Cartilha Das Prerrogativas Dos Advogados Oab Pe1

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    CARTI LHA DAS

    PRERROGATIVAS

    DOS ADVOGADOS

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    NDICE ANALTICO

    1. Apresentao do Presidente da OAB-PE........................................ 52. Os Dez Mandamentos das Prerrogativas Prossionais

    dos Advogados (Os Mandamentos das Prerrogativas doAdvogado)............................................................................................. 6

    3. Palavra do Presidente da Comisso Nacional de Prerrogativase Valorizao da Advocacia do Conselho Federal da OAB........ 8

    4. Palavra do Presidente da Caixa de Assistncia dos Advogados dePernambuco (CAAPE/OAB-PE)................................................... 11

    5. Palavra do Presidente da Comisso de Defesa, Assistncia ePrerrogativas dos Advogados (CDAP/OAB-PE)............................ 12

    6. Da Comisso de Defesa, Assistncia e Prerrogativas dosAdvogados (CDAP).............................................................................. 15

    7. Regime Jurdico das Prerrogativas dos Advogados................. 17- Da Essencialidade do Advogado Justia.............................. 17- Princpio da Legalidade............................................................ 20- Do Livre Exerccio de Trabalho do Advogado................... 20-Da Comunicao Presencial e Reservada com Cliente Presoou Detido......................................................................................... 21- Da Imunidade do Advogado no Exerccio da Prosso...... 23- Da Ausncia de Hierarquia e Subordinao......................... 28- Do Direito a Tratamento Condigno....................................... 30- Da Procurao............................................................................. 30- Dos Direitos dos Advogados previstos no Estatuto daAdvocacia........................................................................................ 32- Do Artigo 7 do Estatuto da Advocacia e da OAB........ 32- Do Exerccio em todo Territrio Nacional.......................... 33

    - Da Inviolabilidade do Escritrio ou Local de TrabalhoAdvogado........................................................................................ 33- Do Direito ao Representante da OAB quando Preso porMotivo Ligado Prosso e Permanncia em Sala de EstadoMaior................................................................................................. 40- Do Direito Comunicao com seus Clientes Presos..44- Do Livre Ingresso em Recintos Judiciais, Reparties eAssembleias.................................................................................... 45- Da Livre Entrada ou Permanncia no Exerccio daProsso.......................................................................................... 48- Do Direito de ser Recebido por MagistradoIndependentemente de Hora Marcada................................... 49- Da Palavra.................................................................................... 52

    - Do Direito Sustentao Oral................................... 52

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    02. OS DEZ MANDAMENTOS DAS PRERROGATIVASPROFISSIONAIS DOS ADVOGADOS(Os mandamentos das prerrogativas do advogado)

    Mandamentos so ordens, imperativos que nopodem ser abdicados, tais como as prerrogativasprossionais do advogado, que so direitosindispensveis ao exerccio da cidadania e administrao da justia, caracterizando-se pelainviolabilidade do seu exerccio, funo social eindependncia funcional, conforme disposto na Lein 8.906/94 e no artigo 133 da Constituio Federal.Diante disto, os mandamentos das prerrogativas doadvogado so os pilares que sustentam o efetivoexerccio desta ilustre prosso, sendo eles:

    I O advogado indispensvel administrao dajustia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes noexerccio da prosso. Possui imunidade prossional, noconstituindo injria ou difamao qualquer manifestaode sua parte, em juzo ou fora dele.

    II O advogado no inferior nem subordinado a Juiz ePromotor, devendo existir considerao e respeito entre

    os trs. Servidores pblicos e serventurios da justiadevem tratar dignamente o advogado.

    III O advogado possui assegurados o sigilo prossional,a inviolabilidade de seu escritrio e a liberdade dedefesa. inconstitucional e ilegal a violao do escritrioou local de trabalho do advogado, bem como de seusinstrumentos de trabalho, de sua correspondnciaescrita, telefnica e telemtica.

    IV O advogado pode se comunicar com seus clientes,pessoal e reservadamente, mesmo sem procurao,quando estes se acharem presos ou detidos, ainda que

    considerados incomunicveis. Pode se recusar a deporcomo testemunha sobre fato relacionado com pessoa de

    quem seja ou foi advogado.

    V O advogado pode ingressar e se retirar livremente,independente de autorizao, nas salas de sesses dostribunais, mesmo alm dos cancelos que separam a partereservada aos magistrados; nas salas de audincias,cartrios, delegacias e prises; e em qualquer repartio

    judicial ou servio pblico. Nesses locais, o advogadodecide se permanece sentado ou em p.

    VI O advogado deve ser recebido por juzes, nas salase gabinetes de trabalho, mesmo sem hora marcada,respeitada a ordem de chegada.

    VII O advogado, alm da defesa oral, pode usar a palavra,pela ordem em qualquer momento do julgamento, emrpida interveno para esclarecer fatos, documentos ou

    armaes, bem como para replicar censura ou acusaoque lhe forem feitas.

    VIII O advogado, mesmo sem procurao, possui odireito de examinar autos de processos e de inqurito,deles podendo tirar cpias. A procurao requisitoapenas para a retirada dos autos para exame de processosigiloso.

    IX O advogado pode se retirar, aps trinta minutos dohorrio designado para audincia, quando no presenteo juiz, fazendo comunicao protocolada em juzo.

    X O advogado possui direito a salas especiaispermanentes em todos os juizados, tribunais, delegaciase presdios, sendo a instalao das mesmas obrigao dosPoderes Judicirio e Executivos.

    Marcus Vinicius Furtado ColhoPresidente do Conselho Federal da OAB

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    03. PALAVRA DO PRESIDENTE DA COMISSONACIONAL DE PRERROGATIVAS E VALORIZAODA ADVOCACIA DO CONSELHO FEDERAL DA OAB

    Mensagem aos colegas advogados,

    Reputo como importantssima a edio da cartilha deprerrogativas elaborada pela Seccional de Pernambucoque servir, inequivocamente, como um poderosoinstrumento para auxiliar os advogados a combater os

    costumeiros abusos de autoridade que infelizmenteainda so uma realidade no nosso dia a dia forense.

    Tambm, sem dvida, servir de instrumento para asedimentao da idia de que prerrogativas prossionaisno so benefcios corporativos, mas a garantia realefetiva de uma defesa livre e ampla do cidado.

    O Conselho Federal da OAB tem colocado na ordemdo dia este tema ao criar o Sistema Nacional de Defesade prerrogativas, composta pela Comisso Nacional dePrerrogativas, integrada com seu brao operacional,a Procuradoria Nacional de Prerrogativas, e com asComisses de Prerrogativas das Seccionais.

    A Procuradoria, conduzida pelo Conselheiro FederalJos Luiz Wagner, responsvel pelo ajuizamentodas demandas recebidas da Comisso Nacional, dasSeccionais, e dos advogados de todo o Brasil.

    J a Comisso, alm de julgar e atuar nos processo que lhesso distribudos tem atuado institucionalmente em todoo Pas, com destaque para as caravanas de prerrogativas,que j visitou cinco Estados e at o nal da gesto esperavisitar outras 22 seccionais, promovendo atos pblicos,vistoriando as serventias do Poder Judicirio, delegacias,

    rgos pblicos e agncias reguladoras e levando aojudicirio as princ ipais pautas relacionadas ao respeitos prerrogativas dos advogados.

    Outra medida importante a nossa Campanha Nacionalpela dignidade dos honorrios advocatcios pela qual oConselho Federal da OAB e a Comisso Nacional, almde promover aes educativas de conscientizao daimportncia da valorizao do trabalho do advogadoatravs de honorrios dignos, tem, por meio da

    Ouvidoria de Honorrios e da Procuradoria Nacionalde Prerrogativas, se habilitado como assistente nosprocessos e pugnado pela reverso de decises judiciaisque estabelecem pagamento aviltante aos prossionais.

    Tambm merece destaque a luta contra os brbarosassassinatos que vitimaram os colegas advogadosem todo o Pas, tendo a comisso, juntamente com asSeccionais, cobrado das autoridades dos Estados do Par,Rio Grande do Norte, Paraba e Pernambuco agilidadenas investigaes e julgamento dos crimes.

    Outra importante luta, na qual o Conselho Federal

    protagonista, o projeto de lei que criminaliza odesrespeito s prerrogativas prossionais (PLC 83/2008),que alm de tipicar criminalmente os abusos tambmfaz com que a OAB possa titularizar a ao pblicacondicionada nas hipteses em que o Ministrio Pblicono ajuze a ao. Se aprovada, a Lei representar umgrande mecanismo para que a OAB possa agir de formamais efetiva contra as autoridades que violentam aliberdade prossional dos advogados brasileiros.

    Todas estas aes objetivam criar no Brasil uma culturade respeito s prerrogativas e tornar perene em nossa

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    sociedade a conscincia de que sem uma advocacia livreno existe democracia e justia.

    Leonardo AcciolyConselheiro Federal da OAB pelo Estado de Pernambucoe Presidente da Comisso Nacional de Prerrogativas eValorizao da Advocacia do Conselho Federal da OAB

    04. PALAVRA DO PRESIDENTE DA CAIXA DEASSISTNCIA DOS ADVOGADOS DE PERNAMBUCO(CAAPE/OAB-PE)

    O exerccio pleno da advocacia passa, ineludivelmente,pela el observncia das prerrogativas prossionais dosadvogados. A violao s prerrogativas prossionais dosadvogados , sobretudo, um atentado prpria cidadania,eis que faz periclitar a prpria administrao da justia.

    Bem por isso, o presidente da OAB/PE, Pedro Henrique,tem dedicado particular ateno ao tema. A comissoestadual encabeada pelo diligente e dinmico colegaMaurcio Bezerra ganha destaque nacional pela respectivaatuao.

    Transcendendo a atuao tpica do rgo, a Comissode Defesa, Assistncia e Prerrogativas da OAB/PEempreende esforos na conscientizao da classe acercadas prerrogativas prossionais, mediante a compilao denormas e informaes respeitantes ao tema.

    assim, com grande satisfao que a Caixa de Assistnciados Advogados de Pernambuco (CAAPE) participa de torelevante iniciativa, viabilizando a produo e a impressoda presente Cartilha, que seguramente ser de grandeserventia a todas(os) os nossas(os) colegas.

    Bom proveito!

    Ronnie Preuss DuartePresidente da CAAPE

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    05. PALAVRA DO PRESIDENTE DA COMISSO DEDEFESA, ASSISTNCIA E PRERROGATIVAS DOSADVOGADOS (CDAP/OAB-PE)

    O exerccio pleno da advocacia, defesa de direitos, estresguardado por prerrogativas que perpassam o interesseindividual do defensor para representar a garantiado mnus pblico que a reveste, embora se traduzamem normas que asseguram a atividade prossional doadvogado, reconhecida pela Constituio Federal como

    indispensvel administrao da justia.O Estatuto da Advocacia, Lei n 8.906/94, artigo 7,sob o ttulo Dos Direitos do Advogado, delineia comoprerrogativas, a liberdade de exerccio prossional;inviolabilidade de seu local e instrumentos de trabalho,em garantia da liberdade de defesa e do sigilo prossional;comunicao pessoal e reservada com seus constituintes;presena da Ordem, ao ser preso em razo do exerccio daadvocacia; priso especial condigna antes de condenaotransitada em julgado; acesso e comunicao livres noslocais de exerccio da advocacia; exame e vista de autos deprocessos em rgos pblicos; desagravo pblico, quandoofendido no exerccio prossional; e uso dos smbolosprivativos da advocacia.

    No h outra prosso com status equivalente. Muitosconfundem este tratamento com privilgio corporativo,mas as prerrogativas do advogado so, na verdade,prerrogativas do cidado. o direito do cliente que estem pauta, quando se exige, em nome da liberdade dedefesa e do sigilo prossional, a inviolabilidade do localde trabalho do advogado, de seus arquivos e dados, desua correspondncia e de suas comunicaes, inclusivetelefnicas e ans, salvo em caso de busca ou apreensodeterminadas por magistrado.

    Com efeito, de nada valeria o advogado ter prerrogativas nasua atividade prossional se ele no pudesse exerc-las em

    favor do cidado que busca a proteo no Judicirio. Estafoi a vontade do legislador constitucional ao estabelecerque o advogado indispensvel administrao da justia,sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccioda prosso, nos limites da lei.1

    Apesar da clareza da norma, do conhecimento dos quemilitam na advocacia, que a lei tem sido sistematicamentedesrespeitada, por ignorncia ou m f. Quase semprese confunde advogado com cliente, e vice-versa. Isto semfalar do enorme contingente de colegas que enfrentam

    as mais absurdas diculdades para desempenhar suasrotinas prossionais mais elementares, seja no tratocom autoridades policiais, seja com magistrados e commembros do Ministrio Pblico; seja nas diculdades paramanter contato com o cliente preso ou at mesmo noscartrios dos tribunais.

    Nunca demais lembrar que ao tempo da ditaduraconspirou-se contra as prerrogativas do advogado, apretexto de defesa da segurana nacional, que acobertavatortura a presos polticos e outras violaes a direitoshumanos e constitucionais.

    No passado, assim como no presente, a luta na defesa

    da liberdade e da cidadania. No importa se as aes sovoltadas proteo do pobre ou rico, inuente ou no.

    A todos, sem exceo, assegurado o direito presunode inocncia, ao contraditrio, ao devido processo legal.Ningum pode ser condenado seno mediante sentenatransitada em julgado. E o advogado o elo efetivoentre estes direitos elementares de cidadania e a justia,da porque precisa de uma proteo contra os abusoscometidos por autoridades e isto se reete na aprovaodo Projeto de Lei n 5762/2005, que criminaliza as violaesaos direitos e prerrogativas dos advogados.

    1Constituio Federal/88, art. 133.

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    Alberto Toron, em sua obra, ressalta que em umEstado Constitucional e Democrtico as prerrogativasdesempenham uma importante misso no que diz com oescorreito desempenho das atividades funcionais. Tomem-se como exemplo as garantias deferidas aos magistrados,conhecidas como predicamentos da magistratura oumesmo as prerrogativas parlamentares, consubstanciadasnas imunidades parlamentares.2

    A proteo das prerrogativas, quando injustamentevioladas, representa um gesto de legtima resistncia

    opresso do poder e prepotncia de seus agentes eautoridades. Traduz-se num exerccio de defesa da prpriaordem jurdica, pois as prerrogativas prossionais dosadvogados esto essencialmente vinculadas tutela dasliberdades fundamentais.

    No se pode tergiversar na defesa dos postulados doEstado Democrtico de Direito e na sustentao daautoridade normativa da Constituio da Repblica, eisque nada pode justicar o desprezo pelos princpios queregem, em nosso sistema poltico, as relaes entre o poderdo Estado e os direitos do cidado de qualquer cidado.3

    Atenta a esta realidade, a Ordem dos Advogados - Seccional

    Pernambuco, vem, sistematicamente adotando iniciativasno sentido de garantir a inviolabilidade das prerrogativasdos advogados, com a exata compreenso de que taisprerrogativas representam poderosa garantia em prol docidado, de modo a permitir que o prossional legalmenteincumbido de falar por si no se acovarde e nem possasofrer qualquer obstculo que lhe retire a liberdadeprossional.

    Maurcio Bezerra Alves FilhoPresidente da Comisso de Defesa, Assistncia dasPrerrogativas2 Toron, Alberto Zacharias, Alexandra Lebelson Szar. Prerrogativasprossionais do advogado, 2. ed. Braslia: OAB Editora, 2006. p. 21.3 Ministro CELSO DE MELLO, in prefcio a obra de Alberto Zacharias Toron.

    06. DA COMISSO DE DEFESA, ASSISTNCIA EPRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS (CDAP)

    A Comisso de Defesa, Assistncia e Prerrogativas(CDAP) da OAB/PE, no obstante possa atuar atravsdas demais providncias legais disponibilizadas peloordenamento jurdico ptrio, intervir em favor doadvogado por intermdio da Representao, Assistncia,Desagravo ou Acompanhamento.

    A OAB pode promover estas intervenes ex ocio oupor solicitao de qualquer inscrito e as respectivasprovidncias sero efetivamente adotadas, uma vez quese busca restaurar o equilbrio perdido com a violao dasprerrogativas do advogado, alm de prevenir que novoscasos venham a ocorrer, bem como fortalece a grandeza doEstatuto, interesse maior e indispensvel.As intervenes da Comisso possuem rito procedimentalprprio, dispostas no Estatuto da Advocacia e da OAB, noRegulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, noRegimento Interno da OAB, e, subsidiariamente, atravsda legislao ordinria aplicvel, mas sempre respeitandoos princpios constitucionais do devido processo legal e daampla defesa.

    Representao

    Neste caso, a CDAP intervir em favor do advogado, poriniciativa prpria ab initio, ou por solicitao de qualqueradvogado, na condio de substituto processual, e mesmonos procedimentos administrativos ou judiciais em curso.

    Assistncia

    O advogado contar com a assistncia de representante daOAB nos inquritos policiais ou nas aes penais em quegurar como indiciado, acusado ou ofendido, sempre que o

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    fato a ele imputado decorrer do exerccio da profsso ou aeste se vincular,sem prejuzo da atuao de seu defensor. o que preconiza o artigo 16 do Regulamento Geral.Importante frisar que a legitimidade da postulao daOAB, em favor de seus inscritos, repousa na qualidade deadvogado e no exerccio prossional do assistido.

    Desagravo

    Nos termos do inciso XVII, do artigo 7 do Estatuto daAdvocacia e da OAB, todos os inscritos nos quadros da OAB/PE tm direito ao desagravo pblico quando ofendidos noexerccio da prosso, ou em razo dela.Assim, aps o devido processo legal comum a todas asmodalidades de interveno em sede de prerrogativas, coma concesso do desagravo pblico por deciso colegiada,ser designada sesso solene para esse m, sem prejuzodas outras medidas deferidas no curso do processo ou naprpria sesso de julgamento do desagravo.O desagravo, diante da sua importncia, detalhado emitem prprio, no decorrer desta obra.

    Acompanhamento

    O acompanhamento dos advogados por membro da

    CDAP surge mediante prvia solicitao de qualqueradvogado que, em razo de ato a ser realizado no exerccioprossional, tem receio fundamentado, ou pelo menosindcios sucientes, para vislumbrar eventual afronta ssuas prerrogativas.O receio de afronta apresenta-se comumente, por exemplo,na intimao de advogado para sua oitiva como testemunhaem processo no qual funcionou ou deva funcionar, ousobre o fato relacionado com pessoa de quem seja ou foiadvogado (nos termos do art. 7, XIX, EOAB).

    07. REGIME JURDICO DAS PRERROGATIVAS DOSADVOGADOS

    A Constituio Federal, o Estatuto da Advocacia da OAB Lei n 8.906/94 e outras leis constituem o sustentculo dasprerrogativas da advocacia brasileira.

    O Estatuto da Advocacia e da OAB, lei federal queestabelece os direitos e os deveres dos advogados,assimcomo os ns e a organizao da OAB, ao apresentar e

    declarar os direitos dos advogados, os descreve em incisos,de acordo com a matria tratada, estando as prerrogativasdos advogados asseguradas neste artigo e nos demaisdescritos nesta Cartilha.

    DA ESSENCIALIDADE DO ADVOGADO JUSTIA

    A advocacia a nica prosso liberal citadaexpressamente na Carta Magna. A disposio presente noartigo 133, O advogado indispensvel administraoda Justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes noexerccio da prosso, nos limites da lei. lhe confere granderesponsabilidade social. No entanto, no s o citadoartigo relevante para a advocacia, outros dispositivos

    constitucionais merecem destaque e aqui sero detalhados.

    Deste modo, quando no seja possvel a autopostulao,ser sempre necessrio fazer-se representar, em juzo, porum advogado, prossional apto para atuar em nome doscidados perante a Justia, amparando-os e prestandoinformaes de seus direitos, bem como os pleiteando emjuzo.De extrema valia a anlise do julgamento da ADI n 1127,proposta pela Associao dos Magistrados do Brasil (AMB),tanto no tocante previso constitucional da essencialidadeda advocacia, quanto com relao aos incisos do artigo 7do Estatuto da Advocacia e da OAB.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Advogadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/OABhttp://pt.wikipedia.org/wiki/OABhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Advogado
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    EMENTA: AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 8.906,DE 4 DE JULHO DE 1994. ESTATUTO DA ADVOCACIA E A ORDEMDOS ADVOGADOS DO BRASIL. DISPOSITIVOS IMPUGNADOSPELA AMB. PREJUDICADO O PEDIDO QUANTO EXPRESSOJUIZADOS ESPECIAIS, EM RAZO DA SUPERVENINCIA DALEI 9.099/1995. AO DIRETA CONHECIDA EM PARTE E, NESSAPARTE, JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE.I - O advogado indispensvel administrao da Justia.Sua presena, contudo, pode ser dispensada em certos atos

    jurisdicionais.II - A imunidade prossional indispensvel para que o advogadopossa exercer condigna e amplamente seu mnus pblico.III A inviolabilidade do escritrio ou do local de trabalho consectrio da inviolabilidade assegurada ao advogado no

    exerccio prossional.IV - A presena de representante da OAB em caso de priso emagrante de advogado constitui garantia da inviolabilidade daatuao prossional. A cominao de nulidade da priso, casono se faa a comunicao, congura sano para tornar efetivaa norma.V - A priso do advogado em sala de Estado Maior garantiasuciente para que que provisoriamente detido em condiescompatveis com o seu mnus pblico.VI - A administrao de estabelecimentos prisionais e congneresconstitui uma prerrogativa indelegvel do Estado.VII - A sustentao oral pelo advogado, aps o voto do Relator,afronta o devido processo legal, alm de poder causar tumultoprocessual, uma vez que o contraditrio se estabelece entre aspartes.VIII - A imunidade prossional do advogado no compreendeo desacato, pois conita com a autoridade do magistrado naconduo da atividade jurisdicional.

    IX - O mnus constitucional exercido pelo advogado justica agarantia de somente ser preso em agrante e na hiptese de crimeinaanvel.X - O controle das salas especiais para advogados prerrogativa daAdministrao forense.XI - A incompatibilidade com o exerccio da advocacia no alcanaos juzes eleitorais e seus suplentes, em face da composio daJustia eleitoral estabelecida na Constituio.XII - A requisio de cpias de peas e documentos a qualquertribunal, magistrado, cartrio ou rgo da Administrao Pblicadireta, indireta ou fundacional pelos Presidentes do Conselhoda OAB e das Subsees deve ser motivada, compatvel comas nalidades da lei e precedida, ainda, do recolhimento dosrespectivos custos, no sendo possvel a requisio de documentoscobertos pelo sigilo.XIII - Ao direta de inconstitucionalidade julgada parcialmenteprocedente.

    Deciso: O Tribunal, examinando os dispositivos impugnadosna Lei n 8.906, de 4 de julho de 1994: a) por unanimidade, emrelao ao inciso I do artigo 1, julgou prejudicada a alegaode inconstitucionalidade relativamente expresso juizadosespeciais, e, por maioria, quanto expresso qualquer, julgouprocedente a ao direta, vencidos os Senhores Ministros Relatore Carlos Britto; b) por unanimidade, julgou improcedente a aodireta, quanto ao 3 do artigo 2, nos termos do voto do Relator;c) por maioria,julgou parcialmente procedente a ao para declarara inconstitucionalidade da expresso ou desacato, contida no 2 do artigo 7, vencidos os Senhores Ministros Relator e RicardoLewandowski; d) por unanimidade, julgou improcedente a aodireta,quanto ao inciso II do artigo 7, nos termos do voto doRelator; e)por unanimidade, julgou improcedente a ao direta,

    quanto ao inciso IV do artigo 7, nos termos do voto do Relator; f)por maioria,entendeu no estar prejudicada a ao relativamenteao inciso V do artigo 7, vencidos os Senhores Ministros JoaquimBarbosa e Cezar Peluso. No mrito, tambm por maioria, declaroua inconstitucionalidade da expresso assim reconhecidas pelaOAB,vencidos os Senhores Ministros Relator, Eros Grau eCarlos Britto; g) por maioria, declarou a inconstitucionalidaderelativamente ao inciso IX do artigo 7, vencidos os SenhoresMinistros Relator e Seplveda Pertence; h) por unanimidade,

    julgou improcedente a ao direta quanto ao 3 do artigo 7; i)por votao majoritria, deu pela procedncia parcial da ao paradeclarar a inconstitucionalidade da expresso e controle, contidano 4 do artigo 7, vencidos os Senhores Ministros Relator, RicardoLewandowski, Carlos Britto e Seplveda Pertence, sendo que esteltimo tambm declarava a inconstitucionalidade da expresso epresdios, no que foi acompanhado pelo Senhor Ministro Celso deMello; j) por maioria, julgou parcialmente procedente a ao, quantoao inciso II do artigo 28, para excluir apenas os juzes eleitorais

    e seus suplentes, vencido o Senhor Ministro Marco Aurlio; k) e,por votao majoritria, quanto ao artigo 50, julgou parcialmenteprocedente a ao para, sem reduo de texto, dar interpretaoconforme ao dispositivo, de modo a fazer compreender a palavrarequisitar como dependente de motivao, compatibilizaocom as nalidades da lei e atendimento de custos destarequisio. Ficam ressalvados, desde j, os documentos cobertospor sigilo. Vencidos os Senhores Ministros Relator, Eros Grau,Carlos Britto e Seplveda Pertence. Votou a Presidente, MinistraEllen Gracie. Redigir o acrdo o Senhor Ministro RicardoLewandowski. Falaram, pelo Ministrio Pblico Federal, o Dr.Antnio Fernando Barros e Silva de Souza, Procurador-Geral daRepblica, requerente, Associao dos Magistrados Brasileiros-AMB, o Dr. Srgio Bermudes e, pelo interessado, Conselho Federalda Ordem dos Advogados do Brasil, o Dr. Jos Guilherme Vilela.Plenrio, 17.05.2006. (ADI 1127 / DF - DISTRITO FEDERAL AODIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. MARCO

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    AURLIO Relator(a) p/ Acrdo: Min. RICARDO LEWANDOWSKIJulgamento: 17/05/2006 rgo Julgador: Tribunal PlenoPublicao. DJe-105 DIVULG 10-06-2010 PUBLIC 11-06-2010EMENT VOL-02405-01 PP-00040 RTJ VOL-00215- PP-00528).(Sem grifos no original).

    DO PRINCPIO DA LEGALIDADE

    Princpio da Legalidade o pilar de todo o ordenamentojurdico, nsito ideia de Estado Democrtico de Direito.Portanto, no tocante ao exerccio prossional do advogado,

    qualquer exigncia que venha a tolher ou impedir a livreatuao do advogado deve ter base legal e havendoobrigao a ele imposta que exorbite a esfera da legalidade,estar havendo uma afronta direta a um dispositivo legal.Deste modo, exigncias ilegais criam obstculoao prossional da advocacia em total desrespeitoconstitucional.O artigo 5, inciso II da Constituio Federal de 1988apresenta o Princpio da Legalidade, in verbis:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade dodireito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    [...]II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazeralguma coisa seno em virtude de lei;

    DO LIVRE EXERCCIO DE TRABALHO DO ADVOGADO

    O advogado livre para exercer seu mister, atuandode maneira a no se sentir tolhido ou ameaado em seusatos, porm sempre respeitando as disposies legaisdo Estatuto da Advocacia e da OAB Lei 8.906/94, bemcomo os preceitos ticos presentes no Cdigo de tica eDisciplina da OAB.

    A Constituio Federal de 1988 traz no inciso XIII do artigo5a seguinte redao:

    Art. 5[...]XIII- livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ouprosso, atendidas as qualicaes prossionais que alei estabelecer;(Sem grifos no original).

    O Cdigo de tica e Disciplina, no artigo 22, impe que a

    liberdade de exerccio prossional uma das clebresprerrogativasdos advogados.

    Art. 22 - O advogado no obrigadoa aceitar a imposiode seu cliente que pretenda ver com ele atuando outrosadvogados, nem aceitar a indicao de outro prossionalpara com ele trabalhar no processo.

    DA COMUNICAO PRESENCIAL E RESERVADA COMCLIENTE PRESO OU DETIDO

    O direito de comunicao presencial e reservada docliente com o advogado direito tanto do advogado comodo cidado de um modo geral. corolrio do princpio que

    assegura a todos os cidados o direito a uma efetiva defesa,seja quando exista suspeita, seja quando houver acusaode qualquer espcie, principalmente em casos de privaodo direito de liberdade, provisria ou preventivamente.A Constituio Federal de 1988 aborda no artigo 5,incisos LV e LXIII estas garantias, nos seguintes termos:

    Art. 5[...]LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,e aos acusados em geral so assegurados o contraditrioe a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;[...]LXIII o preso ser informado de seus direitos, entre os

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada aassistncia da famlia e de advogado;

    A jurisprudncia ptria unssona neste sentido:

    O acesso do advogado ao preso consubstancial ampla defesagarantia na Constituio, no podendo sofrer restrio outra queaquela imposta, razoavelmente, por disposio expressa da lei.Ao Penal instaurada contra advogado, por fatos relacionadoscom o exerccio do direito de livre ingresso nos prdios. Falta de

    justa causa reconhecida (RHC 51778-SP RTJ, 69338).

    ADMINISTRATIVO - DIREITO DO PRESO - ENTREVISTA COM

    ADVOGADO - ESTATUTO DA OAB - LEI DE EXECUES PENAIS- RESTRIO DE DIREITOS POR ATO ADMINISTRATIVO -IMPOSSIBILIDADE. 1. ilegal o teor do art. 5 da Portaria 15/2003/GAB/SEJUSP, do Estado de Mato Grosso, que estabelece quea entrevista entre o detento e o advogado deve ser feita comprvio agendamento, mediante requerimento fundamentadodirigido direo do presdio, podendo ser atendido no prazo deat 10 (dez) dias, observando-se a convenincia da direo. 2. Alei assegura o direito do preso a entrevista pessoal e reservadacom o seu advogado (art. 41, IX, da Lei 7.210/84), bem como odireito do advogado de comunicar-se com os seus clientes presos,detidos ou recolhidos em estabelecimento civis ou militares, aindaque considerados incomunicveis (art. 7, III, da Lei 8.906/94).3. Qualquer tipo de restrio a esses direitos somente pode serestabelecida por lei. 4. Recurso especial improvido. (REsp 673851/MT, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em08/11/2005, DJ 21/11/2005 p. 187).

    ADMINISTRATIVO. RESOLUO SAP 49 DO ESTADO DE SOPAULO. ATO NORMATIVO REGULADOR DO DIREITO DE VISITAE ENTREVISTA COM CAUSDICO NOS ESTABELECIMENTOSPRISIONAIS. RESTRIO A GARANTIAS PREVISTAS NOESTATUTO DOS ADVOGADOS E NA LEI DE EXECUES PENAIS.IMPOSSIBILIDADE. 1. Hiptese em que a OAB/SP impetrouMandado de Segurana, considerando como ato coator a edioda Resoluo 49 da Secretaria da Administrao Penitenciria doEstado de So Paulo, norma que, disciplinando o direito de visitae de entrevista dos advogados com seus clientes presos, restringegarantias dos causdicos e dos detentos. 2. O prvio agendamentodas visitas, mediante requerimento Direo do estabelecimentoprisional, exigncia que fere o direito do advogado de comunicar-se com cliente recolhido a estabelecimento civil, ainda queincomunicvel, conforme preceitua o art. 7 da Lei 8.906/1994,norma hierarquicamente superior ao ato impugnado. A mesmalei prev o livre acesso do advogado s dependncias de prises,

    mesmo fora de expediente e sem a presena dos administradoresda instituio, garantia que no poderia ter sido limitada pelaResoluo SAP 49. Precedente do STJ. 3. Igualmente malferido odireito do condenado entrevista pessoal e reservada com seuadvogado (art. 41, IX, da LEP), prerrogativa que independe do fatode o preso estar submetido ao Regime Disciplinar Diferenciado,pois, ainda assim, mantm ele integralmente seu direito igualdadede tratamento, nos termos do art. 41, XII, da Lei de ExecuesPenais. 4. Ressalva-se, contudo, a possibilidade da AdministraoPenitenciria - de forma motivada, individualizada e circunstancial- disciplinar a visita do Advogado por razes excepcionais, comopor exemplo a garantia da segurana do prprio causdico ou dosoutros presos. 5. Recurso Especial provido. (REsp 1028847/SP,Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em

    12/05/2009, DJe 21/08/2009).

    DA IMUNIDADE DO ADVOGADO NO EXERCCIO DAPROFISSO

    A imunidade do advogado possui alm da previso noEstatuto da Advocacia e da OAB Lei n 8.906/94, asdisposies presentes, principalmente, na ConstituioFederal, o que torna o advogado inviolvel no seu exerccioprossional, nos limites da lei, ao expor:

    A CF de 1988, em seu art. 133, tornou o advogadoinviolvel por seus atos e manifestaes no exerccioda prosso, nos limites da lei. Concedeu-lheimunidade penal judiciria(material), semelhante dosparlamentares (CF, art. 53, caput). Trata-se de causa deiseno prossional da pena, com efeito extensivo depunibilidade (da pretenso punitiva). Signica que noresponde por eventuais delitos contidos em seus atose manifestaes orais e por escrito (peties, razes,debates, etc.). [...] Impede o inqurito policial e a aopenal. Exige-se a estreita relao entre a eventual ofensa eo exerccio da prosso (defesa de um direito).... (JESUS,Damsio E. de. Cdigo de Processo Penal Anotado. 7. ed.So Paulo: Saraiva, 1989.).

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    Esta prerrogativa, na Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia eda OAB), est reproduzida no artigo 2, 3,bem como noartigo 7, 2, a saber:

    Art. 2.O advogado indispensvel administrao dajustia.[...]3. No exerccio da prosso, o advogado inviolvelpor seus atos e manifestaes, nos limites desta lei.

    [...]

    Art. 7.[...] 2 O advogado tem imunidade prossional, noconstituindo injria, difamao punveis qualquermanifestao de sua parte, no exerccio de sua atividade,em juzo ou fora dele, sem prejuzo das sanesdisciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.3O advogado somente poder ser preso em agrante,por motivo de exerccio da prosso, em caso de crimeinaanvel, observado o disposto no inciso IV desteartigo.

    No tocante imunidade, colaciona-se o comentrio dePaulo Lbo No h exigncia de se estabelecer qualquervnculo entre a ofensa e a causa do processo judicial. O STF

    (Rel. Ministro EVANDRO LINS) j decidiu que este vnculoest na prpria atuao do advogado a quem se conferea imunidade,sendo aquela exigncia uma restrio que alei no faz (RTJ 48/42).

    Tal como disposto no Estatuto da Advocacia e da OAB e naConstituio, h, tambm, disposio presente no CdigoPenal, da seguinte forma:

    O art. 142 do Cdigo Penalexcepciona a ofensa irrogadaem juzo do crime de injria ou difamao:

    Art. 142. No constituem injria ou difamao punvel:

    I a ofensa irrogada em juzo, na discusso da causa, pelaparte ou seu procurador;

    Diante da importncia da atuao do advogado,reconhecida no prprio texto constitucional, tornou-seindispensvel conceder a este prossional uma liberdadee uma autonomia de manifestao superior aos demaiscidados (desde que no exerccio da prosso). Isto porque exatamente do advogado a incumbncia de ser a voz dosdemais cidados frente Justia.

    No entanto, importante destacar que A imunidade

    profssional do advogado no compreende o desacato,pois conita com a autoridade do magistrado na conduoda atividade jurisdicional. [...] A imunidade prossionalgarantida ao advogado, quer pela norma do artigo 133da Constituio Federal, quer pelo disposto no pargrafo2 do artigo 7 do Estatuto da Advocacia, no abrangeos ilcitos civis decorrentes dos excessos cometidos peloprossional em afronta honra de quaisquer das pessoasenvolvidas no processo, foi o que disse o ministro doSTF, Ricardo Lewandowski, no acrdo da Ao Direta deInconstitucionalidade de n 1.127.Quando o advogado deixa de lado o embate jurdico dopleitoe parte para o ataque pessoal desvinculado da causaou da discusso jurdica, no estar mais acobertado

    pela imunidade material,pois deixa de agir no exerccioda prosso.Acerca da matria, vale transcrever esclarecedores

    julgados do Supremo Tribunal Federal (STF) e SuperiorTribunal de Justia (STJ):

    HABEAS CORPUS.CRIME CONTRA A HONRA . ART. 215 DO CDIGOPENAL MILITAR. TRANCAMENTO DA AO PENAL POR AUSNCIADE JUSTA CAUSA. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. AUSNCIA.IMUNIDADE MATERIAL DO ADVOGADO. REPRESENTAODIRIGIDA OAB. PRECEDENTES. CONCESSO DA ORDEM. 1. Asexpresses tidas por ofensivas foram proferidas por advogadaque agia no interesse de seus clientes, em representao dirigida OAB, para que fosse enviada ao Ministrio Pblico Militar e ao3 Comando Naval. 2 . Eventual conito aparente entre o art. 215

    http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823945/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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    do Cdigo Penal Militar e o art. 7, 2 da Le i 8.906/94 deve sersolucionado pela aplicao deste ltimo diploma legal, que leifederal especial mais recente e amplia o conceito de imunidadeprossional do advogado. Precedentes. 3. A acusao por crimecontra a honra deve conter um lastro probatrio mnimo, nosentido de demonstrar a existncia do elemento subjetivo dotipo. Concluso que no pode ser extrada como consequncialgica do mero arquivamento da representao por ausncia desuporte probatrio. 4. Afasta-se a incidncia da norma penal quecaracterizaria a difamao, por ausncia do elemento subjetivo dotipo e tambm por reconhecer-se ter a paciente agido ao amparode imunidade material. 5. Habeas corpus provido para deferir otrancamento da ao penal, por ausncia de justa causa. (STF -HC 89973, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma,

    julgado em 05/06/2007, DJe-087 DIVULG 23-08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-2007 PP-00080 EMENT VOL-02286-04 PP-00678RTJ VOL-00202-03 PP-01204).

    HABEAS CORPUS - RECURSOS ORDINRIO E CONSTITUCIONAL.Envolvendo a espcie acrdo prolatado pelo Superior Tribunalde Justia no julgamento de recurso ordinrio constitucional,a medida, rotulada tambm de recurso ordinrio e recursoextraordinrio, deve ser tomada como reveladora de habeascorpus originrio.INJRIA - ATO DE ADVOGADO - REPRESENTAO CONTRA JUIZ- AO PENAL JUSTA CAUSA - INEXISTNCIA. Limitando-se oprossional da advocacia a formalizar, perante a Corregedoria,representao contra magistrado, sem posterior divulgao doteor da medida, exerce prerrogativa alcanada pela norma do 2do artigo 7 da Lei n 8.906/94 (Estatuto da Advocacia) e do artigo133 da Constituio Federal, no havendo justa causa a respaldarpersecuo criminal. (STF - RHC 80429, Relator(a): Min. MARCO

    AURLIO, Segunda Turma, julgado em 31/10/2000, DJ 29-08-2003PP-00038 EMENT VOL-02121-15 PP-03073).

    HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A HONRA. CALNIAPROFERIDA POR ADVOGADA CONTRA SERVIDOR PBLICONO CURSO DE PROCESSO PREVIDENCIRIO. TRANCAMENTODA AO PENAL. DESNECESSIDADE DE PROFUNDA ANLISEDA PROVA PARA SE CONSTATAR A INEXISTNCIA DE DOLO DAAGENTE. ANIMUS NARRANDI E/OU DEFENDENDI EVIDENCIADO.ATIPICIDADE DO ATO IMPUTADO PACIENTE. FALTA DE JUSTACAUSA PERSECUO PENAL. ORDEM CONCEDIDA. 1. Otrancamento de ao penal, em sede de habeas corpus, somentedeve ser acolhido se restar, de forma indubitvel, a ocorrncia decircunstncia extintiva da punibilidade, de ausncia de indciosde autoria ou de prova da materialidade do delito e ainda deatipicidade da conduta. 2. Se os fatos que deram azo ao processo-crime esto impregnados de animus narrandi e/ou defendendi e

    apresentam-se em total consonncia com o relatado pelos clientesda paciente, tanto nas declaraes que prestaram, quanto nosdepoimentos de suas testemunhas perante a autoridade judicial,resta evidenciada a ausncia de dolo por parte da advogada,que simplesmente agiu no exerccio regular de seu direito, queera defender seus constituintes. 3. No pode ser imputado odelito de calnia paciente que apenas cumpriu o seu dever deofcio, ao indicar atos que, se falsos, decorreram de depoimentosprestados por terceiros, pois a advocacia constitui um mnuspblico e faz parte da administrao da justia, no devendo seusrepresentantes passar pela vexatria situao de envolvimentoindevido em processos criminais, em forada colocao deautoria de crime contra a honra, decorrente de depoimentos detestemunhas e clientes. 4. Ordem concedida para trancar a ao

    penal. (STJ- HC 113.000/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTATURMA, julgado em 12/05/2009, DJe 15/06/2009).

    Alm destas, os artigos 15, 16 e 17 do Regulamento Geraldo Estatuto da Advocacia e da OAB tambm aborda aquesto daimunidadeprossional do advogado.

    Art. 15. Compete ao Presidente do Conselho Federal,do Conselho Seccional ou da Subseo, ao tomarconhecimento de fato que possa causar, ou que j causou,violao de direitos ou prerrogativas da prosso, adotaras providncias judiciais e extrajudiciais cabveis paraprevenir ou restaurar o imprio do Estatuto, em suaplenitude mediante representao administrativa.Pargrafo nico. O presidente pode designar advogado,investido de poderes bastantes, para as nalidades desteartigo.Art. 16. Sem prejuzo da atuao de seu defensor, contaro advogado com a assistncia de representante da OABnos inquritos policiais ou nas aes penais em que gurarcomo indiciado, acusado ou ofendido, sempre que o fato aele imputado decorrer do exerccio da prosso ou a estevincular-se.Art. 17. Compete ao Presidente do Conselho ou daSubseo representar contra o responsvel por abuso deautoridade, quando congurada hiptese de atentadoa garantia legal de exerccio prossional, prevista na lei4.898, de 09 de dezembro de 1965.

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    DA AUSNCIA DE HIERARQUIA E SUBORDINAO(ARTIGOS 6 E 31 DO ESTATUTO DA ADVOCACIA DAOAB)

    A Lei n 8.906, de 04 de Julho de 1994 (Estatuto daAdvocacia e da OAB) determina no artigo 6, caput, bemcomo no artigo 31, disposies acerca da ausncia dehierarquia e subordinao, a saber:

    Art. 6. No h hierarquia nem subordinao entreadvogados, magistrados e membros do Ministrio Pblico,

    devendo todos tratar-se com considerao e respeitorecprocos.

    Uma das principais prerrogativas da advocacia aausncia de hierarquia e subordinao entre advogados,magistrados e membros do Ministrio Pblico,devendotodos tratar-se com considerao e respeito recprocos.O preceito do art. 6 complementa o princpio daindispensabilidade do advogado administrao da justia,previsto no artigo 2, ressaltando a isonomia de tratamentoentre o advogado, o juiz e o promotor de justia.Assim, como ensina Nelson Nery:

    Ao juiz cabe o importante papel de dirigir o processo.A direo deve ser exercida com segurana, rmeza,

    imparcialidade, urbanidade, prudncia e humildade. Opapel de diretor do processo no confere ao juiz poderhierrquico sobre o advogado e o membro do MP. Juiz,advogado e MP tm, no processo, independncia entresi e devem tratar-se, reciprocamente, com urbanidade.(6. NERY JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria.Cdigo de Processo Civil Comentado. So Paulo: 2006,Editora Revista dos Tribunais, Ed 9, p. 334).

    Cada gurante tem um papel a desempenhar: um postula,outro scaliza a aplicao da lei e o outro julga. Asfunes so distintas mas no se estabelece entre elasrelao de hierarquia e subordinao. Os prossionaisdo direito possuem a mesma formao (bacharis em

    direito) e atuam em nvel de igualdade nos seus distintose inter-relacionados misteres (in: LBO, Paulo Luiz neto.Comentrios ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 3.ed. SoPaulo: Saraiva,2002.pp.49/50)

    Importante colacionar outro comentrio de Paulo Lbosobre este assunto:

    O preceito do art. 6 complementa o Princpio daIndispensabilidade do Advogado Administrao daJustia, previsto no art. 2, ressaltando a isonomia detratamento entre o advogado, o juiz e o promotor dejustia. Cada gurante tem um papel a desempenhar: umpostula, outro scaliza a aplicao da lei e o outro julga.As funes so distintas mas no se estabelece entre elasrelao de hierarquia e subordinao. Os prossionais dodireito possuem a mesma formao (bacharis em direito)e atuam em nvel de igualdade nos seus distintos e inter-relacionados misteres.(LBO, Paulo Luiz neto. Comentrios ao Estatuto daAdvocacia e da OAB. 3.ed. So Paulo: Saraiva,2002.pp.49/50).

    Transcreve-se o artigo 31 e pargrafos do Estatuto daAdvocacia e da OAB, que, da mesma forma, dispe sobre aausncia de hierarquia, a saber:

    Art. 31.O advogado deve proceder de forma que o tornemerecedor de respeito e que contribua para o prestgio daclasse e da advocacia. 1 O advogado, no exerccio da prosso, deve manterindependncia em qualquer circunstncia. 2 Nenhum receio de desagradar a magistrado ou aqualquer autoridade, nem de incorrer em impopularidade,deve deter o advogado no exerccio da prosso.

    Note-se que semelhante disposio encontra-se grafada noartigo 44 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB, quandoestabelece igual obrigao ao advogado:

    Art. 44. Deve o advogado tratar o pblico, os colegas,

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    as autoridades e os funcionrios do Juzo com respeito,discrio e independncia, exigindo igual tratamento ezelando pelas prerrogativas a quem tem direito.

    DO DIREITO A TRATAMENTO CONDIGNO

    O advogado tem, por Lei, direito a receber tratamento altura da dignidade da advocacia. o que determina opargrafo nicodo artigo 6, da Lei 8.906/94, que reza:

    Art.6. (...)

    Pargrafo nico. As autoridades, os servidores pblicos eos serventurios da justia devem dispensar ao advogado,no exerccio da prosso, tratamento compatvel coma dignidade da advocacia e condies adequadas a seudesempenho.

    DA PROCURAO

    No artigo 5 da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia eda OAB), encontra-se disposio acerca da procuraooutorgada ao advogado, inexistindo prazo de validade

    para o mandato:Art. 5. O advogado postula, em juzo ou fora dele,fazendo prova do mandato.1. O advogado, armando urgncia, pode atuar semprocurao, obrigando-se a apresent-la no prazo dequinze dias, prorrogvel por igual perodo.

    Assim, diante deste dispositivo e em concordncia com oartigo 5, inciso II da Constituio Federal, que preconizao Princpio da Legalidade, qualquer exigncia referente procurao atualizada, bem como apresentaode procurao com identicao do nmero da contacorrente do cliente e outras exigncias inusitadas, so

    ilegais e no podem ser admitidas pelos advogados.

    O Cdigo Civil dispe sobre o instituto do mandato, o qualtem aplicao supletiva ao mandato judicial, conformereza o artigo 682, do mesmo Cdigo Civil.

    Com efeito, no h nenhuma disposio legal que prevejaque o instrumento necessite ser atualizado, o quepressupe que a procurao perderia a validade emrazo do decurso do tempo.

    As hipteses de extino do mandato estotaxativamente previstas nos incisos do artigo 682 doCdigo Civil, como abaixo transcrito, no se contemplandoa perda da validade em razo do fator longo tempodecorrido desde a outorga,o qual quase sempre decorreda culpa do prprio servio judicirio, que no d contada soluo da lide em tempo razovel.Veja-se:

    Art. 682. Cessa o mandato:I - pela revogao ou pela renncia;II - pela morte ou interdio de uma das partes;III - pela mudana de estado que inabilite o mandante aconferir os poderes, ou o mandatrio para os exercer;IV - pelo trmino do prazo ou pela concluso do negcio.

    O Cdigo de Processo Civil ainda disciplina o mandatojudicial, dispondo e, da mesma forma, no prev prazo devalidade para a procurao ao advogado:

    Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado noser admitido a procurar em juzo.Poder, todavia,emnome da parte, intentar ao, a m de evitar decadnciaou prescrio, bem como intervir, no processo, parapraticar atos reputados urgentes. Nestes casos, oadvogado se obrigar, independentemente de cauo, aexibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze)dias,prorrogvel at outros 15 (quinze), por despacho do

    juiz.

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    Pargrafo nico. Os atos, no raticados no prazo, serohavidos por inexistentes,respondendo o advogado pordespesas e perdas e danos.Art. 38. A procurao geral para o foro, conferida porinstrumento pblico, ou particular assinado pela parte,habilita o advogado a praticar todos os atos do processo,salvo para receber citao inicial, confessar, reconhecera procedncia do pedido, transigir, desistir, renunciar aodireito sobre que se funda a ao, receber, dar quitao ermar compromissos.(sem grifos no original).

    O Cdigo de tica e Disciplina tambm versa sobre omandato:

    Art. 24 - O substabelecimento do mandato, com reservade poderes, ato pessoal do advogado da causa.1 O substabelecimento do mandato sem reservas depoderes exige o prvio e inequvoco conhecimento docliente.2 O substabelecido com reserva de poderes deveajustar antecipadamente seus honorrios com osubstabelecente.

    O advogado tem acesso aos autos em tramitao ou autosde processos ndos, mesmo sem procurao. Vide tpicosobre Acesso aos Autos.

    DOS DIREITOS DOS ADVOGADOSDO ARTIGO 7 DO ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB

    O artigo 7 do Estatuto da Advocacia e da OABtraz os direitos do advogado e seus incisos devemser detalhadamente analisados e observados peloprossional da advocacia, no admitindo violao aosmesmos e buscando a efetivao destes direitos a cadadia de seu mister.

    DO EXERCCIO EM TODO TERRITRIO NACIONAL

    O exerccio da advocacia com liberdade, alm de estardisposto no inciso I do artigo 7do Estatuto, tambm estpresente na Constituio Federal, que preceitua o livreexerccio prossional.Qualquer obstculo ao livre exerccio pura ilegalidadee violao prerrogativa basilar do advogado.

    Art. 7So direitos do advogadoI - exercer, com liberdade, a prosso em todo o

    territrio nacional;

    DA INVIOLABILIDADE DO ESCRITRIO OU LOCAL DETRABALHO DO ADVOGADO

    A inviolabilidade do exerccio da prossode advogadoadvm de disposio constitucional, prevista no Ttulo IV(Da Organizao dos Poderes), Captulo IV (Das FunesEssenciais Justia), ao dispor o artigo 133da Constituiodemocrtica de 1988 que O advogado indispensvel administrao da Justia, sendo inviolvel por seus atos emanifestaes no exerccio da prosso, nos limites da lei.Tem-se ai preceito constitucional auto-aplicvel, eis que

    toca ontologicamente ao direito fundamental do acesso Justia e ao contraditrio e ampla defesa,conquantopossa estar sujeito complementao legislativa ulterior.

    Importante observar que, ao lado da meno de rgos,autoridades, funes pblicas e atividades empresariaisdiversas empreendidas pela Constituio da Repblica, anica prosso em sentido estrito capaz de ser exercidaem carter privado, que foi objeto da contemplaoconstituinte foi a prosso de advogado. Sem nenhumdesmerecimento das demais prosses, a Carta Magnano se ocupa da prosso de mdico, de engenheiro, decontador e das outras mais, que restaram amparadas sob

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    a proteo geral do livre exerccio de prosso, trabalhoou ofcio, atendidas as qualicaes prossionais que a leiestabelecer (artigo 5, inciso XIII).

    A inviolabilidade do escritrio do advogado e, porforosa extenso, das dependncias ocupadas pelosdepartamentos e gerncias jurdicas das empresas, acha-se duplamente protegida no plano constitucional. Se nobastasse a disposio especial quanto a ser a advocaciauma funo essencial Justia, que homenageia o princpioda especialidade neste campo prossional, agrega-se aproteo, sublimada em direito fundamental e, portanto,em clusula ptrea, respeitante inviolabilidade daintimidade e da casa de todo indivduo, conforme odisposto no art. 5, incisos X, XI e XII da ConstituioFederal.

    O escritrio do advogado, aonde quer que se instale,seja em estabelecimento prossional, na prpria casa doprossional ou em qualquer outro serventia, em suma, olocal de trabalho do advogado, por mais simples e modestoque seja, usufrui, por certo, desta genrica proteoconstitucional. Assim que o artigo 150, 4, inciso III doCdigo Penal, ao tratar do crime de violao de domiclio,presta reverncia ao comando supralegal e estabelece que

    a expresso casa, constante do preceito da Constituio,compreende, para ns da inviolabilidade, compartimentono aberto ao pblico, onde algum exerce profsso ouatividade.

    Especializando ainda mais esta tutela constitucional elegal, a Lei 8.906/94, no artigo 7, inciso II, estabelece:

    II - a inviolabilidade de seu escritrio ou local detrabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho,de sua correspondncia escrita, eletrnica, telefnicae telemtica, desde que relativas ao exerccio daadvocacia;

    [...]

    6Presentes indcios de autoria e materialidade da prticade crime por parte de advogado, a autoridade judiciriacompetente poder decretar a quebra da inviolabilidadede que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisomotivada, expedindo mandado de busca e apreenso,especco e pormenorizado, a ser cumprido na presenade representante da OAB, sendo, em qualquer hiptese,vedada a utilizao dos documentos, das mdias e dosobjetos pertencentes a clientes do advogado averiguado,bem como dos demais instrumentos de trabalho que

    contenham informaes sobre clientes.

    7 A ressalva constante do 6 deste artigo no seestende a clientes do advogado averiguado que estejamsendo formalmente investigados como seus partcipes ouco-autores pela prtica do mesmo crime que deu causa quebra da inviolabilidade. (Includo pela Lei n 11.767, de2008)

    Somente em casos em que estiverem presentes indciosde autoria e materialidade da prtica de crime por partedo advogado que poder o Juiz decretar a quebra deinviolabilidade do sigilo do escritrio ou local de trabalhodo advogado, bem como de seus instrumentos de trabalho,de sua correspondncia escrita, eletrnica, telefnica e

    telemtica.

    Fora desta hiptese, qualquer violao de sigilo ouinterceptao de comunicao ser ilegal, congurandoabuso de poder. Veja-se deciso pertinente eposicionamento doutrinrio a este respeito:

    PROCESSUAL CIVIL RECURSO ORDINRIO MANDADODE SEGURANA ADVOGADO PRERROGATIVASPROFISSIONAIS 1. o EXERCCIO DA ADVOCACIA INDISPENSVEL ADMINISTRAO DA JUSTIA. 2.Incumbido ao advogado guardar segredo prossional epreservar a inviolabilidade dos seus arquivos e escritrio,no desempenho de sua prosso deve ter acesso a

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    pelo prprio advogado;b)decretao da quebra da inviolabilidade por autoridadejudiciria competente;c) deciso fundamentada de busca e apreenso queespecique o objeto da medida.

    Destarte, a inviolabilidade do local, instrumentos detrabalho e correspondncia do advogado no deve servista como um manto para acobertar condutas ilcitas desteprossional, mas sim, um instrumento que o possibiliteconcretizar os valores consagrados por um EstadoConstitucional de Direito, como o Brasil.

    O Cdigo de Processo Penal (CPP) tambm aborda o temado direito inviolabilidade do escritrio de advocacia:

    Art. 243. O mandado de busca dever:[...] 2 No ser permitida a apreenso de documento empoder do defensor do acusado, salvo quando constituirelemento do corpo de delito.

    A expedio do Mandado de Busca e Apreenso, pelaautoridade judiciria, requer observao estrita dosrequisitos previstos no artigo 243, do CPP, em especial o

    que determina o 2.Logo, a autoridade policial, por fora constitucional,necessita requerer autoridade judicial a ordem pararealizar a busca, no estando mais autorizada a realiz-lade ocio, exceto em caso de agrante delito, ocasio emque tem o dever-poder de apreender objetos ou coisas queconstituam prova para esclarecimento dos fatos.

    O artigo 25 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB,que aborda a inviolabilidade do escritrio, dascorrespondncias e das comunicaes do advogado, noque diz respeito ao exerccio prossional, um dos mais

    importantes pilares sobre os quais se assenta a autonomiae independncia do advogado.Tal como ocorre com todos os demais direitos eprerrogativas do advogado, o sigilo dos dados recebidosdo cliente deve ser resguardado pelo prossional daadvocacia, no apenas na condio de direito, mas desagrado dever.

    Assim que o art. 25 do Cdigo de tica e Disciplina daOAB disciplina:

    Art. 25. O sigilo prossional inerente prosso,impondo-se o seu respeito, salvo grave ameaa do direito vida, honra, ou quando o advogado se veja afrontadopelo prprio cliente e, em defesa prpria, tenha querevelar segredo, porm sempre restrito ao interesse dacausa.

    A Lei n 10.258, de 11 de julho de 2001 (Altera o art. 295do Decreto-Lei no3.689, de 3 de outubro de 1941 Cdigode Processo Penal, que trata de priso especial.)Todo aquele diplomado por universidade ou faculdadesuperior tem direito priso especial.

    Art. 295 Sero recolhidos a quartis ou a priso especial , disposio da autoridade competente, quando sujeitos a

    priso antes de condenao denitiva:I Omissis[...]VII os diplomados por qualquer das faculdadessuperiores da Repblica; 1. - A priso especial, prevista neste Cdigo ou emoutras leis, consiste exclusivamente em recolhimento emlocal distinto da priso comum. 2. - No havendo estabelecimento especco para opreso especial, este ser recolhido em cela distinta domesmo estabelecimento. 3. - A cela especial poder consistir em alojamentocoletivo, atendidos os requisitos de salubridade doambiente, pela concorrncia dos fatores de aerao,

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    insolao e condicionamento trmicos adequados existncia humana. 4. O preso especial no ser transportado juntamentecom o preso comum. 5. Os demais direitos e deveres do preso especial seroos mesmos do preso comum.

    A Lei n 5.256, de 06 de abril de 1967 (Dispe sobre apriso especial)

    Art. 1.Nas localidades em que no houver estabelecimentoadequado ao recolhimento dos que tenham direito priso especial, o juiz, considerando a gravidade dascircunstncias do crime, ouvido o representante doMinistrio Pblico, poder autorizar a priso do ru ouindiciado na prpria residncia, de onde o mesmo nopoder afastar-se sem prvio consentimento judicial.

    DO DIREITO AO REPRESENTANTE DA OAB QUANDOPRESO POR MOTIVO LIGADO PROFISSO EPERMANNCIA EM SALA DE ESTADO MAIOR

    A prerrogativa consta do inciso IV, do artigo 7 do Estatuto:

    [...]IV- ter a presena de representante da OAB, quando preso

    em agrante, por motivo ligado ao exerccio da advocacia,para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidadee, nos demais casos, a comunicao expressa seccionalda OAB;

    V - no ser recolhido preso, antes de sentena transitadaem julgado, seno em sala de Estado Maior, cominstalaes e comodidades condignas, e, na sua falta, empriso domiciliar;

    A ministra Crmen Lcia, do Supremo Tribunal Federal,reiterou a importncia dada prosso do advogado aoconceder liminar na Reclamao 11.016, em 1 de fevereirode 2011, para assegurar o cumprimento da norma prevista

    no artigo 7, inciso V do Estatuto da Advocacia e da OAB(Lei 8.906/1994), devendo a advogada ser transferida parasala de Estado Maior, ou, na inexistncia desta, para prisodomiciliar, cujo local e condies, inclusive de vigilncia,devero ser especicados pelo juzo da 2 Vara Criminal daComarca de Limeira (SP). O STF tem concedido a prisodomiciliar aos advogados onde no exista na localidadesala com as caractersticas daquela prevista no artigo 7,inciso V da Lei 8.906/94, enquanto no transitada em

    julgado a sentena penal condenatria.

    A ministra armou, ainda, que apesar da cela onde estavarecolhida a advogada ser dotada de condies dignas, como,alis, seria desejvel fossem todas as celas, certo que noera sala com as caractersticas e nalidades determinadaspela legislao vigente e acentuadas pela jurisprudnciadeste Supremo Tribunal Federal. (STF, RCL n 11.016,Relatora: Ministra Crmen Lcia. DJE n 25, divulgado em07/02/2011. Publicado em 08/02/2011).

    A doutrina brasileira tambm dene, nestes termos, a salade Estado Maior, assim abordando:

    Em todas as hipteses em que o advogado deva serlegalmente preso, pelo cometimento de crimes comuns,

    inclusive os no relacionados com o exerccio da prosso,e enquanto no houver deciso transitada em julgado,cabe-lhe o direito a ser recolhido Sala de estado Maior.Por esta deve ser entendida toda sala utilizada paraocupao ou deteno eventual dos ociais integrantesdo quartel ocial respectivo. O Estatuto prev que a saladisponha de instalaes e comodidades condignas. Essepreceito procura evitar os abusos que se cometem quandoos quartis indicavam, a seu talante, celas comuns comodependncias de seu Estado Maior. Se no houver salascom as caractersticas previstas na lei, sem improvisaesdegradantes, car o advogado em priso domiciliar, at aconcluso denitiva do processo penal. (in: LBO, PauloLuiz neto. Comentrios ao Estatuto da Advocacia e daOAB. 3.ed. So Paulo: Saraiva,2002.pp.64/65)

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    Art. 7.[...] 3O advogado somente poder ser preso em agrante,por motivo de exerccio da prosso, em caso de crimeinaanvel, observado o disposto no inciso IV desteartigo.

    No que diz respeito ao direito que o advogado tem a serrecolhido apenas em sala do Estado Maior, ou, em suafalta, em priso domiciliar,se pronuncia a jurisprudnciado STF desta forma:

    RECLAMAO. ADVOGADO. PRERROGATIVA PROFISSIONALDE RECOLHIMENTO EM SALA DE ESTADO MAIOR. AFRONTAAO DECIDIDO NO JULGAMENTO DA AO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE N. 1.127. 1. No julgamento daAo Direta de Inconstitucionalidade n. 1.127, este SupremoTribunal reconheceu a constitucionalidade do art. 7, inc. V, daLei n. 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), declarando, apenas, ainconstitucionalidade da expresso assim reconhecidas pelaOAB. 2. rme a jurisprudncia deste Supremo Tribunal Federalno sentido de que h de ser deferida a priso domiciliar aosadvogados onde no exista na localidade sala com as caractersticasdaquela prevista no art. 7, inc. V, da Lei n. 8.906/94, enquanto notransitada em julgado a sentena penal condenatria. Precedentes.3. Reclamao julgada procedente. (Rcl 5212, Relator(a): Min.CRMEN LCIA, Tribunal Pleno, julgado em 27/03/2008, DJe- 097DIVULG 29-05-2008 PUBLIC 30-05-2008 EMENT VOL-02321-01 PP-00054 LEXSTF v. 30, n. 355, 2008, p. 243-253)PROCESSUAL PENAL. RECLAMAO. PRISO CAUTELAR.

    ADVOGADO. SALA DE ESTADO MAIOR. ESTATUTO DA ADVOCACIA.ART. 7, V, DA LEI 8.906/94. GARANTIA DA AUTORIDADE DASDECISES DESTA SUPREMA CORTE. PROCEDNCIA. I garantiados advogados, enquanto no transitada em julgado a decisocondenatria, a permanncia em estabelecimento que possuaSala de Estado Maior. II - Ofende a autoridade das decises destaSuprema Corte a negativa de transferncia de advogado paraSala de Estado Maior ou, na sua ausncia, para a priso domiciliar.III Reclamao julgada procedente. (Rcl 5161, Relator(a):Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em17/12/2007, DJe-036 DIVULG 28-02-2008 PUBLIC 29-02-2008 EMENT VOL-02309-01 PP-00114 RTJ VOL-00204-01 PP-00243LEXSTF v. 30, n. 356, 2008, p. 518-524).

    EMENTA: I. Reclamao: alegao de afronta autoridade dadeciso plenria da ADIn 1127, 17.05.06, red. p/acrdo Ministro

    Ricardo Lewandowski: procedncia. 1.Reputa-se declaratria deinconstitucionalidade a deciso que - embora sem o explicitar -afasta a incidncia da norma ordinria pertinente lide para decidi-la sob critrios diversos alegadamente extrados da Constituio.2. A deciso reclamada, fundada na inconstitucionalidade do art.7, V, do Estatuto dos Advogados, indeferiu a transferncia doreclamante - Advogado, preso preventivamente em cela da PolciaFederal, para sala de Estado Maior e, na falta desta, a concesso depriso domiciliar. 3. No ponto, dissentiu do entendimento rmadopelo Supremo Tribunal Federal na ADIn 1127 (17.05.06, red.p/acrdo Ricardo Lewandowski), quando se julgou constitucional oart. 7, V, do Estatuto dos Advogados, na parte em que determinao recolhimento dos advogados em sala de Estado Maior e, na suafalta, em priso domiciliar. 4. Reclamao julgada procedente

    para que o reclamante seja recolhido em priso domiciliar -cujo local dever ser especicado pelo Juzo reclamado -, salvoeventual transferncia para sala de Estado Maior. II. Sala deEstado-Maior (L. 8.906, art. 7, V): caracterizao. Precedente: HC81.632 (2 T., 20.08.02, Velloso, RTJ 184/640). 1. Por Estado-Maiorse entende o grupo de ociais que assessoram o Comandante deuma organizao militar (Exrcito, Marinha, Aeronutica, Corpode Bombeiros e Polcia Militar); assim sendo, sala de Estado-Maior o compartimento de qualquer unidade militar que, aindaque potencialmente, possa por eles ser utilizado para exercersuas funes. 2. A distino que se deve fazer que, enquantouma cela tem como nalidade tpica o aprisionamento dealgum -e, por isso, de regra contm grades -, uma sala apenasocasionalmente destinada para esse m. 3. De outro lado, deveo local oferecer instalaes e comodidades condignas, ou seja,condies adequadas de higiene e segurana.O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente a reclamao, nostermos do voto do Relator. Ausentes, justicadamente, a Senhora

    Ministra Ellen Gracie (Presidente) e o Senhor Ministro Carlos Britto.Votou o Presidente. Falou pelo reclamante o Dr. Ronildo Lopesdo Nascimento. Presidiu o julgamento o Senhor Ministro GilmarMendes (Vice-Presidente). Plenrio, 07.05.2007. (Rcl 4535 / ES ESPRITO SANTO RECLAMAO Relator(a): Min. SEPLVEDAPERTENCE Julgamento: 07/05/2007 rgo Julgador: TribunalPleno Publicao DJe-037 DIVULG 14-06-2007 PUBLIC 15-06-2007 DJ 15-06-2007 PP-00021 EMENT VOL-02280-02 PP-00346).(grifo nosso).

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    DO DIREITO COMUNICAO COM SEUS CLIENTESPRESOS

    O direito de comunicao reservada do cliente com oadvogado corolrio do princpio que assegura a todos oscidados o direito de uma efetiva defesa, sempre que sobreeles pairarem suspeita ou acusao de qualquer espcie,mormente quando privados do seu direito de liberdade,mesmo que provisria ou preventivamente.

    O Estatuto da Advocacia, mais uma vez tendo o cidadocomo seu nal destinatrio, prev como prerrogativasdo advogado, o direito deste se comunicar pessoal ereservadamente com seus clientes, sempre que se acharempresos, detidos ou recolhidos, em estabelecimentos dequalquer espcie ou natureza.

    A doutrina arma que:

    A priso ou mesmo a incomunicabilidade do cliente nopodem prejudicar a atividade do prossional. A tutelado sigilo envolve o direito do advogado de comunicar-se pessoal e reservadamente com o cliente preso novincula o advogado, mesmo quando ainda no munidode procurao, fato muito frequente nessas situaes.O descumprimento dessa regra importa crime de abuso

    de autoridade. Nesse ponto o Estatuto regulamentouo que arma o art. 5, LXII da Constituio que asseguraao preso, sempre, a assistncia de advogado (in: LBO,Paulo Luiz neto. Comentrios ao Estatuto da Advocacia eda OAB. 3.ed. So Paulo: Saraiva,2002.pp.62/63)

    Assim, no artigo 7 do Estatuto, est previsto o direito dese comunicar pessoal e reservadamente com seus clientes,sempre que se acharem presos, detidos ou recolhidos,em estabelecimentos de qualquer espcie ou natureza, asaber:

    III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e

    reservadamente, mesmo sem procurao, quandoestes se acharem presos, detidos ou recolhidosem estabelecimentos civis ou militares, ainda queconsiderados incomunicveis;

    Tais garantias tambm esto consagradas na ConstituioFederal, nos seguintes e bem conhecidos termos do artigo5, incisos LV, LXIII.

    Portanto, so absolutamente inconstitucionais e ilegaisquaisquer medidas, omissivas ou comissivas, por parte

    de qualquer autoridade ou servidor, civil ou militar, queimpea ao advogado o exerccio deste direito, a qualquermomento.

    DO LIVRE INGRESSO EM RECINTOS JUDICIAIS,REPARTIES E ASSEMBLEIAS

    Tal prerrogativa est assim disciplinada (Estatuto daAdvocacia):

    Art. 7.So direitos do Advogado:[...]VI- ingressar livremente:a) nas salas de sesses dos tribunais, mesmo alm dos

    cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;b) nas salas e dependncias de audincias, secretarias,cartrios, ofcios de justia, servios notariais e de registro,e, no caso de delegacias e prises, mesmo fora da hora deexpediente e independentemente da presena de seustitulares;c) em qualquer edifcio ou recinto em que funcionerepartio judicial ou outro servio pblico onde oadvogado deva praticar ato ou colher prova ou informaotil ao exerccio da atividade prossional, dentro doexpediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se achepresente qualquer servidor ou empregado;d) em qualquer assembleia ou reunio de que participe oupossa participar o seu cliente, ou perante a qual este devacomparecer, desde que munido de poderes especiais;

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    Das prerrogativas do advogado, as mais sensveis e violadasso justamente as que lhe asseguram os meios necessriosde sua atuao, em face dos agentes e rgos pblicos,sobre tudo os relacionados com a administrao da justia.Atitudes burocrticas e prepotentes freqentementese antepem a liberdade de movimento do advogadoquando no exerccio prossional. O Estatuto introduziumecanismo mas severo, de forma a efetivar esses direitosuniversalmente aceitos como imprescindveis ao peculiartrabalho do advogado, que pode car a merc ou oarbtrio dos outros. O advogado exerce servio pblicose no pode ser impedido de ingressar livremente nos

    locais onde deve atuar. Por esse razo compreende-se asespecicaes contida no inciso VI. Ingresso ao advogado livre nas salas e sesses dos tribunais de Audincias

    judiciais, nos cartrios, nas delegacias em horrios defuncionamento regular. Na hiptese de delegacias eprises seu ingresso livre, inclusive aps os horrios deexpedientes. Qualquer medida que separe, condicioneou impea o ingresso ao advogado, para alm das portas,cancelos e balces, quando precisar comunicar-se com osmagistrados, agentes pblicos e serventurios da justias,no interesse de seus clientes , congura ilegalidade ouabuso de autoridade. O Conselho Federal da OAB (pleno)decidiu que viola prerrogativa prossional do advogadoe o princpio constitucional da ampla defesa do clientea realizao de sesso secreta em qualquer dos trspoderes do estado, na qual se impede a participao do

    advogado. A Prerrogativa de livre acesso do advogadotambm abrange os locais onde ocorra reunio ouassemblia em que interesse legtimo de seu cliente possaser atingido. Nessa hiptese (alnea d) exige-se que seapresente munido de procurao bastante. Nas demaishiptese do inciso VI (alneas a, b, c) no h necessidadede fazer prova de procurao, bastando o documento deidenticao prossional. No sentido do Estatuto, decidiuSTJ que advocacia e servios pblicos, igual aos demaisprestados pelo Estado, e, por suposto, o direito deingresso e atendimento em repartio pblicas pode serexercido em qualquer horrio, desde que esteja presentequalquer servido da repartio publica. A circunstnciade se encontrar no recinto da repartio no horrio deexpediente ou fora dele basta para impor ao serventurio a

    obrigao de atender o advogado. A recusa ao atendimentoconstituir ato ilcito. No pode o juiz vedar ou dicultaro atendimento ao advogado em horrio reservado aoexpediente interno (RMS 1275-RJ,RT,687:187). Mas omesmo Superior Tribunal de Justia decidiu RMD 3258-1,,DJU 06/06/1994 que no constitui nenhuma ilegalidade arestrio de acesso dos advogados e das respectivas partesalm do balco destinado ao atendimento, observados,contudo, o direito livre e irrestrito aos autos, papis edocumentos especcos inerentes ao mandado (in: LBO,Paulo Luiz neto. Comentrios ao Estatuto da Advocacia eda OAB. 3.ed. So Paulo: Saraiva,2002.pp.66/67)

    Sobre o assunto, a jurisprudncia segue este mesmoentendimento:

    RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA.ATO COATOR: RESOLUO 6/2005 DO RGO ESPECIAL DOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO PARAN. RESTRIODE PRERROGATIVA LEGAL DE ADVOGADO. RECURSO PROVIDO.1. Nos termos do art. 7, VI, b e c, da Lei 8.906/94: So direitosdo advogado: (...) VI - ingressar livremente: (...) b) nas salas edependncias de audincias, secretarias, cartrios, ofcios de

    justia, servios notariais e de registro, e, no caso de delegacias eprises, mesmo fora da hora de expediente e independentementeda presena de seus titulares; c) em qualquer edifcio ou recintoem que funcione repartio judicial ou outro servio pblico ondeo advogado deva praticar ato ou colher prova ou informao til aoexerccio da atividade prossional, dentro do expediente ou foradele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidorou empregado. O preceito legal destacado garante ao advogadoa liberdade necessria ao desempenho de suas funes, as quaisno podem ser mitigadas por expedientes burocrticos impostospelo Poder Pblico. 2. O direito de ingresso e atendimento em reparties pblicas (art. 89, vi, c da Lei n. 4215/63) podeser exercido em qualquer horrio, desde que esteja presentequalquer servidor da repartio. A circunstncia de se encontrar norecinto da repartio no horrio de expediente ou fora dele - bastapara impor ao serventurio a obrigao de atender ao advogado. Arecusa de atendimento constituir ato ilcito. No pode o juiz vedarou dicultar o atendimento de advogado, em horrio reservado aexpediente interno (RMS 1.275/RJ, 1 Turma, Rel. Min. HumbertoGomes de Barros, DJ de 23.3.1992). No mesmo sentido: RMS21.524/SP, 1 Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 14.6.2007;RMS 15.706/PA, 2 Turma, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, DJde 7.11.2005. 3. Na hiptese em exame, o ato atacado (Resoluo

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    6/2005 do rgo Especial do Tribunal de Justia do Estado doParan) determina que o expediente forense e para atendimentoao pblico nos Ofcios de Justia do Foro Judicial e nos Serviosde Foro Extrajudicial ser das 8h30min s 11 horas e das 13 s 17horas, de segunda a sexta-feira, impedindo, inclusive, o acesso dosadvogados s referidas reparties judiciais. Destarte, o referidoato viola prerrogativa da classe dos advogados, explicitada emtexto legal. 4. Recurso ordinrio provido, com a consequenteconcesso da segurana, determinando-se o afastamento darestrio em relao ao advogado-impetrante. (RMS 28.091/PR,Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em18/06/2009, DJe 05/08/2009)

    Importante colacionar a deciso recente do SupremoTribunal Federal com relao ao atendimento prioritrioaos advogados no Instituto Nacional do Seguro Social INSS. No dia 8 de abril de 2014, a Primeira Turma doSupremo Tribunal Federal (STF) manteve acrdo doTribunal Regional Federal da 4 Regio (TRF-4) que garanteaos advogados atendimento prioritrio nas agnciasdo INSS. (RECURSO EXTRAORDINRIO 277.065 RIOGRANDE DO SUL, RELATOR: MIN. MARCO AURLIO, RECTE.(S): INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL INSS,PROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL FEDERAL, RECDO.(A/S):ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEO DORIO GRANDE DO SUL, ADV.(A/S): MRIAM CRISTINA KRAICZE OUTRO(A/S)).

    DA LIVRE ENTRADA OU PERMANNCIA NO EXERCCIODA PROFISSO

    O advogado poder permanecer sentado ou em p eretirar-se, independentemente de licena, de quaisquerlocais em que tiver de ingressar para exercer a prosso,como salas de sesses dos tribunais, salas e dependnciasde audincias, secretarias, escrivanias, ofcios de justia,servios notariais e de registro, e outros. a prerrogativadisposta no inciso VII do artigo 7 do Estatuto.

    VII- permanecer sentado ou em p e retirar-se de quaisquerlocais indicados no inciso anterior, independentemente delicena;

    DO DIREITO DE SER RECEBIDO POR MAGISTRADOINDEPENDENTEMENTE DE HORA MARCADA

    O advogado no precisa agendar para despachar com omagistrado. Esta prerrogativa que constantementedesrespeitada, sob diversos pretextos, dentre os quais o

    de necessidade de se organizar a agenda do magistradoou excesso de trabalho, o que no pode ser aceito pelosadvogados.Assegura o inciso VIII do art. 7 do Estatuto da Advocaciaque:

    VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salase gabinetes de trabalho, independentemente de horriopreviamente marcado ou outra condio, observando-se aordem de chegada;

    Em reforo da atuao independente do advogado, e daausncia de relao de hierarquia com autoridades pblicas,os incisos VII e VIII impedem qualquer lao de subordinaocom magistrados. Inexistindo vinculo hierrquico, oadvogado pode permanecer em p ou sentado ou retirar-se

    de qualquer dependncia quando o desejar. No lhe podeser determinado pelo magistrado qual o local que deveocupar, quando isto importar desprestgio para a classe ouimposio arbitrria. Observadas as regras legais e ticasde convivncia prossional harmnica e reciprocamenterespeitosa, o advogado pode dirigir-se diretamente aomagistrado sem horrio marcado, nos seus ambientes detrabalho, naturalmente sem prejuzo da ordem de chegadade outros colegas. Se os magistrados criam diculdadespara receber os advogados, infringem expressa disposiode lei, cometendo abuso de autoridade e sujeitando-setambm, a punio disciplinar a ele aplicvel. Cabe aoadvogado e OAB contra ele representarem, inclusive aCorregedoria competente (in: LBO, Paulo Luiz neto.

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    Comentrios ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 3.ed. SoPaulo: Saraiva,2002.pp.67/68)

    A matria consta de Reclamao Disciplinar no mbito doConselho Nacional de Justia,nos seguintes termos:

    O advogado essencial e indispensvel administraoda justia(CF/88, art. 133) e, nos termos do Estatuto daAdvocaciamerece respeito e considerao.E, dvida no resta, a ele se deve assegurar o direito de serrecebido em audincia pelo representante da Magistratura.No haver de ser preterido ou desrespeitado (CNJ RD200810000009318 Rel. Cons. Rui Stoco 69 Sesso j.09.09.2008 DJU 26.09.2008 Ementa no ocial).

    E a jurisprudncia ptria segue esta mesma linha.

    ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINRIOEM MANDADO DE SEGURANA. FIXAO DE HORRIO PARAATENDIMENTO DE ADVOGADOS. INTERPRETAO DOS ARTS.133, DA CF, 35, IV, DA LOMAN, E 7, VIII, DA LEI 8.906/94.CONFIGURAO DE ATO ILEGAL E ABUSIVO. PRECEDENTES DOSTJ. PROVIMENTO DO RECURSO ORDINRIO. 1. No caso dos autos,a ora recorrente impetrou mandado de segurana contra a Portaria1/2003, editada pelo Senhor Juiz de Direito da Vara de Famlia doForo Regional do Continente da Comarca de Florianpolis/SC, quexou horrio para o atendimento das partes e de seus advogados,excepcionando os casos emergenciais e advogados oriundos deoutras Comarcas do Estado e de outras Unidades da Federao. OTribunal de origem denegou a ordem por ausncia de direito lquido

    e certo. 2. evidente a ilegalidade e inconstitucionalidade daportaria expedida pelo magistrado em primeiro grau de jurisdio,que limitou o exerccio da atividade prossional ao determinarhorrio para atendimento dos advogados. Especicamente sobre ocaso examinado, inadmissvel aceitar que um juiz, titular de varade famlia da Capital Catarinense, reserve uma hora por dia para oatendimento dos advogados, os quais, em razo das signicativasparticularidades que envolvem o direito de famlia, necessitam doefetivo acesso ao magistrado para resolver questes que exigemmedidas urgentes. Assim, a armao do Tribunal de origemde que a alegao de violao ao direito do livre exerccio pueril no compatvel com a interpretao constitucional einfraconstitucional sobre a questo. 3. O art. 133 da ConstituioFederal dispe:O advogado indispensvel administraoda justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes noexerccio da prosso, nos limites da lei.. A redao da normaconstitucional manifesta no sentido da importncia do advogado

    como elemento essencial no sistema judicirio nacional. Comogura indispensvel administrao da justia exerce funoautnoma e independente, inexistindo dependncia funcionalou hierrquica em relao a juzes de direito ou representantesdo Ministrio Pblico. 4. Por outro lado, o art. 35, IV, da LC 35/79(Lei Orgnica da Magistratura Nacional), estabelece os deveres domagistrado, entre os quais a obrigao de tratar com urbanidadeas partes, os membros do Ministrio Pblico, os advogados, astestemunhas, os funcionrios e auxiliares da Justia, e atenderaos que o procurarem, a qualquer momento, quando se tratede providncia que reclame e possibilite soluo de urgncia.Dispe o art. 7, VIII, do Estatuto da Advocacia, ao relacionar osdireitos do advogado: Dirigir-se diretamente aos magistradosnas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horrio

    previamente marcado ou outra condio, observando-se a ordemde chegada.. A interpretao da legislao infraconstitucional clara ao determinar a obrigatoriedade de o magistrado atenderaos advogados que o procurarem, a qualquer momento, o que reforado pela prerrogativa legal que permite ao advogado aliberdade necessria ao desempenho de suas funes, as quais nopodem ser mitigadas por expedientes burocrticos impostos peloPoder Pblico. 5. A negativa infundada do juiz em receber advogadodurante o expediente forense, quando este estiver atuandoem defesa do interesse de seu cliente, congura ilegalidade epode caracterizar abuso de autoridade. Essa a orientaodo Conselho Nacional de Justia que, ao analisar consultaformulada por magistrado em hiptese similar, estabeleceu aseguinte premissa: O magistrado SEMPRE OBRIGADO a receberadvogados em seu gabinete de trabalho, a qualquer momentodurante o expediente forense, independentemente da urgncia doassunto, e independentemente de estar em meio elaborao dequalquer despacho, deciso ou sentena, ou mesmo em meio a uma

    reunio de trabalho. Essa obrigao constitui um dever funcionalprevisto na LOMAN e a sua no observncia poder implicar emresponsabilizao administrativa. (destaque no original) 6. Nalio do ilustre Ministro Celso de Mello, nada pode justicar odesrespeito 28 s prerrogativas que a prpria Constituio e asleis da Repblica atribuem ao Advogado, pois o gesto de afrontaao estatuto jurdico da Advocacia representa, na perspectiva denosso sistema normativo, um ato de inaceitvel ofensa ao prpriotexto constitucional e ao regime das liberdades pblicas neleconsagrado. (STF - MS 23.576 MC/DF, DJ de 7.12.1999). 7. Sobre otema, os seguintes precedentes desta Corte Superior: RMS 15.706/PA, 2 Turma, Rel. Min. Joo Otvio de Noronha, DJ de 7.11.2005,p. 166; RMS 13.262/SC, 1 Turma, Rel. p/ acrdo Min. HumbertoGomes de Barros, DJ de 30.9.2002, p. 157. 8. Provimento dorecurso ordinrio. (RMS 18.296/SC, Rel. Ministra DENISE ARRUDA,PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/08/2007, DJ 04/10/2007 p. 170).

  • 8/10/2019 Cartilha Das Prerrogativas Dos Advogados Oab Pe1

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    CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS CARTILHA DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS

    DA PALAVRA

    DO DIREITO SUSTENTAO ORALA sustentao oral uma prerrogativa do advogado,instituda em favor da parte, que, pelo princpioconstitucional, tem direito ampla defesa, e que seapresenta como condio de esclarecimento ao julgador,de determinada situao jurdica que pode passardespercebida.

    IX - sustentar oralmente as razes de qualquer recursoou processo, nas sesses de julgamento, aps o voto dorelator, em instncia judicial ou administrativa, pelo prazode quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido;

    (Vide ADI n 1127-8)

    DO DIREITO AO USO DA PALAVRA

    A advocacia se exerce muito pelo uso da palavra.H, nasreformas das leis processuais civis e penais, um esforo nosentido de ampliar-se a oralidade na prtica dos atos doprocesso, especialmente, pelos procuradores das partes.Interessante pesquisa feita em julgamentos de habeascorpus no Superior Tribunal de Justia revela que o

    percentual de sucesso nos julgamentos (concesso daordem) muito maior nos casos em que houve sustentaooralpelo advogado do paciente.O dispositivo em exame previa que a sustentao oral,nos tribunais, seria feita aps o voto do relator. O STF, nojulgamento do ADI n 1.105-7, declarou inconstitucionalesta parte do dispositivo. Assim, o advogado pode fazersustentao oral aps o relatrio e antes do voto dorelator.

    Outro problema grave a limitao que se impe nosregimentos internos dos tribunais a esta prerrogativa,estabelecendo-se casos em que no se admite a

    sustentao oral, como em embargos declaratrios eagravos regimentais.

    X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juzo outribunal, mediante interveno sumria, para esclarecerequvoco ou dvida surgida em relao a fatos, documentosou armaes que inuam no julgamento, bem como parareplicar acusao ou censura que lhe forem feitas;

    DO DIREITO DE RECLAMAO VERBAL OU ESCRITA

    A postulao em juzo, antes de ser uma prerrogativa doadvogado, um direito subjetivo do jurisdicionado, parademonstrar sua verso de fato ou fatos ensejadores dedireitos ou obrigaes ser levada ao conhecimento doPoder Judicirio. O advogado, em nome de terceiros,constituintes, pugna pelos direitos que tais cidados, civisou fardados, a ele causdico referem como lesados oupelo menos ameaados de leso, ensejando, assim, queo prossional munido de tais informaes, a que deveem princpio dar crdito, dedique-se ao mnus que lhecompete, expondo autoridade judiciria o direito feridode seu patrocinado, seja pelo petitrio, seja pelo uso datribuna que lhe destinada, reclamando, em ltima anlise,que se faa justia, ainda que em seus ou um linguajar duro.

    A prerrogativa consta do inciso XI do artigo 7 do Estatutoda Advocacia:

    XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perantequalquer juzo, tribunal ou autoridade, contra ainobservncia de preceito de lei, regulamento ouregimento;

    Deciso Monocrtica, neste sentido, foi proferida pelo entoMinistro Seplveda Pertence:

    DESPACHO: Cuida-se de manda