128
CAPÍTULO I I. INTRODUÇÃO O processo de globalização tem trazido mudanças e transformações para as pessoas, para as organizações e para os países, fazendo com que haja maior competitividade entre eles e alterando os perfis dos profissionais, o saber fazer e o fazer bem feito. Qualquer organização, no mundo atual, necessita de profissionais com sólida base técnico-científica e capazes de adaptação a contextos cada vez mais imprevisíveis e dinâmicos. Surge um novo perfil do profissional que passou a ser destacado no mundo do trabalho: com a capacidade de transferir conhecimentos cognitivos, tácito, com experiência e criatividade para distintas situações, bem como a para gerenciar informações. No mundo, hoje, o desenvolvimento de competências é elemento indispensável e necessário à formação de profissionais nas diversas áreas de atuação. As informações se processam em uma rapidez incrível, as mudanças são constantes, o conhecimento se dissemina digitalmente. Essa nova realidade passa por rápidas transformações tecnológicas, políticas, econômicas e sociais e exige uma formação educacional e profissional adequada aos novos tempos. Atualmente, as transformações do mundo do trabalho, requerem dos profissionais não só profundo conhecimento teórico, mas também competências intrínsecas ao desempenho profissional como a iniciativa e a criatividade, qualidades intangíveis, mas muito valorizadas.

CAPÍTULO I I. INTRODUÇÃO · CAPÍTULO I I. INTRODUÇÃO O processo de globalização tem trazido mudanças e transformações para as pessoas, para as organizações e para os

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

CAPÍTULO I

I. INTRODUÇÃO

O processo de globalização tem trazido mudanças e transformações

para as pessoas, para as organizações e para os países, fazendo com que haja

maior competitividade entre eles e alterando os perfis dos profissionais, o saber

fazer e o fazer bem feito. Qualquer organização, no mundo atual, necessita de

profissionais com sólida base técnico-científica e capazes de adaptação a

contextos cada vez mais imprevisíveis e dinâmicos. Surge um novo perfil do

profissional que passou a ser destacado no mundo do trabalho: com a capacidade

de transferir conhecimentos cognitivos, tácito, com experiência e criatividade para

distintas situações, bem como a para gerenciar informações.

No mundo, hoje, o desenvolvimento de competências é elemento

indispensável e necessário à formação de profissionais nas diversas áreas de

atuação. As informações se processam em uma rapidez incrível, as mudanças são

constantes, o conhecimento se dissemina digitalmente. Essa nova realidade passa

por rápidas transformações tecnológicas, políticas, econômicas e sociais e exige

uma formação educacional e profissional adequada aos novos tempos.

Atualmente, as transformações do mundo do trabalho, requerem dos

profissionais não só profundo conhecimento teórico, mas também competências

intrínsecas ao desempenho profissional como a iniciativa e a criatividade,

qualidades intangíveis, mas muito valorizadas.

2

A globalização trouxe maior valorização do indivíduo, não só na área

social, mas, principalmente, no mercado do trabalho integrante de organizações

do conhecimento. O conhecimento intangível, representado por características

intrínsecas, se transforma em competência, que é acumulada ao longo da vida,

desde o nascimento até à formação do cidadão e do profissional. É necessária a

contínua busca do conhecimento, através de formação continuada, a que se

transforma em mola propulsora do desenvolvimento do profissional.

As competências estão ligadas a contextos culturais, profissionais e

condições sociais. Os seres humanos não vivem todos sob as mesmas situações.

Eles desenvolvem competências adaptadas ao seu mundo. As competências

profissionais são desenvolvidas nas instituições de ensino. Estas têm a

responsabilidade de preparar não só profissionais competentes, mas também os

cidadãos comprometidos com os valores sociais.

A sociedade do século XXl faz com que os cursos de graduação

oferecidos pelas universidades busquem a melhor formação teórico/prática de

seus alunos, visando atender às exigências do mercado do trabalho. Cabe às

Instituições de Ensino Superior – as IES, a missão de educar pessoas formando-

as para a atividade profissional e contribuir na preparação dos jovens para o

mundo, ajudando-os a encarar o futuro com confiança, para que sejam aptos a

construí-lo com responsabilidade e determinação, tornando-se competentes no

trabalho e no exercício da cidadania.

Na área do Desenho Industrial, pela sua natureza e pelas características

próprias deste Curso, e ainda, por sua importância para o setor produtivo e para a

própria sociedade, é fundamental que haja sincronia entre as competências

enfocadas pelo Curso e a prática profissional.

3

Este trabalho teve como objetivo investigar as competências1 do

profissional, enfatizadas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR, e sua

importância para a prática profissional. A pesquisa fundamentou-se na percepção

dos egressos do Curso e sua contribuição para uma competente atuação

profissional, mediante o domínio e o exercício de habilidades e soluções frente a

problemas reais. Observou-se também a sua iniciativa quanto a pesquisas e a

questionamentos, buscando cada vez mais soluções alternativas para o mercado.

Foram examinados ainda, aspectos do contexto onde atuam, respeitando o

homem e a própria natureza.

A relevância desta pesquisa baseia-se na importância das competências

desenvolvidas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR e das suas

implicações para o exercício profissional dos egressos. Trata-se de um estudo de

caso que examina as competências enfatizadas no Curso e sua relevância para a

prática profissional, na visão dos egressos.

O estudo traz informações significativas a respeito das competências e

das habilidades enfocadas pelo Curso e sua relevância para a prática profissional,

o que certamente poderá contribuir para a melhoria do desempenho do Curso em

questão.

Nesta pesquisa, as competências são entendidas como a combinação

de conhecimentos cognitivos e tácitos e o domínio de habilidades necessárias e

fundamentais para o exercício da prática profissional do Desenho Industrial.

No primeiro capítulo desta dissertação, é apresentada a visão geral do

seu conteúdo, com a apresentação do objetivo, a relevância da pesquisa e seus

principais conteúdos.

1 “As competências combinam conhecimento e habilidade; representam tanto a base dos

conhecimentos tácitos quanto o conjunto de habilidades necessárias para a realização de açõesprodutivas”, (KING, FOWLER E ZEITHAML, 2002, p.37)

4

No segundo capítulo, foram apresentados os fundamentos teóricos

identificados na literatura, que se relacionam com o design e com as

competências necessárias à prática profissional. Nele é apresentada a evolução

histórica do design e seu ensino, apontando com destaque as diferentes

competências atribuídas ao profissional, ao longo dos anos, os movimentos que

envolveram a área e o surgimento das primeiras faculdades de design no Brasil.

São destacadas as competências do profissional de design frente ao mercado de

trabalho e a importância das competências profissionais no contexto atual.

No terceiro capítulo, é apresentada a metodologia de pesquisa, onde

são descritos, de modo detalhado, todas as etapas da metodologia adotada. Essa

pesquisa foi caracterizada como um estudo de caso. Foi colocado um problema,

foram identificadas as perguntas e estabelecida a delimitação da pesquisa. Foram

também definidos os principais termos, o tratamento dado aos dados primários e

secundários coletados e apresentadas às limitações encontradas. Descreve-se

ainda a aplicação do instrumento de pesquisa junto a egressos do Curso de

Desenho Industrial da PUCPR, mediante um estudo de caso com dados do tipo

primário e secundário, coletados por meio do instrumento de pesquisa, seguido de

análise de dados. Por fim, foi enfocado o perfil do Curso de Desenho Industrial -

Projeto do Produto e Desenho Industrial – Programação Visual da PUCPR,

segundo seu Projeto Pedagógico.

O quarto capítulo trata da apresentação e da análise dos dados

coletados referentes às competências desenvolvidas pelo Curso de Desenho

Industrial da PUCPR e aquelas necessárias à prática profissional do designer,

com destaque para as divergências e congruências ocorridas nas dimensões

analisadas.

No quinto capítulo, são apresentadas as principais conclusões deste

estudo. Nele, são respondidas as questões de pesquisa com as principais

competências destacadas pelo Curso. Observou-se que há congruências entre as

5

competências que o Curso destaca formalmente e a percepção dos egressos

quanto às mesmas competências. São evidenciadas, também, as convergências

entre as competências destacadas pelo Curso e aquelas relevantes para a prática

profissional. Algumas divergências importantes na relação Curso e Atividade

Profissional foram registradas pelos egressos e estão registradas nesse capítulo.

A principal conclusão a que se pôde chegar é a de que o Curso de

Desenho Industrial da PUCPR, de uma forma geral, na percepção de seus

egressos, está desenvolvendo competências relevantes para a prática

profissional.

6

CAPÍTULO II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. A HISTÓRIA DO DESIGN

Ao examinar a história, e analisar as influências políticas, sociais e

econômicas dos movimentos culturais, podemos entender a origem do design, e o

desenvolvimento que vem sofrendo nos dias de hoje.

A Revolução Industrial causou grande impacto na sociedade do século

XIX. A economia dos países era baseada na agricultura e os produtos eram feitos

por artesãos. Esta sociedade, de repente, viu-se em mundo industrializado. O

trabalhador rural migra do campo para as cidades e se torna operário sem

qualificação. Segundo NIEMEYER (2000), no século XIX, na Inglaterra da

Revolução Industrial, as cidades inchavam com grande concentração humana em

condições subumanas e a sociedade era controlada pelo capital.

Os produtos industrializados começaram a brotar no mercado.

Aumentava o número do assalariados que formavam grandes contingentes de

consumidores com pouco poder aquisitivo. O consumidor procurava por produtos

baratos, mesmo que mal acabados e sem estética.

Surgiram então os movimentos que vinham na contra-não da

Revolução Industrial, como o Arts and Crafts pregando a volta ao artesanal, e o

Art Nouveau, que foi um movimento que se preocupou com a estética. Embora

7

muitas vezes não bem solucionado, seu estilo foi marcado pela decoração

elaborada e superficial e pelas formas curvilíneas ou sinuosas.

A Bauhaus surge com a República de Weimar em 1919, em período

rico da história da Alemanha, quando florescem os ideais nos movimentos

revolucionários. Sua importância é inegável, embora sua existência não tenha sido

longa (1919–1933). Sua origem e desaparecimento decorreram de fatos políticos,

mas ainda hoje o movimento exerce influência sobre o design moderno e no

aparecimento das escolas de Desenho Industrial no mundo, inclusive no Brasil.

1.1 A origem do design

Antes de iniciar este histórico sobre o surgimento do design, cabe aqui

esclarecer o significado desta palavra.

Etimologicamente, a palavra design deriva da palavra italiana disegno,

a qual, desde a Renascença, significa o esboço ou o desenho de um trabalho cuja

idéia está geralmente relacionada com a origem e ou o planejamento de um

trabalho. A palavra design foi usada na Inglaterra, no século XVI, no sentido de

planejar alguma coisa para ser feita, um esboço para um trabalho de arte, por

exemplo, (BUSSMANN, 1999, p.11).

Muitos confundem o termo desenho industrial com outras profissões de

desenhistas de nível técnico. Mas o termo não é o único a designar esta profissão.

A terminologia mais utilizada é design, a qual, em inglês, significa forma. Com a

globalização, o termo inglês, tornou-se mais disseminado e, conseqüentemente,

mais utilizado.

O surgimento do design está ligado ao desenvolvimento industrial, que

se iniciou com a Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII, na

Inglaterra. O processo de industrialização foi um dos fatores responsáveis pelo

8

surgimento do design. Mas as suas raízes estão no artesanato, onde não existia

nesta época separação entre arte e ciência. Mesmo no início da industrialização

ambas as funções eram exercidas pela mesma pessoa.

Segundo BUSSMANN (1999), na produção artesanal, não existia, até

então, separação entre arte e ciência, fato que ocorreu na industrialização; ambas

eram exercidas pelo mesmo sujeito.

“Antes da Revolução Industrial o artesão era o profissional que criava e executava,

ao mesmo tempo, todas as tarefas do processo de desenvolvimento e de confecção

de um produto”. (FONTOURA, 1997, p.33).

Na segunda metade do século XVIII, as competências do profissional

de design que estava surgindo, eram voltadas ao saber fazer artesanalmente, pois

competia a este criar e executar os objetos por ele concebidos, mas sem se

preocupar com a fabricação, comercialização e plasticidade do projeto.

Surgem as especializações de trabalho, o que distancia a criação da

produção. Para FONTOURA (1997) a partir deste distanciamento passou a haver a

necessidade de um projeto, outro fator que certamente colaborou para o

surgimento do design.

De acordo com BUSSMANN (1999), a maior preocupação, por parte da

indústria na época, era adaptar produtos ao maquinário disponível. A estética, a

funcionalidade e a qualidade dos produtos foram deixadas para segundo plano em

prol da produção em série. Em conseqüência, havia produtos disformes,

incoerentes, extremamente decorados, de péssima qualidade, sem padrões

produtivos ou funcionalidade.

Segundo LICHESKI (1998), paralelamente, o artesanato sobrevivia como

um sinônimo de objetos bem executados e acabados, muitas vezes exclusivos,

destinados a parcela mais favorecida da população. O alto custo de fabricação de

9

objetos manufaturados e o longo tempo gasto para a execução individual de todas

as fases do projeto se encarregavam de elitizar seu consumo e reduzir a atuação

do artesão.

Com um público consumidor de baixa renda, que não se importava com

qualidade e sim com preço, surgiu um novo perfil do profissional de design. A nova

competência, era o desenvolvimento de produtos baratos, com fabricação em

série, manufaturados com a tecnologia da época e sem poder contar com

investimentos em novos equipamentos para o fabrico dos produtos.

De acordo com DENIS (2000), o marceneiro alemão Michael Thonet

desenvolveu, durante as décadas de 1830 e 1840, uma série de técnicas

mecanizadas para moldar e curvar varas de madeira usando vapor e pressão.

Peças curvadas eram parafusadas para formar cadeiras e outros móveis de

construção simples e eficiente, passíveis de produção em grandes quantidades a

preços relativamente baixos. Os móveis da Thonet continuavam a ser montados

manualmente, muitos recebendo alto grau de acabamento decorativo posterior.

Reclame (1919) de cadeiras inspiradas nos móveis Thonet. (DENIS, 2000).

Para BRUNETTI (1999), Thonet deu contribuição determinante ao estilo

de uma época e, diferentemente dos outros artesãos do seu tempo, demonstrou

saber dominar o meio técnico, utilizando-o para alcançar resultados formais de

10

alto nível. É por isso que, desde os primeiros modelos de suas cadeiras, nota-se a

preocupação em simplificar e racionalizar as formas.

1.2 Surgem os movimentos

Na Inglaterra, paralelamente ao crescimento industrial, surgem os

primeiros movimentos de oposição que questionavam o novo mundo industrial. O

primeiro foi em Londres, e chamava-se Arts and Crafts e era baseado nas teorias

de Ruskin e Morris.

De acordo com DENIS (2000), pode-se dizer que Ruskin foi um dos

primeiros defensores da chamada “qualidade total” na indústria. Porém, durante

muitos anos, suas idéias foram rechaçadas como utópicas, românticas e situadas

na contramão da Revolução Industrial, principalmente pela atitude de

desconfiança em relação à mecanização.

Segundo FONTOURA (1997), o Arts and Crafts criou linguagem formal

austera e nela já são identificáveis traços da funcionalidade e da racionalidade

formal. O movimento colocou em prática uma forma de organização do trabalho

que tentava valorizar a atividade manual. Mais tarde, as características do

movimento inglês viriam a influenciar as concepções formais e filosóficas do

design funcionalista, como também é conhecido o design moderno.

Estes movimentos trouxeram nova idéia no que competia as

competências do profissional do design. A partir de então ele era responsável pelo

projeto e pelo desenvolvimento de produtos industrializados, mas também tinha

preocupações estéticas formais com qualidade e funcionalidade.

A transição do século XIX para o XX marcou uma época de contrastes

profundos na Europa: a técnica progredia rapidamente, mas o desenvolvimento

industrial era visto com reservas, principalmente pelos artistas, que não aceitavam

11

as novas possibilidades de expressão abertas pela Revolução Industrial. O

homem médio tornava-se importante para o desenvolvimento econômico da

Europa, pois representava o mercado consumidor de toda a produção industrial.

(ARTE NOS SÉCULOS, v.6, 1971)

A necessidade de utilizar meios criados pela indústria, substituindo

formas obsoletas por outras mais funcionais, aprofundava o abismo entre a

realidade moderna e a dos artistas e intelectuais. Estes não apenas se sentem,

como chegavam mesmo a ser considerados inúteis, supérfluos. Insatisfeitos, os

artistas europeus buscavam uma saída: era preciso encontrar novos rumos para a

arte, a criação inserida em todas as formas da vida moderna. Como resultado

dessa busca surgiu o Art Nouveau - arte nova - movimento complexo,

contraditório, mas de grande força criadora. (ARTE NOS SÉCULOS, v. 6, 1971)

Segundo HURLBURT (1980), o Art Nouveau foi o primeiro movimento

orientado exclusivamente para o design. Seu estilo é marcado, pela decoração

elaborada, superficial e formas curvilíneas, sinuosas. O Art Nouveau é importante

para o designer gráfico, pelo estilo que fixou para a página impressa, pela

influência na criação de formatos de letras e de marcas comerciais e pela criação

dos modernos posters.

Charles Rennie Mackintosh, cujo trabalho teve efeito significativo nodesenvolvimento do design. (HURLBURT, 1980)

12

SEGUNDO MORAES (1997), os designers do Art Nouveau voltaram-se

para a natureza porque necessitavam de formas que expressassem crescimento

não feito pelo homem, formas orgânicas e não cristalinas, formas sensuais e não

intelectuais.

A litografia colorida tornou-se disponível no final do século XIX,

possibilitando aos artistas trabalhar diretamente na pedra, sem as restrições

retilíneas tradicionais na impressão tipográfica. Outra influência que inspirou o uso

livre do espaço foi à súbita popularidade das estampas japonesas (HURLBURT,

1980). A litografia foi de grande valia para a criação de cartazes no Art Nouveau,

o desenvolvimento da inovação da técnica.

Para BARNICOAT (1976), embora o Art Nouveau seja manifestação

típica do século XIX, pode-se encontrar traços desse movimento nos layouts

tipográficos dos anos 60 e mesmo na década de 1970.

Segundo DORFLES (1990), só recentemente se deu o devido valor e

importância aos movimentos do Art Nouveau. Tratava do aparecimento de uma

forma de arte já decisivamente industrializada, mas, ao mesmo tempo, dotada de

nova originalidade estilística. Isto porque, salvo a partir de há alguns anos, se

continuou a considerar o Art Nouveau como corrente oposta e inimiga da corrente

”racionalista”.

Ao contrário dos que consideram o Art Nouveau como corrente oposta

ao racionalismo, deve-se assinalar certas analogias entre ambos os movimentos.

Entre elas pode-se citar a promoção do papel desempenhado pelos materiais e

pelas máquinas ou ferramentas de fabrico na criação formal, ou sua originalidade

estilística. A importância do Art Nouveau, situado na encruzilhada de dois séculos,

está em seu significado histórico, especialmente em sua atitude de recusa das

correntes classicistas de finais do século XIX. Além disso fez alarde do liberalismo

inventivo por sua projeção de um interesse estético e uma expressão plástica nos

13

objetos de uso corrente. (BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O DESIGN

INDUSTRIAL, 1979)

O século XIX concluía-se com uma crise do “belo tradicional”, cuja

conseqüência seria uma revolução estética que afetaria toda a sociedade, desde

seus costumes até seus gostos. (BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O

DESIGN INDUSTRIAL, 1979)

Assim, nasceu em Berlim, na Alemanha (1907), o terceiro movimento

marcante que foi chamado Deutscher Werkbund. Seu principal teórico era

Hermann Muthesius.

Segundo MORAES (1997), Muthesius enxergava a indústria como parte

dos novos tempos e acreditava que por meio dela, proporcionar-se-ia um mundo

melhor. Propunha que os artistas trabalhassem junto às indústrias no

desenvolvimento de seus produtos, na tentativa de melhorar a condição de

trabalho dos operários, e que viessem, ainda, a interferir no processo de

produção. A simplificação e a geometrização formal foram propostas como forma

de adaptar os produtos aos novos tempos e de operar em harmonia com o

processo inteiro de transformação da condição humana. Pela primeira vez, o

artista e o artesão buscaram juntos melhores condições de vida e melhor

qualidade dos produtos industriais.

De acordo com BUSSMANN (1999), quanto ao design gráfico, Peter

Behrens desenvolveu a nova marca da AEG e toda a imagem corporativa da

empresa, inovando ao eliminar as figuras humanas predominantes nas

logomarcas até então desenhadas. Com seu talento e competência, contribuiu

para a afirmação da atividade de design junto ao meio produtivo industrial e é

indicado como um dos precursores da arquitetura moderna.

Behrens surge, como pioneiro na profissão de designer, tal como é

concebido em nossos dias. Em seu estúdio trabalharam em diferentes épocas,

entre outros, Walter Gropius, Ludwig Mies van der Rohe e Le Corbusier, todos

14

eles chamados a desempenhar papel transcendental no campo da cultura

arquitetônica e do design industrial. (BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O

DESIGN INDUSTRIAL, 1979)

1.3 Nasce a Bauhaus

Para BRUNETTI (1999), o marco do surgimento de um dos períodos mais

ricos da história da Alemanha com muita repercussão para parte do mundo, surgiu

após sua derrota na Primeira Guerra Mundial. Para libertar-se da crise gerada pela

desvalorização do marco e das condições sociais em que mergulhou o Estado

alemão, floresceram muitos ideais nos movimentos revolucionários. Entre eles, no

ano de 1919, era proclamada, por socialistas moderados, a República de Weimar

e dentro dela a escola e o estilo Bauhaus de arte, arquitetura e design.

De acordo com BOMFIM (1990), a Bauhaus deve sua existência à

República de Weimar. As duas nasceram em 1919 e foram aniquiladas em 1933,

pela barbárie promovida pelo nacional-socialismo de Hitler.

Quando, após a I Grande Guerra, a Assembléia Constituinte foi

convocada por Phillip Scheidemann para fundar em Weimar a nova república. A

cidade não tinha maior expressão econômica ou política, mas é a cidade natal de

Goethe e, assim, servia como sinal de boa vontade e de nova era. Berlim

representava o militarismo, a autoridade, a obediência cega e a agressividade do

Império. Weimar, de outro lado, representaria o anúncio de uma nova Alemanha,

comprometida com a paz e o desenvolvimento.

O Instituto Superior de Belas Artes Bauhaus foi fundado e dirigido pelo

arquiteto Walter Groupios e tornou-se conhecida não só como escola, mas como

um estilo, um centro de produção cultural e intelectual.

15

Para HURLBURT (1980), nenhum movimento do design moderno tem

recebido tanta atenção de críticos e escritores – e provavelmente nenhum tenha

sido tão mal compreendido – quanto a Bauhaus.

Foi um movimento e uma escola que testava as novas concepções

artísticas e as idéias das duas primeiras décadas do século XX. A escola da

Bauhaus formava arquitetos, designer, pintores e escultores num ambiente de

oficina.

Cadeira Barcelona desenhada em 1929, por Miers van der Rohe.(BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O DESIGN INDUSTRIAL, 1979)

Herbert Bayer deu toque humanístico à tipografia Bauhaus. A capa àesquerda é de uma publicação da escola. As fontes à direita fazem parte deseus alfabetos experimentais. (HURLBURT, 1980)

16

Segundo Denis (2000), em menos de quinze anos, a Bauhaus

conseguiu se transformar em principal paradigma do ensino do design no século

XX. Provavelmente, a sua criação não teria sido possível fora do clima conturbado

da Alemanha no período 1918-1919. A derrota na guerra havia deixado saldo de

dois milhões de mortos do lado alemão e ocasionando, além de motins e greves

em todo o país, a renúncia do Kaiser e a formação de um partido comunista que

pregava abertamente a revolução nos moldes soviéticos.

DENIS (2000) explica que, no momento da sua formação, a Bauhaus se

encontrava no centro dos acontecimentos políticos e não surpreende que sua

existência tenha permanecido como motivo de polarização ideológica até o

momento do seu fechamento, em 1933, com a chegada ao poder do partido

nazista. No período inicial, sob a direção de Gropius (1919-1928), a Bauhaus

esteve sempre preocupada em agregar pessoas e propostas das mais diversas

tendências. Suas portas estavam abertas para praticamente qualquer novidade e

essa receptividade acabou atraindo de toda a Europa figuras e idéias inovadoras

relacionadas ao fazer artístico e arquitetônico.

Segundo FONTOURA (2001), o programa de ensino da Bauhaus

compunha-se de dois objetivos básicos: a síntese estética e a síntese social. O

primeiro objetivo referia-se à integração de todos os gêneros artísticos e de todos

os tipos de artesanato sob a supremacia da arquitetura. O segundo, referia-se à

orientação da produção estética de acordo com as necessidades de uma faixa

mais ampla da população, e não de uma camada social e economicamente

privilegiada. Para Gropius, o artesanato não era “algo isolado”, mas meio

imprescindível para se chegar a um fim. Constituía categoria pedagógica

fundamental e representava a forma como o indivíduo aprendia, por meio do uso

das mãos e do manejo técnico dos objetos – influências puramente ativistas. Para

Gropius, por mais industrializado que fosse o meio, o artesanato continuava sendo

insubstituível enquanto recurso para a aprendizagem.

17

DORFLES (1978) ressalta que Gropius procurava criar uma arte capaz de

alcançar com o mínimo custo, o mais alto nível artístico, ao mesmo tempo que

visava criar objetos destinados a todas as camadas sociais e não reservados a

algumas elites.

Para BOMFIM (1999)2, a Bauhaus era de fato um campo de

experimentações, em grande parte rejeitadas pela sociedade alemã da época.

Somente em passado recente seus frutos receberiam o devido valor. O legado

que a Bauhaus deixou para o design é sem dúvida um tema longo e complexo.

De acordo com DENIS (2000), seria impossível pensar as atividades da

escola e dos seus integrantes fora do contexto tumultuado da Alemanha entre as

guerras, um período marcado por conflitos de importância visceral para a evolução

material e espiritual do século XX. Naquele momento, a própria sobrevivência da

Bauhaus foi um ato de implicações políticas dramáticas. Com o final da Segunda

Guerra Mundial e a derrota do eixo fascista, o mundo mudou muito e a memória

da Bauhaus foi assumindo caráter bastante distinto daquele promovido pelos seus

integrantes. Para a maioria, o significado maior desta escola foi a possibilidade de

fazer uso da arquitetura e do design para construir uma sociedade melhor, mais

livre, mais justa e plenamente internacional, sem os conflitos de nacionalidade e

raça. Na prática, porém, os aspectos que foram posteriormente aproveitados pelo

design refletem apenas o verniz desses ideais elevados. Contrariando a vontade

de alguns dos seus idealizadores, a Bauhaus acabou contribuindo muito para

cristalização de uma estética e de um estilo específicos: o chamado ‘alto’

Modernismo que teve como preceito máximo o funcionalismo, ou seja, a idéia de

que a forma ideal de qualquer objeto deve ser determinada pela sua função,

atendo-se sempre a um vocabulário formal rigorosamente delimitado por uma

série de convenções estéticas bastante rigorosas.

2 Artigo de Gustavo Amarante Bomfim intitulado Coordenadas cronológicas e cosmológicas comoespaço das transformações formais, publicado no livro Formas do Design, organizado por RitaMaria de Souza Couto e Alfredo Jefferson de Oliveira, 2AB : PUC-Rio, 1999.

18

Para Hurlburt (1980), a Bauhaus é reconhecida como responsável pela

introdução, na arquitetura e no design de interior, do Estilo Internacional (simples e

funcional), além de ter sido a lançadora dos fundamentos do estilo do design

industrial.

1.4 O pós-guerra e o design americano

Com o início da Segunda Guerra Mundial, o produto industrial passou

por grande período de avanços tecnológicos. Segundo DENIS (2000), a guerra foi

decisiva para o desenvolvimento mundial do design, pela evolução tecnológica e

produtiva que ajudou a definir o conflito armado. Os anos de guerra foram um

período de notáveis avanços tecnológicos, desde conquistas notórias como o

radar e a bomba de hidrogênio até progressos menos conhecidos, mas igualmente

impressionantes, na produção de motores, plásticos, equipamentos eletrônicos e

outros, que serviram de base para a expansão industrial seguinte. Durante a

Segunda Guerra, grandes empresas americanas ligadas à produção de tais

equipamentos – dentre as quais, Boeing, General Electric, General Dynamics,

General Motors, IBM, IT&T, Lockheed, McDonnell-Douglas – foram levadas a

expandir o alcance e a intensidade das suas operações de forma impensável em

tempos de paz.

As bases teóricas de Desenho Industrial, estabelecidas no discurso

cultural do período entre-guerras, a partir do pensamento de Ruskin e Morris e da

Bauhaus, teriam desenvolvimento espetacular nos Estados Unidos, onde, graças

à crise financeira de 1929, a maioria dos produtores havia tomado consciência do

papel desempenhado pelo design ao serviço da empresa industrial. Por esta

razão, acolheu os mestres da Bauhaus, oferecendo-lhes campo de trabalho na

indústria em expansão, necessitada de renovação estética e estilística. Ao

confrontarem-se com a sociedade capitalista, os mestres da Bauhaus ignoraram

os próprios preceitos racionalistas, o que convertia suas realizações numa mera

recriação dos aspectos morfológicos ou estilísticos da Bauhaus. Isto fez com que

19

seus trabalhos se diluíssem no quadro do International Style, que constituía

simples reprodução das formas do movimento alemão a serviço de uma economia

de consumo. (BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O DESIGN INDUSTRIAL,

1979)

Segundo DENIS (2000), com o consumidor com pouco dinheiro

disponível e as vendas difíceis, as empresas passaram a recorrer a estratégias de

publicidade e design. No período da Grande Depressão Mundial, de 1929-1935,

ganhou projeção o conceito do styling como forma de agregar valor estético ao

produto, ajudando a estimular o consumidor a comprar novos artigos para

substituir outros ainda servíveis, mas fora de moda. Com o auxílio de meios de

comunicação, a indústria americana passou a dar ênfase ao estilo e à moda como

fatores de identificação de produtos de variados tipos. O styling era usado na

indústria da época para reduzir custos e fabricar produto mais durável, e não

apenas por considerações estéticas ou de moda. É o caso da geladeira Coldspot,

projetada por Raymond Loewy para a Sears em 1934. Esse projeto é dos grandes

trunfos do design do século XX, pelo êxito comercial e pela elegância na

conciliação da técnica com a estética.

Geladeira Coldspot e cigarro Lucky Strike de Raymond Loewy.

Raymond Loewy, engenheiro francês, apoiado em seu gosto europeu,

conseguira produzir as imagens mais divulgadas dos anos 40 e 50. Seu lema: o

20

feio é difícil de ser vendido, título de livro escrito por ele, define claramente a

orientação de seu design, que daria origem à dilatada escola do styling.

(BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS – O DESIGN INDUSTRIAL, 1979)

Para DENIS (2000), Raymond Loewy foi o designer que conseguiu

atingir o maior grau de fama e sucesso profissional, tanto pelo seu extenso

trabalho em diversas áreas do design quanto pelo seu talento especial na auto-

promoção, e na promoção dos interesses dos seus clientes. Trabalhando em

projetos de todos os tipos, desde logotipos, embalagens e identidades visuais até

eletrodomésticos, automóveis e aviões, Loewy e sua equipe foram responsáveis

pela criação de clássicos do design do século XX: o cigarro Lucky Strike, a

reformulação da identidade visual da Coca-Cola e o design do ambiente interno da

nave espacial Skylab da NASA.

Segundo LICHESKI (1998), após a Segunda Guerra Mundial, a

vanguarda européia, transferida para os Estados Unidos, deu continuidade aos

movimentos Pop Art e Op Art, que se constituíram oposição ao moderno ‘clássico’

dos anos 50, considerado instrumento da propaganda político-cultural da guerra

fria.

Cartaz criado por Roy Lichtenstein, em que combina pontos ampliados,comuns nas histórias em quadrinhos, com composição Art Déco.(HURBURT, 1980)

21

1.5 O design no Brasil

De acordo com LICHESKI (1998), no Brasil, ainda no período do Império,

surgiram diversos Liceus de Artes e Ofícios voltados para o ensino técnico e

influenciados pelo modelo francês. O desenho industrial nos liceus estaria ligado

às representações técnicas para a indústria.

Segundo BRUNETTI (1999), na década de 1940, surgiu o primeiro grupo

de profissionais brasileiros dedicados ao desenho de móveis e outros

equipamentos de habitação. Entre eles, destacam-se Rino Levi, Villanova Artigas

e Bernard Rudofsky. Em 1948, Lina Bo Bardi e Giancarlo Palanti fundaram o

Studio Palma, dedicado à pesquisa do desenho industrial. Buscaram estilo de

mobiliário que correspondesse às necessidades de adaptação ao clima e à terra.

Utilizavam madeira compensada recortada em folhas paralelas, novidade até

então.

Para DENIS (2000), as primeiras tentativas de implantação de uma

escola de design no Brasil ocorreram em São Paulo, no Instituto de Arte

Contemporânea do MASP, aberto em 1951 e fechado três anos depois. Contou

com breve colaboração de Max Bill, que deu aval ao projeto de ensino de design

da Escola Técnica de Criação do MAM, que não teve continuidade, mas que

serviu de base para a organização da ESDI- Escola Superior de Desenho

Industrial. Em 1962 a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP

(Universidade de São Paulo) é foi a primeira a consolidar o Desenho Industrial

como parte da graduação em Arquitetura.

O Brasil de 1962 a 1963 encontrava-se em momento crítico da sua

história moderna. Vivia-se a renúncia de Jânio Quadros e as dificuldades

enfrentadas por João Goulart para ser empossado na presidência. O quadro

político nacional havia-se tornado instável. Confrontados com o desafio de

transmitir uma imagem progressista e inovadora ao mesmo tempo que se

22

posicionavam como defensores da moral e dos bons costumes, algumas

lideranças da UDN buscavam, ativamente, oportunidades para se mostrarem

empenhadas com todo e qualquer avanço no plano econômico e industrial,

principalmente em termos de ciência e tecnologia. (DENIS, 2000)

Segundo NIEMEYER (2000), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

(MAM), visava, entre outras atividades, à criação do curso de design. A

justificativa era formar profissionais necessários para a evolução do processo de

industrialização. Este programa era defendido pelo governo de Carlos Lacerda,

um dos líderes do liberalismo conservador no Brasil, que via no design o caráter

de modernidade, que coadunava com a proposta de inovação do seu governo.

Fundada em 1962, no Rio de Janeiro, a ESDI marca o início do

Desenho Industrial como profissão. Ligada à Universidade Estadual do Rio de

Janeiro (UERJ) desde 1976, foi a primeira escola inteiramente voltada ao ensino

de Desenho Industrial e Comunicação Visual. A ESDI influenciou na elaboração

de currículos e constituição do corpo docente de diversas escolas de Desenho

Industrial. (FIESP/CIEP, 1984)

Segundo Denis (2000), a ESDI iniciou, em 1993, com um grupo

relativamente pequeno de professores, muitos dos quais com pouca ou quase

nenhuma experiência, tanto no ensino superior quanto de exercício profissional do

design. Apesar de contar com poucos professores estrangeiros, a ESDI era

amplamente percebida como transplantação do modelo de Ulm (Alemanha) para o

Brasil.

Primeira escola de nível superior a se dedicar, na América Latina, ao

ensino do design em suas modalidades principais, o design gráfico e o design de

produto, a ESDI foi responsável pela educação de profissionais que constituíram a

primeira geração com formação regular, foi modelo para a maioria dos cursos no

Brasil. (ESCOREL, 1999)

23

Segundo LICHESKI (1998), na década de 1970 a ESDI se tornara menos

conservadora e mais aberta. Neste período, Aloísio de Magalhães se faz presente

com inúmeros trabalhos que buscam uma identidade própria para o Desenho

Industrial e a Comunicação Visual brasileiros.

Aloísio Magalhães foi das personalidades mais talentosas e

envolventes que circularam pelo Brasil entre 1960 e 1980. Para Aloísio, o terreno

da imagem e o terreno da palavra eram igualmente familiares. Segundo DENIS

(2000), Aloísio realizou nas décadas de 1960 a 1970 importantes projetos de

identidade visual em nível nacional.

Entre seus trabalhos mais conhecidos figuravam o símbolo

comemorativo do Quarto Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, de 1965; a

Identidade Visual da Light e as notas do Cruzeiro Novo (1967). No projeto do

Cruzeiro Novo, Aloísio inspirou-se num brinquedo que trouxe da Europa, com

lâminas de acetato com impressões de círculos concêntricos, em várias

espessuras. Superpondo-as, criava configurações em moiré3, que utilizou como

princípio básico do projeto. Aloísio rompeu com o desenho tradicional nesse setor

e, além de inovar a linguagem das cédulas, criou uma série de constrangimentos

para os falsificadores. (ESCOREL, 1999)

Para ESCOREL (1999), a presença de Aloísio Magalhães na ESDI, no

primeiro período, entre 1960 e início de 1970, certamente ajudou a escola a dosar

3 Efeito óptico pela superposição de duas ou mais retículas. (DICIONÁRIO DE COMUNICAÇÃO, 1978)

24

certos excessos funcionalistas, temperando-se com possibilidades de cunho mais

lúdico, em que a ambigüidade estética tinha licença para se manifestar.

Outras escolas de Desenho Industrial surgiram no Brasil, espelhadas na

ESDI, cujos ex-alunos e professores lecionaram em diversas delas, como é o caso

da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que em 1977 e 1978,

tinha em seu quadro de professores dois ex-alunos da ESDI.

1.6 O design no Paraná

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) criou seu curso em 1973.

Fundado pela Professora Adalice Maria Araújo, no Centro de Ciências Humanas

Letras e Artes entrou em funcionamento em 1975. (Catálogo: “20 anos de design

na UFPR”, 1998)

O Curso de Desenho Industrial da PUCPR foi criado em 1974, com

habilitação em Projeto de Produto. Foi aprovado pelo Conselho Universitário da

então Universidade Católica do Paraná (UCP) em 4 de março de 1975.

Posteriormente, foi reconhecido pelo Conselho Federal de Educação do Ministério

da Educação (MEC), conforme Decreto nº. 81.270, publicado no Diário Oficial da

União em 30 de janeiro de 1978 (Projeto Pedagógico do Curso de Desenho

Industrial – PUCPR, 2002). O Curso foi locado no Centro de Ciências Exatas e de

Tecnologia (CCET), fundado e coordenado pelos professores Sérgio Scheneider,

da área de Física e Aramis Demeterco da área de Geometria Descritiva. O

primeiro vestibular foi em 1975. Funcionava no edifício junto ao Colégio Marista na

Rua XV de Novembro com Rua Tibagi, à noite, e a partir de 1976, no campus

universitário no bairro do Prado Velho, no prédio do Centro de Ciências Exatas e

Tecnologia, na época ainda em fase de construção.

Nos primeiros dois anos do curso, o corpo docente era constituído por

profissionais da área da engenharia, arquitetura e artes plásticas. No terceiro ano,

25

foram contratados dois professores design, formados na ESDI, que vinham do Rio

de Janeiro todas as semanas, para dar aula de projeto na PUCPR e na UFPR.

Atualmente o curso oferece duas habilitações na área do Desenho

Industrial. São elas, Projeto de Produto e Programação Visual. A habilitação em

Programação Visual passou a existir a partir de 1991, sendo reconhecida pelo

MEC através da Portaria nº. 1.468, de 6 de dezembro de 1995 (Projeto

Pedagógico do Curso de Desenho Industrial – PUCPR, 2002).

A partir de 2000, os cursos da PUCPR passaram a ser semestrais, com

vestibular em janeiro e julho. No primeiro ano, 2000, só o curso Desenho Industrial

Projeto de Produto passou pelo processo seletivo em julho. A habilitação em

Programação Visual só teve vestibular de inverno em 2001, o que gerou alguns

transtornos aos alunos que, por ventura, reprovam ou ficam em dependência, pois

não é oferecido o semestre seguinte.

A REVISTA GRÁFICA 52 (2002), editada por Oswaldo Miranda (Miran),

design gráfico paranaense, autodidata, conhecido internacionalmente, publica os

projetos de graduação desenvolvidos por alunos da PUCPR.

Guilherme Albuquerque Knop, segundo lugar no concurso Design

Volkswagem 2000. (REVISTA GRÁFICA 52, 2002)

26

André Luiz Nadaline, Marcelo Schnaider, Mariane Bastos e Salma Nasser,

“Guaraqueçaba N’ativa” 2000. (REVISTA GRÁFICA 52, 2002)

Segundo BRUNETTI (1999), a Universidade TUIUTI (UTP) iniciou o curso

de Design de Produto em julho de 1997, na Faculdade de Ciências e Tecnologia,

coordenado pelo Professor Roaldo Roda. O curso superior de Moda foi criado no

mesmo ano, coordenado pela professora Marilda Leal Roda e instalado na

Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes. Em 1998, a UTP criou u curso

de Design Gráfico.

O Centro Universitário Positivo (UNICENP) teve seu primeiro vestibular

no Curso de Desenho Industrial, Projeto de Produto e Programação Visual em

2000, locados no Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas.

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) criou o curso de

Comunicação Visual em 1997, no setor de Ciências Humanas. E a Universidade

Norte do Paraná (UNOPAR) abriu em 1988, no Centro de Ciências Exatas, as

duas habilitações, Projeto de Produto e Programação Visual.

27

2. FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DO PROFISSIONAL DEDESIGN

O perfil do profissional está se alterando: trabalhar passa a significar,

cada vez mais, ser capaz de transferir conhecimentos para distintas situações,

saber gerenciar informações, sem esquecer da valorização do indivíduo no

contexto social.

“Capacidade de comunicação, de articular e contextualizar informações, de constante

atualização, habilidade para compreender questões lógicas, para pensar e solucionar

conflitos, familiaridade com computadores e novas tecnologias, gosto pela pesquisa,

responsabilidade, ética e integridade, flexibilidade e adaptabilidade, disciplina,

capacidade de negociação”. (ALVES, 1997)4

A valorização do indivíduo atualmente tem novo contexto. É a

competência do conhecimento intangível que ele acumula desde sua formação

acadêmica. A busca do conhecimento, da pesquisa, da formação continuada, leva

a pessoa a uma constante formação propulsora de competências. De acordo com

HANDY (1999), todo indivíduo é bom em alguma coisa, e existem vários tipos de

inteligência ou talento que podem ser desenvolvidos, mas os que já existem de

forma natural são mais desenvolvidos. Ele cita, como exemplo, algumas

inteligências como:

• a factual – é a do sabe-tudo;

• a analítica – raciocínio e conceituação;

• a numérica – habilidade com números;

• a lingüística – facilidade em falar e comunicar-se em vários idiomas;

• a espacial – habilidade de enxergar coisas, comum nos artistas,

empreendedores e analistas de sistemas;

4 Estas características constam de documento da associação dos Diretores de Escolas dos EUA(AASA), divulgado no Brasil pelo colunista do jornal Folha de São Paulo, Gilberto Dimenstein.

28

• a atlética – chamada por alguns de talento;

• a intuitiva – aptidão para ver e sentir o que não é óbvio de imediato;

• a emocional – autoconscientização e autocontrole, persistência, zelo e

automotivação;

• a prática – bom senso, dar andamento às coisas a fazer;

• a interpessoal – fazer coisas em conjunto;

• a musical – de fácil reconhecimento e sem relação a idade.

HANDY (1999) destaca ainda, que “a nomenclatura exata das várias

formas de inteligência não é importante”. O importante é a mensagem e que essas

“variadas inteligências ou habilidades são recursos que podemos usar para

contribuir para o mundo, para ganhar a vida e para fazer a diferença”. Essas

inteligências podem ser desenvolvidas na base do auto-respeito, de uma vida

bem-sucedida e de trabalho útil.

Segundo MEYER (1998), o termo competência está sendo cada vez mais

utilizado nas organizações e no meio acadêmico. Para ela, é uma opção

necessária que valoriza mais os resultados individuais e coletivos do que a

tradicional qualificação por certificados.

Alguns autores explicam competência não só como um somatório de

qualidades da pessoa, mas também como o resultado ou o efeito multiplicador

dessas qualidades no trabalho. Por conseguinte, o efeito almejado, representaria,

em última análise, a sua própria competência HEERDT (2002).

“Competência é a capacidade do sujeito mobilizar recursos (cognitivos) visando

abordar uma situação complexa”. (MORETTO, 2001, p. 4)

A competência pode ser entendida, segundo LE BOTERF (apud HERNAIZ-

JABIF, 2002), como um conjunto de recursos pessoais com os quais o indivíduo

tem que combinar e manejar de forma eficaz situações profissionais. Uma pessoa

29

competente é aquela que realiza uma “atividade profissional de maneira pertinente

em um contexto particular”. Mobiliza vários recursos pessoais como

conhecimentos, habilidades, qualidades, cultura, recursos emocionais e outros do

entorno que são bancos de dados, redes de relações e tantos mais.

Portanto, segundo HEERDT (2002), a competência implica a articulação

eficaz de diversos tipos de saberes junto aos postos de trabalho, o que requer a

mobilização de várias capacidades e habilidades das pessoas, tanto de ordem

técnica, quanto social, emocional, comportamental e política, entre outras. O lugar

central, ocupado hoje pela formação geral e por virtudes e disposições igualmente

amplas, indica redefinição do lugar sócio-educacional da qualificação específica. A

tendência dominante aponta para maiores exigências técnico-abstratas e para

novas qualificações sócio-comunicativas. Neste sentido, a qualificação precisa

estar assentada sobre competências intelectuais abundantes, e sobre ampla

flexibilidade de formação e de espírito, capaz de permitir a readaptação. A

competência é individual, é construída no ambiente e conduz à perícia. Envolve

uma ampla combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes ou

características pessoais que resultam em comportamentos que podem ser

observados e medidos.

De acordo com MASETTO (1998), a preocupação com as competências,

a atualização, a especialização, o conhecimento, a transmissão desses

conhecimentos e a avaliação do professor formavam o centro do processo de

aprendizagem. Antes o aprender ficava resumido à avaliação feita pelas provas,

em que o professor colocava questões sobre o assunto ensinado em aula. Hoje,

as competências estão intrinsecamente ligadas à educação, e isto as torna um

fator primordial para o desenvolvimento dos indivíduos. MASETTO destaca a

importância da educação, não como transmissora de conhecimentos, mas como

agente formador de atitudes humanas e profissionais.

30

Handy (1999) afirma que é dever da escola ajudar o jovem a construir

seu “perfil de inteligência”, aqui visto também como habilidade, e encoraja-lo a

desenvolver um grupo de inteligências as quais serão trabalhadas para tirar o

maior proveito das mesmas e formando auto-confiança.

“A importância crescente de que se reveste a educação ao longo de toda a vida é um

dos desafios mais fortes que os estabelecimentos de ensino superior têm de levar em

conta em sua vontade ativa de reexaminar sua função ao mundo do trabalho”.

TEICHLER (1998, p. 339)

Segundo TEICHLER (1998), existem muitas razões para a crescente

valorização das competências gerais, as aptidões sociais e a dimensão da

personalidade, partindo-se do princípio de que com a rapidez de hoje, os

conhecimentos profissionais especializados tendem a tornar-se obsoletos. Por

isso, a necessidade de aprendizagem ao longo da vida, com formação profissional

permanente. Já as competências gerais supõem que os diplomados tenham

habilidades úteis à vida social e à comunicação com o espírito empreendedor,

com comprovada flexibilidade. O mesmo autor destaca ainda que, segundo

pesquisadores que analisam as conexões entre o ensino superior e o trabalho, o

que se espera dos diplomados é que tenham flexibilidade; capacidade de

inovação e criatividade; saibam enfrentar incertezas; desejem o ensino por toda

vida; tenham sensibilidade social; saibam trabalhar em equipe; tenham

responsabilidade; espírito empreendedor; respeito a culturas diferentes e do

mercado internacional; tenham competências genéricas e competências

profissionais e tecnológicas.

DRUCKER (1995) afirma que “o conhecimento é o principal recurso para

os indivíduos e para a economia em geral”. Os fatores tradicionais de produção

como bens e capital, tornam-se secundários e podem ser adquiridos por meio de

conhecimento especializado, o qual por si só nada produz, mas se torna produtivo

quando integra uma tarefa, um projeto.

31

De acordo com REICH (1994) não são o tempo de serviço, a lealdade ou

as rotinas impecáveis que fazem promoções em uma carreira, mas a

“especialíssima habilidade” para resolver, identificar problemas e “promover a

venda das soluções desenvolvidas”.

Para TEICHLER (1998), quanto mais o ensino superior se desenvolve,

mais o saber se revela como elemento chave da produtividade. Quanto maior a

competitividade, maior deverão ser a colaboração e o envolvimento das

instituições de ensino superior com o “mundo externo”. Em conseqüência, será

melhorado o ensino, dando mais habilidades a seus alunos para enfrentar o

mercado de trabalho.

Segundo SAVIANI (In BICUDO, 1996), a origem da educação se confunde

com as origens do próprio homem. É um fenômeno próprio dos seres humanos,

que têm a necessidade de estar constantemente produzindo sua existência, como

elemento vital. Por isso, eles adaptam a natureza, transformando-a conforme suas

necessidades.

32

2.1 A competência no contexto atual

O sistema educacional, sempre sofreu pressões das empresas para que

atenda às necessidades do mercado. Desta forma, os alunos do ensino médio –

conforme portaria 438/98 por meio do ENEM5, e o ensino superior, mediante o

Provão, passaram a ser avaliados com ênfase nas competências por eles

desenvolvidas.

BRIGIDO (2002) sugere que esse quadro leve à revisão nas qualificações

e nas competências básicas conduzindo à modificação nos currículos para

atender às necessidades do trabalho. E deixa a pergunta: os currículos têm de se

voltar para o trabalho ou para a vida? E as questões hoje colocadas de uma

educação para a vida e/ou para o trabalho.

Da mesma forma, REICH (1994) afirma que, anos atrás, os jovens

galgavam os degraus da carreira com previsão segura. Subiam de nível no passar

dos anos e a “trajetória mais segura para uma carreira coincidia com a trajetória

mais conservadora”. Hoje, com a economia global, as posições são vulneráveis e

a competição é maior.

TEICHLER (1998) observa que, atualmente, o ensino superior não pode

“enterrar a cabeça na areia” com relação ao mundo do trabalho, e que os

responsáveis pelo ensino superior devem estar atentos e atualizados com a

realidade do trabalho para serem mais aptos ao agir com previdência e precisão.

Para MATTANA (2002), o contexto atual requer a transformação de

conhecimento em competências específicas, como forma de atuação ética e

competente, isso vai implicar na formação do profissional que transforma o

conhecimento em competência, desenvolvendo, desta forma, o interesse pela

5 ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

33

investigação científica, individual e coletiva, e no estimulo do trabalho em equipe.

A difusão do conhecimento deve ser trabalhada em atividades de prestação de

serviços à comunidade valorizando, assim, a formação integral do ser humano e

do cidadão.

2.2. Mercado de trabalho

As intensas transformações mundiais pelas quais estamos passado na

área política, econômica e social, fazem emergir duas grandes questões

preocupantes. Primeiro, a mudança no conteúdo do trabalho diante das inovações

tecnológicas e organizacionais nos processos produtivos e a mudança no conceito

de “emprego”. Em segundo, o aumento da complexidade e do conteúdo

intelectual do trabalho em seus diversos níveis, do gerencial ou administrativo ao

técnico ou operacional. Cada vez mais, há exigências de novas habilidades, como

raciocínio lógico/abstrato, compreensão do processo produtivo, capacidade para o

aprendizado contínuo, capacidade de trabalho em equipe, capacidade de ler e

interpretar informações, flexibilidade de ação e estar disposto a mudanças.

De acordo com MEYER JR. (2002), a Sociedade do Conhecimento gera

transformação nos serviços, produtos e sistemas de mercado. Estamos entrando

na etapa de produtos que requerem intenso conhecimento de tecnologia

avançada. É a nova Era Econômica, em que a produção de riquezas passa a

depender da criação e da aplicação dos novos conhecimentos. Para o autor, na

Era do Conhecimento, dependemos de idéias e da criatividade das pessoas e

principalmente, da educação.

Segundo as DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO

(2000), com o crescimento de alunos cursando e concluindo o ensino médio e com

as constantes mudanças no mundo do trabalho, aumenta a oferta pela educação.

Os dados fornecidos pelo censo do ensino superior mostram que há demanda

substancial pela oferta de cursos superiores de tecnologia. Para atender à

34

necessidade dos interessados em freqüentar estes cursos, dos que pretendem

ofertá-los e dos que querem contratar seus concluintes, o MEC, através das

Diretrizes Curriculares, 2000, achou necessário atualizar as normas de

organização e oferta dos cursos, que se encontram defasadas em relação aos

avanços educacionais e às tecnologias. Para FERLAUTO (2002), “o mercado de

trabalho sempre foi e sempre será impiedosamente competitivo. Hoje, mais do que

nunca. E é possível que a cada ano ele se torne mais e mais complexo”.

Hoje, além de sólida base técnico-científica, passam também a ser

requeridas novas capacidades, derivadas da necessidade de adaptação a

contextos cada vez mais imprevisíveis e dinâmicos. Segundo MEYER JR. (1998), o

avanço tecnológico faz com que empresas e organizações procurem se adaptar

às novas formas de produção provocando, em certas situações, desempregos e

mudanças hierárquicas. O mesmo autor destaca que os novos empregos exigem

dos ocupantes não só o conhecimento avançado, mas habilidades e

competências, das quais fazem parte iniciativa e criatividade, itens que eram

pouco valorizados pelo mercado de trabalho e, hoje, vistos como indispensáveis.

Para RIBEIRO (1997), o trabalho faz parte da realização humana e esta é

tão difícil de definir como a felicidade. È mediante a ação transformadora que o

homem se satisfaz na concretização de seus projetos. Essa realização o faz feliz e

estimula a novos projetos. RIBEIRO ressalta que o “trabalho é toda atividade do

homem transformando a natureza”. Fica, assim, evidente a relação existente entre

o trabalho e a realização humana.

“O homem só cria e se realiza como homem quando trabalha, quando age,

transformando o seu meio natural e social”. (RIBEIRO 1997, p.159)

De acordo com TEICHLER (1998), nos anos 70 houve a propagação

pessimista de que a expansão do ensino superior estava indo muito longe e, em

contrapartida, de que as competências dos diplomados não atendiam às

35

necessidades do mercado do trabalho. Nos anos 80, havia certo equilíbrio, sem as

grandes esperanças dos anos 60 e sem a crise dos anos 70. Assim, surgiu um

desinteresse pela questão. Hoje ela volta a ser questionada.

“...a agilidade e a qualidade na formação de graduados da educação profissional,

ligados diretamente ao mundo do trabalho, viabilizará o aporte de recursos humanos

necessários à competitividade do setor produtivo ao mesmo tempo em que amplia as

oportunidades de novos empreendimentos.” (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS

PARA A EDUCAÇÃO, 2000)

HANDY (1999) destaca que, ao fazer análise de experiências pessoais,

percebeu, que muito do que se aprende pode ser irrelevante. Segundo o mesmo

autor, o que se torna importante é a contribuição pessoal, não apenas para ganhar

dinheiro, mas para dar uma contribuição útil.

TEICHLER (1998) descreve que o sucesso nos estudos não garante o

sucesso na carreira profissional como deveria se esperar. Surgem, muitas vezes,

a decepção e o desencanto. Com as mutações aceleradas no sistema de emprego

nas organizações, os vínculos entre o nível de estudos e a carreira passam a ser

menos aparentes. HANDY (1999) afirma que como aprendemos torna-se tão

importante quanto o que aprendemos.

Segundo LÖBACH (2000), trabalho é o processo por meio do qual uma

idéia se transforma em objetos de uso para a satisfação de necessidades. Para

atender às suas necessidades e aspirações, o homem atua sobre a natureza

exterior, criando objetos que satisfazem às suas necessidades.

De acordo com HANDY (1999) hoje em dia as escolas preparam melhor

os jovens para o mundo do trabalho para a vida, mas ainda “se aprende coisas

sobre o trabalho no trabalho e sobre a vida, ao vive-la.” Para ele, isto sempre

acontecerá e muito se pode fazer para assegurar que a educação tenha mais

elementos comuns com os processos de viver e de trabalhar. Com isso,

36

evitaríamos que o choque com a realidade fosse tão brutal para os nossos jovens.

Estaríamos contemplando mais o processo do que o conteúdo e mais voltados a

valores e pessoas do que a conhecimento e coisas.

Para STRUNCK (1999), nossa sociedade vem se transformando numa

velocidade espantosa. As mudanças ocorrem cada vez mais aceleradas,

derrubando dogmas e alterando valores arraigados. Um dos maiores impactos

hoje está relacionado à possibilidade da extinção das relações de emprego como

as conhecemos, em que o funcionário trabalha sob pseudoproteção do patrão.

Com os avanços da informática e a dificuldade de deslocamento nas cidades, a

tendência atual volta-se ao trabalho domiciliar, em que o profissional empresaria a

si próprio.

Segundo REICH (1994), a competitividade no mercado global não está

só nas grandes corporações ou indústrias, mas no valor que agregam. Isto serve

ao mundo do trabalho, em que as “transfronteiras” de conhecimento, dinheiro e

produtos tangíveis estão se desintegrando. Hoje, no mundo todo, pessoas estão

ingressando em “teias globais”.

De acordo com MEYER JR. (1998), a competição entre as empresas é

um crescente desafio. Aos poucos passam, a oferecer programas de formação

educacional profissional a seus funcionários, fazendo concorrência com

programas das universidades. As empresas estão investindo em programas

educacionais para treinamento e qualificação em decorrência da necessidade de

permanente atualização do conhecimento, fundamental para o sucesso

empresarial.

“O ensino superior se vê obrigado a clarear seus objetivos fundamentais, encontrar um

equilíbrio entre a busca do saber e a prestação de serviços diretos à sociedade, entre

privilegiar a formação de competências genéricas e fornecer saberes específicos, entre

responder às demandas expressas diretamente pelo sistema de emprego e formar o

mundo do trabalho segundo uma conduta prospectiva e proativa”.(TEICHLER, 1998,

p.319)

37

De acordo com as DIRETRIZES CURRICULARES, a ampliação da

participação brasileira no mercado mundial e o incremento do mercado interno

dependem fundamentalmente de nossa capacitação tecnológica, de perceber,

compreender, criar, adaptar, organizar e produzir insumos, produtos e serviços.

Segundo o mesmo, o progresso tecnológico causou alterações no modo de

produção, na distribuição da força de trabalho e na sua qualificação, crescendo a

importância da Educação Profissional: Básico, Técnico e Tecnológico. A educação

do cidadão de forma continuada e a aquisição de competências são elementos

fundamentais para o desenvolvimento do país.

MEYER JR. (2002) ressalta que a educação passa a ser um elemento de

fundamental importância para que o indivíduo tenha melhores oportunidades no

trabalho, o qual lhe proporcionará ascensão social e com melhores condições de

vida. A Era do Conhecimento faz com que vivamos em constantes mudanças

caracterizadas pelo alcance da informação e do capital humano, referenciados nas

organizações.

Os Cursos Superiores de Tecnologia surgem como principais respostas

do setor educacional a essas necessidades e demandas da sociedade brasileira.

(DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO 2000)

Segundo ESCOREL (1999), simultaneamente, assiste-se à crescente

oferta de mão-de-obra, lançada a cada semestre pelas inúmeras escolas de

design que se espalharam pelo Brasil, num mercado de trabalho extremamente

refratário à profissão. Com o aparecimento de grande número de novas escolas

de Desenho Industrial, nos últimos tempos, a demanda de trabalho, no entanto,

não se alterou de forma significativa. Hoje, o profissional de design convive com a

dura realidade da competição, não só interna como a penetração no mercado de

colegas estrangeiros, que instalam escritórios ou representantes no Brasil.

38

STRUNCK (1999) lembra que, na década de 1960, Marshall McLuhan,

antevia que a informática na sociedade iria transforma-la na “aldeia global”. A

globalização trouxe como conseqüência o desaparecimento das fronteiras,

causando impacto no nosso cotidiano.

De acordo com FERLAUTO (2002), o designer deve estar preparado para

enfrentar desafios. Segundo ele, não basta terminar os créditos referentes ao

Curso: é necessário que se construa uma sólida formação cultural, a qual irá

sustentar sua inspiração, talento e vontade. A cultura a que ele se refere, envolve

o saber utilizar as informações disponíveis, transformando-as em novas idéias:

“projetar é ter objetivo”, é levar em consideração a tecnologia, a função social,

cultural, econômica, ecológica. Só assim “é um projeto viável para a sociedade”.

BARROSO NETO (1995) destaca a importância de projetar produtos

politicamente corretos, que seriam os produtos interativos, ecológicos e de forte

componente cultural. Defende o uso de materiais que se transformam com o

tempo, na busca da contribuição para dar fim à “obsolescência planejada”. Dá

prioridade a produtos ecologicamente adequados com maior interatividade com o

usuário, respeitando o futuro com processos de desenvolvimento sustentado.

Para RAMS (1995), o design pode contribuir no desenvolvimento de

materiais ecologicamente aceitáveis e nos sistemas de produção que os utilizam.

Cabe ao design prover o estímulo, usar a inovação e a aceitação ecológica dos

produtos, para levar à redução efetiva dos arsenais dos produtos, para que, no

futuro, o caos do impacto ambiental seja controlado e o excessivo consumo de

objetos não traga maiores conseqüências ao planeta.

39

2.3. Competências do profissional de design

Os grandes desafios enfrentados pelos países, hoje, estão intimamente

relacionados com as contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas

pela velocidade com que têm sido gerados novos conhecimentos científicos e

tecnológicos, bem como sua rápida difusão e seu uso pelo setor produtivo e pela

sociedade em geral conforme se observa nas Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Educação Profissional de Nível Tecnológico. A agilidade e a qualidade na

formação de graduados da educação profissional, ligadas diretamente ao mundo

do trabalho, viabilizará o aporte de recursos humanos necessários à

competitividade do setor produtivo ao mesmo tempo em que ampliará as

oportunidades de novos empreendimentos (2000, disponível em

<www.mec.gov.br/ >)

De acordo com as Diretrizes Curriculares para o Ensino de Graduação

em Desenho Industrial, as competências e habilidades do profissional em design

são:

O designer é o profissional que se ocupa do projeto de sistemas de informações

visuais, objetos e/ou sistemas de objetos de uso através de enfoque interdisciplinar.

No desenvolvimento de seus projetos, o designer considera as características dos

usuários e de seu contexto sócio-econômico-cultural, bem como o perfil,

potencialidades e limitações econômicas e tecnológicas das unidades produtivas onde

os sistemas de informações e objetos de uso serão fabricados. (Ministério da

Educação e do Desporto, Comissão de Especialistas de Ensino de Design, 1999)

Segundo o Projeto Pedagógico do Curso de Desenho Industrial da

PUCPR (2002), as competências e aptidões do profissional de design se

fundamentam nas características a seguir:

a. capacidade criativa;

40

b. domínio de linguagem;

c. capacidade de trânsito interdisciplinar;

d. visão sistemática do projeto;

e. domínio das diferentes etapas do projeto;

f. conhecimento do setor produtivo;

g. domínio de gerência de produção;

h. visão holística e prospectiva.

De acordo com PEIXE (1995), a criação intelectual passa a ser o bem de

maior valor na sociedade do conhecimento e o designer é o profissional

estrategicamente posicionado neste novo ambiente. O designer, para ele pode

sintetizar o perfil do profissional do século XXI: trabalhando multidisciplinarmente

com profissionais diversos, é um criador com visão abrangente do processo

produtivo, influenciando desde a escolha do material, fabricação, comunicação,

comercialização até a reciclagem, ocupando lugar de destaque no novo cenário.

Mas é necessário que tenha consciência deste papel, se prepare

competentemente e saiba conquistar este espaço.

Os grandes desafios enfrentados pelos países estão, hoje, intimamente relacionados

com as contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela velocidade

com que tem sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, sua rápida

difusão e uso pelo setor produtivo e pela sociedade em geral. (DIRETRIZES

CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO, 2000)

Segundo PAVANI (1991), o ideal histórico da universidade pretende

transformá-la num lugar de reflexão e de pesquisa, num laboratório da própria

sociedade vista como o todo dinâmico e complexo. Nossa universidade, nos

últimos anos, cresceu e desenvolveu-se em muitos sentidos, porém, não se

integrou suficientemente na busca de soluções para os problemas da sociedade

41

brasileira. A universidade e a escola, em geral, não conhecem e não estudam as

necessidades sociais e econômicas da população. Apenas reproduzem e

transmitem os conhecimentos científicos e desenvolvem habilidades técnicas que

têm por conseqüência a vigência de um modelo que não atende aos interesses e

às necessidades de todos.

Para DELORS (2000), a educação deve, pois, procurar tornar o indivíduo

mais consciente de suas raízes, a fim de dispor de referências que lhe permitam

situar-se no mundo. Deve ainda, ensinar-lhe o respeito pelas outras culturas. “O

conhecimento das outras culturas torna-nos, conscientes da singularidade da

nossa própria cultura, mas também da existência de um patrimônio comum ao

conjunto da humanidade”. Ajuda o aluno a entrar na vida com capacidade para

interpretar os fatos mais importantes relacionados quer com seu destino pessoal,

quer com o destino coletivo.

TEICHLER (1998) afirma que o ensino superior não pode “enterrar a

cabeça na areia” ao se deparar com o mercado de trabalho. É necessário o

envolvimento dos responsáveis pelo ensino superior com a realidade do mundo do

trabalho, que deverão agir com discernimento e precisão.

Segundo PAVANI (1991), a competência na execução, no fazer e no

modo de fazer, que se exige dos profissionais, hoje, somada à incipiente produção

científica e conseqüente dependência tecnológica, requer que a formação

profissional se volte mais para o ensino do processo de produção científica do que

para as técnicas da aplicação dos conhecimentos compendiados. Somente o

domínio das teorias permite, numa época de rápidas transformações tecnológicas

e de novos e graves problemas que a humanidade enfrenta, a constante

adequação à realidade e a liberdade de pesquisa de novas soluções.

Com as transformações crescentes pelas quais passa o mundo do

trabalho convém ressaltar a importância da “educação como formação, calcada

em princípios sólidos que habilitem o profissional a agir crítica e produtivamente

42

em serviços e mercados, criando, construindo e descobrindo oportunidades que

transformem o lugar comum no único e inesperado”.(ZAINKO e GISI, 2001)

2.4. Designer: que profissional é este?

No Curso de Desenho Industrial, o problema da competência envolve

não só a formação do aluno, mas a prática pedagógica do profissional que é

professor, a direção de curso, a administração das escolas e outros profissionais

envolvidos.

Para ser profissional de design com competência não basta saber fazer.

É necessário saber como fazer e agir nas várias situações com as quais se

defrontará. É preciso ter visão periférica do problema e saber trabalhar com outros

profissionais, de acordo com cada projeto a ser desenvolvido.

A concepção do profissional de design pressupõe que este tenha a

visão do todo para, a partir daí, gerar a produção do conhecimento através do

trabalho com pesquisa, da contextualização, da problematização, das

competências, das parcerias, da negociação, da tecnologia e da participação do

profissional ativo. Isto leva à formação do profissional com autonomia, ética e

cidadania, que irá atuar na sociedade como agente transformador.

“O design é uma das formas de expressão mais intrigantes de nosso tempo. É também

um instrumento de grande eficácia para a promoção de bem-estar e para a divulgação

de informações”. (ESCOREL, 1999, p. 14)

O design não se refere apenas à forma do produto como algumas

pessoas equivocadas consideram. De acordo com a definição etimológica

(concepção e planejamento), o design engloba todo o conjunto de ações

individuais que, interagindo, resultam em um produto final.

Segundo LOBACH (2000), o termo foi adotado de forma ampla e irrestrita

na maioria dos países. Seria mais adequado empregar a expressão design

43

industrial, definido como: um processo de adaptação dos produtos de uso,

fabricados industrialmente, às necessidades físicas e psíquicas dos usuários ou

grupos de usuários. Começa com a idéia, que se concretiza no projeto com a

finalidade de resolução dos problemas resultantes das necessidades humanas.

Para o desenvolvimento do projeto de design, o profissional da área,

conhecido como designer, desenvolve uma série de atividades, seguindo um

roteiro de procedimentos determinados: a Metodologia Projetual (BAXTER, 1998). A

metodologia para desenvolver o projeto de design envolve, o levantamento de

dados do tema a ser trabalhado pelo designer. Todos os dados levantados são

classificados e analisados, surgindo então a formulação da problematização, a ser

resolvida com o desenvolvimento do projeto. Com a identificação dos problemas e

as possíveis soluções, temos a determinação de parâmetros do projeto. Após as

definições dos parâmetros, começa a pesquisa de materiais, de processos de

produção, de mercado consumidor e de outras informações, conforme o tema

trabalhado.

Para finalizar o projeto, o designer recorre à visualização formal do

produto, fazendo modelos em escala reduzida (maquetes), modelos volumétricos

em escala natural (mock-ups) e, em muitos casos, ao protótipo. Faz experimentos

e consultas a vários profissionais de outras áreas, estuda materiais, acabamentos

e processos industriais. Sua atuação envolve desde o projeto e a fabricação, até a

colocação do produto no mercado.

Segundo ESCOREL (1999), em design, o projeto é o instrumento que

articula cadeias de informações destinadas à fabricação em larga escala,

utilizando tecnologias industriais. Todo o projetista tem a concepção de suas

idéias associadas aos recursos tecnológicos de fabricação, o que o diferencia do

artesão.

44

Assim, o projeto de design é muito mais do que a mera preocupação

formal, como alguns imaginam. É o conjunto de ações sistematizadas, para atingir

o objetivo de atender às necessidades dos vários segmentos da sociedade.

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

1. Problema de pesquisa

O presente estudo objetivou analisar as discrepâncias entre as

competências destacadas pelo Curso de Desenho Industrial - Projeto do Produto e

Programação Visual - da PUCPR e as habilidades atualmente demandadas na

prática profissional. Com base na fundamentação teórica, na experiência

profissional da pesquisadora e na percepção de egressos do Curso de Desenho

Industrial da PUCPR, buscou-se responder à seguinte questão central de

pesquisa:

São as competências enfatizadas pelo curso de Desenho Industrialda PUCPR relevantes para a prática profissional na percepção de seusegressos?

1.1. Perguntas de PesquisaPara responder ao problema central da pesquisa foram elaboradas as

seguintes perguntas que orientaram o desenvolvimento do estudo:

1) Quais são as competências enfatizadas pelo Curso de Desenho

Industrial da PUCPR, na percepção de seus egressos?

45

2) Quais são as competências profissionais exigidas na prática

profissional, na percepção dos egressos?

3) Há discrepâncias entre as competências enfocadas pelo Curso de

Desenho Industrial da PUCPR, na percepção dos egressos, e as

competências demandadas pela prática profissional?

1.2. Design da PesquisaEsta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, por ter como

foco de análise as competências dos egressos do Curso de Desenho Industrial da

PUCPR. Segundo TRIVIÑOS (1987), o estudo de caso caracteriza-se por

apresentar, de modo geral, o emprego de uma estatística simples e elementar e

constitui uma expressão importante na pesquisa educacional e para as ciências

sociais. O estudo de caso é “uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma

unidade que se analisa aprofundadamente”. É um tipo de investigação

particularmente apropriado para estudar um caso, uma situação com certa

intenção e um certo período de tempo. O potencial dos estudos de casos permite

encontrar um caso concreto, a situação, e identificar os distintos processos

interativos que o conformam.

A unidade de análise desta pesquisa constituiu-se de egressos do Curso

de Desenho Industrial da PUCPR, de 1997 a 2002, com habilitação em Projeto de

Produto e em Programação Visual.

Esta metodologia tem como características:

- a descoberta, fundamentada no pressuposto de que o conhecimento é

construído e refeito constantemente;

- a possibilidade de retratar a realidade de forma completa e profunda;

- a variedade de fontes de informação para a pesquisa;

- a representação de pontos de vista diferentes numa situação social.

46

É um método flexível em todas as fases, tanto na bibliográfica como no

levantamento de dados. Assim, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a

pesquisa será especulativa, bibliográfica e documental.

1.3. População e amostraEsta pesquisa foi desenvolvida tendo como base de estudo o Curso de

Desenho Industrial da PUCPR – Projeto de Produto e Programação Visual, com

enfoque nas competências destacadas em seu currículo e as demandas do

mercado profissional na área. A população foi constituída por egressos do Curso

de Desenho Industrial da PUCPR. A amostra selecionada concentrou-se numa

população de 74 (setenta e quatro) egressos do Curso, formados no período de

1997 a 2002 selecionados aleatoriamente.

A seleção deu-se da seguinte forma: foram coletados 190 endereços

eletrônicos (e-mail) dos egressos do Curso de Desenho Industrial da PUCPR

(junho de 2003), aos quais foi enviada correspondência. Destes, obteve-se retorno

de 74 instrumentos respondidos, os quais correspondem ao percentual de 39% do

total.

Dos 190 e-mail enviados, cinco destinaram-se a egressos de 1997, dois

de 1998, 29 de 1999, 37 de 2000, 53 de 2001 e finalmente, 64 de 2002. A coleta

das primeiras informações foi efetuada por telefone através de contatos pessoais

com egressos.

1.4. DadosEste estudo baseou-se em dois tipos de dados:

Dados primários, coletados entre os dias 5 de junho a 2 de julho de

2003, de fontes como um instrumento de pesquisa contendo frases acerca das

competências enfatizadas pelo Curso, enviadas, via internet, e agrupadas em oito

dimensões. Estas se baseiam nas competências e habilidades do profissional de

Desenho Industrial com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de

47

Graduação em Design do MEC (Parecer nº CES/CNE 0146/2002) e descritas no

Projeto Pedagógico do Curso de Desenho Industrial da PUCPR. Levaram em

conta, ainda dados resultantes de informações prestadas por informantes-chave,

como professores e diretores do Curso de Desenho Industrial.

Dados secundários, resultantes de análise de documentos

institucionais relativos ao currículo como o Projeto Pedagógico do Curso,

publicações do MEC relativas às Diretrizes Curriculares e, mais especificamente,

por competências do design.

1.5. InstrumentoPara a coleta dos dados primários, foi elaborado um instrumento (anexo

1), com a finalidade de identificar a percepção de egressos a respeito das

competências destacadas no Curso de Desenho Industrial da PUCPR e sua

relevância na atividade profissional. O instrumento de pesquisa foi estruturado em

8 (oito) dimensões: criatividade, domínio de linguagem, trânsitointerdisciplinar, conceituação de projeto, metodologia, visão setorial,empreendedorismo e aspectos sociais e econômicos. A investigação foi

realizada mediante perguntas estruturadas com 74 (setenta e quatro) ex-alunos

formados entre 1997 a 2002 e que atuam no mercado de trabalho.

O instrumento foi elaborado com duas situações: a primeira, com 26

perguntas sobre as competências e habilidades enfatizadas pelo Curso de

Desenho Industrial da PUCPR, com uma média de três perguntas para cada

dimensão. O segundo, com 17 perguntas envolvendo as competências e a prática

profissional do designer, com uma média de duas questões por dimensão. Foram

utilizadas perguntas de forma fechada, que, segundo PAVÃO (1996) é um

instrumento fácil de administrar e responder, que ajuda o sujeito a concentrar sua

ação, além de permitir que se realize com maior rapidez a tabulação e análise

embora, não permita comentários nas respostas. Este instrumento pode induzir o

informante a tomar partido, sem ter opinião formada.

48

Foi utilizada a escala Likert, visando obter a opinião dos respondentes

quanto às 8 (oito) dimensões das competências destacadas pelo Curso, objeto do

estudo e sua importância para a prática profissional.

1.6. Pré-testagemO instrumento de pesquisa foi testado no mês de junho de 2003, com 30

alunos do último ano do Curso de Desenho Industrial da PUCPR nas áreas do

Design Gráfico (Programação Visual) e do Design de Produto (Projeto de

Produto), para possíveis ajustes na formulação das questões. Após a aplicação,

observou-se a necessidade de se refazer algumas sentenças, com o objetivo de

ter maior clareza. Concluiu-se, também, de que se deveria substituir no

instrumento de pesquisa a expressão de resposta neutro por incerto.

1.7. Análise dos dadosPara facilitar a análise e a interpretação dos dados coletados, estes

foram organizados em tabelas e gráficos, segundo a estatística descritiva.

1.8. Definição de termosPara maiores esclarecimentos deste estudo, os termos específicos

utilizados foram conceituados e descritos, como segue:

1.8.1. Competência – neste trabalho, as competências referem-se à

combinação de conhecimentos cognitivos e tácitos e ao domínio de habilidades

específicas e necessárias para o desenvolvimento da prática profissional de

design.

1.8.2. Habilidade – aptidão ou capacidade necessária para o

desempenho profissional.

49

1.8.3. Discrepância – o mesmo que discordância, divergir de opinião.

(FERREIRA, 1977)

1.8.4. Congruência – harmonia de uma coisa com o fim a que se

destina; coerência. (FERREIRA, 1977)

1.9. Limitações do estudo1.9.1. TeóricosA inexistência de estudos no Brasil que analisem os Cursos de Desenho

Industrial que pudessem ser confrontados com esta pesquisa foram fatores

limitantes, além da ausência de literatura na área em que este estudo se

desenvolveu.

Embora um novo currículo tenha sido provado em 1999 para o Curso de

Desenho Industrial da PUCPR as competências destacadas pelo antigo currículo

se mantiveram, em sua essência inalteradas no novo currículo. Este fato não

invalida a participação dos egressos do curso dos anos anteriores a implantação

do novo currículo, como respondentes desse estudo.

1.9.2. MétodoPor se tratar de um estudo de caso, suas conclusões não têm poder de

generalização.

1.9.3. PopulaçãoDificuldade de localizar os egressos em face de ausência de um banco de

dados com esta informação no Curso de Desenho Industrial e na administração da

PUCPR.

50

2. PERFIL DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL DA PUCPR

O Curso de Desenho Industrial da Pontifícia Universidade Católica

(PUCPR) foi criado no ano de 1974, inicialmente com uma única habilitação -

Projeto de Produto. Foi aprovado pelo Conselho Universitário da então

Universidade Católica do Paraná, em 4 de março de 1975. Posteriormente, foi

reconhecido pelo Conselho Federal de Educação do MEC, conforme o Decreto n°

81.270, D.O.U. em 30 de janeiro de 1978.

Atualmente, o Curso oferece duas habilitações na área do Desenho

Industrial, ou seja, Projeto de Produto e Programação Visual. A habilitação de

Programação Visual passou a existir, a partir de 1991, tendo sido reconhecida

pelo MEC através da Portaria n° 1.468, de 6 de dezembro de 1995.

A PUCPR oferece 120 vagas por semestre para o curso de Desenho

Industrial - Habilitação de Programação Visual, no turno diurno. O candidato faz a

opção no momento da inscrição ao concurso vestibular. O curso tem a duração

mínima de 4 anos e máxima de 7, incluindo o período de estágio obrigatório e

participação em projetos comunitários.

O designer, como é chamado o Desenhista Industrial, é o projetista com

sensibilidade estética apurada visando à funcionalidade e à comunicação. Ele se

ocupa de criar objetos a serem produzidos com sistemas industrializados e que

51

satisfaçam às mais diversas necessidades do homem, tanto no design gráfico

como no de produto.

O Desenhista Industrial é o profissional que tem atuação direta na

evolução da sociedade e das atividades humanas. Ele faz intervenções que vão

além da investigação formal do projeto. Ele deve valorizar os aspectos humanos,

tecnológicos, econômicos, possuir cultura crítica e espírito inovador.

Em sua atividade, o Desenhista Industrial relaciona-se com profissionais

de outras áreas do conhecimento, necessitando, portanto, de formação mais

generalista. Assim, quanto mais abrangente for seu repertório, maiores condições

ele terá para desenvolver seus projetos de forma mais atuante e significativa. Esta

é condição para que seus projetos sejam considerados como valores sociais,

industriais e econômicos, elementos de síntese dialética.

Assim, para assegurar o equilíbrio perfeito entre a beleza, a utilidade e a

rentabilidade do produto, o designer precisa desempenhar a tarefa de moderador

entre as necessidades do usuário, os interesses do fabricante e as exigências de

mercado (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL – PUCPR,

2002).

Como necessidades do usuário, devem ser entendidas, aqui, não

somente as do indivíduo, mas também as do grupo social, que é caracterizado

pelos seus aspectos sociais, econômicos e culturais.

Para o fabricante, os interesses estão relacionados às adequações do

projeto quanto às limitações dos processos de fabricação e das matérias primas,

além da também disponibilidade de mão-de-obra e das demandas de mercado.

Segundo o PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL DA

PUCPR (2002), o designer deve preocupar-se em preservar o equilíbrio do

52

ecossistema. Grande parte dos problemas ambientais são causados pela

produção e pelo uso exagerado de objetos considerados descartáveis. Cabe ao

designer como planejador de objetos que fazem parte do cotidiano, a

responsabilidade de evitar o impacto ambiental desses objetos.

O designer, em seu dia-a-dia, precisa estar interagindo com diversas

áreas do conhecimento. Dentre elas destacam-se a Estética, a Arte, a Psicologia,

a Economia, a Administração, a Antropologia, a Ergonomia, a Matemática, a

Física, a Tecnologia de Materiais e os Processos Industriais.

O profissional de design deve ter vocação interdisciplinar com visão

humanista e tecnológica. É uma profissão que tem por base elementos

disponibilizados pelo conhecimento científico, empírico e intuitivo. É função que

utiliza, na sua prática, as descobertas de outros campos do saber, o que explica

sua vocação interdisciplinar.

53

CAPÍTULO IV

APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

1. Característica da população

O objetivo deste capítulo é analisar a percepção dos ex-alunos do Curso

de Desenho Industrial da PUCPR, em relação às competências enfatizadas pelo

Curso e examinar aquelas apontadas pelo grupo como importantes para o

desempenho profissional. Os percentuais das respostas conforme o ano e o

número de envio, estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – E-mails enviados e respondidos

ano nº e-mail enviados respondidos % respostas

1997 05 04 80%1998 02 01 50%1999 29 13 45%2000 37 16 22%2001 53 21 39%2002 64 19 30%fonte: instrumento de coleta de dados

54

2. Perfil dos respondentes

• Faixa etáriaComo a pesquisa ficou centralizada nos egressos dos últimos seis anos,

a faixa etária variou entre 21 e 33 anos. Alguns iniciaram o Curso com idade

superior aos demais, ou seja, com mais de 18 anos, principalmente os da área de

Projeto de Produto (PP) uma vez que o Curso é noturno, o que lhes facilitou o

acesso ao trabalho durante o dia e manter seus estudos na Universidade. Essa é

uma característica típica do estudante universitário brasileiro matriculado em

instituições particulares.

Tabela 2 – Faixa etária Idade 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33

PV M 01 01 02 03 07 02 04 -- -- -- -- -- --

F -- 02 04 05 03 05 -- 02 02 03 -- -- --

PP M 01 01 01 02 02 -- 01 -- 02 -- -- -- 02

F 02 02 03 01 03 01 01 01 02 -- -- -- --

fonte: instrumento de coleta de dados

Verifica-se pelo resultado dos dados apresentados na Tabela 2, que o

maior grupo de respondentes de ambos os sexos nas habilidades Programação

Visual (PV) e Projeto de Produto (PP) possui 25 anos (20% do total) e que a

grande concentração está na faixa dos 23 a 26 anos (59,5%), o que corresponde a

mais da metade.

55

Trata-se de um grupo bastante jovem, atuando há pouco tempo no

mercado de trabalho. Consciente da profissão e das suas necessidades, mas com

poucas experiências vividas, aos poucos vai descobrindo coisas que aprendeu na

Universidade, mas das quais ainda não havia se dado conta.

O Gráfico I, a seguir, ilustra estes dados mostrando a formação de uma

pirâmide em que o ápice é de 25 anos.

Gráfico I – Faixa etária

fonte: instrumento de coleta de dados

• SexoA maioria (56%) dos respondentes é do sexo feminino. Do sexo

masculino houve 44% de respondentes na área de PP foram 16 (21,6%)

respondentes femininos e 12 (16%) masculinos. Na área de PV houve 25 (34%)

respondentes femininos e 21 (28,4%) masculinos. Estes dados estão

representados no Gráfico II que segue:

Gráfico II – Sexo

fonte: instrumento de coleta de dados

56

• Ano de conclusão do CursoA maioria dos egressos respondentes concluíram o Curso no ano de

2002 (25%), conforme dados apresentados na Tabela 1. Em função da

organização das comissões de formatura do ano 2002, obteve-se com mais

facilidade a localização de egressos deste ano pela listas de endereços

eletrônicos (e-mail) que as comissões mantinham durante a graduação. Muitos

destes endereços não chegaram ao destinatário provavelmente por mudança de

servidor e local de trabalho, pois muitos usavam o endereço eletrônico do local de

estágio. A Tabela 3 ilustra este dado:

Tabela 3 – Ano de conclusão do curso

ano nº PP nº PV nº total %

1997 01 03 04 5,4%1998 01 01 1,4%1999 02 11 13 18%2000 08 08 16 22%2001 06 15 21 28%2002 12 07 19 26%fonte: instrumento de coleta de dados

• HabilitaçãoO Curso de Desenho Industrial tem duas habilidades que são definidas

desde o vestibular: Desenho Industrial Projeto de Produto – PP e Desenho

Industrial Programação Visual – PV. Nesta pesquisa, participaram 45 (6%)

respondentes de Programação Visual – PV e 29 (39%) de Projeto do Produto –

PP. O Gráfico III ilustra esta informação.

Gráfico III – Habilitação PP-PV

57

fonte: instrumento de coleta de dados

• Com cursos de pós-graduaçãoDos egressos do Curso na habilitação Programação Visual, 7 (15,6%

dos de PV) concluíram cursos de especialização e 14 (31% dos de PV) estão em

andamento. Os respondentes com habilitação em Projeto do Produto 7 (24% dos

de PP), concluíram cursos de especialização, 1 está em andamento (3,5 % dos de

PP) e 2 (7% dos de PP) concluíram o mestrado, 1 (3,5% dos de PP) está com a

especialização e 3 (10,3%) estão com o mestrado em andamento. A opção em

mestrado só aparece no grupo PP, provavelmente pelo fato de existir a opção do

Curso de Mestrado em Engenharia de Produção, ofertado pela Universidade

Federal de Santa Catarina - UFSC. A oferta de Mestrado para a área de PV está

mais restrita. Na sua maioria, são oferecidos na PUC-RJ, o que dificulta a

participação dos nossos designers, face aos custos de translado e manutenção.

Em Florianópolis, a Universidade é Federal e, portanto, não há cobrança de

mensalidades já a PUC do Rio de Janeiro é particular.

Tabela 4 – Pós graduação Nº PP % PP % total Nº PV % PV % total

Especializaçãoem andamento 01 3,5% 1,3% 14 31% 19%Especializaçãoconcluída 07 24% 9.4% 07 15,6% 9,4%

Mestrado emandamento 03 10% 7,4% - - -Mestradoconcluído 02 7% 2,7% - - -

58

fonte: instrumento de coleta de dados

Conforme se observa na Tabela 4, a porcentagem de egressos com

especialização concluída ou em andamento é maior na habilitação Programação

Visual – design gráfico (PV). O mestrado só aparece nas de Projeto de Produto –

design de produto (PP). Como mencionado, existe somente oferta de cursos de

especialização na região metropolitana de Curitiba na área de Programação Visual

ou em áreas afins. A falta de cursos de especialização na área de Design de

Produto dificulta a este profissional manter uma formação continuada. Hoje, com a

sociedade do conhecimento e das organizações, conforme DRUCKER (1995),

qualquer pessoa, para não se tornar ultrapassada, terá que adquirir novos

conhecimentos a cada quatro ou cinco anos, em um processo de educação

continuada por toda a vida.

Gráfico IV – Pós graduação

fonte: instrumento de coleta de dados

• Área de atuaçãoDo total de 29 egressos da área de PP, 12 deles (41,4%) atuam na área

de Programação Visual, 2 (7%) nas duas áreas e 9 (31%) na área de Projeto do

Produto. Somente 1 (2,2%) de PV atua nas duas áreas. O número grande de PP

trabalhando na área gráfica não surpreende. O fato é que um profissional de

design de produto tem mais chances de atuar no design gráfico, mas o inverso

dificilmente ocorre.

59

Gráfico V –Atuação PP-PV

fonte: instrumento de coleta de dados

• Cidade de atuaçãoA grande maioria, ou seja, 88% dos respondentes atuam no mercado de

trabalho de Curitiba e área metropolitana. Atuam fora do Estado do Paraná 2

respondentes (São Paulo e Rio de Janeiro) e 1 respondente residente no exterior

(Toronto-Canadá). Dos respondentes atuando na região metropolitana, 40 são

egressos de PV e 25 de PP.

• Empregados/ empregadores Conforme se observa na Tabela 5, 55,4% (41) dos respondentes são

empregados (24 PV e 17 PP) e 21,6% (16) se apresentaram como empregadores

(10 PV e 06 PP), 20,3% (15) como autônomos (11 PV e 04 PP) e 2,7% (2)

deixaram de responder a este item.

Tabela 5- Situação no mercado

Nº PP %PP Nº PV %PV Nº total % total

Empregados 17 58,6% 24 53,3% 41 55,4%

Empregadores 06 20,6% 10 22,2% 16 21,6%

Autônomos 04 13,7% 11 24,4% 15 20,3%

fonte: instrumento de coleta de dados

Gráfico VI – Situação no mercado

60

fonte: instrumento de coleta de dadosAo se analisar o Gráfico VI, observa-se que 42% dos respondentes se

declaram empregadores ou autônomos, o que permite concluir que a competência

ligada ao empreendedorismo aparece entre os respondentes de forma bem

significativa, contrariando a sentença na qual os respondentes destacam que o

Curso não estimula a capacidade empreendedora.

A capacidade empreendedora nem sempre aparece explícita durante o

Curso, mas é evidenciada na elaboração dos projetos e na metodologia do design.

É provável que, para muitos respondentes, ela tenha passado despercebida, mas

quando atuante no mercado de trabalho ela se manifesta natural e explicitamente.

3. Dimensões desenvolvidas no Curso de Desenho Industrial –PUCPRNa análise das competências desenvolvidas no Curso de Desenho

Industrial da PUCPR usou-se como parâmetro as oito (8) dimensões do Projeto

Pedagógico do Curso: criatividade, domínio de linguagem, trânsito interdisciplinar,

conceituação do projeto, metodologia, visão setorial, capacidade empreendedora

e aspectos sociais e econômicos.

3.1. Criatividade

61

A dimensão criatividade trata da busca do novo mediante fatos

conhecidos em soluções inovadoras. Cabe a esta dimensão o desenvolvimento do

espírito crítico, a avaliação sistemática e o enfrentamento de situações de

incerteza, em que é necessário dar respostas a problemas não esperados. Segue

a Tabela 6:

Tabela 6 – Criatividade

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Espírito crítico 02 3% 31 42% 21 28% 18 24% 02 3%

Combinar as variáveis culturais, 03 4% 32 43% 22 30% 14 19% 03 4%sociais, técnicas e econômicas

Lidar com imprevistos e 05 7% 28 38% 25 34% 13 17% 03 4%incertezas

fonte: instrumento de coleta de dados

No que se refere à criatividade, observa-se na Tabela 6, que 47% dos

respondentes concordam que o Curso desenvolve o espírito crítico enquanto que

27% discordam e 28% estão incertos. Quanto à capacidade de combinar variáveis

culturais, sociais, técnicas e econômicas, 47% dos respondentes concordam com

o desenvolvimento desta habilidade pelo Curso, o que equivale a 1/3 dos

respondentes; 23% discordam e 30% não estão certos acerca da ênfase do

Curso. Quanto a lidar com imprevistos, obteve-se 45% de respondentes que

concordam e 21% discordam acerca da ênfase dada pelo Curso a esta

competência. Destaca-se aqui o elevado percentual de (34%) respondentes que

não estão certos a respeito.

Observa-se, na análise das respostas, que 46% dos respondentes

concordam que o Curso enfatiza a dimensão criatividade. Do total de

62

respondentes, somente 22% discordam desta afirmativa e 32% estão incertos. Isto

dá a esta dimensão característica positiva no Curso, mostrando que esta

competência é bem trabalhada com os acadêmicos de acordo com o que se

espera do profissional de design. Como afirma TEICHLER (1998), o que se espera

dos diplomados é que tenham capacidade de inovação e criatividade e que

respeitem as diferentes culturas.

Como foi destacado, por MEYER JR. (1998), hoje, para ocupar um

emprego, não basta só o “conhecimento avançado”. É necessário ter habilidades

e competências como iniciativa e criatividade, pouco valorizados no passado, e

vistas hoje como indispensáveis para o mundo do trabalho. O Gráfico VII, ilustra

essa dimensão.

Gráfico VII – Criatividade

01 02 03

fonte: instrumento de coleta de dados

3.2. Domínio de linguagemA dimensão domínio de linguagem avalia a aplicação e o domínio de

técnicas que envolvem a expressão e a reprodução visual, conceitos elaborados

em técnicas a mão livre e por meio de instrumentalização. Os dados relativos a

essa dimensão estão apresentados na Tabela 7.

Tabela 7- Domínio de linguagem

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Soluções expressadas à mão livre 06 8% 18 24% 12 16% 35 47% 03 4%

63

Uso do computador em conceitos / 07 9% 44 59% 05 7% 14 19% 04 5%soluções

Técnicas de expressão e 09 12% 17 23% 12 16% 33 44% 03 4%representação visual

Expressar conceitos à mão livre 04 5% 22 30% 18 24% 22 30% 08 11%

fonte: instrumento de coleta de dados

Conforme se observa na Tabela 7, 32% dos respondentes concordam

quanto à ênfase do Curso em expressar soluções à mão livre, 51% discordam e

16% estão incertos. Na sentença que trata da competência de fazer uso do

computador ao expressar conceitos e soluções, o posicionamento dos

respondentes fica mais evidente, uma vez que 68% dos respondentes concordam

com a ênfase dada pelo Curso, enquanto que 24 % discordam e somente 7%estão incertos.

Quando se tratou do desenvolvimento de técnicas de expressão e

representação visual, 48% dos respondentes concordam que o Curso tenha

enfocado esta competência, embora 35% concordam que há falhas no Curso

referente a ela. Outro dado importante é referente ao destaque à competência de

expressar conceitos à mão livre, em que 35% dos respondentes concordam com a

relevância dada pelo Curso, enquanto 41% acreditam não ter destaque e 24%estão incertos. Como ilustração, segue o Gráfico VIII:

Gráfico VIII – Domínio de linguagem

04 05

05 07

64

fonte: instrumento de coleta de dados

3.3. Trânsito interdisciplinarA dimensão trânsito interdisciplinar trata da necessidade do trabalho

em grupo como elemento gerador de soluções integradas. Aborda a importância

da atuação com outros profissionais de diferentes áreas, desde a elaboração e

pesquisa do projeto até a fase de execução. Os dados abordados são

apresentados na Tabela 8 a seguir.

Tabela 8 – Trânsito interdisciplinar

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Atuação c/ profissionais de outras áreas 03 4% 11 15% 14 19% 32 43% 14 19%

Trabalho em grupo 16 21% 45 60% 09 12% 03 4% 01 1%

Visão sistêmica 05 7% 30 40% 20 27% 16 21% 03 4%

fonte: instrumento de coleta de dados

Observa-se, ao se analisar a Tabela 8, que a grande maioria dos

respondentes, ou seja, 62% discordam quanto à ênfase desenvolvida pelo Curso

na atuação com outros profissionais; somente 19% entendem que o Curso

enfatiza essa habilidade. O mesmo percentual de respondentes (19%) não está

certo se esta competência foi enfatizada pelo Curso. Fica muito claro para os

respondentes, que o Curso não está desenvolvendo esta competência conforme

se propõe a fazer. Com referência ao enfoque que o Curso dá ao trabalho em

grupo, o posicionamento dos respondentes é muito forte, 81% concordam que o

Curso enfatiza esta competência, enquanto 5% discorda e 12% estão incertos.

65

Esta é uma questão na qual a concordância é praticamente geral. Isso se deve ao

grande número de trabalhos ou projetos que nos 8 períodos do Curso são

desenvolvidos em equipes e duplas, embora a maioria dos projetos seja individual,

para se obter um critério de avaliação mais justo.

No que se refere à ênfase do Curso na visão sistêmica, não se

observaram diferenças significativas nas respostas. Do total de respondentes,

47% concordam que o Curso desenvolve esta competência, 25% discordam e um

número representativo de 27% respondeu como incerto. Como se observou por

meio dos dados obtidos pelos respondentes, cabe ao Curso desenvolver com

mais ênfase a visão sistêmica, e principalmente, incentivar o trabalho com outros

profissionais. Para isso, seria necessária uma interação maior com alunos de

outros cursos. Assim, o projeto acadêmico poderia ser desenvolvido

interdisciplinarmente e entre cursos.

Desde a formação universitária do designer até a sua atuação

profissional, é fundamental que haja o trânsito interdisciplinar como aptidão para o

trabalho coletivo. De acordo com o PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE DESENHO

INDUSTRIAL DA PUCPR (2002), é necessário, para o exercício da profissão, que o

designer no dia-a-dia interaja com diversas áreas do conhecimento, da arte a

técnica. O trabalho em grupo deve valorizar ações e esforços com destaque às

necessidades coletivas, como mais importantes e urgentes que as individuais. Os

dados relativos ao trânsito interdisciplinar estão apresentados no Gráfico IX a

seguir:

Gráfico IX – Trânsito interdisciplinar08 09 10

66

fonte: instrumento de coleta de dados

3.4. Conceituação de projetoA dimensão conceituação de projeto enfoca o reconhecimento, de

priorização de necessidades. Valoriza e instrumentaliza a visão sistêmica,

combinando componentes de fabricação, aspectos ergonômicos, psicológicos,

sociólogos e o desenvolvimento de soluções referentes a uma necessidade. Os

dados constam na Tabela 9.

Tabela 9 – Conceituação de projeto

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Estabelecer prioridades 01 1% 30 40% 21 28% 18 24% 04 5%

Selecionar diferentes materiais 07 10% 14 19% 16 21% 31 42% 06 8%e processos

Pesquisar os meios de produção 02 3% 29 40% 19 25% 19 25% 05 7%

fonte: instrumento de coleta de dados

Ao se analisar os dados da Tabela 9, observa-se que 41% dos

respondentes concordam com o desempenho do Curso com relação à

competência de avaliar e estabelecer prioridades, 29% discordam e 28% estão

incertos. Embora o número de concordantes seja maior, percebeu-se que esta

competência deve ser mais trabalhada pelo Curso, pois ao somar o número de

incertos com os que não concordam, o resultado torna-se preocupante.

Recomenda-se que, a cada projeto proposto, o corpo docente reforce a

necessidade de conceituar e identificar prioridades, mostrando ao futuro

profissional a importância desta competência no que deverá ser vivido na prática

profissional. A frase seguinte foi elaborada de forma invertida e 50% dos

respondentes não concordam que o Curso não desenvolve a capacidade de

67

conhecer os materiais e os processos, 29% concordam e 21% se pronunciaram

como incertos. A metade dos respondentes acredita que o Curso enfatiza a

competência de processos e materiais para a elaboração e conceituação do

projeto, que é de fundamental importância para o sucesso do produto. Não é

concebível que o profissional de design não conheça o seu entorno, no caso, os

materiais e seus processos. Na análise da habilidade de pesquisar os meios de

produção 43% dos respondentes concordam que o Curso destaca esta

competência, 32% discordam e 25% estão incertos.

Numa análise geral desta dimensão, percebe-se que o Curso obteve,

por parte dos respondentes, avaliação positiva com relação à conceituação doprojeto. De acordo com BAXTER (1998), para o profissional de design, a

importância de pesquisar os materiais e os processos de produção, bem como o

mercado consumidor e outros elementos, vem logo após as definições dos

parâmetros a serem empregados no projeto.

O que se espera do profissional da área do design é que ele seja o

agente gerador de propostas e concretizador de conceitos. Por este motivo, é

necessário que o aluno de design vivencie e exercite experiências concretas.

Seque o Gráfico X para melhor visualização desta dimensão.

Gráfico X – Conceituação do projeto11 12 13

fonte: instrumento de coleta de dados

3.5. MetodologiaA dimensão metodologia de projeto trata de distinguir os diferentes

processos do conhecimento que envolvem o desenvolvimento do projeto, bem

68

como o reconhecimento de pressupostos metodológicos e da estruturação

metodologica mais adequada. Os dados levantados estão inseridos na Tabela 10.

Tabela 10 – Metodologia

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

A importância da metodologia 07 10% 48 65% 10 13% 06 8% 03 4%

Os limites da metodologia 01 1% 16 21% 27 36% 26 35% 04 5%e processos

Metodologia única a ser seguida 01 1% 09 12% 23 31% 36 48% 05 7%

fonte: instrumento de coleta de dadosA Tabela 10 contém dados relativos à percepção dos ex-alunos a

respeito da dimensão metodologia. Observa-se, claramente, que 75% dos

respondentes concordam que a metodologia é bem enfatizada, 12% discordam de

que existe destaque na metodologia pelo Curso e há 13% de indecisos. Percebe-

se nitidamente que, na opinião da maioria dos respondentes, o Curso realmente

enfatiza a importância de se ter uma metodologia no desenvolvimento no projeto

de design. Quanto ao enfoque do uso de uma metodologia na solução de

problemas, 40% discordam de que esta competência tenha sido destacada ao

longo do Curso, 36% mantiveram-se incertos e somente 22% concordam. Este

resultado é negativo para o Curso. Recomenda-se que se procure, por parte do

docente, maior ênfase com relação à metodologia, seu uso e métodos. Mais da

metade, 55% dos respondentes concordam que o Curso não enfatiza uma única

metodologia, 13% acham que o curso enfatiza uma única metodologia e 31%indecisos. Observou-se, mais uma vez, que o número de incertos é relativamente

grande, o que demonstra dúvida deste grupo de respondentes a respeito da

ênfase do Curso no domínio desta competência.

Para o designer, é importante dominar mais de uma metodologia. No

exercício da profissão, são experimentadas várias metodologias e, dependendo

das circunstâncias, opta-se por uma ou outra que melhor se adapte à situação.

Muitos criam seu método de pesquisa para o desenvolvimento de projeto. Pelas

69

respostas, em geral, pode-se afirmar que o Curso está cumprindo com esta

dimensão. O Gráfico XI segue, ilustrando:

Gráfico XI – Metodologia14 15 16

fonte: instrumento de coleta de dado

3.6. Visão setorialA dimensão visão setorial trata do conhecimento referente ao setor

produtivo e mercadológico, do uso de materiais, dos processos e tecnologias no

meio produtivo e da elaboração de soluções práticas. Os dados levantados

constam na Tabela 11.

Tabela 11 – Visão setorial

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Relacionar meios de produção 06 8% 31 42% 14 19% 21 28% 02 3%

Busca de novas tecnologias 04 5% 19 26% 11 15% 32 43% 08 11%

Encontrar soluções viáveis e práticas 07 10% 35 47% 14 19% 14 19% 04 5%

fonte: instrumento de coleta de dados

Ao examinar os dados apresentados na Tabela 11 observa-se que 50%dos respondentes concordam que a relação de meios de produção no projeto não

são bem desenvolvidos pelo Curso, enquanto 31% acreditam que o Curso

desenvolveu esta capacidade e 19% estão incertos. Segundo a percepção de 50%dos respondentes, existe falha do Curso neste item, possivelmente relacionado ao

fato de alguns orientadores e, mesmo, alunos, se preocuparem mais com a

70

estética que com o produto, sem dar importância à pesquisa de materiais e

processos de fabricação, fundamentais no design.

Quanto à busca de novas tecnologias, 31% dos respondentes afirmam

que é evidenciada pelo Curso esta habilidade, 54% dos respondentes discordam e

15% estão em dúvida. A maioria dos respondentes não acredita que o Curso

destaque a busca pelas novas tecnologias. O Curso sempre se preocupou com as

novidades tecnológicas e procurou traze-las para a instituição, mediante

publicações especializadas. O que não é possível, é trazer a indústria à sala de

aula. O que falta é aumentar o número de visitas às indústrias e fornecedores e

para isso é necessário que a instituição mantenha o sistema de transporte para

translado dos docentes para facilitar este tipo de informação. E da parte dos

docentes a participação nestas visitas.

Ao tratar-se do enfoque do Curso a encontrar meios e soluções práticas

e viáveis nos projetos 57% dos respondentes concordam que esta competência foi

bem desenvolvida pelo Curso, enquanto que 24% respondentes discordam

enquanto que 19% dos respondentes ficaram incertos.

Identifica-se aqui uma pequena discrepância. Ao se examinar o item

relacionar os meios de produção ao projeto observa-se que a maioria dos

respondentes 50% afirma que o currículo Curso não está dando ênfase aos meios

de produção no desenvolvimento do projeto. No entanto em outra abordagem, ao

se manifestarem sobre a procura de soluções viáveis e práticas, número ainda

maior, 57% concordou de que o Curso destacou esta habilidade. Procurar

soluções viáveis é aptidão que se espera do profissional de design não só em

relação à criação, mas também na pesquisa dos meios de produção.

Conforme destaca REICH (1994), atualmente as promoções de carreira

dentro das organizações, não se faz pela lealdade ou tempo de serviço, mas a

“especialíssima habilidade” para identificar e resolver problemas, dando soluções

71

que iram promover vendas. O Gráfico XII a seguir apresenta a percepção dos

respondentes a respeito da visão setorial.

Gráfico XII – Visão setorial17 18 19

fonte: instrumento de coleta de dados

3.7. Capacidade empreendedoraA dimensão empreendedora compreende o desenvolvimento do

estímulo à autonomia, à iniciativa, ao gerenciamento, ao marketing, a

investimentos e à administração. Inclui a capacidade analítica, conceitos

interdisciplinares e trabalho em equipe. Observam-se os dados na Tabela 12:

Tabela 12 – Empreendedorismo

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Capacidade gerencial 23 31% 30 40% 14 19% 06 8% 01 1%

Noção de mercado. 05 7% 38 51% 14 19% 09 12% 08 11%

Capacidade empreendedora. 03 4% 17 23% 20 27% 18 24% 16 21%

fonte: instrumento de coleta de dados

Na Tabela – 12, observa-se que 71% dos respondentes concordam que

a capacidade gerencial não é fortemente desenvolvida como competência pelo

Curso, 9% dos respondentes discordam da afirmativa e 19% se posicionam como

incertos. Isto significa que deve ser melhorado e desenvolvido pelo Curso. Quanto

à importância de conhecimento e noção de mercado, a maioria dos respondentes

(58%) concordam que o Curso destaca esta competência, 23% discordam e 19%estão incertos. Isso se deve ao programa de aprendizagem (PA) Relações

72

Mercadológicas, que trata de forma ampla do que diz respeito ao mercado e

técnicas de marketing. No que se refere à competência do Curso em estimular a

capacidade empreendedora, obteve-se 45% de respondentes discordantes e

somente 27% concordantes, enquanto 27% permaneceram como indecisos. Como

foi observado na percepção dos respondentes, o espírito empreendedor não foi

devidamente evidenciado pelo Curso, assim como a capacidade de

gerenciamento. Recomenda-se que, no futuro esta dimensão seja vista com maior

destaque.

Observa-se discrepância nesta dimensão, visto que 45% dos

respondentes discordam que o Curso tenha destacado esta habilidade. Segundo

dados da Tabela 4, observa-se que 21,6% dos respondentes são empregadores e

20,2% autônomos, num total de 49% respondentes. Para que o profissional torne-

se autônomo ou empregador, é evidente a necessidade de que tenha noções de

gerenciamento e espírito empreendedor, competências adquiridas e vivencias no

Curso ou em experiências profissionais.

Como afirma TEICHLER (1998), o que se espera dos diplomados, ao

atuarem no mercado de trabalho, é que sejam flexíveis, inovadores e criativos,

capazes de enfrentar incertezas, com sensibilidade no social, trabalhando em

equipe com responsabilidade e espírito empreendedor. O Gráfico XIII ilustra esta

dimensão.

Gráfico XIII – Empreendedorismo20 21 22

fonte: instrumento de coleta de dados

73

3.8. Aspectos sociais e econômicosA oitava dimensão tem como foco os aspectos sociais e econômicos

desenvolvidos pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR. Esta dimensão trata

da conscientização e de implicações com as responsabilidades sociais,

antropológicas, ambientais e econômicas. Aborda também os interesses

econômicos do fabricante e do usuário, o respeito às culturas tanto global como

regional, a postura ética consciente, o uso da tecnologia com humanismo e

compromissos com a redução dos impactos ambientais (PUCPR, PROJETO

PEDAGÓGICO, 2002). Os dados referentes a esta dimensão constam da Tabela 13.

Tabela 13 – Aspectos sociais e econômicos

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Ênfase à forma 09 12% 22 30% 12 16% 26 35% 05 7%

Conciliação das necessidades 02 3% 26 35% 25 34% 15 20% 06 8%e dos interesses econômicos

Preservação ambiental 04 5% 23 31% 19 25% 18 24% 10 13%representação visual

Respeito a diferenças culturais 04 5% 32 43% 13 17% 22 30% 03 4%

fonte: instrumento de coleta de dados

Conforme se observa na Tabela 13, há equilíbrio na percepção dos

respondentes que concordam que o Curso dá mais ênfase à forma que à utilidade

do produto 42% e os que discordam, cujo percentual também é de 42%; apenas

16% estão indecisos. Com estes dados não se pode dizer se esta competência

tem a ênfase que merece no Curso, uma vez que o número de respondentes é

igual nos dois extremos. Isso pode servir de alerta para que se empenhem mais

na criação de um produto como objeto que atenda às necessidades de utilidade e

não como objeto decorativo, sem função de praticidade.

No que se refere ao desenvolvimento dado pelo Curso à habilidade de

conciliar necessidades dos usuários com interesses econômicos o resultado foi

quase equivalente: 38% dos respondentes concordam, 28% discordam e 34%

74

estão incertos. A preocupação com a preservação ambiental é importante nos dias

atuais, 36% dos respondentes acreditam que o Curso se preocupa com o impacto

ambiental do produto e 37% discordam, enquanto 25% se mostraram indecisos.

Ao se referir à ênfase do Curso destinada ao respeito cultural e ao regionalismo,

48% dos respondentes discordam que tenha sido desenvolvida, 34% acreditam

que foi trabalhada esta competência e 17% se posicionaram como indecisos.

De acordo com o PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE DESENHO

INDUSTRIAL DA PUCPR (2002), o profissional da área do design deve preocupar-se

com a preservação e o equilíbrio do ecossistema, pois parte dos problemas que

agridem o meio ambiente são gerados pela produção, pelo uso indiscriminado de

embalagens e por objetos que acabam sendo descartáveis. Cabe ao designer,

como planejador de objetos que fazem parte do nosso cotidiano, a

responsabilidade do impacto ambiental causado por elas.

A dimensão aspectos sociais e econômicos é a que mais chama a

atenção pelo posicionamento dos respondentes, que não coincide com as

competências que o Curso afirma enfatizar. É importante que o Curso se

posicione e assuma de que o design ecológico não é uma moda, mas um

compromisso com a sobrevivência da natureza. Conforme DELORS (2000), a

educação deve tornar o indivíduo mais consciente de suas raízes, para dispor de

referências que lhe permitam situar-se no mundo, ensinando o respeito pelas

outras culturas. O conhecimento de outras culturas nos faz conscientes da

singularidade da nossa própria cultura e conhecedores da existência de um

patrimônio comum da humanidade. Segue o Gráfico XIV:

Gráfico XIV – Aspectos sociais e econômicos23 24

75

25 26

fonte: instrumento de coleta de dados

4. As competências e a prática profissional do designerPara analisar as habilidades e competências e a prática do profissional

do designer foram elaboradas 17 frases abordando as oito dimensões que fazem

parte desta atividade.

4.1. CriatividadeÉ na dimensão criatividade que o profissional de design tem que

desenvolver com competência a habilidade de, por meio de elementos

conhecidos, criar e fazer inovações nas soluções de projeto, lidando com

imprevistos, características culturais, técnicas, sociais e econômicas.

Tabela 14 – Criatividade do profissional de design

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Soluções rápidas a situações 50 68% 24 32% _ _ _ _ _ _inesperadas

Espírito crítico é fundamental 53 72% 20 28% _ _ 01 1% _ _

fonte: instrumento de coleta de dados

Ao serem examinados os dados detalhados na Tabela 14, destaca-se o

fato de que 100% dos respondentes concordam ser fundamental, na prática

profissional, a competência de soluções rápidas a situações inesperadas. Da

76

mesma forma, 99% dos respondentes concordam quanto à importância do espírito

crítico no desempenho do profissional. Somente 1% discorda desta afirmativa.

Conforme o PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL DA

PUCPR (2000), o projeto de design é muito mais do que a mera preocupação

formal como alguns imaginam. Não basta a criação do projeto. É necessário um

conjunto de ações sistematizadas para se atingir um objetivo.

Gráfico XV - Criatividade do profissional de design01 02

fonte: instrumento de coleta de dados

4.2. Domínio de linguagemNa dimensão domínio de linguagem, o designer deve desenvolver a

competência necessária para empregar técnicas de expressão e representação

visual para solucionar, conceituar e apresentar seus projetos.

Tabela 15 – Domínio de linguagem do profissional de design

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Conceitos à mão livre não são importantes 03 4% 04 5% 08 11% 33 45% 26 35%

Técnicas de expressão e representação 44 59% 25 34% 03 4% _ _ 02 3%

Soluções expressas à mão livre 18 24% 24 32% 18 24% 12 16% 03 4%

77

fonte: instrumento de coleta de dados

Na Tabela 15 observa-se que 80% dos respondentes concordam acerca

da importância de desenvolver e expressar conceitos à mão livre; somente 9%não deram importância a esta habilidade e 11% estão incertos. Ao analisar-se a

importância de técnicas de expressão e representação visual o designer 93% dos

respondentes concordam que é uma habilidade de fundamental importância, 4%estão incertos e 3% discordam. Quanto à competência de apresentar soluções à

mão livre, 56% dos respondentes concordam ser fundamental, 20% discordam e

24% estão incertos.

Observando os dados referentes ao domínio de linguagem, nota-se que,

na percepção dos respondentes, há concordância plena com relação ao

desenvolvimento destas competências para o exercício profissional de design. O

Gráfico XVI ilustra as respostas do instrumento de pesquisa.

Gráfico XVI – Domínio de linguagem do profissional de design03 04 05

fonte: instrumento de coleta de dados

4.3. Trânsito interdisciplinarA competência do designer na dimensão trânsito interdisciplinar,

compreende o trabalho em equipe, com o envolvimento de especialistas em outras

áreas, na solução, na elaboração e na execução de projetos e pesquisas.

Tabela 16 – Trânsito interdisciplinar

78

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Trabalhar com profissionais de outras 45 60% 28 38% 01 2% _ _ _ _áreas

A visão sistêmica não é importante 02 3% 01 2% 13 18% 40 54% 18 24%

fonte: instrumento de coleta de dados

Dos dados apresentados na Tabela 16, destaca-se que 99% dos

respondentes concordam que é importante saber trabalhar com profissionais de

outras áreas e somente 2% estão incertos. Quanto à visão sistêmica para o

profissional de design, 78% concordam, 5% discordam e 18% estão incertos.

A interdisciplinaridade é fundamental para o designer no dia a dia, pois

necessita da interação com outros profissionais na realização de seu trabalho,

conforme a percepção dos egressos. De acordo com o PLANO ESTRATÉGICO da

PUCPR (1999), a interdisciplinaridade e o espírito empreendedor são atributos da

formação universitária e profissional. Segue o Gráfico XVII ilustrando estes dados.

Gráfico XVII – Trânsito interdisciplinar

06 07

fonte: instrumento de coleta de dados

4.4. Conceituação de projetoA dimensão conceituação de projeto é a competência de distinguir

prioridades, dando soluções viáveis na fabricação e no uso dos materiais, não

esquecendo as necessidades do consumidor, de aspectos ergonômicos,

psicológicos e sociológicos do projeto.

79

Tabela 17 – Conceituação de projeto do profissional de designer

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Estabelecer prioridades 33 44% 40 54% 01 2% _ _ _ _

Pesquisa dos meios produtivos 35 47% 35 47% 03 4% 01 2% _ _

fonte: instrumento de coleta de dados

Os dados constantes da Tabela 17 mostram que 98% dos

respondentes concordam plenamente quanto à importância de se estabelecer

prioridades em design e somente 2% mostraram-se incertos. Quanto à pesquisa

dos meios produtivos ser de competência do designer, 94% estão de acordo, 2%discordam e 4% estão incertos. O número de respondentes que concordam ser

fundamental para a prática do design distinguir prioridades e pesquisar processos

de fabricação e meios produtivos é de 99%, o que dá força a esta dimensão como

competência indispensável a este profissional.

De acordo com LOBACH (2000), o industrial design se refere a “um

processo de adaptação dos produtos de uso fabricados industrialmente às

necessidades físicas e psíquicas dos usuários ou grupos de usuários” e nasce

com uma idéia que resulta na resolução do problema ou de uma necessidade

humana.

Gráfico XVIII – Conceituação de projeto do designer

08 09

fonte: instrumento de coleta de dados

80

4.5. Metodologia do designA dimensão metodologia do design trata da importância do uso de

uma metodologia na prática profissional de designer como estrutura para o

desenvolvimento e soluções em projetos.

Tabela 18 – Metodologia do design

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

É importante o uso da metodologia 34 46% 35 47% 03 4% 02 3% _ _

É fundamental uma única metodologia 02 3% _ _ 08 11% 42 56% 22 30%

fonte: instrumento de coleta de dados

Os dados referentes à metodologia do design estão apresentados na

Tabela 18, na qual se percebe que 93% de respondentes concordam que é

importante ao designer o uso de uma metodologia, 3% não concordam e 4%mostraram-se incertos. Com relação ao uso de uma única metodologia, 86%discordam, 3% concordam e 11% ficaram incertos.

Observa-se o elevado número de respondentes (93%) que concordam

que, na prática profissional de design, a metodologia é fundamental, sendo esta

competência destacada pelo Curso. Somente com relação ao uso de uma única

metodologia é que houve número (86%) menor de concordantes. De acordo com

BAXTER (1998), para desenvolver o projeto de design, é necessário que o

profissional da área, desenvolva uma série de atividades, de acordo com o roteiro

pré-estabelecido e com procedimentos determinados, o que é denominado de

Metodologia Projetual. O Gráfico XIX ilustra os dados obtidos.

gráfico XIX – Metodologia do design10 11

81

fonte: instrumento de coleta de dados

4.6. Visão setorialA dimensão visão setorial é a competência do designer desenvolver,

conhecer e pesquisar as características do mercado e de produção, os materiais e

as, tecnologias em projetos práticos e viáveis.

Tabela 19 – Visão setorial do designer

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Encontrar soluções viáveis e práticas 46 63% 25 34% 02 3% _ _ _ _

Buscar novas tecnologias 45 60% 26 35% 02 3% 01 2% _ _

fonte: instrumento de coleta de dados

A Tabela 19 fornece dados para análise da dimensão visão setorial.No que trata da importância de encontrar soluções práticas e viáveis desde a

fabricação até a comercialização, 98% de respondentes manifestaram-se

concordantes e 3% incertos. Com relação à habilidade de estar sempre à procura

de novas tecnologias, 95% dos respondentes são concordantes, 2% discordantes

e 3% incertos. Segue o Gráfico XX.

Gráfico XX – Visão setorial do profissional de designer

12 13

82

fonte: instrumento de coleta de dados

REICH (1994) afirma que tempo de serviço, lealdade ou rotinas

impecáveis não são mais valores a serem destacados nas promoções de carreira,

mas sim a “especialíssima habilidade” de saber resolver, solucionar e identificar

problemas. PAVANI (1991) destaca, ainda, que numa época de rápidas

transformações tecnológicas e de novos e graves problemas que enfrenta a

humanidade, somente o domínio das teorias permitirá a constante adequação à

realidade e à liberdade de pesquisa de novas soluções.

4.7. Capacidade empreendedoraNa dimensão empreendedorismo é possível analisar a autonomia e a

iniciativa deste profissional que deve desenvolver a capacidade analítica,

administrativa, bem como o espírito empreendedor e de gerenciamento.

Tabela 20 – Capacidade empreendedora do designer

conc. total. concordo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Empreendedorismo não é fundamental 04 5% 13 18% 09 12% 26 35% 22 30%

A competência de gerenciar 34 46% 30 40% 06 8% 04 6% _ _

fonte: instrumento de coleta de dados

Com o levantamento dos dados fornecido pela Tabela 20, percebeu-se

que 23% dos respondentes não concordam que o empreendedorismo seja

fundamental ao designer, 65% acham importante esta competência e 12% se

manifestaram como incertos. Com relação à importância de saber gerenciar, 86%

83

concordam que é necessária a prática profissional, 8% estão incertos e 6%discordam.

Nem todos (65%) concordam com a importância da capacidade

empreendedora, mas em relação ao gerenciamento, o número de concordantes

(86%) cresce significativamente. O emprendedorismo é sentido melhor por

aqueles que optaram por serem autônomos ou empregadores. O medo de estar

atuando sozinho como autônomo ou responsável por outros pode ser o grande

empecilho para uma maior concordância dos respondentes quanto a esta

dimensão.

Segundo STRUNCK (1999), nossa sociedade passa por transformação veloz

e as mudanças são aceleradas, derrubando dogmas e alterando valores. Com a

possibilidade da extinção de emprego como o conhecemos, os avanços da

tecnologia e da informática e o aumento das cidades dificultando o deslocamento,

o trabalho tende a se tornar domiciliar. O profissional empresaria a si próprio,

tendo que ter habilidades e competências para administrar e gerenciar seus

negócios. Para ilustrar os dados segue o Gráfico XXI.

Gráfico XXI – Capacidade empreendedora do designer

14 15

fonte: instrumento de coleta de dados

4.8. Aspectos sociais e econômicosNa dimensão aspectos sociais e econômicos, espera-se que o

designer atue com ética consciente, respeitando os regionalismos, as culturas e as

necessidades sociais e antropológicas, e o meio ambiente, fazendo uso da

tecnologia com humanismo.

84

Tabela 21 –Aspectos sociais e econômicos

conc. total. concodo incerto discordo disc. total.

nº % nº % nº % nº % nº %

Preservação ambiental não é fundamental 02 3% 03 4% 07 9% 34 46% 28 38%

Conciliar as necessidade do consumidor 52 70% 22 30% _ _ _ _ _ _com interesses econômicos

fonte: instrumento de coleta de dados

Por meio da Tabela 21, referente à dimensão aspectos sociais eeconômicos, obteve-se o percentual de 82% de respondentes que discordam de

que a preservação ambiental não seja de competência do designer. Apenas 6%acham irrelevante esta questão e 11% mostram-se incertos. Quanto à

competência de conciliar as necessidades dos consumidores com os interesses

econômicos, 100% dos respondentes concordam. Observa-se, assim, a sua

relevância para a prática profissional.

Com relação ao número de respondentes que não consideram

importante a preservação ambiental (6%), embora pequeno, é preocupante que

esta geração de profissionais de design não veja claramente a relevância que

deve dar a esta questão, que atinge todos os profissionais das mais diversas

áreas. Estamos numa época em que muito se fala sobre o ecodesign e sobre a

necessidade de se procurar meios alternativos para o desenvolvimento de projetos

que usem recursos auto-sustentáveis sem agredir a natureza.

Conforme BARROSO NETO (1995), o design deve dar prioridade a

produtos ecologicamente adequados com maior interatividade com o usuário,

respeitando o futuro com processos de desenvolvimento sustentável, ecológicos e

de forte componente cultural.

De acordo com RIBEIRO (1997), o trabalho faz parte da realização

humana. Com esta ação transformadora, o homem se satisfaz na concretização

85

de seus projetos, realizando-se e estimulando novos projetos. “O trabalho é a

realização humana”, é a ação transformadora do meio natural e social.

Gráfico XXII – Aspectos sociais e econômicos

16 17

fonte: instrumento de coleta de dados

A Tabela 22 mostra o quadro geral dos dados obtidos nas oito

dimensões, acerca das habilidades e competências desenvolvidas pelo Curso na

percepção dos respondentes.

Tabela 22 – Dimensões desenvolvidas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR

Habilidades e competências desenvolvidas pelo Curso segundo os respondentes c.t./c. i. d.t./d.

01.O espírito crítico é fortemente desenvolvido no Curso.

02- O Curso enfatiza a habilidade de combinar variáveis culturais, sociais, técnicas e econômicas no desenv. de produto.

03- A habilidade de lidar com imprevistos e incertezas é desenvolvida pelo Curso.

04. O Curso não enfatiza a habilidade de soluções expressadas à mão livre.

05. O Curso enfatiza o uso do computador para expressão de conceitos e soluções.

06. O Curso não desenvolve adequadamente o domínio de técnicas de expressão e representação visual.

07. Expressar conceitos à mão livre é habilidade destacada pelo Curso.

08. A habilidade de atuar com profissionais de outras áreas é fortemente enfatizada pelo Curso.

09. O Curso enfatiza a habilidade de trabalhar em grupo, visando superar dificuldades e gerar soluções integradas.

10. O Curso desenvolve a visão sistêmica que permite considerar diversos elementos q. contribuem na concepção do prod.

11. A habilidade de avaliar e estabelecer prioridades é fortemente enfatizada pelo Curso.

12.O Curso não desenvolve a capacidade de selecionar diferentes materiais e processos na elaboração de produto.

13. A habilidade de pesquisar meios de produção para desenvolvimento do projeto é fortemente destacada pelo Curso.

14. A importância da metodologia é fortemente destacada no Curso.

15. Os limites da metodologia na solução de problemas são bem destacados pelo Curso.

16. O Curso enfatiza uma metodologia única a ser seguida.

17. A capacidade de relacionar meios de produção e projeto não é bem desenvolvida no Curso.

86

18. A necessidade de buscar novas tecnologias é fortemente desenvolvida pelo Curso.

19.A capacidade de encontrar soluções viáveis e práticas é bem enfocada pelo Curso.

20. A capacidade gerencial não é fortemente desenvolvida pelo Curso.

21. O Curso destaca a importância da noção de mercado.

22.A capacidade empreendedora é estimulada pelo Curso.

23. A ênfase do Curso é mais na forma do que na utilidade do produto projetado.

24. O Curso desenvolve com competência a habilidade de conciliar as necessidades dos usuários com os interesses econômicos.

25. O Curso desenvolve o compromisso com a preservação ambiental.

26. A capacidade de conciliar as dimensões global e regional, respeitando diferenças culturais, não é fortemente desenvolvida pelo Curso.

fonte: instrumento de coleta de dadosA Tabela 23 mostra o quadro geral dos dados obtidos nas oito

dimensões acerca das habilidades e competências necessárias à prática

profissional na percepção dos respondentes.

Tabela 23 – Competências do designer

As competências e a prática profissional do designer c.t./c. i. D.t./d.

01.É fundamental para o profissional de design ter a habilidade de lidar com soluções rápidas a situações inesperadas.

02- O espírito crítico é uma habilidade fundamental no desenvolvimento da prática profissional do designer.

03- Expressar conceitos à mão livre não é importante para o trabalho do designer.

04-Técnicas de expressão e representação visual são fundamentais na prática profissional do designer.

05. A habilidade de dar soluções expressas à mão livre é fundamental para a prática profissional do designer.

06. A habilidade de trabalhar com profissionais de outras áreas para desenvolver o projeto é fundamental na prática profissional.

07. A visão sistêmica não é habilidade fundamental para o desenvolvimento do profissional do designer.

08. A habilidade de estabelecer prioridades é fundamental para o profissional de design.

09. É competência indispensável do designer a pesquisa.

10. É extremamente importante para o exercício profissional do designer o uso de uma competente metodologia.

11. É fundamental para a prática profissional que se utilize somente uma metodologia de design.

12. A habilidade de encontrar soluções viáveis e práticas é fundamental para o exercício profissional.

13. A busca de novas tecnologias é fundamental para o trabalho profissional de design.

14. A capacidade empreendedora não é condição fundamental à prática profissional.

15. A competência de gerenciar é extremamente importante à profissão do designer.

87

16. A preservação ambiental não é de competência fundamental ao exercício da profissão.

17. A habilidade de conciliar as necessidades dos consumidores com os interesses econômicos é necessária para aprática profissional.

fonte: instrumento de coleta de dados

5. Divergências e congruências nas percepções quanto àscompetências desenvolvidas no Curso de Desenho Industrial – PUCPR

Com o objetivo de examinar as convergências e discrepâncias de

percepção dos respondentes a respeito das competências enfatizadas pelo Curso

de Desenho Industrial da PUCPR e aquelas demandadas pela prática profissional,

são apresentados, a seguir, alguns cruzamentos de dados julgados significativos.

Para análise das divergências e congruências utilizou-se, como

referência, o ano de formação dos egressos respondentes. Para isso, foram

comparados os resultados obtidos nas dimensões com egressos respondentes de

1999 a 2002. Estes dados, que apresentam de forma consolidada as oito

dimensões, são apresentados na Tabela 24 a seguir:

88

Ao analisar os resultados da dimensão criatividade, observou-se que,

com relação ao espírito crítico, houve discrepância entre os respondentes que, em

sua maioria, discordam da ênfase do Curso com relação a esta competência.

Observa-se que 50% dos respondentes de 2000 discordam com a ênfase do

Curso, enquanto 68,4% de respondentes de 2002 concordam com ela o que

demonstra divergência entre os respondentes. Quanto à habilidade de combinar

variáveis culturais, sociais e econômicas, quase não houve divergência entre os

respondentes. Mas, com relação à capacidade de lidar com imprevistos, volta a

haver divergências, dos respondentes de 2000 apenas 25% concordam já entre os

de 2002, 63,6% concordam. Como se observa nos dados da Tabela 24, os

respondentes de 2002 demonstram maior concordância do que discordância com

as competências desenvolvidas pelo Curso nesta dimensão.

Com referência à dimensão domínio de linguagem, observou-se uma

grande divergência entre os respondentes quanto à ênfase do Curso no uso do

computador. Observa-se que somente 7,7% dos respondentes do grupo de 1999

discordam. No entanto, entre os respondentes de 2000, 43,8% discordam. Como

se pode observar, a diferença entre as turmas é bem significativa. Outra

divergência nesta dimensão ocorreu no referente ao domínio de técnicas e

representação visual, em que 25% de respondentes de 2000 e 66,7% de 2001

concordam com a evidência dada a esta competência pelo Curso. Com relação a

expressar conceitos à mão livre, quase não houve opiniões definidas: os

respondentes mantiveram a média em todas as respostas, com exceção da turma

de 2000, em que 25% concordam com o Curso e 56,2% discordam.

Na dimensão trânsito interdisciplinar, ocorrem as maiores

discordâncias quanto às competências desenvolvidas pelo Curso. Nenhum dos

egressos de 1999 e 2000 concordam de que tenha havido destaque na atuação

com outros profissionais; e em todos os anos analisados (1999 a 2002), o número

de discordantes é bem superior ao de concordantes. Nota-se aqui, que existe

90

falha no Curso apontada pelos respondentes com relação a esta competência.

Recomenda-se, portanto, que seja mais evidenciada pelo Curso, com a

participação do corpo docente de forma plena, na procura por mostrar a interação

necessária com outros profissionais.

Já com relação ao trabalho em grupo, todos concordam que foi

enfatizado, não havendo discordantes nas turmas de 2001 e 2002. Isto demonstra,

que esta competência é bem trabalhada e fortemente enfatizada pelo Curso. Com

relação à visão sistêmica, observa-se uma discrepância interessante entre os

respondentes. Não houve respondente de 2000 que concordasse com o

desenvolvimento desta competência pelo Curso, enquanto que 84,2% dos

respondentes de 2002 concordam. Outro dado que merece destaque com relação

a esta mesma competência, é o grande número de 56,2% indecisos em 2000.

Ao analisar a dimensão conceituação com enfoque ao

estabelecimento de prioridades, percebe-se que as discordâncias maiores estão

com os respondentes de 1999 (54%) e de 2000 (50%), enquanto com os de 2001

(52,4%) e 2002 (47,4%) o número de concordância prevalece. Quanto à ênfase do

Curso à capacidade de selecionar materiais e processos, existe uma concordância

crescente, de acordo com os respondentes em todos os anos: são 46,2% em

1999, 50% em 2000, 52,4% em 2001 e 63,1% em 2002. Nota-se divergência no

que se refere a pesquisar meios de produção. Para 18,7% dos respondentes de

2000, o Curso não desenvolveu plenamente esta competência, enquanto que

57,8% de respondentes de 2002 afirmam o contrário. Mais uma vez, o número de

concordantes é maior entre os recém formados, donde se percebe que, segundo

os mesmos, o Curso desenvolve de forma mais plena as competências da área do

design.

Quanto à dimensão aspectos metodológicos, os respondentes

concordam que a importância de usar a metodologia é competência destacada

pelo Curso. O grupo que foi mais conclusivo é o de respondentes formados em

91

2002, em que somente 5,3% responderam de forma negativa. O maior número de

discordantes é de 25% no ano de 2000. Na percepção dos quatro grupos de

respondentes (1999 a 2002), os limites da metodologia não foram devidamente

destacados pelo Curso. Assim, houve concordância geral de que o Curso não

enfatiza o uso de uma só metodologia, sendo que o maior número em acordo

(81,3%) é de respondentes de 2000.

Ao se analisar a dimensão visão setorial, observa-se que para

relacionar meios de produção, existe discordância entre os respondentes com

relação à evidência dada pelo Curso a esta capacidade. Só 15,4% de 1999

concordam, sendo que, o maior número de concordantes, 47,4% é de 2002.

Percebe-se mais divergência quanto ao enfoque do Curso as novas tecnologias.

Para 7,7% de respondentes de 1999, esta competência não foi enfatizada. Só

38,1% de respondentes de 2001 perceberam que o Curso teve desempenho

positivo quanto a esta questão. A maior discordância nesta dimensão é com o

enfoque dado a soluções viáveis e práticas; para 43,8% dos respondentes de

2000 e para somente 5,6% de 2002, não houve destaque pelo Curso.

Os dados da dimensão empreendedorismo mostram que existe

descontentamento geral com o incentivo ao gerenciamento por parte do Curso. O

maior número de concordantes com o Curso é de apenas 21,1% dos

respondentes de 2002; de discordantes, é de 77% de 1999. Em se tratando da

noção de mercado, só os respondentes de 1999 (53,9%) discordam. para os

demais anos houve concordância de forma crescente. Somente os respondentes

de 2002 concordam em 42,1% com o estímulo do Curso à capacidade

empreendedora e 69,2% dos respondentes de 1999 discordam de que tenha sido

evidenciada. O grande número de discordantes, quanto a esta dimensão de

acordo com a percepção dos egressos respondentes, é preocupante. Recomenda-

se que o Curso reveja a ênfase que é dada a estas competências para corrigir

esta, que é uma das falhas segundo os dados levantados.

92

É interessante observar que, apesar de 77% dos respondentes de 1999

acharem que a competência empreendedora não tenha sido evidenciada pelo

Curso, 53,8% dos respondentes se pronunciaram como autônomos ou

empregadores.

Na dimensão aspectos sociais e econômicos, houve discordância

sobre a ênfase que o Curso dá, se é maior na forma ou utilidade, 61,6% dos

respondentes de 1999 concordam que é mais para a forma; e quase o mesmo

número, 62,5% de respondentes de 2000, discordam de que a forma foi mais

evidenciada. Já os respondentes de 2002 se igualam em 47,4%, na concordância

e discordância em relação a este item. No que trata da competência desenvolvida

pelo Curso em conciliar necessidades e interesses econômicos, nota-se uma

discordância acentuada entre os respondentes discordantes (61,6%) de 1999,

para os discordantes (10,5%) de 2002.

Muito preocupante é a ênfase, que de acordo com a percepção dos

respondentes, o Curso dá à preservação ambiental. Observa-se que o número de

discordantes é maior que os concordantes dos quatro anos analisados.

Recomenda-se que o Curso dê mais atenção a este ponto tão importante na

prática profissional do designer. Segundo os respondentes de 1999 a 2001, existe

uma concordância de que o Curso deixa de enfatizar o global, o regional e o

cultural. Somente os respondentes de 2002 (42,1%) concordam com isso,

enquanto 36,8% dos respondentes discordam.

Mesmo tendo concordantes no ano de 2002, esta percentagem (42,1%)

é pequena para a dimensão que trata de competência tão importante. De acordo

com FERLAUTO (2002), o designer deve saber utilizar as informações disponíveis,

transformando-as em novas idéias, levando em consideração a tecnologia, a

função social, cultural, econômica e ecológica. Só assim “é o projeto viável para a

sociedade”.

93

Com o resultado da análise comparativa das respostas dos egressos

respondentes de 1999 a 2002, observou-se que os formados mais recentes

concordam com o Curso em todas as dimensões em maior número que os

egressos de 1999 a 2001, os quais discordam em certos pontos com relação às

competências desenvolvidas pelo Curso.

Uma possível razão para esta discordância é o fato de o grupo de

alunos formados em 2002 ter sido influenciado pelo novo Projeto Pedagógico do

Curso de Desenho Industrial PUCPR, que iniciou em 2000. Embora os dois grupos

sejam ainda do currículo antigo, os egressos de 2002 passaram por algumas

adaptações ao novo currículo. Outra possível razão é a postura e o desempenho

do corpo docente e da direção de curso, que mudou com a implementação do

Plano Estratégico da PUCPR.

Segundo dados levantados pelo instrumento de pesquisa junto aos

egressos respondentes, não houve discrepâncias entre as competências

enfocadas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR em relação às habilidades

exigidas pelo mercado de trabalho.

Observou-se pelos dados coletados, que segundo os respondentes, o

Curso falhou na falta de ênfase a algumas, competências necessárias à prática

profissional. Apesar de presentes no Projeto Pedagógico do Curso, não tiveram o

devido destaque:

- expressar conceitos à mão livre;

- relacionar meios de produção e projeto;

- buscar de novas tecnologias;

- desenvolver a capacidade gerencial;

- estimular o empreendedorismo;

- preservar o ambiente;

- conciliar as dimensões global e regional e respeitar diferenças

culturais.

94

Nas dimensões desenvolvidas pelo Curso, referentes à criatividade,

conceituação de projeto e metodologia, os respondentes concordam que houve

uma preocupação em enfatizar estas competências. Já na dimensão domínio de

linguagem, discordaram na frase referente a expressar conceitos à mão livre. Na

dimensão transito Interdisciplinar também houve discordância em relação

importância dada pelo Curso na competência de atuação com outros profissionais,

embora tenham concordado na ênfase dada ao trabalho em grupo.

Das duas frases elaboradas para avaliar a dimensão visão setorial,

somente na que trata de encontrar soluções práticas e viáveis, os respondentes

concordam com o Curso. Nas demais, que se referem à capacidade de relacionar

meios produtivos com o projeto e a busca de novas tecnologias, os respondentes

discordam de que o Curso tenha dado ênfase a estas habilidades.

Na dimensão aspectos sociais e econômicos, os respondentes

concordam que o Curso desenvolveu com competência a conciliação entre

usuários e interesses econômicos, dando maior ênfase à utilidade do objeto sem

esquecer o compromisso da preservação ambiental; mas discordam de que a

capacidade de conciliar as dimensões global e regional e o respeito a diferenças

culturais tenha sido enfatizada.

6. Divergências e congruências nas dimensões desenvolvidas peloCurso de Desenho Industrial – PUCPR e a prática do profissional

Para analisar as competências desenvolvidas pelo Curso de Desenho

Industrial da PUCPR, foi necessário buscar dados comparativos entre as

respostas dos egressos respondentes nas competências desenvolvidas pelo

Curso e nas competências do profissional de design. Estes dados constam da

Tabela 25:

95

Ao analisar a dimensão criatividade como competência desenvolvida

pelo Curso, observou-se que somente os respondentes de 2000 mostraram-se

discordantes, em 50% quanto ao espírito crítico, 37,5% no lidar com imprevistos e

38,4% dos respondentes de 1999 também discordam de combinar variáveis

culturais e econômicas e 100% dos respondentes concordam que esta dimensão

é de competência do profissional de design.

Na percepção dos respondentes, a dimensão domínio de linguagem éimportante para a prática profissional, embora o número de concordantes em

alguns itens não seja tão expressivo como o caso da solução expressa à mão

livre. Nesta o número de concordantes de 1999 é de 46,1%, de 2000 é 75%, de

2001 é de 38,1% e de 2002 de 68,4%. Observa-se aí que para os respondentes

não há relevância nesta competência, o que é de estranhar em se tratando de

uma profissão que requer noções de desenho, estudos à mão livre, ilustração,

renderização e outros meios de expressão. Uma resposta possível para o porque

desta discordância é a falta de domínio da técnica pelos respondentes que, por

sua deficiência, acreditam não ser importante seu desenvolvimento e uso. Os

dados encontram-se na Tabela 25.

Na dimensão trânsito interdisciplinar, a importância do item que trata

da atuação com outros profissionais obteve 100% de concordância; e neste

mesmo item, na percepção dos respondentes, esta competência não foi

plenamente desenvolvida pelo Curso. Ao analisar os dados constantes na Tabela

24, nota-se que nos anos 1999 e 2000 nenhum respondente concordou com a

ênfase do Curso ao trabalho com outros profissionais. Os respondentes de 2001

(57,1%) e 2002 (42,1%) também discordam.

Na dimensão conceituação de projeto não houve divergência por

parte dos respondentes, no que diz respeitos às competências da prática

profissional e, sim, discordância quanto à ênfase oferecida pelo Curso a esta

97

dimensão, principalmente entre os respondentes de 1999 e 2000. Para estes, as

maiores falhas do Curso são não desenvolver competências quanto a prioridades

e a pesquisa de meios produtivos. A maior discordância é de 18,7% de

respondentes em 2000, que afirmam não ter incentivo para pesquisar meios de

produção.

Os respondentes não demonstraram divergências quanto à importância

da dimensão metodologia na prática profissional e enfatizada pelo Curso. Fica

claro que, segundo os respondentes, não houve por parte do Curso destaque para

os limites da metodologia. Obteve-se os seguintes números de discordantes:

46,2% em 1999, 43,7% em 2000, 47,5% em 2001 e 31,6% em 2002. É necessário

que o Curso reveja a sua atuação com relação a deixar esclarecido ao aluno, a

importância do uso e as limitações da metodologia no desenvolvimento do projeto.

Os respondentes concordam quanto à importância da dimensão visãosetorial na prática do designer. Mas, com relação ao enfoque do Curso às

competências relacionadas a esta dimensão, notou-se discordância fortemente

destacada pelos respondentes e, principalmente, com relação à busca de novas

tecnologias em que 77% dos respondentes de 1999 discordam; nos anos

seguintes este número vai diminuindo gradativamente, mas mantém-se sempre

abaixo da concordância.

Com relação à dimensão empreendedora, os respondentes

concordam tratar-se de uma competência fundamental ao profissional de design.

Mas, quanto ao destaque dado pelo Curso, houve divergências. Para 77% dos

respondentes de 1999, a capacidade gerencial não foi desenvolvida, assim como

para os demais respondentes. Dado interessante nesta dimensão é o item que

trata da capacidade empreededora: somente 62,5% de respondentes de 2000 e

número bem menor, 23,8%, de 2001, divergem da importância desta na prática

profissional. no entanto, como já foi demonstrado, muitos destes respondentes são

profissionais autônomos e empregadores.

98

Ao analisar a dimensão aspectos sociais e econômicos, observa-se

pequena divergência dos respondentes de 2000 com relação à importância para a

prática profissional do compromisso ambiental. Somente 75% concordam com

esta competência. E o número dos que concordam com a ênfase do Curso a este

item é sempre menor do que os discordantes, o que permite constatar falha do

Curso.

99

Com os dados consolidados, obteve-se a Tabela 26 com as oito

dimensões acerca das habilidades e competências desenvolvidas pelo Curso na

percepção dos respondentes no período de 1999 a 2002.

dimensão sentença concordam incerto discordam

total de respondentes (69) de 1999 a 2002

01. espírito crítico

02. combinar variáveis

03. lidar com imprevistos

04. soluções a mão livre

05. uso de computador

06. técnicas de expressão

07. conceitos a mão livre

08. atuação c/ profissionais

09. trabalho em grupo

10. visão sistêmica

11. estabelecer prioridades

12. materiais e processos

13. pesquisa a produção

14. importância metodologica

15. limites da metodologia

16. uma só metodologia

17. relação meios produtivos

18. novas tecnologias

19. viabilidade

20. gerenciamento

21. noção de mercado

22. empreendedorismo

23. forma e utilidade

24. 25. preservação ambiental

26. global/ regional e diferenças culturais

necessidades de uso/ econ.

criat

ivida

dedo

mín

io d

e lin

guag

emin

terd

isci-

plin

arid

ade

conc

eitua

ção

met

odol

ogia

empr

eend

e-do

rism

oso

ciais

eec

onôm

icas

visão

seto

rial

nº %29 42,0%31 44,9%34 49,3%37 53,6%45 65,2%33 47,8%22 31,9%12 14,4%55 79,7%32 46,4%30 43,5%37 53,6%28 40,6%48 69,6%15 21,8%39 56,5%34 49,3%20 29,0%35 50,7%10 14,5%16 58,0%20 29,0%29 42,0%24 34,8%24 34,8%22 31,9%

nº %20 29,0%22 31,9%21 30,4%12 17,4%06 8,4%13 18,8%17 24,6%13 18,8%11 15,9%17 24,6%18 26,1%14 20,3%20 29,0%12 17,4%25 36,2%20 29,0%14 20,3%11 15,9%16 23,2%13 18,8%13 18,8%18 26,1%10 14,5%21 30,4%17 24,6%13 18,8%

nº %20 29,0%16 23,2%14 20,3%20 29,0%18 26,1%23 33,4%30 43,5%44 63,8%03 4,4%20 29,0%21 30,4%18 26,1%21 30,4%09 13,0%29 42,0%10 14,5%21 30,4%38 55,1%18 26,1%46 66,7%40 23,2%31 44,9,%30 43,5%24 34,8%28 40,6%34 49,3%

fonte: instrumento de coleta de dados

tabela 26 - consolidada

100

A Tabela 27 apresenta os dados consolidados à prática profissional na

percepção dos respondentes no período de 1999 a 2002.

dimensão sentença concordam incerto discordam

total de respondentes (69) de 1999 a 2002

01. lidar com imprevistos

02. espírito crítico

03. conceito a mão livre

04. representação

05. soluções a mão livre

06. atuação c/ profissionais

07. visão sistêmica

08. estabelecer prioridades

09. pesquisa a produção

10. importância metodologica

11. uma só metodologia

12. viabilidade

13. novas tecnologias

14. empreendedorismo

15. gerenciamento

. preservação ambiental

17. consumidor/ econômia

16

criat

ivida

dedo

mín

io d

e lin

guag

emin

terd

isci-

plin

arid

ade

conc

eitua

ção

met

odol

ogia

empr

eend

e-do

rism

oso

ciais

eec

onôm

icas

visão

seto

rial

69 100,0%

68 98,6%

57 82,6%

67 97,1%

39 56,5%

69 100%

56 81,2%

68 98,6%

65 94,2%

65 94,2%

59 85,5%

68 98,6%

65 94,2%

41 59,4%

60 87%

56 81,2%

68 98,6%

0 0,0%

0 0,0%

08 11,6%

02 2,9%

15 21,7%

0 0,0%

11 15,9%

01 1,4%

03 4,3%

02 2,9%

08 11,6%

01 1,4%

03 4,3%

06 8,7%

05 7,2%

08 11,6%

0 0,0%

0 0,0%

01 1,4%

04 5,8%

0 0,0%

15 21,7%

0 0,0%

02 2,9%

0 0,0%

01 1,4%

02 2,9%

02 2,9%

0 0,0%

01 1,4%

22 31,9%

04 5,8%

05 7,2%

01 1,4%

fonte: instrumento de coleta de dados

tabela 27 - consolidada - prática profissional na percepção dos egressos

nº % nº % nº %

101

43,5%

14,5%

42,0%

34,8%

30,4%

34,8%

34,8%

24,6%

40,6%

49,3%

18,8%

31,9%

1 2 3 4

concordam incerto discordam

66,7%

58,0%

29,0%

18,8%

18,8%

26,1%

14,5%

23,2%

44,9%

1 2 3

concordam incerto discordam

DOMÍNIO LINGUAGEM

29,0%

17,4%

53,6%

65,2%

8,7%

26,1%

33,4%

18,8%

47,8%

31,9%

24,6%

43,5%

1 2 3 4

Percentual de respostas a instrumento de pesquisaDOMINIO DA LINGUAGEM

concordam incerto discordam

Percentual de respostas a instrumento de pesquisa - competências do Curso

43,5%

26,1%

40,6%

26,1%

20,3%

29,0%

30,4%

53,6%

30,4%

1 2 3

concordam incerto discordam

DIMENSÃO CONCEITUAÇÃO

69,6%

21,8%

14,5%

17,4%

36,2%

29,0%

13,0%

42,0%

56,5%

1 2 3

concordam incerto discordamDIMENSÃO METODOLOGIA

49,3%

29,0%

50,7%

20,3%

15,9%

23,2%

30,4%

55,1%

26,1%

1 2 3

concordam incerto discordamDIMENSÃO VISÃO SETORIAL

DIMENSÃO EMPREENDEDORA DIMENSÃO SOCIAL E ECONÔMICA

DIMENSÃO LINGUAGEM

42,0%

29,0%

29,0%

44,9%

31,9%

23,2%

49,3%

30,4%

20,3%

ESPÍRITOCRÍTICO

COMBINARVARIÁVEIS

LIDAR COMIMPREVISTOS

concordo incerto discordo

fonte: instrumento de coleta de dados

DOMÍNIO CRIATIVIDADE

espírito crítico

soluções a mão livre

combinarvariáveis

uso docomputador

imprevistos técnicas deexpressão

conceitos mão livre

17,4%

79,7%

46,4%

18,8%

15,9%

24,6%

63,8%

4,4%

29,0%

1 2 3

concordam incerto discordam

DIMENSÃO INTERDISCIPLINA

atuar c/profissionais

trabalhoem grupo

visão sistêmica

estabelecerprioridades

importânciada metodologia

gerenciamento forma /função

meios deprodução

selecionar materiais

limites dametodologia

noções demercado necessidades/

econômico

novastecnologias

pesquisa a meiosde produção

metodologia única

empreendedorismo preservaçãoambiental

regionalismos/culturas

soluçõesviáveis

102

81,2%

11,6%7,2%

98,6%

1,4%

1 2

Seqüência1 Seqüência2 Seqüência3

59,4%

8,7%

31,9%

87,0%

7,2%5,8%

1 2

concordam incerto discordam

98,6%

1,4%

94,2%

4,3%1,4%

1 2

94,2%

2,9%2,9%

85,5%

11,6%

2,9%

1 2

concordam incerto discordam

98,6%

1,4%

94,2%

4,3%1,4%

1 2

CONCEITUAÇÃO

concordam incerto discordam

100,0%

81,2%

15,9%

2,9%

1 2

INTERDISCIPLINAR

concordam incerto descordam

82,6%

11,6%5,8%

97,1%

2,9%

56,5%

21,7%

21,7%

1 2 3

DOMÍNIO DA LINGUAGEM

Seqüência1 Seqüência2 Seqüência3

100,0%

0,0%

98,6%

1,4%

1 2

CRIATIVIDADE

concordam incerto discordam

Percentual de respostas a instrumento de pesquisa - competências da prática profissional

DIMENSÃO CONCEITUAÇÃO

DIMENSÃO METODOLOGIA DIMENSÃO VISÃO SETORIAL

DIMENSÃO EMPREENDEDORA DIMENSÃO SOCIAL E ECONÔMICA

soluções a mão livre

técnicas deexpressão

conceitos mão livre

estabelecerprioridades

importânciada metodologia

gerenciamento necessidades/econômico

novastecnologias

pesquisa a meiosde produção

metodologia única

empreendedorismo preservaçãoambiental

soluçõesviáveis

espírito crítico

imprevistos

concordam incerto discordam

concordam incerto discordam

atuar c/profissionais

visão sistêmica

DIMENSÃO INTERDISCIPLINA

concordam incerto discordam

103

V. CAPÍTULO

CONCLUSÕES

Com base na análise dos dados desenvolvidos no capítulo IV e tendo

como referência à fundamentação teórica, são aqui apresentadas as conclusões

deste estudo, na forma de respostas às questões de pesquisa que nortearam este

trabalho.

Passa-se, a seguir, responder às questões de pesquisa que nortearam

este trabalho:

1- Quais são as competências enfatizadas pelo Curso de DesenhoIndustrial da PUCPR na percepção dos egressos?

Na percepção da maior parte dos respondentes, há congruências entre

as competências enfatizadas pelo Curso e a prática curricular dos seus

professores. Os dados consolidados e apresentados na Tabela 26, a dimensãocriatividade foi destacada pelo Curso. Observa-se, que 42% dos respondentes

concordam que o espírito crítico é, efetivamente, enfatizado pelo Curso, enquanto

49,3% concordam que lidar com imprevistos é outra competência fortemente

destacada. Estes dados demonstram que o Curso está trabalhando corretamente

com o domínio criatividade, que tem competências indispensáveis ao trabalho do

profissional de design. As competências deste domínio exigem atenção especial

do Curso, que deve estimular de forma crescente o desenvolvimento dessa

habilidade em seus alunos, não só na criação de objetos e formas gráficas, mas

também nas soluções de produção, no uso de materiais, nas necessidades de uso

e nas de natureza econômica.

Quanto à dimensão domínio de linguagem, observa-se que existe um

104

forte destaque do Curso em relação a essa competência. De acordo com 65,2%dos respondentes, o uso do computador como, instrumento, de trabalho do

designer está sendo desenvolvido pelo Curso. Para o designer expressar idéias e

conceitos exige competências no uso dos recursos da tecnologia da informática e

da computação gráfica.

No que se refere à dimensão interdisciplinaridade, 63,8% dos

respondentes (Tabela 26) afirmam que o Curso não está dando ênfase à sua

atuação com outros profissionais. É necessário que o Curso enfatize esta

competência exigida no mundo do trabalho, para que profissionais desenvolvam a

competência de trabalhar em equipes interdisciplinares e possam trabalhar nos

projetos em conjunto, usando conhecimentos específicos. No entanto, nessa

mesma dimensão, 79,7% de respondentes concordam que o trabalho em grupo é

bem enfatizado. De acordo com os respondentes, pode-se concluir que o Curso

desenvolve a interdisciplinaridade, porém com restrições.

Na percepção de 53,6% dos respondentes, o Curso está desenvolvendo

as competências referentes à dimensão conceituação, com destaque à

capacidade de selecionar materiais. Na que se refere a avaliar e distinguir

prioridades no projeto, 43,5% dos respondentes entendem que se trata de

competência enfatizada pelo Curso. Com base nos dados consolidados (Tabela

26) percebe-se que o Curso deu ênfase a esta dimensão.

Ao examinar a dimensão metodologia, conclui-se que, de acordo com

42% dos respondentes, a competência de reconhecer os pressupostos

metodológicos que definem e limitam as soluções de projeto não foi desenvolvida

pelo Curso. No entanto, para 69,6% dos respondentes, houve destaque na

importância do uso da metodologia no desenvolvimento do projeto. Assim, pode-

se concluir que, na percepção dos egressos, a dimensão metodológica foi

desenvolvida pelo Curso.

105

Quanto à dimensão visão setorial, observa-se que, segundo os

respondentes, existe forte discrepância com relação à competência desenvolvida

pelo Curso. Por exemplo, no que se refere à busca por novas tecnologias, para

55,1% dos egressos, o Curso não enfatizou essa competência; e para 94,2%, ela

é relevante a prática profissional. Para 50,7% dos respondentes, o Curso valoriza

o desenvolvimento de soluções práticas e viáveis, competência que, segundo

98,6% dos egressos, é primordial na profissão do designer.

Como se pode perceber na Tabela 26, a percepção dos respondentes é

que as competências da dimensão empreendedorismo não estão sendo

desenvolvidas plenamente pelo Curso. Para 58%, dos respondentes a

competência que trata da noção de mercado foi fortemente destacada. Observou-

se significativa discordância quanto à competência do gerenciamento na qual

66,7% dos respondentes discordam do enfoque do Curso, e quanto à prática

profissional, que 87% consideram importante. Trata-se de competências

necessárias à prática profissional num mundo cada vez mais competitivo, e que

necessitam ser melhor enfatizadas pelo Curso. É necessário rever os

procedimentos previstos no Projeto Pedagógico do Curso para identificar onde

está a falha a ser corrigida.

De acordo com os respondentes, o Curso não desenvolveu de forma

satisfatória a dimensão aspectos sociais e econômicos. Em todas as

competências referentes a esta dimensão, houve discordâncias com relação à

ênfase dada a ela pelo Curso. Na percepção de 49,3%, a competência de conciliar

dimensões global/regional e o respeito às diferenças culturais não foi destacada

pelo Curso. Quanto à competência de conciliar as necessidades do usuário com

interesses econômicos houve equilíbrio entre os respondentes com o percentual

de 34,8% concordantes e o mesmo de discordantes.

106

Passa-se a seguir à síntese dos dados das competências enfatizadas pelo

Curso de Desenho Industrial da PUCPR na percepção dos egressos nas oito

dimensões:

• dimensão criatividade - 42% concordam com o destaque do Curso ao espírito

crítico e 49,3% concordam com lidar com imprevistos;

• dimensão domínio de linguagem - 65,2% concordam com o destaque do

Curso no uso do computador e 53,3% em dar soluções à mão livre;

• dimensão interdisciplinaridade - 79,7% concordam que é enfatizado o

trabalho em grupo;

• dimensão conceituação – 53,6% concordam com o destaque do Curso em

selecionar materiais e 53,6% estabelecer prioridades;

• dimensão metodologia - 69,6% concordam no destaque à importância da

metodologia e 56,5% concordam em não se adotar uma só metodologia;

• dimensão visão setorial - 50,7% concordam da procura de soluções viáveis e

49,3% em relacionar meios de produção;

• dimensão do empreendedorismo - 55,1% concordam com o destaque do

Curso na noção de mercado;

• dimensão aspectos sociais e econômicos – 34,8% concordaram e o mesmo

número discordou da necessidade do usuário e interesses econômicos;

107

2- Quais são as competências exigidas na prática profissional napercepção dos egressos?

Observa-se, nos dados analisados, que a prática profissional exige o

domínio de um conjunto de competências. A maioria destas competências são

contempladas no Curso, na percepção dos egressos, respondentes, e são

apontadas a seguir:

Na percepção de 100% dos respondentes é fundamental na prática

profissional saber lidar com imprevistos, competência que segundo 49,3% dos

egressos, foi desenvolvida pelo Curso. Quanto à competência ter espírito crítico,

98,6% responderam ser necessária a prática profissional. Assim, observa-se que

há convergência, nesta dimensão, entre o Curso e a prática profissional, no que se

refere ao domínio da criatividade.

Quanto à competência de dar conceitos à mão livre, 82,6% dos

respondentes concordam ser necessária para a prática profissional. Para 97,1%dos egressos, a competência de representar e expressar visualmente, que faz

parte do domínio de linguagem é pertinente para a prática profissional, (ver

Tabela 27).

Na dimensão interdisciplinariedade, a competência de atuar com

outros profissionais de diferentes áreas, segundo 100% dos egressos é primordial

ao exercício profissional. Percebe-se, aqui, divergência quanto ao enfoque do

Curso, que segundo os respondentes, foi de apenas 14,4% conforme a Tabela 26.

Para que ocorra interação entre profissionais de diferentes áreas, é necessária

maior integração do Curso de Desenho Industrial, com Cursos de outras áreas. O

ambiente profissional atual caracteriza-se por equipes que desenvolvem trabalho

multidisciplinar.

Na percepção dos respondentes, a dimensão conceituação é

108

importante no desenvolvimento da prática do design. Segundo 98,6% (Tabela 27)

dos respondentes, a competência de estabelecer prioridades é necessária à

prática profissional e converge com o destaque do Curso de 43,5% (Tabela 26).

De acordo com os respondentes, as competências que integram a

dimensão metodologia são fortemente significativas para a prática profissional e

convergem com as competências enfatizadas pelo Curso. Para 94,2%, a

competência da importância da metodologia é fundamental à prática profissional,

assim como para 85,5%, a competência de usar mais de uma metodologia.

As competências da dimensão setorial são apontadas pelos

respondentes como fundamentais na prática do design. A totalidade dos

respondentes 100% é unânime no que se refere à competência de encontrar

soluções viáveis como necessária para o desenvolvimento profissional. E 94,2%concordam ser de fundamental importância a profissão a procura de novas

tecnologias.

Com relação à competência empreendedorismo, constatou-se que

59,4% dos respondentes entende ser ele importante para a prática profissional,

embora o número de concordantes tenha sido dos menores obtidos (Tabela 27).

Para 87%, a competência de gerenciar é fundamental na prática profissional. A

realidade atual do mercado de trabalho identifica a capacidade empreendedora

como essencial para todos os profissionais, em especial para o designer.

A dimensão aspectos sociais e econômicos compreende

competências como a preservação ambiental que para 81,2% dos respondentes é

necessária à prática profissional. Este dado, segundo 34,8% dos respondentes,

com o enfoque que o Curso deu a esta competência. A competência de conciliar

as necessidades do usuário a fatores econômicos é considerada por 98,6% dos

respondentes, fundamental para a profissão.

109

3- Há discrepâncias entre as competências enfocadas pelo Cursode Desenho Industrial da PUCPR e as competênciasdemandadas pela prática profissional, na percepção dosegressos?

Conforme se pode observar da análise dos dados, há mais

congruências do que discrepâncias, de acordo com os respondentes, entre as

competências enfocadas pelo Curso e a prática profissional.

O que foi percebido pelos egressos é que o Curso deixa de enfatizar

algumas competências pertinentes à prática profissional de design como: conceito

à mão livre, atuação com outros profissionais, uso de novas tecnologias,

gerenciamento, empreendedorismo, ênfase à forma mais que à função,

preservação ambiental e respeito ao global/regional/cultural. Embora constem no

Projeto Pedagógico, estas competências e habilidades não foram devidamente

destacadas e desenvolvidas pelo Curso.

A habilidade de expressar conceitos à mão livre é considerada

importante para a prática profissional por 82,6% dos respondentes. Para 43,5% oCurso não está dando ênfase a esta competência do domínio de linguagem.

Conforme se observa nas Tabelas 26 e 27, há divergência entre o Curso

e a prática profissional. Na percepção de 100% dos respondentes, a competência

de atuar com outros profissionais é muito importante na prática profissional.

Contudo, para 14,4% o Curso não enfatizou essa competência do domínio dainterdisciplinaridade.

De acordo com 94,2% dos respondentes, é importante ao profissional

de design dominar novas tecnologias para o desenvolvimento dos projetos.

Porém, para 55,1% o Curso não enfatizou esta competência que deve ser mais

110

evidenciada, pois trata-se de competência fundamental para o designer

acompanhar as inovações ligadas ao processo produtivo.

O empreendedorismo é fator primordial para a atividade profissional do

designer. Com as mudanças no mundo do trabalho, o emprego deixou de ser

estável e reduzido. A ênfase está cada vez maior no trabalho autônomo do

profissional liberal. Com este quadro, o espírito empreendedor e o gerenciamento

ganham força. De acordo com 59,4% dos respondentes, o empreendedorismo faz

parte da prática profissional e somente 29% dos respondentes concordam com o

destaque do Curso a esta competência. Há, portanto discrepância a ser

examinada. Na competência do gerenciamento, 87% acreditam ser competência

necessária ao designer, enquanto que 66,7% afirmam não ter sido evidenciada

pelo Curso.

Na percepção de 98,6% dos egressos, a competência de conciliar as

necessidades do usuário a fatores econômicos é necessária na prática

profissional. Para 34,8% respondentes, o Curso não a enfatizou. A competência

de conciliar as dimensões global e regional respeitando as diferenças culturais,

para 49,3% dos egressos, não está sendo desenvolvida pelo Curso.

O resumo dos dados consolidados, relativos às discrepâncias entre as

competências enfocadas pelo Curso e as competências demandadas na prática

profissional na percepção de egressos são:

• conceitos à mão livre - importante na prática profissional para 82,6% dos

respondentes, com 31,9% de destaque pelo Curso;

• atuar com profissionais - importante na prática profissional para 100% dos

respondentes, com 14,4% de destaque pelo Curso;

• novas tecnologias - importante na prática profissional para 94,2% dos

respondentes com 29% de destaque pelo Curso;

• capacidade gerencial - importante na prática profissional para 87,4% dos

respondentes, com 14,5% de destaque pelo Curso;

111

• empreendedorismo - importante na prática profissional para a 59,4% respondentes, com 29% de destaque pelo Curso.

• preservação ambiental - importante na prática profissional para 81,2% respondentes, com 34,8% de destaque pelo Curso.

• global/regional e diferenças culturais - importante na prática profissional

para 98,6% respondentes, com 31,9% de destaque pelo Curso.

1.1. Questão central

São as competências enfatizadas pelo Curso de Desenho Industrialda PUCPR relevantes para a prática profissional na percepção deseus egressos?

Com base nos dados analisados, pode-se concluir que, em geral, as

competências enfatizadas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR são

relevantes para a prática, segundo a percepção dos respondentes.

Na dimensão criatividade, segundo os respondentes, as competências

espírito crítico, combinar variáveis e lidar com imprevistos são primordiais na

prática profissional. Segundo os dados consolidados, observa-se que há

relevância nesta competência enfatizada pelo Curso com relação ao

desenvolvimento profissional.

Conclui-se que, na percepção dos egressos, na dimensão domínio delinguagem, enfatizada pelo Curso, as competências dar soluções à mão livre, uso

do computador e técnicas de expressão têm relevância na prática profissional,

embora a competência conceitos à mão livre, segundo 43,5% dos respondentes

não tenha sido enfatizada pelo Curso.

Na percepção de 63,8% dos respondentes o Curso não enfatizou a

competência de atuar com outros profissionais, considerada relevante na prática

112

profissional. Para 46,4% o Curso deu ênfase à competência da visão sistêmica; e

para 79,7%, o trabalho em grupo, enfatizado pelo Curso, é importante para o

desempenho profissional.

De acordo com os dados consolidados, os respondentes afirmam que o

Curso destacou as competências de estabelecer prioridades (43,5%), selecionar

materiais e processos (53,6%) e pesquisar meios de produção (40,6%) pertinentes

ao exercício da profissão. Por se tratar de competências fundamentais para o

designer, o mesmo ocorre com a dimensão metodologia que, na percepção dos

respondentes, deve ter destaque na profissão, e de acordo com os dados, tem

sido enfatizada pelo Curso.

Na dimensão visão setorial buscar novas tecnologias, para 55,1% dos

respondentes ela não foi enfatizada pelo Curso. Trata-se, porém, de competência

relevante na prática profissional para 94,2% dos respondentes. Segundo eles, as

competências de viabilidade do projeto, e relacionar meios produtivos são

enfatizadas e importantes ao profissional de design.

Para os respondentes, o Curso deixa de enfatizar competências

relevantes à prática profissional, como o gerenciamento (66,7%) e o

empreendedorismo (44,9%), integrantes da dimensão empreendedorismo. O

mesmo acontece quanto às competências da dimensão social e econômica,

com ênfase maior à forma do que à utilidade, necessidades de uso com o

econômico, preservação ambiental e conciliar as dimensões global e regional e

respeitando as diferenças culturais. Segundo os respondentes, são relevantes

para a profissão e não fortemente evidenciadas pelo Curso.

O panorama atual da área de design enfatiza a importância das

competências na formação do profissional. Estas competências resultam do

conjunto de fatores como a qualificação e o desempenho docentes, a direção

dinâmica do Curso e o currículo atualizado em sintonia com o mercado de

trabalho.

113

O perfil atual do profissional de design pressupõe que este tenha visão

global para a partir daí, gerar a produção do conhecimento mediante o trabalho

com pesquisa, a contextualização, a problematização, as competências, as

parcerias, a negociação, a tecnologia e a participação do profissional ativo. Isto

leva à formação de um profissional competente, com autonomia, ético, com

sensibilidade humana e fundamentado em princípios de cidadania para atuar na

sociedade, como agente transformador.

1.2. Sugestões para novas pesquisas

114

Ao concluir este estudo que teve como foco as competências

enfatizadas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR e sua relevância para a

prática profissional, vários outros aspectos relacionados a este tema não foram

abordados neste estudo, mas que poderão merecer a atenção de outros

pesquisadores interessados em aprofundar ou ampliar estes estudos.

Passa-se, a seguir, a identificar algumas destas áreas para futuros

estudos:

• Empreendedorismo: competência necessária à prática profissional dodesigner - a importância de desprendimento empreendedora e do gerenciamento

na pratica profissional do designer, frente ao mundo globalizado aonde os

profissionais necessitam cada vez mais de visão ampla e arrojada de uma

organizacional.

• A interdisciplinaridade e as vantagens de trabalhar com profissionais deoutras áreas - como conciliar e gerenciar na universidade e na prática profissional

o trabalho com outros especialistas com o objetivo de enriquecer o projeto.

• Design para elite ou design para a sociedade - o que é mais importante na

prática profissional à criação de objetos que atendem a uma classe social

privilegiada, ou o design consciente e humanista com utilidade a sociedade em

geral.

115

1.3. Considerações finais

Na década de 70 presenciamos um marco histórico no Desenho

Industrial do Paraná. Surgiram dois cursos de Design, na UFPR e na PUCPR, em

1975 numa época em que havia somente cinco outros cursos de Design nos país

e um mercado de trabalho que desconhecia ou não valorizava o trabalho do

profissional de Desenho Industrial.

O designer,é o profissional que atua diretamente na sociedade através

de projetos e conceitos estéticos formais visando a funcionalidade e comunicação.

Faz interferências não só na forma, ele valoriza os aspectos humanos,

tecnológicos da modernidade, se preocupa com o fator econômico e cultural. Com

espírito inovador, se ocupa da criação de objetos e imagens a serem produzidos

com sistemas industrializados que iram satisfazer as mais diversas necessidades

do homem.

Muitas escolas de Desenho Industrial esquecem do compromisso com o

design social, aqui referido não como projeto filantrópico, mas como design de

contribuição humana. É necessário que este profissional pense, questione e

discuta soluções plausíveis, auto-sustentáveis e modernas numa visão de mundo

mais holística e mais humana. Pensar neste compromisso não como utopia, mas

como elemento essencial na construção de uma sociedade mais digna sem

diferenças, fazendo com que o projeto de design não seja só objeto de elite, mas

de utilidade geral. Que atenda todas as classes sociais no mundo globalizado.

Isto não quer dizer que não se faça o design para os que tem poder de

compra maior, mas a mensagem que se quer passar é que não devemos

esquecer do compromisso maior com a sociedade e o meio ambiente do qual

fazemos parte.

1.4. Dados do pesquisador

116

Nascida em Curitiba graduou-se, em 1978, na primeira turma de

formandos de Desenho Industrial da PUCPR. Possui especialização em Didática

do Ensino Superior e Mestranda em Educação, na área de Políticas e Gestão da

Educação Superior, da PUCPR. Atuou na área do design de 1978 a 2000 como

sócia da Cid&Liane Designer com ênfase ao design gráfico e desenvolvimento de

embalagem, com inúmeros projetos gráficos para empresas como o Boticário,

Todeschini, Macçã, Dermo Ervas, Pluma, Móveis Ronconi, Casagrande pisos e

revestimentos cerâmicos dentre outros.

Como convidada, em 1979 pela Professora Ivete Cardoso da pró-reitoria

acadêmica passou a integrar o corpo docente da Pontifícia Universidade Católica

do Paraná. Desde então tem dedicado sua atividade, docente no Curso de

Desenho Industrial da PUCPR, no qual leciona os programas de aprendizagem:

metodologia do projeto I; prática projetual I; sistemas e processos I, II, III e IV;

produção gráfica I e II, nas habilidades Programação Visual e Projeto do Produto.

Casada com João Alcides (Cid) Arbigaus, tem dois filhos, Rocky e Lucas

e vive em Curitiba com sua família desfrutando da tranqüilidade de seu jardim.

REFÊRENCIAL BIBLIOGRÁFICO

117

ALVES, J. C. Os profissionais do século XXI. Revista Classe, ano XII, nº 62,1997.

ARTE NOS SÉCULOS. Volume VI. São Paulo : Abril Cultural, 1971.

ARTE NOS SÉCULOS. Volume VII. São Paulo : Abril Cultural, 1971.

BARNICOAT, J. Los carteles- su história y lenguaje. Barcelona : Gustavo Gilli,1976.

BARROSO NETO, E. Abertura do fórum internacional design e diversidadecultural. Florianópolis : SENAI/LBDI, 1995.

BATOMÉ, S. P. Especificando condições de aprendizagem para odesenvolvimento de aptidões importantes. Oficina de aprendizagem II –Curitiba : PUCPR, 2000.

BAXTER, M. Projeto de produto: guia prático para o desenvolvimento denovos produtos. São Paulo : Edgard Blücher, 1998.

BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS-LIVRO GT. O design industrial.Rio de Janeiro : Salvat Editora, 1979.

BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS-LIVRO GT. Função daarquitetura moderna. Rio de Janeiro : Salvat Editora, 1979.

BICUDO, M. A.; SILVA Jr, C.A. Formação do Educador: dever do Estado,tarefa da Universidade. São Paulo : UNESP, 1996.

BIBLIOTECA SALVAT DOS GRANDES TEMAS-LIVRO GT. Teoria da imagem.Rio de Janeiro : Salvat Editora, 1979.

BRIGITO, R. Competências e certificado profissional. 2002.http://www.cintifor.org.vy acesso em

BRUNETTI, M. E. A educação e o compromisso ético do designer/ professor.Curitiba : Dissertação (Mestrado em Educação) : PUCPR, 1999.

BUSMANN, R. M. D. O despertar da criatividade em cursos superiores deDesign Industrial. Curitiba : Dissertação (Mestrado em Educação) : PUCPR,1999.

COUTO, R. M. S. (org.) Formas do design : por uma metodologiainterdisciplinar. Rio de Janeiro : 2AB : PUC-Rio, 1999.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo : Cortez, 2000.

118

DENIS, R. C. Uma introdução à história do design. São Paulo : Edgard Blücher,2000.

Diretrizes curriculares do curso de graduação em Desenho Industrial. Disponívelem http://www.mec.gov.br Acesso em 11.04.2002.

DORFLES, Gillo. O design industrial e sua estética. Lisboa : Presença, 1978

DRUCKER, P. F. Administração em tempos de grandes mudanças. SãoPaulo: Pioneira, 1995.

ESCOREL, A. L. O efeito multiplicador do design. São Paulo : Editora SENAC,1999.

FERLAUTO, C. O tipo da gráfica, uma continuação. São Paulo : Rosari, 2002

FIESP/CIEP; FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. Desenho industrial. SãoPaulo, 1984. Catálogo da exposição Tradição e Ruptura.

FONTOURA, A. M. As manifestações pós-modernistas no Design Industrial esuas repercussões no ensino do projeto de produto. Curitiba :Dissertação (Mestrado em Educação) : PUCPR, 1997.

________. Bauhaus a pedagogia da ação. Curitiba : Revista ABCDesign, nº1,2001.

GUILLAUME, P. Psicologia da forma. São Paulo : Companhia Editora Nacional,1960.

HANDY, C. Além do capitalismo - A busca de um propósito e um sentido devida no mundo moderno. São Paulo : Makron Books, 1999

HEERDT, A. P. S. Competências essenciais dos coordenadores de curso deuma instituição de ensino superior. Florianópolis : Dissertação (Mestradoem Engenharia de Produção) : UFSC, 2002.

HERNAIZ S. e JABIF L. La formación de competencias profesionales. Unaexperiencia educativa para favorecer las capacidades de gestión deinnovaciones en América Latina y el Caribe. Santiago de Chile : RevistaPensamiento Educativo, vol.31, 2002

HURLBURT, A. Layout: o design da página impressa. São Paulo : Mosaico,1980.

KING, A. W., FOWLER, S. W., e ZEITHAML, C. P. Competênciasorganizacionais e vantagem competitiva: o desafio da gerência

119

intermediária. São Paulo : ERA – Revista de Administração de Empresas,2002.

LICHESKI, L. C. O ensino de design e o impacto da computação gráfica: aprática pedagógica na produção de projetos. Curitiba : Dissertação(Mestrado em Educação) : PUCPR, 1998.

LÖBACH, B. Desenho industrial – Bases para a configuração dos produtosindustriais. São Paulo : Edgard Blücher, 2000.

MACHADO, L. M. Desenvolvendo habilidades em busca de competências.Revista Educação em Movimento. Champagnat. V.1, nº1 – p. 49/53 jan/abril2002.

MASETTO, M. T. (org.). Docência na universidade. Campinas, SP : Papirus,1998.

MATTANA, S. R. K. Proposição de práticas para a apropriação dasrecomendações do ISSO 14.000 no desenvolvimento de produtos:estudo de caso no Curso de Desenho Industrial. Florianópolis :Dissertação (Mestrado em Engenharia de produção) : UFSC, 2002.

MEYER,C. A. Sistema gerencial baseado em Competências: considerações arespeito de sua aplicabilidade. São Paulo : Cadernos - Centro UniversitárioS. Camilo, v.4 nº1, 1998.

MEYER Jr, V. Gestão para a qualidade e qualidade na gestão: o caso dasuniversidades. São Paulo : Cadernos - Centro Universitário S. Camilo, v.4nº1, 1998.

____________ Política y gestión de la Educación em la sociedad Delconocimiento: uma acción interdisciplinaria. Valparaíso : CENLADEC,2002.

MORAES, D. de Limites do Design. São Paulo : Studio Nobel, 1997.

MOREIRA, D. A. Didática do ensino superior. São Paulo : Pioneira, 1997.

MORETTO, V. P. Prova – um momento privilegiado de estudo – não umacerto de contas. Rio de Janeiro : DP&A, 2001.

NIEMEYER, L. Design no Brasil: origens e instalação. Rio de Janeiro : 2AB,2000.

PAVÃO, Z. M. Instrumentos de Investigação. Curitiba : PUCPR, 1996.

120

PAVIANI, J. Filosofia da educação. 6. Ed. Petrópolis, Rio de Janeiro : Vozes,1991.

PEIXE, J. R. Fórum ICSID design no Mercosul. Artigo: Mercado de trabalho.Florianópolis : SENAI /LBDI, 1995

PLANO ESTRATÉGICO PUCPR – HORIZONTE 1998/2010 . Curitiba : PUCPR,1999.

Projeto Pedagógico do Curso de Desenho Industrial – PUCPR , 2002.

RABAÇA, C. A. e BARBOSA, G. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro :Editoria Codecri, 1978.

RAMS, D. O futuro do design. Fórum internacional design e diversidadecultura. Florianópolis : SENAI/LBDI, 1995

REDIG, J. Sobre desenho industrial. Rio de Janeiro : UERJ, 1977.

REICH, R. B. O trabalho das nações: preparando-nos para o capitalismo doséculo 21. São Paulo : Educador, 1994.

REVISTA GRÁFICA 52. PUCPR e o design equilibrado. 2002.

RIBEIRO, L. C. Para filosofar. cap. 9 Trabalho e realização. São Paulo : EditoraScipione, 1997

RUIZ, J. A. Metodologia científica. São Paulo : Atlas, 1993.

TRIVIÑOS, A. N. S. A pesquisa qualitativa em educação. São Paulo : EditoraAtlas, 1987.

STEPHAN A. P. Kit prática profissional – ADG – artigo: instituições de ensinode design. São Paulo, 1998.

STRUNCK, G. Viver de design. Rio de Janeiro : 2AB, 1999.

TEICHLER, U. documento da UNESCO ver como colocar bibliografia

ZAINKO, M. A. S. Anais do Seminário Internacional Políticas e Gestão daEducação Superior - PUCPR. Artigo: “Educação superior, democracia edesenvolvimento humano sustentável” Curitiba, 2002

ZAINKO, M. A. S. e GISI, M. L. Revista Diálogo Educacional. Artigo: “A gestãode competências: inovação ou modismo na formulação de políticaspúblicas?”. Curitiba, PUCPR, 2001, p. 35.

121

ANEXO 1 – INSTRUMENTO DE PESQUISA

E CARTA DE APRESENTAÇÃO

122

Curitiba, 03 de junho de 2003.

Prezado ex-aluno

Dirijo-me a você como aluna do Mestrado em Educação da PUCPR. No

momento estou desenvolvendo minha dissertação de mestrado que tem como

tópico a “Formação de competências do Profissional da área do Desenho

Industrial e a prática profissional”. O estudo focaliza o Curso de Desenho Industrial

da PUCPR.

O objetivo de minha pesquisa são as competências do profissional de

Desenho Industrial e exigências do mercado de trabalho nesta área, examinadas

sob a perspectiva dos egressos do referido Curso.

No momento a pesquisa encontra-se na fase de coleta de dados, que

será feita através de um instrumento, específico. Para isto, conto com sua

colaboração no sentido de preencher o instrumento anexo e devolve-lo, via

internet.

Sua colaboração, como egresso do Curso e profissional na área é de

fundamental importância para o desenvolvimento e conclusão deste trabalho.

Os dados coletados serão utilizados tão somente na pesquisa e terão

caráter de anonimato, não havendo qualquer necessidade ou interesse na

identificação dos respondentes.

Agradeço sua colaboração.

Atenciosamente

Profª. Maria Liane Gabardo Arbigaus

Nome: e-mail: fone:

123

Sexo: ( ) masculino ( ) feminino Idade:

Ano de conclusão: formação: ( ) gráf. ( ) prod. Atuação: ( ) graf. ( ) prod. cidade:

Autônomo ( ) empregado ( ) empregador ( )

Empresa:

Pós graduação: especialização em andamento ( ) concluída ( )

Mestrado em andamento ( ) concluído ( ) Outros:

Competências/ habilidades enfatizadas pelo Curso de Desenho Industrial da PUCPR.

1- O espírito crítico é fortemente desenvolvido no Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

2- O curso enfatiza a habilidade de combinar as variáveis culturais, sociais, técnicas e econômicas nodesenvolvimento de produtos.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

3-A habilidade de lidar com imprevistos e incertezas é desenvolvida pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

4-O Curso não enfatiza a habilidade soluções expressadas à mão livre. ( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

5-O Curso enfatiza o uso do computador para expressão de conceitos e soluções.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

6-O Curso não desenvolve adequadamente o domínio de técnicas de expressão e representaçãovisual.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

7-Expressar conceitos à mão livre é habilidade destacada pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

8-A habilidade de atuar com profissionais de outras áreas é fortemente enfatizada pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

9-O Curso enfatiza a habilidade de trabalhar em grupo visando superar dificuldades e gerar soluçõesintegradas.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

10-O curso desenvolve com competência, uma visão sistêmica que permite considerar diversoselementos que contribuem na concepção de um produto.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

11-A habilidade de avaliar e estabelecer prioridades é fortemente enfatizados pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

12-O Curso não desenvolve a capacidade de selecionar diferentes materiais e processos naelaboração de produtos.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

13-A habilidade de pesquisar os meios de produção para o desenvolvimento do projeto é fortementedestacada pelo Curso.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

14-A importância da metodologia é fortemente destacada no Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

15-Os limites da metodologia na solução de problemas são bem destacados pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

124

16-O Curso enfatiza uma metodologia única a ser seguida.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

17-A capacidade de relacionar meios de produção e projeto não é bem desenvolvida pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

18-A necessidade de buscar novas tecnologias é fortemente desenvolvida pelo Curso. ( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

19-A capacidade de encontrar soluções viáveis e práticas é bem enfocada pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

20-A capacidade gerencial não é fortemente desenvolvida pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

21-O Curso destaca a importância da noção de mercado.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

22-A capacidade empreendedora é estimulada pelo Curso.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

23-A ênfase do Curso é mais na forma do que na utilidade do produto projetado.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

24-O Curso desenvolve, com competência, a habilidade de conciliar as necessidades dos usuárioscom os interesses econômicos.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

25-O Curso desenvolve o compromisso com a preservação ambiental.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

26. A capacidade de conciliar as dimensões global e regional, respeitando diferenças culturais, não éfortemente desenvolvida pelo Curso.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

As competências e a prática profissional do designer.

1.É fundamental para o profissional de design ter a habilidade de lidar com soluções rápidas àsituações inesperadas.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

2.O espírito crítico é uma habilidade fundamental no desenvolvimento da prática profissional dodesigner.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

3.Expressar conceitos a mão livre não é importante para o trabalho do designer.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

4.Técnicas de expressão e representação visual são fundamentais na prática profissional do designer.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

5.A habilidade dar soluções expressa a mão livre é fundamental para a prática profissional dodesigner.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

6.A habilidade de trabalhar com profissionais de outras áreas para desenvolver o projeto éfundamental na prática profissional.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

7.A visão sistêmica não é habilidade fundamental para o desenvolvimento do profissional de design. ( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

125

8.A habilidade de estabelecer prioridades é fundamental para o profissional de design.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

9.É competência indispensável do designer a pesquisa dos meios produtivo.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

10.É extremamente importante para o exercício profissional do designer o uso de uma competentemetodologia.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

11.É fundamental para a prática profissional se utilize somente uma metodologia de design.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

12.A habilidade de encontrar soluções viáveis e práticas é fundamental para o exercício profissional.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

13-A busca de novas tecnologias é fundamental para o trabalho profissional de design.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

14- A capacidade empreendedora não é condição fundamental a prática profissional. ( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

15-A competência de gerenciar é extremamente importante a profissão de design.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

16-A preservação ambiental não é de competência fundamental ao exercício da profissão.( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

17-A habilidade de conciliar as necessidades dos consumidores com os interesses econômicos énecessária para a prática profissional.

( ) concordo totalmente ( ) concordo ( ) incerto ( ) discordo ( ) discordo totalmente

126

ANEXO 2 - SISTEMATIZAÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE

DESENHO INDUSTRIAL

Os professores e alunos de cada período trabalham as aptidões previstas nos

programas de aprendizagem em consonância com os programas de vivência previstos

127

para cada ano. Nos Programas de vivência são criadas as situações que o aluno deve

vivenciar, em cada período, para atender ao perfil do egresso ideal. Os programas de

vivências são definidos pela direção do curso e em conjunto com os professores dos

programas de aprendizagem.

Cada programa de vivência possui objetivos que devem ser alcançados. Assim

nos primeiros e segundos períodos os alunos desenvolvem aptidões que o levam a

evoluir de um estágio primitivo para o estágio artesanal em matéria de desenvolvimento

de projetos. Nos terceiros e quartos períodos ele vai de artesanal para industrial, nos

quintos e sextos períodos passa de industrial para industrial/mercadológico, e nos sétimos

e oitavos períodos incorpora as evoluções anteriores, as considerações com o capital e

com o impacto social da atividade de projeto.

Como exemplos de alguns dos projetos que podem ser desenvolvidos em cada

programa de vivência temos: projetos de integração com empresas, integração dentro do

próprio curso, integração entre os cursos da universidade, integração institucional,

simulação de mercado e experimentação profissional.

Os programas são distribuídos ao longo dos 4 anos do curso, sendo previsto

um quinto ano para o desenvolvimento do eixo de formação específica. Este quinto ano é

optativo e pode ser disponibilizado através de cursos de extensão, aperfeiçoamento,

especialização e mestrado.

Em cada período, além das aulas teóricas e práticas previstas, o aluno conta

com horário de orientação pelos professores e monitores.

A orientação é dada em sala de aula por professores de diferentes programas

de aprendizagem que atendem os alunos em sistema de revezamento. Esta orientação é

fundamental, pois tem como objetivo unir os programas de aprendizagem focados em

cada período, orientando-os para os temas trabalhados dentro dos programas de

vivências.

128

O tempo de orientação serve também para a interação entre os professores e

definição de estratégias para o alcance dos objetivos do programa de vivência de cada

período.

Os programas de aprendizagem em Metodologia do Projeto e Prática Projetual

contam com tempo de orientação fora do horário de aulas do curso. Assim os alunos do

turno da noite têm 2 horas de orientação no turno da tarde e vice-versa para os alunos do

turno da tarde. Entretanto, sempre que a grade horária permitir, esse tempo de orientação

será disponibilizado no turno predominante de cada curso.

Alguns dos outros programas de aprendizagem têm um tempo de orientação

que coincide com as aulas práticas de Metodologia do Projeto e Prática Projetual. Assim

os alunos destes programas de aprendizagem podem contar com professores de outras

áreas auxiliando no desenvolvimento dos projetos em assuntos específicos de cada área.

A carga horária do programa de aprendizagem em Metodologia do Projeto foi

reduzida de 5 para 4 aulas semanais em relação a antiga disciplina de Metodologia de

Projeto. Como as vivências previstas para o primeiro período exigem que, neste programa

de aprendizagem, o aluno tenha atendimento individual, e considerando que o primeiro e

segundo ano fornecem o alicerce para o desenvolvimento do aluno, no caso específico

desse programa, as turmas do primeiro e segundo períodos de cada habilitação do curso

são divididas em duas com dois professores cada. (aumento de 3 para 4 professores por

turma apenas no programa de aprendizagem em Metodologia do Projeto).

No último ano a carga horária dos programas de aprendizagem é menor para

permitir que o aluno tenha mais tempo de dedicação ao projeto final da graduação e para

as atividades de estágio e integração com as empresas, sendo que essas atividades são

orientadas pelos professores do programa de aprendizagem de Prática Profissional.

O curso oferece estágios a partir do segundo período. Nesses estágios podem

ser realizados projetos de integração, organização de eventos e atividades em

laboratórios do curso. Para cada período do curso existe (a partir do segundo período)

pelo menos um professor orientador de estágio.