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CARACTERIZAÇÃO DE UM GRUPO DE GRÁVIDAS COM DIABETES GESTACIONAL Patrícia Osório Orientado por: Dra. Joana Coutinho Trabalho de Investigação Porto, 2007

CARACTERIZAÇÃO DE UM GRUPO DE GRÁVIDAS COM DIABETES … · 2013-07-30 · enough to optimize glicemic control in 70,2% of women. Conclusions: The most prevalent risk factors for

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CARACTERIZAÇÃO DE UM GRUPO DE GRÁVIDAS

COM DIABETES GESTACIONAL

Patrícia Osório

Orientado por: Dra. Joana Coutinho

Trabalho de Investigação

Porto, 2007

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i

Índice

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... ii

Resumo em Português e Inglês ......................................................................... iii

Introdução .......................................................................................................... 1

Objectivos .......................................................................................................... 8

Material e Métodos ............................................................................................. 9

Resultados ....................................................................................................... 15

Discussão......................................................................................................... 35

Conclusões ...................................................................................................... 44

Referências Bibliográficas ................................................................................ 44

Anexos…………………………………………………………………………………49

Índice de Anexos……………………………………………………………………..50

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ii

Lista de Abreviaturas

DG – Diabetes Gestacional

DGS – Direcção-Geral da Saúde

DM – Diabetes mellitus

HC – Hidratos de Carbono

HPH, EPE – Hospital Pedro Hispano, Entidade Pública Empresarial

IMC – Índice de Massa Corporal

OMS – Organização Mundial de Saúde

PTGO – Prova de Tolerância à Glicose Oral

RN – Recém-Nascido

RNDG2005 – Registo Nacional de Diabetes Gestacional de 2005

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

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iii

Resumo

A diabetes gestacional (DG) é uma intolerância aos hidratos de carbono e está

associada a um risco aumentado de morbilidades tanto maternas como fetais. A

intervenção nutricional faz parte da abordagem multidisciplinar da DG

preconizada pela Direcção-Geral da Saúde. Objectivo: O objectivo principal deste

trabalho foi caracterizar um grupo de grávidas com DG. Amostra: Foram incluídas

no estudo 57 grávidas com DG que frequentaram a consulta multidisciplinar de

Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco do Hospital Pedro Hispano, EPE, entre

Janeiro de 2006 e Março de 2007. Métodos: Foi realizada uma revisão

retrospectiva, nos processos clínicos das grávidas, de parâmetros socio-

demográficos, bioquímicos, antropométricos e alimentares das grávidas.

Resultados: Os factores de risco para a DG mais frequentes foram os familiares

em 1º grau diabéticos (49%), a idade 35 anos (33%) e o IMC 30Kg/m2 (32%). A

maioria das grávidas foi diagnosticada entre as 24 e as 32 semanas. Quarenta e

nove por cento das mulheres registaram um ganho ponderal adequado durante a

gravidez e terapêutica nutricional foi suficiente para a optimização do controlo

metabólico em 70,2% das grávidas. Conclusões: Os factores de risco mais

frequentes nesta amostra devem alertar para o provável aumento da prevalência

da DG no futuro. A intervenção nutricional desempenha um papel fundamental no

tratamento das grávidas com DG.

Palavras-chave: diabetes gestacional, intervenção nutricional, consulta

multidisciplinar, factores de risco, controlo glicémico.

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Summary

Gestational diabetes mellitus (GDM) is defined as glucose intolerance and

is associated with increased risk of both maternal and fetal morbidities.

Dietary therapy is part of the preconized multidisciplinary approach of

Gestational Diabetes Mellitus (GDM) by the Portuguese Health Department.

Objective: The main objective was to characterize a group of women with

GDM. Population: Fifty-seven women with GDM who attended the

multidisciplinary consultation of GDM in Hospital Pedro Hispano, EPE,

between January 2006 and March 2007. Methods: A retrospective review

study from the patient’s clinical files, of socio-demographic, biochemical,

anthropometrical and alimentary data. Results: The most frequent risk

factors were: family history of diabetes (49%), age 35 years and Body

Mass Index (BMI) 30Kg/m2. GDM diagnosis was made, in the majority of

woman, between 24 and 32 weeks of pregnancy. Fourty-nine per cent of

women had an appropriate weight gain during pregnancy. Diet therapy was

enough to optimize glicemic control in 70,2% of women. Conclusions: The

most prevalent risk factors for GDM in our population should call attention to

the likely prevalence increase of GDM in the future. Dietary therapy plays

an essential role in GDM’s management.

Key-words: gestational diabetes mellitus, diet therapy, multidisciplinary

consultation, risk factors, glicemic control.

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Introdução

A Diabetes Gestacional (DG) é uma intolerância de grau variável aos

hidratos de carbono, que é reconhecida ou diagnosticada pela primeira vez

durante a gravidez. Esta definição inclui as mulheres com diabetes não

reconhecida antes da gravidez e nas quais o diagnóstico foi feito no decorrer da

mesma, e aplica-se independentemente de ser necessário o tratamento com

insulina. Esta intolerância à glicose pode vir a persistir após a gravidez (1-3).

A gravidez é geralmente caracterizada por uma resistência progressiva à

insulina, que é mais acentuada a partir do terceiro trimestre de gestação (3). Na

maioria das mulheres, o organismo consegue compensar esta insulino-resistência

através do aumento da secreção de insulina, mas nas mulheres com DG esta

secreção é insuficiente para evitar a hiperglicemia (3, 4). Esta insulino-resistência

característica da gravidez parece resultar da combinação do aumento da

adiposidade materna e da dessensibilização à insulina provocada pelas hormonas

placentárias.

A prevalência da DG é muito variável, de 1 a 14% de todas as gravidezes,

dependendo da população estudada e dos critérios de diagnóstico utilizados (5).

Em Portugal Continental, um estudo realizado com mais de 1800 mulheres em

2005, revelou uma prevalência de 3,27%(6).

A DG é responsável, a curto prazo, pelo aumento da morbilidade materna e

fetal e, a médio e longo prazo, pela diminuição da tolerância à glicose ou

aparecimento de diabetes mellitus (DM) na mãe e na sua descendência (7-10). Para

os descendentes, esta patologia está associada ao aumento do risco de

macrossomia, fracturas ósseas, hipoglicemia neonatal, icterícia, policitemia,

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hipocalcemia e hiperilirrubinemia, podendo ainda afectar o desenvolvimento

intelectual. Quando comparadas com filhos de mulheres não diabéticas, estas

crianças estão mais susceptíveis de se tornarem obesas e de desenvolverem

DM2 (11). Por tudo isto, a DG é uma patologia preocupante em termos de Saúde

Pública (12). É importante a existência de programas de rastreio e diagnóstico que

permitam a identificação atempada da DG e que esta seja acompanhada e

vigiada, de forma a minimizar as suas complicações (13).

Em 1998, a Direcção-Geral da Saúde (DGS) estabeleceu, através de uma

Circular Normativa, os procedimentos que devem ser adoptados, a nível nacional,

pelos estabelecimentos oficiais de prestação de cuidados de saúde, no que se

refere ao seguimento da grávida com DG e da diabética gravídica. A consulta

deve ter carácter multidisciplinar, sendo obrigatoriamente constituída por um

Obstetra, um Endocrinologista/Internista com treino em diabetologia, um

Nutricionista/Dietista e um Enfermeiro especializado em obstetrícia com treino em

diabetologia (14).

Apesar das divergências no que se refere ao rastreio e diagnóstico da DG,

a necessidade de um controlo glicémico apertado para melhorar o prognóstico é

consensual (15).

Em Portugal o rastreio da DG é universal. Todas as mulheres devem ser

submetidas a uma prova de rastreio - prova de O’Sullivan -, entre as 24 e as 28

semanas de gestação. Quando as grávidas apresentarem características clínicas

compatíveis com elevado risco para o desenvolvimento desta patologia, devem

realizar a prova de rastreio após o diagnóstico da gravidez, durante o 1º trimestre.

Se for negativa deverá ser repetida entre as 24 e as 28 semanas de gestação e,

se a negatividade persistir, novamente às 32 semanas. Considera-se com

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elevado risco para o desenvolvimento de DG, a grávida que apresentar um ou

mais dos seguintes factores(2, 14, 16, 17):

- Familiares em 1ºgrau diabéticos

- Idade 35 anos

- Obesidade (Indíce de Massa Corporal (IMC) 30Kg/m2)

- Multiparidade ( 4 partos)

- Macrossomia fetal (peso 4Kg)

- Dois ou mais abortos espontâneos

- Diabetes gestacional em gravidez anterior

- Nados mortos ou morte perinatal, sem causa definida

Não é necessária a realização da prova de rastreio no caso das grávidas

que apresentem um valor de glicemia plasmática em jejum 126mg/dl ou se

numa determinação ao acaso (fora do contexto de rastreio) ela for 200mg/dl.

Estes valores constituem, por si só, diagnóstico de DG.

A prova de rastreio consiste na determinação da glicemia, 1h após a

ingestão de 50gr de glicose em 2dl de água, independentemente da grávida estar,

ou não, em jejum. O rastreio é considerado positivo e deve ser feita a confirmação

do diagnóstico, caso a glicemia plasmática seja 140 mg/dl.

Para confirmação do diagnóstico, a grávida deverá ser submetida à prova

de tolerância à glicose oral (PTGO), com 100gr de glicose em 4dl de água. Esta

prova deve ser efectuada de manhã, após uma noite de jejum de 10 a 14h, e os

três dias que a precedem devem incluir uma actividade física regular e uma dieta

não restritiva com pelo menos 150g de hidratos de carbono por dia. São feitas

colheitas de sangue em jejum e nos tempos 1h, 2h e 3h após a ingestão do

soluto. De acordo com os critérios de Carpenter e Coustan, o diagnóstico de DG é

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definitivo quando pelo menos dois resultados forem iguais ou superiores aos

referidos na Tabela 1(18):

Tabela 1 – Critérios de diagnóstico da DG

(Carpenter e Coustin)

Hora Glicemia plasmática (mg/dl)

0 95 1 180 2 155 3 140

Quando a PTGO é negativa, com rastreio positivo no início da gravidez,

deve ser repetida entre as 24 e as 28 semanas. Se a PTGO persistir negativa,

entre as 24 e as 28 semanas, deve ser repetida às 32 semanas (13, 18-20).

Depois de estabelecido o diagnóstico de DG, estas grávidas devem ser

acompanhadas, tal como preconizado pela DGS, por uma equipa multidisciplinar

especificamente vocacionada e com experiência nesta patologia. O seu

seguimento deve ser, pelo menos, quinzenal até às 36 semanas, e semanal daí

em diante. Destacam-se 4 aspectos fundamentais no tratamento da DG: a

monitorização glicémica, a terapêutica nutricional, a actividade física e a

terapêutica insulínica (21, 22).

A auto-vigilância glicémica é um método fundamental para a manutenção

da normoglicemia em grávidas com DG. É com base nestes registos que

assentam as decisões no tratamento desta patologia. A determinação da glicemia

capilar deverá ser feita em jejum e 1 a 2 horas após o pequeno-almoço, almoço e

jantar. As grávidas tratadas com insulina, devem ainda realizar determinações

antes do almoço e do jantar. Os valores de glicemia recomendados são: 60 a 90

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mg/dl em jejum, 60 a 105 mg/dl 1 hora antes das refeições, e 100 a 130mg/dl 1 ou

2 horas após (17, 19).

A terapêutica nutricional é o elemento chave no tratamento da DG (21). Em

grande parte das mulheres a intervenção nutricional é suficiente, dispensando a

insulinoterapia. A intervenção nutricional deve ser personalizada, garantindo a

provisão adequada do valor energético e dos nutrientes para atingir as

necessidades inerentes à gravidez e, ao mesmo tempo, os objectivos glicémicos

estabelecidos. Deve ter ainda em consideração as condicionantes sociais e

culturais. É fundamental a limitação dos hidratos de carbono, dado que estes são

a condicionante mais forte do pico glicémico pós-prandial (21, 23). A dieta deve ser

equilibrada e o seu valor energético fraccionado por 3 refeições principais

(pequeno-almoço, almoço e jantar), 2 a 3 intermédias (merenda da manhã e 1 a 2

lanches) e uma refeição ao deitar. No sentido de evitar a hipoglicemia nocturna e

a cetose matinal, esta última refeição deverá ser constituída por alimentos ricos

em hidratos de carbono complexos (21). O valor energético deverá seguir a

seguinte distribuição de macronutrientes: 50 a 55% de hidratos de carbono, 30%

de lípidos e 15 a 20% de proteínas (5, 21). A terapêutica nutricional deve ter em

consideração os dados antropométricos maternos, sendo aconselhado um ganho

ponderal em função do IMC: 12,5 a 18 Kg para mulheres com IMC<19,8 Kg/m2,

11 a 15 Kg para as que tenham IMC entre 19,8 e 26 Kg/m2, 7 a 11 Kg se IMC

entre 26,1 e 29 Kg/m2 e inferior a 6 Kg se IMC >29 Kg/m2(24).

O exercício físico contribui para um bom controlo glicémico, uma vez que

melhora a sensibilidade à insulina. Nas mulheres em que não existam contra-

indicações médicas ou obstétricas, o exercício físico deve ser aconselhado e

considerado um componente da terapêutica da DG. A actividade física deverá

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então ser incentivada como coadjuvante da terapêutica nutricional na obtenção de

um bom controlo glicémico, especialmente nos valores de glicemia pós-prandiais.

Não há um tipo de exercício específico a ser recomendado, devendo incentivar-se

a marcha diária, que evidencia uma melhoria na utilização da glicose periférica (21,

25-27).

A terapêutica insulínica surge no tratamento da DG quando, após uma a

duas semanas de terapêutica nutricional e actividade física, a grávida apresentar

valores de glicemia plasmática, por mais que uma vez, superiores a 90mg/dl em

jejum ou a 130mg/dl após as refeições. Quando isto se verifica a insulina é

prescrita pelo Endocrinologista e a evolução da sua administração é realizada em

função do controlo glicémico da grávida (17,19).

Após o parto, a alteração do metabolismo da glicose regride em 85 a 90%

das mulheres (22). No entanto, entre seis a oito semanas após o parto, todas as

grávidas a quem foi diagnosticada uma DG, devem realizar uma PTGO com 75 gr

de glicose, com determinação da glicemia em jejum e 2h após a ingestão do

soluto. Se a prova for normal serão classificadas como tendo uma anomalia

prévia da tolerância à glicose. Se a prova estiver alterada, serão classificadas, de

acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), como tendo

intolerância à glicose ou diabetes mellitus. (13, 17-20).

A consulta de Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco do Hospital Pedro

Hispano está organizada de acordo com os pressupostos estabelecidos pela DGS

e tem como objectivos o planeamento da gravidez na mulher diabética e a

optimização do controlo metabólico ao longo da gravidez, de forma a minimizar as

sequelas da DG.

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As grávidas são referenciadas pelo médico de família e seguidas por uma

equipa multidisciplinar que engloba uma Endocrinologista, uma Obstetra, uma

Nutricionista e uma Enfermeira com treino em diabetologia. A intervenção destas

profissionais de saúde é realizada individualmente, mas de forma articulada. As

diferentes consultas decorrem semanalmente, à terça-feira à tarde, de forma a

que as grávidas se dirijam ao hospital e sejam consultadas pelas diferentes

especialidades no mesmo dia. A troca de informação entre as diferentes

profissionais e a discussão de casos em particular, é uma característica desta

consulta que lhe confere um cariz dinâmico e multidisciplinar.

A consulta é aberta a todas as grávidas com DM do tipo 1 ou 2, com

diabetes gestacional e com factores de risco para a DG. O seguimento das

grávidas é periódico, variando entre semanal e quinzenal, de acordo com a

necessidade da grávida. O seu acompanhamento engloba a terapêutica

nutricional propriamente dita e toda a componente educacional inerente. É

importante transmitir à grávida os esclarecimentos necessários para que esta

colabore activamente no seu tratamento.

As estratégias terapêuticas utilizadas pelos profissionais de saúde que

acompanham as grávidas com DG, têm como objectivo primordial proporcionar a

estas mulheres uma gravidez saudável, tanto para a mãe como para o feto, e

torná-la o mais próxima possível da gravidez da mulher sem esta patologia(21).

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Objectivos

1. Caracterizar as grávidas com Diabetes Gestacional que frequentaram a

consulta multidisciplinar de Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco do

Hospital Pedro Hispano (HPH), EPE, entre Janeiro de 2006 e Março de

2007.

a) Descrever os factores de risco mais frequentes nas grávidas com

DG.

b) Determinar qual o período de gestação em que o diagnóstico da DG

foi mais frequente.

c) Avaliar a adequação do ganho ponderal em função do IMC durante

a gravidez.

d) Descrever os erros alimentares mais frequentes entre as grávidas

com DG.

e) Avaliar a correcção dos erros alimentares inicialmente cometidos

pelas grávidas.

f) Avaliar a necessidade de terapêutica insulínica nas grávidas com

DG.

2. Elaborar uma proposta de protocolo específico para a consulta de

Nutrição/Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco.

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Material e Métodos

Desenho do estudo

Neste trabalho de investigação foi realizada uma revisão, retrospectiva, dos

processos clínicos de 57 grávidas, seguidas na consulta Multidisciplinar de

Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco do HPH, EPE.

Selecção da amostra

A amostra utilizada neste estudo foi uma amostra de conveniência,

seleccionada através dos processos clínicos das grávidas que frequentaram a

consulta entre Janeiro de 2006 e Março de 2007.

Foram incluídas neste estudo:

1. Grávidas com diagnóstico de diabetes gestacional

2. Grávidas cujo parto tenha decorrido durante o período em estudo

3. Grávidas com mais de uma consulta, durante o período em estudo

4. Grávidas com gestação não-gemelar

De 120 mulheres seleccionadas inicialmente, 48 apresentavam factores de

risco para o desenvolvimento da DG, mas a gestação acabou por decorrer sem

que esta patologia se desenvolvesse, tendo por isso sido excluídas do estudo.

Para além destas 48 grávidas, foram excluídas quinze: 4 das quais por

apresentarem DM do tipo 1, 4 por apresentarem DM do tipo 2, 4 por

apresentarem intolerância à glicose (um só valor da PTGO alterado), 2 por

apresentarem gravidez gemelar e 1 por ter abandonado a consulta. Assim, de

uma população inicial de 120 grávidas, depois de aplicados os critérios de

inclusão, resultou uma amostra final de 57.

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Recolha de dados

Para a realização do trabalho, foi necessário obter uma autorização formal

do Conselho de Administração para a requisição dos processos clínicos, e foi

elaborado um Protocolo de Recolha de Dados (Anexo 1). A recolha dos dados

decorreu entre os meses de Fevereiro e Abril de 2007 e o protocolo era

constituído por:

Identificação: nº do processo clínico, nome, data de nascimento, idade na

1ª consulta, estado civil, escolaridade, profissão e situação profissional .

As profissões foram classificadas segundo a Classificação Nacional das

Profissões(28) e a situação profissional das grávidas foi avaliada em activa ou não

activa. Registaram-se também as grávidas que se encontravam desempregadas,

as que eram domésticas e as que estavam a estudar.

Informação clínica: idade gestacional na data do rastreio positivo (prova

de O’Sullivan positiva), idade gestacional na data do diagnóstico (PTGO positiva),

valores da PTGO aos 0, 60, 120 e 180 min, nº de gestações e nº de filhos.

Para analisar a idade gestacional na data do rastreio e a idade gestacional

na data do diagnóstico, procedeu-se à categorizarão destas variáveis de acordo

com as recomendações para a realização do rastreio da DG(1, 17, 20).

Factores de risco (presença de): familiares em 1º grau diabéticos,

idade 35 anos, obesidade, multiparidade, macrossomia fetal, dois ou mais

abortos espontâneos, DG em gravidez anterior e nados mortos ou morte perinatal

sem causa definida.

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Dados antropométricos: peso anterior à gravidez, estatura, IMC prévio à

gravidez e peso no final da gravidez.

O IMC foi calculado através da fórmula: Peso(Kg)/Altura(m)2(29) e

classificado de acordo com a classificação da OMS (30), evidenciada na Tabela 2.

Tabela 2 – Classificação internacional para baixo peso, excesso de peso e

obesidade para adultos de acordo com o IMC(30)

O ganho ponderal durante a gravidez foi calculado e comparado com o

ganho ponderal aconselhado em função do IMC: 12,5 a 18 Kg para mulheres com

IMC<19,8 Kg/m2, 11 a 15 Kg para as que tenham IMC entre 19,8 e 26 Kg/m2, 7 a

11 Kg se IMC entre 26,1 e 29 Kg/m2 e inferior a 6 Kg se IMC >29 Kg/m2 (29) (17,

31).

Hábitos tabágicos: não fumadora e fumadora e nº de cigarros por dia

Auto-controlo: controlo glicémico efectuado pela grávida ao longo da sua

gestação.

Foram registados os valores mínimos e máximos da glicemia em jejum,

após o pequeno-almoço, antes e após o almoço, antes e após o jantar e a

presença ou ausência de terapêutica insulínica. Os valores de referência

IMC (Kg/m2) Classificação <18,5 Baixo peso

18,5 – 24,9 Peso normal 25 – 29,9 Excesso de peso 30 – 34,9 Obesidade de grau I35 – 39,9 Obesidade de grau II

40 Obesidade de grau III

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utilizados foram: 60 a 90 mg/dl em jejum, 60 a 105 mg/dl 1h antes das refeições e

100 a 130 mg/dl 1 ou 2h após as refeições(19).

Para analisar a variável terapêutica insulínica em função da semana de

gestação em que esta se iniciou, procedeu-se à categorizarão da variável idade

gestacional de acordo com as recomendações para a realização do rastreio da

DG(1, 17, 31).

Erros alimentares verificados na 1ªconsulta de Nutrição e respectivo

follow-up.

Os erros alimentares foram registados e posteriormente categorizados em

24 erros:

1. ingestão de alimentos/bebidas açucarados/as

2. consumo isolado de fruta

3. omissão de sopa nas refeições principais

4. omissão de acompanhamento de hortícolas nas refeições principais

5. omissão do prato da refeição

6. excesso de HC ao pequeno-almoço

7. excesso de HC ao meio da manhã

8. excesso de HC ao almoço

9. excesso de HC ao meio da tarde

10. excesso de HC ao jantar

11. adição de açúcar

12. métodos de confecção culinária não cuidados (ricos em gordura)

13. omissão do pequeno-almoço

14. omissão do meio da manhã

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15. omissão do meio da tarde

16. omissão da ceia

17. jejum nocturno superior a 8h

18. consumo excessivo de fruta

19. “petiscar” (ingestão alimentar contínua ao longo do dia)

20. défice de HC ao pequeno-almoço

21. défice de HC ao almoço

22. défice de HC à ceia

23. consumo de bebidas alcoólicas

24. intervalo entre as refeições superior a 3h30

Dados do parto: idade gestacional, tipo de parto, peso do recém-nascido

(RN) e sua classificação e reclassificação da grávida 6 semanas após o parto.

O peso do RN foi classificado em: microssomia se <2500g, normal se entre

2500 e 4000g e macrossomia se 4000g (17). A reclassificação pós-parto das

grávidas foi feita de acordo com aos critérios da OMS (32): anomalia prévia da

tolerância à glicose, intolerância à glicose e diabetes mellitus.

Análise estatística

Na análise descritiva das variáveis foram utilizadas, para as variáveis

numéricas contínuas, medidas de tendência central (média), medidas de

dispersão (desvio-padrão; mínimo e máximo), e as frequências absolutas e

relativas para as variáveis categóricas.

O teste de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para verificar a normalidade

das distribuições das variáveis numéricas contínuas.

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14

A comparação de médias entre dois grupos independentes foi efectuada a

partir da prova t de Student para variáveis com distribuição normal, e a partir do

teste de Mann-Whitney para variáveis com distribuição diferente da normal. A

prova t de Student para amostras emparelhadas foi utilizada para verificar a

diferença das médias entre dois momentos de avaliação.Utilizaram-se os

coeficientes de correlação de Pearson e Spearman para quantificar o grau de

associação entre pares de variáveis. O teste de McNemar foi utilizado para

verificar a independência entre pares de variáveis.

O nível de significância utilizado foi de 5%.

A análise estatística dos dados foi efectuada através do software estatístico

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows (versão 14)®.

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15

Resultados

Descrição da amostra

Estado civil

Os resultados mostram que 96,4% das grávidas estudadas eram casadas

ou viviam em união de facto, 1,8% eram solteiras e 1,8% eram divorciadas.

Escolaridade

A média de anos de escolaridade das grávidas foi de 9,0±4,0 anos. Vinte e

um por cento das mulheres completaram o 2º Ciclo do Ensino Básico, 14,0%

completaram a escolaridade obrigatória e 15,9% apresentavam Bacharelato ou

Licenciatura. A distribuição das grávidas por grau de escolaridade encontra-se no

Gráfico 1.

Gráfico 1 – Distribuição por anos de escolaridade

12,3

3,5

21,1

12,314

5,3

10,5

3,5

15,9

1,8

0

5

10

15

20

25

%

4 5 6 7 9 10 12 14 15 -17 semregistoanos

Escolaridade

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16

Profissão e situação profissional

De acordo com a Classificação Nacional das Profissões, 7,0% das grávidas

eram Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas, 19,3% eram Técnicas

e Profissionais de nível intermédio, 7,0% incluíam-se no grupo profissional de

Pessoal Administrativo e Similares, 19,3% incluíam-se no grupo profissional de

Pessoal dos Serviços e Vendedores, 14,0% eram Operárias, Artífices e

Trabalhadoras Similares, 7,0% eram Operadoras de instalações e máquinas e

trabalhadoras da montagem e 10,5% eram Trabalhadoras não qualificadas. Das

grávidas em estudo, 8,8% estavam desempregadas, 5,3% eram domésticas e

1,8% encontravam-se a estudar. Das grávidas com actividade profissional, 66,7%

estavam a exercer a sua actividade. A distribuição por Grupos Profissionais

encontra-se no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Distribuição por Grupos profissionais

7

19,3

7

19,3

14

7

10,5

02468

101214161820

%

Classificação das ProfissõesEspecialistas das prof issõesintelectuais e científ icas

Técnicos e prof issionais denível intermédio

Pessoal administrativo esimilares

Pessoal dos serviços evendedores

Operários, artíf ices etrabalhadores similares

Operadores de instalações emáquinas e trabalhadores damontagemTrabalhadores nãoqualif icadosGrupos profissionais

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17

Idade

As grávidas apresentavam idades compreendidas entre os 20 e os 45

anos, sendo a média de idades de 32,1±5,7 anos. 33,3% das grávidas estudadas

apresentavam idade 35 anos.

Factores de risco

Os resultados obtidos revelam que 15,8% das grávidas não apresentavam

factores de risco e que as restantes 84,2% apresentavam entre 1 e 4 factores.

Dos factores de risco estudados, os encontrados com mais frequência foram os

familiares em 1º grau diabéticos (49,1%), a idade 35 anos (33,3%) e o IMC

30Kg/m2 (31,6%). A distribuição por factores de risco encontra-se no Gráfico 3.

Gráfico 3 – Distribuição por factores de risco

49,133,3

31,65,3

5,3

3,5

0

0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50%

Familiares em 1º grau Diabéticos

Idade >=35

IMC >= 30

Diabetes gestacional

Macrossomia fetal

Abortos espontâneos

Multiparidade

Nados mortos ou morte perinatal

Factores de risco

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18

Prova de O’Sullivan

O rastreio foi positivo até às 24 semanas, em 49,1% das mulheres, entre as

24 e as 28 semanas em 41,8% e depois das 32 semanas em 9,1% das mulheres,

como mostra o Gráfico 4.

Gráfico 4 – Distribuição por semana de gestação em que o rastreio foi positivo

49,1

41,8

9,1

05

101520253035404550

%

<24 24 - 28 >=32

Semanas de gestação

Rastreio positivo

PTGO

Das grávidas estudadas, 20% foram diagnosticadas com DG até às 24

semanas, 50,9% entre as 24 e as 32 semanas e 29,1% depois das 32 semanas.

Esta distribuição encontra-se no Gráfico 5.

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19

Gráfico 5 – Distribuição por semana de gestação em que foi

realizado o diagnóstico

20

50.9

29.1

0

10

20

30

40

50

60

%

<24 24 - 32 >=32

Semanas de gestação

Realização do Diagnóstico

Relativamente ao número de valores alterados da PTGO, 5,5%, 49,1%,

32,7% e 12,7% das grávidas tinham 1,2,3 e 4 valores alterados, respectivamente.

Esta distribuição encontra-se no Gráfico 6.

Gráfico 6 – Distribuição por número de valores alterados da PTGO

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20

5,5

49,1

32,7

12,7

05

101520253035404550

%

1 2 3 4Número de valores alterados da PTOG

Nº de valores alterados da PTOG

Os valores alterados da PTGO ocorreram com mais frequência aos 60 min

(87,3%) e aos 120 min (92,7%).

Encontraram-se diferenças estatisticamente significativas entre a média de

idades das mulheres cujo diagnóstico foi feito até às 24 semanas (<24semanas) e

as mulheres cuja diabetes foi diagnosticada depois das 24 semanas ( 24

semanas) (35,9±5,0 vs 31,5±5,4; p=0,018).

Nº de gestações e nº de filhos

Das grávidas em estudo 43,9% apresentavam uma 1ª gestação, 33,3%

uma 2ª, 19,3% uma 3ª e 3,5% uma 4ª gestação. Relativamente ao número de

filhos, 54,4% ainda não tinha nenhum, 35,1% tinha 1 e 10,5% tinha 2 filhos.

Estatura

A estatura média foi de 161,3±5,9 cm, sendo a estatura mínima de 150,0

cm e a máxima de 175,0 cm.

Peso anterior à gravidez

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21

As mulheres estudadas apresentavam, em média, um peso anterior à

gravidez de 71,3±16,1 Kg, estando este valor compreendido entre 43,0 e

119,0Kg.

IMC prévio à gravidez

As grávidas em estudo apresentavam um IMC médio de 27,3±5,9 Kg/m2,

um IMC mínimo de 17,9 e um IMC máximo de 44,8 Kg/m2. A distribuição da

amostra por classes do IMC encontra-se no Gráfico 7.

Gráfico 7 - Distribuição por IMC

Ao analisar o IMC em função da existência de familiares em 1º grau

diabéticos, não foi encontrada uma diferença com significado estatístico

(p=0,614), como se pode verificar na Tabela 3.

1,8

35,131,6

21,1

5,2 5,2

05

10152025303540

%

Baixo peso

Peso normal

Excesso de peso

Obesidade de grau I

Obesidade de grau II

Obesidade de grau III

Classificação

IMC

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22

Tabela 3 – IMC (kg/m2) por antecedentes familiares em 1º grau de DM

n % IMC (média d.p.) p

Com antecedentes 28 49,1 26,9 6,1 0,614

Sem antecedentes 29 50,9 27,7 5,6

d.p. – Desvio padrão

Ganho ponderal

Analisando os dados obtidos para o ganho ponderal, em função do IMC,

durante a gravidez, verificou-se que este foi adequado em 49,1% das grávidas e

reduzido ou excessivo, respectivamente, em 15,8% e 35,1% dessas mulheres,

como mostra a Tabela 4.

Tabela 4 – Ganho ponderal em função do IMC

n %

Ganho ponderal adequado 28 49,1

Ganho ponderal reduzido 9 15,8

Ganho ponderal excessivo 20 35,1

Analisando os dados sobre o ganho ponderal, verificou-se que as grávidas

que registaram uma maior percentagem de ganho ponderal excessivo foram as

que apresentavam IMC>29Kg/m2 (57,1%) (Tabela 5).

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23

Tabela 5 – Ganho ponderal excessivo em função do IMC (Kg/m2)

Grávidas com ganho

ponderal excessivo

IMC n %

<19,8 2 7,1

19,8 – 26 9 32,1

26,1 – 29 1 3,6

>29 16 57,1

Número de consultas

Os resultados mostram que 29,8%, 22,8%, 12,3%, 15,8% e 19,3% das

grávidas frequentaram, respectivamente, 2, 3, 4, 5 e entre 6 a 9 consultas. Esta

distribuição encontra-se no Gráfico 8. As grávidas frequentaram, em média, 3

consultas de Nutrição, tendo o número total de consultas oscilado entre 2 e 9.

Gráfico 8 – Distribuição por número de consultas frequentadas

29,8

22,8

12,315,8

19,3

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

%

2 3 4 5 6 a 9Número de consultas

Número de consultas

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24

Auto-controlo glicémico

As grávidas registaram um valor médio da glicose em jejum de

92,3±16,1mg/dl, da glicose após o pequeno-almoço de 131,4±27,7mg/dl, da

glicose antes do almoço de 107,6±32,0mg/dl, da glicose após o almoço de

123,8±23,9mg/dl, da glicose antes do jantar de 110,5±35,3mg/dl e da glicose após

o jantar de 128,8±25,8mg/dl (Tabela 6).

Tabela 6 – Auto-controlo glicémico das grávidas em ao longo do dia

Glicemias

(mg/dl)n Mínimo Máximo Média d.p.

Jejum 42 61,00 140,50 92,32 16,13

Após PA 43 79,00 233,00 131,36 27,70

Antes Almoço 25 71,00 212,50 107,63 32,01

Após Almoço 43 91,00 190,50 123,75 23,88

Antes Jantar 22 74,75 241,17 110,45 35,31

Após Jantar 41 87,00 213,50 128,83 25,83

PA – pequeno-almoço; d.p. – desvio padrão

As tabelas 7, 8, 9 e 10 apresentam as médias, dos valores mínimos e

máximos, das glicemias provenientes do auto-controlo glicémico das grávidas, na

1ª e 2ª consulta:

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25

Tabela 7 – Evolução da glicemia (mg/dl) mínima e máxima em jejum

Glicemia Jejum Consulta n Média d.p. Diferença das médias p

Mín 1ª 12 86,2 12,1 0,3 0,959 2ª 12 85,9 22,3

Máx 1ª 12 110,3 23,0 -2,3 0,710 2ª 12 112,6 31,4

Tabela 8 – Evolução da glicemia (mg/dl) mínima e máxima após o PA

Glicemia Após PA Consulta n Média d.p. Diferença das médias p

Mín 1ª 12 114 29,5 7,7 0,121 2ª 12 106,3 24,3

Máx 1ª 12 166,7 29,4 21,6 0,024 2ª 12 145,1 22,1

Tabela 9– Evolução da glicemia (mg/dl) mínima e máxima após o almoço

Glicemia Após Almoço Consulta n Média d.p. Diferença das médias P

Mín 1ª 13 93,5 14,2 -7,4 0,101 2ª 13 100,9 17,3

Máx 1ª 13 167,8 37,0 15,3 0,257 2ª 13 152,5 52,3

Tabela 10 – Evolução da glicemia mínima e máxima após o jantar

Glicemia Após Jantar n Média d.p. Diferença das médias p

Mín 1ª 13 104,3 24,6 0 1,000 2ª 13 104,3 22,7

Máx 1ª 13 157,6 36,3 6,4 0,394 2ª 13 151,2 28,3

Da análise dos valores encontrados verifica-se que existem diferenças

estatisticamente significativas (p=0,024) entre a média dos valores máximos de

glicose após o pequeno-almoço, da 1ª para a 2ª consulta (21,6mg/dl).

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26

Erros alimentares

Os resultados demonstraram que os erros alimentares mais frequentes na

1ª consulta de Nutrição foram:

o ingestão de alimentos/bebidas açucarados/as

o consumo isolado de fruta

o omissão de sopa nas refeições principais

o omissão de acompanhamento de hortícolas nas refeições principais

o adição de açúcar

o excesso de HC ao almoço

o excesso de HC ao jantar

o métodos de confecção culinária não cuidados (ricos em gordura)

o omissão da ceia

o jejum nocturno superior a 8h

Na Tabela 11 encontram-se os principais erros alimentares registados e a

sua evolução da 1ª para a 2ª consulta.

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27

Tabela 11 – Principais erros alimentares na 1ª consulta de Nutrição e sua

evolução

1ª Consulta 2ª Consulta

Erro alimentar n % n % p

Alimentos e bebidas açucarados/as 33 57,9 4 7,0 <0,001

FrutaIsolada 29 50,9 9 15,8 <0,001

OmissãoSopa 27 47,4 9 15,8 <0,001

OmissãoHortícolas 19 33,3 13 22,8 0,109

ExcessoHCAlm 17 29,8 2 3,5 <0,001

AdiçãoAçúcar 17 29,8 1 1,8 <0,001

ExcessoHCJant 16 28,1 1 1,8 <0,001

Métodos de confecção culinária não

cuidados 14 24,6 5 8,8 0,012

OmissãoCeia 13 22,8 3 5,3 0,013

Jejum nocturno superior a 8h 10 17,5 4 7,0 0,146

Ao comparar a evolução dos erros alimentares, da 1ª para a 2ª consulta,

verificou-se que as grávidas corrigiram a grande maioria dos erros, registando-se

uma diminuição estatisticamente significativa (p<0,05) da sua frequência. As

excepções encontradas consistiram na omissão de acompanhamento de

hortícolas às refeições principais e no jejum nocturno superior a 8h (p=0,109 e

p=0,146, respectivamente). O Gráfico 9 ilustra os principais erros mais

alimentares e a sua evolução da 1ª para a 2ª consulta.

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28

Gráfico 9 – Principais erros alimentares na 1ª consulta de Nutrição e sua evolução

Métodos de confecção culinária e controlo glicémico

Os resultados revelam que, comparando as grávidas que praticam métodos

de confecção culinária não cuidados com as que não apresentam este erro

alimentar, existe uma diferença estatisticamente significativa (p=0,035) da média

do valor máximo da glicemia após o jantar, registado na 1ª consulta (Tabela 12).

0 10 20 30 40 50 60

%

Jejum nocturno superior a 8hOmissãoCeia

Métodos de confecção não cuidadosExcessoHCJantExcessoHCAlm

AdiçãoAçúcarOmissãoLegumes

OmissãoSopaFrutaIsolada

Alimentos e bebidas açucarados/as

Erros alimentares

1ª Consulta 2ª Consulta

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29

Tabela 12 – Comparação da glicemia após o jantar entre as grávidas que

apresentavam Métodos de confecção culinária não cuidados e as que não

apresentavam este erro alimentar

GlicemiaMétodos de

confecção culinária não cuidados

nMédia(mg/dl)

d.p. p

Glic Após Alm Min Não 20 93,50 11,883

0,557 Sim 5 97,60 20,477

Glic Após Alm MaxNão 20 148,60 31,877

0,207 Sim 5 186,00 54,950

Glic Após Jant Min Não 19 98,63 15,045

0,159 Sim 6 129,33 45,174

Glic Após Jant MaxNão 19 145,11 20,822

0,035 Sim 6 202,33 49,269

d.p. – Desvio-padrão

Terapêutica insulínica

Os dados obtidos mostram que em 70,2% das grávidas foi possível obter

um bom controlo glicémico unicamente através de um regime alimentar adaptado

a cada grávida. A necessidade de introduzir insulinoterapia verificou-se em 29,8%

das mulheres. A distribuição por presença ou ausência de terapêutica insulínica

encontra-se no Gráfico 10.

Gráfico 10 – Distribuição por presença ou ausência de terapêutica insulínica

29,8

70,2

0

20

40

60

80

%

Com insulina Sem insulina

Terapêutica insulínica

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30

Das grávidas que necessitaram de insulina, 23,5% iniciaram esta terapêutica

antes das 28 semanas, 41,2% entre as 28 e as 32 semanas, 29% entre as 33 e

as 36 semanas e 5,9% depois das 36 semanas. Esta terapêutica foi iniciada, em

média, às 30,1±5,8 semanas.

Verificou-se que as grávidas com diagnóstico de DG até às 24 semanas

registaram uma maior necessidade de terapêutica insulínica do que as grávidas

diagnosticadas a partir das 24 semanas 63,6% vs 20,5%). Esta diferença foi

estatisticamente significativa, como se pode observar na Tabela 13.

Tabela 13 – Necessidade de insulina em função da semana de diagnóstico

<24 semanas 24 semanas

n % n % p

Com insulina 7 63,6 9 20,5 0,009

Sem insulina 4 36,3 35 79,5

Como se pode observar na Tabela 14, não se encontraram diferenças

entre o IMC das grávidas e a necessidade de terapêutica insulínica (p=0,786).

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31

Tabela 14 – IMC em função da necessidade de insulina

IMC(Kg/m2)

n Média d.p. p

Com insulina 17 27,6 5,1 0,786

Sem insulina 40 27,1 6,2 d.p. desvio padrão

Analisando as grávidas que realizaram terapêutica insulínica, os dados

revelaram que a idade gestacional para início desta terapêutica foi semelhante

entre elas, independentemente do IMC (tabela 15).

Tabela 15 – Idade gestacional no início da terapêutica insulínica,

em função do IMC (Kg/m2)

IMC < 30 IMC 30

n Média d.p. n Média d.p. p

Idade gestacional (semanas)

11 29,5 6,9 6 31,3 3,3 0,541

d.p. desvio padrão

Idade gestacional no parto

Os dados revelaram que em 80,7% das grávidas o parto ocorreu com idade

gestacional igual ou superior a 38 semanas, tendo ocorrido antes das 38 semanas

nas restantes mulheres (19,3%), como evidencia o Gráfico 13.

A idade gestacional no parto foi, em média, de 38,1±2,0 semanas

registando-se um mínimo de 28 e um máximo de 41 semanas.

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32

Gráfico 13 – Distribuição por idade gestacional no parto

19,3

80,7

0

20

40

60

80

100

%

<38 >=38Número de sem anas

Idade gestacional no parto

Peso dos RN

O peso do RN foi, em média, de 3213,5±383,2g, no mínimo 2190 e no

máximo 3900g. 5,3% dos RN nasceram com microssomia e 94,7% com peso

normal. Não se verificou nenhum caso de macrossomia. O peso dos RN encontra-

se no Gráfico 14.

Gráfico 14 – Peso dos RN

5,3

94,7

0

0

20

40

60

80

100

%

<2500g 2500 - 4000g >=4000g

Peso dos RN

Peso dos RN

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33

Tipo de parto

Os resultados mostraram que em 43,9% das grávidas se registou um parto

eutócico, em 10,5% um parto deustócico e que em 45,6% das grávidas se

recorreu a cesariana. Esta distribuição encontra-se no Gráfico 15.

Gráfico 15 – Distribuição por tipo de parto

43,9

10,5

45,6

05

101520253035404550

%

Eutócico Deustócico Cesariana

Tipo de parto

Tipo de parto

Reclassificação pós-parto

Verificou-se que 91,2% das grávidas realizaram a prova de reclassificação

pós-parto, tendo as restantes 8,8% faltado ao exame. Das grávidas submetidas à

prova de reclassificação, 84,6% foram reclassificadas como tendo anomalia

prévia da tolerância à glicose e 15,4% como tendo intolerância à glicose. Não se

registou nenhum caso de DM.

Hábitos tabágicos

Seis grávidas apresentavam hábitos tabágicos. Uma das grávidas deixou

de fumar quando engravidou e as 5 restantes mantiveram o hábito, fumando, no

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máximo, 10 cigarros por dia. Não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas (p=0,297) entre o peso dos RN de mães fumadoras e o peso dos RN

de mães não fumadoras.

Correlações entre variáveis

1. Correlação entre o IMC prévio à gravidez e o Peso do RN

Verificou-se a existência de uma associação fraca, mas significativa

(r=0,285, p=0,035) entre o IMC da mãe e o peso do RN. Estes resultados

mostram que quanto mais elevado o IMC da mãe, mais elevado será o peso do

recém-nascido.

2. Correlação entre a idade da grávida e a Idade gestacional no diagnóstico

Não existe associação (r=-0,264, p=0,051) entre a idade gestacional no

diagnóstico e a idade das grávidas. No entanto, os dados sugerem que quanta

mais avançada for a idade das grávidas, mais precoce será o diagnóstico da

diabetes gestacional.

3. Correlação entre o IMC prévio à gravidez e a Idade gestacional no início da

terapêutica insulínica

Não existe associação (r= -0,143, p=0,585) entre a idade gestacional da

grávida, no início da terapêutica insulínica, e o seu IMC no prévio à gravidez.

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35

Discussão

Este trabalho apresenta algumas limitações. Um estudo retrospectivo

revela sempre condicionalismos no que concerne à fiabilidade dos dados

recolhidos. Os dados antropométricos utilizados (peso anterior à gravidez, peso

no final da gravidez e altura) foram baseados em registos provenientes de

medições feitas por diferentes profissionais, usando diferentes instrumentos de

medida e diferentes técnicas de medição. Relativamente aos registos das

glicemias provenientes do auto-controlo glicémico realizado pelas grávidas, estes

podem, por si só, acarretar erro devido à medição poder ser inexacta ou até

falseada. Além disso, muitos dos registos dos valores das glicemias não

constavam nos processos clínicos.

Um outro aspecto a considerar é o reduzido tamanho amostral. A sua

categorização, por forma a responder aos objectivos inicialmente propostos,

resultou numa consequente redução da amostra.

Discussão dos resultados

Como já foi referido, a DG é uma patologia que afecta entre 1 a 14% das

gravidezes em todo o mundo(5) e cuja prevalência era, em 2005 em Portugal

Continental, de 3,27%(6). O estudo das grávidas que apresentam DG torna-se

importante para que se possa reconhecer, tratar, vigiar e prevenir o seu

desenvolvimento.

As grávidas apresentam um baixo nível de escolaridade, dados

semelhantes aos encontrados no Registo Nacional da Diabetes Gestacional de

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2005 (RNDG2005)(6). Este é um aspecto a considerar no ensino feito às grávidas

e na sua adesão às recomendações, já que é necessária uma grande

colaboração por parte destas.

Os factores de risco para a DG mais frequentes nesta amostra foram os

familiares em 1º grau diabéticos, a idade 35anos e o IMC 30Kg/m2 , resultados

que coincidem com vários trabalhos publicados. Um estudo realizado no Hospital

de S. Gonçalo, em Amarante(20), encontrou resultados idênticos, assim como um

estudo realizado por Pallardo(33) em Madrid. Também no RNDG2005(6) a idade 35

anos e a obesidade foram os factores de risco mais frequentes (neste estudo não

foi investigada a presença de familiares em 1º grau diabéticos).

Estes factores de risco podem servir para direccionar a atenção e os

esforços da actuação na prevenção e combate da DG e explicar a tendência para

o aumento desta patologia. Dados do 4º Inquérito Nacional de Saúde de

2005/2006(34) revelam um aumento da prevalência de 2% da DM nos últimos 7

anos em Portugal Continental, sendo a prevalência nesta população de 6,5%, e

uma prevalência de obesidade de 16,5%. Relativamente à idade materna, existe

uma tendência para as gravidezes tardias. Um estudo feito pela Administração

Regional de Saúde do Norte, tendo como fonte o Instituto Nacional de Estatística,

refere que, no período de 1997 a 2002, se verificou uma diminuição da proporção

de nados vivos de mães com idade compreendida entre os 20 e os 24 anos, e,

pelo contrário, um acentuado aumento dessa proporção nas mães com idade

compreendida entre os 30 os 39 anos(35).

Estes dados assumem especial importância, na medida em que os

antecedentes familiares de diabetes, a obesidade e a idade materna tardia

constituem três dos principais factores de risco para o desenvolvimento da DG na

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população portuguesa(6), levando a crer que a prevalência de DG possa aumentar

num futuro próximo.

O rastreio da DG foi positivo antes das 24 semanas em quase metade das

grávidas (49,1%). Este valor sugere que estas mulheres são consideradas de alto

risco para o desenvolvimento da DG, já que as recomendações(2, 17) indicam a

realização do rastreio apenas entre as 24 e as 28 semanas, salvo no caso de

grávidas que apresentem factores de risco. Assim sendo, a frequência de rastreio

antes do limite sugerido, alerta para o grande número de grávidas com risco

elevado para a DG.

O diagnóstico da DG ocorreu entre as 24 e as 32 semanas na maioria das

mulheres (50,9%), tal como descrito na bibliografia que refere que esta patologia

se manifesta tipicamente no 3º trimestre de gravidez (36).Na amostra em estudo,

as grávidas diagnosticadas mais precocemente apresentavam uma média de

idades superior à das grávidas diagnosticadas mais tardiamente. Estes resultados

podem associar-se ao facto da DG ser uma doença mais comum em gestações

tardias (37).

Relativamente ao número de valores alterados da PTGO e ao seu padrão,

os resultados encontrados assemelham-se aos do RNDG2005(6): predominância

de 2 e de 3 valores alterados, registados mais frequentemente aos 60 e 120

minutos.

Como já foi descrito, a obesidade constitui um factor de risco para o

desenvolvimento da DG. Galtier-Dereure et al(38), numa revisão sobre as

complicações da obesidade e gravidez, refere que em mulheres obesas a

incidência desta patologia é 1,4 a 20 vezes maior do que em mulheres com um

peso adequado à sua altura. Os resultados encontrados no decorrente estudo

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revelam que 31,5% das grávidas apresentavam um IMC 30Kg/m2, resultado

semelhante ao do RNDG2005(6), ainda que um pouco superior.

Está descrito na literatura que um ganho ponderal adequado contribui para

uma gravidez com menos complicações (19, 39). Na amostra estudada, 49,1% das

grávidas registaram um ganho ponderal adequado, como era objectivo da

consulta. Ainda assim, 35,1% das mulheres registaram um ganho ponderal

excessivo. Isto pode dever-se ao facto de uma grande parte das grávidas terem

sido diagnosticadas no 3º trimestre de gravidez, podendo apresentar logo na 1ª

consulta de Nutrição um ganho de peso excessivo que não pôde ser corrigido.

Ainda relativamente ao ganho ponderal durante a gravidez, verificou-se

que, das grávidas que registaram um ganho de peso excessivo, 57,1% tinham

IMC>29Kg/m2. Este dado poderá ser explicado se pensarmos que a margem de

ganho de peso que estas grávidas têm é de 6Kg, e que, se o seu IMC era elevado

antes de engravidar, provavelmente os seus hábitos não seriam os mais

saudáveis. Poderá ser necessário um maior reforço motivacional e uma

monitorização da ganho de peso mais rigorosa nestas mulheres.

As grávidas frequentaram, em média, 3 consultas de Nutrição, o que se

pode também relacionar com o facto de grande parte dos diagnósticos ter

ocorrido no 3º trimestre de gestação.

As grávidas estudadas conseguiram, de um modo geral, alcançar um bom

controlo glicémico, como era objectivo dos profissionais de saúde que constituíam

a equipa multidisciplinar.

Quando se avaliou a evolução das glicemias (da 1ª para a 2ª consulta),

apenas se encontrou uma diminuição da média do valor máximo registado após o

PA. Na gravidez, a resistência à insulina é maior de manhã(4), sendo os HC

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geralmente menos bem tolerados ao pequeno-almoço do que às outras

refeições(13). Assim, este momento do registo da glicemia é mais propício ao

aparecimento de valores acima do recomendado, sendo esperado que, corrigindo

os erros alimentares, haja uma diminuição considerável da glicemia.

Um dos objectivos deste trabalho foi descrever os erros alimentares mais

frequentes entre as grávidas com diabetes gestacional. Foi interessante verificar

que os principais erros eram comuns entre as grávidas. No entanto, não se

destaca nenhum erro como típico das grávidas com DG. Poderá dizer-se que os

erros alimentares encontrados são partilhados pela população diabética em geral.

A análise destes dados denunciou uma grande falta de informação por

parte das grávidas, em relação à DG e aos cuidados inerentes a ter com a

alimentação. Um ponto importante no tratamento da DG, é o da adesão das

grávidas ao plano alimentar instituído e consequente correcção dos erros

alimentares. Pode dizer-se que, a este nível, a consulta tem uma elevada taxa de

sucesso, já que as grávidas corrigiram os erros alimentares, verificando-se uma

diminuição da frequência de quase todos os erros da 1ª para uma 2ª consulta. As

grávidas manifestaram mais dificuldade em inserir, diariamente, um

acompanhamento de hortícolas nas refeições principais e em evitar o jejum

nocturno superior a 8 horas. O baixo consumo de hortícolas é frequente na

maioria da população, não sendo um hábito enraizado para a maioria das

pessoas. Dados da Balança Alimentar Portuguesa de 1990-2003, publicados em

2006(40), revelam que os portugueses apresentam uma dieta alimentar deficiente

em produtos hortícolas, sendo o seu consumo de apenas metade do indicado

pela Roda dos Alimentos. Assim, é de esperar que a mudança deste

comportamento seja mais difícil de realizar. Relativamente ao jejum nocturno

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superior a 8h, a justificação poderá estar relacionada com o facto de muitas

mulheres referirem ter mais sono e, por isso, adormecerem antes de realizarem a

ceia, ou cearem mais cedo por esse mesmo motivo. Para tentar combater a

persistência de erros alimentares, o Nutricionista deve reforçar a importância do

cumprimento do plano alimentar personalizado e fornecer formas e alternativas

que tornem mais fácil a sua adesão. A gravidez é um momento especialmente

propício para a realização de mudanças comportamentais, e a intervenção no seu

decorrer pode até promover mudanças de estilos de vida a longo prazo(41).

Quando se tentou avaliar a influência dos erros alimentares cometidos

pelas grávidas no respectivo controlo glicémico, apenas se encontrou diferença

entre a média do valor máximo após o jantar registado pelas grávidas que

apresentavam métodos de confecção culinária não cuidados e as grávidas que

não apresentavam este erro alimentar. Vários estudos evidenciam a influência

que a distribuição calórica da dieta pelos diferentes macronutrientes tem no

controlo glicémico de grávidas com DG(21, 22). Bo et al(42) mostraram que a gordura

saturada é um factor independente no desenvolvimento de alterações no

metabolismo da glicose e Nolan(43) sugere que dietas pobres em gordura e ricas

em hidratos de carbono complexos são benéficas no tratamento de mulheres com

DG.

Vários estudos demonstram o contributo do exercício físico no tratamento

de grávidas com DG, nomeadamente a nível da redução da resistência à

insulina(26) e na redução do risco de desenvolver DG(44). O exercício físico não foi

avaliado neste trabalho devido à falta de informação disponível nos processos

clínicos das doentes, constituindo assim uma limitação para a análise dos dados.

As recomendações apontam para o incentivo de exercício regular aeróbico,

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41

sobretudo nos períodos pós-prandiais. Não existem evidências suficientes para

recomendar um tipo de exercício específico, no entanto, a marcha diária parece

mostrar-se eficiente na melhoria da utilização periférica da glicose (45, 46).

Quando, após 1 a 2 semanas de terapêutica nutricional e actividade física,

a grávida continua a apresentar um mau controlo glicémico, é prescrita a

insulinoterapia (13, 17, 22).

Na grande maioria das grávidas estudadas - 70,2% - foi possível obter um

bom controlo glicémico unicamente através de um regime alimentar adequado.

Estes resultados são coincidentes com os obtidos no RNDG2005(6) que referem

que 69,5% das grávidas foram tratadas apenas com terapia nutricional. Estes

dados evidenciam a importância do Nutricionista na equipa multidisciplinar que

segue estas grávidas, já que os casos em que não se consegue um bom controlo

metabólico só com a dieta, ainda que significativos, são uma minoria. O

aconselhamento alimentar é uma peça fundamental no tratamento desta

patologia(21).

Verificou-se que as grávidas diagnosticadas mais precocemente

apresentaram uma maior necessidade de recorrer à terapêutica insulínica do que

as restantes. Estes dados sugerem que, quanto mais precoce o diagnóstico da

DG, pior será o controlo glicémico da grávida e daí uma necessidade mais

precoce de introduzir a insulina no tratamento. Estes resultados foram também

encontrados por Bartha(47), que aponta as grávidas com um diagnóstico de DG

mais precoce como um subgrupo de alto risco.

Apesar de no RNDG2005(6), se ter verificado que o IMC das grávidas

medicadas com insulina era superior ao IMC das não medicadas, e que a idade

gestacional no início da terapêutica insulínica era inferior nas grávidas com

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42

IMC 30 Kg/m2, no presente estudo não se verificaram estas diferenças. Os dados

referentes à idade gestacional no parto, foram de encontro ao registado no

RNDG2005(6), em que o parto de termo também predominou: 91,8% dos casos.

Também no que diz respeito ao tipo de parto, os resultados deste estudo: parto

eutócico - 43,9% dos casos, parto deustócico - 10,5% e cesariana - 45,6%, se

assemelharam aos do Registo Nacional(6).

Relativamente ao peso dos RN, registou-se um peso normal na

esmagadora maioria (94,7%) dos casos. Os três casos registados de microssomia

verificaram-se em RN de pré-termo. Neste estudo não se registou nenhum caso

de macrossomia, provavelmente devido ao rigoroso acompanhamento obstétrico

e ao bom controlo glicémico efectuado ao longo da gravidez.

Apesar de fraca, verificou-se uma associação entre o IMC materno prévio à

gravidez e o peso dos RN, sugerindo que quanto mais elevado o IMC da mãe,

mais elevado será o peso do RN. Estes dados vão de encontro ao que está

descrito por Galtier-Dereure et al(38), que refere que o IMC materno é um forte

indicador do peso dos RN, e que, mães obesas têm uma probabilidade de 1,4 a

1,8 vezes maior de ter filhos grandes para a idade gestacional do que mães com

IMC normal.

Vários estudos(48, 49) demonstram que RN filhos de mães fumadoras

apresentam maior risco de desenvolver complicações, nomeadamente baixo peso

à nascença. Neste estudo, não se encontrou esta associação. É de salientar o

pequeno número de mães fumadoras que existiam na amostra estudada.

A percentagem de grávidas que apresentou alterações do metabolismo da

glicose após o parto, apesar de não se ter registado nenhum caso de DM, é

semelhante à encontrada no Registo Nacional de 2005(6). Apenas 15,4% das

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grávidas foram reclassificadas com intolerância à glicose. Seria interessante

investigar quantas das grávidas estudadas virão a desenvolver DM2 no futuro.

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44

Considerações finais

Após a análise e discussão dos resultados deste estudo, podem fazer-se

algumas considerações finais.

Os factores de risco mais frequentes na amostra estudada foram os

familiares em 1º grau diabéticos, a idade 35 anos e o IMC 30Kg/m2. Estes

factores são referidos como predominantes em vários estudos e devem alertar

para o provável aumento da prevalência da DG.

O diagnóstico da DG foi realizado, predominantemente, após as 24 semanas

de gestação.

As grávidas registaram um ganho ponderal adequado na maior parte dos

casos. Contudo, registou-se uma prevalência considerável de grávidas com um

ganho ponderal excessivo. Esse registo ocorreu sobretudo nas grávidas com

IMC>29Kg/m2.

Os erros alimentares mais frequentes entre a amostra estudada foram:

o A ingestão de alimentos/bebidas açucarados/as

o O consumo isolado de fruta

o A omissão de sopa nas refeições principais

o A omissão de acompanhamento de hortícolas nas refeições principais

o A adição de açúcar

o O excesso de HC ao almoço

o O excesso de HC ao jantar

o Os métodos de confecção culinária não cuidados

o A omissão da ceia

o O jejum nocturno superior a 8h

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As grávidas corrigiram a grande maioria dos erros alimentares

encontrados na 1ª consulta de Nutrição, tendo manifestado alguma dificuldade em

incluir na dieta um acompanhamento diário de hortícolas nas refeições principais

e em evitar o jejum nocturno superior a 8 horas.

As grávidas conseguiram alcançar um bom controlo glicémico, tendo a

terapêutica nutricional (eventualmente acompanhada de exercício físico) sido

suficiente para esta optimização na grande maioria dos casos. As mulheres

diagnosticadas com DG mais precocemente tiveram uma maior necessidade de

terapêutica insulínica.

Para facilitar e uniformizar o registo de dados da consulta de

Nutrição/Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco do HPH, foi elaborada uma

proposta de protocolo específico a ser usado nesta consulta (Anexo2).

A DG é uma patologia cuja prevalência revela tendência para aumentar

no futuro, sobretudo devido à crescente prevalência dos factores de risco para o

seu desenvolvimento. As grávidas com DG devem ser devidamente esclarecidas

pelos profissionais de saúde, de modo a motivar a sua colaboração no tratamento

e vigilância desta doença. Cabe à equipa multidisciplinar que segue estas

grávidas promover uma gravidez sem complicações maternas ou fetais, o mais

idêntica possível à gravidez de uma mulher saudável.

A importância deste acompanhamento durante a gravidez é consensual.

No entanto, após o parto, o seguimento destas parece ser mulheres escasso.

Assim, quando as grávidas têm alta da consulta multidisciplinar de DG, o seu

acompanhamento e vigilância, preconizados como medidas preventivas do

desenvolvimento de DM, ficam comprometidos. A referenciação destas mulheres

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para uma consulta de Nutrição seria, com toda a certeza, uma mais valia para a

sua saúde. No caso concreto do HPH, poder-se-ia predefinir o encaminhamento

destas mulheres às consultas de Nutrição dos centros de saúde que lhe estão

agregados.

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Anexos

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Índice de Anexos

Anexo 1. Protocolo de Recolha de Dados............................................................a1

Anexo 2. Proposta de protocolo específico para a consulta de Nutrição/Diabetes

Gestacional e Grávidas de Risco..........................................................................a5

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a1

Anexo 1

Protocolo de Recolha de Dados

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Protocolo de Recolha de Dados Consulta de Diabetes Gestacional e Grávidas e Risco

Serviço de Nutrição e Alimentação Unidade Local de Saúde de Matosinhos,EPE

a2

Data ____________

Identificação

Nº Processo _____________

Nome__________________________________________________________________________________

Data de Nascimento __________ Idade ____ anos Estado Civil _____________________________

Escolaridade (nº de anos concluídos) _______

Profissão ___________________________ Activa Não Activa

Informação Clínica

O’Sullivan positiva às ______ semanas

PTGO positiva às ______ semanas

Valores da PTGO (mg/dl) 0 min _____ 60 min _____ 120 min _____ 180 min _____

Nº gestações ______ Nº filhos _______

Factores de risco

Familiares em 1ºgrau diabéticosIdade 35 anosIMC 30 Kg/m2

Antecedentes pessoais de DG 2 ou mais abortos espontâneos no 1º trimestre

Macrossomia fetal ( 4ooog) Multiparidade ( 4 partos) Nados mortos ou morte perinatal

sem causa definida

Dados Antropométricos

Peso anterior à gravidez ______ kg Estatura ______ cm IMC _____ kg/m2

Peso no final da gravidez ______ kg

Hábitos tabágicos não sim sim, mas parou quando engravidou Nº de cigarros/dia ____

Etiqueta de identificação

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Protocolo de Recolha de Dados Consulta de Diabetes Gestacional e Grávidas e Risco

Serviço de Nutrição e Alimentação Unidade Local de Saúde de Matosinhos,EPE

a3

Auto-controlo

Glicemia

(mg/dl)

Data

Idade gest

(sem)

Glic Jejum

Mín

Máx

NºVal alt

Glic após

PA

Mín

Máx

NºVal alt

Glic antes

Alm

Mín

Máx

NºVal alt

Glic após

Alm

Mín

Máx

NºVal alt

Glic antes

Jant

Mín

Máx

NºVal alt

Glic após

Jant

Mín

Máx

NºVal alt

Insulina

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Protocolo de Recolha de Dados Consulta de Diabetes Gestacional e Grávidas e Risco

Serviço de Nutrição e Alimentação Unidade Local de Saúde de Matosinhos,EPE

a4

Principais erros alimentares verificados na 1ª consulta de Nutrição e respectivo follow-up

1ª consulta __/__/__

2ª consulta __/__/__

3ª consulta __/__/__

4ª consulta __/__/__

5ª consulta __/__/__

6ª consulta __/__/__

7ª consulta __/__/__

8ª consulta __/__/__

9ª consulta __/__/__

10ª consulta __/__/__

Dados do parto

Idade gestacional _____ semanas

Tipo de parto eutócico deustócico cesariana

Peso do bebé ao nascer ________ g microssomia (<2500 g) peso normal macrossomia ( 4000 g)

Reclassificação pós-parto

Anomalia prévia da tolerância à glicose Intolerância à glicose DM

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a5

Anexo 2

Proposta de protocolo específico para consulta de Nutrição/Diabetes Gestacional e

Grávidas de Risco

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Serviço de Nutrição e Alimentação

a6Consulta de Diabetes Gestacional e Grávidas de Risco

Nutrição

Nº do processo _________________ Data _____/_____/_____

Idade ______ anos Idade gestacional _______ semanas

Profissão ______________________________________________________________________________

Nº gestações ______ Nº filhos ______

Imunidade à toxoplasmose sim não

Diagnóstico ____________________________________________________________________________

Rastreio positivo às _______ semanas Diagnóstico às _______ semanas

Valores da PTGO:

Factores de risco: Familiares em 1ºgrau diabéticos

Idade 35 anos

IMC 30 Kg/m2

Antecedentes pessoais de DG

2 ou mais abortos espontâneos no 1º trimestre

Macrossomia fetal ( 4ooog)

Multiparidade ( 4 partos)

Nados mortos ou morte perinatal sem causa definida

Peso anterior à gravidez _______ Kg

Estatura _______ cm

IMC= __________ Kg/m2 Peso actual __________ Kg

Glicemias

(mg/dl) Mín. Máx.

Nº valores

alterados

Jejum

Após PA

Antes almoço

Após almoço

Antes jantar

Após jantar

Observações ___________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

0 min 60 min 120 min 180 min

Parâmetros Bioquímicos Valor

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Serviço de Nutrição e Alimentação

a7

História Alimentar:

Acorda às _______

Deita-se às ___________ Métodos culinários _______________________________________________________________________

Alergias e intolerâncias ___________________________________________________________________

Ingestão hídrica _________ l/dia

Actividade física _________________________________________________________________________

Hora Local Descrição

PA

MM

Almoço

MT1

MT2

Jantar

Ceia

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Serviço de Nutrição e Alimentação

a8Data ____/_____/_____

Idade gestacional _______ semanas Peso _______Kg

Glicemias

(mg/dl) Mín. Máx.

val.

alt.

Erros alimentares Intervenção Nutricional

Jejum

Após PA

Antes almoço

Após almoço

Antes jantar

Após jantar

Observações ___________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

Data ____/_____/_____

Idade gestacional _______ semanas Peso _______Kg

Glicemias

(mg/dl) Mín. Máx.

val.

alt.

Erros alimentares Intervenção Nutricional

Jejum

Após PA

Antes almoço

Após almoço

Antes jantar

Após jantar

Observações ___________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________