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Cartografia Tátil: Formação continuada de professores na produção de maquetes táteis
por uma aprendizagem significativa e inclusiva.
João Batista Alves de Souza
IFMS – Instituto Federal do Mato Grosso do Sul
RESUMO
O uso de maquetes e mapas táteis impõe diversas possibilidades de aprendizagem através do uso de
metodologias lúdicas, nesse aspecto consolida a aprendizagem significativa e inclusiva aos professores da
educação básica. A cartografia tátil e a produção de maquetes para docentes é um projeto voltado,
essencialmente, ao processo de ensino-aprendizagem de cartografia, tendo como premissa a reflexão do uso
das metodologias de ensino com vistas à melhoria da qualidade de ensino, inclusão de estudantes DVs
(entende-se por Deficientes Visuais (DVs), as pessoas que apresentam impedimento total ou parcial da
visão, decorrente de imperfeição do sistema visual) e aperfeiçoamento dos docentes envolvidos. Através
desse trabalho, cria-se a oportunidade dos professores praticarem a aprendizagem significativa na escola.
Os desafios do ensino na sociedade pós-moderna passam pela inserção de práticas pedagógicas que
facilitem a aprendizagem e desenvolvam outras competências nos estudantes. Nesse sentido, o trabalho
envolve o uso de outros tipos de materiais, diferentes dos habitualmente utilizados em sala de aula, como
quadro e giz, fortalecendo a ação de ensinar e aprender, como também o desenvolvimento de novas
metodologias de ensino. A incorporação adequada e natural da aprendizagem significativa e inclusiva no
ensino passa, necessariamente, pela formação docente, exigindo esforços de pesquisa que, de forma crítica,
são revertidas em benefício do processo ensino-aprendizagem. O público-alvo do projeto foi, portanto, os
acadêmicos de Licenciatura em Pedagogia e docentes da Educação Básica da rede pública e privada, com
maior interesse no uso de recursos didáticos inclusivos. Deste modo, foi fundamental para esse projeto a
integração do IFMS na formação dos profissionais da educação básica. O acompanhamento pedagógico foi
realizado pelo Núcleo de Gestão Administrativa e Educacional do IFMS. Para a realização do trabalho
foram utilizados os seguintes materiais: isopor, cola de isopor, pinceis, tinta para tecido, estilete, tesoura,
massa corrida, tesoura, barbante, esponja, cola branca. Os objetivos foram o de trabalhar a interlocução
ensino, a pesquisa e a extensão no âmbito das novas metodologias de ensino-aprendizagem; também, de
estimular discussões teóricas e práticas, além das trocas de experiências entre os diversos sujeitos que
lidam com ensino básico, vinculadas à rede de educação básica no município de Corumbá-MS; por fim, o
de promover a produção de recursos didáticos táteis que enfocam a aprendizagem significativa e inclusiva,
assim como ampliar a produção recursos didáticos e mapas táteis, proporcionando ambiente favorável à
troca de experiências entre profissionais, estudantes e pesquisadores do IFMS e demais instituições
envolvidas. No tocante a metodologias, tanto professores como acadêmicos participaram de oficinas de
cartografia tátil e produção de maquetes realizadas em encontros quinzenais, com atividades teóricas e
práticas, nesse período alunos monitores do IFMS auxiliaram no trabalho de produção de maquetes e
mapas táteis juntamente com os professores participantes. Como resultados obtiveram-se: a reprodução
experimental através de maquetes e mapas táteis que permitiu a compreensão dos conteúdos estudados,
criando oportunidades de simular diversas possibilidades de aprendizagem. Nesse aspecto, como contributo
ao resultado do trabalho desenvolvido, haverá a exposição e doação do material produzido durante o
projeto para as escolas com DVs matriculados como conhecimento de todos e incentivo a continuidade do
trabalho pelos envolvidos e interessados.
INTRODUÇÃO
A cartografia tátil e a produção de maquetes são trabalhos voltados
essencialmente ao processo de ensino-aprendizagem, tendo como premissa a reflexão do
uso das metodologias de ensino com vistas à melhoria da qualidade educacional, inclusão
de estudantes DVs (entende-se por pessoas com Deficientes Visuais (DVs), as pessoas
que apresentam impedimento total ou parcial da visão, decorrente de imperfeição do
sistema visual) e aperfeiçoamento dos docentes envolvidos. O uso de maquetes impõe
diversas possibilidades de aprendizagem através do uso do lúdico, nesse aspecto,
consolida a aprendizagem inclusiva aos professores da educação básica. Através desse
trabalho cria-se a oportunidade dos professores praticarem a aprendizagem significativa
na escola. Os desafios do ensino na sociedade pós-moderna passam pela inserção de
práticas pedagógicas que facilitem a aprendizagem e desenvolvam outras competências
dos estudantes. Nesse sentido, o trabalho envolverá o uso de materiais além dos
habitualmente inerentes à sala de aula, como quadro e giz, fortalecendo a ação de ensinar
e aprender.
A incorporação adequada e natural da aprendizagem significativa e inclusiva no
ensino passa forçosamente pela formação docente, exigindo esforços de pesquisa que, de
forma crítica, revertam em benefício do ensino. Deste modo, é fundamental a integração
do IFMS na formação dos profissionais da educação básica. O público-alvo do projeto
remete aos acadêmicos aos docentes da Educação Básica da rede pública de Corumbá -
MS, com interesse no uso de recursos didáticos inclusivo. A inovação desse trabalho
consiste no desenvolvimento de técnicas para a percepção tridimensional do conteúdo
estudado oferecendo aos estudantes DVs (deficientes visuais), um recurso didático capaz
de auxiliar na sua aprendizagem. A cartografia tátil possibilita uma aprendizagem
significativa e inclusiva que desperta nos docentes a consciência sobre o seu valor e
oportuniza a compreensão sobre aspectos da prática pedagógica, que a facilitam e, assim,
o aperfeiçoamento do ensino poderá ser buscado tendo como referência esta concepção
teórica.
O projeto surgiu da necessidade de formação continuada e aperfeiçoamentos dos
docentes que lecionam as disciplinas de geografia e história, especificamente na produção
de maquetes como recursos didáticos que possibilitem a aprendizagem significativa e
inclusiva. Um grupo de estudantes do curso de Metalurgia do IFMS desenvolveu diversas
atividades relacionadas à cartografia e produção de maquetes, o que despertou o interesse
na comunidade escolar. O novo desafio proposto pelo grupo foi a produção cartográfica
tátil, que desenvolveu material didático cartográfico táteis em escala pequena para
atender às necessidades do ensino de Geografia e História no ensino fundamental da rede
pública do município de Corumbá, como forma de promover o acesso do estudante com
deficiência visual à informação espacial.
Para Barbosa Moura (2013, p. 54):
A EPT requer uma aprendizagem significativa, contextualizada, orientada para
o uso das TIC, que favoreça o uso intensivo dos recursos da inteligência, e que
gere habilidades em resolver problemas e conduzir projetos nos diversos
segmentos do setor produtivo. Como contraponto, podemos dizer que a
aprendizagem em EPT deve estar cada vez mais distante da aprendizagem
tradicional, [...] dependente do uso intensivo da memória.
Nesse contexto, o autor revela que na Educação Profissional e
Tecnológica a aprendizagem se distancia dos métodos
tradicionais, sabemos que na EPT é possível trabalhar o tripé
ensino, pesquisa e extensão no nível médio, ao contrário da
maioria das escolas da rede pública brasileira.
Segundo Moreira (2009 apud SALLES, 2012, p. 7):
Aprendizagem Significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem de
David Ausubel. A aprendizagem significativa pode ser definida como um
processo pelo qual a nova informação relaciona com a estrutura de
conhecimento do individuo. A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel
sustenta que os conhecimentos adquiridos e armazenados na memória dos
alunos devem ser usados e valorizados para construir as estruturas mentais que
permitem descobrir e redescobrir novos conceitos.
Segundo a teoria de Ausubel (1980), o desenvolvimento de conceitos relacionados
a uma área específica de conhecimento, ou de uma disciplina, é facilitado quando as
ideias mais gerais, mais inclusivas de um conceito são introduzidas inicialmente ao
estudante. E, posteriormente, através de um processo progressivo de aprendizagem, vai se
diferenciando em termos de detalhes e de especificidades. Este processo de diferenciação
progressiva estabelece hierarquias conceituais organizadas na estrutura cognitiva,
permitindo que os conceitos adquiram cada vez mais complexidade. Esta aprendizagem
significativa impulsiona o incremento dos conceitos existentes. (SILVA; SILVA;
TEIXEIRA, 2004, p. 4).
De acordo com Gudwin (2012), a aprendizagem ativa pode ser considerada um
termo técnico para um conjunto de práticas pedagógicas que abordam a questão da
aprendizagem pelos estudantes, sob uma perspectiva diferente das técnicas clássicas de
aprendizagem, ou seja, através da aprendizagem ativa o estudante é capaz de aperfeiçoar
seu aprendizado através de práticas pedagógicas criativas e diferenciadas, para o
pesquisador no modelo clássico, temos as aulas discursivas, onde se espera que o
professor "ensine" e o aluno "aprenda". Já na aprendizagem ativa, entende-se que o
estudante não deve ser meramente um "recebedor" de informações, ele passa a ser o
sujeito, engajando de maneira ativa na aquisição do conhecimento, focando seus
objetivos e indo atrás do conhecimento de maneira pró-ativa, isso ocorre quando é
oportunizado a sua participação, pesquisa e envolvimento nas aulas.
Afirmam Barbosa; Moura (2013, p. 8), que a aprendizagem ativa ocorre quando o
aluno interage com o assunto em estudo – ouvindo, falando, perguntando, discutindo,
fazendo e ensinando – sendo estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo
de forma passiva do professor. Em um ambiente de aprendizagem ativa, o professor atua
como orientador, supervisor, facilitador do processo de aprendizagem, e não apenas como
fonte única de informação e conhecimento.
A educação profissional oferece muitas oportunidades de aplicar diversas
metodologias ativas de aprendizagem nas diferentes áreas de formação profissional.
Assim, para se envolver ativamente no processo de aprendizagem, o aluno deve ler,
escrever, perguntar, discutir ou estar ocupado em resolver problemas e desenvolver
projetos (BARBOSA; MOURA, 2013, p. 8). É o caso das aulas de laboratório, oficinas,
tarefas em grupo, trabalhos em equipe dentro e fora do ambiente escolar, visitas técnicas
e o desenvolvimento de projetos. Essas atividades tendem a ser naturalmente
participativas e promovem o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem
durante sua formação. (BARBOSA; MOURA, 2013, p. 9).
Nesse sentido, o uso e produção de maquetes pelos docentes proporciona aos
discentes essa aprendizagem. Para Ausubel (1980), a aprendizagem significativa é o
mecanismo humano, por excelência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de
ideias e informações representadas em qualquer campo de conhecimento. Logo, a
essência do processo da aprendizagem significativa está, portanto, no relacionamento não
arbitrário e substantivo de ideias simbolicamente expressas a algum aspecto relevante da
estrutura de conhecimento do sujeito, nesse caso produzimos a maquetes de pontos
turísticos do Pantanal (Moraria Urucum, Estrada Parque, Porto Geral) e sua representação
cartográfica foi adaptada para atender à necessidade dos estudantes DVs, no caso da
produção de maquetes táteis irá interagir o abstrato com o material/concreto.
Já em relação à cartografia tátil, Almeida (2014, p. 119), aponta que se trata de um
ramo específico da Cartografia, que se ocupa da produção de mapas e material gráfico,
que propõem uma linguagem gráfica adaptada ao tato e destinada ao estudante com
deficiência visual com baixa visão. De acordo com a autora, os mapas e gráficos táteis
tanto podem funcionar como recursos educativos, quanto como facilitadores de
mobilidade.
Nessa mesma direção, Almeida (2014, p. 119) salienta que os produtores de
material cartográfico tátil e os usuários com deficiência visual apresentam sérias
dificuldades, principalmente no que diz respeito para comunicar as informações
geográficas e os dados espaciais, ou seja, a cartografia tátil necessita de outros conceitos
e regras, com técnicas distintas para a produção de mapas e maquetes. Considerando o
desafio eminente da produção de material cartográfico, propusemos a produção de
maquetes táteis que representam a paisagem pantaneira.
OBJETIVOS DO PROJETO
O trabalho desenvolvido na formação de professores com uso de maquetes e
cartografia tátil teve como objetivo geral contextualizar a interlocução ensino, pesquisa e
extensão. O trabalho estimulou discussões teóricas e práticas, além das trocas de
experiências entre os diversos sujeitos que lidam com ensino básico, vinculadas à rede de
educação básica no município de Corumbá, promovendo a produção de recursos
didáticos táteis que enfocam a aprendizagem significativa e inclusiva de DVs.
Os objetivos específicos desse trabalho foram:
1- Reunir, professores, acadêmicos e demais profissionais interessados na
produção de maquetes e mapas táteis com a meta de mostrar resultados de trabalhos no
suporte aos desafios relacionados ao processo de ensino aprendizagem.
2- Fortalecer que os acadêmicos e os professores das escolas da Educação Básica,
discutam metodologias inovadoras, de modo a privilegiar os trabalhos realizadas nas
escolas.
3- Ampliar a produção recursos didáticos e maquetes táteis, proporcionando
ambiente favorável à troca de experiências entre profissionais, estudantes e pesquisadores
do IFMS e demais instituições envolvidas.
4- Favorecer parâmetros e tendências sobre aplicação da aprendizagem
significativa e inclusiva como base nas discussões e experiências das pesquisas
relacionadas às boas práticas do uso de maquetes nas aulas.
Nesse sentido através do uso de maquetes táteis no ensino Geografia como um
recurso didático, buscou-se aperfeiçoar os professores na produção desse tipo de material
enquanto recurso didático, o que exigiu a capacitação dos docentes para utilizarem as
técnicas adequadas para poderem trabalhar com tais materiais.
A maquete é um recurso didático que auxilia os estudantes na compreensão dos
conceitos da Geografia nas mais diferentes escalas, já os mapas gráficos táteis tanto
podem funcionar como recursos educativos, como facilitadores de mobilidade,
permitindo estabelecer associações entre as diversas proporções, desde o local até o
global. Essas associações devem estar relacionadas com o cotidiano do estudante e
respeitar o seu desenvolvimento crítico científico.
Para Almeida (2014, p.125-126)
Toda a literatura sobre o assunto concordo que a leitura do mapa tátil é um
processo sequencial, porque o leitor não consegue sentir o mapa na sua
totalidade, em um único momento. A eficácia da leitura depende muito da
legibilidade dos símbolos, sendo influenciada também pelas habilidades e pelo
conhecimento prévio do leitor. (...) Os resultados mostram que as informações
pelo tato ampliam o conhecimento geográfico, enfatizam a perspectiva
ambiental, facilitam as tarefas de decisões ligadas ao espaço, podendo ser
usadas para formar construções espaciais mais complexas.
O trabalho com maquetes táteis possibilita aprendizagem significativa e inclusiva e
a compreensão por parte do estudante (tanto DVs quanto sem deficiência) de temas
com elevado grau de dificuldade e abstração, além de possibilitar a visualização em
terceira dimensão dos objetos em estudo e propiciar a compreensão de conceitos
como escala, projeção e cartografia.
Diante da problemática proposta, foi realizada uma pesquisa referente à
cartografia, produção de maquetes, complexo do Pantanal, mapas e vídeos. A reprodução
experimental através de maquetes permitiu a compreensão do território em estudo,
criando oportunidades de simular o ciclo das águas, sistema de transporte, vegetação,
hidrografia e ação antrópica no complexo do Pantanal.
METODOLOGIA
O trabalho parte da fundamentação teórica dos elementos de pesquisa, dividindo
o processo em quatro etapas que estão aqui descritas.
De acordo com ABNT (2011), para a realização de uma pesquisa é preciso
construir todos os seus elementos, são eles: introdução - com a abordagem do tema e
problema do projeto, a citação das hipóteses quando necessárias, explicitação dos
objetivos propostos e da justificativa do projeto. Além disso, necessita-se redigir o
referencial teórico, eleger a metodologia, propor cronograma e recursos e a lista de
referência.
Desta forma, a prática habitual é construir o projeto de pesquisa para posterior
desenvolvimento da mesma. Entretanto, é possível vincular teoria e prática, num processo
gradual de construção e não pontual, onde se evita o retrabalho das etapas, pois se
concentra na coerência dos elementos e inicia-se o trabalho a partir do tripé da pesquisa:
tema, problema e objetivos, que necessitam estar sustentados por uma fundamentação
teórica coesa e norteados por uma metodologia que atenda sua proposição.
A prática de ensino é construída na produção de saberes formativos e forjados na
vida profissional. É mister pesquisar sobre essa construção para ressignificá-la e poder
contribuir com a formação de novos saberes para os profissionais que atuam e/ou podem
atuar nessa área, conforme destaca Monteiro (2002).
Num primeiro momento, um grupo de estudantes do Curso Técnico em
Metalurgia se reuniram para a pesquisa de material de cartografia para produção de
maquete para apresentar na FECIPAN (Feira de Ciências e Tecnologias do Pantanal),
realizada no SESC, localizado no Porto Geral de Corumbá - MS, entre os dias 20 e 21 de
outubro de 2015. A feira teve como objetivo estimular a pesquisa científica nas escolas,
desde o ensino fundamental até o ensino médio. A programação do evento inclui
palestras, seminários, minicursos e oficinas, sobre diversos temas. A partir da
apresentação na Feira, despertou-se o interesse dos professores, em seguida, surgiu o
convite das escolas para apresentação e produção do material.
Figura 01: Exposição da maquete tátil na FECIPAN
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Nov/2015
Os visitantes além de observar as maquetes, puderam manusear e simular com os
olhos vendados as barreiras e dificuldades enfrentadas pelos (DVs). Conforme podemos
acompanhar na figura 01. Com a exposição do protótipo da Maquete Tátil na FECIPAN
foi possível trabalhar a interlocução ensino, pesquisa e extensão, além consolidar a
produção de recursos didáticos táteis que enfocaram a aprendizagem significativa e
inclusiva. Assim, a execução do trabalho oportunizou aos estudantes conhecerem técnicas
de produção de maquetes, compreensão de escala cartográfica, representação de mapas e
legendas.
Nesse aspecto, o trabalho despertou interesse dos professores, acadêmicos e
demais profissionais interessados na produção de maquetes táteis, desse modo, o trabalho
ampliou a produção recursos didáticos e mapas táteis, proporcionando um ambiente
favorável à troca de experiências entre profissionais, estudantes e pesquisadores do IFMS
e demais instituições envolvidas com a aprovação do Projeto de Extensão Cartografia
tátil por uma aprendizagem significativa e inclusiva1, será possível dar continuidade no
trabalho proposto. Nesse contexto a produção de maquetes táteis foi disseminada na rede
pública de ensino do município de Corumbá–MS, os estudantes envolvidos nesse
trabalho receberam bolsas e foram multiplicadores da produção de maquete táteis.
1 A aprendizagem significativa se caracteriza pela interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos
novos, e que essa interação é não-literal e não-arbitrária. Nesse processo, os novos conhecimentos
adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior
estabilidade cognitiva. Ver mais em: O que é afinal aprendizagem significativa?
http://www.if.ufrgs.br/~moreira/oqueeafinal.pdf
No segundo momento os orientadores do projeto submeteram a proposta no
Edital Nº 004/2015 – PROEX/IFMS (SIGProj N°: 214920.1084.5164.22092015), o
Projeto de Extensão intitulado “Cartografia tátil por uma aprendizagem significativa e
inclusiva”, que foi aprovado e financiado pela PROEX/IFMS. Através de um
levantamento realizado em parceria com a secretaria municipal de educação de Corumbá
foram definidas as ações trabalhadas de modo interdisciplinar com professores da
educação básica para produção maquetes e mapas táteis como recurso didático. Em
parceria com o a Faculdade Santa Teresa de Corumbá-MS, o projeto realizou-se
semanalmente através de oficina pedagógica para professores e acadêmicos, visando à
formação e ao aperfeiçoamento dos profissionais da educação na produção de maquetes.
Na semana pedagógica realizada pela secretaria municipal de educação de Corumbá, os
professores e acadêmicos participaram da formação continuada, na qual foi apresentada a
aprendizagem significativa, ou seja, pensada para o contexto escolar; a teoria
apresentada, leva em conta a história do sujeito e ressalta o papel dos docentes na
proposição de situações que favoreçam a aprendizagem, assim também o conteúdo a ser
ensinado deve ser potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a
relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária.
Figura 02: Formação continuada “ Oficina de maquete tátil”.
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Fev/2016
Durante cinco meses novembro de 2015 a fevereiro de 2016, os professores e
acadêmicos participaram de oficinas de cartografia tátil e produção de maquetes, os
encontros com atividades teóricas foram ministrados pela equipe pedagógica do NUGED
(Núcleo de Gestão Administrativa e Educacional), enquanto as atividades práticas foram
ministradas pelos professores de Geografia e Metalurgia, nesse período os monitores
auxiliaram nos trabalhos de produção de maquetes e mapas táteis.
Figura 03: Formação continuada “Oficina de maquete tátil” finalização das atividades.
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Fev/2016.
Entre os materiais produzidos destacaram-se: o Planetário tátil, confeccionado a
partir de bolas de isopor, palitos, cola, massa corrida e E.V.A. Conforme a figura 04, esse
material é utilizado nas aulas do primeiro bimestre dos 6º Ano do Ensino Fundamental e
apresenta um grau de complexidade para os estudantes, nesse aspecto as professoras de
Geografia sugeriram a produção do planetário tátil.
Figura 04: Processo de produção do Planetário tátil
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Jan/2016.
Além do planetário, foram reproduzidos: Maquete tátil do Porto Geral de
Corumbá e Morraria do Cristo (figura 05), para facilitar a compreensão do conceito
“lugar”, os professores elencaram dois bairros da cidade de Corumbá-MS, que são pontos
turísticos da cidade pelo seu contexto histórico e geográfico.
Figura 05: Processo de produção da Maquete tátil Porto Geral de Corumbá - MS.
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Jan/2016
Na última etapa de produção da produção de maquetes táteis, foram produzidos a
representação cartográfica da Bacia Hidrográfica do Mato Grosso do Sul e o Relevo do
Mato Grosso do Sul, como aponta a Figura 06. Para confecção do material, foram
utilizados, bases de isopor, cola, tinta, massa corrida, papelão e palitos. Visando atender a
adaptação da linguagem gráfica, foram utilizados os seguintes materiais: Esponja e bucha
vegetal (Luffa aegyptiaca; Luffa cyllindrica) para representar a vegetação pantaneira,
produto à base de emulsão vinil acrílica que nivela e corrige pequenas imperfeições,
proporcionando aspecto liso e agradável em superfícies popularmente conhecida como
massa corrida.
Figura 06: Processo de produção da Maquete tátil Relevo do Mato Grosso do Sul
Fonte: SOUZA, João Batista Alves de Souza Jan/2016
Após a finalização da produção do material, foi realizado um seminário de
apresentação, com a participação dos estudantes, professores e equipe NUGED, em
seguida, o material foi doado às escolas da Rede Municipal de Corumbá, onde os
professores envolvidos no projeto lecionam.
RESULTADOS
O trabalho extensionista faz parte da proposta metodológica do IFMS, que se
assenta sobre a ideia do trabalho como um princípio educativo, isto é, na relação do
trabalho com a educação. A proposta pedagógica das ações educativas da instituição
objetiva trabalhar o tripé: ensino, pesquisa e extensão, com o intuito de ampliar e
enriquecer o universo de conhecimento dos sujeitos, onde a teoria possa ser não apenas
identificada ou conhecida, mas, principalmente, investigada e aplicada. Essa opção
teórico-metodológica justifica a relação trabalho/educação, que objetiva consolidar o
caráter formativo do trabalho e da educação como uma ação humanizadora, por meio do
desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e extensão que possibilitem o
desenvolvimento de habilidades e competências do ser humano. O projeto buscou de
maneira efetiva contribuir no processo de aperfeiçoamento dos docentes, através da
aprendizagem significativa e inclusiva como norteadora nesse processo de formação
continuada. Assim, o projeto teve duração de um semestre, no qual proporcionou realizar
atividades na semana pedagógica (início do primeiro bimestre), os demais encontros,
oficinas de cartografia e produção de maquetes que foram realizadas quinzenalmente com
a tutoria dos estudantes do Curso Técnico em Metalurgia do IFMS, na última etapa do
projeto ocorreu a doação das maquetes produzidas durante o projeto.
A partir da prática pedagógica foi possível reconhecer o processo de ensino-
aprendizagem desenvolvido pelo professor e destacar quais são os seus procedimentos, a
qual tendência ele está vinculado e que didática é utilizada em suas aulas.
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