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O DIÁRIO MOGI DAS CRUZES, DOMINGO, 12 DE FEVEREIRO DE 2012 CADERNO A 5 CHICO ORNELLAS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO [email protected] CARTA A UM AMIGO Meu tio Sylvio Barbosa O MELHOR DE MOGI Não bastasse ao Plancha Parrilla ter a melhor carne da Cidade, ainda nos reserva Edélcio Miranda como seu maitre. O PIOR DE MOGI Só para registrar: 100 dias após o último Finados, quando a população foi submetida a situações degradantes, nada foi feito nos cemitérios daqui. .... saber o significado da sigla AMTA (Associação Mogiana de Tiro ao Alvo). E se lembrar do stand de tiro nos fundos do Instituto de Educação Dr. Washington Luiz. SER MOGIANO É.... Waldo Claro é jornalista. Durante 20 anos dividimos a mesma Redação de O Estado de S. Paulo, com histórias incríveis. Ficamos muito tempo sem nos ver, até que a magia da web nos aproximou novamente. Waldo reside em Jahú “Chico, meu caro amigo Difícil, hoje, precisar com deta- lhes dia, mês, ano e nomes os fatos acontecidos há tanto. Tudo, ou qua- se tudo, se perdeu na poeira do tem- po, menos algumas lembranças que ficam cravadas na alma e não desa- parecem nunca por mais que quei- ramos. Foi o que aconteceu comigo em relação à Mogi das Cruzes. Eram os anos 40 e eu, molecote ainda, na casa dos 9/10 anos, vibrava com a chegada dos finais de semana. Era quando minha tia Branca, nasci- da Isabel Dornellas e irmã de minha mãe, me telefonava confirmando a viagem. Saíamos de São Paulo nas primeiras horas da manhã com des- tino à Mogi das Cruzes para apanhar meu tio, Sylvio Barbosa, que era juiz de Direito na Cidade e com quem ela havia se casado anos atrás. Na direção do carro ia outro tio, Miguel Ornellas, que pertencia à seleta e respeitada corporação da Guarda Civil, que ostentava unifor- me azul com botões dourados em- prestando-lhe aparência de general. Na pequena Mogi, à espera que o tio deixasse seu gabinete, percorríamos a Cidade de cabo a rabo. Passávamos primeiro na casa de uma doceira e lá minha tia adquiria bolos e doces maravilhosos, depois íamos a um sitio das redondezas, onde nos fartá- vamos das mais variadas frutas que entupiam o porta-malas do carro, Num desses sábados aconteceu algo inesperado. Andávamos minha tia e eu por uma rua de chão batido onde haviam aberto uma valeta. Com o mesmo ímpeto que olhei para baixo, caí na ribanceira. E dela saí coberto de lama. Tia Branca não pensou duas vezes: bateu na porta da primeira casa, explicou quem era e a situação que eu criara. E emendou com um pedido de favor. Sem que conhecêssemos ninguém da casa até aquele momento, minha roupa foi lavada e passada e até nos ofere- ceram um lanche. Retrato da gene- rosidade e da delicadeza do povo de Mogi. Com o tempo, meu tio ganhou uma cadeira como juiz no cobiça- do Palácio da Justiça de São Paulo. Encerraram-se, então, aquelas via- gens gostosas de fim de semana para Mogi. No dia da despedida, armaram uma festa de arromba, autoridades locais e amigos conquistados du- rante tantos anos compareceram para lamentar a despedida e festejar o novo cargo que o juiz conquistara na capital. Ele arrebanhava amigos por onde passava mercê de sua hon- radez e devoção à lei. Mas jamais se esqueceu de Mogi das Cruzes. De quando em vez, para minha alegria, convidava: “Vamos até Mogi para matar as saudades?” E lá íamos nós, felizes, pegar a estrada para rever a pequena e bela Cidade. Foi nessa época que partilhei mais de seu con- vívio. Como eu já era um bom datiló- grafo sentava à sua mesa de trabalho empertigado e atento. E ele, andan- do de um lado para outro, ia ditando sua sentença para que eu datilogra- fasse a decisão que iria modificar a vida de alguém que eu jamais viria conhecer, Passaram-se os anos e meu tio Sylvio, sempre dedicado ao traba- lho e exemplar no cumprimento da lei, foi promovido a desembar- gador do Tribunal de Justiça de São Paulo – o topo da carreira. E assim permaneceu até que a morte o levou. Nos dias atuais, quando al- guns magistrados maculam a ima- gem da Justiça, vale lembrar como agiam os magistrados de outro- ra. Sylvio Barbosa, para citar um exemplo, quando chegava a época do Natal mandava confeccionar cartões nos quais “agradecia e de- volvia” presentes enviados por em- presas ou empresários. Lamentava no texto não poder aceitá-los “em razão do cargo”. E ex- plicava para nós: “Eu não os conheço e se eles me mandam presentes ago- ra, certamente irão cobra-los ama- nhã”. E assim, na porta de sua casa, era barrada a entrada de geladeiras, caixas de bebidas finas e outros pre- sentes enviados possivelmente com segundas intenções. Foi assim a vida de Sylvio Barbosa, um magistrado exemplar que plantou as primeiras sementes de sua carreira na peque- na e bela Mogi das Cruzes, Abraços do Waldo Claro” MOGI DE A A Z ARQUIVO PESSOAL Bastaram 7 anos para marcar presença Foram sete anos, passou pouco de 2.500 dias a presença do juiz de Direito Sylvio Barbosa na Comarca de Mogi das Cruzes. Chegou em 24 de janeiro de 1945, para suceder ao juiz José Correia de Meira, que fi- cou aqui por 14 anos. Despediu-se dia 18 de dezembro de 1951, trans- mitindo o cargo para o dr. Luís Corrêa Fragoso. Mas que sete anos foram esses de 1945 a 1951! Mogi das Cruzes tinha 60 mil habitantes e era um ponto impor- tante no percurso entre a capital de São Paulo e o Rio de Janeiro, capi- tal da República. Sem a via Dutra, todos os automóveis, caminhões e ônibus que cobriam o trajeto pas- savam por aqui. Também os trens – de carga e de passageiros, neste caso o in era o Vera Cruz e seus va- gões Budd em aço, ar condiciona- do, vagões pulmann e restaurante, com viagens diurnas e noturnas (em cabines-leito impecavelmente limpas) e o out – nem por isso me- nos prestigiado – o expressinho. Sylvio Barbosa não chegou a fixar residência em Mogi: hospe- dava-se no Hotel Jardim da Praça Oswaldo Cruz e caminhava diaria- mente até seu gabinete no Fórum da Comarca, instalado no prédio histórico da Rua Coronel Souza Franco, que hoje abriga o QG da Política Militar. Ficava o Fórum no andar de cima, a cadeia pública no andar de baixo. Juiz de Direito em tempos de redemocratização com a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, coube a ele a missão de dar início, no dia 2 de julho de 1945 ao alista- mento dos eleitores da Comarca. Com a derrubada do regime vigen- te em 29 de outubro de 1945, Syl- vio Barbosa – em decorrência da legislação da época – assumiu in- terinamente a Prefeitura de Mogi das Cruzes em substituição a Fran- cisco Rodrigues Filho, que se afas- tara para dedicar-se à campanha política dos candidatos do PSD à Presidência da República, Senado e Câmara Federal. As incumbências do juiz Sylvio Barbosa seguiram por trilhas que foram determinantes na configu- ração da toda a região de Mogi das Cruzes: coube a ele, por exemplo, conduzir, em 1949, os plebiscitos que resultaram na emancipação política de antigos distritos da Ci- dade – em 10 de outubro de 1948 Sylvio Barbosa fez isso com Suza- no e Poá (no caso de Suzano, 1.925 votaram pela emancipação, 8 pela preservação como distrito: em Poá foram 1.370 a favor e 19 contra). Fora as demandas políticas que lhe caíam às mãos. E em seu últi- mo ano à frente da Comarca local isso não faltou. Em fevereiro de 1951 concedeu liminar, a pedido do advogado Renato Granadeiro Guimarães, para devolver ao vere- ador Jair Salvarani o mandato que lhe haviam cassado. A mais polê- mica de suas decisões, entretanto, viria no final do ano, quando Sylvio Barbosa negou, aos cerca de 500 eleitores hansenianos internos no Hospital Colônia de Santo Ângelo, o direito a voto nas eleições muni- cipais desse ano. Decisão mantida pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas reformada pelo Tribunal Su- perior Eleitoral. Mas essa deman- da não terminou aí. Dois irmãos disputavam o cargo de prefeito nas eleições de outubro de 1951: com os votos dos hansenianos, Carlos Alberto Lo- pes somou 2.497 votos e seu irmão Francisco Ferreira Lopes ficou em segundo – 2.457. Diferença de 40 votos. Carlos Alberto Lopes tomou posse no dia 1º de janeiro de 1952, sem os votos do Sanatório de San- to Ângelo. Assumiu em meio a um grande temporal que fez ruir uma das laterais da antiga Igreja Matriz. Sylvio Barbosa já não era juiz por aqui quando o Tribunal Superior Eleitoral aceitou o recurso dos elei- tores hansenianos, reformou a de- cisão de primeira instância e lhes deu direito ao voto, determinando a posse de Francisco Ferreira Lo- pes na Prefeitura, o que ocorreria apenas em 17 de maio. Levada ao Supremo Tribunal Federal a pen- denga foi encerrada em 10 de outu- bro de 1952, mantendo Chico Lopes no cargo. A par das atividades jurisdi- cionais, Sylvio Barbosa mantinha uma constante participação comu- nitária: foi, por exemplo, presiden- te do Centro de Cultura de Mogi das Cruzes, responsável por uma intensa programação. SYLVIO O juiz de Direito Sylvio Barbosa, de terno branco à direita, durante reunião de família em São Paulo

CARTA A UM AMIGO Meu tio Sylvio Barbosachicoornellas.com.br/portal/wp-content/uploads/2013/04/CO_ODiario... · com histórias incríveis. Ficamos muito tempo sem nos ver, até que

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O DIÁRIOMogi das Cruzes, doMingo, 12 de fevereiro de 2012

CADERNO A 5CHICO ORNELLASdo insTiTuTo HisTÓriCo e geogrÁfiCo de sÃo PauLo [email protected]

CARTA A UM AMIGO

Meu tio Sylvio Barbosa

O MELHOR DE MOGI

Não bastasse ao Plancha Parrilla ter a melhor carne da Cidade, ainda nos reserva Edélcio Miranda como seu maitre.

O PIOR DE MOGI

Só para registrar: 100 dias após o último Finados, quando a população foi submetida a situações degradantes, nada foi feito nos cemitérios daqui.

.... saber o significado da sigla AMTA (Associação Mogiana de Tiro ao Alvo). E se lembrar do stand de tiro nos fundos do Instituto de Educação Dr. Washington Luiz.

SER MOGIANO É....Waldo Claro é jornalista. Durante 20 anos dividimos a mesma

Redação de O Estado de S. Paulo, com histórias incríveis. Ficamos

muito tempo sem nos ver, até que a magia da web nos aproximou

novamente. Waldo reside em Jahú

“Chico, meu caro amigo

Difícil, hoje, precisar com deta-lhes dia, mês, ano e nomes os fatos acontecidos há tanto. Tudo, ou qua-se tudo, se perdeu na poeira do tem-po, menos algumas lembranças que ficam cravadas na alma e não desa-parecem nunca por mais que quei-ramos. Foi o que aconteceu comigo em relação à Mogi das Cruzes.

Eram os anos 40 e eu, molecote ainda, na casa dos 9/10 anos, vibrava com a chegada dos finais de semana. Era quando minha tia Branca, nasci-da Isabel Dornellas e irmã de minha mãe, me telefonava confirmando a viagem. Saíamos de São Paulo nas primeiras horas da manhã com des-tino à Mogi das Cruzes para apanhar meu tio, Sylvio Barbosa, que era juiz de Direito na Cidade e com quem ela havia se casado anos atrás.

Na direção do carro ia outro tio, Miguel Ornellas, que pertencia à seleta e respeitada corporação da Guarda Civil, que ostentava unifor-me azul com botões dourados em-prestando-lhe aparência de general. Na pequena Mogi, à espera que o tio deixasse seu gabinete, percorríamos a Cidade de cabo a rabo. Passávamos primeiro na casa de uma doceira e lá minha tia adquiria bolos e doces maravilhosos, depois íamos a um sitio das redondezas, onde nos fartá-vamos das mais variadas frutas que entupiam o porta-malas do carro,

Num desses sábados aconteceu algo inesperado. Andávamos minha tia e eu por uma rua de chão batido onde haviam aberto uma valeta. Com o mesmo ímpeto que olhei para baixo, caí na ribanceira. E dela saí coberto de lama. Tia Branca não pensou duas vezes: bateu na porta da primeira casa, explicou quem era e a situação que eu criara. E emendou com um pedido de favor. Sem que conhecêssemos ninguém da casa até aquele momento, minha roupa foi lavada e passada e até nos ofere-ceram um lanche. Retrato da gene-rosidade e da delicadeza do povo de Mogi.

Com o tempo, meu tio ganhou uma cadeira como juiz no cobiça-do Palácio da Justiça de São Paulo. Encerraram-se, então, aquelas via-gens gostosas de fim de semana para Mogi.

No dia da despedida, armaram uma festa de arromba, autoridades locais e amigos conquistados du-rante tantos anos compareceram para lamentar a despedida e festejar o novo cargo que o juiz conquistara na capital. Ele arrebanhava amigos por onde passava mercê de sua hon-radez e devoção à lei. Mas jamais se esqueceu de Mogi das Cruzes. De quando em vez, para minha alegria, convidava: “Vamos até Mogi para matar as saudades?” E lá íamos nós, felizes, pegar a estrada para rever a pequena e bela Cidade. Foi nessa época que partilhei mais de seu con-vívio. Como eu já era um bom datiló-grafo sentava à sua mesa de trabalho empertigado e atento. E ele, andan-do de um lado para outro, ia ditando sua sentença para que eu datilogra-fasse a decisão que iria modificar a vida de alguém que eu jamais viria conhecer,

Passaram-se os anos e meu tio Sylvio, sempre dedicado ao traba-

lho e exemplar no cumprimento da lei, foi promovido a desembar-gador do Tribunal de Justiça de São Paulo – o topo da carreira. E assim permaneceu até que a morte o levou. Nos dias atuais, quando al-guns magistrados maculam a ima-gem da Justiça, vale lembrar como agiam os magistrados de outro-ra. Sylvio Barbosa, para citar um exemplo, quando chegava a época do Natal mandava confeccionar cartões nos quais “agradecia e de-volvia” presentes enviados por em-presas ou empresários.

Lamentava no texto não poder aceitá-los “em razão do cargo”. E ex-plicava para nós: “Eu não os conheço e se eles me mandam presentes ago-ra, certamente irão cobra-los ama-nhã”. E assim, na porta de sua casa, era barrada a entrada de geladeiras, caixas de bebidas finas e outros pre-sentes enviados possivelmente com segundas intenções. Foi assim a vida de Sylvio Barbosa, um magistrado exemplar que plantou as primeiras sementes de sua carreira na peque-na e bela Mogi das Cruzes,

Abraços do

Waldo Claro”

MOGI DE A A Z

arquivo peSSoal

Bastaram 7 anos para marcar presençaForam sete anos, passou pouco

de 2.500 dias a presença do juiz de Direito Sylvio Barbosa na Comarca de Mogi das Cruzes. Chegou em 24 de janeiro de 1945, para suceder ao juiz José Correia de Meira, que fi-cou aqui por 14 anos. Despediu-se dia 18 de dezembro de 1951, trans-mitindo o cargo para o dr. Luís Corrêa Fragoso. Mas que sete anos foram esses de 1945 a 1951!

Mogi das Cruzes tinha 60 mil habitantes e era um ponto impor-tante no percurso entre a capital de São Paulo e o Rio de Janeiro, capi-tal da República. Sem a via Dutra, todos os automóveis, caminhões e ônibus que cobriam o trajeto pas-savam por aqui. Também os trens – de carga e de passageiros, neste caso o in era o Vera Cruz e seus va-gões Budd em aço, ar condiciona-do, vagões pulmann e restaurante, com viagens diurnas e noturnas (em cabines-leito impecavelmente limpas) e o out – nem por isso me-nos prestigiado – o expressinho.

Sylvio Barbosa não chegou a fixar residência em Mogi: hospe-dava-se no Hotel Jardim da Praça Oswaldo Cruz e caminhava diaria-mente até seu gabinete no Fórum da Comarca, instalado no prédio histórico da Rua Coronel Souza Franco, que hoje abriga o QG da Política Militar. Ficava o Fórum no andar de cima, a cadeia pública no andar de baixo.

Juiz de Direito em tempos de redemocratização com a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, coube a ele a missão de dar início, no dia 2 de julho de 1945 ao alista-mento dos eleitores da Comarca. Com a derrubada do regime vigen-te em 29 de outubro de 1945, Syl-vio Barbosa – em decorrência da legislação da época – assumiu in-terinamente a Prefeitura de Mogi das Cruzes em substituição a Fran-cisco Rodrigues Filho, que se afas-tara para dedicar-se à campanha política dos candidatos do PSD à Presidência da República, Senado e Câmara Federal.

As incumbências do juiz Sylvio Barbosa seguiram por trilhas que foram determinantes na configu-ração da toda a região de Mogi das Cruzes: coube a ele, por exemplo, conduzir, em 1949, os plebiscitos que resultaram na emancipação política de antigos distritos da Ci-dade – em 10 de outubro de 1948 Sylvio Barbosa fez isso com Suza-no e Poá (no caso de Suzano, 1.925 votaram pela emancipação, 8 pela preservação como distrito: em Poá foram 1.370 a favor e 19 contra).

Fora as demandas políticas que lhe caíam às mãos. E em seu últi-mo ano à frente da Comarca local

isso não faltou. Em fevereiro de 1951 concedeu liminar, a pedido do advogado Renato Granadeiro Guimarães, para devolver ao vere-ador Jair Salvarani o mandato que lhe haviam cassado. A mais polê-mica de suas decisões, entretanto, viria no final do ano, quando Sylvio Barbosa negou, aos cerca de 500 eleitores hansenianos internos no Hospital Colônia de Santo Ângelo, o direito a voto nas eleições muni-cipais desse ano. Decisão mantida pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas reformada pelo Tribunal Su-perior Eleitoral. Mas essa deman-da não terminou aí.

Dois irmãos disputavam o cargo de prefeito nas eleições de outubro de 1951: com os votos dos hansenianos, Carlos Alberto Lo-pes somou 2.497 votos e seu irmão Francisco Ferreira Lopes ficou em segundo – 2.457. Diferença de 40 votos.

Carlos Alberto Lopes tomou posse no dia 1º de janeiro de 1952, sem os votos do Sanatório de San-to Ângelo. Assumiu em meio a um grande temporal que fez ruir uma das laterais da antiga Igreja Matriz. Sylvio Barbosa já não era juiz por aqui quando o Tribunal Superior Eleitoral aceitou o recurso dos elei-

tores hansenianos, reformou a de-cisão de primeira instância e lhes deu direito ao voto, determinando a posse de Francisco Ferreira Lo-pes na Prefeitura, o que ocorreria apenas em 17 de maio. Levada ao Supremo Tribunal Federal a pen-denga foi encerrada em 10 de outu-bro de 1952, mantendo Chico Lopes no cargo.

A par das atividades jurisdi-cionais, Sylvio Barbosa mantinha uma constante participação comu-nitária: foi, por exemplo, presiden-te do Centro de Cultura de Mogi das Cruzes, responsável por uma intensa programação.

SYLVIO O juiz de Direito Sylvio Barbosa, de terno branco à direita, durante reunião de família em São Paulo