Caracterização de Microtochas de Plasma Visando Aplicação Tecnológica

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Artigo - Caracterização de Microtochas de Plasma Visando Aplicação Tecnológica.

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  • Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

    V. 7, No. 1, Abr/2015 Pgina 9

    CARACTERIZAO DE MICROTOCHAS DE PLASMA VISANDO

    APLICAO T ECNOLGICA

    Janana Correa do Nascimento (ITA)

    Eduardo Cezar Barbosa de Barros Arago (ITA)

    Bogos Nubar Sismanoglu (ITA) [email protected]

    Resumo: Este trabalho visa o estudo e a caracterizao de microtochas de plasma para fins aplicativos. As

    microtochas so pequenas extenses de microplasmas produzidas em laboratrio, da ordem de 200m, em

    forma de jatos, que podem atingir comprimentos de alguns mm em ambiente atmosfrico. Foram levantadas

    curvas de tenso-corrente e curvas de tenso de sustentao da descarga versus comprimento do jato (L).

    Tambm foram estimadas curvas de intensidade de campo eltrico na regio do jato, da potencia dissipada e

    da densidade de eltrons em funo de L. Estas anlises mostram que a regio do plasma estendido se

    comporta como a regio da coluna positiva de um plasma de baixa presso, apresentando campo eltrico

    praticamente constante.

    Palavras-chave: Microtochas de Plasma, Microplasmas, Densidade de Eltrons.

    CHARACTERISATION OF PLASMA MICROTORCH AIMING

    TECHNOLOGICAL APPLICATION

    Abstract: This work aims both the study and characterization of plasma microtorches for applications

    purposes. The microtorches are small extensions of microplasmas produced in the laboratory, on the order of

    200 m, in the form of jets, which can reach lengths of several mm in atmospheric pressure. Current-voltage

    curves and sustaining discharge voltage versus the length of the jet (L) were raised. Curves of electric field

    intensity were also estimated along the jet, as well as the dissipated power and the electron number density as

    a function of L. These results show that the region of the extended plasma behaves as the region of the

    positive column of a low-pressure plasma presenting nearly constant electric field.

    Keywords: Plasma Microtorches, Microplasmas, Electron Number Density.

    1. INTRODUO

    O termo plasma se aplica a um gs contendo espcies neutras e eletricamente carregadas

    como eltrons, ons positivos, ons negativos, tomos e molculas [1 - 9].

    Macroscopicamente, um plasma eletricamente neutro, sendo que qualquer

    desbalanceamento de carga resultar em campos eltricos internos que tendem a mover as

    cargas de modo a restabelecer o equilbrio. As microdescargas ou microplasmas

    correspondem a uma nova classe de descarga eltricas cujas propriedades so bastante

    parecidas com s das descargas luminescentes, podendo operar em presses elevadas.

    Mesmo nestas condies de operao as microdescargas apresentam-se como plasmas fora

    do equilbrio termodinmico e, por isso, elas so referidas comumente como descargas

    luminescentes em alta presso.

    Ultimamente h um crescente interesse pela rea de microplasmas. Estas so

    previstas para terem aplicaes nos mais diversos ramos do conhecimento cientfico e nas

    diferentes disciplinas, como ptica, sistemas microeletromecnicos, crescimento de

    materiais, fabricao de microchips e aeronutica. Dentre as aplicaes mais importantes

    temos os reatores de plasma para descontaminao qumica e bacteriolgica, dispositivos

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    cirrgicos mdicos e odontolgicos baseados nas descargas de microplasma pulsado,

    microjato de plasma frio na presso atmosfrica, gerao de radiao UV, processamento

    de superfcies, formao de exmeros, microoptoeletrnica, microreator de fluxo para

    decomposio molecular, deposio de filmes policristalinos de diamante por microjato de

    plasma, painel de tela plana, fotodeteco, microlasers, para citar alguns [1].

    Estas descargas eltricas nas presses moderadas e altas correspondem a um novo

    processo na rea da fsica e da engenharia de plasmas. Alm da facilidade de seu uso, j

    que no requer equipamento dispendioso de alto-vcuo, as descargas em presso elevada

    geram partculas ativas em alta densidade, como radicais livres, eltrons energticos e ons.

    O crescente interesse na gerao de plasmas em alta presso, nos modos corrente contnua e

    pulsado, devido ao fato de que para aplicaes em escala industrial, muito importante

    alcanar uma operao confivel dessas descargas em tenses moderadas.

    Devido ao seu tamanho reduzido, pois o microplasma se origina e mantido confinado em

    uma regio pequena (geralmente um orifcio circular cujo dimetro varia de 100 m a

    1000 m), costuma-se referir essa descarga eltrica luminescente como microplasma ou

    simplesmente microdescarga. Atravs da associao de microdescargas em paralelo [1],

    obtm-se um plasma de alta densidade de eltrons, em presso elevada, tenso de algumas

    centenas de Volts e baixa corrente eltrica.

    Este trabalho objetiva o estudo e a caracterizao de microplasmas atravs da

    modalidade de microjato ou microtocha de plasma. Nestes dispositivos, o microplasma

    expulso de seu orifcio catdico atravs da ao de um fluxo de gs, que arrasta o plasma

    para o ambiente atmosfrico.

    2. MONTAGEM EXPERIMENTAL

    A fonte de tenso de corrente contnua (CC) foi construda para poder fornecer uma tenso

    mxima de 5kV, operando uma corrente de descarga de at 200mA. H nela um conjunto de

    8 resistores de 47k cada, que podem ser associados em srie e/ou em paralelo atravs de

    um sistema de chaveamento, para serem empregados como limitadores de corrente para as

    descargas. Tambm foram utilizados em nossos experimentos: jogo de capacitores a leo

    da Cornell Dubilier de 200V de 1 a 20 F; resistores de 47k ; multmetro digital Minipa;

    microampermetro analgico Engro com escala de 1 a 500 A; picoampermetro analgico

    Keithley; fonte DC HP de 0 a 70V com variao de 0,2V; fonte DC HP de 0 a 1kV com

    variao de 1V; transformador corrente alternada (CA) de 60Hz 115V-15kV; osciloscpio

    digital HP 400MHz e analgico Minipa de 20MHz; cmera digital Kodak 6.1 Megapixel

    modelo DX7630; microscpio ptico com cmera digital acoplada. A injeo de argnio de

    pureza 99,995% (White-Martins, Air Liquide) utilizado nos experimentos controlada por

    um fluxmetro modelo MKS 247C, que possibilita um fluxo de 0 a 500sccm (1sccm =

    1,667.10-8

    m3/s). Os desvios e os erros experimentais encontrados nos grficos deste

    trabalho so de natureza estatstica (desvio padro) levando-se em considerao a

    reprodutividade dos experimentos em pelo menos 5 eventos de cada situao experimental.

    Nestes grficos, onde as barras de erro no aparecem, subentende-se que estes erros so de

    natureza intrnseca do prprio aparelho de medio, geralmente inferior a 5%.

    Microtubos de metal podem ser usados como sistemas para gerar plasmas em forma

    de microtochas ou microjatos [4]. A vantagem na utilizao de microtubos est na produo

    de microdescargas que se estendem na forma de microtochas, alimentados pelo fluxo de gs

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    que atravessa este tubo. O tubo capilar dever ter um dimetro interno que propicie a

    operao do jato na presso atmosfrica. Para a gerao de microjatos de argnio em ar

    atmosfrico ns utilizamos tubos capilares de ao inoxidvel, com dimetro interno (D) de

    150m e outro de 400m e aproximadamente 4cm de comprimento.

    3. RESULTADOS E DISCUSSES

    A figura 1 mostra o diagrama esquemtico de um tubo capilar em operao e a fotografia

    digital ampliada de um microjato de plasma de argnio em ar atmosfrico. A figura 2

    mostra as fotografias digitais de diversas descargas eltricas em operao. A descarga foi

    gerada usando-se um gerador de tenso de CC e uma resistncia de carga R mltiplo de

    47 necessria para limitar a corrente eltrica at no mximo 10mA. O tubo foi polarizado

    negativamente e uma chapa metlica (ou tela) de molibdnio serviu como anodo. A

    distncia (L) entre a abertura do tubo e este anodo pde ser variada atravs de dois

    micrmetros independentes, um atuando no catodo e o outro no anodo.

    Figura 1: Diagrama esquemtico de um tubo capilar (1) e a fotografia digital de um microjato (2).

    Deste modo, estudaram-se as caractersticas desta microdescarga em funo dos

    seguintes parmetros: tenso de sustentao do plasma, corrente eltrica da descarga,

    distncia L e fluxo do gs. A figura 3 mostra a curva de tenso-corrente de um microjato de

    argnio exposto em ar atmosfrico. O dimetro interno do tubo de 400m e o fluxo de

    argnio, de 200sccm. Esta curva foi obtida para vrios valores de L. Inicialmente, induziu-

    se a formao da descarga atravs de um faiscador, para um valor de L

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    Figura 2: Fotografia digital de microjato de plasma de argnio operando em ar atmosfrico: tubo capilar com

    dimetro de 400m (1) e com dimetro de 150m (2). Associao em paralelo de dois microjatos, tubos

    capilares com dimetro interno de 150m, cada um acoplado a um resistor de 10 (3).

    Figura 3: Curva caracterstica de tenso-corrente de um microjato de plasma de argnio em ambiente

    atmosfrico, tubo com dimetro interno D = 400 , fluxo de gs = 200sccm e para vrias distncias de

    separao entre catodo e anodo (L).

    Isto pode ser explicado pelo aquecimento da extremidade do tubo, acarretando a

    emisso terminica de eltrons. Um fluxo mais elevado de gs refrigera a extremidade do

    tubo e evita seu superaquecimento. Aumentando-se L, aumenta-se a tenso da descarga, e

    esta dependncia torna-se linear para grandes valores de L, superiores a 1mm. Na operao

    do microjato de plasma para grandes valores de L necessita-se de intensidades maiores de

    corrente eltrica. Estes comportamentos podem ser vistos na figura 4, para vrias correntes

    eltricas de operao. A linearidade observada entre Vd e L (para grandes valores de L)

    sugere uma interessante comparao entre este tipo de descarga e a descarga luminescente

    clssica de catodo-anodo planos. Neste, o campo eltrico praticamente constante na

    regio da coluna positiva, para grandes valores da distncia intereletrodos. Esta comparao

    foi observada anteriormente [4] e ns iremos explorar mais este fato, inclusive obtendo um

    clculo aproximado da densidade de eltrons e sua variao em funo de L.

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    0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    Vd (

    V)

    L (mm)

    Id (mA)

    1,5

    2

    3

    4

    5

    Figura 4: Curva da tenso de sustentao da descarga de microjato de plasma de argnio em ar atmosfrico,

    em funo da distncia entre o catodo tubular e o anodo.

    A figura 5 mostra a variao da intensidade do campo eltrico em funo da distncia

    L entre o catodo tubular e o anodo, para algumas correntes eltricas de operao da

    descarga. Observa-se que a intensidade deste campo diminui quando se aumenta a distncia

    L entre catodo e anodo at aproximadamente 2mm. Para L > 2mm a intensidade do campo

    eltrico E praticamente constante.

    Nesta regio para o qual E constante, a densidade de eltrons ne pode ser estimada,

    numa primeira aproximao, a partir dos parmetros eltricos da descarga, do campo

    eltrico E, da densidade de corrente eltrica j e da mobilidade do eltron e [4]: j = neeeE,

    onde e a carga elementar. Mantendo-se a temperatura T do gs constante, a mobilidade

    torna-se inversamente proporcional presso P. A mobilidade reduzida para o argnio na

    temperatura ambiente dada por 0

    )( Te p = 0,33 106cm

    2Torr/V.s [4]. Em artigos recentes

    obtve-se a temperatura do gs argnio T 1100K, numa descarga luminescente na

    presso atmosfrica, para uma corrente de aproximadamente 5mA [4].

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    0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35

    3,0x103

    6,0x103

    9,0x103

    1,2x104

    1,5x104

    1,8x104

    5 mA

    4 mA

    3 mA

    2 mA

    1,5 mA

    E (

    V/c

    m)

    L (cm)

    Figura 5: Intensidade do campo eltrico em funo da distncia intereletrodos, para descarga de microjato de

    plasma com D = 400 , = 200sccm e para vrias correntes eltricas de operao.

    Levando-se esta elevada temperatura do gs em considerao, iremos supor que a

    mobilidade reduzida dependa linearmente de T, visto que o livre caminho mdio do eltron

    diretamente proporcional a T e a mobilidade diretamente proporcional ao livre caminho

    mdio (demonstra-se que .P diretamente proporcional a T1/2

    , mas observa-se tambm

    que esta relao no concorda com os resultados experimentais disponveis [4, 5]).

    Portanto, para T = 1100K, obtemos e = 1,59.103cm

    2/V.s. Para grandes valores de L, a

    intensidade do campo eltrico de aproximadamente 2400V/cm, segundo valores

    observados na figura 5. Para uma corrente eltrica de 5mA, a densidade de corrente eltrica

    no microjato ser de 4A/cm2 e, finalmente, encontramos ne = 6,55.10

    12cm

    -3. A densidade de

    potncia P = jE para este caso pode ser calculada a partir destes dados experimentais,

    resultando em P = 9,6kW/cm3.

    A figura 6 mostra a variao da densidade de potncia eltrica com a distncia entre

    o catodo oco tubular e o anodo L, para uma corrente eltrica de operao de 5mA. Tambm

    para esta corrente construiu-se a curva da variao da densidade de eltrons em funo de L

    (figura 7). Observa-se que a densidade de eltrons aumenta com L, para uma corrente

    eltrica mantida constante. Uma possvel explicao est no aumento da tenso eltrica de

    sustentao de uma descarga mais longa.

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    0,0 5,0x10-2

    1,0x10-1

    1,5x10-1

    2,0x10-1

    2,5x10-1

    3,0x10-1

    1x104

    2x104

    3x104

    4x104

    5x104

    6x104

    P (W

    /cm

    3)

    L (cm)

    Figura 6: Curva da densidade de potncia eltrica em funo da distncia intereletrodos, para descarga de

    microjato de plasma com D = 400 , = 200sccm e corrente de descarga de 5mA.

    0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30

    1x1012

    2x1012

    3x1012

    4x1012

    5x1012

    6x1012

    7x1012

    ne (

    cm

    -3)

    L (cm)

    Figura 7: Densidade de eltrons em funo da distncia entre catodo e anodo no microjato de plasma de

    argnio operado em ar atmosfrico, D = 400 , = 200sccm e corrente de descarga de 5mA.

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    A figura 8 mostra a variao do campo eltrico em funo da corrente eltrica da

    descarga, de acordo com dados obtidos do grfico da figura 3, para vrios comprimentos do

    microjato de plasma, operado em ar atmosfrico. Para todos os microjatos estudados, curtos

    e longos, verifica-se na figura 7 que para operaes com correntes elevadas o campo

    eltrico permanece inalterado, levando a uma saturao deste. Para distncias catodo-anodo

    (L) menores (jatos curtos), a intensidade do campo eltrico maior. Jatos mais longos (L >

    2mm) operam sob campos eltricos com intensidades comparveis entre si.

    A figura 9.1 mostra outro tipo de microdescarga extensa sustentada, brilhante e

    ruidosa, expandida atravs do uso do fluxo intenso de argnio que flui por um tubo com

    dimetro interno de 3mm. O tubo foi polarizado negativamente e uma folha de metal

    posicionada na frente do tubo foi usada como anodo. Pela abertura do tubo liberou-se um

    intenso fluxo de gs argnio, em ambiente atmosfrico. Aproximando-se bastante o tubo do

    anodo, e fornecendo-se uma ddp de mais de 1000V entre eles, rompeu-se uma descarga

    com o auxlio de um faiscador.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9

    2,0x103

    4,0x103

    6,0x103

    8,0x103

    1,0x104

    1,2x104

    1,4x104

    1,6x104

    1,8x104

    L (cm)

    0,02 0,10

    0,04 0,15

    0,05 0,20

    0,07 0,25

    0,09 0,30

    E (

    V/c

    m)

    Id (mA)

    Figura 8: Campo eltrico em funo da corrente da descarga para vrios comprimentos (L) do microjato de

    plasma de argnio operado em ar atmosfrico, D = 400 e = 200sccm.

    A partir da, afastou-se lentamente o anodo do tubo, atravs de um micrmetro acoplado a

    este, e aumentou-se lentamente a corrente da descarga, para mant-la continuamente acesa.

    Agindo desta maneira, conseguiu-se estender a descarga brilhante, inicialmente com

    aproximadamente 100m de comprimento, at 3,5cm de comprimento, conforme mostra a

    figura 9.1. Observou-se que devido ao dimetro muito grande do tubo no havia descarga

    dentro do tubo e que, portanto, o efeito catodo oco no ocorria. O tubo servia apenas como

    elemento direcionador do fluxo de gs.

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    Figura 9: Descarga estendida no modo CC mantida por fluxo de argnio em ar atmosfrico (1). Descargas

    brilhantes idnticas ao caso (1), mas agora operando em corrente alternada, nas tenses de 5k (2) e 15kV (3)

    com 10cm de comprimento.

    Operando-se no modo corrente alternada (CA), obteve-se um plasma sustentado estendido

    de 10cm de extenso, na tenso de aproximadamente 12000V, e verificou-se o aquecimento

    e fuso da grade metlica de ao (figura 9.2, 9.3). Devido ao fluxo de gs, neste caso, a

    extremidade do tubo no sofreu aquecimento.

    Usando-se o princpio de funcionamento do microjato de plasma, substituiu-se o

    microtubo pelo dispositivo de microcatodo oco. Fixou-se o dispositivo dentro de um tubo

    de poliacetal (isolante eltrico) e introduziu-se gs argnio no sentido do anodo para o

    catodo (figura 10). O dimetro do furo foi de 250m, com eletrodos de molibdnio

    (espessura de 100) e mica como dieltrico (250 de espessura).

    Esta descarga no ocorre em ar na presso atmosfrica, no modo esttico (sem fluxo

    de gs), para este dimetro. Contudo, observou-se a formao de um plasma estvel, no

    modo catodo oco e normal, quando se operou com um fluxo de 200sccm, ou mais.

    Quando o fluxo de gs flui no sentido oposto, ou seja, do catodo para o anodo, no se

    observa uma descarga estvel. Isto se explica pelo fato do fluxo de gs, neste caso,

    dificultar a aproximao dos ons regio catdica, dificultando a coliso ons-catodo e

    subsequente emisso de eltrons secundrios. Ento, no se estabelece a descarga no modo

    catodo oco, no se observando o efeito de catodo oco.

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    Figura 10: Descarga de microcatodo oco operando em ar atmosfrico (1), para furo com dimetro D = 250

    (2), eletrodos de molibdnio com 100 , fluxo de gs argnio = 200sccm e tenso de descarga de 191V

    (3), para uma corrente eltrica de 2,5mA.

    Figura 11: Associao de 5 microjatos de plasma de argnio em ar atmosfrico (1). O dimetro interno do

    tubo de 150 e cada um foi ligado a um resistor de 470k . A figura (2) mostra as descargas acesas.

    Podemos utilizar estes microjatos de plasma em diversas aplicaes como, por exemplo, a

    deposio de DLC (diamond like carbon) em substratos aquecidos, com o uso de microjatos

    de gs composto por metano e hidrognio, a produo de gs oznio (O3) atravs da

    mistura O2/Ar e a microcorroso de metais e semimetais. Para aumentar a rea til do

    plasma nestes microjatos, com vistas a essas aplicaes, deveremos associ-los em paralelo,

    utilizando resistor em cada microtubo, j que a curva de tenso-corrente no apresenta

    comportamento resistivo positivo. Na figura 11 apresentamos um conjunto de 5 microjatos

    associados em paralelo com resistores individuais idnticos e de valor igual a 470. O

    tubo de ao que serviu como catodo tem dimetro interno de 150, o fluxo de gs argnio

    foi de 200sccm e o microjato foi gerado em ar atmosfrico em CC. Nesta figura, um fio

    condutor de cobre serviu como anodo. Estas associaes bastante estveis so operadas em

    correntes baixas, de poucos miliampres. Neste processo, o prprio fluxo de gs refrigera o

    tubo, podendo-se assim oper-lo por longos intervalos de tempo.

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    4. CONCLUSES

    Neste trabalho apresentamos um estudo completo de caracterizao eltrica de microtochas

    de plasma em corrente contnua e uma introduo ao estudo destes microplasmas em

    corrente alternada. As microtochas ou microjatos podem ser produzidas facilmente

    utilizando-se microagulhas metlicas de ao-carbono ou molibdnio, resistentes variao

    de temperatura. A fim de evitar o superaquecimento destes tubos, um fluxo de gs deve

    atravess-los, formando o prolongamento do microplasma em forma de microjato, que se

    estende at o segundo eletrodo. A curva caracterstica tenso-corrente apresenta uma

    operao no modo normal, onde a intensidade de corrente eltrica aumenta para uma

    determinada tenso mantida constante. Deste modo, a operao do microjato fica reduzida a

    uma operao do tipo descarga fria, onde o campo eltrico se mantm constante na regio

    de operao. Diversas aplicaes podem se feitas com microjatos, como a deposio de

    DLC (diamond like carbon) em substratos aquecidos; o uso de microjatos de gs composto

    por metano e hidrognio; a produo de gs oznio (O3) atravs da mistura O2/Ar e a

    microcorroso de metais e semimetais. Para aumentar a rea til, nestas aplicaes,

    deveremos associ-los em paralelo, utilizando resistor em cada microtubo.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem FAPESP pelo apoio pesquisa no Laboratrio de Mecnica e no

    Laboratrio de ptica e Espectroscopia do Depto de Fsica do ITA (processo 12/13064-4),

    ao CNPq (processo 406035/2013-0) e CAPES (processo 88881.030340/2013-01)

    REFERNCIAS

    [1] PESSOA, R. S.; SISMANOGLU, B. N.; AMORIM, J.; PETRACONI, G.; MACIEL, H. S., Hollow

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    Transworld Research Network, India, 2007.

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