Upload
trantruc
View
219
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
CARLA TADANO MOURA
A ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E DA DEPENDÊNCIA
NICOTÍNICA DE INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA
RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA
CASCAVEL 2005
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
CARLA TADANO MOURA
A ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E DA DEPENDÊNCIA
NICOTÍNICA DE INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA
RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Cascavel como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia. Orientadora: Profª: Keila Okuda
Tavares
Cascavel 2005
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
TERMO DE APROVAÇÃO
CARLA TADANO MOURA
A ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA E DA DEPENDÊNCIA
NICOTÍNICA DE INDIVÍDUOS TABAGISTAS E SUA
RELAÇÃO COM A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA
CRÔNICA
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção dotítulo de Graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Prof. Eduardo Alexandre LothCoordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
........................................................................................Orientador (a): Profª. Keila Okuda Tavares
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
..........................................................................................Profª. Juliana Hering Genske
Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE
..........................................................................................Prof. José Luis C. Machado
Colegiado de Medicina – UNIOESTE
Cascavel, 22 novembro de 2005.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Carlos e Elisa e à minha irmã Paula, pela confiança, apoio, carinho, compreensão e principalmente pelo amor incondicional em todos os momentos da minha vida.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por minha existência, por ter me dado uma minha família maravilhosa, por meus amigos, pela fundamental ajuda durante os momentos de angústia e tristeza nos quais recorri a Ele em minhas preces e orações. Também pelos anos maravilhosos vividos durante a faculdade.
Agradeço aos meus pais pelo total apoio, carinho, compreensão e amor, essenciais para que eu vencesse mais esta etapa da minha vida. Agradeço a confiança que sempre depositaram em mim, fazendo com que este sonho se tornasse realidade. A vitória é nossa!! AMO VOCÊS!!!!! Agradeço à minha irmã Paula pelas palavras e gestos de amor, carinho e compreensão que teve comigo quando o nervosismo, o desespero e a saudade de casa tomavam conta de mim!!!! Agradeço também pelas várias situações nas quais o tempo era curto e eu lhe pedia ajuda para a realização dos meus trabalhos de faculdade, incluindo este. Muito obrigada Pau, amo você!!!!
Agradeço à minha amiga Luciana que me mostrou o verdadeiro significado e sentido da amizade e que mesmo morando longe sempre me incentivou e acreditou em mim. Lu te amo!!!!
Agradeço todos os meus amigos e colegas de faculdade, em especial a Thaís, a “Josinha”, a Sheila, a Fer e o Cássius, pelos momentos de alegria, felicidade, festas, provas, noites de estudo, ajudas com o TCC e, também pelos momentos de tristeza e saudade de casa e dos pais sempre compartilhados!!!! Tenham a certeza de que vocês estarão em meus pensamentos sempre e as lembranças maravilhosas de um tempo “bão” nunca serão esquecidas. Obrigada por tudo, amo todos vocês!!!!
Agradeço ao professor e amigo Carlos pelas palavras de amizade e pela ajuda na realização deste trabalho.
Agradeço ao professor e amigo Gustavo pela ajuda e pelas dicas que “quebraram conceitos”. Agradeço a minha orientadora Keila pelo tempo dispensado a mim durante a realização deste trabalho para que tivesse a melhor qualidade possível.
À todos o meu muito obrigada!!!!!!!!!!!!
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Hoje os ventos do destino começaram a soprar, nosso tempo de menino foi ficando para trás, com a força de um moinho que trabalha devagar, vai buscar o teu caminho, nunca olha para trás.
Humberto Gessinger
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
RESUMO
A DPOC vem se estabelecendo como uma das principais causas da morbidade e mortalidade no mundo. O tabagismo tornou-se um grave problema de saúde pública e é o fator de risco mais importante para seu desenvolvimento. O objetivo deste estudo é analisar a qualidade de vida e a dependência nicotínica e relacioná-las a prova de função pulmonar (espirometria), para demonstrar que mesmo sem diagnóstico confirmado de DPOC os indivíduos já apresentam alterações que se refletem na qualidade de vida. A amostra foi composta por quatorze indivíduos de ambos os sexos, com história de tabagismo há pelo menos dez anos e sem diagnóstico confirmado de DPOC. A qualidade de vida foi avaliada por meio do questionário de qualidade de vida AQ20, e a dependência nicotínica pelo questionário de tolerância de Fagerström. Dois sujeitos apresentaram limitação reversível do fluxo aéreo, porém não foram encontrados indivíduos portadores de DPOC. A qualidade de vida estava alterada em todos os indivíduos e estava relacionada com o tempo de tabagismo e o grau de dependência nicotínica. Apesar dos tabagistas avaliados não apresentarem uma patologia respiratória instalada, a qualidade de vida já sofre alterações em decorrência do hábito de fumar.
Palavras-chave: DPOC, qualidade de vida, dependência nicotínica.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ABSTRACT
COPD has been considered like one of the mainly causes of morbidity and mortality in the world. Smoking became a serious public health problem and it is the isolated risk factor most important in COPD development. The objective of this study is to analise the quality of life and nicotine dependence and relate them to the pulmonary function test (spirometry), to demonstrate that even without the confirmed diagnosis of COPD the individual already presents alterations that reflect in quality of life. The sample was composed by fourteen individuals, both genders, with smoking history of at least ten years and without the confirmed diagnosis of COPD. Quality of life was analised by the questionary of quality of life AQ20 and the nicotine dependence by the Fagerströn Tolerance Questionnary. Two of them presented reversible airflow limitation, but no COPD holder was found. The quality of life was altered in all the individuals and was related to the smoking time and nicotine dependence degree. Despite the evaluated smokers had no respiratory pathology installed, the quality of life already decreases because of smoking habits.
Key-words: COPD, quality of life, nicotine dependence.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 111 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................12
1.1 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................... 141.2 OBJETIVOS..........................................................................................................................14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 152.1 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA............................................................................15
Estágio...........................................................................................................................17Característica.................................................................................................................17
2.2 DIFERENÇAS ENTRE BRONQUITE CRÔNICA E ENFISEMA PULMONAR................................................ 182.3 PATOGÊNESE DA DPOC...................................................................................................... 202.4 FISIOPATOLOGIA DA DPOC..................................................................................................212.5 EPIDEMIOLOGIA DA DPOC...................................................................................................232.6 FATORES DE RISCO...............................................................................................................24
2.6.1 Sexo..........................................................................................................................242.6.2 Idade........................................................................................................................ 242.6.3 História Ocupacional.............................................................................................. 252.6.4 Fatores Socioeconômicos........................................................................................ 252.6.5 Fatores Genéticos....................................................................................................262.6.6 Poluição Atmosférica...............................................................................................272.6.7 Infecções.................................................................................................................. 282.6.8 Raça......................................................................................................................... 282.6.9 Tabagismo................................................................................................................29
2.6.9.1 Dependência Nicotínica.................................................................................... 33
3 QUALIDADE DE VIDA .................................................................................................... 373.1 QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA AQ 20..................................................................... 41
4 TRATAMENTO DA DPOC............................................................................................... 434.1 CESSAÇÃO DO TABAGISMO.....................................................................................................434.2 BRONCODILATADORES.......................................................................................................... 444.3 OUTROS TRATAMENTOS.........................................................................................................444.4 REABILITAÇÃO PULMONAR EM PACIENTES COM DPOC .............................................................45
5 ESPIROMETRIA ............................................................................................................... 495.1 MANOBRAS DA ESPIROMETRIA................................................................................................505.2 TIPOS DE ESPIRÔMETROS ...................................................................................................... 545.3 REALIZAÇÃO DO TESTE ESPIROMÉTRICO - MANOBRA DA CVF.....................................................555.4 CRITÉRIOS PARA ACEITAÇÃO DAS CURVAS OBTIDAS - MANOBRA DA CVF..................................... 565.5 PROVA PÓS-BRONCODILATADOR............................................................................................. 58
6 METODOLOGIA................................................................................................................ 597 RESULTADOS.....................................................................................................................62 ..................................................................................................................................................648 DISCUSSÃO.........................................................................................................................65
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
9 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 68REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69APÊNDICE 1...........................................................................................................................72TERMO DE CONSENTIMENTO........................................................................................ 72LIVRE E ESCLARECIDO.................................................................................................... 72APÊNDICE 2...........................................................................................................................74QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA................................................................. 74PERGUNTAS.......................................................................................................................... 75SIM........................................................................................................................................... 75NÃO..........................................................................................................................................75ANEXO 1................................................................................................................................. 76QUESTIONÁRIO DE DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA.................................................... 76
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: NÚMERO DE INDIVÍDUOS DE ACORDO ....................................... 62 COM A DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA.............................................................62 TABELA 2: RELAÇÃO DA DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA COM..................... 63 A MÉDIA DE TEMPO DE TABAGISMO......................................................... 63 TABELA 3: RELAÇÃO DA DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA COM...................................................................................................................................................63 A MÉDIA DO AQ20............................................................................................... 63 TABELA 4: ÍNDICE DE TIFFENEAU DOS INDIVÍDUOS COM OBSTRUÇÃO......................................................................................................................... 63 TABELA 5: VALORES ABSOLUTOS DOS VEF1 DOS INDIVÍDUOS COM OBSTRUÇÃO......................................................................................................................... 64
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
1 INTRODUÇÃO
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) engloba duas patologias distintas, a
bronquite crônica e o enfisema pulmonar. As principais manifestações clínicas são dispnéia,
tosse e expectoração crônicas, causando as duas doenças a mesma síndrome funcional e
apresentando como principal fator de risco para o seu desenvolvimento o tabagismo.
O fumo tornou-se um grande problema de Saúde Pública em todo o mundo e estima-
se que será responsável, no ano de 2030, por aproximadamente dez milhões de mortes por
ano, consistindo então na maior causa isolada de mortalidade (MENEZES et al., 2002). No
Brasil, existem cerca de 32 milhões de tabagistas e, estima-se que destes, 15% evoluirão para
DPOC.
A maior parte das pessoas começa a fumar durante a adolescência, por várias razões
ainda não totalmente conhecidas. Independente do mecanismo de iniciação, a dependência
nicotínica desenvolve-se muito rapidamente. De acordo com Halty et al. (2002), um grande
número de fumantes não consegue abandonar o fumo, apesar de terem intenção de
abandoná-lo, em parte devido à dependência.
A prevalência da DPOC tem aumentado progressivamente nas últimas décadas, se
estabelecendo como uma das principais causa de morbidade e mortalidade no mundo.
Atualmente, representa a quinta causa de mortalidade e a 12ª em prevalência (RUFINO e
BEHRSIN, 2001). Cerca de 85% dos casos são atribuídos ao tabagismo, sendo este o fator
de risco isolado mais importante (SILVA, 2001).
Para promover avanços no estudo da fisiopatogenia da doença, o Instituto Nacional
do Coração, Pulmão e Sangue dos EUA e a Organização Mundial de Saúde (OMS)
desenvolveram um programa com o objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
diagnóstico e tratamento da DPOC. Este programa, denominado GOLD (Global Initiative for
Chronic Lung Disease), permitiu a edição de um documento com uma definição de DPOC
um pouco diferente da existente até então: “É uma doença caracterizada pela limitação
irreversível ou parcialmente reversível do fluxo aéreo, sendo usualmente progressiva e
associada a uma resposta inflamatória pulmonar anormal a partículas insalubres e aos gases
nocivos”. Esta nova definição demonstra a importância do ambiente na patogenia da doença
(RUFINO e BEHRSIN, 2001).
A nova definição proposta pelo GOLD, não utiliza os termos bronquite crônica e
enfisema e exclui a asma (que apresenta limitação reversível do fluxo aéreo). Este programa
prepara relatórios científicos sobre a DPOC, incentiva a disseminação e a aceitação dos
relatórios e promove uma colaboração internacional no que se refere à pesquisa sobre a
DPOC (LENFANT e KHALTAEV, 2005).
As alterações fisiopatológicas produzidas pela DPOC tendem a se agravar com a
progressão da doença e desencadear sintomas limitantes nos pacientes, diminuindo a
execução das atividades de vida diária e prejudicando a qualidade de vida das pessoas
acometidas (PAULIN, BRUNETTO e CARVALHO, 2003). Os dados sobre qualidade de
vida têm sido utilizados em Pneumologia na avaliação de tratamentos e de programas de
reabilitação, principalmente em asma e DPOC e, para isso, vários instrumentos vêm sendo
desenvolvidos e validados, inclusive no Brasil.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
1.1 Justificativa
A DPOC é uma doença silenciosa nas fases iniciais, nas quais os indivíduos
portadores já apresentam alterações na função pulmonar. A justificativa para a realização
deste trabalho é comprovar a existência desta redução e suas repercussões na qualidade de
vida de indivíduos sem diagnóstico de DPOC confirmado, possibilitando a implementação de
medidas preventivas antitabagistas que venham contribuir na diminuição do número de
indivíduos portadores de DPOC.
1.2 Objetivos
Analisar a qualidade de vida e o grau de dependência nicotínica de indivíduos
fumantes e relacionar estas variáveis à prova de função pulmonar (espirometria), para
demonstrar que mesmo sem diagnóstico confirmado de DPOC, estes indivíduos já apresentam
alterações funcionais que se refletem em sua qualidade de vida.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Em oposição às doenças cardiovasculares, para as quais o número de óbitos tem
diminuído nos últimos anos, a mortalidade devido a DPOC continua crescendo (FERREIRA,
2003). Essa doença é encarada atualmente como um grande problema de Saúde Pública. A
OMS anunciou que em 2020, ela será a terceira maior causa de morte e a sexta doença mais
prevalente no mundo (RUFINO e BEHRSIN, 2001).
A prevalência de DPOC é mais elevada nos países em que o tabagismo foi e continua
sendo muito comum, ao passo que é mais baixa em países nos quais o tabagismo é menos
comum, ou naqueles em que o consumo total de tabaco por indivíduo é baixo (LENFANT e
KHALTAEV, 2005).
Segundo o I Consenso Brasileiro de DPOC (CBDPOC), ela é definida como uma
entidade clínica caracterizada pela presença de obstrução ou limitação crônica do fluxo
aéreo, com progressão lenta e irreversível.
Geralmente é uma doença progressiva, sendo que a função pulmonar tende a se
agravar com o passar do tempo, mesmo com o melhor tratamento disponível. Os sintomas e a
função pulmonar devem ser monitorizados a fim de se acompanhar o desenvolvimento de
complicações, orientar o tratamento e facilitar a discussão sobre as opções de intervenção com
os pacientes. O GOLD propõe a implementação de um programa de condutas na DPOC
composto por quatro componentes: avaliação e monitorização da doença; redução dos fatores
de risco; conduta na DPOC estável; conduta nas exacerbações.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Os indicadores fundamentais para o estabelecimento de um diagnóstico de DPOC são:
tosse crônica presente de modo intermitente ou todos os dias, freqüente ao longo do dia e,
raramente apenas noturna; episódios repetidos de bronquite aguda; dispnéia progressiva
(agrava com o passar do tempo), presente todos os dias que piora com exercício ou durante
infecções respiratórias concomitantes; história de exposição aos fatores de risco como fumaça
do tabaco, poeiras e produtos químicos ocupacionais, fumaça proveniente da cozinha
domiciliar e do gás de aquecimento (LENFANT e KHALTAEV, 2005). Geralmente, a tosse e
a produção de expectoração crônica precedem em muitos anos o desenvolvimento da
limitação ventilatória, embora nem todos os indivíduos com tosse e produção de expectoração
venham a desenvolver DPOC. O diagnóstico então, é confirmado pela espirometria.
O CBDPOC (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA
apud RUFINO e BEHRSIN, 2001) classifica esta doença em 4 estágios, de acordo com o
volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), saturação de oxigênio (sat. O2),
pressão parcial de CO2 (PaCO2) e a dispnéia. Esta classificação segue no quadro 1:
Quadro 1- Classificação da DPOC conforme o CBDPOC.Fonte: Aidè et al. (2001)
Estádio VEF1 Sat. O2 HipercapniaDispnéia
incapacitante de sustentação
e higiene pessoal
I – Leve > 60%VEF1/CVF<90%teórico previsto
>88% Não Não
II – Moderada ≤ 60% a 40% > 88% Não NãoIII – Grave ≤ 40% ≤ 88%
> 88% com VEF1< 40%
Não Não
IV–Muito Grave
Qualquer Valor ≤ 88% ou> 88% com
dispnéia incapacitante
Sim ou não, se a dispnéia for
incapacitante
Sim ou pode ser não, se existir hipercapnia
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
O GOLD também classifica a DPOC em 4 estágios (tabela 2), considerando os
achados nas provas de função respiratória e a sintomatologia. Em relação aos dados
espirométricos, ele utiliza além do VEF1, a relação VEF1/CVF, também conhecida como
índice de Tiffeneau, que avalia a presença de distúrbios obstrutivos:
Estágio Característica0. Com risco de DPOC Espirometria normal
Sintomas crônicos (tosse, secreção e dispnéia)I. DPOC leve VEF1/CVF < 70%
VEF1 ≥80% do teórico com ou sem sintomas crônicos (tosse, secreção e dispnéia)
II. DPOC moderado
IIa: 50%≤ VEF1 < 80%
IIb: 30%≤ VEF1 < 50%
Com ou sem sintomas crônicos
VEF1/CVF < 70%VEF1 entre 30% e 80% teórico
III. DPOC severo VEF1/CVF < 70%VEF1 < 30% do teórico VEF1 < 50% do teórico, contudo com sinais de falência respiratória ou sinais clínicos de falência cardíaca direita.
Quadro 2 – Classificação da DPOC conforme o GOLD.Fonte: Aidè et al. (2001)
A doença em geral só é diagnosticada quando se torna clinicamente aparente e numa
fase moderadamente avançada (LENFANT e KHALTAEV, 2005). Esses indivíduos
apresentam uma diminuição no VEF1 e na relação VEF1/CVF. O grau de anormalidade
espirométrica geralmente reflete a gravidade da DPOC, pois ela é determinada pela
intensidade dos sintomas e pelo grau de limitação ventilatória, assim como por outros fatores,
tais como a freqüência e a gravidade das exacerbações, complicações, insuficiência
respiratória, comorbidades (doença cardiovascular, perturbações do sono, entre outros) e o
estado de saúde geral do doente.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
As alterações fisiopatológicas tendem a se agravar com a progressão da doença e
desencadear sintomas limitantes nos pacientes (PAULIN, BRUNETTO e CARVALHO,
2003). Está amplamente relatado na literatura que programas de reabilitação pulmonar não
proporcionam alteração ou ganho de função pulmonar nos pacientes submetidos a eles,
porém, estudos demonstram que a sua utilização melhora a qualidade de vida dos portadores
de DPOC.
Esta patologia é considerada a maior causa de morbidade em idosos, causando intensa
redução na qualidade de vida. Diversos aspectos como sensação de dispnéia, sintomas de
ansiedade e depressão, fatores relacionados à tolerância ao exercício, estado nutricional,
freqüência de tosse e gravidade da doença podem interferir na qualidade de vida, porém, não
existe consenso em relação à influência de cada fator. Uma outra variável importante, que
influencia o estado de saúde nesses casos, é o índice de massa corpórea (IMC) (JONES apud
DOURADO, 2004). Pacientes com DPOC apresentando baixo IMC demonstram desempenho
reduzido no questionário de qualidade de vida do Hospital Saint George (St. George’s
Respiratory Questionnaire-SGRQ) (DOURADO, 2004).
2.2 Diferenças entre bronquite crônica e enfisema pulmonar
Rufino e Behrsin (2001), diferenciaram pacientes portadores de DPOC
predominantemente bronquíticos e enfisematosos, caracterizando-os como: blue-bloater
(BB) e pink puffer (PP), respectivamente. O BB, pletórico-cianótico, é brevilíneo
(semelhante ao personagem Sancho Pança, do livro Dom Quixote), tem tendência para
ganhar peso, apresenta face vultuosa, cianose labial e é sonolento. A tosse é freqüente e
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
produtiva e, ao exame auscultam-se roncos e sibilos difusos. Já o tipo PP, soprador-rosado, é
magro, longilíneo (tipo Dom Quixote), com face angustiada, lábios e pele corados, sem
cianose e tórax deformado. Nestes últimos, a dispnéia é mais precoce e progressiva, e a tosse
é escassa, a expansibilidade torácica está diminuída e o formato do tórax é em tonel, há
hipertimpanismo à percussão e o murmúrio vesicular está diminuído ou até mesmo
inaudível.
A BC atinge geralmente pessoas de meia idade e fumantes, sendo uma condição
clínica caracterizada por inflamação das vias aéreas, na qual ocorre excesso de produção de
secreção mucosa na arvore brônquica, levando a tosse de repetição e expectoração crônicas,
na maioria dos dias por pelo menos três meses consecutivos por dois ou mais anos seguidos,
não resultando de outra causa aparente como tuberculose, bronquiectasia, ou seja, outras
patologias que também tenham como característica o aumento da produção de muco.
Segundo Hodgkin e Petty (apud SILVA, 2001), seria mais correto acrescentar à definição
oficial de bronquite crônica o conceito: “com redução de volume expiratório forçado que não
melhora significativamente com a inalação de broncodilatador”.
Sob aspectos microscópicos, a BC caracteriza-se por hipertrofia e hiperplasia das
glândulas brônquicas produtoras de muco, acarretando um aumento da produção de muco.
Esta hipersecreção ocorre antes que alterações do fluxo aéreo sejam detectadas (SILVA,
2001). Também pode ocorrer hiperplasia das células caliciformes do epitélio das vias aéreas,
inclusive nos bronquíolos, onde normalmente estas células ocorrem em pequeno número, e
outras lesões brônquicas como a metaplasia epitelial, alterações inflamatórias com infiltração
celular, hiperemia e perda dos cílios (BETHLEM, 2002).
Já o EP é caracterizado por hiperdistensão alveolar distal ao bronquíolo terminal com
destruição progressiva de suas paredes, sem fibrose e, conseqüente confluência dos grupos
alveolares, tendendo a formar “bolhas”. Estas alterações causam a retenção aérea e a redução
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
da perfusão, ocorrendo também perda da elasticidade e da complacência pulmonar. Tem
maior incidência em indivíduos do sexo masculino e raça branca, e o início das manifestações
costuma ocorrer em idades mais avançadas, geralmente após os 50 anos (BETHLEM, 2002).
No enfisema, a dispnéia surge quando uma parte substancial do parênquima pulmonar está
alterada (aproximadamente 50%), evoluindo progressivamente de intensidade. Como as
queixas clínicas no início da doença são tênues ou inexistentes, ela pode ser considerada uma
doença silenciosa nas fases iniciais, fazendo com que seja subdiagnosticada.
Tarantino (2002), numa conceituação prática e simplista, diz que na BC predominam
os fenômenos inflamatórios e no EP as alterações destrutivas, e que tais entidades teriam
como denominador comum a redução do fluxo expiratório, e como principal fator de risco o
fumo.
2.3 Patogênese da DPOC
A DPOC é caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, do parênquima e da
vasculatura pulmonar. Os macrófagos, os linfócitos T (predominantemente CD8+) e os
neutrófilos aumentam em quantidade nas referidas estruturas. As células inflamatórias
ativadas liberam vários mediadores, incluindo o leucotrieno B4 (LTB4), interleucina 8 (IL-8),
fator α de necrose tumoral (TNF-α), que têm a capacidade de lesar as estruturas pulmonares
e/ou manter a inflamação neutrofílica. Além da inflamação, existem dois outros processos
considerados importantes na patogênese da DPOC: o desequilíbrio de proteases e
antiproteases pulmonares e o stress oxidativo.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
A inflamação pulmonar é causada por exposição e inalação de partículas e gases
nocivos. A ação excessiva das proteases leucocitárias é desencadeada por irritantes inalados,
principalmente o fumo, por infecções ou, mais raramente, por condicionamentos genéticos
(PALOMBINI, 2001). A fumaça do cigarro pode induzir inflamação e danificar diretamente
os pulmões. Apesar dos poucos dados disponíveis, é provável que outros fatores de risco de
DPOC desencadeiem um processo inflamatório semelhante. Acredita-se que esta inflamação
venha a originar DPOC (LENFANT e KHALTAEV, 2005).
2.4 Fisiopatologia da DPOC
Nas vias aéreas centrais (a traquéia, os brônquios e os bronquíolos com mais de 2-4
mm de diâmetro interno) as células inflamatórias infiltram-se no epitélio. O aumento das
glândulas secretoras de muco e do número de células caliciformes está associado à
hipersecreção de muco. Nas vias aéreas periféricas (pequenos brônquios e bronquíolos com
diâmetro interno inferior a 2 mm) a inflamação crônica origina ciclos repetidos de
lesão/reparação da parede das vias aéreas. O processo de reparação resulta numa remodelação
estrutural, com um aumento do teor de colágeno e formação de tecido cicatricial, o que
estreita o lúmen e produz uma obstrução permanente das vias aéreas.
As alterações vasculares da DPOC são caracterizadas por um espessamento da parede
vascular, que tem lugar logo no início da doença. O espessamento da íntima é a primeira
alteração estrutural, seguida por uma hipertrofia do músculo liso e infiltração da parede do
vaso por células inflamatórias. À medida que a DPOC se agrava, a parede do vaso espessa-se
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
cada vez mais, com maiores quantidades de músculo liso, proteoglicanas e colágeno
(LENFANT e KHALTAEV, 2005).
As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas que são
características da doença, incluindo hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do
débito aéreo, hiperinsuflação pulmonar (com destruição dos septos alveolares distais ao
bronquíolo terminal), anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor pulmonale,
que geralmente desenvolvem-se nesta ordem no decorrer da doença.
A hipersecreção de muco e a disfunção ciliar dão origem à tosse crônica e à produção
de expectoração. Estes sintomas podem estar presentes durante muitos anos antes de outros
sintomas ou anomalias funcionais se desenvolverem.
A limitação do débito expiratório, verificada com exatidão através da espirometria,
sendo a alteração fisiológica que define a DPOC, constitui a chave do diagnóstico da doença.
Ela se deve, acima de tudo, a uma obstrução constante das vias aéreas e, conseqüente aumento
da resistência das mesmas.
Na DPOC avançada, a obstrução das vias aéreas periféricas, a destruição do
parênquima e as anomalias da vasculatura pulmonar reduzem a capacidade do pulmão nas
trocas gasosas, produzindo hipoxemia e, mais tarde, hipercapnia. A hipertensão pulmonar,
que se desenvolve numa fase mais tardia, é a principal complicação cardiovascular e está
associada ao desenvolvimento de cor pulmonale, tendo um mau prognóstico. A prevalência e
a história natural de cor pulmonale na DPOC ainda não estão totalmente esclarecidas
(LENFANT e KHALTAEV, 2005).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
2.5 Epidemiologia da DPOC
Existem poucos estudos sobre epidemiologia da DPOC no Brasil. Encontra-se apenas
um trabalho, com amostra representativa da população sobre a prevalência e fatores de risco
da BC, que foi realizado em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1992 (SILVA, 2001;
TARANTINO, 2002).
Segundo Tarantino (2002), as doenças respiratórias correspondem à quarta causa de
morte no Brasil (90 mil mortes em 1999), correspondendo a aproximadamente 10% do total.
Sendo que 30% destas mortes por patologias respiratórias, foram identificadas como devido a
BC e EP.
Os dados limitados disponíveis, indicam que a morbidade devido a DPOC aumenta
com a idade, sendo mais alta nos homens do que nas mulheres, e responsável por uma parcela
significativa das consultas médicas, consultas de urgência e hospitalizações. Atualmente, é
uma das principais causas de morte no mundo, sendo esperados maiores aumentos na
prevalência e mortalidade da doença nas próximas décadas (LENFANT e KHALTAEV,
2005).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
2.6 Fatores de risco
2.6.1 Sexo
O sexo masculino aparece como um fator de risco para DPOC (SILVA, 2001).
Tarantino (2002), diz que tanto a prevalência quanto à mortalidade, sempre foram maiores no
sexo masculino do que no sexo feminino. Acredita-se que o motivo está relacionado ao fato
dos homens fumarem mais que as mulheres. Porém, desde o pós-guerra, como as mulheres
passaram a fumar tanto ou mais que os homens, os estudos mostraram que as diferenças de
mortalidade pela doença entre os dois sexos diminuíram sensivelmente (TARANTINO,
2002).
2.6.2 Idade
Segundo Tarantino (2002), a mortalidade entre portadores de DPOC com mais de 55
anos é cinco vezes maior, sendo o EP mais freqüente e mais grave entre indivíduos idosos. No
entanto, estas verificações não significam que o processo natural de envelhecimento provoque
a doença, uma vez que o idoso, quando exposto a condições ou fatores de risco para a doença,
tem mais facilidade em adquiri-la. Silva (2001), diz que a literatura é contraditória em relação
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ao fator idade, pois quanto mais velha uma pessoa for, maior será o tempo de exposição aos
fatores de risco.
2.6.3 História Ocupacional
Segundo Tarantino (2002), toda atividade profissional na qual o indivíduo permanece
em ambiente poluído por tempo prolongado e sem proteção adequada, favorece o surgimento
da DPOC e, na maioria dos casos, a natureza das partículas inaladas é decisiva.
Silva (2001), diz que existe uma forte associação entre exposição ocupacional e a
doença. Em um estudo realizado com 235 trabalhadores de cereais no Rio Grande do Sul, foi
encontrado um percentual de 26,8% de sintomas de BC (TIETBOEHL apud SILVA, 2001).
2.6.4 Fatores Socioeconômicos
Silva (2001) afirma que vários estudos demonstram existir maior risco para
desenvolvimento de DPOC em pessoas de nível socioeconômico mais baixo. Segundo
Stracham (apud SILVA, 2001), é provável que outros fatores desconhecidos ou difíceis de
serem medidos também estejam associados a DPOC, entre eles, eventos na vida intra-uterina,
peso ao nascer e alimentação insuficiente.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Em um estudo realizado na Inglaterra, comparou-se a prevalência de BC entre
trabalhadores não especializados e trabalhadores intelectuais, e constatou-se que a prevalência
era de 15% nos primeiros e de 4% nos últimos (BURR apud SILVA, 2001). De acordo com
Tarantino (2002), portadores de DPOC de baixo nível socioeconômico vêm contribuindo para
um índice de mortalidade cada vez maior, e isto está diretamente relacionado com o hábito de
fumar e a necessidade de residir em zonas mais poluídas, uma vez que se sabe que o
tabagismo está cada vez mais difundido entre as classes menos favorecidas.
2.6.5 Fatores Genéticos
A herança genética tem importância na gênese da DPOC. A alfa-1-antiprotease, o
principal componente da alfa-1-globulina, é a mais importante enzima inibidora das proteases
(TARANTINO, 2002). A deficiência da alfa-1-antiprotease predispõe ao desenvolvimento do
enfisema (TARANTINO, 2002; BETHLEM, 2002). Com essa deficiência, as enzimas
proteolíticas (proteases) atuam, sem maiores obstáculos, destruindo a histoarquitetura do
pulmão, que é constituída fundamentalmente por substância protéica (TARANTINO, 2002).
Tarantino (2002) relata que pesquisas realizadas, demonstram que o EP foi pelo menos
15 vezes mais freqüente entre indivíduos com deficiência de alfa-1-antiprotease do que nos
demais. Segundo Rufino e Behrsin (2001), esta deficiência está associada ao desenvolvimento
de DPOC em jovens e não fumantes. Tarantino (2002) diz que a sobrevida desses pacientes
costuma ser menor que a de indivíduos com menor teor de alfa-1-antiprotease, e que a grande
característica do EP causado por deficiência de alfa-1-antiprotease é o caráter hereditário.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Os parentes de primeiro grau de indivíduos portadores de DPOC têm 1,2 a 3 vezes
maior chance de desenvolver DPOC do que a população em geral (PALOMBINI, 2001). Os
fumantes com déficit de alfa-1-antiprotease são atingidos pelo EP mais cedo que os demais,
isto é, abaixo dos 40 anos de idade, uma vez que o tabaco aumenta a produção de proteases e
diminui a atividade de antiproteases.
2.6.6 Poluição Atmosférica
A extensão do epitélio brônquico em contato com o exterior, equivale à extensão de
um campo de tênis e, é considerada 80 vezes maior que a superfície corporal (TARANTINO,
2002). A exposição a partículas irritantes, materiais orgânicos e agentes sensibilizantes podem
causar aumento da hiper-responsividade brônquica (RUFINO e BEHRSIN, 2001). Segundo
Tarantino (2002), a poluição relacionada com o EP é de difícil comprovação e elementos
como quantidade, concentração e tempo de exposição ao poluente devem ser considerados.
Partículas de carvão inaladas isoladamente são inócuas e não produzem inflamação, porém
quando inaladas conjuntamente com o dióxido de carbono, são absorvidas e lesam o
parênquima, o mesmo ocorre com o cádmio, um dos maiores poluentes existentes tanto na
atmosfera quanto na fumaça do cigarro (TARANTINO, 2002).
A poluição do ar dentro dos edifícios e proveniente do combustível de biomassa,
queimado tanto para cozinhar como para aquecimento, em locais mal ventilados, tem sido
referida como fator de risco de desenvolvimento de DPOC (LENFANT e KHALTAEV,
2005). Os níveis muito elevados de poluição atmosférica urbana são nocivos para as pessoas
que já sofrem de doenças pulmonares ou cardíacas.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
2.6.7 Infecções
Tarantino (2002) diz que as infecções respiratórias desempenham fator de risco na
gênese da DPOC, principalmente as patologias que comprometem as vias mais periféricas,
provocando tosse crônica, sibilos e redução da função pulmonar. Segundo Rufino e Behrsin
(2001), a história de infecção respiratória severa ao nascimento tem sido associada à redução
da função pulmonar e aumento de sintomas respiratórios na fase adulta. Yamaguchi (apud
SILVA, 2001), diz que uns dos poucos fatores de risco associados significativamente à BC
foram as infecções respiratórias.
2.6.8 Raça
Tarantino (2002) relata que embora existam poucos estudos epidemiológicos, tem-se a
impressão de que a incidência de DPOC é maior em indivíduos de raça branca em
comparação com os de raça negra, sendo que nos Estados Unidos da América (EUA) esta
verificação já foi comprovada.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
2.6.9 Tabagismo
Nenhum outro fator de risco como o fumo, exceto desnutrição e miséria, foi tão
evidenciado, pelo mundo científico, como causador de milhões de mortes evitáveis e
incalculável sofrimento, na história da espécie humana (MENEZES e ACHUTTI, 2000).
A OMS considera o tabagismo a maior causa isolada de doença e morte
(ROSEMBERG, 2002). Segundo Palombini (2001), estimativas indicam que o tabagismo já é
responsável por aproximadamente 2,6% do total da carga de mortes e doenças e, que a
previsão é que alcance 8,9% até o ano de 2020.
A epidemia do tabaco alastra-se pelos países em desenvolvimento depois de deixar
profundas marcas nos países desenvolvidos (MENEZES e ACHUTTI, 2000). Segundo
Menezes et al. (2002), a globalização tem contribuído significativamente para o aumento no
consumo de cigarros, principalmente nos países de média e baixa renda. No Brasil, existem
cerca de 32 milhões de tabagistas e, estima-se que destes, 15% evoluirão para a DPOC. Logo,
7,5 milhões de pessoas devem ter DPOC, o que corresponde a 5% da população geral do
Brasil (RUFINO e BEHRSIN, 2001).
No mundo, existem aproximadamente 1 bilhão e 200 milhões de fumantes.
Considerando que cada fumante convive com, no mínimo, duas pessoas não-tabagistas, o
contingente de fumantes passivos deve ser de aproximadamente dois bilhões de pessoas
(ROSEMBERG, 2002). A OMS estima que destes 1 bilhão e 200 milhões, um terço tem 15
anos ou mais (PALOMBINI, 2001).
Segundo Rosemberg (2002), o cigarro é o maior tóxico que o ser humano introduz no
organismo por anos a fio e, nele, detectaram cerca de sete mil substâncias químicas, das quais,
4.720 bem identificadas, sendo que em cada tragada, o tabagista inala cerca de 2.500
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
elementos. A fumaça do cigarro é uma mistura complexa de produtos da combustão do fumo
e da destilação, entre eles, aditivos, pesticidas e outros compostos orgânicos e metálicos
(PALOMBINI, 2001).
As substâncias encontradas no cigarro podem ser divididas em fase gasosa e fase
particulada. Na fase particulada encontra-se a nicotina, um alcalóide altamente lesivo ao
sistema cardiocirculatório e ao sistema nervoso, que atua da mesma forma que a cocaína, a
heroína e o álcool, causando dependência e tornando o fumante escravo do tabaco
(ROSEMBERG, 2002).
Existem receptores nicotínicos em quase todos os centros cerebrais e também
numerosos hormônios psicoativos, entre os quais a acetilcolina e a dopamina, são liberados na
corrente sanguínea após o indivíduo fumar, causando sensações de satisfação, saciedade e
prazer. Após ser tragada, a nicotina chega ao cérebro entre 9 e 12 segundos. Considerando
consumidores de 20 cigarros por dia, com uma média de dez tragadas por cigarro, pode-se
dizer que eles sofrem 73 mil impactos de nicotina por ano. De acordo com Halty et al. (2002),
um grande número de fumantes não consegue abandonar o fumo, apesar de terem intenção de
abandoná-lo, em parte devido à dependência nicotínica, pois os receptores nicotínicos
necessitam, com o passar do tempo, de doses mais elevadas da substância para produzir o
mesmo nível de resposta (ROSEMBERG, 2002).
De acordo com Menezes e Achutti (2000), o tabagismo é uma doença, uma
drogadição. O uso crônico da nicotina provoca alterações cerebrais como aumento do número
de receptores nicotínicos e quantidades cada vez maiores de nicotina para suprir as
necessidades desses receptores. E devido a estas alterações fisiopatológicas importantes é que
se considera o tabagismo uma doença que deve ser tratada. O tabagismo não é uma
drogadição semelhante à causada pelo álcool, cocaína ou heroína, mas sim uma mais intensa e
poderosa. Cerca de 31,9% das pessoas que experimentarem tabaco tornar-se-ão drogaditos,
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
contra 15,4% dos que experimentarem álcool, 16,7% dos que experimentarem cocaína e
23,1% dos que experimentarem heroína (NICOTINE PLENARY apud MENEZES e
ACHUTTI, 2000).
O Brasil é o maior exportador de folhas de tabaco e o quarto produtor mundial de
fumo. Nos últimos 30 anos, consumiu-se internamente no país, quase três milhões de
toneladas de folhas para a fabricação de três trilhões e meio de cigarros; com isso 50 mil
toneladas de alcatrão, monóxido de carbono e amônia foram liberadas no meio ambiente
(MENEZES et al., 2002).
Sabe-se atualmente que, além do câncer, o fumo é responsável por doenças como:
enfisema pulmonar, bronquite crônica obstrutiva, cardiopatias e problemas vasculares. É
também considerado o maior fator de risco para doença péptica, osteoporose e disfunções do
aparelho reprodutor (PALOMBINI, 2001).
Em relação às gestantes, há dados amplamente divulgados sobre o menor peso do
recém-nascido de mães fumantes, bem como o aumento da prevalência de algumas doenças
nessas crianças. De acordo com Menezes et al. (2002), nenhuma outra medida teria tanto
impacto na redução da incidência do câncer como a eliminação do tabagismo.
A publicidade da indústria fumageira, a imagem social dos fumantes, os hábitos de
fumar dos colegas ou dos pais são fatores que podem desempenhar um certo papel no início
do tabagismo. Palombini (2001), diz que a influência social e os traços individuais de
personalidade são fatores que desencadeiam a decisão de fumar e, que existem indícios que
mostram que a hereditariedade pode influenciar esta decisão, tanto ao definir os traços de
personalidade como ao influenciar as vias metabólicas.
Além do cigarro, as outras formas de apresentação do fumo, como o charuto e o
cachimbo e outros tipos de uso do tabaco, populares em muitos países, também são fatores de
risco. Em um estudo realizado em 1996, por Hammond (apud SILVA, 2001) nos EUA, foram
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
acompanhadas 1 milhão de pessoas e, concluiu-se que o risco de contrair BC e EP estava
estreitamente relacionado à quantidade de tabaco consumida diariamente, sendo que os
percentuais de incidência em relação aos não-fumantes foram de: 20% dos que consumiam de
1 a 14 cigarros por dia, 30% dos que consumiam de 15 a 24 cigarros e 40% dos que
consumiam 25 cigarros ou mais (PALOMBINI, 2001).
Há uma relação dose/resposta entre a freqüência da DPOC em uma determinada
população e a intensidade do consumo de cigarro (BETHLEM, 2002). Assim, quanto maior a
quantidade de cigarros fumados, maior o risco de desenvolver a doença. Ferris et al. (apud
BETHLEM, 2002), observaram que a incidência de DPOC eleva-se de 19,7% em homens que
nunca fumaram para 87,7% em fumantes de mais de dois maços de cigarros/dia. Isto significa
que o risco de desenvolver DPOC em um grupo de fumantes de mais de dois maços de
cigarros/dia é de aproximadamente 4,5 vezes maior que para não-fumantes.
A alteração mais precoce nos brônquios devido ao fumo resulta da ciliotoxicidade, a
qual provoca uma diminuição e até mesmo inibição dos movimentos ciliares prejudicando
imediatamente o transporte mucociliar. Com a continuidade do hábito de fumar, os cílios
acabam por cair, desnudando extensas áreas da luz brônquica. Existem estudos demonstrando
que o fumo, a longo prazo, produz um desequilíbrio entre as forças proteolíticas e
antiproteolíticas no pulmão, o que resulta em destruição do parênquima e obstrução do fluxo
aéreo. Já outros estudos comprovam a influência do fumo como causa do aumento da
reatividade das vias aéreas, o que também poderia predispor à instalação da DPOC
(PALOMBINI, 2001).
De acordo com Palombini (2001), o fumo está associado a um VEF1 menor em
pesquisas seccionais cruzadas e com um declínio acelerado em estudos longitudinais. Estudos
realizados em vários países mostraram unanimemente que, em indivíduos normais que não
fumam a diminuição do VEF1 é de aproximadamente 20 a 25 ml por ano, e em indivíduos
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
fumantes esta diminuição gira em torno de 50 a 70 ml por ano, comprovando que a perda
natural da função pulmonar é acelerada nos fumantes (PALOMBINI, 2001). Isto demonstra
que todas as pessoas já sofrem perdas funcionais no decorrer da vida, porém com o cigarro a
perda é ainda maior.
Atualmente, considera-se que a abordagem cognitivo-comportamental do fumante é o
método de escolha para a cessação do tabagismo. Tal método consiste em transmitir
conhecimentos ao fumante e ensinar técnicas ou estratégias que possam modificar o seu
comportamento. Os principais componentes dessa abordagem são a detecção de situações de
risco de recaída e o desenvolvimento de estratégias para enfrentá-las (automonitoração,
controle de estímulos, relaxamento e técnicas aversivas).
2.6.9.1 Dependência Nicotínica
A nicotina é considerada uma droga psicoativa que exerce efeito estimulante no
sistema nervoso central (SNC). De acordo com o Halty et al. (2002), dependência nicotínica
significa usar compulsivamente o cigarro, ser incapaz de parar de fumar ou manter-se sem
fumar depois de ter parado, ou ter dificuldade de parar por aparição de síndrome de
abstinência e/ou desejo imperioso de fumar (“fissura”).
Mesmo que a dependência nicotínica não seja o único fator envolvido na manutenção
do hábito de fumar, é, mesmo assim, o mais importante (PALOMBINI, 2001). Esta
dependência é um processo complexo que envolve a inter-relação entre farmacologia
(dependência física), componentes comportamentais (condicionamento) e/ou psicológico
(dependência psicológica). E, hoje em dia, não há dúvidas de que estes processos não são
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
diferentes daqueles envolvidos no abuso de outras drogas, como a heroína e a cocaína
(PALOMBINI, 2001).
Estes fatos são confirmados pela baixa percentagem de fumantes que descontinuam a
dependência com sucesso, sem qualquer ajuda e, pela elevada percentagem de pacientes que
recomeçam a fumar, por exemplo, após ressecção de segmentos do pulmão devido ao câncer,
após infarto agudo do miocárdio ou tratamento para câncer de laringe (PALOMBINI, 2001).
A opinião prevalente é a de que a dependência nicotínica seria a chave da persistência
do tabagismo e da dificuldade de sua suspensão e que, todos os fumantes regulares seriam
dependentes da nicotina, mesmo que em graus variáveis. Quanto mais dependente da nicotina
for o fumante, maior será a possibilidade e/ou a gravidade da síndrome de abstinência durante
a suspensão do tabagismo, assim como será maior a dificuldade de manter a abstinência em
longo prazo (HALTY et al., 2002).
A síndrome de abstinência é considerada como um dos fatores mais importantes de
insucesso no tratamento do tabagismo. Ela tende a iniciar-se cerca de oito horas após o último
cigarro, atingindo o auge no terceiro dia e podendo durar até 30 dias ou mais. Outro fator que
pode contribuir para recaídas é o aumento do peso que ocorre com o fim do hábito do
tabagismo.
Quando se pergunta a um indivíduo por que ele fuma, ele responde: obtenção de
estímulo (“fumar aumenta a energia”), manipulação (movimentos necessários para manejar e
acender o cigarro), alívio (“fumar relaxa”), hábito (fumar como atividade automática) e
redução dos sentimentos negativos (ansiedade, raiva ou frustração) (PALOMBINI, 2001).
Considera-se que a nicotina possa conduzir à maioria destes efeitos e, também induzir um
estado eufórico e acalmar a ansiedade, dependendo da dose inalada.
De acordo com Palombini (2001), com base nestas propriedades, existem dois tipos de
fumantes. O primeiro busca picos de efeito e fuma irregularmente, basicamente para poder
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
lidar com situações específicas, quando necessita dos efeitos positivos da nicotina (reforço
positivo). Geralmente seu tabagismo é concentrado em determinados momentos do dia. O
segundo, fuma regularmente para manter constantes os níveis de nicotina no sangue, de um
modo geral, para acalmar ou eliminar os sintomas de abstinência (reforço negativo). Estes
dois modelos de tabagismo podem ser observados na mesma pessoa em diferentes situações,
ou em diferentes momentos do dia.
De acordo com a literatura, há uma grande possibilidade do fator genético contribuir
para o tabagismo. Estudos demonstraram que gêmeos univitelinos têm uma alta probabilidade
de apresentarem um comportamento semelhante em relação ao tabagismo. Há conclusões de
que 60% a 70% desse comportamento possa ter um fator hereditário.
Os fumantes com elevada dependência nicotínica, além da abordagem cognitivo-
comportamental, necessitarão de terapia mais intensa, inclusive farmacológica, para aumentar
o êxito no abandono do tabagismo (HALTY et al., 2002).
O Questionário de Tolerância de Fagerström (QTF) é utilizado mundialmente como
instrumento de avaliação do grau de dependência nicotínica. Este questionário é composto por
seis perguntas que fundamentam-se em seis suposições, com as quais estaria relacionada a
dependência nicotínica e que seriam o reflexo fiel do comportamento frente ao fumo (HALTY
et al., 2002). A utilização do QTF é de aplicação simples, rápida e de baixo custo.
Segundo Halty et al. (2002), a pergunta que se refere ao tempo de fumar o primeiro
cigarro após acordar é uma das duas perguntas mais importantes do questionário, pois avalia o
quão rápido o fumante precisa fumar um cigarro pela manhã, o que revela a intensidade da
“fissura” (episódios transitórios de desejo imperioso de fumar). Isto se deve ao tempo de vida
média relativamente curto da nicotina, fazendo com que, ao acordar os fumantes tenham
baixos níveis séricos da droga no sangue e experimentem sintomas de abstinência se não
fumarem o primeiro cigarro do dia. A pergunta sobre o consumo diário de cigarros é a
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
segunda pergunta mais importante, pois mede a quantidade de nicotina à qual o fumante
tornou-se dependente.
O objetivo do QTF é identificar e medir a dependência nicotínica com a finalidade de
aproveitar o resultado como elemento de ajuda na decisão de tratar o tabagismo. Quanto mais
dependente for o fumante, maior será a possibilidade e/ou a gravidade da síndrome de
abstinência, assim como a dificuldade de manter a abstinência em longo prazo quando se
tentar suspender o tabagismo (HALTY et al., 2002).
O QTF tem um nível aceitável de consistência interna e sua pontuação final
correlaciona-se significativamente com os níveis dos marcadores bioquímicos de elevada
sensibilidade e especificidade para o tabagismo e dependência nicotínica, como o monóxido
de carbono no ar expirado e os níveis séricos, urinários ou na saliva de nicotina e cotinina
(HEATHERTON et al. apud HALTY et al., 2002).
O nível de resposta à nicotina varia de indivíduo para indivíduo, talvez por razões
genéticas, uma vez que alguns indivíduos podem satisfazer-se com níveis de nicotina
relativamente baixos e ainda assim serem dependentes (HALTY et al., 2002).
De acordo com Halty et al. (2002), a síndrome da abstinência não estaria somente
ligada à privação da nicotina, além das diferenças individuais, alguns sintomas desta síndrome
podem estar relacionados à perda de rituais comportamentais e/ou de reforços sensoriais.
Porém continua claro que a chave do aparecimento desta síndrome é a dependência nicotínica.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
3 QUALIDADE DE VIDA
Com os avanços tecnológicos do início do século, criou-se uma falsa expectativa de
que a cura das doenças ou tratamentos eficientes e definitivos seriam possíveis. Porém, com
os avanços da medicina, torna-se claro que a maioria das doenças não é passível de cura e,
mesmo que tratamentos eficientes estejam disponíveis, fatores econômicos impedem sua
aplicação universal. Embora existam tratamentos capazes de prolongar a vida, percebeu-se
que nem sempre o aumento quantitativo da sobrevida dos pacientes, produz um impacto
qualitativo que garanta uma recuperação significativa do estado físico, emocional e social
destes pacientes.
Sabe-se atualmente a importância de se medir a qualidade de vida para avaliação e
escolha de tratamentos, porém na prática em saúde, isto ocorre com pouca freqüência. Talvez
isto se deva à falta de uma definição clara e unânime do conceito de qualidade de vida e ao
pouco conhecimento em relação aos instrumentos de avaliação disponíveis.
O termo qualidade de vida veio a fazer parte do Index Medicus há menos de 30 anos e
possui várias definições, sendo mais utilizado o conceito de Calman (1984), que relata a
qualidade de vida como a diferença entre o que é desejado pelo indivíduo e o que é alcançável
ou não. Já Jones (1991), define qualidade de vida como a quantificação do impacto da doença
nas atividades de vida diária e bem-estar do paciente de maneira formal e padronizada (apud
SOUSA, JARDIM e JONES, 2000).
De acordo com a American Thoracic Society (ATS apud DOURADO et al. 2004), a
qualidade de vida (QV) pode ser descrita como a satisfação e/ou felicidade com a vida frente
aos domínios considerados importantes pelo indivíduo. Cohen (apud RAMOS-CERQUEIRA
e CREPALDI, 2000), discute de maneira interessante o conceito, ao propor que se considere
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
como um parâmetro de qualidade de vida, o quanto uma determinada doença limita a
execução de projetos de vida. Para tanto, tais projetos deveriam ser conhecidos, ressaltando
que tal abordagem não é necessariamente subjetiva, mas individualizada.
Para Silva et al. (2005), qualidade de vida é um conceito dinâmico, que se modifica no
processo de viver dos indivíduos. Eles entendem que o termo qualidade de vida, inclui uma
ampla variedade de condições externas e internas ao indivíduo e, que ela é fundamentalmente
definida pela própria pessoa, como uma experiência interna de satisfação e bem-estar com seu
processo de viver. As condições externas oferecem predisposição para se ter uma vida de
qualidade, porém, mesmo que todas as condições externas sejam favoráveis, as pessoas
podem considerar que não têm uma boa qualidade de vida.
Assim como a sobrevida, é um objetivo importante a ser trabalhado pelos profissionais
de saúde, na sua atividade diária. Além disso, pode ser um determinante da própria ocorrência
de doenças. Não existe uma definição de qualidade de vida plenamente satisfatória que leve
em conta os aspectos subjetivos inerentes a todos os fenômenos humanos individuais e, ao
mesmo tempo, seja passível de mensuração e padronização, garantindo aplicabilidade e
consistência científicas (RAMOS-CERQUEIRA e CREPALDI, 2000). E também, não se sabe
se seria possível chegar a uma definição plenamente satisfatória.
Os dados sobre qualidade de vida têm sido utilizados em Pneumologia na avaliação de
tratamentos e de programas de reabilitação, principalmente em asma e DPOC e, para isso,
vários instrumentos vêm sendo desenvolvidos e validados, inclusive no Brasil.
Independentemente do instrumento e da definição utilizados, constata-se que essas doenças
sempre prejudicam a qualidade de vida dos sujeitos acometidos (RAMOS-CERQUEIRA e
CREPALDI, 2000).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Esses dados têm sugerido que os objetivos principais dessas intervenções deveriam ser
a melhora do desempenho físico e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento mais
adequadas (RAMOS-CERQUEIRA e CREPALDI, 2000).
É importante a proposta de incluir a análise de variáveis sociais e psicológicas no
atendimento médico, as quais, de forma especial, devem ser consideradas nos pacientes com
doenças crônicas, pois interferem na percepção de qualidade de vida (RAMOS-CERQUEIRA
e CREPALDI, 2000). Silva et al. (2005), dizem que é preciso estar comprometido com a
qualidade de vida dessas pessoas, procurando estratégias que favoreçam um viver mais
saudável, mesmo na presença de uma doença crônica.
A DPOC é uma doença progressivamente incapacitante, que provoca vários sintomas e
freqüentes exacerbações que interferem na qualidade de vida de seus portadores. Há
evidências de que ela acarreta prejuízos na mecânica pulmonar e na musculatura periférica.
Esta alteração da mecânica pulmonar origina-se da obstrução brônquica, levando a um
deslocamento do ponto de igual pressão para as vias aéreas que não possuem cartilagens,
favorecendo o aprisionamento de ar. Conseqüentemente, este processo tende a levar à
hiperinsuflação pulmonar, o que inicialmente reduzirá a capacidade física aos grandes
esforços e, posteriormente, ao repouso (PAULIN, BRUNETTO e CARVALHO, 2003). Como
conseqüência, o paciente entra num ciclo vicioso, no qual limita suas atividades a fim de
amenizar os sintomas.
As perdas da capacidade física e da qualidade de vida também podem estar
relacionadas com alterações psíquicas apresentadas por estes pacientes (PAULIN,
BRUNETTO e CARVALHO, 2003). Num estudo realizado por Silva et al. (2005) com
pacientes portadores de DPOC que participavam de grupos de convivência, foram
identificadas quatro categorias de elementos que influenciavam a qualidade de vida: controlar
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
sentimentos conflitantes, manter-se na luta por uma vida melhor, contar com o apoio da
família e superar os limites trazidos pela doença e pelo tratamento.
Segundo Silva et al. (2005), ter qualidade de vida envolve a superação e o controle de
sintomas conflitantes decorrentes da doença respiratória crônica. Ter medo de crises
respiratórias (falta de ar), ter vergonha do que os outros pensarão a seu respeito, ter
dificuldade na aceitação da doença e ter perda dos prazeres, foram citados pelos integrantes
do estudo como aspectos causadores de interferência na qualidade de vida.
A respiração é uma função vital do ser humano, e como tal, qualquer dificuldade pode
levar a pensamentos negativos como a possibilidade de finitude e morte e, é sob esta
perspectiva que se compreende que, sentir a vida ameaçada, ter medo do desencadeamento de
crises respiratórias interfere na qualidade de vida.
A luta diária que os portadores de DPOC precisam enfrentar, o reconhecimento do que
é realmente importante para suas vidas e a crença num futuro melhor também são aspectos
que participam da qualidade de vida. As relações familiares são consideradas influentes, uma
vez que poder contar com a compreensão e o respeito às suas limitações ajudará na conquista
de uma vida mais harmônica (SILVA et al., 2005).
A saturação de oxigênio (sat.O2) mostra correlação negativa, sugerindo que pacientes
hipoxêmicos apresentam menor capacidade de desempenhar atividades físicas. Em
contrapartida, existe controvérsia em relação ao efeito benéfico da oxigenoterapia na
qualidade de vida de pacientes com DPOC. Verificou-se que após seis meses de intervenção
com oxigenoterapia não houve aumento da qualidade de vida durante este período
(DOURADO et al., 2004). A fadiga ou falta de energia causam tanto declínio gradual das
atividades físicas, quanto irritabilidade e frustração, o que pode provocar afastamento das
atividades sociais (SILVA et al., 2005).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Além de alterações gasométricas, indivíduos com DPOC apresentam alterações na
qualidade do sono. Em geral apresentam sono fragmentado, caracterizado pelo aumento do
tempo de vigília durante o período total de sono, alto índice de despertares, baixa eficiência
do sono, além da dificuldade de iniciá-lo e aprofundá-lo. A hipoxemia noturna causa esta
fragmentação. Os possíveis fatores responsáveis por esta hipoxemia incluem hipoventilação
alveolar, diminuição da capacidade residual funcional, além de alterações na relação
ventilação/perfusão (ZANCHET, VIEGAS e LIMA, 2004).
Segundo Dourado et al. (2004), existem evidências da correlação entre a piora do
estado nutricional e prejuízos na qualidade de vida de pacientes com DPOC. Estudos têm
observado altos índices de ansiedade e depressão nesses pacientes, bem como diminuição do
desempenho cognitivo (RAMOS-CERQUEIRA e CREPALDI, 2000).
A DPOC é uma condição associada a um alto grau de incapacidade e, portanto, a
preocupação em avaliar a relação saúde-qualidade de vida nos pacientes portadores desta
doença tem crescido na ultima década, podendo esta relação ser útil na monitorização do
paciente e determinação do melhor tratamento.
3.1 Questionário de Qualidade de Vida AQ 20
Até pouco tempo atrás, somente questionários de saúde geral eram utilizados para
expressar, em termos numéricos, distúrbios da saúde percebidos do ponto de vista do
paciente. Eram aplicados nos vários tipos de doença, tratamentos ou intervenções médicas e
entre culturas e lugares diferentes. Entre eles pode-se citar: o Quality of Well Being Scale, o
Sickness Impact Profile e o SF-36. Constituíram a melhor tentativa de abranger todo o
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
espectro de uma doença mas, inevitavelmente, era reduzido o número de itens que se referiam
às condições clínicas específicas.
Mais recentemente, nos últimos cinco ou seis anos, foram desenvolvidos os
questionários doença-específicos, que foram desenvolvidos para avaliar uma doença
específica e quantificar ganhos de saúde após o tratamento. A grande vantagem é a obtenção
de resultados detectando pequenas mudanças no curso da doença. Para tanto, são fáceis de
interpretar, de aplicar e têm sido muito utilizados ultimamente. Existem dois modelos
principais de questionários doença-específicos respiratórios: o Chronic Respiratory
Questionnaire (CRQ) e o Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória
(SGRQ) (SOUSA, JARDIM e JONES, 2000).
Em 1994, foi confeccionado um questionário com 20 itens, chamado Airways
Questionnaire 20 – AQ20, com validade e reprodutibilidade demonstrado pela literatura. O
AQ20 é um questionário de qualidade de vida específico para doenças pulmonares crônicas e,
sua grande vantagem é o curto tempo da aplicação (CAMELIER et al., 2003).
Em um estudo realizado por Camelier et al. (2003), conclui-se que o AQ20 é um
questionário reprodutível, de rápida aplicação e, que pode ser utilizado para avaliar a
qualidade de vida de pacientes com doença obstrutiva no Brasil, especialmente em situações
nas quais o tempo disponível para a análise da qualidade de vida é curto.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
4 TRATAMENTO DA DPOC
4.1 Cessação do tabagismo
A cessação do tabagismo é sem dúvida, a medida mais vantajosa no que se refere a
relação custo/benefício, para interromper o desenvolvimento ou a progressão da DPOC. Cerca
de 80% dos fumantes deseja parar de fumar, porém apenas 3% o conseguem sem ajuda. O
restante necessita de apoio formal para obter êxito, evidenciando a importância da abordagem
rotineira do fumante pelos profissionais de saúde (MEIRELLES e GONÇALVES, 2004).
A abordagem cognitivo-comportamental tem o objetivo de identificar as situações de
risco que levam o indivíduo a fumar, desenvolvendo estratégias para enfrentamento destas
situações (MEIRELLES e GONÇALVES, 2004). Também, várias substâncias
farmacológicas, que apresentam nicotina em sua composição, estão sendo usadas como
métodos de auxílio à cessação do tabagismo, entre elas pode-se citar: a nicotina em goma de
mascar, inalada, spray nasal, transdérmica ou sublingual, os agentes antidepressivos como a
bupropiona e a nortriptilina e, as drogas anti-hipertensivas como a clonidina (RUFINO e
BEHRSIN, 2001). Segundo Meirelles e Gonçalves (2004), os medicamentos devem ser
utilizados com a finalidade de reduzir os sintomas da síndrome de abstinência, facilitando a
abordagem cognitivo-comportamental.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
4.2 Broncodilatadores
Os broncodilatadores são os principais medicamentos para o tratamento tanto na
exacerbação quanto na intercrise da DPOC. Como, por definição, a reversibilidade na DPOC
é parcial e/ou inexistente, a eficácia destes medicamentos é pior do que na asma, porém as
justificativas para o uso são: produzir broncodilatação, reduzir a hiperinsuflação, melhorar a
limpeza brônquica, reduzir a hiperresponsividade, aumentar a freqüência dos batimentos
ciliares, inibir a liberação de mastócitos e basófilos, diminuir a dispnéia, melhorar a
capacidade de exercício e a qualidade de vida.
Ao final da década de 80, com os avanços terapêuticos, conseguiu-se drogas seletivas
e com alta afinidade pelos receptores β2, os broncodilatadores β2 agonistas de curta e de
longa duração (RUFINO e BEHRSIN, 2001)
4.3 Outros tratamentos
Os glicocorticóides também são utilizados no tratamento da DPOC devido seus
mecanismos antiinflamatórios. Os antioxidantes reduzem a freqüência das exacerbações, e os
medicamentos mucolíticos podem ser usados em pacientes com secreções espessas (RUFINO
e BEHRSIN, 2001). O uso crônico de oxigênio promove melhoras para os pacientes com
DPOC, hipoxêmicos e/ou hipercápnicos, diminuindo a hipoxemia tissular, aumentando a
tolerância ao exercício, diminuindo o número de internações e melhorando o estado
neuropsíquico.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
4.4 Reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC
A reabilitação pulmonar (RP) é uma terapia complexa e multidisciplinar, que
proporciona amplo tratamento ao paciente com DPOC, sendo uma integração e suporte tanto
de terapia física quanto emocional e, geralmente, consiste em uma combinação de exercícios e
educação (PRYOR e WEBBER, 2002). Apresenta caráter multiprofissional, compreendendo
várias medidas terapêuticas, com o intuito de beneficiar os pacientes com pneumopatias
(COSTA, 1999).
Segundo Fishman (apud PRYOR e WEBBER, 2002), a RP é uma continuidade
multidimensional de serviços direcionados às pessoas com doença pulmonar e suas famílias,
aplicado geralmente por uma equipe de especialistas que atua de forma interdisciplinar com o
propósito de alcançar e manter o nível máximo de independência e funcionalidade do
indivíduo na comunidade. Segundo Pryor e Webber (2002), é através de um programa de
reabilitação pulmonar que o círculo vicioso da falta de ar, inatividade, perda do
condicionamento físico, isolamento social e depressão pode ser revertido.
A equipe de um programa de reabilitação pulmonar deve ser composta por um médico
(pneumologista), fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, farmacêutico, nutricionista, assistente-
social, enfermeiro e psicólogo. O fisioterapeuta desempenha um papel-chave em qualquer
programa de reabilitação. Ele pode orientar e supervisionar as sessões de exercícios e ainda
fornecer a prescrição do exercício e, se for necessário o treinamento muscular respiratório,
além de promover o treinamento de técnicas de respiração, posições a serem adotadas quando
o paciente estiver com falta de ar e estratégias para enfrentá-la. Este profissional também
avalia e ajuda na assistência à mobilidade, prescrevendo métodos adequados para auxiliar a
mobilidade funcional geral do paciente (PRYOR e WEBBER, 2002).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Os programas de RP foram desenvolvidos em decorrência das alterações
fisiopatológicas desencadeadas pela DPOC com o objetivo de reverter e/ou amenizar a
sintomatologia, melhorar a capacidade física e a qualidade de vida e diminuir as alterações
psicológicas. O conceito de reabilitação remonta à década de 40, quando considerou-se uma
abordagem com visão ampla do indivíduo, tanto do ponto de vista clínico, emocional, social
quanto vocacional (ZANCHET, VIEGAS e LIMA, 2004).
Comumente esses indivíduos apresentam intolerância ao exercício físico de
intensidade variável, tal fato já foi atribuído exclusivamente ao distúrbio respiratório, porém
sabe-se atualmente que a disfunção muscular periférica é um fator importante para diminuir a
capacidade de realizar exercícios.
Uma vez que a função respiratória dos portadores de DPOC pode ser apenas
discretamente melhorada por terapias clínicas, o condicionamento físico tem papel
fundamental na redução da demanda respiratória e da sensação de dispnéia (DOURADO e
GODOY, 2004). O exercício físico promove melhoras mais significativas na qualidade de
vida e na capacidade funcional quando comparado com outros tipos de tratamento
(broncodilatadores ou teofilina oral) (LACASSE et al. apud DOURADO e GODOY, 2004).
Existem inúmeras terapias disponíveis para serem utilizadas durante o processo de RP
de indivíduos com DPOC, entre elas podem ser citadas: a oxigenoterapia, exercícios resistidos
para a musculatura respiratória, suplementação de esteróides anabolizantes e de creatinina, e a
estimulação elétrica neuromuscular (EENM). Porém, as evidências apontam o exercício físico
como a conduta mais efetiva na reabilitação (DOURADO e GODOY, 2004). Muitas
abordagens são adotadas para melhorar a capacidade de exercício do indivíduo, elas
estendem-se desde exercícios para todo o corpo até treinamentos musculares muitos
específicos.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Os exercícios aeróbicos são recomendados para sujeitos saudáveis e com DPOC e,
seus benefícios são observados em qualquer estágio da doença que o paciente se encontrar.
Este tipo de treinamento aumenta a concentração de enzimas oxidativas mitocondriais, a
capilarização dos músculos treinados, o limiar aeróbico, o consumo máximo de O2 (VO2 máx)
e diminui o tempo de recuperação da creatina fosfato, resultando em melhora da capacidade
de exercício (DOURADO e GODOY, 2004). Os consensos de RP sugerem que o treinamento
físico dos pacientes seja baseado na melhora da capacidade aeróbia (PAULIN, BRUNETTO e
CARVALHO, 2003).
Em pacientes com DPOC, o condicionamento aeróbico melhora o desempenho no
questionário de qualidade de vida e alivia a intolerância ao exercício (DOURADO e GODOY,
2004). Pitta (apud DOURADO e GODOY, 2004), comparou o treinamento de membros
inferiores em cicloergômetro com um grupo controle não exercitado e concluiu que houve
melhora significativa no VO2 máx, na distância percorrida no teste de caminhada de 6
minutos (TC6), no tempo de endurance com carga constante em cicloergômetro, da PImáx
(pressão inspiratória máxima) e da sensação de dispnéia no grupo treinado.
As atividades executadas com os membros superiores relacionam-se com a dispnéia
intensa, pois alguns músculos do ombro são também acessórios da respiração, como o peitoral
maior e o grande dorsal (DOURADO e GODOY, 2004). A realização de exercícios dos
membros superiores visam incrementar principalmente, as atividades de vida diária (AVD)
que em geral são realizadas com os braços, cujos benefícios já estão relatados em alguns
estudos referentes ao condicionamento muscular de portadores de DPOC.
Os músculos respiratórios podem ser treinados para melhorar a força e/ou resistência
da mesma forma que os músculos esqueléticos em outras partes do corpo, promovendo
melhorias na função e, dessa forma diminuindo o esforço respiratório e, conseqüentemente, a
dispnéia. Este tipo de treinamento, assim como o treinamento convencional é dividido em
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
treinamento de força e de resistência. Os programas de RP mais efetivos são os relacionados à
atividade física com os exercícios aeróbicos, os exercícios resistidos periféricos e
respiratórios, além da associação destas duas modalidades (DOURADO e GODOY, 2004).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
5 ESPIROMETRIA
A espirometria (do latim spirare = respirar + metrum = medida) é a medida do ar que
entra e sai dos pulmões. É um teste de função pulmonar que auxilia na prevenção e permite o
diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. De acordo com Silva (2001), a
espirometria é o teste de função pulmonar mais conhecido e de maior utilização clínica. Ela
deve ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença
respiratória conhecida. É freqüentemente realizada como procedimento de triagem e pode ser
o primeiro teste a indicar presença de doença pulmonar (PEREIRA, 2002). Segundo Silva
(2001), ela pode detectar precocemente o surgimento de doenças pulmonares, como no caso
da DPOC, antes do aparecimento de manifestações clínicas ou alterações radiológicas.
É um exame que exige a compreensão e colaboração do paciente, equipamentos exatos
e emprego de técnicas padronizadas, aplicadas por pessoal especialmente treinado. Ela
permite medir o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios, sendo
especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra expiratória forçada. Os valores
obtidos devem ser comparados a valores previstos, adequados para a população avaliada.
De acordo com Pereira (2002), existem três razões para a realização da espirometria,
que podem ser divididas em: propósitos diagnósticos, monitorização da doença e seu
tratamento, e avaliação de incapacidades. Ainda de acordo com Pereira (2002), ela é
freqüentemente de propósito diagnóstico em pacientes com sinais e sintomas pulmonares e
também, útil para diagnosticar os efeitos de doenças que afetam os pulmões, tais como:
DPOC, asma, doenças intersticiais, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e doenças
neuromusculares.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Rubin (apud SILVA, 2001), afirma que em doenças de curso crônico como DPOC,
asma e infiltrações intersticiais difusas, a avaliação funcional seqüencial possibilita
informações sobre o curso da doença e seus períodos de agudização, que são de grande
importância na formulação do esquema terapêutico. Outras indicações são: avaliação pré-
operatória e avaliação prognóstica para procedimentos como transplante de pulmão e cirurgia
redutora de volume.
A espirometria pode ser realizada com ou sem esforço expiratório, no primeiro caso,
ela é utilizada para mensuração dos volumes e capacidades pulmonares e, no segundo, os
volumes são relacionados ao tempo expiratório, determinando-se os fluxos aéreos
(TARANTINO, 2002).
Os fluxos expiratórios são menores ao acordar e máximos entre o meio-dia e o final da
tarde, portanto testes longitudinais devem ser realizados aproximadamente no mesmo horário,
especialmente para detectar influências ambientais (PEREIRA, 2002).
Segundo Costa (1999), a maioria dos aparelhos é calibrada antes de cada teste. De
acordo com Silva (2001), a calibragem do aparelho é realizada pelo menos uma vez por dia,
no início da manhã, e sempre que se fizer necessário, como por exemplo, nos casos de
obtenção de resultados duvidosos ou por ocasião da troca de peças do aparelho.
5.1 Manobras da espirometria
A espirometria é composta por três manobras, a capacidade vital lenta (CVL), a
capacidade vital forçada (CVF) e a ventilação voluntária máxima (VVM).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
A capacidade vital lenta consiste em inspirações e expirações lentas, seguidas de uma
inspiração e uma expiração máxima (COSTA, 1999). Por meio da CVL é possível avaliar os
volumes a as capacidades pulmonares:
a) volume corrente (VC): é o volume inspirado e expirado a cada ciclo respiratório;
b) volume de reserva inspiratória (VRI): quantidade máxima de ar que pode ser
inspirada além de uma inspiração normal;
c) volume de reserva expiratória (VRE): é o volume máximo de ar que pode ser
expirado além de uma expiração normal;
d) volume residual (VR): volume de ar que ainda permanece nos pulmões após uma
expiração forçada. Não pode ser verificado pela espirometria convencional.
Segundo Silva (2001), O VR pode ser medido por outras técnicas como diluição
do hélio e pletismografia.
As capacidades pulmonares não são medidas e, sim valores estimados através dos
volumes pulmonares já citados, ou seja, derivam da associação desses volumes e, são as
seguintes:
a) capacidade inspiratória (CI): é o volume máximo de ar que pode ser inspirado após
uma expiração normal, é a soma do VC e do VRI;
b) capacidade residual funcional (CRF): é o volume de ar remanescente nos pulmões
após uma expiração normal, é a soma do VRE e do VR. Também não pode ser
medida pela espirometria e, sim pela pletismografia.
c) capacidade vital (CV): é o volume máximo de ar que pode ser expirado após uma
inspiração máxima, é a soma do VRI, VC e do VRE.
d) capacidade pulmonar total (CPT): é a quantidade de ar nos pulmões após uma
inspiração máxima, pode ser entendida como a soma dos quatro volumes (VRI,
VRE, VC e VR).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
O fluxo expiratório fornece importantes dados sobre a função pulmonar. O teste de
fluxos é normalmente obtido a partir da manobra de capacidade vital forçada (CVF), que é o
volume de ar eliminado em uma manobra expiratória forçada desde a CPT até o VR. Esta
manobra consiste em inspirar o máximo possível e, em seguida, expirar o mais rápido e
profundamente possível, expelindo dos pulmões todo o ar que o indivíduo puder. Os valores
obtidos com esta manobra podem ser diretos ou indiretos (derivados da fragmentação da
curva da CVF). Os valores diretos são:
a) CVF: é o volume de ar que pode ser expirado, tão rápida e completamente quanto
possível, após uma inspiração profunda máxima;
b) volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): é a quantidade máxima
de ar eliminado no primeiro segundo da manobra expiratória forçada e, é a medida
de função pulmonar mais útil clinicamente, pois este valor exprime o fluxo aéreo
da maioria das vias aéreas, sobretudo as de maior calibre;
c) peak-flow (PF): representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF (é o
ponto da curva expiratória na qual a velocidade da expiração foi maior). É
registrado em litros/segundo ou em litros/minuto.
O VEF1 tem maior reprodutibilidade porque é mais esforço-independente, porém a
dependência do esforço torna o PF um bom indicador da colaboração na fase inicial da
expiração (PEREIRA, 2002).
Os valores indiretos são:
a) índice de Tiffeneau (VEF1/ CVF): é o resultado da fração que representa o VEF1
em relação a CVF;
b) fluxo expiratório forçado a 25% (FEF25%): indica o fluxo expiratório forçado a um
quarto (25%) da CVF e, é muito próximo do VEF1;
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
c) fluxo expiratório forçado a 50% (FEF50%): indica o fluxo expiratório forçado no
ponto médio da CVF;
d) fluxo expiratório forçado a 75% (FEF75%): indica o fluxo expiratório forçado a três
quartos da CVF;
e) fluxo expiratório forçado médio (FEF25%-75%): também conhecido como fluxo
máximo mesoexpiratório (FMME), é o fluxo médio de ar que ocorre no intervalo
entre 25% e 75% da CVF;
f) fluxo expiratório forçado a 75%-85% (FEF75%-85%) ou fluxo telexpiratório: é o fluxo
máximo expirado na porção final da curva de CVF.
Além dos volumes e capacidades obtidos com a manobra de CVL e, dos fluxos,
obtidos por meio da CVF, outra manobra denominada ventilação voluntária máxima (VVM)
pode ser realizada por meio da espirometria. Este teste enfatiza o desempenho ventilatório,
mais precisamente o desempenho muscular respiratório. Destina-se também a avaliar as
propriedades mecânicas dos pulmões e da caixa torácica.
A VVM é considerada o volume máximo de ar que pode ser respirado, com o maior
esforço possível, num determinado período de tempo. Esta manobra tem a duração de 12 a 15
segundos, onde o paciente realiza inspirações e expirações o mais rápidas e profundas
possível (COSTA, 1999). O volume de ar é expresso em litros/minuto.
De acordo com Pereira (2002), a inspiração antes da expiração forçada não deve ser
muito rápida e a pausa pós-inspiratória não deve exceder três segundos. A inspiração máxima
produz broncodilatação e mudanças na retração elástica (PEREIRA, 2002). Em indivíduos
normais e portadores de asma e DPOC, os fluxos expiratórios são significativamente maiores
sem uma pausa ao final da inspiração precedente à manobra, em comparação com testes feitos
com uma pausa pós-inspiratória (D’ANGELO et al. apud PEREIRA, 2002). Isto se deve à
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
perda progressiva da retração elástica dos pulmões e da parede torácica com a pausa
(PEREIRA, 2002).
A diferença no PF em indivíduos normais é de 15%, e em portadores de DPOC é de
30%, quando pausas de cinco segundos ou mais são comparadas com testes realizados sem
pausa, ou com pausas de menos de dois segundos de duração (PEREIRA, 2002).
Os resultados espirométricos devem ser expressos em gráficos de volume-tempo e
fluxo-volume. A curva fluxo-volume consiste na configuração gráfica dos fluxos inspiratórios
e expiratórios máximos em função do volume pulmonar. Ela demonstra que o fluxo é máximo
logo no início da expiração sendo útil para verificar a colaboração do paciente no início da
manobra. Já a curva volume-tempo serve para analisar os critérios do final do teste. A forma
usual da curva é ter um pico de fluxo logo no início da expiração e em seguida haver uma
diminuição contínua até o fluxo zero (TARANTINO, 2002).
5.2 Tipos de espirômetros
Existem vários tipos de instrumentos que fornecem a medida de volumes e fluxos, que
podem ser divididos em duas grandes categorias: 1) aparelhos que medem diretamente o
volume de gás e, 2) aparelhos que medem diretamente o fluxo de gás (PEREIRA, 2002).
Os sistemas para espirometria podem ser classificados em “abertos” e “fechados”. O
termo aberto é usado quando o indivíduo realiza uma inspiração máxima fora do sistema,
antes de colocar o tubete na boca e expirar. Já no sistema fechado, o indivíduo inspira e expira
no equipamento.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
5.3 Realização do teste espirométrico - manobra da CVF
O indivíduo deve repousar de 5 a 10 minutos antes da realização do teste. O
procedimento deve ser descrito cuidadosamente e ênfase deve ser dada sobre a necessidade de
se evitar vazamentos em torno da peça bucal. O avaliador deve demonstrar o procedimento
usando um tubete antes de realizar o procedimento para o indivíduo a ser avaliado.
Dentaduras devem ser mantidas, a menos que estejam mal ajustadas. Segundo Bucca
et al. (apud PEREIRA, 2002), o vazamento é menor quando a dentadura é mantida devido ao
maior suporte dos lábios e bochechas e, além disso, a dentadura aumenta o espaço
retrofaríngeo e eleva levemente os fluxos em indivíduos normais e restritivos. O ambiente,
onde a espirometria será realizada, deve ser calmo e privado e, as roupas apertadas devem ser
evitadas. Se o paciente apresentar expectoração em maior quantidade, transitoriamente, o teste
deve ser adiado.
O paciente deve estar na posição sentada durante a realização do exame, a cabeça deve
ser mantida em posição neutra e mais ou menos fixa, uma vez que a flexão e a extensão
respectivamente reduzem e elevam os fluxos expiratórios forçados iniciais, por variação da
rigidez traqueal (D’ANGELO et al. apud PEREIRA, 2002). O uso do clipe nasal sempre é
recomendado.
O tubete deve ser colocado sobre a língua, entre os dentes e com os lábios cerrados,
para que vazamentos sejam evitados. O indivíduo deve ser estimulado vigorosamente para
que o esforço seja “explosivo” no início da manobra (PEREIRA, 2002). Durante a expiração,
o avaliador deve observar o indivíduo e estimulá-lo positivamente para que o esforço seja
mantido pelo tempo necessário. Segundo Pereira (2002), a imitação simultânea da manobra
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
pelo avaliador, a visualização do gráfico expirado por parte do indivíduo testado ou a
utilização de telas de incentivo podem ser de auxílio em casos mais difíceis.
5.4 Critérios para aceitação das curvas obtidas - manobra da CVF
Segundo Pereira (2002), o início do teste deve ser abrupto e sem hesitação. Qualquer
manobra, mesmo sem início aparentemente lento, deve ter o volume retroextrapolado
calculado. Volume de retroextrapolação maior que 5% da CVF ou 150mL (o que for maior)
torna a manobra inaceitável (ATS apud PEREIRA, 2002). De acordo com Pereira (2002), as
manobras com grandes volumes extrapolados são quase sempre resultado de hesitação
excessiva no início da manobra de CVF resultando em fluxos menores, incluindo o PF.
Contudo, um grande volume extrapolado nem sempre resulta em VEF1 menor. Manobras
aceitáveis devem ter PF dentro de 10% ou 0,5L (o que for maior) do maior PF em manobras
prévias (ENRIGHT et al. apud PEREIRA, 2002).
De acordo com Pereira (2002), a duração da expiração forçada deve ser de no mínimo
seis segundos, a menos que um platô evidente seja observado na curva volume-tempo. Ainda
de acordo com Pereira (2002), em crianças, adultos jovens e portadores de fibrose pulmonar,
o esvaziamento completo pode ser mais rápido e tempos abaixo de seis segundos são
aceitáveis.
O número de tentativas deve levar em conta que três curvas aceitáveis e duas
reprodutíveis são necessárias, que existe um efeito de aprendizado por parte do paciente com
a repetição das manobras e, que há a possibilidade dele se cansar ou aborrecer-se.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Considerando os fatores acima, raramente mais de oito curvas são necessárias (PEREIRA,
2002).
Para finalizar o teste, os seguintes critérios de reprodutibilidade devem ser
preenchidos: os dois maiores valores de VEF1 e CVF devem diferir menos de 0,15L e, estes
critérios devem ser aplicados apenas após a obtenção de manobras aceitáveis. Outra maneira
para aceitação das curvas, sugerida por Pereira (2002), é a gradação da qualidade do teste.
Esta gradação deve seguir os seguintes passos:
A- pelo menos duas manobras aceitáveis (de no máximo oito tentativas) com os dois
maiores valores de CVF e VEF1 ≤ 0,15L e PF < que 10% ou 0,5L (o que for maior);
B- pelo menos duas manobras aceitáveis com os dois maiores valores de CVF e VEF1
entre 0,15 e 0,20L ou PF > que 15%;
C- apenas uma manobra aceitável, ou mais do que uma manobra aceitável, mas com
valores de VEF1 com variação acima de 0,20L;
D- nenhum teste aceitável (sem interpretação).
De acordo com Pereira (2002), em alguns pacientes a manobra expiratória pode
induzir broncoconstrição, assim, em medidas sucessivas, os valores de VEF1 tornam-se
progressivamente menores, fato que deve ser verificado, visto que se associa com
hiperresponsividade brônquica. Assim, os maiores valores devem ser relatados. Estes critérios
aplicam-se tanto para adultos quanto para crianças (PEREIRA, 2002).
Se os critérios de reprodutibilidade não forem preenchidos, novas manobras devem ser
obtidas (PEREIRA, 2002). O teste pode ser repetido qualquer número de vezes, porém se
após oito tentativas, valores reprodutíveis não forem obtidos, o teste deve ser suspenso
(PEREIRA, 2002).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
5.5 Prova pós-broncodilatador
Espirometrias pré e pós-broncodilatador devem preencher todos os critérios regulares
para a aceitação e reprodutibilidade, devido à dificuldade ou mesmo impossibilidade de
interpretar-se a medida pós-broncodilatador se a medida pré não é reprodutível. Quando um
teste pré não for reprodutível, o teste pós não deve ser realizado.
Usualmente, a resposta ao broncodilatador é avaliada por variações do VEF1 e da
CVF. O VEF1 detecta a resposta no início da curva e a CVF durante toda a curva expiratória,
incluindo o final.
As maneiras mais utilizadas de expressar a variação pós-broncodilatador são:
percentagem de incremento em relação ao valor espirométrico inicial, mudança absoluta e
percentagem de incremento em relação ao valor previsto.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
6 METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de um estudo transversal, de caráter quali-quantitativo. Foram
selecionados 14 indivíduos de ambos os sexos, funcionários da UNIOESTE - Campus
Cascavel. Para a seleção dos participantes do estudo, foram distribuídos convites em forma de
cartazes informativos por toda a instituição. Estes cartazes continham explicações sobre a
pesquisa e o telefone da Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE, para contato. Os interessados
em participar deixaram seus dados pessoais e telefones residenciais e comerciais com as
secretárias desta clínica. Então, o avaliador entrou em contato com cada um dos interessados,
com o intuito de saber se os mesmos se encaixavam nos critérios de inclusão exigidos, como:
ter história de tabagismo há pelo menos 10 anos, não ter diagnóstico de DPOC confirmado. A
pessoa era informada de que participaria de um estudo para a avaliação da função pulmonar
por meio da espirometria, da dependência nicotínica por meio do Questionário de Tolerância
de Fagreström (QTF) e da qualidade de vida por meio do questionário AQ 20.
Foram excluídos do estudo os indivíduos que se encontravam fora da faixa etária
exigida, que era de 24 a 41 anos, aqueles com tempo de tabagismo menor que 10 anos,
portadores de doenças respiratórias que faziam uso de alguma medicação específica para essa
patologia e também aqueles com alterações cognitivas que poderiam, de alguma forma,
interferir na avaliação proposta.
Cada indivíduo respondeu ao questionário de qualidade de vida AQ 20 (APÊNDICE
2), assim como ao Questionário de Tolerância de Fargeström (ANEXO 1). Em caso de
dúvidas por parte do participante, a pergunta era lida oralmente e as dúvidas eram
esclarecidas. Logo após, foi realizado o teste de função pulmonar, através da espirometria,
como preconiza o Consenso de Pneumologia de 2002, descrito no referencial teórico deste
trabalho, para avaliar se os indivíduos apresentavam ou não DPOC.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Para a realização da espirometria foi utilizado o espirômetro da marca Vitalograph
Micro, capaz de fornecer somente as seguintes variáveis: a CVF, o VEF1, o índice de
Tiffeneau e o PF. O espirômetro foi calibrado conforme as recomendações do fabricante.
Antes da realização do teste, os participantes repousaram aproximadamente 10
minutos. A manobra realizada foi a CVF. O procedimento foi descrito cuidadosamente ao
indivíduo, com ênfase dada na necessidade de se evitar vazamentos em torno do bucal e a
pausa pós-inspiratória e, da necessidade da inspiração máxima seguida de expiração rápida e
sustentada até que fosse ordenada a interrupção. O avaliador utilizou um bucal descartável
para demonstrar como deveria ser o procedimento. Todos os testes foram realizados em
ambiente calmo e ao final da tarde
Após a realização da espirometria convencional, realizou-se a mesma prova após a
administração de um broncodilatador (BD). O medicamento utilizado foi o Foradil®,
composto por fumarato de formoterol, que consiste em um potente estimulante β2-
adrenérgico que exerce efeito broncodilatador em pacientes com obstrução reversível das vias
aéreas. A cápsula deste medicamento foi colocada dentro de um inalador fornecido pelo
fabricante, para promover a inalação do fármaco por via oral, de acordo com as instruções
fornecidas na bula.
Este medicamento alcança o seu pico de concentração plasmática entre 30 minutos a 1
hora após a sua inalação. Sendo assim, esperou-se 30 minutos para a realização da prova
espirométrica.
Devido ao fato do espirômetro utilizado neste estudo não fornecer os parâmetros
espirométricos de normalidade previstos, tais valores foram calculados de acordo com as
fórmulas descritas pelas Diretrizes para Testes de Função Pulmonar (2002).
O questionário de qualidade de vida AQ 20 é composto por 20 questões sobre as
atividades cotidianas do paciente, com apenas três respostas possíveis: a afirmativa (SIM), a
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
negativa (NÃO) ou não sei (NÃO SE APLICA). As perguntas foram respondidas pelo próprio
indivíduo ou por meio da interlocução de uma das avaliadoras. Foi utilizada uma versão
modificada do questionário, pois a original traz a expressão “doença pulmonar”, a qual foi
substituída por “hábito de fumar”, uma vez que nenhum paciente possuía diagnóstico
confirmado de DPOC. Cada pergunta respondida afirmativamente equivale a cinco por cento
(5%), sendo tanto pior a qualidade de vida quanto maior for o percentual de respostas
afirmativas respondidas.
Todos os indivíduos que concordaram em participar leram e assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE 1). Os indivíduos foram avaliados na Clínica
de Fisioterapia da UNIOESTE, no período entre setembro e outubro de 2005, pela avaliadora.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
7 RESULTADOS
A média de idade dos indivíduos avaliados foi de 31,86 anos (±6,51), com idade
mínima de 24 e máxima de 41 anos. Dentre a amostra de 14 indivíduos, seis (42,86%) eram
do sexo feminino e, oito (57,14%) do sexo masculino.
A média de idade entre as mulheres foi de 35,67 anos (±5,46), com a mínina de 26 e a
máxima de 41 anos. Já a média de idade entre os homens foi de 29 anos (±5,97), com a
mínima de 24 e a máxima 39 anos. A média de tempo de tabagismo foi de 19,5 anos (±6,41)
para as mulheres e, de 12,75 anos (±4,30) para os homens.
Em relação ao QTF, três indivíduos (21,5%) apresentaram grau de dependência
nicotínica (DN) muito baixo (MBDN), sete (50%) apresentaram grau baixo (BDN), dois
(14,25%) apresentaram grau elevado (EDN) e dois (14,25%) apresentaram grau muito
elevado (MEDN) (TABELA 1). Nenhum indivíduo apresentou grau médio de DN.
TABELA 1: Número de Indivíduos de Acordo com a Dependência Nicotínicadependência número de pessoasmuito baixo 3
baixo 7elevado 2
muito elevado 2 Fonte: A autora
A média do tempo de tabagismo no grupo MBDN foi de 11,67 anos (±1,52), no
grupo BDN foi de 12,86 anos (±4,18), no grupo EDN foi de 25,5 anos (±4,30) e no grupo
MEDN foi de 21,5 anos (±2,12) (TABELA 2).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
TABELA 2: Relação da Dependência Nicotínica com a Média de Tempo de Tabagismodependência média de tempo de tabagismomuito baixo 11,67 anos
baixo 12,86 anoselevado 25,5 anos
muito elevado 21,5 anos Fonte: A autora
A média de respostas afirmativas, com a aplicação do questionário AQ 20, foi de 22%
no grupo MBDN, 27% no grupo BDN, 58% no grupo EDN e de 50% no grupo MEDN
(TABELA 3).
TABELA 3: Relação da Dependência Nicotínica com a Média do AQ20dependência média AQ 20muito baixo 22%
baixo 27%elevado 58%
muito elevado 50% Fonte: A autora
Com relação a espirometria, dois indivíduos (14,29%) apresentaram índice de
Tiffeneau (VEF1/CVF) abaixo do previsto, o que sugere um distúrbio obstrutivo (TABELA
4).
TABELA 4: Índice de Tiffeneau dos Indivíduos com ObstruçãoTiffeneau Previsto
Tiffeneau obtido
Tiffeneau pós broncodilatador
79,2-88% 73% 81%
74,7-83% 74% 82% Fonte: A autora
Outros dois indivíduos apresentaram distúrbio restritivo, pois o índice de Tiffeneau
estava acima do normal. O valor previsto do VEF1 para os indivíduos que apresentaram
obstrução foi de 3,012L para o indivíduo 1 (pertencente ao grupo BDN) e, os resultados
obtidos com as provas pré e pós broncodilatador foram respectivamente de 3,70L e 4,07L,
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
demonstrando uma diferença, em valor absoluto do VEF1, de 370mL. Já para o indivíduo 2,
pertencente ao grupo EDN, o valor previsto do VEF1 foi de 2,596L e, os resultados obtidos
foram 2,54L na prova pré-broncodilatador e 2,84L na prova pós broncodilatador, o que
demonstra uma diferença de 300mL. Após a prova de broncodilatação, em ambos os
indivíduos que apresentaram obstrução, evidenciou-se o aumento do valor absoluto do VEF1,
maior que 0,2L, demonstrando que apesar de possuírem obstrução ao fluxo aéreo, esta
obstrução ainda é reversível. Em relação à qualidade de vida de ambos, o indivíduo 1 obteve
30% de respostas afirmativas e o indivíduo 2 obteve 70% (TABELA 5).
TABELA 5: Valores Absolutos dos VEF1 dos Indivíduos com ObstruçãoVEF1 Previsto VEF 1 Obtido VEF1 pós Broncodilatador Diferença
3,012 L 3,70 L 4,07 L 370 mL2,596 L 2,54 L 2,84 L 300 mL
Fonte: A autora
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
8 DISCUSSÃO
Esperava-se que o tempo de tabagismo fosse proporcional ao grau de DN, ou seja,
quanto maior o grau de DN, maior o tempo de tabagismo. Isto ocorreu com os grupos MBDN
(11,67 anos) e BDN (12,86 anos), porém o tempo de tabagismo no grupo EDN (25,5 anos) foi
maior quando comparado ao grupo MEDN (21,5 anos), demonstrando que a dependência
nicotínica não é maior somente em indivíduos que fumam há mais tempo e, que
provavelmente a quantidade de cigarros fumados por dia tem influência nesta dependência.
Halty et al. (2002) dizem que o nível individual de resposta à nicotina pode ser diferente,
talvez por razões genéticas e, que deve-se ter em mente que os níveis de nicotina podem não
ser equivalentes ao grau de dependência. Os indivíduos podem satisfazerem-se com níveis
relativamente baixos da substância e ainda assim serem muito dependentes.
A média de respostas afirmativas obtidas com o AQ 20 para o grupo MBDN foi de
22% e para o grupo BDN foi de 27%. Assim como ocorreu quando relacionou-se a DN com o
tempo de tabagismo, a média de respostas afirmativas foi maior no grupo EDN (58%) quando
comparada ao grupo MEDN (50%). Tal fato pode estar relacionado tanto ao tempo de
tabagismo, maior no grupo EDN, quanto pela quantidade de cigarros fumados.
Observa-se que o tempo de tabagismo exerce influência negativa na qualidade de vida
dos indivíduos avaliados. Relacionando a qualidade de vida com o grau de DN, observou-se
que quanto melhor é a QV, menor é o grau de DN dos indivíduos, pois os indivíduos
pertencentes ao grupo de EDN e MEDN apresentaram maiores porcentagens de respostas
afirmativas no AQ 20.
Apenas dois indivíduos apresentaram obstrução ao fluxo aéreo, porém sendo ainda
reversível, pois cada um obteve incremento no valor absoluto do VEF1 após a aplicação do
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
broncodilatador. Isto sugere que ambos ainda não apresentam a doença em si, porém a função
pulmonar já está alterada e, que provavelmente se medidas para a cessação do tabagismo
forem adotadas, a função pulmonar não sofrerá maior deterioração, impedindo que a doença
se instale.
O valor absoluto do VEF1 obtido do paciente 1 foi de 3,70L, sendo maior que o VEF1
previsto (2,596L), embora o índice de Tiffeneau estivesse abaixo do normal. Esta diferença
pode ter ocorrido por um erro de leitura do espirômetro, uma vez que este valor não deve ser
superior ao previsto.
Em relação aos dois indivíduos que apresentaram obstrução reversível ao fluxo aéreo,
a qualidade de vida também foi pior quando relacionada à dependência nicotínica, pois o
indivíduo 1 pertencente ao grupo BDN, apresentou 30% de respostas afirmativas e, o
indivíduo 2, pertencente ao grupo EDN, apresentou 70% de respostas afirmativas.
Apesar da prova de função pulmonar não ter apresentado correlação com a QV e a
DN, pôde-se observar que mesmo sem a DPOC instalada, ocorreu alteração na QV de vida de
100% dos indivíduos, uma vez que todos assinalaram pelo menos uma resposta afirmativa no
AQ 20. Embora os indivíduos ainda não apresentem uma patologia instalada, foi verificado
que o tabagismo alterou a qualidade de vida.
De acordo com Dourado et al. (2004), o conceito de qualidade de vida é bastante
amplo e complicado, principalmente em função do alto grau de subjetividade. Existem vários
aspectos que interferem na qualidade de vida de pacientes com DPOC incluindo sensação de
dispnéia, sintomas de ansiedade e depressão, tolerância ao exercício, freqüência e gravidade
da tosse, qualidade do sono e etc. Porém, devido à subjetividade, fica difícil quantificar a
maneira como cada um dos aspectos influencia esta QV.
Ainda de acordo com estes autores, embora os dados de função pulmonar e os índices
de qualidade de vida devam ser considerados na classificação da gravidade de doenças como
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
DPOC e asma, a correlação entre eles é pequena ou quase nula. Portanto, não seria possível
quantificar o nível de QV baseando-se somente nos índices espirométricos.
Este estudo apresentou algumas limitações, como: o tipo de espirômetro, o tamanho da
amostra. Sugere-se então a realização de novos estudos separando os fumantes em categorias
de acordo com o grau de dependência nicotínica e a elaboração de um questionário de análise
da qualidade de vida específico para fumantes.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
9 CONCLUSÃO
Não verificou-se a presença de indivíduos portadores de DPOC na amostra. Porém,
mesmo não apresentando a patologia instalada, os resultados sugerem que o tabagismo altera
a qualidade de vida que está associada ao tempo de tabagismo e a dependência nicotínica.
Não se sabe ao certo o motivo da alteração da qualidade de vida nos indivíduos
tabagistas sem o diagnóstico de DPOC, pois existem vários fatores influenciando. São eles: a
sensação de dispnéia, sintomas de ansiedade e depressão, tolerância ao exercício, freqüência e
gravidade da tosse, qualidade do sono e etc. Porém pode-se concluir que a qualidade de vida
já está alterada nos indivíduos avaliados.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
REFERÊNCIAS
AIDÉ, M. A.; CARDOSO, A. P.; RUFINO, R.; DAVID, F.; CARVALHO, S. R. S.; LUCAS, V. S.; ZAMBONI, M. M. Pneumologia: aspectos práticos e atuais. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
BETHLEM, N. Pneumologia. 4 ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
CAMELIER, A.; ROSA, F.; JONES, P.; JARDIM, J. R. Validation of the Airways Questionnaire 20 – AQ20 in patients with chronic obstructive pulmonary disease (COPD) in Brazil. Jornal de Pneumologia, v. 29, n. 01, São Paulo, 2003, p. 28-35.
COSTA, D. Fisioterapia Respiratória Básica. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
DOURADO,V. Z.; ANTUNES, L. C. O.; CARVALHO, L. R.; GODOY, I. Influência de características gerais na qualidade de vida de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.02, São Paulo, mar./ abr. 2004, p. 207-214.
DOURADO, V. Z.; GODOY, I. Recondicionamento muscular na DPOC: principais intervenções e novas tendências. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.10, n. 04, São Paulo, jul./ ago 2004, p. 331-334.
FERREIRA, I. M. Chronic obstructive pulmonary disease and malnutrition: why are we not winning this battle. Jornal de Pneumologia, v. 29, n. 02, Toronto, 2003, p. 107-115.
HALTY, L. S.; HÜTTNER, M. D.; NETTO, I. C. O.; FENKER, T.; PASQUALINI, T.; LEMPEK, B.; SANTOS, A.; MUNIZ, A. Pesquisa sobre tabagismo entre médicos fumantes de Rio Grande, RS: prevalência e perfil do fumante. Jornal de Pneumologia, v.28, n.02, Rio Grande do Sul, mar./abr. 2002, p. 77-83.
HALTY, L. S.; HÜTTNER, M. D.; NETTO, I. C. O.; SANTOS, V. A.; MARTINS, G. Análise da utilização do Questionário de Tolerância de Fagerström (QTF) como instrumento de medida da dependência nicotínica. Jornal de Pneumologia, v.28, n.04, Rio Grande do Sul, jul./ago. 2002, p. 180-186.
LENFANT, C.; KHALTAEV, N. Estratégia Global Para o Diagnóstico, Controle e Prevenção da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: Workshop do NHLBI e da OMS Disponível em http://www.wgate.com.br, acessado em 16 de agosto de 2005.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
MEIRELLES, R. H. S.; GONÇALVES, C. M. C. Abordagem cognitivo-comportamental do fumante. in: Diretrizes para cessação do tabagismo. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.02, ago. 2004.
MENEZES, A. M. B.; ACHUTTI, A. Fumo ou saúde/ direitos ou deveres? Jornal de Pneumologia, v.26, n.06, São Paulo, nov./dez. 2000.
MENEZES, A. M. B.; HORTA, B. L.; OLIVEIRA, A. L. B.; KAUFMANN, R. A. C.; DUQUIA, R.; DINIZ, A.; MOTTA, L. H.; CENTENO, M. S.; ESTANISLAU, G.; GOMES, L. Risco de câncer de pulmão, laringe e esôfago atribuível ao fumo. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 01, 2002, p. 129-134.
PALOMBINI, B. C. Tabagismo: educação e descontinuação, in: SILVA, L. C. C.; Condutas em Pneumologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
PAULIN, E. BRUNETTO, A. F. CARVALHO, C. R. F. Efeitos de programa de exercícios físicos direcionado ao aumento da mobilidade torácica em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal de Pneumologia, v.29, n.05, São Paulo, set./out. 2003, p. 287-294.
PEREIRA, C. A. C. Diretrizes para testes de função pulmonar. Jornal de Pneumologia, São Paulo, v.28, n.03, out. 2002.
PRYOR, J.A. WEBBER, B. A. Fisioterapia para problemas respiratórios e cardíacos, 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
RAMOS-CERQUEIRA, A. T. A.; CREPALDI, A. L. Qualidade de vida em doenças pulmonares crônicas: aspectos conceituais e metodológicos. Jornal de Pneumologia, v.26, n.04, São Paulo, jul./ago. 2000.
ROSEMBERG, J. Tabagismo e doenças pulmonares, in: TARANTINO, A. B. Doenças Pulmonares. 5 ed. cap. 10, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
RUFINO, R.; BEHRSIN, R. F. Doença pulmonar obstrutiva crônica-visão atual. in: Pneumologia: aspectos práticos e atuais. cap. 11, Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
SILVA, L. C. C. Condutas em Pneumologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
SILVA, D. M. G. V.; SOUZA, S. S.; FRANCIONI, F. F.; MEIRELLES, B. H. S. Qualidade de vida na perspectiva de pessoas com problemas respiratórios crônicos: a contribuição de um grupo de convivência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.13, n.01, Santa Catarina, jan./fev. 2005, p. 7-14.
SOUSA, T. C.; JARDIM, J. R.; JONES, P. Validação do Questionário do Hospital Saint George na doença respiratória (SGRQ) em pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica no Brasil. Jornal de Pneumologia, v. 26, n.3.,São Paulo, mai./jun. 2000,
TARANTINO, A.B. Doenças Pulmonares. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
ZANCHET, R. C.; VIEGAS C. A. A.; LIMA T. S. M. Influência da reabilitação pulmonar sobre o padrão de sono de pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.05, Brasília, 2004, p. 439-444.
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTOLIVRE E ESCLARECIDO
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da pesquisa: A análise da qualidade de vida e da dependência nicotínica de indivíduos tabagistas e sua relação com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Pesquisador(a) responsável: Keila Okuda Tavares. Telefone para contato: (45) 9917-9331 / (45) 3220-3157 / (45) 3224-8194
Justificativa: Este trabalho será importante para demonstrar aos indivíduos fumantes que mesmo não tendo o diagnóstico de uma doença pulmonar, a qualidade de vida já pode estar alterada devido ao comprometimento do sistema respiratório causado pelo uso do cigarro. Procedimentos: Cada pessoa responderá a uma ficha de avaliação, a um questionário sobre qualidade de vida e ao teste de prova da função pulmonar (espirometria). As avaliações serão realizadas na Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE
Riscos: De acordo com a literatura atual, os procedimentos do estudo não apresentam riscos aos participantes, visto que são simples avaliações e exercícios físicos, respeitando a capacidade e a individualidade de cada pessoa.
Custos adicionais: Não haverá custos adicionais para os participantes, todos os materiais necessários serão fornecidos pelo pesquisador.
Sua participação será muito importante para a realização desta pesquisa.
Assinatura do pesquisador (a):________________________________________Tendo recebido as informações anteriores e, esclarecido dos meus direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente e disposto a participar da pesquisa.
01- A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa;
02- A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo;03- A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial das informações
relacionadas com a minha privacidade;04- Compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o estudo, ainda que possa afetar minha
vontade de continuar participando.05- Procurar esclarecimentos com o Comitê de Ética de Pesquisas da UNIOESTE, através do telefone 220- 3131, em caso de dúvida ou notificação de acontecimentos não previstos.
Em seguida, assino meu consentimento.
Cascavel, _____de __________ de 2005
Nome do responsável:________________________________ RG___________________
Assinatura:________________________________________________________
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
APÊNDICE 2
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA (AQ20)
Nome: Idade: GrupoData:Respondido pelo paciente: sim ( ) não ( )Respondido pelo responsável: sim ( ) não ( )As seguintes questões dizem respeito ao efeito da sua doença pulmonar na sua vida diária.Por favor, responda Sim, Não ou Não se aplica para cada item, marcando com um x no espaço determinado. Não deixe respostas em branco.Perguntas Sim Não Não se
aplica1 - Você tem crises de tosse durante o dia?2 - Você freqüentemente se sente cansado devido a sua doença pulmonar?3 - Você sente falta de ar ao cuidar do jardim devido a sua pulmonar?4 - Você se preocuparia em ir à casa de um amigo se lá existisse algo que pudesse causar uma crise de sintomas pulmonares?5 - Você tem sintomas pulmonares quando fica exposto a cheiros fortes, fumaça de cigarro ou perfume?6 - O(a) seu(sua) companheiro(a) fica incomodado com a sua doença pulmonar?7 - Você fica com falta de ar quando tenta dormir?8 - Você fica preocupado com os efeitos a longo prazo na sua saúde causados pelos medicamentos que você tem que tomar por causa da sua doença pulmonar?9 – Os seus sintomas pulmonares pioram quando você fica aborrecido?10 - Existem momentos em que você tem dificuldade em andar pela casa devido a sua doença pulmonar?11 - Você sente falta de ar para as suas atividades durante o trabalho devido aos seus problemas pulmonares?12 - Você sente falta de ar para subir escadas devido a sua doença pulmonar13 - Devido a sua doença pulmonar, você sente falta de ar para realizar tarefas domésticas?14 - Devido a sua doença pulmonar, você tem que voltar para casa mais cedo do que as outras pessoas após um programa noturno?15 - Você tem falta de ar quando está rindo devido a sua doença pulmonar?16 - Você freqüentemente se sente impaciente devido a sua doença pulmonar?17 - Devido a sua doença pulmonar, você sente que não consegue aproveitar totalmente a vida?18 - Devido a sua doença pulmonar, você se sente muito enfraquecido após um resfriado? 19 – Você tem um sentimento constante de um peso no tórax?20 – Você se preocupa muito com a sua doença pulmonar?
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DE DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioesten. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
QUESTIONÁRIO DE TOLERÂNCIA DE FAGERSTRÖM-DEPENDÊNCIA NICOTÍNICA1. Quanto tempo após acordar você fuma o seu primeiro cigarro?Dentro de 5 minutos 3 ( )Entre 6 e 30 minutos 2 ( )Entre 31 e 60 minutos 1 ( )Após 60 minutos 0 ( )2. Você acha difícil não fumar em locais onde o fumo é proibido (como igrejas, bibliotecas, restaurantes, etc.)?Sim 1 ( )Não 0 ( )
3. Qual cigarro do dia que lhe traz mais satisfação (ou que mais detestaria deixar de fumar)?O primeiro da manhã 1 ( )Outros 0 ( )
4. Quantos cigarros você fuma por dia?10 ou menos 0 ( )11 a 20 1 ( )21 a 30 2 ( )31 ou mais 3 ( )
5. Você fuma mais freqüentemente pela manha (ou nas primeiras horas do dias) que no resto do dia?Sim 1 ( )Não 0 ( )
6. Você fuma mesmo quando está tão doente que precisa ficar de cama a maior parte do tempo?Sim 1 ( )Não 0 ( )
Total de pontos:____Grau de dependência nicotínica:_________________________
Tabela de FagerströmConclusão quanto ao grau de dependência
0 a 2 pontos Muito baixo3 a 4 pontos Baixo5 pontos Médio6 a 7 pontos Elevado8 a 10 pontos Muito elevado