10

c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho
Page 2: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 1/9

Programa 1. Preâmbulo .............................................................................................................................................. 2�

2. Síntese histórica .................................................................................................................................. 4�

3. Objectivos .............................................................................................................................................. 7�

4. Área de intervenção ........................................................................................................................... 8�

5. Programa de intervenção ................................................................................................................. 9�

Page 3: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 2/9

1. Preâmbulo Fazendo uma leitura do mapa-mundo, do século XX até à actualidade, é possível com-preender que as catástrofes têm vindo a aumentar exponencialmente, sendo os desastres (ameaças agravadas pela acção humana) a principal causa deste aumento. Este aumento gerou, consequentemente, o aumento do número de pessoas desalojadas. No entanto, regista-se um decréscimo no número de mortes, seguramente devido à evo-lução da tecnologia da construção e da arquitectura, entre outros factores. A satisfação das necessidades básicas de uma população afectada por uma catástrofe é o verdadeiro motor da emergência na arquitectura, obrigando a um planeamento e organização - em estreita articulação com as autoridades locais e população afectada - dos vários níveis do processo de transição, de modo a minorar, ultrapassar e superar o ambiente onde está inserido, lidando com factores como o tempo (é necessário uma resposta rápida e pragmática), os recursos existentes e as técnicas apropriadas (que é preciso escolher e conceber). A arquitectura tem um papel determinante na menorização e superação dos danos hu-manos, materiais, patrimoniais e ambientais causados por uma catástrofe. É parte integrante do processo que visa responder às necessidades fundamentais do ser hu-mano e, assim, preservar a dignidade e garantir a segurança e desenvolvimento da população. Após o evento, colocam-se questões como a duração do período transitório e a escolha de uma estrutura social de apoio capaz de se adequar ao contexto em que se irá inserir. Para além de dar resposta à necessidade de alojamento, é igualmente fundamental pla-near e integrar funções complementares à habitação mas determinantes para garantir a coesão sócio-comunitária e que permitam uma assistência articulada de apoio social e administrativo e, que ao mesmo tempo, possam garantir os serviços básicos à popula-ção no sentido de permitir o equilíbrio sanitário das comunidades afectadas. É necessário assim, pensar numa estrutura que devolva a dignidade aos desalojados e reduza alguns factores psicológicos associados à catástrofe, como o desenraizamento e a incerteza. Desta forma, os arquitectos devem, cada vez mais, estar preparados para responder de forma rápida e eficaz às necessidades básicas e urgentes de uma deter-minada comunidade. Devem estar, também, sensibilizados para o facto de terem de encontrar soluções que respeitem as mais variadas condicionantes que poderão surgir, nomeadamente a nível cultural, económico e infra-estrutural.

Page 4: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 3/9

1. Catástrofes naturais 1900 – 2010 (fonte: EM-DAT 2010)

2. Catástrofes naturais 1900-2010: catástrofes, mortes e desalojados (fonte: EM-DAT 2010)

Page 5: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 4/9

2. Síntese histórica A evolução da arquitectura de emergência tem passado pela procura de novas utiliza-ções de materiais e a criação de sistemas e processos que optimizem a construção de abrigos. Ao longo da história do Séc. XX foram desenvolvidas várias propostas destina-das a conferir abrigo a desalojados por arquitectos, podendo entre eles destacar Le Corbusier e Alvar Aalto. Este arquitecto finlandês desenvolveu um projecto de habitação de emergência deno-minado “Refúgio primitivo: transportável”. O modelo comportava quatro abrigos por unidade em que cada um poderia funcionar separadamente ou unidos em torno de um sistema de aquecimento central. O arquitecto Le Corbusier criou em 1940, um projecto denominado “Murondins”. Trata-se de um programa de habitação temporária, destinado a ser construído pela própria população que não tinha meios económicos para adquirir uma habitação e sem condi-ções para se abrigar durante o Inverno seguinte. A proposta estabelecia, não só o desenho arquitectónico (territorial, habitacional e serviços), como definia as várias fases de construção com recurso a desenhos explicativos. Um dos maiores contributos para a autoconstrução foi o diálogo entre o arquitecto e os desalojados sem que nunca os ti-vesse conhecido. Le Corbusier evidencia, assim, a necessidade de colaboração entre vítimas, responsáveis de obra e responsáveis pelo planeamento urbano com preocupa-ções ambientais, territoriais, económicas e políticas. A ideia de habitação temporária foi novamente abordada por Le Corbusier, no segui-mento da destruição massiva de habitações provocada pela II Guerra Mundial, tal como o projecto “Unité d’habitation transitoire”, em 1944, uma unidade habitacional com ca-pacidade para 1.000 habitações. O acesso às habitações seria feito por uma avenida, perpendicular à rua principal, em que existia um espaço ajardinado comum a todas as habitações. De cada lado da avenida, entre as habitações, existiam balneários.

Para cada habitação foi atribuído um galinheiro para garantir a subsistência da família. As habitações estavam viradas para nascente/poente, para melhor aproveitamento so-lar e o piso térreo era recuado. A distribuição das famílias pelas habitações poderia ser feito de modo livre. Todas as habitações, no seu interior, continham uma cozinha e casa de banho pré-fabricadas.

A “Unité d’habitation transitoire”, tal como o “Murondins”, foram projectos essenciais para a definição de uma estratégia que permitia alojar uma comunidade perto do local atingido pela catástrofe. Mais do que um projecto, estabeleceu uma organização espa-cial. A falta de acordo entre os técnicos, as autoridades responsáveis e os desalojados foi o motivo pelo qual o projecto não foi executado. Já no séc. XXI, a arquitectura de emergência ganhou uma nova notoriedade quando a fundação IKEA se associou ao UNHCR para produzir e implementar abrigos sustentá-veis para refugiados. Os primeiros protótipos foram lançados em Julho de 2013 na Etiópia e no mês seguinte para o Líbano e Iraque para socorrer os refugiados da Síria. O autor do projecto, o designer Johan Karllson, desenvolveu um sistema flat-pack que não necessita de ferramentas adicionais à sua construção apresentando uma proposta sus-tentável, ao nível das energias renováveis.

Page 6: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 5/9

3. Planta do aglomerado habitacional da «Unité d’habitation transitoires». Le Corbusier, 1944

4. Perspectiva exterior da «Unité d’habitation transitoire». Le Corbusier, 1944

Page 7: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 6/9

Para além destes exemplos existem muitos outros no panorama da arquitectura mundial desenvolvidos no último século. Em Portugal, concretizaram-se, igualmente, projectos de arquitectura na sequência, sobretudo de sismos, nomeadamente, a paradigmática intervenção pós-terramoto de 1755 em Lisboa, e mais recentemente, o caso de Bena-vente (1909) e das Ilhas do Faial e Pico (1998). Estas situações obrigaram à implementação de modelos de habitação de emergência e posteriores projectos de re-construção.

5. Terramoto em Benavente, 23 de Abril de 1909

6. Visita do Rei D. Manuel II a Benavente (24 de Abril de 1909)

Page 8: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 7/9

3. Objectivos Na sequência de uma catástrofe, a perda da habitação constitui uma das maiores preo-cupações, logo após a perda de vidas, sendo uma das primeiras exigências dos sobreviventes desalojados. Por este motivo, a importância significativa da arquitectura que decorrerá num cenário de escassez de recursos. A catástrofe resulta em graves perturbações do funcionamento normal de uma socie-dade, comprometendo as suas infra-estruturas e funções sociais, económicas, culturais e políticas devido às perdas humanas, materiais ou ambientais generalizadas que exce-dem a capacidade da sociedade afectada para controlar ou recuperar destas consequências usando apenas os seus recursos. As perdas que ocorrem na sequência das catástrofes incluem não só a habitação, como também danos infra-estruturais (energia eléctrica, telecomunicações, estradas, abaste-cimento de água e sistemas de esgotos, portos, aeroportos), perdas económicas (colheitas, pesca, fábricas, oficinas, armazéns, instalações de armazenamento), perdas culturais (edifícios e locais culturais e históricos, locais de culto), danos psicológicos (traumas emocionais) e perdas sociais (interrupções nos serviços sociais e públicos). Assim, o objectivo do concurso é, com base numa estratégia que contribua para a estru-turação de funções complementares à habitação, encontrar uma resposta proactiva para a criação de uma unidade polivalente que incorpore funções administrativas, nomeada-mente, espaço para junta de freguesia, apoio social, posto médico de emergência, armazenagem (equipamentos, medicamentos, agasalhos, etc.) e uma sala de reuniões colectivas a que se pode denominar de Centro de Apoio Social e Administrativo (C.A.S.A.), que seja implementada no dia 2 pós-catástrofe e permaneça até ao ano 2, considerando as seguintes temáticas:

- Território É fundamental não resolver a situação de emergência através da criação de novos problemas. São preferenciais soluções tão rapidamente construídas quanto desmanteladas.

- Conceito Qualidade inovadora da arquitectura exprimindo considerações ao nível do sistema construtivo, infra-estruturas e eficiência energética. - Construção Considerar as condicionantes relacionadas com a viabilidade económica, o transporte, o processo construtivo, a materialidade e funcionalidade. Deverá ser preferencialmente de natureza modular que permita uma facilidade e rapidez de construção e montagem. - Flexibilidade A unidade terá que ser expansível e reprodutível permitindo uma reposta mais transversal às necessidades reais. - Reutilização Prever uma possível reutilização das estruturas para outras situações seme-lhantes, através da solução construtiva adoptada.

Page 9: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 8/9

- Sustentabilidade Reduzir custo de energia recorrendo a sistemas eficientes de fornecimento de energia eléctrica, aquecimento e abastecimento de água, à utilização de águas cinzentas e a energias renováveis. - Social Atender às novas dinâmicas de quotidiano que são criadas, condições cul-turais e níveis económicos.

- Identidade Promover um sentido de identidade junto da comunidade que apoia. - Controlo de custos Maximizar o valor de investimento.

4. Área de intervenção

Page 10: c.a.s.a. pós-catástrofe - programa - encomenda | OA …encomenda.oasrs.org/media/2016/06/casa-pos... · Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho

programa 9/9

A importância da Área Metropolitana de Lisboa no contexto do país é evidente pelas características urbanas, sociais, económicas e políticas deste território. Para além de uma forte concentração demográfica e fluxos e movimentos pendulares diários signifi-cativos, localizam-se nesta área os principais órgãos de decisão política e administrativa do país, a par das estruturas e administrações de importantes grupos económicos e fi-nanceiros que tornam esta região um espaço vital e sensível em situações de emergência. Nos dezoito concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, que constituem 3,3% do terri-tório nacional, residem quase 3 milhões de habitantes, cerca de ¼ da população portuguesa. Ao nível económico concentra cerca de 25% da população activa, 30% das empresas nacionais, 33% do emprego e contribui com mais de 36% do PIB nacional. Com uma costa atlântica com cerca de 150km e uma frente ribeirinha de cerca de 200km, a AML apresenta uma grande variedade morfológica e abundante riqueza na-tural, que lhe conferem um potencial ambiental, paisagístico, económico e de lazer que importa preservar e valorizar. Possui dois grandes estuários: o Tejo e o Sado. O seu território integra dois grandes Portos, Lisboa e Setúbal e três Portos médios pis-catórios, Sesimbra, Cascais e Ericeira. Concentram-se nesta área, por efeito de uma potencial ameaça sísmica, não só conse-quências de ordem local e regional, mas também efeitos ao nível nacional. Existem, igualmente, dentro do perímetro da Área Metropolitana de Lisboa, outras áreas de risco associadas a áreas urbanas de génese ilegal (AUGI) ou áreas de inundações. No entanto, não foram definidas áreas de intervenção, optando-se por não fazer depen-der a C.A.S.A. a criar dum terreno ou local em particular, objectivando-se assim uma solução transversal que possa ser implementada em cada área geográfico-administra-tiva das 118 freguesias da A.M.L. 5. Programa de intervenção O programa de intervenção consiste no desenho de uma unidade polivalente denomi-nada C.A.S.A. (Centro de Apoio Social e Administrativo), com cerca de 500m2. O programa a contemplar é o seguinte:

As áreas programáticas devem ser entendidas como referenciais, podendo merecer al-gum tipo de ajustamento quando devidamente fundamentado do ponto de vista funcional e sem prejuízo da área total de 500 m2.

Programa Área Bruta de Construção (indicativa)

Sala polivalente de coordenação logística e administração local 100m2 Balcão/ loja do cidadão 75m2 Sala de apoio social 25m2 Posto médico 50m2 Armazém 200m2 Sala de reuniões 50m2 TOTAL 500m2