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XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras, Interações, Convergências 13 a 17 de julho de 2008 USP São Paulo, Brasil A ESCRITA-LUGAR COMO MEDIAÇÃO DAS TEMPORALIDA- DES E SUBJETIVIDADES EM “CIDADE DE DEUS” E “CAPÃO PECADO” Prof. Ms. Carlos Alberto de Negreiro 1 (CEFET/RN) Mestrando Alessandre de Medeiros Tavares 2 (PPGEL/UFRN) Resumo: Os romances contemporâneos “Cidade de Deus”, de Paulo Lins (1997) e “Capão Pecado”, de Ferréz (2000) nos apresentam uma configuração da “história do presente” (BENJAMIN, 1994), como elemento constituidor de uma consciência do passado. Na medida em que se conflituam a his- tória e a ficção produz-se um espaço para a construção das subjetividades pela escrita e cria-se um território de alteridades. O movimento e a permanência de um lado são articulados pelo literário; por outro, inaugura um novo movimento – a leitura do leitor. A “autonomia semântica do texto” permite a leitura do contemporâneo, proporcionada pela palavra escrita (RICOEUR, 1988). A pro- posta de nosso trabalho é pensar o texto como o território das alteridades, isso nos permite refletir a escrita como um espaço ontológico e como uma instância da outridade. Palavras-chave: lugar-escrita, subjetividade, alteridade, Ferréz, Paulo Lins. Introdução Pois irrecuperável é cada imagem do presente que se dirige ao presente, sem que esse presente se sinta visado por ele . Walter Benjamin Um mergulho num poço de águas cristalinas... pode levantar o barro decantado no fundo Luiz Ruffato O presente é um ruído no mundo. José Miguel Wisnik Para pensarmos o presente, esse “momento de perigo” (BENJAMIN, ) aludimos a um excerto de uma canção de Belchior, “A minha alucinação/ é suportar o dia-a-dia/ e meu delírio/ é a experi- ência com as coisas reais...” [grifo nosso]. A partir do paradoxo mostra-se o cotidiano impõe um ritmo para a vida, uma espécie de “rodo cotidiano”. Pois, “Somente o homem que se voltou par a dimensão interna de seu ser pode ver a natureza como um símbolo, como uma realidade transparen- te, podendo chegar a conhecê-la e compreendê-la no seu verdadeiro sentido” (NASR, 1968, p. 98), assim o mergulho nessa realidade, se dá pelo/ no texto, lendo também se lê, essa “natureza”, é tam- bém o lugar da periferia e o lugar-escrita desse espaço. Pensemos então numa literatura contemporânea como a de Paulo Lins e Ferréz, cada um com sua particularidade, mas com um aspecto em comum, ambos constroem uma literatura que trata da experiência de sujeitos em suas comunidades – as periferias de grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, também nomeadas de favelas. Além disso, a publicação de ambos os ro- mances se dá quase no mesmo período entre 1997 e 2000.

Carlos Negreiro

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  • XI Congresso Internacional da ABRALIC Tessituras, Interaes, Convergncias

    13 a 17 de julho de 2008 USP So Paulo, Brasil

    A ESCRITA-LUGAR COMO MEDIAO DAS TEMPORALIDA-DES E SUBJETIVIDADES EM CIDADE DE DEUS E CAPO

    PECADO

    Prof. Ms. Carlos Alberto de Negreiro1 (CEFET/RN) Mestrando Alessandre de Medeiros Tavares2 (PPGEL/UFRN)

    Resumo:

    Os romances contemporneos Cidade de Deus, de Paulo Lins (1997) e Capo Pecado, de Ferrz (2000) nos apresentam uma configurao da histria do presente (BENJAMIN, 1994), como elemento constituidor de uma conscincia do passado. Na medida em que se conflituam a his-tria e a fico produz-se um espao para a construo das subjetividades pela escrita e cria-se um territrio de alteridades. O movimento e a permanncia de um lado so articulados pelo literrio; por outro, inaugura um novo movimento a leitura do leitor. A autonomia semntica do texto permite a leitura do contemporneo, proporcionada pela palavra escrita (RICOEUR, 1988). A pro-posta de nosso trabalho pensar o texto como o territrio das alteridades, isso nos permite refletir a escrita como um espao ontolgico e como uma instncia da outridade.

    Palavras-chave: lugar-escrita, subjetividade, alteridade, Ferrz, Paulo Lins.

    Introduo

    Pois irrecupervel cada imagem do presente que se dirige ao presente,

    sem que esse presente se sinta visado por ele . Walter Benjamin

    Um mergulho num poo de guas cristalinas...

    pode levantar o barro decantado no fundo Luiz Ruffato

    O presente um rudo no mundo.

    Jos Miguel Wisnik

    Para pensarmos o presente, esse momento de perigo (BENJAMIN, ) aludimos a um excerto

    de uma cano de Belchior, A minha alucinao/ suportar o dia-a-dia/ e meu delrio/ a experi-ncia com as coisas reais... [grifo nosso]. A partir do paradoxo mostra-se o cotidiano impe um ritmo para a vida, uma espcie de rodo cotidiano. Pois, Somente o homem que se voltou par a dimenso interna de seu ser pode ver a natureza como um smbolo, como uma realidade transparen-te, podendo chegar a conhec-la e compreend-la no seu verdadeiro sentido (NASR, 1968, p. 98), assim o mergulho nessa realidade, se d pelo/ no texto, lendo tambm se l, essa natureza, tam-bm o lugar da periferia e o lugar-escrita desse espao.

    Pensemos ento numa literatura contempornea como a de Paulo Lins e Ferrz, cada um com sua particularidade, mas com um aspecto em comum, ambos constroem uma literatura que trata da experincia de sujeitos em suas comunidades as periferias de grandes centros urbanos como So Paulo e Rio de Janeiro, tambm nomeadas de favelas. Alm disso, a publicao de ambos os ro-mances se d quase no mesmo perodo entre 1997 e 2000.

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    Os romances contemporneos Cidade de Deus (ao longo deste trabalho ao citarmos esta obra

    utilizaremos CD), do escritor carioca Paulo Lins, editado pela primeira vez em 1997; e Capo Pe-cado (CP), do escritor paulistano Ferrz, (edio de 2000) apresentam aquilo que pensamos aqui neste trabalho certa histria do presente, num movimento dialtico que imprime a noo de que para falar de hoje no se pode deixar de lado o ontem.

    Os dois romances tomam como mote falar de um lugar especifico da cidade, uma outra voz-lugar a periferia. No primeiro a inteno de contar a histria da comunidade Cidade de Deus uma microfsica da cidade, uma cidade dentro da cidade, funcionando como uma resistncia s re-gras normatizadoras da cidade oficial, l tudo se d fora-de-ordem, perpassando por aproximada-mente trs dcadas da contemporaneidade (1960/1970/1980).

    No segundo romance o presente quase atemporal, mas a referencialidade exposta no enredo no faz situar a histria tambm na contemporaneidade. Ambos tm em comum a expresso da/e pela periferia um universo que se faz por um princpio que seria o do lugar-escrita.

    1 POESIA, MINHA TIA, ILUMINE AS CERTEZAS DOS HOMENS E OS TONS DE MINHAS PALAVRAS.

    Cidade de Deus, nome de uma cidade dentro de uma cidade, nesse caso foi um conjunto ha-bitacional, se transformando ao longo do tempo em uma grande favela, e hoje uma comunidade, um grande bairro de periferia. Outrora essa expresso tambm nome de uma obra de Santo Agostinho em que diz da cidade perfeita, um modelo divino para a celebrao da virtude e da f.

    O irnico se manifesta na transposio do nome para uma localidade marcada pela violncia e pela excluso social, uma favela lugar de maldades. Mas que se mostra como um texto in-dividual e coletivo (DUARTE, 2005, p.164).

    Refletir sobre a obra um trabalho que se debrua sobre si, (...) aquele que l a obra, ao ler se torna, segundo palavras de Proust, leitor de si mesmo. (RICOUER, 1988, p. 75) pensar assim o presente na obra refletir acerca da relao deste presente na escritura, isto , das relaes entre tempo e escritura.

    Partiremos ento, do pressuposto de uma escrita-lugar como forma de configurar a experin-cia temporal humana projetando-a em um presente da leitura que inaugura um campo de significa-es mediatizador do mundo vivido e do mundo do texto, constituindo um territrio das subjetivi-dades e das temporalidades implicadas no presente da leitura.

    Os processos condicionantes para a instncia das significaes advindas da relao com o tex-to (no que se refere ao tempo) so articulados pelo literrio; por outro lado, inaugura um novo mo-vimento o da leitura do leitor, autonomia semntica do texto dado pela palavra escrita (Ricoeur, 1988).

    Nuvens jogavam pingos sobre as casas, no bosque e no campo que se esticava at o horizonte. Busca-P sentia o sibilar do vento nas folhas dos eucaliptos. direita, os prdios da Barra da Tijuca, mesmo de longe, mostravam-se gigantescos. Os picos das montanhas eram aniquilados pelas nuvens baixas. Daquela distncia, os blocos de apartamentos onde morava, esquerda, eram mudos, porm parecia escutar os rdios sintonizados em programas destinados s donas de casa, a cachorrada latin-do, a correria das crianas pelas escadas. Repousou o olhar no leito do rio, que se abria em circunferncias por toda sua extenso s gotas de chuva fina, e suas ris, num zoom de castanhos, lhe trouxeram flash-backs; o rio limpo; o goiabal, que de-cepado, cedera lugar aos novos blocos de apartamentos; algumas praas, agora to-madas por casas; os ps de jamelo assassinados, assim como a figueira mal-

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    assombrada e as mamoneiras; o casaro abandonado que tinha piscina e os campos do Para e Baluarte onde jogara bola defendendo o dente-de-leite do Oberon deram lugar s fbricas. (CD, 1997, p.11-12)

    Quem Busca-P? Quem diz por trs de Busca-P, maneira do etngrafo, a perceber o ce-nrio dentro do menino que v e relata-se relatando o lugar? Que experincias so capturadas pelos olhos do menino que v o mundo arruinado em um passado absolutamente passado, mas que se apresenta como presente, que arrebatamento?

    O narrador-observador que v com olhos de menino diz do lugar ao usar termos que quase va-ticinam esse lugar a uma condio de trgico: p de jamelo assassinados, goiabal decepado . O lugar apresentado para se fazer testemunho uma histria da periferia, por dentro dela. A narrati-va assim descortina um outro cenrio, parafrasendo Beaujour (Apud CLIFFORD 2002, p.65), por trs das coisas desse mundo, mostra-se pela palavra para ento fazer-se existir.

    Cidade de Deus deu a sua voz para as assombraes dos casares abandonados, es-casseou a fauna e a flora, remapeou Portugal Pequeno e renomeou o charco: L em Cima, L na Frente, L Embaixo, L do Outro Lado do Rio e Os Aps. (CD, p.17)

    O narrar uma forma de nos conhecer, de acessarmos o mundo por meio da experincia de

    vida, logo quando falamos, fala-se de uma posio, assim qual a posio de Busca-P, ou melhor, qual a posio daquele que fala por trs de Busca-P?

    O espao humanizado, mesmo dentro do processo de coisificao social de excluso nas periferias urbanas, h uma sutil animizao (apartamento mudos), resta-lhe a experincia que se conta e contada. Como o homem v na natureza aquilo que ele prprio , e s penetra no signifi-cado secreto da mesma com a condio de ser capaz de penetrar nos mais recnditos de seu prprio ser e de deixar de residir meramente na periferia deste (NASR, 1968, p.98)

    Contar uma histria sair dela, em um movimento de destecimento o narrador retece o mun-do tal como um pesquisador ao se debruar sobre o seu interesse de pesquisa. Um movimento de sair de si para olhar-se, gerando o que pode nomear do jogo de instncias das significaes envolvi-das na leitura.

    Antigamente a vida era outra aqui neste lugar onde o rio deixando o corao bater em pedras, dando areia, cobra-dgua inocente, risos-lquidos, e indo ao mar, divi-dia o campo em que os filhos de portugueses e da escravatura pisaram.(CD, p.16)

    O cotidiano impe uma urgncia como os referenciais da concretude e de suas prprias reali-

    dades, se o presente um momento de perigo (BENJAMIN, 1995), pois ns nos confrontamos nele, ele nos transtorna. Este perigo se constitui o elo de ligao com o passado, passado este que narrado para se constituir como um registro daquilo, que para entender o agora, j foi. Esse jogo de tempos, mais precisamente de temporalidades estabelece a posio de quem ao falar possa parecer uma necessidade de impor sua existncia, pois s posso existir se me narro.

    Territrio de alteridades aquele constitudo das narrativas que assumem um carter ontol-gico de subjetivao, pois sem o sujeito como haver o outro? Por que meio aquelas pessoas s se encontrariam no texto, na escritura se no fosse pelo narrar a sua histria. O texto a configurao do mundo, e o leitor (com sua leitura) reconfigura esse mundo. O prprio personagem ao se narrar, faz a leitura de si

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    Referncias do mundo dos homens perfazem a organizao do orbe, formado pelo que

    narrado. Esse mundo uma conseqncia do ato narrar, cira0se um mundo, esse mundo justamen-te o que proporciona o carter substantivo, ou melhor, os processos de subjetivao daqueles que povoam os lugares e se contam na escrita-lugar.

    Pois esta escrita-lugar aquilo que cria uma proposio de mundo transtornado, de mundo modificado, aquilo que escrito se d escrita, porm incide sobre o processo de constituio desse sujeito, que ser existir. O texto lugar do conflito. Se existe diante do texto, no movimento que j o da leitura, o sujeito ao se narrar, l-se, no existe alm-texto ou por-trs do texto, mas diante do texto este o confronto (RICOUER, 1988).

    2 ME TOMARAM TUDO, MENOS A RUA. Capo Pecado uma narrativa que ficcionaliza (realidade e fico se imbricam dialeticamente

    sem que uma seja estanque da outra), documenta histrias de vida de uma comunidade pobre de um grande centro urbano excludente por natureza, deixando margem do centro os morlocks modernos, ou o lmpen social assim se configuram as chamadas favelas, um depsito de re-fugos humanos que no interessa ao restante da sociedade - formadora de opinio, saber ou se im-portar com essas populaes que vivem em comunidades marginais e marginalizadas.

    O romance tem a peculiaridade de se constituir polifnico o autor reveza os captulos com texto de abertura escrito por outros companheiros que moram, se no em Capo, em outra comuni-dade circunvizinhas.

    Em Ferrz, a inteno de ter uma voz, para se fazer ouvir, o sujeito que seque fazer existir como se diz no rap sujeito-homem. O espao a periferia, onde todos se sentem em grande ra-lo, engolidos pela falta de perspectiva de vida, a aviltante excluso social e determinao quase que biolgica da distino e fixao em castas inferiores. O lugar marcado pelo erro, assim a pa-ronomsia ttulo da obra, a periferia a favela se denomina realmente de Capo Redondo, uma en-tre tantas outras comunidades perifricas grandes da cidade de So Paulo, no ttulo de seu romance temos Capo Pecado, o primeiro em sua carreira de escritor marginal, o pecado para fazer lembrar que a comunidade esquecida e excluda, apesar de todo o mal sobrevive, e insiste em viver para contar sua histria. Para isso Ferrz morador dessa quebrada escolhe a escrita como uma ferramenta de resistncia e luta contra as injustias sociais que seus coetneos passam.

    A luz dos postes; a orao do idoso que pede para que Deus ilumine sua vida e a vida dos seus; o menino que no concilia o sono como a fome; o barulho dos carros passando pela fresta do barraco, encobrindo a msica do disco que fala de muitos na contramo da evoluo social, sendo seus destinos infrutferos, e sendo seus fu-turos to gloriosos e raros quanto um belo pr-do-sol. (CP, p15)

    Assim Ferrz nos apresenta o lugar e as suas dimenses em seu prefcio, que se incorpora a narrativa, como uma espcie de comentrio do narrador, o autor ainda segue incorporando as cinco partes que o livro se divide mais cinco prefcios de outros manos das quebradas, espcies de tes-temunhos sobre o Capo Redondo compondo duas dimenses para a narrativa, a saber, a histria de Rael e os prefcios a cada parte, procedimento que lembra a estrutura de um documentrio-testemunho.

    Tal procedimento d a narrativa um carter ambguo entre o ficcional e o documento, o Capo que serve de ambiente para a histria de Rael o Capo de Mano Brown, Casco, Outraverso,

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    Gaspar, Negredo. Cria-se um movimento intercambivel entre o sujeito (Rael) e o lugar (Capo), ora o sujeito personagem e escopo da narrativa, ora o prprio lugar que se torna personagem.

    Um imbricamento entre o sujeito e o espao, este se tornando lugar pela escrita, ou melhor, uma escrita-lugar do sujeitos, que se subjetivam justamente pelo ato de narrar-se, esse ato torna-se uma forma de resistncia dessas subjetividades dentro do espao urbano perifrico. Avilta-se ento a experincia do sujeito, No mundo eu no sou ningum, mas no Capo Redondo eu tenho meu lugar garantido, moro mano? (CP, p.24). A escrita como exerccio pessoal (Foucault) escrever se mostrar, se expor, fazer aparecer seu prprio rosto perto do outro (FOUCAULT, 2005, vol. V, p.156)

    Consideraes finais

    Pensamos por meio deste ensaio o texto o territrio das alteridades, e elas se constituem pelo movimento narrativo-ontolgido, processo de subjetivaes que apontam como tentativas de resis-tncias a uma ordem de poder excludente e aniquilador de vozes dos sujeitos que se querem fazer existir.

    Discutir essas noes de subjetividades uma premncia a partir da leitura dessa obras, pois elas expressam as vozes de sujeitos que se fazem na escritura, ou melhor, ao escreverem se inscre-vem, ao narrarem-se passam a existir a escrita funcionaria como um dos elementos de visibilidade no mundo, o sujeito se faz sujeito, e no como uma coluna fixa ou rgida, mas sim como uma posi-o, uma implicao de uma ao no mundo, como se diria na linguagem do Hip Hop: um sujeito-homem.

    O conjunto de referncias que o autor utilizou est l no texto, esse conjunto constitui o uni-verso intercambiante entre o ficcional e o real, pois aqui no h oposio entre eles. A autonomia do texto constri o lugar do encontro: esse territrio de alteridades.

    A contemporaneidade, a histria do presente que mencionei no incio, esse o benjaminiano aforismo o momento de perigo constitudo por essa escrita-lugar.

    Referncias Bibliogrficas BENJAMIM, Walter. Magia e tcnica, arte e poltica: ensaios sobre literatura e histria da cultura Obras escolhidas I. 5.ed. Trad. Srgio Paulo Rouanet. So Paulo: Brasiliense, 1993.

    CLIFFORD, James. A experincia etnogrfica: antropologia e literatura no sculo XX. Org. Jos Reginaldo Santos Gonalves. 1.reimpresso. Rio de Janeiro: EdUFRJ, 2002.

    DUARTE, Eduardo de Assis. Serto, subrbio: Guimaraes Rosa e Paulo Lins. In: ______. Literatura, poltica, identidades. Belo Horizonte: FALE; EdUFMG, 2005. FERRZ. Capo pecado. 2.ed. So Paulo: Labortexto Editorial, 2000. FOUCAULT, Michel. tica, sexualidade, poltica. 2.ed. Org. Manoel Barros da Motta. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2006. (Ditos & Escritos; V) LINS, Paulo. Cidade de Deus. 2. reimpresso. So Paulo: Companhia das Letras: 1997. NASR, Seyyed Hasseuin. O homem e a natureza. Trad. Raul Bezerra Pedreira Filho. Rio de Janeiro: Zahar, 1968.

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    RICOEUR Paul. A funo do hermenutica do distanciamento. In: ______. Interpretao e ideologias. 3.ed. Org, trad. e apresentao Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. RICOEUR, Paul. A identidade narrativa. In: CORREIA, Carlos Joo. A identidade narrativa e o problema da identidade pessoal traduo comentada de Lidentit narrative de Paul Ricoeur, Arquiplago, Filosofia, Revista da Universidade dos Aores, Ponte Delgada: Universidade dos Aores, n.7, 2000, p.177-194.

    1 Autor(es) Carlos Alberto de NEGREIRO (Prof. Ms.) Centro Federal de Educao Tecnolgica (CEFET-RN) E-mail: [email protected] 2 Alessandre de Medeiros TAVARES (Mestrando) Programa de Ps Graduao em Estudos da Linguagem (UFRN) E-mail: [email protected]