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CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA BACIA DO
MARACAÇUMÉ (MA) NOS MUNICÍPIOS: AMAPÁ DO
MARANHÃO, CARUTAPERA, GODOFREDO VIANA E LUÍS
DOMINGUES.
Anderson Martins Araújo (a), Janilci Serra (b), Marcelino Silva Farias Filho (c),
Regina Maria Gomes Vilar de Albuquerque (d), Samuel Lopes Serra (e), Vitória
Gleyce Sousa Ferreira (f)
(a) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (b)
Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,
[email protected] (c) Doutor em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (d) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (e) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (f) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected]
Resumo
O estado do Maranhão compreende um dos mais diversos ecossistemas do Brasil, com um espaço
geográfico ainda pouco estudado. A pesquisa foi desenvolvida nos municípios de Amapá do Maranhão,
Carutapera, Godofredo Viana e Luís Domingues localizados na região extremo noroeste do Estado do
Maranhão dentro da área pertencente à Amazônia maranhense tendo como objetivo identificar as
características do meio físico, assim como aspectos causados pelo impacto antrópico. Características
físicas como, Geologia, Geomorfologia, Hidrografia, Pedologia, Clima e Vegetação foram analisadas
através de leitura da bibliografia disponível, análise de cartas topográficas e imagens de satélite.
Concluímos com as análises que há muito a ser feito, sendo necessário que se adeque o uso dos preciosos
recursos presentes para evitar e mitigar o processo de degradação.
Palavras-chave: meio físico, degradação, Amazônia maranhense
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1. Introdução
O Brasil possui uma das mais relevantes geodiversidades do mundo, com
diversificado e vasto ecossistema, bem como grande reserva mineralógica e complexa
formação geológica que o torna hábil a inúmeros tipos de uso, evidenciando sua extrema
importância para a manutenção do equilíbrio ambiental do mundo. O Maranhão, por sua
vez, compreende uma diversidade morfológica, ambiental e geológica imensa, fatores que
o tornam vulnerável a exploração desordenada das suas riquezas naturais.
A mesorregião oeste do Maranhão se situa na transição do nordeste e região
amazônica, também conhecida como amazônia maranhense, concentrando quase um
terço da biodiversidade do Estado e é abrigo de muitas espécies endêmicas. Muito embora
a amazônia maranhense tenha tantos atributos importantes e únicos e possua um dos
menores índices de ocupação de áreas protegidas, o Maranhão, dentre os estados
pertencentes a Amazônia Legal, é o que mais desmatam a sua floresta (PRODES, 2016),
evidenciando a fraca fiscalização e pouca atenção do poder público em todas as suas
esferas responsáveis.
O artigo em questão objetivou a análise dos componentes físicos de quatro
municípios da mesorregião oeste maranhense, principalmente por meio de pesquisas
bibliográficas e cartas topográficas a fim de destacar sua importância para o cenário
nacional, suas riquezas e fragilidades.
2. Localização da área de estudo
Os municípios de Amapá do Maranhão, Carutapera, Godofredo Viana e Luís
Domingues estão localizados no extremo noroeste do Estado do Maranhão, na região
hidrográfica conhecida como Atlântico Nordeste Ocidental (MMA, 2006), compondo
parte do território das bacias hidrográficas a bacia hidrográfica do Gurupi e a bacia
hidrográfica do Maracaçumé e também fazem parte da Área de Proteção Ambiental
(APA) das Reentrâncias Maranhenses.
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Figura 1: Localização da área de estudos
Elaborado por SERRA, S. L., 2018.
3. Materiais e métodos
Foi utilizado como ferramenta de pesquisa, a revisão bibliográfica e mapas
topográficos. Durante o primeiro mês, foram selecionadas as obras para serem utilizadas
de forma a melhor caracterizar a Mesorregião Oeste, que possui poucos dados científicos
e acadêmicos.
Para a elaboração do artigo, , foram selecionadas produções de relevância
científica como os Relatórios Diagnósticos das cidades de Amapá do Maranhão,
Carutapera, Luis Domingues e Godofredo Viana, ambos publicados no ano de 2011, o
livro “Geodiversidade do Estado do Maranhão” publicado em 2013, o livro “Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos – 5ª ed.” publicado no ano de 2018, o “Manual
Técnico da Vegetação Brasileira – 2ª ed.” Publicado no ano de 2012, dentre outras que
foram utilizadas de forma secundárias como: “Manual Técnico de Geomorfologia –
IBGE”, publicado no ano de 2009.
Para a elaboração do mapa de localização da área de estudo foi utilizado o SIG,
QGIS e imagens de satélite adquiridas no site do INPE.
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4. Resultados e Discussões
4.1 Geologia
Carutapera, Luís Domingues, Amapá do Maranhão e Godofredo Viana estão
situados no domínio da Bacia Sedimentar do Parnaíba, que teve sua sedimentação na era
paleozóica (Siluriano ao Cretáceo) e é dividida em três supersequências, sendo elas:
Silurianas, Devoniana e Carbonífero-Triássica. Foi fixada sobre riftes cambro-
ordovicianos, ocorridas ao final do ciclo Brasiliano (Toniano – era neoproterozóica e o
Cambriano – era paleozóica), decorrente de pulsos magmáticos, propiciando a deposição
de sedimentos fluviais e marinho rasas.
A supersequência siluriana corresponde as formações geológicas Ipu (formada por
arenitos conglomeráticos e diamictitos), Tianguá (formado por arenitos, folhetos cinza-
escuro e preto) e Jacós (formado por arenitos conglomeráticos e médios) (CAPUTO;
LIMA, 1984 apud BANDEIRA, 2013). Ambos constituídos por rochas do Grupo Serra,
com idades entre 443 a 416 Ma.
Posteriormente, a supersequência Devoniana corresponde as formações
geológicas Itaim, Pimenteiras, Cabeças; Longá (formada por folhelhos cinza -escuro,
pretos a roxos, siltitos argilosos, arenitos e siltitos cinza-claro a esbranquiçados) (LIMA;
LEITE, 1978 apud BANDEIRA, 2013); e Poti (formada por arenitos cinza-
esbranquiçado, com intercalações esparsas de siltito cinza-claro, e arenitos finos a
médios, cinza, com camadas de siltito e folhelhos carbonosos) (LIMA; LEITE, 1978 apud
BANDEIRA, 2013); sendo que apenas as duas últimas formações com afloramento no
Maranhão. Ambos constituídos por rochas do Grupo Canindé.
Por último, a supersequência Carbonífero-Triássica corresponde as formações
Piauí (formada por arenitos, com intercalações de siltitos e argilitos), Sambaíba (formada
por arenitos avermelhados e esbranquiçados, depositados em ambiente desértico com
contribuição fluvial) (LIMA; LEITE, 1978 apud BANDEIRA, 2013); Pedra de Fogo
(formada por siltitos, folhelhos, calcários e silexitos, depositados em ambiente marinho
raso a litorâneo), Motuca (formada por siltitos, arenitos e, subordinadamente, folhelhos,
depositados em sistema desértico, com lagos associados) (GÓES; FEIJÓ, 1994 apud
BANDEIRA, 2013).
De acordo com o Relatório Diagnóstico do Município de Carutapera (2011), a
Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt) da era do Pré-Cambriano está representado, que se
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manifesta na parte sul do município; o Terciário, pelo Grupo Barreiras (ENb) que
comporta a região central do município; o Quaternário, pelos Depósitos Flúviomarinhos
(Qfm), com afloramento na região oeste, estendendo-se em direção a região nordeste e
leste do município. Do mesmo modo, o Relatório Diagnóstico do Município de Luis
Domingues (2011) aponta o Pré-Cambriano representado pelo Grupo Aurizona (PP2au),
que se manifesta na área central do município, e pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt), que
comporta a região sul do município e o Quaternário pelos Depósitos Flúviomarinhos
(Qfm), com afloramento na região norte, estendendo-se em direção a região leste do
município.
No Relatório Diagnóstico do Município de Amapá do Maranhão (2011), o Pré-
Cambriano está representado pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt), que ocupa grande área
da porção norte, oeste e estende-se para o sudoeste do município; o Cretáceo, pela
formação Itapecuru (K12it), com afloramento na porção nordeste e estende-se para o
leste, sudeste e sul do município. Do mesmo modo, o Relatório Diagnóstico do Município
de Godofredo Viana (2011) aponta o Pré-Cambriano representado pelo Grupo Aurizona
(PP2au), que se comporta ao norte do município, e pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2t)
com afloramento na porção sul e se estende para a região sudoeste do município; o
Cretáceo, pela formação Itapecuru (K12it) com afloramento na região do estremo sul do
município; o Quaternário, pelos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm) que comporta grande
área da porção norte e se estende ao nordeste do município.
A Suíte Intrusiva Tromaí possui uma estrutura mineralógica bastante diversa e de
maior extensão geográfica que, de acordo com Klein (2004), essa composição é resultado
de dois processos: o primeiro por uma placa tectônica preexistente fundida e o segundo
pelo manto terrestre. Pestana (1995 apud KLEIN, 2004) aponta os granitóides da Suíte
Intrusiva Tromaí como composicionalmente dominados por tonalitos, com
trondhjemitos, granodioritos e monzogranitos ocorrendo de forma subordinada.
O Grupo Aurizona é composto por uma sequência metavulcanossedimentar,
originada em arco insular, com rochas vulcânicas metamorfizadas ácidas e básicas, filitos,
xistos, metachert e quartzitos. Foi proposto por Klein et al. (2008 apud 1995 apud
BANDEIRA, 2013) uma subdivisão do grupo Aurizona em três formações: Matará,
Pirocaua e Ramos, sendo a última formação a que representa a realidade geológica dos
municípios de Carutapera e Luis Domingues, com quartzito (puro, ferruginoso ou
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manganesífero), quartzo ± muscovita ± clorita-xistos, filito, filito grafitoso, metassiltito
manganesífero, metachert puro ou ferruginoso ou grafitoso, metarenito e grauvaca lítica.
A formação Itapecuru, é um grupo de formações com variados tipos de rochas,
tais como “arenitos, argilitos, siltitos, folhelhos intercalados com arenitos depositados em
vários ambientes (fluvial, deltaico e lagunar) (ANAISSE JÚNIOR, 1999; GONÇALVES;
CARVALHO,1996; LIMA; LEITE, 1978 1995 apud BANDEIRA, 2013).
Os Depósitos fluviomarinhos se formam por processo concomitante de acumulação dos
sedimentos fluviais e marinhos, e segundo o livro Geodiversidade do Estado do Maranhão
(2013) “são constituídos por sedimentos inconsolidados de idade holocênica, consistem
de terrenos argilosos ou argiloarenosos ricos em matéria orgânica, caracterizados como
solos de mangue, gleissolos sálicos e gleissolos tiomórficos”
4.1.1 Geomorfologia
Os municípios de estudo, localizam-se na Mesorregião Oeste dentro da
Microrregião Gurupi, e possuem superfícies aplainadas retocadas ou degradadas com
domínio de colinas amplas e suaves, domínio este que prevalece formas de relevo com
pouca declividade e amplitude. A classificação mais recente sobre as unidades
geomorfológicas da Mesorregião Oeste do Maranhão foi divulgada pelo IBGE (2011)
contendo 8 domínios:
Da mais recente classificação do IBGE (2011), depreende-se as seguintes
unidades geomorfológicas na Mesorregião Oeste do Maranhão: a) Litoral de
Mangues e Rias; b) Superfície do Baixo Gurupi; c) Colinas e Cristas do
Gurupi; d) Superfície Dissecada de Santa Luzia do Paruá; e) Depressão do
Gurupi; f) Planalto Dissecado do Gurupi-Grajaú; g) Depressão de Imperatriz
h) Planícies Fluviais. (BELO et al, 2013).
O Litoral de Mangues e Rias, corresponde a porção do litoral das Reentrâncias, e
faz parte da Planície Costeira, no qual comporta as características geomorfológicas dos
municípios de Carutapera, Luís Domingues e Godofredo Viana. No livro Geodiversidade
do Estado do Maranhão (2013), essa unidade compreende entre “a linha de costa e a vasta
superfície do noroeste do Maranhão, drenada pelos rios Gurupi e Turiaçu, dentre os
principais, assim como pelos tabuleiros costeiros embasados por rochas sedimentares
pouco litificadas do Grupo Barreiras ou da Formação Itapecuru”.
Na região do município de Carutapera podem ser encontrados inúmeros
“ecossistemas ambientais, costeiros e marinhos, tais como: baías, enseadas,
desembocaduras fluviais, estuários e manguezais” (Relatório Diagnostico de Carutapera,
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2011), fator este que influencia de forma preponderante seu relevo, que por sua vez, é
caracterizado por planícies aluviais costeiras, planas ou com pouquíssima inclinação.
Os municípios de Luís Domingues e Godofredo Viana pertencente à área de
proteção ambiental do Parque Reentrâncias Maranhense e segundo Feitosa (2006):
O relevo na região é formado por grandes planícies fluviais e flúvio-marinha,
áreas planas e baixas, recortadas por canais de circulação de águas salobras
que formam apicuns. A planície aluvionar caracteriza-se por uma superfície
extremamente horizontalizada, onde os sedimentos inconsolidados (areias,
argilas, cascalhos) encontram-se depositados nas margens dos principais
cursos d’água da região. (FEITOSA, 2006)
4.2 Hidrografia
A hidrografia da mesorregião oeste é bastante complexa, pois comporta
aproximadamente dez bacias hidrográficas perenes, no qual duas são bacias limítrofes,
pois estão entre o estado do Maranhão e Pará. As bacias são: bacias hidrográficas dos rios
Turiaçu, Munim, Maracaçumé-Tromaí, Grajau, Pindaré, Uru-Pericumã-Aurá, Parnaíba-
Balsas, Itapecuru, Tocantins e Gurupi. Os municípios de Amapá do Maranhão, Luis
Domingues e Godofredo Viana possuem forte influência das bacias hidrográficas dos rios
Maracaçumé-Tromaí devido a sua localização.
O município de Amapá do Maranhão é drenado pelas bacias dos rios
Maracaçumé-Tromaí e localiza-se na margem esquerda do rio Tromaí e compreende dois
domínios hidrogeológicos, mencionados no Relatório Diagnóstico de Amapá do
Maranhão (2011) como “aquífero fissural, representado pelas rochas do embasamento
cristalino da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt); e o aquífero intergranular, relacionado aos
sedimentos consolidados da formação Itapecuru (K12it) ”.
A bacia hidrográfica do rio Tramaí e o rio Iririaçu, por sua vez, drenam e
delimitam os limites da área do município de Luis Domingues que pertence a bacia
hidrográfica dos rios Maracaçumé-Tromaí e compreende dois domínios hidrogeológicos,
mencionados no Relatório Diagnóstico de Luis Domingues (2011) como “ aquífero
fissural, representado pelas rochas do Grupo Aurizana (PP2au) e da Suíte Intrusiva
Tromaí (PP2t); e o aqüífero intergranular, relacionado pelos sedimentos inconsolidados
dos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm)”.
O município de Godofredo Viana, do mesmo modo, é drenado pela bacia
hidrográfica dos rios Maracaçumé-Tromaí, na qual a localização de sua sede municipal
se dispõe próximo à margem esquerda do rio Maracaçumé e compreende dois domínios
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hidrogeológicos, mencionados no Relatório Diagnóstico de Godofredo Viana (2011)
como:
[...] aqüífero fissural representado pelas rochas do embasamento cristalino do
Grupo Aurizona (PP2au) e da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2t); e o aquífero
intergranular, relacionado aos sedimentos consolidados da formação Itapecuru
(K12it) e pelos sedimentos inconsolidados dos Depósitos Flúviomarinhos
(Qfl). (Relatório Diagnóstico de Godofredo Viana, 2011, p. 24.)
Diferente dos outros três municípios de estudo, Carutapera pertence a bacia
hidrográfica do rio Gurupi que também drena o município em conjunto com os rios
Iririmirim e Iririaçu. Compreende dois domínios hidrogeológicos, mencionados no
Relatório Diagnóstico de Carutapera (2011) como “aquífero fissural representado pelas
rochas do embasamento cristalino da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt); e o aquífero
intergranular, relacionado aos sedimentos consolidados do Grupo Barreiras (ENb); e
pelos sedimentos inconsolidados dos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm) ”.
4.3 Pedologia
Os solos da região estudada são compostos por uma variação equilibrada de
Argissolos Vermelho-Amarelo (PVAd), Latossolos Amarelo (LAd) Plintossolos Háplico
(FTd), Gleissolo Timórfico (GJo) e Gleissolo Sálico (GZn) e Solo de Mangue (IBGE,
2011), (EMBRAPA, 2006), que incidem em todos os municípios estudados.
Os Argissolos Vermelho-Amarelos são solos constituídos por material mineral
(EMBRAPA 2018. P. 158). São originados de materiais de formações geológicas,
principalmente sedimentares. Comumente utilizado nas práticas agrícolas, os Argissolos
demandam de cuidados para não perderem a sua capacidade protetiva e produtiva. As
áreas onde ocorrem essa classe de solo são utilizadas com cultura de subsistência,
destacando-se as culturas de milho, feijão, arroz e fruticultura (manga, caju e banana).
Os Plintossolos solos constituídos por material mineral de textura média e argilosa
e que apresentam horizonte plíntico, litoplíntico e concrecionário (EMBRAPA 2018, p
370). São solos com restrição à percolação d’água, sujeitos ao efeito temporário do
excesso de umidade, se originam a partir das formações sedimentares. Os Plintossolos
eutróficos são os que propiciam maior produtividade nas diversas práticas agrícolas
exercidas na região. Os Plintossolos álicos e distróficos, principalmente os arenosos, são
solos de baixa fertilidade natural e acidez elevada.
Os Gleissolos são solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que
apresentam horizonte glei em profundidade maior que 50 cm ou menor ou igual a 150 cm
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(EMBRAPA 2018 p. 244). São solos que se encontram em permanente contato com a
água devido a estarem inseridos em corpos hídricos ou em locais de altos índices de
pluviosidade e devido a este fato estão sempre em estado de saturação. São solos mal ou
muito mal drenados em condições naturais, formados principalmente a partir de
sedimentos, estratificados ou não. O seu desenvolvimento normalmente ocorre nas
proximidades dos cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de
hidromorfia, podendo formar-se também em áreas de relevo plano de terraços fluviais,
lacustres ou marinhos, como também em áreas abaciadas e depressões. São solos muito
suscetíveis à degradação em função das ações antrópicas. Com relação a isso, Farias Filho
(2014) diz:
A criação de bovinos e cultivo de arroz são atividades bastante antigas e
cresceram associadas inicialmente aos solos úmidos e relativamente mais
férteis das planícies fluviais em diferentes partes do mundo. Em decorrência
disso, as camadas superficiais dos solos hidromórficos, como os Gleissolos,
utilizadas em condição de saturação hídrica são deformadas, causando
compactação que resulta inicialmente em perdas de produtividade das culturas.
Os Solos indiscriminados de Mangue são formados a partir do depósito de silte,
areia e material coloidal trazidos pelos rios, são materiais que juntamente com resquícios
de outros elementos, culminam com a formação de um substrato inconsolidado. Os solos
de manguezal são formados pela junção dos diversos sedimentos carregados pelas
atividades flúvio-marinhas que trazem consigo Gleissolos, Organossolos e sedimentos
diversos e esse material, pela ausência das características fundamentais para se ter um
solo como os horizontes, ainda não constituí solo (EMBRAPA 2006).
4.4 Vegetação
A cobertura vegetal do Maranhão reflete, em particular, a influência das condições de
transição climática existentes no Estado devido ao seu posicionamento geográfico. Na
região conhecida como Amazônia Maranhense, as influências da vegetação e do clima se
diferem de todo o restante do Estado. Apesar do avançado estágio de degradação, a região
do estudo ainda mantém a presença de cerca de 20% da Floresta Ombrófila original.
Ainda na região, o domínio predominante em boa parte da sua extensão é uma variação
de Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas (Ab), Floresta Ombrófila Densa Aluvial
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(Da), Áreas de formações pioneiras, vegetação com influência fluviomarinha (Pf) e
Vegetação Secundária (Vs) (IBGE 2004).
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas (Ab) são, segundo o IBGE:
“Compreendida entre as latitudes 4º Norte e 16º Sul, esta formação ocorre em
altitudes que variam de 5 a até 100 m e tem como predominância as palmáceas.
Com ocorrência bem distribuída desde o Estado do Maranhão até o Piauí, esta
ocorrência acaba sendo chamada de “floresta de babaçu”. Devido à expansão
das fronteiras agrícolas, esta formação é constantemente submetida à intensão
devastação reduzindo significantemente a sua área. (IBGE 2012) ”
As áreas ocupadas por esse tipo de vegetação acabaram por ser em boa parte
ocupadas por espécies invasoras que rapidamente se adaptaram ao ambiente extremo
proporcionados pelo clima e pelo solo. A Attalea speciosa Mart. ex Spreng. (babaçu),
com seu eficiente sistema de reprodução acabou criando o chamado “babaçual” e dessa
forma dominou quase que completamente a paisagem local. Esse tipo de vegetação faz
parte da categoria chamada Vegetação Secundária.
Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Da) é a comumente chamada de “mata ciliar”,
neste caso, “floresta ciliar” (IBGE, 2012). Ocorre ao longo de cursos d’água e ao mesmo
tempo que se beneficia deste fato, serve de proteção para evitar o assoreamento devido a
erosão causada nas margens dos corpos hídricos. Tem rápido crescimento e evolução,
mas a cada vez mais acelerada pressão antrópica se mostra muito mais “eficiente”. Ao
serem retiradas para a expansão urbana, esse tipo de vegetação acaba não mais
encontrando o meio ideal para o seu desenvolvimento pois os corpos hídricos em pouco
tempo já começam a sentir os efeitos da sedimentação de seus leitos causando dessa forma
um efeito em cascata.
Áreas de formações pioneiras, vegetação com influência fluviomarinha (Pf)
Vegetação característica de ambiente salobro, situada comumente em desembocadura de
rios e regatos no mar que possuam os solos característicos (IGBE 2012, p. 137).
É um tipo de vegetação especializada e muito adaptada à salinidade das águas. É
um tipo de vegetação muito suscetível a mudanças em seu ambiente, sejam elas de cunho
climático, de variação de maré e da química dos elementos que banham a sua área de
ocorrência. Devido à expansão urbana, vem sofrendo cada vez mais uma forte diminuição
em sua extensão o que põe em risco todo um delicado sistema ambiental.
A região estudada faz parte da (APA) Área de Proteção Ambiental das
Reentrâncias Maranhenses, e devido a este fato deveria ter a sua área preservada pela sua
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enorme importância ao meio ambiente. A região também faz parte da “convenção
Ramsar” que trata da necessidade de preservação de áreas úmidas tanto pela importância
de aves migratórias quanto para os que dessas regiões vivem. (MMA, 2018).
O Ministério do Meio Ambiente, se refere às chamadas Zonas Úmidas como:
É toda extensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfícies cobertas de água,
de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água
parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. Áreas marinhas com
profundidade de até seis metros, em situação de maré baixa, também são
consideradas zonas úmidas. (MMA, 2018).
Vegetação Secundária (Vs) são áreas que já sofreram o processo de antropização
perdendo a sua cobertura vegetal original (primária) para as mais variadas atividades,
como a mineração, agricultura ou pecuária. Normalmente, este processo caminha junto
com perdas significativas de solo pelo fato de este acabar na maioria das vezes ficando
em um estado desnudo e favorecendo a ação erosiva dos elementos (IBGE, 2012).
4.5 Clima
Com variação de altitude que vai de 0 (nível do mar), a até 26 metros, os
municípios estudados possuem praticamente as mesmas características do ponto de vista
climático por fazerem parte da mesma região e sofrerem praticamente as mesmas
influências.
Segundo a classificação Köppen, os municípios fazem parte da classificação
(Aw’) que se refere a regiões de clima tropical úmido com períodos bem definidos ao
longo do ano, um que é o chuvoso que vai de janeiro a junho e outro seco que vai de julho
a dezembro. Com médias mensais variando no período de estiagem entre 20 a 180 mm
mensais e 170 a 450 mm mensais nos períodos chuvosos em praticamente todos os
municípios, a precipitação anual pouco varia também de um município para o outro
alcançando a média de 2300 mm. A temperatura média fica em torno dos 20ºC e 30ºC
(CPRM, 2011).
5. Considerações finais
Os quatro municípios estudados, possuem seu relevo, clima e vegetação
totalmente influenciados pela proximidade com a Amazônia, a sua formação geológica
possui em sua composição materiais cristalinos e sedimentares, uma riqueza mineralógica
incalculável em função do material cratônico no trecho do Gurupi, compreendendo uma
dinâmica diferente se comparado com as outras regiões do Estado do Maranhão.
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A hidrografia é muito complexa, abrangendo bacias hidrográficas amazônicas e
bacias de predominância estadual que promovem uma dinâmica quase única no Brasil,
principalmente na modelamento do relevo, com predominância de Litorais de Mangues e
Rias, Planícies Fluviais e outros.
A região que abrigava uma densa floresta amazônica, atualmente sucumbe à
expansão do agronegócio e da mineração, causando significativas perdas aos seus solos
e cobertura vegetal que nem com organismos internacionais lutando juntamente com os
organismos nacionais, conseguem frear a degradação feita pelo homem. O homem precisa
expandir o seu domínio, mas com o conhecimento do meio físico, com a aplicação de
corretas técnicas de manejo e a busca de um avanço sustentável, é possível que se consiga
ter por muito mais tempo o meio de sustento e sobrevivência.
6. REFERÊNCIAS BANDEIRA, I. C. N. Geodiversidade do estado do Maranhão / Organização Iris Celeste Nascimento. –
Teresina: CPRM, 2013. 294 p.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Mapa Geodiversidade do Estado do Maranhão, 2013. Disponível
em: < http://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/14689>
FILHO, F. L. C. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, Estado do Maranhão:
Relatório Diagnóstico do Município de Amapá do Maranhão - Teresina: CPRM - Serviço Geológico
do Brasil, 2011. 31 p.
FILHO, F. L. C. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, Estado do Maranhão:
Relatório Diagnóstico do Município de Carutapera - Teresina: CPRM - Serviço Geológico do Brasil,
2011. 31 p.
FILHO, F. L. C. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, Estado do Maranhão:
Relatório Diagnóstico do Município de Godofredo Viana - Teresina: CPRM - Serviço Geológico do
Brasil, 2011. 31 p.
FILHO, F. L. C. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por Água Subterrânea, Estado do Maranhão:
Relatório Diagnóstico do Município de Luis Domingues - Teresina: CPRM - Serviço Geológico do
Brasil, 2011. 31 p.
KLEIN, E. L. Evolução geológica pré-cambriana e aspectos da metalogênese do ouro do Cráton São
Luiz e do Cinturão Gurupi, NE-Pará/NW-Maranhão, Brasil. Orientador, Cândido Augusto Veloso
Moura. Belém: [s.n], 2004. 303f.
Manual técnico de geomorfologia / IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. –
2. ed. - Rio de Janeiro: IBGE, 2009. 182 p.
Programa de Cálculo do Desmatamento da Amazônia – PRODES/ INPE. Disponível em:
<http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php>
Relevo do estado do Maranhão: Uma nova proposta de classificação topomorfológica. DEGEO-
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Universidade Estadual do Maranhão. Centro de Ciências Agrárias. Núcleo Geoambiental. Bacias
hidrográficas e climatologia no Maranhão / Universidade Estadual do Maranhão. - São Luís, 2016. 165p
Amazônia Maranhense: Diversidade e Conservação / Organizado por Marlúcia Bonifácio Martins;
Tadeu Gomes de Oliveira – Belém: MPEG, 2011. 328 p.: il
Farias Filho, Marcelino Silva F224v Variabilidade espacial dos atributos físicos e químicos em um
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