9
1583 CARTOGRAFIA DA GEOPOLÍTICA E DAS GUERRAS: BRASIL MERIDIONAL TAU GOLIN 1 PPGH-UPF [email protected] Resumo Desde as primeiras tentativas de ocupação luso-brasileira da América meridional, ocorreram esforços de cosmógrafos, navegadores, cartógrafos, engenheiros e exploradores para ilustrar iconograficamente os domínios coloniais em disputa. Este estudo relaciona os trabalhos e os fenômenos geopolíticos e das guerras no processo de disputa dos territórios, oferecendo um panorama do processo geral e alguns registros cartográficos/iconográficos. Metodologicamente considera-se os acontecimentos fundantes e de transição das ocupações dos espaços e das fronteiras. Elegeu-se a complementaridade entre a história e a produção cartográfica como acervo documental, como discurso iconográfico dos acontecimentos históricos; e como lugar dos roteiros identificativos, a exemplo de fortificações e militarização da geografia, cenários do trabalho arqueológico. O espaço, aqui, está carregado de historicidade. Palavras-chave: Geopolítica platina, fronteiras, hegemonia luso-brasileira. Desde a origem de sua ocupação, o atual território pertencente ao Rio Grande do Sul, o mais meridional do Brasil, teve multiplicidades de fronteiras e um esforço de representação cartográfica/iconográfica, adotando técnicas da astronomia, do desenho, ou de relatos escritos, com a preocupação descritiva dos territórios e das gentes. Quando os primeiros navegadores europeus começaram a bordejar pela costa atlântica, o espaço continentino era dominado por, no mínimo, quatro povos indígenas, além de diversas outras etnias. As suas histórias foram determinantes na conquista territorial ibérica. As divergências europeias se adequaram às animosidades autóctones, ou um mesmo tronco dividiu-se em alianças com os conquistadores, incidindo em suas guerras e ocupações. Na dimensão do atual estado sul-rio-grandense, os Gê (Kaingang), Guarani, Minuano e Charrua, notadamente, viviam alianças e conflitos centenários. O de maior implicação colonial foi o dos Guarani missioneiros com parte dos pampianos – especialmente os Minuano e, de alguma forma, os Charrua. Ao sul, a transformação dos territórios Minuano em estâncias das Missões jesuíticas, administradas e policiadas pelas milícias indígenas, notadamente Guarani, inclinou-os para alianças com os portugueses, evidenciadas no século XVIII. A intrusão no Planalto, por sua vez, conflitava-os com os Kaingang, que defendiam suas matas de araucária, de onde obtinham o pinhão, os ervais, dos quais extraiam a erva- mate, ambicionada e transformada em produto de exportação pelos missioneiros. Tais grupos viveram permanentemente em conflitos, com guerras entre eles, ou relacionando-se por alianças e negociações, a exemplo, em alguns casos, do pagamento de extração da erva pelos missioneiros aos Kaingang, quando colhiam em seus territórios. 1 Tau Golin é historiador e jornalista. Professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo; doutor em História pela PUCRS e pós-doutor pela Universidade de Lisboa. [email protected].

CARTOGRAFIA DA GEOPOLÍTICA E DAS GUERRAS · 1586 Ainda durante a Guerra Guaranítica, em 1756, na Europa iniciara a Guerra dos Sete Anos, polarizada pela França e Inglaterra. A

Embed Size (px)

Citation preview

1583

CARTOGRAFIA DA GEOPOLÍTICA E DAS GUERRAS: BRASIL MERIDIONAL

Tau Golin1

[email protected]

Resumo

Desde as primeiras tentativas de ocupação luso-brasileira da América meridional, ocorreram esforços de cosmógrafos, navegadores, cartógrafos, engenheiros e exploradores para ilustrar iconograficamente os domínios coloniais em disputa. Este estudo relaciona os trabalhos e os fenômenos geopolíticos e das guerras no processo de disputa dos territórios, oferecendo um panorama do processo geral e alguns registros cartográficos/iconográficos.Metodologicamente considera-se os acontecimentos fundantes e de transição das ocupações dos espaços e das fronteiras. Elegeu-se a complementaridade entre a história e a produção cartográfica como acervo documental, como discurso iconográfico dos acontecimentos históricos; e como lugar dos roteiros identificativos, a exemplo de fortificações e militarização da geografia, cenários do trabalho arqueológico. O espaço, aqui, está carregado de historicidade.

Palavras-chave: Geopolítica platina, fronteiras, hegemonia luso-brasileira.

Desde a origem de sua ocupação, o atual território pertencente ao Rio Grande do Sul, o mais meridional do Brasil, teve multiplicidades de fronteiras e um esforço de representação cartográfica/iconográfica, adotando técnicas da astronomia, do desenho, ou de relatos escritos, com a preocupação descritiva dos territórios e das gentes. Quando os primeiros navegadores europeus começaram a bordejar pela costa atlântica, o espaço continentino era dominado por, no mínimo, quatro povos indígenas, além de diversas outras etnias. As suas histórias foram determinantes na conquista territorial ibérica. As divergências europeias se adequaram às animosidades autóctones, ou um mesmo tronco dividiu-se em alianças com os conquistadores, incidindo em suas guerras e ocupações.

Na dimensão do atual estado sul-rio-grandense, os Gê (Kaingang), Guarani, Minuano e Charrua, notadamente, viviam alianças e conflitos centenários. O de maior implicação colonial foi o dos Guarani missioneiros com parte dos pampianos – especialmente os Minuano e, de alguma forma, os Charrua. Ao sul, a transformação dos territórios Minuano em estâncias das Missões jesuíticas, administradas e policiadas pelas milícias indígenas, notadamente Guarani, inclinou-os para alianças com os portugueses, evidenciadas no século XVIII. A intrusão no Planalto, por sua vez, conflitava-os com os Kaingang, que defendiam suas matas de araucária, de onde obtinham o pinhão, os ervais, dos quais extraiam a erva-mate, ambicionada e transformada em produto de exportação pelos missioneiros. Tais grupos viveram permanentemente em conflitos, com guerras entre eles, ou relacionando-se por alianças e negociações, a exemplo, em alguns casos, do pagamento de extração da erva pelos missioneiros aos Kaingang, quando colhiam em seus territórios.

1 Tau Golin é historiador e jornalista. Professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo; doutor em História pela PUCRS e pós-doutor pela Universidade de Lisboa. [email protected].

1584

No movimento ocupacional sul-rio-grandense, de forma mais efetiva, Portugal aproximou-se pelo Atlântico, e a Espanha pela bacia do Prata, em especial pelo rio Uruguai. Depois de penetrações no território, na segunda metade do século XVIII, o rio Jacuí e a Serra de Tapes, com a lagoa Mirim, instituíram-se como divisórias topográficas.

O processo de ocupação dual começara ainda no início do século XVI. Desde Buenos Aires e Paraguai, os espanhóis movimentaram-se na ocupação territorial, regidos pelo meridiano de Tordesilhas. Esta progressão oeste-leste tinha o seu contrário na ocupação costeira atlântica pelos portugueses. Foi da plataforma litorânea que os luso-brasileiros empreenderam a conquista do sertão, na entrada para o oeste.

Geopoliticamente, a expedição naval de Martim Afonso de Sousa deu o primeiro passo significativo, depois que Juan Días de Solís e Sebastião Caboto, sob bandeira espanhola, aportaram em Santa Catarina, em suas viagens ao Rio da Prata. Em 1531-1532, os irmãos Sousa percorreram a costa e deixaram informações substanciais. Pero Lopes fez diversas descrições e plotou coordenadas de latitude, com desvio de aproximadamente 5’ – cinco minutos, 9.260 metros – para o Sul. Retornou a Lisboa em janeiro de 1533. Um ano depois, em 1534, resultado das informações trocadas na Corte, na latitude aproximada do canal do Rio Grande, um estuário foi desenhado na Carta náutica do oceano Atlântico e mar Mediterrâneo, do português Gaspar Viegas.

A colônia do Brasil havia sido dividida em capitanias hereditárias por D. João III quando a armada de Martim Afonso estava na América e nomeados os seus donatários. Luís Teixeira, em 1574, desenhou o sistema administrativo criado em 1532 e a sua distribuição no espaço. Na latitude relativa de 31₀20’ plotou o “Rio de São Pedro”.

Nesse processo fundante, cartografia e conquista territorial condensaram-se na geopolítica. O Estado português havia implantado a sua representação mais extrema ao Sul na Ilha de Santa Catarina. Entretanto, a serviço da Espanha, os jesuítas instalaram-se em amplos espaços a oriente do rio Uruguai, demonstrando algum sucesso na catequese de aldeias indígenas, além de reunir famílias extensas em topografia mais favorável e conectada com os grandes rios. Tal expansão oeste-leste teve uma progressão de aproximadamente 400 km pelas bacias do Ibicuí, Piratinim, Ijuí e Jacuí.

Estes redutos de índios reduzidos atraíram as bandeiras dos paulistas, interessados em escravizá-los para as lavouras do Brasil. Ingressaram pelos caminhos de mobilidade dos Gê, que trilhavam todo o Planalto sul-americano, especialmente pelo “do meio”, entre as nascentes das bacias do Uruguai-Pelotas e Jacuí. Estabelecidos no Planalto Kaingang, instalaram um polo operativo na região de Passo Fundo, plataforma estratégica para invadir as aldeias e reduções. Consequentemente, com essas expedições, em um período em que a península ibérica estava unificada sob a hegemonia espanhola, os jesuítas e muitos morubixabas decidiram retirar-se para a margem ocidental do rio Uruguai, enquanto outras famílias escolheram os montes e a proteção das matas.

Entretanto, depois da Guerra de Restauração na península ibérica, Portugal retomou seus projetos de expansão. No final do século XVII, para o território meridional, colocou em execução um sistema de ocupação através de enclaves, deixando os amplos espaços adjacentes entre eles para a ocupação particular e guardas estratégicas em posições avançadas. Fixou o primeiro no Rio da Prata, em 1680, com a edificação da Colônia do Santíssimo Sacramento. A seguir, iniciou um fluxo pelo caminho do litoral entre este ponto extremo com a ilha de Santa Catarina. Para encurtá-lo, estabeleceu o enclave de Laguna em 1684.

Com a clara ofensiva luso-brasileira, a Espanha respondeu com nova manobra de suas reduções de fronteira. Em 1682, os jesuítas e indígenas missioneiros, retornaram à margem oriental do rio Uruguai, iniciando os trabalhos de edificação de São Borja. Agora, a ocupação seria através de cidades, construídas gradativamente, com suas estâncias, lavouras e ervais. Povos ocidentais também estabeleceriam estâncias ao sul do Ibicuí e Jacuí. Em uma progressão jamais vista chegaram ao vale do Jacuí, a Serra dos Tapes e ao norte da atual República do Uruguai.

1584 1585

Levantaram diversos pueblitos, capelas e sedes de estâncias, com a presença de missioneiros destinados a agropecuária e à milícia. Nesse sentido, caracterizaram-se como missões de fronteira, dentro do projeto geopolítico espanhol.

Desde a sua origem, a Colônia do Sacramento foi assediada e tomada pelas tropas lideradas pelo governo de Buenos Aires. Portugal, a cada perda, conseguia reavê-la pela diplomacia. À Espanha, derrotada nos tratados, sempre restava mantê-la sob cerco, ou controle de sua expansão. Tal realidade foi alterada quando conflitos diplomáticos em Lisboa e Madri, em 1735, redundaram em um bloqueio extramuros e controle do seu porto. Em seu socorro zarparam flotilhas do Brasil e da Europa. No ano seguinte, o governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrada, deu a tarefa ao seu interino, brigadeiro Silva Pais, para libertar Sacramento e estruturar, se possível, novos redutos lusitanos no Prata. Assim que levantasse o bloqueio, a sua segunda missão mais importante seria conquistar Montevidéu, cuja instalação castelhana começara na década anterior. Como último recurso, caso não conseguisse realizar o desembarque e manter a posição e controle de seu porto, instalaria um novo enclave no Rio Grande, mais a retaguarda da Banda Oriental.

Depois de alguns combates, o brigadeiro avaliou como impossível a ocupação de Montevidéu, restando-lhe retirar a esquadra para Maldonado. Ali considerou também desfavorável a fortificação. Depois, seguiu mais para o norte e ingressou na perigosa barra do Rio Grande. Atracou no porto do arraial levantado por Cristóvão Pereira para esperá-lo. Iniciou a fortificação do reduto e partiu para os arroios São Miguel e Chuí, com embarcações pela lagoa Mirim, e cavalaria pelo caminho do litoral. Ali ocupou as duas únicas entradas para a planície costeira no sentido sul-norte. Consequentemente, estabeleceu a fronteira meridional mais extrema do Brasil, com uma guarda no Chuí e um forte na margem do arroio São Miguel. Iniciava a fase de um novo domínio, o de uma comandância militar vinculada ao Rio de Janeiro. Todo o seu oeste era uma fronteira de águas – lagoa Mirim e seu sangradouro (canal São Gonçalo), lagoa dos Patos, Guaíba e Jacuí. Pelo norte do Guaíba-Jacuí, os luso-brasileiros foram progredindo lentamente estabelecendo zonas de fronteira com os Kaingang e Guarani, além de deflagrarem frentes de mestiçagem.

Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, houve a tentativa diplomática de alterar esta fronteira real, beligerante, que havia caducado, na prática, o Tratado de Tordesilhas.

Sob as concepções de que o Amazonas ficaria sob hegemonia portuguesa e o Rio da Prata espanhola, os reinos resolveram realizar a permuta entre sete dos trinta Povos missioneiros, escolhendo os localizados a oriente do rio Uruguai, pela Colônia do Sacramento. Na abrangência do atual Rio Grande do Sul, pensou-se numa divisória que partia de Castillos Grande (atual Uruguai), seguia pelas nascentes dos rios que desembocam na lagoa Mirim, tomava as cabeceiras do rio Negro, entrava no Ibicuí, e subia o rio Uruguai até o Peperi-Guaçu, ingressando em seu leito.

Em 1752, os demarcadores iniciaram seus trabalhos, interrompidos pelos caciques missioneiros rebeldes e suas milícias, deflagrando a Guerra Guaranítica (1753-1756). Tomados os Sete Povos, em ações coligadas dos exércitos português e castelhano, a Espanha, no entanto, não conseguiu retirar os índios para entregar o território em troca da Colônia do Sacramento. Os demarcadores retomaram os trabalhos em 1758 e também não entraram em acordo sobre a origem do Ibicuí. Aliado a complicações em outras regiões, Portugal expulsou os jesuítas do Brasil em 1755; e a Espanha, mais tarde, depois de um inquérito, também responsabilizou-os, decretando a expulsão da ordem inaciana da América em 1767.

Em tal conjuntura de desacordos e impossibilidades, do ponto de vista demarcatório, as Cortes resolveram anular o Tratado de Madri pelo do Pardo, em 1761.

1749. A fronteira do Sul, no mapa das Cortes.

1586

Ainda durante a Guerra Guaranítica, em 1756, na Europa iniciara a Guerra dos Sete Anos, polarizada pela França e Inglaterra. A revogação do convênio de Madri coincidiu com a assinatura do Pacto de Família dos Bourbon pela Espanha, levando a aliança com a França ao patamar de um compromisso beligerante de defesa incondicional. Portugal foi pressionado a ingressar no convênio. Como negou-se, seu território europeu foi invadido.

Assim que a notícia do conflito chegou à América, Pedro de Cevallos, que administrava o governo de Buenos Aires desde São Borja, ordenou o cerco e tomada da Colônia do Sacramento, recebendo o apoio de tropas embarcadas em navios de transporte e fragatas de guerra na Europa. Em outubro de 1762, a Colônia capitulou.

No ano seguinte, uma expedição por terra e uma esquadra por água se dirigiram ao Continente do Rio Grande, cujo governo, por ordem de Gomes Freire, havia avançado a fronteira até Santa Teresa, região de melhor defesa, iniciando ali a construção de uma fortaleza. Assim que as tropas castelhanas se aproximaram, os dragões do Rio Grande capitularam, enquanto parte da tropa e milicianos debandaram, saqueando seus próprios patrícios e abusando de muitas mulheres. Ocupada a Fortaleza de Santa Teresa em 1763, as colunas castelhanas logo tomaram o forte de São Miguel e a vila de Rio Grande, transpuseram o canal, conquistaram a Guarda do Norte e chegaram até a Ponta Rasa, primeira península importante na margem leste da lagoa dos Patos. A missão era expulsar os luso-brasileiros do Continente, fortificando-se em Torres, além de estabelecer rígido controle da barra do Rio Grande.

Entretanto, quando sua vanguarda acampou na Ponta Rasa (estância da Tratada, ou do Tesoureiro), os comandantes receberam a notícia sobre a paz na Europa. Em consequência da distância da metrópole, o exército e a esquadra castelhanas ingressaram no Rio Grande quando já vigorava o acordo de paz que findou a Guerra dos Sete Anos.

Diplomaticamente, Cevallos sustentou a tese de que a sua expedição investia-se de um direito de defesa, pois os luso-brasileiros estavam em território espanhol usurpado.

A fronteira da Ponta Rasa pelo sul e a do Passo do Jacuí, sustentada por Rio Pardo, pelo oeste, passaram a contornar as posses territoriais portuguesas no Brasil meridional.

Destes dois pontos fixos extremos, uma muralha líquida era formada pelos rios Jacuí e Guaíba – em seu conjunto denominado de Rio Grande pelos castelhanos -, e pela lagoa dos Patos. Mais que uma barreira, constituía-se na estrada continentina, cujas artérias introduziam-se em quase todos os espaços, percorridos por embarcações de diversas classes.

Em 1767, sob o comando do governador José Custódio de Sá e Faria, o território sulino foi reconquistado parcialmente pelas armas, fixando-se no canal do Rio Grande. Nesta barreira de águas, a fronteira ficou imutável até 1776, quando as terras até os arroios Chuí e São Miguel foram retomadas pelo Exército do Sul, sob o comando do tenente-general João Henrique de Boehm, contratado pelo marquês de Pombal em Bremen, na atual Alemanha. A fronteira, então, expandiu novamente para o sul. Uma linha hídrica igualmente acompanhou-a pelo oeste, continuando da lagoa dos Patos pelo canal São Gonçalo, lagoa Mirim e arroio São Miguel, de cuja cabeceira procurava a nascente do arroio Chuí, o qual demarcava também a posse costeira do Atlântico.

A resposta bélica da Espanha foi rápida e poderosa. Armou uma expedição na Europa, com aproximadamente 120 embarcações de transporte e guerra, 17.000 homens, com 10.000 de terra. Em fevereiro de 1777 conquistou a ilha de Santa Catarina e, logo, a Colônia do Sacramento, além de ameaçar com um desembarque na costa rio-grandense, impedido por uma tempestade. Então, o exército e a esquadra castelhanas concentraram no Rio da Prata, planejando a conquista do Continente do Rio Grande de São Pedro.

Ainda com a expedição na costa europeia, Portugal estimou que não seria insignificante a capacidade de conquista daquela missão colocada sob o comando de Pedro de Cevallos, que zarpara outra vez para a América investido como o primeiro vice-rei do Rio da Prata. A diplomacia lusitana instou por conversações de paz. Entretanto, Madri sabia que a sua

1586 1587

capacidade de barganha nas conversações dependia do volume de sua conquista, especialmente para ser ressarcida dos prejuízos da perda do Continente do Rio Grande. Por fim, as posses da ilha de Santa Catarina e Colônia do Sacramento já eram trunfos espetaculares para iniciar as conversações, em uma conjuntura em que D. José I havia falecido e o marquês de Pombal destituído, com a coroa novamente sob controle de uma regente Bourbon.

Após conferências diplomáticas, em outubro de 1777, assinaram o Tratado de Santo Ildefonso, abrangendo todas as suas fronteiras. Consequentemente, a expedição de Cevallos para conquistar o Continente do Rio Grande de São Pedro foi sustada no instante em que as tropas de terra já estavam concentrando na fortaleza de Santa Teresa e as forças navais aguardavam a estação propícia para zarparem.

Na América meridional, o novo tratado definiu que, “para assegurar a paz perpétua [...], a navegação dos rios do Prata e do Uruguai, e os terrenos de suas duas bandas setentrional e meridional pertençam primitivamente à coroa da Espanha”. A foz do Peperi-Guaçu, no rio Uruguai, foi definida como um ponto estratégico limite. O próprio Peperi-Guaçu, também denominado de “Pequiri”, traçava a fronteira pelo ocidente (atual divisa do estado brasileiro de Santa Catarina com a Argentina). Na margem oposta (Rio Grande do Sul), da frente do Peperi-Guaçu, a linha divisória percorria as cabeceiras do “Ibimini” (Ijuí) e Piratini, mantendo como fronteira portuguesa as nascentes do Coyacui e o Araricá (atual Jacuí Mirim). Pela cartografia contemporânea, as terras ibéricas, na confluência do rio Uruguai, eram delimitadas pela fronteira entre os lajeados Salto Grande e Barra Bonita. Em um espectro maior, no Alto Uruguai, a linha fronteiriça era prevista entre as contemporâneas sub-bacias do Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (Espanha) e Várzea-Fundo Fundo (Portugal).

Mais predominantemente, o rio Turvo, com suas ramificações, e as cabeceiras do Ijuí, constituíam domínio castelhano; o rio Guarita e seus afluentes, procurando às nascentes do Jacuí Mirim, como seu oposto lusitano. No final do século XIX, a Argentina contestou esta fronteira e procurou considerá-la pela nascente do Jacuí, transferindo para o Passo Fundo a condição de rio fronteiriço português, ao postular soberania sobre o oeste catarinense. A questão foi levada a arbitramento internacional e o presidente Cleveland, dos Estados Unidos, deu ganho de causa ao Brasil.

Acreditando ser uma solução em 1777, o critério de fronteira através de bacias hidrográficas implicaria em mais conflitos no futuro e a perda castelhana de enormes territórios.

Em seu princípio, curiosamente, estabeleceu-se campos neutrais entre rios ou nascentes. Desse modo, duas divisórias paralelas, que corriam pelos extremos de nascente a nascente, ou pelos rios, deixaram imensos territórios entre elas. O maior espaço de divisão dos dois reinos estava nucleado pelas lagoas Mangueira e Mirim. Conforme o convênio:

Permanecerão reservadas entre os domínios de uma e outra coroa as lagoas Mirim e da Mangueira, e as línguas de terra [...] entre elas e a costa do mar, sem que nenhuma das duas nações as ocupe, servindo somente de separação, de sorte que nem os espanhóis passem os arroios Chuí e São Miguel à parte setentrional, nem os portugueses o arroio Taim – linha reta ao mar -, à parte meridional.

Na planície costeira, a linha portuguesa era formada pelas cabeceiras do norte da lagoa Mangueira e o arroio Taim; a espanhola, os arroios Chuí e o São Miguel. Entre estas linhas estava o campo neutral litorâneo. Por acordo ibérico, nenhum súdito poderia adentrar neste território. Este arranjo costeiro, que figurava como um subsistema contraditório com o princípio geral de divisória por bacias hidrográficas, transformou todo o território centralizado pela lagoa Mirim em confusa e criativa ocupação.

A linha castelhana, da foz do São Miguel, contornava a Mirim, chegava a barra do Jaguarão, e buscava a sua nascente. Por terra, procurava as cabeceiras do rio Negro. Na

1588

verdade, somente deste ponto até o rio Uruguai, em frente a foz do Peperi-Guaçu, pode-se considerar terras incluídas na bacia do Prata. Em seu percurso, das pontas do rio Negro, a linha tecia seu caminho pelas cabeceiras de todos os afluentes platinos, notadamente dos atuais Santa Maria, Ibicuí Mirim, Ijuí e Turvo, demarcando a soberania castelhana.

A linha paralela portuguesa, do Atlântico, pontuava as origens norte da lagoa da Mangueira, passava pelo leito do arroio Taim, contornava o norte da lagoa Mirim, seguia pelo canal São Gonçalo, ingressava na foz do rio Piratini e prosseguia até a sua nascente. Da ponta oeste mais extrema do Piratini, formava uma linha com todas as nascentes dos demais rios e arroios que corriam para a lagoa dos Patos, Guaíba, Vacacaí e Jacuí Mirim (antigo Araricá). De cabeceira do Jacuí Mirim, a divisória procurava a nascente do Guarita, afluente do rio Uruguai, incorporando todas as terras banhadas por ele à esfera colonial luso-brasileira (sub-bacia Várzea – Passo Fundo).

Por óbvio, as consideráveis terras neutrais entre as duas linhas divisórias transformaram-se em atrativo, principalmente para aventureiros de diversas origens, gaudérios, caboclos, sertanejos, e pobres do campo em geral, que nela passaram a transitar, prear o gado alçado, ou se estabelecer, em contato com grupos indígenas que centenariamente já estavam na região. Nesta intrusão, destacaram-se os gaúchos lusos e castelhanos, e os paulistas.

O espaço neutral era de extraordinária dimensão. Do Taim ao Chuí implicava em aproximadamente 157 km no sentido norte-sul; e de 62 km entre o Atlântico e a costa da lagoa Mirim, em sua faixa de maior largura. Entre as barras do Piratini e do Jaguarão, em torno de 100 km. Em seus percursos para o oeste, as suas cabeceiras iam gradativamente convergindo uma em direção a outra. Da costa ocidental da lagoa Mirim às nascentes do Jaguarão, em linha reta, estima-se a distância relativa de 140 km. Considerando que a Mirim também integrava o espaço neutro, a unidade neutral, plotada desde a costa atlântica, de leste a oeste, atingia a distância de 217 km. A partir das cabeceiras do Jaguarão e do Piratini, conforme as nascentes fronteiriças se aproximavam ou se afastavam, o campo neutral continuava com sua dimensão variada.

Com o domínio sobre a bacia do Prata, a Espanha devolveu a ilha de Santa Catarina em 1778.

Somente a partir de 1784, as comissões demarcadoras começaram seus trabalhos, com muitas divergências entre os comissários. A enormidade de rios e arroios por onde passavam as duas linhas paralelas, que serpenteavam na geografia em zigue-zagues extraordinários, muitas vezes interpenetrando-se em consequência do involucramento dos mananciais, haviam estabelecido um desafio demarcatório de dificílima realização, quando não incontáveis arranjos, porque o território não se adaptava aos critérios diplomáticos. Em campo, as dificuldades extremas, praticamente transformavam a campanha demarcatória em trabalho irrealizável. Tanto que, na virada do século, os representantes diplomáticos ainda estavam a meio caminho, cheios de dúvidas e divergências, produzindo considerável volume de papéis, aliado ao flagrante desinteresse luso-brasileiro em promulgar aquela fronteira.

Em 1801, a extensão da Guerra das Laranjas, na península ibérica, motivou o avanço das tropas luso-brasileiras sobre os campos neutrais e demais terras, posicionando-se em novas fronteiras hidrográficas, ocupando até o Chuí - São Miguel, lagoa Mirim, Jaguarão, Santa Maria, Uruguai e Ibicuí, com as comissões de limites ainda em campo.

Da fronteira do Rio Pardo e da longa experiência de ocupação dos espaços neutros,

1588 1589

tropas milicianas e regulares, a serviço de Portugal, conquistaram as Missões.Enquanto a divisória ficou relativamente estável no sul ocupado, a tensão colonial

se transferiu para o sudoeste. Com a chegada da notícia da paz, os exércitos beligerantes sul-americanos estabeleceram um pacto de status quo, reafirmado em 1804, diante da inoperância das Cortes, em que permaneceriam em suas posições enquanto as metrópoles não se manifestassem sobre as consequências da recente situação sulina. Recorreram a uma imitação de campo neutral para o território entre o Ibicuí e o Quaraí. Mas logo, as invasões inglesas no Prata representaram para a

Espanha um problema geopolítico muito maior do que o espaço em disputa no sudoeste e mesmo nas Missões orientais do rio Uruguai e a divisória definida pelo Tratado de Santo Ildefonso.

Em seu corolário, entre 1806 e 1810, um conjunto de fatos internacionais retirou o foco da América meridional, quando o assunto era ainda exclusivamente colonial, contribuindo para o domínio lusitano sobre a região. Na Europa, as tropas napoleônicas invadiram a Espanha, a família real portuguesa transferiu-se para o Rio de Janeiro, e a elite criolla iniciou os movimentos para a criação de países independentes na colônia castelhana. De imediato, a fronteira luso-brasileira chegou ao Quaraí, além de luso-brasileiros instalando-se em todo norte da Banda Oriental. As lutas pelas independências na América espanhola deixaram os luso-brasileiros em posição favorável para seus planos de expansão.

Historicamente, quando se ingressou em uma fase complexa de formação dos Estado-nações, as Missões estavam permeáveis à conquista. A baixa demografia de povoadores castelhanos ou criollos em defesa da nacionalidade, combinado com a exclusividade de tropas de cavalaria em sua defesa, favoreceram a ocupação luso-brasileira.

Na disputa meridional, depois de diversas intervenções na Banda Oriental e a Guerra contra Artigas, a divisória do sudoeste foi fixada no rio Arapeí em 1819. Porém, quando as tropas de ocupação, comandadas pelo general Carlos Frederico Lecor, barão de Laguna, transformaram-na em Província da Cisplatina (1821), como mais uma unidade do Reino Unido, a linha recuou ao Quaraí. Com a independência brasileira (1822), a Cisplatina foi anexada ao seu território. A partir desse momento, a fronteira se converteu em questão nacional entre Brasil e Argentina.

Sem acordo diplomático, em 1825, uma insurreição questionou o domínio brasileiro. E logo se transformou em confronto de enormes proporções, nominado pela historiografia como Guerra da Cisplatina (1825-1828).

Nela, além da ocupação sobre a Banda Oriental, ressurgiu a questão da conquista luso-brasileira das Missões, a transgressão dos limites definidos em 1777 e a “usurpação” dos territórios protegidos por instrumento diplomático. A coluna de Fructuoso Rivera reocupou parte das terras missioneiras brevemente, mas teve que recuar nas tratativas de paz. Com as jovens nações esgotando-se em uma guerra, a solução encontrada, com a mediação da Inglaterra, foi transformar a Banda Oriental em República do Uruguai. Desse modo, com a paz de 1828 ficou vigorando um pacto fronteiriço pelos arroios Chuí e São Miguel, lagoa Mirim, rio Jaguarão, fronteira seca até a nascente do rio Quaraí e, pelo seu leito, até a sua foz no rio Uruguai. Deste ponto até a foz do Peperi-Guaçu, o Rio Grande passa a ter a sua fronteira pactuada com a Argentina, superando os confrontos aguçados desde 1801, mesmo que o tratado definitivo de limites tenha sido assinado apenas no final do século XIX.

O problema maior, mesmo com o fim da Guerra da Cisplatina, estava no Sul. Sem um tratado de fronteira entre Brasil e Uruguai, os limites permaneceram como problema insolúvel.

Durante a Guerra Grande na República Oriental do Uruguai (1838-1851), o império brasileiro socorreu com empréstimos o Partido Colorado contra os blancos, impondo, entre outros, a assinatura do tratado de limites. Consequentemente, em 1851, tomou-se a fronteira da Cisplatina como parâmetro, alterando-se os espaços na lagoa Mirim e no rio Jaguarão,

1590

que passaram a pertencer integralmente ao Brasil, e o arroio São Miguel ao Uruguai. Em 1909, o Brasil concedeu ao Uruguai acesso às águas da lagoa Mirim e Jaguarão,

recebendo, em contrapartida, a partilha do arroio São Miguel. A iniciativa brasileira unilateral de condomínio das águas implicou em amplas comemorações de amizade entre os países lindeiros. No entanto, mais tarde, em 1931, estudiosos uruguaios começaram a questionar as demarcações realizadas entre 1852 e 1862, motivando, em seguida, um pedido formal do governo uruguaio de revisão da divisa no Rincão Artigas, nas cabeceiras do Quaraí, e na ilha Brasileira, no rio Uruguai. Por sua vez, a diplomacia brasileira sustenta desde então que não existem erros demarcatórios.

Uma revisão dos dois pontos contestados pelo Uruguai implicariam retroagir às demarcações e a todas as decisões tomadas posteriormente, o que levaria também para a mesa de negociação as fronteiras da lagoa Mirim, rio Jaguarão e arroio São Miguel. Algo que política e praticamente parece improvável.

Portanto, supõe-se que os dois países deverão encontrar outras formas de compartilhamento e convivência de fronteira...

Com fronteiras estáveis e pactuadas, o que parece evidente, desde o início da disputa territorial ibérica e americana, é que as bacias sempre constituíram referências demarcatórias pelas características hidrográficas do espaço meridional. A conquista e ocupação foi, em tudo, uma estratégia da geopolítica das águas. Ter a consciência dessa memória e estabelecer os acervos representativos desse amplo processo faz parte dos paradigmas patrimoniais da América meridional.

BIBLIOGRAFIA

A terra do Brasil... Luís Teixeira. 1574. Lisboa: Biblioteca do Palácio da Ajuda. Cópia: Rio de Janeiro: Mapoteca do Itamaraty.

Carte nautique de l’Océan Atlantique et de la Mer Méditerranée. Gaspar Viega, oct° 1534. Paris: Biblioteca Nacional da França.

GOLIN, Tau (Org.); Arno Kern (Org.); SANTOS, Maria Cristina dos (Org.). Povos Indígenas - História Geral do Rio Grande do Sul. Porto Alegre; Passo Fundo: Uergs; PPGH-UPF; Méritos, 2009. v. 6.

GOLIN, Tau . A destruição do espaço missioneiro. In: POSSAMAI, Paulo.. (Org.). Gente de guerra e fronteira: estudos de história militar do RS. Pelotas: UFPel, 2010, v. 1, p. 53-66.

GOLIN, Tau. A conquista do noroeste sul-rio-grandense e o conflito fronteiriço com a Argentina. Fronteiras. História, Debates e Tendências. Revista do Programa de Pós-Graduação em História - UPF. Passo Fundo, RS, v. 3 n.2, p. 123 - 132, 27 maio 2003.

GOLIN, Tau. A Expedição de 1862 e a ocupação do noroeste sul-rio-grandense. In: Simpósio Internacional Fronteiras na América Latina. Santa Maria, RS, Brasil: UFSM, 2004. v. 1.

GOLIN, Tau. A Fronteira: governos e movimentos espontâneos na fixação dos limites do Brasil com o Uruguai e a Argentina. Porto Alegre: L&PM, 2002, v. 1.

GOLIN, Tau. A Fronteira: Os tratados de limites Brasil – Uruguai - Argentina, os trabalhos demarcatórios, os territórios contestados e os conflitos na bacia do Prata. Porto Alegre, RS, Brasil: L&PM, 2004, v. 2.

GOLIN, Tau. A Guerra Guaranítica. Porto Alegre; Passo Fundo: Editora da Universidade - UFRGS; UPF Editora, 1998.

GOLIN, Tau. A jangada de Pernambuco na conquista do Rio Grande do Sul. In: Anais Eletrônicos do I Congresso Internacional de História Regional Mercosul: Integração e Desencontros. Passo Fundo, RS, Brasil: PPGH-UPF, 2011. v. 2. p. 2555-2573.

1590 1591

GOLIN, Tau. As fronteiras sulinas. In: PICCOLO, Helga Iracema Landgraf; PADOIN, Maria Medianeira (Org.). Império - História Geral do Rio Grande do Sul. Passo Fundo - Porto Alegre: Méritos, PPGH-UPF, UERGS, 2006, v. 2, p. 491-532.

GOLIN, Tau. Cartografia da Guerra Guaranítica. In: 1º Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica - Passado e Presente nos Velhos Mapas: Conhecimento e Poder, 2011, Paraty, RJ, Brasil. Cartografia Histórica. Belo Horizonte: UFMN, 2011.

GOLIN, Tau. Cartografia da guerra guaranítica. Revista Navigator, v.7, n.14, dezembro 2011.

GOLIN, Tau. Johann Heinrich Böhm e o mito da cavalaria rio-grandense. In: Anais do VIII Congresso Internacional de Estudos Ibero-Americanos - História, Literatura e Mito: Viajantes europeus na América do Sul. Porto Alegre: PUCRS, 2011, v. 8.

GOLIN, Tau. Missioneirismo, guaranização e indianização. In: COLVERO, Ronaldo B. & MAURER, Rodrigo Ferreira. (Org.). Missões em Mosaico. Da interpretação à prática: um conjunto de experiências. Porto Alegre, RS, Brasil: Faith, 2011, v. 1, p. 285-297.

GOLIN, Tau. Passo Fundo do território caingangue. In: BATISTELLA, Alessandro (Org.). Passo Fundo, sua história. Passo Fundo: Méritos, 2007, v. 1, p. 65-80.

GOLIN, Tau. Quando as fronteiras do Mercosul separavam inimigos. O exemplo de José Custódio de Sá e Faria. In: Elvo Clemente (Org.). Integração: Artes, Letras e História. Porto Alegre: Edipucrs, 1995, v. 2, p. 107-119.

HEINSFELD, Adelar. A geopolítica de Rio Branco. As fronteiras nacionais e o isolamento argentino. Joaçaba: Unoesc, 2003.

HEINSFELD, Adelar. A questão de Palmas entre Brasil e Argentina. E o início da colonização alemã no baixo vale do Rio do Peixe – SC. Joaçaba: Unoesc, 1996.

O mapa do Brasil de Gaspar Viegas. 1534. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil.

RELA, Walter. Historia Politica y Militar del Uruguay: La Guerra Grande, 1839-1851. Núcleo de Documentação Histórica (NDH-PPGH), Universidade de Passo Fundo, RS, Brasil. 2011.

RELA, Walter. Política Exterior del Uruguay. 1830-1903. Núcleo de Documentação Histórica (NDH-PPGH), Universidade de Passo Fundo, RS, Brasil. 2012

SOUSA, Pero Lopes de. Diário da navegação da armada que foi à terra do Brasil em 1530. Publicado por Francisco Adolfo de Varnhagen. Lisboa: Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, 1839, pp. 50-67.

Tratado de Santo Ildefonso. Campaña del Brasil. Antecedentes coloniales. Archivo General de la Nacion. Tomo III. Buenos Aires: Kraft, 1941, pp. 480-489.