CAPTAÇÃO DE DOADORES DE MEDULA ÓSSEA · A medula óssea é um dos maiores órgãos do corpo humano, correspondendo de 4 a 5% do peso corporal total, nela ocorre a hematopoese -

Anais do 3° Salão de Extensão e Cultura da UNICENTR O

20 a 25 de setembro de 2010

CAPTAÇÃO DE DOADORES DE MEDULA ÓSSEA

Aline Denise Catanéo (UNICENTRO) – [email protected]

Raul Henrique Oliveira Pinheiro (UNICENTRO)

Anna Carolina Lima de Alencar (UNICENTRO)

Isabella Schroeder Abreu – Docente Depto Enfermagem – DENF – [email protected]

Vanessa Nerone – Docente Depto Enfermagem –DENF – [email protected]

1 Resumo O presente projeto justifica-se devido à necessidade de conscientização da

população em geral sobre a importância da doação de medula óssea, através da educação e informação, recrutando doadores de vários segmentos da sociedade; atuando junto ao Hemocentro de Guarapuava, em eventos, promovendo palestras em locais públicos, empresas entre outros, além da participação nas campanhas de doação. Com estas ações pretendemos aumentar o número de indivíduos cadastrados como doadores voluntários de medula óssea, além de proporcionar ao acadêmico de enfermagem o conhecimento sobre o referido assunto, além de sua atuação direta na realização das ações do projeto. Encontros semanais são realizados entre os docentes proponentes do Projeto, os discentes participantes e a equipe do Hemocentro para discussão, orientação e avaliação das atividades realizadas.

1.2 Palavras – chave: Transplante de Medula óssea; Células-Tronco Hematopoiéticas; Seleção do

Doador.

2 Introdução No âmbito que infere as doenças sanguíneas denominadas como

hematológicas, ainda existe muitas dúvidas em relação ao diagnóstico correto e ao tratamento específico. Entre essas dúvidas de tratamento surge como grande alternativa em especial o transplante de células troncos hematopoiéticas, que tem como objetivo o restabelecimento do estado saudável da medula óssea em pacientes que necessitam deste transplante. Esse tipo de transplante que já foi utilizado como última medida terapêutica, hoje é considerado uma forma de terapia



bem sucedida para determinadas doenças hematológicas (PONTES, GUIRARDELLO, CAMPOS, 2007).

A medula óssea é um dos maiores órgãos do corpo humano, correspondendo de 4 a 5% do peso corporal total, nela ocorre a hematopoese - formação de células sangüíneas. Na medula encontramos células primitivas, chamadas de células-tronco ou células-matriz, que quando estimuladas para a auto duplicação, iniciam o processo de diferenciação em células-tronco mielóide (eritrócitos, leucócitos e plaquetas) ou linfóide (linfócitos T e B) (SMELTZER e BARE, 2002).

O transplante de células tronco hematopoiéticas está é indicado em várias doenças do sistema hematopoiético como leucemias agudas, linfomas não Hodgkin, mieloma múltiplo, anemia aplástica severa, imunodeficiência severa combinada, ou seja, doenças que raramente podem ser tratadas por completo sem o transplante de Medula Óssea. Quanto às opções de transplante envolvendo o esquema doador-receptor pode ser dividido em transplante alogênico (onde ocorre entre dois indivíduos geneticamente diferentes, da mesma espécie e não aparentados), transplante autólogo ( onde as células troncos são obtidas do próprio paciente e após armazenamento são reinfundidas no mesmo) e o transplante singênico (ocorre a doação entre gêmeos univitelinos com alta taxa de compatibilidade) onde a taxa de compatibilidade entre ambos deve ser de extrema importância(BICALHO,2008).

O tratamento do paciente que espera pelo transplante, consiste na imunossupressão intensa, onde todas suas células sanguíneas doentes são eliminadas por meio de altas doses de quimioterapia e radioterapia. O sistema hematopoiético volta a funcionar a partir da infusão de medula óssea de um doador compatível, que passou pelo procedimento da retirada da medula óssea através de várias punções na crista ilíaca, esse material passa por uma filtragem depois é transferido para bolsas de transfusão sem anticoagulante e então infundida no paciente imunodeprimido por via intravenosa da medula óssea recém coletada (RIULL; AGUILLAR, 1997).

Com ajuda dos resultados satisfatórios e animadores do transplante de células tronco hematopoiética junto das campanhas e projetos de incentivo ao transplante, o índice nacional de doadores tem aumentado gradativamente nos últimos anos. Um exemplo disso é que no ano de 2000 existiam somente 12 mil doadores cadastrados no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), hoje existem 1,6 milhões de doadores cadastrados levando o Brasil a ser o terceiro maior banco de dados de cadastrados no Mundo (INCA, 2010).

Segundo o Ministério da Saúde – BRASIL (2007), apesar de crescente, este número ainda é insuficiente para atender à demanda de pacientes, principalmente pelo fato da probabilidade de se encontrar um doador compatível, o que no Brasil é de um em cem mil. Partindo do princípio de que seria necessário no mínimo dois milhões de doadores potencias considerando que existem duas mil pessoas esperando por um transplante de medula óssea (OLIVEIRA, 2007).

Partindo dessa trajetória o projeto de extensão intitulado “Captação de doadores de medula óssea” tem por objetivo aumentar o número de cadastros de



doadores voluntários de medula óssea, por meio da realização de palestras e campanhas de conscientização junto à população nos diferentes segmentos da sociedade.

3 Desenvolvimento

Ainda hoje, a população em geral possui pouco conhecimento quanto às doenças hematológicas, sobre a difícil compatibilidade doador-receptor e principalmente sobre a realização do transplante de medula óssea. Existe uma crença vigente de que a punção é realizada na medula espinhal ao invés da medula óssea; ou que o cadastramento no REDOME, resultará em retirada imediata da medula. Desta forma o Projeto de Extensão Captadores de Medula Óssea, tem como ação principal realizar orientações quanto à importância da doação de medula óssea e como ocorre todo este processo, desde o cadastramento até a doação propriamente dita. A escolha do local das campanhas se faz pela possibilidade de atingir um maior número de pessoas. A etapa inicial de orientação é feita por meio de palestra ou distribuição de folders e cartazes. O Folder explicativo contém as principais informações para a população, entre elas: a estimativa de compatibilidade doador-receptor e os critérios mínimos para cadastramento, sendo idade acima de 18 e menor que 55 anos (INCA, 2010), assinar o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) entre outros. Assim, a abordagem por folder é acrescida de informações como o procedimento do transplante para o doador e para o receptor. Outra forma de orientação empregada pelos integrantes do projeto, cujo grupo é denominado “Liga da Medula”, é a realização de palestras para grandes grupos, as quais contam com recursos expositivos apresentados através de slides utilizando-se um datashow, sendo a apresentação em slides preparada pelos integrantes do grupo e apresentada pelos mesmos. Após esclarecimento de todo o processo e consequente aceitação do indivíduo para cadastramento, passa-se para a segunda etapa, sendo esta o preenchimento do cadastro pessoal e assinatura do TCLE. Nesta parte do processo, foca-se a necessidade do preenchimento correto de todos os dados pessoais na folha de cadastro. A etapa subsequente ao cadastramento é a retirada de amostra sanguínea de 5ml para testes e tipagem HLA (anexo 1). A punção venosa é realizada pelos alunos do curso de Enfermagem, integrantes do grupo sob a supervisão das docentes coordenadoras, com os materiais fornecidos pelo HEMOCENTRO de Guarapuava. Anexo 1.



Realização da coleta de 5 ml de sangue para tipagem sanguínea.

4 Metodologia O Projeto de Extensão Captação de Doadores de Medula Óssea é vinculado

ao Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro) de Guarapuava e mantém parceria com o Laboratório de Imunogenética Humana- LIGH/UFPR. É coordenado por duas docentes do curso de Enfermagem da UNICENTRO e composto por treze acadêmicos do mesmo curso, além de duas alunas do curso de Serviço Social da mesma universidade, as quais são estagiárias no Hemocentro. Para a realização das atividades do projeto é realizado contato prévio com as empresas, instituições de ensino, indústrias, etc. para obtenção de autorização para sua realização, sendo que as visitas são previamente agendadas pelas coordenadoras do projeto, onde são explicados os objetivos do trabalho do grupo. As atividades realizadas ocorrem através da explanação da temática por meio de folders (anexo 2), cartazes e banners, bem como palestras explicativas objetivando o cadastramento das pessoas no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), mediante o preenchimento de um cadastro pessoal, assinatura do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e posteriormente realizado a coleta de amostra de sangue, para posteriores testes e tipagem HLA.

Anexo 2.



Folder utilizado nas campanhas de Captação de Doadores de Medula Óssea. 5 Resultados obtidos O projeto teve início mediante a capacitação dos integrantes do projeto com

instruções dos profissionais do Laboratório de Imunogenética (LIGH) bem como acompanhamento dos mesmos em algumas campanhas realizadas. Em nove meses de projeto foram realizadas quatro campanhas: no Campus CEDETEG – UNICENTRO, na indústria Santa Maria - Cia. de Papel e Celulose (anexo 3), na Indústria de compensados e laminados- REPINHO e no Centro de Educação Profissional – SENAC, todos localizados no município de Guarapuava, totalizando aproximadamente 180 cadastros. O grupo realizou também divulgação e conscientização da população sobre a doação de medula óssea, durante a EXPOGUÁ, no mês de agosto de 2010, junto ao estande da UNICENTRO.

Anexo 3.



Campanha realizada na indústria Santa Maria - Cia. de Papel e Celulose 6 Considerações finais e/ou conclusões Até o momento os objetivos do projeto estão sendo alcançados e este está

contribuindo para o aumento dos cadastros no REDOME, mas a conscientização da população deve ser constante, visto que grande parte da população não tem informação suficiente quanto aos benefícios que esse gesto pode trazer a quem tanto precisa e nem conhecimento quanto aos procedimentos realizados, sendo este ato constituído de muitos mitos, pelo não entendimento do que é “medula óssea”. Estimular o ato solidário nas pessoas faz parte do nosso trabalho, e tentamos atingi-lo através da sensibilização mostrando que as pessoas que mais necessitam dessa doação são em grande parte crianças que não possuem mais possibilidade de cura, a não ser pelo recebimento de medula óssea saudável.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BICALHO, M. G., BOMPEIXE, E. P., RUIZ, T.M. Tudo o que você precisa

saber sobre o transplante de medula óssea. Departamento de genética, UFPR, Curitiba, 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde. Parâmetros da Organização Mundial de

Saúde para doação de sangue no Brasil . 2007. Disponível em: < http://www.portaldasaude.com.br>. Acessado em: 30 de setembro de 2009.

EID, K. A. B. Seleção dos pacientes e doadores para transplante d a medula óssea alogênico aparentado na unidade de tra nsplante de medula



PRÓ-SANGUE, Fundação pró-sangue hemocentro de São Paulo. Estatísticas de doação de sangue no Brasil . 2006. Disponível em: < http://www.prosangue.com.br>. Acessado em 30 de setembro de 2009.

RIUL, S. Contribuição à organização de serviços de transplan te de medula óssea e a atuação do enfermeiro. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / USP; 1995.

RIUL, S.; AGUILLAR, O.M. Contribuição à organização de serviços de transplante de medula óssea e a atuação do enfermeiro. Rev.latinoam.enfermagem , Ribeirão Preto, v. 5, n. 1, p. 49-58, janeiro 1997.

SMELTZER, S.; BARE, B.G. BRUNNER & SUDDART: Tratado de enfermagem médico-cirúrgica . 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 703p.

TRAIBER, C.; LOPES, M. H. I. Educação para a Doação de Órgãos . Revista Scientia Médica, Porto Alegre: PUCRS, v.16, n° 4, p .178-182, 2006

XAVIER, S. A importância da comunicação na fidelização de doad ores de sangue: perspectiva de enfermagem . Revista de Medicina Transfusional, S.L, n° 12, p. 11-14, 2002.

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