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2ª EDIÇÃO

Cara Nova Para o Brasil

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Cara nova para o Brasil é uma instigante proposta de reflexão sobre o modelo ideal do Estado Brasileiro para enfrentar os desafios do Século XXI, à luz do Princípio da Subsidiariedade entre as diversas entidades federativas e de um novo padrão constitucional. O livro merece ser lido por todos os que se preocupam pelo futuro da Pátria.

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  • 2 Edio

  • Cara NovaPara o BrasilAutonomia dos estados federados em matria tributria, legislativa, judiciria e administrativa, formando, por meio de uma nova Constituio, a Repblica dos Estados Federados do Brasil.

    2 Edio

  • Copyright: 2011 Instituto Federalista - IF Brasil Todos os direitos reservadosQualquer parte deste livro pode ser reproduzida, por qualquer meio, com finalidade didtica, pedaggica, citaes

    em outras obras, artigos, monografias, e qualquer tipo de trabalho literrio, desde que citada a fonte.

    Instituto Federalista e-mail: [email protected]

    Coordenao editorial: Ftima BeghettoFoto da capa: Edson ArajoArte-final da capa e diagramao: Snia Maria BorbaReviso: Ftima Beghetto

    CPI-BRASIL. CATALOGAO NA FONTE

    Korontai, ThomasK84 Cara Nova para o Brasil / 2 edio. / Thomas Korontai Curitiba: Multideia

    Editora, 2011.224 p.

    ISBN 978-85-86265-33-4

    1. Literatura. 2. Poltica. 3. Democracia. Ttulo. CDD 21. ed. 340.1

    Multideia Editora Ltda.Alameda Princesa Izabel, 221580730-080 Curitiba PR(41) [email protected] www.if.org.br

  • Cara NovaPara o BrasilAutonomia dos estados federados em matria tributria, legislativa, judiciria e administrativa, formando, por meio de uma nova Constituio, a Repblica dos Estados Federados do Brasil.

    2 Edio

    Thomas Korontai

    CuritibaMultideia

    2011

  • Dedico este trabalho aos brasileiros.

    Que tenhamos um pas do qual

    possamos nos orgulhar e dizer:

    Sim, eu moro no Brasil!

    Eu sou brasileiro!.

  • VIRANDO A PRPRIA PTRIAParafraseando o ttulo do best-seller Virando a prpria mesa, de Ricardo Semler. O SUCESSO, O DESENVOLVIMENTO E A PAZ SOCIAL NO OCORREM POR ACASOParafraseando o ttulo do livro O sucesso no ocorre por acaso, do Dr. Lair Ribeiro.QP, O QUOCIENTE POLTICO Parafraseando o ttulo do livro de Daniel Golemann I.E. A inteligncia emocional, criando o conceito do quociente emocional. Um livro s pode ter um ttulo, mas achei esses, que parafraseiam ttulos de best-sellers (com a mxima vnia aos autores dos ttulos originais), bastante apropriados, pois se referem ao sucesso e lgica do sucesso. Modestamente, o que este livro pretende, ou seja, mostrar o lado do sucesso ainda em potencial deste pas, mantido (?) na escurido para que ningum pudesse fazer, algum dia, por meio do voto, a opo preferencial pela riqueza1.

    UM NOVO FEDERALISMO. UMA NOVA CONSTITUIO. DEFINITIVA. SIMPLES. SINTTICA. DE PRINCPIOS!

    1 Ttulo original do livro do Embaixador J. O. de Meira Penna.

  • agradECimENtos

    No incomum observar que todo e qualquer trabalho, por mais individual que seja na concepo, necessita da ajuda de amigos, de pes-soas interessadas, para que se torne realidade. Este singelo, mas no menos pretensioso trabalho, reconheo, teve seu incio em 1995. Foi dado por concludo vrias vezes, mas nunca senti que j estivesse re-almente pronto. No tem jeito. Chega a hora em que o risco deve ser assumido. Recebi o incentivo de amigos, alguns cticos acerca de como uma pessoa como eu, sem formao jurdica, poderia escrever uma Constitui-o federal; outros mais otimistas, talvez confiando no background acu-mulado de quase vinte anos de aprendizado na defesa da tese federalista. frente de um movimento, precedido pelo Movimento Brasil Confedera-o (MBC) transformado no IF Brasil Instituto Federalista (), e ainda no Movimento Federalista (), no Poder Local () tendo ainda, um brao poltico, o Partido Federalista (), como veculo excipiente do remdio federalista para um Pas com a doena cr-nica do centralismo, realmente s tenho aprendido, tanto por meio de muita leitura, quanto de muita, muita, conversa e, muitas trocas de cartas e mais atualmente, mensagens eletrnicas, via e-mail. Assim, j no posso julgar-me como autor nico deste trabalho e sim, apenas o organizador de tantos anseios espalhados pelos rinces dos brasis neste territrio--continente. Quero agradecer a essas milhares de pessoas que tanto con-triburam e enriqueceram, sem imaginar que o estariam fazendo para se chegar ao final deste trabalho. Lamento no poder repartir os fantsti-cos lucros obtidos com os direitos autorais, em face da logstica de distri-buio... Brincadeiras parte, sabendo-se que no Brasil se l apenas um livro/ano/per capita em mdia, acredito que a contribuio deixada por essas pessoas simplesmente inestimvel.

  • thomas KoroNtai10 Registro tambm o agradecimento especial ao amigo Jorge Ernes-to Macedo Geisel, um dos homens mais cultos que j conheci, cuja amiza-de comeou em 1993, em uma visita que fiz a Braslia, quando fui chama-do para proferir uma pequena palestra sobre a proposta federalista, em face do meu primeiro livro, Brasil Confederao, para 14 deputados e 3 senadores. Alm de cultura, possuidor de uma viso de raro bom senso, embora ele afirme ser, s vezes, um tanto radical. Convicto, eu diria. Sou muito grato por enriquecer-me com tantos dados, pelos quilos de foto-cpias e cartas enviadas do Rio de Janeiro. E pelos milhares de e-mails trocados, aps o advento da internet. Sua contribuio inestimvel e inesquecvel. Igualmente, quero agradecer a um jovem, de mente brilhante e um conhecimento raro para to pouca idade: Lindolpho Cademartori, de Goinia, cuja relao s foi proporcionada graas fantstica tecnologia da internet. Embora ingressando no rol dos trabalhos j na ltima rees-crita, Cademartori, bacharel em Direito, hoje no Itamaraty e que ser um dos grandes diplomatas e um grande homem pblico deste pas, contri-buiu com a viso crtica dos detalhes, grande conhecedor de outros estu-dos constitucionais, dando o toque final ao texto como um todo, mesmo com algumas discordncias em alguns pontos de vista, naturalmente, e vali-me da paternidade da obra para teimar em mant-los sei que me compreender seja por falta de conhecimento mais amplo a mim, seja para realmente criar polmica, pois esta serve para provocar a respectiva reflexo, abrindo canais de percepo e criatividade. Agradecimento especial ao Brigadeiro Ivan Frota, a quem conheci e passei a admirar, quando dos eventos ligados ao escndalo do SIVAM, a partir de 1996, ocasio em que, ingressei com uma Ao Popular para a suspenso do discutido e controvertido contrato (em 1997), o que foi conseguido por sentena de mrito da Justia Federal. O Brigadeiro Frota, que j foi candidato Presidncia da Repblica, um grande brasileiro e um grande patriota, uma honra o seu prefcio nesta obra. Outra pessoa que muito honra este trabalho, com uma nota direta e objetiva, simplesmente um dos maiores, se no o mais importante, constitucionalista brasileiro, o Prof. Ives Gandra da Silva Martins, a quem agradeo a leitura e a confiana depositada nesta obra, uma motivao mpar para o objetivo proposto. Quero agradecer tambm, aos amigos convidados a ler este tra-balho, e que tiveram o condo de deixar suas impresses por escrito, re-

  • Cara Nova Para o Brasil 11gistradas nas pginas que denominei de Tribuna da Cidadania. Escolhi a dedo dentre pessoas ligadas ao Direito, Economia, Administrao e pes-soas que no so ligadas a reas que exijam, algum dia, uma Constituio. Suas opinies, pela diversidade de nveis intelectuais em face de suas ati-vidades, mas todos sob os mesmos preceitos da igualdade como cidados, demonstram, assim espero, que o texto pode ser compreendido por qual-quer cidado que, obviamente, saiba ler e escrever. Luciane Pansolin uma dessas amigas que tambm contribuiu com seu conhecimento como bacharel em Direito, aperfeioando alguns artigos do texto constitucional proposto e passagens que se demonstraram necessrios, bem como uma atenta reviso gramatical e ortogrfica, j que trabalha com isso.No poderia deixar de citar minha querida me, Madalena, que, acompanhando de longe, l da Hungria para onde voltou em 1983, en-viou uma carta especial, dentre as tantas que sempre trocamos, a qual pedi autorizao para public-la. Sua participao na minha formao, minha querida me, foi crucial, especialmente em uma inesquecvel situ-ao, quando eu, com 12 anos, j aprovado na ento quinta srie antes de ingressar no Colgio Militar de Curitiba, fiz uma redaozinha, apenas para constar, sobre a conquista da Lua pelo Homem (era 1969). Ela no a aceitou e exigiu que eu fizesse algo altura do que ela sabia que eu podia fazer. Fiz, e o texto foi escolhido para ser lido na reunio de final do ano dos pais e mestres. Nunca soube se houve influncia dela para que o texto fosse lido, mas sua atitude foi determinante para o resto da minha vida. Se no fosse isso, no estaria publicando meu terceiro livro. Muito obrigado, minha querida e amada me!Finalmente, um agradecimento inusitado, que sai da profundeza do meu ser, a Algo que no sei explicar, que iluminou a orientao deste trabalho, pois por vrias vezes foi difcil, e ainda o , acreditar que te-nha sido realmente possvel, dadas as minhas limitaes, escrever o texto constitucional que se prope a dar uma Cara Nova para o Brasil.

  • PrEfCio

    Democracia sim, mas com dignidade! No mais possvel acei-tar a truculncia da plutocracia, h sculos instalada, na conduo dos destinos do nosso pas. Desde a Colnia, passando pelo Imprio, pela Primeira Repblica e desaguando na Repblica Nova, at perodos di-tatoriais, este pas sempre foi governado pelo poder do dinheiro, pela influncia poltica e pelo poder econmico estrangeiro, mas jamais pela legtima vontade popular. Assim, nunca tivemos no Brasil uma verda-deira democracia. chegado o momento da grande virada e, com ela, a imprescind-vel mudana da prpria cultura nacional. Para tal, ter que haver um padro mnimo de dignidade de com-portamento e efetiva participao do indivduo no processo poltico nacional. Historicamente, o povo brasileiro tem se omitido nesse processo, dando ocasio a que hienas oportunistas se assenhoreiem do poder a fim de utiliz-lo como veculo para a obteno de seus corruptos benefcios pessoais.

    Cara Nova Para o Brasil, alm de uma anlise objetiva sobre o momento que vive a nao brasileira , antes de tudo, um exemplo edifi-cante da prtica da legtima cidadania por quem no aceita ser passivo ou omisso no esforo coletivo da conduo dos destinos de sua Ptria. Criador e lder do Movimento Federalista no Brasil, Thomas Korontai transforma este livro em verdadeiro manual da filosofia poltica que preconiza para o Brasil.Repito que a construo de um Brasil Grande ter que passar por radical aperfeioamento da cultura e da atitude mental de seu povo, o que tem sido, ultimamente, buscado por meio de grande variedade de movi-mentos de cidadania que desembocam sempre no esturio da defesa da

  • thomas KoroNtai14nacionalidade e na exortao a um comportamento mais participativo do indivduo como membro da sociedade. O leitor ter a oportunidade de fazer a sua prpria anlise nos mo-mentos em que navega por este atraente documento. O que me encanta no so os detalhes de suas posies prprias sobre alguns tpicos controverti-dos em que penetra para justificar a Carta Magna que preconiza, e sim pela sua esplndida demonstrao de exerccio da democracia participativa, sem dvida, um dos nicos caminhos para se alcanar um governo honesto, ob-jetivo e verdadeiramente exercido pelo povo. O anseio de ter-se uma Constituio prtica, resumida e, sobretu-do, perene, sempre foi um sentimento coletivo comum. O alcance de tal objetivo est fortemente ligado filosofia de consider-la uma carta de princpios gerais e no uma colcha de retalhos de leis menores e plena de detalhes casusticos. Entendo que um pas-continente como o Brasil, constitudo de regionalismos fortemente desiguais, ter de ser administrado de forma aberta e essencialmente descentralizada. Tal sentimento federalista, longe de estimular pensamentos se-paratistas, muito pelo contrrio, ser fator preponderante para exorci-zar definitivamente tal fantasma, inviabilizando pretextos hoje utilizados pelos traidores da Ptria e pela cobia internacional, tais como, a falta de liberdade administrativa e a injustia fiscal a que ficam submetidos os Estados-membros, quando dirigidos centralizadamente pelo governo federal. Orgulha-me, pois, ter sido convidado para prefaciar este livro, o qual certamente trar uma forte contribuio para o aperfeioamento de-mocrtico e do sistema de governo de nosso pas, ressaltando seu valor para tal fim, mormente por ter tido origem na primeira gerao nacional de imigrante digno que acreditou nesta Terra de Santa Cruz, adotando-a como bero de seu bem maior: a prpria famlia.

    Ivan FrotaPresidente da Academia Brasileira de Defesa. Tenente-brigadeiro do Ar da Reserva. Foi membro do Alto Comando da Aeronutica e Comandante Geral do Ar e, dentre outras atribuies e qualificaes, autor do projeto VIGILAM que derivou mais tarde para o SIVAM Sistema de Vigilncia da Amaznia contra o qual promoveu denncias e demais aes para impedir a contratao do sistema por uma empresa norte-americana, no escndalo divulgado em meados de 1995 pela revista Isto.

  • Cara Nova para o Brasil uma instigante proposta de reflexo sobre o modelo ideal do Estado brasileiro para enfrentar os desafios do sculo XXI, luz do Princpio da Sub-sidiariedade entre a diversas entidades federativas e de um novo padro constitucional.

    O livro merece ser lido por todos os que se preocu-pam pelo futuro da Ptria.

    Ives Gandra da Silva MartinsProfessor e jurista

  • Carta dE madalENa horwath (Ex-Korontai), Para Seu Filho Thomas

    Gyor, Hungria, 17 de janeiro de 2010.

    Filho, meu querido Thomas,

    H poucos dias ainda voc estava aqui e j faz uma falta enorme, mas sua visita foi maravilhosa. Vendo voc trabalhando no seu projeto federalista em sua mquina infernal [notebook], senti que no foi em vo ter abando-nado a Hungria na poca do comunismo. Sei que seu proje-to uma luta tambm contra as tentativas de implantao disso no Brasil, tenho acompanhado de longe, um regime besta e desumano, sei bem disso, pois, depois da Guerra Mundial, sobrevivi e vi pessoas queridas e parentes ficarem sem casa, sem nada, de um dia para o outro. Tantas pessoas que foram jogadas de suas terras e casas que pertenciam a seus pais e avs. Lembro da minha me, quando ns, mi-nha irm e eu nos abravamos, porque queriam colocar pessoas estranhas para morar conosco e minha me grita-va, ameaando se jogar com ns duas abraadas do segun-do andar do prdio. No sei como, mas ela conseguiu que desistissem.

    Lembro tambm da mala pronta do meu pai, que era diretor de banco, pois nunca se sabia quando a Pol-cia viria busc-lo. No de admirar que teve a Revoluo Hngara em 1956, mas somente ficou a gloriosa data, pois vieram os tanques soviticos e verdadeiramente passaram por cima de ns, o povo. Foi nessa hora que decidi sair do pas. Graas a Deus que, com seu pai, Mikls, que era pro-curado por eles, conseguimos fugir, pois aqui, a luta con-

  • thomas KoroNtai18

    tinuou por mais 40 anos. Sequer imaginava que a escolha do Brasil seria to importante, pois logo que chegamos em So Paulo, dois meses aps, voc nasceu.

    Os problemas da Hungria se agravaram com o co-munismo, pois as pessoas se acostumaram com o pouco que tinham, praticamente nada, vivendo um dia aps o ou-tro, sem esperanas, sem responsabilidade por nada, pois o governo tudo d e arruma tudo. Fizeram neste povo uma lavagem cerebral que infelizmente dura at hoje. Muita gente ainda tem raiva, at dio, das firmas internacionais, dos shopping centers, tudo que significa modernidade, crescimento, dizendo que era bom o que tinha antigamen-te, no comunismo, achando ruim at mesmo viajar para fora do pas para qu? e quando algum pensa dife-rente, acham ruim. Meu querido, eu nunca poderia imagi-nar que 40, 50 anos de comunismo pudessem fazer to mal s cabeas de seres humanos. Ser preciso uns cem anos para mudar os pensamentos, a mentalidade. Se imaginas-se isso, talvez nunca tivesse voltado, como fiz, mas o amor pela minha me era muito grande, alm do mais, estava aqui tambm a Cica (pronuncia-se tsitsa um apelido ca-rinhoso que significa gatinha), minha filha. Voc sabe que tive que escolher na hora de fugir entre ir para priso ou deix-la na Hungria.

    Apesar de tudo, fico feliz por ter feito a escolha cer-ta, pois assim dei a vida a voc, em outro pas, no Brasil que aprendi a amar, e sei que a educao, principalmente a es-cola militar e a f que sempre tive no Brasil valeram a pena, valorizando o sofrimento tpico de tantos imigrantes como eu. E vendo a probabilidade de voc alcanar o que prope muito me gratifica. Tenho f e acredito que voc ter fora para impedir que esse pas maravilhoso no caia nas mos de gente fraca, engolindo estrias de igualdade e vida boa, pois isto tudo mentira, e s quem viveu isso sabe disso, sen-tiu isso, perdendo pai, filhos, casa e at a vida.

    Oh, meu anjo, uma vida inteira seria pouco para conversarmos sobre isto, mesmo depois de tantas conver-sas que j tivemos. Peo que tenha sempre esta carta em seu alcance, e quando se sentir cansado ou desanimado,

  • Cara Nova Para o Brasil 19

    leia-a e saiba que eu entendo porque voc veio para este mundo e que nada aconteceu por acaso, porque voc tem uma misso muito importante para com o Brasil. Voc sabe o quanto gostei, amei o Brasil, mas tive que fazer outra es-colha difcil para viver o resto dos dias que minha me ti-nha comigo.

    Querido filho, me desculpe se escrevi tanto, mas sabe, quando escuto que em algum lugar existe o perigo de o comunismo entrar, ainda mais no Brasil, fico desespera-da, pois eu j sei o que vai acontecer naquele pas, o que vai acontecer com aquele povo, pois, para enganar todo mun-do, colocam na frente deles (do povo) um barbante melado e depois, que atrados para a sopa preta, com todo mun-do dentro do barril, ser tarde, no haver mais como se mexer. Mas chega, filho, fico nervosa demais quando trato disso. Desculpe-me.

    Beijos e abraos para todos os meus netos, para a Edith e ao Paulinho.

    Saudades, mil beijos, te amo, Me

  • alguNs CoNvidados

    Antes de publicar este livro, enviei os originais para alguns amigos, procurando saber se o contedo proposto, especialmente a nova Constituio, seria compreendido tan-to pelos que acompanham mais de perto os problemas na-cionais quanto por aqueles que no esto na lida direta de questes dessa natureza. Afinal, o que espero mesmo que o cidado comum consiga, finalmente, ter acesso a um Estatuto Nacional, tido sempre como hermtico, de domnio quase que exclusivo dos operadores do Direito. Agradeo aos diletos amigos que foram gentis com suas observaes, mesmo sabendo que no existe concordn-cia deles com tudo que escrevi. E agradeo tambm aos que receberam os originais, por terem lido, mesmo decidindo no se pronunciar, e aos que decidiram apenas se pronunciar de modo particular. Sempre aprendo muito, e fico maravilhado com a extraordinria diversidade de vises sobre os proble-mas e solues que queremos para o nosso pas. essa diver-sidade que merece liberdade, por isso, o federalismo pleno das autonomias locais.

  • Algum dia voc j parou para pensar por que um pas como o nosso, to rico em diversidades, livre de fenmenos cli-mticos muito acentuados, com dimenses continentais e com um povo to trabalhador, criativo, inteligente e otimista pode ainda estar capengando em pleno sculo XXI? H pouco mais de 60 anos, os pases da Europa estavam literalmente destrudos pela Segunda Grande Guerra. Ns no tivemos um prdio des-trudo!! No precisamos nos esforar muito para ver a diferen-a em termos de desenvolvimento e oportunidades. Diante do marasmo de ideias e propostas objetivas por parte do governo que tivemos todo esse tempo, algumas pessoas, voluntariamen-te, esto tomando suas posies, e uma delas o autor deste livro, e nele encontramos uma proposta realmente diferente e ousada, mas perfeitamente realizvel.

    Se no passado cometemos erros e retrocessos, sempre ser possvel escrever um novo futuro. Fazendo a minha parte em divulgar as ideias contidas nesta obra, espero contribuir e estar viva e lcida para ver esta transformao!

    Ftima Beghetto Empresria, Multideia Editora

  • A soluo para o desenvolvimento, apontada por Thomas Korontai, no diz respeito mera implementao jurdica do regime federativo em nosso pas. E nem poderia, porque o Fe-deralismo representa um conjunto de normas formais e infor-mais que guiam as relaes socioeconmicas dos indivduos.

    Assim, no se trata de simples transformao a ser im-posta pela legislao. Ao contrrio, a proposta de uma cara nova para o Brasil direciona ao exerccio pleno da liberdade dos cidados, para que a nao possa usufruir, integralmente, da verdadeira democracia.

    A obra sugere mudanas considerveis ao modelo de regime atual, mas com observncia do princpio da igualda-de. Mas igualdade entre os iguais, isto : proporcionalidade na gerao dos recursos necessrios em cada regio, bem como autonomia legislativa a cada estado da Federao, para pro-duo de leis adequadas a cada especialidade local. Com isso, a norma jurdica atingir, efetivamente, o resultado para o qual ser criada, pois o Brasil apresenta inmeras desigualdades locais, e somente poder apresentar nova cara quando sua essncia tambm for transformada, o que plenamente vivel, conforme sugestes vertentes do presente estudo.

    Cumprimentos ao autor pela realizao desta obra, que considero coerente, necessria e muito bem elaborada. Certa-mente que agregar considervel valor a todos os leitores, pois no traz apenas a proposta de uma nova cara para o Brasil, mas cara nova para todos os brasileiros: cara de gente livre-mente participativa e, sobretudo, cara de gente feliz.

    Marina KemerichAdvogada militante nos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia

  • Eu sinceramente acho que o livro do Thomas Korontai (constituio e comentrios) , de fato, uma grande ousadia. Ousadia esta que guiou grandes nomes da humanidade, for-mou pases e conduziu descobertas maravilhosas. Mas o que seria do mundo sem as ousadias?

    As ousadias guiaram, no passado e atualmente, os grandes desbravadores (meros descendentes de pescadores) que conquistaram os Sete Mares, da mesma forma que, com co-ragem, conduziram o homem at a Lua em espaos nunca antes atingidos.

    Pura ousadia e coragem! E disso que necessitamos no Brasil centralista (praticamente absolutista), que nos corrom-pe, ousadia esta que levou um alferes e mais alguns corajosos inconfidentes a se rebelarem contra a absolutista Coroa portu-guesa. Uma ousadia sem precedentes na Amrica Latina como o que o autor nos prope atualmente sem medo. A Constituio Federalista a sada para a verdadeira participao popular com chances de conduzir o Brasil ao seu lugar ao Sol de forma democrtica e inteligente sem utopias e frmulas mirabolan-tes. Parabns ao Thomas Korontai e a todos os federalistas do Brasil, que o auxiliaram nesta labuta!

    Andr Luiz de AndradePedagogo, administrador escolar, ex-professor de Histria e Geografia do Brasil. Convive h mais de 10 anos com o federalismo aplicado em New Hampshire, o estado federado mais livre nos Estados Unidos.

  • O Brasil um pas que vem consolidando suas institui-es ao longo de sua histria. Tendo passado por tempestades, reforou suas estruturas e desde o incio do processo de rede-mocratizao encontrou um caminho de estabilidade, e mesmo alguma prosperidade. Foi uma fase de construo da nossa pla-taforma de lanamento, e a Constituio de 1988, com toda a sua rigidez e centralismo fundamentada no medo de golpes ou revolues, provisria desde sua criao por requerer regula-mentao posterior e que na maior parte nunca veio, tornou-se j obsoleta em face da nova realidade que vivemos. A nova Car-ta Magna proposta pelo presidente do Instituto Federalista o documento definitivo para a nova realidade de crescimento da Federao. Dinmica e principiolgica, servindo de fundamen-to para as realidades locais, a concluso natural da redemo-cratizao e primeiro passo de uma nova fase na vida de nosso povo, j com instituies democrticas e econmicas slidas, pois a nova Constituio do novo Brasil possui aquelas caracte-rsticas intrnsecas de rocha fundadora de um novo pas.

    Fabio Lins LeiteProfessor de lnguas e programador

  • Louis Althusser, filsofo marxista, retrabalhou a noo clssica de aparelho de Estado (governo, administrao, Exr-cito, tribunais) para somar a ela os chamados Aparelhos Ide-olgicos do Estado (famlia, escola, mdia, sindicato e sistema poltico nacional).

    O que prope Thomas Korontai com este livro , de modo mais simples, o desaparelhamento do Estado, com liber-dade e responsabilidade.

    Bom para o Brasil, melhor para os brasileiros!!!

    Josiane Padilha de MoraesAssistente administrativa

  • Thomas Korontai traa neste livro um paralelo entre a educao que temos e a que desejamos para nossos brasilei-ros, mostrando as tendncias para um novo modelo de Brasil. A obra analisa principalmente as mudanas que um novo mo-delo, com uma nova poltica, traz para os governantes locais, de fcil compreenso para todos os nveis e classes sociais, sem esquecer o papel da importncia da Nao em se unir para essa grande mudana.

    Somos presenteados pelo autor Thomas Korontai com esta maravilhosa obra e o nosso papel nos empenharmos nessa revoluo, j que tanto queremos mudanas. As redes de divulgao possibilitam organizar o ensino do Federalismo e a aprendizagem de forma mais ativa, dinmica e variada, pri-vilegiando a pesquisa, a interao e a personalizao de cada estado, em mltiplos espaos e tempos. E isso ajudar a for-mar cidados plenos em todas as dimenses, alm de ampliar a conscincia de cada um dentro do seu espao local, desenvol-vendo melhor os conceitos do verdadeiro meio ambiente, que exatamente aquele no qual vivemos. Muito inspirador, o livro realmente muito bom, atraiu-me a ateno e me prendeu ao maravilhoso sonho do pas que desejo, durante as duas semanas na leitura desta obra. O autor conseguiu criar uma sensao de magia, amor pelo Brasil, boa ventura com lies de nobreza e perseverana, sinceridade nica e otimista em um conjunto que fez um dos melhores livros que j li do gnero poltico.

    Marlize de Ftima Mazzuco PaludoPresidente do Sindicato dos Trabalhadores com Sucatas e Reciclveis no Estado do Paran (SINTSUMIFER)

  • CARA NOVA PARA O BRASIL daqueles livros que voc comea a ler e no quer parar mais. Fcil de ler, desta manei-ra, na medida certa para que qualquer cidado entenda as causas dos problemas do Brasil e seus efeitos. Tambm traz as solues com o poder local descentralizando as decises j que somente as pessoas que moram nos municpios sabem de seus problemas e no os burocratas que esto hoje em Braslia com uma espcie de poder divino que decide o tamanho das miga-lhas que iro para os municpios por meio do FPM.

    Thomas Korontai provoca neste livro uma espcie de viagem sem sair do lugar, em que samos de um pas de terceiro mundo onde tudo est amarrado com um poder central deci-dindo o caminho das pessoas, como no livro 1984 de George Orwell, para um pas de primeiro mundo onde as pessoas deci-dem o rumo de suas vidas...

    Espero que este livro torne-se um best-seller aqui no Brasil e o povo decida se ainda continuar vivendo como bra-sileiro ou pegar as rdeas de seus caminhos e se tornar um brasiliano, colocando este pas nos trilhos do desenvolvimen-to e num lugar de destaque no cenrio mundial. Isso no ape-nas a cada quatro anos quando comea um torneio de futebol mundial...

    Ulisses Alfredo Santos LimaAdministrador de empresas

  • sumrio

    Introduo ..............................................................................................................33

    Captulo 1A Cara do Brasil ......................................................................................................37

    Captulo 2Por Que Fiz Este Trabalho? .....................................................................................39

    Captulo 3Radiografia do Brasil ...............................................................................................41

    3.1 Custo Brasil Globalizao..........................................................................433.2 Aspectos Socioeconmicos ........................................................................473.3 Viso Resumida do Futuro Proposto ...........................................................513.4 Secretaria da Defesa....................................................................................573.5 Guarda Nacional ou, Melhor, Defesa Civil Especial (DCE) ...........................583.6 Segurana Pblica .......................................................................................583.7 Modelo Poltico-Legislativo Voto Livre e Facultativo ................................593.8 Estado de Direito ou Direito de Estado? .....................................................623.9 Partidos Polticos e Processo Eleitoral .........................................................633.10 No Processo Eleitoral ...............................................................................643.11 As Mps (Medidas Procrastinadoras ou Permanentes?) ............................663.12 Cada Estado com Suas Leis ........................................................................673.13 Legislativo Municipal .................................................................................683.14 Autonomia Municipal em Matria de Autogoverno .................................683.15 Criao Autnoma de Municpios .............................................................693.16 Sindicalismo ..............................................................................................693.17 Poder Judicirio .........................................................................................703.18 Sistema Tributrio .....................................................................................723.19 Regras Trabalhistas ....................................................................................733.20 Sistema Monetrio ....................................................................................733.21 Estatais ......................................................................................................743.22 Previdncia Fundos de Penso ...............................................................75

  • thomas KoroNtai30

    3.23 Lei das S/As ...............................................................................................753.24 Incentivo Criao de Novas Empresas ....................................................763.25 Desburocratizao da Vida do Cidado .....................................................773.26 Interveno Estadual e/ou Federal ...........................................................773.27 Fundo de Reserva Federal .........................................................................793.28 Educao ...................................................................................................793.29 Meio Ambiente .........................................................................................823.30 Poltica Habitacional, de Saneamento e Urbanizao ...............................833.31 Funes Bsicas dos Estados Federados ..................................................833.32 Sade ........................................................................................................833.33 Explorao de Riquezas Naturais ..............................................................833.34 Transportes ...............................................................................................843.35 Energia ......................................................................................................863.36 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ..........................................................863.37 Agricultura .................................................................................................873.38 Poltica Externa .........................................................................................873.39 Amaznia ..................................................................................................883.40 Os Benefcios do Novo Modelo .................................................................883.41 Os Erros da Carta de 1988 .........................................................................89

    Captulo 4A Proposta ..............................................................................................................95

    A Constituio da Repblica dos Estados Federados do Brasil ...............................99Captulo I ..........................................................................................................99Captulo II ........................................................................................................100Captulo III .......................................................................................................102Captulo IV .......................................................................................................102Captulo V ........................................................................................................104Captulo VI .......................................................................................................107Captulo VII ......................................................................................................108Captulo VIII .....................................................................................................110Captulo IX .......................................................................................................116Captulo X ........................................................................................................118Captulo XI .......................................................................................................123Captulo XII ......................................................................................................124Captulo XIII .....................................................................................................124Captulo XIV .....................................................................................................125Captulo XV ......................................................................................................127Captulo XVI .....................................................................................................127

  • Cara Nova Para o Brasil 31

    Captulo XVII ....................................................................................................128Captulo XVIII ...................................................................................................129Captulo XIX .....................................................................................................129Captulo XX ......................................................................................................130Captulo XXI .....................................................................................................131Captulo XXII ....................................................................................................131Captulo XXIII ...................................................................................................132

    Disposies Gerais ................................................................................................133

    Disposies Transitrias .......................................................................................134

    Captulo 5Razes e Comentrios Sobre o Texto Proposto ....................................................143

    5.1 Princpios Fundamentais ...........................................................................1475.2 Garantias Individuais .................................................................................1485.3 Direitos Sociais ..........................................................................................1505.4 A Nacionalidade ........................................................................................1515.5 Os Direitos Polticos ..................................................................................1515.6 A Organizao do Estado O Federalismo ................................................1525.7 Competncias e Responsabilidades ..........................................................1535.8 A Caminho do Municipalismo ...................................................................1535.9 Se voc no mora em Braslia, por que ento mandar

    tanto dinheiro para l? .............................................................................1545.10 Novos Estados? .......................................................................................1565.11 Os Bens da Unio ....................................................................................1575.12 Eleies e Reeleies ..............................................................................1575.13 Distrito Federal .......................................................................................1585.14 Territrios Federais .................................................................................1595.15 Subsidiariedade Base do Federalismo ..................................................1615.16 A Interveno Federal e Estadual ............................................................1615.17 A Administrao Pblica..........................................................................1645.18 A Organizao dos Poderes .....................................................................1655.19 O Poder Executivo ...................................................................................1675.20 O Poder Judicirio A Organizao do Poder Judicirio Federal ............1705.21 A Autonomia Judiciria Estadual .............................................................1715.22 Podemos Eliminar o Cipoal Legal! ...........................................................1735.23 O Direito Prpria Essncia da Democracia ...........................................1755.24 A Defesa do Estado .................................................................................1765.25 O Ministrio da Defesa ............................................................................1765.26 A Segurana Pblica ................................................................................178

  • thomas KoroNtai32

    5.27 Segurana Estadual ................................................................................1785.28 Segurana Interna Federal .....................................................................1795.29 Sistema Prisional ....................................................................................1795.30 A Tributao e o Oramento Sistema Tributrio .....................................1805.31 O Grande Erro .........................................................................................1815.32 Retirada de Impostos das Empresas .......................................................1825.33 Benefcios Diretos e Indiretos .................................................................1835.34 Novo Modelo Tributrio s com Federalismo Pleno ..............................1845.35 Consideraes Gerais sobre o Novo Modelo Tributrio .........................1855.36 Tributos Estaduais ...................................................................................1865.37 Tributos Municipais ................................................................................1865.38 As Finanas Pblicas ................................................................................1885.39 A Ordem Financeira e Econmica ...........................................................1885.40 Meio Ambiente .......................................................................................1905.41 O Sistema Financeiro ...............................................................................1905.42 A Seguridade Social e Previdncia ..........................................................1925.43 A Educao, Cultura e Desporto ..............................................................1935.44 A Reestruturao da Educao ...............................................................1955.45 A Famlia, Criana e Adolescente ...........................................................1985.46 Os ndios .................................................................................................1995.47 Disposies Transitrias As pontes para uma Nova Federao ............2005.48 Direitos Adquiridos .................................................................................2015.49 Prazo para a Transio .............................................................................2025.50 A Transio do Sistema Tributrio ...........................................................2025.51 Dbitos Remanescentes e Transio dos Fundos de Participao ..........2035.52 Proteo do Pobre Cidado Pobre ou Remediado ...............................2035.53 Motivao para a Construo Civil e o Mercado de Locaes ................2035.54 Concluses Finais ....................................................................................2045.55 Sindicalismo ............................................................................................2075.56 Despertando o Vigor do Mercado ...........................................................2095.57 Corporativismo ........................................................................................2105.58 Cara Nova para o Nordeste .....................................................................2125.59 Nova Mentalidade, Nova Identidade, Novo Pas .....................................213

    Referncias ...........................................................................................................217

    Sobre o Autor .......................................................................................................219

    Movimento Federalista ........................................................................................221

  • iNtroduo

    A situao na qual o Brasil mergulhou, agravada depois do regime militar, vem gerando uma sociedade individualista, bem diferente do que se entende por individualidade, no sentido da autonomia responsvel de cada um, como bem definiu Ayn Rand. O individualismo antropofgico, canibalesco, do salve-se quem puder que criou a Lei da Vantagem ou Lei de Grson2. A individualidade, na preservao do ego e no do ego-centrismo, respeita o prximo, o espao alheio e sabe que o crescimento alheio reflete em si mesmo, quando em saudvel interdependncia. Mes-mo agora, na atual situao com paradoxos causados pelo crescimento das exportaes com o crescimento do poder central, junto com expres-sivas crises e escndalos, no se sabe o que estar acontecendo quando este livro for lanado e voc estiver lendo, e depois de tantas outras j passadas. Mas, esse individualismo egocntrico no sem razo. Afinal, sentir-se explorado e enganado minuto a minuto e assistir ao besteirol encenado pela maioria de nossos representantes, senhores absolutos da democracia brasileira, cuja prtica s existe no Congresso Nacional, se-nhores dos destinos da Nao, sem direito a questionamento por parte da 2 A expresso originou-se em uma propaganda, de 1976, para a marca de cigarros Vila

    Rica, na qual o meia armador Grson da Seleo Brasileira de Futebol era o protago-nista. A propaganda dizia que esta marca de cigarro era vantajosa por ser melhor e mais barata que as outras, e Grson dizia no final: Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem voc tambm.

    Mais tarde, o jogador anunciou o arrependimento de ter associado sua imagem ao anncio, visto que qualquer comportamento pouco tico foi sendo aliado ao seu nome nas expresses Sndrome de Grson ou Lei de Grson. O diretor do comercial, Jos Monserrat Filho declarou: Houve um erro de interpretao. O pessoal comeou a entender como ser malandro. No segundo anncio dizamos: levar vantagem no passar ningum para trs. chegar na frente, mas essa frase no ficou. A sabedoria popular usa o que lhe interessa. Nos anos 80 comearam a surgir sujeiras, escndalos e as pessoas comearam a usar a Lei de Grson. Disponvel em: . Acesso em: 25 fev. 2011.

  • thomas KoroNtai34sociedade, conduz qualquer um ao descrdito. Vou cuidar da minha vida e que se dane o resto o lema nacional. Para no usar outros termos...Se abdicarmos do direito de propor e lutar por mudanas, exigi--las, ento teremos perdido o direito de reclamar. Na crise deflagrada por meio de cuecas/meias, mensales, mensalinhos, sanguessugas, escutas telefnicas at do presidente do Supremo Tribunal Federal, etc., a costu-meira passividade, no entanto, deu lugar exigncia por mudanas, cada vez mais, com muita gritaria por moralidade, o que muito bom para mais uma etapa no desenvolvimento social nacional. Mas quais mudan-as? Como identific-las? Como coloc-las em prtica? No se pode ficar apenas no denuncismo sem uma alternativa vivel. O vazio de alternati-vas pode resultar em caos. Por isso este trabalho, mais as movimentaes que lidero para que se apresente, ao brasileiro, a alternativa que d senti-do e razo de ser... brasileiro. A proposta-objeto deste livro puramente pessoal, pois no sou dono da verdade, e, portanto, no se deve considerar como parte inte-grante de todo o processo que lidero. Estas linhas ento, dentro da minha pretenso (reconheo...), re-sume-se num novo federalismo por meio de uma nova e definitiva Consti-tuio, to duradoura como a americana ou a sua, mostrando a direo que outros pases j adotaram. Alis, os EUA e a Sua j adotaram esse rumo h mais de 200 anos. Outros h pouco mais de 30 anos, como a Es-panha, embora no se possa cham-la de federal, mesmo adotando uma grande descentralizao assimtrica, c entre ns, complicao desne-cessria, pois a descentralizao simtrica simples... Pode ser que essa descentralizao to radical seja inovadora para ns, anestesiados com o modelo centrista de um grande paizo, habituados a seguir regras di-tadas em vez de assumir responsabilidades. E de dar sempre um jeito de no cumpri-las numa estranha forma de rebelio silenciosa, num proces-so de quem pode mais chora menos, quem mais amigo do rei, mais benefcios conseguir. E, da parte do rei: Aos amigos tudo. Aos inimigos, o rigor da lei!. Diz um provrbio sueco que Deus d a cada pssaro a sua minho-ca, mas no a atira para dentro de seu ninho. O que os brasileiros sempre fizeram graas constante anulao das lideranas esperar que o governo faa. E assim se desenvolveu tambm outra forma de esperar: esperar para ver como que fica.

  • Cara Nova Para o Brasil 35Ao conseguirmos a descentralizao administrativa, teremos uma mquina pblica enxuta, gil e de baixo custo, conseguiremos a reduo da carga (ou extorso?) tributria com a consequente queda dos preos e todos os benefcios advindos disso, e deixaremos de ser assaltados a cada minuto pelo fisco.Ao conseguirmos a descentralizao do Judicirio, teremos jus-tia mais rpida e mais barata, at de graa em algumas instncias, pois esta uma obrigao do Estado; e o Estado a cumpre quando no est financeiramente impedido por outras prioridades.Este modelo se compe pela descentralizao plena para a auto-nomizao das localidades e regies, sejam estados ou provncias e s este, viabiliza a democracia plena, a verdadeira cidadania. Nada ser mais imposto, tudo ser decidido por cada local. Ser o fim da demagogia e o comeo de uma solidariedade inteligente. A competio saudvel no lu-gar da autofagia e da plutocracia. O verdadeiro sentimento da liberdade e da responsabilidade. S assim poderemos viabilizar a Justia, moralizar o Legislativo, ter uma carga tributria razovel e uma mquina pblica enxuta, gil, moderna e de nus coerentemente suportvel para a socie-dade. Pode parecer utopia, mas h uma diferena entre utopia e sonho. A primeira irrealizvel por falta de fundamentao lgica e por contra-riar regras naturais ou relacionadas com a essncia humana. J o sonho o comeo de tudo, pois pode ser materializado, dependendo nica e exclusivamente da ao humana, independentemente das dificuldades existentes.

    No mnimo, voc vai perceber que se os outros podem, refiro-me aos americanos, suos, espanhis, alemes, austracos, neozelandeses, canadenses e por a afora, ento ns tambm podemos. Afinal, em todo o planeta Terra, somos seres humanos iguais em potencialidades, indepen-dentemente de quaisquer circunstncias. Que o digam os japoneses, os alemes, os espanhis...

  • Captulo 1

    a Cara do BrasilNo criars a prosperidade se desestimulares a

    poupana. No fortalecers os fracos por enfraqueceres os fortes. No ajudars o assalariado se arruinares aquele que o paga. No estimulars a fraternidade humana se alimentares o dio de classes. No ajudars os pobres se eliminares os ricos. No poders criar estabilidade permanente com dinheiro emprestado. No evitars dificuldades se gastares mais do que ganhas. No fortalecers a dignidade e o nimo se subtrares ao homem a iniciativa e a liberdade. No poders ajudar de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si prprios.

    Abraham Lincoln CARA NOVA PARA O BRASIL tem nesse ttulo, a proposio de uma nova cara e tambm, com isso, nova postura da Nao pe-rante o mundo. Como nos ensina a Neurolingustica, a cincia de reprogramao mental, assim como as melhores tcnicas de comunica-o como bem ensinado no excelente livro de Dale Carnegie Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, uma cara alegre atrai situaes alegres. Uma cara doentia, afasta. Uma cara desconfiada, gera barreiras e inseguranas. Ou seja, a fisiologia do Pas, do seu povo, embora conhecido pela alegria e desprendimento, no anda l muito bem, influenciando, por consequncia, o moto-contnuo de um ciclo vicioso, difcil de ser rompido. Uma aparente cultura da pequenez, da inveja, de acreditar que o sucesso gera arrogncia, o que o torna proibitivo ou ofensa pessoal como teria dito o talentoso Tom Jobim.

    Qual a cara do Brasil, afinal? Cara-pintada? Cara da novela das nove? Do topa tudo por dinheiro? Do BBB? A cara desanimada de quem no consegue emprego? Do rastejar na vertical para subir na vida? Da in-diferena poltica e social? Da indignao rasteira e passageira? Da dema-gogia? Da histeria coletiva das massas de manobra? Da passividade? Da descrena nas instituies? Da desconfiana e medo da polcia? Ou dos bandidos? Das favelas? Dos filmes que vendem o pior do Brasil l fora? Da falta de seriedade cada vez maior?

  • thomas KoroNtai38

    Quando tentamos identificar a cara do Brasil temos dificulda-des, sem dvida. H 40 ou 50-60 anos, o Pas se identificava pelo samba, bossa-nova, por Villa-Lobos, Carmem Miranda, Cidade Maravilhosa, Pel e Garrincha, e tantos outros verdadeiros smbolos nacionais. Hoje... me-lhor nem falar...Ao longo dos anos, especialmente nos ltimos 25, o Brasil passou por uma srie de experincias que variaram do autoritarismo militar li-bertinagem poltica do pluripartidarismo como truque para dividir a opo-sio, da represso estudantil liberao sexual, do milagre econmico da dcada de 1970 dcada perdida de 1980 (e das demais seguintes...), da reforma do ensino em 1974 ao cassino dos vestibulares que fazem a alegria dos cursinhos-crupis e da tristeza da indstria e do comrcio que recebem material humano sem preparo, dos ciclos de progresso no agronegcio guerra velada no campo, travada com invasores apoiados de forma escusa, tanto pelos prprios governos brasileiros, ONGs, dema-gogos, grupos ideolgicos, quanto por recursos do exterior de gente e de grupos com os mais diversos interesses nesta casa da me-joana, da relatividade da aplicao da lei aplicao rgida para quem ousa desa-fiar o status quo, e finalmente, dentre tantas outras, da certeza de um pas de grandes oportunidades para empreendedores para um pas onde o empresrio o vilo nas novelas globais, lacaio da inflao, inimigo dos empregados, saco de pancadas e fonte de recursos para um governo que, em troca, o acusa de sonegador e antipatritico.

    Afinal, qual ficou sendo a cara do Brasil?Ser o governo a cara do povo? Ser o povo a cara dos valdomiros da vida ou a cara do governo e das instituies, a cara dos valrios? Nem bom perguntar mais. Certamente voc j produziu mais perguntas na sua mente. Diz-se que todo povo merece o governo que tem. Ser o Congres-so eleito pelo povo, representante de fato da vontade do povo, em um pas que se diz democrtico, mas tem voto obrigatrio e urna eletrnica sem possibilidade de auditoria fsica do velho e bom papel? O ex-senador Lucena, na poca, anistiado por lei que anulou lei, mas no anulou a imo-ralidade, garante que sim. Ser? Depois de mudarem mais uma lei para aprovar a juno de duas companhias telefnicas... Que o diga o Estatu-to do Desarmamento, que viola diversos artigos da Constituio Federal, mas que foi aprovado no apenas pela Comisso de Constituio e Jus-tia como pelos congressistas em plenrio. Ser a fora do mensalo? E o mensalinho do trabalhador? Com que cara fica ele?

  • Captulo 2

    Por QuE fiz EstE traBalho?

    No se pode fazer bom julgamento sem conhecimento da outra verso.Na qualidade de cidado inconformado (seria isso uma quali-dade...?) com tudo o que est acontecendo no Brasil, h tan-tos anos, discordante da crtica sem soluo e com profundo sentimento de responsabilidade, resolvi contribuir com esta proposta con-creta de mudana constitucional. Alm de lutar por si prprio, cada indiv-duo pode fazer a sua parte pelo melhoramento do todo, para que se possa

    obter benefcios em conjunto. No vejo isso como obrigao, apenas como dever pessoal, quando se sabe o que poderia ou poder ser feito. De minha parte, no sossegaria enquanto no tomasse esta iniciativa. Comecei fazendo a pergunta que at hoje acredito ser a pergunta certa: Por que o Brasil rico e seu povo ainda est pobre?. Quando se faz a pergunta certa, consegue-se resposta certa, geralmente relacionada causa de um deter-minado problema. E a causa do problema Brasil , sem nenhuma dvida, o modelo de organizao do Estado brasileiro. Desorganizao seria melhor dizer para que se clareie a viso. O modelo excessivamente centralizado e na radiografia do Brasil, um pouco mais adiante, vai ser possvel enxergar melhor a causa real e no apenas os efeitos. Assim, como tudo que se faz dentro de uma empresa, uma asso-ciao e, claro, em um pas, deve estar submetido a um conjunto de prin-cpios. Resolvi ento ir matriz legal dos problemas e propor (ousadia ou insolncia?) uma nova Constituio, elaborada do ponto de vista de um cidado, de um pagador de impostos. Afinal, como disse o jurista Ney Prado em seu brilhante trabalho Razes das Virtudes e dos Vcios da Constituio de 1988, do qual foram aproveitados muitos pensamentos, uma Constituio deve se adaptar sociedade e no esta ao texto.

  • thomas KoroNtai40 Desde o lanamento do Movimento Brasil Confederao MBC , no ano de 1991, tive a oportunidade de conversar com muitas pessoas de grande inteligncia e largo conhecimento juspoltico, sobre a adoo de uma verdadeira federao de Estados autnomos. Os conhecimentos adquiridos dessa forma foram acrescentados aos resultados de cons-tantes pesquisas de outros textos constitucionais, feitas no com olhos copistas, mas com anlise criteriosa sobre a verdadeira essncia de uma Constituio, que deve ser um conjunto de princpios e no uma pea de legislao ordinria ou regulamentatria, como ocorre com nossa atual Carta. Resolvi ento ser insolente... e lancei-me a este trabalho. O resultado a verdade final? Lgico que no! Estou convicto, to-davia, que para o Brasil mudar de colcha no adianta remendar os reta-lhos. Precisamos de uma Constituio nova, inteira, uniforme, cujos de-senhos institucionais sejam compreensveis pela simplicidade e crveis

    pelos firmes princpios que contm... os quais os juzes possam entender e aplicar de imediato e que qualquer brasileiro que saiba ler a compreen-da e exija seu cumprimento. E de forma imediata, sem necessidade de es-perar anos pela regulamentao de clusulas e dispositivos constitucio-nais. Uma Constituio que depende de regulamentao no vale nada. O tema, portanto, est post!

  • Captulo 3

    radiografia do BrasilMuitos planos j foram colocados em prtica para tentar re-solver os graves problemas brasileiros, especialmente a inflao e o desemprego. As medidas quase sempre se basearam em restrio ao uso da moeda, especialmente de 15 anos para c, elevando-se as taxas de juros, dificultando o crdito, diminuindo-se a atividade econmica, obtendo-se por consequncia, a quebra de empresas, o desemprego e uma enorme dvida social, resultando em convulso social, ainda que localizada, na questo das invases de propriedades pelos chamados sem-terra. O Plano Real, por exemplo, teve o mrito de criar a estabilidade monetria, eliminando a sndrome da inflao. Aps trs anos, o brasi-leiro j estava acostumado com tal estabilidade, o que permitiu criar um novo horizonte para o Pas. Isso foi muito bom, mas...

    Eliminando-se o maior imposto de todos, a inflao que corroa os salrios mais baixos, o Real possibilitou s classes mais baixas da po-pulao o acesso ao consumo. A abertura de mercado promovida pelo Governo Collor e a privatizao do setor de telecomunicaes por Fer-nando Henrique Cardoso permitiram tal acesso, de fato, em especial, aos produtos eletroeletrnicos. No se observou, no entanto, exploso de consumo. As restries da poltica monetria so, at hoje, eficientes para impedir a expanso da economia, cujo crescimento est reprimido. A mdia do crescimento do PIB est muito aqum do que recomendado para um pas como o Brasil. Deveramos crescer no mnimo 6,5% ao ano, segundo a Organi-zao para a Cooperao do Desenvolvimento Econmico (OCDE), mas a mdia tem sido inferior a 2,5% ao ano, desde 1994. Para melhorar esse nmero, o Governo Central mudou, a partir de 2006, a metodologia

  • thomas KoroNtai42do PIB (GDP gross domestic product), tradicional soma de tudo que se produz no pas para o mtodo que estabelece poder de compra esti- mado em funo de cmbio, o PPP (purchasing power parity). E conti-nuam chamando de PIB, caracterizando-se uma grossa mentira, pois o PPP melhora o ndice. Mas basta olhar para a classe mdia e perceber o que est acontecendo... A propaganda do governo, intensa como era nos pases do Bloco Socialista, busca reforar a imagem da instituio diante da populao, mesmo que se preguem inverdades como a de uma empregada domstica esperando mais um filho, morando em uma casa confortvel, bem abaste-cida, como num comercial de perfume (Ministrio da Previdncia Social, em propaganda j durante o governo de FHC no muito diferente do que vemos atualmente em outras do atual governo).Como plano macroeconmico, o Real foi bem elaborado, utili-zando-se primeiramente da ncora verde, ao restringir o crdito e os preos mnimos dos produtos agrcolas, e da ncora cambial, contro-lando o custo e o fluxo de moeda estrangeira por meio de uma banda de cotaes mnimas e mximas. Um pouco diferente do que fez a Argen-tina, que congelou o cmbio. Com a queda dos juros internos, de 2007 em diante, embora ainda sejam os mais elevados do mundo, abriu-se o crdito para impulsionar a economia. s vezes tenho a impresso de que os responsveis pela conduo da economia no Brasil se inspiraram no comercial de uma grande rede de lojas de departamentos quer pagar quanto por ms? pois o que se verifica, com as pessoas comprando o que podem, especialmente carros, em at 72 vezes, sem saber o que lhes reserva o futuro com o carro valendo pelo menos as 30 ltimas parcelas restantes. Seria uma bolha a explodir, tal como a sub prime nos Estados Unidos? Talvez, mas s depois das eleies de 2010, obviamente...

    Atualmente, com determinadas providncias de engenharia fi-nanceira, muita coisa feita de forma a mascarar os graves problemas econmicos. Por exemplo, separar o custo dos juros do custeio geral. claro que a base de clculo passa a ser favorvel. E o FMI aceitou isso. Ser que os credores de uma empresa concordatria aceitariam separar tipos de dvida dessa forma? No se trata aqui de no aceitar a separao de contingentes contbeis anuais para dvidas com perfil bem alongado. A coisa est sendo feita anualmente mesmo. Dessa forma, sobram supe-ravits fiscais, estando os banqueiros internacionais recebendo em dia os pagamentos do servio da dvida e das parcelas do principal.

  • Cara Nova Para o Brasil 43

    Permita-me expor isso de outra forma: voc faz R$ 5.000,00 de sa-lrio ou pr-labore por ms, e compromete-se com R$ 3.500,00 em pres-taes. Logo, sua sobra no comprometida de R$ 1.500,00/ms. Ou seja, qualquer analista de crdito vai pensar duas vezes antes de lhe dar mais crdito, ainda que para R$ 500,00/ms. Para melhorar este quadro, voc alega que, na verdade, o seu superavit mensal de R$ 3.000,00 porque, dos R$ 3.500,00 em prestaes mensais, R$ 1.500,00 so juros, e dentro das novas regras de engenharia cosmtica, ops! financeira o servio da dvida no conta. No fundo, isso que os governos fazem para maquiar a contabilidade externa. O problema que esta no consegue, fora dessa metodologia, ta-par o sol com a peneira: o desnudamento de problemas trazidos por uma tendncia cada vez mais forte: a globalizao da economia, da competi-o por preos, qualidade e inovao. China, ndia, Rssia, Comunidade Europeia... tm um bocado de novos fatos, novos vetores, sobre os quais no se sabe at onde se poder relativizar, ou fazer mgica. O futuro Mi-nistro da Fazenda ter que aprender, cada vez mais, as artes da prestidi-gitao que so aplicadas no dia a dia para manter a cosmtica... mas tudo tem preo. E limite.3.1 Custo Brasil GloBalizaoA internacionalizao da economia uma tendncia irreversvel, todos sabem. Stdiles da vida e radicais estatlatras nada podem fazer, exceto fechar o Pas como Cuba e Coreia do Norte fizeram. Certamente os povos desses pases so muito infelizes. Para a devida adaptao nova realidade global, todos esto pro-curando mudar. As empresas buscam se adequar com a racionalizao de custos, reorganizao em todos os nveis, algumas chegando ao que se chama de reengenharia mudam at de ramo! As pessoas esto buscan-do qualificao constante, racionalizando tambm seu modo de vida. Tais medidas decorrem do ingresso de um novo ingrediente um tanto quan-to desconhecido dos brasileiros: a competio. Para se poder competir, tanto em mbito interno como externo, deve-se agregar qualidade aos produtos, reduzindo seus preos. Sem mencionar a inovao. Mas a questo Custo Brasil impem-se como obstculo s em-presas e s prprias pessoas nesse processo de evoluo para competi-

  • thomas KoroNtai44o. Em vez da esperada e saudvel competio, obtivemos, em linhas gerais, a autofagia, um canibalismo geral pela busca da sobrevivncia. A autofagia se confunde com a competio, mas no se percebe o proces-so de destruio progressiva em muitos setores da Nao, sem falar na degradao profissional, por aviltamento constante dos salrios e rendi-mentos, salvo setores beneficiados por exportaes, em especial de com-modities e agora da indstria do petrleo, tudo devidamente ufanizado, obviamente. Esse tal Custo Brasil decorre de uma srie de fatores entrelaa-dos entre si:a) Carga tributria Os impostos foram e so criados e cobra-dos em funo das necessidades do Governo nas suas trs esferas municipal, estadual e federal. Mas o conceito de tributao no Brasil desobedece origem clssica do im-posto. No primeiro plano, trata-se da presena do Estado na vida civil, pois, ao assumir tantas funes e responsabi-

    lidades, onera o prprio beneficiado, que passa ento condio de explorado; no segundo plano, temos a interpo-sio fiscal, caracterizando-se em politributao indireta, gerando ainda o efeito cascata na formao dos preos na cadeia produtiva; no terceiro ponto, temos o passeio das receitas tributrias, as quais financiam outras entidades go-vernamentais, inclusive empresas estatais deficitrias, de outras regies, oportunizando o clientelismo, os desvios e a corrupo. Um labirinto de iniquidades pagas pelo contri-buinte, um sofisma para extorquido. uma das vertentes do odioso redistributivismo, condenado por qualquer car-tilha de economia moderna, tanto de empresas quanto de naes. b) Modelo administrativo O organograma brasileiro uma lstima federativa. Vai contra todos os preceitos elementa-res de administrao. Tendo em vista o modelo de interven-o estatal preconizado pela desconfiana no poder da so-ciedade em resolver seus prprios problemas, caminhou-se para um processo de centralizao das responsabilidades, tais como educao, sade, habitao, transportes, sanea-mento, dentre tantas outras. Criou-se uma srie de minis-trios, alguns curiosos, como o de planejamento do futuro

  • Cara Nova Para o Brasil 45e autarquias, cujas funes e cargos so constantemente barganhados e loteados politicamente, especialmente na disputa de verbas na elaborao do Oramento Federal. Com este modelo, interpenetram-se e confundem-se as res-ponsabilidades nas trs esferas de governo, gerando uma grande e constante confuso, muita burocracia, descontrole e alto custo.c) Modelo poltico O sistema brasileiro de administrao e sua sustentao financeira por meio do modelo tributrio tm como instrumento de defesa o prprio modelo poltico. isso mesmo, exatamente! Afinal, um sistema que se mol-dou segundo seus prprios interesses tem grande capacida-de de retroalimentao, de autodefesa e autopreservao. O modelo poltico-eleitoral e partidrio do Brasil que in-siste em se autoafirmar como a 3 maior democracia (?) do mundo, transformou os deputados federais e senadores em privilegiados vereadores federais e lobistas de interesses setoriais, que os financiam para se legitimar pelo voto po-pular aos cargos pblicos, concedendo a cada um, um poder cujo limite esbarra apenas no limite do outro. Ora, quem que vai querer desprezar este fantstico poder de negociar projetos de lei setorizados, verbas para estados e munic-pios, especialmente nas prprias regies eleitorais, garan-tindo o que se chama de curral eleitoral ao amarrar po-liticamente deputados estaduais, prefeitos, vereadores...? Temos ento, o mais forte e espetacular corporativismo de todo o Pas, e aquele recm-eleito, cheio de boas intenes, que promete fazer algo de novo no Congresso Nacional ou impedido de se movimentar em funo de maquiavlicos regimentos internos (da Cmara dos Deputados, do Senado Federal e do prprio Congresso) ou corrompido pelo sis-tema. No toa que as casas legislativas so conhecidas como cemitrios de ideais. E o ciclo continua eleio aps eleio. d) Processo legislativo O processo legislativo brasileiro um dos mais produtivos do planeta, se no, o campeo abso-luto. Desde 1988, segundo o IBPT Instituto Brasileiro de Planejamento Tributrio mais de trs milhes de normas

  • thomas KoroNtai46 foram editadas, desde leis, decretos, portarias, instrues e atos normativos, portarias e outras nominaes. Vou re-petir para que voc tenha certeza do que leu: trs milhes! Diante desse cipoal legislativo, diligentemente produzido pelas trs esferas de poder, absolutamente impossvel que uma empresa sequer esteja totalmente em dia com suas obrigaes acessrias, para no falar de obrigaes tributrias. e) Garantias contratuais Eis um dos pilares do Estado de Di-reito. Nossa atual CF/88 j comea errada quando determi-na que o Brasil um Estado Democrtico de Direito, quando deveria ser um Estado de Direito Democrtico. Esse erro, juntamente com a relativizao da propriedade, com a sua previso de funo social, abriu a possibilidade de senten-as polticas, em detrimento lei, quando esta se apresenta mais objetiva. E esta relativizao aproveitada at mesmo pelo prprio setor privado, como os bancos, que consegui-ram o no cumprimento da clusula que determinava o li-mite de 12% de juros anuais, embora eu, particularmente, seja contra tal determinao, pois isso coisa que o merca-do decide; afinal, o custo do dinheiro, e custos so deter-minados pela boa e velha lei da oferta e procura, valendo at mesmo para dinheiro. A confuso patente. Quando a re-gra no cumprida por uma das partes da Nao, ningum mais se sente na obrigao de cumpri-la tambm. Assim, in-vases de terras vo se multiplicando, despejos so empur-rados com a barriga, arruinando o mercado imobilirio, re-gras so modificadas, de governo a governo, conforme a cor do pensamento poltico, tudo com o apangio de boa parte do Judicirio. Frise-se que existe, ainda, uma banda sadia no Judicirio, o que vem mantendo o mnimo de estabilidade das instituies. Mas por quanto tempo? Essa insegurana jurdica um dos grandes custos diretos e indiretos. Diretos porque o custo, a demora e a incerteza nos procedimentos judiciais alto, inatingvel para boa parte, a maioria da So-ciedade. Indiretos, porque esse perverso conjunto de inse-guranas retm investimentos que poderiam ser feitos na terra brasilis e se acumulam nos custos, inclusive em sprea-ds cobrados no crdito.

  • Cara Nova Para o Brasil 47f) Para garantir a ingovernabilidade e insegurana institucional, temos a Constituio Federal para assegurar este modelo retro-radiografado. A Constituio Cidad se constitui num conjunto de aberraes jurdicas, com mais de trs mil dis-posies individualizadas, entre artigos, pargrafos, alneas, incisos, misturando processo legislativo com constitucional, continuamente emendada j estamos a caminho das cem emendas (!), inclusive nas Disposies Transitrias (Transi-trias?!?). Apenas 1/3 de todo o Texto Magno, desde 1988, foi regulamentado. Como j disse, uma aberrao jurdica s por este fato, pois toda e qualquer boa e honesta Constituio autoaplicvel, no precisa de regulamentao, afinal, deve-ria tratar-se da Lei Maior de um pas e no pode depender de legislao. E, ao precisar de regulamentao, passa a no valer absolutamente nada, por inaplicvel que . Ento... 2/3 no esto regulamentados e a maior parte do 1/3 que est, no presta... conclua voc mesmo.

    3.2 aspECtos soCioEConmiCos

    A corrupo filha da burocracia. Esta irm da desconfiana. Ambas so responsveis pela pobreza da famlia.

    Thomas KorontaiPor favor, faa uma rpida visualizao de pases como Estados Unidos, Sua e Alemanha. S esses, sem nenhum sentido de excluso dos demais que tambm se associam aos citados, em conceito. Veio sua mente, progresso, desenvolvimento, liberdade, respeito, organiza-o, honestidade, certo? Alm dos preceitos organizacionais, esses pases tm em comum algo que invejado no Terceiro Mundo: a confiana das pessoas de uma forma geral. Certamente o raciocnio mais simplista con-duz, como de costume, afirmao de que isso uma questo cultural, olhando a origem das imigraes, etc., ou seja, uma viso determinista do ponto de vista negativo. Ledo engano. Primeiro, porque a Austrlia foi colonizada inicialmente pela es-cria da Europa, pelos piores bandidos, no tem comparao com o que veio para o Brasil e Amrica Latina. A Austrlia hoje considerada um pas de Primeiro Mundo. O que fez isso acontecer? Reorganizao do mo-

  • thomas KoroNtai48delo, h cerca de apenas cem anos, criando um novo ambiente poltico, econmico, administrativo, afetando desta forma, profundamente, o so-cial. claro que as fantsticas reservas em ouro financiaram tudo isso, mas se sabe muito bem que apenas riquezas naturais no garantem o sucesso econmico e social de um pas. O ser humano fruto do meio, como dizia Max Webber. Se fosse dado o modelo brasileiro na formao dos Estados Unidos, aquele pas seria confundido com um pas sul-americano atual. Quando concordo com o pensamento weberiano no significa que estou aceitando o deter-minismo estabelecido pelo meio ambiente, pois cabe ao ser humano so-brepor-se a ele, modific-lo e aqui me refiro ao meio ambiente institu-cional de acordo com suas novas convices. o poder do livre-arbtrio, que s pode ser colocado em ao com o conhecimento de alternativas. E decidir por uma delas. Desta forma, no h como aceitar, pela simples razo e lgica dos fatos, o determinismo que se pretende para o povo brasileiro, e, claro, ao latino-americano. Os modelos dos nossos pases neste continente so muito parecidos, centralizados, sempre controlados ou por ditadores ou por populistas e nem me importo de que cor ideolgica sejam nesta an-lise. Abro aqui um parntese: o brasileiro sempre se deveria escrever o nosso gentlico como se faz na lngua inglesa o nico gentlico ope-rativo no mundo, deveria ser brasiliano como conhecido l fora, Bra-zilian. Essa observao no minha; tive conhecimento dela por meio do historiador paranaense Carlos Zatti, que me apresentou um texto da autoria de Manoel Duarte, ensasta gacho de Vacaria. Ele foi deputado federal se fazem bem poucos dessa cepa atualmente constituinte em 1946, e em 1949, editou Provncia e Nao (Jos Olympio. Rio Janeiro/So Paulo prefaciado por Gilberto Freyre) uma obra com diversos en-saios histricos, dentro os quais: Brasileiro & Brasiliense, que mostrou o erro da desinncia brasileiro e a necessria correo, para igualar-se norma lingustica aplicada a todas as nacionalidades e povos do universo. Portanto, o eiro s faz sentido histrico, mas j deveria ter sido alterado h muito tempo (por que no se aproveitou nesta reforma ortogrfica?). Posto isso, o Brasil, com brasilianos, tem todas as condies, provavel-mente muito maiores do que os chineses, de crescer mais rpido e com maior consistncia, pois a base nacional melhor do que era ou da Chi-na. Pelo menos at agora. Mas, para isso, preciso que a sociedade brasileira seja liberta para se abrir ao progresso, receber a globalizao com bom proveito, pra-

  • Cara Nova Para o Brasil 49ticar a complementaridade dentro do processo de vantagem comparativa com outros pases. A responsabilidade local vir com o Poder Local. E, junto com ela, os benefcios locais e, na soma das diversidades, os bene-fcios da Nao como pas. A eliminao da burocracia afastar a corrup-o e implantar uma sociedade aberta e prspera. Mas, para eliminar a burocracia, h que se acabar o centralismo crnico e doentio que vige no Pas, o que diminuir o tamanho do Estado sobre as costas de cada brasi-leiro, e assim por diante. Ou seja, o comportamento tico de um povo est diretamente ligado ao meio no qual ele vive. No toa que sociedades de confiana esto estabelecidas em pases de Primeiro Mundo, mas a relao entre uma coisa e outra est no meio poltico-administrativo, le-gal e processual. Isso constri uma sociedade livre, honesta e prspera. A sociedade da confiana, como nos ensina o francs Alain Peyrefitte, em seu livro exatamente do mesmo nome.

    vista das ponderaes acima, no me parece difcil concluir que o modelo brasileiro de organizao administrativa, legislativa, tributria, judiciria, incluindo o modelo poltico, absolutamente invivel. No s minha esta concluso. possvel senti-la no bolso, quando observamos o quanto faltou para fechar o ms; na pele, quando enfrentamos fila no SUS; no corao, quando este dispara pelo medo provocado pela insegurana fsica e patrimonial; e na alma, quando assistimos TV e ao noticirio poltico. O modelo atual criou uma verdadeira caixa-preta ou um bu-raco negro centralizado no Poder da Unio, tal como os buracos negros espalhados pelo universo, relatados pelos astrnomos, que tudo sugam, sem que se saiba o que acontece depois. A energia produzida pela Nao, representada por recursos sonantes, cerca de 75% de tudo que arreca-dado no Pas algo em torno de 41% do PIB, segundo o IBPT vai para esse buraco negro. Muitas empresas, altamente tributadas e vilipendiadas por toda sorte de casusmos populistas, comeam a inverter o que se conseguiu ao longo de vinte anos, apesar do regime militar: do modelo produtor/expor-tador para distribuidor/importador, assustando-nos quando se tratam es-pecialmente de indstrias dos mais diversos setores. Outras resolveram se internacionalizar, espalhando-se por diversos pases, para cumprir o velho ensinamento de no se colocar todos os ovos na mesma cesta. evidente que o desemprego tender a aumentar geometrica-mente, apesar dos nmeros quase sempre (para ser gentil) maquiados, pois o que vale olhar para a rua e constatar a realidade.

  • thomas KoroNtai50 No se trata de culpar apenas os processos de automatizao in-dustrial, modernizao administrativa, reengenharias, etc., localizados mais especificamente em indstrias de grande porte. Alis, tenho por certo que as novas tecnologias geram novos empregos, novas atividades, novas oportunidades, basta conhecer um pouco da histria da Revoluo Industrial at os dias de hoje. Acredito tambm no fim do emprego como ns o vemos atualmente, pois o empregado est se tornando cada vez mais prestador de servios. Que timo! Bem (ou mal?), alm disso tudo, temos as frequentes alteraes na poltica econmica, gerando constantemente quadros de incertezas, afetando investimentos de toda sorte, inclusive a existncia das micro, pequenas e mdias empresas, as quais empregam mais de 90% de toda a massa de mo de obra no Brasil. No o imposto nico e nem os sim-ples da vida para as microempresas que vai resolver o problema da carga tributria. Muito pelo contrrio. Todos sairo prejudicados, pois mesmo as empresas sem nenhum lucro tm que pagar tributo sobre o fatura-mento global, independentemente de ter tido lucro ou prejuzo. Estados e municpios tm que trocar o pires pelo prato, para buscar em Braslia a sua parte no bolo arrecadado. Bem... preciso alertar para onde estamos caminhando. A centra-lizao um processo centrpeto, ou seja, tende a se aprofundar. As pri-vatizaes que esto sendo feitas, absolutamente necessrias, ajudam, na verdade, o prprio governo central, tanto do ponto de vista poltico quan-to financeiro, pois se livra de abacaxis. Enquanto isso, vai trabalhando no processo de se agigantar e ter mais poder. Se boa parte dos atos do gover-no central for analisada criteriosamente sob a tica da centralizao pro-gressiva, ser possvel perceber que a Federao est no fim, o unitarismo j uma realidade. A Super-Receita, que acumula a gesto da Previdncia e Seguridade, a criao do Super Simples simplifica a arrecadao, mas deixa mngua estados e municpios, pois at o ISS Imposto Sobre Ser-vios das prefeituras est nele embutido para facilitar a vida do micro e pequeno empresrio; o controle sobre as contas bancrias por meio do controle dos gastos obrigatoriamente denunciados pelas administra-doras de cartes de dbito e crdito, bancos e demais instituies finan-ceiras e patrimoniais, a instituio de convnios entre estados, muni-cpios e Receita Federal, para barrar qualquer tentativa de um cidado agir como empreendedor e se levantar na vida, enquanto no quitar seu dbito para com o Estado, at para pagar o que eventualmente lhe deva. Enfim, relacionar tudo que se faz em Braslia para controlar a sua vida

  • Cara Nova Para o Brasil 51teria que se escrever outro livro. Talvez um que se chamaria Matrix, O Caso Brasileiro. Prefiro falar mais de solues...Urge, portanto, rever o modelo poltico e administrativo brasilei-ro, redefinindo a presena do Estado na vida civil, a distribuio de atri-buies e responsabilidades entre o Governo Federal, estados, municpios e Sociedade. A redefinio desses dois pontos impe transformaes no processo legislativo e no Judicirio, e, claro, no financiamento desse novo modelo geral de Estado, por meio de um modelo tributrio moderno, justo e perfeitamente adaptado s exigncias da modernidade, da globalizao comercial, e das profundas alteraes culturais e comportamentais que a cibernetizao trouxe a tantos procedimentos do cotidiano. Enfim, fazer finalmente a Nao Brasileira, na qual o Estado esteja a servio do cidado e no este ao Estado. Ou a governos. 3.3 Viso rEsumida do Futuro propostoApesar de bastante claro, pelo menos eu acho, o Texto Constitu-cional que proponho adiante pode ser interpretado de acordo com o re-sumo da viso do futuro, aps a reforma do modelo federativo brasileiro, por meio da descentralizao poltica, administrativa judiciria e tribut-ria, a exemplo do que j adotado nos Estados Unidos, na Confederao Sua, Alemanha Federal e ustria, entre outros. No se trata de copismo, mas de benchmarking, ou seja, inspirao em processos que funcionam, estudando-se cada caso e adaptando modelos e solues para a realida-de brasileira. Observe-se tambm que busco referenciar-me sempre no Princpio da Subsidiariedade, que se define pelo ordenamento lgico e de bom-senso no que diz respeito s atribuies desde o indivduo at o Governo Central. Ou seja, tudo aquilo que o indivduo puder fazer, por competncia real, do que realmente possvel, definir o que passa a ser de interesse coletivo, comeando pelo prprio bairro ou distrito, passan-do pela cidade, pelo grupo de cidades regionais, pelo estado e, finalmen-te, para o Governo Federal, restando a este bem poucas coisas, como de-monstrado na sequncia de raciocnios expostos. importante ressaltar que, pelo fato de as transformaes pro-postas serem sistmicas, se perceber, dentro dessa anlise e propostas, tratamento ou abordagem de um mesmo assunto duas ou mais vezes, de formas diferentes, pois, como lembrei, o processo sistmico. Gente de

  • thomas KoroNtai52boa vontade j tentou promover alteraes pontuais, isoladas, mas no funcionaram e no vo funcionar se tentadas novamente. As razes so simples: a interdependncia de todos os processos e setores no Pas e o corporativismo que vai defender o seu com unhas e dentes. Por isso, s acredito em um choque sistmico com apoio da esmagadora maioria daqueles que pagam a conta, ou seja, o povo. Assim, at mesmo a maioria dos que vivem dentro de seus corporativismos e com certeza no esto satisfeitos passaro a apoiar as transformaes desde que o queijo de todo mundo seja mexido no apenas o de um setor. Isso me parece ele-mentar, mas governos, polticos e bons administradores caram em des-graa por tentar fazer algo pontual, na impossibilidade de fazer o todo. Pode parecer utopia, reconheo, um choque sistmico, mas eu acredito no povo brasileiro, que j passou em cerca de 30 anos, por vrias experincias, da ditadura at as vrias esperanas, dos descamisados em guerra contra os marajs aos com o p na cozinha, caminhando agora com a esperana que se transformou em paizo, graas ao modelo cen-tralizado que permite o domnio da mdia, direto para o buraco de uma plutocracia socialista, em meio s disputas de poder e vaidade dentro do Foro de So Paulo, recentemente transformado em UNASUL. Junte esses elementos o povo no burro, consegue perceber o risco e apresente uma alternativa vivel e pronto. E por que no? Santos Dumont tambm perguntou por que no voar?, e assim foi com a maioria dos demais que transformaram o mundo de alguma forma. por isso que me motivei a cometer a insolncia de propor algo objetivo como um texto constitucional. Digo insolncia, pois, diante de tudo que se trata como peas das transformaes sistmicas propostas deve soar assim para os que querem o domnio orwelliano do povo. A omisso, no entanto, no me deixaria em paz... vamos, ento, analise e resumo das propostas.A Unio (Governo Federal ou Governo da Unio) deve ter como atribuies bsicas e exclusivas a emisso e controle da moeda, o coman-do das Foras Armadas, as relaes internacionais e as Cortes Supremas estas para casos de real interesse nacional na sua rea especfica. De preferncia apenas duas Constitucional e Militar.Pode-se decretar, com esse modelo, a extino de quase todos os ministrios, restando apenas algumas secretarias normativas e de exclu-sivo interesse da Federao, tais como as de vigilncia sanitria, parques nacionais, propriedade intelectual, dentre as que forem realmente neces-

  • Cara Nova Para o Brasil 53

    srias. A extino dos ministrios se torna possvel com o fim da con-centrao tributria pelo Governo Federal, deixando de existir o redis-tributivismo prtica atual de apropriao (poderia se dizer expropria-o mesmo...) concentrada da renda nacional os nmeros variam, mas convergem para em torno de at 75% para posterior distribuio aos estados e municpios. Este um dos maiores causadores da misria e dos graves problemas sociais brasileiros. Com o fim do excesso de ministrios e desse monte de rgos federais, valoriza-se a carreira pblica federal do quadro remanescente, formado por servidores com vocao pblica.A sustentao de uma mquina pblica federal enxuta se basta-r com a arrecadao do que cabe Unio no Imposto sobre o Consumo em todo o Pas, e os impostos sobre as aduanas. Cobrana de taxas por alguns setores muito limitados, como o Instituto Nacional da Proprieda-de Industrial (INPI), por exemplo, podem ser feitas, dando autonomia fi-nanceira para tais rgos. o fim dos impostos sobre a renda. S para que possamos raciocinar um pouco sobre esse tema, o Imposto de Renda Pessoa Jurdica (IRPJ) se caracteriza em bitributao, pois se tributa o lucro das empresas duas vezes, ou seja, tributa-se o mesmo dinheiro du-plamente. Incrvel, mas se tributa at o aumento do imobilizado, mesmo se for maquinrio! Ora, a primeira questo a ser avaliada aqui que em-presa no tem lucro, tem resultado. Se for positivo, os acionistas decidem se o distribuem ou no. Se for para existir o tal imposto sobre a renda, somente esta distribuio de lucros aos acionistas que poderia ser agra-vada. Assim, devem estar livres disso tambm os salrios, porque salrio no renda, provento laboral. Renda proveniente de aplicaes finan-ceiras, empresariais ou pessoais, aluguis, entre outras. Por outro lado, o IR uma forma de controle do Estado sobre o cidado, o que no me parece bom, especialmente em tempos de informtica. Pense bem, todos os impostos declaratrios induzem as pessoas, de uma maneira geral, a omitir, a dar um jeito de sonegar informaes, a dar um jeito de no dar nota ou pedir a mais para lanar como despesa, enfim... Ora, esse no o sentido do Estado, no atitude de bom-senso, no inteligente do ponto de vista da Nao, apenas para quem se aproveita disso. Contro-les implicam administraes maiores. E isso implica burocracia cada vez maior. A consequncia, alm de mais impostos para sustentar a burocra-cia, a corrupo, o clientelismo, a coao eventual do Estado sobre um determinado cidado por meio da ao de membros do governo que, por uma razo ou outra precisem pressionar algum indevidamente. Alm de pressionar moralmente o tecido social...

  • thomas KoroNtai54 A inovao tributria que se prope e voc vai ver o resto pode tornar o Brasil um paraso de investimentos produtivos, pois aqui o capital no seria agravado, e muito menos o lucro, caso se conseguisse realmente no ter nenhum tipo de imposto declaratrio. At as estats-ticas seriam mais verdadeiras, porque ningum teria medo de declarar o que tem. Aos estados devem caber as polticas de interiorizao de in-vestimentos em infraestrutura, com vistas redistribuio demogrfica com a gerao de novas fronteiras de oportunidades, auxiliando os mu-nicpios em necessidades especficas com verbas recolhidas do Imposto sobre o Consumo (semelhante ao sale tax norte-americano), tendo ain-da capacidade residual para tributar o que achar necessrio, de prefe-rncia com a aprovao referendada do pagador de impostos o povo. Por exemplo, alquotas seletivas para bebidas, cigarros, jogos, supr- fluos. Outro exemplo: podem ser os tributos ou contribuies aprova-das pelo povo para determinadas obras que o estado federado resolva fazer no lugar da iniciativa privada isso realmente um problema de cada estado, embora eu acredite que o setor estatal no deva se meter a fazer aquilo que no lhe cabe, e sobra bem pouca coisa portanto. Tais contribuies podem ser temporrias, at terminar a tal obra ou neces-sidade e podem ser cobradas em contas de luz, ou de gua, ou boletos enviados aos cidados. Ou seja, considerando o Imposto sobre o Consumo em todo o Pas, que tributa no consumo todos os produtos comercializados na ponta, para o consumidor final, e como a Unio ter uma alquota fixa nacional-mente, cada estado poder ento determinar a sua alquota em funo de suas necessidades. No caso da alquota fixa para o Governo da Unio, esta dever ser objeto de estudos para se determinar o quantum porcentual, considerando, claro, a nova estrutura de custos da mquina, muito me-nor do que a atual. Cada estado ter liberdade constitucional para elaborar suas pr-prias leis trabalhistas, penais, tributrias (incluindo a pena de morte, tra-balhos forados, aborto, dentre outros temas polmicos) de preferncia aprovadas por referendos populares, pois, h que se lembrar de quem deve realmente mandar no Estado: aquele que paga a conta, portanto, o cidado (... voc mesmo...). No me pergunte qual a minha opinio sobre aborto e pena de morte, jamais a revelarei, porque so assuntos por demais delicados, e penso que cabe realmente a cada estado, ou me-

  • Cara Nova Para o Brasil 55lhor, ao povo de cada estado, debater e decidir sobre o que se deve adotar como Lei. Questes administrativas, dentre outras tpicas da execuo constitucional e legal do Estado, no precisam ser referendas pelo povo, bastando a Assembleia Legislativa elaborar as peas legais e decidir. Alis, frise-se que toda e qualquer proposta a ser referendada deve ser elaborada ou at mesmo reelaborada se necessrio, pela casa legislativa, quando proposta pelo Executivo, para ento ser encaminhada deciso do povo. Em hiptese alguma se pode imaginar que o assemblesmo ou a ditadura das massas manipuladas pelos ocupantes do Executivo possa substituir o Legislativo. A este cabe elaborar as leis, podendo aprovar o que lhe cabe, mas o poder de deciso de temas que influenciam direta-mente a vida das pessoas deve ser decidido por elas. Isso colocar o ci-dado den