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CASO CLÍNICO: Anemia falciforme Apresentação: Edilson Sérgio de Paula Jr.
Eduardo CarvalhoCoordenação:Luciana Sugaiwww.paulomargotto.com.br
Brasília, 24 de fevereiro de 2012
Brasília, 15 de Fevereiro de 2012
• ID: DRC, 5 anos, sexo feminino, natural e procedente de Planaltina-GO.
• QP: “Dor no peito e nas costas” há 2 dias.
• HDA: Criança refere dor torácica há 2 dias, associado a tosse produtiva esparsa e hiporexia. Procurou este serviço há 1 dia, foi medicada apenas com dimeticona para gases evidenciados em Rx feito no PS e recebeu alta. Como persistiu com o quadro de dor torácica, retornou a este serviço há 1 dia. Nega febre ou dispnéia. Sem outras queixas álgicas. Eliminações preservadas.
• Antecedentes Fisiológicos:
Nasceu de parto normal, à termo, sem intercorrências neonatais. Não realizou teste do pezinho e orelhinha. Ao nascimento seu percentil na curva de peso x idade era adequado, porém aos 6 meses de vida sua curva tornou-se retificada, atingindo níveis abaixo de p3 aos 10 meses de idade. DNPM adequado.
Antecedentes Patológicos:• Nega co-morbidades, cirurgias ou alergias
medicamentosas. Relata diversas internações prévias por dor abdominal mal esclarecida e pneumonia (cerca de 4).
• A última internação antes da atual ocorreu há aproximadamente 9 meses devido a episódio de PNM. Refere duas transfusões sangüíneas durante internações prévias.
• Antecedentes Familiares: Mãe (32a) hipertensa há 1 ano em uso de Captopril; Pai (36a) hígido; Tem 3 irmãos saudáveis.
• Hábitos de Vida e Condições Socio-econômicas e Ambientais: Reside em casa de alvenaria, 4 cômodos, 6 pessoas, com saneamento básico. Nega animais ou tabagismo no domicilio.
Exame Físico
• Ectoscopia: BEG, fácies de dor, hidratada, hipocorada (+++/+4), ictérica (++/+4), afebril (36,3°C), hipoativa e reativa.
• AR: MVF+ sem RA, ausência de esforço respiratório. FR: 40ipm. Sat O2 em ar ambiente: 92 - 93%.
• ACV: RCR 2T BNF sopro sistólico +++/+6 em foco mitral. FC: 140bpm.
• ABD: Flácido, indolor, um pouco distendido, RHA+, sem VMG.
• EXT: bem perfundidas e sem edema. • NEURO: s/ sinais meníngeos.
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS
Exames
• Na = 137 mEq/L
• K = 4,4 mEq/L
• Cl = 100 mEq/L
• TGO = 44 U/L / TGP = 23 U/L
• Hemácias = 2,91 milhões / Hb = 9,0 g/dL -/-Ht = 24,5%
• Leucócitos = 16.000 (57S, 0B, 0E, 4M, 38L);
• Plaquetas = 273.000/uL;
Exames
• Contagem de Reticulócitos = 3,0 % (VR=0,5 - 1,5)
• Morfologia das Hemácias: Anisocitose (+)
Drepanócitos(+)
Hipocromia(++)
• VHS = 32 mm/hora
• BD: 0,2 / BI: 2,3
ANEMIA FALCIFORME
• Hemoglobinopatia genética estrutural
• Doença autossômica recessiva caracterizada pela herança homozigótica da Hbs
• Anemia hemolítica + oclusão vascular
• Doença hematológica hereditária mais comum da humanidade
• Mais de 4 milhões de portadores do gene da HbS; 25000 a 30000 pessoas possuem a doença no Brasil
Distribuição normal de hemoglobina no adulto
Eletroforese de Hb:
• HbA-α2β2 = 95-98%
• HbA2-α2δ2 = 1,5-3%
• HbF-α2γ2 = 0-1%
• Mutação de ponto (GAG->GTG) no gene da globina β da hemoglobina (substituição de um ácido glutâmico por uma valina na posição 6 da
cadeia beta)= HbS.
Modificação fisicoquímica da . molécula de Hb.
• Fenômenos vasoclusivos
-adesão das hemácias no endotélio vascular
-lentificação do fluxo sanguíneo
-afoiçamento na microcirculação
-oclusão do vaso
• Hemólise
-extravascular
-meia vida das hemácias do pct falcêmico: 20 dias
-macrofagos esplênicos fagocitam precocemente essas hemácias devido:
1.Perda da elasticidade e deformabilidade
2.Opsonização por autoanticorpos IgG
Disfunção esplênica
• Autoesplenectomia
• Papel do baço na defesa imunológica
• Principais infecções e agentes
Manifestações clínicas agudas
-Sd. Mão-pé
-Crise óssea
-Crise abdominal
-Crise hepática
-Priapismo
-AVE
Crises anêmicas
• Sequestro esplênico-crise anêmica mais grave-obstrução aguda de sinusóides esplênicos,
dificultando a drenagem venosa, causando aumento do órgão, hipovolemia e anemia graves
-comum entre 6 meses e 1 ano de idade-esplenectomia recomendada após
estabilização
• Anemia aplásica
-crise anêmica mais comum
-relacionada à infecção pelo parvovírus B19
-queda abrupta do hematócrito e da contagem de reticulócitos
-o quadro pode se iniciar c/ síndrome febril, evoluindo para anemia aguda grave
-curso autolimitado (5 a 10 dias)
-tratamento: hemotransfusão
Manifestações crônicas
• Crescimento e desenvolvimento• Ostearticular• Renal• Hepatobiliar• Pulmonar• Cardiovascular• SCN• Ocular• Cutâneo
Diagnóstico Laboratorial
• Anemia moderada (Hg 8,0g/dl e Hct 24%)
• Índices hematimétricos normais (anemia normo normo)
Reticulócitos
• Depranócitos (foices)
• Hemácias em alvo
• Corpúsculos de Howell-Jolly
• Leucocitose neutrofílica
• Trombocitose VHSBilirrubina Indireta
• Eletroforese de Hemoglobina
Distribuição das hemoglobinas nas síndromes falciformes
Tratamento• Medidas Gerais:
– Profilaxia:
– Ácido Fólico– Crises algicas:
– HV rigorosa– Morfina– Evitar hipoxemia– TTO causa precipitante
– Febre alta: TTO pneumococo com Ceftriaxona
• Transfusao: Objetiva reduzir o percentual de HbS para níveis < 30%. Risco de hemocromatose (acumulo de ferro nos tecidos, que leva a cirrose hepatica, DM, cardiopatia. TTO: deferoxamina).
• Indicacao de transfuao aguda:– Crise anêmica– Crise álgica refratária– Hematuria prolongada– Pré operatório
• Indicacao de transfusao crônica (10ml/kg, a cada 3-5 semanas. Visa Hg 12)
– História de AVE– Retinopatia grave– Úlcera maleolar refrataria– Doenca renal progressiva– Alteração do Doppler transcraniano
• Exsanguineotransfusao– Fase aguda do AVE– Sindrome toracica grave– Priapismo refratário
• Hidroxiureia: Agente mielossupressor que ativa a sintese de HbF. E reservado para adolescentes e adultos com episódios algicos frequentes. Pode causar leucopenia
Síndrome Torácica Aguda
• A fisiopatologia desta síndrome ainda é discutível. O papel de infecção pulmonar parece ser relevante, mas eventos embólicos pulmonares, muitas vezes na forma de embolia gordurosa talvez sejam o principal fator fisiopatológico.
Critérios Diagnósticos
• Presença de infiltrado novo em radiografia envolvendo pelo menos um segmento pulmonar completo (descartando atelectasia);
• Dor torácica;• Temperatura > 38,5°C;• Taquipnéia, tosse ou
sibilância.
E x a m e s
• RX de tórax;• Hemograma com contagem de reticulócitos;• Hemocultura, BAAR e cultura de escarro (se possível);• Gasometria arterial em ar ambiente;• Títulos para Mycoplasma pneumoniae (agudo e
evolutivo se possível);• Cintilografia cardíaca – mapeamento cardíaco – está
indicado quando existem sintomas torácicos com RX de tórax normal;
• ECG (opcional);• Estudos virais (opcional).
Manejo terapêutico• NÃO Hiperidratar: Deve ser instituída a hidratação
parenteral nas necessidades hídricas diárias sem descontar a VO.
• O2 se PaO2 < 80% (gasometria arterial)
• ATB IV: Ampicilina, Cefuroxima ou Ceftriaxona (deve ser iniciada imediatamente)*se suspeitar de Mycoplasma pneumoniae: macrolídeo
• Se houver derrame pleural Rx: Toracocentese
• Exsanguíneotranfusao
• OBRIGADO!
Ddo EduardoDdo Edilson