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CARACTERIZAÇÃO DENDROLÓGICA DE UMA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA SUCEDIDA DE PLANTAÇÃO DE CACAU NO CAMPO EXPERIMENTAL DA EMBRAPA, KM 23 - ALTAMIRA-PA

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CARACTERIZAÇÃO DENDROLÓGICA DE UMA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA

SUCEDIDA DE PLANTAÇÃO DE CACAU NO CAMPO EXPERIMENTAL DA

EMBRAPA, KM 23 - ALTAMIRA-PA

Ana Paula Ferreira dos Santos1; Bruno Oliveira Pessoa

2; Alex Soares de Souza

2; Alessandra

Doce D. Freitas3; Pedro Celestino Filho

4.

1Graduando do curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Pará campus Altamira; Av. João Rodrigues nº

1031, Uirapuru CEP: 68370-000; e-mail: [email protected] 2Graduandos do curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Pará campus Altamira.

3Professora do curso de Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Pará campus Altamira. 4Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, campus Altamira

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo analisar características dendrológicas de uma capoeira de 15

anos, que sucedeu de uma antiga plantação de cacau na área da EMBRAPA (Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária), km 23 Altamira-Pa. A pesquisa foi realizada em uma parcela única de 50x50

m, na qual, foram analisados indivíduos com DAP ≥ a 10 cm. Os parâmetros analisados foram DAP,

altura do fuste e altura total, porte do indivíduo, tipo e forma do fuste, base do fuste, forma da raiz,

tipos de sapopemas, forma e tipo de copa, ramificação, presença de exsudato e cheiro do indivíduo. Os

materiais utilizados para a mensuração desses dados foram fita métrica e diamétrica, e os respectivos

dados foram expostos em gráficos de porcentagem de ocorrência. Na área de estudo foram

encontrados 103 indivíduos onde observou-se a predominância de espécies do gênero Inga

correspondendo a 57% da população, enquanto que o cacau representou apenas 17% da população. A

parcela estudada apresentou um número elevado de indivíduos de espécies pioneiras como as dos

gêneros Inga e Cecropia. Quanto aos dados dendrológicos analisados, observou-se que indivíduos da

mesma espécie podem ter diferentes características dendrológicas mesmo ocupando uma mesma área.

As características dendrológicas não são o suficiente para a distinção de espécies, já que estas

características, na maioria das vezes, não são intrínsecas de cada espécie, porém, tem sua importância

na identificação rápida e superficial.

PALAVRAS-CHAVE: Dendrologia, Capoeira, Espécies pioneiras.

ABSTRACT

The following assignment has as an objective to analyze the features of dendrology, in a capoeira of

15 years, that succeeded an old cocoa plantation in the EMBRAPA (Brazilian Company of

Agricultural Research) area, Km 23 Altamira-Pa. The research was held on an only portion measuring

50x50 m, where individuals with DAP ≥ to 10 cm were analyzed. The parameters analyzed were DAP,

heigh of the shaft and total height, size of the individual, type and shape of the shaft, base of the shaft,

shape of the root, type of the buttress, shape and type of the crown, branch, presence of exudate e what

the individual smells like. The used materials for the data measuring were measuring-tape and

diametric, and the due data were exposed in percentage graphics of occurrence. 103 individuals were

found in the research field, where the majority of the species were Inga, which means 57% of the

population, while cacao took only 17% of the population. The studied portion presented a major

amount of pioneer species individuals, such as Inga and Cecropia genres. Regarding the analyzed

dendrology data, was observed that individuals of the same species can have different features, when it

comes to dendrology, although occupying the same area. Dendrology features are not enough to

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distinguish species, as these characteristics, most often, are not intrinsic to each species, however, is

important in a fast and shallow distinction of them.

KEY-WORDS: Dendrology, Capoeira, Pioneer species.

INTRODUÇÃO

A conservação da biodiversidade em florestas da Região Amazônica representa um dos

maiores desafios deste século, principalmente no contexto atual de intensas perturbações antrópicas

nos ecossistemas naturais (VIANA; PINHEIRO, 1998).

A dendrologia é uma ciência caracterizada pelo estudo científico das árvores, onde se baseia

de características tidas como secundárias pela taxonomia. O conhecimento dos aspectos morfológicos

arbóreos são significativos e relevantes, pois permitem avaliar a região estudada proporcionando

mecanismos para o planejamento de ações que viabilizem a conservação da flora, permite uma

identificação rápida das árvores ocorrentes em determinada região além de propiciar maior

conhecimento em relação aos aspectos econômicos das árvores (MARCHIORI; SOBRAL, 1997;

MARUYAMA, 2007).

Levando em consideração os estudos e análises dendrológicas de uma área, torna-se possível

diferenciar espécies lenhosas do campo sem que seja necessário aprofundar-se em relação às

características reprodutivas, tais como flores, frutos, pois para identificar em categorias como espécie,

gênero e família uma boa análise dendrológica de uma área, possibilita a identificação de espécies em

estudo (RIBEIRO et al., 1999; ENGEL; MARTINS, 2005 apud MARUYAMA, 2007).

O presente trabalho teve como objetivo analisar características dendrológicas, de uma

vegetação secundária sucedida após abandono da plantação de cacau, na área experimental da

Embrapa, no município de Altamira-Pa.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi conduzido em uma área experimental da EMBRAPA (Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária) localizada no km 23 do trecho Altamira-Brasil Novo, que apresenta uma

capoeira de quinze anos, que sucedeu de uma antiga plantação de cacau.

Na área foi empregada uma parcela única de 50 x 50 m, onde foram marcados os indivíduos

com DAP ≥ 10 cm e descritas suas características secundarias, por meio de fichas dendrológicas, tais

como: altura, porte, tipo e forma de fuste, raiz e copa, ramificação, exsudato e odor. Os dados das

árvores foram sendo anotados em uma planilha, e fotografadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na área em que se realizou o levantamento dendrológico foram encontrados 103 indivíduos,

dos quais observou-se a predominância de espécies do gênero Inga correspondendo à 57% da

população, enquanto que o cacau representou apenas 17% da população, isso devido a falta de tratos

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silviculturais com o cacau e o alto grau de regeneração das espécies pioneiras encontradas (ingá e

embaúba).Uma das espécies identificadas do gênero Inga, foi a Inga edulis que segundo Lorenzi

(2009), é uma espécie pioneira arbórea, que possui folhas compostas, com 4 a 6 pares de folíolos,

alada paralela ao ráquis e com glândula elíptica entre cada par de folíolo, e possui o pecíolo muito

curto, característica esta verificada em campo.

Ao avaliar a altura das árvores foi verificado que a maioria dos indivíduos tem cerca de 12 à

15 m. O estudo da área não apresentou nenhuma árvore de grande porte, pois se trata de uma capoeira

de aproximadamente 15 anos. O gráfico apresentou uma curva simétrica da variável altura (figura 1),

significando que o desenvolvimento da vegetação, composta principalmente por espécies pioneiras,

está em um estágio de maturação propício para o surgimento de espécies clímax.

Figura 1: Distribuição da altura das árvores encontradas na área

Na análise dendrológica identificou-se 3 formas de fuste: reto, inclinado e tortuoso; 4 tipos de

fuste: cilíndrico, elíptico, irregular e frenestrado; 2 tipos de bases: digitada e reta; e 2 formas de raízes:

suporte e superficial (Tabela1).

Tabela 1 - Características dendrológicas da população (%).

DIVERSIDADE INGA CACAU CECROPIA OUTRAS

57 17 8 18

PORTE PEQUENA MEDIA GRANDE -

50 50 50 -

FORMA DO FUSTE TORTUOSO INCLINADO RETO -

15 16 69 -

TIPO DO FUSTE

CILINDRICO ELIPTICO IRREGULAR FENESTRADO

88 10 1 1

BASE DO FUSTE DIGITADO RETO - -

63 37 - -

FORMA DA RAIZ SUPERFICIAL SUPORTE

NÃO

IDENTIFICADA -

2 8 90 -

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FORMA DA COPA ARREDONDADA FLABELIFORME UMBELIFORME NÃO IDENTICADA

22 55 17 6

TIPO DE COPA MULTIPLA SIMPLES - -

97 3 - -

RAMIFICAÇAO MONOPODIAL SIMPODIAL

NÃO

IDENTIFICADA -

11 84 5 -

EXSUDATOS PRESENÇA AUSENCIA - -

7 93 - -

CHEIRO AGRADAVEL DESAGRADÁVEL - -

88 12 - -

De acordo com os dados que foram levantados, a espécie ingá apresentou forma de fuste:

inclinado, reto e tortuoso; tipo de fuste: cilíndrico e elíptico; base do fuste: digitada e reta; forma de

copa: flabeliforme, umbeliforme, e arredondada; tipo de copa: múltipla; ramificação: simpodial;

ritidoma: sujo estriado reticulado; e lenticelas: elípticas lineares ou horizontais, dispersas ou

aglomeradas. Alguns espécimes não apresentaram lenticelas visíveis, outros apresentaram de

formações ao longo do tronco. Vale ressaltar que a casca não oxida, e o cheiro é agradável

(detergente).

A embaúba apresentou forma de fuste: reta; tipo de fuste: cilíndrico; base do fuste: reta; forma

da raiz: suporte; forma da copa: arredondada; tipo de copa: múltipla; ramificação: monopodial;

ritidoma: lenticelado com estrias verticais; lenticelas: elípticas dispersas; e resina: tipo goma, além da

presença de entre nós ao longo do tronco. O cacau apresentou forma de fuste: tortuoso e inclinado;

tipo de fuste: cilíndrico: base do fuste: reta; forma da copa: umbeliforme e tendência a umbeliforme;

tipo de copa: múltipla; ramificação: simpodial; ritidoma: sujo; e lenticelas: elípticas verticais.

CONCLUSÃO

A parcela estudada apresentou um número elevado de indivíduos de espécies pioneiras como

as do gênero Inga e Cecropia. A maioria dos indivíduos apresentou características semelhantes entre

si, como por exemplo, a base do fuste, tipo do fuste, tipo de copa, ramificação e forma da raiz,

portanto a área não apresentou uma alta diversidade em relação aos aspectos dendrológicos.

Diante dos dados coletados observou-se que indivíduos da mesma espécie podem apresentar

diferentes características dendrológicas, como por exemplo, pode-se citar, as raízes, que podem

adquirir características de acordo com suas necessidades, visto que precisarão de subterfúgios para ter

um melhor desenvolvimento, assim como as lenticelas do ingá, que podem ser: elípticas lineares ou

horizontais, dispersas ou aglomeradas.

Portanto, conclui-se que as características dendrológicas não são o suficiente para a distinção

de espécies, já que estas características, na maioria das vezes, não são intrínsecas de cada espécie,

porém, tem sua importância na identificação rápida e superficial.

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LITERATURA CITADA

ALMEIDA, A. F. de; VALLE, R. R. Ecophysiology of the cacao tree. 2007.

EÇA-NEVES, F. de; MORELLATO, L. P. C. Métodos de amostragem e avaliação utilizados

fenológicos de florestas tropicais. Acta Bot. Bras. 2004.

MARUYAMA, A. da S.; KOLM, L. R. L.; ENGEL, V. L.. Levantamento Dendrológico da Fazenda

Experimental Lageado, Botucatu, SP: resultados preliminares. 2010.

MARCHIORI,J. N. C.; SOBRAL, M. Dendrologia das Angiospermas: Myrtales. 6 ed. Santa Maria:

UFSM, 1997. 304 P.

RIBEIRO, J. E. L. da S.; VICENTINI, A.; SOTHERS, C. A.; COSTA; M. A. da S.; BRITO, J. M. de;

SOUZA, M. A. D. de; MARTINS, L. H. P.; LOHMANN, L. G.; ASSUNÇÃO, P. A. C. L.; PEREIRA,

E. da C.; SILVA, C. F. da; MESQUITA, M. R.; PROCÓPIO, L. C. Flora da Reserva Ducke: guia de

identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Manaus:

INPA, 1999.

VIANA, V. M.; PINHEIRO, L. A. F. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. IPEF,

Série Técnica. V.12, n.32. p. 25-42. 1998.