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[Digite aqui] CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA BACIA DO MARACAÇUMÉ (MA) NOS MUNICÍPIOS: AMAPÁ DO MARANHÃO, CARUTAPERA, GODOFREDO VIANA E LUÍS DOMINGUES. Anderson Martins Araújo (a) , Janilci Serra (b) , Marcelino Silva Farias Filho (c) , Regina Maria Gomes Vilar de Albuquerque (d) , Samuel Lopes Serra (e) , Vitória Gleyce Sousa Ferreira (f) (a) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão UFMA, [email protected] (b) Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, [email protected] (c) Doutor em Geografia, Universidade Federal do Maranhão UFMA, [email protected] (d) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão UFMA, [email protected] (e) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão UFMA, [email protected] (f) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão UFMA, [email protected] Resumo O estado do Maranhão compreende um dos mais diversos ecossistemas do Brasil, com um espaço geográfico ainda pouco estudado. A pesquisa foi desenvolvida nos municípios de Amapá do Maranhão, Carutapera, Godofredo Viana e Luís Domingues localizados na região extremo noroeste do Estado do Maranhão dentro da área pertencente à Amazônia maranhense tendo como objetivo identificar as características do meio físico, assim como aspectos causados pelo impacto antrópico. Características físicas como, Geologia, Geomorfologia, Hidrografia, Pedologia, Clima e Vegetação foram analisadas através de leitura da bibliografia disponível, análise de cartas topográficas e imagens de satélite. Concluímos com as análises que há muito a ser feito, sendo necessário que se adeque o uso dos preciosos recursos presentes para evitar e mitigar o processo de degradação. Palavras-chave: meio físico, degradação, Amazônia maranhense

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CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA BACIA DO

MARACAÇUMÉ (MA) NOS MUNICÍPIOS: AMAPÁ DO

MARANHÃO, CARUTAPERA, GODOFREDO VIANA E LUÍS

DOMINGUES.

Anderson Martins Araújo (a), Janilci Serra (b), Marcelino Silva Farias Filho (c),

Regina Maria Gomes Vilar de Albuquerque (d), Samuel Lopes Serra (e), Vitória

Gleyce Sousa Ferreira (f)

(a) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (b)

Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,

[email protected] (c) Doutor em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (d) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (e) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected] (f) Graduando em Geografia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA, [email protected]

Resumo

O estado do Maranhão compreende um dos mais diversos ecossistemas do Brasil, com um espaço

geográfico ainda pouco estudado. A pesquisa foi desenvolvida nos municípios de Amapá do Maranhão,

Carutapera, Godofredo Viana e Luís Domingues localizados na região extremo noroeste do Estado do

Maranhão dentro da área pertencente à Amazônia maranhense tendo como objetivo identificar as

características do meio físico, assim como aspectos causados pelo impacto antrópico. Características

físicas como, Geologia, Geomorfologia, Hidrografia, Pedologia, Clima e Vegetação foram analisadas

através de leitura da bibliografia disponível, análise de cartas topográficas e imagens de satélite.

Concluímos com as análises que há muito a ser feito, sendo necessário que se adeque o uso dos preciosos

recursos presentes para evitar e mitigar o processo de degradação.

Palavras-chave: meio físico, degradação, Amazônia maranhense

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1. Introdução

O Brasil possui uma das mais relevantes geodiversidades do mundo, com

diversificado e vasto ecossistema, bem como grande reserva mineralógica e complexa

formação geológica que o torna hábil a inúmeros tipos de uso, evidenciando sua extrema

importância para a manutenção do equilíbrio ambiental do mundo. O Maranhão, por sua

vez, compreende uma diversidade morfológica, ambiental e geológica imensa, fatores que

o tornam vulnerável a exploração desordenada das suas riquezas naturais.

A mesorregião oeste do Maranhão se situa na transição do nordeste e região

amazônica, também conhecida como amazônia maranhense, concentrando quase um

terço da biodiversidade do Estado e é abrigo de muitas espécies endêmicas. Muito embora

a amazônia maranhense tenha tantos atributos importantes e únicos e possua um dos

menores índices de ocupação de áreas protegidas, o Maranhão, dentre os estados

pertencentes a Amazônia Legal, é o que mais desmatam a sua floresta (PRODES, 2016),

evidenciando a fraca fiscalização e pouca atenção do poder público em todas as suas

esferas responsáveis.

O artigo em questão objetivou a análise dos componentes físicos de quatro

municípios da mesorregião oeste maranhense, principalmente por meio de pesquisas

bibliográficas e cartas topográficas a fim de destacar sua importância para o cenário

nacional, suas riquezas e fragilidades.

2. Localização da área de estudo

Os municípios de Amapá do Maranhão, Carutapera, Godofredo Viana e Luís

Domingues estão localizados no extremo noroeste do Estado do Maranhão, na região

hidrográfica conhecida como Atlântico Nordeste Ocidental (MMA, 2006), compondo

parte do território das bacias hidrográficas a bacia hidrográfica do Gurupi e a bacia

hidrográfica do Maracaçumé e também fazem parte da Área de Proteção Ambiental

(APA) das Reentrâncias Maranhenses.

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Figura 1: Localização da área de estudos

Elaborado por SERRA, S. L., 2018.

3. Materiais e métodos

Foi utilizado como ferramenta de pesquisa, a revisão bibliográfica e mapas

topográficos. Durante o primeiro mês, foram selecionadas as obras para serem utilizadas

de forma a melhor caracterizar a Mesorregião Oeste, que possui poucos dados científicos

e acadêmicos.

Para a elaboração do artigo, , foram selecionadas produções de relevância

científica como os Relatórios Diagnósticos das cidades de Amapá do Maranhão,

Carutapera, Luis Domingues e Godofredo Viana, ambos publicados no ano de 2011, o

livro “Geodiversidade do Estado do Maranhão” publicado em 2013, o livro “Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos – 5ª ed.” publicado no ano de 2018, o “Manual

Técnico da Vegetação Brasileira – 2ª ed.” Publicado no ano de 2012, dentre outras que

foram utilizadas de forma secundárias como: “Manual Técnico de Geomorfologia –

IBGE”, publicado no ano de 2009.

Para a elaboração do mapa de localização da área de estudo foi utilizado o SIG,

QGIS e imagens de satélite adquiridas no site do INPE.

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4. Resultados e Discussões

4.1 Geologia

Carutapera, Luís Domingues, Amapá do Maranhão e Godofredo Viana estão

situados no domínio da Bacia Sedimentar do Parnaíba, que teve sua sedimentação na era

paleozóica (Siluriano ao Cretáceo) e é dividida em três supersequências, sendo elas:

Silurianas, Devoniana e Carbonífero-Triássica. Foi fixada sobre riftes cambro-

ordovicianos, ocorridas ao final do ciclo Brasiliano (Toniano – era neoproterozóica e o

Cambriano – era paleozóica), decorrente de pulsos magmáticos, propiciando a deposição

de sedimentos fluviais e marinho rasas.

A supersequência siluriana corresponde as formações geológicas Ipu (formada por

arenitos conglomeráticos e diamictitos), Tianguá (formado por arenitos, folhetos cinza-

escuro e preto) e Jacós (formado por arenitos conglomeráticos e médios) (CAPUTO;

LIMA, 1984 apud BANDEIRA, 2013). Ambos constituídos por rochas do Grupo Serra,

com idades entre 443 a 416 Ma.

Posteriormente, a supersequência Devoniana corresponde as formações

geológicas Itaim, Pimenteiras, Cabeças; Longá (formada por folhelhos cinza -escuro,

pretos a roxos, siltitos argilosos, arenitos e siltitos cinza-claro a esbranquiçados) (LIMA;

LEITE, 1978 apud BANDEIRA, 2013); e Poti (formada por arenitos cinza-

esbranquiçado, com intercalações esparsas de siltito cinza-claro, e arenitos finos a

médios, cinza, com camadas de siltito e folhelhos carbonosos) (LIMA; LEITE, 1978 apud

BANDEIRA, 2013); sendo que apenas as duas últimas formações com afloramento no

Maranhão. Ambos constituídos por rochas do Grupo Canindé.

Por último, a supersequência Carbonífero-Triássica corresponde as formações

Piauí (formada por arenitos, com intercalações de siltitos e argilitos), Sambaíba (formada

por arenitos avermelhados e esbranquiçados, depositados em ambiente desértico com

contribuição fluvial) (LIMA; LEITE, 1978 apud BANDEIRA, 2013); Pedra de Fogo

(formada por siltitos, folhelhos, calcários e silexitos, depositados em ambiente marinho

raso a litorâneo), Motuca (formada por siltitos, arenitos e, subordinadamente, folhelhos,

depositados em sistema desértico, com lagos associados) (GÓES; FEIJÓ, 1994 apud

BANDEIRA, 2013).

De acordo com o Relatório Diagnóstico do Município de Carutapera (2011), a

Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt) da era do Pré-Cambriano está representado, que se

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manifesta na parte sul do município; o Terciário, pelo Grupo Barreiras (ENb) que

comporta a região central do município; o Quaternário, pelos Depósitos Flúviomarinhos

(Qfm), com afloramento na região oeste, estendendo-se em direção a região nordeste e

leste do município. Do mesmo modo, o Relatório Diagnóstico do Município de Luis

Domingues (2011) aponta o Pré-Cambriano representado pelo Grupo Aurizona (PP2au),

que se manifesta na área central do município, e pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt), que

comporta a região sul do município e o Quaternário pelos Depósitos Flúviomarinhos

(Qfm), com afloramento na região norte, estendendo-se em direção a região leste do

município.

No Relatório Diagnóstico do Município de Amapá do Maranhão (2011), o Pré-

Cambriano está representado pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt), que ocupa grande área

da porção norte, oeste e estende-se para o sudoeste do município; o Cretáceo, pela

formação Itapecuru (K12it), com afloramento na porção nordeste e estende-se para o

leste, sudeste e sul do município. Do mesmo modo, o Relatório Diagnóstico do Município

de Godofredo Viana (2011) aponta o Pré-Cambriano representado pelo Grupo Aurizona

(PP2au), que se comporta ao norte do município, e pela Suíte Intrusiva Tromaí (PP2t)

com afloramento na porção sul e se estende para a região sudoeste do município; o

Cretáceo, pela formação Itapecuru (K12it) com afloramento na região do estremo sul do

município; o Quaternário, pelos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm) que comporta grande

área da porção norte e se estende ao nordeste do município.

A Suíte Intrusiva Tromaí possui uma estrutura mineralógica bastante diversa e de

maior extensão geográfica que, de acordo com Klein (2004), essa composição é resultado

de dois processos: o primeiro por uma placa tectônica preexistente fundida e o segundo

pelo manto terrestre. Pestana (1995 apud KLEIN, 2004) aponta os granitóides da Suíte

Intrusiva Tromaí como composicionalmente dominados por tonalitos, com

trondhjemitos, granodioritos e monzogranitos ocorrendo de forma subordinada.

O Grupo Aurizona é composto por uma sequência metavulcanossedimentar,

originada em arco insular, com rochas vulcânicas metamorfizadas ácidas e básicas, filitos,

xistos, metachert e quartzitos. Foi proposto por Klein et al. (2008 apud 1995 apud

BANDEIRA, 2013) uma subdivisão do grupo Aurizona em três formações: Matará,

Pirocaua e Ramos, sendo a última formação a que representa a realidade geológica dos

municípios de Carutapera e Luis Domingues, com quartzito (puro, ferruginoso ou

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manganesífero), quartzo ± muscovita ± clorita-xistos, filito, filito grafitoso, metassiltito

manganesífero, metachert puro ou ferruginoso ou grafitoso, metarenito e grauvaca lítica.

A formação Itapecuru, é um grupo de formações com variados tipos de rochas,

tais como “arenitos, argilitos, siltitos, folhelhos intercalados com arenitos depositados em

vários ambientes (fluvial, deltaico e lagunar) (ANAISSE JÚNIOR, 1999; GONÇALVES;

CARVALHO,1996; LIMA; LEITE, 1978 1995 apud BANDEIRA, 2013).

Os Depósitos fluviomarinhos se formam por processo concomitante de acumulação dos

sedimentos fluviais e marinhos, e segundo o livro Geodiversidade do Estado do Maranhão

(2013) “são constituídos por sedimentos inconsolidados de idade holocênica, consistem

de terrenos argilosos ou argiloarenosos ricos em matéria orgânica, caracterizados como

solos de mangue, gleissolos sálicos e gleissolos tiomórficos”

4.1.1 Geomorfologia

Os municípios de estudo, localizam-se na Mesorregião Oeste dentro da

Microrregião Gurupi, e possuem superfícies aplainadas retocadas ou degradadas com

domínio de colinas amplas e suaves, domínio este que prevalece formas de relevo com

pouca declividade e amplitude. A classificação mais recente sobre as unidades

geomorfológicas da Mesorregião Oeste do Maranhão foi divulgada pelo IBGE (2011)

contendo 8 domínios:

Da mais recente classificação do IBGE (2011), depreende-se as seguintes

unidades geomorfológicas na Mesorregião Oeste do Maranhão: a) Litoral de

Mangues e Rias; b) Superfície do Baixo Gurupi; c) Colinas e Cristas do

Gurupi; d) Superfície Dissecada de Santa Luzia do Paruá; e) Depressão do

Gurupi; f) Planalto Dissecado do Gurupi-Grajaú; g) Depressão de Imperatriz

h) Planícies Fluviais. (BELO et al, 2013).

O Litoral de Mangues e Rias, corresponde a porção do litoral das Reentrâncias, e

faz parte da Planície Costeira, no qual comporta as características geomorfológicas dos

municípios de Carutapera, Luís Domingues e Godofredo Viana. No livro Geodiversidade

do Estado do Maranhão (2013), essa unidade compreende entre “a linha de costa e a vasta

superfície do noroeste do Maranhão, drenada pelos rios Gurupi e Turiaçu, dentre os

principais, assim como pelos tabuleiros costeiros embasados por rochas sedimentares

pouco litificadas do Grupo Barreiras ou da Formação Itapecuru”.

Na região do município de Carutapera podem ser encontrados inúmeros

“ecossistemas ambientais, costeiros e marinhos, tais como: baías, enseadas,

desembocaduras fluviais, estuários e manguezais” (Relatório Diagnostico de Carutapera,

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2011), fator este que influencia de forma preponderante seu relevo, que por sua vez, é

caracterizado por planícies aluviais costeiras, planas ou com pouquíssima inclinação.

Os municípios de Luís Domingues e Godofredo Viana pertencente à área de

proteção ambiental do Parque Reentrâncias Maranhense e segundo Feitosa (2006):

O relevo na região é formado por grandes planícies fluviais e flúvio-marinha,

áreas planas e baixas, recortadas por canais de circulação de águas salobras

que formam apicuns. A planície aluvionar caracteriza-se por uma superfície

extremamente horizontalizada, onde os sedimentos inconsolidados (areias,

argilas, cascalhos) encontram-se depositados nas margens dos principais

cursos d’água da região. (FEITOSA, 2006)

4.2 Hidrografia

A hidrografia da mesorregião oeste é bastante complexa, pois comporta

aproximadamente dez bacias hidrográficas perenes, no qual duas são bacias limítrofes,

pois estão entre o estado do Maranhão e Pará. As bacias são: bacias hidrográficas dos rios

Turiaçu, Munim, Maracaçumé-Tromaí, Grajau, Pindaré, Uru-Pericumã-Aurá, Parnaíba-

Balsas, Itapecuru, Tocantins e Gurupi. Os municípios de Amapá do Maranhão, Luis

Domingues e Godofredo Viana possuem forte influência das bacias hidrográficas dos rios

Maracaçumé-Tromaí devido a sua localização.

O município de Amapá do Maranhão é drenado pelas bacias dos rios

Maracaçumé-Tromaí e localiza-se na margem esquerda do rio Tromaí e compreende dois

domínios hidrogeológicos, mencionados no Relatório Diagnóstico de Amapá do

Maranhão (2011) como “aquífero fissural, representado pelas rochas do embasamento

cristalino da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt); e o aquífero intergranular, relacionado aos

sedimentos consolidados da formação Itapecuru (K12it) ”.

A bacia hidrográfica do rio Tramaí e o rio Iririaçu, por sua vez, drenam e

delimitam os limites da área do município de Luis Domingues que pertence a bacia

hidrográfica dos rios Maracaçumé-Tromaí e compreende dois domínios hidrogeológicos,

mencionados no Relatório Diagnóstico de Luis Domingues (2011) como “ aquífero

fissural, representado pelas rochas do Grupo Aurizana (PP2au) e da Suíte Intrusiva

Tromaí (PP2t); e o aqüífero intergranular, relacionado pelos sedimentos inconsolidados

dos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm)”.

O município de Godofredo Viana, do mesmo modo, é drenado pela bacia

hidrográfica dos rios Maracaçumé-Tromaí, na qual a localização de sua sede municipal

se dispõe próximo à margem esquerda do rio Maracaçumé e compreende dois domínios

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hidrogeológicos, mencionados no Relatório Diagnóstico de Godofredo Viana (2011)

como:

[...] aqüífero fissural representado pelas rochas do embasamento cristalino do

Grupo Aurizona (PP2au) e da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2t); e o aquífero

intergranular, relacionado aos sedimentos consolidados da formação Itapecuru

(K12it) e pelos sedimentos inconsolidados dos Depósitos Flúviomarinhos

(Qfl). (Relatório Diagnóstico de Godofredo Viana, 2011, p. 24.)

Diferente dos outros três municípios de estudo, Carutapera pertence a bacia

hidrográfica do rio Gurupi que também drena o município em conjunto com os rios

Iririmirim e Iririaçu. Compreende dois domínios hidrogeológicos, mencionados no

Relatório Diagnóstico de Carutapera (2011) como “aquífero fissural representado pelas

rochas do embasamento cristalino da Suíte Intrusiva Tromaí (PP2γt); e o aquífero

intergranular, relacionado aos sedimentos consolidados do Grupo Barreiras (ENb); e

pelos sedimentos inconsolidados dos Depósitos Flúviomarinhos (Qfm) ”.

4.3 Pedologia

Os solos da região estudada são compostos por uma variação equilibrada de

Argissolos Vermelho-Amarelo (PVAd), Latossolos Amarelo (LAd) Plintossolos Háplico

(FTd), Gleissolo Timórfico (GJo) e Gleissolo Sálico (GZn) e Solo de Mangue (IBGE,

2011), (EMBRAPA, 2006), que incidem em todos os municípios estudados.

Os Argissolos Vermelho-Amarelos são solos constituídos por material mineral

(EMBRAPA 2018. P. 158). São originados de materiais de formações geológicas,

principalmente sedimentares. Comumente utilizado nas práticas agrícolas, os Argissolos

demandam de cuidados para não perderem a sua capacidade protetiva e produtiva. As

áreas onde ocorrem essa classe de solo são utilizadas com cultura de subsistência,

destacando-se as culturas de milho, feijão, arroz e fruticultura (manga, caju e banana).

Os Plintossolos solos constituídos por material mineral de textura média e argilosa

e que apresentam horizonte plíntico, litoplíntico e concrecionário (EMBRAPA 2018, p

370). São solos com restrição à percolação d’água, sujeitos ao efeito temporário do

excesso de umidade, se originam a partir das formações sedimentares. Os Plintossolos

eutróficos são os que propiciam maior produtividade nas diversas práticas agrícolas

exercidas na região. Os Plintossolos álicos e distróficos, principalmente os arenosos, são

solos de baixa fertilidade natural e acidez elevada.

Os Gleissolos são solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que

apresentam horizonte glei em profundidade maior que 50 cm ou menor ou igual a 150 cm

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(EMBRAPA 2018 p. 244). São solos que se encontram em permanente contato com a

água devido a estarem inseridos em corpos hídricos ou em locais de altos índices de

pluviosidade e devido a este fato estão sempre em estado de saturação. São solos mal ou

muito mal drenados em condições naturais, formados principalmente a partir de

sedimentos, estratificados ou não. O seu desenvolvimento normalmente ocorre nas

proximidades dos cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de

hidromorfia, podendo formar-se também em áreas de relevo plano de terraços fluviais,

lacustres ou marinhos, como também em áreas abaciadas e depressões. São solos muito

suscetíveis à degradação em função das ações antrópicas. Com relação a isso, Farias Filho

(2014) diz:

A criação de bovinos e cultivo de arroz são atividades bastante antigas e

cresceram associadas inicialmente aos solos úmidos e relativamente mais

férteis das planícies fluviais em diferentes partes do mundo. Em decorrência

disso, as camadas superficiais dos solos hidromórficos, como os Gleissolos,

utilizadas em condição de saturação hídrica são deformadas, causando

compactação que resulta inicialmente em perdas de produtividade das culturas.

Os Solos indiscriminados de Mangue são formados a partir do depósito de silte,

areia e material coloidal trazidos pelos rios, são materiais que juntamente com resquícios

de outros elementos, culminam com a formação de um substrato inconsolidado. Os solos

de manguezal são formados pela junção dos diversos sedimentos carregados pelas

atividades flúvio-marinhas que trazem consigo Gleissolos, Organossolos e sedimentos

diversos e esse material, pela ausência das características fundamentais para se ter um

solo como os horizontes, ainda não constituí solo (EMBRAPA 2006).

4.4 Vegetação

A cobertura vegetal do Maranhão reflete, em particular, a influência das condições de

transição climática existentes no Estado devido ao seu posicionamento geográfico. Na

região conhecida como Amazônia Maranhense, as influências da vegetação e do clima se

diferem de todo o restante do Estado. Apesar do avançado estágio de degradação, a região

do estudo ainda mantém a presença de cerca de 20% da Floresta Ombrófila original.

Ainda na região, o domínio predominante em boa parte da sua extensão é uma variação

de Floresta Ombrófila Aberta de Terras Baixas (Ab), Floresta Ombrófila Densa Aluvial

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(Da), Áreas de formações pioneiras, vegetação com influência fluviomarinha (Pf) e

Vegetação Secundária (Vs) (IBGE 2004).

Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas (Ab) são, segundo o IBGE:

“Compreendida entre as latitudes 4º Norte e 16º Sul, esta formação ocorre em

altitudes que variam de 5 a até 100 m e tem como predominância as palmáceas.

Com ocorrência bem distribuída desde o Estado do Maranhão até o Piauí, esta

ocorrência acaba sendo chamada de “floresta de babaçu”. Devido à expansão

das fronteiras agrícolas, esta formação é constantemente submetida à intensão

devastação reduzindo significantemente a sua área. (IBGE 2012) ”

As áreas ocupadas por esse tipo de vegetação acabaram por ser em boa parte

ocupadas por espécies invasoras que rapidamente se adaptaram ao ambiente extremo

proporcionados pelo clima e pelo solo. A Attalea speciosa Mart. ex Spreng. (babaçu),

com seu eficiente sistema de reprodução acabou criando o chamado “babaçual” e dessa

forma dominou quase que completamente a paisagem local. Esse tipo de vegetação faz

parte da categoria chamada Vegetação Secundária.

Floresta Ombrófila Densa Aluvial (Da) é a comumente chamada de “mata ciliar”,

neste caso, “floresta ciliar” (IBGE, 2012). Ocorre ao longo de cursos d’água e ao mesmo

tempo que se beneficia deste fato, serve de proteção para evitar o assoreamento devido a

erosão causada nas margens dos corpos hídricos. Tem rápido crescimento e evolução,

mas a cada vez mais acelerada pressão antrópica se mostra muito mais “eficiente”. Ao

serem retiradas para a expansão urbana, esse tipo de vegetação acaba não mais

encontrando o meio ideal para o seu desenvolvimento pois os corpos hídricos em pouco

tempo já começam a sentir os efeitos da sedimentação de seus leitos causando dessa forma

um efeito em cascata.

Áreas de formações pioneiras, vegetação com influência fluviomarinha (Pf)

Vegetação característica de ambiente salobro, situada comumente em desembocadura de

rios e regatos no mar que possuam os solos característicos (IGBE 2012, p. 137).

É um tipo de vegetação especializada e muito adaptada à salinidade das águas. É

um tipo de vegetação muito suscetível a mudanças em seu ambiente, sejam elas de cunho

climático, de variação de maré e da química dos elementos que banham a sua área de

ocorrência. Devido à expansão urbana, vem sofrendo cada vez mais uma forte diminuição

em sua extensão o que põe em risco todo um delicado sistema ambiental.

A região estudada faz parte da (APA) Área de Proteção Ambiental das

Reentrâncias Maranhenses, e devido a este fato deveria ter a sua área preservada pela sua

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enorme importância ao meio ambiente. A região também faz parte da “convenção

Ramsar” que trata da necessidade de preservação de áreas úmidas tanto pela importância

de aves migratórias quanto para os que dessas regiões vivem. (MMA, 2018).

O Ministério do Meio Ambiente, se refere às chamadas Zonas Úmidas como:

É toda extensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfícies cobertas de água,

de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água

parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. Áreas marinhas com

profundidade de até seis metros, em situação de maré baixa, também são

consideradas zonas úmidas. (MMA, 2018).

Vegetação Secundária (Vs) são áreas que já sofreram o processo de antropização

perdendo a sua cobertura vegetal original (primária) para as mais variadas atividades,

como a mineração, agricultura ou pecuária. Normalmente, este processo caminha junto

com perdas significativas de solo pelo fato de este acabar na maioria das vezes ficando

em um estado desnudo e favorecendo a ação erosiva dos elementos (IBGE, 2012).

4.5 Clima

Com variação de altitude que vai de 0 (nível do mar), a até 26 metros, os

municípios estudados possuem praticamente as mesmas características do ponto de vista

climático por fazerem parte da mesma região e sofrerem praticamente as mesmas

influências.

Segundo a classificação Köppen, os municípios fazem parte da classificação

(Aw’) que se refere a regiões de clima tropical úmido com períodos bem definidos ao

longo do ano, um que é o chuvoso que vai de janeiro a junho e outro seco que vai de julho

a dezembro. Com médias mensais variando no período de estiagem entre 20 a 180 mm

mensais e 170 a 450 mm mensais nos períodos chuvosos em praticamente todos os

municípios, a precipitação anual pouco varia também de um município para o outro

alcançando a média de 2300 mm. A temperatura média fica em torno dos 20ºC e 30ºC

(CPRM, 2011).

5. Considerações finais

Os quatro municípios estudados, possuem seu relevo, clima e vegetação

totalmente influenciados pela proximidade com a Amazônia, a sua formação geológica

possui em sua composição materiais cristalinos e sedimentares, uma riqueza mineralógica

incalculável em função do material cratônico no trecho do Gurupi, compreendendo uma

dinâmica diferente se comparado com as outras regiões do Estado do Maranhão.

Page 12: CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA BACIA DO ......aproximadamente dez bacias hidrográficas perenes, no qual duas são bacias limítrofes, pois estão entre o estado do Maranhão

[Digite aqui]

A hidrografia é muito complexa, abrangendo bacias hidrográficas amazônicas e

bacias de predominância estadual que promovem uma dinâmica quase única no Brasil,

principalmente na modelamento do relevo, com predominância de Litorais de Mangues e

Rias, Planícies Fluviais e outros.

A região que abrigava uma densa floresta amazônica, atualmente sucumbe à

expansão do agronegócio e da mineração, causando significativas perdas aos seus solos

e cobertura vegetal que nem com organismos internacionais lutando juntamente com os

organismos nacionais, conseguem frear a degradação feita pelo homem. O homem precisa

expandir o seu domínio, mas com o conhecimento do meio físico, com a aplicação de

corretas técnicas de manejo e a busca de um avanço sustentável, é possível que se consiga

ter por muito mais tempo o meio de sustento e sobrevivência.

6. REFERÊNCIAS BANDEIRA, I. C. N. Geodiversidade do estado do Maranhão / Organização Iris Celeste Nascimento. –

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