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CASE Materiais de Construção I

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Estudo de caso sobre corrosão de postes em áreas litorâneas.

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  • SINOPSE DO CASE: CORROSO EM POSTES DE CONCRETO EM

    REGIES LITORNEAS.1

    Carlos Alberto Ferreira da Silva Junior e Danilo Silva Garcez

    2

    Vito A. Alencar 3

    1. DESCRIO DO CASO

    A distribuidora de energia eltrica do estado do Maranho est elaborando seu

    planejamento de manuteno de postes para a cidade de So Lus, mais especificamente para

    a regio litornea. A S.A.V. a empresa vencedora da licitao para avaliao nas falhas

    existentes nestes elementos de concreto localizados na regio litornea. Esta empresa tem boa

    experincia neste tipo de avaliao em outras cidades e, ao se estabelecer em So Lus,

    contratou voc para realizar a identificao dos problemas patolgicos existentes.

    Assim, sua funo ser realizar vistoria em, pelo menos, 15 postes com sinais de

    patologia e que estejam localizados a, no mximo, 400 metros da praia. As vistorias podem

    ser realizadas em postes cilndricos, como tambm em postes do tipo duplo T.

    Voc dever realizar a inspeo dos postes, utilizando o formulrio anexo, e

    preparar um relatrio onde devem ser respondidas as questes abaixo. De cada poste

    inspecionado, devero ser apresentados no mnimo 3 fotos: uma mostrando o tag, e outras

    duas onde possa se ver claramente a presena da patologia.

    2. OBJETIVOS

    Desenvolver a capacidade de avaliar patologias em concreto a partir de vistorias

    baseadas em normas, avaliando a influncia das propriedades do material escolhido, bem

    1 Case apresentado disciplina Materiais de Construo I, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - UNDB.

    2 Alunos do 5 Perodo, do Curso de Engenharia Civil, da UNDB.

    3 Professor especialista, orientador.

  • como utilizar o conhecimento tcnico em materiais de construo como ferramenta na tomada

    de deciso.

    3. ANLISE E DISCURSO DA PROBLEMTICA

    Empresas de distribuio de energia eltrica sofrem constantemente com prejuzos

    com a degradao dos postes dos postes de concreto, segundo informaes levantadas, essa

    problemtica de escala global. Com base nessa problemtica fora recebida a proposta para

    avaliao nas falhas existentes nos elementos do concreto dos postes localizados na Avenida

    Litornea, So Lus-Ma. Dessa forma, fora realizado a inspeo dos postes com auxilio do

    preenchimento de formulrio e apresentao de relatrio.

    Para solucionar um faz-se necessrio entende-lo. Assim, pesquisaram-se

    informaes sobre a degradao dos materiais que constituem os postes referenciados. Os

    postes inspecionados so constitudos por concreto armado que cuja NBR 6118/03 da ABNT

    estabelece como Elementos de Concreto Armado, aqueles cujo comportamento estrutural

    depende da aderncia entre concreto e armadura, e nos quais no se aplicam alongamentos

    iniciais das armaduras antes da materializao dessa aderncia.

    Assim, conhecem-se os elementos que esto sujeitos degradao, concreto

    simples mais armaduras de ao. Dessa forma autores como HELENE (1993) definem que a

    principal manifestao patolgica em estruturas de concreto armado a corroso de

    armaduras.

    O conceito de corroso semelhante a diversos autores. Para BAUER (2010)

    corroso a transformao no intencional de um metal, a partir de suas superfcies expostas,

    em compostos no aderentes, solveis ou dispersveis no ambiente em que o metal se

    encontra.

    Ainda segundo BAUER (2010), existe dois tipos de corroso, a corroso qumica

    e a eletroqumica e so definidas por ele da seguinte forma.

    Seja um metal exposto ao ar. Conforme o metal e a temperatura, pode ocorrer que o

    metal perca eltrons, transformando-se em cationte: M e = M+; esses eltrons so

    perdidos em favor do oxignio, que se transforma em anionte: O + e = O-. Antes da

    reao, o metal e o oxignio no reagiam; agora a reao imediata, porque o O- e

  • M+ se combinam, formando xidos.

    A corroso eletroqumica um fenmeno da mesma natureza do que se processa nas

    pilhas. Consiste num movimento de eletricidade entre reas de potencial eltrico

    diferente, sempre que exista um meio condutor externo e um contato (curto-circuito)

    interno. A soluo condutora externa pode ser a prpria umidade atmosfrica, de

    modo que quase impossvel elimina-la.

    Em regies martimas como a Avenida Litornea os agentes agressivos que

    promovem a corroso so mais intensos. A NBR 6118/03 define agressividade do ambiente

    como, a agressividade do meio ambiente est relacionada s aes fsicas e qumicas que

    atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das aes mecnicas, das variaes

    volumtricas de origem trmica, da retrao hidrulica e outras previstas no dimensionamento

    das estruturas de concreto. Conforme isso, a norma estabelece a classe de agressividade

    ambiental de acordo com o Quadro 1 a seguir.

    Segundo informao da Associao Brasileira de Cimento Portland (ABCP) para

    ter-se garantia da durabilidade de uma estrutura de concreto de uma determinada edificao

    somente ser atingida se certas premissas ligadas s caractersticas do concreto, do projeto e

    execuo e interao com o meio ambiente forem cumpridas. So elas:

    Concreto bem projetado estruturalmente, com isso, siga as prescries da NBR 6118

    Projeto de estruturas de concreto.

    Concreto como material tecnologicamente adequado, nesse contexto, siga as prescries

    da NBR12655 Preparo, controle e recebimento.

    Quadro 1- Classe de agressividade ambiental. NBR 6118/03, Tabela- 6.1

  • Concreto bem aplicado, dessa forma, siga as prescries da NBR14931-Execuo de

    estruturas de concreto.

    Com base na interpretao da NBR 6118/03 da ABNT define-se que a classe de

    agressividade do ambiente a qual a Avenida Litornea, pertence classe IV- Muito forte. So

    esses graus de agressividade que iro determinar qual a classe de concreto que o engenheiro

    projetista deve especificar, assim, pode-se determinar a relao gua/cimento que deve ser

    utilizada na estrutura de concreto, neste caso os postes. Essa relao A/C estabelecida por

    pela NBR 6118/03 da ABNT, segue o Quadro 2 com a correspondncia entre classe de

    agressividade e qualidade do concreto.

    Outro fator que a NBR 6118/03 da ABNT traz o cobrimento das armaduras,

    sobre isso ela precisa, ao especificar diferentes cobrimento mnimos para cada classe de

    agressividade. Isso se deve pelo fato que a alcalinidade das solues dos poros do concreto

    um protetor natural das armaduras, certificando a proteo contra a ferrugem por oxidao ou

    por ataque de cloretos.

    O concreto perde sua proteo s armaduras quando acontece um fenmeno

    chamado de carbonatao. Esse fenmeno consiste em abaixamento do pH da soluo dos

    poros do concreto ou quando atacado por cloretos, mesmo sem abaixamento do pH. Por

    consequncia a ferrugem decorrente da oxidao expansiva, mas existe perda de seo da

    armadura, ocorre o mesmo com o ataque dos cloretos, entretanto, existe a formao do cloreto

    de ferro expansivo.

    O quadro a seguir mostra os cobrimentos mnimos para evitar a corroso das

    armaduras de acordo com a classe de agressividade, ele fora retirado da NBR 6118/03 da

    Quadro 2 - Correspondncia entre classe de agressividade e qualidade do concreto.

    NBR 6118/03, Tabela- 7.1

  • ABNT. Dessa forma, com esse terceiro quadro tem-se informao de como construir em reas

    de ambiente com elevada agressividade, como na Avenida Litornea (agressividade IV), que a

    vida til das obras e dos postes ser maior, evitando a corroso da estrutura do concreto

    armado.

    Com base nessa reviso bibliogrfica e na coleta de dados, informaes sobre as

    patologias que atingem os postes da Avenida Litornea, sero expressos os resultados e

    discurses. A coleta de dados fora realizada com o preenchimento da Tabela Formulrio de

    Inspeo de Campo, que tem as caractersticas que os postes apresentam, bem como, a sua

    localizao e o seu registro (TAG); e por registros visuais atravs de imagens que apresentam

    as patologias e o registro. Nesse contexto, existem perguntas pertinentes que sero debatidas a

    seguir.

    Segundo BAUER (2008), existe trs sintomas principais de deteriorao de uma

    obra em concreto armado so as fissuras, a disgregao e a desagregao. Durante a inspeo

    dos postes da Avenida Litornea foram constatadas essas trs principais patologias citadas

    mais a elevadas porosidades superficial. Apesar de serem conceitos diferentes estima-se que

    esto correlacionados com a agressividade do ambiente em que os postes se encontram.

    As fissuras so provocadas pela corroso da armadura e penetrao de agentes

    agressivos externos, no concreto. J o concreto disgregado apresenta as caractersticas de

    origem, mas fora ocasionado por no ser capaz de suportar os esforos anormais que atuaram

    sobre ele, que por sua vez com a corroso da armadura a resistncia mecnica dos postes

    diminuda.

    Quadro 3 - Correspondncia entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal para c = 10 m. NBR 6118/03, Tabela 7.2

  • A desagregao uma patologia de natureza qumica, acontece pela carbonatao

    e pela corroso da armadura. Por fim a porosidade superficial que se verifica pelos seguintes

    motivos principais, na evaporao da agua do concreto so deixados vazios o que proporciona

    os poros e a carbonatao que tanto proporciona quanto aumenta os poros do concreto. Com

    isso, segue abaixo o Grfico 1 com a relao das patologias presentes nos postes.

    Com base na anlise dos postes e preenchimento do Formulrio de Inspeo de

    Campo constatou-se que os postes verificados apresentam mais patologias abaixo de 1,5

    metros do que acima. Dessa forma, segue o Grfico 2 com a relao das presenas de

    patologias de acordo com a altura.

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Qu

    anti

    dad

    e d

    e P

    ato

    logi

    as

    Patologias Presente nos Postes

    Grfico 1 Patologias presentes nos 15 postes analisados da Avenida Litornea.

    0

    2

    4

    6

    8

    Armadura Aparente Corroso da Armadura

    Qu

    anti

    dad

    e d

    e p

    ost

    es (

    un

    idad

    e)

    Altura(metros)

    Presena de Patogias X Altura

    Grfico 2 Relao da quantidade de postes que apresentam patologias de acordo com as alturas determinadas.

  • Com base na norma 6118/03 da ABNT, verificou-se duas questes importantes

    sobre a problemtica, classe de agressividade do ambiente e o teor de gua/cimento

    necessrios para construo em ambientes com essas determinadas classes. Assim, ao

    verificarmos os Quadros 1 e 2 obtemos a classe IV, agressividade muito forte; e o teor A/C de

    0,45 para esse ambiente.

    A relao A/C est correlacionada ao tamanho e a quantidade dos poros do

    concreto, alm das suas propriedades mecnicas. Quanto maior for o teor de A/C, maior ser a

    porosidade e permeabilidade do concreto. Com isso, o teor de A/C influenciar diretamente na

    proteo da deteriorao da estrutura de concreto armado.

    Assim, alguns autores citam essa relao A/C sobre a profundidade de

    carbonatao com 350 kg de cimento por metro cbico, por exemplo, FIGUEIREDO (2005),

    atravs do Grfico 3, a seguir:

    Grfico 3 Carbonatao x Teor A/C.

    A adio de minerais e aditivos plastificantes tem o mesmo objetivo da relao

    A/C no concreto, reduzir a sua permeabilidade para evitar a carbonatao e proteger a

    armadura de ao. O uso de aditivos plastificantes, segundo a Associao Brasileira das

    Empresas de Servios de Concretagem, para reduzir a quantidade de gua necessria e

    melhorar a trabalhabilidade da mistura. Isso proporciona menos espaos vazios e menor

    permeabilidade.

  • J a adio de minerais no concreto visa dois objetivos, o refinamento do tamanho

    dos poros e o refinamento do tamanho dos gros. A incorporao das adies minerais altera

    as propriedades fsicas, qumicas e podem alterar as mecnicas do concreto, pelo fato de

    reduzir a granulometria do concreto ou por sua reatividade com o cimento Portland. Esse

    processo do refinamento dos poros e dos gros no concreto proporciona aumento na

    resistncia da pasta com o agregado. Dessa forma, tem-se por consequncia a

    impermeabilizao do concreto e conferindo maior proteo a estrutura.

    4. CONCLUSO

    Neste presente trabalho verificamos que o concreto um material, que apesar de

    ser considerado por muito como material eterno, pode ter a durabilidade afetada de acordo

    com o meio ambiente em que ele est inserido. Para obter-se um concreto de qualidade e com

    vida til elevada deve-se seguir a NBR 6118/03, Projeto de Estruturas de Concreto

    Procedimento, onde so encontradas recomendaes com parmetros de projeto para

    durabilidade do concreto de acordo com a agressividade do ambiente.

    Foram encontradas as mais diversas condies dos postes avaliados na Avenida

    Litornea, postes regulares e irregulares. So muitos o que encontram-se com fraturas,

    porosidade superficial e trincas verticais, mas geralmente sem afetar as estrutura de

    sustentao. Portanto, carecem de reparos leves e inspees peridicas.

    Concluiu-se que a ao da gua do mar e a maresia, sobre a estrutura de concreto,

    ser diretamente proporcional permeabilidade do material. Esse o principal agente da

    deteriorao, por carbonatao e corroso, das estruturas de concreto armado na orla

    martima.

    Sugere-se repor, caso necessrio, os postes com defeitos que abalem a sustentao

    por postes feitos de acordo com as normas especificadas durante o case, utilizando armaduras

    em ao inoxidvel ou em ao galvanizado. No caso dos postes que ainda tem boa sustentao

    aconselha-se o tratamento superficial do concreto aplicando um revestimento impermevel

    sobre a superfcie do concreto, isso tem por objetivo impedir a penetrao dos agentes

    agressivos. Por fim, verifica-se que mais vantajoso construir com base nas normas, obtm-se

    estruturas com maior durabilidade, do que tentar repara-las depois de construdas.

  • 5. REFERNCIAS

    Materiais de Construo, 1/ coordenador L. A. Falco Bauer; reviso tcnica Joo Fernando

    Dias. -5.ed. [Reimpr.]- Rio de Janeiro: LTC, 2008.

    Materiais de Construo, 2/ coordenador L. A. Falco Bauer; reviso tcnica Joo Fernando

    Dias. -5.ed. [Reimpr.]- Rio de Janeiro: LTC, 2010.

    HELENE, P.R.L. Contribuio ao estudo da corroso em armaduras de concreto

    armado. So Paulo, 1993.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118: projeto de

    estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

    FIGUEIREDO, ENIO PAZINI. Efeitos da carbonatao e de cloretos no concreto,

    Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizaes, IBRACON, V. 2, ed. Geraldo C. Isaia, So Paulo.

    2005

    ABCP. Associao Brasileira de Cimento Portland. Cuidados em construir em reas

    litorneas. Disponvel em: < http://www.abcp.org.br/conteudo/imprensa/cuidados-ao-

    construir-em-areas-litoraneas >. Acesso: 7. Outubro. 2013.

    CONSULTORIA. Speranza Engenharia e. Corroso e relao gua/cimento. Disponvel

    em: < http://speranzaengenharia.ning.com/page/corrosao-e-a-relacao-agua-cimento>. Acesso:

    7. Outubro. 2013.

    METALICA. Proteo contra corroso. Disponvel em: <

    http://www.metalica.com.br/protecao-contra-corrosao > Acesso: 8. Outubro. 2013.

    ABESC. Associao Brasileira das Empresas de Servios de Concretagem. Manual do

    Concreto Dosado em Central. Disponvel em: < http://www.abesc.org.br/pdf/manual.pdf>.

    Acesso: 10. Outubro. 2013.

    BERTOLINI, Luca. Materiais de construo: patologias, reabilitao, preveno. Traduo:

    Leda Maria Marques Dias Beck So Paulo: Oficina de textos, 2010.