25
instalação portefólio carlos ribeiro

Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

instalação

portefólio

carlos ribeiro

Page 2: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 3: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

A instalação é o território da encenação e a oportunidade de colocar o espectador no centro

da obra tornando-o parte dela. A ideia do espaço cénico da instalação como experiência a

proporcionar ao espectador, em que se transforma ele próprio, mesmo que involuntariamen-

te, num protagonista, constitui para mim uma oportunidade para um trabalho de reflexão,

crítica e intervenção politica e social.

Page 4: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

Numa moldura de estilo clássico, num passepartout bourdeau, uma

nota de quinhentos euros, autêntica, é exibida numa galeria de

Almada, sob o título “Zeitgeist”, num contexto de crise económica,

em plena discussão para a fixação do salário mínimo. Um dicionário

Alemão/Português, junto à nota de qinhentos euros emoldurada

encontra-se disponível para o espetador, com a palavra Zeitgeist

sublinhada. A autenticidade da nota não foi divulgada ao público.

A obra esteve, quando exposta, à venda por um preço, estabelecido

pelo autor, de quatrocentos euros.

O que significa este gesto irónico? A destruição do valor facial da

nota? Um ataque à sociedade de consumo? A definição da posição

política do autor quanto à questão do salário mínimo então em

debate?

Qual é o valor da obra? Existe um valor, mensurável, associado a

esta ação do autor? Está ele a afirmar que a nota de quinhentos

euros, no contexto da obra, não é já moeda, perdeu o seu valor

facial, não passando de um objeto, agora no domínio exclusivamente

artístico? Terá a nota de quinhentos euros um valor diferente daque-

le que adquire ao integrar a instalação? Seria diferente se fosse uma

cópia? Ter-se-á ela tornado mais valiosa pela intervenção do artista e

tendo ele, deste modo, subvalorizado o seu próprio trabalho? Onde

está o valor da peça? O que aconteceria se a nota fosse retirada do

contexto da instalação? Recuperaria o seu valor facial? E se se divul-

gasse a narrativa a ela associada? Seria valorizada? Passaria o seu

valor para mil, mil e quinhentos euros? Porquê? Onde está o valor da

obra de arte?

Porque não tentou ninguém adquirir a obra e realizar na transação

um lucro imediato de cem euros? Expõe o autor, por antecipação, a

esperada indiferença do espectador no contexto da sua realidade

enquanto artista, na relação com o público local? Estará, no relativo

anonimato do autor, a explicação para esta indiferença? Manter-se-

ão válidas, ainda assim, todas as questões acima enunciadas?

Page 5: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

Fotografia de Patrícia Teixeira

Page 6: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

logo existo, 2015

logo existo, instalada no Teatro Extremo, em Almada,

incluía um texto e um postal (página seguinte) com a

pretensão de introduzir elementos como o humor e o

absurdo, este último, objeto de trabalho de Albert

Camus no seu ensaio o Mito de Sísifo.

Sísifo, um mortal astuto, de má relação com os deuses

do Olimpo e que aprisionara Tânato, deus da morte,

carrega a gigantesca pedra, monte acima, como castigo

pelo desrespeito para com Zeus. Finalmente no cume, a

pedra rola novamente até ao sopé do monte, apenas

para que Sísifo retome a tarefa e a transporte de novo

monte acima até ao topo num ciclo eterno de absurdo e

sacrifício.

Para Albert Camus, o castigo de Sísifo é a metáfora

perfeita da condição humana. O que nos resta então

pergunta Camus.

O que fazer quando uma sociedade como a nossa, de

hoje mas que poderia ser de outros tempos também,

com o patrocínio de um sistema económico que ignora o

Homem, nos remete à condição de peças que lubrificam

uma engrenagem que tudo parece triturar?

Pensar, agir? Pensar agindo, agir pensando? Exercer a

liberdade?

O que significa ser livre, hoje? Onde está a liberdade? No

individuo? No coletivo? No ato de pensar criticamente,

coletiva ou individualmente?

Poderá alguém aspirar à liberdade sem consciência

crítica? Será a resposta a esta última questão, um lugar-

comum a que se responde afirmativamente, quase que

automaticamente, sem verdadeiramente pensar o seu

significado?

Estará o sentido da existência de cada um na forma

como toma a sua própria vida nas suas mãos?

Page 7: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 8: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 9: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 10: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

A instalação/performance “liberalismo económico”, foi montada no

Solar dos Zagalos em Almada numa pequena sala de cerca de 15 m2.

Do ponto de vista da composição incluía um manequim (busto) assen-

te num suporte com cercaa de metro e meio com três rodas, e um

vaso dourado, cheio de areia, onde um cartaz que anuncia uma agên-

cia imobiliária está colocado com uma seta que, apontando para o

busto, o identifica como Homo sapiens.

No cartaz, entre outras informações, oferecia-se um número de

telefone, autêntico, que convidava o espectador a estabelecer contac-

to. Ocorreram dois telefonemas que materializaram a performance

que ocorreu da seguinte forma: no primeiro telefonema um cliente,

afirmando estar junto à instalação, perguntava quanto à possibilidade

de adquirir, à imobiliária RE$/MAX, identificada no cartaz, o planeta

Terra. Estabeleceu-se um diálogo e foi-lhe respondido que o planeta

Terra estava a ser negociado com outro cliente, mas que não se

encontrava ainda fechado. Acrescentou-se, ainda, que telefonasse

mais tarde que, na eventualidade do negócio em curso não se realizar,

ficaria o planeta Terra de novo disponível para venda constituindo,

deste modo, para o cliente, uma oportunidade de ver a sua pretensão

de aquisição do imóvel Terra se poder confirmar. O cliente respondeu

que iria ponderar e que talvez telefonasse mais tarde.

Cerca de dez minutos após o primeiro telefonema um segundo clien-

te, coincidentemente também interessado na aquisição do planeta

Terra, que, perante a pergunta, afirmou não ter nada que ver com o

cliente anterior, questionou o agente imobiliário quanto ao preço do

imóvel pretendido. Foi-lhe respondido que, de facto, por desistência

de um pretendente anterior, existia para venda o artigo desejado cujo

valor se situava nos cinco euros. Discutindo o preço, por pressão do

cliente, o agente imobiliário respondeu que poderia dispor da sua

comissão ficando o preço definitivo em quatro euros. O cliente, exi-

tante, solicitou tempo para pensar, o telefonema terminou não se

tendo o negócio realizado.

Page 11: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 12: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

frase de Heidegger sobre estática, 2009

Page 13: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

sem título, 2011

Page 14: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 15: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 16: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 17: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 18: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 19: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 20: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 21: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação
Page 22: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

BIO

Autodidata, tem procurado formação em locais como Ar.Co, Gulbenkian, CCB, Culturgest entre outros e

na relação com outros artistas e entidades públicas e privadas. Participou em diversas exposições coleti-

vas e realizou várias exposições individuais entre as quais “Mondrian em amena cavaqueira com Schwit-

ters e Malevich sob o olhar beneplácito de Marcel Duchamp”, 2013 e “De mim não posso fugir”, 2009.

Privilegia o uso de materiais encontrados, relevando a sua materialidade mas também a sua dimensão

formal, estética e etnográfica. No seu trabalho, procura imprimir uma constante dimensão experimental

na relação com a história da arte e, fundamentalmente, com a antropologia dos objetos recolhidos. Traba-

lha também nas áreas da instalação e performance essencialmente em temas como a violência, a ecologia

e a política na sua dimensão social.

Atualmente trabalha em várias séries em que prossegue a investigação e a experimentação nos aspetos

da materialidade caraterísticas formais e dimensão estética e etnográfica, como referido anteriormente,

dos objetos e materiais que recolhe no seu quotidiano urbano, na relação com a alteração semântica, no

processo de descontextualização/recontextualização, que estes objetos sofrem e na dimensão conceptual

que no processo adquirem.

Self-taught, has sought training in places like Ar.Co, Gulbenkian, CCB, Culturgest among others and in

relation to other artists and public and private entities. He participated in several group exhibitions and

held several solo exhibitions including "Mondrian in mild prattle with Schwitters and Malevich under the

gaze good pleasure of Marcel Duchamp", 2013 and “From myself I cannot escape”, 2009.

It focuses on the use of found materials, emphasizing their material but also their formal, aesthetic and

ethnographic dimension. In his work, he looks to print a constant experimental dimension in relation to

the history of art and, above all, with the anthropology of the recollected objects. It also works in the

areas of installation and performance primarily on issues such as violence, ecology and politics in its social

dimension.

Currently works in several series in pursuing research and experimentation in aspects of materiality formal

features and aesthetic and ethnographic dimension, as mentioned above, of objects and materials that

collects in its urban daily life, in relation to the semantic change, in the process of decontextualisation /

recontextualisation these objects go thru that and in the conceptual dimension they acquire in the pro-

cess.

zeitgeist, 2013

Page 23: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

CV

Formação (seleção) 2016 - “De Fídias a Duchamp", ARTIS (Instituto de História da Arte da Faculda-de de Letras da Universidade de Lisboa) em parceria com o Museu Coleção Berardo (CCB), 2016 2016 - Workshop, Financiamento de Projetos Culturais através de Patrocínio, Mecenato e crowdfunding 2014/15, 2015/16 - Curso “Estética”, Sociedade Nacional de Belas Artes, con-ceção e orientação Professor Doutor José Carlos Francisco Pereira, Lisboa 2015 - Curso “10 Obras 10 Artistas”, conceção e orientação Dr. Bruno Marques, Culturgest, Lisboa 2014 - Curso “Desenho e Montagem de Exposições”, conceção e orientação Paulo Pereira, Artesfera, Barreiro; 2014/15 - “A construção do Lugar pela Arte Contemporânea”, conceção e orientação por Marta Tarquínio, Culturgest, Lisboa 2014 - Workshop, “Ser Fotógrafo num Mundo em Mutação”, criação e orienta-ção Susana Paiva 2014 - Curso “A Bofetada e o Soco: o manifesto como discurso artístico”, conceção e orientação Joana Batel, Culturgest/ArCo, Lisboa 2014 - Curso “Sub-limen: no limiar do excessivo e do irrepresentável”, criação e orientação Dra. Manuela Braga, Culturgest/ArCo, Lisboa 2013 - Workshop Planificação e Organização de Exposições, AntiFrame | Art Consulting, Lisboa 2013/14 - Curso “Estética - Imagem e Semelhança”, “et in arcadia ego”, orien-tado por Dr. Manuel Rodrigues, Arco, Lisboa 2012/13 - Curso de “História de Arte Contemporânea”, Sociedade Nacional de Belas Artes, criação e orientação Dr.ª Cristina Azevedo Tavares, Lisboa 2012 - Curso de Serigrafia, Imargem, Almada (2012) 2012 - Curso “História do Cinema”, conceção e orientação de António Pedro Vasconcelos, Appleton Square, Lisboa 2009 - Workshop com Malangatana no espaço do “Ex-Matadouro”, Barreiro 2012 - Workshop “Edição de vídeo em Final Cut Pro”, RESTART, Lisboa 2009 - “Questões de Arte Contemporânea: Oposições Complementares”, criação e orientação Dra. Leonor Nazaré, Lisboa 2006 - Curso de Formação de Arte Moderna e Contemporânea, programação e coordenação Dra. Bárbara Coutinho, CCB, Lisboa

Exposições Individuais(selecção) 2016 “logo existo”, instalação, Teatro Estremo, Almada, Portugal 2016 “this is beautiful”, Studio Teambox, Lx Factory, Lisboa Portugal 2015 Espaço “El Pep”, Lx Factory, Lisboa 2013 “Mondrian em amena cavaqueira com Schwitters e Malevich sob o olhar beneplácito de Marcel Duchamp”, Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barrei-ro, Portugal 2009 “De Mim Não Posso Fugir”, Solar dos Zagalos, Almada, Portugal Exposições Colectivas (selecção) 2016 Digressões, Oficina da Cultura, Almada, Portugal 2015 - "Sinfonia para o Planeta Terra", performance, Fórum Municipal Romeu Correia, Almada 2015 Solar dos Zagalos, “Liberalismo Económico”, instalação, Almada, Portugal 2015 “Digressões”, Oficina da Cultura, Almada, Portugal 2015 Bienal ASSOCIAARTES - Zagalos, Almada, Portugal 2015 Galeria de Santa Bárbara - Barreiro 2014 Solar dos Zagalos, “subilla umbra”, vídeo projecção, Almada, Portugal 2014 “Os Olhos de Modigliani”, instalação/performance, Palácio Pancas Palha, Lisboa 2014 “Fluxus Marginais”, Colectivo 3x3, Fábrica Braço de Prata, Lisboa, Portugal 2013 “Cosmos”, vídeo instalação, Auditório Municipal de Pinhal Novo, Pinhal Novo, Portugal 2013 Bienal de Beja, Galeria Escudeiros, Beja, Portugal 2012 Casa da Avenida, Setúbal, Portugal 2012 “Democídio”, performance, Convento da Verderena, Barreiro 2012 “Fountain”, instalação, Instituto Superior de Tecnologia do Barreiro, Barreiro, Portugal 2012 Projecto “Na Sobreda”, desenho, Solar dos Zagalos, Almada, Portugal 2011 XVII Bienal da Festa do Avante, Seixal, Portugal 2011 Galeria Escudeiros, Beja, Portugal 2011 Convento da Verderena, Alto do Seixalinho, Barreiro, Portugal 2011 “Steppingupmyself”, instalação/performance, Fábrica Braço de Prata, Lisboa, Portugal 2010 Galeria Municipal de Arte de Almada, Almada, Portugal. 2010 Oficina da Cultura, Almada, Portugal

Page 24: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação

Carlos Ribeiro Almada https://ribacaso.wordpress.com/ [email protected] 936278789

Page 25: Carlos ribeiro portfólio 2016 instalação