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FEITOSA, Talita F.; Graduanda em Enfermagem na UNIME-Lauro de Freitas; Auxiliar de
Pesquisa do ELSA Brasil ISC/UFBA; Secretária Geral da Liga Acadêmica TranSus.
CASO CLÍNICO - CARDIOLOGIA
HISTÓRIA
D.D.V., 53 anos, natural de Vitória da Conquista – Bahia, doméstica, procedente de São Paulo há 23
anos, queixa-se de falta de ar para percorrer pequenas distâncias e isso compromete as atividades
domésticas diárias. Referiu dispnéia aos moderados esforços ocorrida duas semanas atrás, quando
percebeu uma diminuição do volume urinário acompanhada do ganho de peso, levando a apresentar
dispnéia aos pequenos esforços acompanhado de ortopnéia e dispnéia paroxística e edema nos MMII.
Nega antecedentes de cardiopatia sabida na família, porém relata que os pais e um irmão morreram
dormindo com 55 anos em média. Todos moraram em casa de barro e palhoça durante a infância e
adolescência.
EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM
08/08/2012 - 10h - Encontra-se no 5º dia de internação em decúbito dorsal no leito com cabeceira
elevada a 15º, orientada no tempo e espaço, taquipnéica e dispnéia acentuada, FR= 28 inc/min. Na face
apresenta o Sinal de Romaña. A palpação dos gânglios cervicais referiu algia. Em uso de máscara de
Venturi a 40%, com estase de jugular, A ausculta pulmonar MVs diminuídos em bases pulmonares.
Pulsos periféricos simétricos. Péssima perfusão periférica. Abdômen globoso, distendido, fígado palpável,
piperote positivo e edema nos MMII. Em uso de acesso venoso periférico com hiperemia. Aspecto
higiênico precário pois não faz higienes corporais devido a água fria. Sinais vitais: PA= 90 X 60 mmHg,
FC= 110 bpm, T= 38,0 °C. Queixou-se de disfagia, falta de apetite e encontrava-se bastante ansiosa com
saudades da família. Foi prescrita a medicação: Benzonidazol via oral e soro fisiológico 42 gotas/min. A
enfermeira foi trocar o soro que havia terminado e foi fazer a notificação compulsória de vigilância
sanitária.
Ecocardiograma mostrou aumento do AE e VE, diâmetro sistólico e diastólico final de VE aumentado.
RX de tórax: Padrão de congestão pulmonar, por imagem de infiltrado no parênquima pulmonar.
Cardiomegalia área cardíaca maior que 50% do diâmetro cardiotorácico. Os exames confimaram
insuficiência cardíaca congestivas (ICC). ECG mostrou alterações eletrocardiográficas (principalmente
bloqueio completo de ramo direito).
1º) Conceitue os termos desconhecidos.
Dispnéia paroxística: Transtorno caracterizado por episódios de desconforto respiratório,
normalmente ocorrendo após várias horas de sono numa posição reclinada. É mais comum ser
causada por edema pulmonar, resultante de insuficiência cardíaca congestiva. Os episódios
podem ser acompanhados por tosse, sensação de sufocação, suor frio e taquicardia.
Sinal de Romanã: é um edema inflamatório bipalpebral ou unilateral, associado a conjuntivite,
dacriadenite e aumento ganglionar pré-auricular, ocorre em 10 a 20% dos casos agudos de
doença de Chagas.
Algia: dor em geral.
Máscara de Venturi: máscara para fornecimento de oxigênio de alto fluxo. O paciente respira
uma mistura de ar ambiente com oxigênio.
Estase: deficiência de drenagem do sangue ou lípidios de um determinado segmento do corpo.
Disfagia: sintoma definido como uma dificuldade em deglutir ou uma sensação de comida
“presa” na garganta ou no esôfago.
Parênquima pulmonar: é a parte do pulmão onde se localizam os alvéolos, brônquios e
bronquíolos onde ocorrem as trocas gasosas.
2º) Qual a doenças da paciente que provavelmente ocasionou a complicação: ICC? Conceitue e aborde a
sua fisiopatologia comparando com os sintomas apresentados pela paciente do caso.
A doença que, provalvelmente, ocasionou a complicação foi uma infecção causada pelo
protozoário cinetoplástida flagelado Trypanosoma cruzi, transmitido por insetos, conhecidos como
barbeiros no Brasil. Essa infecção recebe o nome de doença de Chagas.
Os sintomas da doença de Chagas podem variar durante o curso da infecção. Nos primeiros anos,
na fase aguda, os sintomas são geralmente lentos, pouco mais do que inchaço nos locais de infecção. À
medida que a doença progride, durante até cinquenta anos, os sintomas tornam-se crônicos e graves, tais
como insuficiência cardíaca e desordens do sistema digestivo. A taquicardia e o aumento da contratilidade
podem desencadear isquemia e o aumento da pré-carga agrava a congestão pulmonar. A vasoconstrição
excessiva eleva demasiadamente a pós-carga, dificultando o esvaziamento cardíaco, além de prejudicar a
perfusão dos demais órgãos, como, por exemplo, o rim. Ocorre ainda elevação dos níveis de vasopressina,
que é responsável pela absorção de água livre de sódio, podendo gerar hiponatremia.
Com os sintomas apresentados pela paciente como: sinal de Romanã, fígado palpável, piparote
positivo, dispneia paroxística, cardiomegalia, diminuição do volume urinário acompanhado pelo ganho de
peso, acabaram acarretando a insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
3º) Faça a listagem de todos os problemas de enfermagem e necessidades afetadas direcionando-os para
diagnósticos de enfermagem.
PROBLEMAS DE ENFERMAGEM NECESSIDADE HUMANA BÁSICA
AFETADA
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Dispnéia aos esforços minimos Oxigenação Troca de gases prejudicada
Ortopnéia Motilidade Motilidade física prejudicada
Dispnéia paroxística Percepção dolorosa Dor aguda
Edema nos MMII Higiene e Conforto Déficit no autocuidado para o
banho
Débito cardíaco diminuído Nutrição Nutrição desequilibrada: menos do
que as necessidades corporais
Acesso venoso periférico Integridade cutânea Risco da integridade da pele
prejudicada
Dor Eliminação Retenção urinária
Troca de gases prejudicada Equilíbrio hidroeletrolítico Risco de desequilíbrio eletrolítico
Higiene corporal precária Regulação vascular Perfusão tissular periférica
ineficaz
4º) Analise criticamente todo o caso clínico quanto a anamnese, exames físico, de imagem e laboratorial.
A anamnese dessa paciente poderia ter sido feita com mais detalhes para ajudar no tratamento,
buscar a rotina diária, estilo de vida e alimentação, se ingere álcool e se fuma, se faz uso de
alguma medicação, entre outros.
O exame físico não está completo e devemos seguir uma sequência lógica – cefalo-caudal.
Os exames de imagem foram cruciais para o diagnóstico.
5º) Você concorda com as intervenções da enfermeira no caso clínico? Justifique.
Não, pois não deveria deixar a paciente em posição reclinada, já que a mesma fica com dispneia
quando está em pé ou reclinada, também não foi relatado nenhuma intervenção para a redução do edema
nos MMII. Não foi realizado a troca do acesso periférico, mesmo sendo identificado hiperemia local,
muito menos foi feita uma higiene corporal na cliente, mesmo vendo a necessidade.
Visto que o paciente encontra-se com a saúde bastante debilitada, além dos procedimentos
adotados o enfermeiro tem o papel importante na manutenção da qualidade de vida do paciente, visando
seu bem estar, conforto, apresentando sentimentos positivos, sendo afetivo caloroso e sensível, pois, a
enfermagem não deve dimensionar apenas a doença, mas sim, o individuo de forma holística.
6º) Quanto a prescrição médica implementada o que deveria ser acrescentado ou alterado?
Na fase inicial aguda, a administração de fármacos como nifurtimox, alopurinol e Benzonidazol
curam completamente ou diminuem a probabilidade de cronicidade em mais de 80% dos casos.
A fase crônica é incurável, já que os danos em órgãos como o coração e o sistema nervoso são
irreversíveis. Tratamento paliativo pode ser usado, já que a cliente encontra-se na fase crônica da doença
de Chagas. Deveria estar sendo feito um tratamento para a ICC paralelo com o da doença de Chagas, para
eliminar o acúmulo excessivo de água orgânica, aumentando a força e eficiência da contração miocárdica,
e reduzindo a carga do coração.
OBS: Incumbência médica
7º) Trace um plano de cuidados para a paciente por PRIORIDADE.
Busca rápida por um quadro clínico melhor;
Manter o paciente em posição Fowler ( A posição Fowler promove repouso confortável e
respiração adequada);
Encorajar a ingesta de alimentos pastosos e, posteriormente, sólidos (Os pacientes com dispnéia
e fadiga geralmente têm diminuição do apetite e
Predisposição a ingerir somente líquidos;
Aferir sinais vitais e informar se alterações;
Promover o repouso durante a hospitalização (O repouso auxilia na diminuição do gasto de
energia e evita a exacerbação dos sintomas);
Promover higiene corpórea;
Restabelecer equilíbrio hídrico;
Avaliar diariamente o peso;
Estar atento aos potenciais problemas dos diuréticos;
Vigiar a eliminação intestinal para ver se há obstipação e administrar emolientes se necessário;
Controlar a ansiedade.