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CARTA NÁUTICA Se gostou deste vai gostar: Avieiros : étude d'une popu- lation de pècheurs émigrés sur les bords du Tage / Jeani- ne Carré Colas, 1988 Neste número Os último avieiros no concelho da Chamusca - António Matias Coelho De um porto industrial a um porto urbano : pro- cessos de transformação portuária e reabilitação urbana - João Alves Reuse and musealization of port infrastructure in urban waterfronts : the Lisbon case - José Sán- chez Os avieiros no Tejo Foto: Viagem na lancha Tágides à Vala da Azam- buja e Santarém Das últimas aquisições Os últimos avieiros do Tejo no concelho da Chamusca - An- tónio Matias Coelho No âmbito do projeto de candidatura da cultura avieira a património na- cional, tem sido desenvolvida uma profunda inves- tigação histórico-sociológica e sócio-antropológica das diversas comunidades ribeirinhas. Mas se muitas se mantêm ainda com vida, algumas dessas comunidades já desapareceram, como é o caso da comunidade avieira da Chamusca. Na dé- cada de 80 do século passado, o autor teve oportu- nidade de a estudar, tendo privado com muitos dos Avieiros que entretanto vieram a falecer. Este estu- do trata dessa revisitação, e inclui um CD-Rom com o testemunho gravado de um dos últimos pes- cadores dessa geração e com fotografias da época. Boletim do Centro de Documentação e Informação Julho 2017 Das nossas estantes De um porto industrial a um porto urbano : processos de transformação portuária e reabilitação urbana - João Alves Realizado no âmbito do Mestrado Integrado em Arquitetura pelo IST, este trabalho pretende efe- tuar um levantamento e estudo comparativo sinté- tico dos Portos de Barcelona e Lisboa, quer a nível comercial, quer dos espaços públicos ribeirinhos, evidenciando os pontos em comum e de divergên- cia entre ambos. Para tal, este trabalho apresenta um estudo da realidade portuária enquanto elemento com passa- do, presente e futuro, no contexto da especializa- ção dos meios portuários e dos novos usos urba- nos ribeirinhos.

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CARTA NÁUTICA

Se gostou deste vai

gostar:

Avieiros : étude d'une popu-

lation de pècheurs émigrés

sur les bords du Tage / Jeani-

ne Carré Colas, 1988

Neste número

• Os último avieiros no

concelho da Chamusca -

António Matias Coelho

• De um porto industrial a

um porto urbano : pro-

cessos de transformação

portuária e reabilitação

urbana - João Alves

• Reuse and musealization

of port infrastructure in

urban waterfronts : the

Lisbon case - José Sán-

chez

• Os avieiros no Tejo

• Foto: Viagem na lancha

Tágides à Vala da Azam-

buja e Santarém

Das últimas aquisições

Os últimos avieiros do Tejo no concelho da Chamusca - An-

tónio Matias Coelho

No âmbito do projeto de candidatura da cultura avieira a património na-

cional, tem sido desenvolvida uma profunda inves-

tigação histórico-sociológica e sócio-antropológica

das diversas comunidades ribeirinhas.

Mas se muitas se mantêm ainda com vida, algumas

dessas comunidades já desapareceram, como é o

caso da comunidade avieira da Chamusca. Na dé-

cada de 80 do século passado, o autor teve oportu-

nidade de a estudar, tendo privado com muitos dos

Avieiros que entretanto vieram a falecer. Este estu-

do trata dessa revisitação, e inclui um CD-Rom

com o testemunho gravado de um dos últimos pes-

cadores dessa geração e com fotografias da época.

Boletim do Centro de Documentação e Informação Julho 2017

Das nossas estantes

De um porto industrial a um porto urbano : processos de

transformação portuária e reabilitação urbana - João Alves

Realizado no âmbito do Mestrado Integrado em

Arquitetura pelo IST, este trabalho pretende efe-

tuar um levantamento e estudo comparativo sinté-

tico dos Portos de Barcelona e Lisboa, quer a nível

comercial, quer dos espaços públicos ribeirinhos,

evidenciando os pontos em comum e de divergên-

cia entre ambos.

Para tal, este trabalho apresenta um estudo da

realidade portuária enquanto elemento com passa-

do, presente e futuro, no contexto da especializa-

ção dos meios portuários e dos novos usos urba-

nos ribeirinhos.

Artigo do mês

Reuse and musealization of port infrastructure in ur-

ban waterfronts : the Lisbon case - José Sánchez

Este artigo, cedido ao CDI pelo próprio autor, a quem agradece-

mos, mostra as diferentes formas

de conseguir a integração entre pa-

trimónio e novas atividades urba-

nas, confirmando os benefícios que

podem ser obtidos, dando especial

destaque ao caso de Lisboa.

As frentes ribeirinhas foram duran-

te séculos as áreas mais dinâmicas

das cidades e as inovações tecnoló-

gicas relacionadas com o mundo

marítimo e industrial deixaram um

conjunto de obras e projetos arquitetónicos de grande valor, tor-

nando-se peças fundamentais da identidade das cidades portuá-

rias.

O autor analisa detalhadamente três grupos de intervenções na

frente ribeirinha de Lisboa, que contam como ponto de partida

uma pré-existência relacionada com as atividades marítimo-

portuárias, nomeadamente projetos focados no espaço público

(Praça do Comércio e Ribeira das Naus), edifícios industriais de

diferentes épocas (Cordoaria Nacional, Central Tejo e Edifício

Pedro Álvares Cabral) e, finalmente, antigos armazéns portuá-

rios, que foram reabilitados para atividades de recreio e lazer

(Docas de Santo Amaro e Jardim do Tabaco). Através destes

exemplos, pretende-se demonstrar o esforço, quer da autorida-

de portuária de Lisboa quer da autarquia, no sentido de melho-

rar a relação entre a cidade, os cidadãos, o porto e o rio Tejo, e

os benefícios que daí advêm.

Boletim Bibliográfico

O Boletim Bibliográfico é editado pe-

riodicamente pelo Centro de Docu-

mentação e Informação.

A sua finalidade é dar a conhecer ao

leitor todas as publicações, sob a for-

ma impressa ou digital, e informação

relevantes selecionadas pelo CDI no

mês anterior.

A apresentação da informação é te-

mática, estando repartida pelos gran-

des temas adotados na biblioteca.

Na parte final, havendo legislação

selecionada, terá acesso direto ao

documento (DRE ou JOUE).

Ligação Interessante

A página oficial da SUMA inclui uma ligação especialmente dedicada às cri-

anças - SUMAKids - onde pode ver filmes e livros, ouvir canções e descarre-

gar jogos e atividades para os mais pequenos. Uma forma lúdica de ensinar

regras básicas de civismo às crianças, contribuindo para a sua educação cí-

vica e para a construção de um ambiente melhor. Por curiosidade deixamos-

lhe uma ligação para a “História—aos quadradinhos e afins—dos resíduos”

onde, de uma forma divertida, se conta a história do tratamento dos resí-

duos e sua importância para as gerações futuras.

Poesia pelo porto

O VAGABUNDO DO MAR

Sou barco de vela e remo

sou vagabundo do mar.

Não tenho escala marcada

nem hora para chegar:

é tudo conforme o vento,

tudo conforme a maré…

Muitas vezes acontece

largar o rumo tomado

da praia para onde ia…

Foi o vento que virou?

foi o mar que enraiveceu

e não há porto de abrigo?

ou foi a minha vontade

de vagabundo do mar?

Sei lá.

Poema de Manuel da Fonseca

Pintura de Howard Pyle—

“Fisherman in Dory on Rolling

Sea”

O que se passa por aqui

Os avieiros no Tejo

Ainda no século XIX, pescadores originários de Vieira de Leiria saíram da

sua terra para procurar sustento nas

águas calmas dos rios, em especial

do rio Tejo, onde o peixe abundava,

uma vez que, no inverno, o mar re-

volto da praia da Vieira se tornava

demasiado perigoso para a pesca.

Os avieiros são descendentes desse

movimento migratório interno que consistia numa migração para sul em

busca de sustento na “segurança” da pesca de rio durante o inverno,

com regresso ao local de origem no verão.

Inicialmente, estes pescadores migrantes trabalhavam e viviam nos seus

barcos, com a família, ou construíam pequenas casas feitas de canas nas

margens do Tejo. Já no século XX, por questões económicas e/ou de sa-

úde, os “nómadas do rio”, como os apelidou Alves Redol no livro Aviei-

ros, deixaram de regressar à sua terra natal e fixaram-se definitivamen-

te à beira Tejo, principalmente nos concelhos da Chamusca, Azambuja,

Santarém e Vila Franca de Xira, estabelecendo pequenos povoados de

construções palafíticas em madeira. Estas casas, assentes em pilares

para resistirem às cheias do rio, eram pintadas com cores garridas, típi-

cas da zona da Vieira – verde, vermelho e azul.

À pobreza e à miséria, condição comum

a tantos outros, juntou-se a discrimina-

ção social a que estavam sujeitos estes

pescadores. De facto, os locais olhavam

para os avieiros com desconfiança, acu-

sando-os de acabarem com o peixe do

rio e de lhes retirarem o sustento.

Com o passar dos anos, este isolamento

foi se dissipando e, hoje em dia, os avieiros e a sua cultura são parte

integrante dos concelhos ribeirinhos da margem norte do Tejo. Como tal,

existe já um projeto para a classificação da cultura avieira como patri-

mónio nacional, de forma a divulgar e preservar esta cultura tão rica e

única na Europa.

Fontes: Avieiros : étude d'une population de pècheurs émigrés sur les

bords du Tage / Jeanine Carré Colas; Os Avieiros nos finais da década de

50 / Maria Salvado; arquivo histórico da APL; site E-Atlas: o Tejo e a

Cultura Avieira

Bateira avieira (fonte: E-Atlas)

Concentração de avieiros em V. F.

Xira—anos 60 (acervo do CDI)

Contactos

Correio eletrónico

[email protected]

Telefone +(351) 21 361

10 45/64/74;

21 392 22 24

Fax – 21 361 10 05

Endereço postal – Edifí-

cio Infante D. Henrique,

Doca de Alcântara,

1399-012 Lisboa

Foto Final

Viagem na lancha Tágides à Vala da Azambuja e Santarém

1935

Acervo do CDI

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Sabia que…

O rio Tejo vai ter videovigilância por drones e uma unidade de

intervenção rápida.

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