41
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Instituto de Meteorologia, I. P. Rua C – Aeroporto de Lisboa Tel.: (+351) 21 844 7000 e-mail:[email protected] 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (+351) 21 840 2370 URL: http://www.meteo.pt INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA ANO 2006

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA ANO 2006 - ipma.pt · ocorrência de 5 ondas de calor no período de 24 de Maio a 9 de Setembro; a onda de calor em Julho 2006, quer ... caracterização

Embed Size (px)

Citation preview

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Instituto de Meteorologia, I. P.

Rua C – Aeroporto de Lisboa Tel.: (+351) 21 844 7000 e-mail:[email protected] 1749-077 Lisboa – Portugal Fax: (+351) 21 840 2370 URL: http://www.meteo.pt

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA ANO 2006

1|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

ÍNDICE �

Resumo

1. Caracterização Anual ............................................................................................ 3 1.1 Temperatura do ar............................................................................................................3

1.2 Precipitação ....................................................................................................................7

2. Caracterização Sazonal.......................................................................................... 9 2.1 Temperatura do ar............................................................................................................ 9

2.2 Precipitação .................................................................................................................. 16

3. Caracterização Mensal ........................................................................................ 18

Janeiro ...........................................................................................................................18 Fevereiro .......................................................................................................................21 Março ............................................................................................................................23 Abril ..............................................................................................................................23 Maio ..............................................................................................................................23 Junho .............................................................................................................................26 Julho ..............................................................................................................................27

Agosto ...........................................................................................................................29 Setembro .......................................................................................................................31 Outubro .........................................................................................................................32 Novembro .....................................................................................................................35 Dezembro .....................................................................................................................39

2|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Resumo��

O ano de 2006 foi o 5º mais quente em Portugal Continental desde 1931, com um valor da temperatura média de 16,04°C e um desvio de + 1.05 °C em relação à média de 1961-1990.

O Verão (Junho, Julho e Agosto) de 2006 foi o 5º mais quente desde 1931 (temperatura média inferior a 2005, 1949, 2004 e 2003); o Outono (Setembro Outubro e Novembro) foi o 3º mais quente (depois de 1997 e 1983), tendo registado o valor mais alto da média da temperatura mínima dos últimos 76 anos (desde 1931).

O valor da média da temperatura mínima do ar em Outubro foi o mais alto desde 1931 e em Novembro o 2º mais alto (inferior ao de 1983)

O Inverno (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) 2005/06 classificou-se como muito seco. A Primavera (Março, Abril e Maio) classificou-se como seca, ainda que o mês de Março tenha sido muito chuvoso; como consequência a situação de seca, iniciada no final de 2004, acabou em 31 de Março de 2006.

O Verão foi chuvoso e o Outono foi o 3º mais chuvoso desde 1931 (depois do Outono de 1960 e 1965).

Fenómenos climáticos relevantes em 2006:

Temperatura

��������queda de neve no dia 29 de Janeiro nas regiões do litoral e de baixa altitude, em particular a Sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, fenómeno pouco frequente nestas regiões;

��������número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 0°C (frost days) duas a três vezes superiores aos respectivos valores médios, nos meses de Janeiro e Fevereiro.

��������ocorrência de 5 ondas de calor no período de 24 de Maio a 9 de Setembro; ��������a onda de calor em Julho 2006, quer pela sua extensão espacial (quase todo o território),

quer temporal (11 dias na região do Alentejo), foi, para Julho, a mais significativa observada desde 1941;

��������em Julho, a sequência de valores da temperatura mínima ≥ 20°C (noites tropicais) foi, em grande parte do território, a maior observada desde 1990;

��������no Verão de 2006, o número de dias em onda de calor ultrapassou o maior número anteriormente observado, em Beja, Braga, Elvas e Penhas Douradas;

��������em Setembro foram ultrapassados, em alguns locais, os maiores valores da temperatura máxima do ar.

Precipitação Intensa

��������em Outubro, no dia 23, em Elvas e no dia 25, na Guarda e em Coimbra, foram ultrapassados os anteriores máximos da quantidade de precipitação diária;

��������no dia 3 de Novembro, em Alvalade, o valor de 84 mm registado foi superior ao valor médio mensal e ultrapassou o maior valor anteriormente registado nesta estação (73.0 mm no dia 8 de Novembro de 1982).

3|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

1. Caracterização Anual

1.1 Temperatura do ar

Em Portugal Continental a média da temperatura média do ar em 2006 (calculada com base em 42 estações meteorológicas) foi de 16.04°C, cerca de 1.05°C acima do valor médio de 1961-1990.

O ano de 2006 foi o 5º mais quente desde 1931.

Figura 1.1 – Variabilidade da média anual da temperatura média em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990; STD – desvio padrão)

1997 foi o ano mais quente e dos 10 mais quentes, 7 ocorreram depois de 1990 (1997, 1995, 1996, 2006, 1990, 1998 e 2003).

Figura 1.2 Temperatura média anual em Portugal Continental – desvios em relação á média

Na Figura 1.3 representa-se a variabilidade da média da temperatura máxima e mínima do ar em Portugal Continental.

13

14

15

16

17

1931 1936 1941 1946 1951 1956 1961 1966 1971 1976 1981 1986 1991 1996 2001 2006

�����

����

����

�����

Tem

pera

tura

méd

ia d

o ar

(°C

)

-0.25

0.00

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

1.50

1.75

90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

Des

vios

em

rel

ação

à m

édia

196

1-19

90

4|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

A média da temperatura máxima do ar foi de 21.27°C, 1.06°C acima do valor médio de 1961-1990; a média da temperatura mínima foi de 10.81°C, 1.05°C acima do valor médio.

Figura 1.3 – Variabilidade da média anual da temperatura máxima e mínima do ar em Portugal Continental (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

Da análise mensal há a referir que apenas nos meses de Janeiro, Fevereiro e Dezembro, os

valores da temperatura média do ar foram inferiores aos respectivos valores médios 1961-1990.

Figura 1.4 – Média mensal da temperatura média do ar em Portugal Continental em 2006.

Comparação com os valores médios 1961-1990.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

�� �� �� ��� �� �� ��� ��� ��� ��� ��� ���

���������������

��� ���������!"���������

��� ���������!"����"�����#$%&

'������"�(�)���(��*+�(

5|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Na Figura 1.5 apresentam-se as anomalias da média da temperatura máxima e mínima do ar em relação aos respectivos valores médios. Referência para as anomalias, superiores a 2°C, da temperatura máxima do ar em Abril e Maio e da temperatura mínima do ar em Outubro e Novembro.

Figura 1.5 – Anomalias (em relação ao valor médio 1961-90) da média da temperatura máxima e mínima do ar

em 2006, em Portugal Continental

Na Figura 1.6 apresenta-se a variação espacial da temperatura média do ar em 2006 e os respectivos desvios em relação aos valores médios 1961-1990.

Verificaram-se anomalias positivas em todo o território, em particular nas regiões do Norte e interior Sul, onde foram superiores a 1.5 °C (Figura 1.1 (b)).

Figura 1.6 – Distribuição espacial da temperatura média em 2006 (a) e desvios em relação ao valor médio (b)

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Des

vio

s da

tem

per

atu

ra m

áxim

a (°

C)

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezD

esvi

os

da

tem

per

atu

ra m

ínim

a (°

C)

6|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Nas Figuras 1.7 e 1.8 apresenta-se a variação espacial da temperatura máxima e mínima do ar em 2006 e os respectivos desvios em relação aos valores médios 1961-1990.

Figura 1.7 – Distribuição espacial da temperatura máxima em 2006 (a) e desvios em relação ao valor médio (b)

Figura 1.8 – Distribuição espacial da temperatura mínima em 2006 (a) e desvios em relação ao valor médio (b)

(a) (b)

(a) (b)

7|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

1.2 Precipitação

O ano de 2006 (ano civil) classificou-se como um ano normal; nas regiões do interior centro e sul os valores foram inferiores a 600 mm e superiores a 1600 mm nas regiões montanhosas do interior Norte e Centro.

Figura 1.9 – Distribuição espacial da precipitação média no ano 2006 (a) e desvios em relação ao valor médio 1961-1990 (b)

Na Figura 1.10 apresenta-se a variabilidade interanual da precipitação no período 1931-2006.

(a) (b)

8|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 1.10 Variabilidade interanual da precipitação em Portugal Continental. (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

Da análise mensal de realçar os meses de Março, Agosto a Novembro com valores da quantidade de precipitação muito superiores aos valores médios, classificados como extremamente chuvosos.

Figura 1.11 – Precipitação mensal em Portugal Continental em 2006.Comparação com os valores médios.

,�

���

�,�

���

�,�

�� �� �� ��� �� �� ��� ��� ��� ��� ��� ���

���������������

����

Pre

cip

itaçã

o (m

m)

9|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

2. Caracterização Sazonal

Temperatura do ar

O Inverno 2005/2006, com o valor da média da temperatura média do ar de 8.26ºC, 1.06°C abaixo do valor médio de 1961-1990 registou o 9º valor mais baixo desde 1931.

A Primavera (Março, Abril e Maio) de 2006 foi a 7ª mais quente desde 1931 (depois de 1997,

1945, 1961, 1995, 1943 e 1992), com o valor da temperatura média do ar de 14.99 °C, 1.66°C acima do valor médio de 1961-1990 (Figura 2.1)

Figura 2.1 Variabilidade interanual da temperatura média do ar na Primavera em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

A Primavera de 2006 registou o 8º valor mais alto da média da temperatura máxima, 20.26 °C, 1.87°C acima do valor médio 1961-90; o valor da média da temperatura mínima, 9.71 °C, 1.45°C acima do valor médio, foi o 4º mais alto (Figura 2.2)

Figura 2.2 Variabilidade interanual da temperatura máxima e mínima do ar na Primavera em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

10|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

O Verão (Junho, Julho e Agosto) de 2006 foi o 5º Verão mais quente desde 1931 (depois de 2005, 1949, 2004 e 2003), com o valor da temperatura média do ar 22.76 °C, 1.8°C acima do valor médio de 1961-1990 (Figura 2.3).

Figura 2.3 Variabilidade interanual da temperatura média do ar no Verão em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

O Verão de 2006 registou o 2 º valor mais alto da média da temperatura mínima, 16.30 °C, 1.79°C acima do valor médio 1961-90 ; o valor da temperatura máxima do ar, 29.22 °C, 1.93°C acima do valor médio de 1961-1990 foi o 5º mais alto (depois de 2005, 1949, 2004 e 2003)

Figura 2.4 Variabilidade interanual da temperatura máxima e mínima do ar no Verão em Portugal Continental

(a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

Na Figura 2.5 representa-se o número de dias em onda de calor nos meses de Junho a Agosto de 2006

11|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 2.5 Número de dias em onda de calor no Verão (JJA) 2006

No Verão de 2006, o número de dias em onda de calor ultrapassou o maior número anteriormente observado, em Beja, Braga, Elvas e Penhas Douradas; em Alvalade, Alvega e Setúbal foi igualado o maior número de dias (Figura 2.5 e Tabela 2.1).

Tabela 2.1_Maior número de dias em onda de calor (até 2005) e ano de ocorrência

Local Maior n.º de dias em onda de calor (Verão) Ano

Alvalade (1941) 24 2003 Alvega (1949) 24 1949 Beja (1957) 24 2003 Braga (1941) 23 1949 Bragança (1941) 26 1943 Elvas (1941) 26 2003 P. Douradas (1941) 20 1943 e 2003 Portalegre (1941) 51 1941 Setúbal (1941) 8 1981 Vila Real (1941) 29 1943 Lisboa (1941) 8 1948, 1961, 1981 e 2004 Faro (1965) 6 1981

Entre parêntesis o ano de início da série analisada

Nos meses de Junho a Agosto observaram-se valores muito altos da temperatura máxima

e mínima do ar, muito superiores aos respectivos valores médios; valores superiores apenas ocorrem em 10% dos casos.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Alc

ácer

Alv

alad

e

Alv

ega

Am

arel

eja

An

adia

Bej

a

Ben

avila

Bra

ga

Bra

gan

ça

Cas

telo

Bra

nco

Elv

as

Fo

nte

Bo

a/S

anta

rém

Gu

ard

a

Mir

and

ela

Mo

nta

leg

re

Pen

has

Do

ura

das

Po

rtal

egre

Po

rto

Sag

res

Set

úb

al

Vila

Rea

l

Junho Julho Agosto

de d

ias

em o

nda

de c

alor

12|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

De referir, no entanto, o período de 15 a 19 Agosto em que valores da temperatura máxima e mínima do ar inferiores aos então observados apenas ocorrem em 10% dos casos; não se observaram, na rede de estações do IM, valores de temperatura máxima ≥ 30°C, nem valores de temperatura mínima ≥ 20°C.

Na Figura 2.6 apresentam-se, para 4 locais, os valores diários da temperatura mínima e

máxima do ar , percentis 90 e 10 (calculados no período de referência 1961-1990) onde se podem observar os dias e noites quentes1 (a vermelho), assim como os dias e noites frias (a azul).

1 Definem-se dias frios/noites frias como os dias/noites em que temperatura máxima/mínima diária é inferior ao percentil 10 da temperatura máxima/mínima diária (calculado no período 1961-1990); definem-se dias quentes/noites quentes como os dias/noites em que temperatura máxima/mínima diária é superior ao percentil 90 da temperatura máxima/mínima diária (calculado no período 1961-1990).

13|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 2.6 Valores diários da temperatura mínima e máxima do ar e percentil 90 e 10 (Verão 2006)

14|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

A média da temperatura média do ar no Outono (Setembro, Outubro e Novembro) de 2006 foi 17.97 °C, 1.73°C acima do valor médio do período de referência de 1961-1990, tendo sido o 3º Outono mais quente desde 1931 (Figura 2.7).

Outono de 2006 registou o valor mais alto da média da temperatura mínima, 13.44 °C, dos últimos 76 anos (desde 1931).

Figura 2.7 Variabilidade interanual da temperatura média e da temperatura mínima do ar no Outono em Portugal Continental (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

Na Figura 2.8 apresentam-se, para 4 locais, os valores diários da temperatura mínima e máxima do ar, percentis 90 e 10 (calculados no período de referência 1961-1990) nos meses de Setembro a Novembro onde se podem verificar os dias quentes e as noites quentes (a vermelho), em particular nos meses de Outubro e Novembro. Referência para o reduzido número de noites frias e dias frios (a azul).

15|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 2.8 Valores diários da temperatura mínima e máxima do ar e respectivos percentil 90 e 10

16|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Precipitação Na Figura 2.9 apresenta-se a variabilidade da precipitação por estações do ano. De realçar: O Outono de 2006 foi o 3º mais chuvoso desde 1931, depois do Outono de 1960 e 1965,

podendo afirmar-se que este é o Outono mais chuvoso dos últimos 42 anos (Figura 2.11).

Figura 2.9 Variabilidade da precipitação por estações do ano em Portugal Continental. Período: 1931-2006 (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

De referir que no Outono de 2006 foram ultrapassados os maiores valores da quantidade de precipitação anteriormente registados em alguns locais, desde que há registos, sendo o mais chuvoso dos últimos

��������66 anos em Elvas, Castelo Branco e Portalegre; ��������58 anos em Alvega;

O Outono de 2006 foi o 2º mais chuvoso em Lisboa (desde 1901)

Na Figura 2.10 apresenta-se a distribuição espacial da precipitação no Outono de 2006 e a

percentagem em relação aos valores médios.

17|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 2.10 Distribuição espacial da precipitação no Outono 2006 (a) e desvios em relação ao valor médio (b)

O Inverno 2005/06 foi muito seco (50 % em relação à média de 1961-1990), o 6º mais seco

desde 1990. De referir que 2004/05 foi o Inverno mais seco desde 1931 e dos 15 mais secos, 6 ocorreram depois de 1990 (2004, 1999, 1991, 1998, 2001 e 2005). A Primavera 2006

O Verão 2006 classificou-se como um Verão seco a normal em parte da região Norte e da região Centro; no restante território classificou-se como muito chuvoso a extremamente chuvoso. Grande parte do território, em termos de percentagem em relação ao valor médio 1961-1990, apresentou valores superiores a 140%

Figura 2.11 Distribuição espacial da precipitação no Verão 2006 e desvios em relação ao valor médio

(a) (b)

18|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

3. Caracterização Mensal

Janeiro O mês de Janeiro caracterizou-se por valores médios da temperatura do ar (máxima, mínima

e média) inferiores aos valores normais e pela ocorrência de dias e noites muito frias, principalmente na segunda quinzena, e em particular os dias 28 a 31.

A temperatura média do ar em Janeiro foi 1.16 °C inferior ao valor médio, devido principalmente à temperatura mínima com desvio de -0.78 ° em relação à média.

De referir a ocorrência de neve no dia 29 nas regiões do Norte e Centro, fenómeno pouco frequente nas regiões do litoral e de baixa altitude, em particular a Sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela como por exemplo em Setúbal, Lisboa, Santarém, Rio Maior, Figueira da Foz, Coimbra, Beja, Évora e em algumas zonas do Algarve.

A única ocorrência de neve em Setúbal reporta a 22 de Janeiro de 1950 e em Lisboa data de 1 e 2 de Fevereiro de 1954. No entanto e na década de 40 de referir a ocorrência de neve em Lisboa em 25 de Dezembro de 1944, Janeiro de 1945, dias 12, 13, 14 e 16 e em 27 de Janeiro de 1947.

Ainda em Fevereiro de 1954 foi registada a ocorrência de neve em várias estações da rede do IM: Alcobaça, Santarém, Dois Portos, Rio Maior, Cabo da Roca, Monte Estoril, Ota, Alcácer do Sal, Viana do Alentejo, Beja, Alvalade/Sado e Vila do Bispo.

Em Janeiro de 1987 registou-se queda de neve nas estações de Dunas de Mira, Coimbra, Rio aior, Dois Portos, Mora, Évora e Vila Fernando.

Há cerca de 12 anos, em 4 de Fevereiro de 1994, de referir a ocorrência de neve em Dunas de Mira, Évora e Beja.

A ocorrência de neve nas regiões do Centro e Sul do Continente, no dia 29 de Janeiro, deveu-se ao deslocamento de uma depressão ao longo do território, de norte para sul. Esta depressão formou-se numa massa de ar muito frio e teve uma linha de instabilidade associada. A referida massa de ar foi gradualmente transportada na circulação de um anticiclone localizado na região das Ilhas Britânicas, desde a Europa Central até à região do Golfo da Biscaia e posteriormente transportada para sul em direcção à Península Ibérica. Deste modo, foram criadas as condições para a ocorrência de precipitação sob a forma de neve em grande parte do território.

Figura 3.1 Imagem de satélite do dia 29 de Janeiro

19|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Na Figura 3.2 está representado a distribuição espacial dos valores da temperatura do ar às 15 UTC e do índice bioclimático WSI, que atingiram valores extremos em todo o território; os valores da temperatura do ar às 15 UTC variaram entre –4.7°C em Penhas Douradas e +9.8 °C em Viana do Castelo e Braga.

Figura 3.2 Representação espacial dos valores da temperatura do ar às 15 UTC do dia 29 de Janeiro 2005 e do WSI

No dia 29 de Janeiro os valores da temperatura máxima

variaram entre –4.2 °C em Penhas Douradas e +12.2 °C em Sagres; valores da temperatura máxima iguais ou inferiores a 5°C observaram-se em um terço das estações e valores iguais ou superiores 10°C em apenas 5: Braga, Viana do Castelo, Sagres, Portimão e Vila Real de Santo António.

Os valores da temperatura mínima variaram entre -8.0 °C em Penhas Douradas e +4.2 °C em Sagres; em cerca de 50% das estações da rede meteorológica observaram-se valores da temperatura mínima inferiores a 0°C (utilizadas 70 estações).

Figura 3.3 Representação espacial dos valores da temperatura mínima do ar em 29 de Janeiro 2006

20|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

O número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 0°C (frost days), Figura 3.4(a), variou entre 0 (regiões do litoral) e 21 dias (Penhas Douradas) e foram, em geral, superiores aos respectivos valores médios, em particular nas regiões do Centro e Sul, onde foram duas a três vezes superiores.

O número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 5°C, Figura 3.4(b), variou entre 2 (Cabo Carvoeiro) e 31 dias (Miranda do Douro, Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo e Penhas Douradas); estes valores foram superiores aos valores médios em todo o território, mais significativamente nas regiões do Centro e Sul.

Os valores do número de dias com temperatura máxima igual ou inferior a 10°C, foram, em geral, superiores aos respectivos valores médios e variaram entre 0 (Sagres e Portimão) e 31 dias (Guarda) Figura 3.4(c).

Figura 3.4 Número de dias com temperatura mínima do ar ≤ 0°C (a) e ≤ 5°C (b) e número de dias com temperatura máxima do ar ≤ 10°C (c) (utilizadas 55 estações)

De referir ainda que no mês de Janeiro, valores da temperatura máxima iguais ou inferiores a 0°C (ice days) observaram-se apenas na estação de Penhas Douradas (5 dias): 0.0°C dias 6, 15 e 16; -0.5 e -4.2 °C, dia 28 e 29, respectivamente.

(c) (a) (b)

21|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Em 31 de Janeiro de 2006 92% do território permanecia em situação de seca com intensidade fraca a moderada.

O mês de Janeiro quanto à quantidade de precipitação classificou-se como seco; de referir que valores da quantidade de precipitação inferiores aos observados só ocorrem em 12% dos anos.

De referir que desde 1990, Janeiro de 2006 é o 2º mais seco (superior a 2005); nestes últimos 17 anos apenas Janeiro de 1996 e 2001 foram muito chuvosos (Figura 3.5).

Figura 3.5 Média da Precipitação em Janeiro em Portugal Continental – desvios em relação á média

Fevereiro A temperatura do ar no mês de Fevereiro caracterizou-se por valores inferiores aos normais, em

particular os valores da temperatura mínima.

A temperatura média do ar em Fevereiro foi 1.07 °C inferior ao valor médio; a temperatura mínima e máxima do ar foram, respectivamente, 1.91 e 0.22°C inferior ao valor médio.

O número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 0°C (frost days), Figura 3.6(a), variou entre 0 (regiões do litoral e centro-sul) e 21 dias nas regiões do interior Norte e Centro e foram, em geral, duas a três vezes superiores aos respectivos valores médios.

O número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 5°C, Figura 3.6(b), variou entre 0 (Cabo Carvoeiro) e 28 dias (Montalegre); estes valores foram cerca de duas vezes superiores aos valores médios.

Os valores do número de dias com temperatura máxima igual ou inferior a 10°C foram próximos dos valores médios e variaram entre 0 (regiões do litoral e centro-sul) e 23 dias (Penhas Douradas) Figura 3.6(c).

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

250

90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06

Des

vios

em

rel

ação

à m

édia

196

1-19

90

22|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 3.6 Número de dias com temperatura mínima do ar ≤ 0°C (a) e ≤ 5°C (b) e número de dias com temperatura máxima do ar ≤ 10°C (c) em Fevereiro 2006 (utilizadas 57 estações)

De referir ainda que no mês de Fevereiro não se observaram valores da temperatura máxima iguais ou inferiores a 0°C (ice days).

Em relação à quantidade de precipitação o mês classificou-se como seco a muito seco em

grande parte do território, com excepção de uma pequena região a Norte de Lisboa e do barlavento algarvio onde foi normal.

Em 28 de Fevereiro de 2006 97% do território

permanecia em situação de seca com intensidade fraca (85%) a moderada (12%) (Figura 3.7).

Figura 3.7 Distribuição espacial do Índice de Seca

em 28 de Fevereiro 2006

(c)(b)(a)

23|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Março O mês de Março foi caracterizado por valores médios da temperatura média e da temperatura

mínima do ar superiores aos valores normais em todo o território e valores médios da temperatura máxima próximos dos valores médios. O desvio da temperatura mínima em relação à média foi de +1.18 °C e o da temperatura média +0.56 °C.

Quanto à quantidade de precipitação o mês de Março classificou-se como chuvoso a muito

chuvoso em grande parte do território, com excepção do Algarve onde foi normal a chuvoso. Em 31 de Março de 2006 a situação de seca

terminou em quase todo o território (82% em situação normal a chuva fraca). No entanto nas regiões do Nordeste transmontano e algumas partes do Alentejo (zona de Beja) e do Algarve ainda permanecia a situação de seca fraca (Figura 3.8).

Figura 3.8 Distribuição espacial do Índice de Seca em 31 de

Março 2006

Abril A temperatura do ar no mês de Abril caracterizou-se por valores médios da temperatura máxima

e mínima do ar superiores aos valores normais, com desvios de 2.18 e 1.87 °C, respectivamente.

Em relação à precipitação, Abril classificou-se como chuvoso em alguns locais do Nordeste, da região Centro e Sotavento algarvio e seco a normal no restante território.

Maio A média da temperatura média do ar em Maio, 18.11 °C, 2.35 °C acima do valor médio, registou

o 4º valor mais alto desde 1931 (depois de 1964, 1953 e 1965), podendo afirmar-se que este foi o Maio mais quente dos últimos 41 anos.

A média da temperatura máxima, 24.56 °C, 3.36 °C acima do valor médio, registou o 3º valor mais alto (depois de 1965 e 1964).

24|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 3.9 Variabilidade da temperatura média e máxima do ar em Maio em Portugal Continental Período: 1931-2006 (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

Os valores da temperatura do ar neste mês, foram em alguns locais, próximos dos maiores valores já observados, tendo sido mesmo ultrapassados em Santarém, Sines e Beja.

Merecem referência os valores altos da temperatura do ar, em particular da temperatura

máxima no período 9-19 de Maio e a partir do dia 24, com a ocorrência de uma onda de calor, que na região Centro e na região de Portalegre se prolongou pelo mês de Junho.

Na Figura 3.10 apresenta-se a duração (dias) da onda

de calor em 1 de Junho de 2006

Figura 3.10 Representação espacial da duração da onda de calor (dias) em 1 de Junho 2006

25|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Referência para o número de dias com temperatura máxima do ar ≥ a 25°C e 30°C, muito superior aos respectivos valores médios (Figura 3.11).

Figura 3.11 Número de dias com temperatura máxima do ar ≥ 25°C (a) e ≥ 30°C (b) em Maio 2006 Em relação à quantidade de precipitação o mês de Maio classificou-se como extremamente

seco. Maio de 2006 foi o 2º mais seco desde 1931, superior a 1991 (Figura 3.12).

Figura 3.12 Variabilidade da média da precipitação em Maio em Portugal Continental

Período: 1931-2006 (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

(a) (b)

26|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Junho A temperatura média do ar em Junho foi de 21.06 °C, 1.8 °C acima do valor médio; o valor

da temperatura mínima, 15.04 °C, com um desvio de +1.69 °C em relação ao valor médio, correspondeu ao 5º valor mais alto desde 1931.

Referência para a onda de calor (com início em 24 de

Maio e fim em 8 de Junho) que em parte da região Centro e na região de Portalegre teve uma duração de 16 dias e 15 dias, respectivamente (Figura 3.13).

Figura 3.13 Representação espacial da duração da onda de calor (dias) em 8 de Junho 2006

O número de dias com temperatura máxima ≥ a 25°C e 30°C (Figura 3.14) foi muito superior aos respectivos valores médios.

Figura 3.14 Número de dias com temperatura máxima do ar ≥ 25°C (a), ≥ 30°C (b) e ≥ 35°C em Junho 2006

Em relação à quantidade de precipitação o mês de Junho classificou-se como chuvoso.

(a) (b) (c)

27|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Julho Julho foi caracterizado por valores médios da temperatura do ar muito superiores aos valores

médios. Julho de 1996 foi o 3º mais quente em Portugal Continental desde 1931 (depois de 1989 e 1990), com um valor da temperatura média de 23.82 °C e um desvio de + 1.95 °C em relação à média de 1961-1990.

Figura 3.15 – Variabilidade da média da temperatura média em Julho em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

A média da temperatura mínima do ar em Julho de 2006, 17.17 °C, com desvio de + 1,95 °C em relação à média, foi a 3ª mais alta registada desde 1931, inferior à de 1989 e 1990; a média da temperatura máxima foi de 30.46 °C (desvio de +1.99 °C) e foi a 6ª mais alta (Figura 3.16)

Figura 3.16 Variabilidade da média da temperatura máxima e mínima do ar em Julho em Portugal Continental (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

No período de 7 a 18 de Julho ocorreu uma onda de calor que, pela sua extensão espacial

(quase todo o território) e temporal (11 dias na região do Alentejo), pode ser considerada a mais significativa observada em Julho desde 1941 (Figura 3.17).

28|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Neste período de referir ainda os valores muito altos da temperatura mínima, que em alguns locais ultrapassaram ou igualaram os maiores valores anteriormente observados, e também a sua persistência; a sequência de noites tropicais (Figura 3.18) foi, em grande parte do território, a maior observada desde 1990.

Figura 3.17 Representação espacial da duração da

onda de calor (dias) (7 a 18 de Julho 2006) Figura 3.18 Representação espacial do nº de

noites tropicais consecutivas (8 a 18 Julho 2006)

Os valores muito altos da temperatura mínima originaram grande desconforto térmico que se verificou em todo o território (Figura 3.19).

Figura 3.19 Índice bioclimático (WSI- Weather Stress Index ) nos dia 11, 14 e 17 de Julho às 06UTC

Em relação à quantidade de precipitação o mês de Julho classificou-se como normal; no entanto nas regiões do interior e em parte do litoral Centro e Sul os valores da quantidade de precipitação permitem classificá-lo como chuvoso a extremamente chuvoso naquelas regiões (Figura 3.20).

29|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Figura 3.20 Precipitação total em Julho (esq) e percentagem em relação à média 1961-90 (dir)

Agosto A temperatura média do ar em Agosto foi de 21.87 °C, 1.55 °C acima do valor médio; a o

desvio em relação à média da temperatura mínima foi de +1.60°C e da temperatura máxima +1.50 °C

Este mês caracterizou-se por dois períodos com valores muito altos da temperatura do ar, muito superiores aos respectivos valores médios (4 a 14 de Agosto e depois do dia 20), intercalados por um período, de 15 a 19 de Agosto, com valores da temperatura do ar muito inferiores aos valores médios (Figura 3.21).

Figura 3.21 Maiores desvios da temperatura máxima e mínima do ar em Agosto (em itálico o dia de ocorrência)

14.5

14.4

12.9

12.7

12.6

12.3

10.9

10.4

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Dois Portos

Monte Real

Anadia

Porto

Fonte Boa/Santarém

Sintra

Alcacer do Sal

Braga

6

6

6

11

6

6

6

Temperatura Máxima (Desvios (°C) em relação ao valor médio 1961-1990)

29

7.3

7.4

7.5

7.7

7.9

8.0

8.1

11.0

11.7

0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0

Braga

Penhas Douradas

Amareleja

Lisboa

Faro

Elvas

Beja

Porto

Portalegre

8

9

30

9

7

6

31

Temperatura Mínima (Desvios (°C) em relação ao valor médio 1961-1990)

7

31

-5.4

-5.7

-5.9

-6.0

-6.0

-6.4

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

Guarda

Miranda Douro

Bragança

Penhas Douradas

Castelo Branco

Portalegre

Temperatura Mínima (Desvios (°C) em relação ao valor médio 1961-1990)

19

19

20

19

19

20

-10.1

-10.3

-11.1

-11.4

-12.1

-12.1

-12.1

-13.5

-14.0

-16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0

Castelo Branco

Montalegre

F. Castelo Rodrigo

Portalegre

Mirandela

Vila Real

Penhas Douradas

Miranda Douro

Bragança

Temperatura Máxima (Desvios (°C) em relação ao valor médio 1961-1990)

16

16

18

18

18

18

18

18

18

30|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

De 2 a 13 de Agosto ocorreu uma onda de calor nas regiões do litoral Norte e Centro, com duração entre 8 e 11 dias (Figura 3.22); no dia 27 de Agosto, nas regiões do interior Centro e Sul, iniciou-se uma onda de calor, que se prolongou por Setembro.

Os maiores valores do número de noites tropicais consecutivas (Figura 3.23) verificaram-se em Faro (12) e Vila Real Santo António (11) e ocorreram, em geral, de 1 a 14 de Agosto.

Figura 3.22 Representação espacial da duração

(dias) da onda de calor (2 a 13 Agosto 2006) Figura 3.23 Representação espacial do maior número de noites tropicais consecutivas (1 a 14 Agosto 2006)

Quanto à precipitação o mês de Agosto classificou-se extremamente chuvoso; valores da quantidade de precipitação superiores aos observados só ocorrem em 20% dos anos; referência ainda para a ocorrência de 17 a 19 de Agosto de dias muito chuvosos (precipitação ≥10 mm).

Figura 3.24 Precipitação total em Agosto (esq) e respectiva percentagem em relação à média 1961-1990 (dir)

31|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Setembro Os valores da temperatura do ar em Setembro foram superiores aos valores médios, com

desvios de +0.86 °C para a temperatura média, +1.09 °C para a mínima e +0.63 °C para a máxima.

Entre os dias 1 e 10 de Setembro registaram-se valores muito altos da temperatura máxima do ar, muito superiores aos respectivos valores médios, em particular nos dias 4 e 5, com desvios entre os 10 e 13°C em grande parte do território. Os valores da temperatura do ar foram, em alguns locais, próximos dos maiores valores já observados, tendo sido mesmo ultrapassados em algumas estações meteorológicas.

Em 27 de Agosto iniciou-se uma onda de calor nas regiões do interior Centro e Sul, que se estendeu às regiões do interior Centro, ao interior Norte a partir do dia 31 e em 3 de Setembro ao litoral a Sul de Sines; a onda de calor terminou no dia 9 de Setembro (Figura 3.25)

Figura 3.25 Representação espacial da duração (dias) da onda de calor (27Agosto a 9 Setembro 2006) Ocorreram ainda em Setembro dois períodos com valores baixos da temperatura do ar (11 a

15 de Setembro e 21 a 25 de Setembro). O mês de Setembro classificou-se como extremamente chuvoso. Referência para a ocorrência de 21 a 25 de Setembro de dias muito chuvosos (precipitação

≥10 mm); em alguns locais os valores da quantidade de precipitação em 24 horas (09-09 UTC) foram superiores ao respectivo valor médio mensal.

32|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Outubro A média da temperatura mínima em Outubro, 13.95°C, 2.66°C acima do valor médio, foi a

mais alta registada desde 1931 (Figura 3.26)

Figura 3.26 Variabilidade da média da temperatura mínima do ar em Outubro em Portugal Continental (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

De realçar os valores altos da temperatura do ar, em particular a partir do dia 26 de Outubro,

com desvios superiores a 5°C em relação aos respectivos valores médios. No Porto/ P. Rubras; no dia 30, o valor da temperatura mínima, 19.1 °C, ultrapassou o maior valor anteriormente observado.

Figura 3.27 Anomalias dos valores diários da temperatura máxima e mínima do ar

33|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Outubro de 2006 foi o 4º mais chuvoso desde 1931 (depois de 1960, 1979, 1993);

Figura 3.28 Variabilidade da precipitação em Outubro, em Portugal Continental

Os valores da quantidade de precipitação observados neste mês permitem classificá-lo como

extremamente chuvoso

Figura 3.29 Precipitação total em Outubro (esq) e respectiva percentagem em relação à média 1961-1990 (dir)

De realçar o elevado número de dias com precipitação em particular o número de dias com

precipitação ≥ 10 mm, 2 a 4 vezes superior aos respectivos valores médios, em grande parte do território.

Os valores diários da quantidade de precipitação foram em geral muito altos, correspondendo

entre 75 e 150% do valor médio mensal.

0

50

100

150

200

250

300

1931 1936 1941 1946 1951 1956 1961 1966 1971 1976 1981 1986 1991 1996 2001 2006

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

34|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Em Outubro de 2006, nas estações da Guarda, Coimbra e Elvas foram ultrapassados os anteriores maiores valores diários da quantidade de precipitação (Tabela 3.1), o que demonstra o carácter excepcional da precipitação.

Tabela 3.1_ Maiores valores da quantidade de precipitação em 24 horas (das 09 às 09 UTC) em Outubro

Outubro 2006 Local Dia Máx. diário (mm)

Anterior máximo diário (mm) dia/ano

Guarda 25 142 116.0 11/1953 Coimbra 25 99 57.8 22/1960 Elvas 23 62 61.5 28/2005

O período de retorno dos valores máximos diários da quantidade de precipitação foi inferior

a 5 anos em parte das estações meteorológicas; em Lisboa foi cerca de 20 anos, em Castelo Branco, 30 anos, em Bragança, 40 anos e em Setúbal, 50 anos; para as estações do Alentejo o período de retorno variou entre 10 anos (Évora e Alvalade) e 20 anos (Portalegre e Beja).

No período de 19 a 27 de Outubro, referência ainda para os valores da quantidade de precipitação acumulados em 5 dias (Tabela 3.2), que em parte do território foram superiores ao respectivo valor médio mensal (entre 120 e 200%) correspondendo entre 50 e 75% do total mensal.

Tabela 3.2_Precipitação em Outubro

Local

Precipitação Máxima Diária

Out 06 (mm) Dia

Valor Médio Outubro

(mm)

Maior Valor da Precipitação Acumulada em 5 dias

Out 06 (mm) Período

Montalegre 76 22 145 208 19 a 23 Bragança 66 25 70 117 22 a 26 Viana do Castelo 47 25 155 116 22 a 26 Miranda do Douro 63 23 52 106 22 a 26 Vila Real 32 25 108 80 21 a 25 Porto/P. Rubras 44 19 127 118 19 a 23 Viseu 54 25 122 131 21 a 25 Guarda 142 25 92 180 21 a 25 Penhas Douradas 90 25 183 228 23 a 27 Coimbra 99 25 97 148 22 a 26 Castelo Branco 73 23 76 140 23 a 27 Alvega 66 25 74 131 23 a 27 Portalegre 61 23 92 171 20 a 24 Elvas 62 23 63 120 19 a 23 Lisboa 62 25 80 126 22 a 26 Évora 53 23 69 110 23 a 27 Alvalade 43 23 68 109 21 a 25 Beja 52 23 65 98 21 a 25 Sines 48 25 60 117 23 a 27

35|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Referência ainda para os valores horários da quantidade de precipitação na região Centro, em particular em Coimbra onde entre a 1 e as 3 UTC do dia 25 foi atingido o valor de 64 mm (com 39 mm das 2 às 3 UTC). O valor registado em 2 horas foi o maior valor observado em Coimbra desde 1973 (Figura 3.30).

Figura 3.30 Valores acumulados da quantidade de precipitação horária

Novembro

Novembro de 2006, com uma temperatura média de 14.65 °C, 2.67°C acima do valor normal, foi o 3º mais quente desde 1931 (depois de 1981 e1983)

Figura 3.31 Variabilidade da média da temperatura média do ar em Novembro em Portugal Continental (a tracejado o valor médio no período 1961-1990)

25

64

0

10

20

30

40

50

60

70

1 h 2 h

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)Coimbra

Dia 25 (da 1 às 3 UTC)

16

39

48

65

55

0

10

20

30

40

50

60

70

1 h 2 h 3 h 4 h 5 h

Pre

cip

itaçã

o (m

m)

Guarda

Dia 24 (das 19 às 24 UTC)

11

35

42

56

0

10

20

30

40

50

60

1 h 2 h 3 h 4 h

Prec

ipita

ção

(m

m)

Alvega

Dia 25 (da 1 às 5 UTC)

36|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

O valor médio da temperatura mínima, 11.14 °C, com desvio de + 3.55 °C em relação à média foi o 2º valor mais alto, inferior ao de 1983; o valor médio da temperatura máxima, 18.16 °C, com desvio de + 1.78 °C em relação à média, foi o 5º valor mais alto, inferior ao de 1981, 1947,1948 e 1970 (Figura 3.32)

Figura 3.32 Variabilidade da média da temperatura máxima e mínima do ar em Novembro em Portugal Continental (a tracejado os valores médios no período 1961-1990)

Em cerca de metade do mês ocorreram valores da temperatura mínima superiores aos

respectivos valores do percentil 90, com particular referência para os valores altos da temperatura mínima do ar nos primeiros dias do mês e de 22 a 27. Os maiores desvios na temperatura mínima, +10.4 °C e + 10.1°C, ocorreram no dia 24 respectivamente em Alvalade/Sado e Alvega (Figura 3.33). Neste dia, em quase todo o território, ocorreram os maiores valores da temperatura mínima, valores consideráveis para a última década de Novembro. No entanto, não foram ultrapassados os maiores valores da temperatura mínima em Novembro.

Figura 3.33 Anomalias da temperatura máxima e mínima do ar em Novembro 2006

37|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Os valores da quantidade de precipitação observados no mês de Novembro, muito superiores aos valores médios, permitem classificá-lo como extremamente chuvoso.

Figura 3.34 Precipitação total em Novembro e respectiva percentagem em relação à média 1961-1990

O mês de Novembro caracterizou-se por valores muito altos da quantidade de precipitação em particular de 3 a 7 e 21 a 29 de Novembro.

Os maiores valores diários (das 09 às 09 UTC) da quantidade de precipitação em Novembro, em grande parte das estações do território corresponderam entre 40 e 104% do valor médio mensal. Os máximos diários registados em Novembro 2006 foram, na maior parte das estações, superiores à média dos máximos diários, a que corresponde um período de retorno de 2.33 anos.

De referir que o período de retorno dos valores máximos diários da quantidade de precipitação foi de:

�������� 20 anos em Penhas Douradas, Castelo Branco e Vila Real de Santo António;

��������cerca de 10 anos em Mirandela, Beja, Portalegre e Faro

Em alguns locais das regiões Centro e Sul, nomeadamente em Alvalade, Alvega, Vila Real Santo António, Faro, Beja e Castelo Branco, as quantidades de precipitação registadas até ao dia 7 de Novembro, ultrapassaram o valor médio do mês; os valores da precipitação em 7 dias corresponderam entre 120 e 160% do valor médio mensal.

Considerando as estações com séries longas (mais de 30 anos de registos) o valor de 84 mm registado no dia 3 de Novembro, em Alvalade, foi superior ao valor médio mensal e ultrapassou o maior valor anteriormente registado nesta estação (73.0 mm no dia 8 de Novembro de 1982), o que demonstra o carácter excepcional da precipitação.

38|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Em Castelo Branco nos dias 5 e 6 registaram-se 130 mm; de referir ainda que em Castelo Branco no dia 5 em 2 horas (das 7 às 9 UTC) registaram-se 44 mm; em Vila Real Santo António (v. médio mensal 82 mm) no dia 3 registaram-se 73 mm (cerca de 39 mm em 2 horas).

Os maiores valores da quantidade de precipitação acumulados em 5 dias (indicador potencial de cheias) foram, em parte do território, superiores ao respectivo valor médio mensal, entre 101% em Bragança e 160% em Castelo Branco. Apresentam-se, para alguns locais (Tabela 7), os maiores valores diários da quantidade de precipitação e dia de ocorrência e os maiores valores da quantidade de precipitação acumulada em 5 dias.

Em parte das regiões Norte e Centro e no Algarve, referência para os elevados valores da quantidade de precipitação, em particular entre 24 e 29 Novembro; o valor da quantidade de precipitação em 5 dias ultrapassou o valor médio do mês, nomeadamente em Bragança, Viana do Castelo, Mirandela, Viseu, Lisboa/Geofísico e Faro correspondendo entre 101 e 127% do valor médio mensal.

Referência ainda para os dias 24 e 25, em particular nas regiões do Norte e Centro em que se registaram:

��������104 mm em Castelo Branco, correspondendo a 85% do valor médio mensal; ��������167 mm em Penhas Douradas, correspondendo a 70% do valor médio mensal ��������135 mm em Viseu, correspondendo a 90% do valor médio mensal

No dia 29 em Faro entre as 09 e as 10 UTC registaram-se 44.2 mm (29 mm em 10 minutos)

Tabela 3.3_Precipitação em Novembro

Novembro 2006 Novembro Novembro 2006

Local Precipitação

Máxima Diária* (mm) Dia

Valor Médio (mm)

Maior Valor da Precipitação Acumulada

em 5 dias (mm) Período

Bragança 44 25 89 90 24 a 28 Viana do Castelo 68 27 154 177 24 a 28 Vila Real 51 24 125 123 24 a 28 Porto/S. Pilar 52 25 152 146 24 a 28 Viseu 77 24 149 189 24 a 28 Penhas Douradas 100 25 239 198 21 a 25 Castelo Branco 71 6 112 179 3 a 7 Alvega 41 25 97 117 3 a 7 Portalegre 62 16 117 109 3 a 7 Elvas 31 25 81 91 3 a 7 Lisboa/Geofísico 53 25 114 137 24 a 28 Alvalade 84 3 81 122 3 a 7 Beja 46 3 77 98 3 a 7

* Valores das 09 às 09 UTC

De mencionar também que em quase todo o território se registaram valores diários (das 09 às

09 UTC) da quantidade de precipitação ≥ 50 mm.

39|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

Dezembro No mês de Dezembro de 2006, a média da temperatura média, 9.01 °C, foi 0.35 °C abaixo do

valor médio, com a contribuição da média da temperatura mínima, 0.70 °C abaixo do valor médio; os valores da temperatura máxima foram próximos dos valores normais.

Nos primeiros dias e nos últimos dias do mês os valores da temperatura do ar foram em geral

muito superiores aos valores médios, em particular os valores da temperatura mínima, intercalados por um período prolongado de valores muito baixos, quer da temperatura máxima, quer da temperatura mínima.

O número de dias com temperatura mínima igual ou inferior a 0°C variou entre 0 nas regiões do

litoral e 18 no Nordeste (Figura 3.35) e foi superior ao valor médio nas regiões do interior Norte e Centro.

Figura 3.35 Número de dias com temperatura mínima do ar ≤ 0°C em Dezembro 2006 Quanto à precipitação o mês de Dezembro classificou-se como muito seco (60% em relação à

média 1961-90)

40|41

��

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, I. P. PORTUGAL

caracterização climática/ano 2006

COORDENAÇÃO Fátima Espírito Santo

Departamento de Acompanhamento do Clima e das Alterações Climáticas

PARTICIPANTES Vanda Cabrinha Pires

Álvaro Silva

Sofia Moita

Tânia Cota

Luísa Mendes