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Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da aptidão física e atividade física habitual em meninos com excesso de peso e obesidade Juliana Carla Mendes de Melo Porto, 2015

Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da ......IV Melo, J. C. M. (2015). Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da aptidão física e atividade

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Efeitos de um programa de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e atividade física habitual

em meninos com excesso de peso e obesidade

Juliana Carla Mendes de Melo

Porto, 2015

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Efeitos de um programa de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e atividade física habitual

em meninos com excesso de peso e obesidade

Orientador: Professora Doutora Susana Maria Coelho Guimarães Vale

Co-orientador: Professor Doutor Jorge Augusto Pinto da Silva Mota

Juliana Carla Mendes de Melo

Porto, 2015

Dissertação apresentada com vista à

obtenção do 2º ciclo em Atividade Física e

Saúde, da Faculdade de Desporto da

Universidade do porto ao abrigo do Decreto

de Lei nº.74/2006 de 24 de Março.

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IV

Melo, J. C. M. (2015). Efeitos de um programa de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e atividade física habitual em meninos com

excesso de peso e obesidade. Porto: Melo, J. Dissertação de Mestrado em

Atividade Física e Saúde apresentada à Faculdade de Deporto da Universidade

do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: OBESIDADE INFANTIL, PROGRAMA DE INTERVENÇÃO, APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL.

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V

Financiamento

Esta dissertação foi realizada ao abrigo do Centro de Investigação em

Atividade Física, Saúde e Lazer (CIAFEL), uma unidade de investigação e

desenvolvimento (I & D) alojada na Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto (PEst-OE/SAU/UI0617/2011)

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VII

Para minha Família, meus Pais,

meus Professores e todos os Amigos.

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VIII

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IX

Agradecimentos

William Shakespeare tem uma frase muito interessante: "Aprendi que

deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos."

Eu agradeço primeiramente a Deus, mas não pelo mesmo motivo de

Shakespeare. Agradeço por sempre ter o que eu quis, e este curso de pós-

graduação foi mais uma das minhas vontades realizadas.

Agradeço aos meus pais, por sempre apoiarem as minha loucuras, e

satisfazerem as minha vontades "científicas", não apenas com a contribuição

"monetária", mas também em todo e qualquer aspeto que fosse necessário.

Agradeço ainda a minha amiga Ana Trielle, pois sem os incentivos e

apoio dela, talvez, a vinda para este país não se concretizasse.

Agradeço a minha Orientadora Professora Susana Vale e ao meu Co-

orientador Professor Jorge Mota, por sempre se mostrarem dedicados e

solicitos em qualquer momento, a qualquer hora e por qualquer dúvida que

fosse.

Agradeço à toda minha família pelo apoio em todos os momentos.

Nomeadamente minhas tias e prima, Rosangela, Maria Helena e Renata, que

prestaram um apoio essencial durante todo este processo.

Agradeço às queridissimas, Patricia Moreira e Monique Albuquerque por

fazerem parte de ótimos momentos durante a minha estadia nesta maravilhosa

cidade. Agradeço ainda à família de "orfãos temporários" formada pelos muitos

amigos que conheci aqui, onde uns acolhiam os outros quer fossem nos bons

ou maus momentos.

Apesar de não saber como será quando cada um continuar a seguir

seus caminhos, sei que não esquecerei os momentos que passamos juntos.

Agradeço em especial ao meu orientador não oficial, Tiago Montanha,

não só pela paciência e tempo dedicado a me ajudar, mas também por se

mostrar uma pessoa sempre disponível em qualquer situação ou momento.

Agradeço ainda a Isaura e Carlos por me acolherem como uma filha,

dando muito apoio e carinho e me fazendo sentir sempre muito querida.

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X

Por fim agradeço a todos e peço desculpa se esqueci alguém, mas de

certeza que cada um sabe a especial contribuição para que este processo

pudesse ser construído.

A todos, o meu muito obrigada.

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XI

Índice Geral

Dedicatória ................................................................................................

Agradecimentos .......................................................................................

Indice Geral ..............................................................................................

Indice de Figuras .....................................................................................

Indice de Tabela ......................................................................................

Lista de Abreviatura e Símbolos .............................................................

Indice de Apêndices ................................................................................

Resumo ....................................................................................................

Abstract ...................................................................................................

CAPÍTULO 1..............................................................................................

Introdução Geral.....................................................................................

Estrutura da Dissertação .......................................................................

CAPÍTULO 2..............................................................................................

Resumo .....................................................................................................

Abstract .....................................................................................................

1 Introdução ..........................................................................................

2 Métodos .............................................................................................

3 Resultados .........................................................................................

4 Discussão............................................................................................

5 Considerações Finais .........................................................................

Referências Bibliográficas ......................................................................

CAPÍTULO 3 .............................................................................................

Resumo .....................................................................................................

Abstract ....................................................................................................

1 Introdução ..........................................................................................

1.1 Introdução Geral .........................................................................

1.2 Objetivos......................................................................................

VII

IX

XI

XIII

XV

XVII

XIX

XXI

XXII

1

3

7

9

13

15

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21

23

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55

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XII

2 Métodos ..............................................................................................

2.1 Desenho e Estudo da Amostra ....................................................

3 Instrumentos e Variáveis ....................................................................

3.1 Antropometria .............................................................................

3.1.1 Altura ...................................................................................

3.1.2 Perímetro da Cintura ............................................................

3.1.3 Peso e Composição Corporal ..............................................

3.2 Medidas Objetivas da Atividade Física Habitual ..........................

3.3 Avaliação de Componentes da Aptidão Física .........................

3.3.1 Teste de salt com pé coxinho e salto com pés juntos .......

3.3.2 Teste de salto em comprimento ........................................

3.3.3 Teste de Lançamento do medicine ball .............................

3.3.4 Teste de 20 metros de corrida ...........................................

3.3.5 Teste de shuttle run ...........................................................

3.4 Análise Estatistica .....................................................................

4 Ressultados ......................................................................................

5 Discussão .........................................................................................

5.1 Composição Corporal ................................................................

5.2 Aptidão Física ............................................................................

5.3 Atividade Física Habitual ...........................................................

6 Limitações do Estudo........................................................................

Conclusões ..........................................................................................

Referências Bibliográficas ....................................................................

CAPÍTULO 4 .............................................................................................

Conclusões Gerais ....................................................................................

Referências Bibliográficas .....................................................................

Apêndices .................................................................................................

59

59

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63

63

63

63

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67

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69

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79

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XIII

Indice de Figuras

Capítulo 2

Artigo de revisão

Figura 1. Fluxograma dos estudos incluídos na revisão.

Capítulo 3

Artigo Original

Figura 1. Ilustração do método de realização do teste de salto

com pé coxinho (7 metros).

Figura 2. Ilustração do método de realização do teste de salto

com pés juntos (7 metros).

Figura 3. Ilustração do método de realização do teste de salto

em comprimento sem corrida preparatória.

Figura 4. Ilustração do método de realização do teste de

lançamento de medicine ball.

Figura 5. Ilustração do método de realização do teste de

velocidade de 20 metros.

Figura 6. Ilustração do método de realização do teste Shutte

run (10 x 5 metros).

Figura 7. Representação gráfica das diferenças médias dos

parâmetros de composição corporal entre os momentos pré e

pós intervenção para cada grupo.

Figura 8. Representação gráfica das diferenças médias dos

parâmetros de aptidão física entre os momentos pré e pós

intervenção para cada grupo.

Figura 9. Representação gráfica das diferenças médias dos

níveis de atividade física entre os momentos pré e pós

intervenção para cada grupo.

20

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66

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XIV

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XV

Índice de Tabelas

Capítulo 1

Introdução geral e estrutura da dissertação

Tabela 1. Capítulos da dissertação e seus respetivos objetivos.

Capítulo 2

Artigo de Revisão

Tabela 1. Os efeitos de programas de intervenção sobre

indicadores da composição corporal.

Tabela 2. Estudos e os respetivos testes utilizados na avaliação

da aptidão física.

Tabela 3. Os efeitos de programas de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e composição corporal.

Tabela 3. Continuação.

Tabela 4. Os efeitos de programas de intervenção sobre

indicadores da atividade fisica habitual e composição corporal.

Tabela 5. Os efeitos de programas de intervenção sobre

indicadores da aptidão física, atividade física habitual e

composição corporal.

Capítulo 3

Artigo Original

Tabela 1. Plano de base das sessões.

Tabela 2. Dados descritivos e comparativos da amostra nos

momentos pré e pós-intervenção.

Tabela 3. Dados descritivos e comparativos dos momentos pré e

pós-intervenção do testes de aptidão física.

Tabela 4. Dados descritivos e comparativos dos momentos pré-

intervenção e pós-intervenção da atividade fisica habitual.

Tabela 5. Comparação para as variáveis da composição corporal

feita através das médias dos momentos para cada estudo.

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XVI

Tabela 6. Comparação entre as variáveis da composição

corporal feita através da média das mudanças ocorridas em

cada estudo.

Tabela 7. Comparação entre as variáveis da aptidão física feita

entre as médias dos momentos para cada estudo.

Tabela 8. Comparação entre as variáveis da aptidão física feita

através da média das mudanças ocorridas em cada estudo.

Tabela 9. Comparações para a variável AF Habitual feita através

das médias das mudanças ocorridas para cada estudo.

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XVII

Lista de Abreviaturas e Símbolos

ACSM American College of Sports Medicine

AF Atividade física

AFMV Atividade física moderada a vigorosa

cm Centímetros

DEXA Dual energy X-ray absorptiometry

D.P. Desvio padrão

EUA Estados Unidos da América

G8 Grupo com 8 semanas de intervenção G16 Grupo com 16 semanas de intervenção

G24 Grupo com 24 semanas de intervenção GC Grupo controlo / Grupos controlo

GD Grupo desportos

GE Grupo experimental / Grupos experimentais

GEa Experimental a

GEb Experimetnal b

GF Grupo futebol

IMC Índice de massa corporal

Kg Quilogramas

m Metros

MET´s Equivalentes metabólicos

MMII Membros inferiores

MMSS Membros superiores

PAQ - C Physical Activity Questionnaire for Older Children

seg Segundos

WHO World Health Organization

Ø Não avaliado

< Menor que

> Maior que

♀ Indivíduos do sexo feminino

♂ Indivíduos do sexo masculino

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XIX

Índice de Apêndices

Apêndice 2. Dados descritivos e comparativos entre as mudanças

ocorridas em cada grupo nas variáveis composição corporal,

aptidão fisica e AF habitual.

Apêndice 1. Valores decritivos e comparativos entre os momentos

para cada grupo e entre grupos e os respetivos valores estatísticos.

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XXI

Resumo

O aumento progressivo das prevalências do excesso de peso e obesidade,

assim como das patologias associadas, têm captado o interesse dos

investigadores. Com o objetivo de prevenir ou tratar o excesso de peso, têm

sido levadas a cabo intervenções que procuram promover estilos de vida

saudáveis e ativos em crianças. Contudo, é fundamental compreender o efeito

destas intervenções em fatores que se encontram diretamente ligados ao

excesso de peso, tais como a aptidão física e a atividade física (AF) habitual.

A presente tese segue o modelo Escandinavo, sendo composta por dois

artigos: 1) uma revisão sistemática da literatura sobre programas de

intervenção em crianças com excesso de peso ou obesas analisando

indicadores da aptidão física e AF habitual; 2) um artigo original apresentando

um estudo randomizado controlado.

No artigo de revisão efetuamos uma pesquisa nas bases de dados Pubmed,

Scopus e EBSCO, sendo selecionados artigos publicados entre Janeiro de

2008 e a data da pesquisa - Fevereiro de 2015. No artigo original avaliamos os

efeitos de um programa de intervenção de 12 semanas em crianças com

excesso de peso e obesidade. Para tal, utilizamos uma amostra de 30 crianças,

entre os 6 e os 11 anos. Foram avaliados a aptidão física e o tempo passado

em atividade física moderada a vigorosa (AFMV), no baseline e no final da

intervenção. Na revisão sistemática, concluimos que a maioria dos estudos

apresentou efeito positivo dos programas sobre o índice de massa corporal

IMC e níveis em AF e AFMV. Houve um baixo efeito no percentual de massa

gorda e a maioria dos estudos não apresentou diferenças para o perímetro da

cintura. Relativamente a aptidão física concluímos que no geral houve uma

melhora no para os testes aplicados. No artigo original verificamos que a

intervenção apresentou efeitos positivos em alguns parâmetros da composição

corporal e tempo de AFMV. Os efeitos nos níveis de aptidão física foram

negligenciáveis.

PALAVRAS-CHAVE: OBESIDADE INFANTIL, PROGRAMA DE

INTERVENÇÃO, APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL

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XXIII

Abstract

The continuous increase in overweight and obesity prevalences as well as the

related pathologies have captured the researchers interest. Intervention

programmes to promote healthy and active lifestyles have been performed with

the intention to prevent or treat childhood obesity. However, it is important to

better understand the effect of these interventions in overweight-related

parameters such as physical fitness and regular physical activity (PA).

The following thesis uses the Scandinavian model and contains two articles: 1)

a literature systematic review of intervention programmes for overweight and

obese children containing the following outcomes: physical fitness or regular

PA; 2) an original article presenting a randomized controlled trial.

For the systematic review article we conducted a search on Pubmed, Scopus

and EBSCO databases. Articles published between January 2008 and February

2015 were selected. In the original article we analysed the effects of a 12 weeks

intervention programme on overweight and obese children. A sample of 30

children with ages ranging from 6 to 11 years old was used for this purpose.

Physical fitness and levels of moderate-to-vigorous physical activity (MVPA)

were evaluated at baseline and after the intervention. The systematic review

revealed that most studies presented a positive effect on body mass index

(BMI) and on levels of PA and MVPA. There was a slight positive effect on body

fat percent and most studies did not report changes in waist circumference.

Regarding physical fitness, there was a general trend for improvement in the

applied tests. In the original article we observed the intervention programme

presented positive effects in some body composition variables and also on

levels of MVPA. However, the effects on physical fitness levels were negligible.

KEY WORDS: CHILDHOOD OBESITY, INTERVENTION PROGRAMME,

PHYSICAL FITNESS, REGULAR PHYSICAL ACTIVITY

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XXV

Capítulo 1

Introdução Geral e Estrutura da Dissertação

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3

Introdução Geral

O aumento da prevalência do excesso de peso e obesidade infantil, vem

se tornando cada vez mais um desafio para a saúde pública, não só em países

desenvolvidos mas também nos que estão em desenvolvimento (Popkin et al.,

2012).

O elevado excesso de gordura corporal é um dos fatores causadores

de patologias como diabetes (Gagnon et al., 2011), hipertensão (Nguyen &

Lau, 2012), hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e outras doenças

metabólicas e cardiovasculares (Bastien et al., 2014; Doyle et al., 2012).

O aparecimento dessas doenças vem ocorrendo em idades cada vez

mais precoces. Esta ocorrência é bastante preocupante tendo em conta que no

caso das crianças, estas podem desenvolver as mesmas comorbilidades de um

adulto (Juonala et al., 2011; Nancy et al., 2006).

Nas crianças, a importância do diagnóstico precoce é fundamental

para que haja possibilidade de uma intervenção rápida e adequada, diminuindo

assim o risco de permanecer com o mesmo problema durante a idade adulta

(May et al., 2012; Morrison et al., 2012; Park et al., 2013).

A progressiva diminuição nos níveis de atividade física (AF) das

crianças vem sendo, de uma forma geral, um fator bastante estudado nos

últimos anos. O tempo passado em atividades sedentárias tem sido alvo de

estudos, uma vez que a sua influência no controlo do peso corporal tem se

mostrado independente do tempo passado em atividade física moderada a

vigorosa (AFMV).

As atividades sedentárias relacionadas com os ecrãs são as que se

mostram mais prevalentes entre as populações infantis. Essas atividades

incluem, por exemplo, assistir televisão, jogar videogames, navegar na internet,

entre outros, e têm sido apontadas como principal fator responsável por este

aumento dos comportamentos sedentários (Jackson et al., 2011; Zhang et al.,

2012).

Também é possível estabelecer uma relação entre os avanços

tecnológicos que oferecem as comodidades diárias que hoje conhecemos, e o

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4

avanço progressivo nas prevalências das patologias associadas ao excesso de

peso e obesidade (Kautiainen et al., 2005).

À medida que os comportamentos sedentários vêm se tornando mais

comuns entre as populações, o dispêndio energético vem sendo cada vez mais

reduzido. Ao mesmo tempo, o acesso a alimentos industrializados vem sendo

facilitado e parece contribuir significativamente para o aumento dos níveis de

ingestão energética dos indivíduos (Piernas & Popkin, 2011a, 2011b).

Para além dos níveis de AF, muitas pesquisas têm analisado os níveis

de aptidão fisica. Estudos demostram que exite uma correlação inversa entre

os níveis de aptidão física e o excesso de peso (Buchan et al., 2013; Rauner et

al., 2013).

Para diminuir os problemas associados a esta problemática, quer nas

sociedades, quer nos próprios indivíduos, é necessário o desenvolvimento de

métodos que visem a prevenção ou tratamento do excesso de peso e

obesidade.

Atualmente, as principais estratégias visam a implementação de

programas de intervenção, sendo estes de diversas naturezas. A escola se

mostra um local importante para iniciar estes tipos de programas de

tratamento/prevenção, pois possibilita um aumento nos níveis de AF e incentiva

à prática desta fora da escola. Nestas formas de intervenção pode ainda incluir-

se uma vertente nutricional, tendo em conta que as crianças, em sua maioria,

realizam pelo menos uma refeição na instituição de ensino. Esses programas

têm, no geral, o objetivo de estimular a adoção de estilos de vida ativos por

parte das crianças, prevenindo a obesidade no caso das crianças

normoponderais e auxiliando/tratatando as crianças com excesso de peso e

obesidade (Bleich et al., 2013; Kothandan, 2014).

As populações infantis têm sido um frequente alvo deste tipo de

intervenções, uma vez que os seus comportamentos podem mais facilmente

ser modificados, e estes perpetuados para a vida adulta.

Para melhor explorar as possíveis relações mencionadas entre a

aptidão física, os níveis de AF e a problemática do excesso de peso em

crianças, foram delineados os seguintes objetivos para o presente estudo:

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5

(1) Apresentar uma revisão sistemática da literatura existente sobre

programas de intervenção com crianças que apresentassem excesso de

peso e / ou obesidade;

(2) Caracterizar a população em estudo;

(3) Verificar possíveis interações entre a obesidade / excesso de peso,

a prática regular de exercício físico, a aptidão física e a AF habitual.

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Estrutura da Dissertação

A presente dissertação, foi desenvolvida no “Modelo Escandinavo” de

acordo com o caderno de normas e orientações para redacção e apresentação

de dissertações e relatórios da Fadeup, JUNHO DE 2009 (3ª Edição).

A tese encontra-se divida em 4 Capítulos, cuja estrutura está

representada na Tabela 1. Os Capítulos 2 e 3 compreendem os artigos que

foram redigidos e serão submetidos a revistas científicas.

As referências bibliográficas são apresentadas no final dos Capítulos 2 e

3, sendo colocadas no Capítulo 4 todas as referências bibliográficas citadas na

tese.

Tabela 1. Capítulos da dissertação e seus respetivos objetivos.

Capítulo 1 Introdução geral

Objetivos do estudo

Estrutura da Dissertação

Capítulo 2 Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores

da aptidão física e atividade física habitual de crianças com

excesso de peso e obesidade: uma revisão sistemática da

literatura.

Melo, J., Mota, J., Vale, S.

Capítulo 3 Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da

aptidão fisica e atividade física habitual de meninos com

excesso de peso e obesidade.

Melo, J., Albuquerque, M., Mota, J., Vale, S.

Capítulo 4 Conclusões gerais

Referências Bibliográficas

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Capítulo 2

Artigo de Revisão

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Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores da aptidão

física e atividade física habitual de crianças com excesso de peso e

obesidade: uma revisão sistemática da literatura.

Melo, J. ¹, Vale, S.1 & Mota, J.¹

1 - Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer, Faculdade de

Desporto, Universidade do Porto. Portugal.

Endereço do autor:

Juliana Carla Mendes de Melo

CIAFEL - Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer

Faculdade de Desporto

Universidade do Porto

Rua Dr. Plácido Costa, 91

4200 – 450 Porto

Tel.: 00351 225 074 786 Fax: 00351 225 500 689

E-mail: [email protected]

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Resumo

Introdução: As crescentes prevalências de excesso de peso e obesidade nas

populações mais jovens têm sido alvo de preocupação nas últimas décadas.

Os estilos de vida menos sedentários e os hábitos alimentares menos

saudáveis têm sido referidos como os principais fatores responsáveis. A

modificação do estilo de vida é vista como uma estratégia eficaz para prevenir

a propagação deste problema para a vida adulta, sendo cada vez maior o

número de intervenções realizadas com crianças e jovens nesse sentido.

Objetivo: Realizar uma revisão sistemática de programas de intervenção, em

crianças que apresentem excesso de peso e obesidade sobre os indicadores

da aptidão física e atividade física (AF) habitual. Metódos: Efetuou-se uma

pesquisa nas bases de dados Pubmed, Scopus e EBSCO. Selecionamos

artigos publicados entre Janeiro de 2008 e a data da pesquisa - Fevereiro de

2015. As pesquisas selecionadas descreviam intervenções em crianças com

excesso de peso ou obesidade. As intervenções eram compostas, pelo menos

em parte, por sessões de exercício físico estruturado. As amostras dos estudos

analisados apresentavam idades entre 5 e 12 anos. As pesquisas deveriam

avaliar a aptidão física e / ou os níveis de AF habitual. Foram excluídos da

pesquisa artigos que utilizaram como amostra ratos, adolescentes, adultos e

idosos. Também foram excluídos artigos dos seguintes tipos de revisão:

sistemática, narrativa e de literatura, bem como artigos de meta-análise.

Considerações finais: Parte dos estudos apresentou efeito positivo dos

programas sobre a variável IMC. Houve um baixo efeito no percentual de

massa gorda e a maioria dos estudos não apresentou diferenças para o

perímetro da cintura. Relativamente à aptidão física concluímos que houve uma

melhora no geral para os testes de aptidão cardiorrespiratória, agilidade,

coordenação, velocidade e força. Relativamente a AF habitual a maioria dos

resultados mostrou que houve aumento no tempo dedicado a AFMV.

PALAVRAS-CHAVE: OBESIDADE INFANTIL, PROGRAMAS DE

INTERVENÇÃO, REVISÃO SISTEMÁTICA, APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE

FÍSICA HABITUAL

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Abstract

Introduction: In the last decades the increasing overweight and obesity

prevalences in younger populations has raised some concerns. Sedentary

lifestyles and unhealthy eating habits have been referred as the main

contributors. Lifestyle changes are seen as effective strategies to prevent the

spread of this problem into adulthood. In this regard, the number of

interventions with children and tennagers has been ever increasing.

Objectives: To conduct a systematic review analysing intervention

programmes with overweight and obese children. Physical fitness and regular

physical activity (PA) were the observed outcomes. Methods: The research

was carried out in the following databases: Pubmed, Scopus and EBSCO. Only

studies published between January 2008 and February 2015 were selected –

when the research was conducted. The selected studies presented intervention

programmes with overweight or obese children. These programmes should

include some kind of structured physical exercise sessions. The children

included in the samples should be between 5 and 12 years old. The articles

should evaluate physical ftiness and / or regular PA. Studies using rats,

adolescents, adults and elderly people were excluded. The following types of

review articles were also excluded: systematic reviews, narrative and literature

reviews, as well as meta-analysis. Final considerations: Some studies

presented a positive effect on body mass index. Intervention programmes

revealed a trend for positive effect on body fat percent and most reported no

significant change on waist circumference. Regarding physical fitness we

verified a general improvement across all tests (cardiorespiratory fitness, agility,

coordination, speed and strength). We concluded the intervention programmes

also led to an increase in time spent on moderate-to-vigorous PA.

KEY WORDS: CHILDHOOD OBESITY, INTERVENTION PROGRAMMES, SYSTEMATIC REVIEW, PHYSICAL FITNESS, REGULAR PHYSICAL ACTIVITY

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1 Introdução

A obesidade vem se tornando uma epidemia mundial. Tanto os

indivíduos como os sistemas de saúde são partes afetadas pelos elevados

custos que se encontram associados a este problema (Tsai et al., 2011). Uma

vez que tanto o excesso de peso como a obesidade geram diversos riscos para

a saúde dos indivíduos, o combate as patologias associadas a este distúrbio

tem sido constante e cada vez mais generalizado por todo o mundo (Dee et al.,

2014).

Diversos estudos têm demonstrado números alarmantes relativos à

prevalência do excesso de peso, não só em populações adultas, como também

em crianças e adolescentes (Deckelbaum & Williams, 2001; Ogden et al.,

2014). Estes dados nos levam a reconsiderar a relação desta problemática com

as comorbilidades a que se encontra relacionada.

O alto percentual de massa gorda corporal é um dos fatores causadores

de patologias como diabetes (Gagnon et al., 2011), hipertensão (Nguyen &

Lau, 2012), hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e outras doenças

metabólicas e cardiovasculares (Bastien et al., 2014; Doyle et al., 2012).

Em 2004, segundo a World Health Organization (WHO, 2009), a

obesidade e o excesso de peso foram a quinta causa de morte no mundo,

sendo a hipertensão arterial a primeira causa de morte. A hiperglicemia e a

inatividade física foram as terceira e quarta causas de morte respetivamente,

independentemente dos níveis de rendimento dos países.

Enquanto que os países desenvolvidos pareciam mais suscetíveis a esta

epidemia, Popkin et al. (2012) demonstra que mesmo os países em

desenvolvimento têm apresentado números preocupantes.

Sabe-se que, hoje, os riscos para a saúde associados ao excesso de

gordura corporal encontrados nos adultos, podem também ser encontrados nas

populações mais jovens (de Onis et al., 2013).

Com o aumento do interesse da comunidade científica por esta temática,

tem sido crescente o conhecimento tanto sobre a epidemiologia da obesidade,

como sobre as formas de a combater. Sabe-se que os estilos de vida ativos,

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em contraste com os comportamentos mais sedentários, contribuem

positivamente no combate à obesidade e aos agravantes que esta geralmente

se associa (Pulgaron, 2013; Wilmot et al., 2012). Desta forma, os

comportamentos ativos são também eficazes contra as comorbilidades que se

encontram associadas ao excesso de peso e a obesidade (Janssen & Leblanc,

2010).

São diversas as abordagens e programas que têm como principal

objetivo estimular os estilos de vida ativos e prevenir a obesidade em crianças

(Bleich et al., 2013; Kothandan, 2014). Mais especificamente, vários estudos

têm procurado demonstrar a eficácia de intervenções que envolvem exercícios

físicos no combate e tratamento da obesidade infantil (Atlantis et al., 2006;

Waters et al., 2014).

Também a aptidão física tem sido estudada no sentido de avaliar a sua

relação com o excesso de peso / obesidade, e o risco de desenvolvê-lo,

procurando assim estabelecer relações entre as duas variáveis (Chen et al.,

2014; Heroux et al., 2013; Pařízková et al., 2013). Numa perspetiva em que a

aptidão física poderá estar ligada aos níveis de atividade física (AF) das

crianças, pensa-se que ambos possam ter influência ou ser influenciados pelo

percentual de massa gorda corporal (Ruiz et al., 2006). Este fator torna

relevante a avaliação destas variáveis conjuntamente.

A progressiva diminuição nos níveis de atividade física (AF) das crianças

também vem se tornando um fator bastante estudado nos últimos anos. A

WHO (2011) recomenda que as crianças e jovens entre os 5 e os 17 acumulem

um mínimo de 60 minutos diários de atividade física com intensidade moderada

a vigorosa (AFMV). Nesse sentido, tem sido investigada a relação do tempo

passado em AF com a intensidade referida e a saúde das crianças, mais

especificamente, o excesso de peso / obesidadade e as doenças metabólicas

associadas (Duncan et al., 2012) .

Estudos demostram que crianças com excesso de peso e obesas

passam pouco tempo realizando AF, quer seja na escola, durante o lazer, ou

atividades esportivas, sendo maior o tempo passado em atividades sedentárias

(Ekelund et al., 2014; Kain et al., 2003; Wafa et al., 2014).

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Com isso o objetivo da presente revisão sistemática é relatar e discutir

os resultados de programas de intervenção com crianças que apresentem

excesso de peso e / ou obesidade, e que envolvam algum tipo de prática de

exercício físico orientado, observando diversos aspetos e resultados destas

pesquisas.

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2 Métodos

Os artigos utilizados para esta revisão sistemática foram pesquisados

através das bases de dados Pubmed, Scopus e EBSCO (Figura 1). Foram

utilizadas as seguintes palavras-chave: "childhood obesity", "pediatric obesity",

"child obesity", "child overweight","physical fitness", strength, "cardiorespiratory

fitness", "motor coordination", agility, "aerobic capacity", "habitual physical

activity", "daily physical activity", "regular physical activity", accelerometry,

accelerometer e possíveis combinações. Foram excluídos da pesquisa artigos

que utilizaram como amostra ratos, adolescentes, adultos e idosos. Também

foram excluídos artigos dos seguintes tipos de revisão: sistemática, narrativa e

de literatura, bem como artigos de meta-análise. Esta seleção foi feita em

Fevereiro de 2015. Os critérios de inclusão foram os seguintes: 1) artigos

escritos em língua inglesa ou portuguesa, nacionais e internacionais; 2) artigos

publicados entre Janeiro de 2008 a Fevereiro de 2015; 3) estudos que

reportassem método de pesquisa e resultados de programas de intervenção

sobre indicadores da aptidão física e / ou AF habitual de crianças com excesso

de peso e /ou obesas; 4) artigos com intervenções realizadas diretamente com

as crianças e que envolvessem alguma forma de exercício físico; 5)

intervenções realizadas com crianças entre 5 e 12 anos de idade.

Foram identificadas 916 publicações não duplicadas, potencialmente

elegíveis para inclusão nesta revisão. Após análise e avaliação dos resumos,

os artigos que cumpriram os critérios de inclusão foram lidos na integra. Desta

última, resultaram um total de 15 estudos.

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Figura 1. Fluxograma dos estudos incluídos na revisão.

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3 Resultados

Dos quinze estudos elegíveis para a presente revisão sistemática, três

analisaram apenas a composição corporal (Tabela 1), oito analisaram a aptidão

física incluindo a composição corporal, um apresentou dados sobre a

composição corporal e a AF habitual (Tabelas 3 e 4 respetivamente). Três

estudos avaliaram a aptidão física, a composição corporal e AF habitual

(Tabela 5). Todos os estudos eram de natureza longitudinal, apresentando

intervenções realizadas com crianças e que envolvessem alguma forma de

exercício físico orientado.

Relativamente aos três estudos que observaram somente a composição

corporal, um é dos Estados Unidos da América (Speroni et al., 2008), um do

Chile (Kain et al., 2009) e um da Suécia (Nowicka et al., 2009). Quanto aos que

reportam dados sobre a aptidão física e composição corporal, dos oito artigos

encontrados, três são dos Estados Unidos da América (Annesi et al., 2009;

DeRenne et al., 2008; Farris et al., 2011), dois da Austrália (McGuigan et al.,

2009; Sgro et al., 2009), um da Suiça (Faude et al., 2010), um da Noruega

(Sola et al., 2010) e um da França (Thivel et al., 2011). O único artigo que

analisou a composição corporal e a AF habitual é dos Estados Unidos da

América (Wright et al., 2013). Dos três artigos que relataram dados sobre todas

as variáveis já citadas, um é de Israel (Nemet et al., 2013), um da Alemanha

(Siegrist et al., 2013) e um da Itália (Morano et al., 2014).

Podemos observar que dos quinze estudos selecionados, 40% são

provenientes da Europa, aproximadamente 33% da América do Norte, sendo

os restantes 27% de outros continentes.

As amostras analisadas são constituídas por ambos os sexos. Em nove

estudos é referida a dimensão da amostra, mas não a distribuição desta

relativamente aos sexos. As dimensões das amostras apresentadas foram as

seguintes: 16, 2430, 68, 22, 23, 101, 251, 40 e 724 crianças. Nenhum estudo

incluiu exclusivamente membros do sexo masculino ou feminino. Ainda em

relação as amostras, alguns estudos não referem a amplitude das idades dos

participantes, razão pela qual foram apresentadas as idades médias

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mencionadas no estudo ou ainda os anos escolares. As amostras podem ser

compostas por grupos experimentais e controlos, sendo que, cada criança

pode representar apenas um grupo. Dentre os quinze estudos presentes nesta

revisão, seis estudos apresentam grupo controlo (GC) e os demais possuiam

apenas grupo ou grupos experimentais (GE).

Quanto à duração das intervenções analisadas, 6 semanas foi a

intervenção mais curta, e 24 meses foi a intervenção mais prolongada, sendo a

duração média de aproximadamente 27 semanas (≈ 6 meses).

Para avaliação dos componentes da composição corporal foram

utilizados os seguintes intrumentos: balança digital, estadiómetro, fita

antropométrica, dual energy X-ray absorptiometry (DEXA) e adipómetro. As

medidas utilizadas para avaliação desta mesma variável foram: índice de

massa corporal (IMC), perímetro da cintura, percentual e valores absolutos de

massa gorda / massa magra e pregas de adiposidade.

Quanto aos resultados das intervenções sobre indicadores da

composição corporal, podemos verificar nas Tabelas 1, 3, 4 e 5 que em relação

ao IMC, sete estudos apresentaram diminuição significativa (p<0,05) na média

dos valores nos pós em relação aos pré-testes. Um estudo apresentou

diminuição porém, a falta de análise estatística inferencial impediu a afirmação

de significância estatística

Das oito pesquisas citadas, cinco incluíram apenas grupo ou grupos

experimentais e três dividiram a amostra em GE e GC. A diminuição ocorreu

nos GE.

Um estudo relatou que não houve diferença significativa (p>0,05) e dois

descreveram um aumento (p>0,05) na média da variável em questão. Destes

três citados, apenas um apresentava GC, e não foram relatadas diferenças

(p>0,05) nem entre os momentos para o GC e nem entre GE e GC.

Ainda em relação aos resultados sobre este parâmetro, em dois estudos

não foram realizadas quaisquer análises no grupo ou grupos presentes nos

estudos.

Dois estudos reportaram resultados referentes ao z-score do IMC.

Ambos apresentaram GE e GC e relataram uma diminuição (p<0,05) nos GE.

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Os resultados para os GC nos dois estudos foi inverso - num verificou-se um

aumento (p<0,05) e no outro diminuição (p<0,05) nos valores médios para o z-

score do IMC.

Em relação aos resultados do perímetro da cintura, três estudos

relataram que houve uma diferença significativa no pós em relação ao pré-

teste. Uma pesquisa apresentava apenas GE e reportou em seus resultados,

que houve uma diminuição significativa (p<0,05) da variável em questão. Em

duas pesquisas com GE e GC, uma relatou aumento (p<0,05) nos indivíduos

do GC em relação aos do GE, e outra referiu aumento (p<0,05) na média do

perímetro da cintura para ambos os grupos.

Uma pesquisa relatou haver diminuição nos valores médios para a

variável perímetro da cintura, mas devido a falta de estatística inferencial não

conseguimos afirmar a existência de significância estatística. Três estudos não

apresentaram diferenças significativas (p<0,05) e oito estudos não analisaram

os dados referentes ao perímetro da cintura.

Quanto aos dados sobre percentual de massa gorda, três estudos

compostos apenas por GE, relataram que houve diminuição significativa

(p<0,05) entre os momentos pré e pós-intervenção. Uma pesquisa relatou que

houve aumento (p<0,05) para o GC, referindo não encontrar quaisquer

diferenças (p>0,05) para o GE ou entre os grupos. Dois estudos relataram não

encontrar diferenças significativas (p>0,05) e nove não analisaram esta

variável.

Nenhum estudo reportou análises da massa muscular.

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Tabela 1. Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores da composição corporal.

* : não realizou análise estatistica inferencial.

Autores Ano País

Amostra Medida/Instrumentos Caracteristicas da Intervenção Resultados

Speroni et al. (2008)

EUA

16 Crianças com 8 - 12 anos

IMC; perímetro da cintura. 12 semanas; uma sessão por semana com duração de 1 hora cada. Grupo experimental.

Houve diminuição na média de todas as variáveis (12 e 24 semanas). *

Kain et al. (2009) Chile

2430 Crianças do 1ª ao 8ª ano - 1759 GE e 671 GC.

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; perímetro da cintura - fita antropométrica ; massa gorda - prega de adiposidade de tríceps.

24 meses; 90 minutos adicionais de exercício físico por semana; formação de 600 minutos sobre nutrição para os professores; 2 aulas sobre nutrição para os pais. Grupo experimental; grupo controlo.

Houve diminuição (p<0,05) no z-score do IMC para o GE nos primeiro e segundo ano de intervenção; GC apresentou aumento (p<0,05) no z-score do IMC no segundo ano da intervenção; aumento (p<0,05) na média do perímetro da cintura em ambos os grupos.

Nowicka et al. (2009) Suécia

76 Crianças (40♂36♀) com 8 -12 anos - 38 GE e 38 GC.

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; DEXA.

7 dias, ± 300 minutos de desporto por dia; 7 dias de intervenção nutricional sobre alimentação oferecida as crianças mais 2 sessões de comunicação oral de 30 minutos cada; 26 semanas, 120 minutos de desporto por semana. Grupo experimental; grupo controlo.

Sendo avaliados 12 meses após o início das intervenções, GE apresentou diminuição (p<0,05) no z-score do IMC; GC apresentou diminuição para a mesma variável (p<0,05); houve aumento do percentual de massa gorda no GC; não houve qualquer diferença entre os momentos para o GE, e nem entre os grupos; não houve diferença (p>0,05) entre os grupos para a variável IMC.

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Para avalição dos componentes da aptidão física, foram utilizados como

instrumentos o tapete de contato, bicicleta estacionária, oxímetro portátil,

passadeira e step. Foram reportadas as medidas de impulsão vertical, pico de

potência, consumo máximo de oxigênio, tempo de teste e frequência cardíaca

respetivamente. Ainda em relação aos componentes da aptidão física, foram

utilizados os seguintes testes / baterias de testes: teste de 3 minutos de

caminhada / corrida, sit-ups, push-ups, 20 metros shuttle run, teste de

cicloergómetro, salto com contra-movimento, salto vertical, agility run, machine

squat, bateria de testes de Fjørtoft et al. (2011), 3 minutes YMCA step test

modificado, Test of gross motor development, Munich Fitness test e teste

incremental na passadeira.

Os testes utilizados em cada estudo podem ser verificados na Tabela 2.

Quanto aos resultados dos testes de aptidão física, dos três estudos que

utilizaram o teste de salto com contra-movimento, apenas dois reportaram

melhora significativa (p<0,05) nos pós-testes em relação aos pré-testes dos

GE. O estudo que não apresentou resultados significativos (p>0,05) para o

teste citado, utilizou ainda o teste de salto vertical no qual os resultados

demonstraram que houve melhora significativa (p<0,05) na 16ª e 24ª semana

após o início da intervenção, para os G24 (GE com intervenção de 24 semanas

de duração). Em nenhum dos estudos citados havia GC.

Três estudos utilizaram o teste de cicloergómetro. Dois estudos não

incluíram GC. Todas as pesquisas demonstraram em seus resultados que

houve melhora significativa (p<0,05) entre os pós em relação aos pré-testes

dos GE. O único que incluiu GC, relatou que não houve diferenças

significativas (p>0,05) entre os momentos para o GC e nem entre ambos os

grupos.

O teste de push-ups foi utilizado em três estudos, todos apresentavam

apenas GE. Um destes três estudos utilizou ainda o teste de 20 metros shuttle

run. As três pesquisas encontraram melhora significativa (p<0,05) nos pós em

comparação com os pré-testes dos GE para ambos os testes. Um total de três

estudos fizeram uso do teste 20 metros shuttle run, e os outros dois reportaram

que houve melhora significativa (p<0,05) em todos os pós relativamente aos

pré-testes dos GE. Todos os resultados apresentados para o teste 20m shuttle

run são semelhantes. Apenas um dos dois estudos apresentava GC, e não

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foram descritas quaisquer diferenças (p>0,05) entre os momentos para o GC, e

nem entre os grupos.

O teste de sit-ups foi utlizado em dois estudos e os resultados foram

significativamente melhores (p<0,05) nos pós-testes em relação aos pré-testes

em um deles, não sendo encontrada diferença significativa (p>0,05) no outro.

Os dois estudos possuíam apenas GE.

O teste agility run foi utilizado em apenas um estudo e foram

encontradas melhorias estatisticamente significativas entre o pós em relação

ao pré-teste, para os GE, os únicos grupos presentes no estudo.

A bateria de testes de Fjørtoft et al. (2011), foi utilizada em uma

pesquisa, e apresentou, no GE, melhora (p<0,05) no lançamento de medicine

ball após 6 meses de intervenção. Na coleta realizada após 12 meses do início

da execução do programa de intervenção, foi relatada uma melhora

significativa (p<0,05) no valor médio de todos os pós em relação aos pré-

testes, com exceção do teste de salto com pés juntos. O estudo não

apresentava GC.

Um estudo que fez uso do teste de push-ups e salto com contra-

movimento, utilizou ainda o machine squat e relatou melhora significativa

(p<0,05) no pós em relação ao pré-teste do GE, sendo este, o único grupo no

estudo.

O teste de 3 minutos de corrida / caminhada foi utilizado juntamente com

o teste de sit-ups em apenas um estudo. Os resultados mostraram que houve

melhora significativa (p<0,05) no pós-teste de em relação ao pré-teste dos dois

GE, únicos presente na pesquisa. Um estudo utilizou para além dos testes push-ups e sit-ups, o 3 minutes

YMCA step test modificado descrevendo em seus resultados uma melhora

significativa (p<0,05) no pós relativamente ao pré-teste do GE. Este estudo não

apresentava GC. O Test of gross motor development , o Munich fitness test e o teste

incremental na passadeira foram utilizados, cada um, apenas num estudo.

Quanto ao teste Test of gross motor development foi observada uma melhora

significativa (p<0,05) em todos os pós-testes comparativamente aos pré-testes.

No estudo que utilizou o Munich fitness test, não houve quaisquer diferenças

estatisticamente significativas. No estudo em que foi aplicado o teste

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incremental na passadeira, os resultados do pós-teste foram significativamente

superiores (p<0,05) aos do pré-teste no GE, sendo encontrada também uma

diferença significativa (p<0,05) entre os grupos controlo e experimental - o GE

demonstrou valores superiores.

Os resultados dos testes de aptidão fisica podem ser ainda

apresentados de acordo com as componentes que cada teste pretendia avaliar.

Relativamente a aptidão cardiorespiratória dos oito estudos, quatro

apresentaram que houve melhora (p<0,05) desta componente, sendo todos

estes compostos por GE. Um estudo com GE e GC apresentou melhora

(p<0,05) no GE em todos os testes utilizados (20 metros shuttle run e testes de

cicloergómetro). O GC apresentou melhora em um dos testes (20 metros

shuttle run) e nenhuma diferença significativa (p>0,05) no outro.

A agilidade e a força do tronco foram avaliadas por dois estudos cada

variável, sendo os quatro compostos GE. Nos resultados para a componente

agilidade, as duas investigações reportaram que houve melhora (p<0,05). Para

a variável força do tronco, um estudo relatou que houve melhora (p<0,05)

enquanto outro referiu não encontrar quaisquer diferenças (p>0,05).

A coordenação foi avaliada por um estudo com GE. O mesmo relatou

que houve uma melhora estatisticamente significativa.

A força de membros inferiores (MMSS) foi avaliada por três estudos e

todos descreveram que houve melhora (p<0,05) desta variável. Todos

apresentavam apenas GE.

Quatro estudos analisaram a força de membros inferiores (MMII). Três

pesquisas relataram melhora significativa (p<0,05) no GE, únicos presentes

nos estudos. Um estudo reportou melhora apenas em um dos três GE

presentes na pesquisa.

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Tabela 2. Estudos e os respetivos testes utilizados na avaliação da aptidão física.

DeRenne

et al. (2008)

Annesi et al.

(2009)

McGuigan et al.

(2009)

Sgro et al.

(2009)

Faude et al.

(2010)

Sola et al.

(2010)

Farris et al.

(2011)

Thivel et al.

(2011)

Nemet et al.

(2013)

Siegrist et al.

(2013)

Morano et al.

(2014)

Agility run X

Bateria de testes de Fjørtoft et al. (2011)

X

Test of gross motor development

X

Machine squat X

Munich fitness test X

Push-ups X X X

Salto com contra movimento

X X X

Salto vertical X

Sit-ups X X

Teste de cicloergómetro

X X X

Teste incremental na passadeira

X

Teste de 3 minutos de corrida/ caminhada

X

Teste 3 minutos YMCA step test

modificado X

20m shuttle run X X X

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Tabela 3. Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores da aptidão física e composição corporal

Autores Ano País

Amostra Medida/ Instrumentos Caracteristicas da

Intervenção Resultados

DeRenne et al.

(2008) EUA

68 Crianças com 5 - 12 anos - 28 GEa e 40 GEb

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; percentual de massa gorda - pregas de adiposidade de tríceps e gêmeos; teste de 3 minutos de caminhada/corrida; sit-ups.

12 semanas; 3 sessões por semana com 50 minutos cada. 2 Grupos experimentais.

Aumento (p<0,05) na média da variável peso; não houve quaisquer diferenças para a variável percentual de massa gorda; melhora (p<0,05) em ambos os grupos na média do teste de 3 minutos de caminhada/corrida; não houve melhora (p>0,05) no teste sit-ups.

Annesi et al. (2009)

EUA

25 Crianças (17♂8♀) com 5 - 11 anos

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; push-ups; 20m shuttle run.

12 semanas; 3 sessões por semana com 45 minutos cada. Grupo experimental.

Diminuição (p<0,05) na média da variável IMC; melhora na média (p<0,05) de todos testes de aptidão física.

McGuigan et al.

(2009) Austrália

48 Crianças (22♂26♀) com 7-12 anos

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; DEXA - composição corporal; machine squat; push-ups; salto com contra-movimento.

08 semanas; 3 sessões por semana. Grupo experimental.

Não houve diferença (p>0,05) na média do IMC; diminuição (p<0,05) na média do percentual de massa gorda; os demais testes apresentaram melhora (p<0,05).

Sgro et al. (2009)

Austrália

31 Crianças (15♂16♀) com 7 - 12 anos - 6 G8 (4♂2♀), 9 G16 (3♂6♀) e 16 G24 (8♂8♀).

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; DEXA - composição corporal; salto com contra-movimento; salto vertical.

08, 16 e 24 semanas; 3 sessões por semana. 3 Grupos experimentais

Diminuição (p<0,05) no valor médio do percentual de massa gorda para os três grupos na 8ª semana e no G24 na 24ª semana; melhora (p<0,05) na média do salto vertical na 16ª semana para o G24; ao fim da intervenção do G8 e G16, os indivíduos conseguiram manter os resultados da diminuição de massa gorda até a 24ª semana após o início da pesquisa.

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G8, G16, G24: grupos com 8,16 e 24 semanas de intervenção; GF: grupo futebol; GD: grupo desportos; GEa: experimental a; GEb: experimetnal b.

Tabela 3. Continuação

Faude et al. (2010)

Suiça

22 Crianças com 8 - 12 anos - 11 GF e 11 GD.

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; teste de cicloergómetro; salto com contra movimento; agility run; 20m shuttle run.

26 semanas; 3 sessões por semana com 60 minutos cada. Grupo experimental com futebol; grupo experimetal com outros desportos.

Aumento (p<0,05) na média do IMC e peso; melhora (p<0,05) na média de todos os testes de aptidão física em ambos os grupos.

Sola et al. (2010)

Noruega

23 Crianças com 6 - 11 anos

IMC (kg/m2) - Balança e estadiómetro; Teste de cicloergómetro; Bateria de testes de Fjørtoft et al. (2011)

40 semanas; 20 semanas com 2 sessões por semana com 2 horas de duração cada; 20 semanas com 1 sessão por semana com duração de 2 horas; medições em 6 e 12 meses após o início da intervenção. Grupo experimental.

Após 6 meses, diminuição (p<0,05) na média do IMC e melhora (p<0,05) na média do lançamento de medicine ball; após 12 meses, melhora (p<0,05) na média dos testes de aptidão física, com exceção do teste de salto com pés juntos.

Farris et al. (2011)

EUA

25 Crianças (5♂20♀) com 6 - 12 anos

IMC (kg/m2) - Balança e fita antropométrica; perímetro de braço, peito, cintura, quadril, coxa e gêmeos; percentagem de gordura corporal - pregas de adiposidade de tríceps e gêmeos; push-ups; sit-ups; 3 minutes YMCA step test modificado.

12 semanas; 3 sessões por semana com 60 minutos cada. Grupo experimental.

Diminuição (p<0,05) nas médias das variáveis IMC e z-score do IMC, perímetro de cintura e gêmeos e percentual de massa gorda; melhora (p<0,05) na média para todos os testes de aptidão física.

Thivel et al. (2011) França

101 Crianças com 6 - 10 anos - 60 GE e 41 GC.

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; perímetro da cintura - fita antropométrica; massa gorda - pregas de adiposidade de bíceps, tríceps, subescapular e supra-ilíaca; 20m shuttle run; teste de cicloergómetro.

26 semanas; 2 sessões por semana com 60 minutos cada. Grupo experimental e grupo controlo.

Aumento (p<0,05) na média do peso no GE e GC; diminuição (p<0,05) na média do IMC no GE; não houve diferenças para o IMC do GC e nem entre GE e GC; não houve quaisquer diferenças (p>0,05) para o perímetro da cintura; melhora (p<0,05) na média do teste de cicloergómetro e 20m shutte run do GE; melhora na média do teste 20m shuttle run do GC.

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O questionário foi o único instrumento utilizado para a avaliação da AF

habitual. Foram utilizados quatro diferentes questionários, ou seja, um em cada

estudo presentes nesta revisão.

O CATCH SPAN permite ao sujeito classificar com valores de 1 a 5, o

tempo passado em AF, sendo possivel indicar a intensidade. Outro questionário

utilizado relata os dados de AF em equivalentes metabólicos (MET´s), sendo

realizados cálculos a fim de obter uma pontuação final. O tempo em passado em

atividades sedentárias foi calculado através do tempo da utilização de ecrãs

(televisão e computador). O Physical Activity Questionnaire for Older Children

(PAQ-C) analisa a intensidade e quantidade da AF realizada nos últimos 7 dias

através de auto-relato. A pontuação total do PAQ-C é derivada de nove itens,

cada um pontuado em uma escala de 1 a 5 pontos, sendo valores mais altos

indicativos de maiores níveis de AF. O último instrumento avaliou o tempo

passado em AFMV.

Dos quatro estudos que avaliaram a AF habitual, três dividiram a sua

amostra em GE e GC, e apenas um apresentava somente GE. Este último

reportou em seus resultados um aumento (p<0,05) no tempo dedicado a prática

de AF, porém a intensidade da mesma não era moderada ou vigorosa.

Quanto aos demais estudos, um apresentou que houve aumento sinificativo

(p<0,05) na média da realização de 60 minutos ou mais de AFMV diária para

individuos do GE em relação aos do GC. Outro estudo reportou aumento (p<0,05)

na média dos MET´s referentes à realização de AF total para o GE. Não foram

encontradas diferenças (p<0,05) entre os momentos para o GC. O último estudo

relatou não encontrar quaisquer diferenças siginificativas (p<0,05) no número de

dias em que foram realizados 60 minutos ou mais de AFMV.

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Tabela 4. Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores da atividade fisica habitual e composição corporal

Autores

Ano

País

Amostra Medida/Instrumentos Caracteristicas da

Intervenção Resultados

Wright et al. (2013) EUA

251 Crianças com 8 - 12 anos

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; perímetro da cintura - fita antropométrica; atividade física habitual - questionário.

6 semanas; 1 sessão por semana de 45 minutos de exercícios para as crianças; 1 sessão por semana de 45 minutos de educação nutricional para pais e crianças. Grupo experimental e grupo controlo.

Diminuição (p<0,05) no valor médio do IMC no GE relativamente ao GC, sendo a coleta realizada após 12 meses do início da intervenção; não houve quaisquer diferenças (p>0,05) para a variável perímetro da cintura; aumento (p<0,05) na média da realização de ≥ 60 min de AFMV para indivíduos do GE em relação aos do GC.

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Tabela 5. Os efeitos de programas de intervenção sobre indicadores da composição corporal, aptidão física e atividade

física habitual.

PAQ - C: Physical Activity Questionnaire for Older Children

Autores

Ano

País

Amostra Medida/Instrumentos Tempo da Intervenção Resultados

Nemet et al. (2013) Israel

40 Crianças com idade média de 8,5 anos no GE e 8,6 anos no GC - 22 GE e 22 GC.

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; percentual de massa gorda - prega de adiposidade de tríceps, subescapular; teste incremental na passadeira; atividade física habitual - questionário.

12 semanas; 3 sessões por semana com 60 minutos cada sessão; total de 6 encontros com nutricionista, sendo realizados dois encontros por semana cada mês. Grupo experimental e grupo controlo.

Diminuição nos valores médios (p<0,05) de peso e IMC; não houve quaisquer diferenças no percentual de massa gorda; melhora (p<0,05) na média do teste incremental na passadeira do GE; aumento (p<0,05) na média dos MET´s referentes a realização de AF total no GE.

Siegrist et al. (2013) Alemanha

724 Crianças com idade média de 8,4 anos - 427E (57 Excesso de peso/obesas) e 297C (42 Excesso de peso/obesas)

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; perímetro da cintura - fita antropométrica; Munich fitness test; atividade física habitual - questionário.

52 semanas; sessões mensais com duração de 45 minutos cada; pais estiveram presentes em duas sessões de treino, com duração total de 180 minutos; professores receberam 540 minutos de formação com objetivo de melhorar as aulas de educação física e o incentivo a prática de atividade física. Grupo experimental e grupo controlo.

Houve aumento no valor médio do perímetro da cintura (p<0,05) no GC em relação ao GE; média do IMC aumentou (p<0,05) em ambos os grupos; não houve quaisquer diferenças (p>0,05) nos valores médios dos testes de aptidão física nem no número de dias com realização de ≥60 min de AFMV.

Morano et al. (2014)

Itália

41 Crianças (22♂19♀) com 8 - 10 anos

IMC (kg/m2) - Balança digital e estadiómetro; perímetro da cintura - fita antropométrica; Test of gross motor development ; atividade física habitual - questionário.

35 semanas ; 2 a 3 sessões por semana com 120 minutos cada sessão, um total de 80 sessões. Grupo experimental.

Valor médio do peso aumentou (p<0,05); houve redução significativa na média do IMC; não houve melhora significativa no número de dias em que foram realizados ≥ 60 min de AFMV (p>0,05) nos testes de aptidão física; houve aumento na media do score do PAQ - C, indicando aumento no tempo dedicado a prática de AF.

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37

4 Discussão

Na presente revisão sistemática da literatura, foram analisados estudos

que incluíssem intervenções voltadas para a problemática do excesso de peso

/ obesidade infantil. Todas as pesquisas analisadas envolviam, na sua

intervenção, alguma forma de exercício orientado. As amostras analisadas

eram constituídas por crianças de ambos os sexos, com excesso de peso e /

ou obesidade. Resalvamos que todos os estudos reportavam os devidos

resultados.

Para os artigos que pesquisaram as componentes da composição

corporal, naqueles em que foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas, os resultados encontrados são inconsistentes. Isto é, embora

tenha sido verificada, no geral, uma melhoria nos parâmetros avaliados, a

magnitude desta diferiu consideravelmente entre as pesquisas. Estas variações

podem ter ocorrido devido a vários fatores que serão explorados adiante.

As variáveis utilizadas para mensurar o efeito da intervenção sobre

indicadores da composição corporal não são as mesmas para todos os

estudos. Alguns estudos, por exemplo, utilizam a medida das pregas de

adiposidade para medir o percentual de massa gorda corporal, porém são

utilizadas pregas de tríceps e gêmeos em algumas pesquisas, e pregas de

adiposidade de bíceps, tríceps, subscapular e supra-ilíaca em outras. Isto

ilustra uma falta de consenso na forma de avaliação de uma mesma variável

dos estudos apresentados.

Além das diferentes formas de medição para a mesma variável, há

ainda diferenças nos instrumentos utilizados para realizá-la. Diversos estudos

analisaram a composição corporal através das pregas de adiposidade

enquanto outras pesquisas utilizaram tecnologia DEXA (dual energy X-ray

absorptiometry). Como afirmam Cyrino et al. (2003) e Gonçalves & Mourão

(2008) nos seus estudos, não só existem diferenças nas medições obtidas com

diferentes modelos de adipómetro, como também para o mesmo instrumento.

Goss et al. (2003) comparou a avaliação do percentual de massa gorda

utilizando o método de pregas de adiposidade e a bioimpedância elétrica.

Neste estudo, conclui que há uma diferença significativa entre os valores

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apresentados por ambos os métodos. Algumas pesquisas apresentam ainda

dados relativamente ao perímetro da cintura, enquanto que outras medidas

aparecem em apenas um estudo, como por exemplo os perímetros do braço,

coxa, gêmeo, quadril e peito. Isto denota a existência de uma considerável

variabilidade das medidas e instrumentos presentes nos diferentes estudos.

No geral os estudos relataram que houve uma melhora na variável IMC.

Maior parte dos estudos, não apresentou modificações na variável perímetro da

cintura, porém devido a falta de GC em grande parte das pesquisas que

analisaram esta variável, não podemos afirmar que estes resultados se devem

a implementação dos programas de intervenção.

Relativamente ao parâmetro percentual de massa gorda, grande parte

dos estudos não relatou melhorias, com isso as intervenções no geral

apresentaram uma baixa eficácia.

Quanto à aptidão física podemos constatar que não existe um consenso

sobre os componentes que a constituem (ACSM, 2014).

Devido à avaliação de diversos componentes da aptidão física, torna-se

uma tarefa complicada analisar comparativamente os vários estudos. Deste

modo procederemos a discussão de acordo com as componentes a qual os

testes se propuseram avaliar.

Relativamente a todos os componentes da aptidão física (aptidão

cardiorrespirátoria, agilidade, coordenação, velocidade e força) os estudos que

os avaliaram, encontraram em sua maioria, melhora para cada um dos

constituites da variável em questão.

Porém na avaliação da mesma componente da aptidão, por vezes, os

estudos utilizaram diferentes testes. Isto levou a que não fosse possível

observar uma unidade padronizada para testes que se propõem a avaliar a

mesma capacidade. Podendo esta ocorrência ser exemplificada por exemplo,

pela utilização do teste de salto com contra-movimento em um estudo, e salto

vertical em outro.

Ainda em relação aos testes utilizados para avaliação dos componentes

da aptidão física, algumas pesquisas analisam componentes que não são

avaliadas em outros estudos. Isto acaba por diminuir a quantidade de dados

disponíveis que permitissem tirar conclusões mais sólidas.

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Relativamente à atividade física habitual, os questionários foram a única

forma de avalição desta componente. A utilização deste método fornece ao

investigador detalhes relevantes, tais como a duração, a frequência e

intensidade da atividade física, podendo ou não ser relatadas as atividades nos

dias de fim-de-semana. A avalição por questionário pode apresentar os dados

de várias formas, como exemplo, MET´s, número de dias em que são

realizadas AF e / ou AF moderadas e / ou vigorosas, e ainda em scores.

No entanto, existe um conjunto de fatores confundentes que podem

exercer influência no preenchimento dos questionários. Alguns deles são: o

tempo de duração do preenchimento, o local de preenchimento, a realização ou

não de entrevista para o efeito, ou a idade dos sujeitos a serem avaliados

(Shephard, 2003). Neste último caso, quando se trata de crianças, um dos

principais fatores que influencia a informação relatada é se o preenchimento é

efetuado pelos pais da criança, e no caso de não ser, se os pais estão ou não

presentes no momento do preenchimento do questionário.

Podem ainda ser levados em conta aspetos como a elaboração das

perguntas e respostas, e quando for o caso, a interpretação das mesmas. Os

tipos de perguntas incluídas - de resposta aberta ou múltipla escolha - podem

também exercer um determinado efeito nas respostas obtidas. Estudos

indicam, por exemplo, que perguntas com respostas de múltipla escolha

limitadas em intervalos de tempo, podem levar a um sobre-relato da frequência

da prática de AF comparativamente com perguntas abertas (Shephard, 2003).

No que concerne aos dados referentes a atividade fisica habitual, a

maioria dos estudos referiu em seus resultados um aumento no tempo

dedicado a realização de AF e AFMV.

Para todas as variáveis analisadas, ainda há alguns aspetos que podem

justificar a heterogeneidade dos resultados como por exemplo, questões

culturais. Ainda que o conteúdo das atividades relatadas possa divergir entre

diferentes culturas ou regiões, também a frequência das atividades pode ser

afetada por fatores como o clima ou a temperatura.

Podem ainda ser fatores pertinentes no sentido de viabilizar conclusões

uniformes: a grande variação na faixa etária dos sujeitos que compõem as

amostras, a duração das intervenções, a duração e frequência das sessões, os

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40

tipos de treinos, e ainda a abordagem utilizada pelos investigadores para

conduzir dos programas.

Para além dos já mencionados, os níveis de adesão aos programas, a

taxa de drop out, a existência ou não de intervenção nutricional, e a

participação ou não dos pais, também podem ser destacados como fatores

confundentes dos resultados analisados.

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41

5 Considerações Finais

Parte dos estudos encontrados apresentou efeito positivo dos programas

sobre a variável IMC. Mais da metade dos estudos não analisou as variáveis

perímetro da cintura e percentual de massa gorda. Os estudos que reportaram

resultados referentes a estas variáveis foram divergentes, e acabamos por

considerar que os resultados referidos são inconclusivos. Não podemos afirmar

que os programas exerceram efeitos sobre a variável perímetro da cintura, uma

vez que a maioria dos estudos com análise deste paramentro não

apresentaram qualquer modificação relevante.

Relativamente ao percentual de massa gorda os programas mostraram

ser pouco eficazes, mas não podemos concluir acertivamente um vez que

alguns estudos não apresentam GC.

Nenhum estudo analisou a quantidade de massa muscular. Segundo

Schoenau et al. (2004) a quantidade de massa muscular pode estar associada

a maturação óssea.

Relativamente aos testes de aptidão física, apesar de existir uma

diversidade entre os mesmos, foi possível verificar que a maioria apresentava

avaliação de componentes comuns. Com isto, pudemos concluir que no geral

houve uma melhora para os testes de cada componente da aptidão física

(aptidão cardiorrespiratoria, agilidade, coordenação, velocidade e força).

A AF habitual foi pouco estudada. A maioria dos resultados descritos nas

pesquisas apresentaram-se coerentes, mostrando que houve aumento no

tempo dedicado a AF e AFMV nos GE.

Concluímos com isso, que a problemática do excesso de peso /

obesidade infantil apresenta real necessidade de intervenção no sentido de

diminuir a sua prevalência e também tentar evitar o aparecimento das

patologias relacionadas a esse problema.

Os estudos longitudinais de elevada qualidade são necessários para que

possamos compreender melhor o papel dos programas de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e AF habitual. Também é de fundamental

importância compreender como as variáveis envolvidas contribuem para a

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eficácia da intervenção. Nomeadamente, a intensidade, volume e frequência

dos exercícios necessários e a sua influência na magnitude do objetivo

pretendido. Estando o sucesso das intervenções dependente destes fatores,

torna-se relevante perceber como estes interagem entre si, e em que medida o

fazem.

Devemos ainda procurar uniformizar as formas de avaliação do sucesso

dos programas, não apenas para permitir que os dados possam ser

comparados entre si, mas também para que possam ser relatados de forma

mais clara e objetiva. Desta forma será possível atenuar algumas diferenças

existentes entre os resultados finais dos programas de intervenção.

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Capítulo 3

Artigo Original

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Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da aptidão

física e atividade física habitual em meninos com excesso de peso e

obesidade.

Mendes de Melo, J. ¹, Cunha de Albuquerque, M. ¹, Mota, J.¹, Vale, S.

1 - Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer, Faculdade de

Desporto, Universidade do Porto. Portugal.

Endereço do autor:

Juliana Carla Mendes de Melo

Ciafel -Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer

Faculdade de Desporto

Universidade do Porto

Rua Dr. Plácido Costa, 91

4200 – 450 Porto

Tel.: 00351 225 074 786 Fax: 00351 225 500 689

E-mail: [email protected]

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Resumo

Introdução: Introdução: O excesso de peso é uma problemática cada vez

mais atual. As prevalências do sobrepeso e obesidade têm aumentado nas

últimas décadas. As mudanças nos estilos de vida das populações em geral

têm sido apontadas como uma das principais causas deste distúrbio. Sabe-se

que as populações mais jovens também se encontram em risco sendo

reconhecida a necessidade de intervenções no sentido de diminuir ou travar

este aumento. Objectivo: O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos de

um programa de intervenção sobre indicadores da aptidão fisica e / ou

atividade física (AF) habitual em crianças com excesso de peso e obesidade.

Amostra: Trinta crianças do sexo masculino entre os 6 e os 11 anos (8,6 ±

1,05), divididas em grupo experimental (GE) e grupo controlo (GC).

Métodos: Ambos os grupos foram avaliados no baseline e após 12 semanas.

O GE realizou 3 sessões semanais de exercícios (1 hora / sessão) durante 12

semanas. Foram avaliados o peso, a estatura e o perímetro da cintura. A

composição corporal foi avaliada por bioimpedância. A aptidão física foi

avaliada através da bateria de testes de Fjørtoft et al. (2011). A AF habitual foi

avaliada por acelerometria. Resultados: O GE diminuiu o peso, IMC e

percentual de gordura significativamente mais do que o GC. Não houve

diferença nas alterações (p>0,05) entre grupos para os níveis da aptidão física.

Apenas o GE apresentou melhora (p<0,05) no teste de lançamento do

medicine ball. Houve aumento significativo do tempo passado em AF de

intensidade moderada a vigorosa (AFMV), no GE comparativamente ao GC.

Conclusões: A intervenção apresentou efeitos positivos em alguns parâmetros

da composição corporal e no tempo dedicado a AFMV. No entanto, os efeitos

nos níveis de aptidão física foram negligenciáveis.

PALAVRAS-CHAVE: OBESIDADE INFANTIL, APTIDÃO FÍSICA, ATIVIDADE

FÍSICA HABITUAL, INTERVENÇÃO

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Abstract

Introduction: Overweight is an ever present problem. Overweight and obesity

prevalences have been rising over the last decades. Changes in the

populations lifestyles have been pointed out as a main contributors to this issue.

It has been found that younger populations are also at risk. We acknowledge

the need to employ interventions to prevent or hold this epidemic, especially in

children and youngsters.

Objectives: The aim of this study was to assess the effect of an intervention

program in physical fitness and regular physical activity (PA) parameters in

overweight and obese children.

Sample: 30 male children with ages ranging from 6 to 11 years old (8,6 ± 1,05),

divided in experimental group (GE) and control group (GC).

Methods: Both groups were evaluated at baseline and after 12 weeks. During

that period GE performed 3 weekly exercise sessions each lasting 1 hour.

Weight, height e waist circumference were evaluated. Body composition was

assessed through bioimpedance. Fjørtoft et al. (2011) test battery was

employed to assess physical fitness. Regular PA was monitored using

accelerometry.

Results: GE has shown a significant decrease in weight, BMI and percent body

fat compared to GC. No difference (p>0,05) was found in the mean change of

physical fitness levels between groups. Only GE improved the medicine ball

throwing test significantly after the intervention (p<0,05). Compared to GC, GE

has significantly increased the time spent in moderate to vigorous physical

activity (MVPA).

Conclusions: The intervention has revealed some positive effects in several

parameters of body composition and also on the levels of MVPA. Meanwhile, its

impact on physical fitness levels were negligible.

KEY WORDS: CHILDHOOD OBSITY, PHYSICAL FITNESS, REGULAR

PHYSICAL ACTIVITY, INTERVENTION

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1 Introdução

1.1 Introdução

Desde o século XX que a obesidade e o excesso de peso vêm se

tornando uma epidemia global. Os diversos avanços tecnológicos assim como

a evolução das formas de trabalho, lazer e dos estilos de vida em geral, têm

alterado os padrões da ingestão e dos gastos energéticos (Church et al., 2011;

Yang et al., 2014).

À medida que os comportamentos sedentários vêm sendo mais comuns

entre as populações, o dispêndio energético vem sendo progressivamente mais

reduzido. Ao mesmo tempo, o acesso a alimentos industrializados, tais como

bebidas açucaradas e fast-foods, vem sendo facilitado e parece contribuir

significativamente para o aumento dos níveis de ingestão energética dos

indivíduos (Piernas & Popkin, 2011a, 2011b).

Essas alterações relacionadas ao balanço energético - diferença entre

ingestão e gasto energéticos - podem estar ligadas ao aumento geral das

prevalências do excesso de peso e obesidade verificadas nas últimas décadas

(Lavie et al., 2014).

Algumas pesquisas tem procurado estabelecer e compreender as

relações entre algumas patologias como diabetes, hipertensão, doenças

cardiovasculares e metabólicas com o excesso de peso e a obesidade (Chen et

al., 2012; Friedemann et al., 2012; Hall et al., 2014)

O aparecimento dessas doenças vêm ocorrendo em idades cada vez

mais precoces, o que é um fator preocupante tendo em conta que no caso das

crianças, estas podem desenvolver as mesmas comorbilidades de um adulto

(Juonala et al., 2011; Nancy et al., 2006).

Talvez possa ser estabelecida uma relação entre os avanços

tecnológicos que oferecem as comodidades diárias que hoje conhecemos, e o

avanço progressivo nas prevalências das patologias associadas à problemática

do excesso de peso (Kautiainen et al., 2005).

A WHO define a obesidade como “(…) uma doença em que o acúmulo

excessivo de gordura corporal pode afetar negativamente a

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saúde.”("www.who.int/topics/obesity/en/") O excesso de peso pode ser

considerado uma fase de pré-obesidade, podendo o primeiro ser um estágio

precoce do segundo.

Atualmente o método mais utilizado no diagnóstico de obesidade e pré-

obesidade, tanto em crianças quanto em adultos, é a relação peso/estatura.

Esta relação é conhecida como índice de massa corporal (IMC). Podem ainda

ser utilizadas outras ferramentas, tais como, a avaliação do percentual de

massa gorda corporal. Este parâmetro pode ser avaliado com diferentes

ferramentas, tais como a hidrodensitometria, a bioimpedância, a medição das

pregas de adiposidade subcutânea, entre outros (Snijder et al., 2006)

Nas crianças, a importância do diagnóstico precoce é fundamental para

que haja possibilidade de uma intervenção rápida e adequada, evitando assim

que esta doença e suas comorbilidades se perpetuem e agravem durante a

adolescência e idade adulta (May et al., 2012; Morrison et al., 2012; Park et al.,

2013) Estudos têm demonstrado que crianças com excesso de peso ou

obesidade, têm maior chance de se tornarem adultos obesos, podendo o

diagnóstico precoce contribuir no sentido de diminuir este risco (Brisbois et al.,

2012; Conti & Heckman, 2013).

É importante ressaltar que as crianças, em sua maioria, tendem a seguir

exemplos dos pais ou responsáveis. Como tal, é fundamental que as

intervenções levadas a cabo incidam também sobre uma mudança nos hábitos

familiares, se tal for necessário. Se a influência deste parâmetro não for

deviadamente considerada, o sucesso das intervenções poderá estar

comprometido.

A maioria dos programas de prevenção e tratamento têm por objetivo

promover modificações nos hábitos de vida das crianças, sendo elas

normoponderais ou não. O aumento no estímulo para a prática de exercício

físico, assim como o estímulo para a inclusão de hábitos alimentares

saudáveis, são objetivos geralmente presentes nestes programas.

A escola se mostra um local importante para iniciar este tipo de trabalho

de tratamento e / ou prevenção, pois possibilita um aumento nos níveis de AF e

incentiva à prática desta fora da escola. Nestas formas de intervenção pode

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ainda incluir-se uma vertente nutricional, tendo em conta que as crianças, em

sua maioria, realizam pelo menos uma refeição na instituição de ensino.

A progressiva diminuição nos níveis de AF das crianças, de uma forma

geral, é um fator bastante estudado nos últimos anos. O tempo passado em

AFMV também tem sido alvo de estudos, uma vez que a sua influência no

controlo do peso corporal tem se mostrado independente do tempo sedentário

(Steele et al., 2009).

As atividades sedentárias relacionadas com os ecrãs são as que se

mostram mais prevalentes entre as populações infantis. Essas atividades

incluem, por exemplo, assistir televisão, jogar videogames, navegar na internet,

entre outros. Os avanços na área tecnológica, mais especificamente, nas

consolas de videogames e gadgets portáteis, têm sido apontados como

principal fator responsável por este aumento dos comportamentos sedentários

relacionados com os ecrãs (Jackson et al., 2011; Zhang et al., 2012).

Sabe-se que os indivíduos obesos apresentam menores níveis de

atividade física, o que não se consegue afirmar é se esse baixo nível é a causa

ou consequência da ocorrência da obesidade. Ou seja, embora se verifique

uma interação entre estas duas variáveis, não é possível determinar o sentido

da mesma.

Para além dos níveis de atividade física, muitas pesquisas tem analisado

também os níveis de aptidão física. Estudos demostram que há uma correlação

inversa entre os níveis de aptidão física e o excesso de peso (Buchan et al.,

2013; Rauner et al., 2013).

A aptidão física é definida por Getchell (citado por ACSM´s, 2014, p. 2)

como "(...) a capacidade de eficiência do coração, vasos sanguineos, pulmões

e músculos". Miller (citado por ACSM´s, 2014, p. 2) define aptidão física como "

(...) a capacidade de realizar um trabalho física sustentado, utilizando uma

integração efetiva da resistência cardio respiratória, força, flexibilidade,

coordenação e composição corporal." McMillen (1996) define a aptidão física

como "a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor e estado de alerta

sem fadiga e com ampla energia para desfrutar de atividades de lazer e para

atender a imprevistos emergenciais."

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Estudos indicam que a avaliação da aptidão física é relevante uma vez

que este último é considerado um importante marcador da saúde já a partir da

infância (Myers et al., 2015; Ortega et al., 2008).

A AF com intensidades moderada a vigorosa, também vem sendo

relacionada com a saúde dos indivíduos. A WHO (2011) recomenda que as

crianças acumulem pelo menos 60 minutos de AFMV por dia. Andaki et al.

(2013) afirma que seguir a recomendação mínima de AFMV protege as

crianças do desenvolvimento de fatores de risco cardiovarculares. Chaput et al.

(2012) reportou que a realização de AFMV foi inversamente associada com o

percentual de gordura corporal.

Com isso, entendemos ser relevante a avaliação dos parametros da aptidão

física e AFMV, devido a comprovada utilização destes como preditores da saúde nos

indivíduos.

1.2 Objetivos

O objetivo principal desta pesquisa foi avaliar o efeito de um programa

de intervenção sobre indicadores da aptidão física e AF habitual de meninos

com excesso de peso e obesidade.

Os objetivos específicos são os seguintes:

- Comparar os resultados dos parâmetros avaliados entre momentos pré

e pós-intervenção para cada grupo;

- Comparar os resultados dos parâmetros avaliados entre os grupos nos

momentos pré e pós-intervenção;

- Analisar a magnitude das diferenças entre os momentos de avaliação

para ambos os grupos;

- Comparar entre os grupos as alterações verificadas para cada variável.

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2 Métodos

2.1 Desenho do Estudo e Amostra

Para este estudo foi utilizada uma amostra de 30 crianças, com idades

compreendidas entre os 6 e os 11 anos. As crianças foram recrutadas em duas

das escolas que fazem parte do agrupamento de escolas da Perafita, em

Matosinhos. Inicialmente, voluntariam-se 44 crianças, das quais 14 não

integraram a amostra final.

Foram incluídas crianças do sexo masculino, entre os 6 e os 11 anos,

que apresentassem excesso de peso ou obesidade. O excesso de peso e a

obesidade foram definidos através dos pontos de corte sugeridos pela WHO

(NOO, 2011), correspondendo o primeiro a valores de IMC superiores a 1

desvio-padrão, e o segundo a valores superiores a 2 desvios-padrão acima da

média do IMC para a sua idade e sexo. Não foram incluídos na amostra

sujeitos que apresentassem algum tipo de deficiência motora ou psicológica,

bem como portadores de patologias que não permitissem a prática de exercício

físico.

Todos os responsáveis e participantes foram informados dos objetivos

do estudo. Os próprios e os pais/responsáveis forneceram consentimento

informado. O estudo foi aprovado pela comissão de investigação da Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto. Foram ainda recolhidas autorizações do

Ministério da Educação e da Direção das Escolas. O mesmo foi conduzido de

acordo com a Declaração da Associação Médica Helsinki para estudos

humanos.

A recolha dos dados decorreu na última semana de Fevereiro e primeira

semana de Junho de 2014. A mesma incluiu avaliação da composição corporal,

aplicação de baterias de testes de aptidão física e avaliação objetiva da AF.

As aulas do programa de intervenção tinham a duração média de 1

hora, sendo realizadas 3 sessões por semana. As sessões ocorriam nos dias

de segunda, quarta e sexta-feira no horário de 17:30 até as 18:30. O plano

base das sessões encontra-se apresentado na Tabela 1. As aulas foram

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ministradas por um professor especializado, sendo este selecionado pelos

investigadores.

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Tabela 1. Plano base das sessões.

Fase Duração Objetivo Atividades

Aquecimento ≈ 10 minutos Preparar as articulações e os

músculos para os exercícios.

Caminhada lenta; atividades com baixos níveis de movimento;

exercícios para equilíbrio e agilidade; movimentos de locomoção.

Atividades de resistência

aeróbia ≈ 20 minutos

Melhora na resistência

cardiovascular. Caminhada rápida; jogos; saltos; circuitos.

Força / resistência

muscular ≈ 20 minutos

Aumentar os níveis de força

nos membros sueriores e

inferiores;

Exercícios com pesos e medicine ball; exercícios isométricos;

exercícios com banda elásticas.

Alongamentos e retorno

à calma ≈ 10 minutos

Aumentar a flexibilidade do

organismo e melhorar sua

recuperação.

Danças lentas; alongamentos estáticos para membros superiores,

inferiores, abdômen e costas; meditação.

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3 Instrumentos e Variáveis

3.1 Antropometria

3.1.1 Altura

A altura das crianças foi medida através de um estadiómetro portátil

(Seca 217, Hamburgo, Alemanha) com precisão de milímetros. As medições

foram realizadas na posição antropométrica com os sujeitos descalços ou com

meias. Após a colocação do sujeito na posição, deslocou-se a barra plástica

horizontal da craveira até apoiar no vértex, registando-se o valor

correspondente a altura em centímetros.

3.1.2 Perímetro da Cintura

Na avaliação do perímetro da cintura, utilizou-se o procedimento descrito

pela WHO (2008). O sujeito mantinha-se posicionado em pé com abdômen

relaxado e braços descontraídos ao lado do corpo. A fita era colocada

horizontalmente na menor curvatura localizada entre a borda inferior da última

costela e a crista ilíaca. As medidas foram tomadas com a fita firme sobre a

pele, todavia, sem compressão dos tecidos. Foi utilizada uma fita

antropométrica flexível com precisão de 01 mm.

3.1.3 Peso e Composição Corporal

O peso, em quilos, foi medido com os indivíduos vestindo apenas roupa

interior. Para tal, foi utilizada uma balança eletrónica portátil (InBody230, Seoul,

Korea). Com este aparelho avaliamos ainda o percentual de massa gorda e

também a quantidade absoluta de massa muscular.

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O índice de massa corporal (IMC) foi calculado através da fórmula

peso/altura², expressa em kg/m².

3.2 Medidas Objetivas de Atividade Física Habitual

Os padrões de AF foram avaliados utilizando acelerómetros (Actigraph

GT1-M, Pensacola, Flórida). Os participantes foram instruídos a usar o

acelerómetro na cintura pélvica durante todo o dia, por oito dias consecutivos

(seis dias de semana e dois dias de fim-de-semana). Foram também

informados que este deveria ser retirado apenas durante atividades aquáticas e

para dormir. O epoch foi definido em 3 segundos. Para efeitos de análise dos

dados, apenas participantes com dados de acelerometria válidos (pelo menos

quatro dias de semana e um dia de fim de semana, com 10 ou mais horas por

dia de dados monitorados) foram incluídos na pesquisa. Neste estudo utilizou-

se a medida de tempo de AF com intensidade moderada e vigorosa (AFMV) de

acordo com os pontos de corte definidos pela WHO (2011).

3.3 Avaliação de Componentes da Aptidão Física

A bateria de testes utilizada para avaliação das componentes da aptidão

física foi validada por Fjørtoft et al. (2011). A bateria apresenta nove testes:

salto com pés juntos (7 metros), salto com pé coxinho (7metros), salto em

comprimento, lançamento de medicine ball com duas mãos, lançamento de

bola de tênis com uma mão, 20 metros de corrida de velocidade,

corrida/caminhada durante 6 minutos, escalada de barras na parede e shuttle

run (5 x 10 metros).

Dos nove testes, utilizamos seis. Três testes não foram aplicados pela

falta dos materiais e / ou de espaço, sendo eles: teste de lançamento de bola

de tênis com uma mão, o teste de corrida/caminhada por 6 minutos e o teste de

escalada de barras na parede. Para além destes fatores, as condições

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climáticas que se faziam sentir no momento das avaliações do baseline,

impossiblitaram a realização do teste de 6 minutos de corrida / caminhada.

Optou-se pela utilização dos itens desta bateria, devido não só as

informações que oferecem sobre a aptidão física dos sujeitos, como também

pela facilidade e rapidez na aplicação dos testes.

3.3.1 Testes de salto com pé coxinho e salto com pés juntos

Para avaliação das habilidades motoras foram usados o teste de salto

com pé coxinho (7 metros) e teste de salto com pés juntos (7 metros).

O teste de salto com pé coxinho é realizado entre dois pontos com

distância de 7 metros (m) entre si. O teste consiste em percorrer essa distância

deslocando-se com apenas um dos membros inferiores, sendo este de livre

escolha do participante. O teste de salto com pé juntos possui as mesmas

características do teste citado anteriormente, porém o deslocamento só pode

ser realizado com os membros inferiores (MMII) juntos entre si. O aluno realiza

cada um dos testes 2 vezes, contado apenas o melhor resultado.

Figura 1. Ilustração do método de realização do teste de salto com pé coxinho

(7 metros).

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Figura 2. Ilustração do método de realização do teste de salto com pés juntos

(7 metros).

3.3.2 Teste de salto em comprimento

O teste de salto em comprimento sem corrida preparatória foi utilizado

para avaliar a força dos MMII.

O teste de salto em comprimento sem corrida preparatória consiste em

saltar com os pés juntos e sem corrida de impulsão, a maior distância possível.

Os pés devem estar juntos e atrás da linha de salto. O individuo pode utilizar o

balanço dos membros superiores (MMSS) para projetar o corpo a frente,

passando por uma rápida fase aérea. Ao cair, o sujeito deve recuperar o

equilíbrio e ficar numa posição estável em pé. O ponto de marcação é na

extremidade do calcanhar mais recuado. O aluno realiza o salto 2 vezes,

contado apenas o melhor resultado.

Figura 3. Ilustração do método de realização do teste de salto em comprimento

sem corrida preparatória.

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3.3.3 Teste do lançamento de medicine ball

O teste de lançamento de medicine ball utilizado na avaliação da força

dos MMSS.

O teste é realizado com a bola colocada na altura dos músculos

peitorais, sendo lançada com o auxílio dos dois MMSS e procurando atingir a

maior distância possível. A bola utilizada pesa 1Kg e o teste é realizado 2

vezes, contado apenas o melhor resultado.

Figura 4. Ilustração do método de realização do teste do lançamento de

medicine ball.

3.3.4 Teste de 20 metros de corrida

Na avaliação da velocidade, foi aplicado o teste de 20 metros (m) de

corrida. O teste consiste em percorrer a distância de 20 m no menor tempo

possível. Para a realização do teste são colocadas duas linhas de marcação a

uma distância de 20 m entre si. O avaliado inicia o teste apenas com a

autorização do avaliador. O teste é realizado 2 vezes, contado apenas o melhor

resultado.

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Figura 5. Ilustração do método de realização do teste de velocidade de 20

metros.

3.3.5 Teste shuttle run

O teste shuttle run (10 x 5 m) foi utilizado para avaliar a agilidade. Para a

realização do teste, são colocadas linhas de marcação a 5 m de distância entre

si. A criança começa com um pé em uma das linhas de marcação. Quando

autorizado pelo avaliador, o sujeito corre para o marcação à frente, vira e volta

para a linha de partida. O "vai e volta" é repetido 5 vezes sem parar (sendo

percorrida uma distância total de 50 m). Chegando a cada um dos lados, os

pés deveriam cruzar totalmente a linha. O teste é realizado uma vez sendo

marcado o tempo em segundos(seg).

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Figura 6. Ilustração do método de realização do teste Shutte run (10 x 5

metros).

3.4 Análise Estatística

Para análise estatística dos dados foi utilizado o programa IBM-SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences) versão 21.0 para Windows.

Relativamente à estatística descritiva, foram utilizadas a média e o desvio

padrão para a caracterização da amostra.

O primeiro procedimento estatístico realizado foi a análise exploratória

dos dados no sentido de avaliar a normalidade das distribuições das diferentes

variáveis estudadas. Para tal, e atendendo ao tamanho da amostra utilizada,

recorremos ao teste de Shapiro-Wilk. Este teste foi efetuado para todas as

variáveis contínuas na totalidade da amostra, para a posterior comparação

entre diferentes avaliações.

Dependendo da normalidade ou não das amostras – indicada pelo teste

de Shapiro-Wilk -, foram utilizados testes estatísticos paramétricos ou não

paramétricos, respetivamente.

Quando procedemos à comparação entre os diferentes momentos de

avaliações para cada grupo, se as amostras apresentavam distribuições

normais, o teste paramétrico empregue foi o teste t para medidas

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70

emparelhadas (Paired-Samples T Test). Para o mesmo efeito, mas quando as

amostras não apresentavam distribuições normais, o teste não paramétrico

utilizado foi o teste de Wilcoxon. Quando foram analisadas as diferenças da

mesma variável entre os dois grupos, se as amostras apresentavam

distribuições normais, o teste paramétrico utilizado foi o teste t para medidas

independentes (Independent-Samples T Test). Quando as amostras não

apresentavam distribuições normais, o teste não paramétrico empregue foi o

teste de Mann-Whitney U.

O valor de significância utilizado em todos os testes foi p < 0,05, e o

intervalo de confiança 95%.

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71

4 Resultados

Os dados da composição corporal da amostra relativamente aos

momentos pré e pós-intervenção encontram-se representados na Tabela 2.

As crianças do GC no baseline, apresentam valores médios superiores

em todas as variáveis relativamente aos dados das crianças do GE. Diferenças

estatisticamente significativas foram encontradas para as médias das idades

entre os grupos.

O GE não apresentou alterações significativas na média do peso

(p>0,05) enquanto que a diferença encontrada no grupo controlo revelou

aumento significativo no momento pós-intervenção em relação ao pré.

Para as variáveis altura e IMC o p>0,05 indica que não houve diferença

significativa entre a média dos grupos em nenhum dos momentos. Foram

encontradas diferenças siginificativas apenas entre as médias do momentos

para o mesmo grupo. A média da altura nos dois grupos, apresentou valores

aumentados no pós relativamente ao momento pré-intervenção.

A média do IMC nos grupos, apresentou diminuição no pós em relação a

pré-intervenção.

Os valores médios da variável perímetro da cintura não apresentaram

diferenças estatisticamente siginificativas, nem entre os grupos, nem entre

ambos momentos para o mesmo grupo.

Quanto a média do percentual de massa gorda, os testes realizados

mostraram diferenças significativas no momento pós em relação ao pré-

intervenção para cada um dos grupos. Houve diminuição na média do

percentual de massa gorda no GE (p<0,05) e aumento no GC (p<0,05). No GE,

a média da quantidade massa muscular aumentou (p<0,05) no momento pós

em relação ao pré, porém o mesmo não aconteceu no GC. Não foram

encontradas diferenças (p>0,05) entre os grupos para a média das variáveis

percentual de massa gorda e massa muscular.

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72

Tabela 2. Dados descritivos e comparativos da amostra nos momentos pré e

pós-intervenção.

Variável

Grupo experimental (n=17) Grupo Controlo (n=13)

Média ± D.P. Média ± D.P.

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Idade (anos) 8,1 ± 0,80 8,5 ± 0,82 a 9,2, ± 1,03

b 9,5 ± 1,03

b

Peso (Kg) 39,6 ± 6,90 39,1 ± 6,55 42,5 ± 8,91 43,0 ± 8,95 a

Altura (cm) 134,6 ± 7,45 135,7 ± 7,52 a 137,4 ± 8,80 138,9 ± 8,88

a

IMC (Kg/m2) 21,8 ± 1,97

a 21,2 ± 1,88 22,3 ± 3,07

a 22,1 ± 2,94

Perímetro da cintura (cm) 73,9 ± 6,89 72,7 ± 6,42 76,3 ± 6,41 76,5 ± 6,44

Massa Gorda (%) 33,3 ± 5,09 a 31,2 ± 5,78 32,6 ± 5,62 33,7 ± 5,46

a

Massa Muscular (kg) 13,5 ± 2,38 13,9 ± 2,41 a 14,9 ± 2,57 14,9 ± 2,33

a: diferença estatisticamente significativa entre os momentos pré e pós-intervenção (p<0,05).

b: diferença estatisticamente significativa entre os grupos no mesmo momento da avaliação (p<0,05).

Os resultados descritivos e comparações dos testes utilizados para

avaliação da aptidão física encontram-se respresentados na Tabela 2.

No teste shuttle run houve aumento significativo nos valores médios

entre os momentos pré e pós-intervenção para o GC. Não houve diferença

significativa (p>0,05) entre os momentos para o GE e nem entre os grupos.

Os valores médios do teste de salto com pé coxinho revelou diferenças

(p<0,05) entre os grupos após o programa de intervenção, sendo o GE mais

rápido que o GC. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os

grupos e nem entre os momentos para a média do teste de salto com pés

juntos.

Os testes do lançamento de medicine ball, salto em comprimento sem

corrida preparatória e 20 m de velocidade foram aplicados em ambos os

grupos. No entanto, devido a uma elevada ausência dos indivíduos do GC no

segundo momento da coleta, utilizamos apenas os dados do grupo

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73

experimental uma vez que os dados da sub-amostra do GC se encontravam

demasiado reduzidos.

Relativamente ao GE os resultados dos valores médios nos testes de

lançamento do medicine ball e 20 m de velocidade foram significativamente

melhores no momento pós em relação ao pré-intervenção. O teste de salto em

comprimento não apresentou diferenças significativas.

Tabela 3. Dados descritivos e comparativos dos testes dos momentos pré e

pós-intervenção dos testes de aptidão física.

a: diferença estatisticamente significativa entre os momentos pré e pós-intervenção (p<0,05).

b: diferença estatisticamente significativa entre os grupos no mesmo momento da avaliação (p<0,05).

Os dados da AF habitual apresentados em minutos (min), encontram-se

descritos e com as respetivas comparações na Tabela 3.

Os dados desta variável revelaram um aumento (p<0,05) no momento

pós em relação ao pré-intervenção do GE.

O GC apresentava uma média de minutos significativamente superior ao

GE no momento pré-intervenção, não perpetuando esta diferença no momento

pós-intervenção.

Variável

Grupo experimental (n=17) Grupo Controlo (n=13)

Média ± D.P. Média ± D.P.

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Shuttle run (10 x 5 metros) (seg)

23,1 ± 2,82 22,9 ± 2,87 23,2 ± 3,17 23,7 ± 3,42 a

7 m de saltos com pé coxinho (seg)

3,4 ± 0,42 3,2 ± 0,54 3,3 ± 0,63 3,3 ± 0,57 b

7 m de saltos com pés juntos (seg)

3,6 ± 0,51 3,5 ± 0,70 3,6 ± 0,50 3,6 ± 0,51

Lançamento de Medicine ball (cm)

377,3 ± 91,49 410,1 ± 118,86 a - -

Salto em comprimento sem corrida preparatória (cm)

102,1 ± 19,1 106,2 ± 16,4 - -

20 metros de velocidade (seg)

4,7 ± 0,45 4,4 ± 0,44 a

- -

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74

Existe uma diferença entre o número de sujeitos em ambos os grupos

devido ao não cumprimento dos requesitos mínimos por parte dos sujeitos,

relativamente à utilização dos acelerómetros. Isto é, algumas crianças ou não

utilizaram o acelerómetro durante dias suficientes, ou não apresentaram o

tempo mínimo de utilização durante o dia, por dias suficientes. Desta forma,

não procedemos à análise destes dados. No GE registamos dados

insuficientes por parte de um sujeito, enquanto que no grupo controlo os dados

de cinco indivíduos não foram computados.

Tabela 4. Dados descritivos e comparativos dos momentos pré e pós-

intervenção da AF habitual.

Variável

Grupo experimental (n=16) Grupo Controlo (n=13)

Média ± D.P. Média ± D.P.

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Pré-intervenção

Pós-intervenção

Dias de semana (min) 52,61 ± 12,39 64,57 ± 13,69 a 65,50 ± 9,10

b 63,89 ± 13,59

a: diferença estatisticamente significativa entre os momentos pré e pós-intervenção (p<0,05).

b: diferença estatisticamente significativa entre os grupos no mesmo momento da avaliação (p<0,05).

Na Figura 7, encontram-se as representações gráficas da comparação

da diferença entre as médias dos momentos pós em relação ao pré-

intervenção, dos dados da composição corporal.

Verificou-se que houve diferença significativa (p<0,05) entre os grupos

na mudança do peso. O GE apresentou uma diminuição enquanto no GC

houve aumento nos valores médios desta variável.

Relativamente a mudança nos valores médios do IMC, foram

encontradas diferenças significativas entre os grupos. O GE apresentou

diminuição significativamente maior (p<0,05).

Os valores médios de modificação das variáveis perímetro da cintura e

percentual de massa gorda, apresentaram diminuição significativa (p<0,05) no

GE e aumento no GC.

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75

Os valores médios dos resultados apresentados para a massa muscular

não indicaram a existência de diferença significativa (p>0,05) entre os grupos.

* p<0,05

Figura 7. Representação gráfica das diferenças médias dos momentos pré e

pós-intervenção nos parâmetros da composição corporal para cada grupo.

A Figura 8 contém a representação gráfica da comparação das

diferenças para os testes de aptidão física aplicados em ambos os grupos.

Quanto aos testes utilizados, nenhum dos valores apontou a existência

de diferenças significativas (p>0,05) entre os gurpos. Mesmo não havendo

diferenças significativas (p>0,05), é possível observar que o GE apresentou

uma ligeira diminuição no tempo de execução de todos os testes, enquanto que

no GC pôde se verificar uma estagnação e aumento para os mesmos testes.

Nos valores dos testes representados apenas pelo GE, a média dos

valores apresentou que houve melhora, porém não é possível afirmar se esta é

devido ao treinamento ou não, em virtude da falta de comparação destes dados

com o GC.

-0,51

1,09

-0,6

-1,2

-2,17

0,360,52

1,48

-0,21

0,15

1,13

0,02

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

Peso (Kg) Altura (cm) IMC (Kg/m2) Perímetro da cintura

Massa gorda (%)

Massa muscular (Kg)

Experimental Controlo

*

*

*

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76

* p<0,05

Figura 8. Representação gráfica das diferenças médias entre os momentos pré

e pós-intervenção nos parâmetros da aptidão física para cada grupo.

Os resultados entre as diferenças médias dos dados relativos ao tempo

gasto em AFMV encontram-se representados gráficamente na Figura 9. Os

valores mostram que houve diferenças entre os grupos. O GE aumentou

significativamente o tempo de realização de AFMV em relação ao GC.

-0,23

-0,14-0,12

0,04

-0,29

0,330,38

0,07 0- - -

-3

-2

-1

0

1

2

3

Shuttle run (seg) Saltos com pé coxinho (seg)

Salto com pés juntos (seg)

Salto em comprimento

(m)

Velocidade de 20 metros (seg)

Lançamento Medicine ball

(m)

Experimental Controlo

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77

* p<0,05

Figura 9. Representação gráfica das diferenças médias entre os momentos pré

e pós-intervenção nos dados da AFMV para cada grupo.

13,99

-8,86

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

Todos os dias da semana (minutos)

Experimental Controlo

*

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78

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79

5 Discussão

5.1 Composição Corporal

Estudos que apresentem amostras constiuídas exclusivamente por

crianças ou adolescentes com excesso de peso e obesidade são escassos. Na

literatura existente sobre esta temática podemos constatar que a maioria dos

estudos inclui sujeitos normoponderais. Isto dificulta a avaliação dos

resultados, pois os mesmos muitas vezes não são discriminados de acordo

com as classificações dos pesos ou IMC.

A escassez de publicações composta por sujeitos apenas com excesso

de peso e obesos, dificulta a comparação entre os estudos. Os diferentes

métodos, duração e condução dos programas, composição das amostras

(homogêneas ou heterogêneas) e os instrumentos utilizados, são fatores que

também contribuem para a fragilidade nas comparações que possam ser

realizadas.

Diante de tantos fatores heterogêneos, os resultados encontrados nesta

pesquisa, podem ou não convergir com resultados de outros estudos. Ainda

assim procuramos contextualizar os resultados ja descritos com aqueles

existentes na literatura, independentemente da consistência dos mesmos.

Relativamente aos dados da composição corporal, os resultados

descritos neste estudo, encontraram diferenças na variável do peso entre os

momentos de avaliação apenas nos sujeitos do GC.

Thivel et al. (2011) em sua pesquisa com 26 semanas de intervenção,

reportou em seus resultados um aumento (p<0,05) na média dos valores para

os GC e GE. O estudo de Faude et al. (2010) também descreveu um aumento

(p<0,05) na média da variável peso para os dois GE, sendo estes grupos os

únicos presentes no estudo.

Em relação a comparação entre a média das mudanças, encontramos

uma diferença significativa (p<0,05) entre os grupos, tendo o GE apresentado

uma diminuição e GC um aumento na média do peso .

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80

DeRenne et al. (2008) também encontrou aumento (p<0,05) da variável

peso para o mesmo tipo de análise. A pesquisa apresentava dois GE.

Ainda utilizando a média das mudanças, o estudo de Siegrist et al.

(2013) com um GE e um GC, não encontrou diferenças significativas (p>0,05).

Speroni et al. (2008) também não encontrou diferenças, porém não relatou se

estas eram significativas.

A forma de condução das sessões, frequência dos treinos e duração

dos programas, bem como as formas de análises estatísticas efetuadas,

podem ter sido fatores que contribuiram para a diversidade nos resultados

encontrados.

No estudo por nós conduzido, relativamente aos valores médios da

variável IMC, não foram econtradas diferenças significativas (p>0,05) entre os

momentos para cada um dos grupos.

Sola et al. (2010) apresentou em sua pesquisa um programa de

intervenção com duração de 40 semanas, composto por um GE. Os resultados

por ele reportados, apresentaram uma diminuição (p<0,05) entre o pré e pós-

intervenção apenas após 12 meses do ínicio da intervenção. Farris et al. (2011)

apresentando somente GE, também encontrou diminuição (p<0,05) para a

mesma variável. Contrariamente as pesquisas já citadas, o estudo de Faude et

al. (2010) com dois GE, relatou um aumento (p<0,05) para a média da variável

IMC (p<0,05) em ambos os grupos presentes nos estudos.

Analisando a média das mudanças para a variável IMC em nossa

investigação, verificamos que ambos os grupos diminuiram (p<0,05) os seus

valores médios. No entanto o GE apresentou uma diminuição

significativamente (p<0,05) maior que o GC. Uma vez que ambos os grupos

aumentaram significativamente a estatura entre os momentos da avaliação,

podemos concluir que as diferenças entre os grupos se devem principalmente

devido ao fato de o GE ter diminuido ligeiramente (p>0,05) o seu peso e o GC

ter aumentado (p<0,05).

Annesi et al. (2009) em seu estudo com um GE, apresentou resultados

semelhantes aos que descrevemos em nossa pesquisa, relatando uma

diminuição (p<0,05) no IMC do grupo presente em sua investigação. Speroni et

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81

al. (2008) também reportou encontrar uma diminuição para a variável em

questão, contudo, o autor não reporta se as mesmas foram significativas.

Siegrist et al. (2013) utilizando a mesma forma de análise, não

apresentou resultados significativos (p>0,05) para a variável em discussão.

Dentre os estudos citados, todos apresentavam apenas GE, o que não

nos permite concluir se nestes estudos, as modificações foram ou não devido

apenas ao efeito dos programas de intervenção utilizados nos estudos.

Os resultados que obtivemos para a variável perímetro da cintura não

apresentam diferença estatisticamente significativa entre os momentos para

cada um dos grupos. Porém esta variável apresentou um comportamento

semelhante a variável peso.

A pesquisa de Kain et al. (2009) relatou que houve aumento significativo

(p<0,05) enquanto Farris et al. (2011) reportou uma diminuição (p<0,05) para

os valores médios do perímetro da cintura. Speroni et al. (2008) também

encontrou uma diminuição na média da mesma variável porem, não sabemos

se a mesma é significativa, devido a ausência de análise estatística inferêncial.

Dos três estudos citados, apenas o de Kain et al. (2009) apresentava GC,

enquanto os demais tiveram apenas GE.

Em relação a analise da média das mudanças para a variável perímetro

da cintura, em nossa pesquisa não encontramos resultados significativos

(p>0,05). Apenas o estudo de Wright et al. (2013) com GE e GC, encontrou

resultados semalhantes, afirmando não ter encontrado diferenças (p>0,05)

entre os grupos. O estudo de Annesi et al. (2009) encontrou uma diminuição

significativa (p<0,05) para o único GE presente na pesquisa, sendo o mesmo

resultado descrito por Speroni et al. (2008) porém este não informa se a

diferença encontrada foi estaticamente significativa.

Os estudos mencionados, apresentavam intervenções com diferentes

durações, para além disso, a existência de diferentes análises nos dados terá

possivelmente contribuído para a falta de congruência nos resultados

obsevados.

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82

Em nossa pesquisa, os resultados referentes ao valor médio do

percentual de massa gorda entre os momentos para cada um dos grupos,

apresentou diminuição (p<0,05) no GE e aumento (p<0,05) no GC.

McGuigan et al. (2009), Sgro et al. (2009) e Farris et al. (2011) foram os

únicos estudos em que os resultados apontaram diminuição significativa

(p<0,05) para os GE, sendo estes grupos, os únicos presentes nas pesquisas.

A investigação realizada por Nowicka et al. (2009), referiu um aumento

(p<0,05) no GC e não encontrou diferenças significativas (p>0,05) para o GE.

Em nosso estudo, verificamos que a média da mudança no percentual

de massa gorda, apresentou uma diminuição significativamente maior (p<0,05)

no GE comparativamente ao GC. Esta diferença pode ser explicada pela

execução do programa de intervenção.

Apenas os estudos de Nowicka et al. (2009) e DeRenne et al. (2008)

realizaram este tipo de análise. Ambos não encontraram qualquer diferença

(p>0,05).

Os resultados apresentados relativamente aos percentual de massa

gorda podem ter sido inconsistentes devido aos instrumentos utilizados por

cada uma das pesquisas.

A quantidade de massa muscular aumentou (p<0,05) em nosso GE

enquanto que o GC não apresentou qualquer alteração significativa (p>0,05).

Verificamos que nenhum outro estudo analisou esta variável. Consideramos

relevante a avaliação da quantidade de massa muscular, uma vez que esta se

relaciona com os níveis aptidão física (Heroux et al., 2013). Assim sendo a

análise desta variável contribui significativamente para o nível da qualidade do

estudo apresentado.

Alguns resultados descritos na presente investigação também foram

semelhantes aos descritos na pesquisa de Regaieg et al. (2013). Em seu

estudo com amostra composta por adolescentes dos 12 aos 14 anos (10,92 ±

0,61), o programa de intervenção aplicado utilizou exercicios aeróbicos e

extendeu-se por 16 semanas. Nos resultados descritos houve uma diminuição

significativa (p<0,05) na média do IMC e perímetro da cintura do GE, aumento

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83

(p<0,05) na média do peso no GC e diminuição no percentual de massa gorda

em ambos os grupos.

Nas Tabelas 4 e 5 encontram-se todos os estudos citados e respetivas

comparações.

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84

Tabela 5. Comparação para as variáveis da composição corporal feita entre as médias dos momentos para cada

estudo.

-: diminuição (p<0,05); +:aumento (p<0,05); 0: alteração não significativa; Ø: não avaliada.

Autor / Ano / País Peso (Kg) IMC (kg/m2) Perímetro da cintura (cm) Massa gorda

(%) Massa muscular

(Kg)

Melo et al (2015) - Portugal 0 GE + GC

0 0 - GE + GC

+ GE 0 GC

Kain et al. (2009) - Chile 0 0 + Ø Ø

McGuigan et al. (2009) - Austrália 0 0 Ø - Ø

Nowicka et al. (2009) - Suécia Ø Ø Ø 0 GE + GC

Ø

Sgro et al. (2009) - Austrália 8ª semana

Ø 0 Ø - Ø

Sgro et al. (2009) - Austrália 16ª semana

Ø 0 Ø 0 Ø

Sgro et al. (2009) - Austrália 24ª semana

Ø 0 Ø 0 Ø

Faude et al. (2010) - Suiça + + Ø Ø Ø

Sola et al. (2010) - Noruega 6 meses

Ø 0 Ø Ø Ø

Sola et al. (2010) - Noruega 12 meses

Ø - Ø Ø Ø

Farris et al. (2011) - EUA 0 - - - Ø

Thivel et al. (2011) - França + - GE 0 GC

Ø Ø Ø

Regaieg et al. (2013) 0 GE + GC

- GE 0 GC

- GE 0 GC

- Ø

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85

Tabela 6. Comparação entre as variáveis da composição corporal feita através da média das mudanças ocorridas em

cada estudo.

-: diminuição (p<0,05); +:aumento (p<0,05); 0: alteração não significativa; |: não avaliada; ♂: meninos; ♀: meninas; *: não realizou análise estatistica inferencial.

Autor / Ano / País Peso (Kg) IMC (kg/m2) Cincunferência da

cintura (cm) Massa gorda (%)

Massa muscular (Kg)

Melo et al (2015) - Portugal - - 0 - +

DeRenne et al. (2008) - EUA + 0 Ø 0 Ø

Speroni et al. (2008) - EUA 0 * - * - * Ø Ø

Annesi et al. (2009) - EUA Ø - Ø Ø Ø

Nowicka et al. (2009) - Suécia Ø Ø Ø 0 Ø

Siegrist et al. (2013) - Alemanha 0 0 - Ø Ø

Wright et al. (2013) - EUA Ø - 0 Ø Ø

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86

5.2 Aptidão Física

A aptidão física é considerada um parâmetro que pode estar relacionado

com a saúde dos indivíduos.

Segundo Heroux et al. (2013), os níveis de aptidão cardiorrespiratória

apresentam uma correlação positiva com a quantidade de massa magra. No

entanto, quando investigada a relação da quantidade de massa gorda e a

aptidão cardio-respiratória, verifica-se a existência de uma correlação inversa.

Apenas um estudo encontrado utilizou como método a mesma bateria de

testes aplicada nos sujeitos da nossa pesquisa. Contudo iremos discutir os

testes de acordo com a componente da aptidão física que pretendeu avaliar.

Quanto a aptidão cardiorrespiratória relambramos que não foi possível

avaliar devido a dificuldade com espaço, bem como pela condição climática.

DeRenne et al. (2008), Faude et al. (2010), Sola et al. (2010) e Farris et

al. (2011) analisaram a diferença entre os momentos para cada um dos grupos.

Todas as pesquisas apresentavam apenas GE e encontraram uma

melhora (p<0,05) nos resultados da aptidão cardiorrespiratória para todos os

grupos. Apesar destes estudos relatarem melhora na aptidão

cardiorrespiratória, não podemos afirmar a veracidade na eficiência dos

programas de intervenção implementados devido a falta de GC, este seria um

grupo base utilizado para demonstrar o êxito da intervenção.

A pesquisa de Thivel et al. (2011) apresentou GE e GC. Para análise da

aptidão cardiorespiratória foram utilizados os testes de cicloergómetro e 20 m

shuttle run. No GE referiram nos resultados de ambos os testes uma melhora

(p<0,05) desta componente. No GC, verificou-se uma melhora da variável em

questão quando esta foi avaliada através do teste 20 m shuttle run e não foi

verificada qualquer diferença (p>0,05) quanto a análise realizada pelo teste de

cicloergómetro.

Annesi et al. (2009) com análise em relação ao valores de mudanças da

variável, relatou uma melhora na aptidão do GE, único presente no estudo. Não

foram encontrados outros estudos que avaliassem a componente em

discussão.

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87

Devido a falta de um grupo base para efetuar comparações com o GE,

não podemos afirmar que as modificações ocorridas foram devido a

participação dos sujeitos nos programas. Estudos demonstraram que as

modificações ocorridas na aptidão cardiorrespiratória podem aparecer a partir

de 4 semanas depois de iniciado o treinamento (Macpherson et al., 2011;

McRae et al., 2012), isto possivelmente poderia explicar os resultados

descritos.

Relativamente a componente agilidade, comparando os momentos para

cada um dos grupos, nossa investigação não encontrou qualquer diferença

(p>0,05) para o GE. No GC, houve um decréscimo significativo (p<0,05) no pós

em relação ao momento pré-intervenção.

A variável em questão foi avaliada pelos estudos de Faude et al. (2010)

e Sola et al. (2010), sendo descrito em seus resultados melhora significativa

(p<0,05). Ambos os estudos apresentavam apenas GE como amostra. Em

virtude da falta de uma amostra base para por em causa eficácia dos

programas, não podemos afirmar que as modificações relatadas nos estudos

citados se deu pela aplicação dos mesmos. Nenhum outro estudo avaliou o

item referido.

Quando nossa investigação analisou a média das mudanças para a

agilidade, não foram encontradas quaisquer diferenças entre os grupos.

Nenhum estudo realizou este tipo de análise.

A escassez de estudos com investigação voltada para a componente

agilidade e ainda a falta de GC não nos permite apontar que as diferenças

descritas foram devido a implementação dos programas de intervenção.

Para a componente coordenação, comparando os momentos para cada

um dos grupos, não encontramos quaisquer resultados significativos (p>0,05).

O estudo de Sola et al. (2010) foi o único que analisou a variável

mencionada. Realizando a mesma análise, a pesquisa encontrou uma melhora

(p<0,05) para a componente citada. As comparações ocorreram entre o antes e

12 meses após o ínicio do programa de intervenção, que apresentava 40

semanas de duração.

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D'Hondt et al. (2013) realizaram um estudo longitudinal que objetivou

analisar a existência de diferenças entre a coordenação motora de crianças

normoponderais e crianças com excesso de peso e / ou obesas. O estudo

concluiu que as crianças normoponderais apresentavam melhor desempenho

do que as demais crianças relativamente a esta componente.

Referente a compenente velocidade, em nosso estudo a expetativa de

que houvesse melhora (p<0,05) na comparação entre os momentos para o GE

se confirmou. O GC não foi avaliado.

Sola et al. (2010) foi o único estudo a avaliar a variável citada

anteriormente. O estudo apresentou apenas GE e os resultados da

comparação entre momentos relataram que houve uma melhora (p<0,05) na

componente velocidade. O resultado é semelhante ao que relatamos, porém,

não podemos concluir que essas modificações se deram exclusivamente

devido aos treinos implementados pelos programas de intervenção.

A componente força foi avaliada separadamente nos MMSS, tronco e

MMII.

Três estudos (McGuigan et al. (2009), Sola et al. (2010), Farris et al.

(2011)) avaliaram a força no MMSS. Todos os estudos incluindo o nosso,

apresentavam como amostra apenas GE. Os resultados de todas as pesquisas

inclusive a nossa, relataram que houve uma melhora (p<0,05) desta

componente. Não sabemos se a melhora está relacionada ao treinamento

realizado durante o programa de intervenção pois, como nenhum dos estudos

apresentou GC, não foi possível comparar os resultados do GE com uma

amostra base. Relembramos que em alguns testes de aptidão física da nossa

investigação, foram utilizados apenas os dados do GE uma vez que os dados

da sub-amostra do GC se encontravam demasiado reduzidos devido a uma

elevada ausência destes indivíduos no segundo momento da coleta.

Apenas os estudos de DeRenne et al. (2008) e Farris et al. (2011)

mediram a força do tronco, os resultados para o primeiro estudo não

apresentaram diferenças estatisticamente significativas, enquanto que no

segundo estudo citado houve uma melhora (p<0,05). Ambos apresentavam

apenas GE.

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89

Nenhum teste contido em nossa pesquisa foi direcionado para avaliar a

força do tronco isoladamente, esta lacuna parece existir em virtude da bateria

de testes selecionada, pois a mesma não possui um método dirigido para

avaliação desta componente em particular.

Na avaliação da força dos MMII, nossa pesquisa não encontrou

quaisquer resultados significativos (p>0,05) quando realizadas comparações

entre os momentos para o GE, único grupo com dados válidos. Os estudos de

McGuigan et al. (2009), Sola et al. (2010) e Faude et al. (2010) demonstraram

aumento significativo (p<0,05) para os GE, únicos grupos presentes nos

estudos referidos.

Relativamente aos resultados da avaliação da força dos MMII, os

estudos não apresentaram semelhanças com os resultados que descrevemos.

A escassez de estudos que avaliassem esta componente e a falta de GC para

confirmar que as modificações verificadas foram causadas pela aplicação dos

programas, pode ter gerado uma inconsistência nos resultados reportados.

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Tabela 7. Comparação entre as variáveis da aptidão física feita entre as médias dos momentos para cada estudo.

-: piora (p<0,05); +: melhora (p<0,05); 0: alteração não significativa; Ø: não avaliada; SV: salto vertical; SR: 20m shuttle run; TC: teste de cicloergómetro

Autor / Ano País

Aptidão cardiorespiratoria

Agilidade Coordenação Velocidade Força

MMSS Tronco MMII

Melo et al (2015) - Portugal Ø 0 GE + GC

0 + GE Ø GC

0 GE Ø GC

Ø 0 GE Ø GC

DeRenne et al. (2008) - EUA + Ø Ø Ø Ø 0 Ø

McGuigan et al. (2009) - Austrália Ø Ø Ø Ø + Ø +

Sgro et al. (2009) - Austrália 8ª semana

Ø

Ø

Ø Ø Ø Ø

0

Sgro et al. (2009) - Austrália 16ª semana

+ G24 (SV)

Sgro et al. (2009) - Austrália 24ª semana

0

Faude et al. (2010) - Suiça + + Ø Ø Ø Ø +

Sola et al. (2010) - Noruega (6 meses)

0 0 0 0 + Ø 0

Sola et al. (2010) - Noruega (12 meses)

+ + + + + Ø +

Farris et al. (2011) - EUA + Ø Ø Ø + + Ø

Thivel et al. (2011) - França

+ GE (SR, TC) + GC (SR) 0 GC (TC)

Ø Ø Ø Ø Ø Ø

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Tabela 8. Comparação entre as variáveis da aptidão física feita através da média das mudanças ocorridas em cada estudo.

Autor / Ano / País Aptidão

cardiorespiratoria Agilidade Coordenação Velocidade

Força

MMSS Tronco MMII

Melo et al (2015) - Portugal Ø 0 0 Ø Ø Ø 0

Annesi et al. (2009) - EUA + Ø Ø Ø Ø Ø Ø

-: piora (p<0,05); +: melhora (p<0,05); 0: alteração não significativa; Ø: não avaliada.

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92

5.3 Atividade Física Habitual

Reletivamente aos dados de AF habitual, a análise entre os momentos

para cada um dos grupos, revelouque houve um aumento no tempo em

minutos para a realização de AFMV. No GE não foi encontrada diferença

significativa (p>0,05). Nenhum estudo realizou este tipo de análise.

Quando realizadas comparações com os valores das médias das

mudanças, o GE apresentou um aumento (p<0,05) relativamente ao GC.

Wright et al. (2013) e Siegrist et al. (2013), ambos com GE e GC, apresentaram

aumento (p<0,05) e nenhuma diferença (p>0,05) para o GE relativamente ao

GC, respetivamente.

Podemos afirmar que a intervenção apresentou uma boa eficácia sobre

a média de minutos passados em AFMV.

Tabela 9. Comparações para a variável AF Habitual feita através das médias

das mudanças ocorridas para cada estudo.

Autor / Ano/ País Tempo total de AFMV MET´s

Melo et al (2015) - Portugal + Ø

Wright et al. (2013) - EUA + Ø

Siegrist et al. (2013) - Alemanha 0 Ø

+: melhora (p<0,05); 0: alteração não significativa; Ø: não avaliada.

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93

6 Limitações do estudo

O presente estudo foi desenhado de acordo com os objetivos

previamente delineados. Também os materiais e métodos empregues foram

escolhidos criteriosamente, conferindo assim um elevado nível de qualidade à

pesquisa efetuada. No entanto, devido a inúmeros fatores fora do nosso

controlo, deparamo-nos com limitações intransponíveis. Essas limitações serão

agora descritas.

A amostra reduzida é um dos fatores limitantes deste estudo. Devido a

várias restrições, tanto a nível logistico como a nível de população disponível

para recrutamento, não foi possível recrutar um número mais relevante de

crianças.

O estudo realizado utilizou apenas crianças do sexo masculino. Esta

seleção foi intencional e foi efetuada no sentido de controlar uma importante

variável confundente – o sexo - neste tipo de estudos. No entanto, estamos

cientes que esta restrição pode impossibilitar a extrapolação dos resultados

obtidos para a população pediátrica em geral.

O número de dados insuficientes em alguns dos parâmetros avaliados,

principalmente do GC, dificulta a interpretação dos resultados relativamente às

outras variáveis. Em alguns dos casos, como na acelerometria, o número de

dados válidos foi insuficente em alguns dos sujeitos. Já no caso dos testes de

aptidão física, cremos que a falta de envolvimento do GC dificultou a sua

integração no projeto, uma vez que não foi realizada qualquer intervenção com

este grupo.

Quanto à utilização de uma balança de bioimpedância para a avaliação

da composição corporal, estamos cientes das limitações deste método. Ainda

assim, a bioimpedância foi empregue devido ás suas qualidades já

reconhecidas, tais como: ser um método relativamente rápido para a avaliação

da composição corporal, não evasivo, de baixo custo, e com bastantes

facilidades lógisticas.

Por último, consideramos que teria sido de fato importante, levar a cabo

algum controlo da ingestão alimentar e do estádio maturacional dos sujeitos

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envolvidos. Isto porque os dados relativos á composição corporal podem ser

influenciados não só pelos níveis do dispêndio energético, mas também pelos

níveis e qualidade do aporte energético. Quanto ao estádio de maturação, o

intervalo de idades da amostra foi selecionado de forma a excluir as crianças

que se encontravam próximas do salto pubertário, e consequentemente, do

pico de crescimento. Ainda assim, reconhecemos que possa existir uma

variabilidade considerável no estádio maturacional para o intervalo de idades

considerado. Pensamos que a maturação, seja ela avaliada em qualquer uma

das suas vertentes, possa também exercer alguma influência nos níveis de

aptidão física, composição corporal, e até de atividade física habitual das

crianças avaliadas.

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Conclusões

O trabalho por nós realizado vem acrescentar dados relevantes para

uma melhor compreensão da problemática do excesso de peso em populações

pediátricas. Os indicadores utilizados para analisar o sucesso da intervenção

estão direta ou indiretamente ligados à saúde dos sujeitos. Como tal, para

avaliar o possivel efeito de uma intervenção na saúde, presente e futura, dos

sujeitos, devemos analisar os diversos parâmetros de forma conjunta. Esta

análise integrada das variáveis da composição corporal, aptidão física e

atividade física habitual, possibilita perceber se intervenções deste género

afetam positivamente a saúde e os estilos de vida das crianças. Para além

disso, é ainda possivel observar qual a magnitude dessa influência.

Neste estudo deve também ser salientada a utilização de medidas

objetivas para a mensuração de diversos parâmetros analisados, sendo dessa

forma possivel uma avaliação mais precisa dos efeitos da intervenção.

Correspondendo aos objetivos propostos inicalmente para a realização

deste projeto, podemos concluir o seguinte:

- Relativamente aos dados obtidos nas componentes da composição

corporal, verificou-se que o peso, o IMC e o percentual de gorda diminuiram

significativamente no GE relativamente ao GC. Comparando os momentos de

pré e pós-intervenção para cada grupo, concluímos que o peso, a altura e o

percentual de massa gorda aumentaram significativamente no GC. Já no GE

houve diminuição significativa do percentual de massa gorda, aumento da

estatura e da quantidade de massa muscular. O IMC apresentou diminuição

estatisticamente significativa em ambos os grupos.

- Quanto aos parâmetros de aptidão física, nenhum dos grupos apresentou

mudanças significativamente diferentes do outro. Quanto às comparações

entre o pré e o pós-intervenção, observamos que no teste 20m shuttle run

houve um aumento significativo no tempo de realização do teste para GC. No

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GE verificou-se uma melhora significativa para os testes de lançamento

de medicine ball e 20 m de velocidade.

- Na componente da AF habitual verificamos que o GE aumentou

significativamente o tempo dedicado a realização de AFMV, comparativamente

ao GC. No momento pré intervenção apenas o GC cumpria as recomendações

da WHO. No momento pós-intervenção, ambos os grupos mostraram cumprir

as recomendações descritas.

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Capítulo 4

Conclusões Gerais

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Conclusões Gerais

Relativamente a revisão sistemática, no geral os etudos apresentaram

efeito positivo dos programas sobre a variável IMC. Não foi possível afirmar

que os programas exerceram efeitos sobre a variável perímetro da cintura, uma

vez que a maioria dos estudos com análise deste paramentro não

apresentaram qualquer modificação relevante. Quanto ao percentual de massa

gorda os estudos mostraram exercer um baixo efeito, mas não podemos

concluir assertivamente, uma vez que alguns estudos não apresentam GC.

Nenhum estudo analisou a quantidade de massa muscular.

Em nossa investigação verificamos que o peso, o IMC e o percentual de

gorda diminuiram significativamente no GE relativamente ao GC. Também no

GE houve diminuição significativa do percentual de massa gorda, aumento da

estatura e da quantidade de massa muscular. O IMC apresentou diminuição

estatisticamente significativa em ambos os grupos.

No artigo de revisão, relativamente aos testes de aptidão física, foi

possível verificar uma melhora geral para os testes de cada componente da

aptidão física (aptidão cardiorespiratoria, agilidade, coordenação, velocidade e

força).

Quanto aos parâmetros de aptidão física para o nosso estudo, nenhum

dos grupos apresentou mudanças significativamente diferentes do outro.

Quanto às comparações entre o pré e o pós-intervenção, observamos que no

teste 20m shuttle run houve um aumento significativo no tempo de realização

do teste para GC. No GE verificou-se uma melhora significativa para os testes

de lançamento de medicine ball e 20m de velocidade.

Os resultados da AF habitual descritos no artigo de revisão

apresentaram-se coerentes, mostrando que houve aumento no tempo dedicado

a AF e AFMV nos GE.

A nossa investigação verificou que o GE aumentou significativamente o

tempo dedicado a realização de AFMV, comparativamente ao GC. No

momento pré intervenção apenas o GC cumpria as recomendações da WHO.

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No momento pós-intervenção, ambos os grupos mostraram cumprir as

recomendações ja descritas.

Estudos longitudinais de elevada qualidade são necessários para que

possamos compreender melhor o papel dos programas de intervenção sobre

indicadores da aptidão física e AF habitual. Também é de fundamental

importância compreender como as variáveis envolvidas contribuem para a

eficácia da intervenção. Nomeadamente, a intensidade, volume e frequência

dos exercícios necessários e a sua influência na magnitude do objetivo

pretendido. Estando o sucesso das intervenções dependente destes fatores,

torna-se relevante perceber como estes interagem entre si, e em que medida o

fazem.

O trabalho por nós realizado vem acrescentar dados relevantes para

uma melhor compreensão da problemática do excesso de peso em populações

pediátricas. Os indicadores avaliados para analisar o sucesso da intervenção

estão direta ou indiretamente ligados à saúde dos sujeitos. Como tal, para

avaliar o possivel efeito de uma intervenção na saúde dos sujeitos, devemos

analisar os diversos parâmetros de forma conjunta. Esta análise integrada das

variáveis da aptidão física e AF habitual, possibilita perceber se intervenções

deste género afetam positivamente a saúde e os estilos de vida das crianças.

Para além disso, é ainda possivel observar qual a magnitude dessa

influência.

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Apêndices

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Apêndice 1. Valores decritivos e comparativos entre os momentos para cada grupo e entre grupos e os respetivos valores

estatísticos.

a: Paired Sample t-test; b: Independet t-test; c: Wilcoxon; d: Mann-whitney U; *: diferença estatiscamente significativa (p<0,05); seg: segundos; min:minutos;

Grupo experimental Grupo Controlo Entre grupos

Variável Pré Pós Pré Pós Pré Pós

Média ± D.P. Média ± D.P. p Média ± D.P. Média ± D.P. p p p

Idade (anos) 8,1 ± 0,80 8,5 ± 0,82 0,000* c 9,2, ± 1,03 9,5 ± 1,03 0,000*

c 0,001*

d 0,001*

d

Peso (Kg) 39,6 ± 6,90 39,1 ± 6,55 0,147 c 42,5 ± 8,91 43,0 ± 8,95 0,010*

c 0,187

d 0,060

d

Altura (cm) 134,6 ± 7,45 135,7 ± 7,52 0,000* a 137,4 ± 8,80 138,9 ± 8,88 0,000*

a 0,351

b 0,294

b

IMC (Kg/m2) 21,8 ± 1,97 21,2 ± 1,88 0,002*

c 22,3 ± 3,07 22,1 ± 2,94 0,046*

c 0,722

d 0,286

d

Perímetro da cintura (cm) 73,9 ± 6,89 72,7 ± 6,43 0,115 a 76,3 ± 6,41 76,5 ± 6,44 0,571

a 0,343

b 0,127

b

Massa Gorda (%) 33,3 ± 5,09 31,2 ± 5,78 0,002* a 32,6 ± 5,62 33,7 ± 5,46 0,006*

a 0,710

b 0,227

b

Massa Muscular (kg) 13,5 ± 2,38 13,9 ± 2,41 0,016* a 14,9 ± 2,57 14,9 ± 2,33 0,934

a 0,152

b 0,269

b

Shuttle run (10 x 5 metros) (seg)

23,1 ± 2,82 22,9 ± 2,87 0,535 c 23,2 ± 3,17 23,7 ± 3,42 0,027

c 0,801

d 0,402

d

7 metros de saltos com pé coxinho (seg)

3,4 ± 0,42 3,2 ± 0,54 0,365 a 3,3 ± 0,63 3,3 ± 0,57 0,151

a 0,533

b 0,723

b

7 metros de saltos com pés juntos (seg)

3,6 ± 0,51 3,5 ± 0,70 0,616 a 3,6 ± 0,50 3,6 ± 0,51 0,700

a 0,481

b 0,992

b

Lançamento Medicine ball (cm)

377,3 ± 91,49 410,1 ± 118,86 0,020* a - - - - -

Salto em comprimento sem corrida preparatória (cm)

102,1 ± 19,1 106,2 ± 16,4 0,256 c - - - - -

20 metros de velocidade (seg)

4,7 ± 0,45 4,4 ± 0,44 0,005* a - - - - -

Atividade Física Habitual Todos os dias da semana

(min) 49,25 ± 11,53 62,39 ± 11,52 0,001*

a 67,62 ± 6,79

58,76 ± 14,06

0,031* a 0,000*

b 0,505

b

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Page 143: Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da ......IV Melo, J. C. M. (2015). Efeitos de um programa de intervenção sobre indicadores da aptidão física e atividade

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Apêndice 2. Dados descritivos e comparativos entre as mudanças ocorridas em cada grupo nas variáveis composição

corporal, aptidão fisica e AF habitual.

a: Independet t-test; b:diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p<0,05).

Variável

Grupo experimental (n=17) Grupo Controlo (n=13) Entre grupos

Média ± D.P. Média ± D.P. p

Peso (Kg) - 0,51 ± 1,11 0,52 ± 0,53 b 0,003*

a

Altura (cm) 1,09 ± 0,57 1,48 ± 0,44 0,051 a

IMC (Kg/m2) - 0,60 ± 0,64 - 0,21 ± 0,30

b 0,037*

a

Circunferência da cintura (cm) - 1,20 ± 2,97 0,15 ± 0,91 0,093 a

Percentual de massa gorda (%) - 2,17 ± 2,41 1,13 ± 1,24 b

0,000* a

Massa Muscular (Kg) 0,36 ± 0,56 0,02 ± 0,66 0,126 a

Shuttle run (10 x 5 metros) (seg) - 0,23 ± 2,32 0,38 ± 0,69 0,292 a

Teste de saltos com pé coxinho (7 metros) (seg) - 0,14 ± 0,60 0,07 ± 0,14 0,207 a

Teste de saltos com pés juntos (7 metros) (seg) -0,12 ± 0,95 0,00 ± 0,14 0,576 a

Teste de salto em comprimento sem corrida preparatória (cm)

4,06 ± 13,37 - -

Teste de velocidade de 20 m (seg) -0,29 ± 0,37 - -

Teste de Lançamento Medicine ball (cm) 32,76 ± 52,23 - -

Atividade Física Habitual - Todos os dias da semana (min)

13,99 ± 13,74 -8,86 ± 9,30 b

(n=8) 0,001* a