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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

    CONTEXTUALIZAÇÃO

    Iniciamos os estudos desta disciplina apresentando a Lei 5.764/71 quedene a Política Nacional de Cooperativismo. Neste primeiro capítulo vamosapresentar a primeira parte desta Lei nº 5.764/71 fazendo uma análise ecomentários da mesma. É a Lei 5.764/71 que dene a Política Nacional deCooperativismo, instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas eque dá outras providências.

    Em virtude de ser uma Lei editada há praticamente 40 anos, existem muitascríticas sobre sua atualização e adequação ao cooperativismo contemporâneode acordo com Fontenelle (2011), assessor jurídico da OCB/CE. Para ele, noentanto, a Lei 5.764/71 atende perfeitamente aos desaos do cooperativismonecessitando maior discussão e divulgação do Direito Cooperativo para suamelhor compreensão.

    Desta forma iniciaremos a seguir os comentários sobre os artigos dessaLei para conhecê-la melhor, utilizando para tanto o livro Direito CooperativoBrasileiro (Comentários à Lei 5.764/71) de Paulo César Andrade Siqueira,além de citação de outros autores que contribuem para o entendimento da Leidas Cooperativas.

    C APÍTULO I  A III DA LEI 5.764/71

    Primeiramente vamos conhecer os capítulos iniciais da Lei 5.764/71, quefalam do que é a Política Nacional de Cooperativismo, denindo também oque é uma Sociedade Cooperativa e quais são seus objetivos e como sãoclassicadas.

    a) Da Política Nacional de Cooperativismo

    CAPÍTULO IDa Política Nacional de Cooperativismo

      Art. 1° Compreende-se como Política Nacional de Cooperativismo aatividade decorrente das iniciativas ligadas ao sistema cooperativo,originárias de setor público ou privado, isoladas ou coordenadasentre si, desde que reconhecido seu interesse público.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

     Art. 2° As atribuições do Governo Federal na coordenação eno estímulo às atividades de cooperativismo no território nacional

    serão exercidas na forma desta Lei e das normas que surgirem emsua decorrência.

    Parágrafo único. A ação do Poder Público se exercerá,principalmente, mediante prestação de assistência técnica ede incentivos nanceiros e creditórios especiais, necessários àcriação, desenvolvimento e integração das entidades cooperativas(BRASIL, 1971).

    Você pode observar que o legislador reconhece o cooperativismo comotema estratégico para o país bem como a existência de um sistema cooperativoquando cria uma Política Nacional de Cooperativismo.

    É interessante vericar que ao citar que o sistema cooperativo é oriundodo setor público ou privado o Legislador retira o monopólio do setor público emrelação às iniciativas ligadas ao cooperativismo.

     A lei determina ainda que o papel do Estado na Política Nacional

    do Cooperativismo seja de coordenação e estímulo a essa atividade.Já no Parágrafo único observamos que a ação estatal para a criação,desenvolvimento e integração das cooperativas será efetivada através daassistência técnica e de incentivos nanceiros e creditórios especiais.

     Além disso, o Legislador buscou preservar a autonomia e independênciado sistema cooperativo ao delimitar o campo de atuação e forma de agir doEstado na Política Nacional de Cooperativismo.

    Das Sociedades Cooperativas

    CAPÍTULO IIDas Sociedades Cooperativas 

     Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa aspessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ouserviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveitocomum, sem objetivo de lucro.

      Art. 1° Compreende-se

    como Política Nacionalde Cooperativismo aatividade decorrente

    das iniciativasligadas ao sistema

    cooperativo, origináriasde setor público ou

     privado, isoladas oucoordenadas entre si,

    desde que reconhecidoseu interesse público.

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

     Art. 3° Celebramcontrato de sociedade

    cooperativa as pessoas quereciprocamente se

    obrigam a contribuircom bens ou serviços

     para o exercíciode uma atividade

    econômica, de proveitocomum, sem objetivo

    de lucro.

     Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com formae natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência,

    constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-sedas demais sociedades pelas seguintes características:

    I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;

    II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes;

    III - limitação do número de quotas-partes do capital para cadaassociado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios

    de proporcionalidade, se assim for mais adequado para ocumprimento dos objetivos sociais;

    IV - inacessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros,estranhos à sociedade;

    V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,federações e confederações de cooperativas, com exceçãodas que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério daproporcionalidade;

    VI - quórum para o funcionamento e deliberação da AssembleiaGeral baseado no número de associados e não no capital;

     VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente

    às operações realizadas pelo associado, salvo deliberaçãoem contrário da Assembleia Geral;

    VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de AssistênciaTécnica Educacional e Social;

    IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;

    X - prestação de assistência aos associados, e, quando previstonos estatutos, aos empregados da cooperativa;

    XI - área de admissão de associados limitada às possibilidadesde reunião, controle, operações e prestação de serviços(BRASIL, 1971).

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

     Aqui, podemos identicar algumas palavras-chave sobre o que oDireito-jurídico brasileiro dene como cooperativa. Com o objetivo de melhor

    compreender esses conceitos vamos fazer algumas atividades. Que talcomeçar relendo o capítulo II da Lei 5.764/71 com atenção?

     As principais diferenças entre as sociedades empresarias e associedades cooperativas são: os objetivos sociais, a legislação que asrege e principalmente a destinação dos resultados. O principal objetivo dassociedades empresariais é a produção de bens e serviços e a geração delucros, enquanto que as sociedades cooperativas também produzem bens eserviços, mas distribuem o resultado do exercício, chamado “sobras líquidas”,aos seus associados ou cooperados.

    Atividade de Estudos:

    1) Quem são as pessoas que atuam na formação de umaSociedade Cooperativa e qual é a nalidade de sua constituiçãosegundo este capítulo da lei?

      _________________________________________________   _________________________________________________ 

      _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________ 

    2) Quais são as principais características que distinguem as

    Sociedades Cooperativas das demais sociedades?  _________________________________________________ 

      _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________   _________________________________________________ 

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

     Art. 5° As sociedadescooperativas poderão

    adotar por objetoqualquer gênero deserviço, operação

    ou atividade,

    assegurando-se lheso direito exclusivoe exigindo-se lhes

    a obrigação douso da expressão

    “cooperativa” em suadenominação.

    Muito bem. Você pode observar que são muitas as diferenças entre asSociedades Empresariais e as Sociedades Cooperativas. No próximo capítulo,

    vamos estudar os objetivos a que se propõem as Sociedades Cooperativas e,ainda, sua classicação. Vamos lá?

    Do Objetivo e Classicação das Sociedades Cooperativas

    CAPÍTULO IIIDo Objetivo e Classicação das Sociedades Cooperativas

     Art. 5° As sociedades cooperativas poderão adotar por objetoqualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se lhes o direito exclusivo e exigindo-se lhes a obrigação do uso daexpressão “cooperativa” em sua denominação.

    Parágrafo único. É vedado as cooperativas o uso da expressão“Banco”.

      Art. 6º As sociedades cooperativas são consideradas:

    I - singulares, as constituídas pelo número mínimo de 20(vinte) pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitidaa admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto asmesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoasfísicas ou, ainda, aquelas sem ns lucrativos;

     II - cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as

    constituídas de, no mínimo, 3 (três) singulares, podendo,excepcionalmente, admitir associados individuais;

     

    III - confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos,de 3 (três) federações de cooperativas ou cooperativascentrais, da mesma ou de diferentes modalidades.

     § 1º Os associados individuais das cooperativas centrais e federações

    de cooperativas serão inscritos no Livro de Matrícula da sociedadee classicados em grupos visando à transformação, no futuro,em cooperativas singulares que a elas se liarão.

     § 2º A exceção estabelecida no item II, in ne, do caput deste artigo

    não se aplica às centrais e federações que exerçam atividadesde crédito.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

     Art. 7º As cooperativas singulares se caracterizam pela prestaçãodireta de serviços aos associados objetivam organizar, em comum

    e em maior escala, os serviços econômicos e assistenciais deinteresse das liadas, integrando e orientando suas atividades,bem como facilitando a utilização recíproca dos serviços.

    Parágrafo único. Para a prestação de serviços de interessecomum, é permitida a constituição de cooperativas centrais, àsquais se associem outras cooperativas de objetivo e nalidadesdiversas.

      Art. 9° As confederações de cooperativas têm por objetivo

    orientar e coordenar as atividades das liadas, nos casos em queo vulto dos empreendimentos transcender o âmbito de capacidadeou conveniência de atuação das centrais e federações.

     Art. 10. As cooperativas se classicam também de acordo como objeto ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas oupor seus associados.

    § 1º Além das modalidades de cooperativas já consagradas,caberá ao respectivo órgão controlador apreciar e caracterizar

    outras que se apresentem.

    § 2º Serão consideradas mistas as cooperativas queapresentarem mais de um objeto de atividades.

     Art. 11. As sociedades cooperativas serão de responsabilidadelimitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissosda sociedade se limitar ao valor do capital por ele subscrito.

      Art. 12. As sociedades cooperativas serão de responsabilidade

    ilimitada, quando a responsabilidade do associado peloscompromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver limite.

      Art. 13. A responsabilidade do associado para com terceiros,

    como membro da sociedade, somente poderá ser invocada depoisde judicialmente exigida da cooperativa (BRASIL, 1971).

     

    O artigo 5º. Trata do ramo de atividade em que os cooperados estão

    inseridos e que será utilizado para tornar viável a nalidade da cooperativa.Fala ainda da obrigatoriedade do uso do termo “cooperativa” na denominaçãosocial e a proibição do uso da palavra “Banco” pelas cooperativas.

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

     A classifcação das

    cooperativas em

    ramos tem a fnalidadede organizá-lasde maneira que

    facilite a formaçãodas federações,confederações e

    centrais, e também para sua própria

    organização política.

     A classicação das cooperativas em ramos tem a nalidade de organizá-las de maneira que facilite a formação das federações, confederações e

    centrais, e também para sua própria organização política. Além disso, ao seagruparem por ramo de atividade (tais como: agropecuárias, educacional,crédito, consumo, mineração, trabalho, saúde, turismo e lazer etc.) ascooperativas conseguem ter maior competitividade de mercado e obtém maiorganho de escala para os seus associados.

    De Rose (2002 citado por SIQUEIRA, 2004, p. 47), considera que “arealização do objetivo social é o meio de exteriorização do Ato Cooperativo”.

    Para saber quais são os ramos mais comuns de cooperativasno Brasil, sugerimos que consulte o seguinte artigo:

    SIQUEIRA, Paulo César Andrade. “As Cooperativas e aTerceirização”, artigo posto em Problemas Atuais de DireitoCooperativo, Renato Lopes Becho, coordenador, Dialética, SãoPaulo, 2002, p. 206/233.

    Consulte também os ramos de cooperativa existentes  nosite da OCB Organização das Cooperativas Brasileiras: Disponívelem http://www.ocb.org.br 

    Do artigo 6º ao artigo 10º, a Lei das Cooperativas trata de classicar as

    cooperativas quanto ao nível de cooperação. Assim sendo, elas podem sersingulares (de primeiro grau) quando se tratarem daquelas constituídas pelonúmero mínimo de 20 pessoas físicas; podem também ser admitidas pessoas jurídicas desde que suas atividades sejam idênticas às das suas sóciaspessoas físicas ou que não possuam ns lucrativos.

     A seguir vem as Cooperativas Centrais e as federações de cooperativasque são entidades constituídas de no mínimo três cooperativas singularesou de segundo grau. Países como o Brasil, Estados Unidos da América,Rússia, China e Índia que têm um continente muito vasto “dependem do

    reconhecimento de que nenhuma instituição humana, que casse limitadaas suas fronteiras, poderia desenvolver-se adequadamente e ter importância

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    nacional” (SIQUEIRA, 2004, p. 54). Assim, quando há interesse de somar, osinteresses de várias cooperativas são constituídas às Cooperativas Centrais

    ou federações com a nalidade de viabilizar um melhor desempenho dascooperativas singulares e não com o propósito de atender aos reclamos deseus cooperados.

    Novamente para atender às necessidades de competitividade frenteao mercado internacional, à globalização da economia mundial e aosmercados comuns internacionais GATT (General Agreement on Tariffs andTrade – Acordo Geral de Tarifas e Comércio), CEE (Comunidade EconômicaEuropeia), MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), NAFTA (North-AmericanFree Trade Agreement – Acordo de Livre Comércio Norte-americano) e outros,

    faz-se necessário a centralização nacional em entidades representativas (deterceiro grau) que são as confederações de cooperativas; constituídas de nomínimo três federações de cooperativas ou Cooperativas Centrais que podemser inclusive de modalidades diferentes, reúnem-se quer para uniformizarinteresses, reduzir os custos das forças políticas e jurídicas, reduzir custos dacorporação e, assim, são capazes de uma governança corporativa ecaz.

     A partir do artigo 11º. Ao 13º. Trata da responsabilidade jurídica dassociedades cooperativas bem como a de seus dirigentes e sócios. Para facilitara compreensão do termo responsabilidade, que tal analisarmos algumas

    denições jurídicas desse termo?

    Siqueira (2004, p. 59-60) faz as seguintes armações comrelação à responsabilidade.

    Responsabilidade é a aptidão que têm os obrigados pelalei ou pelo contrato a pagarem com seu patrimônio osdanos materiais ou morais, que seus atos individualmenteconsiderados, ou seus contratos, causem a terceiros.

     A responsabilidade por atos ilícitos, chamada deresponsabilidade extracontratual, decorre dos atos davida, que, sem justicativa jurídica, causem danos dequalquer monta a outrem.

     A responsabilidade por infração à obrigação contratual,denominada de responsabilidade contratual, decorrerda infração de regras contratuais, ou do cumprimentodefeituoso do contrato, de modo a causar dano dequalquer monta a outra parte contratante.

    Há várias teorias da responsabilidade, segundo avaloração que cada nacionalidade empresta ao valorda propriedade e interesses em jogo.

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

    O sócio, ao associar-se a uma cooperativaassume o dever de

    cumprir e respeitar oestatuto, porém vaialém da obrigação

    de um contrato onde poderia descumprir

    suas obrigações

    assumindo aresponsabilidade por perdas e danos.

     As cooperativas têmsua responsabilidade

    não só pelos seusatos, mas também pelo cumprimento de

    contratos.

    Nesse contexto assim, como em todas as sociedades, as cooperativas têmsua responsabilidade não só pelos seus atos, mas também pelo cumprimento

    de contratos. Dessa forma responde diretamente com seu patrimônio querpelas obrigações assumidas quer pelos danos que venha a causar a outros.

    Por outro lado os dirigentes das cooperativas, agindo de acordo com ostermos da lei e seus estatutos não poderão ser responsabilizados pessoalmentepelos atos que praticarem no exercício de seus mandatos. No entanto, havendodolo ou culpa proveniente de seus atos, responderão solidariamente no que échamado de infração a dever . Esse caso será avaliado mais a frente quandoanalisarmos o artigo 49 dessa mesma lei.

    Quanto à responsabilidade nas sociedades em geral bem como nasSociedades Cooperativas, ela pode ainda ser:

    • Limitada: Os sócios respondem apenas até o limite do valor de suas cotasvertidas na sociedade;

    • Ilimitada: A responsabilidade dos sócios é pessoal, solidária e não temlimite, como diz a Lei em si mesma.

    Já o Artigo 13 aborda em que momento o sócio é invocado com sua

    responsabilidade e para isso é necessário que abordemos alguns aspectosrelevantes. São eles: A responsabilidade dos sócios para com a cooperativa;a responsabilidade dos sócios para com outros sócios; a responsabilidadedos sócios para com terceiros por fato da cooperativa e a responsabilidade dacooperativa pelo fato do sócio.

    Veremos a seguir cada um desses aspectos que são importantes norelacionamento entre o sócio e a cooperativa.

    • A responsabilidade dos sócios para com outros sócios

    Quanto à responsabilidade dos sócios para com a cooperativa, é oestatuto desta que funciona como a lei que governa essa relação. O sócio,ao associar-se a uma cooperativa assume o dever de cumprir e respeitar oestatuto, porém vai além da obrigação de um contrato onde poderia descumprirsuas obrigações assumindo a responsabilidade por perdas e danos. Odescumprimento do estatuto pode acarretar sua eliminação dessa sociedade. Além disso, a cooperativa é a administradora dos bens comuns que os sócioscolocam a seu dispor (bens, mercadorias e serviços) podendo proceder a

    um acerto de créditos e débitos, caso haja prejuízos e perdas pelos quais ossócios sejam responsáveis.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

     À responsabilidade dacooperativa pelo fato

    do sócio.

    O Código Civil, tantoo antigo quanto o

    atual, diz que “a culpa

    do preposto obriga o proponente” (art. 932do Código Civil 2002),

    Já a responsabilidadedos sócios para comoutros sócios é tão

    somente civil.

    Em relação à cooperativa, a responsabilidade do sócio é subjetiva,ilimitada e individual.

    • A responsabilidade dos sócios para com outros sócios

    Já a responsabilidade dos sócios para com outros sócios é tão somentecivil, desde que os meios e formas de cooperação não resultem em danocausado por ato ou fato jurídico. Isso se deve ao fato que essas relaçõesacontecem através da cooperativa e são, portanto, regidas pelo seu estatuto.

    • A responsabilidade dos sócios para com terceiros

    Tratando-se da responsabilidade dos sócios para com terceiros por fatoda cooperativa, ou seja, quando a cooperativa gera um dano ou prejuízoa terceiros, ela é denida pela denição de limitada ou ilimitada quandoda constituição da sociedade. Sendo a sociedade de responsabilidadelimitada, cabe aos sócios responderem proporcionalmente ao valor de suascotas e limitadas ao valor do capital subscrito; no caso das sociedades deresponsabilidade ilimitada, ao valor total do crédito. Em qualquer dos casos,entretanto, a responsabilidade dos sócios será exigida somente após ter sido

    exigida da cooperativa, através de via judicial, sua responsabilidade.

    • A responsabilidade da cooperativa pelo fato do sócio

    Finalmente chegamos à responsabilidade da cooperativa pelo fato dosócio. Aqui chegamos a uma matéria polêmica. O Código Civil, tanto o antigoquanto o atual, diz que “a culpa do preposto obriga o proponente” (art. 932 doCódigo Civil 2002), ou seja, a culpa da cooperativa obriga o cooperado.

    E quando acontece o contrário? Quando o sócio usando dos serviços dacooperativa causa dano a um terceiro? Seria a cooperativa responsável poresse dano?

    • Vejamos o que diz o Código de Proteção e Defesa do Consumidor:

      Art. 28 - O Juiz poderá desconsidera a personalidade jurídicada sociedade, quando, em detrimento do consumidor,houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contato social. A desconsideração também será efetivada quando houverfalência, estado de insolvência, encerramento ou inatividadeda pessoa jurídica, provocados por má administração(BRASIL, 1990).

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

    É uma questão bastante discutida e você poderá buscar leitura complementarpara melhor compreender essa situação. Além do texto que está nas páginas

    64 a 67 do livro indicado, há também decisões judiciais nas notas de rodapédo mesmo autor. Não deixe de ler.

    SIQUEIRA, Paulo Cesar de Andrade. Direito Cooperativo

    Brasileiro. Comentários à Lei 5.764/71.  São Paulo.

    Dialética, 2004.

    Na verdade a responsabilidade recairá sobre os administradores dacooperativa, uma vez que o cooperado  não interfere nos negócios dacooperativa que pelos estatutos e pela própria lei são realizados pelos órgãossociais de administração. Novamente nos deparamos com uma polêmica,visto que essa situação amparada pelo Código de Consumidor e chamadade “desconsideração da pessoa jurídica em caso de abuso contra a lei ouos estatutos da sociedade” , é uma violação ao artigo 49 da Lei 5.764/71 quedene essa responsabilidade.

    Atividade de Estudos:

    E você? O que pensa disso?

    1) Após estudar esta primeira seção registre em poucas palavraso que você compreendeu a respeito da responsabilidade dacooperativa pelo fato do sócio.

      ___________________________________________________ 

      ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________   ___________________________________________________ 

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    C APÍTULO IV  A VI DA LEI 5.764/71

    Nesta seção você vai saber como é a constituída uma SociedadeCooperativa e quais são os requisitos fundamentais para a legalidade e ofuncionamento dessa instituição. Também vai conhecer os livros necessáriospara a manutenção dos registros de uma cooperativa e a parte mais importante:como é a formação do capital social nas Sociedades Cooperativas.

    a) Da Constituição das Sociedades Cooperativas

    CAPÍTULO IVDa Constituição das Sociedades Cooperativas

     

     Art. 14. A sociedade cooperativa constitui-se por deliberaçãoda Assembleia Geral dos fundadores, constantes da respectiva ataou por instrumento público.

      Art. 15. O ato constitutivo, sob pena de nulidade, deverá declarar:

    I - a denominação da entidade, sede e objeto de funcionamento;

    II - o nome, nacionalidade, idade, estado civil, prossão eresidência dos associados, fundadores que o assinaram, bemcomo o valor e número da quota-parte de cada um;

    III - aprovação do estatuto da sociedade;

    IV - o nome, nacionalidade, estado civil, prossão e residênciados associados eleitos para os órgãos de administração,scalização e outros;

     Art. 16. O ato constitutivo da sociedade e os estatutos, quandonão transcritos naquele, serão assinados pelos fundadores (BRASIL,1971).

    Dando prosseguimento ao conhecimento da Lei Cooperativa, passamosagora, ao ato que trata do momento propriamente dito da constituição dacooperativa. É a ata da constituição e não o estatuto em si que cria a

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

     Algumas cooperativas

    como as que sejamdo ramo de crédito etrabalho médico, têmlegislação específca

    e órgãos estatais decontrole, que fazem

    exigências formais quedevem ser obedecidas

    na ata de atas dasassembleias da

    sociedade.

    cooperativa e aprova também o seu estatuto. Assim, o artigo 15 declara quenum único ato jurídico, a constituição da cooperativa, deverá denir além da

    formalidade da sociedade o seu estatuto. Este é, portanto, o primeiro ato decooperação onde os sócios denem a nalidade e o objeto dessa sociedade eos meios pelos quais atingirão seus objetivos.

    Sobre as características e registro do ato constitutivo Siqueira, (2002, p.71), faz as seguintes ponderações:

     A ata da assembleia geral de constituição da sociedadecooperativa é feita segundo o modelo tradicional, em livrode atas ou folhas soltas, numeradas e rubricadas pelopresidente. Neste documento devem-se historiar os fatos,

    resumidamente, de maior relevância ocorrida no evento.

    Em virtude da exigência da lei, a ata de constituição deveentão ser assinada por todos os sócios fundadores,qualicando-os conforme o art. 997 do CC, não sendo deboa prática negocial incluir o estatuto, como permite a lei, nocorpo da constituição.

    O ideal é que se leve para a assembleia uma minuta doestatuto, que, aprovado respeitado os ditames do art. 15 daLei das Cooperativas e do art. 997 do CC seja assinado portodos os sócios fundadores. A separação do estatuto e da

    ata faz com que o uso diário do estatuto não seja complicadoapós as alterações dos órgãos estatutários da administração.

    No entanto, a ata de constituição deve referir-se expressamenteao estatuto aprovado, devendo, no ato constitutivo, deliberar-seainda pela eleição dos cargos dos órgãos sociais estatutários.

    É bom ressalvar que algumas cooperativas como as quesejam do ramo de crédito e trabalho médico, têm legislaçãoespecíca e órgãos estatais de controle, que fazemexigências formais que devem ser obedecidas na ata deatas das assembleias da sociedade.

    Para facilitar a sua tarefa, reproduzimos abaixo, o artigo 997 do CódigoCivil Brasileiro de 2002, citado no texto acima. Ele está inserido no Capítulo I,Da Sociedade Simples, Seção I Do Contrato Social da referida lei.

     Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito,particular ou público, que, além de cláusulas estipuladaspelas partes, mencionará:

    I - nome, nacionalidade, estado civil, prossão e residênciados sócios, se pessoas naturais, e a rma ou a denominação,nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

    III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente,podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveisde avaliação pecuniária;

    IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo derealizá-la;

    V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuiçãoconsista em serviços;

    VI - as pessoas naturais incumbidas da administração dasociedade, e seus poderes e atribuições;

    VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

    VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente,pelas obrigações sociais.

    Parágrafo único. É inecaz em relação a terceiros qualquerpacto separado, contrário ao disposto no instrumento docontrato (BRASIL, 2002).

    Depois de constituída a cooperativa, esta deve ser registrada. Como

    sociedade de pessoas que é uma cooperativa, de natureza civil, poderia sepensar que seu registro é feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Porém,isso jamais ocorreu. O fato é que o Legislador confundiu as SociedadesCooperativas como sendo de natureza mercantil, conforme as normas deregistro da Lei 8.934/94, Do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Ans (BRASIL, 1994).

     

     Art. 32. O registro compreende:

    I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutorespúblicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e adminis-tradores de armazéns-gerais;

    II - O arquivamento:

    a) dos documentos relativos à constituição, alteração,dissolução e extinção de rmas mercantis individuais,sociedades mercantis e cooperativas.

    Vemos, então, que numa lei tão recente ocorre ainda a confusão porparte do Legislador, da Sociedade Cooperativa, de natureza civil e sem ns

    lucrativos, com uma sociedade mercantil.

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

    Felizmente com o advento do Código Civil de 2002, essa situação foireparada, assim o artigo 982 parágrafo único do Código Civil considera as

    cooperativas sendo equiparadas às sociedades simples. O art. 998 determinaque as sociedades simples sejam registradas no Registro Civil de PessoasJurídicas no prazo de 30 dias de sua constituição.

     Antes disso, o registro das cooperativas era feito nas Juntas Comerciaisou nos Registros Públicos de Empresas Mercantis.

    b) Da Autorização de Funcionamento

    SEÇÃO IDa Autorização de Funcionamento

     Art. 17. A cooperativa constituída na forma da legislaçãovigente apresentará ao respectivo órgão executivo federal decontrole, no Distrito Federal, Estados ou Territórios, ou ao órgãolocal para isso credenciado, dentro de 30 (trinta) dias da data daconstituição, para ns de autorização, requerimento acompanhado

    de 4 (quatro) vias do ato constitutivo, estatuto e lista nominativa,além de outros documentos considerados necessários.

     Art. 18. Vericada, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, acontar da data de entrada em seu protocolo, pelo respectivo órgãoexecutivo federal de controle ou órgão local para isso credenciado,a existência de condições de funcionamento da cooperativa emconstituição, bem como a regularidade da documentação apresentada,o órgão controlador devolverá, devidamente autenticadas, 2 (duas)vias à cooperativa, acompanhadas de documento dirigido à Junta

    Comercial do Estado, onde a entidade estiver sediada, comunicandoa aprovação do ato constitutivo da requerente.

    § 1° Dentro desse prazo, o órgão controlador, quando julgarconveniente, no interesse do fortalecimento do sistema, poderáouvir o Conselho Nacional de Cooperativismo, caso em que não severicará a aprovação automática prevista no parágrafo seguinte.

    § 2º A falta de manifestação do órgão controlador no prazo aque se refere este artigo implicará a aprovação do ato constitutivo

    e o seu subsequente arquivamento na Junta Comercial respectiva.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    § 3º Se qualquer das condições citadas neste artigo não foratendida satisfatoriamente, o órgão ao qual compete conceder a

    autorização dará ciência ao requerente, indicando as exigências aserem cumpridas no prazo de 60 (sessenta) dias, ndos os quais,se não atendidas, o pedido será automaticamente arquivado.

    § 4° À parte é facultado interpor da decisão proferida peloórgão controlador, nos Estados, Distrito Federal ou Territórios,recurso para a respectiva administração central, dentro do prazode 30 (trinta) dias contado da data do recebimento da comunicaçãoe, em segunda e última instância, ao Conselho Nacional deCooperativismo, também no prazo de 30 (trinta) dias, exceção feita

    às cooperativas de crédito, às seções de crédito das cooperativasagrícolas mistas, e às cooperativas habitacionais, hipótese em queo recurso será apreciado pelo Conselho Monetário Nacional, notocante às duas primeiras, e pelo Banco Nacional de Habitação emrelação às últimas.

      Art. 19. A cooperativa escolar não estará sujeita ao

    arquivamento dos documentos de constituição, bastando remetê-los ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, ourespectivo órgão local de controle, devidamente autenticados pelo

    diretor do estabelecimento de ensino ou a maior autoridade escolardo município, quando a cooperativa congregar associações demais de um estabelecimento de ensino.

     Art. 20. A reforma de estatutos obedecerá, no que couber, aodisposto nos artigos anteriores, observadas as prescrições dosórgãos normativos (BRASIL, 1971).

    Você leu agora os artigos 17 a 20 da Lei 5.764/71. Esses artigos tratamda autorização para o funcionamento das cooperativas. Esses artigos forameditados à época da Emenda Constitucional no. 1/67. Naquela época o sistemade governo no Brasil era o Governo Militar e, por conta disso, poderia havera necessidade de regulamentar e scalizar a atividade cooperativa de formaespecíca, bem como poderiam ser exigidas condições prévias de um juízoda oportunidade e conveniência de sua criação (SIQUEIRA, 2002). SegundoSiqueira, esses artigos violentam a liberdade das atividades lícitas e que ocontrole delas por parte de um órgão público é juridicamente inviável e, poresse motivo, não foram recepcionados.

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      Capítulo 1 

     A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgadaem 5 de outubro de 1988, 15 (quinze) anos passados,foi inspirada na Carta dos Direitos norte-americana, naDeclaração Universal dos Direitos do Homem da RevoluçãoFrancesa, na Constituição Democrática do Brasil de 1946,não admitindo, assim, que o Estado invadisse impunementea atividade do cidadão, sem qualquer pretexto ou nalidade(SIQUEIRA, 2004, p.74).

    Você deve estar questionado porque esses artigos continuam na Lei5.764/71 se na realidade elas não produzem efeito, certo?

    Embora as normas constitucionais revolucionem o sistema jurídico deum país, elas não conseguem promover alterações totais e imediatas nosistema vigente anterior. Existe no Direito um princípio que se chama “reenvioou recepção”. Esse sistema promove a harmonia entre os conjuntos (deleis vigentes e anteriores), mantendo válidas as que não foram revogadas,excluindo aquelas que foram revogadas ou que são contrárias à nova ordem.Como resultado disso, esses artigos perderam a validade em virtude de nãoterem sido recepcionados por serem contrárias à Constituição. Tendo em vistaque a Lei 5.764/71 é considerada uma Lei Ordinária, não pode ela cassara liberdade garantida pela Constituição, que é considerada a Lei maior, decriação e funcionamento das cooperativas (art. 5º. Inciso XVIII da Constituição

    de 1988 – a criação de associações, e na forma da lei, de cooperativas,independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seufuncionamento).

    Contudo, lembramos que as cooperativas de crédito, por estarem inseridasdentro do Sistema Financeiro Nacional e obedecerem a uma legislaçãoespecíca são as únicas que necessitam de autorização para funcionamento.

    Atividade de Estudos:

    1) Apenas para complementar o seu saber, pesquise o que é umaLei Ordinária e escreva o seu conceito de forma breve e sucinta.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    Estamos avançando em nosso conteúdo. Até aqui tudo bem? Temoscerteza de que você já sabe muitas coisas novas sobre as Sociedades

    Cooperativas. Agora, vamos ver como é o estatuto social de uma SociedadeCooperativa, quais são os livros de escrituração que são obrigatórios enão apenas pela contabilidade. Você vai conhecer também um item muitoimportante que é o capital social e que pode até não ser exigido numaSociedade cooperativa. Vamos lá?

    c) Do Estatuto Social

    SEÇÃO IIDo Estatuto Social

     Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao dispostono artigo 4º, deverá indicar:

    I - a denominação, sede, prazo de duração, área de ação,objeto da sociedade, xação do exercício social e da data dolevantamento do balanço geral;

     II - os direitos e deveres dos associados, natureza de suas

    responsabilidades e as condições de admissão, demissão,eliminação e exclusão e as normas para sua representaçãonas assembleias gerais;

    III - o capital mínimo, o valor da quota-parte, o mínimo de quotas-partes a ser subscrito pelo associado, o modo de integralizaçãodas quotas-partes, bem como as condições de sua retirada noscasos de demissão, eliminação ou de exclusão do associado;

    IV - a forma de devolução das sobras registradas aos associados,ou do rateio das perdas apuradas por insuciência decontribuição para cobertura das despesas da sociedade;

    V - o modo de administração e scalização, estabelecendo osrespectivos órgãos, com denição de suas atribuições,poderes e funcionamento, a representação ativa e passivada sociedade em juízo ou fora dele, o prazo do mandato,bem como o processo de substituição dos administradores e

    conselheiros scais;

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    ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO  DA LEI 5.764/71 E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR: PRIMEIRA PARTE - CAPÍTULOS I A IX

      Capítulo 1 

     As relações de sóciodevem ser bastante

     precisas no estatutoafm de minimizar os

    conitos que ocorram

    no desenvolvimentoda atividade de

    cooperação.

    VI - as formalidades de convocação das assembleias gerais e amaioria requerida para a sua instalação e validade de suas

    deliberações, vedado o direito de voto aos que nelas tivereminteresse particular sem privá-los da participação nos debates;

    VII - os casos de dissolução voluntária da sociedade;

    VIII - o modo e o processo de alienação ou oneração de bensimóveis da sociedade;

    IX - o modo de reformar o estatuto;

    X - o número mínimo de associados (BRASIL, 1971).

     

     A nomenclatura que designa a cooperativa é dada por determinação legaldo art. 1159 do Código Civil (2003), não cabendo o uso da expressão “Ltda.”que é de uso das sociedades limitadas.

     As relações de sócio devem ser bastante precisas no estatuto am deminimizar os conitos que ocorram no desenvolvimento da atividade de

    cooperação.

    Embora o Código Civil prescreva a constituição de cooperativas semCapital Social, as Sociedades Cooperativas de responsabilidade limitadadevem ter um Capital Social mínimo que é a multiplicação da cota-parte decada sócio pelo número de sócios.

    Como as cooperativas atuam na forma de exercício anual é precisoaguardar a aprovação das contas do exercício antes de reembolsar o capitalao sócio que saia da cooperativa por qualquer motivo.

     A forma de contabilidade adotada pelas cooperativas é a Norma deContabilidade Técnica e o Conselho Federal de Contabilidade recomenda aelaboração de Planos de Conta das cooperativas.

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       Aspectos Legais e Tributários nas Sociedades de Cooperativas de Crédito

    Você sabia que diferentemente das outras sociedades,os prejuízos do exercício de uma cooperativa são rateados ecompostos pelos sócios? Em caso de resultado positivo elesreceberão as sobras do exercício. A forma de efetuar esse rateio,quer positivo, quer negativo, deve ser disciplinado para que nãohajam inuências momentâneas na regularidade desse rateio.

    Você já sabe que o estatuto é a norma fundamental dacooperativa. Logo, a validade de sua administração deve estarprevista e de acordo com o que estiver disposto no estatuto.

     Alguns detalhes da administração podem ser delegados a um RegimentoInterno, que também deve ser aprovado pelo Conselho de Administração. Porexemplo:

    • horários de reunião;• forma de apresentação e andamento dos trabalhos;• entre outros.

     Alguns, no entanto, devem ser estabelecidos no estatuto. Por exemplo:

    • competência básica;• frequência das reuniões;• forma de dar publicidade aos atos;• representação causal judicial e extrajudicial;• entre outros.

    Situações traumáticas como impedimento de administradores seja

    por administração ruinosa, prevaricação ou outra situação grave, deveobrigatoriamente constar no estatuto, visto que assuntos tão importantesdessa natureza não devem ser tratados com improvisação.

    Geralmente as cooperativas denem prazos diferentes para a convocaçãode assembleias gerais usuais e para aquelas em que haja votação. No últimocaso deve ser acrescido ao prazo usual o prazo para a impugnação decandidaturas.

    Também é necessário delimitar uma ordem do dia mínima para as

    assembleias gerais ordinárias bem como o quórum para a instalação e votaçãoda Assembleia Geral.