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Cerâmica reflexo de uma cultura Catálogo de Exposição

Catálogo Cerâmica, Reflexo de uma Cultura

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Catálogo de Exposição

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Cerâmica reflexo de uma cultura

Catálogo de Exposição

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Ficha Técnica

AutorPaulo Bártolo

Lina DurãoTelma Margarida Ferreira

CoordenaçãoLina Durão

Produção EditorialLina Durão

Jorge Pereira de SampaioTelma Margarida Ferreira

Edição GráficaLina Durão

FotografiaJoão MateusLina Durão

Telma Margarida FerreiraSophie Lopes

EditorInstituto Politécnico de Leiria

CDRsp (Centro para o DesenvolvimentoRápido e Sustentado do Produto)

Local de PublicaçãoLeiria

ImpressãoGráfica da Batalha

Tiragem500 exemplares

Depósito Legal348787/12

ISBN978-972-8793-49-4

Setembro de 2012

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Cerâmica reflexo de uma cultura

Setembro / Novembro 2012

Sala de Exposições Temporáriasdo Museu m|i|mo em Leiria

Exposição Representativa da Indústria Cerâmica na Região de Leiria

A. Braz Heleno

Organização

Apoios

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ÍndiceNota de Abertura 13

Real Fábrica do Juncal 15Época Contemporânea - Olaria da Bajouca 21

Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro 25Louça Alcobacense de Influência Coimbrã 31

Louça Artística de Alcobaça 33Louça das Caldas 45Estúdio SECLA 49

Louça de Uso Doméstico de Leiria 53Cerâmica dos Anos 1950 e 1960 em Alcobaça 55

A Porcelana na Região 59Louça dos Anos 1980 63

Planta da Exposição 69Referências Bibliográficas 71

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A Cerâmica acompanha o Homem desde tempos imemoriais, para solucionar as necessidades do quotidiano. A par, o lado decorativo foi também sendo uma realidade. A Real Fábrica do Juncal, a mais antiga que é apresentada nesta exposição, alia frequentemente os dois aspetos, o utilitário e o decorativo, seja nas peças de copa ou nas de altar. Se essa fábrica foi a mais importante da região após as Reformas Pombalinas e o consequente incentivo à produção cerâmica nacional, os principais centros cerâmicos ao longo do século (não só a nível regional mas mesmo nacional) são Alcobaça e Caldas da Rainha. Bordalo Pinheiro fez escola, a par doutras oficinas artísticas também de gosto naturalista, recriando um estilo que vinha da Itália da Renascença, que foi sendo produzido continuadamente e tão apreciado nos dias de hoje. Por seu lado, Alcobaça, a partir da década de 1920, muda totalmente a cerâmica que vinha fazendo desde 1875, de gosto coimbrão e é a partir da década seguinte que surge, com grande proliferação de azul, a louça artística de Alcobaça.Esta exposição faz uma viagem pela evolução das formas na cerâmica, revelando a introdução do design na década de 1950 sobrepondo-se à pintura manual que proliferava até aí. Cumprimento a Câmara Municipal de Leiria na pessoa do seu Presidente, Dr. Raul Castro, e o Diretor do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto, Doutor Paulo Bártolo, por esta iniciativa extraordinária de levar á sede do distrito esta importante mostra de uma arte que está bem gravada nas páginas da História da Arte em Portugal, a Cerâmica. Uma palavra de reconhecimento à dedicação e empenho da brava equipa que se entregou a este projeto e com quem tive o gosto de trabalhar: Lina Durão, Telma Ferreira, Sophie Lopes e João Mateus. Por último, e porque uma exposição só pode acontecer com peças para que sejam mostradas, uma palavra de agradecimento ao Museu Municipal de Leiria e a todos os colecionadores particulares que cederam as suas peças. A par dos museus, os privados assumem indelével papel, cada vez mais, como guardiães destes tesouros, permitindo a sua preservação, o seu estudo e divulgação.

Jorge Pereira de SampaioCurador de Honra

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A cerâmica faz parte da vivência do Homem desde a antiguidade, desempenhando múltiplas funções, das utilitárias às decorativas, bem como para fins cerimoniais.O “segredo” residiu na capacidade da argila ser moldada, quando misturada em proporção correta de água e de endurecer após a queima.A cerâmica portuguesa tem as suas profundas raízes nas culturas megalíticas de milénios e que ocuparam o Ocidente da Península Ibérica. Nela estão presentes vestígios dos antepassados romanos, árabes, visigodos e celtas.Uma das características do povo português é o diálogo intercultural, fruto da nossa diáspora, e foi este contacto, na época dos Descobrimentos e no relacionamento com o Oriente, que levou ao desenvolvimento da arte cerâmica.Depois da produção artesanal, o século XX marca a industrialização do setor em Portugal, e o Distrito de Leiria passa a ser uma referência no panorama nacional. A presente exposição “Cerâmica-Reflexo de uma Cultura”, que constitui uma mostra representativa da indústria cerâmica na região de Leiria, é o resultado de uma parceria entre o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto do Instituto Politécnico de Leiria, a Câmara Municipal e o m|i|mo-Museu da Imagem em Movimento. Neste momento de graves restrições financeiras, o modelo de trabalhar em rede é o adequado para potenciar recursos, e alcançar a excelência no resultado final.Esta abordagem da cerâmica utilitária e decorativa na região de Leiria, presente nesta exposição, enquadra a relevância histórica e económica deste setor, dando eco ao trabalho de algumas empresas que foram e têm sido determinantes no desenvolvimento regional e nacional. A esta mais valia acresce a valorização deste legado cultural, para as próximas gerações, perpetuando esta riqueza coletiva.O m|i|mo-museu da imagem em movimento é o local ideal para receber esta exposição, pela sua função de espaço de diálogo entre Arte, Ciência e Técnica.Convido todos os interessados a visitarem esta exposição, realizando uma retrospetiva sobre esta riqueza cultural e industrial, na nossa região.

Raul CastroPresidente da Câmara Municipal de Leiria

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Nenhum outro ofício está tão ligado à história do próprio homem como a cerâmica. Nenhum outro ofício permite uma tão estreita ligação entre o homem e a matéria que a natureza lhe oferece como a cerâmica. Ao ser moldado, o barro funciona como prolongamento do moldador, numa ligação íntima entre criador e espaço de criação. Como tal, a cerâmica funciona como espelho dos tempos, traduzindo gostos e técnicas criativas e produtivas.Plantada num pinhal perto do Lis, Leiria viu crescer na sua região um sector industrial que a marcou para sempre, e que desde sempre, contribuiu para transportar para outras regiões de Portugal e para o estrangeiro a imagem das suas gentes laboriosas e criativas.Foi pois, com grande prazer que, enquanto Diretor do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto do Instituto Politécnico de Leiria, acolhi a ideia de elaborar uma exposição sobre o sector da cerâmica decorativa na região de Leiria, que funcionasse como reflexo de uma cultura, a cultura da nossa região sempre aberta a outros “mundos”. Esta exposição é o culminar de um trabalho prévio conduzido por investigadores desta unidade de investigação, em que se tentou perceber a influência neste sector, das transformações sociais, económicas e políticas que marcaram Portugal nos últimos três séculos.A exposição “Cerâmica – Reflexo de uma Cultura”, só possível com o extraordinário envolvimento da Câmara Municipal de Leiria, tem como objetivo dar a conhecer sobre um prisma histórico, a importância da cerâmica enquanto atividade industrial e criativa. Através da mostra de um conjunto significativo de peças do século XVIII ao século XX, destaca-se o trabalho desenvolvido neste domínio por algumas das empresas mais relevantes do distrito de Leiria.Uma palavra especial de agradecimento ao Dr. Jorge Sampaio, Curador de Honra desta exposição, pelo seu incansável apoio e a todos aqueles que, disponibilizando peças do seu espólio, tornaram possível esta exposição.

Paulo BártoloDiretor do Centro para Desenvolvimento

Rápido e Sutentado do Produto - IPL

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Nota de AberturaA região de Leiria é atualmente uma das mais importantes regiões do país do ponto de vista industrial. Aqui se situam importantes empresas dos sectores da cerâmica e vidro, plásticos e moldes. Estes sectores, têm passado nos últimos anos por profundos processos de modernização e ajustamento face à conjuntura internacional.Não obstante às fortes raízes históricas da indústria cerâmica em Portugal, este foi um sector que se consolidou ao nível industrial apenas no século XX. À semelhança de outros sectores desta região, a cerâmica encontra-se hoje sujeita a transformações significativas, marcada por sucessivas alterações sociais, políticas e económicas.Esta mostra, é o culminar de um trabalho de investigação prévio que procurou aquilatar o comportamento deste setor ao longo do século XX, identificando possíveis estratégias e sinergias que permitam o seu desenvolvimento sustentado no atual mercado global.A exposição pretende valorizar o que de mais representativo foi e é a indústria cerâmica da região, dando ênfase à riqueza cultural que esta traduz. Neste sentido, esta mostra apresenta os principais marcos da cerâmica na região desde o século XVIII.A viagem temporal que esta mostra pretende constituir inicia-se com a Real Fábrica do Juncal, apresentando peças de carácter utilitário e de índole religiosa. No entanto, a cerâmica da região de Leiria não se esgota na produção de peças utilitárias ou religiosas, sendo por isso importante destacar, a atividade de olaria com especial relevo para a Olaria da Bajouca. Na zona oeste do distrito, local de muitas olarias e fábricas de louça, existiu no início do século XIX, uma tipicidade de louça que permitiu alavancar a industrialização da cerâmica. Neste contexto, e dando continuidade à inspiração "Palissy", surge em 1884 a Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, que merece especial enfoque nesta mostra através de um conjunto de peças de caricatura com inspiração Art Nouveau.Viajando pela louça de Alcobaça e por peças ilustrativas da atividade das Faianças da Madalena, o visitante terminará nos finais do século XX com peças de tendências minimalistas. O espaço de exposição permitirá percorrer de forma contínua a evolução histórica da cerâmica na região de Leiria, transmitindo de forma clara a evolução de conceitos artísticos e tecnológicos, mas também, o grau de abertura da indústria a influências exteriores.

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Real Fábrica do Juncal

A Fábrica do Juncal fundada em 1770 por José Rodrigues da Silva e Sousa nasceu no âmbito das Reformas Pombalinas no reinado de D. José I. Na época, o Marquês de Pombal emitiu um alvará que proibia a entrada de louça vinda do exterior, uma medida protecionista que tinha como objetivo o desenvolvimento da indústria cerâmica nacional. O Juncal foi de facto uma zona estratégica para a criação de uma fábrica de cerâmica, pois ao mesmo tempo que era uma terra rica em argilas, situava-se nas proximidades da Estrada Real que ligava Lisboa ao Porto, sendo por isso, um local de fácil distribuição dos produtos. O fundador desta fábrica, foi quem primeiro dirigiu a tendência artística da fábrica, tendo a produção resultado em peças caracterizadas por motivos paisagísticos de influência oriental e, por uma decoração vegetal e floral de índole barroca. A fábrica dedicava-se essencialmente ao fabrico de terrinas e pratos de recorte minucioso, gomis e lavandas gomadas. Estas peças produzidas em roda apresentam o azul como cor predominante. Contudo, existem exemplares de outras cores, como o verde, o amarelo e o morado.Em 1781, com a vinda do ceramista José Fernandes da Fonseca de Coimbra, a fábrica segue outro rumo criativo, sendo este período o que mais distingue a produção do Juncal, facilmente identificado pelos seus motivos decorativos de avencas e fogo de artíficio. No decorrer do ano de 1782, o fundador José Rodrigues Silva e Sousa, requereu o alvará para uso das armas Reais, que lhe foi concedido pela Rainha D. Maria I em 1784, conferindo assim, a distinção de se intitular Real Fábrica do Juncal.No período entre 1807 e 1811 o país esteve sob ocupação de tropas estrangeiras, naquilo a que se veio a designar como “Invasões Francesas”. A região mais afetada terá sido a Estremadura, entre o Mondego e Lisboa e no centro da desolação encontrava-se a região de Leiria, que nos finais do século XVIII conhecia momentos de prosperidade que se perderam. A Real Fábrica do Juncal não foi exceção, tendo sido sujeita a uma destruição da produção, afetando o seu equilíbrio financeiro, continuando a laborar mais tarde com grandes dificuldades. Deste período surgem peças com um vidrado mais amarelado, com decorações mais simples e por vezes sem qualquer decoração.Em 1811 o fundador inicia a reconstrução da fábrica e constitui sociedade em 1823 com José Luís Fernandes da Fonseca, tendo este assumido a plena liderança após a morte do seu sócio em 1824. Mais tarde, sucede-lhe o seu filho, Bernardino da Fonseca e posteriormente o neto, José Calado da Fonseca, sendo este último a encerrar a fábrica em 1876.

Lavanda de fundo covo. Branca de forma oval com fundo interior canelado e aba recortada. Decoração a vinoso apresentando ao centro um ramalhete central de hastes foliadas e ponteadas, com cercadura fl orar espiralada. A aba é decorada por uma faixa de renda alternada por pontos, associado a fi lete lise. Comp.350 x Larg.295 (mm) • Gomil. Branco, em forma de balaústre com asa circular e bocal triangular, ornado a vinoso na orla superior por colar perlado em bambinela. No bojo é representado um ramalhete de hastes foliadas e ponteadas. Junto à asa, dois elementos vegetais pintados. Diam.140 x Alt.270 (mm) • Último quartel do século XVIII.Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós • Museu Municipal de Leiria

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As peças produzidas tinham como destino principal conventos e igrejas. Os diversos cálices ministeriais e jarras periformes com e sem inscrições destinados a altares, comprovam a importância dos conventos como influenciadores do sucesso desta fábrica. Atualmente, tem-se conhecimento da existência de apenas três cálices de altar, considerados raros e de importância insubstituível, pelo que, a exibição de um destes exemplares, pertencente à coleção da família Pereira de Sampaio, constitui motivo de destaque.De salientar, que o Doutor Jorge Pereira de Sampaio (conhecido por ser detentor, com seus Pais, Maria do Céu e Luís Pereira de Sampaio, de uma das mais importantes coleções de cerâmica nacionais), elaborou um profundo estudo sobre a Real Fábrica do Juncal, do qual resultou a sua tese de mestrado em 1998. Neste trabalho, Pereira de Sampaio, afirma que “A Real Fábrica do Juncal, fundada no âmbito das Reformas Pombalinas, laborou durante cerca de cem anos, tendo criado um estilo próprio e inconfundível, conseguindo um lugar bem marcado na História da Faiança Portuguesa dos séculos XVIII e XIX.” A louça da Real Fábrica do Juncal está dispersa por diversas coleções, entre museus e coleções particulares, das quais destacamos: Museu Nacional de Arte Antiga; Museu Nacional Machado Castro; Casa Museu Vieira Natividade; Família Pereira de Sampaio; Museu Municipal de Leiria; Família Barreiros Calado e Coleccção Privada em Alcobaça.

Jarras de altar de forma periforme invertida, decoradas a vinoso carregado com ramalhete central de hastes foliadas e ponteadas. A orla superior é decorada por uma tarja lisa e algumas com uma colar perlado em bambinela. Base decorada por cadeia ponteada.Último quartel do século XVIII. Diam.150 x Alt.250 Diam.130 x Alt.220Diam.110 x Alt.200 Diam.80 x Alt. 115 (mm)

Jarras de altar, lisas, em forma de balaústre de base circular plana.

Primeiro quartel do século XIX.Diam.160mm x Alt.90mm Diam.160mm x Alt.90mm

Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

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Jarras de altar com legenda, em forma de balaústre decoradas a azul, de ramalhete central de hastes foliadas e ponteadas. Na base apresentam legendas que signifi cam abreviaturas de nomes de santos. A base é também decorada por uma cadeia ponteada • Primeiro quartel do século XIX • Diam.170 x Alt.100 • Diam.160 x Alt.100 • Diam.155 x Alt.90 • Diam.140 x Alt.80 (mm)Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós • Museu Municipal de Leiria

Jarras de altar, em forma de balaústre decoradas a azul, de ramalhete central de hastes foliadas e ponteadas.

A orla superior é decorada por uma tarja lisa e outra ondulante a base é ainda decorada por uma cadeia ponteada.

Primeiro quartel do século XIX.Diam.200 x Alt.120 • Diam.170 x Alt.110

Diam.135 x Alt.90 (mm).Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós

Museu Municipal de Leiria

Cálice de altar. Decoração monocromática a azul. Peça rodada de corpo cilíndrico, fuste esguio e base em meia calota. No bordo, colar duplo contínuo, seguido de colar entrelaçado perlado de bambinela. No corpo, a meio, colar contínuo cruzado por um colar ondulado com mosquetas formando motivos vegetalistas. Na base, a meio, colar ondulado, seguido de outro contínuo e contas. A meio do pé, faixa ondulada • Primeiro quartel do século XIX • Diam.110 x Alt.230 mm.Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós • Col. Luís Pereira de Sampaio

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Cântaro branco de forma bojuda de bordo saliente com asa achatada. Vidrado em amarelo. Diam.190 x Alt. 272 (mm)

Cântaro branco de forma bojuda, decorado a vinoso na gola por colar perlado em bambinela. Tem a asa e a base caneladas.Diam.260 x Alt. 360 (mm)Último quartel do século XVIII.Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

Galheteiro. É constituído por junção de duas formas circulares, onde assenta a galheta, unidas por duas conchas de bordo revelado. A pega formada por duas tiras onduladas que formam um oito vazado e achatado, decorado no topo e nas laterais por pequeno elemento fl oral em relevo. A base é decorada a vinoso, por um colocar perlado em bambinela e cadeia ponteada. Galhetas decoradas a vinoso por ramalhete de hastes foliadas, as orlas são decoradas por um colar perlado em bambinela • Último quartel do século XVIII. Comp.197 x Larg.155 x Alt.205 (mm) • Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós • Museu Municipal de Leiria

Tinteiro e areeiro. Com base de secção retangular, com duas cavidades circulares. As faces são lisas com os ângulos chanfrados, tem quatro pés heptagonais que elevam a peça. Decorado a vinoso carregado por hastes foliadas e fi lete de contorno. Último quartel do século XVIII.Comp.126 x Larg.75 x Alt.60 (mm)Real Fábrica do Juncal • Porto de MósMuseu Municipal de Leiria

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Travessa branca de forma elíptica de aba recortada, ornada a vinoso por um colar perlado de bambinela. No centro é decorada por forma estilizada de um feto com hastes foliadas e ponteadas • Último quartel do século XVIII.Comp.316 x Larg.242 (mm).Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

Prato circular, decorado a azul. O fundo é preenchido por uma paisagem estilizada comfeto, tufos de fl ores e detalhe arquitetónico.A orla da aba é decorada por tarja lisa e ondulada intercalada por pontos. Último quartel do século XVIII • Diam. 305mm.Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

Caneca com asa de bojo esférico e colo cilíndrico, decorada a verde por folhagens soltas pendentes da orla ao longo da asa. Diam.140 x Alt.110 (mm)

Caneca branca de bojo esférico e colo cilíndrico alto canelado na orla, com decoração estilizada em verde e cor de vinho de um feto rodeado por elementos fl orais • Último quartel do século XVIII.Diam.140 x Alt.120 (mm)Real Fábrica do Juncal • Porto de Mós Museu Municipal de Leiria

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Época Contemporânea - Olaria da Bajouca

Quando se pensa na produção de cerâmica de roda na Região Centro, dificilmente nos apercebemos de que esta atividade se distribui por 31 dos seus 78 concelhos (40%!). As olarias, presentes em quase todos os concelhos do litoral e muito abundantes em matéria-prima, tornam esta atividade numa das mais importantes ao longo dos tempos na região, e uma das que mais contribuiu para o equilíbrio orçamental das famílias.A Olaria da Bajouca, um dos principais centros oleiros da região, caracteriza-se por uma forte identidade, o que permite distinguir esta olaria das demais. Esta exposição apresenta uma peça em barro branco, do século XIX, legendada “Marrazes” e algumas peças utilitárias, não vidradas, de Porto de Mós, com as quais se poderão estabelecer relações formais com o tipo de louça da Bajouca.A freguesia da Bajouca localizada a Nordeste do concelho de Leiria, situa-se entre as freguesias de Monte Redondo, do mesmo concelho, e a de Carnide, do concelho de Pombal. Trata-se de um território densamente ocupado por pinhais, o que leva a supor que a abundância de madeira para aquecimento de fornos, juntamente com a existência de barro arenoso, terá permitido a este ofício manter-se na região por tão largos anos. Uma produção, ainda hoje pouco conhecida, mas intensa e perseverante, que resistiu a períodos de declínio e afastamento dos artesãos da atividade. Um ofício que subsistiu através das gerações devido à transmissão da arte de pais para filhos.Na Bajouca, o barro é mais claro, tem mais areia, as peças são de um modo geral, menos decoradas que o habitual, pois ganham muita da sua originalidade nos vistosos e característicos vidrados, em que o verde loureiro e o tom de amarelo são as cores mais utilizadas e são a característica diferenciadora das outras olarias. Por vezes, os oleiros recorrem a decorações geométricas feitas com “lambugem”, água em que o oleiro vai molhando as mãos e que, no caso, acaba por ficar mais vermelha que a pasta em que se fazem as peças.As peças são de cariz e de utilização rural, de formas simples, reunindo apenas o essencial à sua função. Alguidares, ânforas, almotolias e jarros, são as peças mais tradicionais, sendo ainda hoje utilizadas nas casas de muitas famílias. Não se sabe a data de iniciação desta atividade na localidade, mas em termos socioeconómicos, esta foi preponderante durante todo o século XX. A olaria da Bajouca remontará, pelo menos, ao século XVIII devido às suas características e às múltiplas razões pelas quais este ofício se fixou na região.

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Bilha de barro branco em forma de balaústre com pega achatada, apresenta

uma marca no bojo com legenda “Marrazes” localidade (atual freguesia)

situada nos coutos de Leiria.Início do século XX.

Diam.160 x Alt.345 (mm)Museu Municipal de Leiria

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Peças de Olaria, em barro vermelho, louça tosca sem vidrado.Fogareiro: Diam.320 x Alt.270 • Púcaros para a apanha da resina: Diam.155 x Alt.100 (mm).José da Silva Coelho • Porto de Mós • Espólio Vasicol

Olaria da Bajouca, Leiria.Esta olaria consiste principalmente em louça utilitária, alguidares, cântaros e jarros.

Louça de barro vermelho vidrado a verde, embora com algumas variações. Cântaro: Diam.210 x Alt.280 • Alguidar: Diam.300 x Alt.100 • Bacia com pega: Diam.305 x Alt.180

Jarro grande: Diam.160 x Alt.200 • Jarro médio: Diam.140 x Alt.180 • Jarro pequeno: Diam.110 x Alt.170(mm)Olaria da Bajouca • Bajouca, Leiria • Col. Maria dos Prazeres Dias

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Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro

Depois de Maria dos Cacos (1820-1853), Manuel Cipriano Gomes Mafra, António de Sousa Liso, José Francisco de Sousa, José Alves da Cunha, Francisco Gomes de Avelar ( Júnior) e João Coelho César, que dirigiram pequenas unidades de produção cerâmica e levaram os barros das Caldas a feiras e mercados de todo o país e até ao estrangeiro, surge em 1884 as Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro. Esta fábrica foi responsável pela produção de centenas de modelos cerâmicos de criatividade ímpar.A atividade artística desenvolvida, primeiro por Rafael Bordallo Pinheiro e posteriormente pelos seus discípulos, baseia-se nas tradições locais, nomeadamente na olaria caldense, e adota a fauna e a flora como inspiração decorativa.Bordallo modela personagens do quotidiano português com audácia e um notável sentido crítico e, nos seus azulejos, cria padrões com influências tão vastas quanto diversas: do Naturalismo ao Renascimento, passando pela Art Nouveau e pelo legado hispano-árabe. Os vinte e um anos de produção de Rafael Bordalo Pinheiro (1884-1905) ficaram imortalizados na história da cerâmica caldense. Para tal, contribuiu não só a exuberância e criatividade das suas faianças, mas também, o alto nível técnico conseguido.Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro, com o auxílio de alguns operários e artífices que com seu pai trabalharam, assegurou a continuidade desta vasta e riquíssima obra na fábrica Bordallo Pinheiro, fundada em 1908. Foi também autor de numerosos modelos de carácter mais estilizado e com grande equilíbrio decorativo. Em 1920, após a morte de Manuel Gustavo, um grupo de ilustres caldenses associou-se para não permitir que a fábrica desaparecesse, e foi assim, que o estilo naturalista e as técnicas bordalianas viajaram através dos tempos. O contributo dos ceramistas que aprenderam essas técnicas foi de grande importância, porque estes artistas passaram a sua mestria a filhos e netos, perpetuando toda uma tradição que chega assim aos nossos dias.

Um século depois do seu apogeu, a empresa enfrenta em 2008 uma grave crise que põe seriamente em risco a sua existência. Em Março de 2009, é adquirida pelo Grupo Visabeira que lhe assegura a continuidade produtiva e histórica.A riqueza artística e cultural patente em cada peça dos Bordallos chega a salvo aos nossos dias. A Fábrica Bordallo Pinheiro continua a produzir os modelos de Rafael de Manuel Gustavo e seguidores, que utilizam grande parte das técnicas centenárias num cuidado crescente de recuperação de um património que é, uma herança nacional para todos nós.

Pote Bailado de Rãs. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faiança vidrada e ornamentação pintada manualmente com vidrados policromos ao estilo naturalista • 1884 – 1905.Comp.260 x Larg.250 x Alt.285 (mm). Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Caldas da Rainha

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Moringue Cabeça Chinês a Rir. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faz parte de uma coleção de bules caricatura. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos. 1884-1905 • Comp.225 x Alt.220 (mm).

Moringue Cabeça Chinês Beiçudo. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faz parte de uma coleção de bules caricatura. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos. 1884-1905 • Comp.210 x Alt.230 (mm). Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Caldas da Rainha

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Bule Pequeno Toureiro. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faz parte de uma coleção de bules caricatura. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos • 1884-1905.Comp.190 x Larg.130 x Alt.200 (mm)

Bule Polícia Inglês. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faz parte de uma coleção de bules caricatura. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos • 1884-1905.Comp.230 x Larg.140 x Alt.280 (mm)

Bule Velha com Trança. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro, faz parte de uma coleção de bules caricatura. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos • 1884-1905.Comp.170 x Larg.130 x Alt.200 (mm)Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Caldas da Rainha

Tinteiro Zé Povinho e Maria. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro. Faiança pintada manualmente com vidrados policromos

e acabamentos a óleo e acrílico • 1884-1905.Comp.235 x Larg.195 x Alt.120 (mm)

Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Caldas da Rainha

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Jarra Amachucada areada com Lagartixa. Autoria de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro (1908-1920) peça forrada com a técnica cerâmica caldense do areado, faiança vidrada e ornamentação pintada manualmente com vidrados ao estilo naturalista.Comp.275 x Alt.180 (mm)

Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Caldas da Rainha

Caixa Musgada com Caranguejo. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro. Peça forrada com a técnica cerâmica caldense do musgado, faiança vidrada a ornamentação pintada manualmente com vidrados ao estilo naturalista • 1884-1905.Comp.145 x Alt.95 (mm).

Moringues com rã no bojo. Autoria de Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro. Faiança vidrada,

ornamentação pintada manualmente com vidrados policromos • 1908-1920.

Comp.145 x Alt.95 (mm)Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro

Caldas da Rainha

Prato com Lagosta. Autoria de Rafael Bordallo Pinheiro. Faiança modelada, pintada manualmente com vidrados policromos ao estilo naturalista. 1884-1905 • Diam. 450mm.Fábrica de Faianças Bordallo PinheiroCaldas da Rainha

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Terrina com legenda. Peça de forma octogonal onde se pode ler “Leiria” na tampa e na base. A orla superior

da base é decorada por uma tarja lisa, assim como, o bordo da base. A peça é decorada com motivos

naturalistas coloridos. Comp.240 x Alt.220 (mm)Olaria de Alcobaça? • Alcobaça

Col. Luís Pereira de Sampaio

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Louça Alcobacense de Infl uência Coimbrã

Em Alcobaça reside ainda hoje um dos maiores centros de produção de louça cerâmica do país, embora tendo surgido mais tarde que outros centros de produção. Foi no final do século XIX, cinco anos após o encerramento da Real Fábrica do Juncal, que José dos Reis fundou a primeira fábrica de faiança de Alcobaça. José dos Reis, oriundo de Coimbra, era mercador de louça e numa das suas deslocações a Alcobaça, constata que após a extinção da Real Fábrica do Juncal existia uma necessidade de se criar um polo fabril de louça que pudesse fornecer as gentes da vila e da região. Aliando esta situação às potencialidades da zona de Alcobaça, rica em matéria-prima e madeira para os fornos, funda a Fábrica em 1875, Fábrica José dos Reis.A produção segue a linguagem coimbrã, com motivos decorativos de paisagens com casario ao centro, combinados com flores e folhagem feita pela técnica da estampilha e esponjado. Apresentam na generalidade uma única cor, variando entre o vinoso escuro, o azul e o cor-de-rosa. Alguma da louça produzida saía de fábrica com marca em relevo, algo até à altura bastante incomum, e tinha como inscrição: “Fábrica de Louça J. Reis. Alcobaça”.Após o falecimento do seu fundador, em 1900, a fábrica é arrendada por Manuel Ferreira da Bernarda, mas ao mesmo tempo que segue a mesma linha produtiva de influência coimbrã, surge também com uma maior variedade formal e decorativa. A decoração reflete um leve distanciamento dos motivos monocromáticos, embora ainda presentes, combinados com novos motivos de variedade cromática, sobretudo em centros de flores.Este tipo de produção mantem-se até ao final da década de 1920, altura em que Silvino da Bernarda, filho de Manuel da Bernarda, resolve abandonar a fábrica do pai para fundar a Olaria de Alcobaça, onde desenvolve um novo estilo artístico.

Conjunto de Travessa, Prato e Jarro de infl uências Coimbrãs.Travessa de forma octogonal decorada a azul com uma tarja rendada na aba. Bule com decoração monocromática a vinoso. No centro das peças são retratadas paisagens naturalistas com casario combinado de fl ores e folhagens. Prato circular, decorado a azul com cercadura de motivos naturalistas na aba, o centro, retrata uma paisagem com casario cena equestre • Último quartel do século XIX/XX.Travessa: Com.320 x Larg.250 • Bule: Comp.200 x Larg.100 x Alt.220 Prato: Diam.175mm • José dos Reis • Alcobaça?• Col. Jorge Araújo

Prato circular, decorado a azul uma cercadura de motivos naturalistas na aba. Centrado no prato, casario ladeado de duas árvores com o tronco feito a pincel bem defi nido e copa feita pela técnica do esponjadoÚltimo quartel do século XIX/XX • Diam.275mmJosé dos Reis • Alcobaça? • Col. Jorge Araújo

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Louça Artística de Alcobaça

Um novo estilo artístico nasce em Alcobaça no início da década de 1930. A Olaria de Alcobaça, fábrica fundada em 1927 por Silvino da Bernarda e pelos irmãos António e Joaquim Vieira Natividade, é o expoente máximo deste novo conceito.Esta cerâmica com inspiração nos motivos antigos da produção nacional, cria um estilo próprio e mais artístico. Produz pratos com quadras populares escritas por poetas da época, ladeadas de diversos morrões (pinceladas largas) em tons de morado, verde, amarelo, encarnado e azul, surgindo simultaneamente diversos objetos com cariz mais tradicional, tornando-se por isso, cada vez mais conhecido e procurado em Portugal e no estrangeiro.A longo da década de trinta, a produção da Raul da Bernarda começa a aproximar-se do estilo criado pela Olaria de Alcobaça, sendo nas décadas de quarenta e cinquenta que a produção destas empresas se torna semelhante. As peças apresentam a predominância do azul conjugado com apontamentos de outras cores: amarelo, verde e violeta. Os motivos e formas clássicas, estão presentes em diversos utensílios de uso doméstico e decorativo, como potes, jarras, pratos, gomis e lavandas. As jarras de diversas dimensões têm na sua generalidade formas periformes, bojudas e outras um pouco mais esguias. Os pratos são variados e em grande número, com diferentes dimensões, rendilhados, com ou sem aba, apresentando motivos florais, de caça e românticos. Surge assim um novo estilo - a louça artística de Alcobaça.Esta tendência torna-se a imagem de marca da louça de Alcobaça, e consequência da visibilidade e prestígio alcançado, nas década de quarenta e cinquenta do século passado, muitas são as empresas que surgem na região seguindo este estilo produtivo. A este nível importa destacar Pereira e Lopes, Elias & Paiva, Vestal e Estatuária Artística de Alcobaça. A disseminação desta louça pelo país torna-a cada vez mais popular, chegando às casas de muitos portugueses, onde ainda hoje faz parte do seu quotidiano.

Jarro com decoração monocromática a azul que preenche a totalidade da peça. No bojo, motivos fl orais com delimitação continua a azul de forma elíptica, que se repetem verticalmente pelo bojo do jarro. Na gola e no bordo, cercaduras de folhas de palmeiras • 1940-1950 • Larg.130 x Alt.190 (mm)Estatuária Artística de Alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

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Conjunto de prato e jarra. O motivo de caravelas está presente nas duas peças. Prato de bordo ondulado com pássaros a preencherem a superfície da aba. Ao centro a caravela. A jarra representa os mesmos motivos do prato, a caravela apresenta-se dentro de uma cercadura ladeada de pássaros • 1930-1940 • Prato: Diam.320mm • Jarra: Diam.120 x Alt.200 (mm).Olaria de Alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Peres Pereira

Jarra de forma tubular de base sextavada. Decoração de morrões, em diversas tonalidades de azul e vinoso • 1930-1940 • Larg. 85 x Alt.230 (mm)Olaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Sérgio Portugal

Pote de bojo esférico com base e gola bastante acentuadas. A decoração concentra-se na parte superior do bojo, com inspiração árabe de padrões diferenciados.1940 • Diam.100 x Alt.220 (mm)Olaria de Alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Peres Pereira

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Jarras com decoração fl oral densa, os morrões conferem volume aos motivos contornados por pincel de cor uniforme. Decoração delimitada pela gola e pela base • 1930-1940.Jarra esguia: Diam. 85x Alt. 220 (mm)Jarra achatada: Diam.100 x Alt. 160 (mm)Olaria de Alcobaça • Alcobaça Col. Luís Peres Pereira

Pote de bojo esférico com base e gola bastante acentuadas a azul. Decoração estilizada com apontamentos fl orais • 1935-1945.Diam.110 x Alt.350 (mm)Olaria de Alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

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Jarra tubular de base circular de vidrado bege. Ao centro faixa castanha de volutas policromadas estilizadas que abraçam a peça. No bojo inferior um colar de motivos florais amarelos sob fundo castanho • 1928 • Diam.110 x Alt.350 (mm) Olaria de Alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

Caixa para armazenamento de marmelada da Alimentícia Lda. Decoração policromada de

motivos florais estilizados e figuras humanas.1940 • Diam.145 x Alt.65 (mm)

Olaria de Alcobaça • Alcobaça Col. Jorge Araújo

Potes de três asas, dois com decoração monocromática e um com decoração policromada. Os potes representam várias cenas de caça, cenários mitológicos e castelos • 1940-1950 • Diam.220 x 270Alt. • Diam.220 x Alt.270 • Diam.220 x Alt.270 (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça • Col. Luís Peres Pereira

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Jarra de quatro asas, de base circular com pé canelado e esguio. Peça de fundo azul com decoração fl oral • 1940-1950. Diam.220 x Alt.270 (mm)Raul da Bernarda •Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

Pote de bojo esférico com tampa. Decoração policromada. Na parte superior, motivos fl orais pendentes das orla e contorno de três cores. A gola, tampa e base são compostos por orla de pétalas estilizadas com tarja continua azul. 1940-1950 • Diam.220 x Alt.270 (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

Galheteiro constituído pela junção de duas formas circulares, onde assenta a

galheta, unidas por duas conchas de bordo azul. A pega é decorada no topo e nas

laterais por elementos fl orais. As galhetas bojudas são circundadas de

motivos fl orais. 1940-1950

Comp.210 x Larg.115 x Alt.160 (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça

Col. Jorge Araújo

Castiçais duplos, com decoração policromada. Base esguia de quatro apoios que tornam a peça

mais elegante. Ao centro, a peça divide-se em duas extensões para suporte de velas.

As zonas de apoio são demarcadas com entrançados de cores vibrantes. O bordo da zona de suporte é recortado com limite azul, decorado

com pétalas formando uma fl or em torno do orifício que suporta a vela • 1940-1950 Comp.190 x Larg.135 x Alt.200 (mm)

Raul da Bernarda • Alcobaça Col. Carlos Neves

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Caixa de forma quadrangular, com quatro pés canelados que elevam a peça. Cada face da caixa é circundada por um relvo amarelo com volutas delimitado a azul, no centro, flores estilizadas de pinceladas largas policromadas. As faces da tampa seguem a mesma linguagem.1940-1950 • Comp.130 x Larg.130 x Alt.150 (mm).Raul da Bernarda • AlcobaçaCol. Luís Peres Pereira

Floreiras policromadas de motivos florais. Forma circular • 1940-1948 • Diam.340 x Alt.80 • Diam.260 x Alt. 60 (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça • Col. Jorge Araújo

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Prato com decoração policromada de forma circular. Ao centro coração com a palavra “amor”.1928-1935 • Diam.280mmOlaria de Alcobaça? • AlcobaçaCol. Carlos Neves

Prato policromado sem aba, totalmente decorado a fl ores e volutas, com bordo azul. 1928-1940 • Diam.330mmOlaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Carlos Neves

Prato com decoração de morrões, ao centro uma quadra de Silva Tavares • 1928-1935. Diam.285mm • Olaria de Alcobaça • Alcobaça Col. Luís Peres Pereira

Prato com decoração de morrões e ao centro uma quadra de Silva Tavares • 1928-1935. Diam.285mm • Olaria de Alcobaça • Alcobaça Col. Carlos Neves

Prato miniatura de forma oval. Ao centro lê-se “Lembrança de Leiria” ladeada de fl ores. 1930-1940 • Com.150 x Larg.110 (mm)Olaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Luís Pereira de Sampaio

Prato com decoração policromática de motivos fl orais. Aba recortada de bordo amarelo, Ao centro sob fundo branco apresenta um ramalhete de fl ores • 1930-1940 • Diam.315mmOlaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Luís Pereira de Sampaio

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Prato de fundo covo e bordo recortado. Decoração fl oral com predominância do azul

1940-1950 • Diam.300mmVestal • Alcobaça • Col. Luís Peres Pereira

Prato policromado recortado. Ao centro um motivo fl oral • 1940-1950 • Diam.360mm

Raul da Bernarda • Alcobaça • Col. Carlos Neves

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Prato policromado de aba recortada e cercadura de motivos em alto relevo a azul. De fundo branco ao centro repete o mesmo motivo da aba.1940-1950 • Diam.285mm.Olaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Luís Pereira de Sampaio

Prato de aba larga com uma cercadura de anjos e volutas, onde corrompem pequenas paisagens a azul. Ao centro, representação de um cavaleiro em ambiente naturalista em tons de azul • 1940-1959.Diam.385mm • Olaria de Alcobaça • AlcobaçaCol. Luís Pereira de Sampaio

Prato de aba recortada em formas sinuosas de contorno amarelo, conjugado com o azul de fundo. Ao centro é representada uma cena rural, campino a guardar gado • 1950-1950 • Diam.350mm.Olaria de Alcobaça • Alcobaça Col. Luís Pereira de Sampaio

Prato de fundo covo de bordo recortado formando uma fl or. Decoração fl oral, com predominância do azul.1935-1940 • Diam.300mm • Olaria de Alcobaça Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

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Pássaro policromado sob base uniforme. Forma elegante e simples, decorada com cores variadas. Comp.340 x Larg.90 x Alt.240 (mm) • Pereira & Lopes • Alcobaça • Col. Alzira Dias

Pote de três asas. Decoração fl oral, policromada e estilizada • 1940-1950.Diam.205 x Alt.240 (mm).Elias & Paiva • Alcobaça Col. Luís Pereira de Sampaio

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Conjunto de peças com predominância do azul, através de pinceladas largas bem defi nidas, que contrasta com fortes

ramalhetes de fl ores presentes em todas as peças. 1940-1950.Galheteiro: Comp.260 x Larg.190 x Alt.260

Cinzeiro: Diam.170 x Alt.35 • Jarro: Diam.190 x Alt.350 (mm)Elias & Paiva • Alcobaça • Col. Célia Gaspar

Col. Carina Ramos

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Louça das Caldas

No último quartel do século XIX o sector da cerâmica torna-se a principal indústria das Caldas da Rainha. A louça produzida era na sua maioria faiança decorativa inspirada em motivos naturalistas. Uma indústria essencialmente de cariz familiar, de sucessivas gerações que consolidaram as técnicas da moldação e da vidração.A História desta indústria começa no início do século XX. Por esta altura surge a fábrica de Avelino Soares Belo, um grande ceramista saído da “escola” de Rafael Bordalo Pinheiro, que consegue satisfazer o consumidor mais exigente. Avelino Belo expressou na sua faiança uma forte imaginação e agilidade produtiva com resultados surpreendentes. No final da década de 1920 e no período que antecede a segunda guerra mundial, a louça das Caldas sofre uma estagnação técnica e tecnológica, marcada pela perda da qualidade produtiva e pela fraca inovação criativa. Depois da segunda Grande Guerra, ainda na década de 1940 observa-se um crescimento no número de empresas, assim como, uma elevada capacidade de exportação devido à recuperação económica do sector que ganhava um novo fôlego. A forte procura exterior, nomeadamente do mercado americano, promove o desenvolvimento desta indústria. Neste contexto, surge a SECLA - Sociedade de Exportação de Cerâmica Lda., fundada com o auxílio de Alberto Pinto Ribeiro. Esta nova fábrica introduziu inovações no processo produtivo, através de novas pastas que permitiam a produção em série de louça utilitária e novas formas de preparação de vidrados tradicionais, sendo ainda hoje um marco na indústria. A SECLA foi ao longo da sua história protagonista de grandes transformações no meio fabril local.A louça das Caldas é facilmente identificada pelos motivos naturalistas de plantas, flores e animais e pelas formas muito modeladas com vidrados fascinantes, sendo por isto considerada um ícone nacional, representando internacionalmente a tipicidade portuguesa.

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Terrina com tampa. A terrina adquire a forma de espiga de milho. Decoração policromada. A pega da tampa é uma espiga única • Comp.320 x Larg.260 x Alt.255 (mm)Faianças Belo • Caldas da Rainha • Col. Maria dos Prazeres Dias

Bules em forma de ananás. Pasta branca de vidrado policromo. Comp.205 x Alt.200Comp.170 x Alt.165 (mm)SECLA • Caldas da RainhaCâmara Municipal das Caldas da Rainha

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Terrina em forma de couve, com tampa. Pasta branca, vidrado a verde Caldas que representa o detalhe pormenorizado da couve • 1956. Diam.280 x Alt.195 (mm)SECLA • Caldas da RainhaCâmara Municipal das Caldas da Rainha

Molheira verde Caldas com textura de couve.Formada por três círculos unidos pelo talo da couve. Comp.170 x Alt.60 (mm)Caldas da Rainha • Col. Alzira Dias

Taça verde Caldas, com canelados verticais, no meio, um colar fl oral em alto relevo delimitado por linha contínua. Diam.140 x Alt.120 (mm)SECLA • Caldas da RainhaCâmara Municipal das Caldas da Rainha

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Prato com três grandes fl ores policromadas em relevo contornadas de folhas a verde Caldas. As fl ores contrastam com o fundo do prato

vidrado a preto metálico. Diam.260mmCaldas da Rainha • Col. Alzira Dias

Terrina com tampa. Decoração de caranguejo sobre musgo. Pegas em forma de ameijoa,

vidrado a verde Caldas com irisados.Diam.270 x Alt.160 (mm)

SECLA • Caldas da Rainha Câmara Municipal das Caldas da Rainha

Jarro e canecas de forma bojuda. A pega incorpora o corpo da peça transmitindo ser um único corpo. A decoração policromada na gola com cercadura pela técnica de aerógrafo esboça a diferença cromática.

1980-1990 • Jarro: Comp.130 x Alt.240 Canecas: Comp.110 x 100 Alt. (mm)

Caldas da Rainha Col. Maria dos Prazeres Dias

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Peça em pasta refratária, engobe a preto-dourado com vidrado azul. Forma cilíndrica com bocal saliente lateral. Assinado Ferreira da Silva • 1960 • Comp.150 x Alt.340 (mm).Estúdio SECLA • Caldas da Rainha • Câmara Municipal das Caldas da Rainha

Canecas com engobe preto-dourado e vidrado azul alcalino. Forma cilíndrica, com boal lateral saliente. Assinatura Ferreira da Silva • 1960.Comp.160 x 180 Alt. (mm)Estúdio SECLA • Caldas da Rainha • Câmara Municipal das Caldas da Rainha

Estúdio SECLA

Após a 2ª Guerra Mundial, surge nas Caldas da Rainha uma empresa que desde cedo apresenta um espírito de mudança. Criada em 1947, a SECLA - Sociedade de Exportação e Cerâmica, Lda. - inicia a sua atividade por iniciativa de Alberto Pinto Ribeiro (1921-1989). A SECLA adota desde a sua génese uma postura industrial de trabalho focado na utilização de novas técnologias e novas pastas. É neste contexto de modernização que nos anos cinquenta do século passado surge o Estúdio SECLA, um novo conceito ao nível criativo, que ainda hoje é uma referência na cerâmica nacional. O Estúdio SECLA foi um projeto que promoveu a renovação da cerâmica de autor, permitindo a aliança de artistas plásticos com a indústria cerâmica, uma aposta arrojada por parte de Alberto Pinto Ribeiro, num projeto inovador nunca antes visto ao nível nacional. Hansi Staël foi a criadora do Estúdio SECLA, tendo consebido diversas peças únicas de elevado rigor estético. Esta criadora teve igualmente um papel de relevo ao nível da produção industrial, chefiando a secção de pintura da fábrica onde otimizou e inovou processos para produções em grande escala. O projeto do Estúdio reuniu um núcleo de artistas e ceramistas sobretudo portugueses mas também com participação de estrangeiros, aos quais foi conferida uma grande liberdade criativa. Os processos produtivos eram variados, sendo que em algumas peças se voltou a utilizar a roda de oleiro, pois permitia executar peças de linhas mais depuradas.Aos artistas foi-lhes dada grande liberdade artística, tendo apenas como condicionante que todas as peças feitas no Estúdio teriam de ser marcadas com o símbolo SECLA.

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Vaso em forma de bojo, dando continuidade a uma forma cónica trincada em ângulo no bocal. Peça de barro vermelho com engobes e vidrados de efeito castanho e dourado. Assinada Ferreira da Silva. 1960.Diam.220 x Alt. 290 (mm) • Estúdio SECLA • Caldas da Rainha • Câmara Municipal das Caldas da Rainha

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Vaso em forma de bojo, dando continuidade a uma forma cónica trincada em ângulo no bocal. Peça de barro vermelho com engobes e vidrados de efeito castanho e dourado. Assinada Ferreira da Silva. 1960.Diam.220 x Alt. 290 (mm) • Estúdio SECLA • Caldas da Rainha • Câmara Municipal das Caldas da Rainha

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Peça em pasta refratária, engobe a preto-dourado com vidrado azul. Forma cilíndrica com bocal saliente lateral. Assinado Ferreira da Silva • 1960 • Comp.150 x Alt.340 (mm) Estúdio SECLA • Caldas da Rainha • Câmara Municipal das Caldas da Rainha

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Nos anos 1950 o Estúdio produz peças de formas elegantes nas quais se aplicaram vidrados mates, brilhantes, metálicos e engobes. Posteriormente, nos anos 1960, as peças ganharam um aspeto mais rude conferido pela utilização de barro vermelho, pastas refratárias e grés. Estes materiais eram manuseados de acordo com as suas potencialidades, obtendo-se ao nível formal, cilindros, esferas e placas retangulares, com texturas rugosas, relevos obtidos pelos engobes e vidrados espessos em tons azul-cobalto, verde e manganês.Devido a diversos fatores de ordem social, o Estúdio encerra no início da década de 1970 e a fábrica toma outro rumo, direcionado para a industrialização e massifi cação produtiva. Foram diversos os artistas nacionais e estrangeiros que passaram pelo Estúdio, e que merecem especial relevo: Hansi Staël, Herculano Elias, Luís Ferreira da Silva, Th omás de Mello, José Aurélio, António Quadros, Lira Pereira, António Areal, José Santa-Bárbara, Lenore Davis e Júlio Pomar.

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Jarras. Decoração de pescadores da Nazaré desenvolvida por Hansi Staël. Pasta feldspática com tintas de água • 1956.Diam.130 x Alt.290 • Diam.95 x Alt.260 (mm)Estúdio SECLA • Caldas da RainhaCâmara Municipal das Caldas da Rainha

Fruteira e jarra com decoração geométrica, de pasta branca, com aplicação de vidrados e engobes. Peças assinadas por Ferreira da Silva • 1954.Fruteira: Diam.240 x Alt.250 (mm)Jarra: Diam.140 x Alt.130 (mm)Estúdio SECLA • Caldas da RainhaCâmara Municipal das Caldas da Rainha

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Serviço de chá. Branco com motivos fl orais isolados e dispersos repetidamente pela superfície das peças. As peças apresentam um canelado vertical delimitado por traço verde • 1940-1950

Faianças da Madalena • Leiria • Col. Jorge Simões

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Louça de uso doméstico, travessas de forma elíptica, motivos fl orais isolados dispersos pela aba. A aba tem limite contínuo no interior e no exterior. Açucareiro com colar a verde. Decoração com elementos de folhagens isolados dispersos pela superfície da peça e pela tampa. Duas asas espalmadas ladeiam a peça. Pega da tampa em forma de sino • 1940-1950 Travessa: Comp.350 x Larg. 240 • Travessa: Comp.195 x Larg.285 (mm) • Açucareiro: Comp.170 x Larg.110 x Alt.130(mm)Faianças da Madalena • Leiria • Col. Maria dos Prazeres Dias

Louça de Uso Doméstico de Leiria

Faianças da Madalena foi uma importante fábrica situada na Ponte da Madalena em Leiria. Esta fábrica produzia louça doméstica muito procurada pelos habitantes das aldeias do distrito de Leiria. Caracterizada por uma cerâmica de qualidade média, de custo acessível e com decorações ao gosto da época que rapidamente se tornou popular na região.Os motivos decorativos adotados por esta fábrica fundada em 1945, passavam muito por cenas bucólicas fazendo lembrar os quadros de Fragornard, ao estilo Luís XVI, motivos muito em voga na época. Outros motivos, como arranjos florais conjugados com linhas mais geométricas e muitas vezes com filetes dourados, são igualmente comuns. As decorações utilizadas são similares às da Companhia de Fábricas Lusitânia e por vezes com a de Massarelos.Apesar de permitir que muitas casas tivessem desde então peças de louça mais fina, a fábrica Faianças da Madalena só produziu louça doméstica até ao ano de 1968. Nesse ano, iniciou-se na produção de louça sanitária, e em 1969 na produção de azulejaria.Após alguns anos de produção de cerâmica civil, a ROCA comprou a fábrica em 1986, iniciando um novo ciclo de produção e desenvolvimento. A ROCA aproveitou os fornos e localização da fábrica (junto da mais importante via de comunicação rodoviária do país) e a muitos trabalhadores foi-lhes possível continuar a laborar. É hoje um polo incontornável na actividade cerâmica da região, tendo como fornecedores de matéria-prima também empresas da região. É por isso, uma unidade fabril com grande responsabilidade social, na medida em que contribuiu e contribui de uma forma preponderante, para o equilíbrio financeiro e de empregabilidade da área onde labora. Ainda hoje, são muitas as pessoas que identificam a fábrica pela sua localização, Madalena, fazendo recordar a fábrica inicial.

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Cerâmica dos Anos 1950 e 1960 em Alcobaça

Durante as décadas de 1950 e 1960 o número de empresas de cerâmica em Alcobaça aumentou consideravelmente. Este crescimento deveu-se em muito a dois principais aspetos, um, a louça artística de Alcobaça despertou interesse e curiosidade nos mercados, o outro, a abertura dos mercados externos com a adesão à EFTA, levando ao aumento das exportações.Neste novo contexto económico e industrial, empresas como a Olaria de Alcobaça, Raul da Bernarda e Elias & Paiva (das maiores empresas da região neste período), começaram a apostar num tipo de produção diferente, abandonando a louça de cariz tradicional e direcionando para uma produção com influências Europeias. A Raul da Bernarda e a Elias & Paiva alteram a sua linha de produção seguindo uma tendência inspirada nas porcelanas de Sèvres e Limoges, aliando a pintura manual à sofisticação do ouro. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que se produzem peças com novas formas, respondendo aos gostos mais contemporâneos. Nasce assim em Alcobaça, louça mais requintada e de grande delicadeza no caso de peças pequenas, e de grande impacto no caso de peças de maior dimensão. A faiança de então é mais fina e branca, sendo caracterizada pela aplicação de estampas em potes, jarras e pratos.Neste período a fábrica Raul da Bernarda surpreende pela adoção de um tendência mais pop e modernista, utilizando cores fortes, formas orgânicas e assimétricas. Este foi um período em que o equilíbrio era conseguido através de decorações simples em contraponto com a modelação e as cores mais vanguardistas. A Olaria de Alcobaça por sua vez, cria um novo estilo que consistia na utilização de uma pasta mais branca com base em pó-de-pedra. Neste caso, as peças são mais simples, de vidrado bege com apontamentos a ouro e por vezes pequenas flores de cores vibrantes. São peças direcionadas ao mercado nórdico, e por isso, inspiradas nas porcelanas inglesas. Este conceito foi apelidado por alguns de “design sueco”, conseguindo grande sucesso nos países do norte da Europa, o que permitiu um forte crescimento da empresa, levando a mesma a criar uma nova marca designada por ATHENA.

Garrafa de forma bojuda. A peça é decorada por volutas douradas sob fundo rosa, ladeada com dois dragões alados dourados. A peça tem o carimbo “ATHENA” marca da Olaria de Alcobaça • 1960-1970 • Comp.150 x Alt.270 (mm).Olaria de Alcobaça • Alcobaça • Col. Jorge Araújo

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Galheteiros. A base é composta por madeira e metal com galhetas de forma bojuda e pega espalmada. O exterior da pega e tampa são decorados a ouro. O bojo representa uma cena paisagística • 1950-1960.Comp.170 x Alt.190 • Comp.170 x 190 Alt. (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça Col. Luís Pereira de Sampaio

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Centros de mesa de forma estilizada. As peças são contornadas por linha de ouro. A peça em segundo plano é branca, com a face exterior preenchida de apontamentos a ouro e pequenas fl ores policromadas. A peça em primeiro plano representa uma cena paisagística. 1950-1960 • Comp.300 x Alt.110 • Comp.300 x Alt.110 (mm) Olaria de alcobaça • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

Conjunto de peças policromadas com canelados ondulados. Cada canelado é pintado de uma só cor. A transição de cor é uma linha preta feita pela técnica de aerógrafo • 1950-1960.Jarra: Comp.170 x Alt.190 • Jarra: Comp.170 x Alt.190 • Caixa: Comp.170 x Alt.190Castiçal: Comp.170 x 190 Alt. (mm)Raul da Bernarda • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

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Prato branco com decoração monocromática de grandes fl ores a azul. Assinado João (da Bernarda) • 1960-1970.SPAL • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

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A Porcelana na Região

A louça de porcelana na região de Leiria conheceu a partir de 1965 um grande desenvolvimento, consequência da criação da empresa SPAL. Sediada na área limítrofe de Alcobaça, foi e ainda é, uma empresa Joint Venture entre as três grandes empresas da região, Raul da Bernarda, Olaria de Alcobaça e Elias & Paiva. Estas fábricas, cuja experiência na produção e comercialização de louça era bastante grande, concentraram esforços, experiências e capacidade financeira para lançarem uma unidade industrial de produção de porcelana em grande escala. A SPAL foi criada com o intuito de se dedicar inteiramente à produção de porcelana, recorrendo ao auxílio de tecnologias de produção avançada e automatizada, respondendo ao mercado com produtos de alta qualidade.A empresa apostou em diversas iniciativas para criação de novas peças e conceitos, iniciativas que visavam prestigiar cada vez mais a empresa. Desde cedo a SPAL percebeu o importante papel do design, tendo a este nível realizado o primeiro concurso nacional de design na área, conseguindo assim importantes parcerias com criadores nacionais e estrangeiros. Esta preocupação constante permitiu à empresa responder às tendências do mercado, sempre em constante mutação. São diversos os registos de decoração, que passaram pela inspiração inglesa, pelos motivos florais e cores vivas, até à aplicação de ouro e aos relevos incolores.Com uma produção mais direcionada para o exterior, a SPAL torna-se desde muito cedo numa empresa com um grande volume de exportações. Em 1977 as exportações representavam 25% do volume total de negócios. Esta conquista dos mercados externos deveu-se sobretudo à louça de cariz mais clássico. Atualmente esta é ainda hoje uma das principais empresas exportadoras do sector da cerâmica nacional, exportando para mais de 20 países.

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Conjunto de jarro e bule sem tampa, em forma de bojo com pega redonda. Ao centro do bojo, motivo floral policromado. 1970-1980 • SPAL • Alcobaça • Col. Jorge Simões

Serviço de chá branco com decoração policromada • 1960-1970. Prato: Diam.195mm • Pires e chávena: Diam.150 x Alt.80 • Bule: Larg.245 x Alt.160 • Açucareiro: Diam.120 x Alt.110Leiteira: Diam.100 x Alt.100 (mm) • SPAL • Alcobaça • Col. Maria dos Prazeres Dias

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Travessa branca decorada ao centro por um ramalhete de fl ores estilizadas policromadas de contorno preto.

1994. Comp.390 x 280Larg. (mm)SPAL • Alcobaça • Col. Adelina Matos

Serviço de jantar branco com decoração policromada • 1960-1970.Prato: Diam.240mm • Prato: Diam.225mm • Prato: Diam.295mm

Terrina: Comp.230 x Alt. 140 (mm) • SPAL • Alcobaça • Col. Maria dos Prazeres Dias

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Louça dos Anos 1980

Na década de 1980 assiste-se a uma nova fase na história da Cerâmica, com o surgimento de inúmeras fábricas que contribuíram para que esta região se tornasse num dos principais centros cerâmicos do país. O surgimento da Cerâmicas São Bernardo em 1981, por Manuel da Bernarda marca uma viragem no que se produzia até então na região. Esta empresa cria uma linguagem mais contemporânea, atenta às tendências de mercado em que o design é imperativo. Vários têm sido artistas e designers que colaborando com a empresa têm contribuído para o seu crescimento e dinamismo. Neste período, a preocupação passa a ser a inovação formal.Outra empresa relevante deste período é a Tanqueiro - Faianças d’Arte, fundada por Mário Tanqueiro em 1984. Com um produto diferenciador, esta empresa apostou essencialmente no mercado externo. Mário Tanqueiro iniciou a sua vida profissional na fábrica do pai, a Martam, onde desenvolvera funções administrativas, mas também o gosto pela criação de peças, seguindo o lado artístico do seu pai. Algumas peças desta empresa destacam-se por um estilo mais estilizado e de cariz quase escultórico, semelhante à São Bernardo. Sobressaem da sua produção um conjunto de peças ao gosto da cerâmica da antiguidade clássica, jarras de grande dimensão e vasos em forma de ânfora, com a particularidade de exibirem um tratamento que se assemelha a ferro oxidado.Contudo, nem todas as empresas que surgem neste período seguem esta linguagem contemporânea. Muitas adotam uma linha de produção mais clássica como é o caso dos cães de louça das Faianças Neves.

Cães de louça, representações fiéis em poses naturais • 1980.Cão grande: Comp.430 x Larg.300 x Alt.750 • Cão médio: Comp.390 x Larg.330 x Alt.700 Cão pequeno: Comp.200 x Larg.140 x Alt.190 (mm)Alcobaça • Faianças Neves

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Cães de louça de forma estilizada com detalhe. Vidrados mates e brilhantes • 1984-1990.Cão Preto: Comp.380 x Larg.280 x Alt.770Cão Azul: Comp.350 x Larg.280 x Alt.800 (mm)Alcobaça • Tanqueiro Faianças d’Arte

Candeeiro preto-mate ladeado de dois apontamentos azuis • 1984-1990.

Comp.220 x Alt.500 (mm)Cerâmicas São Bernardo • Alcobaça

Col. Luís Peres Pereira

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Peças que representam a antiguidade clássica, ânfora e pote de grande dimensão decorados com tratamento que se assemelha a ferro oxidado de tonalidades verdes e castanhas • 1984-1990.Ânfora: Comp.370 x Alt.360Pote: Diam.240 x Alt.700 (mm)Alcobaça • Tanqueiro Faianças d’Arte

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Centro de mesa formado por um plano vertical de forma geométrica simples que incorpora uma base esférica seccionada no topo. Vidrada de preto brilhante. 1980-1990 • Diam.130 x Larg.300 x Alt. 220(mm).

Cerâmicas São Bernardo • Alcobaça • Col. Luís Pereira de Sampaio

Fruteira de forma circular com três pontos de apoio, que elevam a peça • 1980-1990. Diam.285 x 140Alt. (mm)Cerâmicas São Bernardo • Alcobaça Col. Luís Pereira de Sampaio

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Referências

Sampaio, J.; Calado, R., et al., Faiança Portuguesa: séculos XVIII-XIX: colecção Pereira de Sampaio, ACD Editores, 2009.

Mosteiro de Alcobaça, Colecção de Cerâmica Casa-Museu Vieira Natividade. Alcobaça, 2006.

Sampaio, J. e Pereira, L. Cerâmica em Alcobaça, Cerâmica PULS. Alcobaça, Município de Alcobaça, 2011.

Pinto, H. e Henriques, P. Estúdio SECLA, Uma Renovação da Cerâmica Portuguesa. Instituto Português de Museus; Museu Nacional do Azulejo; Ministério da Cultura, 1999.

Ribeiro, A. A Nova Cerâmica das Caldas (Séc.XX). Caldas da Rainha, Editorial de Autor, 1989.

Sampaio, J. A Faiança da Real Fábrica do Juncal. Lisboa, Estar, 2000.

Sampaio, J. A Faiança Raul da Bernarda & Filhos, Lda. Alcobaça, 2000.

Sampaio, J. e Pereira, L. Cem Anos de Louça de Alcobaça. Alcobaça, Editorial de Autor, 2006.

Serra, J. Arte e Indústria na Cerâmica Caldense (1853-1977). Caldas da Rainha PH - Estudos e Documentos, 1991.

Catálogo de exposição, Cerâmica de Alcobaça duas gerações. Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1992

Bernarda, J. A Loiça de Alcobaça. Porto, Edições Asa, 2001.

Museus, Empresas e Colecionadores

Museu Municipal de Leiria • Câmara Municipal das Caldas da Rainha • Fábrica de Faianças Bordallo Pinheiro • Faianças Neves • Vasicol • Tanqueiro - Faianças d’Arte • Col. Luís Pereira de Sampaio • Col. Luís Peres Pereira • Col. Jorge Araújo • Col. Carlos Neves • Col. Maria dos Prazeres Dias • Col. Carina Ramos • Col. Sérgio Portugal • Col. Adelina Matos • Col. Alzira Dias • Col. Célia Gaspar.

Agradecimentos

Jorge Pereira de Sampaio • Elsa Rebelo • José Antunes • Vânia Carvalho • Pedro Ferreira • Luís Peres • Jorge Araújo.

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