Carta aberta à ministra Assunção Cristas: Conselho Europeu deve opor-se às unidades de emissões excedentárias, no âmbito do cumprimento do Protocolo de Quioto

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  • 7/31/2019 Carta aberta ministra Assuno Cristas: Conselho Europeu deve opor-se s unidades de emisses excedentrias

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    Exma. Sr. Dr. Assuno Cristas,Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do TerritrioRua de O Sculo, n511200-433 LISBOA

    Lisboa, 3 de Outubro de 2012

    Assunto: Conselho Europeu deve opor-se s unidades de emisses excedentrias, no mbito do

    cumprimento do Protocolo de Quioto

    Exma. Senhora Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Territrio,

    Doutora Assuno Cristas,

    As atuais regras do Protocolo de Quioto permitem aos pases conservar as unidades de quantidade

    atribuda (na sigla em ingls, AAUs) do primeiro para o segundo perodo de cumprimento do

    Protocolo de Quioto (PQ). Estas emisses excendentrias esto estimadas em mais de 13 mil

    milhes de toneladas de dixido de carbono equivalente (CO2-eq) e mais de mil vezes superior aoinicialmente previsto, segundo novos estudos independentes1. As emisses excedentes podem

    aumentar cerca para cerca 17 mil milhes de toneladas CO2-eq durante o segundo perodo de

    cumprimento do PQ, devido aos inadequados compromissos de reduo assumidos pelas Partes.

    As unidades de quantidade atribuda excedentrias na Unio Europeia durante ao primeiro

    perodo de compromisso do PQ esto estimadas em mais de 4 mil milhes de toneladas CO2-eq

    Portugal dever ter um excedente de 61,8 de milhes de toneladas de CO2-eq.

    O segundo perodo de compromisso do PQ tambm dever ser excendentrio em oferta de

    unidades atribudas de emisses. Devido a isto, as unidades excendentrias do primeirocompromisso tero um valor financeiro muito baixo ou praticamente nulo, com preos expectveis

    de AAU a cair para perto de zero euros por tonelada de CO2-eq.

    O excedente de emisses sem restries de uso pode ameaar o sucesso de um futuro compromisso

    climtico. difcil perceber como a UE ir convencer os pases em desenvolvimento a assumir

    1Carry-over of AAUs from CP1 to CP2Future Implications for the Climate. Thomson Reuters Point Carbon.

    Setembro de 2012.http://bit.ly/AAUsurplusPointCarbon;The Phantom Menace: An introduction to the Kyoto

    Protocol Allowances surplus. CDM Watch e CCAP Policy Brief. Julho de 2012.http://bit.ly/PzTE1H

    http://bit.ly/AAUsurplusPointCarbonhttp://bit.ly/AAUsurplusPointCarbonhttp://bit.ly/AAUsurplusPointCarbonhttp://bit.ly/PzTE1Hhttp://bit.ly/PzTE1Hhttp://bit.ly/PzTE1Hhttp://bit.ly/PzTE1Hhttp://bit.ly/AAUsurplusPointCarbon
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    redues de emisses significativas quando os compromissos europeus de reduo so to fracos e

    com lacunas que no persistem em no ser eliminadas.

    Na 18 Conferencia das Partes (COP-18) da Conveno das Naes Unidas para as Alteraes

    Climticas (UNFCCC), em Doha, em novembro prximo, ter de ser encontrada uma soluo. De

    outro modo a regra atualmente existente de passagem das emisses excendentrias ser aplicada.Na reunio de negociaes da UNFCCC que decorreu em Agosto ltimo, em Bangkok, o G-77 e China

    apresentaram uma proposta para efetivamente conter e minimizar a utilizao destas emisses

    excedentrias.

    A proposta do G-77 respeita todos os requerimentos que a UE estipulou nas concluses do Conselho

    de maro de 2011. Se a UE quer ser respeitada quando afirma que a integridade ambiental uma

    condio fundamental para participar num segundo perodo de compromisso do PQ, ento precisa

    de se comprometer com uma posio consistente com esta exigncia.

    O Tratado da unio Europeia claro quando afirma claramente que o Conselho delibera por

    maioria qualificada, tanto para as medidas gerais (Artigo 16(3) do TUE2), como , em particular, em

    todo o processo de entrada em novos acordos internacionais, como o caso da Conveno das

    Naes Unidas para as Alteraes Climticas (na sigla em ingls, UNFCCC) (Artigo 218(8) TFUE3).

    Em conformidade com estes tratados, o Conselho de Ministros deve definir uma posio sobre

    uma soluo por maioria qualificada adotada no Conselho de Ambiente, a 25 de outubro. No

    necessrio o consenso entre os 27 estados-membros.

    As organizaes signatrias, incluindo a Quercus, atravs desta carta apelam a que:

    Portugal apoie uma posio comum da unio Europeia de apoio atual proposta do G-77,sem a enfraquecer. de particular importncia que a Unio Europeia apoie o cancelamento

    das emisses excendentrias que transitaram do primeiro para o segundo perodo de

    compromisso no final do segundo perodo do PQ, bem como a eliminao da possibilidade

    de poderem ser acumuladas emisses excedentrias durante o segundo perodo de

    cumprimento.

    Portugal declare que no ir usar unidades de quantidade atribudas (AAU) para ocumprimento das metas do segundo perodo de compromisso.

    Portugal assuma que no ir adquirir crditos de emisso, atravs do Mecanismo deImplementao Conjunta (na sigla em ingls, JI), a pases que no assinarem o segundo

    perodo de compromisso.

    Sem uma urgente e forte liderana europeia, as hipteses de evitar as consequncias catastrficas

    das alteraes climticas iro fiar mais longe do nosso alcance.

    Agradecendo desde j a V/ melhor ateno, apresentamos,

    Os nossos melhores cumprimentos,

    2 Tratado da unio Europeia.http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDF 3

    Tratado sobre o Funcionamento da Unio Europeia.http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDF

    http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2010:083:0047:0200:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDFhttp://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2008:115:0013:0045:pt:PDF
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    Eva Filzmoser

    Programme Director

    CDM Watch

    Tony Long

    Director

    WWF European Policy Office

    Nuno Sequeira

    Presidente da Direo Nacional

    Quercus

    cc. Nuno Lacasta, Diretor-Geral da Agncia Portuguesa de Ambiente e Coordenador do Comit

    Executivo Comisso para as Alteraes Climticas.