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APRESENTAÇÃO

A Casa dos Leões, como ficou popularmente conhecido o prédio, devido às duas esculturas em

formato de leões que adornavam seu portão de entrada até a década de 1990, um bem inventariado

pela Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, apresenta-se hoje como apenas uma

construção abandonada no centro da cidade. A edificação carrega e representa boa parte da história

da ocupação e do desenvolvimento urbano da cidade e fica localizada em uma área de grande

importância para o resgate da memória da capital gaúcha.

HISTÓRICO

A Casa dos Leões é uma edificação situada na Rua dos Andradas, nº 507, no Centro Histórico da

cidade de Porto Alegre. É um prédio de referência para a comunidade, dispondo de privilegiada

localização no Corredor Cultural da cidade, próximo a outras representativas instituições do

imaginário porto-alegrense, como: Casa de Cultura Mario Quintana, Museu da Brigada Militar,

Theatro São Pedro, Usina do Gasômetro, entre tantos outros.

Vista da Rua dos Andradas

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No ano de 1894, Olympio Carlos de Araújo Brusque solicitou licença para construir no terreno de

número 117 da Rua dos Andradas. Nesta época, a Rua dos Andradas já havia se transformado em

uma via movimentada, com diversos estabelecimentos comerciais, sendo o ponto de encontro para

os cidadãos e a intelectualidade da cidade.

Não há registro exato do término da construção, mas sabe-se que em abril de 1899 a senhora

Amelina Brusque recebeu o imóvel por herança de seu marido Olympio. Era uma casa térrea, com

três janelas e portão de ferro, conforme o inventário.

Desde então, a casa passou por diversas modificações em sua estrutura física e em seu uso, assim

como a própria Rua dos Andradas, que sofreu muitas alterações devido ao crescimento da cidade.

Entre 1927 e 1928, houve a alteração oficial da numeração dos prédios, quando a Casa dos Leões

deixou de ser o número 117, passando ao número 507, o qual permanece até hoje. Neste período,

começa a construção do novo Quartel General da Brigada Militar, em frente ao nº 507. O registro

fotográfico feito em meio a esta construção evidencia que neste período o imóvel já havia sido

alterado para dois andares.

Na década de 1990, já sem um dos leões.

No detalhe, os leões ornamentais.

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Em 1936, a casa foi vendida ao senhor Lourenço Melchiona. Na ocasião, segundo registro de

escritura pública, o imóvel contava com “três aberturas no porão, com duas janelas e uma porta de

sacada no andar superior e duas janelas e uma porta de sacada no andar inferior”. O novo

proprietário solicitou licença para fazer outras reformas, que dividiram o prédio em duas moradias

destinadas ao aluguel residencial ou comercial, uma no andar superior e outra no andar inferior, com

os números 507 e 509.

Já no ano de 1950, ocorrem novas reformas, que transformam o imóvel em um prédio residencial

com quatro apartamentos distintos: um no porão, que se torna habitável a partir de uma alteração no

nível do entrepiso inferior, outros dois no andar intermediário, e mais um no andar superior. Esta

reforma alterou significativamente o padrão arquitetônico do prédio, com repercussão na fachada da

casa, que passa a exibir inclusive uma escada externa para viabilizar o acesso ao piso intermediário.

Em 1979, com a morte do proprietário Lourenço Melchiona, a casa é transmitida em herança para

seus filhos, que saem da residência no começo da década de 1980. A partir de então, o local

transforma-se em um cortiço, sofrendo outras alterações para adaptação do uso.

Em 1991, utilização como cortiço.

Em 1987, os herdeiros vendem a casa para a CIASUL Incorporações, Investimentos e Participações

e à JOTER Representações e Administrações, a qual adquire 100% do imóvel em 1989.

Segundo escritura pública lavrada no 3º Tabelionato de Porto Alegre, em 1991, a JOTER

Representações e Administrações, de propriedade de Jorge Gerdau Johannpeter, doa o imóvel à

Prefeitura, requerendo a concessão da aplicação da reserva de índice resultante do potencial

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construtivo do terreno. Desde então a Casa dos Leões pertence à Prefeitura Municipal de Porto

Alegre.

NOVA PROPOSTA DE UTILIZAÇÃO

No começo da década de 1990, a Casa dos Leões passa por uma profunda análise e prospecção

por parte da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre, no intuito de transformar o

prédio em sede do Museu de Arte de Porto Alegre, abrigando as Pinacotecas Rubem Berta e Aldo

Locatelli. Tal projeto não foi à frente, devido a dificuldades de adaptação da casa as necessidades do

Museu, permanecendo ocioso o imóvel.

Deseja-se recuperar o trabalho até o momento já realizado pelo EPAHC, inclusive, apontando como

essencial para esta proposta. A recuperação do telhado, realizada pelo órgão em 1994, que estancou

o processo de deterioração do imóvel, fazendo com que os custos necessários para uma nova

ocupação sejam inferiores ao que seriam caso esta obra não tivesse ocorrido.

LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO

O imóvel situa-se na Rua dos Andradas, nº 507, área central de Porto Alegre, a meio caminho entre

dois importantes equipamentos culturais da cidade: a Usina do Gasômetro e a Casa de Cultura Mario

Quintana. Outras importantes instituições localizadas na região, conhecida como Corredor Cultural,

são o Museu do Trabalho, o Museu da Brigada Militar e a Igreja das Dores. No seu entorno imediato,

há diversas edificações vinculadas a atividades militares, embora seja marcante a vocação

residencial que ainda persiste ao redor.

As boas condições de acessibilidade por transporte público, assim como as condições gerais dos

equipamentos e infra-estruturas urbanas, fazem da região um cenário de intensa atividade, havendo

uma coexistência harmoniosa entre as funcionalidades urbanas: residência, trabalho e lazer.

Como testemunho de uma tipologia arquitetônica, a Casa dos Leões encontra-se bastante alterada

em relação a sua construção original. Todavia, ainda são perceptíveis suas características de

sobrado eclético, de porão alto, ocupando apenas uma das divisas do lote em sua parte frontal.

PROJETO DE INTERVENÇÃO

O projeto para intervenção na Casa dos Leões seguirá as metodologias e condutas utilizadas em

casos em que o objeto da intervenção é arrolado como bem a preservar, assim como as

recomendações dos órgãos públicos e instituições voltadas à preservação patrimonial.