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Cascavel, sexta-feira, 4 de outubro de 2019 - Ano XXIII - Nº 2217

EditorialO risco do financiamento em dólares no Fonplata é seme-

lhante ao do PDI/BID. A moeda americana flutua freneticamen-te diante da pira política nacional, onde os próprios governantes são fatores permanentes de instabilidade. Quando Edgar con-tratou com o BID em dezembro de 2013, um dólar valia R$ 2,37. Hoje, vale R$ 4,17. Essa variação trouxe a dívida da Prefeitura com o BID de R$ 132 milhões para R$ 232 milhões, uma variação de R$ 100 milhões. Tomamos bomba no BID, vamos tomar de La Paz também? Ou o dólar chegou ao teto? 2020 já começou...

“Rio” de piche, interligação de ciclovias, a nova Carlos Gomes, revitalização da Avenida Brasil/Oeste: o pacote multimilionário do Paço divulgado a 12 meses das urnas de 2020

Os “fingers” para o aeroporto de Cascavel: voo do 20 para 2020; até o momento, com poucas turbulências

R$ 200 milhões para o 20

O prefeito Leonaldo Para-nhos prepara um mega-pacote de obras para o último ano do man-dato. Se tudo correr dentro do es-perado, haverá pelo menos R$ 200 milhões de investimento.

São cerca de R$ 160 milhões do Fundo Financeiro para o De-senvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata), financiamento inter-nacional em fase de aprovação, uma espécie de PDI 2. Há outros R$ 30 milhões do Paraná Urbano (governo do Estado). Somam-se a isso convênios com a União e Itai-pu para o montante chegar a um quinto de bilhão.

E o que o 20 (número do parti-do do prefeito) prepara para 2020? As informações somente serão di-vulgadas oficialmente na próxima terça-feira, porém o Pitoco pros-pectou extraoficialmente o destino da dinheirama pré-eleitoral.

R$ 30 milhões do Paraná Ur-

bano são para um “rio de piche”. Com a demanda por pavimentação quase zerada, chegou o momento da restauração. As principais vias da cidade serão “recapeadas”.

O dinheiro de Itaipu vem para os fingers, equipamentos que li-gam o terminal de embarque ao avião para facilitar a entrada e sa-ída dos passageiros.

Mas essa grana toda se trans-

forma em pó perto do que está por vir de La Paz, a capital boliviana. Na terra de Evo Morales está se-diado o Fonplata, organismo que poderá aportar 40 milhões de dó-lares em Cascavel, caso não haja óbice em Brasília.

Na comparação com o PDI/BID, da era edgariana, o Fonplata oferece uma carência maior e exige menos contraparte do município: 20%, contra 50% do BID.

Os R$ 160 milhões (ao câmbio de hoje) farão um parque ambien-tal no Santa Felicidade, segunda etapa dos parques Morumbi e San-ta Cruz, integração das ciclovias com ampliação para a região do Lago, alargamento e revitalização da Avenida Brasil, da confluência da rua JK até a Tito Muffato.

Caberá ao financiamento tam-bém dar um jeito na Carlos Go-mes, espécie de patinho feio entre as principais ligações da cidade. Estão previstos recursos para du-plicar o “Viaduto Carelli” e suprir uma terceira faixa na via, elimi-nando o canteiro central.

Um estudo poderá determinar também que durante um período do dia a Carlos Gomes terá fluxo em um sentido, e em outro perío-do no sentido oposto, sempre con-forme as demandas determinadas em grande medida pelo acesso à Unioeste.

A utopia do prefeito era produ-zir um elevado, saindo da região do cemitério sobre a Carlos Gomes até depois do viaduto, mas talvez o fundo boliviano seja insuficiente para tal ambição.

Certo mesmo é que haverá um derrame de dinheiro no ano ree-leitoral. Se isso será o suficiente para credenciar o 20 para além de 2020, caberá ao eleitor definir da-qui a exatamente um ano.

02 l pitoco@pitoco.com.br

ECONOMIA

4 de outubro de 2019

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Praticamente um em cada três dólares que entraram em Cascavel pelas exportações do município entre janeiro e agosto deste ano, vieram da nova superpotência mundial, a China.

No período, as exportações do município de Cascavel renderam US$ 343,9 milhões, o equivalente a R$ 1,4 bilhão, crescimento de ex-pressivos 45,19% em comparação com igual período do ano passado.

O curioso é o perfil dos clien-

tes do agronegócio conservador e anti-comunista de Cascavel. Eles, os clientes, são majoritariamente

Nossos vermelhos clientesComunistas injetam milhões de dólares em Cascavel. Município exportou mais de R$ 1,4 bi para 50 países entre janeiro e agosto

Jairo Eduardo / Heinz Schmidt vermelhos. Além da ditadura chi-nesa, destino de 31% das expor-tações cascavelenses, Cuba é um relevante cliente do chapeludo local. O aqui enxovalhado regime castrista injetou R$ 28,5 milhões (ou US$ 6,86 milhões) na econo-mia cascavelense, ao passo que os EUA, o idolatrado grande irmão do Norte, representam apenas 0,3% da pauta de exportação da cidade.

Mais de 50 países recebem produtos “made in Cascavel”. Nossos melhores clientes, pela ordem, são China, Arábia Saudita, Paraguai, Alemanha e Uruguai. Os vermelhos da Ásia, cuja revolução comunista completou 70 anos no dia 1o de outubro com direito a

um desfile militar que fez tremer o planeta, compraram nas prate-leiras do agronegócio cascavelense R$ 434 milhões (ou US$ 105,99 milhões).

Em outras palavras, o cama-rada Xi Jinping mandou para cá R$ 1,8 milhão por dia. É cliente para ser recebido no mais sofis-ticado convescote do Show Rural Coopavel, ou nos salões elegantes do Tuiuti com tapete vermelho e tilintar de taças finas.

Talvez em razão do pragmatis-mo com o bom cliente dos olhos puxados, não foram vistas por aqui, até agora, manifestações de gente com a camiseta da CBF em apoio à população de Hong Kong que, “armada” com guarda-chuvas contra a ditadura comunista, im-plora por democracia.

4 de outubro de 2019 pitoco@pitoco.com.br l 03

ECONOMIA

Contas no azull A pauta de exportações de Cascavel é

bem previsível, com destaque para o setor de carnes - aves, suínos e bovinos à frente. 70% das exportações estão na proteína animal.l No período estudado o município im-

portou o equivalente a US$ 139,9 milhões. Pesa nesse número a importação de adubos. Se fossemos um país, o saldo da balança comercial seria superavitária em US$ 204 milhões.l No ranking dos municípios paranaen-

ses que mais exportam, Cascavel ocupa até aqui a 8ª posição. Toledo está na 7ª, ligeira-mente à nossa frente.l As exportações do Paraná como um

todo (que além produtos básicos também incluem produtos manufaturados e semima-nufaturados) somaram US$ 10,69 bilhões no período janeiro/agosto. Queda de 13,42% em relação a idêntico período de 2018.l As informações foram obtidas no por-

tal do Ministério da Economia, do super--ministro Paulo Guedes, um liberal que não se acanharia em dar um beijo na testa do Xi Jinping, caso isso não fosse entendi-do na China como eventual desrespeito ao todo-poderoso herdeiro de Mao Zedong.

70 anos de revolução comunista na China: o camarada Xi Jinping preside um impressio-nante desfile militar, com direito a ogivas nucleares, cujas ima-gens viralizaram na mídia internacional

Foi malO áudio de Leonaldo

Paranhos supostamente em um banho não é a pri-meira barbeiragem dele no zap-zap. Outro dia o prefeito gravou duras críticas a uma jornalista de Cascavel, quei-xando-se de uma reporta-gem. E, no intuito de enviar o áudio para sua equipe de comunicação, acabou en-viando para a própria auto-ra do texto. Entre mortos e feridos, todos sobreviveram.

4 de outubro de 2019 04 l pitoco@pitoco.com.br

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UMAS & OUTRAS

Holerites da Unioestel Andam quentes os basti-

dores da disputa pela reitoria da Unioeste. Uma acusação é bas-tante recorrente: de que fulano ou beltrano está prospectando votos ofertando gordas gratificações e cargos ao eleitorado.l O que não se pode dizer, pelo

menos matematicamente, é que os três candidatos buscam a cadeira do Cascá pelo salário do magnífi-co, hoje em R$ 28 mil.l Os três concorrentes ganham

acima de R$ 20 mil. Wilson Zo-nin, candidato marcadamente de oposição, tem os proventos mais modestos, embora carregue no currículo o título de professor dou-tor: R$ 21,8 mil.l Os outros dois concorrentes

apresentam um “empate técnico” em seus holerites. Alexandre Webber recebe R$ 27,4 mil men-sais, contra R$ 27,6 do terceiro candidato, Edison Luiz Leis-mann.

Ele falou“Num dos momentos de dor aguda, de ira

cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha. Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”.

(Rodrigo Janot, ex-procurador da República, relatando por que não puxou o gatilho a dois metros da vitima, Gilmar Mendes, ministro do STF)

UMA PERGUNTA:Pitoco – Janot cometeu um crime ao revelar que pretendia ma-

tar o ministro do Supremo?Lauri Silva (advogado criminalista) – Pensar e desejar é crime?

Crime é fato típico antijurídico e culpável! Portanto, se não hou-ver previsão legal não é considerado crime. O ato de vontade não é punível, logo Janot é inocente. Se vontade fosse criminalizada, a mente humana estaria condenada à prisão perpétua.

Um por vezl Há exatos 12 meses das ur-

nas, os principais pré-candidatos a prefeito refluíram, recuaram para o interior de suas trincheiras e só devem colocar o pescoço para fora novamente no próximo ano.l Antes da operação bico fe-

chado, gente próxima à virtual campanha de Edgar Bueno jura ter ouvido algo pronto na estraté-gia: o adversário a ser batido no primeiro turno é Marcio Pache-co, para quem irão sobrar todas as bordoadas.l O time buenista julga que

Paranhos estará em um even-tual segundo turno em qualquer circunstância. Então as caneladas nele ficam guardadas para o se-gundo tempo do jogo.

quilômetros é a extensão da malha viária rural pavi-mentada em To-

ledo. Cascavel começou agora o asfaltamento de seus primeiros 25 quilômetro, ainda assim com uma mãozona de Itaipu.

O NÚMERO

AgendaTradicional loja de equi-

pamentos de proteção in-dividual, a Martinhago e Cia. está em novo endereço: rua Erechim 1711.

4 de outubro de 2019 pitoco@pitoco.com.br l 05

Headhunter, fit cultural... você está familiarizado com essas pa-lavras? Então poderá se inscrever para participar do processo seleti-vo do partido Novo e almejar aque-la cadeira estofada no 3º andar do Paço Municipal.

A sigla abriu o terceiro edital para avaliação de postulantes à condição de pré-candidatos a pre-feito de Cascavel. A inscrição pode ser feita até 31 de outubro e é gra-tuita. Porém, se o candidato for pré-selecionado, irá pagar R$ 2 mil para participar da seleção em si, um rigoroso funil que avalia o pre-paro do postulante para a disputa.

Entre os requisitos do processo seletivo estão: atender regras da lei da ficha limpa, conhecimento do estatuto da sigla e termos de compromisso de gestão. Para se

ELEIÇÕES 2020 / CASCAVEL

Desafio conceitualPartido Novo prospecta candidato a prefeito utilizando ferramentas do mundo corporativo

candidatar a prefeito pelo Novo também é preciso comprovar ex-periência mínima de oito anos de gestão no setor público ou privado.

Também são exigidos reconhe-cimento e reputação perante a co-munidade, liderança, capacidade de comunicação, espírito empre-endedor, aptidão para trabalho em equipe e raciocínio estratégico.

R$ 4 MIL NAS CAPITAISPara participar do processo se-

letivo nas capitais a conta é maior: o pré-candidato paga R$ 4 mil e não terá o valor devolvido, caso seja reprovado.

Estranho, não? Muito estra-nho para os padrões de seleção de candidatos no universo parti-dário brasileiro. Em regra, nas si-glas convencionais, não há seleção

nenhuma. Ao contrário, busca-se candidatos “a laço” para completar chapas proporcionais. As taxas pa-gam os profissionais contratados para o headhunter, como é co-nhecido o processo que prospecta talentos qualificados para o alto escalão de grandes empresas. Uma empresa especializada na identi-ficação de talentos foi contratada para atender o Novo nas capitais.

Também emprestada do glos-sário empresarial, a expressão fit cultural é a ferramenta utilizada para avaliar a aderência do can-didato aos valores do partido. Fit cultural pode ser traduzido como a maneira como alguém se alinha a um conjunto de ideias e valores.

Na “peneira” do partido Novo, os candidatos fazem uma prova com questões versando sobre pre-feituras e Direito Constitucional. Em seguida há uma análise de desenvoltura política, seguida de entrevistas que podem durar mais de três horas. Também os candi-datos à vereança pelo Novo terão que passar pelo processo seletivo.

“GESTÃO DE SI”Cobrar dos candidatos é um

processo excludente, que eliti-za a nominata? João Amoedo (foto), um dos fundadores do Novo, opinou a respeito para o jornal “O Globo”: “Pessoas com talento para a administração pública dispõem das quantias e, caso contrário, estão aptas a arrecadá-las. É difícil imaginar que alguém com competência para ser prefeito de uma gran-de cidade não tenha R$ 4 mil. Espera-se experiência de vida e gestão de si próprio”, justifica Amoedo, acrescentando que o dinheiro recolhido paga custos da seleção, uma vez que a sigla recusa o fundo partidário e fun-dão eleitoral.

4 de outubro de 2019 06 l pitoco@pitoco.com.br

ÚLTIMA PÁGINA

Desarmaram a políciaSubtraíram a pistola-radar, o instrumento de trabalho da PRF. De todas as leis do gênero, essa foi a pior porque mata crianças

45 3038-2255nutricard.com.brO seu cartão de benefícios.

Muitos de nós nos empolga-mos quando percebemos – no processo eleitoral do ano passado - a possibilidade de utilizar a “le-gítima defesa”. Era gente fazendo arminhas com as mãos para cá e para lá. As mãozinhas em armas pululavam de zap em zap. Estáva-mos exultantes, embora aquilo às vezes parecesse confrontar com o que a gente ouviu a vida inteira das autoridades de segurança pública. O que diziam e repetiam em mi-lhares de entrevistas e palestras? “Diante de assalto à mão armada, não reaja”.

Bem, mas as arminhas com as mãos nos davam uma sensação de segurança que tanto precisávamos. E mais ainda, a possibilidade de encher de chumbo os bandidos e fazer justiça com as próprias mãos, conforme víamos em vídeos nos quais os ladrões era fuzilados por heróis anônimos.

Independente de você ser um armamentista ou não, precisa-mos concordar que soou estranho quando desarmaram nossos poli-ciais rodoviários federais. Subtra-íram a pistola, o instrumento de trabalho da Polícia Rodoviária Federal. A pistola-radar.

Desarmado, o policial não pode conter o assassino do volan-te. E há tantos soltos por todas as rodovias brasileiras, que dá medo. De todas as leis de desarmamento, essa foi a pior. Pois expõe as famí-

lias, principalmente as crianças. Não custa repetir: a maior causa de morte na faixa etária entre 0 e 14 anos é “acidente” de trânsito.Três crianças morrem por dia no trânsito brasileiro, 105 vidas de an-jinhos ceifadas em um mês, segun-da informa o Sistema Datasus.

O desarmamento da PRF par-tiu de um raciocínio raso, porém forte em parte do eleitorado: de que o fiscal não pode fiscalizar. Porque se o fiscal fiscalizar, ele poderá multar o infrator. E pre-servar o bolso e a CNH dos infra-tores é mais importante que a vida da criança inocente que viaja no banco de trás.

Fala-se da indústria de multas. Não se fala da indústria de infra-ções que mata crianças em série. Agora somente o bandido anda armado. A arma dele é o volante. E todos nós fomos desarmados junto com a subtração da pistola das mãos do policial rodoviário.

Quantas crianças terão que morrer para entendermos que de-vemos devolver a pistola à PRF?