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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA WELLINGTON DE QUEIROZ NEVES CARACTERIZAÇÃO ÓTICA E ESTRUTURAL DE FILMES DE CdS DEPOSITADOS POR BANHO QUÍMICO FORTALEZA CE 2013

CARACTERIZAÇÃO ÓTICA E ESTRUTURAL DE FILMES DE … · Ao Prof. José Alves de Lima Júnior, ... – IFCE. Obrigado pela ... Figura 15 – Equipamento de raios-X do Departamento

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    CENTRO DE CINCIAS

    DEPARTAMENTO DE FSICA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM FSICA

    WELLINGTON DE QUEIROZ NEVES

    CARACTERIZAO TICA E ESTRUTURAL DE FILMES DE CdS

    DEPOSITADOS POR BANHO QUMICO

    FORTALEZA CE

    2013

  • i

    WELLINGTON DE QUEIROZ NEVES

    CARACTERIZAO TICA E ESTRUTURAL DE FILMES DE CdS

    DEPOSITADOS POR BANHO QUMICO

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Fsica, do

    Departamento de Fsica da Universidade

    Federal do Cear, como requisito parcial para

    obteno do Ttulo de Mestre em Fsica.

    Orientador: Prof. Dr. Marcos Antnio Arajo

    Silva.

    FORTALEZA CE

    2013

  • ii

    WELLINGTON DE QUEIROZ NEVES

    CARACTERIZAO TICA E ESTRUTURAL DE FILMES DE CdS

    DEPOSITADOS POR BANHO QUMICO

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Fsica da

    Universidade Federal do Cear, como requisito

    parcial para obteno do Ttulo de Mestre em

    Fsica.

    Aprovada em 15 /03/2013

  • iii

    A Deus.

    A minha Me, Edinelda.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    A DEUS porque sem ele nada podemos fazer; Por Ele ser a nica razo para esse mundo

    conturbado.

    A minha Me, por sempre ter acreditado nos meus objetivos, obrigado pela fora, amor e

    pelas lies que jamais poderia ter encontrado em livros;

    Aos meus Familiares: Edinelda, Erivaldo, Israel, Cristina, Cristiane, Whashington, Deborah

    Kaynan, Letcia e a pequenina Isabela por serem minha fonte de fora

    motivadora/inspirao, na qual sempre pude me saciar;

    A Jacqueline (minha namorada) pelo o amor, fora e por compreender o tempo que tive que

    me ausentar devido s horas destinadas aos estudos;

    Ao meu orientador professor Dr. Marcos Antnio Arajo Silva, pela disponibilidade,

    correes, discusses a respeito deste trabalho e ensinamentos ao longo dos anos finais de

    graduao e de todo mestrado;

    Ao Prof. Jos Alves de Lima Jnior, pelo apoio na realizao das medidas Raman;

    Ao Prof. Igor de Brito Alencar pelos crescimentos das amostras iniciais;

    A Ndia Ferreira Andrade pelas medidas repetidas inmeras vezes;

    A Emanuela, Tereza e ao Rafael pelo tempo dedicado as medidas; Ao Junior pelas sugestes;

    A todos os professores do Departamento de Fsica da UFC, pelas lies que levarei por toda

    minha carreira;

    A Todos os Funcionrios que se dedicam limpeza e organizao do Departamento de

    Fsica, pelo zelo e por tonar o Departamento um ambiente de trabalho agradvel;

    A Fundao Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico FUNCAP

    pelo apoio financeiro;

    A todos do Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia do Cear - Campus Tiangu

    IFCE. Obrigado pela torcida;

    A Universidade Federal do Cear UFC pelo parcial suporte;

    A todos meus colegas de graduao e mestrado que fiz ao longo de todos esses anos, no

    citarei nomes por correr o risco de esquecer algum.

  • v

    No h linguagem, nem h palavras, e

    deles no se ouve nenhum som;

    no entanto, por toda a terra se faz ouvir

    a sua voz, e as suas palavras, at aos

    confins do mundo.... (SL. 19:3-4)

  • vi

    LISTA DE ABREVIAES

    BC Banda de Conduo

    BV Banda de Valncia

    CBD Deposio por Banho Qumico

    CdS sulfeto de cdmio

    LEV-UFC Laboratrio de Espectroscopia Vibracional da UFC

    LFF-UFC Laboratrio de Filmes Finos da UFC

    UFC Universidade Federal do Cear

    Edta Ethylene diamine tetraacetic acid

    FWHM Full Width at Half Maximum

    ICSD Inorganic Crystal Structure Database

    ICDD International Center for Diffraction Data

    PDF Powder Diffraction File

  • vii

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 01 Estruturas do CdS. a) zinc-blend; b) wurtzita. .................................................... 14

    Figura 02 Irradiao solar na superfcie da Terra. .............................................................. 15

    Figura 03 Esquema das bandas de energias na temperatura de 300 K dos: Isolantes,

    condutores e semicondutores. ................................................................................................. 20

    Figura 04 Esquema de um tubo de raios-X. ........................................................................ 22

    Figura 05 Difrao dos raios-X devido a uma rede cristalina. ............................................ 22

    Figura 06 Difrao de raio X por planos cristalogrficos. .................................................. 24

    Figura 07 Largura angular meia altura da intensidade. .................................................... 24

    Figura 08 Evoluo temporal da Interao entre a luz e um material. Em (a) espalhamento

    Raman anti-Stokes, em (b) espalhamento Rayleigh e em (c) espalhamento Raman Stokes. ..30

    Figura 09 Espectro Raman do (excitao de 488,0 nm). .................................................... 30

    Figura 10 Esquema da transmitncia em filmes. ................................................................ 32

    Figura 11 Esquema de crescimento do filme de CdS usando Edta na soluo. .................. 38

    Figura 12 Fluxograma resumido da sequncia de reaes para obteno de CdS. ............. 39

    Figura 13 Esquema do preparo para o banho qumico. ....................................................... 42

    Figura 14 Fotografias de algumas amostras de filmes finos CdS usadas nesse trabalho. ... 42

    Figura 15 Equipamento de raios-X do Departamento de Fsica da UFC (LRX). ............... 46

    Figura 16 Esquema da geometria Bragg-Brentano. ............................................................ 47

    Figura 17 Difratmetro de raios-X do Departamento de Fsica da UFC, Marca: Panalytical

    XPert PRO MPD. ................................................................................................................... 47

    Figura 18 Espectrmetro de UV e VIS do Departamento de Fsica da UFC. ..................... 48

    Figura 19 Esquema do equipamento usado para as medidas de transmitncia e absorbncia.

    .................................................................................................................. ................................ 49

  • viii Figura 20 Espectrmetro T64000 (fabricante Horiba Jobin Yvon) do L. E. R. UFC. ..... 50

    Figura 21 Amostras WI 004, 005, 006 e 007; filmes de CdS crescidos a 80 C com

    diferentes concentraes de Edta, no tratados termicamente. ............................................... 51

    Figura 22 Filmes crescidos por dois banhos sucessivos com diferentes concentraes de

    Edta (WE004, WE005, WE006, WE007). .............................................................................. 52

    Figura 23 Planos (111) da estrutura cbica preferenciais de crescimento dos filmes. ....... 53

    Figura 24 Tamanho dos gros dos filmes crescidos em diferentes concentraes de Edta,

    com/sem tratamento trmico, obtidos pela equao de Scherrer. ........................................... 54

    Figura 25 Transmitncia dos filmes de CdS obtidos com diferentes concentraes de Edta,

    no tratados termicamente. ..................................................................................................... 55

    Figura 26 Transmitncia dos filmes de CdS obtidos com diferentes concentraes de Edta,

    tratados termicamente a 300 oC no ar. .................................................................................... 56

    Figura 27 Filmes de CdS obtidos com diferentes concentraes de Edta tratados termica-

    mente. No inset, uma ampliao da regio de crescimento da transmitncia. ........................ 57

    Figura 28 Comparao entres os filmes crescidos sob a mesma concentrao de 3,0 x 10-5

    M em (a), 12 x 10-5

    M em (b), 21 x 10-5

    M em (c) e 30 x 10-5

    M (Edta) em (d). ................... 58

    Figura 29 Derivada primeira da curva da absorbncia do filme de CdS, amostra WE024. 59

    Figura 30 Valores do gap das amostras de filmes de CdS obtidos com diferentes

    concentraes de Edta, tratadas e no tratadas termicamente. ................................................ 60

    Figura 31 Espectros Raman de filmes de CdS crescidos a diferentes temperaturas com

    concentrao de Edta (veja texto), submetidos a tratamento trmico de 300 C por uma hora

    no ar. ........................................................................................................................................ 62

    Figura 32 Espectros Raman de filmes de CdS no tratadas termicamente, crescidas em

    diferentes concentraes de Edta. ........................................................................................... 63

    Figura 33 Espectros Raman de filmes obtidos com a mesma concentrao de 27 x 10-5

    M

    (Edta) e com tratamento trmico em 300 C no ar em diferentes tempos: 15 min. em (a), 30

    min. em (b), 45 min. em (c) e 60 min. em (d). ........................................................................ 64

  • ix Figura 34 Amplificao das regies dos modos 1 LO em (a) e 2 LO em (b) para as amostras

    da Figura 31 com diferentes tempos de tratamento trmico. .................................................. 64

    Figura 35 Espectros Raman de filmes de CdS crescidos por CBD com diferentes

    concentraes de Edta. ............................................................................................................ 66

    Figura 36 Amplificao da regio do modo 1LO para as amostras da Figura 33 com

    diferentes concentraes de Edta. ........................................................................................... 66

    Figura 37 . Espectros Raman das filmes crescidos com diferentes concentraes de Edta,

    submetidos a um tratamento trmico de 400 C por uma hora no ar. ..................................... 67

    Figura 38 Espectros Raman de filmes de CdS crescidos por CBD com concentraes de 27

    10-5 M de Edta, submetidos a tratamento trmico de uma hora em diferentes temperaturas.

    .................................................................................................................................................. 68

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Valores possveis de m. ........................................................................................ 34

    Tabela 2 Concentrao e massa dos reagentes para o crescimento dos filmes. .................. 41

    Tabela 3 Identificao das amostras crescidas em banhos com diferentes temperaturas. .. 43

    Tabela 4 Identificao das amostras crescidas em diferentes concentraes de Edta. ....... 44

    Tabela 5 Identificao das amostras/crescimento 2. ........................................................... 45

    Tabela 6 Identificao da estrutura por difrao de raios-X. .............................................. 53

    Tabela 7 Valores do gap para as diferentes amostras de filmes de CdS. ............................ 59

    Tabela 8 Posio dos picos dos espectros Raman e largura meia altura (FWHM). ......... 67

    Tabela 9 Identificao de todas as amostras. ...................................................................... 74

  • xi

    SUMRIO

    RESUMO ........................................................................................................................... 12

    ABSTRACT ....................................................................................................................... 13

    CAPTULO 1: INTRODUO ........................................................................................ 14

    CAPTULO 2: FUNDAMENTAO TERICA ............................................................ 19

    2.2 O EFEITO RAMAN ............................................................................................. 26

    2.2.1 EFEITO RAMAN CLSSICO........................................................................... 27

    2.3 TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA ................................................................. 32

    2.4 SOBRE O GAP ..................................................................................................... 34

    CAPTULO 3: METODOLOGIA .................................................................................... 36

    3.1 CdS POR CBD...................................................................................................... 36

    3.1.1. CRESCIMENTO DAS AMOSTRAS DE FILMES DE CdS.............................. 38

    3.1.2 PREPARO DA SOLUO PARA O BANHO QUMICO ................................ 39

    3.2. EQUIPAMENTOS USADOS PARA AS MEDIDAS ........................................... 45

    3.2.1. DIFRAO DE RAIOS-X ............................................................................... 45

    3.2.2. TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA ............................................................. 47

    3.2.3. MEDIDAS DE ESPALHAMENTO RAMAN ................................................... 49

    CAPTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................ 50

    4.1. RESULTADOS DE DIFRAO DE RAIOS-X .................................................. 51

    4.2. RESULTADO DE TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA .................................. 55

    4.3. RESULTADOS DE ESPECTROSCOPIA RAMAN ............................................ 61

    CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................. 68

    TRABALHOS FUTUROS .......................................................................................... 70

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 70

    ANEXOS ............................................................................................................................ 74

    ANEXO 1 ................................................................................................................... 74

    ANEXO 2 ................................................................................................................... 75

  • 12

    RESUMO

    Neste trabalho estudamos as propriedades ticas de filmes de sulfeto de cdmio

    (CdS) crescidos sobre um substrato de vidro. Os filmes foram obtidos por meio da tcnica de

    deposio por banho qumico (Chemical Bath Deposition, CBD). Os filmes de CdS so

    preparados numa soluo aquosa, sob agitao, a uma temperatura de 80 oC durante 60

    minutos sobre substrato de vidro. Alguns dos filmes foram obtidos com duplo depsito em

    dois banhos sucessivos iguais. Como fonte de ons de cdmio usado sulfato de cdmio

    (CdSO4,) como fonte de ons de enxofre usado a tiouria, como tampo usado cloreto de

    amnia, e como agente complexante o Ethylene diamine tetraacetic acid (Edta) em vrias

    concentraes. Aps o crescimento, os filmes foram submetidos a um tratamento trmico no

    ar nas temperaturas de 300 ou 400 oC por uma hora. Foram realizadas medidas experimentais

    usando a tcnicas de difrao de raios-X, fototransmisso tica UV-VIS e espectroscopia

    Raman. Os filmes de CdS obtidos possuem estrutura cbica e so de colorao amarelada,

    homogneos e muito aderentes ao substrato de vidro. So analisados os efeitos da

    concentrao de Edta, tratamento trmico no ar, tempo de deposio e temperatura de

    crescimento dos filmes de CdS. Nossos resultados mostram que, sob as condies estudadas,

    os filmes de CdS no possuem fase hexagonal em sua estrutura. O gap dos filmes de CdS est

    em torno de 2,45 eV, com pequenas variaes (2,40 2,51 eV) devido s condies

    experimentais de crescimento ou tratamento trmico aps o crescimento. Observamos o modo

    LO, de simetria A1, em torno de 300 cm-1

    e at trs sobremodos (overtones) desse fnon. Em

    alguns casos, os espectros Raman aparecem sobrepostos a uma larga fotoemisso,

    dependendo das condies experimentais.

    Palavras-chaves: Filmes de CdS, CBD, Edta, propriedades ticas.

  • 13

    ABSTRACT

    In this work we study the optical properties of films of Cadmium Sulfide (CdS)

    grown on a glass substrate. The films were obtained by the technique of chemical bath

    deposition (CBD). The CdS films are prepared in an aqueous solution under stirring, at a

    temperature of 80 C for 60 minutes on the glass substrate. Some of the films were obtained

    with a double deposit on two successive equal baths. Cadmium Ion source was using

    cadmium sulfide (CdSO4), the sulfur ion source was thiourea, ammonium chloride is used as

    buffer, and Ethylenediamine tetra acetic acid (Edta) as a complexing agent at various

    concentrations. After growth, were subjected to a heat treatment in air at temperatures of 300

    to 400 C for one hour. Measurements were performed using the experimental techniques of

    X-ray diffraction, UV-VIS optical fototransmission and Raman spectroscopy. The obtained

    CdS films have cubic structure and are yellowish, homogeneous and very adherent to the

    glass substrate. We analyzed the effects of the Edta concentration, heat treatment in air, time

    of deposition and temperature for growth of CdS films. Our results show that under the

    studied conditions, the films of CdS have no hexagonal phase in its structure. The band gap of

    CdS films are around 2,45 eV, with small variations (2,40 2,51 eV) due to the experimental

    growth conditions or heat treatment after growth. We observed LO mode of A1 symmetry,

    around 300 cm-1

    and up to three overtones this phonon. In some cases, the Raman spectra

    appear superimposed on a wide photoemission, depending on the experimental conditions.

    Keywords: CdS films, CBD, Edta, optical properties.

  • 14 CAPTULO 1: INTRODUO

    O sulfeto de cdmio (CdS) objeto desta dissertao, um composto semicondutor

    binrio, pertencente s famlias II B e VI A e pode ser cristalizado de duas formas alotrpicas,

    uma delas como a estrutura tipo zinc-blend e a outra wurtzita; as respectivas estruturas esto

    esquematizadas nas Figuras 1(a) e (b) respectivamente (SAVELLI, 1979). As esferas

    amarelas representam os tomos de cdmio e as azuis/brancas os tomos de Enxofre.

    Figura 1 - Estruturas do CdS. a) zinc-blend; b) wurtzita. Fonte: (WIKIPDIA, 2012).

    A estrutura zinc-blend composta por duas espcies de tomos: a espcie mais

    eletronegativa representada pelo nion e a outra pelo ction. Podemos considerar esta

    estrutura como uma interpenetrao de duas clulas cbicas de face centrada; cada ction

    Cd2+

    tem quatro vizinhos S2-

    a uma distncia de a onde o parmetro de rede a vale 5,832

    .

    A wurtzita a estrutura mais estvel termodinamicamente; esta estrutura consiste

    de uma combinao de cristais hexagonais, conforme mostra a Figura 1(b), em stios

    tetradricos. Ela composta pelo empacotamento de duas estruturas hexagonais

    interpenetradas com um deslocamento ao longo do eixo-c do hexagonal (eixo vertical da

    Figura 1(b)). No caso ideal desse empacotamento onde os tetradricos so regulares, a

    distncia entre os primeiros vizinhos vale: ou , onde a razo

    . Este tipo de estrutura tem sido observado em compostos BeO, ZnO, ZnS, CdS, ZnSe,

    CdSe e MgTe.

    O CdS possui a faixa de absoro entre a regio onde h maior incidncia da

    energia solar na superfcie da Terra (ver Figura 2). Por isso, esse material bastante utilizado

    em dispositivos que envolvem a transformao de energia solar em eltrica, atravs do efeito

    fotovoltaico, descoberto em 1839 pelo Fsico Edmond Bequerel, quando observou uma

  • 15 pequena diferena de potencial (ddp) entre as extremidades de uma estrutura semicondutora,

    quando estava exposta a radiao solar (RENEWABLE, 2012). Para serem aplicados em

    clulas solares necessrio que a camada de CdS seja suficientemente fina, possua alta

    transmitncia tica e baixa resistncia eltrica. Nas clulas solares, toda radiao necessria

    para o procedimento de transformao da energia solar em eltrica entra pela camada de CdS,

    por isso, esta camada chamada de janela da clula fotovoltaica.

    Figura 2 Irradiao solar na superfcie da Terra. Fonte: (CARNEIRO, L. C. C., 1996).

    As clulas solares de filmes finos baseado na juno dos semicondutores

    CdS/CdTe vem ganhando destaque, tanto em potncia como no custo da produo dos

    mdulos. Por exemplo, em 2011 a empresa First Solar produziu 2 GWp (Watt-pico) de

    potncia baseada em clulas de filmes finos, enquanto que na mesma poca a Suntech Power

    produziu 1,96 GWp baseado em cristais de silcio (SUSTENTABLE, 2012; OPTICS, 2012).

    Quando se refere ao custo da produo, os mdulos baseados em filmes finos de CdS/CdTe

    ficaram, naquele ano, em torno de US$ 0,75 /Wp enquanto que os mdulos de silcio em US$

    1,25 /Wp que corresponde atualmente a 85% - 90% da produo mundial (SOLARBUZZ,

    2012). Atualmente os mdulos da First Solar tm o recorde mundial da eficincia das clulas

    de CdTe que superior a 17%. Dessa forma os painis solares baseados em filmes finos de

    CdS/CdTe so fortes candidatos na disputa do mercado fotovoltaico. E merece destaque

    devido a essas suas potencialidades (PREZ G. et al., 2012).

    OS FILMES FINOS DE CdS

    Os semicondutores compostos das famlias II e VI da tabela peridica, com

    exceo dos compostos HgSe e HgTe (que so semimetais) possuem o mnimo da banda de

  • 16 conduo acima do mximo da banda de valncia, ou seja, so materiais de gap direto

    (FALCO, 2005), possuem alta absoro tica alm de apresentar alto valor na probabilidade

    de que as transies ocorram. Segundo Lade S. J, et al. (1997) o sufeto de cdmio possui

    coeficiente de absoro entre e 105

    e 104 cm

    -1. O alto valor do coeficiente de absoro para

    alm da faixa do comprimento de onda do gap, responsvel por absorver 99% dos ftons

    incidentes no semicondutor, isso numa espessura de apenas 1 m do material VI - II. Isso

    explica o fato de que os filmes finos com estes materiais so amplamente utilizados em

    dispositivos pticos, por exemplo: fotodetectores e clulas solares. Os filmes de CdS, quando

    junto com os compostos CdTe ou CuIn(S/Se)2 formam as partes essenciais dos painis

    fotovoltaicos.

    Neste trabalho ns depositamos filmes de CdS atravs de uma tcnica bastante

    simples, a deposio por banho qumico (do ingls Chemical Bath Deposition, CBD). Apesar

    da simplicidade da tcnica conseguimos produzir filmes com boa aderncia e com

    crescimento uniforme. Quando se leva em conta a qualidade dos filmes crescidos pela tcnica

    CBD, percebe-se que ela comparvel com as que so produzidos por outras tcnicas mais

    sofisticadas e que exigem um maior gasto de energia.

    Desde a primeira vez que a tcnica de CBD foi utilizada para se obter filmes finos

    de CdS em 1961 (RODRIGO S. A, 2009), muitos autores vm relatando banhos qumicos

    onde so modificados os ingredientes dessa tcnica. Para a obteno de filmes finos de boa

    qualidade, e que seja eficaz quando aplicado em sistemas teis, tem se investigado as

    propriedades ticas, eltricas, e estruturais dos filmes de CdS crescido por CBD. As

    condies nas quais os filmes so crescidos modificam as suas propriedades pticas, eltricas,

    estruturais e morfolgicas. Abaixo descrevemos algumas delas.

    Conforme Vigil O. G.(2007) h uma relao inversa entre o tamanho dos

    nanocristais que compem o filme e o valor do gap, ou seja, segundo o autor o aumento do

    valor do gap est associado a uma diminuio no tamanho dos nanocristais. As deposies

    onde a temperatura do banho alta crescem nanocristais pequenos com valores de gap alto.

    Dessa forma, a temperatura um parmetro essencial na tcnica CBD. Em banho com

    temperatura alta o processo de difuso facilitado, levando a formao de cristais grandes e

    como dito anteriormente, valores de gap baixo. A temperatura de crescimento de filme de

    CdS limitada pela temperatura de evaporao dos reagentes, dessa forma normalmente se

  • 17 utiliza temperatura abaixo de 100 C, o que produz filmes com cristais muito pequeno

    (HODES, 2007).

    Recentemente vrios trabalhos tm sido publicados analisando a influncia do pH

    da soluo do banho nas propriedades dos filmes de CdS. Kariper A. et al. (2011) pesquisou

    as propriedades ticas, eltricas e estruturais de filmes crescidos em 30 C em banho qumico

    por 36 h, em seu trabalho foi usado como fonte de Cd+2

    o Cd(NO3)24H2O. O autor investigou

    a variao da espessura do filme variando o pH da soluo, entre 10 - 12. Verificou-se que

    quando o pH vai de 12 para 10 a espessura passa de 393 para 710 nm.

    As analises dos filmes de CdS depositados por CBD em diferentes valores de pH

    da soluo entre 9-12, Utilizando como fonte de cdmio o nitrato de cdmio e de enxofre o

    CH3CSNH2 (trioacetamide) e tempo total do banho qumico de 3 h em 70 C. Mostraram que

    os filmes crescidos em pH = 11 tiveram a menor espessura, aproximadamente 100 nm; com o

    pH = 12 nenhum pico ficou evidente na Difrao de Raios-X (DRX) caracterizando que nesse

    meio as caractersticas do filme eram amorfas. Exceto este ltimo valor de pH, em todas os

    outros a estrutura cristalina cbica ficou evidente (KARIPER A. et al., 2012).

    A grande dificuldade devido ao controle do pH da soluo se d em funo de que

    o agente que o regula, ser a amnia, como muitos autores tm relatado, que altamente voltil

    e evapora no decorrer do banho qumico diminuindo o valor do pH da soluo, sendo difcil

    manter o valor deste constante durante todo o banho. Alm disso, o aumento da concentrao

    de amnia diminui a taxa de crescimento do filme, por isso ela uma opo de agente

    complexante. No presente trabalho ns usamos o Edta ao invs de amnia, para atuar como

    agente controlador dos ons de cdmio na soluo.

    O tempo de deposio contribui apenas para a espessura do filme, conforme o

    trabalho de Liu et al. (2010) mostrou que a espessura do filme cresce com o tempo mas atinge

    um patamar constante (LIU, et al., 2010). Dong W. P. (2010) produziu filmes nanocristalinos

    de CdS pelo mtodo de CDB, usando CdSO4 como fonte de cdmio e como fonte de enxofre

    a tiouria, os mesmos reagentes usados neste presente trabalho. O autor observou uma

    variao da espessura dos filmes com o tempo de deposio, tendo atingido espessura mxima

    de 3000 em 60 min de banho, aps esse tempo houve uma diminuio da espessura.

    Da mesma forma que o pH da soluo, a concentrao dos reagentes tambm

    modifica as propriedades dos filmes crescido por CBD. Por exemplo, uma reduo na

  • 18 concentrao de tiouria, ou fracionamento desta na soluo diminui a resistividade eltrica

    do filme. O aumento da concentrao de ons de cdmio na soluo diminui a taxa de

    crescimento do filme, devido s reaes homognea (SOUNDESWARAN et. al, 2004).

    Conforme Hani K. et al. (2008) possvel crescer filmes usando diferentes fontes

    de Cd+2

    como: sulfato de cdmio, cloreto de cdmio, iodeto de cdmio e acetato de cdmio;

    observou-se em todos os filmes uma estrutura cristalina cbica, independente da fonte de

    cdmio usada. Porm, Mahdi M. A., et al. (2009) obtiveram filmes por CBD de CdS

    policristalinos com fase hexagonal, usando como fonte de Cd+2

    o acetato de cdmio e tiouria

    como fonte de S-2

    .

    Caboclo et al. (2011) observaram que tratamentos trmicos em temperaturas

    acima de 400 C favorecem a cristalizao dos filmes de CdS. Os filmes foram crescidos em

    banhos com temperatura de 90 C, pH = 9, como fonte de S-2

    foi usada a tiouria (fracionada

    em quatro partes) e com tempo total do banho de 40 min. No se observou mudana na

    morfologia dos filmes quando foram tratamento termicamente em atmosfera de dicloreto de

    cdmio (CdCl2). Observou-se que em 400 C aparece a fase hexagonal juntamente com a

    cbica, e como consequncia da coexistncia dessas duas fases houve uma diminuio da gap

    dos filmes.

    Preda N. et al. (2012) conseguiram sintetizar micro e nanoestruturas de CdS por

    CBD. As nano esferas e nano tubos com dimetro de 300 nm foi crescida ajustando a amnia

    no banho qumico. A estrutura dos tubos sintetizados possua fase hexagonal com valor do

    gap na regio de 2,5 2,6 eV (PREDA N. et al., 2012).

  • 19 CAPTULO 2: FUNDAMENTAO TERICA

    Neste captulo ns faremos um pequeno histrico sobre os efeitos que este

    presente trabalho utiliza. Iniciaremos com uma breve introduo sobre o que caracteriza um

    semicondutor; aps falaremos sobre a descoberta dos raios-X; abordagem terica do mtodo

    de medida das distncias entre os planos de um cristal pelo mtodo de difrao dos raios-X; a

    descoberta do efeito Raman; uma abordagem clssica desse efeito; um tratamento sobre a

    transmitncia e absorbncia de pelculas finas e finalmente um tratamento sobre o gap de um

    material.

    Conforme sabemos os estados qunticos dos eltrons em uma rede cristalina se

    agrupam em bandas de energia (KITTEL, C., 2006; NUSSENZVEIG, H. M., 1998). Dessa

    forma no existe um contnuo de estados permitidos como ocorre na mecnica clssica, mas

    as bandas de energias esto separadas por faixas proibidas. Com este modelo podemos

    entender as diferenas entre os materiais (isolantes, condutores e semicondutores), no que se

    refere capacidade deles conduzirem corrente eltrica, por exemplo.

    Em um material isolante, o nvel de mais baixa energia (banda de valncia, BV)

    est totalmente ocupado e o nvel mais alto (banda de conduo, BC) encontra-se totalmente

    desocupado; sendo que este est separado daquele por uma faixa no permitida, chamada de

    gap do material. Nos isolantes, mesmo na temperatura ambiente (300 K) a energia recebida

    pelos eltrons insuficiente para levar os eltrons da BV para a BC. Como no h nenhum

    eltron livre na ltima banda ento o material no conduz eletricidade. Ver Figura 3(a).

    Comparando as resistividades, em um bom isolante pode chegar at 1030

    vezes maior que a de

    um bom condutor.

    Nos condutores, a BC est parcialmente cheia, onde se encontram os eltrons

    livres sendo limitado pela energia de Fermi. Uma pequena perturbao, por exemplo, a ao

    de um campo eltrico, suficiente para movimentar os portadores de corrente eltrica. Ver

    Figura 3(b).

    Os materiais semicondutores tambm possuem duas bandas de estados de energia

    bem definidas, uma BC e uma BV da mesma forma que nos isolantes e condutores, e entre

    estas existem as faixas proibidas. Porm, nos condutores, a largura do gap maior que a

    dos materiais condutores e menor que a dos isolantes. Na temperatura ambiente, 300 K, a BC

  • 20 est parcialmente cheia, e a BV encontra-se parcialmente vazia. Ver Figura 3(c). Nesta

    condio os semicondutores conduzem corrente eltrica, devidos aos portadores livres na BC.

    Quando a temperatura est prxima de 0 K (zero absoluto), os portadores que se encontravam

    na BC tendem a retornar para a BV, pois perdem energia; transformando-se em um material

    isolante como visto inicialmente. Dessa forma os semicondutores carregam as duas

    propriedades, tanto as dos condutores como as dos isolantes; e as suas caractersticas

    dependem das condies as quais o material est submetido.

    Figura 3 Esquema das bandas de energias na temperatura de 300 K dos: Isolantes, condutores e

    semicondutores.

  • 21

    1.1 A DESCOBERTA DOS RAIOS-X

    A existncia dos raios-X foi evidenciada pelos experimentos do fsico alemo

    Wilhelm Rntgen com tubos evacuados, semelhante aos tubos de raios catdicos. No final de

    1895, Rntgen publicou seu primeiro artigo descrevendo os procedimentos que tornaram

    possvel ver os efeitos dos raios-X, alm de diferenci-los dos raios catdicos. Em 1901,

    recebeu por esta descoberta o primeiro prmio Nobel de Fsica da histria da premiao

    (NOBEL, 2012). A existncia de uma radiao que podia penetrar vrios materiais, sendo

    possvel formar imagens com detalhes minuciosos, espalhou-se rapidamente, obtendo muitas

    aplicaes; entre elas na radiografia por hospitais.

    Os raios-X se encontram no espectro eletromagntico, entre os comprimentos de

    onda de 0,0001 e 0,01 nm, ou seja, entre os raios ultravioletas e os gamas; esta faixa tem

    ordem de grandeza comparada s distncias moleculares e das redes cristalinas. Isso explica o

    fato de os raios-X serem muito utilizados na anlise das estruturas cristalinas. Conforme

    sabemos, as ondas so difratadas quando a abertura da fenda da mesma ordem de grandeza

    do comprimento de onda. A diferena entre os raios-X e os gamas a forma como estes raios

    so produzidos. Os raios gama so produzidos devido a transies no ncleo atmico. J os

    raios-X so produzidos em uma ampola com vcuo e dois circuitos eltricos independentes;

    um destes usado como fonte de eltrons livres devido ao aquecimento de um filamento por

    efeito Joule, e o outro circuito aberto, com a finalidade de aceler-los devido a uma diferena

    de potencial; quando estes eltrons acelerados so barrados pelo metal posicionado no nodo,

    os eltrons mais internos recebem parcela da energia dos eltrons incidente, saltando para

    um novo nvel mais energtico, deixando um buraco na camada onde estava inicialmente.

    Rapidamente estes eltrons voltam a decair para o buraco, pois energeticamente mais

    favorvel, e ao fazerem isso eles emitem uma radiao, chamada de raios-X. Geralmente os

    tubos de raios-X tm uma forma como mostra a Figura 4.

    O primeiro diagrama de difrao de raios-X em cristais foi obtido em 1912 por

    Max von Laue, utilizando o sulfato de cobre. Sua formulao da teoria da difrao dos raios-

    X em cristais tridimensionais lhe rendeu o prmio Nobel de Fsica de 1914. Desde ento a

    difrao tornou-se til para a determinao das estruturas cristalinas.

  • 22

    Figura 4 Esquema de um tubo de raios-X.

    DIFRAO DOS RAIOS-X

    Na Figura 5 temos um esquema de uma radiao eletromagntica (raios-X)

    incidindo sobre uma estrutura cristalina. Por simplicidade, mostramos a radiao espalhada

    apenas devido aos centros espalhadores pertencentes aos dois primeiros planos, que esto a

    uma distncia hkld .

    Figura 5 Difrao dos raios-X devido a uma rede cristalina.

    Vemos pela figura que h uma diferena de caminho ptico entre os raios

    espalhados pelos tomos do primeiro e do segundo plano. Quando esta diferena igual a um

    nmero inteiro do comprimento de onda haver interferncia construtiva, o detector

    registrar um pico. A condio para interferncia construtiva dada pela frmula (01),

    equao de difrao de Bragg:

    n sen2dhkl , (01)

    onde o comprimento de onda dos raios-X, n a ordem de difrao, o ngulo de

    incidncia que igual ao ngulo de reflexo e dhkl a distncia entre os planos atmicos com

  • 23 os ndices Miller. Os ndices de Miller so smbolos que representam a orientao dos planos

    atmicos em uma clula cristalina (KITTEL C., 2006). Eles so definidos em termos dos

    valores que certos planos intersecionam os eixos cristalogrficos. A distncia entre os planos

    atmicos em um cristal calculada como:

    2221

    c

    l

    b

    k

    a

    h

    dhkl. (02)

    A Figura 6 mostra um cristal de espessura t com m planos refletores. Os raios A,

    D e M incidem nos planos do cristal em ngulos iguais. O raio refletido D est fora de fase

    com A, com diferena de caminho ptico de um comprimento inteiro de onda. O raio

    refletido M tem diferena de m comprimentos de onda. Quando olhamos no ngulo de 2B,

    todos estes raios contribuem construtivamente para a mxima amplitude do raio resultante.

    Para os raios incidentes em ngulos ligeiramente maiores que B, por exemplo, o raio B que

    tem como o raio refletido B, est fora de fase com L no m-zimo plano, porm com uma

    diferena de caminho ptico de (m + 1) Vemos, portanto que para estes raios existem raios

    que so refletidos na metade do cristal m/2 que est fora de fase de (m/2 + 1) . Eles

    interferem destrutivamente com os raios B. Dessa forma, quando o ngulo de incidncia

    ligeiramente maior que B, cada raio refletido na metade superior do cristal interferir

    destrutivamente com aqueles refletidos na metade inferior. De maneira anloga ocorre para os

    raios com incidncias ligeiramente menores que B, mas diferena de caminho ptico de (m

    - 1) . Estes dois casos analisados so os ngulos extremos 1 e 2, para ngulos dentro deste

    intervalo a intensidade da radiao diferente de zero, como ilustrado na Figura 7.

  • 24

    Figura 6 Difrao de raio-X por planos cristalogrficos.

    Figura 7 Largura angular meia altura da intensidade.

    Chamando de B a largura angular, em radianos, correspondente meia altura da intensidade

    do pico, calculamos seu valor aproximado como: B = (22 21) = 2 1. A relao entre

    estes ngulos e a espessura do cristal :

    )1(1 msen2t , (03)

    )1(2 msen2t , (04)

    2B

    Imax

    Imax

    B

    2 21

    22

    I

  • 25 subtraindo estas duas equaes obtemos:

    )21 sensent( . (05)

    Usando a relao trigonomtrica sen(A) sen(B) = 2sen[(A + B)/2]cos[(A B)/2], ficamos

    com:

    ]2)([]2)([ 212121 cossensensen .

    Dessa forma a Equao (05) torna-se:

    22

    2121 cossen2t .

    Para ngulos muito pequenos temos a seguinte aproximao:

    22

    2121 sen .

    Como tnhamos definido anteriormente: B = 2 1, a equao fica:

    2

    21costB ,

    2

    21

    cosB

    t ,

    BcosBt

    . (06)

    Podemos adicionar um fator K na expresso (06), para torn-la uma igualdade; Ficamos ento

    com:

    BcosB

    Kt

    . (07)

    Esta equao conhecida como equao de Debye-Scherrer. K uma constante

    adimensional com valor entre 0,89 e 1,39 dependendo da geometria do objeto espalhador.

    Para um cristal cbico o valor da constante que melhor o descreve K = 0,94 (SENTHIL, K.

    et al., 2001). B corresponde largura da meia altura em radianos.

  • 26 2.2 O EFEITO RAMAN

    Alguns efeitos podem ocorrer quando uma radiao eletromagntica interage com

    a matria. Poucos destes efeitos podem ser explicados utilizando o conceito de colises da

    fsica clssica, outros apenas utilizando os da mecnica quntica. A seguir descrevemos

    brevemente alguns destes efeitos.

    Em 1887 Hertz observou que quando a luz ultravioleta (frequncia da ordem de

    1016

    Hz) incidia sobre uma superfcie de metal, esta emitia eltrons causando uma corrente

    eltrica, por isso foi chamado de efeito fotoeltrico; a explicao para este efeito s foi

    possvel utilizando conceitos da mecnica quntica, feito por A. Einstein em 1905. Esta

    explicao lhe rendeu o prmio Nobel de 1921.

    Como foi abordado anteriormente, Roentgen em 1895 quando estudava descargas

    em gases, descobriu raios at em to desconhecidos, por isso foi chamado de raios-X. A

    origem dos raios-X se d de maneira inversa ao do efeito fotoeltrico; criado quando se faz

    frear um feixe de eltrons por uma chapa de metal, devido a isso emitem raios-X.

    Arthur H. Compton, descobriu em 1922 ao bombardear um feixe de raios-X sobre

    cristais que a radiao incidente, ao chocar-se elasticamente com a matria, transfere uma

    parcela do momento aos eltrons do material. Como consequncia parte da radiao era

    espalhada com energia diferente daquela incidente, este fenmeno conhecido como o efeito

    Compton. Por essa descoberta Compton ganhou em 1927 o prmio Nobel de fsica.

    Em 1923 o Fsico Adolf Smekal, ao estudar o espalhamento da luz por um sistema

    de dois nveis previu que deveriam existir bandas laterais no espalhamento da luz

    monocromtica. De uma maneira anloga a descoberta de Compton, Chandrasekhara Venkata

    Raman pensou na possibilidade de a radiao eletromagntica interagir inelasticamente com a

    matria, na regio do espectro visvel. Raman publicou na revista Nature em 31 de maro de

    1928 (RAMAN, C. V, 1928) um arranjo experimental, bastante simples, para detectar o

    espalhamento da luz devido a um lquido cuidadosamente purificado. Este trabalho rendeu-lhe

    o prmio Nobel de fsica de 1930 (NOBEL, 1930). Neste artigo, Raman e Krishnan usaram

    um feixe de luz solar, utilizando um telescpio e lentes para convergir os raios sobre a

    amostra. Ele observou que uma pequena parte da luz monocromtica espalhada mudava de

  • 27 cor, demonstrando assim o efeito, que fora batizado de efeito Raman por um dos estudantes

    colaborador do pesquisador indiano.

    2.2.1 EFEITO RAMAN CLSSICO

    Podemos considerar, segundo o tratamento clssico, que o campo eltrico de uma

    onda eletromagntica (laser) ao incidir sobre uma molcula, produzir uma deformao na sua

    nuvem eletrnica afastando as cargas positivas das negativas (as positivas no mesmo sentido

    do campo eltrico e as negativas no sentido contrrio), criando uma polarizao na molcula.

    Como o campo eltrico de uma radiao eletromagntica oscila perpendicularmente a direo

    de propagao da onda, dessa forma ao incidir sobre as molculas de um material poder

    faz-la oscilar aquela separao de cargas, ou seja, oscilar a polarizao da molcula.

    Vamos considerar que o campo eltrico oscilante de uma radiao que incide

    sobre um material tenha a sua dependncia temporal do tipo mostrado na Eq.08.

    tcosE E 0 02

    . (08)

    onde, 0E

    a amplitude da vibrao do campo eltrico e 0 a frequncia do laser incidente.

    O momento de dipolo induzido pela radiao incidente pode ser escrito como:

    E P

    . (09)

    Para simplificar, consideraremos que a vibrao da molcula diatmica

    independente da direo, ou seja, vibraes isotrpicas; isso justifica o porqu usamos a

    constante de proporcionalidade ao invs de um tensor de segunda ordem. Alm disso, a

    molcula executa movimento harmnico simples. A grandeza fsica quantifica a maneira

    como a molcula responde a uma perturbao devida ao campo eltrico. Chamamos esta

    grandeza de polarizabilidade.

    Devido ao campo eltrico oscilante a molcula ir vibrar com uma frequncia m ,

    assim conveniente escrever a distncia interatmica mq como:

    ,2 tcosq q m 0m (10)

    onde 0q a amplitude de oscilao.

  • 28

    No caso em que a molcula executa pequenas oscilaes, podemos escrever que

    uma funo linear em mq . Expandindo em srie de Taylor a polarizabilidade em termos das

    coordenadas mq ficamos com:

    ...,

    0

    q

    q m

    m

    0

    (11)

    Podemos desprezar os termos de segunda ordem em diante da equao (11).

    Substituindo a equao (10) em (11) teremos:

    ,tcosqq

    m 0m

    0 2

    0

    (12)

    Substituindo a perturbao na molcula eq. (08) e a polarizabilidade eq. (12) na

    equao do momento de dipolo eq. (09), obteremos:

    ,22 00

    tcosEtcosqq

    P 0m 0m

    0

    ,222 00

    0 tcostcosq

    EqtcosE P mm

    0 0 0 0

    (13)

    recorrendo relao trigonomtrica ,BAcosBAcosBcosA2cos em (13)

    ficaremos com:

    .][22

    ][22

    2 00

    0

    0

    0 tcosq

    Eq tcos

    q

    EqtcosE P m

    m

    0 0m

    m

    0 0 0 0

    (14)

    Vemos claramente desta expresso que o momento de dipolo oscila em trs

    diferentes frequncias. Como sabemos, se uma carga eltrica estiver acelerada ela ir irradiar;

    assim a Equao (14) nos diz que haver radiao emitida em trs diferentes frequncias. O

    primeiro termo indica que o dipolo oscila com a mesma frequncia 0 do laser, assim ir

    irradiar uma onda eletromagntica com a frequncia 0 (espalhamento Rayleigh),

    responsvel, por exemplo, pela cor azul do cu. Observamos que na eq. (14) aparecem dois

    termos que oscilam com frequncias diferentes de 0 do laser; no segundo termo h uma

    frequncia deslocada para cima ( m ) e o terceiro termo deslocado para baixo ( m ). O

    termo com m 0 corresponde ao espalhamento Raman anti-Stokes e o termo m 0 ao

    Raman Stokes (JOHN R. F. et al., 2003). Porm, evidente da eq. (14), que s possvel

    observar o efeito Raman quando houver uma variao da polarizabilidade em relao

  • 29

    distncia interatmica na posio de equilbrio, ou seja, se a grandeza 00

    mq

    , caso

    contrrio no h espalhamento Raman, apenas Rayleigh.

    As Figura 8(a), 8(b) e 8(c) mostram um esquema das possveis transies entre os

    estados eletrnicos e vibracionais de uma molcula (setas vermelhas). O conjunto de

    retngulos inferiores representam os estados vibracionais de mais baixas energias e o conjunto

    superior os estados eletrnicos excitados. No primeiro processo Figura 8(a), temos as

    molculas do material inicialmente em um estado vibracional excitado, elas ao interagirem

    com os ftons da radiao incidente passam para um estado virtual (no existente) para em

    logo seguida decarem para o estado fundamental, ao fazerem isso espalham uma radiao

    com frequncia maior que aquela incidente. Chamamos este tipo de espalhamento Raman de

    anti-Stokes. Na Figura 8(b) representamos as molculas de um material inicialmente em um

    estado vibracional fundamental e ao receberem ftons da luz incidente passam para um estado

    virtual, logo aps retornam ao estado fundamental; ao fazerem isso as molculas emitem uma

    radiao com a mesma frequncia da luz incidente. Este processo corresponde ao

    espalhamento Rayleigh. Finalmente na Figura 8(c), as molculas esto inicialmente no nvel

    fundamental e ao receberem energia dos ftons do laser so elevadas para um estado virtual,

    logo depois decaem, por exemplo, para um estado com maior energia que o estado

    fundamental; ao fazerem isto espalham uma radiao com frequncia menor que a da radiao

    incidente. Chamamos este processo de espalhamento Raman Stokes.

    Nos processos mostrados nas Figuras 8(a) e 8(c) as radiaes espalhadas tm

    frequncias diferentes da radiao incidente. Na Figura 8(a), como a radiao espalhada tem

    maior frequncia que a do laser incidente, portanto maior energia que a do laser, pois parte da

    energia dos ftons emitidos foi tirada das vibraes das molculas; nesse caso houve uma

    destruio de quanta de energia no material, ou seja, aniquilao de fnon. Na Figura 8(c) a

    energia da radiao emitida tem energia menor que a do laser, j que parte da energia foi

    cedida ao material para elevar os estados vibracionais, nesse caso houve criao de fnons.

  • 30

    Figura 8 Evoluo temporal da Interao entre a luz e um material. Em (a) espalhamento Raman anti-Stokes, em (b) espalhamento Rayleigh e em (c) espalhamento Raman Stokes.

    Nos trs fenmenos mostrados na Figura 8 a energia fornecida pelo laser s

    molculas tem energia inferior quela necessria para levar aos estados eletrnicos

    excitados, caracterstica do efeito Raman no ressonante. Por esse motivo dizemos que o

    sistema ao absorver a energia do laser passa para um estado intermedirio (no permitido)

    entre dos estados vibracionais e os estados eletrnicos excitados.

    A Figura 9 abaixo mostra o espectro Raman do CCl4; os picos da figura so

    devido aos trs tipos de espalhamentos. Observa-se que o pico devido ao espalhamento

    Rayleigh (pico central) muito mais intenso que os demais, esquerda do pico central

    encontram-se os picos devido ao espalhamento Stokes e direita os relacionados ao

    espalhamento anti-Stokes.

    Figura 9 - Espectro Raman do (excitao de 488,0 nm). Fonte: (JOHN R. F. et al., 2003)

  • 31

    Os picos devido ao espalhamento Raman esto em posies simtricas com relao

    linha Rayleigh localizada no zero, porm, os picos anti-Stokes so menos intensos que os

    picos devido ao espalhamento Stokes. A explicao para tal diferena s justificada

    considerando um tratamento quntico e levando em considerao que a populao dos estados

    excitados obedece lei da distribuio de Boltzmann. Diante disso chega-se que:

    )15(.0

    40

    40

    kT

    hexp

    I

    I

    m

    m

    s

    a

    V-se que desta equao a intensidade do espalhamento anti-Stokes decai

    exponencialmente em relao aos picos Stokes. Pode-se usar esse fato para inferir a

    temperatura da amostra sob investigao.

    Na temperatura ambiente 300 K o nmero de molculas no estado fundamental

    excede, e muito, aquelas que esto excitadas devido temperatura. Portanto, o efeito Raman

    Stokes muito mais evidente que o anti-Stokes (SEARA, 2012). Em outras palavras; na

    temperatura ambiente a probabilidade de se criar um fnon pela incidncia de um laser

    maior que destru-los. Isto justifica o fato de analisarmos apenas o espectro Stokes em nossas

    medidas Raman.

  • 32 2.3 TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA

    O clculo da transmitncia em filmes finos pode ser simplificado atravs do

    esquema da Figura 10. O filme crescido sobre o substrato foi esquematizado separado deste

    apenas para simplificar a demonstrao.

    Figura 10 Esquema da transmitncia em filmes.

    Antes de iniciar as medidas de transmitncia do filme fino necessrio

    primeiramente calcular a transmitncia apenas devido ao substrato, isso feito fazendo incidir

    uma radiao com intensidade 0I e coletando a radiao transmitida quando apenas o

    substrato se encontra entre a fonte de luz e o detector. Chamaremos esta intensidade de t'I .

    Esta intensidade decai exponencialmente com a largura do substrato e pode ser calculada pela

    Eq. (16) (HANI, K. et al., 2008):

    )Dexp(I'I s0t . (16)

    onde s o coeficiente de absoro do substrato e D a sua espessura.

    Quando o substrato colocado juntamente com o filme entre a fonte e o detector,

    a nova intensidade transmitida pode ser separada em duas, uma a contribuio devido ao

    filme e outra devido ao substrato. A radiao incidente sobre o substrato aquela que foi

    transmitida pelo filme. Portanto, a intensidade da radiao transmitida total pode ser escrita

    como:

  • 33

    )Dexp(II sft , (17)

    onde tI e fI so a transmitncia total com a presena de filme mais substrato e transmitncia

    devido ao filme respectivamente.

    Porm, a transmitncia devida ao filme pode ser escrita, como:

    )dexp(II f0f , (18)

    em que 0I a mesma intensidade que foi usada quando tnhamos apenas o substrato, f o

    coeficiente de absoro do filme fino e (d ) a sua espessura.

    Combinando a Eq. (18) com a Eq. (17) teremos:

    )Ddexp(II sf0t . (19)

    Esta a intensidade transmitida quando temos o filme fino mais o substrato.

    Como desejamos estudar apenas o efeito devido ao filme fino, podemos dividir a Eq. (16) da

    (19). Ficamos com:

    )dexp()Dexp(I

    )Ddexp(I

    'I

    If

    s0

    sf0

    t

    t

    .

    Chamamos a razo (%)T'I

    I

    t

    t de T transmitncia devido ao filme fino e

    calculada em porcentagem como:

    )dexp((%)T f . (20)

    Aplicando ln em ambos os lados da Eq. (20).

    )d[exp(]T[ f ln ln ,

    ]T[df ln . (21)

  • 34 2.4 SOBRE O GAP

    Os materiais que apresentam as duas caractersticas eltricas, condutores e

    isolantes so chamados de semicondutores, estes apresentam temperatura ambiente (300 K)

    uma resistividade entre 210 e 910 Ohm.cm (KITTEL C, 2006). Mostramos anteriormente na

    Figura 3 um desenho esquemtico das bandas de energia de um semicondutor. Conforme foi

    dito anteriormente, nos materiais semicondutores tambm existem regies proibidas. Estas

    faixas proibidas separam a BV da BC. Sua largura dado pela diferena entre a energia

    mnima da BC e o mximo da BV e chamada de gap do material. Portanto, a energia do gap

    a mnima energia que necessria ser fornecida ao eltron, que inicialmente esteja na BV,

    para que seja promovido para a BC, tornando condutor o material que inicialmente era

    isolante. Caso seja fornecida ao material uma energia menor que a do seu gap, nada acontece

    com o material.

    Quando uma radiao eletromagntica incide sobre um material parte dela pode

    ser absorvida, podemos mensurar o quanto da energia incidente capturada pelo material,

    atravs do coeficiente de absoro . De uma forma geral pode ser escrito como funo da

    energia do fton incidente e dependente do gap do material (HEAVES, O. S., 1991), uma vez

    que o gap est relacionado com a energia roubada da radiao incidente e transferida aos

    eltrons. Podemos escrever:

    m)gE-(hh

    A

    ,

    (22)

    onde A uma constante relacionada s diferentes transies; m uma constante que indica a

    natureza da transio ptica ocorrida; h a constante de Planck, a frequncia e gE a

    energia do gap. Dependendo do tipo de transio eletrnica do material, o valor da constante

    m pode assumir os valores conforme a tabela 1 (BHATTACHARYYA, 1992).

    Tabela 1 - Valores possveis de m.

    m 2 3/2 3

    Tipo de

    Transio

    Direta

    permitida

    Indireta

    permitida

    Direta

    proibida

    Indireta

    Proibida

    Fonte: (BHATTACHARYYA, 1992).

    Aplicando o logaritmo natural em ambos os membros da Equao (22) ficamos com:

  • 35

    m

    )( gE-hh

    Aln ln ,

    gE-h lnm (h ln-lnA ln ))( . (23)

    Derivando a Eq. (23) em relao a h teremos:

    gE-h

    m

    hln

    hd

    d

    1)(

    )( (24)

    De (24) vemos que quando a energia do fton igual energia do gap, ou seja, em gEh

    h uma descontinuidade no grfico )h versus ln ( . Dessa forma podemos obter o valor do

    gap do material atravs do prolongamento e interseco da reta que tangente ao grfico

    )h versus ln ( com o eixo da energia (abscissas); o valor onde h a interseco ser o valor

    de gE .

    Do grfico )( h ln versus gE-h ln podemos encontrar o valor de m para um dado

    material, e assim determinar o tipo de transio eletrnica do material, se de gap direto ou

    indireto.

    De acordo com a literatura (FALCO, 2005), o CdS um semicondutor de gap

    direto, ento 21m . Assim, o coeficiente de absoro est relacionado com o seu gap da

    forma:

    ,

    21

    h

    E-hA

    g (25)

    Geralmente se utiliza do grfico de 2h versus h onde possvel calcular o valor do gap

    do material extrapolando a parte em linha reta da curva at que intercepte o eixo da energia.

    Mesmo que no se conhea a espessura do filme possvel calcular o valor do seu

    gap, pois de acordo com a equao 22 podemos acrescentar uma constante, a espessura do

    filme, por exemplo, a derivada do logaritmo neperiano de (d) dar exatamente o mesmo

    valor da equao (24). Este foi o procedimento usado para calcular o gap dos filmes de CdS

    deste presente trabalho.

  • 36 CAPTULO 2: METODOLOGIA EXPERIMENTAL

    Neste captulo ns descrevemos a tcnica utilizada para o crescimento dos filmes

    de CdS do presente trabalho; apresentamos os reagentes, bem como suas concentraes, que

    usamos para a deposio dos filmes de CdS; um pequeno esquema das possveis reaes que

    ocorrem na soluo apresentado.

    Desde a construo da primeira clula solar surgiram muitas tcnicas de deposio

    de filmes de CdTe e de CdS, com a finalidade de torn-las cada vez mais eficiente. Entre elas

    esto: evaporao resistiva a vcuo, ablao a laser, pulverizao catdica (sputtering),

    eletrodeposio, pirlise com spray, APCVD (deposio qumica a vapor presso

    atmosfrica), MOCVD (deposio qumica a vapor de organometlicos), CSS (sublimao em

    espao reduzido) e filme espesso (screen printing), tm sido utilizadas. Entre estas, destaca-se

    a tcnica de deposio por banho qumico CBD, do ingls (Chemical Bath Deposition)

    (PRADHAN, et. al, 2007) que tem evoludo ao longo do tempo devido simplicidade dos

    equipamentos que se utiliza para o crescimento dos filmes. Basicamente consiste de um

    recipiente que contm uma soluo, onde so mergulhados os substratos nos quais se deseja

    crescer a amostra. O crescimento por CBD exige pouco gasto com reagentes, consumo de

    energia e equipamentos laboratoriais; alm disso, permite o crescimento de filme de boa

    qualidade e aplicveis a clulas solares. Outra vantagem da tcnica CBD o curto tempo em

    que se d o crescimento dos filmes, dessa forma possvel obter muitas amostras em um

    tempo relativamente curto.

    Alguns reagentes qumicos so nocivos ao ser humano e requerem uma

    manipulao cuidadosa. Listamos no Anexo 2 as propriedades e perigos dos reagentes usados

    na obteno de filmes de CdS atravs da tcnica CBD usados no presente trabalho. Essas

    informaes foram coletadas no stio do fabricante (LABSYNTH, 2012).

    3.1 CdS POR CBD

    Em 1884 J. E. Reynolds utilizou pela primeira vez a tcnica CBD para depositar

    sulfeto de chumbo (PbS), para produzir fotodetectores de infravermelho. Apenas em 1961 que

    a deposio de CdS por CBD foi relatada em trabalhos pela primeira vez (SEZ, R. V. A.,

    2009). A partir de ento, muitos outros materiais tm sido depositados utilizando esta tcnica

  • 37 (REYNOLDS J. E. J, 1884). Filmes finos de CdS crescidos pelo processo de CBD so

    bastante estudados ultimamente (RODRIGO V., 2009). Atualmente a tcnica de CBD tem

    atrado a ateno de diversas pesquisas, por ser uma tcnica de crescimento muito promissora

    quando se quer obter filmes finos de CdS de boa qualidade. Esta tcnica utilizada quando se

    deseja crescer filmes de CdS sobre a camada de CdTe, para construo de clulas

    fotovoltaicas dentre outras aplicaes.

    A tcnica de CBD baseada na manipulao da precipitao e concentrao de

    ons disponveis na soluo que eventualmente reagem entre si. O crescimento dos filmes de

    CdS por CBD consiste de reaes entre cdmio 2Cd e enxofre 2S . A fonte de cdmio pode

    ser originada de um sal de cdmio, por exemplo, acetato de cdmio, cloreto de cdmio

    )(CdC 2l ou sulfato de cdmio (SOUNDESWARAN, 2004); Em nosso trabalho usamos como

    fonte 2Cd o sulfato de cdmio e tiouria como fonte de 2S ; para controlar o pH usamos o

    cloreto de amnia. A tcnica de CBD para crescer filmes de CdS aparentemente simples

    quando se refere aos materiais utilizados, porm quando se refere ao controle da precipitao

    dos reagentes, esta a tarefa mais difcil da tcnica. Caso a soluo tenha grandes

    concentraes de ons de cdmio disponveis para reagirem, isso ir favorecer o aumento das

    reaes homogneas, estas reaes podem ser identificadas pela formao de precipitados

    coloidais de CdS na soluo. Estas reaes no contribuem para a formao do filme, ou seja,

    devem ser evitadas ao mximo quando se deseja crescer filmes de CdS. Para que isto no

    ocorra muitos autores tm descrito trabalhos em que usam um agente complexante para evitar

    as reaes homogneas, a maioria deles usam a amnia como complexante e, alm disso, esta

    age para fornecer uma soluo alcalina.

    Em nosso trabalho controlamos e evitamos as reaes homogneas utilizando o

    reagente Ethylene diamine tetraacetic acid (Edta). Um agente complexante usado para

    formar complexos com os ons 2Cd e 2S e, assim, ficam disponveis na soluo. No caso do

    Edta, ele forma complexo com o cdmio e evita que grandes quantidades de ons de cdmio

    estejam disponveis para fazerem ligaes.

    Um modelo das reaes de crescimento do filme de CdS usando Edta no banho

    qumico apresentado na Figura 11. Conforme foi dito acima o Edta complexa com o on

    metlico, diminuindo a disponibilidade de ons de cdmio na soluo, evitando que o CdS se

    precipite no fundo do recipiente; alm disso, o Edta evita que reaes desnecessrias ocorram,

    como Cd(OH)2, uma vez que a soluo do banho altamente alcalina, ou seja, tem uma

    grande quantidade de hidroxila OH-1

    disponveis na soluo. O complexo de cdmio ao se

  • 38 encontrar com um on de enxofre na superfcie do substrato poder trocar o Edta por este on,

    formando o CdS. As reaes posteriores contribuiro para o crescimento do gro, at que no

    tenha mais ons disponveis na soluo.

    Figura 11 Esquema de crescimento do filme de CdS usando Edta na soluo.

    O modelo de reaes envolvidas durante o crescimento de filmes de CdS por CBD

    proposto em (SOUNDESWARAN, 2004), conforme pode ser visto nas equaes abaixo.

    Fonte de cdmio:

    242

    4 )(SOCdCdSO

    Fonte de enxofre:

    OHNCHSH)CS(NH 22222

    OHSOHSH 22

    )y(NHxOH)CS(NH Cd(Edta)dtaECd 31

    22

    22

    CdS + outras reaes.

    Esta ltima equao mostra as reaes que so favorveis formao do filme de CdS.

    As propriedades pticas, eltricas e estruturais dos filmes depositados por banho

    qumico dependem de vrios fatores. Entre os parmetros de controle de deposio na tcnica

    de CBD encontra-se a velocidade de agitao, a concentrao dos reagentes, a temperatura do

    banho, a forma de introduo de tiouria no banho, o pH da soluo, tempo de deposio,

    campo magntico ao qual o banho est submetido. Vrios autores descrevem a influncia

    desses fatores nas propriedades dos filmes obtidos.

    A seguir mostramos resumidamente em um fluxograma da sequncia de reaes

    envolvidas na obteno do CdS.

  • 39

    SC(NH2)2 Edta H2O CdSO4 NH3

    S2-

    Edta on Cd2+

    OH- NH4

    +

    Cd(Edta on)2+

    Cd(OH)2

    CdS + outras reaes

    Figura 12 Fluxograma resumido da sequncia de reaes para obteno de CdS.

    Apenas as reaes do lado esquerdo do fluxograma da Figura 12 contribuem para

    a formao do filme de CdS, o lado direito como foi dito anteriormente favorece reaes

    desfavorveis e indesejadas na tcnica de crescimento de filmes de CdS por CBD.

    3.1.1. CRESCIMENTO DAS AMOSTRAS DE FILMES DE CdS

    Abaixo listamos os materiais e reagentes utilizados em nosso trabalho e

    descrevemos os procedimentos usados para a limpeza do substrato e crescimento dos filmes

    finos de CdS.

    MATERIAIS UTILIZADOS:

    Vidraaria e materiais de manuseio:

    - Lminas de vidro;

    - Termmetro com preciso ( 1 C);

    - Bqueres de 50 e 100 mL;

    - Forno com agitador magntico;

    - Estufa;

    - Bales volumtricos de 100 mL, 200 mL e 400 mL.

    A pesagem dos reagentes foi feita em uma balana de preciso digital e o

    tratamento trmico foi realizado em um forno mufla do laboratrio de filmes finos

    da UFC.

    Preparao da soluo de deposio:

  • 40 - Sulfato de cdmio P.A. ACS hidratado (PM 76,12) - OH 8/3CdSO 24 ;

    - Tiouria P.A (PM 76,12) - 22CSNHNH ;

    - Triton X-100 (PM 646,86) - 116234 OHC ;

    - Edta - (PM 372,24) - O2HNaONHC 22821410 ;

    - Cloreto de amnia P.A. (PM 53,49) - lCNH4 ;

    - Hidrxido de amnia P.A 3NH .

    Limpeza das Lminas:

    As lminas foram limpas antes de iniciar o procedimento de crescimento dos

    filmes. Para isso, adotamos o seguinte procedimento, nesta sequncia: primeiramente elas

    foram lavadas com detergente; lavadas em um jato de gua deionizada; mergulhadas durante

    5 min em uma soluo contendo cido sulfrico e perxido de hidrognio na proporo de

    (1:1), aps lavamos novamente em gua deionizada.

    3.1.2 PREPARO DA SOLUO PARA O BANHO QUMICO

    De posse das concentraes de cada reagente (FEITOSA, A. et al., 2004) como

    mostra a Tabela 2, obtivemos a massa em gramas de cada reagente, atravs da Equao (20):

    Vmol

    m M

    ,

    ( 20 )

    onde, M a molaridade da soluo em (moles/L), m a massa em gramas, mol massa molar em

    gramas e V o volume da soluo em litros.

    Aps aferir as massas do sulfato de cdmio, cloreto de amnia e tiouria; todos

    foram dissolvidos em um mesmo balo volumtrico contendo 400 mL de gua deionizada.

    Acrescentamos 0,2 mL de triton X-100 e 17,2 mL de amnia. Separamos a soluo em quatro

    bales volumtricos iguais, obtivemos quatro solues de 100 mL. Conforme mostra a tabela

    abaixo medimos quatro diferentes concentraes de Edta, e dissolvemos cada uma em um

    nico balo volumtrico, obtendo finalmente quatro diferentes solues com quatro diferentes

    concentraes de Edta. A Tabela 2 apresenta todos os reagentes utilizados para o crescimento

    do filme de CdS, com as respectivas concentraes molares e as quantidade em grama desses

    reagentes para uma soluo final de 100 mL.

  • 41

    Tabela 2 Concentrao e massa dos reagentes para o crescimento dos filmes.

    Os substratos onde so crescidos os filmes podem ser tanto inorgnicos (por

    exemplo: vidro) como orgnicos (por exemplo: vidro revestido de carbono). Neste trabalho

    ns usamos os substratos inorgnicos, lminas de vidro comumente utilizada em microscpio,

    pois de acordo com (SIMURDA et al., 2006), substratos que sejam revestidos por carbono

    no apresentam uma boa aderncia do filme ao substrato.

    Para obter o crescimento dos filmes pela tcnica Deposio por Banho Qumico

    mergulhamos o substrato (2) em um becker contendo 50 ml da soluo preparada como

    descrevemos anteriormente. A soluo (1) foi aquecida por uma fonte de calor, forno

    AGITADOR-AQUECEDOR Mod. 258 da fabricante FANEM (4), que contm um magneto

    girante, na qual possvel selecionar tanto a velocidade (6) de agitao da soluo como a

    temperatura (3 e 5); assim nossa soluo foi agitada constantemente atravs de um pequeno

    im (7) imerso na soluo, enquanto era aquecida gradativamente. Detalhes so apresentados

    na Figura 13.

    ELEMENTO

    FRMULA QUMICA CONCENTRAO

    (M)

    MASSA

    (g) para 100 mL

    de Soluo

    amnia NH3 2,3 3,9169

    cloreto de

    amnio

    lCNH4 0,02 0,1070

    Edta

    O2HNaONHC 22821410

    -5

    1 109,0C 0,0033

    -5

    2 1015C 0,0056

    -5

    3 1021C 0,0078

    -5

    4 1027C 0,0101

    tiouria 22CSNHNH 0,06 0,4567

    triton X-100 116234 OHC 0,025 p/ 50 mL de

    banho

    mL 0,05

    sulfato de

    cdmio

    O8/3HCdSO 24 0,003 0,0770

  • 42

    Figura 13 Esquema do preparo para o banho qumico.

    Aps a temperatura de (80 1) C ser atingida, o substrato foi retirado e lavado

    com gua destilada para retirar o excesso de substncias no fixadas ao substrato. Com os 50

    mL restante da soluo repetimos o procedimento com o mesmo substrato. Aps repetir o

    procedimento por duas vezes, retiramos a lmina j com o filme crescido e lavamos com gua

    destilada, com o cuidado de no pegar na lmina com os dedos; as amostras foram

    identificadas e guardadas em embalagens plsticas.

    Figura 14 Fotografias de algumas amostras de filmes finos CdS usadas nesse trabalho.

    O mesmo procedimento foi usado para as outras solues com concentrao de

    Edta diferentes.

  • 43 CRESCIMENTO 1 (amostras crescidas em banho com temperaturas diferentes)

    As amostras de filmes crescidas em diferentes temperaturas foram obtidas ao

    realizarmos o seguinte procedimento: primeiramente ns escolhemos a temperatura de 30 C

    como sendo a temperatura inicial e um incremento de 10 C entre uma amostra e outra.

    Cortamos 5 (cinco) lminas, pois este nmero o total de intervalos desde a nossa

    temperatura inicial at 80 C. Mergulhamos estas na soluo contendo os reagentes mostrados

    na Tabela 2, porm usamos a concentrao 2710-5 M (Edta). Assim, todas foram aquecidas e

    agitadas sobre as mesmas condies. Quando o termmetro indicou a temperatura de 40 C

    retiramos uma lmina, 50 C outra e assim sucessivamente at quando a temperatura atingiu

    80 C e retiramos a ltima lmina. Assim obtivemos uma amostra para cada temperatura do

    banho qumico desde 30 C at 80 C. As amostras foram indicadas conforme mostra a

    Tabela 3.

    Tabela 3 Identificao das amostras crescidas em banhos com diferentes temperaturas.

    Aps o crescimento dos filmes fizemos um tratamento trmico em cada amostra.

    As amostras foram colocadas simultaneamente no forno ainda na temperatura ambiente 26 C

    e ligado o forno selecionando a temperatura de 300 C; quando o forno estabilizou nesta

    temperatura, deixamos por mais um intervalo de 60 minutos. Feito o tratamento as amostras

    foram retiradas do forno, tomamos o cuidado em identificar o lado da superfcie que foi feito

    o tratamento trmico. As amostras foram lavadas com um jato de gua deionizada e guardadas

    em sacos plsticos para serem realizadas as futuras medidas.

    CRESCIMENTO 2 (amostras crescidas em banho com diferentes concentraes de Edta

    tratadas ou no a 300 C)

    Amostra em banho com

    2710-5

    M (Edta)

    Temperatura do banho

    (C)

    WI 008 40

    WI 009 50

    WI 010 60

    WI 011 70

    WI 012 80

  • 44

    A identificao das amostras crescidas em banhos com diferentes concentraes

    de Edta tratadas ou no, encontra-se na tabela 4.

    Tabela 4 Identificao das amostras crescidas em diferentes concentraes de Edta.

    Aps crescidos os filmes, fizemos um tratamento trmico procedendo da seguinte

    forma: ligamos a estufa selecionando a temperatura de 300 C. Quando o forno atingiu tal

    temperatura colocamos as amostras as quais permaneceram durante uma hora. Aps esse

    tempo retiramos, lavamos com gua deionizada e identificamos as amostras em que foram

    feitas o tratamento trmico, para que no fossem confundidas com as amostras que no

    tiveram esse procedimento.

    CRESCIMENTO 3 (amostras crescidas em diferentes concentraes de Edta e tratadas a 400

    C)

    As amostras, conforme a descrio da Tabela 5, foram crescidas da seguinte

    forma: preparamos 400 mL de soluo com as massas dos reagentes, tiouria, sulfeto de

    cdmio, amnia cloreto de amnia, triton-X100 (conforme indica a tabela de concentraes)

    todas dissolvidas em um balo volumtrico de 400 mL e completado com gua deionizada at

    que atingisse 400 mL. Dividimos a soluo em quatro partes, a qual foi dissolvida em cada

    parte uma concentrao de Edta. As solues foram colocadas no forno e sujeitas agitao

    constante. Os substratos de vidro foram colocados na vertical e esperamos que a temperatura

    atingisse 80 C. Quando isso ocorreu, tiramos os filmes e lavamos com gua em um jato de

    gua deionizada, colocados em seguida para secar ao ar. Repetimos o procedimento por mais

    uma vez, assim os filmes foram depositados duas vezes.

    Amostra Concentrao

    de Edta (10-5

    ) M

    Tratamento

    trmico

    WE 013 3,0

    No WE 015 12

    WE 017 21

    WE 019 30

    WE 014 3,0 300 C por

    1 hora no

    ar

    WE 016 12

    WE 018 21

    WE 020 30

  • 45

    Tabela 5 Identificao das amostras/crescimento 2.

    Aps crescidos os filmes todos foram tratados sob as mesmas condies. Eles

    foram levados ao forno em temperatura de 400 C por 1 hora. Ao trmino foram lavadas e

    guardadas em sacos plsticos com identificao.

    Amostra Concentrao de Edta

    WE 004 -5109

    WE 005 -51015

    WE 006 -51021

    WE 007 -51027

  • 46 3.2. EQUIPAMENTOS USADOS PARA AS MEDIDAS

    3.2.1. DIFRAO DE RAIOS-X

    As medidas de difrao de raios-X foram realizadas no Laboratrio de Raios-X

    (LRX) do Departamento de Fsica da Universidade Federal do Cear. Essas medidas foram

    realizadas atravs da geometria Bragg-Brentano usando o difratmetro de raios-X da Marca

    Panalytical, modelo: Xpert Pro MPD, operao: 40 kV x 40 mA com radiao devido ao

    Tubo de Cobalto (Co) (comprimento de onda 1,789) na configurao de - 2.

    Figura 15 - Equipamento de raios-X do (LRX) do Departamento de Fsica da UFC.

    Na geometria Bragg-Brentano a fonte de raios-X e o detector permanecem no

    mesmo crculo e a superfcie da amostra fixa em uma posio tangente ao centro deste. O

    vetor difrao (S) sempre perpendicular superfcie da amostra, sendo a bissetriz do ngulo

    entre a radiao incidente e refletida. Esta a principal caracterstica dessa geometria. Ver

    Figura 16.

    http://www.azom.com/ads/abmc.aspx?b=4270http://www.azom.com/ads/abmc.aspx?b=4270

  • 47

    Figura 16 Esquema da geometria Bragg-Brentano.

    Os difratrmetros usuais consistem de um tubo onde uma radiao com

    comprimento de onda especfico produzido, os raios-X. Esta radiao manipulada at que

    atinja a amostra que se quer analisar, difratada pela amostra e coletada pelo detector (ver

    Figura 17). Com a amostra fixa no suporte, tanto a fonte de radiao quanto o detector

    movimentam-se para que possa varrer a faixa de ngulo escolhida pelo operador. Dessa forma

    um espectro de intensidade e ngulo da amostra construdo. Os difratogramas de raios-X

    foram analisados atravs do programa XPert HighScore Plus.

    Figura 17 Difratmetro de raios-X do Departamento de Fsica da UFC, Marca: Panalytical XPert

    PRO MPD.

  • 48 3.2.2. TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA

    As medidas de transmitncia e absorbncia foram realizadas no Departamento de

    Fsica da UFC, usando o espectrmetro de Ultravioleta (UV) e Visvel (VIS) da marca

    Analytikjena specord

    (ver Figura 18). A regio de excitao das amostras, em comprimentos

    de onda, utilizada nas medidas de transmitncia e absorbncia foram desde 200 a 1100 nm,

    com passo de 1 nm a cada segundo.

    Figura 18 Espectrmetro de UV e VIS do Departamento de Fsica da UFC.

    Conforme pode ser visto na Figura 19, este equipamento consiste de duas

    lmpadas: uma halognea para o VIS e outra de deutrio para o UV. A radiao policromtica

    filtrada por uma roda de filtros controlada por um computador; o operador pode selecionar a

    faixa de comprimento e o tempo do passo. A radiao filtrada passa por uma fenda (fenda de

    sada) e dividida em dois feixes, um ser direcionado para a amostra e o outro para

    referncia. O feixe de luz aps atravessar a amostra coletado por um detector posicionado

    atrs da amostra. Em nossos experimentos de transmitncia e de absorbncia ns utilizamos

    apenas um desses dois feixes ver Figura 19.

  • 49

    Figura 19 Esquema do equipamento usado para as medidas de transmitncia e absorbncia.

    Fonte: Adaptada do manual de instruo.

    Primeiramente ns colocamos apenas o substrato no compartimento de amostras e

    obtemos o padro de transmitncia do substrato, que foi usado em todas as outras medidas.

    Logo aps colocamos uma amostra com o filme fino de CdS e varremos novamente com o

    mesmo nmero de pontos. Selecionamos no software a opo de subtrair dos sinais das

    amostras com o filme, aqueles devidos apenas ao substrato. Assim o sinal de sada apenas

    devido pelcula fina de CdS.

  • 50 3.2.3. MEDIDAS DE ESPALHAMENTO RAMAN

    As medidas de espalhamento Raman dos filmes finos de CdS nas condies

    ambiente foram realizadas no Laboratrio de Espalhamento Raman no Departamento de

    Fsica da Universidade Federal do Cear. Os espectros Raman foram obtidos em uma

    geometria de retro-espalhamento, cujo aparato experimental consiste de um espectrmetro

    triplo T64000 da Jobin Yvon juntamente com um sistema de deteco triplo CCD (Charge

    Coupled Device), resfriado a nitrognio (N2) lquido. Para fonte de luz utilizamos um laser de

    argnio (Ar), da marca Coherent Inc modelo Innova 70, operando na linha 514,5 nm com

    potncia de sada de 156 mW (ver Figura 20). Entretanto, a potncia efetiva incidente sobre a

    amostra correspondia a 11,6 mW, pois grande parte da potncia era perdida nos dispositivos

    ticos utilizados entre o laser e a amostra. Espelhos, lentes, prismas, polarizadores e

    diafragmas foram utilizados para adequar o caminho ptico do laser at que atingisse a

    amostra.

    Na focalizao do laser sobre a amostra utilizamos um microscpio OLYMPUS

    (BX40) com uma lente de aumento de 50X adaptado a ele uma cmera de vdeo e um

    monitor. Aps obter os dados experimentais foram submetidos a um tratamento utilizando o

    software Originpro 8.0.

    Figura 20 Espectrmetro T64000 (fabricante Horiba Jobin Yvon) do L. E. R. UFC.

  • 51 CAPTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSES

    Iniciaremos este captulo analisando as medidas de difrao de raios-x das vrias

    amostras obtidas. Em seguida faremos uma anlise dos resultados das medidas de

    transmisso/absorbncia tica e, finalmente, analisaremos as medidas de espalhamento

    Raman.

    4.1. RESULTADOS DE DIFRAO DE RAIOS-X

    A Figura 21 apresenta os difratogramas de raios-X de quatro filmes finos de CdS

    crescidos por CBD em uma temperatura de 80 C. Cada amostra foi depositada em banhos

    com diferentes concentraes de Edta na soluo, como descrito na figura. Em cada

    difratograma evidente um pico na posio 31,2 graus, indicando que o crescimento dos

    filmes de CdS nestas condies favoreceu o crescimento na orientao [111] da estrutura

    cbica, de acordo com o banco de dados International Center for Diffraction Data (ICDD),

    (Inorganic Crystal Structure Database ICSD) 01-080-0019. Ficou evidente que com o

    aumento da concentrao de Edta o pico ficou cada vez menos intenso, uma vez que essas

    medidas foram realizadas sob mesmas condies experimentais de tempo e passo de

    aquisio.

    10 20 30 40 50 60 70

    2710-5M

    2110-5M

    1510-5M

    0,910-5M

    Inte

    nsi

    ad

    ed

    e (

    u.a

    )

    ngulo 2graus

    (111)

    Figura 21 Amostras WI 004, 005, 006 e 007; filmes de CdS crescidos a 80 C com diferentes

    concentraes de Edta, no tratados termicamente.

  • 52

    Os difratogramas mostrados na Figura 22 so dos filmes de CdS crescidos nas

    mesmas condies que as dos filmes descritos acima na Figura 21, porm, o processo

    diferentemente daqueles, foi duplicado. Alm disso, estes filmes passaram por um tratamento

    trmico ao ar de 400 C por 1 h aps o crescimento. Essas medidas foram realizadas sob

    mesmas condies experimentais de tempo e passo de aquisio.

    20 30 40 50 60 70 80

    2710-5M

    2110-5M

    1510-5M

    0,910-5M

    (311)(220)(111)

    Inte

    nsi

    dad

    e (

    u.

    a.)

    ngulo 2 (graus)

    Figura 22 Filmes crescidos por dois banhos sucessivos com diferentes concentraes de Edta

    (WE004, WE005, WE006, WE007).

    Os difratogramas que so mostrados nas Figura 22 foram comparados com os

    cdigos de referncias/PDF: ICSD 01-080-0019, ICSD 29278; PDF 75-581, ICSD 029278 ;

    PDF 10-454 e ICSD 067789 do programa XPert HighScore Plus, para que os ndices de

    Miller dos respectivos picos de difrao fossem identificados. Os resultados das anlises

    mostraram que os filmes realmente eram compostos de CdS; todos os filmes apresentaram

    estrutura cristalina cbica com os parmetros de rede aproximadamente a = b = c = 5,8110 ;

    . Conforme pode ser visto na Figura 22 os difratogramas de raios-X

    apresentaram 3 (trs) picos: o primeiro apareceu em 31,0 um segundo em 51,6 e o terceiro

    em 61,3 , estes picos correspondem aos trs picos mais intensos (100%, 1,04% e 0,26%

    respectivamente). O primeiro pico observado deve-se ao plano difrator (111), o segundo ao

    plano (220) e o terceiro pico devido ao plano difrator (311). As intensidades dos picos

    observados quando comparado aos da amostra tomada como referncia: ICSD 01-080-0019,

  • 53 ICSD 29278 (PDF 75-581), ICSD 029278 (PDF 10-454) e ICSD 067789 so bem inferiores.

    Isso deve ao fato de que os filmes de CdS crescidos por CBD terem espessura bem inferior

    comparada com o slido que originou os picos usados aqui como referncia. A Tabela 6

    mostra em detalhes nossos resultados: a posio dos picos, a distncia entre os planos

    difratores, sua orientao e a intensidade relativa referente a cada pico observado.

    Tabela 6 Identificao da estrutura por difrao de raios-X.

    Filme (graus) d (nm) Plano (hkl) I (%)

    WE 004

    31,0

    51,6

    61,3

    0,335

    0,205

    0,175

    (111)

    (220)

    (311)

    100,0

    1,04

    0,26

    WE 005

    31,0

    51,5

    61,3

    0,336

    0,206

    0,175

    (111)

    (220)

    (311)

    100,0

    2,66

    2,21

    WE 006

    31,0

    51,6

    61,3

    0,335

    0,205

    0,175

    (111)

    (220)

    (311)

    100

    0,39

    1,17

    WE 007

    31,0

    51,6

    61,3

    0,335

    0,205

    0,175

    (111)

    (220)

    (311)

    100

    3,17

    0,45

    As intensidades relativas implicam que todos os filmes (amostras WE004

    WE007) so policristalinos. A direo preferencial de crescimento a [111], independente da

    concentrao de Edta usada neste trabalho, conforme a Figura 23.

    Figura 23 Planos (111) da estrutura cbica preferenciais de crescimento dos filmes.

  • 54

    Na Figura 24 apresentamos os tamanhos dos gros para os filmes crescidos em

    banhos com diferentes concentraes de Edta, relativos aos filmes das Figuras 21 e 22. Os

    tamanhos dos gros foram calculados pela frmula de Scherrer (Eq. 04), conforme foi

    explicado no captulo 2.

    0 5 10 15 20 25 30

    10

    20

    30

    40

    50

    Filmes no tratado

    Filmes tratado a 400CTam

    an

    ho

    do

    gr

    o (

    nm

    )

    Concentrao de Edta (10-5M)

    Figura 24 Tamanho dos gros dos filmes crescidos em diferentes concentraes de Edta, com/sem

    tratamento trmico, obtidos pela equao de Scherrer.

    Os gros dos filmes no tratados termicamente apresentaram reduo gradativa no

    tamanho com o incremento da concentrao de Edta. Os filmes crescidos em banhos com

    concentrao de M 100,9 5 (Edta) apresentaram gros de maiores tamanhos

    (aproximadamente 45 nm). Quando os filmes foram tratados termicamente a 400 C, o

    tamanho dos gros permaneceu praticamente constante com o incremento da concentrao de

    Edta.

    O background visto nos resultados de difrao de raios-X da Figura 21 provm do

    substrato de vidro (no mostrado), pois as amostras so mais finas do que aquelas cujos

    difratogramas so mostradas na Figura 22, que foram obtidas em dois ciclos de deposio.

  • 55 4.2. RESULTADO DE TRANSMITNCIA/ABSORBNCIA

    A Figura 25 mostra os espectros de transmitncia dos filmes de CdS crescidos em

    diferentes concentraes de Edta variando de 3,010-5 M, 1210-5 M, 2110-5 M e 3010-5

    M, respectivamente, WE013, WE015, WE017, WE019. Essas amostras que j foram descritas

    anteriormente no foram submetidas a tratamentos trmicos. Para a regio de 525 a 700 nm, a

    transmitncia nos filmes obtidos com menor concentrao de Edta )M1012(5 supera a dos

    filmes obtidos com concentraes maiores. Por exemplo, para comprimentos de onda de 576

    nm, h uma reduo de 18% na transmitncia nos filmes obtidos com concentrao de 2110-

    5 M (Edta) em relao ao de 1210-5 M. Para comprimentos de onda maiores que 705 nm a

    transmitncia dos filmes obtidos com menor concentrao )M1012(5 superada pelo filme

    obtido com maior concentrao de 3010-5 M (Edta); a partir de 807 nm a transmitncia de

    todos os filmes so maiores que a do filme obtido com concentrao de M1012 5 (Edta). No

    inset desta figura, apresentamos uma ampliao de parte da prpria figura, a regio onde h o

    aumento da transmitncia de todas as amostras. A taxa de crescimento da transmitncia da

    amostra obtida com menor concentrao de 3,010-5 M (Edta) maior que as demais, embora

    tenha um valor menor na transmitncia. Entretanto, a partir de 525 nm, a transmitncia dessa

    amostra atinge um patamar maior que as demais, vindo a ficar inferior s demais a partir de

    807 nm.

    300 400 500 600 700 800 900 10000

    20

    40

    60

    80

    100

    450 500 550 600

    WE013 (3,0 x 10-5 M)

    WE015 (12 x 10-5 M) WE017 (21 x 10-5 M)

    WE019 (30 x 10-5M)

    Tra

    nsm

    itn

    cia

    (%

    )

    Comprimento de onda (nm)

    Figura 25 Transmitncia dos filmes de CdS obtidos com diferentes concentraes de Edta no

    tratados termicamente.

  • 56

    A Figura 26 apresenta a transmitncia nos filmes de CdS (amostras WE014,

    WE016, WE018, WE020) crescidos com diferentes concentraes de Edta (respectivamente,

    3,010-5 M, 1210-5 M, 2110-5 M e 3010-5 M) que foram sujeitos a um tratamento trmico

    de 300 C por 1 h no ar. A figura mostra a regio de 300 nm a 1000 nm, que engloba a regio

    do visvel (400 a 700 nm). Os resultados mostram que o aumento da concentrao de Edta

    diminuiu gradativamente a transmitncia do filme em torno de 500 nm. Alm disso, os filmes

    obtidos com concentraes de Edta superiores a M100,35 , apresentaram na regio de 517 a

    750 nm, transmitncias inferiores aos filmes com esta concentrao. Por exemplo, houve uma

    reduo de aproximadamente 21% na transmitncia, para o comprimento de onda de 582 nm,

    quando se aumenta a concentrao de Edta para a obteno de filmes de CdS com as demais

    concentraes usadas. No