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1 UNIVERSIDADE FEDERL DO CEARÁ INSTITUTO DE CULTURA E ARTE CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio MÁRIO CÉSAR MATOS DE FREITAS FORTALEZA 2011

CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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Page 1: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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UNIVERSIDADE FEDERL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE

CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA

CASa Aberta

Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio

MÁRIO CÉSAR MATOS DE FREITAS

FORTALEZA

2011

Page 2: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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MÁRIO CÉSAR MATOS DE FREITAS

A CASa Aberta

Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio

Monografia apresentada ao Curso de

Publicidade e Propaganda da

Universidade Federal do Ceará, como

requisito para obtenção do título de

bacharel em Publicidade e Propaganda,

sob orientação da professora Andrea

Pinheiro Paiva Cavalcante.

FORTALEZA

2011

Page 3: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

3

MÁRIO CÉSAR MATOS DE FREITAS

A CASa Aberta

Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio

Esta monografia foi submetida ao Curso de Publicidade e Propaganda da Universidade

Federal do Ceará como requisito para a obtenção do titulo de Bacharel.

A citação de qualquer trecho desta monografia e permitida desde que feita de acordo com as

normas da ética cientifica.

Monografia apresentada à Banca Examinadora:

_________________________________________________

Profa. Ms. Andrea Pinheiro Paiva Cavalcante (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará

_________________________________________________

Prof. Dr. Francisco Silva Cavalcante Júnior (Membro)

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Tadeu Feitosa (Membro)

Universidade Federal do Ceará

FORTALEZA

2011

Page 4: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por todo o caminho que Ele me ajudou a trilhar,

nunca me faltando em companhia e sempre me mostrando os trajetos seguros por onde seguir.

Muitas são as pessoas que agora tenho o espaço para demonstrar a devida gratidão. Lembro

então de minha mãe, Maria Luci, forte, guerreira e incentivadora da carreira que escolhi para

mim, presente em minhas conquistas e quedas, sempre me ajudando a olhar mais longe, mais

alto e dando suporte as minhas decisões.

Meu pai, Raimundo, também recebe os votos pela paciência, pela presença e pelo

caminhar junto. Minha irmã, Karol, por todos os momentos que foi expulsa do meu quarto

para me deixar estudar ou se preocupou comigo, levando a comida tantas vezes esquecida.

Minha tia e madrinha, Ana Maria, pelo apoio e crença em minhas capacidades. Meus

primos, João Victor e Clarissa pelos risos partilhados, ensinamentos proporcionados na

curiosidade e ingenuidade de criança.

Elizabeth Rodrigues, minha segunda madrinha também recebe minha gratidão por ser

minha Mentora nos estudos, grande exemplo e estimuladora. Minha orientadora, professora,

parceira de monitoria e amiga Andrea Pinheiro, por saber cobrar com um sorriso no rosto,

entender os percalços e apoiar sempre minhas demandas.

Aos amigos, Ângelo dos Santos (Azul), Mariana de Queiroz e Manuela Moura pela

parceria ao longo destes 4 anos de trabalhos, noites viradas, vitórias e prêmios, confusões

vezes por outra, mas uma nova família criada. Toda a turma de 2008.1 pelos risos em sala,

pelos risos fora dela, pela ajuda mútua sem interesses, pelo desejo de ver cada um de nós

sendo um grande profissional e uma grande pessoa.

Ao projeto CASa pela abertura e receptividade ao meu estudo. Mesmo sendo um

estranho no ninho, nunca me senti dessa forma. Foram meses de aprendizado significativo dos

quais colho os reflexos em meu cotidiano e que um dia retornarei para participar como colega.

Aos bolsistas do CASa, nas figuras de Caroline Brito e de Márcio Moreira, pelo tempo

que tomei e ajuda que me deram. Bem como a Maria Gislene (Gisa) pelos Breviários

encaminhados em meio ao trabalho acumulado.

Muitos não couberam nessas linhas, mas cabem no meu coração e sempre farão parte

das vitórias que conquistei e conquistarei.

Page 5: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

5

Casa Arrumada

“Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação

e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.

Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as

almofadas.

Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:

Aqui tem vida.

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites

brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso,

pelo abuso das refeições fartas,

que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

Sofá sem mancha?

Tapete sem fio puxado?

Mesa sem marca de copo?

Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de

aniversário, tudo junto.

Casa com vida é aquela em que a gente entra

e se sente bem-vindo.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos.

E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer

hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias.

Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela.

E reconhecer nela o seu lugar”.

(Carlos Drummond de Andrade)

Page 6: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

6

RESUMO

Desde as características pioneiras do veículo radiofônico no Brasil até a atualidade

percebem-se esforços em alinhar interesses comunicativos e educativos. Este trabalho visa,

então, estudar o programa radiofônico CASa Aberta, espaço de comunicação do projeto CASa

(Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa), o qual oferece uma perspectiva

diferenciada de acolhimento e formação docente aos professores recém ingressos à

Universidade Federal do Ceará. Investimentos na área comunicativa do projeto se fizeram

necessários, propiciando o surgimento em 15 de outubro de 2010 do que viria a ser o objeto

de estudo desta monografia. Perpassando a interface entre comunicação e educação, onde o

rádio poderia se encaixar desde sua chegada ao Brasil, alcançando-se as formas de se

trabalhar com a preparação do docente para a sala de aula universitária, na figura da disciplina

de Didática do Ensino Superior, do programa Rede de Valorização do Ensino Superior

(REVES) e, mais recentemente, do CASa, o trabalho buscou apresentar um contexto geral de

criação do projeto, no qual o CASa Aberta se insere, bem como conceitos basilares da

iniciativa. Com uma abordagem multimetodológica que faz uso de estratégias quantitativas,

quando da aplicação de questionários com os docentes participantes, visando mensurar as

características do grupo e percepções das ações do projeto; e de outras qualitativas, quando da

análise da estrutura de conteúdos, temas, debatedores e trechos do programa CASa Aberta,

analisados à luz dos princípios da proposta da Comunidade de Aprendizagem a qual se

vincula, esta monografia reflete o fazer comunicacional significativo possibilitado pelo CASa

Aberta a seus envolvidos, tanto como ouvintes, quanto como produtores.

PALAVRAS CHAVE: Rádio; Formação Docente; Projeto CASa; Programa CASa Aberta;

Educação.

Page 7: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Primeira logomarca do Projeto CASa – leitura Reitoria ........................................... 82 Figura 2: Marca atual do Projeto CASa ................................................................................... 83

Figura 3: Marcas CASa de Filosofia, CASa de Artes, CASa de Religião e CASa de Ciências,

respectivamente ........................................................................................................................ 84 Figura 4: Breviário versão inicial 2010: layout e sua 2ª edição ............................................... 86 Figura 5: Breviário versão mais atual com banners de hiperlinks ........................................... 88 Figura 6: Tela inicial do Ambiente Sócrates ............................................................................ 89

Figura 7: Tela inicial portal CASa ............................................................................................ 91 Figura 8: Layout tela inicial portal CASa ................................................................................. 91 Figura 9: perfil do CASa no twitter .......................................................................................... 94 Figura 10: canal do CASa no youtube ...................................................................................... 95

Figura 11: Página de facebook do projeto CASa ...................................................................... 96 Figura 12: Logomarca Programa CASa Aberta ..................................................................... 103 Figura 13: Sinalização de informação sobre o Programa CASa Aberta no Breviário ........... 104

Figura 14: Ensaio de representação visual do programa ........................................................ 104 Figura 15: Breviário inicial e exemplo (2010.1) .................................................................... 154 Figura 16: Breviário versão 2 e exemplo (2010.2) ................................................................. 154 Figura 17: Breviário versão 3 e exemplo (2010.2) ................................................................. 155

Figura 18: Breviário versão 4 e exemplo (2011.1) ................................................................. 156 Figura 19: Breviário versão 5 e exemplo (2011.1) ................................................................. 156

Figura 20: Breviário versão 6 e exemplo (2011.2) ................................................................. 157

Page 8: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Idade ...................................................................................................................... 113 Gráfico 2: Professores por ano de entrada no CASa .............................................................. 113

Gráfico 3: Respostas por Campus da UFC ............................................................................. 114 Gráfico 4: Respostas por área de atuação ............................................................................... 115 Gráfico 5: Frequência de participação em eventos do CASa ................................................. 116 Gráfico 6: Frequência por Atividade do CASa ...................................................................... 116 Gráfico 7: Qualificação Atividades CASa.............................................................................. 117

Gráfico 8: Qualificação Breviário .......................................................................................... 119 Gráfico 9: Motivações visita ao Portal do CASa .................................................................... 119 Gráfico 10: Origem da escuta ................................................................................................. 121 Gráfico 11: Perfil da escuta CASa Aberta - Idade.................................................................. 121

Gráfico 12: Escuta do Programa CASa Aberta na amostra .................................................... 122 Gráfico 13: Opção por usar o Rádio como veículo comunicativo ......................................... 123 Gráfico 14: Iniciativa CASa Aberta na Tevê ......................................................................... 123

Gráfico 15: Forma de participação ......................................................................................... 124 Gráfico 16: Avaliações da estrutura ....................................................................................... 124 Gráfico 17: Avaliação Projeto CASa: geral e por ano de ingresso ........................................ 128 Gráfico 18: Índice de Avaliações negativas sobre o Projeto CASa ....................................... 130

Page 9: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Trabalhos apresentados por bolsistas do CASa nos Encontros Universitários de

2010 .......................................................................................................................................... 54

Tabela 2: Trabalhos apresentados por bolsistas do CASa nos Encontros Universitários de

2011 .......................................................................................................................................... 54 Tabela 3: Ambiências Temáticas de Fortaleza e Quixadá ........................................................ 60 Tabela 4: Ambiências Temáticas do Cariri .............................................................................. 61 Tabela 5: Ambiências Temáticas de Sobral ............................................................................. 62

Tabela 6: Seminários Temáticos............................................................................................... 63 Tabela 7: Mentores de Docência .............................................................................................. 66 Tabela 8: Rodas de Conversa ................................................................................................... 74 Tabela 9: DTIC – Temática 1: Espaços e Recursos Digitais de Aprendizagem ...................... 76

Tabela 10: DTIC – Temática 2: A Importância da Utilização da Internet na Formação do

Profissional ............................................................................................................................... 76 Tabela 11: DTIC – Temática 3: Linguagens na Virtualidade .................................................. 76

Tabela 12: DTIC – Temática 4: Aprendizagem dos Alunos por Meio das Mídias .................. 77 Tabela 13: DTIC – Temática 5: Utilização de Materiais Educacionais Digitais...................... 78 Tabela 14: DTIC – Temática 6: Preparação e aplicação de aulas utilizando os recursos das

TIC ............................................................................................................................................ 78

Tabela 15: CASa de Filosofia ................................................................................................... 80 Tabela 16: Datas, temas e debatedores do CASa Aberta durante o primeiro ano de veiculação

................................................................................................................................................ 106

Page 10: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................... 6 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 7 LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................................. 8

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 9 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL: CAMINHOS DE UMA EDUCOMUNICAÇÃO . 15

2.1 Rádio e Educação, a edificação histórica da interação ................................................... 15 2.1.2 Início da comercialização no rádio e criação do Serviço de Radiodifusão Educativa

(SRE) ................................................................................................................................ 18 2.1.3 Décadas de 1940 a 1970 .......................................................................................... 21 2.1.4 Anos 1980 e atual situação ...................................................................................... 26

2.2 Comunicação e Educação ............................................................................................... 29

3. Formação Docente e CASa: conceituação e percursos ........................................................ 34 3.1 Caminhos da formação docente ...................................................................................... 34 3.2 Didática do Ensino Superior e REVES .......................................................................... 36

3.3 A CASa de que falamos ................................................................................................. 40 3.3.1 CASa: espaços, pessoas e disposição ...................................................................... 48

4. Coordenação de Formação Docente: linha de ações ............................................................ 58 4.1 Ambiências Temáticas (ATs) ......................................................................................... 59

4.2 Seminários Temáticos (STs) ........................................................................................... 63 4.3 Mentores de Docência .................................................................................................... 65

4.4 Didática do Ensino Superior ........................................................................................... 68 4.5 Ateliês de Ensino ............................................................................................................ 68 4.6 Perspectivas e resultados percebidos .............................................................................. 69

5. Coordenação de Comunicação e Aprendizagem Significativa ............................................. 73 5.1 Rodas de Conversa ......................................................................................................... 73

5.2 Formação DTICs ............................................................................................................ 75 5.3 CASa de Filosofia ........................................................................................................... 79

5.4 CASa de Artes ................................................................................................................ 80 5.5 CASa de Religião e CASa de Ciências .......................................................................... 81 5.6 Linha Visual: a CASa e suas marcas .............................................................................. 82

5.7 Breviário ......................................................................................................................... 85 5.8 Portal do CASa ............................................................................................................... 89

5.9 CASa nas redes sociais: Twitter, Youtube e Facebook ................................................... 94 5.10 Uma proposta de programa de tevê: o CASa na tevê ................................................... 97

6. CASa Aberta: contexto, estrutura e análise .......................................................................... 99

6.1 CASa Aberta: concepção ................................................................................................ 99 6.2 O programa, a técnica e a estrutura .............................................................................. 102 6.3 Questionários e resultados: perfil geral do universo amostral ...................................... 112 6.4 CASa Aberta e suas percepções pelo público .............................................................. 120

6.5 Reflexos da Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa em sua

comunicação radiofônica .................................................................................................... 128 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 137

Referências: ............................................................................................................................ 140 ANEXO I – AMBIÊNCIAS TEMÁTICAS ........................................................................... 145 ANEXO II – CRONOLOGIA LAYOUTS BREVIÁRIO ....................................................... 154

Page 11: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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1. INTRODUÇÃO

Um trabalho monográfico não nasce de um dia para o outro. Ele é fruto de um

processo que se desencadeia através de experiências acadêmicas, profissionais e pessoais.

O ambiente universitário permite ao graduando diversas possibilidades de atuação e

experimentação entre cursos e metodologias. Foi dessa forma que, sem uma instigação prévia

de pesquisa futura, entrei em contato com um projeto de extensão, do Departamento de

Ciências da Informação, intitulado Biblioteca Comunitária do Benfica. Pude compreender,

durante as ações e pesquisas desse projeto, como se dá um espaço de educação não formal,

começando assim as aproximações com a área da educomunicação.

Num segundo momento, saindo da área extensionista, atuei no Programa de

Alfabetização na Idade Certa (PAIC), projeto do Governo do Estado que vislumbra avanços

na educação pública estadual com a alfabetização em período adequado das crianças envoltas

nessa etapa. O contato proximal com a realidade educativa foi proporcionado nesse período

de novos horizontes direcionados.

Por fim, a atuação com o rádio aconteceu por meio da monitoria na disciplina de

Produção Publicitária em Rádio, ministrada no Curso de Publicidade e Propaganda, que

propiciou a tomada de conhecimento do programa radiofônico CASa Aberta, material

primeiro de análise deste trabalho e fruto de conversas com Andrea Pinheiro, então produtora

do programa.

As partes do todo estavam dadas. Cabia apenas ao pesquisador dar o primeiro passo

frente a seu tema e percebê-lo como um objeto de pesquisa que instigasse um

aprofundamento. Uma reflexão. Um diálogo entre áreas.

Plural como a formação acadêmica que construí ao longo dos quatro anos de curso,

nas várias atividades em diferentes departamentos e fora deles inclusive, a Comunidade de

Cooperação e Aprendizagem Significativa (CASa) pôs-se aos meus olhos como um motivo a

se pensar. Mais especificamente, o rádio se apresentou como gancho comunicativo de estudo

e reflexo do CASa.

O projeto CASa é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação da Universidade

Federal do Ceará que visa à formação docente dos professores recém ingressos à instituição.

Em níveis de licenciatura, não há um preparo para a sala de aula do Ensino Superior e o CASa

vem tentar assumir o papel de reunir a heterogeneidade dos diversos cursos, departamentos,

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institutos e faculdades que compõem a Universidade onde estudamos, para partilhar

experiências e metodologias no trato universitário.

Com uma metodologia diferente do que se era acostumado a trabalhar, ele traz novos

pontos de vista sobre como atuar com formação docente dos professores em Estágio

Probatório. Tal empreitada não poderia excluir o fator comunicacional de seu escopo, pois

comunicação também é educação, bem como o inverso também é verdadeiro. Nesse âmbito, o

rádio, companheiro de monitoria, assume o lugar de estopim ao estudo que se desenvolveria.

Iniciava-se a construção de um objeto: o programa CASa Aberta. Digo que se

começava porque o objeto é sempre mutante e sua beleza reside em sua capacidade de

surpreender. Acordar a cada dia ouvindo um mesmo trecho de entrevista e perceber novas

abordagens, novas perspectivas, novas instigações.

Com o uso de uma estratégia multimetodológica, na qual pontos fundamentais de

algumas metodologias foram selecionados para compô-la, essa monografia se fez escrita. Em

parte quantitativa, mensurando números acerca dos docentes e sua relação com o objeto em

estudo, noutra qualitativa, quando da análise dos conteúdos dessa ferramenta comunicativa.

Em uma fase exploratória, utilizou-se uma revisão de literatura para situar conceitos

imprescindíveis à compreensão do projeto e do programa, além de levantamento de dados

secundários disponíveis em canais de informação do CASa, como o Breviário e o portal, por

exemplo. Depois, aprofundamentos foram necessários e dados primários gerados através de

entrevistas pessoais com os responsáveis diretos pela concepção e continuidade do CASa.

Porém, não só de coordenadores e colaboradores se constrói uma comunidade, assim, os

professores que a compõe também foram interpelados visando o entendimento de sua posição

diante do objeto. Por fim, os três primeiros meses de CASa Aberta foram escolhidos para

análise, julgando-se que os 11 programas seriam suficientes para a consolidação de seus

formatos e diretrizes.

Coube ao pesquisador reunir e analisar essas informações, pautando as relações entre

teoria, projeto e escuta radiofônica para alcançar seus objetivos.

Didaticamente dividido em cinco capítulos, para além da introdução e das

considerações finais, o trabalho buscou conduzir o leitor de uma visão geral da relação rádio-

educação a uma particular na figura do objeto especificado anteriormente.

Após a introdução, no tópico 2 contextualizou-se a relação do rádio com a esfera

educativa. O veículo já dava seus primeiros passos no Brasil como aliado à perspectiva

educacional nos pensamentos de Roquette-Pinto. Outros tantos projetos se seguiram ao

pioneiro, dentre os quais se destacam o Movimento de Educação de Base (MEB), Minerva, a

Page 13: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

13

difusão de rádios comunitárias e a introdução do rádio em novas tecnologias, como a internet,

por exemplo. Autores como BLOIS (2003), FERRARETTO (2000), TAVARES (1997),

PRADO PIMENTEL (2004) vão permitir a periodização dessa linha histórica até a atualidade,

evidenciando momentos marcantes nessa trajetória. Fica claro nesse primeiro ponto a

proximidade dos usos comunicativos na educação, alcançando uma definição do que vem a

ser esse caráter educomunicativo que o rádio apresentava antes mesmo de surgir o termo.

SOARES (2000), MELO & TOSTA (2008), SARTORI (2006) GADOTTI (2005) são autores

que possibilitaram uma compreensão desse panorama de interface entre os conceitos.

No tópico 3 foram apresentados os projetos de formação docente que antecederam o

em estudo, identificando seus objetivos e formas de atuação. Os documentos obtidos através

do portal da UFC foram fundamentais para esse retrospecto, bem como o pensamento de

CARVALHO (2007), MARQUES (2000) e ALTHAUS (2004) sobre o processo de

preparação de didática Superior aos novos docentes. O CASa é então introduzido com a

explanação de suas bases teóricas e linhas de ações coordenativas. Sendo estas últimas

divididas em duas: coordenação de Formação Docente e coordenação de Comunicação e

Aprendizagem. No que tange a compreensão da teoria basilar do projeto, autores como

CAVALCANTE JR. (2005), GÓIS (2005), BAUMAN (2003), FRANTZ (2001), DEWEY

(1978) e SMOLE (2002) deram suas contribuições. Além das entrevistas com Cavalcante Jr.,

Bernadete Porto (coordenadores) e Custódio Almeida (Pró-Reitor de Graduação),

indispensáveis para um posicionamento mental sobre as práticas e objetivos do CASa e que

rondaram toda a produção com direcionamentos e definições.

No tópico 4 a coordenação de Formação Docente foi estruturada em suas formas de

participação, desde Ambiências Temáticas; Seminários Temáticos; Mentores de Docência;

Disciplina de Didática de Ensino Superior; e projetos de Ateliês de Ensino. Cada atividade foi

descrita e apresentada em suas realizações e temáticas. FERENC & MIZUKAMI (2005),

FREIRE (1967) e as entrevistas com coordenadores foram referências nesse instante, com

suas visões sobre a reflexão docente, pedagogias da libertação e autonomia, e atividades do

CASa.

No tópico 5 a coordenação de Comunicação e Aprendizagem Significativa foi

estudada em suas ferramentas comunicativas de divulgação informacional e ideológica do

projeto. Analisaram-se os CASas de Filosofia, Artes, Religião e proposta do CASa de

Ciências; a Formação de Docência Integrada às Tecnologias da Informação e Comunicação

(DTICs); as Rodas de Conversa; o Breviário, o portal, as redes sociais, o projeto de se realizar

o CASa Aberta na tevê e deixou-se espaço para o programa CASa Aberta no capítulo

Page 14: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

14

seguinte. WILLIAMS (2009) e RODRIGUES (2005) responderam pela análise do design das

ferramentas comunicativas, enquanto as entrevistas, já citadas, corroboraram para a

apresentação dos veículos.

No tópico 6 o CASa Aberta ganhou seu maior destaque. Por meio de sua análise pôde-

se estruturar suas partes constituintes, temas debatidos, debatedores. REIS (2008), as

entrevistas e respostas dos questionários pessoais aplicados com os professores foram as

principais fontes de informação sobre o formato radiofônico do CASa Aberta e sua percepção

dentro do projeto. Trechos do próprio programa foram usados como fonte de dados para a

exemplificação das análises realizadas.

Completou-se um ciclo na verdade. Partiu-se da contextualização do rádio em sua

esfera educativa, passou-se pelos caminhos da educação e aprendizagem nos processos de

formação docente, alcançando as atividades do CASa e do seu aparato comunicativo, de volta,

portanto, ao rádio atuante na educação.

Page 15: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL: CAMINHOS DE

UMA EDUCOMUNICAÇÃO

A aproximação entre rádio e educação foi marcante desde a chegada do veículo em

terras brasileiras. Nos anos de sua instalação no Brasil, na primeira metade da década de

1920, já se podiam vislumbrar esforços de pessoas, como o professor Edgard Roquette-Pinto,

as quais defendiam sua utilização no campo educacional pensando em proporcionar suporte às

classes menos favorecidas.

Desta maneira, a primeira parte deste texto se concentrará em explanar sobre o

percurso do rádio educativo no Brasil, identificando fases de aproximação entre ambos.

2.1 Rádio e Educação, a edificação histórica da interação

BLOIS (2003) sugere uma classificação de seis fases para o rádio educativo onde este

foi se integrando de características educativas no trato com seu público ouvinte, essa

classificação foi decorrente de estudos realizados pela autora entre 1995 e 1996. Opto por

adotar essa periodização com vistas a alcançar um caráter mais didático ao texto.

A primeira fase, identificada pela autora entre os anos de 1922 com a chegada oficial

do rádio ao Brasil, estendendo-se até por volta de 1928, teve um caráter pioneiro. Era o

advento da radiodifusão, os primeiros contatos em terras brasileiras desse instrumento

comunicativo e o surgimento de uma ideologia de implantação. Nesse período surgiriam

iniciativas como a de Roquette-Pinto de uso do veículo para fins educativos. A definição de

Rádio defendida pelo já citado professor ficou bastante conhecida e foi transcrita por

FERRARETTO (2000) em seus estudos sobre a mídia radiofônica em sua história e técnica:

O rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o

divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador do

enfermo; o guia dos sãos, desde que o realizem com espírito altruísta e elevado.

(ROQUETTE-PINTO apud FERRARETTO, 2000, p.30).

Através dessa definição pode-se observar as funções primeiras que o rádio poderia

desenvolver para esse visionário: seu caráter educativo, inclusivo, de entretenimento, de gerar

mecanismos e apontar caminhos para novas realidades (no campo político possivelmente, o

Page 16: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

16

que seria confirmado com a forte presença do meio durante a Revolta Tenentista de 1932 em

São Paulo) e instrutor da moral e dos bons costumes entre os que dele fizessem uso.

O professor Edgard Roquette-Pinto merece destaque por suas intensas contribuições

para a consolidação radiofônica no Brasil. Esforços que se apoiavam no desejo de ensinar por

meio das vias sonoras com o aparato recém chegado. Assim, visando entender melhor esse

período, farei uma breve apresentação acerca da chegada do rádio ao Brasil e da presença

marcante de Roquette-Pinto nesse processo.

O ano era 1922; a cidade, Rio de Janeiro; o evento, Centenário da Independência; a

empresa responsável, Westinghouse Electric.

No dia 7 de setembro de 1922, o discurso do então Presidente da República

Dr.Epitácio da Silva Pessoa chegou ao grande público por intermédio de um sistema

de ―Telefone Alto-falante‖, montado na praia vermelha, e de um transmissor

montado no alto do Corcovado pela Westinghouse Electric; as ―irradiações‖ foram

realizadas diretamente para os pavilhões onde as festividades aconteciam.

(TAVARES, 1997, p.47).

O ano de 1922 foi repleto de acontecimentos que movimentaram a população do

centro intelectual e político do país, eixo Rio - São Paulo, com reflexos para todo o restante

do território nacional. Em fevereiro é aberta a Semana de Arte Moderna; no dia 25 de março é

criado o Partido Comunista Brasileiro; as campanhas eleitorais em plena agitação; em julho

ocorre a marcha dos Dezoito do Forte em protesto dos militares descontentes com os

caminhos e determinações que o governo impunha ao exército. O clima de tensão se mantinha

alto e o povo assistia às preparações para as demonstrações do centenário em clima de

indiferença.

Restava buscar meios que possibilitassem a desconstrução desse clima propício a

revoltas e a injúrias populares. Dentre esses meios surgiu a oportunidade das comemorações

do Centenário da Independência, com a promessa de pessoas ilustres e demonstrações de

novidades tecnológicas em uma grande festa. O rádio ganhou espaço de divulgação de suas

funcionalidades durante a festividade com a transmissão do discurso presidencial em alto-

falantes espalhados na região do entorno de onde se davam as exposições, palestras e

discursos.

O aparato chama a atenção de Roquette-Pinto, que vislumbra suas potencialidades

educativas. Assim, ainda em 1923, foi inaugurada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que

possuía como slogan ―Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso

do Brasil‖, demonstrando claramente as intenções dos primeiros incentivadores do rádio no

país.

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17

O Rádio no Brasil nasceu educativo e cultural pela iniciativa do cientista e educador

Roquette-Pinto, na sala de Física da Escola Politécnica, na cidade do Rio de Janeiro.

A Rádio Sociedade inaugurada em 20 de abril de 1923 foi o laboratório vivo da

primeira manifestação, em nosso país, da tecnologia sendo usada como meio de

levar educação para muitos, rompendo os rumos da escola formal. (BLOIS, 2003,

p.35).

BLOIS (2003) comenta sobre o papel de incentivador no uso do veículo para fins

educativos desempenhado pelo professor e como a criação da Rádio Sociedade do Rio de

Janeiro pôde ser uma perspectiva de ampliação do acesso à educação às classes menos

favorecidas pela escola formal. TAVARES (1997) contextualiza a criação da emissora

mencionada:

A Sociedade Rádio do Rio de Janeiro foi constituída como entidade jurídica em abril

de 1923; o Professor Edgard Roquette-Pinto, que era um homem de grande largueza

empresarial, conseguiu sensibilizar o Presidente da Academia Brasileira de Ciências,

Dr. Henrique Morize e seus companheiros, Laboriau, Álvaro e Miguel Osório,

Álvaro Alberto e outros, nascendo assim, no dia 20 de abril de 1923, a primeira

estação de rádio no Brasil, a SPE, posteriormente PRA-2, Sociedade Rádio do Rio

de Janeiro, que iniciou seu período regular de funcionamento em 1º de maio daquele

ano. (TAVARES, 1997, p.51).

O mesmo autor traz, ainda, um trecho de depoimento de Roquette-Pinto contando

como se deu a implantação do rádio na década de 1920 no Brasil, fica claro pelo depoimento

que a novidade não despertou grande interesse de imediato devido à baixa qualidade da

primeira transmissão, nas festividades do centenário da independência,

Muita pouca gente se interessou. Creio que a causa principal desse desinteresse

foram os alto-falantes instalados na Exposição. Ouvindo discursos e músicas

reproduzidos no meio de um barulho infernal, tudo roufenho, distorcido, arranhando

os ouvidos; era uma curiosidade sem maiores conseqüências. (ROQUETTE-PINTO

apud TAVARES, 1997, p.51).

Mesmo com as dificuldades preliminares, comuns nas mais diversas empreitadas,

Roquette-Pinto convence o Dr. Henrique Morize, então presidente da Academia Brasileira de

Ciências, de assumir posição no empreendimento de se fazer rádio no país. E assim o rádio

brasileiro nasceu às sombras da cultura literária e permaneceu assim por bastante tempo, com

transmissões voltadas à cultura e à literatura.

O rádio, para as parcelas da elite responsáveis por sua introdução no país, constitui-

se em elemento modernizante e civilizatório. É, entretanto, o primeiro movimento de

longa trajetória do veículo em território brasileiro com uma programação marcada

por conferências literárias, artísticas e científicas, números infantis, poesia, música

vocal e instrumental, além de umas poucas notícias de interesse geral.

(FERRARETTO in MEDITSCH, 2008, p.30).

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18

As primeiras rádios, identificadas por seus prefixos, tinham em comum seus objetivos

de difundir a cultura e favorecer uma integração nacional com um apanhado de características

bem próximas pois

eram empreendimentos não comerciais (não transmitiam anúncios), de grupos

aficionados do rádio, geralmente de classes mais abastadas e que se utilizavam dos

mesmos, muito mais para a diversão dos membros daquelas sociedades ou clubes de

rádio do que dos próprios ouvintes, uma vez que pagavam mensalidades para manter

as estações, cuidavam de fazer a programação (doando discos), escrevendo, tocando,

cantando e ouvindo eles mesmos (afinal um aparelho receptor era bastante caro na

época) aquela programação, que por sinal era bastante elitista. (TAVARES, 1997,

p.52).

Segundo dados de FERRERETTO (2000), um operário recebia em torno de 200$000

(200 mil-réis, moeda brasileira da época) enquanto que uma galena (tipo mais simples de

receptor) de boa qualidade poderia chegar a 450$000, fora os gastos com fones de ouvido,

indispensáveis à escuta do aparelho, com a instalação e a licença para utilização dos

equipamentos. Os elevados custos dificultaram de início a difusão do veículo, mas, com o

passar do tempo, as transformações tecnológicas e a entrada da esfera comercial na

programação geraram uma ―popularização‖ do equipamento e programas.

Voltando a periodização de BLOIS (2003) tem-se que no final dessa primeira fase já

era perceptível o advento das rádio escolas. Em 1926, o fundador da Rádio Sociedade do Rio

de Janeiro criou um Sistema Nacional de Rádio escolas e em 1928 duas já haviam sido

criadas: uma no Distrito Federal (Estado da Guanabara) e outra em Recife, demonstrando o

desejo de que essa empreitada educativa via ondas radiofônicas dessem resultados.

2.1.2 Início da comercialização no rádio e criação do Serviço de Radiodifusão

Educativa (SRE)

Na segunda fase, que BLOIS (2003) dispõe didaticamente entre 1929 e 1940, são

consolidadas as ideologias iniciais e implementadas as rádio escolas. Esse período também

seria marcado pela criação das primeiras redes educativas e pela delineação da forma de

atuação do rádio num caminho para mudanças significativas que ocorreriam a partir daí. A

apropriação do veículo para fins comerciais também começa a se desencadear nos anos 1930,

o que gera mudanças de objetivos e focos de atuação. Com os crescentes investimentos pôde-

se expandir a atuação do veículo para além do eixo Rio - São Paulo, como estava ocorrendo, a

custo de desvios no enfoque inicial puramente cultural e educativo.

Page 19: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

19

Nos anos 1930, o governo passou a se preocupar mais com o rádio, que era definido

como ―serviço de interesse nacional e de finalidade educativa‖, implantando regras que o

auxiliassem a se manter com recursos mais sólidos. Em 1932 é implantado o Decreto nº.

21.111 que regularia a publicidade radiofônica.

A partir desse ponto as premissas básicas do rádio parecem ter se transformado. De

erudito e instrutivo, passa a assumir um papel mais popular e de entretenimento com objetivos

de lazer e diversão seguindo os direcionamentos que a nova realidade comercial impunha à

programação do veículo. Assim sendo, a regulamentação possibilitou a sistematização do que

vinha sendo feito ao mesmo tempo em que outras rádios não estavam interessadas nessa

perspectiva educativa, fortalecendo, portanto, a perspectiva comercial na radiodifusão.

Com as inovações tecnológicas é grande sua expansão. A redução de tamanho permite

a portabilidade, o menor custo permite a popularização, os anúncios permitem verba para uma

programação mais fixa e estruturada. O rádio populariza-se, é sinônimo de informação e

notícia na hora do acontecimento.

Na década de 30, o rádio brasileiro já tomava um grande impulso, principalmente

depois do Decreto-Lei nº. 21.111, de 01 de março de 1932, assinado pelo presidente

Vargas, que regulamentava a propaganda comercial nas emissoras. A Rádio

Sociedade, que não tinha fins comerciais, começava a entrar em uma fase crítica,

mas Roquette-Pinto não iria abrir mão das ideias iniciais de fazer um modelo de

rádio voltado para a educação e a cultura. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.25).

Prevendo as possíveis perdas que a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro sofreria com

essa nova dinâmica comercial, Roquette-Pinto decide realizar a doação da emissora para o

Ministério da Educação e Saúde Pública, assim

o idealismo dos pioneiros vai cedendo lugar ao mercantilismo dos primeiros

empresários do setor. Ciente dessa nova realidade, resta a doação, efetivada em 7 de

setembro de 1936, da emissora ao Ministério da Educação e da Saúde Pública,

graças também à amizade de Roquette-Pinto com Gustavo Capanema, titular da

pasta. Rebatizada de Rádio MEC, a estação dá origem, desse modo, ao sistema de

radiodifusão educativa, mantendo seu objetivo inicial. (FERRARETTO in

MEDITSCH, 2008, p.31).

Menos de seis meses após a transferência da, agora, Rádio MEC (PRA-2) o governo

criou o Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE), o qual tinha por finalidade promover de

forma permanente a irradiação de programas educativos.

Em fevereiro de 1943, o Regimento do SRE foi aprovado pelo Decreto nº. 11.491,

que, de acordo com a política de educação do país, fixava a finalidade do Serviço, a

saber: a orientação da radiodifusão como auxílio à educação e ao ensino, através da

Page 20: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

20

irradiação de programas científicos, literários e artísticos de caráter educativo.

(PRADO PIMENTEL, 2004, p.33).

Enquanto isso, ocorria uma reforma do ensino no Distrito Federal, guiada por

Fernando de Azevedo, na qual entre suas determinações existiam dois artigos que exigiam a

instalação de aparelhos receptores de rádio nas escolas municipais e que se criasse uma rádio

escola municipal, a qual deveria transmitir a todas as escolas e ao público em geral uma

programação educativa por excelência.

Montada sob a direção de Roquette-Pinto, com o prefixo PRD-5, a rádio escola

transmitiu pela primeira vez, experimentalmente, no dia 31 de dezembro de 1933.

Inaugurada oficialmente em 6 de janeiro do ano seguinte, deu início à fase do

contato direto entre emissora e ouvintes, que, mesmo tendo sido realizado de forma

bastante desorganizada, foi responsável pelo sucesso da Emissora e antecipou a

possibilidade de uma recepção organizada. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.30).

As aulas eram estruturadas num modelo de perguntas e respostas, nas quais as

perguntas partiam em grande maioria dos alunos, deixando a transmissão mais próxima da

demanda real do público pela informação.

[...] preocupada em manter o contato com os alunos, a estação distribuía folhetos e

esquemas das lições que eram enviados antes das aulas radiofônicas, pelo correio, às

pessoas inscritas. Os alunos, por sua vez, enviavam à emissora trabalhos

relacionados com os assuntos das aulas e mantinham contato com a emissora por

carta, telefone e até mesmo visitas. (HORTA apud FERRARETTO, 2000, p.103).

Com a experiência da Rádio escola Municipal pôde-se perceber a necessidade de uma

didática adequada de ensino pelo veículo e do contato entre emissora e ouvintes para se

construir uma programação atrativa ao público. Prova do sucesso da iniciativa são os números

alcançados pela emissora: em seu primeiro ano de funcionamento a PRD-5 recebeu 10.800

trabalhos de seus alunos escritos, com crescimento considerável nos anos que decorreram,

chegando a 20.400 em 1941.

Tal crescimento, entretanto, não permitiu o atendimento de toda a demanda dos

ouvintes. Sem infraestrutura adequada, a emissora teve de alterar sua proposta original sendo

inclusive rebatizada de Rádio Difusora, o qual fazia referência a seu novo papel de difusora

educativa e cultural. Hoje, a rádio tem o nome de Roquette-Pinto, seu primeiro diretor, e

pertence ao governo do Estado do Rio de Janeiro.

Page 21: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

21

2.1.3 Décadas de 1940 a 1970

Na década de 1940, periodizada na terceira fase de BLOIS (2003), a qual abrange de

1941 a 1966, o SRE entra em conflitos de interesses e de áreas de atuação com o

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do governo getulista, prejudicando assim o

alcance das ações do Serviço de Radiodifusão Educativa.

Mesmo assim o SRE desenvolve uma série de atividades importantes para a

consolidação de suas determinações iniciais de difusão educativa através do rádio.

Nos anos seguintes, o Serviço de Radiodifusão Educativa realizaria uma série de

iniciativas importantes, como a criação de setores de educação e pesquisa e de

documentação e intercâmbio, [...] a criação de uma programação infantil, baseada

em pesquisas e planejamento das necessidades deste público, e a produção de uma

série de cursos radiofônicos, conjugados com correspondência, destacando a

importância de três fatores primordiais para o desenvolvimento do rádio educativo:

pesquisa, material de apoio e avaliação de resultados. (PRADO PIMENTEL, 2004,

pp.34-35).

Nesse período, segundo BLOIS (2003), são consolidadas ações de expansão da

atuação educativa do rádio para além do eixo Rio – São Paulo, abrangendo outras regiões e

possibilitando a diversificação e consolidação da ação educativa, criando novos estímulos a

mudanças. O SRE tem grande papel nessa etapa como percebido anteriormente.

Outras experiências foram se desenvolvendo nesse período, entre elas temos a da

Rádio Nacional do Rio de Janeiro com a Universidade do Ar.

O programa Universidade do Ar era voltado para os professores secundaristas de

todo o país, tendo como objetivo pedagógico oferecer aos professores uma nova

metodologia de apresentação das disciplinas, possibilitando um maior interesse dos

alunos pelas matérias, além de oferecer bibliografia e formas mais eficientes de

verificação de aproveitamento. A aula inaugural do programa foi transmitida no dia

19 de abril de 1941, e neste primeiro ano a Universidade do Ar já contava com

quase 5.000 matrículas, divididas entre as disciplinas de Português, História da

Civilização, Ciências, Matemática, Geografia, História do Brasil, Francês, História

Natural, Inglês, Latim e Estatística Educacional. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.36)

O programa era uma comprovação que se podia fazer uma programação educativa

mesmo em emissoras comerciais como a Rádio Nacional. Devido à didática diferente das

aulas radiofônicas, o programa teve um decréscimo cada vez mais intenso de professores

matriculados ao longo dos anos que se seguiram, sem desmerecer, contudo, a importância da

iniciativa em uma das maiores rádios brasileiras da época.

Houve também uma iniciativa paulista homônima. ―A Universidade do Ar‖ de São

Paulo, a qual iniciou suas atividades no final dos anos 1940 e perdurou até o início dos anos

1960, tendo um caráter mais organizado do que a iniciativa carioca, mas como diferencial

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22

tinha a característica de atuar junto às classes comerciarias do interior paulista, tendo em vista

que a iniciativa proveio de uma ação conjunta do SESC e SENAC de São Paulo. A

Universidade do Ar paulista começou a decair após a abertura das transmissões para livre

recepção. Com a opção de ouvir as transmissões de suas casas os alunos tiveram um

rendimento muito inferior ao dos que optaram por frequentar as recepções organizadas em

turmas. O que pôde contribuir para a percepção de que uma recepção organizada dessas

transmissões gerava um retorno mais positivo se comparadas à livre recepção.

Em maio de 1950, Benjamin do Lago apresentou, no Jornal do Comércio do Rio de

Janeiro, o primeiro planejamento para uso do rádio na educação popular dando destaque a

didática a ser utilizada:

As aulas, formuladas e apresentadas por professores experientes, deveriam ter entre

30 e 45 minutos de duração, apresentando os conceitos básicos e esquemas de

orientação para a recepção. Depois desta etapa, teria início a vida escolar dos

núcleos de recepção, dividida em duas fases: primeiro, com aulas dos professores

assistentes, que utilizariam meios auxiliares para explicar melhor o conteúdo,

durando em média 30 minutos; e, depois, com debates entre os alunos, coordenados

pelos professores assistentes. Este plano consistia, basicamente, na articulação da

escola tradicional com o rádio, sendo fundamental para isso a existência dos núcleos

de recepção, que uniriam os aspectos positivos da didática escolar com a penetração

e a agilidade do meio radiofônico. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.39).

Os professores assistentes funcionariam como monitores do processo, dando suporte

aos mais experientes.

No mesmo ano, em Valença, interior do Rio de Janeiro, o professor e técnico em

educação, Geraldo Januzzi iniciou um curso de alfabetização pelo rádio na Rádio Clube,

emissora local. A iniciativa foi estudada por João Ribas da Costa, também professor, que

desenvolveu um trabalho propondo estruturar-se um ensino no Brasil usando os pontos fortes

que o rádio poderia ofertar.

Em 1957, Ribas da Costa foi convidado pelo Ministro da Educação para organizar

um sistema de rádio educativo nacional, que seria oficialmente proposto pelo diretor

do Departamento Nacional de Educação, Heli Menegale, em abril do mesmo ano.

Em 20 de maio, Ribas da Costa apresentou o projeto do Sistema Rádio-Educativo

Nacional, o SIRENA, que iniciaria suas atividades no ano seguinte, sendo

oficialmente instalado em junho de 1958. As principais atividades do SIRENA

seriam a produção, gravação e distribuição de Cursos Básicos, irradiados pelas

emissoras do Sistema, e o incentivo à formação de Sistemas Rádio Educativos

Regionais, oficiais ou particulares. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.41).

No começo, apenas 11 emissoras estavam em sintonia com o SIRENA, transmitindo

seus cursos. Com apenas três anos de atuação, o sistema contava com mais de 65 emissoras

atuando juntas.

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23

O Sistema Rádio-Educativo Nacional foi extinto, segundo dados da época, por manter

uma preocupação direcionada mais fortemente aos recursos materiais (produção de material

em discos e instalações das emissoras) do que com os recursos humanos e resultados. As

intensas mudanças políticas do período também são fatores que não podem deixar de ser

considerados para sua extinção. Entretanto, o SIRENA teve destaque pelas influências que

gerou para a criação do Movimento de Educação de Base (MEB) no final da década de 1950.

O Movimento de Educação de Base foi uma experiência não formal na área de

educação à distância, que obteve resultados bastante positivos, sendo desenvolvido

pela Igreja Católica através de dioceses da Região Nordeste, a partir da criação de

escolas radiofônicas. (PRADO PIMENTEL, 2004, p.43).

Utilizando a contextualização de CONSANI (2007), o MEB ―consistia em utilizar a

metodologia problematizadora de Paulo Freire para alfabetizar agricultores das regiões Norte

e Nordeste‖. Com a posterior ampliação de atuação para a região Centro-Oeste. O rádio

surgiria então como mediador desse processo, resgatando a ideologia de Roquette-Pinto.

A importância do rádio no trabalho do MEB incorporou o potencial comunicativo

desse instrumento, quando o tornou não apenas um transmissor de sons e vozes, mas

lhe deu um novo significado, no qual a própria voz humana recontextualizada

assume explicitamente um papel educativo. (PEIXOTO FILHO in PRETTO e

TOSTA, 2010, p.20).

O Movimento tinha como diretrizes gerais atender a adolescentes e adultos, das

regiões citadas, no âmbito educacional usando dos meios de comunicação (rádio e televisão,

principalmente) e de ações culturais visando uma educação não apenas formal, mas humana

nos ditames defendidos por Paulo Freire.

Este Movimento não buscava simplesmente uma educação formal, onde as pessoas

atingidas recebessem uma série de informações que muitas vezes não se

relacionavam em nada com o seu cotidiano. Os próprios documentos do MEB

diziam que os objetivos específicos de cada escola radiofônica eram a

―conscientização, a mudança de atitudes e a instrumentação das comunidades‖, indo

ao encontro de outros projetos de educação, como o idealizado por Paulo Freire –

que viria a influenciar em muito estes projetos de educação à distância. Através

destes processos, haveria uma humanização das pessoas, e estas ficariam aptas a

uma ação consciente e livre, usando para isso análises de situações concretas. Com

isso, elas teriam condições não só de ler e escrever, ou de realizar operações

matemáticas, como de conhecer técnicas de trabalho em grupo ou noções de higiene

e saúde. (PRADO PIMENTEL, 2004, pp. 44-45).

Nas práticas desenvolvidas, entre instrumentos e meios, utilizava-se muito da história

comum de seus participantes e de suas experiências de vida. O trabalho, a religião, a tradição

oral, todos serviam de motivo à facilitação da aprendizagem pelos ouvintes, os quais se

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sentiam mais inseridos nas dinâmicas empregadas e eram mais rapidamente conquistados pelo

empreendimento filantrópico e sem fins lucrativos.

Metodologicamente, havia encontros onde se planejavam e revisavam em conjunto as

atividades. Eles permitiam um contato mais direto com a comunidade, movimentando e

ampliando as relações entre os disseminadores locais e o sistema nacional, bem como

complementavam as ações radiofônicas.

Como atividade centralizadora de todos os trabalhos do MEB, os Encontros

passaram a representar papel fundamental na elaboração pedagógica desenvolvida

pelo movimento nas camadas populares. Eles foram o núcleo da Animação Popular,

com a Equipe Central atuando de forma contínua e ativa, dando uma assessoria

constante à comunidade, fornecendo elementos para a reflexão sobre os problemas

levantados, para os quais a comunidade não possuía as informações necessárias.

(PEIXOTO FILHO in PRETTO e TOSTA, 2010, p.26).

Ao final das atividades de estudo havia um momento de confraternização, uma

Animação Cultural, no qual os participantes estendiam as discussões iniciadas a partir da

escuta dos programas e trocavam seus saberes em um ambiente não formal de

relacionamento. No fim da década de 1960, o MEB começou a dar maior ênfase às práticas de

Animação Cultural em relação aos programas radiofônicos e com a pressão do governo

militar, que considerava a iniciativa perigosa para o sistema político da época, o movimento

foi perdendo força.

Retornando à classificação de BLOIS (2003), entra-se na quarta fase que abrange de

1967 a 1979. Nesse momento de intensas reviravoltas políticas houve uma centralização da

utilização do rádio para fins educativos pelo Estado com a presença de centros produtores

regionais, sempre com uma postura cientifica norteando o processo, desde o diagnóstico,

passando ao planejamento, produção, veiculação e recepção. O desejo era de equiparar o

sistema brasileiro de educação por vias comunicativas à teleducação empregada em países

mais avançados.

O governo percebia nas vias educativas uma forma de consolidar o regime militar em

sua ideologia. Contudo, incrementar o ensino em nível de país era bastante difícil dado à

extensão do território brasileiro, deste modo a radiodifusão era uma alternativa bastante

interessante para se alcançar o maior número de indivíduos. Depois de 1964, a transmissão de

um programa governamental educativo tornou-se obrigatório a todas as emissoras, tendo suas

diretrizes determinadas através de portarias, como a 408/70, as quais determinavam a duração

do programa, faixa de horário quando seriam veiculados e responsabilidades pela produção.

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No dia 1º de setembro de 1970, o SRE criou o Projeto Minerva – nome dado em

homenagem à deusa grega da sabedoria – que teve seu programa inaugural

transmitido no dia 04 de outubro do mesmo ano.

[...]

O objetivo geral do Projeto Minerva era transmitir, através do rádio, programas

educativos e culturais, aperfeiçoando o homem dentro da sua própria comunidade, e

permitindo o seu desenvolvimento individual e coletivo. (PRADO PIMENTEL,

2004, pp. 63-64).

O Projeto Minerva tinha um caráter de suplência do Ensino Fundamental buscando

alcançar pessoas com idade superior a 17 anos que não tivessem concluído os estudos

fundamentais ou alunos que ainda estivessem estudando, mas fora da faixa etária prevista para

a série.

Entre seus objetivos específicos destacavam-se cinco pontos:

1) a renovação e o desenvolvimento do sistema oficial de ensino e a difusão cultural;

2) o planejamento e a utilização dos horários reservados pela Portaria 408/70 para a

programação educativa;

3) a complementação das atividades regulares do sistema oficial de ensino

brasileiro;

4) a possibilidade de uma educação continuada;

5) a divulgação de programação cultural do interesse das comunidades atingidas.

(PRADO PIMENTEL, 2004, pp. 63-64).

Quanto à recepção têm-se duas formas de se dar: a recepção aberta e a organizada. Na

primeira, os ouvintes podiam entrar em contato com os programas do projeto sem vínculos

com o sistema ou ouvir individualmente as transmissões e ter acesso ao material de apoio,

monitores, exercícios e testes de aprendizagem. Na segunda, os alunos se dirigiam a

radiopostos a fim de realizar a escuta em ambiente sob a orientação de monitores, com a

simultânea consulta em casos de questionamentos e não entendimentos. Na recepção

organizada a estruturação dos radiopostos era semelhante a de uma sala de aula, com a

diferença de que quem ministrava a aula era a voz proveniente do rádio.

Públicos para as transmissões não faltavam, segundo PRADO PIMENTEL (2004), na

época grande parte da população brasileira se encaixava no perfil do ouvinte.

Mesmo assim, considerando a pequena quantidade de pessoas atingidas pelas

primeiras transmissões dos cursos – realizadas até 1973 e ouvidas por cerca de

18.000 alunos –, pode-se afirmar que houve uma evolução do alcance do Projeto

Minerva, durante a década de 70. No entanto, analisando as possibilidades de um

projeto com todo o apoio governamental, tanto financeiro como profissional, e com

toda a rede de emissoras de rádio do país disponibilizada para as transmissões,

vemos que o resultado ficou muito abaixo do que realmente se esperava. (PRADO

PIMENTEL, 2004, p. 72).

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26

Na década de 1980, com o fim da ditadura militar, o Projeto Minerva perdeu forças

pois, a desistência dos alunos era grande e a presença televisiva de cursos com caráter

semelhante aos radiofônicos assumiu seu papel frente aos interessados pela suplência no

ensino.

2.1.4 Anos 1980 e atual situação

A partir dessa década entramos na quinta fase de BLOIS (2003), nessa etapa temos a

conjugação de meios massivos à Educação com a presença da televisão nessa empreitada, por

exemplo. Também ocorrem inaugurações de FMs educativas, bem como a construção e

declínio Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa (SINRED).

O SINRED buscava em sua programação divulgar as principais manifestações

culturais de cada região do Brasil, almejando a troca de informações culturais das tradições,

sotaques e novidades de cada parte do vasto território nacional.

As primeiras atividades do SINRED foram realizadas no mês de junho de 1982, com

a co-produção de duas séries educativas e culturais, ―Coisas da Província‖ e ―Meu

Brasil Brasileiro‖.

[...]

Oficialmente, o Sistema Nacional de Rádio Educativo foi criado pela Portaria nº.

344 do MEC, de 9 de agosto de 1983. Durante a fase inicial do SINRED foram

realizadas poucas produções, destacando-se duas séries: ―Perfis Brasileiros‖,

divulgando a vida e a obra de personalidades brasileiras e ―Esses Moços‖, dando

oportunidade a novos talentos ainda sem espaço nos meios de comunicação da

época. (PRADO PIMENTEL, 2004, p. 79).

O sistema foi desativado no final dos anos 1980 e só retornou a funcionar em 1994

com um reposicionamento de enfoques: realizar coberturas jornalísticas de eventos com

respaldo nacional, manter uma difusão de informações culturais e educativas, assim como

divulgar matérias jornalísticas locais de interesse para todo país.

[...] em 1995, foi criado um Programa de Apoio ao SINRED, o PROSINRED, a

cargo da direção da Fundação Roquette-Pinto, visando a obtenção de recursos

financeiros para a aquisição de equipamentos, através de projetos conjuntos das

emissoras afiliadas. Em 1996, começou a vigorar uma grade de programação

experimental que iria se manter até 1998, quando o Sistema encerraria suas

atividades. A maioria dos programas desta grade era produzida na Rádio MEC do

Rio de Janeiro, sendo alguns poucos de outras rádios, o que dificultou o intercâmbio

entre as diversas emissoras. (PRADO PIMENTEL, 2004, p. 81).

O SINRED acaba se distanciando das expectativas iniciais de educação à distância por

conta do viés jornalístico que ganhou com o passar do tempo, mas a ideia de integração

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27

nacional de divulgação das ações educativas locais foi um salto em relação à centralização no

pólo Rio – São Paulo que se dava até então, com poucos casos de exceção nessa integração.

É nesse ponto que se chega ao último período da distribuição temporal de BLOIS

(2003). A sexta fase abrange, segundo a autora, de 1995 em diante e contaria com o

compromisso dos radialistas com a Educação, uma ampliação das possibilidades educativas

com as rádios comunitárias e o acompanhamento das tecnologias com a inserção de rádios

educativas na internet.

Em 1995, segundo FRANCO (2009), ocorre uma mudança significativa na

configuração legislativa sobre a radiodifusão quando no ―Encontro Nacional de Rádios

Livres‖ foi regulamentado o que até então era considerado ―rádio pirata‖. Surge então a

classificação de rádio comunitária, a qual deveria seguir alguns requisitos: ter gestão pública,

funcionar sem fins lucrativos, ter programação plural e educativa. A autora traz ainda a

definição de radiodifusão comunitária, obtida através dos estudos da Associação Gaúcha das

Emissoras de Radiodifusão (AGERT):

O Serviço de Radiodifusão Comunitária foi criado pela Lei 9.612, de 1998,

regulamentada pelo Decreto 2.615 do mesmo ano. Trata-se de radiodifusão sonora,

em frequência modulada (FM), de baixa potência (25 Watts) e cobertura restrita a

um raio de 1 km a partir da antena transmissora. Podem explorar esse serviço

somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com sede na

localidade da prestação do serviço. As estações de rádio comunitárias devem ter uma

programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas à

expressão de todos os habitantes da região atendida. (FRANCO, 2009, p.72).

COGO (1998) reflete sobre o tema e cita Vigil quando este autor demonstra a

pluralidade da definição comunitária de rádio:

Rádios livres no Brasil, comunitárias na Argentina, participativas na Nicarágua,

populares no Equador e Peru [...] mas quando dizemos rádio comunitária a que

definição estamos nos referindo? Chamar comunitário pela potência de sua antena

seria uma redução perigosa porque uma rádio comunitária quando crescesse perderia

sua própria definição. Se considerarmos a propriedade, também teremos problemas.

Na América Latina, há excelentes experiências de construção democrática em rádios

das igrejas progressistas, rádios privadas que passam anúncios comerciais e se

mantém como empresas, rádios de propriedade mais comum e rádios do Estado. O

que define uma rádio comunitária são os objetivos que persegue: democratizar a

palavra que está concentrada em poucas bocas e em pouquíssimas mãos para que

nossa sociedade seja mais democrática. (VIGIL apud COGO, 1998, pp.17-18).

Assim, suas classificações como populares, cidadãs, livres, rurais, associativas,

participativas, alternativas ou comunitárias, teriam apenas essa diferenciação de termos, mas o

centro democrático de comunicação se manteria como objetivo principal. Importante destacar

Page 28: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

28

que o fato de ser comunitária não é sinônimo de amadorismo na produção, baixa qualidade na

transmissão ou tamanho da emissora, o caráter democrático é o que pauta a distinção frente às

demais.

Todas as pessoas da comunidade onde a emissora estiver inserida têm o direito de ter

voz na rádio, expressando seus pensamentos e críticas, desde que não firam a ética e moral. A

programação deve ser plural e atender às demandas da comunidade sem discriminação de

gênero, raça, crença religiosa, opção político-partidária ou condição social; buscando, ainda,

atentar para os interesses da pessoa humana, família e prestar serviços de utilidade pública.

COSTA (2001) desenvolveu estudos acerca das rádios comunitárias do Rio de Janeiro

e chegou a seguinte assertiva sobre as emissoras:

As autenticamente comunitárias são centros culturais populares, com intensa

circulação de moradores, sendo, muitas vezes, o único meio de comunicação social

de que dispõem. Operadas pela comunidade, utilizam uma linguagem com a qual a

comunidade se identifica. (COSTA, 2001, p.2).

O mesmo autor destaca que existem as que representam associações de moradores,

tendo um caráter de solidariedade entre vizinhos e conscientização política; as que se unem a

Organizações Não-Governamentais (ONGs) que trabalham com um enfoque específico; e as

que integram as duas vertentes. Mas tendo o aspecto comunitário como norteador de suas

ações.

Com o advento da Internet, os meios de comunicação sofrem mudanças perceptíveis

em sua forma de interagir com o receptor. Com o rádio não foi diferente.

Com o advento da web, empresas em geral começaram a colocar suas páginas na

rede para uma interface com o consumidor. O rádio viveu o mesmo processo e

muitas emissoras passaram a ter um site na internet, com informações diversas. Aos

poucos, as emissoras também começaram a ofertar a transmissão on-line, isto é, um

único produto midiático podendo ser acessado simultaneamente no aparelho de rádio

e no computador. (PRATA in FERRARETTO e KLÖCKNER, 2010, p.613).

Através da web as emissoras podiam mesclar ao sonoro, imagens e textos.

Modificando a forma tradicional de se fazer radiofonia. Contudo, a verdadeira revolução,

segundo PRATA (2010), configura-se quando se começa a transmitir apenas através do

suporte online, criando as webrádios.

No âmbito educativo, os

projetos de rádios nas escolas – e particularmente de rádio web – possibilitam

construções de novas possibilidades formativas, centradas na participação ativa e na

produção, em vez de no mero consumo de informações. Podemos pensar em

diversas possibilidades, tais como o uso de emissões já estabelecidas a partir dos

Page 29: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

29

próprios meios comerciais, educativos ou populares e também os projetos de

implantação de rádios nas escolas, com uso de softwares livres. (PRETTO;

BONILLA; SARDEIRO. In PRETTO e TOSTA, 2010, p.75).

E é nesse cenário de radiodifusão participativa e com anseios formadores que se

contextualiza o rádio educativo atual, utilizando dos novos recursos, como a Internet, sem

deixar de lado as aspirações formadoras, recorrentes em sua construção histórica.

Percebe-se assim que o uso de tecnologias para a educação não são recentes, mas

ganham novos contornos à medida que se desenvolvem e se enxergam novas possibilidades

para elas. A aproximação entre educação e comunicação acabou resultando no conceito de

Educomunicação, facilmente aplicado ao rádio desde seus primeiros passos, mesmo sendo

definido muitos anos depois da iniciativa de pioneiros como Roquette-Pinto.

Para entender melhor essa interação entre conceitos, desenvolvo o tópico a seguir.

2.2 Comunicação e Educação

A interface entre comunicação e educação proporcionou o surgimento de um novo

campo de intervenção social, o qual se pode nomear de educomunicativo. O advento das

tecnologias, bem como sua presença recorrente no cotidiano, gerou uma intrínseca ligação

entre as esferas tecnológica e social. A adaptação de tecnologias para essa nova realidade de

trato entre pessoas e suas formas de manter contato com o ambiente circundante é prova

disso. Os livros são convertidos em cópias virtuais que podem ser baixadas em aplicativos

móveis e lidos em qualquer local, os álbuns de fotografia são transformados em pixels de

informação e disponibilizados em páginas de redes sociais com a possibilidade de receber

comentários de pessoas que estão muito longe e poderiam não ter um acesso tão fácil a essas

imagens. Vários seriam os exemplos que ilustrariam essa situação, como os mencionados

anteriormente, mas mesmo as tecnologias tidas como mais antigas cumpriam esse papel a seu

modo e com as possibilidades de seu contexto histórico.

O rádio é exemplo disso, bem como a televisão ou mesmo a imprensa em suas

origens. O importante é notar as adaptações que os meios vão ganhando ao longo do tempo e

suas novas implicações, ficando clara a presença cotidiana desses aparatos conduzidos para

grande parte das esferas de convívio social.

O campo educomunicativo surge como alternativa de atração ao público da ―era da

informação‖, buscando mesclar novas formas de se fazer educação em meio ao horizonte

Page 30: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

30

informativo e de transmissão dessa informação. SOARES (2000) traz uma definição de

Educomunicação:

Definimos, assim, Educomicação como o conjunto das ações inerentes ao

planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos

destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos

presenciais ou virtuais (tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádio

educativos, centros produtores de materiais educativos analógicos e digitais, centros

coordenadores de educação a distância ou ―e-learning‖, e outros...), assim como a

melhorar o coeficiente comunicativo das ações educativas, incluindo as relacionadas

ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem. (SOARES, 2000,

p.63).

A área buscaria, então, possibilitar a produção e a transmissão da informação através

de um incremento interativo do processo de ensino-aprendizagem. Bem como promover

metodologias e referenciais teóricos indispensáveis para a formação adequada de profissionais

que saibam dialogar a prática educativa com os meios de comunicação massivos tão

recorrentes no dia a dia.

Segundo MELO & TOSTA (2008), a escola surgiu com o objetivo de transmitir, de

maneira sistemática, o conhecimento acumulado pela humanidade ao longo das gerações,

tendo na figura do professor o responsável por organizar esse processo de ensino-

aprendizagem, transmitindo seu conhecimento cultural aos estudantes.

Para cumprir com esse objetivo, as escolas foram organizadas em classes, cada uma

contando com um professor expondo as lições que os alunos deveriam seguir

atentamente e aplicando os exercícios que estes deveriam realizar disciplinadamente.

A esse modelo de educação deu-se o nome de Pedagogia Tradicional. (MELO &

TOSTA, 2008, p.16).

Entretanto, a igualdade que se pretendia com a escola não se consolidou a partir desse

modelo. A educação, que deveria tirar o homem da ignorância e da opressão, acabou por não

se dar na Pedagogia Tradicional por não serem considerados fatores estruturais (políticos,

econômicos, por exemplo) para além dos culturais. Surge então um novo modelo: a Escola

Nova.

A Escola Nova é vista por estudiosos da educação brasileira como um divisor de

águas na História da Educação. Buscou mudar o eixo de preocupação do ensino, que

era centrado no professor, para focalizar o aluno e sua aprendizagem. (MELO &

TOSTA, 2008, p.17).

A partir desse novo modelo, o diálogo ganha espaço na metodologia de sala de aula,

retirando da figura centrada no professor o papel primordial de detentor do conhecimento.

Outras fontes, como os meios de comunicação de massa, ganham espaço nesse processo antes

Page 31: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

31

pautado nas esferas da família, escola e igreja. Com a expansão da mídia há uma quebra

desses padrões. As informações se tornam mais velozes em sua difusão e acesso cada vez

mais facilitado. A comunicação cresce em atuação no convívio social e a educação vê em suas

ferramentas as possibilidades de ampliar esse diálogo em sala de aula.

A escola se refaz hoje, visto que seu papel não se resume mais apenas a transmissão de

conteúdos, busca se consolidar como espaço colaborativo de estímulo a relação entre pessoas,

sejam estudantes, professores ou gestores. Assim a educação ganha novos contornos e

acompanha o caminhar tecnológico e comunicativo.

O pensamento de SARTORI (2006) vai ao encontro desse pensamento, para a autora a

escola não assume mais o papel de única fonte informativa num ambiente aonde a mídia e o

desenvolvimento das tecnologias eletrônicas vão ganhando destaque no processo de produção

e socialização da cultura. Essas fontes permitiriam interações simbólicas e socializações

privilegiadas frente ao horizonte educativo formalizado de sala de aula.

Ainda segundo a autora,

A aproximação Comunicação-Educação exige um novo pensar que re-elabore

modelos pedagógicos e novas estratégias de intervenção na sociedade que consigam

responder aos processos mediáticos e educacionais contemporâneos. Esta exigência

se coloca na medida em que tanto o desenvolvimento tecnológico, quanto as

mudanças econômicas e sociais, como produtores de novos padrões culturais, tem

colocado em pauta para a escola um re-posicionamento diante do que dela se exige:

encaminhamentos intencionais que preparam as pessoas para a inserção crítica na

sociedade. (SARTORI, 2006, pp. 1-2).

A escola como espaço formal de educação, no qual se podem encontrar organização,

sistematização e hierarquização a nível nacional, passa por uma renovação de seu modelo de

transmissão de conteúdos numa esfera mais dialógica através da interação entre Educação e

Comunicação quando pensamos no modelo educomunicativo, bem como na relação entre

docente e discente, entre outros fatores de cunho político, econômico e social.

Interessante aqui destacar o que se entende como educação formal e educação não-

formal, assim segundo GADOTTI (2005):

A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada

principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz

educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e

burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos

ministérios da educação. A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e

menos burocrática. Os programas de educação não-formal não precisam

necessariamente seguir um sistema seqüencial e hierárquico de ―progressão‖. Podem

ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem.

(GADOTTI, 2005, p.2).

Page 32: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

32

Por ser intencional a educação assume um caráter formal, segundo o autor, tendo

como modelo diferenciador entre ambos os modelos o ambiente que propiciará esse

aprendizado, o qual não necessariamente precisa ser o de sala de aula, estendendo-se por

espaços da cidade, teatros, museus, conversas. A informalidade e a não necessidade de uma

continuidade linear marcam um caráter de educação não-formal.

Vygotsky já destacava a interação do sujeito com o meio como importante fator do

processo de aprendizagem,

Ele construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do individuo como

resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da

aprendizagem. A questão central abordada pelo autor era a aquisição de

conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. (MELO & TOSTA, 2008,

p.18).

A relação entre experiência de vida proporcionada pelo meio circundante e a

aprendizagem, tida como significativa, será melhor enfocada no capítulo seguinte quando os

conceitos de base do projeto em estudo forem explicitados e correlacionados com a

identificação da estruturação e diretrizes dele.

Pensando na funcionalidade do rádio nesse espaço, percebe-se que o veículo já

abrigou iniciativas que buscavam mesclar as características metodológicas de ensino

sistematizado e progressivo da sala de aula com a distância e novos ambientes que o aparelho

comunicativo propiciava.

SARTORI (2006) também vê a inter-relação entre ambos os espaços educativos:

Inter-relações Comunicação-Educação estão presentes tanto em situações

educativas, formais ou não formais, quanto em ações comunicacionais específicas

das mídias, o que vale dizer que situações educativas são também comunicativas e

situações comunicativas são também educacionais. Configurando-se, assim, um

campo teórico-prático a partir do processo de interlocução originário em ambas as

áreas. (SARTORI, 2006, p. 2).

Em Paulo Freire, quando este define comunicação, há a clara compreensão da

proximidade entre as esferas comunicativa e educativa, para o autor:

Comunicação (é) a co-participação dos sujeitos no ato de pensar... implica numa

reciprocidade que não pode ser rompida. O que caracteriza a comunicação enquanto

este comunicar comunicando-se, é que ela é diálogo, assim como o diálogo é

comunicativo. A educação é comunicação, e diálogo, na medida em que não é

transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a

significação dos significados. (FREIRE apud LIMA, 1981, p.39).

Page 33: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

33

O rádio é, pois, representante das ambiências comunicativa e tecnológica, há muito

sendo usado como ferramenta educativa no processo de aprendizagem. A comunhão entre

veículo e diálogo para a geração ou ampliação de significados frente ao contexto circundante

é notória desde sua chegada ao Brasil, como citado no início do capítulo.

A partir do capítulo seguinte, o enfoque dado será no projeto que abriga a iniciativa

radiofônica de formação docente, o projeto CASa (Comunidade de Cooperação e

Aprendizagem Significativa), suas diretrizes e principais conceitos norteadores.

Compreendidos seu contexto e conceitos fundadores, passar-se-á ao entendimento de suas

linhas de ações e se alcançará a perspectiva radiofônica nos capítulos subsequentes.

Page 34: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

34

3. Formação Docente e CASa: conceituação e percursos

A partir deste ponto será apresentado o projeto CASa, Comunidade de Cooperação e

Aprendizagem Significativa. Para tanto, serão identificados o percurso de formação docente

universitária antes de sua idealização, as diretrizes conceituais de base do projeto, bem como

a sua organização e divisão de atividades entre gestores e participantes. Após essas

construções, ter-se-á uma contextualização do panorama sob o qual o programa CASa Aberta

pôde se consolidar.

3.1 Caminhos da formação docente

O projeto CASa surgiu de uma iniciativa da Pró-Reitoria de Graduação da

Universidade Federal do Ceará (Prograd-UFC) como um programa de formação docente para

os professores em Estágio Probatório da instituição.

Programas com esse caráter formativo destinados aos professores recém-ingressos já

eram utilizados, sendo, inclusive, uma exigência da legislação federal que regula a admissão

desses profissionais. Este foi o caso da disciplina de Didática do Ensino Superior e

posteriormente do Programa Rede de Valorização do Ensino Superior (REVES), ambos

difundidos a nível nacional e sobre os quais se discorrerá à frente.

Segundo a regulamentação citada acima:

Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará

sujeito a estágio probatório por período de 3 (três) anos, durante o qual sua aptidão e

capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo. O servidor em

estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou

funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e

somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de natureza

especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento

Superiores – DAS, de níveis 6,5 e 4 ou equivalentes. Neste estágio, ao servidor

ainda poderão ser concedidos as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,

incisos I a IV, 94, 95 e 96 - Regimento Geral. (BRASIL, UFC: PROGRAD).

O professor recém-ingresso deve cumprir um período de 64 (sessenta e quatro) horas

de formação docente. Entretanto, a legislação não especifica de que forma essa carga horária

deve ser cumprida, possibilitando a autonomia de cada instituição de Ensino Superior (IES)

organizar seus programas de preparo para a sala de aula universitária.

Page 35: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

35

Muito embora o corriqueiro fosse aplicação de cursos ou palestras de preparo aos

novos profissionais, a UFC optou por uma forma distinta do que se vinha desenvolvendo nas

outras universidades brasileiras.

Tendo em vista acompanhar as mudanças que se deram na constituição dos quadros

estudantil e professoral proporcionados pelo Reuni, a ser caracterizado a posteriori, e que

tiveram reflexos na quantidade e nas formas de interação entre os atores do processo

educativo, fazia-se necessário uma maneira diferenciada de recepção e formação desses

docentes. Foram estes fatores os responsáveis pelos primeiros pensamentos de se construir

uma comunidade de cooperação e aprendizagem significativa.

Discutindo o preparo dos profissionais para a sala de aula, CARVALHO (2007)

aponta que no Ensino Superior há uma clara preocupação em formar o profissional, durante a

graduação, para exercer seu papel dentro de uma área específica de conhecimento. Quando da

formação de professores, estas graduações em licenciatura são voltadas para os ensinos

Infantil, Fundamental e Médio. A didática de sala de aula para o nível superior não se dá

numa formação discente, ou seja, durante a graduação não se preparam professores para o

nível superior.

Lucarelli, citado pela autora, coloca que

Nos níveis fundamental e médio, a profissão docente identifica e confere um

panorama comum para o desenvolvimento de práticas diversas dos professores [...]

É o campo da prática docente que define a profissão [...] O docente universitário

reconhece a si mesmo por sua profissão de origem, e identifica-se com o título que

lhe foi conferido pela unidade acadêmica que lhe graduou [...] Poder e prestígio não

provêm da docência universitária como saber pedagógico, mas do domínio de um

campo específico, tecnológico ou humanístico determinado. (LUCARELLI apud

CARVALHO, 2007, p.64).

Em entrevista concedida para este estudo monográfico em 19 de setembro de 2011, o

professor Custódio Luís Silva de Almeida, Pró-Reitor de graduação da UFC, reconhece esse

pensamento do preparo universitário para uma área específica e não para a docência no

Ensino Superior. O Pró-Reitor argumenta que o professor de Medicina, por exemplo, é um

profissional da área que passou pelo crivo de um concurso público, foi aprovado e agora se

tornou docente da área, sem ter acesso na graduação a um preparo para o exercício de tal

função. Deste fato se construiria a necessidade de preparação docente para a realidade

universitária.

Reafirmando essa posição, CARVALHO (2007) traz que

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36

Enquanto os professores de Ensino Fundamental e Médio têm na sua formação

específica uma preocupação com a prática pedagógica, os da Educação Superior, na

sua maioria, não têm contato na formação acadêmica com conteúdos ou práticas

relacionadas à didática ou à metodologia do Ensino Superior. (CARVALHO, 2007,

p.64).

Resquícios ainda de 1931 quando as universidades brasileiras foram formalizadas em

estatuto. Segundo MARQUES (2000), o provimento no cargo de professor catedrático se

fazia por concurso com base no diploma profissional ou científico que se correlacionasse com

a área da disciplina a ser ministrada. A Universidade se configurava como uma aglomeração

de cátedras soberanas, onde cada uma possuía seu catedrático e este seus colaboradores, todos

escolhidos sem uma exigência formal e sistemática de preparação para a atividade professoral.

Somente com a Reforma Universitária outorgada em 1968 e com os planos

governamentais de desenvolvimento nacional surge uma política de formação e

aperfeiçoamento do corpo docente das universidades, com o 1º Plano Nacional de

Pós-Graduação (I PNPg), suporte de programas no âmbito de um sistema nacional e

regional definido pelo Conselho Federal de Educação e implementado pela

Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com o apoio

de outros órgãos financiadores. (MARQUES, 2000, p.190).

ALTHAUS (2004) acrescenta ainda que ―frente aos desafios postos para o ensinar, o

domínio específico de uma área científica do conhecimento não é suficiente. O professor

universitário deve desenvolver também outros saberes: pedagógico e político.‖ Dessa forma

fica clara a insuficiência de uma formação acadêmica em uma área especifica de atuação

profissional sem uma preparação didática para o trato estudantil universitário.

Visando tornar esses docentes aptos a esta realidade, a UFC oferecia uma disciplina de

Didática do Ensino Superior, obrigatória durante o período de Estágio Probatório para os

professores recém-ingressos e que depois foi agregada ao REVES, ambos anteriores à

concepção do projeto CASa. No tópico seguinte serão apresentadas as duas estratégias.

3.2 Didática do Ensino Superior e REVES

Antes da idealização do CASa, a UFC mantinha outras estratégias de formação

docente representadas pela disciplina de Didática do Ensino Superior e o Programa Rede de

Valorização do Ensino Superior. Destaca-se que a referida disciplina não foi extinta com a

chegada do REVES e tampouco com a do CASa. Sua presença ganhou apenas novos

contornos dentro dos projetos, saindo do cunho obrigatório, quando de sua inclusão no

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37

período de Estágio Probatório, para uma ferramenta do REVES e alcançando a dimensão

opcional no CASa. Já o REVES, agregado posteriormente, teve muitas de suas ideias

aplicadas ao CASa, mesmo com sua desarticulação após a chegada do novo projeto. Assim, as

duas experiências anteriores não foram abandonadas para a criação de uma estratégia

absolutamente nova, mas sim fizeram parte do processo contínuo de construção da

Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa.

Todavia, antes de discorrer acerca das duas iniciativas que antecederam o projeto em

estudo, faz-se importante entender de que se trata ―didática‖.

Ainda segundo ALTHAUS (2004), didática é ―concebida como reflexão sistemática

sobre o processo ensino-aprendizagem, tendo sempre como ponto de partida a discussão da

prática docente de cada professor.‖ Assim, ao longo da disciplina homônima aplicada ao nível

Superior, seriam fornecidos subsídios teórico-metodológicos para a prática docente.

Os profissionais de áreas específicas se deparariam, então, com as questões de ordem

prática da atividade docente como, por exemplo, a organização de conteúdos, o preparo de

material para aulas etc.. Afinal, seu conhecimento técnico é insuficiente para os desafios

propostos pela docência.

A partir de dados obtidos no plano de ensino da disciplina de Didática do Ensino

Superior, ofertado pela Faculdade de Educação no período letivo de 2009.2, é possível inferir

que ela tinha como objetivos gerais a reflexão e a análise da realidade, do contexto histórico e

sócio-político do ensino nas Universidades e demais IES, tanto em nível nacional como em

estadual. Importante esclarecer que este plano foi desenvolvido para os alunos de pós-

graduação da FACED, mas possui estrutura semelhante à destinada aos profissionais recém-

ingressos, segundo Bernadete Porto, coordenadora de formação docente do projeto CASa e

professora responsável por ministrar a referida disciplina nas duas instâncias (pós-graduação

e CASa).

Ainda tendo como base o documento citado anteriormente, a um nível mais específico,

residiam entre os objetivos:

O aprofundamento dos estudos sobre o processo de construção do

conhecimento e mediação do professor;

A análise da prática docente, o que proporcionaria um embasamento teórico-

prático visando à superação de obstáculos e dificuldades;

A compreensão do projeto pedagógico nas IES, assim como o desenvolvimento

de atividades interdisciplinares e a não separação entre ensino, pesquisa e

extensão;

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38

A reflexão sobre a funcionalidade das tecnologias de informação e de

comunicação na Educação Superior;

A análise do contexto educacional contemporâneo e da prática educativa,

através do estudo das correntes pedagógicas mais significativas;

O diagnóstico do contexto educativo e da prática pedagógica desenvolvida na

ação como docente;

A compreensão crítica do processo de planejamento de ensino, levando em

consideração as suas dimensões e componentes didáticos;

A identificação das etapas do plano de ensino como não-dissociáveis no

processo de reflexão/ação/reflexão, correspondendo, assim, à dinâmica que

caracteriza a prática pedagógica enquanto práxis;

E a elaboração de planos de ensino (disciplina, unidade e aula).

Ao todo eram 64 (sessenta e quatro) horas/aula distribuídas por temáticas. Sendo 16

(dezesseis) horas destinadas ao entendimento da Universidade, no âmbito de seu histórico,

trajetórias, funções, legislação, problemas e perspectivas, bem como a situação do Ensino

Superior em nível nacional e de seus sistemas de avaliação; outras 20 (vinte) horas eram

direcionadas para a discussão dos fundamentos epistemológicos dos processos de ensino e

aprendizagem, com o estudo de teorias do conhecimento e da aprendizagem, tendências

pedagógicas, atuação na sala de aula, assim como projetos político-pedagógicos, ações

interdisciplinares e uso das novas tecnologias da informação e comunicação; as demais 28

(vinte e oito) horas eram dedicadas à didática propriamente dita, através de sua conceituação e

importância na formação do professor, e do planejamento de ensino, com a análise crítica dos

elementos envolvidos no processo e sua elaboração.

Todas essas atividades eram desenvolvidas a partir de aulas expositivas dialogadas,

leituras, estudo de textos, desenvolvimento de projetos individuais e grupais, bem como

pesquisas orientadas e dinâmicas de grupo. Ao final, o professor estaria mais inserido nas

questões da docência superior, podendo desenvolver suas habilidades na academia em

comunhão com a prática de sala de aula, que ocorria ao mesmo tempo do caminhar da

disciplina

Outra modalidade de formação docente que antecedeu a iniciativa do CASa foi o

programa Rede de Valorização do Ensino Superior (REVES). Segundo informações do portal

da UFC, ele possuía como atividades a realização de cursos e palestras, seguindo uma linha

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39

tradicional de preparo para a sala de aula universitária, onde havia um professor mediador

frente a uma plateia espectadora com uma programação prévia.

O REVES tem como objetivos favorecer a implementação de uma sistemática de

apoio didático-pedagógico ao docente, reestruturar o espaço e as ações das

coordenações de curso de graduação e estimular a articulação entre as unidades

curriculares, como canal de diálogo entre as instâncias acadêmicas.

Compreende a realização de cursos e palestras para professores e também para

funcionários técnico-administrativos de coordenações de curso de graduação.

(BRASIL: UFC, 2008).

O programa procurava possibilitar uma reflexão sobre as políticas públicas numa

esfera interinstitucional, pensando criticamente acerca das diferentes concepções e estratégias

de ensino-aprendizagem e compreendendo os fundamentos da ação docente como profissão.

Ele visava não apenas identificar problemas e lacunas da atuação professoral, mas socializar

experiências que fossem desenvolvidas nos diferentes campi.

O REVES tinha como objetivos, segundo dados obtidos em seu material de divulgação

de ações dos anos de 2006 e 2007:

Contribuir para que a docência no ensino superior seja percebida,

compreendida e efetivada como profissão, motivo pelo qual os professores

necessitam de saberes e competências específicas para suas ações;

Favorecer condições para a construção e reconstrução, contínua, de concepção

pessoal de ensino e de aprendizagem em contexto universitário articulando o

saber experiencial ao saber da formação acadêmica;

Identificar e criar diferentes concepções de aprendizagem mediadas pela

dialogicidade e pelas tecnologias de informação e comunicação;

Ressignificar o papel da avaliação como instrumento de acompanhamento do

processo de ensino-aprendizagem, no sentido da superação das dificuldades

encontradas por professores e alunos;

Reconhecer a dimensão ética do trabalho docente em contexto universitário;

Oferecer aos tutores do PET (Programa de Educação Tutorial), aos docentes

orientadores e discentes em formação vinculados ao Programa de Iniciação à

Docência (PID) oportunidades de formação continuada em articulação com os

pressupostos explicitados nos Projetos Pedagógicos de Curso;

Apoiar a implementação de uma cultura de valorização da docência

universitária nos cursos de graduação do Cariri e Sobral, participantes do

processo de expansão/interiorização da UFC;

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40

Promover articulação entre Pró-Reitoria de Graduação e instituições parceiras:

Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da FACED/UFC,

Universidade Virtual, Núcleo HUMANAS, Núcleo de Educação Inclusiva -

NEI, Instituto Centro de Ensino Tecnológico - CENTEC e as demais

universidades cearenses (URCA, UVA, UNIFOR, UECE).

Esses objetivos eram contemplados em um ciclo de palestras organizadas por

temáticas, sendo em grande parte realizadas nas dependências do auditório da Prograd-UFC

com periodicidade mensal e duração variável dependendo do assunto abordado.

No programa já se percebia o interesse de diálogo entre as diversas unidades

acadêmicas e a troca de experiências entre os participantes, entretanto essa dimensão era

organizada no formato de palestras, o que, pela própria estrutura de evento, em muitas

ocasiões não se tornava atrativa para o público ouvinte expressar suas experiências. Voltava-

se para um evento onde o domínio da palavra estava centrada na figura do mediador,

permanecendo a plateia, na maioria dos casos, inibida à participação.

A amplitude de dialogicidade se tornaria a buscar com o projeto CASa, o qual teve

início em 15 de maio de 2009 e substituiu o Programa Rede de Valorização do Ensino

Superior (REVES). A partir do próximo tópico o Projeto CASa poderá ser melhor

compreendido em sua estrutura e bases teóricas.

3.3 A CASa de que falamos

No início de 2009 o Pró-Reitor de graduação Custódio Almeida convidou os

professores recém-concursados Bernadete de Souza Porto e Francisco Silva Cavalcante Júnior

para pensarem juntos uma forma diferente de trabalhar com os demais colegas durante o

período de Estágio Probatório, almejando uma perspectiva diferente de preparo dos

professores. Em uma tentativa de troca de experiências, de aprendizagem conjunta e

colaborativa. Iniciativa que abrangeria os campi da UFC em Quixadá, Cariri, Fortaleza e

Sobral, respeitando as diferenças de cada região e buscando acompanhar as mudanças que a

Universidade sofria com esses novos espaços e seus moradores.

Em entrevista pessoal realizada no dia 13 de julho de 2011, Cavalcante Jr. explica que

o fator inicial de norteamento teórico do projeto foi idealizá-lo como um espaço de

transformação movido pelos professores, sendo eles os agentes da mudança que esperam ver

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concretizada na Universidade onde trabalham. Tendo em vista a quantidade de tempo

investida na atividade acadêmica por cada um de seus partícipes, essa instituição acaba se

idealizando como um segundo espaço de vivência. Dessa forma, o projeto busca gerar o

sentimento de que o espaço compartilhado dentro da UFC é também uma segunda casa e deve

ser percebido como lugar de acolhimento e de pertencimento.

Com relação à transformação, da qual os docentes seriam os motivadores, Cavalcante

Jr. explica:

Nós não formamos pessoas. Nós somos mediadores de um processo de

transformação de professores. E a transformação [...] significa uma ação, trans:

―para além de‖ formas e fôrmas. Então, transformar significa [...] agir para além do

que já está formado, do que já está formatado. E esse tem sido o mote que me

inspira em tudo o que eu faço. O que podemos fazer para transcender o que já é fato,

o que já é dado, o que já está pronto? E como podemos engajar outras pessoas como

agentes dessa transformação e não meros receptores da mudança ou da formação?

(Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

É a partir da trans-form-ação, grafia empregada pelo autor, numa esfera intra-

subjetiva que se dá a exteriorização das experiências individuais, as quais ganham novos

sentidos a partir da experiência do outro. E essa troca de experiências é um dos fatores mais

significativos da construção do sentimento de pertencimento e segurança proporcionado pelo

ambiente onde são partilhados.

É nessa fase intra-subjetiva, portanto, o momento em que o leitor encontra, na

experiência do outro, um convite à leitura de si mesmo e das suas singularidades. No

entanto, quando há uma redescoberta que a sua experiência de vida também tem

valor, ele precisa de uma comunidade, de um outro com quem possa compartilhar os

seus pensamentos, ideias e sentimentos, sem medo de ser julgado, afinal, reconhece

em si um ser de potencial e de valor. (CAVALCANTE JR, 2005, pp.15-16).

Após essa leitura de si e transformação intra-subjetiva, passa-se a fase de trans-form-

ação inter-subjetiva derivada da troca entre pessoas que comporão uma comunidade que

atenda aos requisitos básicos de: democracia, equidade, liberdade e empoderamento, num

ambiente sem julgamentos.

Antes de conceituar esse ambiente comunitário proporcionado pelo projeto para seus

integrantes, faz-se prudente explicar melhor os requisitos citados anteriormente. Assim, tem-

se que no caráter democrático todos os participantes têm o mesmo peso de importância,

independente de idade, gênero, raça, crença e afins. Todos devem se sentir entre iguais para

que sua experiência seja de fato transformadora e sem inibições. No equitativo, todos têm

talentos e conhecimentos que merecem ser compartilhados. O grupo deve ser heterogêneo ao

máximo e deve se reconhecer de mesmo valor nessa diferença, entre cada um de seus

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participantes. No libertador, a única regra é a de não julgamentos, livrando da opressão e

dessa forma permitindo a auto-expressão livre e desinibida. E por fim no empoderador, onde

as diferenças pessoais são engrandecedoras.

O conceito de empoderamento é dado por CAVALCANTE JR (2005) em tradução à

obra de Delgado-Gaiaten:

empoderamento é um processo de revelação dos potenciais de uma pessoa, através

da reflexão coletiva e diálogo contínuo, onde as diferenças cedem espaço para

propósitos e objetivos comuns – consequentemente, transformando vidas.

(DELGADO-GAIATAN apud CAVALCANTE JR, 2005, p.13 - tradução do autor).

Essa revelação de potenciais pessoais se daria então através do diálogo em um

ambiente proporcionado pelas outras características citadas nos parágrafos precedentes, onde

os participantes pudessem descobrir ou redescobrir suas habilidades. A comunidade é um

espaço ideal para essa descoberta por apresentar as condições propícias.

Cabe aqui discorrer um pouco sobre comunidade, conceito de profundo valor para o

projeto em estudo, prova disso é que o termo é um dos elementos que o nomeiam.

GÓIS (2005) traz os diversos sentidos que a palavra foi construindo ao longo do

tempo e a dificuldade de uma definição comum nos dias de hoje. Ela teria, entretanto, três

características básicas segundo estudos de Gil Lacruz, citado pelo autor, as quais seriam:

sentimento de pertença, participação na mesma cultura e vinculação a um território comum.

No caso da comunidade formada pela UFC, na figura de seus professores, temos o

território comum representado pela instituição da qual fazem parte, sendo que o projeto em

estudo busca motivar o desenvolvimento do sentimento de pertencimento a esse território

comum como um grupo, como ―moradores da mesma casa‖, além do compartilhamento das

culturas, das vivências de cada um dos envolvidos, pois muitos são de outros estados, tiveram

uma formação acadêmica diferente ou são de áreas distintas dos saberes que constroem a

Universidade. É com isso que se espera gerar um espírito comunitário.

A partir dessas considerações, compreendemos a comunidade como um lugar de

moradia, um ―hogar‖ social, de permanência estável e duradoura, de relação direta

(face a face) entre seus moradores, de crescimento e de proteção da individualidade

frente à natureza e à sociedade. Apresenta, como o município e a sociedade maior,

que exercem influências sobre ela, um processo social próprio cheio de contradições,

conflitos e interesses comuns, que servem como base à construção e orientação das

ações de seus moradores com relação ao próprio lugar, ao município onde se

encontra e ao conjunto da sociedade. (GÓIS, 2005, pp.61-62).

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É essa complexidade, em seus pontos divergentes e convergentes, que gera a riqueza

das trocas proporcionadas. É esse espaço que se estimulou construir para os docentes da UFC

neste processo.

A casa, tida como metáfora para a instituição da qual fazem parte os professores, é

esse lugar cheio de compartimentos e diferenças, mas que mesmo assim se mantém una. Os

compartimentos representariam, segundo Cavalcante Jr., os vários saberes que juntos

constituem a Universidade em seus diversos departamentos, institutos e campi.

BAUMAN (2003) acrescenta que ―a comunidade é um lugar ‗cálido‘, um lugar

confortável e aconchegante. É como um teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como

uma lareira diante da qual esquentamos as mãos num dia gelado.‖ Ela seria um lugar em que

seus habitantes se sentem bem, onde são de fato acolhidos. Essa necessidade de acolher os

professores que ingressavam na UFC, principalmente por conta da expansão proporcionada

pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

(Reuni) em 2009, foi um dos fatores que deram motivos ao projeto, segundo Custódio

Almeida. O Reuni é um programa que almeja ampliar o acesso e permanência de discentes às

universidades públicas. É sob sua contextualização e as mudanças que contribui a realizar que

se pensou o CASa. Quando da situação do projeto, abordar-se-á devidamente o programa e

sua política.

A comunidade permite, ainda, a segurança, a proteção de um grupo com objetivos

comuns, onde não residem julgamentos de certo ou errado, mas sim trocas de experiências e

motivações entre seus membros. Esta é a forma como o projeto CASa almeja que os docentes

se sintam na Universidade. Nesse sentimento de pertencimento, dentro de um ambiente que

lhes transmita a segurança e o aconchego. Onde possam dialogar sem receios de se expor.

Numa comunidade, todos nos entendemos bem, podemos confiar no que ouvimos,

estamos seguros a maior parte do tempo e raramente ficamos desconcertados ou

somos surpreendidos. Nunca somos estranhos entre nós.

[...]

Quem não gostaria de viver entre pessoas amigáveis e bem intencionadas nas quais

pudesse confiar e de cujas palavras e atos pudesse se apoiar? Para nós em particular

— que vivemos em tempos implacáveis, tempos de competição e de desprezo pelos

mais fracos [...] — a palavra ―comunidade‖ soa como música aos nossos ouvidos. O

que essa palavra evoca é tudo aquilo de que sentimos falta e de que precisamos para

viver seguros e confiantes. (BAUMAN, 2003, pp. 8-9).

A comunidade se constrói como ―casa‖, o lar onde podemos confiar nas pessoas que

nos cercam. Território livre de julgamentos, que proporciona engrandecimento para cada um

dos que dele fazem parte. Onde cada um, apesar de diferente do outro, pode se sentir

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construtor do espaço. ―Cada morador, numa comunidade, se vê e se sente como história,

interação, significado e sentido ao viver seu espaço físico-social [...] como um lugar que

ajudou a construir e onde vive até hoje‖, como ratifica GÓIS (2005).

Cavalcante Jr. indica a visão que tem do conceito no contexto do projeto, dessa forma,

o autor compreende comunidade como

um espaço coletivo, construído cooperativamente, onde o que é aprendido é

extremamente relevante e significativo para as minhas experiências pessoais e

profissionais e para aquilo que acredito ser importante como docente, como ser

humano. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

É nesse sentido de elaboração conjunta que passamos para o conceito de cooperação,

também presente na nomenclatura do projeto e que ao lado dos de comunidade e

aprendizagem significativa forma seu tripé de sustentação conceitual.

Cooperação que em uma de suas definições, abordada por FRANTZ (2001), é

―entendida como uma ação consciente e combinada entre indivíduos ou grupos associativos

com vista a um determinado fim.‖ Dessa forma, o resultado esperado da ação conjunta se dá a

partir da mediação entre seus participantes que buscam um determinado objetivo em comum,

ou seja, a soma de esforços alinhados dentro de uma mesma perspectiva é o que consolidaria

o produto final almejado, a partir da ajuda mútua prestada durante sua trajetória.

Assim pode-se ampliar a definição anterior tendo cooperação como

processo social, embasado em relações associativas, na interação humana, pela qual

um grupo de pessoas busca encontrar respostas e soluções para seus problemas

comuns, realizar objetivos comuns, busca produzir resultados, através de

empreendimentos coletivos com interesses comuns. (FRANTZ, 2001, p.242).

No CASa tem-se que os objetivos comuns, de trocas de experiências buscando

formação continuada e permanente dos profissionais da Educação Superior, são mediados

com a cooperação entre os docentes em Estágio Probatório. Essa pode ser compreendida a

partir da estruturação do projeto em seu início quando não se tinham formatos fechados de

como se dariam os trajetos da iniciativa de formação docente recém almejada e em vias de

construção. Apenas a partir do diálogo entre os dois professores convidados para coordenar o

projeto e os demais colegas, todos recém-ingressos, que se pôde conjecturar as ações a serem

implementadas.

Esperava-se que agindo cooperativamente os integrantes do projeto possam ampliar e

aprofundar os laços que os identificam como membros da comunidade UFC em sua vivência

diária de labuta acadêmica e relacionamento com demais professores, alunos e equipe técnica.

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PALMERI & BRANCO (2004) apontam esse retorno positivo das ações cooperativas:

―A vivência de situações cooperativas pode favorecer a expressão de comportamentos de

natureza pró-social, conduzindo o indivíduo a se relacionar positivamente em relação às

necessidades e bem-estar de outras pessoas‖. Essa possibilitada serviria para potencializar as

características da comunidade onde estão imersos os ―moradores‖ da casa, reforçando-as.

Educação e cooperação estão profundamente relacionadas e suas interlocuções são

claras. Quando se age cooperativamente, permite-se a troca de conhecimentos, métodos e

técnicas em um processo educativo. Do mesmo modo, quando se está ensinado há o diálogo

entre as partes em um processo cooperativo. Como resume FRANTZ (2001): ―Na prática

cooperativa, para além de seus propósitos e interesses específicos, produz-se conhecimento,

educação e aprendizagem; na prática educativa como processo complexo de relações

humanas, encontra-se cooperação.‖

O autor acrescenta ainda que é no diálogo, exercido para que se exista cooperação, que

a comunhão entre os saberes se consolida:

A organização da cooperação, em seus aspectos práticos, exige de seus sujeitos e

atores uma comunicação de interesses, de objetivos e práticas, a respeito do qual

precisam falar, argumentar e decidir. Nesse processo de interlocução de saberes de

cada associado, os dois fenômenos se relacionam, entrelaçam-se e se potencializam

como práticas sociais específicas. Assim, no diálogo da cooperação, cumpre-se a

educação, fundada no processo de construção e reconstrução dos diferentes saberes

daqueles que participam da organização e das práticas cooperativas. (FRANTZ,

2001, pp.243-244).

O convívio em comunidade permite a mediação entre os atores envolvidos nas trocas

cooperativas e de experiências. É na riqueza da experimentação partilhada que se fortalece o

terceiro pilar de sustentação do projeto: a aprendizagem significativa.

Experiência é entendida por DEWEY (1978) como ―uma fase da natureza, é uma

forma de interação, pela qual os dois elementos que nela entram – situação e agente – são

modificados.‖ Ela não poderia ser identificada como algo meramente passageiro, transitório,

que apenas aconteceu e faz parte de um passado sem reflexos futuros. Mas sim como algo que

foi significativo e capaz de gerar mudanças na forma de encarar os agentes envoltos na

situação.

O autor traz uma metáfora que ilustra bem essas interações entre atores, os quais

podem ser diversos na combinação entre agentes e situações, e as novas construções

produzidas pela experiência. Na metáfora citada, a relação mantida com uma árvore, que a

priori seria apenas de campo visual, transforma-se quando se permite conhecer outros

aspectos proporcionados pela experimentação. Tornando-a significativa para os envolvidos.

Page 46: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

46

A árvore que era apenas objeto de minha experiência visual passa a existir de modo

diverso, se entre mim e ela outras experiências se processarem, pelas quais eu a

venha conhecer em outros aspectos: úteis, medicinais, de resistência, etc. Depois

dessas experiências, eu e a árvore somos alguma coisa diferente do que éramos

antes. Existimos de modo diverso um para o outro. Houve, através daquelas

experiências, uma transformação que irá permitir alterar, sob certo aspecto, o mundo

em que vivo. (DEWEY, 1978, p.14).

A própria educação, para o autor, seria o processo de trocas significativas que

permeiam as interfaces entre sujeitos, ambientes e situações vividas. Ela é compreendida

como ―o processo de reconstrução e reorganização da experiência, pelo qual lhe percebemos

mais agudamente o sentido, e com isso nos habituamos a melhor dirigir o curso de nossas

experiências futuras‖.

Cavalcante Jr. ressalta a importância do significativo para o envolvimento dos

professores no CASa. O coordenador explica as motivações que guiam cada fase de

desenvolvimento na busca da aprendizagem humana.

O ―querer‖ é o que norteia o desenvolvimento do adulto, do ser humano adulto.

Como crianças nós somos extremamente sensoriais, estamos presos ao

desenvolvimento dos nossos sentidos. Como adolescentes nós estamos presos ao

pensamento, ao aprendizado do ―por que‖ e querer justificativas. E como adulto eu

preciso querer. Eu preciso querer aprender, eu preciso querer transformar, eu preciso

querer fazer uma Universidade diferente. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

É a motivação pessoal que permite uma integração aos objetivos de formação ou,

como diz Cavalcante Jr, de trans-form-ação, dentro do processo de tornar-se docente

universitário. Querer fazer parte dessa trajetória como sujeito construtor e não apenas como

receptor de informações de outrem.

O CASa possui um caráter obrigatório por ser requerimento quando do ingresso do

professor à Universidade e por esse motivo acaba sendo criada uma barreira a priori por parte

dos docentes. Tendo em vista a sua motivação ser em exercer sua livre escolha, a vontade de

realizar determinadas ações. A obrigatoriedade não é bem aceita e para diminuir essa aversão,

o projeto oferece uma rede de possibilidades aos docentes, visando reduzir os efeitos da

obrigatoriedade quando se têm várias opções de escolha. As diversas opções de atividades

terão destaque no capítulo seguinte.

Numa visão do que se pratica em sala de aula, segundo SMOLE (2002), a perspectiva

atual de ensino assemelha-se em muito as do início do século passado, com abordagens que

atuam metodologicamente nas diretrizes de exposição, exercitação e comprovação. Sendo os

assuntos ministrados regidos por um material didático que se impõe como método de

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transmissão de inúmeras informações, sem levar em conta um aprendizado que seja

significativo para o aluno. Criamos então categorizações como as do atrasado, do excluído, do

imaturo e do carente de pré-requisitos para estar naquele grupo. Nessa busca por uma

homogeneidade de seres tão diferentes individualmente acabamos que por nos distanciar de

uma formação para a cidadania e ainda mais de uma aprendizagem significativa. Foge-se do

não-julgamento, da liberdade de se expressar, da igualdade, atributos fundamentais para o

bom desenvolvimento e troca de sentidos entre as partes.

Porém, para que se percebam mudanças de fato nas salas de aula, faz-se necessário

conscientizar o professor, sujeito que está à frente nesse processo mediador. Precisa-se

transformá-lo, ―agir para além de quem já está formado‖. É fundamental que ele descubra

para si o que é significativo. E, a partir da sua transformação, o reflexo poderá ser

concretizado no ambiente educativo de diálogo com seus alunos.

O que é significativo para uma pessoa gerará nela o desejo de querer algo e a motivará

para o ―fazer‖ diferente. É por esse fator que a aprendizagem tida como significativa ganha

destaque como fundamento do projeto CASa. E para que ela de fato ocorra, faz-se necessário

a compreensão e a correlação de cada um dos significados envolvidos no processo cotidiano

de formação, que vai além do ambiente de sala de aula onde se é aluno ou professor, mas que

se expande pelas situações vividas, partilhadas ou idealizadas.

SMOLE (2002) complementa: ―Os conteúdos da escola devem servir para desenvolver

novas formas de compreender e interpretar a realidade, questionar, discordar, propor soluções,

tornar-nos leitores reflexivos do mundo que nos rodeia‖, entretanto, não apenas os conteúdos

da sala de aula como lugar formal de aprendizado, mas no convívio com outros professores e

alunos, bem como em espaços informais. O ambiente que nos rodeia deve ser questionado e

lido para que eu me entenda como integrante de sua complexidade. Essa perspectiva é

abordada por Bernadete Porto, em entrevista realizada em 29 de setembro de 2011, quando a

coordenadora da área de Didática do projeto CASa discorre sobre a importância de se

conhecer e entender a cultura universitária da qual se faz parte pelos docentes que iniciam sua

jornada na instituição.

Eu não acredito num processo didático, pedagógico, formativo que não inclua o

sujeito na cultura. Não é educativo ao extremo se você exclui ele dessa cultura.

Então, para eu ser uma boa professora na Faculdade de Educação eu tenho que

entender a UFC um pouco mais, de forma mais ampla. Não adianta só eu ficar aqui.

Então esse contingente, acima de tudo, nos provava de que eles precisavam ser

incluídos e não ser uma coisa assim artificial, rotineira, por cumprimento de carga

horária. Cumprir 64 horas era muito fácil, mas entender UFC, 200 ao mesmo tempo,

é muito difícil. (Entrevista Bernadete Porto, 2011).

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Por sua vez, José Manuel Moran, em entrevista concedida ao portal Escola Conectada

em 2008, reforça o papel desse tipo de aprendizagem nos cunhos pessoais e profissionais. O

autor coloca que: ―Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses

fruto de descobertas. [...] Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar.

Só a aprendizagem viva e motivadora ajuda a progredir‖. Esse progresso é a meta

conciliadora de perspectivas do CASa enquanto projeto de formação docente. E é através da

aprendizagem significativa, aquela que se pode resumir como a que possibilita aos envolvidos

aprenderem por diversos caminhos, de forma colaborativa, permitindo o desenvolvimento ou

aprimoramento de competências e habilidades, que se busca concretizar o enlace da

comunidade UFC.

Cavalcante Jr. conclui o pensamento desenvolvido até este ponto com a explanação do

tripé que daria suporte ao projeto, mesclando os conceitos de comunidade, cooperação e

aprendizagem significativa num processo dialógico.

Construindo nosso tripé conceitual nós temos no centro: a cooperação, [...] a

construção da casa é um processo cooperativo, e cooperativo compreendido como

co-operação, a operação com; então, nós [...] não fazemos para os professores, nós

fazemos o projeto com os professores. [...] A experiência, a compreensão de que a

experiência vivida por cada um de nós é uma bagagem que nós trazemos e que está

disponível para ser compartilhada com outros; a dialogicidade, conversando com,

dialogando com os colegas nós temos a oportunidade de compartilhar saberes e

construir novos meios juntos; e o terceiro ponto de apoio é a formatividade, é a

criação, nós esperamos que essa experiência dialogada promova novas criações,

novas poiesis, novas construções coletivas. E daí surgiu o nome: CASa. Uma sigla

que significa: ―C‖, Comunidade; ―C‖ de Cooperação; ―A‖ Aprendizagem;

―S‖ignificativa. Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa.

(Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Entendidos, em linhas gerais, os conceitos que corroboram para a compreensão do

CASa enquanto projeto de formação docente, segue-se para a sua estruturação organizacional.

Passar-se-á à compreensão de seus objetivos, participantes e resultados para possibilitar o

entendimento, no capítulo seguinte, de suas coordenações e formas de ação, para por fim

especificar sua estrutura comunicativa e alcançar o papel radiofônico nessa conjectura.

3.3.1 CASa: espaços, pessoas e disposição

O projeto Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa é uma iniciativa

da Pró-Reitoria de Graduação da UFC que visa à formação docente dos professores recém-

concursados da instituição, substituindo as iniciativas anteriores nas figuras da disciplina de

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Didática da Formação Docente e da Rede de Valorização do Ensino Superior, as quais

possuíam uma característica pautada no cunho instrutivista, sem, entretanto, excluir os

avanços e possibilidades geradas por ambas, mas sim incorporando novas perspectivas de

atuação com os docentes que chegam à vida universitária da IES, como já citado

anteriormente.

A característica instrutivista reside no formato adotado onde um mediador se destaca

do restante do grupo para transmitir seus conhecimentos. Seria uma ―aula de como dar aula‖,

fugir-se-ia da perspectiva dialógica de construir juntos o saber necessário. Como cita

Bernadete Porto, o conjunto de professores que ingressa na Universidade possui

características e experiências distintas, é um grupo heterogêneo. E é essa diferença que pode

contribuir para a partilha e ampliação de suas possibilidades na vida acadêmica e pessoal.

Concepção instrutiva no sentido de que nós partimos do princípio de que os

professores precisam ser instruídos numa formação didática para dar aula, mas a

gente sabe que esse grupo que entra no Ensino Superior ele é bastante heterogêneo,

uns precisam [...] de ensinamentos mais elementares, outros precisam menos.

Inclusive entram doutores em Educação, mestres em Educação ou pessoas mesmo

com larga experiência no ensino, já tendo dito essa formação em outros lugares.

Como é que eu ia partir do princípio de que todos não sabiam nada? Nós

começamos a construir o CASa, em contraposição a essas duas concepções que

eram mais instrutivas, partindo do princípio de que nós, que esse grupo era bastante

heterogêneo e que todo mundo saberia alguma coisa sobre o Ensino Superior.

(Entrevista Bernadete Porto, 2011).

O CASa surge com essa abordagem de que os profissionais que chegam à

Universidade não são tabulas rasas, mas possuem experiências em outros ambientes, possuem

diferenças em suas formas de pensar a docência, pensar a relação com os estudantes, que

merecem ser divididas com o restante do grupo que forma o corpo de professores da UFC,

num ambiente que seja propício para tal. Onde possam se sentir seguros para se expressar.

Essa necessidade de criação de tal lugar foi um dos motivadores da concretização do projeto.

Outro fator motivador foi o ingresso de grande contingente de professores por conta

do Reuni. Em 2009 foram 232 novos profissionais para as salas de aula da UFC, alcançando

mais de 800 em 2011, segundo dados do anuário estatístico da instituição e dados da

coordenação do projeto CASa.

Eles precisavam ser recebidos e recebidos de maneira que se sentissem parte da

Universidade, sentissem a si como construtores desse lugar, parte de uma comunidade com

objetivos comuns. Juntos pensando na docência universitária. Como traz FREIRE (1996):

―Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica

sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a

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próxima prática‖. Esse era o papel do projeto, permitir um espaço onde as ideias de docência

pudessem ser discutidas, refletidas e aprimoradas, pois há tarefas que são possíveis de se

realizar sozinho, mas outras requerem a comunidade para se fazerem cumprir. A comunidade

gera novas visões acerca de algo posto em debate, visões que acrescentam algo a visão

individual e que podem apontar para soluções difíceis de alcançar num pensamento reflexivo

solitário.

Para compreender o contexto propiciador da iniciativa da Prograd-UFC, têm-se em

2009 os reflexos da política do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão

das Universidades Federais (Reuni), o qual possui como principal objetivo o de ampliar o

acesso e a permanência dos estudantes na Educação Superior, para tanto havia a necessidade

de um conjunto de medidas a serem tomadas para melhoras as condições das IES federais e

assim alcançar essa meta, dentre elas se encontrava a renovação e ampliação do quadro

docente. Motivo explicativo do crescente número de professores recém-contratados em 2009.

Com o Reuni, o governo federal adotou uma série de medidas para retomar o

crescimento do ensino superior público, criando condições para que as universidades

federais promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de

educação superior. Os efeitos da iniciativa podem ser percebidos pelos expressivos

números da expansão, iniciada em 2003 e com previsão de conclusão até 2012.

(BRASIL: MEC, 2010).

Segundo dados do relatório de resultados do primeiro ano de aplicação do Reuni, as 53

instituições federais que aderiram ao programa haviam planejado uma soma de 3.459 cargos a

serem ocupados por docentes e pessoal técnico-administrativo. Seriam 1.821 vagas destinadas

diretamente para renovar e ampliar os quadros de professores, tendo como resultado prático a

efetivação de 1.560 desses cargos. Em 2009 esses números cresceram e possibilitaram um

ambiente propício para a aplicação de uma nova estrutura de preparação desses profissionais

para a sala de aula. É nesse contexto que nasce o CASa.

O Projeto CASa, ele nasce no contexto de expansão da Universidade, o que significa

a chegada de muitos docentes. Hoje vinculados ao Projeto CASa a gente já tem uma

conta que ultrapassa 800 professores por conta dos programas de expansão,

especialmente do Reuni. E aí essa necessidade de acolher o professor e de mostrar

que a docência é uma formação permanente ficou claríssima. (Entrevista Custódio

Almeida, 2011).

A parir da fala do Pró-Reitor de graduação da UFC, percebe-se a necessidade de

acolhimento desses docentes e seu preparo para a realidade da Universidade, contudo não

seguindo uma corrente instrutivista como vinha sendo comumente empregada e sim

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buscando, na reunião de saberes, a discussão e problematização das questões do ensino. O

projeto incentiva que o professor encontre as suas fragilidades e busque superá-las a partir do

diálogo com seus colegas de vários departamentos e cursos, em sua heterogeneidade de

experiências e áreas de formação.

Dessa forma, em definição o projeto CASa é uma rede de cooperação, segundo o

entendimento de Bernadete Porto. Ele busca reunir os docentes para a formatação e execução

de uma comunidade de aprendizagem. Busca proporcionar-lhes a possibilidade de aprender,

descobrir e re-significar o que é a Universidade Federal do Ceará. Cavalcante Jr. acrescenta

que o projeto

é uma desconstrução de um modelo que poderíamos chamar hierárquico de que os

mais velhos fazem para os mais novos. Essa já foi uma mudança de colegas em

estágio com outros colegas em estágio vão construir um projeto cuja finalidade, cujo

modelo final, é inexistente. (Entrevista Cavalcante Jr., 2011).

A imprevisibilidade é outro fator presente em sua constituição. Os caminhos seguidos

dependem diretamente da participação, do pensamento e do sentimento de cada um dos

envolvidos. Quando da estruturação do que viria a ser essa iniciativa de formação docente,

não havia uma fórmula pronta. Existia o convite à construção conjunta. Os participantes eram

os responsáveis pelo direcionamento das ações. Entretanto, por ser uma experiência diferente

do que se fazia anteriormente, em ciclos de palestras, por exemplo, essa construção conjunta

do projeto foi incorporada com estranhamento, a priori, pelos docentes recém-concursados.

O ano de 2009 serviu então como base para as ações de 2010 e assim por diante. A

ampliação das linhas de ações, das redes de relações e das necessidades comunicativas foi se

dando a partir da conscientização das oportunidades e problemas que foram surgindo no

trajeto. E esse formato não acabado de organização foi percebido com estranhamento pelos

professores, como cita Bernadete Porto:

Nós não concebemos o CASa na nossa cabeça e implantamos o CASa, nós fomos

construindo o CASa com os professores. E isso foi difícil de aceitar, dos professores

aceitarem no começo. De que eles é que iam sinalizar como é que seria o CASa. No

fundo foi assim. No primeiro ano funcionou muito como um elemento de

diagnóstico dessa realidade, quem eram esses professores que estavam chegando e o

que eles prestavam atenção na UFC como emblemático e a partir disso foi que nós

fomos reestruturando o segundo ano e o terceiro ano. (Entrevista Bernadete Porto,

2011).

Essa característica é própria da aprendizagem em rede, como explica a coordenadora.

―O professor não se forma sozinho‖. As possibilidades de haverem várias lideranças em

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diversos momentos geram o contato com novas metodologias, novas formas de se encarar

uma situação-problema dada.

O CASa tem então seu início em maio de 2009, sob a coordenação, inicialmente, de

Cavalcante Jr. e Bernadete Porto, tendo ainda a Prograd-UFC, na figura de Custódio Almeida,

como articuladora das ações e espaços.

Com a finalidade de reunir saberes para a formação docente conjunta e continuada, o

projeto ganha forças ao longo destes três anos de atuação. Como descreve Cavalcante Jr.:

É essa a finalidade maior da CASa, Comunidade de Cooperação e Aprendizagem

Significativa, aquilo que eu sei, a experiência que eu trago pode ser útil pra você e

vamos juntos construir algo novo dentro da Universidade. (Entrevista Cavalcante Jr,

2011).

CAVALCANTE JR & PORTO (2010) acrescentam ainda os fatores responsáveis pela

construção dos resultados do projeto ao longo desses anos. Processo construído a partir da

relação entre seus participantes no compartilhamento das experiências e internalização de

novas metodologias e técnicas que considerem significativas para seu aprendizado.

A concepção da CASa alinha-se com a proposta de renovação e de criação

cooperativa de novas e de antigas metodologias e tecnologias de ensino na Educação

Superior. Trata-se de um processo de construção cooperativa e significativa de

desenvolvimento humano e pedagógico, com caráter contínuo, dialógico e

formativo; envolve docentes e discentes, novatos e veteranos, visando ao

desenvolvimento comum do Ensino Superior nesta Universidade. (CAVALCANTE

JR & PORTO, 2010).

Importante destacar que a reflexão da atividade acadêmica de ensino é um dos motores

que movem a trajetória da iniciativa. GIOVANNI (2000) traz os estudos de Dewey sobre a

reflexão como dois momentos, num primeiro instante há a dúvida, hesitação, dificuldades que

propiciem o ato de pensar e num segundo momento surge a pesquisa, a procura, a busca por

algo que solucione e esclareça a perplexidade.

Assim definem reflexão, de um lado, o processo básico de indagação,

problematização e interrogação de práticas, situações, acontecimentos, informações,

experiências, textos e, de outro lado, estudo e o processo de busca de conhecimento.

(GIOVANNI, 2000, p.52).

A prática reflexiva estaria na base para a partilha de conhecimentos em comunidade de

cooperação, a partir das trocas do grupo se poderiam transpor as etapas elencadas por Dewey

e alcançar os dois lados que definem a reflexão de Giovanni.

Page 53: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

53

À própria natureza gramatical do ensinar, que é gramaticalmente classificado como

transitivo relativo, tendo em vista que, quando do ato de ensinar, ensina-se algo a alguém,

acrescento esse caráter reflexivo, pois, tendo em vista a obra de Paulo Freire, o ato de ensinar

é estar aprendendo, bem como o de aprender é estar ensinando. Soma-se o caráter reflexivo no

sentido de dupla via ensino-aprendizado, mas também no sentido filosófico de reflexão, de

tempo para deixar o conhecimento decantar, permitir que essa nova informação que chega

possa ter tempo para mexer com minha forma de encará-la, possa fazer pensar para, por

conseguinte, internalizá-la e torná-la apreendida e aprendida. O verbo ensinar se comportaria

como transitivo relativo-reflexivo. O CASa estaria dando suporte a essa reflexão verbal.

Entendidos os objetivos do projeto, passar-se-á para a identificação dos atores que o

constituem e a estruturação de suas ações.

Com as informações obtidas no portal do CASa, na área reservada à produção e

reflexão da docência no Ensino Superior, pôde-se extrair o desenho da participação dos

sujeitos dentro da perspectiva do projeto:

Professores e estudantes, juntos, redescobrem a originalidade da educação, do

ensinar e do aprender vivenciado; de redesenhar a função primária do educador e o

sentido particular da escolarização para aqueles que fazem a Universidade. Sob a

inspiração de promover a manifestação cooperativa dessa realidade de formação

trabalhamos numa perspectiva em que professores e estudantes são protagonistas no

processo de aprendizagem, ambos como investigadores da cultura, transformadores

dos seus contextos, partícipes da sociedade, arquitetos dos sonhos, acolhedores de

existências; uma postura, afinal, espelhada no legado de Paulo Freire (1983), que se

traduz na simplicidade da vida, na riqueza da solidariedade que tece e se tece no

fluxo vivido, com os problemas e as questões advindas das nossas ações e das

nossas reflexões acerca do fazer cotidiano para a transformação do mundo.

(CAVALCANTE JR & PORTO, 2010).

Quanto à participação dos alunos, os coordenadores a avaliam como engrandecedora

pessoal e profissionalmente, apesar de assumir que ainda há uma dívida com essa

aproximação discente-docente dentro do projeto. Inicialmente, almejava-se incluir os

estudantes vinculados ao programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis da

UFC (COFAC) e os do Programas de Educação Tutorial (PETs) às atividades, entretanto,

tendo em vista as dificuldades de conciliação entre disponibilidade de horários da graduação e

docência, não foi possível concretizar esse desejo. Com a aprovação de bolsas de graduação

para o projeto, os estudantes puderam se incluir em determinadas funções e a troca de saberes

entre estes e os professores responsáveis por sua área de atuação são elogiadas em todas as

entrevistas realizadas com os responsáveis diretos pelo CASa. Há a constatação de que o

contato com esses alunos proporcionava ricos momentos de descobertas e aprendizados.

Page 54: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

54

Outra comprovação disso se dá com a produção acadêmica inspirada nas atividades

desenvolvidas nas bolsas. Assim, além do trabalho técnico, os bolsistas refletem criticamente

sua atuação em eventos como os Encontros Universitários da UFC (EU), tendo a

oportunidade de trocar essas experiências com colegas de outros cursos e projetos. Nos EU-

2010 foram apresentados 3 trabalhos por bolsistas do CASa, mesmo número de apresentações

da edição de 2011. As tabelas a seguir os identificam:

Tabela 1: Trabalhos apresentados por bolsistas do CASa nos Encontros Universitários de 2010

TÍTULO DO

TRABALHO

AUTOR

PRINCIPAL

CO-

AUTOR(ES) ORIENTADOR

ENCONTRO

ONDE FOI

APRESENTADO

TIPO DE

APRESENTAÇÃO

Os encontros

presenciais do

CASa e sua

importância no

processo de

formação docente

José

Wellington

Silva dos Reis

Mariana

Freire Pinho

Leitão e Caio

Albuquerque

Melo

Bernadete de

Souza Porto

EU-2010

IV Encontro de

Práticas Docentes

Apresentação Pôster

Desafios da

virtualidade no

projeto CASa

Caio

Albuquerque

Melo

-- --

EU-2010

XIX Encontro de

Iniciação à

Docência

Apresentação Pôster

O breviário: o

papel da

comunicação na

construção da

Comunidade de

Cooperação e

Aprendizagem

Significativa

(CASa)

Mariana

Freire Pinho

Leitão

-- --

EU-2010

XIX Encontro de

Iniciação à

Docência

Apresentação Pôster

Fonte: tabela construída a partir dos dados obtidos na Programação Oficial dos Encontros Universitários 2010.

Tabela 2: Trabalhos apresentados por bolsistas do CASa nos Encontros Universitários de 2011

TÍTULO DO

TRABALHO

AUTOR

PRINCIPAL

CO-

AUTOR(ES)

ORIENTADOR ENCONTRO

ONDE FOI

APRESENTADO

TIPO DE

APRESENTAÇÃO

Comunicação

(in)terna no

projeto CASa

Márcio

Moreira dos

Santos Filho

Jéssica de

Souza

Carneiro

Francisco Silva

Cavalcante

Junior

EU-2011

I Encontro de

Monitoria de

Projetos da

Graduação

Apresentação Pôster

Page 55: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

55

Integração das

redes sociais ao

portal do projeto

CASa

Lucas Rafael

Pinheiro

Lopes

-- Ismael Bezerra

Furtado

EU-2011

I Encontro de

Monitoria de

Projetos da

Graduação

Apresentação Pôster

O programa de

formação docente

da UFC e os

bolsistas do CASa

Aberta

Paulo Roberto

Teixeira de

Araujo

Caroline

Brito

Andrea Pinheiro

Paiva Cavalcante

EU-2011

I Encontro de

Monitoria de

Projetos da

Graduação

Apresentação Pôster

Fonte: tabela construída a partir dos dados obtidos no site oficial do evento

(http://www.prppg.ufc.br/eu2011.ufc.br).

Custódio Almeida ratifica a dimensão ainda deficitária da participação dos estudantes:

o Projeto CASa foi desenhado inicialmente para ser interlocução dos professores

entre si e dos professores com os estudantes. Isso terminou não acontecendo nessa

segunda dimensão porque nós imaginamos que nas reuniões presenciais do Projeto

CASa, nas Ambiências Temáticas, os estudantes vinculados à Aprendizagem

Cooperativa, ao PET, fossem os estudantes que estavam mais aptos. No entanto, por

questões operacionais, ou seja, o choque de horário, as aulas que os estudantes

estavam tendo, o horário de se reunir, a gente terminou na conseguindo a

participação efetiva dos estudantes, mas a gente sabia que num processo que o

professor quer se manter sensibilizado na relação com o aluno, na relação ensino-

aprendizagem, a participação do estudante seria fundamental para dar elementos e

feedbacks para os professores analisarem. Então isso ainda é uma dívida operacional

que a gente tem que sanar, ou seja, como fazer com que os estudantes possam

participar efetivamente da maioria das atividades. (Entrevista Custódio Almeida,

2011).

Cavalcante Jr., por sua vez, também discorre sobre as aprendizagens possibilitadas

pelo trabalho em parceria docente-discente. As visões diferentes do processo de realização das

atividades do CASa somados às vivências de cada um dos atores dialógicos permite o

engrandecimento mútuo.

É fantástico trabalhar com novas mentes, novos saberes. Ele vem nos inquietar.

Basicamente ele vem nos provocar. [...] E é uma aprendizagem diária pra mim,

como coordenador desta área, ver que os estudantes podem ser professores no

Projeto CASa. Nós podemos aprender com eles. E a cada ano nós temos a seleção de

novos estudantes, então nós estamos nos renovando anualmente. [...] São

importantes quando estão presentes nos grupos porque eles levam a realidade da sala

de aula e desvelam essa realidade, compartilham essa realidade nas rodas, sejam das

Ambiências Temáticas, ou das Rodas de Conversa e mostram um outro olhar que, às

vezes, nós professores não temos. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Os docentes participantes recebem denominações diferenciadas dependendo do

envolvimento deles com o projeto. Assim, os habitantes são ocupantes de longo prazo,

Page 56: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

56

representados pelos professores recém-concursados em Estágio Probatório e os estudantes

vinculados ao programa de aprendizagem colaborativa e educação tutorial; os residentes são

ocupantes temporários, representados por estudantes bolsistas da graduação ou do programa

de mestrado e de doutorado, os quais aderem ao projeto voluntariamente; e os visitantes que

são ocupantes passageiros, na figura dos professores veteranos que frequentam as atividades

voluntariamente.

As linhas de ações do projeto acabaram se dividindo em duas correntes após verificar

que a Comunicação era fundamental para o bom desenvolvimento das atividades, pois muitos

professores reclamavam que não tomavam conhecimento de determinada atividade e por este

motivo não participavam. Demonstrando a adaptabilidade e construção progressiva,

características do CASa desde sua idealização.

Nós vimos que a Comunicação era um problema central para viver dentro dessa

Universidade. A gente mandava correspondência o professor não recebia, os

endereços às vezes eram defasados... [...] a gente tinha problemas de comunicação

terríveis. E foi aí que nós decidimos investir na comunicação. Começou o

jornalzinho, o breviário, depois para o CASa Aberta, depois a criação do portal e aí

foi crescendo tanto a equipe, a equipe foi ficando maior, como o contingente de

professores. Aí nós nos dividimos numa coordenação de formação docente, [...] e

uma de comunicação. (Entrevista Bernadete Porto, 2011).

A comunicação vista não apenas com uma função de divulgação da informação, mas

como fator importante do processo formativo, ou como colocaria Cavalcante Jr.

transformativo. No final do capítulo precedente evidenciou-se essa proximidade que DEWEY

(1978) confirma:

Ora, comunicação é educação. Nada se comunica sem que os dois agentes em

comunicação – o que recebe e o que comunica – se mudem ou se transformem de

certo modo. Quem recebe a comunicação tem uma nova experiência que lhe

transforma a própria natureza. Quem a comunica, por sua vez, se muda e se

transforma no esforço para formular a sua própria experiência. Há assim uma troca,

um mútuo dar e receber. (DEWEY, 1978, p.19).

Assim, tendo como ponto de partida essa necessidade de atenção à comunicação como

igual participante da formação docente, a professora Bernadete Porto tornou-se a responsável

pela coordenação de Formação Docente na amplitude de suas ações: Ambiências Temáticas,

Seminários Temáticos, Mentores de Docência, disciplina de Didática e o projeto dos Ateliês

de Ensino; enquanto Cavalcante Jr. responde pela área de Comunicação e Aprendizagem

Significativa, trabalhando diretamente com as coordenações das atividades desenvolvidas,

sendo assim, incluem-se nessa ambiência: Rodas de Conversa, Formação DTICs, CASas de

Page 57: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

57

Filosofia, de Artes, de Religião e proposta do CASa de Ciências, além do Breviário, portal,

redes sociais, rádio e proposta para tevê.

Nos próximos capítulos ocupar-se-á com a estruturação relativa às coordenações de

formação docente e comunicação e aprendizagem, bem como os resultados percebidos por

suas ações. Introduzir-se-á então os primeiros passos dados pelo CASa Aberta em sua

idealização e aplicação para no capítulo posterior analisar os dados levantados acerca do

programa.

Page 58: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

58

4. Coordenação de Formação Docente: linha de ações

Neste capítulo será apresentada a Coordenação de Formação Docente do Projeto

CASa e suas linhas de ações, compreendendo, dessa forma, como se organizaram as

atividades ofertadas aos professores em Estágio Probatório.

A linha de formação docente do projeto CASa é coordenada pela professora Bernadete

Porto e, mais recentemente, ganhou a parceria da professora Ana Paula Medeiros, ambas da

Faculdade de Educação da UFC. Como citado anteriormente, essa linha busca trabalhar com a

área específica de formação docente, atuando nas atividades de: Ambiências Temáticas,

Seminários Temáticos, Mentores de Docência, disciplina de Didática e mais recentemente o

projeto dos Ateliês de Ensino.

As várias opções de ações se caracterizam como alternativas à obrigatoriedade. Dessa

forma, mesmo tendo uma necessidade de cumprimento de carga horária, essa se dilui em

atividades que podem ser escolhidas livremente por grau de interesse e afinidade dos

participantes.

De fato esses docentes eles são obrigados a estar no Projeto CASa, mas o nosso

interesse é que isso, o que é obrigatório, se transforme num convite e de um convite

numa necessidade; e de uma necessidade, um desafio. Fazer esse trânsito, porque

uma atividade obrigatória ela não assume o voluntariado. Eu não estou lá porque eu

quero. Eu entendo que na formação docente, como em qualquer processo de

desenvolvimento humano, o voluntariado é essencial. Eu querer mudar, eu querer

estar ali, eu querer refletir sobre o que eu faço. Não tem como trabalhar, para mim, o

desenvolvimento da docência sem que esse desejo, individual e coletivo, e esses

desafios sejam assumidos pelo sujeito que está sendo ―formado‖, entre aspas. Então,

como é obrigatório, a gente pensou na rede de cooperação para poder fomentar o

voluntariado, quer dizer, você tem aqui um leque de atividades obrigatórias, então

dentro de uma obrigatoriedade você escolhe onde você quer estar. (Entrevista

Bernadete Porto, 2011).

Para que se possa compreender a amplitude de ofertas de atuação dentro do projeto,

cada uma será apresentada nos tópicos que seguem.

Page 59: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

59

4.1 Ambiências Temáticas (ATs)

As Ambiências Temáticas (ATs) surgiram a partir das necessidades encontradas entre

os recém-concursados de discutir temas relacionados aos seus interesses docentes. A partir

das 64 horas de formação docente obrigatórias para o Estágio Probatório, 28 delas têm de ser

cumpridas nesse tipo de encontro.

Juntos, em um espaço arborizado e propício ao encontro pessoa-a-pessoa,

professores e estudantes dialogam, compartilham e criam. As suas criações, no

projeto CASa, são denominadas de Ambiências Temáticas, um espaço preparado

para gerar um meio físico e estético (ou psicológico) próprio para o exercício de

atividades humanas, dividido em temas de interesses comuns que são criados e/ou

escolhidos por seus integrantes. Cada Ambiência Temática promove, com

periodicidade mensal, outros encontros presenciais abertos a toda comunidade

acadêmica e, para além dos seus muros, está aberto à participação de outros

interessados nos temas em debate. Potencialmente, cada Ambiência Temática tem à

sua disposição uma ferramenta de encontro virtual diário, por intermédio da

Plataforma Virtual Sócrates, com a utilização de chats, fóruns, e-mails e

armazenamento de dados. (CAVALCANTE JR & PORTO, 2010).

Os encontros virtuais proporcionados pela plataforma Sócrates acabaram não sendo

muito eficazes pelas limitações da ferramenta, na secção destinada à comunicação do projeto

será melhor explicado o ambiente virtual e suas dificuldades.

Esse tipo de ação se estruturou nas reuniões ocorridas na Casa José de Alencar, em

Messejana, local onde ocorrem a maioria dos encontros presenciais do CASa realizados em

Fortaleza, tendo em vista que o projeto também atende aos campi de Sobral e do Cariri.

Cavalcante Jr. comenta como isso se deu:

E juntos, quando chegarem professores, numa sala da Casa José de Alencar, onde

nós trabalhamos com o Projeto CASa, nós criamos um espaço de compartilhamento,

―quem são vocês?‖, ―o que você traz para cá?‖, ―o que você quer construir nessa

Universidade?‖ e ―o que você pode construir com outros colegas?‖ E aí surgiram as

chamadas Ambiências Temáticas, que são comunidades de prática, tematizadas,

onde pessoas de diferentes saberes se reúnem para desenvolver um tema que é de

seu interesse. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Foi partindo desses encontros iniciais que se idealizaram as ATs, numa construção

coletiva entre moradores da CASa. Até a presente data de escritura desse trabalho

monográfico, estão em funcionamento 60 Ambiências Temáticas, sendo 40 localizadas em

Fortaleza e Quixadá, 9 no Cariri e 11 em Sobral. Nas tabelas a seguir as 60 ATs foram

listadas por localização de ocorrência. No anexo I poderão ser identificadas cada uma a partir

do resumo de suas ações e objetivos.

Page 60: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

60

Tabela 3: Ambiências Temáticas de Fortaleza e Quixadá

AT01: Labomar 50 anos

AT02: Uso das tecnologias da informação no processo ensino-aprendizagem

AT03: CASa no cinema

AT04: Desenvolvendo competências docentes na FEAAC

AT05: Programa de desenvolvimento da docência nas engenharias

AT06: Pensar a Universidade: seus ritmos e suas interações

AT07: Integração recreativa-cultural docente

AT08: "A gente não quer só aula boa": ideias e projetos que empolgam os alunos durante a graduação

na UFC

AT09: Etapas iniciais da criação de periódico científico

AT10: Espaço de integração professor-aluno

AT11: Resgate de tecnologias de ensino A.D.C. (Antes do Computador)

AT12: Experiências que funcionam em sala de aula: êxitos em foco

AT13: Música: reflexões e ressonâncias

AT14: Pode-se conversar armado?

AT15: Rede de integração interdisciplinar

AT16: A UFC e o aluno recém-ingresso: Construindo uma vida acadêmica

AT17: Desenvolvimento sustentável: a utilização racional da água

AT18: (Re)fazer docente

AT19: Alfabetização humano-tecnológica

AT20: Habilidades de comunicação na formação de profissionais de saúde

AT21: Cooperação e Interatividade

AT23: Gestão de Conhecimento em Redes Sociais

AT24: DTE - Debate

AT25: Histórias de vida na formação de professores

AT26: Desafios na Educação em Ciências e Tecnologia

AT35: Educação e(em) Artes na Contemporaneidade

AT36: O processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira: desafios e perspectivas

AT42: Desenvolvimento da Docência em Nível Superior (Turma quinzenal

Page 61: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

61

AT44: Audiovisual como recurso didático no ensino superior

AT45: Ecologia aplicada às ciências ambientais

AT46: Estudo e divulgação de normas e procedimentos acadêmicos e administrativos da UFC

AT47: Professor, pesquisador, animador e mágico

AT49: Desenvolvimento de um ambiente virtual com ferramentas facilitadoras do processo de

ensino/aprendizagem

AT50: Ciência e formação de pesquisadores

AT51: Projeto MUDANÇA - Música e Dança na Escola

AT53: Pesquisa e Criação em Cinema e Audiovisual

AT55: Desenvolvimento da Docência em Nível Superior (turma mensal)

AT57: Por quê vinte por cento?

AT58: Matemática com acessibilidade

AT59: Formação e pesquisa de professores do ensino superior em interdisciplinaridade, tecnologias,

educação e linguagens

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site do projeto (www.casa.ufc.br)

Tabela 4: Ambiências Temáticas do Cariri

AT22: Habitar o Campus Cariri

AT28: Pensar o modelo de desenvolvimento institucional do Campus da UFC no Cariri no tripé ensino,

pesquisa e extensão

AT29: Transformando conhecimentos em qualidade de vida

AT30: Deficiências de Ensino x Aprendizagem

AT31: Ambientação e informações acadêmico-administrativas dos professores recém-contratados

AT41: Desenvolvimento e Aplicação de metodologias de Ensino - Campus Cariri

AT52: Cinema em CASa

AT54: Construindo o PPP (Engenharia de Materiais)

AT60: Afinando propostas, conduzindo conquistas

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site do projeto (www.casa.

Page 62: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

62

Tabela 5: Ambiências Temáticas de Sobral

AT27: Diálogos Docentes

AT32: Combate à evasão escolar no Campus de Sobral

AT33: Permuta de Vivências e Saberes Acadêmicos

AT34: Agregação Tecnológica entre os Campi da UFC: De Sobral para o mundo

AT37: Desenvolvimento intercomunitário: docentes, discentes e sociedade

AT38: Gestão em Saúde

AT39: Construindo o PPP (de Odontologia)

AT40: Devagar que o Santo é de Barro : ser professor hoje, um desafio

AT43: Ensino e aprendizagem na área de Odontologia: desafios nas avaliações de atividades práticas

AT48: Saber e poder – reflexões filosóficas sobre trabalho interdisciplinar

AT56: O Papel dos Cursos de Economia e Finanças no Desenvolvimento do Interior do Ceará

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site do projeto (www.casa.ufc.br)

As ambiências têm ampla autonomia de gestão, identificando temas que são de seu

interesse específico e adequando seus encontros, presenciais ou semipresenciais, do modo

mais viável para seus integrantes. Entre as temáticas abordadas, como percebido nas tabelas

anteriores, temos um destaque para a preocupação em discutir o papel da docência superior

nos dias de hoje; bem como a discussão acerca de ferramentas e metodologias tendo em vista

a sala de aula universitária, como o uso de novas tecnologias e partilha de experiências, por

exemplo; a relação entre professor e aluno para um melhor rendimento no aprendizado; o

conhecimento da instituição onde trabalham, com discussões sobre normas e regimentos

internos, planos de carreiras, entre outros; e interesses específicos que se abrem a curiosidade

de profissionais de áreas distintas, como a filosofia, a música e o cinema.

Como já comentado, o CASa tem sua atividades pautadas nas expectativas dos

professores e no que eles julgam significativo para si, por conseguinte, ao final de cada ano é

realizado um balanço do projeto e novas ações são pensadas dialogicamente. O projeto está,

portanto, em constante mudança e construção. Daí seu caráter de imprevisibilidade, citado no

capítulo anterior.

Com a percepção de que se fariam interessantes seminários, com temas determinados,

para o questionamento de pontos relevantes da prática docente e vivência universitária, após a

reunião de balanço das atividades de 2009, foram criados os Seminários Temáticos. Os quais

serão o assunto do próximo tópico.

Page 63: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

63

4.2 Seminários Temáticos (STs)

Os Seminários Temáticos (STs) são o aprofundamento de temas específicos

visualizados como relevantes pelos moradores da CASa. Professores com vasta experiência

na área a ser discutida são convidados a discorrer sobre o assunto nesses eventos. Cavalcante

Jr. explica como se deu a necessidade dos STs:

Vimos que existia a necessidade de aproveitar alguns temas específicos como

―avaliação‖, como ―metodologia de ensino-aprendizagem‖, criamos uma série de

Seminários Temáticos que acontecem em uma quantidade de três por semestre em

Fortaleza e dois por semestre em Sobral e outros dois no Cariri, convidando

professores da UFC ou fora da UFC para desenvolver essas temáticas que foram

identificadas como temáticas essenciais para aprendizagem. (Entrevista

CAVALCANTE JR, 2011).

Para 2011, foram previstos 7 Seminários Temáticos para a cidade de Fortaleza, 2 para

o Cariri e mais 2 para a de Sobral. Abaixo estão relacionados os temas abordados, mediadores

responsáveis, datas e locais onde ocorreram.

Tabela 6: Seminários Temáticos

Tema Palestrantes Data Local

ST 1: Currículo no

séc. XXI

Alice Casimiro Lopes,

da Faculdade de

Educação da UERJ em

Fortaleza e Luiz

Botelho de

Albuquerque (FACED-

UFC) no Cariri

25 de março 2011 Fortaleza e Cariri

ST2 – Avaliação da

aprendizagem

Bernadete Porto,

Cláudio Marques e

Isabel Ciasca (FACED-

UFC)

29 de abril de 2011 Fortaleza

ST3 – Pensar a

docência na

universidade pública

brasileira

André Haguette (UFC) 27 de maio de 2011 Fortaleza

ST1 - Currículo para

o Ensino Superior no

séc. XXI

Luiz Botelho de

Albuquerque (FACED-

UFC)

1º junho de 2011 Sobral

Page 64: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

64

ST4 – Tecnologias de

informação,

comunicação e

expressão no Ensino

Superior

Nelson de Luca Pretto

(UFBA) e Fernando

Lincoln Carneiro Leão

Mattos (UFC)

05 de agosto de 2011 Fortaleza

Pedagogia da

Encarnação

Custódio Almeida

(ICA-UFC) 10 de agosto de 2011 Sobral

Currículo para o

século XXI

Luiz Botelho de

Albuquerque (FACED-

UFC)

10 de agosto de 2011 Sobral

ST5 – Artes na

Educação

Universitária

João-Francisco Duarte

Junior (UNICAMP) 09 de setembro de 2011 Fortaleza

ST2 – Tecnologias de

informação,

comunicação e

expressão no Ensino

Superior

(CANCELADO) Cariri

ST6 – Práticas

metodológicas de

ensino-aprendizagem

universitárias

Antônio Miranda (CT –

UFC), Lília Câmara

(FAMED – UFC) e

Suzete Pitombeira

(FEAAC – UFC)

07 de outubro de 2011 Fortaleza

ST7 –Docência na

Educação Superior

Bernadete Porto

(FACED-UFC)

21 de novembro de

2011 Fortaleza

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis nos Breviários e site do projeto (www.casa.ufc.br).

A dinâmica de trabalho se expressa na figura de um docente convidado, apresentado

ao grupo de ouvintes a partir das informações que o credenciam a ser responsável por sua fala,

o qual desenvolve seu pensamento acerca do ponto em discussão. Após o término de seu

raciocínio, os professores e demais ouvintes presentes são incentivados a levantar

questionamentos, esclarecendo as dúvidas surgidas ou compartilhando provocações sentidas.

Com as iniciativas das ATs e dos STs se desenvolveram outras modalidades de

encontros no projeto. É o caso do CASa de Filosofia, do CASa de Artes e mais recentemente

do CASa de Religião, havendo ainda a proposta do CASa de Ciências. No espaço destinado a

discussão das atividades da coordenação de Comunicação e Aprendizagem Significativa estas

ações serão apresentadas.

Page 65: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

65

4.3 Mentores de Docência

O Mentores de Docência é uma proposta que busca reconhecer os docentes que

serviram de inspiração para os novos professores universitários da UFC. Usando da metáfora

dos ―professores como parteiros‖, identificada por Ayers, citado por CAVALCANTE JR.

(2005), os mentores seriam estes que não ―dão à luz‖, mas auxiliam no processo. O

nascimento, no estudo do projeto, seria das ideias, do conhecimento.

No CASa existe um reconhecimento desses ―parteiros‖ na concepção do Mentores de

Docência, quando são levamos ao conhecimento público os primeiros influenciadores da

situação atual de docência.

Cavalcante Jr. explica como se deu a ideia:

Criamos outro programa que são os Mentores de Docência em que os professores

recém chegados à UFC identificam um professor, uma professora, que foi

extremamente significativo, que marcou positivamente a trajetória dele ou dela. Nós

criamos mesas redondas. Três professores de diferentes áreas convidando, esses três

recém chegados, para apresentar os seus três mentores. Inclusive pessoas de outros

estados são trazidas até Fortaleza para compartilhar a sua filosofia da educação,

como que elas se tornaram essas pessoas significativas na vida dos seus alunos, o

quê que elas fazem na sala de aula como diferencial para isso. Então criamos essas

mesas chamadas de Mentores de Docência. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

FERENC & MIZUKAMI (2005) corroboram com o pensamento de que mesmo sem

ter uma preparação específica para a docência, muitos dos atuais profissionais do Ensino

Superior usam a observação de métodos e técnicas de seus professores na época da graduação

e inspiram-se nelas para guiar seus passos no novo caminho que enfrentam: o ensino.

A maioria cita seus professores como referências à prática de ensinar. Dizem se

inspirar na forma que eles trabalhavam em sala de aula, nas estratégias que usavam

para apresentar os conhecimentos; no modo de se relacionarem com os alunos e com

os problemas que apareciam. Assim, os professores formadores dos sujeitos os

ensinaram decididamente saberes específicos, de suas ciências, mas também

ensinaram saberes sobre o ensinar, ainda que muitas vezes não o tenham declarado.

(FERENC & MIZUKAMI, 2005, p.9).

A compreensão de ―mentor‖ como aquele que orienta, guia, demonstra práticas e

métodos, ou seja, como aquele que ensina, é o que nomeia e norteia essa proposta do CASa.

No evento, três professores, em Estágio Probatório, apresentam aos colegas suas três

inspirações para a carreira docente, aqueles que serviram de modelo para sua forma de

trabalho atual. A palavra é então transferida para essas pessoas, que podem assim conversar

sobre suas trajetórias ao longo da trilha educativa.

Page 66: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

66

Em 2010 foram realizadas dois Mentores de Docência, ambos em Fortaleza. Para

2011, havia a previsão de acontecer até sua sexta edição em Fortaleza, acompanhada de duas

edições no Cariri e outras duas em Sobral, entretanto uma edição de Sobral precisou ser

suspensa por motivos de deslocamento da equipe. As informações sobre essa modalidade de

encontro do CASa podem ser obtidas através da tabela a seguir:

Tabela 7: Mentores de Docência

Mentores convidados Professores que

indicaram Data e local

Mentores de Docência

I

Fortaleza

Roberto Martins

Castelo (Arquitetura e

Urbanismo - UFC)

Solange Schramm

(Centro de Tecnologia /

Arquitetura e

Urbanismo)

10 de junho de 2010

Auditório Reitor Ícaro

Moreira, do Centro de

Ciências da UFC

Maria Izaíra Silvino

Morais (Instituto de

Cultura e Arte /

Educação Musical -

UFC)

Gerardo Viana Jr.

(Instituto de Cultura e

Arte / Educação

Musical)

Marisa Masumi Beppu

(Engenharia Química -

UNICAMP)

Rodrigo Vieira (Centro

de Tecnologia /

Engenharia Química)

Mentores de Docência

II

Fortaleza

André Haguette, da área

de Humanas (UFC)

Geísa Mattos, Andrea

Soares, Heráclito

Jaguaribe

06 de dezembro de

2010

Auditório da Prograd-

UFC

Thelma Leite de

Araujo, da área de

saúde (UFC)

Elisângela Teixeira

Lima (Enfermagem)

Teresinha de Jesus

Pinheiro Maciel, da

Administração (UFC)

Suzete Pitombeira

(FEAAC-UFC)

Mentores de Docência

III

Fortaleza

Felipe Loureiro

(Engenharia de

Transportes – Centro de

Tecnologias – UFC)

Verônica Castelo

Branco e Manoel

Mendonça de Castro

Neto (Centro de

Tecnologias – UFC)

25 de março de 2011

Auditório da Casa de

José de Alencar

José Riverson Araújo

Cysne Rios ICA –

UFC)

Paulynne Jucá (UFC

Quixadá) e Neil

Armstrong Rezende

(Instituto UFC Virtual)

Cláudia Cuevo Candido

(Matemática - USP)

Fernanda Ester Camilo

Camargo (Centro de

Ciências - UFC)

Page 67: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

67

Mentores de Docência

IV

Fortaleza

Hélio Rola (Medicina –

UFC)

Conceição Dornelas

(Medicina – UFC)

20 de maio de 2011

Auditório da Casa de

José de Alencar

Helena Mathews-

Cascon (Labomar-

UFC)

Marcelo Soares

(Labomar -UFC)

Simone Simões

(Ciências Sociais –

UFC)

George Paulino

(Ciências Sociais –

UFC)

Mentores de Docência

I

Cariri

Mirtes Amorim

(Filosofia)

Fátima Maria Nobre

Lopes (Filosofia)

17 de junho de 2011

Auditório campus da

UFC (Juazeiro do

Norte)

Antônio Sérgio Sombra

(Física)

Francisca Maria

Martins Pereira

(Engenharia de

materiais)

Hamilton Ferreira

Gomes de Abreu

(Engenharia

Metalúrgica e de

Materiais)

Carlos Marley de Sousa

Júnior (Engenharia de

materiais)

Mentores de Docência

V

Fortaleza

Francisco Belmiro

Romero (UFC)

Francisco Nivaldo

Aguiar Freire (Centro

de Tecnologia – UFC)

02 de setembro de 2011

Auditório da Casa de

José de Alencar

Lourdes Bernardes

Gonçalves

(UECE/UFC)

Carlos Augusto Viana

da Silva (Centro de

Humanidades - UFC)

Luiz Botelho de

Albuquerque (UFC)

Pedro Rogério (Música

- UFC)

Mentores de Docência

I

Sobral

Ângela Pinheiro

Verônica Salgueiro,

Kelen Gomes

(Psicologia)

21 de setembro de 2011

Geison Lira (Medicina)

Olivan Queiroz, José

Ribamar, Juliana Pinto,

(Medicina)

Ricardo Thé

Vanessa Teixeira,

Romulo Almeida

(Engenharia)

Mentores de Docência

VI

Fortaleza

Gilmar de Carvalho

(Comunicação Social)

Francisco Paulo Jamil

Almeira (Comunicação

Social) 04 de novembro de

2011

Auditório da Prograd-

UFC

Manoel Andrade

(Química)

Francisco Geraldo

Barbosa (Química)

Vanda Leitão

(Educação)

Ernando Pinheiro

Chaves (Educação)

Mentores de Docência

II Cariri

Suelly Barroso

(Engenharia de

Transportes - UFC)

Lilian Gondim

(Engenharia de

Transportes)

18 de novembro 2011

Auditório do Campus

da UFC (Juazeiro do

Norte)

Page 68: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

68

Verônica Maria de

Araújo Calado

(Engenharia Química -

UFRJ)

Ledjane Lima Sobrinho

(Engenharia de

Materiais)

Ricardo Lincoln

Laranjeira Barrocas

(Psicologia - UFC)

Ricardo Salmito

(Jornalismo)

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis nos Breviários e site do projeto (www.casa.ufc.br).

4.4 Didática do Ensino Superior

A disciplina de Didática do Ensino Superior, antes obrigatória no período de Estágio

Probatório, sendo a única alternativa para o cumprimento das 64 horas de formação docente,

continua presente nas atividades do CASa, como citado no capítulo anterior. A diferença

reside no fato dela não se tratar mais de uma disciplina obrigatória. Logo, inscrevem-se

apenas os interessados, voluntariamente. Os resultados, citados por Bernadete Porto, são

diferenciados.

Nós temos aulas de didática, que são aulas dadas aqui na Faculdade de Educação por

mim, já está na sexta turma, voluntariamente e aí é importante dizer que se as aulas

fossem obrigatórias, elas teriam um ritmo e um aproveitamento ―x‖ e eu faço um

depoimento de que como eles vêm porque querem para essas aulas, eles poderiam

fazer qualquer coisa das imensas atividades do CASa, da multidão de atividades que

o CASa tem, mas eles querem estar aqui. O rendimento é extraordinário. É uma

troca assim marcante, eu acho, na vida de todos nós. (Entrevista Bernadete Porto,

2011).

A estrutura de atividades assemelha-se em muito ao que fora proposto anteriormente,

tendo como diferencial o caráter de livre iniciativa de seus participantes, propiciando um

ambiente de trocas e aprendizado facilitado. As barreiras, que antes podiam se criar pela

obrigatoriedade, acabam por se minimizar através da construção coletiva de saberes a qual a

disciplina e o projeto CASa se propõem.

4.5 Ateliês de Ensino

A novidade da coordenação de formação docente para 2012 são os Ateliês de Ensino,

uma proposta nova que busca entender as características docentes e de seus saberes em cada

área. Dessa forma, seriam criados o Ateliê de Ensino de Zootecnia, o Ateliê de Ensino da

Page 69: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

69

Geografia, por exemplo, e assim esses cursos poderiam receber uma equipe que trabalharia

diretamente com a especificidade de ensino de cada departamento.

Essa ação advém da necessidade de privilegiar e tratar com equidade os cursos que

não foram tão contemplados nas demais ações do projeto ao longo desses anos.

4.6 Perspectivas e resultados percebidos

Com a compreensão de que a obrigatoriedade é contraria ao bom envolvimento

humano nas atividades que lhes são propostas, o CASa optou por diversificar o leque de

opções de escolha aos professores. Novas ATs foram criadas, STs foram ministrados, bem

como reuniões nos Mentores de Docência e disciplina de Didática do Ensino Superior, como

já explicitado ao longo de todo o capítulo.

Cavalcante Jr. ressalta a escolha possibilitada pelo projeto: ―O que nós estamos

fazendo, em 2011, é pluralizar a quantidade de atividades disponíveis para que ele tenha a

escolha de ―quero fazer isso‖, ―quero fazer aquela outra modalidade temática.‖

Para sinalizar esse grande número de informações, o CASa teve de investir em

Comunicação. Foi com a percepção de que a defasagem da transmissão dessa informação

dificultava as ações desenvolvidas que a coordenação se dividiu nas duas vertentes:

Coordenação de Didática e Coordenação de Comunicação e Aprendizagem. É importante

deixar claro que essas duas coordenações se misturam e ajudam-se mutuamente para o

progresso do projeto. A divisão empregada aqui tem um cunho mais organizativo do que de

funcionalidades restritas.

Mas antes de discorrer sobre a segunda coordenação, é interessante apresentar os

resultados percebidos pelos idealizadores do CASa nesses primeiros anos de atuação.

Durante as entrevistas com os responsáveis pela organização do projeto, questionou-se

sobre os resultados percebidos, sob a ótica de cada um, em cunhos práticos. Cavalcante Jr.

traz a visão de sua formação em Psicologia, o que o leva a entender resultados práticos como

mudanças de atitude. Pensamento esse que se estendeu às palavras de Bernadete Porto e

Custódio Almeida.

Minha leitura da mudança prática, numa percepção da psicologia, seria uma

mudança de atitude. É visível a mudança de atitude de muitos dos nossos

professores. E o que é a atitude pra psicologia? A psicologia trabalha com atitude

compreendida como o campo de informação e o conteúdo da informação, de onde

Page 70: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

70

vem essa informação e o que é a informação em si? Então, nós encontramos que

muitos de nossos professores hoje [...] estão repensando o que é uma sala de aula e

como eu professor devo me comportar em uma sala de aula hoje, século XXI, 2011?

Eu posso utilizar novos recursos? A aula, ela pode acontecer à distância? Então,

dentro dessa estrutura que nós estamos aqui, que é uma sala de aula, nós não temos

nenhum atrativo. Paredes e carteiras. Passar a visualizá-la, percebê-la, com outras

lentes, com outras teorias, com outras metodologias e técnicas, eu penso que é a

maior contribuição que nós podemos trazer para uma Universidade, um espaço de

formação de novas gerações de profissionais. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Assim o ambiente, propiciado pelo projeto, de (re)conhecimento da forma como

outros professores encaram a sala de aula, suas habilidades, metodologias e, acima de tudo,

suas experiências, pôde gerar essa mudança de atitude no modo de encarar a sala de aula

universitária em sua dinâmica.

Bernadete Porto explica que quando da entrada de novos docentes no projeto, há

geralmente um estranhamento à proposta de ações. Apenas com o envolvimento nas

atividades ao longo dos três anos de Estágio Probatório, vêem-se reduzidas essas barreiras

impostas a priori. A partir desse instante, a obrigatoriedade do CASa dilui-se e o docente

assume o voluntariado de participação.

O objetivo primário do projeto residia na recepção do grande contingente de novos

profissionais que ingressavam à UFC, visando que eles de fato pudessem sentir-se integrados

à instituição, da qual agora fazem parte. Cavalcante Jr. consegue notar nos professores o

reconhecimento de que cada um pode ser agente de transformação da Universidade.

Outra mudança é essa capacidade do professor se perceber como agente de

construção da transformação, da mudança, da Universidade que ele ou ela deseja

experienciar. Então nós encontramos com mais frequência propostas de ―vamos

fazer isso?‖, ―vamos construir dessa forma?‖ O professor, ele sabe que pode chegar

ao Projeto CASa e lançar ideias, trazer propostas de o que ele gostaria de ver

acontecendo na Universidade. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Outro fator, destacado tanto por Cavalcante Jr como por Bernadete Porto, é a

capacidade de diálogo gerada entre os diversos saberes que percorrem a formação docente.

Com isso, projetos são criados em parceria, fora da dimensão do CASa, entre professores de

interesses comuns que se descobriram como ―pares‖ para esse trabalho.

Nós temos experiências em unidades em que essa reunião de pares, no

reconhecimento dessa parcerias, na igualdade de ideais, eles fazem movimentos

independentes do Projeto CASa. Reestruturação de currículo, grupos de estudo. Os

professores fazem isso voluntariamente. (Entrevista Bernadete Porto, 2011).

Page 71: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

71

Algo que poderia parecer absolutamente simples, mas que tem profunda relevância

para os gestores, é a possibilidade de reconhecer o outro. Habitar uma mesma instituição e

conhecer quem corrobora para seu crescimento.

Algo que parece tão simples, mas é muito relevante no Projeto CASa é você

encontrar um outro colega na cidade de Fortaleza e saber o nome, dizer ―Oi Mário,

tudo bom? Encontrei contigo lá no CASa tu és da...física não é? Oh! da

Publicidade!‖ Então saber o nome do outro porque nós convivemos com mais de mil

colegas professores e sabemos somente o nome daqueles que estão no meu

departamento. Saber que existe um outro, que eu posso contar com esse outro,

nominar esse outro também é uma diferença para a dimensão subjetiva e de

subjetivação para um professor dentro da Universidade. (Entrevista Cavalcante Jr,

2011).

Guareschi, citado por GÓIS (2005), identifica a importância de ser chamado pelo

nome dentro de um ambiente comunitário de vivência, fato que é próprio desses grupamentos

sociais:

Um tipo de vida em sociedade onde todos são chamados pelo nome. Esse ser

chamado pelo nome significa uma vivência em sociedade na qual a pessoa, além de

possuir um nome próprio, isto é, além de manter sua identidade e singularidade, tem

possibilidade de participar, de dar sua opinião, de manifestar seu pensamento, de ser

alguém. (GUARESCHI apud GÓIS, 2005, p.63).

O reconhecimento da forma como se desenvolve o projeto, ímpar frente ao que se faz

em programas de formação docente por todo o território nacional, segundo Custódio Almeida,

pode ser identificado no interesse demonstrado por outras Pró-Reitorias de Graduação do

Brasil pelo formato adotado na UFC.

Eu participo do fórum de pró-reitores de graduação do Brasil e nesse fórum a gente

conversa sobre formação docente e há um interesse muito grande do fórum, de

outros Pró-Reitores, de vários Pró-Reitores, no nosso modelo de formação. Que é

um modelo que dá muita autonomia para o professor, ou seja, a valorização da

experiência docente de cada um é que é o mote principal do Projeto CASa. Não é

alguém dando aula para alguém, mas há várias experiências distintas que se reunidas

são a própria formação que a gente quer. Se um professor de Medicina se reúne com

um professor de Direito, com um professor de Música, com um professor de

Publicidade, primeiro são áreas que se encontram, cada um mostra sua fortaleza e

sua fragilidade e aí se encontram caminhos para resolver problemas. Esse é o

modelo do Projeto CASa, Comunidade de Cooperação e Aprendizagem

Significativa, ou seja, a cooperação e a aprendizagem, significativa porque foi

identificada pelo próprio aprendiz como necessidade dele. (Entrevista Custódio

Almeida, 2011).

O Pró-Reitor considera que o CASa encontra-se atualmente em um momento de

consolidação dentro da UFC. Os professores já estariam compreendendo seu formato, sua

Page 72: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

72

organização, e os colegas veteranos, que não têm a necessidade de participar das ações, mas

que pelo contato com os colegas recém-ingressos demonstram reconhecer a importância do

projeto.

Entretanto, para além da visão dos gestores de uma iniciativa, está a percepção de

quem é, de fato, seu público alvo. Como parte da metodologia para este estudo monográfico,

foram aplicados questionários aos docentes do CASa objetivando compreender como se

situava o programa radiofônico na concepção de seus ouvintes primários. Esses instrumentos

não se limitavam a questionar o CASa Aberta, mas procuravam traçar um perfil dos docentes

em Estágio Probatório, bem como perceber sua relação com a abordagem utilizada pelo

CASa. Assim, foi possível captar pistas do entendimento do projeto por seus partícipes.

Entretanto, essas análises e resultados só serão trabalhados no capítulo referente ao

estudo desenvolvido, pois antes disso faz-se necessário compreender a outra vertente de

coordenadoria: a Coordenação de Comunicação e Aprendizagem Significativa. Tema do

capítulo subsequente.

Page 73: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

73

5. Coordenação de Comunicação e Aprendizagem

Significativa

A área de Comunicação e Aprendizagem do projeto CASa é coordenada por

Cavalcante Jr. e possui como áreas de atuação: Rodas de Conversa, Formação DTICs, CASas

de Filosofia, de Artes, de Religião e proposta do CASa de Ciências; além das ferramentas

comunicacionais: Breviário, portal, redes sociais (twitter, facebook e youtube), a proposta de

um programa de tevê e o programa radiofônico CASa Aberta.

Neste capítulo serão apresentadas as atividades dessa coordenação, iniciando pelas

Rodas de Conversa, Formação DTICs e CASas de Filosofia, Artes, Religião e Ciências, para

por fim, estudar os veículos em que circulam as informações acerca do projeto, em sua

informação à comunidade de professores que formam o CASa, assim como para além de suas

fronteiras de atuação.

5.1 Rodas de Conversa

As Rodas de Conversa são eventos do CASa que propiciam um espaço para o debate

de ideias sobre temas relacionados ao fazer docente, bem como a relação do docente com o

ambiente que o circunda, seja no trato com os colegas de profissão, alunos ou demais

funcionários da instituição onde trabalha.

A proposta desenvolve suas atividades sempre em Fortaleza, na Casa de José de

Alencar. Em meio ao ambiente arborizado circundante, as pessoas são convidadas a partilhar

suas visões acerca do tema escolhido para o dia. Elas podem conversar sobre suas demandas

cotidianas numa conjectura que segue aos parâmetros de liberdade, não julgamento, igualdade

e engrandecimento. Como traz Bernadete Porto: ―As Rodas de Conversa, de fato, são os

Círculos mesmo de Cultura, de discussão sobre temas que são importantes para [...] uma

conversa mais livre, uma conversa mais amistosa sobre temas também que circulam nessa

formação‖.

Os Círculos de Cultura dos quais a coordenadora fala são defendidos por FREIRE

(1967) e são reuniões em grupo para o debate dialógico de temas elencados pelo próprio

grupo como relevantes a se discutir.

Page 74: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

74

Instituíramos debates de grupo, ora em busca do aclaramento de situações, ora em

busca de ação mesma, decorrente do aclaramento das situações. A programação

desses debates nos era oferecida pelos próprios grupos, através de entrevistas que

mantínhamos com eles e de que resultava a enumeração de problemas que gostariam

de debater. (FREIRE, 1967, p.103).

CAVALCANTE JR. (2005) defende uma proposta de Círculos de Letramento, no seu

Método (Con)Texto de Letramentos Múltiplos, que pode se relacionar tanto com a perspectiva

freiriana quanto com a proposta das Rodas de Conversa.

Círculo de Letramentos foi o nome escolhido para denominar um grupo onde se

utiliza o Método (Con)Texto de Letramentos Múltiplos. Em um Círculo de

Letramentos, que pode acontecer em uma sala de aula, em um centro comunitário ou

sob a sombra de uma árvore, os participantes são convidados a compreender por que

eles fazem o que fazem nas suas vidas, trazendo a um nível de consciência as suas

próprias condições culturais e históricas, por exemplo, os tipos de experiências que

tiveram os seus participantes com a leitura e a escrita no decorrer de suas vidas.

(CAVALCANTE JR, 2005, p.33).

O trabalho é realizado, em geral, com o auxílio de textos que instiguem os

participantes à reflexão. Após a leitura, os entendimentos são exteriorizados para um grupo de

professores, geralmente de áreas distintas do conhecimento, ampliando as contribuições

heterogêneas à discussão. Por fim, há um debate que congrega os vários grupos formados para

que se possam ouvir os pensamentos de cada um.

A seguir, uma tabela resume os encontros realizados:

Tabela 8: Rodas de Conversa

Data Temática discutida

Roda de Conversa I 08 de abril de 2011 Espiritualidade no ensino superior

Roda de Conversa II 13 de maio de 2011 Temas livres a partir do diálogo entre professores

Roda de Conversa III 10 de junho de 2011 Filosofia e docência superior

Roda de Conversa IV 26 de agosto de 2011 Temas livres a partir do diálogo entre professores

Roda de Conversa V 23 de setembro de 2011 Temas livres a partir do diálogo entre professores

Roda de Conversa VI 14 de outubro de 2011 Ética e docência

Roda de Conversa VII 25 de novembro de

2011 Cancelada

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis nos Breviários, site do projeto (www.casa.ufc.br) e

consulta à coordenação do CASa.

Page 75: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

75

5.2 Formação DTICs

A formação dedicada à Docência Integrada às Tecnologias da Informação e

Comunicação (DTICs) foi uma parceria firmada entre projeto CASa e Instituto UFC Virtual.

Ela teve o início de suas ações em março de 2011 e foi pensada para prestar auxílio aos

docentes que se interessavam em aprender como usar as ferramentas comunicacionais e

informacionais no âmbito do ensino-aprendizagem.

Importante ressaltar que todas as atividades desenvolvidas requeriam do professor

inscrito a parceria de um estudante, possibilitando trocas de saberes em nível de docente e

discente.

Apesar de estar alocada dentro da coordenadoria de Cavalcante Jr., esta ação é

coordenada especificamente pelos professores Robson Loureiro e Luciana de Lima, ambos

vinculados ao Instituto UFC Virtual, essa ação integra suas atividades ao ambiente digital

através de seu site: <http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx>, do qual se extraiu o trecho

abaixo, que explica do que se trata essa ramificação da linha de formação docente do projeto

CASa:

DTIC é uma formação para professores da Universidade Federal do Ceará que busca

integrar elementos tecnológicos da informação e comunicação à docência. Trata-se,

portanto, de uma formação cultural. Foi pensada principalmente para auxiliar o

docente a utilizar os recursos da tecnologia digital em sua prática docente. As

discussões e as atividades propostas para os momentos presenciais e virtuais visam à

integração da prática com a teoria, do pensar e do fazer de tal forma que ao final da

formação cada docente crie suas próprias condições de trabalho utilizando a internet,

ambientes virtuais de aprendizagem, recursos digitais em geral que permita, ao

docente e ao discente trabalhar com seus saberes específicos. Permite também ao

professor utilizar uma linguagem mais próxima dos estudantes da universidade,

considerados, muitas vezes, nativos digitais. Por isso, a formação DTIC é uma ação

de estabelecimento de uma cultura, de uma parceria entre docentes, discentes e a

tecnologia. (BRASIL, UFC: UFC Virtual).

A confluência dos fazeres desenvolvidos podem ser comprovados pelas permutas

constantes entre as produções presenciais e virtuais nas seis temáticas e seus subtemas

abordadas pelo grupo, identificadas nas tabelas a seguir:

Page 76: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

76

Tabela 9: DTIC – Temática 1: Espaços e Recursos Digitais de Aprendizagem

TEMA SUBTEMAS

Temática 1: Espaços e Recursos Digitais de

Aprendizagem

Tecnologias na Educação

A Didática e a Formação Multidimensional do

Educador

Tecnologias na Formação de Professores

Educação à Distância na Internet

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Tabela 10: DTIC – Temática 2: A Importância da Utilização da Internet na Formação do Profissional

TEMA SUBTEMAS

Temática 2: A Importância da Utilização da

Internet na Formação do Profissional

A Resistência do professor diante das Novas

Tecnologias

Desafio aos professores: aliar tecnologia e

educação

A Internet enquanto recurso pedagógico na

formação do cidadão contemporâneo

Jornalismo, Internet e formação profissional

A Internet na Formação de Professores

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Tabela 11: DTIC – Temática 3: Linguagens na Virtualidade

TEMA SUBTEMAS

Temática 3: Linguagens na Virtualidade

Uso pedagógico dos fóruns

Uso pedagógico do E-mail

O mito da Geração Google

Vantagens e Desvantagens do Wiki

Wiki na educação

O Lúdico na Educação à Distância

A importância dos blogs na educação

A importância de um BLOG para um profissional

Page 77: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

77

O uso pedagógico do chat

MSN na Aprendizagem

O uso pedagógico das ferramentas de

interatividade

O que o Facebook oferece começa a atrair

brasileiros

Sobre Facebook

O que é Twitter? Para que serve o Twitter?

Sobre Twitter

Introdução à Netiqueta

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Tabela 12: DTIC – Temática 4: Aprendizagem dos Alunos por Meio das Mídias

TEMA SUBTEMAS

Temática 4: Aprendizagem dos Alunos por Meio

das Mídias

O Paradigma Educacional Emergente

As tecnologias educacionais informatizadas no

trabalho de educadores

A integração das tecnologias na educação

Tecnologia na Educação

Educação e Tecnologia

A virtualização da aprendizagem

O uso do Chat em EaD: uma proposta

metodológica

Tendêcias pedagógicas e ensino à distâcia.

Sobre GoogleDocs

As Redes Convergentes, uma Aliada na

Tecnologia do Ensino

Como usar o AVA e seus recursos no ensino

Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Los entornos virtuales de aprendizaje como

instrumento de mediación

Sobre AVA's

Tecnologia Educacional

Integração de tecnologias com as mídias digitais

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Page 78: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

78

Tabela 13: DTIC – Temática 5: Utilização de Materiais Educacionais Digitais

TEMA SUBTEMAS

Temática 5: Utilização de Materiais Educacionais

Digitais

Material Educacional Digital integrado a

Ambientes Virtuais de Aprendizagem para apoiar

Práticas Colaborativas

Sobre o Scribd

Promovendo o desenvolvimento profissional na

formação de professores

Para Construir Materiais Educacionais Digitais

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Tabela 14: DTIC – Temática 6: Preparação e aplicação de aulas utilizando os recursos das TIC

TEMA SUBTEMAS

Temática 6: Preparação e aplicação de aulas

utilizando os recursos das TIC

Uso do Wiki no Ensino

Os Professores e as TIC

Efectos de la web y las TIC en el desempeño y

rendimiento de estudiantes universitarios de

computación en modalidad a distancia

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis no site da DTIC

(http://www.virtual.ufc.br/dtic/inicio.aspx).

Cada subtema tem vinculado a si uma série de artigos disponibilizados para consulta

no site da ambiência, permitindo, deste modo, a ampliação do referencial teórico para a

discussão das temáticas. Há também, no site, espaços de compartilhamento de material

multimídia (vídeos e fotografias) que também tenham relação com os temas abordados. Por

fim, estão disponibilizados os perfis dos docentes responsáveis e colaboradores para o

funcionamento das DTICs. São eles, para além dos coordenadores: Raquel Santiago Freire,

Levi Bayde Ribeiro, Natal Chicca, Gabriel Paillard.

Com previsão de duração de 64 horas/aula, distribuídas em 4 meses de encontros

presenciais e semipresenciais, a atividade disponibilizou 100 vagas para o primeiro semestre

de 2011. A preocupação dos docentes em se atualizar às mudanças da sociedade da

Informação e Comunicação, ao mesmo tempo em que trabalham diretamente com partícipes

ativos dessas transformações, os discentes, permitiu à formação DTICs amplos momentos

significativos de aprendizado.

Page 79: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

79

5.3 CASa de Filosofia

Os quatro pilares da sabedoria humana, a saber: Filosofia, Arte, Religião e Ciência,

são contemplados pela proposta de se fazer encontros específicos para essas temáticas dentro

do projeto. Com formatos semelhantes aos das Ambiências Temáticas e Seminários

Temáticos, os CASas de Filosofia, de Artes e de Religião iniciaram suas atividades em 2011,

restando o CASa de Ciências como novidade para 2012.

O CASa de Filosofia surgiu com o interesse da Ambiência Temática

―Desenvolvimento Sustentável‖, organizada por docentes recém-ingressos do curso de

Engenharia e coordenada pelo professor Dr. Ronaldo Stefanutti, do departamento de

Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC. Este grupo percebeu que seria interessante e

importante estudar Filosofia para um melhor desenvolvimento de suas atividades.

Assim, no final de 2010, instigaram ao professor Custódio Almeida, doutor em

Filosofia pela PUC/RS, à tarefa de expor conceitos básicos da área.

Essa Ambiência Temática inicialmente propôs que eu desse um curso básico de

filosofia para eles, já que eu sou da área de filosofia. Em dezembro de 2010, assim

que as aulas foram concluídas, eu dei esse curso, ao final deste curso eles pediram

um novo módulo, que foi dado em fevereiro e depois do módulo de fevereiro eles

perceberam que eu não daria conta de aplacar a sede deles, que tinha aumentado,

então eles sugeriram o nascimento de uma atividade de caráter mais extenso e aí

nasceu o CASa de Filosofia, que foi desenhado para ter 14 encontros, 1 encontro

mensal a partir de setembro até o final de 2012, convidando filósofos do Brasil, do

Ceará e de fora do Ceará para dar palestras a exemplo do que foi dado no primeiro

que foi a Filosofia do Amor. (Entrevista Custódio Almeida, 2011).

Entretanto, os questionamentos dos participantes não se esgotaram, o que provocou a

criação de um encontro mais extenso e frequente. Essas foram, então, as motivações que

deram os primeiros contornos ao CASa de Filosofia.

A partir de encontros mensais, realizados no auditório Cândido Pamplona, do Centro

de Tecnologias do Campus do Pici, foram programados 14 encontros com a presença de

renomados professores do Ceará e de fora do estado. Abaixo, uma tabela apresenta os

encontros mediados até o final de 2011.

Page 80: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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Tabela 15: CASa de Filosofia

Tema Convidado Data

Filosofia do Amor Prof. Dr. Custódio Almeida, do

curso de Filosofia do Instituto de

Cultura e Arte (ICA)

31 de agosto de 2011

Filosofia para o Bem Viver

Prof. Dr. Regenaldo da Costa,

doutor em Ética e Filosofia

Política pela PUC (RS)

28 de setembro de 2011

Diálogo entre Filosofia e Arte

Prof. Dr. Fernando Ribeiro de

Moraes Barros - Graduado,

mestre e doutor em Filosofia

pela USP

26 de outubro de 2011

Filosofia e Literatura Profa. Dra. Maria Aparecida de

Paiva Montenegro (ICA-UFC) 30 de novembro de 2011

Fonte: tabela construída a partir de informações disponíveis nos Breviários e site do projeto (www.casa.ufc.br).

A dinâmica do evento assemelha-se em muito às reuniões dos STs. Em um primeiro

momento, o convidado expressa seus conhecimentos sobre o tema em pauta, com a posterior

abertura às dúvidas dos ouvintes, sejam docentes ou demais interessados, tendo em vista que a

ação tem livre acesso.

5.4 CASa de Artes

O CASa de Artes é ―um espaço de educação estética e de apreciação das artes.‖

(BRASIL, UFC: Projeto CASa). Ele teve suas atividades iniciadas em setembro de 2011

movidas, principalmente, pelos professores dos cursos ligados ao Instituto de Cultura e Arte

da UFC (ICA-UFC). A empreitada surge na perspectiva de incluir arte, educação e cultura,

em suas interfaces, na vivência docente do estar na academia, com o entendimento da

relevância do estudo estético e suas influências culturais na contemporaneidade.

A ação gera, ainda, momentos oportunos para a apreciação de apresentações artísticas.

Há nesse ínterim a demonstração do que se produz nos cursos de graduação vinculados ao

ICA, com participações de alunos, professores e convidados, permitindo uma compreensão

mais ampla, dos docentes de outros cursos e departamentos, do que se faz na Universidade da

qual fazem parte.

No dia 20 de setembro de 2011 foram abertas suas atividades com o primeiro Recital

Didático de Música Erudita, realizado na sala Interarte da Casa de Cultura Alemã da UFC. No

momento, composições de peças barrocas às de folclore brasileiro formaram o repertório

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81

organizado pelo professor Dr. Vitor Duarte (ICA), coordenador de arte erudita do CASa de

Artes. Antes de cada peça apresentada havia uma contextualização histórica do período onde

ela fora criada, contemplando assim a função didática proposta.

Noutra esfera de atuação, foram abertas inscrições para um curso de extensão

intitulado ―Mitologia na CASa‖ com duração de 20 horas/aula que se realizaram em outubro

de 2011. Durante as reuniões foram discutidos os mitos gregos, sua relevância e atualidade. O

curso foi uma parceria entre o Núcleo de Cultura Clássica da UFC, sob a coordenação do

professor Robert de Brose, e o CASa de Artes. E tinha seus encontros articulados em três

momentos: a exposição de um mito a ser trabalhado, a apreciação posterior de uma produção

audiovisual com igual temática e por fim a discussão sobre a atualidade da reflexão proposta

pela peça estudada.

Outro recital didático se deu em 22 de novembro de 2011, sendo o terceiro encontro

do CASa de Artes. No momento o professor do Instituto de Cultura e Arte Dr. Vitor Duarte,

articulador da ação, recebeu a violonista Kátia Pinheiro e a violoncelista Lúcia Hadelich,

ambas musicistas integrantes da orquestra do Teatro Nacional de Brasília, para apresentar um

concerto tendo a amizade como tema.

Como encerramento das ações de 2011, planejou-se uma aula-espetáculo de danças

populares com o Grupo Oré Anacã da UFC, entretanto, essa apresentação foi cancelada e

transferida para 2012.

5.5 CASa de Religião e CASa de Ciências

Essa é uma nova perspectiva de ação do projeto que surgiu nos motes dos CASa de

Filosofia e CASa de Artes. Nesse ambiente, buscar-se-á convidar um professor que dialogue

com temáticas referentes à espiritualidade, à religião, temas que se fazem presentes mesmo no

meio acadêmico, imaginado por alguns como contrário às crenças religiosas, em favor apenas

da cientificidade.

O primeiro evento ocorreu em 24 de novembro de 2011, no anfiteatro do curso de

Matemática da UFC, Campus do Pici, e contou com a presença do professor Dr. Mauro

Martins Amatuzzi, docente titular aposentado da USP e PUCCAMP, e do professor Dr.

Regenaldo da Costa, do curso de Filosofia da UECE e da Faculdade de Direito da UFC, co-

coordenador desta ambiência. O direcionamento pensando para instigar os presentes foi: ―A

Busca Religiosa‖, debatendo ―a busca religiosa pessoal e as suas características, o panorama

dos estudos religiosos atualmente e o percurso de purificação dos conceitos religiosos.‖

Page 82: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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O CASa de Religião contempla um dos quatro pilares da sabedoria humana e sua

abrangência mostra-se ressoante na Universidade. Para se completarem esses pilares, planeja-

se o desenvolvimento do CASa de Ciências para o ano de 2012.

A proposta do CASa de Ciências é concluir a abrangência das bases da sabedoria

humana que o projeto CASa se propôs a contemplar. Em oito encontros planejados para o ano

de 2012, iniciando em março, a perspectiva é de se construir um espaço de reflexão

epistêmica.

No tópico a seguir, sair-se-á da perspectiva formativa desta coordenação e passar-se-á

para a análise das ferramentas de comunicação utilizadas pelo projeto. Entretanto, antes de

descrever cada uma delas, será apresentada a linha visual de marcas que compõem o

imaginário de ações do projeto, bem como sua própria logomarca, a qual carrega sua

identidade visual.

5.6 Linha Visual: a CASa e suas marcas

Antes de discorrer sobre como se organiza a difusão do que ocorre no projeto para

seus participantes e comunidade externa a ele, investigar-se-á os registros visuais que

simbolizam as ações desenvolvidas. Como início será apresentada a evolução da marca que

recebe o nome do projeto e sintetiza seus principais conceitos.

A primeira logomarca era uma leitura da casa sede da Reitoria da UFC e foi concebida

pelo trabalho do publicitário Fernando Manara. A escolha por este símbolo se deveu aos

objetivos do próprio projeto, os quais residiam na recepção dos professores num espaço que

permitisse seu crescimento e sua familiarização, tanto com o ambiente onde se inseriam

quanto com as pessoas que dividiam esse lugar comum.

Figura 1: Primeira logomarca do Projeto CASa – leitura Reitoria

Page 83: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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Segundo Cavalcante Jr., a marca foi construída a partir de um trabalho fotográfico da

Reitoria da UFC, a qual, antes de pertencer à Universidade, era de fato uma residência onde

moravam os ―Gentil‖, tradicional família do bairro Benfica na década de 1960 quando a IES

instalou-se nas mediações daquela região.

Por trazer em si a imagem da casa que abriga o centro administrativo da instituição,

representante direto de seus valores e tomadas de decisões, a marca buscava transferir esse

sentimento familiar aos que ingressavam no projeto.

O símbolo se constitui de duas partes: uma imagética e outra escrita. Na figurativa,

situada acima da literal, há a representação da Reitoria da UFC. Dessa forma buscou-se

demonstrar todos os valores relacionados aos fatores de contextualização mencionados

anteriormente. Na literal, existe a sigla do projeto em destaque, com o acréscimo da letra ―a‖

para compor o nome ―CASa‖. O brasão da UFC é inserido abaixo da letra ―A‖, maiúscula,

numa inversão de posição com a parte figurativa, onde a instituição vinha em primeiro plano,

com o objetivo de simbolizar a proteção e o acolhimento oferecido pelo projeto aos seus

moradores.

Com o tempo, percebeu-se que a tipografia utilizada na marca era muito rígida e não

demonstrava as características de adaptabilidade e de parceria desenvolvidas nas diversas

ações vinculadas ao projeto. Além de se reconhecer que a parte literal cumpria a síntese

ideológica da casa, sendo a parte figurativa responsável por uma sobrecarrega informacional.

Foi com essas constatações que se reestruturou a marca inicial, dando maior organicidade e

simplicidade visual ao símbolo, contudo mantendo a mesma concepção conceitual.

Figura 2: Marca atual do Projeto CASa

Cavalcante Jr. comenta esse processo e como o bolsista Márcio Moreira, estudante de

Publicidade e Propaganda responsável pela nova marca, consegue traduzir em mudanças

simples os conceitos e definições que pôde compreender do projeto:

A imagem da CASa [...] foi inspirada na reitoria, então a primeira grande imagem do

projeto CASa ela tem como fundo um trabalho fotográfico feito sobre a imagem da

reitoria. Com a chegada do bolsista Márcio Moreira, ele já trouxe uma contribuição

dessa organicidade da marca. Ele viu que essa marca, ela poderia ter elos [...] num

formato desse organismo CASa que ele tanto nos escutou falar. Ele percebeu que

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aquele organismo estava contemplado, mas poderia ser melhor contemplado se essa

marca tivesse ligações e mudanças na tipologia da letra. Então nós já temos uma

nova logomarca que preserva a ideia original, mas com uma tipologia que inclui a

organicidade, agrega esse novo conteúdo. (Entrevista Cavalcante Jr., 2011).

A atual logomarca serviu como modelo base para o desenvolvimento de todas as

outras marcas que compõem as representações das ações do projeto, também de autoria de

Márcio Moreira. Seguem as imagens dessas marcas:

Figura 3: Marcas CASa de Filosofia, CASa de Artes, CASa de Religião e CASa de Ciências,

respectivamente

A tipologia empregada ganha agora novos contornos. É mais fina e cursiva,

aproximando ainda mais à grafia manual e humanizando as marcas como um registro pessoal

de assinatura. O distanciamento que poderia ser percebido por se usar uma tipografia

tipicamente eletrônica, torna-se diminuto quando se caracterizam as letras com um tom

próximo a de uma assinatura pessoal, dá-se aí um caráter mais humano a essa escrita.

A opção por englobar essa tipologia em um círculo possibilita uma melhor leitura aos

caracteres brancos da fonte empregada. Outro fator da utilização desta forma geométrica é sua

ausência de arestas, o que também a caracteriza como contínua. Independente de onde se

tenha começado, o processo será continuado e progressivo.

O círculo pode ser ainda uma representação da expansão e da transformação que os

docentes construíram no CASa e na UFC, que teriam partido do projeto e alcançado suas

ações nos vários ambientes onde sua atuação professoral se fez necessária. Expansão e

transformação que mantém o CASa protegido ao centro da figura.

A marca do CASa Aberta não será trabalhada neste ponto pois todas as informações

acerca do programa radiofônico serão discutidas posteriormente, encaixando-se neste ínterim

a logomarca desenhada para ele.

Após um reconhecimento visual das logomarcas que compõem as iniciativas do

projeto, passar-se-á à compreensão das ferramentas de divulgação acional e ideológica.

Page 85: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

85

5.7 Breviário

O Breviário é uma newsletter, espécie de jornal eletrônico, com periodicidade

semanal, que contém uma série de informações sobre as ações realizadas e a realizar no

projeto. As características principais desse tipo de comunicação são sua regularidade e a

oferta de conteúdos sobre um assunto específico, de produtos ou serviços, no caso do CASa

esses serviços seriam as ATs, os STs e demais atividades divulgadas para inscrição.

Em geral, há confusões na diferenciação entre newsletter e mala direta eletrônica por

pessoas que não são da área comunicativa. Enquanto o foco da primeira é no conteúdo, com o

desejo de criar vínculos entre leitor e emissor, possibilitando conhecimento sobre ações

desenvolvidas e confiabilidade nas informações divulgadas, em uma mala direta eletrônica há

foco numa ação promocional de momento, assim sua relevância é de curto prazo.

Bernadete Porto comenta que antes da concepção do Breviário, no formato em que se

apresenta hoje, havia um email transmitido aos professores inscritos. Contudo, vários eram os

problemas dessa comunicação, desde cunhos de diagramação e organização da informação

como no layout e correlação ao projeto. Foi a partir dessa necessidade que se convidou um

jornalista, professor Ismael Furtado, para cuidar da estruturação das informações e um

bolsista para auxiliar esse processo.

A partir do trabalho desenvolvido pelos bolsistas de graduação de diferentes cursos,

envolvidos nas etapas de produção, Cavalcante Jr. discorre sobre as mudanças percebidas no

formato e estruturação informacional do Breviário, bem como o aprendizado proporcionado

pelo contato com esses estudantes:

Se eu pego o primeiro Breviário do CASa comparado com o mais recente Breviário

é uma evolução gritante. Porque o primeiro Breviário nós tínhamos [...] uma

construção técnica do Breviário feito por um estudante de computação que conhecia

a técnica da formatação, depois passamos pra formatação com o saber do

jornalismo, então nós vimos que o Breviário ganhou texto, ele ficou encorpado de

palavras. Funcionou muito bem, comunicando textualmente as mensagens que

precisariam ser compreendidas por nossos professores. Atualmente nós estamos na

fase do Breviário feito pelo de publicidade e propaganda, em que ele é uma imagem.

O texto passa a ser um conceito, o branco, um espaço vazio, passa a ser valorizado.

É muito interessante eu que sou da psicologia aprender com a computação, com o

jornalismo, com a publicidade e propaganda. (Entrevista Cavalcante Jr, 2011).

Até o final do mês de outubro de 2011, foram divulgados 60 edições do Breviário,

sendo 31 do ano de 2010, considerado o ano I da publicação, e 29 de 2011, o qual traz sua

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86

identificação como ano III, provavelmente em referência a totalidade dos três anos de

existência do projeto CASa.

As adequações que o material foi somando ao longo do tempo podem ser

acompanhadas pela disposição das informações e layout em suas várias edições. A seguir são

exibidas algumas de suas estruturas organizativas, concebidas a partir de sua análise

cronológica.

Figura 4: Breviário versão inicial 2010: layout e sua 2ª edição

As primeiras edições possuíam um foco centrado no texto, ou seja, as informações

eram o essencial e sua organização se dava em blocos diferenciados por cores. Seus elementos

básicos eram: o cabeçalho, com o nome e cidade de publicação, ano de veiculação e número

da edição, ao topo; as marcas da UFC e do projeto CASa, que acompanhavam o cabeçalho

estando a primeira à direita e a segunda à esquerda ou acima do título da publicação; abaixo

desse conjunto apareciam os blocos de notícias, geralmente em número de dois, comentando

ações das Ambiências Temáticas ou do projeto; à direita das notícias localizava-se a

programação das atividades a se desenvolverem pelas Ambiências Temáticas; e no rodapé

residiam as sugestões culturais, geralmente indicações de livros ou filmes, e os avisos de

cunho variado.

WILLIAMS (2009) elenca os princípios básicos que compõem o design de uma peça,

são eles: contraste, repetição, alinhamento e proximidade. O contraste evita a monotonia da

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87

página, gera diferenças entre os elementos e atrai o leitor para pontos específicos. A repetição

auxilia na identificação de pontos comuns de conteúdo e gera unidade entre eles, mesmo que

se encontrem distantes. O alinhamento cria uma aparência limpa e organizada, nenhum

elemento deve ser posto arbitrariamente na composição visual da página. A proximidade

ajuda a diminuir a desordem, grupos de conteúdos são em geral identificados como um bloco.

Prudente destacar que esses princípios não podem ser trabalhados separadamente, sua

correlação será a responsável pela estruturação da informação no suporte.

No layout das primeiras edições percebe-se que o contraste entre o tamanho da fonte

empregada no título (Breviário) e no conteúdo gera a sua percepção como foco de atenção,

enquanto os blocos de texto das notícias, por proximidade e alinhamento, são identificados

como uma informação congregada. A programação, a sugestão cultural e os avisos são

contrastados do restante através de cores diferenciadas. Contudo, não há uma padronização

das cores ao longo das edições que seguem essa estrutura, o que facilitaria seu

reconhecimento por repetição de elementos associativos à informação. O excesso de textos

também pode ser alvo de críticas, pois gera cansaço e monotonia visual ao leitor, facilitando a

dispersão na leitura.

Mais cinco variações, no que tange a organização dos layouts, foram percebidas entre

as 60 edições. Acréscimos de informações como: expediente de produção, localizando os

responsáveis pelos conteúdos e diagramação; temas dos programas CASa Aberta, após sua

inserção na rede comunicacional; e trechos de citações acerca da formação docente e

educação, dando destaque ao propósito do projeto. O visual ganhou novos contornos,

destacando mais eficazmente as informações através de variações de cores, formas,

tipografias e no tamanho da newsletter do CASa. O estilo de escrita acompanhou a forma de

expressão dos bolsistas responsáveis, a saber: Mariana Freire, estudante de Jornalismo da

UFC, que foi responsável pela redação e diagramação no semestre de 2010.2; Márcio

Moreira, do curso de Publicidade e Propaganda da UFC, responsável pelas atividades em

2011.1; e Jéssica Carneiro, do curso de Jornalismo da UFC, que colabora com textos e

diagrama o material desde meados de 2011.2.

Mudanças na distribuição das informações também foram realizadas. O espaço

destinado às ―Próximas atividades‖, o qual se limitava às ações das ATs, passou a se dividir

em dois momentos: o primeiro ainda destinado às ATs e o segundo dedicado aos encontros

presenciais a se realizarem na Casa de José de Alencar ou demais locais dos campi da UFC.

Depois, com o surgimento de novas iniciativas como os Seminários Temáticos, Mentores de

Docência e CASas de Filosofia, Artes e Religião, o tópico ganhou autonomia e separou-se das

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atividades desenvolvidas pelas ATs, área do Breviário que adquiriu o nome de ―Programe-se

com as Ambiências Temáticas‖. Mais recentemente, a agenda de atividades passou a ser

divulgada no formato de calendário no ―Programe-se‖, com os dias das atividades em

destaque, indicados por legendas que relacionavam as informações principais.

A ―Sugestão Cultural‖, que em muitos casos se restringia a indicações de leituras ou

filmes, assumiu a indicativa de ―O que se lê na CASa‖ ou ―O que se vê na CASa‖. As redes

sociais, em que o projeto começou uma nova linha de contato com seu público, ganharam

espaço de divulgação no Breviário, estando o twitter (@casaufc) presente inclusive em alguns

cabeçalhos da publicação e depois passando a ocupar uma área específica, ao lado do

facebook do projeto.

Em sua perspectiva mais atual, o Breviário passou a ser constituído por banners com

links que direcionavam o leitor ao conteúdo estendido da informação contido no site do

projeto. Dessa forma, o número de visitas ao ambiente virtual cresceu, gerando maior

interatividade à newsletter e aproximando as ferramentas comunicacionais. Com essa redução

de textos proporcionada pelos hiperlinks dos banners, o apelo visual pôde ganhar maior

destaque, seduzindo o leitor a se interessar por maiores informações. Um modelo que

demonstra essa nova versão pode ser visto a seguir e a cronologia dos layouts no Anexo II.

Figura 5: Breviário versão mais atual com banners de hiperlinks

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5.8 Portal do CASa

O portal do projeto (www.casa.ufc.br) foi idealizado para reunir as principais

informações acerca das ações desenvolvidas e objetivos a serem alcançados, além de

possibilitar um espaço virtual para o contato entre os moradores do CASa através de

comentários, artigos publicados, indicações de leituras, vídeos e imagens. Canal que integra

as outras ferramentas de comunicação, disponibilizando o download dos Breviários e

podcasts do CASa Aberta, e permitindo acesso às redes sociais nas quais a iniciativa da

Prograd se insere.

Entretanto, ele não foi a primeira tentativa de integração entre os docentes recém-

ingressos a um ambiente virtual de permutas. Antes de sua existência, o ambiente utilizado

era o Sistema On-line para criação de projetos e comunidades, ―Sócrates‖:

O SÓCRATES - Sistema On-line para criação de projetos e comunidades

(www.vdl.ufc.br/socrates) - é um ambiente para criação e gerenciamento de projetos

colaborativos e comunidades virtuais de aprendizagem. Sua concepção surgiu das

discussões realizadas entre o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação

Continuada (www.vdl.ufc.br/humanas) e o grupo de desenvolvimento do Instituto

UFC Virtual, da Universidade Federal do Ceará (UFC). (BRASIL, UFC-

VIRTUAL).

Figura 6: Tela inicial do Ambiente Sócrates

A partir desse ambiente, os interessados podiam criar comunidades de discussão para

suas Ambiências Temáticas, onde desenvolveriam as etapas semipresenciais de seus

encontros. Contudo, diversos empecilhos foram encontrados no trato com essa ferramenta, os

quais se entendiam desde a incompreensão de seu funcionamento, limitações de tamanho de

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90

arquivos suportados ao mau uso por seus moderadores, que demoravam a responder a

solicitações de ingresso às comunidades.

O Sócrates passou, então, a ser usado como um lugar onde os membros inscritos

deixavam links dos locais onde disseminavam suas informações, tendo em vista a reduzida

capacidade de armazenamento grandes arquivos.

Com as mudanças nas formatações do CASa, a entrada de um novo contingente de

professores e as possibilidades do portal, que se desenhava para além da plataforma, o

Sócrates acabou tendo sua utilização bastante reduzida. Mesmo assim, seu vínculo ao CASa

ainda se mantém, contando com 603 participantes cadastrados e 13 comentários postados,

todos do ano de 2009, sendo a grande parte composto por dúvidas referentes ao uso da

plataforma.

Bernadete Porto indica os caminhos que se deram após o surgimento da ideia de se

desenvolver o portal para o projeto, comentando sobre as novas possibilidades que ele poderia

adicionar e a integração entre ferramentas.

E depois veio a ideia do portal que eu acho que é a mais fantástica. Esse condensa e

ao mesmo tempo não restringe. Você condensa no sentido que você localiza as

informações sobre o CASa, mas você não restringe daí as pessoas dão informações

de tudo que é lado. Você pode linkar para mil lugares. Aí eu acho que o portal

chegou onde a gente queria em termos de comunicação sobre o CASa. (Entrevista

Bernadete Porto, 2011).

No semestre de 2011.1, o portal foi reestruturado e ganhou novos ares com a ação do

bolsista Lucas Rafael. Numa concepção expandida de feedback entre a instituição responsável

por sua manutenção e o visitante. A partir dessa reestruturação, o contato com o visitante foi

facilitado, assim como a navegação e organização das informações.

Usa-se a denominação de portal para o ambiente disponibilizado pelo CASa, e não de

site, tendo a diferenciação defendida por RODRIGUES (2005), profissional de webwriting.

Segundo sua concepção, site é entendido como um espaço básico de informação, seu objetivo

principal é organizá-la e estruturar uma hierarquia informacional que seja de fácil navegação

ao internauta. ―Um website nada mais é que um grande arquivo. Se estiver bem organizado,

encontra-se facilmente a informação, e o objetivo final foi alcançado‖. Enquanto que no

portal, há um foco direcionado para seus públicos com a criação de conteúdos específicos, nos

chamados ―conteúdos verticais‖. ―Além disso, um portal possui ferramentas que constroem

um real relacionamento entre quem produz e que consome a informação, como fóruns bem

conduzidos e compilados, pesquisas‖.

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Com a pretensão de facilitar a visualização das funcionalidades da ferramenta, abaixo

está uma imagem de sua tela inicial, seguida por um esquema de seu layout, de onde se partirá

para a explicação dos espaços oferecidos ao visitante.

Figura 7: Tela inicial portal CASa

Figura 8: Layout tela inicial portal CASa

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Na tela inicial do portal, destaca-se a marca do projeto no canto superior esquerdo,

servindo para sua identificação como componente do mix comunicativo. Logo abaixo segue o

menu de opções ofertadas, banners com links para as redes sociais vinculadas, downloads dos

Breviários e podcasts do CASa Aberta. Ao centro localizam-se os banners com informações

de destaque e as notícias mais recentes. À direita estão a barra de pesquisa, o espaço para

login, o calendário de ações e as atualizações do twitter. E na parte inferior direita ficam os

contatos do projeto. Em meados de novembro de 2011, as redes sociais ganharam maior

destaque no escopo do portal com a atualização de suas informações mostradas na lateral

direita. Algo semelhante também ocorreu com os comentários dos visitantes que ganharam

destaque na lateral esquerda do ambiente virtual.

O menu principal deixa à disposição 17 opções para o visitante. Na ―home” o usuário

pode retornar à página principal a qualquer instante de sua navegação. ―Que CASa é essa?‖

permite um contato primário com as diretrizes e objetivos do projeto. ―Gente da CASa‖ traz

um pouco sobre a formação dos coordenadores gerais e de programas do CASa, profissionais

técnico-administrativo e bolsistas que compõem a equipe. ―Mentores‖ relaciona nomes de

docentes que auxiliaram em sua concepção. ―Contato‖ permite que se enviem informações

para o projeto, as quais podem ser dúvidas, críticas, sugestões, opiniões. ―Notícia‖ permite o

acesso aos artigos publicados no portal. ―Agenda‖ mostra o calendário de atividades a serem

realizadas ao longo do ano. ―Ambiências Temáticas‖ relaciona e descreve as ATs

desenvolvidas em Fortaleza, Quixadá, Sobral e Cariri. ―Publicações‖ disponibiliza textos

acadêmicos produzidos acerca do CASa. ―Legislação Docente‖ torna conhecidos os principais

regimentos da instituição e do Ensino Superior. ―Empossados em 2011‖ é um espaço de

primeiras informações para os recém-ingressos no referido ano, acolhendo-os e

encaminhando-os para a inscrição em atividades do projeto. ―Memória‖ é onde se guardam

fotos, vídeos e linha do tempo, resguardando sua história. ―Cadernos da CASa‖ é uma

proposta de entrevista mensal com docentes que compõem o projeto. ―CASa de Filosofia‖ é

espaço de interatividade que visa dar continuidade à reflexão iniciada na ação, nesse local são

postados vídeos, links, comentários, podcasts numa construção coletiva da informação.

―CASa de Artes‖ é onde se postam notícias e vídeos das realizações dessa ambiência, sendo

também um espaço de continuidade ao pensamento instigado nos encontros presenciais.

―Documentos e Formulários‖ traz as publicações do CASa para download, bem como o

pedido de declaração de participação. ―Inscrição para 2011‖ permite a inscrição nos eventos

do projeto.

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Os banners distribuem-se para permitir hiperlinks com outras ferramentas

comunicativas, no caso das redes sociais, Breviário e CASa Aberta, mas também dão

destaque para as informações mais relevantes ou inscrição em eventos específicos.

As notícias informam sobre o que aconteceu e o que ainda ocorrerá na dinâmica de

formação docente proposta.

A barra de pesquisa permite a localização de conteúdos específicos numa busca

direcionada. Essa ferramenta é fundamental quando o portal oferece muitas opções e o

visitante pode acabar não se localizando facilmente em sua organização.

O espaço de login dos docentes cadastrados possibilita o acesso a informações de

caráter reservado aos inscritos.

O calendário é um atalho para a agenda de eventos e ações do projeto. Enquanto as

atualizações do twitter integram as informações divulgadas por esse canal diretamente no

conteúdo do portal.

Visando a transparência e alternativas de contato, na extremidade inferior esquerda são

relacionados as informações principais do projeto como endereço, telefones para contato e

email.

A reestruturação do Breviário no formato de banners com links para o conteúdo do

portal gerou uma elevação do número de visitas, segundo relatório do bolsista Lucas Rafael

referente aos acessos do mês de setembro de 2011. Com uma média de 48 visitas ao dia, a

maioria das origens do tráfego do portal era direto, ou seja, os usuários digitavam diretamente

o endereço www.casa.ufc.br no navegador. Outras origens foram: Google, Facebook, sites da

UFC (www.ufc.br) e da Prograd-UFC (www.prograd.ufc.br). As páginas mais acessadas,

excluindo-se a home, são as de inscrição em eventos, seguidas pela do calendário. Entre os

artigos, ganham destaque o ―CASa Aberta‖ e ―Que CASa é essa?‖, respectivamente.

A quantidade de redirecionamentos ao portal possibilitada pelas outras ferramentas

comunicacionais do projeto são fatores relevantes para a compreensão da importância de sua

integração. No tópico seguinte são apresentadas as redes sociais que auxiliam no processo de

divulgação do CASa.

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5.9 CASa nas redes sociais: Twitter, Youtube e Facebook

O CASa possui perfis em redes de relacionamento virtuais como o twitter

(http://twitter.com/casaufc/) , o canal no youtube (http://www.youtube.com/casaufc) e o

facebook (http://www.facebook.com/pages/Projeto-CASa-UFC/121782631249965), espaços

onde são divulgadas as ações realizadas, os eventos por vir, links para os outros ambientes

suportados pelo projeto e notícias, artigos ou materiais de interesse aos docentes em Estágio

Probatório. Discorrer-se-á sobre cada um deles a seguir.

Figura 9: perfil do CASa no twitter

O twitter é uma rede de informações em constante atualização que conecta pessoas

com interesses semelhantes. Com o espaço limitado de 140 caracteres, o usuário pode

compartilhar seu conteúdo tendo a pergunta ―o que está acontecendo?‖ como norteadora.

Dados adicionais podem ser encontrados no perfil redigido pelo internauta em sua página,

além do número de pessoas que recebem suas informações (seguidores) e as das quais o

usuário busca conteúdos (seguindo).

Com o perfil @casaufc, o projeto ingressa na rede em 12 de setembro de 2010 e, até a

data do estudo realizado para esse trabalho, contava com 67 seguidores, seguia 10 perfis e já

havia divulgado 263 blocos de informações (tweets).

A ferramenta se torna mais um canal de divulgação rápida dos acontecimentos que

envolvem o CASa, podendo ser acompanhados de vários locais, com a possibilidade,

inclusive, de assistir às ações por meio de webcams. Contudo a ausência da marca oficial do

projeto pode gerar uma impressão de falsidade do perfil, o que poderia reduzir a credibilidade

nas informações divulgadas.

Page 95: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

95

Figura 10: canal do CASa no youtube

O youtube é uma ferramenta que permite aos usuários o envio e a visualização de

vídeos, disponibilizando, ainda, um espaço para a descrição do material audiovisual e outro

para comentários de quem os assiste, gerando verdadeiros fóruns virtuais.

―Canal‖ é como se chama um ambiente próprio de um usuário, onde ele pode postar

seus vídeos e criar um perfil de acesso. Isso facilita a reunião de seu material e possibilita o

incremento da página através de personalização do background (espaço anterior às

informações principais).

O canal do projeto (casaufc) foi criado em abril de 2011, possui apenas quatro vídeos

publicados, com um número de 181 acessos e última atualização realizada à mesma época de

sua criação. As ferramentas oferecidas pela ferramenta são subaproveitadas, tendo em vista

que não há um plano de fundo personalizado, foto de perfil, a qual poderia ser a marca do

projeto, e informações mais detalhadas sobre o material postado.

Page 96: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

96

Figura 11: Página de facebook do projeto CASa

O facebook é uma comunidade de relacionamentos criada em fevereiro de 2004,

segundo dados do próprio site, que visa o compartilhamento de informações entre as pessoas

de vários locais do planeta, conectadas através da plataforma.

Com a pergunta chave ―no que você está pensando?‖ o site permite que as pessoas

adicionadas a sua rede de amigos possam ler publicações em seu ―mural‖ pessoal ou no de

outras pessoas as quais se tenha acesso. Assim o fluxo de notícias, links para outras

informações, imagens, vídeos, posicionamento geográfico pode ser visualizado e atualizado

até mesmo em celulares mais modernos.

Dados relativos a formações educacional e profissional, interesses em atividades e

entretenimento ou contatos podem ser identificados no perfil do usuário cadastrado.

Por meio da percepção das potencialidades desse instrumento, o projeto CASa

ingressa na rede em 21 de julho de 2011, criando uma página para divulgação de ações,

notícias, informes interessantes e relacionamento entre os docentes.

Até a data de escritura desse trabalho, a página contava com 39 usuários que recebiam

atualizações diretas do site por meio de seus perfis e 4 mencionavam atividades do projeto em

suas publicações.

A iniciativa de se criar mais um canal de comunicação é interessante por acompanhar

as tendências de difusão informativa das tecnologias disponíveis, contudo, algumas

Page 97: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

97

potencialidades são subaproveitadas pelo CASa, como a área para a publicação de fotografias,

por exemplo. Assim, sua manutenção requer um zelo específico, principalmente tendo a

rápida disseminação de críticas e elogios no universo virtual que a internet possibilita,

podendo acarretar resultados positivos ou negativos frente a seu público, dependendo de como

o conteúdo é administrado.

Após essa localização das redes sociais do projeto, é importante destacar que essas

novas modalidades de relacionamento virtual estão em processo de adaptação à realidade do

projeto, assim, ainda estão se moldando e sua difusão está se construindo através do

Breviário, portal (com os links) e de anúncios no programa radiofônico. Mostrando a

integração entre esses esforços.

5.10 Uma proposta de programa de tevê: o CASa na tevê

A expansão na difusão da informação proporcionada em fase inicial pelo rádio, objeto

principal de análise do próximo capítulo e por isso não desenvolvido nesse, e acompanhada

pelos outros veículos de comunicação do CASa, gerou a ideia de se realizar um programa

para televisão que se chamaria ―CASa na Tevê‖.

A proposta é de se conseguir um espaço para um programa televisivo, ampliando a

cobertura de abrangência das atividades do projeto da Prograd-UFC. Entretanto, seus

formatos, duração, dia de veiculação e demais especificações como apresentador e equipe

técnica, ainda não estão estruturados. O que há de fato é essa proposta de expansão da frente

comunicativa.

Bernadete comenta sobre a ampliação por qual a comunicação do projeto passa:

Eu vejo como natural ampliar a comunicação para todos. Eu queria o CASa na tevê,

no flanelógrafo, no correio elegante na festa de São João. Então, para mim, chegar a

tevê não é uma coisa assim de rebuscar, não é uma coisa de elitizar porque a

televisão parece mais elitista do que o rádio porque é mais cara também. Mas não,

eu acho natural que a gente possa ocupar com a ideia da cooperação na

aprendizagem significativa, [...], ampliar para todas as formas de comunicação

possíveis. (Entrevista Bernadete Porto, 2011).

Para a coordenadora de formação docente, o responsável pela amplificação

comunicacional primária do CASa para além dos muros da UFC de Fortaleza, foi o programa

CASa Aberta.

Page 98: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

98

O rádio já ampliou muito, porque quando a gente estava só no Breviário ou só nos

emails ou mesmo na plataforma Sócrates, nosso universo era restrito. Na plataforma

Sócrates só entrava quem era cadastrado no CASa. No Breviário, se eu não repassar

esse email ninguém vai saber que isso está acontecendo. Quando a gente foi para o

rádio já botou a boca no trombone, já abriu aí a informação. Isso torna mais

transparente as nossas ações. Eu gosto muito disso. (Entrevista Bernadete Porto,

2011).

E é com a contextualização do programa radiofônico do projeto CASa que se iniciará

o próximo capítulo, responsável por apresentar as origens, estrutura organizacional e análise

do CASa Aberta.

Page 99: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

99

6. CASa Aberta: contexto, estrutura e análise

Neste capítulo será apresentado o CASa Aberta, programa radiofônico que deu origem

ao presente estudo. Para tanto, o contexto e as motivações de sua criação serão expostos,

possibilitando o entendimento de suas origens e funcionalidade dentro do projeto CASa. A

partir desta compreensão, seguir-se-á a explanação de sua estrutura comunicacional e de seus

dados de cunho técnico. Por fim, serão identificados pontos congruentes ou divergentes à

proposta do projeto de formação docente da UFC através da análise dos programas veiculados

e das respostas aos questionários pessoais aplicados aos professores participantes do referido

projeto.

6.1 CASa Aberta: concepção

O CASa Aberta é um programa radiofônico da Pró-Reitoria de Graduação da UFC em

parceria à Rádio Universitária FM, tendo o apoio do Instituto UFC Virtual e, mais

recentemente, da Liga Experimental em Comunicação da UFC. Sua veiculação ocorre todas

as sextas-feiras, às 16h, desde o dia 15 de outubro de 2010. A data comemorava os 29 anos de

fundação da Rádio Universitária FM e, acima de tudo, o dia do professor, figura motriz e

centro da construção do programa.

Por meio das entrevistas com os idealizadores do CASa pôde-se apreender os fatores

que conduziram a sua criação. A percepção de que a comunicação era um fator indispensável

para a boa continuidade das ações do projeto, auxiliando inclusive no processo de

aprendizagem, como já citado, gerou uma preocupação maior com as ferramentas utilizadas

para tal papel. Foi por tal motivo, inclusive, que a coordenação do CASa dividiu-se nas duas

linhas de ações trabalhadas nos capítulos anteriores.

Além disso, notou-se a necessidade de expandir as discussões que se realizavam no

projeto para fora do nicho dos campi da UFC em Fortaleza. Entretanto, não havia uma decisão

a priori do formato que seria usado para alcançar esse fim.

Ismael Furtado, apresentador do programa, comenta que quando ele e Andrea Pinheiro

foram convidados a apoiar o CASa, no âmbito da comunicação, não havia uma determinação

específica do que se desejava fazer para mediar esse diálogo entre projeto e professores.

Havia a expectativa de melhorar sua comunicação.

Page 100: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

100

A ideia de se criar um programa de rádio partiu, então, da experiência de Andrea

Pinheiro na produção radiofônica e de Ismael Furtado como debatedor de um programa na

Rádio O Povo. Um ponto comum a todas as entrevistas, realizadas para a assimilação das

origens do programa no rádio, indicam a escolha desses dois profissionais não só pela

desenvoltura com o veículo, mas por ser uma experiência significativa para eles trabalhar com

tal instrumento.

Cavalcante Jr. indica como se deu o contato com a professora que viria a ser a

produtora do CASa Aberta, de sua primeira edição até julho de 2011, partindo da experiência

da docente e de seu interesse pela dinâmica do rádio:

Identificamos em uma das professoras do projeto CASa uma experiência longa com

rádio, que é a professora Andrea Pinheiro. Nós a convidamos para criar um

programa de rádio partindo daquilo que ela gosta, que ela sabe fazer. Então foi

criado o programa CASa Aberta. (Entrevista Cavalcante Jr., 2011).

Segundo Ismael Furtado, o pensamento original seria produzir uma série de programas

com temáticas relacionadas à educação, compilar os dados e distribuir aos docentes em uma

coleção. Com o ritmo que o CASa Aberta foi ganhando ao longo de suas edições, o programa

ganhou autonomia e provou ser uma iniciativa com méritos e temas a abordar suficientes para

se manter ao longo do tempo.

Dessa forma se idealizou o CASa Aberta como ferramenta que propagasse os ideias e

atividades do projeto CASa, comunicando para além das atividades presenciais de Fortaleza e

pensando, prioritariamente, nos campi de Quixadá, Sobral e Cariri. Atingir-se-ia ainda, por

consequência, toda a comunidade de ouvintes da rádio no referido horário. Custódio Almeida

expressa sua visão sobre o assunto:

Eu vejo como a experiência da Universidade que se abre para a cidade, para a região

metropolitana de Fortaleza, porque o programa de rádio extrapola a escuta interna da

Universidade. Eu acho que é uma forma de mostrar para a sociedade que nós

estamos empregando esforços no processo de sensibilização permanente dos

professores para a docência. [...]

O CASa Aberta, como programa de rádio, [...] é um sinal de maturidade. Porque

quando você abre para a escuta externa você já confirma que está no caminho certo.

[...] É uma comunicação com a cidade, uma comunicação com ouvintes que vão nos

interpelar, que vão exigir de nós respostas. Eu acho que com isso a gente ajuda

também, para além da UFC, a construir uma cultura de formação docente

permanente. (Entrevista Custódio Almeida, 2011).

A perspectiva de Cavalcante Jr. vai ao encontro do citado pelo Pró-Reitor de

Graduação quando o coordenador traz a contribuição do programa na expansão do

Page 101: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

101

pensamento desenvolvido pelo projeto, nas ações de Fortaleza, para as outras regiões que

também abrigam as pessoas da CASa.

A concepção de que muitas das nossas discussões precisavam chegar para além da

Casa de José de Alencar, principalmente para os nossos colegas que estão em

Quixadá, que estão em Juazeiro do Norte, Barbalha, Sobral. E o rádio seria uma

forma de disponibilizar algumas das temáticas, das discussões que estão

acontecendo em Fortaleza para essas outras cidades. E, considerando que a Rádio

Universitária a programação pode ser acompanhada pela internet. Tanto ao vivo

essas pessoas podiam acompanhar o programa e participar com perguntas como

também no formato de podcast e disponibilizar essa gravação dentro do portal.

(Entrevista Cavalcante Jr., 2011).

A possibilidade de se disponibilizar os conteúdos dos programas em podcasts no site

do Instituto UFC Virtual, função conjugada posteriormente ao site do CASa, gera um maior

número de professores cobertos por essa mídia, contemplando ainda a vontade inicial de se

criar uma coleção para os docentes, já que eles podem ter acesso aos programas e adquirir os

que lhes forem de interesse através de downloads nos sites mencionados.

A título de situação do formato citado anteriormente, podcast é o nome dado a um

arquivo de áudio disponibilizado em plataformas virtuais na web, podendo ser baixado para

escuta. Várias críticas são realizadas, questionando se esse formato seria ou não uma

expressão radiofônica, mas não cabe a este estudo especificá-las, apenas situar o leitor acerca

das definições dos termos utilizados na escrita.

A função do programa seria difundir não apenas o que se faz dentro do CASa, mas sim

o próprio sentido de formação docente defendido pelo projeto. Ismael Furtado identifica a

visibilidade gerada pelo CASa Aberta e a importância de o veicular num suporte midiático da

UFC, o qual possui em seu público direto os docentes que compõe a instituição.

Eu acho que institucionalmente o programa é importante no sentido que dá

visibilidade a uma ação diferenciada da Universidade. Se você olhar o projeto

CASa, você demora um tempinho para entender. Ele a princípio é confuso. Quando

a pessoa fala pela primeira vez, ―Comunidade de Cooperação e Aprendizagem

Significativa‖, é estranho. A forma dele trabalhar, por ser diferente, ela é percebida

como estranha também. Então, ter um programa que dá visibilidade a isso, por um

veículo de ampla aceitação, num formato extremamente conhecido, é uma forma de

consolidar esse projeto da Universidade [...] ocupando um espaço que é da

Universidade, [...] valorizando o instrumento da rádio. (Entrevista Ismael Furtado,

2011).

PAIVA & PORTO (não publicado) trazem uma definição do CASa Aberta que resume

as estratégias trabalhadas em suas concepção, função e atuação. O programa funcionaria

―como um catalisador e difusor de experiências, vivências e ideias inovadoras do Projeto

Page 102: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

102

CASa‖, assim como ―foi pensado para ser um espaço de reflexão sobre a prática docente na

Universidade, a partir da vivência dos professores e se constitui, pois, como um espaço de

conversa, de troca de experiências e de saberes.‖ Dessa forma, por intermédio de seus

debatedores, por vezes docentes veteranos, outras recém-ingressos, ora professores da UFC,

ora de outras IES, o programa pode congregar um grande acervo de conhecimento e trocas de

experiências entre estes e os que ouvem. A formação docente, objetivo maior do CASa,

contempla-se tanto dentro dos estúdios quanto nos diversos locais alcançados pela mensagem

sonora.

No próximo tópico será apresentada a estrutura organizativa do CASa Aberta, visando

a compreensão de como ele se adéqua a perspectiva que lhe é inferida através de seu formato

de apresentação, temáticas e distribuição de informações.

6.2 O programa, a técnica e a estrutura

Deste ponto em diante se estudarão os aspectos técnicos e de organização estrutural do

programa CASa Aberta, gerando subsídios para seguir à análise das respostas dadas pelos

docentes ao questionário aplicado como instrumento deste estudo.

O programa é veiculado semanalmente pela Rádio Universitária FM (107,9MHz) às

sextas-feiras, das 16 às 17 horas. Em geral, são convidados três professores para debater

temas ligados à docência no Ensino Superior, tendo a mediação do professor Ismael Furtado.

A programação da rádio sofreu alterações para acolhê-lo. ―Pessoal do Ceará‖ era o

programa transmitido no horário do CASa Aberta às sextas. Com veiculação diária e

apresentação de Nelson Augusto, ele consistia em uma:

seleção musical de intérpretes, compositores e músicos cearenses. [...] Apresenta

entrevistas e informações culturais sobre eventos, shows e programações locais.

Eventualmente, são gravados e transmitidos espetáculos culturais que acontecem na

cidade. O quadro ―Pessoal no Ceará‖ abre espaço para artistas de outros estados

divulgarem seus trabalhos. (BRASIL, UFC: Universitária FM).

O CASa Aberta trouxe as discussões, de interesse dos docentes em trans-form-ação do

CASa, organizadas em mesas-redondas. Este formato enquadra-se como um gênero de

noticiário informativo e é explicado por FERRARETTO (2000), quando este cita que: ―a

opinião de convidados ou de participantes fixos constitui a base da mesa redonda, tradicional

tipo de programa radiofônico que procura aprofundar temas de atualidade, interpretando-os.‖

Page 103: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

103

As mesas-redondas podem ser de dois tipos: painéis ou debates. No primeiro, as ideias

dos participantes acabam completando-se, há uma busca por um panorama geral da questão

discutida. No segundo, busca-se reunir pontos de vista conflitantes para instigar a diálogo

entre opiniões. No programa, ambas as situações podem ser identificadas, prevalecendo o

debate pela característica de reunião de variadas áreas do saber, representadas pelos distintos

docentes que são convidados.

O programa ganhou no primeiro semestre de 2011 uma identidade visual através de

uma logomarca própria. Esta foi criada pela aluna Rayra Costa, do curso de Publicidade e

Propaganda da UFC, e buscou transparecer a ideia de escrita infantil, com características

cursivas e contínuas, remetendo ao ensino. A proposta visual foi fruto do entendimento que a

aluna construiu a partir das explicações que recebeu de como se trabalhava na Comunidade de

Cooperação desenvolvida na UFC. As cores escolhidas foram em tons quentes para propiciar

uma atmosfera acolhedora e dinâmica. A tipia selecionada foi a da fonte coolvetica-regular

por suas características de fácil legibilidade e pregnância visual. Por fim, a primeira letra ―A‖

da marca ganha destaque por representar, em sua gestalt: a figura da antena, símbolo da

propagação e recepção das ondas radiofônicas; o microfone, no sentido de ampliação da

mensagem e de dar voz para se ouvir; e, ao mesmo tempo, segundo a aluna, a figura de uma

pessoa, que é o indivíduo centro das ações desenvolvidas.

Figura 12: Logomarca Programa CASa Aberta

Interessante registrar que antes do planejamento da marca apresentada anteriormente,

o programa era sinalizado nas edições do Breviário por ícones que remetiam ao rádio, sendo o

primeiro apenas ilustrativo e o segundo um ensaio para a representação visual em uma

logomarca. As cores variavam em função do padrão definido para a edição do Breviário, caso

fosse vermelho a dominante no layout, a representação seguiria essa tonalidade, e assim por

diante.

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104

Figura 13: Sinalização de informação sobre o Programa CASa Aberta no Breviário

Figura 14: Ensaio de representação visual do programa

Após a assimilação dos ditames gerais do programa, passar-se-á para a análise de suas

partes constituintes. Essa estruturação foi derivada da escuta e reflexão realizada dos

programas veiculados no período de outubro a dezembro de 2010, totalizando 11 gravações.

Tal intervalo foi definido por se acreditar que nos três meses iniciais se concretizariam o

formato e distribuição de informações no decorrer do programa.

O CASa Aberta se divide em dois blocos com uma duração média de 30 minutos cada.

No primeiro tem-se: abertura do programa com jingle-canção e vinheta; acolhimento dos

ouvintes; informes; notícias; apresentação do tema a se discutir e debatedores; e o debate em

si. Após um intervalo, inicia-se o segundo com: contextualização do debate e seu

prosseguimento; informes; agradecimentos; e jingle.

O jingle-canção do programa foi composto pelo jornalista Flávio Paiva e gravado pela

cantora Kátia Freitas e pelo músico Cristiano Pinho. Esse formato apresenta características

semelhantes ao jingle publicitário. REIS (2008) resgatou várias literaturas a respeito de

publicidade radiofônica e usou do pensamento de Mello Vianna para elaborar uma

diferenciação desse formato:

o jingle diferencia-se do spot por se tratar de uma peça publicitária que transmite a

mensagem principalmente através de uma melodia cantada, cuja letra geralmente é

composta pelos principais conceitos da marca anunciada, pelo slogan e,

possivelmente, pelo telefone ou endereço do anunciante. (REIS, 2008, p.44)

O CASa seria a marca anunciante dessa canção e peça chave de promoção. Sua

ideologia e objetivos são explicitados na letra: ―Temos um mundo a compartilhar / pensar,

conviver, agir / refletir / a Universidade que queremos / aprender juntos, fazer juntos /

recriando o ensino com amor / com alegria e dedicação / na CASa Aberta / em permanente

construção‖. A primeira parte da letra é acompanhada apenas pela melodia instrumental. A

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105

partir da sétima estrofe (com alegria e dedicação), à voz da cantora soma-se o reforço de coro,

efeito gerado pela duplicação vocal de sua voz, e repetem-se as duas estrofes finais,

objetivando uma visibilidade maior a essa parte da canção que contém o nome do programa.

A facilidade na fixação da informação transmitida pelo jingle se dá pelo hábito humano de

repetir frases melódicas, seja cantando ou assobiando.

O jingle tem a duração de 42 segundos e em sua sequência segue uma vinheta de

abertura que se constitui na repetição do nome do programa por seis vezes, a qual se

acrescenta a informação da parceria que possibilita sua veiculação: ―CASa Aberta / CASa

Aberta / CASa / Aberta / CASa Aberta / CASa Aberta / CASa Aberta é um programa da Pró-

Reitoria de Graduação da UFC, seja bem vindo, entre e sinta-se à vontade‖. São várias

entonações, vozes ora masculinas, outras femininas, demonstrando a multiplicidade de atores

que formam o conteúdo da iniciativa tanto do rádio como do projeto em suas ações e

coordenações. A vinheta tem, em geral, curta duração, no caso do CASa Aberta apenas 20

segundos, e serve para reforçar a ideia a ser vendida, podendo ser de abertura ou

encerramento.

Ismael Furtado recepciona os ouvintes em seguida, identificando a si como

apresentadores do programa e a iniciativa como uma parceria da Rádio Universitária FM à

Pró-Reitoria de Graduação, com apoio do Instituto UFC Virtual e, mais recentemente, da Liga

Experimental em Comunicação.

Após os informes gerais do que ocorre no CASa, suas atividades planejadas, realizadas

e produções dos participantes fora do âmbito do projeto, seguem-se reportagens ou matérias

jornalísticas de cobertura ou divulgação de ações, e de assuntos de interesse dos docentes.

As matérias são, na maioria dos casos, em número de duas. Nas edições iniciais eram

divididas uma para cada bloco, nas últimas análises, percebeu-se que elas foram concentradas

no primeiro bloco. Os temas eram os eventos do CASa, como as atividades das Ambiências

Temáticas ou o Mentores de Docência, ou apresentação de funcionalidades da UFC, como a

progressão funcional, novos cursos que foram criados.

A participação dos ouvintes é estimulada através dos canais de comunicação com o

programa, seja por telefone (3366 7474) ou email ([email protected]). Os modos de

acompanhá-lo também o são, seja pelo site da rádio, os podcasts na área de multimídia do site

do Instituto UFC Virtual ou portal do CASa, respectivamente:

www.radiouniversitariafm.com.br, www.virtual.ufc.br e www.casa.ufc.br.

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106

Como incentivo à participação, ao final de cada edição sorteavam-se duas camisas do

projeto entre os ouvintes que participassem do programa. Tanto esta informação, como as

formas de participação e de acompanhamento eram repetidas ao longo da transmissão.

Depois de se exporem os informes restantes, a temática a ser discutida é apresentada,

bem como seus debatedores e suas áreas de atuação. Contextualizando para o ouvinte sobre o

que se dialogará, quem são os responsáveis por desenvolver o tema e qual a formação que os

legitima a assumir tal posto.

Os temas abordados são variados, contudo, estão sempre relacionados à docência no

Ensino Superior. Com o objetivo de demonstrar essa variedade, foi construída a tabela a

seguir com a data, a temática e os debatedores dos programas veiculados durante o primeiro

ano do CASa Aberta.

Tabela 16: Datas, temas e debatedores do CASa Aberta durante o primeiro ano de veiculação

DATA TEMA DEBATEDORES

15 de outubro de 2010

Lançamento do programa: os

desafios da docência no ensino

superior

Idelvaldo Bodião, Custódio

Almeida e Bernadete Porto.

Participação especial: Tércia

Montenegro.

22 de outubro de 2010 CASa Aberta Edição Especial

Encontros Universitários

Luis Armando Gandin (professor

adjunto da Faculdade de

Educação da UFRS), Custódio

Almeida (Pró-Reitor de

graduação), Assis de Sousa Filho

(Departamento de Engenharia

Hidráulica e Ambiental)

29 de outubro de 2010 Tecnologias Na Educação

José Aires de Castro filho

(programa de Pós-graduação da

Faculdade de Educação),

Guilherme Barreto

(Departamento de

Teleinformática) e Robson

Carlos (Instituto UFC Virtual).

05 de novembro de 2010 Acessibilidade

Vanda Leitão (Faculdade de

Educação), Ricardo Reis

(Sistemas de Informação –

Quixadá) e Adriana de Paula

(Instituto de Educação Física e

Esportes)

12 de novembro de 2010 Jogos na Aprendizagem

Glaudiney Mendonça

(Coordenador do Curso de

Sistemas e Mídias Digitais), Neil

Rezende (Sistemas e Mídias

Digitais) e Jeferson Carvalho

(Sistemas de Informação do

campus da UFC em Quixadá).

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107

19 de novembro de 2010 Educação Estética na

Universidade

Pedro Rogério (Educação

Musical), Luiz Botelho

(Faculdade de Educação), Elvis

Matos (Educação Musical) e

João Francisco Duarte Junior

(Instituto de Artes da

UNICAMP – por telefone).

26 de novembro de 2010

Metodologias de Ensino-

Aprendizagem, a partir da

experiência do curso de

Medicina da UFC

Neile Torres (Medicina),

Adriano Gomes (Ciências

Contábeis) e Márcia Maria

Tavares Machado (Medicina).

03 de dezembro de 2010 O Ensino das Engenharias e de

Arquitetura

Felipe Loureiro (Engenharia de

Transportes), William

Magalhães Barcellos

(Engenharia Mecânica) e Daniel

Cardoso (Arquitetura e

Urbanismo).

10 de dezembro de 2010

Sucessos e Fracassos

Acadêmicos: o final do semestre

letivo e o início do próximo

Manoel Andrade (Coordenador

do Programa de Aprendizagem

Cooperativa e professor do

Departamento de Química),

Roberta Zandavalli (Biologia) e

Francisca Mendes (Estilismo e

Moda)

17 de dezembro de 2010 Avaliação sobre o projeto CASa

em 2010

Bernadete Porto e Cavalcante Jr

(Coordenadores do projeto)

24 de dezembro de 2010 Edição especial de Natal com

professor André Haguette André Haguette

11 de fevereiro de 2011 Expansão da UFC

Reitor Jesualdo Farias, Custódio

Almeida (Pró-Reitor de

Graduação), Miguel Franklin

(Pró-Reitor de Planejamento)

18 de fevereiro de 2011 Dança nos processos educativos

Rosa Primo (Coordenadora do

Curso de Dança), Paulo Caldas

(Dança) e Tereza Rocha

(Dança).

25 de fevereiro de 2011 Saberes Docentes: como se

forma um professor de...?

Helena Selma Azevedo

(Economia Doméstica), Otávio

Balzano (Instituto de Educação

Física e Esportes) e Henrique

Pequeno (Instituto UFC Virtual).

11 de março de 2011

Formação Docência Integrada às

Tecnologias da Informação e

Comunicação (DTICs)

Robson Loureiro (Instituto UFC

Virtual), Luciana de Lima

(Instituto UFC Virtual), Jorge

Brandão (Centro de

Tecnologias) e Nut Pereira

(estudante de Comunicação

Social).

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108

18 de março de 2011 Avaliação de Aprendizagem no

Ensino Superior

Bernadete Porto (Coordenadora

do projeto), Carmensita Passos

(Faculdade de Educação) e

Glória Tavares (Departamento

de Letras Estrangeiras)

25 de março de 2011 Saberes Docentes: como se

forma um professor de...?

Deisimer Gorczevski (Instituto

de Cultura e Arte), José Hélio

Costa (Vice-Coordenador do

Programa de Pós-Graduação em

Bioquímica) e Marcos Campos

(Instituto de Educação Física e

Esportes)

1º de abril de 2011

Resolução que trata do regime

de trabalho e da carga horária

dos professores da UFC

Custódio Almeida (Pró-Reitor de

Graduação da UFC) e Neile

Torres (presidente da ADUFC-

Sindicato)

08 de abril de 2011

Como a dimensão da

espiritualidade se manifesta na

identidade do professor do

Ensino Superior?

Ângela Linhares (Faculdade de

Educação), Geísa Mattos

(Sociologia) e Eliane Oliveira

(Faculdade de Medicina)

15 de abril de 2011 Ética no Ensino Superior

Ursino Neto (Faculdade de

Medicina), Emanuel Germano

(Filosofia) e Carlos Roger Sales

(Psicologia de Sobral)

22 de abril de 2011 Saúde do Professor do Ensino

Superior

Arnaldo Mortatti e Túlio Banja

(Instituto de Educação Física e

Esporte da UFC) e Renan

Magalhães Montenegro Júnior

(Faculdade de Medicina)

29 de abril de 2011 Saberes Docentes: como se

forma um professor de...?

Felipe Loureiro (Departamento

de Engenharia de Transportes),

Gustavo Pinheiro (Publicidade e

Propaganda) e Zeca Delfino

(Departamento de Engenharia

Agrícola e Coordenador da

Ambiência Temática

Cooperação e Interatividade)

06 de maio de 2011 Aprender a pensar?

Jesus Garcia Pascual

(Psicologia), Fernando Barros

(Filosofia) e José Antônio de

Macedo (Departamento de

Computação)

13 de maio de 2011 Formação de Professor à

Distância

Luciana de Lima e Priscila

David (Instituto UFC Virtual),

Paulo Barguil (FACED) e José

Olinda Braga (Psicologia)

20 de maio de 2011

Ensino e Aprendizagem de

Língua Estrangeira na

Universidade

Cícero Miranda, Andréia Turolo

e Lídia Cardoso (Departamento

de Letras Estrangeiras)

Page 109: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

109

27 de maio de 2011 Saberes Docentes: como se

forma um professor de...?

André Magela (Teatro),

Leonardo Sá (Ciências Sociais) e

Natália Barroso (Matemática)

03 de junho de 2011 Nativos e Aprendizes da Era

Digital

Cavalcante Jr (Coordenador do

projeto), Lucas Lopes (aluno do

curso de Sistemas e Mídias

Digitais e bolsista do portal do

projeto) e Márcio Moreira (aluno

do curso de Publicidade e

Propagada e bolsista do

Breviário). Carmozi Sousa

Gomes (UFRN – participação)

10 de junho de 2011 Filosofia e Docência no Ensino

Superior

Custódio Almeida (Instituto de

Cultura e Arte), Ronaldo

Stefanutti (Engenharia

Hidráulica e Ambiental), Vitor

Ponte (Engenharia Química) e

Mirtes Amorim (professora

aposentada do curso de

Filosofia)

17 de junho de 2011 Filmes e Multimídia no Ensino

Superior

Antonio Melo Júnior e Natal

Chicca (Instituto UFC Virtual) e

Marcel Vieira (Instituto de

Cultura e Arte)

24 de junho de 2011 Saberes Docentes: como se

forma um professor de...?

Ricardo Leite (Letras), Carla

Ferreira Rezende (Biologia) e

Luiz Soares Júnior (Engenharia

Mecânica)

1º de julho de 2011 Reprise Saúde do Professor

Arnaldo Mortatti e Túlio Banja

(Instituto de Educação Física e

Esporte da UFC) e Renan

Magalhães Montenegro Júnior

08 de julho de 2011

Trechos das palestras do

professor Felipe Loureiro –

homenageado na 3ª edição dos

Mentores de Docência

15 de julho de 2011 Reprise Filosofia e Docência no

Ensino Superior

Custódio Almeida (Instituto de

Cultura e Arte), Ronaldo

Stefanutti (Engenharia

Hidráulica e Ambiental), Vitor

Ponte (Engenharia Química) e

Mirtes Amorim (professora

aposentada do curso de

Filosofia)

Page 110: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

110

22 de julho de 2011

Trechos da palestra da

professora Alice Casimiro –

convidada do Seminário

Temático Currículo para o

Ensino Superior no Século XXI

(realizado no dia 25 de março de

2011)

29 de julho de 2011 Reprise Aprender a Pensar

Jesus Garcia Pascual

(Psicologia), Fernando Barros

(Filosofia) e José Antônio de

Macedo (Departamento de

Computação)

05 de agosto de 2011

Tecnologias da Informação,

Comunicação e Expressão no

Ensino Superior

Nelson Pretto (Faculdade de

Educação da UFBA), Hermínio

Borges Neto (Faculdade de

Educação da UFC) e Edgard

Patrício (Comunicação Social

UFC)

12 de agosto de 2011 Experiência Estética na

Educação

Carolina Vieira (curso de

Licenciatura em Teatro), Denise

Parra (curso de Licenciatura em

Dança) e Edgard Patrício

(Jornalismo)

19 de agosto de 2011 Formação Inicial para a

Docência no Ensino Superior

Virgínia Bentes (Departamento

de Ciências da Informação),

Josieli Coutinho (bolsista da

Biblioteconomia) e Edgard

Patrício (Jornalismo)

26 de agosto de 2011

Atuação Política como

componente do Processo de

Formação Docente

Marília Brandão (representante

ADUFC-sindicato), Raquel Dias

(Regional Nordeste I da ANDES

– sindicato nacional) e Edgard

Patrício (Jornalismo)

02 de setembro de 2011 Filosofia do Amor

Manfredo Oliveira (Filosofia),

Custódio Almeida (Filosofia) e

Ronaldo Stefanutti

(Departamento de Engenharia

Hidráulica e Ambiental)

09 de setembro de 2011 A Atuação do Professor nos

Campi avançados da UFC

Rosane Nunes (Jornalismo UFC

Cariri), Vicente Teixeira (por

telefone - Medicina UFC Sobral)

e Edgard Patrício (Jornalismo)

16 de setembro de 2011 Reprise de Programas Anteriores

23 de setembro de 2011 A Arte e a Universidade

Marcos Campos (Instituto de

Educação Física e Esportes da

UFC) e Tatiana Passos (Instituto

de Educação Física e Esportes da

UFC)

Page 111: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

111

30 de setembro de 2011 Filosofia do Bem viver Reginaldo da Costa (Direito) e

Fernando Barros (Filosofia)

07 de outubro de 2011 A Produtividade do Trabalho

Docente na Universidade

Juraci Cavalcante (FACED-

UFC), Sandro Gouveia

(Gastronomia ICA-UFC)

14 de outubro de 2011 Especial 1 ano do CASa Aberta

– Histórias de Professor

Geraldo Jesuino (Comunicação

Social), Ronaldo Salgado

(Comunicação Social) e Ricardo

Jorge (Comunicação Social)

Fonte: Escuta podcasts dos programas e Breviário

Percebe-se uma ampla cobertura de temas relacionados à docência, com a mistura de

professores de áreas diferentes, alguns novatos, outros veteranos, estando, em alguns casos,

estudantes presentes. Dessa forma busca-se enriquecer o debate com múltiplas visões sobre o

assunto. Alguns programas tiveram, inclusive, temáticas semelhantes durante esse primeiro

ano, demonstrando o interesse do público à discussão. Nesse ínterim ganha destaque os com a

temática: ―como se forma um professor de...‖, nos quais professores de áreas distintas eram

convidados para comentar sobre seus percursos acadêmicos até a escolha da profissão

docente. Algo, em termos, semelhante ao que se faz nos Mentores de Docência.

No segundo bloco do programa, o debate é contextualizado novamente e segue com

uma nova pergunta de instigação. Em muitos casos as temáticas geram reflexões que não se

encerram em concomitância com o tempo de encerramento da transmissão, deixando espaços

para novos debates e convites.

Ismael Furtado agradece a presença de todos e a escuta dos ouvintes ao final de cada

CASa Aberta, indica os ganhadores das camisas sorteadas e lê o expediente, o qual contém o

pessoal técnico envolvido, a produção, a apresentação e colaboração. O jingle-canção que

inicia o programa funciona como assinatura sonora para seu encerramento.

Explicada sua organização, passar-se-á para a análise dos questionários aplicados com

os professores participantes do projeto CASa e se finalizará esse estudo com as indicações de

alinhamento ou afastamento percebidas entre projeto e programa, obtidas pela correlação

entre questionários e análises das 11 edições estudadas.

Page 112: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

112

6.3 Questionários e resultados: perfil geral do universo amostral

A abordagem empregada neste trabalho é multimetodológica. Em um primeiro

momento se realizou a revisão bibliográfica que possibilitou a tomada de conceitos

embasadores para a pesquisa e que justificassem as teorias por traz do projeto de formação

docente da UFC. Entrevistas pessoais com os coordenadores e responsáveis diretos pelo

projeto auxiliaram no entendimento de suas diretrizes, organizações e contexto de construção.

Questionários pessoais eletrônicos permitiram a obtenção de dados primários para a

compreensão de pontos estratégicos do projeto e do programa, gerando subsídios para a

análise dos CASa Aberta do período de outubro a dezembro de 2010. Por fim, um diálogo

entre a escuta dos programas, respostas dos questionários e leituras realizadas se deu como

ponto chave ao estudo.

O questionário pessoal aplicado eletronicamente se estruturou a partir de um pré-teste

realizado durante a Roda de Conversa do dia 10 de junho de 2011, na Casa de José de

Alencar, onde se discutiu a Filosofia e Docência Superior. Com as críticas e sugestões dos

professores respondentes, o instrumento foi reestruturado e transformado em uma versão

digital para aplicação.

Utilizou-se a ferramenta de planilha do Google Docs para anexar o arquivo por email e

facilitar a mensuração dos dados. Através do correio eletrônico do projeto, a mensagem foi

transmitida aos docentes inscritos, salvaguardando que a pesquisa era de cunho sigiloso e

desvinculada às ações e coordenações do CASa.

Ao todo eram 28 questões, em sua maioria de cunho objetivo, sendo apenas três

subjetivas. Foram 71 respostas desde o início da aplicação em 26 de outubro de 2011 a última

resposta recebida em 31 de outubro de 2011.

A amostra, representativa de aproximadamente 10% dos participantes ativos do

projeto, possui uma divisão por gêneros equilibrada, são 35 respondentes do sexo masculino,

contra 36 do feminino. Com relação à idade, há uma prevalência da faixa entre 30 e 40 anos

como pode ser conferido no gráfico abaixo:

Page 113: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

113

Gráfico 1: Idade

A grande maioria dos respondentes pertence à classificação de habitante do CASa

(professores recém-ingressos na UFC em estágio probatório), 63 (sessenta e três) respostas,

sendo os que se dizem visitantes em número de 6 (seis) e os residentes de 2 (dois). A

segmentação por ano de ingresso no projeto revelou um prevalecimento dos que foram

admitidos em 2010, com 37 (trinta e sete) afirmações, mais da metade da amostra, o que

geraria expectativas de uma possível melhor compreensão e participação das atividades

propostas pelo CASa. Assim, as respostas seriam mais conclusivas perante o posicionamento

de pessoas que estão envolvidas há algum tempo. A seguir estão estratificados os professores

por ano de entrada.

Gráfico 2: Professores por ano de entrada no CASa

TOTAL: 71

Page 114: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

114

Quando analisadas os campi de atuação representados pela amostra, notou-se uma

concentração de respostas advindas de Fortaleza, 57 (cinquenta e sete) respostas, sem deixar

de serem computados dados de Sobral, Cariri e Quixadá. Os valores por campus foram:

Gráfico 3: Respostas por Campus da UFC

Optou-se por estratificar, ainda, as áreas do saber que deram retorno ao questionário,

auxiliando a traçar o perfil respondente. Como a amplitude de Fortaleza compreendia 4/5 do

total de retornos do instrumento, seu grau de detalhamento foi em maior escala. Assim, pôde-

se notar que os centros de Tecnologias e Humanas lideraram as respostas numericamente,

seguidas de perto pelos campi da UFC do interior.

A divisão em centros, faculdades e institutos aderida pelo anuário estatístico da

Universidade foi adotada para facilitar a aglomeração dos docentes dos diversos cursos que se

mostraram na amostra. São eles: Centro de Ciências; Centro de Ciências Agrárias; Centro de

Humanidades; Centro de Tecnologias; Faculdade de Direito; Faculdade de Economia,

Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo (FEAAC); Faculdade de

Educação; Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem; Faculdade de Medicina;

Instituto de Ciências do Mar (Labomar); Instituto de Cultura e Arte (ICA); Instituto

Universidade Virtual (UFC-Virtual); Instituto de Educação Física e Esportes; além dos campi

de Sobral, Cariri e Quixadá.

TOTAL: 71

Page 115: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

115

Gráfico 4: Respostas por área de atuação

Como reforço ao que foi comentado acerca da relação ano de ingresso x compreensão

do projeto, contabilizou-se a quantidade média de atividades ofertadas pelo projeto e

participadas pelos docentes. As ações elencadas foram: Seminários Temáticos; Rodas de

Conversa; Mentores de Docência; Ambiências Temáticas; CASa de Filosofia; CASa de Artes;

e um espaço destinado a outros eventos. Essa relação foi buscada para identificar o grau de

envolvimento com a metodologia oferecida, a percepção que se fazia dessas atividades e a

frequência de participação. O gráfico 5 ilustra o número médio de atividades participadas por

cada respondente, sendo elevado o número de ocorrências girando em torno de três ou quatro

eventos diferentes por pessoa, 42 (quarenta e duas) afirmações. Já o gráfico 6 mostra a

frequência relativa a cada uma dessas ações, sendo a soma final superior ao total de respostas

obtidas por ser corriqueira a participação do professor recém-contratado a mais de um evento.

Por exemplo, do total de 71 (setenta e um) respondentes, 55 (cinquenta e cinco) participaram

de Seminários Temáticos; deste mesmo total, 36 (trinta e seis) afirmaram ter participado de

Rodas de Conversa, podendo haver intersecções com outros eventos, e assim por diante.

TOTAL: 71

Page 116: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

116

Gráfico 5: Frequência de participação em eventos do CASa

Gráfico 6: Frequência por Atividade do CASa

Os três mais destacados são as Ambiências Temáticas, Seminários Temáticos e

Mentores de Docência, respectivamente. Os outros eventos com menor índice de frequência

podem ser explicados pela relativa novidade dos formatos, os quais ainda estão sendo

difundidos pelo projeto. Os Encontros Universitários e a metodologia de Didática do Ensino

Superior também foram lembrados no instrumento.

A qualificação geral das reuniões presenciais propostas pela coordenação do CASa, na

visualização de sua infra-estrutura, conteúdos abordados e ministrantes, foi em geral positiva

com respostas girando em bom e excelente em sua maioria.

TOTAL DE

RESPOSTAS: 77

(mais de um evento

pode ter sido

frequentado)

Page 117: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

117

Gráfico 7: Qualificação Atividades CASa

TOTAL: 55

TOTAL: 47

TOTAL: 36

Page 118: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

118

Os Encontros Universitários seguiram a mesma classificação, entre bom e excelente, o

participante de Didática do Ensino Superior a considerou excelente e o que não soube

especificar o nome do evento, do qual se fez presente, o considerou ruim.

Após a ampla conjectura de perfil da amostra, passou-se para uma análise dos veículos

comunicacionais do projeto com vistas a se alcançar um aprofundamento na mídia radiofônica

TOTAL: 58

TOTAL: 3

TOTAL: 13

Page 119: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

119

posteriormente. O Breviário e o portal foram, então, alvos de questionamentos quanto a seu

acesso, funcionalidade e adequação ao papel que deveria desempenhar como difusores de

informações.

Quanto ao Breviário, todos os entrevistados afirmaram ter acesso a seu conteúdo,

sendo que 63 (sessenta e três) destes acreditam ser a informação devidamente transmitida pela

ferramenta e sua periodicidade é aprovada por 64 (sessenta e quatro) dos membros da

amostra. Com relação à maneira de estruturação da newsletter eletrônica, mais da metade o

consideram bem organizado e até mesmo didático em sua comunicação informacional.

Gráfico 8: Qualificação Breviário

Quanto ao portal, 3/4 das respostas indicaram positividade no uso da ferramenta,

sendo que as motivações primeiras de visita foram colher informações sobre o projeto e

realizar inscrições em atividades promovidas. O gráfico 9 apresenta a intencionalidade das

visitas à página, vale lembrar que mais de um motivo pode ter influenciado na busca, o que

explica a soma dos valores absolutos superior ao total de 71(setenta e um) da amostra.

Gráfico 9: Motivações visita ao Portal do CASa

TOTAL: 71

TOTAL DE RESPOSTAS: 111

(mais de um motivo pode ter

sido mencionado)

Page 120: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

120

Após a visão do perfil do universo amostral, passar-se-á à análise das respostas que

condizem com o programa radiofônico. Através dos dados especificados anteriormente,

percebe-se que o grupo de respondentes representa adequadamente o projeto em estudo pela

variedade de centros, institutos, faculdades e campi que se mostraram participativos da

pesquisa. A equidade de respostas entre homens e mulheres possibilita um viés mínimo de

disparidade entre os gêneros. O nível do contato com as metodologias empregadas também

garante um entendimento mínimo do que é ofertado pelo projeto, ampliando a qualidade das

críticas às ferramentas.

Agora, com o CASa Aberta em vista, a compreensão dos meios usados para sua

escuta, participações, qualificação das estruturas técnicas e correlações entre variáveis será o

foco do próximo tópico.

6.4 CASa Aberta e suas percepções pelo público

A fonte primária de transmissão do programa se concentra na Rádio Universitária FM,

logo, a audiência do veículo por este público foi questionada. Pouco mais da metade dos

entrevistados, 38 (trinta e oito) respondentes, já escutaram a rádio, sendo sua frequência

média girando em torno de 1 a 2 vezes por semana.

Esse número cresce quando a pergunta se direciona para a especificidade do CASa

Aberta. Do universo amostral, 40 (quarenta) pessoas dizem-se ouvintes, sendo as fontes de

escuta: eventos do CASa; rádio; ou podcasts nos sites do UFC-Virtual ou do projeto. Em

alguns casos o escuta ocorre em mais de um meio, estando o rádio sempre citado como um

destes. A escuta pela emissora lidera as respostas com um total de 21 positivações (vinte e

uma), sendo 12 (doze) exclusivas e 9 (nove) conjugadas a outras formas. Em segundo lugar

aparecem eventos do CASa com 13 (treze) positivações, o que demonstra a importância de se

disponibilizar momentos de escuta coletiva nas reuniões presenciais, as quais agregam ainda a

possibilidade de uma discussão local com outros docentes, gerando uma ampliação

enriquecedora do debate dos estúdios. A escuta em podcasts totaliza apenas 6 (seis)

confirmações exclusivas, apesar da constante divulgação de sua existência feita por Ismael

Furtado durante as transmissões do programa.

Page 121: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

121

Gráfico 10: Origem da escuta

Os ouvintes se distribuem uniformemente entre os gêneros, desta vez apenas com um

leve número superior de homens, 21 (vinte e um) contra 19 (dezenove) de mulheres. As

idades também não possuem grandes extremos ou concentrações de faixas etárias, sendo

compatível com a verificação do projeto como um todo.

Gráfico 11: Perfil da escuta CASa Aberta - Idade

Importante destacar que estes dados foram obtidos a partir do cruzamento de respostas

afirmativas para a escuta e as informações de perfil destes respondentes. Essa estratégia

permitiu ainda gerar o gráfico 12, o qual demonstra como essa audiência se distribui nos

centros, institutos e faculdades da UFC.

TOTAL: 40

Page 122: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

122

Gráfico 12: Escuta do Programa CASa Aberta na amostra

Nota-se, mais uma vez, a forte presença dos centros de Tecnologia e Humanidades,

mas a participação dos campi do interior nesse gráfico aponta para o cumprimento de uma

necessidade que o CASa Aberta deveria atender: a difusão das informações do projeto e seus

debates para além da cidade de Fortaleza, atendendo os docentes membros da CASa UFC nos

seus diversos espaços de trabalho. A informação gerada é importante por demonstrar que o

acesso ao programa no interior é viável, mas tem uma cobertura com margem pequena, tendo

em vista que no universo amostral trabalhado existem 14 (catorze) respostas dos campi

externos à Fortaleza, pouco mais de 1/3 são de ouvintes do programa. Assim, a audiência

mantém-se ainda concentrada na capital.

A opção pelo veículo radiofônico é considerada eficiente e suficiente por vasta

maioria, 48 (quarenta e oito) respostas dos 71 (setenta e um) pesquisados. Se comparado com

a perspectiva de se utilizar um programa de tevê, o qual possui apenas um índice de 22 (vinte

e duas) respostas como necessário, o rádio ganha destaque pela aceitação e consolidação entre

o público. A tevê possui ainda uma disparidade de necessidades, enquanto 22 (vinte e dois)

acreditam que seja uma iniciativa necessária, outros 16 (dezesseis) a acham desnecessária. Os

gráficos seguintes ilustram essas diferenças.

TOTAL: 40

Page 123: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

123

Gráfico 13: Opção por usar o Rádio como veículo comunicativo

Gráfico 14: Iniciativa CASa Aberta na Tevê

Por ser um programa de debate que assume, em geral, apenas três convidados por

edição, o índice de participação direta é apenas 14 (catorze) pessoas da amostra, contra 57

(cinquenta e sete) negativas. Essa se distribui entre as funções de debatedor, contribuição com

entrevista gravada ou participação por telefone. O papel de debatedor lidera o gráfico, sendo

em alguns casos estímulo para outras formas de intervenção como por ligações telefônicas,

por exemplo.

TOTAL: 60

(11 pessoas não

expressaram opinião)

TOTAL: 57

(14 pessoas não

expressaram opinião)

Page 124: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

124

Gráfico 15: Forma de participação

Quando estimulada a reflexão a respeito da estrutura do programa, as respostas gerais

a consideram boas, com índices superiores a metade da amostra dos que se disseram ouvintes.

Gráfico 16: Avaliações da estrutura

TOTAL: 14

TOTAL: 40

Page 125: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

125

TOTAL: 40

TOTAL: 40

TOTAL: 40

Page 126: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

126

A duração do programa (uma hora) foi considerada adequada por 28 (vinte e oito) dos

entrevistados que escutam as transmissões. Dentro deste intervalo de tempo as discussões se

dariam adequadamente, apesar de que em muitos casos o assunto extrapola o horário definido,

permanecendo alguns pontos em aberto e gerando anseios por se continuar a temática.

O jingle-canção do CASa Aberta não teve considerações negativas, suas análises vão

de regular a excelente, com a margem positiva de 34 (trinta e quatro) das 40 (quarenta) das

respostas. Como desenvolvido em sua análise, esta peça sonora adequou-se bem ao transmitir

as intencionalidades do projeto e objetivos do programa.

A apresentação de Ismael Furtado foi bem avaliada também, sua função como

mediador dos debates está sendo percebida como boa e excelente por quase a totalidade dos

avaliadores, 38 (trinta e oito) deles. A única crítica destinada a sua contribuição nas

transmissões foi a de que ele deveria atentar para a monopolização da palavra que alguns

debatedores acabam gerando, distribuindo melhor os tempos dos convidados.

TOTAL: 40

TOTAL: 40

Page 127: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

127

As entrevistas gravadas seguem o mesmo ritmo do jingle, com avaliação de 34 (trinta

e quatro) pessoas em caráter positivo, mesmo com as dificuldades técnicas (ruído, qualidade

de som) que as reportagens apresentavam no início das veiculações, as quais hoje já estão

diminutas.

As temáticas e debatedores são avaliados como bem escolhidos por uma parcela de 34

(trinta e quatro) e 36 (trinta e seis) respostas dos professores, respectivamente. Esse fato pode

ser explicado a partir da diversidade de temas abordados e de pessoas convocadas para

discuti-los, como percebido na tabela de temas do primeiro ano de CASa Aberta.

Quando questionados sobre quais outros temas gostariam de ver trabalhados no rádio,

os professores apontaram principalmente: a relação entre docente e discente em sala de aula;

as tecnologias da informação e comunicação em seu uso didático; metodologias pedagógicas

universitárias; formas diferenciadas de avaliação discente; a carreira e política no magistério

superior; a apresentação da Universidade em suas áreas de atuação nas linhas de graduação,

extensão e pesquisa, tornando públicas iniciativas inovadoras desenvolvidas pela UFC e que

muitos desconhecem; as normas e procedimentos que regem a IES; ética profissional e

mobilidade acadêmica; educação à distância; e um programa que explicasse exclusivamente o

projeto CASa, suas formas de participação, metodologias, conceitos, importância.

Em um cunho mais específico, surgiram ideias como um programa que trabalhasse

com Arte e Educação, Arte e Filosofia (mesmo já tendo sido abordados em edições anteriores,

mas que poderiam ser continuados), educação musical no Ceará, aprendizagem de línguas

estrangeiras, pedagogia da matemática e valores como humildade, por exemplo. Uma

sugestão interessante foi proposta: realizar-se um programa especial com a participação

apenas de alunos dos diversos centros, institutos e faculdades da UFC para que se discutisse a

relação ensino/aprendizagem em sala de aula sob a perspectiva deles. Por fim, como crítica

foi identificada, pelos respondentes, a falta de um envolvimento maior dos docentes veteranos

no projeto que se refletiria no programa radiofônico, o que se pode questionar vendo o intenso

fluxo de convidados que já deixaram suas contribuições ao CASa Aberta.

No tópico a seguir serão elencadas as últimas percepções obtidas do instrumento

pessoal aplicado por email acerca da receptividade do projeto em estudo, assim como se

exporá os reflexos gerados pelo CASa no formato e debates de seu programa de rádio.

Page 128: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

128

6.5 Reflexos da Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa

em sua comunicação radiofônica

Uma das questões subjetivas do questionário aplicado aos docentes do CASa arguia

por uma reflexão crítica do projeto. Com as respostas, montou-se uma classificação em níveis:

positivas; negativas; e positivas, mas com melhorias a serem pensadas. Assim, estratificou-se

ainda essa qualificação por ano de ingresso, obtendo os seguintes gráficos:

Gráfico 17: Avaliação Projeto CASa: geral e por ano de ingresso

TOTAL: 71

TOTAL: 28

Page 129: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

129

Os dados expostos permitem avaliar que a quantidade de anos como participante do

projeto é diretamente proporcional a visão positiva da proposta. Em porcentagens, no ano de

2011 cerca de metade da amostra tem críticas positivas ao projeto, nos ingressantes em 2010

esse valor sobe para pouco mais da metade, atingindo mais de 2/3 nos de 2009. Quanto mais

tempo se está incluso nas vivências ofertadas pelo CASa, maior é o grau de entendimento da

nova proposta adotada pela Pró-Reitoria de Graduação da UFC.

Cruzando-se os dados dessa aceitação crítica com a escuta do CASa Aberta, notou-se

que em nenhum dos casos de professores que ouviam o programa houve uma avaliação

negativa do CASa.

As avaliações negativas se distribuíram da seguinte forma nos campi:

TOTAL: 6

TOTAL: 37

Page 130: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

130

Gráfico 18: Índice de Avaliações negativas sobre o Projeto CASa

Logo, o foco dos campi da UFC no interior mostram que essas regiões sentem-se

deslocadas dentro da iniciativa, respondendo por mais de 2/5 das insatisfações. O CASa

Aberta seria então o modo de aproximar essas realizações do CASa com as realidades desses

espaços universitários extra-Fortaleza.

É com essa perspectiva que se estudou os podcasts do CASa Aberta do intervalo de

outubro a dezembro de 2010 para avaliar até que ponto o programa radiofônico estava

alinhado a perspectiva do CASa e difundia seus conceitos embasadores.

A título de revisão dos conceitos basilares do projeto trabalhados em capítulos

anteriores, tem-se que o projeto alicerçasse em: comunidade, com todas as características de

um ambiente democrático, livre para expressão, onde os membros sentem-se protegidos e

colaboradores de sua construção; cooperação, quando o resultado final é fruto das interações

entre as partes numa ajuda mútua engrandecedora; aprendizagem significativa, onde as

experiências partilhadas geram um aprendizado pautado no vivido e no que foi significativo

para cada um; além do de imprevisibilidade, onde não se há um resultado final, mas um

processo a se construir coletivamente. Foram estes os parâmetros buscados nos 11(onze)

programas analisados e que agora são identificados.

À medida que forem sendo expostas as características do programa que se alinham ao

pensamento do CASa, serão utilizados trechos dos podcasts que exemplifiquem a situação

narrada.

O espaço compartilhado pelos convidados e apresentador nos estúdios da Rádio

Universitária FM pode ser representativo de um caráter ―comunitário‖. Este posicionamento

pode ser comprovado pelas características citadas no parágrafo anterior que são visualizáveis

nos debates transmitidos.

TOTAL: 12

Page 131: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

131

Todos os presentes têm igual força de diálogo e expressão de seu parecer acerca do

tema desenvolvido. O respeito ao pensamento do outro não inibe, entretanto, a forma de

pensar o assunto que cada um acrescenta a discussão. Em várias de situações, Ismael Furtado

foge a pauta elaborada para o tema por ter sido instigado pela fala dos colegas, esse fato

demonstra a liberdade presente e necessária para o fluir da emissão. No programa sobre Jogos

na Aprendizagem, o apresentador usa do pensamento desenvolvido pelos debatedores para

instigar a continuidade da reflexão:

Eu vou pinçar um trecho da fala de vocês quando se referem que um jogo educativo

não deve ser chato, deve ser divertido. Mas aí eu queria formular a seguinte questão:

também não há o risco de criarmos a ideia de que aprender é fácil bastando se usar

um jogo? (Ismael Furtado, Programa CASa Aberta 43‘09‘‘, 12 de novembro de

2010).

Algo que se tornou claro ao longo da análise foi a desinibição dos outros debatedores

quando alguém iniciava com exemplificações de momentos vividos por ele. Em todos os

programas em que isso ocorreu, gerou-se um espírito de partilha de experiências. Não havia

mais o receio inicial de que os outros julgassem a fala de cada um, normal na posição de um

primeiro contato. Depois da percepção da segurança e do apoio democrático que o ambiente

propiciava, típicos de uma comunidade, o docente se sentia à vontade para conversar sobre

momentos experienciados, elevando a significação do debate pelo deixar-se envolver dos

debatedores.

Guilherme Barreto, discutindo o tema de Tecnologias na Educação, lembra um

exemplo recente que havia acontecido nos Encontros Universitários da semana anterior ao

debate, dividido por uma colega. A colega fora testada por um aluno que possuía acesso a

internet em sala e tinha entrado em contato com uma metodologia diferente de se trabalhar o

conteúdo abordado pela docente, indagando se a maneira usada por ela estaria correta ou não.

Esse exemplo percorreu toda a discussão da transmissão. Os outros professores buscaram suas

experiências particulares com uso de tecnologias em sala de aula e buscaram metodologias

que poderiam ter sido usadas para contornar a situação desagradável vivida pela colega. José

Aires de Castro Filho comenta, por exemplo, que havia feito uso de uma ferramenta

tecnológica, um fórum, para reunir estudantes de turnos diferentes em torno de uma discussão

acadêmica que ele estava lecionando. Guilherme Barreto não havia pensado nessa

possibilidade e fica ansioso por tentar usar dessa metodologia entre seus alunos.

Nesse ínterim, há ainda uma soma entre saberes acadêmicos e saberes vivenciados. Ao

mesmo tempo em que se citam autores, citam-se momentos vividos.

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132

A experiência dividida pelos professores ora se pauta nas suas vivências particulares

que lhes foram significativas, ou seja, foram responsáveis por uma reflexão que gerou uma

nova visão, um aprendizado, sobre algo. Outras vezes, a vivência acadêmica assume o palco

de discussão e se dividem pensamentos de autores. O que não deixa de ser uma experiência

dividida, pois da mesma forma, implica em uma nova reflexão e postura frente ao que se

detinha anteriormente.

No segundo programa de outubro de 2010, o professor Assis de Sousa Filho cita um

pensamento de Einstein que julgou relevante para a discussão acerca das formas como os

alunos aprendem: ―o que você sabe é aquilo que fica depois que você esqueceu tudo‖. Autores

como Paulo Freire e sua pedagogia libertadora são sempre lembrados pelos debatedores que

buscam refletir sobre a nova perspectiva de se trabalhar em sala de aula. Idelvaldo Bodião,

docente da Faculdade de Educação da UFC, no programa de estreia do CASa Aberta, já trazia

o pensamento freiriano para a pauta da discussão. ―Uma outra vertente que eu gosto muito, do

Paulo Freire, que o professor precisa ser essencialmente o sujeito da amorosidade. E eu penso

que a gente pode conversar um pouco mais sobre isso ao longo do nosso bate papo‖.

A cooperação é presente quando o programa assume o formato de painel. Os docentes

completam o pensamento dos colegas a partir de sua visão do tema, ampliando uma ideia

inicial e seguindo uma linha menos conflitante de posicionamentos. Usando uma passagem de

Idelvaldo Bodião, ainda no programa de estreia do CASa Aberta, pode-se exemplificar isso.

Os debatedores conversavam sobre o que significava para eles ser professor, Custódio

Almeida comentava que era ―ser contemporâneo‖ assim como seus alunos, ou seja, manter-se

atualizado; Bernadete Porto indicava o caminho do docente se conhecer como ―ser humano‖,

ou seja, carregar consigo a humanidade, o trato entre iguais e não o afastamento em relação ao

discente. Bodião acrescenta:

Eu vou pegar um caminho parecido com o que o Custódio tem defendido aqui e a

Bernadete, acho que o grande desafio do ser professor hoje, século XXI [...] o

professor é em princípio um mensageiro da cultura. Então ele tem um pé no que foi

feito no passado, [...] mas de qualquer maneira, eu quero pinçar uma expressão da

Bernadete que, acho que, ser professor hoje significa ser o mensageiro, portanto ter

o pé na cultura do passado, mas tem que ter os olhos no futuro. Eu acho que essa é a

contemporaneidade do Custódio. (Idelvaldo Bodião. Programa CASa Aberta

10‘10‘‘, 15 de outubro de 2010).

O professor traz a perspectiva cultural aos pensamentos de Custódio e Bernadete, sem

contradizer os colegas, mas ampliando a reflexão com base em seus depoimentos anteriores.

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133

Robson Carlos, no programa sobre Tecnologias na Educação, também deixa claro essa

cooperação pensante proporcionada pela discussão radiofônica: ―Bom, na medida em que

vocês vão falando, eu também estou tentando pensar. E a ideia que vem brotando assim em

mim é exatamente o aspecto da necessidade da gente entender, vamos dizer assim, as

mudanças de contexto que vem ocorrendo...‖ A construção coletiva da reflexão se torna nítida

em suas palavras.

A aprendizagem significativa é um dos pontos de maior destaque no projeto e se

encontra assídua em vastos momentos do CASa Aberta. As metodologias compartilhadas, o

próprio espaço que reúne áreas e formas de pensar distintas, o que foi presenciado por um e

dividido para o grupo, todos são fatores de relevância para o aprendizado de ser professor

universitário.

Os presentes refletem sob uma ótica diferente, da que poderiam se guiar, através do

ponto levantado por outrem. Novamente usando as palavras do professor Bodião como

parâmetros, tem-se um comentário realizado através de contato telefônico onde se questiona a

importância dos conteúdos frente à amorosidade destinada aos discentes, comentada pelos

debatedores. O docente responde:

Na verdade não é uma resposta. É uma interlocução. É uma conversa que eu

continuo. Quando você fazia sua intervenção e falava a respeito do que eu posso

fazer tendo me apropriado de um conteúdo. Se eu domino a fissão nuclear, ela pode

servir para que eu faça bombardeamento muscular e cure um câncer, mas ela

também pode servir para eu construir a bomba atômica e matar 200 mil pessoas.

Acho que era disso que você falava. Era dessa preocupação. E eu fiquei me

perguntando quando, naturalmente, quando a gente objetiva se apropriar do

conteúdo, a pergunta a se fazer é: mas dominar o conteúdo para quê? Se apropriar de

um conteúdo ou dos conteúdos para quê? (Idelvaldo Bodião. Programa CASa Aberta

31‘, 15 de outubro de 2010, grifo nosso).

Pelos destaques que foram dados à fala percebem-se as reflexões que o comentário

realizado pela participação telefonada pode instigar.

Quando o tema foi acessibilidade, no dia 5 de novembro de 2010, e Ricardo Reis

convidado, as situações problemáticas partilhadas pelo docente, que possui uma deficiência

em sua capacidade visual, foram engrandecedoras para os demais debatedores repensarem

práticas de sala de aula e como, em muitos casos, estão despreparados para lidar com essas

necessidades. Aos 19 minutos, Ricardo usa uma frase que demonstra a partilha que realizou

durante todo o programa: ―Estou tentando captar situações em que eu vivi‖.

O depoimento dele trouxe participações inclusive por telefone de colegas que

conheciam profissionais excelentes no que faziam, mesmo não possuindo a integralidade de

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134

um sentido. Foi o caso do professor Renato, da Faculdade de Medicina, que contou a história

de um colega, o qual por conta da visão diminuta desenvolveu uma audição extraordinária,

sendo referência para a ausculta cardiológica.

Em 10 de dezembro do mesmo ano, Francisca Mendes, docente do curso de Estilismo

e Moda, comenta sobre um pensamento que ouviu durante o Mentores de Docência do qual

participou e que foi marcante para ela, fez-la pensar sobre a relação entre alunos e

professores. ―Eu vou começar falando de uma palavra que eu ouvi lá no Mentores, da

professora Terezinha, e que eu achei muito importante, que é a flexibilidade. Eu acho que

pensar essa relação professor-aluno tem que passar por aí‖.

E frases externas não foram as únicas que provocaram os debatedores, a mesma

professora retoma um pensamento de Manoel Andrade, também debatedor do tema ―Sucessos

e Fracassos Acadêmicos‖, quando diz: ―eu lembro do que o professor Manoel estava falando

que as pessoas dão certo ‗apesar‘ de alguns professores...‖. A referência feita foi à primeira

fala do coordenador do programa de Aprendizagem Cooperativa: ―Há estudantes que

conseguem ter sucesso com professor, sem professor e apesar de certos professores‖.

Passagem que instigou a reflexão sobre essa relação discente-docente e como pode ser

conflituosa ou harmoniosa.

O caráter de imprevisibilidade que o projeto carrega, em função da construção

colaborativa de seus participantes, é obviamente seguido pelo CASa Aberta, tendo em vista

que o fruto final do debate é incerto, depende apenas das relações consecutivamente

construídas ao longo de sua transmissão.

Depois de todas as exemplificações alcança-se um parâmetro que permite identificar o

programa em sintonia com o que se objetiva com o projeto. A cobertura dos demais campi da

UFC, no interior, inclusive com participações de professores desses locais como debatedores,

foi alcançada, mesmo que ainda possa ser ampliada. O reflexo do CASa e suas bases

conceituais se faz presente na difusão radiofônica.

O projeto se mostra à comunidade ouvinte, demonstrando a preocupação dos docentes

da Universidade em refletir sua atuação, querer aprender novas formas de interagir com os

discentes e crescer em sua profissão.

Ismael Furtado comenta sobre como enxerga a relação entre CASa Aberta e CASa,

para o apresentador o alinhamento é claro e fecundo:

Eu acho que o CASa Aberta é a cara do Projeto CASa, se você quiser entender o que

é o Projeto CASa assista duas ou três edições do CASa Aberta que você vai

entender. Essa pluralidade, a abordagem de temas que não são estritamente do

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135

universo da educação, que são subjetivos. A abordagem da subjetividade que

envolve a atividade docente. [...] A gente espelha muito essa ideia do projeto. [...]

Inclusive as suas contradições. (Ismael Furtado, em entrevista).

As contradições citadas são as críticas que são feitas ao modelo adotado. Há uma

resistência a vertente humanista dos temas e metodologias usadas. Alguns docentes armam-se

previamente para as iniciativas e as consideram perda de tempo. Em contrapartida, outros

professores louvam a ideia e apóiam sua continuidade.

A partir do questionário aplicado aos docentes, retiraram-se comentários que ilustram

essa dicotomia de percepções:

Acho grande, pesada e desnecessária a iniciativa. Acho que nós, professores, temos

mais o que fazer do que ficar perdendo tempo com encontros, no mais das vezes,

infantilizantes e, ainda por cima, obrigatórios, apesar de agora podermos, pelo

menos, fazer nossa agenda. A concepção talvez seja interessante, mas a prática,

leva-nos a deixar outras obrigações para estarmos em meio a dinâmicas chatas e que

nada acrescentam. Universidade é lugar de criação e não de pedagogia de auto-ajuda

ou feita para orientar crianças. Preferia, mil vezes, cursar Didática do Ensino

Superior, tal como consta no edital do concurso pelo qual entrei na UFC.

(QUESTIONÁRIO PESSOAL)

A visão negativa da experiência demonstra a incompreensão ou a não entrega a

possibilidade intencionada pelo projeto. A dificuldade abertura à proposta pôde ser vista

inclusive nas visitas de campo às Rodas de Conversa quando do levantamento de dados sobre

as atividades ofertadas aos docentes. Os professores preferiam utilizar o tempo destinado à

discussão de textos para corrigir provas ou criticar a utilidade prática de tudo aquilo.

Entretanto, outros se permitem tentar e comentários como o seguinte comprova o lado

positivo das críticas:

A abordagem de prover aos docentes uma formação pedagógica direcionada para o

ensino superior, assim como promover uma integração entre os docentes tão

segregados pela aberração departamental se constitui em uma iniciativa de grande

relevância para a melhoria do nível de desempenho dos docentes recém-egressos,

bem como dos veteranos que buscam uma reciclagem profissional.

(QUESTIONÁRIO PESSOAL).

Para Ismael, os docentes que consideram o CASa como desnecessário acabam

evitando ouvir o programa de rádio por acreditar que não encontrará relevância nas pautas

desenvolvidas.

Bernadete Porto também comenta sua posição frente ao programa:

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136

E eu acho assim um programa maravilhoso. As pessoas que não assistem não têm a

noção da riqueza das discussões. Todos os debates que eu fui, particularmente,

foram muito importantes para a minha formação porque essa história de ser ao vivo

é muito importante para a gente avivar quais são mesmo os nossos ideais, não dá

tempo de mascarar nada. Eu acho muito importante que ele seja ao vivo porque é

inusitado e aquilo vira mesmo um debate mobilizador, porque eu estou mobilizada,

eu mobilizo. E os que eu assisto, assisto a praticamente todos, trazem temas que eu

vou te dizer, eu nunca pensaria naquelas coisas na minha vida. Quer dizer que são os

nossos colegas que trazem as ideias que nisso eu me sinto contemplada sendo

formada pelo CASa Aberta. Eu assisto aos programas, ―ah, eu não estou interessada

nesse tema‖ e tal, assisto e sempre sou surpreendida com a riqueza das ideias que

circulam aqui na Universidade, que não fosse o CASa Aberta eu não saberia que

elas existiam. (Bernadete Porto, em entrevista).

O CASa Aberta é reflexo sim e expositor, mas suas discussões se fazem além dos

muros cerrados da Universidade. Abre-se para a comunidade e se faz comunidade.

Como diz André Haguette, na edição especial de fim do fim do ano de 2010: ―A

Universidade não existe. A Universidade se faz. A Universidade se transforma‖ e o papel do

docente é ser um ―amador profissional‖ em toda duplicidade que a expressão carrega. Ele

deve amar o que faz, o que escolheu fazer, e estar sempre se reinventando.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresentou o percurso educomunicativo trilhado pelo meio radiofônico

na figura do programa CASa Aberta. Caminho que se percebeu num esforço de

transformação, ou melhor, de instigação à reflexão do fazer docente.

Numerosas foram as experiências partilhadas durante as emissões, que puderam gerar

nos ouvintes posicionamentos, muitas vezes contrários ao que os debatedores defendiam. O

que é positivo, pois demonstra o papel cumprido por tal veículo de incentivar o pensamento

acerca da atividade professoral universitária e propiciar canal de debate de ideias. Incluindo

até mesmo os estudantes nesse processo, seja como debatedor, como ocorrido em algumas

ocasiões, ou com participação voluntária por telefone.

As ligações foram outro ponto de destaque desse feedback percebido à comunicação

sonora do CASa Aberta. O rádio, hoje caracterizado em grande parte por suas funcionalidades

de entretenimento, ainda movendo pessoas a construir linhas de raciocínio e a não se

contentarem em resguardar esse sentido dado ao que fora ouvido apenas para si. As

participações ao vivo nas transmissões representam um diálogo vivo e expandido propiciado

pelo programa. Estudantes, professores recém contratados e veteranos, da UFC ou de outras

instituições, estejam em casa, nas reuniões do projeto, ou até mesmo em trânsito, todos se

igualam como construtores dessa ferramenta expressiva.

Barreiras geográficas também são quebradas. Mesmo estando em outra cidade,

realizando outras tarefas, o rádio se fez presente como companhia e parceiro de conversas

direcionadas por seus temas.

O programa CASa Aberta, ápice deste trabalho, foi estruturado em suas partes

constituintes e analisado em suas características de alinhamento ao projeto de origem. Sua

construção e seu percurso, até a presente data, representam um pouco do que se pretende com

o CASa. Os conceitos base puderam ser identificados facilmente através de sua escuta.

Ele é, portanto, espaço democrático de diálogo, onde a experiência do outro se faz

ouvida. Lugar de reunião de saberes, mas, acima de tudo, de construção coletiva de um novo

saber pautado na heterogeneidade.

Percebeu-se que o significativo das conversas de fato se incorporava não só como um

novo conhecimento, talvez metodológico, mas se configurava como algo capaz de fazer

repensar. Construía-se um aprendizado onde os autores não se colocavam como superiores ou

inferiores, era uma aprendizagem vivida, partilhada e horizontalizada.

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A qualidade dos debatedores, o volume de temas abordados e o alcance dos

programas, maximizados pela oportunidade de se disponibilizarem os arquivos de áudio em

podcasts, são resultado da aproximação das diversidades de conhecimentos e culturas que

formam a UFC. Muitas maneiras de pensar distintas foram congregadas nos estúdios

localizados no Benfica e permitiram contatos entre saberes que dificilmente encontrariam

tempo hábil nas atarefadas corridas contra os prazos do cotidiano, imposto pelo regime em

que estão imersos.

Através das participações em eventos do projeto e transmissões do CASa Aberta, pude

observar como os professores se comportam frente às propostas. Em muitos casos, o fato de

se criticar antes de conhecer é o empecilho maior para a aceitação. O novo é estranho a priori.

O construir junto, sem ter um modelo final, soa como desorganização. Apenas com o tempo e

a participação efetiva nos processos, que poderiam se chamar de corredores da CASa,

alcançar-se-ia uma visão do todo. Caminhando pela CASa se conhecem seus espaços.

Trancafiados em seus quartos, com no máximo uma janela à vista, a qual pode estar fechada,

não se pode visualizar o outro, seja ele vizinho, visita ou morador.

O CASa Aberta surge como o rádio que ressoa em algum ponto dessa enorme moradia

e que convida à busca pela origem do som. Nem que seja com a abertura daquela janela para

se observar o jardim. O primeiro passo é fundamental para chegar a algum lugar, qualquer que

seja ele. É a curiosidade do contato inicial, movido por conta própria, que lança ao

encantamento. Prova disso são as respostas positivas à perspectiva do projeto e do programa

pelos professores que se deixaram envolver.

Com uma proposta inicial de alcançar os docentes dos campi da UFC no interior do

estado, o CASa Aberta foi além, abriu espaço para a escuta da sociedade. A Universidade

Federal do Ceará se expõe em seu processo de acolhimento e reflexão professoral sobre sua

própria atividade, disponibilizando espaços para a sociedade criticar e participar também

desse processo.

Os vários diálogos mantidos no programa engrandeceram participantes e ouvintes

numa aprendizagem significativa, colaborativa e partilhada. O alinhamento entre programa e

projeto pôde de fato ser visualizada após este estudo e a perspectiva é de melhoria contínua na

qualidade e abertura de espaço à reflexão dos ―amadores profissionais‖ que moram nessa

CASa.

No futuro, os atuais recém concursados serão os novos veteranos e poderão ter um

ponto de vista diferenciado sobre o plano do CASa para os novatos, depois de compreender

verdadeiramente a intenção e métodos aplicados. Assim, sua integração voluntária ao projeto

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139

incentivaria àqueles que chegam a se livrar das armas, afinal ―é possível se conversar

armado?‖, como já se discutia em ambiência temática homônima.

O desafio reside em como fazer os docentes compreenderem e aderirem

voluntariamente ao projeto. Talvez com contínuos investimentos na comunicação, informando

sobre as ações e estimulando as participações. Afinal, encantar o público é fundamental para

fidelizá-lo.

Para o CASa Aberta as perspectivas, tendo em vista a boa aceitação, são de

crescimento. O desafio é manter a diversificação de temas e debatedores, ouvindo as

demandas dos membros do projeto e surpreendendo com novos formatos que o rádio

possibilita, talvez rádio teatro, novela, documentários, ou partindo para a publicidade,

anúncios sistemáticos ao longo da programação da Universitária FM, ampliando ainda mais o

leque de opções para atrair o público e cativá-lo.

A CASa UFC está repleta de compartimentos, mas hoje se encontra com as portas

abertas, ou no mínimo destrancadas, para circulação e conversa entre seus moradores. Afinal,

há um mundo a ―compartilhar, pensar, conviver, agir e refletir‖. Uma Universidade que se

quer construir, ―com alegria e dedicação‖, aberta a novos olhares, valores e moradores.

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Editora, 2008. (Coleção Temas & Educação)

OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR. Programa CASa Aberta. Fortaleza:

Rádio Universitária FM, 15 de outubro de 2010. Programa de Rádio.

PAIVA, Andrea Pinheiro; PORTO, Bernadete. Desenvolvimento da Docência em nível Superior: a

importância do Rádio na constituição do debate. [não publicado], Fortaleza: 2011.

PALMIERI, Marilícia Witzler Antunes; BRANCO, Angela Uchoa. Cooperação, Competição e

Individualismo em uma Perspectiva Sócio-cultural Construtivista. Psicologia: Reflexão e Crítica,

2004, 17(2), pp.189-198.

PEIXOTO FILHO, José. O Rádio e a Educação, a experiência do MEB e as contribuições para a

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PORTO, Bernadete de Souza. [29 de setembro, 2011]. Fortaleza: entrevista concedida a Mário César

Matos de Freitas.

PRADO PIMENTEL, Fábio. O Rádio educativo no Brasil, uma visão histórica. Rio de Janeiro:

Soarmec Editora, 2004.

PRATA, Nair. A webradio e a geração digital. In FERRARETTO, Luiz Artur; Klöckner, Luciano

(org.). E o rádio? : novos horizontes midiáticos [recurso eletrônico] – Dados eletrônicos. – Porto

Alegre: Edipucrs, 2010.

PRETTO, Nelson De Luca; BONILLA, Maria Helena Silveira; SARDEIRO, Carla. Rádio web na

Educação, possibilidades e desafios. In Do MEB à WEB, o rádio na Educação. PRETTO, Nelson De

Luca e TOSTA, Sandra Pereira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.

REIS, Clóvis. Propaganda no rádio: os formatos de anúncio. Blumenau: Edifurb, 2008.

RODRIGUES, Bruno. Site ou portal? As diferenças entre site, portal, hotsite e minisite. [18 de abril

de 2005] disponível em: <http://webinsider.uol.com.br/2005/04/18/site-ou-portal> acesso em 03 de

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SARTORI, Ademilde Silveira. Inter-relações entre comunicação e educação: a educomunicação e a

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SMOLE, Kátia Cristina Stocco. Aprendizagem significativa – O lugar do conhecimento e da

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<http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1185> acesso em 28 de julho de 2011.

SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: as perspectivas do reconhecimento de um novo campo

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2000b.

SUCESSOS E FRACASSOS ACADÊMICOS: O FINAL DO SEMESTRE LETIVO E O INÍCIO DO

PRÓXIMO. Programa CASa Aberta. Fortaleza: Rádio Universitária FM, 10 de dezembro de 2010.

Programa de Rádio.

Page 144: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

144

TAVARES, Reynaldo C. Histórias que o Rádio não contou – Do Galena ao Digital, desvendando a

Radiodifusão no Brasil e no Mundo. São Paulo: Negócio Editora, 1997.

TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO. Programa CASa Aberta. Fortaleza: Rádio Universitária FM, 29

de outubro de 2010. Programa de Rádio.

WILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer: noções básicas de planejamento visual. 3. ed.

São Paulo, SP: Callis, 2009.

W.U Comunicação. Newsletter o que é e sua importância. [03 de agosto de 2009] Disponível em:

<http://www.wucomunicacao.com.br/wu_ebomsaber.php?pid=23> Acesso em 03 de outubro de 2011.

Sites visitados:

<http://www.casa.ufc.br> acessos entre os meses de julho e novembro de 2011.

<http://www.facebook.com/facebook?sk=info> acesso em 31 de outubro de 2011.

<http://twitter.com/about> acesso em 31 de outubro de 2011.

<http://www.youtube.com/t/about_youtube> acesso em 31 de outubro de 2011.

Page 145: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

145

ANEXO I – AMBIÊNCIAS TEMÁTICAS

Ambiências Temáticas em funcionamento de Fortaleza e Quixadá

(dados retirados do portal do projeto CASa)

AT01: Labomar 50 anos

Discutir os temas de palestras e mesas-redondas apresentadas por pesquisadores do Instituto

de Ciências do Mar - LABOMAR / UFC, ou convidados, no âmbito do Projeto de Extensão

intitulado "I Seminário de Ciências Marinhas e Ambientais: 50 anos de pesquisa do

LABOMAR", criado e coordenado pelas Professoras Dras. Maria Oziléa Bezerra Menezes e

Regine Vieira, com ocorrências às sextas-feiras, 14hs, no auditório do Labomar. Também,

propõe-se discutir eventos, idéias e/ou projetos, como parte dos 50 anos de pesquisas

realizados pela Instituição.

AT02: Uso das tecnologias da informação no processo ensino-aprendizagem

Comunidade destinada a discutir o uso das tecnologias da informação no auxilio e no

enriquecimento do processo ensino-aprendizagem.

AT03: CASa no cinema

Visando ao cumprimento das necessidades sócio-culturais e teórico-especulativas às quais

estamos imediatamente submetidos, dentro e fora da sala de aula, o propósito geral da

ambiência temática ―CASa no cinema‖ consiste em promover sessões quinzenais de cinema

para, a partir de debates multidisciplinares e extra-curriculares, dar ensejo à aproximação e

troca de experiência entre habitantes, residentes e visitantes da CASa. Acumulando o mérito

de ser um projeto itinerante e estar aberto aos mais variados interesses, a ―CASa no cinema‖

espera causar um efeito verdadeiramente multiplicador, colocando-se à escuta das demandas

apresentadas por alunos, pesquisadores, professores e demais interessados. No fundo, trata-se

de tornar patente que, para haver comunicação com o outro, não basta falar a mesma língua,

senão que também é preciso comungar das mesmas vivências singulares. Daí, a oportunidade

criada pela ―CASa no cinema‖.

AT04: Desenvolvendo competências docentes na FEAAC

A sociedade de hoje está cada vez mais a exigir a demonstração do valor do trabalho dos

docentes do Ensino Superior, mas existe a convicção generalizada de que a qualidade das

atividades profissionais raras vezes é globalmente avaliada. E é cada vez mais reconhecido

que atualmente há uma necessidade urgente de os indivíduos e as instituições se posicionarem

de modo a especificarem critérios de qualidade do ensino e da sua eficácia. Docentes de

educação superior, na atualidade, devem estar ocupados, sobretudo em ensinar seus

estudantes a aprender e a tomar iniciativas, ao invés de serem unicamente fontes de

conhecimento. Iniciativas adequadas para pesquisar, atualizar e melhorar as habilidades

pedagógicas por meio de programas de desenvolvimento docente se tornam imprescindíveis.

AT05: Programa de desenvolvimento da docência nas engenharias

Esta AT tem a missão de incentivar o desenvolvimento da docência em professores cuja

formação básica não foi direta ou indiretamente ligada ao magistério superior.

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146

AT06: Pensar a Universidade: seus ritmos e suas interações

Esta comunidade propõe estudar e debater criticamente os atuais ritmos de trabalho na

universidade, suas inserções políticas, econômicas e ideológicas e, consequentemente, as

múltiplas interações entre as figuras que compõem o cenário pedagógico e administrativo da

Universidade pública. Pretende-se analisar a coerência dessas ideias e ações com a função

fundamental da Universidade: promover a educação superior e o desenvolvimento dos

saberes.

AT07: Integração recreativa-cultural docente

A ambiência tem como objetivo primordial levar ao corpo docente da UFC oportunidades de

vivenciar experiências extras profissionais com os colegas de trabalho, de forma a criar um

ambiente de harmonia integrada em todos os setores de nossa instituição.

AT08: "A gente não quer só aula boa": ideias e projetos que empolgam os alunos

durante a graduação na UFC

Esta comunidade pretende reunir relatos e promover o debate entre os alunos participantes,

ex-alunos da graduação da UFC e professores. O tema central será voltado a ideias e projetos

que, na opinião dos alunos, ex-alunos e professores, podem tornar os anos da graduação na

UFC ainda mais produtivos e prazerosos e que extrapolaram as aulas tradicionais das

disciplinas cursadas. Alunos, ex-alunos e professores poderão postar relatos de experiências

que julgaram exitosas e que gostariam de verem reproduzidas e difundidas entre outros alunos

da UFC. Ao produzir o relato, o aluno e o professor deverão descrever a experiência e

informar porque ela foi exitosa. Os participantes da comunidade que relatarem ideias e

projetos irão participar, ao final das atividades, do sorteio de brindes!

AT09: Etapas iniciais da criação de periódico científico

Indicar os passos necessários (ISSN, indexação etc.) para a criação e implementação de um

novo periódico científico na UFC.

AT10: Espaço de integração professor-aluno

Ambiência temática com o objetivo de integrar professores e alunos da UFC. Espera-se que a

ambiência viabilize trocas de experiências e o compartilhamento de expectativas e frustrações

na busca por melhorias no meio universitário.

AT11: Resgate de tecnologias de ensino A.D.C. (Antes do Computador)

Comunidade interessada em discutir, de forma construtiva, o papel da tecnologia da

informação como ferramenta didática. Questão-mote: podemos ser bons professores sem ter

que usar o computador em sala de aula?

AT12: Experiências que funcionam em sala de aula: êxitos em foco

O principal motivador dessa ambiência é o estabelecimento de um diálogo entre os diversos

campos do conhecimento que integram a UFC com o intuito de promover uma

intercambialidade das experiências de ensino que têm alcançado êxito junto à comunidade

acadêmica. O diálogo aqui proposto busca a convergência de necessidades comuns, a

aproximação didática, a disseminação de novas tecnologias, abordagens lúdicas e técnicas que

nos auxilie na intermediação dos conhecimentos em sala de aula (ou fora dela!). A descoberta

das necessidades dos grupos, bem como o conhecimento a respeito da instituição UFC, suas

áreas, os espaços que podem ser ocupados e/ou melhor utilizados podem levar ao

desenvolvimento de pesquisas e projetos que envolvam essa comunidade, nesse sentido, o

ponto de partida são os relatos de experiências exitosas que funcionam em sala de aula.

Page 147: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

147

AT13: Música: reflexões e ressonâncias

Esta comunidade tem como objetivo gerar reflexões sobre a relevância da música em sua

diversidade nas instâncias da docência, ensino-aprendizagem, valor simbólico, cultural e

estético; bem como ampliar o espaço de formação dialógica e formativa visando ao

enriquecimento dos contextos de aprendizagem musical coletivos. A presente comunidade

reúne professores dos cursos de Licenciatura em Educação Musical e de Pedagogia. São bem-

vindos aqui todos aqueles interessados na temática em pauta.

AT14: Pode-se conversar armado?

Essa comunidade surge para gerar um diálogo aberto entre pessoas. Ela vem da sensação de

confronto em sala de aula, onde professor e aluno se envolvem, muitas vezes, em uma batalha

pela razão. Sendo assim, essa comunidade tem por objetivo aproximar o professor e o aluno

para a construção harmoniosa do conhecimento. Desarmados para com o outro, poderemos

crescer juntos.

AT15: Rede de integração interdisciplinar

Busca prover uma malha tecnológica de comunicação e informação entre os diversos cursos

da Universidade Federal do Ceará, e assim promover a integração, a multidisciplinaridade e

interdisciplinaridade em coerência com o eixo da formação do educando, buscando integrar as

diversas dimensões que compõe a comunidade acadêmica, tais como biológicas, psicológicas,

sociais, econômicas, tecnológicas, ambientais, dentre outras. Pretende também utilizar

metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do conhecimento e

integração entre os conteúdos dos cursos, além de estimular a interação entre ensino, pesquisa

e extensão.

AT16: A UFC e o aluno recém-ingresso: Construindo uma vida acadêmica

A presente Ambiência Temática visa discutir formas que possam familiarizar o aluno recém-

ingresso ao seu curso de graduação o quanto antes, tornando-o motivado e conhecedor em

relação as perspectivas do seu futuro profissional. Atualmente, a UFC possui em muitos

cursos uma evasão significativa dos alunos pertencentes aos 2 primeiros anos de graduação.

Conhecer as reais causas dessa evasão e combatê-las é a nossa meta. Junte-se a nós e

compartilhe sua opinião.

AT17: Desenvolvimento sustentável: a utilização racional da água

A ambiência temática "Uso Racional da Água" levantará informações acerca do tema, de

modo a possibilitar a formulação de planos de comunicação que deverão ser divulgados

prioritariamente no estado do Ceará.

AT18: (Re)fazer docente

Esta ambiência temática pretende refletir acerca das práticas docentes no Ensino Superior,

questionando e desenvolvendo ações que, partilhadas entre os membros, sejam capazes de

motivar tanto o aluno como o professor para o processo ensino-aprendizagem.

AT19: Alfabetização humano-tecnológica

O objetivo desta ambiência é diminuir a taxa de analfabetismo no município em que for

implantado. Para isto, serão realizados trabalhos educativos (leitura e escrita) e educação

computacional, simultaneamente, com auxílio dos estudantes da UFC, tendo a coordenação

Page 148: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

148

dos professores desta CASa. Os trabalhos serão realizados em um final de semana por mês ou

de uma outra forma a ser escolhida pelos coordenadores.

AT20: Habilidades de comunicação na formação de profissionais de saúde

Esta comunidade pretende congregar relatos de experiência exitosa e discutir textos sobre o

treinamento em habilidades de comunicação entre profissionais de saúde e seus pacientes, em

diferentes situações clínicas. Os participantes poderão postar relatos de experiências e textos,

sejam sobre exercício profissional, sejam sobre ensino, relacionados ao tema. Recomenda-se

que o participante insira comentário sobre o relato/tema postado para suscitar discussão no

grupo.

AT21: Cooperação e Interatividade

Ambiência que visa a cooperação e interatividade entre professores e alunos ingressantes na

UFC... Objetivos: Troca de experiências, conversas, discussões, reflexões, exposições de

pontos de vista, sugestões e ajuda mútua... Justificativa: Necessidade de dialogo e troca de

experiências entre professores e alunos recém ingressantes na UFC...

AT23: Gestão de Conhecimento em Redes Sociais

Como o uso de redes sociais e ferramentas de colaboração podem auxiliar na gestão do

conhecimento.

AT24: DTE - Debate

A análise das estruturas socioeconômicas e políticas e dos paradigmas econômicos é

fundamental para estimular o debate e a produção acadêmicos, contribuindo para a formação

de uma consciência plural e crítica dos fenômenos e das grandes ―approaches‖ econômicas.

Referida análise adquire dimensões de imprescindibilidade quando é realizada em momentos

de crise e articulando o público acadêmico com outros segmentos da sociedade civil

organizada. Nestes momentos, o exame criterioso e o debate plural das estruturas reais e dos

diversos fenômenos e paradigmas socioeconômicos são submetidos a contestações

enriquecedoras, despertando novos horizontes teóricos e metodológicos e novas ações

práticas. O projeto Dte ? Debate tem o intuito de socializar a produção acadêmica do curso de

Economia para todos os segmentos da UFC e demais Instituições Educacionais, articulando

os estudos e as pesquisas realizadas neste curso com os saberes e experiências oriundos do

Estado e da sociedade civil organizada.

AT25: Histórias de vida na formação de professores

"O importante não é o que fizeram de nós, mas o que nós fazemos com que fizeram de nós"

(Sartre). Esta ambiência, concebida no dia 11 de setembro último, propõe ser um espaço de

reflexão acerca das histórias de vidas dos acadêmicos da UFC. Partindo da pergunta "como

me tornei professor/aluno?", pretendemos, em encontros presenciais e no espaço virtual,

construir relatos autobiográficos e refletir sobre como nossas experiências de vida precedentes

se fazem presentes nas nossas práticas docentes e discentes na universidade, nos nossos

enfrentamentos cotidianos. Os encontros serão momentos de aprendizagem (na verdade,

momentos de aprender com o "outro", ou antes, com a "vida do outro") nesses tempos do

Projeto Casa e, com isso, acreditamos, podem ter uma contribuição significativa para nossa

formação docente/discente na UFC.

Page 149: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

149

AT26: Desafios na Educação em Ciências e Tecnologia

Discutir e avaliar metodologias de ensino em disciplinas dos cursos de engenharia.

AT35: Educação e(em) Artes na Contemporaneidade

"Todas as armadilhas reforçam o papel do educador como guardião da ética, com a

importante função social de serem exemplos de cidadãos capazes de refletir com senso crítico

e ajudar a colocar a tecnologia a serviço de melhorar a condição humana." (PÉRISSÉ, 2004).

Esta ambiência convida, especialmente, os professores das licenciaturas em artes (nas suas

mais variadas linguagens) a discutir o lugar do professor, o espaço e o papel da licenciatura na

sociedade, metodologias de ensino e outros temas que tangenciam o ensino das artes nas

esferas do ensino fundamental, médio e da graduação.

AT36: O processo de ensino e aprendizagem de língua estrangeira: desafios e

perspectivas

Esta ambiência tem a finalidade de fazer leituras, reflexões e discussões sobre o processo de

ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, bem como problematizar temas pertinentes à

formação de professores desta área.

AT42: Desenvolvimento da Docência em Nível Superior (Turma quinzenal)

Resumo não disponibilizado pela AT.

AT44: Audiovisual como recurso didático no ensino superior

Ambiência Temática dedicada à pesquisa e à sistematização dos recursos audiovisuais como

ferramenta de apoio ao processo de ensino e aprendizagem na educação superior, com ênfase

no cinema e no vídeo.

AT45: Ecologia aplicada às ciências ambientais

Resumo não disponibilizado pela AT.

AT46: Estudo e divulgação de normas e procedimentos acadêmicos e administrativos da

UFC

Esta ambiência temática tem por objetivo estudar e divulgar as normas e procedimentos

acadêmicos e administrativos da UFC, disseminando assim informações importantes para a

atividade dos docentes, principalmente os recém-ingressos.

AT47: Professor, pesquisador, animador e mágico

Discussões e apresentações sobre técnicas, dicas e truques para se dar bem no ensino, na

pesquisa e na extensão.

AT49: Desenvolvimento de um ambiente virtual com ferramentas facilitadoras do

processo de ensino/aprendizagem

Criação de um ambiente virtual (site, blog, etc) que apresente ferramentas facilitadoras do

aproveitamento das aulas. O objetivo principal é disponibilizar material de estudo, bem como

abrir canais que possibilitem maior interação entre alunos e professores, o que pode ser

determinante também no processo de avaliação.

AT50: Ciência e formação de pesquisadores

Nessa comunidade discutiremos, usando um blog, questões sobre ciência e sobre como

formamos futuros pesquisadores.

Page 150: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

150

AT51: Projeto MUDANÇA - Música e Dança na Escola

Esta ambiência pretende tematizar as práticas de música e dança no sistema escolar, propondo

alternativas, indicando cursos, discutindo teorias e práticas, indicando eventos e literatura

especializada, preparando eventos que poderão trazer maior dialogicidade sobre os conteúdos,

além de intercâmbios de conhecimentos entre membros do Projeto CASa e estudantes e

profissionais de dentro e fora de Fortaleza.

AT53: Pesquisa e Criação em Cinema e Audiovisual

Esta ambiência temática visa o estudo e a reflexão acerca da produção cinematográfica e

audiovisual contemporânea, compreendendo o audiovisual em toda sua amplitude e

intersecção com as diversas áreas artísticas. Pretende-se com esta ambiência, analisar as

contribuições do artista/ pesquisador, bem como incentivar a experimentação de linguagens e

investigação estética e tecnológica.

AT55: Desenvolvimento da Docência em Nível Superior (turma mensal)

Um espaço para debate sobre o cotidiano da didática na UFC.

AT57: Por quê vinte por cento?

Esta comunidade visa discutir a prática e a aplicação da regulamentação da portaria número

4059 que dispõem que as IES (Instituições de Ensino Superior) poderão introduzir nas grades

curriculares de seus cursos a modalidade semipresencial, isto é, permitir a aprendizagem

através do uso de tecnologias da informação.

AT58: Matemática com acessibilidade

Por qual motivo alguns discentes não conseguem compreender estrutura lógica ou

sequenciada de determinado raciocínio, principalmente em Matemática? Esta comunidade

procura dialogar e investigar sobre as formas de apreensão de conceitos matemáticos pelos

discentes da UFC. Formas de ensino também serão debatidas a partir da necessidade de

adaptar determinados conteúdos para discentes com deficiência visual, surdez ou discalculia.

Por fim, como tornar acessível as formas de ensino para uma aprendizagem mais eficiente?

AT59: Formação e pesquisa de professores do ensino superior em

interdisciplinariedade, tecnologias, educação e linguagens

Está ambiência reúne atividades e reflexões a partir do grupo de professores do Instituto UFC

Virtual em colaboração com os demais professores da UFC com vistas à construção do novo

programa de pós-graduaçao do Instituto. Considera-se tal experiência também como um

processo de formação dos participantes a partir da perspectiva interdisciplinar para pesquisa e

docência.

Ambiências Temáticas em funcionamento do Cariri

(dados retirados do portal do projeto CASa)

AT22: Habitar o Campus Cariri

Queremos pensar e propor estratégias e atividades que tornem o Campus Cariri uma "casa"

agradável e bonita, para um convívio rico e estimulante.

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151

AT28: Pensar o modelo de desenvolvimento institucional do Campus da UFC no Cariri

no tripé ensino, pesquisa e extensão

A comunidade tem como principal objetivo contribuir para o alcance da excelência do

Campus. Por meio do uso de ferramentas como a Plataforma Sócrates, Fóruns (virtuais e

presenciais) e um Blog. A comunidade pretende discutir os elementos relativos ao processo de

desenvolvimento do Campus da UFC no Cariri, no âmbito da formação, da pesquisa e da

extensão. A Comunidade pretende ainda promover, ao final de cada ano de trabalho, um

Seminário com a Comunidade Acadêmica e a Comunidade Local para refletir conjuntamente

sobre as temáticas propostas.

AT29: Transformando conhecimentos em qualidade de vida

Comunidade ligada ao Projeto CASA Campus da UFC no Cariri.

AT30: Deficiências de Ensino x Aprendizagem

Este grupo trata as dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem.

AT31: Ambientação e informações acadêmico-administrativas dos professores recém-

contratados

Esta ambiência tem por objetivo propor e disponibilizar um manual de informações mínimas

para professores recém-contratados. Percebemos, quando de nosso ingresso na UFC, que não

tivemos um acompanhamento inicial e/ou apresentação/palestra de integração no ambiente

Universidade. Nossa proposta é, ao final de nossos encontros e debates, propormos um

manual e propostas de palestras e encontros que auxiliem o docente recém ingresso e que se

encontra repleto de duvidas, tipo: a) missão e valores; b) organograma da UFC; c)

documentos importantes (estatuto, regimento interno, projeto pedagógico institucional de seu

curso, plano de desenvolvimento institucional, etc.); d) currículo, ensino, avaliação, atividades

curriculares complementares, plano de ensino, horário das aulas, diários de classe, frequência,

etc.; e) recursos de apoio (recursos de multimídia, página do professor na internet, bolsas

acadêmicas, etc); f) bibliotecas, laboratórios, etc.; g) política de cargos e salários, direitos e

benefícios do servidor, etc.

AT41: Desenvolvimento e Aplicação de metodologias de Ensino - Campus Cariri

Esta ambiência temática tem por objetivo constituir um espaço para discussão, proposição,

criação, experimentação e aplicação de metodologias (especialmente não convencionais) para

ensino no curso de Administração, Campus do Cariri.

AT52: Cinema em CASa

Esta comunidade busca refletir sobre o ensino-aprendizagem a partir de sessões de filmes com

debates, e desta forma agregar docentes e estudantes da UFC Cariri de forma interdisciplinar.

AT54: Construindo o PPP (Engenharia de Materiais)

Esta ambiência temática tem como objetivo abordar a elaboração de um Plano Político

Pedagógico (PPP) aplicado ao Curso de Engenharia de Materiais. Serão discutidos temas

como: número de disciplinas obrigatórias e eletivas (com seus respectivos planos e programas

de atuação), número de horas total do curso, semestre em que o aluno poderá estagiar e

atividades complementares necessárias a integralização curricular do discente. Ao final,

espera-se a elaboração de um documento que reflita as habilidades necessárias, exigidas pela

sociedade brasileira, e em particular caririense, ao perfil do egresso do curso de engenharia de

materiais da UFC-Cariri.

Page 152: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

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AT60: Afinando propostas, conduzindo conquistas

Desde o ano de 2005 quando o curso de educação musical da UFC em Fortaleza foi

consolidado, muitas conquistas têm sido acrescentadas ao campo da educação musical nessa

universidade, dentre as quais a extensão do curso para dois campi em duas grandes regiões do

estado: Cariri e Sobral. Essa comunidade tem como objetivo criar um espaço de discussão

entre os docentes do curso de educação musical da UFC impulsionando as conquistas

necessárias para o bom funcionamento do curso.

Ambiências Temáticas em funcionamento de Sobral

(dados retirados do portal do projeto CASa)

AT27: Diálogos Docentes

Discutir sobre a profissão docente, seu processo de formação, a relação com o educando, a

construção coletiva do conhecimento e a contemporaneidade.

AT32: Combate à evasão escolar no Campus de Sobral

Discutir e propor novas estratégias de combate à evasão escolar no Campus de Sobral. Busca-

se trabalhar em três linhas: envolver os alunos nas ações da universidade (eventos, grupos de

pesquisa, atividades de extensão, ambiente virtual), criação de estratégias de motivação e

fomento à pesquisa em educação.

AT33: Permuta de Vivências e Saberes Acadêmicos

Essa ambiência temática busca promover a troca de vivências e saberes acadêmicos entre

diversos campos de conhecimento. Desta forma, propõe-se a reunião de relatos com o

objetivo de debater novas práticas pedagógicas, discutir as dificuldades e sucessos da prática

docente, bem como outros temas de interesse da ambiência. Além de discussões virtuais, é de

interesse desta ambiência promover debates e encontros presenciais de interesse dos

participantes.

AT34: Agregação Tecnológica entre os Campi da UFC: De Sobral para o mundo

1)Desenvolvimento da educação, pesquisa e extensão multidisciplinar; 2)Compartilhamento

de projetos que possam ser mantidos nas mais diversas áreas e Campi; 3)Construção de uma

árvore do conhecimento para expor as competências de cada um; 4)Para fomentar ações

conjuntas para preparar e executar projetos interdisciplinares, através de agências como

FUNCAP, CAPES, CNPq etc. Através de uma rede integrada de informações que una os

professores / pesquisadores da UFC (Um "orkut" da UFC).

AT37: Desenvolvimento intercomunitário: docentes, discentes e sociedade

A universidade tem como principal meta o desenvolvimento humano. Problema: O

conhecimento gerado pela universidade tende a migrar para grandes centros.

A visão do grupo é integração entre a universidade, leia-se, professores e alunos, com a

comunidade para promover o desenvolvimento sustentável regional, culminando com o

assentamento do conhecimento gerado. Ou seja, a universidade como engrenagem principal

para o desenvolvimento regional sustentável.

Page 153: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

153

AT38: Gestão em Saúde

Essa ambiência propõe a capacitação dos profissionais de saúde para tratar da gestão das

questões relacionadas à administração e finanças em sua área de atuação.

AT39: Construindo o PPP (de Odontologia)

Resumo não disponibilizado pela AT.

AT40: Devagar que o Santo é de Barro : ser professor hoje, um desafio -

Essa ambiência temática tem como objetivo discutir a prática docente universitária, incluindo

suas dificuldades, possibilidades e desafios.

AT43: Ensino e aprendizagem na área de Odontologia: desafios nas avaliações de

atividades práticas

Construir um ambiente de desenvolvimento de aplicações educacionais que agregue ambas as

perspectivas – Construcionista e Instrucionista – de forma simples e intuitiva é um dos

desafios do sistema Casa Mágica. No entanto, a agregação do modelo construtivista na

formação de alunos de Odontologia ainda nos parece um enorme desafio. Assim objetivamos

discutir formas viáveis para aplicação adequada e equilibrada das formas de ensino e

aprendizagem que não necessitam ser opostas, mas balanceadas. Obtendo, desta forma, meios

propícios e justos para avaliar o aluno em suas atividades práticas.

AT48: Saber e poder – reflexões filosóficas sobre trabalho interdisciplinar –

Promover a reflexão sobre o processo de apropriação de conhecimento e suas implicações nas

relações de poder. Promover a desconstrução do modelo hegemônico de saber/poder nas

relações de trabalho interdisciplinar e criar novas formas de trabalho em equipe e colaboração

acadêmica transdisciplinar.

AT56: O Papel dos Cursos de Economia e Finanças no Desenvolvimento do Interior do

Ceará

Seguindo a lógica do Projeto Casa, esta comunidade se propõe a debater o papel dos Cursos

de Economia e Finanças no desenvolvimento do Interior do Ceará. Para tanto, nossos

objetivos específicos são: (1) Repensar os Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de

Economia e Finanças do Campus de Sobral, visando adequar os cursos para formar capital

humano capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico da região; e, (2) Pensar em uma

estrutura de Pós-Graduação para dar seguimento na formação desse capital humano.

Page 154: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

154

ANEXO II – CRONOLOGIA LAYOUTS BREVIÁRIO

Figura 15: Breviário inicial e exemplo (2010.1)

Figura 16: Breviário versão 2 e exemplo (2010.2)

Page 155: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

155

Figura 17: Breviário versão 3 e exemplo (2010.2)

Page 156: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

156

Figura 18: Breviário versão 4 e exemplo (2011.1)

Figura 19: Breviário versão 5 e exemplo (2011.1)

Page 157: CASa Aberta Por uma Aprendizagem Significativa pelo Rádio_Mário Matos

157

Figura 20: Breviário versão 6 e exemplo (2011.2)