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CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS ATRIBUTOS PATRIMONIAIS DO ENTORNO CULTURAL 2 DA ZONA ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO 2 CENTRO (ZEP 2) EM MACEIÓ/AL. OLIVEIRA, A. L. D. ; HIDAKA, L. T. F. 1. Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Endereço Postal [email protected] 2. Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Endereço Postal [email protected] RESUMO Este artigo tem como objetivo caracterizar e analisar, sob a ótica da conservação da significância cultural, os atributos materiais e imateriais do setor de Preservação do Entorno Cultural 2, situado na Zona Especial de Preservação 2 Centro (ZEP2) de Maceió, em Alagoas. Na literatura, inicialmente entendeu-se a preservação do entorno como necessária para manter a integridade e ambiência do sítio, sendo esta uma área intermediária, onde a aplicação de parâmetros urbanísticos de conservação é menos rigorosa. Contudo, novas definições passaram a perceber o entorno como contribuinte na significância do bem tombado. Enfim, foi reconhecido o valor da arquitetura presente no entorno, que contribuía para contar a historia do lugar. Apesar deste novo entendimento, a Legislação de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural elaborada pela Secretaria Municipal do Planejamento e do Desenvolvimento de Maceió compreende que “ o Setor de Preservação do Entorno Cultural é o espaço urbano de entorno aos Setores de Preservação Rigorosa (SPR), visando atenuar a interferência paisagística da urbanização sob estas áreas”. Esta definição nega a importância desta área enquanto atributos de bens imóveis, porém na região em estudo encontra-se uma grande concentração de imóveis históricos, que entre casas térreas e sobrados destacam-se: o Colégio Santíssimo Sacramento (fundado em 12 de abril de 1904), o Movimento de Cursilhos de Cristandade da Arquidiocese de Maceió, a Arquidiocese e o Crea-AL (construída nos primeiros anos do Século XX). Estas edificações estão sob a ameaça da valorização imobiliária da região que registra um número de edifícios de gabaritos elevados cada vez maior. Entendendo a ambiência como contribuinte para a significância cultural e identidade de um sítio, fica evidente o quão perigoso é tratar áreas de entorno como apenas proteção para os Setores de Preservação Rigorosa. A metodologia utilizada para analisar e caracterizar a área foi dividida em etapas, primeiro foi feita uma revisão teórica sobre conservação urbana, o que serviu de base para elaboração de uma tabela, instrumento para análise morfológica para identificação de atributos materiais e imateriais no sítio histórico urbano, e então foi possível fazer a análise do objeto empírico a partir do material obtido na etapa anterior, podendo identificar os valores patrimoniais. Sendo elaboradas novas planilhas com os resultados. Nestas, destaca-se o levantamento que caracteriza o entorno cultural 2, expondo o estado de conservação e a ambiência dos imóveis históricos. Verificou-se que se trata da arquitetura eclética, característica do final do século XIX e início do XX, marcada pela mistura de estilos e presença de ornamentos, a maioria das edificações com platibanda, sem recuo lateral e alinhadas com a via pública. Além disso, após analisar os dados, concluiu-se que a legislação vigente deveria ser mais

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS ATRIBUTOS … · 10/12/2015 · 4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro A Carta de Burra

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CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DOS ATRIBUTOS PATRIMONIAIS DO ENTORNO CULTURAL 2 DA ZONA ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO 2 – CENTRO (ZEP 2) EM MACEIÓ/AL.

OLIVEIRA, A. L. D. ; HIDAKA, L. T. F.

1. Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Endereço Postal [email protected]

2. Universidade Federal de Alagoas. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Endereço Postal [email protected]

RESUMO Este artigo tem como objetivo caracterizar e analisar, sob a ótica da conservação da significância cultural, os atributos materiais e imateriais do setor de Preservação do Entorno Cultural 2, situado na Zona Especial de Preservação 2 – Centro (ZEP2) de Maceió, em Alagoas. Na literatura, inicialmente entendeu-se a preservação do entorno como necessária para manter a integridade e ambiência do sítio, sendo esta uma área intermediária, onde a aplicação de parâmetros urbanísticos de conservação é menos rigorosa. Contudo, novas definições passaram a perceber o entorno como contribuinte na significância do bem tombado. Enfim, foi reconhecido o valor da arquitetura presente no entorno, que contribuía para contar a historia do lugar. Apesar deste novo entendimento, a Legislação de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural elaborada pela Secretaria Municipal do Planejamento e do Desenvolvimento de Maceió compreende que “o Setor de Preservação do Entorno Cultural é o espaço urbano de entorno aos Setores de Preservação Rigorosa (SPR), visando atenuar a interferência paisagística da urbanização sob estas áreas”. Esta definição nega a importância desta área enquanto atributos de bens imóveis, porém na região em estudo encontra-se uma grande concentração de imóveis históricos, que entre casas térreas e sobrados destacam-se: o Colégio Santíssimo Sacramento (fundado em 12 de abril de 1904), o Movimento de Cursilhos de Cristandade da Arquidiocese de Maceió, a Arquidiocese e o Crea-AL (construída nos primeiros anos do Século XX). Estas edificações estão sob a ameaça da valorização imobiliária da região que registra um número de edifícios de gabaritos elevados cada vez maior. Entendendo a ambiência como contribuinte para a significância cultural e identidade de um sítio, fica evidente o quão perigoso é tratar áreas de entorno como apenas proteção para os Setores de Preservação Rigorosa. A metodologia utilizada para analisar e caracterizar a área foi dividida em etapas, primeiro foi feita uma revisão teórica sobre conservação urbana, o que serviu de base para elaboração de uma tabela, instrumento para análise morfológica para identificação de atributos materiais e imateriais no sítio histórico urbano, e então foi possível fazer a análise do objeto empírico a partir do material obtido na etapa anterior, podendo identificar os valores patrimoniais. Sendo elaboradas novas planilhas com os resultados. Nestas, destaca-se o levantamento que caracteriza o entorno cultural 2, expondo o estado de conservação e a ambiência dos imóveis históricos. Verificou-se que se trata da arquitetura eclética, característica do final do século XIX e início do XX, marcada pela mistura de estilos e presença de ornamentos, a maioria das edificações com platibanda, sem recuo lateral e alinhadas com a via pública. Além disso, após analisar os dados, concluiu-se que a legislação vigente deveria ser mais

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rígida nas áreas de entorno, que no caso estudado possui um grande potencial e encontra-se bem conservada, porém sua ambiência é comprometida pela altura dos edifícios circundantes, que em número crescente ameaçam a integridade do sítio. A proteção desta área depende do valor atribuído a ela, é preciso reconhecer sua importância como essencial para a qualidade de vida e como referencia histórica. Palavras-chave: Entorno cultural; ambiência urbana; significância cultural; Zona Especial de Preservação - Centro histórico de Maceió/AL.

1. Introdução

As práticas recentes de planejamento de cidades relacionam os fundamentos do

planejamento estratégico à teoria do desenvolvimento sustentável e da conservação do

patrimônio cultural, buscando direções eficientes e eficazes com a minimização de perdas

sociais e dos vestígios da história.

Em Maceió esses vestígios históricos se concentram nas Zonas Especiais de Preservação,

previstas no Plano Diretor. O objetivo deste artigo é caracterizar e analisar, sob a ótica da

conservação da significância cultural, os atributos materiais e imateriais do setor de

Preservação do Entorno Cultural 2, situado na Zona Especial de Preservação 2 – Centro

(ZEP 2) de Maceió, em Alagoas.

A ZEP 2 juntamente com o bairro do Jaraguá (ZEP 1) e Trapiche, foram as primeiras a se

desenvolver, formando três núcleos distintos, interligados por pontes sobre o riacho

Salgadinho e o canal da Levada, em meados do século XIX, quando um plano foi traçado

para desenvolver a cidade, que cresceu eclética, a exemplo da Rua do Sol, que até o

momento não sofria influencia modernista. (DANTAS, C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J.

L. M., 2011, p. 27).

“O Centro foi, então, tomado pelo comércio e pelas edificações religiosas e

oficiais. Apesar das descaracterizações e da asfixia urbana dos logradouros,

ainda é nessa área que estão concentrados os principais monumentos da

cidade, como a Catedral metropolitana, Igreja dos Martírios (...).” (DANTAS,

C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M., 2011, p. 222).

A expressão monumento advém do latim monumentum, derivado de monere, que quer dizer

“advertir” ou lembrar”, significando, pois, aquilo que lhe traz algo à lembrança; algo edificado

para evocar, tocar pela emoção. Essa função memorial foi atribuída a muitas edificações,

designadas de monumentos históricos, bens que embora não tivessem sido edificados para

tal, designavam esse papel.

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A Carta de Burra (The Burra Charter) afirma que “Significância cultural significa valor

estético, histórico, científico, social ou espiritual para gerações passadas, presentes ou

futuras.” e que lugares com significância cultural devem ser preservados, pois um sítio

histórico evoca uma ligação profunda e inspiradora com a paisagem, além de fortalecer a

identidade local, enriquecendo a vida das pessoas (ICOMOS, 2013). GARCIA LAMAS

afirma que “Hoje, desenhar a cidade e nela intervir é também compreender e conhecer a

cidade antiga e a cidade moderna, as suas morfologias e processos de formação.” (1993,

p.28).

O Setor específico em estudo é o de Entorno 2, pois entende-se que sua preservação é

necessária para manter a integridade e ambiência do sítio. Esta é uma área intermediária,

onde a aplicação de parâmetros urbanísticos de conservação é menos rigorosa, porém, há

valor da arquitetura presente no entorno, que contribui para contar a história do lugar. Esta

ambiguidade é fruto da complexidade do conceito de entorno, que se modificou ao longo da

história.

Inicialmente, se restringia a uma área intermediária, de vizinhança, destinada a manter a

integridade e ambiência do sítio, esta desvalorização da região resultava em parâmetros

urbanísticos de conservação menos rigorosos, o que possibilitava a degradação da

arquitetura ali presente. Contudo, foi se percebendo que a área contribuía para a

significância do bem tombado, porém apesar desta valorização seu valor individual ainda

não era reconhecido. Enfim, foi reconhecida a importância da arquitetura presente no

entorno, que dotada de grande valor artístico e histórico contribuía para contar a historia do

lugar (MOTTA, L.; THOMPSON, A., 2010).

Apesar deste novo conceito, a Legislação de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural

elaborada pela Secretaria Municipal do Planejamento e do Desenvolvimento de Maceió

compreende que “o Setor de Preservação do Entorno Cultural é o espaço urbano de entorno

aos Setores de Preservação Rigorosa (SPR), visando atenuar a interferência paisagística da

urbanização sob estas áreas”. Este entendimento está ultrapassado e põe em riso a

integridade e significância do sítio, sendo possível compreender a importância da pesquisa,

que pretende chamar atenção para o potencial da arquitetura presente no entorno, que até o

momento é desperdiçado devido a uma legislação ineficiente.

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2. Métodos e técnicas

A Gestão do Patrimônio é um campo interdisciplinar, que abrange uma variedade de setores

de conhecimentos e práticas que apoiam processos de tomada de decisões estratégicas e

operacionais de ordem prática, orientados para conservação dos valores patrimoniais

integrada ao desenvolvimento urbano.

A metodologia utilizada visa analisar e caracterizar os atributos materiais e imateriais do

setor de Preservação do Entorno Cultural 2, situado na Zona Especial de Preservação 2 –

Centro (ZEP 2) de Maceió, em Alagoas. Para que isto fosse possível foram realizadas

algumas etapas.

Primeiramente foi feita uma revisão teórica sobre conservação urbana, quando foram

revistos e introduzidos conceitos básicos. Em seguida, esses conhecimentos adquiridos

facilitaram a leitura de títulos voltados para análise morfológica, dos quais se destaca “A

Apreensão da Forma da Cidade” de KOHLSDORF, M.E. que serviu de base para elaboração

de uma tabela, instrumento de análise morfológica para identificação de atributos materiais e

imateriais no sítio histórico urbano, que especifica os atributos materiais e imateriais a serem

analisados em cada item e como isso pode ser feito.

Material Imaterial

Elementos/itens Forma Efeitos e

campos visuais Uso Ambiência Crescimento

Sítio físico

Desenhos

(perspectivas,

cortes), modelos

(curvas de nível)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Listagem,

espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Malha

Desenhos (planta

baixa, mapas)

Mapeamento,

espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Parcelamento

Desenhos (planta

baixa)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Mapeamento,

espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Relações entre

cheios e vazios

Desenhos (planta

baixa)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Mapeamento,

espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Coroamento

Desenhos

(silhuetas, linhas

de coroamento)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

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e direções

Pontuação

Desenhos

(silhuetas, linhas

de pontuação)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Linhas de força

Desenhos

(silhuetas, linhas

de força)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Relações

Intervolumétricas

Desenhos (planta

baixa,

perspectiva)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Relação edifício

lote

Desenhos (planta

baixa,

perspectiva)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Mapeamento,

espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Conjunto de

fachadas

Desenhos

(fachadas)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Tema base x tema

destaque

Desenhos

(perspectivas)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Densidade

construtiva

Desenhos (planta

baixa),

mapeamento

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Rua

Desenhos (planta

baixa, cortes)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Listagem,

mapeamento,

caracterização

e

espacialização

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Parcela fundiária

Desenhos (planta

baixa)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Praça

Desenhos

(perspectivas,

planta baixa)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Listagem,

mapeamento,

caracterização

e

espacialização

Avaliação da

interação

Avaliação

das

intensidades

e direções

Monumentos

Desenhos

(perspectivas,

esboços)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Elementos de

informação

Desenhos

(perspectivas)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

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Pequenas

construções

Desenhos

(perspectivas)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Mobiliário urbano

Desenhos

(perspectivas,

cortes)

Desenhos

(perspectivas) e

fotografias

Espacialização

e

caracterização

Avaliação da

interação

Legenda: Elemento urbano Conjunto urbano

Categoria sitio físico Categoria planta baixa Categoria conjunto de planos verticais

Categoria edificações Categoria elementos complementares

Tabela 1: Instrumento de Análise Morfológica.

Por fim, foi possível, a partir do material obtido na etapa anterior, fazer o levantamento que

caracteriza o entorno cultural 2, expondo o estado de conservação e a ambiência dos

imóveis históricos, o que se apresenta em forma de planilha, que será exposta mais adiante.

Assim, foi feita a análise do objeto empírico e identificaram-se os valores patrimoniais.

3. Resultados e discussão

Deve-se atentar para o desafio de “construir um modelo sustentável de sociedade e vida

urbana, baseado nos princípios de solidariedade, liberdade, equidade, dignidade e justiça

social, e fundamentado no respeito às diferentes culturas urbanas...” (CARTA MUNDIAL DO

DIREITO À CIDADE). Portanto, entende-se que é necessário respeitar e conservar o

patrimônio histórico, testemunho das gerações passadas.

Segundo a Carta de Burra (The Burra Charter) conservação engloba todos os processos de

proteção de um lugar para manter sua significância. Toda atividade humana e todo destino

humano de que se foi conservado testemunho têm o direito de reclamar para si um valor

histórico. A preservação do monumento é fundamental para que se mantenha o valor

histórico e sua transmissão para gerações vindouras. (ICOMOS, 2013).

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É importante ressaltar que se trata de uma área de entorno, onde nem sempre é atribuído o

devido valor, o que torna a área mais suscetível à descaracterização. A definição de

monumento histórico da Carta de Veneza reconhece o valor do entorno ao afirmar que

“monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como o sítio urbano

ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução significativa ou

de um acontecimento histórico. Entende-se não só às grandes criações, mas também às

obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação cultural.” (ICOMOS,

1964).

Elaborada pela Secretaria Municipal do Planejamento e do Desenvolvimento de Maceió a

legislação vigente compreende que “o Setor de Preservação do Entorno Cultural é o espaço

urbano de entorno aos Setores de Preservação Rigorosa (SPR), visando atenuar a

interferência paisagística da urbanização sob estas áreas”. Esta definição nega a

importância desta área enquanto atributos de bens imóveis, porém através do levantamento

percebeu-se que na região em estudo encontra-se uma grande concentração de imóveis

históricos, como é possível verificar abaixo.

Imagem 1 - ZEP 2 – Centro de Maceió, ampliação do setor de entorno cultral 2. As

edificações aqui numeradas encontram-se na tabela abaixo. FONTE: SEMPLA, 2007 [adaptado].

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Tabela 2: Levantamento do Setor de Entorno Cultural 2 da Zona Especial de Preservação 2, Centro

de Maceió, AL. As referencias encontram-se na imagem acima.

Estas edificações estão sob a ameaça da valorização imobiliária da região que registra um

número de edifícios de gabaritos elevados cada vez maior. Entendendo a ambiência como

contribuinte para a significância cultural e identidade de um sítio, fica evidente o quão

perigoso é tratar áreas de entorno como apenas proteção para os Setores de Preservação

Rigorosa.

Além disso, com os levantamentos realizados no sítio histórico verificou-se que se trata da

arquitetura eclética, que se encontra bem conservada, porém é ameaçada pela altura dos

edifícios circundantes. O estilo arquitetônico é característico do final do século XIX e início

do XX, quando foi trazida da Europa e difundiu-se pelas capitais brasileiras, que ao fim do

regime colonial e início do império, teve necessidade de construir prédios para

administração pública, que introduziram em todo país o estilo neoclássico como padrão de

arquitetura oficial, que passou a ser adotado também nas construções civis (DANTAS, C. L.;

TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M., 2011, p. 165). Marcada pela mistura de estilos do

passado para a criação de uma nova linguagem arquitetônica, dentre suas características

destaca-se a presença de ornamentos, utilização de cores claras, janelas amplas e altas,

uso de platibanda, falta de recuo lateral e alinhamento com a via pública, devido ao

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acelerado crescimento urbano que a cidade vivenciava na época. O tecido não sofreu

grandes alterações, porém no parcelamento é possível perceber modificações.

Entre casas térreas e sobrados alguns edifícios se destacam:

3.1. CREA-AL

Imagem 2: CREA-AL. Fonte: Google Street View, 2015.

Segundo relato do ex-morador Frederico George Brotherhood “A atual sede do Crea trata-se

de uma edificação construída nos primeiros anos do Século XX, para fins residenciais,

medindo 910 m² de área construída (incluída a garagem que hoje não existe mais) pelo

governador do Estado de Alagoas, sr. Euclides Malta, que morou com sua família por uns

bons anos, até que a repassou para outro governador, o sr. Batista Accioly. Este, por sua

vez, vendeu a casa ao sr. Abraão Knobe, um judeu de origem suíça, proprietário da firma

“Kuine Tecidos”, sediada em Recife, que depois de morar alguns anos nela deixou que a

mansão fosse a residência dos gerentes da filial, em Maceió.”

A casa onde funciona o Crea, na visão do antigo morador, ainda é uma das mais sólidas e

bem construída. É dotada de uma das mais belas vistas panorâmicas da cidade, com seus

quase 210º graus de vista livre. Todas as portas e janelas internas e externas são feitas de

madeira de Cedro, com soleira de mármore, embutidas em seus respectivos caixilhos. Os

assoalhos de ébano e amarelo são de madeiras nobres. A grande maioria das paredes,

segundo Frederico, são chamadas de “paredes dobradas” (mais de uma camada de tijolos

de espessura), tudo construído com o maior esmero, onde foram usados materiais de

primeiríssima qualidade.

Frederico afirma, sem medo de cometer erros, que por ter vivido 10 anos na casa, nunca

registrou infortúnios, tragédias ou infelicidades, daqueles que habitaram nas mais diferentes

épocas. Disse que dos 24 metros do terraço que se situa na parte traseira da casa, donde

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se tem uma das mais belas e magníficas vista da orla de Maceió e se desfruta de uma

perene sombra e abundante ventilação, percebia o quanto era gostoso de se morar,

admirando o mar. E, ao fazer essa narrativa, falando nela e dela, ficou emocionado porque

lhe trouxe grandes saudades e recordações de tempos idos e não mais vindos.

3.2. Colégio Santíssimo Sacramento

Imagem 3: Colégio Santíssimo Sacramento. Fonte: All Travels.

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Imagem 4: Colégio Santíssimo Sacramento. Fonte: Panorâmio.

O Colégio Santíssimo Sacramento é uma tradicional instituição católica de ensino particular

dirigida pela Congregação das Irmãs do Santíssimo Sacramento, fundada no dia 12 de

abril de 1904, é mantido pela Congregação das Irmãs do Santíssimo Sacramento, que foi

fundada em 30 de novembro de 1715 pelo Padre Pierre Vigne, em Boucieu-le-Roi - França.

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4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro

3.3. Movimento dos Cursilhos de Cristandade

Imagem 5: Movimento dos Cursilhos de Cristandade de Alagoas. Fonte: Google Street View, 2015.

Movimento de Cursilhos de Cristandade é, para seus integrantes, um imperativo sem o qual

não seria possível reconhecermos nossa própria identidade, atualizá-la e mantê-la, além de,

fazendo memória do passado, viver intensamente o presente e enfrentar com confiança o

futuro. A história do MCC deve ser concebida como a explicação das ideias, atitudes,

convicções e opções pastorais que, num dado momento, deram origem ao Movimento. A

Ação Católica, amplamente difundida na Espanha, país de origem, queria promover maior

autenticidade e implicar os leigos na vida da Igreja. Em poucos anos o movimento foi-se

difundindo por toda a América do Sul e, a partir dos EUA, país onde o primeiro Cursilho se

realizou em 1957, começou a difundir-se entre os países de língua inglesa. Em toda a

América o MCC se desenvolvia com muita vitalidade, mobilizava grande quantidade de

pessoas e grupos, produzia inserção na pastoral diocesana e fermentação evangélica de

ambientes. À medida que se expandia em nível mundial, eram estabelecidas, também, suas

estruturas básicas de serviço que eram e são as que realmente dão forma ao MCC como

tal. Embora profundamente marcado por suas origens e suas características, o Movimento

de Cursilhos encontrou terreno preparado para uma notável expansão, pois eram muitas as

iniciativas pastorais e os movimentos de renovação que se desenvolviam em quase todas

as Dioceses e Paróquias do Brasil.

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3.4. Arquidiocese de Maceió

Imagem 6: Arquidiocese de Maceió: Fonte: Google Street View, 2015.

A Arquidiocese de Maceió é uma das vinte e uma dioceses do Regional Nordeste II. O

Regional Nordeste II foi estruturado canonicamente em 396 anos, a saber de 1614 a 2010,

entre o pontificado de Paulo V a Bento XVI, isto é, 33 pontífices. Tais intervenções foram às

ereções das 21 dioceses que o compõe. A Arquidiocese de Maceió começou a ser criada

com a vigorosa expansão do Estado de Alagoas no sul da então diocese de Olinda. A

abundância de recursos naturais faz desta cidade centro de influxo turístico. A então diocese

de Olinda sendo desmembrada e dando origem a outras dioceses sulfragânias, a

05/12/1910, por decreto da sagrada congregação consistorial, foi então elevada à

Arquidiocese e Sede Metropolitana. Foi a primeira sede metropolita do Regional Nordeste II.

Sucedeu a são Pio X o papa Bento XV. Aos 03/04/1916 cria a diocese de Penedo pela bula

Catholicae ecclesiae cura, desmembrada da então diocese de Alagoas. Alagoas começava

a crescer e as necessidades espirituais do povo eram crescentes. Mediante duas dioceses,

os trabalhos apostólicos seriam muito mais viáveis. Um ano depois da ereção da diocese de

Penedo, a 25/08/1917 por decreto da sagrada congregação consistorial, a diocese de

Alagoas passou a denominar-se diocese de Maceió, continuado seu status de sulfragânia de

Olinda.

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Coube ao papa Bento XV a 13/02/1920 mediante a bula Inter varia elevar, a até então

diocese de Maceió, a categoria de Arquidiocese e sede metropolitana. Sua única sulfragânia

era a diocese de Penedo. No pontificado de João XXIII, sucessor de Pio XII, o anseio de

renovação marca profundamente seu pontificado. Esse pontífice quebra vários costumes

acidentais que marcaram profundamente a Igreja e convoca, com uma coragem intrépida, o

IIº Concílio na cidade do Vaticano. O laicato se manifesta como uma força extraordinária na

Igreja oculta e silenciosa que aos poucos se dá a conhecer, mediante a ação católica e os

movimentos de renovação e de volta às origens do cristianismo. Foi este mesmo espírito de

renovação que impulsionou João XXIII a 10/02/1962 criar a diocese de Palmeira dos Índios

pela bula Quam Supremam, desmembrada da Arquidiocese de Maceió e da diocese de

Penedo. Mediante este ato forma-se a província eclesiástica de Maceió, composta da

arquidiocese de Maceió, com suas respectivas sulfragânias: diocese de Penedo e Palmeira

dos Índios.

3.5. Igreja São Gonçalo

Imagem 7: Igreja São Gonçalo. Fonte: Flickr.

Esta igrejinha nem sempre teve essa função, situada no alto do morro do jacutinga, ponto

estratégico, costumava ser um armazém de munição, o que fez com que o local fosse

conhecido como morro do paiol ou morro da pólvora.

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Por volta de 1888 o armazém foi desativado, e o prédio recebeu uma nova função, de igreja,

sofrendo modificações. Seu exterior recebeu frontão e torre sineira e o interior elementos da

arquitetura religiosa, mudando sua feição sem perder a simplicidade original. São Gonçalo

do Amarante foi entoado Padroeiro. (DANTAS, C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M.,

2011, p. 227)

3.6. PROCON-AL

Imagem 8: PROCON-AL. Fonte: Edivaldo Junior – site de notícias.

A Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor, Procon, é um órgão estadual que

tem como objetivo orientar e defender os consumidores. Fiscalizar a aplicação das leis do

Código de Defesa do Consumidor é a principal atividade da instituição.

Em Alagoas, o Procon foi criado no dia 13 de novembro de 1987 e funcionou oficialmente no

dia 23 daquele mês. No dia 01/04/2014 o PROCON disponibilizou uma nova sede para

serviços de audiência, cartório e fiscalização, que conta com ampla infraestrutura que

comporta salas de audiência totalmente equipadas, além do setor de cartório, de

fiscalização e jurídico.

3.7. Edifícios de borda

O Setor de Entorno Cultural 2, faz fronteira com a Zona de preservação Rigorosa,

especificamente com a Rua do Sol, onde as atividades comerciais são intensas e apesar de

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estar na Zona de Preservação Rigorosa sofre com adaptações para uso comercial,

principalmente nas edificações cuja função original era residencial. Porém, esta rua é rica

em monumentos históricos que se encontram bem preservados.

A Rua do Sol é um claro exemplo do plano traçado no século XIX, e cresceu eclética, em

uma época de expansão comercial, quando Maceió se tornou Capital do estado que por

apresentar condições favoráveis para o crescimento comercial, e vivenciou o nascimento da

classe burguesa. Com isso ouve uma melhora dos materiais, devido à inserção do país no

comercio mundial, transformando Maceió em uma metrópole moderna. (DANTAS, C. L.;

TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M., 2011).

Nesta região alguns edifícios se destacam por sua significância religiosa, histórica e

artística, além do seu atual estado de conservação:

3.7.1 Catedral Metropolitana

Imagem 9: Catedral Metropolitana. Fonte: Catedral Metropolitana de Maceió – site oficial.

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A Catedral foi inaugurada no dia 31 de dezembro de 1859, erguida na base do morro da

Jacutinga, onde acredita-se que existia a capela do engenho que deu nome a capital. Sua

construção foi resultado da união de esforços religiosos, políticos e dos fies que queriam

transmitir o desenvolvimento almejado da capital através de uma Igreja imponente, alta e

ampla.

Marcados pelo estilo neoclássico, desenhos do altar-mor original e outros elementos

integrantes, que vieram do Rio de Janeiro, caracterizaram sua fachada e interior. A Catedral

sofreu diversas modificações, dentre elas a modificação do sino original, vindo de Paris, que

foi danificado e substituído por um fundido em Coruripe, Alagoas. Porem apesar destas

mudanças acredita-se que o traço preponderante seja de Grandjean de Montigny, membro

da Missão artística francesa, suspeita que se confirmada agregará valor ao monumento.

Desde 1910 a catedral sofre severas alterações, reesposáveis por sua descaracterização,

como por exemplo as realizadas na escadaria frontal e altares. Porém a partir de

procedimentos de restauro vem se tentando respeitar suas características do século XIX,

reabilitando elementos originais. (DANTAS, C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M.,

2011, p. 224).

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3.7.2 Igreja do Bom Jesus dos Martírios

Imagem 10: Igreja Bom Jesus dos Martírios. Fonte: Photo Bucket.

A Igreja foi construída sobre os escombros da capelinha da Irmandade de Bom Jesus dos

Martírios, devido ao empenho da Irmandade do Bom Jesus. Está situada na frente do

palácio do governo e compõe um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos

preservados, sua estrutura, contudo, sofreu intervenções que comprometem suas feições

originais.

O ecletismo é predominante em seus elementos internos e externos, a construção é

simétrica, tem sua fachada revestida por azulejos portugueses dos fins do século XIX e o

frontão neoclássico é encimado por cruz sobre peanha. “As torres sineiras têm coroamento

espiralado com quatro coruchéis dom mesmo formato nas extremidades, odos revestidos de

azulejos. As portas e janelas são ogivais, com abertura em duas folhas de madeira.”

(DANTAS, C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M., 2011, p. 226).

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3.7.3. Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Imagem 11: Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Fonte: Catedral Metropolitana de

Maceió – site oficial.

O templo foi edificado no mesmo local onde existia uma capelinha construída por negros,

datado em 1820. Com a criação da Irmandade do Rosário, em 1829, foi levado avante o

compromisso de se construir um templo que atendesse ao crescimento do número de fieis

que florescia e viria a ser a capital.

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3.7.4. Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas

Imagem 12: Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Fonte: Viaje a Brasil.

O Instituto abriga o mais representativo acervo iconográfico e documental sobre a história de

Alagoas, além de conjuntos de interesse arqueológico e etnográfico, obras de

arte, hemeroteca, fototeca, biblioteca e arquivo. Mantém o Museu do Instituto Histórico e

Geográfico, onde parte do acervo se encontra exposto permanentemente.

O Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas foi fundado em 2 de dezembro de 1869, tendo

sido o terceiro a ser criado no Brasil. Foi instalado a princípio no Liceu Alagoano, porém hoje

o Instituto se encontra localizado em um casarão datado de fins do século XIX, que

pertenceu a Américo Passos Guimarães. O imóvel foi desapropriado pelo governo estadual

em 1909 e cedido ao Instituto algum tempo depois. É tombado pelo Patrimônio Histórico de

Alagoas desde 1998.

4. Conclusão

Percebe-se cada vez mais um aumento da importância da participação social e das

questões relativas à subjetividade e intersubjetividade no processo da conservação e gestão

dos bens culturais. Todavia, ainda há uma lacuna quanto à operacionalização desses

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termos nos planos de conservação e de gestão, bem como em debates e discussões no

âmbito acadêmico. Esse problema ressalta a importância da realização deste trabalho,

principalmente por estudar a área de entorno, muitas vezes esquecida.

Através de pesquisas na área de conservação foi possível construir um instrumento que

proporcionou a introdução no objeto empírico e consequentemente o levantamento do sítio

em estudo. Assim, foi possível caracterizar o Setor de Preservação do Entorno Cultural 2 e

compreender sua importância como patrimônio histórico.

A carta de burra (The Burra Charter) afirma que modificações como adições e outras

mudanças talvez sejam aceitáveis se respeitarem e não distorcer ou obscurecer a

significância cultural do lugar, ou diminuir sua interpretação e apreciação. Essas mudanças

devem ser facilmente identificáveis como tal, porém devem respeitar e ter impacto mínimo

na significância cultural do lugar (ICOMOS, 2013). Isto não ocorre no sítio em estudo, pois a

ambiência de fins do século XIX e inicio do século XX é perdida com a agressividade da

fiação e altura dos edifícios circundantes, além da realização de reformas que agridem a

forma original dos edifícios.

Assim, concluiu-se que a legislação vigente deveria ser mais rígida nas áreas de entorno,

reconhecendo o novo conceito que entende a importância da arquitetura presente na região,

que no caso estudado possui um grande potencial e encontra-se bem conservada,

principalmente se comparado com algumas áreas do Setor de Preservação Rigorosa 1 (SPR

1), onde o comércio é intenso, porém sua ambiência é comprometida pela altura dos

edifícios circundantes, que em número crescente ameaçam a ambiência, e

consequentemente a integridade do sítio.

A proteção desta área depende do valor atribuído a ela, é preciso reconhecer sua

importância como essencial para a qualidade de vida e como referência histórica. Assim,

pretende-se dar continuidade na pesquisa, ampliando as discussões iniciadas nesta

comunicação.

5. Referencias bibliográficas

CARTA MUNDIAL DE DIREITO À CIDADE. Disponível em:

<http://www.polis.org.br/uploads/709/709.pdf>. Acesso em outubro de 2015.

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CATEDRAL DE MACEIÓ. Disponível em: <http://www.catedraldemaceio.com.br/a-

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CREA-AL. Disponível em: <http://www.crea-al.org.br/portal/historico-do-crea-al/>. Acesso

em outubro de 2015.

CURSILHO. Disponível em: <http://www.cursilho.org.br/index.php/quem-somos/historia>.

Acesso em outubro de 2015.

DANTAS, C. L.; TENÓRIO, D. A.; MENEZES, J. L. M. Alagoas Memorável, Patrimônio

Arquitetônico. Maceió: Instituto Arnon de Mello, 2011.

ICOMOS – AUSTRÁLIA. (2013). The Burra Charter. Disponível em

<http://australia.icomos.org/wp-content/uploads/The-Burra-Charter-2013 Adopted-

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ICOMOS. Carta de Veneza. Veneza (1964). Disponível em:

<http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf>.

Acesso em setembro de 2015.

MOTTA, L.; THOMPSON, A. Entono de Bens Tombados. Rio de Janeiro: IPHAN, 2010.

PROCON-AL. Disponível em: <http://www.procon.al.gov.br/institucional/historico>. Acesso

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SEMPLA. Legislação de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural. Disponível em:

<http://sempla.maceio.al.gov.br/sempla/patrimonio/PATRIMONIOHISTORICOECULTURAL.

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TUDO NA HORA- NOTÍCIAS PROCON AL. Disponível em:

<http://tnh1.ne10.uol.com.br/noticia/maceio/2014/04/07/295325/procon-tem-nova-sede-para-

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Imagens:

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Imagem 12 disponível em: http://img.viajeabrasil.com/Conozca-los-museos-de-

Macei%C3%B3-2.jpg. Acesso em 14/10/2015.