Upload
joemar-mendes-rego
View
214
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
a
Citation preview
120
Captulo 4
Espectroscopia de Fluorescncia Molecular
121
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.1 - LUMINESCNCIA MOLECULAR Fotoluminescncia
- excitao absoro de ftons - geralmente a radiao emitida tem comprimento de onda maior do que o da
radiao absorvida na excitao
Fluorescncia
- tempo mdio de vida no estado excitado 10-5 s - no h alterao no spin do eltron
Fosforescncia
- tempo mdio de vida no estado excitado >10-5 s - inverso de spin do eltron
Quimiluminescncia
- emisso de radiao por parte de espcies excitadas formadas durante uma reao qumica
- nmero de reaes qumicas que produzem quimiluminescncia pequeno tcnica aplicada a um nmero pequeno de substncias
- mtodo simples, seletivo e com alta sensibilidade - aplicao qumica analtica recente
4.1.1 - CARACTERSTICAS DAS TCNICAS LUMINESCENTES
- alta sensibilidade
- limites de deteco trs ordens de grandeza melhores do que os da absoro molecular (nvel de ppb)
- sujeitos a interferncias de espcies presentes na matriz - faixa linear de concentraes mais amplas
- menos acurados e precisos que absoro molecular no UV/VIS
- campo de aplicao menor nmero de espcies que possuem propriedades luminescentes pequeno
122
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.2 - TEORIA DA FLUORESCNCIA E DA FOSFORESCNCIA
Molcula no estado fundamental
- todos os eltrons emparelhados estado eletrnico singlet
- no h desdobramento de energia dos nveis eletrnicos em presena de campo magntico externo
Radicais livres
- presena de eltron desemparelhado estado eletrnico dublet
- desdobramento de energia duas orientaes do spin eletrnico em presena de campo magntico externo
Molculas no estado excitado
- par eletrnico excitado
Singlet no h inverso de spin eletrnico
Triplet inverso de spin eltrons excitados no emparelhados
fundamental singlet
excitado singlet
excitado triplet
Transio singlet triplet menos provvel que a singlet singlet
tempo mdio de vida no estado excitado triplet maior (>10-4 s) do que no singlet (10-5 a 10-8 s)
4.3 - PROCESSOS DE RELAXAO
relaxao no radiativa
relaxao radiativa fluorescncia ou fosforescncia
processo predominante minimizar o tempo de vida no estado excitado
123
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Figura 4.1 Diagramas de energia para sistema fotoluminescente
4.3.1 - RELAXAO NO RADIATIVA
4.3.1.1 - Relaxao ou desativao vibracional
- colises entre molculas excitadas e molculas do solvente
- excesso de energia vibracional transferido para molculas do solvente numa srie de etapas pequeno aumento da temperatura do meio
- processo muito rpido tempo de vida no estado vibracional excitado < 10-12 s
Se ocorrer fluorescncia transio do nvel vibracional de menor energia do nvel eletrnico excitado para qualquer nvel vibracional do nvel eletrnico fundamental
Conseqncia banda de fluorescncia de uma dada transio eletrnica aparece
a maiores do que os da banda de absoro deslocamento de Stokes
124
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.3.1.2 - Converso interna
- relaxao do nvel vibracional de menor energia de um nvel eletrnico excitado para um outro nvel eletrnico de menor energia sem emitir radiao
- processo menos eficiente que a desativao vibracional tempo de vida no nvel eletrnico excitado 10-6 a 10-8 s, mas mais eficiente que fluorescncia
- mecanismo no completamente conhecido e compreendido - processo particularmente eficiente quando os dois nveis de energia so
suficientemente prximos sobreposio de energia dos nveis vibracionais
Conseqncia Absoro bandas centradas em 1, 2 banda de fluorescncia 3
Figura 4.2 Espectros de absoro e fluorescncia de soluo de quinina
4.3.1.3 - Converso externa
- processo tambm pouco conhecido
- interao e transferncia de energia entre a molcula excitada e molculas do solvente ou outro soluto
- evidncias do processo influncia da T, do tipo de solvente e da sua viscosidade nas caractersticas da fluorescncia
125
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.3.1.4 - Cruzamento intersistema
- processo que provoca inverso de spin no estado excitado
S1 T1 (S0 T1 transio proibida)
- processo eficiente quando h sobreposio de energia dos nveis vibracionais de S1 e T1
- favorecido pela presena de tomos pesados (iodo, bromo) na molcula
4.3.2 - RELAXAO RADIATIVA
4.3.2.1 - Fluorescncia
- retorno da molcula de um nvel eletrnico excitado do tipo singlet para o nvel fundamental com emisso de radiao eletromagntica
- como podem retornar para qualquer nvel vibracional do nvel eletrnico fundamental espectro fluorescncia molecular bandas formadas por uma srie de linhas prximas cuja resoluo difcil
Linhas de ressonncia
- radiao emitida mesma energia (mesmo ) que a radiao absorvida
Deslocamento de Stokes
- radiao emitida menor energia (maior ) que a radiao absorvida - parte da energia da absoro dissipada por processo de relaxao no
radiativa (relaxao vibracional) que ocorre a taxa elevada - se a converso interna pouco importante espectros de absoro e
fluorescncia imagens especulares aproximadas e se sobrepem pela linha de fluorescncia de ressonncia
126
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Figura 4.3 Espectro de fluorescncia para soluo 1 ppm de antraceno em lcool. (a) absoro; (b) emisso.
4.3.2.2 - Fosforescncia
- retorno da molcula de um nvel eletrnico excitado do tipo triplet para o estado fundamental com emisso de radiao eletromagntica
- transio T1 S0 baixa probabilidade tempo mdio no estado excitado T1 relativamente grande (>10-4 s)
- compete, com pouco sucesso, com os processos de converso interna e externa no de espcies fosforescentes muito pequeno
- fosforescncia temperaturas baixas, meio viscoso, molculas adsorvidas em slidos caractersticas que dificultam os processos de converso interna e externa
127
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.4 - FLUORESCNCIA MOLECULAR
4.4.1 - EFICINCIA QUNTICA OU RENDIMENTO QUNTICO ()
teoricamente todas as espcies que absorvem radiao UV/VIS deveriam fluorescer
na prtica s poucas so fluorescentes
estrutura molecular favorece a relaxao por processos no radiativos que ocorrem a taxas maiores do que a fluorescncia
Eficincia ou rendimento quntico
excitadas molculas de total nfluorescem que molculas de n
=o
o
ou rf
fk+k
k=
sendo: kf = constante da taxa de relaxao por fluorescncia kr = soma das constantes das taxas de relaxao por processos no
radiativos
4.4.2 - FLUORESCNCIA E ESTRUTURA
Principais molculas fluorescentes:
- presena de anis aromticos - outras: compostos carbonlicos
compostos com duplas ligaes conjugadas
Transies pi pi* maior eficincia na fluorescncia
no de anis aromticos grau de condensao dos anis
heterocclicos simples no fluorescem
N
piridina
O
furano
S
tiofeno
N
H
pirrol
128
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
exibem fluorescncia
N
quinolina
N
isoquinolina
N
H
indol
presena de substituintes no anel deslocamento das bandas de fluorescncia e influncia sobre a eficincia de fluorescncia
Tabela 4.1 Efeito dos grupos substituintes na fluorescncia do anel benznico
Substncia (nm) Substncia (nm) Benzeno 270-310 10 Fenolato 310-400 10 Tolueno 270-320 17 Anisol 285-345 20 Propilbenzeno 270-320 17 Anilina 310-405 20 Fluorbenzeno 270-320 10 Anilnio - 0 Clorobenzeno 275-345 7 Ac. Benzico 310-390 3 Bromobenzeno 290-380 5 Benzonitrila 280-360 20 Iodobenzeno - 0 Nitrobenzeno - 0 Fenol 285-365 18
4.4.2.1 - Efeito da rigidez da estrutura
- Fluorescncia favorecida por molculas com estruturas rgidas
Ex 1)
= 1
= 0,2
aumento da rigidez da estrutura pela ponte metilnica entre os dois anis aromticos
reduo na taxa de relaxao no radiativa e a fluorescncia acaba ocorrendo a taxa maior
129
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Ex 2) Agentes complexantes orgnicos
N
OH
no fluorescente
Zn
N
O
2
fluorescente
Ex. 3) Espcies fluorescentes adsorvidas em slidos eficincia de fluorescncia
aumentada
4.4.2.2 - Efeito da temperatura
T aumento da probabilidade de colises favorecendo aos processos de relaxao no radiativa (converso externa)
4.4.2.3 - Efeito do solvente
Viscosidade aumento da probabilidade de colises intermoleculares
Presena de tomos pesados
favorecimento ao cruzamento inter-sistema (S1 T1) favorece fosforescncia
4.4.2.4 - Presena de O2 dissolvido
- reduo na intensidade da fluorescncia
oxidao fotoquimicamente induzida da espcie fluorescente
- propriedades paramagnticas do O2 promoo do cruzamento intersistema favorece transio S1 T1 reduzindo a fluorescncia
130
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.4.2.5 - Efeito do pH na fluorescncia
- anis aromticos com substituintes com carter cido ou bsico fluorescncia afetada pelo pH do meio
posio da banda intensidade da radiao emitida diferentes nas formas ionizada e no
ionizada
Ex : anilina e on anilnio
N
N
_
N
_
N +
estruturas de ressonncia da anilina on anilnio
4.4.3 - EFEITO DA CONCENTRAO NA INTENSIDADE DA FLUORESCNCIA
F = K(P0 P) (1) (Kdepende de )
Sendo bc-0
10PP
==== (2)
Substituindo-se (2) em (1)
F = KP0 (1 10-bc) (3) Pela expanso do termo potencial em srie de Maclaurin
(((( )))) (((( )))) (((( )))) ......... -! 3bc 2,3-
-
! 2bc 2,3-
-bc 2,3- P 'KF32
0
====
Quando bc = A < 0,05
F = 2,3 K bc P0
131
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Sendo P0 = constante
F = K c
Representao grfica
0 2 4 6 8 10 12 14 16 180
2
4
6
8
10
12
14
16
Inte
nsi
dade
Concentrao
- baixas concentraes dependncia linear
- concentraes elevadas A > 0,05 perda de linearidade
aumento das colises entre molculas excitadas
favorecimento dos processos de relaxao
no radiativa (converso externa ou interna)
auto supresso
prprias molculas absorvem a radiao emitida por fluorescncia
reduo na intensidade da radiao emitida
por fluorescncia
auto absoro
132
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.4.4 - INSTRUMENTOS PARA MEDIDA DE FLUORESCNCIA
Componentes
- os mesmos da espectrometria de absoro molecular no UV/VIS
Fluormetros filtros para seleo dos
Espectrofluormetros
- filtro ou monocromador limitar a radiao de excitao
- redes de difrao dispersar a radiao de fluorescncia
obteno dos espectros de fluorescncia
Figura 4.4 - Componentes de um fluormetro ou de um espectrofluormetro
Caractersticas
Feixe duplo compensar flutuaes em P0
133
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Feixe de amostra
filtro ou monocromador primrio transmitir a radiao que vai excitar a amostra e limitar os correspondentes fluorescncia
radiao de fluorescncia emitida pela amostra em todas as direes medida num ngulo de 90o com o feixe incidente reduzir ou eliminar o efeito do espalhamento da radiao na soluo e nas paredes da clula
filtro ou monocromador de emisso - dispersar a radiao de fluorescncia - selecionar a banda de fluorescncia de interesse
Feixe de referncia
Atenuador reduzir a intensidade a um nvel similar ao da radiao fluorescente
Comercialmente vrios modelos
grau de sofisticao preo
Fluormetros
mais adequados para anlises quantitativas maior sensibilidade
simples e de fcil utilizao
custo baixo
Componentes
Fontes
maior intensidade que as da espectrometria de absoro no UV/VIS
Fluormetros
- Lmpada de vapor de Hg linhas de excitao 254 302 313 546 578 691 e 773 nm isoladas pelos filtros de absoro
- Compostos fluorescentes fluorescncia induzida por diferentes e pelo menos um destes ser adequado
134
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Espectrofluormetros
- Lmpada de arco de Xe espectro contnuo de 300 a 1300 nm
Filtros e monocromadores
idnticos aos dos instrumentos para medida da absoro no UV/VIS
Clulas e Compartimentos para amostras
Clulas cilndricas ou retangulares vidro ou slica fundida
Compartimento de clula - design adequado de modo a reduzir a incidncia d radiao espalhada
Detetores
Sinal de luminescncia baixa intensidade detetor altamente sensvel
- Tubos fotomultiplicadores (operao sob resfriamento) - Rede de diodos
Instrumentos tpicos
Figura 4.5 Representao esquemtica de um fluormetro.
135
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Figura 4.6 Reperesentao esquemtica de um espectrofluormetro.
Padronizao dos instrumentos
Fluormetros / espectrofluormetros potncia da fonte e sensibilidade do detetor podem variar de um dia para outro
padronizao dos instrumentos de modo a obter-se um nvel de sensibilidade
reprodutvel
Soluo padro de sulfato de quinina 10-5 mol/L
(excitada a 350 nm fluoresce a 450 nm)
Perkin Elmer
kit com 6 padres
136
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
4.4.5 - APLICAES DA FLUORESCNCIA MOLECULAR
Espcies inorgnicas
ction ou nion extrado para soluo orgnica imiscvel com agente quelante fluorescncia da soluo orgnica medida
Mtodos diretos - analito + agente quelante complexo com propriedades fluorescentes - determinao de ctions
Mtodos indiretos - reduo na emisso de fluorescncia de um dado reagente em funo da sua
reao com o analito - determinao de nions
Estruturas dos agentes quelantes mais comuns
NOH
8-hidrxi-quinolina
HO N N
OH HO
SO3Na
alizarina garnet R
O
O
OH
flavanol
C C
H
OHO
benzona
137
Captulo 4 Espectroscopia de fluorescncia molecular
Tabela 4.2 Mtodos fluoromtricos selecionados para espcies inorgnicas
on Reagente (nm) S (g/mL) Interferentes Abs F
Al3+ alizarina garnet R 470 500 0,007 Be, Co, Cr, Cu, F-,
NO3-, Ni, PO43-, Th, Zr
F- auto-supresso do complexo acima 470 500 0,001
Be, Co, Cr, Cu, Fe, Ni, PO43-, Th, Zr
B4O7- benzona 370 450 0,04 Be, Sb
Cd2+ 2-(o-hidrxifenil-benzoxazola) 365 azul 2 NH3 Li+ 8-hidrxiquinolina 370 580 0,2 Mg
Sn4+ flavanol 400 470 0,1 F-, PO43-, Zr
Zn2+ benzona - verde 10 B, Be, Sb e ons
corados
OBS:
ons de metal de transio
- formao de complexos que absorvem no UV/VIS relaxao no radiativa to rpida (eficiente) no fluorescem
- muitos so paramagnticos favorece os cruzamentos intersistemas para estado excitado triplet fluorescncia pouco provvel (aumenta a tendncia a fosforescncia)
ons de metais no de transio no formam complexos que absorvam radiao na regio UV/VIS, mas seus complexos com quelantes org6anicos adequados fluorescentes
FLUORESCNCIA MOLECULAR + ABSORO MOLECULAR NO UV/VIS
complementares para determinao de ctions
Substncias orgnicas/ bioqumicas
Fluorescncia campo de aplicao amplo
- seletividade e sensibilidade elevadas Ex: hidrocarbonetos aromticos policclicos, adenina, guanidina, indol, naftol, protenas, aminocidos, produtos alimentares e farmacuticos, produtos naturais.