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Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Fundação Estadual do Meio Ambiente Diretoria de Gestão de Resíduos Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos Volume I - Geração per capita - Análise das respostas ao Ofício nº 003/2015 Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais

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Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Fundação Estadual do Meio Ambiente Diretoria de Gestão de Resíduos

Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos

Volume I

- Geração per capita -

Análise das respostas ao Ofício nº 003/2015

Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos

do Estado de Minas Gerais

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Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Fundação Estadual do Meio Ambiente Diretoria de Gestão de Resíduos

Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos

Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos

do Estado de Minas Gerais

Análise das respostas ao

Ofício nº 003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA

Volume I – Geração per capita

Belo Horizonte

2016

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© Fundação Estadual do Meio Ambiente Governo do Estado de Minas Gerais Fernando Damata Pimentel – Governador Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SISEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD Jairo José Isaac – Secretário Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam Diogo Soares de Melo Franco – Presidente Diretoria de Gestão de Resíduos – DGER Renato Teixeira Brandão – Diretor Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos – GERUB Francisco Pinto da Fonseca – Gerente Coordenação: Fabiana Lúcia Costa Santos, Analista Ambiental – Engenheira Civil, Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Júlia Nunes Costa Gomes, Analista Ambiental – Engenheira Ambiental, Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos Elaboração: Ana Carolina Rocha Torres, Estagiária – Engenharia Ambiental Gabriel Macedo Simões, Estagiário – Engenharia Química Júlia Nunes Costa Gomes, Analista Ambiental – Engenheira Ambiental, Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos Noara Abrantes de Meireles, Estagiária – Engenharia Ambiental Pedro Henrique do Valle Aguiar, Estagiário – Engenharia Ambiental Equipe de Apoio: Edwan Fernandes Fioravante, Analista Ambiental, Estatístico, Mestre em Ciência da Computação, Doutor em Demografia – Assessoria do Gabinete da Presidência Feam

Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Documentação Ambiental

F981g Fundação Estadual do Meio Ambiente. Geração per capta / Fundação Estadual do Meio Ambiente.

--- Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2016. 22 p. --- ( Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais, v.1) Análise das respostas ao ofício nº003/2015 GERUB. FEAM. SISEMA 1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Geração de resíduos sólidos urbanos. I. Título.

CDU: 628.4

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Sumário 1. Introdução ................................................................................................................................. 1

2. Metodologia .............................................................................................................................. 2 2.1. Coleta de dados.................................................................................................................................................. 2 2.2. Tratamento dos dados .................................................................................................................................... 2 2.3. Análise dos dados ............................................................................................................................................. 3

3. Resultados e discussões ...................................................................................................... 4 3.1. Coleta de dados.................................................................................................................................................. 4 3.2. Tratamento dos dados .................................................................................................................................... 4 3.3. Análise dos dados – Geração per capita de diferentes situações socioeconômicas............ 7 3.4. Análise dos dados – Geração per capita representativa do estado de Minas Gerais ........... 7

4. Conclusões .............................................................................................................................. 14

5. Recomendações e ações futuras ...................................................................................... 15

6. Apêndice ................................................................................................................................... 16 Apêndice A – Ofício n°003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA .................................................................................... 16 Apêndice B – Notícia sobre Ofício n°003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA no site da Feam ...................... 18 Apêndice C – Metodologia do Estudo Gravimétrico .......................................................................................... 19

7. Referência Bibliográficas ................................................................................................... 22

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Apresentação Este relatório apresenta a geração per capita dos resíduos sólidos urbanos (RSU) do Estado de Minas Gerais. A base de dados para elaboração deste documento são as respostas ao Ofício Circular nº 003/15 GERUB.FEAM.SISEMA, enviado pela Feam aos 853 municípios no dia 03 de Fevereiro de 2015. O referido Ofício convocou todos os municípios mineiros a determinarem, por meio de metodologia padronizada, a composição gravimétrica, geração per capita e peso específico de seus resíduos sólidos urbanos. Além disso, o referido ofício requisitava os dados do responsável técnico pela gestão dos RSU no município.

Os resultados apresentados neste trabalho são provenientes unicamente das respostas dos municípios, enquanto que, na discussão utilizam-se também dados secundários.

Dos 853 municípios do Estado somente 353 (41%) enviaram respostas à Feam, mesmo que incompleta, ou seja, 500 (59%) municípios não responderam ao Ofício. O número de respostas que puderam ser aproveitadas na apuração da geração per capita de resíduos sólidos urbanos foi de apenas 170 (20%) municípios. A baixa adesão de respostas completas e com qualidade por parte dos municípios reflete mais uma vez as dificuldades que afligem o estado mineiro, assim como o país, no tocante à gestão dos resíduos sólidos urbanos.

Neste trabalho, procurou-se também avaliar o percentual de municípios cadastrados no ICMS Ecológico que enviaram respostas ao Ofício. Uma vez que este grupo de municípios envia informações regularmente para Feam, esperava-se grande adesão destes. Este Volume I trata apenas dos resultados de geração per capita de resíduos sólidos urbanos, entretanto, os próximos volumes tratarão das análises das demais respostas enviadas, que também refletem a carência de conhecimento que os municípios têm sobre os seus resíduos. Outras discussões também foram feitas a partir destas respostas de geração per capita recebidas como podem ser observadas ao longo deste documento.

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

Fundação Estadual do Meio Ambiente 1

1. Introdução

O crescimento da população urbana do país, aliado ao incremento no consumo, vem ocasionando aumento significativo na geração de resíduos sólidos urbanos nos últimos anos. Este cenário levou à criação de dois importantes marcos legais em nível nacional: a Lei nº 11.445/2007 (Política Federal do Saneamento Básico) e a Lei nº 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Os decretos que as regulamentam são Decreto nº 7.217/2010 e Decreto nº 7.404/2010, respectivamente.

Estas normas instituíram as diretrizes e obrigações necessárias para que os Estados e Municípios executassem ações com o intuito de promover a adequada gestão dos resíduos sólidos.

Em Minas Gerais, há também a Política Estadual de Resíduos Sólidos (Lei nº 18.031/2009), que, concomitantemente à Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituiu o instrumento Plano (municipal) de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, documento imprescindível para a gestão de resíduos sólidos dos municípios. Este plano apresenta um diagnóstico da situação atual da gestão dos resíduos sólidos gerados no município. Além disso, propõe um conjunto de ações de curto, médio e longo prazos para serem executadas de acordo com um cronograma que respeita as limitações de cada município. Importante frisar que o plano se baseia na criação de ações que apresentem viabilidade técnica e econômica, ou seja, trata-se de um plano que pode ser plenamente realizado de acordo com as especificidades e condições de cada município.

Este Plano é obrigatório para que os municípios obtenham recursos financeiros para auxílio na implementação das ações previstas em seus planos através de entidades estaduais e federais. Também é fundamental na orientação dos serviços desenvolvidos pelo município em relação à gestão de seus resíduos sólidos e deve ser elaborado a partir de um diagnóstico do seu município.

Um diagnóstico do gerenciamento de resíduos sólidos deve considerar a atual dinâmica da geração de resíduos no município, desde a origem até o seu reaproveitamento, reciclagem, tratamento e/ou disposição final dos rejeitos. Trata-se de um retrato do gerenciamento de RSU, em todas as suas etapas. Com base no diagnóstico, deve-se elaborar o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, estipulando metas a serem alcançadas em concordância com as diretrizes da PNRS: não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

Neste contexto, o estudo gravimétrico, composto por composição gravimétrica, geração per capita e peso específico dos RSU de um município é um processo que busca identificar características dos RSU para a adequada gestão e gerenciamento de RSU deste município. Informações como determinação de quais são os tipos de resíduos gerados, quantidade, frequência, peso específico, geração per capita são essenciais para dimensionamento da frota de caminhões, número de funcionários necessários, logística de coleta dos resíduos, dimensionamento das unidades de tratamento dos resíduos, disposição final dos rejeitos e também o investimento financeiro necessário para ampliação, manutenção e operação de tudo isso. Além disso, através do estudo gravimétrico, é possível planejar qual será o destino de cada material de forma mais eficiente e eficaz, favorecendo o planejamento das ações que

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Geração per capita

2 Fundação Estadual do Meio Ambiente

serão sugeridas no Plano de Gestão de Resíduos Sólidos do município. Além de fazer parte do plano, a gravimetria também é um instrumento de monitoramento da geração dos resíduos nos municípios ao longo dos anos e, desta forma, pode subsidiar ações visando a não geração e redução da geração de resíduos, conforme preconiza a PNRS, para que a gestão dos resíduos seja executada de modo adequado em respeito à sociedade e ao meio ambiente.

O objetivo deste trabalho foi obter um valor de geração per capita de resíduos sólidos urbanos do estado de Minas Gerais com base em estudos realizados pelo próprio município.

2. Metodologia

Este capítulo trata das principais etapas de coleta, tratamento e análise dos dados de geração per capita obtidos por meio do Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA.

2.1. Coleta de dados

Em fevereiro de 2015 foi enviado a todos os municípios mineiros o Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA (Apêndice A) para realização do estudo gravimétrico em todos os municípios do Estado. Foram disponibilizados no site da FEAM uma metodologia padrão, modelo de relatório fotográfico e uma planilha de dados (Apêndice A) que deveriam ser seguidos por todos os responsáveis pelos estudos. Os municípios tinham prazo até 02 de abril de 2015 para realizar o cadastro de seu responsável técnico pela gestão de RSU e até 1° de setembro do mesmo ano para enviar planilha com dados da composição gravimétrica, geração per capita e peso específico dos resíduos de seu município, bem como o relatório fotográfico da realização deste estudo.

Os dados dos municípios que responderam o Ofício foram contabilizados e apenas os que enviaram dados de gravimetria do ano de 2015 foram considerados. Só foram utilizados dados de geração per capita dos municípios que realizaram o estudo gravimétrico de acordo com a metodologia padronizada pela Feam.

No tocante a informações de municípios que recebem ICMS Ecológico critério meio ambiente, subcritério saneamento ambiental, foram considerados os municípios cadastrados até o 4º trimestre de 2015.

2.2. Tratamento dos dados

Os municípios foram agrupados de acordo com suas respostas (Tabela 1).

Para a análise da geração per capita, considerando que o responsável técnico de cada município seguiu a metodologia indicada e coletou esta informação no momento da gravimetria, não foram considerados dados cuja amostra tinha massa inferior a 65,918kg, sendo este número obtido pelo percentil 10 de todas amostras dos municípios que enviaram gravimetria e geração per capita. As amostras de peso superiores foram consideradas, mesmo sendo possíveis outliers, pela possibilidade de se obter amostras mais representativas do RSU do município.

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

Fundação Estadual do Meio Ambiente 3

Tabela 1: Agrupamentos dos municípios de acordo com integralidade ou parcialidade das respostas ao Ofício

Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA

Agrupamento Enviaram resposta

Responsável Técnico e/ou ART

Planilha com dados

quantitativos de

RSU

Relatório Fotográfico

Agrupamento1 1 não - - -

Agrupamento2 2 sim sim não não

Agrupamento3 3 sim sim sim não

Agrupamento4 4 sim sim sim sim

Agrupamento5 5 sim não sim sim

Agrupamento6 6 sim não sim não Nota: 1Municípios que não encaminharam respostas para a GERUB ou encaminharam documentos que não respondem ao referido Ofício;2Municípios que encaminharam apenas ART e/ou cadastro de responsável técnico;3Municípios que encaminharam apenas ART e/ou cadastro de responsável técnico e planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico;4Municípios que encaminharam todos os documentos solicitados – ART e/ou cadastro de responsável técnico, planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico e relatório fotográfico;5Municípios que enviaram apenas a planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico e relatório fotográfico;6Municípios que enviaram apenas a planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico.

Após a eliminação dos dados de geração per capita por problemas relacionados ao baixo peso das amostras estudadas, foi realizada uma análise dos outliers dos valores de geração per capita. Valores muitos baixos comumente estão associados a erro na contagem da população geradora daquele resíduo para mais, enquanto os valores mais elevados podem estar associados a acúmulo de resíduos antes da coleta da amostra, ou ainda, contagem da população geradora para menos. Por estes motivos, os valores extremos foram considerados outliers e removidos. A análise e remoção de outliers foi feita separadamente por faixa de poder aquisitivo (baixo, médio/alto) e bairro tipicamente comercial.

2.3. Análise dos dados

Foi realizado teste de hipótese para verificar se há diferença significativa entre a geração per capita média de cada estrato: bairro de baixo poder aquisitivo, bairro de médio e alto poder aquisitivo, bairro comercial.

Para obter um valor que representasse a geração per capita de cada município mineiro, foi calculada a média simples destes valores, utilizando os valores de geração per capita de cada estrato (baixo, médio/alto poder aquisitivo, comercial), sendo que, não necessariamente cada município enviou dados para os 3 estratos. Com a média de cada município, foi calculado o valor mais provável da geração per capita média de resíduo no Estado de Minas Gerais, caso a geração per capita de cada um dos 170 municípios respondentes tivessem sido obtida através de uma amostragem aleatória simples.

Ressaltamos que os dados não foram obtidos de forma aleatória, e as discussões são pautadas considerando que os resultados obtidos são uma aproximação. Para fins de entendimento da representação destes dados, foram calculadas as porcentagens de municípios colaboradores de acordo com a faixa populacional, bem como foi elaborado um mapa que explora a distribuição espacial dos municípios cujos dados foram utilizados.

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Geração per capita

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3. Resultados e discussões

Este capítulo apresenta os resultados obtidos em cada etapa metodológica, bem como detalhes do desenvolvimento da metodologia para facilitar o entendimento do resultado final. Há, também, discussões sobre os dados eliminados e sobre os dados obtidos por outras instituições, sendo que todos os resultados foram obtidos se utlizando dados são auto declaratórios.

3.1. Coleta de dados

Dos 853 municípios mineiros, 500 não responderam ao Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA, dentre eles, 4 municípios enviaram documentos que não respondem o Ofício. Dos 496 municípios que não enviaram nenhum documento, 3 podem não ter recebido o Ofício, visto que não se obteve retorno do Aviso de Recebimento dos CORREIOS.

No tocante ao ICMS ecológico, 108 municípios que recebem este incentivo não responderam o Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA. Este número representa 45,95% do total de municípios que recebem a parcela de ICMS ecológico pelo critério meio ambiente, subcritério saneamento ambiental referente ao tratamento e/ou disposição final adequada de resíduos sólidos urbanos. O número de municípios que recebem ICMS Ecológico (Tabela 2) foi destacado, pois diante do benefício recebido pelos municípios, era esperado que houvesse maior empenho por partes destes em responder o Ofício.

Tabela 2: Agrupamento dos municípios por respostas ao Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA e a

parcela que recebe ICMS Ecológico.

Agrupamento Total Municípios com ICMS

Agrupamento1 1 500 108

Agrupamento2 2 129 46

Agrupamento3 3 32 8

Agrupamento4 4 161 60

Agrupamento5 5 20 9

Agrupamento6 6 11 4

Nota: 1Municípios que não encaminharam respostas para a GERUB ou encaminharam documentos que não respondem ao referido Ofício;2Municípios que encaminharam apenas ART e/ou cadastro de responsável técnico;3Municípios que encaminharam apenas ART e/ou cadastro de responsável técnico e planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico;4Municípios que encaminharam todos os documentos solicitados – ART e/ou cadastro de responsável técnico, planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico e relatório fotográfico;5Municípios que enviaram apenas a planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico e relatório fotográfico;6Municípios que enviaram apenas a planilha com dados de gravimetria, geração per capita e/ou peso específico.

3.2. Tratamento dos dados

O estudo visava analisar dados do ano de 2015 coletados de acordo com a metodologia disponibilizada e 25 municípios enviaram dados de 2014 e 2013 ou enviaram dados de 2015 que não foram coletados de acordo com a metodologia. Logo, estes dados não foram aproveitados neste estudo.

Para dar prosseguimento ao estudo da geração per capita, foram utilizados dados dos municípios dos agrupamentos 3 a 6, que enviaram a planilha com dados de

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

Fundação Estadual do Meio Ambiente 5

gravimetria, geração per capita e/ou peso específico do ano de 2015, resultando inicialmente em 199 municípios.

As amostras consideradas foram as amostras 1, 2 e 3, referentes, respectivamente, aos estratos de bairros de baixo poder aquisitivo, bairros de médio/alto poder aquisitivo e bairro tipicamente comercial. As amostras 4 e 5, referentes a bairros tipicamente manufatureiros e períodos festivos, respectivamente, não foram utilizadas para o cálculo da geração per capita. Dos 199 municípios pertencentes aos agrupamentos trabalhados, 2 municípios enviaram apenas amostras referentes a períodos festivos, tendo sido desconsiderados e restando, dessa forma, 197 municípios. Não houve nenhum município que enviou apenas dados da amostra 4, logo, não houve interferência no número de municípios cujos dados foram utilizados.

O entendimento da característica socioeconômica de cada bairro não é uma informação baseada em estudos oficiais, mas sim na percepção do técnico do município. Municípios muito pequenos optaram por enviar uma única gravimetria por entenderem que não há esta divisão de bairros em sua área urbana. Alguns destes enviaram os dados como amostra 1, outros como amostra 2 e outros como amostra 3 e esta percepção foi respeitada. Para aqueles que enviaram uma única amostra e alteraram a nomenclatura do estrato, os dados foram alocados no estrato da amostra 1. Neste contexto, há também, municípios que enviaram dados de 2 amostras e os que enviaram as 3 amostras, ou seja, há municípios que colaboraram com até 3 amostras para este estudo, embora alguns tenham enviado 2 ou 1.

A análise dos dados de geração per capita levou em consideração se o município realizou a composição gravimétrica. Foi observado que algumas amostras de gravimetria não vieram acompanhadas de valores de geração per capita e vice-versa, cujos dados não foram considerados. Deste modo, as amostras foram removidas, restando 189 municípios no tratamento dos dados.

Dentre estes 189, foi observado que algumas amostras possuíam peso total muito inferior ao valor dos 200kg que havia sido indicado na metodologia como alternativa à amostragem do total de resíduos do município. Foram identificados valores tais como 9,2kg e 12,9kg, dentre outros, que não poderiam ser considerados por terem pouca representatividade da realidade do RSU do estrato a que se refere, além do fato de que uma geração per capita calculada a partir de um valor tão baixo também não é uma informação com representatividade suficiente para ser utilizada. Por outro lado, também havia valores mais próximos de 200kg, como 199,28kg, 190,00kg, 182,00kg e intermediários, como 125,01kg, 72,55kg, por exemplo. No total, 40,59% das amostras possuíam peso inferior a 200kg. Analisando por estrato, a porcentagem de dados cuja massa das amostras inferiores à 200kg foram: 41,71% das respostas do estrato 1; 40,45% das respostas do estrato 2; 39,23% das respostas do estrato 3. No intuito de não descartar todo este volume de informações, foi realizada uma tentativa de eliminação dos outliers inferiores. Entretanto, não foi possível. Devido à amplitude das amostras, o ponto de corte resultou em número inferior a zero. Desta forma, foi adotado como ponto de corte o percentil 10, cujo resultado obtido foi 65,918kg, tendo sido removidos 6,42% das amostras referentes às amostras de todos os estratos dos 189 municípios inferiores a este valor. Analisando por estrato, a porcentagem de dados removidos por este motivo foram: 8,00% das respostas do estrato 1; 4,58% das respostas do estrato 2; 6,15% das respostas do estrato 3. Como 7 municípios enviaram

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Geração per capita

6 Fundação Estadual do Meio Ambiente

apenas amostras com massas inferiores a 65,918kg, estes foram removidos, resultando em 182 municípios na continuidade do tratamento dos dados.

Dos 182 municípios que enviaram valor de geração per capita e possuíam amostras superiores a 65,918kg, um município enviou dado de geração per capita de 392 kg/habitante.dia. Como este valor de geração per capita está muito distante da realidade foi eliminado preliminarmente, por critério técnico e não estatístico. O conjunto de dados restantes possuíam valores extremos de acordo com a Tabela 3. Embora estes valores extremos possam ser verdadeiros para dias atípicos da rotina de um cidadão, dentro da metodologia de coleta de dados deste estudo, estes valores podem ser entendidos como erros de medição. Valores muito baixos podem estar atribuídos a erro na contagem da população geradora do resíduo, ou seja, foi considerada uma população muito maior do que a população que de fato gerou aquele resíduo. Por outro lado, valores muito elevados geralmente estão atribuídos a acúmulo de resíduos anteriormente à coleta, ou seja, o resíduo que pode ter sido gerado em 2 ou 3 dias foi atribuído a apenas 1. Além disso, para valores elevados, também pode ocorrer da população ter sido contabilizada para menos. Os outliers de cada estrato foram identificados e removidos, resultando em 170 municípios com amostras aptas a prosseguirem para a análise dos dados.

Tabela 3: Valores extremos dos estratos de geração per capita antes da remoção dos outliers.

Estrato 1

(kg/habitante.dia)

Estrato 2

(kg/habitante.dia)

Estrato 3

(kg/habitante.dia)

Menor valor 0,027 0,027 0,027

Maior valor 2,2 2,651 2,2

Os novos valores extremos de cada estrato podem ser vistos na Tabela 4, bem como a mediana e os percentis 25 e 75. A amplitude dos dados pode, neste primeiro trabalho, estar atribuída a dois fatores principais: diferenças culturais na geração de resíduos e erro de execução da metodologia apresentada aos municípios pelo Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA, como já discutido acima.

Tabela 4: Valores extremos e percentis dos estratos de geração per capita após a remoção dos prováveis

outliers.

Estrato 1

(kg/habitante.dia)

Estrato 2

(kg/habitante.dia)

Estrato 3

(kg/habitante.dia)

Menor valor 0,114 0,17 0,134

Maior valor 1,25 1,25 1,31 Mediana 0,673 0,668 0,730

Percentil 25 0,533 0,550 0,591

Percentil 75 0,800 0,7865 0,875

A Tabela 5 traz o total de município que apresentaram dados sobre bairros com diferentes tipos de poder aquisitivo.

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

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Tabela 5: Estatísticas descritivas da geração per capita média dos municípios participantes da pesquisa

sobre resíduos sólidos urbanos, Minas Gerais, 2015. Tipo de bairro Total de municípios Média

(kg/habitante.dia)

Desvio-padrão

Estrato 1 146 0,6667402 0,22669564

Estrato 2 107 0,6816099 0,22335267

Estrato 3 111 0,7511174 0,23784979

3.3. Análise dos dados – Geração per capita de diferentes situações

socioeconômicas

Para comparar a geração per capita média (Tabela 5) dos municípios em função dos estratos: baixo poder aquisitivo, médio e alto poder aquisitivo, e bairro tipicamente comercial, foi utilizada a análise de variância com um fator (tipo de bairro). É legítimo considerar tal fator como causa das diferenças entre as médias se é possível garantir a homogeneidade das populações em relação a todos os outros fatores que poderiam ser relevantes para explicar a geração per capita de resíduo sólidos nos municípios.

Através da estatística de teste referente à análise de variância, foi possível concluir com 95% de confiança que os três tipos de bairro diferem-se quanto às médias da geração per capita média por habitante e dia. Essa diferença é significativa para a geração per capita média dos bairros comerciais em relação aos demais bairros. Pelo teste t-Student, foi possível concluir que a média da geração per capita média por habitante e dia dos bairros comerciais é superior à média da geração per capita média dos bairros de baixa renda (probabilidade de significância de 0,004) e superior à media dos bairros de média e alta renda (probabilidade de significância de 0,027).

3.4. Análise dos dados – Geração per capita representativa do estado de

Minas Gerais

A fim de se obter um valor que representasse a geração per capita de resíduos sólidos urbanos do estado de Minas Gerais, como cada município colaborou com até 3 amostras de localidades com características socioeconômicas diferentes, primeiramente procurou-se obter um único valor por município. Para o município que enviou geração per capita de apenas uma amostra, foi considerado este valor. Para os que enviaram geração per capita de 2 ou 3 amostras, não foi possível realizar média ponderada baseada no poder aquisitivo da população por falta de dados que permitissem esse cálculo. Logo, foi realizada a média aritmética dos valores de geração per capita para se obter um único valor por município.

Além disso, como o Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA. foi enviado para os 853 municípios e não se sabe o motivo de alguns municípios responderam e outros não, não se pode afirmar que as respostas foram aleatórias, mas pela Tabela 6 é possível observar a distribuição das respostas quanto à faixa da população urbana de cada município e a representação destes a nível de estado, em relação ao censo IBGE 2010. A definição das faixas também é a mesma utilizada pelo IBGE.

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Geração per capita

8 Fundação Estadual do Meio Ambiente

Tabela 6: Total de municípios do Estado de Minas Gerais por faixa populacional segundo o Censo Demográfico

de 2010 do IBGE e de municípios participantes da caracterização de resíduos sólidos urbanos.

Faixa por número de habitantes Número de município

no Estado

Número de

municípios

participantes

Percentual em relação

à cada faixa do estado

(%)

Até 2.000 20 5 25,0

2.001 até 5.000 229 49 21,4 5.001 até 10.000 265 46 17,4

10.001 até 20.000 173 31 17,9

20.001 até 50.000 106 25 23,6 50.001 até 100.000 37 9 24,3

100.001 até 500.000 20 4 20,0 Acima de 500.000 3 1 33,3

Total 853 170 19,9

Verifica-se que todas as faixas populacionais estão representadas na amostra constituída pelos 170 municípios cujos dados puderam ser aproveitados neste trabalho. Apenas para as faixas populacionais entre 5.001 a 20.000 habitantes, a proporção de municípios participantes é menor do que 20%.

A Tabela 7 apresenta as estatísticas descritivas da geração per capita dos 170 municípios que apresentaram medições válidas por faixa populacional. Com exceção das faixas populacionais até 2.000 habitantes e 50.001 a 100.000 habitantes, as médias e medianas da geração per capita média corresponde a aproximadamente 0,70 kg/habitante.dia. Como há um único município para a faixa populacional acima de 500.000 habitantes, a média e mediana correspondem ao valor de geração per capita informada pelo município e, consequentemente, não há variabilidade.

Tabela 7: Estatísticas descritivas da geração per capita média dos municípios que apresentaram

medições válidas por faixa populacional segundo o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, 2015

Faixa por número de

habitantes

Número de

municípios

Média

(kg/habitante.dia)

Mediana

(kg/habitante.dia)

Desvio-

padrão

Até 2.000 5 0,5008000 0,4450000 0,12298049 2.001 até 5.000 49 0,6809184 0,6740000 0,20934300

5.001 até 10.000 46 0,6543043 0,6495000 0,26364613

10.001 até 20.000 31 0,6970645 0,7000000 0,20542183 20.001 até 50.000 25 0,6972400 0,6700000 0,23886368

50.001 até 100.000 9 0,8145556 0,8030000 0,17783005

100.001 até 500.000 4 0,6860000 0,6605000 0,08129371

Acima de 500.000 1 0,7450000 0,7450000 -

Total 170 0,6813353 0,6720000 0,22524853

O gráfico Box-plot da Figura 1 apresenta as faixas populacionais no eixo horizontal e a geração per capita média no eixo vertical, sendo possível observar a dispersão dos valores de geração per capita média de resíduos sólidos por habitante por dia. Percebe-se que, para a faixa populacional de 5.001 até 10.000 habitantes, a distribuição da geração per capita média apresenta maior variação do que para as demais faixas. De maneira geral, a mediana da geração per capita média situa-se entre 0,6 e 0,8 kg/habitante.dia para quase todas as faixas populacionais. A única exceção é

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

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a faixa populacional até 2.000 habitantes. Como para a faixa populacional acima de 500.000 habitantes apenas um município prestou informação, esse valor é representado por um traço apenas.

Figura 1: Box-plot da geração per capita média de resíduos (kg/habitante.dia) em função da faixa populacional

dos municípios, Minas Gerais, 2015.

Na Figura 2 podemos observar a distribuição espacial dos 170 municípios cujos dados puderam ser aproveitados para este estudo de geração per capita. De maneira geral, 16, dos 17 territórios foram representados. Apenas do território 8 - Vale do Aço, não houve representante com dados válidos. De acordo com a Tabela 8, os territórios com maior representação foram 04–Mucuri e 12–Mata, com 23 e 22 municípios, respectivamente.

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Geração per capita

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Figura 2: Distribuição dos 170 municípios cujos dados foram utilizados para a obtenção da geração per capita

do estado de Minas Gerais.

Tabela 8: Distribuição dos municípios cujos dados puderam ser aproveitados por território.

Território Nº de Municípios

01 - Noroeste 10

02 - Norte 7

03 - Médio e Baixo Jequitinhonha 8

04 - Mucuri 23

05 - Alto Jequitinhonha 5

06 - Central 5

07 - Vale do Rio Doce 2

08 - Vale do Aço -

09 - Metropolitano 19

10 - Oeste 9

11 - Caparaó 13

12 - Mata 22

13 - Vertentes 14

14 - Sul 15

15 - Sudoeste 5

16 - Triângulo Norte 8

17 - Triângulo Sul 5

Face ao exposto, o valor médio de geração per capita para o estado de Minas Gerais foi de, aproximadamente, 0,680 kg/habitante.dia. Considerando uma aproximação para intervalo de confiança de 95%, o limite inferior calculado foi de, aproximadamente, 0,651 kg/habitante.dia e o limite superior, 0,712 kg/habitante.dia.

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Caracterização gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos do Estado de Minas Gerais - 2015

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Os valores até então conhecidos pela Feam para a geração per capita do estado de Minas Gerais estão na Tabela 9.

Tabela 9: Dados de geração per capita do estado de Minas Gerais

Fonte Relatório de

Aterro Controlado1

SNIS2 SEIS3 ABRELPE4

Ano 2013 2013 2014 2014 2013 2014

Geração per capita (kg/habitante.dia)

0,6745 0,810 0,831 Em análise 0,81 0,83

Nota: 1Relatórios enviados até agosto de 2014; 2Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento; 3Sistema Estadual de Informações sobre Saneamento; 4Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais; 5mediana, cujo percentil 25 é 0,498 kg/habitante.dia e percentil 75 é 0,883 kg/habitante.dia.

A ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais publica anualmente, desde 2003, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (ABRELPE, 2014). A ABRELPE disponibiliza questionário online (trecho em Figura 3) contendo o campo de RSU coletados em domicílios e vias públicas com a opção de ser preenchido com a unidade em toneladas/ano, toneladas/mês e toneladas/semana. Adicionalmente, há um campo para preencher a variação da população do município caso este tenha esta informação e desta forma, a geração per capita é calculada a partir do valor da geração total do município. Na publicação de 2015, cujos dados se referem ao ano de 2014, o valor encontrado para o estado de Minas Gerais foi de 0,83 kg/habitante.dia. Foram consultados 133 municípios do sudeste e no relatório não há informação sobre quantos municípios responderam o questionário em Minas Gerais.

Figura 3: Trecho do questionário utilizado pela ABRELPE

Fonte: Abrelpe, 2014

O SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, também obtém dados auto declaratórios. A pesquisa sobre o manejo dos resíduos sólidos iniciou-se em 2002. Em sua 13ª publicação, os dados são referentes ao ano de 2014 e resultaram no valor de 0,831 kg/habitante.dia, muito semelhante ao resultado divulgado pela ABRELPE, embora o número de municípios participantes seja diferente: 597 municípios mineiros (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016). A obtenção deste dado também parece ter sido

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Geração per capita

12 Fundação Estadual do Meio Ambiente

semelhante, pois o dado obtido pelo questionário do SNIS é de geração total de resíduos domiciliares e públicos do município num determinado período de tempo, no caso, tonelada/ano, e há campo de pergunta sobre a população atendida pelo serviço de coleta.

Os dados dos Relatórios de Aterro Controlado (Tabela 9) são dados do Relatório Técnico anual de Operação de Depósito de Lixo, de que trata o Art. 5° da Deliberação normativa COPAM n°118/08. Em relação ao ano de 2013, 170 municípios que operavam aterros controlados enviaram o relatório para a Feam. Assim como os dados da ABRELPE e SNIS, trata-se de massa total de resíduos num determinado período de tempo, no caso, quantidade média coletada em tonelada/dia. O valor da geração per capita foi obtido pela Feam dividindo-se este valor pela população urbana do município correspondente, de acordo com o censo IBGE 2010. O valor apresentado na Tabela 9 trata-se de mediana e os percentis 25 e 75 estão na nota da mesma tabela.

Os dados do Sistema Estadual de Informações de Saneamento – SEIS, da pesquisa referente ao ano de 2014 ainda estão em fase de tratamento e análise e tão logo sejam publicados, poderão ser discutidos em conjunto com os demais.

Um ponto importante a destacar com relação à diferença entre os dados da Tabela 9 e os dados recebidos pelo Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA é justamente a metodologia de obtenção dos valores de geração per capita. O referido Ofício divulgou uma metodologia simplificada que deveria ser seguida pelos municípios e disponibilizou planilha excel padronizada que deveria ser enviada como parte da resposta ao Ofício, contendo a composição gravimétrica, a geração per capita e peso específico de seus resíduos. Desta forma, os dados do Ofício supracitado já foram recebidos no formato kg/habitante.dia. As demais pesquisas da Tabela 9 solicitaram informações de geração de resíduos num determinado tempo (tonelada/dia, tonelada/mês, tonelada/ano) e calcularam a geração per capita com informação da população.

Neste contexto, com a divulgação de uma metodologia e solicitação de dados baseados nela, foi possível perceber que ainda é necessário investir em capacitação dos gestores municipais e técnicos responsáveis pelo gerenciamento de resíduos do município, pois conhecer os resíduos gerados no município é fundamental para alcançar o gerenciamento adequado e a gestão eficaz destes. Olhando para os 46 municípios cujos dados foram removidos (18 com dados anteriores a 2015 e 28 removidos no tratamento dos dados), embora seja possível perceber que há interesse na gestão de seus resíduos em contrapeso com os 500 municípios que sequer responderam o Ofício, percebe-se que é necessária capacitação destes gestores para que estes descubram em que momento da coleta de dados houve erro para que chegassem a resultados que não puderam ser aproveitados, tais como os dados extremos expostos na Tabela 3.

O conhecimento dos resíduos gerados no município no tocante a quantidade, qualidade, proporções, bem como suas variações ao longo do ano devem ser de conhecimento dos gestores municipais para permitir que estes consigam realizar um planejamento real da estrutura necessária ao correto gerenciamento de RSU de seu município e, principalmente, planejar-se para o alinhamento com as Políticas, Nacional e Estadual, de Resíduos Sólidos. O ponto de partida é realização de estudos gravimétricos (composição gravimétrica, geração per capita e peso específico) com

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maior frequência a fim de se obter uma base de dados que subsidie o desenvolvimento de outros estudos, como investimento em frota de veículos de coleta, planejamento de coleta seletiva, dimensionamento das unidades de tratamento e destinação final, orçamento anual, dimensionamento da mão-de-obra necessária, entre outros.

A análise das respostas e não respostas ao Ofício Circular nº003/2015 traz, para a Feam, o retrato do interesse dos municípios para com a gestão e gerenciamento de resíduos. Não só os dados trazem informações, mas a falta deles também. Importante ressaltar que, após o envio do Ofício, muitos gestores municipais e responsáveis técnicos entraram em contato com a Feam, por e-mail e telefone, para tirar dúvidas a respeito do cadastro do responsável técnico e da aplicação da metodologia. O contato foi intenso, principalmente nas proximidades das duas datas definidas como prazo para envio das informações. A primeira, para realizar o cadastro de seu responsável técnico pela gestão de RSU e a segunda, para enviar planilha com dados de gravimetria, geração per capita e peso específico dos resíduos de seu município, bem como o relatório fotográfico da realização deste estudo. As informações destes contatos não puderam ser mensuradas, mas trouxeram o entendimento de que os gestores municipais não possuem o hábito de realizar estudos sobre os RSU de seu município e a minoria parece ter responsável técnico pela gestão dos RSU.

A iniciativa de criar uma metodologia simplificada e solicitar a todos os municípios que a executassem e enviassem os resultados para a Feam foi citada como iniciativa alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos no Manual de Plano Simplificado de Gestão integrada de Resíduos Sólidos – PSGIRS, do Ministério do Meio Ambiente (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016).

Figura 4: Trecho da citação da metodologia da Feam no Manual de Plano Simplificado de Gestão integrada de

Resíduos Sólidos – PSGIRS, do Ministério do Meio Ambiente.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2016.

Este Manual de PSGIRS do MMA é voltado para municípios com população total inferior a 20mil habitantes, que, no estado de Minas Gerais, corresponde a 675 municípios, aproximadamente de 79% dos municípios mineiros e 26% da população mineira.

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Geração per capita

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4. Conclusões

A geração per capita de resíduos sólidos urbanos do estado de Minas Gerais no ano de 2015 foi de 0,680 kg/habitante.dia. Os dados auto declaratórios foram obtidos por meio de metodologia simplificada divulgada no site da Feam e executada pelos gestores municipais.

Após o recebimento dos ofícios pelos municípios, vários deles entraram em contato com a Feam com o intuito de esclarecer dúvidas a respeito do cadastro do responsável técnico e da aplicação da metodologia, o que evidencia que grande parte dos municípios não estão habituados a realizarem esses estudos periodicamente.

Apenas 198 municípios enviaram informações sobre a geração per capita, sendo que dados de 170 municípios puderam ser aproveitados.

Analisando-se a geração per capita de bairros cuja população possui diferente poder aquisitivo, foi possível observar, neste primeiro estudo, que:

- a geração per capita dos bairros de baixo poder aquisitivo, no ano de 2015, foi de 0,667 kg/habitante.dia com desvio-padrão 0,227. Para este tipo de bairro, 146 municípios enviaram informações que puderam ser analisadas;

- a geração per capita dos bairros de médio e alto poder aquisitivo, no ano de 2015, foi de 0,682 kg/habitante.dia com desvio-padrão 0,223. Para este tipo de bairro, 107 municípios enviaram informações que puderam ser analisadas;

- a geração per capita dos bairros tipicamente comerciais, no ano de 2015, foi de 0,751 kg/habitante.dia com desvio-padrão 0,237. Para este tipo de bairro, 111 municípios enviaram informações que puderam ser analisadas;

- apenas a geração per capita dos bairros tipicamente comerciais difere-se significativamente dos demais tipos de bairros, com intervalo de confiança de 95%.

Analisando-se a característica dos dados que não puderam ser aproveitados, percebe-se que há necessidade de capacitação aos gestores destes municípios sobre a execução da metodologia. Apesar disto, considera-se que estes municípios estão ao menos interessados na temática de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, em contraponto com os 500 municípios que não responderam o Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA e com os outros 137 que responderam parcialmente as informações solicitadas no referido Ofício, não tendo encaminhado à Feam nenhum estudo realizado.

Considerando que o conhecimento da geração per capita e da composição gravimétrica dos RSU é fundamental para uma adequada gestão desses resíduos, é necessário induzir os municípios a realizarem esses estudos periodicamente, para que as ações implementadas estejam em sintonia com a realidade de cada município e com os princípios que orientam a política de resíduos sólidos no Brasil e em MG: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

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5. Recomendações e ações futuras

Recomenda-se que os municípios insiram o estudo gravimétrico completo de seus resíduos sólidos urbanos em seu planejamento anual, pois este é um instrumento de diagnóstico/monitoramento do gerenciamento dos resíduos do município muito importante para a tomada de decisões de investimentos de recursos financeiros e humanos e para o planejamento do município. Um estudo gravimétrico completo, de acordo com a metodologia de Feam (Apêndice C) deve conter ao menos dados da geração per capita do município (kg/habitante.dia), peso específico dos resíduos (kg/m³) e a composição gravimétrica (%) dos principais tipos de resíduos.

Ao final da análise dos dados do Ofício Circular nº003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA, os municípios serão comunicados individualmente sobre sua posição em relação aos valores encontrados para o estado e convidados a dar continuidade na elaboração de estudos gravimétricos para conhecimento das especificidades de cada município.

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Geração per capita

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6. Apêndice

Apêndice A – Ofício n°003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA

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Apêndice A – Ofício n°003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA

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Geração per capita

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Apêndice B – Notícia sobre Ofício n°003/2015 GERUB.FEAM.SISEMA no site da Feam

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Apêndice C – Metodologia do Estudo Gravimétrico

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Geração per capita

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Geração per capita

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7. Referência Bibliográficas

ABRELPE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (Brasil). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2014. São Paulo - SP: Grappa Editora e Comunicação, 2014. 120 p. MINISTÉRIO DAS CIDADES. SNIS - SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO: Diagnóstico do manejo de resíduos sólidos urbanos - 2014. Brasília – DF: MCIDADES.SNSA, 2016. 154p MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Manual de Orientação: Plano Simplificado de Gestão integrada de Resíduos Sólidos Urbanos. Brasília – DF: MMA.SRHU, 2016. 89p

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