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    Aves Marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e conservao

    CAPTULCAPTULCAPTULCAPTULCAPTULO 6O 6O 6O 6O 6

    AAAAAVES MARINHAS DVES MARINHAS DVES MARINHAS DVES MARINHAS DVES MARINHAS DA ILHA TRINDA ILHA TRINDA ILHA TRINDA ILHA TRINDA ILHA TRINDADEADEADEADEADE

    FFFFFRANCISCORANCISCORANCISCORANCISCORANCISCO PPPPPEDROEDROEDROEDROEDRO DADADADADA FFFFFONSECAONSECAONSECAONSECAONSECA NNNNNETOETOETOETOETO11111

    1- Associao Baiana para Conservao dos Recursos Naturais - ABCRNAvenida Adhemar de Barros, 447/B-202, Ondina - 40170-110 Salvador, Bahiae-mail: [email protected]

    ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT

    FONSECA NETO, 2004.Aves Marinhas da Ilha Trindade p. 119 - 146

    Seabirds of Trindade Island, South Atlantic. The Trindade Island is located in theAtlantic Ocean, 1200 km off the coast and 48 km to the east of the Arquipelago of Martin Vaz.Trindade is a Reserve of the Municipal district of Vitria, Espirito Santo, under the care ofthe Brazilian Navy that shelters the Oceanographic Post of Trindade Island (POIT), anadvanced meteorological base. The islands avifauna is basically composed by residentmarine species and visiting species or introduced from the continent. Five expeditionswere accomplished between August 1994 and February 2000 for research the residentpopulations of Trindade. The field-works metodology were based in the data collectionabout reproductive biology, size of populations, spatial distribution, among others, of thespecies Pterodroma arminjoniana, Sula dactylatra, Anous stolidus, Sterna fuscata and

    Gygis alba. The birds captured received metal rings provided by the Center for Researchfor the Conservation of Wild Birds (CEMAVE). All reproduction sites, with their respectivegrottos and nests, were plotted on the islands map. In this chapter, it will be presentbibliographical revision on each islands resident species, and the preliminary resultsobtained during field-work. It is worthy of note that in the Threat Category of the List ofThreatened Brazilian Fauna, Pterodroma arminjoniana (trindade petrel) is classified asVulnerable, and Fregata minor and F. ariel (Frigates) are Critically in danger. P.arminjoniana has a population with about 6.500 individuals, breeding all the year. Somecouples present matrimonial fidelity and others are faithful to your reproduction sites. Suladactylatra (masked booby) bred between august and march, with a population ofapproximately 600 individuals, distributed at the face west of the Island. Sula sula (red-footed booby) was observed just sporadically. It is suggested that your reproductive periodwould be, formerly, between August and February. The frigate birds, Fregata minorand F.ariel, were also observed sporadically, and they were not breeding in the studied periods.Sterna fuscata (sooty tern) bred between September and March and has a population ofapproximately 2000. Anous stolidus (brown noddy) bred between September and April,nesting mainly in the extremities south-east and north. Gygis alba(white tern) bred betweenmay and December. The species has a population of 800 birds, widely distributed in theIsland. It nest in inaccessible cliffs. Most likely,A. stolidusand G. albahave annual breedingcycle and fidelity to the reproduction sites. As migratory species, deserve prominence:Macronectes sp. (giant petrel), Oceanodroma leucorhoa(leachs storm petrel) andArenariainterpres(ruddy turnstone). A. interpres feeds on youns of Grapsus grapsus(aratu crab).

    FONSECA NETO, F. P. 2004. Aves marinhas da ilha Trindade. p.119-146 inAves marinhasinsulares brasileiras: bioecologia e conservao (Organizado por Joaquim Olinto Branco).Editora da UNIVALI, Itaja, SC.

    Como referenciar os captulos

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    FONSECA NETO, 2004.Aves Marinhas da Ilha Trindade p. 119 - 146

    INTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUO

    A Ilha da Trindade localiza-se no Oceano Atlntico, a 1200 Km dacosta brasileira (2030 S - 2919 W) e a 48 km a oeste do Arquiplago deMartin Vaz, constituindo o topo de uma montanha de formao vulcnica quese eleva cerca de 5.500 m do fundo do mar, com superfcie de 8,2 km2eponto culminante a 620 m acima do nvel do mar (Foto 01). A vegetao atualda Ilha da Trindade no passa de relito das comunidades que ocorriam htrs sculos (Alves, 1998), restando hoje alguns elementos isolados, comoespcimes nicos ou como populaes reduzidas a poucos exemplares(Alves, 1998). Possui aproximadamente onze formaes vegetais distintas,onde se destacam o Campo Aberto formado por Cyperus atlanticus e porBulbostylis sp., ciperceas de vasta distribuio pelas partes baixas de

    Trindade; e as florestas nebulares de samambaias-gigantes (Cyatheadelgadii) e Rapanea guyanensis que cobrem a vertente oeste do Pico doDesejado (Alves, 1998).

    Trindade foi descoberta no incio do Sculo XVI e aparece nos mapasmais antigos para o Hemisfrio Ocidental (Murphy, 1915). A Ilha uma Reservado Municpio de Vitria - Esprito Santo, criada pelo Decreto Municipal n.8.054, de 26 de maio de 1989 (Vooren & Brusque, 1999) e encontra-seatualmente sob a administrao da Marinha do Brasil, abrigando o PostoOceanogrfico da Ilha da Trindade - POIT, uma base avanada demeteorologia. A Marinha do Brasil hoje uma importante referncia no apoios pesquisas desenvolvidas na Ilha.

    Segundo Murphy (1915), talvez o primeiro naturalista que esteve emTrindade tenha sido o Botnico Sir Joseph Hooker, em 1839, durante asviagens dos navios Erebus e Terror. Seguindo-se a este, outrospesquisadores. estudaram a avifauna em datas distintas, sendo citados porMurphy (1936) e Olson (1977, 1981). Apesar da avifauna ter sido estudadapor estas expedies cientficas, muito de sua ecologia e biologiapermanecem desconhecidas, uma vez que os relatos at agora produzidoslimitaram-se basicamente a dados sobre composio, distribuio espaciale perodo de reproduo.

    Aps Olson (1977), Trindade voltou a ser objeto de estudos, a partirde 1987, quando o Setor de Ornitologia do Museu Nacional (UFRJ) a incluiuem seu programa de inventariamento da avifauna de ilhas ocenicas (Silva,

    1995), desenvolvendo pesquisas at 1993. Os resultados dos novos estudosempreendidos pelo Museu Nacional foram divulgados em diversoscongressos de Ornitologia e Zoologia brasileiros, voltando-se mais atualizao de listas de espcies ocorrentes e seu status. Destaca-se,entretanto a dissertao sobre a biologia reprodutiva de Pterodromaarminjoniana (Silva, 1995), onde so apresentadas informaes sobre aavifauna local, em especial sobre a biologia reprodutiva das espcies de avesmarinhas residentes e migratrias. O status e as perspectivas futuras sobrea conservao destas populaes so discutidas. Tambm apresentadauma reviso dos trabalhos realizados anteriormente no local.

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    MAMAMAMAMATERIAL E MTODOSTERIAL E MTODOSTERIAL E MTODOSTERIAL E MTODOSTERIAL E MTODOS

    Os trabalhos de campo priorizaram a coleta de informaes sobre adistribuio espacial das espcies e aspectos de sua biologia reprodutiva,sobretudo de Pterodroma arminjoniana,Anous stolidus, Sterna fuscata, Gygisalbae Sula dactylatra, alm de dados sobre fidelidade conjugal e aos stiosde reproduo em P. arminjoniana. A coleta de dados foi empreendida emsete campanhas, totalizando aproximadamente 280 dias de trabalho,distribudos entre agosto de 1994 e abril de 2000.

    As aves foram capturadas, respei tando as part icular idadescomportamentais de cada espcie, com o auxlio de um pu ou diretamentecom as mos, quando se encontravam em descanso em seus stios

    reprodutivos ou em vo. Os dados biomtricos foram tomados de acordocom Sick (1984). O comprimento total, cauda e asa foram medidos utilizando-se uma rgua de ao milimetrada. As medidas de tarso, dimetro do tarso ecabea das aves, e o comprimento e a largura dos ovos, foram tomadascom um paqumetro Mitutoyo. Para registro do peso das aves e dos ovosforam utilizadas balanas de preciso de 50, 100, 300 ou 1000 gramas. Asaves capturadas foram marcadas com anis de metal cedidos pelo Centrode Pesquisa para Conservao das Aves Silvestres - CEMAVE / IBAMA.

    Para o monitoramento da biologia reprodutiva da Pterodromaarminjoniana, no que tange a sua fidelidade aos stios de reproduo e afidelidade entre os casais formados, os ninhos encontrados foram marcados

    com pequenas estacas de madeira, contendo a inscrio de um Cdigo deLocais de anilhamento, e foram visitados ao menos duas vezes por semana.Todos os stios de reproduo e suas respectivas grutas e ninhos foramplotados no mapa da Ilha existente na 3 edio da Carta Nutica n. 21 (Ilhada Trindade) da Diretoria de Hidrografia e Navegao - RJ, de 02 de fevereirode 1965.

    Os estudos se concentraram em ninhais estabelecidos naextremidade sudeste e sul da ilha, com a seguinte distribuio: 1. Pterodromaarminjoniana - Morro do Paredo, Cratera, Po de Acar, Pico do Vigia,Pico Nossa Senhora de Lourdes e no aglomerado de pedras em frente Ponta Sul (Foto 02); 2. Sterna fuscata-Morro do Paredo, Morro Pelado,

    Morro do Parcel das Tartarugas, blocos de rocha na base do Po de Acar,Morro e Praia das Tartarugas; 3.Anous stolidus-Cratera, paredes e blocosde rocha na base do Po de Acar e Pico do Vigia; 4. Gygis alba- Po deAcar e Pico do Vigia; 5. Sula dactylatra- trilha de acesso Praia do Eme,morro acima da Gruta de Areia Preta e morro em frente Ilha do Racha.Eventualmente coletou-se dados nos Farilhes, na Ponta do Noroeste, naCrista do Galo e nos paredes rochosos acima da Praia dos Portugueses(Fig. 1).

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    Figura 1 - Localizao das reas de estudo na Ilha da Trindade. Adaptado de Willians(1984) e Carta Nutica n. 21, DHN, 3 edio, 02.02.65.

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    Existem poucas informaes sobre a disperso de P. arminjonianapelos oceanos. Alguns indivduos errantes foram encontrados na Amrica do

    Norte (Lowe, 1911; Allen, 1934 apud Lee, 1979; Gould & King, 1967; Lee,1979). Bourne & Curtis (1985) encontrou pelo menos oito indivduos noAtlntico Sul, entre 3 - 28 S e 16 - 31 W, e sete a 180 milhas SSW da Ilhade Ascenso, entretanto, apesar da maior proximidade com o stio da Ilha daTrindade, no podemos afirmar que esta seja sua procedncia.

    Famlia Sulidae

    Atob-mascarado - Sula dactylatra Lesson, 1831, possui vastadistribuio pelos oceanos tropicais e subtropicais (Harrison, 1983) (Foto06). Alguns autores, considerando as diferenas regionais existentes nascores de partes nuas, reconhecem mais de sete subespcies alm da formanominal, que tem como localidade tpica a Ilha de Ascenso (Murphy, 1936;Anderson, 1993; Howard & Moore, 1994); entretanto alguns tratamentos tmreforado a idia de quatro sub-espcies apenas (Peters, 1931; Nelson, 1978;OBrien & Davies, 1990; Anderson, 1993).

    Os primeiros pesquisadores que empreenderam expediesobjetivando o estudo da avifauna da Ilha no registraram sua presena (Wilson1904; Sharpe, 1906; Nicoll,1906; Murphy, 1915). A espcie s foi assinaladapara Trindade, quando em 1916 foram coletados quatro exemplares pelospesquisadores do Museu Nacional (Ribeiro, 1919). Este registro noconsiderou reproduo da espcie para a Ilha. Entretanto Murphy (1936) deixamargem a uma dupla interpretao quanto ao seu status em Trindade. Ele

    afirma no sexto pargrafo da pgina 174, no primeiro volume de sua obra,que a diferena entre a avifauna de Trindade e das outras Ilhas do Atlntico a aparente ausncia de Sula dactylatra e S. leucogaster na primeira.Reforando esta afirmao, no terceiro pargrafo da pgina 175, no mesmovolume, escreve que Sula sulaparece ser o nico atob residente na Ilha.Posteriormente, no stimo pargrafo da pgina 847, no terceiro volume, elediz, se referindo distribuio de S. dactylatra, que as estaes reprodutivasno Atlntico incluem Ascenso, Fernando Noronha, Atol das Rocas, Trindade,Bahamas e Abrolhos. At aquele momento nenhuma outra obra havia citadoSula dactylatra para Trindade, a no ser a publicao de Ribeiro (1919), sobrea qual Murphy (1936) no faz referncia quando trata do assunto, sem poderafirmar, desta forma, a presena da espcie na Ilha, to pouco seu status

    reprodutivo, uma vez que Ribeiro (1919) cita apenas peles coletadas peloMuseu Nacional em 1916.

    A partir daqui, as citaes bibliogrficas em torno do status de Suladactylatraem Trindade, tornam-se confusas e algumas vezes contraditrias.Na expedio Joo Alberto em maio de 1950, a terceira realizada pelo MuseuNacional, a espcie era vista regularmente, levando os pesquisadores acrerem que era residente (Novaes, 1952). Olson (1977) colocaria essasuposio em cheque ao no encontr-la nos dois meses em que visitou aIlha, dezembro de 1975 e janeiro de 1976. Sick (1984) considera suaocorrncia apenas espordica e Williams (1984) afirma que se reproduzia

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    no solo abaixo das rvores de Colubrina que originalmente cobriam a Ilha, eque provavelmente teria sido extinta pela ao conjunta de porcos e homens.

    Aqui tambm fica a incgnita sobre qual trabalho teria baseado a afirmaode Williams.Os primeiros indcios reais da reproduo de S. dactylatra para

    Trindade e Martin Vaz foram obtidos pela equipe do Museu Nacional edivulgados em resumos de congressos entre 1989 e 1991, entretanto sementrar em detalhes sobre stios exatos onde ocorre ou sobre o perodoreprodutivo. Apesar desses relatos, Antas (1991) considerou o seu status dereproduo incerto nos dois conjuntos de ilhas. Luigi (1992) o primeiroautor que faz uma referncia mais concreta sobre a questo, citando que S.dactylatra reproduz-se em um nmero expressivo entre outubro e janeiro, aofundo da Praia do M, na vertente oeste de Trindade, regio contgua Ponta

    do Sul / Farilhes.Foram observadas as caractersticas de 56 indivduos capturados eanilhados. As fmeas e machos possuem olhos com ris amarela e psamarelos, seguindo o padro da espcie. Os ninhegos, os jovens e osimaturos possuem ris de colorao cinza, com apenas um caso de em umimaturo que possua colorao cinza-esverdeada e ps variando de chumboa chumbo-amarelado.

    A populao de Sula dactylatrade Trindade encontra-se distribudana face oeste da Ilha, desde a Ponta do Noroeste at as proximidades dosFarilhes, passando pela praia do Eme. Seus ninhais podem reunir de 10 a150 aves, dentre adultos em reproduo, jovens e imaturos. Os dois principaisfatores limitantes na determinao do tamanho dos ninhais so a topografia

    do terreno e disposio das comunidades vegetais terrestres,representadas por grandes extenses de campo herbceo de Cyperusatlanticusque isolam afloramentos rochosos utilizados pelas aves. Nasproximidades da Ponta do Noroeste, a espcie nidifica junto a Sterna fuscata.Foram avistados indivduos adultos e, algumas vezes, jovens e imaturos,voando nas proximidades do Morro do Paredo, Po de Acar, Pico do Vigia,Pico Nossa Senhora de Lourdes, Praia dos Andradas e Praia do Tnel. Emnenhum momento foi avistada na rea das instalaes da Marinha.

    Essa espciesnidificam nos plats localizados entre os 50 e 100 mde altitude. Depositam um ou dois ovos diretamente no cho, em um ninhoconstitudo por um ajuntamento de pequenas pedras com a mesma bitola,

    dispostas na forma de um anel de aproximadamente 10 cm de dimetro,formando uma circunferncia perfeita e quase continua, exceto por umainterrupo no local por onde os adultos costumam entrar e sair. Os ninhoscontendo filhotes apresentam vrias falhas no anel e as pedras podem estarespalhadas nas proximidades. Apesar da farta disponibilidade de material,em nenhum momento foi observado o uso de vegetal, ossos de peixe, coraispequenos ou ainda pedaos de poliestireno, como observado por SchulzNeto (1998) nos ninhos no Atol das Rocas (Foto 06).

    Os censos realizados nos ninhais visitados, revelaram uma populaode aproximadamente 600 aves. Na Reserva Biolgica do Atol das Rocas,

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    Foto 01 - Ilha da Trindade

    Foto 02 - Po de Acar, Cratera e Morro do Paredo

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    Foto 03 - P. arminjoniana Morfo escuro

    Foto 04 - Adulto de P. arminjoniana (Morfo claro) com filhote

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    Foto 05 - P. arminjoniana jovem, antes de abandonar o ninho, com 100 dias de idade

    Foto 06 - S. dactylatra

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    estimou-se 5000 aves no ano de 1982, a maior colnia da espcie para oBrasil (Antas, 1991). Em Fernando de Noronha estudos realizados, indicaram

    a presena de 300 aves em 1982 e 530 em 1988 (Oren,1984 e Antas,1991).Em Abrolhos haviam 500 ninhos em 1981 (Antas, 1991). Na Ilha de Ascensoexistiam entre 1200 e 1300 casais reprodutores na dcada de 80 (Dorward,1962; Williams 1984).

    O ciclo reprodutivo de Sula dactylatrana Ilha da Trindade se inicia emagosto e as posturas por volta das primeiras semanas de setembro, seestendendo at novembro; os jovens abandonam os ninhos em fevereiro /maro. Schulz Neto (1998) afirma que no Atol das Rocas seu perodoreprodutivo inicia no final de maro e comeo de abril, restando aps setembro,somente ovos inviveis e jovens em estgio inicial de vo.

    Segundo ele a espcie prefere reproduzir-se durante a estao secaquando a vegetao menos densa torna a rea mais aberta. Oren (1982)constatou a reproduo em Fernando de Noronha em novembro de 1980.Antas (1991) diz que no Arquiplago de Abrolhos a reproduo se d no mesmoperodo do Atol das Rocas e de Fernando de Noronha.

    Atob-de-ps-vermelhos - Sula sula (Linnaeus, 1766), possuipolimorfismo acentuado e sexos semelhantes, com quatros morfos distintos:claro; marrom; marrom com cauda branca; e marrom com as penas dacabea e cauda brancas (Harrison, 1983). Sua forma nominal tem origemnas Ilhas Barbados (Murphy, 1936), ocorrendo nos oceanos tropicais, ondepode ocupar a mesma rea de distribuio de Sula dactylatra, Sula nebouxiie Sula leucogaster. Em Ilhas do Caribe e no Atlntico Sul ocorre a forma S.sula sula(Peters, 1934; Pinto, 1978; Howard & Moore, 1994). Williams (1984)

    cita sua reproduo para as Ilhas de Ascenso e Santa Helena, onde porm,atualmente no se reproduzem. No Brasil se reproduz em Fernando deNoronha (Oren, 1982, 1984; Antas, 1991) e existem evidncias pretritas domesmo para a Ilha da Trindade, com uma populao em declnio acentuado.Ribeiro (1919) cita a espcie para o Arquiplago Martin Vaz.

    O registro de Sula sula para Trindade remonta s primeiras expediesdos naturalistas Ilha, quando encontraram-na utilizando para reproduo,os galhos das rvores mortas. Sharpe (1906) diz que quando o Lord Lindsayvisitou a Ilha em 20 de agosto 1874 encontrou-a nidificando, porm no oferecemaiores detalhes sobre o estgio em que se encontrava. Wilson (1904)observou-a reproduzindo-se no dia 13 de setembro de 1901, construindo

    seus ninhos de gravetos nos troncos de rvores, a alguns metros do cho.O autor comenta a existncia de vrios ninhos vazios e apenas um com oovo recm- colocado, porm no registra a presena de jovens. Nicoll (1906),nos dias 03 e 04 de janeiro de 1906, encontrou adultos no topo da Ilha, aaproximadamente 600 metros de altitude, nidificando em galhos de rvores.Haviam ninhegos, jovens e imaturos em vrias fases, mas no haviam ovos.Murphy (1915) visitando a Ilha em abril de 1913, afirmou que estes sereproduzem ao longo dos anos; segundo ele, Knight em 1884 e, em 1892,viu a espcie se reproduzindo nas ravinas da costa nordeste da Ilha. Ribeiro(1919) observou filhotes em agosto de 1916.

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    Sua distribuio espacial determinada pela vegetao existente.Constitui-se o nico atob no Atlntico que nidifica em rvores, sem as quais,

    aparentemente, no possvel sua reproduo, podendo inclusive abandonaro stio, como aconteceu na Ilha de Ascenso (Stonehouse, 1962). Emboraas informaes sobre o tamanho da populao que existia em Trindade nosejam precisas, os dados coletados partir de 1924, demonstram o seudeclnio, quando os pesquisadores da Expedio Blossom fotografaramapenas um ninho na Ilha, nos fragmentos de madeira da floresta devastada.Rockwell em 1932 no encontrou indcios de reproduo, o que relacionou dificuldade da espcie em encontrar material adequado para confeco dosninhos. Sula sulas voltou a ser observada em maio de 1950, por Novaes(1952), que encontrou um grupo descansando em rvores no topo da faceoeste da Ilha Havia um ninho velho, a cerca de um metro do solo, em umexemplar de Pisonia, construdo de galhos secos, provavelmente utilizado

    na temporada anterior. Olson (1981), entre os dias 18 de dezembro de 1975e 10 de janeiro de 1976, observou apenas duas colnias, nidificando no solodo topo de dois picos inacessveis, uma com dez ou doze indivduos e outracom setenta e cinco, inclusive jovens recm emplumados. Esta foi a primeiraestimativa populacional na Ilha e o primeiro registro de nidificao no solo.Nacinovic et al. (1989) citaram-na como residentes entre outubro de 1987 eagosto de 1988, tambm observando o declnio da sua populao. Luigi (1992)encontrou cerca de 30 indivduos sobre um rochedo inacessvel no Vale dosFarilhes, levando a crer, caso estivessem em reproduo, que estariamnidificando no solo ou sobre moitas de Cyperus atlanticus, uma vez queneste local no existiam mais rvores. Murphy (1936), j previa que com o

    fim das florestas, esse atobs adotariam estes hbitos de nidificao, comoaconteceu em Asceno. Esta mudana pode ser o indcio mais bvio dofinal de sua histria reprodutiva em Trindade. De fato durante as campanhasempreendidas, foi observada apenas esporadicamente (quatro avistagensde indivduos isolados), em vo, algumas vezes sendo perseguida porPterodroma arminjoniana.

    Sobre sua biologia reprodutiva nada foi registrado, exceto a descriode ovos por Sharpe (1906), que afirma possuir cor azul-acinzentado claro,mais ou menos escondida por uma cobertura calcria. Os dados existenteslimitam-se sua distribuio espacial na Ilha e ao seu perodo reprodutivo, eainda assim, apresentam-se de forma inconsistente, levando-nos a ter comocerteza apenas, que reproduziam-se nas vertentes oeste e nordeste. Sugere-

    se neste trabalho, que o seu perodo reprodutivo em Trindade teria incio antesde agosto, com posturas de ovos em setembro, se estendendo at janeiroou fevereiro, quando os jovens estariam deixando a Ilha.

    Famlia Fregatidae -Tesoures

    Fregata spp. so aves de distribuio Pan-Tropical, com cincoespcies conhecidas, algumas das quais divididas em diversas sub-espcies(Lowe, 1924; Murphy, 1936; Harrison, 1983). Os representantes deste grupoapresentam-se marcadamente diferenciados quanto a sua morfologia

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    Murphy, 1936). No Indo-Pacfico, Fregata minor e F. ariel podemocorrer em simpatria (Murphy, 1936; Harrison, 1983). No Atlntico Sul ocorrem

    quatro espcies e, destas, trs so encontradas no Brasil. Na Ilha da Trindadeocorrem as subespcies F. minor nicolli e F. ariel trinitatis, as quais distinguem-se basicamente pelo porte mais reduzido e distintos padres de coloraode F. ariel, (Harrison, 1983). As duas espcies so listadas comoCriticamente em Perigo na Lista da Fauna Ameaadas Brasileira (Brasil,2003). Olson (1981) encontrou muitos fsseis desta na Ilha de Santa Helenae sugere que teria nidificado ali (ver tambm Williams, 1984).,

    Tesouro-grande - Fregata minorMathews, 1914, o registro maisantigo para a Ilha da Trindade data de 20 de agosto de 1874, quando o Condede Crawford encontrou um grande nmero reproduzindo-se na Ilha (Sharpe,1906). Posteriormente foi registrada em diversos perodos por outros

    pesquisadores, que forneceram informaes apenas sobre o perodo deobservao e, algumas vezes, o status de reproduo, sem entrar emdetalhes sobre o nmero de casais reprodutores. O tamanho ou o local dacolnia tambm ficou sem registros; neste aspecto Olson (1981) sugereque nidifique em Martin Vaz (ver tambm Murphy, 1936; Williams, 1984;Harrison, 1983; Antas, 1991), no que Luigi (1992) discorda, afirmando queencontra-se restrita aos paredes da Ponta Sul, onde ocorre juntamente comF. ariel. No dia 25 de agosto de 1994 foram observados, quando a bordo dobarco pesqueiro Vnia Lcia XVII (Oriundo de Vitria - Esprito Santo), cercade cem indivduos prximos Ponta do Noroeste, perseguindo a embarcao,em conjunto com Sula dactylatra,Anous stolidus, P. arminjonianae, em menor

    nmero, Gygis alba. O bando era composto por aves adultas e juvenis emsegundo estgio de plumagem (Harrison, 1983).Durante as nossas expedies no foram encontradas colnias de

    reproduo, entretanto em duas ocasies foram observados indivduoscoletando material para ninho. No dia 13 de setembro de 1994 um machoadulto que sobrevoava o tapete de Cyperus atlanticus localizado ao fundo daPraia das Tartarugas, deu vrios rasantes pr trs de um bloco de pedraprximo base do Po de Acar; aps a quarta tentativa, coletou um galhoseco de uma erva e, em seguida, voou em direo Praia do Prncipe.Posteriormente no dia 23 de setembro outro macho foi observado com omesmo comportamento do anterior, em frente cruz do cemitrio, no morro

    acima do campo de futebol do POIT; quando finalmente conseguiu coletaralgumas folhas de Cyperus atlanticusvoou em direo Praia do Prncipe,fazendo supor que estavam utilizando o mesmo stio observado pelos autorescitados acima. Entre 25 de maro e 09 de abril de 2000 foram realizadasduas visitas a este stio, porm havia apenas P. arminjoniana nidificando e,provavelmente,A. stolidus e G. alba.

    A espcie cleptoparasita de Sula dactylatratem o hbito de caar osfilhotes de tartarugas-verdes que se deslocam em direo ao mar aps onascimento (Novaes, 1952; Olson, 1981), e o caranguejo (Grapsus grapsus),que captura na areia da praia, prximo a linha da preamar.

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    Tesouro-pequeno - Fregata arieltrinitatis Ribeiro, 1919, Os registrosseguem o mesmo padro para F. minor, limitando-se inicialmente a

    informaes sobre ocorrncia e status de reproduo, sem detalhes sobreperodo reprodutivo, contigente populacional ou locais exatos de reproduo(Wilson, 1904; Sharpe, 1906; Nicoll, 1906; Murphy, 1915; Ribeiro, 1919).Simmons (1927) em dezembro de 1924 encontrou ovos e filhotes em ninhosconstrudos sobre galhos de rvores. Olson (1981) e Luigi (1992) forneceraminformaes adicionais sobre o seu hbito de nidificao; os autoresencontraram uma populao bastante reduzida, nidificando na face oeste daPonta do Sul, na sua parte mais ngreme. Segundo Olson entre dezembrode 1975 e fevereiro de 1976 haveria ali 15 ninhos estabelecidos sobre a pedranua ou moitas de vegetao; ele afirma que naquela poca existiam mais de50 indivduos sobrevivendo na Ilha da Trindade.

    Sobre o seu comportamento, Luigi (1993) atribui-lhe um relativosedentarismo, pelo fato de que raro se afasta do litoral compreendido entre aPonta Norte e a Praia do Prncipe, sobrevoando a parte habitada da Ilha apenaseventualmente (Murphy, 1936). Ele acredita que tal peculiaridade seja umadas justificativas de existirem muito poucas observaes recentes na regio,embora admita que sua populao, e a de F. minor, paream no ultrapassaralgumas poucas dezenas de indivduos. De fato foi observada apenas emcinco ocasies, sobrevoando entre as Praias da Andradas e Tnel, aocontrrio de F. minorque era vista quase diariamente, sempre patrulhandoessas mesmas praias.

    Famlia Laridae - trinta-ris

    Trinta-ris-marinho - Sterna fuscataLinnaeus, 1766 (Foto 07), umaave de hbitos pelgicos, de vasta distribuio atravs dos oceanos tropicais(Murphy, 1936; Harrison, 1983; Luigi & Carvalho, 1990). So reconhecidasseis ou sete subespcies, sendo que S. fuscata fuscataocorre no AtlnticoSul (Peters, 1934; Murphy, 1936; Harrison, 1983), incluindo a Ilha da Trindade(Nicoll, 1906; Simmons, 1927; Murphy, 1936; Olson 1981; Goerk, 1990). Osprimeiros registros para Trindade apenas indicam sua presena e alocalizao das colnias, incluindo Martin Vaz.

    Sua reproduo acontece entre setembro e maro. As aves chegam Ilha a partir do final de agosto, principalmente no final da tarde, entre

    16:00 e 18:00h, espalhando-se pelos plats localizados nos arredores daPraia das Tartarugas (Morro do Parcel, Morro Pelado, Morro das Tartarugas,base do Po de Acar, Morro do Paredo), do Pico do Monumento e Pontado Noroeste, para passar a noite. A partir de meados de setembro comeama chegar no incio da tarde, a por volta das 14:00 h, e aumentam o tempo depermanncia nesses locais. No final de setembro encontram-se no augedos processos de corte e acasalamento, estabelecendo-se definitivamentenos stios de reproduo durante todo o dia. Este padro de ocupao dosstios de reproduo foi observado nas populaes de outras ilhas(Dinsmore, 1971).

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    O perodo de postura pode variar de ano para ano. Neste trabalhoforam observadas no final de outubro. Os filhotes (Foto 08) comeam a

    ensaiar vos no incio de janeiro, de forma que no final do ms, quandoapresentam a medidas das asas com a mdia de 264,8 mm (n = 6), j podemsobrevoar o ninhal quando se sentem ameaados, porm sem autonomiapara acompanhar os adultos que vo para o mar. A partir do final de fevereiro,a maior parte j acompanha os adultos e os ninhais permanecem quasevazios durante o dia, apenas com filhotes das ultimas posturas. Durante anoite o nmero de aves aumenta, em decorrncia do retorno das que seencontravam no mar. Foi observado que na Ponta do Noroeste nidificam emconjunto com Sula dactylatra, fato tambm observado por outros autores,para as colnias que se reproduzem no Arquiplago de Martin Vaz.

    A descrio de ovos e filhotes de um dia segue o mesmo padro do

    observado no Atol das Rocas e outras ilhas (Dinsmore, 1971; Schulz Neto,1998). No existem informaes sobre o tempo de incubao.Olson (1981) encontrou uma colnia de 450 casais em um plat na

    extremidade leste da Ilha e estimou a populao em menos de 1000 pares.As estimativas populacionais feitas neste trabalho, com base na contagemdireta de filhotes, indicaram uma populao de aproximadamente 2000indivduos de S. fuscata, apenas na regio da Praia das Tartarugas, emcolnias de diversos tamanhos, distribudas como a seguir: Morro do Parcel(1200), Morro do Paredo (400), Morro Pelado (100) e base do Po de Acar(300). Estima-se que a populao total, ultrapassa 4000 indivduos,considerando tambm as regies oeste e noroeste. A maior colnia conhecidapara o Brasil situa-se na Reserva Biolgica do Atol das Rocas, com uma

    populao em torno de 100.000 a 140.000 aves (Antas, 1991; Schulz Neto,1998). Stonehouse (1962) cita 750.000 aves em Ascenso. O fato destasduas ltimas ilhas possurem populaes significantemente maiores que emTrindade, pode estar relacionado ao seu relevo, com reas planas maisextensas.

    Os ovos e filhotes so presas fceis do caranguejo Gecarcinuslagostoma. O manejo das colnias durante campanhas de anilhamento, oupara estudos de comportamento deve ser cercado de cautela, uma vez queos filhotes tendem a se esconder nas moitas de Cyperus atlanticusdurantea fuga, tornando-se altamente vulnerveis predao. O melhor momentopara se anilhar os filhotes, ocorre quando encontram-se totalmente

    emplumados, pouco antes de iniciarem seus primeiros vos. Nesta situaoesto mais aptos a se defenderem do predador, que tambm se escondenas mesmas moitas. No recomendada investidas nas colnias antes desteperodo, o que implica em perdas significativas no contigente populacional.

    Trinta-ris-preto -Anous minutus(Mathews, 1912) e Trinta-ris-escuro-Anous stolidus(Linnaeus, 1758) -Anous spp. so aves marinhas pelgicasde distribuio pan-tropical (Murphy, 1936; Chardine & Morris, 1996; Gauger,1999), podendo entretanto, ocorrer em Tristo da Cunha, borda da regiosub-antrtica (Murphy 1936). Alguns autores consideram a existncia de duasespcies do Atlntico e Pacfico,Anous stoliduseA. tenuirostris, porm outros

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    separam emA. minutus deA. tenuirostrisdo ndico (Murphy, 1936; Nicholls,1984; Chardine e Morris, 1996; Gauger, 1999). Ambas possuem colorao

    escura com um capuz branco, distinguindo-se basicamente pelo porte menore mais delgado, pelo padro do capuz branco, e pela colorao mais escurado corpo de A. minutus (Nicholls, 1984; Chardine e Morris, 1996; Gauger,1999). No Brasil ocorrem em simpatria em Penedos de So Pedro e SoPaulo, Atol das Rocas e Fernando de Noronha.Anous stolidusocorre aindaem Abrolhos e Ilha da Trindade (Pinto, 1964; Antas, 1991). As citaes de A.minutus em Trindade (Murphy, 1915; Rockwell, 1932; Novaes, 1952) tiveramcomo base a avistagem de Nicoll (1906) em Martin Vaz. Silva (1995) aconsidera residente na Ilha, porm no fornece outras informaes. Nestetrabalho no foi constatada sua presena na Ilha em nenhum dos perodosestudado.

    Anous stolidus (Foto 09) foi observada chegando em agosto, emnmero reduzido e se espalhando pela costa. Ribeiro (1919) afirma quedurante sua visita apareceram no final de setembro e Murphy (1915) aconsiderou rara em abril de 1913, quando coletou um indivduo imaturo, esugeriu que migra entre maio e dezembro. Os dados indicam um perodoreprodutivo compreendido entre setembro e abril, semelhante portanto, aAscenso, que de novembro a maio (Dorward & Ashmole,1963), e distintodo observado em outras ilhas brasileiras. No Arquiplago de Abrolhos, no sulda Bahia, a espcie reproduz-se entre meados de fevereiro e incio de outubro(Soares et al.,1998a) e no Atol das Rocas, Schulz Neto (1998) encontrouaves em reproduo entre abril e janeiro.

    Nidifica principalmente nas extremidades sudeste e norte, porm

    existem colnias estendendo-se desde a Ponta do Noroeste at a Ponta Sul.No foram observados indivduos reproduzindo-se entre o Pico Nossa Senhorade Lourdes e a Praia dos Cabritos. A colnia estabelecida nas imediaes doPo de Acar faz ninhos tanto sobre os blocos de pedra espalhados emsua base, quanto nos paredes que circundam toda sua extenso. A populaoultrapassa 500 indivduos. A maior colnia para o Brasil situa-se na ReservaBiolgica do Atol das Rocas, variando entre 10.000 e 27.000 aves (Antas,1991). Em Abrolhos foi estimada em 3926 indivduos em 1995 e em 4180 em1996, representando a segunda maior colnia reprodutiva da costa brasileira.Oren (1984) encontrou 2000 indivduos em Fernando de Noronha emdezembro de 1982.

    Essa espcie coloca um nico ovo diretamente sobre o substratorochoso, na superfcie de pedras isoladas ou em pequenos espaos eplataformas localizados em paredes e escarpas abruptas. Em dezembro ejaneiro de 1998/1999 havia um indivduo nidificando no meio da colnia deSterna fuscatano final da Praia das Tartarugas, utilizando-se de substratoarenoso. No utilizam material orgnico para confeco de ninhos, comoocorre em Abrolhos, mas podem usar pequenas pedras. No existe registrosobre tempo de incubao. Em Trindade no costumam formaradensamentos populacionais como ocorrem com as aves da populao deAbrolhos, do Atol e de outras ilhas ocenicas.

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    As caractersticas do filhote de um dia so as seguintes (n= 2): interiordo bico (boca) e lngua rosado, apresentando-se laranja prximo ao ricto

    (diferente do adulto, onde todo laranja); tarso, dedos e membranas de corcinza chumbo; plumagem branca, levemente suja de bege na cabea epescoo, e com as penas do dorso com pontas amarronzadas; peito e barrigabranco puro; pele do corpo avermelhada, porm escurecidas na regio entrea escpula e parte interna das asas; aps dois dias todo o corpo apresenta apele de cor cinza (Foto 09). Em Ascenso, Dorward (1963) registrou cincopadres de colorao para filhotes, variando do branco ao marrom-escuro,sendo que a ocorrncia de penugens marrom-escuros foi mais rara e a defilhotes brancos mais freqentes. Este autor afirma que jovens em muitaspartes do mundo mostram um acentuado polimorfismo nas cores daspenugens. Morris & Chardine.(1992) encontraram filhotes claros e escuros

    na mesma proporo no Arquiplago Culebra, em cinco anos de estudo.Exceto pelos dois filhotes mencionados acima, todos os demais, deaproximadamente uma semana (no quantificados), encontrados nestetrabalho eram detentores de penugens claras. Schulz Neto (1998) encontrouo mesmo padro para o Atol das Rocas.

    Os adultos protegem os filhotes permanentemente, at que elecomplete dez dias de idade (Foto 09), quando suas penas de contorno jsaram da bainha e os canhes das penas primrias comearam a surgir. partir da deixa-o sozinho. Com 12 dias o filhote comea a se afastar doninho num raio de aproximadamente um metro. No final do perodo reprodutivoos jovens costumam descansar sobre as pedras ou na areia da praia,

    reunindo-se em bandos de at 40 indivduos. So observados com freqncianas Pedras do Parcel das Tartarugas, na Praia do Prncipe e na Praia dosCabritos.

    Foram anilhados 40 indivduos na colnia do Po de Acar. Emfevereiro de 2000 foram observadas trs aves anilhadas, provavelmente entredezembro/1998 e fevereiro/1999, freqentando exatamente as mesmaspedras e ninhos onde houve anilhamento na campanha anterior. Em Abrolhosa recaptura de indivduos anilhados em 1995 mostrou que 66,7 % das avesretornaram ao Arquiplago no ano seguinte, demonstrando fidelidade aosstios de reproduo e um ciclo reprodutivo anual (Soares et al., 1998b).Sugere-se que o mesmo possa acontecer na populao de Trindade.

    Pode ser predado pelo caranguejo Gecarcinus lagostoma, fatoobservado com um ninhego de 24 dias de idade, monitorado em janeiro de1996. O ninhego foi morto por um caranguejo macho adulto que o abriu pelopescoo e dorso, tendo comido-lhe os rgos internos. As aves adultas,acompanhadas dos jovens, podem ser vistas pescando na arrebentaoprxima a Praia da Calheta, Andradas, Tartarugas, Cabrita e Prncipe.

    Trinta-ris-branco - Gygis alba (Sparrman, 1786) (Foto 10), tem vastadistribuio pelos oceanos tropicais e subtropicais. Alguns autoresmencionam sete subespcies (Harrison, 1983). Niethammer e Patrick (1998)reconhecem apenas quatro e as dividem em dois grupos, que algumas vezes

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    so tratados como espcies separadas: G. a. candida, com ocorrncia nosOceanos ndico e Pacfico; e G. a.alba, com ocorrncia no Atlntico Sul e

    nas Ilhas Marquesas. Goerk (1990) constatou a presena de G. albaem MartinVaz em maro de 1990, mas no confirmou sua reproduo. No Brasil nidificaainda no Arquiplago de Fernando Noronha (Sick, 1984).

    Gygis alba, primeira vista apresenta plumagem totalmente branca,porm pode-se perceber um anel de penas negras que circunda os olhos,dando a falsa impresso destes serem maiores (Foto 11). Na literaturaexistente aparece um erro descritivo, perpetuado por diversos autores, osquais afirmam que G. alba a nica ave entre os trinta-ris que possuiplumagem inteiramente branca (Pinto, 1964; Harrison, 1983; Sick, 1984).Suas terceiras, quartas, quintas e sextas retrizes possuem a raque comuma cor cinza azulada que muito se aproxima cor do tarso, porm mais

    suave; o tarso azul acinzentado levemente puxado para lils, com asmembranas interdigitais brancas amareladas. O bico e os olhos so pretos.Essas caractersticas foram observadas nos 66 indivduos adultos anilhadosentre dezembro de 1998 e janeiro de 1999 e entre fevereiro e maro de2000.

    Existem evidncias que tenha uma longa estao reprodutiva emTrindade, com ciclo anual e fidelidade aos stios de reproduo. Ribeiro(1919) registra o intervalo de junho a outubro como perodo reprodutivo,havendo um pico de ecloses em setembro. Foram encontrados ovos efilhotes em agosto e setembro de 1994, entre novembro de 1995 e fevereirode 1996, e entre dezembro de 1998 e fevereiro de 1999. O estgio de

    desenvolvimento de alguns em agosto de 1994, os quais j voavam comdesenvoltura de uma pedra para outra nos paredes rochosos, sugeremposturas de ovos a partir de maio, o que est de acordo com Novaes (1952).A ausncia de ovos e o estgio de desenvolvimento dos filhotes entrefevereiro e abril de 2000, sugerem as ltimas posturas em dezembro.Wilson (1904), Nicoll (1906) e Murphy (1915, 1936) observaram o mesmopara esses perodos.

    Em geral, nidifica nos paredes rochosos e inacessveis, pormquando a ilha era coberta por florestas, utilizava tambm os galhos de rvores,a exemplo do que faz em outras ilhas ocenicas. Este fato foi constatado porWilson (1904), que coletou um ovo nessa situao no dia 13 de setembro de

    1901, e por Nicoll (1906), que em janeiro de 1906 encontrou diversos ninhegosem rvores mortas no topo da Ilha. Ribeiro (1919) j menciona a espcienidificando exclusivamente sobre o substrato rochoso. O autor observouposturas apenas sobre a rocha, em uma depresso. O ovo levementeelptico, casca com o fundo de um verde esmeralda escurecido, salpicadode manchas marrom-avermelhadas, principalmente no plo rombo; podemaparecer com riscos misturados s manchas, os quais, devido semelhanade suas cores com as da rocha, apresentam-se de certa forma camufladosno substrato em que se encontram. As medidas encontram-se na Tabela II.No existe registro do tempo de incubao.

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    Encontra-se amplamente distribuda na ilha, sendo observada emtodos os meses do ano. Os Censos foram realizados no Po de Acar,Pico do Vigia, Pico N S de Lourdes, descida para a Praia do Eme, Ponta doNoroeste, Ponta da Crista do Galo, Pico Preto e sobretudo nos paredescompreendidos entre a Praia dos Portugueses e o Pico do Desejado, apontamuma populao de 800 aves, sendo possivelmente, a segunda maior noAtlntico Sul. A primeira fica em Ascenso, com 2000 aves (Stonehouse,1962 e Williams, 1984), seguida de Santa Helena (Haydock, 1954 apudWilliams, 1984) com 480 e Fernando de Noronha com 250 (Oren,1984).

    A afirmao de Olson (1981), que sugere um decrscimo napopulao entre dezembro 1975 e fevereiro 1976, precisa ser vista comcuidado, uma vez que as citaes mais antigas sobre sua abundncia sovagas (Wilson, 1904; Nicoll, 1906; Murphy, 1915 e 1936). O seu statusreprodutivo no Arquiplago de Martin Vaz carece de maiores detalhes e deum relato confirmado sobre a presena de ovos e filhotes.

    Tabela II. Medida de ovos de Gygis albana Ilha da Trindade, Espirito Santo, Brasil.

    O filhote com um dia de idade (Foto 12) apresenta tarso de corsemelhante a dos adultos, porm com as membranas brancas tendendo a

    cinza prximo extenso dos dedos; unha com as pontas (1/3) brancas ebastante curvadas para baixo, em forma de foice; pele cinza grafite tendendoapreto, porm mais avermelhado nas axilas; baixo ventre e regio metacarpalcom penugem branca suja; peito com penas brancas com as pontas (1/3)bege; pescoo at o mento com penugens apresentando a base cinzatendendo a bege nas pontas; regio dorsal (cabea, coberteiras, regio ulnar,costas) bege com manchas escuras, quase pretas; sobrancelha pretaspero-posterior aos olhos marrons e anel canela claro os circundando; bicocinza grafite plido. Aos 45 dias (Foto 13) apresenta-se emplumadobasicamente de branco, com uma penugem cinza-grafite clara cobrindo aspenas brancas da nuca, dorso, flanco, criso e coberteiras; as barbas das

    penas do dorso possuem pontas bege caf (4 mm) e a regio mais prximada raque de cor cinza-grafite escura (mesmo padro de cor das rochas noentorno do ninho); penas das coberteiras iguais s do dorso, porm sem ocinza-grafite nas barbas e retrizes centrais orladas de bege-caf. Os olhosso orlados por penas marrom-escuras.

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    Foto 07 - S. fuscata adulta

    Foto 08 - S. fuscatajovem

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    Foto 10 - G. alba adulta

    Foto 09 - A. stolidus adulta com filhote de um dia de idade

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    Aves Marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e conservao

    Foto 12 - G. alba filhote com um dia

    Foto 11 - Detalhe do olho de G. alba

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    Os adultos podem ser vistos pescando durante todo o dia ao longodos costes rochosos e praias e em regies mais afastadas, porm preferemfaze-lo com os primeiros raios de sol, como observado na Praia do Parcel eAndradas. No existem registros sobre a composio alimentar para Gygisalbaem Trindade.

    Espcies migrantes, visitantes e introduzidas

    A avifauna de Trindade inclui 4 espcies migrantes meridionais, 10migrantes setentrionais e 6 visitantes ocasionais (Silva, 1995), listadas na Tabela

    III. Vooren & Brusque (1999) citam a ocorrncia de Pterodroma hasitata. Apesardos autores acreditarem que isto seja o indcio de que provavelmente sereproduza ali, mais provvel que ocorra acidentalmente, uma vez que nenhumdos autores que estudaram a Ilha encontrou indcios concretos de suareproduo. Nesse aspecto Olson (1975 e 1981) acreditava ser a presena doGecarcinus lagostomaem Trindade um impedimento para a colonizao depetris que nidificam em buracos ou sobre o solo.

    At o momento no foram encontrados indcios de fsseis, entretantoOlson (1981) afirma que improvvel que no existisse espcies endmicasde raldeos em Trindade no passado, j que existiam amplos habitats e que

    Foto 13 - G. albajovem

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    Aves Marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e conservao

    Tabela III. Espcies migratrias, visitantes ocasionais e espcies introduzidas da Ilha daTrindade, Esprito Santo, Brasil. (Adaptado de Silva 1995). MM - migrante meridional; MS -migrante setentrional; VO - visitante ocasional; I introduzida; 1 Nicoll (1908); 2 Nacinovic

    et al. (1989); 3 Luigi (1992a) ; 4 Luigi (1992) e Fonseca Neto (Obs. Pessoal 1996); 5Charles Duca (Obs. Pessoal 1995); 6 Fonseca Neto et al.(1998); 7 Nacinovic et al.(1989),Fonseca Neto et al.(1998); 8 Silva (1995); 9 Fonseca Neto (Obs. Pessoal 2000).

    Painho-de-cauda-forcada - Oceanodroma leucorhoa (Vieillot, 1818),visitante Setentrional, com o primeiro registro para a Ilha da Trindade. Um

    exemplar chocou-se na porta do alojamento dos Sub-Oficiais e Marinheirosdo POIT no dia 10 de janeiro de 1995 s 21:00 h. O exemplar possua ouropgio com penas brancas e raques pretas, sendo que as penas centraispossuam a ponta enegrecida. A distribuio de cores nas penas das asasseguiam o padro tpico descrito por Harrison (1983).

    Vira-pedras-ferrugem -Arenaria interpres (Linnaeus, 1758), apareceregularmente, em geral, formando pequenos bandos compostos por maisde dez indivduos, ou isolada. Pode ser observada por toda a Ilha, desde onvel do mar at as partes mais altas, preferindo entretanto as praias e costesrochosos e os vales marcados pela presena de gua, onde provavelmente

    essas aves colonizaram todas as outras ilhas do Atlntico Sull. Das espciesmigrantes observadas em campo pelo autor, merecem destaque: Petrel-gigante

    - Macronectes sp., visitante meridional com o primeiro registro para Trindade.Um exemplar sobrevoou em frente Praia dos Portugueses, prximo Pedrado Tubaro, em setembro de 1994, no sendo possvel entretanto, observardetalhes que o identificasse como espcie. Devemos desconsiderar a citaode Fonseca Neto et al. (1998), que referem-se ao indivduo comoM. giganteus.Tanto esta espcie, quanto M. halli dispersam-se no inverno por latitudesmenores do hemisfrio sul, no ultrapassando o Trpico de Capricrnio (Vooren& Fernandes, 1989).

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    estgios de desenvolvimento, que realizam a cdise sobre alguma pedradurante a noite perdendo o exoesqueleto duro e ficando vulnerveis. Entredezembro e junho a espcie pode predar filhotes debilitados de tartaruga-verde, durante o perodo reprodutivo deste quelnio.

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