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1 Capítulo 11 A construção do novo modelo de gestão do desempenho por competências no Governo do Estado de Minas Gerais: etapas, metodologia e fatores críticos para o sucesso da implementação Eduardo Soares da Costa Faro Maria Aparecida Muniz Jorge Fernanda de Siqueira Neves Resumo Em busca da modernização, por meio de intervenções de naturezas estruturais, tecnológicas, culturais e em seu modelo de gestão, o Governo do Estado de Minas Gerais tem implementado uma série de mudanças em suas políticas de gestão de pessoas, com vistas à elevação da eficiência e eficácia. Uma das políticas centrais neste processo de transformação é a da gestão do desempenho dos servidores. Esta política começou a ser adotada de forma mais estruturada em 2003, quando o Governo do Estado implementou o programa Choque de Gestão, no qual uma série de medidas de modernização do Estado foram empreendidas. Ao longo dos anos, com a própria evolução do Choque de Gestão, percebeu-se a necessidade de que o modelo ora concebido fosse revisado, principalmente com o objetivo de melhor alinhá-lo às estratégias de governo. Dessa forma, em 2008, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) iniciou um projeto de revisão deste modelo, utilizando a gestão por competências como principal referencial. As competências, conjuntos de entregas expressas por meio de comportamentos, conhecimentos, habilidades e atitudes, deveriam contemplar as características necessárias e desejadas para o perfil de um novo servidor público: mais focado em resultados, que vê o cidadão como um cliente de seus serviços e que trabalha bem em equipe para a melhoria do desempenho, para citar alguns exemplos. Estas características derivariam diretamente dos referenciais estratégicos, como visão, missão e principais objetivos da organização. Assim, as competências são encaradas, neste modelo, como viabilizadoras dos resultados desejados pelo Estado. Participaram deste projeto quatro Secretarias de Estado, sob a coordenação da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag): a própria Seplag, Secretaria de Fazenda, Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Secretaria de Saúde. O projeto contou com a

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Capítulo 11 – A construção do novo modelo de gestão do desempenho por competências no Governo do Estado de Minas Gerais: etapas, metodologia e fatores críticos para o sucesso da implementação

Eduardo Soares da Costa Faro Maria Aparecida Muniz Jorge Fernanda de Siqueira Neves

Resumo

Em busca da modernização, por meio de intervenções de naturezas estruturais,

tecnológicas, culturais e em seu modelo de gestão, o Governo do Estado de Minas Gerais

tem implementado uma série de mudanças em suas políticas de gestão de pessoas, com

vistas à elevação da eficiência e eficácia. Uma das políticas centrais neste processo de

transformação é a da gestão do desempenho dos servidores. Esta política começou a ser

adotada de forma mais estruturada em 2003, quando o Governo do Estado implementou o

programa Choque de Gestão, no qual uma série de medidas de modernização do Estado

foram empreendidas.

Ao longo dos anos, com a própria evolução do Choque de Gestão, percebeu-se a

necessidade de que o modelo ora concebido fosse revisado, principalmente com o objetivo

de melhor alinhá-lo às estratégias de governo. Dessa forma, em 2008, a Secretaria de

Planejamento e Gestão (Seplag) iniciou um projeto de revisão deste modelo, utilizando a

gestão por competências como principal referencial.

As competências, conjuntos de entregas expressas por meio de comportamentos,

conhecimentos, habilidades e atitudes, deveriam contemplar as características necessárias

e desejadas para o perfil de um novo servidor público: mais focado em resultados, que vê o

cidadão como um cliente de seus serviços e que trabalha bem em equipe para a melhoria do

desempenho, para citar alguns exemplos. Estas características derivariam diretamente dos

referenciais estratégicos, como visão, missão e principais objetivos da organização. Assim,

as competências são encaradas, neste modelo, como viabilizadoras dos resultados

desejados pelo Estado.

Participaram deste projeto quatro Secretarias de Estado, sob a coordenação da Secretaria

de Planejamento e Gestão (Seplag): a própria Seplag, Secretaria de Fazenda, Secretaria de

Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Secretaria de Saúde. O projeto contou com a

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colaboração da consultoria PwC, que foi a responsável por apoiar as Secretarias envolvidas

na coordenação e execução do projeto, bem como aportar conhecimentos e metodologia

adequados à realidade abordada. O projeto, devido à diversidade de atores envolvidos,

exigiu uma intensa cooperação entre estas diferentes organizações para que fosse bem-

sucedido.

O objetivo deste capítulo será, portanto, explicitar quais foram as etapas e a metodologia

utilizadas na condução deste projeto, que apresentou o desafio de articular diferentes

interesses e perspectivas em torno da política adotada.

Espera-se que seja compilado um conjunto de informações que possam contribuir para a

construção do conhecimento acerca desta temática, para auxiliar futuras implementações na

administração pública brasileira.

1. Introdução

Ao longo das últimas décadas foi evidente o aumento da complexidade da atuação estatal.

Atuando em um ambiente de crescente escassez de recursos, complexidade nas transações

comerciais, pressão para a qualidade dos serviços prestados e de restrições fiscais, o

Estado passou a enfrentar a necessidade de se reinventar, o que envolveria muitas vezes se

reestruturar, buscando a descentralização; envolver-se menos na produção de bens e

serviços para o mercado; ser mais orientado ao cidadão, encarando-o como um cliente e;

fundamentalmente, superar os entraves de um modelo de administração construído em

bases burocráticas. Estas medidas contribuiriam para tornar o Estado uma organização mais

eficiente e eficaz no cumprimento de seu papel (Beltrão, 1984; Holanda, 1993; Rezende,

2005; Bresser Pereira, 2006).

Em 2003, o Poder Executivo do Estado de Minas Gerais iniciou a implementação de um

programa inovador denominado de Choque de Gestão, cujo objetivo seria responder aos

desafios do contexto estatal, principalmente, por meio da melhoria na gestão pública. O

programa abrangia um conjunto integrado de políticas de gestão orientado para o

desenvolvimento, com vistas à elevação da eficiência e eficácia da atuação do Estado.

Tendo o vínculo com os resultados para a sociedade como uma premissa essencial, este

programa foi responsável pela implementação de uma série de mudanças de naturezas

estruturais, tecnológicas, culturais e de filosofia de gestão.

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Considerando, desde seu lançamento, que a dimensão de pessoas é uma peça essencial

para sua implementação bem-sucedida, o Choque de Gestão priorizou a reformulação de

uma série de políticas de gestão de pessoas, como remuneração, carreira, desenvolvimento,

entre outras. Uma das políticas reformuladas foi a de gestão do desempenho dos servidores

públicos. Esta política, essencial para que se buscasse o alinhamento dos servidores em

torno das novas demandas de trabalho, além de viabilizar uma maior integração das

políticas de RH, passou por uma revisão no início do Choque de Gestão.

Ao longo dos anos, com a evolução do programa, esta política que inicialmente se mostrava

adequada para a primeira onda de transformações, paulatinamente começou a expor sinais

de obsolescência por diversos fatores, como a fragilidade do vínculo dos critérios com os

resultados de fato, a percepção de que se tratava de um instrumento de punição e a falta de

aderência a critérios e ferramentas utilizadas para se avaliar as necessidades estratégicas

das instituições afetadas.

Tendo em vista a identificação destas necessidades de melhorias, o Governo do Estado de

Minas Gerais decidiu iniciar um projeto em 2008 com o objetivo de rever as definições da

política de gestão do desempenho. O projeto deveria, portanto, propiciar um novo modelo de

gestão do desempenho baseado em competências para os servidores do Estado, incluindo

aspectos como: novos métodos, instrumentos, processos e procedimentos e tecnologias de

gestão do desempenho.

Além disso, deveria mapear as competências essenciais dos servidores de quatro

Secretarias selecionadas: Fazenda, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Saúde e a de

Planejamento e Gestão – esta última acumulando o papel de coordenadora do projeto. As

competências essenciais seriam os novos critérios de avaliação, vinculados às respectivas

estratégias destes quatro órgãos, que substituiriam os critérios utilizados na avaliação de

desempenho originalmente concebida na primeira geração do Choque de Gestão.

O objetivo deste artigo, portanto, será explicitar quais foram as etapas e a metodologia

utilizada para a condução deste projeto. Além disto, serão abordados os principais fatores

críticos para o sucesso da implementação deste modelo na administração pública do Poder

Executivo do Governo de Minas Gerais. A relevância de se estudar as etapas e a

metodologia justifica-se pelo desafio particular deste projeto, que teve de articular diferentes

interesses e perspectivas em torno desta política, uma vez que foi uma iniciativa da

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Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) mas afetou, além de si mesma

como instituição, outras três Secretarias de Estado. Associados à descrição das etapas e da

metodologia, serão destacados os principais fatores críticos para o sucesso da

implementação, fatores estes que puderam ser observados e coletados ao longo do projeto

e em virtude das inúmeras discussões que foram realizadas com servidores e gestores

públicos. Espera-se que com o cumprimento destes objetivos, se possa contribuir para a

formalização do conhecimento construído ao longo de dez meses e que esta auxilie futuras

implementações de modelos desta natureza na administração pública.

Para a realização deste trabalho optou-se pelo método do estudo de caso, o que se justifica

pela necessidade de investigarmos empiricamente um fenômeno em um contexto real e por

que as condições contextuais são em alto grau pertinentes ao fenômeno estudado (Yin,

2001). Segundo Yin (2001), estudos de caso são indicados quando o foco da pesquisa está

relacionado a questões de “como” ou “por que” e não à mensuração dos fatos. Deve-se

acrescentar, ainda, que como os autores tiveram vivência prática, atuando como gerentes do

projeto por parte da PwC (consultoria contratada) e da Seplag, o que propiciou intensa

interação com os servidores e gestores envolvidos, a técnica de observação participante

também se fez muito presente. Como destacado por Minayo et al. (1994), esta técnica se

realiza por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter

informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos.

Este capítulo se inicia com um breve referencial teórico, no qual são abordadas teorias que

facilitam a compreensão da metodologia aplicada e das características do modelo de gestão

do desempenho por competências desenhado para o Governo de Minas Gerais, seguidas

pelo detalhamento descritivo do desenho do novo modelo. Apresenta-se ainda o contexto

das transformações na gestão pública no Governo do Estado de Minas Gerais, para

esclarecer os motivadores do projeto. Conclui-se com a identificação dos fatores críticos

para o sucesso da implementação do modelo. Nesta parte, serão abordados fatores

relacionados à condução do projeto em si e aqueles relacionados ao pós-projeto, ou seja,

que dependem da dinâmica organizacional e todas as suas variáveis: políticas e práticas,

modelos de gestão, cultura, tecnologia, comportamentos e atitudes, entre outros.

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Não se espera esgotar as temáticas referentes à implementação de um projeto desta

natureza, mas sim explicitar os principais pontos identificados nas interfaces com os

servidores, gestores e dirigentes envolvidos no projeto.

2. Breve referencial teórico

Para uma melhor compreensão do processo de modernização da gestão pública brasileira,

não se pode deixar de mencionar as proposições oriundas do denominado modelo de

administração pública gerencial. Segundo Martins (2005), este modelo pode ser definido

como um conjunto de argumentos e filosofias administrativas, propostas como um novo

paradigma de gestão pública. Deste conjunto emanam valores administrativos que

defendem práticas como:

a) descentralização do ponto de vista político, por meio da transferência de recursos e

atribuições para os níveis estatais regionais e locais;

b) descentralização administrativa, por meio da delegação de autoridade e concessão

de maior autonomia aos administradores públicos, com base no pressuposto da

confiança limitada e não da desconfiança total – como preconizado na administração

burocrática;

c) organizações com poucos níveis hierárquicos, com estruturas mais flexíveis, ao invés

de estruturas piramidais e rígidas;

d) controle e cobrança a posteriori, focalizados nos resultados e baseados em contratos

de gestão, ao invés do controle rígido dos processos e das rotinas administrativas;

e) administração com foco nas necessidades do cidadão, ao invés de autorreferida;

f) pagamento aos servidores com base nos seus desempenhos;

g) estímulo a uma cultura de maior competitividade interna e externa;

h) direcionamento estratégico claro;

i) desenvolvimento das habilidades gerenciais dos administradores públicos;

j) incentivo à criatividade e inovação;

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k) terceirização de atividades;

l) limitação da estabilidade no emprego dos servidores;

m) regimes temporários de emprego (Beltrão, 1984; Holanda, 1993; Martins, 2005;

Rezende, 2005; Bresser Pereira, 2006; Abrucio, 2006).

Segundo estes autores o modelo de administração pública gerencial deveria prover maior

agilidade e flexibilidade para o Estado, tanto no que se refere à sua gestão interna como em

relação à habilidade para adaptar-se às mudanças do ambiente. Sem prescindir do combate

ao nepotismo e à corrupção – preocupação central na administração burocrática –, este

modelo parte da premissa de que não é necessária a estruturação de um poderoso aparato

de controle sobre os administradores públicos, mas sim a estruturação de mecanismos

efetivos de mensuração do desempenho e dos resultados alcançados por meio de

indicadores e metas.

Os princípios da administração pública gerencial, adotando-se uma perspectiva

organizacional, pressupõem uma clareza dos referenciais estratégicos. Em outras palavras,

a colheita dos benefícios pela adoção de princípios gerenciais será tão bem-sucedida quanto

for a clareza dos rumos estratégicos das organizações públicas; ou seja, se uma instituição

pública não possui clareza quanto a sua visão, sua missão e seus principais objetivos e

resultados a serem entregues à sociedade, não há práticas que a tornem uma organização

efetiva. Nesse sentido, não há como avançar na discussão da efetividade dos princípios

gerenciais, sem que se aborde o tema da gestão estratégica.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) propõem que a estratégia pode ser compreendida sob

várias perspectivas, cada qual com abordagens e enfoques diferenciados. Segundo os

autores, a estratégia, em geral, é entendida como um plano, uma direção, um guia ou curso

de ação para o futuro: como percorrer um caminho de um ponto A para outro ponto B.

Assim, o principal papel da estratégia é mapear o curso da organização para que ela

navegue coesa em seu ambiente, focalizando esforços – todos na mesma direção –,

provendo significado e sentido às pessoas sobre o que é a organização e gerando

consistência e ordem para explicar o mundo e facilitar a ação (Mintzberg, Ahlstrand e

Lampel, 2000).

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Uma das abordagens, da década de 90, que mais contribuiu para a compreensão da

estratégia organizacional foi a da visão da organização baseada em recursos (Collis e

Montgomery, 1995; Hitt, Clifford, Nixon e Coyne, 1999). Esta abordagem visualiza as

organizações como diferentes coleções de recursos – físicos e intangíveis – que são

considerados determinantes para seu desempenho, podendo ser considerada uma

importante contribuição no campo da gestão estratégica na busca por potenciais respostas

às razões pelas quais uma organização é mais bem-sucedida do que outra na consecução

de seus objetivos e resultados.

Até a década de 80, o processo de gestão estratégica preocupava-se fundamentalmente em

entender as variáveis da indústria – lê-se setor – na qual as organizações concorriam e,

tendo como base estas variáveis, em determinar o modo de posicionamento em relação à

concorrência (Hitt, Ireland e Hoskisson, 2001). Esta abordagem, que teve Michael Porter

(1980, 1996) como seu maior representante, priorizava a análise do ambiente e da

compreensão da posição de cada organização em sua indústria como referência para o

processo de formulação estratégica. Neste sentido, considera-se uma abordagem “de fora

para dentro".

A visão da organização baseada em recursos considera que a definição das estratégias

deve partir de uma clara compreensão das oportunidades existentes no ambiente externo,

mas daquelas passíveis de ser operacionalizadas e sustentadas por uma gama de recursos

internos da organização; sendo considerada uma abordagem “de dentro para fora”. A

análise do ambiente interno possibilita que a organização determine aquilo que é capaz de

realizar, ou seja, as ações possibilitadas por seus recursos internos, capacidades e

competências.

Hitt, Ireland e Hoskisson (2001) definem recursos como entradas no processo produtivo da

organização, podendo abranger desde equipamentos e instalações até competências

individuais e patentes. De um ponto de vista mais amplo, os recursos englobam um espectro

de fenômenos individuais, sociais e organizacionais, podendo comportar elementos

tangíveis e intangíveis de uma organização. Os recursos tangíveis são facilmente

identificáveis por abrangerem aspectos passíveis de quantificação, podendo, segundo

Barney (1991), ser classificados em quatro tipos: financeiros, organizacionais, físicos e

tecnológicos.

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Os recursos intangíveis abrangem aspectos profundamente enraizados na história da

organização e que se acumularam ao longo do tempo (Hitt, Ireland e Hoskisson, 2001). Hall

(1992) classifica os intangíveis em três tipos: recursos humanos (conhecimentos, confiança,

capacidade gerencial e rotinas de organização), inovação (ideias, capacidade científica e

capacidade de inovar) e reputação (reputação junto a clientes, fornecedores, sociedade

etc.). Aos recursos intangíveis tem sido creditada boa parte da responsabilidade pelo logro –

ou mau-logro – estratégico das organizações, pois são recursos de difícil entendimento,

apropriação, desenvolvimento e imitação.

Um dos principais desafios da gestão estratégica é fazer com que as definições estratégicas

sejam disseminadas pela organização, o que significa fazer com que a estratégia não fique

somente na cabeça de poucos, mas ganhe o espaço organizacional, de maneira que todos a

compreendam e possam contribuir para que seja bem-sucedida. Este talvez seja um dos

principais gargalos da gestão das organizações à medida que elas crescem: fazer com que

todos compreendam a estratégia e caminhem na mesma direção.

Zarifian (2001, 2003), que dissertou sobre o modelo de gestão por competências, destacou

este desafio, denominando-o como a noção de visibilidade. Segundo o autor, o ponto de

partida de um modelo de gestão por competências é tornar visíveis as implicações

estratégicas da organização, permitindo que cada profissional conheça o que se espera dele

em termos de competências para o logro estratégico. A noção de visibilidade refere-se a

tornar claro para o profissional, por meio das competências, quais as implicações

estratégicas da organização.

Segundo Zarifian (2001), a noção de visibilidade envolve dar sentido ao trabalho, provendo

clareza aos profissionais sobre a importância do papel e da contribuição de cada um para a

estratégia da organização. Isso significa considerá-los não só capazes de interpretar a

estratégia organizacional e praticá-la, mas reconhecer a participação deles na definição e

formatação da estratégia. Esta visão é um rompimento com o paradigma da administração

clássica, a qual considera os profissionais simples executores de tarefas e que necessitam

de prescrição para efetuar seus trabalhos, ou seja, que lhes seja dito “como fazer” em

detrimento de “por que fazer”. Na última década, diversos autores têm destacado a gestão

por competências como um modelo pioneiro para se fazer a gestão de pessoas nas

organizações, principalmente pela capacidade de dar visibilidade à estratégia.

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A mensuração do desempenho, na administração gerencial, é considerada por diversos

autores um elemento central, na medida em que permite uma maior focalização da gestão

nos resultados, em detrimento do controle baseado nos meios e procedimentos. Rezende

(2005) afirma que a avaliação do desempenho das instituições públicas tem sido um dos

principais eixos organizadores dos processos de reforma, partindo-se da premissa de que as

organizações e instituições do setor público devem funcionar com padrões de eficiência

como os adotados em organizações privadas.

Do ponto de vista da gestão, as competências podem ser consideradas um dos pilares

essenciais da gestão do desempenho organizacional, ajudando a viabilizar a transformação

da estratégia em resultados Como proposto pelos autores da visão da organização baseada

em recursos. Por um lado as organizações desenvolvem um processo de reflexão

estratégica, no qual são estabelecidas visão, missão e objetivos estratégicos; e por outro,

estabelecem mecanismos para mensurar se, de fato, a organização caminha em direção à

estratégia, por meio da definição de indicadores de desempenho e metas quantificáveis. As

competências se inserem nesse contexto como a ponte que liga a estratégia ao resultado,

abrangendo recursos e capacidades necessárias para que a estratégia seja executada com

efetividade, conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1 – Competências como meio para transformar a estratégia em resultado

Visão, missão,

macro objetivos

Indicadores de

Desempenho

da Organização

Objetivos

Individuais e de

Equipes

Indicadores de

Desempenho

Individuais e de

Equipes

Referencial Estratégico Métrica

OR

GA

NIZ

ÃO

PE

SS

OA

S

RESULTADOESTRATÉGIA

Competências

Organizacionais

Competências

Individuais

COMPETÊNCIA

Execução

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Nesse sentido, podem ser consideradas competências organizacionais: tecnologias,

processos, procedimentos de trabalho, cultura organizacional, estruturas, marca, entre

vários outros recursos que ajudam na execução da estratégia. As competências individuais,

aquelas relacionadas às pessoas, fazem parte deste rol de recursos, congregando

conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentais para a sustentação da estratégia e para

transformá-la em resultados. Podemos entender, portanto, a gestão do desempenho como

fruto da gestão de dois fatores diferentes, porém, complementares: as competências e os

resultados.

As competências resultam da aplicação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e

atitudes, demonstrados por meio de comportamentos em um determinado contexto de

trabalho, o qual suporta e gera um desempenho superior; são compreendidas como as

entregas que o indivíduo faz à organização, expressando uma ação concreta que este

realiza1.

As competências não são, neste sentido, conhecimentos, habilidades e atitudes isoladas;

estes elementos são requisitos para que o indivíduo seja competente de fato. Os

conhecimentos comportam o conjunto consciente e acessível de dados, informações,

conceitos e percepções adquiridos por meio de educação e experiências; é o “saber”,

facilmente transmissível, pois é explícito. As habilidades podem ser compreendidas como a

capacidade demonstrada de desenvolver tarefas físicas e intelectuais; é o “saber fazer”, ou

seja, o saber colocado em prática, sendo na maioria das vezes tácito e de difícil captura e

transmissão. As atitudes congregam o “saber ser” e têm relação direta com a vontade ou

motivação do indivíduo em apresentar determinadas qualidades pessoais: ser educado, ser

otimista, ser participativo etc. Finalmente, os comportamentos são a forma pela qual uma

pessoa explicita seus conhecimentos, habilidades e atitudes no contexto em que está

inserida; é a demonstração observável do que uma pessoa sente, pensa ou quer.

Já a introdução dos resultados como um dos critérios de avaliação remonta os primórdios da

administração científica, quando os operários das fábricas eram medidos pela quantidade de

peças produzidas – neste caso o que basicamente era levado em consideração era o

volume de produção. Um dos principais inspiradores dos sistemas de avaliação de

resultados foi a metodologia da administração por objetivos – MBO, management by

1 Definição utilizada na metodologia da consultoria da PwC, com base em diversos autores.

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objectives –, originalmente concebida por Peter Drucker. Esta metodologia enfatizou a

fixação participativa de resultados que fossem tangíveis, verificáveis e mensuráveis. Anos

mais tarde, Kaplan e Norton (2000) desenvolveram o balanced score cards (BSC), o qual

provinha às organizações uma metodologia de gestão estratégica por meio do

desdobramento e monitoramento de resultados.

Intuitivamente podemos imaginar que existe uma relação de causa e efeito entre

competências e resultados: se o indivíduo é competente, ele obterá o resultado; se um fiscal

fazendário, por exemplo, é efetivo em sua tarefa, aumentará a arrecadação em sua região.

Assim, os resultados podem ser compreendidos como a consequência de comportamentos

assumidos e da aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no contexto de trabalho.

Contudo, nem sempre esta relação é verdadeira, pois outras variáveis podem afetar o

resultado: por exemplo, uma crise econômica poderia fazer com que a arrecadação caísse,

a despeito de toda a competência do fiscal fazendário.

Por isso, ao se analisar o desempenho de um profissional, é relevante que sejam

consideradas ambas as variáveis acima explicitadas: competências e resultados. A

combinação dessas variáveis, interdependentes, mas distintas, provê um diagnóstico mais

preciso do desempenho. A diferença essencial entre competências e resultados é que este

último mensura “o que” aconteceu e a competência, o “como” aconteceu. As competências

definidas para os profissionais de uma organização devem, portanto, ser viabilizadoras dos

resultados propostos. No limite, as competências ideais para o fiscal fazendário

exemplificado devem elevar o nível de arrecadação, o que pode implicar, por exemplo, este

profissional ter mais foco no cliente, orientação para resultados ou trabalhar melhor em

equipe.

A avaliação do desempenho profissional deve ser considerada uma sistemática contínua e

integrada à gestão organizacional, e não uma ferramenta isolada. A avaliação de

desempenho, portanto, deveria ser compreendida como uma etapa do processo de gestão

do desempenho, mais amplo, cíclico e evolutivo. Quatro etapas primordiais fazem parte

deste processo, como pode ser observado na figura 2:

• Obtenção do comprometimento, na qual são definidos acordos de desenvolvimento individuais e de equipes, por meio da contratação de metas e de ações que visem ao desenvolvimento de competências.

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• Orientação, aconselhamento e acompanhamento dos profissionais durante o ciclo de gestão do desempenho, por meio de eventos específicos de monitoramento e ações, como programas de coaching, mentoring e counselling.

• Mensuração dos resultados alcançados por meio da comparação entre as metas definidas nos acordos e as metas efetivamente alcançadas; e avaliação da evolução das competências em função das ações de desenvolvimento que foram executadas ao longo do ciclo.

• Desenvolvimento por meio de ações institucionais estruturadas (feedback, mobilidade, treinamentos formais e on the job etc.) e as recompensas concedidas aos profissionais pelos resultados alcançados e competências desenvolvidas.

Figura 2 – Visão do Ciclo de Gestão do Desempenho

Neste ciclo, dois papéis são fundamentais: o da área de gestão de pessoas (RH) que deve

coordenar e garantir a comunicação e capacitação dos atores no ciclo de gestão do

desempenho; e o da liderança (gestores) que vai efetivamente realizar a gestão das equipes

no dia a dia, estabelecer e negociar as metas, orientar, aconselhar, acompanhar e oferecer

feedback aos profissionais. O papel da liderança é central na implementação de um

processo de gestão do desempenho.

Papel da

Liderança

RH RH

RHRH

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Estratégia

Competências Resultados

Medir e AvaliarAvaliação de Competências,

Apuração dos Resultados

Obter

ComprometimentoContratação de Metas e de

Ações de Desenvolvimento

de Competências

Orientar,

Aconselhar e

AcompanharCoaching

Desenvolver e

RecompensarFeedback, Mérito, Promoção,

Treinamento e Capacitação

Desempenho

Papel da

Liderança

RH RH

RHRH

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Coordenação

Comunicação

Capacitação

Estratégia

Competências Resultados

Medir e AvaliarAvaliação de Competências,

Apuração dos Resultados

Obter

ComprometimentoContratação de Metas e de

Ações de Desenvolvimento

de Competências

Orientar,

Aconselhar e

AcompanharCoaching

Desenvolver e

RecompensarFeedback, Mérito, Promoção,

Treinamento e Capacitação

Desempenho

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3. Desenho do modelo de gestão do desempenho por competências

3.1 Contextualização do projeto

Ao longo das últimas décadas é evidente a crescente complexidade das atividades estatais,

fenômeno este que pode ser atribuído a diversos fatores. Um dos fatores que afeta a

sociedade como um todo é a transição de uma economia industrial para uma economia do

conhecimento, na qual a alta tecnologia passou a fazer parte do cotidiano das pessoas e das

organizações. Esta complexidade no ambiente requer que o Estado repense a forma de

mediar a atuação dos indivíduos, criando mecanismos mais ágeis e flexíveis para controlar

as inúmeras transações que ocorrem no meio social.

Em paralelo a estas transformações, a sociedade cada vez mais exige uma atuação estatal

eficiente e eficaz, sendo intolerante com a tradicional baixa capacidade dos Estados em

prover serviços de qualidade para a população e, ao mesmo tempo, à elevação de impostos

e tributos para dar conta do aumento da complexidade dos serviços estatais. Em outras

palavras, exige-se que o Estado faça mais e melhor com menos recursos. Este contexto

torna-se mais desafiador quando esta pressão da sociedade pela melhoria da qualidade dos

serviços estatais a baixos custos esbarra na precariedade histórica do aparato estatal.

As organizações públicas, após anos de sucateamento e baixo investimento, passam a lidar

com enormes desafios contando com infraestrutura, métodos de gestão, tecnologias e

pessoas que durante longos anos não foram priorizados e, portanto, desenvolvidos a

contento. Este contexto geral fez (e ainda faz) parte de boa parcela da realidade pública

brasileira, e no Estado de Minas Gerais não foi diferente.

Em 2003 o Governo do Estado de Minas Gerais lançou um programa inovador denominado

de Choque de Gestão, compreendido como um conjunto integrado de políticas de gestão

pública orientado para o desenvolvimento. O foco fundamental do Choque de Gestão foi a

reformulação da gestão pública no Estado de Minas Gerais, buscando-se a implementação

no longo prazo de uma nova cultura comportamental do setor público mineiro voltada para

desenvolvimento da sociedade de acordo com critérios objetivos para se medir o

desempenho dos resultados das ações governamentais (Anastasia A. A., Vilhena et al.

2006). Com isso se buscou a elevação da eficiência e eficácia da atuação estatal, sendo o

vínculo com os resultados para a sociedade uma premissa essencial deste programa.

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Desde 2003, o Governo de Minas obteve resultados bastante significativos, não só em

termos de reversão do quadro de déficit fiscal, como de melhoria do aparato estatal. Hoje se

fala na segunda geração do Choque de Gestão, na qual novas iniciativas, práticas e

melhorias estão sendo implementadas para consolidar a visão de uma máquina pública

efetiva e que seja capaz de entregar aos cidadãos mineiros os resultados prometidos pelo

programa de governo. A denominação de segunda geração é, de certa maneira, um

reconhecimento de que o Choque de Gestão é um processo de aprimoramento contínuo e

que seus impactos devem ser aprofundados, garantindo-se a sustentabilidade ao longo do

tempo, principalmente no que se refere à incorporação de seus valores subjacentes à cultura

estatal.

Desde o seu lançamento, o Choque de Gestão priorizou as políticas de gestão de pessoas

como um elemento essencial para o sucesso das transformações. Como destacado por

Anastasia (Vilhena et al., 2006), um dos principais mentores do programa, é fundamental

que sejam adotados “[...] fatores de estímulo e motivação dos servidores públicos, que são

imprescindíveis para o sucesso deste novo modo de funcionamento da administração

pública”. E de fato, dificilmente as mudanças que foram implementadas seriam possíveis se

os servidores públicos não apresentassem capacidades e engajamento necessários para tal.

Deve-se considerar que o Estado é essencialmente uma gigante organização prestadora de

serviços, portanto, por natureza, dependente altamente de pessoas; cenário este que fica

mais evidente quando consideramos o histórico baixo nível de automatização de processos.

Para dar conta da dimensão de pessoas, uma série de políticas foi criada ou alterada no

Choque de Gestão, destacando-se o pagamento de premiação por alcance de resultados,

certificação ocupacional para seleção de profissionais para determinadas posições,

programas de desenvolvimento gerenciais, maior efetividade na organização e concessão

de cargos comissionados, revisão das tabelas salariais, regras de promoção e progressão

na carreira e avaliação de desempenho dos servidores.

A avaliação do desempenho dos servidores públicos, uma das políticas implementadas no

Choque de Gestão, foi essencial para que se buscasse o alinhamento dos servidores em

torno das novas demandas de trabalho, além de viabilizar uma maior integração com

passaria a influenciar aspectos remuneratórios, de treinamento e desenvolvimento e de

carreira dos servidores.

Page 15: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

15

A introdução desta nova metodologia de avaliação propiciou a introdução de uma semente

de meritocracia no Governo do Estado, um valor essencial para o êxito do Choque de

Gestão. Ao longo dos anos, contudo, percebeu-se que a proposição inicial da política de

avaliação de desempenho dos servidores começou a apresentar uma série de

inconsistências, principalmente identificadas pelo grau de evolução percebido na gestão

pública do Governo do Estado. Em outras palavras, a política inicialmente concebida se

mostrava adequada para a primeira onda de transformações, mas, paulatinamente, expunha

a sua obsolescência, à medida que o Governo do Estado avançava para a segunda geração

do Choque de Gestão.

Desse modo, o Governo do Estado de Minas Gerais tomou a decisão de iniciar um projeto

com o objetivo de rever as definições desta política, selecionando quatro instituições que

pudessem contribuir para o desenho do novo modelo e implementá-lo como um piloto, que

posteriormente seria ampliado para outras instituições. Foram selecionadas as Secretarias

de Estado da Fazenda, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de Saúde e a de

Planejamento e Gestão – esta última agregando o papel de coordenadora do projeto.

Como resultado, o projeto deveria propiciar um novo modelo de gestão do desempenho por

competências para os servidores do Estado, incluindo aspectos como: novos métodos,

instrumentos, processos e procedimentos e tecnologias de avaliação e mapeamento das

competências essenciais aos servidores das quatro Secretarias envolvidas no projeto.

As competências essenciais seriam os novos critérios de avaliação, em substituição aos

utilizados na avaliação de desempenho originalmente concebida na primeira geração do

Choque de Gestão, congregando as entregas, os conhecimentos, as habilidades e atitudes

comuns a todos os servidores de uma determinada instituição, pois estariam relacionados a

crenças, valores e filosofia de gestão.

3.2 Descrição das etapas e metodologia empregada

3.2.1 Estrutura do projeto

Page 16: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

16

O primeiro passo para o início do projeto foi a definição de uma estrutura que contemplasse

as características e desafios específicos do projeto. De maneira diferente de projetos que

são conduzidos no âmbito de uma única organização, o desenho do novo modelo de gestão

do desempenho por competências e o mapeamento de competências impactaria quatro

diferentes organizações, desta forma deveria ser pensada uma estrutura de projeto que

contemplasse ao mesmo tempo:

a) a participação efetiva dos dirigentes e servidores de cada um das Secretarias,

assegurando assim a customização do modelo para distintas realidades e

necessidades;

b) o estabelecimento de um grupo coeso que pudesse representar cada uma das

Secretarias e ao mesmo tempo elaborar recomendações no âmbito do Governo do

Estado que pudessem garantir a uniformidade e consistência do modelo;

c) a inclusão dos servidores no processo de reflexão e na definição das características

do modelo, de forma a assegurar o máximo de participação, considerando, também, as

limitações de prazo e custos existentes, e facilitar a posterior implantação das

recomendações;

d) a ampla participação dos dirigentes das Secretarias, que seriam os aprovadores dos

produtos finais.

Dadas estas premissas, o projeto foi estruturado considerado três subestruturas: a equipe da

consultoria que foi contratada para apoiar e coordenar o projeto, a PwC; a Secretaria de

Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), coordenadora do projeto; e as demais

Secretarias envolvidas. Estas subestruturas articularam-se em três distintos grupos de

trabalho. O primeiro deles foi denominado Equipe Gestora do Projeto (EGP), composto pelos

gerentes do projeto da consultoria e da Seplag e pelas respectivas equipes técnicas, e que

foi responsável pela execução, envolvendo-se nele no dia a dia, levantando e analisando

dados e informações para a elaboração dos produtos do projeto. Este grupo, inclusive,

organizava-se fisicamente no mesmo espaço, com interação contínua e diária, o que facilitou

enormemente a sua integração.

O segundo grupo, denominado de Grupo de Trabalho Multidisciplinar (GTM), era composto

por membros da EGP, coordenadores (Seplag e PwC) e representantes das unidades

Page 17: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

17

setoriais de RH (USRHs). Responsabilizava-se pelas discussões técnicas relativas à

construção dos produtos do projeto, assegurando que as recomendações submetidas à

aprovação das autoridades considerassem as especificidades de cada uma das Secretarias

envolvidas, ao mesmo tempo, que uma padronização de método e filosofia no âmbito da

administração estadual. Este grupo reunia-se, no mínimo, mensalmente.

O terceiro e último grupo, denominado Grupo de Trabalho (GT), foi formado dentro de cada

uma das Secretarias com o objetivo de reunir gestores e servidores em torno das discussões

do novo modelo de gestão do desempenho por competências e das competências que

seriam definidas para cada Secretaria. Na prática, foram quatro Grupos de Trabalho, um

para cada Secretaria.

Houve adaptações na formação destes grupos em cada Secretaria mas, de maneira geral,

eles eram compostos por dez a vinte participantes, representantes das diversas unidades/

áreas das Secretarias. Para a seleção dos participantes, as autoridades foram consultadas,

sendo recomendado que os escolhidos apresentassem o seguinte perfil:

a) fossem formadores de opinião no âmbito da Secretaria;

b) estivessem à frente de projetos relevantes e de impacto;

c) apresentassem um perfil voltado à liderança – mesmo que informal – e/ou focado em

gestão de pessoas, valorizando estes aspectos;

d) possuíssem uma postura ativa no órgão;

e) apresentassem visão sistêmica, conhecendo, mesmo que de maneira ampla, toda a

Secretaria;

f) pudessem atuar como multiplicadores de conhecimentos e ideias;

g) e que fossem participativos, questionadores e “críticos construtivos”, ou seja, que

apresentassem capacidade de, ao mesmo tempo, encontrar problemas e soluções. Esta

estrutura foi fundamental para que os produtos fossem gerados com a devida participação

dos diferentes agentes envolvidos, considerando diferentes visões acerca de um mesmo

problema: a necessidade de que o modelo de gestão do desempenho dos servidores fosse

revisto. A visão esquemática da estrutura do projeto pode ser observada na figura 3.

Page 18: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

18

Figura 3 – Estrutura organizacional do projeto

3.2.2 Etapas do projeto – visão geral

O projeto foi planejado considerando cinco etapas. A primeira, denominada Planejamento e

Entendimento, teve como objetivo principal mapear e compreender os direcionadores

estratégicos e a estrutura das Secretarias envolvidas, bem como, as políticas e práticas de

Recursos Humanos do Governo do Estado de Minas Gerais.

A segunda e a terceira etapas do projeto foram executadas de maneira concorrente, pois

dependiam fortemente uma da outra. A segunda etapa, denominada Construção do Modelo

de Gestão do Desempenho por Competências, foi voltada para a discussão das

características do modelo em si, abrangendo a definição de uma série de aspectos

conceituais e práticos relacionados ao método, processo e instrumentos de gestão do

desempenho por competências dos servidores.

Muito vinculada a estas discussões, a terceira etapa do projeto, denominada Mapeamento

das Competências Essenciais, envolveu uma série de atividades estruturadas para a

identificação das competências essenciais requeridas aos servidores de cada uma das

Secretarias envolvidas e que comporiam o novo método, processo e instrumentos de gestão

do desempenho dos servidores.

Enquanto a segunda etapa tinha a preocupação central de estabelecer um “esqueleto” que

daria forma ao novo modelo de gestão do desempenho por competências, a terceira

focalizou o conteúdo – as competências essenciais – que rechearia este esqueleto.

Autoridades

SEPLAG

Equipe Gestora do

Projeto (EGP)

Coordenador

Grupo de Trabalho

Multidisciplinar (GTM)

Coordenador

GerenteGerente

Autoridades

Secretarias

Equipe Técnica Equipe Técnica

Gestores das

Secretarias

Servidores

Grupo de Trabalho

Representantes das Unidades

Setoriais de RH

Page 19: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

19

A quarta etapa do projeto, denominada Plano de Continuidade, envolveu a definição de um

plano de implantação do modelo, considerando não só as especificidades de cada

Secretaria, como um plano voltado à Seplag, como órgão central, para a disseminação do

modelo nas demais Secretarias do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais.

Vale destacar que as etapas 2, 3 e 4 passaram por dois ciclos ou ondas, pois as quatro

Secretarias não foram submetidas a estas etapas todas ao mesmo tempo: em um primeiro

ciclo/onda as Secretarias de Estado da Fazenda e a de Agricultura, Pecuária e

Abastecimento proveram recomendações em relação ao modelo (etapa 2), tiveram suas

competências essenciais mapeadas (etapa 3) e definiram seus respectivos planos de

continuidade (etapa 4); e em um segundo ciclo, depois de finalizado o primeiro, as

Secretarias de Estado da Saúde e de Planejamento e Gestão passaram por estas mesmas

etapas.

A quinta e última etapa do projeto, denominada Difusão, envolveu uma série de atividades

voltadas à divulgação do novo modelo de gestão do desempenho por competências e das

competências em si para os servidores, além da capacitação de multiplicadores e dos

profissionais das USRHs das Secretarias envolvidas. Na figura 4, é apresentado o esquema

das etapas do projeto:

Figura 4 – Visão geral das etapas do projeto

Nas próximas seções, cada uma das etapas será descrita em detalhes, buscando-se relatar

as atividades envolvidas, a metodologia empregada e os produtos gerados em cada uma.

Etapa 1 – Planejamento e Entendimento

Esta etapa envolveu uma série de atividades de discussão relacionadas ao planejamento de

condução do projeto, bem como à elaboração de um relatório de diagnóstico contendo o

entendimento da situação atual e a identificação de oportunidades de melhorias no modelo

de gestão do desempenho dos servidores do Governo de Minas Gerais.

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 5Etapa 4

Planejamento e

Entendimento

Construção do

Modelo de Gestão

do Desempenho

por Competências

Mapeamento das

Competências

Essenciais

Difusão Plano de

Continuidade

Page 20: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

20

No que se refere às atividades de planejamento, focalizou-se a validação da estrutura e

organização do projeto, sendo acordadas entre todas as partes envolvidas as

responsabilidades e os papéis que seriam assumidos. Da mesma forma, foi discutido e

acordado o cronograma, incluindo etapas, atividades, objetivos, produtos e envolvidos,.

Fez parte dessas discussões a definição de um plano de comunicação, no qual foi

detalhada, para cada uma das Secretarias qual ação de comunicação seria empreendida,

bem como prazo, meio/veículo utilizado, objetivo da comunicação, audiência, periodicidade e

emissores. As discussões em torno de estrutura, cronograma e plano de comunicação no

âmbito do Grupo de Trabalho Multidisciplinar não só permitiram que cada Secretaria, por

meio de suas USRHs, pudesse contribuir com sua visão e necessidades específicas, como

resultou em maior engajamento para que responsabilidades e prazos fossem cumpridos.

As atividades de Entendimento envolveram a realização de um diagnóstico para que fossem

compreendidos os direcionadores estratégicos e a estrutura das Secretarias, dos Órgãos

Autônomos, das Fundações e Autarquias do Poder Executivo do Estado de Minas Gerais,

bem como as políticas e práticas de Recursos Humanos.

Para a realização do diagnóstico utilizou-se como referência a metodologia da consultoria, a

qual considera que a Gestão do Desempenho pode ser compreendida como uma política

central de gestão de pessoas, uma vez que não só viabiliza o alinhamento de distintas

políticas (provimento, capacitação e desenvolvimento, carreira, mobilidade e sucessão,

remuneração e recompensas etc.) à estratégia da organização, como cria condições para

que estas políticas sejam mais integradas e consistentes entre si. O alinhamento estratégico

é obtido pela definição e pelo desdobramento de competências e resultados/metas do nível

organizacional para o nível individual, e a integração de políticas pela utilização de uma

linguagem comum. Em outras palavras, as competências demonstradas e os resultados

entregues determinarão como a organização proverá, capacitará, fará a gestão de carreiras

e remunerará – entre outras decisões – seus profissionais.

Esta metodologia, portanto, considera que a efetividade da gestão do desempenho dos

indivíduos é determinada não só por suas características intrínsecas, como critérios, etapas,

processo e ferramentas, como pela qualidade da interface com a estratégia da organização,

por sua relação com outras políticas de RH e por características estruturais, tecnológicas e

Page 21: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

21

de gestão da unidade/área responsável pela gestão de RH. A figura 5 representa este

modelo, o qual norteou o diagnóstico.

Figura 5 – Modelo usado para o Diagnóstico

O diagnóstico envolveu o levantamento de uma série de informações e dados referente à

política de gestão do desempenho dos servidores, bem como das denominadas políticas de

entorno, ou seja, aquelas que influenciam e são influenciadas por essa gestão:

a) provisão, que envolve as políticas relacionadas a recrutamento e seleção de

servidores, em suas diversas modalidades;

b) capacitação e desenvolvimento, envolvendo as políticas de treinamento e

desenvolvimento em suas distintas dimensões, como técnicas, comportamentais,

voltadas à liderança etc.;

c) carreira, mobilidade e sucessão, envolvendo as políticas que determinam como os

servidores se movimentam ao longo de seu histórico profissional;

d) remuneração e recompensas, abrangendo as políticas de salários, benefícios,

remunerações diversas e gratificações, critérios de promoção e progressão salarial,

bem como incentivos, remunerações variáveis e recompensas não monetárias.

Também foram levantadas informações e dados referentes ao vínculo da gestão do

desempenho com a estratégia, ou seja, como se assegura que a gestão do desempenho

Desempenho

Prover

Capacitar

e Desenvolver

Carreira,Mobilidade e

Sucessão

Remunerare

Recompensar

ComunicaçãoInterna

Folha de Pagamento

ClimaOrganizacio-

nal

Relações

Sindicais

Saúde, Bem Estar e

SegurançaResponsa-

bilidadeSocial

Gestão

do

Desempenho

(Resultados e Competências)

Estratégia

Estrutura, Tecnologia e Modelo de Gestão de RH

Page 22: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

22

está alinhada à estratégia institucional; e referentes às denominadas bases de sustentação

da gestão de RH, abrangendo a estrutura (infraestrutura, quantitativos e qualificação de

pessoal) da unidade/área de RH, tecnologia (sistemas de informação) e modelo de gestão

de RH (forma de planejamento, gestão e organização da área). Para cada uma destas

dimensões analisadas, foi mapeada a situação atual, por meio da identificação de pontos

fortes e pontos críticos. Para isso foram consultadas múltiplas fontes:

As principais lideranças da Seplag, responsáveis pela concepção e/ou

implementação do programa Choque de Gestão.

Todas as diretorias centrais de Recursos Humanos da Seplag (Provimento,

Carreira e Remuneração, Treinamento e Desenvolvimento e Gestão do

Desempenho), responsáveis por estas políticas no âmbito do Estado.

As lideranças responsáveis pelas unidades/áreas de RH de todas as

Secretarias envolvidas.

Os dirigentes máximos das Secretarias envolvidas.

Foram elaboradas tabelas resumo das entrevistas e dos levantamentos, como a

exemplificada a seguir, que trata de um dos vínculos encontrados entre a gestão do

desempenho e a política de remuneração e recompensas, por meio da concessão de um

determinado adicional:

Pontos Positivos Pontos Críticos

a. O Adicional de Desempenho (ADE) atua como um

estímulo a melhores desempenhos e fortalece a

implementação de uma cultura de meritocracia.

b. Substituição de um elemento do pacote de

remuneração dos servidores que era meramente

baseado no tempo por um que é baseado no

desempenho.

a. O pagamento mensal da gratificação pode ocasionar uma distorção na

forma como os servidores encaram esta parcela da remuneração. O fato

de ser uma gratificação voltada ao reconhecimento do desempenho do

servidor, e o desempenho, por natureza, ser um elemento "variável/

possível" e não "fixo/ garantido", principalmente no que se refere à

parcela vinculada ao Desempenho Institucional (Acordo de Resultados),

faz com que o pagamento mensal pareça inadequado à natureza da

gratificação. Isto, porque, o servidor que percebe a gratificação acaba

por incorporá-la ao seu estilo de vida mensal, contando com o recurso

para despesas correntes que assume. Portanto, a gratificação acaba

adquirindo uma conotação de parcela "fixa/ garantida" do pacote de

remuneração, e não variável e de risco, como seria uma bonificação com

pagamentos em periodicidades superiores (como hoje acontece com o

Prêmio por Produtividade).

b. A vinculação entre o ADE e o número de avaliações acabou por associar

mais uma vez o fator tempo ao desempenho, pois é necessária a

acumulação de ADIs/ AEDs ao longo do tempo para que a proporção de

ADE seja elevada. Esta associação não faz sentido do ponto de vista da

gestão do desempenho dos servidores e reforça a mensagem de que o

adicional veio a substituir um componente que antes era assegurado (o

qüinqüênio) e não a agregar um novo componente associado ao risco.

Page 23: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

23

Figura 6 – Exemplo de consolidação dos dados do diagnóstico

Para complementar a análise, a política de gestão do desempenho dos servidores do

Governo do Estado de Minas Gerais foi ainda comparada a um benchmarking realizado pela

consultoria junto a 51 instituições de porte no mercado brasileiro. Esta comparação permitiu

que fosse identificada a maturidade da política de gestão de desempenho do Estado, e as

principais oportunidades de melhoria no que se refere, principalmente, a critérios, etapas,

processos e ferramentas de gestão do desempenho.

Ao fim foi elaborado um extenso relatório, compartilhado com todos os integrantes do GTM e

os principais dirigentes das Secretarias envolvidas. Este relatório, uma vez validado, foi a

principal fonte de consulta para que na próxima etapa do projeto fossem elaboradas

recomendações de melhoria, as quais foram a base para que o novo modelo fosse

desenhado.

Etapa 2 – Construção do Modelo de Gestão do Desempenho por Competências

A segunda etapa do projeto envolveu a definição de todas as características do novo modelo

de gestão do desempenho por competências do Governo do Estado de Minas Gerais. Para

tal, foram realizadas seis oficinas de 8h cada, ao longo do projeto com o GTM. Os

integrantes do grupo tiveram a responsabilidade de contribuir tecnicamente para a revisão

do modelo, bem como de levar para as discussões do grupo as demandas e especificidades

de cada uma das Secretarias. As proposições do GTM foram, também, levadas para os GTs

formados nas Secretarias, com seus servidores e gestores. Os GTs puderam prover

recomendações específicas que eram novamente apreciadas no âmbito do GTM.

As principais definições do modelo de gestão do desempenho envolveram recomendações

para os seguintes elementos:

Objetivos do modelo: buscam sintetizar os resultados que se espera alcançar

com a implementação do novo modelo de gestão do desempenho por

competências.

Page 24: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

24

Premissas: congregam um conjunto de norteadores que devem ser

considerados para que os objetivos sejam alcançados. As premissas

nortearam e direcionaram as recomendações e decisões do GTM.

Fatores críticos para o sucesso: consideram elementos que, normalmente,

são externos ao modelo ou se relacionam com o processo de implementação.

São elementos críticos para que o novo modelo obtenha sucesso e alcance

seus objetivos.

Tipologia de competência: formalização dos tipos de competências que

seriam abrangidas pelo modelo, além das competências essenciais que eram

escopo do projeto.

Definição de competência: com a definição do que se entende por

“competência” no Governo do Estado de Minas Gerais. Para tanto, buscou-se

alinhamento com o que há de mais atualizado na literatura sobre o tema, bem

como a utilização de uma terminologia adequada ao público abrangido.

Forma de descrição da competência: formato a ser utilizado para a descrição

das competências.

Escala de avaliação: escala a ser utilizada para a avaliação das competências

dos servidores.

Ponderação de competências: definição de distintos pesos para as

competências na diferenciação de competências essenciais entre unidades,

chefias e servidores, de acordo com seus contextos específicos de trabalho.

Fontes de avaliação: quem são os avaliadores e como suas avaliações

influenciam a nota final do servidor avaliado, considerando-se diferentes

pesos, de acordo com o papel da fonte de avaliação – o próprio servidor

(autoavaliação), pares, chefia ou cliente.

Desenho do processo: etapas, envolvidos, requisitos de tecnologia e prazos

da gestão do desempenho.

Page 25: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

25

Instrumentos de gestão do desempenho: desenho de todos os formulários de

acordo, acompanhamento e avaliação do desempenho dos servidores.

Governança do modelo: adoção de regras de definição de atribuições claras

com o objetivo de acompanhar, debater, recomendar ajustes e gerar senso de

responsabilização em relação ao modelo de gestão do desempenho.

Vínculos com outras políticas de RH: recomendações de ajustes em outras

políticas de gestão de pessoas, como provimento, capacitação e

desenvolvimento, carreira, mobilidade e sucessão, remuneração e

recompensas.

Todas estas definições compuseram o arcabouço – ou esqueleto – do modelo de gestão do

desempenho por competências. As discussões de cada um destes elementos do modelo

não foram realizadas de maneira linear, pois muitas vezes o próprio processo de reflexão

necessitava de amadurecimento do GTM, e o envolvimento dos servidores e gestores das

Secretarias por meio dos GTs sinalizava pontos críticos que muitas vezes não eram

identificados em uma primeira análise pelos especialistas do GTM. Dessa forma, a segunda

etapa do projeto concorreu com a terceira etapa. Esta concorrência, ao fim do projeto, trouxe

ganhos substanciais, pois assegurou um processo de construção participativo, no qual a

reflexão sobre o modelo pudesse adquirir uma maturidade bastante considerável.

Etapa 3 – Mapeamento das Competências Essenciais

A terceira etapa do projeto compreendeu o mapeamento das competências essenciais, ou

seja, a definição e a descrição detalhada dos critérios que passariam a ser utilizados para se

fazer a gestão (acordo, acompanhamento e avaliação) do desempenho dos servidores das

Secretarias envolvidas. As competências essenciais podem ser compreendidas como o

“recheio” do modelo, ou seja, o conteúdo utilizado para a gestão do desempenho dos

servidores.

Esta etapa envolveu intensamente os servidores e gestores, pois as competências definidas

foram específicas e distintas para cada uma das Secretarias envolvidas. De acordo com a

metodologia adotada, as competências deveriam ser reflexo das demandas estratégicas de

Page 26: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

26

cada uma das Secretarias, ou seja, o conjunto de critérios mapeados para que se fizesse a

gestão do desempenho dos servidores deveria viabilizar o logro estratégico. Dessa maneira,

para cada uma das Secretarias foi fundamental a leitura e compreensão dos principais

documentos que sintetizam seus respectivos desafios estratégicos, como planejamento

estratégico, mapas estratégicos (BSC), objetivos, indicadores etc. Esta leitura prévia pôde

prover uma visão geral dos desafios estratégicos de cada Secretaria envolvida.

Além da consulta a estes documentos, foram realizadas entrevistas com todos os dirigentes

das Secretarias (Secretários, Secretários-Adjuntos, Subsecretários, Chefes de Gabinete,

Superintendentes e Assessores-chave). Estas entrevistas, que duravam entre 1h e 1h30min,

apresentavam os objetivos, escopo e resultados esperados do projeto, e principalmente,

obtinham respostas para as seguintes questões centrais:

1. Quais as principais mudanças e desafios no contexto/ambiente em que está

inserida a Secretaria?

2. Quais os principais desafios estratégicos do órgão, considerando aspectos

internos e externos? Que projetos estratégicos ou mudanças significativas estão

sendo realizadas no órgão?

3. Diante da realidade de sua Secretaria e dos desafios estratégicos colocados,

quais são as principais competências exigidas aos servidores? Cite

comportamentos exemplares que expressem contribuições efetivas dos

servidores no dia a dia.

4. Quais os pontos positivos e negativos dos instrumentos e processos de

avaliação/gestão do desempenho dos servidores? Aponte sugestões.

5. Quais são suas expectativas e recomendações em relação ao projeto?

Vale ressaltar que, antes da realização das entrevistas, foram realizadas diversas ações de

comunicação acerca dos objetivos e do escopo do projeto, com foco nas lideranças das

Secretarias. Dessa forma, ao serem convidadas para as entrevistas, as lideranças já sabiam

do que se tratava.

Page 27: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

27

As informações prestadas pelos entrevistados foram consolidadas, buscando-se destacar os

aspectos mais relevantes e comentados pelo grupo de entrevistados. Esta consolidação foi

uma das bases para que, em um segundo momento, fossem mapeadas as competências

essenciais dos servidores. Particularmente, três informações foram úteis para isso:

a) a análise do contexto da Secretaria, que abrangia fatores internos e externos –

como mudanças na cultural organizacional e na legislação, perspectivas econômicas e

financeiras, aspectos sazonais, avanços tecnológicos, mudanças sociais ou outros

fatores relevantes – que impactaram ou iriam impactar os direcionadores estratégicos

da Secretaria e que são capazes de sinalizar o contexto no qual o órgão estava

inserido;

b) principais desafios estratégicos do órgão, estabelecidos a partir do entendimento do

contexto da Secretaria, congregando uma síntese do que foi exposto pelos

entrevistados em relação às ações que estavam sendo promovidas ou exigidas da

Secretaria, em virtude do contexto em que ela se encontrava;

c) demandas para o perfil dos servidores, contendo uma lista de todas as exigências

para enfrentar os desafios estratégicos colocados.

Na prática, essas questões buscavam a identificação de relações de causa e efeito que

justificassem a proposição de competências essenciais para os servidores da Secretaria. Na

figura 7, é apresentado um exemplo de relação que contribuiu para originar a competência

essencial “Foco no Cliente”.

Figura 7 – Exemplo de relação de causa e efeito: contexto > desafios estratégicos > demandas para o perfil dos servidores

Além das entrevistas, foi aplicado ao público entrevistado um questionário com o objetivo de

contribuir para a identificação e o detalhamento das competências essenciais. O

Desafios Estratégicos

• Pressão da sociedade por

uma melhoria no atendimento ao contribuinte

e por maior qualidade dos

serviços prestados, bem como intolerância à elevação

de tributos.

• ...

Contexto Demandas para o perfil dos servidores

• Melhorar o relacionamento

com o cliente (contribuinte/ usuário), por meio da

prestação de serviços de

qualidade.

• ...

• Estar focado no cidadão e no

atendimento às suas necessidades, mesmo que indiretamente por meio de

clientes internos. Ter uma atitude de

“servir” proativamente, buscando a satisfação do cidadão.

• ...

Page 28: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

28

questionário consistia em um conjunto pré-concebido de cerca de 60 conhecimentos,

habilidades e atitudes para os quais os respondentes deveriam assinalar, em sua opinião, a

“Relevância Estratégica” para a Secretaria, utilizando-se da escala: “Alta”, “Média” ou “Baixa”

“Relevância”; e a “Situação Atual” desses fatores no que se refere à forma como o

respondente avaliaria hoje os servidores do órgão, ou seja, se estes conhecimentos,

habilidades e atitudes eram “Pontos Fracos” ou “Pontos Fortes” no perfil dos servidores. A

figura 8 apresenta um extrato do questionário.

Figura 8 – Extrato do questionário de identificação de competências

O cruzamento da “Relevância Estratégia” e da “Situação Atual” permitiu que fossem

identificados, ao mesmo tempo, conhecimentos, habilidades e atitudes de maior “Relevância

Estratégica” e pior “Situação Atual”, ou seja, que mais precisariam ser desenvolvidos no

perfil dos servidores. Este cruzamento destacou os elementos mais críticos para o perfil dos

servidores do órgão, sugerindo, portanto, conteúdos que deveriam estar presentes no

detalhamento das competências.

Com base nestes materiais, a Equipe Gestora do Projeto (EGP), em conjunto com os

representantes das unidades setoriais de RH (USRHs), elaborou uma primeira sugestão de

competências essenciais dos servidores da Secretaria em questão em ambiente de oficina.

Esta primeira versão foi levada em seguida para diversas oficinas junto ao Grupo de

Trabalho (GT) de cada uma das Secretarias.

Cod.Componentes da

CompetênciaDetalhamento dos Componentes da Competência

x

1. Relevância

Estratégica

(ALTA, MÉDIA

OU BAIXA) x

Ponto Muito

FracoPonto Fraco

Mais Ponto Fraco

que Ponto Forte

Mais Ponto Forte

que Ponto FracoPonto Forte

Ponto Muito

Forte

H100Adaptabilidade/

flexibilidade

Adaptar-se, adequar-se e ajustar-se conforme o

contexto.

H110Administração de

conflitos

Escolher e implementar estratégias mais adequadas

para lidar com cada tipo de situação conflituosa,

buscando harmonia, união e acordo entre as partes.

H120Administração do

tempo

Planejar o trabalho, estabelecendo objetivos, prioridades

e definindo planos de ação para atender às demandas

dentro do prazo estabelecido.

H130 Agilidade Ser rápido na realização das atividades.

H140Análise de situações/

cenários

Examinar, refletir, avaliar e correlacionar situações e

diferentes contextos.

H150Aprendizagem pelo

erroAprender com suas próprias falhas.

2. Situação Atual (Como você avaliaria hoje o "servidor médio" do ORGÃO neste

componente?). Marque "X" em uma das 6 opções abaixo:

Page 29: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

29

Em média, foram realizadas três oficinas de 8h com cada GT, nas quais foram aplicadas

dinâmicas de grupo para que as competências fossem mapeadas. Os grupos trabalharam

com as informações do diagnóstico e da consolidação das entrevistas com os dirigentes da

Secretaria (contexto, desafios estratégicos e demandas para o perfil dos servidores), com a

tabulação do questionário (“Relevância Estratégica”, “Situação atual” e “Criticidade”) e com

as sugestões da EGP e da USRH de quais competências seriam essenciais para os

servidores da Secretaria.

Para as atividades de mapeamento das competências essenciais foram definidos alguns

direcionadores pelo GTM, que orientaram os trabalhos dos grupos. O primeiro deles foi que

seriam estabelecidas no mínimo quatro e no máximo sete competências essenciais, cada

uma composta por três a cinco comportamentos observáveis, totalizando de 12 a 35 itens

avaliados. A limitação da quantidade de competências e itens avaliados objetivava a

simplificação dos instrumentos de avaliação, considerando-se, ainda, que no futuro seriam

agregadas as competências técnicas ao instrumento.

Cada competência deveria conter um título, o mais objetivo possível, representando a

ideiaidéia central da competência, chamando a atenção para o conteúdo dos

comportamentos observáveis e utilizando-se de linguagem compatível com a cultura da

Secretaria.

Os comportamentos observáveis – ou contribuições efetivas, como foram denominadas no

projeto – deveriam conter um conjunto de entregas ou ações concretas que o servidor

realiza e que sejam perceptíveis por meio da observação de um agente externo.

Sempre que possível, as competências e os comportamentos observáveis devem ter

explícita sua relevância ou seu valor agregado para o alcance dos resultados. Além disso,

para cada competência foram mapeados conhecimentos, habilidades e atitudes esperadas,

o que serviria para explicitar o significado da competência, norteando o servidor, seus

avaliadores e a elaboração de planos de desenvolvimento. Os conhecimentos, as

habilidades e as atitudes foram descritos em um glossário aplicado a todas as instituições

que aderiram ao novo modelo. Na figura 9, é apresentado um exemplo de como as

competências essenciais foram detalhadas pelos Grupos de Trabalho (GTs).

Page 30: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

30

Figura 9 – Exemplo de detalhamento das competências essenciais

Depois de detalhadas as competências essenciais pelos GTs, estas foram submetidas à

análise do GTM, que verificou se havia alguma inconsistência nas definições e sugeriu

eventuais ajustes. O papel do GTM foi assegurar a qualidade do produto, sendo que as

alterações recomendadas não deveriam alterar a essência das competências propostas,

pois elas foram exaustivamente discutidas no âmbito da Secretaria. Passada esta etapa de

controle de qualidade, o produto final foi levado para a validação dos dirigentes da

Secretaria e da Seplag.

Etapa 4 – Plano de Continuidade

A etapa do Plano de continuidade objetivou o planejamento de um conjunto de ações

estruturadas ao longo do tempo, com o objetivo de implementar o novo modelo de gestão do

desempenho em cada uma das Secretarias, bem como planejar a continuidade do projeto de

mapeamento das competências essenciais para os demais Órgãos do Poder Executivo do

Governo do Estado de Minas Gerais, atividade esta sob responsabilidade da Seplag.

Competência: Comportamento Inovador

Contribuições Efetivas

1. Aplica os conhecimentos teóricos e práticos atualizados, contribuindo para a modernização das práticas de trabalho que

impactam internamente e/ou externamente.

2. Inova, propondo idéias e ações que agreguem valor e contribuam efetivamente para os resultados.

3. Faz recomendações técnicas que se sustentam do ponto de vista político, social, orçamentário/ financeiro e legal.

4. Desenvolve-se constantemente e se aprimora profissionalmente, envolvendo-se em ações formais ou informais de

desenvolvimento profissional.

Conhecimentos Habilidades Atitudes

• Estrutura organizacional

• Ferramentas de autoaprendizagem

• Ferramentas de pesquisa

• Fontes de Informação

• Missão, Visão e Valores

• Planejamento governamental

• PMDI, PPAG, LOA

• Princípios da administração pública

• Tecnologia da informação

• Análise de situações/ cenários

• Aprendizagem pelo erro

• Aprendizagem rápida

• Criatividade

• Multifuncionalidade

• Percepção do ambiente

• Solução de problemas

• Visão de longo prazo

• Visão sistêmica

• Ser aberto a críticas

• Ser audacioso

• Ser descomplicado

• Ser empreendedor

• Ser investigativo/ curioso

• Ser observador

• Ser proativo

• Ser questionador

• Ser receptivo

Page 31: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

31

No âmbito de cada Secretaria envolvida, o plano estabeleceu ações em diversas frentes de

atuação. Para cada ação foram identificados os responsáveis pela execução, definidos os

prazos e ressaltadas as interdependências entre atividades. As frentes detalhadas no plano

foram:

Frente de detalhamento do modelo: detalhamento e implementação dos

vínculos da gestão do desempenho com outras políticas de RH do Governo

do Estado de Minas Gerais e das Secretarias, além do planejamento de curto,

médio e longo prazo para o mapeamento das competências técnicas.

Frente de normatização: ações necessárias para a criação e aprovação dos

dispositivos legais que regem a gestão do desempenho dos servidores, como

decretos e resoluções.

Frente sindical: ações necessárias para o envolvimento do sindicato nas

discussões acerca do novo modelo.

Frente tecnológica: especificação de necessidades e

desenvolvimento/customização do sistema informatizado que daria suporte ao

novo modelo.

Frente de comunicação e capacitação: conjunto de ações para assegurar o

conhecimento do novo modelo por parte dos servidores e gestores, bem

como a capacitação para o uso dos instrumentos de gestão de desempenho.

No que se refere ao plano de continuidade do projeto de mapeamento das competências, a

premissa adotada foi de que a extensão do modelo seria de responsabilidade da equipe da

Diretoria Central de Gestão de Desempenho (DCGD) da Seplag, a qual atuaria como uma

consultoria interna na disseminação da metodologia construída no projeto. Foram

considerados requisitos para a extensão do modelo a outros órgãos:

• interesse do órgão em desenvolver o modelo;

• dedicação da equipe do órgão na construção;

• apoio dos dirigentes do órgão;

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32

• assessoria da Seplag e execução do órgão.

O prazo para a extensão do modelo variou em função do porte e da complexidade de cada

órgão, mas estimou-se que cerca de 16 semanas de trabalho seriam suficientes para o

mapeamento das competências.

Etapa 5 – Difusão

A quinta etapa do projeto foi executada ao fim de todas as demais, pois dependia não só da

finalização e aprovação das características do modelo de gestão do desempenho por

competências, como das competências essenciais em si e da definição dos planos de

continuidade. Deve-se ressaltar que esta etapa focalizou a disseminação dos produtos finais

do modelo de gestão do desempenho e não a comunicação dos objetivos e do status do

projeto– estas ações foram executadas de acordo com o plano de comunicação elaborado

na primeira etapa.

A difusão do modelo abarcou três públicos – os dirigentes, os gestores e os servidores –, e

dois objetivos foram focalizados: o de informar a todos as características e o conteúdo (as

competências essenciais) do novo modelo e de capacitar um grupo denominado de

multiplicadores para a continuidade da difusão.

O primeiro objetivo visava a passar as informações necessárias para que dirigentes,

gestores e servidores (letra maiúscula e minúscula misturadas. Rever) pudessem

compreender os objetivos e as principais características do novo modelo, bem como obter

informações mais detalhadas acerca de seu conteúdo e funcionamento. Foram realizadas

apresentações de 1h30min em auditórios abrangendo o máximo possível de servidores. As

apresentações foram gravadas e disponibilizadas, sendo, em algumas Secretarias, a base

para a elaboração de treinamento a distância, de forma que os servidores que estivessem

lotados em outras localidades pudessem ter contato com o conteúdo.

A capacitação dos multiplicadores envolveu a seleção de um grupo de gestores e servidores

em cada uma das Secretarias, o qual seria responsável pela continuidade da difusão e

multiplicação do modelo no âmbito da Secretaria. Foram selecionados gestores e servidores

que tivessem perfil para atuar como multiplicadores, buscando-se pessoas com habilidades

de comunicação, um bom trânsito e conhecimento do funcionamento da Secretaria, que

representassem as diversas unidades/áreas e, preferencialmente, fossem formadores de

Page 33: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

33

opinião. Os multiplicadores, aproximadamente 20 em cada Secretaria, assumiriam as

seguintes responsabilidades:

Apoiar a divulgação do novo modelo, atuando proativamente e por demanda

junto à unidade setorial de RH para a transmissão de mensagens referentes

ao modelo.

Esclarecer as dúvidas dos servidores quando procurados e endereçar para a

unidade setorial de RH quando necessário.

Colaborar no processo de implementação e melhoria contínua da nova

política, identificando e registrando pontos positivos e negativos do modelo à

medida que os gestores e servidores interagem com o modelo.

Ajudar na sensibilização dos servidores para mudança, não só por meio de

ações estruturadas como assumir uma “postura de defesa” em relação ao

modelo. Esta postura, não significaria uma alienação em relação aos pontos

de melhoria do modelo, mas sim um reconhecimento de que todo modelo

possui pontos positivos e negativos, e que melhorias serão implementadas

paulatinamente.

Os multiplicadores seriam os pontos de interface da unidade setorial de RH nas

unidades/áreas, facilitando a implementação e a obtenção de feedback destas em relação

ao modelo. O treinamento dados aos multiplicadores teve uma carga de 8h. Para suportar a

difusão do modelo foram elaborados, ainda, banners, cartazes, cartilhas e mensagens

transmitidas em meio eletrônico (por e-mail, banner eletrônico ou conteúdo disponibilizado

nas intranets das Secretarias), bem como treinamentos a distância para abranger servidores

lotados em regiões mais longínquas.

4. Fatores críticos para o sucesso da implementação e conclusões

As etapas e a metodologia empregadas asseguraram um padrão de qualidade e

participação bastante efetivo na avaliação de diversos agentes que tiveram interface com os

resultados do projeto, contudo, trata-se de um primeiro passo. Os passos seguintes da

implementação das recomendações geradas serão os que assegurarão o sucesso do novo

modelo. Ao longo do projeto e em virtude das inúmeras discussões realizadas com

Page 34: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

34

servidores e gestores públicos, foi possível compilar um conjunto de fatores, aqui propostos,

como críticos para o sucesso da implementação deste modelo.

Assim, pode-se dividir a identificação desses fatores em dois grupos: os relacionados à

condução do projeto e os relacionados ao pós-projeto, ou seja, que dependem da dinâmica

organizacional e de todas as suas variáveis – políticas e práticas, modelos de gestão,

cultura, tecnologia, comportamentos e atitudes, entre outras. No que se refere a estas

variáveis, o objetivo não será esgotá-las, pois isto exigiria um maior aprofundamento; mas

sim, destacar aquelas que surgiram como mais críticas durante as discussões e que

certamente poderão ser complementadas e enriquecidas em um momento posterior.

Quanto ao conjunto de aspectos considerados críticos para o sucesso da condução do

projeto, destaca-se, inicialmente, a forma de organização. O fato de contar com distintas

estruturas, assegurando a participação efetiva e simultânea da Seplag, das Secretarias

envolvidas e da consultoria permitiu não só que diferentes visões da mesma problemática

fossem agregadas ao projeto, como um maior senso de participação no processo de

construção e decisório.

Um dos aspectos críticos deste projeto foi como lidar com o risco de tensão existente entre o

órgão central (a Seplag), do qual emanam diretrizes e normas que regem diversas políticas

da administração pública estadual, e os órgãos usuários destas políticas, que muitas vezes

possuem necessidades particulares e específicas. O grande desafio pareceu concentrar-se

no ponto de equilíbrio desta tensão, ou seja, um ponto em que a Seplag não abre mão de

uma visão coerente e integrada de Estado e, ao mesmo tempo, reconhece as idiossincrasias

das diferentes instituições do Governo Estadual. A estruturação do projeto em torno de

grupos de trabalho, no qual estavam presentes profissionais da Seplag e das Secretarias

envolvidas, permitiu que esta tensão fosse minimizada, já que foi propiciado um ambiente de

negociação de caráter técnico.

O estabelecimento de distintos grupos permitiu, adicionalmente, uma troca bastante rica de

experiências e visões acerca da mesma problemática. Deve-se, ainda, destacar a

importância da atuação da EGP e do GTM. A interação dos profissionais participantes dos

grupos foi fundamental não só para enriquecer o processo de reflexão, como para assegurar

que os conceitos e a metodologia de trabalho fossem de fato repassados para a Seplag e

para as Secretarias.

Page 35: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

35

Um dos pontos críticos que comumente contribuem para o fracasso da implementação de

projetos desta natureza é o fato de que a consultoria, ao terminar o projeto, não assegura

que a instituição esteja capacitada para conduzir as atividades e a implementação de

maneira autônoma. Ao trabalhar lado a lado com a Seplag (inclusive dividindo o mesmo

espaço físico) e as USRHs, a consultoria viabilizou a transferência não apenas da

metodologia, como de competências fundamentais para o sucesso da implementação. Além

disto, a interação contínua entre os consultores e as equipes da Seplag e das USRHs

facilitou a compreensão da consultoria em relação às características, políticas e práticas

adotadas pelas instituições envolvidas. A intensa participação destas equipes pode ser

considerada um fator crítico para o sucesso, pois permitiu aos profissionais da Seplag e das

Secretarias sentirem-se “donos” das proposições e recomendações que eles mesmos

auxiliaram a formular, gerando assim compromisso e facilitando a implementação.

Outra característica que está relacionada à forma como os produtos foram gerados no

projeto refere-se à intensa participação dos diversos agentes envolvidos no projeto no

desenho do novo modelo de gestão do desempenho. Isso significa, na prática, que as

recomendações geradas para o novo modelo não foram pré-concebidas ou faziam parte de

uma metodologia infalível e definitiva por parte da consultoria, ao contrário, os dirigentes,

gestores e servidores envolvidos, sob a coordenação da consultoria, foram de fato quem

desenhou as soluções. A consultoria, neste sentido, assumiu um papel mais voltado à

orientação, organização das ideias e ao estímulo às discussões, aportando conhecimentos e

experiências previamente construídas.

Uma das características fundamentais da metodologia e que pode ser considerada um fator

crítico para o sucesso foi a busca pelo sentido estratégico dos produtos do projeto como um

todo e, em particular, das competências essenciais. Este vínculo foi almejado o tempo todo e

a metodologia assegurou que as diversas etapas da construção do produto final garantissem

a verificação do alinhamento das competências com a estratégia das Secretarias, em outras

palavras, se as competências que estavam sendo definidas, de fato, suportavam o sucesso

da estratégia.

A preocupação em focalizar a estratégia na definição das competências significou, também,

um exercício de priorização do que é mais crítico para o sucesso das Secretarias. Muitas

competências poderiam ser definidas para que o desempenho dos servidores fosse gerido,

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36

mas ao se fazer uma leitura da estratégia abre-se mão de competências menos relevantes e

priorizam-se aquelas que são determinantes – ou essenciais – para o logro estratégico. Se

esta focalização deixa por um lado a impressão de que algumas características do perfil dos

servidores tenham sido negligenciadas, por outro, traz o benefício de se investir no

desenvolvimento das competências, conhecimentos, habilidades e atitudes que, de fato, são

importantes para os resultados almejados. Com isto, reduzem-se ou eliminam-se esforços,

principalmente de desenvolvimento e capacitação, de baixo valor estratégico.

A vinculação com a estratégia permitiu, também, que o modelo de gestão do desempenho

por competências pudesse ser reconhecido como uma iniciativa de alto valor para a gestão

das instituições e não como uma ferramenta isolada de gestão de pessoas. Foi fundamental

que se explicitasse a integração do modelo de gestão do desempenho por competências

com o processo de planejamento e gestão da estratégia: como as competências são

derivadas da estratégia e como podem subsidiar novas reflexões estratégicas. Dessa

maneira, buscava-se mudar a percepção de que o modelo consistia em mais um

procedimento burocrático de RH para o reconhecimento de que se tratava de um importante

procedimento estratégico, o qual suportava a gestão do desempenho institucional.

Quanto aos fatores críticos relacionados ao pós-projeto, ou seja, fatores extrínsecos às

características do modelo de gestão do desempenho, bem como à forma como o projeto foi

conduzido, ressalte-se, novamente, que estes fatores foram identificados ao longo de todo o

projeto, durante as oficinas, apresentações, reuniões e entrevistas realizadas com

dirigentes, gestores e servidores das Secretarias envolvidas.

Um dos fatores que recorrentemente foi apontado como crítico em diversos fóruns foi a

questão da carreira dos servidores. Existem diversas variáveis que determinam a

atratividade das carreiras, como remuneração, mobilidade, status, estabilidade, entre outros.

Não se espera realizar, aqui, uma análise de todas estas variáveis, tampouco julgar a

atratividade das carreiras, mas foi possível constatar a existência de uma percepção

dominante, mesmo que porventura formada em bases pouco sólidas, de que as carreiras, de

maneira geral, são pouco atrativas. Esta percepção, externalizada em diversos fóruns,

aponta para um fator crítico para o sucesso da implementação, que pode ser compreendido

como um dos mais importantes alicerces do modelo de gestão do desempenho por

competências.

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37

Em outras palavras, se há, para citar alguns exemplos, uma percepção de que a carreira é

injusta, de que os servidores são mal remunerados, de que não há equidade na distribuição

de recompensas, de que não há perspectivas de crescimento salarial, de que as condições

de trabalho não são adequadas, entre outras, que denotam uma carreira pouco atrativa,

existe um elevado risco de que o modelo de gestão do desempenho por competências não

seja utilizado de maneira sincera, de modo a refletir a realidade do desempenho

demonstrado pelos servidores. Neste cenário, a avaliação de desempenho acaba sofrendo o

risco de ser manipulada, normalmente ocasionando as superavaliações (as notas são

jogadas para cima) para compensar a percepção das más condições das carreiras. Este

fator crítico para o sucesso da implementação da gestão do desempenho por competências

talvez seja um dos mais importantes, pois implica a revisão das condições de carreira dos

servidores e/ou da forma como estes percebem suas próprias carreiras.

Outra característica que vale a pena ser mencionada como um fator crítico é a relação entre

chefias e subordinados. Umas das características da carreira no setor público é a

rotatividade entre chefias e subordinados, ou seja, quando um servidor perde a função de

chefia, ele retorna às suas atividades técnicas, muitas vezes se reportando hierarquicamente

a um antigo subordinado. Esta característica da carreira, que se diferencia do que ocorre no

setor privado, no qual a perda de uma função de chefia, normalmente, representa a

demissão do profissional, possui uma série de implicações positivas e negativas.

Pode-se destacar os possíveis impactos desta característica no momento em que as chefias

geram o desempenho de seus subordinados, o que implica a cobrança por resultados e, se

necessário, a adoção de medidas corretivas.

O fator crítico para o sucesso será, portanto, o estabelecimento de mecanismos que

provenham não só capacitação, mas independência para as chefias realizarem as

avaliações de maneira isenta, sem receios de retaliações futuras, bem como o

estabelecimento de mecanismos de responsabilização e cobrança dos resultados das

próprias chefias. Tais mecanismos deveriam considerar que equipes de elevado

desempenho normalmente geraram resultados acima da média, portanto, se uma chefia

considera que em sua equipe todos são nota máxima, presume-se que os resultados, a não

ser por algum fator externo que foge ao seu controle, serão da mesma forma excelentes.

Page 38: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

38

Caso contrário, há uma inconsistência, e esta mesma chefia deveria prestar explicações

para tal ocorrência.

Um terceiro fator crítico para o sucesso, que possui relação com o último tópico abordado,

trata-se do vínculo do modelo de gestão do desempenho por competências com a

denominada “gestão de consequências”. Esta significa a adoção de mecanismos formais e

informais de reconhecimento e punição, o que caracteriza um efeito prático da gestão do

desempenho. O fator crítico apontado ao longo do projeto foi o fato de que se os servidores

não percebessem as consequências tanto de uma boa como de uma má avaliação,

dificilmente o modelo seria implementado com sucesso. Para tal, não apenas políticas

formais deveriam ser estabelecidas, envolvendo aspectos como a concessão de vantagens

remuneratórias, gratificações, bonificações, treinamentos, mobilidade (possibilidade de

mudança de unidade/área) dos servidores, mas as próprias chefias deveriam,

informalmente, adquirir a cultura de reconhecer os melhores desempenhos e apontar os

desempenhos ruins.

O quarto fator crítico refere-se à importância de que haja uma massiva comunicação e

capacitação na utilização do modelo. Uma das lições aprendidas no projeto foi a de que a

comunicação nunca é suficiente e que há sempre espaço para maior esclarecimento. Por

mais que o projeto tenha contado com uma etapa dedicada à difusão, este foi simplesmente

o primeiro passo, pois as USRHs deveriam manter uma rotina de comunicação e

sensibilização contínua dos dirigentes, gestores e servidores.

Da mesma forma, é crítica para o sucesso da implementação a capacitação, principalmente,

dos gestores que utilizarão o modelo para realizar a gestão do desempenho dos servidores

de suas unidades. O pleno conhecimento do método, do processo e dos instrumentos de

gestão do desempenho é crucial para a boa implementação. As USRHs deveriam se

responsabilizar por apresentar as potencialidades e os ganhos que os gestores podem obter

com o uso do modelo, buscando explicitar como os gestores podem usufruir dos benefícios

do modelo para a melhoria do desempenho geral.

Finalmente, após serem compilados os principais fatores, pôde-se, ainda, identificar um

conjunto de posturas consideradas críticas para o sucesso da implementação do novo

modelo. Estas posturas são em alto grau dependentes das habilidades demonstradas e das

atitudes assumidas pelos servidores e gestores e estão sintetizadas a seguir:

Page 39: Caso Seplag-MG Gestao do Desempenho Cap 11

39

O acompanhamento do desempenho deve ser realizado no dia a dia: para

que a gestão do desempenho seja efetiva, deve-se realizar um

acompanhamento periódico do desempenho. Com isso, evita-se que o

desempenho seja um assunto a ser abordado uma vez por ano, no momento

da avaliação, como muitas vezes acontece. Um acompanhamento periódico

não só permite correções de rumo, como torna a avaliação do desempenho

mais objetiva, pois a avaliação está mais próxima da ocorrência do fato. Esta

postura relaciona-se com a ideia de feedback tempestivo, o que significa dar

um retorno para o sujeito avaliado no momento – ou próximo do momento –

em que ele desempenha suas atividades.

Não há gestão do desempenho sem um acordo de expectativas: isto significa

que não só é importante formalizar nos instrumentos de gestão do

desempenho o que se espera do servidor, como deve haver uma reunião

prévia de troca de perspectivas e expectativas. Não se cobra um desempenho

que não tenha sido plenamente compreendido e acordado entre as partes.

Esclarecimento dos objetivos da gestão do desempenho: o que implica

diferenciar a avaliação de desempenho dos mecanismos remuneratórios.

Assim, é crítico que a chefia explicite que a gestão do desempenho por

competências é um modelo crucial para o desenvolvimento profissional e o

aperfeiçoamento institucional.

Reconhecimento das diferenças individuais: a diferenciação dos bons e maus

desempenhos é um fator crítico para o sucesso, por mais difícil que isto possa

parecer. Quando em um grupo isso não ocorre, normalmente a consequência

é que se nivela o desempenho por baixo, estimulando-se que todos tenham

um desempenho medíocre: os que apresentam um desempenho excelente

tendem a se acomodar.

Os fatores críticos para o sucesso da implementação do novo modelo de gestão do

desempenho por competências congregam um conjunto de ações, características e atitudes

que determinarão a longevidade do modelo. Contudo, não se deve ter a ilusão de que algum

dia se alcançará um modelo sem imperfeições, pois a dinâmica das organizações sempre

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40

exige melhorias e adaptações a um contexto que não para de mudar e que muda cada vez

mais rapidamente.

Inúmeros ganhos podem ser obtidos com a implementação do novo modelo, como o

alinhamento dos perfis dos servidores às necessidades estratégicas, a integração entre

diferentes políticas e práticas de gestão de pessoas, o estabelecimento de direcionadores

mais claros para desenvolvimento e capacitação profissional, a otimização da alocação e da

mobilidade dos servidores de acordo com os perfis existentes e requeridos, entre outros,

mas é importante que se reconheça que muitos destes ganhos serão percebidos no longo

prazo, sendo necessário o desenvolvimento paulatino do modelo.

Vale ainda ressaltar que o desenvolvimento de um modelo de gestão de pessoas é sempre

composto por componentes formais e informais. Se por um lado é importante o

desenvolvimento de políticas, normas, processos e ferramentas que norteiam a gestão de

pessoas – que é o componente formal –, por outro, o componente informal é traduzido nas

práticas reais dos indivíduos e grupos. Com isto, reafirmamos o papel compartilhado das

instituições e dos servidores no sucesso da implementação do modelo de gestão do

desempenho por competências.

Ficou nítido, após 10 meses de projeto, e por meio das diversas interfaces com algumas

centenas de servidores públicos, que não bastam ferramentas, processos, tecnologias,

instrumentos e critérios concebidos com excelência para que o modelo seja implementado

com sucesso; é fundamental que o modelo faça, ao mesmo tempo, sentido estratégico para

que o Estado entregue os resultados prometidos à sociedade e sentido para a vida do

servidor público, que vê no modelo uma oportunidade de realização profissional e, por

consequência, pessoal.

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