36
 Vamos mudar nossas cidades? Vamos mudar nossas cidades?

Cartilha Vamos Mudar Nossa Cidade

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Como aplicar o estatuto da cidade?

Citation preview

  • Vamos mudar nossas cidades?Vamos mudar

    nossas cidades?

  • Conhea o Estatuto da Cidade 1O Estatuto quer garantir a cidade para todos 3

    O Plano Diretor pe o Estatuto da Cidade em prtica ..................................6As etapas do Plano Diretor 8

    O Estatuto da Cidade quer boa moradia para todos 9O Estatuto ajuda a legalizar moradias irregulares 11As etapas para obrigar o uso social da propriedade 13

    A cidade tambm meio ambiente 19Ocupar reas de preservao ruim para todos 21O Estatuto da Cidade ajuda a preservar o meio ambiente 23O Estatuto pe a populao na discusso das grandes obras 26

    Como participar das decises sobre a cidade 27O Estatuto exige espaos de participao 29

  • Conhea o Estatuto da Cidade

    O Estatuto da Cidade uma lei que cria regras para se organizar a cidade. O objetivo do Estatuto que todos tenham uma vida de qualidade nas cidades.

    Voc j parou para pensar como sua vida na cidade? Nor-malmente a gente passa por um monte de dificuldades, como falta de nibus, de gua, de boas esco-las e bons hospitais pblicos perto de casa. Lazer e emprego, ento, nem se fale! tudo muito longe ou muito difcil.

    1

  • A gente vai tocando a vida, se acostuma a conviver com os problemas. E a a gente se esque-ce de lutar pelos nossos direitos. Esquece at que tem direitos! Uma boa cidade, com boas moradias, saneamento bsico, transportes, escolas, reas de lazer e hospitais pblicos um direito de todos. o que se chama de DIREITO

    CIDADE. Todos devem ter acesso s

    oportunidades que a cidade ofere-ce!

    Muitos grupos, como o mo-vimento dos sem-teto e as as-sociaes de bairro, lutam pelo direito cidade.

    Desde 2001 j tem uma lei que vai ajudar nessa luta: o Estatuto da Cidade.

    2

  • O Estatuto da Cidade criou regras para garantir a funo social da propriedade. Isso significa que o proprietrio no pode mais fazer o que quiser nas suas terras e im-veis. As propriedades precisam ter um uso bom para toda a cidade.

    Um exemplo: muitas pessoas deixam seus terrenos vazios. Elas esperam a prefeitura construir melhorias na regio, como asfalto, rede de gua e de esgoto. A, de-pois que a rea foi valorizada com o dinheiro pblico, elas vendem a propriedade por um preo maior.

    Isso se chama especulao imobi-liria.

    Voc deve conhecer tambm casas e apartamentos que ficam vazios porque nenhum interessa-do consegue comprar ou pagar o aluguel. Como popularizar esses imveis?

    O Estatuto traz diversas manei-ras de cumprir a funo social da propriedade. Veja essas maneiras nas pginas 13 a 17 deste cader-no.

    O Estatuto quer garantir a cidade para todos

    3

  • O Estatuto diz que o solo deve ser bem usado

    O Estatuto no se limita a dizer o que permitido ou proibido no uso do solo urbano. Ele diz que o solo deve ter um uso bom para toda a cidade. Veja nas pginas 13 a 15 como o Estatuto pode pressio-nar as pessoas a darem um bom uso para sua propriedade.

    O Estatuto ajuda a regularizar reas de ocupao ilegal

    Muitas pessoas no Brasil moram em reas que ocuparam h muito tempo, mas que no so delas no papel. O resultado disso que elas no pagam os impostos sobre a moradia e acabam no tendo a in-fra-estrutura necessria para viver bem: gua encanada, luz eltrica, rede de esgotos, transporte, postos de sade e escolas na regio.

    O Estatuto ajuda a cidadea funcionar melhor

    4

  • .Essas pessoas no tm endereo oficial, por isso no conseguem nem receber cartas nem abrir credirio. O Estatuto tem regras para regu-larizar moradias. Conhea essas regras nas pginas 11 e 12.

    O Estatuto cria espa-os de participao popular

    A cidade rene moradores de vrias classes sociais, com padres de vida diferentes, com interesses variados. Muitas vezes esses interesses entram em cho-que. A populao precisa participar das decises para que o direito cidade seja de todos, no s dos mais ricos ou de algum setor. O Estatuto obriga a prefeitura a fazer audincias e consultas pblicas quando for tomar alguma deciso importante sobre a cidade. Apren-da como participar das decises sobre sua cidade nas pginas 27 a 32.

    5

  • O Plano Diretor pe o Estatuto da Ci-dade em prtica

    O Plano Diretor organiza o crescimento e o funcionamento da cidade. No Plano Diretor est o projeto da cidade. Ele diz qual o destino de cada parte da cidade. Sem esquecer, claro, que essas partes formam um todo.

    O Plano Diretor vale para todo o municpio, ou seja, para as reas urbanas e tambm para as rurais.

    O Estatuto d as regras gerais para o planejamento de todas as cidades. O Plano Diretor diz quais regras sero usadas em cada muni-cpio. Ele define o futuro da cidade decidido por seus moradores.

    O Plano Diretor uma lei municipal criada com a participao de toda a sociedade. Ele deve ser

    aprovado na Cmara Mu-nicipal.

    6

  • O Plano Diretor s vale quando feito e colo-cado em prtica com a partici-

    pao popular. A participao das pessoas ga-rante que a lei saia do papel. Veja como participar do Plano

    Diretor na pgina 28.

    Cada cidade deve ter um Plano Diretor para que todas as regras do Estatuto da Cidade sejam aplicadas. So poucas as regras do Estatuto que podem ser usadas quando a cidade ainda no tem Plano Diretor.

    O Estatuto diz que devem OBRIGATORIAMENTE ter Plano Diretor as cidades que:

    tm mais de 20 mil habitan-tes;

    fazem parte de regies me-tropolitanas, como a grande So Paulo;

    so tursticas ou tm grandes obras que colo-

    cam o meio ambiente em risco ou que mudam muito a regio, como hidrel-tricas.

    As cidades precisam ter Plano Diretor

    O Plano Diretor bom para todas as cidades

    Mesmo que a cidade tenha menos de 20 mil habitantes e no se encaixe em nenhum dos casos citados, ela pode ter um Plano Diretor. E bom que tenha, porque s com o Plano Diretor ela pode aplicar todas as regras do Estatuto da Cidade.

    7

  • Identificar bem a realidade da cidade e seus problemas. Escolher os temas e objetivos a serem trabalhados.

    Escrever a proposta do Plano Diretor.

    Enviar a proposta para a C-mara Municipal, para os verea-dores discutirem e aprovarem.

    As etapas do Plano Diretor

    Descubra em que etapa do Plano sua ci-

    dade est!Depois, procure um movimento

    social, sindicato, associao profis-sional ou de bairro. Participe das decises sobre o destino de sua

    cidade.

    Estabelecer prazos e maneiras de colocar o Plano Diretor em prtica.

    Revisar o Plano Diretor. A cida-de sofre mudanas difceis de prever. E a lei que orienta seu destino precisa acompanhar essas mudanas, por isso o Plano Diretor deve ser revisto pelo menos a cada 10 anos.

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    8

  • O Estatuto da Cidade quer boa moradia para todos

    O Estatuto da Cidade quer garantir a todos o direito a morar bem. Mas a realidade outra. Quase metade da populao bra-sileira vive em situao ruim: em

    favelas, cortios ou loteamentos irregulares. O Estatuto tem regras que ajudam a mudar essa situa-o.

    9

  • Veja o que o Estatuto faz pela moradia

    As regras do Estatuto da Cidade servem para:

    criar espaos de partici-pao na hora de fazer e votar as leis e tambm

    na hora de coloc-las em prtica

    aumentar o dinheiro da

    prefeitura para investir

    em habitao

    criar moradias populares em reas que j tm boa infra-estrutura

    regularizar e melhorar a situao de quem mora

    em terrenos ilegais

    10

  • Usucapio Especial Urbana

    O Estatuto ajuda a legalizar mora-dias irregulares

    Quem vive h mais de cinco anos em um terreno que no seu no papel conquista a propriedade ou o direito de moradia. O terreno pode ser pblico ou privado, mas precisa estar abandonado pelo dono oficial. A rea do terreno ocupado no pode ser maior que 250m2 e a famlia no pode ter outra moradia.

    Quando o terreno ou imvel particular, a regularizao da

    propriedade ganha o nome de USUCAPIO ESPECIAL URBANA. Antes, a usucapio s podia ser in-dividual, mas, com o Estatuto, pode ser coletiva. As famlias que ocu-pam o terreno podem entrar juntas na justia. Cada famlia fica com um pedao do terreno, que pode ser igual para todos ou maior para quem precisar de mais espao. No registro oficial, o terreno regulariza-do passa a ser um condomnio.

    11

  • Quase sempre os terrenos ocupa-dos pelas moradias populares ficam na periferia das cidades, em regies sem infra-estrutura. Tambm ficam em lugares que normalmente no so bons para urbanizar e at em reas de preservao ambiental. Por isso, muitas moradias populares so irregulares.

    A regularizao fundiria uma maneira de resolver esse problema. Ela d qualidade de moradia para

    Ocupaes irregulares: melhor prevenir que remediar

    essas famlias e evita que a rea seja mais destruda.

    Mas o melhor as pessoas morarem em locais que j tm boa infra-estrutura e que ficam perto da escola ou do trabalho.

    O Estatuto da Cidade traz algu-mas medidas para garantir o direito de todos a uma boa moradia. Co-nhea essas medidas nas prximas pginas.

    Concesso de Uso Especial para Fins de Moradia

    A regularizao da propriedade ganha esse nome quando o ter-reno ou imvel ocupado pbli-co. Antes, as prefeituras podiam conceder o direito real de uso de terreno pblico atravs de uma lei aprovada na Cmara Municipal. Agora, isso se resolve na justia.

    Em primeiro lugar, o morador ou os moradores precisam pedir a concesso de uso do imvel ao rgo pblico que o dono oficial. Depois de um ano, se o rgo no tiver passado a propriedade do

    terreno para os moradores, eles podem lutar pela propriedade na justia comum.

    As pessoas tm que pressionar os governantes para dar assistn-cia tcnica e jurdica gratuita. S assim os mais pobres conseguem brigar na justia pelos seus direi-tos.

    Ateno: essa regra provisria!

    A Concesso de Uso Especial para Fins de Moradia no est no texto do Estatuto, est regulamen-tada na MP2220/2001. Apesar de se chamar medida provisria esta tem a foa de lei!

    12

  • As etapas para obrigar o uso social da propriedade

    O Estatuto da Cidade diz que a propriedade deve ser bem usada. E o Plano Diretor determina qual o bom uso da propriedade, de acordo com a rea em que ela est. O Plano obriga o propriet-rio de um terreno ou imvel mal

    utilizados a dar uma funo social para aquela propriedade.

    As regras do Plano Diretor do um prazo para o proprietrio par-celar e construir. E se ele no fizer isso, vai pagar um IPTU cada vez maior e pode at ser desapropriado.

    13

  • Primeira presso: Parcelamento e Edificao Com-pulsrios

    prazo de dois anos para dividir seu terreno, construir ou reformar seu imvel.

    Veja o que acontece se ele no cumprir esse prazo.

    2Se uma propriedade no est cumprindo sua funo social como manda o Plano Diretor, o proprie-trio vai ser pressionado a dar um bom uso a seu imvel.

    Essa primeira presso feita por meio da regra de parcelamen-to e edificao compulsrios. Por essa regra, o proprietrio tem o

    Segunda presso: IPTU Progressi-vo no Tempo

    IPTU Progressivo no Tempo a punio que o proprietrio rece-be por no ter usado seu terreno ou prdio para uma funo social, como manda o Plano Diretor.

    14

  • Todos os anos, os donos de casas e terrenos precisam pagar um imposto para a prefeitura. Ele se chama IPTU e costuma ser 1% do valor da propriedade. Vamos imaginar que uma propriedade vale R$ 10 mil. O IPTU normal dela se-ria de R$ 100,00. Nessa punio, o IPTU dobra a cada ano enquanto o proprietrio no cumprir a lei. O valor do IPTU pode subir at 15% do valor do imvel. No nosso exemplo, depois de cinco anos, o IPTU subiria de R$ 100,00 para R$ 1.500,00.

    3Terceira presso: Desapropriao

    Se o dono pagar o IPTU Pro-gressivo durante cinco anos e no der um uso social para seu terreno ou imvel, ele perde a propriedade. A prefeitura desapro-pria e paga pela propriedade. Mas no paga o valor de mercado, nem d o dinheiro de uma vez. O que a pessoa ganha so ttulos da dvida pblica. Os ttulos so como dez cheques pr-datados, para serem descontados um a cada ano. O proprietrio s receber o dinheiro todo depois de dez anos.

    15

  • Uma ZEIS uma rea da cida-de que fica destinada pelo Plano Diretor para abrigar moradia popu-lar. O nome ZEIS quer dizer Zonas Especiais de Interesse Social.

    O Estatuto da Cidade estendeu para todo o pas a regra das ZEIS, que j existia desde os anos 80 em algumas cidades.

    As ZEIS servem para: reservar terrenos ou prdios

    vazios para moradia popular; facilitar a regularizao de

    reas ocupadas e facilitar a regularizao de

    ZEIS

    cortios.A ZEIS reserva espao para

    moradia popular em reas com boa infra-estrutura. Uma propriedade vazia no centro da cidade pode vi-rar uma ZEIS. A fica mais fcil para a prefeitura exigir que nela sejam construdas moradias populares.

    Quando uma rea ocupada vira ZEIS, seus moradores conseguem regularizar sua moradia de forma mais rpida. E tambm fica mais fcil lutar por melhorias para aque-la regio.

    16

  • Vamos imaginar um exemplo. Uma pessoa tem um terreno que custa R$ 40 mil e est abandona-do. Esse terreno fica no centro da cidade, uma rea com boa infra-es-trutura. O Plano Diretor exige que o pro-prietrio construa um prdio no terreno. Mas ele no tem dinheiro para fazer isso. Ento, ele passa o terreno para a prefeitura e ela faz um prdio de moradia popular.

    O proprietrio sem recursos pode fazer acordo com a prefeitura

    Cada apartamento desse prdio custa R$ 20 mil. Como o terreno custava R$ 40 mil, o antigo pro-prietrio ir receber dois aparta-mentos e a prefeitura fica com os outros para seus programas. Esse acordo se chama CONSRCIO IMOBILIRIO.

    Nesse acordo a pessoa entra com a terra e a prefeitura faz as obras. Em troca, o antigo pro-prietrio ganha lotes, casas ou

    17

  • Voc j deve estar cansado de escutar prefeitos e vereadores di-zerem que falta verba para investir na cidade, no ? O Estatuto da Cidade traz regras que a Prefeitura usa para ganhar novos recursos para investir em infra-estrutura e habitao.

    Solo Criado O proprietrio no pode construir

    o quanto quiser no terreno. O Plano Diretor diz quantos metros quadra-dos a pessoa pode construir, de acordo com o tamanho do terreno e sua localizao.

    Tudo o que se constri alm do que permitido chama-se Solo Criado. Para construir a mais preciso pagar prefeitura pelo solo criado.

    No Estatuto da Cidade, essa regra tem um nome mais compli-cado: OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR.

    Com o Estatuto, a prefeitura pode conseguir mais dinheiro para habitao

    Mais gente, mais gas-tos

    Um prdio alto significa muitos moradores na mesma regio. O que quer dizer mais trnsito, maior uso de gua, mais lixo e esgoto. A prefeitura vai precisar de recur-sos para investir na rea. para isso que serve o dinheiro do solo criado.

    Mas no s pagar e construir o que quiser. O Plano Diretor deve dar um limite mximo de construo, para que certa regio no fique com rea construda demais.

    Prefeitura pode incen-tivar moradia popular

    Em certas reas com transpor-tes e outros recursos a prefeitura pode dispensar o pagamento do solo criado se for para construir moradias populares.

    18

  • Meio ambiente no s plan-tas e animais. Ele o lugar onde vivemos. Muitas cidades tm um rio que passa por elas. Para viver bem na cidade precisamos de um ambiente com ar e gua limpos, matas naturais, boa coleta de lixo e de esgoto.

    A cidade tambm meio ambiente

    19

  • O que so reas de preservao ambiental?

    reas de preservao so as terras com matas e as terras pr-ximas de nascentes, rios, repre-sas e reas de mangue. A lei probe moradias nessas terras, para proteger a gua e a natureza, que so bens necess-rios a todos.

    Na hora de fazer ou revisar o Plano Diretor as pessoas decidem quais reas da cidade devem ser pre-servadas.

    Normalmente, os terrenos que precisam ficar desocupados so:

    reas de proteo de manan-ciais, que a regio onde est a gua que abastece a cidade;

    reas com risco de enchen-tes, como beiras de crregos, mangues e vrzeas inundveis;

    reas com risco de desliza-mento, como dunas e serras ngremes e

    reas com ecossistemas fr-geis, como os manguezais.

    Onde proibido ocupar?

    Os aluguis nas cidades costu-mam ser caros e os programas de moradia popular no chegam para todos. Por isso, a populao mais pobre ocupa reas de preservao que deveriam ser deixadas como estavam para todos terem um meio ambiente bom para viver.

    20

  • ruim para os moradores que ocupam essas reas, porque eles ficam sem infra-estrutura para viver bem. E a prefeitura no pode levar gua encanada, energia eltrica e esgoto para reas de preservao, porque so reas onde a ocupao proibida por lei.

    Ocupar reas de preservao ruim para todos

    21

  • Ocupar reas de preservao ruim para todos os moradores da cidade, porque havia um bom motivo para aquela rea ficar desocupada. Vamos imaginar que algumas famlias ocuparam uma rea de proteo de mananciais. desses locais que sai a gua potvel que abastece a cidade. Como l no h rede de esgoto ou de coleta de lixo, logo as famlias comeam a sujar o ambiente. As-sim, elas poluem tambm a gua que chega casa de todos.

    22

  • O Estatuto da Cidade ajuda a preservar o meio ambiente

    A maneira ideal de preservar o meio ambiente no permitir a ocupao das reas de preserva-o.

    Na prtica, as leis tratam de diminuir ao mximo a possibilidade de construir nessas reas. Vamos ver um exemplo de uma pessoa que teria o direito de construir 500 m2 em seu terreno de 5.000 m2 ao lado da represa. Se a lei disser que o ter-reno fica em rea de preservao ele s poder construir 100 m2. A lei tambm vai fazer outras exign-

    cias, como que a casa fique longe da represa e que o dono conserve as rvores e outras plantas do terreno, que o esgoto seja tratado. Mesmo assim, o proprietrio no sai preju-dicado. E nem a prefeitura, pois no precisa gastar com indenizao.

    A soluo que o Estatuto da Cidade permite que o dono do terreno do nosso exemplo venda ou passe para outra propriedade dele o direito de construo do que no pode mais construir ali. Isso se chama de TRANSFERNCIA DE POTENCIAL CONSTRUTIVO.

    23

  • Como proteger os moradores e o meio ambiente?

    As reas de proteo ambiental que foram invadidas h tempos viraram bairros sem infra-estrutura. Como vimos, a falta de saneamen-to bsico aumenta a destruio do meio ambiente. Mas a prefeitura no pode fazer obras nesses locais, por-que a ocupao proibida por lei.

    ZEIS ajudam a regu-larizar

    As ZEIS, que voc conheceu na pgina 16, so uma forma de a prefeitura poder fazer obras nas reas de proteo ambiental que foram ocupadas. Parte da populao precisa ser transferida para outra rea. E a parte que fica conquista melhores condies de moradia. Isso diminui a poluio da rea.

    24

  • As ZEIS tambm ajudam a preservar o meio ambiente

    Voc j viu na pgina 16 que as ZEIS podem criar reas de mora-dias populares em regies da cida-de que tm boa infra-estrutura. Se o Plano Diretor criar essas ZEIS e a prefeitura ajudar a viabilizar

    os projetos habitacionais, os mais pobres no precisam ir morar na periferia das cidades. As reas de preservao ficam protegidas.

    25

  • Quando alguma grande obra vai ser feita em uma regio, a prefei-tura ou os moradores podem exigir um estudo para medir seus efeitos. Este estudo se chama ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANA. De acordo com o resultado, a

    O Estatuto pe a populao na discusso das grandes obras

    obra pode at ser proibida. Ou o responsvel por ela ter que fazer ajustes para garantir que o bairro no sofra modificaes que pos-sam destruir suas qualidades, as atividades econmicas e o meio ambiente.

    26

  • Como participar das decises sobre a cidade

    Muitas vezes, a populao s toma contato com as regras da sua cidade quando descobre que no pode construir algo ou mesmo que sua rua no existe oficialmente. Sem participar, o povo sonha com uma cidade melhor, mas fica na mo de polticos que muitas vezes

    usam seu poder para fazer vista grossa e ganhar dinheiro de po-derosos ou votos dos mais pobres. Outro resultado ruim da falta de participao que as pessoas no se sentem responsveis pela cidade.

    27

  • Participe do Plano Diretor

    Voc j viu que cada municpio precisa ter um Plano Diretor para usar o Estatuto da Cidade. O Esta-tuto exige que a populao partici-pe na hora de fazer, votar e colocar o Plano Diretor em prtica.

    So os vereadores que votam o Plano Diretor. Mas todos os que quiserem podem participar na hora de fazer, revisar ou colocar em pr-tica esse Plano.

    A melhor maneira para partici-par procurar um movimento so-cial, sindicato ou uma associao de bairro.

    O Plano Diretor s vale se a populao participar

    O Estatuto da Cidade obriga a prefeitura e a Cmara Municipal a dar espao para que todos parti-cipem das decises sobre a cida-de. O Plano Diretor s tem valor quando feito ou colocado em prtica com a participao de toda a sociedade. Se a populao no participar na hora de fazer o texto do Plano Diretor, ele no pode nem ser votado na Cmara.

    O Plano Diretor precisa ser bem divulgado e es-tar disponvel para todos consultarem. S assim as

    pessoas podem fiscali-zar se a prefeitura

    est cumprindo o que foi decidido junto com a popu-lao.

    28

  • Audincias Pblicas e Debates sobre deci-ses polmicas

    A prefeitura e a Cmara Mu-nicipal devem reunir a populao quando alguma deciso polmica vai ser tomada. Prefeitos e verea-

    O Estatuto exige espaos de participao

    dores tm que explicar o assunto, estar abertos a discutir seu projeto e a ouvir outras opinies diferen-tes.

    As audincias pblicas e os debates precisam acontecer em vrias regies da cidade e serem bem divulgados. S assim todos tm chance de participar.

    29

  • Iniciativa PopularA populao pode se organi-

    zar, coletar assinaturas e propor planos, projetos ou alterao nas leis da cidade. Essas propostas so discutidas e votadas pelos vereadores na Cmara Munici-pal. O nmero de assinaturas que a populao precisa conseguir aparece em lei da cidade. O artigo da Constituio que deu origem ao Estatuto da Cidade surgiu por uma iniciativa popular.

    Consultas Pblicas sobre decises pol-micas

    A prefeitura e a Cmara Munici-pal precisam consultar a populao quando forem tomar uma deciso polmica. Essa consulta funciona como uma votao e ocorre de duas maneiras:

    Referendo: o resultado da votao serve s para orien-tar a deciso dos governan-tes.

    Plebiscito: o resultado da votao vale como deciso final.

    30

  • Oramento Participa-tivo

    A populao ajuda a decidir como ser gasto o dinheiro da cida-de no ano seguinte. Essa discusso acontece em assemblias em dife-rentes regies. Dessas assemblias saem propostas de como gastar o dinheiro.

    Nas assemblias regionais tam-bm so escolhidos os delegados que representam os moradores de cada regio. Os delegados votam na assemblia geral todas as pro-postas que vm de vrias partes da cidade.

    O ORAMENTO PARTICIPATI-VO j existia antes do Estatuto da

    Cidade, mas era usado por poucas prefeituras. Agora, ele passou a ser obrigatrio.

    Conferncias sobre assuntos de interesse urbano

    Conferncias so grandes encontros, realizados periodica-mente, com ampla divulgao e participao popular. onde se definem polticas de habitao, por exemplo, para o perodo seguinte. Nas conferncias so costurados os consensos e pactos entre o poder pblico e os diversos setores da sociedade.

    31

  • Conselho de Habita-o e Desenvolvimen-to Urbano

    Esse conselho tem o papel de acompanhar e fiscalizar se as medidas do Plano Diretor esto sendo cumpridas. Ele formado por representantes da populao e por pessoas que fazem parte do poder pblico.

    O Estatuto da Ci-dade uma lei. Mas tem lei que

    pega, tem lei que no pega. Ocupe os espaos de par-ticipao que o Es-tatuto trouxe para fazermos nossas

    cidades mais justas e

    mais equilibradas!

    32

  • RealizaoInstituto Plis/PUC Campinas

    Coordenao geralRaquel Rolnik

    Equipe tcnicaRaquel RolnikRenato CymbalistaPaula SantoroUir Kayano Nbrega

    Edio de textoMaria Otlia Bocchini (coord.)Thas Brianezi

    Texto basePaula Santoro

    Edio de arteSnia Lorenz (coord.)Antonio Kehl

    IlustraesMrcio Baraldi

    Editora Instituto PlisRua Arajo, 124 - Centro01220-020 - So Paulo - SP - BrasilTel. 0XX 11 [email protected]://www.polis.org.br

    Esta publicao parte integrante do Kit das Cidades, resultado do Programa de Capacitao de Agentes Locais para Atuao em Processos de Regulao Urbans-tica, projeto de pesquisa realizado pelo Instituto Plis e PUC Campinas, atravs do Programa de Polticas Pblicas da FAPESP (Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo).

    2002 Raquel Rolnik (coord.) vedada, nos termos da lei, a cpia ou reproduo de qualquer parte deste livro sem a expressa autorizao da autora ou da editora. Sero facilitadas as autorizaes de reproduo para fins educativos e pedaggicos.Impresso no Brasil, So Paulo, 1a edio, agosto de 2002.Tiragem 1000 exemplares.