17

Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO
Page 2: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da

Administração Pública

Fábio Goldfinger

QUESTÕES

CF, art. 37, caput

Lei nº 9.784/99, art 2º

II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-

TIVO

(FEPESE – Promotor de Justiça – SC/2014) Analise o enunciado da questão abaixo e assinale se ele é falso ou verdadeiro:

( ) Tocando ao Poder Judiciário atuação precipua-mente jurisdicional, não lhe é imposta a observân-cia dos princípios da Administração Pública.

|COMENTÁRIOS|.

“Errado”. A função administrativa, em regra, está a cargo do Poder Executivo, contudo, os demais Pode-res, Legislativo e Executivo, também podem exercer, em função atípica, o desempenho de função adminis-trativa, ou seja, os agentes dos três poderes poderão praticar atos administrativos. Por esta razão, todos os princípios inerentes à Administração Pública devem ser aplicados aos três poderes, inclusive o Poder Judiciário.

(MPE-SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Os princí-pios da Administração Pública podem ser classificados em onivalentes, comuns a todos os ramos do saber; plurivalentes ou regionais, que informam os diversos setores em que se dividem determinada ciência; seto-riais, comuns a um grupo de ciências, informando-as nos aspectos em que se interpenetram; e monovalen-tes, que se referem a um só campo do conhecimento.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do Autor: Trata-se de uma questão bem específica, que requer o conhecimento de princípios mencionados por Cretella Júnior.

“Errado”. Atenção ao erro! O examinador inverte os conceitos dos princípios plurivalentes e dos prin-

cípios setoriais. Segundo José Cretella Junior1 os prin-cípios podem ser classificados em: a) onivalentes ou universais são princípios comuns a todos os ramos do saber, como por exemplo, o princípio da identidade e da razão suficiente; b) plurivalentes ou regionais são princípios comuns a um grupo de ciências, informan-do-as nos aspectos que a interpenetram, como, por exemplo, o princípio da causalidade, aplicável às ciên-cias naturais e o princípio do alterum nom laedere (não prejudicar outrem), aplicáveis às ciências naturais e às ciências jurídicas; c) monovalentes são só princípios que se referem a um só campo do conhecimento; d) seto-

riais são princípios que informam os diversos setores em que se divide determinada ciência, como por exem-plo, na ciência jurídica existem princípios que informam o Direito Processual, Direito Penal, Direito Tributário etc.

(MPE-PB – Promotor de Justiça – PB/2011) Sobre o regime jurídico administrativo, julgue as seguintes assertivas:

I. Como corolário do princípio da supremacia do inte-resse público, é vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências atribuídas à Administração.

II. O princípio da impessoalidade tem a extensão de permitir que se reconheça a validade de ato admi-nistrativo praticado por funcionário irregularmente investido no cargo ou função pública.

III. A nova interpretação da norma administrativa tem aplicação retroativa, desde que se trate de fazer prevalecer o sentido normativo que melhor atenda ao fim público a que se dirige a norma.

a) I, II e III estão corretas.

b) Apenas I e II estão corretas.

c) Apenas I e III estão erradas.

d) Apenas II está errada.

e) (Abstenção de resposta- Seção VIII, item 11, do

Edital do Concurso).

1. In: DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 63.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 25 12/05/2016 17:34:46

Page 3: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger26

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “b”. Estão corretos os

itens I e II.

Item I: Correto. O princípio da supremacia do inte-resse público sobre o privado possui como corolário, nos termos do art. 2º, parágrafo único da Lei nº 9.784/99, a vedação da renúncia total ou mesmo parcial dos pode-res ou competências inerentes a Administração Pública.

Item II: Correto. O princípio da impessoalidade tem previsão expressa no art. 37, caput, da CF. O prin-cípio da impessoalidade possui duplo significado, um em relação aos administrados e o outro em relação à própria Administração. No primeiro significado, veda-se ao agente público praticar atos para satisfazer seu inte-resse pessoal ou mesmo de terceiros, ou seja, a máquina pública somente poderá ser utilizada para a satisfação dos interesses públicos. Em seu segundo significado, todos os atos e provimentos administrativos são impu-táveis não ao funcionário público que os pratica, mas sim ao órgão ou entidade administrativa da Adminis-tração Pública. O princípio da impessoalidade ainda se aplica no reconhecimento da validade de atos prati-cados por funcionários irregularmente investidos no cargo ou função, sob a fundamentação de que os atos administrativos praticados são do órgão e não do fun-cionário público que o praticou.

Item III: Errado. Dispõe o art. 2º, parágrafo único, inc. XXXIII, da Lei nº 9.784/99, que a “interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”.

(TRF 4 – Juiz Federal Substituto 4ª região/ 2010)

Dadas as assertivas abaixo sobre funções estatais e prin-cípios informadores do regime jurídico administrativo, assinale a alternativa correta.

I. No Brasil as atividades estatais básicas estão distribuí-das entre Poderes independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, vocaciona-dos ao desempenho, respectivamente, das funções normativa, judicial e administrativa, estando esta última concentrada no Executivo, o qual a exerce pre-cipuamente, mas sem exclusividade.

II. Em decorrência, dentre outros, dos princípios da legalidade, da indisponibilidade do interesse público e da impessoalidade, o gestor da coisa pública tem com ela uma relação de administração, de modo que seu agir está atrelado à finalidade cogente, mesmo quando admitido juízo discricio-nário na prática do ato administrativo.

III. Conquanto não previsto explicitamente no artigo 37, caput, da Constituição Federal, o princípio da razoabilidade informa o regime jurídico adminis-trativo brasileiro, prestando-se como balizador para a verificação da higidez da ação administra-tiva, notadamente quando esta tem características discricionárias.

IV. Estabelece a Constituição Federal que a administra-ção pública direta e indireta de qualquer dos Pode-res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá ao princípio da publicidade, havendo possibilidade de instituição, pela via legis-lativa, de restrições ao acesso a autos de processo administrativo.

V. As funções estatais estão sujeitas à rígida obser-vância de diretriz fundamental, que, encontrando suporte teórico no princípio da proporcionalidade, veda os excessos normativos e as prescrições irra-zoáveis do Poder Público, prestando-se o referido princípio (da proporcionalidade), nesse contexto, para inibir e neutralizar os abusos do Poder Público no exercício de suas funções, qualificando-se como parâmetro de aferição da higidez dos atos pratica-dos por agentes públicos.

a) Estão corretas apenas as assertivas I, IV e V.

b) Estão corretas apenas as assertivas II, III e IV.

c) Estão corretas apenas as assertivas I, II, III e IV.

d) Estão corretas apenas as assertivas I, III, IV e V.

e) Estão corretas todas as assertivas.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “e”. Todos os itens

estão corretos.

Item I: Correto. As funções do Estado são dividi-das em: a) função legislativa; b) função jurisdicional; e c) função executiva. A função legislativa é aquela exercida pelo Poder Legislativo, cuja função precípua é a elabora-ção de leis. A função jurisdicional é exercida pelo Poder Judiciário, cuja função essencial é a resolução de confli-tos de interesses, ou seja, o julgamento de processos. A função executiva ou também denominada de função administrativa é aquela exercida pelo Poder Executivo, que compreende, basicamente, na prestação do serviço público, a intervenção, o fomento e a polícia. Contudo, segundo explana a doutrina, todos os Poderes exercem todas as funções, seja de modo principal (considerado atividade típica), seja de modo acessório (considerado atividade atípica). Assim, a título de exemplo, o Senado Federal exerce a função típica de legislar, e como função atípica o de julgar os crimes de responsabilidade do Pre-sidente da República, conforme se vê do art. 52, inc. I, da CF, além de exercer também, de forma atípica, funções administrativas, como por exemplo, realizar concursos públicos para a nomeação de seus agentes, promover licitações para a compra de materiais necessários para desenvolver a sua atividade.

Item II: Correto. No poder discricionário o agente tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade, pois se houver alternati-vas, o administrador poderá optar por uma delas, esco-lhendo, de acordo com seus entendimentos, preservar o melhor do interesse público. Contudo, a liberdade do administrador é subordinada à lei, a discricionariedade possui limites legais, não poderá o administrador reali-

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 26 12/05/2016 17:34:46

Page 4: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 27

zar escolhas sem critérios ou diferente dos parâmetros estabelecidos em lei.

Item III: Correto. O princípio da razoabilidade impede que a Administração Pública pratique um ato administrativo de forma despropositada, arbitrária, ou seja, serve para que se possa exercer um controle de proibição de excessos.

Item IV: Correto. O princípio da publicidade encontra previsão constitucional no art. 37, caput, da CF, e também no art. 5º, incisos XXXIII; XXXIV e LXXIV, da CF, tendo como objetivo que o administrado tenha conhe-cimento do que está sendo feito com seus direitos, além de em algumas hipóteses a publicidade funcionar como condição de eficácia (Exemplo: art. 61, parágrafo único da Lei de Licitações). O princípio da publicidade alcança toda a atividade estatal, para que a Administração Pública possa divulgar oficialmente seus atos e propi-ciar conhecimento a seus próprios agentes. As exceções ao princípio da publicidade possuem contornos consti-tucionais e podem ser admitidas nos casos expressos na própria CF: a) art. 5º, inc. X, da CF, nos casos de inviolabi-lidade da intimidade, vida privada e da honra; b) art. 5º, inc. XXXIII, da CF, quando as informações forem impres-cindíveis para a segurança da sociedade e do Estado e c) art. 5º, inc. LX, da CF, ocasião em que a publicidade poderá ser restrita nos casos de defesa da intimidade ou o interesse social exigir. O princípio da publicidade constitui um princípio meio, pois é através dele que se efetivam outros valores eleitos constitucionalmente. Exemplo: direito de informação, direito de controlar e fiscalizar os atos da administração, isonomia etc.

Item V: Correto. O princípio da proporciona-

lidade é uma faceta do princípio da razoabilidade. O princípio da proporcionalidade é um princípio do direito Constitucional que foi transportado para o Direito Admi-nistrativo. De acordo com a doutrina majoritária, influen-ciados pela doutrina germânica, a proporcionalidade é inerente ao Estado de Direito. Embora não consagrado expressamente em nossa Constituição, é integrante do nosso sistema constitucional na qualidade de princípio implícito. O princípio da proporcionalidade se divide em: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. O primeiro estuda se o meio é capaz de alcançar ou fomentar o resultado; o segundo estuda se existem outros meios que podem ser utilizados para que não se restrinja um direito fundamental e se tais meios são sufi-cientes e o terceiro diz que a restrição do direito funda-mental deve ter um peso suficiente para que tal restrição seja proporcional. Em suma, o princípio da proporcio-

nalidade obriga que a Administração Pública atue com equilíbrio entre os meios utilizados e os fins a serem alcançados, levando-se em conta os padrões comuns da sociedade e sempre em cada caso concreto.

(PUC – PR – Juiz de Direito – PR/2014) No que ser refere aos princípios da Administração Pública, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa COR RETA.

I. De acordo com o que expresso no caput do artigo 37 da Constituição Federal, com a redação da

Emenda Consti tucional n°. 19/1998, a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabi-lidade e eficiência.

II. A constatação de um ato interno viciado torna ina-fastável pela Administração, do que se extrai dos princípios da le galidade e da autotutela, a sua anu-lação.

III. A Constituição Federal de 1988 autoriza restrições pontuais e transitórias ao princípio da legalidade.

IV. Os princípios fundamentais que decorrem da deno-minada bipolaridade do direito administrativo e ditos universais ou onivalentes são os princípios da legalidade e da moralidade.

a) Apenas a assertiva III está correta.

b) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.

c) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.

d) Apenas a assertiva IV está correta.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “a”. O Item III está cor-

reto.

Item I: Errado. O art. 37, caput, da CF, de acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98 prevê que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Não se esqueça da palavra LIMPE para associar aos princí-pios constitucionais expressos no caput do art. 37.

Item II: Errado. A anulação administrativa funda-menta-se nos princípios da autotutela e o princípio da legalidade. Contudo, há entendimento doutrinário que sustenta a possibilidade da Administração Pública, de forma discricionária, reduzir a extensão dos efeitos da anulação se a modulação for a melhor solução para a defesa do interesse público e a segurança jurídica. Ainda não se anula o ato administrativo se houver a possibilidade de convalidação ou ainda se decorrido o prazo legal para tanto.

Item III: Correto. São exceções ao princípio da legalidade: a) a medida provisória (art. 62 da CF); b) o estado de defesa (art. 136 da CF); e c) estado de sítio (art. 137 a 139 da CF).

Item IV: Errado. Segundo José Cretella Junior2 os princípios podem ser classificados em: a) onivalentes ou universais, são princípios comuns a todos os ramos do saber, como por exemplo, o princípio da identidade e da razão suficiente; b) plurivalentes ou regionais, são prin-cípios comuns a um grupo de ciências, informando-as

2. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.p. 63.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 27 12/05/2016 17:34:46

Page 5: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger28

nos aspectos que a interpenetram, como por exemplo o princípio da causalidade, aplicável às ciências natu-rais e o princípio do alterum nom laedere (não prejudi-car outrem), aplicáveis às ciências naturais e às ciências jurídicas; c) monovalentes, são só princípios que se refe-rem a um só campo do conhecimento; d) setoriais, são princípios que informam os diversos setores em que se divide determinada ciência, como por exemplo, na ciên-cia jurídica existem princípios que informam o Direito Processual, Direito Penal, Direito Tributário etc. Nota-se que os princípios da legalidade e da moralidade não se enquadram na classificação de princípios onivalentes ou universais.

(UFPR – Juiz de Direito Substituto-PR/ 2012) Em rela-ção ao regime jurídico administrativo, assinale a alter-nativa correta.

a) O princípio constitucional da supremacia do inte-resse público é um dos princípios gerais da Admi-nistração Pública expressos no caput do artigo 37 da Constituição Federal.

b) O princípio da supremacia do interesse público não admite ponderação com outros princípios constitu-cionais dado o seu caráter absoluto.

c) A supremacia do interesse público é princípio oposto ao da indisponibilidade dos interesses públicos pela Administração.

d) O principio constitucional da supremacia do inte-resse público é princípio estruturante do regime jurídico administrativo brasileiro, tendo correspon-dência à ideia de existirem prerrogativas especiais aos atos administrativos (o que é típico do sistema da Civil Law).

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “d”. O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado per-mite que a Administração Pública, representando o interesse público, emita, nos termos da lei, os denomi-nados atos de império (poder extroverso), de forma a constituir terceiros em obrigações mediantes os atos unilaterais. São atos de império aqueles em que a Admi-nistração impõe coercitivamente ao administrado, unilateralmente, obrigações, ou ainda restringe ou con-diciona exercícios de direitos ou atividades privadas. São fundados no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado todos os poderes especiais de que dispõe a Administração Pública para a realização de seus atos administrativos, necessários para consecução dos fins que o ordenamento jurídico lhe impõe, como por exemplo, os atributos dos atos administrativos da exigibilidade e da autoexecutoriedade.

Alternativa “a”: Errada. O princípio da suprema-cia do interesse público não possui previsão no art. 37, caput, da CF.

Alternativa “b”: Errada. O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado não possui um

caráter absoluto, devendo haver ponderação junto

aos outros princípios, de forma que o Estado não atue de modo abusivo no exercício de suas prerrogativas.

Alternativa “c”: Errada. O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado possui ligação (e não oposição) com o princípio da indisponibilidade do interesse público.

(Vunesp–Juiz Substituto–SP/ 2009) Um dos aspectos primordiais do Direito Administrativo brasileiro é o de ser um conjunto

a) de princípios e normas aglutinador dos poderes do Estado de maneira a colocar o administrado em relação de subordinação hierárquica a tais poderes.

b) de princípios e normas que não alberga a noção de bem de domínio privado do Estado.

c) instrumental de princípios e normas que regula exclusivamente as relações jurídicas administrati-vas entre o Estado e o particular.

d) de princípios e normas limitador dos poderes do Estado.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “d” (responde as

demais alternativas). Como o direito administrativo, do ponto de vista científico, é um setor de estudo dentro do direito, este possui objeto próprio de estudo, bem como princípios. Este conjunto de normas e princípios regen-tes tem por finalidade organizar, estabelecer meios de ação, formas e relação jurídica da Administração Pública entre as pessoas que a compõem e os administrados, ou mesmo entre seus próprios componentes. A atuação da Administração Pública está inserida, primordialmente, no Poder Executivo, sendo esta dotada de atribuições para exercer a atividade administrativa com repercussão imediata na coletividade, como sua atividade inerente e típica. Toda a atuação da Administração Pública deve estar pautada, primeiramente, pela Constituição Federal, donde regra-se e vincula grande parte da atividade admi-nistrativa e depois pela Lei, vez que o princípio vetor da Administração Pública é o princípio da legalidade.

(Vunesp – Defensor Público – MS/2014) A expressão regime jurídico-administrativo é utilizada para designar

a) os regimes de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a Administração Pública.

b) o conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração Pública e que não se encon-tram nas relações entre particulares.

c) as restrições a que está sujeita a Administração Pública, sob pena de nulidade do ato administra-ti vo, excluindo-se de seu âmbito as prerrogativas da Administração.

d) as prerrogativas que colocam a Administração Públi ca em posição de supremacia perante o par-ticular, excluindo-se de seu âmbito as restrições impostas à Administração.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 28 12/05/2016 17:34:47

Page 6: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 29

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “b”: A resposta desta

alternativa exclui as demais. O regime jurídico-admi-nistrativo poderá ser compreendido como um conjunto de normas e princípios que incidem sobre as relações da Administração Pública com os particulares, em que haja em favor destas prerrogativas e restrições especiais. As prerrogativas e restrições especiais são privativas do Estado, sem espécie paralela no particular, com a finali-dade de gozar de uma supremacia frente ao particular para que se possa atender ao interesse público. Com uma posição de supremacia, o Estado poderá impor o inte-resse público quando em conflito com um interesse par-ticular. As restrições especiais impostas ao Poder Público possuem a finalidade de impedir que o administrador persiga outra finalidade que não o interesse público.

(Institutocidades – Defensor Público – AM/2011) No campo do Direito Administrativo, a relação jurídico-ad-ministrativa:

a) É regida pelo princípio do pacta sunt servanda, não havendo casos em que a Administração Pública pode modificar, unilateralmente, um contrato pre-viamente assinado entre as partes.

b) Submete a Administração Pública à vontade exclu-siva dos governantes, pois cabe a estes apontar os rumos que a Administração Pública deve seguir.

c) Deve sempre estar vinculada à finalidade pública, à vontade do administrador e à vontade das pessoas públicas.

d) Implica em uma predominância da propriedade pública sobre a propriedade privada, ainda que a propriedade privada esteja a serviço de um inte-resse público.

e) Implica em atuação de ofício na consecução e pro-teção dos interesses públicos contidos na esfera de competências atribuídas pela lei ao administrador.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “e”. Esta alternativa deve ser divida em três partes. A “atuação de ofício” consiste na clássica frase de Seabra Fagundes “admi-

nistrar é aplicar a lei, de oficio”. “Na consecução e

proteção dos interesses públicos” demonstra que o interesse público coloca a administração em um pata-mar superior aos particulares, justamente para perse-guir o bem comum. “Esfera de competência pela lei

ao administrador” diz respeito ao âmbito de atuação da Administração, que embora possa ter discricionarie-dade, na verdade, segundo os ensinamentos de Celso Antonio são atos praticados no exercício de competên-cia discricionário. Esta é a relação jurídico-administra-tiva que se impõe.

Alternativa “a”, errada. Dispõe o artigo 58, inc. Ida Lei 8.666/93: “O regime jurídico dos contratos adminis-trativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I – modificá-los, uni-

lateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado”.

Alternativa “b”, errada (responde, também, a

alternativa “c”). Embora os governantes que geren-ciem a Administração, esta se submete primeiramente ao interesse público primário, pois finalidade é atingir o bem social de toda a comunidade.

Alternativa “d”, errada. Não pode o administra-dor, em nome do interesse público, mas em desrespeito ao princípio da legalidade, lesionar direitos e garantias de terceiros. Se a administração causar dano ao particu-lar que atende os requisitos legais deverá indenizar, pois a Constituição garante o direito de propriedade.

(ESAF – MTE – Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) O regime jurídico-administrativo ampara-se, entre outros, no princípio da supremacia do interesse público. Esse princípio protege o patrimônio público. Desse modo, assinale, no rol abaixo, o único instituto que se aplica, conforme o regime jurídico-administrativo, ao patrimô-nio público.

a) desafetação

b) usucapião

c) hipoteca

d) penhora

e) arresto

|COMENTÁRIOS|.

Nota do Autor: o regime jurídico administra-tivo é o conjunto de princípios que atribuem à Admi-nistração Pública, em um extremo, prerrogativas e, no outro, sujeições. Dentre os que diversos princípios que o compõem, há dois que são considerados chamados de pedras angulares ou pedras de toque3 do direito administrativo, quais sejam, o princípio da supremacia

do interesse público e o princípio da indisponibili-

dade do interesse público.

Alternativa correta: letra “a” (responde a todas

as demais alternativas). Em razão do regime jurídico administrativo, os bens públicos são impenhoráveis,

imprescritíveis e relativamente inalienáveis. Desse modo, não podem ser objeto de usucapião, penhora, arresto e hipoteca, excluindo-se as alternativas de “b” a “e”. Quanto à inalienabilidade, os bens públicos, em

regra, não podem ser alienados, pois são bens fora do comércio, salvo se houver a desafetação. Bem público afetado é aquele que está em uso para uma finalidade pública específica como, por exemplo, servir de sede para determinado órgão público e, ao contrário, bem público desafetado é aquele não está sendo usado para nenhum fim público, a exemplo de imóvel público desocupado. Pela afetação, o bem público domini-

cal passa a ser bem público de uso especial e, nessa

3. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 29 12/05/2016 17:34:47

Page 7: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger30

condição, é inalienável por determinação expressa do art. 100 do Código Civil e, de outro lado, com a desa-

fetação passa para a categoria dominial e, portanto, pode ser alienado. Todavia, registre-se que não basta a desafetação para a alienação de imóvel, pois, além disso, conforme o art. 17 da Lei nº 8.666/93, deve haver interesse público demonstrado, avaliação prévia, licita-ção e, se for imóvel da administração direta, autarquia e fundação pública, autorização legislativa e, ainda, no caso de imóvel da União, há a necessidade de autoriza-ção do Presidente da República, permitida a delegação ao Ministro de Estado da Fazenda, o qual pode fazer a subdelegação, conforme o art. 23 da Lei nº 9.636/98.

(ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal / 2005) Tra-tando-se do regime jurídico-administrativo, assinale a afirmativa falsa.

a) Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera que o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa auto-rização legislativa.

b) O regime jurídico-administrativo compreende um conjunto de regras e princípios que baliza a atua-ção do Poder Público, exclusivamente, no exercício de suas funções de realização do interesse público primário.

c) A aplicação do regime jurídico-administrativo auto-riza que o Poder Público execute ações de coerção sobre os administrados sem a necessidade de auto-rização judicial.

d) As relações entre entidades públicas estatais, ainda que de mesmo nível hierárquico, vinculam-se ao regime jurídico-administrativo, a despeito de sua horizontalidade.

e) O regime jurídico-administrativo deve pautar a ela-boração de atos normativos administrativos, bem como a execução de atos administrativos e ainda a sua respectiva interpretação.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “b”. O regime jurídi-co-administrativo é um conjunto de princípios que impõem prerrogativas e sujeições à Administração Pública. O interesse público primário é o interesse público propriamente dito; é o interesse da coletivi-dade; está estabelecido na Constituição Federal. O inte-resse público secundário é o interesse do ente estatal (União, Estados, etc.); é o interesse individual do Estado, como pessoa jurídica4. Entretanto, na atuação admi-nistrativa os princípios são de obediência obrigatória, independentemente da espécie de interesse público.

Alternativa “a”: de acordo com o princípio da indisponibilidade do interesse público, o administra-dor público não pode renunciar ao interesse público

4. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito admi-nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 65-66.

porque é indisponível. Todavia, tal regra pode ser excepcionada pela lei, pois, em tese, a lei corporifica o interesse público. Nesse sentido, são exemplos de dis-positivos legais que autorizam a realização de acordo em processos judiciais o art. 10, parágrafo único, da Lei nº 10.259/01 (autoriza os “representantes judiciais da União, autarquias, fundações e empresas públicas federais” a conciliar, transigir ou desistir nos processos de competência dos Juizados Especiais Federais) e a Lei nº 9.649/97 (com a redação dada pela Lei nº 11.941/09) concedeu poder ao Advogado-Geral da União e aos dirigentes máximos das empresas públicas federais para autorizarem a realização de acordos ou transações em juízo, ou, ainda, o não ajuizamento de ações, depen-dendo do valor a ser cobrado.

Alternativa “c”: o regime jurídico administrativo caracteriza-se pela coexistência, de um lado, das prer-rogativas e, de outro, das sujeições. Por isso, o uso das expressões bipolaridade do direito administrativo5 ou binômio6 do direito administrativo. Desse modo, em relação às prerrogativas, é possível a Administração, por exemplo, apreender mercadoria, interditar estabeleci-mento, desapropriar, instituir servidão, requisitar bens e, para tanto, não necessita da intervenção do Poder Judiciário, podendo fazê-lo por seus próprios meios (autoexecutoriedade). Por outro lado, deve agir, sem-pre, sem se afastar do interesse público e respeitando os direitos fundamentais. Nesse sentido, é possível, dependendo da situação, que seja necessária a ordem judicial para se efetivar a medida adotada como, por exemplo, no caso de uma apreensão a ser realizada em uma residência, na qual o morador se recusa a permitir o ingresso, fazendo-se necessária ordem judicial para o ingresso na casa, nos termos do art. 5º, XI, da Constitui-ção Federal.

Alternativa “d” (responde a alternativa “e”): o regime jurídico administrativo aplica-se a todo ato administrativo, seja na sua elaboração, execução ou interpretação, devendo haver obediência aos princípios da Administração Pública em todas essas etapas. Assim, aplica-se à Administração Pública como um todo, por força, inclusive, do art. 37, caput, da Constituição Fede-ral. Desse modo, seja na relação entre a Administração e o administrado, seja na relação interna da Adminis-tração, os princípios da Administração Pública devem ser sempre efetivados. Mesmo no caso de pessoas de direito privado existentes na Administração Pública, que são regidas pelo direito privado, o regime jurídico administrativo aplica-se para derrogar parte das normas privadas.

(ESAF – Auditor Fiscal da Receita Federal / 2003) O estudo do regime jurídico-administrativo tem em Celso

5. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.

6. Fernando Garrido Fala apud Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 56).

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 30 12/05/2016 17:34:47

Page 8: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 31

Antônio Bandeira de Mello o seu principal autor e for-mulador. Para o citado jurista, o regime jurídico-admi-nistrativo é construído, fundamentalmente, sobre dois princípios básicos, dos quais os demais decorrem. Para ele, estes princípios são:

a) indisponibilidade do interesse público pela Admi-nistração e supremacia do interesse público sobre o particular.

b) legalidade e supremacia do interesse público.

c) igualdade dos administrados em face da Administra-ção e controle jurisdicional dos atos administrativos.

d) obrigatoriedade do desempenho da atividade pública e finalidade pública dos atos da Adminis-tração.

e) legalidade e finalidade.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do Autor: esse tipo de questão exige aten-ção porque ocorre a cobrança do conhecimento de um autor em específico. Por isso mesmo, o candidato deve se atentar aos temas principais de cada autor mais cobra-dos em provas. Por exemplo, ainda sobre a classificação dos atos administrativos cobra-se muito a posição tradi-cional do professor Hely Lopes Meirelles. E, sem dúvida, sobre regime jurídico administrativo, Celso Antônio Ban-deira de Mello é o grande expoente brasileiro.

Alternativa correta: “a”. O regime jurídico-ad-ministrativo é um conjunto de princípios que impõem prerrogativas e sujeições à Administração Pública. Entretanto, a Administração Pública só pode exercer a autoridade que lhe é inerente se for para buscar o inte-resse público, ou seja, somente pode usar suas prer-rogativas em prol do interesse público e apenas para isso, o que significa, também, que nunca é permitido se afastar de tal tarefa. Em razão dessa submissão ao inte-resse público, surgem as chamadas pedras angulares ou pedras de toque7 do direito administrativo, quais sejam, o princípio da supremacia do interesse público – pelo qual, em caso de conflito, o interesse público deve se sobrepor ao interesse privado – e o princípio da indis-ponibilidade do interesse público – em razão dele, a atividade administrativa nunca deve se afastar do inte-resse público. Desses dois princípios decorrem todos os demais que integram o regime jurídico administrativo.

(Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE-

-MS/2013) Em relação ao objeto e às fontes do direito administrativo, assinale a opção correta.

a) O Poder Executivo exerce, além da função adminis-trativa, a denominada função política de governo—como, por exemplo, a elaboração de políticas públi-cas, que também constituem objeto de estudo do direito administrativo.

7. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito admi-nistrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 55 e 57.

b) As decisões judiciais com efeitos vinculantes ou efi-cácia erga omnes são consideradas fontes secundá-rias de direito administrativo, e não fontes principais.

c) São exemplos de manifestação do princípio da especialidade o exercício do poder de polícia e as chamadas cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos.

d) Decorrem do princípio da indisponibilidade do inte-resse público a necessidade de realizar concurso público para admissão de pessoal permanente e as restrições impostas à alienação de bens públicos.

e) Dizer que o direito administrativo é um ramo do direito público significa o mesmo que dizer que seu objeto está restrito a relações jurídicas regidas pelo direito público.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “d”. O princípio da

indisponibilidade do interesse público impõe limi-

tes à atuação administrativa. Estabelece sujeições a que se submete o administrador público e representa a

proibição da renúncia ao interesse público, a impos-sibilidade de se dispor do interesse público. De fato, não é possível alguém renunciar ou dispor de algo que não lhe pertence. Isso é o que acontece na gestão pública, porque o administrador tem o dever de administrar,

observando com fidelidade o interesse público e não seus interesses pessoais ou de terceiros. Nesse sen-tido, é incompatível com esse princípio, por exemplo, a renúncia a uma multa, sem a respectiva previsão

legal, a alienação de imóvel público sem a observân-

cia da legislação e, ainda, a contratação sem a reali-

zação de concurso público, exceto nos casos expressa-mente admitidos pelo ordenamento.

Alternativa “a”. A Administração Pública em sen-tido amplo abrange tanto a função administrativa quanto a função política, incluindo tanto os órgãos governamentais quanto os órgãos administrativos e, por sua vez, a Administração Pública em sentido estrito refere-se, exclusivamente, à função administrativa. É somente no último sentido que se inclui o objeto de estudo do Direito Administrativo.

Alternativa “b”. A jurisprudência – que são as decisões judiciais reiteradas sobre determinado

assunto – colabora em muito para a evolução do direito administrativo. A jurisprudência, em regra, tem caráter orientador, mas há casos em que a jurisprudência

tem força vinculante, isto é, em que a decisão deve ser obrigatoriamente seguida. Assim, por terem, para todos os fins, efeitos símiles aos da lei propriamente dita, as decisões vinculantes podem ser consideradas fontes

primárias do direito administrativo.

Alternativa “c”. Pelo princípio da especialidade, que decorre dos princípios da legalidade e da indispo-nibilidade do interesse público, sempre que possível, é melhor que seja criada uma entidade específica

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 31 12/05/2016 17:34:47

Page 9: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger32

para desempenhar uma atividade determinada8. ) São exemplos de manifestação do princípio da supre-

macia do interesse público o exercício do poder de polícia e as chamadas cláusulas exorbitantes dos con-tratos administrativos.

Alternativa “e”. O objeto do Direito Administrativo não está restrito a relações jurídicas regidas pelo direito público, aplicando-se, inclusive, a relações jurídicas de direito privado, como ocorre, por exemplo, em relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, pois são regidas pelo direito privado, com as derro-gações próprias do direito público. Tais entidades da administração indireta são objeto de estudo do Direito Administrativo.

(Analista Judiciário – Área Judiciária TRE/PE 2011 –

FCC) No que concerne às fontes do Direito Administra-tivo, é correto afirmar que:

a) o costume não é considerado fonte do Direito Administrativo.

b) uma das características da jurisprudência é o seu universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a universa-lizar-se.

c) embora não influa na elaboração das leis, a dou-trina exerce papel fundamental apenas nas deci-sões contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo.

d) tanto a Constituição Federal como a lei em sen-tido estrito constituem fontes primárias do Direito Administrativo.

e) tendo em vista a relevância jurídica da jurisprudên-cia, ela sempre obriga a Administração Pública.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “d”. Como é inerente a um Estado de Direito, a principal fonte normativa do Direito é a lei, que deve ser considerada em seu sentido amplo, abrangendo todas as espécies de atos legisla-tivos. A lei, no sentido empregado, é a principal fonte de direito administrativo, pois nos atos legislativos é que está presente, ao menos em tese, o real interesse público. Assim, são fontes primárias do Direito Admi-nistrativo a Constituição Federal, as Emendas à Cons-tituição, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e dos Municípios, as leis complementa-res, ordinárias e delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções legislativas.

Alternativa “a”. Muito embora haja divergência doutrinária se o costume é ou não fonte de direito admi-nistrativo, prevalece a corrente que o entende como tal. O costume é a prática reiterada, uniforme, de um com-portamento que é considerado uma obrigação legal.

8. MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 111.

Não pode ser confundido com a praxe administrativa – que, por ser a simples rotina administrativa, não cons-titui fonte do direito administrativo.

Alternativa “b”. Ao contrário do contido na alter-nativa, uma das características da jurisprudência é o nacionalismo, porque enquanto “a doutrina tende a uni-versalizar-se, a jurisprudência tende a nacionalizar-se, pela contínua adaptação da lei e dos princípios teóricos ao caso concreto. Sendo o Direito Administrativo menos geral que os demais ramos jurídicos, preocupa-se dire-tamente com a Administração de cada Estado, e por isso mesmo encontra, muitas vezes, mais afinidade com a jurisprudência pátria que com a doutrina estrangeira”9.

Alternativa “c”. A doutrina é o estudo desenvol-vido pelos juristas, e tem papel especialmente impor-tante no direito administrativo como um todo – princi-palmente pelo fato deste não estar em um único código – e contribui para a correta interpretação dos estudos administrativos. Nesse sentido, conforme Hely Lopes Meirelles, a doutrina “influi não só na elaboração da lei como nas decisões contenciosas e não contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito Administrativo”10.

Alternativa “e”. A jurisprudência possui, em regra, caráter meramente orientador; ou seja, as decisões dos tribunais servem de parâmetro e orientação para os juízes das instâncias inferiores na hora do julgamento. Todavia, há casos excepcionais em que a jurisprudên-cia tem força vinculante, e obrigam a Administração Pública, como é o caso da súmula vinculante, por exem-plo.

II.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

EXPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-

BLICA

(Exame de Ordem 2010.3 – FGV) O prefeito de um determinado município resolve, por decreto municipal, alterar unilateralmente as vias de transporte de ônibus municipais, modificando o que estava previsto nos con-tratos de concessão pública de transportes municipais válidos por vinte anos. O objetivo do prefeito foi favo-recer duas empresas concessionárias específicas, com que mantém ligações políticas e familiares, ao lhes con-ceder os trajetos e linhas mais rentáveis. As demais três empresas concessionárias que também exploram os serviços de transporte de ônibus no município por meio de contratos de concessão sentem-se prejudicadas. Na qualidade de advogado dessas últimas três empresas, qual deve ser a providência tomada?

a) Ingressar com ação judicial, com pedido de liminar para que o Poder Judiciário exerça o controle do ato administrativo expedido pelo prefeito e decrete a

9. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 47.

10. Direito Administrativo Brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malhei-ros, 2010. p. 47.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 32 12/05/2016 17:34:47

Page 10: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 33

sua nulidade ou suspensão imediata, já que eivado de vício e nulidade, por configurar ato fraudulento e atentatório aos princípios que regem a Adminis-tração Pública.

b) Ingressar com ação judicial, com pedido de inde-nização em face do Município pelos prejuízos de ordem financeira causados.

c) Nenhuma medida merece ser tomada na hipótese, tendo em vista que um dos poderes conferidos à Administração Pública nos contratos de concessão é a modificação unilateral das suas cláusulas.

d) Ingressar com ação judicial, com pedido para que os benefícios concedidos às duas primeiras empre-sas também sejam extensivos às três empresas clientes.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “a” (responde todas

as demais alternativas). A mutabilidade é uma das características dos contratos administrativos e signi-fica que a Administração Pública tem a prerrogativa de alterar as cláusulas contratuais unilateralmente. Essa prerrogativa é inerente ao princípio da suprema-cia do interesse público. Por outro lado, é direito do concessionário, em razão da modificação unilateral do contrato, a manutenção do equilíbrio econômi-

co-financeiro. Inclusive, de maneira expressa, na Lei nº 8.987/95, que estabelece as normas gerais da con-cessão de serviço público, há dispositivos nesse sen-tido como, por exemplo, o art. 9º, § 4º (em “havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à altera-ção”) e o art. 18, VII (entre os itens que devem constar no edital de licitação, estão “os direitos e obrigações do poder concedente e da concessionária em relação a alterações e expansões a serem realizadas no futuro, para garantir a continuidade da prestação do serviço”). Todavia, qualquer conduta administrativa deve ser pau-tada na obediência aos princípios da Administração Pública, os quais vinculam a atividade da Adminis-tração Pública. Aliás, nesse sentido, o STF decidiu, no RE 579.951, que a vedação ao “nepotismo não depende de lei formal para coibir a prática. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal”. Dessa forma, a alteração uni-lateral do contrato administrativo pode ser feita, e deve ser realizada, quando houver imperiosa necessidade de alteração para a satisfação do interesse público, o que não foi o caso descrito no enunciado da questão. Houve violação, em especial aos princípios da impes-

soalidade e da moralidade. Pelo princípio da impes-soalidade, a atuação da Administração Pública deve ser impessoal, tanto em relação ao administrado quanto em relação a ela própria. No que se refere ao adminis-trado, a impessoalidade se faz presente na busca pela finalidade pública e nunca de interesse particular e, por isso, não se admite atuação administrativa no sentido de prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas como se

deu na situação ilustrada na questão, em que o prefeito atuou de forma a beneficiar seus parentes e amigos, conduta, aliás, que não é condizente com a honestidade e a boa-fé exigidas no trato da coisa pública, em razão do princípio da moralidade. Dessa forma, por afrontar acintosamente os princípios da Administração Pública, o ato praticado pelo prefeito deve ser imediatamente desconstituído.

(CEFET – Promotor de Justiça – BA/2015) Com refe-rência aos princípios administrativos, é CORRETO afir-mar:

a) O princípio da proporcionalidade, expressamente previsto na Constituição Federal de 1988, significa que as competências administrativas só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes ao que seja realmente deman-dado para o cumprimento da finalidade de inte-resse público a que estão atreladas.

b) Como decorrência do princípio da motivação, todos os atos administrativos devem ser escritos.

c) O princípio da reserva legal prescreve que a Admi-nistração Pública pode fazer tudo aquilo que não é legalmente proibido.

d) A publicidade dos atos da Administração Pública é excepcionada apenas pela necessidade de prote-ção da intimidade dos cidadãos.

e) A Emenda Constitucional n° 19/1998, conhecida por implementar a “Reforma Administrativa”, acrescen-tou o princípio da eficiência ao texto constitucional.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa correta: letra “e”. O princípio da efi-ciência foi reconhecido expressamente como princípio constitucional através da Emenda Constitucional nº 19/98, que tratou da reforma administrativa, estando, portanto, previsto expressamente no art. 37, caput,CF, não se esquecendo de que o mesmo já existia de forma implícita. O art. 41 da CF também prevê que a eficiência é um requisito indispensável para a aquisição e perda da garantia da estabilidade. Além do texto constitucional, o princípio da eficiência apresenta-se em leis extrava-gantes, como o art. 6º da Lei nº 8.987/95 (eficiência na prestação do serviço público). O princípio existe para que o interesse público seja protegido, fazendo com que a atividade administrativa alcance resultados práti-cos de produtividade, economia e redução de desperdí-cio de dinheiro público.

Alternativa “a”: incorreta. O princípio da pro-

porcionalidade é uma faceta do princípio da razoabi-lidade. O princípio da proporcionalidade é um princípio do direito Constitucional que foi transportado para o Direito Administrativo. De acordo com a doutrina majo-ritária, influenciados pela doutrina germânica, a propor-cionalidade é inerente ao Estado de Direito. Embora não

consagrado expressamente em nossa Constituição, é integrante do nosso sistema constitucional na quali-dade de princípio implícito. O princípio da proporcio-

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 33 12/05/2016 17:34:47

Page 11: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger34

nalidade se divide em: adequação, necessidade e pro-porcionalidade em sentido estrito. O primeiro estuda se o meio é capaz de alcançar ou fomentar o resultado; o segundo estuda se existem outros meios que podem ser utilizados para que não se restrinja um direito fun-damental e se tais meios são suficientes e o terceiro diz que a restrição do direito fundamental deve ter um peso suficiente para que tal restrição seja proporcional. Em suma, o princípio da proporcionalidade obriga que a Administração Pública atue com equilíbrio entre os meios utilizados e os fins a serem alcançados, levando--se em conta os padrões comum da sociedade e sempre em cada caso concreto.

Alternativa “b”: incorreta. O silêncio da Adminis-tração Pública é considerado a ausência de sua mani-festação, quando provocada pelo administrado, ou quando há o dever da autoridade praticar determinado ato. Segundo orienta Celso Antônio Bandeira De Mello, quando a lei atribui o efeito de anuência tácita ou de denegação tácita não se trata de ato administrativo, mas sim de fato administrativo. Segundo ainda o reno-mado administrativista não há ato administrativo sem extroversão, por que: a) o ato tem que gerar segurança jurídica, por isso uma forma que confere certeza; b) o ato deve ser motivado; e c) direito de saber as razões da Administração em cada caso. Hely Lopes Meirelles ao esclarecer sobre o silêncio da Administração Pública, diz que a omissão ou rejeição da pretensão do administrado dependerá de norma expressa, sendo que haverá situa-ções em que a Administração Pública se expressará sem necessidade de emissão de ato administrativo. Caso a lei estabeleça um prazo para a manifestação da Administra-ção, sem que a mesma se manifeste, o silêncio adminis-trativo adquire o significado de aceitação tácita.

Alternativa “c”: incorreta. O princípio da reserva legal não se confunde com o princípio da legalidade. O princípio da legalidade orienta o administrador a agir conforme determina a lei, enquanto o princípio da reserva legal determina a aplicação de determinada espécie normativa a uma atuação definida no texto constitucional. Por exemplo, a reserva de lei impede que sejam utilizadas normas administrativas ou medidas pro-visórias para substituir as leis em determinadas situações.

Alternativa “d”: incorreta. O princípio da publi-

cidade encontra previsão constitucional no art. 37, caput, da CF, e também no art. 5º, incisos XXXIII; XXXIV e LXXIV, da CF, tendo como objetivo que o administrado tenha conhecimento do que está sendo feito com seus direitos, além de em algumas hipóteses a publicidade funcionar como condição de eficácia (Exemplo: art. 61, parágrafo único da Lei de Licitações). O princípio da publicidade alcança toda a atividade estatal, para que a Administração Pública possa divulgar oficialmente seus atos e propiciar conhecimento a seus próprios agen-tes. As exceções ao princípio da publicidade possuem contornos constitucionais e podem ser admitidas nos casos expressos na própria CF: a) art. 5º, inc. X, da CF, nos casos de inviolabilidade da intimidade, da vida pri-vada e da honra; b) art. 5º, inc. XXXIII, da CF, quando as informações forem imprescindíveis para a segurança da

sociedade e do Estado e c) art. 5º, inc. LX, da CF, ocasião em que a publicidade poderá ser restrita nos casos de defesa da intimidade ou o interesse social exigir.

(FUNDEP – Promotor de Justiça – MG/2014) Segundo dispõe o artigo 37, da Constituição Federal, a adminis-tração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoa-lidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Assinale a alternativa INCORRETA no que diz res-peito às restrições excepcionais ao princípio constitu-cional da legalidade:

a) A edição de medidas provisórias.

b) A expedição de portarias.

c) A decretação do estado de defesa.

d) A decretação do estado de sítio.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do Autor: De acordo com o princípio da legalidade, também previsto no art. 37, caput, da CF, a Administração Pública somente poderá praticar con-dutas permitidas pela Lei. Segundo esclarece Odete Medauar, quatro são os significados que operaciona-lizam o princípio da legalidade na visão do francês Eisenmann: “a) a Administração só pode editar medidas que não sejam contrários à lei; b) a Administração só pode editar atos e medidas que uma norma autoriza; c) somente são permitidos atos cujo conteúdo seja con-forme a um esquema abstrato fixado por norma legis-lativa; d) a Administração só pode realizar atos ou medi-das que a lei ordena fazer.”11. Atenção! O princípio da juridicidade amplia a submissão à “lei” em sentido em sentido forma, obrigando os agentes públicos a respei-tarem além da lei, outros instrumentos normativos exis-tentes na ordem jurídica. Pelo princípio da juridicidade rompe-se o conteúdo tradicional do princípio da legali-dade, obrigando a Administração Pública a respeitar o que se convencionou chamar de bloco da legalidade: a) Constituição Federal; b) medidas provisórias; c) trata-dos e convenções; d) costumes; e) aos administrativos normativos, como os decretos e regimentos internos; f) Constituições Estaduais e Leis Orgânicas; g) decretos legislativos e resoluções; e h) princípios gerais de direito.

Alternativa correta: letra “b”: O conteúdo está incorreto. As portarias não são exceções ao princípio da legalidade. As portarias são atos administrativos inter-nos através dos quais os chefes de determinados órgãos e repartições públicas, com a finalidade de expedir determinações gerais ou especiais aos seus subordi-nados, ou ainda servirá para designar servidores para funções ou cargos secundários. As portarias são subor-dinadas diretamente à Lei a qual lhe dará fundamento. Os atos administrativos são revestidos de tipicidade, ou

11. MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 16 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012. p. 136

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 34 12/05/2016 17:34:47

Page 12: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 93

Capítulo II – Princípios da Administração Pública

Fábio Goldfinger

DICAS

II.1. REGIME JURÍDICO

• Princípios – conceito – alicerces da ciência e deles decorrem todo o sistema normativo.

Atenção! Os princípios administrativos são aplicáveis aos três Poderes e a toda Administração Pública, direta ou indireta.

• Principais funções dos princípios:

FUNÇÃO HER-

MENÊUTICA

A utilização do princípio como ferramenta de esclarecer o conteúdo do dispositivo analisado.

FUNÇÃO IN-

TEGRATIVA

Suprir lacunas em caso de ausência expressa de regra.

• Categorias de princípios que incidem sobre o

direito administrativo:

PRINCÍPIOS APONTAMENTOS

Princípios funda-

mentais

- são os que estão expressos na Cons-tituição Federal de forma explícita ou implicitamente.

Princípios gerais- são as proposições básicas aplicadas

de forma integral do sistema jurídico.

Princípios do

direito público

- são princípios jurídicos que informam o Direito Público

Princípios gerais

do direito admin-

istrativo

- são proposições que se aplicadas à execução das atividades da adminis-tração pública.

Princípios seto-

riais do direito

administrativo

- são princípios informativos de especi-ficidades do Direito Administrativo.

• Princípios fundamentais:

PRINCÍPIOS APONTAMENTOS

Princípio da

segurança

jurídica

- garantia de previsibilidade no emprego do poder

Princípio

republicano

- regime político em que define o espaço público em que são caracterizados e identificados interesses públicos.

Princípio

democrático

- forma de governo adotada por um Estado em que se sobressai a vontade popular.

Princípio da

cidadania

- cidadão é identificado como o protago-nista político do Estado.

Princípio da

dignidade da

pessoa humana

- postulado da supremacia do Homem sobre suas próprias criações.

Princípio da

participação

- possibilidade aos cidadãos de escolhe-rem quem governa e como governa.

• Princípios gerais:

PRINCÍPIOS APONTAMENTOS

Princípio da

Legalidade- submissão do agir à lei.

Princípio da

Legitimidade

- informa a relação entre a vontade geral do povo e as suas expressões políticas, administrativas e judiciárias.

Princípio da

Igualdade

- igualdade de todos perante a lei e a vedação de discriminação.

Princípio da

Publicidade

- ciência dos atos e a submissão dos mes-mos ao controle.

Princípio da

Realidade

- as ações da Administração deverão ter condições objetivas de serem efetiva-mente cumpridas em favor da socie-dade à que se destinam.

Princípio da Re-

sponsabilidade

- diversas competências para agir são atribuídas aos órgãos, entes ou agentes do Estado, sendo que cada uma delas gera uma responsabilidade.

Princípio da Re-

sponsividade

- é a reação governamental, que deve ser a normalmente esperada e exigida, ante a enunciação da vontade dos governados.

Princípio da

Sindicabilidade

- possibilidade jurídica de submissão de qualquer lesão de direito ou ameaça de lesão à algum tipo de controle.

Princípio da San-

cionabilidade

- possibilidade de aplicação de sanções administrativas.

Princípio da

Ponderação

- método para a solução de aparentes conflitos principiológicos.

• Princípios gerais do Direito Público:

PRINCÍPIOS APONTAMENTO

Princípio da

Subsidiarie-

dade

- prescreve o escalonamento de respon-sabilidade de atribuições entre entes ou órgãos, em função da complexidade do atendimento dos interesses da socie-dade.

Princípio da

Presunção de

Validade

- os atos administrativos gozam de presun-ção de validade até a prova em contrário.

Princípio da In-

disponibilidade

do Interesse

Público

- nas relações tipicamente públicas, o interesse público e, com isso, prioriza seu atendimento sobre os demais inte-resses, em determinadas condições.

Princípio do

Devido Proces-

so da Lei

- submissão estrita as exigências formais de obediência a rigorosas sequencias dos atos que devam ser praticados pelo Estado, constitucionalmente inafastáveis sempre que atinja a liberdade ou os bens de uma pessoa.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 93 12/05/2016 17:34:55

Page 13: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger94

PRINCÍPIOS APONTAMENTO

Princípio da

Motivação

- enunciar as razões de fato e de direito que autorizam ou determinam a prática de um ato jurídico.

Princípio da De-

scentralização

- repartição do exercício estatal entre diversas entidades e órgãos de criação constitucional e legal.

Princípio do

Contraditório- oitiva da parte contrária.

• Princípios gerais do Direito Administrativo:

PRINCÍPIOS APONTAMENTOS

Princípio da

Finalidade

- consiste no atendimento finalístico do interesse público.

Princípio da Imp-

essoalidade

- a Administração Pública não pode dis-tinguir onde a lei não o fez; não pode perseguir interesses pessoais; e o Estado não pode atuar em seu benefí-cio, mas sim no da sociedade.

Princípio da

Moralidade

Administrativa

- o administrador não pode administrar mal: a) desvio de finalidade pública; b) atos sem finalidade; e c) ineficiência grosseira.

Princípio da Dis-

cricionariedade

- permissão legal ao administrador público para que este possa fazer a necessária integração casuística para satisfazer a necessidade pública.

Princípio da Con-

sensualidade

- privilégio do consenso para atingir de forma mais célere e menos dispendiosa o interesse público.

Princípio da

Razoabilidade

- adequar a medida para atender o resultado pretendido; necessidade da medida; proporcionalidade, entre os inconvenientes resultantes da medida e o resultado a ser alcançado.

Princípio da Pro-

porcionalidade

- justo equilíbrio entre os sacrifícios e os benefícios resultantes da ação do Estado.

Princípio da Ex-

ecutoriedade ou

da autoexecuto-

riedade

- possibilidade jurídica da Administra-ção aplicar a execução da vontade con-tida na lei, de modo direto e imediato, empregando seus próprios meios exe-cutivos, incluindo a coerção.

Princípio da

Continuidade

- veda a solução de continuidade nas atividades a serem desenvolvidas pelo Estado, salvo se houver previsão legal.

Princípio da

Especialidade

- determina que cada órgão, ente ou agente, possua um campo ou setor de administração que lhe é próprio, visando os fins nele especificados.

Princípio Hi-

erárquico

- visa à coordenação e a subordinação dos entes, órgãos e agentes entre si e à distri-buição escalonada de suas funções.

Princípio

Monocrático

- a vontade do Estado é assimilada a von-tade expressada no agente competente (poder exercido unipessoalmente).

Princípio do

Colegiado- criação e atuação de órgãos coletivos.

PRINCÍPIOS APONTAMENTOS

Princípio da

Disciplina

- existência de um sistema sancionatório direto e imediato, aplicado executo-riamente, em razão da hierarquia, sem necessidade prévia decisão judicial.

Princípio da

Eficiência

- melhor realização possível da gestão dos interesses públicos, para satisfazer os administrados com o menor custo possível para a sociedade.

Princípio da

Economicidade

- relacionado com o aspecto financeiro da Administração Pública.

Princípio da

Autotutela

- dever da Administração Pública contro-lar seus próprios atos quanto à legali-dade e à adequação ao interesse público.

• Princípios setoriais do Direito Administrativo

– são aqueles que informam de forma específica dentro de determinados temas (dentro) do direito administrativo.

• O Direito Administrativo possui dois princípios dos quais derivam todos os demais princípios e normas do Direito Administrativo, estes conhecidos como supraprincípios ou superprincípios:

SUPREMACIA

DO INTERESSE

PÚBLICO SOBRE

O PRIVADO

Há a presunção de que toda a atuação do Estado esteja pautada pelo interesse público, de onde se extrai das leis, Constituição Fede-ral e da manifestação da “vontade geral”.

INDISPONIBILI-

DADE DO INTER-

ESSE PÚBLICO

Os agentes públicos devem atuar não segundo a sua vontade, mas sim do modo determinado pela legislação.

II.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EX-

PLICITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• Cinco são os princípio de direito administrativos expressos no art. 37, caput, da CF:

L Legalidade

I impessoalidade

M Moralidade

P Publicidade

E Eficiência

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Princípio da legalidade pública ≠ legalidade privada

LEGALIDADE PÚBLICA LEGALIDADE PRIVADA

Atuação dos agentes públicos Atuação dos particulares

Administração só pode fazer o que estiver permitido pela lei ou por ela determinado

O particular pode fazer tudo o que não estiver proibido em lei

Implicitamente o que a lei não proíbe está proibido

Implicitamente o que a lei não proíbe é permitido

O silêncio da lei é proibição O silêncio da lei é permissão

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 94 12/05/2016 17:34:55

Page 14: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 95

• Princípio da juridicidade: por este princípio os agentes públicos não devem respeitar apenas a Lei, mas também a todos outros instrumentos nor-mativos existentes na ordem jurídica, ampliando,

assim, o conteúdo tradicional do princípio da lega-

lidade. É o que se convencionou denominar de

bloco da legalidade:

BLOCO DA LEGALIDADE

Constituição Fedral, Emendas Constitucio-nais, Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.

Costumes e Princí-pios gerais de direito.

Medidas Provisórias, decretos legislati-vos, resoluções e atos administrativos normativos, como os regimentos e decretos.

Tratados e Conve-ções Internacioanis

• Princípio da Legalidade: a Administração Pública somente poderá praticar condutas autorizadas em lei.

EXCEÇÕES AO

PRINCÍPIO DA

LEGALIDADE

Medida Provisória (art. 62 da CF)

Estado de Defesa (art. 136 da CF)

Estado de Sítio (art. 137 da CF)

• Significado de operacionalização do princípio da legalidade pelo francês Eisenmann:

a) a Administração só pode editar medidas que não sejam contrários à lei;

b) a Administração só pode editar atos e medidas que uma norma autoriza;

c) somente são permitidos atos cujo conteúdo seja conforme a um esquema abstrato fixado por norma legislativa;

d) a Administração só pode realizar atos ou medidas que a lei ordena fazer.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

• Princípio da impessoalidade – há duas vertentes para a explicação deste princípio:

a) Toda a atuação da Administração Pública deve ser voltada ao interesse público, deve ter como finalidade a satisfação ao interesse público;

b) Vedação da promoção pessoal pelo agente público, às custas da Administração Pública.

• O art. 37, §1º, da CF prevê a proibição expressa da promoção pessoal do agente público.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE

• Princípio da Moralidade é um requisito de validade do ato administrativo;

• O art. 85, inc. V, da CF, prevê que é crime de respon-sabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a probidade administrativa.

• Princípio da Moralidade:

Dever de atendimento e res-

peito aos padrões éticos de

- boa-fé

- decoro

- lealdade

- honestidade

- probidade

Atenção! A moral administrativa é diferente da moral comum, pois aquela torna possível a invalidação de atos administrativos que ofendem ao princípio da moralidade.

• O Princípio da Moralidade possui referência de padrões de comportamentos a serem observados pelos agentes públicos nos seguintes diplomas legais, entre outros: art. 2º, parágrafo único, inc.

IV, da Lei nº 9.784/99; art. 166 da Lei nº 8.112/90;

Decreto nº 1.171/94 (Código de Ética Profissio-

nal do Servidor Público Federal) e o Decreto nº

6.029/2007 (Sistema de Gestão Ética Poder Exe-

cutivo Federal).

• O Princípio da Moralidade possui também um

viés dirigido ao administrado, pois este tam-

bém é um dever imposto ao administrado (art.

4º, inc. II, da Lei nº 9.784/99).

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

• O Princípio da publicidade apresenta também duas acepções:

a) Exige que o ato administrativo seja publicado em um órgão oficial como requisito de eficácia dos atos administrativos que devam produzir

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 95 12/05/2016 17:34:55

Page 15: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger96

efeitos externos e dos atos que impliquem em ônus ao patrimônio público;

b) Exige a transparência na atuação administrativa.

• Decorrem do Princípio da publicidade: o direito de petição aos Poderes Públicos; e o direito à obtenção de certidões em repartições públicas (art. 5º, inc. XXXIV, “a” e “b”, respectivamente).

• Princípio da publicidade: dever de divulgação dos atos oficiais.

Exceções ao princípio da publicidade

HIPÓTESES FUNDAMENTO LEGAL

Segurança do Estado Art. 5º, inc. XXXIII, da CF

Segurança da sociedade Art. 5º, inc. XXXIII, da CF

Intimidade dos envolvidos Art. 5º, inc. X, da CF

• São finalidades da publicidade dos atos adminis-trativos:

Exteriorizar a vontade da Administração Pública divulgando seu conteúdo para conhecimento público

Permitir que se realize o controle de legalidade

Tornar exegível o conteúdo do ato administrativo

Produzir uma reação de efeitos do ato administrativo

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

• Princípio da Eficiência – é um dos princípios expressos do art. 37 da CF, e traduz-se na ideia de que a Administração Pública deve agir de modo rápido e preciso, produzindo resultados que satis-façam a população.

• Características do Princípio da Eficiência:

Características do Princípio da eficiência

direcionar a efetividade do bem comum;

imparcialidade da atuação administrativa;

neutralidade

transparência nas ações administrativas;

participação;

aproximação entre a sociedade e os serviços públicos;

Características do Princípio da eficiência

desburocratização;

busca da qualidade.

• Regras constitucionais que expressam a aplicação do princípio da eficiência pelo Poder Público:

Reconhecimento Expresso do Pirncípio da eficiência (art. 37, caput, da CF)

Escola de governo (art. 39, §1º, da CF)

Introdução do Contrato de Gestão (art.37, §8º, da CF)

Avaliação Periódica de desempenho do servidor público (art. 41, §1º, inc.III, da CF)

Emenda

Constitucional

nº 19/98

• Cuidado! É errônea a interpretação de que em nome da eficiência, a legalidade deverá ser sacrifi-cada, pois deve haver a busca da eficiência, dentro da legalidade.

II.3. DEMAIS PRINCÍPIOS DA ADMINIS-

TRAÇÃO PÚBLICA

• Princípio da Supremacia do Interesse Público

sobre o privado – é um princípio do direto público em geral, implícito, que decorre das instituições adotadas no Brasil, onde se presume que toda a atuação do Estado esteja pautada pelo interesse público, de onde se extrai das leis, Constituição Federal e da manifestação da “vontade geral”.

• Princípio da proporcionalidade: proibição de exa-geros no exercício da função administrativa. Des-dobramento da proporcionalidade pela doutrina alemã:

Adequação: aptidão para atingir a finalidade

Necessidade ou

exigibilidade: utilização de meios menos restritivos

Proporcionalidade

em sentido estrito

Proporção entre a finalidade e o meio utilizado

• Princípio da Finalidade: as prerrogativas públicas não devem ser utilizadas para atingir fins diversos dos previstos nas leis. O princípio da finalidade pos-sui dois aspectos:

FINALIDADE

GERAL

Proibição da utilização das prerrogativas públicas para interesses diversos daqueles previstos em leis.

FINALIDADE

ESPECÍFICA

Proibição da prática de atos administrativos em hipóteses diferentes das previstas em lei.

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 96 12/05/2016 17:34:55

Page 16: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Capítulo II – Princípios da Administração Pública 97

• Princípio da confiança legítima ou da segurança

jurídica em sentido subjetivo: exige do Estado uma atuação leal e coerente do Estado, de maneira a proibir comportamentos administrativos contra-ditórios.

• Exclusão do princípio da proteção à confiança:

Excluem o princípio da

proteção à confiança

má-fé do particular

mera expectativa de direito do beneficiado

• TEORIAS RELACIONADAS AO PRINCÍPIO DA SEGU-

RANÇA JURÍDICA:

Teoria da autovincu-lação ou autolim-

itação

a Administração Pública não poderá promover alterações repentinas no seu padrão decisório.

Teoria dos atos

próprios ou venire contra factum

proprium

a Administração Pública está proi-bida de adotar um comportamento contraditório com a postura por ela antes assumida.

Teoria do

prospective overruling

a mudança de orientação juris-prudencial dos Tribunais somente poderá ser aplicada a casos futuros, vedando-se a aplicação retroativa da nova interpretação.

• Princípio da motivação – pelo princípio da moti-vação a Administração Pública deverá indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisões.

• O motivo e a motivação não se confundem. O motivo são as circunstâncias de fato ou de direito que autorizam ou determinam a prática de algum ato certo, enquanto a motivação é a exposição dos motivos feita pela autoridade administrativa, inte-grando a formalização do ato.

• O art. 50 da Lei nº 9.784/99 prevê algumas hipó-teses em que os atos administrativos deverão ser necessariamente motivados.

• Princípio da autotutela. Este princípio dispõe que a Administração deverá velar pela legalidade, conveniência e oportunidade dos atos que pratica, através do controle de legalidade (anulação de atos ilegais) e o controle de mérito (revogação de atos inoportunos e inconvenientes).

• Princípio da Hierarquia. Através deste princí-pio caracteriza-se uma relação de coordenação e subordinação entre os órgãos da Administração Pública, decorrendo, assim, algumas prerrogativas, como: a) rever os atos dos subordinados; b) delegar ou avocar competências; c) punir subordinados.

• Princípio da continuidade dos serviços públicos.

A prestação do serviço público deverá ser ininter-rupta, ou seja, o serviço público não poderá parar.

• Princípio da presunção de legitimidade. Pelo fato da atuação administração ocorrer de acordo com a lei e com o direito, presume-se que todo o ato administrativo seja legal.

• Na presunção de legitimidade a presunção é rela-tiva, pois admite-se prova em contrário.

SÚMULAS

II.1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

1.1. SÚMULA DO STF

• Súmula nº 636: “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitu-cionais pela decisão recorrida”.

II.2. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRA-

ÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO SETOR

2.1. SÚMULAS DO STF

• Súmula nº 556: “Competência – Julgamento –

Sociedade de Economia Mista. É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.”

• Súmula nº 517: “Sociedades de Economia Mista

– Foro – Intervenção da União como Assistente

ou Opoente – As sociedades de economia mista só tem foro na justiça federal, quando a união inter-vém como assistente ou opoente.”

• Súmula nº 501: “Competência – Processo e Jul-

gamento – Acidente do Trabalho – Contra a

União, suas Autarquias, Empresas Públicas ou

Sociedades de Economia Mista – Compete a jus-tiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.”

• Súmula nº 620: “Sentença Proferida Contra

Autarquias – Reexame Necessário – Sucumbên-

cia em Execução de Dívida Ativa – A sentença proferida contra autarquias não está sujeita a ree-xame necessário, salvo quando sucumbente em execução de dívida ativa.”

2.2. SÚMULAS DO STJ

• Súmula nº 324: “Compete à Justiça Federal pro-cessar e julgar ações de que participa a Fundação Habitacional do Exército, equiparada à entidade autárquica federal, supervisionada pelo Ministério do Exército.”

• Súmula nº 497: “Os créditos das autarquias fede-rais preferem aos créditos da Fazenda estadual desde que coexistam penhoras sobre o mesmo bem.”

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 97 12/05/2016 17:34:55

Page 17: Capítulo II€¦ · Capítulo II – Princípios da Administração Pública Fábio Goldfinger QUESTÕES ` CF, art. 37, caput ` Lei nº 9.784/99, art 2º II.1. REGIME JURÍDICO ADMINISTRA-TIVO

Fábio Goldfinger98

INFORMATIVOS

STF – Art. 37, § 1º, da CF e promoção pessoal

Em conclusão de julgamento, a 2ª Turma, por maioria, não conheceu de recurso extraordinário interposto de acórdão que mantivera sentença que julgara procedente pedido formulado em ação popular ajuizada contra prefeito, por afronta aos princí-pios da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, § 1º), em razão do uso de símbolo e de slogan político-pesso-ais nas diversas formas de publicidade e/ou divulgação de obras e eventos da prefeitura. O então prefeito reiterava a assertiva de ofensa ao art. 37, § 1º, da CF, porquanto a interpretação conferida pela Corte de origem ao referido dispositivo constitucional, que não mencionaria o vocábulo slogan, seria errônea ao considerar a utilização de símbolo – o elo de uma corrente – e o bordão “uni-dos seremos mais fortes” como conflitantes com o aludido artigo. Arguia possível a conclamação do povo por meio de palavras de ordem e afirmava, ainda, que o símbolo por ele utilizado fora criado por artista local e escolhido em concurso para dar signifi-cado à frase de exortação (slogan), não se enquadrando, pois, na vedação constitucional – v. Informativo 568.

Em assentada anterior, o Min. Joaquim Barbosa, na linha da jurisprudência do STF, não conheceu do recurso por demandar reexame de provas. O Min. Cezar Peluso, a seu turno, acompa-nhou essa conclusão, mas por fundamento diverso. Apontou não ser hipótese de incidência do Enunciado 279 da Súmula do STF (“Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordi-nário”), haja vista que o caso cuidaria de mera valoração jurídica de provas, e não de seu reexame sob aspecto factual. Explicou que, incontroversa a matéria de fato – o teor da expressão utili-zada, a imagem constante do símbolo, a circunstância de terem ambos sido efetivamente usados nas publicações oficiais e em dois sentidos possíveis –, dever-se-ia proceder apenas à qualifi-cação jurídica do que fora assentado nos autos, à luz do art. 37, § 1º, da CF. Nesse contexto, sublinhou que a vedação expressa no dispositivo não exigiria demonstração cabal de que a men-sagem – quando disfarçada – fosse efetivamente compreendida por todos os cidadãos. Aduziu que a referida possibilidade de se obter essa comprovação reduziria o âmbito da proibição consti-tucional ao caso de promoção pessoal direta, ostensiva e indis-farçada. Assim, rememorou orientação da Corte no sentido de que relevaria estimar se a publicidade oficial apresentaria indis-cutível possibilidade de associação indevida ao titular do cargo, o que pareceria impossível de se realizar na espécie.

Vencido o Min. Gilmar Mendes, relator, que provia o extraordiná-rio a fim de julgar improcedente a ação popular ao fundamento de que o acórdão impugnado teria aplicado equivocadamente o disposto no art. 37, § 1º, da CF, violando-o. Asseverava que se trataria de valoração das provas produzidas nos autos e não de seu reexame. Em seguida, reputava que, da mesma forma que se poderia proceder à leitura do símbolo e do slogan de acordo com aquela feita pelo recorrido/autor popular, também seria perfei-tamente possível, de maneira legítima, interpretar-se o mesmo símbolo como se um elo de corrente representasse, e à leitura do slogan como se diretamente relacionado à função do elo da

corrente, ou seja, à união que leva à força. Tendo isso em conta, entendia que as provas colacionadas, por si sós, seriam insufi-cientes para caracterizar a promoção pessoal do recorrente.

RE 281012/PI, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão, Min. Joaquim Barbosa, 20.3.2012. (RE-281012) (Informativo 659, 2ª Turma)

STF – ADI: divulgação de obras públicas e princípio da

publicidade.

É constitucional lei que obriga o Poder Executivo estadual a divulgar na imprensa oficial e na internet a relação completa de obras atinentes a rodovias, portos e aeroportos, visto que editada em atenção aos princípios da publicidade e da transpa-rência, a viabilizar a fiscalização das contas públicas. ADI 2444/RS, rel. Min. Dias Toffoli, 6.11.14. Pleno. (Info 766)

STF – ADI e vedação ao nepotismo.

Lei do Estado de Goiás. Criação de exceções ao óbice da prá-tica de atos de nepotismo. A cláusula vedadora da prática de nepotismo no seio da Administração Pública, ou de qualquer dos Poderes da República, tem incidência verticalizada e ime-diata, independentemente de previsão expressa em diploma legislativo. A previsão impugnada, ao permitir (excepcionar), relativamente a cargos em comissão ou funções gratificadas, a nomeação, a admissão ou a permanência de até dois parentes das autoridades mencionadas na lei estadual e do cônjuge do chefe do Poder Executivo, além de subverter o intuito moraliza-dor inicial da norma, ofende irremediavelmente a CF. ADI 3745/GO, rel. Min. Dias Toffoli, 15.5.13. Pleno. (Info 706).

STF – Cargos em comissão e nepotismo.

A vedação a que cônjuges ou companheiros e parentes consan-guíneos, afins ou por adoção, até o segundo grau, de titulares de cargo público ocupem cargos em comissão visa a assegurar, sobretudo, cumprimento ao princípio constitucional da isono-mia, bem assim fazer valer os princípios da impessoalidade e moralidade na Administração Pública. II. A extinção de cargos públicos, sejam eles efetivos ou em comissão, pressupõe lei específica, dispondo quantos e quais cargos serão extintos, não podendo ocorrer por meio de norma genérica inserida na Constituição. III. Incabível, por emenda constitucional, nos Esta-dos-membros, que o Poder Legislativo disponha sobre espécie reservada à iniciativa privativa dos demais Poderes da Repú-blica, sob pena de afronta ao art. 61 da Lei Maior. IV. O poder constituinte derivado decorrente tem por objetivo conformar as Constituições dos Estados-membros aos princípios e regras impostas pela Lei Maior. Necessidade de observância do princí-pio da simetria federativa. ADI 1521/RS, rel. Min. Ricardo Lewan-dowski, 19.6.13. Pleno. (Info 711).

STJ – Publicidade acerca de passaportes diplomáticos.

O Ministério das Relações Exteriores não pode sonegar o nome de quem recebe passaporte diplomático emitido na forma do § 3º do art. 6º do Anexo do Dec. 5.978/06. MS 16.179-DF, rel. Min. Ari Pargendler, 9.4.14. 1ª S. (Info 543).

BOOK_Revisaco -Goldfinger-Bortoleto-Cirino -Dir ADM.-2ed.indb 98 12/05/2016 17:34:56