116
Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis Sílvia Manuel Marques Caetano de Sousa Porto, 2009

Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

  • Upload
    vankhue

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis

Sílvia Manuel Marques Caetano de Sousa

Porto, 2009

Page 2: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e
Page 3: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis

Orientador: Prof. Doutor Ricardo Fernandes

Sílvia Manuel Marques Caetano de Sousa

Porto, 2009

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na área de Alto Rendimento -Natação, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

Page 4: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

III

Sousa, S. (2009). Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis. Porto: S. Sousa. Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: Técnica de nado, erros técnicos, avaliação e controlo de treino, nadadores infantis.

Page 5: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

IV

Agradecimentos

Com o culminar de toda uma “história” académica, onde certamente foram

vividos os primeiros e tão só suficientes anos de uma vida, gostava de

expressar o meu sentimento de gratidão e quiçá admiração àqueles que, de

uma maneira ou de outra, foram estando presentes ao longo deste percurso.

Assim, desde já agradeço a todos eles a inestimável ajuda.

Para a realização deste trabalho pude ainda contar com a colaboração, ajuda e

incentivo de várias pessoas, às quais gostaria de manifestar a minha gratidão:

Ao Professor Doutor Ricardo Fernandes, pelo seu profissionalismo, pelo seu

conhecimento, pela sua compreensão e disponibilidade com que seguiu este

trabalho.

À Professora Susana Soares, pela ajuda no tratamento de dados e pela

disponibilidade demonstrada durante a realização do trabalho.

À minha família… Aqueles que sempre serão o meu porto mais seguro! Pai,

Mãe, e Meninas. Pelo carinho e amor incondicional, pelo imutável apoio, pela

força incessante, pela presença constante, pelo carácter e educação, por todas

as oportunidades que me proporcionaram ao longo da vida.

Pai, pelo exemplo, pelo rigor, pela exigência. Pelas gargalhadas e

intermináveis brincadeiras! Pelo teu enorme “sentir”, e por seres o nosso Pai!

Mãe, pela dignidade, pelo esforço, pelo respeito, pela luta do dia-a-dia. Pela

preocupação e pelo Equilíbrio! Simplesmente, por seres a minha Mãe. Sara,

por sempre acreditares, pela prontidão, apoio e ajuda, pela disponibilidade,

pelo companheirismo e pelo sorriso contagiante. Por seres a mais velha e a

“despachada”! Pelas caixinhas milagrosas e pelo “primperan”! Salomé, pela

força, pela proximidade e confiança, pela tão característica compreensão e

paciência, pela ajuda e pela sensibilidade. Pelos incessantes e confusos

telefonemas e pela eterna indecisão! Sofia, pela curiosidade e ousadia, pelo

acreditar, pela ajuda, pela força e disponibilidade. Pelas mensagens de

incentivo e pelos beijinhos “anormais”. Mariana, por seres a pequenina, pelas

brincadeiras, pelo sorriso, pela inocência e pela doçura. Pelos infindáveis

abraços e beijinhos, pelas histórias ao adormecer e por seres a “fotocópia”.

Page 6: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

V

À Guida, por seres a madrinha, amiga, companheira e “palhaça”. Pelo

constante apoio, pelo carinho, pela sinceridade e frontalidade, pelas eternas

palavras reconfortantes, e por todos os momentos vividos juntas.

À Tarracota, a minha afilhada, pela amizade, pela ajuda incessante, pela

disponibilidade, pelo carinho e pela confiança. Pelas guitarradas e pelas “notas

soltas a bandolins”. Pelos longos passeios e pelos desabafos.

À Té, pela amizade ao longo de todos estes anos, pelo companheirismo, pelo

carinho, pelo acreditar, pelo apoio e pela força. Pelas noites de tuna, pela tua

inconfundível e cómica distracção e por teres sido um dia a “primeirinha

amiga”!

À Desportuna, pelo verdadeiro espírito académico, pelas tantas noites de folia,

pelas guitarradas, jantaradas e festivais. Pelos momentos de descontracção,

pelas inúmeras amizades, pelas inolvidáveis recordações. Por uma paixão só

tão nossa e vivida! Pelo fado… Pelo tão nosso Porto!

À Anabela, pela amizade, pela oportunidade, por acreditar e pela sinceridade.

Pela espera, pela compreensão, pela partilha de conhecimentos e pela paixão

da Natação.

A todos os corajosos que de uma forma subtil e consciente me perguntaram

como estava a correr a monografia, me ouviram, e em várias tentativas

falhadas me perguntaram o que ia fazer, ou para onde ia!

A todos aqueles que de uma forma directa ou indirecta, participaram na

consecução deste estudo, o meu mais profundo agradecimento.

Page 7: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

VI

Índice Geral

Agradecimentos ........................................................................................... IV

Índice Geral..................................................................................................VI

Índice Quadros............................................................................................VII

Índice das Figuras.......................................................................................XII

Resumo..................................................................................................... XIV

Abstract..................................................................................................... XVI

Lista de Abreviaturas .............................................................................. XVIII

1. Introdução .................................................................................................. 1

2. Revisão de Literatura ................................................................................. 3

2.1. – Avaliação e Controlo de Treino em Natação Pura Desportiva ............. 3

2.2. – Modelo técnico em Natação Pura Desportiva ...................................... 8

2.3. – Técnica de Mariposa............................................................................ 9

2.4. – Técnica de Costas ............................................................................. 21

2.5. – Técnica de Bruços ............................................................................. 29

2.6. – Técnica de Crol .................................................................................. 39

3 – Objectivos e Hipóteses .......................................................................... 47

3.1 – Objectivo Geral ................................................................................... 47

3.2 – Objectivos Específicos ........................................................................ 47

3.3 – Hipóteses ............................................................................................ 47

4 – Material e Métodos................................................................................. 49

4.1. – Caracterização da Amostra................................................................ 49

4.2. – Procedimentos Metodológicos ........................................................... 52

5 – Apresentação dos Resultados ............................................................... 55

6 – Discussão dos Resultados..................................................................... 65

7 – Conclusões ............................................................................................ 77

8 – Referências Bibliográficas...................................................................... 79

9 – Anexos ................................................................................................... 91

Page 8: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

VII

Índice Quadros

Quadro 1. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à posição corporal na técnica de Mariposa. Adaptado de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP …………………………………………………………………………..

12

Quadro 2. Descrição da acção dos MS na técnica de Mariposa na concepção

de alguns autores. ………………………….......................................................

12

Quadro 3. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à entrada na técnica de Mariposa. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ………….

13

Quadro 4. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALE na técnica de Mariposa. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …............

14

Quadro 5. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALI na técnica de Mariposa. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ……........

15

Quadro 6. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à AA na técnica de Mariposa. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …............

16

Quadro 7. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à saída e recuperação dos MS na técnica de Mariposa.

Adaptação de Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I –

Natação, FCDEF-UP ….....................................................................................

18

Quadro 8. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à acção dos MI na técnica de Mariposa. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP ….....................................................................................................

19

Quadro 9. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à respiração na técnica de Mariposa. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….......

21

Page 9: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

VIII

Quadro 10. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente a posição corporal na técnica de Costas. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP ………………………………………………………………………….....

22

Quadro 11. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à entrada na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …...........

23

Quadro 12. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à 1ª AD na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …...........

24

Quadro 13. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à 1ª AA na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …............

25

Quadro 14. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à 2ª AD na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …............

25

Quadro 15. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à 2ª AA na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …...........

26

Quadro 16. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à Saída e Recuperação na técnica de Costas. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP ….....................................................................................................

27

Quadro 17. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à acção dos MI na técnica de Costas. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….......

28

Quadro 18. Descrição das acções dos MS na técnica de Bruços na

concepção de alguns autores. …………………….…..........................................

30

Page 10: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

IX

Quadro 19. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALE dos MS na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …......

32

Quadro 20. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à AD dos MS na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….......

32

Quadro 21. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALI dos MS na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….......

33

Quadro 22. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à Recuperação dos MS na técnica de Bruços. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP …......................................................................................................

34

Quadro 23. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALE dos MI na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….......

35

Quadro 24. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALI dos MI na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …......

36

Quadro 25. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à Recuperação dos MI na técnica de Bruços. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP ….....................................................................................................

37

Quadro 26. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à respiração na técnica de Bruços. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP … (ver

tipo de letra) ……………………………...............................................................

38

Page 11: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

X

Quadro 27. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à posição corporal na técnica de Crol. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP……………………………………………………………………………..

40

Quadro 28. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à entrada dos MS na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …......

41

Quadro 29. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à AD na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea de textos de

apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP ….........................

41

Quadro 30. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à ALI na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea de textos de

apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …...........................

42

Quadro 31. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à AA na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea de textos de

apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …...........................

42

Quadro 32. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à Saída e Recuperação na técnica de Crol. Adaptação de

Colectânea de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação,

FCDEF-UP …...................................................................................................

43

Quadro 33. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à acção dos MI na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea

de textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP …......

44

Quadro 34. Principais erros técnicos e respectivas consequências

relativamente à respiração na técnica de Crol. Adaptação de Colectânea de

textos de apoio à disciplina de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP .............

46

Quadro 35. Valores médios e respectivos desvios padrão, por género, da

idade, do número de anos de prática de Natação, do número de unidades de

treino semanal, do número de treinos a seco, do número de treinos na água,

do peso e da altura ……………………………....................................................

50

Page 12: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XI

Quadro 36. Modelo de progressão do volume da carga do treino (adaptado

de Alves, 1997). A negro encontram-se os valores correspondentes aos

nadadores da presente amostra …..................................................................

51

Quadro 37. Número de nadadores especialistas em cada uma das técnicas

de nado à excepção de Crol. Os resultados são apresentados por subgrupo

sexual e para a totalidade da amostra ...............................................................

51

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 13: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XII

Índice das Figuras

Figura 1. Percentagem total de erros técnicos encontrados em cada uma das

4 técnicas de nado. Os resultados são apresentados através de valores

médios por subgrupo sexual para a totalidade da amostra ................................

55

Figura 2. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases

e categorias técnicas da Técnica de Mariposa. Os resultados são

apresentados por subgrupo sexual. Legenda: ø e ¥, DES entre categorias

técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a

Posição e Trajectória dos Segmentos ……………………………………………

56

Figura 3. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases

e componentes técnicas da Técnica de Costas. Os resultados são

apresentados por subgrupo sexual. Legenda: * representa uma DES para as

variáveis em causa (p<0.05); ø e ¥, DES entre categorias técnicas; Total PTS

- Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a Posição e Trajectória

dos Segmentos ..................................................................................................

57

Figura 4. Percentuais de ocorrências dos tipos de sincronização entre MS e

Ml e entre MS e MS observados na Técnica de Costas .....................................

58

Figura 5. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases

e componentes técnicas da Técnica de Bruços. Os resultados são

apresentados por subgrupo sexual. Legenda: ø, ¥ e £, DES entre categorias

técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a

Posição e Trajectória dos Segmentos ................................................................

59

Figura 6. Percentuais de ocorrências dos tipos de Variantes e Sincronização

entre MS e MI observados na Técnica de Bruços. Os resultados são

apresentados por subgrupo sexual. Legenda: * representa uma diferença

estatisticamente significativa para as variáveis em causa (p<0.05); ø, ¥ e £,

DES entre categorias técnicas ……………………...............................................

61

Page 14: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XIII

Figura 7. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases

e componentes técnicas da Técnica de Crol. Os resultados são apresentados

por subgrupo sexual. Legenda: ø e ¥, DES entre categorias técnicas; Total

PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos à Posição e

Trajectória dos Segmentos ...…….......................................................................

62

Figura 8. Percentuais de ocorrências dos tipos de sincronização entre MS e

MI e entre MS e MS observados na Técnica de Crol .........................................

63

Page 15: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XIV

Resumo

O presente estudo pretendeu caracterizar tecnicamente o nadador infantil no

que se refere aos seus principais erros técnicos efectuados nas quatro técnicas

utilizadas em Natação Pura Desportiva (Mariposa, Costas, Bruços e Crol).

A amostra foi constituída por 65 nadadores, 33 do género masculino e 32 do

género feminino, pertencentes ao escalão etário Infantil seleccionados para

participar em estágios da Associação de Natação do Norte de Portugal em

conformidade com o Protocolo estabelecido entre essa associação desportiva e

a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

A avaliação técnica dos nadadores consistiu na análise qualitativa do registo

vídeo de imagens subaquáticas, da perspectiva frontal e lateral, tendo sido

baseada em critérios objectivos e subjectivos previamente estabelecidos e

sistematizados em fichas de observação técnica (check-lists) para cada técnica

de nado.

Através dos resultados obtidos podemos mencionar as seguintes conclusões:

(i) os nadadores presentes neste estudo apresentam um intervalo percentual

de ocorrência de erros técnicos elevado, traduzindo uma carência em

programas de treino orientados para a optimização biomecânica do gesto

técnico; (ii) Costas é a técnica de nado em que o percentual de incorrecções

técnicas é superior, embora sem significado estatístico, registando-se uma

tendência superior no género masculino. Por ordem decrescente, seguem-se

as Técnicas de Crol, Mariposa e Bruços; (iii) na Técnica de Bruços, os

parâmetros que aparecem com maior valorização em ambos os géneros

encontram-se inseridos na acção dos membros inferiores, o que comprova o

facto deste gesto técnico ser considerado como o mais difícil e anti-natural,

sendo-lhe atribuído um papel fundamental no que se refere à propulsão e

sincronização global desta técnica de nado.

PALAVRAS-CHAVE: Técnica de nado, erros técnicos, avaliação e controlo

de treino, nadadores infantis.

Page 16: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XV

Page 17: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XVI

Abstract

The objective of the present thesis was to characterize a child swimmer in his

technical errors executed in each of the four swimming techniques used in

competition (Butterfly, Backstroke, Breaststroke and Front Crawl).

The study consists in a sample of 65 children swimmers, 33 males and 32

females, all part of the same swimming level (12-13 years old), chosed to an

internship by the Northern Portugal Swimming Association (ANNP) through the

Protocol signed between this association and the Faculty of Sport of the

University of Porto.

The technical evaluation of the swimmers was done by a qualitative analysis of

the recorded underwater video, filmed frontal and laterally to the swimmer,

always based in subjective and objective criteria priorly set and systemized in

test sheets (check-lists) for technique observation of each swimming style.

By analyzing the results obtained, the report was able to conclude that: (i) in

general, swimmers present an high percentage of technic errors, that show a

lack on specific training orientated to a biometric optimization of the movement

technique; (i) backstroke is the swimming style in which the percentage of

technical incorrections is higher, although without any statistical meaning, being

these more representative on the male gender. The other styles are set in

downward order by Front Crawl, Butterfly Stroke and Breaststroke; (iii) when

analyzing Breaststroke swim, one could conclude that, for both genders, the

parameters that appear to be more significant are part of the Inferior Members

analisys. This helps to prove why this technical movement is considered as the

most difficult and anti-natural, being given to it a major role on propulsion and

global sincronization of this swimming technique.

KEY-WORDS: Swimming technique, technical errors, assessment and monitoring of training, child swimmer

Page 18: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XVII

Page 19: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

XVIII

Lista de Abreviaturas

AA - Acção Ascendente

AD - Acção Descendente

ALE – Acção Lateral Exterior

ALI - Acção Lateral Interior

ANNP - Associação de Natação do Norte de Portugal

CT – Controlo de Treino

DES – Diferenças Estatisticamente significativas

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FPN – Federação Portuguesa de Natação

MS – Membros Superiores

MI – Membros Inferiores

NPD – Natação Pura Desportiva

PTS – Posição e Trajectória dos Segmentos

Page 20: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

III

Page 21: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_______________________________________________________________INTRODUÇÃO

 

1

1. Introdução

Sendo a natação uma modalidade desportiva que se desenvolve no meio

aquático, para que haja evolução dos jovens nadadores, estes terão de passar

por processos de adaptação ao meio aquático e à aprendizagem de técnicas

que lhes permitem deslocar na água o mais rapidamente possível (Toussaint e

Beek, 1991). Assim, a melhoria da técnica e consequentemente a performance

de um nadador, relacionam-se com a diminuição do arrasto hidrodinâmico e

com o aumento da força propulsiva, e a melhoria da eficiência propulsiva é

paralela à melhoria da técnica de acção propulsiva (Troup, 1991)

A técnica, segundo Costill et al. (1992), é considera como sendo, de longe, o

factor mais determinante para obtenção de sucesso em NPD. Na adolescência,

os jovens passam por um desenvolvimento físico e maturacional, por rápidas

alterações corporais que poderão interferir no aprimoramento ou vindo até

destabilizar a técnica de nado adquirida até então. Assim, este período é

caracterizado pela descoordenação de movimentos e alterações da técnica de

nado, facto que vem justificar que o treino da técnica continua a ser

fundamental nestas idades (Couto, 2000).

Hoje em dia, a importância e a utilidade da avaliação, controlo e

aconselhamento do treino e do potencial de rendimento desportivo de

nadadores assume-se como um dado inquestionável. Fernandes (1999), refere

que cada vez mais os seus procedimentos são considerados como parte

integrante do processo de treino. No entanto, no que diz respeito à realidade

desportiva nacional, podemos verificar que, apesar da importância destas

tarefas de avaliação, existe uma reduzida aplicabilidade prática no processo de

treino.

Desta forma, as comunidades técnicas e científica tentam disponibilizar o maior

número de parâmetros objectivos, com os quais se possa observar a evolução

das diferentes capacidades, embora, nem sempre seja possível diferenciar

entre a evolução devida ao treino e a devida ao crescimento. Assim, são

criados testes com o intuito de fornecer informações válidas e precisas acerca

do estado de forma de nadadores e que permitissem, também, um

consequente aconselhamento do treino (Fernandes, 2002).

Page 22: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_______________________________________________________________INTRODUÇÃO

 

2

Com a realização deste trabalho pretendemos, caracterizar tecnicamente o

nadador infantil no que se refere aos seus principais erros técnicos efectuados

nas quatro técnicas utilizadas em NPD (Mariposa, Costas, Bruços e Crol) e

demonstrar a importância da avaliação qualitativa da técnica de nado.

A avaliação técnica dos nadadores implementada neste estudo consiste na

análise qualitativa do registo vídeo de imagens através de duas perspectivas

(frontal e lateral subaquáticas) que posteriormente é utilizada para assinalar os

erros técnicos em diferentes check-lists, de acordo com cada técnica de nado.

Desta forma podemos diagnosticar algumas características e falhas técnicas

importantes dos nadadores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 23: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

3

2. Revisão de Literatura

2.1. – Avaliação e Controlo de Treino em Natação Pura

Desportiva

Para a obtenção de um maior rendimento desportivo em NPD, isto é, a

capacidade de percorrer uma determinada distancia à maior velocidade

possível, levou a um desenvolvimento de várias ciências aplicadas ao desporto

como a fisiologia, a bioquímica, a psicologia, a cineantropometria, a genética e

a biomecânica. Perante a realidade quotidiana do treinador, é natural que este

tenha dificuldade em lidar com todo um conjunto de tarefas que lhe

proporcionam uma vasta informação momentânea.

Assim, procurando reduzir ao máximo uma consequente margem de erro, é

natural que actualmente se assista a um aumento da importância que a

comunidade técnica e científica tem demonstrado pelo controlo de treino (CT)

(Fernandes et al., 2008).

Todo este processo de avaliação, controlo e aconselhamento do treino e do

potencial de rendimento desportivo de atletas, tem vindo a ser considerado

como um aspecto fundamental na planificação de qualquer modalidade

desportiva (Villanueva, 1994), uma vez que é essencial para que o treinador

possa dirigir correctamente o treino desportivo, considerando e avaliando as

modificações de carácter intelectual, funcional e afectivo do praticante ou da

equipa (Castelo et al., 1996).

No âmbito do processo de treino em NPD podemos facilmente constatar que os

resultados desportivos têm vindo a evoluir, devido, especialmente, ao aumento

do número de horas diárias e de unidades semanais destinadas à preparação

desportiva (Fernandes, 1999). Este apreciável aumento do volume de treino e

esta utilização de grandes cargas de treino não são baseados no conceito de

“quanto mais, melhor”, mas pelo contrário, dependem das características

individuais do organismo de cada nadador, das suas capacidades funcionais e

do seu nível de rendimento (Valdivielso e Feal, 2001).

Page 24: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

4

Como já mencionamos anteriormente, o CT é uma tarefa fundamental do

processo de treino que permite aos treinadores e equipas técnicas (como é o

caso da NPD) (Fernandes et al., 2003; Cazorla, 1984; Vilas-Boas, 1989b;

Marques, 2000): (i) detectar sujeitos com potencial acrescido estudando as

possibilidades presentes e futuras; (ii) orientar os jovens para as actividades

(ou provas) que melhor se adequam as suas capacidades e potencialidades;

(iii) conhecer o estado actual de treino e desenvolvimento do atleta; (iv) avaliar

os efeitos do treino; (v) conhecer as vantagens e dificuldades do atleta em

relação à referida modalidade; (vi) recolher informações sobre o estado de

saúde do atleta; (vii) objectivar, confirmando, ou não, as impressões

subjectivas resultantes da observação contínua do atleta; (viii) verificar a

adequação do planeamento do treino; (ix) verificar, pontualmente, o melhor ou

pior desenvolvimento de uma capacidade particular; (x) seguir

longitudinalmente os processos ligados ao processo de treino; (xi) detectar

eventuais falhas e insuficiências no processo de treino e validar novos

procedimentos de acordo com vantagens e dificuldades do atleta em relação à

modalidade; (xii) realizar o perfil das principais capacidades do nadador; (xiii)

preparar progressiva, contínua e objectivamente o atleta para o rendimento

máximo; (xiv) prognosticar o desempenho desportivo futuro.

Segundo Costill (1985), na estruturação de um programa de avaliação devem-

se definir primeiramente os factores essenciais para uma prestação bem

sucedida. Vilas-Boas (1989a) refere que no caso da NPD é importante avaliar

um conjunto de factores determinantes do rendimento competitivo em cada

tarefa motora específica. Como segundo passo, Cazorla (1984) refere a

importância da escolha ou desenvolvimento dos instrumentos de medida

adequados e pertinentes.

Relativamente aos parâmetros em que o CT deverá incidir, Costill (1985) refere

que, não obstante a modalidade a ser estudada, deve-se identificar em primeiro

lugar os factores que são essenciais para uma prestação bem sucedida. Assim,

a análise da tarefa motora e das exigências específicas da NPD é fundamental

por forma a verificar quais os parâmetros que importa avaliar. Segundo Vilas-

Page 25: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

5

Boas (1989) importa avaliar, no essencial, o nível de desenvolvimento dos

pressupostos de rendimento desportivo da natação em diferentes momentos,

ou seja, avaliar o conjunto dos factores determinantes do rendimento

competitivo em cada tarefa motora específica. Este conjunto de pressupostos

foi bastante discutido na literatura (e.g. Costill em 1985, Vilas-Boas em 1987,

Toussaint em 1992, Cazorla em 1993, Alves em 1995). Desta forma, surge um

modelo dos pressupostos de rendimento em natação que inter-relaciona cinco

factores que, directa ou indirectamente, influenciam o rendimento do nadador.

Estes factores são: (i) Factores Genéticos; (ii) Factores Contextuais; (iii)

Factores Bioenergéticos; (iv) Factores Biomecânicos; (v) Factores Psicológicos.

Segundo Vilas-Boas (1989a), um protocolo de CT deve tentar avaliar cada

factor tão isoladamente quanto possível e, simultaneamente, fazê-lo colocando

em evidência as suas relações de interdependência com os restantes.

Relativamente aos instrumentos de medida utilizados, Sobral e Barreiros

(1980) procuraram uma completa definição de teste, definindo-o como uma

prova bem determinada que permite medir uma característica precisa e

compará-la com os valores obtidos por indivíduos colocados em idêntica

situação. Referiram ainda que estes têm a função de predizer o comportamento

de um indivíduo, o verificar e comparar indivíduos entre si. Para os mesmos

autores, os testes ou qualquer outro instrumento de medida devem dispor de

autenticidade científica, como tal, deverão reunir um certo número de

características/qualidades específicas: (i) validade, é, para todos os autores, a

qualidade fundamental de um teste, sendo considerada como o grau em que

um teste mede aquilo que se propõe medir. Esta qualidade tem sempre

presente duas características: propriedade (grau de concordância entre o que o

teste mede e o que pretende medir) e fidelidade (grau de estabilidade com que

o resultado se repete, ou seja, relacionada com a precisão de constância da

medida); (ii) consistência, sendo um conceito que excede a noção de

fidelidade; (iii) sensibilidade, é a qualidade que permite descriminar os

diferentes indivíduos segundo os seus desempenhos; (iv) economia, referente

às condições concretas do ensino (número máximo de informações com o

Page 26: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

6

mínimo dispêndio de tempo, material e pessoas envolvidas na sua aplicação);

(v) objectividade, que se relaciona com a garantia de que os resultados de uma

avaliação estão isolados de qualquer interferência da atitude ou apreciação

pessoal do observador; (vi) estandardização, que consiste no estabelecimento

das condições standard de aplicação dos testes; (vii) aferição, que consiste na

transformação inteligível dos resultados obtidos, uma vez que um resultado

isolado não tem muito significado, temos que situá-la para mostrar o seu

verdadeiro valor. Ao contrário dos referidos autores, existem outros como

Cazorla (1984) que apontam apenas três qualidades fundamentais como a

validade, fidelidade e objectividade.

Quanto à selecção e aplicação de provas, testes ou instrumentos de medida

para a avaliação da capacidade de rendimento dos indivíduos, Vilas-Boas

(1990) enumera três critérios a respeitar: (i) permitir a consecução dos

objectivos perseguidos com a avaliação; (ii) devem ser as mais adequadas,

atendendo às suas características enquanto instrumento de medida; (iii)

permitir minimizar o risco associado à testagem, nomeadamente no que diz

respeito à saúde e bem-estar do indivíduo.

Segundo Alves (1996a), a medição dos factores considerados determinantes

para a prestação só faz sentido se forem determinados em condições o mais

semelhante possível às condições da competição. Tanto este autor como Vilas-

Boas (1989a) partilham da mesma opinião, referindo que o nadador deve ser

estudado a nadar e num desempenho que se aproxime o mais possível da

competição, permitindo o aconselhamento do direccionamento do treino e a

prognose da performance.

Gomes Pereira (1986) refere dois tipos de avaliação consoante o momento em

que se situam, ou seja, faz referência a uma primeira avaliação (diagnóstico),

no início da época desportiva, com o objectivo de traçar o perfil da condição

física geral e o estado inicial do nadador, e as restantes avaliações que se

realizam ao longo da época de treino. Estas são denominadas avaliações

sumativas, as quais deverão seguir a mesma metodologia e protocolo que a

avaliação diagnóstico, de forma a permitir observar o desenvolvimento das

capacidades anteriormente mensuradas. Cazorla (1984) refere também que é a

Page 27: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

7

complementaridade entre estes dois tipos de avaliação que mede a eficácia de

um programa de treino.

De acordo com as particulares do CT mencionadas anteriormente referentes à

orientação, avaliação e preparação desportiva da carreira de um nadador,

surge a necessidade de descrever o processo de treino como uma preparação

desportiva a longo prazo. Assim, esta evolução desportiva torna-se num

processo que deve ser orientado, progressivo e contínuo, de forma a alcançar,

no momento mais adequado, os melhores resultados desportivos (Soares,

1984; Alves, 1997). Hoje em dia, ninguém põe em dúvida que o treino

desportivo é um processo de muitos anos (Manso e tal., 1996), o que significa

que, na realidade, apresentando uma estrutura bem organizada e planificada

durante um período de tempo prolongado, aumenta a eficiência do treino, para

que mais tarde sejam alcançados os melhores resultados possíveis, no

momento óptimo para que tal aconteça (Bompa, 1999; Navarro, 1989; Soares,

1984). Desta forma, as Ciências do Desporto são unânimes em acreditar que o

treino só produz bons resultados quando é encarado como um processo

metódico e de longo prazo. Grosser e tal. (1989) e Gosalvez (1995) afirmam

também que só uma planificação a longo prazo, estruturada cuidadosamente

ao longo de muitos anos, permite a garantia do futuro do nadador, nas suas

variadas vertentes. Oca Gaia (2002) afirma, ainda, que este projecto a longo

prazo, com vista a uma optimização no longo processo de evolução do

nadador, desde o início do treino desportivo até ao alcance do rendimento

máximo, se estrutura em etapas bem diferenciadas que se interligam com os

estádios evolutivos, caracterizando-se por um nível diferenciado de

especificidade de objectivos, conteúdos, métodos, meios e medidas de controlo

e avaliação das diferentes componentes do rendimento desportivo. A vida do

nadador deve estruturar-se em diferentes etapas, desenvolvendo-se nelas, a

preparação e rendimento do nadador através de conteúdos e características de

treino próprias da idade dos nadadores (Couto, 2000).

Page 28: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

8

2.2. – Modelo técnico em Natação Pura Desportiva

Em NPD, são reconhecidas como técnicas de nado formal, a técnica de Crol, a

técnica de Costas, a técnica de Bruços e a técnica de Mariposa, sendo

classificadas de acordo com: (i) a posição do corpo na água (ventral ou dorsal);

(ii) a acção dos membros superiores (MS) e dos membros inferiores (MI)

(simultâneas ou alternadas) e (iii) o tipo de produção de força propulsiva

gerada pelos MS e pelos MI (contínuas ou descontínuas, isto é, mantendo ao

longo de todo o ciclo gestual a produção de força propulsiva ou, apresentando

um instante passivo sem a aplicação da referida força em determinado

momento do ciclo). As técnicas descontínuas têm normalmente um elevado

gasto energético, enquanto que as técnicas contínuas apresentam um gasto

energético inferior e permitem chegar a velocidades superiores (Lima, 2005).

Segundo Chollet (1997), a modelação da técnica justifica-se enquanto sistema

de simplificação, enquanto representação concreta das leis científicas e como

meio de objectivar a constante das respostas motoras adequadas às tarefas

propostas. Assim, a mesma é vista como um conjunto de procedimentos que

permitem alcançar de modo mais racional e económico possível o objectivo

desse movimento (Alves, 1998). No entanto, não podemos afirmar que existe

um modelo perfeito e completo, uma vez que a sua descrição não permitirá

compreender e traduzir de forma absolutamente fiel a realidade (Chollet, 1997).

Num outro estudo, Sanders (2001) referiu que não é possível definir um

estereótipo de nado perfeito. A técnica de nado mais correcta é aquela que

traduz a melhor adequação mecânica do gesto técnico às características

biofísicas do nadador em particular (Sanders, 2001). A segunda afirmação é

facilmente entendível se considerarmos que as características morfológicas e

funcionais, bem como factores como o nível de condição física (Grosser e

Neumaier, 1986), por exemplo, determinam o desempenho técnico de cada

nadador em particular. Segundo Soares et al. (2001), a primeira afirmação tem

de ser melhor explicitada, pelo facto de a dita inexistência de um modelo

técnico ideal inviabilizar qualquer procedimento de avaliação qualitativa. A

Page 29: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

9

inexistência de um estereótipo de nado aplicável a todos os nadadores não

significa inexistência de um modelo de referência, um modelo hipotético que

consideramos ser muito próximo do modelo real de nado dos nadadores de

elevado nível desportivo. Quando se realiza uma avaliação qualitativa, cada

nadador, em função das suas características individuais, demonstra um nível

de desempenho que estará mais ou menos próximo deste modelo teórico de

nado. A melhor técnica de cada nadador será, à partida, aquela que mais se

aproxima do padrão ideal, premissa que, todavia, carece de ratificação através

de, por exemplo, uma avaliação comparada de níveis de economia motora

(Soares et al., 2001).

Posto isto, os modelos que seguidamente serão apresentados baseiam-se na

descrição efectuada por Maglischo (1993), Costill et al. (1992) e Chollet (1997),

uma vez que se tratam de obras de referência onde se faz uma abordagem de

fundo da NPD e dos modelos técnicos. Porém, sempre que a sua

particularidade o justificar, não deixaremos de citar outras referências e outros

autores que ao longo dos últimos anos se têm debruçado sobre esta

problemática e têm dado o seu contributo para a clarificação da importância da

técnica. No seguimento da descrição técnica das várias fases, iremos referir-

nos especificamente aos principais erros técnicos e possíveis consequências,

assim como à descrição de algumas acções na concepção de alguns autores

(Quadro 1 até ao Quadro 34).

2.3. – Técnica de Mariposa

Mariposa é uma técnica ventral, simultânea, “simétrica” e descontínua. A

descontinuidade desta técnica (como a técnica de Bruços) existe devido às

acções motoras dos MS e MI cuja aplicação de força propulsiva é feita de

forma descontínua. O momento mais propulsivo da acção dos dois MS e dos

dois MI é coincidente e simultâneo, levando a uma maior variação por ciclo na

velocidade de deslocamento do centro de massa do nadador (Craig e

Pendergast, 1979). Perante estas condições, surge ao nadador a necessidade

Page 30: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

10

de despender energia suplementar para vencer forças de inércia e, ciclo a

ciclo, reacelerar a massa do nadador e a massa de água que ele transporta

(Holmér, 1974; Vilas-Boas, 1993).

Assim, quando comparada com as restantes técnicas de nado formal, a técnica

de Mariposa é menos económica em termos de eficiência, já que para uma

mesma velocidade horizontal média, o dispêndio energético será superior

(Holmér, 1974; 1983; Vilas-Boas 1993). Posteriormente, Holmér (1983)

verificou que o nível crescente de economia das restantes técnicas era seguido

pela técnica de bruços, costas e crol. Já Barbosa et al. (2006b) verificaram que

a técnica de crol foi a mais económica, seguida respectivamente por costas,

mariposa e bruços. É então evidente que, as técnicas contínuas são mais

económicas que as descontínuas (Vilas-Boas, 1993).

É difícil referirmo-nos a uma posição corporal básica nas técnicas de NPD, no

entanto, esta dificuldade é ainda mais vincada quando tentamos definir uma

posição corporal básica para a técnica de Mariposa, onde o movimento

ondulatório do corpo, impõe uma ininterrupta sucessão de posições corporais

diferenciadas entre si por um conjunto mais vasto de variações posturais. Uma

das referências inequívocas que poderemos fazer a este propósito é que,

tratando-se de uma técnica ventral, a linha de ombros deve-se manter paralela

à superfície média da água. Assim, e de acordo com Costill et al. (1992) e

Maglischo (2003), ao longo do ciclo, devem observar-se três posições

corporais, as quais tem um papel importante na diminuição da intensidade da

força de arrasto hidrodinâmico oposta ao deslocamento do nadador: (i) o corpo

deve estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição natural no

prolongamento do tronco durante as fases mais propulsivas do trajecto motor

dos MS, o que é conseguido pela elevação dos MI durante a ALI e a realização

de uma AD dos MI menos profunda durante a AA dos MS; (ii) o movimento da

anca durante a primeira AD dos MI deve dirigir-se para cima e para a frente,

por forma a alinhar horizontalmente o corpo e (iii) a força da segunda AD dos

MI não deverá ser tão grande que eleve a anca acima da superfície da água,

visto interferir com a recuperação dos MS, nem tão pequena que não permita

manter a anca à superfície da água.

Page 31: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

11

A técnica de Mariposa caracteriza-se ainda por um movimento ondulatório

global do corpo que deve ser tão acentuado quanto o necessário para uma

correcta acção dos MS, dos MI e da respiração, e tão ligeiro quanto possível

para diminuir os desalinhamentos horizontais e consequente aplicação de força

de arrasto hidrodinâmico oposta à direcção do deslocamento. Assim, o

movimento não deve ser exageradamente pronunciado de forma a não

incrementar a área de secção transversal relativamente à direcção do seu

deslocamento e desta forma, aumentando o arrasto hidrodinâmico. Por outro

lado, um movimento ondulatório exagerado provocaria uma acentuação dos

movimentos verticais do centro de gravidade em detrimento do seu

deslocamento horizontal.

Segundo Figueiras (1995), Sanders (1996) e Barbosa et al. (1999), o nadador

desloca as diferentes partes do corpo durante todo o ciclo em movimentos com

componentes verticais, originando um movimento global caracterizado como

“onda”. Assim, Costill et al. (1992), refere que um bom movimento ondulatório

na técnica de Mariposa é caracterizado por: (i) a cabeça imergir quando as

mãos entram na água; (ii) as coxas elevarem-se o suficiente para emergir

durante a primeira AD e (iii) os MI não estarem demasiadamente afundados

quando se completa a segunda AD. Relativamente ao alinhamento lateral, a

técnica de Mariposa não apresenta grandes complicações quando comparada

por exemplo com a técnica de Crol em virtude da acção dos MS em Mariposa

ser simultânea.

Page 32: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

12

Quadro 1: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à posição corporal na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Movimento ondulatório de amplitude exageradag

Acção dos MI profunda; aumento do arrasto hidrodinâmico

Movimento ondulatório de amplitude reduzida

Reduz a propulsão

Ombros e cabeça muito profundos na entrada

Aumento do arrasto hidrodinâmico

Simetria do movimento ondulatório (sem acentuação na zona caudal)

Reduz a propulsão

A acção dos MS na técnica de Mariposa pode compreender diferentes fases de

acordo com os diversos autores descritos no Quadro 2.

Quadro 2: Descrição da acção dos MS na técnica de Mariposa na concepção de alguns autores.

Autores Fases da acção dos MS

Barthels e Adrian (1975) “Agarre”, ALE, ALI, “empurre”, e recuperação dos

MS

Costill et al. (1992) Entrada, “agarre”, ALE, ALI, AA, e saída e

recuperação

Figueiras (1995) ALE, AD, ALI, AA, e saída e recuperação

Vilas-Boas (1996) Entrada, ALE, AD, ALI, AA, e recuperação

Barbosa (2000) Entrada e ALE, ALI, AA, e saída e recuperação

Maglischo (2003) Entrada e extensão, ALE e agarre, ALI, AA, e saída

e recuperação

Com isto, e apesar das várias descrições propostas para a acção dos MS, esta

poderá ser decomposta em dois momentos: o trajecto motor subaquático e, a

saída e recuperação dos MS. Por sua vez, o trajecto motor subaquático poderá

ser dividido em quatro fases: a entrada, a ALE, ALI, AA, Saída e Recuperação.

Page 33: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

13

A entrada na água é caracterizada pelo momento de contacto dos MS com a

água, onde a cabeça se encontra numa posição natural. Maglischo (2003),

descreve que os MS devem entrar em frente ao corpo, no prolongamento da

linha dos ombros, com as superfícies palmares ligeiramente orientadas para

fora e para trás. Barbosa (2000) caracteriza esta fase como um momento do

ciclo que se deve realizar de modo a que a turbulência e o arrasto de onda por

ela provocada sejam mínimas, ao mesmo tempo que as mãos são colocadas

na água de modo a permitir uma execução óptima das acções seguintes. Um

dos critérios para a realização de uma entrada correcta das mãos na água, é a

propulsão gerada pela primeira acção descendente, a qual pode ser utilizada

para compensar o arrasto de onda produzido no momento em que os MS

entram na água (Figueiras, 1995; Barbosa, 2000 e Maglischo, 2003).

Quadro 3: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à entrada na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Entrada precoce Altera a sincronização global da técnica

Pulso flectido Aumento do arrasto de pressão e do arrasto

de onda

Em sequência da entrada e extensão dos MS, os nadadores realizam a ALE

dos MS que será mais ou menos pronunciada em função da amplitude articular

do ombro, e da maior ou menor proximidade do local onde é efectuada a

entrada, no eixo longitudinal. Nesta fase, segundo Costill et al. (1992) e

Maglischo (2003), os nadadores devem efectuar um movimento para fora e

para baixo, num trajecto curvilíneo, até passarem a largura dos ombros.

Maglischo (2003) refere ainda que este momento da acção dos MS caracteriza-

se pelo início de produção de força propulsiva, também conhecido por “agarre”.

Neste movimento, as mãos passam a deslocar-se para fora, para trás e para

baixo. De seguida, apresentarão um ângulo de orientação que varia entre os

135º e os 180º, e um ângulo de ataque entre os 20º e os 45º. Simultaneamente

verifica-se uma flexão gradual dos MS (Barbosa, 2000).

Page 34: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

14

A ALE é a fase menos propulsiva do trajecto motor subaquático. Assim sendo,

como já foi referido, este deverá ser um movimento suave, apresentando-se

como uma fase preparatória para a adopção de uma posição ideal dos

segmentos propulsivos para a aplicação de força propulsiva nas fases

consequentes do ciclo gestual (Costill et al., 1992 e Maglischo, 2003). Daí que

a velocidade da mão diminuía gradualmente desde a entrada até à ocorrência

do “agarre” (Maglischo, 2003).

Quadro 4: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALE na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Supressão total ou parcial da ALE provocada por uma entrada precoce

Menor força propulsiva efectiva

Cotovelo baixo A água é empurrada para baixo em vez

de para trás, diminuindo a força propulsiva efectiva

Mãos muito profundas Prejudica a propulsão da fase seguinte

Mãos demasiado à superfície Induz a um “agarre” com o cotovelo

caído

Uma vez atingido o ponto mais profundo do trajecto motor, o que coincide com

o final da ALE, inicia-se a ALI. Durante este movimento, as superfícies

palmares orientam-se progressivamente para trás, para cima e para dentro

descrevendo uma trajectória semicircular, até ficarem próximas uma da outra

debaixo do tronco do nadador. Para tal, as mãos que na ALE estavam

orientadas para fora e para baixo, rodam progressivamente para dentro e para

cima através de uma gradual flexão dos MS até o braço e o antebraço

apresentarem um ângulo relativo de aproximadamente 90º mas, mantendo o

cotovelo a um nível relativamente superior ao da mão. Contudo, nem todos os

nadadores de elite culminam a ALI com as mãos juntas debaixo do tronco.

Alguns aparentam iniciar precocemente a fase seguinte (Costill et al., 1992;

Maglischo, 2003), outros, em vez de executarem apenas uma ALI realizam

duas acções consecutivas (Bachman, 1983), e ainda, alguns cruzam os MS

Page 35: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

15

debaixo do corpo ao efectuarem a ALI (Crist, 1979). Este facto estará

relacionado com a variedade de trajectos motores subaquáticos que têm vindo

a ser descritos na tentativa de aumentar a eficiência desta técnica de nado e/ou

com estilos pessoais de nado, que mais não são que meras interpretações

pessoais do modelo técnico. Todavia, a descrição inicial tende a ser adoptada

pela maioria dos nadadores.

Costill et al. (1992) e Maglischo (2003), descrevem que a partir do

posicionamento das mãos para trás, observa-se uma aceleração positiva da

velocidade das mãos e que também, todo o movimento de deslocamento do

nadador será realizado com aceleração positiva do MS. A ALI é considerada a

primeira das duas fases mais propulsivas da técnica de Mariposa (Costill et al.,

1992 e Maglischo, 2003).

Quadro 5: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALI na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Orientação das mãos para dentro, antes de passarem pela vertical dos cotovelos

Menor força propulsiva

Colocação dos cotovelos num plano horizontal inferior ao que contém as mãos

Menor força propulsiva

MS muito afastados do eixo longitudinal do corpo Encurta a ALI; reduz a força

propulsiva

Valorização da componente Antero-posterior em detrimento da componente lateral (força de arrasto propulsivo vs força ascensional hidrodinâmica).

A acção seguinte é a AA, e apresenta-se como a segunda fase mais propulsiva

da acção dos MS (Costill et al., 1992 e Maglischo, 2003). Segundo Maglischo

(2003), a AA inicia-se quando as mãos se encontram próximas uma da outra e

debaixo do tronco do nadador. A partir desse momento, verifica-se uma rotação

interna dos MS e as mãos passam a deslocar-se para fora, para trás e para

cima, em direcção à superfície da água. Em simultâneo, ocorre uma extensão

Page 36: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

16

gradual dos MS mas, sem atingir a extensão total. As superfícies palmares

rodam rapidamente para trás, para fora e para cima até atingirem o nível das

coxas.

Contrariamente à técnica de Crol, o movimento da AA na técnica de Mariposa é

mais orientado par fora, sobretudo no primeiro tempo. Segundo a

fundamentação de Costill et al. (1992) e Maglischo (2003), na técnica de

Mariposa não ocorre uma rotação do corpo sobre o eixo longitudinal, o que faz

com que o percurso lateral da mão entre a vertical do eixo e a posição em que

emergem as mãos junto às coxas, seja superior ao mesmo percurso em Crol.

Por este facto, Maglischo (1993) refere que a AA é susceptível de ser

subdividida em dois tempos. Um primeiro, dominantemente orientado para fora,

que se verifica até que as mãos se encontrem à largura da anca, e um segundo

tempo, dominantemente orientado para cima e que se verifica até à emersão

das mesmas e o início da recuperação aérea.

Apesar de ocorrer uma ligeira desaceleração na transição entre a ALI e a AA

em alguns nadadores, durante esta última fase, ocorre uma aceleração das

mãos até se diminuir a pressão exercida sobre a água pelas superfícies

palmares no fim desta fase e início da saída (Costill et al. (1992) e Maglischo

(1993).

Quadro 6: Principal erro técnico e respectiva consequência relativamente à AA na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erro técnico mais frequente Consequência

Empurrar a água directamente para cima

Perturba o alinhamento horizontal provocando uma menor força propulsiva

efectiva

A saída e recuperação dos MS é caracterizada pela passagem das mãos pelas

coxas e a extensão total dos MS com um movimento rápido para cima.

Segundo Vilas-Boas (1996) este movimento permite uma diminuição da

pressão sobre a água, através da rotação externa dos MS, de forma a orientar

as superfícies palmares para as coxas. Os MS, que durante a AA se

Page 37: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

17

estenderam progressivamente, após a saída passam a estender-se

rapidamente e dirigem-se sobre a água para cima, para a frente e para fora.

Este movimento será mantido até que os MS se encontrem à frente dos

ombros, dando início a um novo ciclo gestual.

Costill et al. (1992), afirmam que, a recuperação aérea é dividida em duas

fases, sendo que na primeira fase os MS devem estar em extensão completa e,

na segunda fase, devem realizar uma ligeira flexão para que a entrada na água

seja feita com o mínimo de esforço. Por sua vez, Maglischo (2003), refere que

existem nadadores que recuperam os MS em extensão completa, enquanto

outros realizam a recuperação de acordo com a descrição de Costill et al.

(1992). A existência de uma ligeira flexão dos MS tornar-se vantajosa uma vez

que, diminui o momento de inércia dos MS, o que torna a recuperação mais

rápida e diminui o esforço necessário para a sua execução.

Na primeira fase de recuperação, as superfícies palmares devem estar

voltadas para dentro e, na segunda fase, rodam para fora com o intuito de se

colocarem em posição para iniciarem um novo ciclo gestual. Os ombros devem

emergir com altura suficiente, desde que não tão excessiva a ponto de

perturbar o alinhamento horizontal, de forma a permitir uma recuperação mais

alta dos MS e garantir que as mãos não se arrastem pela superfície da água.

Sendo esta uma fase que tem como objectivo a colocação dos MS em posição

para aplicar novamente força propulsiva, os ombros devem estar tão relaxados

quanto possível, usando apenas esforço muscular que permita a sua rotação.

Visto que os dois MS realizam recuperação em simultâneo, esta é a fase em

que o nadador apresenta uma menor velocidade de deslocamento (Maglischo,

2003).

Page 38: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

18

Quadro 7: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à saída e recuperação dos MS na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Saída com as mãos mal orientadas Aumenta a turbulência; maior arrasto

hidrodinâmico

Extensão insuficiente dos MS Diminui a força propulsiva

Recuperação baixa e/ou lateral Dificulta a recuperação; aumenta o

arrasto de onda

Assimetria espacial dos MS Altera a sincronização

MI fundos (“batimento” fraco) Aumenta o arrasto hidrodinâmico;

dificulta a realização da AA; início da recuperação com a bacia muito baixa

Na técnica de Mariposa, a acção dos MI, designada por “pernada de golfinho”,

é tradicionalmente subdividida em duas fases: a acção descendente e a acção

descendente. Contudo, vários autores destacam a importância propulsiva da

fase de mudança de direcção, pelo que, a acção dos MI de Mariposa pode ser

subdividida em três fases: a acção descendente, a acção ascendente, e a fase

de mudança de direcção.

No que diz respeito à acção descendente, esta inicia após os pés terem

atingido a superfície da água, com os MI ligeiramente flectidos. Segundo Costill

et al. (1992) e Vilas-Boas (2001a), o movimento inicia-se com a flexão da anca,

ao que se segue uma extensão vigorosa para baixo dos MI pelos joelhos,

mantendo os tornozelos em flexão plantar e com os pés em rotação interna. No

início da acção, deve ocorrer uma ligeira flexão dos MI, para posteriormente

permitir uma maior rotação interna dos pés. Assim, Barbosa (2000) refere que

a manutenção dos pés em flexão plantar também é um factor decisivo para

executar uma acção eficiente. Costill et al. (1992), revelam que os nadadores

mariposistas executam extensões tíbio-társicas entre os 70º e os 85º a partir da

vertical, com o intuito de aumentar a superfície propulsiva, visto que esta fase é

caracterizada por alguns autores como predominantemente propulsiva

(Barthels e Adrian, 1971; Costill et al., 1992; Maglischo, 2003).

Page 39: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

19

Relativamente à acção ascendente, esta inicia-se após a extensão total dos MI

no fim da acção descendente. Vilas-Boas (1996), descreve que durante esta

fase, os músculos extensores do joelho encontram-se relaxados. Assim,

verifica-se uma extensão ao nível da anca com a elevação dos MI até estes

atingirem o alinhamento do corpo. Os pés encontram-se numa posição natural,

os joelhos estão mais próximos entre si do que na acção descendente e em

extensão devido à pressão exercida pela água durante o movimento

ascendente. Segundo Maglischo (2003), esta fase tem uma função

predominantemente equilibradora, já que ao elevar os MI, o nadador promove o

alinhamento entre todos os segmentos corporais. Por outro lado, também

permite colocar os MI em posição de realizar novamente a acção descendente.

Quanto à fase de mudança de direcção, Colwin (1992), Arellano et al. (2006) e

Miwa et al. (2006) mostraram que a ondulação subaquática de um nadador não

se restringe à teoria de produção de forças propulsivas no decurso dos tempos

descendentes e ascendentes dos MI, isto é, em fases de escoamento estável.

Durante as fases de acentuada instabilidade de escoamento, ou seja, nas

fases de mudança súbita de direcção do segmento propulsivo, pode suceder a

produção de vórtices com uma forma de anel, caracterizados por movimentos

de rotação com sentido alternados de um lado e de outro – decorrentes dos

tempos ascendentes e descendentes, os quais por sua vez geram uma

produção de força propulsiva. Assim sendo, para que a força propulsiva seja

superior nesta fase súbita de mudança de direcção, os pés deverão estar em

rotação interna e relaxados (Fernandes et al., 1997).

Quadro 8: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à acção dos MI na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Extensão insuficiente do tornozelo ou ausência de rotação interna do pé

Reduz a propulsão

Acção dos MI muito profunda Aumenta o arrasto hidrodinâmico;

reduz a propulsão

Page 40: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

20

Relativamente à sincronização dos MS com os MI, estas acções devem ser

coordenadas de forma a permitir uma técnica global eficiente, sendo

caracterizada pela realização de duas acções dos MI por ciclo de MS (Costill et

al., 1992; Colwin, 2002; Maglischo, 2003). De acordo com os mesmos autores

podemos descrever que a primeira AD coincide com a entrada dos MS na água

e prolonga-se durante a ALE, o que permite compensar a desaceleração

provocada pela entrada dos MS. Em seguida, a primeira AA ocorre durante a

ALI dos MS. Este movimento melhora o alinhamento corporal durante esta fase

propulsiva da acção dos MS e recoloca os MI em posição de realizar

novamente a AD (Maglischo, 2003).

A segunda AD ocorre quando os MS estão na fase da AA e termina com o

início da recuperação dos MS, de forma a promover a elevação dos ombros e

facilitando a recuperação aérea. De seguida, a segunda AA será executada

durante a recuperação aérea dos MS, apresentando as mesmas funções que a

primeira AA.

Segundo Costill et al. (1992), Maglischo (1993) e Figueiras (1995), a primeira

AD será mais ampla e propulsiva que a segunda, isto porque a cabeça se

encontra imersa durante esta acção, pelo que o arrasto hidrodinâmico oposto à

direcção do deslocamento do nadador será menor, permitindo que a anca

percorra uma maior distância. Assim sendo, se a primeira AD parece ser mais

ampla que a segunda, obviamente, a primeira AA também será mais ampla que

a segunda (Costill et al., 1992; Maglischo, 2003).

Quanto ao ciclo respiratório na técnica de Mariposa, este é caracterizado por

dois modelos: os ciclos não inspiratórios (as vias respiratórias permanecem

imersas durante a recuperação dos MS) e os ciclos inspiratórios (emersão das

vias respiratórias, com ou sem rotação lateral da cabeça, permitindo a

respiração) (Barbosa et al., 1999). Normalmente aconselham-se os nadadores

a utilizarem um ciclo inspiratório por cada dois ou três ciclos de MS (1:2 e 1:3,

respectivamente), havendo no entanto, nadadores que utilizam com sucesso

uma inspiração por ciclo, especialmente nas provas mais longas (Maglischo,

2003). Apesar de uma frequência tão elevada de inspirações tender a afundar

Page 41: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

21

mais os MI quando se inspira, alguns nadadores obtêm resultados de

qualidade utilizando este padrão de sincronização do ciclo respiratório com a

acção dos MS. O processo utilizado pela maioria dos nadadores para inspirar

consiste na utilização da técnica de inspiração frontal. Contudo, alguns

nadadores de elite internacional utilizam uma respiração lateral, o que implica

uma rotação sobre o eixo longitudinal (Barbosa, 2000). O movimento da

inspiração coincide com a AA dos MS e com a segunda AD dos MI. Após a

respiração, que acompanha parte da recuperação dos MI, a face deve imergir

novamente antes de terminar a recuperação. A inspiração deverá ser rápida,

forte e activa efectuada predominantemente pela boca. Por sua vez, a

expiração deverá ser progressiva e realizada com as vias respiratórias imersas.

Quadro 9: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à respiração na técnica de Mariposa. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Elevação precoce da cabeça Altera a sincronização e o movimento

ondulatório; provoca maior arrasto hidrodinâmico

Elevação atrasada da cabeça Altera a sincronização e o movimento ondulatório; compromete a ventilação

Emersão exagerada Altera a posição corporal devido ao

afundamento exagerado dos MI; aumenta o arrasto hidrodinâmico

2.4. – Técnica de Costas

Costas é uma técnica dorsal, alternada e “simétrica”, na qual as acções

motoras dos MS e MI tendem a assegurar uma propulsão contínua. Para que o

executante consiga manter uma velocidade estável, é necessária uma força

propulsiva contínua dos MS, uma constante acção propulsiva equilibradora dos

MI e ainda uma correcta sincronização global.

Page 42: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

22

Na técnica de Costas, é frequente a existência de limitações de carácter

anatómico-funcional que conferem aos nadadores trajectos demasiado laterais

em vez de obliquamente descendentes e ascendentes. Estas limitações

derivam da posição dorsal na qual se encontram, criando por sua vez uma

menor eficiência propulsiva da técnica de costas (Lima, 2005).

O corpo do nadador deve estar numa posição horizontal, paralela à superfície

da água. A cabeça deve estar em posição natural, no prolongamento do tronco,

o olhar dirigido para cima e ligeiramente para trás. Deve evitar-se a hiperflexão

da cabeça, que tem como reacção o afundamento da bacia, e portanto, uma

aumento do arrasto. Em relação ao alinhamento lateral, as acções propulsivas

devem ser realizadas próximo do eixo longitudinal do deslocamento, deve

evitar-se o cruzar dos apoios e a recuperação lateral. A melhor forma de

manter um bom alinhamento lateral é rodar o corpo sobre o eixo longitudinal

naturalmente e de forma harmoniosa com os movimentos dos MS.

A rotação do corpo não deve exceder os 45°, e revela-se importante uma vez

que facilita as acções da fase aquática dos MS, a fase de recuperação, a acção

equilibradora dos MI, e ainda na manutenção do alinhamento lateral.

Quadro 10: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente a posição corporal na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Nadar com a cabeça demasiado alta

A bacia tende a baixar provocando desvios no alinhamento horizontal, aumenta o arrasto hidrodinâmico provocado pela forma do corpo

Nadar com a cabeça exageradamente para trás

As pernas aproximam-se demasiado da superfície, interferindo com esta durante

a acção dos MI e provocando maior turbulência; a visibilidade diminui

Bacia não fixa e oscilações longitudinais Desvios no alinhamento e aumento da

resistência frontal

Page 43: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

23

Na técnica de Costas, a acção dos MS poderá ser dividida em duas fases:

subaquática e aérea. A acção subaquática é composta por uma flexão e

posterior extensão do antebraço sobre o braço, sendo acompanhada da

abdução e de uma rotação exterior do braço. No início da fase de recuperação

aérea, o ombro do nadador em anteposição, e a rotação da cintura escapular

em tomo do eixo longitudinal, permitem a sua saída da água antes do resto do

MS. Durante esta fase, o cotovelo mantém-se em extensão, sofrendo uma

rotação interna completa até ao momento da entrada na água.

A acção dos MS na técnica de Costas pode compreender diferentes fases nas

quais se distinguem as seguintes acções: Entrada, 1º AD, 1º AA, 2º AD, 2º AA,

Saída e Recuperação. Na entrada, o MS deve estar em extensão e em rotação

interna, no prolongamento do ombro. A superfície palmar deve estar orientada

para fora, de modo a que o dedo mínimo seja o primeiro a entrar na água.

Quadro 11: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à entrada na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Entrada do MS muito exterior à linha do ombro

Diminuição do percurso subaquático; menor propulsão

MS cruza a linha média do corpo Perda do alinhamento lateral; maior

arrasto hidrodinâmico

Entrada com a fase dorsal da mão (esmagamento do apoio)

Perda do alinhamento horizontal; maior turbulência; aumento do arrasto de onda

A 1ª AD dá-se após a entrada, com o MS em extensão. A mão roda até

apresentar uma orientação para baixo e para fora, até que o cotovelo se

encontre num plano horizontal superior ao que contem a mão, e o ombro se

mantenha num plano superior em relação ao cotovelo. Este momento é

designado como apoio. Ao longo desta fase, o braço e o antebraço sofrem uma

gradual rotação interna, a orientação da mão muda progressivamente de “para

fora” para “para baixo, para trás e para fora”, e o MS realiza um movimento

circular ate uma profundidade de 45 a 60 cm, com um afastamento lateral que

pode atingir os 60 cm. A flexão do cotovelo é gradual, permitindo o

Page 44: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

24

afundamento da mão e uma rotação do tronco em torno do seu eixo

longitudinal. A água, ao passar sobre a superfície dorsal da mão, sofre uma

aceleração que resulta num diferencial de pressão entre as suas duas faces,

contribuindo a força resultante para acelerar o deslocamento do nadador. Esta

fase é pouco propulsiva, uma vez que o seu objectivo é colocar o MS em

posição para realizar posteriormente força propulsiva.

Quadro 12: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à 1ª AD na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

“Empurrar” a água directamente para baixo

Perda do alinhamento horizontal levando a que a propulsão tenha por base o arrasto propulsivo

em detrimento da força ascensional

Cotovelo caído Perda da força propulsiva efectiva

Terminada a AD, inicia-se a 1ª AA através de um deslocamento para cima à

custa da flexão progressiva do antebraço sobre o braço (até mais ou menos

90º). A velocidade da mão aumenta progressivamente assim como a

capacidade propulsiva, sendo superiores à da fase anterior.

A palma da mão, que na fase anterior termina virada para baixo, para fora e

para trás, vai rodar de modo a colocar os dedos para fora, ficando a palma da

mão virada para trás, para cima e para dentro. Nesta fase, a mão executa um

movimento semicircular para cima e para dentro através da flexão do cotovelo,

até se encontrar a 15 - 20 cm da superfície da água. O ângulo do antebraço

com o braço deve formar 90°. Ao longo desta fase, a palma da mão roda para

cima e para dentro, com os dedos virados para fora.

Page 45: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

25

Quadro 13: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à 1ª AA na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Má orientação da mão Desalinhamento horizontal, lateral; maior

arrasto hidrodinâmico; menor força propulsiva efectiva

Início precoce da acção Menor força propulsiva efectiva

A 2ª AD tem início no momento em que a mão atinge o ponto mais alto da sua

trajectória subaquática. Neste momento, a mão passa de uma orientação

essencialmente para cima, para uma orientação fundamentalmente para baixo.

Após esta transição, a mão desloca-se para baixo, para dentro e ligeiramente

para trás, continuando a trajectória curvilínea da fase anterior, até o MS estar

completamente estendido e a maior profundidade do que as coxas. A mão

deve estar aproximadamente a 30 cm de profundidade quando esta acção está

a terminar. Alguns nadadores deslocam as mãos para dentro e para trás,

enquanto outros optam por desloca-las para fora e para trás, sendo que esta

última tem como vantagem a realização de outra fase propulsiva (2º Acção

Ascendente). Esta acção é vista como a fase mais propulsiva da técnica de

Costas.

Quadro 14: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à 2ª AD na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Empurrar a água para trás Altera a sincronização; menor força

propulsiva efectiva

Empurrar a água para baixo Perda do alinhamento horizontal

Ângulo de ataque elevado A água é deslocada para baixo, leva à perda

de alinhamento

Segundo Maglischo et al. (2003), alguns nadadores conseguem criar força

propulsiva suficiente para aumentar a velocidade de deslocamento do corpo

durante a elevação do MS, depois de terminada a 2ª AD. Assim, a 2ª AA

aparece numa pequena percentagem de nadadores e é caracterizada por uma

Page 46: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

26

supinação e dorsiflexão da mão. Para que se verifique esta acção, é

necessário que a palma da mão esteja orientada para cima e para trás, após a

rotação interna do braço, do antebraço e dorsiflexão da mão. Sendo

considerada como a última fase propulsiva, inicia-se no final da 2ª AD, em que

o nadador desloca a mão para cima, para trás e ligeiramente para dentro. A

mão muda de orientação através de uma rotação externa do MS e da extensão

completa do pulso, até atingir a coxa, onde deixa de realizar pressão sobre a

água e prepara a saída.

Visto ser uma acção exequível para apenas alguns nadadores com um dado

perfil anatómico, poderá correr-se o risco de ao tentarmos executar a mesma, o

nadador apenas empurre a água para cima o que provocará alterações no

alinhamento horizontal.

Quadro 15: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à 2ª AA na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Empurrar a água para cima Desalinhamento horizontal; menor propulsão

Ângulo de ataque muito aberto A água é deslocada para cima; menor força

propulsiva efectiva e desalinhamento horizontal

No momento da saída, quando as mãos se aproximam da coxa, os nadadores

devem procurar reduzir a pressão deslocando os MS para fora da água

deixando, desse modo, de gerar força propulsiva. A palma da mão deve estar

virada para dentro durante a saída, para reduzir o arrastamento, e o polegar

deve ser o primeiro dedo a sair. A velocidade diminui durante a saída.

A saída pode ser realizada de duas maneiras: em 3 tempos ou 4 tempos. A

saída a 3 tempos é utilizada quando a acção dos MS se divide em 3 tempos

propulsivos (1º AD, 1º AA e 2º AD). No momento da saída, a mão apresenta a

sua superfície palmar orientada para a coxa e a recuperação tem início

subaquático. A saída a 4 tempos apresenta mais um momento propulsivo que a

anterior (2º AA), e no momento da saída a superfície palmar está orientada

para trás, para dentro e para cima, com o pulso em extensão. A recuperação é

aérea.

Page 47: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

27

Depois de deixar a água, o MS realiza recuperação aérea até nova entrada.

Esta é executada com o MS em extensão, no mesmo plano vertical que contém

o ombro. A palma da mão está voltada para o corpo até o MS atingir a vertical,

havendo depois uma rotação interna do ombro. A recuperação deve ser alta e

por cima da cabeça, evitando-se a recuperação baixa e lateral causadora de

desvios no alinhamento lateral.

Quadro 16: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à Saída e Recuperação na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Saída com a palma da mão virada para baixo

Maior arrasto hidrodinâmico

Recuperação baixa e lateral Perturbações do alinhamento lateral; maior

arrasto hidrodinâmico

Flexão do MS Redução da fase subaquática

A acção dos MI realizada em Costas é muito semelhante à realizada na técnica

de Crol. Caracteriza-se por um batimento alternado, em que a acção de um

membro poderá ser analisada em duas fases: Ascendente e Descendente.

A Acção Ascendente inicia-se quando o pé se situa abaixo da bacia no

momento de máxima profundidade do ciclo motor. Partindo de uma ligeira

flexão inicial provocada pela resistência oferecida pela água, o nadador deverá

realizar uma extensão forte e enérgica da perna sobre a coxa, levando o pé à

superfície. A AA termina quando o MI se encontra completamente em

extensão, com o pé em extensão dorsal e rotação interna, e com os dedos à

superfície ou ligeiramente abaixo. Esta fase é provavelmente a mais propulsiva.

Ao terminar a AA, dá-se início a Acção Descendente. Assim, acontece a

extensão da coxa sobre o tronco, levando a mesma a mover-se para baixo,

com o pé em posição natural. A mudança de direcção deve ser tão rápida

quanto possível, de forma a privilegiar a formação de vórtices aumentando

assim a propulsão.

Page 48: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

28

Quadro 17: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à acção dos MI na técnica de Costas. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Acção dos MI muito profunda Maior área de secção transversal; maior

arrasto hidrodinâmico

Acção dos MI com o joelho em extensão e tornozelo rígido

Diminuição da força propulsiva efectiva

Movimento de “pedalagem” Perturba alinhamento horizontal; maior

arrasto hidrodinâmico

A sincronização dos MS é feita da seguinte forma: enquanto um MS realiza a

entrada, o outro deverá estar a terminar a 2º AA. Enquanto um dos MS atinge o

ponto mais alto da recuperação, o outro inicia a 2º AD.

Podem observar-se três tipos de sincronização: (1) Sobreposta, em que a 1º

AD de MS coincide com a entrada do outro; (2) Semi-sobreposta, em que há

uma sobreposição de duas fases propulsivas, a 2º AD com a 1º AD do MS

oposto, sendo comum em 4 tempos propulsivos; e (3) Alternada, já referida

anteriormente visto ser o tipo de sincronização ideal para a técnica de Costas.

Na técnica de Costas, a sincronização dos MS com os MI mais eficaz, é feita

com seis batimentos de MI, por ciclo de MS. Para cada uma das acções

propulsivas do MS corresponde uma AA do batimento dos MI. Contrariamente

às outras técnicas de nado e devido à posição dorsal em que se encontra o

nadador, a respiração é livre uma vez que as vias respiratórias estão emersas.

Assim, o nadador não necessita imergir a face, e inspirar e expirar em tempos

precisos. No entanto, para uma maior eficiência, a respiração deve ser

estabilizada, adquirindo um ritmo coordenado com as acções dos MS. Desta

forma, o nadador deve inspirar durante a recuperação de um dos MS e expirar

na mesma acção do membro contrário.

Page 49: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

29

2.5. – Técnica de Bruços

 

Bruços é uma técnica ventral, simultânea, “simétrica” e descontínua. Estas

características são comuns à técnica de Mariposa e permitem, como grupo,

distinguir as mesmas das técnicas de Crol e Costas. É a técnica de nado mais

lenta pois, apesar dos nadadores gerarem força durante as fases propulsivas

de cada ciclo de MS, desaceleram grandemente cada vez que recuperam os

MI.

De acordo com Vilas-Boas (1993), desde o aparecimento do bruços formal, a

técnica de bruços não deixou de evoluir. Esta evolução decorreu,

simultaneamente, quer através deste desenvolvimento em alguns detalhes de

execução, mantendo no entanto, as suas características fundamentais, quer

através do aparecimento de novas variantes – as variantes naturais. As

variantes naturais consideradas como formas de interpretação da técnica de

bruços parecem ter-se tomado especialmente notadas após a alteração dos

regulamentos em 1987, que permitiu a imersão da cabeça e a recuperação dos

MS em emersão. Estas novas variantes caracterizam-se, segundo Colman e

Persyn (1991), pela introdução de movimentos ondulatórios do corpo

semelhantes aos realizados na técnica de mariposa.

De acordo com a terminologia usada nos trabalhos de Vilas-Boas (1987, 1988,

1990,1993), pode-se considerar a existência de dois estilos de nado, o Bruços

Formal e o Bruços Natural, podendo-se ainda considerar o Bruços Natural com

recuperação aérea dos MS como uma subvariante do Bruços Natural.

No Bruços Formal, os movimentos propulsivos das mãos são acentuadamente

mais verticais quando comparados com a variante natural, sendo o

deslocamento antero-posterior mais pronunciado. No Bruços Natural, os

movimentos dos MS são mais amplos e predominantemente mais transversais

relativamente à direcção de nado do Bruços Formal, evidenciando

deslocamentos antero-posteriores de menor amplitude (Colman e Persyn,

1991). No Bruços Natural com recuperação aérea dos MS, os movimentos

propulsivos das mãos são menos verticais e acentuadamente mais horizontais

(laterais e antero-posteriores) do que no Bruços Natural, caracterizando-se

Page 50: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

30

ainda por uma mais reduzida amplitude da componente vertical ascendente da

ALE. Para além disso, este tipo de técnica apresenta deslocamentos das mãos

mais tortuosos do que no Bruços Natural, verificando-se urna maior

aproximação dos segmentos a superfície da água (Vilas-Boas, 1993).

Nas acções segmentares dos MS e MI, existem autores que identificam

diferentes fases encontrando-se também algumas diferenças na terminologia

utilizada.

Quadro 18: Descrição das acções dos MS na técnica de Bruços na concepção de alguns autores.

Autores Fases da acção dos MS Fases da acção dos MI

Costill et al. (1992) e Maglischo (1993)

ALE, ALI e a recuperação

(identifica uma fase de deslize na acção dos MI)

Vilas-Boas (1997) ALE, Acção vertical Descendente, ALI e

recuperação

ALE, ALI e uma fase de recuperação

Alves (1997) ALE, AD, ALI e

recuperação ALE, AD, ALI, deslize e

recuperação

No Bruços Formal, o tronco permanece numa posição tão horizontal e estável

quanto possível durante todo o ciclo gestual. Os ombros mantêm-se dentro de

água, com as ancas perto da superfície e os MI alinhados com o corpo durante

as fases propulsivas das acções dos MS e MI. A cabeça deverá estar debaixo

de água e entre os MS durante a acção propulsiva dos MI para melhorar a

posição hidrodinâmica do corpo.

No Bruços Natural, o corpo assume um movimento ondulatório de orientação

caudal que implica uma maior amplitude de movimentos e acções propulsivas

dominantemente oblíquas e transversais, e que acompanha naturalmente o

desenrolar das diferentes fases do ciclo de nado. É caracterizado pela

elevação acentuada dos ombros (facilitando a respiração), assim como, a

colocação da bacia e das coxas num plano mais profundo. No momento da

inspiração, o tronco assume uma posição inclinada relativamente à direcção de

Page 51: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

31

nado. Durante a fase de recuperação dos MI, o tronco assume uma posição

também inclinada. As ancas deverão oscilar através de uma acção alternada

do tronco que se move entre as acções dos MS e MI, assumindo uma

trajectória sinusoidal graças à elevação do segmento tronco/cabeça. Este

movimento deverá estar sincronizado com a respiração e deverá ser

acompanhado pela extensão do pescoço e pelo movimento dos MS para

dentro no início da fase de recuperação dos mesmos. O Bruços Natural com

recuperação aérea dos MS apresenta um movimento ondulatório do corpo que

evidencia uma acentuação céfalo-caudal mais pronunciada do que no Bruços

Natural (Vilas-Boas, 1993).

Apesar da diversidade de descrições propostas para a acção dos MS, esta

poderá compreender as seguintes fases: a ALE, a AD, a ALI e a Recuperação.

A ALE apresenta como principal objectivo, a colocação dos MS numa boa

posição para produzirem força propulsiva ao longo das fases seguintes. Esta

acção é dominantemente orientada para fora e possui uma importante

componente vertical ascendente, em particular no Bruços Natural (Costill et al.,

1992).

Após a recuperação, os MS encontram-se numa posição de extensão

completa, com as mãos próximas e os pulsos ligeiramente flectidos. A acção

propulsiva desta fase inicia-se através de um afastamento dos MS, em que as

mãos estão orientadas para fora e para baixo (Bruços Formal) ou para fora,

para cima e depois para baixo (Bruços Natural), descrevendo um trajecto

semicircular. Apesar de estarem quase sempre em extensão, no final desta

fase os MS flectem ligeiramente para prepararem as fases seguintes. As

superfícies palmares realizam um movimento descendente e dirigem-se para

fora, seguindo o seu trajecto perto da superfície da água, de forma a adoptar

uma forma hidrodinâmica com os braços e os antebraços alinhados.

Como foi referido anteriormente, no Bruços Natural, o trajecto motor da fase de

deslocamento para fora dos MS evidencia urna componente vertical

ascendente mais evidente do que no Bruços Formal (Chollet, 1990; Vilas-Boas,

1993). Durante esta fase, o afastamento dos MS é acompanhado por uma

Page 52: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

32

extensão lombar e pelo início de um deslocamento ascendente com os pés

juntos e em flexão plantar, dando seguimento à elevação da bacia (Costill et

al., 1992).

Quadro 19: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALE dos MS na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Acção muito ampla Menor força propulsiva efectiva; altera a

sincronização

Acção muito curta Menor força propulsiva efectiva;

compromete o cotovelo alto

Empurrar a água para trás Menor força propulsiva efectiva;

compromete o cotovelo alto

Dado por terminado o afastamento dos MS com as mãos separadas entre si

mais ou menos à largura dos ombros, inicia-se a AD. Neste momento, os

antebraços começam a flectir sobre os braços, devendo os cotovelos

permanecerem numa posição elevada. As mãos orientam-se para fora e para

trás.

Quadro 20: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à AD dos MS na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Afastamento insuficiente das mãos Encurtamento da acção dos MS

Afastamento exagerado das mãos Altera a sincronização e provoca menor

propulsão

Empurrar a água para trás Menor força propulsiva efectiva;

compromete o cotovelo alto

A ALI é a acção mais propulsiva dos MS e é uma acção dominantemente

orientada para dentro, incluindo um primeiro tempo que evidencia ainda uma

ligeira componente vertical descendente e um segundo que possui uma

Page 53: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

33

componente vertical ascendente (Vilas-Boas, 1993). Os MS descrevem um

trajecto para dentro, com uma importante componente vertical ascendente,

durante a qual ocorre uma rotação externa dos braços. Esta permite que os MS

se movam segundo um trajecto semi-circular amplo, onde as superfícies

palmares se vão orientar para fora, para trás, para baixo e para dentro.

Após passarem debaixo dos cotovelos, as mãos continuam a rodar, devendo

permanecer em linha com os antebraços até terminar esta acção. Os cotovelos

seguem as mãos inicialmente para baixo e para dentro e depois para dentro e

para cima. Esta acção é continuada por um movimento de adução dos

antebraços que se completa com a quase junção dos cotovelos à frente do

peito. O deslocamento para trás termina com os cotovelos ligeiramente à frente

do plano transverso que contém os ombros, momento a partir do qual as mãos

se deslocam para dentro e ligeiramente para cima.

No Bruços Natural, esta fase é caracterizada por uma pronunciada adução dos

antebraços o que facilita o movimento de elevação dos ombros que é mantido

ao longo da recuperação até à extensão completa dos MS. Isto faz com que o

trajecto motor seja mais longo e veloz na variante natural comparativamente à

formal (Chollet, 1990).

Quadro 21: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALI dos MS na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Orientar as mãos para dentro antes de passarem pela vertical dos cotovelos

Menor força propulsiva efectiva

Início precoce da recuperação dos MS antes de finalizar a ALI

Menor força propulsiva efectiva

Passar os cotovelos para trás da vertical dos ombros

Altera a sincronização e aumenta o arrasto hidrodinâmico

A recuperação dos MS tem início quando os cotovelos e as mãos (flectidos a

aproximadamente 90º) se encontram quase juntos sob o peito. No final do

deslocamento para dentro das mãos, os cotovelos assumem uma posição mais

Page 54: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

34

baixa e os antebraços realizam um movimento de rotação externa que conduz

os antebraços para dentro e as mãos para a frente até à extensão completa

dos MS. Durante a recuperação, as mãos assumem juntas uma posição no

prolongamento dos antebraços, de tal forma que se deslocam à frente,

minimizando a intensidade da força de arrasto hidrodinâmico.

Pode realizar-se em imersão completa ou à superfície da água. No Bruços

Natural, a recuperação dos MS é realizada através da sua extensão completa

dirigida para a frente e acentuadamente para baixo quando comparada com o

Bruços Formal (Costill et al., 1992). No Bruços Natural com recuperação aérea

dos MS, a transição da ALI para a recuperação é feita mais cedo e é realizada

de uma forma explosiva, logo que as mãos passam debaixo dos cotovelos.

Quando as mãos se aproximam da superfície, os cotovelos são lançados

rapidamente para a frente dos ombros, e ponta dos dedos rompe então a

superfície da água, sendo seguida pelas mãos e antebraços. Assim, este

trajecto das mãos é realizado á superfície ou ligeiramente acima, quase

horizontal e em sobreposição.

Quadro 22: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à Recuperação dos MS na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

MS ou cotovelos afastados Aumento da área de secção transversal;

maior arrasto hidrodinâmico

Recuperação com demasiada força e velocidade

Aumenta o arrasto de onda

A acção dos MI em Bruços, além da fase de recuperação, compreende durante

o seu trajecto motor duas fases, que são a ALE e a ALI. A ALE, inicia-se no

final da recuperação dos MI, sendo que estes se encontram flectidos pelos

joelhos, com os pés próximos, os joelhos ligeiramente afastados e a anca em

rotação externa. Esta acção tem como objectivo a colocação dos pés numa

boa posição para realizar as acções que se seguem.

Page 55: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

35

Os pés flectem e realizam um movimento circular para fora, para trás e para

baixo, auxiliados pela rotação interna das coxas, colocando-se em eversão e

dorsiflexão de forma a que as superfícies plantares se orientem para fora, para

cima e ligeiramente para trás. Este movimento é acentuado através de uma

ligeira abdução dos MI e de uma ligeira extensão da articulação do joelho. Os

pés deslocam-se ligeiramente para baixo até que se atinja a posição de

afastamento máximo dos mesmos, sendo a distância horizontal que os separa

superior à que separa os joelhos entre si. Estes deverão estar pouco afastados,

sensivelmente à largura dos ombros, com os calcanhares perto da região

glútea.

Quadro 23: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALE dos MI na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Fase muito ampla A água é deslocada para o lado; menor força

propulsiva efectiva; altera a sincronização

Empurrar a água para trás Compromete o cotovelo alto; menor força

propulsiva efectiva

Encurtar a duração desta acção Compromete o cotovelo alto; menor força

propulsiva efectiva

A ALI é a fase mais importante e mais propulsiva dos MI, em que se dá a

extensão completa dos mesmos através de um movimento circular. Os pés

passam progressivamente da posição de eversão para a de inversão, com as

superfícies plantares orientadas para baixo, para dentro e ligeiramente para

trás. Os pés assumem uma posição de forma a que os seus dedos estejam

orientados para baixo, com as superfícies plantares viradas uma para a outra.

Quando ocorre a extensão completa dos MI estes ainda não devem estar em

completa adução. A adução final ocorre com os pés ainda em eversão,

devendo apenas depois ocorrer a extensão dorsal dos pés. Esta fase termina

com a adução completa e vigorosa dos MI, que ocorre simultaneamente à

extensão completa dos joelhos, permanecendo os pés em inversão.

Page 56: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

36

Quando os pés estão quase juntos e a propulsão da ALI está quase completa,

a pressão na água é diminuta e os MI deslocam-se para cima até perto da

superfície, á medida que os pés se vão juntando. Começa então uma fase de

deslize, em que os MI estão completamente estendidos.

Durante a ALI, podemos dizer que a última parte desta acção é menos

propulsiva do que a primeira. Devido ao movimento ondulatório, ocorre na fase

“passiva” da acção dos MI do Bruços Natural uma “pernada adicional”

semelhante ao segundo tempo do ciclo motor dos MI na técnica de Mariposa.

Quadro 24: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALI dos MI na técnica de Bruços.

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Orientar as mãos para dentro antes de passarem a vertical dos cotovelos

Menor força propulsiva efectiva

Passar para a fase de recuperação dos MS antes de finalizar esta fase

Menor força propulsiva efectiva

Passar os cotovelos para trás da vertical dos ombros

Altera a sincronização e aumenta o arrasto hidrodinâmico

Depois de terminada a fase propulsiva dos MS dá-se a recuperação dos MI,

através da progressiva e lenta flexão dos joelhos, associada a uma ligeira

rotação externa da anca. A bacia deve baixar, e as pernas deslocam-se para a

frente mantendo-se atrás das coxas, para diminuir o arrasto provocado pela

forma. Os pés recuperam juntos, enquanto os joelhos se afastam ligeiramente

(não mais do que a largura dos ombros). Os calcanhares são conduzidos para

cima e para a frente até que estejam perto da região glútea com os pés em

flexão plantar, através da flexão da perna sobre a coxa até atingirem

aproximadamente um ângulo de 90°. No final desta fase, os pés começam a

realizar um movimento circular para fora quando se aproximam da região

glútea, de forma a prepararem a fase seguinte.

Segundo Persyn et aI. (1984), no Bruços Formal, a flexão das coxas sobre o

tronco inicia-se quase em simultâneo com o início da flexão da perna sobre a

Page 57: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

37

coxa, característica que o diferencia da acção dos MI da variante de Bruços

Formal. Já Costill et al. (1992), refere que nesta mesma variante, a

recuperação dos MI parece terminar numa posição de maior afastamento dos

joelhos do que no Bruços natural.

Quadro 25: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à Recuperação dos MI na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

MS afastados (mãos ou cotovelos) Aumento da área de secção transversal;

maior arrasto hidrodinâmico

Recuperação com demasiada força e velocidade

Aumenta o arrasto de onda

Existem três tipos de sincronização entre a acção dos MS e a acção dos MI: a

contínua, a descontinua e a sobreposta. Na contínua, o início da acção dos MS

dá-se imediatamente após o momento em que os MI se juntam (ALI). Este tipo

de coordenação é utilizado sobretudo no Bruços Formal, em que o início da

recuperação dos MS ocorre antes do início da fase propulsiva dos MI e

completa-se ainda no decurso desta. A recuperação dos MI inicia-se na fase

final da acção propulsiva dos MS e termina na fase inicial da recuperação dos

mesmos. O início da fase propulsiva dos MS ocorre ainda antes de concluída a

adução dos MI. Na sincronização descontínua, existe um pequeno intervalo

entre o fim da acção dos MI e o início do movimento dos MS para fora. Assim,

há uma desaceleração desde a fase propulsiva dos MI até à fase propulsiva

dos MS, tendo portanto, uma fase de deslize exagerada. Na sincronização

sobreposta, o início da acção dos MS dá-se antes de ter terminado a acção dos

MI. Este tipo de coordenação é utilizado sobretudo no Bruços Natural, em que

a acção propulsiva dos MI e a finalização da recuperação dos MS são acções

que se desenvolvem simultaneamente.

Relativamente à respiração, em cada ciclo de nado há uma acção respiratória

constituída por uma inspiração e por uma expiração. Esta acção deverá ser

Page 58: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

38

uma parte integrante da técnica, não devendo perturbar a continuidade dos

movimentos. A cabeça começa o seu movimento ascendente em direcção à

superfície da água com a face dirigida para cima e para a frente, quando os MS

começam o seu movimento de deslocamento para fora. Depois da cabeça

alcançar a superfície, o movimento descendente dos MS deverá completar a

sua ascensão auxiliado pelo movimento de extensão cervical de forma a que a

face esteja acima da linha da água quando os MS se dirigem para dentro. A

inspiração é feita quando os MS se dirigem para cima, debaixo do peito e no

início da recuperação dos MS. Em seguida a cabeça deverá baixar à medida

que os MS se dirigem para a frente, retomando a sua posição durante a

recuperação dos MS, iniciando-se a expiração com a face orientada para baixo

e para a frente, formando um ângulo de aproximadamente 45° com a

horizontal.

Enquanto no Bruços Formal a emersão das vias respiratórias aéreas

necessária à inspiração é garantida por uma extensão cervical, no Bruços

Natural a cabeça e o tronco funcionam como um bloco, sendo a emersão das

vias respiratórias consequência da importante emersão dos ombros que

decorre da inclinação do tronco.

Quadro 26: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à respiração na técnica de Bruços. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Inspiração precoce ou tardia Altera a sincronização; maior arrasto

hidrodinâmico

Emergir demasiado a cabeça na inspiração

Altera a sincronização

Page 59: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

39

2.6. – Técnica de Crol

Crol é uma técnica ventral, alternada e “simétrica” na qual as acções motoras

dos MS e MI tendem a assegurar uma propulsão contínua. Do ponto de vista

mecânico, esta é a técnica mais eficiente (Holmér, 1983) devendo-se ao facto

de ser alternada o que evita grandes oscilações intracíclicas da velocidade, e

ainda devido à posição do corpo que lhe é inerente permitindo trajectos

subaquáticos bem orientados e por sua vez resultantes propulsivas com

direcção muito próxima da linha de deslocamento do corpo (Lima, 2005).

O corpo deve estar o mais horizontal possível, com a cabeça em posição

natural no prolongamento do tronco, tentando oferecer a menor resistência ao

avanço. Em relação ao alinhamento horizontal, o nadador deve manter uma

posição alta na água (importância da acção dos MI), não deve elevar

exageradamente a cabeça e deve reduzir as componentes verticais do trajecto

motor dos MS que poderá acontecer durante a entrada, a Acção Descendente

e a saída. Quanto ao alinhamento lateral, o nadador deve aproximar as acções

propulsivas do eixo longitudinal de deslocamento, não deve cruzar os apoios e

deve evitar a recuperação lateral. O nadador deve ainda fazer rotação do corpo

em torno do eixo longitudinal, o que facilita a aproximação das acções motoras

ao eixo de deslocamento, a recuperação com elevação e flexão dos cotovelos,

a acção equilibradora dos MI, não agravando o arrastamento.

Page 60: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

40

Quadro 27: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à posição corporal na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Nadar numa posição exageradamente alta, com a cabeça muito levantada

Aumenta a resistência frontal, ou seja o arrasto hidrodinâmico provocado pela forma

Acção dos MI muito funda Aumenta a resistência frontal, ou seja o

arrasto provocado pela forma

Rotação longitudinal do corpo exagerada

Aumento da resistência frontal e necessidade de um reequilíbrio em detrimento de uma

acção propulsiva das pernas

Bacia não fixa e oscilações longitudinais

Desvios no alinhamento e aumento da resistência frontal

NA acção dos MS distinguem-se as seguintes acções: Entrada, Acção

Descendente (AD), Acção Lateral Interior (ALI), Acção Ascendente (AA), Saída

e Recuperação. A entrada da mão na água deve ser feita com o MS flectido, no

prolongamento do ombro de forma a provocar a menor turbulência e arrasto de

onda. O MS deve estar em rotação interna, de maneira a que, a palma da mão

esteja orientada para fora. A entrada deve acontecer no espaço entre a

projecção do ombro e o eixo longitudinal. Depois de entrar, acontece o deslize,

em que se dá a extensão do cotovelo em imersão e o adiantamento do ombro

do mesmo lado.

Page 61: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

41

Quadro 28: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à entrada dos MS na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Apoio cruza a linha média do corpo Perda do alinhamento lateral provocando

um aumento do arrasto hidrodinâmico

Esmagamento do apoio Perda do alinhamento horizontal

provocando um maior arrasto hidrodinâmico

Extensão incompleta Diminui o percurso subaquático e altera a

sincronização

Apoio precoce e grande velocidade da mão

A mão fica em profundidade muito rapidamente, prejudicando o alongamento

e o agarre; maior arrasto hidrodinâmico

A AD deve começar no momento em que o MS contrário termina a sua fase

propulsiva. Após o MS terminar o deslize, o pulso flecte, orientando a palma da

mão para fora, para baixo e ligeiramente para trás (ângulo aproximadamente

de 30º a 40º). De seguida a mão move-se para baixo e para trás, relativamente

ao corpo do nadador, descrevendo uma trajectória curvilínea. O cotovelo vai

flectindo gradualmente durante esta fase. Esta é a fase menos propulsiva mas,

é no entanto, muito importante na colocação dos segmentos propulsivos na

posição mais correcta, de forma a executar as acções seguintes com o máximo

de eficiência.

Quadro 29: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à AD na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

“Empurrar” a água directamente para baixo

Perda de alinhamento horizontal

Cotovelo caído O antebraço empurra a água para baixo diminuindo a força propulsiva efectiva

Início imediato do movimento para dentro

Altera a sincronização; induz a iniciar a força propulsiva com o cotovelo caído; menor

propulsão

Page 62: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

42

A ALI tem início no momento em que o MS atinge o ponto mais profundo da

sua trajectória. Mantendo a sua trajectória circular, a mão desloca-se para

cima, para dentro e para trás, por intermédio da flexão do cotovelo. A

velocidade da mão aumenta progressivamente, aumentando também a

capacidade propulsiva. A palma da mão orienta-se para cima, para dentro e

para trás (ângulo entre 20º a 40º).

Quadro 30: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à ALI na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Má orientação da mão Desalinhamento lateral; maior arrasto

hidrodinâmico, menor propulsão

Início precoce da ALI Menor força propulsiva efectiva

Amplitude exagerada ou insuficiente Altera a sincronização ou desalinhamento

lateral

A AA é a fase mais propulsiva da acção dos MS. Começa no final da ALI e

continua até a mão do nadador se aproximar da coxa, ou seja, da posição de

MS flectido passa para a sua extensão progressiva. A mão é progressivamente

acelerada para fora, para cima e para trás até à superfície da água (ângulo

entre os 30º e 40º). O cotovelo não chega a estender completamente

começando a flectir quando a mão se aproxima do trajecto propulsivo útil. A

aceleração, nesta fase, é muito pronunciada e a velocidade é máxima no final.

A hiperextensão do pulso poderá influenciar o sucesso da AA.

Quadro 31: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à AA na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Empurrar a água para cima Perda do alinhamento horizontal

Empurrar a água directamente para trás

Diminuição da propulsão

Page 63: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

43

A Saída e Recuperação, é uma acção não propulsiva, tendo como propósito

colocar o MS em posição para executar nova acção dos MS. A superfície

palmar, ao aproximar-se da coxa, roda para dentro de forma descontraída,

possibilitando que a mão se desloque para cima e para fora da água de modo a

evitar a resistência ou turbulência na saída, que deve ser feita com o dedo

mínimo. A recuperação é executada com o MS flectido mantendo o “cotovelo

alto”, e com o antebraço e mãos relaxados. Esta deve passar o mais perto

possível da linha média do corpo, deve ser feita de forma rápida e

descontraída, preparando da melhor maneira a entrada da mão na água. À

medida que se vai aproximando a entrada, a palma da mão que estava virada

para o corpo na primeira metade da recuperação, deve orientar-se para fora. A

rotação do corpo sobre o eixo longitudinal revela-se importante para uma boa

recuperação.

Por vezes é visível uma assimetria na recuperação do lado para o qual o

nadador respira, efectuando-a um pouco mais alta. Assim, a recuperação

poderá apresentar três variantes: (i) cotovelo elevado e flectido, (ii) hand swing,

em que há uma exagerada rotação do corpo sobre o eixo longitudinal e o

ângulo de ataque é muito aberto, e (iii) lateral, em que há um grande momento

de inércia devido ao afastamento do MS em relação ao corpo.

Quadro 32: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à Saída e Recuperação na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Saída com a mão mal orientada Aumento do arrasto hidrodinâmico

Recuperação baixa/lateral Perturbações do alinhamento lateral;

prejudica a rotação longitudinal do corpo

Recuperação com o MS demasiado flectido e com a mão em contacto com a água

Aumento do arrasto hidrodinâmico

Recuperação com o MS estendido Aumenta o momento de inércia sendo

necessário um maior esforço; provoca um desequilíbrio

Page 64: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

44

A acção dos MI é dividida em três fases: a fase ascendente; a fase

descendente e a mudança de direcção. A fase descendente é provavelmente

mais propulsiva, uma vez que poderá manter um ângulo de ataque que

possibilite o deslocamento da água para trás. Na fase ascendente, os MI

deslocam-se para cima e para a frente, empurrando a água para cima, sendo o

ângulo de ataque do pé muito pequeno para produzir força propulsiva. As fases

de mudança de direcção revelam-se extremamente importantes na produção

de vórtices, contribuindo também para a propulsão.

Na fase descendente, em que o MI parte de uma posição de extensão dorsal

completa, efectua-se uma flexão do joelho (cerca de 30 a 40º com uma

profundidade de aproximadamente 25 cm) seguida de uma forte extensão do

mesmo (cerca de 35 cm de profundidade), causando uma acção de chicotada

da perna e do pé, que se encontra em extensão dorsal e rotação interna.

Na fase ascendente, com o pé em posição natural, o MI é deslocado para cima

em extensão total. A mudança de direcção da fase descendente para a

ascendente deve realizar-se tão rápido quanto possível. Os batimentos não

devem ser nem muito profundos nem muito superficiais sendo que no primeiro

caso, o arrasto é maior e, no segundo caso, a estabilidade do corpo e a força

propulsiva são reduzidas.

Quadro 33: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à acção dos MI na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências negativas

Acção dos MI muito profunda Aumento da área de secção transversal e do

arrasto hidrodinâmico

Acção dos MI com o joelho demasiado flectido

Aumento do arrasto frontal; movimento ascendente pouco eficaz

Tornozelo rígido Menor força propulsiva efectiva

Relativamente à sincronização entre os MS, para que esta seja precisa deverá

existir coerência com a acção dos MI, deve-se procurar facilitar a continuidade

da acção propulsiva, e fornecer o equilíbrio global da técnica.

Page 65: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

45

Assim numa sincronização perfeita, enquanto um MS entra na água o outro

deverá completar a ALI, o que permitirá a rotação do corpo e o alongamento da

acção dos MS. Por outro lado, após a entrada, o MS não deve iniciar a AD até

que o outro tenha finalizado o AA. Este último aspecto poderá variar entre

nadadores de distância e velocistas, observando-se uma tendência dos

velocistas para o encurtamento da acção dos MS, iniciando quase de imediato

a AD enquanto o outro MS efectua ainda a AA, podendo assim começar a

aplicar força propulsiva com o MS da frente imediatamente após o outro

diminuir a pressão na água.

Podem observar-se três tipos de sincronização: (i) Sobreposta, quando um MS

espera a entrada do outro MS para iniciar o trajecto subaquático, ou seja, em

que a AD de um MS coincide com a entrada do outro; (ii) Semi-sobreposta,

quando a entrada de um MS coincide com o início da ALI; e (iii) Alternada, em

que a entrada de um MS é realizada enquanto o outro executa a AA.

Relativamente à sincronização dos MS com os MI, deve-se referir que o ritmo

da acção dos MI diz respeito ao número batimentos por ciclo de acção dos MS.

Este pode variar de nadador para nadador de acordo com os três tipos de

sincronização: 6 batimentos por ciclo, 2 batimentos por ciclo e 4 batimentos por

ciclo. O mais frequentemente utilizado é 6 Batimentos por ciclo, apresentando

uma simetria perfeita entre as fases propulsivas dos MS e os batimentos de MI.

Favorece a rotação no eixo longitudinal, eliminando problemas de alinhamento

laterais e horizontais. Cada movimento descendente dos MI coincide com uma

fase propulsiva da braçada. A AD está coordenada com a fase descendente do

MI do mesmo lado, a ALI é acompanhada da fase descendente do MI do lado

oposto, e a AA é simultânea à fase descendente do MI do mesmo lado. É

preferencialmente utilizado em velocidade, uma vez que interessa a máxima

potência e força propulsiva.

Quando o nadador realiza 2 Batimentos por ciclo, estes podem ser verticais ou

cruzados. Nos batimentos verticais, cada batimento (AD) inicia-se durante a

ALI do MS do mesmo lado tornando-se assim mais económicos que a

sincronização de 6 batimentos por ciclo. Nos batimentos cruzados, às acções

descendentes juntam-se acções laterais que cruzam os MI, e são batimentos

Page 66: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_____________________________________________________REVISÃO DA LITERATURA

 

46

muito comuns em nadadores que realizam recuperação lateral dos MS. Cada

fase descendente dos MI acompanha a ALI e a AA dos MS do mesmo lado, o

que requer menos energia, daí ser preferencialmente utilizado pelos nadadores

fundistas. Por último, a sincronização de 4 batimentos por ciclo é idêntico ao de

6 batimentos por ciclo, apresentando no entanto, uma paragem total ou parcial

aquando da inspiração.

Quanto à respiração, os movimentos da cabeça devem estar coordenados com

a rotação do corpo, de forma a reduzir a tendência dos nadadores levantarem a

cabeça para inspirarem. A cabeça roda e flecte ligeiramente no momento em

que o MS do mesmo lado realiza a AA e o MS contrário realiza a entrada. O

retorno deve acontecer na última fase de recuperação do MS do mesmo lado.

A inspiração deve ser forte e rápida, e a expiração deve ocorrer em imersão de

forma progressiva.

A respiração pode ser unilateral, caso o nadador efectue uma inspiração por

um ou mais ciclos de MS (1:2 ou 1:4), ou bilateral, se é realizada uma

inspiração por cada ciclo e meio de MS (1:3). A respiração unilateral, apesar de

possibilitar maior ventilação, não favorece a simetria nem o alinhamento lateral

e apenas possibilita a visibilidade para um dos lados durante a prova. Em

contrapartida, estes aspectos já se verificam na respiração bilateral.

Quadro 34: Principais erros técnicos e respectivas consequências relativamente à respiração na técnica de Crol. Adaptado de Fernandes et al. (2008).

Erros técnicos mais frequentes Consequências

Rotação precoce da cabeça Altera a sincronização

Rotação atrasada da cabeça Altera a sincronização

Elevação exagerada da cabeça Aumento da área de secção transversal e do

arrasto de onda

Page 67: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________________OBJECTIVOS E HIPÓTESES

 

47

3 – Objectivos e Hipóteses

3.1 – Objectivo Geral  

O presente estudo tem como objectivo geral caracterizar tecnicamente o

nadador infantil no que se refere aos seus principais erros técnicos efectuados

nas quatro técnicas utilizadas em NPD.

3.2 – Objectivos Específicos  

Os objectivos específicos visam:

Verificar se existem diferenças estatisticamente significativas (DES)

relativas ao número de erros técnicos entre géneros em cada técnica de

nado;

Verificar se existe superior incidência de erros técnicos entre técnicas de

nado;

Verificar se existe preferência da sincronização de 6 batimentos de

MI/ciclo de MS e do padrão de sincronização alternado entre MS e MS

na técnica de Crol e Costas nos dois géneros;

Verificar se existe preferência da sincronização contínua entre MS e MI e

da variante formal na técnica de Bruços nos dois géneros;

Verificar se existe uma elevada incidência de erros técnicos na Posição

da Cabeça, na técnica de Mariposa e Bruços em ambos os géneros.

3.3 – Hipóteses  

H1 – Não existem DES relativas ao número de erros técnicos entre

géneros em cada técnica de nado, à excepção da Técnica de Costas.

H2 - Existe uma superior percentagem de erros técnicos na Técnica de

Costas no género feminino.

Page 68: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________________OBJECTIVOS E HIPÓTESES

 

48

H3 - Existe uma elevada percentagem de utilização de 6 batimentos de

MI/ciclo de MS, assim como uma sincronização alternada entre MS e MS

nas técnicas de Crol e Costas no género masculino e feminino.

H4 – Existe uma elevada percentagem de utilização da sincronização

contínua entre MS e MI, assim como da variante formal na técnica de

Bruços no género masculino e feminino.

H5 – Existe uma elevada percentagem de erros técnicos na Cabeça na

técnica de Mariposa e Bruços no género feminino.

Page 69: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

49

4 – Material e Métodos

 

Neste capítulo, procedemos à apresentação dos aspectos metodológicos

considerados relevantes para a realização deste trabalho.

Assim, após a caracterização da amostra utilizada neste estudo, são

apresentados os instrumentos utilizados e explicada a respectiva forma de

aplicação.

De salientar o facto de que embora todos os nadadores que constituem a

amostra tenham realizado as quatro técnicas de nado, só foram observados e

registados os respectivos erros em duas técnicas: a primeira obrigatoriamente

a técnica de Crol e a segunda a técnica de nado tida como especialidade. Para

aqueles nadadores que apresentaram Crol como a sua especialidade, foi

procurada uma segunda técnica entre Mariposa, Costas ou Bruços.

Relativamente a cada uma das quatro técnicas, iremos referir os seguintes

aspectos: caracterização, posição corporal, acção dos MS, acção dos MI,

sincronização dos MS, sincronização dos MS com os MI, respiração e alguns

dos erros técnicos mais comuns presentes nestes aspectos.

4.1. – Caracterização da Amostra

Neste capítulo pretendemos caracterizar o grupo de nadadores que participou

na parte experimental deste estudo no que se refere ao escalão etário

competitivo a que os mesmos pertencem, aos parâmetros da sua história do

treino: anos de prática, unidades de treino semanais, treino a seco, treino na

água; e ainda relativamente ao peso e à altura.

Assim, a amostra do presente estudo foi constituída por 65 nadadores, 33 do

género masculino e 32 do género feminino, pertencentes ao escalão etário

infantil seleccionados para participar em estágios da ANNP em conformidade

Page 70: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

50

com o Protocolo estabelecido entre essa associação desportiva e a Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

Os resultados presentes no Quadro 35, apresentados por género e para a

totalidade da amostra, constituem os valores médios e respectivos desvios-

padrão relativos à idade, aos anos de prática de NPD, ao número de unidades

de treino semanais, ao número de treinos a seco e na água, ao peso e à altura.

Os dados relativos aos parâmetros anteriores foram medidos e recolhidos

através de um questionário individual preenchido pelos nadadores do presente

estudo.

Quadro 35: Valores médios e respectivos desvios padrão, por género, da idade, do número de anos de prática de Natação, do número de unidades de treino semanal, do número de treinos a seco, do número de treinos na água, do peso e da altura.

Idade (anos)

Anos de Prática

Unidades de treino semanais

Treino a seco

(horas)

Treino na água (horas)

Peso (kg) Altura (cm)

Género Masculino

13,2 (±0,7)

4,3 (±1,3)

6,5 (±0,8)

1,7 (±1,7)

10,8 (±1,6)

55,8 (±9,0)

166,8 (±9,5)

Género Feminino

11,9 (±0,7)

4,2 (±1,7)

6,5 (±0,8)

1,9 (±1,4)

11,1 (±2,1)

46,5 (±7,2)

158,3 (±6,5)

MÉDIA 11,8 4,1 6,3 1,8 10,8 46,7 155,6

Analisando o Quadro 35, em conjunto com o modelo de progressão do volume

da carga do treino proposto por Alves (1997) (Quadro 36), podemos constatar

que as médias obtidas para os diferentes géneros apresentam valores muito

próximos dos ideais para o número de unidades de treino semanais.

Apesar de mais velhos e de, aparentemente, evidenciarem níveis de maturação

superiores, os nadadores desta amostra agrupam-se no mesmo escalão etário

competitivo que as nadadoras, facto que justifica as 6 a 7 unidades de treino

semanais.

Page 71: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

51

Quadro 36: Modelo de progressão do volume da carga do treino (adaptado de Alves, 1997). A negro encontram-se os valores correspondentes aos nadadores da presente amostra.

Idade Sessões/semana Duração da sessão (min) Distância/semana (Km)

8 3 – 4 45 – 60 4 – 12

9 4 60 12

10 4 – 6 75 12 – 20

11 6 90 20 – 30

12 6 120 30

13 7 120 35 – 40

14 8 120 45

15 8 120 40 – 55

16 10 – 11 120 40 – 60

No quadro 37 podemos observar a distribuição dos nadadores no que se refere

à sua técnica de preferência, ou seja, a técnica de nado em que se consideram

especialistas à excepção de Crol. Os dados das diferentes especialidades de

nado estão representados por subgrupo sexual (feminino e masculino) e para a

totalidade da amostra. Como já foi referido anteriormente, apesar de existirem

nadadores especialistas em Crol, estes foram analisados noutra especialidade

diferente de Crol.

Quadro 37. Número de nadadores especialistas em cada uma das técnicas de nado à excepção de Crol. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual e para a totalidade da amostra.

Especialidade Masculinos Femininos Total

Mariposa 16 16 32

Costas 12 12 24

Bruços 5 4 9

Crol 8 12 20

Page 72: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

52

4.2. – Procedimentos Metodológicos

A avaliação técnica dos nadadores consistiu na análise qualitativa do registo

vídeo de imagens subaquáticas, da perspectiva frontal e lateral, tendo sido

baseada em critérios objectivos e subjectivos previamente estabelecidos e

sistematizados em fichas de observação técnica (check-lists) para cada técnica

de nado.

Cada nadador participante efectuou dois percursos de 25m em cada uma das

quatro técnicas de nado, sendo previamente informado que deveria nadar a

uma intensidade elevada, ainda que não necessariamente no seu máximo.

Especificamente para o nosso estudo, apenas foram analisados os percursos

relativos à técnica de Crol e à especialidade de cada nadador (Costas, Bruços

ou Mariposa).

A recolha das imagens foi realizada utilizando uma câmara vídeo S-VHS JVC

GR-SX1, com cassetes SVHS. Para obter imagens do plano transverso do

nadador colocou-se a câmara numa janela subaquática situada na parede testa

da piscina (perspectiva frontal), tendo a mesma câmara sido, posteriormente,

colocada na parede lateral para registo de imagens relativas ao plano sagital

dos nadadores (perspectiva lateral).

As imagens foram avaliadas segundo uma observação qualitativa, suportada

por critérios retirados de modelos técnicos disponíveis na bibliografia, tendo os

erros de execução técnica sido assinalados em quatro fichas de observação

(uma para cada técnica de nado). As fichas de observação foram elaboradas

tendo por base os modelos técnicos de Chollet (1997), Costill et al. (1992), e

Maglischo (1993). A partir dos modelos técnicos sugeridos pelos autores

referidos, procedemos à decomposição de cada técnica de nado em vários

parâmetros de observação, procurando que as respectivas fichas de

observação fossem rigorosas e pormenorizadas, assim como que respeitassem

as diferenças individuais de cada nadador. As fichas de observação (check-

lists) são apresentadas em Anexo.

Page 73: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

53

Cada check-list contempla categorias técnicas que, por sua vez, agrupam um

conjunto de itens ou parâmetros técnicos. Assim, em todas as técnicas,

procuramos avaliar o desempenho do nadador relativamente às seguintes

categorias: (i) Equilíbrio (técnicas alternadas), Posição/Movimento do Corpo e

da Bacia (técnica de Bruços) e Movimento Ondulatório (técnica de Mariposa);

(ii) Posição/Trajectória dos segmentos (cabeça, MS e MI) e (iii) Respiração.

Também se procurou diagnosticar algumas características importantes de cada

técnica, como o tipo de Sincronização entre MS e MS (técnicas alternadas),

Sincronização entre MS e MI e a Variante Técnica utilizada.

Desta forma, foi estudada a incidência de erros técnicos em cada estilo de

nado, procurando-se observar uma diferenciação entre técnicas e entre

subgrupos sexuais no que se reporta às várias fases da trajectória subaquática

dos MS e dos MI, assim como as diferentes categorias técnicas já acima

referenciadas (equilíbrio, respiração, sincronização e movimento ondulatório). A

frequência de erros técnicos foi expressa em percentagem do total de itens

técnicos apresentados na check-list.

Mais especificamente, a check-list da técnica de Crol contempla aspectos

relativos à posição do corpo (equilíbrio), à posição e trajectória dos segmentos

(posição da cabeça; postura e acção dos MS - entrada, acção descendente,

acção lateral interior, acção ascendente e saída/recuperação das mãos;

orientação e acção dos MI), à sincronização entre MS e MS, entre MS e MI e à

respiração.

A check-list relativa à técnica de Costas é muito semelhante à de Crol,

diferenciando-se apenas ao nível das fases do trajecto motor subaquático dos

MS. Assim, a ficha contem aspectos relativos à posição do corpo (equilíbrio), à

posição e trajectória dos segmentos (posição da cabeça; postura e acção dos

MS - entrada, 1º acção descendente, 1º acção ascendente, 2º acção

descendente, número de fases propulsivas e saída/recuperação das mãos;

orientação e acção dos Ml), à sincronização entre MS e MS e à sincronização

entre MS e MI.

Page 74: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________________MATERIAL E MÉTODOS

 

54

A check-list da técnica de Bruços permite avaliar os aspectos referentes à

variante de nado utilizada pelo nadador, à posição e movimento do corpo e da

bacia (movimento ondulatório), à posição e trajectória dos segmentos (posição

da cabeça; postura e acção dos MS - entrada, acção lateral exterior, acção

lateral interior e recuperação; acção dos Ml - acção descendente, acção lateral

interior e recuperação), à sincronização (MS e MI) e à respiração.

Por último, a check-list da técnica de Mariposa reporta-se, tal como a de

Bruços, ao movimento ondulatório, à posição e trajectória dos segmentos

(posição da cabeça; postura e acção dos MS - entrada, acção lateral exterior,

acção descendente, acção lateral interior, acção ascendente e recuperação;

acção dos Ml), à sincronização (MS e MI) e à respiração.

Os procedimentos estatísticos utilizados consistiram na análise de frequências

dos erros técnicos observados, na elaboração de valores médios e desvios

padrão (Statview SE + Graphics TM para Macintosh) e comparação de

proporções relativas para grupos independentes através de um Teste Z

(Microstat para PC).

Page 75: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

55

5 – Apresentação dos Resultados

Os resultados relativos à percentagem total de erros técnicos encontrados em

cada uma das quatro técnicas de nado são apresentados na Figura 1. Os

resultados são apresentados por subgrupo sexual.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

Mariposa Costas Bruços Crol

Masculino

Feminino

Total

Figura 1. Percentagem total de erros técnicos encontrados em cada uma das 4 técnicas de nado. Os resultados são apresentados através de valores médios por subgrupo sexual para a totalidade da amostra.

Como podemos observar na Figura 1, a incidência de erros técnicos verificada

em cada uma das técnicas de nado varia entre 24% e 55% para o grupo

masculino e entre 28% e 39% para o grupo feminino, não se verificando

diferenças estatisticamente significativas (DES) entre nadadores e nadadoras

em cada técnica.

Em ambos os sexos, podemos verificar uma tendência para uma maior

percentagem de erros na Técnica de Costas, seguida da Técnica de Crol, da

Técnica de Mariposa e da Técnica de Bruços, em ordem decrescente de

ocorrência percentual de incorrecções técnicas.

Err

os

Téc

nic

os

(%)

Page 76: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

56

Relativamente à totalidade da amostra em cada técnica, os valores variam

entre 26% (Técnica de Bruços) e 47% (Técnica de Costas), e não se verificam

DES entre as quatro técnicas de nado.

Nas Figuras 2, 3, 5 e 7 são apresentados os resultados relativos à

percentagem de erros técnicos observados para as diferentes categorias

técnicas e fases do ciclo gestual de cada uma das quatro técnicas de nado

(Mariposa, Costas, Bruços e Crol, respectivamente). Os resultados são,

também, apresentados por subgrupo sexual. Os resultados relativos à

caracterização das técnicas de nado estudadas no que se refere aos tipos de

sincronização entre MS e Ml, entre MS e MS, assim como as variantes técnicas

utilizadas, estão presentes nas Figuras 4, 6 e 8 (Costas, Bruços e Crol,

respectivamente).

Figura 2. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases e categorias técnicas da Técnica de Mariposa. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual. Legenda: ø e ¥, DES entre categorias técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a Posição e Trajectória dos Segmentos.

Ø ¥

Ø

¥

Posição e Trajectória dos Segmentos

Page 77: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

57

Como se observa na Figura 2, não existem diferenças entre os dois géneros

nas várias categorias técnicas e fases do ciclo motor subaquático.

Relativamente às DES entre as categorias técnicas, podemos referir que a

componente Movimento Ondulatório apresenta DES em relação à Respiração,

assim como para as restantes componentes que apresentam valores abaixo do

percentil 30, em ambos os sexos, estando representadas na Figura 2 por ø. No

subgrupo feminino existem ainda DES entre as categorias Movimento

Ondulatório e Acção Ascendente dos MS, representadas por ¥ na Figura.

Figura 3. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases e componentes técnicas da Técnica de Costas. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual. Legenda: * representa uma DES para as variáveis em causa (p<0.05); ø e ¥, DES entre categorias técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a Posição e Trajectória dos Segmentos.

Na Figura 3, é possível observar DES entre os dois subgrupos sexuais quando

nos referimos à 1ª Acção Descendente dos MS. No entanto, note-se que para

um p≤0.10 podíamos considerar que tanto a 2ª Acção Descendente dos MS

Posição e Trajectória dos Segmentos

Ø

* Ø ¥

¥

Page 78: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

58

como os MI apresentavam DES. Relativamente às DES entre categorias

técnicas e fases do trajecto subaquático dos MS, podemos mencionar a sua

existência no que se refere à relação entre a 1ª Acção Descendente dos MS e

a Entrada; a Saída e a 1ª Acção Descendente, em ambos os géneros

(representada na figura por ø e ¥, respectivamente).

Figura 4. Percentuais de ocorrências dos tipos de sincronização entre MS e Ml e entre MS e MS observados na Técnica de Costas.

Na Figura 4 estão presentes os restantes resultados relativos à Técnica de

Costas, onde é possível observar o facto de a grande maioria dos nadadores

da amostra utilizarem um padrão de sincronização de 6 batimentos de Ml por

ciclo de MS (86% no género masculino e 100% no género feminino), e uma

sincronização Alternada entre MS na totalidade da amostra. Assim, através

destas claras preferências, podemos referir a existência de DES entre o padrão

de sincronização de 6 batimentos de MI por ciclo de MS e o de 4 batimentos

por ciclo, e entre a sincronização alternada e a semi-sobreposta e sobreposta,

em ambos os géneros.

Page 79: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

59

Outro resultado importante, embora não representado graficamente, diz

respeito ao número de fases propulsivas do trajecto dos MS realizadas pelos

nadadores da presente amostra. Assim, foi possível verificar que a totalidade

da amostra apresentou um ciclo de MS com 3 fases propulsivas.

Figura 5. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases e componentes técnicas da Técnica de Bruços. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual. Legenda: ø, ¥ e £, DES entre categorias técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos a Posição e Trajectória dos Segmentos.

Relativamente à Figura 5, não existem diferenças entre os dois géneros nas

várias categorias técnicas e fases do ciclo motor subaquático. No entanto,

note-se que para p≤0.07 podíamos considerar que existem DES na Acção

Lateral Interior dos MS. No que se refere às DES entre categorias técnicas e

fases do trajecto subaquático dos MS e MI, podemos referir que as categorias

Recuperação dos MI e a Respiração, assim como a Recuperação dos MI e a

Cabeça, apresentam DES entre si no género masculino; e no género feminino

existem DES entre as categorias Acção Lateral Interior dos MI e Acção Lateral

Posição e Trajectória dos Segmentos

Ø ¥

Ø ¥

£

£

Page 80: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

60

Exterior dos MS (representadas na Figura 5 pelos símbolos ø, ¥ e £,

respectivamente).

No que se refere às variantes da Técnica de Bruços utilizadas, na Figura 6

podemos verificar que não existem DES entre os dois géneros. No entanto,

pode-se dizer que se verificou uma tendência do género masculino para a

Variante Formal e do género feminino para a Variante Natural. Em relação aos

restantes nadadores, estes apresentam-se repartidos de igual forma pela

Variante Natural e Natural com recuperação aérea; enquanto as nadadoras

distribuem-se, por ordem decrescente, pela Variante Formal e Natural com

recuperação aérea.

Quanto ao padrão de sincronização entre MS e MI, podemos verificar que

existem DES entre os dois géneros na sincronização sobreposta. No que se

refere às DES entre tipos de sincronização podemos referir que, no género

feminino, a sincronização descontínua apresenta DES face à sincronização

contínua e a sobreposta; e no género masculino a sincronização descontínua

apresenta valores estatisticamente significativos quando comparada com a

contínua, assim como a sobreposta quando comparada com a contínua

(representadas na Figura 6 pelos símbolos ø, ¥ e £, respectivamente). Desta

forma, os nadadores optam pela sincronização descontinua e sobreposta,

enquanto as nadadoras usam preferencialmente a sincronização descontínua

ou a contínua.

Page 81: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

61

Figura 6. Percentuais de ocorrências dos tipos de Variantes e Sincronização entre MS e MI observados na Técnica de Bruços. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual. Legenda: * representa uma diferença estatisticamente significativa para as variáveis em causa (p<0.05); ø, ¥ e £, DES entre categorias técnicas.

Na Figura 7, não existem diferenças entre os dois géneros nas várias

categorias técnicas e fases do ciclo motor subaquático. Relativamente às DES

entre as categorias técnicas, podemos referir que, no género masculino, a

componente Acção Descendente dos MS apresenta DES em relação à Acção

Ascendente dos MS, assim como para as restantes componentes que

apresentam valores abaixo do percentil 30. Quanto ao género feminino, a

componente Cabeça apresenta DES em relação ao Equilíbrio, assim como

para as restantes componentes que apresentam valores abaixo do percentil 22

(representadas na Figura 7 pelos símbolos ø e ¥, respectivamente).

Ø ¥

Ø ¥ £

* Ø £

Page 82: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

62

Figura 7. Percentagem de erros técnicos observados para as diferentes fases e componentes técnicas da Técnica de Crol. Os resultados são apresentados por subgrupo sexual. Legenda: ø e ¥, DES entre categorias técnicas; Total PTS - Categoria que abarca todos os parâmetros relativos à Posição e Trajectória dos Segmentos.

Por último, estão presentes na Figura 8 os resultados relativos aos tipos de

sincronização entre MS e Ml e entre MS e MS utilizados pelos nadadores da

presente amostra onde podemos verificar que não existem DES entre os dois

géneros. No entanto, é possível observar uma clara preferência

(estatisticamente significativa) dos nadadores de ambos os géneros pela

utilização de 6 batimentos de Ml por ciclo de MS, em detrimento da realização

de 4 ou 2 batimentos. Quanto à sincronização dos MS, existe também uma

evidente preferência (estatisticamente significativa) quanto à sincronização

Alternada, em ambos os géneros (72% género masculino e 78% género

feminino). Os restantes nadadores da amostra utilizam apenas a sincronização

Semi-sobreposta, não havendo assim, nenhum nadador a usar a sincronização

Sobreposta.

Ø

Ø

¥

¥

Posição e Trajectória dos Segmentos

Page 83: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

63

Figura 8. Percentuais de ocorrências dos tipos de sincronização entre MS e MI e entre MS e MS observados na Técnica de Crol.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Page 84: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

 

64

 

Page 85: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

65

6 – Discussão dos Resultados

Através da observação dos resultados apresentados nas figuras anteriores e

dos dados que sustentam a literatura, pode-se referir que o intervalo percentual

de ocorrência de erros técnicos parece ter elevado valor, tendo em conta o

facto dos sujeitos da amostra serem nadadores de competição e, sobretudo,

fazerem parte de uma selecção regional. Apesar da insuficiência de valores

comparativos existentes na literatura, podemos no entanto, comparar com um

estudo de Soares et al. (1998) cuja amostra foi constituída por 62 nadadores

juvenis (32 género masculino e 33 género feminino) mas que apresenta

diferentes características quanto ao número de unidades de treino semanais (8

a 9 sessões/semana). Neste referido estudo, foi igualmente considerado

elevado o intervalo percentual de erros obtido para a totalidade da amostra.

Outro estudo semelhante elaborado por Fernandes (1999), sendo constituído

por uma amostra mais significativa (101 nadadores do escalão etário pré-júnior:

48 género masculino e 53 género feminino), e de conter características

semelhantes ao estudo de Soares et al. quanto ao número de unidades de

treino semanais (8 sessões/semana), apresentou um inferior intervalo

percentual de erros para a totalidade da respectiva amostra.

Esta avaliação qualitativa da técnica, sendo um instrumento utilizado

comummente no dia a dia do treino, apoia-se apenas na observação simples

dos movimentos dos nadadores assumindo um carácter muitas vezes

subjectivo. Assim, segundo Soares et al. (2001), diferentes avaliadores com

características semelhantes no que respeita a experiencia desportiva,

profissional e formação académica, apresentam resultados razoavelmente

semelhantes quando realizam avaliações qualitativas da técnica de nado

baseadas em registos vídeo e listas de verificação. Entendendo e aceitando a

variabilidade interindividual no desempenho técnico dos nadadores, as

diferenças encontradas entre estes avaliadores serão decorrentes do cunho

pessoal que cada nadador coloca no nado de cada uma das técnicas e da

interpretação que cada um faz do gesto técnico ideal, o que não sendo erro

técnico, afasta o seu desempenho, mais ou menos, do modelo de nado de

Page 86: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

66

referência. Dizendo isto de forma mais simples, o entendimento do que é o

melhor gesto para cada um dos nadadores pode ser diferente para cada

avaliador, o que justifica as diferenças nos resultados.

Apesar de o modelo técnico de avaliação seguido ter sido idealizado para

nadadores com a sua formação já terminada, com estes resultados podemos

detectar uma elevada semelhança entre os valores percentuais obtidos no

nosso estudo e no estudo de Soares et al. (1998). No entanto, todos poderão

ser explicados pela tradicional tendência de orientação do processo de treino

de uma forma dominantemente condicional e bioenergética e não tanto

vocacionada para a optimização biomecânica do gesto (Vilas-Boas, 1991b).

Segundo Navarro e Arsenio (1999), o treino da técnica estará continuamente

ligado ao rendimento, ocupando um lugar proeminente e diferenciado nas

distintas etapas da evolução desportiva. Outro factor poderá estar relacionado

com as diferentes idades cronológicas e consequentemente com os níveis

maturacionais de cada sujeito visto passarem por idades com um elevado

desenvolvimento físico e psíquico-social.

Na Técnica de Costas verificou-se uma tendência para um maior percentual de

incorrecções técnicas em ambos os géneros. Este mesmo facto sucedeu no

estudo elaborado por Fernandes (1999), onde o mesmo autor referiu que, na

sua opinião, esta superior percentagem de erros era devido ao facto da técnica

de Costas ser a única técnica que não possibilita aos nadadores a observação

das suas acções motoras subaquáticas. No entanto, segundo Colwin (1998),

apesar de os nadadores não conseguirem observar a acção dos seus MS,

conseguem observar e controlar a sua posição corporal. Segundo esta

afirmação, acreditamos que este facto poderá fazer com que se verifique uma

tendência dos nadadores para a realização de um dos erros mais frequentes

na técnica de Costas, isto é, colocação do “queixo ao peito”, que

posteriormente levará à posição “sentado”, ao afundamento da bacia, aos MI

profundos e consequentemente, ao aumento do arrasto hidrodinâmico. A

técnica de Crol apresenta-se como a segunda técnica de nado com uma

tendência para um elevado número de erros, no entanto, é a técnica mais

utilizada no processo de treino e ao longo da preparação dos nadadores

Page 87: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

67

devendo por isso, na nossa opinião, apresentar um menor percentual de erros

técnicos.

Relativamente a Mariposa, por ser uma técnica simultânea, é geralmente

considerada, como uma técnica de mais difícil execução devido às dificuldades

condicionais que apresenta e ainda às dificuldades relacionadas com a

correcta sincronização das acções dos MS e dos MI (Fernandes, 1999). Assim,

quando comparada com as restantes, apresenta-se como a menos económica

em termos de eficiência, uma vez que para a mesma velocidade horizontal

média, o dispêndio energético é superior, despendendo energia suplementar

para vencer forças de inércia e, ciclo a ciclo, reacelerar a massa do nadador e

a massa de água que ele transporta (Holmér, 1974; Vilas-Boas, 1993).

Quanto à técnica de Bruços, apesar de também apresentar dificuldades ao

nível coordenativo quanto à sincronização temporal das diferentes acções

motoras do MS e dos MI de forma a minimizar as flutuações intracíclicas da

velocidade, foi a técnica onde se observou uma menor tendência para a

incidência percentual de erros técnicos. Assim, por estes motivos, julgamos

que os resultados do presente estudo relativamente às técnicas simultâneas,

poderão ser justificados pela importância que a comunidade técnica revela

nestas técnicas, de forma a optimizar o rendimento do nadador, minimizando o

mais possível os erros e falhas técnicas.

No que se refere à não existência de DES entre as quatro técnicas de nado,

quer no subgrupo masculino quer no subgrupo feminino, acreditamos que o

ensino integrado e progressivo de todas a técnicas influencie estes resultados,

assim como a exercitação diária das mesmas ao longo do processo de treino.

Apesar dos nadadores da amostra não serem nascidos em anos iguais,

pertencem todos ao mesmo escalão etário competitivo, o que significa que

estes não são agrupados de acordo com a idade cronológica. O critério de

agrupamento de jovens nadadores através do seu estatuto maturacional, 13 e

12 anos de idade cronológica (nadadores e nadadoras, respectivamente)

segue a lógica evidenciada por alguns autores (Malina e Bouchard, 1991), os

quais referem que a puberdade ocorre mais cedo dois anos (em média) nas

raparigas do que nos rapazes, tendo sempre em conta que existem excepções

Page 88: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

68

à regra, pois a variabilidade individual do processo maturacional é ponto

assente (Sobral, 1988; Malina e Bouchard, 1991).

No que se reporta especificamente à Técnica de Mariposa, aferimos que a

categoria Movimento Ondulatório apresenta uma tendência para uma

percentagem mais elevada de ocorrência de incorrecções técnicas

comparativamente com a categoria Total PTS. Dentro da primeira categoria

referida, a Ondulação Inapropriada (insuficiente) foi o parâmetro técnico que

contribuiu para a sua elevada valorização. Relativamente a esta categoria

técnica, sabemos que o corpo deve estar o mais horizontal possível, com a

cabeça em posição natural no prolongamento do tronco durante as fases mais

propulsivas do trajecto motor dos MS, a anca deve dirigir-se para cima e para a

frente durante a primeira AD dos MI e a força da segunda AD dos MI não

deverá ser tão grande que eleve a anca acima da superfície da água, visto

interferir com a recuperação dos MS, nem tão pequena que não permita manter

a anca à superfície da água (Costill et al., 1992 e Maglischo, 2003). Segundo

os autores, estas características têm um papel importante na diminuição da

intensidade da força de arrasto hidrodinâmico oposta ao deslocamento do

nadador. Dentro da segunda categoria técnica referida, os parâmentros que,

por ordem decrescente, apresentam uma tendência para maior incidência de

erros, são a Acção Lateral Exterior e Acção Descendente, a Acção Lateral

Interior e a Acção Ascendente dos MS. Segundo Costill et al. (1992), estas

duas últimas fases apresentam-se como os pontos críticos da acção propulsiva

da técnica de Mariposa.

Das poucas categorias técnicas em que o subgrupo sexual masculino

apresenta uma tendência para um número de erros superior ao do subgrupo

feminino, podemos referir a Acção Ascendente dos MS e a Acção dos MI. Na

primeira categoria, o parâmetro técnico que contribuiu para a sua elevada

valorização foi o Trajecto Subaquático demasiado curto, o que faz com que os

nadadores não beneficiem correctamente da segunda fase mais propulsiva da

acção dos MS (Costill et al., 1992 e Maglischo, 2003). Segundo Maglischo

(1993), esta fase deve ser inicialmente orientada para fora até que as mãos se

encontrem à largura da anca e posteriormente, orientada para cima até à

emersão das mesmas e o início da recuperação aérea. Quanto à segunda

Page 89: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

69

categoria, este facto deve-se em grande parte, não à falta de força dos

nadadores mas à amplitude de batimento exagerada e ao trajecto motor

assimétrico efectuado pelos mesmos.

Relativamente à Técnica de Costas, no que se refere ao número de erros

existentes entre géneros, os nadadores apresentam em praticamente todos os

parâmetros (à excepção da entrada dos MS), uma tendência para valores

superiores em relação às nadadoras. Quanto às diferenças entre os dois

subgrupos, estas são estatisticamente significativas na 1ª Acção Descendente

dos MS e apresentam ainda uma tendência bastante elevada na 2ª Acção

Descendente dos MS. Através da observação e recolha dos dados da amostra

acreditamos que as diferenças apresentadas na 1ª Acção Descendente dos

MS se devem ao facto de, grande parte dos nadadores, “empurrarem” a água

directamente para baixo perdendo assim o alinhamento horizontal que por sua

vez leva a que a propulsão tenha por base o arrasto propulsivo em detrimento

da força ascensional; e ainda o cotovelo caído perdendo força propulsiva

efectiva. Apesar de esta fase ser considerada pouco propulsiva, o seu objectivo

é colocar o MS em posição para, posteriormente, realizar força propulsiva.

Quanto à tendência para um elevado número de erros existente entre géneros

na 2ª Acção Descendente dos MS, estes poder-se-ão dever à realização do

trajecto motor com os MS em extensão e com uma dominância antero-posterior

(Maglischo, 1993). Segundo o referido autor, estas faltas são mais notórias nos

nadadores com pouca experiência e com um deficit no suporte muscular, que é

o caso da nossa amostra. Segundo Chollet (1990), estas são as fases mais

propulsivas do trajecto motor dos MS. No estudo realizado por Fernandes

(1999), podemos verificar resultados bastante semelhantes nesta fase do

trajecto motor, à excepção da superior incidência de erros técnicos no género

feminino e inferior no género masculino.

Ainda na técnica de Costas, podemos verificar que o Equilíbrio apresenta uma

tendência para uma percentagem mais elevada de ocorrência de incorrecções

técnicas comparativamente com a categoria Total PTS. Dentro da primeira

categoria referida, a Rotação Longitudinal do Tronco Incorrecta (insuficiente) foi

o parâmetro técnico que contribuiu para a sua elevada valorização.

Relativamente a esta categoria técnica, sabemos que a rotação do corpo não

Page 90: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

70

deve exceder os 45°, revelando-se importante uma vez que facilita as acções

da fase aquática dos MS, a fase de recuperação, a acção equilibradora dos MI,

e ainda na manutenção do alinhamento lateral. Os inúmeros erros técnicos

observados em Costas podem ser devidos ao elevado número de incorrecções

na Rotação Longitudinal do Tronco e à elevada existência de Desvios Laterais

da Anca causados, nomeadamente, por uma Postura/Orientação Incorrecta da

Mão na entrada (Costill et al., 1992). Outro facto que contribui bastante para o

elevado número de ocorrências de faltas nesta categoria técnica é a dificuldade

em obter uma posição tão horizontal quanto possível, verificando-se algumas

situações de afundamento da bacia (Bacia Muito Baixa) em ambos os géneros,

devido, nomeadamente, ao posicionamento da cabeça em flexão (Maglischo,

1993). Costill et al. (1992) salientam que as dificuldades sentidas pelos

nadadores quando utilizam a Técnica de Costas se resumem em grande parte,

ao facto de terem de se posicionar em decúbito dorsal, o que os força a realizar

acções segmentares laterais dos MS em vez de as realizar sob o corpo.

Relativamente à categoria técnica Total PTS, o parâmetro que aparece com

maior valorização em ambos os géneros é a 1ª Acção Descendente. Esta

valorização deve-se, sobretudo, ao facto dos nadadores realizarem

frequentemente uma 1ª Acção Descendente incompleta. Costill et al. (1992),

faz referência a este erro técnico, dizendo que os nadadores tendem

erradamente, a empurrar a água no sentido antero-posterior imediatamente

após a entrada do MS.

Relativamente ao número de fases propulsivas do trajecto motor subaquático

dos MS, os resultados encontrados na nossa amostra mostram que os

nadadores, ao realizam 3 fases propulsivas, descuram o efeito propulsivo da

última fase ascendente após a 2º AD dos MS. Costill et al. (1992) referem que

nem todos os nadadores realizam este quarto tempo propulsivo e que,

curiosamente, alguns obtêm propulsão durante esta fase sem terem

consciência disso. Por seu lado, Maglischo (1993) realça o facto de um grande

número de nadadores especialistas na Técnica de Costas que utilizam o quarto

tempo propulsivo, possuem uma característica anatómica que lhes traz

vantagem propulsiva, isto é, a hiperextensão do MS decorrente da laxidez da

articulação do cotovelo.

Page 91: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

71

Relativamente à sincronização entre MS, verificamos que os resultados por nós

encontrados na totalidade da amostra, estão de acordo com Chollet (1997), em

que o autor evidencia que na Técnica de Costas, a única sincronização que se

justifica é a Alternada, enquanto em Crol a sincronização sobreposta e semi-

sobreposta também têm as suas vantagens. Por outro lado, Navarro et al.

(1990) e Colwin (1998) referem que a sincronização semi-sobreposta é a ideal,

pois possibilita a continuidade da acção propulsiva dos MS e, desta forma,

evita que a desaceleração seja maior. Quanto à sincronização dos MS e MI,

Costill et al. (1992) e Maglischo (1993) referem que todos os costistas de nível

mundial, quase sem excepção, utilizam 6 batimentos de Ml por ciclo de MS.

Esta sincronização verificasse, também, na grande maioria dos nadadores

infantis constituintes da nossa amostra.

No que se reporta especificamente à Técnica de Bruços, aferimos que a

categoria Posição/Movimento do corpo e da Bacia apresenta uma tendência

para uma percentagem mais elevada de ocorrência de incorrecções técnicas

comparativamente com a categoria Total PTS. Quanto à primeira categoria

referida, o parâmetro técnico que contribuiu para a sua elevada valorização foi

a Amplitude Incorrecta do Movimento Ondulatório. Relativamente a esta

categoria técnica, sabemos que o movimento ondulatório na técnica de Bruços

varia de acordo com os três tipos de variantes, ou seja, no Bruços Formal, o

tronco deve permanecer numa posição tão horizontal e estável quanto possível

durante todo o ciclo gestual; enquanto no Bruços Natural, o corpo deve assumir

um movimento ondulatório de orientação caudal que implica uma maior

amplitude de movimentos e acções propulsivas dominantemente oblíquas e

transversais e, por fim, no Bruços Natural com recuperação aérea dos MS, o

movimento ondulatório do corpo deve evidenciar uma acentuação céfalo-

caudal mais pronunciada do que no Bruços Natural (Vilas-Boas, 1993).

Relativamente à categoria técnica Total PTS, os parâmetros que aparecem

com maior valorização em ambos os géneros encontram-se inseridos na acção

dos MI, ou seja, por ordem decrescente de número de erros técnicos,

Recuperação, ALI e AD dos MI. Segundo Fernandes (1999), a acção dos Ml é

considerada, de uma forma unânime, como o gesto técnico mais difícil e anti-

Page 92: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

72

natural desta técnica de nado, assim como lhe é atribuída um papel

fundamental no que se refere à propulsão e sincronização global da técnica.

Estes resultados parecem sugerir que, à semelhança dos obtidos por Soares et

al. (1998) e Fernandes (1999), os treinadores prestam maior atenção a acção

dos MS do que à correcção da acção dos MI.

Assim, sendo a AD e a mudança de orientação dos pés (de rotação externa

para rotação interna) dois momentos bastante propulsivos na acção dos MI,

acreditamos que a fase que se segue (ALI) também deve ser potenciada,

sendo considerada como uma fase muito importante na acção global dos MI.

Posto isto, de acordo com o registo da nossa amostra consideramos que

deverão ser evitados erros técnicos como as Superfícies plantares juntas no

final da ALI e trajectos motores assimétricos. Quanto à Recuperação dos MI e

tendo em conta que é a fase que apresenta um superior número de erros no

presente estudo, deverão ser evitados erros como a Recuperação com flexão

acentuada da anca ou a recuperação com afastamento exagerado dos joelhos,

de forma a torna-la menos resistiva. Algumas das incorrecções técnicas

referidas neste parágrafo poderão ter como explicação uma falta de

flexibilidade em articulações chave do movimento dos Ml (e.g. articulação tibio-

tarsica e articulação do joelho), à semelhança dos resultados obtidos por

Soares et al. (1998) e Fernandes (1999).

Quanto ao número de erros técnicos, além da acção dos MI, gostaríamos ainda

de fazer referência, à elevada tendência apresentada pelo género masculino na

Acção Lateral Interior dos MS, visto ser a acção mais propulsiva dos MS (Vilas-

Boas, 1993). Os parâmetros técnicos que mais contribuiram para estes

resultados foram: Acção Lateral Interior Incompleta e Postura/Orientação

Incorrecta das mãos, o que traduz que os nadadores da nossa amostra não

terminam uma fase do trajecto motor dos MS que possui uma capacidade

excepcionalmente eficaz de produção de força propulsiva (Maglischo, 1993).

Quanto às diferenças entre os dois subgrupos na Acção Lateral Interior dos

MS, estas não são estatisticamente significativas mas apresentam uma

tendência bastante elevada.

Page 93: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

73

No que se refere ao tipo de Variantes utilizadas no presente estudo, podemos

verificar que foram usadas as três variantes técnicas geralmente utilizadas

pelos nadadores, as quais estão claramente definidas na literatura (cf.

Maglischo, 1993; Vilas-Boas, 1993), ou seja, Bruços Formal, Bruços Natural e

Bruços Natural com recuperação aérea. Quanto à distribuição das variantes da

Técnica de Bruços por género, verificamos a preferência de metade da amostra

do género masculino pela variante Formal, enquanto no género feminino o

mesmo se verifica mas desta vez pela variante Natural. Estes resultados são

semelhantes aos obtidos por Fernandes (1999). Segundo Colman et al. (1992),

o facto das nadadoras apresentarem níveis de flexibilidade superiores na zona

lombar da coluna vertebral poderá ser uma das razoes pelas quais as mesmas

são melhores sucedidas no Bruços natural (o qual apresenta um movimento

ondulatório do corpo bastante acentuado). Corroborando esta afirmação, Vilas-

Boas (1997) sugere também, uma melhor adaptabilidade do Bruços natural às

características corporais femininas. A variante Natural com recuperação aérea,

apesar de pouco frequente e de apresentar deslocamentos das mãos mais

tortuosos do que, por exemplo, o Bruços Natural (Vilas-Boas, 1993), podemos

verificar a utilização da mesma em alguns dos nadadores do nosso estudo.

Relativamente ao tipo de Sincronização entre MS e Ml utilizado nesta técnica,

verificamos que no género masculino as preferências distribuem-se

equitativamente entre a sincronização Descontínua e a sincronização

Sobreposta, não tendo a recuperação contínua obtido a preferência de nenhum

nadador. Quanto ao género feminino, verificamos a preferência de grande parte

da amostra pela sincronização descontínua, e a restante pela sincronização

contínua, visto a sobreposta não ter obtido a preferência de nenhuma

nadadora. Na opinião de Maglischo (1993) e Cruchinho (1997), a Sincronização

Sobreposta é a que deverá ser adoptada de forma a eliminar, ou pelo menos

reduzir, o período de desaceleração entre o final da fase propulsiva da acção

dos Ml e o início da fase propulsiva da acção dos MS.

No que se reporta especificamente à Técnica de Crol, a categoria que se

apresenta mais valorizada em termos de ocorrência de erros técnicos é a Total

Page 94: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

74

PTS, em relação às outras duas categorias, Equilíbrio e Respiração. Quanto à

primeira categoria referida, os parâmetros técnicos mais valorizados em termos

de ocorrência de erros são a Cabeça, a Acção Descendente dos MS e a

Entrada dos MS. Na Cabeça, o aspecto técnico que contribuiu para a sua

elevada valorização foi a Incorrecta Posição da mesma presente em ambos os

géneros. Na Acção Descendente dos MS, a sua elevada valorização foi

causada por erros técnicos como AD muito curta; Cotovelo baixo, o que faz

com que o antebraço empurre a água directamente para baixo diminuindo a

força propulsiva efectiva e por conseguinte, haja perda de alinhamento

horizontal. Segundo Maglischo et al., 1988, esta fase é considerada como uma

das fases do trajecto subaquático dos MS mais criticas em termos de eficácia

propulsiva. Por outro lado, Costill et al. (1992) referem que a AD não é uma

acção propulsiva, tendo, no entanto, o papel muito importante de preparar o

posicionamento do MS para a acção propulsiva que se lhe segue, a ALI. Na

Entrada dos MS, os aspectos técnicos que contribuiram para a sua elevada

valorização foram a Entrada com o MS em extensão e a Postura/Orientação

incorrecta da mão. Relativamente a esta categoria técnica, sabemos que a

entrada da mão na água deve ser feita com o MS flectido, no prolongamento do

ombro de forma a provocar a menor turbulência e arrasto de onda. Depois de

entrar, acontece o deslize, em que se dá a extensão do cotovelo em imersão e

o adiantamento do ombro do mesmo lado.

Relativamente às diferenças existentes entre categorias técnicas, verificaram-

se DES entre a Acção Descendente e a Acção Ascendente dos MS no género

masculino. No entanto, na AA dos MS podemos observar que as nadadoras

apresentam uma maior ocorrência de erros técnicos do que os nadadores. Este

facto parece ser justificado por uma notória diferença na capacidade de força

muscular, sendo as nadadoras claramente deficitárias neste campo (Maglischo,

1993). Estes resultados também foram observados por Soares et al. (1998) e

Fernandes (1999). Segundo Costill et al. (1992), a AA dos MS é a fase do

trajecto subaquático com maior capacidade propulsiva efectiva, o que implica

que as nadadoras do presente estudo estão a incidir em erros claramente

influenciadores da sua velocidade de nado.

Page 95: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

75

Em relação à sincronização dos MS e MI, verifica-se uma preferência

(estatisticamente significativa) dos nadadores de ambos os géneros pela

sincronização de 6 batimentos de MI por ciclo de MS, em relação aos 4 e 2

batimentos de MI por ciclo de MS. Segundo Costill et al. (1992), a

sincronização de 2 acções de MI por ciclo de MS é mais utilizada por

nadadores de distância, nomeadamente pelas nadadoras. A justificação da

preferência das nadadoras em oposição à utilização dos 6 batimentos por ciclo

de MS usada mais pelos nadadores, deve-se à facilidade que as primeiras têm

em manter os Ml à superfície devido à sua superior capacidade de flutuação.

Pelo contrário, os nadadores necessitam de ter um ritmo de MI bastante

superior para evitar o afundamento dos mesmos devido ao seu superior peso

especifico relativo. Quanto à sincronização dos MS, os nadadores do presente

estudo optam maioritariamente pela sincronização Alternada, os restantes

optam pela sincronização Semi-sobreposta, visto a Sobreposta não ter obtido a

preferência de nenhum nadador. Estes resultados estão de acordo com a

literatura da especialidade (Chollet, 1990 e Costill et al., 1992).

Page 96: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 

76

Page 97: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_______________________________________________________________CONCLUSÕES

 

77

7 – Conclusões

Da análise efectuada sobressaem as seguintes conclusões fundamentais:

1) Os nadadores Infantis estudados apresentam um intervalo percentual de

ocorrência de erros técnicos elevado, traduzindo uma carência em programas

de treino orientados para a optimização biomecânica do gesto técnico.

2) Nas quatro técnicas convencionais de nado, não existem DES relativas ao

número de erros técnicos entre géneros.

3) Existe uma tendência para uma superior percentagem de erros técnicos na

Técnica de Costas no género masculino.

4) A Técnica de Costas apresenta uma tendência para um percentual de

incorrecções técnicas superior em ambos os géneros. Em ordem decrescente

de percentagem de erros técnicos seguem-se-lhe as Técnicas de Crol,

Mariposa e Bruços.

5) A Técnica de Mariposa apresenta um percentual elevado de ocorrência de

erros na categoria técnica Movimento Ondulatório, em ambos os géneros.

6) Na Técnica de Costas existem DES entre os dois géneros quando nos

referimos à 1ª Acção Descendente dos MS. Nesta mesma técnica, a totalidade

da amostra realiza 3 fases propulsivas no trajecto motor subaquático dos MS,

facto que descura o efeito propulsivo da última fase ascendente dos MS.

7) De uma forma geral, os nadadores Infantis, enquanto grupo, tendem a

apresentar falhas técnicas nos pontos críticos do trajecto subaquático, isto é,

nas fases da acção dos MS mais propulsivas ou nas fases que as precedem

(por exemplo, ALI em Mariposa, 1ª AD e 1ª AA em Costas, e AD e ALI em

Crol). A Técnica de Bruços apresenta-se como uma excepção, uma vez que os

erros técnicos se situam, sobretudo, na acção propulsiva dos MI (por exemplo,

ALI e Recuperação).

8) Á semelhança do observado em nadadores de classe mundial, os

nadadores do presente estudo utilizam diferentes variantes da Técnica de

Page 98: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

_______________________________________________________________CONCLUSÕES

 

78

Bruços, preferindo, no entanto, o Bruços Formal (género masculino) e o Bruços

Natural (género feminino). Relativamente ao tipo de Sincronização entre MS e

MI, verificamos uma preferência das nadadoras pela sincronização

Descontínua, enquanto os nadadores apresentam as sincronizações

Descontínua e Sobreposta com valores de preferência equitativos.

9) Na técnica de Crol e Costas, a grande maioria dos nadadores Infantis

optam pela utilização de 6 batimentos de MI/ciclo de MS, assim como uma

sincronização alternada entre MS e MS em ambos os géneros (preferências

estatisticamente significativas).

Page 99: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

79

8 – Referências Bibliográficas

 

Alves, F. (1995). Economia de nado e prestação competitiva – determinantes

mecânicas e metabólicas nas técnicas alternadas. Tese de Doutoramento.

Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.

Alves, F. (1996). Economia de nado, técnica e desempenho competitivo nas

técnicas alternadas. Natação, V (28): separata.

Alves, F. (1997). O desenvolvimento dos factores de desempenho competitivo

no jovem nadador. 2º Seminário de Natação. Motrijúnior, FMH. Lisboa.

Alves, F. (1998). O modelo biomecânico das técnicas de nado no século XXI:

as técnicas alternadas. In: A. José Silva e J. Campaniço (eds.). Actas do I

Seminário Internacional de Natação, pp. 9-35. Universidade de Trás-dos-

Montes e Alto Douro, Vila Real.

Arellano, R., Térres-Nicoli, J. M e Ridondo, J. M. (2006). Fundamental

hydrodynamics of swimming propulsion. Revista Portuguesa de Ciências do

Desporto 6 (Supl. 2): 15-22.

Bachman, J. (1983). Three Butterfly pulls. Swimming Technique. 29(1): 23-25.

Barbosa, T. M. (2000). Análise tridimensional da cinemática da técnica de

Mariposa ao realizarem-se ciclos de inspiração frontal, ciclos de inspiração

lateral e ciclos não inspiratórios. Dissertação apresentada à Faculdade de

Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto para a obtenção de

grau de Mestre em Ciências do Desporto, Porto.

Page 100: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

80

Barbosa, T., Sousa, F., Vilas-Boas, J. P. (1999). Kinematical modifications

induced by the introduction of lateral inspiration in Butterfly stroke. In: Keskinen,

K., Komi, P., Hollander, P (Eds.), Biomechanics and Medicine in swimming VIII.

pp.15-20. Gummerus Printing, Jyvaskyla

Barbosa, T. M., Fernandes, R. J., Keskinen, K. L., Colaço, P., Cardoso, C.,

Silva, J., Vilas-Boas, J. P. (2006). Evaluation of the energy expenditure in

competitive swimming strokes. Int J Sports Med. 27: 894-899.

Barthels, K. M e Adrian, M. J. (1971). Variability in the dolphin kick under four

conditions. In: Lewillie e J. P. Clarys (Eds.), First International Symposium on

“Biomechanics in Swimming, Waterpolo and Diving. pp. 105-118. Université

Libre de Bruxeles, Laboratoire de L’ effort. Bruxelles.

Barthels, K. M. e Adrian, M. J. (1975). Three dimensional spatial hands patterns

of skilled Butterfly swimmers. In: L. Lewillie e J.P. Clarys (eds.). Swimming II,

pp. 154-160. University Park Press, Baltimore.

Bompa, T. (1999). Periodization: Theory and Methodology of Training. Human Kinetics.

Castelo, J.; Barreto, H.; Alves, F.; Mil-Homens, P.; Carvalho, J.; Vieira, J.

(1996). Metodologia do treino desportivo. Edições FMH - Universidade Técnica

de Lisboa. Lisboa

Cazorla, G. (1984). De l’evaluation en activité physique et sportive. Travaux et

recherches en EPS Nº7, Evaluation de la valeur physique. INSEP, Paris.

Page 101: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

81

Cazorla, G. (1993). Tests specifiques d’evaluation du nageur. Association pour

la recherché et l’evaluation en activité physique et en sport, Cestas.

Chollet, D. (1990) Approche scientifique de la notation sportive, pp 123-130

Editions Vigot, Paris.

Chollet, D. (1997). Approche scientifique de la Natation Sportive. Editions Vigot.

Paris.

Colman, V.; Persyn, U. (1991) Diagnosis of the movement and physical

characteristics leading to advice in breaststroke. In: Continental corse in

swimming for coaches, 1- 28, FINA-COI-DSV.

Colwin, C. (1998). The backstroke. Swimming Tech., 34 (4): 5-8.

Colwin, C. M. (1992). Swimming into the 21st century. Leisure Press. Champaign.

Illinois.

Costill, D.L. (1985). The 1985 C.H. Mc Cloy research lecture practical problems

in exercise physiology research. Res. Quart., 56 (4): 378-384.

Costill, D. L.; Maglischo, E. W.; Richardson, A. (1992). Swimming. Blackwell

Scientific Publications, Oxford.

Page 102: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

82

Couto, F. (2000). Caracterização do Treino de Natação do escalão de Infantis

em Portugal. Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto. Porto.

Craig, A. e Pendergast, D. (1979). Relationships of stroke rate, distance per

stroke and velocity in competitive swimming. Medicine and Science in Sport. 11

(3): 278-283.

Crist, J. (1979). An analytical comparison between two types of Butterfly pull

patterns – the crossover and the keyhole. Swimming Technique. 15(4): 110-

117.

Cruchinho, C. (1997). O treino do brucista – uma abordagem prática.

Comunicações apresentadas ao XX Congresso Técnico – Cientifico da

Associação Portuguesa de Técnicos de Natação, Setubal

Cruz, A. (2003). A Economia de nado para nadadores de ambos os géneros e

de nível desportivo diferenciado. Dissertação de licenciatura. Faculdade do

Desporto da Universidade do Porto. Porto.

Duarte, M. (2000). Cinemática Tridimensional dos Membros Inferiores na

Técnica de Crol. Caracterização do padrão de execução motora dos membros

inferiores a níveis distintos de fadiga. Dissertação de licenciatura. Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto. Porto.

Page 103: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

83

Fernandes, R. (1999). Perfil Cineantropométrico, Fisiológico, Técnico e

Psicológico do nadador Pré-júnior. Dissertação apresentada às provas de

mestrado de alto rendimento no âmbito do Mestrado em Ciências do Desporto,

especialidade de treino de alto rendimento desportivo da Faculdade de

Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Porto.

Fernandes, R. (2002). Exemplificação de um Protocolo de Avaliação e Controlo

de Treino em Nadadores Jovens. 2ª Edições – Piscinas Municipais de Santa

Maria da Feira. FCDEF-UP, Porto.

Fernandes, R.; Santos Silva, J.V.; Vilas-Boas, J.P. (1988). A importância da

avaliação e controlo do treino em Natação. FCDEF-UP.

Fernandes, R., Santos Silva, J. V., Vilas-Boas, J. P. (1997). Natação: Vivências

Específicas e Conhecimentos Teóricos Básicos Colectânea de Textos.

Documento de apoio à disciplina de Estudos Práticos I – Natação. Associação

de Estudantes FCDEF – UP, Porto.

Fernandes, R.; Carmo, C.; Vilas-Boas, J.P. (2002) Textos de apoio à disciplina

de Metodologia I – Natação, FCDEF-UP.

Fernandes, R., Mouroço, P., Querido, A., Silva, J. V. S. (2003).

Operacionalização de um macrociclo de treino para nadadores jovens. Livro de

resumos do 26º Congresso Técnico-Científico da Associação Portuguesa de

Técnicos de Natação. APTN, Estoril.

Fernandes, R., Aleixo, I., Soares, S., Vilas-Boas, J.P. (2008). Anaerobic Critical

Velocity: A New Tool for Young Swimmers Training Advice (chapter 10).

In: N. P. Beaulieu (edt.), Physical Activity and Children: New Research, pp.211-

223. Nova Science Publishers, Inc. New York. ISBN: 978-1-60456-306-1.

Page 104: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

84

Figueiras, T. (1995). Alterações biomecânicas da técnica de Mariposa ao longo

da prova de 200 m: comparação de nadadores infantis e seniores. Dissertação

de Mestrado em Ciências do Desporto na especialidade de Desporto Alto

Rendimento - Natação. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação

Física da Universidade do Porto, Porto.

Gomes Pereira, J. (1986). Relatório de controlo do treino 1985/86. Federação

Portuguesa de Natação, Lisboa.

Gosalvez, M. (1995). Critérios básicos a tener en cuenta en la planificación del

entrenamiento en nadadores jóvenes. In: El entrenamiento en jóvenes

nadadores, pp.118-114. Instituto Vasco de Educación Física, Victoria-Gasteiz.

Grosser e Neumaier (1986). Técnicas de entrenamiento. Barcelona: Ediciones

Martinez Roca S. A..

Grosser, M.; Bruggeman, P.; Zintl, F. (1989). Alto rendimiento deportivo.

Planificación y desarrolo. Ed. Martinéz roca, Barcelona.

Holmér, I. (1974). Propulsive efficiency of breaststroke and Freestyle swimming.

Eur. J. Appl. Physiol., 33 : 95-103.

Holmér, I. (1983). Energetics and Mechanical work swimming. In: A. P.

Hollander, P. A. Huinjing e G. de Gross (eds.), Biomechanics and Medicine in

Swimming, pp. 154-164. Human Kinetics Publischer, Champaign, Illinois.

Page 105: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

85

Lima, A. B. (2005). Conhecimento de resultados e eficiência no treino da

técnica em natação: concepção, desenvolvimento e avaliação de um sistema

de “biofeedback” para o treino da técnica em nadadores. Dissertação de

Doutoramento no ramo das Ciências do Desporto da Faculdade de Ciências do

Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Porto.

Maglischo, E.W.; (1993). Swimming Even Faster. Mayfield Publishing

Company, Moutain View, Califórnia.

Maglischo, E.W.; (2003). Swimming Even Faster. Mayfield Publishing

Company, Moutainview, Califórnia.

Malina, R. e Bouchard, C. (1991). Growth, maturation and physical activity.

Human Kinetics Books. Champaign, lllinois.

Marques, A. (2000). Modelação do Crescimento do Desempenho na Natação

Pura Desportiva Portuguesa. Um novo instrumento de medida para a avaliação

e formulação de objectivos (sexo masculino). Dissertação de Mestrado em

Ciências do Desporto na especialidade de Desporto para Crianças e Jovens da

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do

Porto. Porto.

.Miwa, T., Matsuuki, K., Shintani, H., Kamata, E. e Nomura, T. (2006). Unsteady

flow measurement of dolphin kicking wake in sagital plane using 2c-PIV.

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto 6 (Supl.2): 64-67.

Navarro, F. (1989). Hacia el Domínio de la Natación. El niño y la actividad física

y deportiva. Gymnos Editorial

Page 106: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

86

Navarro, F. ; Arsénio, O. (1999). La Natación y su Entrenamiento. Técnica,

Planificação y Análisis Pedagógico. Gymnos Editorial

Navarro, F.; Feal, A. (2001). Planificación y control de entrenamiento en

Natación. Editorial Gymnos.

Oliveira, A. (2001). Modelação do crescimento do desempenho na Natação

Pura Desportiva Portuguesa nas provas femininas de técnicas simultâneas.

Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Porto.

Persyn. U.; Vervaecke, (1980). Technical evaluation and orientation for skill in

sprinying for competitive swimmers. In: Psichology of motor behavior. Human

Kinetics Publishers. Champaign, Ilinois.

Persyn, U.; Daly, D.; van Tilborgh, L.; Dessein, M.; Verhetsel, D.; Vervaecke, N.

(1984). Evaluation of elite swimmers (video). Institut voor Lichamelijke

Opleiding, Research Unit “Aquatics”. Audiovisuel Dienst, K.U. Leuven, Leuven.

Proença, J. (1985). Controlo do Treino. Necessidade ou emergência? Horizonte

8: 52-54.

Querido, A. (2002). Modelação do crescimento do desempenho na Natação

Pura Desportiva Portuguesa nas provas femininas de técnicas alternadas e

estilos. Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto. Porto.

Page 107: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

87

Rocha, S. (2006). Caracterização do Treino do Escalão de Formação em

Natação. Dissertação de licenciatura. Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto. Porto.

Sanders, R. (1996). Some aspects of butterfly technique of New Zeland Pan

Pacific squad swimmers. In: Troup, J. P., Hollander, A. P., Strasse, D., Trappe,

S. W., Cappaert, J. M e Trappe, T. A (Eds.), Biomechanics and Medicine in

Swimming VII. pp.23-28. E & FN Spon. London.

Sanders, R. (2001a). Applying mechanical concepts to improve mid-pool

swimming. XXIV Congresso Técnico – Científico de APTN (Edição em CD

ROM). Rio Maior.

Sanders, R. (2001b). What we can learn and use from the latest swimming

science research on starts and turns. XXIV Congresso Técnico – Científico da

APTN (Edição em CD ROM). Rio Maior.

Santos Silva, J.V. (1998). Critérios de selecção de valores e sua integração na

via competitiva. Acção de formação do Sporting Clube de Braga – Natação:

Actividade Educativa. Braga

Soares, S.; Fernandes, R.; Santos Silva, J.; Vilas-Boas,J.P. (1998). The

importance of the technical evaluation on the training control in swimming –

Subjective analysis of the swimmers from the Swimming Association of the

North of Portugal. IV World Congress of Notational Analysis of Sport. Faculty of

Sport Sciences and Physical Education, University of Porto, Portugal.

Page 108: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

88

Soares, S.; Fernandes, R.; Carmo, C.; Santos Silva, J.; Vilas-Boas,J.P. (2001).

Avaliação qualitativa da técnica em Natação. Apreciação da consistência de

resultados produzidos por avaliadores com experiência e formação similares.

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto 1 (3): 22-32.

Sobral, F. (1988). O adolescente atleta. Colecção Horizonte de Cultura Física,

Livros Horizonte, Lisboa.

Sobral, F.; Barreiros, M (1980). Fundamentos e técnicas de avaliação em

educação física. ISEF-UTL, Lisboa.

Troup, J. P. (1991). A descriptive analysis of the undulation breaststroke

technique in swimming. In: International Center of Aquatic Research – Annual

studies by the International Center for Aquatic Research. pp. 17-123. United

States Swimming Press. Colorado Springs.

Toussaint, H.M. (1992). Performance determining factors in front crawl

swimming. In: D. Maclaren, T. Reilly e A. Lees (eds), Biomechanics and

Medicine in Swimming – Swimming science VI, pp. 13-32. E& FN Spon,

London.

Villanueva, L. (1994). El control del entrenaiento-Teoria y prática.

Comunicaciones Técnicas, 6:7-26. Federación Espanõla de Natación.

Vilas-Boas, J.P. (1987). O mecanismo propulsivo em natação, pp. 11-14.

Provas de aptidão pedagógica e capacidade científica. ISEF-UP, Porto.

Page 109: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

89

Vilas-Boas, J.P. (1989a). Controlo do treino em Natação: considerações gerais,

rigor e operacionalidade dos métodos de avaliação. Comunicação apresentada

às Jornadas Técnicas Galaico-Durienses de Natação. Corunha, Espanha.

Vilas-Boas, J.P. (1989b). Bases do controlo de treino em natação I. Natação.

F.P.N., 4 (1): 29-35.

Vilas-Boas, J.P. (1990). Questões ético-deontológicas da avaliação da

capacidade de rendimento desportivo. In: J. Bento e A. Marques (eds),

Desporto Ética e Sociedade, pp.183- 190. FCDEF-UP, Porto.

Vilas-Boas, J.P. (1991). Avaliação objectiva da técnica em nadadores: um

método de monitorização das variações da velocidade de nado por ciclo

gestual na técnica de bruços. Resumos do I Congresso Ibérico de Técnicos de

Natação e XIV Congresso da Associação Portuguesa de Técnicos de Natação,

Lisboa.

Vilas-Boas, J.P. (1993). Caracterização biofísica de três variantes da técnica de

bruços. FCDEF-UP, Porto.

Vilas-Boas, J.P. e Duarte, J. A. (1994). Factores de eficiência no treino de

nadadores. Comunicações apresentadas no XVI Congresso Técnico-Científico

da Associação Portuguesa de Técnicos de Natação. APTN, Figueira da Foz.

Vilas-Boas (1996). A Biomecânica na formação de competências do treinador.

Comunicações do XIX Congresso Técnico-Científico da Associação

Portuguesa de Técnicos de Natação. Portimão

Page 110: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

________________________________________________REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

90

Vilas-Boas, J.P. (1998). A técnica como base da estrutura de formação do

nadador. V Jornadas Técnico-Científicas, Póvoa de Varzim.

Vilas-Boas, J. P. (2001a). O ensino e aprimoramento das técnicas de bruços e

mariposa. In: 1ª Jornada de natação Feira Viva. Sta. Maria da Feira.

Villanueva, L. (1994). El control del entreinamiento: teoria e pratica.

Comunicationes técnicas. Federation Espanhola de Natacion, 6: 7-26.

Page 111: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

____________________________________________________________________ANEXOS

 

91

9 – Anexos

 

 

 

Page 112: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e
Page 113: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Nadador Data:

Observador: Meios auxiliares: Sim Não Quais?

S N Observações

MOVIMENTO ONDULATÓRIO Ondulação apropriada

POSIÇÃO/TRAJECTÓRIA DOS SEGMENTOS

Cabeça

Incorrecta colocação da cabeça e ombros na entrada

Membros Superiores

Entrada muito lateral

Entrada muito central

Entrada com violência

Postura/orientação incorrecta das mãos

Acções curtas Acção Lateral Exterior Acção Descendente

Cotovelo baixo

Postura/orientação incorrecta das mãos Trajecto motor muito lateral

Incorrecta flexão dos membros superiores

Trajecto motor assimétrico

Postura/orientação incorrecta das mãos

Trajecto subaquático demasiado curto

Recuperação baixa com contacto com a água Recuperação assimétrica

Membros Inferiores

Extensão dorsal insuficiente do pé Joelhos demasiados afastados Amplitude de batimento exagerada

Trajecto motor assimétrico SINCRONIZAÇÃO

Assíncronia entre o 1º tempo descendente de MI e os MS Assíncronia entre o 2º tempo descendente de MI e os MS Um batimento de MI por ciclo de MS

RESPIRAÇÃO Emersão precoce da cabeça Emersão atrasada da cabeça Imersão tardia da cabeça

Page 114: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Nadador Data:

Observador: Meios auxiliares: Sim Não Quais?

S N Observações

EQUILÍBRIO Desvios laterais da anca Bacia muito baixa

Rotação longitudinal do tronco incorrecta POSIÇÃO/TRAJECTÓRIA DOS SEGMENTOS

Cabeça

Incorrecta posição da cabeça

Membros Superiores

Postura/orientação incorrecta da mão Entrada fora do alinhamento longitudinal do ombro

Apoio com o MS flectido

Postura/orientação incorrecta das mãos 1ª Acção Descendente muito curta Cotovelo baixo

Trajecto motor incorrecto

Postura/orientação incorrecta das mãos Ausência/encurtamento da 1ª Acção Ascendente

Trajecto motor incorrecto

Trajectos motores assimétricos

Postura/orientação incorrecta das mãos

Ausência/encurtamento da 1ª Acção Descendente

Número de fases propulsivas: 3 4

Postura/orientação incorrecta das mãos na saída Recuperação baixa e lateral

Membros Inferiores

Postura/orientação incorrecta dos pés Joelhos demasiados flectidos Flexão exagerada da anca Amplitude de batimento incorrecta

SINCRONIZAÇÃO Entre MS e MI: 6 bat. por ciclo 4 bat. por ciclo Entre MS e MS: sobreposta semi-sobreposta alternada

Page 115: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Nadador

Data: Observador:

Meios auxiliares: Sim Não Quais?

Variante: Formal Natural Outra S N Observações

POSIÇÃO/MOVIMENTO DO CORPO E DA BACIA Colocação incorrecta da bacia Amplitude incorrecta do movimento ondulatório

POSIÇÃO/TRAJECTÓRIA DOS SEGMENTOS Cabeça

Incorrecta profundidade da cabeça Incorrecta posição da cabeça

Membros Superiores

Postura/orientação incorrecta das mãos Amplitude incorrecta da Acção Lateral Exterior

Cotovelo baixo

Postura/orientação incorrecta das mãos Mãos passam a vertical dos ombros Acção Lateral Interior incompleta Acção Lateral Interior lenta

Trajectos motores assimétricos

Recuperação com MS afastados Extensão incompleta dos MS

Membros Inferiores

Postura/orientação incorrecta dos pés

Acção descendente pouco profunda

Acção Lateral Interior incompleta Superfícies plantares juntas no final da ALI

Trajecto motor assimétrico

Recuperação com flexão acentuada da anca Recuperação com rotação externa da coxa

SINCRONIZAÇÃO Entre MS e MI: Contínua Descontínua Sobreposta

RESPIRAÇÃO Emersão precoce da cabeça Emersão atrasada da cabeça Imersão tardia da cabeça

Page 116: Caracterização Técnica Qualitativa de Nadadores Infantis · 2018-11-24 · Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e

Nadador Data:

Observador: Meios auxiliares: Sim Não Quais?

S N Observações

EQUILÍBRIO Desvios laterais da anca Bacia muito baixa Rotação longitudinal do tronco incorrecta

POSIÇÃO/TRAJECTÓRIA DOS SEGMENTOS

Cabeça

Incorrecta posição da cabeça

Membros Superiores

Postura/orientação incorrecta da mão Entrada fora do alinhamento longitudinal do ombro

Entrada com o cotovelo baixo

Entrada com o MS em extensão

Postura/orientação incorrecta das mãos Acção Descendente muito curta Cotovelo baixo

Trajecto motor incorrecto

Início precoce da Acção Lateral Interior Postura/orientação incorrecta das mãos

Trajecto motor incorrecto

Postura/orientação incorrecta das mãos

Encurtamento da Acção Ascendente

Trajectos motores assimétricos

Postura/orientação incorrecta das mãos na saída

Recuperação baixa e lateral

Membros Inferiores

Postura/orientação incorrecta dos pés Joelhos demasiados flectidos Flexão exagerada da anca Amplitude de batimento incorrecta

SINCRONIZAÇÃO Entre MS e MI: 6 bat. por ciclo 4 bat. por ciclo 2 bat. por ciclo 2 bat. cruzados por ciclo Entre MS e MS: sobreposta semi-sobreposta alternada

RESPIRAÇÃO Postura/orientação incorrecta da cabeça na respiração Mas há pouca rotação do corpo Rotação fora do tempo