julho de 2001.

Resolução CONAMA nº 341, de 25 de setembro de 2003

Dispõe sobre critérios para a caracterização de atividades ou empreendimentos turísticos sustentáveis como de interesse social para fins de ocupação de dunas originalmente desprovidas de vegetação, na Zona Costeira.

Resolução CONAMA nº 344, de 25 de março de 2004

Estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004

Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.

Resolução CONAMA nº 347, de 10 de setembro de 2004

Dispõe sobre a proteção do patrimônio espeleológico.

Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 362, de 23 de junho de 2005

Dispõe sobre a obrigatoriedade de se destinar o óleo lubrificante de modo a não afetar negativamente o meio ambiente.

Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente (APP).

Resolução CONAMA nº 371, de 05 de abril de 2006

Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 378, de 19 de outubro de 2006

Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para fins do disposto no inciso III, § 1o, art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 382, de 26 de dezembro de 2006

Estabelece limites máximos de poluentes atmosféricos para fontes fixas.

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RESOLUÇÕES DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA

Resolução MMA nº 03, de 12 de junho de 2001

Institui os procedimentos operacionais para condução do processo eleitoral de escolha dos representantes das organizações não governamentais ambientalistas, nesta Resolução denominadas ONGs, no Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente – FNMA.

Resolução MMA nº 02, de 11 de março de 1993

Alteram por deliberação do Comitê do FNMA, os artigos 2º, 3º e 5º da Resolução nº 01 de 06 de maio de 1992.

Resolução MMA nº 01, de 06 de maio de 1992

Aprova os Procedimentos Operacionais do Fundo Nacional do Meio Ambiente.

INSTRUÇÃO NORMATIVA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA

Instrução Normativa MMA nº 03, de 27 de maio de 2003

Reconhece como espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, aquelas constantes da lista anexa à Instrução Normativa.

PORTARIA CONJUNTA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA

Portaria Conjunta nº 205, de 17 de julho de 2008

Cria a Câmara Federal de Compensação Ambiental – CFCA.

RESOLUÇÕES DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL)

Resolução ANEEL nº 393, de 04 de dezembro de 1998

Estabelece os procedimentos gerais para registro e aprovação dos estudos de inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas.

Resolução ANEEL nº 395, de 04 de dezembro de 1998

Estabelece os procedimentos gerais para Registro e Aprovação de Estudos de Viabilidade e Projeto Básico de empreendimentos de geração hidrelétrica, assim como da Autorização para Exploração de Centrais Hidrelétricas até 30 MW e dá outras providências.

Resolução ANEEL nº 396, de 04 de dezembro de 1998

Estabelece as condições para implantação, manutenção e operação de estações fluviométricas e pluviométricas associadas a empreendimentos hidrelétricos.

Resolução ANEEL nº 88, de 22 de março de 2001

Estabelece a metodologia para rateio da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos para Fins de Geração de Energia

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Elétrica devido pelas centrais hidrelétricas e Royalties de Itaipu entre Estados, Distrito Federal e Municípios.

Resolução ANEEL nº 398, de 21 de setembro de 2001

Estabelece os requisitos gerais para apresentação dos estudos e as condições e os critérios específicos para análise e comparação de Estudos de Inventários Hidrelétricos, visando a seleção no caso de estudos concorrentes.

Resolução ANEEL nº 647, de 08 de dezembro de 2003

Estabelece o valor da Tarifa Atualizada de Referência – TAR para o cálculo da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos.

Resolução Homologatória ANEEL nº 404, de 12 de dezembro de 2006

Fixa o valor da Tarifa Atualizada de Referência – TAR em R$ 57,63/MWh (cinqüenta e sete reais e sessenta e três centavos por megawatt-hora), a ser considerada para cálculo da compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2007.

Resolução Normativa ANEEL nº 279, de 11 de setembro de 2007

Estabelece os procedimentos gerais para requerimento de declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação e de instituição de servidão administrativa, de áreas de terras necessárias à implantação de instalações de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, por concessionários, permissionários e autorizados.

RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENERGÉT ICA (CNPE)

Resolução CNPE nº 02, de 17 de setembro de 2001

Dispõe sobre o reconhecimento do interesse estratégico da Usina Hidrelétrica Belo Monte, e dá outras providências.

Resolução CNPE nº 01, de 04 de março de 2002

Cria Grupo de trabalho com o objetivo de estudar e apresentar plano de viabilização para a implantação do empreendimento UHE Belo Monte.

Resolução CNPE nº 15, de 22 de novembro de 2002

Cria Grupo de Trabalho para propor procedimentos e mecanismos visando assegurar que todos os empreendimentos destinados à expansão da oferta de energia elétrica disponham da Licença Prévia Ambiental, como condição para serem autorizados ou licitados, a partir de janeiro de 2004.

Resolução CNPE nº 3, de 6 de julho de 2008

Dispõe sobre o aproveitamento do potencial hidráulico para fins energéticos do rio Xingu, e dá outras providências.

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RESOLUÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA)

Resolução ANA n° 131, de 11 de março de 2003

Dispõe sobre procedimentos referentes à emissão de declaração de reserva de disponibilidade hídrica e de outorga de direito de uso de recursos hídricos, para uso de potencial de energia hidráulica superior a 1 MW em corpo de água de domínio da União e dá outras providências.

Resolução ANA nº 707, de 21 de dezembro de 2004

Dispõe sobre procedimentos de natureza técnica e administrativa a serem observados no exame de pedidos de outorga, e dá outras providências.

Resolução ANA nº 96, de 09 de abril de 2007

Dispõe sobre as séries de vazões de usos consuntivos referentes a aproveitamentos hidrelétricos localizados em bacias do Sistema Interligado Nacional – SIN.

Resolução ANA nº 308, de 06 de agosto de 2007

Dispõe sobre os procedimentos para arrecadação das receitas oriundas da cobrança pelo uso de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União.

RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICO S (CNRH)

Resolução CNRH nº 16, de 08 de maio de 2001

Dispõe acerca da outorga de recursos hídricos.

Resolução CNRH nº 2, de 17 de setembro de 2001

Dispõe sobre o reconhecimento do interesse estratégico da Usina Hidrelétrica Belo Monte, e dá outras providências.

Resolução CNRH nº 37, de 26 de março de 2004

Estabelece diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de barragens em corpos de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da União.

Resolução CNRH nº 32, de 15 de outubro de 2003

Institui a Divisão Hidrográfica Nacional em Regiões hidrográficas com a finalidade de orientar, fundamentar e implementar o Plano de Recursos Hídricos.

Resolução CNRH nº 48, de 21 de março de 2005

Estabelece critérios gerais para a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

Resolução CNRH nº 58, de 30 de janeiro de 2006

Aprova o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).

Resolução CNRH nº65, de 07 de dezembro de 2006

Estabelece diretrizes de articulação dos procedimentos para obtenção da outorga de direito de uso de recursos hídricos com os procedimentos de licenciamento ambiental.

Resolução CNRH nº 70, de 19 de março de 2007

Estabelece os procedimentos, prazos e forma para promover a articulação entre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica, visando definir prioridades de aplicação dos recursos provenientes da cobrança pelo uso da água, referidos no inc.II do §1º do artigo 17, da Lei nº 9.648/98, com a redação dada pelo artigo 28, da Lei nº 9.984/00.

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RESOLUÇÃO DA CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO CONSELHO NACIONAL DE

EDUCAÇÃO

Resolução CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999

Fixa Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências.

PORTARIAS DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA)

Portaria IBAMA nº 1.522, de 19 de dezembro de 1989

Dispõe sobre a lista oficial de espécies de fauna brasileira ameaçada de extinção.

Portaria IBAMA nº 887, de 15 de junho de 1990

Promove a realização de diagnóstico da situação do patrimônio espeleológico nacional, através de levantamento e análise de dados, identificando áreas críticas e definindo ações e instrumentos necessários para a sua devida proteção e uso adequado.

Portaria IBAMA nº 37-N, de 03 de abril de 1992

Dispõe sobre a lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção.

Portaria IBAMA nº 57, de 05 de junho de 1997

Institui o “Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Caverna”.

Portaria IBAMA nº 113, de 25 de setembro de 1997

Dispõe sobre a obrigatoriedade de registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadores de Recursos Ambientais, as pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de minerais, produtos e subprodutos da fauna, flora e pesca.

Portaria IBAMA nº 145, de 29 de outubro de 1998

Estabelece normas para a introdução, reintrodução e transferência de peixes, crustáceos, moluscos, e macrófitas aquáticas para fins de aqüicultura.

Portaria IBAMA nº 7, de 19 de janeiro de 2004

Cria, no âmbito do IBAMA, a Câmara de Compensação Ambiental.

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Portaria IBAMA nº 47/04N, de 31 de agosto de 2004

Estabelece procedimentos para a gestão da compensação ambiental no âmbito do IBAMA.

Portaria IBAMA nº 49, de 20 de julho de 2005

Altera dispositivos da Portaria nº 7, de 19 de janeiro de 2004, e a Portaria nº 44, de 22 de abril de 2004.

Portaria IBAMA nº 21, de 17 de julho de 2008

Cria os Núcleos de Licenciamento Ambiental – NLAs.

PORTARIAS DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA)

Portaria MMA nº 170, de 03 de maio de 2001

Determina a publicação do Regimento Interno, que disciplina os aspectos de organização e funcionamento do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente-FNMA.

Portaria MMA nº 408, de 16 de agosto de 2002

Institui o Comitê de Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA para agilizar o processo de implementação e execução do referido Programa.

Portaria MMA nº 63, de 12 de junho de 2006

Dispõe sobre a Comissão Coordenadora do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas, e dá outras providências.

Portaria MMA nº 257, de 18 de agosto de 2006 Altera o inciso VI do art. 2º da Portaria MMA nº 63, de 13 de junho de 2006.

Portaria MMA nº 312, de 31 de outubro de 2006

Designa membros para compor a Comissão Coordenadora do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas.

Portaria MMA nº 09, de 23 de janeiro de 2007

Dispõe sobre o reconhecimento como áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira as áreas referenciadas no § 2º desta Portaria, denominadas Áreas Prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da Biodiversidade Brasileira ou áreas Prioritárias para a Biodiversidade, para efeito da formulação e implementação de políticas públicas, programas, projetos e atividades sob a responsabilidade do Governo Federal.

PORTARIA DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Portaria Conjunta nº 09, de 27 de outubro de 2004

Dispõe sobre a Regulamentação e Implantação do Programa de Reassentamento de Ocupantes Não-Índios em Terras Indígenas.

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SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Portaria nº 47, de 29 de dezembro de 2006

Dispõe sobre a Avaliação do Potencial Malarígeno e o Atestado de Condição Sanitária para os projetos de assentamento de reforma agrária e para outros empreendimentos, nas regiões endêmicas de malária.

PORTARIAS DO MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIAS (MME)

Portaria MME nº 322, de 30 de agosto de 2000

Cria o Comitê de Acompanhamento da Expansão Hidrelétrica - CAEHIDRO, com a atribuição básica de acompanhar o processo de estudos e implantação das usinas hidrelétricas e sistemas de transmissão associados, indicados no Plano Decenal de Expansão - PDE do Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos - CCPE.

Portaria Interministerial nº 791, de 15 de setembro de 2004 – Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério da Casa Civil

Institui o Comitê de Gestão Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor Elétrico – CGISE para assessorar na definição dede estratégias, envolvendo instituições públicas, não governamentais e privadas, que visem o equacionamento das questões ambientais e outros assuntos relacionados ao Setor.

Portaria MME nº 328, de 29 de julho de 2005

Dispõe acerca da habilitação técnica pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, com vistas à participação nos leilões de energia, de todos os projetos e novos empreendimentos de geração, inclusive ampliação de empreendimentos existentes e importação de energia elétrica, deverão estar registrados na Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

Portaria MME nº 365, de 16 de agosto de 2005

Autoriza a disponibilização dos estudos de viabilidade técnico-econômica, estudos de impacto ambiental e os relatórios de impacto ambiental, bem como outros estudos e projetos relacionados aos empreendimentos constantes do Anexo à presente Portaria.

PORTARIAS DA SECRETARIA PATRIMÔNIO DA UNIÃO (SPU)

Portaria SPU nº 284, de 14 de outubro de 2005

Possibilita a concessão de “autorização de uso para o desbaste de açaizais, colheita de frutos ou manejo de outras espécies extrativistas”, em favor da população ribeirinha e outras populações tradicionais locais.

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PORTARIAS DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO (IPHA N)

Portaria SPHAN/IPHAN nº 07, de 01 de dezembro de 1988

Estabelece procedimentos necessários à comunicação prévia, às permissões e às autorizações para pesquisas e escavações arqueológicas em sítios arqueológicos previstas na Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961.

Portaria IPHAN nº 230, de 17 de dezembro de 2002

Dispõe acerca de estudos arqueológicos na elaboração de estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA).

Portaria IPHAN nº 28, de 31 de janeiro de 2003

Dispõe que os reservatórios de empreendimentos hidrelétricos de qualquer tamanho ou dimensão dentro do território nacional deverão doravante na solicitação da renovação da licença ambiental de operação prever a execução de projetos de levantamento, prospecção, resgate e salvamento arqueológico da faixa de depleção.

PORTARIA DA FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI)

Portaria FUNAI nº 14, de 09 de janeiro de 1996

Estabelece regras sobre a elaboração do Relatório circunstanciado de identificação e delimitação de Terras Indígenas a que se refere o parágrafo 6º do artigo 2º, do Decreto nº 1.775, de 08 de janeiro de 1996.

PORTARIA DO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REF ORMA AGRÁRIA (INCRA)

Portaria INCRA nº 687, de 27 de setembro de 2004

Determina a inclusão dos agricultores familiares atingidos com a construção de barragens para aproveitamento hidrelétrico, com área remanescente de até três módulos rurais, no Programa Nacional de Reforma Agrária - PRONAF.

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INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSTITUTO NACIONAL DE COLO NIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (INCRA)

Instrução Normativa INCRA nº 42, de 18 de setembro de 2007

Estabelece procedimentos administrativos e operacionais para reconhecimento de Projeto de Reassentamento de Barragem – PRB e a inclusão dos agricultores reassentados em função da construção de empreendimentos hidroelétricos de utilidade pública no Programa Nacional de Reforma Agrária e acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF – Grupo A.

Instrução Normativa INCRA nº 46, de 26 de maio de 2008

Fixa os procedimentos para regularização fundiária de posses em áreas rurais de propriedade da União superiores a 100 (cem) hectares e até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais, localizadas na Amazônia Legal.

RESOLUÇÃO DO CONSELHO DIRETOR DO INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA (INCRA)

Resolução INCRA nº 12, de 26 de maio de 2008

Aprova a Instrução Normativa nº 46, de 26 de maio de 2008.

INSTRUÇÕES NORMATIVAS DO INSTITUTO BRASILEIRO DO ME IO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA)

Instrução Normativa IBAMA nº 003, de 10 de maio de 2001

Define procedimentos de conversão de uso do solo através de autorização de desmatamento nos imóveis e propriedades rurais na Amazônia Legal.

Instrução Normativa IBAMA nº 65, de 13 de abril de 2005

Organiza os procedimentos de licenciamento ambiental dos geradores de energia elétrica, garantindo maior qualidade, agilidade e transparência.

Instrução Normativa IBAMA nº 154, de 01º de março de 2007

Institui o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) e dispõe sobre licenças, coleta e captura de espécies da fauna e flora e acesso ao patrimônio genético.

Instrução Normativa IBAMA nº 146, de 10 de janeiro de 2007

Estabelece os critérios para procedimentos relativos ao manejo de fauna silvestre (levantamento, monitoramento, salvamento, resgate e destinação) em áreas de influencia de empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de impactos à fauna sujeitas ao licenciamento ambiental, como definido pela Lei Federal n° 6938/81 e pelas Resoluções CONAMA n° 001/86 e n° 237/97.

Instrução Normativa IBAMA nº 183, de 17 de julho de 2008

Cria o Sistema do Licenciamento Ambiental – SisLic.

Instrução Normativa IBAMA nº 184, de 17 de julho de 2008

Estabelece os procedimentos para o licenciamento ambiental federal.

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LEIS ESTADUAIS

Constituição do Estado do Pará

Artigo 13, incisos I, II e VI; artigo 230, incisos III, “a”, “b”, “c”, IV, VII, §1, “a”, “b”; artigo 236, incisos I, III, IV, V, VI, VII, §8; artigo 245, incisos I, II e III, “a”, “b” e incisos IV, VII, VIII, IX, “c”, “d”, §1; artigo 247; artigo 248, “a”, “b”, “c”; artigo 252; artigo 253; artigo 254; artigo 255, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII, “a”, “b”, “c”, “d”, §1, §3, §4; artigos 256; 259 e 286, incisos I, II, III, IV, V e VI, §1, “a”, “b”, §2; artigo 300, §1, §3, §4 e §5.

Lei Estadual nº 5.440, de 10 de maio de 1988 Cria o Instituto Estadual de Florestas do Pará - IEF, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura.

Lei Estadual nº 5.457, de 11 de maio de 1988 Cria a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e dá outras providências.

Lei Estadual nº 26.752, de 29 de junho de 1990

Dispõe sobre a promoção da educação ambiental em todos os níveis, de acordo com o artigo 255, inciso IV da Constituição Estadual.

Lei Estadual no 5.610, de 20 de novembro de 1990

Dispõe sobre a criação e o funcionamento do Conselho Estadual do Meio Ambiente na forma do artigo 255 inciso VIII.

Lei estadual nº 5.629, de 20 de dezembro de 1990

Dispõe sobre a Preservação e Proteção do Patrimônio Histórico, Artístico, Natural e Cultural do Estado do Pará.

Lei Estadual no 5.630, de 20 de dezembro de 1990

Estabelece normas para a preservação de áreas dos corpos aquáticos, principalmente as nascentes, inclusive os "olhos d’água" de acordo com o artigo 255, inciso II de Constituição Estadual.

Lei Estadual n° 5.638, de 18 de janeiro 1991 Estabelece normas para as sanções e multas de que trata o § 4° do artigo 255 da Constituição Estadual.

Lei Estadual nº 5.752, de 26 de julho de 1993

Dispõe sobre a reorganização e cria cargos na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM e dá outras providências.

Lei Estadual nº 5.793, de 04 de janeiro de 1994

Define a Política Mineraria e Hídrica do Estado do Pará, seus objetivos, diretrizes; instrumentos e dá outras providências.

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Lei Complementar nº 16, de 24 de janeiro de 1994

Institui o Programa Especial de Energia do Estado do Pará, estabelece normas para a utilização da participação no resultado da exploração dos recursos hídricos do Estado e dá outras providências.

Lei Estadual nº 5.807, de 24 de janeiro de 1994

Dispõe criação do Conselho Consultivo da Política Mineraria e Hídrica do Estado do Pará.

Lei Complementar Estadual nº 023, de 23 de março de 1994

Cria o Fundo e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Difusos - FEDDD, com a finalidade de propiciar recursos para a reparação de danos ao meio ambiente, ao consumidor a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, cultural, turístico, paisagístico e a outros interesses difusos e coletivos.

Lei Estadual nº 5.864, de 21 de novembro de 1994

Regulamenta o inciso II, do artigo 255 da Constituição do Estado do Pará.

Lei Estadual nº 5.877, de 21 de dezembro de 1994

Dispõe sobre a participação popular nas decisões relacionadas ao meio ambiente e ao direito a informação.

Lei Estadual nº 5.887, de 09 de maio de 1995 Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente

Lei Estadual nº 5.977, de 10 de julho de 1996 Dispõe sobre a proteção à fauna silvestre no Estado do Pará.

Lei Estadual nº 6.251, de 08 de novembro de 1999

Institui o "Selo Ecológico" no Estado do Pará.

Lei Estadual nº 6.381, de 25 de julho de 2001

Dispõe Sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos, instituí o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Lei Estadual nº 6.462, de 04 de julho de 2002 Dispõe sobre a Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação.

Lei Estadual nº 6.506, de 02 de Dezembro de 2002

Institui as diretrizes básicas para a realização do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) no Estado do Pará, e dá outras providências.

Lei Estadual nº 6.745, de 06 de maio de 2005 Institui o Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará.

Lei Estadual n 6.755, de 14 de janeiro de 2005

Dispõe sobre a competência do Estado do Pará para acompanhar e fiscalizar a exploração de recursos hídricos e minerais e as receitas não-tributáveis geradas pelas respectivas explorações, relativamente à parcela que lhe é devida, e dá outras providências.

Lei Estadual n 6.953, de 27 de março de 2007 Institui o Cadastro Estadual de Entidades Ambientalistas do Estado do Pára – C.E.E.A. – PA.

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Lei Estadual nº 6.963, de 16 de abril de 2007

Dispõe sobre a criação do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará – IDEFLOR e do Fundo Estadual de Desenvolvimento Florestal – FUNDEFLOR, e dá outras providências.

DECRETOS ESTADUAIS

Decreto Estadual nº 662, de 20 de fevereiro de 1992

Institui a comissão de coordenação articulação interinstitucional do zoneamento ecológico-econômico do estado do Pará e dá outras providências.

Decreto Estadual no 1.859, de 16 de setembro de 1993

Regulamenta o Conselho Estadual do Meio Ambiente – COEMA.

Decreto Estadual nº 2.968, de 10 de novembro de 1994

Altera o Decreto nº 1859, de 16 de setembro de 1993 que regulamenta o Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Decreto Estadual nº 870 de 27 de novembro de 1995

Altera o Decreto nº 662, de 20 de fevereiro de 1992, que institui a Comissão de Coordenação e Articulação Interinstitucional do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado.

Decreto Estadual nº 1.123, de 07 de março de 1996

Restaura a Comissão de Coordenação e Articulação Interinstitucional do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado.

Decreto Estadual nº 1.166, de 19 de março de 1996

Regulamenta o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia - CONTEC e dá outras providências.

Decreto Estadual no 1.523, de 25 de julho de 1996

Aprova o Regulamento do Fundo Estadual de Meio Ambiente - FEMA, criado pela Lei No 5.887, de 09 de maio de 1995.

Decreto Estadual nº 3.060, de 26 de agosto de 1998

Regulamenta a Lei n 6.105, de 14 de janeiro de 1998.

Decreto Estadual nº 3.632, de 03 de setembro de 1999

Cria a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado do Pará – CINEA, com finalidade de implementar o Programa de Educação Ambiental do Estado do Pará.

Decreto Estadual nº 5.185, de 07 de março de 2002

Altera o Decreto n 4.091, de 5 de junho de 2000, que “Dispõe sobre a criação, no Estado do Pará, do Núcleo de Gerência do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal – NGP/PARÁ.

Decreto Estadual nº 5.267, de 29 de abril de 2002

Dispõe sobre a implantação e gestão das Unidades de Conservação da Natureza criadas pela Lei n 6.451, de 8 de abril de 2002.

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Decreto Estadual nº 5.565, de 11 de outubro de 2002

Define o órgão gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos e da Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação, vinculado a Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM.

Decreto Estadual nº 5.741, de 19 de dezembro de 2002

Regulamenta o Cadastro Técnico de Atividades de Defesa Ambiental.

Decreto Estadual nº 5.742, de 19 de dezembro de 2002

Regulamenta o Cadastro Técnico de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.

Decreto Estadual nº 857, de 30 de janeiro de 2004

Dispõe sobre o licenciamento ambiental, no território sob jurisdição do Estado do Pará, das atividades que discrimina.

Decreto Estadual nº 1.638, de 08 de junho de 2005

Altera o Decreto nº 3.632, de 03/09/1999, que cria a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Pará-CINEA.

Decreto Estadual nº 2.070, de 20 de fevereiro de 2006

Regulamenta o Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH, vinculado à Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM, gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos.

Decreto Estadual no 2.141, de 31 de março de 2006

Regulamenta a Política Estadual de Florestas e demais Formas de Vegetação e dá outras providências, objetivando o incentivo à recuperação de áreas alteradas e/ou degradadas e à recomposição de reserva legal, para fins energéticos, madeireiros, frutíferos, industriais ou outros, mediante o repovoamento florestal e agroflorestal com espécies nativas e exóticas e dá outras providências.

Decreto Estadual de 08 de maio de 2006 Exonera e nomeia membros titulares e suplentes do Conselho Estadual de Meio Ambiente-COEMA.

Decreto Estadual de 20 de outubro de 2006 Reconduz e nomeia membros titulares e suplentes do Conselho Estadual de Meio Ambiente-COEMA.

Decreto Estadual nº 2.593, de 27 de novembro de 2006

Dá nova redação ao Decreto nº 857, de 30 de janeiro de 2004.

Decreto de 22 de junho de 2007 Nomeia membros do Conselho Estadual de Meio Ambiente-COEMA.

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RESOLUÇÕES DE ÓRGÃOS ESTADUAIS Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA)

Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (CONTEC)

Resolução COEMA no 01, de 23 de agosto de 1995

Aprova o Regimento Interno do Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA - órgão normativo, deliberativo e consultivo nas questões relativas ao meio ambiente circunscritas ao território político e geográfico do Estado do Pará.

Resolução CONTEC nº 01, de 15 de maio de 1996

Aprova o Regimento Interno do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia.

Resolução COEMA nº 22, de 13 de dezembro de 2002

Aprovar os Termos de Referência, para fins de licenciamento ambiental das atividades e obras abaixo discriminadas, Implantação de Atividades Industriais.

Resolução COEMA nº 29, de 27 de julho de 2004

Determina que a SECTAM, no exercício de suas atribuições legais, poderá conceder autorização para o uso de recursos florestais de áreas do domínio público estadual.

Resolução COEMA nº 30, de 14 de junho de 2005

Cria área especial para pesca esportiva denominada “Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu”.

Resolução CONTEC no 10, de 15 de maio de 2006

Aprova as Normas para apoio ao Programa Paraense para Formação e Fixação de Recursos Humanos – PPRH, para as modalidades de Iniciação a Gestão Ambiental e Tecnológica, Apoio à Gestão Ambiental e Tecnológica, Difusão Tecnológica e Gestão Ambiental I, Difusão Tecnológica e Gestão Ambiental II, Desenvolvimento Tecnológico e Gestão Ambiental, que objetiva a qualificação e fixação de profissionais de nível superior e médio interessados em desenvolver ações de planejamento, supervisão, execução, controle e avaliação de atividades vinculadas a processos de incorporação de tecnologia ao sistema produtivo e a gestão ambiental, nos setores vocacionados ao desenvolvimento estratégico do Estado do Pará.

Resolução COEMA no 35, de 16 de maio de 2006

Constitui as Câmaras Técnicas Permanentes, do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Resolução COEMA nº 43, de 22 de agosto de 2006

Cria a Câmara Técnica de Educação Ambiental, alterando a constituição das Câmaras Técnicas Permanentes, do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Resolução COEMA nº 54, de 24 de outubro de 2007

Homologa a lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará.

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PORTARIAS DA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO DO

PARÁ (SECTAM)

Portaria SECTAM nº 39, de 27 de novembro de 1992

Dispõe sobre a realização de audiências públicas, como parte do processo de licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, sujeitas à apresentação de Estudos de Impacto Ambiental - EIA e Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, e dá outras pro vidências.

LEIS MUNICIPAIS

Lei Orgânica do Município de Altamira

Dispõe sobre a organização da administração, atividades e a política de desenvolvimento municipal, dentro de um processo de planejamento permanente.

Lei Orgânica do Município de Brasil Novo

Dispõe sobre a organização da administração, atividades e a política de desenvolvimento municipal, dentro de um processo de planejamento permanente.

Lei Orgânica do Município de Anapu

Dispõe sobre a organização da administração, atividades e a política de desenvolvimento municipal, dentro de um processo de planejamento permanente.

Lei Orgânica do Município de Vitória do Xingu

Dispõe sobre a organização da administração, atividades e a política de desenvolvimento municipal, dentro de um processo de planejamento permanente.

Lei Orgânica do Município de Senador José Porfírio

Dispõe sobre a organização da administração, atividades e a política de desenvolvimento municipal, dentro de um processo de planejamento permanente.

Lei Complementar nº 142 de 27 de outubro de 2006

Dispõe sobre o Plano Diretor Participativo do Município de Senador José Porfírio e dá outras providências.

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5.32 Referência Bibliográfica CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. Disponível: <http://www.cimi.org.br/>. Acesso em 04/04/2008, às 11hs09min. COORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA. Disponível: <http://www.coiab.com.br/index.php>. Acesso em 04/04/2008 às 11hs10min. GOVERNO FEDERAL. Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010. 22 de Janeiro de 2007. Disponível: <http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/noticias/pac/070122_PAC.pdf>, acesso em 04/04/2008, às 10hs18min. GOVERNO FEDERAL. 2º Balanço do PAC. Infra-estrutura Energética. Disponível: <http://www.brasil.gov.br/pac/>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs19min. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Compensação Ambiental. Disponível: <http://www.ibama.gov.br/consulta/downloads/consulta_metodologica.pdf>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs52min. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. <http://www.ibama.gov.br/licenciamento>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs21min INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Ficha de Abertura de Processo: 02.02.06. Disponível: <http://www.ibama.gov.br/licenciamento/index.php>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs22min INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Identificação do Processo nº 02001.001848/2006-45 – AHE Belo Monte. Disponível: <http://www.ibama.gov.br/licenciamento/index.php>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs24min. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL Disponível: <http://www.socioambiental.org/pib/portugues/quonqua/indicadores/detalhes_ti.html?id_arp=3788>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs57min. ISTOÉAMAZÔNIA. Plano de desenvolvimento do Xingu prevê internalização de investimentos Disponível em: <http://www.istoeamazonia.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1154&Itemid=2>, acesso em 04-04-08, as 15hs e 35ms. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 29ª edição, São Paulo, Malheiros, 2004, pág. 632. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - FUNAI. Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal – PPTAL. Disponível: <http://www.funai.gov.br/pptal/index.htm>. Acesso em 04/04/2008, às 11hs08min.

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MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2030. Geração Hidrelétrica. Brasília, 27 de abril de 2006. Disponível: <http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8213>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs13min. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2030. Geração Hidrelétrica. Brasília, 27 de abril de 2006. Disponível: <http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8213>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs16min. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE) 2006-2015. Disponível: <http://www.mme.gov.br/site/menu/select_main_menu_item.do?channelId=8684>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs17min. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE) 2006-2015. Capítulo 03. Páginas 69, 122/123. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa Zoneamento Ecológico-Econômico. Caderno de Referência – Subsídios ao Debate. Ministério do Meio Ambiente- Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial. Brasília, maio/junho de 2006, Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/Artigo_doc_base.pdf>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs29min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MacroZEE Amazônia Legal. Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/displaymacro.html?estado=para&nomeestado=PAR%C3%81>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs29min MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Caderno Setorial de Recursos Hídricos: Geração de Energia Hidrelétrica / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília: MMA, 2006. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Áreas Prioritárias para a Biodiversidade. Disponível: <http://mapas.mma.gov.br/mapas/aplic/probio/areaspriori.htm?a920grclqhq7h2dk4u6a540hn0>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs40min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. “Plano Amazônia Sustentável, Cenários propostos para um novo desenvolvimento regional”. Resumo Executivo. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=59&idMenu=3155&idConteudo=3760>, acesso em 26/06/08, às 13hs e 20min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa Zoneamento Ecológico-Econômico. Caderno de Referência – Subsídios ao Debate. Ministério do Meio Ambiente- Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial. Brasília: maio/junho de 2006, Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/Artigo_doc_base.pdf>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs29min.

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MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MacroZEE Amazônia Legal. Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/displaymacro.html?estado=para&nomeestado=PAR%C3%81>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs29min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MacroZEE Amazônia Legal. Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/index.html>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs30min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MacroZEE Amazônia Legal. Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/displaymacro.html?estado=para&nomeestado=PAR%C3%81>. Acesso em 04/04/2008, às 10hs30min. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. MacroZEE Amazônia Legal. Disponível: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/index.html. Acesso em 04/04/2008>, às 10hs31min. PORTAL DA CIDADANIA.. Territórios da Cidadania. Transamazônia – PA Disponível em: <http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/transamaznicapa2/one-community?page_num=0>, acesso em 09-04-08, as 17hs e 42ms. SECRETARIA DE ESTADO DE INTEGRAÇÃO REGIONAL. Regiões de Integração. Mapa Interativo das Regiões de Integração. Disponível em: <www.seir.pa.gov.br/regioes_de_integração_mapa.asp>. Acesso em 04.04.08, às 21:46hs. SECRETARIA DE PATRIMÔNIO DA UNIÃO. Manual de Regularização Fundiária em Terras da União. Elaborado entre os meses de março e novembro de 2006, disponível em: <http://www.spu.planejamento.gov.br/arquivos_down/publicacao/manual_regulamentacao.pdf>. Acesso em 5 de abril de 2008, às 18 horas e 30 minutos.

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ANEXO 5-1

Decreto de criação do Sítio Pesqueiro do Xingu

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APRESENTAÇÃO O presente Anexo apresenta o diploma legal de constituição do denominado Sítio Pesqueiro Turístico Estadual Volta Grande do Xingu, área esta que, apesar de não estar enquadrada como Unidade de Conservação, nos termos da Lei Federal nº 9.985/2000, também possui restrições de natureza legal que devem ser consideradas nos estudos ambientais do AHE Belo Monte. 1. SÍTIO PESQUEIRO TURÍSTICO ESTADUAL VOLTA GRANDE DO XINGU Categoria: espaço territorial especialmente protegido de domínio público do estado; Diploma legal: Resolução COEMA nº30, de 014 de junho de 2005 (Conselho de Meio Ambiente do estado do Pará); Município: Altamira/PA; Objetivos: manejo sustentável para o desenvolvimento de atividade de lazer, cultura e turismo ecológico; Plano de gestão: não possui; Extensão da área: 278,64 Km² (duzentos e setenta e oito quilômetros quadrados); Delimitação geográfica: “Com superfície total de 278,64 Km² definida por duas sub-áreas com características distintas para fins de manejo, a primeira (área 1) com superfície de 179,30 Km 2, com a seguinte descrição: partindo do ponto P-1 de coordenadas geográficas 03º 08´35,67”S e 51º 40´17,32” WGr, localizado afastado aproximadamente 01 quilômetro a partir da linha de pedrais do rio Xingu pela sua margem esquerda, segue no sentido Leste, cortando o mesmo na altura da cachoeira Itamaracá até o ponto P-2 de coordenadas geográficas 03º 07´33,49”S e 51º 36´00,27”WGr, localizado igualmente afastado 01 quilômetros a partir da linha de pedrais, pela margem direita do referido rio; deste ponto segue com o mesmo afastamento no sentido Sul até o ponto P-3 de coordenadas geográficas 03º 20´39,41”S e 51º 41´19,36” WGr;; deste segue no sentido Noroeste até o ponto P-4 de coordenadas geográficas 03º 19´10,77”S e 51º 44´37,32”WGr, localizado às proximidades da estrada CNEC; deste segue com o mesmo afastamento, no sentido Norte até o ponto P-1, inicial da presente descrição. A segunda sub-área (área 2), com superfície de 99,34 Km 2, com a seguinte descrição: partindo do ponto P-4 de coordenadas geográficas 03º 19´10,77”S e 51º 44´37,32”WGr, com localização igualmente afastada aproximadamente 01 quilômetro da linha de pedrais da margem esquerda do mesmo rio Xingu; segue no sentido Sudeste até o ponto P-3 de coordenadas geográficas 03º 20´39,41”S e 51º 41´19,36” WGr; segue no sentido Sul, mantendo o mesmo afastamento até o ponto P-5 coordenadas geográficas 03º 28´08,50”S e 51º 40´05,50”WGr, localizado às proximidades da cachoeira Paquiçamba; deste segue no sentido Oeste até o ponto P-6 de coordenadas geográficas 03º 27´12,37”S e 51º 44´16,64”WGr, localizado próximo à Terra Indígena Paquiçamba; deste segue no sentido Norte, com o mesmo afastamento pela margem esquerda do rio, até o ponto P-4, inicial da presente descrição.”

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ANEXO 5-2

Decretos de criação de unidades de conservação nos municípios integrantes da área de influência indireta do AHE Belo Monte

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APRESENTAÇÃO As Unidades de Conservação objeto do presente Anexo foram selecionadas com base no critério de inserção, integral ou parcial, na Área de Influência Indireta (AII), sob o ponto de vista dos meios físico e biótico do AHE Belo Monte, ou sobrepostas aos municípios que integram a AII sob o ponto de vista socioeconômico e cultural. Vale ressaltar que, no critério de seleção acima mencionado, foram consideradas ainda as denominadas Zonas de Amortecimento que, nos termos da legislação adiante relatada, compreendem um raio de 10 km (dez quilômetros) do entorno das Unidades de Conservação. Na descrição das Unidades de Conservação, são trazidas à denominação, categoria de proteção, diploma legal de criação, município de localização, os respectivos objetivos da unidade, existência ou não de plano de manejo, a extensão da área, bem como sua delimitação geográfica. Após identificação de cada Unidade de Conservação, é apresentada legislação aplicável à mesma (em geral, a Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), e demais diplomas legais correlatos. 1 RESERVAS EXTRATIVISTAS 1.1 Dispositivo Legal Aplicável A Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), estabelece, em seu artigo 18, que Reserva Extrativista (RESEX) é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, além de assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. Para efeito da permissão de utilização dessas áreas, entende-se populações tradicionais como aquelas definidas pelo artigo 3º do Decreto Federal nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, como “os grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.” Conforme §2o do mencionado artigo, a RESEX é gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento.

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O Plano de Manejo da RESEX deve ser aprovado pelo seu Conselho Deliberativo, nos termos do § 5o, do artigo 18, da Lei do SNUC. Outrossim, conforme os §6o e §7o de referido dispositivo legal, são proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional, e a exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. 1.2 Reserva Extrativista “Verde para Sempre” Categoria: Unidade de Conservação do Grupo Sustentável; Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 08 de novembro de 2004; Município: Porto de Moz/PA; Objetivos: assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis, protegendo os meios de vida e a cultura da população extrativista local; Plano de Manejo: não possui; Extensão da área: 1.288.717ha (um milhão duzentos e oitenta e oito mil e setecentos e dezessete hectares); Delimitação geográfica: “Partindo do Ponto 01, de coordenadas geográficas aproximadas 52°59"41,21" Wgr e 01°46"02,60" S, localizado na margem direita do Rio Amazonas, segue pela margem direita do Rio Amazonas no sentido jusante até Ponto 02, de coordenadas geográficas aproximadas 52°14"48,45 Wgr e 01°31"21,49" S, localizado na confluência do Rio Xingu com o Rio Amazonas; deste segue pela margem esquerda do Rio Xingu, no sentido montante até o Ponto 03, de coordenadas geográfica aproximadas 52°15"07,11" Wgr e 01°48"53,30" S, localizado na margem esquerda da confluência do Rio Jarauçú com o Rio Xingu; deste segue por uma reta de azimute 178°34"09" por uma distância aproximada de 1.066,33 metros até o Ponto 04, de coordenadas geográficas aproximadas 52°15"06,27" Wgr e 01°49"28,01" S, localizado na margem direita da confluência do Rio Jarauçú com o Rio Xingu; deste segue pela margem esquerda do Rio Xingu até o Ponto 05, de coordenadas geográficas aproximadas 52°15"46,75" Wgr e 02°01"44,66" S, localizado na margem esquerda da confluência de um rio sem denominação com o Rio Xingu; deste segue por uma reta de azimute 184°22"26" por uma distância aproximada de 1.949,68 metros até Ponto 06, de coordenadas geográficas aproximadas 52°15"51,61" Wgr e 02°02"47,96" S, localizado na margem direita da confluência do rio sem denominação com o Rio Xingu; deste segue pela margem direita do Rio Xingu até o Ponto 07, de coordenadas geográficas aproximadas 52°09"04,15" Wgr e 02°20"38,84" S, localizado na margem esquerda da confluência de um rio sem denominação com o Rio Xingu; deste segue por uma reta de azimute 148°30"03" por uma distância aproximada de 1.667,75 metros até Ponto 08, de coordenadas geográficas aproximadas 52°08"35,99" Wgr e 02°21"25,17" S, localizado na margem direita da confluência de um rio sem denominação com o Rio Xingu; deste segue pela margem direita do Rio Xingu até o Ponto 09, de coordenadas geográficas aproximadas 52°06"39,23" Wgr e

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02°27"15,33" S, localizado na confluência de um pequeno tributário na margem esquerda do Rio Xingu; deste segue por este tributário no sentido montante até o Ponto 10, de coordenadas geográficas aproximadas 52°11"53,22" Wgr e 02°33"16,82" S, localizado na nascente deste tributário; deste segue por uma reta de azimute 211°12"13" por uma distância aproximada de 6.382,32 metros até o Ponto 11, de coordenadas geográficas aproximadas 52°13"40,44" Wgr e 02°36"14,48" S, localizado na confluência de um tributário com o Rio Acarai; deste segue pelo Rio Acarai no sentido montante até o Ponto 12, de coordenadas geográficas aproximadas 52°13"34,31" Wgr e 02°41"06,66" S, localizado na confluência de um igarapé sem denominação, tributário do Rio Acarai; deste segue por este igarapé sem denominação, no sentido montante até o Ponto 13, de coordenadas geográficas aproximadas 52°20"23,52" Wgr e 02°44"23,71" S, localizado no referido igarapé sem denominação; deste segue uma reta de azimute 270°04"43" por uma distância de 21.827,49 metros até o Ponto 14, de coordenadas geográficas aproximadas 52°32"10,27" Wgr 02°44"21,88" S, localizado no limite municipal; deste segue pelo limite municipal até o Ponto 15, de coordenadas geográficas aproximadas 52°32"10,27" Wgr e 02°44"21,88" S, localizado no limite municipal e também Rio Jarauçú; deste segue pelo limite municipal e pelo Rio Jarauçú, no sentido jusante até o Ponto 16, de coordenadas geográficas aproximadas 52°59"32,05" Wgr e 02°40"42,18" S, localizado no limite municipal e Rio Jarauçú; deste segue pelo limite municipal, por uma reta de azimute 290°29"14" por uma distância de 47.902,88 metros até o Ponto 17, de coordenadas geográficas aproximadas 53°23"03,33" Wgr 02°30"28,36" S, localizado no limite municipal e nascente de um rio sem denominação; deste segue pelo limite municipal e pelo rio sem denominação, no sentido jusante até o Ponto 18, de coordenadas geográficas aproximadas 53°13"14,88" Wgr e 02°22"14,71" S, localizado no limite municipal e Rio Guajará; deste segue pelo limite municipal e Rio Guajará, no sentido jusante até o Ponto 01, início desta descritiva, totalizando um perímetro aproximado de quinhentos e trinta e oito mil, setecentos e cinco metros e setenta e cinco centímetros.” 1.3 Reserva Extrativista “Rio Iriri” Categoria: Unidade de Conservação do Grupo Sustentável; Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 05 de junho de 2006; Município: Altamira/PA; Objetivos: proteger os meios de vida e a cultura da população extrativista residente na área de sua abrangência e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade; Plano de Manejo: não possui; Extensão da área: 398.938ha (trezentos e noventa e oito mil novecentos e trinta e oito hectares); Delimitação geográfica: “Partindo do Ponto 1, de coordenadas geográficas aproximadas 04º26’12.83” S e 53º40’44.24” Wgr., localizado na margem esquerda do Rio Iriri, segue por uma reta, atravessando o Rio Iriri para a sua margem direita, com um azimute de 169°22’59” e distância 2.632,44 metros, até o Ponto 2, de coordenadas geográficas aproximadas 04°27’37.06” S e 53°40’34.60” Wgr., localizado na margem direita do Rio Novo, na

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confluência com o Rio Iriri; deste, segue a montante pela margem direita do Rio Novo, por uma distância aproximada de 25.236,44 metros até o Ponto 3, de coordenadas geográficas aproximadas 04°35’33” S e 53°37’48” Wgr., localizado na margem direita do Rio Novo; deste, segue por uma reta de azimute 262°45’43” e distância aproximada de 11.234,52 metros até o Ponto 4, de coordenadas geográfica aproximadas 04º36’19.08” S e 53º43’53.04” Wgr., localizado no Igarapé das Dívidas ou das Pacas; deste, segue em linha reta de azimute 260º48’11” e distância aproximada de 15.913,07 metros até o Ponto 05, de coordenadas geográfica aproximadas 04°37’41.88” S e 53°52’28.91” Wgr., localizado no Igarapé do Caititu; deste, segue por uma reta de azimute 231°18’00” e distância aproximada de 22.656,07 metros até o Ponto 06, de coordenadas geográfica aproximadas 04°45’23.04” S e 54°2’38.04” Wgr., localizado no Rio Carajari; deste, segue por uma reta de azimute 271°13’47” e distância aproximada de 17.005,92 metros até o Ponto 07, de coordenadas geográfica aproximadas 04°45’11.16” S e 54°11’48.84” Wgr., localizado no Rio Branco; deste, segue por uma reta de azimute 259º36’35” e distância aproximada de 20.601,32 metros até o Ponto 08, de coordenadas geográfica aproximadas 04°47’12.12” S e 54°22’55.91” Wgr., localizado na nascente de um igarapé sem denominação, afluente da margem esquerda do Rio Branco; deste, segue por uma reta de azimute 186º59’15” e distância aproximada de 8.010,43 metros até o Ponto 09, de coordenadas geográfica aproximadas 04°51’30.96” S e 54°23’48.13” Wgr., localizado na nascente do Igarapé Fortaleza; deste, segue pelo referido Igarapé no sentido jusante por uma distância aproximada de 8.841,97 metros até o Ponto 10, de coordenadas geográfica aproximadas 04°55’36.12” S e 54°25’59.17” Wgr., localizado no Igarapé Fortaleza; deste, segue por uma reta de azimute 149º36’18” e distância aproximada 11.422,92 metros até o Ponto 11, de coordenadas geográfica aproximadas 05°0’56.88” S e 54°23’17.89” Wgr., localizado no Igarapé Jatobá; deste, segue por uma reta de azimute 173º28’06” e por uma distância aproximada de 7.947,21 metros até o Ponto 12, de coordenadas geográfica aproximadas 05°5’13.92” S e 54°23’9.96” Wgr., localizado em um igarapé sem denominação, afluente do Igarapé Jatobá; deste, segue por uma reta de azimute 153º16’01” e distância aproximada de 12.691,31 metros até o Ponto 13, de coordenadas geográfica aproximadas 05°11’22.92” S e 54°20’35.88” Wgr., localizado em um igarapé sem denominação, afluente do Igarapé do Gelo; deste, segue em por uma reta de azimute 166º15’54” e distância aproximada de 21.572,51 metros até o Ponto 14, de coordenadas geográfica aproximadas 5°22’43.63’’ S e 54°18’49.22’’ Wgr., localizado na nascente de um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Rio Iriri; deste, segue pelo referido igarapé no sentido jusante até sua confluência no Rio Iriri por uma distância aproximada de 12.604,02 metros até o Ponto 15, de coordenadas geográfica aproximadas 05°24’46.08” S e 54°24’23.04” Wgr., localizado na confluência do referido igarapé sem denominação com o Rio Iriri; deste, segue pela margem direita do Rio Iriri no sentido montante por uma distância aproximada de 10.651,60 metros até o Ponto 16, de coordenadas geográfica aproximadas 05°28’24.22” S e 54°21’6.15” Wgr., localizado na margem direita do Rio Iriri; deste, segue por uma reta de azimute 265º49’57” e distância de 8.717,05 metros até o Ponto 17, de coordenadas geográfica aproximadas 05°28’44.50” S e 54°25’48.28” Wgr., localizado na divisa das Terras Indígenas de Xipaya e Kuruáya; deste, segue por uma reta de azimute 355º50’58” e distância aproximada de 4.773,46 metros até o Ponto 18, de coordenadas geográfica aproximadas 05°26’9.51” S e 54°25’45.53” Wgr., localizado na nascente de um igarapé sem denominação afluente da margem esquerda do Rio Iriri; deste, segue a jusante pelo referido igarapé por uma distância aproximada 4.914,44 metros até a sua confluência com o Rio Iriri, no Ponto 19, de coordenadas geográfica aproximadas 05°23’53.64” S e 54°25’53.82” Wgr.; deste, segue pelo limite nordeste da Terra Indígena de Xipaya por uma distância aproximada de 81.127,64 metros até o Ponto 20 de coordenadas geográfica aproximadas 05°16’30.46” S e

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54°50’0.02” Wgr., localizado na divisa da Terra Indígena Xipaya com a Reserva Extrativista do Riozinho do Anfrísio; deste, segue por uma reta de azimute 029º23’14” e distância aproximada de 17.308,54 metros até o Ponto 21, de coordenadas geográfica aproximadas 05°08’19.50” S e 54°44’41.72” Wgr, localizado na nascente do Igarapé Nazaré; deste, segue a jusante pelo referido igarapé por uma distância aproximada de 33.980,05 metros até o Ponto 22, de coordenadas geográfica aproximadas 05°00’19.39” S e 54°33’04.60” Wgr, localizado na confluência do Igarapé Nazaré com o Rio Iriri; deste, segue pela margem esquerda do Rio Iriri por uma distância aproximada de 36.506,37 metros até o Ponto 23, de coordenadas geográfica aproximadas 04°45’35.83” S e 54°39’31.10” Wgr, localizado na confluência do Igarapé Laura com o Rio Iriri; deste, segue pela margem esquerda do Rio Iriri por uma distância aproximada de 146.832,55 metros até o Ponto 01, início deste memorial descritivo, totalizando um perímetro aproximado de quinhentos e quarenta e três mil, cento e setenta metros e trinta e um centímetros, ficando excluídas do limite acima descrito as ilhas Sobradinho, São João, Marisal, Chico Domingos, Do Amor, Do Moreira e Do Remanso Velho pertencentes à Terra Indígena Xipaya.” À luz da Figura apresentada no Anexo 1, a despeito da localização desta RESEX em um dos municípios da Área de Influência Direta (AID), não são antevistos impactos negativos sobre a mesma decorrentes do empreendimento em pauta. Nesse sentido, há que se ressaltar a grande extensão territorial do município de Altamira, o que leva à consideração formal desta RESEX para fins de análise legal, ressalvando-se, no entanto, a não expectativa de efeitos deletérios do AHE Belo Monte sobre a mesma. 2 FLORESTAS NACIONAIS 2.1 Dispositivo Legal Aplicável O Decreto Federal nº 1.298, de 27 de outubro de 1994, aprova o Regulamento das Florestas Nacionais – FLONAS, áreas de domínio público, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecidas com os seguintes objetivos (artigo 1º): “I - promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e outros produtos vegetais; II - garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas, e dos sítios históricos e arqueológicos; III - fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica e aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo” As FLONAS são áreas assim delimitadas pelo Governo Federal, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade, em parte ou no todo, constituindo-se bens da União, administradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, sob a supervisão do Ministério do Meio Ambiente (§1º, artigo 1º). No entanto, com o advento da Medida Provisória 366, de 26 de abril de 2007, o Instituto Chico Mendes será responsável pela administração e implementação de todas as Unidades de Conservação, no âmbito federal, conforme já exposto neste relatório. No cumprimento dos objetivos mencionados, as Florestas Nacionais serão administradas visando (§ 2°, artigo 1º): “a) demonstrar a viabilidade do uso múltiplos e sustentável dos recursos florestais e desenvolver técnicas de produção correspondente;

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b) recuperar áreas degradadas e combater a erosão e sedimentação; c) preservar recursos genéricos in-situ e a diversidade biológica. d) assegurar o controle ambiental nas áreas contíguas.” Nos termos do artigo 3°, do Decreto nº 1.298/94, a preservação e o uso racional e sustentável das FLONAS, em conformidade com a destinação e os objetivos mencionados, far-se-ão, em cada caso, de acordo com o respectivo Plano de Manejo, que conterá programas de ação e de zoneamento ecológico-econômico. Toda infra-estrutura a ser implantada em quaisquer FLONAS deverá constar do respectivo Plano de Manejo e limitar-se-á ao estritamente necessário, com um mínimo impacto sobre a paisagem e os ecossistemas; (inciso I, artigo 6°). A Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), dispõe em seu artigo 17 que Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração. O §2o do artigo 17 da Lei Federal n° 9.985/00 determina que nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a habitavam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade. Assim, a pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas. A Floresta Nacional, nos termos do §5º do artigo em referência, deve dispor de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes. 2.2 Floresta Nacional de Caxiuanã Categoria: Unidade de Conservação do Grupo Sustentável; Diploma legal: Decreto Federal nº 239, de 28 de novembro de 1961; Município: Melgaço/PA; Objetivos: uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em método para exploração sustentável de florestas nativas, regulando a exploração perpétua das matas e o preço de fornecimento de sementes e mudas aos interessados que desejarem promover o florestamento e o reflorestamento de suas propriedades; Plano de Manejo: não possui;

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Observação: o Museu Paraense Emílio Goeldi mantém, desde 1993, em área cedida pelo IBAMA, uma estação que desenvolve pesquisa científica sobre a fauna, a flora, o ambiente físico e o homem da região. Em 2003 a Floresta Nacional de Caxiuanã passou a fazer parte de uma rede de estações de monitoramento da biodiversidade estabelecida pela organização não governamental Conservation International-CI, conhecida como TEAM (Tropical Ecology, Assessment and Monitoring Initiative). Por meio de acordo estabelecido com o Museu Emilio Goeldi e a Administração da FLONA, estão sendo coletados diversos dados sobre a biodiversidade por meio de protocolos de pesquisa padronizados e definidos pela CI. Extensão da área: 200.000ha (duzentos mil hectares); Delimitação geográfica: “Leste, as margens esquerdas do rio Anapu, da baía de Pracuí e da baía do Caxiuana; ao norte, partindo da margem esquerda da baía do Caxiuana, em direção oeste pelo divisor de águas entre os afluentes do rio Caxiuana e os afluentes da margem direita do rio Amazonas; a oeste, acompanhando na direção sul, o divisor de águas entre os afluentes da margem direita do rio Xingu e os afluentes da baía do Caxiuana, da baía de Pracuí e do rio Anapu; ao sul, seguindo o paralelo 2º e 15" S, desde o limite oeste até a margem esquerda do rio Anapu.” 3 ESTAÇÕES ECOLÓGICAS 3.1 Dispositivo Legal Aplicável A Lei Federal nº 6.902, de 27 de abril de 1981, dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas, consideradas áreas representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista. Conforme os §1º e §2º do artigo 1º da referida Lei, 90% (noventa por cento) ou mais da área de cada Estação Ecológica será destinada, em caráter permanente, e definida em ato do Poder Executivo, à preservação integral da biota, e na área restante, desde que haja um plano de zoneamento aprovado, poderá ser autorizada realização de pesquisas ecológicas que venham acarretar modificações ao ambiente natural. A Lei Federal nº 6.902/81 é regulamentada pelo Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990, que estabelece, em seu artigo 25, que as Estações Ecológicas Federais serão criadas por Decreto do Poder Executivo e o ato de criação definirá os limites geográficos a sua denominação. O §2º do mencionado artigo 25 prevê que, para a execução de obras de engenharia que possam afetar as estações ecológicas, será obrigatória a audiência prévia do CONAMA. Nas áreas vizinhas às Estações Ecológicas serão observados, para proteção da biota local, os cuidados a serem estabelecidos em regulamento. Nesse sentido, o artigo 27, do Decreto nº 99.274/90, determina que nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficará subordinada às normas editadas pelo CONAMA.

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A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas, conforme artigo 9º, da Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC), Nos termos do §4o, do mencionado artigo 9º, na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de: “I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.” A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico. A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 3.2 Estação Ecológica “Terra do Meio” Categoria: Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral; Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 17 de fevereiro de 2005; Município: Altamira e São Felix do Xingu, no estado do Pará; Objetivos: preservar os ecossistemas naturais existentes, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, conforme dispuser o Plano de Manejo da unidade de conservação, sendo a visitação pública permitida somente em caráter educacional e/ou científico, dependendo de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade; Plano de Manejo: não possui; Extensão da área: 3.373.111ha (três milhões, trezentos e setenta e três mil, cento e onze hectares); Delimitação geográfica: “Inicia-se no ponto 1, de coordenadas geográficas aproximadas (c.g.a.) 04o07’18" Latitude Sul (S) e 53o21’46" Longitude Wgr., localizado na confluência do Igarapé Mossoró com o Rio Iriri e fazendo limite com a Terra Indígena Kararaô, correspondendo ao ponto SAT-7 do memorial descritivo da referida Terra Indígena, constante no Decreto de 14 de abril de 1998; deste ponto, segue a montante pela margem esquerda do Igarapé Mossoró até o ponto 2, de c.g.a. 04o25’37" S e 53o02’16" Wgr., localizado em uma de suas nascentes, correspondendo

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ao ponto SAT-6 do memorial descritivo da Terra Indígena Kararaô; daí, segue por linhas retas, passando pelos pontos 3, de c.g.a. 04o24’38" S e 53o01’28" Wgr., 4, de c.g.a. 04o23’47" S e 53º00’48" Wgr., 5, de c.g.a. 04º22’57" S e 53º00’07" Wgr., e 6, de c.g.a. 04º22’07" S e 52º59’26" Wgr., este correspondendo ao SAT-5 do memorial descritivo da Terra Indígena Kararaô; deste, segue por linhas retas, passando pelos pontos 7, de c.g.a. 04º21’34" S e 52º58’09" Wgr., 8, de c.g.a. 04º21’10" S e 52º57’09" Wgr., 9, de c.g.a. 04º20’45" S e 52º56’09" Wgr., 10, de c.g.a. 04º20’20" S e 52º55’09" Wgr., 11, de c.g.a. 04º19’56" S e 52º54’09" Wgr., e 12, de c.g.a. 04º19’31" S e 52º53’09" Wgr., até atingir o Igarapé do Cajueiro, no ponto 13, de c.g.a. 04º19’08" S e 52º52’10" Wgr., este correspondendo ao SAT-4 do memorial descritivo da Terra Indígena Kararaô; deste, segue a jusante pela margem direita do Igarapé do Cajueiro até sua foz no Rio Xingu, no ponto 14, de c.g.a. 04º19’32" S e 52º44’33" Wgr., este correspondendo ao SAT-018F do memorial descritivo da Terra Indígena Kararaô; deste ponto, segue a montante pela margem esquerda do Rio Xingu até a foz do Igarapé Baliza, no ponto 15, de c.g.a. 04º22’05" S e 52º44’00" Wgr.; deste, segue a montante pela margem esquerda do Igarapé Baliza até a confluência de um igarapé sem denominação, no ponto 16, de c.g.a 04°24’54" S e 52°49’50" Wgr., deste, segue em linha reta até o ponto 17, de c.g.a 04°34’16" S e 52°52’11" Wgr., situado no Igarapé Floresta; deste, segue em linha reta até o ponto 18, de c.g.a. 04°39’32" S e 52°54’32" Wgr., situado no Igarapé do Estragado; deste, segue em linha reta até o ponto 19, de c.g.a. 04°45’35" S e 52°57’19" Wgr., situado em um afluente sem denominação da margem esquerda do Igarapé Piracuí; deste, segue em linha reta até o ponto 20, de c.g.a. 04°49’35" S e 52°58’36" Wgr., situado em um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Igarapé Piracuí; deste, segue em linha reta até o ponto 21, de c.g.a 04°56’33" S e 53°03’23" Wgr., situado em um igarapé sem denominação; deste, segue em linha reta até o ponto 22, de c.g.a. 05°02’07" S e 53°04’27" Wgr., situado no Igarapé Forte Veneza; deste, segue em linha reta até o ponto 23, de c.g.a. 05°13’03" S e 53°02’55" Wgr., situado no Igarapé Humaitá; deste, segue em linha reta até o ponto 24, de c.g.a. 05°20’46" S e 53°02’26" Wgr., situado na confluência de um igarapé sem denominação com o Igarapé do Cipó; deste, segue em linha reta até o ponto 25, de c.g.a. 05°28’49" S e 52°59’21" Wgr., situado na margem esquerda do Rio do Pardo; deste, segue a montante pela margem esquerda do Rio do Pardo, até a confluência de um igarapé sem nome, no ponto 26, de c.g.a. 05º40’50" S e 53º26’33" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 27, de c.g.a. 05º37’15" S e 53°33’39" Wgr., situado no Igarapé Encravado; deste, segue em linha reta até o ponto 28, de c.g.a. 05°37’05" S e 53°41’12" Wgr., situado em um Igarapé sem denominação, afluente da margem esquerda do Igarapé Encravado; deste, segue em linha reta até o ponto 29, de c.g.a. 05°39’28" S e 53°43’31" Wgr., situado na confluência de um igarapé sem denominação com o Rio Novo; deste, segue a montante pela margem esquerda do referido afluente até a sua nascente no ponto 30, de c.g.a. 05°44’24" S e 53°47’46" Wgr., deste, segue em linha reta até o ponto 31, de c.g.a. 05°45’39" S e 53°47’49" Wgr., situado na nascente de um igarapé sem denominação; deste, segue a jusante pela margem direita do referido Igarapé até o ponto 32, de c.g.a. 05°48’36" S e 53°51’13" Wgr., deste, segue em linha reta até o ponto 33, de c.g.a. 05°49’11" S e 53°54’38" Wgr., situado em um igarapé sem denominação; deste, segue a jusante pela margem direita do referido igarapé até a confluência com outro igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Igarapé da Bala, no ponto 34, de c.g.a. 05°54’15" S e 53°55’43" Wgr., deste, segue em linha reta até o ponto 35, de c.g.a. 06°00’20" S e 53°56’06" Wgr.; deste, segue a montante pela margem esquerda do Igarapé da Bala até a desembocadura de um igarapé sem denominação, no ponto 36, de c.g.a. 06º11’23" S e 53º40’54" Wgr.; deste, segue a montante pela margem esquerda do referido afluente até a sua nascente, no ponto 37, de c.g.a. 06º19’51" S e 53º42’53" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 38, de c.g.a. 06º26’54" S e 53º41’49"

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Wgr., situado na margem esquerda do Igarapé do Baía; deste, segue a montante pela margem esquerda do referido igarapé até a sua nascente, no ponto 39, de c.g.a. 06º29’11" S e 53º37’20" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 40, de c.g.a. 06º35’27" S e 53º37’37" Wgr., situado em um afluente sem denominação da margem direita do Rio Iucatã; deste, segue a jusante pela margem direita referido afluente até a confluência com outro igarapé sem denominação, no ponto 41, de c.g.a. 06°38’52" S e 53°37’27" Wgr.; deste, segue a jusante pela margem direita do referido afluente até a confluência com outro igarapé sem denominação, no ponto 42, de c.g.a. 06°40’16" S e 53°39’30" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 43, de c.g.a. 06°41’43" S e 53°39’19" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 44, de c.g.a. 06°42’25" S e 53°35’24" Wgr., situado na nascente de um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Rio Iucatã; deste, segue em linha reta até o ponto 45, de c.g.a. 06°40’25" S e 53°33’24" Wgr., situado em um igarapé sem denominação; deste, segue em linha reta até o ponto 46, de c.g.a. 06°39’30" S e 53°31’41" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 47, de c.g.a. 06°34’34" S e 53°31’16" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 48, de c.g.a. 06º33’49" S e 53º26’02" Wgr., situado na nascente de um afluente sem denominação da margem direita do Igarapé Tiborna; deste, segue a jusante pelo referido afluente até sua confluência no Igarapé Tiborna, no ponto 49, de c.g.a. 06º37’46" S e 53º16’21" Wgr.; deste, segue a jusante pela margem direita do Igarapé Tiborna até o ponto 50, de c.g.a. 06°37’03" S e 53°03’01" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 51, de c.g.a. 06°43’57" S e 53°00’08" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 52, de c.g.a. 06°46’38" S e 52°53’59" Wgr., na confluência de um igarapé sem denominação na margem esquerda do Igarapé Triunfo; deste, segue a montante pela margem esquerda do Igarapé Triunfo até a foz de um afluente sem denominação, no ponto 53, de c.g.a. 06º47’25" S e 52º52’24" Wgr.; deste, segue a montante pela margem esquerda do referido afluente até a sua nascente, no ponto 54, de c.g.a. 06º57’37" S e 52º53’23" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 55, de c.g.a. 06º58’34" S e 52º52’15" Wgr., situado em um afluente sem denominação da margem esquerda do Igarapé das Cutias; deste, segue a jusante pelo referido afluente até sua confluência com o Igarapé das Cutias, no ponto 56, de c.g.a. 07º02’57" S e 52º59’36" Wgr., deste, segue a jusante pela margem direita do Igarapé das Cutias até sua foz no Rio Porto Seguro, no ponto 57, de c.g.a. 07º04’51" S e 52º57’58" Wgr., situado no limite da Terra Indígena Kayapó, segundo memorial descritivo constante no Decreto no 316, de 29 de outubro de 1991; deste, segue a montante pela margem esquerda do Rio Porto Seguro até a foz de um afluente sem denominação, no ponto 58, de c.g.a. 07º05’06" S e 53º04’50" Wgr., correspondendo ao limite da Terra Indígena Kayapó; deste, segue a montante pelo referido igarapé sem denominação até o ponto 59, de c.g.a. 07º13’23" S e 53º07’32" Wgr., situado na divisa das Terras Indígenas Kayapó e Menkragnoti; deste, segue a montante pela margem esquerda do igarapé sem denominação até sua cabeceira, no ponto 60, de c.g.a. 07º12’10" S e 53º18’36" Wgr., correspondente ao marco JP-216 constante no Decreto de 19 de agosto de 1993, que homologa a Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue em linha reta até ponto 61, de c.g.a. 07º11’53" S e 53º19’08" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação da margem direita do Rio Iriri e correspondendo ao marco SAT-2023 do Decreto da Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue a jusante pela margem direita do referido afluente sem denominação até o ponto 62, de c.g.a. 07º14’51" S e 53º39’50" Wgr., situado na foz deste afluente na margem direita do Rio Iriri, correspondendo ao limite da Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue em linha reta para a margem esquerda do Rio Iriri, no ponto 63, de c.g.a. 07º14’55" S e 53º40’24" Wgr.; deste, segue a jusante pela margem esquerda do Rio Iriri até o ponto 64, de c.g.a. 07º10’07" S e 53º43’16" Wgr., situado na foz do Igarapé Candoca, correspondendo ao marco SAT-2022 da divisa da Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue a montante pela margem esquerda do referido igarapé até sua cabeceira situada no ponto 65, de c.g.a. 07º21’05" S e 53º50’02" Wgr.,

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correspondendo ao marco JP-12 do limite da Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue em linha reta até o ponto 66, de c.g.a. 07º21’13" S e 53º50’30" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação da margem direita do Rio Catete, correspondendo ao marco SAT-2020 do limite da Terra Indígena Menkragnoti; deste, segue a jusante pela margem direita do referido afluente até sua foz no Rio Catete, no ponto 67, de c.g.a. 07º20’17" S e 53º52’08" Wgr., correspondendo ao limite das Terras Indígenas Menkragnoti e Baú; deste, segue a jusante pela margem direita do Rio Catete até o ponto 68, de c.g.a. 06°31’19" S e 54°09’13" Wgr., na confluência de um igarapé sem denominação, percorrendo parte do limite da Terra Indígena Baú conforme o memorial descritivo da Portaria no 1.487 de 8 de outubro de 2003, do Ministério da Justiça; deste, segue a montante pela margem direita do referido Igarapé até sua nascente, no ponto 69, de c.g.a. 06°27’17" S e 54°20’42" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 70, de c.g.a. 06°23’18" S e 54°16’28" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação da margem esquerda do Rio Catete; deste, segue em linha reta até o ponto 71, de c.g.a. 06°11’08" S e 54°20’06" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação da margem esquerda do Rio Iriri; deste, segue em linha reta até o ponto 72, de c.g.a. 05°58’59" S e 54°22’50" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação; deste, segue em linha reta até a cabeceira de um igarapé sem denominação, no ponto 73, de c.g.a. 05º53’02" S e 54º22’46" Wgr., correspondendo ao ponto P-05 do limite da Terra Indígena Kuruáya, segundo consta na Portaria no 3.008, de 30 de dezembro de 2002, do Ministério da Justiça; deste, segue pelo divisor de águas das bacias dos Rios Iriri e Curuá, conforme consta da Portaria no 1.487, de 2003, do Ministério da Justiça, até o ponto 74, de c.g.a. 05º28’45" S e 54º25’48" Wgr., correspondendo ao ponto P-04 do limite da Terra Indígena Kuruáya; deste, segue em linha reta até o ponto 75, de c.g.a. 05°28’24" S e 54°21’04" Wgr., localizado na margem direita do Rio Iriri; deste, segue a jusante pelo referido Rio até o ponto 76, de c.g.a. 05°24’46" S e 54°24’23" Wgr., localizado na confluência de um igarapé sem denominação na margem direita do Rio Iriri; deste, segue a montante pelo referido Igarapé até sua nascente, no ponto 77, de c.g.a. 05°22’45" S e 54°18’49" Wgr., deste, segue em linha reta até o ponto 78, de c.g.a. 05°11’23" S e 54°20’36" Wgr., localizado em um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Igarapé do Gelo; deste, segue em linha reta até o ponto 79, de c.g.a. 05°05’14" S e 54°23’10" Wgr., localizado em um igarapé sem denominação, afluente da margem esquerda do Igarapé Jatobá; deste, segue em linha reta até o ponto 80, de c.g.a. 05°00’57" S e 54°23’18" Wgr., localizado no Igarapé Jatobá; deste, segue em linha reta até o ponto 81, de c.g.a. 04°55’36" S e 54°25’59" Wgr., localizado no Igarapé Fortaleza; deste, segue a montante pelo referido Igarapé até a sua nascente, no ponto 82, de c.g.a. 04°51’31" S e 54°23’48" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 83, de c.g.a. 04°47’12" S e 54°22’56" Wgr.; localizado em um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Rio Branco; deste, segue em linha reta até o ponto 84, de c.g.a. 04°45’11" S e 54°11’49" Wgr., localizado na confluência de um igarapé sem denominação na margem esquerda do Rio Branco; deste, segue em linha reta até o ponto 85, de c.g.a. 04°45’23" S e 54°02’38" Wgr., localizado no Rio do Carajari; deste, segue em linha reta até o ponto 86, de c.g.a. 04°37’42" S e 53°52’29" Wgr., localizado no Igarapé do Caititu; deste, segue em linha reta até o ponto 87, de c.g.a. 04°36’19" S e 53°43’53" Wgr., localizado no Igarapé das Dúvidas ou das Pacas, afluente da margem esquerda do Rio Novo; deste, segue em linha reta até o ponto 88, de c.g.a. 04°35’33" S e 53°37’48" Wgr., localizado na margem direita do Rio Novo; deste, segue a jusante pela margem direita do referido Rio, até a sua confluência com o Rio Iriri, no ponto 89, de c.g.a. 04°27’38" S e 53°40’36" Wgr.; deste, segue a jusante pela margem direita do Rio Iriri até o ponto 1, início da descrição deste perímetro.”

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4 PARQUES NACIONAIS 4.1 Dispositivo Legal Aplicável O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, conforme estabelece o artigo 11, da Lei Federal n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC). O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administraçãoe àquelas previstas em regulamento. “O parque nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividade de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e turismo ecológico” 364. O §3o do artigo 11 da Lei do SNUC dispõe que a pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento. 4.2 Parque Nacional “Serra do Pardo” Categoria: Unidade de Conservação do Grupo de Proteção Integral; Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 17 de fevereiro de 2005; Município: Altamira e São Felix do Xingu, estado do Pará; Objetivos: preservar ecossistemas naturais, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico; Plano de Manejo: não possui; Extensão da área: 445.392ha (quatrocentos e quarenta e cinco mil e trezentos e noventa e dois hectares); Delimitação geográfica: Inicia-se no ponto 1, de coordenadas geográficas aproximadas (c.g.a.) 05°28’49" S e 52°59’21" Wgr., situado na margem esquerda do Rio Pardo; deste, segue em linha reta até o ponto 2, de c.g.a. 05°30’06" S e 52°57’58" Wgr., situado em um igarapé sem denominação, afluente da margem direita do Rio Pardo; deste, segue em linha reta até o ponto 3, de c.g.a. 364 RODRIGUES, José Eduardo Ramos. Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Ed. RT: São Paulo, 2006, p. 163/164).

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05°32’46" S e 52°53’08" Wgr., situado na cabeceira de um igarapé sem denominação; deste, segue em linha reta até o ponto 4, de c.g.a. 05°35’36" S e 52°51’05" Wgr., situado no Igarapé Caxinduba; deste, segue em linha reta até o ponto 5, de c.g.a. 05°40’37" S e 52°49’49" Wgr., situado no Igarapé do Coqueiro; deste, segue a jusante pelo referido igarapé até a sua foz no Rio Xingu, no ponto 6, de c.g.a. 05o36’54" S e 52o42’32" Wgr.; deste, segue a montante, pela margem esquerda do Rio Xingu, até o ponto 7, de c.g.a. 06o01’13" S e 52o36’58" Wgr., situado na desembocadura do Igarapé São Francisco; deste, segue a montante, pela margem esquerda do Igarapé São Francisco, até sua cabeceira no ponto 8, de c.g.a. 06o08’14" S e 52o48’22" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 9, de c.g.a. 06º08’01" S e 52o50’54" Wgr., situado na cabeceira de um afluente sem denominação da margem direita do Igarapé São Luís; daí, segue a jusante pelo referido afluente até sua confluência com o Igarapé São Luís, no ponto 10, de c.g.a. 06o05’49" S e 53º01’07" Wgr.; deste, segue a jusante pelo Igarapé São Luís até sua confluência com o Igarapé do Pontal, no ponto 11, de c.g.a. 06o04’44" S e 53º03’10" Wgr.; deste, segue a montante, pela margem direita do Igarapé do Pontal até o ponto 12, de c.g.a. 06o05’06" S e 53o05’46" Wgr., situado na desembocadura do Igarapé Castanhal; deste, segue a montante, pela margem esquerda do Igarapé Castanhal, até o ponto 13, de c.g.a. 06o02’21" S e 53o10’45" Wgr., situado na foz de um afluente sem denominação; deste, segue a montante, pela margem esquerda do referido afluente, até sua nascente no ponto 14, de c.g.a. 05o58’14" S e 53o15’44" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 15, de c.g.a. 05o56’46" S e 53o16’58" Wgr., situado na confluência do Igarapé do Garrancho com um igarapé sem denominação; deste, segue a jusante, pela margem direita do Igarapé do Garrancho, até o ponto 16, de c.g.a. 05o52’33" S e 53o16’22" Wgr.; deste, segue em linha reta até o ponto 17, de c.g.a. 05o48’24" S e 53o15’42" Wgr., situado na nascente de um afluente sem denominação da margem direita do Rio Pardo; deste, segue a jusante pela margem direita do referido afluente, até a sua foz no Rio Pardo, no ponto 18, de c.g.a. 05o40’50" S e 53o26’33" Wgr.; deste, segue a jusante, pela margem direita do Rio do Pardo, até o ponto 1, início da descrição deste perímetro.”

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ANEXO 5-3

Título de reconhecimento de domínio coletivo em favor da ARQMG – Associação dos remanescentes de quilombos de Gurupá

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FOLHA 1

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FOLHA 2

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ANEXO 5-4

Título de reconhecimento de domínio coletivo em favor da ARQMR – Associação dos remanescentes de quilombos Maria Ribeira

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FOLHA 1

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FOLHA 2

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ANEXO 5-5

Decretos de criação das terras indígenas na bacia do Rio Xingu

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APRESENTAÇÃO O presente Anexo trata das Terras Indígenas (TIs) localizadas na bacia do rio Xingu, aqui identificadas por sua nomenclatura oficial e mencionados os municípios em que se encontram localizadas. Ainda, analisou-se a atual situação jurídica de sua demarcação, o diploma legal de homologação, a extensão e delimitação geográfica da terra, e a quantidade de população existente. 2. TERRAS INDÍGENAS (TIs) 1.1 Terra Indígena Arara I Municípios: Altamira, Medicilândia, Brasil Novo e Uruará, no estado do Pará; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) - 24 de dezembro de 1991; Diploma legal: Decreto Federal nº 399, de 24 de dezembro de 1991, homologa a demarcação administrativa da Área Indígena Arara, no estado do Pará; Extensão da área: 274.010ha (duzentos e setenta e quatro mil e dez hectares); População: 199 (2006)365; Delimitação geográfica: prevista no artigo 2º do Decreto nº 399/91: “NORTE: A presente descrição perimétrica tem início no Marco SAT-F-15, monumentalizado em concreto, de coordenadas geográficas 03º47'51,618"S e 53º29'26,697"WGr.; situado na margem direita do Igarapé São Pedro, daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 120º29'55,9" e 2,09 metros, até o Marco 26 de coordenadas geográficas 03º47'51,653"S e 53º29'26,639"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 72º07'34,5" e 31,99 metros, até o Marco 11 de coordenadas geográficas 03º47'51,336"S e 53º29'25,651"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º31'19,3" e 475,82 metros, até o Marco 68 de coordenadas geográficas 03º47'47,508"S e 53º29'10,716"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º26'24,7" e 1.041,80 metros, até o Marco 88 de coordenadas geográficas 03º47'39,081"S e 53º28'38,028"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º25'50,8" e 919,74 metros, até o Marco 87 de coordenadas geográficas 03º47'31,636"S e 53º28'09,170"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º32'56,3" e 1.098,57 metros, até o Marco 86 de coordenadas geográficas 03º47'22,814"S e 53º27'34,683"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º33'58,3" e 997,98 metros, até o Marco 85 de coordenadas geográficas 03º47'14,808"S e 53º27'03,352"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º30'42,7" e 924,83 metros, até o Marco 84 de coordenadas geográficas 03º47'07,362"S e 53º26'34,324"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º34'48,0" e 1.027,47 metros, até o Marco 83 de coordenadas geográficas 03º46'59,127"S e 53º26'02,065"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 67º09'29,3" e 63,64 metros, até o Marco 25 de coordenadas geográficas 03º46'58,329"S e 365 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07, às 11hs15min.

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53º26'00,163"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 68º43'42,6" e 993,21 metros, até o Marco s/nº da Cotrijui de coordenadas geográficas 03º46'46,688"S e 53º25'30,147"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º05'10,9" e 1.049,31 metros, até o Marco 82 de coordenadas geográficas 03º46'38,570"S e 53º24'57,130"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º14'03,0" e 744,92 metros, até o Marco 24 de coordenadas geográficas 03º46'32,867"S e 53º24'33,675"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º57'18,1" e 273,89 metros, até o Marco 81 de coordenadas geográficas 03º46'30,728"S e 53º24'25,061"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º09'45,4" e 1.012,46 metros, até o Marco 80 de coordenadas geográficas 03º46'22,937"S e 53º23'53,193"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º52'00,5" e 599,77 metros, até o Marco 23 de coordenadas geográficas 03º46'18,224"S e 53º23'34,338"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 74º39'23,4" e 76,82 metros, até o Marco 27 de coordenadas geográficas 03º46'17,569"S e 53º23'31,937"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º45'31,1" e 447,09 metros, até o Marco 27/A de coordenadas geográficas 03º46'14,276"S e 53º23'17,829"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º00'37,1" e 1.052,63 metros, até o Marco 28 de coordenadas geográficas 03º46'06,086"S e 53º22'44,718"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º02'18,7" e 575,56 metros, até o Marco 28-A de coordenadas geográficas 03º46'01,617"S e 53º22'26,611"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º56'41,2 e 286,23 metros, até o Marco 77 de coordenadas geográficas 03º45'59,379"S e 53º22'17,609"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 74º59'03,6" e 1.407,23 metros, até o Marco 29 de coordenadas geográficas 03º45'47,635"S e 53º21'33,546"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º09'47,9" e 986,59 metros, até o Marco 75 de coordenadas geográficas 03º45'40,041"S e 53º21'02,492"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 74º48'27,3" e 1.987,69 metros, até o Marco 02 de coordenadas geográficas 03º45'23,258"S e 53º20'00,304"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 73º06'53,6" e 1.014,46 metros, até o Marco s/nº, do Incra de coordenadas geográficas 03º45'13,754"S e 53º19'28,831"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 86º04'21,7" e 149,07 metros, até o Marco 01 de coordenadas geográficas 03º45'13,434"S e 53º19'24,012"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 73º47'42,3" e 2.617,07 metros, até o Marco 34 de coordenadas geográficas 03º44'49,883"S e 53º18'02,535"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 356º32'57,2" e 3.137,57 metros, até o Marco s/nº, do Incra de coordenadas geográficas 03º43'07,948"S e 53º18'08,387"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 348º44'13,7" e 4.845,75 metros, até o Marco s/nº, do Incra de coordenadas geográficas 03º40'33,213"S e 53º18'38,646"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 345º22'48,3" e 1.920,02 metros, até o Marco s/nº do Incra de coordenadas geográficas 03º39'32,713"S e 53º18'54,189"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 345º34'43,6" e 1.327,27 metros, até o Marco 32 de coordenadas geográficas 03º38'50,854"S e 53º19'04,789"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 345º06'13,9" e 666,52 metros, até o Marco s/nº do Incra de coordenadas geográficas 03º38'29,879"S e 53º19'10,286"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 345º32'37,9" e 825,27 metros, até o Marco 31 de coordenadas geográficas 03º38'03,856"S e 53º19'16,893"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 262º23'42,3" e 2.532,24 metros, até o Marco 30 de coordenadas geográficas 03º38'14,550"S e 53º20'38,223"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 346º24'58,4" e 2.018,33 metros, até o Marco 36 de coordenadas geográficas 03º37'10,668"S e

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53º20'53,412"WGr.; localizado no entroncamento do travessão do km 140 com a Rodovia Transamazônica e próximo de uma ponte; daí, segue pelo bordo direito da citada rodovia no sentido da Cidade de Altamira, com uma distância de 27.862,33 metros, até o Marco 48 de coordenadas geográficas 03º31'05,769"S e 53º08'22,906"WGr.; situado no entroncamento do travessão do KM-120 com a Rodovia Transamazônica; daí, segue pelo citado travessão, por uma linha reta, com azimute e distância de 164º13'13,3" e 2.001,66 metros, até o Marco 49 de coordenadas geográficas 03º32'08,501"S e 53º08'05 418"Wgr., daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 249º07'01,3" e 2.508,43 metros, ate o Marco 82-A de coordenadas geográficas 03º32'37,426"S e 53º09'21,401"WGr.; daí segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º04'39,4" e 391,25 metros, até o Marco 17 de coordenadas geográficas 03º32'49,738"S e 53º09'18,166"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º59'18,0" e 496,96 metros até o Marco 18 de coordenadas geográficas 03º33'02,350"S e 53º09'14,831"WGr; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º58'57,1" e 402,59 metros, até o Marco 19 de coordenadas geográficas 03.033'15,013"S e 53º09'11,481"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 167º30'22,9" e 1.080,74 metros, até o Marco 83-A de coordenadas geográficas 03º33'49,372"S e 53º09'03,988'WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 160º10'26,4" e 573,97 metros, até o Marco s/nº, do Incra de coordenadas geográficas 03º34'06,960"S e 53º08'57,722"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º58'19,7" e 820,79 metros até o Marco 25-A de coordenadas geográficas 03º34'32,776"S e 53º08'50,888"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º54'46,7" e 454,57 metros, até o Marco 84-A de coordenadas geográficas 03º34'47,070"S e 53º08'47,089"Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º02'19,9" e 791,40 metros, até o Marco s/nº do Incra de coordenadas geográficas 03º35'11,969"S e 53º08'40,528"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º00'18,8" e 413,41 metros, até o Marco 40 de coordenadas geográficas 03º35'24,974"S e 53º08'37,094"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 166º56'09,5" e 490,52 metros, até o Marco s/nº do Incra de coordenadas geográficas 03º35'40,534"S e 53º08'33,538"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 158º29'11,2" e 952,83 metros, até o Marco 85-A de coordenadas geográficas 03º36'09,411"S e 53º08'22,286"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância 175º55'42,0" e 2.649,58 metros, até o Marco 86-A de coordenadas geográficas 03º37'35,442"S e 53º08'16,393"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 67º01'01,3" e 2.583,04 metros, até o Marco 87/A de coordenadas geográficas 03º37'02,798"S e 53º06'59,280"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 63º57'52,2" e 30,04 metros, até o Marco 87-B de coordenadas geográficas 03º37'02,371"S e 53º06'58,404"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º04'12,8" e 2.297,28 metros, até o Marco 88-A de coordenadas geográficas 03º36'44,540"S e 53º05'46,129"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 74º41'46,6" e 2.242,55 metros, até o Marco 89 de coordenadas geográficas 03º36'25,437" e 53º04'36,011"WGr.; dai, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º57'09,2" e 1.897,54 metros, até o Marco 90 de coordenadas geográficas 03º36'10,582 metros, até o Marco 90 de coordenadas geográficas 03º36'10,582"S e 53º03'36,342"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º14'28,0" e 176,65 metros, até o Marco s/nº do Incra de coordenadas geográficas 03º36'09,227"S e 53º03'30,780"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º44'48,3" e 2.649,49 metros, até o Marco 16 de coordenadas geográficas 03º35'49,646"S e 53º02'07,188"WGr.; dai, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º47'54,1" e 2.805,52 metros, até o Marco 15 de coordenadas geográficas 03º35'28,988"S e 53º00'38,654"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância

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de 77º00'29,8" e 2.107,02 metros, até o Marco 14 de coordenadas geográficas 03º35'13,716"S e 52º59'32,106"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º48'16,6" e 825,25 metros, até o Marco 13 de coordenadas geográficas 03º35'07,642"S e 52º59'06,063"WGr.; dai, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º01'34,8" e 2.379,39 metros, até o Marco 48-A de coordenadas geográficas 03º34'50,417"S e 52º57'50,907"WGr.; localizado no cruzamento da Rodovia Transamazônica com o travessão do km 120; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º52'42,2" e 111,65 metros, até o Marco 12 de coordenadas geográficas 03º34'49,661"S e 52º57'47,369"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º10'02,3" e 1.785,19 metros, até o Marco 64 de coordenadas geográficas 03º34'36,876"S e 52º56'50,951"Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º56'14,1" e 1,00 metros, até o Marco 11-A de coordenadas geográficas 03º34'36,869"S e 52º56'50,919"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º09'09,8" e 1.837,80 metros, até o Marco 10 de coordenadas geográficas 03º34'23,691"S e 52º55'52,841"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º03'11,2" e 1.660,22 metros, até o Marco 68-A de coordenadas geográficas 03º34'11,694"S e 52º55'00,395"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 80º21'23,1" e 10,91 metros, até o Marco 9 de coordenadas geográficas 03º34'11,635"S e 52º55'00,047"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º53'01,0" e 3.236,61 metros, até o Marco 69 de coordenadas geográficas 03º33'47,939"S e 52º53'17,873"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 72º03'34,4" e 14,58 metros, até o Marco 8 de coordenadas geográficas 03º33'47,793"S e 52º53'17,423"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º57'35,1" e 2.774,75 metros, até o Marco 7 de coordenadas geográficas 03º33'27,593"S e 52º51'49,802"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º52'22,2" e 2.735,59 metros, até o Marco 6 de coordenadas geográficas 03º33'07,542"S e 52º50'23,448"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 77º00'18,6" e 74,99 metros, até o Marco 74 de coordenadas geográficas 03º33'06,998"S e 52º50'21,080"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º12'46,6" e 3.666,05 metros, até o Marco 5 de coordenadas geográficas 03º32'38,909"S e 52º48'25,632"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º55'09,8" e 1.805,79 metros, até o Marco 4 de coordenadas geográficas 03º32'24,719"S e 52º47'28,856"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º58'33,7" e 3.263,57 metros, até o Marco 2-A de coordenadas geográficas 03º31'59,171"S e 52º45'46,221"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 76º03'09,3" e 1.033,75 metros, até o Marco 4-A de coordenadas geográficas 03º31'51,122"S e 52º45'13,700"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º57'29,9" e 650,31 metros, até o Marco 81-A de coordenadas geográficas 03º31'46,024"S e 52º44'53,250"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º56'45,3" e 353,49 metros, até o Marco 6-A de coordenadas geográficas 03º31'43,250"S e 52º44'42,134"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º55'15,7" e 1.017,09 metros, até o Marco 8/A de coordenadas geográficas 03º31'35,256"S e 52º44'10,155"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 75º49'06" e 556,03 metros, até o Marco Astronômico da Cotrijui de coordenadas geográficas 03º31'30,854"S e 52º43'52,681"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância, de 75º50'55,2" e 157,31 metros, até o Marco 5-A de coordenadas geográficas 03º31'29,611"S e 52º43'47,736"WGr. Leste: Do marco antes descrito, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º31'10,9" e 2.921,06 metros, até o Marco 2-B de coordenadas geográficas 03º33'01,727"S e 52º43'24,241"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º48'01,9" e 2.604,73 metros, até o Marco 3 de coordenadas geográficas 03º34'23,970"S e 52º43'03,692"WGr.; daí, segue por uma linha

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reta, com azimute e distância de 165º49'48,3" e 3.685,95 metros, até o Marco 4-B de coordenadas geográficas 03º36'20,368"S e 52º42'34,671"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º29'12,3" e 4.432,12 metros, até o Marco 5-B de coordenadas geográficas 03º38'40,117"S e 52º41'58,942"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º26'12,3" e 2.208,51 metros, até o Marco 6-B de coordenadas geográficas 03º39'49,738"S e 52º41'41,077"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 165º21'08,0" e 2.516,10 metros, até o Marco 7-A de coordenadas geográficas 03º41'09,026"S e 52º41'20,608"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º49'38,8" e 5.420,71 metros, até o Marco 8-B de coordenadas geográficas 03º43'59,432"S e 52º40'34,953"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 164º52'15,7" e 3.261,37 metros, até o Marco 9-A de coordenadas geográficas 03º45'41,979"S e 52º40'07,561"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 166º12'58,9" e 3.688,72 metros, até o Marco 10-A de coordenadas geográficas 03º47'38,662"S e 52º39'39,300"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 162º24'14,0" e 1.618,00 metros, até o Marco 11-B de coordenadas geográficas 03º48'28,902"S e 52º39'23,542"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 162º29'44,8" e 1.379,36 metros, até o Marco SAT-F-17 de coordenadas geográficas 03º49'11,754"S e 52º39'10,177"WGr.; situado na margem esquerda do Rio Iriri. SUL: Do marco antes descrito, segue pelo Rio Iriri, a montante, com uma distância de 85.999,52 metros, até o Marco 20 de coordenadas geográficas 03º59'54,177"S e 53º16'30,224"WGr.; situado na confluência do Rio Iriri com o Igarapé Cajueiro. OESTE: Do marco antes descrito, segue pelo Igarapé Cajueiro, a montante, com uma distância de 23.658,81 metros, até a sua cabeceira, no Marco 21 de coordenadas geográficas 03º54'23,885"S e 53º24'07,908"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 41º52'07,4" e 5.012,55 metros, até o Marco 22 de coordenadas geográficas 03º52'22,729"S e 53º22'19,173"WGr., situado na margem esquerda do Igarapé São Pedro, próximo de sua cabeceira, daí, segue por este, a jusante, com uma distância de 22.693,75 metros, até o Marco SAT-F-15, inicial da descrição deste perímetro.” 1.2 Terra Indígena Kararaô Município: Altamira/PA; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) - 14 de abril de 1998; Diploma legal: Decreto Federal s/n, de 15 de abril de 1998; Extensão da área: 330.838ha (trezentos e trinta mil oitocentos e trinta e oito hectares); População: 28 (1998)366; Delimitação geográfica: prevista no artigo 1º do Decreto s/n, de 14 de abril de 1998: “NORTE: Partindo do Ponto SAT-7 de coordenadas geográficas 04º07'18,27 S e 53º21'46,43" Wgr., localizado na confluência do igarapé Mossoró como rio Iriri, em sua margem direita; segue pelo citado rio, a jusante, com uma distância de cinqüenta e cinco mil, duzentos e dezoito metros e oitenta e nove centímetros, chega-se ao ponto SAT-8, de

366 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07.

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coordenadas geográficas 03º56'16,48" S e 53º04'36,16" Wgr., localizado na margem direita do rio Iriri, deste segue-se pela margem do referido rio, a jusante, com uma distância de cinqüenta mil, duzentos e quarenta e oito metros e treze centímetros, chega-se no ponto SAT-9, de Coordenadas geográficas 03º52'39,79" S e 52º45'50,35" Wgr., localizado na margem direita do rio Iriri, deste seguindo pela mesma margem do mesmo rio, a jusante, com uma distância de vinte e sete mil, quatrocentos e noventa metros e cinqüenta e seis centímetros, chega-se no ponto SAT-10 de Coordenadas geográficas 03º49'03,94" S e 52º36'23,52" Wgr., situado na confluência do Rio Iriri com o Rio Xingu, em sua margem esquerda. LESTE: Do ponto antes descrito, seguindo pela margem esquerda do Rio Xingu, a montante, com uma distância de quarenta e seis mil, quinhentos e quinze metros e dois centímetros, chega-se ao ponto SAT-2 de Coordenadas geográficas 04º06'17,64" S e 52º38'03,21" Wgr., localizado na margem esquerda do Rio Xingu, deste, seguindo pela mesma margem do mesmo Rio, numa distância, de trinta e três mil, quinhentos e cinqüenta e oito metros e vinte e oito centímetros, chega-se ao ponto SAT-018F de Coordenadas geográficas 04º19'32,76" S e 52º44'33,76" Wgr., localizado na confluência do Rio Xingu com o Igarapé Cajueiro, em sua margem esquerda. SUL: Do ponto antes descrito, seguindo pelo margem esquerda do Igarapé Cajueiro, a montante, com uma distância de quinze mil, cento e noventa e dois metros e quarenta e dois centímetros, chega-se ao ponto SAT-4 de Coordenadas geográficas 04º19'08,04" S e 52º52'10,96" Wgr., localizado na margem esquerda do Igarapé Cajueiro, deste, seguindo neste trecho por várias linhas retas, com os respectivos marcos, azimutes planos e distâncias: 247º34'47" e um mil, cento e noventa e um metros e quarenta e seis centímetros, chega-se ao marco M-01; 247º36'39" e um mil, novecentos e noventa e oito metros e treze centímetros, chega-se ao marco M-02; 247º31'28" e um mil, novecentos e noventa e um metros e quarenta e sete centímetros, chega-se ao marco M-03; 247º36'57" e um mil, novecentos e sessenta e oito metros e catorze centímetros, chega-se ao marco M-04; 247º30'10" e um mil, novecentos e noventa e oito metros e noventa e cinco centímetros, chega-se ao marco M-05; 247º33'15" e um mil, novecentos e oitenta e sete metros e dezessete centímetros, chega-se ao marco M-06; 247º30'39" e dois mil, quinhentos e noventa e dois metros e onze centímetros, chega-se ao ponto SAT-5 de coordenadas geográficas 04º22'07,47" S e 52º59'26,81" Wgr., localizado próximo da Cabeceira do igarapé Pedro Arcangêlo, deste, seguindo neste trecho por várias linha retas, com os respectivos marcos, azimutes planos e distâncias: 219º03'30" e dois mil e dois metros e oitenta e dois centímetros, chega-se ao marco M-07; 219º00'06' e dois mil e um metro e noventa e sete centímetros, chega-se ao marco M-08; 218º49'50" e mil, novecentos e noventa e três metros e um centímetro, chega-se ao marco M-09; 218º46'02" e 2.324,73 m, chega-se ao ponto SAT-6 de Coordenadas geográficas 04º25'37,80" S e 53º02'16,87" Wgr., localizado na confluência de um Igarapé Sem Denominação com o Igarapé Mossoró. OESTE: do ponto antes descrito, seguindo pela margem direita do Rio Mossoró, a jusante, seguindo com uma distância de cinqüenta e sete mil, oitocentos e cinqüenta e quatro metros e quatorze centímetros, chega-se ao ponto SAT-7, ponto inicial da descrição deste perímetro. A Base Cartográfica utilizada refere-se às folhas SA-22-Y-C-V, SA-D-B-VIa, SB-22-V-A-II e SB-22-V-A-IIl, da DSG, escala 1:100.000, ano de 1983, da DSG.” 1.3 Terra Indígena Koatinemo Municípios: Altamira, Senador José Porfírio, no estado do Pará; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) – 05 de janeiro de 1996; Diploma legal: Decreto Federal s/n, de 08 de janeiro de 1996;

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Extensão da área: 387.834ha (trezentos e oitenta e sete mil oitocentos e trinta e quatro hectares); População: 124 (2006)367; Delimitação geográfica: prevista no artigo 1º do Decreto s/n, de 05 de janeiro de 1996: “NORTE: Partindo do Marco 01 de coordenadas geográficas 03°043'30,87"S e 52°27'10,89"Wgr., situado na foz do Igarapé Lages do Rio Xingú, daí, segue no sentido montante pelo citado Igarapé com a distância de 26.697,37 metros, até sua cabeceira no Marco 02 de coordenadas Geográficas 03°54'38,22"S e 52°24'26,60"Wgr., daí segue por uma linha reta no azimute e distância de 096°00'31" e 6.915,94 metros, até o Marco 03 de coordenadas geográficas 03°55'02,16"S e 52°20'43,69"Wgr., situado na cabeceira do Igarapé sem denominação (afluente da margem esquerda do Rio Ituna), daí, segue no sentido jusante pelo citado Igarapé com a distância de 8.706,68 metros, até a confluência do Rio Ituna, no Marco 04 de coordenadas geográficas aproximadas 03°54'27,85"S e 52°17'02,27"Wgr., daí segue no sentido montante pelo citado Rio com a distância de 3.707,10 metros, até a confluência do Igarapé sem denominação (afluente direito do Rio Ituna), no Ponto 05 de coordenadas geográficas aproximadas 03°056'18,76"S e 52°16'48,40"Wgr., daí segue no sentido do montante pelo citado Igarapé com a distância de 10.352,69 metros, até sua cabeceira, no Marco 06 de coordenadas geográficas 03°57'54,64"S e 52°12'42,49"Wgr., daí segue por uma linha reta no azimute e distância de 130°24'25" e 484,17 metros até o Marco 07 de coordenadas geográficas 03°58'04,88"S e 52°12'30,55"Wgr., localizado na cabeceira do Rio Itatá, daí segue no sentido jusante pelo citado Rio com distância de 8.847,94 metros, até a confluência do Igarapé sem denominação (afluente esquerdo do Rio Itatá), no Ponto 08 de coordenadas geográficas aproximadas 03°58'30,5"S e 52º08'27"Wgr.. LESTE: do ponto antes descrito, segue no sentido montante pelo Igarapé sem denominação (afluente esquerdo do Rio Itatá), com a distância de 15.488,77 metros, até sua cabeceira, no Marco 09 de coordenadas geográficas 04º05'16,78"S e 52°08'43,52"Wgr., daí segue por uma linha reta no azimute e distância de 326°40'47" e 3.602,05 metros até o Marco 10 de coordenadas geográficas 04°03'38,70"S e 52º09'47,53"Wgr., localizado na cabeceira do Igarapé sem denominação (afluente direito do Rio Ipiaçava), daí segue no sentido jusante pelo citado Igarapé com a distância de 18.113,13 metros, até a confluência com o Igarapé Ipiaçava no Ponto 11 de coordenadas geográficas aproximadas 04°10'24,7"S e 52°13'53,29"Wgr., daí segue no sentido montante pelo Igarapé Ipiaçava com distância de 46.343,77 metros, até a confluência do Igarapé sem denominação (afluente esquerdo do Rio Ipiaçava), no Marco l2 de coordenadas geográficas 04°20'22,49"S e 51º58'58,29"Wgr., daí segue no sentido montante pelo citado Igarapé com a distância de 37.967,27 metros, até sua mais alta cabeceira, no Marco 13 de coordenadas geográficas aproximadas 04°37'11,03"S e 52°00'40,11"Wgr.. SUL: do ponto antes descrito segue por uma linha reta no azimute e distância de 206°56'40" e 36.614,27 metros, até a mais alta cabeceira do Igarapé Piranhaguara no Marco 14 de coordenadas geográficas 04°54'52,76"S e 52°09'40,13"Wgr., daí segue no sentido jusante pelo citado Igarapé com distância de 137.239,59 metros, até a confluência do Rio Xingú, no Marco 15 de coordenadas geográficas 04º08'19,68"S e 2°36'26,31"Wgr.. OESTE: do ponto antes descrito no sentido jusante pelo Rio Xingú com a distância de 64.214,50 metros, até o Marco 01, inicial da descrição.”

367 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07.

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1.4 Terra Indígena Trincheira Bacajá Municípios: Altamira, Senador José Porfírio, São Félix do Xingu, Pacajá e Anapu, no estado do Pará; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) – 02 de outubro de 1996; Diploma legal: Decreto Federal s/nº, de 04 de outubro de 1996; Extensão da área: 1.650.939ha (um milhão, seiscentos e cinqüenta mil, novecentos e trinta e nove hectares); População: 382 (1999)368; Delimitação geográfica: prevista no artigo 1º do Decreto s/nº, de 02 de outubro de 1996: “Norte: Partindo do Ponto 01 de coordenadas geográficas 03°46’56,67” S e 51°35’45,97” Wgr., localizado na foz do Igarapé Seca Farinha na margem esquerda do Rio Bacajá, segue por este, a montante, numa distância de 37.415,20 metros, até o Ponto 02 de coordenadas geográficas 03°53’17,78” S e 51°24’38,73” Wgr., localizado na foz do Igarapé Zinuino, junto a margem direita do Rio Bacajá; daí, segue pelo citado igarapé, a montante, numa distância de 3.442,06 metros, até o marco SAT-1002 de coordenadas geográficas 03°51’39,29” S e 51°24’07,65” Wgr., localizado na divisa com o lote 22; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 79°21’00” e distância de 216,68 metros, até o ME-103 de coordenadas geográficas 03º51’37,98” S e 51º24’00,75” Wgr., daí, segue por urna linha reta, com azimute de 79°21’07” e distância de 1.892,57 metros, até o ME-104 de coordenadas geográficas 03°51’26,62” S e 51°23’00,43” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 79°21’07” e distância de 2.109,67 metros, até o ME-105 de coordenadas geográficas 03°51’13,96” S e 51°21’53,20” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 79°20’46” e distância 1.900,95 metros, até o ME-106 de coordenadas geográficas 03°51’02,54” S e 51°20’52,62” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 03°34’04” e distância de 13,61 metros, até o ME-09ª de coordenadas geográficas 03°51’02,09” S e 51°20’52,59” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 82°01’39” e distância de 279,11 metros, até o ME-09 de coordenadas geográficas 03°51’00,84” S e 51°20’43,63” Wgr., localizado na divisa com o lote 24; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 172°37’07” e distância de 4.185,29 metros, até o ME-10 de coordenadas geográficas 03°53’16,02”S e 51°20’26,25”Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 172°36’43” e distância de 836,71 metros, até o ME-11 de coordenadas geográficas 03°53’43,05” S e 51°20’22,77” Wgr.; localizado na divisa com o lote 29; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 89°53’38” e distância de 2.173,05 metros, até o ME-12 de coordenadas geográficas 03°53’42,94” S e 51°19’12,31” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 89°49’09” e distância de 1.858,72 metros, até o ME-13 de coordenadas geográficas 03°53’42,77” S 51°18’12,04” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 90°00’33” e distância de 1.815,80 metros, até o ME-14 de coordenadas geográficas 03°53’42,80” S e 51º17’13,16” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 90°02’23” e distância de 191,24 metros, até o marco SAT-1003 de coordenadas geográficas 03°53’42,81” S e 51°17’06,96” Wgr., localizado na margem esquerda do Rio

368 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07.

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Anapú (confronta do SAT-1002 ao SAT-1003 com a Gleba Bacajá do INCRA); LESTE: do marco antes descrito, segue pelo Rio Anapú, a montante, numa distância de 60.442,47 metros, até o marco SAT-1122 de coordenadas geográficas 04°12’31,59” S e 51°03’48,99” Wgr., localizado na cabeceira do referido rio; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°31’31” e distância de 58,97 metros, até o ME-15 de coordenadas geográficas 04°12’33,19” S e 51°03’47,93” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°30’13” e distância de 1.940,46 metros, até o ME-16 de coordenadas geográficas 04°13’25,89” S e 51°03’13,20” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°28’22” e distância de 2.030,26 metros, até o ME-17 de coordenadas geográficas 04°14’21,02” S e 51°02’36,82” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°25’31” e distância de 1.999,54 metros, até o ME-18 de coordenadas geográficas 04°15’15,28” S e 51°02’00,95” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°23’09” e distância de 2.069,42 metros, até o ME-19 de coordenadas geográficas 04°16’11,41” S e 51°01’23,79” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°19’26” e distância de 1.981,04 metros, até o ME-20 de coordenadas geográficas 04°17’05,10” S e 51°00’48,15” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°15’41” e distância de 2.097,80 metros, até o ME-21 de coordenadas geográficas 04°18’01,91” S e 51°00’10,35” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 146°08’11” e distância de 884,83 metros, até o marco SAT-1123 de coordenadas geográficas 04°18’25,84” S e 50°59’54,36” Wgr.; daí, segue por uma linha reta acompanhando o meridiano 51, com azimute de 180°33’56” e distância de 57,85 metros, até o ME-22 de coordenadas geográficas 04°18’27,73” S e 50°59’54,38” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°32’58” e distância de 2.736,89 metros, até o ME-23 de coordenadas geográficas 04°19’56,86” S e 50°59’55,23” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°30’50” e distância de 2.083,57 metros, até o ME-24 de coordenadas geográficas 04°21’04,72” S e 50°59’55,83” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180º28’52” e distância de 2.003,80 metros, até o ME-25 de coordenadas geográficas 04°22’09,97” S e 50°59’56,38” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°27’14” e distância de 1.896,22 metros, até o ME-26 de coordenadas geográficas 04°23’11,73” S e 50°59’56,87” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°26’02” e distância de 2.001,62 metros, até o ME-27 de coordenadas geográficas 04°24’16,92” S e 50°59’57,36” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°24’38” e distância de 1.970,74 metros, até o ME-28 de coordenadas geográficas 04°25’21,10” S e 50°59’57,82” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180º23’18” e distância 2.134,66 metros, até o ME-29 de coordenadas geográficas 04°26’30,62” S e 50°59’58,29” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°21’48” e distância de 2.071,47 metros, até o ME-30 de coordenadas geográficas 04°27’38,08” S e 50°59’58,71” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°10’19” e distância de 1.963,82 metros, até o ME-31 de coordenadas geográficas 04°28’42,04” S e 50°59’58,90” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°08’58” e distância de 1.968,68 metros, até o ME-32 de coordenadas geográficas 04°29’46,15” S e 50°59’59,07” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°07’48” e distância de 2.021,17 metros, até o ME-33 de coordenadas geográficas 04°30’51,98” S e 50°59’59,22” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°06’02” e distância de 1.970,63 metros, até o ME-34 de coordenadas geográficas 04°31’56,16” S e 50°59’59,33” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°04’28” e distância de 2.026,68 metros, até o ME-35 de coordenadas geográficas 04°33’02,17” S e 50°59’59,42” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°04’00” e distância de 1.949,35 metros, até o ME-36 de coordenadas geográficas 04°34’05,65” S e 50°59’59,49” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com

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azimute de 180°03’51” e distância de 2.095,38 metros, até o ME-37 de coordenadas geográficas 04°35’13,89” S e 50°59’59,57” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°03’40” e distância de 1.862,66 metros, até o ME-38 de coordenadas geográficas 04°36’14,56” S e 50°59’59,63” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°03’22” e distância de 2.041,37 metros, até o ME-39 de coordenadas geográficas 04°37’21,04” S e 50°59’59,70” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°03’27” e distância de 1.459,63 metros, até o ME-40 de coordenadas geográficas 04°38’08,58” S e 50°59’59,74” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°03’10” e distância de 2.140,81 metros, até o ME-41 de coordenadas geográficas 04°39’18,30” S e 50°59’59,81” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°02’38” e distância de 2.135,09 metros, até o ME-42 de coordenadas geográficas 04°40’27,84” S e 50°59’59,86” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 180°02’12” e distância de 1.918,22 metros, até o ME-43 de coordenadas geográficas 04°41’30,31” S e 50°59’59,90” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°59’53” e distância de 1.955,12 metros, até o ME-44 de coordenadas geográficas 04°42’33,98” S e 50°59’59,90” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°59’17” e distância de 2.315,19 metros, até o ME-45 de coordenadas geográficas 04°43’49,38” S e 50°59’59,88” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°59’28” e distância de 2.093,99 metros, até o ME-46 de coordenadas geográficas 04°44’57,58” S e 50°59’59,87” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°59’34” e distância de 88,21 metros, até o marco SAT-1124 de coordenadas geográficas 04°45’00,45” S e 50°59’59,87” Wgr., localizado na margem esquerda de um Ramal que dá acesso ao Garimpo do Manelão; daí, segue por uma linha reta acompanhando o meridiano 51, por uma linha reta, com azimute de 179°59’30” e distância de 115,94 metros, até o ME-47 de coordenadas geográficas 04°45’04,23” S e 50°59’59,87” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°47’47” e distância de 1.925,67 metros, até o ME-48 de coordenadas geográficas 04°46’06,95” S e 50°59’59,65” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°47’29” e distância de 2.077,84 metros, até o ME-49 de coordenadas geográficas 04°47’14,62” S e 50°59’59,40” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°47’41” e distância de 1.963,59 metros, até o ME-50 de coordenadas geográficas 04°48’18,57” S e 50°59’59,18” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°47’06” e distância de 2.069,26 metros, até o ME-51 de coordenadas geográficas 04°49’25,96”S e 50°59’58,92” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179º44’47” e distância 1.987,20 metros, até o ME-52 de coordenadas geográficas 04°50’30,68” S e 50°59’58,64” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’44” e distância de 2.158,69 metros, até o ME-53 de coordenadas geográficas 04°51’40,98” S e 50°59’58,33” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’43” e distância de 1.843,36 metros, até o ME-54 de coordenadas geográficas 04°52’41,01” S e 50°59’58,06” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’39” e distância de 2.031,70 metros, até o ME-55 de coordenadas geográficas 04°53’47,18” S e 50°59’57,77” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’39” e distância de 2.144,08 metros, até o ME-56 de coordenadas geográficas 04°54’57,01” S e 50°59’57,45” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’39” e distância de 2.033,13 metros, até o ME-57 de coordenadas geográficas 04°56’03,22” S e 50°59’57,16” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’41” e distância de 1.978,34 metros, até o ME-58 de coordenadas geográficas 04°57’07,65” S 50°59’56,87” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’47” e distância de 1.998,81 metros, até o ME-59 de coordenadas geográficas 04°58’12,75” S e 50°59’56,59” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’49” e distância de 1.993,76 metros, até o ME-60 de coordenadas geográficas

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04°59’17,68” S e 50°59’56,30” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’57” e distância de 1.979,61 metros, até o ME-61 de coordenadas geográficas 05°00’22,15” S e 50°59’56,02” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°45’05” e distância de 2.329,74 metros, até o ME-62 de coordenadas geográficas 05°01’38,02” S e 50°59’55,69” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°45’07” e distância de 1.786,71 metros, até o ME-63 de coordenadas geográficas 05°02’36,21” S e 50°59’55,44” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°47’25” e distância de 2.137,14 metros, até o ME-64 de coordenadas geográficas 05°03’45,81” S e 50°59’55,18” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°48’21” e distância de 1.899,21 metros, até o ME-65 de coordenadas geográficas 05°04’47,66” S e 50°59’54,98” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°48’28” e distância de 1.979,28 metros, até o ME-66 de coordenadas geográficas 05°05’52,12” S e 50°59’54,76” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°48’33” e distância de 2.084,76 metros, até o ME-67 de coordenadas geográficas 05°07’00,02” S e 50°59’54,53” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°48’38” e distância de 2.080,96 metros, até o ME-68 de coordenadas geográficas 05°08’07,79” S e 50°59’54,31” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°52’18” e distância de 1.239,92 metros, até o ME-68ª de coordenadas geográficas 05°08’48,17” S e 50°59’54,22” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 270°05’01” e distância de 177,27 metros, até o ME-68B de coordenadas geográficas 05°08’48,16” S e 50°59’59,98” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°50’49” e distância de 737,12 metros, até o ME-69 de coordenadas geográficas 05°09’12,17” S e 50°59’59,91” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°50’44” e distância de 123,80 metros, até o marco SAT-1125 de coordenadas geográficas 05°09’16,20” S e 50°59’59,90” Wgr., localizado na margem esquerda de um Ramal que dá acesso ao Garimpo do Manelão; daí, segue por uma linha reta, acompanhando o meridiano 51, com azimute de 179°50’29” e distância de 99,29 metros, até o ME-71 de coordenadas geográficas 05°09’19,44” S e 50°59’59,89” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°50’24” e distância de 1.981,87 metros, até o ME-72 de coordenadas geográficas 05°10’23,98” S e 50°59’59,71” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°50’15” e distância de 1.991,12 metros, até o ME-73 de coordenadas geográficas 05°11’28,83” S e 50°59’59,53” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°50’10” e distância 2.085,55 metros, até o ME-74 de coordenadas geográficas 05°12’36,75” S e 50°59’59,34” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°35’06” e distância de 1.991,37 metros, até o ME-75 de coordenadas geográficas 05°13’41,60” S e 50°59’58,87” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°35’00” e distância de 2.054,63 metros, até o ME-76 de coordenadas geográficas 05°14’48,51” S e 50°59’58,38” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°34’54” e distância de 1.938,48 metros, até o ME-77 de coordenadas geográficas 05°15’51,64” S e 50°59’57,92” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°34’48” e distância de 1.994,84 metros, até o ME-78 de coordenadas geográficas 05°16’56,61” S e 50°59’57,45” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’34” e distância de 2.114,81 metros, até o ME-79 de coordenadas geográficas 05°18’05,48” S e 50°59’57,14” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’17” e distância de 1.951,28 metros, até o ME-80, de coordenadas geográficas 05º19’09,03” S e 50°59’56,85” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’09” e distância de 2.134,04 metros, até o ME-81 de coordenadas geográficas 05°20’18,53” S e 50°59’56,53” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°44’08” e distância de 1.629,68 metros, até o ME-82 de coordenadas geográficas 05°21’11,60” S e 50°59’56,28” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de

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179°43’58” e distância de 2.485,84 metros, até o ME-83 de coordenadas geográficas 05°22’32,56” S e 50°59’55,91” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°43’57” e distância de 1.607,14 metros, até o ME-84 de coordenadas geográficas 05°23’24,90” S e 50°59’55,66” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°43’54” e distância de 1.990,15 metros, até o ME-85 de coordenadas geográficas 05°24’29,71” S e 50°59’55,36” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 179°43’55” e distância de 2.172,52 metros, até o ME-86 de coordenadas geográficas 05°25’40,46” S e 50°59’55,03” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 182°25’58” e distância de 1.384,04 metros, até o marco SAT-1126 de coordenadas geográficas 05°26’25,50” S e 50°59’56,94” Wgr., localizado na margem direita do Rio Negro; SUL: do marco antes descrito, segue pelo Rio Negro, a jusante, numa distância de 61.016,44 metros até sua foz no Rio Bacajá, no marco SAT-1127 de coordenadas geográficas 05°23’07,88” S e 51°23’40,02” Wgr.; daí, segue pelo citado rio, a jusante, numa distância de 23.652,47 metros, até sua foz no Rio Branco de Cima, no marco SAT-1128 de coordenadas geográficas 05°15’19,76” S e 51°26’09,76” Wgr.; daí, segue a montante, pelo citado rio, numa distância de 86.216,13 metros, até o Ponto-13 de coordenadas geográficas 05°20’53,02” S e 52°00’30,33” Wgr., localizado na sua margem esquerda.; OESTE: do ponto antes descrito, segue por uma linha reta, com azimute de 359°42’39” e distância de 500,00 metros, até o MC-24 de coordenadas geográficas 05°20’36,74” S e 52°00’30,39” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’18” e distância de 5.019,00 metros, até o MC-23 de coordenadas geográficas 05°17’53,31” S e 52°00’31,01” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’30” e distância de 4.934,44 metros, até o MC-22 de coordenadas geográficas 05°15’12,63” S e 52°00’31,61” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’45” e distância de 5.113,89 metros, até o MC-21 de coordenadas geográficas 05°12’26,11” S e 52°00’32,22” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°42’17” e distância de 4.881,22 metros, até o marco SAT-08 de coordenadas geográficas 05°09’47,17” S e 52°00’32,79” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’05” e distância de 5.076,05 metros, até o MC-20 de coordenadas geográficas 05°07’01,88” S e 52°00’33,44” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°40’50” e distância de 4.919,75 metros, até o MC-19 de coordenadas geográficas 05°04’21,68” S e 52°00’34,08” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°40’24” e distância 5.046,93 metros, até o MC-18 de coordenadas geográficas 05°01’37,34” S e 52°00’34,76”Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°40’03” e distância de 4,955,34 metros, até o MC-17 de coordenadas geográficas 04°58’55,98” S e 52°00’35,44” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°40’02” e distância de 5.010,12 metros, até o MC-16 de coordenadas geográficas 04º56’12,84” S e 52°00’36,14” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’03” e distância de 4.934,27 metros, até o MC-15 de coordenadas geográficas 04°53’32,17” S e 52°00’36,78” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°41’41” e distância de 5.075,48 metros, até o MC-14 de coordenadas geográficas 04°50’46,90” S e 52°00’37,41” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°42’14” e distância de 4.988,99 metros, até o MC-13 de coordenadas geográficas 04°48’04,44” S e 52°00’38,01” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°42’46” e distância de 4.484,24 metros, até o MC-12 de coordenadas geográficas 04º45’38,42” S 52°00’38,52” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359º44’31” e distância de 4.451,06 metros, até o MC-11 de coordenadas geográficas 04°43’13,48” S e 52°00’38,97”Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°42’14” e distância de 4.955,02 metros, até o MC-10 de coordenadas geográficas 04°40’32,13” S e 52°00’39,56” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°38’14” e distância de 5.081,20 metros, até o MC-09 de coordenadas geográficas

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04°37’46,68” S e 52°00’40,37” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 359°37’32” e distância de 1.015,85 metros, até o MC-08 de coordenadas geográficas 04°37’13,60” S e 52°00’40,54” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 09°27’54” e distância de 79,30 metros, até o marco SAT-03 de coordenadas geográficas 04°37’11,05” S e 52°00’40,11” Wgr., localizado na cabeceira de um igarapé sem denominação, afluente da margem esquerda do Igarapé Ipiaçava; daí, segue pelo citado igarapé, a jusante, numa distância de 37.571,67 metros, até sua foz no Igarapé Ipiaçava, no marco SAT-1131 de coordenadas geográficas 04°20’22,51” S e 51°58’58,30” Wgr.; daí, segue por este, pela sua margem direita, a montante, numa distância de 1.355,98 metros, até o ME-88 de coordenadas geográficas 04°20’02,81” S e 51°58’18,93” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 46°16’57” e distância de 1.357,69 metros, até o marco ME-89 de coordenadas geográficas 04°19’32,07” S e 51°57’46,83” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 46°06’34” e distância de 1.823,71 metros, até o ME-90 de coordenadas geográficas 04°18’50,95” S e 51°57’04,14” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 46°01’47” e distância de 1.941,43 metros, até o ME-91 de coordenadas geográficas 04°18’07,12” S e 51°56’18,76” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 46°05’12” e distância de 2.035,56 metros, até o ME-92 de coordenadas geográficas 04°17’21,20” S e 51°55’31,14” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 45°54’19” e distância de 2.005,03 metros, até o ME-93 de coordenadas geográficas 04°16’35,82” S e 51°54’44,37” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 45°47’56” e distância de 1.778,62 metros, até o ME-94 de coordenadas geográficas 04°14’55,49” S e 51°54’02,96” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 45°46’48” e distância de 236,78 metros, até o marco SAT-1132 de coordenadas geográficas 04°15’50,12” S e 51°53’57,45” Wgr., localizado na cabeceira de um igarapé sem denominação; daí, segue pelo citado igarapé, a jusante, numa distância de 46.440,54 metros, até sua foz no Rio Bacajaí, no Ponto-17 de coordenadas geográficas 04°01’12,32” S e 51°47’24,13” Wgr; daí, segue pelo citado rio, a jusante, numa distância de 29.347,64 metros, até o marco SAT-1129 de coordenadas geográficas 03°50’16,40”S e 51°40’35,87”Wgr., localizado na sua margem direita; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 57º56’25” e distância de 158,08 metros, até o ME-95 de coordenadas geográficas 03°50’13,67” S e 51°40’31,53” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 57º54’16” e distância de 792,33 metros, até o ME-96 de coordenadas geográficas 03°49’59,98” S e 51°40’09,75” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 57º54’02” e distância 1.965,52 metros, até o ME-97 de coordenadas geográficas 03°49’26,01” S e 51°39’15,74” Wgr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 57º53’43” e distância de 1.942,88 metros, até o ME-98 de coordenadas geográficas 03°48’52,42” S e 51°38’22,36” Wgr; daí, segue por uma linha reta, com azimute de 57º53’43” e distância de 165,58 metros, até o marco SAT-1130 de coordenadas geográficas 03°48’49,56” S e 51°38’17,81” Wgr., localizado na foz de dois igarapés sem denominação; daí, segue pelo igarapé maior, a jusante, numa distância de 4.350,00 metros, até sua foz no Igarapé Seca farinha; daí, segue por este, a jusante, numa distância de 2.480,75 metros, até sua foz no Rio Bacajá, no Ponto-01, inicial da descrição deste perímetro. A base cartográfica utilizada refere-se às folhas AS.22-Y-D, SB.22-X-A e SB.22-X-C, da D.S.G., e SB.22-V-B e SB.22-V-D, do IBGE, escala 1:250.000, ano 1984 e 1991, respectivamente.”

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1.5 Terra Indígena Cachoeira Seca Municípios: Altamira, Uruará e Placas no estado do Pará; Situação jurídica: identificada e aprovada pela Fundação Nacional do Índio e sujeita à contestação – 27 de fevereiro de 2007; Diploma legal: Despacho nº 13, de 28 de fevereiro de 2007; População: 72 (2004)369; Extensão da área: 734.027ha (setecentos e trinta e quatro mil e vinte e sete hectares). 1.6 Terra Indígena Juruna KM 17 O Mapa da Área de Influência Indireta e Área de Influência Direta (AII/AID) e Terras Indígenas situadas na região do Empreendimento (Anexo 3), fornecido pela Leme Engenharia e que lhe foi disponibilizado pela equipe responsável pelos estudos etnoecológicos afetos ao AHE Belo Monte, identifica a TI Juruna km 17 e classifica sua fase de regularização como “EM ESTUDO”. Segundo informações transmitidas por funcionário da Administração Executiva Regional da FUNAI, em Altamira/PA, a TI Juruna km 17 ainda não está oficialmente em processo de demarcação naquela Regional, apesar de o mesmo ter ciência que instituições da região estão empenhadas e se organizando para promover a delimitação da Terra Indígena370. 1.7 Terra Indígena Paquiçamba Municípios: Altamira, Uruará e Placas no estado do Pará; Situação jurídica: homologada e registrada junto ao Cartório de Registro de Imóveis (CRI) e Secretaria do Patrimônio da União (SPU) – 24 de dezembro de 1991; Diploma legal: Decreto Federal nº 388, de 26 de dezembro de 1991, homologa a demarcação administrativa da Área Indígena Paquiçamba; Extensão da área: 4.348ha (quatro mil trezentos e quarenta e oito hectares); População: 35 (1998)371; Delimitação geográfica: prevista no artigo 2º do Decreto nº 388/91: “NORTE: Partindo do Marco 09 de coordenadas geográficas 03°26'56,430"S e 51°48'48,866"WGr., localizado na margem direita do Igarapé Bom Jardim, segue por uma linha reta com azimute e distância de 51°00'51,9" e 656,59 metros, até o Marco 10 de coordenadas geográficas 03°26'42,992"S e 51°48'32,315"WGr.; daí, segue por uma linha

369 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07. 370 Informação obtida junto a funcionário da Administração Executiva Regional da FUNAI, em Altamira/PA, pelo telefone (93) 515-1829 / 4026. 371 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07.

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reta com azimute e distância de 75°20'39,0" e 920,26 metros, até o Marco 11 de coordenadas geográficas 03°26'35,434"S e 51°48'03,456"WGr., localizado na margem direita do Igarapé Mangueira; daí, segue por este, a jusante, com a distância de 6.046,99 metros, até o Marco 12 de coordenadas geográficas 03°27'23,703"S e 51°45'31,200"Wgr., localizado na confluência com o Rio Xingu. LESTE: Do marco antes descrito, segue pelo Rio Xingu, a montante, com a distância de 13.907,73 metros, até o Ponto A-267 de coordenadas geográficas 03°31'14,995"S e 51°48'34,070"WGr., localizado na confluência do Igarapé Paraíso. SUL: Do marco antes descrito, segue pelo citado igarapé, a montante, até o Marco 01 de coordenadas geográficas 03°31'13,285"S e 51°48'37,257"WGr., localizado na margem esquerda do Igarapé Paraíso; daí, por este, a montante, com a distância de 4.504,47 metros, até o Marco 02 de coordenadas geográficas 03°30'12,699"S e 51°50'00,399"WGr., localizado na sua cabeceira. OESTE: Do marco antes descrito, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 320°31'15,5" e 1.486,27 metros, até o Marco 03 de coordenadas geográficas 03°29'35,312"S e 51°50'30,991"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 26°44'07,0" e 602,28 metros, até o Marco 04 de coordenadas geográficas 03°29'17,803"S e 51°50'22,195"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 00°21'38,3" e 1.727,36 metros, até o Marco 05 de coordenadas geográficas 03°28'21,553"S e 51°50'21,793"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 39°10'48,8" e 948,49 metros, até o Marco 06 de coordenadas geográficas 03°27'57,627"S e 51°50'02,352"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 65°25'27,3" e 1.810,68 metros, até o Marco 07 de coordenadas geográficas 03°27'33,150"S e 51°49'08,967"WGr.; daí, segue por uma linha reta, com azimute e distância de 43°32'47,2" e 1.045,24 metros, até o Marco 08 de coordenadas geográficas 03°27'08,498"S e 51°48'45,609"WGr., localizado na margem esquerda do Igarapé Bom Jardim; daí segue por este, a jusante, com a distância de 395,59 metros, até o Marco 09, inicial da descrição deste perímetro.” É valida aqui a observação de que esta TI está integralmente localizada internamente à Área de Influência Direta (AID) do AHE Belo Monte, à margem esquerda do rio Xingu, no trecho localizado entre a futura Barragem Principal (Sítio Pimental) e a Casa de Força Principal. Esse trecho, se materializada a implantação do empreendimento em pauta, durante a operação do mesmo será submetido à redução de vazão em relação aos valores hoje observados, devendo, portanto, inclusive à luz da proximidade imediata com a TI Paquiçamba, ser objeto de estudos multi e interdisciplinares detalhados, de forma a identificar e avaliar os impactos que efetivamente poderão ocorrer sobre diferentes atributos ambientais e que podem se constituir em recursos naturais utilizados pelas comunidades indígenas dessa TI. 1.8 Terra Indígena Arara da Volta Grande372 Município: Senador José Porfírio, estado do Pará; Situação jurídica: identificada e aprovada pela Fundação Nacional do Índio e sujeita à contestação – 31 de março de 2006; Diploma legal: Despacho nº 28, de 03 de abril de 2006; População: 80 (2004)373; Extensão da área: 25.500ha (vinte e cinco mil e quinhentos hectares).

372 Existe divergência quanto à denominação dessa Terra Indígena, entre TI Arara da Volta Grande e TI Maia. 373 Fonte: Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível: www.socioambiental.org.br. Acesso em: 15/08/07.