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1 Carlos Roberto Harduim de Souza Influência dos cursos de Gestão Empresarial do SEBRAE-PE na mudança da Gestão Organizacional das Empresas participantes. Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob a orientação do Prof. Dr. James Anthony Falk Recife 2014

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Carlos Roberto Harduim de Souza

Influência dos cursos de Gestão Empresarial do SEBRAE-PE na mudança da Gestão

Organizacional das Empresas participantes.

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração – CPPA da

Faculdade Boa Viagem - DeVry Brasil, sob a

orientação do Prof. Dr. James Anthony Falk

Recife

2014

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Dedico essa dissertação primeiramente ao autor e consumador de minha fé,

ao Senhor, depois ao meu pai Ivanyl Quintes, que não está mais entre nós,

mas em nossos corações, à minha mãe Zenith Harduim, à minha amada

esposa Lielba Ramos, por estar sempre presente quando sempre preciso

tanto afetivamente quanto profissionalmente e que sempre me incentivou a

concluir o Mestrado. Aos meus filhos já formados, que minha persistência,

fé, coragem, ousadia e esforço pessoal continue sendo inspiração ao longo

de suas carreiras.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. James Anthony Falk, pelo acompanhamento, orientação e amizade,

que sempre me proporcionou.

Aos Professores Dr. Augusto Oliveira, Dr. Olímpio José de A. Galvão, Dra. Sonia Calado, Dra.

Hajnalka Gati, Dra. Maria Auxiliadora Diniz e a coordenadora do Mestrado Dra. Lucia

Barbosa, pelas contribuições, sugestões e principalmente todo o conhecimento compartilhado.

À Prof. Dra. Rezilda Rodrigues Oliveira, examinadora externa agradecimento especial por sua

contribuição para o sucesso da dissertação.

À Secretária Rosana Reis, pela sua atenção e paciência à frente da Secretaria do Mestrado.

Ao Dr. Aluísio Ferraz, Diretor Técnico do SEBRAE Pernambuco, pelo seu apoio, entusiasmo

e autorização para uso do referencial SEBRAE na dissertação.

À Isabel Noblat, Gerente do Centro de Educação Empresarial do SEBRAE Pernambuco, pelo

apoio, sugestões e amizade, para o sucesso da dissertação.

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"Há homens que lutam um dia e são bons.

Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis."

Bertolt Brecht.

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RESUMO

A história e participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-

SEBRAE no empresariado nacional está intimamente relacionada à preocupação em apoiar os

segmentos de empresas micro e de pequeno porte, em função de sua grande capacidade de

fomentar a geração de emprego e renda – elementos fundamentais para um processo

harmonioso de desenvolvimento nacional.

Em 1972, diante do reconhecimento de que os problemas econômicos e financeiros das

empresas eram acrescidos de sérios problemas gerenciais, foi criado o Centro Brasileiro de

Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa – CEBRAE por iniciativa do BNDE (antigo

BNDES) e do Ministério do Planejamento. E a partir de 1990 como SEBRAE.

O SEBRAE assumiu desde a sua fundação a forma de uma sociedade civil, sem fins lucrativos,

operando a fundo perdido, e todos os seus recursos são provenientes de um percentual incidente

sobre as folhas de pagamento de todas as empresas brasileiras.

De acordo com o SEBRAE-2012, o índice de descontinuidade de uma empresa nova chega a

mais de 70% antes do fim do segundo ano, enquanto as empresas que buscam a informação, o

conhecimento e o suporte SEBRAE, esse número reduz para quase 50% das empresas

assistidas. Dessas quase 50% das empresas assistidas, que ainda falham, são buscadas as razões

desse percentual ainda tão elevado. Outro dado importante, ratificado nas pesquisas realizadas,

é que os empresários que tem curso superior completo ou incompleto, a geração Y, já

representam 66% do total das empresas assistidas, e podem explicar em parte o sucesso dos

outros 50% de empresas assistidas pelo SEBRAE-PE.

Em decorrência do exposto acima, a presente dissertação tem como objetivo, através de

pesquisa responder quais são as expectativas e resultados práticos alcançados pelas empresas

que participaram do desenvolvimento de competências, capacitação gerencial e empresarial,

compartilhados pelos consultores do SEBRAE-PE, analisando não somente a forma tradicional

de obtenção e transmissão de conhecimentos, mas também a disposição dos empresários em

aprender a aprender, em negócios que são fundadores, inovadores ou ainda dotados de algum

tipo de expertise caracterizado por um processo de ensino-aprendizagem mais consistente e de

forma continuada.

A abordagem metodológica, partiu de uma revisão bibliográfica sobre compartilhamento do

conhecimento, de como é construída uma organização contemporânea de sucesso, a empresa

criadora e difusora do conhecimento, a aprendizagem organizacional como um processo para

alavancar o conhecimento nas organizações, e qual o papel do SEBRAE no apoio,

compartilhamento do conhecimento em gestão empresarial e das pesquisas realizadas cujo

resultados demonstraram as razões dos quase 50% de descontinuidade de empresas que são

assistidas pelo SEBRAE.

Palavras-chave: Compartilhamento do conhecimento. Gestão empresarial. SEBRAE/PE.

Apoio às micro e pequenas empresas.

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ABSTRACT

The history and participation of the Brazilian Service of Support for Micro and Small

businesses- SEBRAE in national business closely related to the concern in supporting segments

of micro and small companies, due to its great ability to foster job creation and income - key

elements for a harmonious national development process. CEBRAE initiative BNDE (former

BNDES) and the Ministry of Planning - In 1972, before the recognition that economic and

financial problems of companies were increased by serious management problems, the

Brazilian Center for Managerial Assistance to Small and Medium Enterprises was created from

1990 as SEBRAE. Since its founding SEBRAE took the form of a civil society, non-profit,

operating sunk, and all its resources derived from a percentage on the payrolls of all Brazilian

companies. According to SEBRAE- 2012, the rate of discontinuation of a new company reaches

more than 70% before the end of the second year, while companies who seek information,

knowledge and support SEBRAE, this number reduces to almost 50 % of companies assisted.

Of these nearly 50% of the assisted companies that still fail, the reasons for this are sought even

high percentage. Another important fact, ratified in studies, is that entrepreneurs who have

complete or incomplete higher education, Y generation, already represent 66% of assisted

firms, and may partly explain the success of the other 50% of companies assisted by SEBRAE-

PE.

Due to the above, this aims these through research to answer what are the expectations and

practical results achieved by companies who participated in skills development, management

training and business, shared by consultants SEBRAE- PE. Analyzing not only the traditional

way of obtaining and transmitting knowledge, but also the willingness of entrepreneurs to learn

how to learn in business who are founders, innovators or endowed with some kind of expertise,

characterized by a more consistent process of teaching-learning and continuously .

The methodological approach, started from a literature review on knowledge sharing. How is a

contemporary built successful organization, the creative company and diffusion of knowledge,

organizational learning as a process to leverage knowledge in organizations, and the role of

SEBRAE in support, sharing of knowledge in business management and research conducted

whose results showed the ratios of almost 50% of discontinuity of companies that are assisted

by SEBRAE.

Keywords: Knowledge sharing. Business management. SEBRAE / PE. Support to micro and

small enterprises.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Processo SECI

33

Figura 2.2 Estrutura orgânica 57

Figura 2.3 Como deve ocorrer uma parceria num ambiente externo, num

enfoque holístico

58

Figura 2.4 Aprendizagem individual X Reações do ambiente 60

Figura 2.5 Ciclo de aprendizagem organizacional 62

Figura 3.1 Atuação da SUDENE no Nordeste 65

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1.1 Informações detalhadas sobre as Micro e Pequenas Empresas

situadas no Estado de Pernambuco no ano de 2012

18

QUADRO 2.1 Os Marines dos Estados Unidos: um exemplo vivo da dialética

em ação

29

QUADRO 2.2 Compartilhamento do conhecimento pela informação e pela

tradição

30

QUADRO 2.3 Práticas formais de compartilhamento do conhecimento 42

QUADRO 3.1 Síntese das áreas e subáreas de conhecimento 68

QUADRO 3.2 Relação dos objetivos específicos e respostas obtidas da

pesquisa

80

QUADRO 4.1 Distribuição da amostra conforme setor e número de

empresas

83

QUADRO 4.2 Distribuição dos respondentes conforme nível educacional e

setor participante

84

QUADRO 4.3 Distribuição dos entrevistados conforme gênero e nível

educacional

85

QUADRO 4.4 Participação de gênero por setor e por formação 85

QUADRO 4.5 Distribuição de homens e mulheres por setor versus formação 86

QUADRO 4.6 Resumo por gênero 87

QUADRO 4.7: Tempo de empreendedor versus tempo de assistência do

SEBRAE

88

QUADRO 4.8: Avaliação do conteúdo do programa assistido e dos

instrutores responsáveis

89

QUADRO 4.9 Número de empresas que implementaram algum

conhecimento em processo adquirido nos treinamento do SEBRAE,

conforme área de gestão da empresa

91

QUADRO 4.10 Mudanças ou incorporações ocorridas com as novas

tecnologias e produtos, na empresa após participar do treinamento e

consultoria no SEBRAE

92

QUADRO 4.11 Consolidação dos QUADROS 4.9 e 4.10 93

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QUADRO 4.12 Percentagem das empresas que implementaram

conhecimentos que provocaram mudanças nas suas instituições

94

QUADRO 4.13 Comparação entre número de mudanças esperadas e as

efetivamente realizadas conforme setor e área específica de gestão

95

QUADRO 4.14 Percentagem das empresas participantes na pesquisa onde

mudanças foram registradas conforme setor e área específica de gestão

96

QUADRO 4.15 Relação das dificuldades encontradas para implementação

de mudanças oriundas dos conhecimentos recebidos conforme setor da

empresa participante

99

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema 13

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral 17

1.2.2 Objetivos Específicos 17

1.3 Justificativas

1.3.1 Justificativas Práticas 17

1.3.2 Justificativas Teóricas 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Construindo a organização contemporânea 20

2.2 Tipos de conhecimento 23

2.3 Paradoxo e conhecimento 25

2.4 Conhecimento e dialética 29

2.5 Difusão do conhecimento 32

2.5.1 Síntese de Tácito/Explícito 32

2.6 A empresa criadora do conhecimento 35

2.7 Compartilhamentos do conhecimento 36

2.7.1 Compartilhando informalmente o conhecimento 39

2.7.2 Compartilhando formalmente o conhecimento 41

2.7.3 Mapeando o conhecimento organizacional 43

2.7.4 Por que o compartilhamento de conhecimento é tão difícil? 45

2.7.5 Da redundância para o conceito: primeiro passo na administração

da empresa criadora do conhecimento

47

2.7.6 A dimensão da infraestrutura organizacional 49

2.7.7 O modelo Holístico: a totalidade 51

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2.7.8 Comportamento organizacional: Em busca de um comportamento

Holístico

52

2.7.9 Aprendizagem organizacional 58

2.7.10 Os caminhos da aprendizagem: Do indivíduo à organização 59

2.7.11 A aprendizagem individual 60

2.7.12 A aprendizagem organizacional como um processo para

alavancar o conhecimento nas organizações

61

3. METODOLOGIA

3.1 O estudo de caso– Contextualização 63

3.2 SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas 63

3.2.1 – História do SEBRAE- Suas origens e objetivos 63

3.2.2– Consultorias e áreas do conhecimento exploradas pelo SEBRAE 66

3.2.3 – Seleção da amostra de capacitações 71

3.2.4 – Principais informações das capacitações– compartilhamento do

conhecimento

72

3.2.4.1 – O compartilhamento do conhecimento SEBRAE 72

3.2.4.2 – Estrutura programática das capacitações empresariais 72

3.3 Sujeitos da pesquisa – População e Amostra 74

3.4 Relações da teoria e prática 70

3.5 Tipos de pesquisa 75

3.6 Análises de dados 79

3.7 Variáveis da pesquisa e forma de captação 79

3.8 Instrumentos para Captação de Dados 79

3.9 Processos de coleta de dados 80

3.10 Respostas aos objetivos específicos 80

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Descrição da amostra – Executivos e Empresas participantes da pesquisa 83

4.2 Pesquisa complementar no Balcão de Orientação Empresarial 84

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4.3 Avaliação da Capacitação Empresarial passada aos participantes e dos

respectivos instrutores

88

4.4 Aplicação e disseminação dos novos conhecimentos adquiridos pela

empresa, através dos Consultores SEBRAE

90

4.5 Dificuldades encontradas na implantação de mudanças 98

5. CONCLUSÕES 102

6. LIMITES E LIMITAÇÕES 10 8

REFERÊNCIAS 109

7. ANEXOS

1: Avaliação da capacitação empresarial - MODELO 113

2: Avaliação pós-capacitação empresarial- 6(seis)/8(oito) meses após

capacitação - MODELO

117

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14

1- INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização do problema

A história e participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-

SEBRAE no empresariado nacional está intimamente relacionada à preocupação em apoiar os

segmentos de empresas micro e de pequeno porte, em função de sua grande capacidade de

fomentar a geração de emprego e renda – elementos fundamentais para um processo

harmonioso de desenvolvimento nacional.

Em 1972, diante do reconhecimento de que os problemas econômicos e financeiros das

empresas eram acrescidos de sérios problemas gerenciais, foi criado o Centro Brasileiro de

Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa – CEBRAE por iniciativa do BNDE (atual

BNDES) e do Ministério do Planejamento.

Tal medida atendia à disposição do Governo Federal de fortalecer o poder de competição da

indústria nacional.

O Estatuto do CEBRAE, sigla atual como SEBRAE, estabelecia como finalidades do órgão, a

assistência às pequenas e médias empresas, em:

Realização de pesquisas;

Treinamento de dirigentes e de pessoal técnico-administrativo;

Aspectos tecnológicos, econômicos, financeiros e administrativos;

Implantação de um sistema brasileiro de assistência à pequena e média empresa.

O SEBRAE assumiu desde essa época (1972), a forma de uma sociedade civil, sem fins

lucrativos, operando a fundo perdido, e todos os seus recursos são provenientes de um

percentual incidente sobre as folhas de pagamento de todas as empresas brasileiras.

(Centro de documentação SEBRAE Nacional-2012)

O SEBRAE dispõe atualmente de 15 áreas do conhecimento da administração, que atende as

mais diversas necessidades empresariais. Para este trabalho, com foco no SEBRAE-PE porém,

foi limitada a escolha à área de Planejamento Empresarial com o curso de Gestão Empresarial

Integrada, para empresas de pequeno porte, e o de Gestão de Pessoas e de Planejamento

13

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Estratégico para microempresas, conhecido como programa Na Medida, para análise de

resultados das práticas organizacionais. Essa escolha se deveu ao fato desses cursos cobrirem

estrategicamente atores empresariais importantes no atendimento de suas expectativas como

clientes, empresário, colaboradores, fornecedores e a sociedade, com forte influência nos

resultados financeiros.

De acordo com o SEBRAE-2012, o índice de descontinuidade de uma empresa nova chega a

mais de 70% antes do fim do segundo ano, enquanto para as empresas que buscam a

informação, o conhecimento e o suporte SEBRAE, esse número reduz para quase 50% das

empresas assistidas. Dessas quase 50% das empresas assistidas, que ainda falham, são buscadas

as razões desse percentual ainda tão elevado. Outro dado importante, ratificado nas pesquisas

realizadas, é que os empresários que têm curso superior completo ou incompleto, a geração Y,

já representam 66% do total das empresas assistidas, e podem explicar em parte o sucesso dos

outros 50% de empresas assistidas pelo SEBRAE-PE.

Os empresários com experiência profissional anterior em empresas privadas esse número já

chega também a quase 60%, significando que cada vez mais empresários novos detêm uma

gama de conhecimentos maiores que no passado, e que hoje tem a suposta probabilidade de

cometer menos erros. (SEBRAE- 2012)

O planejamento nas empresas também passou a ser preocupação de mais de 90% dos

empresários em 2010, contra apenas 24% no período entre 2000 e 2002, e 71% em 2005. Isso

denota a preocupação de obtenção de conhecimento, como forma de se prever o futuro.

(SEBRAE- 2012)

Podemos também, observar nesse estudo, que 99% das empresas no Brasil, são micro e

pequenas empresas, e representam mais de 20% do PIB, o que reforça a importância do apoio

SEBRAE nesse segmento empresarial, de poucos recursos se comparado as médias e grandes

empresas. (SEBRAE- 2012)

Citando Angeloni-2003, observou-se nas pesquisas realizadas, que as gerências

empreendedoras estão mudando de tradicionalistas, cartesianistas e metódicas, para um tipo de

gerência cada vez mais com práticas holísticas, isto é, uma gerência que divide ou compartilha

14

5

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ideias, compartilha responsabilidades, conhecimentos e também inovações. É claro que dessa

forma, é mais fácil compartilhar também a busca e a responsabilidade de soluções de problemas

e as suas diversas e possíveis soluções e possibilidades estratégicas, em que ao mesmo tempo

que estimula a busca de conhecimentos também motiva pela busca de resultados.

O significado de holismo, citado como práticas holísticas, tem origem no grego holos, que nos

conduz ao todo ou totalidade. É uma teoria que entende que o homem não pode ser interpretado

por intermédio de uma análise separada de suas diferentes partes, mas como um ser indivisível.

Essa teoria de Angeloni-2003, se reforça na ideia de que cada empresa é um caso diferente, em

que as respostas a estímulos de conhecimento empresarial, como por exemplo, proporcionado

pelo SEBRAE-PE, são muito diferentes umas das outras. Cada empresário traz uma bagagem

diferente de experiência, que é a base de formação da maioria. A pesquisa demonstra que alguns

não possuem o mínimo de conhecimento, comportamento e habilidades para exercerem seu

papel de empreendedor na plenitude, o que também poderia explicar as dificuldades de

aplicação, da aprendizagem como resultado do baixo aproveitamento dos cursos, que são

ministrados pelo SEBRAE-PE.

Nas pesquisas, grande parte de potenciais empreendedores, mais de 70%, buscam informações

no SEBRAE, antes de se lançarem às cegas num empreendimento, através de orientação

presencial no próprio SEBRAE-PE, ou ainda na empresa, quando já em operação venha ser

orientado diretamente pelos Consultores Credenciados, quando são contratados

especificamente para suporte na empresa. (SEBRAE - 2012)

A aprendizagem organizacional, gestão da informação, gestão do conhecimento e universidade

corporativa- Convênio SEBRAE e FGV- Fundação Getúlio Vargas, para o ensino EAD, de

empreendedorismo, constituem instrumentos gerenciais interdependentes de um mesmo

construto, os quais o SEBRAE-PE credencia e capacita profissionais experientes como

Consultores e Instrutores, em diversos segmentos, para atendimento das necessidades das micro

e pequenas empresas. (SEBRAE -2012)

De acordo com o SEBRAE(2012), as aprendizagens organizacionais, gestão da informação,

gestão do conhecimento e universidade corporativa, estão voltadas a oferecer alternativas

eficazes e eficientes de gestão das organizações, independentemente de seu porte, limitado até

15

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as Empresas de Pequeno Porte- EPP´s, o que é todo o cabedal de compartilhamento de

conhecimento que dispõe e pode oferecer.

Nota-se também que principalmente um empreendedor individual hoje, regulamentado pela Lei

123 de 2006 e a 128 de 2008, carece de informações e conhecimentos para abertura ou

formalização do negócio, e são muitos funcionando há anos, formalizados ou não, que ainda

não sabem como administrar um fluxo de caixa da empresa, capacitar e motivar seus

colaboradores, controlar entradas e saídas de mercadorias, controle de contas à pagar e contas

à receber, ou ainda como automatizar a sua administração. O SEBRAE vem oferecendo apoio

e orientação especial a esses empreendedores individuais, mas ainda assim são muitos que

desconhecem esse serviço que é totalmente gratuito. SEBRAE (2012).

Esse público alvo não será analisado no presente trabalho.

Ficou demonstrado nas pesquisas, que o impacto dos cursos oferecidos é decisivo no sucesso

financeiro dos empreendedores que aplicam na prática, toda a metodologia ensinada, além da

avaliação dessas competências e capacitação empresarial, compartilhados pelos consultores

SEBRAE-PE, analisando não somente a forma tradicional de obtenção e transmissão desses

conhecimentos, mas também a disposição dos empresários, em aprender a aprender, em

negócios que são fundadores, inovadores ou ainda dotados de algum tipo de expertise

caracterizado por um processo de ensino-aprendizagem mais consistente e de forma continuada.

Em decorrência do exposto acima, é proposta a seguinte pergunta de pesquisa:

Quais são as expectativas e resultados práticos alcançados pelas empresas que participaram do

desenvolvimento de competências, capacitação gerencial e empresarial, compartilhados pelos

consultores do SEBRAE-PE, analisando não somente a forma tradicional de obtenção e

transmissão de conhecimentos, mas também a disposição dos empresários em aprender a

aprender, em negócios que são fundadores, inovadores ou ainda dotados de algum tipo de

expertise caracterizado por um processo de ensino-aprendizagem mais consistente e de forma

continuada.

16

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral:

Descrever as expectativas e resultados práticos alcançados pelas empresas que participaram do

desenvolvimento de competências, capacitação gerencial e empresarial, mudanças pretendidas

versus resultados alcançados, bem como os obstáculos encontrados para a adequada

implementação nas empresas.

1.2.2 Objetivos Específicos:

1. Descrever a aplicação e disseminação dos novos conhecimentos adquiridos, nas

empresas que participaram do treinamento no SEBRAE, com ênfase em cada um dos

departamentos da empresa.

2. Descrever as mudanças ou incorporações ocorridas com as novas tecnologias e

produtos, na empresa após participar do treinamento e consultoria no SEBRAE.

3. Descrever comparativamente o resultado esperado versus o ocorrido.

4. Descrever onde houve mudanças na gestão dos resultados mensais.

5. Verificar as dificuldades encontradas na implantação de mudanças.

1.3 Justificativas

1.3.1 Justificativas Práticas

O presente estudo foi avaliar junto aos empresários das micro e pequenas empresas, atendidos

pelos consultores do sistema SEBRAE-PE no seu programa de desenvolvimento e

compartilhamento de conhecimento através de cursos, oficinas e consultorias, as expectativas

e os reais resultados alcançados pelo programa no seu sentido prático de implantação de

mudanças.

Sendo assim, é uma avaliação formativa de impacto do seu programa oferecendo feedback para

sua melhoria.

No quadro 1.1 a seguir, é demonstrada a importância das MPEs no contexto econômico do

Estado de Pernambuco.

17

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QUADRO 1.1 – Informações detalhadas sobre as Micro e Pequenas Empresas situadas no

Estado de Pernambuco no ano de 2012

Número de MPE em Pernambuco

Fonte: RAIS/ MTE, 2012 155.739

Participação relativa das MPE no total de estabelecimentos

Fonte: RAIS/TEM, 2012 98,7 %

Total de Mão de obra empregada nas MPE em Pernambuco

Fonte: RAIS/MTE, 2012 474.447

Participação relativa das MPE no volume do total de emprego.

Fonte: RAIS/MTE, 2012 46,6 %

ME e EPP enquadradas no SIMPLES Nacional (2012).

Fonte: Receita Federal 94.238

Participação das MPE no total de empresas exportadoras de

Pernambuco.

Fonte: SEBRAE-NA, 2011

36 %

Volume de Exportação das MPE do Estado.

Fonte: SEBRAE-PE, 2011 US$ 17 milhões

Número de Empreendedores Individuais

(Dez/2012). Fonte: Receita Federal 101.655

Fonte: Observatório Empresarial SEBRAE PE

Como demonstrado, o micro empresário significa a maioria dos empresários que hoje abrem e

já operam uma empresa, sendo dessa forma de suma importância a identificação de suas

limitações e necessidades para a prática da aprendizagem de novos conhecimentos, para que se

possa direcionar as capacitações e aprendizados gerados no SEBRAE, ao nível de entendimento

dessa maioria, onde com certeza ocorrem os maiores problemas de continuidade do negócio.

De acordo com o SEBRAE (2012), para o pequeno empresário que é mais estruturado em

termos organizacional e financeiro, o estudo ajudará verificar se os conteúdos oferecidos estão

direcionados às suas necessidades, e à de seus sucessores na empresa, que em sua maioria tem

formação superior, exigindo maior habilidade e capacitação dos consultores do sistema

SEBRAE-PE, identificando de forma diferenciada quais foram as mudanças realizadas pela

empresa, após treinamento.

18

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1.3.2 Justificativas teóricas

Através dos resultados da pesquisa realizada, foi verificado se houve disseminação ampla na

empresa dos novos conhecimentos adquiridos, compartilhados pelos Consultores SEBRAE,

bem como às mudanças ocorridas na sua gestão organizacional, preenchendo dessa forma uma

lacuna teórica, que atualmente não é respondida ou abordada na maioria dos cursos de

treinamento de empresários, da realidade das empresas brasileiras, com foco no Estado de

Pernambuco.

Além de analisar as mudanças ou incorporações ocorridas com as novas tecnologias e produtos

efetivadas, que normalmente não é avaliada após os treinamentos, a metodologia aplicada

também estudará o ocorrido no tempo, ajudando definir o período que deve ser esperado, em

média antes de esperar uma efetiva implantação de mudanças almejadas nas capacitações no

SEBRAE-PE.

O estudo dará retorno ou registro das mudanças ocorridas e se trouxeram efetivamente

resultados financeiros aos negócios do empreendedor, que também não se tinha qualquer

retorno ou registro anteriormente a este estudo. Os resultados financeiros são os apurados

mensalmente pela DRE-Demonstrativo de Resultados do Exercício, mas conhecido também

como Contabilidade Gerencial, em que o empresário apura mensalmente as receitas e despesas,

para apuração do lucro operacional de cada mês.

As dificuldades encontradas pelo empresário na implantação de mudanças que se faziam

necessárias, ajudará também entender e analisar as causas e dará o devido feedback para que se

possa ajustar o currículo dos cursos apresentados e as consultorias de acompanhamento em

campo, que hoje não é feito pelo SEBRAE, salvo em alguns programas específicos de

intervenção nas empresas como o SEBRAE Mais e o Negócio a Negócio, em que é feito o

diagnóstico empresarial e acompanhamento de mudanças necessárias nas empresas, sem uma

capacitação prévia do empresário.

Os obstáculos enfrentados para geração e difusão de conhecimentos empresariais pelos

Consultores SEBRAE, na percepção dos empresários, nos dois momentos pesquisados, poderá

também facilitar a criação de melhores critérios de seleção dos consultores.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Construindo a organização contemporânea

Vivemos agora a Era do Conhecimento, com um volume gigantesco de informações disponível

em tempo real, através da Internet, e as organizações contemporâneas são aquelas que

desempenham melhor as três funções da gestão empresarial, que são: o planejar, o liderar e o

controlar - com a eficiência e dinamismo que o mercado exige cada vez mais em que a

capacidade de adaptação que as empresas devem ter está diretamente relacionada à construção

sustentável de uma vantagem competitiva real. SEBRAE-2012

Para analisar as diversas formas de compartilhamento do conhecimento usado pelo SEBRAE,

foi estudado exaustivamente os autores que mais contribuíram em suas pesquisas sobre o

compartilhamento do conhecimento em suas diversas formas desde o fim do século XIX, sem

deixar de citar nada, mesmo que muitas vezes de forma repetitiva.

Começando com Bautzer(2009), que afirma que as organizações são formadas por bens

tangíveis e intangíveis e dessa forma as empresas devem aceitar que a revisão de valores e

conceitos, deve ocorrer na velocidade com que as mudanças ocorrem. Ao longo da história, a

administração foi mudando seus paradigmas, da organização clássica com base na hierarquia,

isto é, que é rígida e em função do cargo ocupado, de distribuição verticalizada, para uma

organização modelada com base no compartilhamento do conhecimento, em que as tarefas são

delegadas e supervisionadas em sua execução, mas não em sua responsabilidade, que continua

mantida por quem delega.

Bautzer(2009), descreveu ainda a tendência de que tenhamos empresas orientadas através da

gestão digital, competindo eticamente em mercados globalizados, formadas por comunidades

de trabalhadores que tenham no capital intelectual seu grande diferencial. As empresas dessa

forma vem usando a tecnologia digital, cada vez mais de forma ampla e sem fronteiras, tanto

no mercado interno como também no mercado externo, usando inclusive tecnologias de

tradução de textos instantâneos para qualquer idioma, o que facilita em muito a comunicação

de empresários com correspondentes externos, mesmo que não tenha domínio de outros

idiomas.

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Podemos observar também o desenvolvimento e implantação do ensino a distância, não

somente por instituições de ensino acadêmico, mas também por autarquias como o SEBRAE

que vem aos poucos desenvolvendo e implantando através de seu portal, capacitações

empresariais online, para todo o Brasil, permitindo inclusive downloads de cursos, palestras e

manuais, como por exemplo, “Como Elaborar um Plano de Negócios” - SEBRAE/MG. Muito

breve, as orientações empresariais poderão também ser digitais, sem prejuízo da continuidade

do Balcão de Orientação Presencial, nas próprias instalações do SEBRAE, uma vez que muitos

empresários ainda não tem acesso à Internet.

Assim, a organização contemporânea deverá lidar e liderar a diversidade, redimensionar suas

fronteiras de mercados, virtualizar seus serviços, integrar ferramentas digitais em seus

processos e ter na figura de seus gestores, profissionais capazes de agregar pessoas que

assumam riscos constantes. Riscos esses que nunca deixarão de existir em qualquer negócio,

mas que poderão cada vez mais, serem calculados e minimizados.

Bautzer (2009), afirmou também, que o conhecimento sempre foi considerado sagrado pelas

sociedades antigas, e sempre esteve cercado de rituais e de diferenciação social. Desde a

Antiguidade Clássica, “aquele que detinha o conhecimento” gozava de status e diferenciação

em relação ao grupo. Com o passar dos séculos, chegamos à Era do Conhecimento e pudemos

observar o nascimento de uma época em que o progresso acelerado e a economização do tempo

nos remeteu para novos horizontes. Hoje, discutimos novamente o “poder do conhecimento”

em esferas de realidade amplificadas e sem fronteiras, pela era da informação digital.

Podemos observar assim que o conhecimento é o elemento básico da mudança e da inovação.

É através dele que podemos criar e o que somos ou não capazes de agregar pessoas ao redor de

ideologias, crenças, costumes, inovações e novos desafios. A Sociedade do Conhecimento, com

sua atual diversidade de sons e imagens, na forma interativa que vivenciamos hoje, nos

confunde na definição de sociedade ideal e inovadora. Destacou ainda Bautzer (2009) que

fenômenos econômicos e sociais, de alcance mundial, são responsáveis pela reestruturação do

ambiente de negócios, significando também que no passado o que ocorria nos mercados

externos não afetava o mercado interno, e isso hoje é bem diferente. A globalização da

economia, impulsionada pela tecnologia da informação e pelas comunicações, é uma realidade

da qual não se pode escapar. É o gerenciamento do conhecimento que passou a possibilitar

novas tecnologias de gestão às organizações de todo o mundo, e tudo o que ocorre hoje nas

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grandes economias mundiais, mesmo trazendo consequências nas empresas nacionais,

independentemente de seu porte, podem ter seus efeitos minimizados, se houver conhecimentos

compartilhados que auxilie na diminuição do impacto de seus efeitos, de forma planejada e

controlada.

Então dentre as referências de estudos da Gestão pelo Conhecimento, mais propriamente,

daquela adaptada da Gestão Japonesa (Takeuchi e Nonaka, 2009), podemos observar os três

tipos de conhecimentos:

Tácito= Individual

Social= Aquele que é socializado pelo grupo- Explícito

Organizacional= O da organização

Nonaka (1997), afirma que o importante nesse processo é perceber que toda a transferência do

conhecimento se inicia no próprio indivíduo, passa pela instância de grupo e somente após o

interesse identificado pela empresa é que ele passa a fazer parte da organização propriamente

dita. A discussão sobre Gestão do Conhecimento surgiu na década de 1990 e trouxe como

objetivo gerenciar o conhecimento acumulado de funcionários, a fim de transformá-los em

ativos da empresa. Esse modelo de gestão criou condições para que o conhecimento seja

desenvolvido, socializado e externalizado dentro da empresa, transformando-o de tácito para

explícito. O tácito é o conhecimento individual ou pessoal de cada funcionário, colaborador ou

empresário dentro de uma empresa, enquanto que o explícito, é todo conhecimento

externalizado dentro de uma empresa, para que outros possam ter também esse conhecimento.

Dessa forma, podemos considerar que o maior patrimônio que uma empresa pode ter, são seus

funcionários e colaboradores, que com o devido investimento em conhecimento,

aprimoramento profissional e empresarial, poderem aprimorar seus processos cada vez mais,

tornando-o mais eficiente e eficaz.

E é nesse contexto que se destaca o SEBRAE, de apoio às micro e pequenas empresas, que por

não disporem de muitos recursos para contratação e/ou formação de profissionais, contam com

o SEBRAE, para esse compartilhamento de conhecimentos adquirido ao longo dos anos desde

sua fundação, como uma autarquia de apoio empresarial.

A fonte de recursos do SEBRAE, se origina da folha de pagamento dos funcionários de todas

as empresas nacionais ou transnacionais, independentemente do porte. As empresas de maior

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porte, a partir de médio porte, por terem uma estrutura organizacional bem formada e dotadas

de maiores recursos financeiros, não dispõem do apoio SEBRAE, apesar de também

contribuírem através do mesmo percentual em folha de pagamento funcional.

Em resumo, são as empresas brasileiras, formalmente constituídas, a fonte de recursos

financeiros do SEBRAE no cumprimento de sua missão de apoiar o empresariado nacional.

Assim citando Bautzer(2009), ao afirmar que são as sociedades ou comunidades

organizacionais em rede que otimizam a informação e criam núcleos de conhecimento nos quais

players espalhados pelo mundo podem ter acesso em tempo real. Nesse cenário, as estratégias

organizacionais são articuladas em processos e conteúdos disponibilizados em ambientes de

rede que fomentam novas estruturas sociais e multiplicam o saber em aldeia global.

2.2 Tipos de Conhecimento

Quanto mais turbulentos os tempos, quanto mais complexo o mundo, mais paradoxos existem.

As contradições, as inconsistências, os dilemas e as polaridades abundam nestes dias e nesta

época. As empresas bem sucedidas não estão apenas enfrentando o paradoxo, mas tirando

vantagem dele. Buscando oportunidades onde muitas vezes só vislumbramos problemas seria

uma boa forma de tirar vantagens dos paradoxos, que vivenciamos, experimentamos, avaliamos

e usamos de ousadia, muitas vezes arriscado demais para quem não tem alma ou vocação de

empreendedor. Takeuchi e Nonaka (2009).

E é nesse aspecto que Takeuchi e Nonaka (2009) salientam que “o teste de uma inteligência

diferenciada é a capacidade de manter duas ideias opostas em mente, ao mesmo tempo, e ainda

manter a capacidade de funcionar”. São os conflitos das contradições, as inconsistências, os

dilemas e também as polaridades, que são geradas no dia a dia de um empresário.

Uma inteligência diferenciada entende com percepção de que a vida é formada de opostos:

masculino e feminino, vida e morte, bom e mau, jovem e velho, trabalho e casa. Temos que

viver com o paradoxo, aceitá-lo, enfrentá-lo, tirar sentido dele e usá-lo para achar um melhor

caminho.

Conforme Takeuchi e Nonaka (2009), Joseph Schumpeter pode ser citado como alguém capaz

de manter duas ideias opostas em mente ao mesmo tempo. Schumpeter postulava o

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“desequilíbrio dinâmico” como o único estado estável da economia, e a “destruição criativa”,

por parte dos inovadores, como a força impulsora da economia. Uma onda de interesse atual

em Schumpeter é o reflexo dos nossos tempos, em constante mutação e inovação, enfrentando

o desequilíbrio dinâmico, provocado por nossas ações, em busca da estabilidade econômica.

Viver como um paradoxo não é confortável e nem fácil. Charles Handy (Harvard Business

School Press, 1994- The Age of Paradox) descreve isso da seguinte forma:

É como andar em uma floresta escura em uma noite sem lua. É uma

experiência desagradável e, às vezes, assustadora. Todo o sentido de direção

está perdido; as árvores e os arbustos oprimem; onde quer que se pise,

encontra-se um novo obstáculo; todo ruído ou murmúrio é amplificado; há

um sopro de perigo; parece mais seguro ficar imóvel do que mover-se. Vindo

o amanhecer, no entanto, o caminho fica claro; os ruídos agora são o canto

dos pássaros e o murmúrio na vegetação rasteira é apenas o dos coelhos

disparando; as árvores definem o trajeto em vez de bloqueá-lo. A floresta é

um lugar diferente.

Novamente, na opinião de Takeuchi e Nonaka (2009), se pudermos entender os paradoxos, o

mundo parecerá diferente e com certeza muito menos ameaçador. Na realidade, as empresas

bem sucedidas estão entendendo melhor esses paradoxos, e as que não despertaram ainda para

essa realidade buscam no SEBRAE, suprir através das capacitações entender melhor esses

paradoxos e tirar melhor proveito deles.

Entretanto o sucesso das corporações, nos tempos atuais nunca foi tão frágil e tão desafiador.

Apenas algumas poucas empresas têm demonstrado capacidade de mudar tão rápido quanto o

ambiente que as cerca e de lidar com as complexidades envolvidas, e quanto maior as empresas

mais lenta e complexa são as suas tomadas de decisões.

“Uma das principais razões pelas quais as empresas fracassam, atualmente, é a sua tendência

de eliminar os paradoxos, prendendo-se a antigas rotinas criadas pelo seu sucesso anterior”

(Takeuchi e Nonaka, 2009, p.36).

É uma forma cômoda e sem riscos, a velha tendência de acomodação em fórmulas testadas e

conhecidas, sem interesse de testar o novo, pois testar o novo envolve riscos que muitos

empresários ou não querem correr ou não tem conhecimentos e capacitação para tal. É a

tendência da acomodação na área de conforto, e com isso resistência às mudanças necessárias.

Muitas empresas ainda se amparam no velho dito popular, que diz: “time que está ganhando

não se mexe”, ou ainda quando por receio de cometer erros ou o receio de ousar, já terá

cometido o primeiro erro, o de não tentar.

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Takeuchi e Nonaka (2009) afirmam que uma nova espécie de empresa emergiu como líder nesta

época de ideias e inovações discordantes das comumente aceitas como padrões. Essas empresas,

que estamos chamando de empresas “dialéticas”, isto é, argumentadoras e articuladoras, não

estão apenas enfrentando passivamente as opiniões contrárias as ideias comumente aceitas.

Estão abraçando ativamente os opostos, num movimento de articulação e formadoras de novos

conceitos e também de inovação. Estão cultivando contradições positivamente. Estão usando

esses paradoxos, entusiasticamente, como um convite para encontrar um melhor caminho. Não

que esse caminho escolhido seja o mais fácil, mas que seja aquele mais desafiador, e que muitos

outros nem ousam tentar, seja por medo de errar, ousar, buscar conhecimentos, usar dos

conhecimentos adquiridos, inovar e identificar oportunidades onde muitos só enxergam

problemas.

2.3 Paradoxo e Conhecimento

A passagem, única em 200 anos, da Sociedade Industrial para a Sociedade do Conhecimento

mudou a forma de ver o paradoxo. O paradoxo era algo a ser eliminado na Sociedade Industrial,

pois as ideias contrárias aos padrões e normas estabelecidos, eram características fundamentais

para a Sociedade do Conhecimento, como afirmaram Takeuchi e Nonaka(2009).

Ia contra a própria essência do que Frederick Taylor, 1995, p.48, estava tentando atingir.

“Para aumentar a eficiência na produção, ele prescreveu métodos e procedimentos “científicos”

para organizar e realizar o trabalho, o mais importante deles sendo o estudo do tempo e do

movimento.”

Na realidade, Takeuchi e Nonaka (2009) citam outros métodos para aumentar a eficiência na

produção, como linhas de montagem, automação, robótica, CAD/CAM-Software de desenho

arquitetônico e industrial, para citar alguns – podem hoje ser vistos como tentativas de eliminar

o paradoxo do chão de fábrica, cujo padrão rígido engessava a inovação e o compartilhamento

de novos conhecimentos. Seria considerado um herege, o funcionário que tentasse mudar para

melhor qualquer método padrão de produção, mesmo que isso significasse diminuição de custos

com aumento de produtividade.

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Os mesmos autores (2009), analisando a obra de Herbert Simon, afirmam que ao mesmo tempo,

que uma tentativa semelhante de erradicar a ambiguidade estava ocorrendo na área do

processamento da informação. Fortemente influenciada pelo desenvolvimento da computação

eletrônica de dados e das ciências cognitivas, Simon investigava a natureza humana da solução

de problemas e da tomada de decisão, desenvolvendo a visão da organização como uma

“máquina de processamento da informação”. A informação sendo processada mais rápida e

precisa, e que dependia de processamento eletrônico e do aumento permanente de capacidade

de armazenamento de dados, sem o que sem essa característica, o conhecimento não poderia

ser armazenado e compartilhado por um número cada vez maior de pessoas.

Anteriormente os seres humanos sofriam com a racionalidade limitada, a organização tinha que

lidar com a complexidade do mundo real decompondo a realidade em partes de informação

pequenas e simples o suficiente para que a pessoa as processasse, em processos de registro

manual e impresso. O processamento eficaz da informação, conforme os autores sobre Simon,

é possível apenas quando os problemas complicados são simplificados, as estruturas

organizacionais são especializadas e processadas eletronicamente e armazenadas em bancos de

dados, cada vez de maior capacidade. Com o advento do computador pessoal e de aplicação

também residencial, foi possível o acesso às informações e daí o conhecimento por acesso

remoto pela Internet a um vasto banco de dados, mas que só tem valor para o empresário que

sabe identificar que tipo de informação tem valor para o seu negócio, e que possa ser

compartilhado.

Para (Takeuchi e Nonaka- 2009, p.19), um exemplo típico da visão de Simon manifesta-se no

modo como um carro é fabricado. O processo de fabricação do carro é decomposto em várias tarefas simples e a

cada trabalhador é atribuída uma pequena tarefa. Ele não necessita entender o

que os outros estão fazendo ou o que a sua tarefa significa para o processo

total de fabricação do carro. A divisão de todo o processo em pequenas tarefas

ou módulos era a chave para o sucesso na Sociedade Industrial.

Citando ainda Takeuchi e Nonaka (2009), a passagem para a Sociedade do Conhecimento elevou

o paradoxo, de algo a ser eliminado e evitado na Sociedade Industrial, para algo a ser aceito e

cultivado, dentro das organizações. O compartilhamento do conhecimento revela-se um dos

fatores que envolvem a gestão do conhecimento, e sua prática torna-se imprescindível uma vez

que de nada adianta dispor de conhecimentos importantes se não se promove a sua partilha. A

organização só se beneficia como um todo quando o conhecimento é difundido, transferido,

compartilhado e alavancado, ou seja, quando existem efetivos fluxos de conhecimento. Fluxos

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de conhecimento são canais de rede de comunicação que facilitam a rápida difusão de

conhecimentos e experiências. As empresas modernas, independentemente de seu porte, hoje

compartilham informações empresariais através da Intranet, que é uma Internet restrita à

empresa, com acesso aos seus colaboradores, parceiros e terceirizados. O conhecimento é

compartilhado em tempo real, por todos os interessados, num ciclo de tácito para explícito e de

explícito para tácito.

Para Polanyi apud Grotto (1967, P.107), conhecimento explícito pode ser expresso em

palavras, números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas

científicas, recursos visuais, fitas de áudio, especificações de produtos ou

manuais. O conhecimento explícito pode ser rapidamente transmitido aos

indivíduos, formal e sistematicamente.

O conhecimento tácito, por outro lado, não é facilmente visível e explicável.

Pelo contrário, é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando-se de

comunicação e compartilhamento dificultoso. As instituições e os palpites

subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito

está profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do

indivíduo, assim como nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora.

Para ser preciso, existem duas dimensões para o conhecimento tácito. A

primeira dimensão é a dimensão técnica, que engloba as habilidades informais

e de difícil detecção, muitas vezes captadas no termo “know-how”.

O SEBRAE, por exemplo, desenvolve metodologias, produz manuais impressos, vídeo e áudio, além de

capacitar novos instrutores para que possam transmitir conhecimentos que inicialmente eram tácitos e

passam a explícitos que pode ser rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente.

SEBRAE (2009)

Takeuchi e Nonaka (2009, p.19) observam que o conhecimento é criado a partir de uma combinação

do conhecimento tácito e do explícito, havendo quatro modos de conversão do conhecimento

que são a socialização, a externalização, a combinação e a internalização, citando como

exemplo:

Os mestres artesãos ou os chefs de três estrelas, que possuem um tesouro de

especialidade nas pontas dos dedos, desenvolvido depois de anos de

experiência, mas frequentemente têm dificuldade em articular os princípios

técnicos ou científicos por trás daquilo que sabem. Os “insights” altamente

subjetivos e pessoais, as intuições, os palpites e as inspirações derivadas da

experiência corporal, todos se encaixam nesta dimensão.

O conhecimento tácito também contém uma importante dimensão

“cognitiva”. Ela consiste em crenças, percepções, ideais, valores, emoções e

modelos mentais tão inseridos em nós que os consideramos naturais.

Embora não possa ser articulada muito facilmente, essa dimensão do

conhecimento tácito dá forma ao modo como percebemos o mundo em torno

de nós.

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O que ocorre na verdade, é que o conhecimento não é explícito ou tácito. O conhecimento é

tanto explícito quanto tácito, dependendo de cada situação em que esteja sendo externalizado e

novamente internalizado num ciclo de aprendizado e compartilhamento permanente.

De acordo com Takeuchi e Nonaka (citando Collins e Porras, 2009), o conhecimento é

inerentemente paradoxal, pois é formado do que aparenta ser dois opostos.

A capacidade de envolver dois opostos – em outras palavras, descobrir uma forma de ter tanto

A quanto B ao mesmo tempo - tem estado no palco central da literatura de administração desde

que Collins e Porras cunharam o termo “a genialidade do e” há quase dez anos.

Sveiby (1998) afirmou que as empresas bem-sucedidas devem funcionar bem em curto prazo e

em longo prazo. Uma empresa que funciona bem no longo prazo, com certeza terá garantido a

sua perenidade. Seus empresários são ousados e procuram melhoria e inovação contínua e

tecnologia desafiadora. As empresas buscam tanto a inovação do produto e do processo, como

também a inovação no conceito de negócios. Elas preservam o núcleo e estimulam o progresso,

buscam o conceito de valor aos clientes. Além disso, buscam economia de escala, de escopo e

economia de velocidade; controle e independência; eficiência e criatividade; o global e o local.

Enquanto a informação transfere o conhecimento indiretamente, por meio de veículos como

palestras, cursos, seminários e apresentações, a tradição o transfere de forma direta, de pessoa

para pessoa, por meio do aprendizado pela prática. E quando se busca o conceito de valor aos

clientes, na era da informação, estamos buscando fidelizar o cliente através do marketing de

relacionamento, em que armazenamos todo o conhecimento das necessidades dos clientes e na

de atendimento dessas necessidades, e também das necessidades que nem o cliente sabe ainda

que tem.

O Quadro 2.1 apresenta um exemplo vivo de como múltiplos traços opostos são perseguidos

simultaneamente pelo Corpo de Fuzileiros Navais (Marines) dos Estados Unidos, uma

organização que se destaca no mundo atual. O que não está claro na literatura de administração

é como as empresas devem agir para fazer o mesmo. Uma compreensão da dialética ajudará em

relação a isso, no parágrafo 2.4 a seguir.

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QUADRO 2.1 – Os Marines dos Estados Unidos: um exemplo vivo da dialética em ação.

1. Aceitação dos paradoxos

Lidar com ambientes complexos exige uma mente não-simplista, não-extremada, e a tensão

entre os traços pode proporcionar a sutileza e variação necessária na visão.

2. Cultivo dos traços opostos

Necessidade de arriscar o fracasso/Necessidade de obter sucesso

Ter autoridade/Respeitar a hierarquia

Ter planos e processos bem-definidos/Necessidade de improvisação

Ser disciplinado/Ser criativo

Ter uma tarefa principal/Lidar com funções diferentes

Analisar cuidadosamente/Agir rapidamente

Ter que competir contra outros Marines/Ter que colocar o sucesso de outros acima do seu

próprio.

Fonte: TAKEUCHI e NONAKA, 2009, p.20.

2.4 Conhecimento e Dialética

Takeuchi e Nonaka (2009), afirmam que a dialética, que é a arte de argumentar e discutir, é

uma forma de raciocínio que remonta à antiga Grécia, e que enfatiza duas características que

são úteis nos tempos turbulentos e no complexo mundo atual. A primeira é sua ênfase na

mudança. Em vez de referir-se a algo estático, refere-se ao processo e ao movimento. A segunda

é sua ênfase nos opostos.

A mudança ocorre através do conflito e da oposição, de acordo com o raciocínio dialético.

Está sempre buscando a contradição dentro das pessoas ou das situações, como o principal guia

para o que está acontecendo e o que provavelmente acontecerá, você tomando a decisão de agir

ou não. O ponto inicial do movimento dialético é a tese. O próximo estágio é para que essa tese

mostre-se inadequada ou inconsistente.

É a oposição ou a negação do primeiro estágio e, portanto é conhecida como antítese. O segundo

estágio, então, também demonstra ser inadequado ou inconsistente. Assim, resulta um terceiro-

estágio, conhecido como síntese. É neste estágio que a tese e a antítese prévias reconciliam-se

e transcendem.

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Com o tempo, no entanto, mesmo a síntese tornar-se-á unilateral de alguma forma. Servirá então

como tese para um novo movimento dialético, e assim o processo continuará em ziguezague e

de modo espiralado.

Para Takeuchi e Nonaka (2009, p.21) o processo dinâmico no qual a organização

cria, mantém e explora o conhecimento é muito similar ao padrão dialético. O

conhecimento também é criado dinamicamente, sintetizando o que aparenta

serem opostos e contradições.

É criado através de uma espiral que passa através de dois conceitos

aparentemente opostos, como tácito e explícito, caos e ordem, micro

(indivíduo) e macro (ambiente), eu e outro, mente e corpo, parte e todo,

dedução e indução, criatividade e controle, inferior e superior, burocracia e

força de trabalho e assim por diante. A chave para liderar o processo de criação

do conhecimento é o raciocínio dialético, que transcende e sintetiza essas

contradições.

O Quadro 2.2 abaixo, sintetiza bem o conceito de compartilhamento do conhecimento pela

informação e pela tradição.

QUADRO 2.2- Compartilhamento do conhecimento pela informação e pela tradição

INFORMAÇÃO TRADIÇÃO

Compartilham-se informações articuladas Compartilham-se capacidades articuladas e

não articuladas

Independente do indivíduo Dependente e independente

Estática Dinâmica

Rápida Lenta

Codificada Não codificada

Fácil distribuição em massa Difícil distribuição em massa

Fonte: Adaptado de Sveiby; Karl (1998, p.54)

Como se pode observar, no Quadro 2.2, adaptado de Sveiby(1998), o qual afirma que a

informação é propícia para o compartilhamento de conhecimentos articulados, codificada ou

registrada, sendo de fácil distribuição e eficiente para compartilhar conhecimentos entre

pessoas, desde que haja interesse de quem compartilha e para quem o conhecimento é

compartilhado.

Nesse contexto, podemos afirmar que o SEBRAE compartilha conhecimento pela informação,

de forma estática, rápida, codificada e de fácil distribuição em massa, ao contrário dos

empresários que não buscam essas informações, continuam compartilhando conhecimento pela

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tradição, que é dinâmica, lenta, não codificada e sendo assim de difícil distribuição em massa,

pela falta de registro, sendo assim de difícil compartilhamento, inovação e aprimoramento de

todo o conhecimento externalizado de tácito para o explícito.

Sveiby (1998) defende que enquanto a informação transfere o conhecimento indiretamente, por

meio de veículos como palestras e apresentações, a tradição o transfere de forma direta, de

pessoa para pessoa, por meio do aprendizado pela prática e divulgação oral. A informação é

favorável ao compartilhamento de conhecimentos explícitos, enquanto a tradição deve ser

utilizada no compartilhamento de conhecimentos tácitos.

Pode-se começar a realmente entender o conhecimento tácito no momento em que se permite a

entender o conhecimento explícito. O exercício de uma forma de conhecimento exige a

presença e a utilização de uma forma e de outra forma.

Importante também se afirmar que, eles também são interpenetrantes. Existe algum

conhecimento explícito em cada conhecimento tácito e algum conhecimento tácito em todo

conhecimento explícito.

Eles são contínuos, porém separáveis. Algumas das fontes mais úteis de conhecimento em uma

organização são as que articulam o discernimento ou o conjectural, e as que revelam o oculto

ou o não óbvio. A troca de ideias, discussão e o debate permitem que o conhecimento se

aprimore, num ciclo constante de tácito para explícito e novamente de explícito para tácito.

E finalmente, o conhecimento tácito é a realidade vista a partir de um determinado ângulo ou

contexto que é individual. Igualmente, o conhecimento explícito é uma realidade vista de um

diferente ângulo ou contexto. Se os tomarmos ao extremo e os tornarmos absolutos, eles podem

transformar-se um no outro.

Takeuchi e Nonaka (2009), defendem que a essência da criação do conhecimento está

profundamente enraizada no processo de construir e administrar sínteses ou o resumo de um

contexto amplo, e pode se identificar os seguintes opostos que exigem uma síntese antes que o

novo conhecimento possa ser criado, organizacionalmente, de maneira espiralada como será

observado- Figura 2.1- Processo SECI.

No âmago da criação de conhecimento das empresas está sua habilidade de envolver os opostos,

cultivá-los e usá-los como um convite para encontrar um melhor caminho, ou soluções de

problemas empresariais, mas que o empresário sozinho ou na fase inicial de seu

empreendimento sem qualquer experiência anterior não conseguiria, sem o apoio do SEBRAE.

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2.5 Difusão do Conhecimento

Takeuchi e Nonaka (2009) defendem que em uma economia de mercado, onde a única certeza

que se pode ter é a incerteza, a fonte certa de vantagem competitiva duradoura e sustentável é

o conhecimento. Somente com o conhecimento e o seu compartilhamento empresarial, pode

fazer um empresário, independentemente de sua educação formal, poder superar, alcançar e

reproduzir o sucesso empresarial de seus antepassados, época em que outros empresários não

podiam contar, por exemplo, com uma autarquia como o SEBRAE, ou similares na América

do Norte e Europa , mas que mesmo assim, passaram para a história do empreendedorismo

usando a tradição como: o Wal-Mart, Disney, McDonald´s, Maggi, Kellogg´s, Quaker, Exxon,

Shell e outros no Brasil, como o Bradesco, Grupo Sílvio Santos, Votorantim, Aracruz Celulose,

Springer, Suzano Papéis e muitas outras empresas, que começaram do nada e totalmente sem

recursos financeiros, numa época de raro acesso as informações e consequentemente do

compartilhamento de conhecimentos. Provavelmente esses empresários de sucesso do passado,

com pouca instrução, informação e conhecimento, não conseguiriam obter o mesmo sucesso no

presente.

2.5.1 Síntese de Tácito/Explícito

Uma organização cria e utiliza conhecimento convertendo o conhecimento tácito em

conhecimento explícito, e vice-versa, como vimos anteriormente, num processo cíclico e

dinâmico.

Em resumo, Takeuchi e Nonaka (2009), identificaram quatro modos de conversão do

conhecimento, e que funcionam num movimento cíclico ou espiralado:

(1) Socialização: de tácito para tácito

(2) Externalização: de tácito para explícito

(3) Combinação: de explícito para explícito

(4) Internalização: de explícito para tácito

Esse ciclo ou espiral, que se tornou conhecido na literatura como modelo SECI, espiral SECI

ou processo SECI, está no núcleo do processo de criação do conhecimento, conforme ilustrado

na Figura 2.1, a seguir.

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Este modelo descreve como os conhecimentos tácitos e explícito são amplificados em termos

de qualidade e quantidade, assim como do indivíduo para o grupo e, então, para o nível

organizacional.

A criação do conhecimento então, se inicia com a socialização e passa através de quatro modos

de conversão do conhecimento, formando uma espiral.

Citando Polanyi (1967), o conhecimento explícito é formal e sistemático e pode ser facilmente

comunicado e compartilhado. É o conhecimento de domínio de uma empresa e de sua cultura,

que vira procedimentos padrões a serem divulgados e seguidos e é facilmente compartilhado.

Já o conhecimento tácito é altamente pessoal, de difícil formalização e comunicação. Então, o

conhecimento organizacional explícito é o conhecimento exibido em manuais de

procedimentos, memórias de computador, relatórios e pesquisas; enquanto o tácito é aquele que

inclui o discernimento, o instinto e a compreensão profunda dos indivíduos, através de sua

vivência pessoal e formação acadêmica. Assim o conhecimento pode estar tanto incorporado

nas pessoas, conhecimento tácito, ou embutido em produtos, processos, serviços e ferramentas,

ou registrado em documentos, conhecimento explícito.

A socialização, por exemplo, é similar no conteúdo à teoria dos processos de grupo e da cultura

organizacional.

A combinação tem suas raízes no paradigma do processamento da informação.

A internalização está intimamente ligada com a organização do aprendizado.

A externalização, no entanto, tem sido amplamente negligenciada na literatura organizacional.

FIGURA 2.1 Processo SECI Fonte: Adaptada de Nonaka e Takeuchi, 1995. Takeuchi

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É nesse modo que o conhecimento tácito, que é pessoal, específico ao contexto e difícil de

formalizar e comunicar aos outros, é convertido e sintetizado em conhecimento transmissível e

articulado. O SEBRAE cria as metodologias para aplicação e difusão dos conhecimentos

desenvolvidos e seu compartilhamento é feito através de cursos, oficinas, palestras e

seminários. SEBRAE (2012).

Takeuchi e Nonaka (2009), defendem que quando a expressão adequada não pode ser

encontrada ou de fácil aprendizado, as metáforas e analogias tornam-se ferramentas úteis. As

metáforas oferecem uma forma para que os indivíduos, baseados em outros contextos e com

experiências diferentes, compreendam algo intuitivamente através do uso da imaginação e dos

símbolos.

É um tipo de técnica que foi muito utilizada, por exemplo, nas parábolas e diversas metáforas

descritas na Bíblia Sagrada, nos Evangelhos de Matheus, Marcos e Lucas, proferidas pelo maior

dos educadores que já surgiu e dirigidas para um povo de pouca ou de nenhuma instrução, mas

que munido de profunda sabedoria utilizou de parábolas e metáforas para ensinar, compartilhar

e sensibilizar o homem, em sua relação com Deus, até os dias de hoje.

Já as analogias esclarecem como duas ideias ou objetos são semelhantes ou não semelhantes e,

portanto, propiciam um passo intermediário entre a imaginação pura e o raciocínio lógico.

Para Takeuchi e Nonaka (2009, p.24), a produção de novos conhecimentos

envolve um processo que amplifica organizacionalmente, o conhecimento

criado pelos indivíduos e cristaliza-o como parte da rede de conhecimentos da

organização.

O que impulsiona esse processo de amplificação do conhecimento é a

interação contínua, dinâmica e simultânea entre o conhecimento tácito e o

conhecimento explícito.

Na terminologia da dialética, a síntese de A- tácito e B-explícito cria C- novo

conhecimento.

O SEBRAE (2009) usa analogias para exemplificar fatos ocorridos em outras empresas, sem

citar os nomes, aproveitando erros e acertos, inclusive na aplicação de novas metodologias, que

se iniciam através da formação de turmas piloto, onde faz as devidas correções e adequações,

em função de seu público alvo.

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2.6 A empresa criadora de conhecimento

Takeuchi e Nonaka (2009) quando afirmaram que em uma economia a única certeza era a

incerteza, a fonte certa de vantagem competitiva duradoura e auto sustentável seria o

conhecimento. Em resumo uma empresa é plenamente sustentável e perene, se obter e

compartilhar conhecimentos de uma forma constante e inovadora, pois assim estará sempre

preparada para atender as necessidades do mercado em suas demandas de bens e serviços com

inovações, para que possibilite fazer frente a concorrência, que também é uma fonte inesgotável

de geração de novos conhecimentos.

Sendo assim quando os mercados transformam-se, as tecnologias proliferam, os competidores

multiplicam-se e os produtos tornam-se obsoletos quase do dia para a noite, e as empresas bem-

sucedidas são as que criam consistentemente novos conhecimentos, disseminam-no

amplamente pela organização e o incorporam rapidamente em novas tecnologias e produtos.

Essas atividades definem a empresa criadora de conhecimento, cujo negócio principal é a

inovação constante.

Podemos afirmar também, que essa geração do conhecimento hoje também tem a participação

dos clientes, num processo conhecido como Marketing de Relacionamento, em que através

dele, a empresa vai obtendo da sua base de dados de clientes, informações importantes como

hábitos e gostos de consumo, numa troca permanente que leva a geração de novos

conhecimentos sobre necessidades dos consumidores alvo, conveniência, logística, formas de

pagamento, além das novas tendências e inovações possíveis.

O SEBRAE (2012), afirma que quando uma empresa por seu pequeno porte e escassos recursos

toma a iniciativa de buscar no SEBRAE o conhecimento que lhe falta, faz com que a empresa

tenha um diferencial competitivo, só encontrado nas médias e grandes empresas, que são

dotadas de melhores recursos e uma estrutura organizacional de acordo com suas necessidades.

E apesar disso, mesmo com toda a conversão sobre “poder da mente” e capital “intelectual”,

poucos administradores captam a verdadeira natureza da empresa criadora de conhecimento –

menos ainda sabem como administrá-lo. O motivo: não compreendem o que é o conhecimento

e o que as empresa deve fazer para melhor explorá-lo, tirando vantagens competitivas.

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Para Takeuchi e Nonaka (2009, p.40) a visão da organização como uma máquina para o

“processamento de informações”

está profundamente inserida na tradição administrativa ocidental, que vai de

Frederick Taylor a Herbert Simon. De acordo com essa visão, o único

conhecimento verdadeiramente útil é o formal e sistemático- dados difíceis

(leia-se quantificáveis), procedimentos codificados, princípios universais. E

as métricas-chave para mensurar o valor do novo conhecimento são

similarmente difíceis e quantificáveis – crescente eficiência, custos mais

baixos, melhor retorno do investimento (ROI).

Mas existe outra forma de pensar o conhecimento e seu papel nas organizações

empresariais. Costuma ser encontrada nos concorrentes japoneses mais bem

sucedidos, como Honda, Canon, Matsushita, NEC, Sharp e Kao. Essas

empresas tornaram-se famosas por sua capacidade de responde rapidamente

aos clientes, criar novos mercados, desenvolver agilmente novos produtos e

dominar as tecnologias emergentes.

O segredo de seu sucesso é sua abordagem exclusiva da gestão da criação do

novo conhecimento.

2.7 Compartilhamento do conhecimento

Stewart (1998) defende que as necessidades da organização de hoje são muito diferentes

daquelas de um passado relativamente recente. Por meio de profundas transformações no modo

de trabalhar, nos processos de produção e no perfil do trabalhador, percebe-se que outro recurso,

além dos ativos físicos e financeiros, tem se mostrado com forte poder de agregar valor à

organização. A era da informação que hoje vivemos, trouxe profundas transformações nas

empresas, principalmente na agilidade e na troca de informações que geram conhecimentos.

Esse novo recurso que diz respeito ao conhecimento e é visto, hoje, como um valioso e poderoso

ativo da organização. Ele é o principal ingrediente do que se produz, faz, compra e vende.

Assim, a geração, o compartilhamento, o armazenamento e a utilização do conhecimento vêm

sendo cada vez mais difundidos e aplicados nas organizações, de forma eletrônica.

Tornar o conhecimento pessoal disponível para os outros é a atividade central da empresa

criadora de conhecimento. Isso se dá continuamente e em todos os níveis da organização, de

forma integrada e com grande interface.

O compartilhamento do conhecimento revela-se um dos fatores que envolvem a gestão do

conhecimento, e sua prática torna-se imprescindível uma vez que de nada adianta dispor de

conhecimentos importantes se não se promove a sua partilha.

Takeuchi e Nonaka(2009), citando as palavras do filósofo Michael Polanyi, “Sabemos mais do

que podemos dizer”, e para dizer é preciso partir para a ação. O conhecimento tácito está

profundamente enraizado na ação e no comprometimento do indivíduo em um contexto

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específico – seja um artesanato ou profissão, uma determinada tecnologia ou mercado de

produto ou as atividades de um grupo ou equipe de trabalho, só vão evoluir se houver o

compartilhamento e registro de todo o conhecimento acumulado. Nenhuma sociedade terá

história para contar se não houver o registro formal dessa evolução, pois a história oral contada

de um para outro sem registro, ela ou vai se perder pelas omissões ou por excesso de acréscimos

pessoais do que cada um conta de sua própria versão. Da mesma forma é o conhecimento que

é compartilhado nas empresas, em que só através de metodologia e registro das inovações, num

ciclo dinâmico, o SECI citado na Figura 2.1, poderá evoluir, aprimorar e agregar inovações.

Voltando a citar Polanyi(1967), como já havíamos mencionado anteriormente, em síntese, o

conhecimento explícito é formal e sistemático e pode ser facilmente comunicado e partilhado.

Já o conhecimento tácito é altamente pessoal, de difícil formalização e comunicação. O

conhecimento organizacional explícito então, é o conhecimento exibido em manuais de

procedimentos, memórias de computador, relatórios, pesquisas; o tácito é aquele que inclui o

discernimento, o instinto e a compreensão profunda dos indivíduos. Assim, o conhecimento

pode estar tanto incorporado nas pessoas-conhecimento tácito, como embutido em produtos,

processos, serviços e ferramentas, ou registrado em documentos-conhecimento explícito.

Citando Angeloni(2003) apud Daniela Grotto (2003), em que afirma que por meio dos modos

de conversão do conhecimento, podem ser identificados também, os modos de

compartilhamento do conhecimento tácito e explícito, que são descritos da seguinte forma:

Na socialização ocorre um processo de troca de experiências, pois o indivíduo compartilha seu

conhecimento tácito diretamente com outro (pela linguagem, observação, imitação e prática)

Na externalização, o indivíduo compartilha seu conhecimento tácito com vários outros e de

forma não direta.

Na combinação, um conhecimento já explícito é partilhado também de forma explícita.

Na internalização, o conhecimento explícito é compartilhado de forma direta, sendo que o

receptor o transforma em conhecimento implícito.

Stewart(1998), afirmou que os conhecimentos mais importantes estão justamente nas pessoas

(conhecimentos tácitos) e não nas organizações (conhecimentos explícitos), ou seja, residem

mais nos membros da organização do que nela própria. As organizações transbordam

conhecimento tácito: intuições, regras gerais, mentalidades, regras não escritas de território,

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valores inconscientes. Várias pesquisas comprovaram que o conhecimento tácito deveria ser

mais valorizado pelas organizações. Entretanto, muitas organizações ainda não atentaram para

o fato de que grande parte do saber organizacional diz respeito justamente a esse conhecimento

subjetivo que reside na mente dos seus membros. As organizações independentemente de seu

porte pode e deve logo no início de seus negócios, estimular e motivar os poucos funcionários

que tem a compartilhar e valorizar conhecimentos tácitos, dando-lhes liberdade de inovar e criar

novas soluções empresariais. No passado o empresário definia sozinho os rumos de seu

negócio, sem a participação de seus colaboradores, mas hoje as empresas investem na formação

e aprimoramento de seus colaboradores, dando-lhes liberdade e motivação para tomadas de

decisão. Dessa forma o ativo intelectual de uma empresa é seu maior patrimônio.

“O conhecimento é definido como um ativo intelectual, mas é mais do que os dados objetivos

e explícitos encontrados nas metodologias, nos manuais ou nas patentes de uma empresa. Existe

também um imenso – e talvez não reconhecido – valor na especialidade, na sabedoria e na

intuição altamente subjetivas e difíceis de codificar dos funcionários.”

PRICE WATERHOUSE COOPERS (2000, p.142)

A explicitação do conhecimento tácito é defendida por vários autores, como Polanyi, Nonaka,

Takeuchi, Stewart, Davenport e Prusak, que enfatizam a importância de que o conhecimento

tácito seja identificado e explicitado a fim de permitir sua formalização e consultas futuras. No

entanto, é muito impossível explicitar muitos conhecimentos tácitos de forma que possam ser

armazenados. Angeloni(2003) apud Grotto (2003).

A maioria das informações e dos conhecimentos importantes de que as pessoas precisam para

implementar uma prática não pode ser apenas codificada ou escrita, precisa ser observada,

requer diálogo, interação e prática. O´DELL e GRAYSON(1998).

Dessa forma, um dos grandes desafios da gestão do conhecimento é promover o

compartilhamento desse conhecimento que não é encontrado nos manuais, nos relatórios, nas

pesquisas, etc. Como o conhecimento pode ser de difícil captação, formalização e comunicação,

diligenciar seu compartilhamento pode exigir mudança e mobilização de toda a organização.

Angeloni(2003) apud Grotto (2003).

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Takeuchi e Nonaka (2009), defendem que converter o conhecimento tácito em conhecimento

explícito pode significar também encontrar uma forma de expressar muitas vezes o

inexpressável, isto é, nem tudo pode ser expresso por palavras. Infelizmente, um dos

instrumentos mais poderosos da administração para fazer isso é também um dos mais

frequentemente desconsiderados: a reserva de linguagem figurativa e de simbolismos que os

administradores podem extrair para articular suas intuições e seus insights, como vimos

anteriormente na utilização de metáforas e analogias.

Em sua obra Sveiby(1998), referiu-se à transferência do conhecimento: A fim de proporcionar

o compartilhamento do conhecimento tácito, pode-se usar o compartilhamento do

conhecimento pela tradição, ou seja, pela interatividade, conforme apresentado no Quadro 2.2.

Entretanto, são diferentes os dois modos de compartilhamento do conhecimento: por meio da

informação e da tradição. Pela informação, o conhecimento é compartilhado de forma indireta-

palestras, apresentações audiovisuais, manuais, livros, etc. Pela tradição, o conhecimento é

compartilhado de forma direta, ou seja, o receptor participa do processo de transferência -

acontece de indivíduo para indivíduo por meio do aprendizado oral e pela prática.

Em resumo, enquanto a informação transfere o conhecimento indiretamente, por meio de

veículos como palestras e apresentações, a tradição o transfere de forma direta, de pessoa para

pessoa, por meio do aprendizado pela prática. A informação é favorável ao compartilhamento

de conhecimentos explícitos, enquanto a tradição ao deve ser utilizada no compartilhamento de

conhecimentos tácitos.

2.7.1 Compartilhando informalmente o conhecimento

Como já foi observado, de acordo com Angeloni(2003) apud Grotto(2003), em qualquer

organização, pode ocorrer o compartilhamento informal de conhecimento.

Geralmente, ocorre de maneira não preestabelecida durante encontros casuais e conversas

locais, quando as pessoas trocam ideias, pedem conselhos para resolver problemas e perguntam

em que os outros estão trabalhando.

Por meio de práticas informais, não se tem a intenção prévia de compartilhar certo

conhecimento. Os sujeitos desse processo o fazem sem qualquer objetivo preestabelecido ou

compromisso de utilizar esse tipo de conhecimento no momento em que é compartilhado, o que

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não impede que tais conhecimentos possam ser utilizados no futuro, como acontece na

formação de uma rede de relacionamentos cultivados ao longo de uma vida profissional.

Essa prática também é fundamental para a organização, pois permite que os indivíduos tenham

noção do que desenvolvem ou já desenvolveram seus colegas, podendo muitas vezes servir

como elemento de ligação a outros conhecimentos. Davenport e Prusak (1998)

De acordo com Stewart (1998), as práticas informais favorecem o compartilhamento do

conhecimento tácito, uma vez que nesses casos ocorre um contato direto entre o detentor e o

receptor do conhecimento.

Citando Davenport e Prusak(1998), sendo o compartilhamento informal de conhecimento

importante para a organização, há algumas estratégias específicas que as organizações podem

adotar a fim de estimulá-lo:

Criar locais e promover encontros para que os funcionários possam interagir informalmente;

Promover passeios e viagens;

Montar feiras do conhecimento.

Angeloni(2003) apud Grotto(2003), afirma que por se tratar de uma prática informal, muitas

vezes o conhecimento compartilhado não se encontra documentado, não está prontamente

acessível a todos que precisam dele, e sua viabilidade depende dessas conversas e contatos que

por vezes não acontecem. O indivíduo que requer certo conhecimento passa a depender dessas

transferências quotidianas e dessas conversas informais. Como nem sempre o assunto tratado

nessas conversas diz respeito ao que se gostaria de saber ou resolver, o indivíduo passa a discutir

determinado problema com certo colega por se sentir mais à vontade e não porque seja essa a

pessoa mais indicada para consultar sobre o assunto.

Por essas razões, é importante não depender somente da informalidade, mas poder contar

também com práticas formais e intencionais de compartilhamento do conhecimento.

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2.7.2 Compartilhando formalmente o conhecimento

Angeloni(2003) apud Grotto(2003), afirma que no compartilhamento formal do conhecimento,

a intenção e a formalidade nas práticas estão sempre presentes. Por muito tempo as práticas

formais de compartilhamento do conhecimento compreendiam as reuniões e a utilização de

documentos escritos, como manuais e relatórios. Hoje, sabe-se que essas práticas não são

suficientes para promover um nível maior de conhecimentos compartilhados na organização,

uma vez que novas tecnologias e a Internet vem sendo utilizadas, como por exemplo, as vídeo

conferências, ensino a distância e a Intranet.

De acordo com Sveiby (1998), existem algumas práticas formais de compartilhamento do

conhecimento, como palestras, apresentações audiovisuais, manuais e livros-propícios ao

compartilhamento do conhecimento explícito, e outras, como o método “carona” - quando um

profissional júnior ou trainee trabalha por certo tempo com outro mais antigo para que ocorra

o compartilhamento por meio de observação, imitação e prática-, favoráveis ao

compartilhamento do conhecimento tácito.

Hansen, Nohria e Tierney(1999), após estudarem o gerenciamento do conhecimento em

diversas empresas de consultoria, verificaram que elas não apresentavam práticas semelhantes

de compartilhamento do conhecimento.

Em algumas organizações, a estratégia está centrada no computador, num sistema em que se

pode acessar e usar conhecimentos codificados e armazenados. Essa prática, que os autores

chamam de estratégia de codificação, é perfeita para o compartilhamento de conhecimentos

passíveis de serem explicitados, ou seja, de conhecimentos explícitos.

Em outras organizações, a prática de compartilhamento estava intimamente ligada à pessoa

detentora ou possuidora do conhecimento. Nessa prática, chamada de estratégia personalizada,

o compartilhamento ocorre essencialmente por meio de contatos diretos entre as pessoas,

favorecendo o compartilhamento de conhecimentos tácitos. O papel do computador nessas

organizações é o de ajudar as pessoas a comunicarem o seu conhecimento, em vez de armazená-

lo.

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QUADRO 2.3 – Práticas formais de compartilhamento do conhecimento

CODIFICAÇÃO

ESTRATÉGIA

COMPETITIVA

PERSONALIZAÇÃO

Investe pesadamente em TI; o objetivo é

conectar as pessoas com conhecimentos

codificados passíveis de serem

reutilizados.

Tecnologia de

Informação

Investe moderadamente em

TI; o objetivo é facilitar

conversas e a troca de

conhecimentos tácitos.

Contrata recém-formados que são bem

encaixados para a reutilização de

conhecimento e a implementação de

soluções. Recompensa as pessoas por

usarem e contribuírem com o documento

data-base.

Recursos

Humanos

Contrata MBA´s que

gostem de solucionar

problemas e tolerar

ambiguidades. Recompensa

as pessoas por

compartilharem

conhecimentos diretamente

com outros

Fonte: Adaptado de HANSEN, NOHRIA e TIERNEY (1999, p.109)

Analisando o Quadro 2.3, observa-se que as organizações podem adotar práticas formais de

compartilhamento do conhecimento que enfocam as tecnologias de informações (TI´s), no

sentido de armazenar o conhecimento ou de facilitar o compartilhamento. O e-mail, a

videoconferência e o sistema de redes são então, algumas ferramentas tecnológicas que

abrangem as práticas formais de compartilhamento do conhecimento, capazes de fornecer uma

infraestrutura facilitadora para a distribuição e o intercâmbio do conhecimento organizacional.

Bartlett e Ghoshall (1998), defendem que outra ferramenta de apoio do compartilhamento

formal do conhecimento é o mapeamento do conhecimento organizacional. Essa ferramenta é

capaz de fornecer uma infraestrutura tanto para o armazenamento de conhecimentos explícitos

como para a localização de conhecimentos tácitos. A utilização de ferramentas tecnológicas de

apoio impulsiona o movimento de transferência do conhecimento ao estendê-lo ao alcance de

todos e ao aumentar sua velocidade.

Davenport e Prusak(1998) defendem que as organizações devem despertar para a necessidade

de saber se o acesso ao conhecimento está facilitado e apresentado numa forma que o torne

acessível àqueles que precisam dele. Consequentemente, elas devem utilizar-se de práticas

formais baseadas em ferramentas tecnológicas (como o mapa organizacional) capazes de

facilitar a localização do conhecimento quando necessário, porque, do contrário (caso não haja

a disponibilidade de um sistema para localizar os recursos de conhecimento mais apropriados),

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corre-se o risco de se utilizar o que estiver mais acessível ou de se buscar fora da organização

um conhecimento de que talvez já se disponha no mercado.

2.7.3 Mapeando o conhecimento organizacional

Davenport e Prusak (1998), afirmam que ao perguntarem aos membros de uma organização que

conhecimento eles têm e onde buscam o conhecimento de que necessitam, foi elaborado o mapa

do conhecimento organizacional (monta-se um mapa público a partir de vários mapas

particulares). Esse mapa pode ser um guia, quadro ou lista em que são relacionados os

conhecimentos importantes da organização. Atualmente esse guia já é informatizado,

principalmente por empresas que trabalham como caça talentos- headhunters, mas que só

trabalham para médias e grandes empresas devido ao custo cobrado por seus serviços.

Por meio dele, as pessoas conseguem saber onde e com quem procurar o conhecimento de que

necessitam. O mapa do conhecimento é como um mapa da cidade que mostra tanto os recursos

disponíveis (bibliotecas, hospitais, escolas) como de que forma chegar até eles. O mapa do

conhecimento pode ser tanto um guia de localização como um repositório de conhecimento.

De acordo também com Sveiby (1998), o compartilhamento de conhecimento é a principal

atividade nas organizações do conhecimento e por meio de um mapa do conhecimento

organizacional, citado por Davenport e Prusak (1998), haveria maior troca de conhecimentos,

uma vez que eles estariam disponíveis onde e quando fossem necessários.

Para Stewart (1998, p.19), as organizações precisam criar oportunidades

de tornar público o conhecimento privado, a fim de que possam usar, de forma

mais efetiva, o saber existente dentro da organização.

A adoção de um mapeamento da capacidade intelectual da organização

poderia facilitar o crescimento organizacional e a solução dos problemas

causados pela rotatividade de pessoal.

Stewart (1998) estaria criando assim uma analogia entre o mapa do conhecimento descrito por

Davenport e Prusak(1998) com um mapa da capacidade intelectual da organização.

Numa postura comum a vários autores, como Edvinson e Malone(1998), Borghoff e Pareschi

(1998) e Stewart (1998), o conhecimento organizacional precisa ser descrito de maneira

adequada a fim de servir a uma variedade de interesses, facilitando assim, o acesso a fontes de

conhecimento cuja localização seria, de outra forma, muito difícil ou até impossível.

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Assim, ele precisa ser descrito de várias formas, pois o mapa não deve servir apenas como um

repositório de conhecimentos explícitos, mas como um guia de conhecimentos tácitos que por

razões diversas não podem ser explicitados.

Similarmente o que o SEBRAE dispõe hoje, é de um acervo de metodologias desenvolvidas ao

longo dos anos, como um guia tácito em condições de ser explicitado, em diferentes áreas do

conhecimento empresarial, através de instrutores credenciados nessas diferentes áreas do

conhecimento.

De acordo com Davenport e Prusak (1998), Sveiby(1998), Edvinson e Malone (1998) e

Borghoff e Pareschi(1998), entre os benefícios da utilização de um mapa do conhecimento na

organização estão:

Possibilitar que o conhecimento de uma pessoa ou grupo seja extraído, estruturado e

utilizado por outros membros da organização, transformando-se em conhecimento explícito;

Indicar aos membros da organização onde podem ser encontrados os detentores de

conhecimento tácitos;

Proporcionar maior rapidez e facilidade no compartilhamento do conhecimento.

De acordo com Hansen, Nohria e Tierney (1999), o mapa não supre a necessidade das

organizações mais organizadas em conseguir transformar os conhecimentos tácitos em

explícitos. No entanto, consegue mostrar quem detém esses conhecimentos.

Quando a organização dispõe de um mapa do conhecimento, a fase da busca deste

conhecimento é acelerada, seja o conhecimento necessariamente tácito ou explícito. Percebe-

se que o mapa organizacional pode abranger ambas as práticas de compartilhamento do

conhecimento.

Vale ressaltar que o mapa facilita o acesso ao conhecimento, mas não necessariamente garante

que o compartilhamento seja efetivado no caso de se tratar de conhecimentos tácitos. Quando

se necessita de um conhecimento tácito, após identificar o seu detentor, é preciso contatá-lo

para que haja o compartilhamento do conhecimento. Caso a organização não valorize essa

prática, pode acontecer de o detentor não querer ou não mostrar interesse em compartilhar seu

conhecimento. Mesmo o mapa do conhecimento sendo uma ferramenta propiciadora de acesso

ao conhecimento, ela não necessariamente garante efetivos fluxos de conhecimento.

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De acordo com o SEBRAE(2009), o seu objetivo principal em apoiar as micro e pequenas

empresas, é bem sucedido no momento que ela disponibiliza todo o seu acervo de conhecimento

empresarial às empresas que não tem acesso de outra forma ao conhecimento, que somente as

médias e grandes empresas com maiores recursos e melhor infraestrutura poderiam obter.

2.7.4 Por que o compartilhamento de conhecimentos é tão difícil?

Sveiby (1998), afirma que ao contrário de alguns anos atrás, quando se acreditava que o detentor

do conhecimento perdia poder e reputação caso compartilhasse suas informações, experiências

e conhecimentos subjetivos, sabe-se hoje que o conhecimento não desaparece ou é depreciado

quando compartilhado. Ao contrário, valoriza-se e cresce ainda mais. Uma ideia ou habilidade

compartilhada com alguém não se perde, e sim se multiplica por dois, e assim sucessivamente

formando uma rede de multiplicadores.

Apesar dessa consciência, por que ainda há dificuldade de se compartilhar o conhecimento?

Por que tantos empresários ainda relutam em buscar esse compartilhamento em prol do

crescimento empresarial?

Citando o SEBRAE(2009) o questionamento seria por que tantos empresários ainda relutam

aplicar todo o conhecimento disponibilizado e utilizado para o seu crescimento empresarial?

O´Dell e Grayson (1998), declaram ainda que a maioria das pessoas tem um desejo natural de

aprender, de compartilhar o que sabe e de fazer as coisas melhores. Essas pessoas se sentem

motivadas ao quererem sempre aprender mais. No entanto, esse desejo natural é impedido por

barreiras estruturais, logísticas e culturais que a organização cria, como:

Quando os locais, as divisões e as funções estão focados em maximizar suas próprias

realizações e recompensas, coincidentemente ou inconscientemente, informações são

escondidas de tal modo que subutilizam a organização como um todo;

Uma cultura que valoriza as habilidades técnicas pessoais e a criação de conhecimento acima

do compartilhamento do conhecimento. Seria talvez o temor de perder posição na empresa caso

ensine o que sabe?

A síndrome do “não foi inventada aqui” e a carência de aprendizado prático fora de um grupo

pequeno. A não valorização ou o reconhecimento de que o conhecimento pode ser

compartilhado dentro ou fora da empresa, não apenas dentro da empresa.

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A falta de contato, relacionamento e de perspectivas comuns entre pessoas que não

trabalham lado a lado (na maioria das organizações, as pessoas, além de não saberem o que

seus colegas estão fazendo, muitas vezes nem sabem da existência de outros colegas). Muitas

empresas hoje vem buscando maior integração de seus colaboradores em prol de um objetivo

comum, que é o detalhamento da sua missão.

A confiança demasiada no compartilhamento de conhecimentos explícitos mais do que

tácitos, uma vez que apenas com tácitos o conhecimento fica isolado àquele especialista.

Não permitir ou recompensar as pessoas por despenderem um tempo aprendendo,

compartilhando e ajudando outros que estão fora de seu departamento (a demanda de tempo é

enorme e, a menos que o capturar e o compartilhar conhecimento sejam construídos dentro do

processo de trabalho, o compartilhamento não ocorre).

Morey (2000) afirma que os trabalhadores do conhecimento não compartilharão seus

conhecimentos a menos que tenham um benefício próprio. Criar uma infraestrutura ajuda a

tornar o processo mais fácil, mas sem uma cultura de compartilhamento só a captura do

conhecimento trará sucesso. Os impulsos mais comuns para o compartilhamento do

conhecimento são: prestígio, reconhecimento e a noção de que as ideias e os pensamentos dos

indivíduos possam fazer diferença. Recomenda-se, assim, utilizar a tecnologia para encorajar e

construir essas razões naturais para compartilhar.

Kanter (2000) por sua vez, afirmou que mesmo as empresas que já possuem “diretores de gestão

do conhecimento” reclamam da tendência humana de não querer compartilhar conhecimentos,

o que poderia ser explicado também, pela tendência de acomodação e desejo de permanecer na

área de conforto de todo ser humano.

Angeloni apud Grotto (2003), afirma que as organizações que contemplam, além de uma

infraestrutura tecnológica, uma cultura uniforme e dirigida a esse compartilhamento, são as

organizações que obtêm sucesso no compartilhamento do conhecimento. Dessa forma, a cultura

organizacional aparece como um dos fatores que podem influenciar o compartilhamento do

conhecimento por favorecer ou inibir diretamente tal processo.

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2.7.5 Da redundância para o conceito: primeiro passo na administração da empresa

criadora de conhecimento

Takeuchi e Nonaka (2009) como visto anteriormente entenderam que a criação do

conhecimento como um processo de transformar o conhecimento tácito em explícito – matéria

de metáforas, analogias e modelos – e que tem implicação direta em como a empresa delineia

sua organização e define seus papéis e responsabilidades administrativas, ou ainda toda sua

estrutura organizacional, com reflexo em sua perenidade no mercado.

Este é o “como” da empresa de criação de conhecimento, as estruturas e práticas que traduzem

a visão da empresa quanto às tecnologias e aos produtos inovadores, e que uma empresa mesmo

não tendo, hoje tem condições de buscar através de autarquias como o SEBRAE.

O princípio fundamental do design organizacional, nas empresas japonesas estudadas pelos

autores, é a redundância – a sobreposição consciente de informação empresarial, atividades de

negócios e responsabilidades administrativas. Para os administradores ocidentais, o termo

redundância, com suas conotações de duplicação desnecessária e de desperdício, pode não ter

apelo. Ainda assim, construir uma organização redundante é o primeiro passo na administração

da empresa criadora de conhecimento.

A redundância é importante porque encoraja o diálogo frequente e a comunicação. Isso ajuda a

criar uma base cognitiva comum entre os empregados facilitando desse modo, a transferência

de conhecimento tácito.

Como os membros da organização compartilham a informação sobreposta, podem perceber o

que os outros lutam para articular. A redundância também dissemina o novo conhecimento

explícito através da organização para que possa ser internalizado pelos seus empregados,

colaboradores e parceiros.

Para Takeuchi e Nonaka (2009, p.48), a lógica organizacional

da redundância ajuda a explicar por que as empresas japonesas administram o

desenvolvimento de produtos como um processo de sobreposição, onde

diferentes divisões funcionais trabalham juntas em uma divisão laboral

compartilhada.

Em um sentido, essa competição interna é um desperdício. Por que ter dois ou

mais grupos de empregados dedicando-se ao mesmo projeto de

desenvolvimento de um produto? Mas, quando as responsabilidades são

compartilhadas, a informação prolifera e a capacidade da organização de criar

e implementar conceitos é acelerada.

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Citando ainda Takeuchi e Nonaka (2009), outra forma de construir a redundância é através da

rotação estratégica, especialmente entre diferentes áreas de tecnologia e entre funções como

P&D e Marketing. A rotação ajuda os empregados a entenderem os negócios a partir de

perspectivas múltiplas. Isso torna o conhecimento organizacional mais fluído e mais fácil de

colocar em prática, pois todos sabem fazer tudo dentro de cada setor. A empresa não fica

dependente de apenas um funcionário especialista, mas todos são especialistas e em condições

de substituir outro, em qualquer posição.

O acesso livre às informações da empresa também ajuda a construir redundância. Quando

existem diferenciais de informação, os membros de uma organização não podem mais interagir

nos mesmos termos, o que prejudica a busca por interpretações diferentes do novo

conhecimento.

Como exemplo, com base nos mesmos autores, cita-se o caso da Kao Corporation, uma

fabricante de bens de consumo líder no Japão, os pesquisadores frequentemente aposentam-se

do departamento de P&D, em torno dos 40 anos, para transferirem-se para outros

departamentos, como os de marketing, vendas ou produção. E é esperado que todos os

empregados façam parte de, pelo menos, três diferentes tarefas a cada período de dez anos. Esse

tipo de rodízio, além de permitir maior especialização fornece também uma visão geral de como

funciona a empresa, permitindo a nomeação de chefias mais preparadas.

Outro detalhe importante, é fato da alta administração da Kao não permitir qualquer

discriminação no acesso à informação entre os empregados. Toda informação da empresa, com

exceção dos dados de pessoal, que é confidencial, é mantida em uma única base de dados

integrada, aberta a qualquer empregado, independentemente de sua posição. Hoje as empresas

fazem essa integração usando a Intranet nas empresas.

Como pode ser observado nesse exemplo, nenhum departamento ou grupo de especialistas tem

a responsabilidade exclusiva pela criação do conhecimento na empresa criadora de

conhecimento.

Os administradores- seniores, os administradores intermediários e os empregados da linha de

frente desempenham cada um a sua parte, mas sabendo o que o seu colega faz e a importância

do seu serviço na cadeia do conhecimento. Na verdade, o valor da contribuição de cada pessoa

é determinado menos por sua localização na hierarquia da companhia do que pela importância

da informação que ela proporciona para todo o sistema de criação de conhecimento.

Isso não quer dizer, porém, que não exista diferenciação entre os papéis e as responsabilidades

na empresa criadora de conhecimento.

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A principal tarefa dos administradores, na empresa criadora de conhecimento, é orientar a

organização em direção à criação proposital de conhecimento. Os administradores fazem isso

fornecendo aos empregados uma estrutura que lhes permita dar sentido à sua própria

experiência. Isso ocorre na alta administração e no nível administrativo intermediário nas

equipes empresariais.

Takeuchi e Nonaka (2009, p.50),

os administradores- sênior dão voz ao futuro da empresa articulando as

metáforas, os símbolos e os conceitos que orientam as atividades criadoras de

conhecimento dos empregados. Eles fazem isso perguntando: O que estamos

tentando aprender? O que necessitamos saber? Para onde deveríamos estar

indo? Quem somos nós? Se o trabalho dos empregados da linha de frente é

saber “o que é”, o trabalho dos executivos- sênior é saber “o que deveria ser”.

Ou, nas palavras de Hiroshi Honma, pesquisador sênior na Honda: “Os

administradores- sênior são românticos que estão à busca de um ideal.

Takeuchi e Nonaka (2009), afirmam que como líderes de equipe, os gerentes intermediários

estão na interseção dos fluxos vertical e horizontal de informação da empresa. Eles servem

como uma ponte entre os ideais visionários da alta gerência e a realidade, frequentemente

frenético, do mercado dos que estão na linha de frente dos negócios. Criando negócios de nível

médio e conceitos de produtos, os administradores intermediários intermedeiam “o que é” e “o

que deveria ser”. Eles refazem a realidade de acordo com a visão da empresa.

Em cada um dos casos já citados, os gerentes intermediários sintetizam o conhecimento tácito,

tanto dos empregados da linha de frente quanto dos executivos sênior, tornando-o explícito e o

incorporam em novas tecnologias e produtos.

Quanto a isso, eles são os verdadeiros “engenheiros do conhecimento” da empresa criadora de

conhecimento.

2.7.6 A dimensão da infraestrutura organizacional

Angeloni (2003), sintetiza que dentre as dimensões que compõem as organizações do

conhecimento, a infraestrutura organizacional é a que contém os elementos responsáveis pela

existência e manutenção da totalidade e da continuidade da organização.

Como espaço de produção, a organização agrupa pessoas em seu interior e opera tecnologias

necessárias à consecução de seus propósitos. Esses elementos, por sua vez, geram, e também

são gerados, por uma base composta de crenças, princípios, posturas, formas de agir, organizar,

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coordenar e controlar o trabalho, a qual se manifesta no desenho de grupos de ação, de códigos

de conduta e na construção e busca de objetivos, possibilitando, assim a reprodução da

organização como entidade. O conjunto desses elementos resulta na infraestrutura que é de

fundamental importância para aglutinar as demais dimensões.

O ambiente organizacional exerce considerável influência nas atitudes e nas ações dos

indivíduos nele inseridos. As variáveis que compõem esse ambiente precisam ser consideradas

e analisadas quando se pretende entender efetivamente o comportamento do indivíduo em face

de suas atividades na organização.

Assim, por exemplo, a forma como a aprendizagem ocorre, o grau de interação e

compartilhamento do conhecimento entre os indivíduos, o desenvolvimento da criatividade e a

inovação são todos processos que refletem os valores da organização, ou seja, a forma como

tais processos ocorrem está diretamente relacionada aos valores inerentes ao ambiente

organizacional. Nessa dimensão organizacional, compartilhada por todos os membros que a

compõem, em função de suas habilidades e capacitações, propicia principalmente a motivação

e o empenho dos seus membros em buscar o seu desenvolvimento profissional, para que possa

se mexer verticalmente dentro dessa estrutura.

Essa dimensão envolve então, a criação e a manutenção de um ambiente propício à gestão do

conhecimento. É seu objetivo buscar continuamente a integração dos indivíduos à missão, à

visão e às estratégias da corporação, de forma que eles compreendam as necessidades

organizacionais e para as quais vêm desempenhando suas atividades, dando-lhes desafios

organizacionais e pessoais.

As organizações modernas estão enfrentando ambientes extremamente dinâmicos, provocando

alterações radicais no modo de serem gerenciadas, e na movimentação dentro desse ambiente.

Angeloni (2003) cita também o fato que o sucesso para esse impasse está na capacidade que as

pessoas da organização têm de aprender a aprender o novo e de desaprender o passado, o

obsoleto, ou seja, fundamentalmente há uma reconceitualização dos modelos mentais de cada

indivíduo, refletindo, por conseguinte na própria mudança de atitude da organização como

instituição constituída.

Nesse caso, a grande vantagem competitiva das organizações contemporâneas está no

conhecimento adquirido individualizadamente ou institucionalmente por organizações de

sistemas abertos. Sabe-se hoje que a organização como sistema fechado- a Escola Clássica da

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Administração – teve êxito em seu tempo, mas agora pode estar fadada ao fracasso absoluto, se

os seus atuais administradores manterem-se numa gestão tradicional antiga, em que o

conhecimento não é compartilhado. Para ser mais contundente, a empresa tem que ser

administrada de maneira holística, sendo auto transformada e auto reinventada continuamente.

Todavia, não há motivo a priori para condenar paulatinamente o paradigma dominante atual à

medida que o tema é encaminhado, à luz do debate e à reflexão dos dois paradigmas um,

classificado como o paradigma ultrapassado, o antigo, o newtoniano-cartesiano, o reducionista,

igualmente o dominante nos dias de hoje, e o outro, o paradigma moderno, o holístico.

Assim, reina uma defesa ao paradigma holístico para as organizações, sob a égide de um novo

tempo de profundas transformações e turbulências por que hão de passar as empresas.

Angeloni (2003, p.2,3), no entanto, sabe-se também que o permanente hiato entre as dimensões teórica e prática ainda é muito

grande, por isso mesmo é que o diletantismo vigente no mundo acadêmico

versus organizacional será motivo de preocupação intermitente nas arguições

e proposições aqui travadas.

O paradigma holístico, por ser ainda recente na práxis administrativa, deve ser

considerado como aproximação do conceito ideal. Assim, por se tratar de um

campo ainda com poucos experiências práticas de sucesso, as organizações

vão construindo casos reais vivenciados de gestão holística de aproximações

em aproximações do ideal, melhorando-se a aproximação do ideal cada vez

mais.

2.7.7- O modelo Holístico: a totalidade

Em Angeloni (2003), afirma que o ser humano é por excelência um ser multidimensional no

entendimento e na interpretação de problemas, mas é um ser unidimensional no agir, pois seu

modelo mental, baseado em seus valores, crenças, aspectos culturais, experiências de vida, entre

outros, direciona o seu modo de agir. O indivíduo é um ser total, não podendo ser reduzido a

poucas dimensões. No entanto, a loucura e a agitação da vida moderna fazem a sociedade e as

organizações colocarem-no em segundo plano, é o fato de que o indivíduo é uno e, por

conseguinte, matéria e vida, corpo, emoções e mente fazem parte de um único todo.

Por meio de tais elementos, emerge o conceito de holismo, que, do grego holos, significa todo,

totalidade. É uma teoria que entende o homem como ser indivisível e que não pode ser

interpretado por intermédio de uma análise separada de suas diferentes partes.

O ambiente percebido é o filtro do ambiente real. Esse filtro é influenciado pelas crenças e

valores, pela experiência de vida, pelo feeling, pelo grau de expertise de quem toma a decisão.

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Logo, quanto mais desenvolvidos os elementos do filtro, mais perto estará o ambiente percebido

do real, e maior será o nível de sucesso no processo de tomada de decisão.

Newton e Descartes eram defensores contumazes da previsibilidade, certeza, estabilidade,

ordem, rigidez, linearidade ou raciocínio sequencial, razão e objetividade, preocupação com as

partes, problemas entendidos isoladamente. Em contraposição e mais aproximado da realidade

atual, esses elementos foram modificados à luz do paradigma holístico.

Agora temos imprevisibilidade, incerteza e instabilidade dos eventos, visto que o período por

que passa o mundo é de profundas transformações, jamais vistas com tanta velocidade, é por

isso um período de ordem para desordem, de perplexidade total. As novas tecnologias de acesso

as informações e com elas o compartilhamento do conhecimento de forma ampla e global,

aumentaram de forma exponencial as correlações do mundo material e o imaterial, e com isso

muitas incertezas.

Capra (1983) já fazia considerações ao esclarecer que surgia um quadro do mundo material não

como uma máquina composta de uma infinidade de objetos, mas como um todo harmonioso e

orgânico cujas partes são determinadas pelas suas correlações.

É nesse contexto que surge o conceito de sistemas. Alguns estudiosos interpretam o campo

organizacional utilizando-se da metáfora dos sistemas vivos. Entretanto, é importante frisar que

o conceito do paradigma holístico é algo mais amplo do que a concepção de sistema. A visão

holística pode ser considerada como maneira de perceber a realidade, e a abordagem sistêmica

como o primeiro nível de operacionalização dessa visão.

Observando o exposto acima, chegaremos à conclusão de que todos os sistemas influenciam-se

mutuamente, e isso seria a base da percepção holística, na visão desses autores. Na verdade,

isso só confirma que a visão holística pode ser considerada como a forma de perceber a

realidade, e a teoria sistêmica, como forma de operacionalização dessa visão.

2.7.8 - Comportamento organizacional: em busca de um comportamento Holístico

Angeloni (2003) afirmou que a análise tem por base três elementos cruciais para a

transformação do paradigma reducionista em holístico: criatividade, inovação e flexibilidade.

Sendo que a criatividade e a inovação são hoje questões fundamentais para que qualquer

organização cresça e se desenvolva em um ambiente de incerteza, imprevisibilidade e

instabilidade.

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As organizações vem sendo reformuladas, para que possam ser capazes de levar em conta, na

sua totalidade, os colaboradores/pessoas que nela trabalham.

Angeloni(2003) afirmou que sem dúvida, vivemos um momento de crise da chamada pós-

modernidade, em que sofremos pela perda de identidade e da consciência do próprio “eu”. Toda

crise pede mudanças, e, com certeza, aquelas que conseguirem resgatar o indivíduo integral na

organização terão maior possibilidade de encaminhar de forma mais segura e criativa o desafio

hoje exposto da inovação e da mudança constante.

A fragmentação e a racionalização do processo de trabalho trazem em si uma irracionalidade

básica, desaparecendo a valorização do sentimento, da emoção e do desejo. As pessoas que

aparecem nas fichas do Departamento de Pessoal são vistas de modo frio e totalmente

impessoal. As empresas mais antenadas com a modernidade, vem mudando esse quadro, em

que o colaborador era apenas um número.

Os administradores organizacionais tem a obrigação de formular estratégias que permitam

alcançar os objetivos por parte de todos aqueles que participam da organização e, além disso,

mover as pessoas pelo sentido, pelo valor que reconhecem na sua contribuição à tarefa conjunta

que desempenham na empresa. A racionalidade econômica terá que ser subordinada ao

desenvolvimento humano dos próprios colaboradores.

Investir no desenvolvimento de pessoal, será mais racional, pois fazem parte de uma

organização, considerando-as como seres integrais, únicos, criativos e flexíveis às turbulências

externas de um mundo complexo e dinâmico.

De acordo com Angeloni (2003), na organização holística, o centro e a periferia se deslocam,

as funções de produção e gestão se integram, a empresa passa a ser um conjunto articulado de

subsistemas interdependentes que se ajustam em tempo real e não uma série de atividades

sucessivas.

Não existindo cargos, desaparece a disputa por eles, e os líderes podem exercer sua tarefa

principal de formadores e orientadores, sem a preocupação de estarem gerando concorrentes

para disputar posições por eles ocupadas. Assim, autoridade e controle são transformados em

responsabilidade e liderança. Fica claro que na empresa holística a hierarquia vertical é

substituída pela horizontal, na qual a função e responsabilidade são questões fundamentais,

respeitando-se, assim, a individualidade de cada ser humano.

No lugar da ideia do especialista ou do generalista- surge o especialista/generalista, pessoa que

sabendo desempenhar a sua função; não será o único responsável pelo seu setor, todos o serão.

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Na verdade, o especialista generalista é o profissional moderno das organizações do

conhecimento, nas quais ele sabe tudo, ou pelo menos tem a postura de querer aprender tudo

sobre a sua respectiva área – Recursos Humanos, por exemplo -, mas não é um ignorante em

outras áreas da organização nas quais trabalha, como finanças, vendas ou produção. Ele

reconhece que não tem conhecimento suficiente nas outras áreas, porém mantém uma postura

aberta ao aprendizado constante, agregando sempre que possível conhecimento em áreas

dispares da sua origem, conforme exemplo da página 40, com base em Takeuchi e

Nonaka(2009), citou-se o caso da Kao Corporation, uma fabricante de bens de consumo líder

no Japão.

São essas as razões que levam as empresas holísticas a incentivarem o espírito empreendedor,

ou seja, estimulam a livre iniciativa tanto no processo de pensar e repensar o seu trabalho como

também no processo de tomada de decisão.

Afirma Angeloni (2003, p. 14 e 15),

Sabe-se hoje que o gerenciamento exige não mais o tradicional gerente, mas

sim um gerente nos moldes da modernidade. E, para designar esse novo

gerente, reconceitualiza-se a palavra: agora, temos o líder.

Assim, o processo de gerenciamento das organizações deve ser entendido não

de maneira mecânica e robotizada, mas sim por meio de um conjunto de

interações humanas. Nesse sentido, o fator humano consubstancia-se

elemento-chave desse processo. Aqui, destaca-se a figura do gerente

tradicional – com sua inabilidade e incompetência – que não mais funciona. É

nesse vácuo que os atuais conceitos gerenciais substituem a rigidez funcional

e hierárquica pela administração um pouco mais participativa.

Angeloni(2008) observou que nas organizações tradicionais, em que prevalece sempre a

hierarquia, os gerentes dizem aos funcionários exatamente como as coisas devem ser feitas e

depois os vigiam para garantir o cumprimento do comando. Já nas organizações do

conhecimento, os gerentes-líderes, explicam os resultados necessários e ajudam seus

subordinados a descobrirem como farão o trabalho. Os gerentes delegam e supervisionam o

trabalho, mas continuam sendo responsáveis por seus resultados.

Enquanto nas organizações tradicionais os gerentes consideram-se responsáveis por dar ordens,

nas organizações do conhecimento eles se veem como facilitadores do processo, não dão ordens

e sim ajudam no sucesso dos subordinados, motivando-os a cumprir a missão, para alcance dos

objetivos gerais estabelecidos pela empresa.

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Da mesma forma, nas organizações tradicionais, os gerentes só se importam com seu próprio

departamento ou função. Nas organizações do conhecimento, eles se preocupam com toda a

companhia. Essa é a grande diferença do campo gerencial da atualidade.

É o chamado especialista generalista, ou seja, os gerentes devem mostrar conhecimentos e

habilidades polivalentes.

O Gerente de Marketing sabe ou saberá muita coisa de Marketing, no entanto, estará em

constante processo de atualização e aprendizado, e também tem ou terá conhecimentos de outras

áreas adjacentes à sua, como Recursos Humanos, Finanças e todas aquelas que a empresa na

qual trabalha desenvolve ou desenvolverá.

Citando Angeloni (2008), afirma que isso é muito importante, pois, em um momento de

discussão sobre política estratégica para a área de marketing da empresa, por exemplo, ele

deverá ter conhecimento suficiente para declarar sua opinião e jamais dizer:

“Ah, isso não é comigo”

“Não é problema meu”

“Não faz parte do meu trabalho”

“Não é responsabilidade minha”

“Isso não funciona na nossa empresa”

“Nós nunca fizemos isso antes”

“Você tem razão, mas...”

“Estamos bem desse jeito”

“Time que está ganhando não se mexe”

É justamente por isso que, nas organizações do conhecimento, os gerentes não são mais

selecionados simplesmente pelas suas habilidades técnicas – caso das organizações tradicionais,

mas sim pelas habilidades para lidar com as pessoas.

A alta administração das organizações tradicionais apenas garante o cumprimento das regras, o

que não acontece na organização do conhecimento. Aqui os gerentes estimulam a criatividade

e a inovação, mesmo que isso signifique violar regras. A regra é a flexibilidade. As ações vão

se ajustando de acordo com o contexto. Há um ambiente de constante estímulo à criatividade.

Algumas práticas gerenciais que a estimulam saem do discurso e vão para a prática, como:

a- Liberdade e autonomia das pessoas;

b- Disponibilidade de recursos financeiros e de tempo;

c- Encorajamento por parte dos gerentes imediatos, bem como o apoio de toda a organização;

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d- As equipes são formadas segundo algumas características que estimulam a criatividade,

como, por exemplo, a diversidade de perspectivas e a formação de seus membros, pois é fato

constatado que equipes com características homogêneas destroem o processo criativo.

Nas organizações do conhecimento, há feedback constante até para o aprimoramento do próprio

funcionário. Não há possibilidade de melhoria de desempenho se não se observar o resultado

produzido. Nas organizações do conhecimento os próprios funcionários fazem todas as tarefas

em conjunto, por meio do trabalho em equipe. Qualquer um pode falar com qualquer pessoa, a

qualquer momento, sobre qualquer assunto. Os gerentes são mais realistas e habilidosos. Eles

veem sua presença apenas como útil, e não como essencial, pois o bom gerente é aquele que

consegue não se fazer necessário o tempo todo, pois pode se ausentar do trabalho que sua equipe

continua gerando o mesmo resultado para a empresa. A ausência física do gerente ou supervisor

por alguns instantes não faria diferença para o resultado final.

Assim no que se refere ao ambiente interno, palavras como integração, parceria e espírito de

equipe ou trabalho em equipe têm de sair do discurso demagógico e ir para a prática, pois as

pessoas e as organizações estão cansadas de belas palavras e discursos inflamados pregando a

união, a associação e a cooperação entre todos, quanto o que se vê é a simples competição por

si só. A verdadeira administração holística vai desde as pessoas da organização-fornecedora,

distribuidores, consumidores, a todos aqueles que se relacionam com a empresa. Todos devem

ser mobilizados para participar do processo de mudança.

Ainda de acordo com Angeloni(2008), a leitura do organograma das organizações holísticas-

Figura 2.2, não é mais piramidal, mas sim uma estrutura mais orgânica, como pode ser

visualizada com apenas algumas áreas de uma empresa, para efeito de exemplo.

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FIGURA 2.2 - Estrutura orgânica

Fonte: ANGELONI, 2008, p.19

No esquema a seguir, Figura 2.3, de Angeloni(2003), mostra como deve ocorrer essa parceria,

quando a empresa interpreta o seu ambiente externo dessa forma, analisando em profundidade

todos os seus elementos e estabelecendo relações de troca recíprocas, ela está sendo

verdadeiramente administrada com um enfoque holístico, ou seja, abordando o todo, não só

aquilo que é mais fácil de ser visualizado.

Comercial

Recursos

Humanos

Marketing

Finanças

Administrativo

Produção

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FIGURA 2.3 - Como deve ocorrer uma parceria num ambiente externo, num enfoque

holístico

Fonte: ANGELONI, 2003, p.82

2.7.9 Aprendizagem organizacional

Angeloni (2003) afirma que toda organização apresenta dois níveis de aprendizado: o

aprendizado operacional – mudanças na maneira como efetuamos o trabalho ou rotinas de

trabalho – e o aprendizado conceitual – definição e o porquê de se efetuar tais mudanças. Há,

ainda, o perigo de não se completar o ciclo de aprendizagem, caso um dos vínculos seja

enfraquecido ou rompido.

Dentro desses preceitos, a aprendizagem organizacional parece se revitalizar na tentativa de

permitir à organização a aquisição, a geração, o compartilhamento e a transformação do

conhecimento, possibilitando uma perpetuação organizacional por meio da fluidez com que a

empresa consegue passar pelos ciclos de mudanças.

Sabe-se que todas as organizações aprendem naturalmente; porém apenas aquelas que

conseguem estabelecer mecanismos sistemáticos de gerenciamento desse aprendizado são as

que realmente atingem a alavancagem do conhecimento.

1. Tecnologia

2. Consumidores

3. Fornecedores

4. Concorrência

5. Comunidade

6. Sindicatos

7. Governo

8. Ambiente Econômico

9. Ambiente Cultural

10. Ambiente Social

11. Ambiente Ecológico

EMPRESA

1

3 2

11

10

6

5

4

8

7

9

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A preocupação não foi a de afirmar que a visão do passado, a reducionista, estava equivocada

em seus argumentos ou que os pensadores da época, como Galileu e Newton, ou mais

especificamente, Taylor para as organizações, estavam errados. Bem pelo contrário. Todos,

para o seu tempo, estavam corretos. Errado é pensar que no mundo atual, completamente

diferente e mais complexo do que o passado, tais pensamentos sobrevivam.

2.7.10 Os caminhos da aprendizagem: do indivíduo à organização

Para Bautzer (2009) o grande desafio para as organizações é compreender o que significa

aprendizagem, como ela ocorre no indivíduo e como se processa a transferência dessa

aprendizagem individual para o organizacional, a fim de poder gerenciar e alavancar esse

processo, direcionando-o para as estratégias e criando uma cultura organizacional que a

favoreça.

Para as organizações, é fundamental que o aprendizado individual, como também o

conhecimento gerado a partir dele, possam ser incorporados à memória da empresa,

proporcionando, assim, a aprendizagem organizacional e evitando que o conhecimento gerado

a partir da aprendizagem individual saia da empresa quando um colaborador volta para casa ao

final do expediente.

Aprender é um processo que implica entendimento do passado - para evitar a repetição de erros,

capacitação no presente e preparo adequado para o futuro. A aprendizagem é um processo de

mudança resultante de prática ou experiência anterior, que pode manifestar-se em uma mudança

perceptível de comportamento ou não. Compreendidas as definições, discutiremos, a seguir, a

aprendizagem como processo individual e organizacional para que o seu gerenciamento se torne

possível.

Angeloni, citando Ramos(1989) diz que é fundamental que as organizações busquem alcançar

uma compreensão do homem parentético, aquele que é autônomo e livre, que constrói espaços

“sócio-aproximadores”, que vive em “tempo de salto”, que reflete a intensidade e o anseio da

criatividade, da inovação e da flexibilidade.

As organizações terão que se tornar um lugar menos alienador, menos excludente e menos

interesseira, sob o ponto de vista da empresa.

59

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As organizações deverão reconceitualizar a palavra trabalho, deixando de ser relacionada com

sacrifício, esforço e sofrimento, para uma ocupação, mais comumente associada com alegria,

harmonia, satisfação e realização pessoal.

2.7.11 A aprendizagem individual

Kim (1993), afirma que a aprendizagem deve ser analisada inicialmente sob o prisma individual

como referência para que se possa compreender o processo organizacional de aprendizagem.

O aprendizado individual pode ser entendido como um ciclo no qual a pessoa assimila um novo

dado, reflete sobre as experiências passadas, chega a uma conclusão e, em seguida, age.

A Figura 2.4 abaixo, descreve o ciclo de aprendizagem individual por meio de um modelo

simplificado desse processo.

FIGURA 2.4 - Aprendizagem individual X Reações do ambiente

Aprendizagem individual Reações do ambiente

Modelos mentais individuais Ação individual

Fonte: KIM, 1993, p.67.

A Figura 2.4 constrói uma cadeia que passa pela percepção de novos dados - reações do

ambiente, chegando à aprendizagem individual.

Esta pode ser definida como o processo por meio do qual o indivíduo traz lembranças do

passado relacionadas às reações do ambiente presente, chegando a algumas conclusões sobre o

APRENDIZAGEM

AÇÃO TOMADA MEMÓRIA

PROCURA

Coleta de dados

INTERPRETAÇÃO

Significado dos dados

fornecidos

60

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novo fragmento de informações, e em seguida as armazena em seus modelos mentais

individuais.

Ao final do processo, o novo aprendizado pode gerar ou não uma ação.

2.7.12- A aprendizagem organizacional como um processo para alavancar o

conhecimento nas organizações

Stewart (1998) citando o físico estadunidense John Archibald Wheeler: “Penso que tem de

haver, no fundo de tudo, não uma equação, mas uma ideia extremamente simples. E para mim

essa ideia, quando por fim a descobrirmos, será tão convincente, tão inevitável, que diremos

uns aos outros: ‘Que maravilha! Como poderia ter sido de outra maneira?”

O processo de aprendizado organizacional pode ser entendido como uma continuação do

processo individual, por ser uma consequência deste último, uma vez que se caracteriza pela

coletividade e pela captura dos conhecimentos dos membros da organização.

“Assim, aprendizagem organizacional é a capacidade de criar novas ideias multiplicadas pela

capacidade de generalizá-las por toda a empresa”.

(STEWART, 1998, p.25)

Angeloni citando Fernandes (2003), afirma que dentro desses preceitos, a aprendizagem

organizacional parece se revitalizar na tentativa de permitir à organização a aquisição, a

geração, o compartilhamento e a transformação do conhecimento, possibilitando uma

perpetuação organizacional por meio da fluidez com que a empresa consegue passar pelos

ciclos de mudanças.

Sabe-se que todas as organizações aprendem naturalmente, porém apenas aquelas que

conseguem estabelecer mecanismos sistemáticos de gerenciamento desse aprendizado são as

que realmente atingem a alavancagem do conhecimento.

Afirma ainda que a aprendizagem organizacional corresponde, assim, à forma pela qual as

organizações constroem, mantém, melhoram e organizam o conhecimento e a rotina em torno

de suas atividades e cultura, a fim de utilizar as aptidões e habilidades da sua força de trabalho

de modo cada vez mais eficiente.

Kim (1993) afirma que a aprendizagem deve ser analisada inicialmente sob o prisma individual

como referência para que se possa compreender o processo organizacional de aprendizagem. O

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aprendizado individual pode ser entendido como um ciclo no qual a pessoa assimila um novo

dado, reflete sobre as experiências passadas, chega a uma conclusão e, em seguida, age.

Contrapondo a Figura 2.4 do aprendizado individual, Kim (1993) apresenta a Figura 2.5

referente ao aprendizado organizacional, a partir do aprendizado individual.

Observa-se o ciclo de aprendizado individual com o aprendizado organizacional de forma

interativa e constante. Do aprendizado individual são criados modelos mentais individuais, que

por sua vez criam a memória organizacional promovendo por sua vez a ação da organização

movida por ação individual em relação a reação promovida no ambiente empresarial.

FIGURA 2.5 - Ciclo de aprendizado organizacional

Aprendizado Organizacional

Fonte: Kim apud Wardman, 1996, p.69

Em resumo, por meio desse ciclo, podemos verificar que as ações individuais se convergem em

ações organizacionais, produzindo resultados (reações ambientais). As reações ambientais

funcionam como uma retroalimentação do aprendizado individual que influencia os modelos

mentais individuais e a memória organizacional.

APRENDIZADO

INDIVIDUAL

MEMÓRIA

ORGANIZACIONAL

MODELOS MENTAIS

INDIVIDUAIS

AÇÃO DA

ORGANIZAÇÃO

AÇÃO INDIVIDUAL

REAÇÃO AO AMBIENTE

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3. METODOLOGIA

3.1 O estudo de caso - contextualização

A investigação analisará as expectativas e resultados práticos alcançados pelas empresas que

participaram do desenvolvimento de competências, capacitação gerencial e empresarial,

conhecimentos compartilhados pelos consultores do SEBRAE-PE, analisando não somente a

forma tradicional de obtenção e transmissão, mas também a disposição dos empresários em

aprender a aprender, em negócios que são fundadores, inovadores ou ainda dotados de algum

tipo de expertise caracterizado por um processo de ensino-aprendizagem mais consistente e de

forma continuada, e que identifique as razões de ainda registrarem quase 50% de falências ou

descontinuidade empresarial, das empresas assistidas pelo SEBRAE-PE.

Foram escolhidos cursos que mais pesam no sucesso do empresário, e mais adaptado para as

Micro e Pequenas Empresas, que representam mais de 98% dos negócios formalizados no Brasil

(Fonte: SEBRAE-Brasília/DF-2012).

3.2 SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas

3.2.1 -História do SEBRAE- Suas origens e objetivos

A história do SEBRAE está intimamente relacionada à preocupação em apoiar os segmentos

de empresas de micro e pequeno porte, em função de sua grande capacidade de fomentar a

geração de emprego e renda – elementos fundamentais para um processo harmonioso de

desenvolvimento nacional.

A partir de 1960, pode-se localizar um esforço articulado voltado para o segmento das pequenas

empresas, com a criação do Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa –

GEAMPE. O GEAMPE foi criado no âmbito do antigo Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico – BNDES –, com o objetivo de melhorar a produtividade e fortalecer a estrutura

econômica e financeira das empresas industriais.

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Em 1964, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – o atual BNDES – cria o

Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa – FIPEME – que começou a operar

em 1965.

Em seguida, instituiu-se o Grupo Executivo do programa, por solicitação do Banco

Interamericano de Desenvolvimento – BID –, com o intuito de tutelar a aplicação dos recursos

destinados às pequenas e médias empresas.

Os grupos de trabalho do FIPEME, deslocavam-se até o local dos médios e pequenos

empreendedores, para oferecer assistência financeira e administrativa aos empresários.

A Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE – identificou a necessidade

de criar um programa para a promoção das pequenas e médias indústrias da região. A criação

do programa foi sugerida tendo em vista a contribuição da região nordestina ao produto

industrial e sua relevância na absorção de mão de obra.

Além disso, o FIPEME não incluía os Estados do Nordeste em sua área de atuação, sob pretexto

de que tais Estados eram contemplados pelos programas e recursos da SUDENE.

Desse modo, foram criados os Núcleos de Assistência Industrial – NAIs – em todos os Estados

do Nordeste. A criação se deu por meio de convênios da SUDENE com as universidades

federais, a Federação das Indústrias, os bancos e as companhias estaduais, as secretarias de

indústria e comércio, conforme ilustrado na Figura 3.1.

De acordo com o SEBRAE (2002), a história do NAI começa na verdade em 17 de outubro de

1968, com a assinatura de um convênio entre o Governo do Estado de Pernambuco e a

SUDENE, e a instituição formal do órgão.

Ele funcionou, durante o período de sua implantação, em instalações da Secretaria de Indústria

e Comércio, no Palácio Frei Caneca, também conhecido à época como Palácio dos Despachos,

na Avenida Cruz Cabugá.

Antes do NAI de Pernambuco, haviam sido criados os NAIs da Paraíba (25.03.68), da Bahia

(06.05.68), do Ceará (09.05.68) e de Sergipe (18.07.68). Nos anos seguintes, foram criados os

dos demais Estados do Polígono das Secas. Foi na Paraíba que a implantação do NAI caminhou

mais rapidamente, pois agregou a experiência, a estrutura e a equipe técnica do Projeto Rita

(sigla do nome do projeto em inglês: Rural Industrial Technical Assistance), algo semelhante

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ao NAI na área da agroindústria, que surgira de um convênio entre os governos do Brasil e dos

Estados Unidos, através da USAID- United States Agency for International Development.

FIGURA 3.1: Atuação da SUDENE no Nordeste

Fonte: SEBRAE – Brasília/DF, 2012.

De acordo com o SEBRAE(2009), as atividades desenvolvidas pelos NAI´s compreendiam...

1- As pesquisas setoriais

2- A elaboração de estudos

3- O treinamento de recursos humanos

4- A prestação de assistência técnica às empresas

5- A elaboração de projetos para obtenção de financiamentos e incentivos fiscais

Em 1963, foi criado o FUNTEC, que permitiu o financiamento dos primeiros cursos de pós-

graduação no País. O FIPEME e o FUNTEC formavam o Departamento de Operações Especiais

do BNDE, em que foi criado um sistema de apoio gerencial às pequenas e médias empresas.

Havia-se compreendido que a má gestão das empresas estava diretamente relacionada com os

índices de inadimplência nos contratos de financiamento celebrados com o BNDE.

De acordo com o SEBRAE (2012), em 1972, diante do reconhecimento de que os problemas

econômicos e financeiros das empresas eram acrescidos de sérios problemas gerenciais, foi

criado o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa – CEBRAE.

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O CEBRAE (atual SEBRAE) foi criado por iniciativa do BNDE (atual BNDES) e do Ministério

do Planejamento. Tal medida atendia à disposição do Governo Federal de fortalecer o poder de

competição da indústria nacional. Em 1967, foi criada a Financiadora de Estudos e Projetos –

FINEP –, que se tornaria parceira do CEBRAE no financiamento de estudos e projetos do

interesse das pequenas e médias empresas.

O Estatuto do CEBRAE estabelecia como finalidades do órgão, a assistência às pequenas e

médias empresas, em:

Realização de pesquisas;

Treinamento de dirigentes e de pessoal técnico-administrativo;

Aspectos tecnológicos, econômicos, financeiros e administrativos;

Implantação de um sistema brasileiro de assistência à pequena e média empresa.

O CEBRAE assumiu a forma de uma sociedade civil, sem fins lucrativos, operando a fundo

perdido, e teve seu Conselho Deliberativo formado pela FINEP, pela Associação Brasileira dos

Bancos de Desenvolvimento - ABDE- e pelo próprio BNDE. (Fonte: Centro de documentação

SEBRAE Nacional- Brasília- DF; 2011)

3.2.2 Consultorias e áreas do conhecimento exploradas pelo SEBRAE

O compartilhamento do conhecimento pelo SEBRAE está dividido em 15(quinze) áreas e

diversas subáreas do conhecimento, para cada uma das áreas, conforme o quadro 3.1,

apresentado abaixo.

O SEBRAE exige por sua vez, dos pretendentes a Consultor e Instrutor Credenciado, que para

ser admitido em no máximo 3(três) áreas e sem limite nas suas respectivas subáreas, deve

participar primeiramente de um Edital Público, sendo exigido no mínimo 2(dois) anos de

experiência profissional e/ou empresarial nas áreas pretendidas, comprovado em carteira de

trabalho ou ainda notas fiscais de serviços de consultoria ou contrato social, e 2(dois) anos de

experiência como docente de instituição de ensino superior e/ou palestrante empresarial

compatível com as áreas pretendidas.

Essa é a metodologia utilizada pelo SEBRAE, para obter no mercado de trabalho, os melhores

profissionais tanto de ensino como de práticas empresariais e gerenciais, para que possa com a

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metodologia desenvolvida pelo SEBRAE, ao longo de anos desenvolver e capacitar

empresários e gestores de micro e pequenas empresas, compartilhando dessa forma

conhecimentos tácitos.

Visando a excelência no atendimento aos clientes do SEBRAE, compromisso com o resultado

e a valorização humana, a instituição conta hoje com mais de 5 mil colaboradores diretos, e,

aproximadamente, 9 mil consultores e/ou instrutores credenciados.

Como funciona

Para o SEBRAE, consultores e instrutores do Sistema de Gestão de Credenciados são

reconhecidos pelo apoio fundamental para o alcance da sua missão: promover a

competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e fomentar o

empreendedorismo para fortalecer a economia nacional, relevância reforçada no Mapa

Estratégico 2022.

Cada unidade do Sistema SEBRAE (SEBRAE/UF), realiza o credenciamento de pessoas

jurídicas e, excepcionalmente, de profissionais autônomos. Os selecionados compõem o

Cadastro Nacional de Prestadores de Serviços de Instrutoria e Consultoria do SEBRAE.

Ao ser credenciado em uma das unidades do Sistema SEBRAE, o profissional pode ser

contratado, mediante demanda, para prestar serviços para qualquer SEBRAE/UF, inclusive,

para o SEBRAE Nacional.

Vale ressaltar que, o credenciamento não obriga o SEBRAE a efetuar qualquer solicitação de

serviços. Trata-se de um cadastro de profissionais aptos a prestarem serviços de instrutoria ou

consultoria, mediante demanda.

O SEBRAE Nacional realiza credenciamento público, por Edital, atendendo aos princípios de

publicidade, impessoalidade e isonomia. Esse Edital está permanentemente aberto para

inscrições, ou seja, o cadastro de candidatos (Etapa I - Inscrição) pode ser feito a qualquer

momento. O período para envio da documentação (Etapa II – Habilitação) e avaliação de

conhecimentos técnicos (Etapa III – Certificação) são determinados e divulgados via

Comunicado. Só serão considerados credenciados, profissionais aprovados nas 3 etapas.

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Normalmente, esses editais são realizados anualmente, de acordo com as demandas do

SEBRAE-PE, inclusive no apoio ao desenvolvimento e implantação de seus programas, como:

Negócio a Negócio, SEBRAETEC, FGA-Ferramentas de Gerência Avançada do SEBRAE

Mais, SEI-SEBRAE para Empreendedores Individuais, o EMPRETEC- programa de

desenvolvimento empresarial, criado pelas Nações Unidas e os Programas na Medida,

desenvolvidos para Microempresas.

No quadro 3.1 abaixo, contém as áreas e subáreas do conhecimento em gestão, desenvolvido e

adequado pelo SEBRAE, às necessidades dos micro e pequenos empreendedores, e que são

aplicados pelos consultores e instrutores credenciados do SEBRAE. Referencial SEBRAE

(2014) contido em seu site www.sebrae.com.br.

QUADRO 3.1:-SÍNTESE DAS ÁREAS E SUBÁREAS DE CONHECIMENTO

1-Recursos Humanos e

Empreendedorismo

Gestão Trabalhista

Cultura e Clima Organizacional

Empreendedorismo

Liderança

Negociação

Atendimento ao cliente

Responsabilidade Social

Sucessão Empresarial

Condução de Grupos

2-Educação Educacional Pedagógica

3-Serviços Financeiros e

Contábeis

Projeto de Viabilidade

Captação de Recursos Financeiros para projetos de apoio

às MPE´s-Micro e Pequenas Empresas

Micro finanças

Capital de Risco

Sistema de Garantia de Crédito

Acesso a Serviços Financeiros

Meios Eletrônicos de Pagamento

Contabilidade para Micro e Pequenas Empresas

Sistemas Contábeis

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4-Marketing e Vendas

Marketing de Produtos

Marketing de Serviços

Marketing de Agronegócios

Marketing de Produtos Industrializados

Marketing Territorial

Franquias

Negócios Digitais

Eventos de Promoção de Negócios

Identidade Visual

Estudo e Pesquisa de Mercado

Publicidade e Propaganda

5-Comércio Exterior

Comércio Exterior

Estratégia e Modalidades de Acesso ao Mercado

Internacional

Procedimentos Operacionais para Importação e

Exportação

6-Planejamento Empresarial

Diagnóstico Empresarial

Gestão de Processos Empresariais- Gestão Empresarial

Integrada

Plano de Negócios

Monitoramento de Programas e Projetos

7-Gestão da Produção e

Qualidade

Logística

Suprimentos e Produção

Normatização e Certificação

Segurança Alimentar

Produção Limpa

8-Legislação Aplicada à MPE

Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

Direito Tributário/Fiscal

Direito Empresarial

Direito do Trabalho e Direito Previdenciário

Propriedade Intelectual

Legislação Internacional de apoio à MPE

Direito Ambiental

Direito Administrativo

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Mediação Conciliação e Arbitragem

Direito Autoral

Direito Digital

Direito Econômico e Defesa Comercial

Legislação aplicada à política de desenvolvimento e

política industrial para MPE.

9-Sustentabilidade

Sustentabilidade

Gestão Ambiental

Preparação e Adequação às Normas Ambientais

Conservação de Energia e Fontes Energéticas

Alternativas

Resíduos Sólidos

10-Inovação

Incubadoras Tecnológicas, Polos e Parques Tecnológicos

Design

Tecnologia da Informação

Gestão do Conhecimento

Inteligência Competitiva

TIB- Tecnologia Industrial Básica

Inovação

11-Desenvolvimento Territorial

Ferramentas de Planejamento Territorial

Monitoramento e Avaliação de Impactos de Projetos de

Desenvolvimento Territorial

12-Agronegócios

Gestão da Cadeia Produtiva do Agronegócio de Pequeno

Porte

Gestão do Empreendimento do Agronegócio de Pequeno

Porte

Agro ecologia

13-Associativismo e

Cooperativismo

Cooperativismo de Crédito

14-Desenvolvimento Setorial

Turismo

Cultura

Artesanato

Comércio Varejista

Serviços

Indústria

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Encadeamento Produtivo

15-Políticas Públicas

Gestão Pública

Desenvolvimento Local/Regional e Políticas Públicas

Processo e Técnica Legislativa

Políticas Públicas de Apoio às MPE

Organização do Estado

Reconhecimento de Boas Práticas de Gestão Pública

Fonte: SEBRAE-Brasília/DF-2012

A capacitação continuada dos Consultores/Instrutores Credenciados SEBRAE, através de

Repasses/Compartilhamento do conhecimento realizado por Consultores/Instrutores

multiplicadores, previamente capacitados pela Sede Nacional do SEBRAE em Brasília-DF, em

sua Universidade Corporativa, é uma das garantias de qualidade permanente de seus

Consultores/Instrutores Credenciados ao sistema, junto aos potenciais e já empresários do porte

de Empreendedores Individuais, Micro e Pequenas Empresas.

3.2.3 – Seleção da amostra de capacitações

De todas as áreas de conhecimento disponibilizadas pelo SEBRAE-PE, foi escolhida a de

Planejamento Empresarial, na subárea de Gestão Empresarial Integrada, recentemente

implantada, no lugar de Gestão de Processos Empresariais, que tem como objetivo atender

empresas de até pequeno porte-EPP, Planejamento Estratégico Na Medida e Gestão de Pessoas

na Medida, que atendem micro empresas- ME. São as áreas de conhecimento mais importantes

no sucesso empresarial, como ficou comprovado nos resultados das pesquisas feitas com as

empresas que participaram de capacitações no SEBRAE, por fornecer uma visão global da

gestão empresarial, em áreas chaves de uma empresa, como o financeiro e o de gestão pessoal.

Em resumo, por serem abrangentes, na gestão empresarial, cobrem todos os departamentos de

uma empresa, atendendo as expectativas de 5 (cinco) atores empresariais: Cliente, Empresário,

Colaborador, Fornecedor e Sociedade. (Fonte: SEBRAE/2012).

No item 7, ao final da dissertação consta o Cronograma de Realização das capacitações nas

áreas escolhidas como estratégicas.

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3.2.4 Principais informações das capacitações - Compartilhamento do conhecimento

3.2.4.1 O compartilhamento do conhecimento SEBRAE

De acordo com o SEBRAE(2012), o compartilhamento do conhecimento, conhecido

internamente como repasses- Capacitação de consultores/instrutores à metodologia alvo tem

como objetivo oferecer uma visão geral aos influenciadores do negócio, bem como as

possibilidades de interação e intervenção do empresário sobre estes, demonstrando que a gestão

das relações entre os diversos envolvidos- clientes, empresários, colaboradores, fornecedores e

sociedade, é capaz de transformar o conhecimento adquirido em gestão integrada. Isso irá se

traduzir em eficácia empresarial, que está próxima à excelência empresarial.

Dentro da Matriz de Soluções Educacionais do SEBRAE, os cursos e oficinas situam-se na área

de Planejamento Empresarial e têm foco na Gestão Empresarial Integrada. É oferecido para

empresários e gestores de empreendimentos que possuem um negócio, normalmente com até 2

anos de funcionamento, enquanto que Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico Na

Medida, atende aos microempresários.

Não foi alvo do presente trabalho, os microempreendedores individuais- MEI, atendidos pelo

programa SEI-SEBRAE para Empreendedores Individuais, uma vez que são empresários

iniciantes ou ainda em formalização de suas empresas.

3.2.4.2 Estrutura programática das capacitações empresariais

O programa é composto normalmente por quatro ou cinco encontros, com duração de três a

quatro horas cada, como explicitado abaixo:

Gestão Empresarial Integrada: Empresas de Pequeno Porte

Encontro 1: Atores empresariais e suas expectativas

Encontro 2: Características das expectativas do proprietário

Encontro 3: Características das expectativas do colaborador, fornecedor e cliente

Encontro 4 : A sociedade e os fundamentos da eficácia empresarial

Encontro 5: Da eficácia para a excelência empresarial

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Estes módulos fazem parte de Gestão Empresarial Integrada que será objeto dessa pesquisa.

Após a participação no curso, os participantes devem ser capazes de:

Conhecer os diversos atores e sua dinâmica no âmbito da empresa.

Compreender a empresa como uma organização sistêmica.

Favorecer atitudes em busca da eficácia empresarial com foco na gestão integrada.

Incorporar no cotidiano da empresa princípios da gestão integrada, visando à eficácia

empresarial.

Planejamento Estratégico Na Medida – Microempresas

Encontro 1: Reflexão sobre planejamento: os primeiros passos

Encontro 2: Contornos da empresa e análise de ambiente

Encontro 3: Missão, visão e valores

Encontro 4 : Plano de ação e indicadores

Estes módulos fazem parte de Planejamento Estratégico Na Medida, que também será objeto

dessa pesquisa. Após a participação no curso, os participantes devem ser capazes de:

Conhecer ferramentas de Planejamento Estratégico;

Conscientizar-se de que o planejamento de ações, de forma ordenada e articulada,

contribui para a perenidade da atividade empreendedora;

Aplicar ferramentas de planejamento para melhorar o desempenho de sua

microempresa, com aumento de sua competitividade, de modo sustentável.

Gestão de Pessoas Na Medida- Microempresas

Encontro 1: O sistema de Gestão de Pessoas

Encontro 2: Sistemas de Remuneração e Provisão de Pessoas

Encontro 3: Seleção, Desempenho e Retenção de Talentos

Encontro 4: Análise dos Resultados da Avaliação de Desempenho

Encontro 5: A comunicação Interpessoal e os Conflitos em uma Equipe

Encontro 6: O empresário como um Coach da Equipe

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Estes módulos fazem parte Gestão de Pessoas Na Medida, que também será objeto dessa

pesquisa. Após a participação no curso, os participantes devem ser capazes de:

Dimensão de natureza cognitiva

• Compreender os conceitos e processos de gestão de pessoas focados na captação,

desenvolvimento e retenção de talentos e a contribuição deles para a melhoria do

gerenciamento e satisfação das pessoas;

• Compreender a posição de proprietário como um agente mobilizador de mudanças

Produtivas por meio do desenvolvimento de sua equipe.

Dimensão de natureza atitudinal

• Conscientizar-se de que o conhecimento e a aplicação de processos estruturados são essenciais

para o exercício da gestão de pessoas e estimulam o crescimento dos talentos e da sua empresa;

• Predispor-se a se relacionar com a equipe de trabalho, favorecendo um ambiente de apoio,

sinergia e cooperação em busca de resultados empresariais positivos.

Dimensão de natureza operacional

• Elaborar diagnósticos e executar simulações de aplicação de ferramentas de gestão de pessoas;

• Elaborar plano de ação, de acordo com a realidade da empresa, que possam potencializar a

força da equipe assim como a sustentabilidade da gestão de pessoas.

Além dos encontros, cada empresa terá uma Consultoria Individual de 2 horas para discussão

sobre a aplicabilidade dos processos de gestão de pessoas diante da realidade de sua empresa.

Esta consultoria será realizada nas dependências do Sebrae ou na empresa do participante,

dependendo do contrato firmado entre o Sebrae e o educador.

3.3 Sujeitos da pesquisa – População e Amostra

Foram selecionados os empresários de diversos segmentos, participantes dos treinamentos em

Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico Na Medida e Gestão Empresarial Integrada, nos

meses de Julho a Agosto/2013, com no mínimo 12 (doze) e no máximo 30 empresas

participantes dos cursos, para participar na pesquisa. A média de participantes por turma são de

15 empreendedores.

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3.4 Relação de teoria e prática

Como já foi abordado, com base em diversos autores, o compartilhamento do conhecimento

revela-se um dos fatores que envolvem a gestão do conhecimento, e sua prática torna-se

imprescindível uma vez que de nada adianta dispor de conhecimentos importantes se não se

promove a sua partilha. A organização só se beneficia como um todo quando o conhecimento

é difundido, transferido, compartilhado e alavancado, ou seja, quando existem efetivos fluxos

de conhecimento. Fluxos de conhecimento são canais de rede de comunicação que facilitam a

rápida difusão de conhecimentos e experiências.

As empresas buscam suprir a sua carência de conhecimentos em gestão empresarial, através do

SEBRAE, que dispõe de pessoal especializado em diversas áreas para que possa ser suprida

essa carência.

Foi demonstrado teoricamente que o conhecimento explícito pode ser expresso em palavras,

números ou sons, e compartilhado na forma de dados, fórmulas científicas, recursos visuais,

fitas de áudio, especificações de produtos ou manuais. O conhecimento explícito pode ser

rapidamente transmitido aos indivíduos, formal e sistematicamente. E é isso que o SEBRAE

faz desde a sua constituição, no serviço de apoio à Micro- ME e Pequenas Empresas-EPP, e

desde 2008 também os Micro Empreendedores Individuais- MEI.

O que é analisado, é se esse compartilhamento de conhecimento é efetivo e eficiente para

responder às carências de conhecimento dos empresários e se tudo o que aprende é aplicado na

empresa. Tal resposta poderia ser uma das variáveis que explicaria o alto volume de empresas

assistidas por capacitações e consultorias pelo SEBRAE que entram em falência em até dois

anos.

De acordo com Takeuchi e Nonaka(2009), o tipo de conhecimento denominado tácito, não é

facilmente visível e explicável, pelo contrário, é altamente pessoal e difícil de formalizar,

tornando sua comunicação e compartilhamento dificultoso. As instituições e os palpites

subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhecimento tácito está

profundamente enraizado nas ações e na experiência corporal do indivíduo, assim como nos

ideais, valores ou emoções que ele incorpora. Para ser preciso, existem duas dimensões para o

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conhecimento tácito. A primeira dimensão é a dimensão técnica, que engloba as habilidades

informais e de difícil detecção, muitas vezes captadas no termo “know-how”.

Know-how esse que é encontrado através tanto nos Consultores e Instrutores Credenciados

SEBRAE, bem como nos colaboradores mais especializados na empresa, e que normalmente

são os que são indicados para compartilhar conhecimentos.

Em resumo, observou-se que o conhecimento é criado a partir de uma combinação do

conhecimento tácito e do explícito, havendo quatro modos de conversão do conhecimento: a

socialização, a externalização, a combinação e a internalização, que é promovido não apenas

no ambiente SEBRAE, mas também no ambiente empresarial.

A primeira pesquisa é realizada através de questionários no último dia do curso no CEE - Centro

de Educação Empresarial, ocasião em que é verificado o nível de aprendizagem, o conteúdo

aplicado, o instrutor, a coordenação e principalmente o atendimento da carência de

conhecimento empresarial, quanto a sua compreensão e aplicação.

É nesse modo que o conhecimento tácito, que é pessoal, específico ao contexto e difícil de

formalizar e comunicar aos outros, é convertido em conhecimento transmissível e articulado.

Quando a expressão adequada não pode ser encontrada, as metáforas e analogias tornam-se

ferramentas úteis. As metáforas oferecem uma forma para que os indivíduos, baseados em

outros contextos e com experiências diferentes, compreendam algo intuitivamente através do

uso da imaginação e dos símbolos. As analogias esclarecem como duas ideias ou objetos são

semelhantes ou não semelhantes e, portanto, propiciam um passo intermediário entre a

imaginação pura e o raciocínio lógico.

Nesse aspecto, o SEBRAE reúne na mesma sala de aula, diferentes empresários mas com

objetivos comuns que é aprender e compartilhar suas experiências, identificando soluções

análogas ou não para problemas comuns

Citando Stewart (1998), podemos constatar que as necessidades da organização de hoje são

muito diferentes daquelas de um passado relativamente recente. Por meio de profundas

transformações no modo de trabalhar, nos processos de produção e no perfil do trabalhador,

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percebe-se que outro recurso, além dos ativos físicos e financeiros, tem se mostrado com forte

poder de agregar valor à organização.

Esse novo recurso diz respeito ao conhecimento e é visto, hoje, como um valioso e poderoso

ativo da organização. Ele é o principal ingrediente do que se produz, faz, compra e vende.

Assim, a geração, o compartilhamento, o armazenamento e a utilização do conhecimento vêm

sendo cada vez mais difundidos e aplicados nas organizações.

Tornar o conhecimento pessoal disponível para os outros é a atividade central da empresa

criadora de conhecimento. Isso se dá continuamente e em todos os níveis da organização.

Nesse aspecto é que entra a importância do SEBRAE, que reúne os melhores profissionais do

mercado em 15(quinze) áreas do conhecimento, através de edital público, para atender

potenciais e novos empresários em suas deficiências em Gestão Empresarial. O SEBRAE, se

tornou ao longo dos anos, um grande parceiro no apoio às micro e pequenas empresas, que são

as grandes geradoras de emprego e renda no país. SEBRAE(2009).

O compartilhamento do conhecimento revela-se um dos fatores que envolvem a gestão do

conhecimento, e sua prática torna-se imprescindível uma vez que de nada adianta dispor de

conhecimentos importantes se não se promove a sua partilha. STEWART (1998)

Em sua obra Sveiby(1998), refere-se à transferência do conhecimento: A fim de proporcionar

o compartilhamento do conhecimento tácito, pode-se usar o compartilhamento do

conhecimento pela tradição, ou seja, pela interatividade.

Finalmente, é por meio dos modos de conversão do conhecimento, que se identificam os modos

de compartilhamento do conhecimento tácito e explícito. Na socialização, como foi visto,

ocorre um processo de troca de experiências, pois o indivíduo compartilha seu conhecimento

tácito diretamente com outro, pela linguagem, observação, imitação e prática. E é assim que é

feito no SEBRAE, no momento que um Consultor mais experiente e qualificado como

multiplicador, faz o compartilhamento do que sabe, para que outros Consultores possam

ministrar cursos em áreas específicas, para o qual esteja habilitado, para um público alvo

composto de potenciais empresários, micro e pequenos empresários.

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Obtendo-se assim, o compartilhamento do conhecimento por meio da linguagem, observação,

imitação e prática, como nos processos de combinação e internalização o conhecimento em

questão é explícito, torna-se mais fácil o compartilhamento. Isso não quer dizer que após o

compartilhamento do conhecimento no Centro de Educação Empresarial, conduzirá a aplicação

do mesmo na imitação e na prática, dentro da empresa, conforme revelaram as pesquisas.

De maneira oposta, na socialização e na externalização, como o conhecimento em jogo é o

tácito, revela-se o compartilhamento, por diversas vezes, demorado e ineficaz.

Os conhecimentos mais importantes estão justamente nas pessoas-conhecimento tácito, e não

nas organizações-conhecimentos explícitos, ou seja, residem mais nos membros da organização

do que nela própria.

Angeloni apud Grotto(2003), afirmou que a fim de proporcionar o compartilhamento do

conhecimento tácito, pode-se usar também o compartilhamento do conhecimento pela tradição,

ou seja, pela interatividade. Entretanto, são diferentes os dois modos de compartilhamento do

conhecimento: por meio da informação e da tradição. Pela informação, o conhecimento é

compartilhado de forma indireta-palestras, apresentações audiovisuais, manuais, livros, etc.

Pela tradição, o conhecimento é compartilhado de forma direta, ou seja, o receptor participa do

processo de transferência - acontece de indivíduo para indivíduo por meio do aprendizado pela

prática.

Stewart (1998) afirma que o processo de aprendizado organizacional pode ser entendido como

uma continuação do processo individual, por ser uma consequência deste último, uma vez que

se caracteriza pela coletividade e pela captura dos conhecimentos dos membros da organização.

“Assim, aprendizagem organizacional é a capacidade de criar novas ideias multiplicadas pela

capacidade de generalizá-la por toda a empresa”. (STEWART, 1998, p.25).

Finalizando Stewart (1998) afirma ainda que dentro desses preceitos, a aprendizagem

organizacional parece se revitalizar na tentativa de permitir à organização a aquisição, a

geração, o compartilhamento e a transformação do conhecimento, possibilitando uma

perpetuação organizacional por meio da fluidez com que a empresa consegue passar pelos

ciclos de mudanças.

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Sabe-se que todas as organizações aprendem naturalmente, porém apenas aquelas que

conseguem estabelecer mecanismos sistemáticos de gerenciamento desse aprendizado são as

que realmente atingem a alavancagem do conhecimento.

3.5 Tipos de pesquisa: A pesquisa foi qualitativa e quantitativa de estudo de multicasos.

3.6 Análise de dados: A análise dos dados captados foi feita tanto quantitativa como

qualitativamente, sendo utilizadas as seguintes metodologias: frequências, medias, desvio

padrão e análise de conteúdo.

3.7 Variáveis da pesquisa e forma de captação: Foram identificadas quais foram as mudanças

ou incorporações ocorridas, com as novas tecnologias e produtos. Descrição dos reais

benefícios alcançados pelos treinamentos ofertados numa abordagem prática.

Foram analisadas também, as mudanças ocorridas e se trouxeram efetivamente resultados

financeiros mensais, aos negócios do empreendedor.

Numa outra análise das empresas pesquisadas, foram levantadas as dificuldades encontradas na

implantação de mudanças que se faziam necessárias.

Foram também identificados os obstáculos enfrentados para geração e difusão de

conhecimentos empresariais pelos Consultores SEBRAE; junto aos empresários.

3.8 Instrumentos para captação de dados

Foi feito através de questionários e entrevista – dados primários. Questionários para os

empresários, dividido em duas partes, a primeira para avaliar o grau de absorção do curso, bem

como, possíveis deficiências da organização e do instrutor e o segundo questionário irá avaliar

o impacto do curso nos resultados da empresa.

Foram utilizados nas pesquisas de campo, questionários para os empresários de diversos

segmentos industriais, comerciais e de serviços no Estado de Pernambuco.

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3.9 Processos de coleta: Foram realizadas, em dois momentos, pesquisas qualitativas e

quantitativas de estudo de multicasos, mediante questionário, com cada um dos executivos das

empresas participantes no Curso de Gestão Empresarial Integrada, Planejamento Estratégico e

Gestão de Pessoas e Equipe Na Medida, oferecidos pelo SEBRAE.

No primeiro momento foi realizado pesquisa de aprendizagem, logo após o término do curso e

no segundo momento 6(seis) meses após a participação no curso, outra pesquisa que

complementou as questões norteadoras respondendo a cada um dos objetivos específicos,

descrevendo o resultado esperado versus o ocorrido, pelo empreendedor, no Quadro 3.2.

Áreas de questionamentos:

Sobre o Programa

Sobre o Instrutor

Sobre a Administração

Informações Gerais

3.10 Respostas aos objetivos específicos

A seguir, o Quadro 3.2, contendo a indicação de cada objetivo específico dessa pesquisa e o

seu respectivo instrumento e processo de coleta de dados.

QUADRO 3.2 - Relação dos objetivos específicos e respostas obtidas da pesquisa

OBJETIVOS ESPECÍFICOS RESPOSTAS

1-Descrever a aplicação e disseminação

dos novos conhecimentos adquiridos, nas

empresas que participaram do

treinamento no SEBRAE, com ênfase em

cada um dos departamentos da empresa.

Verificado através de questionário, em dois

momentos, da disseminação ampla pelas

empresas participantes dos novos

conhecimentos compartilhados pelos

consultores SEBRAE, no Centro de Ensino

Empresarial-CEE em Pernambuco. Foram

então constatados através de pesquisas pós-

treinamento e outra de campo em cada uma das

empresas participantes do estudo, com ênfase

no tipo de participante, nível de escolaridade e

por sexo.

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2-Descrever as mudanças ou

incorporações ocorridas com as novas

tecnologias e produtos, na empresa após

participar do treinamento e consultoria no

SEBRAE.

Com a pesquisa de resultado da

implementação dos novos conhecimentos,

foram descritas as mudanças ou incorporações

ocorridas com as novas tecnologias e produtos,

nas empresas que participaram do treinamento

e consultoria no SEBRAE.

3.Descrever comparativamente o resultado

esperado versus o ocorrido.

Foram descritas e consolidados os resultados

esperados pelos empresários versus o

efetivamente ocorrido, podendo ser constatado

na pesquisa ter ficado bem aquém das

expectativas dos próprios empresários.

4. Descrever onde houveram mudanças na

gestão dos resultados mensais.

O resultado dessas respostas, foi de

fundamental importância para identificação

das falhas que ocorrem na aplicação dos novos

conhecimentos, que conduzem a número tão

alto de falências ou descontinuidade

empresarial- de quase 50% em até 2 (dois)

anos, das empresas que são assistidas pelo

SEBRAE. A maioria das empresas que tem

problemas de gestão de resultados está na área

financeira-mais de 90%. Pela norma contábil

brasileira, uma empresa só entra em falência,

quando seu passivo não é mais coberto pelo

patrimônio da empresa, o que comprometeria

qualquer obtenção de financiamento ou

refinanciamento de dívidas, não havendo dessa

forma garantias ou avais da empresa que

permitam tal operação. Dessa forma as

respostas a esse objetivo específico foi de

grande importância para uma das causas

prováveis de insucesso empresarial de até 2

(dois) anos.

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5. Verificar as dificuldades encontradas na

implantação de mudanças.

Foram levantadas através de pesquisa de

campo com questionário, quais foram as

dificuldades encontradas pelo empresário na

implantação de mudanças que se faziam

necessárias, com ou sem a presença de um

Consultor SEBRAE. Esses resultados

trouxeram também respostas que possam ou

não justificar o alto índice de falências ou

descontinuidade empresarial pelas empresas

assistidas pelo SEBRAE.

Fonte: Dados da Pesquisa

Observações Importantes: No início de cada curso alvo da pesquisa, foi explicado aos

empresários participantes, os objetivos e competências do curso, além das mudanças almejadas,

que também foram respondidas em verificação formal.

O segundo questionário foi aplicado mais de 6 (seis) meses após o curso, para verificação da

aplicabilidade e resultados obtidos com o treinamento empresarial, respondendo dessa forma

os objetivos específicos. As capacitações efetuadas tanto para micro como pequenos

empresários, continha módulos de administração financeira de resultados mensais, por ser essa

a maior razão de falências e descontinuidade empresarial, de acordo com dados do SEBRAE

(2012).

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4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na sequência, apresentamos os resultados obtidos mediante análise descritiva das respostas

obtidas da amostra trabalhada. Dos executivos que participaram dos treinamentos estudados,

foi possível fazer um follow-up posterior de 53 empresas de três setores representativos da

economia do Estado de Pernambuco, como Indústria, Comércio e Serviços.

4.1 – Descrição da amostra – Executivos e Empresas participantes da pesquisa

A seguir, nos Quadros 4.1 e 4.2, encontra-se detalhada a distribuição do número de empresas

que tiveram executivos participantes nos cursos de atualização conforme: setor de atuação,

nível educacional dos executivos, gênero dos participantes, tempo de empreendedor e

vinculação com o SEBRAE.

QUADRO 4.1: Distribuição da amostra conforme setor e número de empresas

participantes.

SEGMENTO Nº EMPRESAS PARTICIPAÇÃO %

Indústria 08 15,10

Comércio 15 28,30

Serviços 30 56,60

TOTAL 53 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.1, o número de empresas pesquisadas foi de 53 (cinquenta e três).

Como pode ser observado o segmento das empresas de serviços tem a maior participação

na pesquisa, representando 56,6%, pela presença de restaurantes, lanchonetes e empresas

de consultoria.

O segundo maior segmento é o de comércio com 28,3 % representado por lojas de roupas,

representações comerciais, cosméticos, calçados e cortes especiais de carne.

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QUADRO 4.2 - Distribuição dos respondentes conforme nível educacional e setor

participante

ESCOLARIDADE Por setor PARTICIPAN

TES

%

Indústria Comércio Serviços

Superior 4 8 20 32 60,40

Médio 4 7 10 21 39,6

TOTAL 8 15 30 53 100,00

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.2, na distribuição das empresas conforme nível educacional dos respondentes

podemos observar que mais de 60% dos pesquisados tem nível superior e quase 40 % são de

nível médio.

São números pouco superiores ao Quadro 4.3 de uma pesquisa feita no Balcão de Atendimento

Empresarial com uma amostra de 88 (oitenta e oito) empresários e potenciais empresários que

buscaram orientação empresarial, com desvio padrão de +/- 2%.

O setor de serviços é o que concentra o maior número de empresários com nível superior. Em

segundo lugar vem o setor de comércio.

4.2 Pesquisa complementar no Balcão de Atendimento Empresarial

De acordo com o balcão SEBRAE, o número de empreendedores com nível superior busca cada

vez mais orientação empresarial para abrir um negócio, significando que um número maior de

recém graduados buscam como opção de primeiro emprego o empreendedorismo. Isso pode ser

observado com base em pesquisa no Balcão de Atendimento Empresarial, no período de 01 à

31/04/2014, em que foram atendidos 88 micro e pequenos empresários:

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QUADRO 4.3: Distribuição dos entrevistados conforme gênero e nível educacional.

Homens Mulheres

TOTAIS 53,4 % 46,6 %

Superior Médio Superior Médio Superior Médio

28,4 % 25,0 % 29,5 % 17,1 % 100,0 % 58,0 % 42,0 %

25 22 26 15 88 51 37

47 41 88 88

Fonte: Dados da Pesquisa- Balcão de Atendimento Empresarial SEBRAE(2014)

No Quadro 4.3, a pesquisa no Balcão de Atendimento Empresarial SEBRAE, revelou que 58

% dos empresários e futuros empresários que buscaram orientação no período têm nível

superior, em confrontação com os 60% registrados na pesquisa de campo, o que comprova que

cada vez mais aumenta a participação de empresários de nível superior, se comparados ao ano

de 2003. Fonte SEBRAE (2012)

A pesquisa no Balcão de Atendimento SEBRAE, demonstrou uma distribuição entre homens e

mulheres mais equilibrada, sendo a de campo 62 % de homens contra 53,4 % do Balcão para

homens, e 38 % de mulheres na de campo, contra 46,6 % do Balcão.

QUADRO 4.4: Participação de gênero por setor e por formação

SETORES

TOTAL

%

HOMEM

62 %

%

MULHER

38 %

%

SUPERIOR

60 %

ENSINO

MÉDIO

40 %

COMÉRCIO 15 28 9 60 6 40 8 7

INDÚSTRIA 8 15 8 100 0 0 4 4

SERVIÇOS 30 57 16 53 14 47 20 10

TOTAL 53 100 33 62 20 38 32 21

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.4, do total de empresários pesquisados 62% são de sexo masculino e 38% são de

sexo feminino.

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Os resultados mostraram que 60% dos empresários são de nível superior e o setor de Serviços

concentra 37,7% dos empresários de nível superior, principalmente com as empresas de

consultoria, o que explicaria o alto índice de aproveitamento dos cursos no SEBRAE.

O setor de serviços ainda concentra um percentual pouco maior de empresários de sexo

masculino, 30% contra 26% do sexo feminino.

Do total de empresários 57 % atuam no setor de serviços, sendo que 53 % são homens e 47%

são mulheres.

No segmento industrial não foi registrado a presença de mulheres empresárias.

No segmento de comércio também tem maior presença de homens com 60% de participação

contra 40% de mulheres.

No Quadro 4.5 é feita uma distribuição de homens e mulheres por setor versus formação.

QUADRO 4.5: Distribuição de homens e mulheres por setor versus formação

SETORES

TOTAL

SUPERIOR ENSINO MÉDIO

HOM MUL TOTAL HOM MUL TOTAL

COMÉRCIO 15 5 3 8 4 3 7

INDÚSTRIA 8 4 0 4 4 0 4

SERVIÇOS 30 12 8 20 4 6 10

TOTAL 53 21 11 32 12 9 21

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.5 podemos observar que mulheres tanto de nível superior como de nível médio

não estão presentes no setor industrial, o que pode significar analisando a amostra, que é um

setor ainda dominado pelos homens.

Observamos também, que no de nível médio, as mulheres tem maior representação no setor

de serviços e de nível superior dominam os homens no mesmo setor.

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No Quadro 4.6, é feito uma análise no resumo por gênero.

QUADRO 4.6: Resumo por gênero

Gênero Homens Mulheres Total

Nível

Educacional Superior Médio Total Superior Médio Total

Superior Médio

Total H M H M

Percentagem 63,6 36,4 62,2 55,0 45,0 37,8 21 11 12 9 53

Nº Respostas 21 12 33 11 9 20 39,6 20,8 22,6 17,0 100,0

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.6, os empresários do sexo masculino, tem maior percentual de participação no

nível superior com 63,6 % contra participação do sexo feminino de 33,3 %, mas a participação

do sexo feminino no mercado de trabalho ou como empresárias, vem crescendo nos últimos

anos conforme dados da Fundação Carlos Chagas.

De acordo com a Fundação Carlos Chagas, a partir da década de 70 até os dias de hoje, a

participação das mulheres no mercado de trabalho tem apresentado uma espantosa progressão.

Se em 1970 apenas 18% das mulheres brasileiras trabalhavam, chega-se a 2007 com mais da

metade delas (52,4%) em atividade, a maioria como empregadas em empresas públicas e

privadas.

Os empresários do sexo masculino de nível médio representam 57,1% do total de empresários

de nível médio, contra 42,8 do sexo feminino, numa distribuição mais equilibrada.

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QUADRO 4.7: Tempo de empreendedor versus tempo de assistência do SEBRAE

SETOR

Tempo de Empreendedor

Tempo de uso do SEBRAE

< de 2

anos

% > de 2

anos

% < de 2

anos

% > de 2

anos

%

Indústria 1 12,5 7 87,5 5 62,5 3 37,5

Comércio 5 33,3 10 66,7 9 60,0 6 40,0

Serviços 5 16,7 25 83,3 24 80,0 6 20,0

Total 11 20,7 42 79,2 38 71,7 15 28,3

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.7, podemos observar que a maioria dos empreendedores tem mais de 2(dois)

anos de empreendedor/empresário, 79,2%, e 71,7% tem menos de 2(dois) anos de uso dos

serviços do SEBRAE, o que significa que a maioria dos empreendedores, não devem seu

sucesso ao SEBRAE, uma vez que o percentual de 71,7 tem menos de dois anos de assistência

SEBRAE. Mas não tem como saber fora dessa amostra o percentual de empresários que

descontinuaram o negócio com menos de dois anos, com ou sem assistência do SEBRAE.

Ainda dessa amostra temos que 19% dos novos empreendedores recebem assistência do

SEBRAE, desde o início de suas empresas e têm menos de dois anos de empreendimento.

4.3 Avaliação da Capacitação Empresarial passada aos participantes e dos respectivos

instrutores.

A avaliação do conteúdo dos programas assistidos pelos entrevistados e dos seus respectivos

instrutores pode ser vista no Quadro 4.8 a seguir. Nele pode ser visto um alto índice de

aprovação pontuados pelos entrevistados tanto dos cursos, como dos seus instrutores. Isto,

com certeza, segue a tradição do SEBRAE, na qualidade dos treinamentos e serviços de

consultoria às micro e pequenas empresas.

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QUADRO 4.8: Avaliação do conteúdo do programa assistido e dos instrutores

responsáveis.

1 - SOBRE O PROGRAMA SIM %

NÃO

%

S M TOT

a) A) O tempo disponível foi compatível com o

objetivo e o conteúdo do programa? 50 94,33 1 2 3 5,67

b) B) Adquiriu conhecimentos novos durante o

evento? 53 100,00 0 0 0 0,00

c) C) As dinâmicas/exercícios foram adequados

ao conteúdo do curso? 49 92,45 0 4 4 7,55

d) D) Considera que as expectativas/e os

objetivos propostos foram alcançados? 53 100,00 0 0 0 0,00

e) E) O conteúdo apresentado é aplicável ao seu

negócio ou ao que pretende montar? 53 100,00 0 0 0 0,00

f) F) Os assuntos abordados foram

esclarecedores? 48 90,56 0 5 5 9,44

2 - SOBRE O INSTRUTOR SIM %

NÃO

%

S

M

TOT

A) O instrutor possui domínio do conteúdo? 53 100,00 0 0 0 0,00

a) B) O instrutor possui habilidade e clareza na

transmissão dos conceitos? 53 100,00 0 0 0 0,00

b) C) Motivou e permitiu a participação e o

esclarecimento de dúvidas? 53 100,00 0 0 0 0,00

c) D) Cumpriu os horários previstos?

53 100,00 0 0 0 0,00

Fonte: Dados da Pesquisa no SEBRAE S- Formação Superior M- Ensino Médio

89

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Os resultados do treinamento no CEE - Centro de Educação Empresarial do SEBRAE, onde

o compartilhamento do conhecimento é exteriorizado, demonstram o sucesso da metodologia

quanto à capacitação teórica, não deixando dúvidas acerca da qualidade do treinamento, sua

infraestrutura e o conhecimento teórico dos instrutores.

Ainda no Quadro 4.8, dos poucos que responderam não, aos quesitos: tempo disponível,

adequabilidade das dinâmicas ao conteúdo/exercícios e quanto aos assuntos abordados terem

sido esclarecedores, apesar de inferior a 9,5% não conduz a ideia de que as turmas devam ser

divididas por formação.

Tais resultados podem ser justificados pela timidez dos empresários de nível médio, em

admitir que não conseguem acompanhar as aulas em algum momento do curso. Caberia nesse

caso o instrutor ter a percepção de identificar essas pequenas dificuldades, para obtenção de

100% de aproveitamento, tanto na adequação das dinâmicas/exercícios ao conteúdo do curso

como também nos esclarecimento dos assuntos abordados.

4.4 Aplicação e disseminação dos novos conhecimentos adquiridos pela empresa,

através dos Consultores SEBRAE.

No próximo grupo de quadros, verificamos se os conhecimentos compartilhados nos

treinamentos prestados pelos consultores do SEBRAE, estão sendo de fato implementados

nas empresas dos participantes. O conhecimento só vai gerar resultados se forem

implementados na volta do executivo/empresário às suas funções de gestão.

No Quadro 4.9, a seguir, podemos observar o número de empresas que implementaram algum

conhecimento em processo adquirido nos treinamento do SEBRAE, conforme área de gestão

da empresa. Para cada departamento pesquisado, foram apontadas número de empresas que

aplicaram algum tipo de conhecimento recém adquirido no SEBRAE, em cada um dos

departamentos, independentemente da quantidade de inovações implantadas com o novo

conhecimento.

90

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QUADRO 4.9: Número de empresas que implementaram conhecimentos em processo

adquirido nos treinamento do SEBRAE, conforme área de gestão da empresa

Departamento

onde foi Aplicado

Número de empresas

em que foi aplicado

Número de empresas

em que não foi

aplicado

% Sem aplicação

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

100

Produção/Fabricação 2 6 6 14 6 9 24 39 11 17 45 53

Comercial/Marketing 2 5 10 17 6 10 20 36 11 19 38 53

Administrativo 3 4 6 13 5 11 24 40 9 21 45 53

Recursos Humanos 4 6 12 22 4 9 18 31 8 17 34 53

Finanças 6 6 12 24 2 9 18 29 4 17 34 53

Clientes/Mercado 3 4 8 15 5 11 22 38 9 21 41 53

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.9, os departamentos de Finanças e Recursos Humanos são aqueles onde foram

mais aplicados os conhecimentos adquiridos. Tal resultado significa e ratifica que os maiores

esforços e dedicação estão direcionados a esses setores.

Os setor de serviços foi onde houve as maiores aplicações de novos conhecimentos, de todos

os departamentos.

Em termos percentuais o setor industrial foi onde se mais aplicou os novos conhecimentos,

registrando 50% em Recursos Humanos e 75% em Finanças, de tudo o que foi aprendido no

CEE - Centro de Educação Empresarial, do SEBRAE/PE.

Os departamentos de Produção/Fabricação e Administrativo foram os departamentos em que

menos foram aplicados os novos conhecimentos.

Quanto a não aplicação, os departamentos que menos aplicaram os novos conhecimentos foram

os de produção, administrativo e clientes/mercado, com mais de 40%.

Os departamentos com menos conhecimentos aplicados estão no setor de serviço.

91

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No Quadro 4.10, vamos observar as mudanças ou incorporações ocorridas com as novas

tecnologias e produtos, na empresa após participar do treinamento e consultoria no SEBRAE,

considerando-se o número de inovações que foram implantadas com o novo conhecimento e

também o número de inovações implantadas em que ocorreram mudanças efetivas.

QUADRO 4.10: Mudanças ou incorporações ocorridas com as novas tecnologias e

produtos, na empresa após participar do treinamento e consultoria no SEBRAE.

Departamento

onde foram

aplicados

os conhecimentos

Conhecimento

Disseminado

Nº de inovações que

foram implantadas

Mudanças

Ocorridas

Nº de inovações em

que ocorreram

mudanças

% onde a mudança

ocorreu X inovações

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

Produção/Fabricação 4 2 5 11 2 1 4 7 50 50 80 64

Comercial/Marketing 12 5 12 29 2 5 8 15 17 100 67 52

Administrativo 4 5 9 18 4 5 6 15 100 100 67 83

Recursos Humanos 5 5 15 25 4 3 10 17 80 60 67 68

Finanças 6 6 15 27 4 6 11 21 67 100 73 78

Clientes/Mercado 4 4 11 19 4 4 8 16 100 100 73 84

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

No Quadro 4.10 podemos então observar o seguinte:

Que as maiores inovações ocorreram nos departamentos Comercial/Marketing, Recursos

Humanos e Finanças, sendo que o setor de Serviços, registra nesses departamentos os maiores

números de inovações implantadas.

O departamento Comercial/Marketing registrou o maior número de inovações, seguidos de

perto pelo departamento de Finanças.

O departamento Comercial/Marketing também registrou o mesmo número de inovações nos

setores Industrial e de Serviços.

O departamento de Finanças, registra o segundo maior número de inovações, bem como, o

segundo maior percentual onde ocorreram mudanças com as inovações.

92

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O departamento Administrativo, apesar de poucas inovações, houve o segundo maior índice

de mudanças ocorridas em relação as inovações implantadas.

O departamento Comercial/Marketing que houve mais inovações implantadas, houve o menor

índice de mudanças ocorridas com as inovações.

O departamento de Clientes/Mercado registrou o maior índice de mudanças ocorridas com as

inovações, seguido de perto pelo departamento Administrativo.

O departamento de Finanças apesar de registrar o segundo maior número de inovações, obteve

o terceiro maior índice de mudanças ocorridas com as inovações implantadas. Como a maior

razão pelos problemas nas empresas, são de ordem financeira de acordo com o

SEBRAE(2012), podemos deduzir o seguinte:

1- Os empresários/executivos não entenderam a capacitação na parte financeira em sua

totalidade, e afirmaram na pesquisa pós-capacitação haverem compreendido tudo.

2- Os empresários/executivos entenderam a capacitação na parte financeira em sua

totalidade, e não souberam aplicar na prática a teoria aprendida em sala de aula, sem ajuda

de um consultor.

3- Os empresários/executivos entenderam a capacitação na parte financeira em sua

totalidade, e não tiveram tempo de implantar as mudanças em sua totalidade, das

inovações que foram implantadas.

No Quadro 4.11 foi feita a consolidação dos Quadros 4.9 e 4.10 anteriores, em que foi feita a

análise com base no percentual onde houve mudança versus inovações por

departamento/segmento e na segunda parte do quadro, é analisado o percentual onde houve

mudança versus o número de empresas por setor e por departamento.

QUADRO 4.11: Consolidação dos QUADROS 4.9 e 4.10

Departamentos onde foram

aplicados os

conhecimentos

% onde houve mudança x

inovações % onde houve mudança x nº

empresas por setor

Ind Com Serv Total

Ind

8

Com

15

Serv

30

Total

53

Clientes/Mercado 100 100 73 84

50 27 27 30

Administrativo 100 100 67 83 50 33 20 28

Recursos Humanos 80 60 67 68 50 20 33 32

Finanças 67 100 73 78 50 40 37 40

Produção/Fabricação 50 50 80 64 25 7 13 13

Comercial/Marketing 17 100 67 52 25 33 27 28

93

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Podemos então observar no Quadro 4.11 então, que os maiores percentuais de mudanças onde

houve inovações foi nos departamentos Clientes/Mercado, Administrativo e Finanças, com

84%, 83% e 78% respectivamente.

Os maiores índices de mudanças ocorridas estão no setor Comercial, obtendo 100% de

aplicação nos departamentos Comercial/Marketing, Administrativo, Finanças e

Clientes/Mercado, seguido do setor Industrial com 100% nos departamentos Clientes/Mercado

e Administrativo.

Por quantidade de empresas no setor onde houve mudanças, o setor Industrial apresenta índices

de 50% de mudanças das inovações implantadas, em vários departamentos.

Os departamentos onde houve mais mudanças em relação as inovações implantadas, foram

Clientes/Mercado, Administrativo, Recursos Humanos e Finanças.

No Quadro 4.12 a seguir, podemos analisar a percentagem das empresas que implementaram

conhecimentos que provocaram mudanças nas suas instituições, em relação ao total de

empresas participantes da pesquisa.

QUADRO 4.12: Percentagem das empresas que implementaram conhecimentos que

provocaram mudanças nas suas instituições.

Departamento

onde foi Aplicado

“Sim” e” em parte”

% onde a mudança

ocorreu entre o total das

empresas do setor

Número de

Mudanças Ocorridas

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

%

8 15 30 53

Produção/Fabricação 2 1 4 7 25 7 13 13

Comercial/Marketing 2 5 8 15 25 33 27 28

Administrativo 4 5 6 15 50 33 30 34

Recursos Humanos 4 3 10 17 62 33 50 47

Finanças 4 6 11 21 75 40 50 51

Clientes/Mercado 4 4 11 19 50 27 37 36

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

94

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Podemos observar então no Quadro 4.12, que no setor Industrial houve 75% de mudanças

registradas no departamento Financeiro, seguido de 62% no departamento de Recursos

Humanos. O setor de Serviços registrou 50% de mudanças em Recursos Humanos e Finanças.

O setor Industrial registrou o maior percentual de mudanças ocorridas, pelo departamento

financeiro apesar de ser o menor setor na quantidade de empresas pesquisadas-8(oito)

indústrias.

Os maiores percentuais de mudanças foram registrados no departamento de Recursos Humanos

e Finanças, com 47 e 51 % respectivamente.

Em relação ao total de empresas as maiores mudanças registradas também ficou nos

departamentos de Recursos Humanos e Finanças.

No Quadro 4.13 a seguir, é feita a comparação entre número de mudanças esperadas que foram

listadas na pesquisa e as efetivamente realizadas conforme setor e área específica de gestão.

QUADRO 4.13: Comparação entre número de mudanças esperadas e as efetivamente

realizadas conforme setor e área específica de gestão

Departamento onde foi

Aplicado

Número de

Mudanças Esperadas

Número de Mudanças

Ocorridas

Relação Mudanças

Ocorridas vs Esperadas

Ind

Com

Serv

Total

Ind

Com

Serv

Total

Ind

%

Com

%

Serv

%

Total

%

Produção/Fabricação 8 6 11 25 5 3 6 14 62 50 55 56

Comercial/Marketing 15 18 27 60 7 7 13 27 47 39 48 45

Administrativo 8 7 14 29 4 4 6 14 50 57 43 48

Recursos Humanos 4 14 34 52 0 6 4 10 0 43 12 19

Finanças 13 14 35 62 8 4 19 31 62 29 54 50

Clientes/Mercado 4 7 16 27 2 0 7 9 50 0 44 33

TOTAIS 52 66 137 255 26 24 55 105 50 36 40 41

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Podemos observar então, no Quadro 4.13, que o setor de serviços tem o maior número de

mudanças esperadas, pelo fato desse setor pesquisado conter 30 empresas pesquisadas, mas

apenas 40% das mudanças esperadas aconteceram, provavelmente por falta de

acompanhamento de um consultor SEBRAE, como revelado no Quadro 4.15 adiante.

O setor Industrial tem o menor número de mudanças esperadas, mas contém o maior percentual

de mudanças ocorridas em relação as mudanças esperadas.

95

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No geral de todas as empresas pesquisadas, apenas 41% das mudanças esperadas aconteceram,

isto é, das 255 mudanças esperadas apenas 105 aconteceram, nas 53 empresas pesquisadas.

O departamento com o maior número de mudanças esperadas foi o de Finanças com 62

mudanças listadas, acompanhado do departamento Comercial/Marketing com 60 mudanças

listadas.

Das mudanças ocorridas o departamento de Finanças registrou 31 das 62 esperadas, enquanto

o departamento Comercial/Marketing registrou 27 das 60 esperadas.

Do total de empresas, os departamentos com maior percentual de mudanças ocorridas em

relação as esperadas, ficou com os departamentos de Produção/Fabricação com 56% e o

departamento de Finanças com 50%.

No Quadro 4.14 podemos analisar a percentagem das empresas participantes na pesquisa onde

mudanças foram registradas e listadas conforme setor e área específica de gestão de cada

empresa.

QUADRO 4.14- Percentagens das empresas participantes na pesquisa onde mudanças

foram registradas conforme setor e área específica de gestão

Mudanças ocorridas por setor que

trouxeram resultados financeiros

Número de empresas que

tiveram

Mudanças Realizadas

% das Empresas que

tiveram mudanças

realizadas

Ind

8

Com

15

Serv

30

Total

Ind

8

Com

15

Serv

30

Total

53

Implantado Fluxo de Caixa 5 8 14 27 62 53 47 51

Não Implantado Fluxo de Caixa 1 5 7 13 13 33 23 25

Implantado DRE 3 5 11 19 37 33 37 36

Não implantado DRE 4 7 12 23 50 47 40 43

Fluxo de Caixa equilibrado/positivo 1 2 2 5 12 13 7 9

Fluxo de Caixa não equilibrado 4 9 19 32 50 60 63 60

Controles já existiam e sem alteração 3 3 11 17 37 20 37 32

Sem qualquer tipo de controle

gerencial

0 2 5 7 0 13 17 13

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

Podemos observar então no Quadro 4.14, que o setor de serviços por ser maior em quantidade

de empresas, teve listada as maiores mudanças registradas em termos de controle de resultados

financeiros mensais.

96

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O setor da Indústria apresentou o maior percentual de implantação de controle do Fluxo de

Caixa com 62%, apesar de serem apenas 8(oito) indústrias pesquisadas numa amostra de 53

empresas, seguido do Comércio com 53% de Fluxo de Caixa Implantado.

O setor de Serviços apresentou o maior percentual de empresas com Controle de Fluxo de Caixa

sem equilíbrio, 63% do setor, seguido do setor Comercial com 60% das empresas.

De acordo com o SEBRAE(2012), Fluxo de Caixa é o instrumento gerencial que:

1- Controla e informa todas as movimentações financeiras (entradas e saídas de valores

monetários) de um dado período que pode ser diário, semanal, mensal, etc.

2- Demonstra a disponibilidade financeira regular (dinheiro em caixa) para cumprir as

obrigações contratadas e remunerar seus proprietários.

3- Permite planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da

empresa. É uma ótima ferramenta para auxiliar nas tomadas de decisões.

De acordo ainda com o SEBRAE (2012), um controle efetivo do fluxo de caixa, permite ao

empresário/executivo:

Prever possíveis investimentos, com as sobras.

Buscar recursos quando existir déficit.

Diminuir seus empréstimos bancários.

Baixar despesas de juros.

Aumentar lucros.

Em resumo o Fluxo de Caixa nada mais é do que “todos os pagamentos (direitos) efetuados e

recebimentos esperados em um determinado período de tempo” e sem ele uma empresa não

tem como se manter no mercado, por muito tempo.

O percentual de empresas sem qualquer controle do fluxo de caixa é muito próximo do

percentual de quase 50% de empresas que entram em falência e/ou descontinuam suas

atividades- Fonte SEBRAE, 2012.

Sem uma DRE-Demonstrativo de Resultados do Exercício implantada, o setor de Indústria

apresentou o maior percentual, com 50% das empresas, seguido do setor de Comércio com 47%

das empresas. A DRE fornece informações mensais do resultado operacional, lucro ou prejuízo

97

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operacional. Sem a DRE fica impossível saber o lucro operacional e consequentemente quanto

se pode retirar do caixa, como renda ou reaplicação na própria empresa.

A falta de controle das finanças de uma empresa por si só responde por quase 50% das falências

e descontinuidade de uma empresa até dois anos, mesmo assistida pelo SEBRAE, com cursos

e treinamentos, agravado por uma falta de acompanhamento de um consultor nas práticas do

conhecimento recém compartilhado.

4.5 Dificuldades encontradas na implantação de mudanças

No Quadro 4.15 a seguir, é apresentado o resultado das dificuldades encontradas para

implementação de mudanças após realização dos cursos de capacitação e compartilhamento de

conhecimentos.

Informações dessa natureza devem ajudar a SEBRAE a ajustar os seus cursos para incluir

atividades julgadas pertinentes para evitar ou pelo menos amenizar as dificuldades encontradas.

98

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100

QUADRO 4.15: Relação das dificuldades encontradas para implementação de

mudanças oriundas dos conhecimentos recebidos conforme setor da empresa

participante.

Dificuldades encontradas para implantação dos

conhecimentos recebidos no treinamento

Nº participantes % das empresas

Ind Com Serv Total 8 15 30 53

Não houve visita de um consultor na empresa, para auxiliar nas mudanças 8 10 27 45 100 67 90 85

Não houve tempo suficiente 6 10 25 41 75 6,7 83 77

Precisava de mais tempo de treinamento 4 4 10 18 50 27 33 34

Faltaram recursos necessários 3 9 16 28 38 60 53 53

Não consegui motivar os funcionários para as mudanças requeridas 2 2 3 7 25 13 10 13

Não pôde estar presente no processo das mudanças 2 1 4 7 25 6,7 13 13

Não soube como orientar as chefias para as mudanças requeridas 2 1 4 7 25 6,7 13 13

Resistência às mudanças por parte dos funcionários 1 1 2 4 13 6,7 6,7 7,5

Não compreendeu como fazer, por não conseguir entender o treinamento/curso 0 2 4 6 0 13 13 11

Não participou diretamente do treinamento. Representante participou 0 1 1 2 0 6,7 3,3 3,8

Não autorizou o representante a implantar as mudanças necessárias 0 1 6 7 0 6,7 20 13

Fonte: Dados da Pesquisa de Campo

99

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101

Podemos observar então no Quadro 4.15, que 77 % dos empresários alegaram falta de tempo

para implantação das mudanças necessárias, sendo os maiores percentuais registrados no setor

da Indústria e de Serviços.

Falta de recursos necessários, foi a explicação dos maiores percentuais registrados nos setores

de Comércio e de Serviços, com 60 e 53% das empresas respectivamente.

O maior percentual registrado foi de 85% das empresas que alegaram a falta de um consultor

SEBRAE, para auxiliá-los nas mudanças necessárias na empresa, o que na prática contrasta

com quase 100% de aproveitamento registrado nos cursos, sendo 100% das ocorrências dessa

resposta nas indústrias e 90% nas empresas de serviços.

O SEBRAE deve atentar para esse item em particular, mesmo que nas capacitações teóricas no

CEE- Centro de Ensino Empresarial, não conste essa obrigatoriedade ou compromisso.

Observa-se também, que a maioria dos empresários de nível superior aprendeu na teoria, as

boas práticas de gestão, mas que sozinhos não conseguem fazer na prática o que aprenderam

tão bem na teoria

Quanto ao pouco tempo de treinamento, que foi alegado por 50% do setor de Indústrias

participantes e 33% das empresas do setor de Serviços, fica difícil sem uma análise mais

aprofundada das consequências dessa alegação, uma vez que a maior parte dos empresários

alegam falta de tempo, para participar dos cursos e palestras no SEBRAE, exatamente pela

longa duração dos cursos que chegam até 6(seis) dias das semana.

O SEBRAE ao contrário tenta reduzir a carga horária dos cursos, para que mais empresários

possam participar de todos.

O que poderia ser feito, seria a redução da carga horária no SEBRAE, com o complemento de

horas na própria empresa, com enfoque na parte prática.

100

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Em resumo, a falta de recursos, administração financeira deficiente ou inexistente, associada

com a falta de tempo e a falta de um consultor na aplicação prática dos ensinamentos adquiridos

podem explicar a falta de aplicação dos novos conhecimentos, o que reforça a razão de muitos

problemas que as empresas enfrentam nos dois primeiros anos de existência, em que são muitas

as dúvidas, incertezas e falta de conhecimento, que geram ansiedade e vacilo nas tomadas de

decisões, em meio a muitos conflitos que na maioria das vezes são compartilhados com os

colaboradores, multiplicando-se os mesmos sentimentos do empresário, o que gera

desmotivação e insegurança no emprego e o futuro profissional de cada um no empreendimento.

Somando tudo isso e consequentemente falta de controle empresarial, poderá gerar prejuízos

acumulativos e que venham a comprometer o patrimônio da empresa, tornando-a em muitos

casos, insolvente, isto é, o patrimônio da empresa não cobre o passivo. SEBRAE(2012).

101

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5. CONCLUSÕES

As expectativas e resultados práticos alcançados pelas empresas que participaram das práticas

organizacionais - cursos e consultorias relacionadas à Planejamento Empresarial -

compartilhados pelos consultores SEBRAE mostrou que os departamentos

Comercial/Marketing e Finanças lideram na aplicação dos novos conhecimentos, seguido logo

depois por Recursos Humanos.

Quanto às mudanças e resultados alcançados, ocorridos na aplicação dos novos conhecimentos,

está registrado primeiramente nos departamentos de Finanças e Recursos Humanos, com

percentuais de 66% de aplicação em ambos os departamentos no setor de Serviços.

Os maiores índices de mudanças ocorridas em relação às aplicações estão no setor de Comércio,

obtendo 100% de aplicação nos departamentos Comercial/Marketing, Administrativo, Finanças

e Clientes/Mercado, também de uma forma mais homogênea. O setor Industrial registrou

também 100% de mudanças em relação às aplicações, nos departamentos Administrativo e

Clientes/Mercado.

Quanto aos obstáculos encontrados para a adequada implementação dos ensinamentos passados

no Curso, 77 % alegaram falta de tempo para implantação das mudanças necessárias, tendo os

maiores percentuais registrados no setor da Indústria e de Serviços.

A falta de recursos necessários, foi a explicação dos maiores percentuais registrados nos setores

de Comércio com 60% e de Serviços com 53% das empresas.

O maior percentual composto de 85% das empresas alegou falta de um consultor SEBRAE,

para auxiliá-los nas mudanças necessárias na empresa, o que na prática contrasta com quase

100% de aproveitamento registrado nos cursos, sendo 100% das ocorrências dessas respostas

nas indústrias e 90% nas empresas de serviços.

Observou-se também, que a maioria dos empresários de nível superior, 60,4%- Quadro 4.5, tem

mais facilidade de aprender na teoria, as boas práticas de gestão, mas que sozinhos não

conseguem fazer na prática o que aprenderam tão bem na teoria, Quadro 4.7, com índices

médios de quase 100% de aproveitamento, muito maior em relação ao que foi realmente

aplicado, isto é, o que se aprendeu foi muito pouco aplicado na prática. Quadro 4.15.

102

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A pesquisa mostrou também que os empresários de hoje, mesmo sendo bem preparados em

termos educacionais, com 60,4% do total das empresas assistidas com curso superior completo

ou incompleto, ainda procuram o SEBRAE para cursos em áreas específicas de gestão.

Aparentemente, os cursos universitários estão deficientes em termos de práticas gerenciais,

onde o SEBRAE encontrou uma lacuna a ser preenchida a fim de melhorar o desempenho das

micro e pequenas empresas, e ainda proporcionar uma educação continuada em gestão

empresarial, para todos os níveis de formação de empresários e estudantes em cursos superiores

ou técnicos voltados para gestão empresarial

Em termos de experiência profissional anterior em empresa privada, o número de executivos

das empresas participantes dos cursos do SEBRAE também chegam atualmente a quase 60%,

significando que cada vez mais empresários novos procuram uma gama de conhecimentos

maiores que no passado. Somente a partir do ano de 1960, passou a existir um órgão de apoio,

inicialmente as pequenas e médias empresas, e mais tarde, em 1984, com o Estatuto da

Microempresa, Lei nº 7.256 as Micro Empresas- ME e com a Lei 8.864 de 1994 as Empresas

de Pequeno Porte-EPP.

O número de empresas pesquisadas foi de 53 (cinquenta e três), com 8 (oito) oriundas do setor

de indústria, 15(quinze) do setor de comércio e 30(trinta) empresas do setor de serviços.

No segmento industrial pesquisado não foi registrado a presença de mulheres empresárias, o

que pode ser explicado pelo domínio masculino na indústria da construção civil, naval,

Offshore, metalomecânico e eletrônico, principalmente nas empresas MPES- Micro e Pequenas

Empresas, que não sofrem tanto a ação dos sindicatos e associações de classe.

No setor da indústria de cerâmicas, de pequeno e médio porte, por exemplo, em diagnóstico

estratégico realizado pelo autor para o SEBRAE, de 30 das 57 empresas cadastradas pelo

SINDICER- Sindicato das Indústrias Cerâmicas-2013, não há mulheres no chão de fábrica, mas

apenas no departamento administrativo-financeiro. No segmento de comércio também foi

identificado a maior presença de homens com 60% de participação contra 40% de mulheres, o

que pode significar que o setor de comércio para as mulheres empresárias ser mais restrito, pelo

domínio ainda dos homens.

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A maioria dos empreendedores tem mais de 2 (dois) anos de empreendedor/empresário, e o

mesmo número tem menos de 2 (dois) anos de uso dos serviços do SEBRAE, o que significa

que 81% dos empreendedores, não deve seu sucesso ao SEBRAE, uma vez que o mesmo

percentual tem menos de dois anos de assistência SEBRAE. Mas não tem como saber fora dessa

amostra o percentual de empresários que descontinuaram o negócio com menos de dois anos,

com ou sem assistência do SEBRAE.

Ainda dessa amostra temos que 19% dos novos empreendedores recebem assistência do

SEBRAE, desde o início dos negócios e tem menos de dois anos de empreendimento.

A seguir, é apresentado a conclusão dessa pesquisa conforme os objetivos específicos da

mesma:

1. Quanto à aplicação e disseminação dos novos conhecimentos adquiridos, nas

empresas que participaram do treinamento no SEBRAE, com ênfase em cada um

dos departamentos da empresa.

A pesquisa ratificou que um número cada vez maior de empreendedores com nível superior

busca cada vez mais orientação empresarial no SEBRAE para abrir seu negócio, significando

também que um número maior de recém graduados buscam como opção de primeiro emprego

o empreendedorismo.

Entre os 60,4% dos empresários que tem o nível superior, o setor de Serviços concentra

37,7% deles, principalmente com as empresas de consultoria, o que também explicaria o alto

índice de aproveitamento e avaliação dos cursos em que participaram no SEBRAE.

Em termos percentuais, o setor industrial foi o que mais aplicou os novos conhecimentos de

tudo o que foi compartilhado no CEE - Centro de Educação Empresarial, registrando 50% de

aplicações nos departamentos de Recursos Humanos e 75% em Finanças.

Os departamentos de Produção/Fabricação e Administrativo foram os departamentos em que

menos foram aplicados dos novos conhecimentos compartilhados no curso.

Quanto a não aplicação, os departamentos que menos aplicaram os novos conhecimentos

foram os de produção, administrativo e clientes/mercado, com mais de 40%.

E esses departamentos com menos conhecimento aplicado estão no setor de serviço.

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2-Quanto às mudanças ou incorporações ocorridas na empresa com as novas

tecnologias e produtos, após participar do treinamento e consultoria no SEBRAE.

Como foi observado acima, os departamentos de Finanças e Recursos Humanos registram

mais aplicações dos conhecimentos adquiridos significando e ratificando que os maiores

esforços e dedicação estão direcionados a esses setores. Em contrapartida, os departamentos

de Produção/Fabricação e Administrativo foram os departamentos em que menos foram

aplicados novos conhecimentos. Isto pode significar, porém, que estes departamentos não

são prioritários nas empresas pesquisadas.

Em relação ao conhecimento que foi aplicado por setor econômico, a pesquisa demonstrou

que 75% de mudanças registradas foram realizadas no departamento Financeiro, no setor

Industrial, seguido de 62% no departamento de Recursos Humanos. De fato, o setor Industrial

registrou o maior percentual de mudanças ocorridas, especialmente no departamento

financeiro, apesar de ser o menor setor na quantidade de empresas pesquisadas - 8 indústrias.

No setor de Serviços, os dados demonstram que 50% de mudanças foram também realizadas

nas áreas de Recursos Humanos e Finanças.

O setor de Serviços registra mais de 66% de empresários com nível superior, enquanto o setor

industrial registra o menor percentual com 50%.

Os maiores índices de mudanças ocorridas, contudo, estão no setor Comercial, obtendo 100%

de aplicação nos departamentos Comercial/Marketing, Administrativo, Finanças e

Clientes/Mercado. Este setor teve o menor número de entrevistados com experiência

profissional mais de 2 anos, mas o maior número de tempo de utilização do SEBRAE.

3-Resultado esperado versus o ocorrido, no final da pesquisa.

O maior número de expectativas de mudanças listadas, ocorreram nos departamentos

Comercial/Marketing e no Financeiro. Isto podia ser esperado pela quantidade de empresas

no setor de Serviços, onde naturalmente as maiores expectativas ocorreram nesse setor, com

30 empresas.

As maiores mudanças ocorridas em função das expectativas, porém, foram registradas nos

departamentos Produção/Fabricação e em Finanças.

O setor de Indústria registrou as maiores mudanças nesses departamentos com 62% em

ambos os departamentos, seguido do setor de serviços com 55% e 54% respectivamente.

A média de mudanças ocorridas em relação às mudanças esperadas ficou em 41,8 %, o que

representa também uma média de 1,98 mudanças ocorridas por empresa.

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4-Descrever onde houve mudanças na gestão dos resultados mensais.

O setor de serviços, provavelmente por ser maior em quantidade de empresas, registrou as

maiores mudanças registradas em termos de controles financeiros, com relação as inovações

implementadas.

O setor da Indústria apresentou o maior percentual de implantação de Controle do Fluxo de

Caixa com 62%, apesar de serem apenas 8 indústrias pesquisadas numa amostra de 53

empresas, seguido do Comércio com 53% das empresas.

Em termos do percentual das empresas com o Controle de Fluxo de Caixa sem equilíbrio, o

setor de Serviços apresentou o maior percentual de 63% do setor, seguido pelo setor

Comercial com 60%. O Controle de Fluxo de Caixa sem equilíbrio podem resultar em sérios

problemas de caixa.

O percentual de empresas sem qualquer controle do fluxo de caixa, contudo, é muito próximo

das 50% de empresas que entram em falência e/ou descontinuam suas atividades conforme

dados do SEBRAE, 2012.

Sem uma DRE-Demonstrativo de Resultados do Exercício implantado, o setor de Indústria

apresentou o maior percentual, com 50% das empresas, seguido do setor de Comércio com

47% das empresas. Os dados da pesquisa demonstram a fragilidade das micro e pequenas

empresas nesta área. A falta de controle das finanças de uma empresa por si só responde por

quase 50% das falências e descontinuidade de uma empresa até dois anos, mesmo assistida

pelo SEBRAE, com cursos e treinamentos, uma vez que o compartilhamento e a absorção

dos conhecimentos não garantem a aplicação na prática.

5-Dificuldades encontradas na implantação de mudanças.

Em termos de implantação das mudanças necessárias, 77 % dos entrevistados alegaram falta

de tempo, sendo os maiores percentuais registrados no setor da Indústria com 50% e de

Serviços com 33%. No que se refere à falta de recursos necessários, essa foi a explicação dos

maiores percentuais registrados nos setores de Comércio e de Serviços, com 60 e 53% das

empresas pesquisadas respectivamente. Por outro lado, 85% das empresas alegaram falta de

um consultor SEBRAE para auxiliá-los nas mudanças necessárias na empresa, o que foi o

maior percentual registrado para dificuldades encontradas nas empresas. Isso, na prática,

contrasta com quase 100% de aproveitamento registrado nos cursos, sendo 100% das

ocorrências dessa resposta nas indústrias e 90% nas empresas de serviços.

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Aparentemente, os dados também sugerem que, embora a maioria de nível superior possa ter

aprendido as boas práticas de gestão na teoria, não conseguem fazer na prática, sozinhos, o

que aprenderam tão bem na teoria

Em resumo, em termos da influência dos cursos no CEE - Centro de Educação Empresarial do

SEBRAE, onde o compartilhamento do conhecimento é exteriorizado, os dados da pesquisa

mostraram o sucesso da metodologia quanto à capacitação teórica, não deixando dúvidas da

qualidade do treinamento, sua infraestrutura e o conhecimento teórico dos instrutores, mas

também demonstram a necessidade de complementar esses conhecimentos com

acompanhamento in loco a fim de beneficiar melhor as empresas participantes.

Em termos de áreas de maior importância para os executivos, a pesquisa demonstrou que os

departamentos de Finanças e Recursos Humanos foram as áreas em que mudanças foram mais

aplicadas inicialmente após os conhecimentos adquiridos. Tal resultado significa e ratifica a

importância que essas áreas têm para o sucesso das micro e pequenas empresas no mercado e

que esses setores merecem ter cursos específicos mais demorados.

Finalmente, a falta de recursos, a existência de uma administração financeira deficiente, a falta

de tempo inicial e a falta de um consultor para acompanhar a aplicação prática dos ensinamentos

adquiridos podem ser fatores que melhor explicam a falta de aplicação dos novos

conhecimentos. Esta informação reforça a razão de muitos problemas que as empresas

enfrentam nos dois primeiros anos de existência.

Mais uma vez, as pesquisas parecem mostrar também que a experiência profissional, sem

aprofundamento de conhecimentos em gestão empresarial, não é suficiente para o sucesso das

micro e pequenas empresas dos diversos setores econômicos estudados, como era no passado,

em que muitos empresários do nada e sem nenhuma formação, conquistaram o sucesso e a

fortuna.

Hoje seria mais difícil essa história de sucesso se repetir, exatamente por estarmos vivendo a

era da informação e do conhecimento, em que a informação é primordial para a sobrevivência

de qualquer empresa.

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6. LIMITES E LIMITAÇÕES

Foram escolhidas dentre as 15 áreas de conhecimento do SEBRAE, as que melhor preparam o

empresário no seu dia a dia, que foram Gestão Empresarial Integrada, Planejamento Estratégico

Na Medida e Gestão de Pessoas Na Medida, pela sua abrangência administrativa e significância

na gestão empresarial de micro e pequenas empresas. Fonte: SEBRAE(2012).

A pesquisa conduzida foi tanto no CEE- Centro de Educação Empresarial, no SEBRAE, como

também nas instalações das empresas participantes e muitas com respostas aos questionários

enviados pela Internet.

Foram observadas as seguintes limitações:

• Características e cultura dos empresários participantes ou seu representante.

• Tempo disponível do empresário, para se dedicar tanto ao curso, quanto sua aplicação na

empresa de forma efetiva.

• Problemas quanto à identificação da melhor metodologia entre as quinze áreas, para ser

analisada, que tenham maior impacto nos resultados das empresas.

• Tempo para coleta deveria ser mais longo, mas ultrapassaria o prazo de defesa da dissertação.

• Resistência percebida nos gestores do SEBRAE, quanto à admissão de deficiências na

aplicação de metodologias e da necessidade de consultoria de acompanhamento para obtenção

de resultados na empresa.

• Reconhecimento das reais motivações para os quase 50% de falências ou descontinuidade nas

empresas que participam de cursos e apoio no SEBRAE, em até dois anos.

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ANEXO 1: AVALIAÇÃO DA CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL

MODELO

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AVALIAÇÃO DA CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL

Curso: Data:

Instrutor: Empresa participante:

Nome do participante:

Telefone:

E-mail:

Escolaridade:

Tempo de empreendedor: Há quanto tempo usa o SEBRAE?

Caro Participante:

O presente formulário visa obter suas opiniões e sugestões sobre a organização, desenvolvimento e resultado deste

evento educacional. Pedimos a gentileza de respondê-lo para que possamos aprimorar sempre os nossos serviços,

pois a sua opinião é muito importante para nós!

1- SOBRE O PROGRAMA

SIM

EM

PARTE

NÃO

g) A) O tempo disponível foi compatível com o objetivo e o conteúdo do

programa?

h) B) Adquiriu conhecimentos novos durante o evento?

i) C) As dinâmicas/exercícios foram adequados ao conteúdo do curso?

j) D) Considera que as expectativas/objetivos propostos foram alcançados?

k) E) O conteúdo apresentado é aplicável ao seu negócio ou ao que pretende

montar?

l) F) Os assuntos abordados foram esclarecedores?

m)

Se sua resposta em algumas das alternativas acima foi NÃO ou EM PARTE, favor comentar sobre o tópico:

_______________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

114

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5 SOBRE O INSTRUTOR

SIM

EM

PARTE

NÃO

A) O instrutor possui domínio do conteúdo?

d) B) O instrutor possui habilidade e clareza na transmissão dos conceitos?

e) C) Motivou e permitiu a participação e o esclarecimento de dúvidas?

f) D) Cumpriu os horários previstos?

Se sua resposta em algumas das alternativas acima foi NÃO ou EM PARTE, favor comentar sobre o tópico:

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

6 SOBRE A ADMINISTRAÇÃO

SIM

EM

PARTE

NÃO

a) A) O funcionamento da Coordenação durante o evento foi satisfatório?

b) B) O atendimento anterior à realização do evento, quanto às informações e

inscrições, foi satisfatório?

C) A qualidade do material didático utilizado foi adequada?

c) D) As instalações e equipamentos da sala foram adequados?

Se sua resposta em algumas das alternativas acima foi NÃO ou EM PARTE, favor comentar sobre o tópico:

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

115

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4. INFORMAÇÕES GERAIS

a) Como tomou conhecimento do evento?

Internet

Jornal

Amigos

Empresa/Entidade Empresarial Qual? ____________________________________________________

Folder

Outros: ____________________________________________________________________________

b) O que espera fazer depois do curso ou o que você espera que o curso vá impactar na sua volta?

__________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

116

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ANEXO 2: AVALIAÇÃO PÓS-CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL

6(seis)/8(oito) meses após capacitação

MODELO

117

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AVALIAÇÃO PÓS-CAPACITAÇÃO EMPRESARIAL- 6 meses

Curso: Data:

Instrutor: Empresa participante:

Nome do participante:

Telefone:

E-mail:

Escolaridade:

Tempo de empreendedor: Há quanto tempo usa o SEBRAE?

Caro Participante:

O presente formulário visa identificar resultados da capacitação empresarial do evento educacional, promovido

nas instalações do SEBRAE. Pedimos a gentileza de respondê-lo para que possamos aprimorar sempre os nossos

serviços, pois a sua opinião é muito importante para nós!

1- Qual foi o grau de aplicação e disseminação dos novos conhecimentos

adquiridos pela empresa, através dos Consultores SEBRAE?

SIM

EM

PARTE

NÃO

A) Foi aplicado na produção?

B) Foi aplicado no comercial/marketing?

C) Foi aplicado no administrativo?

D) Foi aplicado em recursos humanos?

E) Foi aplicado no financeiro?

F) Foi aplicado junto aos clientes/mercado?

Se sua resposta em algumas das alternativas acima foi NÃO ou EM PARTE, favor justificar a razão desses tópicos

(s) não terem sido aplicados ou disseminados:

_______________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

118

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2- Houveram mudanças ou incorporações ocorridas com as novas

tecnologias e produtos, na empresa após participar do treinamento e

consultoria no SEBRAE?

SIM

EM

PARTE

NÃO

A) Na produção?

B) No comercial/marketing?

C) No administrativo?

D) Em recursos humanos?

E) No financeiro?

F) Junto aos clientes/mercado?

3. Descrever o resultado esperado versus o ocorrido, na sua empresa:

Setor Esperado Mudanças Ocorridas

Produção

Comercial/

Marketing

Administrativo

Recursos

Humanos

Financeiro

Clientes/ Mercado

119

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4- As mudanças ocorridas trouxeram efetivamente resultados financeiros aos negócios?

Sim. Foi implantado controle de Fluxo de Caixa. Sim. Foi implantado Conta de Resultado

Sim. O fluxo de caixa existente ficou equilibrado/positivo. Sim. Lucro Operacional positivo.

Não. Fluxo de Caixa sem controle e negativo. Não. Lucro Operacional negativo.

Outros: ________________________________________________________________________

5-Assinale quais foram as dificuldades encontradas por você na implantação das mudanças

que se faziam necessárias, com ou sem consultoria.

a) Resistência às mudanças por parte dos funcionários.

b) Não houve tempo suficiente

c) Não compreendeu como fazer, por não conseguir entender o treinamento/curso

d) Precisava de mais tempo de treinamento.

e) Não participou diretamente do treinamento. Um representante participou.

f) Não autorizou o representante a implantar as mudanças necessárias.

g) Faltaram recursos necessários.

h) Não conseguiu motivar os funcionários para as mudanças requeridas.

i) Não pôde estar presente no processo das mudanças.

j) Não soube como orientar as chefias para as mudanças requeridas.

Outros motivos: _________________________________________________________________________

6- Que obstáculos você considera que os Consultores SEBRAE tiveram para geração e

difusão de conhecimentos empresariais; junto a você ou ao seu representante?

Falta de conhecimento.

Uso de palavras muito técnicas ou termos estrangeiros.

Falta de experiência empresarial por parte do Consultor.

Falta de interesse aos problemas apresentados por você.

Não obteve respostas às suas perguntas.

Não soube se comunicar satisfatoriamente durante o treinamento.

Não houve consultoria na sua empresa, para auxiliá-lo nas mudanças.

Outros obstáculos:__________________________________________________________________________

120