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Dosszê 70 anos da I V Internacional A aristocracia operária fora dos países imperialistas A existência e perenidade de uma forte burocracia sindical no Brasil, que controla as duas mais poderosas centrais sindicais brasileiras, CUT e Força Sin- dical, além de controlar os maiores sindicatos do país, e a existência de uma série de pequenas centrais (CGT, CGTB etc.) obriga-nos a nos debruçar sobre o tema e tentar entender de onde vem sua força e onde se apóia esta burocracia para se manter e se reproduzir dentro do movimento operário brasileiro. Ademais, na América Latina, dois fenômenos têm se expressado com força relativa importante: a volta do nacionalismo de base populista e o surgimento de partidos anticapitalistas nos moldes europeus. Lenin e Moreno, como veremos mais adiante, afirmam que as correntes pequeno-burguesas e reformistas representam, no movimento operário, os seus setores aristocráticos. No Brasil, então, não nem o que falar do PT, o maior partido operário e marcadamente reforrnista. Apesar disso, a discussão que aqui apresentamos quer, única e exclusiva- mente, responder a uma pergunta: é admissível ou não falar, do ponto de vista teórico-marxista, em aristocracia operária em países coloniais, semicoloniais, independentes e em processos de recolonização e, inclusive, nos estados operá- rios que existiram? a teoria marxista clássica coloca a aristocracia operária como um fenômeno apenas dos países imperialistas centrais ou deixa em aberto ou- tras possibilidades? Como ficará claro mais abaixo, buscaremos nos clássicos a origem do termo e seu posterior desenvolvimento. Nos centraremos nos autores mais reconheci- dos do marxismo revolucionário, com uma exceção, Nicolai Bukharin, que não faz parte de nossas tradições, mas que escreveu um excelente livro sobre 0 imperialismo _/1 Economía Mundial e 0 In¶>en'a/z`.rmo_ anterior à obra de Lenin sobre 0 mesmo tema e que adiantou uma série de posições que depois foram apro- fundadas por Vladimir Ilich no seu livro Imperia/irma - Faye Superior do Capita/írnøo. Bukharin um primeiro passo na definição de aristocracia operária e cremos que vale a pena iniciar com ele este importante estudo teórico. Bukharin e os efeitos do superlucro Em que pese o fato de que Marx e em especial Engels' terem observado que um dos motivos pelo qual a classe operária inglesa era tão conservadora devia-se a seu aspecto ou modo de vida às vezes burguês, nenhum dos dois JERÔNIMO cAsTRo ' Carta a Marx, de 7 de outubro de 1858. Escrevia Engels: “O proletariado inglês está-se aburguesando, de fato, cada dia mais; de modo que esta nação, a mais burguesa de todas. aspira aparente- mente a chegar a ter, ao /11110 da burguesia, uma aristocracia burguesa e um proletariado burguês. Natural- mente. por parte de uma nação que explora o mundo inteiro isso é, até certo ponto, lógico”. Jerônimo Castro é militante do PSTU-Brasil 7"7M×zm'ømo VM:

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Dosszê 70 anos da IV Internacional

A aristocracia operáriafora dos países imperialistas

A existência e perenidade de uma forte burocracia sindical no Brasil, quecontrola as duas mais poderosas centrais sindicais brasileiras, CUT e Força Sin-dical, além de controlar os maiores sindicatos do país, e a existência de umasérie de pequenas centrais (CGT, CGTB etc.) obriga-nos a nos debruçar sobreo tema e tentar entender de onde vem sua força e onde se apóia esta burocraciapara se manter e se reproduzir dentro do movimento operário brasileiro.

Ademais, na América Latina, dois fenômenos têm se expressado com forçarelativa importante: a volta do nacionalismo de base populista e o surgimento departidos anticapitalistas nos moldes europeus.

Lenin e Moreno, como veremos mais adiante, afirmam que as correntespequeno-burguesas e reformistas representam, no movimento operário, os seussetores aristocráticos. No Brasil, então, não há nem o que falar do PT, o maiorpartido operário e marcadamente reforrnista.

Apesar disso, a discussão que aqui apresentamos quer, única e exclusiva-mente, responder a uma pergunta: é admissível ou não falar, do ponto de vistateórico-marxista, em aristocracia operária em países coloniais, semicoloniais,independentes e em processos de recolonização e, inclusive, nos estados operá-rios que existiram? a teoria marxista clássica coloca a aristocracia operária comoum fenômeno apenas dos países imperialistas centrais ou deixa em aberto ou-tras possibilidades?

Como ficará claro mais abaixo, buscaremos nos clássicos a origem do termoe seu posterior desenvolvimento. Nos centraremos nos autores mais reconheci-dos do marxismo revolucionário, com uma exceção, Nicolai Bukharin, que nãofaz parte de nossas tradições, mas que escreveu um excelente livro sobre 0imperialismo _/1 Economía Mundial e 0 In¶>en'a/z`.rmo_ anterior à obra de Lenin sobre0 mesmo tema e que adiantou uma série de posições que depois foram apro-fundadas por Vladimir Ilich no seu livro Imperia/irma - Faye Superior do Capita/írnøo.

Bukharin dá um primeiro passo na definição de aristocracia operária ecremos que vale a pena iniciar com ele este importante estudo teórico.

Bukharin e os efeitos do superlucro

Em que pese o fato de que Marx e em especial Engels' terem observadoque um dos motivos pelo qual a classe operária inglesa era tão conservadoradevia-se a seu aspecto ou modo de vida às vezes burguês, nenhum dos dois

JERÔNIMOcAsTRo

' Carta a Marx, de7 de outubro de1858. EscreviaEngels: “Oproletariado inglêsestá-seaburguesando, defato, cada dia mais;de modo que estanação, a maisburguesa de todas.aspira aparente-mente a chegar ater, ao /11110 daburguesia, umaaristocraciaburguesa e umproletariadoburguês. Natural-mente. por partede uma nação queexplora o mundointeiro isso é, atécerto ponto,lógico”.

Jerônimo Castro émilitante doPSTU-Brasil

7"7M×zm'ømo VM:

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Pontos de vistateóricos pôde desenvolver mais profundamente esse raciocínio. Aliás, se obser-varmos o Manifesto Comunista em seu segundo capítulo, veremos que Marxpropõe em 1848 a construção de um partido único de toda a classe trabalhado-raz. A razão que o leva a isso é que a classe operária em seus primórdios nãocontava ainda com uma aristocracia claramente delimitada.

Esse será um fenômeno da era dos monopólios e da exportação do capital,ou seja, da era do capitalismo imperialista.

Bukharin, em 1915, ao escrever sobre a mundialização do capital observa que:

A política colonial constitui uma fonte enorme de lucros para as grandespotências, isto é, para suas classes dominantes, para 0 “truste capitalista nacio-nal”. É essa a razão da política colonial da burguesia. Por meio desta, entretan-to, tem a ossibilidade ao re o da ex lora ão das o ula ões selva ens das

3 Ç

colônias e dos ovos con uistados de aumentar os salários 0 erários?q ,

Assim, o então jovem teórico bolchevique delimita pela primeira vez umsetor específico da classe trabalhadora que se beneficia da exportação de capi-tais e da exploração das colônias, no entanto, ainda não dá a esse setor o nomemoderno que tem hoje.

Mais adiante, delimita 0 alcance desse fenômeno aos países capitalistas avan-çados, a saber, aos países europeus e aos Estados Unidos: “A exploração deterceiros (produtores pré-capitalistas) e do trabalho colonial levou assim a umaumento do salário para os operários europeus e americanos”.

Finalmente, Bukharin observa que o superlucro aumenta os salários decertas camadas da classe operária e nomeia as mais qualificadas como sendo asprincipais beneficiárias deste privilégio: “O superlucro obtido pelo Estado impe-rialista faz-se acompanhar de um salário elevado para certas camadas da classeoperária e, em primeiro plano, para os operários qualificados”5.

Assim, em Bukharin já se encontra a gênese da definição de aristocraciaoperária, qual seja, beneficiar-se do superlucro imperialista e constituir umacamada mais bem paga dentro da classe operária.

A definição de Lenin

Lênin, quando define a aristocracia operária em “Impería/z'.tmo... ”, parte já dadefinição prévia de Bukharin, cujo livro ele prefaciara.

Há duas definições em Lenin. A primeira, de que sempre nos lembramos,está descrita na introduçao do livro, onde se lê:

É evidente que tão gigantesco superlucro (visto ser obtido para além do lucroque os capitalistas extraem dos operários do seu “próprio” país) permitesubornar os diri entes 0 erários e a camada su erior da aristocracia o erária°.8

Essa definição é, no entanto, insuficiente, na medida em que não leva emconsideração outra definição do próprio Lenin, também de “Impería/z':/no...”, aofinal, onde diz:

obtenção de elevados lucros monopolistas pelos capitalistas de um entremuitos ramos da indústria, de um entre muitos países, etc., oferece-lhes a

2 Qual a posiçãodos comunistas emrelação aos proletá-rios em geral? ()scomunistas nãoformam um parti-do a parte, opostoaos outros partidosoperários. Não têminteresses diferen-tes daqueles doproletariado em ge-ral. Não formulamquaisquer princípi-os particulares a fimde modelar o mo-vimento proletário.

3 Bukharin, A lim-non/ía Àøíundíal e o Im-poría/ísmo.

”' Idem.

5 Idem.

“ V.l. Lênin, Im/›m`-a/íƒmo, Fate Superiordo Capífa/í.r/110.

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Pontos de vistapossibilidade econômica de subornarem certos setores operários e, tempora-riamente, uma minoria bastante considerável destes últimos, atraindo-os parao “lado” da burguesia desse ramo ou dessa nação, contra todos os outros.7

Para Lenin, então, uma determinada indústria poderia “subornar” seus ope-rários ou uma parcela deles e “aristocratizar” esse setor para usá-lo como apoiona luta contra outros setores operários. Essa não é uma conclusão menor. Le-vando ao pé da letra, significa dizer que um país não-imperialista pode, sim, teruma aristocracia operária em suas indústrias mais desenvolvidas, se estas geramum superlucro.

Assim, um setor que tenha, de alguma maneira, seja por proteção estatal,nicho comercial ou outro fator, conseguido se erguer muito acima do lucromédio, poderia, em teoria, pagar a um setor de operários um salário superior ãmédia do país e, inclusive, de sua própria indústria, criando no seio da classeuma divisão sobre a qual apoiaria a exploração dos demais operários.

Vale a pena notar também que para Lenin esse é um fenômeno temporário,ou seja, um setor pode transitar de aristocrático para não-aristocrático, depen-dendo da situaçao geral.

Trotsky e a aristocracia operária

Em A Revo/ufão Traída, Leon Trotsky vê a formação de uma aristocracia, .operaria na Rússia como base de apoio e sustentação da burocracia.

A amplitude dessas variações de salários estabelece uma diferença suficien-te entre o operário “de elite” e o operário “comum”. Isto não basta aindaa burocracia. Os stakhanovistas são literalmente cumulados de privilégi-os. São cedidos a eles alojamentos; fazem-se reparações nas suas habita-ções; beneficiam-se de férias suplementares em casas de repouso e embalneários; mandam-se em domicílio mestres de escola e médicos; têmentradas gratuitas nos cinemas; chegam a ser barbeados gratuitamente oucom prioridade. Muitos desses privilégios parecem ser intencionalmenteacordados para ferir e ofender o operário médio. A obsequiosa benevolên-cia das autoridades tem como conseqüência, ao mesmo tempo, 0carreirismo, a má consciência dos dirigentes locais que procuram avida-mente a ocasião de sair do seu isolamento, fazendo beneficiar de privilégi-os a uma aristocracia operária”.

Claro está que não se pode falar da Rússia de 1936 como potência imperi-alista ou como exportadora de capital. Aliás, Trotsky observa, no mesmo livro,que a aristocracia operária soviética existe graças ao desempenho da economiasoviética: “a formação de uma aristocracia operária só foi possível graças aosêxitos econômicos anteriores”. Assim, ele não nega que são os êxitos econômi-cos, a existência de algum excedente, o que gera a aristocracia operária, mas nãovincula tal formação à exportação de capitais e a superlucros.

E claro que na economia soviética, onde o único que fornecia trabalho erao Estado e onde se concentrava a economia de todo o Estado, era possível criararbitrariamente uma aristocracia tirando de outros setores sociais.

I Idem.” I.eon Trotsky, AR‹»¡'o/uçfzío Tra/da.

7'”a×w›`omo Vim -N°17-2008

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Ponto; de oirtaNão entraremos mais a fundo na complexa economia soviética burocratica-

mente planificada e nas suas distorções, queremos sumamente marcar o méto-do de Trotsky para definir a aristocracia operária stakhanovista.

Trotsky foi descritivo para definir a aristocracia operária. Esse método con-siste simplesmente em observar que _os .ttazë/Janol/z'Jta.t9 viviam de maneira dife-rente e qualitativamente superior ao operário comum, que formavam um setorsocial distinto ainda que também trabalhassem e que serviam de base de susten-tação e eram necessários à burocracia stalinista.

No entanto, Leon Trotsky não analisa apenas a existência da aristocraciaoperária na URSS. Em seu texto Os Sindicato: na Épora da Defadënzía Ifnpería/írtaele observa que

os países coloniais e semicoloniais não estão sob 0 domínio de um capitalis-mo nativo, mas do imperialismo estrangeiro. Mas este fato fortalece, em vezde debilitar, a necessidade de laços diretos, diários e práticos entre os magnatasdo capitalismo e os governos que deles dependem nos países coloniais esemicoloniais. À medida que 0 capitalismo imperialista cria nas colôniase semicolônias um estrato de aristocratas e burocratas operários, estesnecessitam do apoio dos governos coloniais e semicoloniais, que de-sempenhem 0 papel de protetores, de patrocinadores e às vezes de árbi-tros. Esta é a base social mais importante do caráter bonapartista esemibonapartista dos governos das colônias e dos países atrasados em geral.Essa é também a base da dependência dos sindicatos reformistas em relaçãoao estado.” (Grifo nosso.)

Isso quer dizer que em algum momento o imperialismo pode criar, nospaíses coloniais e semicoloniais, um estrato de aristocracia operária. Trotskynão diz categoricamente que o imperialismo cria uma aristocracia nos paísescoloniais, mas ele não descarta tal possibilidade. Obviamente porque isso vaidepender do grau de desenvolvimento da própria colônia, do seu papel na divi-são internacional do trabalho, e dos interesses próprios do imperialismo.

Trotsky também avança nas conseqüências políticas do surgimento dessaaristocracia e do seu papel, coisa que não faremos aqui por não ser o objetivodo presente trabalho.

O papel da aristocracia operáriae sua localização na produção

Nahuel Moreno, ao estudar a burocracia, observa o seguinte:

De modo geral, podemos dizer que existem hoje, ligados à classe operária,três setores claramente delimitados: a burocracia, a aristocracia e a base operá-ria. Tanto a aristocracia quanto a base são parte da classe operária, trabalhamnas empresas capitalistas; já a burocracia não trabalha nas empresas capitalis-tas, não é parte estrutural da classe operária, e sim da moderna classe média, deacordo com a definiçao de Trotsky.

Sem entrar na interessante polêmica sobre o caráter de classe da burocra-cia, pois esse não é nosso objetivo, podemos dizer que Moreno define como

° Stakhanov eraum mineiro decarvão que setornou conhecidopor quebrarrecordes deprodutividade. Ostrabalhadores“stakhanovistas”,que cumpriam (ousuperavam) asexigências deprodutividade edisciplina notrabalho, tinhamdireito a saláriosum pouco maisaltos do que osdemais, além devantagens comomelhores habita-ções, acesso aescolas especiais,transporteparticular,possibilidade deconsumo maisregular de benscontrolados ouescassos.

Mmzmm' Vw» -N°17-zooa

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Pontos de ozltíaparte da classe operária apenas os operários de base e a sua aristocracia, poisambos trabalham nas empresas capitalistas. Tal definição tem uma importânciacapital, pois deixa clara a possibilidade de que em dadas circunstâncias um setorda aristocracia possa se mover inclusive de forma revolucionária.

No nosso entender, essa afirmação não contradiz uma outra, do próprioMoreno, sobre o papel da aristocracia operária. Tal afirmação está na tese XIIIda Atualízaƒão do Programa de Transipão, quando Moreno diz o seguinte: “A aristo-cracia operária é a correia da transmissão da burocracia para 0 movimentooperário (Tese XII)”l°. Ora, essa é a função comum e corrente da aristocracia,mas nada impede que em situações excepcionais, tais como um ataque brutal daburguesia que prejudique inclusive os seus interesses, ela se mova e se alie aossetores mais explorados da classe. Cremos que a regra fundamental aqui é quea aristocracia é um setor da classe, e voltando a Lenin, que sua distinção socialdo restante da classe é temporária e, portanto, instável.

Vale a pena especular sobre um outro aspecto da discussão: é possível aexistência perene, duradoura, de uma burocracia no seio do movimento operá-rio sem contar com esta correia de transmissão? Antes, porém, de responder aesta questão vamos apenas apontar uma outra, a de que a arístorraria operária e' abate materia/ do refornnkmo.

Nahuel Moreno assim o diz: “As correntes pequeno-burguesas e burocráti-cas do movimento operário refletem um setor privilegiado do movimento demassas”“.

Leriin vai ainda mais longe, ou pelo menos de forma mais dura na definiçao:

Essa camada de operários aburguesados ou de “aristocracia operária”, inteira-mente pequeno-burguesa pelo seu gênero de vida, pelos seus vencimentos epor toda a sua concepção do mundo, constitui o principal apoio da II Inter-nacional e, hoje em dia, o principal apoio social (não militar) da burguesia.Porque são verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operá-rio, lugares-tenentes operários da classe dos capitalistas, verdadeiros veículosdo reformismo e do chauvinismo. Na guerra civil entre o proletariado e aburguesia colocam-se, inevitavelmente, em número considerável, ao lado daburguesia, ao lado dos '“versalheses”' contra os “communards”.l2

Lenin vê claramente que a aristocracia operária não é apenas a base funda-mental, a correia de transmissão da burocracia no movimento operário, não, eletambém conecta o fato de a aristocracia operária ser o principal apoio doreformismo de todo tipo. E, em última análise, agentes da burguesia no movi-mento operário. Ademais, Leriin dá como demonstraremos no nono item dopróximo ponto, uma definição precisa do que é a aristocracia operária.

Claro que, pensando inversamente, não basta a existência dessas correntes po-líticas reformistas para provar que existe de fato aristocracia operária, mas valeria apena perguntar-se onde, e em quais setores da classe essas correntes se apóiam.

Algurnas conclusões

De tudo o que foi exposto podemos tirar algumas conclusões teóricas iniciais.Primeiro: a aristocracia operária é um fenômeno que se cristaliza no século

'“ Nahuel More-no, Terer para aAtualização doPrograma deTrantreão.

“ Idem.

12 V.I. Lênin,Irnperíalitrno, FateSuperior do Capila-/itrno.

ii*Wamww VM -N°17-zooa

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Pontos de oistaXX, em que pese já existir em forma embrionária nos países de capitalismomais adiantado do século XIX.

Segundo: a aristocracia operária é fruto de um lucro especial, qualitativa-mente superior ao da média de lucro, um superlucro, normalrnente obtido daexportação de capitais e da exploração de colônias ou da apropriação de outrasformas de renda como a renda pré-capitalista.

Terceiro: a aristocracia operária é um fenômeno temporário, podendo termaior ou menor perenidade.

Quarto: uma empresa em separado, independente de ser ou não de um paísimperialista, que consiga obter um superlucro, pode criar em seu próprio interi-or uma distinção tal que gere uma aristocracia operária.

Quinto: os países operários podem ter aristocracia operária e, no caso espe-cífico da União Soviética, houve uma aristocracia operária.

Sexto: a aristocracia operária cumpre um papel fundamental para a buro-cracia sindical, é sua correia de transmissão.

Sétimo: as correntes burocráticas e pequeno-burguesas são o reflexo políti-co da aristocracia operária e nelas se apóiam.

Oitavo: a aristocracia operária é parte orgânica da classe operária.Nono: a aristocracia operária inteiramente pequeno-burguesa pelo seu0»

modo de vida, pelos seus vencimentos e por toda a sua concepção de mundo;são verdadeiros agentes da burguesia no seio do movimento operário, veículosdo reformismo e do chauviriismo.

Décimo: a aristocracia operária pode ser criada nos países coloniais esemicoloniais pelo capitalismo imperialista I

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